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O Professor como Educador e Promotor de Saúde - Um Partilhar de Reflexões na Primeira Pessoa Relatório de Estágio Profissional Relatório de Estágio Profissional apresentado com vista à obtenção do 2º ciclo de Estudos conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário ao abrigo do Decreto- lei nº 74/2006 de 24 de março e do Decreto-lei nº 43/2007 de 22 de fevereiro. Orientador FADEUP: Professor Doutor Ramiro Rolim Professor Cooperante: Arnaldino Ferreira Fernando Matos Ferreira Fernandes Porto, julho de 2013

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O Professor como Educador e Promotor de

Saúde - Um Partilhar de Reflexões na

Primeira Pessoa

Relatório de Estágio Profissional

Relatório de Estágio Profissional

apresentado com vista à obtenção

do 2º ciclo de Estudos conducente

ao grau de Mestre em Ensino de

Educação Física nos Ensinos Básico

e Secundário ao abrigo do Decreto-

lei nº 74/2006 de 24 de março e do

Decreto-lei nº 43/2007 de 22 de

fevereiro.

Orientador FADEUP: Professor Doutor Ramiro Rolim

Professor Cooperante: Arnaldino Ferreira

Fernando Matos Ferreira Fernandes

Porto, julho de 2013

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Ficha de Catalogação

Fernandes, F. (2013). O Professor como educador e promotor de saúde - Um

partilhar de reflexões na primeira pessoa: relatório de Estágio Profissional.

Porto: Relatório de Estágio Profissional para a obtenção do grau de Mestre em

Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, apresentado à

Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

Palavras-Chave: Educação Física, Escola, Estágio Profissional, Professor,

Reflexão.

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Agradecimentos

É com profundo reconhecimento que agradeço:

À minha família, mãe, pai e irmão, por…tudo. Assim como a

compreensão, paciência, carinho, encorajamento, auxílio e uma educação

repleta de bons valores.

À minha namorada, por todo o apoio, compreensão, e força, mesmo

quando tudo parecia querer desmoronar-se. Pelas partilhas de momentos de

alegria e tristeza e acima de tudo, por todos os momentos de “ausência” que,

pacientemente, compreendeste, estando sempre ao meu lado.

Ao meu Professor Cooperante, ao Dino, que deste o primeiro momento

nos tratou de igual para igual, com uma abertura própria de um amigo. Quero

agradecer-lhe pela presença, pelo apoio constante e pelas indicações sempre

críticas, refletidas e construtivas. Pela autonomia e emancipação, ao longo de

uma orientação atenta e assertiva, bem como pela confiança, conselhos

especializados e reforços positivos, com que me distinguiu, que se revelaram

essenciais no meu crescimento enquanto aluno, professor e pessoa que sou.

Ao meu Orientador Professor Ramiro Rolim, a atitude de apoio, versus

desafio, pela sua disponibilidade conselhos e críticas oportunas, bem como a

transmissão dos seus profundos conhecimentos que me marcaram fortemente.

Ao Professor Nuno Corte-Real, pela ajuda e apoio na elaboração do

estudo. Sempre disponível, até fora de horas. Um sincero Obrigado.

Ao meu grupo da faculdade, seus b…..b…., vocês sabem o nome, por

todas as partilhas, por todos os cafezinhos, por todo o stress, transformado em

brincadeira e acima de tudo, por estarem sempre disponíveis e ao meu lado,

quando necessitei. Uns verdadeiros Amigos! Obrigado.

Agradeço à ESAS, e FADEUP, às direções, Professores, Funcionários e

Alunos, sempre presentes. A todos o meu Obrigado.

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Índice Geral

Agradecimentos ......................................................................................................... iii

Índice Geral ................................................................................................................. v

Índice de Tabelas ...................................................................................................... vii

Resumo ...................................................................................................................... ix

Abstract ...................................................................................................................... xi

1. Introdução ............................................................................................................ 1

2. Dimensão Pessoal ............................................................................................... 3

2.1 Expetativas ....................................................................................................................... 7

3. Enquadramento da Prática Profissional .......................................................... 11

3.1 Meio geográfico da escola ...................................................................................... 11

3.2 Escola Secundária Alberto Sampaio .......................................................................... 13

3.3 A População Alvo ........................................................................................................... 15

3.4 Caraterização da Turma ............................................................................................... 17

4. Realização da Prática Profissional ................................................................... 19

4.1 Conceção ........................................................................................................................ 19

4.2 Planeamento ................................................................................................................... 21

4.3 Realização ...................................................................................................................... 28

4.4 Momentos desafiantes .................................................................................................. 45

4.5 Aprendizagens Pessoais e Profissionais ................................................................... 50

4.5.1 Cooperação com o Diretor de Turma .................................................................. 52

4.6 Estratégias utilizadas para o sucesso dos alunos .................................................... 53

5. Estudo ................................................................................................................ 57

Resumo .................................................................................................................................. 58

1. Introdução ......................................................................................................................... 59

2. Material e Métodos .......................................................................................................... 61

2.1. Amostra ...................................................................................................................... 61

2.2. Instrumentos e Procedimentos ............................................................................... 61

2.3. Resultados ................................................................................................................. 62

2.4. Discussão dos Resultados ...................................................................................... 71

4. Conclusão e Sugestões .................................................................................................. 75

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5. Referências Bibliográficas .............................................................................................. 77

6. Ser Professor ..................................................................................................... 81

7. Reflexões Finais e Perspetivas para o Futuro ................................................. 83

8. Referências Bibliográficas ................................................................................ 85

9. Anexos ............................................................................................................... 88

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Índice de Tabelas

Tabela 1. Prática desportiva fora do contexto escolar ....................................................... 62

Tabela 2. Frequência semanal dos praticantes ................................................................... 63

Tabela 3. Praticantes por modalidades ................................................................................ 63

Tabela 4. Atividade Física - Caminhar .................................................................................. 64

Tabela 5. Atividade Física - Andar; Correr; Saltar............................................................... 64

Tabela 6. Motivos ..................................................................................................................... 65

Tabela 7. Barreiras ................................................................................................................... 66

Tabela 8. Registos diários do pedómetro de uma aluna .................................................... 67

Tabela 9. Conclusões da entrevista ...................................................................................... 68

Tabela 10. Classificação da AF, de acordo com o número de passos por dia .............. 73

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Resumo

Os objetivos / finalidade do Estágio Profissional vão no sentido de que o

Estudante-Estagiário adquira competências e vivencie experiências, que lhe

permita colocar em contexto real, toda uma panóplia de recursos teóricos

aprendidos, em toda a sua formação académica.

O meu Estágio Profissional decorreu na Escola Secundária Alberto

Sampaio, em Braga, entre setembro 2012 e junho de 2013. A supervisão deste

Estágio esteve ao cargo do Professor Orientador e do Professor Cooperante.

Fiz parte de um núcleo de estágio, o qual era composto por mais dois

elementos e de um grupo de Educação Física. Advindo da junção de todos

estes elementos surgiram partilha de conhecimentos, opiniões, bem como se

constituiu no suporte fundamental para o meu desenvolvimento profissional

O presente relatório encontra-se dividido em seis capítulos. No primeiro

capítulo, “Dimensão Pessoal”, realizei uma reflexão autobiográfica baseada na

minha experiência e formação pessoal e profissional, bem como as

expetativas, confrontadas com a realidade. No capítulo seguinte

“Enquadramento da prática Profissional” realizo uma caraterização do meio

interno e externo da escola onde se inseriu este estágio. Após esta

caraterização, tento responder, através da “Realização da Prática Profissional”

a todo um conjunto de problemáticas em torno do processo ensino

aprendizagem, relação professor – aluno, estratégias aplicadas, momentos

marcantes entre outros. No próximo capítulo “Elaboração de um Estudo”, ilustra

a missão de um Professor em ser um promotor de hábitos desportivos que

contribuam para uma melhor saúde dos alunos. O estudo apresentou como

objetivo conhecer os hábitos desportivos dos alunos, fora do contexto escolar,

resultando numa intervenção particular a uma aluna com excesso de peso.

No penúltimo capítulo, tento expressar, o que é “Ser Professor” e por

fim, no último apresento as “ Conclusões e Perspetivas para o Futuro”.

Palavras-Chave: Educação Física, Escola, Estágio Profissional, Professor,

Reflexão.

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Abstract

The objectives / purpose of the Internship will towards the student-trainee

acquire skills and competences and experiences, enabling him to put in a real

context, a whole range of theoretical resources learned throughout their

academic training.

My Internship in Secondary School took Alberto Sampaio, in Braga,

between September 2012 and June 2013. The supervision of this stage was the

post of Professor and Advisor of the Cooperating Teacher. I was part of a

training group, which was composed of two elements and a group of physical

education. Arising from the combination of all these elements arose sharing

knowledge, opinions, and thus constitutes a fundamental support for my

professional development

This report is divided into six chapters. In the first chapter, "Personal

Dimension", I intend to give me to know, through my experience, personal and

professional training, as well as expectations, confronted with reality. In the next

chapter "A Framework for Professional Practice" work a characterization of the

environment and off the school where this internship took place. After this

characterization, in the "Realization of Professional Practice” I try to answer to a

whole set of issues around the learning process, the teacher - student, applied

strategies, among other important moments. The chapter "Developing a Study,"

which appears immediately below illustrates the mission of a teacher in being a

promoter of sporting habits that contribute to student’s better health. The study

aimed to know the sporting habits of students outside the school environment,

resulting in an intervention to a particular overweight student.

In the penultimate chapter I try to express what is "Being a Teacher" and

finally in the last one, I present the "Conclusions and Prospects for the Future".

Keywords: Physical Education; School Placement; Internship; Teacher;

Reflection

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1. Introdução

O presente Relatório foi elaborado no âmbito da Unidade Curricular “Estágio

Profissional”, conducente ao grau de Mestre em Ensino da Educação Física

nos Ensinos Básico e Secundário da Faculdade de Desporto da Universidade

do Porto (FADEUP). O Estágio Profissional foi realizado na Escola Secundária

de Alberto Sampaio, em Braga, onde me concederam a oportunidade de

durante todo um ano letivo, lecionar uma das turmas do meu Professor

Cooperante. Desta forma, fiquei incumbido de assumir todas as tarefas e

funções inerentes ao cargo.

Os documentos que regem e orientam o Estágio Profissional (Matos, 2012),

nas quais assenta a redação deste relatório, têm como base uma integração do

Estudante-Estagiário no exercício da vida profissional, de forma progressiva e

orientada. Pretende-se desta forma que o estudante-estagiário “trabalhe as

suas competências profissionais”, assentes num constante espírito crítico, para

que no futuro, possa atuar com independência.

As páginas que se seguem, são o culminar de todo um ano de trabalho, na

concretização de Ser Professor. Têm por objetivo a realização de uma reflexão

consciente e subjacente ao processo de ensino e aprendizagem durante o

percurso letivo. O Estágio Profissional pode ser entendido como mais uma

etapa no longo e inacabado processo de Formação Individual revestindo-se, no

entanto, de uma especificidade que o torna num momento marcante. No fundo,

proporciona o tão desejado “confronto das bases teóricas com a prática”, onde

cada um de nós tem a oportunidade de conduzir o seu processo ensino

aprendizagem da Educação Física, para o qual, temos a necessidade de

recrutar todo um leque de conhecimentos acumulados ao longo dos anos e

fazer a sua aplicação em contexto real.

Este documento está organizado de acordo com as normas do Estágio

Profissional e em áreas de interesse. O primeiro capítulo diz respeito ao

enquadramento pessoal, onde retrato o meu percurso pessoal e desportivo, ao

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longo da vida, bem como as expetativas para o Estágio Profissional. O capítulo

seguinte diz respeito ao enquadramento da prática profissional, onde caraterizo

o meio interno e externo à escola, onde realizei o estágio.

O próximo capítulo, talvez o mais extenso, mas também um dos mais

importantes, diz respeito à realização da prática profissional. Nele estão

condensadas as informações e reflexões alusivas ao desenvolvimento de todo

o processo de ensino aprendizagem. Este capítulo está dividido em outros

subcapítulos, tais como, a conceção, o planeamento, a realização e a avaliação

do ensino, entre outros. Além disso, retrato, quais os momentos marcantes,

quais as tarefas que realizei na escola, quais as estratégias que utilizei, bem

como a terminologia usada durante as aulas.

Os capítulos seguintes dizem respeito, primeiro, à elaboração de um estudo

e posteriormente, ao meu entendimento do Ser Professor. Por fim, o último

capítulo é dedicado às conclusões, recordando em revista tudo o que foi

mencionado e perspetivando o futuro.

Pretendo assim, sintetizar de forma real e coerente todo o trabalho

realizado ao longo deste ano, no estabelecimento de ensino onde efetuei esta

etapa final da formação inicial. Tentarei que tudo o que sinto, ou senti, ao longo

do estágio, fique aqui refletido. Espero, que este documento corresponda e

satisfaça todas as exigências definidas para a sua realização. Citando Alberto

Sampaio, um dos patronos e que dá o nome à escola onde exerci o estágio:

“ Nunca se perde tempo com aquilo que amamos”.

(Alberto Sampaio)

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2. Dimensão Pessoal

O meu nome é Fernando Matos Ferreira Fernandes, nasci em Braga ao

primeiro dia do mês de março de 1984. Dizem que sou comunicativo,

atencioso, brincalhão, muito responsável e simpático, tenho noção dos meus

defeitos, teimoso é um deles. Sou um ser impulsivo, emotivo e bastante

empenhado.

Pertenço a uma família humilde com raízes no norte do nosso Portugal,

vinculadas ao trabalho. Ao longo destes 29 anos, fui acumulando experiências,

aprendizagens mas muitas dúvidas e incertezas. A única certeza que tenho é

que não me arrependo do rumo que proporcionei à minha vida, um rumo

dirigido para o desporto e para a docência.

Será que foi tudo assim tão linear?

Que etapas na minha vida, fizeram com que escolhesse esta vertente?

A primeira pergunta que toda a gente me faz prende-se com o facto de ter

29 anos e só agora estar a acabar o Mestrado, quando amigos, conhecidos

com esta idade, já trabalham e possuem descendentes. Pois bem, tudo

começou na minha infância onde o jogar ocupava a maior parte do meu tempo.

