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O novo figurino do divórcio SANDRA PASSINHAS SP/2016 1

O novo figurino do divórcio - portal.oa.pt · Causas do divórcio litigioso: A ruptura da vida em comum d) Quaisquer outros factos que, independentemente da culpa dos cônjuges,

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O novo figurino do divórcio

SANDRA PASSINHAS

SP/2016 1

O Novo Regime Jurídico do Divórcio

Lei n.º 61/2008, de 31 de Outubro

Os afectos no centro da relação matrimonial

O princípio da ruptura (Zerrüttungsprinzip; divorce-faillite)

Eliminam-se: declaração de culpa/sanções patrimoniais acessórias

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Commission on European Family Law:

Principles of European Family Law Regarding Divorce and Maintenance Between Former Spouses

http://www2.law.uu.nl/priv/cefl/

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Mediação familiar

Artigo 1774.º (Mediação familiar)

Antes do início do processo de divórcio, a conservatória do registo civil ou o tribunal devem informar os cônjuges sobre a existência e os objectivos dos serviços de mediação familiar.

Should I stay or should I go now? Should I stay or should I go now?

If I go there will be troubleAn if I stay it will be double

So come on and let me know

The Clash, 1981

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Desafios para o julgador:

1. Deveres dos cônjuges (arts. 1672.º e ss) – Uma nova valoração?

2. Vestígios do regime anterior: artigos 1675.º, 3 (dever de assistência na separação de facto) e 1760.º, 1,b) e 2 (doações para casamento).

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Divórcio: caminhosDivórcio por mútuo consentimento:

requerido na Conservatória

requerido no Tribunal

remetido para o Tribunal

Conversão

Divórcio sem consentimento do outro cônjuge

(1781.º)

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Divórcio por mútuo consentimento

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Artigo 1773.º, n.º 2Requerido por ambos os cônjuges, de comum acordo, na conservatória do registo civil:

acordos referidos no n.º 1 do artigo 1775.º.

O requerimento de divórcio é apresentado no tribunal, de comum acordo, se os cônjuges não o acompanharem de algum dos acordos previstos no n.º 1 do artigo 1775.º

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Remessa para o tribunalSe os acordos apresentados não acautelarem suficientemente os interesses de um dos cônjuges,

e ainda no caso previsto no n.º 4 do artigo 1776.º-A (quando os requerentes não se conformem com as alterações indicadas pelo MP ao acordo sobre o exercício das responsabilidades parentais),

a homologação deve ser recusada e o processo de divórcio integralmente remetido ao tribunal da comarca a que pertença a conservatória, seguindo-se os termos previstos no artigo 1778.º-A.

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Requerimento, instrução e decisão do processo no tribunal - Artigo 1778.º-A

2- Recebido o requerimento, o juiz aprecia os acordos que os cônjuges tiverem apresentado, convidando-os a alterá-los se esses acordos não acautelarem os interesses de algum deles ou dos filhos.

3- O juiz fixa as consequências do divórcio nas questões referidas no n.º 1 do artigo 1775.º sobre que os cônjuges não tenham apresentado acordo, como se se tratasse de um divórcio sem consentimento de um dos cônjuges.

4- Tanto para a apreciação referida no n.º 2 como para fixar as consequências do divórcio, o juiz pode determinar a prática de actos e a produção da prova eventualmente necessária.

5- O divórcio é decretado em seguida, procedendo-se ao correspondente registo.

6- Na determinação das consequências do divórcio, o juiz deve sempre não só promover, mas também tomar em conta o acordo dos cônjuges.

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Na Conservatória:

Divórcio por mútuo consentimento

(1773.º, 2)

No Tribunal

Divórcio sem consentimento do outro cônjuge (1781.º)

Divórcio por mútuo consentimento requerido directamente no tribunal (1773.º, 2)

Processo remetido da conservatória para o tribunal da comarca a que pertença a conservatória (1778.º)

Divórcio por mútuo consentimento resultante da conversão de divórcio sem consentimento do outro cônjuge (1779.º).

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Divórcio sem consentimento

do outro cônjuge – artigo 1781.º

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Divórcio sem consentimento de um dos cônjuges

pedido por um cônjuge contra o outro

com fundamento em determinada causa –art. 1781.ºCC)

(= ao antigo divórcio litigioso)

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Causas do divórcio litigioso:

A ruptura da vida em comum

d) Quaisquer outros factos que, independentemente da culpa dos

cônjuges, mostrem a ruptura definitiva do casamento

a) A separação de facto por um ano consecutivo;

b) A alteração das faculdades mentais do outro cônjuge, quando dure há mais de um ano e, pela sua gravidade, comprometa a possibilidade de vida em comum;

c) A ausência, sem que do ausente haja notícias, por tempo não inferior a um ano.

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Consequências jurídicas do divórcio

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1 - Princípio geral (artigo 1788.º)

O divórcio dissolve o casamento e tem juridicamente osmesmos efeitos da dissolução por morte, salvas as excepções consagradas na lei.

