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SENADO FEDERAL
INSTITUTO LEGISLATIVO BRASILEIRO
O PADRÃO DE PROGRAMAÇÃO COMO
DIFERENCIAL ENTRE RÁDIOS LEGISLATIVAS: O
CASO CÂMARA E SENADO
____________________________________
Tiago Aquiles Ribeiro Medeiros
Pós-Graduação em Comunicação Legislativa
Brasília, DF, Brasil
2015
O PADRÃO DE PROGRAMAÇÃO COMO
DIFERENCIAL ENTRE RÁDIOS LEGISLATIVAS: O
CASO CÂMARA E SENADO
____________________________________
por
Tiago Aquiles Ribeiro Medeiros
Monografia de Pós-Graduação apresentada ao
Curso Pós-Graduação em Comunicação Legislativa do Instituto Legislativo Brasileiro (ILB, DF),
como requisito parcial para obtenção do grau de pós-graduado em Comunicação Legislativa
Pós-Graduação em Comunicação Legislativa
Brasília, DF, Brasil
2015
Senado Federal
Instituto Legislativo Brasileiro
A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova a Monografia de Pós-Graduação
O PADRÃO DE PROGRAMAÇÃO COMO DIFERENCIAL ENTRE RÁDIOS LEGISLATIVAS: O CASO CÂMARA E
SENADO
elaborada por Tiago Aquiles Ribeiro Medeiros
como requisito parcial para obtenção do grau de pós-graduado em Comunicação Legislativa
COMISSÃO EXAMINADORA:
_________________________________________ Jéfferson Luís Colombo Dalmoro
(Presidente/Orientador)
_________________________________________ Rogério Mozart Dy La Fuente Gonçalves
(Avaliador)
Brasília, 2015.
“É não ouvir rádio, jamais. Nem no
congestionamento. Nem no estádio. Nem as
edições extraordinárias, com seu falso senso
de urgência e importância.”
(Mário Sérgio Conti. Jornalismo é...)
Agradecimentos
A minha família de Santa Maria, sempre junto comigo, ainda que há 2.119
quilômetros de distância. A minha esposa, Karolina, que sempre me dá todo o
apoio necessário. À família dela, adotada por mim aqui em Brasília. Ao meu
orientador Jefferson Dalmoro, que, com suas pontuações, viabilizou a realização
deste trabalho. Ao Rogério Dy La Fuente, por ter aceitado a missão de avaliar
esta monografia. Aos amigos que me incentivaram a continuar me capacitando.
A todos os colegas da Rádio Senado, que contribuíram de alguma forma para
que este momento chegasse. À galera da Locução, todos fundamentais para que
eu tivesse êxito até aqui. Ao ILB, pela oportunidade de fazer uma pós-graduação
de tamanha qualidade ao lado do meu local de trabalho. À Coordenação do
Curso, que nos ofereceu todas as condições de estudo e aprendizado, com um
adicional de presteza que nunca irei esquecer. A todos os professores, com os
quais aprendi coisas incríveis ao longo destes 18 meses. E aos colegas de
turma, pela boa convivência e parceria durante todo o caminho da Pós.
SUMÁRIO
RESUMO .................................................................................................vii
INTRODUÇÃO ..........................................................................................1
1. O VEÍCULO RÁDIO, A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE E A COBERTURA JORNALÍSTICA .................................................................3
1.1 Cobertura no Radiojornalismo ......................................................6
2. SEGMENTO, FORMATOS E PROGRAMAS DAS RÁDIOS CÂMARA FM E SENADO FM ..................................................................................16
2.1 Programas da Rádio Câmara FM e seus formatos .....................18 2.1.1 Programação musical da Rádio Câmara FM ...........................24 2.2 Programas da Rádio Senado FM e seus formatos......................24 2.2.1 Programação musical da Rádio Senado FM ............................29
3. PROGRAMAÇÃO DAS RÁDIOS CÂMARA FM E SENADO FM ........31
3.1 Análise da programação da Rádio Câmara FM: período de 13/07/2015 a 17/07/2015, entre 8h e 13h .........................................32 3.2 Análise da programação da Rádio Senado FM: período de 13/07/2015 a 17/07/2015, entre 8h e 13h .........................................39 3.3 Diferenças elementares na cobertura da Rádio Câmara FM e da Rádio Senado FM .............................................................................43
CONCLUSÃO .........................................................................................47
BIBLIOGRAFIA .......................................................................................49
vii
RESUMO
Monografia de Pós-Graduação Curso de Comunicação Legislativa
Instituto Legislativo Brasileiro, DF, Brasil
O PADRÃO DE PROGRAMAÇÃO COMO DIFERENCIAL ENTRE RÁDIOS LEGISLATIVAS: O CASO CÂMARA E SENADO
AUTOR: Tiago Aquiles Ribeiro Medeiros ORIENTADOR: Jéfferson Luís Colombo Dalmoro
Data e local da defesa: Brasília, 31 de julho de 2015.
As rádios legislativas ocupam papel importante na divulgação dos
trabalhos do Poder Legislativo Federal, formado por Senado Federal e
Câmara dos Deputados. As duas emissoras representam um modelo para
as demais emissoras legislativas e emissoras públicas do país pela
importância do conteúdo da sua cobertura diária. Elas surgiram com o
objetivo de aumentar a transparência do trabalho realizado pelos
parlamentares. Porém, há diferenças nas coberturas feitas por cada uma
delas. O trabalho a seguir busca apresentar estas diferenças e como o
padrão de programação interfere diretamente neste resultado. Este é um
estudo da programação da Rádio Senado e da Rádio Câmara,
identificando suas diferenças e características próprias. Os programas,
formatos adotados e suas consequências na cobertura diária serão o
tema específico de estudo deste trabalho.
viii
ABSTRACT
Legislative radios occupy key role in disseminating the work of the Federal
Legislative Branch, formed by the Senate and House of Representatives.
The two stations represent a model for other legislative broadcasters and
public broadcasters in the country because of the importance of the
content of their daily broadcasts. They are designed to increase
transparency of the work done by Congress. However, there are
differences in transmissions made by each of them. The research seeks to
show these differences and how the programming standard interfere
directly in this result. This is a study of programming of Rádio Senado and
Rádio Câmara, identifying their own differences and characteristics. The
programs, formats and its consequences in daily coverage will be the
specific subject of study of this work..
1
INTRODUÇÃO
A programação, enquanto conjunto ordenado de tudo o que é
veiculado pela Rádio Senado opera, durante a maior parte do período
destinado à cobertura legislativa e durante a programação musical, no
modelo “Em Fluxo”. A característica principal deste modelo é a
manutenção de estilo da programação, sendo marcada temporalmente
apenas pela troca de âncora/apresentador. As únicas exceções são os
programas culturais, que aparecem na grade do fim-de-semana e das
madrugadas dos dias úteis. Já a programação da Rádio Câmara, no
mesmo período, se apresenta no modelo “Linear”, com faixas e
programas bem definidas durante toda a cobertura dos trabalhos dos
deputados, assim como na programação musical da emissora.
Assim, a pesquisa partiu da premissa de que a Rádio Câmara
apresentava uma roupagem mais definida de programação, permitindo ao
seu ouvinte comum saber com antecedência que tipo de conteúdo será
transmitido, independente do que aconteça na Casa, na maior parte das
vezes. Da mesma forma, o ouvinte teria previsibilidade de estilo musical
adequado a um horário já determinado. Já as impressões sobre a Rádio
Senado, antes da detida análise, eram de que a emissora possuía maior
liberdade de expressão em termos de formatos jornalísticos, com
conteúdos que podem ser veiculados a qualquer momento a depender da
necessidade noticiosa. Porém, o ouvinte ficaria à mercê de uma
miscelânea de conteúdos jornalísticos e musicais, por vezes, podendo
parecer desconexos.
A cobertura de rádio ainda é pouco estudada no Brasil, em
comparação aos demais veículos tradicionais de mídia. Dentro do
legislativo, há escassos trabalhos nesta área, não tendo sido encontrado
até o momento uma comparação qualitativa dos conteúdos das emissoras
de rádio do Poder Legislativo Federal.
2
Há teorias publicadas nos estudos de jornalismo e de Rádio e TV
que definem o que vai ao ar nas emissoras de rádio do Senado Federal e
da Câmara dos Deputados. Também há linhas a serem seguidas de
análise destes conteúdos. Ainda assim, este trabalho poderá ser inovador
no sentido de identificar novos pontos de análise e atribuir a eles a
posição de estudo de caso que merecem, pela importância do papel de
comunicação pública confiado a estes veículos.
Este trabalho pode representar um ganho para as duas instituições
e para as duas emissoras, pois promoverá um autoconhecimento, e
apresentará um estudo sobre o que uma pode agregar em qualidade
espelhando-se na coirmã. Além disso, o trabalho pretende contribuir com
os estudos sobre o veículo Rádio e sobre o Poder Legislativo.
Para atingir estes objetivos, a pesquisa usa como metodologia a
análise de parte da programação, escolhida estrategicamente. O período
analisado compreende uma semana, de segunda a sexta-feira, no horário
das 8h às 13h. O intervalo de 5 dias é ideal para que um ciclo completo
dos trabalhos de cobertura nas duas emissoras seja estabelecido. A
cobertura de cada dia tende a se repetir ao longo das semanas de
trabalho do Congresso Nacional, na maioria dos casos.
O horário das 8h às 13h foi o escolhido para poder ser percebido
aquilo que difere uma emissora da outra. No período da tarde, geralmente
a prioridade é para a transmissão da sessão plenária das duas casas. À
noite, é comum a transmissão ao vivo seguir direto do plenário ou, na
ausência deste, a programação legislativa dá lugar a blocos musicais,
seguidos de notícias e programas culturais e informativos. O período da
manhã, quando acontece a maioria das reuniões de comissões e sessões
extraordinárias, é o momento propício para serem identificadas as
diferenças básicas entre o estilo de programação das emissoras.
3
1. O VEÍCULO RÁDIO, A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE E A COBERTURA JORNALÍSTICA
O rádio é o veículo de maior abrangência no território nacional.
Praticamente todo o país é atingido por essa mídia. Segundo Ferraretto
(2000), as características do rádio como meio de comunicação são:
audiência ampla, anônima e heterogênea; mensagem definida com base
em uma média de gosto1; retorno baixo, já que não existe a possibilidade
de feedback imediato2; recepção simultânea e recursos financeiros vindos
da venda de espaços comerciais, os patrocínios.
A partir da década de 1970, algumas emissoras iniciaram o
processo de segmentação. Vários motivos contribuíram para esse
fenômeno, sendo o surgimento da televisão o principal deles. A nova
mídia adicionava imagem àquilo que o rádio produzia de melhor: as
novelas e programas de auditório. Dessa forma, as rádios buscaram um
novo caminho para reverter o processo de decadência mercadológica, a
que estavam expostas.
A especialização para garantir a sobrevivência não foi o caminho encontrado apenas pelo rádio, mas, no entender do sociólogo Gabriel Cohn, de todos os meios que compõem a chamada “indústria cultural”. (...) E a especialização acabou ocorrendo pela necessidade de atender ao mercado, onde existem diversas faixas socioeconômicas que precisam ser exploradas adequadamente. (Ortriwano, 1985, p. 29).
Diferentes preferências começaram a ser consideradas pelos
radiodifusores, na busca por um filão da audiência. A TV já dominava o
público homogêneo, com variedade de gostos e estilos, enquanto o rádio
tomava outro rumo. Gisela Ortriwano (1985) define rádios segmentadas
como “emissoras que se especializam, como um todo, em oferecer
1 Segue-se aqui a teoria do Mosaico Cultural de Abraham Moles na cultura de massa, visto que
mesmo em uma emissora voltada para as classes A, B e C, que faz uma ampla cobertura jornalística, o texto radiofônico não deve ser excessivamente erudito nem excessivamente coloquial. 2 Ferraretto (2000) afirma que a interatividade do rádio não garante um retorno alto, já que nem
todos conseguem telefonar e dar a sua opinião no programa e isso nem sempre é possível.
4
programas para uma faixa determinada de público, dando opção aos
anunciantes cujos produtos possam interessar àquele público”.
