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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS UNIMONTES CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS CCSA DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS IONARA APARECIDA AGUIAR SOARES O PERFIL DA AGRICULTURA FAMILIAR NO NORTE DE MINAS GERAIS: UMA ANÁLISE A PARTIR DO CENSO AGROPECUÁRIO DE 2006. Montes Claros - MG Junho/ 2013

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS – UNIMONTES

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS – CCSA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

IONARA APARECIDA AGUIAR SOARES

O PERFIL DA AGRICULTURA FAMILIAR NO NORTE DE

MINAS GERAIS: UMA ANÁLISE A PARTIR DO CENSO

AGROPECUÁRIO DE 2006.

Montes Claros - MG

Junho/ 2013

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IONARA APARECIDA AGUIAR SOARES

O PERFIL DA AGRICULTURA FAMILIAR NO NORTE DE

MINAS GERAIS: UMA ANÁLISE A PARTIR DO CENSO

AGROPECUÁRIO DE 2006.

Monografia apresentada ao Centro de Ciências

Sociais Aplicadas – CCSA e ao Departamento de

Ciências Econômicas da Universidade Estadual de

Montes Claros como requisito obrigatório à obtenção

do título de Bacharel em Ciências Econômicas.

Orientador: Profª. Dra. MARIA ELIZETE

GONÇALVES

Montes Claros - MG

Junho de 2013

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Ionara Aparecida Aguiar Soares

O PERFIL DA AGRICULTURA FAMILIAR NO NORTE DE

MINAS GERAIS: UMA ANÁLISE A PARTIR DO CENSO

AGROPECUÁRIO DE 2006.

Monografia apresentada ao Centro de Ciências

Sociais Aplicadas – CCSA e ao Departamento de

Ciências Econômicas da Universidade Estadual de

Montes Claros como requisito obrigatório à obtenção

do título de Bacharel em Ciências Econômicas.

Orientador: Profª. Dra. MARIA ELIZETE GONÇALVES

Membros:

__________________________________________

Profª. Ms. Ana Maria Lacerda de Freitas

__________________________________________

Profª. Ms. Maria Sueli Viana Furtado de Souza

Montes Claros - MG

Junho /2013

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Dedico este trabalho ao meu pai Antônio

Barnabé e aos meus irmãos Anne Francis e

Antônio Barnabé Filho, pessoas que amo

muito e que tanto me ajudaram.

Aos meus amigos pelo apoio incondicional.

A minha orientadora e professora Maria

Elizete Gonçalves, pela dedicação, presteza e

paciência demonstradas no decorrer do

trabalho.

Enfim, a todos que de alguma forma

tornaram este caminho mais fácil de ser

percorrido.

Que este trabalho seja recompensado por

aqueles que dele se servirem.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por estar sempre presente em minha vida, me

ajudando a superar todos os desafios enfrentados e concluir essa caminhada.

Ao meu pai Antônio Barnabé, meu grande exemplo de vida, forte, guerreiro,

batalhador, que sempre acreditou e investiu em mim, em meus sonhos. Que, nos momentos

difíceis e desafiadores, sempre esteve ao meu lado me ajudando e incentivando, não me

deixando desistir dos meus objetivos. Homem simples, humilde e muito sábio em seus

ensinamentos, meu maior orgulho. Obrigada pai, pelo apoio, pela dedicação, confiança e pelo

amor incondicional. Pelos sermões dados nos momentos de desânimo, por todos os princípios

me passado, te amo imensamente.

À minha mãe Maria Eliete, que mesmo distante, sempre me apoiou à sua maneira.

Obrigada mãe, por todo amor e carinho, pelas palavras de conforto e ânimo que me deu.

Aos meus irmãos Anne Francis e Antônio Barnabé Filho, pelo companheirismo,

compreensão e parceria.

À minha amiga Mercês, minha “boadrasta”, pelo incentivo, apoio,

companheirismo, cumplicidade, carinho e dedicação.

À minha orientadora Profª Dra. Maria Elizete Gonçalves, pela atenção, dedicação,

paciência e compreensão.

Aos meus amigos e colegas, pelo apoio, carinho e cumplicidade.

Aos professores do Departamento de Economia da Unimontes, pelos

ensinamentos, sem os quais não teria chegado até aqui.

Por fim, a todas as pessoas que, direta e/ou indiretamente, contribuíram para que

essa etapa fosse concluída e que torceram para essa vitória.

Muito obrigada!

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“Talvez não tenha conseguido fazer o

melhor, mas lutei para que o melhor

fosse feito. Não sou o que deveria ser,

mas graças a Deus, não sou o que era

antes”. (Marthin Luther King)

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RESUMO

A Agricultura Familiar é constituída por pequenos e médios produtores que, em

geral, possuem baixo nível de escolaridade. O objetivo deste trabalho foi conhecer e traçar um

perfil para a agricultura familiar no Norte de Minas, traçando um paralelo com a agricultura

familiar do estado de Minas Gerais e do Brasil. A construção do trabalho está assentada em

quatro eixos: a discussão acerca do desenvolvimento econômico, abordando os principais

conceitos dentro da teoria econômica do desenvolvimento; a apresentação dos conceitos de

desenvolvimento rural, bem como os principais programas de desenvolvimento rural e sua

importância para a agricultura, principalmente para a agricultura familiar; a discussão do

conceito de agricultura familiar; e a apresentação do perfil da agricultura familiar no Norte de

Minas com base nos dados do Censo Agropecuário de 2006. A metodologia utilizada foi a

bibliográfica e descritiva com foco na pesquisa quantitativa. São analisados os dados

referentes aos estabelecimentos agropecuários familiares, as condições de uso da terra e forma

de sua utilização, número de estabelecimentos agropecuários familiares, as receitas obtidas

(valor da produção de vegetais, animais e da agroindústria, bem como outras receitas), pessoal

ocupado, trabalhos realizados fora dos estabelecimentos e ainda financiamento no setor (no

Brasil, Minas Gerais e Norte de Minas).

Palavras-chave: Desenvolvimento Econômico, Desenvolvimento Rural, Agricultura

Familiar, Norte de Minas, Censo Agropecuário de 2006.

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ABSTRACT

The Family Farming consists of small and medium producers who generally have

low levels of education. The aim of this study was to identify and define a profile for the

family farm in Northern Minas, drawing a parallel with the family farm in the state of Minas

Gerais and Brazil. The construction work is built on four pillars: a discussion of economic

development, addressing key concepts within the theory of economic development, the

presentation of the concepts of rural development, as well as major rural development

programs and their importance to agriculture mainly for family farms; discussion of the

concept of family farming, and the presentation of the profile of family farming in Northern

Minas based on data from the 2006 Agricultural Census. The methodology used was the

literature focusing on descriptive and quantitative research. We analyzed the data for the

agricultural establishments family, conditions of land use and manner of use, number of

agricultural establishments family, the revenues (value of production of crops, livestock and

agro-industry as well as other income), personal busy, work carried out in establishments and

even finance sector (in Brazil, Minas Gerais and northern Minas).

Keywords: Economic Development, Rural Development, Family Farm, north of Minas

Gerais, the 2006 Agricultural Census.

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 – Comparativo entre os modelos familiar e patronal de agricultura.........37

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LISTA DE MAPAS

MAPA 1 – Municípios componentes da região Norte de Minas..........................................44

MAPA 2 – Importância do PIB setorial segundo municípios do Norte de Minas, 2002.....48

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 – Valor das receitas (%) obtidas pelos estabelecimentos familiares no ano, por

tipo de receitas, no Brasil, Minas Gerais e Norte de Minas – 2006..........................................56

GRÁFICO 2 – Valor da produção nos estabelecimentos agropecuários familiares no ano, por

tipo de produção, no Brasil, Minas Gerais e Norte de Minas – 2006.......................................59

GRÁFICO 3 – Pessoal ocupado em estabelecimentos agropecuários familiares segundo o

sexo, em 31/12/2006, no Brasil, Minas Gerais e Norte de Minas.............................................65

GRÁFICO 4 – Pessoal ocupado em estabelecimentos agropecuários familiares, segundo o

sexo, com menos de 14 anos e com 14 anos ou mais, em 31/12/2006 no Brasil, Minas Gerais

e Norte de Minas.......................................................................................................................67

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Número de municípios da Região Norte de Minas segundo classe de tamanho

populacional e densidade demográfica, 2010...........................................................................47

TABELA 2 - Total e área de estabelecimentos familiares agropecuários por condição do

produtor em relação às terras no Norte de Minas, Minas Gerais e Brasil, 2006.......................52

TABELA 3 - Área dos estabelecimentos agropecuários familiares, por utilização das terras no

Norte de Minas, Minas Gerais e Brasil, 2006...........................................................................53

TABELA 4 - Área dos estabelecimentos pecuários familiares, destinada à pastagem segundo a

condição das pastagens no Brasil, Minas Gerais e Norte de Minas, 2006................................54

TABELA 5 - Número de estabelecimentos agropecuários familiares que obtiveram receitas no

ano: Brasil, Minas Gerais e Norte de Minas – 2006.................................................................55

TABELA 6 - Valor das receitas obtidas pelos estabelecimentos familiares no ano, por tipo de

receitas, no Brasil, Minas Gerais e Norte de Minas – 2006......................................................56

TABELA 7 - Número de estabelecimentos agropecuários familiares com produção no ano:

Brasil, Minas Gerais e Norte de Minas – 2006.........................................................................58

TABELA 8 - Valor da produção nos estabelecimentos agropecuários familiares no ano, por

tipo de produção, no Brasil, Minas Gerais e Norte de Minas – 2006.......................................58

TABELA 9 - Valor da produção animal nos estabelecimentos agropecuários familiares, no

ano, por tipo de produção animal no Brasil, Minas Gerais e Norte de Minas – 2006..............60

TABELA 10 - Valor da produção vegetal nos estabelecimentos agropecuários familiares, no

ano por tipo de produção vegetal no Brasil, Minas Gerais e Norte de Minas – 2006..............61

TABELA 11 - Número de estabelecimentos agropecuários familiares que obtiveram outras

receitas no ano: Brasil, Minas Gerais e Norte de Minas – 2006...............................................62

TABELA 12 - Valor das outras receitas obtidas nos estabelecimentos agropecuários

familiares no ano, por tipo de receitas no Brasil, Minas Gerais e Norte de Minas – 2006.......63

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TABELA 13 - Valor da receita total obtida nos estabelecimentos agropecuários familiares no

ano – Brasil, Minas Gerais e Norte de Minas – 2006...............................................................64

TABELA 14 - Pessoal ocupado em estabelecimentos agropecuários familiares, segundo o

sexo, em 31/12/2006, no Brasil, Minas Gerais e Norte de Minas.............................................65

TABELA 15 - Pessoal ocupado em estabelecimentos agropecuários familiares, segundo o

sexo, com menos de 14 anos e com 14 anos ou mais, em 31/12/2006 no Brasil, Minas Gerais

e Norte de Minas.......................................................................................................................66

TABELA 16 - Perfil do pessoal ocupado em estabelecimentos agropecuários familiares, de 14

anos e mais de idade, com laço de parentesco com o produtor em 31/12/2006, no Brasil,

Minas Gerais e Norte de Minas.................................................................................................68

TABELA 17 - Número de estabelecimentos agropecuários familiares em que o produtor

declarou ter atividade fora do estabelecimento no ano, por tipo de atividade, no Brasil, Minas

Gerais e Norte de Minas – 2006................................................................................................69

TABELA 18 - Número de estabelecimentos agropecuários familiares que não obtiveram

financiamento por motivo da não obtenção – Brasil, Minas Gerais e Norte de Minas –

2006...........................................................................................................................................70

TABELA 19 - Número de estabelecimentos agropecuários familiares que obtiveram

financiamento por finalidade do financiamento no Brasil, Minas Gerais e Norte de Minas –

2006...........................................................................................................................................71

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.........................................................................................................................16

CAPÍTULO 1 – DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO: CONCEITOS E

PERSPECTIVA HISTÓRICA.................................................................................................18

1.1 - Conceitos de Desenvolvimento...........................................................................................18

1.2 - Perspectiva histórica do Desenvolvimento.........................................................................19

CAPÍTULO 2 – DESENVOLVIMENTO RURAL...............................................................27

2.1 – Conceitos de Desenvolvimento Rural................................................................................27

2.2 – Programas de Desenvolvimento Rural...............................................................................28

2.2.1 – Programa de Desenvolvimento Rural Integrado – PDRI................................................28

2.2.2 – Programa Nacional de Fortalecimento de Agricultura Familiar – PRONAF..................30

CAPÍTULO 3 – A AGRICULTURA FAMILIAR.................................................................35

3.1 – Conceitos, classificação e modelos de Agricultura............................................................35

3.2 – Conceitos, características e importância da Agricultura Familiar......................................38

CAPÍTULO 4 – O PERFIL DA AGRICULTURA FAMILIAR NO NORTE DE

MINAS........................................................................................................................................44

4.1 – O Norte de Minas Gerais....................................................................................................44

4.2 – O perfil da Agricultura Familiar no Norte de Minas segundo o Censo Agropecuário de

2006.............................................................................................................................................49

4.2.1 – Considerações metodológicas: Conceitos e variáveis.....................................................49

4.2.2 – Considerações metodológicas: dados utilizados e limitações.........................................51

4.2.3 – Número de estabelecimentos e área ocupada..................................................................51

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4.2.4 – Forma e utilização das terras...........................................................................................52

4.2.5 – Valor Bruto da Produção (VBP).....................................................................................54

4.2.6 – Valor da produção por produto: vegetal e animal...........................................................57

4.2.7 – Outras receitas dos estabelecimentos..............................................................................61

4.2.8 – Pessoal ocupado nos estabelecimentos............................................................................64

4.2.9 – Pessoal ocupado nos estabelecimentos com laço de parentesco com o

produtor.......................................................................................................................................67

4.2.10 – Trabalho fora do estabelecimento.................................................................................68

4.2.11 – Financiamento nos estabelecimentos familiares...........................................................69

CONCLUSÃO............................................................................................................................73

REFERÊNCIAS........................................................................................................................77

ANEXOS....................................................................................................................................82

Anexo 1 – Grupos básicos do PRONAF, enquadramentos e finalidades.................................82

Anexo 2 – Linhas especiais do PRONAF, enquadramentos e finalidades...............................83

Anexo 3 – Dados demográficos e econômicos do Norte de Minas em 2010..............................85

Anexo 4 – Projeto de Pesquisa....................................................................................................90

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INTRODUÇÃO

O presente estudo tem como objetivo principal conhecer e traçar um perfil para a

agricultura familiar no Norte de Minas Gerais, traçando um paralelo com a agricultura

familiar do estado de Minas Gerais e do Brasil. Também são objetivos deste estudo:

conceituar e identificar as principais características da Agricultura Familiar no Norte de

Minas; identificar o total de estabelecimentos e pessoas ocupadas na Agricultura Familiar no

Brasil, Minas Gerais e Norte de Minas; verificar quais estabelecimentos recorreram a

financiamento, identificando os motivos que os levaram a demanda por este recurso; e

identificar a proporção da renda dos estabelecimentos proveniente da Agricultura Familiar e a

proporção da renda provenientes de outras fontes.

A legislação atual, por meio da Lei Federal nº 11.326, de 24 de julho de 2006

(BRASIL, 2006), define como agricultor familiar aquele que pratica atividades no meio rural,

atendendo, simultaneamente, aos seguintes requisitos: i) não ser detentor, a qualquer título, de

área maior do que quatro módulos fiscais; ii) utilizar predominantemente mão de obra da

própria família nas atividades econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento; iii) ter

renda familiar originada, sobretudo, de atividades econômicas vinculadas ao próprio

estabelecimento ou empreendimento; e iv) dirigir seu estabelecimento ou empreendimento

com sua família.

A agricultura familiar é constituída por pequenos e médios produtores que, em

geral, possuem baixo nível de escolaridade. Esse estudo buscou abordar alguns aspectos

relacionados à Agricultura Familiar e teve como problemas de investigação os seguintes

questionamentos: Qual o perfil da Agricultura Familiar no Norte de Minas? Este perfil é

similar ao verificado para Minas Gerais e para o Brasil? Para respondê-los foram analisados

dados provenientes do Censo Agropecuário de 2006 como: número de estabelecimentos

agropecuários familiares; utilização das terras; valor bruto da produção; receitas obtidas

dentro e fora dos estabelecimentos agropecuários familiares; pessoal ocupado, trabalho

realizado fora destes estabelecimentos; e financiamento.

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Para o estudo foram consideradas as seguintes hipóteses: 1) apesar da importância

da renda proveniente do estabelecimento agropecuário familiar, o produtor norte-mineiro

busca novas fontes de renda com o objetivo de aumentar a sua receita; 2) Grande parte dos

agricultores familiares do Norte de Minas recorre ao financiamento com o objetivo de custeio

da produção e; 3) A maior parte dos produtores norte - mineiros tem sua renda proveniente

totalmente da produção familiar.

Para a realização desse estudo foram efetuadas pesquisas bibliográficas e

documentais em livros, artigos e documentos publicados acerca do assunto. A principal fonte

para a realização do estudo e para se alcançar os objetivos propostos foram os dados extraídos

do Censo Agropecuário de 2006. Os resultados alcançados nos permitiram conhecer e traçar o

perfil da agricultura familiar no Norte de Minas, bem como constatar a similaridade de suas

características com as do estado e do país. Deve ser ressaltado que uma limitação do estudo

refere-se à utilização de dados agregados, o que não permite uma análise mais pormenorizada

dos estabelecimentos agropecuários familiares.

Além dessa introdução, esse estudo está organizado em quatro capítulos e

conclusão, a saber: no primeiro capítulo é apresentada uma breve discussão em torno do

termo Desenvolvimento, abordando os principais conceitos dentro da teoria econômica do

desenvolvimento. No segundo capítulo são mostrados os conceitos de desenvolvimento rural,

bem como os principais programas de desenvolvimento rural e sua importância para a

agricultura, principalmente para a Agricultura Familiar, tema central deste trabalho. No

terceiro capítulo são abordados os conceitos e características da agricultura, em especial da

Agricultura Familiar, com o objetivo de analisar a sua importância para o processo de

desenvolvimento socioeconômico de uma região e/ou país. No quarto capítulo é feito uma

breve apresentação da região Norte de Minas, sendo traçado o perfil da agricultura familiar na

região baseado no Censo Agropecuário de 2006; e é feito uma comparação dos dados da

agricultura familiar da região com o Estado de Minas Gerais e a Federação do Brasil. Por fim

são efetuadas algumas considerações finais onde são apresentados alguns dos resultados

aferidos pelo estudo.

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1- DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO: CONCEITOS E PERSPECTIVA

HISTÓRICA

O desenvolvimento rural é visto como um processo multinível, multiatores e

multifacetado (KAGEYAMA, 2004), cuja estratégia visa estimular a organização

participativa das comunidades rurais para a melhoria da agricultura, saúde, educação e

infraestrutura nas zonas rurais.

Este capítulo apresenta uma breve discussão em torno do termo Desenvolvimento,

abordando os principais conceitos dentro da teoria econômica do desenvolvimento. A ênfase

está no desenvolvimento rural, uma vez que, tem-se tornado tema principal nas discussões

acadêmicas a fim de encontrar uma forma de melhorar a condição de vida das populações

rurais.

O objetivo deste capítulo é mostrar como grandes economistas abordaram a

questão do desenvolvimento econômico e como essas abordagens podem ajudar a

compreender os distintos processos de desenvolvimento rural.

1.1- CONCEITOS DE DESENVOLVIMENTO

O desenvolvimento pode ser definido como sinônimo de crescimento:

“desenvolvimento é o crescimento econômico (aumento do Produto Nacional Bruto per

capita) acompanhado pela melhoria do padrão de vida da população e por alterações

fundamentais na estrutura de sua economia.” (SANDRONI, 2007, p.242).

Mas de acordo com Oliveira (2000, p.17), há muito que esse conceito deixou de

existir. Conforme o autor, o desenvolvimento é entendido como sendo as modificações que

alteram a composição do produto e a alocação dos recursos pelos diferentes setores da

economia e que deve ser complementado por índices que representem a qualidade de vida dos

indivíduos; sendo que o crescimento é considerado como uma das primeiras características do

desenvolvimento por ser uma condição necessária, ou seja, por ser responsável pelo

crescimento contínuo do produto nacional ao longo do tempo.

Conterato et al (2009), conceituam desenvolvimento como:

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(...) um fenômeno de natureza social marcado pela controvérsia quanto às suas

formas de concepção e de aferimento. Isso se deve basicamente ao fato de que o

desenvolvimento só existe como tal na medida em que passa a ser percebido como

uma situação que promove mudanças em determinada coletividade humana. (...) as

propostas mais contemporâneas buscam corrigir a perspectiva de que

desenvolvimento se mede pelo crescimento do PIB – Produto Interno Bruto,

apontando para outras dimensões do fenômeno, como a social, a cultural, a

demográfica e a ambiental. (CONTERATO e FILLIPI, 2009. p.11).

No livro “Desenvolvimento como Liberdade”, Amartya Sen (2000) distingue dois

conceitos. O primeiro diz que o desenvolvimento é um processo “com muito sangue, suor e

lágrimas – um mundo no qual sabedoria requer dureza”. Conforme esse conceito, a

construção do desenvolvimento deve ser feita sobre bases sólidas do trabalho incansável,

dando a idéia de um desenvolvimento como progresso e crescimento econômico. (SEN. 2000,

p.51). O outro conceito defende que o desenvolvimento seja um processo que “pode ser

exemplificado por coisas como trocas benéficas, ou pelo trabalho de redes de segurança social,

ou por liberdades políticas ou por desenvolvimento social – ou uma ou outra combinação

destas atividades de apoio”. Segundo Sen (2000), o desenvolvimento é o aumento da

capacidade de os indivíduos fazerem escolhas, ou seja, de serem livres para participarem dos

mercados e de estabelecer relações humanas que enriqueçam sua existência. (SEN. 2000,

p.52).

