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1 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ ANDRESSA PROENÇA O PROCESSO DE CAPTAÇÃO DE RECURSOS EM UMA EMPRESA DO TERCEIRO SETOR: O CASO DA PROVITA Balneário Camboriú 2009

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

ANDRESSA PROENÇA

O PROCESSO DE CAPTAÇÃO DE RECURSOS EM UMA EMPRESA DO

TERCEIRO SETOR: O CASO DA PROVITA

Balneário Camboriú

2009

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ANDRESSA PROENÇA

O PROCESSO DE CAPTAÇÃO DE RECURSOS EM UMA EMPRESA DO

TERCEIRO SETOR: O CASO DA PROVITA

Balneário Camboriú

2009

Monografia apresentada como requisito parcial

para a obtenção do título de Bacharel em

Administração – Gestão Empreendedora, na

Universidade do Vale do Itajaí, Centro de

Educação Balneário Camboriú.

Orientador: Prof. Msc. Luciana da Silva

Imeton

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ANDRESSA PROENÇA

O PROCESSO DE CAPTAÇÃO DE RECURSOS EM UMA EMPRESA DO

TERCEIRO SETOR: O CASO DA PROVITA

Esta Monografia foi julgada adequada para a obtenção do título de Bacharel

em Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Gestão

Empreendedora da Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação de

Balneário Camboriú.

Área de Concentração: Gestão

Balneário Camboriú, 30 de Junho de 2009.

_________________________________

Prof. MSc. Luciana da Silva Imeton

Orientadora

___________________________________

Prof. MSc. Roberta Nara Sodré de Souza

Avaliadora

___________________________________

Prof. MSc. Ricardo Titericz

Avaliador

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EQUIPE TÉCNICA

Estagiário(a): Andressa Proença

Área de Estágio: Administração

Professor Responsável pelos Estágios: Lorena Schröder, Msc

Supervisor da Empresa: Marlete Benta Luciano

Professor(a) orientador(a): Luciana da Silva Imeton

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DADOS DA EMPRESA

Razão Social: Projeto Vida Itapema - PROVITA

Endereço: Rua 615, nº 39 – Bairro Tabuleiro – Itapema - SC

Setor de Desenvolvimento do Estágio: Administrativo

Duração do Estágio: 240 horas

Nome e Cargo do Supervisor da Empresa: Marlete Benta Luciano –

Coordenadora Administrativa

Carimbo do CNPJ da Empresa:

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“O que nos falta é a capacidade de traduzir em proposta aquilo que ilumina a nossa

inteligência e mobiliza nossos corações: a construção de um novo mundo.”

Herbet de Souza (Betinho)

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais que tanto amo.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, por ter me capacitado e proporcionado todas as

condições favoráveis para a realização deste trabalho.

Aos meus pais, Selmar Proença e Maria de Lurdes Weber Proença, por

seus ricos ensinos, cuidados, incentivos e orações.

A professora Luciana da Silva Imeton, pela preciosa orientação, atenção

e dedicação.

Ao meu namorado e acima de tudo amigo, Gabriel, pela compreensão e

incentivo.

Aos meus colegas de curso e amigos, principalmente meus amigos de

longe, muito obrigada pelo apoio.

Ao Projeto Vida Itapema – PROVITA, que disponibilizou seu precioso

tempo para responder as questões, fornecendo os dados que subsidiaram esta

pesquisa.

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RESUMO

Antes, a sociedade organizava-se em apenas dois setores: o público e o privado. Um representando a coletividade e o outro, os indivíduos. Como não conseguiam atender as necessidades sociais, surgiu o que se denomina “Terceiro Setor” – constituído pelas organizações privadas, mas com os objetivos públicos para a prestação de serviços de interesse social. Um dos grandes desafios deste setor diz respeito à escassez de recursos para reposição do que foi consumido na prestação de serviços à sociedade. Para tentar resolver o problema, as organizações sem fins lucrativos buscam fontes alternativas de recursos, destacando algumas como as receitas próprias comerciais e/ou de prestação de serviços e doações vindas da sociedade. O objetivo geral desse trabalho é conhecer o processo de Captação de Recursos de uma organização do Terceiro Setor. A presente pesquisa caracteriza-se por exploratória e descritiva, quanto ao método utilizou-se o indutivo e quanto à abordagem qualitativa. Para o desenvolvimento desta pesquisa utilizou-se a entrevista semi-estruturada aplicada à organização Provita da cidade de Itapema-SC. Da entrevista aplicada, conclui-se que a organização não possui um departamento exclusivo e nem um profissional responsável pela captação de recursos e depende, praticamente do convênio com a Prefeitura e das mensalidades dos residentes.

Palavras – chave: Terceiro Setor. Gestão. Captação de Recursos

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ABSTRACT

The society was organized in just two sectors: public and private. One representing the community and the other one the individuals. Since they could not meet the social needs, emerged the "third sector" - made by private organizations, but with public objectives for the provision of social interest. One of the major challenges of this sector is the scarcity of resources for replacement of what was consumed in the provision of services to society. To solve the problem, the non-profit organizations seek alternatives to get sources, pointing out how the own business and / or services and donations from society. The aim of this study is to understand the process of Fundraising in an organization of the Third Sector. This research is characterized by exploratory and descriptive, the method used in this paper was the inductive and qualitative. For the development of this research was used the semi-structured interviews applied to the organization Provita City Itapema-SC. From the interview applied, it could be concluded that the organization does not have a dedicated department and not a professional responsible for raising resources and depends almost in agreement with the Cityhall and the fees of the residents. Keywords: Third Sector. Management. Fundraising

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Agentes e Finalidades .......................................................... 26

Quadro 2 Elementos definidores do Terceiro Setor ............................. 26

Quadro 3 Diferenças básicas entre Associações e Fundações ........... 34

Quadro 4 Titulo de Utilidade Pública Federal (UPF) ............................ 37

Quadro 5 Registro no Conselho Nacional de Assistência Social

(CNAS) .................................................................................. 38

Quadro 6 Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social

(CEAS) .................................................................................. 39

Quadro 7 Principais Funções Gerenciais .............................................. 42

Quadro 8 Desafios do Terceiro Setor ................................................... 44

Quadro 9 A natureza das transações nos diferentes setores ............... 47

Quadro 10 Maneiras de captação de recursos ....................................... 50

Quadro 11 Financiamento com recursos públicos .................................. 51

Quadro 12 Doações e imposto de renda ................................................ 54

Quadro 13 Etapas do método indutivo .................................................... 55

Quadro 14 Estrutura e atividades do Provita........................................... 60

Quadro 15 Modalidade das mensalidades dos residentes do Provita .... 63

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LISTA DE SIGLAS

ABONG Associação Brasileira de Organizações não Governamentais

BNDS Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social

CEAS Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social

CFC Conselho Federal de Contabilidade

CMAS Conselho Municipal de Assistência Social

CNAS Conselho Nacional de Assistência Social

COMEN/SC Conselho Estadual de Entorpecentes de Santa Catarina

FEBRACT Federação Brasileira de Comunidades Terapêuticas

GESET Gerência de Estudos Setoriais

OAB Ordem dos Advogados do Brasil

ONG Organização não Governamental

OS Organização Social

OSCIP Organização da Sociedade Civil de Interesse Público

UFP Unidade Pública Federal

UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a

Cultura

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................... 15

1.1 Apresentação do tema........................................................................... 15

1.2 Problema de pesquisa........................................................................... 16

1.3 Objetivos................................................................................................ 16

1.3.1 Objetivo Geral........................................................................................ 16

1.3.2 Objetivos específicos............................................................................. 16

1.4 Justificativa de pesquisa........................................................................ 16

1.5 Contextualização do ambiente de estágio............................................. 18

1.6 Organização do trabalho........................................................................ 19

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................ 21

2.1 Terceiro Setor........................................................................................ 21

2.1.1 Origem................................................................................................... 21

2.1.2 Conceito................................................................................................. 22

2.1.3 Personalidade Jurídica das Organizações sem fins lucrativos.............. 29

2.2 As ONGs................................................................................................ 30

2.2.1 As Associações...................................................................................... 31

2.2.2 As Fundações........................................................................................ 33

2.3 Comparativo entre Associações e Fundações....................................... 34

2.4 Qualificações dadas ás instituições do Terceiro Setor.......................... 34

2.5 Gestão das organizações do Terceiro Setor.......................................... 41

2.5.1 Desafios das organizações do Terceiro Setor....................................... 42

2.6 Captação de recursos............................................................................ 46

2.6.1 Formas de captação de recursos........................................................... 48

2.6.2 Financiamento com recursos públicos................................................... 51

2.6.3 Financiamento com recursos privados.................................................. 53

3 METODOLOGIA DE PESQUISA.......................................................... 55

3.1 Tipologia de pesquisa........................................................................... 55

3.2 Sujeito de estudo.................................................................................. 56

3.3 Instrumentos de pesquisa..................................................................... 56

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4 ANALISE E APRESENTAÇÃO DOS DADOS...................................... 59

4.1 Descrição da Organização Pesquisada............................................. 59

4.2 O Processo de Captação de Recursos e a gestão do Provita 61

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................... 66

5.1 Sugestões de trabalhos futuros............................................................. 68

REFERÊNCIAS .................................................................................... 69

ANEXOS ............................................................................................... 75

Anexo A: Entrevista semi-estruturada utilizada..................................... 76

Anexo B: Leis Municipais 77

Anexo C: Documentos necessários para captar recursos junto ao

órgão Público......................................................................................... 80

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Apresentação do tema

Com o aumento da população, aumentaram também os problemas

sociais e observa-se que o Estado já não dispõe de recursos para atender

todas as pessoas que precisam de ajuda.

Problemas decorrentes do processo de urbanização e industrialização,

têm feito com que as entidades do Terceiro Setor sejam impulsionadas a

ocupar esse espaço, buscando uma solução para a redução das desigualdades

econômicas e sociais por meio de parcerias com o Estado e empresas.

Matos (2004, p. 14) relata que: “Nessa conjuntura de tensões vem

crescendo a conscientização da sociedade sobre a responsabilidade por ações

transformadoras, possibilitando o crescimento e a expansão das ONGs e do

terceiro setor.”

Com o objetivo de diminuir certas dificuldades, a sociedade sente a

necessidade de promover ajuda mutua entre si, colocando em prática atitudes

que deveriam ser tomadas pelo Estado. Surgem assim as instituições do

“terceiro setor”, que são organizadas de forma privada, mas que atendem os

anseios sociais.

Estas organizações sobrevivem de doações feitas pela iniciativa privada

e de recursos públicos que podem ser feitos na forma de auxílios e

contribuições, convênios e termos de parceria.

As entidades sem fins lucrativos não tem como objetivo, com o

recebimento destes recursos, gerar lucros e distribuir aos seus gestores. O

objetivo da entidade é administrar os recebimentos para que a finalidade a que

foi constituída seja atendida e assim atender também as necessidades da

sociedade.

Por outro lado, é de suma importância que a sociedade cobre destas

entidades a transparência e a ética quanto à administração das doações

recebidas e exija que elas estejam cumprindo com seu papel social.

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1.2 Problema de pesquisa

Busca-se a resposta para o seguinte problema de pesquisa: Como é o

processo de Captação de Recursos utilizado por uma empresa do Terceiro

Setor?

1.3 Objetivos de pesquisa

Os objetivos do estudo que atendem ao problema desta pesquisa são

apresentados a seguir, descritos em termo geral e específicos.

1.3.1 Objetivo Geral

Conhecer o processo de Captação de Recursos de uma organização do

Terceiro Setor.

1.3.2 Objetivos específicos

Pretende-se alcançar os seguintes objetivos:

• Descrever a forma de gestão de uma organização do terceiro

setor;

• Verificar as fontes de recursos disponíveis neste tipo de

organização;

• Identificar as práticas de Captação de Recursos dominantes na

organização pesquisada;

1.4 Justificativa de pesquisa

O agravamento das condições sociais no país, a falta de capacidade do

Estado em atender à demanda da sociedade por serviços de educação, saúde,

justiça, meio ambiente, defesa dos direitos humanos e outros, fazem das

instituições que compõem o Terceiro Setor um patrimônio da Nação que deve

não só ser preservado, mas, acima de tudo, apoiado no sentido de obter as

condições necessárias para ampliação.

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Conforme relata Falconer (1999, p.1), o estudo do terceiro setor é uma

área do conhecimento ainda pouco desenvolvida em nível mundial. Nos

Estados Unidos da América (EUA), país com acentuada tradição de atuação

das instituições sem fins lucrativos, os primeiros estudos remontam à década

de 1960 e pouco foi escrito sobre o tema antes de 1980. a maior parte da

produção existente provém dos anos 1990.

No Brasil, o tema ainda desperta o interesse de um número reduzido de

pesquisadores, existindo poucos trabalhos com estudos empíricos detalhados.

Este setor no país também enfrenta o desafio de conseguir sua auto-

sustentabilidade.

Apesar de muitas entidades adotarem o mesmo discurso sobre a

dificuldade de conseguir captar recursos, existem, de acordo com a UNESCO,

recursos disponíveis. Porém, devido à falta de conhecimento das entidades

sobre como captar recursos e pelo fato de muitas não fazerem a devida

prestação de contas, ficam impossibilitadas de conseguir novos recursos, ou

seja, falta profissionalização e transparência ao setor, o que acaba

prejudicando a captação de recursos.

Torna-se relevante o aprofundamento do estudo nessas organizações

pela importância do Terceiro Setor no país, pois, a cada dia, o setor se mostra

uma boa alternativa para a tradução de alguns dos problemas sociais. Deverá

ser útil um estudo referente ao processo de captação de recursos nessas

organizações, pois há a escassez de pesquisa na área.

De acordo com Serva (1996, p.17),

Embora tenhamos um significativo número de publicações que têm em foco o Terceiro Setor, dificilmente há estudos que se refiram aos aspectos de gestão desse tipo de organização, como seus procedimentos administrativos, mão-de-obra empregada, recursos, entre outros.

Em face das limitações de recursos dos financiadores “tradicionais” –

agências de desenvolvimento internacional e Governo - , ampliar e diversificar

as fontes de recursos tornou-se determinante para que as organizações do

Terceiro Setor possam, além de sobreviver, desempenhar um papel relevante

com o seu público e a sociedade em geral.

