11
O processo de engajamento militante a partir do estudo sobre condições e mecanismos de engajamento. Resultado de investigação finalizada GT 20 Sociedad Civil: Protestas y Movimientos Sociales Bianca de Oliveira Ruskowski (IFSUL) Marcelo Kunrath Silva (PPGS/UFRGS) O artigo visa debater, a partir da elaboração de um modelo de análise que reúne condições e mecanismos básicos, o processo de engajamento militante. A partir da revisão da literatura identificaram-se três abordagens de análise quando se trata de explicar a ação coletiva e o engajamento. O estudo comparativo foi realizado com a organização Levante Popular da Juventude e o projeto de voluntariado Tribos nas Trilhas da Cidadania, ambos localizados na cidade de Porto Alegre/RS. Como resultado, observou-se que, embora os mecanismos averiguados fossem os mesmos no movimento social e no voluntariado, as combinações entre diferentes características organizacionais e individuais oportunizaram a vivência do engajamento a partir de cinco dimensões: altruísta, consensual, pontual, individual e de continuidade ou altruísta, conflitivo, global, coletivo e de ruptura. Palavras-chaves: Engajamento; Mecanismos Causais; Juventude. 1. Introdução O presente artigo visa apresentar os resultados da pesquisa realizada sobre o processo de engajamento militante, entendido “como toda forma de participação duradoura em uma ação coletiva que vise à defesa ou à promoção de uma causa” (SAWICKI; SIMÉANT, 2011, p. 201). Neste texto, o debate está centrado na apresentação do modelo de análise para a apreensão do engajamento em organizações consensuais e conflituosas. Para tanto, optou-se pelo estudo comparativo com a organização Levante Popular da Juventude e o projeto de voluntariado Tribos nas Trilhas da Cidadania, ambos localizados na cidade de Porto Alegre/RS, realizando doze entrevistas em profundidade com os jovens participantes, com um coordenador de cada organização e observação participante em ações, encontros e reuniões e pesquisa documental. O Levante Popular da Juventude (LPJ) foi criado em meados de 2005, a partir de uma deliberação da Consulta Popular 1 (CP) que identificava uma necessidade de “organizar” a juventude urbana. É um grupo que agrega jovens de diversos movimentos sociais, além de grupos culturais e estudantes universitários e secundaristas. Sua organização está voltada para fomentar a participação dos jovens a partir de pautas vinculadas à melhoria de sua condição social (educação, trabalho e cultura). A metodologia do trabalho de recrutamento da organização está fundamentada em formas de organização que dialoguem com os jovens para o incentivo do engajamento. Desta maneira, a linguagem utilizada nos momentos de formação política, o direcionamento de atividades próximas da juventude, tais como stencil, música, teatro são utilizadas nas manifestações para atrair e dialogar com este público. 1 Agrupamento de vários movimentos sociais de massa próximos ao Movimento Sem Terra (MST), organizados desde 1997.

O processo de engajamento militante a partir do estudo sobre condições e mecanismos de engajamento

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Marcelo KunrathBianca Ruskowski

Citation preview

  • O processo de engajamento militante a partir do estudo sobre condies

    e mecanismos de engajamento.

    Resultado de investigao finalizada

    GT 20 Sociedad Civil: Protestas y Movimientos Sociales

    Bianca de Oliveira Ruskowski (IFSUL)

    Marcelo Kunrath Silva (PPGS/UFRGS)

    O artigo visa debater, a partir da elaborao de um modelo de anlise que rene condies e

    mecanismos bsicos, o processo de engajamento militante. A partir da reviso da literatura

    identificaram-se trs abordagens de anlise quando se trata de explicar a ao coletiva e o engajamento.

    O estudo comparativo foi realizado com a organizao Levante Popular da Juventude e o projeto de

    voluntariado Tribos nas Trilhas da Cidadania, ambos localizados na cidade de Porto Alegre/RS. Como

    resultado, observou-se que, embora os mecanismos averiguados fossem os mesmos no movimento

    social e no voluntariado, as combinaes entre diferentes caractersticas organizacionais e individuais

    oportunizaram a vivncia do engajamento a partir de cinco dimenses: altrusta, consensual, pontual,

    individual e de continuidade ou altrusta, conflitivo, global, coletivo e de ruptura.

    Palavras-chaves: Engajamento; Mecanismos Causais; Juventude.

    1. Introduo

    O presente artigo visa apresentar os resultados da pesquisa realizada sobre o processo de

    engajamento militante, entendido como toda forma de participao duradoura em uma ao coletiva que vise defesa ou promoo de uma causa (SAWICKI; SIMANT, 2011, p. 201). Neste texto, o debate est centrado na apresentao do modelo de anlise para a apreenso do engajamento em

    organizaes consensuais e conflituosas.

    Para tanto, optou-se pelo estudo comparativo com a organizao Levante Popular da Juventude

    e o projeto de voluntariado Tribos nas Trilhas da Cidadania, ambos localizados na cidade de Porto

    Alegre/RS, realizando doze entrevistas em profundidade com os jovens participantes, com um

    coordenador de cada organizao e observao participante em aes, encontros e reunies e pesquisa

    documental.

