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Página 1 de 16 ATAS DO CONGRESSO INTERNACIONAL SABER TROPICAL EM MOÇAMBIQUE: HISTÓRIA, MEMÓRIA E CIÊNCIA IICT – JBT/Jardim Botânico Tropical. Lisboa, 24-26 outubro de 2012 __________________________________________________________________________________________________________________________ ISBN 978-989-742-006-1 ©Instituto de Investigação Científica Tropical, Lisboa, 2013 O PODER E O IMPACTO DO ISLÃO NO NORTE DE MOÇAMBIQUE (SÉCULOS XIX-XXI) OLGA IGLÉSIAS NEVES 1 Bolseira da FCT, Investigadora no CEsA/ISEG/UTL, Professora Convidada na FLUL [email protected] Dedicatória Aos combatentes da Liberdade, que sonharam uma Pátria sem exploração, em que os homens vivessem como irmãos. Resumo O presente texto em construção resulta do trabalho de campo durante o segundo semestre do ano de 2012, efetuado no âmbito de uma bolsa de pós-doutoramento, financiada pela FCT e alocada no Centro de Estudos sobre África e Desenvolvimento (CEsA) do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), orientada pela Professora Doutora Joana Pereira Leite. Pretende-se analisar o impacto do Islão no Norte de Moçambique, nomeadamente nas Províncias de Cabo Delgado e Niassa, territórios que, desde o passado até ao presente, guardam a memória de longa duração dos contatos comerciais e religiosos no Índico das rotas Suahili, que ligaram a costa Oriental de África com o interior. Defende-se a tese que o Ibo, sede da Companhia do Niassa, desde os finais do século XIX até às primeiras décadas do século XX, desempenhou um papel geoestratégico nessas rotas e o património edificado atesta a sua importância. A problemática aborda assim, como é que o poder, colonial Português e pós-colonial, dirigido pelo partido FRELIMO interagiu e interage com essas sociedades fortemente islamizadas. A região Norte de Moçambique, hoje largamente noticiada pela exploração dos seus recursos mineiros, sobretudo de hidrocarbonetos por Companhias multinacionais, volta tal como no passado, a chamar a atenção dos investigadores para a importância da interpretação das dinâmicas sociais e culturais que a enquadram. Palavras-chave: África, Índico, Moçambique, Islão, poder. * INTRODUÇÃO A importância do tema Moçambique, território banhado pelo Índico progressivamente ocupado e administrado por um poder colonial que o representou como “África Oriental Portuguesa”, continha subjugados muitos povos, pessoas de culturas diversas, algumas vindas do mar, de paragens longínquas que se interrelacionaram com famílias locais e por isso, se imaginavam pertencendo à terra escolhida. Qual o papel das histórias de vida para a construção da História de Moçambique? Como é que essas histórias, cruzadas com fontes escritas e iconográficas podem-nos ajudar a compreender a sociedade moçambicana do século XXI? No projeto que desenvolvemos sobre o poder colonial e o impacto do Islão em Moçambique fomos à procura da Memória que transborda das fontes orais. Percorremos o Norte, da costa ao interior, 1 Bolseira da FCT, Investigadora no CEsA/ISEG/UTL, Professora Convidada na FLUL.

O poder e o impacto do Islão no Norte de Moçambique ... questão religiosa em si mas sim as actividades dela decorrente em termos políticos, sociais, económicos e culturais, que

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ATAS DO CONGRESSO INTERNACIONAL SABER TROPICAL EM MOÇAMBIQUE: HISTÓRIA, MEMÓRIA E CIÊNCIA IICT – JBT/Jardim Botânico Tropical. Lisboa, 24-26 outubro de 2012

__________________________________________________________________________________________________________________________ ISBN 978-989-742-006-1 ©Instituto de Investigação Científica Tropical, Lisboa, 2013

O PODER E O IMPACTO DO ISLÃO NO NORTE DE MOÇAMBIQUE (SÉCULOS XIX-XXI)

OLGA IGLÉSIAS NEVES1 Bolseira da FCT, Investigadora no CEsA/ISEG/UTL, Professora Convidada na FLUL

[email protected]

Dedicatória

Aos combatentes da Liberdade, que sonharam uma Pátria sem exploração, em que os homens vivessem como irmãos.

