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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
MARIA BELONI DOS SANTOS
O PAPEL E O FUNCIONAMENTO DA CORTE INTERNACIONAL DE
JUSTIÇA
CURITIBA
2015
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
MARIA BELONI DOS SANTOS
O PAPEL E O FUNCIONAMENTO DA CORTE INTERNACIONAL DE
JUSTIÇA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Direito da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Ciências
Jurídicas. Professor: Dr. Wagner Rocha D’Angelis.
CURITIBA
2015
TERMO DE APROVAÇÃO
MARIA BELONI DOS SANTOS
O PAPEL E O FUNCIONAMENTO DA CORTE INTERNACIONAL DE
JUSTIÇA
Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção do título de Bacharel no Curso de Ciências Jurídicas da Universidade Tuiuti do Paraná.
Curitiba, __ de ________________ de 2015.
_______________________________________
Prof. Doutor Eduardo de Oliveira Leite
Coordenador do Núcleo de Monografias
Universidade Tuiuti do Paraná
Orientador:______________________________
Prof. Dr. Wagner Rocha D’Angelis
Faculdade de Ciências Jurídicas
Universidade Tuiuti do Paraná
Prof. ____________________________________
Faculdade de Ciências Jurídicas
Universidade Tuiuti do Paraná
Prof.____________________________________
Faculdade de Ciências Jurídicas
Universidade Tuiuti do Paraná
Dedico este trabalho à minha mãe, Ema, e ao meu irmão Aroaldo que, por coração, me deram a inspiração e o apoio necessário para que o meu sonho se tornasse realidade.
Agradeço a Deus pela oportunidade de evoluir. À minha mãe Ema e meu irmão Aroaldo. Ao meu orientador Wagner Rocha D’Angelis, pela compreensão, correções, dicas e paciência em me orientar. A esta Universidade pela oportunidade de cursar Direito, com um corpo docente excelente. Aos amigos pelo apoio, companheirismo e incentivo. A todos os funcionários e colaboradores da Universidade Tuiuti do Paraná, pelo respeito e cordialidade.
“Posso não concordar com uma palavra do que você diz, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-lo."
- Voltaire.
LISTA DE SIGLAS
CIJ – Corte Internacional de Justiça
ONU – Organização das Nações Unidas
TESL – Tribunal Especial para a Serra Leoa
TIDM – Tribunal Internacional de Direito do Mar
TPIR - Tribunal Penal Internacional para Ruanda
RESUMO
Este trabalho visa fazer uma análise de como é o funcionamento da Corte Internacional de Justiça da ONU e como a ONU se comporta diante das situações em que é chamada a resolver conflitos nos tribunais de justiça. No presente trabalho, analisa-se o funcionamento do sistema jurídico internacional, apontando para o princípio da complementaridade e participação dos Estados. Citam-se ainda outros importantes tribunais no âmbito do direito internacional, tais como os Tribunais permanentes, como o Tribunal de Direito do Mar e o Tribunal Penal Internacional e, também, os Tribunais ad hoc. O método de pesquisa utilizado neste trabalho é a revisão sistemática de literatura, concentrando-se na coleta de dados em livros, artigos, dissertações, teses e revistas especializadas de Direito Internacional. Argumenta-se que a Corte Internacional de Justiça da ONU não é e, por enquanto, não será a última esperança para a correção dos graves erros e das grandes afrontas aos direitos dos povos. No entanto, é um importante passo da evolução humana em direção à pacificação dos povos. Palavras-chave: Direito Internacional. Sistema jurídico internacional. Corte Internacional de Justiça da ONU.
ABSTRACT
This paper aims to make an analysis of how the operation of the UN International Court of Justice and as the UN behaves in the face of situations where it is called upon to settle disputes in courts of law. In this paper, we analyze the functioning of the international legal system, pointing to the principle of complementarity and participation of States. It is still cite other important courts in the context of international law, such as the permanent courts, such as the Law of the Sea Tribunal and the International Criminal Court and also the ad hoc tribunals. The research method used in this work is the systematic literature review, focusing on data collection in books, articles, dissertations, theses and journals of international law. It is argued that the International Court of Justice UN is not, and for now will not be the last hope to correct the serious errors and big affronts to the rights of people. However, it is an important step in human evolution towards the pacification of the people. Keywords: International right. International legal system. International Court of Justice UN.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11
2 O SISTEMA JURÍDICO INTERNACIONAL ........................................................... 13
2.1 PRINCÍPIO DA COMPLEMENTARIEDADE: A PARTICIPAÇÃO DOS ESTADOS .................................................................................................................................. 13
2.2 TRIBUNAL INTERNACIONAL DE DIREITO DO MAR ........................................ 14
2.3 TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL ................................................................ 16
2.4 TRIBUNAIS “AD HOC” ........................................................................................ 19
3 DA CORTE INTERNACIONAL DE JUSTIÇA ........................................................ 22
3.1 ASPECTOS HISTÓRICOS .................................................................................. 22
3.2 ESTRUTURA ...................................................................................................... 23
3.3 OS JUÍZES AD HOC ........................................................................................... 25
3.4 A COMPETÊNCIA DA CORTE ........................................................................... 26
4 A CORTE INTERNACIONAL DE JUSTIÇA E AS IMPLICAÇÕES PARA O BRASIL ..................................................................................................................... 29
4.1 O BRASIL COMO ESTADO PARTE ................................................................... 29
4.2 AS DECISÕES DA CORTE COMO FONTE DE DIREITO INTERNACIONAL .... 30
4.3 POSICIONAMENTOS BRASILEIROS ................................................................ 31
CONCLUSÃO ........................................................................................................... 34
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 36
11
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho visa fazer uma análise do funcionamento da Corte Internacional
de Justiça (CIJ), órgão da Organização das Nações Unidas (ONU) e como tal
organização se comporta diante das situações as quais é chamada para resolver os
conflitos nos tribunais de justiça. O questionamento central talvez seja o que a Corte,
pela força que representa, deveria ser mais atuante como nos casos de estrangeiros
condenados à morte, assim como nos casos de genocídios praticados contra
aqueles a quem deveria proteger.
Sendo a Corte um órgão da ONU, e esta uma instituição independente e de
soberania indiscutível, não se deveria esperar que fosse chamada a intervir. A sua
manifestação e interferência, nos casos envolvendo massacres e desrespeito aos
direitos humanos, por exemplo, deveria se dar de forma imediata. Dessa forma,
surgem diversos questionamentos, dentre eles o de que, sendo a Corte Internacional
de Justiça o órgão mais importante da ONU, qual o fator impeditivo de uma atuação
mais abrangente da mesma.
O presente trabalho se volta ao funcionamento do sistema jurídico
internacional, apontando para o princípio da complementaridade e participação dos
Estados, principalmente, para a compreensão de tal problema de pesquisa. Além
disso, cita, ainda, além da Corte Internacional de Justiça – que é instância judicial
originária da ONU – outros três importantes tribunais no âmbito do direito
internacional, que é o Tribunal de Direito do Mar, o Tribunal Penal Internacional e os
Tribunais ad hoc.
