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Que se passou em Fátima, em 1917, de Maio a Outubro? A propósito da vinda do Papa, muito se tem escrito. São já tantos os livros, a maior parte compostos em cima dos joelhos e à pressa, que uma boa parte vai para a coleção dos monos. As pessoas simples e mesmo algumas licenciadas facil- mente são atraiçoadas pela sua imaginação e pela letra dessas livros. Ora já observava S Paulo que «a letra mata. O Espírito é que dá vida». Em certa ocasião, uma senhora muito devota de Fátima, veio fazer-me uma visita de cortesia, porque eu estaria bastante doente. A conversa derivou para a imagem de Nossa Senhora de Fátima. Espontaneamente recordei que a primeira imagem escul- pida foi da autoria do escultor portuense, Soares dos Reis. Ainda a frase não tinha terminado, a dita senhora, ata- lhou: «Mas não foi assim que os pastorinhos viram Nossa Senhora». Claro que eu poderia argumentar: Como é que aquelas crianças, podiam ver duma forma carnal a Virgem Maria, se ela foi levada para o céu. Ora os eleitos da pátria celes- te, por definição, são invisíveis aos nossos olhos. Como iria perder o meu latim, calei-me. O que aconteceu, foi que os bispos de então não tinham sensibilidade artística (nem admira) e efetivamente apoi- aram-se na descrição das crianças. Os poucos escultores com que tenho lidado estão abertos a sugestões de quem lhes encomenda uma obra. Certa- mente Soares dos Reis também estaria. Acabou por vingar a atual imagem, que nem por isso dei- xa de merecer o maior respeito. É de estilo popular e não deixa de ser arte. As chamadas aparições ou visões, como Bento XVI prefe- riu dizer, são em primeiro lugar um problema teológico e nunca um problema físico. O estudo do psiquismo, da espiritualidade e de outras ciências afins, podem ajudar ao estudo do fenómeno. Nenhuma máquina fotográfica poderia fixar a pessoa da mãe de Jesus... Alguém classificou como «místicas» as ditas visões. É uma palavra muito usada no estudo da espiritualidade, mas demasiado vaga e cheia de equívocos. Por mim, prefiro colocar-me na linha de S. Paulo e dos grandes teólogos que fazem teologia de joelhos: A fé sóli- da e esclarecida, de si já implica um certo tipo de visão que está para além das leis da matéria. «Vemos como que num espelho» Não é por acaso que uma das Bem-Aventuranças reza as- sim: «Felizes os puros de coração porque verão a Deus». Trata-se dum futuro/presente. Um dos aspetos mais surpreendentes da chamada mensa- gem de Fátima é a coincidência fundamental com o essen- cial do evangelho. Há dias, podia ler esta interrogação saída da boca dum personagem dum romance: «É o milagre que faz a fé ou fé que faz o milagre?». Não tenho quaisquer dúvidas: A fé é que faz o milagre. O Papa Francisco não vai canonizar os pastorinhos, por causa das suas visões, mas por causa das virtudes extraor- dinárias que revelaram: fé, esperança e caridade; penitên- cia e oração. Virtudes testadas através de duras prova- ções. Algumas foram desumanas. A fé não se pode impor a ninguém. Muito menos o fenó- meno de Fátima. Mas o contrário também não. Cuidado com intolerância dos que apregoam muito tolerância e se auto dominam profetas dos tempos modernos. São falsos profetas que sempre existiram em toda a histó- ria do Cristianismo. O evangelista S. João dá-nos a pedra de toque para avaliar a autenticidade dos profetas: se profetizam com caridade, humildade, amor à Igreja, mesmo quando discordam des- ta, devemos prestar-lhes atenção. Quando se trata de «profetas» intolerantes que preten- dem construir uma Igreja de puros e iluminados ou então querem impor-nos a fé das suas teses teológicas não deve- mos prestar-lhes atenção. Um professor meu dizia, ironi- camente, aos alunos: Dou um prémio a quem inventar uma heresia nova. O que dá certa pena é saber que alguns destes falsos pro- fetas estudaram muitas vezes de graça ou quase de graça, nos seminários para servirem a Igreja e agora, por tudo e por nada, zurzem nos bispos e fiéis para quem olham do alto da sua soberba. Acabam por serem muito úteis a certos jornais escritos e televisivos quando estes querem aumentar a audiência e malhar na Igreja. Tais profetas acabam por ser inocentes úteis... O POVO DE RIO TINTO Publicação Mensal| Paroquia de Rio Tinto Rua da Lourinha, 33 4435-308 Rio Tinto | [email protected] htt www.paroquiariotinto.pt/ NOLITE TIMERE Ano 42 - N.º 65- Abril –2017