Desde pequenino que a prática de qualquer atividade, indoor ou outdoor se

tornou habitual no meu quotidiano. Inevitavelmente, na escola a Educação

Física sempre foi um espaço no qual me senti como que “em casa”. No

entanto, aos 12 anos de idade, surgiu um dos convites mais importantes da

minha vida: integrar a equipa de andebol do desporto escolar na Escola

Secundária de Maximinos. Este convite veio a revelar-se fundamental em

futuras escolhas académicas e profissionais.

Comecei por adquirir o gosto pela modalidade, pelo desporto

regulamentado e pelos valores que me foram transmitidos, associados a

amizades que ainda hoje perduram. A partir desse momento, todas as minhas

escolhas relacionadas com a educação escolar como de cursos superior, foram

condicionadas por aquela longínqua mas “bela” decisão. Frequentei o antigo

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curso de Desporto na Escola Secundária Alberto Sampaio, que saudades da

prática das 8 horas semanais, das diversas modalidades desportivas. Nesse

tempo tive um professor na Escola Secundária Alberto Sampaio que marcou a

minha forma de praticar, de estar e de pensar, pela sua dedicação, rigor,

empenho e o sentimento de compromisso que transmitia em todas as aulas.

Nas introspeções, “navegava” na possibilidade de poder vir a ocupar aquele

cargo, inevitavelmente, um reflexo súbito, levava-me a esboçar um sorriso de

satisfação.

Naqueles tempos da adolescência conciliava a minha vida académica com

a de jogador federado e com a minha profissão, técnico de informática. Foi aos

16 anos de idade que necessitei de ir trabalhar para ajudar a minha família,

mas nunca consegui deixar de jogar nem perder a minha segunda família, o

ABC de Braga e a minha formação académica.

Como consegui conciliar tudo isto?

Lembro-me, como se fosse hoje, das rotinas daqueles tempos. Acordar às

7h30, frequentar a escola até às 13h30, caminhar e almoçar. Num ápice, às

14h estava pronto para trabalhar na loja de informática. Às 19h, finalizado o

trabalho, havia a necessidade de trocar os livros da mochila, pelas sapatilhas e

equipamento de treino, para repetir a tarefa de forma inversa às 23h quando,

após chegar a casa, preparava o dia seguinte.

No momento em que atingi o expoente máximo no desporto federado,

campeão nacional de juniores em andebol, percebi que tinha pago a fatura por

ter conciliado tudo o que descrevi anteriormente. Neste sentido, sem

possibilidade de dar continuidade à minha formação, optei por privilegiar a

vertente laboral, dedicando-me a tempo inteiro. Preteri a prática do andebol

uma vez que, quando cheguei a atleta sénior fiquei “sem espaço” na equipa

principal do ABC. Quanto à minha formação, foi sempre um objetivo concluir o

12º ano de escolaridade. Desta forma, inscrevi-me no antigo ensino recorrente.

Em 2006, após 3 anos, a conciliar estudos e trabalho a tempo inteiro, consegui

terminar a minha formação no ensino secundário (12º ano).

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Desse tempo, recordo-me do dinheiro que tinha no bolso, aprendi a dar-lhe

valor mas, também do meu sentimento de tristeza, por estar fechado entre 4

paredes durante 8h e de não poder partilhar e disfrutar das histórias que os

meus colegas do andebol me contavam.

Decidi, imprimir uma mudança de 180 graus na minha vida, arriscar e ser

feliz. Como tal, abdiquei do trabalho, levantei todo o meu “pé-de-meia” e em

2007 concorri a licenciatura do Desporto em Espanha, onde o apoio financeiro

(bolsa de estudo) era substancialmente superior ao que se verificava em

Portugal.

Após dois anos na Galiza, onde acumulei um número infindável de histórias,

aprendizagens, amizades e consequências positivas para a minha vida,

verifiquei que as condições financeiras, por força da crise europeia que ainda

hoje perdura, foram-me retiradas. Nesse sentido em 2009, apareceu uma

“lufada de ar fresco” na minha vida, a FADEUP.

Porquê esta minha escolha?

Por ser a mais prestigiada Faculdade do país e por ser a minha referência

(pré-requisitos) nos tempos da Escola Secundária Alberto Sampaio, no curso

de desporto. Aqui, a minha vida ganhou novo alento, além das amizades que

hoje duram e o conjunto de ferramentas que a faculdade me providenciou,

fazem com que hoje esteja a escrever este relatório palmilhando o passado

com uma nova forma de pensar, alicerçada numa diferente capacidade de

escrita. Nesta Faculdade tive a oportunidade de me licenciar, a de me iniciar

como treinador (treinador dos iniciados de andebol do ABC de Braga) e

também, a oportunidade de voltar ao meu andebol como atleta universitário.

Por tudo isto, devo muito à FADEUP, por me orientar na vida, apesar das

incertezas do futuro. Por me formar enquanto pessoa e homem que sou mas,

também como um Ser Professor, um Educador, uma referência para os meus

alunos e atletas.

Mas perguntam vocês, porque te consideras uma referência para os teus

alunos e atletas?

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Segundo Nóvoa (s.d), durante muito tempo, procuraram-se os atributos ou

as características que definiam o bom Professor. Esta abordagem conduziu, já

na segunda metade do século XX, à consolidação de uma trilogia que teve

grande sucesso: saber (conhecimentos), saber-fazer (capacidades) e saber-ser

(atitudes).

Revendo-me nestas palavras considero que possuo algumas características

referidas. Desde muito cedo, fui adquirindo conhecimentos, capacidades e

atitudes que me permitiram encarar com otimismo, este ano de Estágio. Fruto

da minha experiência em conjugar a vida escolar com o emprego e o Desporto,

aprendi a organizar-me, a estabelecer prioridades e a lidar com as mais

diferentes pessoas dos mais diversificados estratos sociais, nos mais diversos

e variados contextos.

A vida em torno do Desporto, nomeadamente do andebol, um desporto

coletivo que me fez adquirir experiência através do acumular das mais diversas

posturas e atitudes, perante o contexto onde estamos inseridos. Fruto da

competição, experienciei a vitória e a derrota, aprendi a controlar as emoções,

a respeitar e a ser respeitado, mesmo quando as adversidades parecem não

acabar, mesmo quando desejamos que o relógio pare ou até mesmo avance

de forma célere.

No que respeita aos conhecimentos, sinto-me privilegiado por ter tido a

oportunidade de frequentar a FADEUP e a Universidade de Vigo. Fui instruído

por bons professores (boas referências) e acima de tudo por ter sido

emancipado pelas duas faculdades, tanto na procura e aquisição dos mais

diversificados conhecimentos como na sua aplicação às mais diversas idades.

Experimentei e apliquei, diferentes metodologias em realidades culturais

semelhantes mas não iguais.

Concluindo, à minha personalidade que considero forte e, pela passagem

nos contextos percorridos, acrescentei caraterísticas que me aportam

ferramentas importantes e necessárias para lecionar um integrado e

progressivo leque de conteúdos e objetivos, adaptados à realidade onde estou

e estarei inserido.

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2.1 Expetativas

O contexto social e profissional da vida de um docente em Portugal é

complicada, como todos nós sabemos. Todos os dias, acordamos com notícias

de cortes na educação, despedimentos, desemprego, reformas adiadas, entre

outros. Se tivesse entrado para a faculdade como um aluno que percorreu os

12 anos de escolaridade de forma normal, mais os 5 anos de faculdade, estaria

licenciado desde 2007. Nessa altura as dificuldades eram algumas embora

houvesse mais esperança e mais oportunidades ao longo do nosso território.

Inclusive, tenho amigos licenciados dessa data que estão colocados, quer em

escolas primárias quer em escolas básicas e ou secundárias.

Então para quando uma oportunidade para mim?

Neste sentido, respondendo à pergunta que deixei em suspenso no

capítulo anterior irei confrontar as minhas expetativas iniciais, no remoto mês

de Setembro, com as reflexões que realizei ao longo deste ano de estágio.

Partirei de uma análise mais global, para uma análise mais detalhada.

Pressenti que iria ser um ano de grande realização pessoal, influenciada

pelo facto de querer ser um professor que marcasse, de forma positiva, a

juventude destes alunos, assim como alguns dos meus professores marcaram

a minha mas, também, por ter a oportunidade de promover o desporto e a

saúde. Perante este cenário e retrocedendo no tempo, considero que, quanto à

primeira expetativa não consegui obter respostas embora ouvisse dos alunos:

“- Para o ano vamos pedir, com assinaturas, para o professor, ficar com a

nossa turma outra vez”.

Do desejo manifesto de ficar para o próximo ano com eles até ao marcar

uma geração, vai um longo percurso. No entanto, penso que ao ouvir

determinadas frases, julgo que os alunos ficaram satisfeitos por me ter

enquanto professor.

Quanto à promoção da saúde, faz parte das missões do professor e da

escola promover a saúde e o desporto, junto dos seus alunos. Os professores

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devem ser preparados para discutir questões de saúde, higiene, alimentação,

de maneira crítica e contextualizada, vinculando saúde às condições de vida e

direitos do cidadão. Desenvolver o senso crítico, formar o cidadão de amanhã é

tarefa da educação e dos Professores (Collares e Moisés, 1989).

Neste aspeto, tentei transmitir durante as conversas informais, mesmo

nas conversas realizadas na reflexão de final de aula a necessidade de serem

ativos, de adquirirem bons hábitos alimentares e desportivos. Elaborei um

estudo, que o colocarei na íntegra neste relatório, sobre este mesmo tema.

De certa forma, sinto-me algo realizado e recompensado, pois fui capaz

de chegar aos alunos, consciencializá-los, intervir em situações de excesso de

peso e até encaminhá-los para a prática desportiva federada, como foi um caso

de um aluno, que começou a praticar salto em altura no S. C. Braga, por minha

indicação. Segundo Mota e Sallis (cit. Mendes, 2009 p.37):

“A função dos professores é preponderante para levar os alunos a terem

experiências positivas, a procurarem e a desejarem a obtenção de sucesso, a

ajudarem na consciencialização e decisão na escolha autónoma de estilos de

vida ativos”.

Em relação aos alunos as minhas expetativas eram altas, visto estar

habituado ao treino desportivo, à responsabilidade e ao compromisso dos

atletas face ao treino. Posso, agora dizer que notei alguma diferença, isto é, os

alunos federados fora do contexto escolar apresentaram a mesma dinâmica

que esperava, no entanto, deparei-me com uma minoria 2-3 alunos que,

basicamente pareciam não gostar das aulas de Educação Física.

Com respeito ao Professor Cooperante, já tinha boas referências por

parte de colegas que haviam realizado o estágio em anos anteriores. No

entanto, esperava que fosse um facilitador do meu trabalho, me ajudasse a

perceber algumas rotinas e dinâmicas de funcionamento da turma. Corrigisse

os meus erros de forma pronta, simples e eficaz e acima de tudo, que

confiasse em mim e no meu trabalho. No Professor Cooperante, encontrei mais

que um professor, um amigo, um moderador da minha impulsividade, um

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facilitador com um discurso frontal e sincero. Divergimos em alguns pontos,

mas convergimos em quase todos. Nunca me deu uma resposta concreta,

“obrigou-me” sempre a pensar, a encontrar através de pistas, as respostas que

ansiava, levando-me muitas vezes à quase exaustão psicológica.

Descomplicou-me conceitos teóricos e auxiliou-me na sua aplicação prática.

Garantiu-me autonomia em todas as decisões sobre a turma sem nunca pôr

em causa a minha autoridade. Responsabilizava-me e corrigia-me por qualquer

ato que tomasse. Lembro-me de algumas palavras que o Professor Cooperante

me disse no início do estágio, não deixes de ser quem tu és, mostra o teu lado

natural aos alunos, não sejas artificial, embora por vezes necessites de o ser.

O grupo de estágio era formado por mais duas colegas. Também as

conhecendo bem, visto terem sido minhas colegas na licenciatura, bem como

no 1º ano deste ciclo. Calculava que iriamos passar imenso tempo juntos,

partilhar opiniões, dificuldades, alegrias, tristezas entre outros aspetos. A

organização das datas de reunião, o imenso trabalho, as dúvidas infinitas, o

aproximar do contacto com os alunos, foram questões que conseguimos

superar, apoiando-nos uns nos outros e constatei o espirito de compromisso e

entreajuda existente. Porém, hoje em dia, é comum, conciliar os estudos com

um part-time. As minhas colegas e eu, não fugimos à regra, este facto, foi

preponderante, porque nos retirou algum tempo de contato na escola.

Reunimos uma vez por semana com o nosso professor cooperante, sempre

que fosse necessário, mas nunca foi necessário agendar uma reunião

semanal, tal como o nosso professor cooperante destacou no início.

Com respeito às aulas, partilhamos imensas em conjunto, tanto a

observar como a lecionar. “Cozinhamos” aulas, com os ingredientes de cada

um. Costumava dizer que se nós nos unificássemos numa só pessoa, dávamos

um professor perfeito, se é que ele existe. Portanto, comparando as

expetativas com a realidade vivenciada, penso que coincidiram, no entanto,

não podemos esquecer que foi necessário dar-me a conhecer, para as

conhecer melhor a elas e obviamente, demorou o seu tempo.

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10

Relativamente ao meu Professor Orientador, também conhecendo bem

a pessoa que é, e estando consciente do seu nível de exigência, dos seus

métodos de trabalho e das suas áreas de estudo, tinha as minhas expetativas

elevadas. Foi uma pessoa que me obrigou a batalhar intelectualmente, é

exigente e um comunicador de excelência. Admiro os extensos mas ricos

textos que redige. Às vezes perco-me na leitura, pois a sua escrita, leva-nos a

divagar numa introspeção profunda, na busca de significados, resultados,

conclusões, entre outros. Tem sempre uma palavra amiga e solução para todos

os nossos problemas, adapta-se ao meio e ao contexto como ninguém. Ajudou

na minha emancipação. Não me defraudou enquanto Orientador, professor e

amigo que é.

Em suma, penso que entre todos, conseguimos criar um clima

harmónico, de partilha de conhecimentos, estratégias, dúvidas, dificuldades,

alegrias, tristezas, um clima onde reinou a solidariedade, o espírito de trabalho.

