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O PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SETORIAL NEGOCIADA NO DIREITO DO TRABALHO

O Princípio da Adequação Setorial Negociada no …O princípio da adequação setorial negociada no direito do trabalho / Maria Cecí-lia Máximo Teodoro. -- 2. ed. – São Paulo:

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O PrincíPiO da adequaçãO SetOrial negOciada nO direitO dO trabalhO

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Maria CeCília MáxiMo Teodoro

Pós-Doutora em Direito do Trabalho pela Universidade de Castilla-La Mancha com bolsa de pes-quisa da CAPES. Doutora em Direito do Trabalho e da Seguridade Social pela USP – Universidade de São Paulo. Mestre em Direito do Trabalho pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Graduada em Direito pela PUC-MG. Professora de Direito do Trabalho do Programa de Pós-Graduação em Direito e da Graduação da PUC-MG e membro reeleita do Colegiado do Programa de Pós-Graduação em Direito da PUC-MG para o triênio 2014/2016. Professora Convidada do Mestrado em Direito do Trabalho da Univer-sidade Externado da Colômbia. Pesquisadora líder do Grupo de Estudos e Pesquisas RED – Retrabalhando o Direito. Autora de livros e artigos.

O PrincíPiO da adequaçãO SetOrial negOciada nO direitO dO trabalhO

2ª edição

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EDITORA LTDA.© Todos os direitos reservados

Rua Jaguaribe, 571CEP 01224-003São Paulo, SP – BrasilFone (11) 2167-1101www.ltr.com.brMarço, 2018

Produção Gráfica e Editoração Eletrônica: LINOTECProjeto de Capa: FABIO GIGLIOImpressão: FORMA CERTA

Versão impressa: LTr 5959.6 — ISBN: 978-85-361-9571-1

Versão digital : LTr 9335.4 — ISBN: 978-85-361-9593-3

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Teodoro, Maria Cecília Máximo

O princípio da adequação setorial negociada no direito do trabalho / Maria Cecí-lia Máximo Teodoro. -- 2. ed. – São Paulo: LTr, 2018.

Bibliografia.

1. Direito do trabalho 2. Direito do trabalho - História 3. Negociações coletivas 4. Princípios gerais de direito I. Título.

18-12900 CDU-34:331.1

Índice para catálogo sistemático:

1. Adequação setorial negociada : Princípio : Direito do trabalho 34:331.1

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agradecimentO

Expresso meus sinceros agradecimentos ao meu querido orientando Marcos Paulo da Silva Oliveira, do Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Direito da PUC-Minas, pelo auxílio imensurável na atualização do livro.

Sou também eternamente grata ao sempre mestre, amigo e grande interlocu-tor, Márcio Túlio Viana, que me concede a honra de partilhar de uma amizade leve e de um companheirismo profundo nessa caminhada que é o estudo do Direito do Trabalho, além de me prestigiar com um lindo prefácio à esta segunda edição.

Dedico este livro aos alunos da Disciplina de Direito do Trabalho da Gradua-ção em Direito da PUC-Minas.

Belo Horizonte, janeiro de 2018.

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SumáriO

Prefácio à 2ª edição – Márcio Túlio Viana .................................................................. 9

Prefácio à 1ª edição – Luiz Otávio Linhares Renault ................................................. 13

1. Introdução ........................................................................................................... 17

2. O Trabalho Enquanto Esfera do Reconhecimento ............................................... 19

3. A Formação do Direito do Trabalho .................................................................... 27

3.1. Fatores Econômicos, Sociais e Políticos .................................................... 27

3.2. O Estado Liberal de Direito e um ainda não Direito do Trabalho ............. 31

3.3. O Estado Social de Direito e o Triunfo do Direito do Trabalho ................. 35

3.4. O Neoliberalismo e um Direito do Trabalho em Crise .............................. 41

4. A Formação do Direito do Trabalho no Brasil ..................................................... 51

4.1. O Liberalismo Brasileiro e um ainda não Direito do Trabalho .................. 51

4.2. O Tímido Estado Social Brasileiro e a Institucionalização do Direito do Trabalho ..................................................................................................... 53

4.3. Transição Democrática, Neoliberalismo e a Crise do Direito do Trabalho Brasileiro .................................................................................................... 57