O POVO DE RIO TINTO - paroquiariotinto.pt · 4 SARAMPO NAS ASAS DA POESIA SARAMPO Silva Pinto* Há muitos anos esquecido, eis que o sarampo tem sido noticia nos últimos dias. É

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Page 1: O POVO DE RIO TINTO - paroquiariotinto.pt · 4 SARAMPO NAS ASAS DA POESIA SARAMPO Silva Pinto* Há muitos anos esquecido, eis que o sarampo tem sido noticia nos últimos dias. É

Que se passou em Fátima, em 1917, de Maio a Outubro? A propósito da vinda do Papa, muito se tem escrito. São já tantos os livros, a maior parte compostos em cima dos joelhos e à pressa, que uma boa parte vai para a coleção dos monos. As pessoas simples e mesmo algumas licenciadas facil-mente são atraiçoadas pela sua imaginação e pela letra dessas livros. Ora já observava S Paulo que «a letra mata. O Espírito é que dá vida». Em certa ocasião, uma senhora muito devota de Fátima, veio fazer-me uma visita de cortesia, porque eu estaria bastante doente. A conversa derivou para a imagem de Nossa Senhora de Fátima. Espontaneamente recordei que a primeira imagem escul-pida foi da autoria do escultor portuense, Soares dos Reis. Ainda a frase não tinha terminado, a dita senhora, ata-lhou: «Mas não foi assim que os pastorinhos viram Nossa Senhora». Claro que eu poderia argumentar: Como é que aquelas crianças, podiam ver duma forma carnal a Virgem Maria, se ela foi levada para o céu. Ora os eleitos da pátria celes-te, por definição, são invisíveis aos nossos olhos. Como iria perder o meu latim, calei-me. O que aconteceu, foi que os bispos de então não tinham sensibilidade artística (nem admira) e efetivamente apoi-aram-se na descrição das crianças. Os poucos escultores com que tenho lidado estão abertos a sugestões de quem lhes encomenda uma obra. Certa-mente Soares dos Reis também estaria. Acabou por vingar a atual imagem, que nem por isso dei-xa de merecer o maior respeito. É de estilo popular e não deixa de ser arte. As chamadas aparições ou visões, como Bento XVI prefe-riu dizer, são em primeiro lugar um problema teológico e nunca um problema físico. O estudo do psiquismo, da espiritualidade e de outras ciências afins, podem ajudar ao estudo do fenómeno. Nenhuma máquina fotográfica poderia fixar a pessoa da mãe de Jesus... Alguém classificou como «místicas» as ditas visões. É uma palavra muito usada no estudo da espiritualidade, mas demasiado vaga e cheia de equívocos. Por mim, prefiro colocar-me na linha de S. Paulo e dos grandes teólogos que fazem teologia de joelhos: A fé sóli-da e esclarecida, de si já implica um certo tipo de visão que está para além das leis da matéria. «Vemos como que num espelho» Não é por acaso que uma das Bem-Aventuranças reza as-sim: «Felizes os puros de coração porque verão a Deus». Trata-se dum futuro/presente. Um dos aspetos mais surpreendentes da chamada mensa-gem de Fátima é a coincidência fundamental com o essen-cial do evangelho.

Há dias, podia ler esta interrogação saída da boca dum personagem dum romance: «É o milagre que faz a fé ou fé que faz o milagre?». Não tenho quaisquer dúvidas: A fé é que faz o milagre. O Papa Francisco não vai canonizar os pastorinhos, por causa das suas visões, mas por causa das virtudes extraor-dinárias que revelaram: fé, esperança e caridade; penitên-cia e oração. Virtudes testadas através de duras prova-ções. Algumas foram desumanas. A fé não se pode impor a ninguém. Muito menos o fenó-meno de Fátima. Mas o contrário também não. Cuidado com intolerância dos que apregoam muito tolerância e se auto dominam profetas dos tempos modernos. São falsos profetas que sempre existiram em toda a histó-ria do Cristianismo. O evangelista S. João dá-nos a pedra de toque para avaliar a autenticidade dos profetas: se profetizam com caridade, humildade, amor à Igreja, mesmo quando discordam des-ta, devemos prestar-lhes atenção. Quando se trata de «profetas» intolerantes que preten-dem construir uma Igreja de puros e iluminados ou então querem impor-nos a fé das suas teses teológicas não deve-mos prestar-lhes atenção. Um professor meu dizia, ironi-camente, aos alunos: Dou um prémio a quem inventar uma heresia nova. O que dá certa pena é saber que alguns destes falsos pro-fetas estudaram muitas vezes de graça ou quase de graça, nos seminários para servirem a Igreja e agora, por tudo e por nada, zurzem nos bispos e fiéis para quem olham do alto da sua soberba. Acabam por serem muito úteis a certos jornais escritos e televisivos quando estes querem aumentar a audiência e malhar na Igreja. Tais profetas acabam por ser inocentes úteis...