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Afinidade

Artigo 1585.º

“A afinidade determina-se pelos mesmos graus e linhas que definem o parentesco e não cessa pela dissolução do casamento por morte.”

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2 – Momento da produção de efeitosArtigo 1789.º

2- Se a separação de facto entre os cônjuges estiver provada no processo, qualquer deles pode requerer que os efeitos do divórcio retroajam à data, que a sentença fixará, em que a separação tenha começado.

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3- Destino da casa de morada de família

Divórcio por mútuo consentimento

ACORDO

ARTIGO 1775.º, 1, d) e 2

Artigo 1793.º

“3. O regime fixado, quer por homologação do acordo dos cônjuges, quer por decisão do tribunal, pode ser alterado nos termos gerais da jurisdição voluntária.”

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Artigo 1105.º CC (Comunicabilidade e transmissão em vida para o cônjuge)

1 - Incidindo o arrendamento sobre casa de morada de família, o seu destino é, em

caso de divórcio ou de separação judicial de pessoas e bens, decidido por acordo dos

cônjuges, podendo estes optar pela transmissão ou pela concentração a favor de um

deles.

2 - Na falta de acordo, cabe ao tribunal decidir, tendo em conta a necessidade de cada

um, os interesses dos filhos e outros factores relevantes.

3 - A transferência ou a concentração acordadas e homologadas pelo juiz ou pelo

conservador do registo civil ou a decisão judicial a elas relativa são notificadas

oficiosamente ao senhorio.

Artigo 1793.º CC (Casa de morada de família)

1. Pode o tribunal dar de arrendamento a qualquer dos cônjuges, a seu pedido, a casa

de morada da família, quer esta seja comum quer própria do outro, considerando,

nomeadamente, as necessidades de cada um dos cônjuges e o interesse dos filhos do

casal.

2. O arrendamento previsto no número anterior fica sujeito às regras do arrendamento

para habitação, mas o tribunal pode definir as condições do contrato, ouvidos os

cônjuges, e fazer caducar o arrendamento, a requerimento do senhorio, quando

circunstâncias supervenientes o justifiquem.

3 - O regime fixado, quer por homologação do acordo dos cônjuges, quer por decisão

do tribunal, pode ser alterado nos termos gerais da jurisdição voluntária.

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Ac. TRP, de 13 de Outubro de 2015

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II - O art.º 1793.º do CCiv. reporta-se a situação em que é o Tribunal a dar de arrendamento a um dos cônjuges a casa de morada de família, pelo que pode o Tribunal definir as condições do contrato, incluindo o montante da renda/compensação a pagar ao outro cônjuge, devida, por isso, a partir da decisão fixadora.III - Faltando, para definição do montante dessa renda, quanto a imóvel que é bem comum dos cônjuges, pontos de sustentação fáctica que permitam uma fixação com exatidão, deve o tribunal julgar equitativamente dentro dos limites que tiver por provados, mormente tendo em conta a situação do cônjuge arrendatário, que tem dois filhos menores ao seu cuidado (art.ºs 1793.º do CCiv. e 987.º do NCPCiv.).IV - A equidade, como justiça do caso, mostra-se apta a colmatar as incertezas do material probatório, bem como a temperar o rigor de certos resultados de pura subsunção jurídica, na procura da justa composição do litígio, fazendo apelo a dados de razoabilidade e equilíbrio, tal como de normalidade, proporção e adequação às circunstâncias concretas, sem cair no arbítrio ou na mera superação da falta de prova possível.

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Ac. STJ, 17 Janeiro 2013

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1. O acordo provisório estabelecido no âmbito de acção divórcio litigioso quanto à utilização da casa de morada de família não perde automaticamente a sua eficácia com o trânsito em julgado da sentença.

2. Em tais circunstâncias, o cônjuge interessado tem a possibilidade de obter uma resolução definitiva do conflito acerca da atribuição da casa de morada de família, nos termos do art. 1793º do CC, através do processo especial previsto no art. 1413º do CPC.

3. A persistência da situação não confere ao cônjuge não utilizador da casa de morada de família o direito de ser compensado segundo as regras do enriquecimento sem causa, uma vez que a situação encontra justificação na sua própria inércia relativamente ao accionamento do mecanismo processual previsto no art. 1413º do CPC.