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Todavia, a captação de recursos financeiros está também diretamente

ligada ao “saber captar” e não só ao comprometimento e à afinidade dos

possíveis investidores com a causa. Estratégias para a captação bem definidas

e a capacidade de mostrar os resultados das ações promovidas com os

recursos captados poderão garantir a continuidade da parceria e legitimar a

organização sem fins lucrativos como catalisadora de recursos para as ações

sociais.

Ao fornecer subsídios para entender o processo de captação de

recursos pelas organizações do Terceiro Setor, este trabalho contribuirá na

identificação dos esforços feitos pelo Provita neste processo junto à sociedade

em geral.

1.5 Contexto do ambiente de estágio:

O PROVITA - Projeto Vida Itapema, fundado em 13 de Maio de 1998

desenvolve atividades terapêuticas voltadas ao tratamento e ressocialização de

dependentes químicos e alcoólicos no município de Itapema e região.

Está instalado numa área rural localizada no Bairro Alto Areal distante do

Centro da cidade, aproximadamente 10 Km. O PROVITA é uma entidade sem

fins lucrativos e depende da contribuição de voluntários, empresários, Poder

Público e comunidade em geral para que possa desenvolver suas atividades. A

instituição foi considerada de Utilidade Pública Municipal através da aprovação

da Lei Municipal 1542/98 e Utilidade Pública Estadual pela Lei 13.468/05.

Conforme o estatuto, estão previstos alguns objetivos da organização:

manter trabalho de recuperação de toxicômanos e alcoólatras através de

grupos de apoio, terapia ocupacional dos internos na instituição com

assistência integral tendo em vista a sua ressocialização. Promover a justiça

social, a solidariedade humana, a valorização integral do ser humano carente

de estabilidade emocional e moral buscando a sua readaptação ao convívio

social.Prevenir, orientar e conscientizar a sociedade contra o uso de tóxicos,

álcool e outros entorpecentes por todos os meios.

Desde a sua fundação um grande número de dependentes já utilizou os

serviços disponibilizados pelo PROVITA para buscarem uma nova vida para si

e para suas famílias retornando ao convívio social e desta forma desfrutar do

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verdadeiro sentido da palavra cidadania. Importante tem sido a participação do

empresariado, dos voluntários, e de membros da sociedade civil para que os

trabalhos desenvolvidos pela instituição possam manter-se e efetivamente

recuperar e re-socializar todos aqueles que buscam a nossa ajuda.

Atualmente, a instituição abriga 20 internos que participam de um

processo de recuperação terapêutica através do denominado processo dos 12

passos desenvolvidos num período de nove meses em regime integral de

internato que consiste na laborterapia, espiritualidade ecumênica, a

ressocialização, o acompanhamento psicológico, atendimento médico e

odontológico, terapia de grupo, etc.

O PROVITA trabalha em sintonia com outras entidades diretamente

ligadas a grupos de apoio aos familiares tais como: AMOR EXIGENTE (que já

desenvolve trabalhos em Itapema há oito anos) e o (AA) ALCOÓLICOS

ANÔNIMOS.

Para tanto conta hoje com a colaboração e doações oriundas de

instituições da sociedade organizada, do empresariado local e repasses

advindos de Subvenções Sociais da Assembléia Legislativa de Santa Catarina,

do Governo do Estado e mais recentemente da Prefeitura Municipal de

Itapema. O PROVITA é administrado por uma Diretoria composta por

voluntários da própria sociedade itapemense que se empenham

individualmente e de forma coletiva nas diversas atividades que a instituição

requer.

1.6 Organização do trabalho A primeira parte do trabalho apresenta a introdução, contextualização, o

tema da pesquisa, bem como a identificação dos objetivos a serem cumpridos,

além da justificativa e a apresentação da empresa foco deste estudo.

O segundo capítulo apresenta o embasamento teórico de autores da

área do Terceiro Setor, seu histórico, conceito, legislação e gestão, seguido

pelo processo e fontes da captação de recursos.

O terceiro capítulo refere-se à metodologia utilizada para a apresentação

e caracterização da pesquisa, definindo o delineamento utilizado.

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Assim, o quarto capítulo a seguir apresenta os resultados da pesquisa,

através de uma pesquisa exploratória e descritiva, bem como a análise dos

dados e sugestões à organização pesquisada.

O quinto capítulo apresenta as considerações finais acerca do estudo

realizado, bem como uma análise dos objetivos propostos que foram

alcançados no decorrer do trabalho.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 TERCEIRO SETOR 2.1.1 Origem

Tendo em vista a organização socioeconômica do contexto atual, a

economia passou a ser dividida em três setores: O Primeiro Setor (O Estado),

O Segundo Setor (A iniciativa privada) e o Terceiro Setor (A sociedade civil

organizada).

O Estado, a iniciativa privada e os cidadãos reunidos em benefício de

causas sociais. Essa definição aparentemente ingênua representa um dos mais

modernos conceitos econômicos surgidos no Brasil nos últimos anos: o

Terceiro Setor (MELO NETO e FROES, 2001).

As primeiras categorias que compõem o que posteriormente viria a ser

chamado de terceiro setor surgiram com o Código Civil Brasileiro em 1916: as

organizações sem fins lucrativos. Todas as organizações que compõem o

terceiro setor são necessariamente sem fins lucrativos, podendo ser fundação,

associação ou instituto. A principal diferença entre elas é o “capital”. (Andrade,

2002, p. 34).

Albuquerque (2006) descreve que entender as origens e o histórico do

que hoje chamamos de terceiro setor é fundamental para que percebamos as

mudanças estruturais e de atuação das organizações que o compõem. O autor

salienta que essa evolução não ocorreu de forma homogênea em todas as

partes do mundo e que cada região preservava suas características regionais

como segue:

As organizações sociais que compõem o terceiro setor não são uma criação dos séculos XX e XXI. Na Europa, na América do Norte e mesmo na América Latina, os movimentos associativos tiveram origem nos séculos XVI e XVII, inicialmente com caráter religioso e político (Albuquerque, 2006, p. 21)

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Segundo Coelho (2002 p. 58), “o termo “terceiro setor” foi utilizado pela

primeira vez por pesquisadores nos Estados Unidos na década de 70, e a partir

da década de 80 passou a ser usado também pelos pesquisadores europeus”.

O autor enfatiza que “para eles, o termo sugere elementos amplamente

relevantes. Expressa uma alternativa para as desvantagens tanto do mercado,

associadas à maximização do lucro, quanto do governo, com sua burocracia

inoperante. Combina a flexibilidade e a eficiência do mercado com a equidade

e a previsibilidade da burocracia pública”.

Ainda, segundo Matos (2004, p.21),

o enfraquecimento das ações tradicionais soma-se à vitalidade dessas novas instituições, com novas formas de lutas e propostas, entre elas a preservação do meio ambiente, a busca da equidade no tratamento das questões de gênero, o combate às discriminações éticas, religiosas e culturais, a inclusão social, marcadas não só pela solidariedade dos ricos para com os pobres, como também pela das gerações presentes para com as futuras.

Sendo assim, nos anos 1970, sobretudo na América Latina, as

organizações da sociedade civil surgiram com expressivo caráter político,

atuando fortemente na redemocratização dos países, com ações voltadas para

uma política social de desenvolvimento comunitário e para a execução de

atividades de assistência social e serviços, educação de base e saúde, entre

outros. (Albuquerque, 2006)

2.1.2 Conceito

Esta nova configuração da sociedade, representada pelo nascimento e

crescimento de um terceiro setor na economia, emergiu da incapacidade dos

dois setores clássicos da economia (Estado e Iniciativa Privada) em suprir as

necessidades da sociedade.

O real conceito de Terceiro Setor ainda se apresenta confuso, não

sendo possível encontrar na literatura um consenso entre autores sobre sua

definição e classificação. De acordo com Castro (1999), o terceiro setor é a

esfera da sociedade composta por organizações sem fins lucrativos nascidas

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da iniciativa voluntária, objetivando o benefício público, atuando de forma

integrada com os setores público e privado.

Olak (1996, p. 20) afirma que para uma entidade ser caracterizada como

sem fins lucrativos e não governamental, “são necessárias pessoas, recursos e

organizações, os quais, reunidos são capazes de exercer atividade

econômica”. Drucker (1994, p. 14), entretanto, tem outra definição para

Terceiro Setor:

Todas as instituições sem fins lucrativos têm algo em comum: são agentes de mudança humana. Seu produto é um paciente curado, uma criança que aprende, um jovem que se transforma em um adulto com respeito próprio; isto é, toda uma vida transformada.

O Estado tem-se mostrado impotente para atender as demandas,

principalmente na área social e é neste contexto que surge o Terceiro Setor

como um mercado social formado por ONGs e outras organizações

semelhantes (Tachizawa, 2004). O autor salienta que “[...] este setor ocupa

espaços não preenchidos pelo Estado (Primeiro Setor) e pela atuação do setor

privado, que enfatiza a comercialização de bens e serviços, a fim de atender a

expectativas de um mercado comercial (Segundo Setor)”. (Tachizawa, 2004 p.

18)

Assim, pode-se considerar que o terceiro setor é a junção de duas

formas de organização: o primeiro e segundo setor.

O primeiro setor é a forma de organização do Estado, das entidades

públicas, políticas e outras entidades de interesse social mantidas pelo próprio

poder público. Essas organizações existem e são responsáveis pelas questões

de interesse público social em geral. O primeiro setor se utiliza dos recursos

públicos para o bem estar social.

O segundo setor é a forma de organização das instituições de economia

privada. O mercado individual que atua em benefício próprio de gerar lucro e

dinheiro pra seus sócios ou acionistas, ou seja, o dinheiro adquirido é aplicado

ou retorna as pessoas envolvidas na atividade atendendo aos anseios

particulares. O segundo setor pode ser dividido ainda em três subsetores: o

industrial, o comercial e a prestação de serviços.

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Já o terceiro setor, é a junção destas duas formas de organização: ele

se organiza de forma privada, sua administração parte de pessoas não ligadas

ao Estado (poder privado) e trabalha para atender aos anseios sociais que o

Estado não consegue suprir (fins públicos). É o setor da sociedade que agrega

as instituições de interesse público mantidas pela iniciativa privada. São

regidas pelo direito privado mas não possuem objetivos mercantis. A respeito

disso Zanluca afirma que:

O primeiro setor é o governo, que é responsável pelas questões sociais. O segundo setor é o privado, responsável pelas questões individuais, tendo objetivo primordial o lucro. O terceiro setor é constituído por organizações sem fins lucrativos e não governamentais que tem como objetivo gerar serviços de caráter público (2006, p. 04).

A expressão terceiro setor é uma tradução do inglês “ third sector”

fazendo jus a sua origem americana (Albuquerque, 2006). Pode-se conceituar

como instituições do terceiro setor, segundo Albuquerque (2006, p. 18) “[...] as

organizações não governamentais que não tem finalidade de lucro e que

trabalham em busca de atender objetivos sociais, filantrópicos, culturais,

recreativos, religiosos e artísticos”.

As organizações não-governamentais que não objetivam lucro e que

tenham fins lícitos e de interesse coletivo, registradas ou não, e, quando

registradas, ou são fundações ou são associações denominam-se como

Terceiro Setor (RESENDE, 2006).

Segundo Coelho (2002, p. 61), “O termo mais usualmente empregado no

Brasil tem sido “organização não- governamental”. Apenas recentemente

alguns autores passaram a utilizar o termo “ terceiro setor””.

Trata-se de um novo setor de atividades que surge em todo o mundo e

no Brasil com uma nova proposta de ação no campo social, baseada em

princípios de gestão de marketing social com foco em ações de parceria em

projetos sociais (MELO NETO e FROES, 2001).

O conceito de Terceiro Setor tem gerado muita controvérsia dentro e

fora do mundo acadêmico, não existindo unanimidade entre os diversos

autores, inclusive no tocante a sua abrangência.

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Fernandes (1997, p.27) afirma que “o conceito de organização não-

governamental é constituído basicamente em função de duas negações – “não-

governamental” e “que não tem fins lucrativos” – que enfatizam a relação com

os outros dois setores. A primeira negação – não –governamental – significa

que elas não fazem parte do governo e portanto não se confundem com o

Estado. A segunda negação significa que, embora arrecadem recursos, essas

associações não são geridas a partir da lógica de mercado, sendo que seus

dirigentes, prestam serviços voluntários, sem pagamento salarial ou

dividendos. Neste mesmo raciocínio, Fernandes enfatiza que:

[...] pode-se dizer que o terceiro setor é composto de organizações sem fins lucrativos, criadas e mantidas pela ênfase na participação voluntária, num âmbito não-governamental, que dão continuidade às práticas tradicionais da caridade, da filantropia e do mecenato e expandem o seu sentido para outros domínios, graças, sobretudo, à incorporação do conceito de cidadania e de suas múltiplas manifestações na sociedade civil.

Ainda a Ordem dos Advogados do Brasil Secção São Paulo (OAB/SP)

por meio da Comissão de Direito do Terceiro Setor, elaborou uma Cartilha

destinada ao Terceiro Setor. A Cartilha do Terceiro Setor OAB/SP (2005, p. 06)

enfatiza que “A denominação Terceiro Setor é utilizada para identificar as

atividades da sociedade civil que não se enquadram na categoria das

atividades estatais. Primeiro Setor, representado por entes da Administração

Pública ou das atividades de mercado e Segundo Setor, representado pelas

empresas com finalidade lucrativa”.

Para Freeman e Shoulders, apud OLAK E NASCIMENTO (2006, p.3), as

seguintes características são peculiares às entidades sem fins lucrativos:

a) Quanto ao lucro: o lucro não é a razão de ser dessas entidades.

b) Quanto à propriedade: pertencem à comunidade. Não são normalmente

caracterizadas pela divisibilidade do capital em partes proporcionais, que

podem ser vendidas ou permutadas.

c) Quanto às fontes de recursos: as contribuições com recursos financeiros

não dão direito ao doador de participação proporcional nos bens ou serviços da

organização.

d) Quanto às principais decisões políticas e operacionais: as maiores

decisões políticas e algumas decisões operacionais são tomadas por consenso

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de voto, via assembléia geral, por membros de diversos segmentos da

sociedade direta ou indiretamente eleitos.

