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Universidade Federal do Rio de Janeiro Programa de Pós-Graduação em Linguística Doutorado em Linguística O Processamento da Correferência Pronominal em Posição de Sujeito e em Posição de Objeto - Um Estudo Comparativo entre Português Brasileiro (PB) e Português Europeu (PE). Katharine de Freitas Pereira Neto Aragão da Hora Rio de Janeiro Fevereiro de 2019

O Processamento da Correferência Pronominal em Posição de … · 2019-11-18 · período do doutorado, de onde quer que ela esteja nunca deixou de me apoiar e de amar sempre me

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Universidade Federal do Rio de Janeiro

Programa de Pós-Graduação em Linguística

Doutorado em Linguística

O Processamento da Correferência Pronominal em Posição de Sujeito e em

Posição de Objeto - Um Estudo Comparativo entre Português Brasileiro

(PB) e Português Europeu (PE).

Katharine de Freitas Pereira Neto Aragão da Hora

Rio de Janeiro

Fevereiro de 2019

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O PROCESSAMENTO DA CORREFERÊNCIA

PRONOMINAL EM POSIÇÃO DE SUJEITO E EM

POSIÇÃO DE OBJETO - UM ESTUDO COMPARATIVO

ENTRE PORTUGUÊS BRASILEIRO (PB) E PORTUGUÊS

EUROPEU (PE).

Katharine de Freitas Pereira Neto Aragão da Hora

Tese de Doutorado apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Linguística da Universidade

Federal do Rio de Janeiro como quesito para a

obtenção do Título de Doutor em Linguística

Orientador: Prof. Doutor Marcus Maia

Coorientador (a): Doutora Paula Luegi

Rio de Janeiro

Fevereiro 2019

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CIP - Catalogação na Publicação

Elaborado pelo Sistema de Geração Automática da UFRJ com os dados fornecidospelo(a) autor(a), sob a responsabilidade de Miguel Romeu Amorim Neto - CRB-7/6283.

H811pHora, Katharine de Freitas Pereira Neto Aragão da O Processamento da Correferência Pronominal emPosição de Sujeito e em Posição de Objeto - Um EstudoComparativo entre Português Brasileiro (PB) ePortuguês Europeu (PE). / Katharine de FreitasPereira Neto Aragão da Hora. -- Rio de Janeiro,2019. 280 f.

Orientador: Marcus Maia. Coorientadora: Paula Luegi. Tese (doutorado) - Universidade Federal do Riode Janeiro, Faculdade de Letras, Programa de PósGraduação em Linguística, 2019.

1. Psicolinguística. 2. Processamento . 3.Correferência. 4. Pronome nulo e pleno. 5. Posiçãode sujeito e Posição de objeto. I. Maia, Marcus,orient. II. Luegi, Paula, coorient. III. Título.

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Dedico esta Tese à minha

filha, meu sobrinho e minha

afilhada, que aqui

representam todas as crianças

do Brasil e a esperança de um

futuro melhor.

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Agradecimentos

Em primeiro lugar, agradeço a Deus!

Agradeço aos meus pais por terem me ensinado a importância dos estudos e por

terem sido o contínuo apoio durante todos os anos da minha vida, sempre presentes

em todos os momentos. Agradeço a minha mãe (in memoriam), que em todo o

período do doutorado, de onde quer que ela esteja nunca deixou de me apoiar e de

amar sempre me dando forças para continuar e concluir essa fase. Ao meu pai e ao

meu irmão, agradeço de forma muito carinhosa pelo suporte nos momentos em que

precisei durante o doutorado. Sua paciência e sua efetiva ajuda com a Lívia nunca

serão passíveis de um mero agradecimento.

Agradeço ao Felipe, meu companheiro de todas as horas, que soube

compreender, como ninguém, os momentos de afastamento, de cansaço e de loucura

pelos quais passei durante o período de escrita desta tese. Tenho certeza que sem o

seu apoio nada disso seria possível, você como sempre me traz a força quando eu já

não tenho mais de onde tirar. Agradeço pelo apoio quando decidi que precisaria ir a

Portugal fazer parte da minha pesquisa abrindo mão da presença da nossa filha e da

minha também. A você, meu amor, o meu maior agradecimento.

Agradeço à minha filha, por sempre ser compreensiva, principalmente no

momento em que a tirei da sua zona de conforto e a joguei num mundo desconhecido

quando a levei para Portugal junto comigo. Muito obrigada, minha filha, pois todas as

vezes que eu sentia vontade de sair correndo você chegava perto, me dava um beijo e

eu percebia que por você eu tinha que continuar.

À minha comadre, que sempre esteve à disposição quando precisei de ajuda com

a Lívia durante as viagens a congressos e minhas idas à faculdade em horários em que

a Lívia não estaria na escola. Comadre receba meus sinceros agradecimentos.

A todos os familiares que sempre estiveram dispostos a ajudar em todos os

momentos, à minha sogra e ao meu sogro, aos meus cunhados Andrea, Luciana e

Eduardo.

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Quero deixar registrado aqui um agradecimento mais do que especial a pessoas

maravilhosas que conhecemos antes de nossa ida a Portugal e que foram de essencial

importância para que o trabalho que fui fazer pudesse ser realizado. Família Leme

Terra, nas figuras de Michela, Valdir, Maria e Benson, foram enviados por Deus para

nos ajudar e tornar os nossos dias mais fáceis longe de nossos familiares e de nossa

terra. Agradeço à Michela e ao Valdir pelo carinho e pelo cuidado com a Lívia e

também comigo, vocês sabiam quando eu estava precisando de um café, de um vinho,

de um abraço ou até mesmo apenas de uma boa conversa. Agradeço à Maria, uma

menina de 12 anos que tem um coração enorme, que para fazer a Lívia se sentir

melhor brincava com ela como se tivessem a mesma idade, muito obrigada florzinha,

por ser esse “serumaninho” maravilhoso. Agradeço ao Benson por me ensinar muita

coisa, muito obrigada pela preocupação e pelo cuidado com a Lívia. Rapaz, você é

gigante!!! Não tenho palavras para agradecer o que fizeram por mim, por minha filha

e pelo Felipe, ou seja, por minha família. Amamos cada um de vocês de um modo

muito especial.

Além dessa família maravilhosa, conhecemos através deles outras pessoas que

também tiveram grande importância durante nossa estada em Portugal. Alexandre,

Beatriz, Raquel, Cleide, Bia e Dona Lourdes, muito obrigada.

Aos amigos do laboratório, Michele, Lorrane, Sara, Sabrina, Cristiane, Ana

Luíza, Kátia e Daniela pela ajuda em todos os momentos e pelos momentos de

descontração durante os almoços e cafezinhos.

Aos amigos de fora do laboratório, alguns de longa data, mais de 15 anos, que

passaram por todos os momentos importantes da minha vida, desde a entrada na

faculdade até os dias de hoje, né Rafa? Há aqueles amigos que ganhei de presente do

meu marido, Elaine, Marcus, Sheila, Kiko e Monique, pessoas que conheci através

dele e que permanecem em minha vida até hoje. Há também aquelas pessoas que

ganhei de presente em momentos inusitados, quem diria que um início de conversa

durante o reparo de um ônibus enguiçado daria em tantos anos de amizade, né Carol?

Há também aqueles amigos que ganhei da minha filha, desde o início de sua vida

escolar sempre se identificou com alguns amiguinhos e junto com eles trouxe para nós

duas famílias maravilhosas que estão sempre presente em nossas vidas: Amanda,

Bárbara, Giulia, Paulo, Felipe e Tia Denise, família da melhor amiga Kamilli; e

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Sônia, Maurício, Vitória e Luísa, família do melhor amigo Lucas. Muito obrigada,

meus amigos, por compreenderem os momentos de ausência, de desespero, de

angústia e por sempre me apoiarem muito.

Um agradecimento especial à Tia Denise, inspetora da escola da minha filha, que

se tornou amiga e esteve presente durante todo o processo do doutorado e me ajudou

em todos os momentos. Muito obrigada, tia, pelo suporte sem o qual eu não teria

conseguido.

Agradeço à Professora Armanda por ter aceitado o meu projeto de sanduíche e

por ter me recebido tão bem no laboratório da Universidade de Lisboa.

Agradeço aos membros da banca por terem aceitado ao convite para participar

desse momento tão importante da minha vida. Aniela Improta França, Daniela Cid,

Kátia Abreu, Márcio Leitão, Maria Eugênia Duarte e Michele Calil, muito obrigada!

Por fim, não por serem menos importantes e sim por serem os mais importantes

durante esse processo e por eu não saber como expressar minha gratidão, deixo meu

agradecimento aos meus orientadores, pessoas as quais devo todo o reconhecimento

por que sei que sem eles este trabalho não seria possível.

Ao meu orientador Marcus Maia, que me acompanha desde a iniciação científica

iniciada em 2008, agradeço pela dedicação, pelo cuidado, pelo carinho, pela

paciência, pela amizade, pela confiança e por acreditar no trabalho que foi

desenvolvido até aqui.

À minha orientadora Paula Luegi que, por sorte, cruzou meu caminho na etapa de

conclusão de mestrado e permanece em minha vida até hoje. Agradeço pelas

observações sempre muito pertinentes e pela ativa ajuda em todos os momentos.

Agradeço pelos puxões de orelha, pelos questionamentos, pelas aulas de organização

e disciplina e, principalmente, agradeço pela força quando estive em Portugal e pelo

empenho, pelas horas despendidas para me ajudar, que poderiam ter sido usadas com

coisas muito mais prazerosas, no momento final de escrita desta tese. Nenhuma

palavra é suficiente para eu descrever tamanha gratidão.

Agradeço a Capes e ao CNPq pelo apoio financeiro durante o doutorado sem os

quais não teria conseguido chegar ao fim.

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Resumo

Resumo.

A fim de definir o nível de distanciamento entre o Português Brasileiro (PB) e o

Português Europeu (PE), muitos linguistas têm tomado como base o modelo de

Princípios e Parâmetros (Chomsky, 1989) com a finalidade de explicar como os

Princípios da GU fundamentam os parâmetros em cada variedade. Tarallo (1996) afirma

que PB e PE diferem totalmente em relação à categoria vazia, PB preferencialmente

preenchido na posição de sujeito e nulo em posição de objeto e o PE sempre nulo em

posição de sujeito e sempre pleno em posição de objeto.

Estudos de corpora relativos à posição de sujeito como os de Duarte (1995) e de

Barbosa, Duarte e Kato (2005) verificaram que o Português Europeu (PE) e o Português

Brasileiro (PB) diferem no que diz respeito ao preenchimento da posição de sujeito:

mais sujeitos preenchidos em PB do que em PE. Nos estudos, também de corpora

relativos a posição de objeto, Cyrino e Matos (2016) também verificaram, assim como

foi verificado para a posição de sujeito uma disparidade entre as variedades: mais

objetos preenchidos em PE do que em PB.

No que diz respeito aos estudos de compreensão na comparação entre PE e PB

em posição de sujeito, estudos recentes confirmaram que, de fato, existem diferenças na

resolução de formas nulas e plenas (Luegi, Costa e Maia, 2014; e.o.): em PE confirma-

se a preferência nulo-sujeito e pleno-objeto, mas em PB essa assimetria não se verifica,

mantendo-se a preferência para o nulo, mas não se registrando uma preferência clara

para a forma plena. Em relação ao objeto nulo, Leitão (2005) observou que fatores

como animacidade e paralelismo estrutural desempenham papel significativo.

Tomando como referência de partida a afirmação de Tarallo (1996), com a

finalidade de aprofundar as pesquisas comparativas entre PB e PE, na posição de

sujeito, o presente trabalho testa estruturas em que o sujeito pronominal, nulo ou pleno,

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Resumo

de uma oração completiva deve retomar, forçado pela concordância em número, um de

dois antecedentes possíveis que integram um SN complexo, sujeito da oração anterior.

Considerando que a forma da expressão anafórica está relacionada com a saliência do

antecedente (Ariel, 1990), e tendo em mente a influência da função sintática do

antecedente na resolução de pronomes, queremos agora verificar se a posição estrutural

relativa dos SNs que integram um SN complexo também tem impacto na resolução de

pronomes. Na posição de objeto, o presente trabalho testa estruturas subordinadas em

que ora o antecedente da forma nula ou plena é [+animado] ou [-animado] sempre com

o traço de especificidade marcado positivamente para não termos interferências de

outros traços no momento da retomada.

Os resultados para a posição de sujeito indicam que há tanto em PB quanto em

PE uma preferência pela interpretação de nulo retomando o SN1, sendo esse o mais

saliente dentro da estrutura e que em PE a forma plena retoma preferencialmente o SN2,

que está encaixado, diferentemente do que acontece com o PB, que com a forma plena

retoma tanto SN1 quanto SN2 de maneira similar. Os resultados para a posição de

objeto indicam que o fator pronome é altamente distintivo entre as variedades, as

condições com pleno apresentaram custos de processamento menores para o PE,

enquanto a forma nula apresentou custos de processamento menores em PB. Os índices

de aceitabilidade foram altos em todas as condições nas duas variedades, sendo a forma

plena a que teve índices mais elevados nas duas. Não foram encontrados resultados

significativos para o traço de animacidade.

A partir dos resultados encontrados, conclui-se que PB e PE diferem com

relação aos parâmetros do sujeito e do objeto nulos, mas apresentam alguns pontos em

comum, como a preferência de retomada de SN1 pelo nulo em posição de sujeito. Há

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Resumo

alguns pontos que precisam ser mais bem explorados, como o traço de animacidade em

posição de objeto, usando outros paradigmas experimentais.

Palavras-chave: Processamento, correferência pronominal, pronome nulo e pleno,

posição de sujeito e posição de objeto.

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Abstract

Abstract

The Generative Linguistics Principles and Parameters model (Chomsky, 1989)

has been used by many linguists as the proper theoretical framework in order to

compare and define the degree of distance between Brazilian Portuguese (BP) and

European Portuguese (EP), explaining how the Universal Grammar Principles

accommodate the parameters in each variant of Portuguese. Tarallo (1996) claims that

BP and EP present important differences with relation to the empty category in object

position, BP preferring filled subjects and empty objects and EP going the opposite

way, preferring null subjects and filled subjects.

Based on corpora surveys about the subject position, studies such as Duarte

(1995), Barbosa, Duarte and Kato (2005), among several others, have claimed that BP

and EP differ: BP has more filled subjects than EP. Considering the object position,

Cyrino and Matos (2016), on the other hand, has claimed that there are more filled

objects in EP than in BP.

Psycholinguistic studies have also been carried out mainly comparing the subject

position in BP and EP. A more recent study, Luegi, Costa and Maia (2014) confirm that

there are significant differences in the resolution of empty and filled forms: whereas in

EP there is a clear preference for null subjects and filled objects, in BP this asymmetry

is not found, since there seems to be a clear preference for the null forms, but no clear

preference for the filled forms. Leitão (2005) noticed that factors such as animacy and

structural parallelism play an important role to explain these patterns.

The current dissertation tests constructions in which, forced by number

agreement, the null or filled pronominal subject, in a complement clause, must corefer

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Abstract

to one of two possible antecedents in a complex DP in subject position in the previous

clause

Considering that the form of an anaphoric expression is related to the

salience of its antecedent (Ariel, 1990), and also having in mind the influence of the

syntactic position of an antecedent in pronoun resolution, this dissertation intends to

verify whether the structural position do the DPs that make up a complex DP also have

an impact on pronoun resolution. With relation to the object position this research tests

subordinate constructions in which the antecedent of null or filled form may be either

[+animate] our [-animate], with the specificity feature positively marked in order to

avoid extraneous interferences during the resolution.

Results for the subject position indicate that both in BP and in EP there is a

preference for the null category taking DP1, which is the most salient element within

the structure. In EP, the filled form takes the embedded DP2 preferentially, unlike BP in

which the filled form takes both the DP1 and the DP2 the same way.

Results for the object position suggest that the factor “pronoun” is highly

distinctive between the two variants. Conditions with the filled form present smaller

processing cost for EP, whereas the null forms present smaller cost in BP. The

acceptability rates were high in all conditions in both varieties of Portuguese, with the

filled forms displaying the highest rates both in BP and EP. No significant results were

found for the animacy feature.

Based on these results, the dissertation concludes that BP and EP differ in terms

of null subject and object parameters, but also present some traits in common, such as

the preference for the null taking the DP1 in subject position. There are still several

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Abstract

issues remaining to be explored, such as the animacy feature in object position, which

may present results using different experimental techniques.

As keywords: processing, pronominal coreference, null and filled pronouns,

subject position and object position.

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Sumário

Sumário

1. INTRODUÇÃO 1

2. PROCESSAMENTO DA CORREFERÊNCIA PRONOMINAL 9

2.1. A Correferência e suas teorias 20

2.1.1 – Teoria da acessibilidade de Mira Ariel 21

2.1.2 – Teoria da Centralidade de Grozs, Joshi e Weinstein 24

1 – Penalidade do Nome Repetido 25

2 – Paralelismo Estrutural 26

2.1.3 Hipótese da Carga Informacional de Almor 29

2.1.4 Hipótese da Posição do Antecedente de Carminati 31

3. O MODELO GERATIVISTA, A TEORIA DE PRINCÍPIOS E

PARÂMETROS, A CATEGORIA VAZIA E A RELAÇÃO DE

C-COMANDO 34

3.1. Modelo Gerativista 34

3.2. A Gramática Universal e A Teoria de Princípios e Parâmetros 36

3.3. A Categoria vazia 39

3.4 A relação de C-comando 42

4. SUJEITO E OBJETO NULOS: UMA BREVE REVISÃO DA

LITERATURA 48

4.1. Sujeito Nulo 48

4.1.1. Sujeito nulo em Português Brasileiro (PB) 51

4.1.1.1 O sujeito nulo em PB à luz de estudos de representação 52

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Sumário

4.1.1.2 O sujeito nulo em PB à luz de estudos de Processamento 55

4.1.2. Sujeito nulo em Português Europeu (PE) 65

4.1.2.1 O sujeito nulo em PE à luz de estudos de Processamento 65

4.1.3. Estudos comparativos entre PB e PE 69

4.1.3.1 Estudos comparativos entre PB e PE à luz de estudos

de Representação 69

4.1.3.1 Estudos comparativos entre PB e PE à luz de estudos

de Processamento 72

4.1.4. O presente estudo 79

4.2. Objeto Nulo 80

4.2.1. Objeto nulo em Português Brasileiro (PB) 83

4.2.1.1 O objeto nulo em PB à luz de estudos de representação 83

4.2.1.2 O objeto nulo em PB à luz de estudos de Processamento 93

4.2.2. Objeto nulo em Português Europeu (PE) 105

4.2.1.1 O objeto nulo em PE à luz de estudos de representação 105

4.2.3. Estudos comparativos entre PB e PE 113

4.2.3.1 Estudos comparativos entre PB e PE à luz de estudos

de Representação 113

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Sumário

4.2.4. Motivação para estudar o Objeto Nulo 114

4.2.5. Condicionamentos semânticos para o preenchimento ou não da posição de

objeto -Traços de Animacidade, Especificidade e Gênero semântico. 115

5. O TRABALHO EXPERIMENTAL 119

5.1. Testando a posição de sujeito 120

5.1.1. Os Experimentos 124

1. Experimento 1 – Sujeito nulo em PE e em PB 124

1.1. Metodologia 124

1.2. Resultados 132

1.2.1. Resultados PE 133

1.2.1.1. Resultados off-line 133

1.2.1.2. Resultados on-line 134

1. First pass 135

1.1. Verbo 136

1.2. Advérbio 137

1.3. Pronome+Verbo 137

2. Total pass 139

2.1. Verbo 139

2.2. Advérbio 140

2.3. Pronome + Verbo 140

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Sumário

1.2.1.3. Discussão dos Resultados PE 141

1.2.2. Resultados PB 143

1.2.1.1. Resultados off-line 143

1.2.1.2. Resultados on-line 145

1. First pass 145

1.1. Verbo 145

1.2. Advérbio 146

1.3. Pronome+Verbo 147

2. Total pass 148

2.1. Verbo 148

2.2. Advérbio 149

2.3. Pronome + Verbo 150

1.2.1.3. Discussão dos Resultados PB 151

1.2.3. Análise comparativa PE e PB 155

1.2.1.1. Resultados off-line 156

1.2.1.2. Resultados on-line 157

1. First pass 157

1.1. Verbo 157

1.2. Advérbio 158

1.3. Pronome+Verbo 159

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Sumário

2. Total pass 161

2.1. Verbo 161

2.2. Advérbio 162

2.3. Pronome + Verbo 163

1.2.1.3. Discussão dos Resultados comparativos PE e PB 164

5.2. Testando a posição de objeto 170

5.2.1. Os Experimentos 172

1. Experimento 2 – Objeto nulo em PE e em PB 172

1.1. Metodologia 172

1.2. Resultados 180

1.2.1. Resultados PE 180

1.2.1.1. Resultados off-line 180

1.2.1.2. Resultados on-line 182

1. First pass 182

1.1. Verbo 183

1.2. Advérbio 183

2. Total pass 184

2.1. Verbo 185

2.2. Advérbio 185

1.2.1.3. Discussão dos Resultados PE 186

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Sumário

1.2.2. Resultados PB 188

1.2.2.1. Resultados off-line 188

1.2.2.2. Resultados on-line 190

1. First pass 190

1.1. Verbo 190

1.2. Advérbio 191

2. Total pass 192

2.1. Verbo 192

2.2. Advérbio 193

1.2.2.3. Discussão dos Resultados PB 194

1.2.3. Análise comparativa PE e PB 196

1.2.3.1. Resultados off-line 197

1.2.3.2. Resultados on-line 199

1. First pass 199

1.1. Verbo 199

1.2. Advérbio 200

2. Total pass 201

2.1. Verbo 202

2.2. Advérbio 203

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Sumário

1.2.3.3. Discussão dos Resultados comparativos PE e PB 204

6. Considerações finais 207

7. Referências Bibliográficas 215

Anexos 223

Anexo 1 – Lista de frases do experimento 1 PE 224

Anexo 2 – Lista de frases do experimento 1 PB 231

Anexo 3 – Lista de frases do experimento 2 PE 238

Anexo 4 – Lista de frases do experimento 2 PB 245

Anexo 5 – Termo de consentimento PE 252

Anexo 6 – Termo de consentimento PB 254

Anexo 7 – Ficha de controle dos participantes 256

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Índice de gráficos

Índice de gráficos

Gráfico 1: Percentagem de erros e certos exp. 1 PE 133

Gráfico 2: Tempos de duração first pass em [ms] VERBO exp1 PE 136

Gráfico 3: Tempos de duração first pass em [ms] ADVÉRBIO exp1 PE 137

Gráfico 4: Tempos de duração first pass em [ms] PRON+VERBO exp1 PE 138

Gráfico 5: Tempos de duração Total pass em [ms] VERBO exp1 PE 139

Gráfico 6: Tempos de duração Total pass em [ms] ADVÉRBIO exp1 PE 140

Gráfico 7: Tempos de duração Total pass em [ms] PRON+VERBO exp1 PE 141

Gráfico 8: Percentagem de erros e certos exp. 1 PB 143

Gráfico 9: Tempos de duração first pass em [ms] VERBO exp1 PB 145

Gráfico 10: Tempos de duração first pass em [ms] ADVÉRBIO exp1 PB 146

Gráfico 11: Tempos de duração first pass em [ms] PRON+VERBO exp1 PB 147

Gráfico 12: Tempos de duração Total pass em [ms] VERBO exp1 PB 149

Gráfico 13: Tempos de duração Total pass em [ms] ADVÉRBIO exp1 PB 150

Gráfico 14: Tempos de duração Total pass em [ms] PRON+VERBO exp1 P 151

Gráfico 15: Percentagem de erros e certos exp. 1 PE 156

Gráfico 16: Percentagem de erros e certos exp. 1 PB 156

Gráfico 17: Tempos de duração first pass em [ms] VERBO exp1 PE 158

Gráfico 18: Tempos de duração first pass em [ms] VERBO exp1 PB 158

Gráfico 19: Tempos de duração first pass em [ms] ADVÉRBIO exp1 PE 159

Gráfico 20: Tempos de duração first pass em [ms] ADVÉRBIO exp1 PB 159

Gráfico 21: Tempos de duração first pass em [ms] PRON+VERBO exp1 PE 160

Gráfico 22: Tempos de duração first pass em [ms] PRON+VERBO exp1 PB 160

Gráfico 23: Tempos de duração total pass em [ms] VERBO exp1 PE 161

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Índice de gráficos

Gráfico 24: Tempos de duração total pass em [ms] VERBO exp1 PB 161

Gráfico 25: Tempos de duração total pass em [ms] ADVÉRBIO exp1 PE 162

Gráfico 26: Tempos de duração total pass em [ms] ADVÉRBIO exp1 PB 162

Gráfico 27: Tempos de duração total pass em [ms] PRON+VERBO exp1 PE 163

Gráfico 28: Tempos de duração total pass em [ms] PRON+VERBO exp1 PB 163

Gráfico 29: Percentagem de aceitabilidade exp. 2 PE 180

Gráfico 30: Tempos de duração first pass em [ms] VERBO+CLITICO exp2 PE 183

Gráfico 31: Tempos de duração first pass em [ms] ADVÉRBIO exp2 PE 184

Gráfico 32: Tempos de duração Total pass em [ms] VERBO+CLITICO exp2 PE 185

Gráfico 33: Tempos de duração Total pass em [ms] ADVÉRBIO exp2 PE 186

Gráfico 34: Percentagem de aceitabilidade exp. 2 PB 188

Gráfico 35: Tempos de duração first pass em [ms] VERBO+CLITICO exp2 PB 191

Gráfico 36: Tempos de duração first pass em [ms] ADVÉRBIO exp2 PB 192

Gráfico 37: Tempos de duração Total pass em [ms] VERBO exp2 PB 193

Gráfico 38: Tempos de duração Total pass em [ms] ADVÉRBIO exp2 PB 193

Gráfico 39: Percentagem de aceitabilidade exp. 2 PE 198

Gráfico 40: Percentagem de aceitabilidade exp. 2 PB 198

Gráfico 41: Tempos de duração first pass em [ms] VERBO+CLITICO exp2 PB 200

Gráfico 42: Tempos de duração first pass em [ms] VERBO+CLITICO exp2 PB 200

Gráfico 43: Tempos de duração first pass em [ms] ADVÉRBIO exp2 PE 201

Gráfico 44: Tempos de duração first pass em [ms] ADVÉRBIO exp2 PB 201

Gráfico 45: Tempos de duração total pass em [ms] VERBO+CLITICO exp2 PB 202

Gráfico 46: Tempos de duração total pass em [ms] VERBO+CLITICO exp2 PB 202

Gráfico 47: Tempos de duração total pass em [ms] ADVÉRBIO exp2 PE 204

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Índice de gráficos

Gráfico 48: Tempos de duração total pass em [ms] ADVÉRBIO exp2 PB 204

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Índice de tabelas

Índice de tabelas

Tabela 1: Exemplos das diferentes condições do experimento 1 Hora (2014) 57

Tabela 2: Exemplos das diferentes condições do experimento 2 Hora (2014) 59

Tabela 3: Exemplos das diferentes condições do experimento 3 Hora (2014) 60

Tabela 4: Exemplos das diferentes condições do experimento 4 Hora (2014) 61

Tabela 5: Resultados de Barbosa, Duarte e Kato (2005) 71

Tabela 6: Resultados de Duarte (no prelo) 72

Tabela 7: Percentagem de erros e acertos experimento 1 PE 133

Tabela 8: Análise estatística dos resultados off-line experimento 1 PE 134

Tabela 9: Análise estatística dos resultados first pass exp1 (PRON+VERBO) PE 138

Tabela 10: Análise estatística dos resultados total pass exp1 (PRON+VERBO) PE 141

Tabela 11: Percentagem de erros e acertos experimento 1 PB 144

Tabela 12: Análise estatística dos resultados off-line experimento 1 PB 144

Tabela 13: Análise estatística dos resultados first pass exp1 (VERBO) PB 146

Tabela 14: Análise estatística dos resultados first pass exp1 (ADVÉRBIO) PB 147

Tabela 15: Análise estatística dos resultados first pass exp1 (PRON+VERBO) PB 148

Tabela 16: Análise estatística dos resultados total pass exp1 (VERBO) PB 149

Tabela 17: Análise estatística dos resultados total pass exp1 (ADVÉRBIO) PB 150

Tabela 18: Análise estatística dos resultados total pass exp1 (PRON+VERBO) PB 151

Tabela 19: Estatística comparativa dos resultados off-line experimento 1 156

Tabela 20:Estatística comparativa dos resultados first pass exp1 (VERBO) 158

Tabela 21: Estatística comparativa dos resultados first pass exp1 (ADVÉRBIO) 159

Tabela 22: Estatística comparativa dos resultados first pass exp1 (PRON+VERBO) 160

Tabela 23: Estatística comparativa dos resultados total pass exp1 (VERBO) 162

Tabela 24: Estatística comparativa dos resultados total pass exp1 (ADVÉRBIO) 163

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Índice de tabelas

Tabela 25: Estatística comparativa dos resultados total pass exp1 (PRON+VERBO) 164

Tabela 26: Percentagem de aceitabilidade experimento 2 PE 181

Tabela 27: Análise estatística dos resultados off-line experimento 2 PE 181

Tabela 28: Análise estatística dos resultados first pass exp2 (ADVÉRBIO) PE 184

Tabela 29: Percentagem de erros e acertos experimento 2 PB 189

Tabela 30: Análise estatística dos resultados off-line experimento 2 PB 189

Tabela 31: Estatística dos resultados first pass exp2 (VERBO+ CLÍTICO) PB 191

Tabela 32: Estatística comparativa dos resultados off-line experimento 2 198

Tabela 33: Estatística comparativa first pass exp2 (VERBO) 200

Tabela 34: Estatística comparativa first pass exp2 (ADVÉRBIO) 201

Tabela 35: Estatística comparativa total pass exp2 (VERBO) 203

Tabela 36: Estatística comparativa total pass exp2 (ADVÉRBIO) 204

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Introdução

1

Introdução

O modelo de Princípios e Parâmetros (Chomsky, 1989) fundamenta-se na ideia

motriz de que a gramática universal é composta de princípios comuns, inatos, universais

e invariáveis a toda a espécie humana, aos quais estão associados parâmetros que são

marcados positivamente ou negativamente para cada língua específica, após o input da

comunidade em que a criança está inserida durante o processo de aquisição. Kenedy

(2016) faz uso de uma metáfora muito elucidativa para explicar a Teoria de Princípios e

Parâmetros:

“... Digamos que, no estágio inicial da aquisição,

a GU possua apenas alguns chaveamentos já

preestabelecidos e outros ainda não

estabelecidos. Os chaveamentos estabelecidos

desde o início da aquisição da linguagem são os

Princípios da GU. São esses chaveamentos que,

digamos assim, já vêm formados de fábrica. Eles

serão idênticos em todas as línguas naturais,

exatamente porque são previamente

especificados pela GU.

Por sua vez, os Parâmetros da GU são

aqueles chaveamentos que não são especificados

de fábrica. Eles serão formatados no curso da

aquisição da linguagem... Os Parâmetros são,

digamos assim, como interruptores de luz que

precisam ser especificados na posição “ligado”

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Introdução

2

ou na posição “desligado” de acordo com o

ambiente em que se encontra.”

Kenedy (2016:97)

Sendo assim, podemos dizer que os Princípios são comuns a todas as línguas

naturais e que os Parâmetros são justamente o que as diferencia. A fim de definir o nível

de distanciamento entre o Português Brasileiro (PB) e o Português Europeu (PE),

muitos linguistas têm tomado como base o modelo PP, com a finalidade de explicar

como os Princípios da GU fundamentam os Parâmetros em cada variante.

O Princípio da Gramática Universal (GU) que norteia a presente tese é o

princípio do sujeito e do objeto nulos que estão presentes em todas as línguas naturais e

o Parâmetro do sujeito nulo e o Parâmetro do objeto nulo, que são parâmetros binários,

pois podem ser marcados positivamente ou negativamente nas línguas, ou seja, as

línguas podem ser [+] ou [-] pro-drop1.

Línguas marcadas positivamente para o parâmetro do sujeito nulo são

denominadas línguas [+pro-drop], como o Italiano e o Português Europeu, e línguas

marcadas negativamente para este parâmetro são denominadas [-pro-drop], como o

Inglês e o Francês (Chomsky, 1981). Tal marcação também pode ser utilizada para o

parâmetro do objeto nulo em que línguas como o PB são [+pro-drop] e o Inglês [-pro-

drop].

1 Línguas pro-drop são línguas que permitem a queda (drop) do pronome (pro). Tal conceito é mais visto

e utilizado quando trata-se de sujeito nulo, mas trataremos as línguas que permitem o objeto nulo também

como uma língua pro-drop.

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Introdução

3

(1) (Eu) falo português.

(2) (Io) parlo italiano.

(3) I speak english.

(4) Je parle français.

Sabemos que a Língua Portuguesa, que é o objeto de nossa pesquisa, apresenta

mais de uma variedade por ser falada em Portugal, no Brasil, na Angola entre outros

países, o presente estudo tem como objetivo verificar como se dá o processamento de

pronomes nulos e plenos em posição de sujeito e de objeto em duas das variedades do

português, mais precisamente o PE e o PB.

(5) A ambição frequentemente leva pro a cometer erros.

(6) L’ ambizione spesso spinge a pro commettere errori.

(7) *Ambition often makes pro make mistakes.

De acordo com a literatura, estruturas como a apresentada em (8) são aceitas em

PE mas não são aceitas em PB, já que considera-se que a perda do valor referencial de

flexão de pessoa e número levaria a uma menor ocorrência de sujeitos nulos e um

aumento dos sujeitos preenchidos (Duarte 1993; Kato 1999; Barbosa et al. 2005).

Línguas [+ pro-drop]

Línguas [- pro-drop]

Línguas [+ pro-drop]

Língua [- pro-drop]

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Introdução

4

(8) O João disse que [-] comprei um carro

Em PE o processamento de estruturas como a apresentada em (8) é muito mais

facilitado do que em PB por apresentar um pronome nulo que retoma uma entidade que

não é referida no discurso. O processamento de estruturas como essa geram um alto

custo de processamento em PB devido a Perda do Princípio Evitar Pronome.

Estudos, como o de Barbosa, Duarte e Kato (2005), por exemplo, argumentam

de modo bastante convincente a respeito da diferenciação entre o PB e o PE. No que diz

respeito à categoria vazia, tem-se avaliado que há diferenças entre as duas variantes em

relação ao parâmetro do sujeito nulo. Esses estudos apontam para o fato de que o PB e o

PE se comportam de maneira distinta em relação a esse parâmetro. De acordo com o

referido estudo de Barbosa, Duarte e Kato (2005), o PE é considerado uma língua

plenamente [+pro-drop], ao passo que, em contraste, o PB vem perdendo essa

característica com o passar dos anos. Roberts e Holmberg (2010) propõem que a melhor

classificação para o PB é a de que ele é uma língua de sujeito nulo parcial, por

avaliarem que o PB está na direção de se tornar uma língua [- pro-drop].

Segundo Duarte (1995), estamos perdendo a opção pelo sujeito nulo em PB para

a primeira e segunda pessoas, mas para a terceira pessoa essa forma ainda é usada. Tal

afirmação se confirma em uma pesquisa feita mais recentemente em que Duarte e Reis

(2018) focalizaram a terceira pessoa. No referido estudo, que será mais detalhado na

seção 4.1.1.1 do capítulo 4, os autores concluíram que, embora ainda sejam utilizados

os sujeitos nulos estão em processo de extinção:

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Introdução

5

“... no PB esses sujeitos nulos referenciais estão

em processo de extinção e se encontram em

variação com os expressos, cada vez mais

frequentes.”

Duarte e Reis (2018)

Vários estudos em Psicolinguística Experimental vêm também tratando do tema

da categoria vazia, do ponto de vista do seu processamento, tanto em PB, quanto em PE.

Um desses estudos, por exemplo, é o de Luegi (2012) que focaliza a categoria vazia em

posição de sujeito em estruturas complexas nestas duas variedades do português,

revendo diversos trabalhos anteriores sobre o processamento de sujeitos nulos. Mais

recentemente, Machado, França & Maia (2018) compararam o processamento do sujeito

nulo com sua contraparte plena, em PB. No entanto, se, por um lado, já contamos com

um razoável número de estudos acerca da categoria vazia em posição de sujeito, por

outro lado, ainda são relativamente escassos os estudos sobre a categoria vazia em

posição de objeto.

Em psicolinguística, temos os trabalhos de Maia (1997) e o de Leitão (2005),

que deram início às pesquisas psicolinguísticas sobre esse parâmetro. Do ponto de vista

da teoria gramatical, Cyrino, desde 1997, vem estudando sistematicamente o objeto

nulo em PB e em PE. A pesquisadora afirma que as duas variedades apresentam muitas

diferenças em relação à utilização do nulo, em posição de objeto. Seus estudos serão

melhor detalhados no capítulo 4, na seção 4.2.1.1.

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Introdução

6

Um dos objetivos do presente trabalho é o de investigar experimentalmente e

aprofundar os estudos sobre o processamento da categoria vazia, tanto em posição de

sujeito, quanto em posição de objeto, estabelecendo uma comparação entre as duas

variedades do português que estão sendo aqui estudadas (Português do Brasil - PB e

Português Europeu - PE) a partir de estruturas como as apresentadas em (8) e (9):

(9) Posição de sujeito

Durante a festa, os coreógrafos do dançarino mencionaram que Ø/eles refletiam

vagarosamente sobre os espetáculos.

Durante a festa, o coreógrafo dos dançarinos mencionou que Ø/eles refletiam

vagarosamente sobre os espetáculos.

(10) Posição de objeto

O professor levou a aluna para a secretaria da escola, depois encaminhou-a/Ø

cautelosamente para a casa da avó.

O professor levou a prova para a secretaria da escola, depois encaminhou-a/Ø

cautelosamente para o cofre da sala.

Espera-se verificar, a partir dos estudos experimentais realizados, se o PB e o PE

apresentam diferenças no que diz respeito ao processamento da categoria vazia tanto em

posição de sujeito, quanto em posição de objeto. Tarallo (1996) diz, de maneira

categórica, que PB e PE diferem totalmente em relação à categoria vazia, PB

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Introdução

7

preferencialmente preenchido na posição de sujeito e nulo em posição de objeto e o PE

sempre nulo em posição de sujeito e sempre pleno em posição de objeto. Levando-se

em consideração que os estudos que fazem essa generalização são estudos de corpora,

pretende-se com estudos psicolinguísticos averiguar os custos de processamento

associado à resolução de pronomes nulos e plenos em posição de sujeito e de objeto em

PB e em PE. Pretende-se verificar se o processamento das formas pronominais é

facilitado ou dificultado por fatores sintáticos, como por exemplo, a posição na estrutura

sintática, ou o tipo de estrutura onde se encontra, além de fatores semânticos, como por

exemplo o traço de animacidade.

O trabalho experimental utilizou o paradigma de rastreamento ocular

(eyetracking), uma metodologia on-line, em que monitoramos os movimentos dos olhos

dos participantes durante a leitura das sentenças. Em busca de uma melhor compreensão

do processamento da correferência pronominal em posição de sujeito e em posição de

objeto em duas variedades do português e das minúcias relativas a categoria vazia,

percorremos o seguinte roteiro a partir daqui:

a) No capítulo 2, fazemos uma breve revisão da literatura sobre o Processamento

da correferência pronominal e das diferentes propostas psicolinguísticas que tentam

explicar como são processadas as diferentes expressões anafóricas.

b) No capítulo 3, revisamos aspectos relevantes da Teoria Gerativa, com especial

atenção para o modelo de Princípios e Parâmetros, que tem servido de quadro de

referência para a maioria dos estudos sobre o tema, além de fazermos um breve

esclarecimento sobre a noção de categoria vazia e a relação de c-comando, que será um

dos objetos de nossa observação.

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Introdução

8

c) No capítulo 4, apresentamos uma breve revisão da literatura sobre o sujeito e

o objeto nulos, discutindo estudos que servem de referência para a tese e fornecem

elementos para a comparação proposta. Nesse mesmo capítulo, fazemos uma revisão

sobre os condicionamentos semânticos para o preenchimento ou não da posição de

objeto – os traços de animacidade, especificidade e gênero semântico, sendo o primeiro

deles um traço relevante para o trabalho proposto na posição de objeto.

d) No capítulo 5, apresentamos a descrição do trabalho experimental,

caracterizando os seus objetivos e as suas hipóteses, e ainda a metodologia aplicada para

a coleta e análise dos dados, bem como para a obtenção dos resultados. No mesmo

capítulo, fazemos a apresentação dos resultados e a comparação entre as duas

variedades do Português estudadas, o PB e o PE.

e) Os capítulos 6 e 7 se ocupam, respectivamente, das discussões e das

considerações finais a que as análises nos permitiram chegar.

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Processamento da correferência pronominal

9

2. Processamento da correferência pronominal

O estabelecimento das relações entre elementos correferenciais é um problema

fundamental a ser resolvido pelo sistema de compreensão de frases. O estudo de Chang

(1980) estabeleceu, pioneiramente, a chamada realidade psicológica dos pronomes, em

inglês, demonstrando que esses elementos possuem a propriedade de reativar seu

antecedente nominal na memória de trabalho, facilitando, portanto, a compreensão de

um sintagma nominal mencionado anteriormente. Os pronomes, por serem

psicologicamente reais ou relevantes perceptualmente, provocariam, assim, na memória

do leitor, um efeito de reativação do referente denotado no sintagma nominal

antecedente.

Alguns estudos buscam no modelo teórico gerativista princípios que permitam

o estabelecimento de uma ponte entre aspectos relacionados à competência linguística e

aspectos relacionados ao desempenho linguístico. Esses estudos, de modo geral,

caracterizam-se pelo emprego dos princípios da Teoria da Ligação (Binding Theory)

(Chomsky, 1980; 1981) para evidenciar restrições relativas ao processamento da

correferência (cf. Sturt, 2003; Kennison, 2003).

A Teoria da Ligação (Binding Theory) foi desenvolvida por Noam Chomsky a

partir de 1980 a fim de resolver questões relativas às regras de interpretação dos

sintagmas nominais e às relações que são estabelecidas entre eles, outros SNs, anáforas

e pronomes, conforme se indica nos exemplos:

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Processamento da correferência pronominal

10

(11) Mariai machucou-sei.

(12) Pedroi machucou eley no treino.

(13) Mariai disse que elai/y passou na prova.

(14) Paulai queria que eley viajasse de avião.

(15) Elai queria que a Joanay fosse premiada.2

Basicamente, a teoria da ligação de Chomsky propôs uma modalização das

expressões nominais e a interpretação que lhes é dada, ou seja, a Teoria da Ligação

descreve como expressões podem receber referência dentro da mesma sentença ou não.

Para isso foram propostos três princípios que dão conta dessas relações de correferência

dentro da sentença:

i) Princípio A – uma anáfora tem que ser ligada dentro do seu domínio local.

(16) Mariai machucou-sei

ii) Princípio B – um pronome tem que ser livre dentro do seu domínio local.

(17) Pedroi machucou eley no treino.

2 Na sentença (11), o pronome clítico ‘-se’ retoma o antecedente ‘Maria’ e por isso tem o mesmo índice.

Quando não há correferência, ou a referência é disjunta, atribuem-se às expressões nominais presentes nas

estruturas índices diferentes, como em (12), (14) ou (15), por exemplo. Para marcar que uma expressão

anafórica pode correferir mais do que um antecedente, atribui-se mais do que um índice, assinalando a

ambiguidade, como em (13). Como pode-se notar, a relação de correferência é assinalada pela utilização

de um índice nos SNs envolvidos. Quando correferentes, esses índices serão iguais e quando não

correferentes os índices serão diferentes.

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Processamento da correferência pronominal

11

iii) Princípio C – uma expressão-R tem de ser livre dentro de qualquer domínio.

(18) Elai queria que a Joanai*/k fosse premiada.

Simplificadamente, o Princípio A estabelece que o reflexivo “se” presente no

exemplo tem que ser “Maria” e não outro referente. No caso do Princípio B, o pronome

“ele” não pode estar ligado ao antecedente “Pedro”, por este estar dentro do mesmo

domínio que ele e, finalmente, o Princípio C, em que a expressão-R “Joana” tem

referência própria, não podendo ser ligada a nada.

Na área da Psicolinguística, que está inserida na gramática gerativa, Gordon e

Hendrick (1998) estabelecem que a ocorrência de pronomes, como mostra o exemplo

(19), teria sido gerada a partir de uma transformação aplicada a uma estrutura profunda

contendo duas ocorrências de nome próprio, como mostra o exemplo (20):

(19) Bill Clinton contends he will win.

(20) Bill Clinton contends Bill Clinton will win.

Alguns estudos (Bach, 1970; Lasnik, 1976; Newmeyer, 1986 (apud Leitão

2005)), estipulam que as transformações pronominalizadoras são abandonadas em favor

de uma livre inserção de nomes e pronomes, e estabelecem que o que vai representar a

referência pretendida é o uso dos índices. Então, (19) poderia ter a forma representada

em (21) ou em (22), dependendo de a quem o pronome estaria se referindo, a Bill

Clinton ou a algum outro indivíduo. Dessa forma, a correferência em (22) não seria

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Processamento da correferência pronominal

12

resultado de nenhum princípio gramatical, seguindo o slogan “indexe livremente” de

Chomsky (1981).

(21) Bill Clintoni contends hei will win.

(22) Bill Clintoni contends hek will win.

Em relação ao tipo de estrutura e ao número de possíveis antecedentes, não

existe nenhuma regra linguística que defina qual antecedente deve ser ligado à

expressão anafórica.

(23) Mário chamou Paulo quando ele desceu do ônibus.

Apesar de não haver nenhuma regra linguística que restrinja a ligação do

pronome a “Mário” ou a “Paulo”, nem tão pouco uma regra que indique a quem o

pronome deve ser ligado, na maior parte dos casos, a compreensão do sentido da frase é

feita de forma eficaz.

Estudos realizados em inglês demonstram que, para o estabelecimento da

correferência intrassentencial, existem restrições embasadas pelos Princípios da Teoria

da Ligação. Tendo como foco a compreensão do processamento correferencial, há

estudos como o de Nicol & Swinney (1989) e Kennison (2003).

Nicol & Swinney (1989) apresentaram evidências sobre o processamento da

correferência a partir de uma série de experimentos que utilizaram o paradigma de

priming inter-modal (crossmodal). Os resultados mostraram um efeito de priming

significativo quando as palavras sonda eram relacionadas semanticamente aos nomes

que estavam disponíveis como antecedentes. Já quando as palavras sondas eram

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Processamento da correferência pronominal

13

relacionadas aos antecedentes não disponíveis estruturalmente, o efeito de priming não

foi observado. Os pesquisadores concluíram que o efeito não foi encontrado em relação

aos antecedentes não disponíveis porque eles não foram levados em conta durante a

resolução da correferência. Para melhor compreensão sobre o que os autores chamam de

antecedentes disponíveis e indisponíveis, observemos a estrutura apresentada em (24) e

(25).

(24) Joãoi disse que Pauloj machucou-se j.

(25) Joãoi disse que Pauloj machucou elei.

Em (24) o antecedente disponível para retomar o pronome reflexivo “se” só

pode ser o nome “Paulo” e em (25), o antecedente disponível para retomar o pronome

“ele” só pode ser o nome “João”.

Posteriormente, em 2003, Nicol & Swinney revisaram esses achados. Os autores

descreveram os resultados de um experimento em que usaram a mesma metodologia

utilizada na pesquisa anterior (Priming intermodal) para examinar o processamento dos

reflexivos e pronomes em sentenças conforme as apresentadas abaixo:

(26) The queen told the ballerina that the actress in the play had injured herself

during the performance.

(27) The skier told the ballerina that the doctor for the team would blame

her/him for the recent injury.

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Processamento da correferência pronominal

14

Os autores observaram que o reflexivo ou um pronome desencadeia a reativação

de antecedentes potenciais, mas a associação desse pronome ou reflexivo a potenciais

antecedentes é restringida pela congruência da característica pronominal

(gênero/número) e pela sua posição na estrutura oracional. Eles propuseram que é a esta

informação adicional que o processamento da correferência presta atenção, ou seja,

somente os NPs com a posição apropriada e as especificações de acordo com as

características pronominais serão reativados. Para os autores, esse conjunto de

informações é considerado antes mesmo da ativação do significado da palavra.

