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O NOVO PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO DO RÁDIO: A MIGRAÇÃO DO AM EM CRICIÚMA 1 THE NEW PROCESS OF RADIO'S TRANSFORMATION: AM'S MIGRATION IN CRICIÚMA Douglas de Freitas Sartor 2 Karina Woehl de Farias 3 Resumo O presente artigo apresenta como tema de pesquisa a migração do rádio AM para o FM. Desta forma, o trabalho buscou conhecer em que fase está o processo migratório de duas emissoras AM de Criciúma, a Rádio Hulha Negra AM 1450 e a Rádio Eldorado AM 570. Seguindo essa linha, o objetivo foi identificar o motivo pelo qual as direções das emissoras de rádio quiseram mudar de faixa. Além disso, verificar o cenário da migração em Santa Catarina, saber se a programação das duas emissoras sofrerá alterações além de buscar saber quando a migração será implantada na cidade. Para chegar aos resultados, foram aplicados questionários e entrevistas voltadas aos representantes das rádios, com o presidente da Associação Catarinense de Rádio e Televisão (Acaert) e com técnico em eletrônica. Chegou-se a conclusão de que as emissoras citadas estão com os pedidos aguardando para serem analisados. As rádios optaram por migrar por ser uma tendência e necessidade tecnológica, pela convergência e a qualidade do som. Em Santa Catarina, o cenário mostra que três emissoras já trocaram de faixa, das 100 que pretendem migrar. Palavras-chave: Rádio, AM, FM, Migração, Criciúma. Abstract This article presents as a research topic the migration of AM’s radios to the FM. T he study sought to know in what stage is the migration process of two stations in Criciúma, the Hulha Negra Radio AM 1450 and the Eldorado Radio AM 570. The goal of this article is to know why the radios wanted to change. Besides that, it wants to check the migration scenario in Santa Catarina, know if the stations’ programming will change and discover when the migration will be deployed in the city. To get the results, questionnaires with semi-structures questions were applied to representatives of the radios, to the president of Santa Catarina Association of Radio and Television (Acaert) and to a electronic technician. The conclusion was that the stations cited have their requests waiting to be analyzed. The radios want to migrate because it is a trend and technological need for convergence and sound quality. In Santa Catarina, three of the 100 stations that want to trade range have achieved. Keywords: Radio, AM, FM, Migration, Criciúma. 1 Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Jornalismo da Faculdade SATC, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Jornalismo. 2 Acadêmico de Jornalismo da Faculdade Satc - Douglas de Freitas Sartor - [email protected] 3 Professora Orientadora - Karina Woehl de Farias - Faculdade Satc [email protected]

O NOVO PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO DO RÁDIO: A …site.satc.edu.br/admin/arquivos/30070/Douglas_Sartor.pdf · som. Em Santa Catarina, o cenário mostra que três emissoras já trocaram

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O NOVO PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO DO RÁDIO: A MIGRAÇÃO DO AM EM CRICIÚMA

1

THE NEW PROCESS OF RADIO'S TRANSFORMATION: AM'S MIGRATION IN CRICIÚMA Douglas de Freitas Sartor

2

Karina Woehl de Farias3

Resumo O presente artigo apresenta como tema de pesquisa a migração do rádio AM para o FM. Desta

forma, o trabalho buscou conhecer em que fase está o processo migratório de duas emissoras

AM de Criciúma, a Rádio Hulha Negra AM 1450 e a Rádio Eldorado AM 570. Seguindo essa

linha, o objetivo foi identificar o motivo pelo qual as direções das emissoras de rádio quiseram

mudar de faixa. Além disso, verificar o cenário da migração em Santa Catarina, saber se a

programação das duas emissoras sofrerá alterações além de buscar saber quando a migração

será implantada na cidade. Para chegar aos resultados, foram aplicados questionários e

entrevistas voltadas aos representantes das rádios, com o presidente da Associação Catarinense

de Rádio e Televisão (Acaert) e com técnico em eletrônica. Chegou-se a conclusão de que as

emissoras citadas estão com os pedidos aguardando para serem analisados. As rádios optaram

por migrar por ser uma tendência e necessidade tecnológica, pela convergência e a qualidade do

som. Em Santa Catarina, o cenário mostra que três emissoras já trocaram de faixa, das 100 que

pretendem migrar.

Palavras-chave: Rádio, AM, FM, Migração, Criciúma.

Abstract This article presents as a research topic the migration of AM’s radios to the FM. The study sought to

know in what stage is the migration process of two stations in Criciúma, the Hulha Negra Radio AM

1450 and the Eldorado Radio AM 570. The goal of this article is to know why the radios wanted to

change. Besides that, it wants to check the migration scenario in Santa Catarina, know if the stations’

programming will change and discover when the migration will be deployed in the city. To get the results,

questionnaires with semi-structures questions were applied to representatives of the radios, to the

president of Santa Catarina Association of Radio and Television (Acaert) and to a electronic technician.

The conclusion was that the stations cited have their requests waiting to be analyzed. The radios want to

migrate because it is a trend and technological need for convergence and sound quality. In Santa Catarina,

three of the 100 stations that want to trade range have achieved.

Keywords: Radio, AM, FM, Migration, Criciúma.

1 Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Jornalismo da Faculdade

SATC, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Jornalismo. 2 Acadêmico de Jornalismo da Faculdade Satc - Douglas de Freitas Sartor - [email protected]

3 Professora Orientadora - Karina Woehl de Farias - Faculdade Satc – [email protected]

2

Introdução

Ao longo dos seus anos de trajetória o rádio passou por grandes mudanças, seja desde a

chegada da televisão até, a convergência, e agora ganhando espaço com o mobile. O surgimento

do FM foi também uma grande transformação para o meio radiofônico. Com quase 100 anos de

existência no Brasil, o rádio, que até então era predominantemente AM, segundo Jung (2004),

ganhou na década de 70 uma nova faixa, a frequência modulada. Atualmente, o rádio está no

meio de um processo importante na sua história brasileira com a migração do AM para o FM.

Por se tratar de um tema atual e que é novidade no país, este trabalho de pesquisa possuiu como

tema central essa mudança de faixa, que já iniciou no Brasil, das emissoras AM (Ondas Médias)

para a faixa FM (Frequência Modulada). Neste artigo, primeiro, será abordada a história do

rádio, como, e quando surgiu mundialmente, aqui no Brasil e em Santa Catarina. Também será

retratada algumas mudanças sofridas durante a sua caminhada. Em quase um século de

existência no país, citar algumas mudanças tecnológicas que o meio sofreu, além de explicar

como é o processo de migração do AM para o FM, é o que propõe esse estudo.

Sendo assim, o problema deste artigo será verificar em que fase está o processo

migratório de duas emissoras AM de Criciúma, Rádio Hulha Negra AM 1450 e Rádio Eldorado

AM 570. Ambas pediram a autorização para realizar a mudança de faixa. O objetivo geral será

saber qual foi o motivo para as duas rádios da cidade criciumense pedirem para migrar.

Entre os objetivos específicos, será verificar qual o cenário atual da migração em Santa

Catarina a partir de dados da Associação Catarinense de Emissoras de Rádio e Televisão

(Acaert). O trabalho ainda irá identificar se a programação das duas emissoras criciumenses irá

mudar ou não. Saber quando a frequência modulada será implantada em Criciúma e o que está

impedindo que a migração ocorra de vez em SC. Para chegar alcançar os objetivos e a resposta

do problema, foram realizadas entrevistas semiestruturadas e questionários com perguntas

abertas. Os entrevistados foram o presidente da Associação Catarinense de Rádio e Televisão,

Rubens Olbrischi, a gerente da Rádio Hulha Negra, Carol Salvaro, o coordenador de jornalismo

da Rádio Eldorado, João Paulo Messer, e o técnico de eletrônica, Emerson Martins.

A migração vem sendo discutida na atualidade por membros do meio radiofônico, mas

começou a ser levantada a possibilidade alguns anos atrás. O primeiro grande passo para a

migração ocorreu no dia 7 de novembro de 20134, quando foi realizada a assinatura e

divulgação de um decreto presidencial, que autoriza as rádios a irem para a frequência

modulada. Esse processo migratório era um pedido antigo das emissoras AM do país.

3

Em busca de uma maior qualidade no som e menos interferências no sinal, os

rádiodifusores defendem que indo para a frequência modulada, o rádio se desenvolveria com

mais facilidade.

O processo chegou ao terceiro ano desde a sua liberação pela presidência. Em 2016, a

mudança registrou grandes avanços, já que iniciou a migração de algumas rádios. Atualmente,

segundo dados de setembro deste ano da Associação Brasileira de Rádio e Televisão (Abert)5,

são 13 emissoras que tiveram o local definido no espectro, e estão, ou já podem operar em FM.