Fernandes (1994) expõe a formação dos setores segundo seus agentes

e finalidades:

AGENTES E FINALIDADES

AGENTES FINS SETOR

Privados Para Privados = Mercado - 1º setor

Públicos Para Públicos = Mercado – 2º setor

Privados Para Públicos = 3º setor

Públicos Para Privados = Corrupção

Quadro 1 – Agentes e Finalidades Fonte: Fernandes (1994)

O terceiro setor pode ser definido como aquele em que as atividades

não seriam nem coercitivas nem voltadas para o lucro. Além disso, suas

atividades visam ao atendimento de necessidades coletivas e, muitas vezes,

públicas (Coelho, 2002).

Conforme as definições, o lucro não é a razão da existência do terceiro

setor. Não existe um dono do patrimônio, que é de propriedade da sociedade.

O gestor não é responsável por gerar lucro como medida de retorno, mas sim,

responsável pelo cumprimento da missão e por gerenciar os recursos com

eficiência, de acordo com o orçamento.

O quadro 2 relata os principais pontos que caracterizam o terceiro setor:

ELEMENTOS DEFINIDORES DO TERCEIRO SETOR

ELEMENTOS DEFINIDORES DESCRIÇÃO

Foco Bem – estar público, interesses em comum

Questões Centrais Pobreza, desigualdade e exclusão social

Entidades Participantes Empresas privadas, Estado, ONGs e sociedades civis

Nível de Atuação Comunitário e de base

Tipos de ações De caráter público e privado, associativas e voluntárias

Quadro 2: Elementos definidores do terceiro setor Fonte: SOMED – http://www.somed.com.br/terceiro_setor

Pode-se entender desta forma que existe um modelo tri-setorial, o

Estado (que se apresenta em muito já desgastado quanto à busca de seus

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principais propósitos), o mercado (cada vez mais ambicioso pelo lucro e o

benefício próprio), e a fusão de ambos: o terceiro setor – estado/mercado.

Assim, cabe afirmar novamente que no terceiro setor enquadram-se as

instituições que se organizam de forma privada para atender aos anseios

públicos/sociais.

Para Coelho (2002, p. 65) “O setor, no entanto, é mais amplo, e há uma

infinidade de associações e fundações que estão sob as asas da mesma

normatização e possuem as mesmas características básicas: sem fins

lucrativos, em função de um bem coletivo, não-governamental”.

Segundo Alves (2005) pode-se encontrar em outras literaturas várias

expressões que se refiram também ao terceiro setor como: setor de caridade,

setor independente, setor voluntário, setor isento de impostos, economia social,

organizações não governamentais (ONGs), setor sem fins lucrativos,

organizações filantrópicas, organizações de sociedade civil, entre outras.

Além da diversidade de expressões para identificar as organizações do

terceiro setor, pode-se observar que estas instituições se organizam de várias

formas, sejam sob a forma de associações, fundações, organizações não

governamentais – ONGs, entidades de assistência social, saúde, educação,

esporte, meio ambiente, ciência, tecnologia, cultura, entre outras formas de

organização da sociedade civil.

Conforme GESET – BNDES (2001, p. 04):

[...] Nesta definição, agregam-se, estatística e conceitualmente, um conjunto altamente diversificado de instituições, no qual incluem-se organizações não governamentais, fundações e institutos empresariais, associações comunitárias, entidades assistenciais e filantrópicas, assim como várias outras instituições sem fins lucrativos.

Mas independente da forma de como é organizada a instituição, o que

não se pode deixar de observar é que, conforme descrito na Cartilha do

Terceiro Setor e OSCIPs do Centro de Educação e Documentário para ação

Comunitária (CEDAC), todas são entidades de interesse social e apresentam

como característica em comum, a ausência de lucro e o atendimento de fins

públicos sociais.

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O terceiro setor busca atuar e se firmar por meio de variadas ações

propositivas e afirmativas, tendendo a se estruturar como empresas

denominadas cidadãs, por serem sem fins lucrativos. ( Matos, 2004 p.39)

Nos Estados Unidos, essas organizações são denominadas nonprofit

organization (organizações sem fins lucrativos) com o objetivo único de obter a

isenção de taxas e porque a princípio não visam ao lucro (Coelho, 2002 p.65).

Incorporando grandes, médias e pequenas empresas e o setor

financeiro, o terceiro setor apóia ou investe na filantropia como forma de

diminuir o pagamento de taxas e impostos. (Matos, 2004 p. 40)

Albuquerque (2006) descreve que as organizações que compõem o

denominado terceiro setor têm características comuns, que se manifestam

tanto na retórica, como em seus programas e projetos de atuação, como

segue:

� Fazem contraponto às ações do governo: os bens e serviços públicos resultam da atuação do Estado e também da multiplicação de varias iniciativas particulares; � Fazem contraponto às ações do mercado: abrem campo dos interesses coletivos para iniciativa individual; � Dão maior dimensão aos elementos que as compõem: realçam o valor tanto político quanto econômico das ações voluntarias sem fins lucrativos; � Projetam uma visão integradora da vida pública: enfatizam a complementação entre ações publicas e privadas (Albuquerque, 2006 p. 19).

O terceiro setor envolve todo o conjunto de ONGs, movimentos sociais e

outros grupos associados, que passaram a construir um setor econômico

denominado “economia social” e se propõem a pôr em prática ações

sociais/públicas sem fins lucrativos. (Matos, 2004 p.40)

A respeito disso, Coelho (2002, p.59) afirma que “essas organizações

distinguiram-se das entidades privadas inseridas no mercado por não

objetivarem o lucro e por responderem, em alguma medida, às necessidades

coletivas.”

Poderiam ser reconhecidos quatro segmentos de terceiro setor: formas

adicionais de ajuda mútua (creches, asilos, hospitais); movimentos sociais e

das associações civis (que lutam por uma determinada causa, assumindo um

caráter reivindicatório ou contestatório junto à sociedade e ao Estado);

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organizações não-governamentais; e filantropia empresarial (das empresas, ou

organismos por elas financiados, que apóiam a execução de projetos sociais,

se preocupação com a lucratividade). Matos (2004, p.40)

2.1.3 Personalidade jurídica das organizações sem fins lucrativos

Todas as organizações que compõem o terceiro setor são

necessariamente sem fins lucrativos, podendo ser fundação, associação ou

instituto. A principal diferença entre a primeira e as demais sociedades é o

“capital”.

Enquanto nas fundações a pessoa jurídica se organiza em torno do patrimônio destinado à consecução dos fins comuns, nas associações dos fins comuns, nas associações e sociedade predominam o elemento pessoal – agrupamento de pessoas físicas que a compõem” (PAES, 2000, p. 36-37).

O Código Civil Brasileiro – Lei 10.406/2002 em seu artigo 44 enuncia

quais as pessoas jurídicas de direito privado no Brasil:

Art. 44, são pessoas jurídicas de direito privado: I – as associações; II – as sociedades; III – as fundações; IV – as organizações religiosas, (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003); e V – os partidos políticos. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003)

Os termos associação e fundação só podem ser utilizados por entidades

sem fins lucrativos e econômicos e o termo sociedade é utilizado por

empresas, entidades com fins lucrativos. No Brasil, existem dois formatos

institucionais para a constituição de uma organização com fins lucrativos: a

fundação e a associação.

Tachizawa (2004, p.36) afirma que “Para serem entidades civis sem fins

lucrativos, as ONGs, para efeitos de enquadramento legal, podem constituir-se

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quer como associações, quer como fundações, conforme art. 16 do Código

Civil Brasileiro”.

Estas formas de constituição possuem embasamento legal no Código

Civil – Lei nº 10.406/02, ats. 44 a 52 (normas gerais), arts. 53 a 61

(associações), arts. 62 a 69 (fundações) e; arts. 2.031 e 2.034 (adaptação ao

Código Civil).

Ainda a Ordem dos Advogados do Brasil Secção São Paulo (OAB/SP)

por meio da Comissão de Direito do Terceiro Setor, elaborou uma Cartilha

destinada ao Terceiro Setor. A Cartilha do Terceiro Setor OAB/SP (2005, p. 07)

enfatiza que:

As entidades do Terceiro Setor são registradas pelo Código Civil (Lei nº 10.402/02) e juridicamente constituídas sob a forma de associações ou fundações. Apesar de serem comumente utilizadas as expressões “entidade”, “ONG” (Organização Não Governamental), “instituição”, “instituto” etc... essas denominações servem apenas para designar uma associação ou fundação, as quais possuem importantes diferenças jurídicas entre si.

2.2 As ONGs

Pode-se dizer que o termo ONG não possui um sentido unívoco, sendo

uma “categoria” instável e difícil de ser captada pelas análises, pois abraça um

universo amplo de organizações com trajetória histórica, formato e propostas

heterogêneas. Pelas suas divergências históricas, para alguns ONGs são

motores de transformação social, uma nova forma de fazer política; para

outros, um campo propício às ações do neoliberalismo, que busca repassar

suas responsabilidades sociais para o campo da sociedade civil. (Matos, 2004

p. 29)

Resende (2006 p. 29) afirma que ONG ou organização não-

governamental, como o próprio termo já indica, é a denominação dada a

qualquer agrupamento social (reunião de pessoas, ou destinação de bens

vinculados a fins coletivos pré-determinados) que não seja governamental.

De um ponto de vista formal, as ONGs são agrupamentos coletivos com

algum nível de institucionalização, entidades privadas com fins públicos e sem

fins lucrativos, podendo contar com participação voluntária (engajamento não-

remunerado, pelo menos de seu conselho diretor). Distinguem-se do Estado

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(governo) e do mercado (empresa), e identificam-se com a sociedade civil

(associativismo). Nesse amplo quadro incluem-se tanto organizações

meramente recreativas ou de assistência social como as participantes ou

atuantes nas políticas públicas. (Matos, 2004 p.30)

Segundo Tachizawa (2004, p. 24) “as ONGs, historicamente,

começaram a existir em anos de regime militar, acompanhando um padrão

característico da sociedade brasileira, onde o período autoritário convive com a

modernização do país e com o surgimento de uma nova sociedade organizada,

baseada em ideários de autonomia em relação ao Estado, em que sociedade

civil tende a confundir-se, por si só, com oposição política.”

O termo ONG surgiu em canais internacionalizados e se adapta e

(re)traduz através de dinâmicas internas, pelas quais as ONGs transformaram

velhos modelos de associações voluntárias filantrópicas e também ocuparam o

espaço político de movimentos sociais em baixa nas ações de mobilização de

massa. Elas inovaram por combinar voluntariado com trabalho assalariado, e

também articular organizações e possibilitar um novo tipo de associativismo:

filantrópico- empresarial- cidadão. (Matos, 2004 p.31)

Segundo Tachizawa (2004, p.25) “As motivações alegadas para a

criação de uma instituição formal são diversas, mas coincidem nas idéias de

autonomia, flexibilidade organizativa e profissionalização que a fórmula ONG

evoca.”

As ONGs atuam como mediadoras de parcerias entre a comunidade

local organizada, setores públicos e privados, e implementam programas

sociais como: educação, saúde, saneamento, meio ambiente, geração de

renda, entre outros, na busca de construção de uma sociedade mais igualitária,

justa, com novas práticas coletivas. (Matos 2004, p.31)

A respeito disso, Resende (2006 p. 30) afirma que “ONG não é pessoa

jurídica nem significa Terceiro Setor; as ONGs devidamente registradas e

legalmente admitidas ou são associações, ou são fundações; toda organização

composta por pessoas, lícita ou não, que não seja de governo, pode ser

considerada ONG”.

De acordo com Panceri (2001, p. 117), as entidades que compõem o

Terceiro Setor podem ser caracterizadas como “organizações não-

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governamentais (ONGs), cooperativas , associações, instituições assistenciais,

institutos e fundações.”

2.2.1 As Associações

Associação é um grupo de pessoas que expõem em comum

conhecimentos e serviços voltados a um mesmo ideal e movidos por um

mesmo objetivo, seja a associação econômica ou não, com capital ou sem,

mas jamais com intuito lucrativo (CAMARGO, 2001).

Sustenta a Cartilha do Terceiro Setor – OAB/SP (2005 p. 07) que

“associação é uma pessoa jurídica de direito privado, sem fins econômicos ou

lucrativos, que se forma pela reunião de pessoas em prol de um objetivo

comum, sem interesse de dividir resultado financeiro entre elas”.

Resende (2006, p. 34) também destaca que “ se pessoas (físicas ou

jurídicas) se unirem de forma organizada na busca de objetivos que não visam

a lucratividade para elas, bem como que persigam interesses demandados

pela coletividade, estarão instituindo uma associação”.

Zanluca (2006, p.04) comenta que neste tipo de entidade, o fator que

mais pesa são as pessoas que as compõem, e ainda de acordo com a

finalidade a que foi criada, as associações podem ser classificadas em três

grupos principais:

1)Aquelas que têm por fim o interesse pessoal dos próprios associados, sem objetivo de lucro, como as sociedades recreativas ou literárias; 2)As que tem objeto principal a realização de uma obra estranha ao interesse pessoal dos associados, e que fique sob a dependência da associação ou se torne dela autônoma, por exemplo, as associações beneficentes. Embora seus associados possam visar interesse pessoal, sua finalidade primordial é a de prover uma obra de caridade em benefício de terceiros. 3)As associações que tem por finalidade principal ficarem subordinadas a uma obra dirigida autonomamente por terceiras pessoas.

Ainda nesta mesma linha de considerações, Resende (2006) descreve

que as associações ou sociedades (estas com finalidade econômica) só se dão

por reunião de pessoas jurídicas, ou de pessoas físicas e menciona as

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formalidades necessárias para constituição de uma associação conforme

segue:

•Ata da reunião que deliberou pela instituição da entidade, na qual constará o nome dos sócios ou associados instituidores e as finalidades da entidade; •Estatuto que regerá a pessoa jurídica; •Registro de todos os atos acima mencionados no Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas, onde deverão ser apresentadas duas vias da documentação (art. 121 da LRP); •No caso de pessoas jurídicas de direito público, será necessária prévia autorização legislativa.

As instituições do Terceiro Setor constituídas como associações são

entidades sem finalidade econômica, conforme o Código Civil Brasileiro.