Badecker e Straub (2002) aplicaram uma série de experimentos em que os

participantes liam frases, como as exemplificadas em (28), apresentadas palavra por

palavra.

(28)

a. John thought that Beth owed him another opportunity to solve the problem.

b. John thought that Bill owed him another opportunity to solve the problem.

Os resultados mostraram que os antecedentes não disponíveis influenciaram no

tempo de leitura das sentenças que continham pronomes. Nas condições em que o

gênero do antecedente não disponível concordava com o gênero do pronome os tempos

de leitura foram mais elevados do que quando não concordava, sendo assim, para os

autores antecedentes indisponíveis influenciam o processamento de sentenças, mesmo

que esse efeito seja observado tardiamente, conforme foi observado por eles na palavra

opportunity que aparece depois do pronome him.

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Processamento da correferência pronominal

15

Kennison (2003) aplicou três experimentos de leitura automonitorada que

mostraram que o SN não disponível estruturalmente influenciou o processamento de

pronomes na posição de objeto direto quando não havia um antecedente disponível

estruturalmente, mas esse SN sujeito indisponível não influenciou o processamento de

pronomes na posição de objeto direto quando o contexto discursivo continha um

antecedente estruturalmente disponível, ou seja, quando o antecedente era indisponível

estruturalmente o processamento da correferência foi mais custoso do que quando havia

um antecedente disponível.

(29)

a. Carl watched him yesterday during the open rehearsals of the school play.

b. Susan watched him yesterday during the open rehearsals of the school play.

c. They watched him yesterday during the open rehearsals of the school play.

Em todos os exemplos acima a correferência entre o pronome e o antecedente

não é licenciada pelo Princípio B da teoria da ligação, já que o pronome deve ser livre

dentro do seu domínio de vinculação, nesse caso o pronome e o seu possível

antecedente, que estão dentro do mesmo domínio, sendo a correferência não licenciada

e, consequentemente, o antecedente indisponível.

Abaixo, exemplificamos o experimento aplicado por Kennison em que ele insere

os elementos em um contexto discursivo que contém um antecedente disponível. Nesse

caso, o nome presente na frase anterior era licenciado pelo princípio B e também

continha os traços convergentes com o pronome him, tornando assim a correferência

facilitada e permitida.

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Processamento da correferência pronominal

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(30) Billy complained about having a stomachache.

a. Laura watched him closely throughout the day.

b. Michel watched him closely throughout the day.

c. They watched him closely throughout the day.

De acordo com Kennison (2003), o processamento correferencial passa por dois

momentos, o momento da ligação e o momento da resolução. Primeiramente o princípio

guiaria a possível ligação do antecedente a um antecedente disponível e depois é feita a

avaliação dessa ligação na fase de resolução, em que se avalia se a ligação foi adequada

ou não. A busca termina e os antecedentes indisponíveis não são levados em

consideração, mas se na fase de ligação não houver candidato disponível sintaticamente,

a busca continua, sendo levados em conta os traços de gênero e número. Havendo

compatibilidade entre o pronome e o antecedente indisponível pode-se atrasar a decisão

pelo termino da busca.

Em PB, Leitão, Peixoto e Santos (2008) aplicaram dois experimentos com o

paradigma de leitura automonitorada (self-paced reading) em que se testava o pronome

pleno em posição de objeto. No primeiro experimento a frase era apresentada sem

contexto nenhum introdutório, conforme exemplificado em (31) e no segundo

experimento era apresentado, antes da frase teste, um preâmbulo, conforme

exemplificado em (32).

(31) Tião/ atropelou/ ele/ imprudentemente/ na estrada/ de Cabedelo.

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Processamento da correferência pronominal

17

(32) Preâmbulo: Carlos atravessou a rua correndo.

Tião/ atropelou/ ele/ imprudentemente/ na estrada/ de Cabedelo.

Os autores mostraram que todas as entidades discursivas, tanto as disponíveis

estruturalmente, seguindo a Teoria da Ligação, quanto as indisponíveis, são incluídas

como candidatos potenciais a antecedentes. Os candidatos a antecedentes indisponíveis

eram levados em consideração na resolução da correferência quando combinavam em

gênero, número e animacidade com o pronome e quando não havia antecedentes

disponíveis no escopo discursivo. Se houvesse um antecedente disponível, a busca

terminava e a ligação entre pronome e antecedente era estabelecida.

Maia et alii (2012) fizeram alguns experimentos sobre correferência entre

pronomes plenamente especificados e anáforas conceituais, usando o paradigma

experimental de leitura automonitorada (self-paced reading), mostrando que, nos dois

casos, há restrições estruturais para o estabelecimento de relações anafóricas. Todos os

experimentos controlaram relações intrassentenciais legitimadas ou não pelos Princípios

de Ligação (Chomsky, 1986), mais precisamente os princípios B e C.

(33) Princípio B

A /delegação /do /time/ indicou/ ele (eles) /para/ o/ jogo/ de/ estréia.

O /time /da/ delegação/ indicou/ ele (eles) / para/ o/ jogo/ de/ estréia.

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Processamento da correferência pronominal

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(34) Princípio C

Quando/ ele (eles) / praticava (m)/ com/ muito/ afinco,/ o time/ sempre/

marcava/ vários/ gols.

Ele (eles)/ sempre/ marcava (m)/ vários/ gols,/ quando/ o time/ praticava/ com/

muito/ afinco.

Os resultados levaram os autores a concluírem que, no nível intrassentencial, as

anáforas conceituais apresentam as mesmas características dos pronomes especificados,

o que lhes permite concluir que ambos tenham um estatuto semelhante. Outro resultado

relevante de Maia et al (2012) é a assimetria encontrada no processamento de estruturas

reguladas pelos Princípios B e C da Teoria da Ligação: enquanto a correferência com

um antecedente é default para o pronome, a correferência em condições legítimas pelo

Princípio C é mais custosa para os nomes, que ao contrário dos pronomes, têm

referência própria, sendo este o seu default.

Teixeira (2013) procurou examinar a relação semântica e a preferência sintática

durante a resolução da correferência em dois experimento de monitoramento ocular (eye

tracking), tais testes serão mais bem explorados na subseção (4.1.1.2). Os resultados

encontrados confirmam a hipótese de que, em períodos complexos, o sintagma nominal

que ocupa a função de sujeito da oração principal é o preferencialmente retomado para

estabelecer a correferência com a primeira expressão referencial anafórica do período.

Teixeira et ali (2014) concluíram com um teste de rastreamento ocular, em que

analisaram as preferências sintáticas para o processamento da correferência, que é

possível distinguir no sistema pronominal do PB um grau de acessibilidade distinto para

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Processamento da correferência pronominal

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os pronomes nulos e plenos. De acordo com os dados analisados, os pronomes plenos

tenderiam a se ligar a antecedentes menos acessíveis, enquanto os nulos se ligariam a

antecedentes mais salientes e acessíveis, conforme estipulado pela Teoria da

Acessibilidade de Ariel (1991) e pela Hipótese da Posição do antecedente de Carminati

(2002).

A maneira como se dá o processamento da correferência e as possíveis ligações

entre referentes dentro do discurso é altamente relevante para o presente estudo, em que

observaremos como falantes nativos de PB e PE estabelecem a correferência de

pronomes de terceira pessoa com seus antecedentes, investigando o papel do traço de

animacidade e a posição estrutural em que o antecedente aparece.

(35)

No final da noite, os estagiários do arquiteto informaram que eles/ Ø discutiam

irritadamente com frequência.

No final da noite, o estagiário dos arquitetos informou que eles/ Ø discutiam

irritadamente com frequência.

(36)

A diretora aprovou o locutor/cartaz para o leilão de beneficência, depois

considerou-o/considerou Ø excessivamente caro para o evento.

Na estrutura exemplificada em (35), temos as formas pronominais que retomam

algum referente já mencionado, que tem a retomada forçada pelo traço de número,

colocado propositalmente para que a retomada fosse estabelecida com um ou com outro

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Processamento da correferência pronominal

20

SN antecedente. No presente estudo, investigaremos se fatores como saliência sintática

são mais relevantes para o estabelecimento dessa ligação.

2.1. A Correferência e suas teorias

Propostas como a Teoria da Acessibilidade (Ariel, 1990), a Teoria da

Centralidade (Grosz, Joshi e Weinstein, 1995), a Hipótese da Carga Informacional

(Almor, 2000) ou a Hipótese da Posição do Antecedente (Carminati, 2002) consideram

que a forma da expressão anafórica está diretamente relacionada com as propriedades

do antecedente, como a sua saliência.

Em síntese, a Teoria da Acessibilidade tenta dar conta de aspetos relacionados

com a resolução de expressões anafóricas, tanto ao nível da frase, como ao nível do

discurso. A Hipótese da Carga Informacional, a Teoria da Centralidade e a Hipótese da

Posição do Antecedente têm foco no nível da frase, tentando abordar aspetos mais

específicos, como a carga informacional das expressões anafóricas ou a saliência

sintática dos antecedentes envolvidos.

Com a finalidade de deixar clara a contribuição de cada uma das teorias para o

processamento da correferência e a sua importância para a presente tese, nesta seção

faremos uma breve revisão dessas teorias.

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Processamento da correferência pronominal

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2.1.1 – Teoria da acessibilidade de Mira Ariel

A Teoria da acessibilidade desenvolvida por Mira Ariel (1990) estipula que

existe uma correlação entre o uso de expressões anafóricas e as entidades que elas

retomam. O uso de determinada expressão está diretamente ligada a acessibilidade do

seu antecedente na memória do falante/ouvinte/leitor. Para Ariel, há uma escala no grau

de acessibilidade em que formas nulas aparecem no topo, sendo elas indicadores de

máxima acessibilidade por ser a forma pronominal menos informativa, e que um nome

completo modificado marca a retomada de uma entidade com baixa acessibilidade

(Ariel, 1996:21)3:

3 O esquema utilizado foi feito por Luegi (2009), retirado de Morgado (2012).

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Processamento da correferência pronominal

22

Segundo Ariel, a informatividade, a rigidez e o grau de atenuação são critérios

levados em consideração para a associação de um marcador de acessibilidade. Quanto

mais informativo, rígido e não atenuado for a forma menor será o seu grau de

acessibilidade e quanto menos informação, rigidez e mais tênue a forma for maior será

seu grau de acessibilidade, ou seja, quanto mais rígida a forma menos acessível é o

antecedente e quanto menos rígida a forma mais acessível é o antecedente.

Por exemplo, nomes completos + modificadores são formas dotadas de

informação, portanto, mais rígidas, por isso procuram referentes menos acessíveis no

High Accessibility Accessibility Marking Scale

Zero pronouns

Reflexives

Agreement markers

Cliticized pronouns

Unstressed pronouns

Stressed pronouns

Stressed pronouns + gesture

Proximal demonstrative (+NP)

Distal demonstrative (+NP)

Proximal demonstrative (+NP)

+ modifier

Distal demonstrative (+NP) +

modifier

First name

Last name

Short definite description

Long definite description

Full name

Full name + modifier

Low Accessibility

Níveis de acessibilidade Expressões anafóricas

do antecedente

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Processamento da correferência pronominal

23

discurso. Já os pronomes nulos são menos informativos, portanto, codificam

antecedentes mais acessíveis.

Segundo Ariel há alguns fatores que influenciam o grau de acessibilidade de

cada entidade, são eles:

i) A saliência, em que o antecedente mais proeminente presente no discurso

será também o mais acessível;

ii) Distância a que a expressão anafórica se encontra da sua retomada.

Quanto menor a distância entre o antecedente e a expressão anafórica maior é o grau de

acessibilidade;

iii) A unidade e a coesão entre as unidades linguísticas;

iv) O número de possíveis antecedentes. Quanto maior o número de

potenciais antecedentes, mais difícil fica de se estabelecer a relação.

A Teoria da Acessibilidade prediz que, quanto maior é a distância e o número

de possíveis antecedentes entre expressão anafórica e o seu referente, menor é o nível de

acessibilidade entre eles. De modo simétrico, quanto maior a saliência do referente e a

coesão entre as unidades linguísticas, maior é o seu nível de acessibilidade, o que

possibilita o uso de formas menos informativas como as expressões anafóricas nulas

que é um indicador de máxima acessibilidade e de expressões anafóricas plenas, que

não é um indicador de máxima acessibilidade, mas tem características de grande

acessibilidade.

Apesar de o fator distância ser de grande importância para explicar como se

estabelece o grau de acessibilidade entre a expressão anafórica e o seu referente, este

não pode explicá-lo sozinho. Em síntese, a Teoria da Acessibilidade prevê que formas

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Processamento da correferência pronominal

24

nulas, em línguas em que são possíveis, retomam os antecedentes mais salientes,

considerando que vários fatores contribuem para a saliência das entidades discursivas.

2.1.2 – Teoria da Centralidade de Grozs, Joshi e Weinstein

A Teoria da Centralidade de Grozs, Joshi e Weinstein (1995) sintetiza como as

relações estabelecidas entre as expressões referenciais e os seus antecedentes

contribuem para uma melhor coerência discursiva. Para os estudiosos, um dos fatores

que faz com que a coesão e a coerência durante o discurso se mantenham é a

possibilidade de se estabelecer ligação entre uma entidade e um pronome.

De acordo com a Teoria da Centralidade, os pronomes são mecanismos

linguísticos que indicam continuidade e coerência. Para essa teoria, as entidades em

cada enunciado são ordenadas em função da sua proeminência, que é determinada

principalmente pela posição sintática que ocupam e pela função dos pronomes4 no

discurso, que é a de manter a coerência. Por esta razão, o pronome faz referência ao

antecedente mais proeminente.

A teoria da centralidade prediz que existem centros discursivos e que esses

centros discursivos estão presentes em qualquer enunciado, ou seja, qualquer entidade é

um centro discursivo que tem alguma relação com outra entidade dentro do discurso. Os

centros discursivos podem ser divididos em dois: (i) os centros catafóricos (forward-

looking center) que são entidades que têm um grande potencial para serem retomadas

no discurso e (ii) os centros anafóricos (backward-looking centers) que são entidades

apresentadas no enunciado anterior que são retomadas no enunciado atual.

4 Por ser uma teoria desenvolvida para o inglês, o foco são os pronomes plenos, contudo, a proposta pode ser extensível a outras formas pronominais, como o pronome nulo.

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Processamento da correferência pronominal

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A partir da Teoria da Centralidade foram postulados dois princípios, o

Princípio da Penalidade do nome Repetido e a Hipótese do Paralelismo Estrutural. Esses

princípios procuram checar, por meio de evidências empíricas se a Teoria da

Centralidade apresenta problemas relativamente a alguns princípios fundamentais

postulados por ela.

1 – Penalidade do Nome Repetido

Para Gordon, Grosz e Gillion (1993) quando um nome repetido é usado dentro

da sentença para retomar algum antecedente há uma grande chance de o nome repetido

ser considerado outro referente que não aquele mencionado anteriormente no discurso.

Um conjunto de experimentos foi elaborado pelos autores para investigar a Teoria da

Centralidade e o princípio da Penalidade do Nome Repetido.

Os resultados dos testes aplicados indicaram que o nome repetido realmente é

um indicador de penalidade, já que os resultados dos experimentos mostraram que os

pronomes foram lidos mais rapidamente do que os nomes repetidos, tendo este que

retomar o sujeito ou o objeto.

Esse tema vem sendo perseguido em PB por Leitão desde 2005. Em um dos

trabalhos sobre o tema, Leitão et al (2012) testaram com o uso do rastreador ocular a

Penalidade do Nome Repetido em PB em sentenças como as exemplificadas em (37) e

(38):

(37) Experimento 1

Eva comprou a tela na galeria e depois ela vantajosamente vendeu no leilão.

Eva comprou a tela na galeria e depois Eva vantajosamente vendeu no leilão.

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Processamento da correferência pronominal

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(38) Experimento 2

Os colegas pintaram Léa no camarim mas depois esqueceram ela no palco.

Os colegas pintaram Léa no camarim mas depois esqueceram Léa no palco

No primeiro experimento os autores verificaram como se dá o processamento

da correferência com o pronome e com o nome repetido em estruturas coordenadas,

estando o nome repetido e o pronome em posição de sujeito da oração coordenada. No

segundo experimento, os autores verificaram, diferentemente do primeiro, como se

estabelece a correferência quando o pronome ou o nome repetido estão em posição de

objeto na oração coordenada. Os resultados encontrados pelos pesquisadores reforçam

que em PB a hipótese da Penalidade do Nome Repetido é bem marcada e mostram

também que o processamento de pronomes plenos é bem menos custoso do que o nome

repetido.

2 – Paralelismo Estrutural

A Hipótese do Paralelismo Estrutural prevê que pronomes em posição de

sujeito retomam entidades na posição de sujeito e com a mesma função sintática,

enquanto pronomes em posição e com função de objeto sejam preferencialmente

correferentes com antecedentes em posição de objeto.

(39) Maria brigou com Joana enquanto ela ajudava ela a preparar o almoço.

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Processamento da correferência pronominal

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Segundo a Hipótese do Paralelismo Estrutural na sentença apresentada no

exemplo acima a expressão anafórica que aparece em posição de sujeito (ela) retomará

o antecedente ‘Maria’ que também ocupa a posição de sujeito e a expressão anafórica

em posição de objeto (ela) retoma o antecedente ‘Joana’ que também ocupa a posição

de objeto.

Para Chambers e Smyth (1998), estudiosos que aprofundaram os estudos sobre

o paralelismo estrutural, o processamento de estruturas paralelas é mais fácil do que o

processamento em estruturas não paralelas. Os testes aplicados pelos autores mostram

que a correferência é estabelecida com o antecedente que aparece em posição paralela -

na mesma posição - a que ele aparece independentemente do papel que o pronome

exerce dentro da sentença ou da sua posição gramatical, ou seja, a interpretação de

expressões anafóricas e seus antecedentes é facilitada desde que estejam na mesma

posição sintática.

Em PB, o Paralelismo Estrutural foi estudado por Corrêa em (1998) para testar

esta hipótese em posição de sujeito. Com a aplicação de dois experimentos com

metodologia off-line de questionário a autora procurou observar qual era o antecedente

preferido entre dois disponíveis em uma sentença para ser relacionado com uma

expressão anafórica, que poderia ser nula ou realizada que aparecia em posição de

sujeito em outra oração, seja ela independente, coordenada ou subordinada. Essa medida

foi observada através de uma pergunta feita para ver com qual antecedente o pronome

era interpretado como correferente. A autora observou que, em sua maior parte, os

participantes realizaram a correferência de forma paralela com o pronome nulo e

quando não tinha vínculo sintático a correferência era estabelecida paralelamente entre

as orações para as duas formas (nula e plena). De acordo com os resultados encontrados

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Processamento da correferência pronominal

28

pela autora, questões como estrutura sintática são altamente levadas em consideração

para o estabelecimento da correferência. Se as estruturas são independentes o princípio

do Paralelismo Estrutural atua, sendo tanto nulo quanto o pleno igualmente

selecionados para retomar um antecedente em posição de objeto, porém, quando há

vínculo sintático a retomada paralela só é verificada com os nulos, o que pode ser mais

bem explicado pela Hipótese da Posição do Antecedente de Carminati (2002).

Em PB, além do trabalho de Corrêa (1998), o Paralelismo Estrutural foi

estudado também por Leitão (2005), mas para estudar tal hipótese em posição de objeto.

O autor aplicou cinco experimentos fazendo uso de diferentes metodologias

experimentais.

Leitão (2005) usou em seus testes estruturas que envolviam estruturas

coordenadas com retomadas anafóricas na posição de objeto que podiam ser nome

repetido, pronome lexical, objeto nulo, retomando ora um antecedente [+ animado], ora

um antecedente [- animado].

(40) Paulo entregou o Marcos/revolver para a polícia, mas depois retiraram

Ivo/ele/Ø da investigação.

A partir dos resultados obtidos em seus testes, o autor conclui que o

Paralelismo Estrutural desempenha papel significativo para o processamento da

correferência pronominal em posição de objeto e define que a Teoria da Centralidade

prevê que há preferências por retomada da posição de sujeito porque antes não havia

sido testada a posição de objeto.

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Processamento da correferência pronominal

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Tais estudos serão mais aprofundados no capítulo 4 em que trataremos da

retomada anafórica em posição de sujeito e em posição de objeto.

2.1.3 Hipótese da Carga Informacional de Almor

A Hipótese da Carga Informacional de Almor (2000) explica como se dá a

relação entre a expressão anafórica e seu(s) possível(s) antecedente(s). Para o autor,

cada expressão anafórica possui em si características que indicam a qual antecedente ele

deve ser relacionado e que cada uma dessas expressões tem custos de processamento

diferenciados.

Tal hipótese estipula que a informação deve ser dada na medida em que é

necessária e que as restrições da memória de trabalho para armazenar e processar a

informação do verbo e a informação veiculada pela expressão anafórica (retomando

algum antecedente ou acrescentando uma informação nova) são mais dois pontos

centrais para a Hipótese da Carga Informacional. Para a Hipótese da Carga

Informacional quanto menos informação a expressão anafórica veicular mais facilmente

ela será relacionada ao seu antecedente.

De acordo com a proposta de Almor (2000), a distância semântica entre o

antecedente e a expressão anafórica com a qual se estabelece a correferência é um fator

altamente preponderante para o processamento, quanto maior a distância semântica

entre estes referentes menor será a carga informacional a ser processada pela memória

de trabalho, o que causa um menor custo de processamento.

Tomando os nomes repetidos e os pronomes como exemplo, pode-se dizer que,

segundo a Hipótese da Carga informacional, os pronomes carregam menos carga

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Processamento da correferência pronominal

30

informacional, ou seja, menos informações semânticas semelhantes ao seu antecedente

do que um nome repetido, que tem características semânticas iguais a do seu

antecedente tornando assim o processamento pela memória de trabalho mais custoso.

De acordo com esta hipótese os leitores teriam mais facilidade para processar uma

sentença conforme a apresentada em (42), em que é apresentado um pronome para

retomar o antecedente potencialmente disponível do que uma sentença conforme a

apresentada em (41), em que o nome é repetido. De acordo com a hipótese, o nome

carrega em si muitas informações e pode ser interpretado como um novo referente, já a

carga informacional do pronome é baixa. Assim, o pronome só carrega a informação de

gênero, pessoa e de número, sendo a relação estabelecida mais facilmente.

(41) Maria gosta muito de brincar. Maria é uma menina muito esperta.

(42) Maria gosta muito de brincar. Ela é uma menina muito esperta.

As diferenças de carga informacional não ficam restritas aos pronomes e aos

nomes. Dentre diferentes SNs, também se pode observar diferentes cargas

informacionais e diferentes custos de processamento. De acordo com Almor, SNs mais

específicos são processados com mais dificuldade do que SNs mais gerais. Para o

estudioso, o pronome é a melhor opção para que se estabeleça a correferência com o

antecedente sem muito custo para a memória de trabalho.

Em relação ao estudo de Almor, pode-se concluir que as expressões anafóricas

que contêm em si mais traços semânticos, por exemplo os nomes, apresentam maior

custo de processamento do que as expressões que apresentam menos traços semânticos,

por exemplo os pronomes. Sendo assim, pode-se afirmar que os pronomes são

processados com menos custo do que outras expressões realizadas por conterem menos

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Processamento da correferência pronominal

31

traços semânticos para serem interpretados pelo interlocutor, ou seja, a relação dos

traços semânticos com a proeminência sintática/discursiva do antecedente faz com que

os pronomes tenham menos custo de processamento do que as demais expressões.

Segundo Almor, sua proposta diferencia-se do que foi exposto por Ariel, com a

Teoria da Centralidade, por esta ser estabelecida com base em premissas

generalizadoras além de não fazerem uso explicitamente de noções psicológicas, como a

memória de trabalho que é visto pela Hipótese da Carga Informacional como o principal

caminho explicativo para o processamento da correferência.

2.1.1.4 Hipótese da Posição do Antecedente de Carminati

A Hipótese da Posição do Antecedente desenvolvida por Carminati (2002)

defende que, em Italiano, os pronomes nulos preferem retomar antecedentes que estão

em Spec IP, enquanto os pronomes realizados preferem retomar antecedentes que não

estejam em Spec IP, ou seja, antecedentes que não estejam na posição mais alta no

escopo argumental.

The Position of Antecedent Hypothesis for the Italian null and overt

pronouns in intra-sentential anaphora: the null pronoun prefers an

antecedent which is in the Spec IP position, while the overt pronoun

prefers an antecedent which is not in the Spec IP position.

(Carminati, 2002)

O Italiano, língua testada por Carminati (2002), é uma língua que tem em seu

sistema pronominal duas formas que funcionam de maneiras distintas, são elas o

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Processamento da correferência pronominal

32

pronome nulo e o pronome pleno. O português também tem um sistema pronominal

semelhante ao do italiano com formas pronominais nulas ou plenas que podem aparecer

em posição de sujeito ou em posição de objeto. Às línguas que têm esse sistema

pronominal dá-se o nome de línguas pro-drop.

Uma das hipóteses de Carminati (2002) é a de que o pronome nulo, em posição

de sujeito, tem como antecedente preferencial o antecedente que ocupa a posição mais

alta dentro da estrutura, independentemente de este ser um sujeito ou um expletivo, por

exemplo. A pesquisadora aplicou vários testes utilizando a metodologia de leitura

automonitorada e de questionário, havendo confirmado que os antecedentes em Spec IP

são os preferidos para a retomada pelo sujeito nulo, ou seja, na hora do estabelecimento

da correferência, o que importa é a posição que o antecedente ocupa dentro da estrutura.

Segundo Carminati (2002), os resultados dos testes aplicados por ela são

evidências de que a Hipótese da Posição do Antecedente é a proposta que melhor

explica a resolução da correferência. Segundo a autora o fator primordial para o

estabelecimento da correferência é a posição estrutural do antecedente.

Em suma, as propostas apresentadas no decorrer desta seção apresentam pontos

em comum. As teorias se assemelham por postularem que o que distingue tanto SNs

plenos quanto anafóricos é a marcação do grau de acessibilidade e de saliência do

antecedente, além de considerarem que a informação sintática e a ordem de referência

são preponderantes para o estabelecimento da correferência.

Com base no que foi apresentado na presente seção, parece-nos que as

inerências relativas à saliência de um antecedente (Ariel, 1996) ainda não foram

totalmente esclarecidas. De que resulta a saliência de um referente, é uma das questões

colocadas no presente estudo. Levando-se em consideração que a saliência é fator

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Processamento da correferência pronominal

33

preponderante para a escolha da forma da expressão anafórica que será usada, pensa-se

ser necessário avaliar se a saliência de um referente resulta somente da sua função

sintática ou se a posição estrutural, ou a relação estrutural entre constituintes, interfere

na atribuição de saliência.

(43) Durante a festa, os coreógrafos do dançarino mencionaram que Ø/eles

refletiam vagarosamente sobre o espetáculo.

No exemplo retirado da presente pesquisa tem-se um SN complexo composto

por dois SNs, em que um deles é mais saliente do que o outro. Sendo assim, pretende-se

perceber se os custos de processamento associados à resolução de formas nulas e plenas

refletem efeitos da função sintática ou da relação estrutural entre constituintes.

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O Modelo Gerativista, a Teoria de Princípios e Parâmetros, a Categoria Vazia e a Relação de C-comando

34

3. O Modelo Gerativista, a Teoria de Princípios e Parâmetros, a Categoria Vazia e

a Relação de C-comando

3.1. Modelo Gerativista

“The core of language appears to be a

system of thought, with externalization a

secondary process (including

communication, a special case of

externalization).”

Chomsky, 2011

A teoria gerativa se ocupa do estudo dos princípios universais da faculdade

humana da linguagem e de seus parâmetros nas línguas particulares. Tal modelo vem

sendo desenvolvido por Noam Chomsky desde 1957 e vem servindo de referência para

um programa de pesquisa científica que engaja milhares de pesquisadores em todo o

mundo, desde então. Para o estudioso, a teoria linguística deve descrever os

procedimentos mentais que “geram” as estruturas da linguagem, como as palavras e as

frases. O modelo Gerativista defende a ideia de que a linguagem é uma capacidade inata

ao ser humano, tida para Chomsky como a Faculdade da Linguagem. Segundo o

modelo, a criança já nasce com a capacidade de aquisição da linguagem, e por isso ela

absorve o conhecimento linguístico com extrema facilidade e rapidez. Para Chomsky,

os seres humanos são capazes de gerar frases que nunca ouviram antes.

Os princípios que norteiam as pesquisas de cunho gerativista são estabelecidos

com base na distinção entre a competência e o desempenho linguísticos. A competência

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O Modelo Gerativista, a Teoria de Princípios e Parâmetros, a Categoria Vazia e a Relação de C-comando

35

linguística humana é a nossa língua-I5, ou seja, é a capacidade de o ser humano produzir

e compreender expressões linguísticas compostas pelos códigos da língua-E6, ou seja, a

competência linguística é acessada todas as vezes que falamos, ouvimos, escrevemos ou

lemos textos, bem como está inserida na mente humana e também é usada na mente

quando se está de repouso, em silêncio, sem fazer uso da linguagem na interação verbal.

A competência destaca-se pela capacidade que os seres humanos têm em produzir

sentenças de acordo com uma gramática interna, sabendo distinguir uma frase

gramatical de uma agramatical.

(44) O menino caiu.

(45) *O caiu menino.

A partir do conhecimento internalizado da competência gramatical, os falantes

conseguem distinguir que a frase (44) é gramatical e que a frase (45) é agramatical no

português do Brasil, mesmo não tendo passado pela escola.

Em síntese, a competência linguística é o modulo da mente humana em que

todos os conhecimentos linguísticos (fonologia, morfologia, léxico, sintaxe,...) estão

armazenados, ou seja, a competência linguística trata apenas do conhecimento

linguístico pertencente ao módulo cognitivo da linguagem e o desempenho linguístico é

5 Língua-I – Dimensão mental/subjetiva do fenômeno da linguagem é sintetizada no conceito de língua-I,

em que o I significa interna, individual, intensional (diz respeito a tudo o que é interior e próprio de um

dado significado). Segundo Chomsky, a língua-I é, pois, um elemento que existe na mente da pessoa que

conhece a língua, adquirido por quem aprende e usado pelo falante-ouvinte. (Chomsky, 1994:41) 6 Língua-E – Dimensão sociocultural/objetiva das línguas, em que o E significa externa e extensional

(refere-se a extensão de um dado significado). Segundo Chomsky, a língua-E é, pois, uma língua externa,

no sentido em que o construto é compreendido independentemente das propriedades da mente/cérebro.

(Chomsky, 1994:39)

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O Modelo Gerativista, a Teoria de Princípios e Parâmetros, a Categoria Vazia e a Relação de C-comando

36

o uso da linguagem que envolve a utilização da linguagem em conjunto com outros

fatores não linguísticos. Pode-se afirmar que a competência linguística é modular7 e que

o desempenho é intermodular8 (cf: Kenedy, 2016:57).

De maneira bem resumida, costuma-se dizer que a teoria linguística estuda a

representação gramatical da competência humana inata, enquanto que o processamento

se interessa pelo estudo do desempenho, ou seja, do acesso à representação. Essa

distinção é diretamente relevante para a presente tese, em que se examinam questões de

processamento, tomando como referência também questões de representação

gramatical. Neste sentido, esta tese inscreve-se no campo relativamente novo da

Psicolinguística e da Sintaxe Experimental.

3.2. A Gramática Universal e A Teoria de Princípios e Parâmetros

“A Gramática Universal (G.U.) é a arte que nos

permite produzir e compreender a linguagem”

(cf. Arnald; Lancelot, 1660)

A Gramática Universal é uma teoria linguística que afirma que determinados

princípios gramaticais são comuns a toda a espécie humana e ela é o estágio inicial da

Faculdade da Linguagem, ou seja, a G.U. é um conjunto de princípios inatos universais

invariáveis aos quais estão associados parâmetros que são marcados positivamente <+>

ou negativamente <->, que só serão atingidos durante o processo de aquisição através de

7 Competência modular - pois é algo estático e isolado na anatomia modular da mente humana. 8 Desempenho intermodular – pois é o uso dinâmico do conhecimento linguístico, de maneira integrada a outros tipos de cognição não especificamente linguística. (Kenedy, 2016)

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O Modelo Gerativista, a Teoria de Princípios e Parâmetros, a Categoria Vazia e a Relação de C-comando

37

sua fixação numa das posições possíveis, com base no input recebido da comunidade

em que se está inserido.

Durante o período da aquisição da linguagem, a criança aprende as formas

lexicais da língua com suas propriedades fonológicas, sintáticas e semânticas e fixa os

parâmetros da G.U. que têm relevância para a comunidade de fala em que está sendo

exposta. Quando todos os parâmetros estão selecionados, a gramática nuclear da língua

(core Grammar) está adquirida, ou seja, há um domínio do sistema entre princípios

rígidos e parâmetros variáveis.

Segundo Chomsky (1981), a linguagem apresenta Universais Linguísticos, ou

seja, princípios que são comuns a todas as línguas como, por exemplo, os listados

abaixo:

i) princípio de sujeitos;

ii) princípio da dependência de estrutura;

iii) princípio da subordinação;

iv) princípios da ligação;

Há na G.U. o princípio que determina a existência da posição de sujeito, e

podemos dizer que, relacionado a este princípio, está o parâmetro do sujeito nulo, que é

um parâmetro variável. A presente tese se debruça sobre esse parâmetro e procura

aprofundar os estudos acerca do sujeito nulo e as inerências existentes nas variedades de

português, mais explicitamente o Português brasileiro e o Português europeu.

A G.U. não determina que a posição de sujeito seja necessariamente preenchida

por um sintagma nominal com conteúdo fonético, isso constitui um fato interessante

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O Modelo Gerativista, a Teoria de Princípios e Parâmetros, a Categoria Vazia e a Relação de C-comando

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sobre os sujeitos sintáticos das diferentes línguas naturais que é o fato de em algumas

delas o sujeito poder ser omitido na frase. Trata-se de um fenômeno variável e por isso

configura-se um parâmetro da G.U, a que chamamos de Parâmetro do Sujeito Nulo. Por

tratar-se de um parâmetro, o sujeito nulo será variável binariamente, ou seja, poderá ser

marcado positivamente ou negativamente. Línguas marcadas positivamente para o

parâmetro do sujeito nulo são denominadas línguas [+pro drop], como o Italiano e o

Português Europeu, e línguas marcadas negativamente para este parâmetro são

denominadas [-pro drop], como o Inglês e o Francês (Chomsky, 1981).

(46) (Eu) falo Português.

(47) (Io) parlo Italiano.

(48) ✓I went to the movies yesterday./ *Went to the movies yesterday.

(49) ✓Je suis allé au cinema hier./ *Suis allé au cinema hier.

Em suma, a Gramática Universal e a Teoria de Princípios e Parâmetros visam

explicar as semelhanças entre as línguas em termos de princípios universais e as

diferenças em termos de parâmetros. A G.U. propõe que a criança nasce biologicamente

equipada com faculdade da linguagem e que precisa apenas se basear na experiência

(input) para a aquisição de léxico e a configuração dos valores paramétricos específicos

para a língua alvo.

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O Modelo Gerativista, a Teoria de Princípios e Parâmetros, a Categoria Vazia e a Relação de C-comando

39

3.3. As Categorias vazias

"se o movimento não deixasse uma categoria vazia

(vestígio), então estes fenômenos continuariam a ser

um mistério.”

(Chomsky, 1986b:124).

No modelo da gramática gerativa, a medida em que os elementos zero são

considerados como elementos que fazem parte da gramática das línguas naturais,

assume-se também que o locutor tem a capacidade de distinguir e posicionar esses

elementos nas representações que constrói. As categorias vazias, assim como as

categorias plenas, devem ser legitimadas e identificadas.

Chomsky (1981) propõe que uma categoria vazia é um nó desprovido de

conteúdo fonético, e que existem vários tipos de categorias vazias, a depender de suas

propriedades sintáticas e da sua sensibilidade aos vários módulos da teoria, em

particular a Teoria da Ligação.

A Teoria da Ligação estipula que os sintagmas nominais se dividem em três

tipos de NPs plenos (anáfora, pronomes, expressões referenciais) a partir da combinação

de dois traços primitivos [+ anafórico] e [+ pronominal]. A combinação destes traços dá

origem a quatro tipos de NPs:

1. [+anafórico] [-pronominal] – cópia

2. [-anafórico] [+pronominal] – pro

3. [-anafórico] [-pronominal] – Variável

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40

4. [+anafórico] [+pronominal] – PRO

As três primeiras combinações são claramente associadas aos tipos de NPs

estipulados pela teoria de Ligação, mas o quarto é a combinação entre os dois traços

marcados positivamente. Embora não haja um sintagma nominal pleno que satisfaça

essa combinação, há um sintagma nominal vazio que a satisfaz, o pronome anafórico

nulo (PRO).

(50) [O João]i quer [PROi comprar o livro do Chomsky ]

Assumimos aqui que há uma relação de correferência existente entre João e o

sujeito do verbo comprar, que está assinalada no exemplo por coindexação.

De acordo com a teoria de regência e ligação há quatro tipos de categorias

vazias: i) cópia; ii) variável; iii) pro e iv) PRO.

i) Cópia – gerada pelo movimento de um constituinte para uma posição

argumental. É a cópia apagada (t) do sintagma movido para a posição argumental em

ST.

[ ST

Mariai [

T foi [

SV ti comprar o livro]]]

ii) Variável – é um tipo de cópia, porém, é uma cópia de um constituinte movido

para uma posição não argumental.

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O Modelo Gerativista, a Teoria de Princípios e Parâmetros, a Categoria Vazia e a Relação de C-comando

41

[ SC

Que livrot [

ST Maria

i [

T vai [

SV ti ler t

t ?]]]]

iii) pro – é um pronome nulo, uma forma de zero fonético de valor pronominal.

Gramaticalmente é licenciado com papel temático e Caso da mesma forma que outro

SN. É equivalente a um pronome pessoal.

[pro Comprei os livros hoje.]

iv) PRO - Gramaticalmente é licenciado com papel temático, porém, não é

identificado com nenhum papel temático devido não acontecer nehuma flexão finita na

oração em que se insere.

[Maria foi [ PRO comprar o livro.]]

Para Raposo (1992:336), a identidade real dessas categorias vazias não permite

confundi-las com uma ausência: "A conclusão de que existem tipos diferentes de

categorias vazias, com propriedades distintas e restrições distribucionais diferentes,

mostra claramente que estamos face a entidades linguísticas reais, que fazem parte da

representação da linguagem na mente do falante/ouvinte. [...] Uma categoria vazia não é

uma simples «ausência», porque uma ausência não pode possuir propriedades

diferenciadas. Pelo contrário, uma categoria vazia é uma categoria linguística real com

uma matriz gramatical, embora sem matriz fonológica."

Na presente tese, através de um estudo experimental e de processamento,

trataremos e analisaremos a categoria vazia em posição de sujeito e em posição de

objeto (pro), a fim de aprofundar os estudos acerca da categoria vazia e de entender

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O Modelo Gerativista, a Teoria de Princípios e Parâmetros, a Categoria Vazia e a Relação de C-comando

42

melhor como funcionam as restrições relacionadas ao seu processamento em duas

variedades do português, o Português Brasileiro e o Português Europeu.

3.4 A relação de C-comando

Ainda pensando na sentença retirada da presente pesquisa, o SN complexo, que

no caso do teste aplicado contém os possíveis antecedentes para a expressão anafórica,

também apresenta uma questão gramatical, a relação de c-comando, que também é posta

em questão no nosso trabalho. Dentro do SN complexos, além de termos um SN mais

saliente e um menos, também temos um que c-comanda a expressão anafórica e um que

não c-comanda.

(51) Durante a festa, os coreógrafos do dançarino mencionaram que Ø/eles

refletiam vagarosamente sobre o espetáculo.

A fim de deixar clara a relação de c-comando colocada em questão faremos

uma breve revisão sobre o assunto e depois voltaremos a tratar da relação de c-comando

no âmbito da presente pesquisa.

A relação de c-comando é uma estratégia de vinculação sintática que se

estabelece entre dois constituintes. Assim, nesse contexto, há um constituinte que c-

comanda e outro que é c-comandado.

A relação de c-comando ocorre quando um constituinte c-comandante é

ramificado imediatamente de um nó na árvore sintática do qual o constituinte c-

comandado também se ramifica, direta ou indiretamente. Na relação de c-comando há

sempre um ponto de referência que será um nó sintático.

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43

A relação de c-comando pode ser classificada como uma relação (i) simétrica

ou (ii) assimétrica9.

(i) Relação de c-comando simétrico – o nó sintático deve se posicionar

imediatamente acima de α e não se separar dele por nenhum outro material

interveniente. Tal nó também deve ser a origem do elemento β, nesse caso, imediato.

Assim, dizemos que α c-comanda β e β também c-comanda α, conforme pode ser

observado na imagem abaixo.

SX

α β

(ii) Relação de c-comando assimétrico – o nó sintático deve se posicionar

imediatamente acima de α e não se separar dele por nenhum outro material

interveniente. Tal nó também deve ser a origem do elemento β, mas, nesse caso, entre

ele e o elemento β tem que existir material interveniente. Assim, dizemos que α c-

comanda β, mas β não c-comanda α, conforme pode ser observado na imagem abaixo.

9 Classificação retirada de Kenedy, 2016.

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O Modelo Gerativista, a Teoria de Princípios e Parâmetros, a Categoria Vazia e a Relação de C-comando

44

SX

α SY

Y β

Fazendo uma correlação entre a relação de c-comando com a teoria da ligação

pode-se dizer que o referente de um pronome deve estar em uma posição c-comandante

fora da oração em que a anáfora se encontra (Princípio B), os reflexivos terão que estar

presentes em uma relação de c-comando dentro da mesma oração (Princípio A) e as

expressões R não podem ser correferentes e nem serem c-comandadas por pronomes

indexados em qualquer domínio (Princípio C).

No presente trabalho, ao estudarmos a correferência pronominal em posição de

sujeito, observaremos como sentenças, conforme as apresentadas em (41) e (42), se

comportam em relação aos princípios estabelecidos pela relação de c-comando existente

entre os termos correferentes. Duarte, Barbosa e Kato (2005) verificaram que a relação

de c-comando em PB e PE é um definidor quando se tem um pronome nulo, para as

autoras nulos tem que ser c-comandados por seu antecedente, quando este não está em

posição de tópico.

(52) Durante a festa, os coreógrafos do dançarino mencionaram que Ø/eles

refletiam vagarosamente sobre o espetáculo.

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45

(53) Durante a festa, o coreógrafo dos dançarinos mencionou que Ø/eles

refletiam vagarosamente sobre o espetáculo.

Observemos abaixo a representação arbórea das sentenças apresentadas em que

colocamos em cheque a relação de c-comando. A correferência presente na sentença

apresentada em (52) é forçada pelo traço de número, e dependendo da forma a ser

utilizada na retomada, nula ou plena, não obedece ao que sugerem Barbosa, Duarte e

Kato, 2005 a respeito da relação de c-comando, de que uma forma nula tem como

antecedente o SN que a c-comanda (Cf: Barbosa, Duarte e Kato, 2005).

“c-command… most favorable contexto for null

subjects in both varieties…” (p.19)

“cases of null subjects that are not c-commanded

by their antecedents…” (p.36)

“thus, in BP the null subject looks for a c-

commanding antecedent; however, whenever it

doesn’t find one in syntax, it can do so

logophorically…” (p.37)

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(54) Durante a festa, os coreógrafos do dançarino mencionaram que Ø/eles refletiam

vagarosamente sobre o espetáculo.

(55) Durante a festa, o coreógrafo dos dançarinos mencionou que Ø/eles refletiam

vagarosamente sobre o espetáculo.

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O Modelo Gerativista, a Teoria de Princípios e Parâmetros, a Categoria Vazia e a Relação de C-comando

47

Ao observar os exemplos e os esquemas arbóreos acima, vê-se claramente que

a sentença em que o pronome retoma o antecedente que está no SN mais alto a relação

de c-comando está sendo respeitada, mas quando o pronome retoma, forçadamente, o

antecedente que encontra-se em um SN encaixado (os dançarinos) dentro do SN mais

alto (o coreógrafo), que não é uma condição idela/preferencial, pois o SN não está

ligado diretamente ao VP em que o pronome está inserido.

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

48

4. Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

4.1. Sujeito nulo

Chomsky (1981) identificou que há algumas propriedades que acompanham o

apagamento do pronome em línguas de sujeito nulo. Tais propriedades caracterizam

uma língua [+pro-drop] e a sua ausência caracteriza uma língua [-pro-drop]. As

propriedades que caracterizam uma língua [+pro-drop], segundo Chomsky (1981) são:

(56) sujeito nulo pronominal

___ Encontrei o livro.

I found the book.

(57) inversão livre do sujeito

Jogaram a bola [os meninos].

Giovanni ate it.

(58) movimento longo de qu- (sujeito)

O homem [que eu perguntei [quem ele viu.]]

The man x such [that i Wonder [Who he saw]].

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

49

(59) pronomes resumptivos (de retomada) vazios em orações subordinadas

Eis a moçai quei eu me pergunto quem acredita que elai tenha batido.

This is the girl [Who i Wonder that [who thinks [that she may SV]]]

(60) violações aparentes do filtro “that-trace” (sujeito extraído diretamente de

uma posição pós-verbal)

Quem (é que) você pensa [que [t viu esse filme]]?

Who do you think [(that) Will leave].

De acordo com Chomsky (1981), o que licencia a expressão não fonética do

sujeito seria a morfologia verbal “rica” das línguas com o parâmetro [+ pro-drop]. A

referência do pronome apagado só poderia ser recuperada pelo morfema número-

pessoal ligado ao verbo. Em línguas com a morfologia verbal “pobre”, a expressão do

pronome se faria necessária para que ele possa ser interpretado.

Indo na contramão do que foi proposto por Chomsky (1981) sobre as línguas

pro-drop e sua morfologia rica, estão línguas como o Chinês e o Japonês que também

permitem o sujeito nulo e não possuem morfologia. De acordo com J. Huang (1984,

1989) o sujeito nulo em Chinês é legitimado por um outro mecanismo. Para a autora, o

sujeito nulo do Chinês pode ser um pro controlado por uma entidade superior, ou ser

ligada por um tópico de frase.

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

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(61) [VP Zhangsan1 shuo e1 mai shu le].

Zhangsan dizer e comprar livro past.

“O Zhangsan disse que comprou um livro.”

No exemplo (61) do Chinês, de acordo com a teoria de J. Huang, a categoria

vazia pode ser considerada como um pro e vai ser controlada pelo sujeito da frase

matriz “Zhangsan”. Ou seja, existe correferência entre o sujeito matriz e o sujeito nulo

encaixado.

Conforme já foi referido várias vezes no transcorrer desta tese, as línguas que

permitem que o sujeito seja nulo são designadas de línguas pro-drop. Para Chomsky

(1981) e Rizzi (1988), nas línguas prototipicamente [+pro-drop] o sujeito nulo não é

uma opção, ou seja, o sujeito só será expresso se houver um comando que leve o falante

a realizá-lo, por exemplo quando este retoma um antecedente não sujeito, já que o nulo

é a forma preferencial para retomada de sujeito. Sendo assim, a forma plena e a forma

nula estariam em distribuição complementar.

Estudos seminais sobre a forma nula em posição de sujeito em PE e em PB,

como o de Barbosa, Duarte e Kato (2005), observaram que sua utilização não se dá da

mesma maneira nas duas variedades. De acordo com as autoras, a utilização da forma

nula em posição de sujeito está cada vez mais sendo diminuída em PB, diferentemente

do que ocorre em PE (veja mais na seção 4.1.3.1 deste mesmo capítulo).

Já que em PB e PE a utilização da forma nula vem estabelecendo diferenças

entre as variedades, tomando o estudo feito pelos estudiosos Roberts e Holmberg

(2010), que propõem que as línguas pro-drop se dividem em quatro grupos (sujeito nulo

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

51

consistente; sujeito nulo expletivo; sujeito nulo discursivo; sujeito nulo parcial) devido

as formas pronominais não apresentarem uma interpretação homogênea em todas as

línguas, podemos dizer que PB e PE são classificadas de maneira distinta, enquanto o

PE é classificado como uma língua de sujeito nulo consistente o PB é classificado como

uma língua de sujeito nulo parcial.