O P O V O D E R I O T I N T O Publicação Mensal| Paroquia

de Rio Tinto Rua da Lourinha, 33 4435-308

Rio Tinto | [email protected] htt www.paroquiariotinto.pt/

NOLITE TIMERE Ano 42 - N.º 65- Abril –2017

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PANORAMA 2 CUIDADORAS DE PESSOAS

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SAÚDE MENTAL EDUCAÇÃO FÍSICA 3

Movimento

Serafim Faria

Prof. Educação Física

A atividade física (AF) para idosos ajuda a fortalecer os mús-culos, contribuindo para que as pessoas caminhem com menos dificuldades e melhorem a sua postura, prevenindo diversas doenças, entre outras vantagens. Os benefícios da AF incluem: - Prevenção e ajuda no combate de doenças como hiperten-são, derrames, varizes, obesidade, cancro, ansiedade, depres-são, problemas diversos de foro cardíaco e respiratório, etc; - Aumento da força muscular, com diminuição do risco de que-das e melhoria dos movimentos dos braços, pernas e tronco; - Diminuição do consumo de medicamentos porque melhora a sensação de bem-estar, reduzindo as dores; - Aumento do apetite; - Melhoria do condicionamento físico geral; - Diminuição do isolamento social porque aumenta a proximida-de com outras pessoas; - Melhoria da autoestima, da confiança e do gosto de viver; A AF destinada a pessoas de idade avançada deve ser prati-cada com regularidade, devendo fazer parte dos afazeres do quotidiano, mas sempre sob orientação de pessoas credencia-das. Alguns exercícios que podem ser feitos com total seguran-ça: - Alongamento dos músculos e das articulações – melhoram a mobilidade e previnem lesões; - Atividades de baixo impacto como caminhadas, danças de salão e hidroginástica – melhoram a circulação, a respiração e o bem-estar geral; - Atividades que exijam a utilização de força muscular – pegar, elevar, empurrar, puxar pequenas cargas, com cuidado especi-al na postura da coluna vertebral, de forma a não se tornarem prejudiciais; - Exercícios para melhorar o equilíbrio e a coordenação: andar na ponta dos dedos e calcanhares, caminhar para a frente, para trás e para os lados, ultrapassar obstáculos no chão; - Andar de diversas formas e com diferentes ritmos; - Exercícios respiratórios devem ser realizados nas pausas entre os diferentes exercícios. No início das atividades deve fazer-se um pequeno aqueci-mento preparatório do esforço que se faz a seguir (movimentos amplos de membros superiores; mobilização cuidada da coluna cervical; flexões de tronco à frente e lateralmente; agachamen-tos ligeiros; torções ligeiras de tronco à esquerda e à direita, etc). No final das atividades é fundamental promover o relaxa-mento muscular e articular e o retorno à calma dos sistemas fisiológicos. É importante destacar que toda a AF tem de ser adaptada ao idoso e realizada, de preferência, em grupo, para que seja mais motivante e atrativa, evitando-se o abandono da prática.