Porém, é permitida a atividade econômica, ou seja, aquela que haja circulação

de bens ou direitos de forma onerosa ou não, desde que não gere lucro ou, se

gerar, que ele não seja distribuído. Os recursos gerados são aplicados nas

atividades da instituição (ALBUQUERQUE, 2006, p. 43).

2.2.2 As Fundações

A Cartilha do Terceiro Setor – OAB/SP (2005, p.07) destaca que

“fundação é uma pessoa jurídica de direito privado, sem fins econômicos ou

lucrativos, que se forma a partir da existência de um patrimônio destacado pelo

seu instituidor para servir a um objetivo específico, voltado a causas de

interesse público”.

Segundo Resende (2006, p. 42) “fundação é um tipo especial de pessoa

jurídica; nela não há, como nas demais e conforme se depreende do próprio

conceito de pessoa jurídica de direito privado, uma associação de pessoas. Ela

é formada por um conjunto de bens com um fim determinado, ao qual a lei

atribui a condição de pessoa.”

Há duas hipóteses para o surgimento de uma fundação: por ato inter

vivos (escritura pública) ou causa mortis (por testamento). Em ambos os casos

tem-se a intervenção do Ministério Público (CAMARGO, 2001).

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As fundações são pessoas jurídicas que tem como elemento dominante

o patrimônio, diferente das associações onde o fator preponderante são as

pessoas. Zanluca (2006) reforça que a fundação deve conter na sua forma de

administração medidas que zelem ao cumprimento das finalidades

convencionadas pelo fundador e/ou instituidor.

Ainda no Manual das Organizações da Sociedade Civil (2003, p. 43), a

referir-se a tal assunto é destacado que “a finalidade das fundações terá que

ser, obrigatoriamente, religiosa, moral, cultural ou de assistência, podendo

ainda declarar o modo pelo qual a entidade será administrada”.

2.3 Comparativo entre as Associações e Fundações

A diferença básica existente entre sociedades, associações e fundações

está relacionada com a própria gênese de tais pessoas, pois as sociedades e

associações são decorrentes da reunião de pessoas, enquanto as fundações

se originam de um patrimônio vinculado a um objetivo de interesse coletivo e

também sem fins lucrativos (Resende 2006, p. 41)

Pode-se observar que existem muitas diferenças quanto à constituição

de uma fundação e de uma associação. No quadro 3 a seguir, é apresentado

um resumo das principais diferenças entre estas organizações:

DIFERENÇAS BASICAS ENTRE ASSOCIAÇÕES E FUNDAÇÕES

ASSOCIAÇÃO FUNDAÇÃO

Constituída por pessoas. Constituída por patrimônio, aprovado previamente pelo Ministério Publico.

Pode (ou não) ter patrimônio. O patrimônio é condição para sua criação.

A finalidade é definida pelos associados. A finalidade deve ser religiosa, moral, cultural ou de assistência, é definida pelo instituidor.

A finalidade pode ser alterada. A finalidade é perene.

Os associados deliberam livremente. As regras para deliberações são definidas pelo instituidor e fiscalizadas pelo Ministério Publico.

Registro e administração são mais simples. Registro e administração são mais burocráticos.

Regida pelos artigos 44 a 61 do Código Civil. Regida pelos artigos 62 a 69 do Código Civil.

Criada por intermédio de decisão em assembléia, com transcrição em ata e elaboração de um estatuto.

Criada por intermédio de escritura publica ou testamento. Todos os atos de criação, inclusive o estatuto, ficam condicionados à previa aprovação do Ministério Publico.

Quadro 3: Diferenças básicas entre Associações e Fundações Fonte: Cartilha do Terceiro Setor – OAB/SP – 2005.

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Pode-se dizer que nas fundações há um capital disponível para a

realização dos objetivos, enquanto nas associações, há o objetivo em comum,

porém muitas vezes ainda falta a fonte de recursos para a sua realização.

2.4 Qualificações dadas às instituições do terceiro setor

As organizações pertencentes ao Terceiro Setor, diferentemente das

organizações com fins lucrativos, além dos registros obrigatórios de

constituição, também têm uma gama de procedimentos facultativos que podem

acarretar benefícios financeiros, administrativos e/ou políticos.

Depois da entidade constituir-se como fundação ou associação, a

organização requer diversos títulos, certificados e qualificações em todas as

esferas do governo, conforme enfatiza Resende (2006):

As organizações de direito privado e sem fins lucrativos, legalmente constituídas, quais sejam, associações ou fundações, também denominadas de organizações do Terceiro Setor, podem pleitar alguns títulos, certificados e qualificações ao Poder Público, cumprindo alguns requisitos exigidos em lei. Esses diplomas conferem alguns benefícios às organizações e em alguns casos também aos doadores, bem como podem facilitar o acesso a recursos públicos. (Resende 2006, p. 95)

Consta no Manual das Organizações da Sociedade Civil (2003, p. 44)

“No conjunto de entidades que compõem o Terceiro Setor merecem destaque

aquelas organizações cujos objetivos atendem a um caráter universalista, ou

seja, são de efetivo interesse da coletividade. A estas entidades [...] confere

algumas certificações.”

A Cartilha do Terceiro Setor – OAB/SP (2005, p. 12) identifica que:

Benefícios e conseqüências dos títulos:

a) Diferenciar as entidades que os possuem, inserindo-as num regime jurídico especifico;

b) Demonstrar à sociedade que a entidade possui credibilidade; c) Facilitar a captação de investimentos privados e a obtenção de

financiamentos; d) Facilitar o acesso a benefícios fiscais; e) Possibilitar o acesso a recursos públicos, assim como a celebração

de convênios e parcerias com o Poder Público e; f) Possibilitar a utilização de incentivos fiscais pelos doadores.

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Os títulos, certificados e/ou qualificações que podem ser requeridos em

âmbito federal são, segundo Resende (2006):

� Título de Utilidade Pública Federal (UPF), criado pela Lei nº 91/35, regulamentada pelo Decreto nº 50.517/61; � Registro no Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS); � Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (CEAS ou CEBAS), criado pela Lei nº 8742/93 e regulamentada pelo Decreto nº 2.536/98; � Organização Social (OS), criado pela Lei nº 9.637/98; � Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), criada pela Lei nº 9.790/99 e regulamentada pelo Decreto nº 3.100/99.

• Titulo de Utilidade Publica Federal (UPF)

O reconhecimento do caráter de Utilidade Pública Federal é regido pela

Lei nº 91/35 e pelo Decreto nº 50.517/61. E, o reconhecimento como UPF é

válido por tempo indeterminado e pode ser obtido por associações civis e

fundações constituídas no Brasil que sirvam desinteressadamente à

coletividade (ABONG, 2003).

Conforme descrito por Szazi, (2001) e a Cartilha do Terceiro Setor –

OAB/SP (2005) a organização que requer o titulo pode usufruir das seguintes

vantagens:

� Possibilidade de oferecer dedução fiscal do Imposto de Renda aos

seus doadores;

� Poder receber doações e subvenções dos órgãos federais;

� Pré- requisito par CEAS e isenção da cota patronal do INSS.

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TITULO DE UTILIDADE PUBLICA FEDERAL (UPF)

ITENS DESCRIÇÃO

Legislação Lei 91/1935; Decreto 50.517/1961; Decreto 60.931/1967.

A quem se aplica

Às entidades sem fins lucrativos, constituídas no país, com personalidade jurídica, que tenham estado e , funcionamento regular nos últimos três anos, que sirvam desinteressadamente à coletividade, que não distribuem lucros, bonificações ou vantagens a dirigentes, mantenedores ou associados; e que comprovadamente promovam a educação ou exerçam atividades cientificas, culturais, artísticas ou filantrópicas.

Benefícios

Possibilidade de oferecer dedução fiscal no imposto de renda, em doações de pessoas jurídicas; acesso a subvenções e auxílios da União e suas autarquias; possibilidade de realizar sorteios, desde que autorizada pelo Ministério da Fazenda; Possibilidade de requerer ao INSS isenção patronal da cota patronal, observados os demais requisitos necessários; Possibilidade de receber bens apreendidos, abandonados ou disponíveis administrados pela Secretaria da Receita Federal (SRF).

Obrigações

A entidade deverá apresentar anualmente ao Ministério da Justiça relatório circunstanciado de atividades e demonstração das receitas e despesas realizadas no período. Caso parte de receitas tenha sido fruto de subvenção da União, o relatório deverá ser acompanhado da prova de publicação das demonstrações financeiras.

Elaborado com base em Brasil (2002b); Szazi (2003); CFC (2003);Milani Filho (2004) e Koga (2004) Quadro 4: Titulo de Utilidade Publica Federal (UPF) Fonte: Alves (2005)

• Registro no Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS)

Para que a Organização obter o registro no CNAS, é necessário que ela

seja registrada no CMAS obedecendo a Lei 8.742/1993 – Lei Orgânica da

Assistência Social, conforme disposto em seu artigo nove, parágrafo 3:

§ 3º A inscrição da entidade no Conselho Municipal de Assistência Social, ou no Conselho de Assistência Social do Distrito Federal, é condição essencial para o encaminhamento de pedido de registro e de certificado de entidade de fins filantrópicos junto ao Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS).

O registro no CNAS é exigido por alguns fundos públicos e órgãos

governamentais para que uma entidade privada sem fins lucrativos celebre

convênios com o poder público, principalmente se o objetivo do convênio for a

prestação de serviços assistenciais (ABONG, 2003).

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REGISTRO NO CONSELHO NACIONAL DE ASSITENCIA SOCIAL (CNAS)

ITENS DESCRIÇÃO

Legislação Lei 8.742/1993; Res. CNAS 31/1999.

A quem se

aplica

Às entidades sem fins lucrativos, legalmente constituídas, que promovam as seguintes atividades: proteção a família, à infância, à maternidade, à adolescência e a velhice; amparo às crianças e aos adolescentes carentes, ações de prevenção, habitação, reabilitação e integração à vida comunitária de pessoas portadoras de deficiência, integração ao mercado de trabalho, assistências educacional ou de saúde.

A quem se aplica

Desenvolvimento da cultura; atendimento e assessoramento aos beneficiários da lei Orgânica da Assistência Social e defesa e garantia de seus direitos; que não distribuem resultados e não remuneram seus diretores, conselheiros, sócios, instituidores, benfeitores ou equivalentes; que aplicam sua renda, recursos e eventual resultado integralmente no território nacional e na manutenção e no desenvolvimento de seus objetivos institucionais; que prestam serviços permanentes sem qualquer discriminação de clientela; e que em caso de dissolução ou extinção destinam o patrimônio remanescente à entidade congênere registrada no CNAS ou à entidade pública.

Benefícios Possibilidade de acesso a recursos públicos por meio de subvenções ou convênios com o CNAS e fundos.

Obrigações Comunicar ao CNAS qualquer alteração do estatuto ou composição da diretoria, alem de manter atualizados os dados cadastrais, inclusive endereço e telefone.

Elaborado com base em Szazi (2003); CFC (2003); Milani Filho (2004) e Koga (2004) Quadro 5: Registro no Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) Fonte: Alves (2005)

• Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (CBAS ou CEAS)

Este certificado é documento importante para pleitear no INSS a isenção

d cota patronal da previdência incidente sobre a folha de pagamento (ABONG,

2003).

O Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (CEBAS ou

CEAS), antigo certificado de fins filantrópicos, criado pela Lei nº 8.742/93,

regulamentada pelo Decreto nº 2.536/98, normalmente é pleitado por

organizações do Terceiro Setor de atuação mais tradicional que desenvolvem

ações beneficentes de assistência social (Resende, 2006 p. 129).

A entidade obtém o certificado demonstrando que nos últimos três anos

anteriores ao requerimento:

- esteve legalmente constituída no país e em efetivo funcionamento;

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- esteve previamente inscrita no Conselho Municipal de Assistência Social do município de sua sede, se houver, ou no conselho correspondente no âmbito estadual; - esteve previamente inscrita no CNAS (SZAZI, 2001 p. 94).

CERTIFICADO DE ENTIDADE BENEFICENTE DE ASSITENCIA SOCIAL (CEAS) ITENS DESCRIÇÃO

Legislação Lei 8.742/1993; Decreto 2.536/1998; Decreto 3.504/2000; Decreto 4.327/2002; Decreto 4.499/2002; Res. CNAS 107/2002. Às entidades sem fins lucrativos legalmente constituídas no pais e em efetivo funcionamento, nos três anos anteriores à solicitação do Certificado, que atuem no sentido de proteger a família, maternidade, a infância, a adolescência e a velhice; amparar crianças e adolescentes carentes, promover ações de prevenção, habilitação e reabilitação de pessoas portadoras de deficiência; promover gratuitamente, assistência educacional ou de saúde;

A quem se aplica

A quem se aplica

Promover a integração ao mercado de trabalho, que estejam previamente inscritas no Conselho Municipal de Assistência Social do município de sua sede, se houver, ou no conselho correspondente ao âmbito estadual e que estejam previamente cadastradas no CNAS; que não distribuem resultados e não remunerem diretores, conselheiros, sócios, instituidores, benfeitores ou equivalentes; que aplicam suas rendas e recursos e eventual resultado integramente no território nacional e na manutenção e no desenvolvimento de seus objetivos institucionais. Que aplicam as subvenções e doações recebidas nas finalidades que estejam vinculadas; que em caso de dissolução ou extinção destinam o patrimônio remanescente a entidade congênere registrada no CNAS ou a entidade pública; e que apliquem anualmente, pelo menos 20% da receita bruta em gratuidade, cujo montante nunca será inferior à isenção das contribuições sociais usufruídas; que não constituem patrimônio de indivíduo ou se a sociedade sem caráter beneficente de assistência social e que sejam declaradas de utilidade publica federal.

Benefícios Possibilidade de requerer isenção de recolhimento da cota patronal da contribuição previdenciária e da COFINS, observados os outros requisitos legais.

Obrigações

Documentos e requerimentos deverão ser apresentados ao CNAS quando é solicitada a concessão ou renovação do certificado, que é valido por três anos, entre esses estão as Demonstrações Contábeis, relativas aos três últimos exercícios, sendo que essas estão deverão ser submetidas á auditoria independente, dependendo do valor das receitas brutas da entidade. No caso de isenção da cota patronal da contribuição previdenciária outros documentos específicos deverão ser apresentados anualmente ao INSS, como o relatório das atividades que foram realizadas no ano anterior. Com relação às outras isenções, como da COFINS, documentação especifica também deverá ser apresentada junto aos órgãos.