Nas próximas seções faremos uma revisão dos trabalhos sobre o sujeito nulo em

PB e em PE, bem como dos trabalhos que os comparam à luz de trabalhos de

representação sintática e de trabalhos de processamento, a fim de delinear os achados

sobre esta categoria nas duas variedades e mostrar onde nosso estudo se enquadra,

finalmente mostrar quais as contribuições do nosso trabalho para o estudo do sujeito e

do objeto nulos.

4.1.1 – Sujeito nulo em PB

O Português do Brasil tem se tornado cada vez mais uma língua de sujeito

preenchido que tem como consequência uma distribuição não complementar entre

forma nula e plena do pronome, podendo estas coocorrer no mesmo contexto. Segundo

Duarte (1995), o Princípio Evitar Pronome estabelecido por Chomsky (1981), em que o

autor defende que uma forma plena deve ser substituída por uma forma nula sempre que

possível, não se confirma para o PB, já que o nulo e o pleno são usados nessa variedade

sem distinção. Por exemplo, em (62):

(62) Maria disse que ela está pronta para ir à festa. (ela ≠ Maria)

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

52

O princípio Evitar Pronome prevê que ‘ela’ se refira a uma entidade diferente de

‘Maria’ já que se poderia ter utilizado a forma nula, por ser esta forma a interpretada

correferencialmente e preferível para retomar ‘Maria’. Para o PB, este princípio não se

aplica o que teríamos seriam ambas as formas funcionando da mesma forma, vejamos

(63) e (64):

(63) Maria disse que ela está pronta para ir à festa. (ela = Maria)

(64) Maria disse que Ø está pronta para ir à festa. (Ø = Maria)

Em (63) e em (64) podemos observar a utilização das duas formas de retomada

que são aceitáveis para o PB. De acordo com o estudo de Duarte (1995), para o PB o

princípio evitar pronome se aplica, mas está a perder peso, sendo as duas formas

possíveis nessa variedade de Português.

Os estudos sobre o sujeito nulo estão sendo cada vez mais discutidos, tanto do

ponto de vista da representação quanto do ponto de vista do processamento. Faremos,

abaixo, a revisão de alguns trabalhos de cunho representacional e de processamento.

4.1.1.1 O sujeito nulo em PB à luz de estudos de representação

Duarte (1993), através de uma pesquisa que utiliza dados de entrevistas

transcritas que vão de 1845 até 1992, procura confirmar a hipótese da relação entre o

preenchimento do sujeito com a redução do paradigma verbal do PB, que durante este

período passou de 6 para 4 desinências distintivas. Os resultados encontrados pela

autora mostram que houve uma perda relevante da categoria vazia no período estudado.

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

53

Em 1845, a autora encontrou 80% de ocorrências da categoria vazia enquanto em 1992

apenas 26%.

Duarte (1995/2003), em estudos sobre a fala culta e popular, respectivamente,

atesta que há preferência pelo pronome pleno em todas as pessoas gramaticais, sendo a

terceira pessoa a mais resistente a esse preenchimento. Mesmo os sujeitos identificados

por flexão verbal, como os de primeira pessoa, estão tendendo ao preenchimento. Em

relação aos sujeitos identificados pelo contexto, a autora verificou que são os mais

resistentes ao preenchimento. Assim, o caráter dêitico dos pronomes de primeira e

segunda pessoas faz com que eles sejam mais expressos do que os pronomes de terceira

pessoa, que têm sua interpretação garantida por um antecedente, o que os torna menos

vulneráveis ao preenchimento.

Em 1999, Kato, em um estudo sobre os pronomes, chega à conclusão de que

todas as línguas possuem pronomes fortes e que as línguas que não possuem

concordância possuem pronomes fracos, que são referencialmente dependentes.

Relativamente ao sujeito nulo de terceira pessoa em PB, Kato (1999) observou que o

licenciamento de tais sujeitos envolve PRO. Se não há um DP que o c-comande, PRO

recebe uma leitura genérica ou arbitrária, mas se existe um DP c-comandando o PRO,

este se liga ao morfema Agr.

(65) [PROi [aqui conserta Øi sapatos]]

(66) O Pedroi disse que [PROi [conserta Øi sapatos]]

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

54

Kato e Duarte (2014) propõem que o princípio “Evite Pronome” de Chomsky

pode ter uma contrapartida para línguas consideradas de sujeito nulo parcial (conforme

o PB), o ‘Evite Pronomes não-referenciais’. As autoras verificaram que no PB quanto

mais referencial é o sujeito maior a expectativa de um pronome expresso, conforme

proposto pela “hierarquia da referencialidade” de Cyrino, Duarte & Kato (2000), sendo

os itens [+ específicos] os mais referenciais e os [- específicos] os menos referenciais

que apresentam como característica o traço [+/- humano] marcado negativamente. De

acordo com as autoras o sistema linguístico permite uma variação entre o sujeito nulo e

o sujeito expresso.

Em um estudo mais recente, que tem como base o estudo realizado por Duarte

(1995), Duarte e Reis (2018) fizeram um estudo com base na fala carioca recente e

compararam com o estudo realizado em 1995 por Duarte. Os autores observaram que,

relativamente à 3.ª pessoa o processo de mudança é mais lento, conforme já observado

anteriormente por outros estudos. Segundo os autores, três fatores apontam como

relevantes para o processo de mudança, o padrão estrutural, o feixe de traços e a

estrutura do sintagma complementizador.

Os autores observaram diferentes padrões sentenciais que levam em

consideração a função do antecedente e sua posição dentro da estrutura, no mesmo

período ou em período adjacente. Os autores dividiram as sentenças em 5 padrões

diferentes:

i) Padrão A - O sujeito da encaixada posposta é correferente com o sujeito da

oração matriz

ii) Padrão B - O antecedente é sujeito e se encontra em um período adjacente

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

55

iii) Padrão C - O antecedente exerce outra função sintática e se encontra no

mesmo período ou no período adjacente

iv) Padrão D - O antecedente é o sujeito de uma oração não adjacente no

contexto precedente, ou seja, há uma ou mais orações intervenientes, ou ainda os

referentes são separados (split reference)

v) Padrão E - O antecedente, na função de sujeito, se encontra na oração

subordinada anteposta a oração matriz e é correferente com o sujeito dessa oração

Os autores observaram que as estruturas do tipo E favorecem mais o sujeito

expresso e estruturas do tipo A e B apresentam maior resistência para a mudança. Para

os autores, o fator que mais influencia na utilização do pronome nulo em estruturas do

tipo E é a falta de c-comando, a acessibilidade sintática se perde pela falta de c-

comando entre os constituintes.

De acordo com os resultados encontrados, os autores afirmam que o

preenchimento do sujeito referencial definido avança na fala carioca. Os resultados dos

autores apontam também que fatores de natureza estrutural se sobrepõem a fatores

sociais no processo de mudança.

4.1.1.2 O sujeito nulo em PB à luz de estudos de Processamento

Os estudos sobre o sujeito nulo à luz do processamento linguístico e da

psicolinguística em PB passaram a ser mais conhecidos a partir dos trabalhos de Corrêa

(1993/1998).

A autora, em trabalho realizado em 1993, distingue três níveis de atividade da

memória de trabalho atuando paralelamente. A memória imediata, que mantém a

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

56

informação de natureza lexical e sintagmática, o nível intermediário, que mantém um

referente em foco e o nível temático, que mantém ativa a representação do tópico do

discurso e/ou dos referentes em torno dos quais o discurso se organiza. A concepção de

memória de trabalho esboçada por Corrêa foi utilizada em 1998, em sua pesquisa sobre

o paralelismo estrutural em PB que, segundo a autora, parece atuar de maneira distinta

em português, comparativamente ao inglês.

Corrêa (1998) a fim de testar o efeito do paralelismo sintático em PB realizou

um estudo com dois experimentos em que usou a metodologia off-line de questionário

com pergunta e resposta. Os dois experimentos seguem a mesma linha e distinguem-se,

apenas, devido ao segundo restringir-se a verificar a interpretação de formas

pronominais como sujeito de orações sintaticamente independentes. No primeiro

experimento, a autora observou três diferentes estruturas com diferentes relações

sintáticas (orações independentes, coordenadas e subordinadas temporais), além de

controlar a manipulação de ativação (+ativado; -ativado), em que o +ativado era o

tópico discursivo e o –ativado não era o tópico discursivo.

A variável dependente dos testes foi o número de respostas em que o pronome

foi interpretado como correferente com o sujeito da oração anterior com uma pergunta

relativa ao sujeito do verbo da segunda oração.

A autora conclui que a presença ou a ausência de um vínculo sintático entre as

orações atua diretamente na interpretação do contraste entre o pronome nulo ou

pronome realizado. Quando não há vínculo, a preferência pela interpretação paralela é

equilibrada entre as duas formas do pronome. No entanto, quando há vínculo sintático

um contraste nítido é estabelecido entre as retomadas, havendo um maior percentual de

respostas paralelas para o uso do pronome nulo.

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

57

Esses resultados são explicados pela autora por meio da diferença do nível de

ativação e acessibilidade na memória de trabalho, estipulados por ela em 1993.

Enquanto o pronome nulo seria interpretado em nível mais alto na memória de trabalho

(nível temático) o pronome realizado seria interpretado em um nível imediato na

memória de trabalho.

Hora (2014), também à luz da psicolinguística experimental, aplicou

experimentos a fim de investigar o processamento do sujeito nulo e do sujeito pleno em

PB. A autora tinha como objetivo contribuir para a identificação de quatro dos fatores

envolvidos no processamento correferencial de expressões anafóricas, em contextos de

estruturas subordinadas do Português Brasileiro. Os fatores observados foram: (i)

posição estrutural, (ii) paralelismo sintático, (iii) ordem de orações e (iv) tipo de

expressão anafórica.

Nos quatro experimentos aplicados, a autora testou estruturas complexas do

Português Brasileiro. No primeiro experimento, foi aplicado um teste on-line de leitura

automonitorada em que o participante era exposto a sentenças onde tanto o sujeito

quanto o objeto da oração subordinada era pronominal e retomava um antecedente

presente, ou não, na oração principal, conforme pode ser observado na tabela 1.

Tabela 1: Exemplos das diferentes condições do experimento 1 Hora (2014)

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

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Os resultados do primeiro teste mostram que as retomadas em posição de sujeito

foram processadas mais facilmente do que as retomadas de objeto independentemente

da expressão anafórica usada, com um aumento de latência nas condições em que o

objeto era nulo. Outro fato observado no experimento 1 foi a falta de resultados on-line

mais elucidativos. A autora fez uso de estruturas subordinadas introduzidas pelo

conectivo ‘quando’ que, conforme vem sendo referido na literatura, estabelece uma

relação de coesão fraca entre as estruturas, quando a estrutura é matriz/dependente, e

por esse motivo a preferência por retomar o sujeito com a forma nula fica atenuada (cf.

Luegi, 2012).

A partir dos resultados encontrados no primeiro experimento foram pensados

mais três experimentos, agora testando somente a posição de sujeito. Um deles off-line,

com a técnica de questionário e os outros on-line, com a técnica de leitura

automonitorada.

No experimento 2, com a metodologia de questionário off-line a autora tinha

como objetivo identificar a preferência de interpretação das formas pronominais nulas e

realizadas envolvendo o traço de número a fim de forçar, através desse traço, a

retomada de um ou de outro possível antecedente. Colocamos em questão nesse

experimento a posição do antecedente e a questão da ordem das orações.

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

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Tabela 2: Exemplos das diferentes condições do experimento 2 Hora (2014)

Os resultados do teste off-line mostram que o pronome nulo e pleno comportam-

se de maneira semelhante em PB, sendo ambos aceitos como retomadas de sujeito.

Quanto à ordem das orações, foi observado que a ordem dependente/matriz teve índices

de acerto maiores, o que sugere que a ordem das orações, de alguma forma, facilita a

interpretação das sentenças, já que a representação da subordinada em posição inicial

fica retida na memória até o fim da interpretação do período, conforme foi observado

por Filliaci (2010) para o italiano.

No experimento 3 foi feito um contraste de número utilizando a metodologia on-

line de leitura automonitorada com estruturas bem próximas das testadas no

experimento 2 a fim de verificar se durante o processamento o que entra em jogo é a

Hipótese da Posição do Antecedente. O traço de número entra em questão para forçar o

estabelecimento de relações de correferência entre a anáfora e o antecedente, que ora era

o sujeito ora era o objeto.

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

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Tabela 3: Exemplos das diferentes condições do experimento 3 Hora (2014)

Os resultados on-line encontrados mostram que as formas anafóricas testadas

funcionam do mesmo modo, ambas as formas retomando o antecedente que aparece em

posição de sujeito, sem apresentar preferências para uma ou outra forma. Relativamente

à ordem das orações, os participantes demonstraram maior sensibilidade para interpretar

sentenças com a ordem dependente/matriz, tendo estas um custo de processamento

maior.

No experimento 4 a autora colocou em questão o traço de gênero a fim de

verificar se, assim como o traço de número, o traço de gênero força de alguma forma a

interpretação do antecedente retomado pelas formas pronominais ou se esse traço é tão

fraco que não é levado em consideração durante o processamento. As estruturas testadas

foram bem próximas das estruturas testadas no experimento 3, mas, desta vez,

manipulou-se o traço de gênero no pronome.

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

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Tabela 4: Exemplos das diferentes condições do experimento 4 Hora (2014)

Assim como nos experimentos anteriores, a autora percebeu que as formas

anafóricas nulas e plenas funcionam da mesma forma quando se trata de retomadas em

posição de sujeito. Quanto à ordem das orações, a autora percebeu que a ordem

matriz/dependente é processada mais rapidamente, embora as respostas à questão

interpretativa final tenham tido índices de acerto maiores nas condições com a ordem

dependente/matriz, o que vem a confirmar o que foi proposto por Bever & Townsend

(1979) e Garnham et. al. (1998) de que na ordem dependente/matriz a informação de

toda a estrutura fica disponível na memória de trabalho, diferentemente do que ocorre

com a ordem matriz/dependente.

De maneira geral, os resultados encontrados por Hora (2014) nos diferentes

experimentos revelam que, em PB, as formas nulas e plenas estão cada vez mais

semelhantes, sendo a forma plena a preferida para retomadas de antecedentes em

qualquer posição, o que nos leva a concordar com Duarte (1993), que afirma que, em

PB, o paradigma de sujeito nulo está se perdendo, ou seja, segundo esta autora, no PB a

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queda do sujeito nulo é um processo gradual, o que também pode ser verificado com os

resultados dos nossos testes.

A partir dos resultados experimentais obtidos, a autora sugere que, assim como

já foi observado por estudos em outras línguas como o de Filliaci (2010) para o italiano,

fatores como ordem das orações, tipo de expressão anafórica e posição do antecedente

desempenham papel significativo no processamento da correferência pronominal em

PB. Além disso, concluiu que, em PB, diferentemente do que ocorre com as outras

línguas pro-drop, como o italiano e o português europeu, os pronomes, nulos e plenos,

não têm complementaridade em seu uso. Em PB os pronomes são usados de maneira

semelhante, assim como observado por Luegi (2012) em estudo a ser mais bem exposto

na seção (4.1.3.2).

A resolução da categoria vazia em posição de sujeito vem sendo estudada

também há alguns anos por Teixeira. Teixeira (2013), em sua tese de doutorado, em

estudo de rastreamento ocular procurou examinar dois tipos de preferência durante a

resolução da correferência em PB, a relação semântica e a preferência sintática.

Primeiramente a autora investigou em períodos complexos por coordenação as relações

de hierarquia semântica estabelecidas entre anáfora e antecedente e a proeminência

sintática do termo antecedente. A autora dividiu os participantes em 2 grupos, o grupo 1

recebeu os estímulos em que foi manipulada a correferência realizada por hipônimos e

hiperônimos na posição de sujeito tanto na retomada quanto no termo antecedente e o

grupo 2 foi exposto a um conjunto de estímulos em que estava presente o mesmo tipo

de manipulação, mas tanto a retomada quanto o termo antecedente estavam em posição

de objeto, ver exemplos de (67) a (68).

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

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(67) Grupo 1

[O macaco]i subiu na árvore mais próxima e depois [o chimpanzé]i ou j

avidamente comeu os frutos maduros.

Pergunta: O chimpanzé subiu na árvore e comeu os frutos maduros? Sim ou Não

(68) Grupo 2

Os biólogos avistariam [um réptil]i no rio mas depois assustaram [o animal]i ou j

na margem.

Pergunta: Os biólogos avistaram e depois assustaram o animal? Sim ou Não

Nos resultados do grupo 1 a autora pode observar que há um tempo menor na

leitura de frases com retomadas por hipônimos, mas com os resultados do grupo 2 não

foi possível observar diferenças significativas em relação a retomada por hipônimos e

hiperônimos. A autora explica os resultados sob a perspectiva que compreende serem as

retomadas com funcionalidade discursiva aquelas que acontecem na maioria dos casos,

ou seja, nos casos em que o antecedente está mais acessível. A autora sugere que é

provável que tenhamos uma regra sintática para correferência de entidades mencionada

no discurso em posição de alta acessibilidade, e que é provável que não tenhamos

internalizada uma regra de correferência para sintagmas de baixa acessibilidade ou que

não constituem foco discursivo, ainda mais por se tratar de uma correferência

estabelecida por sintagma nominal e não por um pronome nulo ou pleno.

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No segundo experimento, em que fez um estudo sobre as preferências sintáticas,

Teixeira observou a resolução anafórica de pronomes nulos e plenos, na condição de

catáfora e anáfora, em períodos complexos por subordinação. As frases experimentais

eram formadas por uma oração principal e uma oração subordinada temporal, ver

exemplos (69) e (70).

(69) [A Maria]i conversava com [a Joana]j enquanto [pro]i/j/[ela]i/j cozinhava.

(70) Enquanto [pro]i/j/[ela]i/j cozinhava, [a Maria]i conversava com [a Joana]j.

Pergunta: Quem cozinhava? A Maria – A Joana

Com este experimento a autora se inclinou a examinou as funções do pronome

nulo e pleno além de observar o efeito que a posição catafórica ou anafórica do

pronome poderia provocar. Os resultados encontrados pela autora indicam que é

possível distinguir no sistema pronominal do PB uma escala de acessibilidade para os

pronomes nulos e plenos. Segundo a autora os pronomes plenos tenderiam a se ligar a

antecedentes menos acessíveis, enquanto o pronome nulo se ligaria àqueles mais

acessíveis e salientes.

Os resultados encontrados pela autora em seus dois experimentos confirmam a

hipótese de que, em períodos complexos, o sintagma nominal que ocupa a função de

sujeito da oração principal é o preferencialmente retomado para estabelecer a

correferência com a primeira expressão referencial anafórica do período.

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

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Teixeira et alii (2014), fizeram um estudo onde procuraram observar os efeitos

da posição (anáfora e catáfora) e do tipo de expressão anafórica (nula e plena), em

termos de processamento e em termos de preferência no estabelecimento da

correferência em períodos compostos por subordinação.

As autoras aplicaram um experimento em que usaram a metodologia de

movimentação ocular (eye-tracking) e chegaram à conclusão de que é possível

distinguir no sistema pronominal do PB graus de acessibilidade distintos para os

pronomes nulos e plenos. De acordo com os dados analisados, os pronomes plenos

tenderiam a se ligar a antecedentes menos acessíveis, enquanto os nulos se ligariam a

antecedentes mais salientes e acessíveis, conforme estipulado pela Teoria da

Acessibilidade de Ariel (1996) e pela Hipótese da Posição do Antecedente de Carminati

(2002).

4.1.2 – Sujeito nulo em PE

4.1.2.1 O sujeito nulo em PE à luz de estudos de Processamento

Costa, Faria e Matos (1998), a partir de um estudo de compreensão de leitura de

frases, verificaram um efeito claro de correferência entre o sujeito da oração principal e

o sujeito da oração coordenada. As autoras observaram que, quando o sujeito da oração

coordenada era realizado, a preferência do participante era a de fazer uma referência

disjunta, ou seja, o participante preferia relacionar o pronome a algo fora do discurso do

que ao antecedente possível presente na estrutura apresentada.

Os resultados apresentados pelas autoras mostram que há uma distribuição quase

complementar dos pronomes e corroboram o Princípio Evitar Pronome. Ao observar os

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

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dados obtidos, as autoras concluem que a escolha de um antecedente para o pronome

realizado é menos condicionada do que a escolha para o antecedente do pronome nulo.

O pronome pleno pode escolher entre vários candidatos possíveis, enquanto o nulo

procura sempre um candidato maximamente acessível.

Costa (2003/2005) realizou um estudo com o objetivo de verificar a atuação do

Princípio Evitar Pronome testando estruturas com verbos de causalidade implícita. Para

a autora, a atuação do Princípio Evitar Pronome em estruturas causais faz com que a

forma nula seja preferida para o sujeito e a forma plena para o objeto.

A tarefa a ser realizada pelo participante era simples, o participante tinha que

completar frases que eram apresentadas a ele. A preferência pela forma nula foi clara

para retomar antecedentes em posição de sujeito e a forma plena foi preferível para

correferir antecedentes em posição de objeto.

A fim de testar estruturas justapostas, diferentemente do que já havia sido

testado anteriormente, Morgado (2012) realizou dois experimentos off-line, um com

tempo limitado e outro sem tempo limitado, usando dois tipos de estruturas diferentes.

No primeiro experimento, foram usadas frases simples justapostas com duas entidades,

uma em posição de sujeito e outra em posição de objeto. Foram manipulados o papel

temático destas entidades e o tipo de retomada pronominal (nulo ou realizado). A autora

pretendia verificar se os fatores pronome nulo/pronome realizado influenciavam no

tempo de resposta e se também o tipo de frase e o tipo de verbo eram também um fator

determinante para a escolha da resposta e também para o tempo de decisão que o sujeito

levou para respondê-la. No exemplo (71) estão presentes algumas frases usadas no

experimento:

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

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(71)

Após o acidente, a Ângela ajudou a rosa na ambulância. Dias depois, [-]/ela

levantou os exames no hospital.

Após o acidente, a Ângela foi ajudada pela Rosa na ambulância. Dias depois, [-

]/ela levantou os exames no hospital.

Quem levou os exames no hospital? a) a Ângela b) a Rosa

Os resultados mostram que, independentemente do tipo de pronome e do papel

temático do antecedente, a preferência é inequívoca e significativa para a retomada de

sujeito. Os resultados encontrados no experimento 1 de Morgado (2012) confirmam as

predições da Teoria da Centralização de Grozs, Joshi e Weinstein (1995), que diz que

um antecedente na posição de sujeito é preferido na retomada anafórica. Nos testes

feitos, o sujeito é retomado tanto pelo pronome nulo quanto pelo pronome realizado e as

diferenças entre a forma escolhida não se mostram significantes (72,5% nulo vs 73,3%

realizado). Neste caso não há uma complementaridade no uso das duas formas e sim

uma sobreposição. A autora afirma que, mesmo em condições interfrásticas a

informação sintática é mais forte do que a informação semântica disponível na grade

temática dos verbos na atribuição de correferência. A posição proeminente do sujeito

sobrepõe-se à informação semântica que este possa ter.

No segundo experimento, foram usadas frases subordinadas adverbiais

concessivas, apresentadas em (72), ou seja, frases onde existe vínculo sintático, além de

manipular a agentividade das frases (foram usadas frases ativas e passivas).

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

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(72)

O Gonçalo socorreu o Raul após o acidente, se bem que [-]/ele não tivesse

pronunciado uma única palavra.

O Gonçalo foi socorrido pelo Raul após o acidente, se bem que [-]/ele não

tivesse pronunciado uma única palavra.

Quem não pronunciou uma única palavra? a) o Raul b) o Gonçalo

A metodologia usada, assim como no primeiro experimento, foi off-line sendo

este um teste de questionário onde os participantes não tinham o tempo limitado para ler

as frases e nem respondê-las. Os resultados encontrados mostram que em frases ativas

houve uma clara complementaridade na utilização do pronome nulo e do pronome

realizado, já em frases passivas, ambos os pronomes retomam o sujeito. A autora

concluiu com os resultados que o peso da informação sintática é bastante significativo.

Os resultados obtidos pela autora são semelhantes aos encontrados Costa, Faria e Matos

(1998) e Carminati (2002), o pronome nulo retoma o antecedente mais saliente

enquanto o pronome lexical retoma o antecedente menos saliente quando se trata de

construções ativas, mas quando se trata de construções passivas o pronome realizado

tende, assim como o pronome nulo, a retomar antecedentes em posição de sujeito.

Segundo a autora, talvez esta diferença se dê devido ao fato de as construções passivas

acarretarem um maior custo de processamento e que talvez o que fique ativo na

memória de trabalho seja uma representação de caráter discursivo e não propriamente

um antecedente linguístico.

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

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4.1.3. Estudos comparativos entre PB e PE

4.1.3.1 Estudos comparativos entre PB e PE à luz de estudos de Representação

Barbosa, Duarte e Kato (2005) fizeram um estudo comparativo entre PB e PE

através de dados escritos extraídos de jornais10 acerca da distribuição dos pronomes

plenos e nulos de terceira pessoa. Os resultados das autoras mostram que o número de

sujeitos plenos é maior em PB do que em PE e atribuem tais resultados à animacidade e

a posição do antecedente. As autoras observaram que, quando o referente é [-animado],

o PE apresenta apenas 3% de sujeitos plenos, enquanto o PB apresenta 43%.

(73) A história da vida de um indivíduo é determinante na forma como se reage

ao traumatismoi. Elei pode causar a retracção, a inibição... PE

(74) A minha contribuição foi colocar o sambai, no lugar que elei está hoje. PB

Em relação à posição do antecedente, elas observaram que a relação de c-

comando constitui o contexto que mais favorece o sujeito nulo. Tanto em PB quanto em

PE, antecedentes que ocupam a posição de sujeito na oração principal são os que mais

favorecem a retomada pelo pronome nulo. Quando o antecedente está em outra posição

que não é a posição de sujeito, as autoras observaram que, em PE, houve uma redução

do uso da forma nula. Em PB, as autoras observaram que o fator mais relevante para o

uso ou não da forma nula é a distância entre o antecedente e a forma pronominal,

havendo menor ocorrência de nulos quando retomam antecedentes não adjacentes e

10 Edições de domingo do jornal de Lisboa (O Público) e do Rio de Janeiro (Revista Domingo) de 1999 e 2000

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

70

mais distantes. A diferença que consiste entre o PB e o PE, de acordo com os resultados,

é que em PE a ocorrência de sujeitos nulos é mais recorrente do que para o PB. Os

sujeitos nulos em PB estão presentes, mas houve uma certa redução.

Em suma, os resultados das autoras indicam que a utilização da forma nula ou

plena varia de acordo com a distância entre o antecedente e a sua retomada e de acordo

com a função sintática que o antecedente desempenha dentro da sentença. As autoras

afirmam que sujeitos pronominais expressos possuem sempre o traço [+animado] em

PE, mas no PB podem apresentar tanto o traço [+animado] quanto [-animado]. As

autoras atribuem essa diferença às diferentes posições ocupadas pelo sujeito nas duas

línguas. Elas observaram também que o contexto que mais favorece o sujeito nulo é a

relação de c-comando com o antecedente. Quando não há relação de c-comando, o uso

ou não do nulo está relacionado à manutenção ou à mudança de tópico, ou seja, o nulo

sempre retomará o antecedente mais proeminente dentro do discurso.

Na tabela abaixo, estão apresentados os resultados encontrados pelas autoras

acerca da distribuição dos sujeitos plenos de acordo com os padrões relacionados à

posição do antecedente analisado pelas autoras. Padrão I: sujeito da oração principal;

Padrão II: sujeito da oração adjacente; Padrão III, sujeito da oração não adjacente;

Padrão IV: não sujeito na oração adjacente.

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

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Padrão Português Europeu Português Brasileiro

I 1/40 3% 5/23 22%

II 6/55 11% 20/48 42%

III 8/28 29% 21/28 75%

IV 8/24 33% 13/23 57%

Tabela 5: Ocorrências de pronomes plenos nos diferentes padrões.

Barbosa, Duarte e Kato (2005).

Ao observar a tabela acima podemos ver que em PE todos os padrões favorecem

o sujeito nulo – desde o mais favorável (com correferência) até o menos favorável. No

PB, só os dois padrões com o antecedente na mesma função, seja na matriz, seja na

oração adjacente, preferem os nulos (22% e 42%), mas com o antecedente distante ou

em outra função os expressos já superam amplamente os nulos, ou seja, em PE há uma

preferência pela forma nula em todos os contextos analisados e, em PB, quando o

antecedente está na posição de sujeito a preferência é pela forma nula, mas nos outros

contextos analisados a utilização da forma nula e da forma plena são equivalentes,

exceto no padrão III.

Uma comparação de dados da fala espontânea do PE e PB, em amostras gravadas em

2010 (disponíveis em www.corporaport), mostra, de uma lado, o comportamento de uma LSN

consistente, o PE – o sujeito só é expressos em índices muito baixos nos contextos com um

antecedente adjacente na mesma função de sujeito – seja com c-comando, sem c-comando (com

a subordinada anteposta), seja com o antecedente na sentença adjacente, quando o índice já

sobre para 22%. Se o antecedente se encontra em outra função ou distante, aumentam os

percentuais de sujeito expresso, o que se explica por menor acessibilidade. O PB, por outro

lado, já ultrapassa a metade de sujeitos expressos em todos os padrões, incluído os de melhor

acessibilidade sintática, o padrão com c-comando (59%) e o padrão com antecedente na

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

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sentença adjacente (62%). Nos demais padrões, a falta de c-comando (adjunta/matriz),

antecedente em outra função e distante, já se pode dizer que o sujeito nulo é residual.

PE Input: 0,244 PB Input: 0,752

PADRÃO N / T % P. R.. N / T % P. R..

1 (com c-comando) 11/83 6% 0,070 27/46 59% 0,235

1 (sem c-comando) 01/14 7% 0,146 101/116 88,5% 0,803

2 (adjacente) 113/515 22% 0,412 361/586 62% 0,354

3 (outra função) 76/153 50% 0,726 138/175 79% 0,572

4 (distante) 117/183 64% 0,817 210/241 85,5% 0,670

range 0,747 range 0,568

Tabela 6. Sujeito de 3ª pessoa vs padrão sentencial (valor de aplicação: sujeito expresso)

(Adapt. de Duarte, Tab. 2, no prelo)

Os pesos relativos calculados pelo programa estatíritico Goldvarb-X, mostram

que no PE só os dois últimos padrões favorecem o pronome expresso, enquanto no PB

ainda resistem dois padrões – o primeiro com c-comando e o que tem antecedente

adjacente. Naturalmente, segundo Duarte (no prelo) esses serão os contextos em que o

sujeito nulo apresentará maior resistência. O comportamento de perda do sujeito nulo

em todos os contextos leva Duarte a duvidar da inclusão do PB entre as LSNs parcial,

que são sistemas em que existe opcionalidade em contextos muito restritos. O PB ainda

admite o sujeito nulo, embora modestamente, em todos os contextos.

4.1.3.2 Estudos comparativos entre PB e PE à luz de estudos de Processamento

Costa e Matos (2012), em um teste de produção escrita, tinham como objetivo

determinar as estratégias preferenciais de produção de sujeitos correferenciais em PE e

PB. Foram analisadas narrativas de 40 falantes de PB e de PE, 20 de cada variedade, do

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

73

4.° e do 6.° anos de escolaridade. Os participantes eram expostos a um história

desenhada, a história do gato (the cat story) usada inicialmente por Hickmann (1982;

1995), ver quadro abaixo. Os participantes tinham que, num primeiro momento,

observar as imagens e produzir uma narrativa em forma de texto, não em frases.

Como se pode observar, os participantes tinham na história ilustrada três

entidades, o gato, o pássaro e o cachorro que apresentam traços idênticos de gênero e

número. Para que a análise ficasse mais uniforme, já que trata-se de uma tarefa de

produção, as autoras calcularam a extensão dos textos avaliando a média de palavras por

grupo.

Os resultados encontrados pelas autoras mostraram que o uso anafórico de

sujeitos expressos (expressões nominais repetidas) é uma estratégia comum a todos os

grupos testados. Entretanto, essa estratégia diminui do 4.° para o 6.° ano em PE, o que

não ocorre em PB, o que é interpretado pelas autoras como consequência das

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

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propriedades gramaticais do PB. Em relação à produção de sujeitos nulos, somente os

falantes de PE os usam recorrentemente em frases raiz e subordinadas finitas.

Luegi (2012) realizou quatro experimentos com o Português com o objetivo de

identificar o efeito da função sintática e da posição estrutural dos antecedentes no

processamento e interpretação de sujeitos pronominais nulos e plenos. As estruturas

testadas tinham sempre dois potenciais antecedentes para a expressão anafórica, que

podia ser nula ou realizada, que aparecia na oração subordinada. Um dos antecedentes

tinha função sintática de sujeito e o outro de objeto que ora apareciam na ordem SVO

ou OVS. A oração subordinada era sempre introduzida pelo conectivo indicador de

temporalidade, “quando”. Nos experimentos 1 e 4, a interpretação do pronome era

forçada pela flexão de gênero quando o pronome era realizado, ou com a flexão do

particípio, nas condições com a forma nula, como exemplificado em (75):

(75) O João conversou com a Maria no quarto quando [-]/ele foi internado com

uma crise de malária.

Nos experimentos 2 e 3 a interpretação do pronome não foi forçada e as

entidades introduzidas na primeira oração representavam atividades ou profissões,

conforme exemplificado em (76):

(76) O jardineiro esperou pelo agricultor no jardim quando [-]/ele trouxe as

sementes para plantar.

A partir do primeiro experimento, em que se testou apenas o nulo, destaca-se

que, em PE, os tempos mais altos de leitura foram registrados nas condições em que é

retomado o complemento oblíquo em posição pós-verbal, a sua posição básica e que,

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

75

nas condições em que o sujeito nulo é correferente com o antecedente sujeito pré-verbal,

foram registrados os tempos mais baixos. Nas condições em que houve uma alteração

na ordem dos constituintes da primeira oração, não foram verificadas diferenças entre a

retomada de sujeito e a retomada de oblíquo, o que parece indicar que as duas entidades

têm o mesmo nível de saliência.

No experimento 2, foram analisadas as preferências de interpretação das formas

pronominais durante o processamento auditivo da informação. Foram cruzadas duas

variáveis independentes, a ordem dos constituintes e a forma pronominal usada

originando as seguintes condições:

a. SVO_N O bombeiro perguntou pelo militar no quartel quando recebeu a

medalha de condecoração.

b. SVO_P O bombeiro perguntou pelo militar no quartel quando ele recebeu a

medalha de condecoração.

c. OVS_N Pelo militar perguntou o bombeiro no quartel quando recebeu a

medalha de condecoração.

d. OVS_N Pelo militar perguntou o bombeiro no quartel quando ele recebeu a

medalha de condecoração.

Quem recebeu a medalha de condecoração? a. o bombeiro b. o militar

Os resultados dividem-se em resultados on-line (preferências de fixação das

entidades) e em resultados off-line (preferências de interpretação da pergunta final). Os

resultados off-line mostram que há diferenças quanto à preferência de retomada de

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

76

sujeito ou de complemento oblíquo em cada uma das condições testadas. Com exceção

da condição SVO_P, em que a preferência foi em sua totalidade por retomada de

sujeito. Os testes estatísticos aplicados mostram que as diferenças são, em quase todas

as condições, estatisticamente significativas. Os resultados on-line mostram que há uma

preferência de fixação do sujeito nas condições SVO_N e OVS_P e uma preferência de

fixação do oblíquo nas condições SVO_P e OVS_N. Os resultados on-line, sendo

semelhantes aos resultados off-line, reforçam a ideia de que a alteração da posição das

constituintes na frase interfere no estabelecimento da correferência entre as expressões

anafóricas e seus antecedentes. Quando o complemento oblíquo aparece deslocado para

uma posição mais alta da estrutura, ganha proeminência e torna-se um bom antecedente

para a forma nula do pronome. Quando o sujeito aparece na posição pós-verbal, indica

que o sujeito perde saliência e passa a ser considerado como o antecedente preferencial

para uma expressão anafórica mais informativa. Os resultados indicam que tanto a

função sintática quanto a posição estrutural do antecedente são considerados na

interpretação dos pronomes.

No experimento 3, foi feito um teste de questionário para identificar as

preferências de interpretação das formas pronominais nulas e plenas em contextos

ambíguos. As frases experimentais usadas foram as mesmas do experimento 2. Os

resultados mostram que as condições com nulo tiveram valores mais altos para retomar

o sujeito e que as condições com pleno tiveram valores mais elevados para estabelecer a

retomada com o oblíquo. As condições com a forma nula distinguem-se das condições

com a forma plena, mas as condições com a mesma forma não se distinguem entre si.

Há preferência por retomar o sujeito da oração precedente com a forma nula,

independentemente da sua forma estrutural. Com a forma plena algumas diferenças

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

77

foram encontradas. Segundo a autora, estes resultados podem vir a fortalecer a hipótese

de que as formas pronominais plenas em PE tem maior valor referencial.

No experimento 4, a autora retomou o desenho experimental do seu primeiro

experimento, aumentando-o, melhorando-o e usando um outro modelo experimental, o

teste de monitoramento ocular (eye-tracking), onde os movimentos oculares são

captados durante a leitura das frases. Nesse experimento, a retomada de sujeito ou

oblíquo foi forçada pela flexão de gênero do particípio da oração subordinada e do

pronome pleno, uma vez que as duas entidades referidas na oração subordinante eram

sempre de gêneros distintos.

A análise dos registros dos comportamentos oculares divide-se em duas partes.

Primeiramente foram analisados os dados das condições com as formas nulas e depois

os dados das condições com as formas plenas. Os registros dos comportamentos

oculares durante a leitura mostram que na primeira leitura as condições em que a forma

nula é ligada ao antecedente oblíquo pós-verbal os tempos foram mais elevados. Os

tempos das demais condições foram bastante uniformes, tendo o tempo mais baixo a

condição em que o sujeito nulo retoma o antecedente oblíquo topicalizado. Os tempos

totais de leitura apresentaram uma ligeira alteração dos valores. Os tempos mais

elevados continuaram a ser os da condição com oblíquo pós-verbal, mas os valores mais

baixos passaram a ser os das condições em que é retomado o sujeito.

Os resultados das condições com a forma plena mostram que os tempos mais

elevados de primeira leitura são registrados na condição em que a forma plena retoma o

antecedente sujeito em posição pós-verbal, tendo as outras condições valores mais

baixos. As diferenças não são estatisticamente significativas. Os tempos totais de leitura

são muito semelhantes aos tempos de primeira leitura. Os tempos mais elevados foram

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

78

os da condição em que o pronome retoma o sujeito pós-verbal e os mais baixos foram

os da condição em que retoma o oblíquo pós-verbal. De acordo com Luegi, os

resultados com as formas nulas parecem indicar que há interação entre os diferentes

fatores que foram analisados, tanto a função sintática quanto a posição estrutural dos

antecedentes contribuem para a sua saliência. Esses resultados indicam uma penalização

pela retomada de um antecedente pouco saliente, como acontece com a retomada do

oblíquo pós-verbal. Relativamente aos resultados das formas plenas, Luegi, conclui que

aconteceu o contrário do que aconteceu com as forma nulas. Os tempos de primeira

leitura são semelhantes aos tempos de leitura total. Em ambos os casos os valores mais

baixos foram os da condição OVS (oblíquo topicalizado) e os valores mais altos os da

condição em que é retomado o sujeito pós-verbal. Nas condições com ordem canônica

da primeira oração os tempos mais baixos foram registrados na condição em que é

retomado o oblíquo e os mais altos na condição em que é retomado o sujeito.

De acordo com as previsões da autora de que os pronomes plenos tendem a

retomar antecedentes menos salientes, era de se esperar que os resultados mais altos

fossem registrados na condição em que é retomado o sujeito pré-verbal e os mais baixos

nas condições em que é retomado o oblíquo pós-verbal. Os resultados indicam que os

pronomes plenos são preferencialmente interpretados como correferentes com

constituintes com funções sintáticas menos relevantes, mas com posições estruturais de

destaque. Assim, o primeiro critério de seleção parece ser a função sintática e depois a

posição estrutural. Quanto ao custo de processamento associado à ordem dos

constituintes frásicos, os resultados indicam que as estruturas de topicalização com

inversão sujeito verbo são mais difíceis de processar do que as estruturas com ordem

canônica. Em conclusão, os resultados dos diferentes experimentos de Luegi (2012)

revelam que a função sintática e a posição dos antecedentes, assim como a forma da

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

79

expressão anafórica que os retoma, são usados na resolução de expressões anafóricas,

mais especificamente de sujeitos nulos e realizados e que não há uma única informação

linguística responsável pela atribuição de saliência a um antecedente.

4.1.4. O presente estudo

Tomando como referência os quadros de questões e os resultados reportados

acima, pretendeu-se desenvolver um estudo comparativo entre o PB e o PE em que

exploramos ainda mais as questões relacionadas à perda do sujeito nulo em PB e à

valorização dessa categoria em PE.

Pretendemos, a partir de estruturas com orações subordinadas completivas, que

serão exemplificadas abaixo, observar como se dá o processamento da correferência nas

duas variedades de português e verificar se, de fato, podemos dizer que as duas

variedades apresentam distinções em relação a este parâmetro ao nível do

processamento, conforme foi afirmado nos trabalhos apresentados nas seções anteriores.

(77)

PS1 - No final da noite, os estagiários do arquiteto informaram que eles discutiam

irritadamente com frequência.

PS2 - No final da noite, o estagiário dos arquitetos informou que eles discutiam

irritadamente com frequência.

NS1 - No final da noite, os estagiários do arquiteto informaram que discutiam

irritadamente com frequência.

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

80

NS2 - No final da noite, o estagiário dos arquitetos informou que discutiam

irritadamente com frequência.

4.2. Objeto Nulo

O Parâmetro do Objeto Nulo (ON) é um Parâmetro da Gramática Universal

marcado positivamente em português e em outras línguas como o chinês, coreano,

japonês, enquanto que línguas como o inglês, por exemplo, marcam o valor negativo

para o parâmetro, como pode ser observado nos exemplos abaixo respectivamente:

(78) a. A ambição freqüentemente leva pro a cometer erros.

b. *Ambition often makes pro make mistakes.

O presente trabalho pretende observar o processamento sobre o uso do ON em

PB e em PE. De acordo com Cyrino (1997), o uso de ON em PB é um fenômeno muito

comum, já em PE, embora não tenha a mesma difusão, o ON também é encontrado, mas

não em todos os contextos em que é usado hoje no Brasil. Para a autora, o objeto direto

nulo em PB é muito mais livre do que o objeto direto nulo em PE. Segundo ela, tal

diferença é existente devido ao estatuto de objeto nulo não ser estabelecido

uniformemente para as línguas que marcam o valor positivo para este parâmetro.

O trabalho de Huang (1984) foi um marco na literatura sobre o ON, sendo ele o

desencadeador de variados trabalhos sobre o ON, inclusive em PB. O autor concluiu em

sua pesquisa que o ON do chinês é um operador foneticamente não realizado que só

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

81

pode ser recuperado no ambiente discursivo em que está inserido. Além disso, Huang

classifica línguas como o português e o chinês como línguas orientadas para o discurso,

que podem ter tanto a posição de sujeito como a de objeto nulas, apresentando a teoria

do pro drop para a posição de objeto.

Para Raposo (1986), a maioria dos contextos em PE utilizam o recurso do clítico

acusativo, não sendo o ON livremente licenciado devido a restrições sintáticas. De

acordo com Raposo, sentenças simples seriam possíveis com o ON e com clítico tanto

em PB quanto em PE, enquanto que em contextos de ilha o ON seria agramatical no PE

diferentemente do que ocorre em PB.

(79)

a. Joana viu-os na TV ontem. ok PE e PB

b. Joana viu ___ na TV ontem. ok PE e PB

(RAPOSO, 1986: 373)

(80)

a. Eu informei à polícia da possibilidade de o Manuel ter guardado ___ no cofre da sala

de jantar. *PE e ok PB

(RAPOSO, 1986: 381)

Em um estudo realizado em 2004, Raposo defende que o português é a única

língua que admite o objeto nulo em estruturas como “esse livro, eu só encontrei ___ na

FNAC”. Tal estrutura é considerada como uma estratégia de topicalização por Inês

Duarte (1987) e que, segundo ela, só seria gramatical em castelhano com a presença de

um resumptivo “Esse libro. Solo lo encontre em la FNAC”.

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

82

Em Raposo (1996), podemos observar que o autor generaliza o uso do objeto

nulo tanto a PB quanto a PE dizendo que ambas as variedades licenciam objetos nulos,

sendo o primeiro como resultado da elipse de pronome oblíquo ou pleno e o segundo

como omissão de clítico, oração ou SN.

Cyrino (1997) defende que o emprego do ON depende da interação entre dois

traços do antecedente: animacidade e especificidade. Para a autora, um objeto nulo

dificilmente seria empregado em um contexto em que o antecedente apresentasse os

traços animacidade e especificidade marcados positivamente. Segundo a autora para ter

um ON é necessário que o antecedente seja [-animado].

Em 2004, Menuzzi e Creus apontaram que o gênero semântico do antecedente

seria o fator mais relevante para o uso de ON ou do pronome pleno. Os autores

observaram que a distribuição de ONs x pronomes plenos em posição de objeto está

embasada na especificação do gênero semântico que é atribuído ao referente com o

traço [+animado]. Para os autores, pronomes plenos são preferencialmente empregados

quando há marca de gênero semântico no seu antecedente, quando não há esta marca, ou

seja, quando o gênero semântico não for especificado no antecedente a preferência será

para a utilização de ON. Segundo a proposta dos autores, os efeitos obtidos por Cyrino

em seus estudos em relação aos traços de animacidade e de especificidade seriam

derivados de uma única propriedade do antecedente, seu gênero semântico, tal proposta

é muito interessante mas não vamos nos ater a ela no presente trabalho.

Os trabalhos sobre o ON vêm em uma crescente desde os anos 70. Já foram

feitos estudos sobre o PB e o PE isoladamente e sobre as duas variedades de português

comparativamente. Na próxima seção faremos uma revisão acerca das pesquisas aqui

referidas e outras mais.

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

84

4.2.1 – Objeto nulo em PB

4.2.1.1 O objeto nulo em PB à luz de estudos de representação

Os primeiros trabalhos a respeito do objeto nulo em PB foram de cunho

variacionista. Omena (1978) analisou os pronomes de terceira pessoa com função

acusativa (clítico, pronome lexical e objeto nulo) em dados de fala de adultos em fase de

alfabetização. A autora verificou que um antecedente com função de objeto favoreceria

a retomada por um objeto nulo, além disso, a autora mostrou que o antecedente do ON

no PB aparece na maioria dos casos com os traços [-animado] e [+ especificado].

Em uma perspectiva gerativista, Wheeler (1981) foi a primeira a chamar a

atenção para o ON em PB. Após constatar que o pronome tônico em PB seria marcado

com o traço [+animado], enquanto em PE seria obrigatoriamente [+animado], ela

avaliou que o ON seria um pronome com o traço [-pessoa], resultado de uma regra de

apagamento.

Tarallo (1983) analisou textos escritos de caráter informal e atestou um aumento

contínuo da categoria vazia na posição de objeto direto no PB ao longo dos séculos e a

simultânea queda dos clíticos. Em 1988, em um estudo conjunto com Duarte, foi

verificada a existência de três aspectos linguísticos que determinam a escolha das

variantes objeto nulo, clítico e pronome pleno na retomada anafórica da 3.ª pessoa: a

estrutura oracional, a forma verbal e o traço [+ animado] do objeto direto. Para o

licenciamento de clíticos e pronomes haveria uma combinação desses aspectos, mas

para o licenciamento do ON, bastaria a presença do traço [-animado] do objeto.

Duarte (1989) apresenta uma análise quantitativa do ON e das demais formas

variantes para a posição de objeto utilizando dados retirados de gravações de fala

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

85

espontânea, entrevistas e novelas. A autora elege o componente semântico “traço [-

animado] do antecedente” como o mais relevante para a ocorrência do objeto nulo

independentemente da estrutura sintática em que ele ocorre, não sendo a ocorrência de

ONs com antecedentes [+animados] impossível, conforme pode ser visto em (81).

