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1 O novo-desenvolvimentismo: uma construção inacabada Ana Paula Buhse, UFSM: [email protected] José Maria Dias Pereira, Unifra: [email protected] Resumo O artigo procura mostrar que chamado novo-desenvolvimentismo ainda não representa uma teoria consolidada. Protegida à sombra do desenvolvimentismo construído sob os alicerces erguidos pela teoria estruturalista da CEPAL, essa vertente teórica procura um espaço para formar um corpo teórico consistente que avance sobre o passado e supere o malogrado neoliberalismo recente, representado pela teoria das expectativas racionais que naufragou nos mares revoltos da crise financeira global de 2008. Num mundo mergulhado na incerteza, o novo-desenvolvimentismo procura inspirar-se nos novos keynesianos para propor estratégias de transformação produtiva na América Latina com equidade social. Palavras-chaves: estruturalismo, neoliberalismo, novo-desenvolvimentismo. Área temática: 1. Desenvolvimento econômico e meio ambiente. 1. CEPAL: o laboratório do desenvolvimentismo A Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL) nasceu no após-guerra (1948) como um escritório das Nações Unidas com o propósito de estudar os problemas da região numa perspectiva histórica e de longo prazo. Sediada no Chile, alcançou notoriedade numa ocasião em que crescia a resistência contra as ditaduras militares que proliferavam na região. A CEPAL foi o berço do desenvolvimentismo um corpo teórico diversificado que se propôs a estudar os principais obstáculos que impediam a América Latina de atingir as mesmas condições de bem-estar econômico e social que os países desenvolvidos haviam alcançado. A CEPAL foi a origem a um sistema teórico específico que, pela primeira vez, era aplicável a condições históricas próprias da periferia latino-americana, ao contrário da teoria dominante que não diferenciava países do centro ou da periferia. De acordo com (BIELSCHOWSKY, 2000, p. 16), “o método histórico-estruturalista da CEPAL se situa no campo dos sistemas de economia política, ou seja, um conjunto de políticas econômicas que os autores sustentam com base em determinados princípios unificadores.” No

O novo-desenvolvimentismo: uma construção inacabadarea 1 Des. Amb/O... · avanço decisivo na consolidação e difusão da concepção de industrialização integral e planejada

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O novo-desenvolvimentismo: uma construção inacabada

Ana Paula Buhse, UFSM: [email protected]

José Maria Dias Pereira, Unifra: [email protected]

Resumo

O artigo procura mostrar que chamado novo-desenvolvimentismo ainda não representa

uma teoria consolidada. Protegida à sombra do desenvolvimentismo construído sob os

alicerces erguidos pela teoria estruturalista da CEPAL, essa vertente teórica procura um

espaço para formar um corpo teórico consistente que avance sobre o passado e supere o

malogrado neoliberalismo recente, representado pela teoria das expectativas racionais

que naufragou nos mares revoltos da crise financeira global de 2008. Num mundo

mergulhado na incerteza, o novo-desenvolvimentismo procura inspirar-se nos novos

keynesianos para propor estratégias de transformação produtiva na América Latina com

equidade social.

Palavras-chaves: estruturalismo, neoliberalismo, novo-desenvolvimentismo.

Área temática: 1. Desenvolvimento econômico e meio ambiente.

1. CEPAL: o laboratório do desenvolvimentismo

A Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL) nasceu no após-guerra (1948)

como um escritório das Nações Unidas com o propósito de estudar os problemas da região

numa perspectiva histórica e de longo prazo. Sediada no Chile, alcançou notoriedade numa

ocasião em que crescia a resistência contra as ditaduras militares que proliferavam na região. A

CEPAL foi o berço do desenvolvimentismo – um corpo teórico diversificado que se propôs a

estudar os principais obstáculos que impediam a América Latina de atingir as mesmas

condições de bem-estar econômico e social que os países desenvolvidos haviam alcançado. A

CEPAL foi a origem a um sistema teórico específico que, pela primeira vez, era aplicável a

condições históricas próprias da periferia latino-americana, ao contrário da teoria dominante

que não diferenciava países do centro ou da periferia.

De acordo com (BIELSCHOWSKY, 2000, p. 16), “o método histórico-estruturalista da

CEPAL se situa no campo dos sistemas de economia política, ou seja, um conjunto de políticas

econômicas que os autores sustentam com base em determinados princípios unificadores.” No

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caso do desenvolvimentismo, o princípio unificador é a ideia da necessidade da contribuição do

Estado para alavancar o desenvolvimento econômico dos países da América Latina. Trata-se de

um método essencialmente histórico-indutivo, que incorpora as especificidades regionais da

América Latina, que o afasta do método abstrato-dedutivo dominante na ciência econômica,

pretensamente universalista.

A CEPAL está muito ligada ao nome de Raúl Prebisch, ex-gerente geral do Banco

Central argentino e que havia escrito o Estudio Económico de La América Latina (1948), que

chegou a Santiago em 1949, inicialmente como consultor tornando-se posteriormente (em 1950)

seu Secretário Executivo. A grande contribuição de Prebisch foi ter elaborado um conjunto de

documentos que passariam a figurar como a grande referência ideológica e analítica para os

desenvolvimentistas latino-americanos. De acordo com (COUTO, 2007, p. 46):

”o pensamento sobre o desenvolvimento econômico de Prebisch atravessou por cinco etapas

sucessivas: Na primeira, tratam das ideias desenvolvidas entre os anos de 1943 e 1949, da sua

aceitação do ciclo econômico e do repúdio as teorias do equilíbrio. Na segunda etapa, que cobre

os anos de 1949 a 1959, são expostas as ideias mais conhecidas do economista argentino, sendo

o sistema centro-periferia e a deterioração dos termos de intercâmbio. Na terceira etapa, situada

entre 1959 e 1963, aparece sua defesa pública pela criação de um mercado comum latino-

americano e o conceito de insuficiência dinâmica da economia. A quarta etapa marca a

passagem de Prebisch pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento

(Unctad), entre os anos de 1963 e 1969. A quinta etapa tem início em meados dos anos 1970 e

termina com sua morte em 1986, sendo o momento em que Prebisch se aproxima do

pensamento de Karl Marx para propor uma síntese entre liberalismo e socialismo.”

As principais teses da CEPAL para explicar as razões do atraso das economias latino-

americanas em relação aos países desenvolvidos foram1:

1) tese centro versus periferia – o progresso técnico se expandia de maneira desigual: no centro

(países ricos), foi mais rápido e elevou a produtividade de todos os setores econômicos; na

periferia países pobres) a difusão do progresso técnico era restrita ao setor exportador não se

propagando pelo resto do sistema produtivo.