4.3.1. A crise no Brasil ........................................................................... 59

5. O Trabalhador em Tempos de Modernidade Líquida e Destruição Criadora ...... 63

5.1. A Globalização ........................................................................................... 63

5.2. A Modernidade Líquida ............................................................................. 67

5.3. O Modelo Schumpeteriano de Produção e Consumo Baseados na Destruição Criadora ................................................................................... 69

5.4. O Trabalho Líquido e a Síndrome de Patrão .............................................. 74

5.4.1. A Síndrome de Patrão .................................................................. 79

5.4.2. Os Impactos da Síndrome de Patrão no Direito do Trabalho ...... 85

6. Princípios do Direito do Trabalho ....................................................................... 87

6.1. Conceito e Importância ............................................................................. 87

6.2. Distinção entre Regras e Princípios. Funções dos Princípios .................... 89

6.3. Aplicação dos Princípios Gerais de Direito ao Direito do Trabalho ........... 91

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6.4. Princípios Especiais do Direito do Trabalho .............................................. 94

6.4.1. Princípios do Direito Coletivo do Trabalho ................................. 95

7. Princípio da Adequação Setorial Negociada ........................................................ 101

7.1. Surgimento do Princípio ............................................................................ 101

7.2. Características e Importância da Negociação Coletiva .............................. 102

7.3. Normas Autônomas e Normas Heterônomas – O Negociado x O Legislado 107

7.4. Teoria da Acumulação, Teoria do Conglobamento e o Diálogo das Fontes 109

7.5. Adequação Setorial Negociada como Limite à Negociação Coletiva ......... 114

7.6. O Princípio da Adequação Setorial Negociada Diante da Lei n. 13.467 de 2017 – Reforma Trabalhista ....................................................................... 121

7.7. Exemplos Práticos da Aplicação do Princípio da Adequação Setorial Negociada ............................................................................. 128

7.7.1. Invalidade de Cláusula Sindical Inserida em Convenção Coletiva de Trabalho que Permite a Redução do Horário Destinado ao Intervalo para Refeição e Descanso ............................................. 128

7.7.2. Validade de Cláusula que Estabelece como Base de Cálculo da Hora Extraordinária o Salário Base, com a Majoração do Adicional para Percentual de 70% sobre a Hora Normal ............. 129

7.7.3. Invalidade de Supressão Total ou Parcial das Horas in itinere por meio de Negociação Coletiva ...................................................... 130

7.7.4. Invalidade de Cláusula que Estabelece Contribuição Assistencial Obrigatória para Trabalhadores não Filiados ao Sindicato .......... 133

8. Conclusão ............................................................................................................ 135

Referências Bibliográficas ........................................................................................... 139

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PrefáciO à 2ª ediçãO

Durante muitos anos, toda semana, nas páginas da Revista “O Cruzeiro”, um chargista famoso – Carlos Estêvão – trazia duas tirinhas com o título: “As aparên-cias enganam”.

Numa delas, em meio às sombras, o leitor via uma cena banal – como, por exemplo, pessoas à mesa, comendo. Na outra, mais clara, a mesma cena era vista de outro modo – a mesa comendo as pessoas, ou algo assim.

Naquele tempo, eu ainda era menino, e, como todos os meninos, queria me divertir. E aquelas tirinhas – tão inocentes – me faziam sempre folhear a revista, curioso, toda vez que meus pais a compravam.

Hoje, tantos anos depois, tanto a revista como o chargista se foram. Mas as aparências nos enganam ainda, inclusive na imprensa. E muitas vezes de forma nada inocente.

De fato, boa parte do que lemos, ouvimos e falamos tem um traço de verdade, ou uma verdade possível; mas esconde, às vezes, o seu contrário. E a ênfase em apenas um dos lados confunde ou destorce a percepção do conjunto.

Tome-se como exemplo uma greve de professores. É possível descrevê-la como um ato de rebeldia face aos salários baixos ou contra os baixos níveis do ensino. O mais provável, porém, é que a mídia nos faça pensar apenas nos alunos sem aula.

Assim, no telejornal, os professores passam de vítimas a algozes. É quase como se negassem o pão a um faminto. Afinal, no outro ponto da linha estão crianças ou adolescentes, vistos não apenas como pessoas frágeis, mas como “o futuro do Brasil”.

Outro exemplo – também frequente na mídia – são as reiteradas denúncias de trabalho escravo ou de prostituição infantil, convivendo com o apoio disfarçado a governos conservadores e às grandes corporações, como se as coisas não se rela-cionassem entre si.