Uma emissora de rádio segmenta sua programação a partir das
necessidades de seu público-alvo. A priori, surge o formato, uma espécie
de filosofia de trabalho da emissora, que pode ser puro ou híbrido. Dentre
os puros, destacam-se cinco como os mais usados: informativo, musical,
comunitário, educativo-cultural e místico-religioso. Já os híbridos mais
encontrados são os chamados: de participação do ouvinte (mescla
informativo e comunitário) e música-esporte-notícia (informativo e
musical).
A posteriori, surge a programação, conjunto ordenado de tudo o
que é transmitido. É exatamente aí o ponto de diferenciação de uma rádio
em relação à outra. As formas mais comuns são: a programação linear,
programação homogênea em que os programas seguem uma linha
semelhante; programação em mosaico, programas bastante variados e
diferentes entre si, muito comum nos mercados pouco desenvolvidos
economicamente; e programação em fluxo, a base deixa de ser a troca de
programa e passa a ser a troca de âncora, é o modelo que mais cresce
nos grandes centros do país.
Definidas essas bases, fica simples formar as unidades básicas da
programação, os programas. Estes se dividem em dois grandes grupos de
acordo com seu objetivo: informativos e de entretenimento. Dentre os
informativos, temos noticiário, programa de entrevista, programa de
opinião, mesa-redonda e documentário. Nos programas de
entretenimento, se enquadram os programas humorísticos, as
dramatizações, programas de auditório e os musicais.
No radiojornalismo, os modelos norte-americanos foram importados
para o Brasil. O all news, especializado na transmissão de notícias e
reportagens 24 horas por dia, e o all talk, baseado na conversa com o
ouvinte, debates e entrevistas, foram utilizados por muitas emissoras
brasileiras que tinham como alvo a fatia de audiência das classes A e B.
5
Esse público, geralmente de alto poder aquisitivo, tem necessidade
(profissional ou pessoal) de se manter ciente dos principais
acontecimentos do local onde vive. Essa forma de abordar o rádio
denominou-se “rádio de mobilização”3.
A segunda alternativa adotada pelos radiodifusores para a
diminuição de custos foi a formação de redes via satélite. Várias
emissoras de grandes centros do país transmitiam sua programação,
como cabeças-de-rede, para afiliadas em cidades de menor porte. Isso se
deu em rádios musicais como a Atlântida FM, de Porto Alegre, Rádio Mix
FM, Jovem Pan FM, e Rádio Transamérica FM de São Paulo, por
exemplo.
No segmento jornalismo, outras redes se destacam, como a CBN –
Central Brasileira de Notícias, do Rio de Janeiro, Bandeirantes, de São
Paulo, e Jovem Pan (ex-Panamericana), também de São Paulo. A Jovem
Pan AM deu os primeiros passos no Brasil em busca da integração
nacional através do radiojornalismo4. A emissora, criada em maio de
1944, viveu os principais períodos da história da radiodifusão brasileira,
mudando seu formato até definir-se como uma rádio 100% jornalística.
Em 1973, Antônio Augusto Amaral de Carvalho assume o total controle acionário da emissora. O rádio brasileiro em geral recuperava seu fôlego após ter perdido força, em confronto com a televisão. O radiojornalismo ganha prestígio, ao tirar proveito da agilidade em passar para o público a informação. (Porchat, 1993, p.18)
Neste cenário, chegamos a uma gama de possibilidade de
3 Gisela Ortriwano (1985) conceitua que o rádio de mobilização procura tornar o ouvinte
participante da transmissão, mantendo um ritmo sempre dinâmico. Segundo o seu conceito, o jornalismo ganha destaque, com o noticiário tendendo para assuntos locais e para a prestação de serviços à comunidade. 4 Segundo Maria Elisa Porchat (1993), dois anos antes de abandonar o título de “emissora dos
esportes” e se consolidar como uma rádio jornalística, no início de 1971, a Jovem Pan coordenou o primeiro noticiário de integração nacional que interligava todo o Brasil. As emissoras integrantes eram as rádios Itatiaia de Belo Horizonte, Continental do Rio de Janeiro, Cabuji de Natal, Tropical de Manaus, Difusora de Porto Alegre, Cruzeiro de Salvador e Nacional de Brasília. Cada uma delas tinha uma participação de três minutos ao vivo, trazendo aos mineiros, gaúchos e nordestinos que moravam em São Paulo as informações sobre seus Estados; dava às rádios regionais um noticiário nacional e internacional de qualidade e possibilitava-lhes divulgar seus Estados em rede nacional.
6
construção da chamada programação radiofônica. Diretores de rádio e
outros profissionais passam a montar suas grades com programas,
buscando adequação ao que é atraente para seus dois públicos: os
ouvintes e os anunciantes. Conceitualmente, as programações de rádio
são passíveis de classificação em diversos formatos. Para este trabalho,
escolhemos Ferraretto (2014), por sua teoria definir a programação como
sendo parte de um processo de construção do conteúdo da emissora e
não apenas uma fórmula matemática de soma de programas.
A programação está no caminho da construção da identidade da
emissora, não podendo assim, se distanciar desta. Ela surge dos anseios,
necessidades e/ou objetivos do emissor, seja a rádio AM, FM, online ou
um simples podcast. A meta é atender aos mesmos anseios,
necessidades e/ou objetivos do receptor, no caso, o ouvinte. O segmento,
o formato e a programação criam a identidade da emissora.
Como este estudo se refere às Rádios Câmara FM e Senado FM,
usar-se-á conceitos de cobertura jornalística, pois esta é predominante
nas programações das duas rádios para transmitir os conteúdos
legislativos ao público. O objetivo primordial das emissoras de rádio do
Poder Legislativo Federal é levar ao cidadão as informações sobre o que
acontece no Congresso Nacional. Para isso, utiliza-se de diversos
formatos, que serão tratados com maior profundidade ao longo deste
trabalho.
1.1 Cobertura no Radiojornalismo
O termo “cobertura” pode ser entendido de duas formas: no setor
de mídia é o alcance de público que determinado veículo de comunicação
apresenta; em jornalismo significa o trabalho de apuração dos fatos,
desenvolvido por uma equipe de repórteres, editores e demais jornalistas.
Neste nível, é mais simples seguir o conceito elaborado por Rabaça &
7
Barbosa (1978), em que cobertura seria o “trabalho de apuração de um
fato no local de sua ocorrência, para transformá-lo em notícia”.
Erbolatto (1986) contribui afirmando que cobertura é o “ato pelo
qual os integrantes da reportagem vão a determinado local e colhem
elementos sobre o que ocorreu”. Assim, há várias formas de se fazer
cobertura em radiojornalismo. Ao coletar os dados que servirão de pauta
no processo jornalístico, o repórter poderá veiculá-los imediatamente (ou
quase) em um boletim ao vivo ou trazê-los para a redação e repercuti-los
em uma grande reportagem, em uma futura entrevista ou, ainda, na
redação de uma notícia.
Segundo Prado (1989), a reportagem é o mais rico gênero
informativo para o rádio, devido à ausência de estrutura rígida. Porém, na
reportagem radiofônica há uma primeira divisão indiscutível: reportagem
simultânea e reportagem diferida.
A reportagem simultânea se realiza ao vivo e a criação é executada paralelamente ao desenrolar da ação reportada. O eixo criativo é dado pela própria ação que faz de fio condutor da narração. Neste tipo, trabalha-se sobre a marcha dos acontecimentos e o jornalista deve selecionar constantemente aquelas representações fragmentárias mais significativas. (Prado, 1989, p. 86).
São exemplos de reportagem simultânea os boletins ao vivo e a
transmissão externa ao vivo, ambos comuns na cobertura jornalística de
rádio. O primeiro se dá em fatos isolados e importantes que, muitas
vezes, acontecem de forma extraordinária, sendo necessária a sua
veiculação imediata em uma edição extra ou radiojornal da emissora. O
segundo caso é típico de eventos importantes previamente agendados e
exige uma equipe completa de jornalistas para realizar a transmissão e
material técnico específico.
Prado (1989) complementa que “a narração na reportagem
simultânea é forçosamente improvisada e, por isso, muito difícil”. Além
disso, o ambiente acústico provoca uma cascata de imagens sonoras que
necessitam da criatividade do ouvinte para transformá-las em imagens
8
visuais particulares. Essa característica evidencia o sentido de
participação nos fatos que produz no ouvinte.
Sobre o outro estilo de reportagem comumente usado, que é
oposto à reportagem simultânea, o autor afirma:
A reportagem diferida permite a montagem. Portanto, a seleção das representações fragmentadas da realidade, se faz após o conhecimento da ação, uma vez que esta tenha sido concluída. O ordenamento das representações não precisa seguir uma sequência cronológica, mas uma ordem lógica que facilite a compreensão do fato. (Prado, 1989, p. 89)
A ideia é transmitir em poucos minutos alguma ação desenvolvida
em uma fração de tempo muito superior sem esconder a informação.
Dessa forma, a síntese é a principal vantagem da reportagem diferida.
Esse tipo de material é produzido para programas de maior duração como
radiojornais, radiorrevistas ou para antecipar um debate/entrevista.
É possível usar da criatividade para empregar da melhor forma a
flexibilidade que a reportagem diferida oferece. Prado (1989) aponta
introdução, desenvolvimento e encerramento como partes fundamentais
do material a ser produzido. A introdução teria a função de atrair a
atenção sobre o tema, podendo fornecer os dados mais atraentes que
conterá a reportagem, ressaltar o dado mais surpreendente, a situação
mais chocante, levantar elementos contrapostos, etc. O desenvolvimento
dá a ideia do fato e não sua ação (ao contrário da reportagem
simultânea), e o encerramento tem uma função redundante que resgata
os elementos mais significativos para reforçar a ideia do fato.
Na cobertura jornalística de rádio, tanto para uma reportagem
simultânea como numa diferida, é necessário preparação do repórter. Na
comunicação ao vivo, é fundamental um conhecimento profundo do tema
a tratar, para evitar uma narração cheia de lugares-comuns e frases
rebuscadas com pouca informação. Por isso e pela tensão causada
durante a transmissão, que muitas vezes é imprevisível, deve-se preparar
com uma base de dados muito superior à que será utilizada.
9
Na reportagem diferida, é imprescindível chegar ao local dos fatos
sabendo os motivos, antecedentes e consequências do que acontecerá
para selecionar os fragmentos interessantes. Caso contrário, uma
apuração de dados desnecessários poderia atrasar a realização da
reportagem.
Todas as formas de expressão jornalística, como o boletim ao vivo,
a reportagem, a entrevista ou a notícia, veiculadas no rádio precisam
acatar o que o meio radiofônico exige, como relata Ortriwano (1985).
O produto radiofônico – mensagem – precisa respeitar todas as características do meio e as condições de recepção, devendo estar entre as preocupações básicas do emissor o fato de a mensagem radiofônica estar destinada a ser apenas ouvida. (Ortriwano, 1985, pág. 83)
Interpretando Ferraretto (2000), entende-se que o discurso
radiofônico, pela abrangência do veículo e pelas características do rádio,
deve ser o mais preciso, conciso e claro dos discursos jornalísticos. Deve
ainda usar, com o máximo de propriedade, o repertório do público-alvo. O
quesito “precisão” se refere à transmissão dos fatos com o máximo de
exatidão. Por “clareza” percebe-se que o discurso jornalístico deva ser
apresentado de forma sistemática, permitindo o seu entendimento por
qualquer integrante da audiência. A mensagem “concisa” define aquela
que é compreendida facilmente usando o menor número possível de
palavras, devendo dosar a qualidade da informação com a quantidade de
texto. E a “propriedade” comentada é o uso, no discurso jornalístico, de
termos que integram o universo vocabular da audiência.
O uso desse discurso se dá através dos interesses da empresa de
radiodifusão. Ela é proprietária de dois produtos que interessam a dois
clientes diferentes. Enquanto a programação é elaborada para os
ouvintes, o espaço publicitário é comercializado com os anunciantes.