Traz-se à baila o papel e o funcionamento da Corte Internacional de Justiça, a
qual é responsável por resolver os litígios não solucionados depois de esgotadas as
tentativas nos seus Estados de origem. Tem esse trabalho o objetivo primordial de
buscar conceitos e entendimentos doutrinários acerca do tema.
De forma bastante específica, se busca analisar a estrutura institucional, as
partes recorrentes e a forma de acesso à Corte Internacional, além da questão da
eficácia das decisões da Corte à luz dos pressupostos normativos.
Destaque, também, para importância da CIJ em sua relação com o Brasil, país
que tem um relacionamento de proximidade muito grande não somente pelo
envolvimento em diversos litígios, mas pela relevância também dos nomes que o
representaram na mais alta Corte de Justiça da ONU.
12
Por último, evidencia-se que esta Corte representa o foro de maior relevância
para a manutenção dos anseios da comunidade internacional e, consequentemente,
da manutenção do direito dos povos, mostrando-se extremamente necessária, uma
vez que a cooperação entre os povos é um objetivo bastante antigo no ordenamento
jurídico internacional.
13
2 O SISTEMA JURÍDICO INTERNACIONAL
Pode-se dizer que a função do sistema jurídico internacional é de disciplinar
as relações e litígios existentes entre os Estados, os litígios entre as organizações e
os conflitos entre organizações e Estados.
O sistema jurídico internacional divide-se em instâncias autônomas e
descentralizadas, a saber: a) Corte Internacional de Justiça; b) Tribunal de Direito do
Mar; c) Tribunal Penal Internacional; d) Tribunais “ad hoc”.
Todos esses Tribunais observam o princípio da complementaridade, bem
como não mantém hierarquia de subordinação entre si.
2.1 PRINCÍPIO DA COMPLEMENTARIEDADE: A PARTICIPAÇÃO DOS ESTADOS
No funcionamento dos tribunais internacionais da ONU está presente um
princípio específico que é o da complementaridade.
Este princípio encontra-se nas características de todos os Tribunais
Internacionais. O Tribunal Penal Internacional, por exemplo, serve como um
instrumento de complementação às jurisdições penais existentes nos Estados
decorrendo de previsão específica do Estatuto de Roma, que o criou em 1998
(CARDOSO, 2012, p. 42).
De acordo com o princípio da complementaridade, ele vem para
complementar os sistemas judiciais dos Estados quando os mecanismos de
soluções são insuficientes. No entanto, com o apresentar dos argumentos dos
Estados, entendeu-se que seria importante presumir certa estabilidade e um
funcionamento adequado na solução das controvérsias pelos tribunais nacionais
(BIATO, 2002, p. 19).
Com o objetivo de alcançar a complementariedade como uma medida
concreta, foi preciso que se analisasse e se buscasse um ponto de equilíbrio entre
dois pontos importantes. A primeira ordem de questões a ser discutida é quanto à
soberania. Leva-se em consideração dentro dela o atributo de cada Estado em
garantir a aplicação da lei interna para todos os indivíduos pertencentes àquele
Estado, bem como na esfera penal, além da cível. Caso tenham sido descumpridos
os preceitos determinados no ordenamento jurídico penal, isto é, caso haver sido
cometidos crimes pelos indivíduos no território nacional, deverão ser impostas
14
sanções penais, por meio de um processo sendo garantido ao acusado contraditório
e ampla defesa, como é o caso do Brasil. Além disso, a possibilidade, como
prerrogativa, do Estado em utilizar de coerção para a aplicação e cumprimento das
leis dentro do território. E, por último, a obrigação de ordem primária em promover e
assegurar o respeito aos direitos humanos (CARDOSO, 2012, p. 43).
Em suma, para a garantia de tais expectativas, após a falha, por assim dizer,
do ordenamento jurídico interno, há a possibilidade de se acessar instâncias judiciais
internacionais.
O ponto incisivo sobre a garantia dos direitos humanos, acima referida, em
razão de atos em detrimento do respeito à dignidade da pessoa humana, deve-se ao
fato de que em repetidas situações, violações graves e sistemáticas dos direitos
humanos foram cometidas impunemente por indivíduos em nome dos Estados, tanto
no âmbito interno quanto no plano internacional (CARDOSO, 2012, p. 43).
Os direitos humanos e a dignidade da pessoa humana, como um todo, é a
premissa mais importante nos ordenamentos jurídicos por todo o mundo,
principalmente no âmbito internacional, onde o clima de tensão impera, sendo foco
uma cooperação jurídica em diversas matérias, onde a central é o bem-estar e a
harmonia entre os povos.
No sistema jurídico internacional encontram-se alguns Tribunais específicos
capitaneados pela ONU. São eles: a) A Corte Internacional de Justiça; b) O Tribunal
de Direito do Mar; c) O Tribunal Penal Internacional; e d) Tribunais ad hoc.
Entre os Tribunais ad hoc cita-se o Tribunal ad hoc de Haia, para crimes de
genocídio da ex-Iugoslávia; o Tribunal ad hoc de Arusha, para crimes de genocídio
em Ruanda; e o Tribunal ad hoc de Serra Leoa.
A CIJ, ponto central deste estudo, será objeto de análise no Capítulo 3. Já os
demais Tribunais passam a ser comentados a seguir.
2.2 TRIBUNAL INTERNACIONAL DE DIREITO DO MAR
Na análise do Tribunal Internacional de Direito do Mar (TIDM), órgão
chancelado pela ONU, é preciso falar de alguns aspectos envolvendo tanto a criação
como os desdobramentos de suas decisões.
15
O Tribunal de Direito do Mar foi legitimado pela Convenção de Direito do Mar
de 1982 adquirindo jurisdição universal sobre qualquer interpretação dos textos
referentes a direito marítimo.
O Tribunal foi instalado em 1996, em Hamburgo, na Alemanha. A criação
dele, em 1994, constitui-se como um grande avanço para a segurança jurídica do
sistema jurídico Internacional, sendo resultado, também, do movimento mundial para
disciplinar a sua delimitação e contribuição jurisprudencial, a utilização de um
patrimônio comum da humanidade economicamente relevante e, além disso, espaço
de disputas e de potenciais conflitos entre os povos, e espaço biodiverso de
fundamental importância para a própria manutenção da espécie humana
(MENEZES, 2014, p. 491).
Mesmo instalado em Hamburgo, sua atuação não tem limitação territorial,
podendo exercer suas funções onde achar desejável.
O TIDM tem como competência todas as disputas que versem sobre a
interpretação ou aplicação da Convenção de Montego Bay e acordos multilaterais
que foram inseridos na Convenção sobre o Direito do Mar (MENEZES, 2014, p.
491). Segundo Menezes (2014, p. 243), “a jurisdição do Tribunal é imperativa nos
casos que se relacionem liberação de embarcações e de seus respectivos grupos”.
O TIDM é formado por um grupo de vinte e um juízes independentes que são
indicados com o fundamento da distribuição geográfica com o fim de julgar litígios
sobre o direito do mar entre os Estados-membros. Esses juízes devem possuir:
“reputação ilibada, integridade moral, notável saber jurídico e de reconhecida
competência na matéria sobre o direito do mar” (MENEZES, 2014, p. 505).