Resumo

O presente texto em construção resulta do trabalho de campo durante o segundo semestre do ano de 2012, efetuado no âmbito de uma bolsa de pós-doutoramento, financiada pela FCT e alocada no Centro de Estudos sobre África e Desenvolvimento (CEsA) do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), orientada pela Professora Doutora Joana Pereira Leite. Pretende-se analisar o impacto do Islão no Norte de Moçambique, nomeadamente nas Províncias de Cabo Delgado e Niassa, territórios que, desde o passado até ao presente, guardam a memória de longa duração dos contatos comerciais e religiosos no Índico das rotas Suahili, que ligaram a costa Oriental de África com o interior. Defende-se a tese que o Ibo, sede da Companhia do Niassa, desde os finais do século XIX até às primeiras décadas do século XX, desempenhou um papel geoestratégico nessas rotas e o património edificado atesta a sua importância. A problemática aborda assim, como é que o poder, colonial Português e pós-colonial, dirigido pelo partido FRELIMO interagiu e interage com essas sociedades fortemente islamizadas. A região Norte de Moçambique, hoje largamente noticiada pela exploração dos seus recursos mineiros, sobretudo de hidrocarbonetos por Companhias multinacionais, volta tal como no passado, a chamar a atenção dos investigadores para a importância da interpretação das dinâmicas sociais e culturais que a enquadram.

Palavras-chave: África, Índico, Moçambique, Islão, poder.

*

INTRODUÇÃO

A importância do tema

Moçambique, território banhado pelo Índico progressivamente ocupado e administrado por um

poder colonial que o representou como “África Oriental Portuguesa”, continha subjugados muitos

povos, pessoas de culturas diversas, algumas vindas do mar, de paragens longínquas que se

interrelacionaram com famílias locais e por isso, se imaginavam pertencendo à terra escolhida.

Qual o papel das histórias de vida para a construção da História de Moçambique? Como é que essas

histórias, cruzadas com fontes escritas e iconográficas podem-nos ajudar a compreender a

sociedade moçambicana do século XXI?

No projeto que desenvolvemos sobre o poder colonial e o impacto do Islão em Moçambique fomos

à procura da Memória que transborda das fontes orais. Percorremos o Norte, da costa ao interior,

1 Bolseira da FCT, Investigadora no CEsA/ISEG/UTL, Professora Convidada na FLUL.

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em busca das comunidades islâmicas, ouvindo histórias de vida dos seus membros. Observámos no

labor do dia e na quietude da noite as suas iniciativas e inquietações.

Assim, este é um texto em construção, decorrente do trabalho de campo em Moçambique,

nomeadamente no norte do país. Problematizar as dinâmicas do movimento associativo de cariz

islâmico tornou-se deveras apaixonante, pela descoberta da documentação dispersa e perdida no

tempo, pelas entrevistas exploratórias em trajetórias de vida, pelo partilhar da informação, que

constantemente se analisa, sobretudo pelo encontro com pessoas que se interrogam sobre o

impacto do Islão em Moçambique.

1. TESE

Na ciência histórica, a arte de interpretar a documentação recolhida encontra na construção da

História de Moçambique, uma questão fundamental sobre o papel do registo oficial português

relativo à oposição dos filhos da terra, especificamente à resistência dos afro-islâmicos, tentando

distinguir, fora do traço burocrático as zonas de conflito, o que não é tarefa fácil. O “dito”,

mascarado de verdadeiro, à custa de tantas vezes ser repetido, tem que ser cotejado com o “não-

dito”, submerso nas entrelinhas. Nesta análise, confronta-se a documentação fabricada em duas

verdades antagónicas: a da administração colonial e a dos movimentos nacionalistas, com a

informação vinda a lume nos jornais ou radiodifundida, assim como as histórias de vida, detalhadas

e coloridas de acção. Limpo o pó do tempo, com rigor e seriedade será analisado um passado-

presente, através de fontes orais e escritas que nos permitirão uma aproximação à verdade, ainda

que ela esteja bem afastada da versão oficial. Desfazer mitos, em nome da verdade histórica.