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SARAMPO 4 NAS ASAS DA POESIA

Silva Pinto* SARAMPO Há muitos anos esquecido, eis que o sarampo tem sido noticia nos últimos dias. É uma das infeções víricas mais contagiosa, transmitindo-se de pessoa a pessoa por via aérea pelas gotículas de saliva com a tosse ou espirros. Em Portugal, entre 1987 e 1989, verificaram-se cerca de 12.000 casos com 30 mortes; entre 2006 e 2014, registaram.se 19 casos e, só este ano já se confirmaram 24 casos e uma morte. É quase sempre uma doença benigna, embora se possa complicar com pneumonia ou encefalite. A vacina é uma forma de prevenção segura e fez com que a Or-ganização Mundial de Saúde tenha definido o ano de 2010 como a meta para irradicação do Sarampo e Rubéola; apesar desse pro-grama, o numero de casos de sarampo agravou-se nos últimos anos na Europa, fruto de um movimento anti-vacinas com ori-gem no Reino Unido cuja teoria veio a provar-se ser falsa. A vacinação contra o sarampo iniciou-se em Portugal em 1973 e a vacinação gratuita em 1974. Uma segunda dose da vacina co-meçou a ser aplicada em 1990. E esta doença começou assim a ficar praticamente esquecida. Por termos um dos sistemas de vacinação mais robustos da Eu-ropa, já erradicamos a varíola e muitas das doenças infeciosas que provocaram verdadeiras epidemias, estão praticamente ex-tintas; é o caso da Poliomielite, da Rubéola e da Tosse Convulsa. A tuberculose já esteve controlada e por razões várias tem au-mentado, embora se cifre abaixo dos 20 casos por 100 mil habi-tantes. Com o aparecimento destes casos de sarampo que obrigou a to-mar medidas excecionais, veio á discussão a obrigatoriedade das vacinas do Plano Nacional de Vacinação. Sublinhamos que uma elevada cobertura vacinal permite imuni-zar quem é vacinado, mas também evitar a propagação de doen-ças, uma vez que a imunidade do grupo impede a circulação de agentes patogénicos. É uma questão de Saúde Pública e um direito das crianças a crescer sem doenças conforme dizia hoje o Diretor Geral da Saú-de, que condenou a "moda bizarra" de não vacinar as crianças, indicando que isso tem tido consequências, e considerou inques-tionável o direito dos menores à vacinação. Nelson Mandela escreveu: “através da vacinação milhões de crianças foram salvas e tiveram a possibilidade de viverem com mais saúde, mais tempo e melhor, uma vez que foram maiores as hipóteses para aprender, brincar, ler e escrever, sem sofrimento”. Mandela tinha razão. É verdade que os programas de vacinação universais promovem a equidade, proporcionam igualdade de oportunidades, protegem a saúde e previnem doenças, indepen-dentemente do género, da etnia, da cor da pele, da religião, do estatuto social, dos rendimentos familiares ou das ideologias. Os sintomas iniciais do sarampo, são: febre, congestão nasal, irritação na garganta, tosse seca e vermelhidão dos olhos; 2 a 4 dias depois, surgem as manchas de Koplik (pequenas manchas brancas na boca e passados 3 a 5 dias, aparece uma erupção na pele da face e pescoço associada a comichão ligeira que rapida-mente se estende e passados um ou dois dias, se espalha pelo tronco, braços, pernas; começa a desaparecer do local onde se iniciou, o rosto. A febre pode ultrapassar os 40 º C. Ao fim de 3 a 5 dias, a temperatura diminui, os sintomas aliviam e as manchas restantes desaparecem. O contágio ocorre aproximadamente seis dias antes e quatro dias após o aparecimento das primeiras manchas vermelhas.