(81)

(O Sinhozinho Malta está tentando convencer o Zé das Medalhas a matar o

Roque...) Mas ele é muito medroso. Quem já tentou matar __ foi o empregado da

Porcina. Ontem ele quis matar __, a empregada é que salvou __. Ele estava prontinho

pra dar o tiro, quando a Mina chegou lá, passou um pito nele e convenceu __ que ele

não devia matar __. (DUARTE, 1989, p.20)

Para a autora a aceitação do ON [-animado] seria unânime, ou seja, esse tipo de

ON seria naturalmente aceito em qualquer tipo de estrutura, já o ON [+animado] a

aceitação seria razoável por parte dos informantes, “exceto aqueles que se situam num

nível de escolaridade mais alto, a quem causam estranheza construções de que eles

próprios fazem uso na fala natural” (p. 32).

Ainda em 1989, Galves, que foi uma das pioneiras no estudo sobre os ON dentro

da Teoria de Regência e Ligação (TRL), fez um estudo tratando essa categoria vazia

como sendo um pro.

De acordo com a autora, o que caracteriza o fenômeno e estabelece a variação

paramétrica é a possibilidade de ocorrência do tópico nulo dominando a sentença na

língua. Línguas que não aceitam tópico nulo, e consequentemente, o ON, como o inglês,

só admitiriam tópico lexical.

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

86

(82)

a. Eu informei à polícia da possibilidade de o Manuel ter guardado __ no cofre

da sala de jantar.

b. Johni , I saw __i yesterday.

(GALVES, 1989, p.68)

Além de ir contra a proposta de Huang (1984), o trabalho de Galves marca a

diferenciação entre o PB e o PE, destacando o PB em comparação as demais línguas

românicas em relação ao ON pela possibilidade de ocorrência de objeto nulo não-

referencial produzindo sentenças gramaticais no PB, como a apresentada em (82).

Kato (1991) diz que o objeto nulo não é um fenômeno homogêneo que ocorre

uniformemente entre as línguas, sendo a manifestação de três estruturas: ocorrência de

pro com referência no contexto pragmático, de caráter dêitico, o exopro; ocorrência de

elipse de VP, em que o antecedente estaria no discurso anterior, e não no contexto

pragmático e ocorrência de pro sendo identificado e licenciado por um clítico nulo.

A autora indica que há uma diferença entre a elipse de VP e o ON. Para a autora

a elipse de VP apresenta antecedente no discurso anterior e o ON expressa o

antecedente na mesma construção que a lacuna, mesmo assim ela considera a elipse de

VP uma das manifestações do ON.

Cyrino (1997) em um estudo diacrônico sobre o ON caracteriza o ON em PB

pelo antecedente [-animado] devido a uma reanálise da queda do clítico neutro, que

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

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também tinha essa característica. Com o passar do tempo todo clítico com esse traço foi

sendo apagado sem comprometer a interpretação, o que veio a gerar o ON.

(83) Clítico neutro “o”

D. Lancelote: - Que isso sobrinho?

D. Tibúrcio: - Eu o não sei, em minha consciência.

(CYRINO, 1997, p.169)

Durante o processo de desaparecimento, os clíticos que tinham o traço

[+animado] passaram a ser representados pelos falantes a partir do pronome pleno ele/a,

a fim de estabelecer a referencialidade.

(84)

a. ?João trouxe a Mariai, mas Pedro não beijou __i.

b. João trouxe a Mariai, mas Pedro não beijou elai/não ai beijou.

(CYRINO, 1997, p.145)

Mas, entre os dados recolhidos pela autora há um dado em que o ON aparece

com antecedente [+animado, +especificado] em (85). Para a autora se trata de um

exemplo em que a especificidade do antecedente não pode ser confirmada, pois existe a

leitura de “o assassino do crime, quem quer que ele seja”. E, mesmo que fosse

específico, para a autora, essa estrutura poderia ser considerada elipse de VP.

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

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(85)

P: - Descobriram o assassino do crime?

R: - Para mim a polícia não descobre __ (Marques Rebelo, Rua Alegre, 12, p.17)

(CYRINO, 1997, p.146)

A partir de sua observação, Cyrino conclui que antecedentes com traço [-

animado] permitem ON e que o traço de especificidade também tem algum efeito, já

que o ON pode ser [+animado] se combinado com o traço [-específico].

Cyrino, Duarte e Kato (2000) propõem a Hierarquia da Referencialidade a fim

de dar conta do apagamento das posições de sujeito e de objeto em várias línguas. Com

essa hierarquia as autoras mostram, basicamente, que os processos em direção ao

preenchimento começam pelos itens mais referenciais, que é o caso do sujeito e que os

processos em direção ao apagamento começam pelos menos referenciais, que é o caso

do objeto.

(86) HIERARQUIA DE REFERENCIALIDADE

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

89

De acordo com a hierarquia estabelecida pelas autoras, argumentos com o traço

[+animado] estariam na posição mais alta da hierarquia, tendendo a serem preenchidos

por serem bastante referenciais. Para elas, isso explicaria o fato de os pronomes de 1ª e

2ª pessoa sempre ocorrerem preenchidos. Não argumentos estariam na posição mais

baixa. Em relação à especificidade, pode-se dizer que o traço [+ específico] interage com

todos os outros traços no sentido de que, quanto mais específico maior a probabilidade

de preenchimento. Em línguas em que os falantes podem optar pelo preenchimento ou

não da posição de objeto, segundo as autoras, o preenchimento seria influenciado pelo

estatuto referencial do antecedente que é definido considerando-se os traços de

animacidade e especificidade.

Em 2000, Cyrino faz um estudo sobre as características do ON. Nesse trabalho a

autora reforça o papel dos traços [-animado] e [-específico] no licenciamento do ON. A

autora retifica o trabalho feito em 1997 e afirma que a construção, por surgir a partir de

estruturas de elipse sentencial, seria um tipo de elipse, diferenciando-se da elipse de VP

apenas pela não obrigatoriedade da identidade verbal, seguindo Matos (1992).

De acordo com Cyrino, quando ocorre um objeto nulo com antecedente

[+animado] a tendência é que ele esteja dentro de uma estrutura de elipse de VP. Em

uma análise dos dados do NURC, a autora observa que a maioria das ocorrências de ON

continha o traço [-animado]. De um total de 112 ocorrências de ON, somente 17

continham o antecedente com traço [+animado]. Ao concluir seu trabalho, Cyrino

afirma que o objeto nulo no PB é preferencialmente [-animado].

Em 2003, Cyrino faz uma nova análise do ON em PB e propõe que essa análise

seja feira a partir de uma reconstrução sintática combinada aos traços semânticos do

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

90

antecedente, mas dessa vez a autora propõe uma terceira causa para o ON que é a

operação do princípio Evite Pronome. Nesse trabalho, a autora vai contra o que foi

defendido por ela em 1993, em que disse que o aumento das ocorrências de ON seria

devido a perda dos clíticos, pois constatou que nem todos os clíticos caíram. Para a

autora as ocorrências de ONs no PB são fenômenos independentes relacionados por

uma causa em comum, o principio Evite Pronome agindo na posição de objeto, embora

não na de sujeito.

Na proposta de Cyrino, tendo sido o objeto reconstruído em forma lógica a

mente já o interpreta, sendo assim a sua pronúncia dispensável, ou seja, o ON ocorreria

por haver na FL uma opção pelo silêncio em detrimento do pronome realizado, para que

não haja redundância no discurso.

Com a reconstrução, seriam satisfeitas a condição de identificação pela presença

de uma categoria funcional relacionada a INFL, para onde o verbo se moveria,

licenciando a estrutura alvo da elipse.

Segundo esse trabalho de Cyrino, para ocorrer ON seria necessário que ele

portasse o traço [-animado] e que o verbo fosse deslocado para uma posição mais alta

na estrutura para permitir a reconstrução que se relaciona com o Princípio Evite

Pronome.

Assim, a autora combina várias causas para o licenciamento de ON, ou seja, para

ocorrer ON é necessário que se tenha uma combinação de causas que são: a estrutura

sintática, traços semânticos do antecedente e a operação de um princípio, caso não haja

esta combinação o ON não é licenciado.

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

91

Kato (2001) atribui ao objeto nulo em PB a estatuto de categoria vazia

pronominal. Segundo a autora, esse fenômeno pode ocorrer em estruturas em que (i) o

ON pode ocorrer sem que haja um antecedente linguístico na sentença, a referência

dessa categoria estaria no contexto (ver (87)); (ii) o pronome clítico neutro tenha

passado a ocupar o lugar do clítico de terceira pessoa no PB quando o antecedente tem o

traço [- animado] (ver (88)); (iii) o objeto nulo é resultado de movimento remanescente

de VP (ver (89)).

(87) Vou pegar ____ para você.

(88) Esse pratoi não permite que você (Ø)i cozinhe em fogo alto. (KATO, 2001,

p. 138)

(89) Esse autori, eu acho que eu não conheci ___i.

Kato (2001) assume que o tipo de objeto nulo apresentado em (88) resulta de

movimento:

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

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“[...] the BP topicalized forms were proposed to

have the same nature as VPTopicalization, except

that in the latter the verb is retained.

VPTopicalization in both EP or BP can be

analyzed as movement IF we assume that

sensitivity to islands is not conditioned solely in

terms of structural barries, but by type of

constituent involved in the movement.”

(KATO, 2001, p. 142).

Pivetta (2016) faz uma análise sobre o objeto nulo examinando o seu

condicionamento em função dos traços semântico-pragmáticos do DP antecedente. O

objetivo da autora era (i) verificar a hipótese em relação ao traço gênero semântico do

antecedente proposta por Menuzzi e Creus (2004), que será melhor explorado na

próxima seção, por meio de um estudo de corpus; (ii) cotejar os resultados com os

encontrados por Cyrino (1997); (iii) determinar se o estudo de corpus é capaz de indicar

qual das duas propostas tem maior sucesso na explicação da alternância entre objetos

nulos e pronomes plenos em PB; (iv) estabelecer uma comparação entre o

condicionamento semântico-pragmático que norteia o emprego do objeto nulo e o que

se estabelece para a elipse de VP, que não será tratado aqui.

A autora usou os textos “Rua Alegre, 12, de Marques rebelo (1940); “O pagador

se promessas”, de Dias Gomes (1959); “ Um Grito Parado no Ar”, de Gianfrancesco

Guarnieri (1973); e “No Coração do Brasil”, de Miguel Falabella (1992) para constituir

o seu corpus,assim como foi feito por Cyrino (1997).

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

93

Com base nos resultados encontrados, Pivetta (2015) concluiu que a teoria

baseada na distinção [ + gênero semântico] tem tanto sucesso quanto a teoria baseada

em [ +animacidade], tendo uma pequena vantagem conceitual para a teoria baseada em

gênero semântico devido à facilidade que tem em explicar por que DPs [+gs] pedem

pronomes plenos e DPs [-gs] pedem objetos nulos. Tais achados nos levam a pensar

sobre a caracterização do gênero semântico e que tal distinção precisa ser mais bem

explorada, mas para a presente tese isso não será possível, aqui trataremos, única e

exclusivamente, do traço de animacidade.

4.2.1.2 O objeto nulo em PB à luz de estudos de Processamento

Corrêa (1992) a partir de gravações de alunos de 1ª série, de nível superior e não

escolarizados, observou como ocorre o preenchimento do objeto direto no PB. A autora

considerou em sua análise aspectos como o lugar do antecedente, sua animacidade, a

correspondência entre a função do objeto e do seu correferente e o tipo de oração em

que ocorre o ON para tentar mapear o seu uso.

De acordo com os dados mapeados a autora afirma que o uso do objeto nulo está

condicionado ao traço [-animado] do seu antecedente, independentemente da estrutura

sintática em que ele aparece, o que não quer dizer que não ocorra com o antecedente

[+animado], mas trata-se de ocorrências em menor escala, ou seja, o ON em PB não se

restringe ao traço de animacidade.

(90) Esqueceu a carteira na mesa e voltou para pegar__.

(CORRÊA, 1992, p.4)

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

94

(91) Ia puxando a bolsa pra cá, ela puxava __ pra lá.

(92) Ela pediu um lanche e um refrigerante para tomar __.

(CORRÊA, 1992, p.52)

Maia (1997), em estudo sobre a correferência pronominal em posição de objeto,

pretendia verificar se as expressões anafóricas (nulas/plenas) retomam seu antecedente

de forma imediata, estando ele em posição de tópico oracional (94) ou em posição de

sujeito (93). Para tal o autor utilizou a técnica de Priming (probe-word).

(93) A moradora disse agora mesmo na entrevista à televisão que os bombeiros

já estão ajudando [e]/ela.

(94) Os desabrigados, a moradora disse agora mesmo na entrevista que os

bombeiros já estão ajudando [e]/eles.

Os resultados encontrados pelo autor não demonstram diferenças entre as

retomadas com a forma nula, ou seja, os participantes tiveram o mesmo comportamento

quando viam frases com nulo/tópico e quando viam frases com nulo/sujeito. O autor

observou também que o tópico frasal é altamente relevante para o estabelecimento da

correferência, pois mesmo a anáfora estando em posição de objeto, retoma o

antecedente que está mais proeminente na estrutura, ou seja, o tópico. Percebe-se com

os resultados encontrados pelo autor que, conforme vem sendo referido na literatura, a

forma nula tende a retomar o antecedente que está mais proeminente dentro da estrutura,

independentemente se ele é um tópico ou um sujeito frasal.

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

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Medeiros, Maia e Guesser (2018), usando a técnica de rastreamento ocular,

confirmam os resultados encontrados por Maia (1997). Os autores se apoiam na

hipótese de que as topicalizações à esquerda sem retomadas explícitas no PB seriam

geradas via movimentação sintática. Os autores investigaram estruturas em que o

pronome pleno ou a categoria vazia poderiam retomar o SN topicalizado em estruturas

de ilha sintática (95) e de não-ilha sintática (96) em PB.

(95) O aluno, o diretor aceitou a acusação de que o professor reprovou Ø/ele

ontem.

(96) O aluno, o diretor aceitou que o professor reprovou Ø/ele ontem.

Os resultados encontrados pelos autores indicam que um pronome em posição de

objeto, no comentário, dificulta a leitura do SN topicalizado tanto em estruturas de ilha

quanto em estruturas de não-ilha. Os autores afirmam que os resultados demonstram

que o parser tem uma surpresa ao se deparar com a lacuna preenchida por um pronome,

conforme proposto por Maia (1997).

Menuzzi e Creus (2004) propõem em seu estudo que o gênero semântico é

altamente relevante para elucidar as questões referentes ao ON.

Os autores introduzem, com base na teoria apresentada por Mattoso Câmara para

o gênero dos nomes em português, algumas definições operacionais (i) o gênero

gramatical está ligado a uma classificação morfossintática dos substantivos, isto é,

aquela que estabelece as relações de concordância gramatical; (ii) o gênero semântico,

que está diretamente relacionado à classificação semântica dos substantivos.

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

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Gênero gramatical Gênero semântico

Todos os substantivos da língua portuguesa

têm gênero gramatical, seja ele um ser

animado ou não. Dividem-se em dois

gêneros: masculino e feminino.

O gênero semântico está diretamente

relacionado à classificação semântica dos

substantivos. Só possuem gênero semântico

aqueles nomes que têm como referência

indivíduos ou classes de indivíduos cujo sexo

natural possa ser identificado.

Menina em oposição a menino

O balde

A mesa

Mulher

Boi

Gata

A partir dessa observação acerca do gênero semântico e do gênero gramatical, os

autores estabeleceram a seguinte hipótese:

“é o gênero semântico do antecedente que

determina a escolha entre pronome pleno e a

categoria vazia na realização do objeto direto

anafórico. Se o antecedente possui gênero

semântico identificável, um pronome que com ele

concorde será empregado; caso contrário, a

escolha recairá sobre o objeto nulo.”

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

97

Segundo Menuzzi e Creus (2004), os traços de animacidade e de especificidade

defendidos por Cyrino como fatores primordiais para a escolha do pronome

desempenham papel secundário quando se leva em conta o gênero semântico.

(97) Maria, este senhor, esta mulher [+a, +e, +gs]

(98) um menino, todo garoto, qualquer mulher [+a, -e, +gs]

(99) muita gente, toda pessoa, um profissional [+a, -e, -gs]

(100) essa pedra, este carro, o Rio de Janeiro [-a, +e, -gs]

(101) qualquer árvore, uma sala, um poema [-a, -e, -gs]

(MENUZZI e CREUS, 2004, p.153)

Os autores acreditam que do ponto de vista conceitual esta análise é mais

natural, pois para eles a escolha entre um objeto nulo ou um pronome pleno é resultado

de um processo de concordância entre o antecedente e a forma anafórica. Antecedentes

com gênero semântico selecionam formas anafóricas especificadas para gênero –

pronomes plenos-; já os antecedentes sem gênero semântico favorecem o emprego de

objetos nulos.

(102) Aquele paciente ali ... É melhor examinar {ele/?? ___} logo.

(103) Aquela paciente ali ... É melhor examinar {ela/?? ___} logo.

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

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(104) Quando um paciente está respirando mal, é melhor examinar {___/?ele}

logo.

(MENUZZI e CREUS, 2004, p.153)

Como já é sabido, paciente é um substantivo com traço semântico [+animado].

Nos exemplos (102) e (103) a entidade está especificada pelos pronomes (aquele/a),

portanto o gênero pode ser identificado, o que significa que o DP possui gênero

semântico, o que não ocorre com o exemplo (104) em que o paciente não está

especificado e, portanto, não possui gênero semântico.

A partir do exposto, Menuzzi e Creus (2004) apresentam as seguintes predições

acerca do sistema anafórico pronominal do PB:

I- antecedentes com traços [+animado], [-específico] e [+gênero semântico]

ocorrerão com pronomes plenos;

II- antecedentes com traços [+animado], [-específico] e [-gênero semântico]

ocorrerão com objetos nulos.

A fim de confirmar tais predições, os autores aplicaram um teste de julgamento

de gramaticalidade contendo frases-testes a 13 alunos de pós-graduação e observaram

que, de acordo com os resultados obtidos, há forte evidência de que a presença ou

ausência de gênero semântico é um fator fundamental no condicionamento da

alternância entre pronomes plenos e objetos nulos e que os efeitos desta distinção se

sobrepõem aos efeitos dos traços de animacidade e especificidade, que possivelmente

derivam dele.

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

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Leitão (2005) a fim de testar o processamento do objeto direto anafórico em

estruturas coordenadas em Português Brasileiro aplicou cinco experimentos

psicolinguísticos usando várias técnicas experimentais. O autor investigou de que

maneira diferentes formas de retomada anafórica em posição de objeto se comportam no

estabelecimento da correferência. O autor estabeleceu um contraste entre hipóteses

relacionadas ao efeito de fatores como animacidade e paralelismo, e hipóteses

relacionadas ao efeito de proeminência sintática proposta pela teoria da centralização.

Leitão (2005) usou em seus testes estruturas que envolviam estruturas

coordenadas com retomadas anafóricas na posição de objeto que podiam ser nome

repetido, pronome lexical, objeto nulo, retomando ora um antecedente [+ animado], ora

um antecedente [- animado].

No primeiro experimento, Leitão, utilizando o paradigma de reativação (priming

com probe-word), comparou o processamento do pronome lexical com o processamento

da categoria vazia. A combinação das variáveis independentes desse teste resultou em

frases como nas apresentadas de (105) à (107).

(105) Os vizinhos entregaram o ladrão/ o punhal à polícia pela manhã, mas

depois retiraram Ø da investigação.

(106) Os vizinhos entregaram o ladrão/ o punhal à polícia pela manhã, mas

depois retiraram ele da investigação.

(107) Os vizinhos entregaram o ladrão/ o punhal à polícia pela manhã, mas a

investigação terminou logo.

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

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Os resultados encontrados mostraram que o efeito de animacidade não se

mostrou significativo assim como o efeito do tipo de retomada. Leitão observou que a

realidade psicológica da retomada anafórica é demonstrada ao cruzar as condições com

nulo (105) e realizado (106) com as condições de controle (107) foi encontrado um

efeito principal do tipo de retomada F(2,46)=0,839,p<0.001. A conclusão que se chegou

ao final deste teste é que o processamento da correferência é real psicologicamente seja

com pronome realizado, seja com pronome nulo em PB.

Leitão, em seu segundo experimento, compara o processamento do pronome

lexical com o processamento de nome repetido usando a tarefa de leitura

automonitorada. Com esse teste o autor pretende testar: (i) a eficiência de pronomes e

nomes repetidos, em termos de tempo e leitura, para verificar se os pronomes são lidos

mais rapidamente do que os nomes repetidos no estabelecimento da correferência

conforme prevê a teoria da centralização (Gordon & Hendrick, 1998) com a penalidade

do nome-repetido e (ii) que pronomes em posição de objeto direto em PB estabelecem

de maneira natural e eficiente a correferência com um antecedente também em posição

de objeto. A combinação das variáveis apresentadas resulta nas frases exemplificadas

em (108) e (109).

(108) Os vizinhos entregaram Ivo na polícia, mas depois absolveram ele no júri.

(109) Os vizinhos entregaram Ivo na polícia, mas depois absolveram Ivo no júri.

Os tempos médios de leitura encontrados para as duas condições atestam a

hipótese de que os pronomes lexicais são mais facilmente processados do que os nomes

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

101

repetidos. As médias dos tempos de leitura para a condição com o pronome lexical (98)

foi significativamente menor do que para as condições com nome repetido conforme

mostra a análise estatística aplicada (Teste-T: t(49)=2,32; p<0,03). Os resultados

encontrados mostram que ocorre Penalidade do Nome-Repetido também quando a

retomada e o antecedente se encontram em posição não proeminente (objeto).

No experimento 3, Leitão observou a eficiência no estabelecimento de

correferência entre SNs mais gerais e SNs mais específicos a partir de uma relação ora

de hiponímia, ora de hiperonímia, com seus respectivos antecedentes. Além disso,

testou a hipótese de que elementos anafóricos, sejam pronomes ou expressões

referenciais, em posição não proeminente estabelecem de maneira natural e eficiente a

correferência com um antecedente também em posição não proeminente. Os exemplos

de cada condição testada no experimento estão apresentados em (110) e (111).

(110) Os vizinhos adquiriram um carro na loja, mas depois venderam o veiculo

no feirão. Pergunta: Os vizinhos adquiriram o veículo?

(111) Os vizinhos adquiriram um carro na loja, mas depois venderam o chevette

no feirão. Pergunta: Os vizinhos adquiriram o chevette?

Os resultados encontrados mostram que os participantes estabeleceram a

correferência com o antecedente disponível, independentemente de o SN correferencial

ser superordenado (S) ou hipônimo (H). O percentual de respostas afirmativas é

significativamente maior do que as negativas, confirmando o estabelecimento da

correferência como aponta o Teste-T: t(258)=2,70; p<0,01.

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

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Leitão observou que as condições com SN hipônimo teve mais respostas

negativas do que a condição com SN superordenado, o que revela uma maior

dificuldade na interpretação correferencial nas frases em que o elemento anafórico

estabelece uma relação de hiponímia com seu respectivo antecedente. Relativamente

aos tempos de leitura, os resultados mostram que os superordenados são lidos

significativamente mais rápido que os hipônimos, como mostra o teste-T: t(258)=1,65;

p<0,01. Com estes resultados o autor conclui que a hipótese da carga informacional

proposta por Almor (2000) é corroborada. SNs com mais traços semânticos são

processados mais lentamente do que SNs com menos traços semânticos, ou seja, os SNs

hipônimos têm maior carga informacional, portanto dificultam a correferência.

No quarto experimento Leitão voltou a testar o efeito da animacidade e o efeito

de paralelismo no processamento do objeto direto anafórico. Nesse experimento Leitão

comparou, utilizando a técnica de julgamento de compatibilidade semântica, o

processamento do pronome lexical com o processamento da categoria vazia em posição

de objeto em que estas anáforas estão relacionadas a antecedentes que aparecem ora na

posição de sujeito com o traço [+ animado], ora na posição de objeto com o traço [-

animado] ou [+ animado]. A correferência é sempre ambígua podendo ocorrer com o

antecedente em posição de sujeito ou com o antecedente em posição de objeto,

conforme exemplificado de (112) à (115).

(112) Paulo entregou o Marcos/revólver para a polícia, mas depois retiraram

ele da investigação.

Frase sonda: Retiraram o Marcos da investigação.

Frase sonda: Retiraram o Revólver da investigação.

Frase sonda: Retiraram o Paulo da investigação.

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(113) Paulo entregou o Marcos/revólver para a polícia, mas depois retiraram Ø

da investigação.

Frase sonda: Retiraram o Marcos da investigação.

Frase sonda: Retiraram o Revólver da investigação

Frase sonda: Retiraram o Paulo da investigação.

(114) Paulo entregou o Marcos/revólver para a polícia, mas depois retiraram

ele da investigação.

Frase sonda: Retiraram o Marcos da investigação.

Frase sonda: Retiraram o Revólver da investigação.

Frase sonda: Retiraram o Paulo da investigação.

(115) Paulo entregou o Marcos/revólver para a polícia, mas depois retiraram Ø

da investigação.

Frase sonda: Retiraram o Marcos da investigação.

Frase sonda: Retiraram o Revólver da investigação.

Frase sonda: Retiraram o Paulo da investigação.

As condições isoladas por tipo de retomada anafórica mostrou efeito marginal da

posição sintática (F(1,38)=3,64, p=0,06). Com as condições com pronome lexical foi

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

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encontrado efeito principal de animacidade (F(1,38) = 4,18, p<0,05) e um efeito bem

marginal da interação entre animacidade e posição sintática (F(1,38) = 3,30, p<0,07).

Os resultados do experimento 4 mostram que há uma interação convergente

entre os fatores de animacidade (fator semântico) e de paralelismo (fator estrutural)

associados a retomadas pronominais, já que tanto o traço [+ animado] do antecedente

quanto o paralelismo entre posição e função sintática do antecedente em relação à

retomada com pronome lexical (ele/ela) influenciaram conjuntamente a preferência dos

participantes do experimento.

No quinto experimento utilizando a técnica on-line de leitura automonitorada,

Leitão, testou a interação entre o efeito de animacidade e o efeito de paralelismo a partir

de retomadas anafóricas pronominais em posição de objeto em sentenças coordenadas

não ambíguas, como as apresentadas de (116) à (119).

(116) A câmera registrou os movimentos do ladrão e depois o perito analisou ela

no laboratório.

(117) A Mônica registrou o caso na delegacia e depois o psicólogo analisou ela

no consultório.

(118) O consumidor registrou a câmera no seguro de roubos e furtos e depois o

perito analisou ela na vistoria.

(119) O pesquisador registrou a Mônica no cadastro de bolsistas do país e depois

o conselho analisou ela na reunião.

Leitão concluiu com os resultados do seu quinto experimento que há uma

possível distinção entre o processamento de argumentos e adjuntos, que há efeito de

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

105

paralelismo para retomadas de objeto e que o processo de resolução anafórica no escopo

discursivo está sujeito tanto a restrições de correferência impostas por fatores

superficiais, como as restrições impostas por fatores semânticos.

A partir dos resultados experimentais obtidos com os cinco experimentos

aplicados, Leitão sugere que fatores como animacidade e paralelismo estrutural

desempenham um papel significativo principalmente no que diz respeito ao

processamento da correferência pronominal.

4.2.2 Objeto nulo em PE

4.2.2.1 O objeto nulo em PE à luz de estudos de representação

Raposo (1986) foi um dos primeiros a observar a ocorrência de objetos nulos no

português europeu.

(120) Joana viu ____ na TV ontem.

Para Raposo esse objeto nulo é uma variável, um vestígio deixado pelo

movimento de uma categoria vazia para a posição de complemento, onde se tornaria um

operador nulo coindexado ao tópico (nulo) do discurso como pode ser visto e (121), o

que não ocorre com os exemplos (122) e (123), pois apresentam estrutura de ilha para

movimento, tornando as sentenças não possíveis.

(121) TOP [ ___ ]i [s Op i [s a Joana viu ti na TV ontem]]

(122) *O rapaz que trouxe ___ mesmo agora da pastelaria era o teu afilhado.

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

106

(123) *Que a IBM venda ___ a particulares surpreende-me.

A sugestão de Raposo é que o parâmetro relevante a regra de predicação é aberto

nas línguas que têm ON, como o chinês e o português enquanto que nas línguas que não

têm essa regra não aceita influência pragmática.

“The null object construction may thus be seen as

a point of contact between the purely formal

module of language (the Grammar) and the

pragmatic module that rules the way we use

language in concrete situations.”

(Raposo 1986, pag. 385)

Segundo o autor, algumas línguas levam em consideração a pragmática e o

contexto na sintaxe no momento em que a frase está sendo construída pelo falante,

enquanto que em outras língua o contexto e a pragmática não são observados.

Raposo (2004) revê seu posicionamento radical em relação ao ON em PE e deixa

de considerar sentenças que considerou agramaticais em seu primeiro estudo e passa a

considerá-las como marginais (2004, p.47.). O autor passa a considerar a categoria vazia

em posição de objeto como um fenômeno misto em português: “... a categoria vazia das

frases com objecto nulo em português é ao mesmo tempo pro e uma variável, embora

em nível derivacional distintos” (RAPOSO, 2004, p.48).

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

107

Matos (1992) em sua tese de doutorado distingue as construções de SV nulo das

construções de objeto nulo. Segundo a autora, SV nulo é o fenômeno de elipse que afeta

o sintagma verbal (124), e objeto nulo é o fenômeno que afeta apenas ao complemento

do verbo (125).

(124) A Maria tinha atribuído as culpas do desastre ao motorista e a Teresa

também tinha atribuído [ - ]

[ - ] = as culpas do desastre ao motorista.

(125) A Maria não viu o desastre mas o João viu [ - ].

A autora conclui que formas pronominais nulas presentes em construções de SV

nulo e de objeto nulo apresentam propriedades diferentes, conforme proposto por

Raposo (1986). A autora reafirma que a natureza categorial, o modo de fixação do

conteúdo do constituinte nulo e o comportamento diante de condições de subjacência

são os aspectos definidores para a classificação dessa forma como SV nulo ou objeto

nulo. Para além dessa abordagem, a autora define também que a representação estrutural

do objeto nulo em PE se trata de uma estrutura de Tópico marcado e a construção de SV

nulo estabelece uma relação de predicação entre o predicado elíptico e o sintagma

lexicalmente realizado.

Duarte e Costa (2013) fazem uma revisão de vários trabalhos sobre o ON,

inclusive o trabalho de Cyrino (1997) já explorado aqui, e afirmam que o objeto nulo é

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

108

comum aos registros mais informais, enquanto nos registros mais formais é preferível a

forma clítica da retomada. Os autores caracterizam o ON como um sintagma nominal

definido que pode recuperar dentro da estrutura um sintagma indefinido, um sintagma

quantificador ou um nome sem determinante.

(126) Se achas que esse livro é chato, eu não compro [-] para a Maria.

Os autores afirmam que é necessário muito cuidado para que não sejam feitas

classificações indevidas dessa categoria. Segundos autores o ON pode ser confundido

com complementos omitidos de um transitivo usado intransitivamente, com uma elipse

parcial do predicado, como uma elipse de complemento oracional, exemplificadas

abaixo, respectivamente.

(127) Vais à praia?

Não creio [-]. Omissão de oração

(que vá a praia)

(128) O João encontrou os documentos secretos no cofre do embaixador e a

Maria também encontrou [-]. [elipse parcial do predicado]

(SV = [SV

encontrou os documentos secretos no cofre do embaixador]).

(129) O A Maria quis visitar o museu mas eu não quis [-].

([-] = [Or

visitar o museu])

(Cf. Raposo at. al. 2013)

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

109

Além de definir a distinção entre as categorias apresentadas acima em relação ao

ON, os autores mencionam também que há propriedades que definem a gramaticalidade

das sentenças. Segundo os autores, a propriedade semântica de animacidade opera em

dois contextos sintáticos distintos, o contexto em que o antecedente do complemento

direto está na mesma frase (130) e o contexto em que o ON está em estrutura de ilha

sintática(131). No segundo, os autores mencionam que independentemente do traço do

antecedente o ON não é permitido nesse contexto. Globalmente, em PE o ON na mesma

estrutura que o seu antecedente tem que ter o traço de animacidade marcado

negativamente [-animado] e em contexto de ilha ele não pode ser usado, a não ser que o

seu antecedente esteja no contexto discursivo (132), nesse caso estará igualmente

condicionado ao traço [-animado].

(130) *Quando encontro o Pedro, beijo [-] com ternura. (Pedro [+animado] -

OK)

Quando encontro uma gralha, corrijo [-] imediatamente. (Gralha [-animado] - OK)

(131) E então, o carro novo?

*A minha mulher está furiosa porque eu comprei [-] sem ela saber.

(132) O Pedro tirou os óculos e guardou [-] na gaveta.

*O Pedro tirou os óculos. Foi buscar um livro e fazer uma café. Ligou a

televisão e, finalmente, guardou [-] na gaveta.

Em suma, o capítulo da gramática do Português escrito por Duarte e Costa

destinado a descrever o ON no português define que quando o antecedente está no

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

110

mesmo período que o ON, há restrições de animacidade e que quando este ON está em

contexto de ilha sintática as sentenças se tornam agramaticais, ou seja, em PE o ON é

restrito a estruturas simples e ao traço [- animado].

No que concerne aos estudos sobre a aquisição do objeto nulo, Costa e Lobo

(2009), em estudo sobre aquisição de clíticos e objeto nulos em PE, verificaram que, de

alguma forma, as crianças sobregeneralizam o objeto nulo, ou seja, a omissão

encontrada no PE não é um caso de omissão de clítico e sim uma sobregeneralização da

construção de objeto. Num teste de compreensão, os autores testaram a compreensão de

estruturas como a apresentada em (133) com o objetivo de perceber se as crianças são

capazes de atribuir interpretação transitiva a verbos sem complemento.

(134) Acordou (-o)

Os autores observaram que as crianças portuguesas interpretaram frases como a

apresentada em (134) transitivamente, o que mostrou que as construções de objeto nulo

são aceitas e interpretadas desde cedo. Os autores frisam que as crianças aceitam objetos

nulos em contextos em que não seriam aceitos por adultos, contextos de ilha, por

exemplo, simplesmente por generalização do objeto. A partir desses resultados os

autores levantam a hipótese de que as crianças conhecem a gramática que estão

adquirindo, sabem que se trata de uma língua de objeto nulo, mas não conhecem todas

as propriedades envolvidas nessa categoria.

Em 2010, com o objetivo de entender a natureza da sobregeneralização

defendida em 2009, Costa e Lobo aplicaram um teste a fim de verificar se as crianças

diferenciam pro de variável em contexto de elipse, de sujeito (controle) e de objeto,

explorando a ideia de Miyagawa (2010) de que pro e variável se distinguem pelo tipo de

leitura que legitimam (estrita ou sloppy).

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

111

Os autores, tomando a afirmação de Raposo (1986) e de Duarte (1987) como

referência, de que o ON é uma variável, definem que é justamente esse aspecto de

variável que não é dominado pela criança.

A partir da distinção de Miyagawa (2010) sobre o pro ter uma leitura estrita e a

variável ter uma leitura ambígua (estrita e sloppy), os autores aplicaram um teste com o

objetivo de aferir se as crianças dominam a distinção entre leitura strict e sloppy quando

estão associadas a diferentes construções.

A tarefa era constituída de um juízo de valor de verdade. As crianças

observavam uma imagem e tinham que atribuir valor de verdade a uma descrição dessa

imagem.

O teste era constituído de 6 condições, leitura estrita e leitura sloppy com sujeito

nulo (controle), leitura estrita e leitura sloppy com objeto nulo e leitura estrita e leitura

sloppy para elipse de VP. O teste tinha cinco itens por condição. Foram testadas 20

crianças e um grupo controle com 15 adultos.

Os resultados encontrados pelos autores é que adultos aceitam leituras estritas e

sloppy nas condições teste (100% (75/75)), já as crianças apresentam performance

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

112

inferior a apresentada pelos adultos em todas as condições, principalmente na condição

com objeto nulo (71% (71/100)).

Os autores argumentam que o fato de haver dificuldades de interpretação para as

duas leituras não se dá por um desconhecimento generalizado das categorias nulas.

Tendo Miyagawa (2010) como referência os autores defendem que a distinção entre pro

e variável no contexto de legitimação é feita na interpretação que lhes é dada.

Os resultados mostram que as crianças não fazem distinção entre pro e variável e

sugerem que “Entre os três e os seis anos, a diferença entre pro e variável não se

estabelece. Atingir um estádio de desenvolvimento adulto implicará dominar as

condições de interpretação que permitem diferenciar estas duas categorias.”(Cf. Costa

e Lobo, 2010).

Os autores concluem que se as crianças não distinguem leituras estritas de

leituras sloppy elas também não diferenciam pro de variável, já que a diferenciação

entre pro e variável é de fundamental importância para esta distinção. Assim, a

indiferenciação prediz que as crianças produzam e aceitem ON em contextos ilegítimos.

Os estudos referidos aqui mostram que há uma certa distinção entre o objeto

nulo em fase de aquisição e o objeto nulo em fase adulta. Os referidos trabalhos

mostram que quando se está em fase de aquisição o PE admite o objeto nulo em

contextos considerados ilegítimos pelos adultos, em ilhas sintáticas por exemplo, mas

tal característica se perde ao longo dos anos. Na presente tese não investigaremos

contextos de ilha sintática, mas investigaremos contextos em que o objeto nulo é

complemento de um verbo transitivo, a fim de observar se em contextos em que o

predicado está ligado diretamente ao verbo facilita, ou não, o processamento de

estruturas com ON em PE e em PB.

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

113

4.2.3. Estudos comparativos entre PB e PE

4.2.3.1 Estudos comparativos entre PB e PE à luz de estudos de Representação

Cyrino (2000), em um estudo comparativo entre PB e PE utilizando corpus

constituído de anúncios de revistas brasileiras e portuguesas, constatou que há uma

grande diferença de ocorrências de objetos nulos entre o PB e o PE.

Em PE a autora só encontrou uma ocorrência de ON. O dado encontrado tinha o

imperativo, ou exopro (cf. Kato, 1993), que também ocorre em outras línguas.

(135) Preencha os seus dados, cole o cupão num postal dos CTT e envie ___

para a promoção QUO/NIVEA FOR MEN, Rua Filipe Folque 40 – 2º, 1069-124

Lisboa.

A autora concluiu que de todas as sentenças analisadas a ocorrência de ON só

aconteceu em um dos casos do referido corpus, a referida ocorrência trata-se de um caso

em que há imperativo. Nesse exemplo pode-se observar também o traço inanimado do

antecedente. Todos os casos em que o antecedente era animado havia o preenchimento

da posição por clítico, ou seja, o traço de animacidade é relevante para a escolha da

forma pronominal.

Cyrino e Mattos (2016), em seu estudo mais recente acerca do ON e da elipse de

VP, fazem uma revisão na literatura sobre os dois fenômenos comparando o PB e o PE.

As autoras concluíram que o objeto nulo em PB e em PE corresponde a duas categorias

diferentes. Em PE o nulo em posição de objeto é uma variável A-bound com o nulo em

posição de tópico e para o PB o objeto nulo é uma elipse de DP reconstruída em Forma

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

114

Lógica (FL). As autoras continuam afirmando que tanto PB quanto PE apresentam

restrições de animacidade relacionados a uma hierarquia referencial.

4.2.4. Motivação para estudar o Objeto Nulo

Como já mencionado anteriormente, os trabalhos sobre o objeto nulo vêm numa

crescente desde os anos 70. A fim de aprofundar os estudos acerca desse fenômeno

pretende-se, à luz da psicolinguística experimental, aplicar testes com a metodologia de

monitoramento ocular, com a finalidade de observar como se dá o processamento

durante a sua leitura de frases.

Pretende-se observar também o papel dos traços de animacidade colocados

como ponto central para a utilização ou não do objeto nulo por Cyrino (1997). É

interessante ressaltar que a questão do gênero semântico colocada por Menuzzi e Creus

(2004) é muito interessante e merece um melhor aprofundamento, o que pretendemos

fazer em trabalhos futuros.

Além de observar o papel do traço de animacidade, propõe-se também uma

comparação entre o PB e o PE, já que, conforme observamos na seção anterior,

apresentam diferenças quanto a utilização do objeto nulo.

Para tal, testaremos sentenças como as apresentadas abaixo:

(136) PA - A diretora aprovou o locutor para o leilão de beneficência, depois

considerou-o excessivamente caro para o evento.

(137) PI - A diretora aprovou o cartaz para o leilão de beneficência, depois considerou-o

excessivamente caro para o evento.

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

115

(138) NA - A diretora aprovou o locutor para o leilão de beneficência, depois

considerou excessivamente caro para o evento.

(139) NI - A diretora aprovou o cartaz para o leilão de beneficência, depois considerou

excessivamente caro para o evento.

Nos exemplos (136) e (137) temos o pronome pleno retomando antecedente

[+animado] e [-animado] respectivamente e nos exemplos (138) e (139) temos o

pronome nulo retomando antecedente [+animado] e [-animado] respectivamente.

Pretendemos, com a análise dos resultados encontrados com testes usando as

sentenças apresentadas acima, confirmar a hipótese de que tanto PB quanto PE

permitem a forma nula em posição de objeto, mas o seu processamento não se dá da

mesma forma para as duas variedades. A forma nula em PB não está condicionada a

nada, diferentemente do PE, que terá restrições quanto ao antecedente a ser retomado. A

retomada pelo ON será mais facilmente processada quando o antecedente for [-

animado], ou seja, em PB o ON é facilmente processado em qualquer contexto, já em

PE o ON encontra restrições de animacidade.

4.2.5 Condicionamentos para o preenchimento ou não da posição de objeto -

Traços de Animacidade, Especificidade e Gênero semântico.

De acordo com estudos de Duarte (1993), Cyrino (1993, 1997) e Menuzzi &

Creus (2004), o preenchimento ou não da posição de objeto está condicionado a fatores

semânticos. Os estudos de Duarte (1993) e de Cyrino (1993, 1997) apontaram,

primeiramente, o traço de animacidade como principal fator a influenciar a escolha da

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

116

estratégia a ser utilizada e, em seguida, passaram a considerar o traço de especificidade

também. O traço de gênero semântico é o mais recente e segundo Menuzzi e Creus

(2004) parece explicar de maneira mais econômica a escolha da estratégia a ser

utilizada.

A animacidade é uma característica gramatical dos substantivos. Para a maior

parte dos estudos linguísticos o traço de animacidade costuma ser o de uma propriedade

semântica. Mas, se formos pensar sintaticamente, podemos dizer que os traços-phi tem

uma grande relação com a estrutura sintática das sentenças, já que tais traços estão

ligados diretamente ao caso dos constituintes nominais das frases.

Há línguas que apresentam um sistema simples baseado na oposição entre

[+animado] e [-animado], nessas línguas elementos [+animados] são pessoas, animais,

etc. e os [-animados] são plantas, objetos, etc., mas também existem línguas em que há

uma hierarquia de animacidade que apresentam diversos níveis. Nessa hierarquia os

pronomes pessoais são os que apresentam maior animacidade, seguidos dos outros

humanos e dos animais. O uso da animacidade varia muito de uma língua para outra, tal

uso pode ser estabelecido pela ordem das palavras, pela declinação, pela concordância,

etc.

Machado, França e Maia (2018), em uma pesquisa sobre a resolução da

ambiguidade no âmbito da correferência pronominal, observaram qual é a influência da

semântica verbal para o seu processamento. Os autores aplicaram dois testes de leitura

automonitorada a fim de entender se e em que medidas os vieses semânticos do verbo

podem influenciar no processamento da correferência pronominal. Os resultados

encontrados pelos autores indicam que quando há o preenchimento da lacuna o fator

semântica do verbo foi altamente importante, mas quando a lacuna estava vazia esse

fator foi secundário, sendo o fator sintático o preponderante.

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Sujeito e Objeto Nulos: uma breve revisão da literatura

117

Na presente pesquisa, o traço de animacidade está presente nas análises que

envolvem a utilização ou não do objeto nulo, sempre utilizaremos substantivos com o

traço de especificidade marcado positivamente por considerarmos que precisamos

estudar cada um dos traços de forma isolada e controlada. Deixaremos para pesquisas

futuras uma análise mais profunda sobre o traço de especificidade e o traço gênero

semântico.

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O trabalho experimental

119

5. O trabalho experimental

Nesta seção faremos uma descrição do trabalho experimental levado a efeito

nessa tese, composto por dois experimentos que se dividem em PB e PE: dois em

português europeu e dois em português brasileiro. O conjunto de experimentos que

serão descritos a seguir tem como objetivo avaliar o impacto de alguns fatores, tais

como saliência do antecedente, sua função sintática, relação estrutural entre os

constituintes e os traços semânticos envolvidos no processamento e interpretação das

formas nulas e realizadas na terceira pessoa em contextos intrafrásicos do PB e do PE,

tanto em posição de sujeito quanto em posição de objeto.

Pretendemos com este trabalho perceber como o processamento da correferência

pronominal de formas plenas e nulas se dá em posição de sujeito usando estruturas

completivas. A forma pronominal tem como antecedente na oração principal um SN

complexo em posição de sujeito, diferentemente do que vem sendo utilizado na

literatura. Em posição de objeto, pretendemos observar como se dá o processamento da

correferência de formas nulas e plenas usando estruturas subordinadas introduzidas pelo

conectivo “depois” com antecedentes com traço animado x inanimado, também em

posição de objeto.

O conjunto experimental foi pensado, elaborado e aplicado com a intenção de

averiguar, a nível de processamento, a afirmação feita por Tarallo (1996), em um estudo

comparativo sobre o preenchimento ou não da posição de sujeito e de objeto em PB e

PE. O autor diz que enquanto o PE favorece o não preenchimento da posição de sujeito

e o preenchimento da posição de objeto, o PB faz exatamente o oposto, favorecendo o

não preenchimento da posição de objeto e o preenchimento da posição de sujeito, além

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O trabalho experimental

120

de investigar como fatores relacionados a função sintática, a posição estrutural e a traços

semânticos interferem no estabelecimento da correferência.

No transcorrer do capítulo, descreveremos o estudo de maneira minuciosa,

explicando cada uma das questões envolvidas no trabalho separadamente.

Primeiramente, na seção 5.1, trataremos do experimento aplicado para testar a posição

de sujeito e, posteriormente, na seção 5.2 trataremos do experimento aplicado para

testar a posição de objeto.

5.1. Testando a Posição de Sujeito

Diferentes trabalhos têm demonstrado que a resolução de formas pronominais,

nulas e plenas, em línguas de sujeito nulo, se baseia essencialmente na função sintática

do antecedente: formas nulas são preferencialmente interpretadas como retomando o

antecedente em posição de sujeito e formas plenas como retomando o antecedente em

posição de objeto (Costa, Faria e Matos, 1998; Carminati, 2002; entre outros). No

entanto, de um modo geral, esses estudos testam, sobretudo, estruturas independentes ou

estruturas subordinadas, na maior parte dos casos, adverbiais ou causais e geralmente

com referentes em funções sintáticas distintas: sujeito vs. objeto. No presente trabalho

testamos estruturas em que o pronome, nulo ou pleno, sujeito de uma oração completiva

retoma um antecedente pertencente a um SN complexo (o estagiário do arquiteto), como

exemplificado de (140) a (143). O pronome é forçadamente ligado a um dos referentes

através da informação de número.

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O trabalho experimental

121

(140) No final da noite, os estagiários do arquiteto informaram que discutiam

irritadamente com frequência.

(141) No final da noite, o estagiário dos arquitetos informou que discutiam

irritadamente com frequência.

(142) No final da noite, os estagiários do arquiteto informaram que eles discutiam

irritadamente com frequência.

(143) No final da noite, o estagiário dos arquitetos informou que eles discutiam

irritadamente com frequência.

Considerando que a forma da expressão anafórica está relacionada com a

saliência do antecedente (Ariel, 1996), pretendemos avaliar se a saliência de um

referente, em contextos intra-frásicos, resulta exclusivamente da sua função sintática ou

se, por outro lado, a posição estrutural, ou a relação estrutural entre constituintes,

interfere na atribuição de saliência: entidades em posições estruturais mais altas (o

estagiário, em o estagiário do arquiteto) são mais salientes do que entidades em

posições estruturais mais baixas (o arquiteto, em o estagiário do arquiteto). Nesse

sentido, pretendemos avaliar se os custos de processamento associados à resolução de

formas nulas e plenas refletem efeitos da função sintática ou da relação estrutural entre

constituintes, assumimos aqui que a relação estrutural tem maior impacto para

estabelecer esta relação, assim como foi proposto pela Hipótese da posição do

antecedente (Carminati, 2002).