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3. Enquadramento da Prática Profissional

Aproveitando as evidências referidas no capítulo anterior, sobre a

necessidade de manter um clima ótimo entre todos os agentes envolvidos, no

processo de ensino aprendizagem, no desenrolar da nossa prática profissional,

que papel desempenha o envolvimento do estágio?

Será que o meio onde está inserido condiciona o papel do estudante-

estagiário?

Segundo Torres (2008), não podemos verdadeiramente compreender a

importância das especificidades culturais de uma dada organização sem

primeiro identificarmos os tempos, os lugares e os espaços em que elas

ocorrem. A mesma autora indica-nos que a escola de hoje está carregada de

diversidades culturais. Enquanto agência desta mediação, a escola assemelha-

se metaforicamente a um entreposto cultural, a um posto dinâmico entre

culturas (Torres, 2008). Ainda, segundo Kröeber (1993, cit. por Garcia, 2010),

que refere a importância da cultura, a qual se pode traduzir como constituindo

as interferências do meio envolvente, na construção do Homem.

Neste sentido sinto a necessidade de enquadrar o meu Estágio Profissional

no meio onde se integrou, nomeadamente com respeito à cidade, à escola, aos

alunos e à turma.

3.1 Meio geográfico da escola

Segundo dados retirados da Câmara Municipal de Braga (2013), Braga,

fica situada na região do Minho. Geograficamente localiza-se no vale do

Cávado, na região Noroeste de Portugal Continental. Com uma área de 184

Km2 confronta a Norte com os concelhos de Vila Verde e Amares, a Nordeste e

Este com Póvoa de Lanhoso, a Sul e Sudeste com Guimarães e Vila Nova de

Famalicão e a Oeste com o concelho de Barcelos. O relevo do concelho é

caracterizado por uma relativa irregularidade com áreas de vale que se

espalham por todo o território, que se contrapõem amiúde com pequenas

formações montanhosas, dispostas segundo alinhamentos paralelos aos rios

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principais. Limitado a norte pelo rio Cávado, a sul pelo conjunto de elevações

que formam a Serra dos Picos (566m) e a nascente pela Serra dos Carvalhos

(479m), o concelho de Braga, abre-se a poente para os concelhos de

Famalicão e Barcelos. O território desenvolve-se de nordeste para sudoeste,

acompanhando os vales dos dois rios que o atravessam, os quais, juntamente

com os outros cursos de menores dimensões, geraram duas plataformas.

Predominam as zonas de vale, que não atingem altitudes elevadas, variando

os seus valores entre os 20 e os 570 metros, pelo que a exposição solar, é de

um modo geral boa em quase todo o território.

Administrativamente, o concelho de Braga é a capital do distrito de

Braga e abrange a totalidade de 62 freguesias, atingindo a população total

residente um valor de 164 192 habitantes, em 2001. Sendo um concelho

predominantemente urbano, principalmente em torno da cidade. O clima de

Braga é favorecido pela influência Atlântica, devido aos ventos de Oeste que

são canalizados ao longo dos principais vales, transportando grandes massas

de ar húmido, assim pode considerar-se que o clima da região é ameno e com

as quatro estações bem definidas. Com efeito, essas massas, de ar mantêm a

humidade relativa em valores que rondam os 80%, permitindo a manutenção

dos valores médios da temperatura anual entre os 12.5º C e 17.5ºC. No

entanto, devido ao acentuado arrefecimento noturno, geram-se

frequentemente geadas, cuja época dura de três a quatro meses, cerca de

trinta dias de geada por ano.

A precipitação anual ronda os 1659 mm, com maior intensidade nas

épocas de Outono, Inverno e Primavera. Os Invernos são bastante pluviosos e

frios, e geralmente com ventos moderados de Sudoeste. Em anos muito frios

pode ocorrer a queda de neve. As Primaveras são tipicamente frescas, as

brisas matinais ocorrem com maior frequência, principalmente nas maiores

altitudes. De salientar o mês de Maio que é bastante propício às trovoadas,

devido ao aquecimento do ar húmido com a chegada do Verão. Os Verões são

quentes e solarengos com ventos suaves de Este. Nos dias mais frescos,

podem ocorrer espontaneamente chuvas de curta duração, bastante

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importantes para as culturas agrícolas, tornando a região rica em vegetação

durante o ano inteiro, sendo conhecida como Verde Minho. Os Outonos são

amenos e pluviosos, geralmente com ventos moderados. Enquanto a

temperatura desce, aumenta a pluviosidade até atingir os valores mais altos do

ano. Existe uma maior frequência de nevoeiros, principalmente no Vale do Rio

Cávado onde ocorrem nevoeiros matinais bastante densos.

3.2 Escola Secundária Alberto Sampaio

Caraterizada a cidade onde a escola se insere e tendo por base o

projeto educativo, da Escola Secundária Alberto Sampaio (2011-2013), esta

localiza-se no setor nascente da freguesia de S. Lázaro da cidade de Braga e

foi construída na parte sul do plano fluvial do rio Este. A freguesia (a segunda,

do concelho e cidade em número de habitantes) ocupa atualmente a zona

sudeste da cidade de Braga.

Relativamente à comunidade educativa, a Escola Secundária Alberto

Sampaio capta uma população estudantil muito diversificada, servindo,

fundamentalmente, a zona centro e sul da cidade, onde pontuam famílias de

diferentes estratos sociais. Contudo, nos últimos anos, tem-se acentuado a

tendência para uma maior diversificação, integrando a escola alunos

provenientes de todas as freguesias da cidade. Assim, na tentativa de

corresponder às necessidades específicas de cada aluno, a escola transforma

o seu espaço educativo, numa superfície de oportunidades para todos. Há um

funcionamento contínuo entre as 8h30 e as 24h00, dos diferentes espaços de

apoio aos alunos, tais como a biblioteca/centro de recursos, a sala de estudo

com professores sempre presentes, entre outros espaços. Assim, a diversidade

continua a constituir o pano de fundo a partir do qual a escola trabalha. O

caráter heterogéneo do perfil global desta instituição, com a integração de

alunos provenientes dos mais diversos meios sociais, económicos, culturais e

com diversas experiências de vida, tem sido encarado como um desafio

permanente e uma mais-valia a sustentar. Na realidade, esta diversidade tem

fomentado o desenvolvimento de inúmeros projetos e um ambiente educativo

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que consideramos adequado ao desenvolvimento das aprendizagens e da

formação dos nossos alunos.

As atividades desenvolvidas pelo grupo de educação física, bem como as

atividades do desporto escolar, com especial destaque para o Troféu e o Sarau

Escola Secundária Alberto Sampaio. Estes dois eventos marcantes da escola,

envolvem taxas de participação média na ordem dos 500 alunos, no caso do

primeiro, e um público de cerca de 3000 pessoas na segunda organização,

enchendo repetidamente todos os anos o maior auditório da cidade. O projeto

educativo de escola, nos capítulos dedicados à “Ação Estratégica da Escola”

contém os 3 princípios basilares de funcionamento da escola:

Trabalho colaborativo e cooperativo em toda a preparação, realização e

avaliação do ensino;

Articulação curricular, assumindo que em conjunto se trabalha melhor,

sem preconceitos, hierarquias e com humildade assumimos que não

somos omniscientes e em conjunto discutimos de forma transversal o

ensino e avaliámo-nos mutuamente;

Autoavaliação. Para podermos melhorar temos de perceber os

resultados do nosso trabalho, sendo necessário monitorizá-lo.

A Escola Secundária Alberto Sampaio, tal qual a conheci, já não existe

fisicamente. Inserida no projeto da parque escolar, entre o ano letivo 2009/2010

e 2010/2011 a escola foi requalificada e modernizada. Os espaços e

infraestruturas foram modificados e reestruturados de uma forma que faz da

escola, atualmente, um espaço de educação com condições de excelência.

Cada um dos edifícios integra salas de aula normais e salas específicas, com

apetrechamento técnico adequado. A escola ficou ligada como um todo, sendo

possível percorrê-la de um lado a outro pelo interior (à exceção do pavilhão

gimnodesportivo). Com esta requalificação ficou dividida em 7 grandes blocos

pelos quais se distribuem todas as salas normais e específicas, biblioteca,

cantina, serviços administrativos, direção e auditórios que têm para nós algum

interesse. As instalações desportivas dispõem de um pavilhão gimnodesportivo

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(40x30m), duas salas de ginástica, campos exteriores de andebol, futebol,

basquetebol e voleibol, caixa de areia, pista de atletismo de 200m.

Concluindo, excetuando o espaço físico, obviamente, superior ao tempo em

que era aluno, tudo o resto se mantêm, a empatia que se regista nos

corredores, as dinâmicas de ensino, as caras que nos reconhecem de outro

tempo, até a nossa funcionária do pavilhão gimnodesportivo, que ainda hoje

me chama de filho, são também razões pelas quais optei por ter vindo realizar

a minha Prática de Ensino Supervisionado (PES) nesta escola.

3.3 A População Alvo

Em relação à turma, antes de a caraterizarmos, é fundamental conhecer

as características comuns associadas às idades que vamos lecionar.

Após uma revisão bibliográfica sobre o trabalho de alguns autores de

referência (Haywood, 1993; Gallahue & Ozmun, 1997; Eckert, 1993) que

desenvolveram os seus estudos, na área do desenvolvimento motor irei

salientar algumas características próprias desta etapa da adolescência. A nível

do desenvolvimento motor, este, é um período de grandes transformações

corporais. Além deste aspeto, ocorre a maturação do sistema nervoso e a

coordenação neuromuscular apura-se. Como consequência do descrito

anteriormente, a turma encontrava-se num patamar superior de maturação,

coincidente com o enunciado.

Por outro lado, referindo os autores anteriormente mencionados, em

termos de desenvolvimento psicológico, a turma apresentou algumas formas

de afirmação pessoal através do exibicionismo perante o sexo aposto, através

de ações, comentários e gestos. Estes fenómenos ocorriam de forma geral, no

grupo dos rapazes, embora em contexto mais formal de competição. Ainda

sobre o termo psicológico, os autores relatam que os jovens menos

desembaraçados fisicamente podem opor-se/desistir da prática desportiva

quando confrontados com a realidade competitiva. Desde o início do ano,

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atendendo à heterogeneidade, de género, e de nível de desempenho, decidi,

numa etapa inicial, criar equipas, por forma a evitar que os alunos menos

hábeis fossem os últimos a ser escolhidos. No entanto, com o decorrer do

tempo, passei a deixar os alunos construírem autonomamente as equipas, só

intervindo se necessário para as equilibrar, nunca apontando/indicando um

aluno menos hábil que mudasse de equipa, mas sim o mais hábil. Tomando

assim consciência deste fenómeno, procurei desde o início do ano letivo criar

equipas fixas e equilibradas, compostas por alunos de ambos os sexos por

forma a evitar um desequilíbrio competitivo, que prejudicasse a aprendizagem

e respetiva evolução dos alunos.

Por último, mas não menos importante, o fator comportamental. O

Professor deve realizar o controlo da turma de forma equilibrada e discreta,

evitando reações de oposição. A minha instrução e controlo da turma foram

realizados através das minhas ações naturais, ou seja, raras foram as

situações que necessitei de modificar a minha postura para garantir o controlo

da turma.

Como referi nos pontos anteriores, inicialmente, tinha a ideia de entrar

com um controlo apertado com os alunos, por forma a evitar constrangimentos

no bom funcionamento da aula. No entanto, o meu Professor Cooperante

alertou-me para este facto, o de não agir ou apresentar uma postura artificial,

que não correspondesse à minha verdadeira personalidade. A partir desse

momento agi equilibradamente, antecipando possíveis situações de conflito por

forma a evitá-las. Também houve momentos em que tive impor algumas regras

de funcionamento, por exemplo nos atrasos, onde o meu controlo era mais

evidente. Por exemplo, se um aluno chegasse tarde, não lhe marcava falta, no

entanto, teria que ser dos primeiros na próxima aula, caso não acontecesse

teria falta. Em relação às raparigas, teriam que ter o cabelo sempre apanhado,

não poderiam realizar a aula com pulseiras, brincos entre outros acessórios.

Apesar de ter que relembrar as raparigas durante muitas aulas, a verdade é

que as mesmas, mal se apercebiam, pediam imediatamente desculpa e

retiravam o objeto.

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Em suma, é importante que o Docente, de antemão, se familiarize com

determinados tipos de comportamentos para, desta forma, poder atuar

antecipadamente, evitando aplicar estratégias de remediação.

3.4 Caraterização da Turma

Com o começo do ano letivo, uma das prioridades a considerar foi

conhecer detalhadamente a turma que iria lecionar. É sabido que a tarefa de

ser professor, também passa pela elaboração de um planeamento. Este é

particular a cada professor, mas, como refere Vickers (1990), na sua proposta

de modelo de planeamento, é necessário adequar a prática ao contexto. Desta

forma, para que o professor possa dar o seu efetivo contributo à turma,

necessita de obter dados e conhecer a turma, no sentido global, e cada um dos

seus alunos, em particular. Para dar resposta a esta exigência, foi elaborada

uma ficha de caracterização individual dos alunos. Através do estudo destas

fichas de caracterização individual, o professor deverá conhecer não só o nome

e a idade do aluno, como também deverá ter informações suficientes acerca do

seu ambiente familiar e sociocultural. Desta forma, o professor pode, a partir

destes dados, concretizar um planeamento, mais individualizado e

personalizado, respeitando sempre o ritmo de aprendizagem de cada aluno.

Após o Professor Cooperante, nos facultar os horários escolares, talvez

por alguma intuição e sem o conseguir justificar, escolhi a turma D do 10º ano

de escolaridade. Esta turma era constituída por vinte e oito alunos, onze do

sexo feminino e os restantes dezassete do sexo masculino. A média de idades

é de quinze anos, sendo a idade mínima catorze e a máxima dezasseis. Em

relação à preferência manual, à exceção de dois casos de preferência manual

esquerda (sinistrómanos), todos os alunos são de preferência manual direita

(destrímanos). Com respeito ao agregado familiar, o número de elementos por

agregado em média é quatro, oscilando entre os seis e os dois elementos. A

grande maioria dos alunos tem apenas um irmão, havendo no entanto, oito

alunos sem irmãos e três alunos com dois, três e cinco irmãos, respetivamente.