2) tese da deterioração dos termos de troca – a tese é uma contestação à teoria das vantagens

comparativa, de Ricardo. Ao invés de os ganhos de produtividade do centro serem transferidos

para a periferia, ocorria o contrário. Havia uma desvantagem comparativa no intercâmbio entre

os países que se especializaram em produzir alimentos e matérias-primas e aqueles voltados

para a produção de bens industriais, os quais agregavam maior valor.

3) tese da inflação como um problema estrutural – a principal causa da inflação era a rigidez da

oferta de alimentos, cuja expansão era dificultada pelas condições pré-capitalistas ainda

1Ver Pereira (2011)

3

existentes no setor agrícola (concentração fundiária) e a dupla pressão exercida sobre a

agricultura,seja como produtora de alimentos exigida pela rápida urbanização,seja como

fornecedora de matérias-primas exigida pela expansão industrial. Essa tese chocava-se com a

visão liberal que via a inflação como um fenômeno conjuntural, basicamente decorrente do

aumento da quantidade de moeda na economia (monetarismo), que provocava um excesso de

demanda frente a uma oferta.

4) tese do planejamento – o planejamento estatal era, segundo a CEPAL, o melhor caminho

para dirigir as forças de mercado no sentido de promover uma expansão industrial com

equilíbrio setorial, de forma a reduzir os pontos de estrangulamento.

5) tese do desemprego estrutural – como o domínio tecnológico parte do centro, a periferia

simplesmente adota técnicas importadas que economizam o que ela tem em abundância

(excesso de oferta de mão de obra) e gastam o que é escasso (capital). Gera-se, com isso, uma

tendência estrutural ao desemprego nos países latino americanos.

6) tese do desequilíbrio externo – o desequilíbrio externo tendia a ser recorrente nas economias

da AL, tanto em razão da inelasticidade de suas exportações quanto da necessidade de importar

bens de capital e insumos intermediários não disponíveis internamente.

7) tese da substituição de importações – tendo como parâmetro que a industrialização é o

caminho do desenvolvimento, a CEPAL propunha a substituição do padrão de crescimento

“para fora” (voltado para o mercado externo) pelo padrão “para dentro” (baseado no mercado

interno). Este último seria sustentado pela indústria substitutiva de importações, começando

pela produção de bens de consumo tradicionais que exigem tecnologia simples e pouco capital,

avançando posteriormente para a produção de bens de consumo duráveis e bens de capital.

Embora as ideias da CEPAL nunca tenham questionado o sistema capitalista, logo

começaram a ser alvo de críticas na própria ONU. Aos poucos, a instituição foi perdendo

influência até sofrer o golpe definitivo com o fim do governo de Allende e a instauração da

ditadura de Pinochet no Chile, com o apoio dos Estados Unidos. A partir dos anos 80, com a

chamada “crise da dívida”, que levou ao “default” vários países latino-americanos inclusive o

Brasil, a CEPAL substitui a ênfase por mudanças estruturais pela preocupação com a conjuntura

econômica, em particular com o baixo crescimento econômico da região e a renegociação da

dívida externa. Na última década do século XX, gradativamente, a CEPAL volta-se para o

problema da vulnerabilidade aos movimentos de capitais e a transformação produtiva com

maior equidade social. O diagrama a seguir destaca as principais fases da CEPAL na última

metade do século XX, de acordo com a classificação de (BIELSCHOWSKY, 2000, p. 18).

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Diagrama 1 – Principais fases da CEPAL

2. Auge e decadência da doutrina do desenvolvimentismo

Os países da América Latina, entre as décadas de 1930 a 1960, formularam estratégias

desenvolvimentistas que tinham como objetivo proteger a indústria nascente e a promoção de

poupança forçada através do Estado. Nesse período, os países desenvolvidos estavam passando

por um período de enfraquecimento da demanda causado pela Grande Depressão e a 2ª Guerra

Mundial que prejudicava substancialmente a capacidade de importação dos países latino-

americanos. Com essas estratégias, os países latino-americanos avançaram na industrialização e

tiveram um crescimento extraordinário, caracterizado pela substituição de importações e forte

presença do Estado na economia. Tendo a política econômica o objetivo de promover o

desenvolvimento econômico, e para isso era preciso que a nação definisse os meios que

utilizariam para alcançar esse objetivo, o Estado passou a ser o principal instrumento de ação

coletiva para alcançar esse objetivo. Naquele momento, esse tipo de política encontrava

sustentação teórica na “revolução keynesiana”, que pregava o intervencionismo estatal como

medida eficaz para a superação do desemprego.

Sendo que o desenvolvimentismo não era uma teoria econômica propriamente, mas sim

uma forma de estratégia nacional de desenvolvimento. Assim, os países latino-americanos – na

época conhecidos como “subdesenvolvidos”, hoje chamados de “emergentes” ou “em

desenvolvimento” – pretendiam repetir o caminho percorrido pelos países ricos para alcançar o

mesmo nível.

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O desenvolvimentismo tinha como ideia-força a tese de que a industrialização era via

para a superação da pobreza e do subdesenvolvimentismo. Porém, um país não consegue se

industrializar só através dos impulsos do mercado, sendo necessária a intervenção do Estado

(intervencionismo). O planejamento estatal, portanto, é que deve definir a expansão desejada

dos setores econômicos e os instrumentos necessários. Nesse sentido, e participação do Estado é

benéfica e complementar mercado, seja captando recursos, seja investindo onde o investimento

privado for insuficiente.

Segundo Bielschowsky (2004), o ciclo do desenvolvimentismo ocorreu em três fases

distintas. A fase da origem do desenvolvimentismo ocorreu entre 1930 a 1944, tendo como base

dois fatores históricos. Em primeiro lugar, nesse período, ocorria um vigoroso surto industrial

conjugado com a crise do setor exportador, provocando uma mudança dos preços relativos

resultantes das sucessivas desvalorizações cambiais. Considerando a existência de capacidade

ociosa acumulada nos anos 20, essas variáveis acabaram provocando o deslocamento do centro

dinâmico da economia nacional, que passa a se mover em resposta ao mercado interno

(substituição de importações de bens industriais tradicionais de baixa complexidade

tecnológica). Em segundo lugar, como reação a crise do setor externo e à deflagração do

conflito bélico mundial, somado à centralização do poder que se seguiu à falência do Estado

oligárquico, surgiu um novo arcabouço de instituições de regulação e controle das atividades

econômicas do país.

De 1945 a 1955, ocorre à fase do amadurecimento do desenvolvimentismo. Os

primeiros anos dessa fase até 1947 foram considerados críticos, em que a resistência e o contra-

ataque às ameaças liberais à ideologia da industrialização planejada foram mais intensos. Por

causa disso, o desenvolvimentismo começou a ganhar maior consistência e se difundir com

mais rapidez somente a partir dos anos 1950. Nessa fase, com o inicio do 2º Governo Vargas,

processa-se a reinserção do desenvolvimentismo no aparelho do Estado, representando um

avanço decisivo na consolidação e difusão da concepção de industrialização integral e

planejada.