Elaborado com base em Szazi (2003); CFC (2003); Milani Filho (2004) e Koga (2004). Quadro 6: Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (CEAS) Fonte: Alves (2005)

• Organizações Sociais (OS)

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A Lei nº 9.637/98 determina que entidades podem ter esta qualificação,

não evidenciando quais devem ser excluídas. É permitido a essas

organizações firmar Contrato de Gestão com o poder público, o que possibilita

a destinação de recursos orçamentários e bens públicos necessários ao seu

cumprimento (ABONG,2003).

Segundo a Cartilha do Terceiro Setor – OAB/SP (2005) é uma

qualificação das entidades que podem de alguma forma desenvolver atividades

dirigidas ao ensino, pesquisa científica, desenvolvimento técnico, proteção ao

meio ambiente, cultura, saúde que são cumpridas pelo poder público.

• Qualificação como Organização da Sociedade Civil de Interesse Publico

(OSCIP)

Criadas pela Lei n.º 9.790/99, constituem uma nova qualificação para

pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos. Este título é concedido

pelo governo federal para as organizações que efetivamente têm finalidade

pública, devendo ser pessoas jurídicas de direito privado sem finalidade

lucrativa. São passíveis de classificação, segundo o artigo 3.º da Lei n.º

9.790/99, Lei das Oscips, as entidades que desenvolvam atividades que

atendam a pelo menos uma das seguintes finalidades:

a. promoção da assistência social; b. promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico; c. promoção gratuita da educação, observando-se a forma complementar de participação das organizações de que trata esta Lei; d. promoção gratuita da saúde, observando-se a forma complementar de participação das organizações de que trata esta Lei; e. promoção da segurança alimentar e nutricional; f. defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável; g. promoção do voluntariado; h. promoção do desenvolvimento econômico e social e combate à pobreza; i. experimentação, não lucrativa, de novos modelos socioprodutivos e de sistemas alternativos de produção, comércio, emprego e crédito; j. promoção de direitos estabelecidos, construção de novos direitos e assessoria jurídica gratuita de interesse suplementar; k. promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da democracia e de outros valores universais;

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l. estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias alternativas, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos que digam respeito às atividades mencionadas neste artigo (BRASIL, 1999).

Como principal benefício, esta lei institui o Termo de Parceria, firmado

entre tais entidades e poder público, ou seja, a entidade recebe recursos do

poder público para executar atividades mencionadas em seu artigo 3.º, sendo

regulamentada pela Lei n.º 9.790/99 e Decreto n.º 3.100/99.

Para manter a qualificação como Oscip, a organização deve prestar

contas anualmente, mediante apresentação do relatório de execução de

atividades, demonstrar os resultados do exercício, balanço patrimonial,

demonstração de origens e aplicações de recursos, demonstrações das

mutações do patrimônio social, notas explicativas, caso necessário, parecer e

relatório de auditoria independente (relatórios, somente em casos de recursos

recebidos por meio de termos de parcerias iguais ou superiores a R$

600.000,00).

2.5 Gestão das Organizações do Terceiro Setor

Tenório (2005, p.21) afirma que “as organizações existem para produzir

bens e prestar serviços. Sua sobrevivência depende de atenderem às

expectativas de seus clientes e proprietários, de encontrarem a melhor forma

de realizar o trabalho necessário à produção desses bens e à prestação de

serviços, bem como de aproveitarem da melhor forma possível os recursos de

que dispõem. Sendo assim, o que garante a sobrevivência da organização é

uma gerência comprometida com a eficiência, a eficácia e a efetividade”.

Ainda nesta mesma linha de considerações, Tenório (2005) relata que:

Gerenciar é estabelecer objetivos e alocar recursos para atingir finalidades determinadas, a ação do gerente deve ser avaliada para se verificar como ele está utilizando os recursos disponíveis e sua capacidade de viabilizar o alcance dos objetivos da organização.

Os resultados de uma organização não vêm apenas da contribuição

individual, mais sim, da participação de cada gestor para a tarefa comum,

resultando numa soma complementar de esforços.

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Conforme Tenório (2005, p.23) pode-se afirmar que as funções

gerenciais estabelecem ciclos contínuos que têm início com o planejamento e

terminam com o controle, o qual, por sua vez, subsidia uma nova etapa de

planejamento, conforme o quadro 7 :

Quadro 7: Principais Funções Gerenciais Fonte: Adaptado de Tenório (2005, p. 23)

São funções gerenciais essenciais da administração. A captação de

recursos permeia estes quatro momentos gerenciais. No planejamento a

organização traça seus objetivos e define os recursos e os meios necessários

para atingi-los. Na organização: estabelece atribuições e responsabilidades,

distribuindo os recursos e definindo formas de trabalho. Na direção: conduz e

motiva as pessoas para realizar os objetivos. E no controle: compara os

objetivos estabelecidos e os recursos previstos com os resultados atingidos e

os recursos realmente gastos, a fim de tomar medidas corretivas ou mudar os

rumos fixados (TENORIO, 2005).

A gestão é este conjunto de atividades e funções citados, que envolvem

pessoas e recursos necessários para se atingir os objetivos organizacionais.

Ela é eficaz quando atinge esses objetivos, e eficiente quando há um mínimo

de perda de recursos, fazendo o melhor uso possível dos recursos financeiros,

de tempo, de materiais e de pessoas.

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2.5.1 Desafios de gestão do Terceiro Setor

Há algum tempo se tem observado uma preocupação com a gestão das

organizações do Terceiro Setor, o que tem se revelado um grande desafio para

os gestores dessas entidades. Autores como Falconer (1999) e Tenório (2005),

entre outros, têm observado que um dos principais desafios das organizações

do Terceiro Setor é a dificuldade de obtenção de recursos e o desenvolvimento

de uma estrutura de gestão adequada às suas especialidades, e que garanta

sua continuidade.

Nesse sentido, Falconer (1999) ainda observa que o perfil dessas

organizações no Brasil, parece, à primeira vista, apenas confirmar a percepção

de que o problema do setor é, fundamentalmente, um prblema de competência

na gestão.

Para Voltolini (2007), são cinco os desafios enfrentados por

organizações do Terceiro Setor:

1º O desafio da legitimação - Aumentar as informações básicas sobre as organizações, ampliando a visibilidade pública. - Educar a população sobre o setor e suas atividades. - Desenvolver legislação que favoreça o direito de associação, elaborar códigos de ética e exigir a prestação pública de contas. 2º desafio da colaboração - Estabelecer uma cultura de colaboração entre organizações do Terceiro Setor, governos, empresas, criando condições para alianças e parcerias baseadas numa combinação de interesses e expectativas e em mecanismos como redes, terceirização de serviços sociais, ambientes estimulados por responsabilidade social. 3º desafio da justiça social - A missão das organizações de Terceiro Setor é promover a justiça social. Ao contrário das empresas que nascem para se perpetuar, as organizações do Terceiro Setor nascem para acabar no dia em que for solucionado o problema social que lhes deu origem. 4º O deafio da sustentabilidade - Dotar as organizações da capacidade de estabelecer relações produtivas com os seus públicos de interesse, que asseguram o conjunto de recursos (humanos, financeiros e materiais) de que necessitam para cumprir sua missão. 5º O desafio da eficácia - Desenvolver os gestores de organizações, capacitando-os em ferramentas como planejamento estratégico, elaboração de projetos, gestão de pessoas, gestão financeira, comunicação e marketing, captação de recursos e avaliação de resultados.

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São muitos os desafios a serem vencidos pelas organizações do

Terceiro Setor e quase todos passam pela questão da competência gerencial.

Eficácia e eficiência são predominantes de um discurso que busca equalizar a

escassez de recursos com as necessidades de aumentar a capacidade

produtiva, melhorar a qualidade dos serviços, introduzir aperfeiçoamentos

técnicos e tecnológicos, remunerar especialistas, atrair e remunerar

voluntários, entre outros problemas.

Fischer (1998) ressalta que essas organizações também têm sido

afetadas pelas mudanças decorrentes dos avanços tecnológicos e da

globalização econômica, uma vez que esses fatores têm alterado desde os

padrões de produção até a esfera do comportamento individual. Em

decorrência, as organizações do Terceiro Setor têm se deparado com questões

muito semelhantes às empresas de mercado: gerar resultados que

demonstrem eficiência e eficácia de desempenho, captar recursos suficientes

para a continuidade de suas atividades, desenvolver a capacidade de

acompanhar as constantes mudanças que interferem em seu desempenho.

Imeton (2008) define que os principais desafios do Terceiro Setor são:

captação de recursos, capacidade de articulação, eficácia e transparência

conforme demonstra figura abaixo:

Quadro 8: Desafios do Terceiro Setor Fonte: Adaptado de Imeton (2008, p.72)

Estes podem ser considerados alguns dos desafios enfrentados pelas

organizações do Terceiro Setor. No entanto, pode-se dizer que estes, assim

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como tantos outros, são desafios que se reúnem num principal: o desafio de

gestão das organizações sem fins lucrativos.

Logo que surgiram no Brasil, nos anos 50, as organizações

governamentais tinham uma administração bastante informal, marcada pelo

amadorismo e conduzida por um lado ativista. Atualmente, verifica-se a

atuação cada vez mais profissional e a busca de uma administração eficiente e

eficaz. Sem modelos próprios de gestão, as organizações sem fins lucrativos

absorvem práticas e modelos do mercado e do setor público e tentam adaptá-

los à lógica do terceiro setor.

A transparência passa a ser um princípio de responsabilidade social no

terceiro setor. Segundo Coelho (2002, p. 167) “a transparência assusta quem

sempre existiu fora do foco das atenções e obriga as organizações a serem

mais cuidadosas em seus métodos e suas praticas.”

A capacidade de articulação depende de interesses compartilhados, dos

recursos necessários para promovê-la, mas também de uma competência

gerencial, que inclui técnicas e habilidades interpessoais, que deve ser

desenvolvida nos gestores da organização.

Existe também o desafio da “eficiência e a eficácia”, onde deve ser

mostrado a capacidade e a competência das organizações do setor

(SALAMON, 1997)

Dentre estas dificuldades, Tenório (2005) defende que um dos maiores

desafios enfrentados é a dificuldade de obtenção de recursos, devido,

principalmente, ao caráter substantivo de suas ações (promoção social),

distantes do modelo econômico financeiro desejado pelos mecanismos

financiadores. E para fins desta pesquisa será explorado o item Captação de

Recursos.

2.6 Captação de recursos A falta de recursos é um dos principais problemas para o

desenvolvimento sustentado das entidades. Sua identidade filantrópica não

significa que elas sejam desprovidas das necessidades dos recursos

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financeiros. Segundo Camargo (2001) as atividades das entidades incorrem em

despesas inevitáveis que precisam ser cobertas.

As entidades dependem profundamente de doações para composição

de seus fundos , onde o resultado é integralmente utilizado na cobertura de

suas despesas e na execução das atividades operacionais. Esses recursos

próprios originam através de amplas campanhas ou por pequenos donativos

vindos de doadores da comunidade local.

Em muitas organizações, o trabalho de captação de recursos era

realizado de forma voluntária, ou seja, apenas de acordo com o tempo

disponível de seus fundadores. Entretanto, com o passar do tempo e o

aumento da visibilidade das organizações de terceiro setor, houve um

conseqüente aumento de trabalho, e muitas das instituições tiveram sua

atenção limitada por falta de recursos físicos, humanos ou financeiros. A partir

daí, a captação de recursos passou a ser maior e a ser considerada uma

necessidade (ALBUQUERQUE, 2006).

O terceiro setor é composto por um diversificado grupo de instituições

que atuam no fornecimento de bens e serviços públicos, tendo como objetivo

principal a melhoria das condições de vida de todos os indivíduos.

Sem buscar parceria juntamente com as empresas privadas, as

entidades não se sustentam por um longo prazo (CAMARGO, 2001). O próprio

crescimento da estrutura da organização precisa estar no mesmo ritmo com a

ampliação da carteira de recursos recebíveis. Pois, sem a cobertura financeira

necessária, o caráter filantrópico cede espaço para a busca do auto-sustento,

característica egoística do setor privado.

A possibilidade de pessoas ou organizações terem o valor das

obrigações tributarias reduzido ao contribuírem para projetos de natureza social

é uma forma de incentivo que não se configura em captação direta mas em

benefícios fiscais para quem concede (CAMARGO et al. , 2001), reduzindo seu

ônus perante a Receita Federal.

O cálculo da dedução no IR segue os parâmetros delimitados pela Lei nº

8.313/91. O somatório dos valores concedidos a título de doação ou patrocínio

poderá ser deduzido do IR devido na Declaração de Ajuste anual relativa ao

ano-calendário em que foi realizado.

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Parcerias e alianças entre diversos segmentos sociais acontecem com a

captação de recursos no mercado, viabilizando a realização de atividades que

não estariam sendo desenvolvidas pelo Estado. Nesse panorama, as ONGs

subvencionadas por capital estrangeiro ou nacional, vem demonstrando, em

diversos setores da área social, competência para elaborar e implementar

projetos que possibilitem ações sociais transformadoras. Da mesma forma

ocorrem parcerias sociais: ONGs e iniciativa privada operando a inclusão social

(Tachizawa, 2004, p.18).

A ilustração a seguir apresenta de forma detalhada a natureza das

transações nos diferentes setores:

Quadro 9: A natureza das transações nos diferentes setores Fonte: Adaptado de Hudson (2004, p. 17)

Apesar de não estar claramente delimitado, o Terceiro Setor caracteriza-

se pela negação da lógica do mercado e do Estado, mas precisa recorrer a

esses dois setores para obter uma parte significativa dos seus recursos

financeiros, gerando situações de colaboração, dependência e até mesmo

subordinação.

Entre as fontes de recursos do terceiro setor estão os fundos públicos

repassados para executar funções que usualmente cabem ao Estado, geração

de receita própria por meio de venda de produtos/serviços a associados ou

terceiros e doações de empresas e de indivíduos (FALCONER e VILELA,

2001).