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Ac. TRP, de 19 de Dezembro de 2012

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I - Na atribuição do arrendamento da casa de morada de família, os critérios essenciais a considerar são as necessidades

de cada um dos cônjuges e o interesse dos filhos quando menores. II - Na mesma atribuição é avaliada a necessidade de

cada um deles, deferindo-se àquele que mais precisar dela. III - Só quando as suas necessidades forem sensivelmente

iguais é que haverá lugar à convocação de outros factores, tidos por secundários. IV - Aos arrendamentos de casas de

habitação social só é aplicável o regime do arrendamento urbano, subsidiariamente e na medida em que a sua natureza

for compatível com o regime do arrendamento vinculístico. V - Deve ter-se como compatível com o regime especial do

arrendamento de habitação social, o disposto no art.º 84.º do Regime do arrendamento Urbano, quanto ao destino da

casa de morada de família após o divórcio e, designadamente, no que respeita à transferência de um ex-cônjuge para o

outro do respectivo direito ao arrendamento.

http://www.dgsi.pt/jtrp.nsf/c3fb530030ea1c61802568d9005cd5bb/f4bf1a0ef9bac64480257af7003efc87?OpenDocument&Highlight=0,casa,de,morada,de,fam%C3%ADlia,div%C3%B3rcio

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Ac. TRP, de 22 de Junho de 2012

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“I - Na atribuição da casa de morada de família, os critérios essenciais a considerar são as

necessidades de cada um dos cônjuges e o interesse dos filhos.

II - Não é de atribuir a casa de morada de família à requerente quando se trata de bem próprio do

requerido, dispõe de outro apartamento que é bem comum do casal, o qual fica próximo daquela

e oferece todas as condições de habitabilidade para si e as filhas que consigo residem”.

http://www.dgsi.pt/jtrp.nsf/c3fb530030ea1c61802568d9005cd5bb/5ba824efd112f65e80257a30003a5a82?OpenDocument&Highlight=0,casa,de,morada,de,fam%C3%ADlia,div%C3%B3rcio

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Ac. TRP, de 7 de Dezembro de 2011

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A casa de morada de família própria de um dos ex-cônjuges não deve ser atribuída em

arrendamento ao outro, a seu pedido, quando o dono da mesma careça dela e não tenha meios

económicos para encontrar outra habitação.

http://www.dgsi.pt/jtrp.nsf/c3fb530030ea1c61802568d9005cd5bb/f489dcf9a78c7fc98025797a004e3a66?OpenDocument&Highlight=0,casa,de,morada,de,fam%C3%ADlia,div%C3%B3rcio

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Ac. TRG, de 19 de Janeiro de 2012

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Na atribuição da casa de morada de família, a renda que um dos ex cônjuges pagará ao outro,

deve ser fixada na ponderação da situação económica de ambos os cônjuges e não apenas do

cônjuge a quem foi atribuído o direito ao arrendamento

http://www.dgsi.pt/jtrg.nsf/86c25a698e4e7cb7802579ec004d3832/dfb44075c3a36e74802579ae0052ac2b?OpenDocument&Highlight=0,casa,de,morada,de,fam%C3%ADlia,div%C3%B3rcio

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Ac. TRG, de 17 de Maio de 2011

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1. O critério geral para atribuição do direito ao arrendamento da casa de morada da família na sequência de acção de

divórcio não pode ser outro senão o de que deve ser atribuído ao ex-cônjuge que mais precise dela, pois o objectivo da lei

é proteger o ex-cônjuge que mais seria atingido pelo divórcio quanto à estabilidade da habitação familiar.

2. Para fixação da renda, o tribunal não tem que ficar condicionado pelos valores de mercado, desconsiderando a situação

patrimonial dos cônjuges, o que poderia inviabilizar na prática os objectivos da lei, antes terá que tomar em consideração

as circunstâncias do caso e, em particular, a situação patrimonial do cônjuge arrendatário.

http://www.dgsi.pt/jtrg.nsf/86c25a698e4e7cb7802579ec004d3832/939b69720fee15ed8025791f003cb726?OpenDocument&Highlight=0,casa,de,morada,de,fam%C3%ADlia,div%C3%B3rcio

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Ac. TRL, de 11 de Julho de 2013

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“O acordo de atribuição do uso da casa de morada de família, que foi estabelecido no âmbito da acção de

divórcio e ali homologado por decisão judicial, consubstancia um contrato de arrendamento. O senhorio

pode socorrer-se dos meios previstos nos art. 1084.º, n.º 1 do C. Civil e 9.º, n.º 7 e 15.º, n.º 1 da Nova Lei

do Arrendamento Urbano (NLAU), aprovada pela Lei n.º 6/2006 de 27-02, para fazer cessar esse contrato”.

http://www.dgsi.pt/jtrl.nsf/33182fc732316039802565fa00497eec/45fff192b212a21a80257be800335d88?OpenDocument&Highlight=0,casa,de,morada,de,fam%C3%ADlia,div%C3%B3rcio

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Ac. STJ, de 11 de Dezembro de 2001

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I. A norma do artº. 1793º do C.Civil - atribuição de casa de morada de família - não viola o art.º.

65º da Constituição da República.