Com respeito às idades dos pais, na grande maioria o pai tem entre quarenta e

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cinquenta anos e a mãe entre os trinta e seis e os quarenta e cinco anos de

idade. No que diz respeito às habilitações académicas, o pai revela maior

diversidade, onde 30% detém um grau de licenciado ou mestre, no entanto, há

uma grande percentagem com uma escolaridade inferior ao 9º ano de

escolaridade obrigatória. Em relação à mãe, a grande maioria detém o 12º ano

de escolaridade, e uma grande percentagem, quase equivalente ao pai detém

o grau de licenciado ou mestre. Em relação ao vínculo laboral, constatamos

que e de forma maioritária, os pais eram efetivos no seu local de trabalho, no

entanto, cinco pessoas estavam desempregadas, no momento da recolha de

dados. Com respeito à vida escolar, todos os alunos não frequentaram esta

escola no ano anterior, sendo este um bom indicador para nós professores

compreendermos eventuais dificuldades de adaptação dos alunos à escola. No

que concerne à internet, a totalidade dos alunos, afirmou possuir na sua

residência, um computador com acesso à dita tecnologia, o que possibilitou a

integração destes, no grupo da turma no facebook, no qual estive inserido. Em

termos de saúde, quatro alunos apresentaram doenças crónicas, renite e

asma, uma aluna apresentou alopecia. Também encontramos cinco alunos

com problemas visuais, que após uma análise, constatei que o grau de

acuidade visual não era impeditivo da normal prática de atividade desportiva.

No que às horas de repouso diz respeito, verifiquei que a maioria dorme entre 7

e 9 horas, sendo as 00h como hora média de ir para a cama. Em relação às

modalidades desportivas, num país cultural e intrinsecamente ligado ao futebol,

esta foi a modalidade que mais preferência reuniu pela turma, seguida do

basquetebol, andebol, voleibol, atletismo e ginástica.

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4. Realização da Prática Profissional

Uma vez finalizada a PES (Prática de Ensino Supervisionada), urge a

necessidade de completar o balanço que tenho vindo a realizar ao longo do

ano, refletindo e analisando todo o processo, desde o início do ano letivo até à

presente data.

O Projeto de Formação Individual foi um documento elaborado no início do

presente ano letivo, com o intuito de traçarmos objetivos, definir estratégias,

antecipar problemas e em suma, serviu como uma linha orientadora para a

edificação deste relatório de estágio. Hoje, considero a elaboração deste

documento como sendo vantajosa, pois permitiu estabelecer um balanço

referenciado entre o projeto e a realização da PES.

4.1 Conceção

No capítulo anterior fiz referência a Vickers (1990), na necessidade de

adaptarmos a prática ao contexto. Da mesma forma, devem partir de um nível

macro (programas nacionais) para um nível micro (turma).

Uma das primeiras tarefas, de caráter prioritário, com que nos

deparamos neste estágio é a leitura atenta dos Programas Nacionais de

Educação Física, estes serviram de base à construção do nosso planeamento.

Bento (1987) diz-nos que o ensino é criado duas vezes: primeiro na conceção e

depois na realidade. A leitura e interpretação dos Programas Nacionais de

Educação Física, não era um processo completamente novo para mim, já que

no 1º ano deste ciclo de ensino, na disciplina de desenvolvimento curricular,

analisámos os Programas Nacionais, para os diferentes ciclos de ensino.

Nessa mesma altura, comentávamos entre nós sobre como seria possível

lecionar e atingir as metas e objetivos que os ditos programas propõem. Os

programas são demasiados extensos para se ensinar com qualidade,

contemplando inúmeros objetivos, onde prevalece a quantidade, em detrimento

da qualidade.

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Este ano, rapidamente constatei a discrepância entre os conteúdos

programáticos e a realidade encontrada em ambiente escolar. Considerando

que os programas nacionais de Educação Física (EF) constituem a referência

para o desenvolvimento curricular da EF, a sua exequibilidade depende da

capacidade de mobilização do departamento de EF em torno dos objetivos da

disciplina, desenvolvendo estratégias que possibilitem a sua consecução

(PNEF, 2001). No mesmo sentido, Brás & Monteiro, (1998) afirmam que a

grande transformação que urge despoletar, deve ocorrer a partir do local onde

cada um exerce a sua atividade.

Na Escola Secundária Alberto Sampaio tudo o que referi anteriormente

faz sentido. Ou seja, o Grupo de EF da Escola, partindo da análise dos

diferentes Programas Nacionais para os diversos níveis de ensino, elaborou

referenciais orientadores para os diferentes anos de escolaridade. Estes

referenciais pretendem adaptar/simplificar os Programas Nacionais à realidade

da escola, estabelecendo objetivos / metas comuns, para que se obtenha uma

aprendizagem harmoniosa. Para mim o acesso a estes referenciais foi uma

preciosa ajuda na elaboração do meu planeamento. Se não vejamos, para

perceber a quantidade de estímulos que seriam necessários para a

aprendizagem e evolução do aluno, recorri aos Programas Nacionais, bem

como à consulta dos ditos referenciais, nomeadamente para adaptar os meus

critérios avaliativos.

Deste modo, penso ser importante uma profunda restruturação dos

programas, nomeadamente com respeito aos seus conteúdos, objetivos e

metas, por forma a simplificar o processo de aprendizagem, para que os

alunos, aprendam com qualidade e que essa aprendizagem, possibilitando uma

aprendizagem de maior qualidade mais consequente.

A conceção do meu planeamento deveu-se portanto, ao que fui referindo

nos capítulos anteriores, nomeadamente a análise à turma, à faixa etária, ao

contexto onde a escola está inserida e aos referenciais. Tudo isto permitiu-me

criar condições de aprendizagem para a elaboração do próximo capítulo.

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4.2 Planeamento

Após a verificação da conceção, passo importantíssimo, que antecede o

desenvolvimento da projeção do planeamento, irei aqui descrever e refletir todo

este processo.

Planear ajudou-me simplificar o processo da minha atuação, serviu-me

como uma linha orientadora ao longo do ano na atividade docente. Como

refere Vickers (1990), consoante avançamos de nível, o grau de especificação

e de especialização vai aumentando, tornando o planeamento cada vez mais

específico. Baffi (2002) por sua vez, afirma que planear, parece ser a

compreensão de conceitos e o uso adequado dos mesmos. Elucida ainda, para

o facto de que, planear é uma atividade que está dentro da educação, que

permite evitar a improvisação, estabelece caminhos. Deste modo, o professor

decide a extensão e sequência das matérias atendendo a uma articulação

lógica e sequenciada dos conteúdos, bem como dos objetivos.

Seguindo uma lógica de articulação vertical, com tudo o que afirmei

anteriormente, o planeamento deve ainda, obedecer a uma série de

indicadores, tais como, o nível de desempenho dos alunos, os materiais

disponíveis, os espaços onde decorrem as aulas entre outros (roulement). A

escola tem como prioridade utilizar todos os espaços, salvaguardando uma

alternativa para as cinco turmas que realizavam aula em simultâneo. Ou seja,

em caso das condições atmosféricas não permitirem a realização da aula no

espaço exterior, todas as turmas tinham alternativa. O roulement foi

fundamental para que começasse a delinear o meu projeto anual

(planeamento), como iremos ver mais à frente.

Outro dos aspetos importantes é perceber quanto tempo e quais as

matérias a lecionar. Verifiquei, que por semana, teria quatro blocos de quarenta

e cinco minutos, estando estes blocos organizados em duas sessões de aulas,

de noventa minutos. Este tempo, não corresponde à realidade da prática, ou

seja, ao seu tempo útil. Considero tempo útil de uma aula, o intervalo de tempo

entre a entrada e a saída dos alunos do espaço de aula, e considero o tempo

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efetivo de atividade. Deste modo, a aula de noventa minutos apresenta setenta

minutos de tempo útil para atividades letivas.

Definido o tempo de aula, decorre saber quais as matérias a abordar,

determinadas pelo Programa Nacional de EF para o décimo ano de

escolaridade. A eleição das matérias que abordei foi da inteira

responsabilidade do Grupo de EF.

Mediante os aspetos anteriormente referidos, os próximos passos de

construção deste projeto a longo prazo são da minha inteira responsabilidade,

com a supervisão do meu Professor Cooperante. Assim, recordo-me como se

fosse hoje, fiquei apavorado com a quantidade de variáveis que teria que ter

em conta, para colocar todo o ano letivo, “num pedaço de papel”. Pensei que

era uma missão impossível, foram muitas as dúvidas e as dificuldades

surgidas. Tive que recorrer ao Professor Cooperante e à sua experiência que

se revelou fundamental para que conseguisse ganhar coragem para organizar

e esquematizar, ideias e conceitos e, assim, estar em condições de projetar o

ano letivo. A atitude do Professor Cooperante renovou a minha confiança,

dando-me a segurança de nunca desprezar as minhas crenças, porque nós

temos conhecimento, um passado, experiência e conhecimento desportivo. De

acordo com o Professor Cooperante, nos últimos tempos, os Estudantes-

Estagiários têm experimentado um diferente tipo de planeamento, assente em

estímulos que passarei a explicar.

Um planeamento para um ano letivo completo, atendendo ao período de

tempo em causa, chega a ser quase incoerente, uma vez que, o grau de

incerteza é enorme. Contudo, o principal objetivo deste planeamento, tendo em

conta as variáveis mais estáveis, é realizar uma distribuição das matérias de

ensino ao longo do ano de forma mais rentável possível.

Como anteriormente referi, os Programas Nacionais de EF estão na

base de decisão das matérias de ensino. Um outro princípio foram as linhas

orientadoras desses mesmos Programas Nacionais, que defendem que o

ensino de EF deverá ser tão disperso quanto possível e tão concentrado

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quanto necessário. Isto é, o planeamento vai contrariar as abordagens

massificadas por blocos. Ao contrário, privilegia várias oportunidades de

aprendizagem de tempo variável, ao longo do ano. Deste modo, decidimos

planear estímulos, ou seja, em cada aula, poderá haver mais do que uma

modalidade, e cada parte dessa aula englobará um, dois ou até mesmos três

estímulos diferentes, correspondentes a três modalidades distintas.

Os estímulos como vantagem permitem um contacto contínuo com

quase todas as modalidades ao longo do ano, evitando por exemplo, que um

aluno que tenha andebol no 1º período, no 10º ano, e andebol no 3º período do

11º ano, fique mais de um ano sem contato com a modalidade. Havendo um

equilíbrio e uma diversidade das matérias lecionadas ao longo do ano, torna-se

motivador, para os alunos e para o Professor. Também, e sabendo que os

alunos têm preferência nas modalidades abordadas, estes estão em prática

com as modalidades preferidas durante todo o ano. A única desvantagem que

considero que este tipo de planeamento tem, prende-se com o facto de não se

obter uma evolução imediata do nível de desempenho dos alunos. Ou seja,

como os estímulos são lecionados espaçadamente, a evolução do nível de

desempenho aluno não acontece a curto, mas sim a longo prazo.

A extensão de cada matéria de ensino e respetiva distribuição de

estímulos foram influenciadas em primeiro lugar, pelas potencialidades e

necessidades dos alunos nas diferentes modalidades, em segundo lugar, pelo

roulement e em terceiro lugar, pelas condições climatéricas. A avaliação da

aptidão física, contemplada nos programas de EF, através da Bateria de testes

Fitnessgram foi também calendarizada, com uma base transversal a todo o

planeamento, estando presente em todas as aulas a sua preparação. Importa

realçar que em todas as aulas, estiveram presentes pelo menos dois estímulos

de duas modalidades distintas. Este facto ocorreu atendendo à enorme

quantidade de estímulos necessários, para atingir os objetivos

comportamentais, anteriormente referidos.

Com respeito à avaliação das modalidades, da aptidão física e dos

conhecimentos, ocorreria no final do período. No entanto, como exceção e de

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acordo com o meu Professor Cooperante, as matérias como por exemplo o

salto em altura, que têm uma pequena quantidade de estímulos, foram

lecionadas de forma concentrada. Como tal, não tinha sentido avaliar no final

do período, mas sim no final da aprendizagem do conjunto de estímulos. Mais

à frente neste relatório, irei colocar um exemplo do planeamento das matérias

por estímulos.

Após esta explicação de como se procedeu a elaboração do

planeamento para a minha turma, gostaria de o confrontar com a realidade

vivida. É certo que tive imensas dificuldades em elaborar o planeamento. O

meu grande “utensílio” na sua elaboração foi a borracha, tantas foram as vezes

que tive que apagar, refazer e ajustar.

Nas primeiras aulas de avaliação diagnóstica, projetei-as, seguindo este

modelo. Rapidamente percebi que não conseguia avaliar os alunos. Talvez por

não estar familiarizado com vinte e oito alunos em prática ao mesmo tempo, ou

por demasiada dispersão de estímulos. Neste sentido, apresento aqui a

reflexão que realizei nesse mesmo momento:

“Senti enormes dificuldades em observar e registar comportamentos, pelo facto

de necessitar de intervir quer em questões de gestão, quer de aprendizagem. Penso

que nas próximas aulas, terei ou de simplificar a lista dos critérios a observar, ou então

optar claramente por me dedicar à avaliação diagnóstica de apenas uma matéria de

ensino por aula.” (Reflexão nº2).

Nesta fase, ainda pensei em abdicar deste formato e optar pelo tradicional.

Porém, o meu Professor Cooperante encorajou-me a experimentá-lo nas aulas

seguintes deixando-me, no entanto, realizar as avaliações diagnósticas pela

forma tradicional.

Um dos primeiros desafios que tive foi saber, como devia conciliar os

estímulos?

Que matérias podem ser aglutinadas/justapostas?

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25

Quando os espaços permitirem leciono diferentes estímulos ao mesmo

tempo?