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O trabalho experimental

122

Objetivo

Um fator distintivo existente entre o PB e o PE vem sendo apontado em estudos

de processamento e em estudos de corpora. Tais estudos apontam que o PB apresenta

menos ocorrências de sujeito nulo comparativamente com o PE. Segundo Duarte

(1995), Kato (1991) e outros, o PB está sendo considerado como uma língua com

marcação parcialmente positiva para o parâmetro pro-drop, caminhando cada vez mais

para uma língua [-pro-drop].

O trabalho experimental desenvolvido tem como objetivo observar como se dá o

processamento das formas pronominais plena e nula em posição de sujeito,

manipulando-se a relação estrutural dos antecedentes, que ora era mais acessível, por ser

o núcleo do SN complexo, ora era menos acessível, por estar encaixado nesse núcleo,

em estruturas subordinadas completivas do PB e do PE. A fim de esclarecer mais os

estudos de processamento com a forma nula em posição de sujeito no PB e no PE

pretende-se identificar quais dos fatores envolvidos na atribuição de saliência, posição

estrutural do antecedente ou relação sintática, são levados em consideração em

estruturas completivas verbais das duas variedades de português.

Porque testar as completivas?

As completivas verbais em PB e em PE possuem características diferentes em

relação a utilização do sujeito nulo. No PB o sujeito nulo é opcional quando

correferente com o sujeito da oração matriz, nestes casos o antecedente deve c-

comandar o sujeito nulo (cf: Figueiredo Silva, 2000; Modesto, 2000; Ferreira, 2000;

Rodrigues, 2004), diferentemente do que ocorre em PE, em que o nulo é a forma

preferida.

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O trabalho experimental

123

(144) a. No final da noite, [os estagiários do [arquiteto]k]i informaram que Ø*k/i

discutiam irritadamente com frequência.

b. No final da noite, [os estagiários do [arquiteto]k]i informaram que ele k/i

discutiam irritadamente com frequência.

A fim de atestar as diferenças de processamento e os fatores envolvidos no

processamento da correferência do PB e do PE em relação às completivas verbais,

aplicamos o presente experimento com estas estruturas.

Porque testar SNs complexos?

Conforme referido anteriormente, de acordo com Figueiredo Silva (2000),

Modesto (2000), Ferreira (2000), Rodrigues (2004), o sujeito nulo nas completivas em

PB deve ser c-comandado pelo antecedente. A fim de observar os custos de

processamento em estruturas em que temos dois possíveis antecedentes, um em posição

de c-comando e outro não, colocamos em teste sentenças completivas com SNs

complexos em que um SN está na posição mais alta da estrutura, portanto, c-

comandando o pronome (nulo/pleno) e um encaixado que não estaria c-comandando o

pronome (pleno/nulo), conforme no exemplo:

(145) a. [O tio do [João]k]i disse que Ø*k/i está doente.

b. [O tio do [João]k]i disse que elek/*i está doente.

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O trabalho experimental

124

Pretende-se observar as preferências de interpretação e o processamento dos

antecedentes para a retomada com plenos e nulos.

5.1.1 Os experimentos

1. Experimento 1 – Sujeito nulo em PE e em PB

Questão do estudos:

Que fatores influenciam a retomada de um antecedente por diferentes expressões

referenciais, considerando fatores como: Função sintática e as Relações estruturais de c-

comando.

As estruturas testadas são particularmente sensíveis à influência de fatores

estruturais, uma vez que há relação forte entre orações: expressão referencial em

posição de sujeito de oração completiva. Nas frases testadas temos um SN que é o

sujeito sintático e um SN que é complemento, núcleo desse sujeito sintático. O SN

composto, no seu todo, c-comanda o sujeito da completiva, assim como o SN cabeça,

mas o SN interno a esse sintagma não o faz.

1.1. Metodologia

Participantes: 24 falantes nativos de Português Europeu e 24 falantes nativos de

Português Brasileiro

Material: 24 conjuntos de itens experimentais (6 frases por cada condição) e 48

distratoras

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O trabalho experimental

125

O material utilizado foi basicamente o mesmo nas duas variedades. Foram necessárias

algumas alterações no léxico de algumas sentenças, mas mantivemos o mesmo número

de caracteres usados para cada item. As palavras usadas como segmento crítico não

foram alteradas, tivemos o cuidado de usar verbos e advérbios que fazem parte do

vocabulário tanto do PE quanto do PB.

(146)

PS1 - No final da noite, os estagiários do arquiteto informaram que eles discutiam

irritadamente com frequência.

Pergunta: Quem discutia irritadamente? (a) os estagiários (b) o arquiteto

PS2 - No final da noite, o estagiário dos arquitetos informou que eles discutiam

irritadamente com frequência.

Pergunta: Quem discutia irritadamente? (a) o estagiário (b) os arquitetos

NS1 - No final da noite, os estagiários do arquiteto informaram que discutiam

irritadamente com frequência.

Pergunta: Quem discutia irritadamente? (a) os estagiários (b) o arquiteto

NS2 - No final da noite, o estagiário dos arquitetos informou que discutiam

irritadamente com frequência.

Pergunta: Quem discutia irritadamente? (a) o estagiário (b) os arquitetos

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O trabalho experimental

126

Variáveis independentes: (i) Tipo de expressão anafórica (plena /nula) e (ii) Posição

do antecedente (SN1/SN2)

Variáveis dependentes:

(i) First pass no segmento crítico (verbo); (ii) First pass no segmento crítico advérbio;

(iii) First pass dos dados residuals da região pronome+verbo; (iv) Total pass no

segmento crítico (verbo); (v) Total pass no segmento crítico advérbio; (vi) Total pass

dos dados residuals da região pronome+verbo; (vii) respostas às perguntas

interpretativas.

Design: 2x2, gerando as condições

PS1 – pronome pleno retomando SN1

PS2 – pronome pleno retomando SN2

NS1 – pronome nulo retomando SN1

NS2 - pronome nulo retomando SN2

Quadrado latino

Os itens experimentais foram distribuídos em formato de quadrado latino para que se

evitasse que o participante visse frases que pertencem ao mesmo conjunto.

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O trabalho experimental

127

VERSÃO 1 VERSÃO 2 VERSÃO 3 VERSÃO 4

1PS1 1PS2 1NS1 1NS2

2PS2 2NS1 2NS2 2PS1

3NS1 3NS2 3PS1 3PS2

4NS2 4PS1 4PS2 4NS1

5PS1 5PS2 5NS1 5NS2

6PS2 6NS1 6NS2 6PS1

7NS1 7NS2 7PS1 7PS2

8NS2 8PS1 8PS2 8NS1

9PS1 9PS2 9NS1 9NS2

10PS2 10NS1 11NS2 10PS1

11NS1 11NS2 11PS1 11PS2

12NS2 12PS1 12PS2 12NS1

13PS1 13PS2 13NS1 13NS2

14PS2 14NS1 14NS2 14PS1

15NS1 15NS2 15PS1 15PS2

16NS2 16PS1 16PS2 16NS1

17PS1 17PS2 17NS1 17NS2

18PS2 18NS1 18NS2 18PS1

19NS1 19NS2 19PS1 19PS2

20NS2 20PS1 20PS2 20NS1

21PS1 21PS2 21NS1 21NS2

22PS2 22NS1 22NS2 22PS1

23NS1 23NS2 23PS1 23PS2

24NS2 24PS1 24PS2 24NS1

Procedimentos:

Experimento com a metodologia on-line de monitoramento ocular (eye tracker) em

que foram monitorados os movimentos dos olhos dos participantes e medidos os tempos

que o participante levava para ler o segmento crítico, além de observar as repostas à

questão final. Foram apresentadas, na tela do computador, sentenças e ao final de cada

sentença o participante tinha que responder a questão interpretativa.

Em PE o experimento foi montado no programa Experiment Center

desenvolvido pela SensoMotoric Instruments. Os itens experimentais foram

apresentados aleatoriamente tendo-se mantido fixa a ordem de apresentação das frases

distratoras. Deste modo garantimos que entre cada frase experimental foi apresentada,

pelo menos, uma frase distratora.

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O trabalho experimental

128

Para registrar a movimentação dos olhos utilizamos o equipamento de registro

iVewX Hi-Speed da SensoMotoric (SMI), a uma velocidade de registro de 1000Hz em

modo monocular registrando sempre apenas um dos olhos. Todas as gravações foram

feitas na sala de experimentos do Laboratório de Psicolinguística da Universidade de

Lisboa. Os estímulos foram apresentados no programa Experiment Center e os dados

extraídos com o programa BeGaze, ambos desenvolvidos pela SMI.

Em PB o experimento foi montado no programa ‘EyeTracker 0.7.10m’

desenvolvido pela UMASS. Para registrar a movimentação ocular, utilizamos o

equipamento de registro EyeLink 1000, com uma câmera de alta precisão a uma

velocidade de registro de 1000Hz em modo monocular registrando sempre um do olhos,

acoplada a uma tela de 32 polegadas com resolução de 1920x1080 px. Foram utilizados

aparatos para a cabeça e para a testa dos voluntários. Todas as gravações foram feitas na

sala de experimentos do Laboratório de Psicolinguística Experimental da UFRJ

(Lapex). Os estímulos foram apresentados no programa EyeTracker 0.7.10m e os dados

extraídos com os programas EyeDoctor e EyeDry, ambos desenvolvidos pela

UMASS.

No início de cada teste foi explicado individualmente a cada participante o que

ele teria que fazer durante o teste. Era explicado que seriam apresentadas, na tela do

computador, frases e que após a leitura era necessário responder a uma questão de

interpretação sobre a frase lida. Após a explicação informal sobre a tarefa a ser

realizada, caso o voluntário concordasse em participar da pesquisa, pedíamos que ele

preenchesse uma ficha com os seus dados pessoais e assinasse ainda um termo de

consentimento permitindo a utilização e publicação dos seus dados sob anonimato.

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O trabalho experimental

129

Por se tratar de equipamentos diferentes o procedimento em cada variedade deu-

se de maneiras diferentes. Em Portugal, os participantes depois de estarem sentados em

frente ao computador, liam as instruções que eram apresentadas por escrito na tela do

computador. Nessa instrução indicávamos que o participante fixasse o olhar no canto

superior esquerdo para liberar a frase a ser lida e que após a leitura da frase deveria fixar

o olhar no canto inferior direito para aparecer a tela com a pergunta. Para responder a

questão o participante selecionava a opção escolhida com o mouse. Antes e depois da

leitura das instruções era realizado o processo de calibração, que se repetia três vezes

nos momentos das pausas fixas colocadas durante o experimento por se tratar de um

teste longo.

No Brasil, depois de os participantes estarem sentados em frente ao computador,

liam as instruções que eram apresentadas por escrito na tela do computador. Nessa

instrução indicávamos que o participante fixasse o olhar em uma bolinha que aparecia

no centro da tela e logo após fixasse o olhar no quadradinho que aparecia no canto

esquerdo na região central da tela para liberar a frase a ser lida e que após a leitura da

frase deveria apertar o botão direito do joystick (controle), logo após aparecia na tela

novamente a bolinha no centro e depois o quadradinho que deveriam ser fixados para

que aparecesse na tela a pergunta sobre a frase que havia lido e responder com o botão

esquerdo caso a resposta fosse a que estava no lado esquerdo da tela e com o botão

direito caso a resposta fosse a que aparecia no lado direito da tela. Antes e depois da

leitura das instruções era realizado o processo de calibração, que se repetia algumas

vezes durante o experimento e que, por se tratar de um teste longo, poderia ser

aproveitado para a realização de pausas.

A fim de avaliar se o participante tinha compreendido a tarefa e também para

que ele se adaptasse com o procedimento, antes do início do teste era realizado um

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O trabalho experimental

130

treinamento. Se os participantes se sentissem confortáveis para continuar, dava-se início

à tarefa. Em caso negativo, esclarecíamos as dúvidas existentes e repetíamos o

treinamento.

Hipótese

A hipótese principal do teste é a de que em estruturas subordinadas completivas, assim

como ocorre com estruturas subordinadas adverbiais, as duas formas pronominais (nulo

e pleno) comportam-se de maneira distinta. Tanto para o PE quanto para o PB, a

retomada do SN1 pelo pronome nulo será preferível e a retomada do SN2 será

estabelecida mais facilmente pelo pronome pleno, para o PE por não ser o antecedente

mais saliente na estrutura e para o PB por não estar c-comandando o pronome (Barbosa,

Duarte e Kato 2005).

Previsões

Espera-se que em PE:

Sentenças com nulo serão processadas e lidas com mais facilidade quando o

antecedente a ser retomado é o SN1, já que, de acordo com estudos já realizados

o nulo prefere retomar antecedentes que ocupem posições mais altas dentro do

escopo sentencial.

Sentenças em que o nulo retoma o SN encaixado em posição de sujeito, a

retomada será mais custosa.

Nas sentenças em que há pronome pleno espera-se que haja mais dificuldades

para o processamento quando este retoma o antecedente SN1, mais saliente, já

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O trabalho experimental

131

que esta seria a retomada preferível para um pronome nulo. Estudos (Costa,

Faria e Matos (1998) e Luegi (2012)) verificaram que o pronome pleno retoma

antecedentes não sujeito, como na presente pesquisa não há esse tipo de

estrutura, prevê-se que o pronome pleno retomará o antecedente menos saliente.

Espera-se que em PB:

Sentenças com nulo serão processadas e lidas com mais facilidade quando o

antecedente a ser retomado é o SN1, já que, de acordo com estudos já realizados

(Luegi, 2012 e Hora 2014) o nulo prefere retomar antecedentes que ocupem

posições mais altas dentro do escopo sentencial assim como ocorre com o PE

(Luegi, 2012) e com o italiano (Carminati, 2002).

Os plenos retomarão antecedentes menos salientes, ou seja, os SNs encaixados.

Pronomes plenos, devido a perda do Princípio Evitar Pronome, retomarão

também SNs mais altos na estrutura sintática.

Sentenças com pronome nulo terão tempos maiores de fixação nas regiões

testadas devido a baixa produtividade do Princípio Evitar Pronome em PB.

Com o pronome nulo a retomada do SN1, que dentro da estrutura testada é o SN

que c-comanda o pronome, será preferida (Barbosa, Duarte e Kato, 2005) em

comparação com a retomada do SN2, em que o SN não c-comanda o pronome e,

portanto, faz com que a correferência deste com a forma nula seja dificultada.

Espera-se com a análise comparativa PB e PE:

Português Brasileiro e Português Europeu terão resultados muito semelhantes

para a forma nula. Para retomadas do SN1 a forma nula apresentará custos de

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O trabalho experimental

132

processamento bem menores do que para as retomadas do SN2, ou seja, a forma

nula retoma preferivelmente o SN mais saliente.

A forma plena apresentará distinção em relação a retomada do SN1, em PB essa

retomada será processada da mesma forma que ocorre com o nulo, devido a

perda do Princípio Evitar Pronome, e para o PE haverá mais custos de

processamento.

1.2. Resultados

Os resultados abaixo apresentam análises onde obtivemos os tempos de primeira

leitura dos segmentos críticos (verbo e advérbio) e leitura total, mensurados em

milésimos de segundo (medida on-line), comparando-se as frases com pronome

realizado com as frases com pronome nulo, retomando sintagmas nominais (SNs) em

primeira posição (SN1) ou em segunda posição (SN2). Além dos dados on-line,

apresentaremos os índices de acertos às questões interpretativas (medida off-line).

Para a análise estatística dos dados utilizaram-se os modelos lineares mistos com o

software R (R Development Core Team, 2008) e o pacote lme4 (Bates, Maechler,

Bolker e Walker, 2015). Para a análise das variáveis categoriais (acerto de

resposta/aceitabilidade) usou-se a função binomial. Todos os modelos incluíram a

máxima estrutura relevante para a análise: efeitos principais de Animacidade, Pronome

e Variedade (quando se compara PE e PB) e suas interações. Consideraram-se como

fatores de variação (random effects) os Itens e os Participantes. Foram ainda

considerados como elementos de variação (random slopes) as variáveis independentes

relevantes para o modelo. As variáveis independentes foram sempre centradas de modo

a evitar efeitos de colinearidade.

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O trabalho experimental

133

1.2.1. Resultados para o PE

1.2.1.1. Resultados off-line

Iniciaremos a apresentação dos resultados obtidos com as percentagens de erros

e acerto das respostas das perguntas apresentadas no final de cada sentença. No gráfico

apresentamos os índices de erros e acertos, já que o traço de número presente na oração

subordinada enviesava a resposta para determinado SN.

Gráfico 1. Percentagem de acertos e erros à questão final off-line.

Certo Errado

SN1

Nulo 90% 10%

Pleno 78% 22%

SN2

Nulo 64% 36%

Pleno 76% 24%

Tabela 7: Percentagem de erros e acertos

Como se pode observar no gráfico e na tabela apresentados acima, os valores das

percentagens de acerto maiores do que as de erros em todas as condições, sendo a

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O trabalho experimental

134

condição em que o pronome nulo retoma o SN1 (NS1 - Durante a festa, os coreógrafos

do dançarino mencionaram que refletiam vagarosamente sobre os espetáculos) a que

teve índices de acerto mais elevados 90% e a condição em que o pronome nulo retoma o

antecedente SN2 (NS2 - Durante a festa, o coreógrafo dos dançarinos mencionou que

refletiam vagarosamente sobre os espetáculos) a que teve índices de acerto mais baixos

64%.

A análise estatística mostra um efeito principal de Antecedente, com diferenças

nas taxas de acerto de SN1 e de SN2, houve também um efeito de interação entre o tipo

de pronome e o antecedente que justifica-se pelo maior índice de acertos nas condições

em que o pronome nulo retoma o SN1.

Estimate SE z-value p-value

(Intercept) 1.742 0.284 6.123 <0.001

PronCENTERED -0.274 0.248 -1.106 0.269

AntCENTERED -1.145 0.418 -2.740 0.006

PronCENTERED:AntCENTERED 1.889 0.500 3.776 <0.001

Tabela 8: Análise estatística dos resultados off-line

Referente as respostas às perguntas das distratoras, a percentagem de erro varia

entre 6% e 19%, com uma média de 12%. Considerando que todos os participantes

acertaram mais de 80% das questões não excluímos nenhum participante da análise.

1.2.1.2. Resultados on-line

Os registros da movimentação ocular durante a leitura permite-nos fazer uma

análise de diferentes variáveis dependentes. Na presente pesquisa analisaremos os

tempos de leitura dos segmentos críticos (verbo e advérbio e também do pronome junto

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O trabalho experimental

135

com o verbo). Observaremos os tempos da primeira leitura (First pass reading time), e

o tempo total de leitura (Total Pass) dos segmentos analisados.

As regiões a serem analisadas foram escolhidas por serem o ponto em que se dá

o processamento da correferência das estruturas testadas, sendo a região do pronome e

do verbo as mais interessantes e a região do advérbio será analisada para verificarmos se

a resolução da correferência se dará em um momento tardio.

1. First Pass

Como em qualquer estudo com eyetracking, foram rejeitadas todas as condições

em que não havia dados nas regiões a serem analisadas. Foram também eliminados em

todas as regiões os valores de fixação inferiores a 100ms e os valores acima da média

mais 2.5 desvio padrão. Como a região do pronome não ocorre em todas as condições,

fizemos as análises em pontos comuns a todas as condições, na posição do verbo e na

posição do advérbio.

Com a finalidade de cobrir a lacuna da posição do pronome, optamos por fazer a

análise residualizada na posição em que juntamos o pronome com o verbo

(pronome+verbo) para que pudéssemos fazer o comparativo entre as condições com

nulo e com pleno, já que pressupõe-se que nas condições com o pleno a correferência

inicia nele e não no verbo. De forma a tornar possível a comparação da região do

pronome e do verbo, os tempos de todas as regiões foram residualizados, tendo sido

aplicada uma regressão ao tempo (tanto de First Pass como de Total Pass)

considerando o número de caracteres de cada região. Para esta regressão foram

consideradas, para cada participante, todas as regiões e todas as frases, experimentais e

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O trabalho experimental

136

distratoras. Para a região do pronome e do verbo, os tempos das duas regiões foram

somados antes da aplicação desta fórmula.

Vejamos abaixo, as análises para cada região:

1.1. Verbo

Não encontramos resultados na região do verbo, sendo os tempos médios de

primeira leitura muito próximos em cada condição. Apesar do gráfico abaixo apresentar

a diferença encontrada para o tipo de pronome e o antecedente a ser retomado em cada

condição, sendo a condição com nulo retomando o SN1 a mais rápida, as diferenças não

são significativas.

Gráfico 2. Tempos de duração da primeira fixação em milésimos de segundo [ms].

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O trabalho experimental

137

1.2. Advérbio

Assim como na região do verbo, não foram encontrados efeitos para a região do

advérbio. Os tempos médios de primeira leitura foram muito próximos em todas as

condições, sendo a condição com nulo retomando o SN1 a mais rápida também nessa

região.

Gráfico 3. Tempos de duração da primeira fixação em milésimos de segundo [ms].

1.3. Pronome e verbo

Conforme já foi referido acima, ao observar as variáveis testadas percebe-se que

não tem como se estabelecer uma comparação entre a forma nula e a forma plena, já que

a forma nula não é constituída por um item lexical realizado fonologicamente. Devido a

tal característica e incompatibilidade de formas de uma análise bem delineada, optamos,

como já referido, por somar o tempo de leitura da região do pronome (nas condições em

que ocorre) com o tempo de leitura da região do verbo.

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O trabalho experimental

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Gráfico 4. Tempos de duração da primeira leitura (first pass) residualizados.

Estimate SE T-value p-value

(Intercept) 0.381 8.365 0.045 0.964

PronCENTERED 20.886 14.102 1.481 0.139

AntCENTERED -3.308 17.869 -0.185 0.853

PronCENTERED:AntCENTERED -49.219 28.204 -1.745 0.081

Tabela 9: Resultados LMM first pass região pronome e verbo (residuals)

Os resultados indicam que há um efeito marginal de interação entre o tipo de

pronome e o antecedente a ser retomado (p=0.081), com tempos menores para as

condições com a forma nula retomando o SN1 e o pronome realizado retomando o SN2,

em oposição ao nulo retomando o SN2 e o pleno retomando o SN1.

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O trabalho experimental

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2. Total Pass

Assim como nos tempos de primeira leitura, também excluímos para a análise

dos tempos totais de leitura (total pass) todos os dados inferiores a 100ms, inclusive os

zeros, e os valores maiores que a média mais 2.5 do desvio padrão. Na análise da região

pronome+verbo, os dados foram residualizados.

2.1. Verbo

Os tempos totais de leitura na região do verbo também não apresentaram efeito

para nenhuma das variáveis testadas.

Gráfico 5: Tempo total de leitura (Total Pass)

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O trabalho experimental

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2.2. Advérbio

O gráfico abaixo, que representa as médias de tempo total de leitura da região do

advérbio, mostra que os tempos foram muito próximos em todas as condições, não

apresentando, portanto, efeito para nenhuma das variáveis testadas assim como ocorreu

com os tempos da primeira leitura.

Gráfico 6: Tempo total de leitura advérbio (Total Pass)

2.3. Pronome e verbo

Os resultados apresentados no gráfico e na tabela abaixo mostram que há um

efeito principal de posição do antecedente (p<0.001), tendo a condição com retomada

de SN1 mais tempo de leitura total, sobretudo nas condições com pleno retomando o

antecedente SN1. Os resultados mostram também um efeito de interação entre o Tipo de

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O trabalho experimental

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pronome e o antecedente (p=0.004), com tempos de leitura menores para as condições

com a forma plena retomando o SN2.

Gráfico 7: Tempo total de leitura (Total Pass)

Estimate SE t-value p-value

(Intercept) 0.490 19.078 0.026 0.979

PronCENTERED -42.064 35.713 -1.178 0.239

AntCENTERED -117.313 33.042 -3.550 <0.001

PronCENTERED:AntCENTERED -176.666 61.078 -2.892 0.004

Tabela 10: Resultados LMM Total Pass região pronome e verbo (residuals)

1.2.1.3. Discussão dos Resultados

Os resultados do experimento realizado mostram que as hipóteses testadas se

confirmam. As sentenças em que o SN1 era retomado pelo pronome nulo teve índices

de acerto mais elevados e tempos de primeira leitura mais baixos do que as demais

condições. A hipótese de que os pronomes plenos teriam mais custos de processamento

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O trabalho experimental

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ao retomar o SN1 e menos custos de processamento ao retomar o SN2 também se

confirma, alargando a afirmação feita por Costa, Faria e Matos (1998) e por Luegi

(2012) que afirmaram que o pronome pleno retoma antecedentes não sujeito. Com os

resultados encontrados em nosso teste em que não havia um antecedente em posição

não sujeito e sim em posição de sujeito, mas não saliente, podemos dizer que a

afirmação pode ser a de que pronomes plenos retomam antecedentes menos salientes

dentro da estrutura independentemente se ele se encontra em posição de objeto ou se ele

se encontra encaixado dentro do sujeito.

Acerca das preferências gramaticais colocadas em questão por Barbosa, Duarte e

Kato (2005) de que as formas nulas só podem correferir com um antecedente que as c-

comande, podemos observar que se confirma. A relação de c-comando realmente limita

a retomada de um antecedente que não c-comanda a forma nula, mas não estabelece

essa limitação quando se trata de uma forma plena retomando um antecedente que não o

c-comanda, ou seja, em PE a preferência de retomar um antecedente mais saliente na

estrutura e que esteja c-comandando a forma nula se mantém em orações completivas.

Em síntese, podemos sugerir que, para o PE, assim como ocorre com orações

subordinadas adverbiais, nas orações completivas, o pronome (nulo/pleno) retomando

um antecedente que nas sentenças testadas ora poderia ser o mais saliente dentro da

estrutura e ora poderia ser o elemento encaixado dentro do sujeito da oração principal.

A posição estrutural da sentença foi levada em consideração, tendo sido indiferente o

fato de em orações completivas a relação entre as estruturas ser mais forte do que em

orações adverbiais. Nas orações completivas os antecedentes mais salientes foram

retomados com mais facilidade quando o pronome era nulo, assim como foi observado

por Luegi (2012) com as adverbiais.

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O trabalho experimental

143

Com base nos resultados encontrados podemos afirmar, de acordo com o que

vem sendo exposto na literatura e indo ao encontro do que foi estipulado por Carminati

(2002) com a Hipótese da Posição do Antecedente, que em PE os pronomes nulos

tendem a retomar antecedentes que ocupam a posição mais alta dentro da estrutura

sintática, além de observar que para que seja estabelecida a correferência com o pleno o

antecedente deve ser o menos saliente dentro do escopo sentencial.

1.2.2. Resultados para o PB

1.2.2.1. Resultados off-line

Iniciaremos a apresentação dos resultados obtidos com as percentagens de acerto

das respostas das perguntas apresentadas no final de cada sentença. No gráfico

apresentamos os índices de acerto, já que o traço de número presente na oração

subordinada enviesava a resposta para determinado SN.

Gráfico 8. Percentagem de acertos e erros à questão final off-line.

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O trabalho experimental

144

Certo Errado

SN1

Nulo 84% 16%

Pleno 76% 24%

SN2

Nulo 52% 48%

Pleno 70% 30%

Tabela 11: Percentagem de erros e acertos

Como se pode observar no gráfico e na tabela apresentados acima, os valores das

percentagens de acerto são maiores do que as de erros em três das quatro condições

testadas. A condição em que o pronome nulo retoma o antecedente que está encaixado

(NS2) teve 48% das respostas erradas, quase a metade do total. As demais condições

tiveram índices de acerto bem elevados, acima de 70%, sendo a condição em que o

pronome nulo retoma o antecedente em posição de Spec de IP (NS1) a que teve índices

de acertos mais elevados 84%.

A análise estatística mostra um efeito principal de Antecedente (p=0.017), com

diferenças nas taxas de acerto de SN1 e de SN2, com uma taxa de erro mais elevada em

SN2, houve também um efeito de interação entre o tipo de pronome e o antecedente

(p<0.001), que justifica-se pelo maior índice de erros com o nulo quando retoma SN2.

Estimate SE z-value p-value

(Intercept) 1.435 0.287 5.004 <0.001

PronCENTERED 0.211 0.377 0.558 0.577

AntCENTERED -1.376 0.578 -2.381 0.017

PronCENTERED:AntCENTERED 1.995 0.518 3.854 <0.001

Tabela 12: Análise estatística dos resultados off-line

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O trabalho experimental

145

Referente às respostas às perguntas das distratoras, a percentagem de erro varia

entre 3% e 16%, com uma média de 9%. Considerando que todos os participantes

acertaram mais de 80% das questões não excluímos nenhum participante da análise.

2.2.2. Resultados on-line

1. First Pass

1.1. Verbo

Os resultados na região do verbo nos mostram que há efeito principal de

pronome, sendo os tempos médios de primeira leitura com o pronome pleno mais

baixos do que os tempos de leitura com o pronome nulo (p<0.001). O gráfico abaixo

apresentar claramente a diferença encontrada para o tipo de pronome em cada condição,

sendo a condição com pleno retomando o SN1 a mais rápida 449ms, mas a condição

com pleno retomando o SN2 também não apresenta média muito distante 506ms, não

apresentando assim resultados significativos para o antecedente a ser retomado.

Gráfico 9. Tempos de duração da primeira fixação em milésimos de segundo [ms].

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O trabalho experimental

146

Estimate SE t-value p-value

(Intercept) 6.170 0.056 109.038 <1e-04

PronCENTERED -0.284 0.080 -3.523 <0.001

AntCENTERED 0.080 0.056 1.423 0.154

PronCENTERED:AntCENTERED 0.098 0.091 1.083 0.278

Tabela 13: Análise estatística (first pass) VERBO

1.2. Advérbio

Os resultados apresentados no gráfico e na tabela abaixo mostram que há na

região do advérbio um efeito principal de pronome, tendo as condições com pronome

nulo mais tempo de leitura (p<0.001). Os resultados mostram também um efeito de

interação entre o Tipo de pronome e o antecedente, com tempos de leitura menores para

as condições com a forma plena e maiores para a forma nula retomando o SN2

(p=0.014).

Gráfico 10. Tempos de duração da primeira fixação em milésimos de segundo [ms].

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O trabalho experimental

147

Estimate SE t-value p-value

(Intercept) 5.945 0.044 134.154 <0.001

PronCENTERED -0.188 0.050 -3.736 <0.001

AntCENTERED 0.025 0.041 0.611 0.541

PronCENTERED:AntCENTERED -0.170 0.069 -2.456 0.014

Tabela 14: Análise estatística (first pass) ADVÉRBIO

1.3. Pronome e verbo

Assim como na análise apresentada para os dados do PE, os valores encontrados

para cada condição foram residualizados considerando o tempo de leitura por caracter e,

depois tirada a diferença do valor à média para que os dados das condições pudessem

ser comparáveis. Vejamos o gráfico e a tabela abaixo em que apresentamos os valores

residuais, que serão as medidas usadas por nós nessa análise:

Gráfico 11. Tempos de duração da primeira fixação em milésimos de segundo [ms].

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O trabalho experimental

148

Estimate SE t-value p-value

(Intercept) -0.499 45.853 -0.011 0.991

PronCENTERED -324.562 76.155 -4.262 <0.001

AntCENTERED 61.787 54.894 1.126 0.260

PronCENTERED:AntCENTERED 134.410 100.511 1.337 0.181

Tabela 15: Resultados LMM first pass região pronome e verbo (residuals)

Os resultados indicam que há efeito principal de pronome, assim como foi

observado com a região do verbo analisada separadamente (p<0.001). As condições

com o pronome nulo apresentaram tempos mais elevados do que as condições com

pleno.

2. Total Pass

2.1. Verbo

Os tempos totais na região do verbo nos mostram que há efeito principal de

pronome, sendo os tempos médios de leitura total com o pronome pleno mais baixos do

que os tempos de leitura com o pronome nulo (p<0.001). Os resultados estatísticos

mostram também que há efeito principal de antecedente (p=0.015), com tempos mais

elevados na retoma de SN2.

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O trabalho experimental

149

Gráfico 12. Tempos da primeira leitura em milésimos de segundo [ms].

Estimate Std..Error t.value P

(Intercept) 6.618 0.0681 97.116 <1e-04

PronCENTERED -0.275 0.077 -3.549 <0.001

AntCENTERED 0.137 0.056 2.423 0.015

PronCENTERED:AntCENTERED -0.143 0.086 -1.657 0.097

Tabela 16: Resultados LMM total pass VERBO

2.2. Advérbio

Os tempos totais na região do advérbio nos mostram que há efeito principal de

pronome, sendo os tempos médios de leitura total com o pronome nulo mais elevados

do que os tempos de leitura com o pronome pleno (p=0.022). O gráfico abaixo

apresentar claramente a diferença encontrada para o tipo de pronome em cada condição,

sendo as condições com pleno mais rápidas do que as condições com nulo.

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O trabalho experimental

150

Gráfico 13. Tempos da primeira leitura em milésimos de segundo [ms].

Estimate SE t-value p-value

(Intercept) 6.465 0.052 123.835 <1e-04

PronCENTERED -0.166 0.072 -2.298 0.022

AntCENTERED 0.051 0.044 1.156 0.248

PronCENTERED:AntCENTERED -0.002 0.087 -0.027 0.978

Tabela 17: Resultados LMM total pass ADVÉRBIO

2.3. Pronome e verbo

Os tempos totais residualizados na região pronome+verbo mostram que há efeito

principal de pronome devido ao alto custo de processamento com o pronome nulo

(p<0.001). Também se registra um efeito principal de Antecedente (p=0.004), sendo a

retomada de SN2 mais demorada.

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O trabalho experimental

151

Gráfico 14: Tempo total de leitura (Total Pass) PRONOME+VERBO (Residuals)

Estimate SE t-value p-value

(Intercept) -0.761 55.938 -0.014 0.989

PronCENTERED -335.365 86.904 -3.859 <0.001

AntCENTERED 208.470 73.045 2.854 0.004

PronCENTERED:AntCENTERED -175.595 146.286 -1.200 0.230

Tabela 18: Resultados LMM Total Pass região pronome e verbo (Residuals)

1.2.2.3. Discussão dos Resultados

Os resultados encontrados mostram que as hipóteses testadas se confirmam. A

hipótese de que o SN1 seria retomado com maior facilidade em comparação com o SN2

se confirma, e a hipótese de que plenos retomariam tanto os mais salientes quanto os

menos salientes também se confirma e se apoia no que foi proposto por Duarte (1995)

sobre a perda do Princípio Evitar Pronome. Quanto aos que se referem às relações

estruturais, com base nos resultados off-line, a nossa hipótese também é confirmada, já

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O trabalho experimental

152

que os resultados encontrados mostram que a relação de c-comando realmente é

determinante para o estabelecimento da correferência com a forma nula.

Estudos como o de Duarte (1995) e Barbosa, Duarte e Kato (2005) a utilização

da forma nula em posição de sujeito em PB vem sendo diminuída cada vez mais. De

acordo com o que foi exposto, era de se esperar, no presente estudo, que os participantes

tivessem mais facilidade ao interpretar e processar as condições em que o sujeito pleno

aparece, sendo as condições PS1 (Durante a festa, os coreógrafos do dançarino

mencionaram que eles refletiam vagarosamente sobre os espetáculos) e PS2 (Durante a

festa, o coreógrafo dos dançarinos mencionou que eles refletiam vagarosamente sobre

os espetáculos) as mais fáceis de serem processadas e interpretadas comparativamente

com as condições com nulo NS1 (Durante a festa, os coreógrafos do dançarino

mencionou que refletiam vagarosamente sobre os espetáculos) e NS2 (Durante a festa,

o coreógrafo dos dançarinos mencionou que refletiam vagarosamente sobre os

espetáculos).

Os resultados off-line vão de acordo com preferências encontradas para o uso do

sujeito nulo em PB. Segundo o que vem sendo referido por Figueiredo Silva 2000,

Modesto 2000, Ferreira 2000, Rodrigues 2004, é preferível que o sujeito nulo seja

utilizado para retomar antecedentes em terceira pessoa e que o c-comande, é o que

acontece com a condição NS1 (Durante a festa, os coreógrafos do dançarino

mencionaram que refletiam vagarosamente sobre os espetáculos) em que o pronome

nulo está sendo c-comandado pelo antecedente “os coreógrafos”, o que não ocorre

quando o antecedente a ser retomado é o SN encaixado “os dançarinos”, que não c-

comanda o pronome nulo conforme na condição NS2 (Durante a festa, o coreógrafo

dos dançarinos mencionou que refletiam vagarosamente sobre os espetáculos), em que

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O trabalho experimental

153

o pronome nulo está sendo c-comandado pelo SN mais alto, mas não está sendo c-

comandado pelo SN encaixado. Podemos considerar que tal restrição gramatical pode

ter sido a responsável pelo alto índice de erros na condição SN2, reforçando as

propostas dos estudos referidos.

Relacionado ao pronome pleno, assim como foi proposto por Figueiredo Silva

2000, Modesto 2000, Ferreira 2000, Rodrigues 2004, a forma plena do PB é usada para

retomar tanto antecedentes em posição mais alta, que esteja sendo c-comandado pelo

antecedente ou em posição mais baixa, nesse caso encaixada, não havendo preferências

por um ou por outro.

Globalmente, os resultados off-line do PB indicam que para que seja

estabelecida a correferência com o pronome nulo ele precisa, necessariamente, estar

sendo c-comandado pelo antecedente a ser retomado, e que os pronomes plenos

retomam tanto antecedente em posição mais altas dentro da estrutura sintática quanto

antecedentes mais baixos, como é o caso do SN encaixado. Tais resultados corroboram

em partes os achados por Carminati (2002) em estudo com o italiano. No italiano,

pronomes nulos retomam antecedentes mais altos na estrutura sintática e pronomes

plenos retomam antecedentes em posição mais baixa.

Agora vamos à análise dos resultados encontrados no teste on-line. Os resultados

de primeira leitura (first pass) e de leitura total (total pass) nos permitem dizer

claramente que o pronome pleno é mais facilmente processado do que o pronome nulo,

diferentemente do que indica os resultados off-line. No teste on-line verificamos que as

condições com pronome pleno foram processadas mais rapidamente do que as

condições com nulo em todas as regiões, o que pode vir a ser um indício de que há uma

certa preferência pela forma plena e de que o que vem sendo referido por Duarte (1995)

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O trabalho experimental

154

sobre a perda do Parâmetro do Sujeito Nulo em PB se confirma, pois apresenta impacto

no processamento.

Tais resultados nos parecem indicar que há certa preferência pela forma plena,

mas isso não impede que o pronome nulo seja processado e interpretado,

Quanto à forma plena, mais especificamente, observamos que não há

preferências por determinada retomada, a forma plena em PB retoma o SN mais saliente

ou o SN menos saliente da mesma forma, sendo os tempos tanto de primeira leitura

quanto de leitura total muito próximos para uma ou para outra. Sendo os tempos de

retomada para o SN1 um pouco menores do que os tempos de retomada para o SN2,

indo de acordo com nossa previsão de que a retomada do SN1 teria tempos menores

tanto com nulo, quanto com pleno, mas estes dados não se mostraram significativos em

nossa análise.

Sendo assim, relativamente aos resultados encontrados para o PB, nos é

permitido concluir que em estruturas com o pronome nulo em posição de sujeito a

relação de c-comando influencia a escolha do antecedente dessa forma, ou seja, as

formas nulas retomam preferencialmente as formas que as c-comandam diretamente. As

restrições de c-comando estão limitadas apenas as forma nulas do pronome, já que

podemos perceber a partir dos testes aplicados que com a forma plena não há limitação

de qual antecedente deve ser retomado pelo pronome pleno, ou seja, a relação de c-

comando limita a retomada de um antecedente que não c-comanda a forma nula, mas

não limita a retomada de um antecedente que não c-comanda a forma plena.

Podemos sugerir que, para o PB, assim como ocorre com orações subordinadas

adverbiais, nas orações completivas, o pronome (nulo/pleno) retomando um antecedente

que nas sentenças testadas ora poderia ser o mais saliente dentro da estrutura e ora

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O trabalho experimental

155

poderia ser o elemento encaixado dentro do sujeito da oração principal a posição

estrutural da sentença foi levada em consideração. Nas orações completivas os

antecedentes mais salientes foram retomados com mais facilidade tanto quando o

pronome era nulo ou quando o pronome era pleno, assim como foi observado por Hora

(2014) com as adverbiais.

Com base nos resultados encontrados podemos afirmar, de acordo com o que

vem sendo exposto na literatura e indo ao encontro do que foi estipulado por Carminati

(2002) com a Hipótese da Posição do Antecedente, que em PB os pronomes nulos

tendem a retomar antecedentes que ocupam a posição mais alta dentro da estrutura

sintática, mas que há uma certa preferência pelo pronome pleno em detrimento do

pronome nulo, indo de acordo com o que vem sendo referido por Duarte (1995) até os

dias atuais através de estudos de corpora, de que o paradigma do pronome nulo está

cada vez mais se perdendo em PB.

1.2.3. Análise comparativa entre PB e PE

Questão:

Será que os fatores que influenciam a retomada de um antecedente por diferentes

expressões referenciais em PB e em PE são os mesmo, levando-se em consideração

fatores como: Função sintática e as relações estruturais de c-comando? PB e PE

apresentam disparidade em relação às preferências por retomadas de antecedentes por

pronome nulo e pleno?

Abaixo apresentaremos os resultados encontrados na análise comparativa entre o

PB e o PE acerca do pronome em posição de sujeito.

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O trabalho experimental

156

1.2.3.1. Resultados off-line

Iniciaremos a apresentação dos contrastes entre os resultados encontrados para

PB e para PE a partir dos dados off-line de questionário. Observamos que há efeito

principal de antecedente (p=0.001) devido ao alto índice de acertos para as condições

que retomavam o antecedente SN1 e houve também efeito de interação entre Pronome e

Antecedente (p<0.001) devido ao maior número de erros nas condições com nulo

retomando o antecedente SN2. Porém, não encontramos resultados que apontem

diferenças entre as duas variedades de português.

Estimate SE z-value p-value

(Intercept) 1.507 0.194 7.774 <0.001

PronCENTERED -0.026 0.172 -0.149 0.881

AntCENTERED -1.176 0.366 -3.216 0.001

VarCENTERED 0.505 0.326 1.548 0.122

PronCENTERED:AntCENTERED 1.825 0.342 5.342 <0.001

PronCENTERED:VarCENTERED -0.455 0.344 -1.326 0.185

AntCENTERED:VarCENTERED 0.045 0.551 0.082 0.935

PronCENTERED:AntCENTERED:VarCENTERED 0.190 0.671 0.283 0.777

Tabela 19: Análise estatística dos resultados off-line

Gráfico15: erros e acertos nas diferentes

condições em PE Gráfico 16-: erros e acertos nas diferentes

condições em PB

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O trabalho experimental

157

A partir da comparação dos resultados off-line entre PB e PE podemos inferir

que o fato de o SN2 estar encaixado e não c-comandando o pronome nulo faz com que

essa retomada seja dificultada, sendo o SN1 o preferido para retomadas com o nulo, ou

seja, as restrições de c-comando limitam a retomada de um antecedente que não c-

comanda a forma nula nas duas variedades, sendo as restrições para o PB mais

marcantes devido ao alto índice de erros na questão interpretativa na condição com nulo

retomando o SN encaixado.

1.2.3.2. Resultados on-line

1. First Pass

Apresentaremos o estudo comparativo sob a metodologia on-line em que

averiguaremos os comportamentos oculares de primeira leitura dos participantes

comparativamente.

1.1. Verbo

A análise comparativa na região do verbo nos mostra que há efeito principal de

pronome (p<0.001), efeito principal de variedade (p<0.001) e há efeito de interação

entre pronome e variedade (p=0.001). Podemos observar nos gráficos abaixo a

diferença dos tempos para cada uma das variedades, sendo no PB as diferenças entre as

condições as mais aparentes. Aqui inferimos que o efeito apareceu devido ao fato de em

PB apresentarmos tamanha discrepância em termos de comportamento em relação ao

que ocorre em PE, em que não obtivemos nenhuma diferença entre as condições.

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O trabalho experimental

158

Estimate SE t-value p-value

(Intercept) 6.017 0.038 154.418 <0.001

PronCENTERED -0.153 0.045 -3.366 <0.001

AntCENTERED 0.043 0.032 1.322 0.185

VarCENTERED -0.303 0.071 -4.264 <0.001

PronCENTERED:AntCENTERED 0.019 0.060 0.326 0.743

PronCENTERED:VarCENTERED 0.267 0.083 3.213 0.001

AntCENTERED:VarCENTERED -0.078 0.062 -1.257 0.208

PronCENTERED:AntCENTERED:VarCENTERED -0.166 0.120 -1.381 0.167

Tabela 20: Análise estatística dos resultados comparativos de primeira leitura do VERBO

1.2. Advérbio

A análise comparativa na região do advérbio nos mostra que há efeito principal

de pronome (p<0.026), efeito de interação entre Pronome e Antecedente (p<0.014) e há

efeito de interação entre Pronome e Variedade (p=0.001). Podemos observar nos

gráficos abaixo a diferença dos tempos para cada uma das variedades, sendo no PB as

diferenças entre as condições as mais aparentes. Aqui inferimos que o efeito apareceu

devido ao fato de em PB apresentarmos tamanha discrepância em termos de

comportamento em relação ao que ocorre em PE, em que não obtivemos nenhuma

Gráfico17: tempos de primeira leitura em [ms]

nas diferentes condições em PE VERBO

Gráfico18: tempos de primeira leitura em [ms]

nas diferentes condições em PB VERBO

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O trabalho experimental

159

diferença entre as condições, ou seja, os efeitos são motivados pelos resultados

encontrados em PB.

Estimate SE t-value p-value

(Intercept) 5.970 0.036 164.641 <0.001

PronCENTERED -0.077 0.035 -2.224 0.026

AntCENTERED 0.018 0.026 0.722 0.471

VarCENTERED 0.044 0.068 0.651 0.515

PronCENTERED:AntCENTERED -0.124 0.050 -2.469 0.014

PronCENTERED:VarCENTERED 0.210 0.062 3.368 0.001

AntCENTERED:VarCENTERED -0.021 0.050 -0.409 0.682

PronCENTERED:AntCENTERED:VarCENTERED 0.098 0.101 0.971 0.332

Tabela 21: Análise estatística dos resultados comparativos de primeira leitura do (ADVÉRBIO)

1.3. Pronome + Verbo

A análise comparativa na região pronome + verbo nos mostra que há efeito

principal de pronome (p<0.01), há efeito de interação entre Pronome e Variedade

(p=0.001) e um efeito marginal de interação entre os três fatores envolvidos Pronome,

Antecedente e Variedade (p=0.075). Podemos observar nos gráficos abaixo a diferença

Gráfico19: tempos de primeira leitura em [ms]

nas diferentes condições em PE (ADVÉRBIO) Gráfico20: tempos de primeira leitura em [ms]

nas diferentes condições em PE (ADVÉRBIO)

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O trabalho experimental

160

dos tempos para cada uma das variedades, sendo no PE os tempos residuais mais baixos

para a condição em que o pronome nulo retoma o antecedente SN1 e no PB os tempos

residuais mais baixos para a condição em que o pronome pleno retoma o antecedente

SN1.

Estimate SE t-value p-value

(Intercept) 0.575 23.435 0.025 0.980

PronCENTERED -145.850 37.132 -3.928 <0.01

AntCENTERED 27.040 28.763 0.940 0.347

VarCENTERED -3.304 26.388 -0.125 0.900

PronCENTERED:AntCENTERED 41.287 52.817 0.782 0.434

PronCENTERED:VarCENTERED 349.398 58.004 6.024 <0.001

AntCENTERED:VarCENTERED -61.233 57.529 -1.064 0.287

PronCENTERED:AntCENTERED:VarCENTERED -188.386 105.640 -1.783 0.075

Tabela 22: Análise estatística dos resultados comparativos de primeira leitura (residuals) do PRON+V

Gráfico21: tempos de primeira leitura

(residuals) nas diferentes condições em PE

(PRON+V)

Gráfico22: tempos de primeira leitura

(residuals) nas diferentes condições em PB

(PRON+V)

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O trabalho experimental

161

2. Total Pass

Apresentaremos o estudo comparativo sob a metodologia on-line em que

averiguaremos os comportamentos oculares de leitura total dos participantes dos dois

grupos comparativamente.