Quando essa empresa de radiodifusão define a cobertura jornalística
como base de sua programação, ela passa a obedecer aos conceitos,
princípios e função da atividade do jornalismo, a chamada “instituição
10
jornalística”, ou seja, aquilo que define as características universalizáveis
do que se pode reconhecer como sendo jornalismo. Segundo Josenildo
Guerra (2005, p.2), “a instituição representa uma ideia que aponta para
um ‘dever ser5’; a organização é o ‘ser’ desta instituição num determinado
momento, num determinado lugar.”
Sendo assim, a empresa de radiodifusão se torna uma
“organização jornalística”. As organizações apresentam características
particulares entre si, que decorrem de como é definido um modo próprio
de operação. Cada organização adquire uma personalidade a partir da
forma que assimila e aplica as diretrizes institucionais. Guerra (2005)
explana que isto ocorre em decorrência de diferentes aspectos, tais como
a maior ou melhor qualificação do corpo técnico e da infraestrutura de
trabalho; a responsabilidade moral da equipe; a existência de grupos de
pressão atuando junto à organização; entre outros.
Progredindo nessa conceituação, conclui-se que uma empresa de
radiodifusão, enquanto organização jornalística é composta, basicamente,
por três núcleos de atividade: administrativo, operacional e técnico. Os
dois primeiros são núcleos que se enquadram numa categoria que se
pode chamar de “logística”, pois cuidam do planejamento geral do
funcionamento da organização e oferecem as estruturas práticas de
realização do trabalho. O núcleo técnico corresponde à constituição
elementar do jornalismo como profissão, uma categoria que diz respeito
exclusivamente às competências requeridas dos jornalistas para a
realização do trabalho. Segundo Dóris Fagundes Haussen (1997), a
Rádio Nacional, do Rio de Janeiro, teve a primazia em dar forma
jornalística ao rádio.
5 Para Guerra (2005), “instituição” – princípios, conceito e função – delimita parâmetros através
dos quais torna-se possível identificar uma atividade considerada jornalística de outra que não o seja e, em conseqüência, estabelecer, dentre aquelas do primeiro grupo, níveis diferenciados de qualificação para o jornalismo que praticam. Enquanto isso, por “organização” deve-se entender, inicialmente, o grupo de pessoas e meios efetivamente dedicados à missão de “dar vida” ao conceito, aos princípios e à função que caracterizam a “instituição” jornalística.
11
Nesse sentido, a Nacional também inovou ao organizar, pela primeira vez, no país, uma redação própria para noticiários, com a rotina de um jornal impresso. No entanto, foi com o “Repórter Esso”, lançado às 12h55min de 28 de agosto de 1941, que a emissora se destacou. Voltado inicialmente para a divulgação das notícias da Guerra, permaneceu no ar durante 27 anos, até 1968. (Haussen, 1997, p. 59)
A cobertura jornalística numa emissora de rádio tem a sua principal
representação nos programas informativos da mesma. Seguindo os
formatos estipulados por Ferraretto (2000), temos o “noticiário” como o
principal dos formatos de programas no radiojornalismo. Este se subdivide
em “síntese noticiosa” que, como diz o nome, sintetiza os principais fatos
desde a sua última exibição. Predomina o texto curto e direto, com
destaque para o principal fato ao final do noticiário. Normalmente a
duração de uma síntese noticiosa é de cinco a dez minutos. O formato é
muito usado no Rio Grande do Sul, como uma forma de seguir o modelo
do “Repórter Esso”. Em outros estados, como São Paulo, a “síntese
noticiosa” é chamada de “compacto”.
Outra subdivisão do “noticiário” é o “radiojornal”. Este programa de
cunho informativo caracteriza-se assim, segundo Ferraretto (2000):
Corresponde a uma versão radiofônica dos periódicos impressos, reunindo várias formas jornalísticas (boletins, comentários, editoriais, seções fixas – meteorologia, trânsito, mercado financeiro... – e mesmo entrevistas). Os assuntos são agrupados por editorias, regiões geográficas, similaridade ou, mais recentemente, em fluxo (Ferraretto, 2000, pg. 55).
Uma síntese noticiosa ou radiojornal, se concentrarem sua
cobertura em um assunto bem determinado, como saúde, esporte ou
política, por exemplo, poderá ser chamado de “informativo especializado”.
Ainda na subdivisão de “noticiário”, temos a “edição extra”, um mini-
informativo que tem, na maioria das vezes, uma trilha forte interrompendo
a programação para que a rádio transmita um fato urgente que não pode
esperar o próximo noticiário da emissora. Por fim, o “toque informativo” é
um programa curto que vai ao ar, normalmente nas horas cheias,
12
apresenta uma ou duas notícias, geralmente sobre artistas, e é típico das
rádios FM musicais.
O “programa de entrevista” possui um apresentador ou âncora que
conduz as entrevistas, emite opiniões e chama repórteres eventualmente.
A participação de protagonistas dos fatos e de analistas ocupa a maior
parte do programa. Já o “programa de opinião” se destaca pela polêmica
gerada pelo âncora e tem participação secundária de comentaristas e de
repórteres, em menor número. A “mesa-redonda” é um programa que
aborda temas da atualidade e conta com participantes especiais
convidados exclusivamente para aquela transmissão. Este formato se
divide em “painel”, quando não há uma divergência de opiniões entre os
convidados, que fazem comentários complementares uns aos outros, até
que haja uma visão ampla do assunto em discussão; e “debate”, que
incita o confronto direto de ideias entre pessoas, propositadamente
contatadas pela produção, com desacordo de conceitos e juízos.
O “documentário” é o programa jornalístico que aborda um tema
com profundidade. A produção usa pesquisa de dados e sons, incluindo
montagens e a elaboração de um roteiro prévio, com várias possibilidades
de resolução. A “radiorrevista” ou “programa de variedades” é um tipo de
programa que mescla aspectos informativos e de entretenimento,
reunindo notícias, entrevistas, quadros, músicas e humor, além da
divulgação dos chamados fait divers.
Em todos estes formatos jornalísticos, especialmente nos
noticiários, é primordial a transmissão de notícias6. E, estas notícias
deverão ter atualidade, isto é, serem divulgadas o mais breve possível em
relação ao acontecimento; ter proximidade, ocorrer o mais próximo
possível do público, ou ter a máxima importância para os habitantes do
lugar de abrangência da emissora; ter proeminência, envolvendo pessoas
importantes de acordo com o quadro de valores daquela sociedade; e ter
6 Segundo Marcelo Parada (2000, p. 27), o teste final para saber se o assunto é ou não notícia é
verificar se ele se encaixa nos seguintes tópicos: importante; trágico; raro; o último ou mais recente; o mais caro; acabou de acontecer; vai acontecer; o primeiro ou o maior.
13
universalidade, interessar o maior número de pessoas possíveis em
relação às necessidades e conhecimento da audiência.
Mesclando teorias de Chantler & Harris (1998) e Ferraretto (2000),
determina-se que o fluxo dessas informações pode ter vários percursos.
Um dos pontos fixos deste trajeto na emissora de rádio é a definição da
pauta, quando os pauteiros e chefes de reportagem definem os assuntos
que serão objeto de cobertura jornalística e coordenam o trabalho dos
repórteres, a coleta de informações e a redação e edição do noticiário.
Até esse material chegar aos ouvintes, é necessário que a
informação seja conhecida pela redação. Isso se dará através de fontes
externas, que podem ser desde outros veículos de comunicação
concorrentes até internet, assessorias de imprensa e agências de
notícias. Outras fontes externas comuns são serviços de emergência e
utilidade pública, ouvintes e informantes, que podem estar entre políticos
e prefeituras até grupos de pressão da sociedade.
Entre as fontes internas, destacam-se a equipe de reportagem, os
correspondentes e enviados especiais, e, até mesmo funcionários de
outros setores da emissora, como destaca Parada (2000):
Numa rádio jornalística, todos os funcionários são repórteres. Este é o conceito: a reportagem envolve desde o dono da emissora até quem não está diretamente ligado à função de produzir e captar notícias. Eis a diferença entre a rádio viva e quente e a emissora anódina e burocrática. É do esforço coletivo, do envolvimento e do trabalho em equipe que vem a força de um prefixo. (Parada, 2000, p. 29).
A cobertura jornalística no rádio, além de formatos, envolve
gêneros jornalísticos. Wedencley Alves (2005) afirma que “gênero é uma
regularidade enunciativa que se estabelece em meio à heterogeneidade
da prática linguística”. Alves define, para fins de uma análise simplificada,
que se podem dividir os gêneros jornalísticos em três: informativo,
analítico e opinativo. O mais comum no radiojornalismo é o “informativo”,
que aparece nos noticiários com muita frequência, devido a sua
adaptação à concisão do texto radiofônico. A ideia do gênero informativo
14
é exatamente a de retratar o fato com o mínimo de detalhes necessários a
sua compreensão como notícia.
O gênero interpretativo, não citado por Alves (2005), mas ratificado
por Ferraretto (2000), representa uma ampliação qualitativa das
informações a serem repassadas, situando o ouvinte no acontecimento.
Segundo Rabaça & Barbosa (1978), isso se consegue constituindo
elementos adicionais à informação a tal ponto que ela contenha os
seguintes subsídios: “a dimensão comparada, a remissão ao passado, a
interligação com outros fatos, a incorporação do fato a uma tendência e
sua projeção para o futuro”. Este gênero aparece em boletins, com
recursos de sonoplastia; notícias no estilo manchetado; debates e
entrevistas, além das grandes reportagens.
A empresa de radiodifusão ou o âncora ainda pode usar do
jornalismo opinativo para exibir um julgamento a respeito de um
acontecimento ou assunto, indo além da simples interpretação dos fatos.
O gênero opinativo também está presente em comentários e editoriais.
Por fim, o jornalismo analítico é o exercício da crítica por um profissional
especializado, que tenha um poder de análise considerável sobre
determinado assunto.
No gênero analítico, o que mais conta é a expertise, a palavra do especialista, e é isso que o legitima. No gênero opinativo, é o cabedal argumentativo que sustenta o seu objetivo de convencimento e persuasão. No último caso, dados, documentos e depoimentos, quando utilizados, estão a serviço da força retórica que o autor quer imprimir ao texto. (Alves, 2005).
No radiojornalismo, a estrutura da notícia está intrinsecamente
ligada às, já citadas, características: concisão, precisão, clareza e
propriedade. Dessa forma, o texto, na maioria das vezes, é curto,
permitindo a rápida compreensão pelo ouvinte, uma vez que ao contrário
dos meios impressos, não há a possibilidade de ler a notícia várias vezes,
até o entendimento completo. Geralmente, a notícia radiofônica,
apresenta no primeiro período as informações equivalentes ao lide do
15
jornal: o que, quem, onde e quando. O como e o por quê são
desenvolvidos ao longo dos demais períodos em ordem decrescente de
importância, porém, um detalhe mais significativo pode encerrar a notícia.
Esse é o produto final da cobertura jornalística. Tal cobertura é
facilitada pela modernização técnica e administrativa a que empresas de
radiodifusão, enquanto organizações jornalísticas, têm acesso. A
possibilidade de fazer boletins ao vivo de qualquer lugar, a qualquer
momento é maior do que décadas atrás e a notícia torna-se cada vez
mais instantânea. No entanto, a chance de erro aumenta à medida que há
menos tempo para preparação da notícia. Daí, a importância do trabalho
de apuração e checagem das informações7 antes da veiculação, como
afirma Sandro Vaia:
Uma declaração mal ouvida, ou mal transcrita, ou citada fora de um contexto, ou uma informação mal apurada, num mercado como esse, pode significar uma revoada de milhões, um negócio arruinado, uma operação desastrosa. Por isso, a angústia da rapidez soma-se à preocupação obsessiva com a exatidão. (Vaia in: Nogueira, 1994, p. 97).
7 Sobre a checagem de informações, Maria Elisa Porchat (1993, p.26) comenta que este é um
cuidado básico. Embora o imediatismo seja o grande triunfo do rádio, toda notícia deve ser checada antes de ir para o ar. A “‘barriga”, ou notícia “furada”, não pode jamais acontecer. Em notícias de impacto emocional, que possam alarmar a população, a responsabilidade da emissora exige um cuidado maior na checagem da informação.