No fim de outubro, esse número subiu para 14, já que em Santa Catarina mais uma rádio entrou

na frequência modulada. A Rádio Verde Vale AM 1050 conseguiu a liberação do canal e já

transmite sua programação na nova faixa, na 91.9 FM. Ela foi a primeira do Sul do Estado a

migrar. Outras duas emissoras catarinenses já haviam realizado a migração, a Rádio Clube de

Lages e a Rádio Brasil Novo, de Jaraguá do Sul. No Brasil, a primeira emissora a migrar foi a

Rádio Progresso, de Juazeiro do Norte (CE), no dia 18 de março de 2016. Agora a emissora

opera na frequência 97.9. Para chegar a tão sonhada migração, o processo exige algumas etapas

a serem realizadas pelo radiodifusores. Segundo a Acaert6, a assinatura dos aditivos

7 é

considerada uma das últimas etapas antes de operar na nova faixa. Depois, as rádios precisam

apresentar uma proposta de instalação do FM e solicitar a Anatel (Agência Nacional de

Telecomunicações) a permissão do uso da radiofrequência. O processo, além dos caminhos

citados acima, inicia com o pedido e a quitação do boleto da diferença da outorga, já que o valor

é maior para operar no FM em relação ao AM. O montante para pagar a diferença varia de

cidade para cidade, pelo radiodifusor e é emitido pelo Ministério das Comunicações para a

migração de faixa. Depois que o órgão regulador gera a liberação, os veículos já podem

começar a transmitir a programação na faixa modulada.

Ainda algumas dúvidas cercam todo esse processo de migração no país. Não se sabe

ainda quando que a migração será concluída, nem o que será feito com o AM. O certo é que o

rádio está passando por uma nova transformação tecnológica, seguindo uma sequência de

adaptações que o dial vem tendo ao longo da sua existência. Como citado no início do trabalho,

o próprio surgimento do FM foi um grande avanço e alterou o cotidiano do rádio brasileiro.

______________________

4 Decreto presidencial nº 8.139 – 7 de novembro de 2013. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Decreto/D8139.htm 5

Dados disponíveis no site da Abert: http://www.abert.org.br/web/index.php/notmenu/item/25232-mctic-adia-data-de-assinatura-da-migracao-para-reunir-mais-emissoras 6 Informações do site da Acaert: http://www.acaert.com.br/cinco-emissoras-de-santa-catarina-ja-podem-

migrar-para-o-fm#.V2cQwdIrLIU. Acesso em 19 de junho de 2016. 7

Conforme o autor deste artigo, aditivos são todos os documentos necessários reunidos pela emissora de rádio para formalizar junto ao órgão regulador a liberação de um canal na faixa, seja AM ou FM.

4

A chegada da Televisão fez repensar a forma de fazer rádio, que segundo Prata (2008,

p.1), “acreditava- se que o rádio iria acabar, já que o novo veículo que nascia, além do som,

tinha também imagem”. Não foi isso que aconteceu, o dial teve que se readaptar a nova

necessidade dos seus ouvintes, fazendo conteúdos diferentes da TV e mais objetivos para quem

o ouvia ainda. Depois a criação do transistor facilitou ainda mais a recepção móvel,

principalmente dando a oportunidade de ouvir a programação de uma emissora no celular. A

convergência foi outra grande transformação, já que o rádio convergiu de vez para a internet.

Cada nova tecnologia que é inserida no cotidiano organizacional e

profissional irá alterar o modo de trabalho nos veículos. Ela também melhora

a qualidade do conteúdo e altera o formato e a definição da mensagem

emitida, além de ampliar as possibilidades de interação com o público. Ou

seja, a mudança tecnológica incide diretamente no resultado econômico, na

ação profissional, nos sentidos das linguagens e da estética dos meios. E,

sobretudo, repercute na maneira do público receber, interpretar e interagir

com as mensagens recebidas. (MAGNONI E RODRIGUES, 2013, p. 3)

Em todas essas mudanças tecnológicas, quem trabalhava no meio teve que aceitar isso e

precisou se adaptar as novas necessidades.

1. O surgimento do Rádio

O rádio tem em suas origens e em seu desenvolvimento diversos avanços tecnológicos

sendo sua criação um grande impacto tecnológico. Para Ferraretto (2001), pensar no surgimento

da radiodifusão implica seguir duas linhas de raciocínio. A primeira está relacionada ao

desenvolvimento de uma tecnologia que permitisse a transmissão, sem fios, de sons a distância.

A segunda tem haver com o desenvolvimento técnico em um meio de comunicação massivo.

O autor faz uma comparação do rádio com a radiotelefonia. Para ele, os equipamentos

utilizados para realizar as transmissões são semelhantes. A única diferença é o objetivo da

transmissão. Enquanto a telefonia consiste na comunicação direcionada e exclusiva entre duas

pessoas, chamada bidirecional, no rádio são emitidas mensagens direcionadas, num único

sentido, para milhões de pessoas, que em casa com os aparelhos de rádio, escutam tudo que

passa na programação. “Esta diferença, hoje óbvia, representa um marco na história da

comunicação humana”. (FERRARETTO, 2001, p. 79)

Antes mesmo de ser criado o rádio, dois meios de comunicação eram fundamentais para

a humanidade: o telégrafo e o telefone. Os dois foram bases para pesquisas com a finalidade de

conhecer qual tecnologia seria usada para a implantação do rádio. Segundo o autor, a

radiotelegrafia e a radiotelefonia eram tecnologias importantes política e economicamente entre

o final do século XIX e início do XX.

5

Nesse período, o mundo atravessava fortes mudanças. Enquanto as novas tecnologias se

desenvolviam, a África e a Ásia eram marcadas pelo colonialismo europeu e os Estados Unidos

da América enfrentavam a Guerra de Secessão, entre 1861 e 1965.

Telégrafo consistia no envio de mensagens por meio de sinais. O dicionário Michaelis

(2008) traz a definição: aparelho destinado a transmitir mensagens ou quaisquer comunicações a

distância. Já o Telefone, conforme Ferraretto (2001, p.81), consiste em “vibrações da voz

humana são transformadas em um fluxo de elétrons e recompostas, na sequência, na forma de

som”. Assim, podemos dizer que o rádio foi o terceiro numa linha de desenvolvimento de novas

tecnologias para a comunicação em massa. “A trajetória que culmina com a Internet tal como

hoje se conhece tem início com o telégrafo;a ele, seguem o telefone (speaking telegraph), o

rádio (wireless telegraph), o cinema, a televisão e, finalmente, a Internet”. (Pizzi, 2004, p.11)

Assim, vários pesquisadores começaram pesquisas com o intuito de chegar na criação

do rádio. O título de criador do rádio dado ao italiano Guglielmo Marconi causa divergências

entre pesquisadores. Para Ferraretto (2001) e Jung (2004), o italiano foi fundamental no

desenvolvimento de novas pesquisas, que ajudaram no aperfeiçoamento dos aparelhos já

inventados e foi um dos principais responsáveis pelo surgimento desse meio de comunicação.

De 1895 a 1897 Marconi realizou uma série de experimentos com a transmissão de

sinais sem fios, consistindo na Telegrafia Sem Fios. Com tudo isso, surgiu, segundo Ferraretto

(2001), um problema básico, que é a voz exigir uma modulação das ondas eletromagnéticas que

garante a continuidade da transmissão e da recepção. Buscando resolver esse empecilho, John

Ambrose Fleming cria a Válvula de Diodo em 1904 e em 1906 surge a Válvula de Triodo, por

Lee DeForest. Assim chegam ao dia histórico, quando ocorreu a primeira transmissão de som

sem fio.

Apesar da primeira transmissão, oficialmente 10 anos depois, podem-se chamar os

experimentos de fato de rádio. Conforme Jung (2004), no início do século 20, David Sarnoff

afirmou que era possível criar uma caixa de música radiotelefônica com válvulas amplificadoras

e autofalante. Para o autor, esse equipamento foi o protótipo do rádio como veículo de

comunicação em massa. Para Ferraretto (2001), o canadense Reginald A. Fessenden e o sueco

Ernest Alexanderson também contribuíram para o processo de criação do rádio.

1.1 A primeira transmissão do rádio no Brasil

No Brasil, a primeira transmissão ocorreu em 7 de setembro de 1922. A

Westinghouse promoveu no país uma demonstração pública de radiodifusão sonora. Isso

ocorreu durante a Exposição do Centenário da Independência, no Rio de Janeiro. Conforme

Ferraretto (2001), o público ouviu os sons por meio de alto-falantes. Foram transmitidos os

6

discursos do presidente da República, Epitácio Pessoa, e trechos de O guarani, de Carlos

Gomes. Foi possível escutar as transmissões em outras partes do Rio e até em outros estados.

Um ano depois, foi fundada no Rio de Janeiro a Rádio Sociedade (RJ). Foi pela

emissora que Edgar Roquette-Pinto participava das transmissões ao vivo. Ele, segundo Jung

(2004), lia os principais jornais cariocas e selecionava as informações mais importantes. Assim,

sem um horário definido, repassava essas notícias a quem o escutava pela frequência da Rádio

Sociedade.

Podemos atribuir a implantação do rádio no Brasil ao padre Landell de Moura e ao

professor Roquette-Pinto. Aliás, o título de inventor do rádio não foi dado a Landell de Moura

por um fato envolvendo o presidente da república em 1905, Rodrigues Alves. Um dos

assessores da presidência conversou com o padre sobre suas invenções. O resultado desta

conversa não foi das melhores.

