O painel do Grau de Aprendiz no Rito Brasileiro por Carlos Magno A Araujo.pdf

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    Carlos Magno Ades de Araujo1

    Loja Manica Montanheses Livres nr. 009

    Juiz de Fora -

    O Painel do Grau de Aprendiz no Rito BrasileiroOutubro de 6014 (V

    L

    )

    1 - INTRODUO

    O painel ou quadro do grau de uso obrigatrio nos trabalhos dos trsgraus simblicos e nele esto representados os instrumentos detrabalho do maom em cada grau. No grau de aprendiz maom do RitoBrasileiro, o painel aberto pelo 2 Dicono aps o incio ritualstico dostrabalhos, quando a palavra sagrada transmitida pelo VenervelMestre. Nele possvel visualizar, alm do mao e do cinzel -

    instrumentos de trabalho do aprendiz maom, juntamente com a rgualisa, que no aparece no painel - alguns paramentos, ornamentos ejoias da Loja2. Convm ressaltar que no Rito Brasileiro, h diferenassutis do painel em relao a outros Ritos, como o Escocs e Francs,por exemplo no que tange posio das colunas.

    O objetivo desta pea de arquitetura, de carter introdutrio, dissecar a simbologia implcita no painel do grau de aprendiz no Rito Brasileiro, com a finalidade desubsidiar nossos Irmos, sobretudo os aprendizes, em seus estudos para que a subida da escadade Jac de torne mais fcil e iluminada. Para isso, comearemos nossa exposio decodificando osignificado do vocbulo aprendiz e de sua simbologia manica. Num segundo momento, o painel

    1 Obreiro ativo e regular da Augusta, Solidria, Benemrita e Grande Benemrita Loja Manica Montanheses Livres n 009, Rito Brasileiro,Oriente de Juiz de Fora, Minas Gerais.

    2Loja o local onde os maons se renem para trabalhar. O termo tambm se refere ao grupo de maons autorizados por uma Grande Loja a se

    reunirem. As primeiras Lojas reuniam-se em aposentos reservados de tavernas e, atualmente renem-se em seus prprios sales, (MACNULTY,

    2012) que representam o Templo de Salomo. De maneira mais informal, tambm chamamos as Lojas de Oficinas.

    Bloco 4 Carlos Magno Ades de Araujo

    O painel do Grau de Aprendiz no Rito Brasileiro

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    do grau de aprendiz ser abordado e sua simbologia explicada para, ento, finalizarmos com asconsideraes acerca da necessidade de que novos trabalhos sejam produzidos a fim de lanarmais luz sobre a questo em pauta.

    2 - O APRENDIZ MAOMSegundo o Dicionrio Houaiss da Lngua portuguesa (2001), o vocbulo aprendiz deriva

    etimologicamente do francs antigo aprentis (1175), e do latim vulgar apprenditicius, com os

    seguintes significados, dentre outros:I. Aquele que aprende uma arte ou ofcio;II. Por extenso, aquele que principia a aprender alguma coisa; aquele que apenas se

    iniciou em alguma aprendizagem; principiante, novato;III. Pessoa que tem poucos conhecimentos, pouca habilidade e/ou pouca experincia;IV. Maom do primeiro grau da maonaria simblica, admitido em todos os ritos e

    sistemas.

    Em maonaria, o aprendiz o nefito, ou seja, um novo adepto de uma doutrina. tambmaquele que no sabe falar, pois s tem trs anos e tambm ficava confinado por trs anos paraaprender a trabalhar nas corporaes de ofcio que constituam os pedreiros construtores de

    catedrais e outras grandes obras na Idade Mdia. Por esse motivo, no h palavra de passe no graude aprendiz. Esses pedreiros eram livres porque podiam circular entre diferentes localidades, o queem um mundo compartimentado em feudos no era definitivamente permitido a todas as pessoas.

    Ao aprendiz cabe aparar as arestas que o ligam ao mundo material. Ele deve desbastar apedra bruta, lapid-la para construir seu templo interior, livre dos vcios do mundo profano. SegundoDElia Junior (2013, p. 82) compete aos aprendizes a importante tarefa de desbastar sua ped rabruta, isto , de se desvencilhar dos prprios defeitos e paixes, que se constitui na principal everdadeira obra da sublime instituio. Seu lugar no templo do Rito Brasileiro na coluna do sul,pois afastada que est do equador e sobretudo do leste (oriente), onde a luz menos intensa, hajavista o aprendiz ainda no ter condies de olhar frontalmente para a luz, pois ela o cegaria. Emoutros ritos, como o Adonhiramita, diz-se que o aprendiz tem lugar no setentrio, ou seja, no norte,uma vez que a disposio do templo reproduz o hemisfrio norte (setentrional ou boreal). O fato deno Rito Brasileiro o aprendiz se colocar ao sul (meridional ou austral) explica a disposio do templono hemisfrio sul, que abarca cerca de 90% do territrio brasileiro.

