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O pequeno Polegar Capítulo I Longe, muito longe daqui , morava um pobre lenhador, Balbino, com sua mulher Teresa.Tinham sete filhos, mas nenhum em idade de ganhar a vida.O menor

O pequeno polegar

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Ele era o menor dos irmãos , porém era também o mais esperto. Esta história mostra que tamanho não é documento.

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                                         O pequeno Polegar

                           Capítulo  I

          Longe, muito longe daqui , morava um pobre lenhador, Balbino, com sua mulher Teresa.Tinham sete  filhos, mas nenhum em idade de ganhar a vida.O menor deles fizera sete anos e, porque nascera pequenino ,quase do tamanho de dedo polegar,deram-lhe o nome dePequeno Polegar.          Polegar era um menino esquisito. Tinha um bom coração,

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era inteligente e ajuizado, e viviaaflito por não poder ajudar seuspais. Por este motivo, vivia triste, pensativo e calado, sentado quasesempre num tamborete  ao lado do fogão.          Aconteceu que um dia a fome ameaçou toda aquela região.          Os campos secaram , os animais pesteados morriam, e a desgraça da fome começou a rondaras casas.

        Certa vez,o lenhador,voltando a casa,com as mãos vazias,indagou :

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          -Como é Teresa,não se tem nada para comer? E os filhos?          Teresa mostrou as latas de mantimentos vazias como vazios também os armários.          O lenhador, andando de um para o outro lado , perguntava:          -Que fazer?Nossos filhos morrerão à míngua.Vamos ,mulher!Vamos à mata!Arranjaremos raízes,frutas ou algum animal que nos mate a fome e a dos nossos filhos. Aman-

nhã cedo, partiremos todos. os meninos nos hão de ajudar , subindo nas árvores mais altas ou correndoatrás de alguma caça.          Pequeno Polegar, triste no seu cantinho, ouvia tudo , calado.          A mulher dizia ao marido:          -Tenho medo de levar os meninos à mata.Os lobos andam

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famintos , e, se uma alcateia nos alcança, morremos de uma vez.          -Sim, mulher, mas vê-los morrer à mingua, de braços cru- ados, é impossível. Vamos ama-nhã de madrugada, de qualquer jeito.          Pequeno Polegar que já ouvira tantas histórias de menino perdido na mata, ora por se distanciarem uns dos outros ,pensou que devia arranjar um jeito de livrar de perigos.          Que fez? Quando todos dormi- am profundamente , Pequeno Polegar levantou-se,foi à beira deum regato onde as pedrinhas brancas apontavam,encheu seusbolsos com elas e foi deitar-se nova- mente.          Pela madrugada, o pai chamou a mulher e os filhos e disse-lhes:        Partamos!Cada um com sua sacola.

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 O Pequeno Polegar                          Capítulo II

          Sem demora, lá se foram todos a caminho da mata.Pequeno Polegar logo que se distanciou de casa, parou, jogou uma pedrinha no chão. Logo adiante, fez o mesmo.          O pai , notando as paradas do menino, pensou:          -Sempre esquisito este meu filho!Que será que está fazendo?          Depois perguntou-lhe:          -Pequeno Polegar, por que tanto olha para trás?

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      -Ah!meu pai, estou avistando o meu pombinho branco em cima dotelhado.          -Ora, deixe de bobagem , meu filho, é reflexo do sol na chaminé.          E continuaram. Pequeno Polegar ia derrubando uma pedra de espaço a espaço, para marcar ocaminho por onde seguiam.          Chegaram, afinal, a uma floresta muito espessa.          -É impossível não arranjarem frutas e caça para alguns dias,disseram os pais.