Não se sabe se foi devido às limitações intelectuais do assessor, que talvez

não tenha entendido o que lhe era apresentado; se pelo fato de o padre ter

solicitado dois navios da esquadra brasileira para uma demonstração pública

dos seus inventos; ou se o assessor ficou assustado ao ouvir que um dia

seriam possíveis comunicações interplanetárias. Certo é que, ao voltar ao

Palácio, o burocrata, a exemplo de um carimbo de repartição pública, foi

taxativo: “esse padre é um maluco”. (JUNG, 2004, p.23)

Isso não era novidade para Landell de Moura, que vivia sendo transferido de paróquia

em paróquia e até de cidade, sempre acusado de ser impostor, herege e bruxo, de acordo com

Jung (2004). Ainda segundo o autor, o reconhecimento das descobertas e invenções dele

ocorreu após a sua morte, em 1928.

Em Santa Catarina, a pioneira da radiodifusão foi a Rádio Clube de Blumenau, segundo

Medeiros e Vieira (1999). Conforme os autores, a emissora foi durante quase uma década a

única emissora no estado. Um das emissoras que servirão de base para a análise de como está o

processo da migração em SC, a Rádio Eldorado, foi a 17ª rádio implantada em solo catarinense.

Essa afirmação se encontra na obra A História do Rádio em Santa Catarina, de Medeiros e

Vieira (1999).

1.2 Surge o FM: O rádio brasileiro passa por uma transformação

Conforme Ferraretto (2001), na década de 70, iniciou um processo de divisão entre as

emissoras musicais, que aproveitavam a qualidade do som, e as rádios AM, que começaram a

utilizar uma programação voltada mais para o jornalismo. “As FMs, num grau bem menor,

7

também acabaram por roubar, para si, o público que ligava o AM para ouvir programação

musical”. (ZUCULOTO, 2012, p.121)

No Brasil, uma das pioneiras na frequência modulada foi a Difusora FM, de São Paulo,

segundo Jung (2004). Ela entrou ao ar a partir de 1970. Para Ferraretto (2001), o título dado a

emissora é contestado.

Segundo Veiga, a frequência modulada começa a ser utilizada no Brasil, na

década de 50, como forma de interagir o estúdio aos transmissores, uma

prática proibida em 1968, quando o governo reestrutura as emissões em FM,

instituindo um processo semelhante ao das rádios AM. (FERRARETTO,

2001, p. 156)

No mundo, os primeiros registros do FM ocorreram nos Estados Unidos, por volta dos

anos 40, segundo Ferraretto (2001). Em 1960, ela se consolidou pela transmissão de maior

qualidade, mas de menos alcance. Já o AM consegue levar as ondas mais longe, porém perde na

qualidade de som.

Não é difícil se deparar com o seguinte comentário popular: “rádio AM é notícia e FM é

para ouvir música”. Na década de 90 já havia esse pensamento. Conforme Jung (2004), uma

experiência realizada pelas Organizações Globo nos anos 90, em que uma rádio FM de São

Paulo foi utilizada para reproduzir o jornalismo da CBN AM. “Nos primeiros três meses, serviu

apenas como uma espécie de ‘tapa-buraco’. “Canal de FM é para tocar música, não notícia”,

garantiam os especialistas, na época”. (JUNG, 2004, p.44)

Conforme Jung (2004), as emissoras FM no Brasil tiveram a programação influenciada

pela norte-americana, depois da segunda metade da década de 70. O autor revela que na época

era dado ao jornalismo apenas o espaço determinado em lei. Apesar disso, muitas vezes eram

reproduções de programas do AM. Isso porque os donos das emissoras FM possuíam rádio de

ondas médias. “Não havia departamento de jornalismo específico ou equipes de reportagem. Em

1958, a emissora Eldorado reproduziu a mesma programação da AM, sem obter sucesso”.

(JUNG, 2004, p.46)

1.3 A programação e a linguagem no rádio

Para Ferraretto (2001), a destinação de programas conforme o público que ela abrange

pode variar apenas alguns ou a totalidade da programação das emissoras. Isso significa

disponibilizar um serviço direcionado e exclusivo aos ouvintes. Para encontrar o público-alvo,

as rádios consideram os aspectos demográficos socioeconômicos da região em que foi instalada.

8

Resumindo, portanto, define-se segmentação como um processo que, a partir

dos interesses dos ouvintes e dos objetivos da empresa de radiodifusão

sonora, se adapta parte ou totalidade de uma programação a um público

específico. Considera-se, assim, não apenas classe social, faixa etária, sexo e

nível de escolaridade, mas sim interesses determinados como, por exemplo,

as preferências do grupo ao qual o indivíduo pertence. (FERRARETTO,

2001, p.54)

Em 1990, surgiu a primeira emissora com o intuito de fazer jornalismo na frequência

modulada. O feito foi realizado na CBN, de São Paulo. Atualmente é mais comum ouvir

informações nas FMs. A Jovem Pan, por exemplo, possuiu programas jornalísticos, que leva

informação ao ouvinte.

Hoje, ao passar pelas estações, é possível encontrar rádios especializadas em

música sertaneja, MPB, pop, rock, jazz, erudita, mensagens religiosas e,

também, em jornalismo. Foi quebrado um paradigma do rádio brasileiro. FM

não serve apenas para tocar música, mas, também, notícia. (JUNG, 2004,

p.47)

Tendo duas faixas e com programações distintas, a linguagem não era a mesma na AM

e no FM. Como nas ondas médias buscou-se priorizar a informação, o apresentador precisar

passar segurança e credibilidade na sua voz. Já na outra frequência, por ser mais de

entretenimento, os locutores era mais descontraídos ao transmitir os programas.

A comunicação será mais completa e eficaz dependendo da proximidade

sócio-cultural dos códigos do emissor e do receptor. Para a eficácia da

mensagem é também necessário um equilíbrio entre informação estética e

semântica, pois ambas representam de forma mais completa a polissemia que

abrange toda produção de significado e sua interpretação em um

comunicativo. (BALSEBRE, 2005, p.328)

Ainda segundo Jung (2004), as emissoras FMs passaram a tratar a linguagem no rádio

menos formal, visando uma narração espontânea. Ainda de acordo com o autor, poucos veículos

ajudaram tanto a espalhar a língua inglesa no Brasil como o rádio FM.

O surgimento do FM causou mudanças no meio radiofônico, como vimos acima. Nesses

quase 100 anos de história no Brasil, o rádio sempre se transformou quando sofreu

interferências tecnológicas. Por isso, este estudo se justifica. Agora, AM e FM estarão

novamente juntos, num mesmo dial, e é preciso perceber as mudanças que a migração irá causar

no rádio brasileiro como num todo.

9

1.4 Transformações que o rádio passou

Com a Era de Ouro do rádio no país, entre os anos 1935 e 1955, conforme Zuculoto

(2012), havia no rádio um segmento que conquistou a audiência dos ouvintes, o entretenimento.

Rádionovelas e programas de auditórios faziam sucesso, com narrativas e músicas realizadas ao

vivo e com a interação de quem estava em casa ou nos estúdios da emissora.

Mas isso foi acabando com a chegada da televisão, em meados da década de 50. Vários

atores, atrizes e apresentadores foram para a TV, e deixaram o rádio, onde construíram suas

origens. Com isso, num primeiro momento as músicas que tocavam passaram de ao vivo para

reprodução de discos. Só depois o AM buscou priorizar a informação.

Desde o seu início a televisão reproduziu os formatos radiofônicos, atraindo

seu cast de estrelas e, em pouco tempo, também uma significativa audiência.

Diante da difícil concorrência as grandes orquestras e performances musicais

ao vivo foram substituídas por gravações, o entretenimento foi dando lugar

ao conteúdo informativo, esportes e prestação de serviços. (BETTI, 2015, p.

5)

Depois, ocorreu uma grande transformação, que deu ao rádio novas oportunidades de

conquistar mais ouvintes. O responsável por isso foi o transistor. Conforme Magnoni e

Rodrigues (2013), transistor foi uma tecnologia criada para facilitar a transmissão e recepção

dos sinais, visando a utilização portátil.

É inegável que a invenção do transistor representou a inovação tecnológica

mais significativa para a radiodifusão e permitiu que o rádio ficasse

conhecido por características que até hoje o diferencia dos outros meios: a

recepção móvel e o baixo custo dos receptores, que permitiram a

individualização da audiência. Aliás, é válido ressaltar que a tecnologia do

transistor deu início a era dos microprocessadores e da informática.

(MAGNONI e RODRIGUES, 2013, p.8).

Logo após essa fase, surgiu a convergência. As emissoras se depararam com a

popularização da internet e tiveram que se adaptar para levar a programação a onde o seu

ouvinte estivesse, como exemplo por meio de sites. “A criação da telefonia móvel e da internet

entram nessa lista. A convergência com essas tecnologias não influencia apenas do ponto de

vista técnico, mas também no aspecto econômico, comunicacional e cultural”. (Magnoni e

Rodrigues, 2013, p.11).