Observa-se que no sistema jurídico internacional o Tribunal Internacional de
Direito do Mar é uma corte que tem um objetivo universal igual aos demais tribunais,
a pacificação dos povos.
Um ponto bastante importante deste Tribunal é que ele é bastante acessível e
a todos, tanto empresas públicas, como pessoas físicas ou jurídicas em geral.
A Convenção das Nações Unidas sobre Direito do Mar trouxe exatamente o
que se precisa saber sobre tal Tribunal, uma vez que fica claro que os Estados
Partes precisam de uma jurisdição internacional que cuide dos direitos do mar, que
vão da preservação das espécies até a navegação de embarcações em águas
internacionais.
16
Nesta linha, entende-se que os atores que transgredirem regras internacionais
de direitos humanos ou outras no plano internacional devem receber sanções. E
nessa linha de raciocínio, aparece outro Tribunal importante da ONU, o Tribunal
Penal Internacional, que se analisa a seguir.
2.3 TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL
O Tribunal Penal Internacional (TPI) foi criado para passar uma ideia de
segurança à sociedade internacional, afirmando que a justiça deve estar acima de
todos. O TPI foi criado com base em um tratado internacional intitulado Estatuto de
Roma, assinado por 120 países, em 1998.
Nele, se processam os crimes de maior gravidade e de alcance internacional,
conforme estabelecido pelo próprio Estatuto supracitado. Sua sede é em Haia, nos
países baixos, mas poderá funcionar em outro local sempre que entender
conveniente, conforme dispõe o artigo 3º do Estatuto de Roma.
Apesar de intensos debates, no Estatuto de Roma prevaleceu a tese de
consentimento automático, pelo qual, foram afastadas as opções que previam
cláusulas opcionais, ainda que algumas delegações houvessem manifestado
preferência por mecanismo rígido para crimes de guerra e crimes contra a
humanidade, é o Tribunal Penal Internacional que assume o processamento e
julgamento de tais crimes quando ocorrem (CARDOSO, 2012, p. 67).
No Brasil, por exemplo, o Tribunal Penal Internacional somente irá interferir,
caso o Estado for omisso, uma vez que a Constituição Federal proíbe
terminantemente quaisquer situações degradantes, como seria o caso da tortura e o
genocídio, por exemplo. Caso fosse omisso na aplicação da pena e na apuração dos
fatos, o TPI assume o processamento e julgamento do feito, por uma questão de
ampla jurisdição e por existir para proteger a integridade e harmonia entre os povos,
sendo órgão da ONU.
Há uma corrente doutrinária que afirma que a vocação do TPI é universal.
No plano teórico, a não singularização de situações particulares é um dos
traços distintivos do Tribunal Penal Internacional em comparação com os órgãos ad
hoc, que foram criados para julgar crimes cometidos em áreas geográficas
específicas. Concebido para atuar em contexto territorial o mais amplo possível, um
dos objetivos dizia respeito à possibilidade de a jurisdição do TPI ser exercida de
17
modo geral e uniforme, gerando um intenso debate acerca do tema. O artigo 13 do
Estatuto de Roma (que foi recepcionado pelo Decreto nº 4.388/2002 no Brasil)
dispõe sobre o exercício da jurisdição do TPI, veja-se:
Artigo 13. Exercício da Jurisdição. O Tribunal poderá exercer a sua jurisdição em relação a qualquer um dos crimes a que se refere o artigo 5º, de acordo com o disposto no presente Estatuto, se: a) Um Estado Parte denunciar ao Procurador, nos termos do artigo 14, qualquer situação em que haja indícios de ter ocorrido a prática de um ou vários desses crimes; b) O Conselho de Segurança, agindo nos termos do Capítulo VII da Carta das Nações Unidas, denunciar ao Procurador qualquer situação em que haja indícios de ter ocorrido a prática de um ou vários desses crimes; ou c) O Procurador tiver dado início a um inquérito sobre tal crime, nos termos do disposto no artigo 15.
Nota-se que o Tribunal Penal Internacional é resultado de um processo de
busca pela Justiça, que se originou dos tribunais penais militares, principalmente
aqueles criados no término da 2ª Guerra Mundial. O Tribunal Penal Internacional é
um instrumento importante de combate a crimes de guerra e crimes contra a
humanidade (PEIXOTO,1998, p. 32).
Conforme o próprio Estatuto de Roma, os crimes de natureza mais grave de
competência do Tribunal Penal Internacional, são os crimes de homicídio,
extermínio, escravidão, deportação ou transferência forçada de uma população,
prisão ou outra forma de privação da liberdade física grave, em violação das normas
fundamentais de direito internacional, tortura, agressão, escravatura, prostituição
forçada, esterilização forçada ou qualquer outra forma de violência do campo sexual
de gravidade comparável, bem como perseguição de um grupo ou coletividade que
possa ser identificado, por motivos de opção pessoal. Além desses, o
desaparecimento forçado de pessoas e apartheid, bem como quaisquer outros atos
desumanos nesta mesma linha (ESTATUTO DE ROMA, 1998, artigo 7º).
Tais crimes, elencados no rol dos crimes contra a humanidade, o são porque
para serem caracterizados devem ser direcionados a uma população civil, como
ataque generalizado ou sistemático, como bem traz o enunciado do próprio artigo 7º.
Essa forma didática de apresentação contida no Estatuto de Roma demonstra o
quanto é importante o papel do TPI na ordem jurídica internacional na harmonia dos
povos e para a compreensão dos Estados Partes.
18
Além dos crimes contra a humanidade, há o genocídio, previsto no artigo 6º
do Estatuto. Tal Estatuto, por sua vez, traz o próprio conceito de genocídio para fins
de julgamento no TPI e interpretação da palavra no plano internacional. Não se fala
em qualquer genocídio, mas naquele referido e trazido pelo Estatuto. Veja-se:
Para os efeitos do presente Estatuto, entende-se por "genocídio", qualquer um dos atos que a seguir se enumeram, praticado com intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso, enquanto tal: a) Homicídio de membros do grupo; b) Ofensas graves à integridade física ou mental de membros do grupo; c) Sujeição intencional do grupo a condições de vida com vista a provocar a sua destruição física, total ou parcial; d) Imposição de medidas destinadas a impedir nascimentos no seio do grupo; e) Transferência, à força, de crianças do grupo para outro grupo.
Além desses, os crimes de guerra e o crime de agressão, este último tendo
que ter uma disposição em que se defina o crime e as condições em que o Tribunal
terá a competência para interferir e julgar.
A existência do Tribunal Penal Internacional representa uma conquista da
humanidade e garante que os responsáveis pelos crimes contra a humanidade não
ficarão impunes. Quanto aos crimes de competência do TPI, trazidos pela ONU
como core crimes, são os crimes de uma gravidade maior no plano internacional,
conforme supracitados (GARCIA, 2015, p.1).