2.1. Verbo

A análise comparativa na região do verbo nos mostra que há efeito principal de

pronome (p<0.001), efeito de interação entre Pronome e Antecedente (p=0.006), efeito

de interação entre pronome e Variedade (p=0.026) e efeito de interação entre

antecedente e Variedade (p=0.001). Podemos observar nos gráficos abaixo a diferença

dos tempos para cada uma das variedades, sendo no PB as diferenças entre as condições

as mais aparentes. Aqui inferimos que o efeito apareceu devido ao fato de em PB

apresentarmos tamanha discrepância em termos de comportamento em relação ao que

ocorre em PE, em que não obtivemos nenhuma diferença entre as condições.

Gráfico23: tempos de leitura total nas

diferentes condições em PE (VERBO) Gráfico24: tempos de leitura total nas

diferentes condições em PB (VERBO)

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O trabalho experimental

162

Estimate SE t-value p-value

(Intercept) 6.540 0.048 136.684 <0.001 PronCENTERED -0.189 0.046 -4.093 <0.001 AntCENTERED 0.009 0.031 0.287 0.773 VarCENTERED -0.152 0.089 -1.713 0.087 PronCENTERED:AntCENTERED -0.171 0.061 -2.774 0.006 PronCENTERED:VarCENTERED 0.185 0.083 2.219 0.026 AntCENTERED:VarCENTERED -0.262 0.063 -4.154 0.001 PronCENTERED:AntCENTERED:VarCENTERED -0.086 0.124 -0.693 0.488

Tabela 23: Análise estatística dos resultados comparativos de leitura total do VERBO

2.2. Advérbio

A análise comparativa na região do advérbio nos mostra que há efeito principal

de pronome (p=0.042), efeito de interação entre pronome e variedade (p=0.054) e efeito

marginal de interação entre antecedente e Variedade (p=0.073). Podemos observar nos

gráficos abaixo a diferença dos tempos para cada uma das variedades, sendo no PB as

diferenças entre as condições as mais aparentes. Aqui inferimos que o efeito apareceu

devido ao fato de em PB apresentarmos tamanha discrepância em termos de

comportamento em relação ao que ocorre em PE, em que não obtivemos nenhuma

diferença entre as condições.

Gráfico25: tempos de leitura total nas

diferentes condições em PE (ADVÉRBIO) Gráfico26: tempos de leitura total nas

diferentes condições em PB (ADVÉRBIO)

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O trabalho experimental

163

Estimate SE t-value p-value

(Intercept) 6.534 0.048 136.994 <0.001

PronCENTERED -0.091 0.045 -2.037 0.042

AntCENTERED -0.009 0.031 -0.285 0.776

VarCENTERED 0.126 0.081 1.558 0.119

PronCENTERED:AntCENTERED -0.029 0.060 -0.476 0.634

PronCENTERED:VarCENTERED 0.144 0.075 1.924 0.054

AntCENTERED:VarCENTERED -0.108 0.060 -1.792 0.073

PronCENTERED:AntCENTERED:VarCENTERED -0.060 0.120 -0.502 0.616

Tabela 24: Análise estatística dos resultados comparativos de leitura total do ADVÉRBIO

2.3. Pronome + Verbo

A análise comparativa na região do Pronome+verbo, em que residualizamos os

tempos, nos mostra que há diferença nos tempos para cada uma das variedades, sendo

no PB as diferenças entre as condições as mais aparentes. Aqui inferimos que o efeito

apareceu devido ao fato de em PB apresentarmos tamanha discrepância em termos de

comportamento em relação ao que ocorre em PE, em que não obtivemos nenhuma

diferença entre as condições.

Gráfico27: tempos residuals nas diferentes

condições em PE (PRON+V)

Gráfico28: tempos residuals nas diferentes

condições em PB (PRON+V)

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O trabalho experimental

164

Estimate SE t-value p-value

(Intercept) 1.621 28.627 0.057 0.955

PronCENTERED -184.228 45.648 -4.036 <0.001

AntCENTERED 40.517 39.437 1.027 0.304

VarCENTERED -3.636 39.460 -0.092 0.927

PronCENTERED:AntCENTERED -174.682 78.911 -2.214 0.027

PronCENTERED:VarCENTERED 296.509 78.962 3.755 <0.001

AntCENTERED:VarCENTERED -329.676 78.917 -4.178 <0.001

PronCENTERED:AntCENTERED:VarCENTERED -1.092 157.912 -0.007 0.994

Tabela 25: Análise estatística dos resultados comparativos de leitura total do PRON+V

1.2.3.3. Discussão dos Resultados

Relativo ao contraste entre as duas variedades de português, os resultados nos

permitem dizer que as hipótese colocadas se confirmam. Para as duas variedades, o SN1

foi o antecedente preferível a ser retomado pela forma nula. E relacionado a forma

plena, em PB não houve diferenças relativo a retomada de SN1 ou do SN2 sendo as

duas formas possíveis, entretanto para o PE houve uma maior dificuldade quando essa

forma retomava o SN1.

Segundo Roberts e Holmberg (2010) as línguas marcadas positivamente para o

parâmetro do sujeito nulo dividem-se em grupos, existem as línguas que tem sujeito

nulo consistente, as línguas de sujeito nulo expletivo, as línguas de sujeito nulo

discursivo e as línguas de sujeito nulo parcial. De acordo com o que foi estipulado pelos

pesquisadores e com os resultados encontrados por Barbosa, Duarte e Kato (2005) o PB

e o PE podem ser enquadrados em grupos diferentes, PB como uma língua de sujeito

nulo parcial e o PE como uma língua de sujeito nulo consistente.

No presente estudo, era de se esperar que essa diferenciação ficasse mais

delineada e consistente tendo sido analisadas estruturas diferentes das analisadas por

outros pesquisadores (Costa e Matos (2012) e Luegi (2012)). Baseando-se no

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O trabalho experimental

165

pressuposto de que o PB é uma língua de sujeito nulo parcial, caminhando cada vez

mais para uma língua -pro-drop, espera-se que os participantes tenham mais facilidade

em processar estruturas com o pronome pleno, em contrapartida, como o PE é uma

língua de sujeito nulo prototípico, espera-se uma maior facilitação para processar

estruturas com o pronome nulo. Como para cada uma das formas pronominais tínhamos

dois possíveis antecedentes, que era demarcado a partir da concordância de número, é

de se esperar que as condições que retomam o SN mais alto dentro da estrutura

complexa do SN composto sejam processadas mais rapidamente do que as condições

em que o SN a ser retomado é o SN encaixado.

Os resultados Off-line não mostram resultados significativos que apontem

diferenças entre as duas variedades sendo em ambas as variedades a retomada do SN

mais alto a preferida tanto para o pleno quanto para o nulo. Em PB percebemos que a

escolha para o antecedente a ser retomado pelo nulo está relacionada com as restrições

de c-comando, que limitam a retomada de um antecedente que não o c-comanda, como

é o caso da condição NS2 (Durante a festa, o coreógrafo dos dançarinos mencionou

que refletiam vagarosamente sobre o espetáculo). Consideramos que tais restrições são

mais marcadas para o PB o que se reflete no alto índice de erros na condição NS2, o que

não percebemos em PE, que teve altos índices de acerto também para esta condição, o

que nos leva a pensar que para o PE o que é levado em consideração é a saliência do

antecedente a ser retomado, conforme referido por Ariel (1996).

Ainda com base nos resultados off-line podemos afirmar que, de acordo com o

que vem sendo exposto na literatura e indo ao encontro do que foi estipulado por

Carminati (2002) com a Hipótese da Posição do Antecedente, o pronome nulo tende a

retomar antecedentes que ocupam a posição mais alta dentro da estrutura sintática, que

no caso das estruturas testadas também c-comandam a forma pronominal. Tal afirmação

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O trabalho experimental

166

pode ser feita devido ao alto índice de acertos na questão interpretativa na condição NS1

(Durante a festa, o coreógrafo dos dançarinos mencionou que refletiam vagarosamente

sobre o espetáculo.

Relativo aos resultados on-line, tanto os de primeira leitura quanto os de leitura

total, os dados nos mostram que os efeitos encontrados foram primordialmente relativo

ao tipo de pronome, e mais especificamente devido aos tempos de leitura mais baixos

para o pleno em PB e mais baixos para o nulo em PE. A análise das regiões verbo e

advérbio foram inconclusivas devido ao fato dos tempos de leitura no PE terem sido

praticamente os mesmos em todas as condições nessas regiões. Porém, na região

pronome+verbo, em que fizemos a residualização dos tempos por caracter, encontramos

evidências claras de que PB e PE funcionam de maneira oposta. Para o PE, os tempos

de leitura dessa região foram mais baixos quando o nulo retomava o SN1 e para o PB os

tempos foram mais baixos quando o pleno retomava o SN1.

Os resultados encontrados para o PE deixam clara a complementaridade entre as

duas formas pronominais, nulo retoma o antecedente mais saliente com maior

facilitação e o pleno retoma o antecedente menos saliente, nesse caso o SN encaixado

no sujeito complexo, com mais facilidade. Tal complementaridade não pode ser

observada para o PB, já que o pronome pleno tem tempos mais baixos para retomar

qualquer um dos dois SNs disponíveis, o que nos dá indícios de que o que vem sendo

referido na literatura por Duarte (1997) e Barbosa, Duarte e Kato (2005) sobre a

improdutividade do Princípio Evitar Pronome em PB se confirmam.

Relativo ao antecedente a ser retomado, verificou-se que os antecedentes mais

salientes tiveram tempos de leitura mais rápidos, sendo esse o preferido para ser

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O trabalho experimental

167

retomado pelo pronome em posição de sujeito. Relativo ao SN2, verificamos que tanto

em PE quanto em PB esse antecedente é preferido para retomadas pronome pleno.

Globalmente, os resultados encontrados fortalecem a hipótese de que o pronome

pleno em PB tem menos valor referencial do que em PE, podendo esta ser considerada

equivalente a forma nulo do PE e assim faz com que na escala de acessibilidade as duas

formas fiquem bem próximas e por isso seja a forma plena a preferida para retomar um

antecedente mais saliente em PB. Ou seja, podemos redefinir a escala de acessibilidade

de Ariel (1996) para o PB, colocando o pronome pleno e o pronome nulo na mesma

linha/ escala, devido aos pronomes plenos em PB serem caracterizados como pronomes

fracos devido a perda de valor referencial, conforme referido por Filliaci (2010), para o

espanhol e para o italiano.

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O trabalho experimental

170

5.2. Testando a Posição de Objeto

Diferentes trabalhos sobre o objeto nulo tratam a forma nula do objeto como

sendo “a contraparte do pronome neutro o” (Kato, 2003). Cyrino (1997) propõe que a

ocorrência de objeto nulo em PB é devido a fatores históricos, ou seja, a queda do

clítico. Para a autora, o ON é um fenômeno de elipse em forma fonética e reconstrução

em forma lógica. Pensando na comparabilidade entre o PB e o PE, estudos afirmam que

PB e PE diferem, assim como ocorre com a posição de sujeito.

Estudos mais recentes definem que em PE o nulo em posição de objeto é uma

variável A-bound com o nulo em posição de tópico e para o PB o objeto nulo (ON) é

uma elipse de DP reconstruída em Forma Lógica (FL) e que os fatores que mais

favorecem ou bloqueiam a utilização ou não de tal forma são os traços semânticos de

animacidade e de especificidade. Os trabalhos sobre o ON estão mais centralizados em

estudos de representação gramatical, sendo, na nossa perspectiva, interessante um

aprofundamento nos trabalhos em processamento.

No presente trabalho, colocamos sob análise apenas o traço de animacidade, a

fim de verificar com maior afinco a influência desse traço para o estabelecimento da

correferência. Testamos estruturas em que o pronome, nulo ou pleno, em posição de

objeto da oração subordinada retomava um antecedente, também em posição de objeto,

com o traço [+animado] ou [-animado] (aluna/prova), como exemplificado de (147) a

(150).

(147) O professor levou a aluna para a secretaria da escola, depois encaminhou-a

cautelosamente para a casa da avó.

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O trabalho experimental

171

(148) O professor levou a aluna para a secretaria da escola, depois encaminhou

cautelosamente para a casa da avó.

(149) O professor levou a prova para a secretaria da escola, depois encaminhou-

a cautelosamente para o cofre da sala.

(150) O professor levou a prova para a secretaria da escola, depois encaminhou

cautelosamente para o cofre da sala.

Levando em consideração a Teoria do Paralelismo Sintático, colocamos os

possíveis antecedentes para os pronomes nulo e pleno também em posição de objeto.

Pretendemos avaliar, colocando sob análise o traço de animacidade, se esse traço

realmente é o fator levado em consideração durante a escolha de um referente, já que

tomamos o devido cuidado para não envolver outros traços na pesquisa, como os traços

de especificidade e de gênero semântico, que merecem igual cuidado em trabalhos

futuros. Verificaremos se os antecedentes [+animados], como “aluna”, tem custo de

processamento maior do que os antecedentes [-animados], como “prova”, já que a

literatura propõe que os pronomes nulos são usados para retomar antecedentes com esse

traço marcado negativamente.

Objetivo

Observar como falantes de PB e PE se comportam diante de frases em que o

pronome não está realizado em posição de objeto, já que, de acordo com estudos como

o de Tarallo (1996), por exemplo, o PB e o PE diferem em relação a este parâmetro,

sendo o primeiro marcado positivamente e o segundo negativamente. Pretende-se

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O trabalho experimental

172

observar se com as estruturas testadas o que foi proposto por Cyrino (1997), de que para

ter um ON é necessário que o antecedente seja [-animado] e que o pronome pleno é o

preferido para retomar uma antecedente [+animado] se confirmam.

5.2.1 Os experimentos

1. Experimento 2 – Objeto nulo em PE e em PB

Questão do estudo:

Que fatores determinam a seleção do antecedente de uma expressão referencialmente

dependente em posição de objeto considerando fatores como: traços semânticos, mais

especificamente a animacidade.

Os estudos de Cyrino (1997) e Cyrino, Duarte e Kato (2000) preveem que um objeto

nulo dificilmente seria empregado em um contexto em que o antecedente apresenta os

traços de animacidade e de especificidade marcados positivamente.

Nessa pesquisa investigaremos mais a fundo o traço de animacidade, sendo utilizados

apenas antecedentes [+ especificados], a fim de observar melhor as minúcias inerentes

do traço de animacidade.

1.1. Metodologia

Participantes: 24 falantes nativos de Português Europeu

Material: 24 conjuntos de itens experimentais (6 frases por cada uma das 4 condições)

e 48 distratoras

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O trabalho experimental

173

(151)

PA - A diretora aprovou o locutor para o leilão de beneficência, depois considerou-o

excessivamente caro para o evento.

Pergunta: A diretora considerou o locutor caro para o evento? (a) SIM (b) NÃO

PI - A diretora aprovou o cartaz para o leilão de beneficência, depois considerou-o

excessivamente caro para o evento.

Pergunta: A diretora considerou o cartaz caro para o evento? (a) SIM (b) NÃO

NA - A diretora aprovou o locutor para o leilão de beneficência, depois considerou

excessivamente caro para o evento.

Pergunta: A diretora considerou o locutor caro para o evento? (a) SIM (b) NÃO

NI - A diretora aprovou o cartaz para o leilão de beneficência, depois considerou

excessivamente caro para o evento.

Pergunta: A diretora considerou o cartaz caro para o evento? (a) SIM (b) NÃO

Variáveis independentes

(i) Tipo de pronome – nulo/realizado; (ii) Animacidade do antecedente - +animado/-

animado.

Variáveis dependentes

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O trabalho experimental

174

(i) First pass dos dados residuals crítico (verbo+clítico); (ii) First pass no segmento

crítico advérbio; (iii) Total pass dos dados residuals da região (verbo+clítico); (iv) Total

pass no segmento crítico advérbio; (vii) respostas às perguntas interpretativas.

Design: 2x2, gerando as condições:

PA – Pronome clítico com antecedente [+ animado]

PI – Pronome clítico com antecedente [- animado]

NA – Pronome nulo com antecedente [+ animado]

NI – Pronome nulo com antecedente [- animado]

Quadrado latino

Os itens experimentais foram distribuídos em formato de quadrado latino para que fosse

evitado de o participante ver frases que pertencem ao mesmo conjunto.

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O trabalho experimental

175

VERSÃO 1 VERSÃO 2 VERSÃO 3 VERSÃO 4

1PA 1PI 1NA 1NI

2PI 2NA 2NI 2PA

3NA 3NI 3PA 3PI

4NI 4PA 4PI 4NA

5PA 5PI 5NA 5NI

6PI 6NA 6NI 6PA

7NA 7NI 7PA 7PI

8NI 8PA 8PI 8NA

9PA 9PI 9NA 9NI

10PI 10NA 11NI 10PA

11NA 11NI 11PA 11PI

12NI 12PA 12PI 12NA

13PA 13PI 13NA 13NI

14PI 14NA 14NI 14PA

15NA 15NI 15PA 15PI

16NI 16PA 16PI 16NA

17PA 17PI 17NA 17NI

18PI 18NA 18NI 18PA

19NA 19NI 19PA 19PI

20NI 20PA 20PI 20NA

21PA 21PI 21NA 21NI

22PI 22NA 22NI 22PA

23NA 23NI 23PA 23PI

24NI 24PA 24PI 24NA

Procedimentos:

Experimento com a metodologia on-line de monitoramento ocular (eye tracker) em

que foram monitorados os movimentos dos olhos dos participantes e medidos os tempos

que o participante levava para ler o segmento crítico, além de observar as repostas à

questão final. Foram apresentadas, na tela do computador, sentenças e ao final de cada

sentença o participante tinha que responder a questão interpretativa.

Em PE o experimento foi montado no programa Experiment Center

desenvolvido pela SensoMotoric Instruments. Os itens experimentais foram

apresentados aleatoriamente tendo-se mantido fixa a ordem de apresentação das frases

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O trabalho experimental

176

distratoras. Deste modo garantimos que entre cada frase experimental foi apresentada,

pelo menos, uma frase distratora.

Para registrar a movimentação dos olhos utilizamos o equipamento de registro

iVewX Hi-Speed da SensoMotoric (SMI), a uma velocidade de registro de 1000Hz em

modo monocular registrando sempre apenas um dos olhos. Todas as gravações foram

feitas na sala de experimentos do Laboratório de Psicolinguística da Universidade de

Lisboa. Os estímulos foram apresentados no programa Experiment Center e os dados

extraídos com o programa BeGaze, ambos desenvolvidos pela SMI.

Em PB o experimento foi montado no programa ‘EyeTracker 0.7.10m’

desenvolvido pela UMASS. Para registrar a movimentação ocular, utilizamos o

equipamento de registro EyeLink 1000, com uma câmera de alta precisão a uma

velocidade de registro de 1000Hz em modo monocular registrando sempre um do olhos,

acoplada a uma tela de 32 polegadas com resolução de 1920x1080 px. Foram utilizados

aparatos para a cabeça e para a testa dos voluntários. Todas as gravações foram feitas na

sala de experimentos do Laboratório de Psicolinguística Experimental da UFRJ

(Lapex). Os estímulos foram apresentados no programa EyeTracker 0.7.10m e os dados

extraídos com os programas EyeDoctor e EyeDry, ambos desenvolvidos pela

UMASS.

No início de cada teste foi explicado individualmente a cada participante o que

ele teria que fazer durante o teste. Era explicado que seriam apresentadas, na tela do

computador, frases e que após a leitura era necessário responder a uma questão de

interpretação sobre a frase lida. Após a explicação informal sobre a tarefa a ser

realizada, caso o voluntário concordasse em participar da pesquisa, pedíamos que ele

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O trabalho experimental

177

preenchesse uma ficha com os seus dados pessoais e assinasse ainda um termo de

consentimento permitindo a utilização e publicação dos seus dados sob anonimato.

Por se tratar de equipamentos diferentes o procedimento em cada variedade deu-

se de maneira diferentes. Em Portugal, os participantes depois de estarem sentados em

frente ao computador, liam as instruções que eram apresentadas por escrito na tela do

computador. Nessa instrução indicávamos que o participante fixasse o olhar no canto

superior esquerdo para liberar a frase a ser lida e que após a leitura da frase deveria fixar

o olhar no canto inferior direito para aparecer a tela com a pergunta. Antes e depois da

leitura das instruções era realizado o processo de calibração, que se repetia três vezes

nos momentos das pausas fixas colocadas durante o experimento por se tratar de um

teste longo.

No Brasil, depois de os participantes estarem sentados em frente ao computador,

liam as instruções que eram apresentadas por escrito na tela do computador. Nessa

instrução indicávamos que o participante fixasse o olhar em uma bolinha que aparecia

no centro da tela e logo após fixasse o olhar no quadradinho que aparecia no canto

esquerdo na região central da tela para liberar a frase a ser lida e que após a leitura da

frase deveria apertar o botão direito do joystick (controle), logo após aparecia na tela

novamente a bolinha no centro e depois o quadradinho que deveriam ser fixados para

que aparecesse na tela a pergunta sobre a frase que havia lido e responder com o botão

esquerdo caso a resposta fosse a que estava do lado esquerdo da tela e com o botão

direito caso a resposta fosse a que aparecia do lado direito da tela. Antes e depois da

leitura das instruções era realizado o processo de calibração, que se repetia algumas

vezes durante o experimento e que, por se tratar de um teste longo, poderia ser

aproveitado para a realização de pausas.

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O trabalho experimental

178

A fim de avaliar se o participante tinha compreendido a tarefa e também para

que ele se adaptasse com o procedimento, antes do início do teste era realizado um

treinamento. Se os participantes se sentissem confortáveis para continuar, dava-se início

à tarefa. Em caso negativo, esclarecíamos as dúvidas existentes e repetíamos o

treinamento.

Hipótese

O objeto nulo em PB não está condicionado a traços semânticos, ou seja, ao traço de

animacidade, enquanto no PE há restrições quanto ao antecedente a ser retomado pelo

ON. A forma nula em PB será processada sem problemas, entretanto, em PE só será

possível a retomada se o antecedente for [-animado], sendo a correferência das

condições com a forma nula com antecedente [+animado] altamente dificultada.

Previsões

Espera-se que em PE:

Em relação ao pronome nulo, espera-se que nas sentenças em que ele retoma

antecedentes [-animados] os tempos de leitura sejam menos elevados do que na

condição em que ele retoma antecedente [+animado].

Nas sentenças em que o pronome está realizado, verificaremos se há uma

facilitação da retomada e se há uma preferência por retomadas de antecedentes

[+animados] ou [-animados] com esse tipo de pronome. Já que, de acordo com

Cyrino (1997), esta é a forma preferida para retomadas de antecedentes

[+animados].

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O trabalho experimental

179

Por se tratar do PE, considerada uma língua [-prodrop] para o objeto, espera-se

maior custo de processamento para as condições NI e NA.

Espera-se que em PB:

Em relação ao pronome nulo, espera-se que não haja diferenças de tempos para

retomadas de antecedentes [-animados].

Nas sentenças em que o pronome está realizado, esperamos que haja facilitação

da retomada de antecedentes [+animados], estando de acordo com o que refere

Cyrino (1997), de que esta é a forma preferida para retomadas de antecedentes

[+animados].

Espera-se com a análise comparativa PB e PE:

Retomada com a forma plena será mais facilmente processada em PE e a forma

nula mais facilmente processada em PB.

Retomadas de antecedente [-animado] com a forma nula serão facilmente

processadas nas duas variedades, conforme proposto por Duarte e Costa (2013),

que a forma nula retoma preferivelmente antecedentes marcados negativamente

para o traço animacidade.

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O trabalho experimental

180

1.2. Resultados

Os resultados abaixo apresentam análises onde obtivemos os tempos de leitura

dos segmentos críticos (verbo e advérbio) e de releitura, mensurados em milésimos de

segundo (medida on-line), comparando-se as frases em que o pronome estava realizado

com as frases em que o pronome estava nulo, retomando sintagmas nominais (SNs) em

posição de objeto animados ou inanimados. Além dos dados on-line, apresentaremos os

índices de aceitabilidade averiguados na questão interpretativa (medida off-line).

1.2.1. Resultados PE

1.2.1.1. Resultados off-line

Iniciaremos a apresentação dos resultados obtidos com as percentagens de

aceitabilidade de retomada com objeto apresentadas em uma questão no final de cada

sentença. Tal pergunta foi feita a fim de observar se os participantes estavam fazendo a

tarefa com a devida atenção e se uma ou outra forma influenciaria nos índices de

aceitabilidade.

Gráfico 29. Percentagem de respostas à questão final - Objeto.

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O trabalho experimental

181

Retomadas de Objeto

SIM NÃO

Animado

Nulo 72% 28%

Pleno 88% 12%

Inanimado

Nulo 73% 27%

Pleno 92% 8%

Tabela 26: Percentagem de aceitabilidade - Objeto

Pode-se observar, no gráfico e na tabela apresentados acima, que em todas as

condições a aceitação para a retomada de objeto teve índices elevados, sendo a condição

com pronome pleno retomando um antecedente animado a condição em que os índices

de aceitabilidade foram maiores. Nas demais condições não houve diferenças.

De acordo com a análise estatística, as respostas ao questionário indicam que há

efeito principal de pronome (p=0.003), sendo as condições com pleno as que obtiveram

índices de aceitabilidade mais elevados.

Estimate SE z-value p-value

(Intercept) 2.075 0.269 7.719 <0.001

PronCENTERED 1.514 0.505 3.001 0.003

AnimCENTERED 0.318 0.299 1.064 0.287

PronCENTERED:AnimCENTERED 0.438 0.540 0.811 0.417 Tabela27: Análise estatística de índice de aceitabilidade posição de objeto PE

Referente as respostas às perguntas das distratoras, a percentagem de erros varia

entre 2% e 12%, com uma média de 6%. Considerando que todos os participantes

acertaram mais de 80% das questões não excluímos nenhum participante da análise.

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O trabalho experimental

182

1.2.1.2. Resultados on-line

Como já foi dito anteriormente, os registros da movimentação ocular durante a

leitura permite-nos fazer uma análise de diferentes variáveis dependentes. Para o

presente experimento analisaremos os tempos de leitura dos segmentos críticos

verbo+clítico e advérbio nas seguintes medidas: (i) primeira leitura do segmento (First

pass reading time) e (ii) tempo total de leitura (Total Fixation).

Como a região do verbo tem uma extensão variável devido ao uso do clítico nas

condições com pleno e ao não uso nas condições com nulo, os tempos foram

residualizados, como na região da soma do pronome com o verbo dos experimentos em

posição de sujeito. A região do verbo é a que mais nos interessa nesse estudo, mas a

região do advérbio será analisada para verificarmos se a resolução da correferência se

dará em um momento tardio, devido as dificuldades inerentes da categoria vazia em

posição de objeto e ao traço de animacidade.

1. First Pass

Como nos testes anteriores, foram rejeitadas todas as condições em que não

havia dados nas regiões a serem analisadas e os tempos menores que 100ms e acima da

média +2.5 do desvio padrão. Para uma análise mais robusta e uniforme, optamos por

residualizar os tempos nas regiões de interesse, já que, além da extensão dos segmentos

também temos a influência de fatores externos por se tratar de equipamentos diferentes

e de variedades diferentes da língua.

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O trabalho experimental

183

1.1. Verbo

Na análise na posição de verbo não encontramos resultados, sendo os tempos

médios residuais de primeira leitura muito próximos em cada condição. Apesar do

gráfico abaixo apresentar uma diferença aparente entre o tipo de pronome, sendo as

condições com plenos as que apresentam menos dificuldades de processamento, não foi

significativo estatisticamente.

Gráfico30: Médias FP (residuals) da região verbo+clítico em PE – Exp. 2 Objeto.

1.2. Advérbio

Os resultados encontrados na posição de advérbio mostram efeito de pronome,

sendo a condição com nulo as com menos tempo, mas não nos parece que seja devido

ao nulo ter sido aceito com maior facilidade que o pleno, mas um efeito de aceleração

da leitura em busca do elemento que está em falta.

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O trabalho experimental

184

Gráfico31: Médias FP (residuals) da região advérbio em PE – Exp. 2 Objeto.

Estimate SE t-value p-value

(Intercept) 0.424 10.280 0.041 0.967 PronCENTERED 45.633 17.518 2.605 0.009 AnimCENTERED 14.051 15.116 0.930 0.353 PronCENTERED:AnimCENTERED 20.095 29.478 0.682 0.495

Tabela28: Análise estatística da região advérbio (residuals)PE – Exp. 2 Objeto

2. Total Pass

Assim como nos tempos de primeira leitura, também excluímos para a análise

dos tempos totais de leitura (total pass) todos os dados inferiores a 100ms, inclusive os

zeros, e os valores maiores que a média mais 2.5 do desvio padrão, além de

residualizarmos todos os dados.

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O trabalho experimental

185

2.1. Verbo

Podemos perceber com os tempos de leitura total e com a análise estatística que

não houve efeito principal para nenhum dos fatores testados. Ao observar o gráfico,

percebe-se visualmente a distinção entre a retomada por um antecedente [+animado] ou

[-animado] por parte do pronome nulo.

Gráfico32: Médias TP (residuals) da região verbo+clítico em PE – Exp. 2 Objeto.

2.2. Advérbio

Podemos perceber com os tempos de leitura total e com a análise estatística que

não houve efeito principal para nenhum dos fatores testados. Ao observar o gráfico, não

percebe-se visualmente nenhuma distinção, nem mesmo mínima, o que nos leva a

interpretar que essa região não teve muitas releituras devido ao fato de o processamento

da correferência já ter sido resolvido na região do verbo.

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O trabalho experimental

186

Gráfico33: Médias TP (residuals) da região verbo+pronome em PE – Exp. 2 Objeto.

1.2.1.3. Discussão dos Resultados

O objeto nulo em PE é considerado uma variável, ou seja, uma categoria vazia

resultante de movimento e não pode ocorrer em contextos de ilha sintática, em orações

adjuntas, relativa e interrogativas QU, Raposo (1986). Tendo o PE tais características, e

sendo ele categoricamente classificado como uma língua não marcada positivamente

para o padrão prodrop em posição de objeto, era de se esperar que os participantes

tivessem mais facilidade para processar e interpretar estruturas em que o pronome

estava realizado ( na sua forma clítica) como nas condições PA (A diretora aprovou o

locutor para o leilão de beneficência, depois considerou-o excessivamente caro para o

evento.) e PI (A diretora aprovou o cartaz para o leilão de beneficência, depois

considerou-o excessivamente caro para o evento.), o que pode ser observado nos

resultados off-line, em que foi observado um maior índice de aceitação para as

condições com plenos, e um maior número de não aceitação com nulo, caracterizando

um efeito principal de pronome (p=0.003). Relativamente ao traço de animacidade, os

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O trabalho experimental

187

resultados off-line mostram que não houve diferenças relativas a esse traço na

interpretação para as questões finais.

Para iniciarmos as análises on-line medimos os tempos de primeira leitura na

região do verbo e do advérbio. Na região do verbo não foram encontrados resultados

significativos para nenhum dos fatores analisados, mas podemos perceber que os

tempos de leitura nessa região foram menores para as condições com o pronome pleno.

Já a região do advérbio apresentou efeito principal para o tipo de pronome, sendo as

condições com nulo as mais rápidas. A priori não vamos considerar aqui, assim como

não fizemos com o resultado encontrado com o teste off-line, a aceitação do objeto nulo

em sentenças como NA (A diretora aprovou o locutor para o leilão de beneficência,

depois considerou excessivamente caro para o evento.) e NI (A diretora aprovou o

cartaz para o leilão de beneficência, depois considerou excessivamente caro para o

evento.) testadas na presente pesquisa. Primeiramente vamos considerar que esse

resultado deve-se ao fato de o participante ter acelerado a leitura em busca de um

elemento em falta, que seria um argumento obrigatório do verbo, que será confirmado,

ou não, pelos resultados encontrados com os tempos de leitura total (total pass).

Os tempos totais de leitura nos mostram que não há efeito principal para

nenhuma das regiões testadas. Por haver uma grande variação entre os tempos totais das

regiões testadas não temos resultados conclusivos.

A partir dos dados obtidos e dos resultados encontrados para o PE, nos é

permitido concluir a partir dos resultados off-line que em PE há um custo de

processamento maior para os objetos nulos. Não podemos afirmar que o traço de

animacidade em PE mostra-se como fator restritivo a utilização ou não do nulo, já que

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O trabalho experimental

188

os resultados não mostraram-se significativamente distintivos assim como foi observado

por Duarte e Costa (2013).

1.2.2. Resultados para o PB

1.2.2.1. Resultados off-line

Iniciaremos a apresentação dos resultados obtidos com as percentagens de

aceitabilidade de retomada do objeto observadas nas perguntas apresentadas no final de

cada sentença. Tal pergunta foi feita a fim de observar se os participantes estavam

fazendo a tarefa com a devida atenção.

Gráfico 34. Percentagem de respostas certas à questão final - Objeto.

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O trabalho experimental

189

Retomadas de Objeto

SIM NÃO

Animado

Nulo 76% 24%

Pleno 83% 17%

Inanimado

Nulo 71% 29%

Pleno 74% 26%

Tabela 29: Percentagem de aceitabilidade de retomadas - Objeto

Pode-se observar, no gráfico e na tabela apresentados acima, que em todas as

condições o índice de aceitabilidade foi elevado, sendo a condição com pronome pleno

retomando um antecedente animado a condição em que os índices de aceitabilidade

foram maiores. Nas demais condições não houve diferenças.

Os resultados estatísticos mostram que houve efeito principal de pronome

devido às condições com nulo terem apresentado índices maiores de rejeição do que as

condições com pleno.

Estimate SE z-value p-value

(Intercept) 1.659 0.311 5.328 <0.001

PronCENTERED 0.454 0.228 1.987 0.047

AnimCENTERED -0.487 0.443 -1.098 0.272

PronCENTERED:AnimCENTERED -0.349 0.456 -0.766 0.444

Tabela30: Análise estatística do índice de aceitabilidade de retomadas posição de objeto PB

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O trabalho experimental

190

1.2.2.2. Resultados on-line

1. First Pass

Como nos testes anteriores, foram rejeitadas todas as condições em que não

havia dados nas regiões a serem analisadas. Foram extraídos em todas as regiões os

valores de fixação inferiores a 100ms e acima da média + 2.5 do desvio padrão.

Com a finalidade de cobrir a lacuna da posição do pronome, optamos por fazer a

análise residualizada nas duas regiões em análise para que pudéssemos fazer o

comparativo entre as condições com nulo e com pleno. Para tal, somamos o número

total gasto na região e dividimos por caracteres e, posteriormente, a diferença do valor a

média.

1.1. Verbo

Os resultados encontrados na região do verbo mostram que há efeito principal de

pronome (p=0.054) devido aos tempos mais elevados para as condições com pronome

pleno. Quanto ao fator animacidade, não foram encontrados resultados relevantes

estatisticamente, mas podemos perceber no gráfico que a condição em que o pronome

nulo retoma um antecedente inanimado (NI) a que teve tempo mais baixo.

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O trabalho experimental

191

Gráfico35: Tempos médios FP (residuals) para a região do Verbo em PB

Estimate SE t-value p-value

(Intercept) 0.098 21.602 0.005 0.996

PronCENTERED 65.083 33.760 1.928 0.054

AnimCENTERED -47.458 33.758 -1.406 0.160

PronCENTERED:AnimCENTERED 20.655 67.520 0.306 0.760

Tabela31: Análise estatística FP (residuals) para a região do Verbo em PB

1.2. Advérbio

Os resultados encontrados na região do advérbio não mostraram efeito principal

para nenhum dos fatores analisados. Percebe-se, ao olhar o gráfico, que o padrão

observado no gráfico da região do verbo se mantém, as condições com nulo mais

rápidas do que as condições com pleno.

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O trabalho experimental

192

Gráfico36: Tempos médios FP (residuals) para a região do Verbo em PB

2. Total Pass

Assim como na análise de first pass, na análise Total Pass excluímos da análise

os tempos menores que 100ms, inclusive os zeros e os tempos maiores que a média +

2.5 de desvio padrão.

2.1. Verbo

A análise dos tempos totais de leitura da região do verbo não mostrou-se

significativo para os fatores testados. Observando o gráfico podemos perceber que na

leitura total da região verbo as médias residuais foram menores nas condições em que

ambas as forma pronominais retomavam o antecedente [+ animado].

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O trabalho experimental

193

Gráfico37: Tempos médios TP (residuals) para a região do Verbo em PB

2.2. Advérbio

A análise estatística dos tempos totais de leitura da região do advérbio não

mostrou-se significativa, mas percebe-se ao observar o gráfico que a condição em que o

pronome pleno retoma o antecedente [+animado] tem tempos médios residuais mais

baixos do que as demais condições.

Gráfico38: Tempos médios TP (residuals) para a região do Advérbio em PB

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O trabalho experimental

194

1.2.2.3. Discussão dos Resultados

Levando-se em consideração os estudos de Cyrino (1995, 1997, 2000, entre

outros) que classificam o PB como uma língua de objeto nulo e que esse ON ocorre

livremente em qualquer contexto sintático e que tal categoria tem o mesmo

comportamento que um pronome, era de se esperar que nas estruturas testadas, em que o

pronome não aparece lexicalmente realizado, tanto os tempos de leitura quanto as

respostas à questão interpretativa fossem favoráveis a essa afirmação, indo de acordo

com nossa hipótese de que em PB os objetos nulos são preferenciais para retomada de

um referente em posição de objeto.

Ao observar os resultados encontrados no teste off-line podemos perceber que

essa distinção não foi observada, devido ao maior índice de não aceitação nas condições

com nulo houve efeito principal de tipo de pronome, tendo sido o pronome pleno

considerado o mais fácil para retomada do antecedente objeto. Ao colocarmos o traço de

animacidade em questão, não podemos perceber efeitos do traço para a retomada pelas

formas pronominais.

Referente aos resultados encontrados na medida on-line, os tempos de primeira

leitura das regiões observadas (verbo+clítico e advérbio) demonstram resultados

opostos aos encontrados no teste off-line, os tempos de leitura das condições com

pronome nulo foram menores do que os tempos de leitura das condições com pleno, o

que era de se esperar, indo ao encontro do que diz na literatura. A análise estatística

mostra que houve efeito principal de pronome, além disso, percebemos também que

quando o antecedente era menos animado esse tempo foi bem menor, tendo sido esse o

motivador para que o efeito de pronome aparecesse, mesmo não havendo efeitos de

interação. Tais conclusões não foram confirmadas com a análise dos tempos totais de

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O trabalho experimental

195

leitura, em que encontramos tempos de leitura menores para a condição em que o

pronome pleno retoma antecedente [+animado].

Podemos inferir que esses resultados foram encontrados e mostram-se tão

discrepantes devido ao fato de o objeto pronominal estar na forma de um clítico, que

segundo Duarte (1989), está em total desuso em PB e poderia ter causado um

estranhamento nos participantes durante a primeira leitura ao se depararem com essa

forma em estruturas como (A diretora aprovou o cartaz para o leilão de beneficência,

depois considerou-o excessivamente caro para o evento.), em que era de se esperar que

estivesse realizado na forma do pronome pessoal “ele”, ou seja, a média de tempo

elevada nas condições com pleno na primeira leitura pode ser um indicativo da perda do

clítico em PB.

Observando somente os dados obtidos com os tempos totais de leitura, podemos

observar que não houve efeito principal de nenhum dos fatores testados em nenhuma

das regiões de interesse, entretanto observamos dados interessantes a serem discutidos,

principalmente relativamente aos traços envolvidos na pesquisa, mais especificamente o

traço de animacidade ([+/- animado]) e o traço de especificidade ([+especifico]).

Optamos por testar somente a binaridade do traço de animacidade para termos uma

análise mais robusta desse traço e colocamos o traço de especificidade somente marcado

positivamente para observarmos mais especificamente se esse traço influenciaria de

alguma forma a retomada de um antecedente [+/- animado]. Shewenter e Silva (2003)

observaram em seu estudo de corpora que referentes [+animados] e [+específicos]

favorecem a retomada pelo pronome pleno e que referentes [-animados] e [+específicos]

favorecem a retomada pelo pronome nulo.

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O trabalho experimental

196

De acordo com o que foi encontrado na presente pesquisa na região do verbo,

região que consideramos mais importante para a nossa análise, tal afirmação só pode ser

confirmada em partes, já que os dados de leitura total mostram que, estando de acordo

com os autores, os tempos foram mais rápidos para as condições com pleno retomando

antecedente [+animado], mas relativamente ao pronome nulo a afirmação não se

confirma, já que os tempos foram mais elevados na condição em que retomava um

antecedente [-animado] em relação aos tempos em que retomava um antecedente

[+animado].

Globalmente, nossos resultados indicam que tanto a forma plena quanto a forma

nula são processadas com mais facilidade ao retomar antecedentes [+ animados] e esses

custos de processamento refletem nos resultados off-line em que o índice de

aceitabilidade foi maior para as condições em que o antecedente tinha o traço de

animacidade marcado positivamente.

1.2.3. Análise comparativa entre PB e PE

Questão:

Serão os mesmos os fatores que influenciam a retomada de um antecedente por

diferentes expressões referenciais em PB e em PE, levando-se em consideração fatores

como: animacidade e estrutura sintática. PB e PE apresentam disparidade em relação a

utilização do pronome nulo em posição de objeto?

Testando estruturas subordinadas do PE e do PB verificaremos se a afirmação feita por

Tarallo (1996) de que o PB e o PE diferem em relação ao parâmetro de objeto nulo,

sendo o primeiro marcado positivamente e o segundo negativamente se confirma.

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O trabalho experimental

197

Pretende-se observar se com as estruturas testadas o que foi proposto por Cyrino (1997)

acerca do traço de animacidade e a retomada por pronome nulo ou por pronome pleno

se confirmam.

1.2.3.1. Resultados off-line

Iniciaremos a apresentação dos contrastes entre os resultados encontrados para

PB e para PE a partir dos dados off-line de questionário. Observamos que há efeito

principal de pronome (p<0.001) devido ao alto índice de rejeição para as condições com

nulo nas duas variedades, sendo a variedade do PB a que apresentou maior rejeição e

devido a esse resultado a análise estatística mostrou que há efeito principal também de

variedade (p=0.041). A análise estatística mostrou também que há interação entre o

fator pronome e o fator variedade (p=0.020) devido ao PE apresentar índices de

aceitabilidade maiores nas condições com pleno em relação ao PB. Os fatores

animacidade e variedade também apresentaram efeito de interação (p=0.018)

apresentando o PB os maiores índices de rejeição nas condições com antecedentes

inanimados.

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O trabalho experimental

198

Estimate SE z-value p-value

(Intercept) 1.814 0.219 8.291 <0.001

PronCENTERED 0.975 0.251 3.885 <0.001

AnimCENTERED -0.045 0.302 -0.149 0.882

VarCENTERED 0.594 0.291 2.043 0.041

PronCENTERED:AnimCENTERED 0.082 0.353 0.232 0.817

PronCENTERED:VarCENTERED 1.163 0.500 2.326 0.020 AnimCENTERED:VarCENTERED 0.832 0.353 2.360 0.018

PronCENTERED:AnimCENTERED:VarCENTERED 0.865 0.704 1.229 0.219

Tabela 32: Análise estatística comparativa dos resultados off-line

A partir da comparação dos resultados off-line entre PB e PE podemos inferir

que o maior índice de rejeição para as condições com nulo nas duas variedades deve-se

ao fato de em ambas a preferência seja que a posição de objeto esteja preenchida.

Percebemos que em PB tanto a condição retomando antecedente [+animado] quanto a

condição retomando antecedente [-animado] apresentam maiores índices de

aceitabilidade quando o pronome era pleno, o que também acontece com o PE, que

apresenta maiores índices de aceitabilidade com o pleno retomando antecedentes [+/-

Gráfico39: aceitabilidade nas diferentes condições

em PE Gráfico40: aceitabilidade nas diferentes condições

em PB

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O trabalho experimental

199

animados], sendo para o PB o pleno retomando animados o com índices de

aceitabilidade maiores e o pleno retomando inanimados o com índices de aceitabilidade

maiores para o PE.

Os índices de aceitabilidade nos mostram que há efeito de animacidade x

variedade, o que quer dizer que o fator animacidade é um fator distintivo para as duas

variedades.

1.2.3.2. Resultados on-line

1. First Pass

Apresentaremos o estudo comparativo sob a metodologia on-line em que

averiguaremos os comportamentos oculares de primeira leitura dos participantes

comparativamente.

1.1. Verbo

A análise comparativa na região do verbo nos mostra que há efeito de interação

entre o pronome e a variedade (p=0.039) que se dá devido haver disparidade no uso do

pronome em cada variedade, tendo sido as condições com nulo as que apresentaram

custos de processamento menores do que as condições com pleno e o oposto acontece

com o PE, em que as condições com pleno apresentaram os custos de processamento

menores do que as condições com nulo. Aqui assumimos que os tempos elevados para a

condição com pleno em PB devem-se ao fato de ter ocorrido um estranhamento

relacionado ao uso do clítico.

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O trabalho experimental

200

Estimate SE t-value p-value

(Intercept) 0.982 11.930 0.082 0.934

PronCENTERED 28.036 18.537 1.512 0.130

AnimCENTERED -27.721 18.535 -1.496 0.135

VarCENTERED 0.511 18.557 0.028 0.978

PronCENTERED:AnimCENTERED 13.420 37.098 0.362 0.718

PronCENTERED:VarCENTERED -76.722 37.104 -2.068 0.039

AnimCENTERED:VarCENTERED 41.260 37.091 1.112 0.266

PronCENTERED:AnimCENTERED:VarCENTERED -16.205 74.273 -0.218 0.827

Tabela 33: Análise estatística dos resultados comparativos de primeira leitura do VERBO

1.2. Advérbio

A análise comparativa na região do advérbio nos mostra que há efeito principal

de pronome (p=0.001), devido o pronome nulo ter sido processado mais rápido nas duas

variedades.

Gráfico41: tempos de primeira leitura em [ms]

nas diferentes condições em PE VERBO Gráfico42: tempos de primeira leitura em [ms]

nas diferentes condições em PB VERBO

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O trabalho experimental

201

Estimate SE t-value p-value

(Intercept) 0.661 8.673 0.076 0.939

PronCENTERED 37.512 10.828 3.464 0.001

AnimCENTERED 11.920 12.897 0.924 0.355

VarCENTERED -1.079 10.470 -0.103 0.918

PronCENTERED:AnimCENTERED 15.065 20.935 0.720 0.472

PronCENTERED:VarCENTERED 16.580 21.511 0.771 0.441

AnimCENTERED:VarCENTERED 4.092 21.306 0.192 0.848

PronCENTERED:AnimCENTERED:VarCENTERED 9.587 41.881 0.229 0.819

Tabela 34: Análise estatística dos resultados comparativos de primeira leitura do (ADVÉRBIO)

2. Total Pass

Apresentaremos o estudo comparativo sob a metodologia on-line em que

averiguaremos os comportamentos oculares de leitura total dos participantes dos dois

grupos comparativamente.

Gráfico43: tempos de primeira leitura em [ms]

nas diferentes condições em PE (ADVÉRBIO) Gráfico44: tempos de primeira leitura em [ms]

nas diferentes condições em PE (ADVÉRBIO)

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O trabalho experimental

202

2.1. Verbo

A análise comparativa na região do verbo com os tempos totais não mostrou

efeito para nenhum dos fatores testados. O que se nota ao olhar os dados é que,

aparentemente, há uma restrição de animacidade para o pronome nulo em PE devido os

custos de processamento para essa forma retomando antecedente [-animado] terem sido

menores, comparativamente com a mesma forma retomando antecedente [+animado]. O

contrário acontece com o PB, em que não se percebe restrição de animacidade para

nenhuma das formas, nulo e pleno retomam da mesma forma antecedentes [+animados].

Para a retomada de antecedentes [-animados] percebe-se um custo de processamento um

pouco maior para a forma plena, mas não se trata de um indicativo de restrição, já que

houve uma variação muito grande dos mesmos. A fim de termos resultados mais

consistentes e conclusivos sobre a animacidade é necessário aumentar o número de

participantes e de dados analisados.