Tudo isto foi experimentado por mim este ano e a situação com a qual

me dei melhor e obtive melhores resultados foi a de dividir a aula com duas

partes de igual tempo e lecionar um estímulo de cada vez. Isto porque as

dificuldades a nível de gestão, de controlo ou até de ensino aprendizagem

aumentavam drasticamente quando lecionava dois estímulos, o que

pressupunha, diferentes tipos de exemplos, de emissão de feedbacks, de

organização e distribuição do material entre outros. No entanto, nas aulas com

espaço reduzido e nos momentos de espera, diferentes estímulos eram dados

ao mesmo tempo. Com o tempo, aprendi a periodizar e estabelecer objetivos

principais, por forma a poder controlar melhor a situação.

Em relação à congruência de estímulos, consegui perceber que andebol

e basquetebol, pela divergência nos apoios, não podiam ser dados ao mesmo

tempo, tudo o resto foi lecionado em conjunto com outros estímulos diferentes.

Após considerar o anteriormente descrito defini atendendo à avaliação

diagnóstica que, as modalidades com maior número de estímulos a lecionar

seriam andebol, voleibol e ginástica. Estas foram lecionadas equitativamente

pelos três períodos, inclusive ao mesmo tempo em diferentes espaços quando

verifiquei que, a responsabilidade e autonomia dos alunos o permitia.

Modalidades como dança e a disciplina de saltos em atletismo iriam ser

abordados a partir do segundo período. Com respeito à dança pelo facto de ser

uma modalidade que cria algumas dificuldades aos alunos deste modo, optei

por prepará-la ao longo do primeiro período. Fomentei o espírito de grupo a

cooperação e a entreajuda que, resultaram numa maior desinibição dos alunos

para a aprendizagem da matéria. Em relação à disciplina de saltos em

atletismo as condições climatéricas foram um fator preponderante que tive de

ter em conta uma vez que, a generalidade das aulas iriam ser lecionadas no

exterior. No que respeita às modalidades coletivas o princípio foi valorizar o

jogo, assente num modelo do topo para a base, pretendi que os alunos,

participando ativamente, ficassem com a noção de como se desenrola o jogo.

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26

No entanto, não abdiquei de realizar exercícios analíticos como complemento,

sempre que fosse necessário fomentar as habilidades técnicas.

No nível intermédio do planeamento, deparámo-nos com as unidades

temáticas, sendo este mais específico que o planeamento anual. Em

conformidade com o que acontece nos níveis de planeamento anteriores,

partimos de global para o específico. A Unidade Temática expressa, também,

um plano para lecionar as mais variadas técnicas e táticas, englobando

conceitos fisiológicos e psicossociais bem como a cultura desportiva.

Em quase todas as unidades temáticas, as primeiras aulas foram

dedicadas à avaliação diagnóstico. De acordo com o Professor Cooperante e

de modo excecional, nas matérias como dança e atletismo não se realizaram

as avaliações diagnósticas. Isto, porque iriamos lecionar todas as etapas

independentemente do nível de desempenho dos alunos. No entanto, nas

demais modalidades, senti a necessidade de o fazer, para uma correta

adaptação dos conteúdos, de acordo com o nível de desempenho dos alunos.

Uma vez definido o ponto de partida, podemos prever o ponto de

chegada e, assim, percorrer de forma consciente o restante caminho.

Os diferentes conteúdos da Unidade Temática foram sendo introduzidos,

com a consciência de que na aula seguinte ocorreria um reforço na exercitação

do conteúdo anteriormente abordado. Desta forma, esperava que na semana

seguinte outro, ou outros conteúdos, fossem novamente motivo de destaque.

Em suma, como seria de esperar, no final de cada Unidade Temática a função

didática a privilegiar era a avaliação sumativa dos conteúdos.

Descendo mais um nível, nesta etapa do planeamento, encontramos o

plano de aula. Este é o culminar dos anteriores, onde devemos refletir todos os

pensamentos e ações. Deve estar pensado, estruturado, por forma a haver

sempre espaço para um “plano B”, quando as condições de prática não

permitissem que houvesse uma harmonia entre aquilo que foi projetado e a

realidade encontrada.

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Um plano de aula, formalmente deve englobar a data, número de

sessão, unidade temática a que pertence o plano, função didática, objetivos,

pontos-chave, entre outros. O plano de aula baseia-se no entendimento daquilo

que o Professor considera que os alunos possam atingir.

Schmidt e Wrisberg (2008) apresentam a existência de vários tipos de

metas que Professor deverá ter em conta, no momento da elaboração do plano

de aula. Estas dão aos alunos um objetivo realizável a atingir, aumentando a

sua qualidade na experiência de aprendizagem. Sobre metas de resultado,

afirmam que focam apenas o resultado final da atividade, pressupondo

comparações com a performance de outros alunos. As metas de performance

são metas para expressar melhorias quantitativas na eficácia de execução de

uma qualquer habilidade por parte de um aluno. As metas de processo focam-

se sobre a qualidade da produção de movimento na execução da habilidade

motora, ou seja, destacam uma característica particular da execução de uma

determinada habilidade.

Foi uma prioridade minha estabelecer um equilíbrio entre aquilo que os

alunos gostam e aquilo que os alunos necessitam, no momento da elaboração

do plano de aula.

As minhas aulas caraterizavam-se por apresentar um período inicial de

tempo para a ativação geral dos alunos, seguindo-se a parte fundamental e,

por último, a parte final, com o retorno à calma e respetiva reflexão, produzida

em conjunto com os alunos, sobre os conteúdos da sessão.

O plano de aula reproduz todo um trabalho de preparação e reflexão que

antecipadamente projetei para cada aula. Encarei-o como um guia na prática,

um recordatório de tudo o que havia projetado. Se numa fase prematura deste

estágio, seguia-o à risca, com o decorrer do tempo percebi que, atendendo às

inúmeras variáveis inesperadas, seria um desafio quase impossível.

Numa primeira fase, posso confessar que era quase interminável o

tempo que dedicava à construção dos exercícios adaptados ao contexto.

Foram riscos em cima de sarrabiscos, esquemas em cima de esquemas,

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faltando sempre qualquer coisa. Aula após aula, conselhos após conselhos e

partilhas de experiências com o Professor Cooperante, consegui progredir e

elaborar com mais eficiência e num período mais curto de tempo, os planos

das diferentes aulas.

Em suma, construir um planeamento, partindo do nível macro

(planeamento anual) até ao micro (plano de aula), é aliciante, desafiador mas,

possível de se concretizar. Desta forma, projetei o desejável, mas será que o

consegui realizar?

4.3 Realização

Neste capítulo, e de acordo com Matos, (2012) seguindo as normas

orientadoras deste Estágio Profissional, esta é uma etapa onde se deseja

conduzir com eficácia a realização da aula. Ou seja, pretende-se que o

Estudante-Estagiário atue de acordo com as tarefas didáticas, tendo em conta

as diferentes dimensões da intervenção pedagógica, isto é, o Estudante-

Estagiário deve ser capaz de:

I. Promover aprendizagens significativas;

II. Usar terminologia específica da disciplina;

III. Envolver os alunos de forma ativa no processo de ensino;

IV. Otimizar o tempo potencial de aprendizagem;

V. Otimizar a instrução, o feedback pedagógico, o clima, a gestão e

a disciplina da aula.

Para que se denomine processo de ensino aprendizagem, tendo em

conta todas as diferentes dimensões pedagógicas, em cima retratadas, é

necessário uma interação de saberes entre o Professor (que ensina) e o aluno

(que aprende). Esta interação deverá ser o objetivo primordial da educação,

com o fim de os alunos aprenderem.

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De acordo com o que acabei de referir, durante todo este ano letivo,

tentei funcionar como uma ponte de transmissão dos conhecimentos, em

consonância com os objetivos que propus para a turma e a sua consolidação,

por parte dos alunos.

Respeitando, obviamente, todas as dimensões da intervenção

pedagógica, o uso de palavras-chaves durante a instrução e o feedback foram,

assim, um atalho na obtenção desses objetivos. Não obstante, deviam ser

limitados a uma ou duas palavras-chaves por cada conteúdo em cada plano de

aula, evitando uma sobrecarga de informação que levariam a que os alunos

desviassem a atenção do que realmente era importante.

Por outro lado, além de estimular a aprendizagem das diversas

habilidades motoras específicas a cada modalidade, pretendi que os alunos

cooperassem com os colegas e com o professor. Neste sentido, urge a

necessidade de adotar uma terminologia específica da disciplina. Numa

primeira fase, existe a necessidade de explicar aos alunos o significado das

palavras mas, pouco e pouco, são eles que as aplicam. Por exemplo, nos jogos

desportivos coletivos, em termos defensivos, utilizava a palavra dissuadir. Após

aplicar o termo esperava alguns segundos até que algum aluno se

pronunciasse, caso contrário, questionava-os sobre o seu significado e

elucidava-os. Além disso aplicava alguns conceitos transdisciplinares com

preferência para a anatomia, nas denominações das diferentes partes do corpo

e músculos. A título de exemplo, os alunos desconheciam o termo supinação e

pronação, quando os empreguei na manchete em voleibol. Também, alguns

alunos desconheciam que o braço era composto por duas partes (braço e

antebraço), e que a perna era composta por três partes (coxa, perna e pé).

Neste aspeto é curioso, observar como os alunos captam a mensagem, ficando

um pouco incrédulos pela nossa sabedoria, mas também pelos “palavrões”

próprios de anatomia.

Nesta fase da adolescência, revelou-se no meu entendimento,

preponderante o uso deste vocabulário, pois, além de captar naturalmente a

atenção do aluno e evitar repetir as mesmas palavras que chegam a um certo

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tempo, entram e saem sem provocar qualquer tipo de efeito no comportamento

do aluno. Desta forma, também contribuímos para o uso de diferente

vocabulário nos diálogos dos alunos.

Inicialmente era meu desejo, centrar todas as decisões em mim, não

dando lugar a qualquer tipo de autonomia dos alunos, por forma a controlar a

turma e evitar situações de desconforto. Este meu sentimento devia-se ao facto

de alguns colegas que exercem o ensino da Educação Física neste momento

em escolas públicas, comentarem-me que não devemos ser permissíveis nas

primeiras aulas, pelo facto de corrermos o risco de os alunos abusarem e

nunca mais os segurarmos. Após uma conversa com o meu Professor

Cooperante (conversa que modificou o rumo que tomei na instrução), este

comentou-me para agir naturalmente, mas, e de acordo com as mais diversas

situações que poderiam ocorrer, devia adaptar-me ao contexto modificando a

minha forma de atuar. Ou seja, não devia apresentar-me perante os alunos

com uma postura “artificial”. Adotei alguns modelos de instrução durante o ano,

numa primeira fase, e ainda coincidindo com o estabelecimento de rotinas,

adotei o modelo de instrução direta que, segundo Rosado e Mesquita (2011),

praticamente a globalidade das decisões no que concerne ao processo de

ensino aprendizagem está centrado no professor. É, também, papel do

Professor o controlo administrativo, determinando as regras, rotinas de gestão

e a ação dos alunos. Ainda segundo estes autores acima citados, o modelo

induz uma certa passividade à aula, no entanto, a sua eficácia passará

também, por uma participação ativa, empenhada e responsável por parte dos

alunos.

O que acabei de referir é de certa forma, o que cada Professor almeja no

seu quotidiano. O meu empenho nas aulas fazia com que transmitisse aos

alunos essa dedicação, para que desta forma, adotassem uma postura de

constante empatia, compromisso, empenho e evolução na tarefa. Como

estratégia, adotei pequenas rotinas, quer fosse jogar com eles, dar mais

feedbacks positivos, atribuir-lhes responsabilidade entre outros. Percebi que

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tinha os alunos do meu lado e, segundo eles, as aulas “passavam rápidas”,

com alegria nos rostos, de prazer e satisfação.

Sentindo a necessidade de lhes dar algo mais, valorizando o jogo desde

o início do ano letivo em todas as aulas, recorri ao modelo de ensino dos jogos

para a sua compreensão. Mais uma vez Rosado e Mesquita (2011), apontam

que este modelo pretende que o desenvolvimento das habilidades básicas do

jogo seja deslocado para o desenvolvimento da capacidade do jogo através da

compreensão tática do jogo. Este tipo de modelo permite aos alunos perceber

o porquê e o para quê, das habilidades motoras, através de situações

problema, sendo estes estimulados a encontrar as soluções.

Este tipo de modelo, vem em concordância com aquilo que o meu

Professor Cooperante me transmitia, no sentido de dar importância ao jogo,

dos alunos perceberem o que é o jogo, porque, dizia ele, para os formar como

jogadores temos os treinadores dos clubes.

Desta forma ao longo das aulas, realizei situações reduzidas de jogo,

modificando por vezes as suas regras, onde observava o empenho e

compromisso dos alunos. No entanto, não descurava uma intervenção, sempre

e quando fosse necessário. Nessa altura, muitas foram as vezes, em que

ficávamos mais de um minuto a olharmos uns para os outros, questionava os

alunos sobre o porquê daquela ação, ou qual a melhor decisão a ser tomada.

Outro aspeto fundamental era não descurar um trabalho mais analítico da

técnica individual. Nessa altura, apelava ao ensino entre pares, ou seja,

colocava os alunos mais hábeis, com alunos menos hábeis, responsabilizando

e instruindo os mais hábeis, na ajuda dos alunos com mais dificuldades. Foi

engraçado ver a humildade dos alunos menos hábeis a aceitar a ajuda dos

colegas que, por sua vez, sentiam uma grande responsabilidade. O meu papel,

além de coordenador dos pares, era enfatizar alguns feedbacks. Desta forma,

melhorava as relações interpessoais, evitava os grupinhos que normalmente se

forma entre os mais hábeis e, mais interessante ainda, os alunos estavam

rigorosamente empenhados na tarefa.

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“Apelei ao ensino entre pares. Coloquei os alunos com melhor desempenho no

serviço por cima a auxiliar os colegas com mais dificuldades. Senti que foi uma etapa

ganha, uma vez que além das melhoras, os alunos cooperavam, estavam empenhas e

compenetrados na tarefa. Em aulas futuras, irei adotar, mais vezes, este método.”

(Reflexão nº 12).

Apesar de não possuir um modelo de instrução bem definido, colhi de

cada um as suas vantagens, de acordo com o que a turma me ia pedindo e

atendendo às suas necessidades. Desta forma, considero que consegui

envolver ativamente os alunos no processo de ensino aprendizagem.