Para Bielschowsky (2004), os anos de 1948-52 deram melhores frutos pelas seguintes

razões: a) no período de 1948-52, houve a preocupação com o reaparelhamento econômico,

tendo como base a necessidade de ampla reposição de bens de produção na econômica

brasileira – sendo importante por conduzir a reflexão sobre a problemática do planejamento

econômico e da industrialização; b) o ano de 1947 teve como ponto comum o pensamento

econômico a respeito da política cambial brasileira, com a reversão das expectativas sobre a

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normalização do mecanismo de comércio internacional se estendendo até 1957; c) entre 1948-

52, consolidou-se a ideologia do nacionalismo econômico, tendo como exemplo campanha do

“petróleo é nosso” que deu origem à Petrobrás; d) do ponto de vista político, houve ainda um

importante elemento de ligação entre o liberalismo do governo Dutra e o surto

desenvolvimentista do governo Vargas, sendo este último um resultado direto das frustrações a

que o governo Dutra submeteu aqueles que defendiam uma política de industrialização para o

país; e) por último, ressalte-se a conjuntura econômica favorável pelo menos até 1952, anos de

crescimento continuo e de relativa estabilidade monetária e cambial.

Paradoxalmente, a última fase do ciclo do desenvolvimentismo ocorreu o auge (1955-

60) e a crise do desenvolvimentismo (19561-64). Depois de ter grande influência durante o

governo Juscelino Kubistchek, que culminou inclusive com o Plano de Metas, entre 1961 e

1964, ocorreu fortes instabilidade política, mobilização por reformas sociais e declínio na taxa

de crescimento, sendo que o projeto de industrialização do desenvolvimentismo deixou de ser o

núcleo ideológico das propostas e análises econômicas. O fracasso das reformas sociais, como é

sabido, resultou no golpe militar de 1964 que marca o fim da influência do desenvolvimentismo

no governo.

Bielshowsky (2004) apresenta quatro motivos para a crise do desenvolvimentismo:

1) a reflexão econômica estava subordinada principalmente em duas questões: problemas

conjunturais de inflação e crise do balanço de pagamento; 2) ambos os motivos reduziram a

importância das preocupações desenvolvimentistas tradicionais, quais sejam o planejamento das

inversões industriais e o crescimento da economia como um todo; 3) o Brasil dava os primeiros

passos em relação a superação da recessão e o próprio crescimento econômico de longo prazo

dependia de reformas institucionais que promovessem a redistribuição de renda no continente;

e, por último, 4) a crise do desenvolvimentismo foi reforçada por dois importantes aspectos – o

primeiro era a constatação deque a industrialização já era um fato consumado e, o segundo, era

de que o planejamento passaria a ser um conceito de ampla aceitação.

Concluindo, pode-se perceber que desde a década de 1960 o desenvolvimentismo

perde força e acaba fracassando por não conseguir instalar um capitalismo autônomo nos países

em desenvolvimento da América Latina. Um motivo para os países latino-americanos não terem

conseguido se tornar desenvolvidos foi pensar que a industrialização já estava consolidada,

quando ainda estavam longe de chegar ao estágio das indústrias dos países desenvolvidos. A

crise que ocorreu nas décadas seguintes demonstrou que o hiato de industrialização entre os

países pobres ou emergentes e ricos havia se aprofundado ao invés de regredir, Com a saída

7

prematura de cena do desenvolvimentismo, a partir dos anos 70, outras correntes começam a

surgir. A grande onda da ideologia neoliberal (governos Margareth Tatcher, na Inglaterra, e

Ronald Reagan, nos EUA) acabou levando por terra a teoria keynesiana e varrendo junto a

teoria econômica do desenvolvimentismo – o principal pilar do estruturalismo latino-americano

– num momento em que a crise da divida externa fragilizava devedores (países latino-

americanos) e, ao mesmo tempo, fortalecia o poder dos credores (países desenvolvidos).

3. Da crise do nacional-desenvolvimentismo ao neoliberalismo

O modelo nacional-desenvolvimentista desde os seus primórdios (década de 1930) já

se defrontava como a grande dependência econômica do exterior. Com o advento da Grande

Depressão e a crise do modelo primário exportador dela decorrente, o país começou a produzir

aqueles produtos que até então eram importados devido à escassez de divisas. Porém, como a

grande maioria da população não tinha renda para comprar, a escala de produção ainda era

pequena. Em consequência, a produção não passava por avanços tecnológicos, tendo forte

dependência da tecnologia de outros países. O modelo de industrialização substitutiva de

importações tinha como limite a capacidade de importação de bens de capital produzidos no

exterior, a qual, por sua vez, era determinada pela disponibilidade de divisas2. Esse cenário só

vai se alterar a partir da década de 50 quando empresas estrangeiras começaram a se instalar no

Brasil. Mesmo assim, historicamente, essas empresas – que se estabeleceram nos segmentos

líderes da indústria – costumam “repatriar” para suas matrizes a maior parte do lucro auferido

no país ao invés de aumentar significativamente os seus investimentos.

A dependência tecnológica tornou-se responsável, em grande parte, pelas crises

recorrentes do balanço de pagamentos. A única forma de conseguir divisas era através da

exportação de produtos primários ou pelo endividamento. Com as exportações em declínio por

causa da crise que atingia os países compradores e devido à queda dos preços dos produtos

primários – explicável, segundo a teoria estruturalista da CEPAL, pela deterioração dos termos

de troca – restava como último recurso o endividamento externo. Ao longo do tempo, com o

crescimento da dívida aumentava também a resistência dos credores em continuar emprestando.

Isso representava um “limite de última instância” para o êxito do modelo de substituição de

importações.

Apesar dos percalços, o Brasil conseguiu avançar as várias etapas da substituição de

2 Ver Conceição Tavares (1974)

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importações mais rápido do que os demais países da América Latina. Segundo (CONCEIÇÃO

TAVARES, 1974, p. 64), isso aconteceu porque “o Brasil foi um dos poucos países da região

que conseguiu recuperar, em termos absolutos, a sua capacidade de importar no imediato pós-

guerra”. Segundo a autora, o modelo de substituição de importações apresentou quatro fases

distintas: a primeira vai do período que se segue à Grande Depressão até a 2ª Guerra Mundial –

período em que foram substituídos bens de consumo leves antes importados; a segunda

compreende o imediato pós-guerra, de 1945 a 1947, que correspondeu a um alívio do setor

externo pela expansão do setor exportador; a terceira, de 1948 a 1954, em que o regime de

controle cambial beneficiava a substituição de bens duráveis de consumo e, depois de uma

breve transição, inicia-se a quarta fase, de 1956 a 1961, marcada pela maior participação do

Estado no investimento e a entrada do capital. Esta última fase marca a consolidação do modelo

de substituição de importações com a instalação no país da indústria de bens de capital.