    Os instrumentos de trabalho do aprendiz maom, na rdua tarefa de desbastar a pedra brutaso o mao, o cinzel e a rgua lisa. Falaremos nesta seo apenas da rgua lisa, pois a mesma noaparece no painel do grau de aprendiz. As demais ferramentas sero detalhadas na prxima seo,referente ao painel propriamente dito.

    A rgua lisa ou de 24 polegadas simboliza as 24 horas do dia e sua diviso em trs

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    seesde oito horas lembram ao aprendiz o tempo dedicado ao servio do Supremo Arquiteto do Universo4,ao trabalho e ao lazer e descanso. De acordo com Figueiredo (2013), a rgua um antigo smbolode retido, mtodo e lei. Alm de instrumento de trabalho, a rgua medida de tempo, ambas asfunes a servio da humanidade. Aslan (2012, p. 1158), assevera que em linguagem simblicamanica, portanto, a medida de 24 polegadas o Smbolo do tempo bem empregado. Para oautor, a rgua um emblema da perfeio, retido e do progresso da filosofia e tambm do infinito,pois uma reta no comeo nem fim5. No mesmo sentido, Camino (2010), recorda que o aprendizdeve seguir um caminho retilneo.

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    O ternrio est presente em toda a simbologia do grau de aprendiz, caracterizando-o.4 No Rito Brasileiro, Deus chamado de Supremo Arquiteto do Universo. Em outros ritos praticados no Brasil, mais comum

    Cham-lo de Grande Arquiteto do Universo.

    5Ressaltamos que a Maonaria um sistema moral, velado em smbolos e alegorias. Assim, matematicamente toda reta uma curva,

    mas no disso que se trata aqui, pois o que interessa so os significados simblicos.

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    3 - O PAINEL DO GRAU DE APRENDIZ NO RITO BRASILEIRO

    Figura 1

    Painel do grau de aprendiz no Rito Brasileiro.

    Fonte: Google imagens

    Vamos iniciar nossa explorao do painel do grau de aprendiz no Rito Brasileiro. A exposioque se segue no tem nenhum critrio de ordem, hierarquia ou importncia a partir do qualiniciaremos nossa conversa. A ordem de exposio de cada item foi aleatoriamente escolhida peloautor, com base apenas em sua subjetividade.

    Conforme revela a figura 1, instrumentos de trabalho do aprendiz maom, paramentos,ornamentos e joias constituem o quadro ou painel do grau. Iniciaremos nossa exposio pelosinstrumentos de trabalho que, alm da rgua lisa, trabalhada na seo anterior, so o mao (malho)

    e o cinzel. Esses instrumentos aparecem ao lado da Coluna B (Booz no Rito Brasileiro) e acima

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    dapedra bruta. Com esses instrumentos, o nefito tem a tarefa de desbastar simbolicamente a pedrabruta que existe em seu interior e, assim, erigir seu templo simblico, no qual as virtudes sobrepujemos vcios ou, conforme nosso ritual, que ele possa cavar masmorras ao vcio e erguer templos virtude. A pedra bruta, smbolo mais expressivo do grau de aprendiz, conforme o ritual do RitoBrasileiro, aparece amorfa, repleta de arestas que precisam ser aparadas na misso de transform-la em pedra cbica e, assim, transformar o maom em um ser humano menos imperfeito.

    So dois os paramentos, o Delta Luminoso e o Livro da Lei. Discorreremos somente sobre oDelta para no fugir aos objetivos dessa pea de arquitetura. O Delta, com o Olho Onividentesimboliza a Suprema Luz da Loja, a Glria do Criador. Situado atrs do Venervel Mestre, o Delta

    representa o Supremo Arquiteto do Universo, aquele que tudo v. Delta a quarta letra do alfabetogrego, emblema da Trindade. o smbolo da tripla fora indivisvel e divina que se manifesta comoVontade, Amor e Inteligncia csmicos, ou os polos negativo e positivo e o efeito de sua unio(FIGUEIREDO, 2013). O Delta, que um tringulo, pode ser interpretado tambm como aSabedoria, Fora e Beleza ou como Liberdade, Igualdade e Fraternidade (DELIA JUNIOR, 2013),ideais da Revoluo Francesa que constituem a aclamao do Rito Francs.