Um ponto relevante a se observar é que pelo próprio texto legal se percebe
que o Tribunal não tem a função de tomar para si todas as liberdades concernentes
a qualquer crime que for cometido dentro do território nacional do Estado Parte, mas
sim o de dar apoio e subsídio quando o crime chocar a tal ponto o juiz singular de
competência interna que o mesmo não conseguirá emitir um julgamento sem estar
envolvido emocionalmente.
Quanto à composição do Tribunal, há a presidência, as seções de recurso, de
julgamento e de instrução, o gabinete do procurador e a secretaria, descritos
respectivamente nos artigos 38, 39, 42 e 43, entendidos como próprios órgãos do
TPI.
19
2.4 TRIBUNAIS “AD HOC”
No sistema jurídico internacional existe a possibilidade de criação dos
Tribunais ad hoc, cuja característica é serem temporários ou provisórios, e com o fim
de julgar e punir algumas condutas relacionadas a crimes de guerra e desrespeito
aos direitos humanos.
Um exemplo desse tipo de tribunal foi o estabelecido em Ruanda para julgar
os responsáveis pelo massacre ocorrido no país após confronto entre duas tribos
rivais: Bahutu (atualmente Hutus) e Batutsi (hoje Tutsis). O grupo maior era de Hutus
que, em 1994, promoveu um verdadeiro massacre contra o grupo minoritário Tutsi.
Segundo Castro (2010):
Culturalmente, estes grupos detinham a mesma língua e os mesmos costumes; contudo, a influência externa foi determinante para a transformação social do país na medida em que a definição de fronteiras e o estabelecido da burocracia colonial deram margem a uma luta por poder sobrepujante e discriminatório.
O Tribunal Penal Internacional para Ruanda (TPIR) foi criado pelo Conselho
de Segurança da ONU pela Resolução nº 955/1994 e tem sede em Arusha
(Tanzânia). O TPIR foi estabelecido para julgar os responsáveis pelo genocídio e
outras sérias violações às leis humanitárias internacionais do país (AKYIAMA, 2014,
p. 4). O TPIR julgou e condenou vários responsáveis pelo genocídio em Ruanda, e
continua em funcionamento.
Outro conhecido Tribunal ad hoc foi o estabelecido em Serra Leoa. O Tribunal
Especial para Serra Leoa tinha como objetivo julgar e condenar os responsáveis
pelos massacres promovidos em uma década de guerra civil naquela região
africana. A instalação de um tribunal internacional específico àqueles fatos decorreu
de um pedido do então presidente de Serra Leoa, Ahmed Kabbah, em junho do ano
2.000, por não ver segurança jurídica nas instituições do País. Neste sentido, De
Paula (2014, p. 44) relata:
O presidente Kabbah, diante da total destruição do sistema judiciário de Serra Leoa, enviou uma carta em junho de 2000 ao Secretário-Geral da ONU requerendo ajuda da Organização para a instituição de um tribunal de caráter especial, dotado de mandato para julgar os maiores responsáveis por graves violações ao direito humanitário no território serra-leonês. Em agosto de 2000, o Conselho de Segurança aprovou a Resolução 1.315, em que autorizava a criação de um “tribunal independente e de caráter
20
especial” e recomendava que a jurisdição de tal corte incluísse crimes contra a humanidade, crimes de guerra e outras sérias violações ao direito humanitário internacional, além de crimes relevantes sob a legislação serra-leonesa, concedendo ao Tribunal seu caráter híbrido. Seria sediado em Freetown, capital de Serra Leoa, de modo a facilitar os procedimentos.
O Tribunal Especial para a Serra Leoa (TESL) foi um tribunal estabelecido de
forma diferente dos outros de caráter temporário, porque foi mediante acordo entre o
governo de Serra Leoa e a ONU, na modalidade de tribunal híbrido, ou seja,
harmonizando a lei interna com a lei externa.
Assim sendo, em agosto de 2000, o Conselho de Segurança aprovou a
Resolução 1.315, em que autorizava a criação do tribunal com sede em Freetown,
com jurisdição sobre crimes contra a humanidade, crimes de guerra e outras sérias
violações ao direito humanitário internacional (CONSELHO DE SEGURANÇA DA
ONU, 2000).
Este tribunal entrou para a história, principalmente, porque nele foi
condenado, em 2012, a 50 anos de prisão, o ex-presidente da Libéria, Charles
Taylor, por colaborar e ser cúmplice de múltiplas atrocidades cometidas por uma
força rebelde no país vizinho a Serra Leoa (TERRA, 2012).
Na mesma linha, cita-se o Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia.
Esse tribunal pretendia julgar e condenar os responsáveis pelo massacre étnico na
região dos Balcãs, como bem colocado por Santos Júnior (2014), veja-se:
Os conflitos na região da ex-iugoslávia eram de natureza étnica, e após um decreto presidencial de Slobodan Milosevicque revogava o estatuto especial de autonomia das Províncias de Vojvodina e do Kosovo, reconhecido pela Constituição iugoslava, vindo a ameaçar os regimes políticos das outras repúblicas. O conselho de Segurança da ONU condenou as ações de violação aos Direitos Internacional Humanitário por decorrência dos conflitos, colocando em risco a paz e segurança internacional.
O Tribunal Penal Internacional ad hoc para a antiga Iugoslávia foi
estabelecido por determinação da Resolução n. 827 do Conselho de Segurança das
Nações Unidas, de 25 de Maio de 1993, com o objetivo de dar uma resposta ao
problema das inúmeras vítimas dos crimes cometidos durante as Guerras Iugoslavas
que resultou na fragmentação em diversos Estados do antigo território iugoslavo.
Principalmente, ele foi instalado com o objetivo de julgar crimes de genocídio, mas
também crimes contra a humanidade e crimes de guerra (estes, com base nas
Convenções de Genebra de 1949).
21
O Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia foi um passo importante
em direção à punição dos responsáveis por crimes de guerras e massacre de
caráter étnico. De acordo com Santos Júnior (2014), o Tribunal condenou cerca de
160 pessoas “por sérias violações ao Direito Humanitário Internacional, também
levado a prisão pelo tribunal o então presidente da Sérvia Slobodan Milosevic sob a
acusação de genocídio e crimes contra a humanidade”.
Dessa forma, após relato sucinto sobre os demais mecanismos do sistema
jurídico internacional, percebe-se a estrutura capitaneada pela ONU de Tribunais
que possuem jurisdição e competências específicas para possíveis conflitos
existentes entre os Estados.
Nesta linha, é importante aprofundar comentários acerca do papel da Corte
Internacional de Justiça da ONU, objeto de estudo do presente trabalho
monográfico, conforme se analisa a seguir.
22
3 DA CORTE INTERNACIONAL DE JUSTIÇA
3.1 ASPECTOS HISTÓRICOS
A Corte Internacional de Justiça da ONU encontra-se sediada em Haia, nos
Países Baixos. De acordo com Piovesan (2002, p. 34), essa cidade tem um
importante valor histórico, especialmente para o Direito Internacional, pois nela
ocorreram as duas importantes Convenções: a Primeira Convenção para a
Resolução Pacífica de Controvérsias Internacionais (1899) e a Segunda Convenção
para a Resolução Pacífica de Controvérsias Internacionais (1907). Nesta última
convenção, o advogado brasileiro Ruy Barbosa teve importante papel, adquirindo a
alcunha de “Águia de Haia”.