A partir do inicio dos anos 60, encerra-se esse ciclo desenvolvimentista e começa uma

fase de desaceleração do crescimento que perdura até 1967. Vários autores apontam como

principal causa econômica o superdimensionamento da capacidade produtiva resultante do

grande volume de investimento público e privado iniciado em 1956/57, com a implantação do

Plano de Metas pelo governo JK3. Segundo Serra (1982), muitos projetos de bens de capital e

bens de consumo duráveis foram muito concentrados no tempo gerando futura descontinuidade.

Em parte, segundo o autor, isso teria sido gerado por problemas de escala mínima de produção

frente ao (pequeno) tamanho do mercado. Ainda assim, a grande retração da atividade

econômica a partir de 1963 não poderia ser explicada apenas por fatores de natureza cíclica.

Sem dúvida, muito contribuiu para isso a política de estabilização de preços do regime militar

(após 1964), orientada pela redução do gasto público, corte no crédito e arrocho nos salários.

Tem início em 1968 um novo ciclo expansivo da economia brasileira que irá perdurar

até 1973. No período de auge do ciclo, denominado de “Milagre Econômico” (1970/73), a

média anual de crescimento do PIB foi de 12,4% e a da produção industrial foi de 13,5%.

Dentro da indústria, a liderança coube ao segmento de bens de consumo duráveis, com

crescimento médio de 25,5% no período, seguido do setor de bens de capital, que cresceu

22,7% (SERRA, 1982). Esse incremento da oferta de bens industriais só foi possível graças à

capacidade ociosa herdada do período anterior onde, como já citado, houve sobreacumulação de

3 Alguns autores, como Mário Henrique Simonsen, atribuem como causa da desaceleração do crescimento

à instabilidade política no início dessa década – que culminou com a renúncia de Jânio Quadros em

agosto de 1961. Serra (1982) acha um exagero nomear a crise institucional como causa principal do

declínio do investimento, embora reconheça que ela tenha afetado o investimento direto estrangeiro

devido à promulgação da lei da remessa de lucros.

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capital. A demanda de bens duráveis de consumo foi sustentada graças à maior concentração

pessoal da renda e pela elevação do endividamento das famílias. A indústria da construção civil,

com crescimento médio de 12% no período 1970/73, teve papel relevante para ativação do

investimento público, via Banco Nacional de Habitação, e crescimento do emprego de menor

qualificação.

Essas elevadas taxas de crescimento econômico do “Milagre Econômico”

provavelmente não poderiam se sustentar por muito tempo à medida que a capacidade ociosa

herdada do ciclo anterior fosse sendo ocupada. Cedo ou tarde, fatalmente surgiram pressões

inflacionárias ou desequilíbrios nas contas externas. Esses problemas, contudo, foram

amplificados pelo primeiro choque do petróleo ao final de 1973, devido ao embargo dos países

produtores membros da OPEP. A partir de 1974, o crescimento da economia brasileira segue

em “marcha forçada”, segundo a tese de A.B. de Castro4 , alcançando uma taxa média anual de

7% de expansão do PIB até 1979, ano em que ocorre o segundo choque do petróleo. O custo,

porém, foi uma elevação da inflação (que passou de 15,5%, em 1973, para 77,2%, em 1979); do

déficit do saldo de transações correntes do balanço de pagamentos (que subiu de US$ 7,1

bilhões, em 1974, para US$ 10,7 bilhões, em 1979) e da dívida externa (que passou de US$ 17,

1 bilhões, em 1974, para US$ 49,9 bilhões, em 1979)5.

Depois de apresentar taxas negativas de crescimento no início da década de 80, a

economia brasileira manteve-se estagnada durante o restante da década, enquanto a inflação

cresceu em progressão geométrica, configurando-se o fenômeno da “estagflação” (figura 1).

Nesse período, vários planos de estabilização de preços foram implantados, a maioria sem êxito

ou com resultados temporários. Este foi o caso do Plano Cruzado (1986), seguindo-se o Plano

Bresser (1987), o Plano Verão (1989), o Plano Collor 1 (1990), o Plano Collor 2 (1991) até

chegar ao Plano Real (1994), que conseguiu alcançar a estabilização dos preços, porém à custa

da estagnação da economia. Quando foi implantado este último Plano, em junho de 1994, a país

vivia um quadro de hiperinflação, com taxa mensal de inflação de mais de 45% e anual acima

de 5000%. Como demonstram os exemplos históricos (Alemanha, entre outros), numa situação

como essa a moeda local perde as suas funções e tende a ser substituída. Isso foi feito no Plano

Real, através de criação transitória de uma nova unidade de conta (a URV), que substituiu

inicialmente a velha moeda desvalorizada, substituindo-a depois por uma nova moeda (o Real).

4 A conhecida tese de Antônio Barros de Castro é que o governo militar (gestão Geisel) recusou-se a fazer

o ajustamento da economia quando do 1º choque do petróleo e manteve o ambicioso plano de

investimento traçado no II PND, o que permitiu, de forma surpreendente, uma breve retomada do

crescimento a partir de meados da década de 80. Ver: Castro e Souza (1985). 5 Dados extraídos de Vasconcellos, Gremaud e Júnior (1999).

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Aproveitando a recuperação das reservas internacionais, para segurar os preços, foi estabelecido

um câmbio fixo (sistema de bandas cambiais) que garantia a valorização da nova moeda em

relação ao dólar. As sucessivas crises internacionais na segunda metade dos anos 90

(culminando com a crise da Rússia, em 1998) inviabilizaram a âncora cambial. Em janeiro de

1999, o regime de câmbio é substituído pelo câmbio flexível e a âncora cambial é trocada pela

âncora monetária (regime de metas de inflação através da manipulação da taxa de juros básica

pelo Banco Central). A partir daí, o Plano Real deixa de ser heterodoxo e passa a ser ortodoxo.

Fonte: Conjuntura Econômica (FGV) apud Vasconcellos, Gremaud e Júnior (1999).