Por fim, uma variante deste último exemplo são as campanhas publicitárias que jogam com o “politicamente correto” para nos cativar, quando o que se quer,

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basicamente, é apenas vender produtos. São comuns, nesse caso, mensagens con-tra discriminações1. ou referências à pobreza extrema2..

Naturalmente, não são apenas a mídia e o marketing que nos armam essas ciladas. Ou talvez se deva dizer que ambos são apenas veículos que transportam algo maior.

Este algo maior é a ideologia. Como Marx já ensinava, mesmo o mais forte dos tiranos não se sustenta só com fuzis; mais cedo ou mais tarde, terá de convencer os oprimidos que a opressão é boa, ou até mesmo que eles não são oprimidos.

Hoje, mais do que antes, essa estratégia passa pelo coração. É bom que as mensagens nos convençam, mas antes de tudo é preciso que nos comovam. Ou talvez seja melhor dizer que nos comovem... para nos convencer. Assim, não é de se estranhar que uma famosa marca de carros3. use uma historinha de irmãos que se reconciliam para inserir simpatias em nosso inconsciente.

Em todos os lugares – do jornal à novela, do Parlamento à Igreja, do fórum à mesa do bar – somos seduzidos, encantados, amolecidos. E não só por longos e inteligentes discursos, com uma lógica brilhante: até as menores coisas entram em cena, afetando os nossos comportamentos.

Assim é, por exemplo, que a música clássica tanto pode facilitar acordos em audiência quanto nos deixar mais tempo no restaurante; a toga negra do juiz for-talece a ideia de que a Justiça é neutra; e uma simples caneta descartável (ao lado de outros fatores) pode nos habituar a relações também assim.

Ao contrário da disciplina rígida do quartel, dos hospícios ou das antigas es-colas, o ambiente que circunda as relações de poder transmite uma tirania doce – o que a torna melhor aceita, faz com que seja menos visível e a transforma, por isso mesmo, em maior ainda do que seria.

E os elementos dessa estratégia nem precisam ser inventados. Estão aí, dispo-níveis, à espera que mãos inteligentes os recolham. Nós mesmos os fornecemos, em estado virgem, para que depois nos sejam devolvidos, melhor elaborados.

Veja-se, por exemplo, a nossa ânsia por liberdades e igualdades. Como sabe-mos, não se trata de um sentimento novo; talvez tenha sempre existido, mas ga-nhou força com o Iluminismo e desde os anos 50 ou 60 se espraia e se radicaliza.

Naquelas décadas, como sabemos, os estudantes saíram as ruas, as mulheres queimaram sutiãs e outras tantas minorias exibiram a sua face rebelde. No entanto,

1. Veja-se, a propósito, a recente publicidade da Avon. Disponível em: <http://m.huffpost-brasil.com/2017/06/20/7-mensagens-mensagens-incriveis-que-voce-nao-percebeu-na--campanh_a_22492105/>.

2. Como alguns out-doors da Benetton.

3. Como a Volkswagen, na propaganda do “Novo Gol”. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=eAyFDXWtl18>.

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de um modo geral, as liberdades e igualdades estavam – pelo menos em parte – engaioladas nos sonhos e nos projetos.

Até a utopia comunista, por exemplo, exigia a disciplina, os planos, a estraté-gia. O Partido tinha a sua sede, a sua bandeira, o seu programa, assim como as suas reuniões, votações, inscrições, táticas secretas e palavras de ordem.

O próprio sonho de Marx se realizaria por etapas. Antes de um mundo igual para todos, sem classes ou Estado, seria preciso passar pela “ditadura do proleta-riado”. Antes de libertar, ou para libertar, a ideia era conter, reprimir.

Mesmo a greve – rebeldia contra o contrato, ou seja, contra o próprio direito ci-vil – já não queria explodir o sistema, mas viver com ele, casando resistência e opres-são. Sair à rua, protestando, significava também voltar à fábrica depois, aceitando.

Nesse contexto, era mais fácil celebrar a “centralidade do trabalho”, tão de-cantada, mesmo sendo este trabalho um trabalho subordinado, alienado e alienan-te; como também era mais defensável a tese de que o trabalhador era livre, tão livre que podia até se subordinar.

O próprio Direito do Trabalho era então melhor aceito, pois também ele junta-va os contrários, pesando a mão sobre as liberdades do empresário, mas para assegu-rar um pouco de igualdade ao empregado – e ao mesmo tempo viabilizar o sistema.