Em Haia, foi instalada a Corte Internacional em 1945, em substituição à Corte
Permanente de Justiça Internacional (CPJI), que se vinculava à extinta Sociedade
das Nações. Segundo Farache (2010), o fundamento para esta alteração está
disciplinado no artigo 92 da Carta das Nações Unidas, que dispõe:
Artigo 92. O Tribunal Internacional de Justiça será o principal órgão judicial das Nações Unidas. Funcionará de acordo com o Estatuto anexo, que é baseado no Estatuto do Tribunal Permanente de Justiça Internacional e forma parte integrante da presente Carta.
Inicialmente, esta corte era denominada Corte Permanente de Justiça
Internacional (CPJI). De acordo com Rezek (2005, p. 356), esse Tribunal não se
constitui como uma inovação no cenário mundial, pois já havia existido outro órgão
no âmbito internacional com competência parecida. Explica Rezek (2005, p. 368):
Após o término da Segunda Guerra Mundial, a Corte de julgamento de Haia ressurgiu na mesma sede, no entanto, com outro nome: Corte Internacional de Justiça (CIJ), e constitui como presente na Carta da ONU, um órgão dessa organização. Assim, o Estatuto da Corte voltou a ser o que havia sido editado em 1920, conservando-se até a numeração dos artigos.
Desta forma, a Corte Internacional de Justiça da ONU constituiu-se como um
órgão de cunho internacional, com regramento (estatuto) específico, tratando do seu
funcionamento e dos procedimentos para o julgamento dos casos e possíveis
consultas postas à sua apreciação.
23
Importante destacar que é o principal órgão judiciário das Nações Unidas,
com função principal de solucionar, tendo em vista o direito internacional, as
disputas legais submetidas por Estados, prestando assistência por meio de
pareceres quando consultada (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - USP).
3.2 ESTRUTURA
A Corte Internacional de Justiça da ONU é composta por quinze juízes eleitos,
que são independentes e efetivos. De acordo com Marques (2010), esses juízes
possuem mandato de nove anos, sendo possível a reeleição uma vez; no entanto, é
vedado que dois juízes de um mesmo Estado integrem a Corte. Sobre o rodízio dos
membros, acrescenta o autor que “as eleições são a cada três anos e ocorrem em
Nova Iorque”.
Uma crítica por parte da doutrina se refere ao fato de que os juízes deveriam
ser escolhidos pela sua competência e não com relação a sua nacionalidade. Para
Marques (2010), se esse fosse o critério, as votações, não gerariam distinções na
escolha dos juízes por influência dos Estados Permanentes do Conselho de
Segurança da ONU.
Importa ressaltar que cada país membro permanente do Conselho de
Segurança tem um juiz indicado para atuar na Corte Internacional. É o que
reconhece Rezek (2005, p. 540), conforme se vê:
Na realidade vê-se que determinados países — membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU — sempre tiveram na composição da Corte um nacional seu. Tal o caso da França, do Reino Unido, dos Estados Unidos e da Rússia. É também, desde os anos oitenta, o caso da China.
Tal preferência é embasada e autorizada pelo Estatuto da Corte Internacional
de Justiça.
No mesmo sentido, Accioly (2012, p. 842) comenta que “mesmo o Estatuto
aduzindo que os juízes serão eleitos sem consideração à sua nacionalidade, na
prática, a Assembleia Geral e o Conselho se atêm às indicações dos cinco grandes
grupos da organização”.
A sua imparcialidade e suas posturas perante a sociedade em que vive são
fundamentais que sejam avaliadas, uma vez que tais julgadores terão em suas mãos
24
as causas mais importantes do mundo. O mesmo entendimento no que tange esta
matéria é apontado por Husek (2012, p. 223):
Serão elegíveis os juízes que tenham uma alta integridade moral e possuam condições exigidas pelos respectivos Estados de que são nacionais para o desempenho das mais altas funções judiciárias, ou, então, que sejam jurisconsultos de reconhecida competência em direito internacional. O estatuto da corte disciplina que os juízes eleitos representem as mais altas formas de civilização e os principais sistemas jurídicos do mundo.
Com esse intuito de ter os mais renomados ordenamentos jurídicos
representados na Corte é que se procede às eleições. Os juízes membros do
Tribunal serão sempre juízes independentes. Eles devem fazer uma declaração em
audiência pública afirmando que serão imparciais. Seu mandato exige dedicação
exclusiva, razão pela qual é vedado ao magistrado exercer qualquer outra atividade
profissional durante o período em que figurará como juiz da Corte (MARQUES,
2010).
Sabe-se, no entanto, que em razão de questões puramente políticas, os juízes
que deveriam se tratar de renomados juristas, de reputação ilibada e notório
conhecimento jurídico, muitas vezes são trocados por indivíduos que possuem
ligação com os representantes de seu país que fazem parte do Conselho de
Segurança, portanto, muitas vezes, não se tem chances de incluir indivíduos que
fariam a diferença na Corte, por justamente o Conselho de Segurança ter
preferência de indicação.
Apesar disso, o Brasil tem um representante na Corte, que se trata do juiz
Antônio Augusto Cançado Trindade, cujo mandato finaliza em 2018. Além disso, o
Brasil já teve de 1946 a 1951 José Philadelpho de Barros e Azevedo, de 1951 a
1955 Levi Fernandes Carneiro, Francisco Rezek de 1996 a 2006 e José Sette-
Camara de 1979 a 1988 (INTERNACIONAL COURT OF JUSTICE, 2010).
Importa ressaltar que a Corte Internacional de Justiça é atuante, sendo que de
22 de maio de 1947 a 23 de outubro de 2015, 161 casos foram inscritos na lista
geral da Corte, mas em 2015 ainda nenhum caso foi inscrito (INTERNACIONAL
COURT OF JUSTICE, 2015).
As informações a respeito dos casos em discussão no Tribunal são públicas,
podendo ser acessadas por qualquer indivíduo.
25
3.3 OS JUÍZES AD HOC
Analisando o Estatuto da Corte Internacional de Justiça, vê-se a previsão
quanto à possibilidade de funcionamento de uma demanda com juízes ad hoc. De
acordo com Marques (2010), a nomeação destes juízes é feita para que se atenda
ao princípio de igualdade entre os Estados, especialmente quando o Estado não
tiver um magistrado que os represente na Corte. Assim dispõe o art. 31 do Estatuto
da CIJ:
Os juízes da mesma nacionalidade de qualquer das partes conservam o direito de funcionar numa questão julgada pela Corte. Se a Corte incluir entre os seus membros um juiz de nacionalidade de uma das partes, qualquer outra parte poderá escolher uma pessoa para funcionar como juiz. Essa pessoa deverá, de preferência, ser escolhida dentre os que figuram entre os candidatos a que se referem os Artigos 4 e 5. Se a Corte não incluir entre os seus membros nenhum juiz de nacionalidade das partes, cada uma destas poderá proceder à escolha de um juiz, de conformidade com o parágrafo 2 deste Artigo. [...]. (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – USP).