    O Levante Popular da Juventude (LPJ) foi criado em meados de 2005, a partir de uma

    deliberao da Consulta Popular1 (CP) que identificava uma necessidade de organizar a juventude urbana. um grupo que agrega jovens de diversos movimentos sociais, alm de grupos culturais e

    estudantes universitrios e secundaristas. Sua organizao est voltada para fomentar a participao dos

    jovens a partir de pautas vinculadas melhoria de sua condio social (educao, trabalho e cultura). A

    metodologia do trabalho de recrutamento da organizao est fundamentada em formas de organizao

    que dialoguem com os jovens para o incentivo do engajamento. Desta maneira, a linguagem utilizada

    nos momentos de formao poltica, o direcionamento de atividades prximas da juventude, tais como

    stencil, msica, teatro so utilizadas nas manifestaes para atrair e dialogar com este pblico.

    1 Agrupamento de vrios movimentos sociais de massa prximos ao Movimento Sem Terra (MST), organizados desde

    1997.

  • 2

    O Tribos nas Trilhas da Cidadania (TTC), criado em 2003, uma ao da ONG Parceiros

    Voluntrios (PV), dentro do programa Parceiros Jovens Voluntrios (PJV). Prope-se a estimular que o jovem atue em seu contexto social por meio do trabalho voluntrio e do empreendedorismo, visando

    sua formao como agente mobilizador e articulador frente a desafios cotidianos e sua integrao

    comunidade, com base na solidariedade e na Responsabilidade Social Individual2. Sua atuao se d nas escolas, articulando instituio, direo, pais e educadores no incentivo ao voluntariado dos jovens

    para a promoo de aes voltadas Educao para a Paz, Cultura e Meio Ambiente.

    A coleta de dados da pesquisa deu-se a partir de uma combinao de tcnicas qualitativas que

    possibilitou a apreenso do conjunto de indicadores necessrios para demonstrar o argumento proposto

    no qual a intensidade do engajamento depende das dimenses assumidas para os jovens em contextos

    organizacionais diversos. O que as anlises dos perfis permitiram identificar foi que tipos de

    socializaes semelhantes, em termos de atributos sociais, podem gerar processos de engajamento

    muito diferentes. Tambm se identificou socializaes que geraram habilidades para a militncia

    apesar da ausncia de disposies, capacidades e recursos.

    Com isso, foi possvel identificar variaes neste processo de engajamento de intensidades e

    transformaes da participao. Tambm se visualizaram de forma concreta eventos e aes que

    explicam o engajamento diferenciado de sujeitos com tipos de socializao semelhantes, ou o oposto

    disto, ou seja, a possibilidade de explicar como determinados perfis tratados pela literatura como

    despossudos de determinadas capacidades acessam as organizaes e produzem o alinhamento identitrio necessrio ao engajamento.

    A partir da reviso terica, renem-se neste modelo perspectivas tericas que separadamente

    analisam as condies estruturais de emergncia da participao a partir de conceitos como os de

    estrutura de oportunidades polticas, estruturas de mobilizao e quadros interpretativos. De outro lado,

    tem-se uma perspectiva mais subjetiva que problematiza a interao dos indivduos frente s condies

    estruturais da participao. Neste caso, levam-se em considerao as disposies, recursos e

    capacidades originrias dos processos de socializao e o uso delas pelos indivduos, ao se analisar a

    interao com as formas de atuao que as organizaes oferecem, os laos construdos entre eles, as

    diversas motivaes que os faro ou no aderir a uma causa em aes coletivas.

    2. Mecanismos do processo de engajamento

    A opo por se trabalhar com a noo de mecanismos como recurso explicativo do processo de

    engajamento d-se pela necessidade de se construir explicaes causais sobre processos, a partir de

    dados concretos. Assim, entende-se que mecanismos formam uma classe delimitada de acontecimentos

    que mudam as relaes entre conjuntos especificados de elementos de forma idntica ou muito

    semelhante sobre uma variedade de situaes (TILLY, 2001). Dessa forma, o mecanismo designa um

    fator ou processo (fsico, social, psicolgico), por vezes no observvel diretamente, atravs do qual

    operam os agentes dotados de poderes causais em contextos e sob condies especficas. No entanto,

    so reais porque constituem realidades ontolgicas (MIZ, 2011). Para Mayntz, a expresso

    mecanismos sociais deve ser utilizada para processos recorrentes que geram determinado tipo de

    resultado (MAYNTZ, 2004), de tal forma que os processos so sequncias ou combinaes de

    mecanismos que ocorrem frequentemente (TILLY, 2001).

    Dito isto, o processo de engajamento envolve o contato com a organizao e a interao entre

    indivduo e organizao para a produo do engajamento, pois, para que haja engajamento, so

    necessrias disposies anteriormente construdas durante o processo de socializao e a identificao

    da pessoa com a organizao. O indivduo precisa ter contato com a organizao, seja por um processo

    2 Fonte: , acessado em 30 de outubro de 2010.

  • 3

    direto mediante o recrutamento ou indireto por meio da mediao de alguma pessoa prxima. A interao, por conseguinte, torna-se fundamental para que o sujeito decida se engajar numa causa a

    partir da sua rede social, mas tambm para que ele se torne ativo e permanea engajado, conectando

    suas necessidades s do movimento do qual participa. A participao se dar quando as

    motivaes/retribuies pessoais produzirem um alinhamento com os quadros interpretativos de cada

    grupo associativo.

