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O PROCESSO COMUNICACIONAL, SEUS CONCEITOS E A PRÁTICA PROFISSIONAL DE COMUNICAÇÃO COM OS ALUNOS Reflectir sobre o processo comunicacional e sobre os conceitos abordados de redundância, ruído e entropia em muito podem contribuir para facilitar o aperfeiçoamento do nosso tipo de comunicação. A meu ver os conceitos abordados também têm muito a ver com a nossa prática profissional de comunicação com os alunos e restante comunidade, não só a escolar, a institucional, a familiar mas também a social. “ A Educação insere-se no conceito de comunicação e exemplifica de uma forma clara a diferença entre comunicar e informar. Um professor (emissor) não se limita a transmitir os conhecimentos (informar), cria um processo de comunicação, transmitindo os saberes (mensagem), utilizando vários recursos (canais), ultrapassando diversas barreiras e obstáculos (ruído) para fazer chegar essa informação aos alunos (receptor). Depois, recorre aos meios de avaliação, testes, trabalhos, debates, entre outros, para perceber se os objectivos foram atingidos (feedback) e a partir daí alterar ou não as estratégias utilizadas. “ Mas um aluno não se limita a aprender a comunicar…aprende a saber saber, aprende a fazer e aprende a ser…aprende através de processos sócio-cognitivos a comunicar. O processo de aprendizagem depende do desenvolvimento próprio da estrutura cognitiva do sujeito (biológico e intelectual). Para Piaget,o pensamento origina-se da acção e temos na sociedade, um sistema de actividades onde as acções se modificam umas às outras alcançando formas de equilíbrio. Tais acções são morais, de colaboração, de coacção, de comunicação, enfim, uma construção colectiva. Nesta perspectiva o conceito de aprendizagem aqui considerado, não entende que o sujeito aprende porque alguém ensina, mas sim, que o aprender é um processo de

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O PROCESSO COMUNICACIONAL, SEUS CONCEITOS E A PRÁTICA PROFISSIONAL DE COMUNICAÇÃO COM OS ALUNOS

Reflectir sobre o processo comunicacional e sobre os conceitos abordados de redundância, ruído e entropia em muito podem contribuir para facilitar o aperfeiçoamento do nosso tipo de comunicação. A meu ver os conceitos abordados também têm muito a ver com a nossa prática profissional de comunicação com os alunos e restante comunidade, não só a escolar, a institucional, a familiar mas também a social.

“ A Educação insere-se no conceito de comunicação e exemplifica de uma forma clara a diferença entre comunicar e informar. Um professor (emissor) não se limita a transmitir os conhecimentos (informar), cria um processo de comunicação, transmitindo os saberes (mensagem), utilizando vários recursos (canais), ultrapassando diversas barreiras e obstáculos (ruído) para fazer chegar essa informação aos alunos (receptor). Depois, recorre aos meios de avaliação, testes, trabalhos, debates, entre outros, para perceber se os objectivos foram atingidos (feedback) e a partir daí alterar ou não as estratégias utilizadas. “

Mas um aluno não se limita a aprender a comunicar…aprende a saber saber, aprende a fazer e aprende a ser…aprende através de processos sócio-cognitivos a comunicar. O processo de aprendizagem depende do desenvolvimento próprio da estrutura cognitiva do sujeito (biológico e intelectual).

Para Piaget,o pensamento origina-se da acção e temos na sociedade, um sistema de actividades onde as acções se modificam umas às outras alcançando formas de equilíbrio. Tais acções são morais, de colaboração, de coacção, de comunicação, enfim, uma construção colectiva.

Nesta perspectiva o conceito de aprendizagem aqui considerado, não entende que o sujeito aprende porque alguém ensina, mas sim, que o aprender é um processo de construção, reconstrução e de tomada de consciência do próprio desenvolvimento por parte do sujeito.

Factor importante: a tomada de consciência do próprio desenvolvimento por parte do sujeito!

E referindo ao ensino presencial e ao ensino virtual poderei dizer que o ensino presencial é por excelência a melhor forma de transmitir, comunicar, partilhar, ensinar, educar… uma vez que a todo o instante estamos comunicando, informando, partilhando…quer através da

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respiração, dos gestos, palavras, sons, expressões, imagem pessoal, expressão etc…a interacção é directa!

Os ambientes virtuais serão também excelentes meios de ensino-aprendizagem em que cada sujeito é considerado como um todo, independente do espaço físico em que acessa a rede; rede esta, que compreende todos os sujeitos além da conexão entre computadores.

Na mesma concepção teórica foram construídos na Educação ambientes virtuais (ex. Moodle) – ambientes esses em que cada sujeito é considerado como um todo, independente do espaço físico em que acessa a rede; rede esta, que compreende todos os sujeitos além da conexão entre computadores. O importante é que, utilizando-se das ferramentas do ambiente, ele consiga estabelecer relações com seus pares a partir de suas estruturas cognitivas e afectivas e, acima de tudo, que consiga construir novos conhecimentos.

E o que estamos a fazer agora neste preciso momento não é isso mesmo? E não é isso que se pretende que nossos alunos consigam?

- “estabelecer relações com seus pares a partir de suas estruturas cognitivas e afectivas e, acima de tudo, que consiga construir novos conhecimentos.”

- “a tomada de consciência do próprio desenvolvimento por parte do sujeito.”

A escola está inserida num sistema, numa sociedade…

A tendência natural dos sistemas é o desgaste - entropia. À medida que a entropia aumenta, os sistemas se decompõem e existe a tendência para que este estado ocorra em função do tempo…a nossa sociedade modernizada é exemplo disso…vários factores nos influenciam aumentando a entropia.

Por outro lado, à medida que aumenta a informação, diminui a entropia, pois a informação é a base da configuração e ordem. Se por falta de comunicação ou ignorância, os padrões de autoridade, as funções, a hierarquia de uma organização formal passam a ser gradativamente abandonadas, a entropia aumenta e a organização vai-se reduzindo a formas gradativamente mais simples e rudimentares de indivíduos e de grupos. Informação como meio ou instrumento de ordenação do sistema.

Por outro lado, existe um equilíbrio dinâmico entre as partes do sistema.

Os sistemas têm uma tendência a se adaptarem a fim de alcançarem um equilíbrio interno face às mudanças externas do meio ambiente, da sociedade.

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– a escola varia a sua tendência para a redundância ou a entropia… a redundância e a entropia contribuem para a transmissão de conhecimentos.

Julgo que como “educadores/professores” temos que saber comunicar bem… temos que estar atentos aos receptores das mensagens, saber que canais utilizar para comunicar, estar atentos ao feedback das mensagens e ao ruído existente .

Poderemos aumentar a informação para diminuir a entropia, aumentando assim a ordem…

Mas o ensino que não se limita a um conjunto de factos e conceitos, a informação, mais ao menos relacionados entre si, deve provocar também alterações do comportamento dos alunos, que os prepare de uma forma mais eficaz para as exigências da sociedade actual.

O equilíbrio de qualquer sistema é difícil, a própria escola, o sistema educativo tem tendência a se adaptar procurando esse mesmo equilíbrio entre as partes.

Para evitarmos contribuirmos para um sistema educativo unicamente caótico é necessária a consciencialização e intervenção de todos os intervenientes no processo! É necessário saber comunicar bem!

Celina Rodrigues