Defende-se a tese que o Ibo, sede da Companhia do Niassa, desde os finais do século XIX até às

primeiras décadas do século XX, desempenhou um papel geoestratégico nessas rotas e o

património edificado atesta a sua importância. A problemática aborda assim, como é que o poder,

colonial Português e pós-colonial, dirigido pelo partido FRELIMO interagiu e interage com essas

sociedades fortemente islamizadas.

Três hipóteses se levantam:

1. As comunidades islâmicas foram completamente controladas pelo regime colonial?

2. Controladas pelo regime, desenvolveram iniciativas de afirmação independentista?

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3. Subordinação e resistência ao poder colonial coexistiram?

2. OBJETIVOS

A finalidade da pesquisa:

Assim, o nosso grande objetivo é o estudo de caso – As comunidades islâmicas.

Objetivos principais da nossa pesquisa em geral:

1. Identificar as comunidades islâmicas em Moçambique;

2. Verificar o impacto do islamismo no movimento associativo moçambicano;

3. Analisar as relações dos Povos do Norte de Moçambique com o poder colonial e os movimentos

independentistas: A MANU (Mozambique African National Union / União Nacional Africana de

Moçambique), criada em 1959 a partir de associações mutualistas, entre essas, a União Maconde

de Moçambique, fundada em 1954;

4. Analisar as vivências e trajetórias das famílias afro-islâmicas decorrentes dos processos de

colonização e descolonização;

5. Conhecer as realidades da comunidade islâmica originária de Moçambique atualmente imigrante

em Portugal;

6. Aferir do relacionamento entre a comunidade imigrante islâmica e a sociedade portuguesa;

7. Confrontar e problematizar os resultados da pesquisa, no sentido de desenvolver linhas analíticas

que permitam aferir da importância do movimento associativo de inspiração islâmica na construção

do Moçambique independente.

Objetivos específicos:

1. Analisar o impacto do Islão no Norte de Moçambique, nomeadamente nas Províncias de Cabo

Delgado e Niassa;

2. Como é que o poder, colonial Português e pós-colonial, dirigido pelo partido FRELIMO interagiu e

interage com essas sociedades fortemente islamizadas?

3. Justificar a ligação das associações com os movimentos independentistas.

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3. METODOLOGIA

Qual foi o caminho percorrido?

Partiu-se do Estado da Arte, duma reflexão sobre o que foi escrito sobre este magno tema, tendo-

se constatado que os estudos sobre o islamismo conheceram um novo fôlego após a tragédia do 11

de Setembro de 2001 em Nova Iorque. Políticos, Sociólogos, Antropólogos têm-se debruçado sobre

o impacto do Islão, privilegiando sobretudo a temática religiosa mas a nossa pesquisa não vai focar

a questão religiosa em si mas sim as actividades dela decorrente em termos políticos, sociais,

económicos e culturais, que animaram o associativismo. Ao estudar o fenómeno associativo, no

desenvolvimento das teses de mestrado e de doutoramento, apercebemo-nos desta limitação, pois

o enfoque centrou-se nas iniciativas africanas, esquecendo entre os filhos da terra, especificamente

os afro-islâmicos.

No caso de Moçambique, apesar de importantes estudos desenvolvidos por ALPERS, BONATE,

LEITE, KHOURI, MACAGNO, MEDEIROS, THOMAZ, VAKIL e ZAMPARONI, como podemos ver na

Bibliografia apresentada, este estudo está por fazer, pois se o regime colonial português numa

pesquisa aplicada para controlar a comunidade islâmica produziu uma série de estudos, que os

SCCIM preservaram, igualmente os movimentos independentistas a integraram, como atestam os

documentos por nós encontrados no Centro de Estudos Africanos da Universidade Eduardo

Mondlane e, em pastas reservadas do saudoso Professor Fernando Ganhão, historiador da

FRELIMO, que preparava uma História de Moçambique, debatendo questões como a identidade, o

nacionalismo e, nos nossos dias um Islão que se pretende afirmar como africano e moçambicano.