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2.6.1 Formas de captação de recursos

As organizações de assistência social como um todo, especificamente

as que atuam na área de assistência social, possuem uma identidade

filantrópica, mas sem significar que não necessitem de recursos financeiros. O

dinheiro, neste caso, recebe uma nova denotação. Em vez de fim em si

mesmo, como é natural nas sociedades mercantis, ele é um meio, “um

instrumento para a realização dos reais objetivos das entidades (CAMARGO,

2001).”

Existe também a sustentabilidade institucional, que pode ser entendida

como “garantir a viabilidade financeira de uma instituição, baseada em ações

técnica e politicamente adequadas ao enfrentamento dos problemas que

dispõem a resolver, garantindo o efetivo atendimento das demandas dos

grupos sociais beneficiados” (RAMOS, 2001, p. 55), é um dos principais

desafios a ser superado pelas organizações que compõem o terceiro setor.

Para Landim (2002), a eficiência das ações depende do grau de força e

integração das organizações para impor sua autonomia e negociar os recursos

sem alterar seus projetos e objetivos. Todas as formas de financiamento são

necessárias, e a pulverização das fontes de recursos contribuirá ainda mais

para a autonomia e sustentabilidade das organizações de assistência social.

Para captar recursos, Fontanella (2001) sugere que a organização sem

fins lucrativos desenvolva um projeto, no qual será definido de maneira clara e

motivadora o público beneficiário da organização e a causa a ser atendida.

Também deve elaborar um diagnóstico financeiro da organização e ter claro

qual é o custo da organização e do projeto, mês a mês. Para a captação,

também é recomendável definir metas, com cotas de captação definidas, e

prazos para qu ao final de cada período possam ser avaliados os resultados e,

com base neles, planejar as ações para o período seguinte (CAMARGO, 2001).

O projeto de captação e recursos apresenta a organização, o

problema/necessidade, detalhamento de estratégia de solução e maneira de

contribuição da doação dentro da estratégia traçada. “A receptividade dos

financiadores aumenta sensivelmente quando no projeto constam também os

indicadores de seu sucesso e os meios pelos quais ele poderá ser medido

(CAMARGO et al., 2001, p. 90)”.

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É de grande importância que se selecione as fontes com possibilidade

de prover um maior financiamento, as que podem restringi-lo e as que mais se

identificam com a instituição. Este processo tem como objetivo buscar a

diversificação do seu quadro de financiadores da organização, evitando sua

dependência financeira a uma única fonte (CRUZ e STRAVIZ, 2000).

Em relação à captação de recursos, várias fontes podem ser

procuradas, a fim de estabelecer parcerias. O quadro 11 apresenta algumas

fontes de obtenção de lucros, formas de participação, meios e estratégias que

podem ser desenvolvidos para obtenção de fundos:

MANEIRAS DE CAPTAÇÃO DE RECUROS

FONTES

FORMAS DE

PARTICIPAÇÃO MEIOS ESTRATÉGIAS

ONG Financiadoras Nacionais

Projetos Prêmios Convênios

Visita pessoal Telefone Correio E –mail

Boa elaboração do projeto Garantia de impacto social

ONG Financiadoras internacionais

Projetos Prêmios convênios

Visita pessoal Telefone Correio E –mail

Boa elaboração do projeto Garantia de impacto social Redação adequada à língua

Órgãos governamentais

Projetos convênios

Visita pessoal Telefone Correio E -mail

Boa elaboração do projeto Garantia de impacto social

Empresas

Doações únicas Contribuições mensais Projetos especiais Campanhas Patrocínios de eventos Prêmios

Visita pessoal Mala direta Marketing Correio E -mail

Sensibilização Boa elaboração de projeto Garantia de impacto social Formação de parcerias

Pessoas Físicas

Doações únicas Contribuições mensais Voluntariado Participação em eventos Compra de produtos

Visita pessoal Mala direta Telemarketing Produtos próprios Telefone Campanhas Catálogos Eventos Telefone Correio E -mail

Sensibilização e mobilização por: Culpa Satisfação pessoal Apelo da mensagem Obrigação Afinidade com a causa Status

Quadro 10: Maneiras de captação de recursos Fonte: Silveira apud Dearo (2004)

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Além de desenvolver um bom projeto, é interessante para a organização

analisar profundamente os potenciais financiadores. As organizações deverão

manter um banco de dados com os principais dados de cada financiador, para

conhecer-lhes a estratégia de participação em ações sociais.

Por outro lado, a fidelização dos possíveis doadores pode ser realizada

de diversas formas, mas o agradecimento e a prestação de contas nunca pode

faltar. Para adquirir confiança e conhecer melhor a instituição deve-se estudar

a história e fatos marcantes, criando um vínculo maior com a entidade

(CAMARGO et al. , 2001), e demonstrar, tanto para a empresa quanto para a

comunidade, a importância e os resultados dos recursos recebidos.

Os recursos financeiros utilizados pelas entidades que compõem o

terceiro setor são, normalmente, provenientes de interações com o Estado,

organismos oficiais, organismos privados internacionais, fundações nacionais e

internacionais, empresas nacionais e internacionais dos diversos segmentos da

economia, bem como doações que podem envolver recursos monetários ou

outros tipos de recursos obtidos por estas instituições.

Esses recursos financeiros chegam as instituições do terceiro setor sob

a forma de contribuições, doações e subvenções, sendo que essas

modalidades podem ser assim definidas:

� Contribuições: transferência voluntaria incondicional de ativos

para uma entidade (beneficiaria) advinda de outra entidade que

não espera receber valor em troca e não age como um

proprietário (doador). A contribuição também pode ocorrer sob a

forma de cancelamento de passivoa do beneficiário (DELANEY

ET AL ., 2002, p. 1017).

� Doações: “[...] transferências gratuitas, em caráter definitivo, de

recursos financeiros ou do direito de propriedade de bens móveis

e imóveis, com as finalidades de custeio, investimentos e

imobilizações, sem contrapartida do beneficiário dos recursos.”

(BRASIL, NBC T 10.16, item 10.16.1.8)

� Subvenções: “[...] são as transferências derivadas da lei

orçamentária e concedidas por órgãos do setor público a

entidades, publicas e privadas, com o objetivo de cobrir despesas

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com a manutenção e o custeio destas, caracterizadas pela

contraprestação de bens e serviços da beneficiaria dos recursos.”

(BRASIL, NBC T 10.16, 10.16.1.5)

O reconhecimento das receitas nas entidades do terceiro setor é

fundamental para a avaliação do seu desempenho, considerando que como

nas empresas com fins lucrativos, essas organizações devem administrar bem

os recursos que lhe foram confiados, prestando contas à comunidade.

2.6.2 Financiamento com recursos públicos

As organizações do Terceiro Setor são entidades privadas que prestam

serviços de natureza pública. A respeito disso, Albuquerque (2006) menciona

que o Estado prevê formas de apoio e financiamento de suas atividades.

Um monitoramento rigoroso por parte da sociedade civil e do Terceiro

Setor sobre as verbas liberadas pelo Estado permitiria que o seu melhor

aproveitamento se convertesse em benefícios mais abrangentes do que se

contassem meramente com as tradicionais fontes de financiamento (Camargo,

2001 p. 65).

ESPÉCIE PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

Auxílios Derivam da Lei do Orçamento e se destinam a entidades de direito público ou privado sem finalidade lucrativa

Contribuições São concedidas em virtude de lei especial e se destinam a atender a ônus ou encargos assumidos pela União.

Continua

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52

Continuação

Subvenções

Destinam-se a cobrir despesas de custeio de entidades públicas ou privadas e podem ser:

a) Econômicas: concedidas a empresas publicas ou privadas de caráter industrial, comercial, agrícola ou pastoril, mediante autorização expressa em lei especial.

b) Sociais: concedidas, independentemente de legislação especial, a instituições públicas ou privadas de caráter assistencial ou cultural sem finalidade lucrativa que visem à prestação de serviços essenciais de assistência social, médica e educacional. O valor da subvenção, sempre que possível, é calculado com base em unidade de serviço efetivamente prestado ou posto à disposição dos interessados.

Convênios, acordos ou ajustes

Meios jurídicos para execução de serviços de interesse recíproco dos órgãos e entidades da administração federal e de outras entidades públicas ou particulares, sempre em regime de cooperação. Portanto, há aporte de recursos de ambas as partes – não é exigido apenas recurso financeiro. O convenio autoriza a aquisição de equipamentos e matérias permanentes, mas sua destinação deve estar predeterminada.

Contratos

Pressupõem, de um lado, o interesse do poder público na aquisição de bem ou serviço e, de outro, o recebimento de uma importância em dinheiro. Devem respeitar as regras das licitações. No caso das organizações do terceiro setor, alguns entendem que é possível adotar uma das modalidades da licitação, a de convite, para evitar restrições ao destino dos recursos na entidade contratada.

Termo de Parceria (Para OSCIP somente)

Criado para atender às entidades que desenvolvem projetos conjuntos com o Estado e sofriam com a burocracia e as restrições dos convênios no tocante à sua duração limitada, impossibilidade de contratação de mão-de-obra adicional e relatórios formalistas. Essa nova modalidade traz inovações: pode ter período superior ao exercício fiscal, estipula metas e resultados a ser atingidos, fixa critérios de avaliação, estabelece obrigatoriedade de auditoria independente para valores superiores a R$ 600 mil e elaboração de cronograma físico-financeiro, entre outras.

Continua

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Contratos de gestão (Para Organizações Sociais somente)

Embora chamados de contratos, aproximam-

se dos convênios, já que prevêem a destinação de recursos para entidades sem

fins lucrativos controlada pelo Estado sem que haja processo licitatório, além de

pressupor cooperação mutua e interesse recíproco. Como as organizações sociais são

originarias da transformação de fundações publicas, esta modalidade criada em 1998 é

um meio de flexibilizar o fluxo de recursos dentro do Estado, não sendo acessível às

organizações do Terceiro setor. Quadro 11: Financiamentos com bens públicos e suas características Fonte: Szazi (2001).

2.6.3 Financiamentos com recursos privados

- Doações de pessoas físicas

Desde 1996 é permitida a doação de pessoas físicas para entidades,

mesmo as de utilidade pública, mas sem qualquer vantagem fiscal.

Além de representarem um dos mais importantes elementos, as pessoas

físicas são as pioneiras do Terceiro Setor, ou seja, o trabalho voluntário é uma

das formas mais antigas de filantropia (CAMARGO, 2002).

-Doações de pessoas jurídicas

A doação por uma pessoa jurídica não é complicado. Deve-se apenas,

por cautela, assinar um Termo de Compromisso que comprove a operação,

bem como os fins a que se destinam os valores. Sendo uma OSCIP –

Organização da Sociedade Civil de Interesse Público ou sendo reconhecida de

Utilidade Pública , por ato formal de órgão competente da União, poderá haver

dedução do valor doado, a ser abatido do Imposto de Renda e da Contribuição

Social Sobre o Lucro devido pela pessoa jurídica (ALBUQUERQUE, 2006).

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Contribuições em favor de Tratamento da despesa Dedução do imposto de renda

Instituições de ensino e pesquisa sem fins lucrativos, que destinem superávit á educação e, no caso de encerramento, destinem patrimônio à escola comunitária ou ao poder público. Essas instituições têm de ser criadas por lei federal: universidades, faculdades e escolas técnicas.

Dedutível até o limite de 1,5% do lucro operacional, sem computar despesas com a doação.

Não dedutível, pois já é abatido do IRPJ como “despesa”.

Entidades civis, constituídas no Brasil, sem finalidade lucrativa, que prestem serviços gratuitos em beneficio de empregados da pessoa jurídica doadora e seus dependentes, ou em beneficio da comunidade de outrem.

Dedutível até o limite de 2% do lucro operacional, sem computar despesas com a doação.

Não dedutível.

Quadro 12: Doações e dedução do importo de renda Fonte: Albuquerque (2006)

É de suma importância que o doador mantenha em arquivo, à disposição

da fiscalização, declaração fornecida pela entidade beneficiária, segundo

modelo fornecido pela Secretaria da Receita Federal, em que se compromete a

aplicar integralmente os recursos recebidos na realização de seus objetivos

sociais, com identificação da pessoa física responsável pelo seu cumprimento

e a não distribuir lucros, bonificações ou vantagens a dirigentes, mantenedores

ou associados.

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3 METODOLOGIA DE PESQUISA

Neste tópico é descrito o método e o delineamento da pesquisa. Quanto

ao método Lakatos e Marconi (2005, p. 83), estabelecem o seguinte conceito:

o método é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros - , traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista.

O método usado especificamente no trabalho foi o indutivo. Este

método, segundo Lakatos (2000) realiza-se em três etapas (fases):

Observação dos

fenômenos

Observam-se os fenômenos ou fatos e em seguida faz-se uma análise com finalidade de descobrir as causas de sua manifestação.

Descoberta da relação entre

eles

Procura-se por intermédio da comparação, aproximar os fatos ou fenômenos com a finalidade de descobrir a relação existente entre eles.

Generalização da relação

Generaliza-se a relação encontrada entre os fenômenos e fatos semelhantes, muitos dos quais ainda não foram observados (e muitos inclusive inobserváveis).

Quadro 13: Etapas do método indutivo Fonte: Adaptado de Lakatos (2000, p. 54)

3.1 Tipologia de pesquisa

Esta pesquisa caracteriza-se por exploratória, descritiva e qualitativa.

Exploratória na medida em que procura descobrir idéias, percepções, gerar

hipóteses ou explicações prováveis e identificar áreas para um estudo mais

aprofundado, ou seja, reúne informações de qualquer fonte que possa

proporcionar idéias úteis (CHURCHILL; PETER, 2000) e descritiva, pois “expõe

as características de determinada população ou fenômeno, estabelece

correlações entre variáveis e define sua natureza” (VERGARA, 2003, p.47).

Nessa concepção, caracteriza-se como exploratória porque visa

aprofundar as discussões sobre a gestão de uma organização do Terceiro

Setor no âmbito da Captação de Recursos, visando contribuições para essa

organização; e é descritiva porque descreve os registros dos meios de

captação de recursos da organização, bem como os processos de gestão de

uma organização do Terceiro Setor geralmente utilizados.

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Para o levantamento das informações que contribuíram na realização

deste estudo, o método de abordagem também utilizado foi o qualitativo.

Este caráter qualitativo se deve à preocupação da pesquisadora em

apresentar qual a situação da organização Provita em relação à captação de

recursos. Portanto, buscou-se, através da pesquisa, compreender o processo

de captação de recursos de uma organização pertencente ao Terceiro Setor.