    Figura 3 Sequncia/etapas do processo de engajamento Fonte: elaborao da autora.

    Neste sentido, segue-se aqui a proposta analtica, segundo a qual

    explicar qualquer processo social complexo (contestatrio ou no) envolve trs passos: (1)

    descrio do processo, (2) decomposio do processo em suas causas bsicas, e (3) reunio

    destas causas em uma explicao mais geral de como o processo acontece (TILLY,

    TARROW, 2007, p. 27).

    Para a elaborao deste modelo, conforme mencionado, fez a reviso da literatura e

    identificaram-se trs abordagens de anlise quando se trata de explicar a ao coletiva e o engajamento.

    Uma abordagem est mais vinculada escola americana, principalmente a Contentious Politics, na qual

    a preponderncia da investigao se d a partir de conceitos como os de Estrutura de Oportunidades

    Polticas, Quadros interpretativos, Repertrios de Ao e Estruturas de Mobilizao (BENFORD,

    SNOW, 2000; DIANI, BISON, 2010; MAYNTZ, 2004; McADAM, McCARTHY, ZALD, 1999;

    SNOW et al, 1986; TARROW, 2009; TILLY, 2001, TILLY, 2007). Neste sentido, a nfase recai sobre

    as estruturas de organizao e sua relao com o contexto poltico. E possibilita a emergncia do

    mecanismos nomeado como alinhamento identitrio. Ele ocorre quando lderes e organizadores de

    movimentos e associaes conseguem efetuar uma conexo entre algum(ns) elemento(s) da cultura da

    populao a ser mobilizada e dot-lo(s) de valor, articulando-o(s) com os objetivos do movimento num

    dado contexto. Quando h sucesso nesse alinhamento, provavelmente se produzir o engajamento na

    ao coletiva.

    A segunda abordagem chama ateno para a importncia da interao dentro das organizaes e

    o processo de socializao poltica dos envolvidos como algo fundamental para ser considerado na

    anlise. Os estudos apontam para o processo de tomada de deciso dos atores em relao ao seu

    engajamento e mesmo a transformao desse no decorrer do tempo (LIMA, 2009; MISCHE, 1997;

    MORENO, ALMEIDA, 2009; PASSY, 1998; PASSY, GIUGNI, 2000).

    Para apreender o engajamento individual, Passy (1998) prope um modelo terico estrutural e

    intencional no qual as interaes sociais so o cerne da compreenso, compreendido em trs etapas:

    1) o indivduo, a fim de se engajar num movimento social, deve ter certas caractersticas culturais e sociais;

    2) o indivduo deve evoluir em um contexto relacional especfico; 3) e, finalmente, deve decidir avaliando uma srie de parmetros se ele se engaja e com

    qual intensidade.

  • 4

    Com isso, o engajamento determinado pelo contexto sociocultural do ator, pois sero suas

    razes sociais que, num determinado contexto, o incentivam ou no a aderir a uma ao e determinam

    em que tipo de movimento ele se vincular. J o contexto relacional o segundo elemento da dimenso

    estrutural do modelo. A estrutura relacional do ator tem a funo de socializar o indivduo e permitir

    sua insero em redes, mediar ou recrutar e modular suas preferncias. Por fim, a intencionalidade de

    se engajar ou no se dar com base em certos parmetros (custos, sucesso, riscos), j que esta deciso

    no livre de restries, pois moldada, influenciada e avaliada de acordo com as interaes que se

    desenvolvem entre o indivduo e seu meio social.

    As redes sociais pr-existentes so fundamentais no processo de surgimento e desenvolvimento

    da ao coletiva, pois fornecem os recursos materiais, simblicos, polticos e humanos. Para Passy, o

    tipo de lao que une os indivduos e os mediadores das oportunidades de mobilizao que influencia o

    grau de mobilizao dos novos recrutados, pois as interaes sociais formam o processo de deciso que

    conduz o ator a decidir sobre sua participao no movimento social. As redes sociais intervm ao

    influenciarem os processos de definio e redefinio das preferncias dos atores (PASSY, 1998).

    As relaes sociais na qual os atores esto envolvidos ajudam a construir o tecido associativo de

    uma organizao e possibilitam que indivduos simpatizantes tenham contato direto com diversas formas de engajamento, haja vista que a mediao entre sujeitos interessados em se engajar e

    organizaes fundamental para o desenvolvimento das aes coletivas. As organizaes investem em

    processos de recrutamento, uma vez que sua sobrevivncia depende da ampliao das bases de

    participao. O indivduo que deseja se engajar em alguma organizao necessita de algum que faa

    essa ponte, j que, em alguns contextos histricos, o acesso a determinados movimentos s se faz

    baseado numa relao de confiana, visto que isso implica a segurana das pessoas envolvidas. Dessa

    forma, identificamos outro mecanismo significativo no processo de engajamento: a mediao.