O referido artigo ainda disciplina que se houver diversos Estados interessados
numa mesma questão, ambos serão vistos como se fosse uma parte só. Neste
sentido, Husek (2012, p. 224) argumenta que essa previsão dos juízes ad hoc tem
como objetivo elevar o nível de credibilidade na Corte Internacional de Justiça,
porque os juízes escolhidos temporariamente estariam de certa forma mais próximos
das questões do Estado não representado por juiz permanente.
Por sua vez, Rezek (2005, p. 356) relata que a utilização de um magistrado ad
hoc é uma opção dada às partes, mas a participação deste juiz estará delimitada ao
processo. Os magistrados temporários compõem da mesma maneira que os
permanentes a Corte Internacional de Justiça no julgamento do caso específico.
Segundo Marques (2010, p. 7) esses juízes: “farão jus a todos os privilégios e
imunidades de que gozam todos os outros juízes, assim como deverão respeitar e
cumprir todas as obrigações que lhe correspondem”.
Sendo assim, a Corte Internacional de Justiça tem como objetivo promover
também a igualdade e preservar a credibilidade dada a ela por meio de tantos anos
de trabalho dedicado à comunidade internacional. Dessa forma ela promove um
ambiente harmonioso para as ações para as quais tem competência para atuar.
26
3.4 A COMPETÊNCIA DA CORTE
A Corte Internacional de Justiça da ONU tem uma competência bastante
ampla. A respeito dela, Marques (2010, p. 8) observa que:
A Corte Internacional de Justiça possui competência ampla em razão da matéria (ratione materiae), na medida em que abrange todas as questões a ela submetidas pelos Estados, bem como todos os assuntos especialmente previstos na Carta das Nações Unidas e nos tratados e convenções em vigor.
A referida Corte é a de maior relevância no cenário internacional atual e em
alguns casos é denominada como “Corte Mundial”. Mas a sua importância é limitada
pela ausência de hierarquia jurídica internacional (HEE MOON JO, 2001, p. 235).
Significa dizer, por exemplo, que sua importância é definida quando faltam
mecanismos internos para resolver determinado conflito. Caso não seja possível
resolver, acionam-se os tribunais internacionais, que, de acordo com a matéria e
com o país envolvido, atuam para resolução do conflito, mas sem hierarquia externa.
Da mesma maneira que se procedeu à criação da CIJ, houve o surgimento de
tribunais internacionais pelo consentimento das partes envolvidas, como é o caso
tanto da Corte de Haia, quanto da Corte das Comunidades Europeias, da Corte
Europeia de Direitos Humanos e também da Corte Interamericana para Direitos
Humanos, entre outras (HEE MOON JO, 2001, p. 236).
A competência da Corte Internacional de Justiça da ONU é tão ampla que ela
pode apreciar qualquer matéria. De acordo com Accioly (2012, p. 445):
No tocante às matérias que poderá analisar (ratione materiae), sua competência estende-se a todas as questões que as partes lhe submetam, bem como a todos os assuntos previstos na Carta das Nações Unidas ou em tratados e convenções em vigor. No tocante a quem poderá postular perante a Corte (ratione personae), sua competência abrange apenas os estados, sejam ou não membros das Nações Unidas.
Dessa maneira, verifica-se que a competência da Corte abrange as matérias
que a Carta das Nações Unidas, Tratados Internacionais e Convenções disporem. O
Estado envolvido pode submeter à Corte a interpretação de um tratado internacional
e, ainda, a reparação pelo descumprimento de um compromisso e/ou acordo
27
internacional. Essa previsão está disposta no artigo 36 do Estatuto da Corte,
conforme se vê abaixo:
Artigo 36. A competência da Corte abrange todas as questões que as partes lhe submetam, bem como todos os assuntos especialmente previstos na Carta das Nações Unidas ou em tratados e convenções em vigor. Os Estados, partes do presente Estatuto, poderão, em qualquer momento, declarar que reconhecem como obrigatória, ipso facto e sem acordos especiais, em relação a qualquer outro Estado que aceite a mesma obrigação, a jurisdição da Corte em todas as controvérsias de ordem jurídica que tenham por objeto: a) a interpretação de um tratado; b) qualquer ponto de direito internacional; c) a existência de qualquer fato que, se verificado, constituiria violação de um compromisso internacional; d) a natureza ou extensão da reparação devida pela ruptura de um compromisso internacional. As declarações acima mencionadas poderão ser feitas pura e simplesmente ou sob condição de reciprocidade da parte de vários ou de certos Estados, ou por prazo determinado. Tais declarações serão depositadas junto ao Secretário-Geral das Nações Unidas que as transmitirá, por cópia, às partes contratantes do presente Estatuto e ao Escrivão da Corte. Nas relações entre as partes contratantes do presente Estatuto, as declarações feitas de acordo com o Artigo 36 do Estatuto da Corte Permanente de Justiça Internacional e que ainda estejam em vigor serão consideradas como importando na aceitação da jurisdição obrigatória da Corte Internacional de Justiça, pelo período em que ainda devem vigorar e de conformidade com os seus termos. Qualquer controvérsia sobre a jurisdição da Corte será resolvida por decisão da própria Corte. (grifos no original).
A Corte Internacional de Justiça, de acordo com He Moon Jo (2001, p. 237),
tem competência dupla, uma vez que julga, de acordo com o Direito Internacional,
controvérsias jurídicas que lhe são submetidas por Estados e dá pareceres
consultivos sobre questões jurídicas submetidas por órgãos ou instituições
especializadas da ONU autorizadas a fazê-lo.
Acrescente-se, ainda, que nas decisões da Corte Internacional de Justiça da
ONU, a jurisprudência pode ser usada como ferramenta para determinar regras de
direito. De acordo com Mattos (2014, p. 496), isso ocorre quando há uma lacuna
normativa em que seja necessário decidir com base no Direito, podendo os juízes
recorrer, então, aos preceitos jurisprudenciais, às decisões de tribunais
internacionais, entre outros.
É importante pontuar que a jurisdição da CIJ é facultativa, conforme dispõe a
ONU. De acordo com Magalhães (2000, p. 102), pode-se aceitá-la ou não. Mas, se
28
aceitou, mediante declaração formal, o país está obrigado a dar cumprimento à
decisão que vier a ser proferida.
Finalmente, vale acrescer que somente aos Estados soberanos é garantida a
capacidade de litigar perante a corte jurisdicional internacional. Ou seja, aos
indivíduos não é dada essa faculdade, porque quando da elaboração das regras da
Corte (Estatuto da Corte), os indivíduos não foram considerados sujeitos de direito
internacional para efeito de pleitearem seus direitos perante este organismo
(MAZZUOLI, 2010, p. 955).
Assim, os países e Estados é que litigarão mediante jurisdição da Corte
Internacional de Justiça.
29
4 A CORTE INTERNACIONAL DE JUSTIÇA E AS IMPLICAÇÕES PARA O
BRASIL
4.1 O BRASIL COMO ESTADO PARTE
O Brasil como Estado parte da ONU não somente pode submeter seus litígios
à Corte Internacional de Justiça da ONU, como também pode conquistar vaga na
sua composição, como é o momento atual, em que o país tem um membro na Corte.