Médico*

Seleção de Rita Sá Ferreira

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VIDA CRISTÃ

PRÓXIMO DIA 12 DE MAIO, NA IGREJA PAROQUIAL

Missa às 20:30, seguida de

procissão de velas

com o itinerário dos anos

anteriores

Nota: Não há missa às 19:00 h

5

Egito: Visita a Al-Azhar começa com minuto de silêncio em memória

das vítimas do terrorismo

Agência Ecclesia

28 de Abril de 2017, às 15:36 Líder da instituição sunita rejeitou colagem do Islão aos terroristas Cairo, 27 abr 2017 (Ecclesia) - A primeira visita de um Papa a Al-Azhar, principal instituição teológi-ca e de instrução religiosa do Islão sunita, começou hoje com um minuto de silêncio pelas vítimas do terrorismo. O xeque Ahmad Al-Tayeb, grande-imã da instituição, recebeu Francisco e evocou todos os que mor-reram em ataques terroristas, “independentemente da sua.pertença cultural ou religiosa”. Os dois líderes trocaram um abraço, sob as palmas dos participantes reunidos no centro de confe-rência de Al-Azhar. Al-Tayeb é reitor da mais antiga universidade islâmica, construída em 969. Francisco decidiu deslocar-se no Egito sem recurso a qualquer carro blindado e sem preocupações suplementares, após os recentes atentados contra comunidade cristã, que provocaram dezenas de mortes nas celebrações do Domingo de Ramos (9 de abril). O bairro cristão do Cairo foi alvo de um atentado terrorista em dezembro de 2016, quando uma bomba explodiu na capela de São Pedro, provocando 29 mortes. Este é o segundo encontro entre o Papa e Al-Tayeb, que já se tinham reunido no Vaticano, em 2016. O grande-imã de Al-Azhar convidou as religiões a unir-se “respeito pelas pessoas”, denunciando o “comportamento errado” de alguns muçulmanos. Para este responsável não é justo associar o Islão ao terrorismo; por isso, elogiou o Papa Francisco pelas declarações que defendeu.Al-Tayeb falou numa visita “histórica”, num momento em que se promovem esforços de “paz” em favor de quem foge da violência O xeque muçulmano denunciou a “tragédia” dos que se “expõem ao perigo da morte” nas travessias do deserto ou do Mediterrâneo e apontou o dedo às “fábricas da morte” dos comerciantes de armas. A Universidade de Al-Azhar recebe uma Conferência Internacional pela paz, que se conclui esta tar-de. OC

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7 “O Povo de Rio Tinto”

27/04/2017

PORTUGUESES DESCONFIAM

DA “SOLIDEZ” DOS BANCOS

M. Pinto Teixeira*

* Professor

e investigador universitário

1 – Quem olha para o passado da banca portuguesa nos últimos 10 anos só pode tirar uma conclu-

são: os banqueiros portugueses e o Banco de Portugal não merecem a confiança dos cidadãos. E este

sentimento não é nem especulativo nem exagerado. É o sentimento de quem viveu já demasiadas

situações de mentira, de hipocrisia e de manipulação da boa-fé dos cidadãos que fez ruir toda a cre-

dibilidade dos responsáveis da banca portuguesa.

Durante décadas os portugueses confiaram no sistema bancário nacional, quer antes quer depois do

25 de Abril. Independentemente dos bancos serem privados ou públicos, como aconteceu após as

nacionalizações de 1975, e até à sua reprivatização na década de oitenta. Nunca os portugueses vi-

ram em risco as suas poupanças. Independentemente dos movimentos de criação ou desapareci-

mento de muitas marcas, a palavra “falência” estava completamente afastada dos balcões dos ban-

cos.

2 – Muitos de nós recordam, ao longo do último meio século, enormes mexidas na banca nacional.

Nasceram e desapareceram dezenas de bancos ou marcas bancárias. Por aquisição, por incorpora-

ção, por fusão, ou por simples retirada do mercado. Mas nunca os cidadãos sentiram o seu dinheiro

em risco. Mesmo nas situações mais problemáticas, no mínimo as carteiras de clientes transitaram

sempre para outras instituições.

A credibilidade e confiança na banca nacional era um valor absoluto. Independentemente da dimen-

são do banco. Fosse grande ou pequena, nenhuma instituição bancária deixava que a desconfiança e

a dúvida se instalassem entre os clientes. No mínimo, funcionava uma espécie de “solidariedade” no

sector, de molde que quando um banco entrava em dificuldades, podia deixar de ter visibilidade pú-

blica, mas ainda assim os clientes não eram afectados, e, quando muito era-lhes proposta a mudança

de marca, sem qualquer afectação das contas em vigor.

3 – A partir do final de década passada tudo se alterou. É certo que a mudança de paradigma coinci-

diu com o início da crise internacional. Mas ninguém pensava que fosse possível uma razia de tal di-

mensão que atingisse dezenas de milhares de cidadãos, e outras tantas dezenas de milhares de em-

presas e instituições públicas e privadas. Quatro bancos com expressão pública faliram e desapare-

ceram: BPN, BPP, Banif, e BES. E com eles centenas de milhões de euros foram perdidos. Para além

destes, o terramoto chegou a todos os outros, excepto ao Santander Totta.

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Consultório Jurídico – “O quê de Justiça?” – Animais de companhia

Infelizmente, muito se tem falado nos últimos tempos de acidentes com animais de companhia, dos quais resultaram danos graves em pessoas, ou mesmo, a morte.

Nesse sentido, pretendemos esclarecer os nossos leitores sobre algumas restrições decorrentes do enquadramento legal do alojamento e passeio em lugares públicos dos animais de companhia.