Hoje, no entanto, a liberdade e a igualdade se tornaram tão preciosas – pelo menos no plano formal – que fica cada vez mais difícil cobrar um preço por elas. O próprio trabalhador já não parece se sentir tão bem de uniforme, batendo ponto, ou mesmo marchando na greve, sob a voz do líder: quer ser livre, como também quer ser igual.

E o que acontece com ele não é diferente do que ocorre com cada um de nós, inclusive com os patrões. Também eles querem se ver leves, livres e soltos, como as pessoas que correm nos parques, pulam das pontes ou surfam no ar.

Pois bem. Esses são, como eu dizia, os elementos à disposição da ideologia. Eles estão presentes em nós, fazem parte do nosso cotidiano, compõem os nossos modos de pensar e de sentir. E são metabolizados na produção e reprodução de ideias e sentimentos.

Tal como faz a fábrica com a sua matéria prima, a ideologia recolhe, recicla, turbina e nos devolve tudo aquilo que está no ar, invadindo corações e mentes e assim fortalecendo ainda mais o sistema.

Assim é, por exemplo, que a subordinação ressurge fantasiada, para dar im-pressão ao sujeito que ele alcançou autonomia, e assim satisfazer a sua carência de afirmação. Do mesmo modo, revaloriza-se o contrato individual, e deprecia-se tudo que é hierárquico, estável, planejado.

Em outras palavras, a ideia de que as pessoas são livres e iguais, no plano formal, faz esquecer o que acontece no mundo real. E desse modo, curiosamente, é o próprio discurso da independência que fortalece a dependência, aumentando a

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opressão. Às vezes, o próprio trabalhador se convence de que – para o seu próprio bem – não precisa ser protegido.

A mesma tendência atinge o plano coletivo. Até algum tempo atrás, podia-se afirmar, em geral, que o sindicato – só por ser um ente coletivo – equilibrava as forças nas lutas diárias entre capital e trabalho – desde que se lhe garantissem liberdades. E tanto assim que a maior crítica que a doutrina sempre fez ao Direito do Trabalho bra-sileiro foi exatamente o fato de ter adotado o “sindicato único”, ou seja, menos livre.

Na verdade, porém, desde os anos 80 ou 90 do século passado, a questão sindical já não é só de liberdade. Até certo ponto, repete-se, no plano coletivo, o que sempre sucedeu no individual. Já não há equilíbrio, mesmo com liberdades.

A grosso modo, as razões são de duas ordens. No plano objetivo, tudo passa especialmente pela globalização e pela reestruturação produtiva, com o seu modelo de empresa em rede, novas técnicas de gestão de mão de obra e a revolução infor-mática. No plano subjetivo, entram em cena aqueles fatores, já citados, que valo-rizam a autonomia – mesmo irreal, pressiona o indivíduo em direção a si mesmo, reduz a força dos sonhos, dificulta os projetos, deprecia tudo que é estatal e cons-pira contra as solidariedades – exceto as de ocasião, quando um terremoto destrói a cidade ou o mar se transforma em tsunami. Por fim, misturando o objetivo com o subjetivo, soma-se a tudo isso um quadro de contratos multiformes, heterogêneos, de curta duração – que também dificultam a ação coletiva.

Nesses novos tempos, discursos como o do “negociado sobre o legislado” enfatizam a liberdade e a igualdade formais, mas em detrimento das reais; e masca-ram um profundo e crescente processo de desconstrução dos direitos trabalhistas. A estratégia é inteligente, não só porque joga com elementos de nosso tempo, mas porque oferece ao sindicato uma espécie de haraquiri. Afinal, se aceitar este novo papel, será ele o samurai de sua própria destruição, o que significa que ninguém poderá culpar ninguém por isso.

O livro que o Leitor tem às mãos navega por essas águas turbulentas. Mas tem no leme a competência e a sensibilidade da Profa. Dra. Maria Cecília Máximo Teodoro, que certamente o ajudarão a encontrar um rumo. Os textos são muito interessantes. Boa leitura!

Márcio Túlio Viana

Possui graduação em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (1972) e doutorado em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (1994). É Pós-Doutor junto à Universidade de Roma I La

Sapienza e pela Universidade de Roma II Tor Vergata. Atualmente é Professor Associado da Universida-de Federal de Minas Gerais e Professor Adjunto III da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.