As variadas formas de conceituar desenvolvimento não são excludentes, pelo

contrário, elas se complementam ao longo do tempo, e todas tem um ponto comum: o fato de

que só há desenvolvimento a partir do momento em que há melhoria na qualidade de vida e

do bem-estar da população.

1.2- PERSPECTIVA HISTÓRICA DO DESENVOLVIMENTO

Desde os primórdios do pensamento econômico o termo de desenvolvimento vem

sendo discutido, a fim de encontrar formas de melhorar a qualidade de vida dos indivíduos e

fazer com que as nações cresçam economicamente. Neste capítulo serão utilizadas as teorias

acerca do desenvolvimento dos seguintes autores: Siman, Souza, Smith, Ricardo, Malthus e

Schumpeter.

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De acordo com Siman et al (2006), a preocupação com o desenvolvimento passa

do pensamento mercantilista aos fisiocratas e à escola clássica. Segundo os autores, a

preocupação maior era com a fome que assolava o mundo, preocupação essa, que levou

economistas, como Malthus e Ricardo, a formularem teorias econômicas acerca do

desenvolvimento, a fim de encontrarem uma solução para tal problema.

Segundo Souza (1999), apesar do desenvolvimento econômico ter obtido destaque

somente no século XX, a preocupação com o crescimento econômico é mais antiga,

principalmente na Europa. No entanto, o principal objetivo dos países era aumentar o poder

econômico e militar do soberano, pouco se preocupavam com a melhoria das condições de

vida da população.

No regime feudal, procurava-se aumentar o crescimento econômico através da

combinação da segurança do povo com a subsistência do senhor, em que os vassalos

trabalhavam nos campos para abastecerem as cidades e sustentarem seus senhores. Em troca

ganhavam refúgio em caso de haver ataques inimigos. Por muito tempo esse sistema manteve-

se equilibrado, porém, dificultava as mudanças necessárias ao desenvolvimento econômico.

No século XV, com o surgimento do Estado Nacional Moderno, o Renascimento e

as grandes descobertas marítimas, foi legitimado o pacto colonial, em que a metrópole detinha

o monopólio das exportações e importações com as colônias, fixando os preços e o volume do

comércio, ditando em suma o destino das sociedades envolvidas. (SOUZA, 1999. p.15)

Acredita-se que nesse pacto colonial, derivado do pensamento mercantilista, esteja

a origem do subdesenvolvimento contemporâneo das antigas colônias e que a grande falha do

sistema se deve ao fato de atribuir importância em demasia ao afluxo de metais preciosos

como fator da riqueza nacional, ignorando a importância das importações para o

desenvolvimento manufatureiro interno.

Os Fisiocratas por sua vez, se preocupavam com os problemas do crescimento e

da distribuição e para combater as ideias mercantilistas, propunham uma conduta liberal por

parte do Estado e que a atenção fosse transferida do comércio para a produção, conforme

aponta Souza:

Segundo eles (os fisiocratas), a indústria e o comércio apenas transformam e

transportam valores; o produto líquido somente é gerado na agricultura, por meio do

fator terra, que é uma dádiva da natureza. (...) a produtividade natural da terra

poderia contribuir ainda mais com o desenvolvimento, ao proporcionar maior

crescimento da agricultura. Mas uma atividade agropecuária mais produtiva, no

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entanto, não poderia desenvolver-se „naturalmente‟, devido à histórica discriminação

estatal existente. Seria necessário um programa político fisiocrático para mudar a

mentalidade da época, criar condições para aumentar os investimentos na atividade

agrícola e, desse modo, desencadear nos demais setores, de forma induzida, um

processo acumulativo de desenvolvimento econômico. (SOUZA, 1999. p.91,92).

Em “A Riqueza das Nações”, obra escrita em 1776, Adam Smith, considera que o

elemento essencial para o desenvolvimento é o trabalho produtivo, ou seja, o aumento dos

trabalhadores produtivos em relação aos improdutivos, redução do desemprego e elevação da

renda média do conjunto da população.

O trabalho anual de cada nação constitui o fundo que originalmente lhe fornece

todos os bens necessários e os confortos materiais que consome anualmente. O

mencionado fundo consiste sempre na produção imediata do referido trabalho ou

naquilo que com essa produção é comprado de outras nações. (SMITH, 1996, V. I.

p.59).

Segundo Smith, os trabalhadores produtivos e os improdutivos, além daqueles que

não executam nenhum trabalho são igualmente mantidos pela mão de obra e pela produção

anual da terra. Por maior que seja a produção, ela necessariamente tem certos limites e é

totalmente feita pelo trabalho produtivo, com exceção dos produtos espontâneos da terra. E

ainda;

Embora o total da produção anual da terra e do trabalho de um país seja, sem dúvida,

em última análise, destinado a suprir o consumo de seus habitantes e a proporcionar-

lhes uma renda, não deixa de ser verdade que a produção, no momento em que sai

do solo ou das mãos dos trabalhadores produtivos, se divide naturalmente em duas

partes. Uma delas, muitas vezes a maior, destina-se, em primeiro lugar, a repor um

capital ou renovar as provisões de mantimentos materiais e o trabalho acabado,

retirados de um capital; a outra parcela destina-se a constituir uma renda, para o

dono deste capital, como lucro de seu capital, ou para outras pessoas, como renda de

sua terra. (SMITH, 1996, V. I, p. 334 – 335).

Dessa forma, para Adam Smith, o desenvolvimento pode ocorrer fora da

agricultura, desde que o trabalho seja produtivo e gere valor, pois toda mercadoria pode

produzir valor ao ser vendida no mercado a um preço superior a seu preço natural, ou custo

médio de produção. (SOUZA, 1999. p. 93).

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Em 1817, David Ricardo escreve a obra “Princípios de Economia política e

Tributação”, e constrói um modelo teórico fundamentado em uma economia

predominantemente agrícola, pois para ele, o grande problema do crescimento econômico

estava na agricultura, uma vez que, não conseguia produzir alimentos baratos para o consumo

dos trabalhadores e conseqüentemente, elevava os salários nominais.

A grande preocupação de Ricardo era determinar as leis que regulam a

distribuição do produto entre proprietários, capitalistas e trabalhadores, na forma de renda,

lucros e salários.

O produto da terra – tudo que se obtém de sua superfície pela aplicação combinada

de trabalho, maquinaria e capital – se divide entre três classes da sociedade, a saber:

o proprietário da terra, o dono do capital necessário para seu cultivo e os

trabalhadores cujos esforços são empregados no seu cultivo. – Em diferentes

estágios da sociedade, no entanto, as proporções do produto total da terra destinadas

a cada uma dessas classes, sob os nomes de renda, lucro e salário, serão

essencialmente diferentes, o que dependerá principalmente da fertilidade do solo, da

acumulação de capital e de população, e da habilidade, da engenhosidade e dos

instrumentos empregados na agricultura. (RICARDO, 1996. p. 19).

De acordo com Ricardo, o volume da produção está sujeito a produtividade

marginal decrescente. Isso ocorre em virtude da necessidade de aumentar-se a produção de

alimentos, em função do crescimento demográfico, o que leva a economia a utilizar terras

cada vez menos férteis.

Quando uma terra de terceira qualidade começa a ser cultivada, imediatamente

aparece renda na de segunda, regulando-se como no caso anterior, pela diferença

entre as forças produtivas de uma e de outra. Ao mesmo tempo, aumenta a renda da

terra de primeira qualidade, pois esta deve ser sempre superior à renda da segunda,

de acordo com a diferença entre as produções obtidas numa e noutra com uma dada

quantidade de capital e de trabalho. A cada avanço do crescimento da população,

que obrigará o país a recorrer à terra de pior qualidade para aumentar a oferta de

alimentos, aumentará a renda de todas as terras mais férteis. (RICARDO, 1996.

p.51)

Segundo Ricardo, se houvesse terra fértil o suficiente para produzir alimentos para

uma população crescente, ou se o capital pudesse ser aplicado indefinidamente na terra antiga

sem retornos decrescentes, não haveria elevação da renda, pois esta procede invariavelmente

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do emprego de uma quantidade adicional de trabalho com um retorno proporcionalmente

menor.

Para o autor, a produtividade marginal decrescente ocorre principalmente na

agricultura, uma vez que o setor secundário está sujeito à economias de escala. Na margem

extensiva de cultivo, para um mesmo volume de capital e de trabalho, obtém-se uma

quantidade menor de produto. Em cada tipo de terra, utilizando-se quantidades maiores de

determinado fator, deixando-se os demais constantes, a produtividade marginal do referido

fator decresce. (RICARDO, 1996).

A Lei dos Rendimentos Decrescentes explica o aumento de custos dos alimentos

na margem extensiva, elevando a taxa de salários e afetando a taxa de lucro. Nesse processo,

ocorrem modificações na distribuição do produto social, em favor dos proprietários de terras,

e em detrimentos dos trabalhadores, capitalistas, definidos como empresários/arrendatários.

Na visão de Ricardo, os capitalistas desempenham um papel fundamental no

desenvolvimento, ao arrendar terras para produzir alimentos e contratar trabalhadores. Para

ele, as condições de produção na agricultura são fundamentais, porque as taxas de salário e de

lucro prevalecentes nesse setor refletem-se no resto da economia.

Ricardo defendia a concentração da renda em favor dos capitalistas, porque são

eles os responsáveis pela acumulação de capital, gerando aumento do nível de emprego e

promovendo, portanto, o desenvolvimento econômico.

Já para Thomas Robert Malthus, em sua teoria sobre a população, a pobreza é o

fim inevitável do homem, uma vez que a população cresce a uma taxa superior a da produção

dos meios de subsistência. Isso ocorre, porque, segundo Malthus, a força da paixão entre os

sexos é maior do que a força da natureza, levando-o a concluir que a população, se não

controlada, cresceria em progressão geométrica, enquanto a produção dos meios de

subsistência cresceria em progressão aritmética.

Penso que posso elaborar adequadamente dois postulados - primeiro: que o alimento

é necessário para a existência do homem. Segundo: Que a paixão entre os sexos é

necessária e que permanecerá aproximadamente em seu atual estágio. (...) Então,

adotando meus postulados como certos, afirmo que o poder de crescimento da

população é indefinidamente maior do que o poder que tem a terra de produzir

meios de subsistência para o homem. A população, quando não controlada, cresce

apenas numa progressão geométrica. Os meios de subsistência crescem apenas numa

progressão aritmética. (MALTHUS, 1996. p.246)

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De acordo com Malthus, o principal fator de aumento da população, era

constituído pela maior disponibilidade de alimentos, além de outros estímulos tais como:

possibilidade de importar alimentos mais baratos; implantação da Lei dos pobres; casamentos

precoces e aumento dos vícios.

(...) visto que não existiu até hoje nenhum estágio em que os costumes foram tão

puros e simples e os meios de subsistência tão abundantes que nenhum obstáculo,

seja qual for, tenha se colocado aos casamentos precoces nas classes mais baixas por

causa de um medo de não prover bem a subsistência de seus filhos, ou, nas classes

mais altas, devido a um medo de baixar sua condição de vida. (...) se a Lei do

casamento fosse instituída ou não, o preceito da natureza e da virtude parece ser uma

ligação a uma única mulher. Admitindo-se a liberdade de troca, no caso de uma

escolha infeliz, esta liberdade não interferiria na população até que ela chegasse a

um ponto muito viciado; e, agora, estamos admitindo a existência de uma sociedade

em que o vício é pouco conhecido. (MALTHUS, 1996. p.249).

Segundo Malthus, existiam freios que evitavam o crescimento demográfico, tais

como: falta de alimentos, epidemias, guerras e a insalubridade dos locais de trabalho e das

cidades. Mas, a Lei dos pobres inibia o freio “falta de alimentos”, e de acordo com Malthus,

esta Lei deveria ser abolida e que deveria haver uma maior liberdade à economia de mercado

e à mobilidade do trabalho, bem como um estímulo mais amplo à expansão da fronteira

agrícola, de sorte a aumentar os meios de subsistência, pois os grandes obstáculos ao

crescimento são a miséria e o vício.

As leis dos pobres da Inglaterra, sem dúvida, foram instituídas com o mais

humanitário propósito, mas há um grande motivo para crer que não tiveram sucesso

em sua intenção. As leis, certamente, aliviaram alguns casos de miséria muito

extrema que poderiam ocorrer em outras circunstâncias, entretanto, a situação dos

pobres que são sustentados pelos auxílios paroquiais, considerada em todas as suas

particularidades, está muito longe de ser livre da miséria. (...) mas deve se

reconhecer que o projeto possui, em alto grau, o defeito grande e radical de todos os

sistemas desse tipo, o de contribuir para aumentar a população sem o aumento dos

meios de subsistência para sustentá-la, rebaixando então a condição daqueles que

não são sustentados pelos auxílios paroquiais e, conseqüentemente, criando mais

pobres. (MALTHUS, 1996. p.273,274).

Do lado da produção, a teoria malthusiana da população fundamenta-se na lei dos

rendimentos decrescentes da agricultura, segundo a qual, mantendo-se uma área fixa de terra,

os acréscimos de fatores variáveis (trabalho e capital, como adubo e maquinas), gera

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acréscimos menos do que proporcionais do produto total. Os trabalhadores adicionais teriam

uma quota cada vez menor de alimentos, ao mesmo tempo em que os salários nominais

subiriam, elevando o fundo de salários necessários e reduzindo os lucros do capitalista.

À medida que o progresso tecnológico na agricultura e o deslocamento da

fronteira agrícola expandirem os meios de subsistência, o “fantasma” malthusiano da fome

pode ser afastado.

Esses dados parecem demonstrar que a população cresce exatamente na medida em

que os dois grandes obstáculos a ela – a miséria e o vício – sejam removidos, e que

não há um critério mais verdadeiro em relação à prosperidade e à simplicidade de

um povo do que a rapidez de seu crescimento. A insalubridade das cidades, às quais

algumas pessoas são levadas necessariamente pela natureza de seus ofícios, deve ser

considerada como uma espécie de miséria, e o menor obstáculo ao casamento, do

ponto de vista das dificuldades de manter uma família, pode ser justamente

classificado sob o mesmo título. Em suma, é difícil admitir qualquer obstáculo ao

crescimento da população que não traga as características de algum tipo de miséria

ou vício. (MALTHUS, 1996. p.279).

Na obra “Teoria do Desenvolvimento Econômico”, Schumpeter (1997) demonstra

que o desenvolvimento ocorre através das inovações tecnológicas, por obra de empresários

inovadores, financiados pelo crédito bancário.

Nessa visão, o desenvolvimento é entendido como sendo apenas mudanças no

cenário econômico surgidas dentro do próprio processo por iniciativa própria, ou seja, “o

desenvolvimento surge de uma situação sem desenvolvimento”. (SCHUMPETER, 1997. p.

74)

Ainda de acordo com Schumpeter, essas mudanças são espontâneas e são próprias

da esfera industrial e comercial e não das necessidades dos consumidores de produtos finais.

Conforme surgem essas mudanças, surgem também novas necessidades que pressionam o

sistema econômico a se inovar cada vez mais, o que leva o aparato produtivo a se modificar,

pois é através da produção que se inicia a mudança econômica.

Para Schumpeter, “produzir significa combinar materiais e forças que estão ao

nosso alcance e são essas combinações que definem o desenvolvimento”. Essas combinações

podem ser resumidas da seguinte forma:

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1) Introdução de um novo bem – ou seja, um bem com que os consumidores ainda não

estiverem familiarizados – ou de uma nova qualidade de um bem.

2) Introdução de um novo método de produção, ou seja, um método que ainda não tenha

sido testado pela experiência no ramo próprio da indústria de transformação.

3) Abertura de um novo mercado, ou seja, de um mercado em que o ramo particular da

indústria de transformação do país em questão não tenha ainda entrado, quer esse

mercado tenha existido antes, quer não.

4) Conquista de uma nova fonte de oferta de matérias-primas ou de bens

semimanufaturados.

5) Estabelecimento de uma nova organização de qualquer indústria, como a criação de

uma posição de monopólio ou a fragmentação de uma posição de monopólio.

(SCHUMPETER, 1997. p.76)

Quando o empresário não consegue mais realizar as combinações, deve recorrer

ao crédito:

O possuidor da riqueza, mesmo que seja o maior dos cartéis, deve recorrer ao crédito

se desejar realizar uma nova combinação que não pode, como numa empresa

estabelecida, ser financiado pelos retornos da produção anterior. Fornecer esse

crédito é exatamente a função daquela categoria de indivíduos que chamamos de

„capitalistas‟. (...) o crédito é primariamente necessário às novas combinações e que

é por estas que ele força seu caminho dentro do fluxo circular... (SCHUMPETER,

1997. p. 79 – 80).

Após apresentar o conceito de desenvolvimento e da importância do crédito para a

promoção do desenvolvimento (na visão de Schumpeter), será abordado, no capítulo a seguir,

o termo desenvolvimento rural.

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2- DESENVOLVIMENTO RURAL

A preocupação com o Desenvolvimento Rural não é recente e tem cada dia mais

conquistado espaço na área acadêmica. Mas, a maior dificuldade encontrada é como

conceituar desenvolvimento rural de forma que haja um direcionamento de políticas para

promover a melhoria do bem-estar das populações que vivem no meio rural. Este capítulo

apresenta os conceitos de desenvolvimento rural, bem como os principais programas de

desenvolvimento rural e sua importância para a agricultura, principalmente para a Agricultura

Familiar, tema central deste trabalho.

2.1- CONCEITOS DE DESENVOLVIMENTO RURAL

O desenvolvimento rural pode ser entendido como uma combinação de forças

internas e externas à região, em que os atores das regiões rurais estão envolvidos

simultaneamente em um complexo de redes locais e redes externas que podem variar

significativamente entre regiões. Segundo a autora, o desenvolvimento rural é um “processo

multinível, multiatores e multifacetado”, em que o primeiro nível considera o

desenvolvimento rural como um nível global, a partir das relações entre a agricultura e

sociedade; o segundo considera o desenvolvimento rural como um novo modelo para o setor

agrícola com particular atenção às sinergias entre ecossistemas locais e regionais; o terceiro

nível é o da firma individual, destacando-se as novas formas de alocação do trabalho familiar,

especialmente a pluriatividade (KAGEYAMA, 2004). E ainda de acordo com a autora;

o desenvolvimento rural implica a criação de novos produtos e novos serviços,

associados a novos mercados; procura formas de redução de custos a partir de novas

trajetórias tecnológicas e tenta reconstruir a agricultura não apenas no nível dos

estabelecimentos, mas em termos regionais e da economia rural como um todo.

(KAGEYAMA, 2004. p. 384)

Segundo Chalita (2005), o termo “Desenvolvimento Rural” foi criado nos anos

1970 para contrabalançar os efeitos negativos sobre os países do terceiro mundo, do “modelo

de desenvolvimento comunitário” adotado pelas agências internacionais de desenvolvimento.

Já durante as décadas de 1950-60, o desenvolvimento rural, apesar de apresentar-se como

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estratégia para estimular a organização participativa das comunidades rurais para a melhoria

da agricultura, saúde, educação e infraestrutura nas zonas rurais, objetivou estimular as

mudanças preconizadas pela Revolução Verde1. (CHALITA, 2005. p.101)

Há muito que estudiosos e pesquisadores tentam mostrar a importância da

agricultura para o desenvolvimento da economia de uma região. De acordo com esses

pesquisadores, não há desenvolvimento econômico sem o desenvolvimento da agricultura

através da sua modernização. Para eles, essa modernização era necessária uma vez que a

agricultura praticada em larga escala era mais eficiente que a agricultura camponesa.

Esse paradigma começou a mudar nos anos 1960. De acordo com Siman et al

(2006), em meados dos anos de 1960 surge a primeira mudança de paradigma, pois a pequena

produção passa a ser vista como o motor do crescimento e do desenvolvimento, uma vez que

fazia uso racional na alocação dos recursos, o que a tornou mais eficiente. A segunda

mudança surgiu entre os anos de 1980 e 1990, com a passagem da abordagem baseada na

utilização de tecnologias externas e políticas em nível nacional pela abordagem de processo

segundo o qual o desenvolvimento rural é visto como um processo participativo, em que os

diversos atores são agentes de mudança.

2.2- PROGRAMAS DE DESENVOLVIMENTO RURAL

São diversos os programas, relacionados ao desenvolvimento rural,

implementados ou em vigência no País. Entre esses programas, dois serão discutidos, o

primeiro devido à sua grande importância para os agricultores em geral, e o segundo, para os

agricultores familiares (foco dessa monografia). O PDRI (Programa de Desenvolvimento

Rural Integrado), criado no início da década de 1970, teve por objetivo aliviar a pobreza e a

desigualdade no campo e o PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento de Agricultura

Familiar), surgiu em 1996 e tem como objetivo estimular a expansão da agricultura familiar

no país. Os dois programas têm, entre seus objetivos, a concessão de crédito aos produtores

rurais.

1 Revolução Verde é um amplo programa idealizado para aumentar a produção agrícola no mundo por meio de

melhorias genéticas em sementes, uso intensivo de insumos industriais, mecanização e redução do custo de

manejo. O programa surgiu nas décadas de 60 e 70 com o objetivo de resolver o problema da fome nos países

menos desenvolvidos, porém esse objetivo não foi alcançado, pelo contrário, o programa contribuiu para o

aumento da concentração fundiária, a dependência de sementes modificadas e alterou significativamente a

cultura dos pequenos proprietários. (VASCONCELOS, 2007).