Em resumo: a política econômica do nacional desenvolvimentismo, que durou “em

marcha forçada” até o final dos anos 70, foi sendo substituída, aos poucos, nos anos 1980-90,

pelas reformas neoliberais proposta pelo chamado Consenso de Washington6. Segundo Stiglitz

(2002), os três princípios de “consenso” foram austeridade fiscal, privatizações e abertura do

mercado. Cada um deles tinha a sua justificativa: a) os déficits públicos acumulados na década

de 80 tinham levado a maioria dos países latino-americanos à beira da hiperinflação, logo era

preciso restabelecer a disciplina fiscal; b) os governos dos países em desenvolvimento gastavam

6 O Consenso de Washington constituiu-se num conjunto de recomendações que, naquele momento

(1982), procuravam respaldar os interesses dos bancos norte-americanos diante da chamada “crise da

dívida” – insolvência de vários países devedores, entre eles o Brasil. De orientação neoliberal, o

“Consenso” teve como principal expoente o economista norte-americano John Williamson, e foi apoiado

pelas instituições multilaterais (FMI, Banco Mundial). Em troca do refinanciamento da dívida, os países

devedores se comprometeram a promover um forte ajuste fiscal e a fazer reformas orientadas para o

mercado.

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energia demais administrando empresas estatais, cujos produtos e serviços poderiam ser

oferecidos de maneira mais eficiente pelas empresas privadas; c) a liberação do mercado

(remoção da interferência do governo nos mercados financeiros e de capitais, e eliminação do

protecionismo comercial) era vista como a melhor maneira de estimular o aumento da

produtividade pela melhor alocação dos recursos.

O embasamento teórico do neoliberalismo já vinha sendo construído pacientemente há,

pelo menos, duas décadas atrás por Milton Friedman sob o rótulo de “monetarismo”. A crítica

sobre a ineficácia da política fiscal keynesiana foi facilitada em dois sentidos. Em primeiro

lugar, pelo trabalho empreendido pelos discípulos mais moderados de Keynes para manter o

núcleo clássico na teoria keynesiana facilitando uma “contra-revolução”, culminando com o que

Paul Samuelson denominou de “síntese neoclássica” (KUTTNER, 1998). Em segundo lugar,

pela ocorrência do fenômeno da “estagflação” que parecia dar razão a crítica de Friedman de

que políticas fiscais para estimular a atividade econômica só tinham um efeito temporário e, no

longo prazo, à medida que as expectativas inflacionárias fossem sendo levadas em conta, a

inflação se aceleraria. Ao propor o conceito de “taxa natural de desemprego”, Friedman trouxe

de volta a teoria do “pleno emprego” clássica para o núcleo da teoria econômica.

As ideias de Friedman de expectativas adaptativas abriram caminho para a teoria das

expectativas racionais, saudada por seus arautos como a “Nova Economia”, muitos deles

laureados com o Prêmio Nobel7. Segundo esta versão, os agentes econômicos olhariam para o

futuro para formar suas expectativas de variação de preços e não para o passado. Os agentes são

racionais à medida que não sofrem ilusão monetária e apenas as variáveis reais (preços

relativos) são relevantes nas suas decisões. Segundo a hipótese das expectativas racionais, os

agentes conhecem toda a informação disponível e não cometem erros de avaliação8, de modo

que a taxa de desemprego real coincide com a taxa de desemprego natural, tanto no curto como

no longo prazo (a curva de Phillips seria sempre vertical). Segundo (CUNHA, FERRARI e

CALDEIRA, 2007, p. 2):

As ideias desenvolvidas por Lucas e a introdução das expectativas racionais nos

7 Os principais expoentes da também chamada de Escola Novo Clássica são Robert Lucas e Thomas

Sargent. Lucas foi agraciado com o Nobel em 1995 e Sargent em 2011. Milton Friedman, por sua vez, já

havia ganho o Prêmio Nobel de Economia em 1976. (PEREIRA: 2011). 8 Soros (2008:30) discorda: “embora tal teoria já não seja levada a sério fora dos círculos acadêmicos, a

ideia de que os mercados financeiros se corrigem por si mesmos e tendem ao equilíbrio continua a ser um

paradigma em que se baseiam os vários instrumentos e modelos de cotação artificiais que adquiriram

papel dominante nos mercados financeiros. Sustento que esse paradigma é falso e precisa urgentemente

ser substituído”. No papel que representa de grande especulador, Soros, com certeza, fala com

conhecimento de causa.

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modelos macroeconômicos de Sargent e Wallace questionaram a eficácia das políticas

ativas de manipulação da demanda agregada como instrumento de elevação do produto

e do emprego. Segundo eles, o processo de ajustamento (market clearing) não permite

a existência de desemprego acima da taxa natural de desemprego, tornando assim irrelevante políticas macroeconômicas governamentais. A pressuposição principal é

que o movimento macroeconômico reflete o comportamento de um agente

representativo que faz uso de todas as informações possíveis de forma racional e

eficiente prevendo o que vai acontecer e sempre acertando na média. Nesse sentido a

política macroeconômica deveria estar voltada para garantir a "estabilidade". Leia-se

estabilidade como contenção da inflação, garantia de pagamento da dívida pública por

meio da realização de superávits fiscais e garantia de câmbio estável.

A década de 1990 foi, portanto, um período de proliferação das ideias a favor do livre

mercado e da internacionalização das economias, a brasileira em particular. As vozes que

defendiam o nacional-desenvolvimentismo ficaram francamente fora do lugar e, aparentemente,

faziam parte do passado. Quem daria crédito para as teorias da CEPAL ou para as ideias de

Celso Furtado diante da inexorável globalização dos mercados e das finanças? Até a figura do

especulador foi reabilitada. Pela Hipótese dos Mercados Eficientes9, “se os mercados eram

eficientes e estavam em constante equilíbrio, e se os movimentos de preços eram sempre

aleatórios, então as atividades dos especuladores não podiam ser irracionais em sua motivação

nem desestabilizadoras em seus efeitos” (CHACELLOR, 2001, p. 287). A ideia de equilíbrio

de mercado – tão cara aos neoclássicos – na verdade se baseia em uma falsa analogia com a

física. Enquanto os objetos físicos se movem independentemente do pensamento de qualquer

pessoa, os mercados financeiros criam ativamente a realidade que eles, posteriormente, acabam

refletindo. Para (SOROS, 1999, p. 26) isso era chamado de “reflexividade”.

A colocação dessas ideias em prática trouxe resultados desastrosos para o Brasil.