16
2. SEGMENTO, FORMATOS E PROGRAMAS DAS RÁDIOS CÂMARA FM E SENADO FM
As duas emissoras de rádio oficiais do Congresso Nacional têm
segmentações semelhantes. Seus objetivos se coadunam e ambas
adotam formatos semelhantes de propagação de conteúdo. As rádios
legislativas enfocadas neste estudo dividem seu espaço majoritário entre
a cobertura legislativa, subdividida entre transmissão ao vivo dos
trabalhos legislativos (prioritariamente reuniões de comissões, audiências
públicas e sessões plenárias) e programas jornalísticas com conteúdo
focado nos debates e decisões parlamentares, e programação musical.
Há espaço também, ainda que reduzido quantitativamente, a programas
de caráter comunitário, durante a semana, e culturais,
predominantemente aos sábados e domingos. Algumas diferenças
pontuais, porém importantes, no trabalho das rádios Câmara FM e
Senado FM serão tratadas ao longo desta pesquisa, mas antes faz-se
necessário narrar um breve histórico.
A Rádio Câmara FM iniciou suas transmissões em Brasília em 20
de janeiro de 1999 para dar transparência aos trabalhos da Câmara dos
Deputados. A emissora foi criada pela Resolução número 22 de 1997.
Desde então, a emissora oferece aos ouvintes a transmissão ao vivo das
votações em Plenário, a cobertura jornalística das atividades
parlamentares, programas voltados à formação de cidadania, campanhas
de utilidade pública, radionovelas, além de uma programação cultural e
musical comprometida com a diversidade do país.
De acordo com informações postadas no site oficial da emissora,
todo material jornalístico produzido está disponível na internet e é baixado
e reproduzido por mais de 2 mil emissoras parceiras em todo o país. O
próximo projeto da Rádio Câmara é a ampliação do sinal, hoje disponível
via satélite, pela internet e em sinal aberto de FM em Brasília, na
frequência de 96,9. Durante a execução deste trabalho, a Rádio Câmara
17
estava presente em frequência modulada em Cuiabá (MT) e Bauru (SP).
O projeto de expansão inclui outros 18 municípios que também
poderão ouvir a Rádio Câmara por meio de parcerias com os legislativos
estaduais e municipais. De acordo com notícia publicada no site da
Câmara dos Deputados, o Ministério das Comunicações já liberou para a
consignação para canais de rádios FM para Rio Branco (AC), Salvador
(BA), Jaboatão dos Guararapes (PE), Belém (PA), Campo Grande (MS),
Macapá (AP), São Luís (MA), Teresina (PI), Montenegro (RS), Mogi Das
Cruzes (SP), Ourinhos (SP), Penápolis (SP), Santos (SP), Divinópolis
(MG), Montes Claros (MG), Uberlândia (MG), Santarém (PA), Ponta
Grossa (PR) e Quatro Barras (PR)
Já a Rádio Senado surgiu com o intuito de articular uma série de
iniciativas desenvolvidas pelo Senado Federal, como o Jornal do Senado
produzido para a Voz do Brasil, os boletins telefônicos veiculados por
meio de ligação gratuita e o serviço de som do Senado, conhecido como
Dim-Dom, pelo qual era veiculado o áudio das Sessões Plenárias, os
avisos de interesse do público interno, e música brasileira.
Em 1996, por decisão do então Presidente do Senado José
Sarney, foi criada uma comissão para desenvolver projeto de instalação
de uma emissora, inicialmente de FM. E em 29 de janeiro de 1997, foi
criada a Subsecretaria de Rádio Senado, com o objetivo prioritário de
transmitir o áudio das reuniões das comissões e das sessões plenárias do
Senado Federal e do Congresso Nacional. À nova emissora coube, ainda,
divulgar as demais atividades do Senado, incluindo as ações de sua
Presidência e dos senadores.
Diferentemente da Rádio Câmara, a Rádio Senado prioriza sua
expansão para as capitais. Hoje, ela está presente com sinal em
frequência modulada em outras nove cidades, além de Brasília (DF). São
elas: Cuiabá (MT), Fortaleza (CE), João Pessoa (PB), Macapá (AP),
Manaus (AM), Natal (RN), Rio Branco (AC), São Luís (MA) e Teresina
(PI). A distribuição de conteúdo também acontece por meio de newsletter
18
para emissoras conveniadas em todo o Brasil, em uma rede que inclui
rádios comunitárias, educativas, públicas, estatais, além de rádios online
e podcasters. Estas emissoras cadastradas também participam em rede
de coberturas eventuais, como eleições, por exemplo.
2.1 Programas da Rádio Câmara FM e seus formatos
Os programas da Rádio Câmara FM serão apresentados a seguir
com uma breve explicação, mesclando informações oficiais presentes no
site da Rádio Câmara com a compreensão do autor deste trabalho
durante o período de audição da emissora. Para evitar dubiedade
conceitual na pesquisa, Ferraretto (2014) é a principal fonte deste
trabalho para a categorização de programas e nomenclatura de formatos
e segmentos de rádio.
A Música do Dia é um programete musical com, aproximadamente
10 minutos de duração. Um locutor conta uma história relevante, verídica
ou não, sobre aquela data e apresenta em seguida uma música para
ilustrar o que acabou de ser contado. O desanúncio da música retoma o
assunto em uma frase de encerramento. O programa vai ao ar
diariamente, às 4h50.
Na sequência, o Brasil Caipira traz notícias sobre o trabalho
legislativo na Câmara dos Deputados, junto de músicas caipiras,
conversas com artistas e ouvintes e entrevistas com parlamentares. Ainda
são apresentados quadros informativos sobre educação, agricultura
familiar, direitos do cidadão, além de informações sobre o trânsito nas
cidades onde a Rádio Câmara é transmitida. O programa vai ao ar de
segunda a sexta-feira, das 5h às 7h.
O Com a Palavra, é um programa que pode ser considerado
19
radiojornal ou informativo especializado8. O programa é apresentado ao
vivo, de segunda a sexta-feira, a partir das 7h30 da manhã, podendo
chegar a duas horas de duração, a menos que seja interrompido por
transmissão ao vivo de um trabalho legislativo. A atração traz entrevistas
com parlamentares, cientistas políticos, representantes da sociedade civil
e demais especialistas sobre os principais temas em debate na Câmara
dos Deputados. Ainda acompanha o dia-a-dia da atividade parlamentar
com reportagens factuais sobre o trabalho legislativo. O programa
também apresenta resumos e faz balanços dos trabalhos da semana,
tendo uma versão mais próxima do soft news, às sextas-feiras, com
quadros diferenciados, voltados a temas culturais.
O Brasil em Debate consta da programação oficial da Rádio
Câmara FM. O programa é produzido em conjunto com a TV Câmara e
tem seu conteúdo exibido nos dois veículos. Trata-se de um programa de
debates, onde os dois convidados geralmente são deputados federais
com visões opostas sobre um tema importante que esteja em destaque na
Casa. O programa tem aproximadamente 20 minutos de duração e
aparece na grade oficial do site da Rádio Câmara, embora durante o
período da pesquisa não tenha sido exibido nos horários previstos.
Outra atração feita em parceria com a TV Câmara é o Palavra
Aberta. Neste programa de entrevistas9, um apresentador faz perguntas a
um deputado sobre um determinado tema específico de atuação do
parlamentar. A duração da entrevista varia de 10 a 15 minutos. O
programa aparece com horários fixos na grade oficial de programação,
mas foi exibido mais vezes do que o previsto no período de análise da
8 Segundo Ferraretto (2014, p.83), “o informativo especializado pode adotar a forma de uma síntese noticiosa ou de um radiojornal, diferenciando-se destes pela especificidade dos assuntos tratados. O informativo especializado concentra-se em uma área de cobertura especializada.” Apresentamos esta classificação ao Com a Palavra devido ao fato de o programa tratar quase
exclusivamente de política durante todo o período pesquisado. 9 Tanto o Palavra Aberta quanto os demais programas de entrevistas exibidos pela Rádio Câmara obedecem ao conceito de Ferraretto (2014, p.83). O autor afirma que neste tipo de programa “é fundamental a figura do apresentador que conduz as entrevistas, chama repórteres e, quando necessário, emite opiniões. No entanto, a interpelação de protagonistas dos fatos ou de analistas ocupa a maior parte das emissões.” No caso do programa citado, devido ao tempo curto, somente a opinião do deputado é destacada.
20
programação da emissora. Os temas são variados e atemporais, trazendo
os deputados como especialistas ou ativistas do assunto em questão.
Um programa no mesmo formato deste é o Conversa sobre
Política. O foco é um tema relacionado à política, mesmo que não seja
tratado diretamente pela Câmara dos Deputados. Um especialista é
convidado a falar sobre um tema variado, que esteja ou já tenha sido
objeto de decisão ou discussão pelo Parlamento. Informações
aprofundadas são passadas aos ouvintes sobre assuntos como
preparação para os Jogos Olímpicos, morte de jovens, política no futebol,
relações entre Brasil e Venezuela, entre outros.
O programa Câmara é Notícia é uma síntese noticiosa10
apresentada por um locutor e que traz as notícias mais recentes da
Câmara dos Deputados. A síntese tem duração média de 10 minutos e é
apresentada em horários variados do dia. Notas em texto corrido a
respeito dos trabalhos legislativos e reportagens gravadas dão o tom do
noticiário. O ritmo é ditado pela apresentação sóbria e pela marcação da
trilha de fundo na leitura das informações e cabeças de reportagem. O
objetivo deste recurso sonoro é manter o ouvinte alerta às informações
mais importantes, seguindo teoria de Del Bianco:
Os ruídos, os efeitos, a música estão a serviço de ideias, sentidos, discursos construídos na mente do ouvinte. Ao contrário da televisão, em que as imagens são limitadas pelo tamanho da tela, as imagens do rádio são do tamanho da imaginação do ouvinte. Os sons no rádio criam um mundo visual acústico. (Del Bianco, In: Magnoni, 2010. p. 98)
Às terças-feiras, 21h30, entra no ar o Expressão Nacional. O
programa é um debate semanal, apresentado pela TV Câmara e
retransmitido pela Rádio Câmara. São convidados deputados com
opiniões contrárias ao tema em discussão, além de especialistas na área.
10 Quanto à síntese noticiosa, Ferraretto (2014) afirma que este tipo de noticiário pretende sintetizar os fatos ocorridos desde a sua última transmissão. O texto curto e direto predomina, mas devido à influência das rádios do centro do país, há elementos de radiojornal, como reportagens factuais ao longo do programa.
21
Assim, como os demais programas exibidos pela TV e pela rádio, a
linguagem é bem adequada aos dois, em praticamente todos os
momentos, exceto quando é utilizado recurso visual de difícil tradução
para o texto falado, como slides com imagens e gráficos. O programa tem
duração de uma hora e seu horário de início depende da extensão da
sessão plenária.
Nas noites de quinta-feira, às 20h30, é exibido o programa Palavra
de Especialista. Trata-se de um programa de entrevistas sobre temas da
atualidade com um especialista no assunto. A apresentadora faz uma
introdução do assunto e encaminha as perguntas pertinentes com um
estudioso sobre a questão em destaque. Bem-estar, comportamento e
temas menos densos e complexos são tratados com profundidade. O
programa tem duração média de 15 minutos.
Outro programa semanal que se destaca na programação é o
Câmara Ligada. É um espaço voltado para a juventude, com temas do
interesse desta parcela da população. O confronto de ideias nem sempre
acontece, podendo a mesa-redonda11 transformar-se em um painel. São
convidados deputados, especialistas sobre o tema em destaque na
semana, além de uma atração musical identificada com esta geração. Os
jovens participam ativamente do programa como protagonistas dos
debates e também em uma plateia formada por estudantes do ensino
médio. A maioria dos temas é ligada aos direitos humanos, participação
política e inclusão social. O programa é exibido pela TV Câmara e
retransmitido pela Rádio Câmara, às sextas-feiras, às 17h.