    Uma terceira possibilidade identificada foi a investigao a partir de uma abordagem

    disposicional, a chamada Sociologia do Militantismo, de origem francesa, inspirada pelos estudos de Pierre Bourdieu sobre habitus. E que teve impacto sobre os estudos realizados no Brasil. Aqui o foco

    de anlise est nos atores e nos capitais necessrios para sustentar a participao em movimentos

    sociais (ANJOS, 2008; BOURDIEU, 1996; BRENNER, 2011; FILLIEULE, 2001; OLIVEIRA, 2010;

    SAWICKI, SIMEANT, 2011; SEIDL, 2009; SEIDL, 2011;).

    A disposio um produto incorporado de uma socializao que pode ser explcita ou implcita

    e que s se constitui mediante a repetio de experincias relativamente semelhantes. Quando se utiliza

    a noo de disposio para analisar o processo de engajamento, entende-se que necessrio um esforo

    para situar ou reconstruir a gnese das mesmas, pois as disposies pressupem um processo de

    interpretao para que se possa fazer aparecer o ou os princpios que geraram a aparente diversidade das prticas (LAHIRE, 2004, p. 27). Segundo Lahire (2004), a noo de disposio supe que seja possvel observar comportamentos, atitudes ou prticas que contenham a ideia de recorrncia, de

    repetio, de prticas, de srie ou classe de acontecimentos.

    Olivier Fillieule (2001), ao estudar movimentos de luta contra a AIDS, defende que no h um

    modelo convincente para a anlise do engajamento individual e sua evoluo no curso da ao, pois

    isto implicaria uma anlise de como um fenmeno varia em intensidade e durao, considerando-se que

    este fenmeno evolui de acordo com variveis contextuais e situacionais, sejam elas sociais ou

    individuais. Por causa disso, a transformao da condio ao continua opaca, j que no se conhece que modalidade faz disposio a se traduzir em ao efetiva ou no-ao (FILLIEULE, 2001).

    Para Fillieule (2001), os atores partilham de mltiplos mundos sociais, e os indivduos das

    organizaes militantes esto sujeitos a cumprir diferentes normas, regras e lgicas que podem entrar

    em conflito, sendo esta tenso constitutiva do compromisso poltico. Comunga do pensamento de

  • 5

    Bernard Lahire sobre ao3, a partir da reflexo sobre socializao. Com efeito, parte-se da noo de

    que o engajamento constitui-se como um processo relacional, a partir de um conjunto de condies que

    requer do envolvido certas disposies4, que envolvem interesses, crenas, valores e que possibilitem a

    identificao com uma causa, alm de competncias, recursos disponveis e acesso a oportunidades de mobilizao. A literatura existente sobre processos de engajamento destaca como pontos

    importantes de anlise tanto a dimenso estrutural, vinculada posio social dos envolvidos, quanto a

    dimenso relacional, vinculada aos processos de interao.

    Neste sentido, o modelo terico elaborado visa decompor os mecanismos do processo de

    engajamento. Notamos que alguns pesquisadores tm destacado em seus estudos elementos recorrentes

    em determinadas trajetrias de engajamento (figura 1) e, consequentemente, percebe-se uma tendncia

    em tratar as condies necessrias como se fossem condies suficientes para a explicao do engajamento militante (SILVA, RUSKOWSKI, 2011, p. 5). Dessa forma, ocorre uma generalizao das correlaes empricas observadas entre certas caractersticas socioeconmicas e de trajetria e

    processos de engajamento como se as primeiras, por si mesmas e de maneira direta, explicassem os

    segundos (SILVA, RUSKOWSKI, 2011, p. 5).

    Figura 1: relao direta entre trajetrias e engajamento

    Fonte: elaborao da autora.

    Com isso, a partir da discusso terica da contentious politics e da sociologia do militantismo

    francesa, apresenta-se um modelo de anlise do processo de engajamento, descrevendo-o e

    decompondo-o em suas condies e mecanismos bsicos (figura 2). Nesta proposta de anlise, as

    socializaes prvias constituem disposies, recursos e capacidades, alm da vinculao relacional

    dos indivduos que condiciona as oportunidades de contato e interao. O primeiro mecanismo a ser

    analisado a mediao, que ser mais ou menos eficaz dependendo da compatibilidade com o estoque

    de disposies, recursos e capacidades acumuladas na socializao prvia. Aps temos a interao

    associativa, que ocorre em atividades que conformam o cotidiano de interaes no grupo e as relaes

    que a se estabelecem. Neste momento, as disposies podero ser ativadas ou inibidas para construir

    uma conexo estrutural.

    A interao associativa abarca a socializao militante, na qual se constroem e/ou se ajustam as

    disposies produzidas em contato com a organizao e que favorecem/enfraquecem o engajamento.

    a que se estabelece a relao entre o estoque de disposies dos atores e os quadros interpretativos da

    organizao. As relaes que vo se construindo nas atividades do grupo, atravs das quais vo se

    estabelecendo laos significativos entre os participantes conformam o mecanismo da conexo

    estrutural. O grupo passa a se constituir como um espao de insero formado por pessoas que o

    3 A teoria da ao de Bernard Lahire coloca em cheque as abordagens que destacam a unicidade do ator e a fragmentao do

    ator. Para Lahire, deve-se perguntar quais so as condies scio-histricas que tornam possvel um ator plural ou um ator

    caracterizado pela unicidade (LAHIRE, 2003). 4 A noo de disposies utilizada aqui est baseada em Lahire (2003).