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2.2.1- PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO RURAL INTEGRADO – PDRI

Nos anos 1970, foi criado o Programa de Desenvolvimento Rural Integrado –

PDRI - com a finalidade de operacionalizar a modernização da base técnica da agricultura,

apoiado inicialmente em um considerável aparato institucional estatal (crédito, pesquisa e

extensão rural). O PDRI surgiu com o objetivo de aliviar a pobreza e a desigualdade nos

países periféricos.

De acordo com Moreira et al (2004), o programa surgiu a partir de teorias

sociológicas, antropológicas e econômicas da modernização agrária, com base nas seguintes

premissas: a causa da pobreza rural nos países subdesenvolvidos era a carência de tecnologias

adequadas às suas circunstâncias e à falta de capital humano para realizar a mudança

tecnológica; o responsável por essa carência de capital humano era a falta de investimentos

em pesquisa, experimentação agrícola e educação rural; e a falta de investimentos devia-se às

políticas nacionais que não valorizam a agricultura.

Segundo Castro (2009), a pobreza nas áreas rurais era causada não somente pela

dificuldade do desenvolvimento alcançar o campo, mas também pela incapacidade da

agricultura contribuir com o crescimento econômico. Essa incapacidade se devia à estagnação

das técnicas de cultivo para a subsistência, presentes nos países subdesenvolvidos. Dessa

forma, planejou-se viabilizar a transição dos pequenos agricultores para a integração com a

economia internacional:

Para tanto, foi estabelecida uma estratégia que combinava várias atividades ao

mesmo tempo – um projeto multidisciplinar, estabelecido simultaneamente no

âmbito nacional e regional, com a coordenação do conhecimento técnico das

agências internacionais com as aspirações e iniciativas das populações locais: os

programas de desenvolvimento rural integrado. (CASTRO, 2009. p.23)

O PDRI retomou preocupações presentes no movimento de desenvolvimento

comunitário. De acordo com Castro (2009), o Programa pressuponha que o desenvolvimento

deveria envolver a participação ativa da população local, através de um processo democrático,

por meio do qual haveria a transferência de tecnologias específicas para a solução dos

problemas mais recorrentes dentro da comunidade. Para Castro, o programa pode ser

compreendido como uma estratégia voltada para a erradicação da pobreza em áreas rurais e a

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conseqüente redução das disparidades entre o campo e a cidade, através da participação das

populações pobres rurais. (CASTRO, 2009. p.24)

Os objetivos do programa são: criação de mercados para produtos rurais;

concessão de crédito; programas de extensão; construção de estradas e sistema de irrigação;

estabelecimento de indústrias rurais; geração de empregos fora da fazenda; criação de obras

públicas nos campos e desenvolvimento de centros de saúde, escolas e planejamento familiar.

A intenção era enfatizar o aumento de produtividade, a distribuição de renda e a melhora nas

condições de vida dos produtores rurais.

No Brasil, o PDRI foi promovido pelo Banco do Nordeste do Brasil entre 1971 –

1985. De acordo com Leite (1994), esse programa tornou-se uma esperança para os estados

do Nordeste do Brasil, uma vez que estes estados têm na agricultura um dos fatores

impeditivos do seu progresso econômico. Embora, possuam indústrias que desempenham

papeis relevantes em sua economia, o Nordeste enfrenta graves problemas de pobreza,

subemprego e baixa produtividade agrícola e necessita, que esses problemas sejam

minimizados como requisito para o próprio desenvolvimento industrial e da economia de

modo geral.

Segundo Carneiro (1997), o PDRI surgiu no país com a reflexão sobre a

preocupação governamental em implantar ações voltadas à redução das disparidades sociais

existentes no campo, como forma de atender pressões para a realização da reforma agrária. De

acordo com o autor, a modernização e a melhoria na condição de renda da pequena produção

representariam uma alternativa política que poderia substituir a realização de mudanças

estruturais mais profundas. O PDRI constitui uma experiência importante para se discutir as

possibilidades e os limites de se buscar melhorias nas condições de reprodução da pequena

produção.

E foi pensando nessas possibilidades que se criou um novo programa – o

PRONAF – para o fortalecimento da pequena produção, aumentando a sua capacidade

produtiva e melhorando a qualidade de vida no campo.

2.2.2- PROGRAMA NACIONAL DE FORTALECIMENTO DE AGRICULTURA

FAMILIAR – PRONAF

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O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – PRONAF – foi

criado em 1996 com o objetivo de estimular a expansão da agricultura familiar no Brasil e

atender as reivindicações das organizações dos trabalhadores rurais, nas quais demandavam a

formulação e a implantação de políticas de desenvolvimento rural específicas para o maior

segmento da agricultura brasileira.

Segundo Mattei (2005), o PRONAF representa a legitimação, pelo Estado, de uma

nova categoria social – os agricultores familiares – que até então era praticamente

marginalizada em termos de acesso aos benefícios da política agrícola, bem como designada

como pequenos produtores, produtores familiares, produtores de baixa renda ou agricultores

de subsistência.

O PRONAF originou-se de outro programa criado pelo governo Itamar Franco em

1994, o PROVAP – Programa de Valorização da Pequena Produção Rural. Este programa foi

criado para atender as reivindicações dos agricultores familiares e operava basicamente com

recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Assim, o PROVAP foi o embrião da primeira e mais importante política pública

criada dois anos mais tarde e destinada aos agricultores familiares, o PRONAF. Sua

importância consiste na transição que ali se inicia em direção a uma política pública

diferenciada por categorias de produtores rurais.

A partir de 1995, já no governo Fernando Henrique Cardoso, o PROVAP foi

totalmente reformulado, tanto em termos de concepção como em sua área de

abrangência. Essas modificações deram origem ao PRONAF, em 1996, cuja

institucionalização ocorreu por meio do Decreto Presidencial 1.946, de 28 de julho.

Desse ano em diante, o programa tem-se firmado como a principal política pública

do governo federal para apoiar os agricultores familiares. (MATTEI, 2005. p.13).

No início, o PRONAF atendia somente as áreas voltadas ao crédito, custeio e a

partir de 1997, expandiu-se para as áreas de investimentos, infraestrutura e serviços

municipais, capacitação e pesquisa, quando o programa ganhou maior dimensão e passou a

operar de forma integrada em todo o território nacional.

De acordo com Mattei (2005), o PRONAF concentra-se em quatro grandes linhas

de atuação:

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a) Financiamento da produção: o programa destina anualmente recursos para custeio e

investimento, financiando atividades produtivas rurais em praticamente todos os

municípios do país;

b) Financiamento de infraestrutura e serviços municipais: apoio financeiro aos

municípios de todas as regiões do país para a realização de obras de infraestrutura e

serviços básicos;

c) Capacitação e profissionalização dos agricultores familiares: promoção de cursos e

treinamentos para os agricultores familiares, conselheiros municipais e equipes

técnicas responsáveis pela implementação de políticas de desenvolvimento rural;

d) Financiamento da pesquisa e extensão rural: destinação de recursos financeiros para a

geração e a transferência de tecnologias para os agricultores familiares. Esse quadro

inicial da política está sendo modificado e aprimorado constantemente, visando dar

maior consistência e amplitude ao Programa.

Para Carneiro (1997), a proposta de um Programa de fortalecimento da agricultura

familiar voltado para as demandas dos trabalhadores, representa um considerável avanço em

relação às políticas anteriores. Porém, a autora alerta que a leitura do PRONAF deve ser feita

com cuidado para que se evitem novas ameaças à reprodução da agricultura familiar, uma vez

que, as diretrizes desse Programa têm como referência experiências européias.

Assim como na Europa, o padrão de organização da produção privilegiado pelo

PRONAF e a sua função social no desenvolvimento econômico do país estão

sustentados, implicitamente, nas noções de produtividade e na rentabilidade

crescentes, o que resultaria, segundo os formuladores desse programa, em uma

contribuição do setor para a competitividade da economia nacional e, em

consequência, na melhoria da qualidade de vida da população rural. (CARNEIRO,

1997).

Segundo Carneiro (1997), quando se trata de importar modelos adotados em

outros países, é importante lembrar as especificidades das conjunturas e os contextos

históricos de cada realidade. Por exemplo, a Europa estava vivendo um pós-guerra quando

implementou a política sustentada na modernização da agricultura familiar. Já o Brasil,

encontra-se num contexto de restrição da participação efetiva do Estado nos processos de

desenvolvimento econômico e social, o que torna duvidoso o êxito de uma política pública de

apoio à agricultura familiar.

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Além disso, a autora ressalta as diferenças estruturais da composição social da

produção agrícola em um e outro país. Segundo ela, no Brasil, a modernização da agricultura

se sustentou nas grandes empresas e no benefício da acumulação do capital privado, enquanto

que na Europa, a agricultura repousa historicamente na produção familiar, seja na geração de

valores, seja em relações sociais de produção, o que justifica a decisão política de se processar

a chamada “industrialização” da agricultura sobre as bases de uma força de trabalho e de um

capital essencialmente familiar e de médio porte.

Carneiro (1997), diz ainda que a ideia de desenvolvimento contida no PRONAF,

mesmo associando o aumento da capacidade produtiva à melhoria da qualidade de vida e à

ampliação da cidadania no meio rural, não implica explicitamente a opção por tecnologias

alternativas ao padrão que vem sendo adotado até então, conforme explicitado abaixo:

Ao assumir o compromisso com a democratização de informações (gerenciais, de

mercado e tecnológicas), o governo não enfatiza a necessidade de implementar (e

pesquisar) tecnologias apropriadas à forma de exploração familiar que possibilitem a

redução de custos monetários de produtos, como, por exemplo, os de „qualidade

natural‟, em um contexto de megamercados e de alta competitividade. O estímulo do

PRONAF ao „uso racional de fatores ambientais‟ não parece se sobrepor ao objetivo,

este sim constantemente reforçado, de aumento da capacidade produtiva e da renda.

Além disso, não se define claramente o conteúdo dessa racionalidade que, no texto,

parece estar restrita à questão da “proteção ambiental”. Torna-se, portanto, difícil

reconhecer a real possibilidade do governo em romper efetivamente com as práticas

desenvolvimentistas do passado, pautadas na tecnificação, para se orientar na

direção de um „novo paradigma de desenvolvimento rural. (CARNEIRO, 1997)

Mattei (2005) avalia o PRONAF como uma alternativa concreta para diversos

segmentos da agricultura familiar brasileira:

A evolução do programa nas últimas safras agrícolas esteve fortemente atrelada à

disponibilidade de crédito em suas diferentes modalidades, que passaram a ser carro-

chefe dessa política agrícola. Nessa curta trajetória do programa, foram promovidas

diversas mudanças institucionais que ampliaram a capilaridade dessa política

pública, tanto nacional como regional, verificando-se um aumento dos contratos

efetuados, do volume de recursos utilizados e das principais categorias de

agricultores beneficiadas. Esse processo certamente teve efeitos bastante positivos

sobre o desenvolvimento da agricultura familiar brasileira, particularmente no que

diz respeito à participação do setor na geração de indicadores socioeconômicos do

meio rural do país. (MATTEI, 2005. p.14)

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Segundo Mattei, apesar dos efeitos positivos do programa sobre o

desenvolvimento da agricultura familiar, ainda há muitos obstáculos a serem vencidos, os

quais acabam se transformando em limitações práticas do próprio programa. Tais obstáculos

são: limites financeiros, pois os recursos disponíveis estão longe de atenderem as reais

necessidades dos agricultores familiares; problemas relacionados aos agentes financeiros que

operam o PRONAF, que podem levar a concentração dos recursos em algumas regiões e/ou

produtos; a dotação orçamentária da política, além de sofrer cortes sequenciais, está cada vez

mais dependente de uma única fonte de recursos, no caso o FAT (Fundo de amparo ao

trabalhador) e, a operacionalidade do programa, que ainda sofre de vícios tradicionais da

burocracia dos órgãos públicos que impedem a legitimação desse processo junto à sociedade

civil.

O PRONAF atualmente possui cinco grupos básicos (A, A/C, B, C e AF) e

diversas linhas complementares ou acessórias (Agroindústria, Mulher, Jovem, Semiárido,

Agroecologia, Floresta, Eco, Mais Alimentos, Custeio e Comercialização de Agroindústrias

familiares e Cotas-partes). Esses grupos de linhas são apresentados nos anexos dessa

monografia.

No capítulo seguinte serão apresentados os conceitos e características da

agricultura, em especial da Agricultura Familiar.

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3 - A AGRICULTURA FAMILIAR

O universo agrário é bastante complexo, devido à grande diversidade da paisagem

agrária, e devido à existência de diferentes tipos de agricultores, que tem interesses

particulares, estratégias próprias de sobrevivência e de produção e que, portanto, respondem

de maneira diferenciada a desafios e restrições semelhantes.

Segundo Veiga (2003), uma nova estratégia de desenvolvimento rural para o

Brasil seria a expansão e o fortalecimento da agricultura familiar, mas para isso, é preciso

comparar as desvantagens do atual padrão de crescimento agrícola, cujo principal subproduto

é à expulsão prematura de trabalho, com as vantagens do padrão oposto, redutor de pobreza,

adotado pelas nações semiperifericas bem sucedidas, além de todas as nações que hoje fazem

parte do Primeiro Mundo.

O presente capítulo apresenta conceitos e características da agricultura, em

especial a Agricultura Familiar, com o objetivo de analisar a sua importância para o processo

de desenvolvimento socioeconômico de uma região e/ou país.

3.1 – CONCEITOS, CLASSIFICAÇÃO E MODELOS DE AGRICULTURA

A agricultura é uma atividade produtiva integrante do setor primário da economia.

Sandroni caracteriza a agricultura da seguinte forma:

(...) produção de bens alimentícios e matérias-primas decorrentes do cultivo de

plantas e da criação de animais. Na produção agrícola entram três fatores básicos: o

trabalho, a terra e o capital. (...) A relação entre esses três fatores está ligada aos

papéis que a agricultura de um país cumpre no conjunto da organização social e

econômica: 1) o de fornecedora de alimentos para o mercado interno; 2) o de

fornecedora de um excedente agrícola capaz de ser exportado e proporcionar divisas

para o país; 3) o de geradora de poupança para a implantação ou desenvolvimento

do setor industrial; 4) ou, ainda, de acordo com o regime de propriedade vigente

(grande, média ou pequena), o papel de fornecedor principal de mão-de-obra para as

atividades urbano-industriais. (SANDRONI, 2007. p,27)

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A agricultura atual é classificada de duas formas: agricultura intensiva e

agricultura extensiva. Agricultura intensiva é aquela cujo fator predominante é o emprego do

capital, também considerada por agricultura moderna. Nesse tipo de agricultura, a

predominância do fator capital permite alta produtividade por área cultivada e é encontrada

sobretudo nos países industrializados. No Brasil esse tipo ocorre principalmente nas regiões

sul e sudeste. Já a agricultura extensiva é caracterizada como aquela que possui como fator

fundamental a terra e é característica dos países em desenvolvimento, onde a grande

propriedade é a marca da estrutura fundiária. A predominância do fator terra marcou até

recentemente a história da agricultura, alterando-se a relação com o trabalho e o capital

somente a partir da Revolução Industrial, cujas técnicas se estenderam ao setor agrícola.

(SANDRONI, 2007).

De acordo com Conterato et al (2009), o maior desafio do desenvolvimento rural

no Brasil está na dualidade do mundo rural, evidenciada na partilha desigual de terras entre a

agricultura de cunho familiar e a agricultura patronal. Mas, essa dualidade evidencia-se mais

na coexistência de dois Ministérios que se ocupam das questões rurais: de um lado, o MAPA

– Ministério da Agricultura, da Pecuária e do Abastecimento, responsável pelas políticas

públicas direcionadas ao chamado agronegócio, e, do outro, o MDA – Ministério do

Desenvolvimento Agrário, que se ocupa das políticas de empoderamento da Agricultura

Familiar e de implementação de modelos de reordenamento e de reforma agrária.

O modelo de agricultura conhecido como patronal ou agroexportador voltado para

o agronegócio, é rotulado como moderno e competitivo. Teve sua origem no âmbito da

Revolução Verde da década de 1970. Caracterizado por um pacote tecnológico e econômico

que tinha como objetivo fortalecer e ampliar a dinâmica da acumulação capitalista no campo;

fez surgir uma forma de agricultura que atualmente se volta para os mercados internacionais

de commodities agropecuárias.

Outro modelo de agricultura é a familiar, também conhecido como Agricultura

Camponesa. Esse modelo emergiu das lutas de base organizadas pelos movimentos sociais do

campo a partir de meados de 1990, quando despontou o sindicalismo rural à Confederação

Nacional dos Trabalhadores na Agricultura - CONTAG. (CONTERATO e FILLIPE. 2009).

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No quadro seguinte são expostas as diferenças entre estes dois tipos de

agricultura:

QUADRO 1

Comparativo entre os modelos de agricultura familiar e patronal.

Modelo Familiar Modelo Patronal

Trabalho e gestão intimamente

relacionados. Completa separação entre gestão e trabalho.

Direção do processo produtivo assegurada

diretamente pelos proprietários. Organização centralizada.

Ênfase na diversificação. Ênfase na especialização.

Ênfase na durabilidade dos recursos e na

qualidade de vida. Ênfase em práticas agrícolas padronizáveis.

Trabalho assalariado complementar. Trabalho assalariado predominante.

Decisões imediatas adequadas ao alto grau

de imprevisibilidade do processo produtivo.

Tecnologias dirigidas à eliminação das

decisões "de terreno" e "de momento"

Fonte: Projeto INCRA/FAO (2000) – CONTERATO e FILLIPE (2009).

No Brasil, a agricultura patronal, ainda tem predominado e somente a partir da

década de 1990 que começou a discussão acerca da agricultura familiar, pois esta, de acordo

com Conterato et al (2009), embora tenha apresentado uma grande importância no cenário

econômico por ser responsável por uma grande parte da produção agropecuária, ficou

relegada a um plano marginal, dinamizada apenas, através de políticas públicas específicas

implementadas a partir desta década, conduzidas pela SAF – Secretaria de Agricultura

Familiar e pela SDT – Secretaria de Desenvolvimento Territorial, órgãos vinculados ao MDA

– Ministério do Desenvolvimento Agrário.

A seguir será abordado a Agricultura Familiar, seus conceitos e características,

bem como sua importância para o desenvolvimento econômico de uma região.

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3.2 – CARACTERIZAÇÃO E IMPORTÂNCIA DA AGRICULTURA FAMILIAR

O debate sobre a agricultura familiar tem sido intenso no meio acadêmico,

político e social. Diversos autores têm trabalhado com o termo agricultura familiar, a exemplo

de Abramovay (1997), Guanziroli (2001), Denardi (2001) e Schneider (2003), entre outros.

A agricultura familiar está presente em nível mundial, independentemente do país,

de sua historia ou do seu sistema político. Mas afinal, o que é agricultura familiar?

A agricultura familiar pode ser entendida como uma atividade agrícola, em que a

família, ao mesmo tempo em que é proprietária dos meios de produção, realiza todo o

trabalho no estabelecimento produtivo.

Para Guanziroli, (2001, p.113), agricultura familiar significa produzir com base na

mão de obra familiar. Desta forma, as unidades de produção familiares não recorrem à mão de

obra assalariada a não ser de forma ocasional ou em quantidade inferior à mão de obra

familiar.

Abramovay (1997, p.3) considera como agricultura familiar aquela em que a

gestão, a propriedade e a maior parte do trabalho vêm de indivíduos que mantêm entre si laços

de sangue ou de casamento.

Para Schneider (2003, p. 113), a Agricultura Familiar é definida como sendo uma

forma de organizar o trabalho e a produção na atividade agrícola predominantemente familiar,

ou seja, “com base na utilização da força de trabalho dos membros da família que, por sua vez,

podem contratar, em caráter temporário, outros trabalhadores.”

Segundo Schneider (2003, p.99), a discussão sobre a agricultura familiar vem

ganhando legitimidade social, política e acadêmica no Brasil, passando a ser utilizada com

mais freqüência nos discursos dos movimentos sociais rurais, pelos órgãos governamentais e

por segmentos do pensamento acadêmico, especialmente pelos estudiosos das Ciências

Sociais que se ocupam da agricultura familiar e do mundo rural.

Segundo o autor, a agricultura familiar se caracteriza pelo trabalho familiar,

resistência à apropriação do excedente via mercado, propriedade de meios de produção, busca

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de autonomia, entre outros. Além disso, possui uma grande capacidade de adaptação a

ambientes em rápida transformação. Ele afirma ainda que, uma outra característica cada vez

mais presente na agricultura familiar, é a “pluriatividade”.

Schneider, assim define pluriatividade:

A pluriatividade é um fenômeno através do qual membros das famílias que habitam

no meio rural optam pelo exercício de diferentes atividades, ou, mais rigorosamente,

pelo exercício de atividades não-agrícolas, mantendo a moradia no campo e uma

ligação, inclusive produtiva, com a agricultura e a vida no espaço rural.

(SCHNEIDER, 2003, p.112)

Desta forma, pode-se afirmar que, a pluriatividade é multidimensional, pois, na

unidade produtiva, o produtor pode vir a praticar, além da agricultura, outros tipos de

atividades econômicas, tanto dentro como fora da propriedade, pelas quais são recebidos

diferentes tipos de remuneração e receitas.

A pluriatividade na agricultura familiar se deve à pouca disponibilidade de terra e

as dificuldades de modernização tecnológica, comprometendo a renda das famílias, levando-

as a buscarem uma alternativa complementar de renda.