II. São critérios essenciais para tal atribuição as necessidades de cada um dos cônjuges e o

interesse dos filhos do casal.

http://www.dgsi.pt/jstj.nsf/954f0ce6ad9dd8b980256b5f003fa814/c431bfb97f64d18480256dc8003900be?OpenDocument&Highlight=0,casa,de,morada,de,fam%C3%ADlia

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4 – Perda de benefíciosARTIGO 1791.º

Benefícios que os cônjuges tenham recebido ou hajam de receber

1- Cada cônjuge perde todos os benefícios recebidos ou que haja de receber do outro cônjuge ou de terceiro, em vista do casamento ou em consideração do estado de casado, quer a estipulação seja anterior quer posterior à celebração do casamento.

2- O autor da liberalidade pode determinar que o benefício reverta para os filhos do casamento.

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5 –Obrigação de alimentos

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Artigo 1775.º

Requerimento e instrução do processo na conservatória do registo civil

c) Acordo sobre a prestação de alimentos ao cônjuge que deles careça;

Artigo 931.º e 932.º CPC

Divórcio sem consentimento

Artigos 933.º e ss CPC

Da execução especial para alimentos

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Princípio da auto-subsistência:

Artigo 2016.º (Divórcio e separação judicial de pessoas e bens)

1- Cada cônjuge deve prover à sua subsistência, depois do divórcio.

Casamento: from status to contract?

SP/2016

Direito a alimentos:

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natureza indemnizatória-compensatória

ou dever de solidariedade pós-conjugal??

“Alimony and property distribution were more than a penalty or compensation for a husband’s ‘marital misconduct’; they were also awarded in recognition of women’s and children’seconomic dependency”

(Martha Fineman, The Illusion of Equality – the rethoric and reality of divorce reform, p. 18)

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A questão probatória

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Artigo 342.º, n.º 1, do CC:

Cabe ao requerente dos alimentos o ónus da prova das suas necessidades e de que o requerido tem possibilidades de os prestar

Artigo 342.º, n.º 2, do CC:

Cabendo ao requerido o ónus da prova das circunstâncias que poderão justificar a não atribuição do direito a alimentos

SP/2016

Ac. TRL, de 17 de Setembro de 2013

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Face a ratio do novo regime de alimentos referente a cônjuges ou ex-cônjuges e aos critérios definidos no art.º 2016.ºA

do CC não pode a requerente solicitar alimentos ao requerido, sendo certo que se provou que a requerente não fez

qualquer esforço para conseguir um emprego e está agora legalmente previsto que, “o cônjuge credor não tem o direito

de exigir a manutenção do padrão de vida de que beneficiou na constância do casamento” – n.º 3 do citado artº.2016ºA.

http://www.dgsi.pt/jtrl.nsf/33182fc732316039802565fa00497eec/17fa9d138cff97a980257c170075aa3d?OpenDocument&Highlight=0,alimentos,divorcio

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Ac. TRL, de 9 de Dezembro de 2013

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1. O princípio geral, em matéria de alimentos entre ex-cônjuges, após o divórcio ou a separação judicial de pessoas e bens é o do seu carácter excepcional, face à regra de que “cada cônjuge deve prover à sua subsistência” e de que “o direito a alimentos pode ser negado, por razões manifestas de equidade”.2. Assim, o direito a alimentos na sequência do divórcio só se constitui se o ex-cônjuge não tiver possibilidades de prover à sua subsistência».3. «Assim, pedida pensão de alimentos a ex-cônjuge, importa apurar a incapacidade de o demandante prover à sua subsistência.4. Só a partir dessa constatação é que se avança para a verificação dos demais requisitos, i. e., a ponderação das necessidades de quem os pretende e as possibilidade daquele que os presta.5. Quando o cônjuge que alega carência de alimentos do outro, não logra demonstrar a sua incapacidade de prover à sua subsistência -designadamente que, em virtude da sua idade ou das suas condições de saúde, não tem capacidade para reiniciar ou iniciar o exercício de uma qualquer actividade profissional com vista a prover à sua subsistência – não prova os elementos constitutivos do direito a alimentos do ex- cônjuge.6. Com efeito, tendo-se provado que: a) a R. reconvinte sempre trabalhou, mesmo na constância do casamento; b) que realizou às vezes serviços de limpeza em casa de particulares, no tempo em que viveu com o A.; c) que durante um determinado período, chegou a explorar um mini-mercado e tendo-se provado ainda que (d) a circunstância de ela não o fazer na actualidade resulta ter ficado a dever-se tão só a uma opção de vida (que não a uma fatalidade ou inevitabilidade, resultante, porventura, da crise económica que actualmente grassa na País e do alto desemprego que - desde, pelo menos, 2011 - se tem registado em Portugal)- não estão preenchidos os requisitos de que depende a atribuição de pensão de alimentos a cargo do ex cônjuge.

http://www.dgsi.pt/jtrl.nsf/33182fc732316039802565fa00497eec/d374ce451476baf380257cc0007e56e8?OpenDocument&Highlight=0,a

limentos,divorcio

SP/2016

Quem tem direito?