  • 6

    indivduo considera importantes para si. Podem ocorrer tambm alguns eventos que justificam para os

    indivduos a conexo entre diferentes esferas de vida e o engajamento.

    Por fim, o alinhamento identitrio uma condio necessria participao. A ponte entre a

    organizao e os indivduos se d a partir da ativao das disposies para se engajar, requerendo a

    construo de laos significativos entre os dois. atravs do alinhamento identitrio que a ao dos

    indivduos se orienta dentro do quadro interpretativo construdo pela organizao. O engajamento,

    assim, encarado como um processo relacional constantemente negociado, avaliado e ressignificado,

    de tal forma que o indivduo tem que lidar com as tenses apresentadas ao longo da socializao

    militante.

    Figura 2: Mecanismos do processo de engajamento

    Fonte: elaborao da autora

    3. A anlise dos mecanismos do processo de engajamento

    3.1 Mediao entre os jovens e a organizao

    Ao analisar-se o mecanismo da mediao, percebe-se que as socializaes prvias respondem

    pela formao dessas disposies para o engajamento, assim como alimentam ou limitam recursos e

    capacidades que os sujeitos necessitam para construrem seu engajamento. A eficcia do contato com a

    organizao depender de certa compatibilidade entre essas disposies, recursos e capacidades acumulados nas socializaes prvias. No entanto, pode-se perceber que estas disposies podem ser

    tensionadas e modificadas a partir da insero nas organizaes.

    Tambm possvel verificar que quando o jovem tem algum histrico de pertencimento

    associativo na famlia, o processo de recrutamento das organizaes percebido como continuao.

  • 7

    Quando inexistem experincias desse porte, a organizao precisa atuar de forma mais ativa para

    construir pontes de significado entre as disposies individuais, as capacidades dos jovens (muitas

    vezes os convencendo que eles possuem tais qualidades) e suprindo determinados limites ocasionados

    pela falta de recursos, como tempo ou dinheiro, para efetivar sua participao na organizao.

    3.2 A interao associativa, a conexo estrutural e a socializao militante

    Ao se analisar as interaes associativas e a socializao militante dos jovens entrevistados,

    mapeou-se uma srie de elementos que possibilitam apreender como as disposies so construdas

    e/ou ajustadas em contato com a organizao e como favorecem/enfraquecem o engajamento. Tambm

    se percebe a forma pela qual a organizao trabalha para estimular o desenvolvimento de certas

    capacidades e suprir a falta de determinados recursos e assim possibilitar maior engajamento.

    A conexo estrutural foi analisada a partir das relaes que vo se construindo nas atividades

    dos grupos, atravs das quais vo se estabelecendo laos significativos entre os participantes. Ou seja, o

    grupo vai se constituindo como um espao de insero composto por pessoas (algumas pelo menos) as

    quais o indivduo considera importante para si. Os eventos que justificam para os indivduos a conexo

    entre diferentes esferas de vida com o engajamento tambm foram objetos de anlise.

    Quando se descrevem os mecanismos de interao associativa, socializao militante e conexo

    estrutural do LPJ e do TTC, percebem-se diferenas significativas em relao a essas duas

    organizaes. Entende-se que muito dessas diferenas esto relacionadas ao campo de atuao de cada

    uma delas, mas como a inteno deste estudo descrever esses processos de engajamento para entend-

    los de maneira a produzir-se uma explicao mais geral sobre padres, formas e intensidades de

    engajamento, cr-se necessrio chamar ateno para alguns pontos de comparao, o que auxiliar na

    compreenso dos prximos mecanismos a serem analisados, quais sejam, o alinhamento identitrio e o

    sentido do engajamento para os jovens que participam de movimentos sociais e programas de

    voluntariado.

    O primeiro ponto diz respeito s redes de interao e circulao dos jovens. Os jovens que

    ingressam no LPJ tm uma profunda alterao em suas relaes de amizade e nos espaos que circulam

    ou atividades que costumavam realizar. Independentemente de sua condio social, existem

    transformaes profundas na vida desses jovens. Podemos observar que essas transformaes so de

    tipos diferentes de acordo com o pblico envolvido.

    Para os jovens de classes populares, ocorreu uma ciso e uma ampliao na circulao de

    espaos: desde frequentar bairros que no estavam acostumados at participar de encontros em outras

    cidades do estado ou mesmo fora dele. O envolvimento entre os membros da organizao passa a ser

    to intenso que muitas vezes percebido como se uma nova vida passasse a existir,

    Na verdade virou duas vidas. O Levante e onde eu morava. Porque onde eu morava uma

    situao totalmente diferente do Levante. Porque onde eu morava, tem disputas, se tu no tiver

    um tnis legal, tu no est no meio, tem vrios preconceitos onde eu morava. E o Levante

    diferente. O Levante no tem nada disso. Ento ficou mais ou menos dois mundos. Eu at

    tento aproximar umas pessoas desse mundo para o outro, mas no deu... (Rodrigo, 21, LPJ).