Gráfico 45: tempos de leitura total nas

diferentes condições em PE (VERBO) Gráfico 46: tempos de leitura total nas

diferentes condições em PB (VERBO)

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O trabalho experimental

203

Estimate SE t-value p-value

(Intercept) 0.260 23.787 0.010 0.991

PronCENTERED 7.366 25.826 0.258 0.775

AnimCENTERED 9.681 27.887 0.347 0.728

VarCENTERED -1.821 24.751 -0.073 0.941

PronCENTERED:AnimCENTERED 31.968 49.522 0.645 0.519

PronCENTERED:VarCENTERED -12.981 49.449 -0.262 0.793

AnimCENTERED:VarCENTERED -65.802 55.795 -1.179 0.238

PronCENTERED:AnimCENTERED:VarCENTERED 9.275 99.114 0.093 0.925

Tabela 35: Análise estatística dos resultados comparativos de leitura total do (VERBO)

2.2. Advérbio

A análise comparativa dos tempos totais na região do advérbio, assim como os

resultados estatísticos da região do verbo, não nos mostram resultados significativos

estatisticamente para nenhum dos fatores testados. Ao observar os gráficos perceber que

em PE a condição com nulo retomando antecedentes animados foi a mais custosa. Já

para os dados do PB, comparativamente com o PE, podemos dizer que os tempos totais

dessa região nos indicam que as condições com pleno são processadas com mais

facilidade do que as condições com nulo, pois assumimos que não acontece em PB o

escoamento do processamento da correferência para esta posição, tendo sido resolvido

na posição do verbo. Para que os resultados sejam mais consistentes e conclusivos é

necessário que se faça uma análise de um grupo maior de participantes.

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O trabalho experimental

204

Estimate SE t-value p-value

(Intercept) 2.867 33.587 0.085 0.932

PronCENTERED -21.719 24.791 -0.876 0.381

AnimCENTERED 23.393 21.779 1.074 0.283

VarCENTERED -2.915 21.789 -0.133 0.894

PronCENTERED:AnimCENTERED 43.318 43.564 0.994 0.320

PronCENTERED:VarCENTERED 41.169 49.587 0.830 0.406

AnimCENTERED:VarCENTERED -28.850 43.561 -0.662 0.508

PronCENTERED:AnimCENTERED:VarCENTERED -29.626 87.141 -0.339 0.734

Tabela 36: Análise estatística dos resultados comparativos de leitura total do (ADVÉRBIO)

1.2.3.3. Discussão dos Resultados

Tarallo (1996) afirma em seu estudo que PB e PE diferem em relação ao

parâmetro do objeto nulo, sendo o primeiro marcado positivamente e o segundo

marcado negativamente. Cyrino e Matos (2016) colocam em questão em seu estudo os

traços de animacidade e de especificidade e concordam com Duarte e Costa (2003)

quando afirmam que para o PE o traço de animacidade é um fator que restringe a

utilização ou não do nulo, sendo possível apenas quando o antecedente é [-animado].

Gráfico47: tempos de leitura total nas

diferentes condições em PE (ADVÉRBIO)

Gráfico48: tempos de leitura total nas

diferentes condições em PB (ADVÉRBIO)

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O trabalho experimental

205

No presente estudo era de se esperar que essa afirmação de Tarallo sobre o

parâmetro do objeto nulo para o PB e o PE fosse observada sob a perspectiva do

processamento, a fim de delinear melhor a afirmação feita a partir de estudos de corpora

e de representação gramatical. Pretendíamos também verificar o papel do traço

semântico de animacidade do antecedente, que é colocado como um traço definidor de

qual forma pronominal deverá ser utilizada.

Sendo o PE uma língua classificada categoricamente como uma língua não

marcada positivamente para o padrão pro-drop em posição de objeto e o PB uma língua

marcada positivamente era de se esperar que em estruturas como NA “O professor

levou a aluna para a secretaria da escola, depois encaminhou cautelosamente para a

casa da avó.” e NI “O professor levou a prova para a secretaria da escola, depois

encaminhou cautelosamente para o cofre da sala.” as duas variedades apresentassem

comportamentos distintos. Para o PE, indo de acordo com a literatura, era de se esperar

resultados que demonstrem a não aceitação do pronome nulo para a retomada do

antecedente, e para o PB era de se esperar que não houvesse dificuldade para essa

retomada comparativamente com a forma plena, como em PA “O professor levou a

aluna para a secretaria da escola, depois encaminhou cautelosamente para a casa da

avó.” e em PI “O professor levou a prova para a secretaria da escola, depois

encaminhou cautelosamente para o cofre da sala.”

Não consideramos que o PE seja tão restritivo, no presente trabalho

pretendemos confirmar a hipótese de que em PE o pronome nulo é processado

preferencialmente em estruturas em que o seu antecedente carrega o traço [-animado],

mas consideramos também que a forma plena é a preferida para a retomada de qualquer

antecedente, seja ele [+animado] ou [-animado]. Já para o PB era de se esperar que a

utilização do objeto nulo não estivesse condicionada ao traço de animacidade do

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O trabalho experimental

206

antecedente, sendo a forma nula possível para retomar um antecedente [+animado] ou [-

animado].

Ao observar os resultados off-line, comparativamente, observamos que as duas

variedades apresentaram maiores índices de rejeição para as condições com nulo, o que

pode presumir que a forma plena, possivelmente, seja a preferida nas duas variedades.

Relativamente aos resultados on-line, não se pode ter afirmações embasadas em

resultados estatísticos, pois os dados de análises tanto de primeira leitura quanto de

leitura total não se mostram significativos.

Após uma análise mais aprofundada dos resultados levantamos a hipótese de que

os altos custos de processamento com a forma plena em PB devem-se ao fato de termos

usado a forma clítica do pronome, já que os estudos referem que os clíticos de 3.ª pessoa

desapareceram em PB, segundo Cyrino (2003) os clíticos caíram em PB devido a sua

baixa referencialidade, sendo substituídos pelo objeto nulo, devido considerar o ON

como uma consequência do Princípio Evitar Pronome, ou então pelo pronome pessoal

“ele”.

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Considerações Finais

207

6. Considerações Finais

Começamos as conclusões do nosso trabalho com uma síntese dos resultados de

cada um dos experimentos realizados, resumindo as conclusões que se pode tirar de

cada um dos experimentos. No final tentaremos articular os resultados de todos os

experimentos de modo a verificar o que esses resultados nos mostram acerca do

processamento da correferência pronominal em posição de sujeito e em posição de

objeto no Português Brasileiro e no Português Europeu.

Dividimos os experimentos em duas partes, o experimento 1, que trata da

posição de sujeito e o experimento 2, que trata da posição de objeto. Esses experimentos

foram divididos em dois grupos, grupo 1 – falantes nativos de PB e grupo 2 – falantes

nativos de PE, portanto, apresentaremos a síntese de quatro resultados e mais dois

fazendo o comparativo entre as duas variedades da língua portuguesa.

Nos dois experimentos usamos estruturas complexas do português que foram

cuidadosamente pensadas e devidamente adaptadas para cada uma das variedades

testadas para que não houvesse nenhuma diferença que pudesse comprometer os

resultados dos testes. As estruturas testadas no experimento 1, em que testamos a

posição de sujeito, são orações completivas com um SN complexo, em que manipulou-

se o número para que a retomada do SN a ser retomado fosse forçada, como por

exemplo nas sentenças abaixo.

(152) No final da noite, [os estagiáriosi] d[o arquiteto

k] informaram que

discutiam [Ø]/elesi irritadamente com frequência.

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Considerações Finais

208

(153) No final da noite, [os estagiáriosi] d[o arquiteto

k] informaram que

discutiam [Ø]/elesk irritadamente com frequência.

As estruturas testadas no experimento 2, em que testamos a posição de objeto,

são orações subordinadas em que manipulamos o traço de animacidade do antecedente a

ser retomado, nesse experimento não houve manipulação de outros fatores.

(154) A diretora aprovou [locutor] para o leilão de beneficência, depois

considerou-[o]/[Ø] excessivamente caro para o evento.

(155) A diretora aprovou [o cartaz] para o leilão de beneficência, depois

considerou-[o]/[Ø] excessivamente caro para o evento.

No experimento 1 monitoramos os comportamentos oculares dos participantes

durante a leitura de frases com as exemplificadas em (152) e (153) e verificamos que os

participantes falantes nativos de PE apresentam maior facilidade em sentenças em que o

pronome nulo retomava o SN1. Os pronomes plenos tiveram custos de processamento

maiores nas condições em que retomava o SN1 e menos custos na condição em que

retomava o SN2 alargando a afirmação feita por Costa, Faria e Matos (1998) e por

Luegi (2012) que afirmaram que o pronome pleno retoma antecedentes não sujeito.

Com os resultados encontrados em nosso teste em que não havia um antecedente em

posição não sujeito e sim em posição de sujeito, mas não saliente, podemos dizer que a

afirmação pode ser a de que pronomes plenos retomam antecedentes menos salientes

dentro da estrutura, independentemente se ele se encontra em posição de objeto ou se

ele se encontra encaixado dentro do sujeito.

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Considerações Finais

209

Observamos que as restrições gramaticais colocados em questão por Barbosa,

Duarte e Kato (2005) relacionadas com o fato de as formas nulas só poderem correferir

com um antecedente que a c-comande é altamente pertinente, já que observamos que o

pronome nulo teve custos de processamento menores para o antecedente mais saliente e

que c-comanda a forma nula.

O fato de as completivas estabelecerem uma relação mais forte com a sua oração

principal do que as adverbiais não influenciou nos resultados, a posição estrutural da

sentença foi totalmente levada em consideração. Completivas retomam com a forma

nula preferencialmente antecedentes mais salientes assim como foi observado por Luegi

(2012).

Os resultados encontrados com os falantes nativos de PB demonstram que, assim

como ocorre com o PE, a forma nula retomando o antecedente SN1 apresenta maior

facilidade de processamento em relação com a retomada do SN2. Tal resultado se apoia

na Teoria da Acessibilidade de Ariel (2001). Quanto ao que se refere à relação

gramatical, os resultados também indicam que a relação de c-comando também é

determinante para o estabelecimento da correferência com a forma nula.

A classificação proposta por Roberts e Holmberg (2010) sobre o sujeito nulo,

classifica o PB como sendo uma língua de sujeito nulo parcial. Sendo assim, era de se

esperar que sentenças do tipo PS1 e PS2, em que os antecedentes eram retomados pela

forma plena tivessem tempos de processamento menores do que as condições com nulo.

Observamos que a forma plena do PB é usada para retomar tanto antecedentes em

posição mais alta, que esteja sendo c-comandado pelo antecedente ou em posição mais

baixa, nesse caso encaixada, não havendo preferências por um ou por outro, e que

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Considerações Finais

210

obedecendo as restrições de c-comando o nulo retoma o seu antecedente sem grandes

dificuldades de processamento.

Comparativamente, os resultados das duas variedades mostram que o elemento

mais saliente dentro da estrutura é preferível para a retomada pela forma nula e relativo

a forma plena, em PB as duas formas, tanto SN1 quanto SN2 são passíveis de serem

retomados pelo pronome, entretanto em PE a retomada da forma plena pelo SN1 teve

maior custo, já que está forma é preferivelmente retomada pela forma nula.

Segundo Roberts e Holmberg (2010) PB e PE pertencem a grupos diferentes

dentro dos grupos de línguas marcadas positivamente para o parâmetro do sujeito nulo.

Segundo esses autores o PB seria classificado como uma língua de sujeito nulo parcial e

o PE seria classificado como uma língua de sujeito nulo consistente.

Os resultados Off-line não mostraram resultados significativos que apontem

diferenças entre as duas variedades sendo em ambas as variedades a retomada do SN

mais alto (SN1) a preferida tanto para o pleno quanto para o nulo. Em PB e PE

percebemos que a escolha para o antecedente a ser retomado pelo nulo está relacionada

ao grau de acessibilidade que o antecedente apresenta, o pronome nulo tende a retomar

o antecedente mais acessível, ou seja, o antecedente mais saliente dentro da estrutura e é

o que acontece com as duas variedades sendo possível também inferir que a relação de

c-comando pode estar atuando no processamento da correferência, conforme referido

por Barbosa, Duarte e Kato (2005).

Relativo aos resultados on-line, tanto os de primeira leitura quanto os de leitura

total, os dados nos mostram que os efeitos encontrados foram, primordialmente, relativo

ao tipo de pronome, e mais especificamente devido aos tempos de leitura mais baixos

para o pleno em PB e mais baixos para o nulo em PE.

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Considerações Finais

211

Globalmente os resultados encontrados no experimento 1 indicam que mesmo

com estruturas completivas há para o PE complementaridade das formas pronominais

observada por Costa, Faria e Matos (1998) e Luegi (2012) em estruturas adverbiais. A

forma nula retoma o antecedente mais saliente com maior facilitação e o pleno retoma o

antecedente menos saliente, nesse caso o SN encaixado no sujeito complexo, com mais

facilidade. O que não ocorre com o PB, em que o pronome pleno tem tempos mais

baixos para retomar qualquer um dos dois SNs do SN composto, o que nos dá indícios

de que o que vem sendo referido na literatura por Duarte (1995) e Barbosa, Duarte e

Kato (2005) sobre a improdutividade do Princípio Evitar Pronome em PB se

confirmam.

Tais resultados corroboram, em partes, os achados por Carminati (2002) em

estudo com o italiano. No italiano, pronomes nulos retomam antecedentes mais altos na

estrutura sintática e pronomes plenos retomam antecedentes em posição mais baixa,

distribuição complementar assim como o PE e diferente para o PB que retomas o SN1

com nulo mas a forma plena retoma os dois antecedentes da mesma forma.

No segundo experimento monitoramos os comportamentos oculares dos

participantes durante a leitura de frases com as exemplificadas em (154) e (155) e

verificamos que os participantes falantes nativos de PE apresentaram, na tarefa off-line,

índices de aceitação maiores para as condições com plenos, e um maior número de

rejeição com nulo, mostrando que o fator pronome é fundamental para o

estabelecimento da correferência em PE.

Os resultados on-line na posição do verbo não mostraram resultados

significativos para nenhum dos fatores testados. Já a região do advérbio apresentou

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Considerações Finais

212

efeito principal para o tipo de pronome, sendo as condições com nulo as mais rápidas.

Na medida total pass não foram encontrados resultados relevantes.

Os resultados encontrados para o PB indicam que a afirmativa feita pela

proposta de Cyrino (1995, 1997, 2000, entre outros) não se confirma através do teste

off-line que mostra um maior índice de rejeição nas condições com nulo e apresentou

efeito principal de tipo de pronome, tendo sido o pronome pleno considerado o mais

fácil para retomada do antecedente objeto. O traço de animacidade não apresentou

efeitos do traço para a retomada pelas formas pronominais.

Referente aos resultados encontrados na medida on-line, os tempos de primeira

leitura das regiões observadas (verbo+clítico e advérbio) demonstram resultados

opostos aos encontrados no teste off-line, os tempos de leitura das condições com

pronome nulo foram menores do que os tempos de leitura das condições com pleno. A

análise estatística mostra que houve efeito principal de pronome

Podemos inferir que esses resultados foram encontrados e mostram-se tão

discrepantes nas duas medidas devido ao fato de o objeto pronominal estar na forma de

um clítico, que segundo Duarte (1989), está em total desuso em PB e poderia ter

causado um estranhamento nos participantes durante a primeira leitura ao se depararem

com estruturas com essa forma.

Cyrino e Matos (2016) colocam em questão em seu estudo os traços de

animacidade e de especificidade e concordam com Duarte e Costa (2003) quando

afirmam que para o PE o traço de animacidade é um fator que restringe a utilização ou

não do nulo, sendo possível apenas quando o antecedente é [-animado].

Ao observar os resultados off-line, observamos que as duas variedades

apresentaram maiores índices de rejeição para as condições com nulo, o que pode

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Considerações Finais

213

presumir que a forma plena, possivelmente, seja a preferida nas duas variedades.

Relativamente aos resultados on-line, não se pode ter afirmações embasadas em

resultados estatísticos, pois os dados de análises de primeira leitura da região do verbo

não se mostram significativos. Em PB, o custo de processamento foi maior para o pleno

e, em PE o custo de processamento foi maior para o nulo, mas não apresentam

diferenças estatisticamente relevantes, mas o que foi observado vai ao encontro com o

que vem sendo referido na literatura, de que em PB o nulo prevalece e em PE o pleno é

a forma preferida.

Após uma análise mais aprofundada dos resultados levantamos a hipótese de que

os altos custos de processamento com a forma plena em PB devem-se ao fato de termos

usado a forma clítica do pronome, já que os estudos referem que os clíticos de 3ª pessoa

desapareceram em PB, segundo Cyrino (2003) os clíticos caíram em PB devido a sua

baixa referencialidade, sendo substituídos pelo objeto nulo, devido considerar o ON

como uma consequência do Princípio Evitar Pronome, ou então pelo pronome pessoal

“ele”, que precisa ser avaliado para se ter resultados mais consistentes acerca do

pronome nulo em posição de objeto.

A análise comparativa nos permite afirmar que PB e PE funcionam de maneira

diferente em relação a retomada em posição de objeto. Para o PE os tempos de

processamento da forma nula foram mais elevados do que os tempos da forma plena,

em oposição os tempos de processamento da forma plena foi mais rápido para o PB.

Relativo ao traço de animacidade, não foi possível tirar conclusões embasadas em testes

estatísticos.

Mais estudos sobre o objeto nulo devem ser feitos, principalmente pelo fato de

termos usado a forma clítica do pronome. É necessário que o teste seja feito com o

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Considerações Finais

214

pronome ”ele” a fim de perceber se houve mesmo o estranhamento ou se os custos de

processamento sejam mesmo por conta da atuação do princípio Evitar Pronome.

Relativamente à questão principal da presente pesquisa, que gira em torno da

afirmativa de Tarallo (1996) de que PB e PE diferem totalmente em relação à categoria

vazia, PB preferencialmente preenchido na posição de sujeito e nulo em posição de

objeto e o PE sempre nulo em posição de sujeito e sempre pleno em posição de objeto,

podemos concluir que a partir de estudo de processamento também são observadas as

preferências colocadas por Tarallo. Observamos que para o PB há uma perda do

Princípio Evitar Pronome, enquanto que na posição de objeto esse princípio é altamente

levado em consideração e para o PE o oposto acontece, o princípio Evitar Pronome é

altamente produtivo em posição de sujeito e não produtivo em posição de objeto.

Sabemos que os resultados dessa análise não são conclusivos e que ainda há

muito o que se fazer acerca dos estudos sobre o parâmetro nulo, mais especificamente

em posição de objeto, como testar os traços de especificidade e gênero semântico

separadamente, o que é uma das propostas para trabalhos futuros.

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Anexos

223

Anexos

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Anexo 1

224

Anexo 1

Lista das frases do experimento 1

Variedade Português Europeu

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Anexo 1 – frases experimento 1 PE

225

name Sentence Question Certo Errado

PS1 No final da noite, os estagiários do arquiteto informaram que eles discutiam irritadamente com frequência.\n Quem discutia irritadamente com frequência? Os estagários O arquiteto

PS2 No final da noite, o estagiário dos arquitetos informou que eles discutiam irritadamente com frequência.\n Quem discutia irritadamente com frequência? O estagário Os arquitetos

NS1 No final da noite, os estagiários do arquiteto informaram que discutiam irritadamente com frequência.\n Quem discutia irritadamente com frequência? Os estagários O arquiteto

NS2 No final da noite, o estagiário dos arquitetos informou que discutiam irritadamente com frequência.\n Quem discutia irritadamente com frequência? O estagário Os arquitetos

PS1 Antes do jantar, os empregados do cozinheiro verificaram que eles fritavam excessivamente as bolas de Berlim.\n Quem fritava excessivamente as bolas de Berlim? Os empregados O cozinheiro

PS2 Antes do jantar, o empregado dos cozinheiros verificou que eles fritavam excessivamente as bolas de Berlim.\n Quem fritava excessivamente as bolas de Berlim? O empregado Os cozinheiros

NS1 Antes do jantar, os empregados do cozinheiro verificaram que fritavam excessivamente as bolas de Berlim.\n Quem fritava excessivamente as bolas de Berlim? Os empregados O cozinheiro

NS2 Antes do jantar, o empregado dos cozinheiros verificou que fritavam excessivamente as bolas de Berlim.\n Quem fritava excessivamente as bolas de Berlim? O empregado Os cozinheiros

PS1 Durante o treino, os herdeiros do empresário comentaram que eles bocejavam repetidamente durante as conversas.\n Quem bocejava repetidamente durante as conversas? Os herdeiros O empresário

PS2 Durante o treino, o herdeiro dos empresários comentou que eles bocejavam repetidamente durante as conversas.\n Quem bocejava repetidamente durante as conversas? O herdeiro Os empresários

NS1 Durante o treino, os herdeiros do empresário comentaram que bocejavam repetidamente durante as conversas.\n Quem bocejava repetidamente durante as conversas? Os herdeiros O empresário

NS2 Durante o treino, o herdeiro dos empresários comentou que bocejavam repetidamente durante as conversas.\n Quem bocejava repetidamente durante as conversas? O herdeiro Os empresários

PS1 Durante a festa, os coreógrafos do dançarino mecionaram que eles refletiam vagarosamente sobre o espetáculo.\n Quem refletia vagarosamente sobre os espetáculos? Os coreógrafos O dançarino

PS2 Durante a festa, o coreógrafo dos dançarinos mecionou que eles refletiam vagarosamente sobre o espetáculo.\n Quem refletia vagarosamente sobre os espetáculos? O coreógrafo Os dançarinos

NS1 Durante a festa, os coreógrafos do dançarino mecionaram que refletiam vagarosamente sobre o espetáculo.\n Quem refletia vagarosamente sobre os espetáculos? Os coreógrafos O dançarino

NS2 Durante a festa, o coreógrafo dos dançarinos mecionou que refletiam vagarosamente sobre o espetáculo.\n Quem refletia vagarosamente sobre os espetáculos? O coreógrafo Os dançarinos

PS1 Depois do café, os mecânicos do engenheiro acharam que eles reclamavam exaltadamente com os colegas.\n Quem reclamava exaltadamente com os colegas? Os mecânicos O engenheiro

PS2 Depois do café, o mecânico dos engenheiros achou que eles reclamavam exaltadamente com os colegas.\n Quem reclamava exaltadamente com os colegas? O mecânico Os engenheiros

NS1 Depois do café, os mecânicos do engenheiro acharam que reclamavam exaltadamente com os colegas.\n Quem reclamava exaltadamente com os colegas? Os mecânicos O engenheiro

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Anexo 1 – frases experimento 1 PE

226

NS2 Depois do café, o mecânico dos engenheiros achou que reclamavam exaltadamente com os colegas.\n Quem reclamava exaltadamente com os colegas? O mecânico Os engenheiros

PS1 Depois do almoço, os admiradores do fotógrafo garantiram que eles preparavam cuidadosamente a seleção de fotos.\n Quem preparava cuidadosamente a seleção de fotos? Os admiradores O fotógrafo

PS2 Depois do almoço, o admirador dos fotógrafos garantiu que eles preparavam cuidadosamente a seleção de fotos.\n Quem preparava cuidadosamente a seleção de fotos? O admiradores Os fotógrafos

NS1 Depois do almoço, os admiradores do fotógrafo garantiram que preparavam cuidadosamente a seleção de fotos.\n Quem preparava cuidadosamente a seleção de fotos? Os admiradores O fotógrafo

NS2 Depois do almoço, o admirador dos fotógrafos garantiu que preparavam cuidadosamente a seleção de fotos.\n Quem preparava cuidadosamente a seleção de fotos? O admiradore Os fotógrafos

PS1 Depois do jantar, os ajudantes do pasteleiro relataram que eles roubavam descaradamente os donos da loja.\n Quem roubava descaradamente os donos da loja? Os ajudantes O pasteleiro

PS2 Depois do jantar, o ajudante dos pasteleiros relatou que eles roubavam descaradamente os donos da loja.\n Quem roubava descaradamente os donos da loja? O ajudante Os pasteleiros

NS1 Depois do jantar, os ajudantes do pasteleiro relataram que roubavam descaradamente os donos da loja.\n Quem roubava descaradamente os donos da loja? Os ajudantes O pasteleiro

NS2 Depois do jantar, o ajudante dos pasteleiros relatou que roubavam descaradamente os donos da loja.\n Quem roubava descaradamente os donos da loja? O ajudante Os pasteleiros

PS1 Durante o jantar, os assistentes do tesoureiro confirmaram que eles voltavam cautelosamente para a praça de touros.\n Quem voltava cautelosamente para a praça de touros? Os assistentes O tesoureiro

PS2 Durante o jantar, o assistente dos tesoureiros confirmou que eles voltavam cautelosamente para a praça de touros.\n Quem voltava cautelosamente para a praça de touros? O assistente Os tesoureiros

NS1 Durante o jantar, os assistentes do tesoureiro confirmaram que voltavam cautelosamente para a praça de touros.\n Quem voltava cautelosamente para a praça de touros? Os assistentes O tesoureiro

NS2 Durante o jantar, o assistente dos tesoureiros confirmou que voltavam cautelosamente para a praça de touros.\n Quem voltava cautelosamente para a praça de touros? O assistente Os tesoureiros

PS1 Durante a reunião, os discípulos do filósofo explicaram que eles pensavam incessantemente no sentido da vida. Quem pensava incessantemente no sentido da vida? Os discípulos O filósofo

PS2 Durante a reunião, o discípulo dos filósofos explicou que eles pensavam incessantemente no sentido da vida. Quem pensava incessantemente no sentido da vida? O discípulo Os filósofos

NS1 Durante a reunião, os discípulos do filósofo explicaram que pensavam incessantemente no sentido da vida. Quem pensava incessantemente no sentido da vida? Os discípulos O filósofo

NS2 Durante a reunião, o discípulo dos filósofos explicou que pensavam incessantemente no sentido da vida. Quem pensava incessantemente no sentido da vida? O discípulo Os filósofos

PS1 Ontem à noite, os tarefeiros do psicólogo esclareceram que eles examinavam minuciosamente as contas do

consultório.\n

Quem examinava minuciosamente as contas do

consultório?

Os tarefeiros O psicólogo

PS2 Ontem à noite, o tarefeiro dos psicólogos esclareceu que eles examinavam minuciosamente as contas do consultório.\n Quem examinava minuciosamente as contas do O tarefeiro Os psicólogos

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Anexo 1 – frases experimento 1 PE

227

consultório?

NS1 Ontem à noite, os tarefeiros do psicólogo esclareceram que examinavam minuciosamente as contas do consultório.\n Quem examinava minuciosamente as contas do

consultório?

Os tarefeiros O psicólogo

NS2 Ontem à noite, o tarefeiro dos psicólogos esclareceu que examinavam minuciosamente as contas do consultório.\n Quem examinava minuciosamente as contas do

consultório?

O tarefeiro Os psicólogos

PS1 No fim de semana, os assessores do magistrado recordaram que eles pilotavam agressiavamente na pista de corrida.\n Quem pilotava agressivamente na pista de corrida? Os assessores O magistrado

PS2 No fim de semana, o assessor dos magistrados recordou que eles pilotavam agressiavamente na pista de corrida.\n Quem pilotava agressivamente na pista de corrida? O assessore Os magistrados

NS1 No fim de semana, os assessores do magistrado recordaram que pilotavam agressiavamente na pista de corrida.\n Quem pilotava agressivamente na pista de corrida? Os assessores O magistrado

NS2 No fim de semana, o assessor dos magistrados recordou que pilotavam agressiavamente na pista de corrida.\n Quem pilotava agressivamente na pista de corrida? O assessore Os magistrados

PS1 Durante o almoço, os delegados do aluno reiteraram que eles murmuravam constantemente no início das reuniões.\n Quem murmurava constantemente no início das

reuniões?

Os delegados O aluno

PS2 Durante o almoço, o delegado dos alunos reiterou que eles murmuravam constantemente no início das reuniões.\n Quem murmurava constantemente no início das

reuniões?

O delegado Os alunos

NS1 Durante o almoço, os delegados do aluno reiteraram que murmuravam constantemente no início das reuniões.\n Quem murmurava constantemente no início das

reuniões?

Os delegados O aluno

NS2 Durante o almoço, os delegados dos alunos reiterou que murmuravam constantemente no início das reuniões.\n Quem murmurava constantemente no início das

reuniões?

O delegado Os alunos

PS1 Durante o chá, os secretários do deputado comunicaram que eles escreviam apressadamente em todas as reuniões.\n Quem escrevia apressadamente em todas as reuniões? Os secretários O deputado

PS2 Durante o chá, o secretário dos deputados comunicou que eles escreviam apressadamente em todas as reuniões.\n Quem escrevia apressadamente em todas as reuniões? O secretário Os deputados

NS1 Durante o chá, os secretários do deputado comunicaram que escreviam apressadamente em todas as reuniões.\n Quem escrevia apressadamente em todas as reuniões? Os secretários O deputado

NS2 Durante o chá, o secretário dos deputados comunicou que escreviam apressadamente em todas as reuniões.\n Quem escrevia apressadamente em todas as reuniões? O secretário Os deputados

PS1 Durante o lanche, os adversários do ministro lembraram que eles aguardavam pacientemente a aprovação da lei.\n Quem aguardava pacientemente a aprovação da lei? Os adversário O ministro

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Anexo 1 – frases experimento 1 PE

228

PS2 Durante o lanche, o adversário dos ministros lembrou que eles aguardavam pacientemente a aprovação da lei.\n Quem aguardava pacientemente a aprovação da lei? O adversário Os ministros

NS1 Durante o lanche, os adversários do ministro lembraram que aguardavam pacientemente a aprovação da lei.\n Quem aguardava pacientemente a aprovação da lei? Os adversário O ministro

NS2 Durante o lanche, o adversário dos ministros lembrou que aguardavam pacientemente a aprovação da lei.\n Quem aguardava pacientemente a aprovação da lei? O adversário Os ministros

PS1 Depois do lanche, os empregados do bailarino revelaram que eles dormitavam tranquilamente nas horas vagas.\n Quem cochilava tranquilamente nas horas vaga? Os empregados O bailarino

PS2 Depois do lanche, o empregado dos bailarinos revelou que eles dormitavam tranquilamente nas horas vagas.\n Quem cochilava tranquilamente nas horas vaga? O empregado Os bailarinos

NS1 Depois do lanche, os empregados do bailarino revelaram que dormitavam tranquilamente nas horas vagas.\n Quem cochilava tranquilamente nas horas vaga? Os empregados O bailarino

NS2 Depois do lanche, o empregado dos bailarinos revelou que dormitavam tranquilamente nas horas vagas.\n Quem cochilava tranquilamente nas horas vaga? O empregado Os bailarinos

PS1 No final do evento, os costureiros do estilista confessaram que eles caminhavam descuidadamente por entre os

vestidos.\n

Quem caminhava descuidadamente por entre os

vestidos?

Os costureiros O estilista

PS2 No final do evento, o costureiro dos estilistas confessou que eles caminhavam descuidaddamente por entre os

vestidos.\n

Quem caminhava descuidadamente por entre os

vestidos?

O costureiro Os estilistas

NS1 No final do evento, os costureiros do estilista confessaram que eles caminhavam descuidaddamente por entre os

vestidos.\n

Quem caminhava descuidadamente por entre os

vestidos?

Os costureiros O estilista

NS2 No final do evento, o costureiro dos estilistas confessou que eles caminhavam descuidaddamente por entre os

vestidos.\n

Quem caminhava descuidadamente por entre os

vestidos?

O costureiro Os estilistas

PS1 Na semana passada, os sobrinhos do toureiro afirmaram que eles jantavam recorrentemente no mesmo restaurante.\n Quem jantava recorrentemente no mesmo restaurante? Os sobrinhos O tesoureiro

PS2 Na semana passada, o sobrinho dos toureiros afirmou que eles jantavam recorrentemente no mesmo restaurante.\n Quem jantava recorrentemente no mesmo restaurante? O sobrinho Os tesoureiros

NS1 Na semana passada, os sobrinhos do toureiro afirmaram que jantavam recorrentemente no mesmo restaurante.\n Quem jantava recorrentemente no mesmo restaurante? Os sobrinhos O tesoureiro

NS2 Na semana passada, o sobrinho dos toureiros afirmou que jantavam recorrentemente no mesmo restaurante.\n Quem jantava recorrentemente no mesmo restaurante? O sobrinho Os tesoureiros

PS1 Depois do jantar, os auxiliares do jardineiro contaram que eles choravam convulsivamente com as notícias da TV.\n Quem chorava convulsivamente com as notícias da TV? Os auxiliares O jardineiro

PS2 Depois do jantar, o auxiliar dos jardineiros contou que eles choravam convulsivamente com as notícias da TV.\n Quem chorava convulsivamente com as notícias da TV? O auxiliare Os jardineiros

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Anexo 1 – frases experimento 1 PE

229

NS1 Depois do jantar, os auxiliares do jardineiro contaram que choravam convulsivamente com as notícias da TV.\n Quem chorava convulsivamente com as notícias da TV? Os auxiliares O jardineiro

NS2 Depois do jantar, o auxiliar dos jardineiros contou que choravam convulsivamente com as notícias da TV.\n Quem chorava convulsivamente com as notícias da TV? O auxiliare Os jardineiros

PS1 Na noite passada, os convidados do angolano constataram que eles gritavam frequentemente com os filhos.\n Quem gritava frequentemente com os filhos? Os convidados O Angolano

PS2 Na noite passada, o convidado dos angolanos constatou que eles gritavam frequentemente com os filhos.\n Quem gritava frequentemente com os filhos? O convidado Os Angolanos

NS1 Na noite passada, os convidados do angolano constataram que gritavam frequentemente com os filhos.\n Quem gritava frequentemente com os filhos? Os convidados O Angolano

NS2 Na noite passada, o convidado dos angolanos constatou que gritavam frequentemente com os filhos.\n Quem gritava frequentemente com os filhos? O convidado Os Angolanos

PS1 Durante o retiro, os professores do catequista informaram que eles meditavam prolongadamente durante toda a

manhã.\n

Quem meditava prolongadamente durante toda a

manhã?

Os professores O catequista

PS2 Durante o retiro, o professor dos catequistas informou que eles meditavam prolongadamente durante toda a manhã.\n Quem meditava prolongadamente durante toda a

manhã?

O professore Os catequistas

NS1 Durante o retiro, os professores do catequista informaram que meditavam prolongadamente durante toda a manhã.\n Quem meditava prolongadamente durante toda a

manhã?

Os professores O catequista

NS2 Durante o retiro, o professor dos catequistas informou que meditavam prolongadamente durante toda a manhã.\n Quem meditava prolongadamente durante toda a

manhã?

O professore Os catequistas

PS1 Na manhã de ontem, os cúmplices do criminoso avisaram que eles esperavam impacientemente pela mercadoria.\n Quem esperava impacientemente pela mercadoria? Os cúmplices O criminoso

PS2 Na manhã de ontem, o cúmplice dos criminosos avisou que eles esperavam impacientemente pela mercadoria.\n Quem esperava impacientemente pela mercadoria? O cúmplice Os criminosos

NS1 Na manhã de ontem, os cúmplices do criminoso avisaram que esperavam impacientemente pela mercadoria.\n Quem esperava impacientemente pela mercadoria? Os cúmplices O criminoso

NS2 Na manhã de ontem, o cúmplice dos criminosos avisou que esperavam impacientemente pela mercadoria.\n Quem esperava impacientemente pela mercadoria? O cúmplice Os criminosos

PS1 Durante os ensaios, os motoristas do pianista declararam que eles suspiravam angustiadamente por notícias dos

amigos.\n

Quem suspirava angustiadamente por notícias dos

amigos?

Os motoristas O pianista

PS2 Durante os ensaios, o motorista dos pianistas declarou que eles suspiravam angustiadamente por notícias dos amigos.\n Quem suspirava angustiadamente por notícias dos

amigos?

O motorista Os pianistas

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Anexo 1 – frases experimento 1 PE

230

NS1 Durante os ensaios, os motoristas do pianista declararam que suspiravam angustiadamente por notícias dos amigos.\n Quem suspirava angustiadamente por notícias dos

amigos?

Os motoristas O pianista

NS2 Durante os ensaios, o motorista dos pianistas declarou que suspiravam angustiadamente por notícias dos amigos.\n Quem suspirava angustiadamente por notícias dos

amigos?

O motorista Os pianistas

PS1 No fim de semana, os pacientes do enfermeiro viram que eles respondiam afetuosamente como se nada tivesse

acontecido.\n

Quem respondia afetuosamente como se nada tivesse

acontecido?

Os pacientes O enfermeiro

PS2 No fim de semana, o paciente dos enfermeiros viu que eles respondiam afetuosamente como se nada tivesse

acontecido.\n

Quem respondia afetuosamente como se nada tivesse

acontecido?

O paciente Os enfermeiros

NS1 No fim de semana, os pacientes do enfermeiro viram que respondiam afetuosamente como se nada tivesse

acontecido.\n

Quem respondia afetuosamente como se nada tivesse

acontecido?

Os pacientes O enfermeiro

NS2 No fim de semana, o paciente dos enfermeiros viu que respondiam afetuosamente como se nada tivesse acontecido.\n Quem respondia afetuosamente como se nada tivesse

acontecido?

O paciente Os enfermeiros

PS1 Durante a semana, os carteiros do italiano disseram que eles sonhavam carinhosamente com a nova casa.\n Quem sonhova carinhosamente com a nova casa? Os carteiros O italiano

PS2 Durante a semana, o carteiro dos italianos disse que eles sonhavam carinhosamente com a nova casa.\n Quem sonhova carinhosamente com a nova casa? O carteiro Os italianos

NS1 Durante a semana, os carteiros do italiano disseram que sonhavam carinhosamente com a nova casa.\n Quem sonhova carinhosamente com a nova casa? Os carteiros O italiano

NS2 Durante a semana, o carteiro dos italianos disse que sonhavam carinhosamente com a nova casa.\n Quem sonhova carinhosamente com a nova casa? O carteiro Os italianos

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Anexo 2

231

Anexo 2

Lista das frases do experimento 1

Variedade Português Brasileiro

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Anexo 2 – frases experimento 1 PB

232

name Sentence Question Certo Errado

PS1 No final da noite, os estagiários do arquiteto informaram que eles discutiam irritadamente com frequência.\n Quem discutia irritadamente com frequência? Os estagários O arquiteto

PS2 No final da noite, o estagiário dos arquitetos informou que eles discutiam irritadamente com frequência.\n Quem discutia irritadamente com frequência? O estagário Os arquitetos

NS1 No final da noite, os estagiários do arquiteto informaram que discutiam irritadamente com frequência.\n Quem discutia irritadamente com frequência? Os estagários O arquiteto

NS2 No final da noite, o estagiário dos arquitetos informou que discutiam irritadamente com frequência.\n Quem discutia irritadamente com frequência? O estagário Os arquitetos

PS1 Antes do jantar, os empregados do cozinheiro verificaram que eles fritavam excessivamente as bolinhas de queijo.\n Quem fritava excessivamente as bolinhas de queijo? Os empregados O cozinheiro

PS2 Antes do jantar, o empregado dos cozinheiros verificou que eles fritavam excessivamente as bolinhas de queijo.\n Quem fritava excessivamente as bolinhas de queijo? O empregado Os cozinheiros

NS1 Antes do jantar, os empregados do cozinheiro verificaram que fritavam excessivamente as bolinhas de queijo.\n Quem fritava excessivamente as bolinhas de queijo? Os empregados O cozinheiro

NS2 Antes do jantar, o empregado dos cozinheiros verificou que fritavam excessivamente as bolinhas de queijo.\n Quem fritava excessivamente as bolinhas de queijo? O empregado Os cozinheiros

PS1 Durante o treino, os herdeiros do empresário comentaram que eles bocejavam repetidamente durante as conversas.\n Quem bocejava repetidamente durante as conversas? Os herdeiros O empresário

PS2 Durante o treino, o herdeiro dos empresários comentou que eles bocejavam repetidamente durante as conversas.\n Quem bocejava repetidamente durante as conversas? O herdeiro Os empresários

NS1 Durante o treino, os herdeiros do empresário comentaram que bocejavam repetidamente durante as conversas.\n Quem bocejava repetidamente durante as conversas? Os herdeiros O empresário

NS2 Durante o treino, o herdeiro dos empresários comentou que bocejavam repetidamente durante as conversas.\n Quem bocejava repetidamente durante as conversas? O herdeiro Os empresários

PS1 Durante a festa, os coreógrafos do dançarino mecionaram que eles refletiam vagarosamente sobre o espetáculo.\n Quem refletia vagarosamente sobre os espetáculos? Os coreógrafos O dançarino

PS2 Durante a festa, o coreógrafo dos dançarinos mecionou que eles refletiam vagarosamente sobre o espetáculo.\n Quem refletia vagarosamente sobre os espetáculos? O coreógrafo Os dançarinos

NS1 Durante a festa, os coreógrafos do dançarino mecionaram que refletiam vagarosamente sobre o espetáculo.\n Quem refletia vagarosamente sobre os espetáculos? Os coreógrafos O dançarino

NS2 Durante a festa, o coreógrafo dos dançarinos mecionou que refletiam vagarosamente sobre o espetáculo.\n Quem refletia vagarosamente sobre os espetáculos? O coreógrafo Os dançarinos

PS1 Depois do café, os mecânicos do engenheiro acharam que eles reclamavam exaltadamente com os colegas.\n Quem reclamava exaltadamente com os colegas? Os mecânicos O engenheiro

PS2 Depois do café, o mecânico dos engenheiros achou que eles reclamavam exaltadamente com os colegas.\n Quem reclamava exaltadamente com os colegas? O mecânico Os engenheiros

NS1 Depois do café, os mecânicos do engenheiro acharam que reclamavam exaltadamente com os colegas.\n Quem reclamava exaltadamente com os colegas? Os mecânicos O engenheiro

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Anexo 2 – frases experimento 1 PB

233

NS2 Depois do café, o mecânico dos engenheiros achou que reclamavam exaltadamente com os colegas.\n Quem reclamava exaltadamente com os colegas? O mecânico Os engenheiros

PS1 Depois do almoço, os admiradores do fotógrafo garantiram que eles preparavam cuidadosamente a seleção de fotos.\n Quem preparava cuidadosamente a seleção de fotos? Os admiradores O fotógrafo

PS2 Depois do almoço, o admirador dos fotógrafos garantiu que eles preparavam cuidadosamente a seleção de fotos.\n Quem preparava cuidadosamente a seleção de fotos? O admiradores Os fotógrafos

NS1 Depois do almoço, os admiradores do fotógrafo garantiram que preparavam cuidadosamente a seleção de fotos.\n Quem preparava cuidadosamente a seleção de fotos? Os admiradores O fotógrafo

NS2 Depois do almoço, o admirador dos fotógrafos garantiu que preparavam cuidadosamente a seleção de fotos.\n Quem preparava cuidadosamente a seleção de fotos? O admiradore Os fotógrafos

PS1 Depois do jantar, os ajudantes do pasteleiro relataram que eles roubavam descaradamente os donos da loja.\n Quem roubava descaradamente os donos da loja? Os ajudantes O pasteleiro

PS2 Depois do jantar, o ajudante dos pasteleiros relatou que eles roubavam descaradamente os donos da loja.\n Quem roubava descaradamente os donos da loja? O ajudante Os pasteleiros

NS1 Depois do jantar, os ajudantes do pasteleiro relataram que roubavam descaradamente os donos da loja.\n Quem roubava descaradamente os donos da loja? Os ajudantes O pasteleiro

NS2 Depois do jantar, o ajudante dos pasteleiros relatou que roubavam descaradamente os donos da loja.\n Quem roubava descaradamente os donos da loja? O ajudante Os pasteleiros

PS1 Durante o jantar, os assistentes do tesoureiro confirmaram que eles voltavam cautelosamente para a sede da

empresa.\n

Quem voltava cautelosamente para a sede da empresa? Os assistentes O tesoureiro

PS2 Durante o jantar, o assistente dos tesoureiros confirmou que eles voltavam cautelosamente para a sede da empresa.\n Quem voltava cautelosamente para a sede da empresa? O assistente Os tesoureiros

NS1 Durante o jantar, os assistentes do tesoureiro confirmaram que voltavam cautelosamente para a sede da empresa.\n Quem voltava cautelosamente para a sede da empresa? Os assistentes O tesoureiro

NS2 Durante o jantar, o assistente dos tesoureiros confirmou que voltavam cautelosamente para a sede da empresa.\n Quem voltava cautelosamente para a sede da empresa? O assistente Os tesoureiros

PS1 Durante a reunião, os discípulos do filósofo explicaram que eles pensavam incessantemente no sentido da vida. Quem pensava incessantemente no sentido da vida? Os discípulos O filósofo

PS2 Durante a reunião, o discípulo dos filósofos explicou que eles pensavam incessantemente no sentido da vida. Quem pensava incessantemente no sentido da vida? O discípulo Os filósofos

NS1 Durante a reunião, os discípulos do filósofo explicaram que pensavam incessantemente no sentido da vida. Quem pensava incessantemente no sentido da vida? Os discípulos O filósofo

NS2 Durante a reunião, o discípulo dos filósofos explicou que pensavam incessantemente no sentido da vida. Quem pensava incessantemente no sentido da vida? O discípulo Os filósofos

PS1 Ontem à noite, os contadores do psicólogo esclareceram que eles examinavam minuciosamente as contas do

consultório.\n

Quem examinava minuciosamente as contas do

consultório?

Os contadores O psicólogo

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Anexo 2 – frases experimento 1 PB

234

PS2 Ontem à noite, o contador dos psicólogos esclareceu que eles examinavam minuciosamente as contas do consultório.\n Quem examinava minuciosamente as contas do

consultório?

O contadore Os psicólogos

NS1 Ontem à noite, os contadores do psicólogo esclareceram que examinavam minuciosamente as contas do consultório.\n Quem examinava minuciosamente as contas do

consultório?

Os contadores O psicólogo

NS2 Ontem à noite, o contador dos psicólogos esclareceu que examinavam minuciosamente as contas do consultório.\n Quem examinava minuciosamente as contas do

consultório?

O contadore Os psicólogos

PS1 No fim de semana, os assessores do magistrado recordaram que eles pilotavam agressiavamente na pista de corrida.\n Quem pilotava agressivamente na pista de corrida? Os assessores O magistrado

PS2 No fim de semana, o assessor dos magistrados recordou que eles pilotavam agressiavamente na pista de corrida.\n Quem pilotava agressivamente na pista de corrida? O assessore Os magistrados

NS1 No fim de semana, os assessores do magistrado recordaram que pilotavam agressiavamente na pista de corrida.\n Quem pilotava agressivamente na pista de corrida? Os assessores O magistrado

NS2 No fim de semana, o assessor dos magistrados recordou que pilotavam agressiavamente na pista de corrida.\n Quem pilotava agressivamente na pista de corrida? O assessore Os magistrados

PS1 Durante o almoço, os delegados do aluno reiteraram que eles murmuravam constantemente no início das reuniões.\n Quem murmurava constantemente no início das

reuniões?

Os delegados O aluno

PS2 Durante o almoço, o delegado dos alunos reiterou que eles murmuravam constantemente no início das reuniões.\n Quem murmurava constantemente no início das

reuniões?

O delegado Os alunos

NS1 Durante o almoço, os delegados do aluno reiteraram que murmuravam constantemente no início das reuniões.\n Quem murmurava constantemente no início das

reuniões?

Os delegados O aluno

NS2 Durante o almoço, os delegados dos alunos reiterou que murmuravam constantemente no início das reuniões.\n Quem murmurava constantemente no início das

reuniões?

O delegado Os alunos

PS1 Durante o chá, os secretários do deputado comunicaram que eles escreviam apressadamente em todas as reuniões.\n Quem escrevia apressadamente em todas as reuniões? Os secretários O deputado

PS2 Durante o chá, o secretário dos deputados comunicou que eles escreviam apressadamente em todas as reuniões.\n Quem escrevia apressadamente em todas as reuniões? O secretário Os deputados

NS1 Durante o chá, os secretários do deputado comunicaram que escreviam apressadamente em todas as reuniões.\n Quem escrevia apressadamente em todas as reuniões? Os secretários O deputado

NS2 Durante o chá, o secretário dos deputados comunicou que escreviam apressadamente em todas as reuniões.\n Quem escrevia apressadamente em todas as reuniões? O secretário Os deputados

PS1 Durante o lanche, os adversários do ministro lembraram que eles aguardavam pacientemente a aprovação da lei.\n Quem aguardava pacientemente a aprovação da lei? Os adversário O ministro

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Anexo 2 – frases experimento 1 PB

235

PS2 Durante o lanche, o adversário dos ministros lembrou que eles aguardavam pacientemente a aprovação da lei.\n Quem aguardava pacientemente a aprovação da lei? O adversário Os ministros

NS1 Durante o lanche, os adversários do ministro lembraram que aguardavam pacientemente a aprovação da lei.\n Quem aguardava pacientemente a aprovação da lei? Os adversário O ministro

NS2 Durante o lanche, o adversário dos ministros lembrou que aguardavam pacientemente a aprovação da lei.\n Quem aguardava pacientemente a aprovação da lei? O adversário Os ministros

PS1 Depois do lanche, os empregados do bailarino revelaram que eles cochilavam tranquilamente nas horas vagas.\n Quem cochilava tranquilamente nas horas vaga? Os empregados O bailarino

PS2 Depois do lanche, o empregado dos bailarinos revelou que eles cochilavam tranquilamente nas horas vagas.\n Quem cochilava tranquilamente nas horas vaga? O empregado Os bailarinos

NS1 Depois do lanche, os empregados do bailarino revelaram que cochilavam tranquilamente nas horas vagas.\n Quem cochilava tranquilamente nas horas vaga? Os empregados O bailarino

NS2 Depois do lanche, o empregado dos bailarinos revelou que cochilavam tranquilamente nas horas vagas.\n Quem cochilava tranquilamente nas horas vaga? O empregado Os bailarinos

PS1 No final do evento, os costureiros do estilista confessaram que eles caminhavam descuidaddamente por entre os

vestidos.\n

Quem caminhava descuidadamente por entre os

vestidos?