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Artigo 2016.º (Divórcio e separação judicial de pessoas e bens)

2. Qualquer dos cônjuges tem direito a alimentos, independentemente do tipo de divórcio.

SP/2016

Quem tem direito?Artigo 2016.º (Divórcio e separação judicial de pessoas e bens)

3. Por razões manifestas de equidade, o direito a alimentos pode ser negado.

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Ac. TRL, de 15 de Setembro de 2015

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I - São requisitos, cumulativos, da atribuição de alimentos a ex-cônjuge: que tal atribuição não seja manifestamente iníqua, que o alimentado deles necessite

para prover à sua subsistência e que o alimentando tenha possibilidade de os prestar.

II - O direito a alimentos do ex-cônjuge (que regra geral – artº 2016 do Código Civil – deve prover à sua subsistência) radica na ideia de um dever de

solidariedade/dever assistencial imposto em função da vida em comum ocorrida no passado, que a lei assume verificar-se na generalidade dos casos.

III – As ´razões manifestas de equidade’ têm, pois, de consistir em circunstâncias de acentuada relevância que tornem imperioso, segundo o sentir social, o

afastamento daquele dever de solidariedade/dever assistencial.

IV - A equidade traduz-se na observância das regras de boa prudência, do bom senso prático, da justa medida das coisas, da criteriosa ponderação das realidades

da vida, dos parâmetros da justiça relativa e dos critérios de obtenção de resultados uniformes.

IV – Revelam-se aquelas “razões manifestas de equidade” quando a Ré requerente de alimentos foi viver com um terceiro em situação análoga à dos cônjuges,

anunciando publicamente essa relação e, apesar de ter voltado, quatro meses depois, à que foi casa de morada de família, não se infere que o relacionamento

com este terceiro tenha terminado, pelo que o reconhecimento da requerida pensão de alimentos, nestas circunstâncias, surgiria como manifestamente iníquo.

SP/2016

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As razões manifestas de equidade têm, pois, de consistir em circunstâncias de acentuada relevância que tornem imperioso, segundo o

sentir social, o afastamento daquele dever de solidariedade / dever assistencial.

Como situações em que tal deva ocorrer vislumbramos: a) os comportamentos do requerente de alimentos que atentem gravemente

contra a vida ou integridade física, psíquica ou sexual (v.g. homicídio tentado, maus tratos, coacção, violação) daquele a quem são

pedidos alimentos; b) os comportamentos, intencionais ou de grosseira negligência, do requerente de alimentos tendentes a criar a

necessidade de alimentos (v.g. dissipação do património, insolvência devido a negócios ruinosos ou actividades criminosas); c) o

comprometimento do requerente noutro projecto de vida em comum (novo casamento, união de facto ou estabelecimento de parceria);

d) mas também outros padrões comportamentais ligados a circunstâncias marcadamente aptas a produzir efeitos jurídicos, como seja o

tempo (que determina importantes figuras jurídicas quanto à aquisição e extinção de direitos, como seja a prescrição, a caducidade, o não

uso, a usucapião).

SP/2016

Prevalência

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2- O tribunal deve dar prevalência a qualquer obrigação de alimentos relativamente a um

filho do cônjuge devedor sobre a obrigação emergente do divórcio em favor do ex-cônjuge.

SP/2016

Medida da obrigação de alimentos

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Artigo 2016.º-A

Montante dos alimentos

3- O cônjuge credor não tem o direito de exigir a

manutenção do padrão de vida de que beneficiou na

constância do matrimónio.

v. Artigo 1675.º (dever de assistência na separação de facto) e 2015.º

ARTIGO 2003.º (Noção)

1. Por alimentos entende-se tudo o que é

indispensável ao sustento, habitação e vestuário.

PC/GO: acima do nível de sobrevivência, nos

limites de uma vida sóbria (artigos 438 e 439.º CC

Italiano)

SP/2016

Acórdão do STJ, de 16 de Março de 2011

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I –(…).

II - Quando não existe ruptura da vida em comum, isto é, na plena efectividade de vigência da sociedade conjugal, a

obrigação de alimentos em que os cônjuges, mutuamente, estão constituídos, é quantificada, estritamente, em

função do padrão de vida ou do estatuto matrimonial in fieri.

III - A obrigação de alimentos dos cônjuges separados de facto, em situação que não exclua a intenção do

restabelecimento da coabitação, não se reduz ao indispensável, antes visa manter, tendencialmente, a igualação ao

trem de vida económico e social, já alcançado desde a celebração do casamento e que se verificava à data da

separação, sem que tal importe a demonstração de uma situação de necessidade de auto-subsistência.

IV - Na separação de facto, imputável a um dos cônjuges, que não deseje restabelecer a coabitação, subsiste o dever

de assistência, não, propriamente, sob a forma de dever de manutenção, mas como obrigação legal unilateral de

prestação de alimentos, cujo beneficiário é o cônjuge inocente ou menos culpado, mas que não tem um direito

adquirido a um nível de vida superior, ou seja, a que o outro contribua, acrescidamente, para assegurar o «status»

elevado que o casal, eventualmente, vinha mantendo.