    Mas essa modificao na circulao de espaos tambm ocorre com os jovens de classe mdia:

    se antes o horizonte estava orientado para o desenvolvimento de projetos vinculados formao

    acadmica, aps o ingresso no LPJ, este projeto modificado. Em alguns casos, possvel conciliar

    esses dois mundos paralelos, mas em outros, isto no possvel, como no caso de Carlos que

    abandonou a universidade devido ao crescente desinteresse pelo curso de Cincias Sociais e o maior

    envolvimento com a organizao. Consequentemente, seu crculo de amizades tambm se alterou, pois

  • 8

    hoje as pessoas que eu me relaciono mais so pessoas do Levante, ou grupos que esto na volta (Carlos, 25, LPJ).

    Para os jovens voluntrios no h uma significativa alterao nos espaos que circulam ou nas

    redes de amizade. Por mais que os locais nos quais desenvolvem suas atividades voluntrias no

    fossem frequentados anteriormente, eles no se referem ao espao como algo que tenha alterado sua

    rotina, pois continuam realizando suas atividades de lazer, como ir a shoppings, cinemas, praas e

    mantm as amizades de longo perodo. Este ponto interessante, pois quase todos os jovens

    voluntrios fazem referncia a um crculo de amizades construdo a mais de cinco anos, no qual

    realizam encontros regulares, mantm contato telefnico ou pela internet, mesmo com amigos que no

    moram mais na cidade.

    Os meus melhores amigos foram os meus colegas at hoje. Eu costumo brincar que eu nunca

    estudei com ningum diferente, porque os meus colegas que entraram na educao infantil

    comigo foram os mesmos que se formaram comigo no terceiro ano. Eu a vida inteira convivi

    com as mesmas pessoas (Maria, 25, TTC).

    Outro ponto que chama ateno a ausncia de conflito no grupo de voluntariado. Nenhum dos

    entrevistados lembrou momentos envolvendo algum tipo de conflito interno ou com a coordenao. J

    no LPJ, os entrevistados relataram que as brigas ocorrem, mas so resolvidas e bom que quando tu muito prximo da pessoa, tudo se resolve tudo muito fcil. uma coisa meio que briga de pai e me;

    na hora explode, mas teu pai, e tua me, depois volta e se resolve (Helena, 22, LPJ). Esta forma de relacionamento nas organizaes pode trazer elementos para se pensar a socializao militante dos

    jovens, pois a maneira de enxergar a realidade para um grupo a partir do conflito, da desigualdade, da

    transformao, a passo que para o outro a partir da conciliao, da ajuda, da individualidade.

    3.3 A eficcia do alinhamento identitrio

    A literatura sobre alinhamento identitrio e quadros interpretativos (SNOW et al., 1986;

    BENFORD e SNOW, 2000) aponta esse processo como condio necessria participao. A ponte

    entre as organizaes e os indivduos se d a partir da ativao das disposies para se engajar,

    requerendo a construo de laos significativos entre os dois, a partir da mediao ocorrida e explicada

    anteriormente. necessrio ressaltar que a mediao torna-se mais ou menos eficaz de acordo com a

    existncia de compatibilidade entre o estoque de disposies, recursos e capacidades dos jovens e os quadros interpretativos das organizaes.

    Os autores chamam ateno para o perigo de se interpretar esse processo a partir de uma relao

    automtica, na qual se considera de forma direta a interpretao ou o sentimento dos indivduos sobre

    suas queixas do mundo e a suscetibilidade de se engajar numa organizao. Com isso, ignora-se a

    forma como so construdos os vnculos que direcionam a interpretao das queixas e os objetivos ou

    ideologia das organizaes. Resumidamente, os autores apontam seis aspectos que necessitam ser

    considerados ao se analisar a participao em organizaes de movimentos sociais:

    Em primeiro lugar, a participao nas atividades das organizaes de movimentos sociais

    (SMO) contingente, em parte, ao alinhamento individual e aos quadros interpretativos das

    SMO. Segundo, este processo pode ser decomposto em quatro relaes, mas no em processos

    idnticos: transio de quadros, amplificao de quadros, extenso de quadros e transformao

    de quadros. Em terceiro lugar, o alinhamento de quadro inicial no pode ser assumido, dada a

    existncia de queixas das SMOs. Quarto, o alinhamento de quadro, uma vez alcanado, no

    pode ser tido como certo, porque temporalmente varivel e sujeito a reavaliao e

  • 9

    renegociao. Como j observamos, as razes que solicitaro participao em um conjunto de

    atividades em um ponto em tempo podem ser irrelevantes ou insuficientes para se solicitar

    participao posterior. Em quinto lugar, o alinhamento de quadro, de uma forma ou de outra,

    , portanto, um aspecto crucial de mobilizao aderente e constituinte. E sexto, cada processo

    de alinhamento de quadro requer tarefas um pouco diferentes de micromobilizao (SNOW et

    al. 1986, p. 476).