Tem experiência na área de Direito, com ênfase em Direito do Trabalho, atuando principalmente nos seguintes temas: flexibilização, globalização, crise e perspectivas do Direito do Trabalho, discriminações,

evolução e tendências do sindicalismo. É co-coordenador do Programa Polos de Cidadania da UFMG.

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PrefáciO à 1ª ediçãO

Certa ocasião, indagado a respeito de sua escassa produção literária dada à pu-blicidade, um poeta já falecido e que teve um livro publicado à sua revelia pela José Olympio Editora, lá pelos idos de 1950, disse que se deve sempre ter mais cuidado em publicar do que escrever. Essa regra de prudência foi seguida à risca pela Pro-fessora Maria Cecília Máximo Teodoro, que, em momento mais do que oportuno, não deixou que a sua dissertação de mestrado permanecesse praticamente oculta, ou seja, restrita à biblioteca, assim como aos registros e aos acervos da pós-gradua-ção da PUC-MINAS, onde obteve o título de mestra com a nota máxima – 100 – e resolveu, com esmerado cuidado e capricho intelectual, brindar os estudiosos de Direito do Trabalho com a presente obra, sob o respeitado selo da LTr.

A formação acadêmica e a trajetória profissional desta jovem doutrinadora justificam, simultaneamente, a publicação e a leitura deste magnífico livro, que é fruto de uma pesquisa séria, madura, prolongada e profunda a respeito de tema extremamente atual, importante e polêmico.

Alquimista da palavra, edificadora de ideias e de ideais, a autora soube conci-liar o que parecia inconciliável: o princípio da adequação setorial negociada com a teoria do conglobamento, tendo como pano de fundo a negociação coletiva, isto é, a autonomia privada coletiva.

Em tempos de globalização, de globocolonização e de neoliberalismo, qual-quer estudioso do Direito do Trabalho, desde os alunos dos bancos acadêmicos até aos mais renomados profissionais – professores, advogados e juízes – todos sabem que a autora se enveredou por um campo verdadeiramente minado.

Na atualidade, tudo parece conspirar contra o Direito do Trabalho. É como se fosse preciso fazê-lo transpirar para emagrecer, para queimar as suas gorduras protetoras. Pequeno exemplo: os sindicatos profissionais, apesar do perfil coletivo, concebidos que são pelas respectivas categorias, estão fracos e com minguado po-der de barganha. Lutam para manter o pouco que ainda sobrou do que conquista-ram nos anos dourados, inclusive quando o Presidente Lula era um dos grandes e mais atuantes líderes do sindicalismo brasileiro. Hoje, ao contrário do que ocorria naquela época, os sindicatos quase não organizam mais greve, que tem ficado pra-

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ticamente restrita ao serviço público, embora o Estado teime em não discipliná-la para essa espécie de trabalhadores. Mas isso é outro problema. Ainda bem que os fatos continuam se rebelando contra o direito...

Costuma-se dizer que os desafios são proporcionais à nossa capacidade; ou: Deus não coloca sobre os nossos ombros cruz, cujo peso não podemos suportar.

Esse livro comprova também essa afirmação.

Com muita criatividade, com esmerado critério e rígida disciplina, diria até com certa dose de genialidade, mas com equilíbrio e rigoroso policiamento cien-tífico, a autora, Professora Maria Cecília Máximo Teodoro, iniciou a sua pesquisa sobre o tema, desafiando-se a si própria, aos colegas que a cercavam, e ao seu (des) orientador, perante curso de mestrado em Direito do Trabalho da PUC-MINAS, no caso este prefaciador. Criteriosamente, ela desfiou as costuras da sociedade industrial, passou em revista suas transformações e as suas crises, principalmente as relacionadas com a negociação coletiva, até chegar aos princípios do Direito Individual e do Direito Coletivo do Trabalho.

Nesse ponto, quando em muito maior número eram as interrogações do que as respostas, sem recuar um milímetro de seus propósitos iniciais, a Professora Maria Cecília teve a paciência e a disciplina dos grandes estudiosos, assim como a maturidade de experiente pesquisadora. A sua fibra acadêmica, o seu feeling de pesquisadora, a sua veia de professora e a sua jovem e fulgurante inquietação ju-rídica, ao mesmo tempo em que não a deixaram órfã na busca para a solução de seu dilema acadêmico, acabaram por lhe apontar as trilhas para a construção de um ponto de imputação lógica e coerente apto a harmonizar o que parecia encer-rar, intrínseca e extrinsecamente, contradições: o princípio da adequação setorial negociada, idealizado e sistematizado pelo Professor Mauricio Godinho Delgado, que também foi seu professor e guia no curso de pós-graduação em mestrado. Com fundamento neste princípio, a autora alicerçou a sua sólida e convincente argumentação para estabelecer um limite à negociação coletiva, bem como à teoria do conglobamento.