          Reunindo os filhos ao redor de si, o pai lhes disse:

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          -Meninos, cada um procure encher sua sacola com frutas.Enquanto isto , eu e sua mãe tentaremos apanhar aves ou outras caças.Quando for hora de voltar , baterei na lata e venham sem tardar . A noite não pode apanhar na mata!    Os pais distanciaram dos filhos, e estes, cada um para um lado,tentaram apanhar frutas de algumas árvores para levá-las para casa.         Pequeno Polegar não perdia de vista os irmãos e, quando algum lhe saía de perto , corria e subia a umaárvore, até saber onde se achava .          O sol começava a descambar para o ocidente, e o pai, com duasboas lebres às costas e algumas  aves, tocou na lata para reunir os filhos.          O som seco e estridente da lata ressoou várias vezes pela mata e os meninos não apareceram.          É que os próprios pais, andando à caça, não prestaram bem

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atenção no lugar por onde iam.           E , assim, se distanciaram dos filhos sem o perceber.         A mulher pôs - se a chorar aflita.          O pai insistia em bater na lata, mas o rumor da folhagem e murmú- rio de uma cascata misturavam - se com os sons.          Os meninos vendo o dia cair aplicavam o ouvido , procurando apanhar os sons esperados ou ochamado dos pais. Mas nada!

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          Quando perceberam  que estavam perdidos na mata , começaram a gritar.          Pequeno polegar , vendo o desespero dos irmãos, lembrou-se de que o seu pai era velho lenhador e de que talvez acertasse o caminho de casa.Consolou os irmãos e disse-lhes:          -Não tenham medo!Fiz como Joãozinho que marcou o caminhoda mata com pedrinhas brancas, e assim, ele e Maria acertaram direitinho com o caminho de casa.Vamos!Eu vou à frente. Sigam-me ! Mas vamos depressa, porque anoite se aproxima.          Seguiram-no todos, e como andassem depressa, antes da noite cair, chegaram a casa que estavafechada e as escuras.          O coração de Pequeno Polegar

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batia aflito enquanto ele perguntava a si mesmo:         -Será que nossos pais estão perdidos na mata e não acertaram o caminho?          Correu e, chegando antes dos irmãos , encostou o ouvido à porta e ouviu dizer lá dentro:          -Onde estarão meus filhos, meus pobres filhos! O meu pequenino Polegar,tão fraquinho, onde deve estar?          Pequeno Polegar não se conteve, bateu na porta e disse:          -Estamos aqui , mamãe!          Teresa correu para abrir-lhes a porta e ,abraçando- os, disse:

          -Graças a Deus!Como estou satisfeita por estarem todos juntos, meus queridos filhos!          Balbino,que já estava disposto

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sair em busca dos meninos, reuniu- se ao grupo.          Falando quase ao mesmo tempo, contaram aos pais o que sucedera.          Graças ao que tinham colhido no mato, passaram alguns dias tranquilos e felizes.

                                                O Pequeno Polegar                            Capítulo III

          Não tardou muito, e novamen- te a fome começou a rondar aquela

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região. Balbino e sua mulher te-miam voltar à mata, conhecendo de perto, como já conheciam, seushorrores.          Mas, sem migalha de alimento, o pai levantou-se depois de uma noite de tormentosa vigília e resol- veu naquela hora sair para ma mata.          -Vamos , mulher!Se não morrermos lá, morremos aqui, poisnão temos o que comer.Depois ,vamos ficando mais fracos e não poderemos aguentar a caminhada, apressemo- nos!          Teresa acordou as crianças e, sem demora, cada um com sua sacola às costas, foi seguindo opai e a mãe que levavam: ele um machado, ela um saco.

          Pequeno Polegar ia atrás de todos, custando a pegar o passo apressado dos outros.Ia com as mãos nos bolsos, a pensar no que poderia fazer para marcar o caminho de casa.

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          Vendo à sua frente uma enorme árvore carregada de bolotas esbranquiçadas, Pequeno Polegar, por que ia atirando- as de espaço a espaço, para marcar o caminho poronde seguiam, caso acontecesse, como da outra vez, de se perderem na mata.          Ninguém prestou atenção no Pequeno Polegar, por que iam apres-sados e aflitos.          Chegaram à mata em lugar mais espesso e mais escuro que daoutra vez.          Ali a caça parecia mais fácil, porque um bando de veadinhos assustados se embrenhou maisalém ao ruido dos seus passos.

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          Pássaros em abundância.          As árvores pendiam de frutos, alguns desconhecidos, outros comuns e saborosos.Enquanto seuspais perseguiam uma veadinha, a que um deles já havia ferido na perna com uma bodocada, ali juntos, animaram- se e fizeram montes de frutas , que iam comendo , enquanto enchiam os bolsos e as sacolas.        Embora Pequeno Polegar tivesse marcado com a vista o lugar por onde seguiram seus pais , em vãoos procuraram,momentos depois.