    O que importante ressaltar que por ser uma condio para o engajamento, o alinhamento

    identitrio orienta a ao dos indivduos no quadro interpretativo que a organizao constri. So a

    partir dessas relaes que os sujeitos podem estabelecer conexes e buscar situar suas experincias de

    ao ou desengajamento (quando ocorre algum tipo de incompatibilidade entre as disposies

    individuais e as propostas interpretativas das organizaes).

    Os jovens voluntrios situam sua experincia de engajamento dentro dos quadros interpretativos

    do trabalho voluntrio. Ou seja, eles valorizam a participao individual, seus envolvimentos so quase

    profissionalizados, com horrios e atividades especficas a serem desenvolvidas numa causa pontual.

    A ideia de proporcionar o bem-estar do outro, a busca por praticar o bem e propagar os benefcios dessa ao aos prprios envolvidos so recorrentes em seus discursos.

    Os jovens engajados em organizaes de movimentos sociais, pelo intenso processo de

    enquadramento desse tipo de organizao, acabam por orientar ou readequar seus projetos de vida.

    Muitas vezes passam a articular as esferas de trabalho, estudo, amizades em torno da organizao. Para

    alguns, a formao de uma carreira profissional, por exemplo, no um caminho cogitado como algo

    isolado, de projeto eu acho que mais essa coisa de querer militar para o resto da vida. Saber que no importa o que eu vou seguir enquanto profisso, mas uma coisa que me realiza (Patrcia, 25, LPJ). Outros se vinculam de tal forma organizao que passam a se dedicar integralmente, pois agora eu virei um liberado5 do Levante. Eu comecei a me dedicar mais. Na verdade eu dedico o meu tempo

    integral para o Levante. Eu estou liberado e a minha tarefa com a Zona Sul (Rodrigo, 21, LPJ). Tambm podemos perceber que as formas de atuao nos dois grupos se opem: de um lado,

    um modelo mais vinculado atuao individual e no contestatria e, de outro, uma proposta de ao

    calcada no coletivo e na contestao. Novamente, as falas dos entrevistados mostram que aqueles que

    aceitam participar de aes mais contestatrias j apresentavam disposies propcias ao conflito (antes

    direcionadas para a escola, a famlia etc.) enquanto este tipo de ao no aceitvel por parte dos

    jovens voluntrios.

    Para os integrantes do LPJ, a transformao discursiva mais ampla, alcanando vrias esferas

    de vida e deslocando a esfera de atuao poltica para integrar outras esferas como a do trabalho, das

    amizades, dos estudos. Rodrigo, Carolina e Cristiane tiveram suas percepes sobre o mundo

    modificadas a tal ponto que a ao contestatria se sustenta e a base de alinhamento entre a

    organizao e suas disposies para o engajamento.

    Eu tinha um pensamento de trabalhar e viver a vida que o capital manda [...] Depois que a

    pessoa entende o projeto que est defendendo, eu acho que isso mobiliza muito. Porque da tu

    tem que ir l para fazer o projeto, e se eu no for, quem vai fazer, e eu acho que isso muito

    mobilizante (Rodrigo, 21, LPJ).

    Para Maria, no existe uma ampliao de quadros interpretativos, mas sim, um reforo sobre os

    benefcios do voluntariado do ponto de vista individual e de insero profissional:

    5 Ser um liberado significa que a organizao desembolsa uma ajuda de custo para que a pessoa dedique integralmente seu

    tempo s tarefas da organizao.

  • 10

    No fundo, no fundo, engraado isso que eu vou te dizer: eu sou voluntria de corao, mas

    no fundo tem o reconhecimento. Porque a escola sabe que se no tiver eu, no vai ter ningum.

    Ento a escola gosta disso. Ento no fundo ele pensa que se no for pelo voluntariado, pelo

    menos tu est fazendo alguma coisa decente, a escola gosta de ti...

    4. Consideraes finais

    Como resultado, observou-se que os jovens passam a engajar-se a partir de mecanismos

    similares, mas a diversidade de formas de engajamento d-se em funo de caractersticas distintas da

    organizao, tais como estruturas de mobilizao, repertrios de ao e frames. A compatibilidade

    entre o estoque de disposies, capacidades e recursos dos indivduos e estas caractersticas organizacionais fundamental para a aproximao entre os jovens e as organizaes. Por

    consequncia, perceberam-se diferenas significativas ao se analisar a interao associativa, a

    socializao militante e a conexo estrutural de cada um dos grupos estudados.

    Assim, embora os mecanismos averiguados fossem os mesmos no movimento social e no

    voluntariado, as combinaes entre diferentes caractersticas organizacionais e individuais

    oportunizariam a vivncia do engajamento a partir de cinco dimenses: para os jovens participantes das

    TTC, a de um engajamento altrusta, consensual, pontual, individual e de continuidade. J a

    possibilidade construda entre os jovens do LPJ e a organizao deu-se a partir de um engajamento

    altrusta, conflitivo, global, coletivo e de ruptura. Com isso, as TTC cumprem um papel ao mostrarem

    aos jovens a situao de desigualdade social, produzindo um incmodo com a situao vivenciada em

    nossa sociedade e incentivando aes beneficentes, sem, no entanto, identificar um inimigo ou disputar

    recursos especficos. J o LPJ, a partir de um forte processo de socializao militante, canaliza a

    indignao dos jovens, oferecendo uma possibilidade de insero na organizao e nas aes

    contestatrias, disputando recursos especficos a partir da identificao de um inimigo comum.