Logo depois, os dois veículos seguem ouvindo a opinião da
população em debates de interesse público. O programa Participação
Popular vai ao ar às sextas-feiras, às 18h, ao vivo tanto pela Rádio quanto
pela TV Câmara. Deputados federais e especialistas sobre o tema em
11 Categorização de Ferraretto (2014, p. 84) define mesa redonda como programa que tem sua base na opinião de convidados ou participantes. Pode ser subdividida em painel, quando as opiniões postas se complementam e mesmo que haja divergências o foco é fornecer um quadro geral sobre o assunto; e debate, quando o objetivo é trazer pontos de vista conflitantes proporcionando o confronto de opiniões.
22
destaque são levados ao estúdio. O debate conta com perguntas e
opiniões de pessoas comuns que, por vezes, são abordadas na rua e
questionadas sobre suas dúvidas e apontamentos sobre o tema da
semana. Também são disponibilizadas formas de envio de perguntas e
comentários por telefone 0800, e-mail e mensagens pelas redes sociais.
Na noite de sexta-feira, às 20h30, um resumo dos
pronunciamentos feitos pelos deputados na tribuna da Câmara Federal é
apresentada no programa Fatos e Opiniões. A resenha tem duração de
meia hora e traz os discursos editados por tema. São destacados os
temas mais importantes debatidos e votados pelos deputados nos últimos
cinco dias. Um apresentador contextualiza no início do programa os
principais temas tratados na semana e chama os trechos de discursos
dos deputados, identificando cada um deles e resumindo a ideia que virá
em seguida na voz do parlamentar.
O principal produto jornalístico da Rádio Câmara vai ao ar de
segunda a sexta-feira, às 19h40. O programa em questão é o Jornal da
Câmara, exibido dentro de A Voz do Brasil. Este radiojornal clássico e
tradicional do rádio brasileiro é apresentado por diversas equipes. A parte
referente ao Poder Executivo é feito pela Empresa Brasil de Comunicação
(EBC), o período reservado ao Poder Judiciário é produzido pela Rádio
Justiça, e a parcela referente ao Poder Legislativo é dividido entre as
rádios Câmara e Senado.
No período de destaque aos trabalhos dos deputados, dois
apresentadores narram as principais notícias do dia na Câmara em 20
minutos. São apresentadas notícias redigidas em formato manchetado12,
trechos de pronunciamentos em plenário e nas comissões, além de
reportagens aprofundando os fatos mais importantes daquela data.
12 Ferraretto (2014, p.133) define texto manchetado como um aprimoramento dos radiojornais dos anos 1940 e 1950, no qual dois ou três locutores são responsáveis pela apresentação das notícias. Esta prática é conhecida no país como leitura ponto-a-ponto. Porém, o autor adverte que este estilo não deve ser confundido com uma mera divisão do conteúdo entre várias vozes. Este tipo de redação possui uma técnica própria “lembrando manchetes da imprensa, uma complementando a outra na conformação da descrição ou da narrativa dos fatos, opiniões ou serviços”.
23
Também são exibidas peças institucionais da Câmara dos Deputados,
como campanhas visando a promoção da cidadania e anunciando formas
de participação do cidadão nas decisões e debates realizados na Casa.
Os formatos e programas exibidos aos fins de semana pela Rádio
Câmara agrupam atrações culturais, musicais, reprises de programas que
foram ao ar durante a semana e também uma radiorrevista em destaque:
Feijoada Completa. O programa traz músicas, informação e opinião sobre
os temas em destaque. A apresentação é feita de forma descontraída,
com o objetivo de amenizar a densidade dos temas já tratados durante os
dias da semana. A atração é dividida em quatro blocos, cada um tratando
de um assunto em evidência na Câmara dos Deputados. O programa vai
ao ar aos sábados, às 9h, e tem duas horas de duração.
Outros destaques dos fins de semana são os programas musicais
e culturais. Alguns deles são o Anjos da Noite, sobre blues, soul e outras
vertentes da música negra norte-americana. O programa é exibido nas
noites de segunda-feira e tem reprise na madrugada de sábado. Também
no sábado, às 7h, vai ao ar Pauta Musical, que traz clássicos da música
erudita. O Aplauso é exibido no mesmo dia, às 11h, com músicas e
entrevistas com artistas em proeminência no cenário musical brasileiro. O
Talentos abre espaço para nomes consagrados e também revelações da
MPB. As entrevistas são gravadas pela TV Câmara e exibidas também
pela rádio. Este horário (sábado, às 23h) é dividido com o Palco Brasil,
programa que apresenta um compacto da gravação de shows realizados
em Brasília (DF).
No domingo, às 8h30, é exibido o Casa da Árvore, programa
voltado para o público infantil. Ao meio-dia, vai ao ar O Samba da Minha
Terra, faixa musical exclusiva para o ritmo samba. À noite, é exibido o
Tanto Mar, programa que se dedica à música portuguesa. Fechando a
lista de programas musicais da emissora, o Marco Zero é destinado a
apresentar os lançamentos da música internacional. A atração é exibida
às quintas-feiras, às 22h.
24
2.1.1 Programação musical da Rádio Câmara FM
Quando não há programa informativo, musical ou cultural sendo
exibido, a Rádio Câmara veicula a sua programação musical. O
diferencial da emissora está no formato utilizado para estas transmissões.
O formato é intitulado música-notícia pelos apresentadores da rádio.
Cada bloco musical tem duas músicas. O locutor anuncia intérprete
da primeira canção da sequência, logo no início do bloco. Ao final das
duas músicas, ele desanuncia o bloco e apresenta uma reportagem sobre
as atividades do dia na Câmara dos Deputados. Ao final da reportagem,
por vezes, é exibida uma edição do programa Palavra Aberta. Em outras
ocasiões, é veiculada outra reportagem ou um intervalo composto por
peças institucionais para, então, ser anunciada a primeira música do
próximo bloco musical.
Este estilo intitulado música-notícia organiza as faixas em que não
há programa previsto nem transmissão ao vivo de trabalho legislativo. Ao
mesmo tempo em que não privilegia determinadas reuniões de
parlamentares em detrimento de outras, consegue apresentar
resumidamente boa parte do trabalho que acontece na Casa, seja com
reportagens de agenda ou com entradas ao vivo de repórteres direto das
comissões reunidas ou do Plenário. As transmissões legislativas ao vivo e
uma análise mais aprofundada dos blocos aqui citados terão destaque no
capítulo 3.
2.2 Programas da Rádio Senado FM e seus formatos
A apresentação dos programas da Rádio Senado FM seguirá a
25
mesma linha da Rádio Câmara FM. Serão usadas informações oficiais do
site da emissora para a categorização e a percepção pessoal do
pesquisador para a descrição das atrações veiculadas nos horários de
realização da pesquisa. Assim como no exemplo anterior, as
transmissões ao vivo dos trabalhos legislativos serão explicitadas amiúde
no próximo capítulo.
A programação de segunda a sexta-feira começa com o toque
informativo Senado em 2 Minutos13. O noticiário faz um breve resumo das
principais notícias do Senado Federal no dia anterior. As edições que vão
ao ar a 1h e às 5h são reprises da edição original, apresentada às 23h do
dia anterior.
Logo depois, às 6h, entra no ar o programa Senado É Mais Brasil.
O programa adota o formato radiorrevista e se aproxima do segmento
comunitário, em uma linguagem afinada com a construção da cidadania e
a resolução de problemas dos ouvintes das nove capitais que sintonizam
a emissora, além de Brasília (DF). A atração é voltada à divulgação de
notícias e reportagens de temas como direitos humanos, participação
social e apresenta as informações com foco na transformação causada no
cidadão. A apresentação é feita com estilo mais próximo do ouvinte, com
um vocabulário menos técnico, mas sem perder a precisão nas
informações. O programa tem meia hora de duração e é exibido de
segunda a sexta-feira.
Em seguida, às 7h, entra no ar o Conexão Senado. O radiojornal
de duas horas de duração apresenta o resumo do que será destaque no
dia do Senado Federal. São veiculadas matérias de agenda sobre o
trabalho das comissões e do plenário, além de reportagens sobre os
principais debates e assuntos institucionais. Também são destacadas as
votações e debates do dia anterior, por reportagens e entrevistas com
13 De acordo com Ferraretto (2014, p.83), toque informativo é um espaço típico das emissoras musicais, onde são apresentadas algumas notícias, geralmente nas horas cheias. O Senado em 2 Minutos é apresentado somente quando a programação musical está no ar, apesar de a Rádio Senado não ser uma emissora essencialmente musical.
26
senadores e especialistas. Ainda há espaço para quadros temáticos,
comentaristas especializados e boletins de emissoras conveniadas e
agências internacionais.
No período da tarde, vai ao ar o radiojornal Senado Notícias – 1ª
Edição. O programa estritamente informativo começa às 13h40 e tem 20
minutos de duração. Com uma trilha de forte marcação e condução de
dois locutores, são apresentadas as reportagens com resumo do que
aconteceu nas comissões no período da manhã, as últimas votações e
matérias com previsão para as atividades legislativas da tarde e da noite.
O programa pode atrasar ou ser cancelado, caso uma atividade legislativa
relevante esteja em curso no horário previsto para a edição ir ao ar.
Às 22h, é exibido o Senado Notícias – 2ª Edição. Diferentemente
da edição anterior, este radiojornal traz um resumo de todo o dia,
podendo incluir material mais aprofundado e reportagens mais longas. Em
dias com intensa atividade legislativa, sua duração pode chegar a meia
hora, embora o mais usual seja o padrão de 20 minutos. O programa é
geralmente apresentado por um locutor em dupla com o editor do
noticiário. O programa pode não ser exibido, caso os trabalhos legislativos
se estendam até depois das 22h30.
Nas segundas-feiras pela manhã, dois setores institucionais do
Senado Federal tem espaço informativo na Rádio Senado. Às 6h30, são
exibidos dois programas em sequência: o Pautas Femininas traz um
resumo dos debates promovidos pela bancada de senadoras da atual
legislatura; em seguida, o Espaço da Ouvidoria traz as respostas da
ouvidora do Senado Federal para as questões enviadas pela população à
Casa. Os dois programas são reprisados, também em sequência, às
quintas-feiras, às 21h, caso não haja transmissão ao vivo de trabalhos
legislativos. Já nas sextas-feiras, às 13h30, é apresentado o programa
Projetos da Semana, um resumo semanal de proposições legislativas,
editado e apresentado pelo Serviço de Produção da Rádio Senado. A
atração é reprisada aos sábados, às 8h.
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Também na sexta-feira, é exibido o programa Senado em Revista,
às 17h. O programa traz um resumo dos principais fatos ocorridos durante
a semana no Senado Federal, por meio de reportagens sobre os fatos da
semana, quadros com os pronunciamentos mais marcantes de cada dia
no Plenário, além de entrevistas com senadores e especialistas sobre
temas em destaque nas discussões e decisões dos parlamentares. Ainda
são exibidos quadros com informações sobre política internacional,
indicadores econômicos, agenda cultural das cidades que fazem parte da
Rede Senado de Rádio e a agenda legislativa da semana seguinte. Em
uma inciativa para aumentar a quantidade de horas dedicadas à cobertura
legislativa, o programa passou a ser reprisado aos sábados, às 11h e às
23h, e aos domingos, às 10h e às 23h.
Apesar do nome do programa e da periodicidade sugerirem que se
trata de uma radiorrevista (vide Capítulo 1), este trabalho classificará o
Senado em Revista como um radiojornal, pelo caráter estritamente
informativo e interpretativo dos conteúdos exibidos no programa. Até
mesmo o quadro mais próximo da editoria Variedades é tratado de forma
informativa, trazendo a agenda de shows e espetáculos culturais em 10
capitais brasileiras.
Logo após o Senado em Revista, é exibido o programa
Reportagem Especial. O material apresenta a apuração da equipe de
reportagem da emissora, tratando de um tema em profundidade. Há
variedade de fontes e ampla pesquisa, sendo possível caracterizar o
programa como documentário14. As reportagens especiais da Rádio
Senado já foram reconhecidas em várias premiações de jornalismo pelo
Brasil. O programa é semanal e tem duração de meia hora. Devido à
complexidade de alguns temas, o programa pode ser dividido em vários
capítulos e fracionando a exibição em mais de uma semana. A
14 Ferraretto (2014, p.84) afirma que o documentário radiofônico é pouco utilizado no Brasil e aborda um tema em profundidade. De acordo com o autor, este tipo de programa “baseia-se em uma pesquisa de dados e arquivos sonoros, reconstituindo ou analisando um fato importante. Inclui ainda recursos de sonoplastia, envolvendo montagens e a elaboração de um roteiro prévio”.