SP/2016

Acórdão do STJ, de 16 de Março de 2011 (cont.)

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V - A obrigação alimentar genérica, na situação de dissolução ou de interrupção do vínculo conjugal, afere-se, tão-só, pelo que é

indispensável ao sustento, habitação e vestuário, mas, também, suficiente para satisfazer as exigências de vida correspondentes à

condição económica e social da família, de acordo com o seu padrão de vida normal, sujeita a um critério de dupla proporcionalidade,

quer em função dos meios do que houver de prestá-los, quer da necessidade daquele que houver de recebê-los, com o limite fixado pela

possibilidade de o alimentando prover à sua subsistência.

VI - O factor decisivo para a concessão e a medida dos alimentos não resulta da eventual deterioração da situação económica e social do

carecido, após o divórcio, porquanto este, sem embargo do direito a uma existência, economicamente, autónoma e condigna, não tem o

direito adquirido de exigir a manutenção do nível de vida existente ao tempo em que a comunidade do casal se mantinha, nem a

expectativa jurídica da garantia da auto-suficiência, durante e após a dissolução do casamento.

http://www.dgsi.pt/jstj.nsf/954f0ce6ad9dd8b980256b5f003fa814/c7bb85a11379e64d8025785c0042ec9a?OpenDocument&Highlight=0,div%C3%B3rcio

SP/2016

Ac. STJ, de 23 de Outubro de 2014

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1. A obrigação de alimentos entre ex-cônjuges encontra justificação no princípio da solidariedade pós-conjugal, devendo

ser fixada em montante situado entre o indispensável à subsistência do credor e o padrão de vida decorrente do

casamento entretanto dissolvido. 2. Tanto para efeito da fixação da prestação alimentícia como para efeito da sua

alteração, devem ser globalmente ponderadas quer as necessidades do alimentando, quer as possibilidades do obrigado.

3. No capítulo das possibilidades do obrigado não conta apenas o rendimento líquido proporcionado pelo exercício da sua

profissão ou pelos bens de que é proprietário, devendo ser ponderada a totalidade do património que constitui a garantia

das suas obrigações.

http://www.dgsi.pt/jstj.nsf/954f0ce6ad9dd8b980256b5f003fa814/3040903d02b20b6380257d7e003f5373?OpenDocument&Highlight=0,alimentos,div%C3%B3rcio,montante

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Critérios para fixação do montante

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Artigo 2016.º-A

1- Na fixação do montante dos alimentos deve o tribunal tomar em conta:

a duração do casamento,

a colaboração prestada à economia do casal,

a idade e estado de saúde dos cônjuges,

as suas qualificações profissionais e possibilidades de emprego,

o tempo que terão de dedicar, eventualmente, à criação de filhos comuns,

os seus rendimentos e proventos,

um novo casamento ou união de facto e,

de modo geral, todas as circunstâncias que influam sobre as necessidades do cônjuge que recebe os alimentos e as possibilidades do que os presta.

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Os alimentos podem igualmente ser alterados se as circunstâncias determinantes da sua fixação se modificarem, podendo ser reduzidos ou aumentados (artigos 2012.º do Código Civil e 619.º, n.º 2 do Código de Processo Civil)

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Ac. TRL, de 18 de Dezembro de 2012

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Apesar do ex-cônjuge credor de alimentos não ter direito a exigir a manutenção do padrão de

vida de que beneficiou na constância do matrimónio, é relevante para a fixação do montante a

prestar e para o julgamento da oportunidade da cessação dessa obrigação alimentar, o facto de

o beneficiário da prestação ter deixado de trabalhar por insistência do ex-cônjuge devedor.

http://www.dgsi.pt/jtrl.nsf/33182fc732316039802565fa00497eec/6b2833388a2db0e980257c2000039d87?OpenDocument&Highlight=0,alimentos,divorcio

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Ac. TRL, de 17 de Novembro de 2011

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A circunstância de o cônjuge ter prescindido da prestação de alimentos aquando do divórcio por

mútuo consentimento não obsta a que os reclame do ex-cônjuge no futuro.

http://www.dgsi.pt/jtrl.nsf/33182fc732316039802565fa00497eec/df966b8c476b1a6e80257961004ed207?OpenDocument&Highlight=0,alimentos,divorcio

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Quando cessam?

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Artigo 2019.º

(Cessação da obrigação alimentar)

Em todos os casos referidos nos artigos anteriores, cessa o direito a alimentos se o alimentado contrair novo casamento, iniciar união de facto ou se tornar indigno do benefício pelo seu comportamento moral.