Ao definir o método qualitativo, Denzin e Lincoln (2006, p. 17), afirmam

que:

Este tipo de pesquisa envolve o estudo do uso e coleta de uma variedade de materiais empíricos – estudo de caso; experiência pessoal; introspecção; história de vida; entrevistas – que descrevem momentos e significados rotineiros e problemáticos na vida dos indivíduos.

Assim, o universo da pesquisa foi uma organização caracterizada e

identificada como pertencente ao Terceiro Setor, que atua na área de

assistência social, localizada em Itapema, no Estado de Santa Catarina.

3.2 Sujeito de estudo

O objeto de estudo desta pesquisa constituiu-se nos responsáveis pela

gestão do Projeto Vida Itapema - PROVITA, no município de Itapema/SC. A

pesquisa foi realizada na própria organização, em dias alternados.

A entrevista foi realizada com alguns gestores da organização, sejam

eles seus dirigentes máximos, e alguns responsáveis pela área administrativa.

As fontes de evidência utilizadas: entrevista, documentos e observação;

contribuíram para o conhecimento da ONG, bem como para formulação de

algumas hipóteses.

3.3 Instrumentos de pesquisa

Quanto aos meios, foram utilizadas pesquisa bibliográfica e pesquisa

documental. Esta pesquisa resulta da contextualização da temática relacionada

e do referencial teórico, os quais foram apresentados neste trabalho.

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Foram utilizados meios científicos tradicionais, intercalando alguns

dados e a literatura obtidos por intermédio das demais fontes de informação,

com o objetivo de assegurar atualidade e a objetividade necessárias ao estudo.

Utilizou-se os recursos da entrevista semi-estruturada, para considerar o

objetivo específico de compreender o processo de captação de recursos na

organização.

Para Minayo (2003), a entrevista privilegia a obtenção de informações

através da fala individual, a qual revela condições estruturais, sistemas de

valores, normas e símbolos e transmite, através de um porta-voz,

representações de determinados grupos.

Optou-se pela entrevista semi-estruturada, na qual o informante tem a

possibilidade de discorrer sobre suas experiências, a partir do foco principal

proposto pelo pesquisador; ao mesmo tempo que permite respostas livres e

espontâneas do informante, valoriza a atuação do entrevistador.

As questões elaboradas para a entrevista levaram em conta o

embasamento teórico da investigação e as informações que o pesquisador

recolheu sobre o fenômeno social (Triviños, 1987).

As entrevistas foram baseadas num roteiro, o qual tratava alguns

assuntos, como: estrutura, funções e gestão da organização, captação e

gestão de recursos e serviços prestados; mas que teve como objetivo apenas

garantir maior foco à entrevista. Os entrevistados foram solicitados a se

expressar livremente.

A entrevista foi realizada nos meses de agosto e setembro de 2009 na

sede administrativa da organização, com horário previamente marcado.

As informações foram registradas durante a entrevista, mediante

anotações textuais das palavras do entrevistado, visando identificar a realidade

vivida dentro de uma organização sem fins lucrativos.

As fontes documentais consideradas como, seus jornais, o site, seus

materiais publicitários que promovem campanhas e/ou projetos, seu estatutos

também possibilitaram o maior entendimento quanto à forma de comunicação

com a sociedade na qual está inserida, suas pretensões futuras, suas

parcerias, objetivos, e a própria importância dada à divulgação dos seus

trabalhos e projetos.

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Na perspectiva de compreender os dados levantados, bem como de

compreender a problemática e os objetivos deste estudo, foi utilizado o recurso

da análise de conteúdos.

Minayo (2003, p. 74) enfatiza que a análise de conteúdo visa verificar

hipóteses e ou descobrir o que está por trás de cada conteúdo manifesto.

Nesta pesquisa, procurou verificar a realidade em uma organização do

Terceiro Setor, identificando o processo de captação de recursos e suas fontes

utilizadas pela organização.

Como limitação, tem-se que, como a diretoria é composta por

voluntários, não foi possível entrevistar todos, pois alguns deles possuem sua

própria empresa, dificultando a realização da entrevista nos horários marcados.

Alguns valores, receitas e balanços contábeis da organização não foram

fornecidos, por determinação da Diretoria.

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4 ANALISE E APRESENTAÇÃO DOS DADOS

Neste capítulo busca-se identificar a forma de gestão e o processo de

captação de recursos utilizados no Provita.

Inicialmente procede-se à caracterização da organização pesquisada,

traçando um breve perfil da mesma. A pesquisa foi feita com base nos recursos

da entrevista semi-estruturada, com alguns dos voluntários da organização.

4.1 Descrição da Organização pesquisada

O Projeto Vida Itapema (PROVITA) é uma organização não

governamental, filantrópica, assistencial, sem fins lucrativos. A organização

desenvolve atividades terapêuticas voltadas ao tratamento e ressocialização de

dependentes químicos e alcoólicos anônimos no município de Itapema e

região.

Desde a sua fundação um grande número de dependentes já utilizou os

serviços disponibilizados pelo Provita para buscarem uma nova vida para si e

para suas famílias retornando ao convívio social. A organização depende da

contribuição de voluntários, empresários, Poder Público e comunidade em

geral para que possa desenvolver suas atividades.

O Provita é administrado por uma Diretoria composta por voluntários da

própria cidade de Itapema. Atualmente, a organização abriga 26 internos que

participam de um processo de recuperação terapêutica através do denominado

processo dos “12 passos” desenvolvido em um período de nove meses em

regime integral de internato, que consiste na laborterapia, espiritualidade

ecumênica, a ressocialização, o acompanhamento psicológico, atendimento

médico e odontológico, terapia e atividades em grupo, etc.

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PROVITA

Sede Administrativa

Centro Terapêutico

Atendimento de segunda a sábado Regime de internato voluntário de 9 meses Triagem (análise do perfil do interno) Capacidade para 22 residentes Atendimento das famílias Abordagens Casa de apoio Reuniões do Amor Exigente semanais Recursos Humanos 01 Coordenador Geral

Recursos Humanos 02 agentes comunitários

01 Coordenador Administrativo 04 voluntários 01 Agente comunitário 01 psicóloga (3x por semana) 01 voluntário 01 assistente social (1x por semana) 01 Psicóloga (3x por semana) Recursos financeiros Convênio com a Prefeitura Municipal de Itapema Doações da comunidade local

Recursos financeiros Convênio com a Prefeitura Municipal de Itapema Doações da comunidade local

(pessoas jurídicas e pessoas físicas) (pessoas jurídicas e pessoas físicas) Mensalidades dos residentes particulares Mensalidades dos residentes particulares Contrapartida: Espaço físico, móveis, banheiro, luz,

Contrapartida: Espaço físico, móveis, água, luz, telefone,

água,telefone, internet, aluguel, veículo. veículo, combustível, material de higiene e limpeza, alimentos. Avaliação: Equipe técnica

Avaliação: Reuniões semanais com equipe técnica e

Reunião semanal coordenadores, reuniões mensais com Reunião mensal com voluntários e diretoria e equipe técnica; colaboradores Avaliação semanal dos residentes

Quadro 14: Estrutura e atividades do Provita Fonte: Elaborado para fins de pesquisa

A organização trabalha em sintonia com outras entidades diretamente

ligadas a grupos de apoio aos familiares, como: Amor Exigente, que já

desenvolve trabalhos na cidade a oito anos e o AA – Alcoólicos Anônimos.

No momento o Provita concentra esforços no sentido de viabilizar a

construção da Sede definitiva, pois ainda enfrenta dificuldades de alojamento

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para seus internos. Ao concluir a construção, as novas instalações poderão vir

a abrigar até 40 internos e a era construída será de aproximadamente 600m².

No caso da dependência química, ainda há um grande descaso com o

problema por parte dos nossos governantes e ainda muito preconceito por

parte da sociedade em geral.

Os serviços oferecidos pela comunidade terapêutica do Provita não se

restringe apenas no tratamento dos indivíduos que usam drogas ou álcool, mas

também atendimentos aos familiares.

4.2 O processo de Captação de Recursos e a gestão do Provita

Em se tratando de ONGs a grande dificuldade na captação de recursos

é a falta de conscientização das pessoas para esse tipo de trabalho e para o

voluntariado. Existe uma grande burocracia para conseguir recursos municipais

ou estaduais, além das adequações e instalações, espaço físico e de recursos

humanos que os órgãos fiscalizadores exigem.

Para conseguir recursos junto aos órgãos públicos e estaduais são

necessários alguns documentos como:

• Cópia do Estatuto e suas alterações;

• Ofício do Presidente da entidade ao Governador do Estado solicitando o

recurso (deve conter data, o valor a discriminar e a finalidade);

• Cópia da Ata de posse da atual Diretoria, como prova de seu mandato;

• Cópia da Inscrição no Conselho Municipal de Assistência Social, quando

se tratar de doações, etc.

Nos casos em que a solicitação do recurso tenha como objeto reforma,

construção ou ampliação, será necessário:

• Comprovar propriedade do imóvel mediante Escritura Pública e em caso

de ampliação ou reforma, indispensável a averbação do imóvel;

• Projeto arquitetônico da construção ou ampliação;

• Projeto de captação de águas pluviais (Decreto nº 009 de 01/03/2007);

• Cronograma descritivo físico financeiro (conforme modelo da SEF);

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No entanto, conforme a pesquisa, por ser uma ONG obtêm-se algumas

facilidades como acesso a vários órgãos públicos, rádios e jornais. Também

tem crédito no comércio local e para mantê-lo é preciso estar com a parte

contábil em dia.

Para que a organização possa desenvolver suas atividades, buscam-se

parcerias tanto com poder público quanto com a iniciativa privada, sendo que

os maiores parceiros são os mercados, a Secretaria Municipal da Saúde e

Prefeitura Municipal, panificadoras, empresários e comerciantes.

Apesar do Provita, possuir recursos excedentes no momento, pois são

recursos que estão aplicados, os quais rendem ganhos com juros, não é por

este motivo que a organização não tem necessidade de captar recursos. A

organização tem, neste momento uma situação financeira confortável, mas isso

não significa que não poderá vir a passar por dificuldades financeiras,

tampouco que os gestores devam deixar de buscar a eficiência e eficácia em

sua gestão.

Em termos de receita e captação de recursos, consta no Estatuto do

Provita Capitulo VII - da receita, do patrimônio e do exercício social - os

seguintes artigos:

Artigo 63º - Constitui fontes de receita do PROVITA:

63.1- as contribuições financeiras das pessoas físicas e jurídicas;

63.2- as anuidades;

63.3- auxílios, contribuições e subvenções de entidades ou diretamente da

União, Estado, Município ou autarquias;

63.4- doações e legados;

63.5- produtos de operação de crédito, internos e externos para financiamento

de suas atividades;

63.6- rendas em seu favor;

63.7- resultado de campanhas promocionais, pedágios, etc;

63.8- rendimentos da comercialização de produtos de origem animal ou

vegetais oriundos da “fazenda”;

63.9- juros bancários ou outras receitas financeiras;

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Artigo 64o – Toda e qualquer receita serão destinados à manutenção dos

objetivos do PROVITA;

Outros recursos também são obtidos pela organização através de

bingos, jantares, palestras beneficentes, pedágios, vendas de artesanato e

brechó. Além de ter convênio com o Poder Público Municipal e ter auxílio junto

ao Poder Legislativo Estadual a organização também recebe produtos

apreendidos pela Receita Federal e estes produtos são vendidos em forma de

bazar.

Como existem internações de particulares (residentes), estes pagam um

salário mínimo mensal, além de material pessoal de higiene e limpeza. O

controle é realizado mensalmente através do balanço contábil. Também existe

um convênio com o CAPS e Prefeitura Municipal e o auxilio doença do INSS,

conforme a tabela abaixo:

Modalidades das mensalidades dos residentes

MODALIDADE

VALORES DESCRIÇÕES

Particular

R$ 465,00 (quatrocentos e sessenta e cinco reais) (salário mínimo) + R$ 80,00 (oitenta reais) para alimentos e produtos de higiene.

Geralmente os valores são pagos pela família do residente.

Convênio CAPS (Centro de atenção psicossocial) / Prefeitura Municipal de Itapema

R$ 465,00 (quatrocentos e sessenta e cinco reais) (salário mínimo) + 1 cesta básica

O valor é pago pela Prefeitura Municipal a cada residente que obtiver o atestado do CAPS.

Auxilio doença / Benefício do INSS

R$ 465,00 (quatrocentos e sessenta e cinco reais) (salário mínimo)

O auxilio é pago pelo INSS por tempo determinado, de acordo com a perícia onde é diagnosticado o grau da dependência química.

Quadro 15: Modalidades das mensalidades dos residentes do Provita Fonte: Elaborado pela acadêmica

A contabilidade da organização é terceirizada, sendo efetuada por um

escritório da cidade de Itapema.

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O Provita não possui um departamento exclusivo, nem um profissional

específico para a captação de recursos. Este processo é feito pelos membros

da organização, principalmente pela diretoria, em especial o Presidente e o

Vice Presidente, ambos são técnicos em contabilidade.

De acordo com o fluxo de caixa, a captação de recursos ainda atende as

necessidades mínimas de manutenção da instituição, embora haja saldo

específico para a construção da nova sede, que tem sido utilizado quando

necessário para o custeio.

O Provita possui uma conta corrente em um banco, na qual é depositado

todo o valor que é recebido em doações e mensalidades. Este processo pode

dificultar a gestão, pois as receitas não são contabilizadas de acordo com as

fontes de recursos, como é o caso dos recursos repassados pela Prefeitura

Municipal de Itapema, referente ao convênio.

Já os gastos efetuados pela organização, desde o pagamento da

remuneração até a compra de qualquer material, são pagos com cheques

nominais.

Tem como custo mensal o aluguel do prédio da sede administrativa, o

qual é de R$ 1.100, 00 (Um mil e cem reais) mensais.

A organização também possui dois carros para uso da administração e

outro para a comunidade terapêutica. Um foi doado pelo Governo do Estado de

Santa Catarina e o outro pela Polícia Militar do município de Itapema. Quanto

ao combustível utilizado, a organização recebe todo o mês 50 litros de gasolina

de um posto de combustível da cidade, o que eventualmente não é suficiente,

fazendo com o que a organização desembolse este custo.