Os costureiros O estilista

PS2 No final do evento, o costureiro dos estilistas confessou que eles caminhavam descuidaddamente por entre os

vestidos.\n

Quem caminhava descuidadamente por entre os

vestidos?

O costureiro Os estilistas

NS1 No final do evento, os costureiros do estilista confessaram que eles caminhavam descuidaddamente por entre os

vestidos.\n

Quem caminhava descuidadamente por entre os

vestidos?

Os costureiros O estilista

NS2 No final do evento, o costureiro dos estilistas confessou que eles caminhavam descuidaddamente por entre os

vestidos.\n

Quem caminhava descuidadamente por entre os

vestidos?

O costureiro Os estilistas

PS1 Na semana passada, os sobrinhos do toureiro afirmaram que eles jantavam recorrentemente no mesmo restaurante.\n Quem jantava recorrentemente no mesmo restaurante? Os sobrinhos O tesoureiro

PS2 Na semana passada, o sobrinho dos toureiros afirmou que eles jantavam recorrentemente no mesmo restaurante.\n Quem jantava recorrentemente no mesmo restaurante? O sobrinho Os tesoureiros

NS1 Na semana passada, os sobrinhos do toureiro afirmaram que jantavam recorrentemente no mesmo restaurante.\n Quem jantava recorrentemente no mesmo restaurante? Os sobrinhos O tesoureiro

NS2 Na semana passada, o sobrinho dos toureiros afirmou que jantavam recorrentemente no mesmo restaurante.\n Quem jantava recorrentemente no mesmo restaurante? O sobrinho Os tesoureiros

PS1 Depois do jantar, os auxiliares do jardineiro contaram que eles choravam convulsivamente com as notícias da TV.\n Quem chorava convulsivamente com as notícias da TV? Os auxiliares O jardineiro

PS2 Depois do jantar, o auxiliar dos jardineiros contou que eles choravam convulsivamente com as notícias da TV.\n Quem chorava convulsivamente com as notícias da TV? O auxiliare Os jardineiros

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Anexo 2 – frases experimento 1 PB

236

NS1 Depois do jantar, os auxiliares do jardineiro contaram que choravam convulsivamente com as notícias da TV.\n Quem chorava convulsivamente com as notícias da TV? Os auxiliares O jardineiro

NS2 Depois do jantar, o auxiliar dos jardineiros contou que choravam convulsivamente com as notícias da TV.\n Quem chorava convulsivamente com as notícias da TV? O auxiliare Os jardineiros

PS1 Na noite passada, os convidados do angolano constataram que eles gritavam frequentemente com os filhos.\n Quem gritava frequentemente com os filhos? Os convidados O Angolano

PS2 Na noite passada, o convidado dos angolanos constatou que eles gritavam frequentemente com os filhos.\n Quem gritava frequentemente com os filhos? O convidado Os Angolanos

NS1 Na noite passada, os convidados do angolano constataram que gritavam frequentemente com os filhos.\n Quem gritava frequentemente com os filhos? Os convidados O Angolano

NS2 Na noite passada, o convidado dos angolanos constatou que gritavam frequentemente com os filhos.\n Quem gritava frequentemente com os filhos? O convidado Os Angolanos

PS1 Durante o retiro, os professores do catequista informaram que eles meditavam prolongadamente durante toda a

manhã.\n

Quem meditava prolongadamente durante toda a

manhã?

Os professores O catequista

PS2 Durante o retiro, o professor dos catequistas informou que eles meditavam prolongadamente durante toda a manhã.\n Quem meditava prolongadamente durante toda a

manhã?

O professore Os catequistas

NS1 Durante o retiro, os professores do catequista informaram que meditavam prolongadamente durante toda a manhã.\n Quem meditava prolongadamente durante toda a

manhã?

Os professores O catequista

NS2 Durante o retiro, o professor dos catequistas informou que meditavam prolongadamente durante toda a manhã.\n Quem meditava prolongadamente durante toda a

manhã?

O professore Os catequistas

PS1 Na manhã de ontem, os cúmplices do criminoso avisaram que eles esperavam impacientemente pela mercadoria.\n Quem esperava impacientemente pela mercadoria? Os cúmplices O criminoso

PS2 Na manhã de ontem, o cúmplice dos criminosos avisou que eles esperavam impacientemente pela mercadoria.\n Quem esperava impacientemente pela mercadoria? O cúmplice Os criminosos

NS1 Na manhã de ontem, os cúmplices do criminoso avisaram que esperavam impacientemente pela mercadoria.\n Quem esperava impacientemente pela mercadoria? Os cúmplices O criminoso

NS2 Na manhã de ontem, o cúmplice dos criminosos avisou que esperavam impacientemente pela mercadoria.\n Quem esperava impacientemente pela mercadoria? O cúmplice Os criminosos

PS1 Durante os ensaios, os motoristas do pianista declararam que eles suspiravam angustiadamente por notícias dos

amigos.\n

Quem suspirava angustiadamente por notícias dos

amigos?

Os motoristas O pianista

PS2 Durante os ensaios, o motorista dos pianistas declarou que eles suspiravam angustiadamente por notícias dos

amigos.\n

Quem suspirava angustiadamente por notícias dos

amigos?

O motorista Os pianistas

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Anexo 2 – frases experimento 1 PB

237

NS1 Durante os ensaios, os motoristas do pianista declararam que suspiravam angustiadamente por notícias dos amigos.\n Quem suspirava angustiadamente por notícias dos

amigos?

Os motoristas O pianista

NS2 Durante os ensaios, o motorista dos pianistas declarou que suspiravam angustiadamente por notícias dos amigos.\n Quem suspirava angustiadamente por notícias dos

amigos?

O motorista Os pianistas

PS1 No fim de semana, os pacientes do enfermeiro viram que eles respondiam afetuosamente como se nada tivesse

acontecido.\n

Quem respondia afetuosamente como se nada tivesse

acontecido?

Os pacientes O enfermeiro

PS2 No fim de semana, o paciente dos enfermeiros viu que eles respondiam afetuosamente como se nada tivesse

acontecido.\n

Quem respondia afetuosamente como se nada tivesse

acontecido?

O paciente Os enfermeiros

NS1 No fim de semana, os pacientes do enfermeiro viram que respondiam afetuosamente como se nada tivesse

acontecido.\n

Quem respondia afetuosamente como se nada tivesse

acontecido?

Os pacientes O enfermeiro

NS2 No fim de semana, o paciente dos enfermeiros viu que respondiam afetuosamente como se nada tivesse acontecido.\n Quem respondia afetuosamente como se nada tivesse

acontecido?

O paciente Os enfermeiros

PS1 Durante a semana, os carteiros do italiano disseram que eles sonhavam carinhosamente com a nova casa.\n Quem sonhova carinhosamente com a nova casa? Os carteiros O italiano

PS2 Durante a semana, o carteiro dos italianos disse que eles sonhavam carinhosamente com a nova casa.\n Quem sonhova carinhosamente com a nova casa? O carteiro Os italianos

NS1 Durante a semana, os carteiros do italiano disseram que sonhavam carinhosamente com a nova casa.\n Quem sonhova carinhosamente com a nova casa? Os carteiros O italiano

NS2 Durante a semana, o carteiro dos italianos disse que sonhavam carinhosamente com a nova casa.\n Quem sonhova carinhosamente com a nova casa? O carteiro Os italianos

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Anexo 3

238

Anexo 3

Lista das frases do experimento 2

Variedade Português Europeu

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Anexo 3 – frases experimento 2 PE

239

Name Text question resposta resposta

PA O professor levou a aluna para a secretaria da escola, depois encaminhou-a cautelosamente para casa da avó. O professor encaminhou a aluna para casa da avó? SIM NÃO

PI O professor levou a prova para a secretaria da escola, depois encaminhou-a cautelosamente para casa da avó. O professor encaminhou a prova para o cofre da sala? SIM NÃO

NA O professor levou a aluna para a secretaria da escola, depois encaminhou cautelosamente para casa da avó. O professor encaminhou a aluna para casa da avó? SIM NÃO

NI O professor levou a prova para a secretaria da escola, depois encaminhou cautelosamente para casa da avó. O professor encaminhou a prova para o cofre da sala? SIM NÃO

PA O agente encaminhou a ladra para a esquadra da polícia,depois mencionou-a cuidadosamente no interrogatório. O agente mencionou a ladra no interrogatório? SIM NÃO

PI O agente encaminhou a arma para a esquadra da polícia,depois mencionou-a cuidadosamente no interrogatório. O agente mencionou a arma no interrogatório? SIM NÃO

NA O agente encaminhou a ladra para a esquadra da polícia,depois mencionou cuidadosamente no interrogatório. O agente mencionou a ladra no interrogatório? SIM NÃO

NI O agente encaminhou a arma para a esquadra da polícia,depois mencionou cuidadosamente no interrogatório. O agente mencionou a arma no interrogatório? SIM NÃO

PA O nadador sugeriu a prima para o treino inicial, depois apresentou-a indevidamente para o jogo final. O nadador apresentou a prima para o jogo final? SIM NÃO

PI O nadador sugeriu a piscina para o treino inicial, depois apresentou-a indevidamente para o jogo final. O nadador apresentou a piscina para o jogo final? SIM NÃO

NA O nadador sugeriu a prima para o treino inicial, depois apresentou indevidamente para o jogo final. O nadador apresentou a prima para o jogo final? SIM NÃO

NI O nadador sugeriu a piscina para o treino inicial, depois apresentou indevidamente para o jogo final. O nadador apresentou a piscina para o jogo final? SIM NÃO

PA A gerente apresentou o chefe do novo serviço de pós-venda, depois anunciou-o empolgadamente a todos os

funcionários.

A gerente anunciou o chefe a todos os funcionários? SIM NÃO

PI A gerente apresentou o cartão do novo serviço de pós-venda, depois anunciou-o empolgadamente a todos os

funcionários.

A gerente anunciou o cartão a todos os funcionários? SIM NÃO

NA A gerente apresentou o chefe do novo serviço de pós-venda, depois anunciou empolgadamente a todos os funcionários. A gerente anunciou o chefe a todos os funcionários? SIM NÃO

NI A gerente apresentou o cartão do novo serviço de pós-venda, depois anunciou empolgadamente a todos os funcionários. A gerente anunciou o cartão a todos os funcionários? SIM NÃO

PA A diretora aprovou o locutor para o leilão de beneficiência, depois considerou-o excessivamente caro para o evento. A diretora considerou o locutor caro para o evento? SIM NÃO

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Anexo 3 – frases experimento 2 PE

240

PI A diretora aprovou o cartaz para o leilão de beneficiência, depois considerou-o excessivamente caro para o evento. A diretora considerou o cartaz caro para o evento? SIM NÃO

NA A diretora aprovou o locutor para o leilão de beneficiência, depois considerou excessivamente caro para o evento. A diretora considerou o locutor caro para o evento? SIM NÃO

NI A diretora aprovou o cartaz para o leilão de beneficiência, depois considerou excessivamente caro para o evento. A diretora considerou o cartaz caro para o evento? SIM NÃO

PA A produtora escolheu o cantor para o evento da empresa, depois reprovou-o essencialmente por ser muito exagerado. A produtora reprovou o cantor por ser muito exagerado? SIM NÃO

PI A produtora escolheu o anúncio para o evento da empresa, depois reprovou-o essencialmente por ser muito exagerado. A produtora reprovou o anúncio por ser muito exagerado? SIM NÃO

NA A produtora escolheu o cantor para o evento da empresa, depois reprovou essencialmente por ser muito exagerado. A produtora reprovou o cantor por ser muito exagerado? SIM NÃO

NI A produtora escolheu o anúncio para o evento da empresa, depois reprovou essencialmente por ser muito exagerado. A produtora reprovou o anúncio por ser muito exagerado? SIM NÃO

PA O fotógrafo recebeu a modelo para a sessão de fotografia, depois criticou-o discretamente na revista de moda. O fotógrafo criticou a modelo na revista de moda? SIM NÃO

PI O fotógrafo recebeu a máquina para a sessão de fotografia, depois criticou-o discretamente na revista de moda. O fotógrafo criticou a máquina na revista de moda? SIM NÃO

NA O fotógrafo recebeu a modelo para a sessão de fotografia, depois criticou discretamente na revista de moda. O fotógrafo criticou a modelo na revista de moda? SIM NÃO

NI O fotógrafo recebeu a máquina para a sessão de fotografia, depois criticou discretamente na revista de moda. O fotógrafo criticou a máquina na revista de moda? SIM NÃO

PA A treinadora aceitou o atleta para a competição masculina, depois substituiu-o inusitadamente na véspera da corrida. A treinadora substituiu o atleta na véspera da corrida? SIM NÃO

PI A treinadora aceitou o emblema para a competição masculina, depois substituiu-o inusitadamente na véspera da corrida. A treinadora substituiu o emblema na véspera da corrida? SIM NÃO

NA A treinadora aceitou o atleta para a competição masculina, depois substituiu inusitadamente na véspera da corrida. A treinadora substituiu o atleta na véspera da corrida? SIM NÃO

NI A treinadora aceitou o emblema para a competição masculina, depois substituiu inusitadamente na véspera da corrida. A treinadora substituiu o emblema na véspera da corrida? SIM NÃO

PA O arquiteto elogiou a patroa no início da remodelação, depois analteceu-a fervorosamente no discurso de inauguração. O arquiteto enalteceu a patroa no discurso de inauguração? SIM NÃO

PI O arquiteto elogiou a maquete no início da remodelação, depois analteceu-a fervorosamente no discurso de inauguração. O arquiteto enalteceu a maquete no discurso de inauguração? SIM NÃO

NA O arquiteto elogiou a patroa no início da remodelação, depois analteceu fervorosamente no discurso de inauguração. O arquiteto enalteceu a patroa no discurso de inauguração? SIM NÃO

NI O arquiteto elogiou a maquete no início da remodelação, depois analteceu fervorosamente no discurso de inauguração. O arquiteto enalteceu a maquete no discurso de inauguração? SIM NÃO

PA A engenheira indicou o cunhado para a construção da casa, depois dispensou-o principalmente por falta de dinheiro. A engenheira dispensou o cunhado por falta de dinheiro? SIM NÃO

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Anexo 3 – frases experimento 2 PE

241

PI A engenheira indicou o projeto para a construção da casa, depois dispensou-o principalmente por falta de dinheiro. A engenheira dispensou o projeto por falta de dinheiro? SIM NÃO

NA A engenheira indicou o cunhado para a construção da casa, depois dispensou principalmente por falta de dinheiro. A engenheira dispensou o cunhado por falta de dinheiro? SIM NÃO

NI A engenheira indicou o projeto para a construção da casa, depois dispensou principalmente por falta de dinheiro. A engenheira dispensou o projeto por falta de dinheiro? SIM NÃO

PA O auxiliar enfeitou a menina para a sessão de fotografia, depois carregou-a cuidadosamente até ao estúdio. O auxiliar carregou a menina até ao estúdio? SIM NÃO

PI O auxiliar enfeitou a boneca para a sessão de fotografia, depois carregou-a cuidadosamente até ao estúdio. O auxiliar carregou a boneca até ao estúdio? SIM NÃO

NA O auxiliar enfeitou a menina para a sessão de fotografia, depois carregou cuidadosamente até ao estúdio. O auxiliar carregou a menina até ao estúdio? SIM NÃO

NI O auxiliar enfeitou a boneca para a sessão de fotografia, depois carregou cuidadosamente até ao estúdio. O auxiliar carregou a boneca até ao estúdio? SIM NÃO

PA O padrinho arranjou a mágica para a animação da festa, depois descartou-a estranhamente antes da chegada dos

convisados.

O padrinho descartou a mágica antes da chegada dos

convidados?

SIM NÃO

PI O padrinho arranjou a tenda para a animação da festa, depois descartou-a estranhamente antes da chegada dos

convisados.

O padrinho descartou a tenda antes da chegada dos

convidados?

SIM NÃO

NA O padrinho arranjou a mágica para a animação da festa, depois descartou estranhamente antes da chegada dos

convisados.

O padrinho descartou a mágica antes da chegada dos

convidados?

SIM NÃO

NI O padrinho arranjou a tenda para a animação da festa, depois descartou estranhamente antes da chegada dos

convisados.

O padrinho descartou a tenda antes da chegada dos

convidados?

SIM NÃO

PA O dirigente avaliou a atleta para o último jogo do ano, depois rejeitou-a veementemente por falta de preparação. O dirigente rejeitou a atleta por falta de preparação? SIM NÃO

PI O dirigente avaliou a baliza para o último jogo do ano, depois rejeitou-a veementemente por falta de condições. O dirigente rejeitou a baliza por falta de condiçoes? SIM NÃO

NA O dirigente avaliou a atleta para o último jogo do ano, depois rejeitou veementemente por falta de preparação. O dirigente rejeitou a atleta por falta de preparação? SIM NÃO

NI O dirigente avaliou a baliza para o último jogo do ano, depois rejeitou veementemente por falta de condições. O dirigente rejeitou a baliza por falta de condiçoes? SIM NÃO

PA A cirurgiã transferiu o colega para o novo centro de saúde, depois recomendou-o acertivamente para manutenção. A cirurgiã recomendou o colega para manutenção? SIM NÃO

PI A cirurgiã transferiu o raio-x para o novo centro de saúde, depois recomendou-o acertivamente para manutenção. A cirurgiã recomendou o raio-x para manutenção? SIM NÃO

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Anexo 3 – frases experimento 2 PE

242

NA A cirurgiã transferiu o colega para o novo centro de saúde, depois recomendou acertivamente para manutenção. A cirurgiã recomendou o colega para manutenção? SIM NÃO

NI A cirurgiã transferiu o raio-x para o novo centro de saúde, depois recomendou acertivamente para manutenção. A cirurgiã recomendou o raio-x para manutenção? SIM NÃO

PA A cantora solicitou o músico para o espetáculo de estreia, depois desprezou-o arrogantemente diante de todos. A cantora desprezou o músico diante de todos? SIM NÃO

PI A cantora solicitou o bilhete para o espetáculo de estreia, depois desprezou-o arrogantemente diante de todos. A cantora desprezou o bilhete diante de todos? SIM NÃO

NA A cantora solicitou o músico para o espetáculo de estreia, depois desprezou arrogantemente diante de todos. A cantora desprezou o músico diante de todos? SIM NÃO

NI A cantora solicitou o bilhete para o espetáculo de estreia, depois desprezou arrogantemente diante de todos. A cantora desprezou o bilhete diante de todos? SIM NÃO

PA O inspetor transportou a refém para o centro de operações, depois escondeu-a prudentemente num dos armazéns. O inspetor escondeu a refém num dos armazéns? SIM NÃO

PI O inspetor transportou a carga para o centro de operações, depois escondeu-a prudentemente num dos armazéns. O inspetor escondeu a carga num dos armazéns? SIM NÃO

NA O inspetor transportou a refém para o centro de operações, depois escondeu prudentemente num dos armazéns. O inspetor escondeu a refém num dos armazéns? SIM NÃO

NI O inspetor transportou a carga para o centro de operações, depois escondeu prudentemente num dos armazéns. O inspetor escondeu a carga num dos armazéns? SIM NÃO

PA A técnica selecionou o filho para uma etapa do mundial, depois aguardou-o inquietamente para o início dos treinos. A técnica aguardou o filho para o início dos treinos? SIM NÃO

PI A técnica selecionou o skate para uma etapa do mundial, depois aguardou-o inquietamente para o início dos treinos. A técnica aguardou o skate para o início dos treinos? SIM NÃO

NA A técnica selecionou o filho para uma etapa do mundial, depois aguardou inquietamente para o início dos treinos. A técnica aguardou o filho para o início dos treinos? SIM NÃO

NI A técnica selecionou o skate para uma etapa do mundial, depois aguardou inquietamente para o início dos treinos. A técnica aguardou o skate para o início dos treinos? SIM NÃO

PA O florista procurou a amiga para a decoração da festa, depois recriminou-a irascivelmente num momento de desespero. O florista recriminou a amiga num momento de desespero? SIM NÃO

PI O florista procurou a camélia para a decoração da festa, depois recriminou-a irascivelmente num momento de desespero. O florista recriminou a camélia num momento de desespero? SIM NÃO

NA O florista procurou a amiga para a decoração da festa, depois recriminou irascivelmente num momento de desespero. O florista recriminou a amiga num momento de desespero? SIM NÃO

NI O florista procurou a camélia para a decoração da festa, depois recriminou irascivelmente num momento de desespero. O florista recriminou a camélia num momento de desespero? SIM NÃO

PA O joalheiro enviou a filha para o desfile na loja, depois fotografou-a orgulhosamente no final do evento. O joalheiro fotografou a filha no final do evento? SIM NÃO

PI O joalheiro enviou a coroa para o desfile na loja, depois fotografou-a orgulhosamente no final do evento. O joalheiro fotografou a coroa no final do evento? SIM NÃO

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Anexo 3 – frases experimento 2 PE

243

NA O joalheiro enviou a filha para o desfile na loja, depois fotografou orgulhosamente no final do evento. O joalheiro fotografou a filha no final do evento? SIM NÃO

NI O joalheiro enviou a coroa para o desfile na loja, depois fotografou orgulhosamente no final do evento. O joalheiro fotografou a coroa no final do evento? SIM NÃO

PA A curadora anunciou o pintor para a inauguração do atelier, depois mostrou-o apressadamente antes do início da

exposição.

A curadora mostrou o pintor antes do início da exposição? SIM NÃO

PI A curadora anunciou o menu para a inauguração do atelier, depois mostrou-o apressadamente antes do início da

exposição.

A curadora mostrou o menu antes do início da exposição? SIM NÃO

NA A curadora anunciou o pintor para a inauguração do atelier, depois mostrou apressadamente antes do início da

exposição.

A curadora mostrou o pintor antes do início da exposição? SIM NÃO

NI A curadora anunciou o menu para a inauguração do atelier, depois mostrou apressadamente antes do início da exposição. A curadora mostrou o menu antes do início da exposição? SIM NÃO

PA A bombeira conduziu o idoso para o pátio da corporação, depois observou-o minuciosamente à procura de ferimentos. A bombeira observou o idoso a procura de ferimentos? SIM NÃO

PI A bombeira conduziu o carro para o pátio da corporação, depois observou-o minuciosamente à procura de danos. A bombeira observou o carro a procura de danos? SIM NÃO

NA A bombeira conduziu o idoso para o pátio da corporação, depois observou minuciosamente à procura de ferimentos. A bombeira observou o idoso a procura de ferimentos? SIM NÃO

NI A bombeira conduziu o carro para o pátio da corporação, depois observou minuciosamente à procura de danos. A bombeira observou o carro a procura de danos? SIM NÃO

PA A bancária requisitou o gestor para a operação na agência, depois transferiu-o repentinamente para um novo balcão do

banco.

A bancária transferiu o gestor para um novo balcão do banco? SIM NÃO

PI A bancária requisitou o cheque para a operação na agência, depois transferiu-o repentinamente para um novo balcão do

banco.

A bancária transferiu o cheque para um novo balcão do

banco?

SIM NÃO

NA A bancária requisitou o gestor para a operação na agência, depois transferiu repentinamente para um novo balcão do

banco.

A bancária transferiu o gestor para um novo balcão do banco? SIM NÃO

NI A bancária requisitou o cheque para a operação na agência, depois transferiu repentinamente para um novo balcão do

banco.

A bancária transferiu o cheque para um novo balcão do

banco?

SIM NÃO

PA A missionária substituiu o guarda no início da nova missão, depois procurou-o discretamente por falta de voluntários. A missionária procurou o guarda por falta de voluntários? SIM NÃO

PI A missionária substituiu o balde no início da nova missão, depois procurou-o discretamente por falta de equipamento A missionária procurou o balde por falta de equipamento? SIM NÃO

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Anexo 3 – frases experimento 2 PE

244

NA A missionária substituiu o guarda no início da nova missão, depois procurou discretamente por falta de voluntários. A missionária procurou o guarda por falta de voluntários? SIM NÃO

NI A missionária substituiu o balde no início da nova missão, depois procurou discretamente por falta de equipamento A missionária procurou o balde por falta de equipamento? SIM NÃO

PA O anfitrião recomendou a cantora para a festa do casamento, depois esqueceu-a astuciosamente com vergonha do

fracasso.

O anfitrião esqueceu a cantora com vergonha do fracasso? SIM NÃO

PI O anfitrião recomendou a música para a festa do casamento, depois esqueceu-a astuciosamente com vergonha do

fracasso.

O anfitrião esqueceu a música com vergonha do fracasso? SIM NÃO

NA O anfitrião recomendou a cantora para a festa do casamento, depois esqueceu astuciosamente com vergonha do

fracasso.

O anfitrião esqueceu a cantora com vergonha do fracasso? SIM NÃO

NI O anfitrião recomendou a música para a festa do casamento, depois esqueceu astuciosamente com vergonha do fracasso. O anfitrião esqueceu a música com vergonha do fracasso? SIM NÃO

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Anexo 4

245

Anexo 4

Lista das frases do experimento 2

Variedade Português Brasileiro

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Anexo 4 – frases experimento 2 PB

246

Name Text question certa errada

PA O professor levou a aluna para a secretaria da escola, depois encaminhou-a cautelosamente para casa da avó. O professor encaminhou a aluna para casa da avó? SIM NÃO

PI O professor levou a prova para a secretaria da escola, depois encaminhou-a cautelosamente para casa da avó. O professor encaminhou a prova para o cofre da sala? SIM NÃO

NA O professor levou a aluna para a secretaria da escola, depois encaminhou cautelosamente para casa da avó. O professor encaminhou a aluna para casa da avó? SIM NÃO

NI O professor levou a prova para a secretaria da escola, depois encaminhou cautelosamente para casa da avó. O professor encaminhou a prova para o cofre da sala? SIM NÃO

PA O agente encaminhou a ladra para a cidade da polícia,depois mencionou-a cuidadosamente no interrogatório. O agente mencionou a ladra no interrogatório? SIM NÃO

PI O agente encaminhou a arma para a cidade da polícia,depois mencionou-a cuidadosamente no interrogatório. O agente mencionou a arma no interrogatório? SIM NÃO

NA O agente encaminhou a ladra para a cidade da polícia,depois mencionou cuidadosamente no interrogatório. O agente mencionou a ladra no interrogatório? SIM NÃO

NI O agente encaminhou a arma para a cidade da polícia,depois mencionou cuidadosamente no interrogatório. O agente mencionou a arma no interrogatório? SIM NÃO

PA O nadador sugeriu a prima para o treino inicial, depois apresentou-a indevidamente para o jogo final. O nadador apresentou a prima para o jogo final? SIM NÃO

PI O nadador sugeriu a piscina para o treino inicial, depois apresentou-a indevidamente para o jogo final. O nadador apresentou a piscina para o jogo final? SIM NÃO

NA O nadador sugeriu a prima para o treino inicial, depois apresentou indevidamente para o jogo final. O nadador apresentou a prima para o jogo final? SIM NÃO

NI O nadador sugeriu a piscina para o treino inicial, depois apresentou indevidamente para o jogo final. O nadador apresentou a piscina para o jogo final? SIM NÃO

PA A gerente apresentou o chefe do novo serviço de pós-venda, depois anunciou-o empolgadamente a todos os

funcionários.

A gerente anunciou o chefe a todos os funcionários? SIM NÃO

PI A gerente apresentou o cartão do novo serviço de pós-venda, depois anunciou-o empolgadamente a todos os

funcionários.

A gerente anunciou o cartão a todos os funcionários? SIM NÃO

NA A gerente apresentou o chefe do novo serviço de pós-venda, depois anunciou empolgadamente a todos os funcionários. A gerente anunciou o chefe a todos os funcionários? SIM NÃO

NI A gerente apresentou o cartão do novo serviço de pós-venda, depois anunciou empolgadamente a todos os funcionários. A gerente anunciou o cartão a todos os funcionários? SIM NÃO

PA A diretora aprovou o locutor para o leilão de beneficiência, depois considerou-o excessivamente caro para o evento. A diretora considerou o locutor caro para o evento? SIM NÃO

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Anexo 4 – frases experimento 2 PB

247

PI A diretora aprovou o cartaz para o leilão de beneficiência, depois considerou-o excessivamente caro para o evento. A diretora considerou o cartaz caro para o evento? SIM NÃO

NA A diretora aprovou o locutor para o leilão de beneficiência, depois considerou excessivamente caro para o evento. A diretora considerou o locutor caro para o evento? SIM NÃO

NI A diretora aprovou o cartaz para o leilão de beneficiência, depois considerou excessivamente caro para o evento. A diretora considerou o cartaz caro para o evento? SIM NÃO

PA A produtora escolheu o cantor para o evento da empresa, depois reprovou-o essencialmente por ser muito exagerado. A produtora reprovou o cantor por ser muito exagerado? SIM NÃO

PI A produtora escolheu o anúncio para o evento da empresa, depois reprovou-o essencialmente por ser muito exagerado. A produtora reprovou o anúncio por ser muito exagerado? SIM NÃO

NA A produtora escolheu o cantor para o evento da empresa, depois reprovou essencialmente por ser muito exagerado. A produtora reprovou o cantor por ser muito exagerado? SIM NÃO

NI A produtora escolheu o anúncio para o evento da empresa, depois reprovou essencialmente por ser muito exagerado. A produtora reprovou o anúncio por ser muito exagerado? SIM NÃO

PA O fotógrafo recebeu a modelo para a sessão de fotografia, depois criticou-o discretamente na revista de moda. O fotógrafo criticou a modelo na revista de moda? SIM NÃO

PI O fotógrafo recebeu a máquina para a sessão de fotografia, depois criticou-o discretamente na revista de moda. O fotógrafo criticou a máquina na revista de moda? SIM NÃO

NA O fotógrafo recebeu a modelo para a sessão de fotografia, depois criticou discretamente na revista de moda. O fotógrafo criticou a modelo na revista de moda? SIM NÃO

NI O fotógrafo recebeu a máquina para a sessão de fotografia, depois criticou discretamente na revista de moda. O fotógrafo criticou a máquina na revista de moda? SIM NÃO

PA A treinadora aceitou o atleta para a competição masculina, depois substituiu-o inusitadamente na véspera da corrida. A treinadora substituiu o atleta na véspera da corrida? SIM NÃO

PI A treinadora aceitou o emblema para a competição masculina, depois substituiu-o inusitadamente na véspera da corrida. A treinadora substituiu o emblema na véspera da corrida? SIM NÃO

NA A treinadora aceitou o atleta para a competição masculina, depois substituiu inusitadamente na véspera da corrida. A treinadora substituiu o atleta na véspera da corrida? SIM NÃO

NI A treinadora aceitou o emblema para a competição masculina, depois substituiu inusitadamente na véspera da corrida. A treinadora substituiu o emblema na véspera da corrida? SIM NÃO

PA O arquiteto elogiou a patroa no início da remodelação, depois enalteceu-a fervorosamente no discurso de inauguração. O arquiteto enalteceu a patroa no discurso de inauguração? SIM NÃO

PI O arquiteto elogiou a maquete no início da remodelação, depois enalteceu-a fervorosamente no discurso de inauguração. O arquiteto enalteceu a maquete no discurso de inauguração? SIM NÃO

NA O arquiteto elogiou a patroa no início da remodelação, depois enalteceu fervorosamente no discurso de inauguração. O arquiteto enalteceu a patroa no discurso de inauguração? SIM NÃO

NI O arquiteto elogiou a maquete no início da remodelação, depois enalteceu fervorosamente no discurso de inauguração. O arquiteto enalteceu a maquete no discurso de inauguração? SIM NÃO

PA A engenheira indicou o cunhado para a construção da casa, depois dispensou-o principalmente por falta de dinheiro. A engenheira dispensou o cunhado por falta de dinheiro? SIM NÃO

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Anexo 4 – frases experimento 2 PB

248

PI A engenheira indicou o projeto para a construção da casa, depois dispensou-o principalmente por falta de dinheiro. A engenheira dispensou o projeto por falta de dinheiro? SIM NÃO

NA A engenheira indicou o cunhado para a construção da casa, depois dispensou principalmente por falta de dinheiro. A engenheira dispensou o cunhado por falta de dinheiro? SIM NÃO

NI A engenheira indicou o projeto para a construção da casa, depois dispensou principalmente por falta de dinheiro. A engenheira dispensou o projeto por falta de dinheiro? SIM NÃO

PA O auxiliar enfeitou a menina para a sessão de fotografia, depois carregou-a cuidadosamente até o estúdio. O auxiliar carregou a menina até ao estúdio? SIM NÃO

PI O auxiliar enfeitou a boneca para a sessão de fotografia, depois carregou-a cuidadosamente até o estúdio. O auxiliar carregou a boneca até ao estúdio? SIM NÃO

NA O auxiliar enfeitou a menina para a sessão de fotografia, depois carregou cuidadosamente até o estúdio. O auxiliar carregou a menina até ao estúdio? SIM NÃO

NI O auxiliar enfeitou a boneca para a sessão de fotografia, depois carregou cuidadosamente até o estúdio. O auxiliar carregou a boneca até ao estúdio? SIM NÃO

PA O padrinho arranjou a mágica para a animação da festa, depois descartou-a estranhamente antes da chegada dos

convisados.

O padrinho descartou a mágica antes da chegada dos

convidados?

SIM NÃO

PI O padrinho arranjou a tenda para a animação da festa, depois descartou-a estranhamente antes da chegada dos

convisados.

O padrinho descartou a tenda antes da chegada dos

convidados?

SIM NÃO

NA O padrinho arranjou a mágica para a animação da festa, depois descartou estranhamente antes da chegada dos

convisados.

O padrinho descartou a mágica antes da chegada dos

convidados?

SIM NÃO

NI O padrinho arranjou a tenda para a animação da festa, depois descartou estranhamente antes da chegada dos

convisados.

O padrinho descartou a tenda antes da chegada dos

convidados?

SIM NÃO

PA O dirigente avaliou a atleta para o último jogo do ano, depois rejeitou-a veementemente por falta de preparação. O dirigente rejeitou a atleta por falta de preparação? SIM NÃO

PI O dirigente avaliou a baliza para o último jogo do ano, depois rejeitou-a veementemente por falta de condições. O dirigente rejeitou a baliza por falta de condições? SIM NÃO

NA O dirigente avaliou a atleta para o último jogo do ano, depois rejeitou veementemente por falta de preparação. O dirigente rejeitou a atleta por falta de preparação? SIM NÃO

NI O dirigente avaliou a baliza para o último jogo do ano, depois rejeitou veementemente por falta de condições. O dirigente rejeitou a baliza por falta de condições? SIM NÃO

PA A cirurgiã transferiu o colega para o novo centro de saúde, depois recomendou-o acertivamente para manutenção. A cirurgiã recomendou o colega para manutenção? SIM NÃO

PI A cirurgiã transferiu o raio-x para o novo centro de saúde, depois recomendou-o acertivamente para manutenção. A cirurgiã recomendou o raio-x para manutenção? SIM NÃO

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Anexo 4 – frases experimento 2 PB

249

NA A cirurgiã transferiu o colega para o novo centro de saúde, depois recomendou acertivamente para manutenção. A cirurgiã recomendou o colega para manutenção? SIM NÃO

NI A cirurgiã transferiu o raio-x para o novo centro de saúde, depois recomendou acertivamente para manutenção. A cirurgiã recomendou o raio-x para manutenção? SIM NÃO

PA A cantora solicitou o músico para o espetáculo de estreia, depois desprezou-o arrogantemente diante de todos. A cantora desprezou o músico diante de todos? SIM NÃO

PI A cantora solicitou o bilhete para o espetáculo de estreia, depois desprezou-o arrogantemente diante de todos. A cantora desprezou o bilhete diante de todos? SIM NÃO

NA A cantora solicitou o músico para o espetáculo de estreia, depois desprezou arrogantemente diante de todos. A cantora desprezou o músico diante de todos? SIM NÃO

NI A cantora solicitou o bilhte para o espetáculo de estreia, depois desprezou arrogantemente diante de todos. A cantora desprezou o bilhete diante de todos? SIM NÃO

PA O inspetor transportou a refém para o centro de operações, depois escondeu-a prudentemente num dos armazéns. O inspetor escondeu a refém num dos armazéns? SIM NÃO

PI O inspetor transportou a carga para o centro de operações, depois escondeu-a prudentemente num dos armazéns. O inspetor escondeu a carga num dos armazéns? SIM NÃO

NA O inspetor transportou a refém para o centro de operações, depois escondeu prudentemente num dos armazéns. O inspetor escondeu a refém num dos armazéns? SIM NÃO

NI O inspetor transportou a carga para o centro de operações, depois escondeu prudentemente num dos armazéns. O inspetor escondeu a carga num dos armazéns? SIM NÃO

PA A técnica selecionou o filho para uma etapa do mundial, depois aguardou-o inquietamente para o início dos treinos. A técnica aguardou o filho para o início dos treinos? SIM NÃO

PI A técnica selecionou o skate para uma etapa do mundial, depois aguardou-o inquietamente para o início dos treinos. A técnica aguardou o skate para o início dos treinos? SIM NÃO

NA A técnica selecionou o filho para uma etapa do mundial, depois aguardou inquietamente para o início dos treinos. A técnica aguardou o filho para o início dos treinos? SIM NÃO

NI A técnica selecionou o skate para uma etapa do mundial, depois aguardou inquietamente para o início dos treinos. A técnica aguardou o skate para o início dos treinos? SIM NÃO

PA O florista procurou a amiga para a decoração da festa, depois recriminou-a impulsivamente num momento de desespero. O florista recriminou a amiga num momento de desespero? SIM NÃO

PI O florista procurou a camélia para a decoração da festa, depois recriminou-a impulsivamente num momento de

desespero.

O florista recriminou a camélia num momento de desespero? SIM NÃO

NA O florista procurou a amiga para a decoração da festa, depois recriminou impulsivamente num momento de desespero. O florista recriminou a amiga num momento de desespero? SIM NÃO

NI O florista procurou a camélia para a decoração da festa, depois recriminou impulsivamente num momento de desespero. O florista recriminou a camélia num momento de desespero? SIM NÃO

PA O joalheiro enviou a filha para o desfile na loja, depois fotografou-a orgulhosamente no final do evento. O joalheiro fotografou a filha no final do evento? SIM NÃO

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Anexo 4 – frases experimento 2 PB

250

PI O joalheiro enviou a coroa para o desfile na loja, depois fotografou-a orgulhosamente no final do evento. O joalheiro fotografou a coroa no final do evento? SIM NÃO

NA O joalheiro enviou a filha para o desfile na loja, depois fotografou orgulhosamente no final do evento. O joalheiro fotografou a filha no final do evento? SIM NÃO

NI O joalheiro enviou a coroa para o desfile na loja, depois fotografou orgulhosamente no final do evento. O joalheiro fotografou a coroa no final do evento? SIM NÃO

PA A curadora anunciou o pintor para a inauguração do ateliêr, depois mostrou-o apressadamente antes do início da

exposição.

A curadora mostrou o pintor antes do início da exposição? SIM NÃO

PI A curadora anunciou o menu para a inauguração do ateliêr, depois mostrou-o apressadamente antes do início da

exposição.

A curadora mostrou o menu antes do início da exposição? SIM NÃO

NA A curadora anunciou o pintor para a inauguração do ateliêr, depois mostrou apressadamente antes do início da

exposição.

A curadora mostrou o pintor antes do início da exposição? SIM NÃO

NI A curadora anunciou o menu para a inauguração do ateliêr, depois mostrou apressadamente antes do início da exposição. A curadora mostrou o menu antes do início da exposição? SIM NÃO

PA A bombeira conduziu o idoso para o pátio da corporação, depois observou-o minuciosamente à procura de ferimentos. A bombeira observou o idoso a procura de ferimentos? SIM NÃO

PI A bombeira conduziu o carro para o pátio da corporação, depois observou-o minuciosamente à procura de danos. A bombeira observou o carro a procura de danos? SIM NÃO

NA A bombeira conduziu o idoso para o pátio da corporação, depois observou minuciosamente à procura de ferimentos. A bombeira observou o idoso a procura de ferimentos? SIM NÃO

NI A bombeira conduziu o carro para o pátio da corporação, depois observou minuciosamente à procura de danos. A bombeira observou o carro a procura de danos? SIM NÃO

PA A bancária requisitou o gestor para a operação na agência, depois transferiu-o repentinamente para um novo balcão do

banco.

A bancária transferiu o gestor para um novo balcão do banco? SIM NÃO

PI A bancária requisitou o cheque para a operação na agência, depois transferiu-o repentinamente para um novo balcão do

banco.

A bancária transferiu o cheque para um novo balcão do

banco?

SIM NÃO

NA A bancária requisitou o gestor para a operação na agência, depois transferiu repentinamente para um novo balcão do

banco.

A bancária transferiu o gestor para um novo balcão do banco? SIM NÃO

NI A bancária requisitou o cheque para a operação na agência, depois transferiu repentinamente para um novo balcão do

banco.

A bancária transferiu o cheque para um novo balcão do

banco?

SIM NÃO

PA A missionária substituiu o guarda no início da nova missão, depois procurou-o discretamente por falta de voluntários. A missionária procurou o guarda por falta de voluntários? SIM NÃO

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Anexo 4 – frases experimento 2 PB

251

PI A missionária substituiu o balde no início da nova missão, depois procurou-o discretamente por falta de equipamento A missionária procurou o balde por falta de equipamento? SIM NÃO

NA A missionária substituiu o guarda no início da nova missão, depois procurou discretamente por falta de voluntários. A missionária procurou o guarda por falta de voluntários? SIM NÃO

NI A missionária substituiu o balde no início da nova missão, depois procurou discretamente por falta de equipamento A missionária procurou o balde por falta de equipamento? SIM NÃO

PA O anfitrião recomendou a cantora para a festa do casamento, depois esqueceu-a astuciosamente com vergonha do

fracasso.

O anfitrião esqueceu a cantora com vergonha do fracasso? SIM NÃO

PI O anfitrião recomendou a música para a festa do casamento, depois esqueceu-a astuciosamente com vergonha do

fracasso.

O anfitrião esqueceu a música com vergonha do fracasso? SIM NÃO

NA O anfitrião recomendou a cantora para a festa do casamento, depois esqueceu astuciosamente com vergonha do

fracasso.

O anfitrião esqueceu a cantora com vergonha do fracasso? SIM NÃO

NI O anfitrião recomendou a música para a festa do casamento, depois esqueceu astuciosamente com vergonha do fracasso. O anfitrião esqueceu a música com vergonha do fracasso? SIM NÃO

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Anexo 5

252

Anexo 5

Termo de Consentimento Português Europeu

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Anexo 5 –Termo de consentimento PE

253

EXPERIÊNCIA DE EYE-TRACKING

Consentimento Informado

Informações gerais

A experiência insere-se na investigação de Doutoramento em Linguística de Katharine da Hora, orientada

pelo professor doutor Marcus Maia (UFRJ), pela professora doutora Armanda Costa (ULisboa) e pela

professora doutora Paula Luegi (ULisboa). A investigação envolve uma experiência de registo de

movimentos oculares com a recolha de dados a ocorrer na sala de eye-tracking do Laboratório de

Psicolinguística do Centro de Linguística da Universidade de Lisboa.

Pessoa Responsável: Katharine de Freitas Pereira Neto Aragão da Hora

Contacto: [email protected]; [email protected]

Condições de recolha

A recolha dos dados será feita na sala de eye-tracking do Laboratório de Psicolinguística do Centro de

Linguística da Universidade de Lisboa, Faculdade de Letras. O processo de eye-tracking é absolutamente

inócuo para o participante, tendo este apenas que apoiar a testa e o queixo num suporte de descanso enquanto

lê algumas frases que aparecem no ecrã, respondendo posteriormente a uma questão relacionada com cada

uma das frases. Os movimentos oculares serão gravados pelo equipamento. Todas as condições de higiene

estão garantidas, sendo o suporte desinfetado entre utilizações.

Confidencialidade e utilização dos dados

Dados pessoais: Os dados pessoais (nome, contacto) dos participantes serão apenas partilhados com a

investigadora e apenas para efeito de contacto urgente. Tais dados estarão salvaguardados a todo o momento,

não vindo a ser partilhados com qualquer outra pessoa ou instituição. Para efeitos de experiência e análise

dos dados, os participantes serão identificados através de uma referência numérica. Os dados são recolhidos

apenas com objetivos científicos e serão apenas utilizados para efeitos de investigação científica no

enquadramento da investigação referida.

Gravação da experiência de eye-tracking: A gravação da experiência será sempre mantida no formato

original de gravação e não será divulgada em qualquer outro meio ou partilhada com qualquer outra pessoa

ou instituição.

Direitos do participante

O participante tem o direito de desistir de participar na experiência a qualquer momento.

O participante tem o direito de aceder aos dados da experiência e de pedir uma cópia de

todos os documentos (relatórios, artigos, pósteres, etc.) produzidos com base nos dados

recolhidos.

Compreendo e aceito os parâmetros expostos neste documento e aceito participar na

experiência.

Lisboa, ____ de _______________________, 2018

Nome em letras maiúsculas _______________________________________ Idade______

Assinatura

________________________________________________________________________

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Anexo 6

254

Anexo 6

Termo de Consentimento Português Brasileiro

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Anexo 6 –Termo de consentimento PB

255

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Pesquisadora Katharine da Hora (doutoranda em Linguística/CNPq)

Esta pesquisa é sobre o processamento de frases em Português Brasileiro (PB),

sob orientação do Professor Marcus Maia (UFRJ/CNPq) e da Doutora Paula Luegi

(U.Lisboa). A finalidade deste trabalho é contribuir para a compreensão dos processos

cognitivos envolvidos na leitura de frases de diferentes tipos. Solicitamos a sua

colaboração para a tarefa de leitura e julgamento de frases, na tela de um computador,

como também sua autorização para apresentar os resultados deste estudo em eventos da

área de letras e de linguística e, eventualmente, publicá-los em periódicos científicos ou

em capítulo de livro. Não há risco nenhum a sua saúde, pois você terá apenas que ler

frases na tela de um computador e responder perguntas apertando botões. O aparelho a

que será submetido a fim de realizar o teste é um rastreador ocular, que ao rastrear a sua

córnea é capaz de gravar o movimento dos seus olhos durante a leitura.

Esclarecemos que sua participação no estudo é voluntária e, portanto, você não é

obrigado(a) a fornecer as informações e/ou colaborar com as atividades solicitadas pelo

Pesquisador(a).

Desde já agradecemos por sua participação!

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Anexo 7

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Anexo 7

Ficha de controle

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Anexo 7

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Ficha de controle

Nome:_________________________________________________________

Idade: _________ Natural de ________________________

Curso: ______________

Língua materna: _________________________________

Língua materna da mãe: ___________________________

Língua materna do pai: _________________________________

Nome: _________________________________________________________

Idade: _________ Natural de ________________________

Curso: ______________

Língua materna: _________________________________

Língua materna da mãe: ___________________________

Língua materna do pai: _________________________________

Nome: _________________________________________________________

Idade: _________ Natural de ________________________

Curso: ______________

Língua materna: _________________________________

Língua materna da mãe: ___________________________

Língua materna do pai: _________________________________

Nome: _________________________________________________________

Idade: _________ Natural de ________________________

Curso: ______________

Língua materna: _________________________________

Língua materna da mãe: ___________________________

Língua materna do pai: _________________________________