Assim, nos termos do Decreto-Lei nº 314/2003, de 17 de dezembro, o alojamento de cães e gatos em prédios urbanos, rústicos ou mistos, fica sempre condicionado à existência de boas condições do mesmo e ausência de riscos hígio-sanitários relativamente à conspurcação ambiental e doenças transmissíveis ao homem, podendo ser alojados até três cães ou quatro gatos adultos por cada fogo, não podendo no total ser excedido o número de quatro animais, excepto se, a pedido do detentor, e mediante parecer vinculativo do médico veterinário municipal e do delegado de saúde, for auto-rizado alojamento até ao máximo de seis animais adultos, desde que se verifiquem todos os requisitos hígio-sanitários e de bem-estar animal legalmente exigidos.

Nos termos da Lei considera-se cão ou gato adulto, todo o animal com idade superior a 1 ano.

No caso de fracções autónomas em regime de propriedade horizontal, o regulamento do condomínio pode estabelecer um limite de animais inferior ao previsto no número anterior.

Nos prédios rústicos ou mistos podem ser alojados até seis animais adultos, podendo tal número ser excedido se a di-mensão do terreno o permitir e desde que as condições de alojamento obedeçam aos requisitos atrás referidos.

As Câmaras Municipais devem zelar pelo cumprimento da Lei, devendo realizar vistorias conjuntas com o delegado de saúde e com o médico veterinário municipal, e devendo notificar o detentor dos animais que não esteja em cumprimen-to com a Lei para que os retire para o canil ou gatil municipal no prazo que lhe for determinado, podendo, caso o deten-tor dos animais não cumpra de livre vontade aquela determinação, ser solicitado, pelo presidente da câmara municipal a emissão de mandado judicial que lhe permita aceder ao local onde estes se encontram e proceder à sua remoção.

Sempre que os cães e gatos circulem na via ou lugar públicos, é obrigatório o uso de coleira ou peitoral, no qual deve estar colocada, por qualquer forma, o nome e morada ou telefone do detentor do animal, sendo proibida a presença na via ou lugar públicos de cães sem estarem acompanhados pelo detentor, e sem açaimo funcional, excepto quando con-duzidos à trela, em provas e treinos ou, tratando-se de animais utilizados na caça, durante os actos venatórios. No caso de cães perigosos ou potencialmente perigosos, para além do açaime previsto no número anterior, os animais devem ainda circular com os meios de contenção que forem determinados por legislação especial.

São consideradas raças perigosas: Cão de fila brasileiro, Dogue argentino, Pit bull terrier, Rotweiller, Staffordshire ter-rier americano, Staffordshire bull terrier e Tosa inu.

Independentemente da raça, é considerado animal perigoso, qualquer animal que: tenha mordido ou atacado uma pes-soa, tenha ferido gravemente ou morto um outro animal fora da propriedade do dono do animal, tenha sido declarado voluntariamente pelo seu dono à Junta de Freguesia da sua área de residência que tem um carácter e comportamento agressivos ou tenha sido considerado pela autoridade competente como um risco para a segurança de pessoas ou ani-mais.

As câmaras municipais, podem ainda, criar zonas ou locais próprios para a permanência e circulação de cães e gatos, estabelecendo as condições em que esta se pode fazer sem os meios de contenção previstos no diploma legal.

Manuela Garrido

BACALHAU Á MEDITERRÂNICA INGREDIENTES 2 c. sopa zeite 300 g amêijoa vietnamita congelada 1 cebola (200 g) 3 dentes alho 400 g batata primor pequena para cozer 0,5 pimento vermelho (150 g) 300 g tomate cherry 0,5 emb. bacalhau congelado para caldeirada 1 c. sobremesa sal qb pimenta de moinho 50 g azeitonas pretas qb coentros

PREPARAÇÃO 1. Coloque o azeite num tacho e dis-ponha por cima as amêijoas conge-ladas. 2. Junte a cebola cortada às rodelas, os alhos laminados, as batatas cor-tadas em quartos, os pimentos cor-tados em tiras, o tomate, o bacalhau ainda congelado, o sal e um pouco de pimenta. 3. Mexa delicadamente, sem que as amêijoas saiam do fundo do tacho. 4. Acrescente as azeitonas, tape e leve a lume brando cerca de 30 mi-nutos. 5. Uma vez pronto, polvilhe com coentros picados e sirva.

Glória Branco