Daí, a pergunta de partida: Qual foi o papel das comunidades islâmicas em geral e das associações

em particular, na construção de Moçambique independente?

A pesquisa de fontes primárias já iniciada no Arquivo da MANU, inserido no Arquivo da FRELIMO

depositado no Arquivo Histórico de Moçambique, constituiu o maior desafio, pois a documentação

reservada encontra-se em grande maioria em língua Suahili, o que implicou para além da recolha, a

tradução e respectiva análise, contando-se com a ajuda preciosa de um Colega convidado,

especialista nesta área; nos Arquivos Nacionais da Torre do Tombo – Arquivo de Oliveira Salazar,

PIDE/DGS, SCCIM; no Arquivo Histórico Ultramarino para indicar os arquivos principais

possibilitarão um bom suporte documental. Importa ainda referir a importância da informação

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recolhida na imprensa local, nomeadamente: O Brado Africano, Notícias e Diário de Moçambique,

continuando a pesquisa de Nicole KHOURI e de Joana Pereira LEITE, como se pode verificar na

Bibliografia.

Por outro lado, as fontes orais foram relevantes, através de entrevistas a elementos das

comunidades islâmicas, da MANU (União Nacional Africana de Moçambique) e da FRELIMO (Frente

de Libertação de Moçambique), pelo detalhe atingido, contribuindo as histórias de vida para aclarar

aspetos sombra da pesquisa e alargar o universo da amostra em tratamento.

Um outro tipo de fontes como a Iconografia revelou-se muito esclarecedora, quando devidamente

analisada, captando o momento no tempo de atividades, iniciativas e relacionamentos, detalhando

aspetos da representação de comunidades imaginadas no espaço colonial e pós-colonial. Assim, o

acervo de imagens das associações em estudo ajudou a comprovar a participação de mulheres e

homens islâmicos na luta armada de libertação nacional bem como em fóruns internacionais na

defesa dos ideais de liberdade.

O cruzamento de fontes orais, escritas e iconográficas permitiu assim, a compreensão da genesis do

movimento associativo de cariz islâmico e dos fenómenos de permanência e mudança, levantando

novos temas e problemas, que a pesquisa se encarregará de prosseguir.

4. O ISLÃO NO NORTE DE MOÇAMBIQUE

Historicamente é um facto adquirido como um fenómeno de longa duração, o estabelecimento de

viajantes e comerciantes Árabes na Costa Oriental Africana. As primeiras referências ao território

que hoje é Moçambique surgiram no século X, por Al-Masudi, mais concretamente às terras de

Sofala. O desenvolvimento do comércio coincidiu com a difusão do Islamismo, entre os séculos XVIII

e XIX, sobretudo nas sociedades Suahili do Índico, tendo florescido reinos afro-islâmicos da costa,

como os xecados de Sancul, Quitangonha e Sangage, e o sultanato de Angoxe, na esfera do sultão

de Zanzibar, como vamos ver mais adiante.

Por outro lado, a chegada de indianos, nos séculos XIX e XX à então Colónia de Moçambique vai

contribuir para o Renascimento do Islão. Comerciantes, agricultores, proprietários, industriais, com

uma economia familiar empreendedora tanto no campo como na cidade dinamizaram a economia

e a religião, sendo responsáveis pela construção de mesquitas modernas e, em seu redor de

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associações de culto, recreio e de beneficência, objeto do nosso estudo. Num universo de

quinhentas associações existentes no século XX, identificámos quarenta de cariz islâmico.