Segundo (BRESSER-PEREIRA, 2007, p. 159), “enquanto a renda per capita no Brasil crescia

quase 4% ao ano no período em que o desenvolvimentismo foi dominante, entre 1950 e 1980, a

partir de então passou a crescer a uma taxa quatro vezes menor”. Assim, ao iniciar-se o século

XXI, as políticas neoliberais começam a ser colocadas em cheque, sobretudo diante das altas

taxas de crescimento de alguns países (China, Índia) que não adotaram essas políticas. Nesse

contexto, pouco a pouco, começou a haver no Brasil uma tentativa de recuperação do legado do

desenvolvimentismo, reforçada pelo abalo da crise financeira global de 2008 que expôs a

fragilidade do regime de livre mobilidade de capital. Diante da crise, todos os ideólogos dos

9 A bem da verdade, nem George Soros e Warren Buffett – os dois maiores especuladores do mundo –

acreditam na Hipótese dos Mercados Eficientes. Para Soros, “as obras dos teóricos do mercado eficiente,

com suas equações complexas, assemelham-se mais às dos escolásticos medievais calculando o número

de anjos que podiam ficar em pé na cabeça de um alfinete do que às dos racionalistas do século XVII”.

Buffett, por sua vez, afirmou que “observando, corretamente, que o mercado com frequência era eficiente,

eles (os teóricos do mercado eficiente) concluíram incorretamente que o mercado era sempre eficiente”.

Citado por (CHANCELLOR, 2001, p. 287).

13

mercados eficientes silenciaram e coube ao Estado alcançar a “boia salva-vidas” para evitar o

mal maior. Prova que (KEYNES, 1936, p. 360) tinha razão ao escrever no último parágrafo da

“Teoria Geral” que “os homens práticos, que se acreditam absolutamente isentos de todo tipo de

influência intelectual, são em geral escravos de algum economista já falecido”. Nesse caso, ele

mal sabia que estava utilizando o exemplo dele próprio.

4. O novo-desenvolvimentismo

O novo-desenvolvimentismo teve diversas origens, sendo uma delas a visão de Keynes

e dos novos keynesianos, como Paul Davidson e Joseph Stiglitz, tendo como principio que a

industrialização latino-americana, por si só, foi incapaz de diminuir o problema da desigualdade

social, sendo necessária a adoção de estratégias de “transformação produtiva com equidade

social”. É preciso, portanto, combinar um crescimento econômico sustentável com uma

distribuição de renda mais justa. O novo-desenvolvimentismo nasceu do nacional

desenvolvimentismo que, como visto anteriormente, tinha como objetivo formulação de teorias

em relação a condições estruturais do subdesenvolvimento da periferia latino-americana. O

modelo nacional-desenvolvimentista, que tinha como prioridade o desenvolvimento através da

industrialização, começou perder forças a partir de 1960.

No Brasil, o novo-desenvolvimentismo começa a ganhar força a partir da eleição de

Lula em 200310

, embora, na prática, algumas medidas nessa direção só tenham sido implantadas

a partir do segundo mandato (2007-2010), sobretudo através do Plano de Aceleração do

Crescimento (PAC). O que vem a ser o novo-desenvolvimentismo? Para (SICSÚ et. al, 2005, p.

1):

O projeto novo-desenvolvimentista não objetiva pavimentar a estrada que poderia

levar o Brasil a ter uma economia centralizada, com um Estado forte e um mercado

fraco, nem construir o caminho para a direção oposta, em que o mercado comandará

unicamente a economia com um Estado fraco. Contudo entre os esses dois extremos

existem ainda muitas opções. Avaliamos que a melhor delas é aquela em que seria

constituído um Estado forte que estimula o florescimento de um mercado forte.

Os novo-desenvolvimentistas defendem que só vai ocorrer uma economia de mercado

forte se ocorrer a existência de um Estado também forte, sendo que este deve atuar como um

10

A bem da verdade, no governo anterior (Fernando Henrique Cardoso), havia uma disputa entre um

grupo de desenvolvimentistas, liderados por José Serra (então ministro do Planejamento) e outro, mais ortodoxo, liderado pelo ministro da Fazenda (Pedro Malan). Na política econômica do governo FHC,

acabou prevalecendo a posição deste último grupo.

14

regulador das atividades econômicas. Segundo (BRANCO, 2009, p. 77), “o Estado seria uma

espécie de ente político promotor de condições propicias para o capital investir seus recursos

financeiros e gerar emprego e renda para a população em geral.” Assim, o Estado deve garantir

as condições macroeconômicas reduzindo incertezas e aumentando a demanda dos fatores de

produção, o emprego e os ganhos dos trabalhadores. Somente assim o país reduzirá a pobreza e

desigualdade social.

No passado, estatismo e desenvolvimentismo praticamente foram sinônimos

(concepção “estadocêntrica”). No presente, vivemos uma “era de fundamentalismo

mercadocêntrico” em que o pêndulo binário entre Estado e mercado se moveu para o mercado.

Em que pese seja forçoso reconhecer que, na atual fase histórica do capitalismo, as condições

objetivas e subjetivas tendam a conduzir o pêndulo na direção do mercado, não significa

prescindir do Estado enquanto instituição norteadora do desenvolvimento. Estado e mercado

são apenas meios para alcançar um fim maior, qual seja, o bem-estar das pessoas. (SUNKEL,

2008).

Qual a melhor forma de promover o desenvolvimento? Adotar uma política industrial

ou confiar tudo ao mercado, perguntou Celso Furtado11

? Para ele, a metamorfose do

crescimento em desenvolvimento não ocorre de forma espontânea, como supostamente

pressupõe a teoria do mercado eficiente, mas sim através de um projeto que expressa uma

vontade política. A globalização é, acima de tudo, um fenômeno financeiro, mas que afeta

significativamente os sistemas de produção. Parte-se do princípio de que aumentar a

competitividade internacional deve prevalecer sobre tudo o mais. Porém, “como desconhecer

que o combate a fome e à exclusão social também é fundamental”, pergunta-se Furtado?

Sobre essas questões, e outras, debruça-se o novo-desenvolvimentismo. Isso significa

dar um passo além do nacional-desenvolvimentismo:

O nacional-desenvolvimentismo merece passar por uma revisão das suas medidas

de promoção do desenvolvimento econômico e social, pois a realidade mudou, e

muito, desde o período áureo daquela tradição clássica. O termo desenvolvimentismo

foi uma expressão marcante de um passado não tão remoto, mas que, com as

transformações sociais ocorridas nestas últimas três décadas, tornou-se antiquado,

anacrônico. Logo, é preciso abandoná-lo, não somente no sentido terminológico, mas

dar-lhe um sentido conceitual inovador, adequado às configurações do capitalismo

contemporâneo. Para novos tempos, uma nova teoria; para novos desafios, um novo

projeto nacional. Daí o termo novo-desenvolvimentista. (SICSÚ et.al.,2005, p. 74)

11

Furtado (1998:11).