A internet acabou dando possibilidades para o rádio estar cada vez mais próximo do

ouvinte. Não há dados concretos sobre emissoras que possuam sites, mas algumas utilizam essa

ferramenta. Na página, elas disponibilizam para as pessoas ouvirem a programação no mundo

10

virtual, além de atualizarem com informações os portais. Com tanta evolução acontecendo no

meio radiofônico, a radiodifusão precisou mudar a forma de fazer rádio.

Em função da digitalização da produção e também da possibilidade de

veiculação e transmissão virtual, ambos novos tipos modificam a tradicional

linguagem do rádio, porque perdem ou adquirem características e recursos. E,

afora estas, também provocam mudanças nas necessidades e interesses das

audiências. (ZUCULOTO, 2012, p.170)

Segundo Zuculoto (2012), atualmente o ouvinte não precisa mais acompanhar tudo que

passa na emissora em tempo real. Para a autora, ele pode ouvir determinado programa a hora

que preferir. Isso graças a internet e aos que estão inseridos no meio, que procuraram inovar a

forma de modernizar a programação.

Nos formatos e modelos, outra grande mudança – ou reinvenção – ocorre na

grade de programação linear. No rádio convencional, mesmo quando

transmite também pela internet, a linearidade continua para a programação ao

vivo. Mas além desta, apresenta alternativas de audição e acesso não lineares,

possíveis pelas diversas ferramentas da web que permitem a disponibilização,

os “podcasts” e os “dowunloads”. É a personalização, a individualização da

programação. (ZUCULOTO, 2012, p.171)

A internet conseguiu fazer com que as emissoras atingissem o público mais jovem.

Agora com a migração, o rádio AM consiga recuperar aquele ouvinte que só escutava o FM, por

diversos fatores, entre eles a questão dos aparelhos de smartphones, que possuem somente a

frequência modulada.

1.5 A migração do AM: A mudança mais atual

O processo de mudança mais atual que passa o rádio é a migração do AM local. É

importante explicar que a mudança não é obrigatória. Conforme o Ministério das

Comunicações, as que estão classificadas como regional e nacional não serão obrigadas a

realizarem a troca de faixa. Esse dado é destacado por Betti (2015).

Caso não tenha interesse em migrar, ou seja, constatado que, por questões

técnicas, a migração não será possível, a emissora poderá solicitar a

adequação de frequência, deixando a emissora de ser local e passando a ser

regional. De tal modo, reforçamos que as emissoras com cobertura regional e

nacional não sofrerão alterações com o decreto. (BETTI, 2015, p. 11)

O processo de migração não surgiu apenas nesse ano, já que ganhou mais evidência por

ter apresentado evolução, em relação aos últimos anos. Em um estudo divulgado pela Agência

11

Nacional de Telecomunicações (Anatel), em 2010, já citava os principais pontos que levam a

esse processo.

Já faz algum tempo que a radiodifusão sonora em OM vem lentamente

definhando. Além da notória diferença na qualidade do áudio para as rádios

FM, o crescimento urbano aumenta cada vez mais o patamar do nível de

ruído e polui a faixa com emissões espúrias, deteriorando a qualidade do

áudio e prejudicando a área de cobertura das emissoras. A urbanização

também prejudica a condutividade do solo, essencial para a transmissão em

OM. (Anatel, 2010, p.9)

Além da qualidade do som, outro ponto levado em consideração foi o alto custo de

instalação e equipamentos da AM.

Além disso, as estações de OM têm custos de instalação e manutenção muito

maiores - são grandes torres que consomem uma substancial quantidade de

energia para operar. E a potência de operação muda conforme o período do

dia - à noite é preciso diminuir a potência devido ao fenômeno da propagação

ionosférica, típica da faixa de OM, que aumenta o nível de interferência entre

as emissoras. Para piorar a situação, os receptores de AM são cada vez mais

raros, ao contrário dos de FM, cada vez mais portáteis e mais integrados aos

celulares, tocadores de MP3 e diversos outros dispositivos eletrônicos. Tudo

isso afasta os ouvintes, afeta o market-share das emissoras e põe em risco sua

própria subsistência. (Anatel, 2010, p.9)

Em 2015, professores, pesquisadores e pós-graduados emitiram um manifesto a então

presidenta Dilma Rousseff, ao ex-ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini e ao presidente

da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Américo Martins. Nele resumem todos os pontos

importantes sobre o assunto e defendem que o governo ajude no processo migratório. Ressalta a

preocupação com a negativa do processo. A Empresa Brasil de Comunicação (EBC) também

recebeu críticas no manifesto. Os estudiosos criticam a não solicitação de migração por parte da

EBC de emissoras históricas, como a Nacional AM e MEC AM. Confira abaixo um trecho

manifesto:

Entre as principais possibilidades de ampliação de audiência, a medida

poderá franquear às emissoras públicas acesso a uma base nacional de 160

milhões aparelhos de telefones móveis equipados para sintonizar rádio,

conforme dados divulgados pela Associação Brasileira de Emissoras de

Rádio e TV (ABERT) em novembro de 2013, quando da assinatura do

decreto de migração do AM para o FM. Em julho deste ano de 2015, de

acordo com a Anatel, o Brasil registrava 281,45 milhões de linhas ativas na

telefonia móvel.

Neste cenário, entendemos que a sustentabilidade do rádio AM está abalada e

que deve haver um compromisso das autoridades para que, diante da

reconfiguração da indústria da radiodifusão sonora, o espaço da radiodifusão

pública esteja garantido.

Pelo exposto, reivindicamos à EBC que reconsidere sua decisão de não

solicitar a migração de suas emissoras. Ao governo federal, em especial ao

12

Ministério das Comunicações, solicitamos uma política de incentivo à

migração do AM para FM destinada exclusivamente a emissoras educativas,

inclusive com reabertura de prazos para que aquelas ainda com dúvidas

possam ser mais bem assessoradas na definição e, assim, efetuarem o pedido.

(INTERCOM, 2015)

Antes disso, no dia 7 de novembro de 2013, um importante passo foi dado. Ocorreu a

assinatura e divulgação do decreto presidencial nº 8.139, que autorizou a migração das

emissoras de rádio AM para o FM, ou frequência modulada. Segundo o Ministério das

Comunicações (MC), a autorização atende a um pedido antigo dos radiodifusores. Um dos

motivos para o pedido, é que as AMs sofrem com interferências no sinal de transmissão, como

citado anteriormente, e não podem ser sintonizadas por dispositivos móveis. Ainda conforme o

MC, com a mudança as emissoras possuem expectativas de recuperarem a audiência.

Os celulares e smartphones também impactaram negativamente o rádio AM,

isto por que os aparelhos com rádio integrado permitem sintonizar apenas o

FM. A personalização modificou também o hábito de escuta nos automóveis.

Com as playlists pessoais a programação musical ficou ainda rara nas AM,

restando restrita à poucos programas populares ligados à cultura local.

(BETTI, 2015, p.6)

Das 1.781 emissoras AM do Brasil, segundo dados do MC8, 1.384 pediram para

mudarem de faixa. Elas foram divididas em dois grupos. O primeiro reúne 948, que conta com

emissoras em que nas localidades onde estão instaladas o espectro do FM comporta a entrada

das rádios. O segundo grupo conta com 436 e elas dependem do desligamento dos canais 5 e 6,

hoje usados pela televisão com sinal analógico. Por isso depende de quando o governo

digitalizar por completo a TV brasileira. Essas rádios constituem o lote residual, que consiste

em emissoras que não possuem espaço no espectro onde estão situadas.

Esse segundo processo de liberação dos canais é chamado pelo Ministério das

Comunicações como dial estendido. Isso porque atualmente o espectro vai de 87.9 MHz a 107.9

MHz. Com a digitalização da televisão brasileira, as rádios FMs serão sintonizadas de 76 MHz a

107.9 MHz, para comportar outros canais em um espectro somente.

______________________

8 Dados obtidos no site do Ministério das Comunicações. Disponível em: http://www.mc.gov.br/. Acesso

em 20 de junho de 2016.

13

Em Santa Catarina, de acordo com o MC, existem 108 emissoras AM. Sendo que dessas

100 pediram para migrarem para o FM. O MC divulgou uma lista com todos os radiodifusores

do país que fizeram o pedido para a migração. Na Região Sul, das 17 existentes, 16 emissoras

pediram para mudar de frequência. Apenas uma emissora, situada em Tubarão, não quis trocar

de faixa. Na Amrec (Associação dos Municípios da Região Carbonífera), todas as rádios

pediram para mudar de faixa, seis no caso. Uma em Lauro Müller, Urussanga, Içara e Orleans e

duas situadas em Criciúma, a Rádio Hulha Negra e Rádio Eldorado.

No dia 10 de março de 2016, o ex-ministro das Comunicações, André Figueiredo,

participou de uma reunião com associações de rádios comerciais e comunitárias para analisar o

processo de migração. Ele afirmou que 78% das emissoras comerciais desejam mudar para o

FM.