    Quanto aos ornamentos, so trs: o pavimento mosaico, do qual nos omitiremos de falarpelos motivos j explicitados, a orla dentada e o esquadro e o compasso.

    A orla dentada traz os pontos cardeais, conforme ilustra a figura 1, e representa o

    entrosamento e a unidade, que deve rematar com a harmonia representada pelo pavimentomosaico. Antigamente, era formada por fios entrelaados e at o sculo XVIII, os smbolos daOrdem eram desenhados com giz no cho, em que o entorno era preenchido por uma pesada corda

    6Acima aqui se refere a uma interpretao do painel como visto na forma de um quadro, ou seja, frontalmente ao observador. Portanto, a perspectiva

    mais topolgica e menos projetiva.

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    que representava aquilo que hoje chamamos de orla dentada (FIGUEIREDO, 2013). SegundoCamino (2010), a orla dentada simboliza a permanente unio dos maons. Os dentes, de acordocom o autor supracitado, simbolizam os planetas que gravitam em torno do sol.

    O compasso e o esquadro se apresentam juntos, como um s ornamento e simbolizam aaspirao dos homens para a justia e a retido, de acordo com o ritual de aprendiz maom do RitoBrasileiro. O esquadro forma as linhas retas em esquadria de 90. O compasso lhe alivia a

    incumbncia, pois responsvel pelos crculos. O esquadro tambm representa a matria, enquantoo compasso representa o esprito. Se no grau de aprendiz o esquadro est sobre o compasso, logodeduz-se que, nesse grau, a matria predomina sobre o esprito (DELIA JUNIOR, 2013). importante notar que, alm de ornamento, o esquadro e o compasso so as joias do VenervelMestre, autoridade mxima da Loja. Juntos, o esquadro e o compasso simbolizam o equilbrio e avida correta, a medida de um homem justo e o smbolo do prprio Deus, o gemetra (CAMINO,2010). O verdadeiro maom deve estar sempre entre o esquadro e o compasso, ou seja, devesubmeter sua vontade, vencer suas paixes e buscar desprender-se das iluses terrenas(FIGUEIREDO, 2013).

    Quanto s joias, so seis, trs mveis e trs fixas. As mveis so o esquadro-compasso (o

    esquadro sob o compasso), o nvel e o prumo. O nvel o o prumo adornam o Venervel e osVigilantes, sendo joias transferveis aos sucessores das trs luzes (Sabedoria, Fora e Beleza, ouseja, o Venervel Mestre, o 1 Vigilante e o 2 Vigilante).

    O nvel manico, conforme informa a figura 1, um tringulo no vrtice do qual se achaatado um fio a prumo, que divide o tringulo em dois esquadros certos, ou seja, formando doisngulos de 90 (ASLAN, 2012). O nvel simboliza a igualdade. Na Arte Real, todos os Irmos sonivelados, ou seja, esto no mesmo plano, no h ttulos ou honrarias do mundo profano que, emLoja, hierarquizem os maons. A esta igualdade manica est sujeito o personagem maispoderoso e elevado, como o mais humilde dos Iniciados, que no se distingue por outro ttulo, senoo de Irmo (ASLAN, 2012, p. 885). Ou ainda, nas palavras de Delia Junior (2013, p. 85), o nvellembra o dever de serem consideradas as coisas com a mesma igualdade e serenidade.

    O nvel um antigo instrumento de construo, caro aos maons operativos que precederamos especulativos, da sua simbologia para os francomaons. Incursionando pela mitologia, Aslan(2012) e Camino (2010), buscam as origens do nvel em trs personagens: Ddalo, que teria sadodo labirinto de Creta; Rhicus, arquiteto do Labirinto de Samos e; Teodoro, arquiteto do Templo deJuno, em Samos, todos h sculos antes da Era Vulgar.

    O prumo ou perpendicular est em relao coluna B e consiste em uma ferramenta dealvenaria que visa mostra se um objeto est colocado perpendicularmente ou no em relao ao

    horizonte, simbolizando na maonaria a atrao e a retido que devem resplandecer nos juzos doMaom, bem como representa a justia e a equidade. interessante observar que os sinais dosgraus so feitos pelo esquadro e pelo prumo (ASLAN, 2012). Em sntese, o prumo simboliza a vidadentro da mora ilibada (CAMINO, 2010). Com o auxlio do esquadro e do nvel, permite a construodas muralhas do Templo, segundo Figueiredo (2013).