Ainda de acordo com Matos (2012) irei agora, abordar a otimização do

tempo potencial de aprendizagem. O tempo útil de aula, conforme abordei no

capítulo anterior, pode ser definido como o espaço de tempo que o Professor e

alunos dispõem para a aula. Graça (1991) destaca que o tempo potencial de

aprendizagem pode ser definido como o tempo que o aluno passa em

confronto direto com a matéria de ensino a um nível de dificuldade acessível,

isto é, um nível elevado de sucesso na tarefa parece ser o ponto determinante

que nos indica estarmos a alcançar a nossa meta.

Após esta contextualização consegui otimizar o tempo potencial de

aprendizagem?

De acordo com Sarmento et al. (1998) os fatores a dominar para otimizar

o tempo potencial de aprendizagem são o clima, a disciplina, a instrução e a

gestão. Observando estes fatores verifico que, o clima da aula bem como a

disciplina nunca foram um obstáculo, no entanto, recordo-me, no início do ano,

de algumas reflexões que fui realizando, sobre as dificuldades que sentia na

gestão do tempo de aula, bem como na constante intervenção verbal na

instrução.

O meu Professor Cooperante alertou-me para este facto, ainda numa

fase prematura, onde referiu que teria que me controlar, apesar de me

considerar um bom comunicador e apontou esta característica como talvez o

principal fator para esta causa.

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Confesso que foi das coisas que mais trabalho me deu durante todo o

estágio, saber controlar a minha espontaneidade para intervir. No entanto,

revendo algumas das reflexões então produzidas sobre as minhas aulas, esta

espontaneidade interventiva foi diminuindo, pois, já observava mais do que

intervinha.

“Tentei cumprir com o plano que tinha projetado para esta aula, no entanto e

após muitas intervenções, quer em feedbacks, quer em aspetos relacionados com a

gestão da aula, não consegui cumprir com o tempo previamente estabelecido para

cada exercício. Por este motivo a minha turma foi a última a sair do espaço de aula e

como tal, na próxima aula terei que ter mais cuidado com este facto”. (Reflexão nº 4).

No que respeita à distribuição do material, com a matéria dispersa em

estímulos, torna-se mais complicado montar e desmontar os exercícios. Penso

que aqui, também foi um fator que influenciou negativamente o tempo potencial

de aprendizagem. Outro aspeto negativo prende-se com o facto de ter que

exemplificar por mais que uma vez os exercícios ao trocar os grupos / equipas

de um estímulo para o outro.

Para um Professor poder lecionar num ambiente favorável à

aprendizagem, tem de ter em ponderação todos estes fatores (o clima; a

disciplina; a instrução e a gestão). Nenhum destes fatores se sobrepõem, no

entanto, podem ocorrer momentos em que uns se evidenciem em detrimento

de outros, devendo o Professor distribuir a atenção por todos eles.

No que ao controlo e à confiança da turma diz respeito, percebo através

de relatos de colegas docentes que este poderá ser um problema de muitos

Professores, com anos e anos de experiência. Neste sentido a palavra de

Professor Estagiário para os alunos, e revendo-me como aluno, fazia com que

muitos colegas meus se aproveitassem da bondade do professor. Por tudo isto

e, também pelo que referi anteriormente, vinha com uma ideia mal concebida,

de como devia ser a minha postura perante os alunos. No entanto, e como já

referi anteriormente, em conversa com o Professor Cooperante, mudei

radicalmente a minha forma de atuação perante os alunos e procurei

estabelecer aquilo que, segundo Masdevall et. al. (1993), apelidam de

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“disciplina democrática”. Este conceito corresponde ao conjunto de estratégias

que favorecem a segurança e a auto governação, chegando a um equilíbrio

entre autoritarismo e permissividade. Desta forma, havendo um equilíbrio,

evitava recorrer à remediação, apostando na prevenção. O bom senso também

costuma funcionar na resolução de muitos casos numa escola, onde a

diversidade é por demais evidente, deve imperar também o bom senso.

O meu controlo sobre a turma, começou logo na e durante a aula de

apresentação. Neste sentido, estabeleci um conjunto de regras de

funcionamento que deveriam ser aceites por todos, sendo eu o agente que as

ia fazer cumprir. Logo aqui, estabeleci um compromisso com os meus alunos,

mas também comigo mesmo, pois caso não conseguisse fazer com que se

cumprissem as regras, estaria a dar um mau exemplos aos alunos.

Em relação aos alunos que pediam dispensa da aula, por exemplo, disse

aos alunos que apelava a responsabilidade de cada um, no entanto, teriam que

me justificar, “olhos nos olhos”, o motivo, cabendo-me a decisão da dispensa.

Alertei também para o facto de que podiam-me enganar uma vez, mas a

segunda tentativa seria muito difícil. Outra situação que vinquei foi o facto de

não admitir que enquanto eu falasse, algum aluno estivesse também a falar,

pois corria o risco de quando falasse para mim eu também não o respeitasse.

Fruto disso, durante o ano, quando sentia que os alunos não respeitavam esta

regra comentava o seguinte:

“- Malta é assim, quanto mais tempo demorarem a calarem-se, menos tempo

de jogo vão ter, pois, vou ter que descontar este tempo em algum momento da aula e

vai ser naquele que mais gostam”.

Durante o ano letivo, não tive nenhum ato de indisciplina ou qualquer

situação que dissesse que lhes ia marcar falta disciplinar. Alguns colegas

diziam-me que era pelo facto de os meus alunos serem bem comportados ou

pela minha fisionomia, curioso foi o facto de quase ninguém me atribuir

responsabilidades por este clima. Penso que, a forma como comuniquei com

os alunos, desde o primeiro momento (aula de apresentação), foi essencial

para este tipo de comportamentos da parte deles. Muitas vezes, ao contrário do

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que falamos ainda neste capítulo, devemos usar a terminologia própria de um

estudante, desta forma, aproximamo-nos deles, senti muitas vezes isto, ao

longo do ano letivo. Outras vezes, olhava o aluno nos olhos e simplesmente

perguntava o porquê de estar a querer chamar a atenção. Também e não

menos importante, procurava estabelecer uma empatia com todos eles, dentro

e fora da aula, onde percebia as suas preocupações, ouvia os seus desabafos

entre outros motivos. Sempre fui muito brincalhão com eles, durante todo o ano

letivo. Inicialmente esta opção teve os seus custos, uma vez que os alunos

ainda não sabiam dissociar os momentos de brincadeira dos momentos de

empenhamento motor e aprendizagem. Durante todo o Estágio Profissional

reinou um clima positivo entre todos, onde estabeleci um compromisso de

responsabilidade e de confiança entre eles, o que possibilitou um bom controlo

da turma.

Com respeito a este aspeto, ao controlo da turma, penso que a minha

própria personalidade, e também a experiência adquirida no treino, facilitaram o

processo. Ao estabelecer rotinas funcionais com a turma no início do ano,

também comecei por lhes mostrar quais os momentos em que há possibilidade

de relaxarem, ou os momentos que devem estar empenhados. Através de

simples olhares fixos, diferentes tons de voz, pausas no discurso, os alunos

vão-se adaptando e são eles próprios, que se começam a responsabilizar os

companheiros sobre o seu comportamento: “ olha aí o stor está a olhar”; “Deixa

o stor falar” entre outras frases. Também em questões de segurança, fui

sempre muito incisivo, não permitindo grandes aberturas aos alunos,

nomeadamente, na utilização de materiais de risco, como o minitrampolim.

Neste sentido, recordo-me que nas primeiras aulas disse:

“- Meus amigos, o minitrampolim é para ser utilizado com segurança, só

devem realizar o que eu vos peço. Quando a pista estiver fechada, este está colocado

de lado na vertical. Portanto qualquer uso fora destas circunstâncias, arriscam-se a

dar com a cabeça na parede e sabem que mais? A parede ganha sempre!”

Outros dos aspetos a destacar foi o facto de me posicionar sempre de

frente para os alunos, não permiti, em todo o ano letivo, deixar ninguém nas

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minhas costas e até ao meu lado. Preocupei-me também, em colocar-me de

forma a observar toda a turma sem exceção. Os alunos devem sentir um

acompanhamento visual do Professor, para isso, não devemos estar

enraizados no mesmo local muito tempo, mas sim em constante movimento,

criando assim, fatores dissuasores de comportamentos menos próprios por

parte dos alunos. É normal, numa primeira fase, que os professores, pouco

habituados a estas andanças, permaneçam e lecionem no mesmo sítio.

Comigo isto não se passou, fruto da minha experiência como treinador. Este

constante movimento, permitiu-me muitas vezes comunicar com o corpo,

evitando o desgaste das palavras, ou seja, um simples toque no aluno, quando

não está empenhado na tarefa, um simples toque, seguido de um movimento

de exemplificação também, foram técnicas que usei regularmente.

Durante o ano, senti necessidade de intervir, sempre e quando,

pressentia que o clima não era o ideal, ou por muita desconcentração na tarefa,

ou por muito relaxamento dos alunos. Numa primeira fase, nas aulas que

lecionava às sextas-feiras, os alunos apresentavam-se talvez, devido ao

cansaço acumulado ao longo de uma semana de aulas, desconcentrados,

distraídos e pouco empenhados na tarefa. Perante estes acontecimentos optei

por ser bastante rigoroso e interventivo não permitindo qualquer mudança de

atitude ou comportamento. Este rigor revelou-se fundamental para o resto do

ano pois, os alunos percebiam que apesar do cansaço não podiam mudar a

sua atitude e o seu comportamento durante a aula.

“Às sextas-feiras, pelo que tenho vindo a constatar os alunos costumam estar

mais irrequietos, desconcentrados. Hoje não foi exceção á regra, não quero com isto

dizer que o comportamento é mau, no entanto, estou habituado a uns índices de

concentração, de comportamento acima da média. Qualquer atitude que fuja desses

índices já noto diferenças.”

Por outro lado, evitei ao máximo, uma atitude agressiva, com uso de

sorrisos e expressões irónicas, por forma a evitar respostas indesejadas dos

meus alunos. Posso afirmar que estou extremamente satisfeito pelo controlo e

disciplina da turma. Este sentimento deveu-se ao estabelecimento de

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compromissos que realizei com os alunos, alicerçado numa capacidade de

antecipar problemas, segurança, confiança, e experiência adquirida no âmbito

do treino desportivo.

Um Professor que seja competente faz-se respeitar e é respeitando,

acabando os alunos por reconhecer a sua liderança naturalmente, através dos

seus conhecimentos e não por imposição, ou por força do cargo que ocupa,

prevalecendo um clima ótimo de aprendizagem e harmonia entre todos.

Por último, exponho aqui uma afirmação, que demonstra o que venho a

afirmar, por parte de um Professor do Grupo de Educação Física:

“- Há pouco, vim ao gabinete, nem parecia que estava a haver aula no

ginásio, quem me dera que a minha turma fosse assim”

Outro aspeto facilitador do controlo da turma é o tipo de feedback que

usamos Magill (2007) categoriza os feedbacks extrínsecos em três diferentes

tipos: o motivacional, para um incremento do esforço, por exemplo na prova da

milha, quando os alunos estão em dificuldade. O feedback de reforço, e o de

punição. Estes dois últimos exercem um papel fundamental no controlo da

aula. Se, por um lado, há tendência para o feedback negativo de punição,

devemos equilibrar a balança com o feedback positivo. Neste sentido, e de

acordo com Mesquita1, os professores tendem a organizar os seus feedbacks

de forma negativa, centrado nos erros. O feedback positivo, permite melhorar o

clima de aula, promove o empenho dos alunos e reforça os aspetos fortes da

prestação. Por tudo isto, o professor deve estar constantemente atento à

prática, garantindo o controlo da turma, que proporcionará um clima ótimo de

aprendizagem.

. Com respeito à gestão do tempo de aula, foi o aspeto onde,

inicialmente tive algumas dificuldades (mais à frente neste capítulo irei explicar

1 Slides elaborados pela Professora Isabel Mesquita aquando da sua apresentação na aula de Didática

Geral do curso de 2º ciclo em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

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as razões). O objetivo de uma boa gestão é rentabilizar o tempo de aula,

evitando o seu desperdício noutras tarefas, tais como, tarefas de organização.

Nas minhas conversas com o Professor Cooperante, este sempre me

alertou para a necessidade de fomentar rotinas de funcionamento. Ditas rotinas

levaram-me todo o primeiro período a ser implementadas. Para que ocorra a

implementação destas rotinas, o professor, pode optar antes de iniciar a aula,

pela formação de grupos apelando à autonomia dos alunos, estabelecer sinais,

organizar os exercícios nos mesmos locais, entre outros.

No meu caso, decidi que tinha que ser sempre o primeiro a chegar ao

local de prática, antes de todos os alunos, às quartas-feiras, tinha reunião de

núcleo, imediatamente antes da aula, o que fazia, com que me atrasa-se um

pouco, embora, não pondo em causa esta minha rotina. Às sextas-feiras, como

vinha diretamente de casa, cumpria esta regra de forma impreterível. Desta

forma, conseguia preparar com o funcionário o material que necessitava,

muitas vezes pedia aos alunos que iam chegando, para ajudarem o funcionário

na montagem do material, quer fosse a rede de voleibol, o colchão para o salto

em altura entre outros. Assim, quando os alunos chegassem ao local, tudo

estava preparado para dar início à aula.

Outro aspeto, pelo qual optei, foi o de fomentar a autonomia do

aquecimento. Desta forma, “ganhava” tempo para organizar os exercícios

seguintes. De uma forma inconsciente, confesso, realizava os exercícios

ocorridos no pavilhão, no mesmo local. No entanto, esta “inconsciência”

revelou-se fundamental para o cumprimento de rotinas, uma vez que

conseguimos obter a máxima eficácia nas atividades desenvolvidas (Graça &

Mesquita, 2009).

Atendendo às imensas marcações que um pavilhão gimnodesportivo

tem, também, as utilizava para definir muitas vezes os exercícios, não

perdendo tempo com a sinalização.