15

5. O novo-desenvolvimentismo na visão de Bresser-Pereira

Para (BRESSER-PEREIRA, 2006, p. 7), “desenvolvimentismo foi o nome que recebeu

a estratégia nacional dos países dependentes, que só desencadearam sua industrialização a partir

da década de 1930, ou então depois da Segunda Guerra Mundial”. Cada país deveria planejar

sua própria estratégia para alcançar o desenvolvimento, daí chamar-se de nacional-

desenvolvimentismo. Nas primeiras décadas do nacional-desenvolvimentismo até 1960, os

países da América Latina passavam por uma fase com predominância de políticas

desenvolvimentistas e de estímulo à demanda agregada (de corte keynesiano). A partir da

década de 1970, o desenvolvimentismo foi perdendo espaço à medida que ganhava força a

ideologia neoliberal. Com a crise da dívida externa dos anos 1980, o neoliberalismo se torna a

corrente de pensamento hegemônica, afirmada pela constituição do Consenso de Washington. A

essa corrente Bresser-Pereira chama de ortodoxia convencional. A influência do neoliberalismo

foi consequência direta do esgotamento do modelo de substituições de importações. Para

Bresser-Pereira, esse modelo tinha um vício de origem na medida em que a industrialização

concentrava ao invés de distribuir melhor a renda, configurando o que ele chamou de modelo de

subdesenvolvimento industrializado:

Na medida em que o antigo desenvolvimentismo estava baseado na substituição de

importações, estavam embutidas nele as razões de sua própria superação. A proteção à

indústria nacional, ao voltar-se para o mercado e a redução do coeficiente de abertura

de uma economia, mesmo que ela seja relativamente grande como a brasileira, está

fortemente limitado pelas economias de escala. Para certos setores, a proteção torna-se

absurda. Por isso, quando o modelo de substituição de importações foi mantido durante

os anos 1970, ele estava levando as economias latino-americanas a uma distorção

profunda. Por outro lado, passada a fase inicial de substituição de importações nas

indústrias de bens de consumo, o prosseguimento da industrialização implica em um

aumento substancial da relação capital-trabalho, que terá duas consequências: a

concentração da renda e a diminuição da produtividade do capital ou da relação

produto-capital. A resposta à concentração de renda será a expansão da produção de

bens de consumo de luxo, configurando-se o que chamei de modelo de

subdesenvolvimento industrializado, que, além de perverso, leva embutido o gérmen

do rompimento da aliança nacional pró-desenvolvimento. (BRESSER PEREIRA,

2006, p. 7).

O que o desenvolvimentismo propunha era que o novo empresariado deveria se

constituir como uma burguesia nacional e, junto com o governo e os trabalhadores, realizar a

implantação de uma estratégia nacional de desenvolvimento, tendo Estado à frente para liderar

essa ação coletiva. Entretanto, os golpes militares em vários países latino-americanos na década

de 60 acabaram com os regimes democráticos e levaram à rejeição da estratégia do nacional-

desenvolvimentismo. Com a crise da dívida na década de 1980, o desenvolvimentismo se viu

16

mais longe de ser implantado, sendo incapaz de competir com a onda neoliberal que se

espalhava pelo mundo a partir dos governos conservadores de Margareth Thatcher, na

Inglaterra, e Ronald Reagan, nos Estados Unidos.

A ortodoxia convencional propunha alcançar o desenvolvimento através reformas

neoliberais, todas elas com o propósito de diminuir o tamanho do Estado e aumentar a força do

mercado. Aumento de superávits fiscais para reduzir a dívida pública, privatizações e

desregulamentação foram ingredientes que não poderiam faltar na receita ortodoxa. Soma-se a

isso o fato de que, com a globalização, o Estado perdia a sua autonomia para usar políticas

econômicas de alcance nacional. O país virava refém do mercado. O resultado foi um retrocesso

no processo de desenvolvimento da América latina12

.

No decorrer da abertura comercial iniciada no final dos anos 80, o Brasil deveria ter

modernizado a sua indústria de modo a elevar a competitividade dos produtos manufaturados na

pauta de exportação. Infelizmente, isso não ocorreu. A proposta do novo desenvolvimentismo é

que os países em desenvolvimento exportem produtos manufaturados de maior valor agregado e

não matérias-primas de baixo valor no comércio internacional (commodities). Esse foi o

caminho, por exemplo, dos países asiáticos.

“São duas as grandes vantagens do modelo exportador sobre a substituição de

importações. Em primeiro lugar, o mercado para as indústrias não fica limitado ao

mercado interno. Em segundo lugar, se o país adota essa estratégia, as autoridades

econômicas, que estão fazendo política industrial em favor de suas empresas, passam a

ter um critério de eficiência em que se basear: só as empresas eficientes o bastante para

exportar serão beneficiadas pela política industrial [...]” (BRESSER-PEREIRA, 2010,

p. 15).

O novo-desenvolvimentismo não se confunde com protecionismo da indústria, pois os

países em desenvolvimento já passaram pela fase da indústria infante. A questão principal é a

falta de inovação tecnológica que dificulta a competição com os países exportadores de

manufaturados. É importante recuperar a capacidade de investimento público, principalmente

em pesquisa e desenvolvimento, como forma de incentivar a modernização do parque industrial.

Reduzir a dependência tecnológica é uma das premissas básicas do novo-desenvolvimentismo.

Outra questão importante abordada pelo novo-desenvolvimentismo é a valorização

cambial. O sistema de câmbio flutuante, combinado com uma política econômica de juros altos

para sustentar o regime de metas de inflação, tem incentivado o ingresso do capital especulativo

internacional e, como decorrência, promovido a valorização cambial. Isso prejudica as

12

[...]” vinte anos depois, o que vemos é o fracasso da ortodoxia convencional em promover o

desenvolvimento econômico da América Latina.” (BRESSER-PEREIRA, 2006, p. 8).

17

exportações e beneficia as importações, resultando em redução do saldo da balança de

comércio. Com isso, aumenta o déficit em transações correntes, que vem sendo financiado pelo

ingresso de capitais externos13

. De acordo com Bresser-Pereira (2008), em virtude da “onda”

ideológica neoliberal e globalizadora proveniente do Norte, o Brasil adotou uma estratégia de

crescimento baseada na poupança externa e alta taxa de juros básica e, desde então, permanece

quase estagnado.

Segundo Rodríguez (2008), existe uma assimetria entre mercados financeiros dos países

desenvolvidos e em desenvolvimento, sendo estes últimos incompletos em relação aos

primeiros. Esse caráter incompleto, somado ao fato de que as moedas internacionais pertencem

aos países do centro, explica o caráter pró-cíclico dos fluxos de capitais nos países em

desenvolvimento. Os “choques globais”, manifestados através da saída de capitais e de seus

efeitos sobre a queda das Bolsas de Valores, atuam como um fator exógeno na explicação das

recorrentes crises registradas nos países emergentes nas últimas décadas. Daí que as políticas

internas de ajustes de desequilíbrios macroeconômicos, por si só, tornam-se insuficientes

enquanto políticas anticíclicas. É preciso, portanto, algum tipo de controle sobre os excessivos

fluxos de capital externo, sobretudo os de natureza especulativa. Sem isso, as economias em

desenvolvimento estarão expostas periodicamente às “crises sistêmicas” provocadas pela

globalização financeira.