A partir de então, isto é, desde o momento em que o estudo e a pesquisa, reali-zados meses e meses, descortinaram o seu horizonte jurídico, as coisas se tornaram menos dolorosas, menos angustiosas.

Estudo, pesquisa, pesquisa, estudo e reflexão dialética, esses foram o seu ali-mento e o seu esteio por longo tempo. Reclusa em seus pensamentos, mas sem se fechar aos debates acadêmicos, a autora construiu a sua tese, nas sombras da solidão dos dias e das noites dedicadas à reflexão, à maturação conclusiva do seu teorema jurídico. Depois de encontrada a solução, foi só escrever. Digo só, porque escrever talvez tenha sido a parte mais agradável, mais amena, mais tranquila, pois foi o momento em que o que até então ainda era etéreo, esfumaçado, nebuloso, começou a adquirir clareza, a adquirir corpo e, por conseguinte, a ter vida. Tudo o que tem vida, possui uma alma. Qualquer obra de arte tem vida, seja uma pintura

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sobre tela, seja uma escultura, ou uma música. Um livro, qualquer livro, uma poe-sia, um conto, uma crônica, um verso, uma estrofe, um pensamento, tudo possui vida, possui alma. Por assim dizer, qualquer objeto, depois da criação, caminha comas próprias pernas, ou melhor, com as próprias asas ou com as asas do leitor ou de quem a admira.

Ao simples manusear de um livro, sentimos o palpitar da sua alma e da alma do seu autor ou de sua autora. É como se ambos dissessem: leia e compreenda-me, a mim e à minha mensagem...

Outra Cecília, a poeta Cecília Meireles, escreveu o seguinte cântico:

“Dize:

O vento do meu espírito

Soprou sobre a vida.

E tudo que era efêmero

Se desfez.

E ficaste só tu, que és eterno...”.

Resumidamente, esse foi o nobre e elevado propósito da jovem autora. É como se ela nos convidasse a entrar no seu mundo justrabalhista: leiam e com-preendam a minha mensagem repleta de conceitos e ideias, que visam à preserva-ção do respeito à dignidade do trabalhador, que deve ser tratada como algo eterno e não efêmero.

Mineira, com sólida formação cultural, haurida em minério e ferro, Maria Cecília adquiriu temporariamente dupla naturalidade, embora continue a mesma: inteligente e estudiosa; séria e competente; amante do Direito e amada pelo Direi-to. Aprovada no exame de seleção da USP, mudou-se para a cidade de São Paulo, a fim de frequentar o curso de Doutorado em Direito do Trabalho, sob a orientação de grande mestre, o Juiz e Professor Jorge Luiz Souto Maior, que, de certa maneira, possui ligação e identificação cultural, intelectual e pessoal com o núcleo minei-ro de estudos de Direito do Trabalho, aglutinado na PUC-MINAS, em torno dos Professores Márcio Túlio Viana, Mauricio Godinho Delgado, José Roberto Freire Pimenta e deste prefaciador.

Muito embora seja desnecessário, acrescento que a autora deste precioso livro possui estilo fácil, fluído, claro, sem perder a concisão e a precisão terminológica científica, qualidades que enriquecem a força das idéias francas, pioneiras e con-trovertidas por ela defendidas.

Essa é, mais ou menos, a estória da autora, assim como da obra ímpar e im-portante, ora publicada sob os auspícios da LTr, e que tem como instigante título “O princípio da adequação setorial negociada – negociação coletiva e teoria do conglobamento”.

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Se o leitor acreditar que tema tão importante e atual pode ser tratado sob essa ótica, leia. Surpreender-se-á com a qualidade da obra. Se duvidar, leia também. Ao ler, reflita, analise, tire as suas dúvidas e faça as suas próprias conclusões...

A autora, ela, corajosamente, já fez a sua parte. Deu a sua contribuição. O livro, para ela já está fechado, repousa sobre a mesa e dentro dela sonha o sonho que foi sonhado. Agora, ela, a autora, nada mais pode fazer do que cantar os versos do poeta Emílio Moura:

“— Senhor, são os remos ou são as ondas o que dirige meu barco?