O processo de migração não é tão fácil e por isso dificulta um pouco a agilidade. Para

realizarem a mudança de faixa, as rádios terão que assumir alguns custos, como o pagamento da

diferença da outorga da OM para a FM. O valor pode variar de R$ 30 mil a R$ 4,5 milhões,

segundo o Senado Federal9. Para realizar o cálculo e chegar no número final são levados em

considerações fatores como potência, população, indicadores econômicos e sociais do município

em que a emissora está instalada.

2. Procedimentos Metodológicos

Este trabalho fez uma abertura trazendo um tema recente, como é a migração. Para isso,

optou-se por contextualizar o rádio no mundo, no Brasil e em Santa Catarina, desde a sua

criação até o atual momento. Para isso, foram citados dez autores para o embasamento teórico,

como Ferraretto (2001) e Jung (2004). Na parte que é referenciado o processo migratório, além

de Betti (2015), foram utilizados alguns autores e os sites dos órgãos oficiais da esfera federal,

como Ministério das Comunicações, Senado Federal e Anatel.

Para o embasamento da análise deste artigo foi realizado um questionário com

perguntas abertas, enviados por e-mail, com o presidente da Associação Catarinense de

Emissoras de Rádio e Televisão (Acaert), Rubens Olbrisch. Entre algumas perguntas, foi

questionado o por quê da migração e qual o cenário atual no estado.

______________________

9 Dados obtidos no site do Senado Federal. Disponível em:

http://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2016/02/15/emissoras-de-radio-comecam-a-migrar-de-am-para-fm-no-final-do-mes. Acesso em 20 de junho de 2016.

14

Em Criciúma, foram ouvidos por meio de entrevistas semiestruturadas os representantes

de duas emissoras AM da cidade, a Rádio Hulha Negra e a Rádio Eldorado. Na Hulha Negra,

foi entrevistada a gerente da emissora, Carol Salvaro, que detalhou todo o processo realizado e a

projeção para operar no FM, entre outras questões. Na Eldorado, foi realizada uma entrevista

com o coordenador de jornalismo da rádio, João Paulo Messer. Assim como Carol, ele contou

sobre a migração envolvendo a rádio Eldorado. Foram escolhidas as duas emissoras por se

tratarem das únicas AM’s de Criciúma e ambas pediram para migrar. Outro detalhe importante

que existe em comum entre as duas, é que ambas já possuem emissoras FM no grupo. A

Eldorado ainda utiliza boa parte da programação do AM na frequência modulada, já a Hulha

possuiu a Rádio Voz da Vida, e as programações são bem distintas. Por último, foi aplicado um

questionário com perguntas abertas, também por e-mail, com o técnico de eletrônica, Emerson

Martins. Ele representa aqui na região Sul uma empresa de Porto Alegre, que comanda todos os

processos de migração das emissoras da região. Com Martins foi abordado a parte mais técnica

do processo migratório. Todos as entrevistas realizadas foram com perguntas semiestruturadas.

Do ponto de vista da natureza deste artigo, a pesquisa é básica, que segundo Gil (2008,

p. 26) significa a “busca o progresso da ciência, procura desenvolver os conhecimentos

científicos sem a preocupação direta com suas aplicações e consequências práticas”. Sendo

assim, a abordagem será qualitativa.

Este trabalho será exploratório, já que além do levantamento bibliográfico, utilizado

para entender todas as transformações que o rádio sofreu, analisou por meio de entrevistas o

cenário atual da migração. Para Gil (2008, p28), pesquisas exploratórias “são aquelas pesquisas

que têm como preocupação central identificar os fatores que determinam ou que contribuem

para a ocorrência dos fenômenos”.

Em relação aos procedimentos técnicos, utiliza-se entrevistas e pesquisa bibliográfica,

que segundo Marconi e Lakatos (2003, p158), “é um apanhado geral sobre os principais

trabalhos já realizados, revestidos de importância, por serem capazes de fornecer dados atuais e

relevantes relacionados com o tema”.

3. Análise e discussão dos resultados

A migração quando foi autorizada pelo governo brasileiro deixou os radiodifusores

esperançosos com o futuro do rádio no Brasil. Segundo o presidente da Acaert, Rubens

Olbrisch10

, o processo migratório dará uma sobrevida ao rádio.

_____________________

10OLBRISCH, Rubens (2016). Entrevista concedida em 20 de outubro de 2016.

15

Além de buscar novos ouvintes, um público mais jovem, os radiodifusores poderão ter

melhoras no faturamento com a publicidade. Segundo Olbrisch (2016), a migração dará a

possibilidade de novos investimentos de empresas com anúncios.

A convergência do rádio para os meios digitais através de aplicativos e redes

sociais possibilitou uma maior instantaneidade das informações e

interatividade com o ouvinte. Com a migração, emissoras que já tinham uma

história quase centenária, passam a escrever um novo capítulo de suas

biografias, mas agora, através de um canal com maior qualidade de

transmissão. A tendência é o meio publicitário perceber essa nova realidade,

e destinar uma fatia maior do bolo publicitário para os anúncios em rádio,

como já vem acontecendo em países como os Estados Unidos.

(OLBRISCH, 2016).

O processo migratório vem ocorrendo de uma forma lenta e ainda existem algumas

dúvidas referentes a esse fato, que é caracterizado como novo, uma inovação para o dial

brasileiro.

Para atender a uma antiga solicitação de radiodifusores, o decreto

presidencial nº 8139 autorizou a migração das emissoras de rádio que operam

na faixa AM para a faixa FM. Com a mudança, a expectativa do setor é de

que as rádios AM recuperem a audiência. Essas emissoras foram

prejudicadas não só por causa da interferência no sinal de transmissão, mas

também porque não podem ser sintonizadas por dispositivos móveis, como

celulares e tablets ou mesmo rádios de automóveis. (MINISTÉRIO DAS

COMUNICAÇÕES, 2014).

Foi escolhido esse assunto pela questão do novo, de uma fase que implica no futuro do

rádio. Para isso, foram pesquisadas duas emissoras, Rádio Hulha Negra AM 1450 e Rádio

Eldorado AM 570, por se tratarem das únicas em ondas médias da cidade. A Eldorado é a mais

antiga, tendo seus primeiros registros nos anos 40. Ainda sem a liberação do Ministério da

Aviação, responsável na época pela liberação de canais para emissoras, a rádio transmitia

programas, que eram ouvidos na Praça Nereu Ramos, o famoso serviço de autofalantes “Voz de

Cresciúma”. Após conseguir uma frequência no espectro, ela operou em caráter experimental

por alguns meses, até que foi registrada oficialmente em novembro de 1948. O principal

fundador foi o médico José de Patta, italiano da cidade de Nápoles. Além dele, também

ajudaram na criação da emissora Cláudio Schueller, Manif Zacharias, Luiz Napoleão, Nereu

Thomé e Ire Guimarães11

. Atualmente a emissora tem 76 anos de existência e foca a sua

programação mais para o jornalismo, com notícias, com destaque no esporte, com a cobertura

diária do Criciúma Esporte Clube.

_____________________

11 Dados históricos obtidos no site oficial da Rádio Eldorado. Disponível em http://am570.com.br .

Acesso em 2 de novembro de 2016.

16

A Hulha Negra existe há mais de 25 anos e passou em 2002 por uma grande

reestruturação. Na época, a família Salvaro, dona da emissora até hoje, promoveu essa mudança

e deixou a rádio mais popular, com uma programação voltada mais para a comunidade. Antes

disso, nos anos 90, a emissora chegou a ficar com suas atividades suspensas por conta de uma

troca no comando. Atualmente ela abrange mais de 55 municípios12

.

Ambas pediram para migrar, mudança essa que é uma reivindicação antiga de quem está

inserido no meio radiofônico. A ex-presidenta Dilma Rousseff, assinou um decreto presidencial

que autorizava a migração das emissoras AM para o FM. O processo migratório deu aí um

grande passo para uma nova fase do rádio brasileiro. Três anos após ter sido assinado o decreto

sobre a migração, ocorreu no dia 7 de novembro mais um avanço.

O MC13

realizou a assinatura dos aditivos de 244 emissoras, em evento realizado no

Palácio do Planalto, com a presença do presidente do Brasil, Michel Temer. De todos os eventos

para assinatura de aditivos, esse foi o que contou com o maior número de emissoras

beneficiadas. Na lista, o estado catarinense contou com 20 rádios, que tiveram seus aditivos

assinados. As emissoras estudadas neste artigo não foram incluídas nessa lista. Vale lembrar que

essa etapa da migração é considerada uma das últimas.

Número divulgado pela Abert no mês de setembro de 2016 mostra que o país conta com

14 rádios que já estão ou podem operar em FM. Santa Catarina, conforme informação da

Acaert, três emissoras estão operando em frequência modulada, a Rádio Clube de Lages, a

Rádio Brasil Novo de Jaraguá do Sul e agora a mais recente foi a Rádio Verde Vale, de Braço

do Norte, a primeira do Sul do Estado. Ela iniciou a transmissão em FM no dia 3 de novembro,

na frequência 91.9 FM. Na região, das 17 existentes, 16 emissoras pediram para migrar e apenas

uma, com sede em Tubarão, optou por não realizar o pedido. Atualmente a Rádio Cruz de

Malta, de Lauro Müller, a Rádio Difusora, de Içara, e a Rádio Hulha Negra, de Laguna, estão

caminhando para iniciar a operação no FM. Elas estão na lista que tiveram os termos aditivos

assinados no dia 7.