Observa-se que o Brasil já figurou como parte em alguns litígios na Corte
Internacional de Justiça da ONU. De acordo com Rezek (2005, p. 407), durante o
período de 1922 a 1940 a CPIJ julgou cerca de vinte nove casos contenciosos entre
Estados e emitiu pelo menos vinte e sete pareceres consultivos. E o Brasil faz parte
desse levantamento.
Neste particular, o Brasil esteve envolvido em uma controvérsia com a França
em 1927, que versava sobre empréstimos tomados pelo Brasil anos antes. Em 1929,
a CPIJ decidiu favoravelmente à França.
O Brasil é um país bastante ativo em relações internacionais, mas há um
motivo especial pelo qual se fala da Corte Internacional de Justiça. De acordo com
Martins (2015) a vinculação especial do Brasil com a Corte Internacional de Haia,
está intimamente ligada a um jurista renomado bastante conhecido
internacionalmente:
Não apenas no ideal do primado do direito nas relações entre os Estados - que é a sua razão de ser -, mas na própria história de nossa participação nesta instituição, que teve início antes mesmo da criação da Corte Internacional, com destaque para a grande atuação de Rui Barbosa: “O Águia de Haia”. Rui Barbosa foi um dos primeiros juízes eleitos para a Corte Permanente de Justiça Internacional, tendo recebido a mais alta votação na Assembleia da Liga das Nações.
Apesar de ter sido eleito para a Corte, Rui Barbosa não assumiu a cadeira no
Tribunal. Mesmo assim, Martins (2015) aduz a seu respeito que “a luta intelectual
que havia travado na Conferência da Haia na defesa do critério de escolha dos
magistrados da Corte deixou sua marca”.
Dessa forma, e tendo outros juristas brasileiros renomados, ocupado cargos
na Corte Internacional e dada a importância da mesma, o Brasil tem um
30
relacionamento de proximidade muito grande com ela, não somente pelo
envolvimento em diversos litígios, mas pela relevância também dos nomes que o
representaram. Esta Corte representa o foro mais relevante para a manutenção dos
anseios da comunidade internacional e, consequentemente, da manutenção do
direito dos povos.
4.2 AS DECISÕES DA CORTE COMO FONTE DE DIREITO INTERNACIONAL
Assim como ocorre em muitos ordenamentos jurídicos, as decisões da CIJ
podem ser instrumentos importantes para interpretação e fundamentação de futuras
sentenças da Corte. De acordo com Lima (2010, p. 13):
Ainda que não se pudesse reconhecer expressamente a autoridade do precedente, os juízes da Corte ao estatuir sobre um determinado caso, no corpo das argumentações que precedem o dispositivo das sentenças, relembram casos antecedentes, suas tomadas de decisões anteriores e a maneira que a Corte seguiu determinado argumento.
Dessa maneira, baseando-se em precedentes de julgados anteriores, a Corte
Internacional de Justiça da ONU acaba tendo um norte sobre o posicionamento da
casa sobre casos parecidos, mesmo que sob composição diferente de membros.
Lima (2010, p. 14), prossegue lecionado que:
Este movimento resta sobremaneira translúcido no que se refere aos próprios procedimentos da Corte, na maneira como ela age em relação às suas normas processuais. A Corte, num movimento de legitimação de seus próprios julgados, acaba por moldar uma jurisprudência autorreferencial que dialoga e nas situações em que assume uma posição incongruente com suas decisões anteriores, explicita os motivos de sua distinção, em muito se aproximando da maneira de julgar adotada pelo sistema da common law.
Esse corpo de jurisprudência da Corte serve tanto no sentido de construir um
entendimento sobre casos semelhantes, como também para pontuar distinções e
novos entendimentos de acordo com a evolução do direito e do relacionamento
internacional entre os Estados. Mas os julgados anteriores não são a única forma de
fundamento da corte. Neste sentido, Lima (2010, p. 14), pondera:
É importante salientar que a Corte não usa direta e unicamente a autoridade dos julgados anteriores, mas a ele faz referência para embasar e solidificar o posicionamento assumido na nova contenda. Esse fenômeno começa a
31
interessar a ciência do direito, em particular, os internacionalistas das décadas de 20 e 30 que com atenção se debruçam sobre este novel fenômeno que advém com a jurisdição permanente.
Nota-se que, além dos Tratados e Convenções Internacionais, o entendimento
da Corte Internacional de Justiça pode ser compreendido como um progressivo
desenvolvimento do direito internacional. Quando a Corte decide por um direito que
deve ser preservado acaba contribuindo para a criação de uma nova noção de
direito no plano internacional. Nesta linha, é importante ressaltar os apontamentos
de Martins (2015):
Uma sentença da CIJ é caracterizada pela obrigatoriedade de seu conteúdo e pela impossibilidade jurídica de recolocar em questão os pontos sobre os quais o tribunal já decidiu a título definitivo e irrevogável. Neste sentido, o artigo 60 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça, prevê claramente que a sentença prolatada pelo referido órgão é de natureza definitiva e sem recurso: “Artigo 60 - A sentença é definitiva e inapelável. Em caso de controvérsia quanto ao sentido e ao alcance da sentença, caberá à Corte interpretá-la a pedido de qualquer das partes”.
Dessa forma, entende-se que o preceito exposto no artigo 60 supracitado
apresenta uma finalidade dupla: 1) o caráter definitivo da sentença denotando uma
presunção do direito; e 2) no que concerne ao caráter imutável da sentença que ela
“corresponde ao termo imposto para a elaboração da norma individual”. Nesta toada,
cumpre apontar alguns posicionamentos dos Tribunais brasileiros que ensejaram
futuras provocações de outros Estados à Corte Internacional de Justiça (MARTINS,
2015).
4.3 POSICIONAMENTOS BRASILEIROS
O Brasil envolveu-se em algumas controvérsias com outros Estados, recentemente,
e resultaram no acionamento da Corte Internacional de Justiça da ONU. Pode-se
citar o caso em que a embaixada brasileira em Honduras recebeu e protegeu o
presidente deposto Manuel Zelaya. De acordo com Martins (2015), o governo de
Honduras iniciou os trâmites legais para processar o Brasil na Corte Internacional de
Justiça por intromissão em assuntos internos de Honduras. No entanto, com o
transcorrer do tempo, o governo de Honduras acabou desistindo da ação.
32
Outro destaque diz respeito à atuação de brasileiros enquanto juízes da Corte
de Haia. Assim, menciona-se a questão da dupla nacionalidade, a respeito do que o
jurista José Francisco Rezek (2005, p. 409) leciona que, nos casos em que houver
dupla ou múltipla nacionalidade, é vedado a um dos estados patriais proteger pela
via diplomática um nacional contra outro estado patrial.