Eu tenho as mãos cansadas

e o barco voa dentro da noite.”

Luiz Otávio Linhares Renault

Doutor em Direito pela Faculdade de Direito da UFMG (2000). Foi professor adjunto da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e é desembargador do Trabalho do TRT-3a, com a aprovação em

primeiro lugar, no concurso público de provas e títulos para juiz do trabalho substituto, em 1979.

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1 intrOduçãO

Este livro buscará, por meio de pesquisas, estudos e comparações doutriná-rias, expor a respeito do princípio da adequação setorial negociada como instru-mento para impor limites à negociação coletiva.

O primeiro capítulo busca demonstrar a finalidade do Direito do Trabalho e sua missão na contemporaneidade. Assim, esse ramo jurídico especial passa a ser apresentado como esfera de reconhecimento intersubjetivo nas sociedades modernas.

No segundo capítulo serão indicados pontos pertinentes para o desenvolvi-mento e entendimento do tema central. Assim, pela evolução histórica do Direito do Trabalho, serão demonstradas suas vicissitudes, particularidades, lutas e con-quistas. No capítulo seguinte essa análise é realizada tendo em vista as particula-ridades brasileiras.

Posteriormente, no quinto capítulo o estudo passará a uma importante aná-lise do trabalho e do trabalhador em tempos de modernidade líquida e destruição criadora, e neste momento o fenômeno da globalização ganha especial relevo. Este capítulo tratará especificamente das transformações sofridas principalmente no decorrer dos Séculos XX/XXI com este ramo especial da Ciência Jurídica, as difi-culdades enfrentadas e a sua contextualização hodierna, a fim de preparar o estudo para seu ponto central.

O sexto capítulo aborda os princípios basilares do Direito Coletivo do Tra-balho, suas funções enquanto normas, sua aplicação e influência no ordenamento jurídico como um todo, bem como sua contextualização histórica no Direito do Trabalho.

O sétimo capítulo abordará o objeto do estudo propriamente dito, buscando demonstrar a efetividade da utilização do princípio da adequação setorial nego-ciada, por meio de suas características e peculiaridades, como limite à negociação coletiva e como fundamento de validade para a teoria do conglobamento. A teoria do diálogo das fontes também passa a ser objeto de apontamentos.

Neste ínterim, demonstrará a contemporaneidade do princípio objeto do li-vro, buscando esclarecer e divulgar a necessidade de sua defesa e permanência nas

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relações trabalhistas, explicando, para tanto, sob diversos enfoques doutrinários, suas funções atuais e as diversas consequências práticas dele decorrentes.

Na conclusão, far-se-á um exame geral sobre o tema pesquisado, ressaltando, em síntese, os pontos relevantes do estudo, com uma sinopse do trabalho científico desenvolvido, bem como a exposição das críticas numa análise para o fechamento do assunto tão relevante para as modernas relações justrabalhistas e ainda pouco discutido pela comunidade científica.

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2 O trabalhO enquantO eSfera dO

recOnhecimentO

O Direito, amplamente enfocado e à luz de sua dimensão finalística, só tem sentido de ser se considerarmos o homem que vive e convive com seu semelhante, pois é para regrar os seus atos que o Direito é construído.

Das relações entre os homens brotam conflitos dos mais diversos, sejam nas relações pessoais, sociais e contratuais. Uma vez gerando desavenças e desconten-tamentos para uma ou ambas as partes, as controvérsias necessitam de solução.

O tema do conflito social nos remete ao do reconhecimento as relações de trabalho. A luta pelo reconhecimento, segundo o filósofo e sociólogo alemão Axel Honneth, faz parte da tradição da Teoria Crítica da Escola de Frankfurt e se desen-volve a partir do conceito hegeliano de reconhecimento, pela qual a formação do indivíduo constitui-se pelo valor simbólico ocupado em sociedade.

A teoria do reconhecimento, a partir dos apontamentos de Axel Honneth, indica uma via de interpretação crítica dos processos de evolução social, na qual as qualidades intersubjetivas são tidas como um conjunto de pressupostos que transportam à finalidade da auto-realização dos indivíduos, em que o estado últi-mo beire um conceito expansivo de moral1. Por isso, pela teoria deste autor, como subsídios ao estudo das lutas sociais são ressignificados conceitos de identidade, reconhecimento, direitos e deveres, todos afluindo para uma análise consistente sobre a dignidade dos sujeitos e para a materialização do que ele chama de etici-dade. Aqui nos parece possível perquirir também a ressignificação do Direito do trabalho enquanto esfera de reconhecimento.