____________________

12 Dados históricos obtidos no site oficial da Rádio Hulha Negra. Disponível em

http://radiohulhanegra.com.br. Acesso em 2 de outubro de 2016. 13

Dados obtidos no site da Abert. Disponível em: http://www.abert.org.br/web/index.php/notmenu/item/25304-migracao-am-fm-189-emissoras-estao-prontas-para-assinar-o-termo-aditivo

17

Como já vimos nesse artigo a migração não é obrigatória. Conforme Betti (2015), sendo

detectado que a emissora que não migrou por questão técnica, poderá solicitar a adequação da

frequência, passando de local para regional. Portanto a migração não chega a impactar

problemas para as rádios regionais e nacionais já existentes. “De tal modo, reforçamos que as

emissoras com cobertura regional e nacional não sofrerão alterações com o decreto” (BETTI,

2015, p. 11).

Indo para o FM, essas emissoras se tornarão ainda mais locais, já que é uma

característica dessa faixa. Balsebre (2005, p.328), explica que “a comunicação será mais

completa e eficaz dependendo da proximidade sociocultural dos códigos do emissor e do

receptor. Para a eficácia da mensagem é também necessário um equilíbrio entre informação

estética e semântica. Sendo assim, as rádios terão que ficar ainda mais atentas ao que acontece

na sua região e preparar conteúdos de interesse as pessoas que estão ao seu redor”.

O processo migratório das rádios Hulha Negra e Eldorado vem se arrastando há algum

tempo. Conforme a gerente da Hulha Negra AM, Carol Salvaro14

, o pedido para migrar foi

realizado há aproximadamente dois anos. Já em relação a Eldorado AM, o coordenador de

jornalismo, João Paulo Messer15

, revela que o pedido “tem mais ou menos um ano e meio,

logo que se definiu essa questão da migração, logo que abriu a possibilidade”.

Um fato novo foi detectado ao realizar as entrevistas com os dois representantes das

emissoras. Tomou-se conhecimento que tudo que está envolvido ao processo migratório está

sendo comandado, além das direções das rádios, pela empresa ME Eletrônica Ltda, com sede

em Porto Alegre.

O representante da empresa aqui na região é o técnico de eletrônica Emerson Martins16

,

que já presta trabalhos referentes a rádio nas cidades do sul do estado. É ele quem está

comandando o processo migratório de quase todas as emissoras de Criciúma e cidades vizinhas,

dando auxílio técnico. Assim, entendeu-se necessário realizar entrevista para com o técnico

para esclarecer melhor o processo na região.

Como já citado neste artigo, as etapas até a conclusão da migração são muitas,

principalmente nas questões burocráticas. Conforme o técnico de eletrônica, atualmente, as duas

emissoras criciumenses estão com os pedidos sendo analisados, e ainda não tiveram os canais

no FM definidos.

______________________

14 SALVARO, Carol (2016). Entrevista concedida em 13 de outubro de 2016.

15 MESSER, João Paulo (2016). Entrevista concedida em 13 de outubro de 2016.

16MARTINS, Emerson (2016). Entrevista concedida em 24 de outubro de 2016.

18

Sendo assim, não podem ser levadas para as assinaturas dos aditivos. Elas estão na lista

de espera para terem a autorização do Ministério das Comunicações. Messer (2016) revela que

burocraticamente essa é a fase em que está o processo da Eldorado.

Segundo ele, a cada novidade relacionada a essa questão a diretoria se reúne para

analisar e executar o que precisa. Mas ele alerta que num todo, o processo está em stand-by. O

processo chegou numa fase que é preciso esperar a definição do governo para avançar de etapa.

Ainda existem muitas dúvidas girando em torno da migração e aqui em Santa Catarina, a Acaert

vem auxiliando, sempre buscando esclarecer.

O coordenador de jornalismo destaca um ponto que ainda gera dúvida, que está

relacionada a parte dos técnicos, com a qualidade dos novos equipamentos que as rádios

precisarão adquirir para transmitir em FM. Os aparelhos são diferentes em relação aos utilizados

no AM. Ele aponta que as próprias pessoas especializadas nessa área sugeriram para não

acelerar a fase migratória.

Esses técnicos estão entrando em equipamentos do mercado e alguns pelo

que a gente sabe não estão totalmente aprovados pelos técnicos. Então uma

própria recomendação dos técnicos é que a gente aguarde um pouquinho pra

comprar esses equipamentos. Então é questão de conferir a qualidade desses

equipamentos. Eu diria que hoje está num processo de stand-by não perdendo

prazos. (MESSER, 2016)

Em relação a Hulha Negra, Salvaro (2016) afirma que há intenção de migrar assim que

sair a liberação, que ainda não tem data definida para ocorrer, nem no dia 7 de novembro,

quando o governo assinou 244 termos aditivos.

Mesmo demonstrando interesse em mudar, a projeção para migrar não é tão próxima

assim. “Isso é uma coisa para ser executada ao longo de 2017, acredito que lá para o final do

ano de 2017 a gente começa. Eu diria assim, que a gente pode contar, de uma rádio que temos,

duas para 2018, antes de 2018 não”. (MESSER, 2016)

Para entender melhor essa colocação, é preciso explicar que a empresa já conta com

uma FM, que transmite a programação simultânea que é produzida no AM. Com a migração, a

Eldorado passará a operar com duas emissoras na frequência modulada. É nesse ponto que surge

uma dúvida de como o grupo com duas emissoras no FM, inclusive com o mesmo nome, fará

em relação a programação?

Messer (2016) optou por não revelar mais detalhes de como farão isso, mas garantiu que

existem projetos para ambas.

Necessariamente vão ser duas rádios. Até porque deixa de existir o AM.

Desde todo e sempre a Eldorado sempre foi pioneira em todos os projetos e

não está sendo diferente nesse agora. Houve um período em que a rádio

19

Eldorado era também dona da rádio Difusora de Laguna e a emissora está a

frente inclusive da Eldorado nesse processo. Já foi isso por aqui, foi

antecipado por aqui, com o objetivo de até como experiência, como teste,

aquela rádio de Laguna, até porque ela é mais antiga que a própria Eldorado.

Então é inevitável que nós vamos trabalhar isso. Ou seja, a Eldorado irá virar

duas Eldorados. Existem alguns projetos, tem coisas que á preferível não

revelar nesse momento, mas eu diria assim: nós temos projetos para as duas

rádios, quanto antes possível nós faremos a migração. (MESSER, 2016)

A Hulha Negra irá passar por uma situação parecida na questão de operar com duas

FMs. O grupo dono da rádio atualmente já possui uma na frequência modulada, a Rádio Voz da

Vida 104.3 FM. A diferença está que as programações já são bem distintas, contando com

apenas alguns programas transmitidos nas duas faixas. Com isso, não será problema possuir

duas emissoras no mesmo espectro e não afetará nenhuma das duas.

Sim, já trabalhamos assim hoje. No mesmo prédio temos a Rádio Voz da

Vida, esta já no FM com uma programação voltada ao público católico. A

Hulha Negra passando para FM não influenciará muito em nossos ouvintes.

Alguns dos programas já fizemos de forma “casada”, como: Jornada

Esportiva e o Balcão de Negócios. (SALVARO, 2016)

Sendo assim, com base nas duas colocações, a Eldorado terá que distinguir a

programação das duas FMs, podendo seguir o exemplo da Hulha Negra. Duas emissoras no

mesmo espectro e com a mesma programação, talvez não irá atrair muita publicidade e novos

ouvintes.

O motivo que levou as rádios criciumenses a realizarem o pedido de migração difere em

alguns pontos entre as duas existentes na cidade. De acordo com Messer (2016), a Eldorado

começou a discutir sobre esse assunto porque os técnicos, da empresa gaúcha, levaram aos

diretores a possibilidade de mudança de espectro. Sendo assim, a parte técnica foi um dos

principais motivos para as emissoras discutirem o processo migratório.

Nós temos um escritório do Rio Grande do Sul (cuida de várias rádios aqui

de SC e do Brasil) que cuida de toda parte burocrática e técnica da Rádio

Eldorado. Foram eles que trouxeram para nós a necessidade e a tendência.

Então imediatamente se acatou e começou a se discutir. (MESSER, 2016)

Um dos motivos para os radiodifusores lutarem tanto pela mudança de faixa é a melhora

do som, que possui mais qualidade no FM. Salvaro (2016) elencou esse fator com um dos

principais motivos para migrar. Segundo ela, o AM sofre influência de vários meios como

clima, construções, aparelhos elétricos, fator defendido por Martins (2016). A migração irá,

além de melhorar a transmissão, acabar com as interferências durante a programação, deixando

20

o som mais limpo, sem chiado. A gerente ainda enumera “outros fatores que levaram a decisão.