Exemplo desse posicionamento é o Caso Canevaro, de 1912, que trata de um
binacional nato, chamado Rafael Canevaro. Era italiano de sangue, mas tinha
cidadania peruana. Tinha negócios no Peru e teve participação na vida pública, a
ponto ter se candidatado a senador. Sofreu com medidas fiscais e expropriatórias do
governo peruano que alcançaram parte de seu patrimônio e, acontecido isso,
Canevaro pretendeu valer-se da proteção diplomática de uma de suas pátrias – a
Itália – contra justamente a outra, o Peru (E-INTERNACIONALISTA, 2015).
Houve sentença arbitral que considerou irreceptível a demanda italiana,
porque o réu era um Estado que também contava Canevaro entre seus nacionais.
Ficou claro que ambos os vínculos patriais desse homem eram legítimos à luz do
Direito Internacional Público: tanto a Itália quanto o Peru poderiam eventualmente
endossar alguma reclamação sua contra a Espanha ou o Brasil; nenhum deles,
contudo, poderia pretender proteger o nacional comum exatamente contra o outro
(E-INTERNACIONALISTA, 2015).
Dessa forma, esse caso é utilizado por Francisco Rezek para afirmar o
tradicional entendimento a espeito da vedação de, no caso de dupla ou múltipla
nacionalidade, um dos Estados patriais proteger diplomaticamente um nacional
contra outro o Estado patrial (E-INTERNACIONALISTA, 2015).
Dessa maneira, o jurista brasileiro entende que existindo a dupla ou múltipla
nacionalidade, qualquer dos Estados patriais pode proteger o cidadão contra um
terceiro Estado envolvido no litígio, mas nunca contra outro Estado em que o
cidadão também é nacional.
Rezek, que esteve na Corte durante o período de 1997-2006, auxiliou também
no julgamento do caso Avena (2004), envolvendo o México contra os Estados
Unidos. O referido caso versava sobre a prisão e condenação à morte de uma série
de mexicanos no Texas. O Estado do México sustentou que os mexicanos não
tiveram assistência consular devida e ingressou na CIJ para que fossem paralisados
os julgamentos e houvesse proteção diplomática.
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De acordo com o Portal Internacionalista (2015), a CIJ sentenciou que os EUA
romperam as obrigações firmadas na Convenção de Viena sobre as relações
diplomáticas ao não conceder aos mexicanos a proteção devida. Neste caso, no
ponto de vista de Rezek, o Direito Internacional deve ter primazia sobre o Direito
Interno. Vale mencionar, também, que em duas ocasiões, o Brasil convocou um juiz
ad hoc para um julgamento na CIJ. Conforme aponta Pinheiro (2010, p. 1):
No caso sobre navegação que o Brasil se envolveu com a Costa Rica, foi convocado o hoje juiz com mandato na Corte, Cançado Trindade. Na disputa territorial intitulada Libyan Arab Jamahiriya (caso da Plataforma Continental entre a Tunísia e a Líbia), decidida em 1982, foi convocado José Sette Câmara, que mais tarde também se tornou juiz oficial do tribunal (1979-1988).
Essas são as importantes participações do Brasil na Corte Internacional de
Justiça, enquanto Estado-membro e através de juízes como J. Francisco Rezek,
Cançado Trindade e José Sette-Camara.
34
CONCLUSÃO
Conforme inúmeros estudos acerca do tema, o Direito Internacional Público
baseia-se no consentimento e livre vontade dos Estados.
No funcionamento dos tribunais internacionais da ONU encontra-se presente
um princípio específico, que é o Princípio da Complementariedade. Significa dizer
que o direito do plano internacional serve como complemento para o direito interno
dos Estados.
A Corte Internacional de Justiça é o principal órgão das Nações Unidas, e
somente interfere nas disputas legais quando chamada a resolver determinado litígio
ou para emitir um parecer consultivo a respeito de determinada demanda. Ela e os
demais tribunais internacionais são pautados na complementariedade.
No que diz respeito ao relacionamento do Brasil com a Corte Internacional de
Justiça, é possível dizer que não é um mero contato no sentido de submeter seus
litígios à Corte Internacional de Justiça, até porque, em várias ocasiões, o Brasil teve
representantes naquela Corte, como na atualidade isto ainda ocorre. Portanto,
historicamente, o Brasil teve importantes nomes de reconhecimento internacional em
seu corpo de juízes, aproximando o relacionamento que tem com a Corte
Internacional de Justiça.
A criação da Corte foi um avanço quanto às garantias e preservação do direito
internacional. Ao institui-la como competente para solucionar problemas
internacionais envolvendo os países-membros, a ONU deu um passo importante em
direção à pacificação dos povos, integrando-os em um plano de organização
mundial que tem como objetivo maior auxiliar os Estados a resolverem seus conflitos
externos e internos.
Externos, em relação aos litígios que por ventura figurarem como
demandantes ou demandados e internos quando precisarem submeter determinada
demanda a um parecer consultivo, para decidir com base em uma jurisdição
imparcial.
Entretanto, verifica-se que nem sempre as decisões dessa Corte representam
uma eficácia no cumprimento da sentença pelo Estado perdedor. Isto porque a
sentença da Corte é sujeita à aceitação dos Estados envolvidos no litígio. Dessa
forma, caso os Estados não acordem sobre a jurisdição da Corte para pacificar o
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conflito, fica prejudicada a competência para o caso. Sendo assim, ela pode ficar à
mercê dos interesses das grandes potências.
Ainda tratando das decisões da Corte, nota-se que as decisões antigas do
Tribunal servem para fundamentar novas decisões em casos idênticos. O corpo de
jurisprudência da Corte presta serviço tanto no sentido de construir um entendimento
sobre casos semelhantes, como também para pontuar distinções e novos
entendimentos de acordo com a evolução do direito e do relacionamento
internacional dos países.
A referida Corte presta o serviço de garantir os interesses institucionais e
políticos de determinados Estados soberanos em vez de ter uma atuação eficaz
noutro sentido.
Portanto, conclui-se que a Corte Internacional de Justiça não é, e, por
enquanto, não será a última esperança para a correção de graves erros e grandes
afrontas aos direitos dos povos. Todavia, ela é, inegavelmente, um importante passo
nessa evolução da humanidade no que diz respeito à observação dos princípios
basilares da pacificação dos povos no plano internacional.
Assim, o presente estudo vem como forma de apresentar uma possível
solução ao problema dos conflitos internacionais, uma vez que nem todos os países
submetem suas demandas à Corte.
No primeiro capítulo foram analisados os sistemas jurídicos internacionais e
suas particularidades, como forma de compreender os moldes atuais da jurisdição
no plano internacional e como foi possível construir tal modelo de sistema.
O segundo capítulo destinou-se à compreensão da Corte Internacional de
Justiça e sua estrutura, bem como atuação no plano internacional.
Já no terceiro capítulo, abordou-se a efetiva aplicação das decisões e a
influência que a Corte Internacional de Justiça tem no ordenamento jurídico
brasileiro, uma vez que o país tem uma relação bastante próxima de tal órgão
jurisdicional internacional. Além disso, a aplicação das decisões proferidas por tal
Corte e como elas são aplicadas no plano nacional. Importa ressaltar, que toda e
qualquer decisão proferida fora do país deve respeitar a soberania e a ordem pública
brasileiras.
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