O novo-desenvolvimentismo, por enquanto, ainda é uma construção inacabada. Somente

poderá ser comparado com o “velho” desenvolvimentismo se deixar de ser uma série de

propostas isoladas para se transformar num projeto nacional de desenvolvimento. Para

(BRESSER-PEREIRA, 2006, p. 22):

“os países da América Latina só retomarão o desenvolvimento sustentado se seus

economistas, seus empresários e sua burocracia de Estado se lembrarem da experiência

bem sucedida que foi o antigo desenvolvimentismo, e forem capazes de dar um passo à

frente. Já fizeram a crítica dos erros cometidos e já se deram conta dos fatos históricos

novos que a tornaram superada. Precisam agora reconhecer que a revolução nacional

que então estava acontecendo, tendo esse antigo desenvolvimentismo como estratégia

nacional, foi interrompida pela grande crise dos anos 1980 e pela onda ideológica

neoliberal vinda do Norte. Precisam aprofundar o diagnóstico da quase estagnação

provocada pela ortodoxia convencional, além de olhar com atenção para a estratégia

nacional de desenvolvimento dos países asiáticos dinâmicos. Precisam, ainda,

participar da grande obra coletiva nacional que é a formulação do novo

desenvolvimentismo – da nova estratégia nacional de desenvolvimento para seus

países”.

13

O déficit de transações correntes do Brasil em 2011 foi de US$ 56,6 bilhões, o equivalente a 2,29% do

PIB. O resultado do Balanço de Pagamento, contudo, foi positivo em razão do superávit da conta capital

e financeira de US$ 111,9 bilhões, o que permitiu um aumento das reservas cambiais de US$ 58,6

bilhões, que superaram o patamar de US$ 350 bilhões ao final de 2011. (MIRAGAYA, 2012, p. 32)

18

7. Considerações finais

Por tudo que foi exposto, poderia se concluir que o novo-desenvolvimentismo seria uma

forma de resistência à globalização? Não necessariamente. A globalização, em si mesma, não é

boa nem má. Sua influência no desenvolvimento da cada país depende do modo em que cada

um nela se insere. A globalização não mudou a natureza do processo de desenvolvimento, que

requer que a estrutura produtiva interna participe e difunda os avanços da ciência e da

tecnologia, o que vem a se constituir em “acumulação” em sentido amplo. Porém, a inserção de

cada país no contexto externo depende de fatores endógenos próprios que podem ser chamados

de “densidade nacional”, que permitem que a acumulação se realize, predominantemente, no

âmbito interno da nação. Nesse sentido, pode-se dizer que “cada país tem a globalização que

merece”14

.

O que renova o interesse por um novo-desenvolvimentismo é a constatação de que, existem

sinais de um processo de desindustrialização em curso ou, até mesmo, de “reprimarização”,

como alguns autores preferem chamar. Não se pode esquecer que a industrialização de um país

é o motor do crescimento da economia, sendo que neste setor é o que tem o maior ganho em

escala. Mas não apenas isto. Sendo o desenvolvimento um processo econômico e também

social, não pode ocorrer espontaneamente através do mercado, pois este, como afirmava

Prebisch, carece de um horizonte social e de um horizonte temporal15

. O desenvolvimento

econômico implica a criação de um sistema produtivo articulado e coerente, capaz de assegurar,

por seus próprios meios, a criação de uma “base endógena de acumulação de capital”16

.

Porém, o desenvolvimento econômico, embora constitua um pré-requisito para o progresso

social, pode gerar desigualdade e concentração de renda. Desenvolvimento é um processo

multidimensional (econômico, social, cultural, político), possuindo laços indissolúveis com a

própria democracia, na medida em que requer uma ação organizada da sociedade para alcançá-

lo. O desenho de um projeto de desenvolvimento, num contexto de globalização, pressupõe um

14

“Um país pode crescer, aumentar sua produção, o emprego e a produtividade dos fatores impulsionado

por fatores exógenos (...). Porém pode crescer sem desenvolvimento, quer dizer, ,sem criar uma

organização na economia e sociedade capaz de mobilizar os processos de acumulação inerentes ao

desenvolvimento ou, dito de outro modo, sem incorporar os conhecimentos científicos e sua aplicações

tecnológicas ao conjunto de sua atividade econômica e social” (FERRER, 2008, p. 433).

15

Conforme Rodrigues (2008). 16

Conforme Guillén R. (2008:493).

19

novo equilíbrio entre mercado e Estado.

A teoria estruturalista da CEPAL conseguiu delimitar as especificidades do

subdesenvolvimento e traçar uma estratégia de desenvolvimento para a América Latina por

várias décadas. O novo-desenvolvimentismo, herdeiro do estruturalismo cepalino, ainda se

resente da hegemonia do neoliberalismo ao longo das últimas décadas e tateia na direção da

formulação de um referencial teórico de consenso17

, como foi o estruturalismo. Mas é um

caminho. Já era tempo de despertar a bela adormecida (teoria do desenvolvimentismo) do sono

profundo em que se encontrava há décadas, sacudindo a poeira de suas vestes e renovando-a

para que possa ser capaz de construir uma estratégia alternativa de desenvolvimento para a

região num contexto de globalização.

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17

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Paulo, subscreveu 10 teses genéricas em que concordavam em relação ao novo-desenvolvimentismo: 1.

O desenvolvimento econômico é um processo estrutural; 2. O mercado é o lócus principal desse processo,

mas o Estado tem um papel estratégico; 3. Diante da globalização, é necessária uma estratégia de

desenvolvimento nacional; 4. Os principais “gargalos” da economia se encontram do lado da demanda; 5.

Há uma tendência dos salários crescerem menos que a produtividade devido ao excesso de oferta de mão-

de-obra; 6. A tendência à sobrevalorização da taxa de câmbio se deve à poupança externa em excesso na

forma de fluxos de capitais estrangeiros; 7. A chamada “doença holandesa – supervalorização da moeda

devido à renda recebida da exportação de commodities baseadas em recursos naturais – impede a

exportação de bens industriais; 8. O desenvolvimento econômico deve ser financiado essencialmente com

poupança doméstica; 9. O governo deve assegurar uma relação estável dívida/PIB de longo prazo e uma

taxa de câmbio real que evite os efeitos adversos da “doença holandesa” sobre a indústria e 10. Traçar

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