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Mesmo assim, não desanimaram, ePequeno Polegar estava certo deachar o rumo de casa, acompanhan- do as bolotas que havia atirado pelocaminho.          Mas ficou muito admirado, não podendo encontrar uma só, pois osesquilos haviam catado todas.         Aflitos, quando mais caminhavam mais se embrenhavamna floresta tenebrosa e se perdiam.          Era lua nova, e a noite estava escura como breu.O vento sopravae assobiava, fazendo estalar os ramos secos das árvores , que despencavam, fazendo um ruído rouco.          Os meninos estavam apavorados.Parecia- lhes ouvir de todo lado os uivos de lobos. Agarravam-se aos outros, tiritandode medo.          De repente, desabou uma grande chuva, acompanhada de raios e trovões.Ficaram gelados

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até os ossos, com as roupas ensopadas e coladas ao corpo.          Serenados os raios, Pequeno Polegar trepou numa árvore paraver se descobria algum abrigo.Divisou muito longe uma luz como a de uma candeia. Guardou bem a direção da luz, e desceu da árvoree puseram -se todos a correr.

                                             O pequeno polegar                           Capítulo IV

          Depois de muito andar,

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chegaram finalmente a uma casa a muito esquisita e que tomava cores diferentes , sendo algumas vezes desaparecia completamente da vistade todos.          Mas- que lhes valia o medo?De qualquer maneira estavam em gran -de perigo, por isso, Pequeno Pole-gar bateu na porta.Veio abri-la uma pobre mu-lher, perguntando o que queriam.          Pequeno Polegar contou- lhe a sua história, e pediu posada ,porcaridade, até a madrugada ,apenas.  A boa mulher , vendo-os tão desamparados, afligiu-se e disse-lhes:          -Meus meninos, como há - de ser?Vocês vieram bater na casa de um gigante que come crianças.Eletem um faro terrível para carne humana.Fujam, meus meninos.          -Que nos adianta fugir?Na floresta , seremos comidos por lobos.É pre- ferível, então , que seja o gigante

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quem nos coma.E quem sabe se ele não vai ter dó de nós?          A pobre mulher deixou-os en- trar.Aqueceu-os junto de um bomfogo, deu a cada menino um peda-ço de cabrito assado e começou a conversar com eles. De repente,ouviram quatro pancadas na porta.Era o gigante que chegava.         A mulher escondeu Polegar e seus irmãos dentro de uns jacás ecorreu para abrir a porta.

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          O gigante entrou e sentou- se numa cadeira .A sua respiração eraforte que fazia um ruído igual ao deum motor de caminhão.A mulher correu , tirou as botas do gigante e trouxe- lhes os chinelos.

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Dali a pouco , o gigante se pôs à mesa para cear.Diante dele, esta-va um carneiro inteiro e um bar-ril de vinho.          De vez em quando, olhando ao redor, o gigante farejava o ar e dizia:          -Mulher, aqui cheira carne a carne humana!          -Não ,marido, é engano!Acabei de esfolar um veado.É o que cheira.          Mulher,mulher!deixe de enganar-me!Sinto cheiro de carnehumana!          A mulher tremia, sem conse- guir dar um passo de lugar estava.Pequeno Polegar ,olhando ao peloburaquinhos do jacá, não despre- gava os olhos do gigante. De re-pente , o gigante deu com os jacásamontoados num canto.Levantou-se e foi direto a eles.eles.          -Ah! mulher!então , quer enga- nar-me?Cuidado que eu a comereitambém!