-Não há limite temporal

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Ac. TRG, de 28 de Maio de 2015

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“Em acção para cessação de alimentos as despesas alheias à subsistência do obrigado à prestação, posteriormente assumidas, não podem ser consideradas, sob pena de se pactuar com situações em que as mesmas são assumidas para impossibilitar a prestação alimentícia”.

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1 - Por sentença já transitada em julgado, proferida nos autos a que estes seguem por apenso, foi o Autor condenado a prestar alimentos à Ré, no montante mensal de €175,00, acrescido de €25,00, até perfazer o montante de alimentos devidos desde a propositura da ação até à prolação da sentença (a ação foi interposta em abril de 2010 e a sentença proferida em agosto de 2012);

2 - O Autor encontra-se atualmente reformado e aufere uma pensão mensal líquida no valor de €1.125,55;

3 - A companheira do Autor encontra-se a frequentar um curso subsidiado pelo IEFP, auferindo, mensalmente, uma bolsa no valor de €419,00;

4 - A Ré aufere uma pensão de reforma de cerca de €246,36;

5 - O agregado familiar do Autor é composto, atualmente, pelo próprio, pela sua companheira e pelo filho mais novo desta;

6 - O filho da companheira do Autor é maior, encontrando-se ainda a estudar;

7 - São as seguintes as despesas mensais fixas do agregado familiar: a) crédito à habitação (própria, permanente), no montante de €566,53; b) em janeiro de 2012, o Autor pagou a quantia de €93,64, referente ao seguro do imóvel associado ao crédito habitação, respeitante ao período compreendido entre 19 de janeiro de 2012 e 19 de janeiro de 2013; c) condomínio, no montante mensal de €15,00; d) em setembro de 2012, o Autor pagou a quantia de €8,53, referente ao consumo de água; e) em maio de 2012, o Autor pagou a quantia de €42,93, referente ao consumo de gás; f) em setembro de 2012, o Autor pagou a quantia de €48,64, referente ao consumo de eletricidade; g) em agosto de 2012, o Autor pagou à PT a quantia de €47,55; h) em julho de 2012, o Autor pagou a quantia de €18,58, pela aquisição de um medicamento, com a designação “Atorvastina”; i) em junho de 2012, o Autor pagou a quantia de €68,33, referente a uma prestação de um crédito pessoal; j) o Autor tem despesas de alimentação de valor não concretamente apurado; k) O Autor tem despesas de vestuário de valor na concretamente apurado;

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8 - Anualmente, o Autor paga: a) de seguro obrigatório do veículo automóvel, o valor de €216,77; b) de seguro da habitação, o valor de € 90,83;

9 - A prestação que a Ré beneficia inclui um complemento de dependência, no valor de €94,77;

10 - Entre dezembro de 2013 e janeiro de 2014, a Ré pagou as quantias de €27,40 (consumo de gás), de €11,67 (à Optimus Home), de €8,53 (consumo de água) e de €30,04 (consumo de eletricidade);

11 - A Ré padecia e continua a padecer de diabetes mellitus, hipertensão arterial, com complicações cardíacas que levaram a uma angioplastia coronária, sequelas de acidente vascular cerebral, de natureza isquémica, e microangiopatia, com amputação do primeiro dedo do pé direito, por necrose;

12 - Face ao seu quadro clínico, a Ré está e continua a estar impossibilitada e incapacitada para o trabalho;

13 - A Ré continua a ter despesas de farmácia, de valor não inferior a €70,00/€80,00, por mês;

14 - A Ré tem despesas de alimentação e vestuário, de valor não concretamente apurado;

15 - A Ré necessita de deslocar-se, periodicamente, a Beja, para consultas de oftalmologia e de diabetes e para realização de exames médicos;

16 - A Ré só pode usar sapatos para diabéticos, de valor não inferior a €150,00, cada par;

17 - A Ré tem necessidade de compara, no mínimo, dois a três pares de sapatos diabéticos, por ano;

18 - A Ré tem a seu cargo o Imposto Municipal sobre Imóveis (€128,49);

19 – A Ré tem a seu cargo o seguro de habitação (€146,59);

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“Efetivamente, na área dos rendimentos do referenciado, ocorreu uma diminuição de €65,08, correspondente à diferença entre o seu salário e a atual pensão de reforma. Além

disso, a despesa mensal relativa a habitação sofreu agravamento, passando dos antigos €250,00, para os atuais cerca de €600,00.

Em contrapartida, as despesas mensais relativas a gás, água, eletricidade, telefone e televisão diminuíram em cerca de €50,00.

No que concerne às despesas de alimentação e vestuário - agora, não concretamente apuradas - deverão situar-se, sensivelmente, em valores idênticos aos apurados, aquando

da fixação dos factos, na ação de alimentos, tanto mais que o agregado familiar do recorrente passou de 4 para 3 pessoas.