28
reportagem especial é reprisada sábado, às 10h, e domingo, às 17h.
Assim como na Rádio Câmara, o principal produto jornalístico da
Rádio Senado é a sua participação dentro de A Voz do Brasil, com o
Jornal do Senado. O programa é apresentado como um resumo de
notícias do Senado Federal, podendo ser gravado ou ao vivo, a depender
do ritmo dos trabalhos legislativos. São apresentadas reportagens com o
que de mais importante aconteceu no dia no Senado, além de
pronunciamentos de senadores da tribuna do plenário. Os resultados das
votações são destacadas com reportagens gravadas ou com boletins ao
vivo durante a exibição do jornal. O espaço do Senado Federal dentro do
noticiário nacional tem duração de 10 minutos. Este fortalecimento do
jornalismo nas emissoras legislativas vai na contramão do movimento
iniciado pelas rádios comerciais, como explica Meditsch:
Como um dos formatos de programação mais caros do atual espectro radiofônico, o radiojornalismo também é um dos mais vulneráveis a uma possível crise econômica na indústria tradicional da mídia. As emissoras especializadas em informação no Brasil têm pautado a sua atuação pela redução de custos e pela busca de resultados cada vez mais imediatos, o que explica a total ausência de investimentos nas possibilidades abertas pela tecnologia digital para a programação informativa. (Meditsch, In: Magnoni, 2010. p. 221)
A Rádio Senado conta ainda com uma gama de programas
musicais e culturais especializados, todos com duração padronizada de
meia hora. O Improviso traz as vertentes do jazz nacional, sendo exibido
aos sábados, às 18h, com reprises às segundas, às 3h, e sextas, às 23h.
O Escala Brasileira, por sua vez, trata da música nacional em diversas
vertentes, trazendo entrevistas com músicos. O programa é exibido aos
domingos, às 19h, com reprises nas terças, às 3h, e quintas, às 23h.
Também sobre música brasileira, o programa Brasil Regional
apresenta estilos de todas as regiões do país. A atração vai ao ar aos
domingos, às 8h, e é reprisado quinta, às 3h, e terça, às 23h. Já o Cena
do Samba é um programa musical que apresenta clássicos do gênero
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brasileiro e vai ao ar aos sábados às 14h, com reprise domingo às 12h. O
único programa não-musical da lista é o Autores e Livros, que entrevista
autores sobre o mundo da literatura. O programa é exibido aos sábados,
às 17h, e reprisa aos domingos, às 9h.
Outros dois programas musicais da Rádio Senado têm uma hora
de duração. O Somtemporâneo traz músicas de artistas brasileiros da
nova geração, ainda desconhecidos do grande público. O programa é
exibido no sábado, às 21h, e tem reprise quarta, às 23h, e sexta, às 3h.
No caminho oposto, o Hora de Ouro apresenta somente clássicos da Era
do Rádio no Brasil, com músicas gravadas entre as décadas de 1930 a
1960. Esta faixa especial vai ao ar aos sábados, às 7h, sendo reprisada
segunda, às 23h, e quarta, às 3h.
2.2.1 Programação musical da Rádio Senado FM
Quando não há transmissão legislativa ao vivo e nenhum dos
programas citados acima está no ar, a Rádio Senado apresenta sua
programação musical. Os blocos são compostos exclusivamente por
músicas nacionais, seja interpretadas por cantores brasileiros ou
compostas por artistas locais e cantadas por estrangeiros.
O formato padrão dos blocos determina a execução de três
músicas. O último bloco de cada hora pode ter duas ou quatro músicas,
dependendo do tempo disponível na programação. No início do bloco, o
locutor apresenta os intérpretes de todas as canções que virão a seguir.
Ao final da sequência, no desanúncio, são citados novamente os
intérpretes, seguidos dos compositores e do nome das músicas que foram
veiculadas.
Ao longo da programação musical, também é apresentado o
programete Curta Musical, que traz uma canção em destaque, antecedida
de uma história interessante sobre a música popular brasileira.
30
Geralmente, os produtores do programa utilizam efemérides como base
para as ideias de novas edições. O programa vai ao ar diariamente, ao
longo da programação.
Informações sobre o Senado Federal sempre são destaque, até
mesmo quando predomina a programação musical. Nos dias de semana,
entre meia-noite e 19h, enquanto é exibida a programação musical, a
maioria dos blocos termina com uma notícia lida pelo locutor do horário.
Das 20h às 23h59, são veiculadas reportagens sobre as atividades do dia
no Senado Federal, a cada meia hora de programação musical. Nos fins
de semana, as notícias são veiculadas entre meia-noite e 6h e das 18h às
23h59. Nos demais períodos, os blocos musicais são encerrados ora com
notícia, ora com reportagem.
31
3. PROGRAMAÇÃO DAS RÁDIOS CÂMARA FM E SENADO FM
A programação das emissoras de rádio do Poder Legislativo
Federal tem o objetivo de levar, da forma mais transparente e completa
possível, as informações sobre o que acontece no Congresso Nacional e
impactam na vida de cada cidadão. Para isso, se utilizam de diferentes
formatos e programas, como vimos no capítulo anterior. Mas como as
diferenças conceituais da programação adotada pelas rádios Câmara FM
e Senado FM influenciam diretamente na cobertura legislativa? E o
inverso acontece? Como a cobertura legislativa interfere no tipo de
programação das duas emissoras?
A análise das duas programações se deu pela audição de uma
semana de transmissões ao vivo das rádios. Foi tomado como base o
horário das 8h às 13h, de segunda a sexta-feira por dois motivos:
primeiro, o período de uma semana é suficiente para termos acesso a um
ciclo de trabalho legislativo e o que isso exige em termos de esforço de
cobertura das duas rádios; segundo, o horário do início da manhã até
antes do início da sessão plenária ordinária é o intervalo onde poderá
haver diferenciação mais aguda entre as emissoras.
Para uma categorização inicial, este trabalho traz a definição de
Ferraretto (2014) sobre os tipos de programação mais usuais nas
emissoras de rádio do Brasil. A primeira é a programação linear, a mais
frequente nas grandes emissoras do país, que, segundo o autor, é uma
“programação com conteúdos mais homogêneos, que seguem um
formato claro e definido. Embora as partes se diferenciem um pouco entre
si, há uma harmonia entre elas”.
Em seguida, vem a programação em mosaico, que engloba um
conjunto de conteúdos extremamente variados e diferenciados, sendo
comum em mercados pouco desenvolvidos economicamente. Por fim, a
programação em fluxo, definida assim por Ferraretto:
32
Tipo de programação estruturada em uma emissão constante em que se toma todo o conjunto como uma espécie de grande programa dividido em faixas bem definidas. As mudanças de uma para outra são calcadas na troca do âncora ou do comunicador do horário. É comum em emissoras de formato semelhante ao all news dos Estados Unidos ou do segmento musical. Rádios que operam totalmente gravadas e informatizadas, com sequências de canções associadas ou não a locutores que identificam o conteúdo veiculado, constituem-se em sua forma menos elaborada. (Ferraretto, 2014, p. 81).
Tendo estes conceitos por base o trabalho avaliou que a Rádio
Câmara FM priorizou, na maior parte do período estudado, a
programação linear. Vários programas correlatos foram exibidos,
comumente tendo preferência sobre as transmissões puras das reuniões
de comissões que ocorriam na Casa. O conteúdo legislativo foi mais
divulgado através da cobertura jornalística, com o trabalho da reportagem,
do que pelo microfone direto dos parlamentares. Em poucos momentos, a
programação em fluxo teve prevalência na emissora.
Também será possível concluir ao longo deste capítulo que a
Rádio Senado FM adotou prioritariamente, no intervalo de pesquisa, a
programação em fluxo para transmissão dos trabalhos de comissão e de
sessão plenária. Até mesmo, a programação musical apresentada teve
esta característica. As transmissões ao vivo seguiam o mesmo estilo de
apresentação e a mesma sequência de fatos narrados, mudando apenas
a figura do âncora, de acordo com as escalas de trabalho dos locutores.
3.1 Análise da programação da Rádio Câmara FM: período de 13/07/2015 a 17/07/2015, entre 8h e 13h
O período de pesquisa começa no dia 13 de julho de 2015. No
horário das 8h, já estava no ar o Com a Palavra, radiojornal matinal da
emissora com apresentação de Lincoln Macário e Elisabel Ferriche. O
programa trouxe entrevistas com deputados e especialistas sobre os
33
assuntos em debate na Câmara e, especialmente neste dia, trouxe
reportagens de agenda dos trabalhos legislativos.
Foram apresentados quadros especiais sobre meio ambiente e
tecnologia, sempre tendo como pano de fundo projetos aprovados pela
Câmara ou ainda em discussão pelos deputados. O programa denota
uma predominância de hard news, noticiando fatos relevantes, porém
densos e complexos.
Ainda que a linguagem dos apresentadores fosse de fácil
assimilação e de natural empatia com o ouvinte, os temas debatidos na
Câmara são de difícil compreensão. Por isso, a edição do programa deu
destaque às entrevistas já citadas, para esclarecer o cidadão a respeito
destes assuntos e dos debates gerados pelos parlamentares.
O Com a Palavra, durante o período pesquisado, deu preferência
ao cumprimento do roteiro, composto por entrevistas previamente
agendadas e reportagens gravadas, trazendo a agenda do dia nas
comissões e no plenário, os debates mais importantes da Casa e as
votações do dia anterior. A prioridade não era a entrada ao vivo de
repórteres nem a participação de ouvintes.
O estilo dos apresentadores era um misto de generalista e
especialista. Mesmo que a Rádio Câmara seja especializada em transmitir
o trabalho do legislativo, reproduzindo esta característica natural em todos
os seus programas e profissionais, os temas são variados e é necessário
transmitir conhecimento ao ouvinte acerca de toda a gama de discussões
em destaque na Casa.
Por este motivo, a apresentação do Com a Palavra é mais
coloquial do que formal. Os dois âncoras dão um tom mais próximo do
ouvinte, prestando-lhe um serviço de tradutor dos trabalhos legislativos,
tendo como foco o resultado daqueles atos no dia-a-dia do ouvinte. A
dinâmica do programa demonstra que, para atingir este resultado, a
edição não se furta de trazer especialistas para os esclarecimentos
necessários. A sonoplastia da atração é marcada por vinhetas de
34
abertura, encerramento, saída e retorno de intervalo, entrada de quadros
e trilha principal do programa. O programa terminou às 9h30.
As notícias mais factuais da Câmara dos Deputados continuaram
sendo destaque em seguida, com uma edição da síntese Câmara é
Notícia. Um locutor trazia as principais reportagens do dia em um
noticiário de 15 minutos de duração. Foram apresentadas matérias de
agenda e repercussão de debates, além de uma matéria especial não-
factual de 5 minutos.
O tom dado pela apresentação foi bem mais formal do que o
programa anterior. Ajudava no ritmo do locutor a vinheta de abertura, em
tom de escalada, e a trilha marcando o tempo de locução das chamadas
de matérias. Não havia espaço para entrevistas, entradas ao vivo nem
participação de ouvintes e a síntese noticiosa cumpriu o seu caráter hard
news com um perfil mais neutro de apresentação.
Às 9h50, foi apresentado o Palavra Aberta. O programa entrevistou
um deputado sobre um tema específico dentro da sua atuação
parlamentar. Foram 10 minutos de conversa em que foi dado espaço ao
congressista para que expusesse suas ideias, com a ancoragem de um
jornalista. O programa teve boa adaptação tanto à TV quanto à Rádio
Câmara, pois limitou-se à conversa entre entrevistador e entrevistado sem
qualquer outro elemento que prejudicasse a transmissão de um dos
veículos.