Schneider cita um pressuposto feito por Marsden (1991) acerca da pluriatividade

na agricultura familiar:

Seu ponto de partida é o pressuposto de que as unidades familiares são compelidas a

buscar novas fontes de renda fora da propriedade devido ao ingresso em um

ambiente competitivo, o que impede que sobrevivam apenas e exclusivamente dos

ganhos obtidos com as atividades agrícolas. Dada essa nova configuração do

mercado de trabalho e da importância que assume o espaço rural como um espaço

mercantilizado de bens e serviços, parte expressiva das unidades familiares agrícolas

tornam-se pluriativas, garantindo assim, condições razoáveis de sobrevivência.

(SCNEIDER, 2003, p. 111 apud MARSDEN, 1991, p.109).

Corroborando os conceitos já apresentados, Denardi (2001, p.57) destaca duas

características principais dos empreendimentos familiares: “(...) eles são administrados pela

própria família; e neles a família trabalha diretamente, com ou sem auxilio de terceiros.”

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Ainda segundo Denardi, vale dizer que na agricultura familiar “a gestão é familiar

e o trabalho é predominantemente familiar. Um estabelecimento familiar é, ao mesmo tempo,

uma unidade de produção e de consumo; uma unidade de produção e de reprodução social.”

(DENARDI, 2001, p. 57)

O Estatuto da Terra (1964) assim define propriedade familiar:

Propriedade familiar: O imóvel que, direta e pessoalmente explorado pelo agricultor

e sua família, lhes absorva toda a força de trabalho, garantindo-lhes a subsistência e

o progresso social e econômico, com área máxima fixada para cada região e tipo de

exploração, e eventualmente trabalhado com a ajuda de terceiros. (ESTATUTO DA

TERRA, Inciso II, artigo4º; Lei n°4.504 de 30 de novembro de 1964).

Para Silva (2010), não há um termo pronto e acabado para definir agricultura

familiar, pois, essa categoria social se transforma e adapta-se às condições que lhes são

impostas pelo contexto histórico e pelo meio em que está inserido. Segundo o autor, definir o

conceito de agricultura familiar é o mesmo que afirmar a sua estagnação e ignorar sua notória

capacidade de produção e reprodução em condições sociais e ambientais diferenciadas.

O Censo Agropecuário de 2006 adotou o conceito de “agricultura familiar”,

conforme a Lei Federal nº 11.326, de 24 de julho de 2006 (BRASIL, 2006), que estabelece as

diretrizes para a formulação da Política Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos

Familiares Rurais.

Art. 3º Para os efeitos desta Lei considera-se agricultor familiar e empreendedor

familiar rural aquele que pratica atividades no meio rural, atendendo,

simultaneamente, aos seguintes requisitos:

I – não detenha, a qualquer título, área maior do que 4 (quatro) módulos fiscais;

II – utilize predominantemente mão de obra da própria família nas atividades

econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento;

III – tenha renda familiar predominantemente originada de atividades econômicas

vinculadas ao próprio estabelecimento ou empreendimento;

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IV – dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua família.

§ 1º O disposto no inciso I do caput deste artigo não se aplica quando se tratar de

condomínio rural ou outras formas coletivas de propriedade, desde que a fração ideal

por proprietário não ultrapassasse 4 (quatro) módulos fiscais.

§ 2º São também beneficiários desta Lei:

I – silvicultores que atendam simultaneamente a todos os requisitos de que trata o

caput deste artigo, cultivem florestas nativas ou exóticas e que promovam o manejo

sustentável daqueles ambientes;

II – aquicultores que atendam simultaneamente a todos os requisitos de trata o caput

deste artigo e explorem reservatórios hídricos com superfície total de até 2ha (dois

hectares) ou ocupem até 500m³ (quinhentos metros cúbicos) de água, quando a

exploração se efetivar em tanques-rede;

III – extrativistas que atendam simultaneamente aos requisitos previstos nos incisos

II, III e IV do caput deste artigo e exerçam essa atividade artesanalmente no meio

rural, excluídos os garimpeiros e faiscadores;

IV – pescadores que atendam simultaneamente aos requisitos previstos nos incisos I,

II, III e IV do caput deste artigo e exerçam a atividade pesqueira artesanalmente.

(LEI Nº 11.326/2006).

Entende-se por módulo fiscal a unidade de medida expressa em hectares, fixada

para cada município, considerando os seguintes fatores: tipo de exploração

predominantemente no município (hortifrutigranjeira; cultura permanente; cultura temporária;

pecuária; e florestal); renda obtida com a exploração predominante; outras explorações

existentes no município que, embora não predominantes, sejam significativas em função da

renda ou da área utilizada; e conceito de propriedade familiar.

O módulo fiscal corresponde à área mínima necessária a uma propriedade rural

para que sua exploração seja economicamente viável. Dependendo do município, um módulo

fiscal pode variar de 5 a 110 hectares. Segundo o INCRA – Instituto Nacional de Colonização

e Reforma Agrária, essas áreas por regiões são assim definidas: região norte: 50 a 100 ha;

região nordeste: 15 a 90 ha; região centro-oeste: 5 a 110 ha; região sul: 5 a 40 ha; e região

sudeste: 5 a 70 ha. No Norte de Minas, região enfatizada nesse estudo, o módulo fiscal varia

de 40 a 70 hectares.

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De acordo com a Lei 6.746 de 10 de dezembro de 1979, “o número de módulos

fiscais de um imóvel rural será obtido dividindo-se sua área aproveitável total pelo módulo

fiscal do município.” (Art. 1º, §3). Seu cálculo visa determinar o tamanho e a classificação

dos imóveis rurais em minifúndio, pequena, média e grande propriedade.

O Censo Agropecuário de 2006 identificou que cerca de 85% do total de

propriedades rurais, no Brasil, são pertencentes a grupos familiares. Porém, essas

propriedades ocupam somente cerca de 24% da área dos estabelecimentos agropecuários do

país.

Para Santana et al (2007), a agricultura familiar apresenta uma importância

considerável no cenário rural brasileiro, pois responde pela produção de aproximadamente

40% da riqueza gerada no meio rural. Porém, as inovações tecnológicas e as transformações

ocorridas no campo nas últimas décadas têm modificado as relações sociais de trabalho no

meio rural, forçando os produtores a buscarem alternativas de renda além da proveniente do

trabalho agrícola.

Schuch (2007) concorda com tal afirmação e diz ainda, que a agricultura familiar

é um setor estratégico para a manutenção e recuperação do emprego, para redistribuição da

renda, para a garantia da soberania alimentar do país e para a construção do desenvolvimento

sustentável. De acordo com o autor, “a agricultura familiar é o principal agente propulsor do

desenvolvimento comercial e, conseqüentemente, dos serviços nas pequenas e médias cidades

do Brasil”. (SCHUCH, 2007).

Para Guanziroli (2001), “a agricultura familiar desempenhou um papel

fundamental na estruturação de economias mais dinâmicas, de sociedades mais democráticas

e equitativas”.

Guanziroli diz ainda que;

Em todos esses países (de economias mais dinâmicas, como por exemplo Estados

Unidos, Japão, Coreia e Taiwan), além de contribuir para dinamizar o crescimento

econômico, a agricultura familiar desempenhou um papel estratégico que tem sido

relevado em muitas analises: o de garantir uma transição socialmente equilibrada

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entre uma economia de base rural para uma economia urbana e industrial.

(GUANZIROLI, 2001, p.15).

Nos países subdesenvolvidos, os desequilíbrios socioeconômicos são bastante

visíveis. Há, nesses países, um alto grau de pobreza e desigualdade, provocadas pela

modernização e industrialização, uma vez que, esses processos têm provocado a redução da

demanda por mão-de-obra agrícola e gerado conflitos fundiários e expulsão de pequenos

produtores na fronteira agrícola, devido a taxa elevada de inflação nos preços da terra.

Além disso, o próprio segmento de produtores rurais familiares subsistindo dentro e

nas franjas do latifúndio foi duramente atingido pelas políticas de modernização de

viés industrial e pela ausência e/ ou insuficiência de políticas voltadas para apoiar,

consolidar e expandir a produção familiar, em particular programas de reforma

agrária, credito, pesquisa e assistência técnica. (GUANZIROLI, 2001, p.15).

Schuch(2007) destaca a importância da agricultura familiar, na área rural.

Segundo o autor a agricultura familiar é também a base para o fortalecimento da sociedade

civil na área rural. “Somente a agricultura familiar pode formar uma grande rede das mais

diversas formas associativas que irão consolidar a democratização e a participação da

população rural, construindo cidadania no Campo”. (SCHUCH, 2007).

Após apresentar essas considerações sobre a agricultura familiar, no próximo

capítulo será traçado um perfil da agricultura familiar no Norte de Minas baseado no Censo

Agropecuário de 2006. Utilizaremos como base o conceito de agricultura familiar adotado

pelo IBGE para a realização do Censo.

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4 – O PERFIL DA AGRICULTURA FAMILIAR NO NORTE DE MINAS

Neste capítulo, será feito uma breve apresentação da região em estudo – Norte de

Minas - e logo em seguida, uma comparação dos dados da agricultura familiar da região com

o Estado de Minas Gerais e a Federação do Brasil.

4.1 – O NORTE DE MINAS GERAIS

O Norte de Minas é uma das doze mesorregiões do estado de Minas Gerais e está

em transição entre o Sudeste e o Nordeste do país. É composto pela união de 89 municípios

(MAPA 1) agrupados em sete microrregiões a saber: Bocaiúva, Grão Mogol, Janaúba,

Januária, Montes Claros, Pirapora e Salinas.

Mapa 1: Municípios Componentes da Região Norte de Minas

Fonte: Cadernos BDMG nº 10 - Abril/2005

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Fonte: Cadernos BDMG nº 10 - Abril/2005

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A região atualmente possui uma área de aproximadamente 128.389,96 km², conta

com uma população aproximada de mais de 1,6 milhões de habitantes, possui um PIB de

R$13.578.408.000,00 e o PIB per capita é de mais de R$ 8.400,00 (IBGE 2010).

A região é marcada por desigualdades demográficas, econômicas e sociais. Há

municípios com menos de 5.000 habitantes, e um município muito populoso, Montes Claros,

com mais de 360 mil habitantes. Há municípios com baixa renda per capita (em torno de

R$ 4.000,00), e municípios com renda per capita em torno de R$ 12.000,00 (IBGE, 2010). Os

dados sobre população e PIB, para cada município do Norte de Minas, podem ser

acompanhados no Anexo I.

De acordo com Rodrigues (2000), o Norte de Minas constitui uma região de

transição entre o sudeste e o Nordeste. Geograficamente, localiza-se na região Sudeste, porém,

no planejamento Federal, está inserida na região Nordeste por possuir semelhanças entre seus

indicadores socioeconômicos.

Segundo a autora, a economia da região se desenvolveu apoiada na: pecuária

bovina; agricultura de subsistência baseada no cultivo de arroz, feijão, mandioca, milho e

cana-de-açúcar, principalmente; cultivo de algodão; e extração de borracha. Para Rodrigues,

Estes produtos foram a base da formação econômica da Região, que se manteve

relativamente isolada em relação ao centro do país. Com o desenvolvimento das

ferrovias e rodovias, no início deste século e depois da metade, com a incorporação

do Norte de Minas a área da SUDENE, a economia regional teve suas relações

comerciais com o resto do país e com o próprio estado de Minas Gerais ampliadas,

gerando novas possibilidades econômicas. (RODRIGUES, 2000, p.105).

Conforme dados do Censo Demográfico de 2010, realizado pelo IBGE,

aproximadamente 78% dos municípios norte-mineiros são de pequeno porte, com população

inferior a 20 mil habitantes; cerca de 17% dos municípios têm um contingente populacional

entre 20 e 50 mil habitantes; 4,5% são de médio porte com população entre 50 a 100 mil

habitantes (Janaúba, Januária, Pirapora e São Francisco); e somente o município de Montes

Claros, pode ser considerado de grande porte. A densidade demográfica é bastante baixa em

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todos os municípios, exceto em Montes Claros que possui densidade alta 101,41 hab./km²,

como mostra a TAB. 1.

TABELA 1:

Número de municípios da Região Norte de Minas segundo classe de tamanho

populacional e densidade demográfica, 2010.

Classe

Número de Municípios Densidade

demográfica (hab./

km²) Número

absoluto

Proporção

relativa (%)

<10.000 53 59,6% 6,33

10.000 a 19.999 16 18,0% 9,06

20.000 a 49.999 15 16,9% 12,76

50.000 a 99.999 4 4,5% 18,85

100.000 a 200.000 0 - -

>200.000 1 1,1% 101,41

TOTAL REGIÃO 89 100,0% 12,54

Fonte: Cadernos BDMG, nr. 10, Abril/2005.

Observa-se, na região, o desenvolvimento de novas atividades produtivas, com

tecnologia moderna, e capital intensiva, mas as estruturas tradicionais ainda permanecem.

Rodrigues et al (2005), cita quatro projetos públicos na subestrutura primária ligados a

irrigação. São eles: Projeto Gorutuba em Janaúba; Projeto Pirapora; Projeto Jaíba atendendo

os municípios de Jaíba e Matias Cardoso; e o projeto Lagoa Grande no município de Nova

Porteirinha.

No setor secundário, há uma concentração das atividades industriais nos

municípios de Montes Claros, Pirapora, Várzea da Palma, Capitão Enéas e Bocaiúva. Estes

quatro últimos constituem um pólo metalúrgico-siderúrgico de ferro-liga e metalúrgica de não

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ferrosos, integrado por sete plantas industriais. Mesmo assim, a região apresenta o predomínio

da agropecuária conforme observado no MAPA 2 (RODRIGUES et al. 2005).

Mapa 2: Importância do PIB setorial segundo municípios do Norte de Minas - 2002

Fonte: Cadernos BDMG nº 10 - Abril/2005

Segundo Rodrigues et al (2005), o Norte de Minas possui um dos mais modernos

parque têxtil do país; uma importante unidade produtora de cimento; e grandes empresas

pioneiras no ramo da biotecnologia:

A região conta com um parque têxtil que é considerado um dos mais modernos do

país, sendo que o setor representa 50% da capacidade instalada de fiação de algodão

do Estado, possuindo tecnologia de ponta, sendo o Grupo Coteminas considerado

um dos mais modernos do mundo. Na região existe também uma unidade produtora

de Cimento (Cimento Montes Claros – Lafarge), cuja capacidade instalada é de

1.440 mil toneladas/ano, representando aproximadamente 14,5% da capacidade de

produção do Estado (UNIMONTES, 1998). Além disso, conta com empresas

pioneiras no ramo da biotecnologia na região e no Estado como a Vallée S/A,

produtora de vacinas anti-aftosa e aviárias e soros imunológicos para uso humano e

animal e a Novonordisk (antiga Biobrás S/A), produtora de cristais de insulina bem

como da própria insulina humana semi-sintética. Existem, na região, reservas de

diamante, ouro, quartzo, manganês, calcário, dolomítico e argila industrial

(Secretaria de Estado da Indústria, Comércio e Minerais), os quais podem ser

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transformados de forma a viabilizar a geração de renda e emprego regional.

(RODRIGUES et al, 2005) .

Ainda segundo Rodrigues et al (2005), na cidade pólo da região, Montes Claros,

existe aglomeração na oferta de serviços e saúde. O município possui nove (09) hospitais, os

quais atendem toda a região e o Sul da Bahia; grandes comércios atacadistas nos ramos de

papelaria e alimentos que abastecem tanto o município quanto seus vizinhos; uma

universidade com multicampos na região (UNIMONTES) e 12 Instituições de Ensino

Superior2

que contribuem com a qualificação de recursos humanos, desenvolvimento

científico/tecnológico e vitalidade sociocultural.

A seguir será traçado o perfil da agricultura familiar no Norte de Minas com base

nos dados do Censo Agropecuário de 2006.

4.2 - RESULTADOS DO ESTUDO E ANÁLISES

Neste tópico, antes de apresentar os resultados do estudo, serão feitas algumas

considerações metodológicas, para facilitar o entendimento dos resultados e respectiva análise.

Estas considerações referem-se, principalmente, a alguns conceitos relacionados às variáveis

apresentadas em tabelas e gráficos.

4.2.1 - CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS: CONCEITOS E VARIÁVEIS

Segundo o IBGE, Estabelecimento Agropecuário é todo terreno de área contínua,

independente do tamanho ou situação (urbana ou rural), formado de uma ou mais parcelas,

subordinado a um único produtor, onde se processe uma exploração agropecuária, ou seja: o

cultivo do solo com culturas permanentes e temporárias, inclusive hortaliças e flores; a

criação, recriação ou engorda de animais de grande e médio porte; a criação de pequenos

animais; a silvicultura ou o reflorestamento; e a extração de produtos vegetais.

2 No ano da realização do estudo de Rodrigues et al (2005), existiam cinco Instituições de ensino superior. Desde

então, tem havido um crescimento do número destas instituições no município. Atualmente Montes Claros conta

com 13 Instituições de Ensino Superior, sendo o IFNMG, a UFMG e a UNIMONTES públicas e as demais

privadas.

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50

Para a realização do Censo Agropecuário de 2006, o IBGE considerou como

formas de utilização da terra, além da lavoura permanente e da lavoura temporária, as

pastagens naturais; pastagens plantadas degradadas; pastagens plantadas em boas condições;

matas e/ou florestas naturais destinadas à preservação permanente ou reserva legal; matas

e/ou florestas naturais (exclusive área de preservação permanente e as em sistemas

agroflorestais); matas e/ou florestas plantadas com essências florestais; lavouras área plantada

com forrageiras para corte; lavouras área para cultivo de flores (inclusive hidroponia e

plasticultura), viveiros de mudas, estufas de plantas e casas de vegetação; sistemas

agroflorestais área cultivada com espécies florestais, também usadas para lavouras e pastoreio

por animais; tanques, lagos, açudes e/ou área de águas públicas para exploração da

aqüicultura; construções, benfeitorias ou caminhos; terras degradadas (erodidas, desertificadas,

salinizadas, etc.); e, terras inaproveitáveis para agricultura ou pecuária (pântanos, areais,

pedreiras, etc.).

De acordo com o IBGE, as lavouras permanentes são as que compreendem áreas

plantadas ou em reparos para o plantio de culturas de longa duração, que após a colheita não

necessitam de novo plantio, produzindo por vários anos sucessivos. Já as lavouras temporárias

são as que abrangem áreas plantadas ou em reparos para o plantio de culturas de curta duração

(via de regra, menor que um ano) e que necessitam geralmente de novo plantio após cada

colheita.

A cultura de pastagem é subdividida em duas categorias: pastagens naturais e

pastagens plantadas. O IBGE considera como sendo pastagens naturais, aquelas constituídas

pelas áreas destinadas ao pastoreio do gado, sem terem sido formadas mediante plantio, ainda

que tenham recebido algum trato. As pastagens plantadas abrangem as áreas destinadas ao

pastoreio, são formadas mediante plantio e podem ser classificadas como pastagens plantadas

degradadas e pastagens plantadas em boas condições.

O IBGE considerou como pessoal ocupado todas as pessoas, com ou sem

remuneração que se encontravam executando serviços ligados às atividades do

estabelecimento, dentre homens e mulheres com idades inferiores, iguais ou superiores a 14

anos.

A Instituição considerou também, como fontes de obtenção de renda: animais

criados em cativeiros (jacaré, escargô, capivara e outros); húmus; esterco; atividades de

turismo rural no estabelecimento; exploração mineral; prestação de serviço de beneficiamento

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51

e/ou transformação de produtos agropecuários para terceiros; prestação de serviço para

empresas integradoras; e outras atividades não-agrícolas realizadas no estabelecimento

(artesanato, tecelagem, etc.).

4.2.2. CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS: DADOS UTILIZADOS E

LIMITAÇÕES

Neste estudo, foram utilizados dados agregados sobre as variáveis relacionadas

aos estabelecimentos agropecuários familiares, disponibilizados no site do IBGE. A não

utilização dos microdados traz algumas limitações ao estudo; pois quando trabalha-se com

dados desagregados é possível descrever melhor o perfil da agricultura familiar na região.

4.2.3. NÚMERO DE ESTABELECIMENTOS E ÁREA OCUPADA

No Censo Agropecuário de 2006 foram identificados no Brasil mais de 4,3

milhões de estabelecimentos agropecuários caracterizados como agricultura familiar,

ocupando um total de aproximadamente 80 milhões de hectares da área agriculturável do país.

Em Minas Gerais, esse número é de mai de 400 mil estabelecimentos agropecuários de

agricultura familiar, ocupando uma área aproximada de 8,8 milhões de hectares. Para o Norte

de Minas o mesmo Censo identificou mais de 77 mil estabelecimentos agropecuários

familiares, ocupando uma área de aproximadamente 1,7 milhões de hectares (TAB. 2). Ou

seja, o total de estabelecimentos agropecuários familiares da região norte mineira corresponde

a 17,77 % do total destes estabelecimentos, no estado.

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52

TABELA 2

Total e área de estabelecimentos familiares agropecuários por condição do

produtor em relação às terras no Norte de Minas, Minas Gerais e Brasil, 2006.

Região

Nº estabelecimentos

agropecuários

Área dos estabelecimentos

agropecuários

Total

(unidades)

Proprie

tários Outros*

Total

(hectares)

Proprietá

rios Outros*

(%) (%) (%) (%)

Brasil 4.366.267 75 25 80.102.694 88 12

Minas Gerais 437.320 85 15 8.835.622 92 8

Norte de Minas 77.706 83 17 1.753.300 93 7

Fonte: IBGE – Censo agropecuário 2006.

Nota:*Assentado sem titulação definitiva; arrendatário; parceiro; ocupante; produtor sem área.