A prestação de contas está sempre a disposição do Conselho Fiscal e

os recursos recebidos através do Convênio com a Prefeitura de Itapema é

encaminhado a Secretaria de Finanças mensalmente.

Por ser um item obrigatório para a garantia de títulos e certificados, as

informações geradas pela contabilidade auxiliam a organização na prestação

de contas. Atualmente a Provita possui titulação de Utilidade Pública Municipal,

Utilidade Pública Estadual, COMEN/SC (Conselho Estadual de Entorpecentes

de Santa Catariana) e FEBRACT (Federação Brasileira de Comunidades

Terapêuticas).

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Existe uma entrada mensal variável devido a rotatividade das

internações de particulares além do recebimento do convênio com a Prefeitura

no valor de R$ 5.115,00 (Cinco mil e cento e quinze reais), além das doações

de particulares nas devidas formas já mencionadas.

Ainda em relação a captação de recursos, a grande dificuldade da

organização é a falta de pessoal para elaborar projetos para o processo de

captação em diversas esferas e em atendimento a muitos Editas que são

lançados.

Com a pesquisa, observou-se um grande volume de funções, tarefas e

responsabilidades centralizadas na administração do Provita. Ultimamente,

algumas tarefas estão sendo distribuídas entre o coordenador geral e o

coordenador administrativo.

O coordenador administrativo ajuda no atendimento das necessidades

dos profissionais quanto a solicitações de atendimento a telefonemas, serviços

de secretariado e outros trabalhos operacionais. Com isso o gestor pode ter

mais disponibilidade para planejar, organizar, liderar e controlar.

Segundo o coordenador administrativo da organização falta ainda uma

maior participação por parte dos integrantes e diretoria. Mesmo assim, existe

um modelo de gestão que tende a uma valorização e participação dos seus

membros nos processos de decisão da instituição.

A organização conta com conselhos internos dos quais participam

diretores, gestores, profissionais da saúde e voluntários. Há reuniões mensais

com diretores para definir os rumos da organização. Apesar disso a gestora da

organização disse que deveria haver maior participação dos diretores nos

problemas da organização.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar de o mercado ter demonstrado grande competência em se

antecipar às necessidades de consumo de seus clientes, oferecendo produtos

e serviços com qualidade e alta tecnologia, não tem conseguido evitar

problemas sociais desencadeados pelo processo de industrialização e

urbanização, agravados pela crise das últimas décadas.

Estes problemas decorrentes da crise do Estado e da dificuldade do

mercado em oferecer soluções aos problemas, tem se mostrado o ambiente

certo para o crescimento, cada vez mais acelerado, de um grupo de

instituições, que organizadas sob a forma jurídica de fundações, organizações

não-governamentais (ONG), cooperativas, sindicatos, etc., participam

ativamente na busca pela solução de questões sociais.

Essas organizações e iniciativas privadas informais que visam a

produção de bens e serviços públicos tem sido denominado como um novo

setor da sociedade – o Terceiro Setor.

As organizações do Terceiro Setor possuem características próprias e

se diferenciam dos demais setores em relação à gestão, origem dos recursos,

objetivos, por isso, não podem ser tratadas como organizações com fins

lucrativos em seus aspectos contábeis e gerenciais.

Na questão da gestão, não basta possuir boa intenção para gerenciar

uma organização que não visa lucro. O gestor precisa estar atento e avaliar o

quanto sua equipe está ou não capacitada, atualizada e preparada para prestar

serviços necessários (SILVA; D’ARC, 1996).

A gestão no Terceiro Setor e as funções gerenciais requeridas dos

gestores são comentadas também por outros autores, como Drucker (1997) e

Hudson (1999), e podem-se estabelecer algumas características comuns que

compõem a função de gerenciar: o planejamento estratégico, o gerenciamento

descentralizado, o trabalho em equipe e a liderança. Não se pode, porém,

determinar um só tipo de gestão para todas as organizações do Terceiro Setor;

deve-se reconhecer sua determinada área.

O interesse na realização deste estudo surgiu da constatação da

existência de diversas fontes de recursos utilizadas para financiamento das

organizações que compõem o Terceiro Setor, destacando também, o processo

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de captação de recursos por elas utilizado. Assim, buscou-se compreender

quais são as fontes geradoras de recursos e quais as consumidoras de

recursos (despesas incorridas na prestação de interesse público).

Com base no levantamento da literatura especializada, pode-se inferir

que, para estabelecer estratégias de captação de recursos, é necessário que

seja feita uma auto-análise paralelamente à análise dos (fatores) externos. A

auto-análise consiste na avaliação de alguns pré-requisitos organizacionais,

como o conhecimento de sua própria missão, que são imprescindíveis para a

captação de recursos.

Para que a captação de recursos seja feita com sucesso, recomenda-se

que a organização do Terceiro Setor de assistência social seja constituída

juridicamente e que estabeleça a sua missão e seu foco de atuação. A

importância do estabelecimento de comunicação com a sociedade é ressaltada

quando se coloca que uma organização do Terceiro Setor só se sustentará por

longo prazo se a comunidade reconhecer a sua importância.

Durante a entrevista, tomou-se o conhecimento de que algumas

doações recebidas não são contabilizadas – recebimento de roupas, alimentos

e outros produtos – porque são feitas informalmente.

Houve também um pouco de resistência por parte da organização,

principalmente por parte da diretoria para responder e fornecer dados sobre

fontes de financiamentos e resultados de exercícios financeiros.

Constatou-se também que o grau de formação e alguns dirigentes ainda

é baixo, dificultando a compreensão de algumas questões nos assuntos de

estratégias de captação de recursos e elaboração de projetos.

Das conclusões que se pode extrair da pesquisa realizada, é que, a

organização permanece muito inferior do seu potencial de “captadora” de

recursos.

Outra conclusão deste trabalho é que a falta de informações, por parte

da organização pesquisada, sobre alguns aspectos de gestão administrativa e

captação e recursos junto às empresas privadas, pode estar dificultando o

estabelecimento de novas parcerias.

Apesar de haver a ausência de planejamento e de um setor responsável

pela captação de recursos, a organização tem cumprido com seus objetivos e

sua missão, a de propiciar qualidade no tratamento da dependência química.

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Todas as consultas são realizadas com a qualidade técnica de uma clínica

mais renomada e a qualidade de atendimento que somente uma organização

sem fins lucrativos pode ter, a de satisfazer as necessidades básicas da

comunidade e ainda com custo mínimo.

5.1 Sugestões de trabalhos futuros

Com base nos estudos vivenciados neste trabalho, algumas sugestões

são pertinentes para o desenvolvimento de futuros estudos e pesquisas que

poderão ser realizadas complementando as conclusões apresentadas:

• Repetir a pesquisa aplicada no Provita do município de Itapema-SC, em

outras organizações de outras cidades ou no Conselho Estadual de

Assistência Social;

• Realizar um estudo de caso em outras instituições, observando a

captação de recursos e ainda se a utilizam como marketing social;

• Estudar todos os benefícios fiscais que as entidades do Terceiro Setor

podem obter.

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ANEXOS

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ANEXO A:

Pesquisa semi – estruturada utilizada na organização PROVITA

1º - Descrição da organização pesquisada:

• Descrever a organização desde o início até os dias de hoje;

• Quais são os serviços prestados?

• Qual o público?

• Estrutura da organização / pessoas e funções;

• Quais certificados a organização possui?

2º - Captação de recursos:

• Quais as dificuldades encontradas?

• Quais as facilidades?

• Quais os órgãos que buscam parcerias?

• O que mais fazem para conseguir recursos (rifas, festas, pedágio,

promoções, etc);

• Quais os principais custos e gastos da organização?

• A organização trabalha com orçamentos dos gastos?

• Como é elaborado? (de quanto em quanto tempo);

• Como é realizada a prestação de contas das captações?

• Existe profissional responsável para captar recursos?

• Qual a documentação exigida?

• Como são pagas as despesas mensais?

• Informações sobre a contabilidade, conta em banco e uso de cheques;

• Balanço contábil e DRE;

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ANEXO B:

LEI Nº 2695, de 09 de ABRIL de 2009 AUTORIZA O MUNICÍPIO DE ITAPEMA A CELEBRAR CONVÊNIO COM A ASSOCIAÇÃO PROVITA - PROJETO VIDA ITAPEMA E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS O Prefeito Municipal de Itapema, Estado de Santa Catarina, no uso das atribuições que lhe são conferidas por Lei, Faz saber que a Câmara de Vereadores de Itapema aprovou e eu sanciono, promulgo e publico a presente; LEI: Art. 1º Fica o Município de Itapema-SC, pelo Poder Executivo Municipal, autorizado a celebrar Convênio com a Associação PROVITA - Projeto Vida Itapema, entidade sem fins lucrativos, com o CNPJ sob o nº 02.717.050/0001-10, com sede à Rua 613 nº 119, Bairro Tabuleiro das Oliveiras, cidade de Itapema - SC, declarada de Utilidade Pública pela Lei Municipal nº 2.405, de 14 de julho de 2006. Art. 2º O Convênio tem por objetivo estabelecer parceria entre os conveniados para o desenvolvimento de atividades de recuperação de toxicômanos e alcoólicos, de acordo com os termos do convênio que faz par parte da presente Lei. Art. 3º O Convênio assegurará o repasse de cinco mil e cento e quinze reais mensais (R$ 5.115,00), por parte do Município de Itapema-SC, a fim de custear parte das despesas mensais da Associação PROVITA, mais uma cesta básica por usuário baixado na Associação PROVITA - Projeto Vida Itapema. Art. 4º O Município conveniado disporá de dez (11) vagas junto a Associação PROVITA, para encaminhar os usuários do SUS, encaminhados pelo CAPS I. Parágrafo Único - Nos meses em que não haver internação dos usuários encaminhados pelo Município conveniado, a cota mensal será repassada no mês seguinte, que houver a efetiva internação de usuários do SUS. Art. 5º A Associação PROVITA deverá prestar contas mensalmente Município Conveniado, junto a Secretaria Municipal de Finanças sobre a destinação ou emprego dos recursos, comprometendo-se ainda, a qualquer momento a prestar informações adicionais inerentes ao convênio; Art. 6º As despesas decorrentes da presente lei correrão à conta do Fundo Municipal de Saúde, utilizando a dotação 14.01.2117.3.3.50.43/47. Art. 7º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Itapema, 09 de abril de 2009. SABINO BUSSANELLO PREFEITO DO MUNICÍPIO DE ITAPEMA

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LEI Nº 1542/98 CONSIDERA DE UTILIDADE PÚBLICA O "PROVITA - PROJETO VIDA ITAPEMA" Eu, DARCY STEIL DA SILVA, Prefeita Municipal de Itapema, Estado de Santa Catarina, em exercício, no uso das atribuições que me são conferidas por Lei, faço saber a todos os habitantes desse Município que a Câmara de Vereadores aprovou e eu sanciono e promulgo a seguinte lei: Art. 1º - Fica considerada de utilidade pública o "PROVITA PROJETO VIDA ITAPEMA", Sociedade Civil, sem fins lucrativos, políticos ou religiosos, inscrita no CGC sob o nº 02.717.050/0001-10, com sede à Rua 613, nº 119, no Bairro Taboleiro dos Oliveiras, Município de Itapema. Art. 2º - A instituição, de que trata o artigo lº, passa a beneficiar-se dos benefícios da legislação vigente. Art. 3º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 4º - Revogam-se as disposições em contrário. PREFEITURA MUNICIPAL DE ITAPEMA SC, 14 de outubro de 1998. DARCY STEIL DA SILVA Prefeita Municipal, em exercício

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LEI Nº 1527/98 CONSIDERA DE UTILIDADE PÚBLICA PARA FINS DE DESAPROPRIAÇÃO ÁREA DE TERRAS DESTINADAS À INSTALAÇÃO DA COMUNIDADE TERAPÉUTICA PROVITA PROJETO VIDA ITAPEMA. Eu, MAGNUS FRANCISCO ANTUNES GUIMARÃES, Prefeito Municipal de Itapema, Estado de Santa Catarina, no uso das atribuições que me são conferidas por Lei, faço saber a todos os habitantes desse Município que a Câmara de Vereadores aprovou e eu sanciono e promulgo a seguinte lei: Art. 1º - Fica o Chefe do Poder Executivo autorizado a efetivar desapropriação amigável ou judicial de área de terras com 236.169,00 m2 (duzentos e trinta e seis mil, cento e sessenta e nove metros quadrados), localizada no lugar denominado "Macacos", no Bairro Areal, Itapema, de propriedade de Antônio João Ramos no valor total de R$ 35.000,00 (trinta e cinco mil reais). Art. 2º - Fica o Chefe do Poder Executivo autorizado a doar os terrenos qualificados no artigo 1º, à PROVITA - Projeto Vida Itapema, entidade sem fins lucrativos, inscrita no CGC/MF sob n~ 02.717.050/0001-10, localizada à Rua 613, n~ 119, no Bairro Taboleiro dos Oliveiras, neste Município de Itapema. Art. 3º- Fica estabelecido que a doação dos terrenos qualificados no artigo 1º, terá como única finalidade a construção da Comunidade Terapêutica PROVITA - Projeto Vida Itapema, com o objetivo da recuperação de dependentes químicos. Parágrafo Único - 0 não cumprimento do estabelecido no caput deste artigo, implicará na anulação plena da doação, independentemente de notificação judicial ou extrajudicial, revertendo, sem ônus, ao Município as benfeitorias efetuadas no imóvel que trata o artigo 1º. Art. 4º - A PROVITA - Projeto Vida Itapema, terá o prazo de 02 (dois) anos para construir, instalar e iniciar definitivamente as suas atividades. PARÁGRAFO ÚNICO - 0 não cumprimento do prazo estabelecido, implicará na perda dos terrenos ora doados, que voltarão à posse da Prefeitura. Art. 5º - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação. Art. 6º - Revogam-se as disposições em contrário. PREFEITURA MUNICIPAL DE ITAPEMA, 17 de setembro de 1998. MAGNUS FRANCISCO ANTUNES GUIMARÃES Prefeito Municipal

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ANEXO C:

Documentos necessários para a captação de recursos junto ao órgão Público

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