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          Abrindo um dos jacás, pegou um dos meninos pela perna:          -Oh!tenho carne para um excelente assado.Vou aproveitar para festejar a vinda de três amigos,que serão nossos vizinhos.          E o gigante foi tirando dos jacás os meninos, um por um. Páli-dos de terror, não podiam ficar de pé.          O gigante era o mais cruel dos gigantes , e longe de ter piedade deles, apanhou uma grande faca que começou a amolar numa pedra, bem devagar.A mulher,trêmula de dó,

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dizia- lhe mansamente:           Marido , que vai você fazer a esta hora? Temos tanta carne no braseiro!          Cale-se , mulher ! senão, é a você que eu ponho no espeto , dentro de meia hora.          Mas a mulher continuou :          -Olhe, marido, temos aves e caças diversas ,um leitão e a metadede um porco.Deixe os meninos paraamanhã.

         -Tem razão, mulher.Trate-os

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bem: dê- lhes muito de comer e faça-os dormir em boas camas.         Mais satisfeita com a resolução do marido,a boa mulher tratou osmeninos da melhor maneira que pô-de.          Os meninos , embora esfome- ados,não puderam comer, tantomedo tinham do que pudesse acon- tecer .

          Afinal , o gigante , satisfeito, pôs- se a beber, e bebeu mais doze

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copos do que de costume, tor  -nando - se completamente tonto.A mulher obrigou- o a ir deitar-se, oo que fez logo, caindo num pesadosono.          O gigante tinha sete filhas horríveis.Eram vermelhas como romãs, porque só comiam carnecrua.Tinham um dentes finos, muitos agudos e separados. Osnarizes eram compridos e aduncos ,e uns olhos redondos e cinzentos brilhavam com um brilho esquisito.Usavam uma coroa de ouro na ca-ça, que não tiravam nem para dormir.Embora muito novinhas ainda, cada uma já comia umcarneiro inteiro em cada refeição. Eram loucas por carne humana.Dormiam todas as sete em uma cama grande.No mesmo quarto,havia outra cama igual ,onde aacomodou o Pequeno Polegar e seus irmãos, depois de verificarque estavam todos bem alimen-

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tados e bem quentinhos.          Em seguida, a mulher do gigante apagou o candeeiro e foideitar-se.          E o silêncio da noite encheu a casa do gigante.

O Pequeno Polegar                         Capítulo  V

          O Pequeno Polegar não conse- guira dormir. Imaginou que o gigan-te , embriagado como estava, pode-ria duma hora para outra, resolver comê-los.          Que fez, então?Levantou-se de

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mansinho, pé ante pé.Foi à cama dassete filhas do gigante.Tirou com bas- tante jeito as coroas de suas cabe - ças e colocou os gorros de seus ir-mãos , colocou na cabeça de cadaum dos meninos as coroas dasfilhas do gigante.          A altas horas, acordou o gigante alucinado.Pegou a faca queestava à cabeceira e, cambaleando, foi até a cama dos meninos.Apalpou-lhes as cabeças e, percebendo as coroas,disse:          -Oh!quase fiz um desastre! Estas são as minhas filhas!Estou com a tão transtornada que ia cometer o engano de matar as minhas próprias filhas, coitadinhas!  E vai o gigante com mais fúria para a outra cama. Apalpa as cabe-ças, sente o gorro e diz:          -Ah!aqui estão os malandri - nhos, que vou comer o café da ma-nhã.          Dizendo isso, meteu a faca ,

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degolando uma por uma as setesfilhas.          Tudo feito, foi deitar -se, ainda com as mãos pinguando sangue.      Pequeno Polegar não havia perdi- do um movimento do gigante.          Logo que começou a ouvir os seus roncos, chamou seus irmãos epediu que o seguissem, sem fazeremo menor ruído.Os meninos , mais mortos do que vivos,subiram numas malas e saltaram para o jardim porum respiradouro.Lá fora,começaram a correr pelo mato adentro, sem saber para onde ir.          Aos primeiros clarões da madrugada, o gigante acordou e disse:

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          -Mulher ! Vá cuidar dos meni- nos!          A mulher pensou que o marido lhe mandava tratar dos meninos e subiu, muito admirada da bondade do gigante.Mal entrou no quarto, viu o chão inundado de sangue e suasfilhas degoladas.Deu tal grito de horror que fez o gigante correr para acudir- lhe, ficando também surpre-endido com o terrível espetáculo. Vendo os gorrinhos nas cabeças dasfilhas, exclamou:          -Ah! que fiz eu!Isto foi coisa daqueles malandros , daqueles

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miseráveis!Eles me pagarão...E éagora...          Gritou para a mulher que estava fora de si:          Dê me depressa as botas sete léguas que os apanharei num minu- to.          Como a mulher continuasse desmaiada, tirou ele memo as botasde um armário e calçou-as, esbrave- jando.