A partir dos dados da tabela, é possível calcular a área média dos

estabelecimentos familiares nas três regiões. No Norte de Minas essa área média corresponde

a 22,56 hectares. No estado e no país, essas áreas são um pouco menores, e correspondem a

20,20 e 18,35 hectares, respectivamente.

De acordo com a TAB. 2, do total de estabelecimentos agropecuários familiares

existentes no país, 75% são próprios dos produtores e 25% desses estabelecimentos são

ocupados por outros tipos de produtores (como assentados sem titulação, ocupantes, dentre

outros). Percebe-se que no Norte de Minas (e no Estado), o percentual de proprietários dos

estabelecimentos fica um pouco acima comparado com o Brasil como um todo. Observa-se

também que grande parte das áreas agropecuárias é pertencente aos próprios produtores

familiares; sendo que no Norte de Minas, 93% dessas áreas pertencem aos próprios

produtores.

4.2.4- FORMA DE UTILIZAÇÃO DAS TERRAS

A TAB. 3 apresenta a utilização das terras dos estabelecimentos familiares

segundo a classificação das atividades (agrícolas e pecuárias). Verifica-se que a terra é

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utilizada para as seguintes atividades: lavouras permanentes; lavouras temporárias; pastagens;

matas e/ou florestas; e outras culturas de menor predominância.

TABELA 3

Área dos estabelecimentos agropecuários familiares, por utilização das terras no Norte

de Minas, Minas Gerais e Brasil, 2006.

Região

Área

Total

(Hectares)

Lavoura

Permanente

Lavoura

Temporária Pastagens

Matas

e/ou

Florestas

Outros

(%) (%) (%) (%) (%)

Brasil 80.102.694 5,36 15 45,26 24,12 10,26

Minas

Gerais 8.835.622 6,56 7,41 58,60 16,75 10,68

Norte de

Minas 1.753.300 1,82 8,60 46,17 26,98 16,44

Fonte: IBGE – Censo Agropecuário 2006.

Percebe-se que as culturas (lavouras permanentes e temporárias) têm pouca

predominância nos estabelecimentos familiares, sendo mais significativa a área destinada às

pastagens (Brasil: 45,26%; Minas Gerais: 58,60% e Norte de Minas: 46,17%). Os dados

apontam que a porcentagem de áreas com lavouras permanentes (1,82%) é bem inferior na

região norte - mineira em relação ao estado e ao país. Quanto às áreas com lavouras

temporárias, a porcentagem de área destinada à essas lavouras, no Norte de Minas (8,60%), é

ligeiramente maior em relação ao estado, mas bem inferior em relação ao país. A soma dos

percentuais de área destinados às lavouras (permanentes e temporárias), nos estabelecimentos

agropecuários familiares da região, corresponde a menos de 10,5%, isso porque uma das

principais atividades econômicas da região é a pecuária, o que explica o fato de grande parte

dos estabelecimentos utilizarem as terras para o cultivo de pastagens. Verifica-se que este

percentual não é significativo somente na região do Norte de Minas; o cultivo de pastagens

tem uma influência muito grande em todo o país, pois, segundo o IBGE, no período em

estudo verificou-se a intensificação da pecuária bovina no Brasil, de um modo geral.

Na TAB. 4 são apresentadas as condições das pastagens nos estabelecimentos

familiares.

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54

TABELA 4

Área dos estabelecimentos pecuários familiares, destinada à pastagem segundo a

condição das pastagens no Brasil, Minas Gerais e Norte de Minas, 2006.

Região

Área total

Pastagens

(Hectares)

Pastagens

Naturais

Pastagens

Plantadas

degradadas

Pastagens

plantadas em

boas condições

(%) (%) (%)

Brasil 36.251.575 40,14 7,60 52,26

Minas Gerais 5.178.033 46,10 7,55 46,36

Norte de Minas 809.472 28,72 16,45 54,83

Fonte: IBGE – Censo Agropecuário 2006.

A porcentagem de área com pastagens plantadas em boas condições é a de maior

predominância nos estabelecimentos familiares no Brasil (52,26%), Minas Gerais (46,36%) e

principalmente no Norte de Minas (54,83%) conforme mostrado na TAB. 4. Como no caso do

Brasil, no Norte de Minas mais da metade das áreas destinadas às pastagens estavam em boas

condições, no ano de realização do Censo de 2006.

Observa-se que a porcentagem de área com pastagens plantadas degradadas nos

estabelecimentos familiares da região Norte de Minas é bem maior, em relação ao estado e

país.

Para o IBGE 2006, a pastagem degradada é causada pelo manejo inadequado ou

pela falta de conservação das áreas plantadas. Santos et al (2010), diz que as causas da

degradação no Norte de Minas, além da escolha incorreta da forrageira a ser implantada, da

má formação e manutenção dos pastos, do manejo incorreto das áreas formadas e dos animais

em pastejo, se dá também, pelas dificuldades climáticas, sobretudo do baixo índice

pluviométrico e da má distribuição das chuvas ao longo do ano.

4.2.5 - VALOR BRUTO DA PRODUÇÃO (VBP)

O Valor Bruto da Produção (VBP) é uma expressão monetária da soma de todos

os bens e serviços produzidos em determinado território econômico, num dado período de

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55

tempo. Na agropecuária, o VBP representa uma estimativa da geração de renda do meio rural,

revertendo em uma variável relevante para acompanhamento do desempenho do setor como

um todo.

De acordo com Plata et al (2011), o Valor Bruto da Produção (VBP) é obtido a

partir do valor gerado pela produção de bens e serviços no estabelecimento. Segundo os dados

do Censo Agropecuário de 2006, aproximadamente 70% dos estabelecimentos familiares no

Brasil declararam ter tido algum tipo de receita no ano. Em Minas Gerais, 65,64% dos

estabelecimentos obtiveram receitas no ano; já no Norte de Minas, esse percentual é bem

menor, aproximadamente 57%. (TAB. 5).

TABELA 5

Número de estabelecimentos agropecuários familiares que obtiveram receitas no

ano: Brasil, Minas Gerais e Norte de Minas - 2006

Região Total geral (Unidades)

Total que

obtiveram

receitas

(Unidades)

Total -

obtiveram

receitas/geral

(%)

Brasil 4.366.267 3.058.326 70,04

Minas Gerais 437.320 287.071 65,64

Norte de Minas 77.706 44.956 57,85

Fonte: IBGE – Censo Agropecuário 2006.

A agricultura familiar é responsável por garantir boa parte da segurança alimentar3

do país, como importante fornecedora de alimentos para o mercado interno. Porém, é possível

inferir, pela TAB. 5, que grande parte da produção nos estabelecimentos agropecuários

familiares do Norte de Minas destina-se ao próprio consumo, pois menos de 60% dos

estabelecimentos, nesta região, obtiveram receitas no ano.

O Censo Agropecuário de 2006 apontou como itens que compõem as fontes de

receitas dos estabelecimentos agropecuários os seguintes: produtos vegetais; animais e seus

3 Segurança Alimentar: garantir a todos, condições de acesso a alimentos básicos de qualidade, em quantidade

suficiente, de modo permanente e sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, com base em práticas alimentares saudáveis, contribuindo assim, para uma existência digna, em um contexto de desenvolvimento integral da pessoa humana. (Lei de Segurança Alimentar e Nutricional de nº 11.346, de 15 de setembro de 2006).

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produtos; animais criados em cativeiros; húmus; esterco; turismo rural; exploração mineral;

produtos agroindustriais; serviços e/ou transformação; serviços empresa integradora; e outras

atividades não agrícolas (artesanato, tecelagem, etc). A TAB. 6 e o GRÁF. 1 mostram os itens

que tiveram maior participação na obtenção de renda:

TABELA 6

Valor das receitas obtidas pelos estabelecimentos familiares no ano, por tipo de receitas,

no Brasil, Minas Gerais e Norte de Minas – 2006.

Fonte: IBGE – Censo Agropecuário 2006.

Gráfico1: Valor das receitas (%) obtidas pelos estabelecimentos familiares no ano, por tipo de

receitas, no Brasil, Minas Gerais e Norte de Minas – 2006.

Fonte: Elaboração própria com base nos dados do IBGE – Censo Agropecuário 2006.

0

10

20

30

40

50

60

70

(%) (%) (%) (%)

Produtosvegetais

Animais eseus produtos

Produtos daAgroindústria

Outros*

Brasil

Minas Gerais

Norte de Minas

Região Total (Mil

reais)

Produtos

vegetais

Animais e

seus produtos

Produtos da

Agroindústria Outros

(%) (%) (%) (%)

Brasil 42.703.869 64,67 24,14 3,45 7,73

Minas Gerais 4.341.153 58,29 34,65 4,72 2,34

Norte de Minas 193.776 38,94 48,11 10,85 2,10

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57

Observa-se na TAB. 6 que os estabelecimentos de agricultura familiar no Brasil

geraram um Valor Bruto da Produção – VBP – de aproximadamente R$42,7 bilhões. Em

Minas Gerais, esse valor foi de R$4,3 bilhões e no Norte de Minas, R$193,7 milhões

aproximados. O GRÁF. 1 mostra que o VBP gerado por estes estabelecimentos é decorrente,

principalmente, da venda de produtos vegetais e animais, sendo que no Norte de Minas, a

venda de animais e seus produtos têm maior participação no VBP comparado com o país e ao

estado (aproximadamente 48% da receita total obtida).

Verifica-se também que os produtos da agroindústria e as demais atividades

produzidas dentro dos estabelecimentos agropecuários familiares, têm pouca influência no

VBP. Porém, no Norte de Minas, a participação percentual dos produtos agroindustriais na

obtenção de receitas é bem maior que o observado no Brasil e no Estado de Minas Gerais, o

equivalente a 10,85% do VBP da região.

4.2.6 – VALOR DA PRODUÇÃO POR PRODUTO: VEGETAL E ANIMAL

A TAB. 7 mostra o número e percentual de estabelecimentos agropecuários

familiares que tiveram produção no ano e contribuíram na formação do valor da produção.

Observa-se que esse número, comparado com o total de estabelecimentos de agricultura

familiar, é bastante expressivo, principalmente no Norte de Minas (92,47%). Fazendo um

paralelo com a TAB. 5, há indícios que boa parte desta produção foi destinada ao auto-

consumo. Utilizando o Norte de Minas como exemplo, aproximadamente 60% desta produção

parece ter sido destinada a comercialização, e quase 40% pode ter sido destinada ao próprio

consumo.

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TABELA 7

Número de estabelecimentos agropecuários familiares com produção no ano: Brasil,

Minas Gerais e Norte de Minas – 2006.

Região Total geral (Unidades)

Total com

produção no

ano (Unidades)

Total com

produção no

ano/geral (%)

Brasil 4.366.267 3.902.682 89,38

Minas Gerais 437.320 388.439 88,82

Norte de

Minas 77.706 71.857 92,47

Fonte: IBGE – Censo Agropecuário 2006.

Como já citado anteriormente, os principais tipos de produções existentes na

Agricultura Familiar são: animal, vegetal e agroindústria. Na TAB. 8 é mostrada a

contribuição de cada tipo de produção na formação do valor produzido.

TABELA 8

Valor da produção nos estabelecimentos agropecuários familiares no ano, por tipo de

produção, no Brasil, Minas Gerais e Norte de Minas – 2006.

Região Valor total da

produção (Mil reais) Animal (%) Vegetal (%)

Agroindústria

(%)

Brasil 54.494.117 28,40 70,65 0,54

Minas Gerais 5.995.832 31,04 67,97 0,86

Norte de Minas 387.500 35,95 62,87 0,96

Fonte: IBGE – Censo Agropecuário 2006.

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Gráfico 2: Valor da produção nos estabelecimentos agropecuários familiares no ano, por tipo

de produção, no Brasil, Minas Gerais e Norte de Minas – 2006.

Fonte: Elaboração própria com base nos dados do IBGE – Censo Agropecuário 2006.

De acordo com a TAB. 8 e o GRAF. 2, os produtos vegetais são os que mais

contribuem na formação do valor nos estabelecimentos agropecuários familiares. Estes

produtos contribuem, no Brasil, com cerca de 71% do valor total da produção; em Minas

Gerais, com cerca de 68%; e no Norte de Minas com 62,87%. Os produtos animais ficam em

segundo lugar, em ordem de importância, na contribuição à formação de valor. Quanto aos

produtos da agroindústria, observa-se que têm influência mínima no valor da produção (não

chega a 1% em nenhuma das regiões citadas).

Cruzando os dados da TAB.8 com os dados da TAB. 6, é possível verificar que no

Brasil o valor das receitas corresponde a cerca de 78% do valor da produção, enquanto na

região norte-mineira, o valor das receitas corresponde a somente cerca de 50% do valor da

produção.

Analisando as TAB 3, 6 e 8 simultaneamente, observa-se que do valor das receitas

no Norte de Minas, a maior parte deve-se à produção animal. Contudo, a produção vegetal

responde pela maior parte do valor da produção; isso, apesar de ser relativamente pequena a

área destinada às lavouras (em torno de 10,5%).

Observa-se também que o valor da produção na agroindústria equivale a menos de

1% do valor total da produção. Porém, no Norte de Minas, essa atividade tem uma

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

80,00

Brasil Minas Gerais Norte deMinas

Animal (%)

Vegetal (%)

Agroindústria (%)

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participação significativa na obtenção de receitas (10,85%), comparado com o estado e o país.

Isso pode ser devido ao fato de a região apresentar expressivas áreas vocacionadas para a

agricultura irrigada, parte delas já utilizadas com grandes projetos de irrigação, com destaque

para o cultivo de frutas, como por exemplo, o Projeto Jaíba, Gorutuba, Lagoa Grande e

Pirapora. Além disso, a região é a maior produtora de banana do estado, com grande potencial

para exportação e possui o segundo maior entroncamento rodoviário nacional, que, de acordo

com o Banco do Nordeste Brasileiro – BNB – é a grande atratividade da região, devido a sua

eqüidistância dos principais mercados consumidores do Brasil, especialmente São Paulo, Belo

Horizonte, Rio de Janeiro e Brasília. Assim, a região conta com indústrias de processamento

de frutas, o que pode explicar os resultados apresentados.

Nas tabelas 9 e 10 são apresentados, respectivamente, valores sobre a produção

animal e vegetal nos estabelecimentos agropecuários familiares, nas regiões analisadas.

TABELA 9

Valor da produção animal nos estabelecimentos agropecuários familiares, no ano, por

tipo de produção animal no Brasil, Minas Gerais e Norte de Minas - 2006

Fonte: IBGE – Censo Agropecuário 2006.

Em relação à produção animal, esta subdivide-se em quatro categorias: animal de

grande porte; animal de médio porte; aves; e pequenos animais. Observa-se na TAB. 9 que os

animais de grande porte têm uma participação expressiva na geração de valor da produção nos

estabelecimentos agropecuários familiares. Eles respondem por aproximadamente 76% do

valor gerado pelos animais na região Norte de Minas; esse percentual é maior em relação ao

país, mas menor em relação ao estado. As aves, por sua vez, representam no valor total da

produção animal, 20,52% no Brasil. Em Minas Gerais e no Norte de Minas, percebe-se que

Região Total (Mil

reais)

Animal de

grande

porte (%)

Animal de

médio

porte (%)

Animal -

Aves (%)

Pequenos

animais

(%)

Brasil 15.477.700 61,51 15,97 20,52 2

Minas Gerais 1.861.068 82,99 4,78 11,2 1,02

Norte de Minas 139.288 76,26 8,53 14,41 0,8

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essa participação é menor, sendo 11,20% em Minas Gerais e 14,41% no Norte de Minas. Em

menor ordem de importância, na geração de valor, estão os animais de pequeno e médio porte.

TABELA 10

Valor da produção vegetal nos estabelecimentos agropecuários familiares, no ano por

tipo de produção vegetal no Brasil, Minas Gerais e Norte de Minas - 2006

Região Total (Mil

reais)

Vegetal –

Lavoura

permanente

(%)

Vegetal –

Lavoura

temporária

(%)

Vegetal -

horticultura

(%)

Vegetal –

Outros* (%)

Brasil 38.501.993 27,54 59,14 7,18 6,14

Minas Gerais 4.075.181 43,86 40,96 10,17 5,01

Norte de Minas 243.609 13,33 74,65 4,68 7,35

*Vegetal – floricultura; vegetal – silvicultura; vegetal – extração vegetal.

Fonte: IBGE – Censo Agropecuário 2006

A produção vegetal classifica-se da seguinte forma: lavouras permanentes;

lavouras temporárias; horticulturas; floriculturas; silviculturas e extração vegetal. De acordo

com os dados da TAB. 10, as lavouras temporárias possuem maior participação no valor bruto

da produção vegetal, seguido pelas lavouras permanentes e pela horticultura. Vale ressaltar

que no Norte de Minas, a participação das lavouras temporárias é bem maior que a observada

no estado e no país; elas representam 74,65% do valor gerado na região, enquanto que no

Brasil esse percentual é de 59,14% e em Minas Gerais 40,96%.

4.2.7 – OUTRAS RECEITAS DOS ESTABELECIMENTOS

Considerando os dados da TAB. 11, verifica-se que no Brasil e em Minas Gerais o

percentual de estabelecimentos agropecuários familiares que obtiveram outras receitas ficou

em torno de 35% a 39%. No Norte de Minas, esse percentual foi bem mais expressivo, sendo

que 56,04% dos estabelecimentos obtiveram outras receitas.

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TABELA 11

Número de estabelecimentos agropecuários familiares que obtiveram outras receitas no

ano: Brasil, Minas Gerais e Norte de Minas – 2006

Região Total geral (Unidades)

Total que

obtiveram

outras receitas

(Unidades)

(%) que

obtiveram

outras

receitas/geral

Brasil 4.366.267 1.709.325 39,15

Minas Gerais 437.320 154.170 35,25

Norte de

Minas 77.706 43.549 56,04

Fonte: IBGE – Censo Agropecuário 2006.

Estas receitas eram provenientes de recursos de aposentadorias ou pensões,

programas especiais do governo, atividades exercidas fora dos estabelecimentos, doações ou

ajudas voluntárias, dentre outros.

A TAB. 12 mostra o percentual das outras receitas por tipo (aposentadorias ou

pensões, renda de fora do estabelecimento, doações, programas do governo e outros).

Verifica-se que a principal fonte das outras receitas é a aposentadoria ou pensão; seguida pela

renda obtida fora do estabelecimento e de programas do governo. No Brasil, quase 66% do

valor obtido por outros tipos de receita, é proveniente de aposentadorias ou pensões. Em

Minas Gerais este percentual foi igual a 64,87%; enquanto no Norte de Minas as receitas

obtidas através de aposentadorias ou pensões possuem um impacto ainda maior, 72,67% do

valor total obtido de outras receitas.

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63

TABELA 12

Valor das outras receitas obtidas nos estabelecimentos agropecuários familiares no ano,

por tipo de receitas no Brasil, Minas Gerais e Norte de Minas – 2006.

Região

Total

(Mil

reais)

Recursos de

aposentadorias

ou pensões (%)

Receitas

provenientes

de programas

especiais dos

governos (%)

Salários

recebidos pelo

produtor com

atividade fora

do

estabelecimento

e outras receitas

(%)

Outros*

(%)

Brasil 7.711.141 65,66 7,06 23,69 3,59

Minas Gerais 802.065 64,87 4,00 28,34 2,79

Norte de

Minas 180.458 72,67 7,40 17,7 2,22

*Doações ou ajudas voluntárias de parentes ou amigos; desinvestimentos; pescado (capturado).

Fonte: IBGE – Censo Agropecuário 2006.

Somando as receitas provenientes tanto da venda de bens e serviços – Valor Bruto

da produção (TAB. 6) à outras receitas provenientes de aposentadorias ou pensões, programas

do governo, renda de fora dos estabelecimentos, doações, entre outros (TAB. 12), obtêm-se a

receita total dos estabelecimentos agropecuários familiares, conforme TAB.13.

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TABELA 13

Valor da receita total dos estabelecimentos agropecuários familiares no ano – Brasil,

Minas Gerais e Norte de Minas – 2006.

Região VBP

(Mil reais)

Renda outras

receitas

(Mil reais)

Receita total

(Mil reais)

% Receita

devido

produção

familiar

Brasil 42.703.869 7.711.141 50.415.010 84,70

Minas Gerais 4.341.153 802.065 5.143.218 84,41

Norte de

Minas 193.776 180.458 374.234 51,78

Fonte: IBGE – Censo Agropecuário 2006.

Com base nos dados, a participação do estado de Minas Gerais na receita total do

país, decorrente da produção agropecuária familiar, é de 10,20%. Por sua vez, o Norte de

Minas responde por 7,28% da receita total dos estabelecimentos agropecuários familiares do

estado de Minas Gerais.

Analisando-se a composição da receita total dos estabelecimentos agropecuários

familiares, verifica-se que no Brasil as outras fontes de receitas representam 15,30% da

receita total. Já em Minas Gerais, esse percentual é de 15,59% e no Norte de Minas o valor

proveniente de outras fontes de receitas representa 48,22% da receita total dos

estabelecimentos agropecuários familiares da região, um valor bastante expressivo.

4.2.8 – PESSOAL OCUPADO NOS ESTABELECIMENTOS

O IBGE considerou como pessoal ocupado todas as pessoas, com ou sem

remuneração que se encontravam executando serviços ligados às atividades do

estabelecimento, dentre homens e mulheres com idades inferiores, iguais ou superiores a 14

anos.

Segundo o Censo Agropecuário 2006, no Brasil aproximadamente 12.3 milhões

de pessoas estavam empregadas em estabelecimentos agropecuários familiares4. Em Minas

4 De acordo com o Censo Agropecuário de 2006, no Brasil, o total de ocupados nos estabelecimentos familiares

corresponde a cerca de 75% das pessoas ocupadas na agricultura.