Por outro lado, o estabelecimento de sinais é mais um meio para

atingirmos o nosso objetivo, tornando a gestão do tempo de aula mais eficiente.

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39

Nas minhas aulas, optei claramente pelo sinal sonoro, evitava utilizar o

apito em sítios fechados, nomeadamente quando partilhava o pavilhão

gimnodesportivo, por forma a não perturbar o funcionamento das outras aulas.

Os alunos, aula após aula, já conseguiam diferenciar um apito de começar,

interromper ou terminar uma atividade. Também, muitas vezes intervinha junto

de um aluno de uma determinada equipa/grupo, para que este transmitisse a

informação aos colegas.

A autonomia foi para mim o ponto fundamental, resultando numa

agradável surpresa. No início do ano letivo, uma das ênfases do Professor

Cooperante era para fomentarmos a autonomia. Inicialmente não percebi muito

bem o porquê disso, todavia agora, além de o perceber, afirmo que é

fundamental uma autonomização dos alunos para rentabilizarmos o tempo de

aula. Com isto tive mais tempo para me focar na observação do desempenho

dos alunos, na distribuição e organização dos exercícios, para posteriormente,

intervir com recurso ao feedback pedagógico, ou encurtar/ ampliar o espaço da

prática desportiva.

Por outro lado, sempre tive o cuidado de evitar zonas de desconforto

para os alunos, quer sejam pela exposição pública em determinadas matérias,

quer seja principalmente por segurança, fator que privilegiei muito durante as

minhas aulas, permitindo-me que determinados desvios comportamentais e de

segurança fossem prevenidos.

O porquê das minhas dificuldades na gestão da aula, como referi

anteriormente, não se prende nas estratégias. No entanto, nas primeiras aulas,

o tempo útil de aula (definido anteriormente),”voava” num ápice. Numa

conversa com o Professor Cooperante, este alertou-me para o facto de intervir

verbalmente em muitas situações durante o decorrer da aula, sobre questões

que poderiam ser sintetizadas e comentadas na reflexão final da aula. Após

este conselho, comecei a controlar melhor o tempo de aula, antecipar o seu

final, mas, no entanto, sinto que foi das minhas grandes lutas, até porque

muitas vezes eram os próprios alunos que me pediam para deixá-los jogar um

pouco mais, exclamando: “já acabou? Oh “Stor” deixe jogar mais um bocado”.

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Tudo isto por um lado deixou-me reticente sobre as minhas estratégias,

mas também sabe bem ouvir os alunos pedirem para que prolongue a aula

(foram várias as vezes), sendo isso sinal do excelente clima que reinava entre

todos os alunos que desfrutavam das aulas.

O aprimoramento da instrução e do feedback pedagógico, também foi

uma prática comum nas minhas aulas. Daí resultou a necessidade de

descrever uma série de relatos e reflexões sobre a temática. É através da

instrução que se especifica um leque de informações, determinantes para o

sucesso da tarefa, devendo o emissor ter em conta a capacidade limitada de

atenção do recetor (Godinho, et al., 1999). Segundo Rosado e Mesquita

(2011), a instrução, dependendo dos diversos fatores existentes, dá-se em três

momentos: antes da prática; durante a prática; depois da prática. Como já referi

anteriormente, senti grandes dificuldades em lecionar à sexta-feira, notava os

alunos mais cansados, distraídos, com pouca capacidade de reter os

conteúdos. À quarta-feira, era quando sentia que os alunos rendiam mais, onde

resultavam mais empenhados, não deixando de ser curioso, dado ser o último

tempo da manhã, em contraste com a sexta-feira, que era ao segundo tempo.

Este fator, por vezes, interferia de forma profunda na organização e

instrução, principalmente, quando os alunos tinham realizado ou iriam realizar

teste teórico noutras disciplinas. A miúde, nos momentos de explicação dos

exercícios, deparava-me com os alunos a conversar entre eles. Quando

questionados por mim, respondiam-me dizendo que estavam preocupados com

o teste, ou então que o teste tinha corrido mal.

Após estes acontecimentos, tive sempre o cuidado de perguntar, antes

de a aula começar, se iam ter testes, como estavam as notas entre outras

perguntas. Se sentisse os alunos “agitados”, sentava-os à minha frente e

conversa com eles alguns minutos, por forma a esclarecer algumas dúvidas ou

que eles próprios refletissem sobre os acontecimentos. Após estas conversas,

o compromisso e a motivação deles para comigo e para com a disciplina era

maior.

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Rosado e Mesquita (2011) referem que a instrução antes da prática,

deve ser concisa, onde se apresentam os objetivos, conteúdos, e regras da

sessão, terminando com o questionamento aos alunos.

O Professor deve emitir o feedback pedagógico, antes, durante e após

as aulas. Este ato de instrução pode ser caraterizado pelo retorno do

desempenho do aluno. Deste modo, o feedback é o principal meio do

Professor, no processo de ensino aprendizagem. No entanto, para Galvão

(2002), um bom Professor deve conhecer o conteúdo e dominar a metodologia

para o ensinar. A emissão do feedback deve obedecer a uma sequência lógica,

compreendendo a fase de diagnóstico e a fase de prescrição, cabendo ao

Professor, hierarquizar os diferentes erros assinalados, para que na fase

posterior, possa resolver ditos erros (Rosado & Mesquita, 2011).

O período de instrução e feedback pedagógico só termina quando a aula

acabar. Contudo existe a possibilidade de no espaço final da aula (reflexão),

ocorrer transmissão de informação. Nas minhas aulas, houve sempre este

espaço, respeitando a estrutura da sessão, para esta transmissão / partilha de

informação. Nesta partilha / transmissão de informação, realizávamos uma

reflexão sobre os conteúdos da aula, onde questionava os alunos, sobre

algumas decisões ou comportamentos que eles tomaram nos mais diversos

contextos. Também reforçava eventuais critérios de êxito, que estabeleci ou

periodizava como principais objetivos da sessão.

Após esta pequena introdução sobre a instrução e o feedback, cabe

agora, explicar a minha atuação durante as aulas. Tentei ser um Professor

esclarecido, seguro, com um discurso sucinto, fluido, e com diferentes tons de

voz, focado nos objetivos essenciais da sessão. Após este período,

questionava os alunos sobre eventuais dúvidas.

Posto isto, ou exemplificava, quando me sentia seguro para ser modelo,

ou pedia a um dos alunos para exemplificar o exercício. Desta forma a

demonstração, como reprodução do movimento desejado, facilita a intervenção

do Professor, no sentido de alcançar a meta pretendida (Godinho, et al 1999).

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Esta técnica pode funcionar de forma positiva ou de forma negativa. Ou

seja, devemos ser extremamente cautelosos com a demonstração que

realizamos, uma vez que podemos estar a cometer erros, que induzem o aluno

a reproduzi-los.

Por outra parte, a demonstração por parte dos alunos, possibilita não só

libertar o Professor para destacar a atenção dos alunos sobre os aspetos a

reter, mas acima de tudo, possibilita que se crie um clima relacional positivo, e

um espaço para que o aluno se sinta relevante no decurso da aula, originando

até um agradecimento de sua parte. Sobre estes factos, recordo-me

perfeitamente de uma aula supervisionada pelo meu Orientador, em que na

aula de Basquetebol estava a reproduzir o movimento do lançamento em

apoio. Tenho consciência que foquei todos os aspetos e executei bem a

técnica de lançamento, no entanto, o meu Orientador, alertou-me para o facto

de ter passada demasiada informação em simultâneo, teria que ser mais

objetivo das próximas vezes, simplificando e decompondo o movimento.

Curioso foi o facto e me ter alertado, também, para o uso e lançamento da

bola, no momento da demonstração. Uma vez que, após a bola sair da mão, os

alunos seguem-na e não prestam atenção ao movimento corporal. Posso dizer,

que após estas preciosas dicas, a minha instrução teve sempre em conta estes

dois aspetos, o que me facilitou e simplificou minha a instrução.

Outra das considerações que tive em conta, no momento de ser um

Professor conciso, foi o uso de palavras-chaves que permitia aos alunos, fixar-

se, mais facilmente nos objetivos dos conteúdos lecionados. Segundo Rosado

e Mesquita, (2011, p. 109)

“O questionamento é uma estratégia instrucional decisiva para o

desenvolvimento da autonomia do aluno, para o crescimento pessoa, para o

crescimento do trabalho de grupo, na medida em que lhes permite

problematizar as situações e contextos, orientar-se por objetivos, implicar-se do

ponto de vista cognitivo e afetivo nas aprendizagens”.

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No seguimento destas considerações tomo consciência da importância

que o meu constante questionamento teve na fomentação da autonomia. Isso

permitiu-me também perceber a forma como os alunos entendiam ou

pensavam a informação por mim transmitida e, desta forma, perceber, por

muito simples que a informação fosse para mim, se estava demasiada

complexa para os alunos.

Um dos momentos que retrata toda a instrução e que de certa forma

possibilita percebermos a aprendizagem do aluno é a avaliação.

Constatei ao longo deste ano letivo, a dificuldade que muitos

Professores, em conversas informais, sentiam no momento de avaliar os

alunos. Não é um processo simples nem fácil de se realizar. A imparcialidade

deve ser um fator, entre muitos a ter em conta. Segundo o meu Professor

Cooperante, no ato educativo devemos marcar a posição e os alunos tem que

responder pelos seus atos (ponderar antes de agir) para prevenir questões

idênticas no futuro. Portanto, ao longo dos mais diversos momentos avaliativos,

fui aprendendo a sintetizar, a comparar estratégias com os resultados obtidos,

por forma a continuar ou adotar outro método mais eficiente. Avaliar, antepõe o

ciclo, reflexão – ação – reflexão, servindo para a avaliação como um importante

argumento, na tomada de decisões. Bento (2003) comenta a importância da

avaliação junto da planificação e da realização no ensino. O mesmo autor

refere que a avaliação é uma tarefa central de cada Professor, necessária para

o processo de ensino aprendizagem. Deste processo, resulta uma dimensão

valorativa que determina o grau de assimilação de critérios de êxito do aluno.

Todo este processo valorativo pode ser realizado através de um padrão de

referência à norma, ou ao critério. Este último foi a minha base na avaliação,

recorrendo, como mencionei no capítulo do planeamento, aos critérios

avaliativos estabelecidos pelo Grupo de Educação Física da escola e de

acordo com o Programa Nacional, que aparecem retratados nos referenciais

para as diferentes modalidades individuais e coletivas.

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Desta forma, permite uma avaliação, mais justa, não recorrendo ao

estabelecimento de comparações entre alunos, mas sim atendendo a critérios

específicos de desempenho.

O principal objetivo/função da avaliação é o de atribuir uma classificação

ao desempenho do aluno, atendendo a um equilíbrio entre todos os fatores,

para que a atribuição classificativa do Professor seja um processo justo. Como

tal, a avaliação deve ser planeada, estruturada, bem como existir uma definição

nos diferentes domínios de competência (psicomotor, cognitivo, socio efetivo).

No entanto, há sempre lugar a alguns erros, decorrentes de diferentes estados

de espírito quer dos alunos, quer do professor, no momento da avaliação.

A minha experiência com a avaliação foi muito rica e produtiva. Sinto

que aprendi imenso neste ano, mas também o quão difícil é quantificar o

desempenho dos alunos. Depois de ter elaborado as fichas com os critérios de

êxito, cometi um dos primeiros erros, fruto da minha inexperiência, estabeleci

demasiados critérios, que se traduziram numa folha de observação demasiado

densa. Lembro-me numa avaliação de voleibol, ter que pedir ajuda ao

Professor Cooperante, pois não iria conseguir avaliar todos os alunos em

tempo útil. Após uma introspeção e umas conversas com o Professor

Cooperante, percebi o que teria que mudar nas próximas avaliações. Por outro

lado, senti que uma coisa é avaliar os alunos de forma individual, onde se o

Professor tiver os critérios e a idealização do movimento bem definido,

consegue, de uma forma rápida e eficaz, identificar os critérios no desempenho

do aluno. Outra coisa é avaliar os alunos nos desportos coletivos. Aqui deparei-

me com uma enorme dificuldade. Quantas vezes dava por mim a seguir um

aluno e depois outro, sem ter tempo de olhar para a folha de registo dos

critérios. Então, numa conversa com o Professor Cooperante, ele mostrou-me

como realizava a avaliação, em que utilizava uma ficha que apelava a critérios

mais globais e de fácil identificação, e que mais uma vez, tinha cometido o erro

de querer avaliar critérios tão específicos, quanto os critérios dos desportos

individuais. As avaliações do segundo e terceiro períodos, em nada tiveram a

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ver com as avaliações do primeiro. Estava bem mais preparado, com a

experiência adquirida anteriormente.

Posto isto, sinto que a avaliar é um processo ingrato mas essencial.

Acabo este ano letivo com o sentimento de que fui justo na atribuição

das notas. Tornei o processo bastante claro, para todos os intervenientes e

desta forma, evitei a especulação e a contestação dos alunos em qualquer

momento. De referir, que em todos os períodos, ocorreu uma grande

semelhança, entre aquilo que os alunos sentiam que mereciam (autoavaliação)

e a sua classificação final à disciplina.

No capítulo anterior deixei em aberto uma pergunta, se tinha conseguido

realizar o que de desejável tinha projetado. Pois bem, consegui realizar o

possível, por entre inesperadas variáveis, por inúmeros ajustes e reajustes e

muita adaptação, penso que consegui atingir as metas e os objetivos que nos

propusemos ao início do ano letivo. Duma forma geral, o presente capítulo,

tratou de retratar, nas suas mais diferentes componentes, e com as devidas

reflexões, a forma como realizei o meu Estágio Profissional.

4.4 Momentos desafiantes

Neste ponto do relatório, irei recordar, retratar alguns dos momentos que

marcaram este meu ano letivo e consequentemente o Estágio Profissional.