          Depois de haver corrido de todos os lados, o gigante avistou os meninos longe , transpor um regato.Entretanto, os meninos ,vendo aque- la sombra no ar como se fosse umanuvem negra, perceberam o gigan-te que, com uma passada, ia de montanha à outra e atravessava umrio,largo,como se atravessasse um ribeirinho.

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           Pequeno Polegar olhou assus- tado para todos os lados à procurade um esconderijo.Viu uma cavernaaberta numa rocha onde o gigante não poderia entrar, por ser muitopequena.Entrou na caverna com seus irmãos e pediu-lhes silêncio. Logo sentiram os passos do gigan-te sobre a caverna.          Sempre farejando o lugar por onde caminhava o gigante disse:          -Andam por aqui, sinto cheiro forte de carne humana.

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 O  Pequeno Polegar                      Capítulo VI -  Final

          Os meninos , escondidinhos no fundo da gruta , mal respiravam para não fazerem barulho.          O gigante resolveu parar e descansar um pouco. Sentou-se narocha , acomodou a cabeça sobreas pedras e caiu num profundo sono, pondo-se a roncar tão altoque chegava a amedrontar os pas-sarinhos que tinham os ninhos nas árvores mais distantes.Pequeno        Polegar, que já havia acertado com

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o caminho de casa, pediu aos irmãos que saíssem devagarinhoda caverna e corressem sozinhos para casa.          Os irmãos  saíram numa carreira louca, mas nas pontas dospés.          Quando Polegar percebeu que seus irmãos estavam salvos, aproximou -se do gigante e escon-deu-se na fenda de uma pedra,pode examinar bem as botas.          Tocou-as .Ficou surpreendido vendo-as escorrer e cair junto de seus pés.Tinham esse poder de saírem ao menor contato com as mãos.          Pequeno Polegar sentiu-se curioso e, ia pegá- lãs, quando- oh! surpresa!-as botas foram diminuindo de tamanho.Polegar as enfiou e se ajustaram tão bem a seus pés, como se tivessem sido feitas sob medidas para ele.

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          Pequeno Polegar sentiu-se leve como uma pluma .Ia dar uma passada que o levaria a casa,quando se lembrou da mulher do gigante, que o havia protegido comtanta bondade.          Resolveu libertá-la do terrível gigante.De uma passada ganhou aentrada da casa.Ouviu gritos agu- dos.Era uma quadrilha de ladrões, que sabendo do que acontecera, ia-se aproveitar da ausência do gigan-te para assaltar a casa.Amarraram a pobre mulher na porta e iam

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carregando os cofres com tudo que havia dentro.          Polegar com um passo estava dentro de casa e, com uma faca afi-ada, enfrentou os ladrões que, ven-do-o dar uma passada de gigante no ar, julgaram que ele fosse algum mágico.          Largaram tudo e saíram em debandada.         Polegar acudiu á pobre mulher, que desmaiara com o susto. Desa- marrou-a, deitou-a numa cama e tra-tou-a até que ela voltasse a si.          Vendo-a perto dela,e,reconhe- cendo que era o Pequeno Polegarseu salvador, perdoou-lhe tudo.Não quis abandonar o gigante , porque , apesar de antorpófago , era seu marido .          Pequeno Polegar nada mais tinha a fazer.          De uma passada , galgou os terrenos de sua casa. Lá os espe-ravam todos , com grande aflição.

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Vendo-o chegar com as botas de sete léguas, sentiram- se felizes, porque, com ela, não precisavampassar os perigos que haviam passado.          Dias depois, Pequeno Polegar recebia de toda a população dos ar-redores uma bolsa de dinheiro, porter livrado a terra de tão terríveis monstros que eram as filhas do gi-gante.          Com sua bota de sete léguas, Pequeno Polegar procurava ajudara todos que sofriam.          E uma grande paz e muita riqueza caíram sobre aquela região, antes tão infeliz.