No Norte de Moçambique, as associações identificadas através da documentação existente no

Arquivo Histórico de Moçambique, foram as seguintes:

• Comunidade Muçulmana de Porto Amélia (1970-1971);

• Associação Muçulmana de Porto Amélia (1971-1973);

• Comunidade Islâmica de Porto Amélia (1972);

• Comunidade Muçulmana do Ibo (1935-1945);

• Comunidade Maometana de Mocímboa da Praia;

• Associação Comercial Indiana de Cabo Delgado (1931-1932);

• Comunidade Muçulmana de Vila Cabral (1956-74).

Tais associações espelham o dinamismo dos atores sociais que as organizaram e comprovam uma

vivência segregada na sociedade colonial. (Entrevistas)

5. O PODER COLONIAL E AS COMUNIDADES ISLÂMICAS

Nos relatórios das autoridades portuguesas (administração civil, SCCIM, PIDE/DGS, contrainteligência

militar, sobretudo durante a guerra colonial/luta armada de libertação nacional (1964-1974) foi bem

patente a tentativa, primeiro de conquistar as comunidades islâmicas (1968-1969) para mais tarde

“controlar” a população local, de forma a servir de tampão ao avanço da Frente de Libertação de

Moçambique, FRELIMO (MACHAQUEIRO, VAKIL e MONTEIRO, 2011).

Relembrando as balizas cronológicas do período em estudo: 1954-1974, importa traçar o contexto

histórico do relacionamento do regime colonial com as diversas comunidades islâmicas. A atuação do

Estado colonial face às diversas confissões religiosas foi sobretudo, de conhecer as hierarquias e as suas

influências junto das populações, acautelando o perigo da chamada “subversão”.

Vejamos com mais detalhe essa atuação de “dividir para reinar”. Na introdução ao Relatório de

Branquinho (ver a Bibliografia) de prospeção ao Distrito de Moçambique, o Diretor dos SCCIM,

Fernando da Costa Freire afirmava em 1969:

O autor levou a efeito durante o seu trabalho um estudo de pesquisa, visando as estruturas islâmicas no Distrito, do qual sobressai o conhecimento do grande intercâmbio religioso entre o Norte do Distrito de

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Moçambique e o Sul dos Distritos de Cabo Delgado e Niassa e entre estes e os territórios vizinhos da Tanzânia e do Malawi.

Este facto é tanto mais relevante quanto é certo terem os agentes subversivos, em Cabo Delgado, apoiados nos dignitários islâmicos, usado o factor religioso para prepararem as autoridades tradicionais, de confissão islâmica, tinham em vista uma acção conjunta de adesão das populações, obtendo assim, receptividade à ulterior vinda de grupos armados.” (BRANQUINHO, 1969, p. VIII-IX.)

O que propunha, então o Inspetor Branquinho no seu relatório?

(…) Com a deposição do Sultão de Zanzibar, pela revolução de 1964, criou-se uma lacuna, que a subversão procura preencher, mas que só nos trouxe vantagens. (BRANQUINHO, 1969, 335)

A administração tinha assim, de aproveitar os dignitários favoráveis aos seus desígnios. A política de

distribuir benesses (Ex. apoiar a ida a Meca) revelou-se decisiva. (Entrevistas).

6. O MOVIMENTO ASSOCIATIVO E OS MOVIMENTOS INDEPENDENTISTAS

As associações de cariz islâmico, atrás mencionadas, tiveram a sua genesis nas Confrarias,

irmandades muçulmanas, que nasceram na Ilha de Moçambique e se estenderam até ao Norte de

Moçambique, seguindo os caminhos da religião os do comércio.

A população estava enquadrada por autoridades gentílicas. Junto dos régulos atuavam como seus

conselheiros Chehés, alguns por nós entrevistados, com contatos familiares, comerciais e religiosos com

outras regiões do Norte de Moçambique, como Cabo Delgado e Niassa e zonas no exterior, como

Zanzibar, (Tanganhica/Tanzânia), Comores e Malawi. (FUNADA-CLASSEN, 2012: 237-238)

A rede clandestina da FRELIMO atuou na Ilha do Ibo como em Porto Amélia/Pemba e Vila

Cabral/Lichinga, apesar da forte repressão policial. Nessa rede participaram alguns comerciantes

indianos, que pelas suas ligações à India e ao Paquistão estavam a par dos novos ventos da mudança.