    5. Referncias

    ANJOS, Gabriele dos. Liderana de mulheres em pastorais e comunidades catlicas e suas retribuies.

    Cadernos Pagu, (31), pp. 509-534, julho-dezembro de 2008.

    BENFORD, Robert D. e SNOW, David A. Framing Processes and Social Movements: an overview and

    assessment. Annual Review of Sociology, n.26, p.611-639, 2000.

    BOURDIEU, Pierre. possvel um ato desinteressado?. In: BOURDIEU, Pierre. Razes Prticas. 9

    ed. Campinas: Papirus, 1996.

    BRENNER, Ana Karina. Militncia de jovens em partidos polticos: um estudo de caso com

    universitrios. Tese. Programa de Ps-Graduao em Educao, Universidade de So Paulo, 2011.

    DIANI, Mario; BISON, Ivano. Organizaes, coalizes e movimentos. Revista Brasileira de Cincia

    Poltica, n. 3, p. 219-250. jan.jul. 2010.

    FILLIEULE, O. Propositions pour une analyse processuelle de lengagement individuel. Revue franaise de science politique, vol. 51, n. 1-2, fvrier-avril, 2001, p. 199-217.

    LAHIRE, Bernard. O Homem Plural: as molas da aco. Lisboa: Instituto Piaget, 2003.

    LAHIRE, Bernard. Retratos Sociolgicos: Disposio e variaes individuais, So Paulo, Artmed

    Editora, 2004.

  • 11

    LIMA, Antonio Joo Ferreira de. As bases relacionais da poltica na periferia urbana: fundamentos

    do capital social e da construo das aes coletivas entre as classes populares. Dissertao. Programa

    de Ps-Graduao em Sociologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 2009.

    MIZ, Ramon. Las lgicas de la explicacin en la obra de Charles Tilly: Estados y repertorios de

    protesta. IN: FUNES, Mara Jess (Org.) A propsito de Tilly: conflicto, poder y accin colectiva.

    Madrid: CIS, 2011. p.49-76.

    MAYNTZ, Renate. Mechanisms in the Analysis of Social Macro-Phenomenal. Philosophy of the

    Social Sciences, v 34, n. 237, 2004. Disponvel em:

    McADAM, Doug; McCARTHY, John D.; ZALD, Mayer N. Movimientos sociales: perspectives

    comparadas. Oportunidades polticas, estructuras de movilizacin y marcos interpretativos culturales.

    Madri: Istmo, 1999.

    MISCHE, Ann. De estudantes a cidados: redes de jovens e participao poltica. Revista Brasileira

    de Educao, n5/6, p.134-150, 1997.

    MORENO, Rosangela Carrilo, ALMEIDA, Ana Maria F. O engajamento poltico dos jovens no

    movimento hip-hop. Revista Brasileira de Educao, v. 14, n. 40, p. 130-142, jan-abr. 2009.

    OLIVEIRA, Wilson J. Posio de classe, redes sociais e carreiras militantes no estudo dos movimentos

    sociais. RBCP, n. 3, Braslia, p. 49-77. jan-jun. 2010.

    PASSY, F. Laction altruiste: Contraintes et opportunits delengagement dans les mouvements sociaux. Genve: Librairie Droz, 1998.

    PASSY, Florence; GIUGNI, Marco. Life-Spheres, Networks, and Sustained Participation in Social

    Movements: A Phenomenological Approach to Political Commitment. Sociological Forum, Vol. 15, n.

    1. p. 117 144, 2000.

    SAWICKI, Frdric e SIMEANT, Johanna. Inventrio da sociologia do engajamento militante: Nota

    crtica sobre algumas tendncias recentes dos trabalhos franceses. Sociologias, vol.13, n.28, p. 200-

    255. 2011.

    SEIDL, Ernesto. (Re)pensar os movimentos sociais. Revista Brasileira de Cincias Sociais, v. 26, n.

    75, p. 178-181. 2011.

    SEIDL, Ernesto. Disposies a militar e a lgica de investimentos militantes. Pro-posies, Campinas,

    v. 20, n. 2 (59), p. 21-39, maio-ago. 2009.

    SILVA, Marcelo Kunrath; RUSKOWSKI, Bianca de Oliveira. Repertrios de ao e socializao de

    jovens militantes: etnografia da performance poltica. IN: IX Reunio de Antropologia do Mercosul.

    Curitiba, 2011.

    SNOW, David; ROCHFORD, F. B.; WARDEN, S.; BENFORD, R. Frame alignment processes,

    micromobilization, and movement participation. American Sociological Review. August, n. 51, p.

    464-481, 1986.

    TARROW, Sidney. O poder em movimento: movimentos sociais e confronto poltico. Petrpolis, RJ:

    Vozes, 2009.

    TILLY, Charles. Mechanisms in political processes. Annu. Rev. Polit. Sci. v.4, p. 2141. 2001.

    TILLY, Charles; TARROW, Sidney. Contentious politics. Boulder: Paradigm Publishers, 2007.