Às 10h, teve início a programação musical, no mesmo formato
apresentado no capítulo anterior. Os blocos apresentavam duas músicas,
com anúncio do primeiro intérprete no início do bloco e desanúncio dos
intérpretes, compositores e título da canção ao final do bloco. Logo
depois, uma vinheta identificava que o locutor chamaria uma reportagem.
Logo após a matéria, era exibida uma edição do Palavra Aberta.
Esta sequência (bloco musical – reportagem – Palavra Aberta) foi
repetida até às 12h32, quando passou a ser transmitida a reprise do
programa Expressão Nacional. O tema do programa foi Parlamentarismo.
35
Foram convidados dois deputados, com visões divergentes sobre o tema,
além de especialistas em Ciência Política. O programa foi ancorado da TV
Câmara e apresentado também pela Rádio Câmara.
Porém, ao contrário do Palavra Aberta, foram utilizados recursos
que dificultaram a compreensão de quem acompanhava pela rádio. Em
momentos do programa, imagens de gráficos foram apresentadas e bem
explicadas para os telespectadores da TV, que tinham acesso à
visualização em tempo real, mas os ouvintes da rádio não conseguiam
compreender facilmente os dados apresentados. O Expressão Nacional
se estendeu até depois das 13h, horário limite da audição desta pesquisa.
Na terça-feira, dia 14 de julho de 2015, o Com a Palavra manteve
sua dinâmica de apresentação e de conteúdo apresentado. O diferencial
deste dia foi o anúncio pelo apresentador que o programa poderia ser
interrompido antes do final para a transmissão de sessão extraordinária,
que estava marcada para às 9h. Porém, o programa seguiu sua
sequência de notícias, reportagens e entrevistas até o seu horário
previsto de 9h30.
Em seguida, às 9h34, iniciou uma edição do Câmara é Notícia com
sua apresentação característica. A síntese foi interrompida às 9h39 para a
exibição da sessão plenária extraordinária da Câmara dos Deputados. O
âncora contextualizou os principais fatos que seriam tema de debate e
votação na sessão. O som da Rádio Câmara passou para o plenário, de
onde foram transmitidos em tempo real todos os pronunciamentos dos
deputados durante a sessão.
Os trabalhos foram interrompidos às 10h36 para o início de uma
sessão solene em homenagem aos 21 anos do Plano Real. O âncora da
rádio interveio e direcionou a transmissão ao vivo da emissora para a
reunião da CPI da Petrobrás, que ouvia um depoimento naquele instante.
O estilo de apresentação se caracterizava por algumas intervenções
pontuais durante os trabalhos da comissão. Ao meio-dia, foi encerrada a
36
reunião da CPI e o locutor fez um resumo das respostas da depoente,
apresentadas poucos minutos antes.
A programação musical da Rádio Câmara teve início às 12h04. O
esquema do dia anterior foi repetido no primeiro bloco, com 2 músicas
seguidas de uma reportagem e uma edição do Palavra Aberta. O bloco
seguinte teve 2 músicas, reportagem, mas o Palavra Aberta não foi
exibido. Possivelmente, a equipe de estúdio já esperava o início da
sessão plenária que, de fato, começou ás 12h47. A programação foi
interrompida e a transmissão passou para o plenário da Câmara. A
sessão se estendeu até depois das 13h.
Na quarta-feira, 15 de julho de 2015, o Com a Palavra trouxe os
destaques do dia na Câmara dos Deputados. As manchetes
apresentadas pelos locutores, às 8h, traziam a agenda com sessão
solene, reuniões de CPIs, audiências públicas, entre outros destaques. O
programa seguiu seu roteiro de entrevistas, quadros e reportagens. O
encerramento foi às 9h26.
No minuto seguinte, a Rádio Câmara passou a transmitir a sessão
solene em homenagem aos 90 anos do jornal O Globo. Durante as
intervenções do locutor para cobrir espaços vazios na transmissão, ele
apresentava um resumo do último pronunciamento feito na tribuna. Esta
transmissão do plenário foi até às 10h08.
Às 10h10, entrava no ar o Câmara é Notícia. A síntese apresentou
as principais notícias em destaque na Câmara e no Congresso Nacional,
com notas, reportagens e pequenos trechos de entrevistas. O noticiário foi
exibido até às 10h27. Às 10h30, iniciou a edição do Palavra Aberta,
conversando com um deputado sobre tema de sua atuação no
Congresso. A entrevista teve duração de 10 minutos.
Logo depois, teve início a programação musical da Rádio Câmara.
Os blocos com 2 músicas, seguidos de reportagens foram exibidos até às
11h06. Neste momento, iniciou a sessão do Congresso Nacional. Durante
a transmissão ao vivo direto do plenário, houve intervenções pontuais do
37
locutor para situar o ouvinte do que estava ocorrendo. A sessão foi
encerrada às 11h52 e, logo em seguida, um repórter entrou ao vivo do
salão verde da Câmara dos Deputados, com informações atualizadas
sobre os trabalhos que estavam em andamento na Casa.
O âncora do horário chamou, exatamente ao meio-dia, o áudio da
Comissão de Defesa do Consumidor, que ouvia o ministro da Fazenda,
Joaquim Levy, em uma audiência pública. Após contextualização do
locutor sobre os motivos que levaram à realização daquele debate e
sobre as respostas já emitidas pelo ministro, foi exibido um trecho dos
questionamentos dos deputados e resposta do convidado.
No minuto seguinte, o locutor interrompeu a transmissão da
Comissão de Defesa do Consumidor e chamou o áudio da reunião da
Comissão de Desenvolvimento Urbano. Foi ao ar um trecho de,
aproximadamente, um minuto até nova interrupção do âncora. Às 12h04,
ele acionou outra locutora, que estava no plenário, para a transmissão ao
vivo de sessão plenária extraordinária da Câmara dos Deputados.
A sessão foi transmitida até a sua suspensão, que ocorreu às
12h26. Em seguida, a Rádio Câmara voltou a transmitir a audiência
pública que recebia o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, na Comissão
de Defesa do Consumidor. A transmissão desta reunião seguiu até depois
das 13h.
A análise da quinta-feira, 16 de julho de 2015, começou às 8h com
o programa Com a Palavra. Na pauta, temas como a reforma política e as
votações do plenário, além dos debates nas comissões. Neste dia, o
programa manteve o estilo das edições anteriores. A única diferença foi a
duração reduzida. O Com a Palavra terminou às 9h04 para o início dos
trabalhos no plenário.
Às 9h05, teve início a transmissão da sessão extraordinária da
Câmara dos Deputados. Durante as duas horas seguintes, os deputados
se revezaram na tribuna discursando sobre temas diversos. Na ordem do
dia, foram aprovados projetos importantes. A cada aprovação confirmada,
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o locutor interrompia a transmissão e dava detalhes sobre a lei em
questão e a sequência da tramitação da proposta.
A ordem do dia encerrou às 11h36 e o locutor aproveitou o término
do período de votações para fazer mais um resumo de tudo o que havia
sido aprovado pelos deputados na sessão. Os parlamentares seguiram se
dirigindo à tribuna para fazer os seus pronunciamentos. A sessão durou
até um pouco além das 13h.
O último dia de análise da programação da Rádio Câmara foi a
sexta-feira, 17 de julho de 2015. Às 8h, o Com a Palavra já estava no ar
fazendo um balanço da semana legislativa e também do primeiro
semestre. Foram veiculadas reportagens e notícias diversas. Em um tom
mais informal do que nos demais dias da semana, o programa teve
espaço para temas não-legislativos, com análise de biografias de músicos
da banda Legião Urbana. O bate-papo em tom descontraído durou
aproximadamente meia hora. Ao final da edição, o âncora anunciou que o
Com a Palavra voltaria ao ar somente após o recesso parlamentar, em 3
de agosto.
Às 9h32, entrou no ar o Câmara é Notícia. A síntese noticiosa
apresentou notas e reportagens sobre os principais assuntos debatidos
na Câmara dos Deputados naquela semana. O tom formal foi mantido e a
ancoragem seguiu o padrão dos dias anteriores. Em seguida, foi ao ar
uma edição do Palavra Aberta.
A partir das 10h, a Rádio Câmara apresentou sua programação
musical, repetindo o formato veiculado nos dias anteriores: blocos com
duas músicas, seguido por 1 ou 2 reportagens e edição do Palavra
Aberta. As reportagens eram substituídas, às vezes, por notas lidas pelo
locutor seguidas de trechos de entrevistas de deputados. Ao longo da
programação, também rodaram quadros especiais, voltados para temas
como meio ambiente, tecnologia e economia. Esta programação seguiu
até às 13h.
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3.2 Análise da programação da Rádio Senado FM: período de 13/07/2015 a 17/07/2015, entre 8h e 13h
O período pesquisado inicia às 8h de segunda-feira, 13 de julho de
2015. Já estava no ar o programa Conexão Senado, o principal
radiojornal da emissora com 2 horas de duração. O foco da atração é
transmitir no início da manhã as principais informações do dia no Senado
Federal. São veiculadas reportagens, notícias, entrevistas, informações
de prestação de serviço, como previsão do tempo, notícias locais e
situação do trânsito nas cidades com recepção da emissora em FM.
Pelo fato de o Senado Federal ser o gerador de algumas das
notícias mais importantes do país, todos os dias, o programa não pode
fugir de um estilo hard news, tendo conteúdo legislativo em toda a sua
edição. Porém, para se aproximar do ouvinte, são veiculadas informações
de interesse público mais leves e amenas ao longo do noticiário.
O radiojornal tem a participação ativa de ouvintes, por meio do
aplicativo de telefone whatsapp, com o envio de notícias de suas cidades
e comentários sobre o que está sendo veiculado no programa. A
reportagem é acionada, na maioria das vezes, por gravações do dia
anterior, mas também acontece a participação ao vivo em ocasiões que
sejam necessárias estas intervenções.
Os apresentadores Adriano Faria e Jeziel Carvalho são, assim
como a dupla do Com a Palavra, da Rádio Câmara, especialistas no
acompanhamento diário dos trabalhos legislativos e, por força da
amplitude dos assuntos tratados no Senado, apresentam e comentam
com desenvoltura todos os assuntos que são destacados no programa. O
estilo de apresentação é mais coloquial do que formal, embora o perfil de
ambos seja neutro no microfone. A sonoplastia do programa se
caracteriza por uma trilha suave, usada como fundo em quase toda a
40
edição, exceto em entrevistas ao vivo, quadros com a participação de
convidados, exibição de material gravado ou notas que exijam um tom de
sobriedade acima do usual.
Uma entrevista com o senador Fernando Collor, do PTB de
Alagoas, sobre os 25 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente se
estendeu além do horário do programa e, por isso, o radiojornal terminou
às 9h08. Na sequência, o locutor do horário assumiu a transmissão ao
vivo anunciando que, em breve, teria início uma audiência pública da
Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal. A programação
seguiu com música até o início dos trabalhos legislativos.
Às 9h18, o locutor interrompeu o bloco musical e anunciou a
abertura da audiência pública, que debatia com especialistas o tema
sobre doenças degenerativas do sistema nervoso. A reunião da CDH
durou toda a manhã de segunda-feira e foi transmitida na íntegra pela
Rádio Senado até depois das 13h.
Na terça-feira, 14 de julho de 2015, o programa Conexão Senado
já estava no ar às 8h. No exato momento do início da análise, estava
sendo encerrada a entrevista com o senador Otto Alencar, do PSD da
Bahia, dentro do quadro Conversa com o Senador. O radiojornal seguiu
com as reportagens e notícias mais importantes do dia para os trabalhos
do Senado e terminou às 8h59.
Exatamente às 9h, o locutor do horário citou a previsão de reuniões
de comissões que iniciariam em poucos minutos. Até que uma delas
iniciasse, a programação seguiria com um bloco musical. Dali a 10
minutos, o bloco foi encerrado e novo lembrete foi feito de que, a qualquer
momento, teria início a transmissão de uma das comissões com reunião
agendada para aquele horário.