    No painel do grau de aprendiz do Rito Brasileiro, vemos representados tambm trs degraus,uma corda com sete ns, as colunas B e J, com as roms nos capitis, as trs janelas, as pedrasbruta e cbica em suas respectivas colunas, o sol, a lua e as constelaes.

    Os trs degraus podem ser interpretados como a Escada de Jac, importante smbolo

    inicitico que representa a ascenso da Terra ao Cu. Assim, os degraus representariam a f, aesperana e a caridade. O aprendiz se posiciona no primeiro degrau, pois s iniciou sua subida pelaescada e seu progresso na maonaria depende, no custa recordar, do desbaste da pedra bruta, ouseja, de vencer suas paixes e submeter sua vontade, cavando masmorras ao vcio e erguendotemplos virtude.

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    Conforme Figueiredo (2013, p. 122), maonicamente, os degraus da escada doconhecimento que o postulante tem de subir gradativamente, at atingir o trono da sabedoria.Camino (2010) alerta para o erro de se imaginar que cada degrau da escada de Jac representa umgrau manico.

    A corda do painel pode ser interpretada simbolicamente como os laos que unem os maonsem todo o mundo. Emblematicamente, a corda foi um instrumento usado nas antigas construes

    para deslocar blocos de rocha. Os ns podem ser interpretados como os laos de amor manicos.Suas borlas, tambm representadas no quadro do grau de aprendiz, representam a temperana e acoragem, a justia e a prudncia (DELIAJUNIOR, 2013).

    As colunas B e J representam os pontos solsticiais: B, a coluna da beleza, o solstcio deinverno e J, a coluna da fora, o solstcio de vero. Nelas esto guardadas as ferramentas dosaprendizes e companheiros. Sua inspirao na maonaria oriunda da lenda do Templo deSalomo. Assim, as colunas um dos sustentculos ou adornos do Templo manico (FIGUEIREDO,2013). As roms colocadas sobre os capitis representam os maons espalhados pela Terra. Comoas sementes esto unidas, possvel evocarmos a fraternidade7que deve existir entre os homens.

    As janelas, outrora chamadas trapeiras, aparecem no painel do grau de aprendiz do RitoBrasileiro no Ocidente, Norte e Sul, Ora, se pelas trapeiras entra a luz, o fato de o Sul estardespojado das mesmas significa que o aprendiz est no escuro, ainda no capaz de visualizar aluz. Outra interpretao a de que as trapeiras simbolizam as principais horas do dia: a nascer dosol, que dissipa as trevas; o meio dia, que reduz as sombras ao mnimo e; o crepsculo e suabeleza. Os maons operativos orientavam suas obras de acordo com os pontos cardeais e a rotaoterrestre, uma vez que no havia luz eltrica nem alguma fonte de energia barata e sempredisponvel para iluminar as construes. Enfim, a trapeira do Oriente simboliza a suavidade daaurora, a do meio dia simboliza a fora e o calor, e a trapeira do Ocidente simboliza a luzenfraquecida que incita ao descanso.

    Com relao s pedras bruta e cbica, cremos j ter explicitado sua simbologia, portantopassaremos agora interpretao dos astros. Os astros so representados porque, segundo o ritualdo grau de aprendiz do Rito Brasileiro, os povos antigos eram astrlatras, ou seja, adoradores dosastros, julgando merecer-lhes a proteo. Dentre os exemplos desses povos temos os assrios e oscaldeus.

    O sol na maonaria simboliza a intelectualidade, o misticismo, o esprito de luz. Colocado nooriente, adverte os maons que estes esto sob seus raios luminosos (CAMINO, 2010). O VenervelMestre representa o sol nascente, haja vista se situar no oriente (leste), que onde, aparentementeo sol nasce. Aparentemente porque quem gira em torno do prprio eixo a Terra, ento, como

    observadores terrestres, temos a impresso que a abbada celeste se desloca sobre nossascabeas, quando na verdade a Terra que executa o movimento de rotao, cuja durao de 24horas e responsvel pela sucesso dos dias e das noites. Misticamente, o sol a dualidade deesprito e matria, e um inesgotvel manancial de vida e luz (FIGUEIREDO, 2013).