Honneth embasa a ideia de reconhecimento em três tipos de relação: as primá-rias, guiadas pelo amor; as jurídicas, pautadas por leis; e a esfera da solidariedade,

1. OLIVEIRA, Marcos Paulo da Silva; TEODORO, Maria Cecília Máximo. O Reconhecimento Sin-dical como Enfrentamento ao Discurso da Flexibilização Trabalhista no Brasil e seus Efeitos nas Negociações Coletivas de Trabalho. Em: Anais do II Encontro RENAPEDTS [recurso eletrôni-co]: rede nacional de pesquisas e estudos em direito do trabalho e da seguridade social/ Agnes MarianGhtait Moreira das Neves ... [et al]; Org.: COUTINHO, Aldacy Rachid; WANDELLI, Leonardo Vieira. 1. ed. Florianópolis, SC: Empório do Direito, 2016. p. 565-592.

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para nós guiada principalmente pelo trabalho, no qual os indivíduos mostram-se valiosos para a coletividade2. Essa divisão tripartite das relações sociais aparece também em outros autores, tanto na filosofia social quanto na sociologia e é a partir dela que Honneth redesenha o conceito de eticidade.

A dimensão inicial parte do campo privado e para o Honneth refere-se ao amor. O autor alerta que ao tratar-se desta dimensão “recomenda-se primeiramente um modo de emprego neutro o máximo possível: por relações amorosas devem ser entendidas aqui todas as relações primárias, na medida em que elas consistam em ligações emotivas fortes entre poucas pessoas”. 3

Nesta dimensão pioneira os sujeitos encontram-se em uma relação simbióti-ca, sem limite de individualidade. Existe tão-somente uma unidade que abriga os dois sujeitos. Em um processo de relativa independência desses parceiros de inte-ração social é que surge a autoconfiança, no caso, quando se inicia o experimento de uma existência embrionária de confiança no outro, além de um sentimento mútuo, tido como componente indispensável para o reconhecimento por meio da dimensão jurídica.4

A autoconfiança é o alicerce de todas as relações entre adultos e segundo a teoria do reconhecimento, ela só pode ser adquirida por meio de um experimento recíproco de amor e respeito com o outro. Para Honneth a dimensão inicial de reconhecimento é o núcleo fundamental da moralidade e em razão disso é respon-sável também pela boa participação do indivíduo na vida pública.

Segundo Honneth, cada dimensão de reconhecimento nas relações sociais possui formas contrárias correspondentes. Na dimensão do amor, os contrários correspondentes são os maus tratos e a violação, pelos quais deixa-se de experi-mentar a confiança recíproca e a autoconfiança para vivenciar o que Honneth cha-ma de lesões psíquicas, ou experiências de desrespeito. Nesta forma de desrespeito, o componente da personalidade que é atacado é a integridade psíquica, isto é, o autorrespeito que cada pessoa possui de seu corpo.5

Por outro lado, se o reconhecimento dá-se de maneira adequada, ainda na primeira dimensão, tem-se as condições teóricas e práticas para o desenvolvimento

2. HONNETH, Axel. Luta por reconhecimento: A gramática moral dos conflitos sociais. Tradução: Luiz Repa. São Paulo: Ed. 34, 2003. p. 125-154.

3. HONNETH, Axel. Luta por reconhecimento: A gramática moral dos conflitos sociais. Tradução: Luiz Repa. São Paulo: Ed. 34, 2003. p. 159.

4. OLIVEIRA, Marcos Paulo da Silva; TEODORO, Maria Cecília Máximo. O Reconhecimento Sin-dical como Enfrentamento ao Discurso da Flexibilização Trabalhista no Brasil e seus Efeitos nas Negociações Coletivas de Trabalho. Em: Anais do II Encontro RENAPEDTS [recurso eletrôni-co]: rede nacional de pesquisas e estudos em direito do trabalho e da seguridade social/ Agnes Marian Ghtait Moreira das Neves ... [et al]; Org.: COUTINHO, Aldacy Rachid; WANDELLI, Leonardo Vieira. 1. ed. Florianópolis, SC: Empório do Direito, 2016. p. 565-592.

5. HONNETH, Axel. Luta por reconhecimento: A gramática moral dos conflitos sociais. Tradução: Luiz Repa. São Paulo: Ed. 34, 2003. p. 215.