2. Pela tendência – Além da faixa etária mais jovem preferir emissoras FM, o sinal hoje está

presente em celulares, tablets. 3. Manutenção – Os equipamentos têm um consumo de energia

menor (desde o transmissor à mesa de som) e a manutenção dos aparelhos é menor”. Nota-se

que a Eldorado preferiu migrar pela tendência, mas quem trouxe a necessidade foram técnicos.

Já a Hulha Negra está mais atenta a questão da convergência e a conquista de um público mais

jovem.

Agora, do ponto de vista comercial, a migração é uma alternativa importante

para dar mais qualidade de transmissão para as emissoras, eliminando a

interferência no sinal, possibilitando que ela seja sintonizada em dispositivos

móveis, como celulares e tablets que tenham chips FM. Com isso, o ouvinte

ganha na qualidade do serviço. (OLBRISCH, 2016)

A convergência para os aparelhos móbiles deverá ser muito explorada pelas rádios.

Agora elas se depararão com outro tipo de público, aquele que em algum momento já ouviu o

AM, mas por conta da globalização, no cotidiano mais acelerado, deixaram de sintonizar nas

Ondas Médias. Isso porque os smartphones vêm somente com o FM, assim como outros

aparelhos digitais. Nos carros o AM até está presente, mas por conta das interferências nas

transmissões, o ouvinte deixa de ficar no AM e passa a ouvir programas na frequência

modulada. As emissoras já vinham tentando essa aproximação com esses ouvintes, por meios de

interação por aplicativos e páginas nas redes sociais. A migração surge para ajudar e quem sabe

trazer de volta o público mais jovem, que está ligado nas transformações tecnológicas. O

processo migratório coloca o rádio brasileiro alguns passos adiantes, acompanhando as

mudanças tecnológicas do mundo.

O rádio vem se adequando a necessidade de quem o ouve. Nos primeiros anos do

surgimento do FM, tinha-se a ideia de que o AM era notícia e o FM música. Segundo Jung

(2004), ocorreu uma experiência em São Paulo nos anos 90, realizada pelas Organizações

Globo. Uma emissora FM reproduziu programações da CBN AM. Apesar de não ter tido muito

sucesso no início, essa experiência foram os primeiros relatos de jornalismo no FM e só

aumentou com o passar dos anos. Foi ficando mais comum se ouvir mais informação

jornalística durante a programação. Para Jung (2004), foi quebrado esse paradigma de que a

frequência modulada só serve para música.

É notável que a programação é um pouco diferente entre rádios das duas frequências.

Vale ressaltar que para alguns radiodifusores atualmente a faixa não influência tanto assim a

forma de fazer o rádio. Isso é defendido pelos representantes das duas emissoras de Criciúma.

Esse não é o pensamento do presidente da Associação Catarinense de Emissoras de Rádio e

21

Televisão (Acaert), Rubens Olbrisch, que para ele a programação poderá sofrer algumas

mudanças. “Importante destacar também, que a programação fica mais regionalizada,

oferecendo mais informações da região para o público, mantendo a essência do rádio,

principalmente nas cidades do interior” (OLBRISCH, 2016).

Nas entrevistas com os representantes das AMs de Criciúma, foi observado que

realmente o jornalismo estará cada vez mais no FM, mas ambos relataram que a programação

não irá sofrer alterações. Tanto Salvaro (2016), quanto Messer (2016), disseram que as

programações das duas emissoras já estão dentro do que é exigido na fase em que passa o rádio,

com música e informação. “Em termos de programação, nós estamos bem alinhados com o

momento, com a era que estamos vivendo. A programação independe da migração” (MESSER,

2016).

O mesmo vale para a linguagem dos apresentadores. Com base nas entrevistas, chegou-

se a conclusão de que a linguagem não sofrerá alterações, pelo menos nas rádios criciumenses.

Para Salvaro (2016), “nossa rádio hoje já tem uma linguagem bem voltada ao povo, com

vocabulário simples”. Agora não é possível saber se as duas rádios estão certas em não alterar

em nada a programação e até a linguagem dos locutores. Isso saberemos somente quando elas

migrarem, mas fazendo uma comparação histórica, existe uma diferença na programação e

principalmente na linguagem. Jung (2004), explica que as emissoras FM passaram a tratar a

linguagem menos formal, ao contrário do AM, que é mais formal, frisando a segurança ao

transmitir uma informação, com seriedade, para demonstrar credibilidade.

O rádio brasileiro está passando por um período de transição com a

indefinição do padrão digital a ser adotado e a migração das emissoras OM

para a faixa FM. No entanto, o atual cenário não fornece indícios de que

estas transformações irão resultar na diversificação das vozes ou na

ampliação da participação popular na nova configuração do dial, ao menos no

que se refere às emissoras comerciais. (BETTI, 2015, p.1)

Betti (2015) confirma que está muito cedo ainda para saber se a forma de fazer rádio,

questão de programas e a fala do locutor, irá mudar ou seguirá a mesma. Principalmente no

estado, apesar do presidente da Acaert defender que a programação sofrerá alterações, com

somente três rádios que migraram, ainda não é suficiente para ter uma posição definitiva sobre o

assunto.

Olbrisch (2016) revela que além das 108 emissoras AM, o estado possui 146 FMs. Esse

número é baseado apenas nas rádios associados a Acaert. Atualmente Santa Catarina possui três

emissoras, que já operam no FM, como citado anteriormente. Conforme o presidente da Acaert,

outras duas aguardam apenas a autorização da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

22

São elas: Rádio Belos Vales, de Ibirama e a Rádio Difusora, de São Joaquim. “Mais de 20

emissoras já pagaram os boletos de migração de adaptação de outorga. Dia 7 de novembro está

previsto um grande ato de migração, esperamos que todas as emissoras que estão no primeiro

lote da migração em Santa Catarina, são 45 ao todo, sejam contempladas”. (OLBRISCH, 2016).

Das 108, como já mencionado antes, 100 pediram para migrar. Olbrisch (2016) destaca

que as que não realizaram o pedido continuarão operando em AM, já que não é obrigatório

mudar de faixa. Para a emissora que for para o FM, poderá operar nas duas faixas ao mesmo

tempo por até cinco anos. Segundo Olbrisch (2016), o governo ainda não divulgou o que será

feito com as Ondas Médias, nem o que acontecerá com as rádios que não migrarem. Por

enquanto o que se sabe é que elas continuam no espectro, junto com as emissoras consideradas

regionais ou nacionais. Sobre essas rádios também não se tem muita informação.

Se o AM acabará ou não, é difícil de saber, já que não se tem informações sobre o

futuro dele. Para o presidente da Acaert, dificilmente não existirá mais.

Dificilmente o AM irá acabar, o que deve acontecer é uma nova forma de

utilizar esse poderoso canal de comunicação. Assim como o FM dará

sobrevida a maioria das emissoras comerciais, as que permanecerem no AM,

certamente encontrarão um novo formato que impulsione esse modelo de

negócio. (OLBRISCH, 2016).

Santa Catarina terá um problema para concluir em 100% a migração. Atualmente o

espectro do FM no estado não comporta todas as emissoras que desejam mudar de faixa. Nesse

caso, surge a questão do dial estendido, que no momento da autorização do processo migratório,

começou a ser levantado pelos radiodifusores. Era esperado que o FM não iria ter espaço para

receber as rádios AM. Visando solucionar esse problema, ficou definido nas cidades onde o

espectro não teria canais suficientes, as emissoras seriam colocadas nos canais 5 e 6 da TV, que

serão liberados após a digitalização. Com isso, assim como é esperado em outros estados, no

estado o processo só irá concluir quando a TV sair do analógico.

Sim, em diversas cidades catarinenses só com o desligamento da TV

analógica, dos canais 5 e 6, será possível encaixar todas as emissoras AM que

pretendem migrar para o FM. Santa Catarina ainda tem o agravante de estar

em uma área de fronteira, o que depende de acordos com outros estados e

países. Portanto, a migração ainda deve levar um tempo para ser totalmente

concluída aqui no estado e, certamente, passa pelo uso do dial estendido.

(OLBRISCH, 2016).

Criciúma não sofrerá desse impasse, já que o espectro do FM comporta as duas

emissoras, aliás, em toda a região sul não será necessário o dial estendido. Isso quem defende é

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Martins (2016), “existe inclusive no início do processo de migração já foi sugerido ao ministério

das comunicações canais de FM disponível para novas emissoras”.

Sabemos que o dial estendido significa que o espectro, que hoje vai de 87.9 MHz a

107.9 MHz, passará a existir a partir do 76 MHz a 107.9 MHz. Comercialmente este será um

outro problema. Os aparelhos de rádio de hoje não possuem o espectro até o 76 MHz, isso inclui

os famosos radinhos portáteis e os de carro. Será preciso que seja fabricados novos aparelhos

com o espectro estendido, para que os ouvintes possam sintonizar a rádio preferida. No caso dos

smartphones e tablets, por exemplo, também será preciso fazer algo, nem que seja uma

atualização dos aplicativos.