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65

Gerais, esse número era de aproximadamente 1,2 milhões e no Norte de Minas cerca de 234

mil pessoas (TAB. 14).

TABELA 14

Pessoal ocupado em estabelecimentos agropecuários familiares, segundo o sexo,

em 31/12/2006, no Brasil, Minas Gerais e Norte de Minas.

Região Total (pessoas) Homens (%) Mulheres(%)

Brasil 12.323.110 66,33 33,67

Minas Gerais 1.176.984 67,87 32,13

Norte de

Minas 233.994 61,89 38,11

Fonte: IBGE – Censo Agropecuário 2006

O GRÁF. 3 mostra a distribuição do pessoal ocupado nos estabelecimentos

agropecuários familiares, segundo a região e o sexo.

Gráfico 3: Pessoal ocupado em estabelecimentos agropecuários familiares, segundo o sexo,

em 31/12/2006, no Brasil, Minas Gerais e Norte de Minas.

Fonte: Elaboração própria com base nos dados do IBGE – Censo Agropecuário 2006.

De acordo com a TAB. 14 e GRAF. 3, a maioria do pessoal ocupado nos

estabelecimentos familiares é do sexo masculino, tanto no país como um todo, como na região

em estudo. A participação da mulher nos serviços agropecuários representa menos que 40%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

Brasil Minas Gerais Norte de Minas

Homens (%)

Mulheres(%)

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66

do total de pessoas ocupadas. Contudo, essa participação é mais expressiva no Norte de Minas

(38,11%).

A TAB. 15 apresenta o total de pessoas ocupadas nos estabelecimentos, segundo o

sexo e a idade.

TABELA 15

Pessoal ocupado em estabelecimentos agropecuários familiares, segundo o sexo, com

menos de 14 anos e com 14 anos ou mais, em 31/12/2006 no Brasil, Minas Gerais e Norte

de Minas.

Região

Pessoal ocupado em

estabelecimentos

agropecuários

Pessoal ocupado com 14

anos e mais de idade

Pessoal ocupado com

idade menor que 14

anos

Total (Pessoas) Homens

(%)

Mulheres

(%)

Homens

(%)

Mulheres

(%)

Brasil 12.323.110 62,20% 30,41% 4,12% 3,27%

Minas Gerais 1.176.984 64,90% 29,68% 2,97% 2,45%

Norte de Minas 233.994 57,32% 34,19% 4,56% 3,93%

Fonte: IBGE – Censo Agropecuário 2006.

A maior parte do pessoal ocupado nos estabelecimentos agropecuários familiares

tinha 14 anos ou mais de idade. O percentual de pessoas com menos de 14 anos foi inferior a

5% nas unidades regionais analisadas. Contudo, verifica-se que esse percentual foi mais

elevado no Norte de Minas, principalmente entre os indivíduos do sexo masculino. Estes

dados podem ser visualizados melhor no GRAF. 4.

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Gráfico 4: Pessoal ocupado em estabelecimentos agropecuários familiares, segundo o sexo,

com menos de 14 anos e com 14 anos ou mais, em 31/12/2006 no Brasil, Minas Gerais e

Norte de Minas.

Fonte: Elaboração própria com base nos dados do IBGE – Censo Agropecuário 2006.

Observa-se que a mão-de-obra infantil na produção familiar é mínima e que o

trabalho é realizado, em sua maioria, pela mão-de-obra masculina, embora a participação da

mulher no campo seja significativa.

4.2.9 – PESSOAL OCUPADO NOS ESTABELECIMENTOS COM LAÇO DE

PARENTESCO COM O PRODUTOR

Segundo dados do IBGE, cerca de 90% do pessoal ocupado em estabelecimentos

agropecuários familiares possuem laço de parentesco com o produtor, o que condiz com as

características de uma propriedade de agricultura familiar (TAB. 16).

Na TAB. 16 é apresentado o perfil do pessoal ocupado nos estabelecimentos

familiares que possuem laço de parentesco com o produtor.

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

Homens (%) Mulheres (%) Homens (%) Mulheres (%)

Pessoal ocupado com 14anos e mais de idade

Pessoal ocupado comidade menor que 14 anos

Brasil

Minas Gerais

Norte de Minas

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TABELA 16

Perfil do pessoal ocupado em estabelecimentos agropecuários familiares, de 14 anos e

mais de idade, com laço de parentesco com o produtor em 31/12/2006, no Brasil, Minas

Gerais e Norte de Minas.

Região Total

(pessoas)

Residia no

estabeleci-

mento

Sabiam

ler e

escrever

Recebiam

salário

Tinham

qualificação

profissional

Trabalhavam

somente em

atividade

não

agropecuária

Brasil 10.136.689 79,99 64,37 3,33 1,67 1,58

Minas

Gerais 952.549 81,43 71,19 3,72 1,73 1,95

Norte de

Minas 196.393 86,68 64,26 3,09 0,78 1,55

Fonte: IBGE – Censo Agropecuário 2006.

No Norte de Minas, cerca de 87% deste pessoal residem nos estabelecimentos,

sendo que este percentual é maior nesta região em relação ao estado e país. Outro dado

importante é que cerca de 1/3 do pessoal ocupado não era alfabetizado, ou seja, não sabiam

ler e escrever, e menos de 2% desse pessoal possuíam qualificação profissional. No Norte de

Minas, menos de 0.80% das pessoas ocupadas nos estabelecimentos tinham qualificação

profissional, situação pior do que a verificada em Minas Gerais e Brasil.

De acordo com a TAB. 16, apenas uma pequena parcela (em torno de 3%) do

pessoal ocupado recebia salários; e quase todos trabalhavam na agropecuária, sendo que

pouco mais de 1,5% trabalhavam em outra atividade não agropecuária.

4.2.10 – TRABALHO FORA DO ESTABELECIMENTO

Dos 4.366.267 milhões de estabelecimentos agropecuários familiares,

identificados pelo Censo Agropecuário em 2006, em aproximadamente 25% o produtor

declarou ter atividade fora do estabelecimento (TAB. 17).

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TABELA 17

Número de estabelecimentos agropecuários familiares em que o produtor declarou ter

atividade fora do estabelecimento no ano, por tipo de atividade, no Brasil, Minas Gerais

e Norte de Minas – 2006.

Região

Nº de estabelecimentos

agropecuários (Unidades)

Tipos de atividades fora do

estabelecimento (percentual)

Total

Atividade

Econômica

dentro do

Estabeleci

mento (%)

Atividade

Econômica

fora do

Estabeleci

mento (%)

Agropecuá

ria (%)

Não –

agropecuá

ria (%)

Agropecuá

ria e não –

agropecuá

ria (%)

Brasil 4.366.267 74,52 25,48 50,05 47,08 2,87

Minas

Gerais 437.320 72,27 27,73 51,57 45,93 2,50

Norte de

Minas 77.706 75,44 24,56 61,10 35,54 3,36

Fonte: IBGE – Censo Agropecuário 2006.

Conforme a TAB. 17, a maioria dos produtores que declararam ter outras

atividades econômicas fora dos estabelecimentos, se ocupou em atividades agropecuárias. No

Brasil, a proporção de produtores ocupados nessas atividades corresponde a 50,05%; em

Minas Gerais, 51,57% e no Norte de Minas, a proporção é ainda mais expressiva, 61,10%.

Observa-se também que as atividades não-agropecuárias, também tiveram um número

expressivo de ocupantes: 47,08% no Brasil; 45,93% em Minas Gerais e 35,54% no Norte de

Minas. Nas atividades mistas (agropecuárias e não agropecuárias), o número de ocupantes foi

mínimo, não chegando a 4%.

4.2.11 – FINANCIAMENTO NOS ESTABELECIMENTOS FAMILIARES

Do total de estabelecimentos agropecuários familiares que recorreram a

financiamento, apenas 21,77% conseguiram obter tal financiamento para fins de investimento,

custeio, comercialização e manutenção do estabelecimento. A TAB. 18 apresenta o total de

estabelecimentos que não obtiveram financiamento, segundo o motivo da não obtenção.

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70

TABELA 18

Número de estabelecimentos agropecuários familiares que não obtiveram

financiamento por motivo da não obtenção – Brasil, Minas Gerais e Norte de Minas –

2006.

Região Total

(Unidades)

Burocracia

(%)

Falta de

pagamento

do

empréstimo

anterior

(%)

Medo de

contrair

dívidas

(%)

Não

precisou

(%)

Outros*

(%)

Brasil 3.584.982 8,4 3,26 21,86 50,09 16,39

Minas Gerais 364.929 6,64 2,32 22,61 58,35 10,08

Norte de

Minas 59.819 8,05 8,83 30,44 34,35 18,33

*Falta de garantia pessoal; não sabe como conseguir; outros motivos.

Fonte: IBGE – Censo Agropecuário 2006

Segundo a TAB. 18, a maioria dos estabelecimentos que não obtiveram o

financiamento se deveu ao fato de não precisarem do recurso. Outro motivo relevante para a

não obtenção do financiamento é o medo de contrair dívidas. No Norte de Minas, o número

de estabelecimentos agropecuários familiares que não obtiveram o financiamento por este

motivo, é de 30,44%, uma quantidade bastante expressiva. Outros motivos, de menos impacto,

mas que de certa forma contribuíram para o impedimento da obtenção do financiamento

foram: a burocracia, a falta de garantia pessoal, a inadimplência de empréstimos anteriores e a

falta de informação.

A TAB. 19 apresenta o total de estabelecimentos que obtiveram financiamento

para fins de investimento, custeio, comercialização e manutenção do estabelecimento. Boa

parte do financiamento foi direcionada para investimento e custeio da produção.

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TABELA 19

Número de estabelecimentos agropecuários familiares que obtiveram financiamento por

finalidade do financiamento no Brasil, Minas Gerais e Norte de Minas – 2006.

Região Total

(Unidades)

Investimento

(%)

Custeio

(%)

Comercialização

(%)

Manutenção do

estabelecimento

(%)

Brasil 780.344 44,07% 51,99% 1,06% 9,46%

Minas

gerais 72.366 51,11% 38,57% 1,09% 15,12%

Norte de

Minas 17.884 73,75% 12,70% 1,15% 16,13%

Fonte: IBGE – Censo Agropecuário 2006.

Verifica-se que no Brasil, em cerca da metade dos estabelecimentos, o

financiamento foi utilizado para custeio; mas ao analisar isoladamente o Norte de Minas,

percebe-se que este recurso foi utilizado, em sua maioria (em quase ¾ dos estabelecimentos),

para o investimento na produção.

De acordo com os dados do Censo Agropecuário de 2006, os financiamentos

foram obtidos junto a bancos (inclusive os provenientes de programas oficiais do Governo,

como o PRONAF, e outros); cooperativas de crédito; comerciantes de matéria-prima;

fornecedores de insumos e de equipamentos; empresas integradoras; outras instituições

financeiras, exceto bancos e cooperativas; e junto a organizações não-governamentais –

ONGs; parentes ou amigos, bem como seus respectivos valores.

Segundo relatos do BNB, em 2006 houve um aumento significativo do número de

contratos para o Crédito Rural e o PRONAF. Porém, após este ano, há uma redução desse

número, sobretudo para o crédito rural. Observou-se, no período, que os contratos firmados no

âmbito do PRONAF representavam cerca de 30 a 40% do número de contratos de crédito,

considerado como uma elevada importância em termos de números de contratos.

Para Maia (2012), o PRONAF é de grande importância na economia agropecuária

da região semi-árida brasileira, na qual o Norte de Minas Gerais faz parte. O papel do

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72

programa na região é, comparativamente, ainda mais determinante, uma vez que, os

agricultores familiares mostram-se mais dependentes dessa fonte de financiamento, em razão

da quase inexistência de outras fontes de crédito agrícola.

Após essa caracterização geral da agricultura familiar no Norte de Minas (bem

como em Minas Gerais e no Brasil), é apresentada a conclusão desse estudo.

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73

CONCLUSÃO:

Esse estudo buscou abordar alguns aspectos relacionados a Agricultura Familiar e

teve como problemas de investigação os seguintes questionamentos: Qual o perfil da

Agricultura Familiar no Norte de Minas? Este perfil é similar ao verificado para Minas Gerais

e para o Brasil? Para respondê-los foram analisados dados provenientes do Censo

Agropecuário de 2006 como: número de estabelecimentos agropecuários familiares; utilização

das terras; valor bruto da produção; receitas obtidas dentro e fora dos estabelecimentos

agropecuários familiares; pessoal ocupado, trabalho realizado fora destes estabelecimentos; e

financiamento. Com isso foi possível conhecer e traçar o perfil da agricultura familiar no

Norte de Minas, bem como constatar a similaridade de suas características com as do estado e

do país.

Em linhas gerais, com base nos dados do Censo Agropecuário de 2006, foi

possível traçar o perfil da agricultura familiar no Norte de Minas. Este perfil pode ser assim

resumido: O Norte de Minas possui 77.706 estabelecimentos agropecuários, ocupando uma

área de 1.753.300 hectares. Desses estabelecimentos, 83% são próprios dos produtores. Em

relação à forma de utilização da terra, há predomínio das pastagens (46,17%), seguida das

áreas de mata e/ou florestas (26,98%). Da área destinada a pastagens, 54,83% é ocupada pela

pastagem plantada em boas condições.

Verificou-se que 57,85% dos estabelecimentos obtiveram algum tipo de receita no

ano de 2006, gerando um Valor Bruto da Produção de aproximadamente R$193,7 milhões.

Esse valor é decorrente, principalmente, da venda de produtos animais (48,11%), vegetais

(38,94%) e produtos agroindustriais (10,85%). Assim, na Região, a venda de produtos

animais tem maior participação no VBP. Do total das receitas dos estabelecimentos familiares,

as receitas provenientes de outras fontes representam cerca de 48% o equivalente a

R$180.458 milhões; e o principal item que contribui para esta receita é a aposentadoria e/ou

pensões, que representam 72,67% da renda obtida (de outras fontes).

Em relação ao pessoal ocupado, estavam empregadas no setor agropecuário

familiar do Norte de Minas, no ano, aproximadamente, 233 mil pessoas, sendo que 61,89%

desse montante eram representados pelos homens e 38,11% representado pelas mulheres. A

maioria do pessoal ocupado possui idade igual ou superior a 14 anos, mas a porcentagem de

crianças trabalhando nos estabelecimentos foi mais significativa na Região, em relação ao

estado e país. Cerca de 90% do pessoal ocupado possuem laço de parentesco com o produtor,

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sendo que 86,68% deste pessoal residem nos estabelecimentos, 1/3 não era alfabetizado e

menos de 0,8% possuíam qualificação profissional. Esses dados refletem a baixa escolaridade

e a falta de qualificação profissional das pessoas ocupadas nos estabelecimentos

agropecuários familiares da Região.

Em termos percentuais, 24,56% do total de produtores familiares declarou ter

atividades fora dos estabelecimentos. Cerca de 23% do total dos estabelecimentos obtiveram

financiamento, sendo que, 73,75% destes eram destinados a investimentos na produção. Dos

77% que não obtiveram o financiamento, verifica-se que o principal motivo foi o medo de

contrair dívidas (30,44%).

Em linhas gerais, os objetivos propostos foram alcançados. O estudo mostrou a

importância da Agricultura Familiar para a economia nacional, estadual e regional, conforme

estudos feitos por por Santana, Guanziroli e Schuch (capítulo 3), em que, segundo os autores

a agricultura familiar, além de responder pela produção de quase 40% da riqueza gerada no

meio rural, ela ainda, desempenha um papel fundamental na estruturação de economias mais

dinâmicas e é considerada a base para o fortalecimento da sociedade civil na área rural,

através de redes associativas construindo assim, a cidadania no campo. Além disso, os dados

do Censo Agropecuário de 2006 apontaram que quase 85% do total de propriedades rurais, no

Brasil, são pertencentes a grupos familiares.

O estudo apontou vários aspectos relevantes para o Norte de Minas, como por

exemplo, o número de produtores proprietários dos estabelecimentos, que chegam a 83% do

total de estabelecimentos agropecuários familiares (TAB. 2); grande parte das áreas dos

estabelecimentos é destinada a pastagem (TAB. 3), uma vez que uma das principais atividades

econômicas da Região é a pecuária; e que, além das receitas obtidas dentro dos

estabelecimentos, os produtores auferem receitas através de outras fontes de rendas como

aposentadoria, outras atividades exercidas fora do estabelecimento, doações, programas do

governo (TAB. 12). Um fato interessante é que no Norte de Minas, diferentemente do Brasil e

Minas Gerais, a receita obtida por outras fontes de rendas, é bastante expressiva,

representando 48,22% da receita total dos estabelecimentos familiares, na região (TAB. 11).

Esse dado revela que, apesar da importância da renda proveniente da agricultura familiar no

Norte de Minas, a renda proveniente de outras fontes é de grande importância na composição

da renda dos estabelecimentos familiares.

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As discussões relacionadas às hipóteses elencadas para o estudo estão ao longo

dos capítulos deste trabalho. A primeira hipótese foi confirmada. Na TAB. 17 verificou-se

que, em aproximadamente 25% dos estabelecimentos, os produtores declararam ter atividades

econômicas fora dos estabelecimentos, ou seja, obtiveram renda por meio dessas atividades, o

que condiz com o conceito de pluriatividade definido por Schneider no item 3.2 deste trabalho,

onde se diz que membros das famílias que habitam no meio rural exercem outras atividades

fora de seus estabelecimentos.

Analisando-se a TAB. 13, observa-se que no Norte de Minas, embora a

participação de outras receitas na geração de valor seja bastante significativa, este é composto

predominantemente pelas receitas obtidas dentro dos estabelecimentos agropecuários

familiares, correspondendo cerca de 52% da receita total dos estabelecimentos familiares da

região, corroborando com a hipótese 3, em que pressupõe-se que a maior parte dos produtores

norte - mineiros tem sua renda proveniente totalmente da produção familiar. Contudo, a renda

gerada nestes estabelecimentos, na Região, é bem inferior à verificada para o Estado e para o

país.

A TAB. 18 refuta a hipótese 2, em que pressupõe-se que grande parte dos

agricultores familiares do Norte de Minas recorre aos financiamentos com o objetivo de

custeio da produção. Essa hipótese não é confirmada, pois na Região mais de 70% dos

financiamentos é destinado a investimentos na produção (em quase ¾ dos estabelecimentos).

Neste estudo, conforme apontado anteriormente, os financiamentos foram obtidos

junto a bancos (inclusive os provenientes de programas oficiais do Governo, como o

PRONAF, e outros); cooperativas de crédito; outras instituições financeiras, exceto bancos e

cooperativas; etc. E, de acordo com o BNB, em 2006 houve um aumento significativo do

número de contratos para o Crédito Rural e o PRONAF. Por meio dessas informações,

provavelmente o PRONAF constituiu um importante programa que viabilizou a concessão de

crédito aos produtores familiares do Norte de Minas.

Em suma, este é o perfil da agricultura familiar no Norte de Minas, elaborado

através dos resultados do Censo Agropecuário de 2006. Os resultados verificados para a

Região não divergem muito dos observados para o país e para o estado. Mais uma vez, deve

ser afirmado que uma limitação desse estudo é o fato de não serem utilizados os microdados

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do Censo Agropecuário de 2006. Por exemplo, a análise segundo os extratos de área dos

estabelecimentos agropecuários, cruzando as variáveis a partir desses extratos, permitira uma

melhor caracterização da agricultura familiar nas três unidades de análise: Brasil, Minas

Gerais e Norte de Minas.

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77

REFERÊNCIAS

ABRAMOVAY, Ricardo. Paradigmas do Capitalismo Agrário em questão. Editora

Unicamp. 1ª Edição. 1997.

BANCO DO NORDESTE DO BRASIL – BNB. Agricultura familiar versus Agricultura

não-familiar: uma análise das diferenças nos financiamentos concedidos no período de

1999 a 2009. Documentos Tecnico-Científicos. Vol. 42. Nº 01. 2011. Disponível em

<www.bnb.gov.br/projwebren/exec/artigoRenPDF.aspx?cd_artigo_ren=1230>. Acessado em

24 de junho de 2013.

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82

ANEXOS

ANEXO 1: Grupos básicos do PRONAF, enquadramentos e finalidades

Grupo Enquadramento Finalidade

Grupo A

Agricultores familiares assentados pelo

Programa Nacional de Reforma Agrária

(PNRA), público-alvo do Programa

Nacional de Crédito Fundiário (PNCF) e

os reassentados em função da construção

de barragens.

Financiamento das atividades

agropecuárias e não

agropecuárias.

Grupo A/C

Agricultores familiares assentados pelo

Programa Nacional de Reforma Agrária

(PNRA) ou público-alvo do Programa

Nacional de Crédito Fundiário (PNCF)

que já tenham contratado a primeira

operação no Grupo A.

Financiamento do Custeio de

atividades agropecuárias, não

agropecuárias e de

beneficiamento ou

industrialização da produção.

Grupo B

(Microcrédito

Rural)

Agricultores familiares com renda bruta

anual familiar de até R$6 mil.

Financiamento das atividades

agropecuárias e não

agropecuárias no

estabelecimento rural ou áreas

comunitárias próximas.

Grupo C

Agricultores familiares titulares de

Declaração de Aptidão ao PRONAF

(DAP) válida do Grupo C, emitida até

31/03/2008, que, até 30/06/2008, ainda

não tinha contratado as seis operações de

custeio com bônus.

Financiamento de custeio,

isolado ou vinculado, até a safra

de 2012/2013.

PRONAF

Agricultor

Familiar

Agricultores familiares com renda bruta

anual acima de R$6 mil e até R$110 mil.