Mais um bloco musical de 3 canções foi executado e no
desanúncio, às 9h24, o locutor informou que duas comissões estavam em
andamento. A Rádio Senado passou a transmitir ao vivo a reunião da
Comissão de Ciência e Tecnologia, que promovia audiência pública sobre
41
entraves ao desenvolvimento das Tecnologias da Informação no Brasil. O
debate foi transmitido até às 9h39. Neste momento, o locutor anunciou
que a reunião da CCT poderia seguir sendo ouvida pelo canal 2 da Rádio
Senado na internet. Ele relatou também que, a partir daquele instante,
passaria a ser transmitida ao vivo a reunião da Comissão de Assuntos
Econômicos, que recém havia começado com a sabatina de um indicado
a ocupar cargo de direção da Comissão de Valores Mobiliários.
Às 10h17, o locutor interveio para cobrir espaço na programação,
enquanto permanecia o silêncio da votação secreta da indicação para a
CVM. O locutor forneceu informações a respeito do que estava ocorrendo
na Comissão e do que previa a programação da segunda parte da
reunião. Em seguida, foram chamados o ministro do Planejamento,
Nelson Barbosa, e o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, para
serem interpelados pelos senadores do colegiado. A transmissão da
Comissão de Assuntos Econômicos seguiu até depois das 13h.
A quarta-feira, dia 15 de julho de 2015, já tinha o Conexão Senado
no ar às 8h pela Rádio Senado. O programa manteve seu formato de
reportagens, entrevistas, notícias factuais e prestação de serviços até às
8h59. Logo em seguida, o locutor do horário anunciou a transmissão do
debate na Comissão de Serviços de Infraestrutura sobre entraves ao
programa de concessão de portos do Governo Federal. O convidado era
o ministro da Secretaria de Portos, Edinho Araújo.
Às 11h27, foi interrompida a transmissão da Comissão de
Infraestrutura e a Rádio Senado passou a transmitir ao vivo a sessão do
Congresso Nacional, que acontecia no plenário da Câmara dos
Deputados. O áudio do plenário esteve no ar até às 11h51, quando o
presidente da sessão encerrou os trabalhos. Imediatamente, a
transmissão ao vivo passou para a Comissão de Constituição e Justiça,
que sabatinava um indicado para ocupar função no Conselho Nacional de
Justiça. Todas as passagens de transmissão foram feitas pelo locutor do
horário, contextualizando o que estava ocorrendo e a previsão dos
42
próximos passos a serem dados na reunião que passaria a ser
transmitida. A reunião da CCJ seguiu no ar até depois das 13h.
Na quinta-feira, dia 16 de julho de 2015, a análise começou pelo
Conexão Senado, às 8h. O programa, mais uma vez manteve o seu
padrão informativo até o seu término às 8h58. Às 9h, iniciou a
transmissão ao vivo da reunião da Comissão de Agricultura e Reforma
Agrária, que debateu os serviços prestados de assistência técnica para a
agricultura familiar. A reunião da CRA foi transmitida até o final, às 11h14.
Em seguida, o locutor anunciou a realização de reunião na
Comissão de Relações Exteriores. Uma repórter entrou ao vivo com
informações direto da comissão. O colegiado ouvia o comandante do
Exército, general Eduardo Dias da Costa Villas-Boas, falando sobre a
Amazônia e fiscalização das fronteiras. A repórter informou o que já havia
sido realizado e o que ainda estava previsto para acontecer na audiência
pública. Após o boletim de 2 minutos, a transmissão passou para a CRE
até às 12h26.
Na sequência, o locutor anunciou que estava sendo realizada a
CPI do HSBC e que, em seguida, teria início a sessão plenária do Senado
Federal. Foram lidas notícias curtas sobre os trabalhos legislativos e, às
12h32, o áudio do plenário passou a ser transmitido. A sessão seguiu
sendo exibida ao vivo até depois das 13h.
Na sexta-feira, dia 17 de julho de 2015, às 8h, estava no ar o
Conexão Senado. A última edição da semana do radiojornal trouxe as
reportagens mais importantes dos últimos dias e também um balanço do
primeiro semestre legislativo. Também foram divulgadas informações
sobre as cidades que recebem sinal FM da Rádio Senado. Quadros
temáticos foram ao ar sobre temas diversos, sempre encontrando ponto
em comum com discussões e decisões do Senado Federal. Neste dia, o
programa encerrou às 8h58.
Às 9h, foi iniciada a programação musical, com o lembrete de que
estava prevista a realização de sessão plenária não-deliberativa, podendo
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iniciar a qualquer momento. Foram ao ar dois blocos musicais, com 3
canções em cada. O locutor anunciou, às 9h27, o início da sessão
plenária do Senado Federal de sexta-feira. Os discursos duraram até às
10h e, no encerramento da sessão, o locutor leu a lista de todos os
senadores que presidiram a sessão e todos os que se pronunciaram na
tribuna. Ainda foi lembrado que os áudios dos discursos estavam
disponíveis no site da emissora. A partir daí, até às 13h, foi ao ar a
programação musical da Rádio Senado, entremeada com notícias sobre
os trabalhos legislativos.
3.3 Diferenças elementares na cobertura da Rádio Câmara FM e da Rádio Senado FM
Um diferencial elementar entre as programações da Rádio Senado
e da Rádio Câmara aconteceu exatamente às 10h40 de quarta-feira, 15
de julho de 2015. A Rádio Câmara FM transmitia programação musical,
com blocos seguidos por reportagens e edições de seus programas de
entrevistas e sínteses noticiosas. Ao mesmo tempo, estavam sendo
realizadas nos corredores da Casa pelo menos 9 reuniões de comissões
(Figura 1 – a inscrição “ao vivo” refere-se à transmissão da TV Câmara ou
à possibilidade de acompanhar os debates pela internet).
Assim, é possível verificar que a Rádio Câmara não prioriza a
transmissão de suas comissões. O conteúdo legislativo é divulgado
prioritariamente pelo trabalho jornalístico e da produção de programas
especiais sobre o trabalho dos deputados e as discussões e decisões da
Casa.
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Figura 1 - Print screen da agenda legislativa da Câmara em 15-07-2015, às 10h44
Ao contrário, a Rádio Senado transmite comissões ao vivo durante
todas as manhãs e também à tarde, quando não há sessão plenária. A
prioridade dada é para os discursos e discussões diretas dos senadores,
com o mínimo de intervenção e mediação dos profissionais do veículo. O
espaço para os resumos, reportagens e repercussões está restrito a
faixas exclusivas da programação, onde entram os radiojornais e toques
informativos.
No mesmo horário citado acima (10h30 de quarta-feira, 15 de
julho), o Senado Federal sediava 5 reuniões de comissões (Figura 2). Na
imagem, é possível ver na coluna à esquerda, a lista das reuniões em
andamento naquele instante. A Rádio Senado transmitia ao vivo os
debates da Comissão de Serviços de Infraestrutura.
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Figura 2 - Print screen da agenda legislativa do Senado em 15-07-2015, às 10h45
Outra diferença básica nas transmissões da Rádio Câmara FM e
da Rádio Senado FM é o estilo de ancoragem. Os locutores da Rádio
Câmara tem a possibilidade de intervir no meio da transmissão, seja de
comissões ou de plenário, para fazer contextualizações. Eles se tornam
apresentadores da transmissão legislativa, como define Klöckner:
É o profissional que comanda, no ar, o programa de rádio. O apresentador é quem dá unidade e personalidade à programação, é o elo entre a rádio e o ouvinte, criando o contexto para cada assunto, tornando a notícia mais acessível. (Klöckner, 1997, p.77)
Já a Rádio Senado apresenta as transmissões ao vivo dando
preferência irrestrita à voz dos parlamentares. Os locutores se notabilizam
pela formalidade na condução da transmissão e atuam como corretores
de espaços deixados vazios, como silêncios entre pronunciamentos,
preenchidos com informações relevantes ao ouvinte e referentes ao que
está acontecendo naquele momento no Senado Federal.
Os dois pontos citados nesta seção do trabalho ajudam a elucidar o
desfecho das questões do início do capítulo. A Rádio Câmara exerce uma
liberdade maior na cobertura legislativa, o que a permite dar destaque a
sua produção própria e um poder de mediação informativa na cobertura
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legislativa. Sua programação linear prova exatamente isso. O foco do
conjunto de tudo que é levado ao ar pela emissora denota foco na
tradução e resumo ao ouvinte do que acontece na Câmara dos
Deputados.
Para isso, utiliza-se de diversos formatos jornalísticos e os
apresenta em sequência, priorizando esta produção ampla e diversificada
à transmissão pontual de discussões específicas, que deixaria outras sem
o mesmo espaço. O que poderia ser interpretado como redução do
espaço legislativo na programação também pode ser visto como
pluralidade de assuntos dividindo o mesmo espaço de divulgação.
A Rádio Senado segue o caminho oposto. O foco é dado na
transmissão pura do trabalho parlamentar e a produção da equipe de
profissionais da emissora é um apoio ao bom entendimento e à correta
recepção deste conteúdo pelo ouvinte. A produção jornalística é restrita
aos espaços previamente definidos, colocadas em horários que não se
chocam com as transmissões de comissões e plenário.
Os recursos utilizados pela emissora são a boa coordenação da
agenda dos trabalhos e sintonia entre equipe de estúdio e de retaguarda,
além de farto material de apoio para a manutenção da qualidade
informativa nos momentos onde a ancoragem é necessária. O ponto
positivo desta abordagem é a maior transparência do que é veiculado aos
ouvintes, ainda que ao custo de menor atratividade ao ouvinte comum de
rádio. A programação em fluxo está caracterizada, pois a transmissão se
repete ao longo do dia (comissões pela manhã, plenário à tarde e
programação musical à noite) tendo apenas a troca de ancoragem de
acordo com a escala.
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CONCLUSÃO
Este trabalho teve como foco uma análise comparada entre as
programações das rádios Câmara FM e Senado FM. Foi perceptível ao
longo do estudo que as duas emissoras têm uma finalidade semelhante,
adotando formatos diferentes. É possível concluir que as diferenças visam
um melhor aproveitamento dos espaços na programação para divulgar da
melhor forma o trabalho dos congressistas.
Os conteúdos dos programas das duas emissoras se assemelham
e possuem objetivos correlatos. Desde a programação matinal, antes do
período pesquisado, apresentam a ideia de aproximação com o ouvinte
que mora longe das grandes capitais, ainda que as emissoras não
tenham o alcance necessário para impactar de forma mais direta este
público, a preocupação com esta parcela de cidadãos se mostra forte nas
duas rádios.
A programação musical privilegia a música brasileira, seja nos
blocos normais veiculados ao longo do dia e da noite, seja nos programas
musicais produzidos pelas equipes das duas emissoras. A Rádio Câmara
ainda tem uma abertura a músicas estrangeiras na sua programação,
possuindo também programas semanais com foco nos gêneros de outros
países.
Os programas jornalísticos privilegiam o gênero informativo nas
suas edições de radiojornais. O maior ganho da Rádio Câmara é na
parceria com a TV Câmara, que proporciona um aumento considerável do
número de programas jornalísticos sobre os trabalhos dos deputados. Um
ponto a ser melhorado é a adequação das diferenças de linguagem entre
os dois veículos. Porém, na maioria dos casos, este problema é
equacionado pela boa qualidade de âncoras e entrevistadores.
A Rádio Senado também tem os seus destaques na cobertura
jornalística, principalmente no enfoque dado a temas importantes nas
reportagens especiais, além de boa capacidade de resumo das atividades
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legislativas em radiojornais ao longo do dia. Porém, a especialidade da
emissora está nas transmissões ao vivo e na capacidade de produção de
materiais de apoio sobre as votações de comissões e plenário.
Por fim, as diferenças conceituais das duas emissoras na cobertura
dos fatos matinais, durante a semana de análise, só reforça aquilo que
cada uma tem como pontos fortes. A Rádio Câmara prioriza a diversidade
de formatos de programas e pluralidade de atores dos fatos legislativos
em uma cobertura descentralizada. Já a Rádio Senado concentra
esforços nas transmissões ao vivo, dando o máximo de transparência aos
fatos tidos como mais importantes, ainda que outros necessitem ficar
inicialmente em segundo plano, para serem recuperados mais adiante nas
edições jornalísticas ao longo do dia.
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