Isso é mais um indício de que a migração irá demorar mais um pouco para ser concluída

no estado. Aliás, nas entrevistas com os representantes das duas rádios e com o presidente da

Acaert, a burocracia foi citada, ao perguntar sobre o que está deixando o processo lento.

Olbrisch (2016) cita que existem barreiras técnicas, jurídicas, políticas e econômicas e que é

natural que o processo fique lento. Para Salvaro (2016) tudo o que envolve processo no Brasil é

lento, com essa migração não seria diferente. A gerente coloca outro fator, que também

influência na demora. “São muitas emissoras com potências muito altas migrando, e a faixas

que hoje existem na FM não comportam essa migração. Penso que se algumas emissoras

aceitassem reduzir um pouco de sua abrangência, tornaria um pouco mais rápido esse processo”.

(SALVARO, 2016).

Messer (2016) reconhece que a burocracia no Brasil deixa qualquer coisa lenta, que

impede o andamento, mas para ele isso é normal. O coordenador justifica que tudo que envolve

o governo é lento e discorda de o processo estar lento.

Se a gente olhar para esse prazo, não está tão demorado assim, não vejo tão

atrasado em relação a outros processos administrativos. A questão que hoje

vivemos um novo ritmo se espera tudo muito rapidamente. Eu discordo dessa

ideia que está tão demorado assim esse processo, até porque a gente está

dentro do prazo ainda para essa migração. (MESSER, 2016)

Com isso, a burocracia vem atrapalhando o processo migratório, mas as emissoras

também precisam trabalhar juntas, com pensamentos visando o melhor para o rádio no Brasil.

Para migrar, não é somente pedir a autorização e pronto. Isso gera custos, que conforme

já vimos neste artigo, pode ser muito caro. Além de pagar a diferença da outorga do AM para o

FM, vários outros fatores aparecem. Os equipamentos para operar uma rádio na frequência

modulada é diferente em relação ao AM, assim é preciso trocar toda aparelhagem, além de

custos com a antena de transmissão, entre outros itens. Conforme Martins (2016), a Hulha

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Negra terá um gasto entre R$ 300.000,00 e R$ 400.000,00. Já a Eldorado esse valor gira em

torno de R$ 350.000,00 a R$ 450.000,00.

Para todos, essa nova transformação que o dial brasileiro está passando é mais uma

prova de que o rádio não acabará. Para Messer (2016), “É mais uma prova de que o rádio é

imortal. O rádio não vai morrer nunca, o rádio irá se reinventar sempre, o rádio é imortal.

Comunicação é imortal, o rádio é um modelo mais prático de comunicação”.

A migração poderá deixar o rádio mais convergente, indo a novos caminhos, que o

deixarão mais forte como nunca. “Migrando para FM continuaremos prestando nosso trabalho

de entretenimento, informação, prestação de serviço, mas, mais presente no povo, em mais

dispositivos e com uma qualidade sonora melhor”. (SALVARO, 2016)

Sendo assim, é natural que transformações sempre estarão na história do dial brasileiro

e até mundial. Ele se reinventa a cada avanço tecnológico que surge. É uma adaptação ao que é

exigido pelos ouvintes. Olbrisch (2016) completa dizendo que “o Rádio está em constante

transformação e é isso que vai possibilitar que ele continue existindo ainda por muitos anos”. A

migração trouxe mais uma sobrevida ao quase centenário rádio brasileiro.

4. Considerações finais

O presente artigo tinha como proposta uma pesquisa de duas emissoras AM de

Criciúma para saber mais sobre o processo migratório. Conseguiu-se definir em que fase está a

migração das duas rádios, já que ambas pediram para migrar e são as únicas nas ondas médias

na cidade. Tinha-se o objetivo de saber o motivo para as emissoras migrarem e o que as levou a

tomar essa decisão. Além disso, foram respondidas questões mais específicas, verificar qual o

cenário que se encontra Santa Catarina, se a programação das rádios criciumenses irá mudar,

quando que a migração ocorrerá por completo em Criciúma e por último o que está impedindo

que a frequência modulada seja implantada de vez no estado.

Considerando esses pontos, no artigo foi possível chegar a uma resposta em relação a

fase que estão as emissoras. Tanto a Rádio Hulha Negra, quanto a Rádio Eldorado, estão

aguardando a liberação do governo federal. Os pedidos de migração das duas ainda não foram

analisados. Conseguindo a aprovação, elas terão seus termos aditivos assinados, sendo gerido o

boleto da outorga e encaminhando para as últimas etapas antes de operar em FM. Por isso não

há um prazo definido para que isso ocorra, nem para que as emissoras migrem, depende muito

do governo. O discurso dos dois representantes das rádios é diferente sobre a projeção para

mudar de frequência. A Hulha Negra quer trocar de faixa assim que tiver a liberação, estando

mais atenta ao processo e a Eldorado projeta operar no FM apenas em 2018, segundo

informação de Messer (2016), demonstrando não ter muita pressa.

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Analisando as respostas de Salvaro (2016) e Messer (2016), a necessidade, a tendência e

a melhora da qualidade do som foram os principais motivos para o pedido de migração. Aqui

surge mais um ponto que causa diferenças entre as duas emissoras. Dos fatores acima, a

Eldorado só levou em consideração porque técnicos levaram esses quesitos aos diretores, que

começaram a discutir o tema. Sendo assim, a emissora só enviou a solicitação por causa desses

técnicos. Já a Hulha Negra viu na migração uma oportunidade de buscar novos ouvintes,

principalmente o público mais jovem, que está inserido nesse mundo mais globalizado. Toda

essa transformação que o dial brasileiro está passando, deverá contribuir na retomada da

audiência dos rádios AM. O grupo que comanda a emissora demonstrou possuir mais interesse

na migração, já que usará essa nova fase do dial para ampliar sua influência em Criciúma e

região, estando mais antenada a necessidade da sociedade.

O processo migratório, segundo o presidente da Acaert, poderá dar as rádios

possibilidade de incrementar os faturamentos com publicidade. Se a previsão dele ocorrer

realmente, o investimento para trocar de faixa, que é alto, poderá ser recuperado em médio

prazo com anúncios de empresas, entre outros tipos de publicidade. As rádios terão receitas

maiores, dando a possibilidade de levar um conteúdo com ainda mais qualidade ao ouvinte. A

partir desse passo, é papel da emissora construir um plano publicitário para conseguir lucrar

com a migração. Falamos em publicidade porque é o que pode alavancar economicamente essas

rádios.

Em relação ao cenário em Santa Catarina, sabemos que apenas três emissoras já estão

operando em frequência modulada. Restam outras 97 para migrar, sendo que duas estão quase

finalizando o processo migratório. O estado terá um problema, que é em relação ao dial

estendido. Será preciso esperar a digitalização da televisão, para só depois concluir toda a

migração catarinense. Portanto, não há um prazo certo, nem uma data específica para isso. Esse

fator mais a questão da burocracia e um entendimento igual entre os donos das rádios, é o que

está deixando esse processo um pouco devagar, criando barreiras para o andamento da

migração. Em Criciúma o único empecilho que está travando a mudança de faixa das duas

emissoras é a parte burocrática. Ambas sabem que o espectro do FM possui espaço para elas,

mas aguardam a decisão do governo para seguirem em frente. Ainda é cedo para afirmar, mas

vale ressaltar sobre o dial estendido. Ter que estender o espectro do FM catarinense pode gerar

alguns problemas. Além de ser um segundo processo na migração, o que pode demorar mais

ainda a troca de frequência, entra aqui a questão comercial. Todos os aparelhos receptores

possuem o espectro até o 87.9 MHz. Com a o dial estendido, as fábricas terão que produzir

novos aparelhos que comecem o FM a partir do 76 MHz.

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Ao longo da produção deste artigo, com base na história do rádio, as respostas sobre as

programações não foram as esperadas. Autores e o próprio presidente da Acaert defendem que a

programação do FM está cada vez mais com jornalismo, mas ao migrar, uma rádio AM precisa

alterar seus programas. Para os representantes das duas emissoras, num primeiro momento não

serão feitas mudanças na programação, que para ambos já segue um padrão mais FM. A

resposta definitiva, se precisa ou não mudar, só saberemos quando a Hulha Negra e a Eldorado

estiverem transmitindo na frequência modulada.

Para finalizar, a migração no Brasil é cercada de algumas dúvidas. Falta informação

sobre o processo, o que dificulta entender exatamente o que é a migração no país, no que

consiste. Por estar ocorrendo agora, é difícil de prever como as emissoras se adaptarão. O que

sabemos são projeções baseadas no histórico do rádio e de opiniões de pessoas que estão

inseridas no meio radiofônico. Um ponto unânime entre a maioria dos evolvidos no processo, é

que migrar é uma sobrevida ao dial brasileiro, deixando ele com capacidades para competir com

outros meios neste mundo cada vez mais globalizado. Novas tecnologias podem surgir e

ameaçar o futuro do rádio, mas cabe as emissoras se reinventarem.

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