Financiamento da infraestrutura

de produção e serviços

agropecuários e não

agropecuários no

estabelecimento rural, bem

como o custeio agropecuário.

FONTE: Cartilha de acesso ao PRONAF - SEBRAE 2011/2012

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83

ANEXO 2: Linhas especiais do PRONAF, enquadramentos e finalidades

(Continua)

Linha Enquadramento Finalidade

Agroindústria

Agricultores familiares enquadrados no

PRONAF para Agricultor Familiar e suas

cooperativas e associações que comprovem

que, no mínimo, 70% de seus participantes

ativos são agricultores familiares e que, no

mínimo, 55% da produção beneficiada,

processada ou comercializada é oriunda de

cooperados ou associações enquadradas no

PRONAF.

Financiamento de projetos de

investimento para a implantação,

ampliação, recuperação ou

modernização de pequenas e médias

agroindústrias.

Mulher

Mulheres agricultoras, independentemente do

estado civil, integrantes de unidades familiares

enquadradas no PRONAF.

Atendimento de projetos de crédito

de investimento propostos pela

mulher agricultora.

Jovem

Jovens agricultores familiares, entre 16 e 29

anos, que cursaram ou estejam cursando o

último ano em centros de formação por

alternância ou em escolas técnicas agrícolas de

nível médio. Devem pertencer a famílias

enquadradas no PRONAF ou que tenham

participado de curso ou estágio de formação

profissional que preencham os requisitos

definidos pela SAF/MDA ou que contem com

assistência técnica.

Atendimento de projetos de crédito

de investimento propostos pelo

jovem agricultor familiar.

Semiárido

Agricultores familiares instalados na região do

Semiárido brasileiro enquadrados no

PRONAF. O semiárido compreende áreas com

pouca ocorrência de chuvas localizadas no

Norte de Minas Gerais e Espírito Santo, nos

sertões da Bahia, Sergipe, Alagoas,

Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte,

Ceará, Piauí e em parte do sudeste do

Maranhão.

Financiamento de projeto de

investimento de convivência com o

semiárido, priorizando a

infraestrutura hídrica.

Agroecologia

Agricultores familiares enquadrados no

PRONAF, exceto aqueles enquadrados nos

Grupos A, A/C e B.

Financiamento de projetos de

investimento de sistemas de

produção agroecológicos ou

orgânicos.

Floresta Agricultores familiares enquadrados no

PRONAF.

Financiamento de projetos de

investimento de sistemas

agroflorestais.

Eco

Agricultores familiares enquadrados no

PRONAF, exceto aqueles enquadrados nos

Grupos A, A/C e B.

Financiamento de projetos de

investimento de tecnologias de

energia renovável e ambientais,

silvicultura, armazenamento hídrico,

pequenos aproveitamentos

hidroenergéticos e adoção de

práticas conservacionistas e de

correção da acidez e fertilidade do

solo.

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84

ANEXO 2: Linhas especiais do PRONAF, enquadramentos e finalidades

(Conclusão)

Linha Enquadramento Finalidade

Mais Alimentos

Agricultores familiares enquadrados no

PRONAF, exceto aqueles enquadrados nos

Grupos A, A/C e B, observando-se que 70%

da renda da família deve ser oriunda dos

seguintes produtos e atividades: açafrão,

arroz, café, centeio, feijão, mandioca, milho,

sorgo, trigo, fruticultura, olericultura,

apicultura, aquicultura, avicultura,

bovinocultura de corte e de leite,

caprinocultura, ovinocultura, pesca e

suinocultura.

Financiamento de projetos de

investimentos voltados à

produção de açafrão, arroz, café,

centeio, feijão, mandioca, milho,

sorgo, trigo, fruticultura,

olericultura, apicultura,

aquicultura, avicultura,

bovinocultura de corte e de leite,

caprinocultura, ovinocultura,

pesca e suinocultura.

Custeio e

comercialização

de Agroindústrias

Familiares

Pessoas físicas e cooperativas e associações

que tenham, no mínimo, 70% de seus

integrantes ativos como agricultores

familiares enquadrados no PRONAF e que,

no mínimo, 55% da produção beneficiada,

processada ou comercializada seja oriunda de

cooperados/associados enquadrados no

PRONAF.

Financiamento do custeio do

beneficiamento e industrialização

de produção própria e/ou de

terceiros.

Cotas-partes

São benficiados os agricultores familiares

filiados a cooperativas de produção que

tenham, no mínimo: I - 70% de seus sócios

ativos classificados como agricultores

familiares e que, no mínimo, 55% da

produção beneficiada, processada ou

comercializada seja oriunda de associados

enquadrados no PRONAF;

II - Patrimônio líquido entre R$50 mil e R$70

milhões;

III - 1 ano de funcionamento.

Financiamento para a

integralização de cotas-partes dos

agricultores familiares filiados às

cooperativas de produção e

reforço de capital de giro, custeio

ou investimento.

FONTE: Cartilha de acesso ao PRONAF - SEBRAE 2011/2012

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85

ANEXO 3: Dados demográficos e econômicos do Norte de Minas em 2010

(Continua)

Norte de Minas Gerais

Cidade Área km² População PIB PIB Per Capta

Aguas

Vermelhas 1.259,28 12.722 R$ 97.610.000,00 R$ 7.674,93

Berizal 488,756 4.370 R$ 21.442.000,00 R$ 4.905,42

Bocaiuva 3.227,63 46.654 R$ 410.370.000,00 R$ 8.807,16

Bonito de

Minas 3.904,91 9.673 R$ 38.022.000,00 R$ 3.931,57

Botumirim 1.568,88 6.497 R$ 34.368.000,00 R$ 5.289,87

Brasilia de

Minas 1.399,48 31.213 R$ 167.618.000,00 R$ 5.368,75

Buritizeiro 7.218,40 26.922 R$ 306.341.000,00 R$ 11.379,27

Campo Azul 505,914 3.684 R$ 22.174.000,00 R$ 6.017,38

Capitão Eneas 971,583 14.206 R$ 175.080.000,00 R$ 12.324,35

Catuti 287,812 5.102 R$ 25.523.000,00 R$ 5.002,47

Chapada

Gaucha 3.255,19 10.805 R$ 64.978.000,00 R$ 6.020,95

Claro dos

Porções 720,424 7.775 R$ 59.905.000,00 R$ 7.698,87

Conego

Marinho 1.642,00 7.101 R$ 34.290.000,00 R$ 4.837,07

Coração de

Jesus 2.225,22 26.033 R$ 157.937.000,00 R$ 6.066,34

Cristália 840,702 5.760 R$ 35.547.000,00 R$ 6.171,31

Curral de

Dentro 568,263 6.913 R$ 36.551.000,00 R$ 5.274,37

Divisa Alegre 117,801 5.884 R$ 49.205.000,00 R$ 8.362,43

Engenheiro

Navarro 608,306 7.122 R$ 44.722.000,00 R$ 6.276,76

Espinosa 1.868,97 31.113 R$ 155.761.000,00 R$ 5.006,30

Francisco

Dumont 1.576,13 4.863 R$ 35.755.000,00 R$ 7.346,46

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86

ANEXO 3: Dados demográficos e econômicos do Norte de Minas em 2010

(Continua)

Norte de Minas Gerais

Cidade Área km² População PIB PIB Per Capta

Francisco Sá 2.747,29 24.912 R$ 177.306.000,00 R$ 7.115,59

Fruta do Leite 762,785 5.940 R$ 31.907.000,00 R$ 5.371,59

Gameleiras 1.733,20 5.139 R$ 37.236.000,00 R$ 7.245,69

Glaucilândia 145,861 2.962 R$ 17.970.000,00 R$ 6.062,80

Grão Mogol 3.885,29 15.024 R$ 197.252.000,00 R$ 13.127,39

Guaraciama 390,263 4.718 R$ 29.481.000,00 R$ 6.247,37

Ibiaí 874,76 7.839 R$ 44.033.000,00 R$ 5.617,13

Ibiracatu 353,413 6.155 R$ 28.392.000,00 R$4.612,84

Icaraí de Minas 625,664 10.746 R$ 49.807.000,00 R$ 4.638,77

Indaiabira 1.004,15 7.330 R$ 36.021.000,00 R$ 4.916,24

Itacarambi 1.225,27 17.720 R$ 109.428.000,00 R$ 6.168,78

Jaíba 2.626,33 33.587 R$ 305.207.000,00 R$ 9.087,05

Janaúba 2.181,32 66.803 R$ 524.696.000,00 R$ 7.854,37

Januária 6.661,67 65.463 R$ 358.480.000,00 R$ 5.475,99

Japonvar 375,232 8.298 R$ 35.325.000,00 R$ 4.253,46

Jequitaí 1.268,44 8.005 R$ 48.923.000,00 R$ 6.107,75

Josenópolis 541,393 4.566 R$ 23.070.000,00 R$5.052,51

Juramento 431,63 4.113 R$ 32.767.000,00 R$ 7.972,51

Juvenília 1.064,70 5.708 R$ 29.851.000,00 R$ 5.229,68

Lagoa dos

Patos 600,547 4.225 R$ 30.150.000,00 R$ 7.132,82

Lassance 3.204,22 6.484 R$ 159.639.000,00 R$ 24.597,75

Lontra 258,874 8.397 R$ 34.095.000,00 R$ 4.058,42

Luislândia 411,714 6.400 R$ 31.422.000,00 R$ 4.905,88

Mamonas 291,43 6.321 R$ 26.397.000,00 R$ 4.176,01

Manga 1.950,18 19.813 R$ 117.385.000,00 R$ 5.914,81

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87

ANEXO 3: Dados demográficos e econômicos do Norte de Minas em 2010

(Continua)

Norte de Minas Gerais

Cidade Área km² População PIB PIB Per Capta

Matias

Cardoso 1.949,74 9.979 R$ 93.665.000,00 R$ 9.388,10

Mato Verde 472,245 12.684 R$ 66.627.000,00 R$ 5.252,39

Mirabela 723,278 13.042 R$ 62.900.000,00 R$ 4.822,54

Miravânia 602,128 4.549 R$ 31.100.000,00 R$ 6.818,67

Montalvânia 1.503,79 15.862 R$ 86.841.000,00 R$5.475,81

Monte Azul 994,231 21.994 R$ 109.276.000,00 R$ 4.967,08

Montes Claros 3.568,94 361.915 R$ 4.501.662.000,00 R$ 12.436,53

Montezuma 1.130,42 7.464 R$ 32.333.000,00 R$ 4.327,23

Ninheira 1.108,23 9.815 R$ 47.088.000,00 R$ 4.807,40

Nova

Porteirinha 120,943 7.398 R$ 72.128.000,00 R$ 9.749,70

Novorizonte 271,871 4.963 R$ 24.211.000,00 R$ 4.888,25

Olhos D`água 2.092,08 5.267 R$ 55.423.000,00 R$ 10.528,73

Padre Carvalho 446,326 5.834 R$ 26.230.000,00 R$ 4.496,05

Pai Pedro 839,805 5.934 R$ 29.975.000,00 R$ 5.051,46

Patis 444,196 5.579 R$ 28.720.000,00 R$ 5.134,00

Pedras de

Maria da Cruz 1.525,49 10.315 R$ 48.981.000,00 R$ 4.750,83

Pintópolis 1.228,74 7.211 R$ 36.261.000,00 R$ 5.025,76

Pirapora 549,514 53.368 R$ 1.054.597.000,00 R$ 9.756,77

Ponto Chique 602,799 3.966 R$ 27.187.000,00 R$ 6.854,98

Porteirinha 1.749,68 37.627 R$ 176.130.000,00 R$ 4.679,57

Riachinho 1.719,27 8.007 R$ 54.856.000,00 R$ 6.851,00

Riacho dos

Machados 1.315,54 9.360 R$ 42.184.000,00 R$ 4.506,88

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ANEXO 3: Dados demográficos e econômicos do Norte de Minas em 2010

(Continua)

Norte de Minas Gerais

Cidade Área km² População PIB PIB Per Capta

Rio Pardo de

Minas 3.117,44 29.099 R$ 190.259.000,00 R$ 6.543,73

Rubelita 1.110,30 7.772 R$ 38.380.000,00 R$ 4.935,04

Salinas 1.887,65 39.178 R$ 279.535.000,00 R$ 7.134,26

Santa Cruz de

Salinas 589,574 4.397 R$ 23.251.000,00 R$ 5.288,02

Santa Fé de

Minas 2.917,45 3.968 R$ 25.836.000,00 R$ 6.492,98

Sto. Antônio

do Retiro 796,29 6.955 R$ 28.325.000,00 R$ 4.082,60

São Francisco 3.308,10 53.828 R$ 263.036.000,00 R$ 4.880,25

São João da

Lagoa 998,015 4.656 R$ 32.656.000,00 R$ 7.009,29

São João da

Ponte 1.851,10 25.358 R$ 119.089.000,00 R$ 4.695,56

São João das

Missões 678,274 11.715 R$ 42.094.000,00 R$ 3.593,19

São João do

Pacuí 415,922 4.060 R$ 23.262.000,00 R$ 5.721,09

São João do

Paraíso 1.925,58 22.319 R$ 119.817.000,00 R$ 5.364,76

São Romão 2.434,00 10.276 R$ 58.719.000,00 R$ 5.709,21

Serranópolis

de Minas 551,954 4.425 R$ 21.158.000,00 R$ 4.781,58

Taiobeiras 1.194,53 30.917 R$ 203.244.000,00 R$ 6.578,76

Ubaí 820,524 11.681 R$ 54.137.000,00 R$ 4.636,17

Urucuia 2.076,94 13.604 R$ 71.577.000,00 R$ 5.261,10

Vargem Gde

Rio Pardo 491,512 4.733 R$ 26.211.000,00 R$ 5.537,84

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ANEXO 3: Dados demográficos e econômicos do Norte de Minas em 2010

(Conclusão)

Norte de Minas Gerais

Cidade Área km² População PIB PIB Per Capta

Várzea da

Palma 2.220,28 35.809 R$ 567.985.000,00 R$ 15.863,73

Vazerlândia 814,994 19.116 R$ 88.587.000,00 R$ 4.631,76

Verdelândia 1.570,58 8.346 R$ 68.139.000,00 R$ 8.160,34

TOTAL 128.389,96 1.610.413 R$ 13.578.408.000,00 R$ 8.431,63

Fonte: IBGE 2010

Nota: Elaboração própria com base nos dados do Censo Demográfico de 2010

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90

ANEXO 4: PROJETO DE PESQUISA

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91

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS – UNIMONTES

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS – CCSA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

IONARA APARECIDA AGUIAR SOARES

O PERFIL DA AGRICULTURA FAMILIAR NO NORTE DE

MINAS: UMA ANÁLISE A PARTIR DO CENSO

AGROPECUÁRIO DE 2006.

Montes Claros - MG

Maio/ 2013

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IONARA APARECIDA AGUIAR SOARES

O PERFIL DA AGRICULTURA FAMILIAR NO NORTE DE

MINAS: UMA ANÁLISE A PARTIR DO CENSO

AGROPECUÁRIO DE 2006.

Projeto de pesquisa apresentado ao Centro de

Ciências Sociais Aplicadas – CCSA e ao

Departamento de Ciências Econômicas da

Universidade Estadual de Montes Claros como

requisito parcial obrigatório para obtenção do

título de Bacharel em Ciências Econômicas.

Orientador: Profª. Dra. Maria Elizete Gonçalves

MONTES CLAROS

Maio, 2013

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93

SUMÁRIO

1- TEMA............................................................................................................. 94

1.1- Delimitação do Tema

2- PROBLEMA.................................................................................................. 95

3- JUSTIFICATIVA.......................................................................................... 96

4- OBJETIVOS................................................................................................... 97

4.1- Objetivo Geral

4.2- Objetivos Específicos

5- HIPÓTESES................................................................................................... 98

6- REFERÊNCIAL TEÓRICO....................................................................... 99

7- METODOLOGIA........................................................................................ 109

8- CRONOGRAMA DE ATIVIDADES........................................................ 110

9- ORÇAMENTO............................................................................................. 111

10- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................... 112

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1- TEMA

Agricultura Familiar

1.1- DELIMITAÇÃO DO TEMA

O perfil da Agricultura Familiar no Norte de Minas: uma análise a partir do censo

agropecuário de 2006

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2- PROBLEMA

De acordo com Schuch (2007), a agricultura familiar é considerada como o

principal agente propulsor do desenvolvimento regional, e impactua de forma significativa na

economia, promovendo estratégias de manutenção e recuperação do emprego e de

redistribuição de renda.

Considerando a sua importância econômica, pode ser formulada a seguinte

questão de pesquisa: Qual o perfil da Agricultura Familiar no Norte de Minas? Este perfil é

similar ao verificado para Minas Gerais e para o Brasil?

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3- JUSTIFICATIVA

O universo agrário é extremamente complexo, seja em conseqüência da grande

diversidade da paisagem agrária, seja em virtude da existência de diferentes tipos de

agricultores, que tem interesses particulares, estratégias próprias de sobrevivência e de

produção e que, portanto, respondem de maneira diferenciada a desafios e restrições

semelhantes.

Segundo Veiga, uma nova estratégia de desenvolvimento rural para o Brasil seria

a expansão e o fortalecimento da agricultura familiar, mas para isso, é preciso comparar as

desvantagens do atual padrão de crescimento agrícola, cujo principal subproduto é à expulsão

prematura de trabalho, com as vantagens do padrão oposto, redutor de pobreza, adotado pelas

nações semiperifericas bem sucedidas, além de todas as nações que hoje fazem parte do

Primeiro Mundo.

A agricultura familiar é constituída por pequenos e médios produtores que, em

geral, possuem baixo nível de escolaridade e diversificam os produtos cultivados para diluir

custos, aumentar a renda e aproveitar as oportunidades de oferta ambiental e disponibilidade

de mão-de-obra. Mas, o agricultor familiar, principalmente os do Norte de Minas, vem

encontrando dificuldades em inserir-se no mercado e em desenvolver-se, pois não dispõem de

tecnologias e subsídios suficientes, alem disso, as inovações tecnológicas e as transformações

ocorridas no meio rural nas ultimas décadas, contribuíram também na modificação das

relações sociais de trabalho no campo, forçando os produtores a buscarem outras fontes de

renda.

O presente trabalho se justifica pela necessidade de traçar um perfil da agricultura

familiar no Norte de Minas e através dele identificar as alternativas que viabilizem a

sobrevivência e a sustentabilidade dos produtores, reduzindo a pobreza rural.

Busca-se, através deste trabalho, elaborar um estudo a cerca da importância da

agricultura familiar para a economia do Norte de Minas e analisar de que forma ela contribui

para o desenvolvimento socioeconômico e sustentável da região.

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4- OBJETIVOS

4.1- OBJETIVO GERAL

Conhecer e traçar um perfil para a agricultura familiar no Norte de Minas,

traçando um paralelo com a agricultura familiar do estado de Minas Gerais e do Brasil.

4.2- OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Conceituar Agricultura Familiar e identificar as principais características desse setor no

Norte de Minas.

Identificar o total de estabelecimentos e pessoas ocupadas na Agricultura Familiar no

Brasil, Minas Gerais e Norte de Minas.

Verificar quais estabelecimentos recorreram a financiamento, identificando os motivos

que os levaram a demanda por este recurso.

Identificar a proporção da renda dos estabelecimentos proveniente da Agricultura

Familiar e a proporção da renda provenientes de outras fontes.

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5- HIPÓTESES

Apesar da importância da renda proveniente do estabelecimento agropecuário familiar,

o produtor norte - mineiro busca novas fontes de renda com o objetivo de aumentar a sua

receita;

Grande parte dos agricultores familiares do Norte de Minas recorre ao financiamento

com o objetivo de custeio da produção e;

A maior parte dos produtores norte - mineiros tem sua renda proveniente totalmente da

produção familiar.

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6- REFERENCIAL TEÓRICO

O dicionário define desenvolvimento como sendo sinônimo de crescimento:

“desenvolvimento é o crescimento econômico (aumento do Produto Nacional Bruto per capta)

acompanhado pela melhoria do padrão de vida da população e por alterações fundamentais na

estrutura de sua economia.” (SANDRONI, 2007, P.242).

Mas de acordo com Oliveira (2000, P.17), há muito que esse conceito deixou de

existir. Conforme o autor, o desenvolvimento é entendido como sendo as modificações que

alteram a composição do produto e a alocação dos recursos pelos diferentes setores da

economia e que deve ser complementado por índices que representem a qualidade de vida dos

indivíduos; sendo que o crescimento é considerado como uma das primeiras características do

desenvolvimento por ser uma condição necessária, ou seja, por ser responsável pelo

crescimento contínuo do produto nacional ao longo do tempo.

CONTERATO et al (2009), conceituam desenvolvimento da seguinte forma:

O desenvolvimento é um fenômeno de natureza social marcado pela

controvérsia quanto às suas formas de concepção e de aferimento. Isso se

deve basicamente ao fato de que o desenvolvimento só existe como tal na

medida em que passa a ser percebido como uma situação que promove

mudanças em determinada coletividade humana. (...) as propostas mais

contemporâneas buscam corrigir a perspectiva de que desenvolvimento se

mede pelo crescimento do PIB – Produto Interno Bruto, apontando para

outras dimensões do fenômeno, como a social, a cultural, a demográfica e a

ambiental. (CONTERATO e FILLIPI, 2009. P.11).

Em seu livro “Desenvolvimento como Liberdade”, Amartya Sen (2000) distingue

dois conceitos. O primeiro diz que o desenvolvimento é um processo “feroz”, duro,

disciplinado, um processo “com muito sangue, suor e lágrimas – um mundo no qual sabedoria

requer dureza”. Aqui, a construção do desenvolvimento requer o afastamento das

preocupações consideradas “frouxas”, como os direitos políticos e civis, a democracia e temas

ambientais. Mas, por outro lado, essa construção deve ser feita sobre bases sólidas do trabalho

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incansável, dando a ideia de um desenvolvimento como progresso e crescimento econômico.