Entre os combatentes da guerra colonial/luta armada de libertação nacional bem como da luta

clandestina, encontrámos na Ilha do Ibo, como aliás no Norte de Moçambique, nas sociedades costeiras

e no interior, mulheres e homens Macuas, Muanis, Suailis, Angonis, muçulmanos que encontraram no

Alcorão, os fundamentos para a sua prática libertadora, tendo aderido à União Nacional Africana de

Moçambique (MANU) e mais tarde em 1962, integrando-se na Frente de Libertação de Moçambique

(FRELIMO). Se a liderança da Frente era cristã, os combatentes, mulheres e homens, na base eram, na

sua maioria, muçulmanos. (Entrevistas).

7. CONCLUSÕES

A situação do Islão em Moçambique no século XXI comprova o ambiente de tolerância, próprio da

fase de transição para a democracia, favorável à expansão das diferentes ordens: Sunitas, Xiitas e

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Wahabitas, bem como a criação de organizações de cúpula: o Congresso (Sunitas), o Conselho

Islâmico (Wahabitas) e, mantendo-se com todo o esplendor o Palácio de Sua Alteza Aga Khan

(Ismaelitas).

O papel das associações na dinâmica cultural é um fenómeno de permanência, o que nos incentiva

a prosseguir no seu aprofundamento, refletindo a questão da identidade, da afirmação de

africanidade e de moçambicanidade.

Os resultados da investigação em curso apontam que, numa situação extrema, num clima de luta

de libertação nacional (1964-1974) e de guerra civil (1976-1992) foram, sobretudo as mulheres

islâmicas, enquadradas nas Confrarias e nas associações que se evidenciaram na defesa da Paz,

comprovando a “força revolucionária das mulheres na sociedade africana”, no dizer de M´Bokolo.

Os resultados da presente investigação podem e devem ser enumerados, constituindo pontos

fortes: 45 Entrevistas; 100 caixas do Fundo ISANI do AHM; 10 caixas da FRELIMO; 7 associações de

cariz islâmico identificadas; 3 textos apresentados em congressos internacionais, partilhando a

pesquisa (2010, 2011 e 2012) e a serem publicados.

Mas, importa indicar igualmente as limitações, pontos que se consideram como fracos: Tradução da

documentação em Suahili de Confrarias, da MANU e da FRELIMO ainda não iniciada; Entrevistas a

personalidades islâmicas canceladas em Maputo, devido a um clima de medo, causado por raptos,

reportados pela imprensa local; Entrevistas a elementos mais velhos do Partido Frelimo só possíveis

depois do Xº. Congresso (Out. 2012); Falta de trabalho de campo nas províncias de Sofala, Manica,

Zambézia e Tete, zonas que se revelaram importantes a serem tratadas, reconstituindo antigas

rotas do comércio (entre a costa e o interior) e da religião islâmica.

Como transformar os pontos fracos em oportunidades? A continuação da investigação no ano de

2013 a ser apoiada pela FCT no CEsA/ISEG será a resposta.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Fontes Orais – Entrevistas: 1. Mohamed Abdulai, Pemba,11-04-12 2. Isac Yacob, Pemba, 12-04-12 3. Ali Sumail, Pemba, 12-04-12 4. Sanje Sira, Pemba, 12-04-12 5. Abdul Latif Amade, Pemba, 12-04-12