    A lua, satlite natural da Terra, tem no quadro do grau de aprendiz o significado decontrabalanar o sol. Enquanto o sol ilumina a coluna do norte, a lua aparece sobre a coluna do sul,na escurido onde se encontram os aprendizes em seus primeiros passos na Arte Real. A lua, deacordo com Camino (2010), simboliza o princpio feminino, da talvez se situar no painel no topo dacoluna do sul, embora no oriente. Ainda segundo o autor, as reunies semanais dos maons dizemrespeito aos ciclos lunares, usados para a contagem do tempo.

    No Rito Brasileiro, o teto do Templo azul, conforme revela o painel representado na figura 1.As constelaes aparecem prximas lua no painel por motivos bvios, quais sejam o de serimpossvel visualiz-las durante o dia. No teto do Ocidente aparecem a Ursa Menor com a EstrelaPolar. Aqui fazemos questo de salientar o carter simblico dessa representao, uma vez que a

    7Sobre a relao entre Maonaria e Fraternidade, conferir a pea de arquitetura de Araujo (2014).

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    Estrela Polar no pode ser vista do hemisfrio sul, representado tanto pelo Templo quanto pelopainel do grau de aprendiz no Rito Brasileiro. Embora no tenhamos encontrado nenhuma aluso aesse fato na literatura consultada, procuramos chamar a ateno para esse possvel erro ou, aocontrrio, ao fato dessa representao estar deliberadamente ligada, como muito comum naliturgia manica, a interpretaes bblicas. De qualquer forma, o objetivo no polemizar, mas tosomente enriquecer nossas interpretaes e conhecimento manico.

    4 - CONSIDERAES FINAIS AD UNIVERSI TERRARUM ORBIS SUMMI ARCHITECTI GLORIAM!Obviamente, no tivemos a pretenso de esgotar to rico e fascinante assunto, todavia

    esperamos ter contribudo no sentido de elucidar, dentro de nossas limitaes, a temtica queenvolve a simbologia do grau de aprendiz no Rito Brasileiro, cuja bibliografia uma tarefa por serrealizada. Especificamente no Rito Brasileiro, o segundo mais praticado no Brasil, existem graveslacunas bibliogrficas para os estudiosos interessados em se debruar sobre as caractersticas,arcanos e prticas do Rito. Nossa inteno, nessa pea de arquitetura, foi trabalhar com algum graude detalhamento cada smbolo que orna o painel do grau de aprendiz e, assim, podermosacrescentar literatura manica um tijolo que permita aos Irmos erigir, gradativamente, seuTemplo Interior. Nos escoramos, como a bibliografia consultada revela, em autores de outros ritos,

    alm da interpretao do autor acerca do Rito Brasileiro, construda sobretudo no mbito daconvivncia fraterna com os IIre Obreiros da Augusta, Solidria, Benemrita e Grande BenemritaLoja Manica Montanheses Livres n 009, do Oriente de Juiz de Fora, Minas Gerais. Nessa Oficina,onde fomos iniciados nos arcanos da Arte Real, tenho o privilgio de conviver com algumas dasmaiores autoridades do Rito Brasileiro. Assim, deixo junto a essa humilde contribuio literaturamanica, a coautoria dos IIr daquela Loja, queles que gentilmente nos receberam em nossaperegrinao para fazer jus ao nosso Landmark14, que discorre sobre a visitao, e aos autorescom quem dialoguei e cujos crditos esto na bibliografia.

    A todos o nosso TFA

    5 - Bibliografia

    ARAUJO, C. M. A. Modernidade e Fraternidade. Trabalho enviado para o XXI Encontro de Estudose Pesquisas Manicas e publicado no jornal eletrnico manico JB News, n 1498, em21/10/2014. Juiz de Fora: 2014.

    ASLAN, N. Grande Dicionrio Enciclopdico de Maonaria e Simbologia. Londrina: EditoraManica A Trolha, 2012.

    CAMINO, R. Dicionrio manico.So Paulo: Madras, 2010.

    DELIA JUNIOR, R. Maonaria:100 instrues de aprendiz. So Paulo: Madras, 2013.

    FIGUEIREDO, J. G. Dicionrio de Maonaria.So Paulo: Pensamento-Cultriz, 2013.

    GRANDE ORIENTE DE MINAS GERAIS; SUPREMO CONCLAVE AUTNOMO PARA O RITOBRASILEIRO. Ritual e instrues de Aprendiz Maom:Rito Brasileiro. Cataguases, MG: 2010.

    HOUAISS, A.; VILLAR, M. S. Dicionrio Houaiss da lngua portuguesa.Rio de Janeiro: Objetiva,2001.

    MACNULTY, W. K. A Maonaria:smbolos, segredo, significado. So Paulo: WMF Martins Fontes,2012.