Outras despesas, alheias à subsistência do obrigado à prestação de alimentos, não podem ser consideradas, sob pena de se pactuar com situações de assunção de outras

despesas para impossibilitar a mencionada prestação, o que, eventualmente, apontaria para uma situação de abuso de direito. “

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Como se prestam?

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ARTIGO 2005.º

1. Os alimentos devem ser fixados em prestações pecuniáriasmensais, salvo se houver acordo ou disposição legal em contrário, ou se ocorrerem motivos que justifiquem medidas de excepção.

Rejeição do pagamento em capital, una tantum – clean break

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6 - Partilha

Artigo 1790.º:

Em caso de divórcio, nenhum dos cônjuges pode na partilha receber mais do que receberia se o casamento tivesse sido celebrado segundo o regime da comunhão de adquiridos.

Regime anterior

“O cônjuge declarado único ou principal culpadonão pode na partilha receber mais do que receberia se o casamento tivesse sido celebrado segundo o

regime da comunhão de adquiridos”

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A questão da constitucionalidade

do artigo 1790.º CC

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Ac. TRP, de 9 de Dezembro de 2013

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– A construção de uma casa em terreno próprio, na pendência do casamento celebrado sob o regime da comunhão de adquiridos, mesmo que não se prove ter

sido paga com dinheiro próprio do cônjuge proprietário, não perde a qualidade de bem próprio deste.

II – Estamos perante despesas levadas a efeito e que integram a noção de benfeitorias úteis por força do disposto no artigo 216º, 1, 2 e 3, do CC.

III - Aumentaram o valor e deram origem à construção de um edifício, mas têm de continuar a ser reguladas e apreciadas na perspetiva de despesas e não da

“coisa” a que deram lugar, a não ser para classificar essas mesmas despesas.

IV - A finalidade das despesas vai permitir a sua classificação, sem coisificação. Se assim não fosse, não teria tido qualquer interesse a noção dada pelo legislador,

a qual, necessariamente, visou definir a natureza desta figura jurídica e, consequentemente, o seu regime.

http://www.dgsi.pt/jtrp.nsf/56a6e7121657f91e80257cda00381fdf/f8535151d9d3139780257c620054b450?OpenDocument&Highlight=0,partilha,div%C3%B3rcio

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6-A–Crédito de compensaçãoDever de contribuir para os encargos da vida familiar

Artigo 1676.º:

2- Se a contribuição de um dos cônjuges para os encargos da vida familiar for consideravelmente superior ao previsto no número anterior, porque renunciou de forma excessiva à satisfação dos seus interesses em favor da vida em comum, designadamente à sua vida profissional, com prejuízos patrimoniais importantes, esse cônjuge tem direito de exigir do outro a correspondente compensação.

3- O crédito referido no número anterior só é exigível no momento da partilha dos bens do casal, a não ser que vigore o regime da separação.

2. Se a contribuição de um dos cônjuges para os encargos da vida familiar exceder a parte que lhe pertencia nos termos do número anterior, presume-se a renúncia ao direito de exigir do outro a correspondente compensação.

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“afasta a relevância da desigualdade de contribuições tangencial ou pouco relevante e admite só os casos mais óbvios de excesso, que são os mais dignos de tutela jurídica e os mais fáceis de provar em segurança”

“um desinvestimento manifesto na vida pessoal em favor da vida de casado”

Guilherme de Oliveira, “A Nova Lei do Divórcio”, p. 19

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Desafios para o julgador“consideravelmente superior?”

Prejuízos profissionais importantes?

Até que data deverão ser atendidos?

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7 –Obrigação de indemnizarArtigo 1792.º - Reparação de danos

1- O cônjuge lesado tem o direito de pedir a reparação dos danos causados pelo outro cônjuge, nos termos gerais da responsabilidade civil e nos tribunais comuns.

2- O cônjuge que pediu o divórcio com o fundamento da alínea b) do artigo 1781.º deve reparar os danos não patrimoniais causados ao outro cônjuge pela dissolução do casamento; este pedido deve ser deduzido na própria acção de divórcio.

Regime antigo

1. O cônjuge declarado único ou principal culpado e, bem assim, o cônjuge que pediu o divórcio com o fundamento da alínea c) do artigo 1781.º, devem reparar os danos não patrimoniais causados ao outro cônjuge pela dissolução do casamento.

2. O pedido de indemnização deve ser deduzido na própria acção de divórcio.

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“Devia haver uma idade para o divórcio como há para o casamento. As desilusões domésticas têm o seu tempo para se transformarem em cicatrizes que vão

desaparecendo com o passar dos anos. Por isso é que nos velhos casais há uma recordação da vida em comum que se assemelha à santidade. Contam peripécias

leves e dão ao passado um colorido quase caricato pela força do distanciamento em que se encontram. A verdade é que sofreram os mesmos desenganos e

turbulências que os jovens arrumam e põem de lado sem dar tempo a transformarem-nos em recalques.“

Agustina Bessa-Luís, in 'Antes do Degelo'

OBRIGADA!

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