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6. Maincha Pitara, Pemba, 13-04-12 7. Major Dade, Pemba, 14-04-12 8. Saide Chaca, Pemba, 15-04-12 9. Berta Assumane, Pemba, 16-04-12 10. Omar Assumane Santana, Pemba, 16-04-12 11. Alberto Velho, Pemba, 17-04-12 12. Momade Rafik Abdul Latif, Pemba, 17-04-12 13. Sadaca Incacha, Pemba, 18-04-12 14. Antónia Rebocho, Pemba, 18-04-12 15. Mamade Ali Patel, Pemba, 19-04-12 16. Maria Asharafali Razia Mera, Pemba, 19-04-12 17. Abdulrasaque Sufo, Pemba, 19-04-12 18. Pinto Chomar Tauabo, Pemba, 20-04-12 19. João Baptista, Ibo, 22-04-12 20. Amade Assane, Ibo, 23-04-12 21. Mahando Amade, Ibo, 23-04-12 22. Carlos Incacha Sadaca, Ibo, 23-04-12 23. Nsemba Abdul Imede, Ibo, 23-04-12 24. Omar Taiar, Ibo, 24-04-12 25. Sufo Buana, Pemba, 26-04-12 26. Anli Bacar, Pemba, 26-04-12 27. Dulá, Pemba, 27-04-12 28. Zicar Osman, Pemba, 28-04-12 29. Saide Cassimo, Lichinga, 09-05-12 30. António Omar, Lichinga, 09-05-12 31. Helena Baide Muamete, Lichinga, 10-05-12 32. Halifa Helena Índia, Lichinga, 10-05-12 33. Faizal Gulamo, Lichinga, 11-05-12 34. Maria Augusta da Fonseca Parsotamo, Lichinga, 11-05-12 35. Fernanda Jerónimo, Lichinga, 11-05-12 36. Beatriz Manjore, Lichinga, 14-05-12 37. Maria Kambongué, Lichinga, 14-05-12 38. Maria Iassine, Lichinga, 14-05-12 39. Nurbay Amade Issimall, Lichinga, 14-05-12 40. Taibo Amade Issimall, Lichinga, 14-05-12 41. Adamo Bonomar, Lichinga, 15-05-12 42. Sumane Mustafa, Lichinga, 16-05-12 43. Rossana Taibo, Lichinga, 16-05-12 44. Rui Cabinda Maluza, Lichinga, 17-05-12 45. Mustafa Mbuana, Lichinga, 18-05-12

Fontes Escritas Arquivo Histórico de Moçambique (AHM) - Fundo ISANI (Inspeção dos Serviços da Administração e Negócios Indígenas):

AMORIM, Amadeu Pacheco de.1961. “Relatório da Inspeção Ordinária ao Distrito de Cabo Delgado, 1951-1961”, Montepuez. In cx. 89.

AMORIM, Amadeu Pacheco de.1962. “Relatório da Inspeção Ordinária à Comissão Municipal do Ibo no Distrito de Cabo Delgado, 1960-1962”, Ibo. In cx. 89.

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AMORIM, Amadeu Pacheco de.1962. “Relatório da Inspeção Ordinária ao Concelho do Ibo do Distrito de Cabo Delgado, 1951-1961”, Quissanga. In cx. 90.

AMORIM, Amadeu Pacheco de.1962. “Relatório da Inspeção Ordinária ao Concelho de Mocímboa da Praia no Distrito de Cabo Delgado, 1951-1961”, Mocímboa da Praia. In cx. 91.

AMORIM, Amadeu Pacheco de.1962. “Relatório da Inspeção Ordinária à Circunscrição dos Macondes no Distrito de Cabo Delgado, 1951-1961”, Mueda. In cx. 91.

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ANEXOS

Gravura 1 - “Carta Étnica”. In: FREITAS, R. Ivens Ferraz de. 1965. “Conquista da Adesão das Populações”, Lourenço

Marques: SCCIM.

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Gravura 2 - “Islamic route in northern Mozambique”. In: FUNADA-CLASSEN, Sayaka. 2012. The Origin of War in

Mozambique. A History of Unity and Division, Tokyo: Author´s Ed., 239. [Fig.24].

Gravura 3 - Mesquita de Lichinga. (Coleção da Autora).

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Gravura 4 – Mesquita de Pemba (Coleção da Autora).

Gravura 5 - Fundadores Comunidade Islâmica de Porto Amélia (1972) (Coleção da Autora).