(SEN. 2000, P.51).

O outro conceito defende que o desenvolvimento seja um processo “amigável” e

“pode ser exemplificado por coisas como trocas benéficas, ou pelo trabalho de redes de

segurança social, ou por liberdades políticas ou por desenvolvimento social – ou uma ou outra

combinação destas atividades de apoio”. Segundo Sen (2000), o desenvolvimento é o

aumento da capacidade de os indivíduos fazerem escolhas, ou seja, de serem livres para

participarem dos mercados e de estabelecer relações humanas que enriqueçam sua existência.

(SEN. 2000, P.52).

Várias foram as interpretações referente ao termo desenvolvimento ao longo do

tempo, mas todas tem um ponto comum: o fato de que só há desenvolvimento a partir do

momento em que há melhoria na qualidade de vida e do bem-estar da população.

Desde os primórdios do pensamento econômico, que o termo de desenvolvimento

vem sendo discutido, a fim de encontrar formas de melhorar a qualidade de vida dos

indivíduos e fazer com que as nações cresçam economicamente.

De acordo com Siman et al (2000), a preocupação com o desenvolvimento passa

do pensamento mercantilista aos fisiocratas e à escola clássica. Segundo os autores, a

preocupação maior era com a fome que assolava o mundo, preocupação essa, que levou

economistas, Como Malthus e Ricardo, a formularem teorias econômicas acerca do

desenvolvimento, a fim de encontrarem uma solução para tal problema.

Em 1817, David Ricardo escreve a obra “Princípios de Economia política e

Tributação”, onde constrói um modelo teórico fundamentado em uma economia

predominantemente agrícola, pois para ele, o grande problema do crescimento econômico

estava na agricultura, uma vez que, não conseguia produzir alimentos baratos para o consumo

dos trabalhadores e consequentemente, elevava os salários nominais.

A grande preocupação de Ricardo era determinar as leis que regulam a

distribuição do produto entre proprietários, capitalistas e trabalhadores, na forma de renda,

lucros e salários.

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O produto da terra – tudo que se obtém de sua superfície pela aplicação

combinada de trabalho, maquinaria e capital – se divide entre três classes da

sociedade, a saber: o proprietário da terra, o dono do capital necessário para

seu cultivo e os trabalhadores cujos esforços são empregados no seu cultivo.

– Em diferentes estágios da sociedade, no entanto, as proporções do produto

total da terra destinadas a cada uma dessas classes, sob os nomes de renda,

lucro e salário, serão essencialmente diferentes, o que dependerá

principalmente da fertilidade do solo, da acumulação de capital e de

população, e da habilidade, da engenhosidade e dos instrumentos

empregados na agricultura. (Ricardo, 1996. P. 19).

De acordo com Ricardo, o volume da produção está sujeito a produtividade

marginal decrescente. Isso ocorre em virtude da necessidade de aumentar-se a produção de

alimentos, devido ao crescimento demográfico, o que leva a economia a utilizar terras cada

vez menos férteis.

Quando uma terra de terceira qualidade começa a ser cultivada,

imediatamente aparece renda na de segunda, regulando-se como no caso

anterior, pela diferença entre as forças produtivas de uma e de outra. Ao

mesmo tempo, aumenta a renda da terra de primeira qualidade, pois esta

deve ser sempre superior à renda da segunda, de acordo com a diferença

entre as produções obtidas numa e noutra com uma dada quantidade de

capital e de trabalho. A cada avanço do crescimento da população, que

obrigará o país a recorrer à terra de pior qualidade para aumentar a oferta de

alimentos, aumentará a renda de todas as terras mais férteis. (RICARDO,

1996. P.51)

Segundo Ricardo, se houvesse terra fértil o suficiente para produzir alimentos para

uma população crescente, ou se o capital pudesse ser aplicado indefinidamente na terra antiga

sem retornos decrescentes, não haveria elevação da renda, pois esta procede invariavelmente

do emprego de uma quantidade adicional de trabalho com um retorno proporcionalmente

menor.

Para Ricardo, a produtividade marginal decrescente, ocorre principalmente na

agricultura, uma vez que o setor secundário está sujeito à economia de escala. Na margem

extensiva de cultivo, para um mesmo volume de capital e de trabalho, obtém-se quantidade

menor de produto. Em cada tipo de terra, utilizando-se quantidades maiores de determinado

fator, deixando-se os demais constantes, a produtividade marginal do referido fator decresce.

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A Lei dos Rendimentos Decrescentes, explica o aumento de custos dos alimentos

na margem extensiva, elevando a taxa de salários e afetando a taxa de lucro. Nesse processo,

ocorrem modificações na distribuição do produto social, em favor dos proprietários de terras,

em detrimentos dos trabalhadores, capitalistas, definidos como empresários/arrendatários.

Ao referir à renda do proprietário da terra, nós a consideramos mais uma

proporção do produto obtido com determinado capital numa propriedade

agrícola determinada, sem nenhuma referência a seu valor de troca. Mas,

uma vez que a mesma causa – a dificuldade de produção – elevar o valor de

troca do produto agrícola, aumentando também na proporção desse produto

paga ao proprietário da terra como renda, é evidente que este ultimo é

duplamente beneficiado pela dificuldade da produção. Em primeiro lugar,

ele obtém uma parcela maior, em seguida, a mercadoria com que ele é pago

tem maior valor. (RICARDO, 1996. P. 59-60)

Para Ricardo, os capitalistas desempenham papel fundamental no

desenvolvimento, ao arrendar terras para produzir alimentos e contratar trabalhadores. Para

ele, as condições de produção na agricultura são fundamentais, porque as taxas de salário e de

lucro prevalecentes nesse setor refletem-se no resto da economia.

Ricardo defendia a concentração da renda em favor dos capitalistas, porque são

eles os responsáveis pela acumulação de capital, gerando aumento do nível de emprego e

promovendo, portanto, o desenvolvimento econômico.

Em sua teoria sobre a população, Thomas Robert Malthus considera a pobreza

como sendo o fim inevitável do homem, uma vez que a população cresce a taxa superior a da

produção de meios de subsistência. Isso ocorre, porque, segundo Malthus, a força da paixão

entre os sexos é maior do que a força da natureza, levando-o a concluir que a população, se

não controlada, cresceria em progressão geométrica, enquanto a produção dos meios de

subsistência cresceria em progressão aritmética.

Penso que posso elaborar adequadamente dois postulados - primeiro: que o

alimento é necessário para a existência do homem. Segundo: Que a paixão

entre os sexos é necessária e que permanecerá aproximadamente em seu

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atual estágio. (...) Então, adotando meus postulados como certos, afirmo que

o poder de crescimento da população é indefinidamente maior do que o

poder que tem a terra de produzir meios de subsistência para o homem. A

população, quando não controlada, cresce apenas numa progressão

geométrica. Os meios de subsistência crescem apenas numa progressão

aritmética. (MALTHUS, 1996. P.246)

De acordo com Malthus, o principal fator de aumento da população, era

constituído pela maior disponibilidade de alimentos, além de outros estímulos tais como:

possibilidade de importar alimentos mais baratos; implantação da Lei dos pobres; casamentos

precoces e aumento dos vícios.

(...) visto que não existiu até hoje nenhum estágio em que os costumes foram

tão puros e simples e os meios de subsistência tão abundantes que nenhum

obstáculo, seja qual for, tenha se colocado aos casamentos precoces nas

classes mais baixas por causa de um medo de não prover bem a subsistência

de seus filhos, ou, nas classes mais altas, devido a um medo de baixar sua

condição de vida. (...) se a Lei do casamento fosse instituída ou não, o

preceito da natureza e da virtude parece ser uma ligação a uma única mulher.

Admitindo-se a liberdade de troca, no caso de uma escolha infeliz, esta

liberdade não interferiria na população até que ela chegasse a um ponto

muito viciado; e, agora, estamos admitindo a existência de uma sociedade

em que o vício é pouco conhecido. (MALTHUS, 1996. P.249).

Segundo Malthus, existiam freios que evitavam o crescimento demográfico, tais

como: falta de alimentos, epidemias, guerras e a insalubridade dos locais de trabalho e das

cidades. Mas, a Lei dos pobres inibia o freio “falta de alimentos”, e de acordo com Malthus,

esta Lei deveria ser abolida e que deveria haver uma maior liberdade à economia de mercado

e à mobilidade do trabalho, bem como estímulo mais amplo à expansão da fronteira agrícola,

de sorte a aumentar os meios de subsistência, pois os grandes obstáculos ao crescimento são a

miséria e o vício.

As leis dos pobres da Inglaterra, sem dúvida, foram instituídas com o mais

humanitário propósito, mas há um grande motivo para crer que não tiveram

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sucesso em sua intenção. As leis, certamente, aliviaram alguns casos de

miséria muito extrema que poderiam ocorrer em outras circunstâncias,

entretanto, a situação dos pobres que são sustentados pelos auxílios

paroquiais, considerada em todas as suas particularidades, está muito longe

de ser livre da miséria. (...) mas deve se reconhecer que o projeto possui, em

alto grau, o defeito grande e radical de todos os sistemas desse tipo, o de

contribuir para aumentar a população sem o aumento dos meios de

subsistência para sustentá-la, rebaixando então a condição daqueles que não

são sustentados pelos auxílios paroquiais e, conseqüentemente, criando mais

pobres. (MALTHUS, 1996. P.273,274).

Do lado da produção, a teoria malthusiana da população fundamenta-se na lei dos

rendimentos decrescentes da agricultura, segundo a qual, mantendo-se uma área fixa de terra,

os acréscimos de fatores variáveis (trabalho e capital, como adubo e maquinas), gera

acréscimos menos do que proporcionais do produto total. Os trabalhadores adicionais teriam

uma quota cada vez menor de alimentos, ao mesmo tempo em que os salários nominais

subiriam, elevando o fundo de salários necessários e reduzindo os lucros do capitalista.

À medida que o progresso tecnológico na agricultura e o deslocamento da

fronteira agrícola expandirem os meios de subsistência, o fantasma malthusiano da fome pode

ser afastado.

Esses dados parecem demonstrar que a população cresce exatamente na

medida em que os dois grandes obstáculos a ela – a miséria e o vício – sejam

removidos, e que não há um critério mais verdadeiro em relação à

prosperidade e à simplicidade de um povo do que a rapidez de seu

crescimento. A insalubridade das cidades, às quais algumas pessoas são

levadas necessariamente pela natureza de seus ofícios, deve ser considerada

como uma espécie de miséria, e o menor obstáculo ao casamento, do ponto

de vista das dificuldades de manter uma família, pode ser justamente

classificado sob o mesmo título. Em suma, é difícil admitir qualquer

obstáculo ao crescimento da população que não traga as características de

algum tipo de miséria ou vício. (MALTHUS, 1996. P.279).

De acordo com Souza (1999), apesar do Desenvolvimento econômico ter obtido

destaque somente no século XX, a preocupação com o crescimento econômico é mais antiga,

principalmente na Europa, no entanto, o principal objetivo desses países era aumentar o poder

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econômico e militar do soberano, pouco se preocupavam com a melhoria das condições de

vida da população.

No regime feudal, procurava-se aumentar o crescimento econômico através da

combinação da segurança do povo com a subsistência do Senhor, onde os vassalos

trabalhavam nos campos para abastecerem as cidades e sustentarem seus senhores, em troca

ganhavam refúgio em caso de haver ataques inimigos. Por muito tempo esse sistema manteve-

se equilibrado, porém, dificultava as mudanças necessárias ao desenvolvimento econômico.

No século XV, com o surgimento do Estado Nacional Moderno, o Renascimento e

as grandes descobertas marítimas, foi legitimado o pacto colonial, onde a metrópole detinha o

monopólio das exportações e importações com as colônias, fixando os preços e o volume do

comércio, ditando em suma o destino das sociedades envolvidas. (SOUZA, 1999. P.15)

Acredita-se que nesse pacto colonial, derivado do pensamento mercantilista, esteja

a origem do subdesenvolvimento contemporâneo das antigas colônias e que a grande falha do

sistema se deve ao fato de atribuir importância em demasia ao afluxo de metais preciosos

como fator da riqueza nacional, ignorando a importância das importações para o

desenvolvimento manufatureiro interno.

Os Fisiocratas por sua vez, se preocupavam com os problemas do crescimento e

da distribuição e para combater as idéias mercantilistas, propunham uma conduta liberal por

parte do Estado e que a atenção fosse transferida do comércio para a produção.

Souza (1999) descreve o pensamento fisiocrata da seguinte forma:

Segundo eles (os fisiocratas), a indústria e o comércio apenas transformam e

transportam valores; o produto líquido somente é gerado na agricultura, por

meio do fator terra, que é uma dádiva da natureza. (...) a produtividade

natural da terra poderia contribuir ainda mais com o desenvolvimento, ao

proporcionar maior crescimento da agricultura. Mas uma atividade

agropecuária mais produtiva, no entanto, não poderia desenvolver-se

„naturalmente‟, devido à histórica discriminação estatal existente. Seria

necessário um programa político fisiocrático para mudar a mentalidade da

época, criar condições para aumentar os investimentos na atividade agrícola

e, desse modo, desencadear nos demais setores, de forma induzida, um

processo acumulativo de desenvolvimento econômico. (SOUZA, 1999.

P.91,92).

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Em “A Riqueza das Nações”, Adam Smith, considera que o elemento essencial

para o desenvolvimento é o trabalho produtivo, ou seja, o aumento dos trabalhadores

produtivos em relação aos improdutivos, redução do desemprego e elevação da renda média

do conjunto da população.

O trabalho anual de cada nação constitui o fundo que originalmente lhe

fornece todos os bens necessários e os confortos materiais que consome

anualmente. O mencionado fundo consiste sempre na produção imediata do

referido trabalho ou naquilo que com essa produção é comprado de outras

nações. (SMITH, 1996, V. I. P.59).

Segundo Smith, os trabalhadores produtivos e os improdutivos, além daqueles que

não executam nenhum trabalho são igualmente mantidos pela mão de obra e pela produção

anual da terra. Por maior que seja a produção, ela necessariamente tem certos limites e é

totalmente feita pelo trabalho produtivo, com exceção dos produtos espontâneos da terra. E

ainda;

Embora o total da produção anual da terra e do trabalho de um país seja, sem

dúvida, em última análise, destinado a suprir o consumo de sés habitantes e a

proporcionar-lhes uma renda, não deixa de ser verdade que a produção, no

momento em que sai do solo ou das mãos dos trabalhadores produtivos, se

divide naturalmente em duas partes. Uma delas, muitas vezes a maior,

destina-se, em primeiro lugar, a repor um capital ou renovar as provisões de

mantimentos materiais e o trabalho acabado, retirados de um capital; a outra

parcela destina-se a constituir uma renda, para o dono deste capital, como

lucro de seu capital, ou para outras pessoas, como renda de sua terra.

(SMITH, 1996, V. I, P. 334 – 335).

Dessa forma para Adam Smith, o desenvolvimento pode ocorrer fora da

agricultura, desde que o trabalho seja produtivo e gere valor, pois toda mercadoria pode

produzir valor ao ser vendida no mercado a um preço superior a seu preço natural, ou custo

médio de produção. (SOUZA, 1999. P. 93).

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Schumpeter (1997), demonstra em sua obra “Teoria do Desenvolvimento

Econômico”, que o desenvolvimento ocorre através das inovações tecnológicas, por obra de

empresários inovadores, financiados pelo crédito bancário.

Segundo ele, o desenvolvimento é entendido como sendo apenas mudanças no

cenário econômico surgidas dentro do próprio processo por iniciativa própria, ou seja, “o

desenvolvimento surge de uma situação sem desenvolvimento”. (SCHUMPETER, 1997. P.

74)

Ainda de acordo com Schumpeter, essas mudanças são espontâneas e são próprias

da esfera industrial e comercial e não das necessidades dos consumidores de produtos finais.

Conforme vão surgindo essas mudanças, surgem também novas necessidades que pressionam

o sistema econômico a se inovar cada vez mais, o que leva o aparato produtivo a se modificar,

pois é através da produção que se inicia a mudança econômica.

Para Schumpeter, “produzir significa combinar materiais e forças que estão ao

nosso alcance e são essas combinações que definem o desenvolvimento”. Essas combinações

podem ser resumidas da seguinte forma:

1) Introdução de um novo bem – ou seja, um bem com que os consumidores ainda

não estiverem familiarizados – ou de uma nova qualidade de um bem.

2) Introdução de um novo método de produção, ou seja, um método que ainda não

tenha sido testado pela experiência no ramo próprio da indústria de

transformação.

3) Abertura de um novo mercado, ou seja, de um mercado em que o ramo

particular da indústria de transformação do país em questão não tenha ainda

entrado, quer esse mercado tenha existido antes, quer não.

4) Conquista de uma nova fonte de oferta de matérias-primas ou de bens

semimanufaturados.

5) Estabelecimento de uma nova organização de qualquer indústria, como a

criação de uma posição de monopólio ou a fragmentação de uma posição de

monopólio.

(SCHUMPETER, 1997. P.76)

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Quando o empresário não consegue mais realizar as combinações, deve recorrer

ao crédito:

O possuidor da riqueza, mesmo que seja o maior dos cartéis, deve recorrer

ao crédito se desejar realizar uma nova combinação que não pode, como

numa empresa estabelecida, ser financiado pelos retornos da produção

anterior. Fornecer esse crédito é exatamente a função daquela categoria de

indivíduos que chamamos de „capitalistas‟. (...) o crédito é primariamente

necessário às novas combinações e que é por estas que ele força seu caminho

dentro do fluxo circular... (SCHUMPETER, 1997. P. 79 – 80).

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7- METODOLOGIA

Para a realização desse trabalho, a metodologia a ser utilizada basear-se-á em

pesquisa bibliográfica e nos dados do Censo Agropecuário de 2006. Quanto ao tipo de

pesquisa será utilizada a pesquisa descritiva com foco na pesquisa quantitativa.

A pesquisa bibliográfica terá como fontes livros, artigos científicos e publicações

recentes sobre o tema em questão. Essa pesquisa será utilizada como forma de investigação e

obtenção da teoria econômica, fundamental para o embasamento científico do presente

trabalho e dos estudos que foram realizados no âmbito do tema proposto.

Quanto ao tipo de pesquisa, será utilizada a pesquisa descritiva com foco na

pesquisa quantitativa. De acordo com Duarte e Furtado (2002, p.28), uma pesquisa descritiva

é aquela que se restringe a constatar o que já existe, ou seja, descrever os fatos mediante um

estudo realizado em determinado contexto espacial e temporal, de forma que o pesquisador

não interfira neles.

O universo da pesquisa será a região Norte de Minas Gerais e serão analisados

indicadores econômicos e sociais e o processo de desenvolvimento rural.

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8- CRONOGRAMA DE ATIVIDADES

Atividades

Meses

mai/

11

jun

/11

jul/

11

ago/1

1

set/

11

ou

t/11

mai/

12

jun

/12

jul/

12

ago/1

2

set/

12

ou

t/12

nov/1

2

jan

/13

ab

r/13

mai/

13

jun

/13

jul/

13

Escolha do tema X X X

Levantamento

bibliográgico X X X X

Fichamento X X X

Elaboração do

projeto X X X

Redação do 1º

capítulo X X X X

Redação do 2º

capítulo X X X

Redação do 3º

capítulo X

Redação do 4º

capítulo X X

Correções X X

Considerações

Finais X

Entrega da

Monografia X

Apresentação da

Monografia X

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9- ORÇAMENTO

Discriminação Unidade Quantidade Valor unit. (R$) Valor total (R$)

Papel chamex Resma 1 R$ 14,90 R$ 14,90

Xerox Folha 600 R$ 0,10 R$ 60,00

Grafite Caixa 1 R$ 2,99 R$ 2,99

Lapiseira Unidade 1 R$ 4,90 R$ 4,90

Caneta Unidade 3 R$ 0,75 R$ 2,25

Borracha Unidade 1 R$ 0,30 R$ 0,30

Impressão Folhas 1200 R$ 0,10 R$ 120,00

Encadernação Unidade 6 R$ 5,00 R$ 30,00

CD Unidade 2 R$ 2,00 R$ 4,00

TOTAL R$ 239,34

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Projetos de Pesquisas. 3ª Edição. Editora Unimontes. Montes Claros - MG. 2002.

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aplicação Prática – Ensaios sobre a população. Coleção Os Economistas. Editora Nova

Cultural Ltda. São Paulo – SP. 1996.

OLIVEIRA, M. F. M.; RODRIGUES, L.; CARDOSO, J. M. A.; BOTELHO, T. R. Formação

Social e Econômica do Norte de Minas. Editora Unimontes. Montes Claros – MG. 2000.

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Editora Nova Cultural Ltda. São Paulo – SP. 1996.

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Rio de Janeiro – RJ. 2007.

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SCHUMPETER, Joseph Alois. Teoria do Desenvolvimento Econômico – Uma

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Vol. I. Coleção Os Economistas. Editora Nova Cultural Ltda. São Paulo – SP. 1996.

SOUZA, Nali de Jesus. Desenvolvimento Econômico. Editora Atlas S.A. São Paulo – SP.

1999.

VEIGA, José Eli da. Pobreza Rural, Distribuição da Riqueza e Crescimento: a

experiência brasileira. Estudos Nead. N. 2 – MDA. Disponível em:

<www.mda.gov.br/portal/nead/arquivos/dowload/arquivo_73.pdf?file_id=43010323>.