No primeiro ano deste curso de ensino, imensas foram as vezes que

ouvimos o tão mencionado choque da realidade que Braga (2001) denomina de

período inicial do Professor. Este produz um impacto significativo, originando

uma curva de desencanto, onde se assinala o desmoronamento dos nossos

ideais. Devo de certa forma, descordar com Braga (2001), uma vez que fiquei

bastante impressionado com o ambiente escolar. Talvez percebendo um

pouco, porque é que a Escola Secundária Alberto Sampaio é a escola da

“moda” na nossa cidade, e também pelo papel do nosso Professor Cooperante,

que, desde o primeiro minuto, nos apresentou à comunidade, nos mostrou e

comentou pormenores do nosso local de trabalho. Porém, considero este

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desaguar na realidade, como uma oportunidade de aprendermos, amealhar

experiências e bagagem, para que possamos responder assertivamente num

futuro próximo.

Na minha opinião, no cerne das contrariedades germinam as soluções e

o mais importante é não desistir, refletindo e agindo consciente e friamente.

Assim, aos primeiros contatos com os agentes educativos, Professor

Cooperante, Diretor de turma, Funcionários entre outros, obtive as primeiras

informações sobre os alunos. Naquela altura, a quantidade de informação que

nos foi transmitida era exorbitante.

Antes de iniciar o estágio, perguntava qual a necessidade de irmos para

a escola, logo no início do mês de setembro, quinze dias antes do arranque do

presente ano letivo. Agora, afirmo que talvez devêssemos ir em agosto,

tamanha é a informação a necessitar de ser por nós recolhida e processada.

Recordo-me de uma reunião, com o Professor Cooperante e com as

minhas colegas de estágio, onde decidimos com que turma iriamos ficar, com

base nos horários. Para mim, este foi um momento marcante, pois estabeleci

ali um compromisso com uma turma, com uns alunos, acima de tudo com

pessoas, que a saudade se lembrará de fazer perdurar no tempo. Logo após a

reunião senti uma ansiedade, um nervoso miudinho, de como seria a turma,

por quantos elementos ela seria composta.

A primeira conversa com o Diretor de turma foi outros dos momentos

marcantes, não por me ter facultado todas as informações, pelas quais

ansiava, mas também por criarmos laços de amizade que ainda hoje perduram

e que foram fundamentais, na minha relação pessoal e profissional com ele.

Em dita conversa, o Diretor de turma, alertou-me para o facto de termos uma

aluna, que para efeitos de relatório de estágio se vai chamar Maria, com uma

doença congénita rara, denominada alopecia.2 Após tomar conhecimento desta

2 Segundo a Organização Mundial de Saúde, alopecia significa perda total ou parcial do cabelo, pode

ocorrer em qualquer idade e não é considerada calvície. Este fenómeno ocorre com um dano celular, pela diminuição da irrigação sanguínea local. Consult. 16 Setembro 2012 disponível em: http://new.paho.org/cub/index.php?option=com_docman&task=doc_download&gid=697&itemid=

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situação permaneci em introspeção. Devido ao facto de, em primeiro lugar, não

saber o que era alopecia; segundo pela necessidade de falar com a Maria, pois

sabia que o facto de usar peruca iria ser, ou poderia ser um potencial dissuasor

da realização da aula de Educação Física. Este momento foi marcante, mas

também desafiador, pois competia-me, como agente educador, preparar as

aulas, atendendo a este facto, e sempre numa perspetiva inclusiva.

Outro dos momentos marcantes foi a aula de apresentação, o primeiro

impacto / contacto com os alunos. Tomei o cuidado de me preparar

afincadamente física e mentalmente. Sentia que estava preparado para a aula,

no entanto, como em núcleo de estágio, decidimos, formalizar a primeira aula

em contexto teórico, num espaço fechado, com uma apresentação PowerPoint,

fiquei um pouco ansioso. O primeiro contacto foi especial, agradável e bastante

proveitoso. Conversei com os alunos, chamei a atenção de alguns pormenores

que não poderiam passar-se nas aulas (telemóveis, falar com o colega do lado

entre outros.), mas também por conhecer a Maria, uma rapariga simples,

humilde, sem culpa da doença que tinha. Maria tomou a liberdade de vir falar

comigo, respondi-lhe que já tinha conhecimento da doença, obviamente já me

tinha informado sobre os aspetos mais relevantes desta doença, comentei-lhe

que teria todo o meu apoio e perguntei-lhe como tencionava realizar as aulas.

Disse-me que de forma normal, embora com algumas precauções. Sobre se os

colegas sabiam, disse-me que apenas duas amigas da turma sabiam.

Outro momento que aqui retrato, não é um só momento mas vários, são

as primeiras aulas. O impacto e a falta de rotinas organizacionais na gestão e

no desafio de ter vinte e oito alunos, cada um com a sua própria personalidade,

com os seus problemas, preocupações, enfim todo um rol de características

próprias do ser humano, multiplicado por vinte e oito. Em tom de brincadeira,

costumo dizer aos pais dos meus atletas, que eles têm um, dois, três filhos, nós

temos vinte e oito, e todos ao nosso cuidado de uma só vez.

Num dado momento do primeiro período, ocorreu a situação que nunca

pensei que me fosse ocorrer, a situação que mudou a vida de Maria no

presente e futuros anos letivos e a minha também. Maria a jogar basquetebol,

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como outro aluno qualquer, numa disputa da bola após ressalto na tabela, viu a

sua peruca ficar nas mãos de um colega de turma. Não sou capaz de

descrever o que Maria sentiu naquele momento, mas consigo descrever o que

vi, uma miúda insegura, a fugir para o balneário ajeitando a peruca na cabeça e

chorando como se o mundo se tivesse abatido sobre ela. A minha reação foi

imediatamente dar ordens para que a turma continuasse a exercitar e pedi à

amiga que sabia também da doença, que a fosse chamar (visto eu não poder

entrar no balneário). Devo dizer que fiquei desolado, desorientado e que a

minha primeira impressão ao ver Maria, foi colocar-lhe o meu braço à sua volta,

envolvendo-a. Ainda sem grande tempo para pensar disse-lhe Maria, temos

duas opções, uma finges que nada aconteceu, mas os teus colegas certamente

irão comentar e vais sentir-te desconfortável, ou então, ganhas coragem,

assumes a doença que tens perante a turma, e os teus colegas, certamente

irão perceber, compreender e aceitar-te, tal e qual como tu és. A aluna de

pronto respondeu negativamente.

Deixei-a na companhia da amiga e disse-lhe para pensar nas hipóteses,

se quisesse poderia ou não realizar a aula. Entretanto, enquanto lecionava, o

Professor Cooperante, foi falando com Maria, tentando-lhe fazer ver os prós e

os contras de ela, ganhar coragem com a turma. No final da aula, a aluna

ganhou coragem para comunicar o seu problema à turma e pediu-me um

tempo para falar. Os colegas ouviram com surpresa, atenção e emoção a sua

narração na primeira pessoa, do que é viver sem cabelo. Em unanimidade

aplaudiram-na e deram-lhe força e apoio para o que necessitasse. O sorriso

que a aluna esboçou no final da aula ainda hoje perdura nas minhas

recordações, um sorriso aliviado, sincero, quase como a agradecer a mim e

aos colegas pela compreensão de uma doença, da qual não tem culpa. Por

tudo isto, penso que este sem dúvida foi o momento mais marcante, desafiador

de todo o meu estágio, foi uma verdadeira lição de vida que levo deste

momento.

O desinteresse por parte de dois alunos sobre os conteúdos e da própria

disciplina foi outro dos momentos desafiantes. As alegações que faziam era

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que não gostavam de desporto, não tinham jeito, não lhes interessava para

nada e também que não estavam minimamente preocupados porque a

classificação obtida no final, não contava para a média de acesso ao ensino

superior.

Deste aspeto devo referir que, consegui que um dos alunos se

empenhasse nas aulas, fruto também da ajuda dos colegas com quem ia

falando. Com respeito ao outro, pouco consegui fazer, quase todo o ano, ou

faltava, ou apresentava relatórios do médico pedindo dispensa, por não se

encontrar em condições de realizar aula. Tenho a consciência tranquila, porque

fiz tudo o que estava ao meu alcance para “lhe abrir os olhos” e lhe fazer

perceber, o quão importante é o desporto no quotidiano de qualquer pessoa.

Por último, e em consequência de um inverno rigoroso, a chuva

“obrigou-me” a ter um plano B e até C nas aulas que realizava no exterior.

Revelou-se um verdadeiro transtorno, ter que prescindir de um espaço exterior

para ocupar um terço do pavilhão. Obviamente, esta mudança obrigou-me a

muita adaptação para poder lecionar com vinte e oito alunos em tão curto

espaço. Foi uma constante adaptação da ação, em que destaco o ciclo que eu

próprio defini como o ciclo da ação, adaptação, reflexão momentânea,

adaptação da ação e reflexão.

Todos estes momentos vivenciados por mim foram únicos. Felizmente,

todos os momentos foram resolvidos, uns muito bem, outros nem tanto.

Procurei, agir de acordo com as estratégias fundamentadas na literatura, na

experiência dos meus colegas professores, do meu Professor Cooperante e do

meu Orientador.

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4.5 Aprendizagens Pessoais e Profissionais

Dos capítulos anteriores podemos retirar enormes aprendizagens, quer a

nível pessoal quer profissional, que este Estágio Profissional me propiciou. Irei,

agora, descrever algumas aprendizagens mais significativas, embora considere

que será ao longo da vida que irei poder tirar conclusões sobre as

aprendizagens que este estágio me possibilitou.

Este processo de ensino aprendizagem é recíproco, tanto aprende o

aluno com o Professor, como o Professor com o aluno. O Professor, pelas

inúmeras variáveis que se atravessam no seu caminho quotidiano, está numa

constante procura de tão almejava assertividade. Sabendo nós que os alunos

são ser humanos, cada um com a sua personalidade, estabelecem-se variadas

situações de relações, das quais surge a necessidade de garantir soluções,

diferentes formas de atuação, metodologias, tudo em prol de um somatório final

de aprendizagens por parte dos nossos alunos. Destas buscas intensas de

satisfazer o “aluno insatisfeito” surgem as nossas próprias aprendizagens.

A conversa inicial com o Professor Cooperante sobre as tão famosas

rotinas fazem agora sentido, pois, consciente ou inconscientemente, vivemos a

procura da estabilidade, da criação de rotinas. Desta forma, senti que o estágio

fluía a uma velocidade vertiginosa, exigindo-me um constante modificar das

minhas rotinas, reorganizar-me e a dar mais valor ao tempo.

Por exemplo, destinei as tardes de quarta-feira para as respetivas

reflexões, pós aulas e reuniões de grupo de estágio. As terças e quintas-feiras

ao planeamento das aulas. Aos fins de semana para os trabalhos da faculdade,

e para os trabalhos a longo prazo. Todas estas rotinas complementadas com

respetivas introspeções e reflexões pareciam não ter fim, tamanha era a

descoberta com que me deparava dia após dia. Estas rotinas criadas

permitiram-me estar em dia com respeito às responsabilidades intrínsecas

deste estágio.

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A minha experiência de treino desportivo foi também um fator a ter em

conta no processo de ensino aprendizagem. Esta experiência permitiu-me

conduzir de forma eficaz as aulas, antecipar e prevenir problemas, gerir

recursos, tanto humanos como materiais entre outros.

A meio do ano letivo, vivenciei uma situação caricata, mas de enorme

importância para o futuro. Projetei uma aula para o exterior, tendo em conta o

espaço que me estava destinado, atendendo ao roulement, tinha um campo de

futsal e um campo de voleibol. Estando compenetrado no meu processo de

ensino aprendizagem, não fui capaz de perceber que tinha o campo de futsal

(40x20) ao lado completamente disponível. No final da aula, em pé de conversa

com o meu Professor Cooperante, este perguntou-me como seria possível ao

ser humano, não ver uma coisa tão comprida e larga disponível, mesmo à sua

frente. Sem perceber o porquê, ele apontou para o campo, dizendo-me que

este esteve sempre disponível. Feliz ou infelizmente foi só uma vez, talvez pelo

facto de no treino, ter sempre o mesmo espaço, não contava, que estas

possibilidades na escola pudessem ocorrer e, por esse motivo, estava no meu

“cantinho” a dar a minha aula. Este alerta por parte do Professor Cooperante

funcionou com uma viragem, uma nova forma de pensar a aula, de possuir

sempre um plano B nestas situações. Não é só quando as condições

atmosféricas são adversas e limitam-nos o espaço, mas também quando temos

a possibilidade de expandir a aula. Admito que desta lição retirei ilações para o

resto do ano, e em situações posteriores surgidas privilegiei por exemplo o jogo

formal, quer de andebol quer de futebol. E como complemento, os conteúdos

mais analíticos, pois as oportunidades de ter quase toda a gente em

exercitação em condições ótimas são escassas, diria mesmo quase nulas

durante todo um ano letivo.

Pertencendo ao Grupo de EF incumbiram-nos a organização de diversas

provas ao longo do ano nomeadamente, o Troféu Escola Secundária Alberto

Sampaio que se desenrolava fora do espaço físico da escola. Nestas provas o

trabalho de equipa é preponderante pois sem o esforço colaborativo de todos

era impensável realizar uma enormidade de um evento como este. Foi uma

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importante bagagem a que adquiri, com a organização de provas como a

orientação, peddy-paper e a canoagem.

4.5.1 Cooperação com o Diretor de Turma

Analisando o regulamento de estágio (Matos, 2012), cabe ao Estudante

Estagiário acompanhar o diretor de turma, ou por oposição acompanhar o

Desporto Escolar. No seio do nosso núcleo de estágio e em concordância com

o meu Professor Cooperante decidi, devido ao facto de que a minha vida

profissional não fosse compatível com o desporto escolar, optar por

acompanhar o diretor de turma.

A minha aprendizagem foi enriquecedora, visto que, o Diretor de turma

desempenha um papel importantíssimo no estabelecimento de relações entre

os alunos, encarregados de educação e a escola (professores e

administração). Umas das primeiras tarefas que desempenhei foi a

caraterização da turma através das fichas que os alunos preencheram no início

do ano. A partir desta informação o diretor de turma conhece o passado

escolar, os hábitos, identifica dificuldades, necessidades, entre outras

características próprias dos alunos. Compete também ao diretor de turma,

fornecer informações e definir estratégias com os restantes professores.

Da relação com os encarregados de educação, o Diretor de turma

procurou perceber as dúvidas dos pais, explicar o funcionamento da estrutura

de apoio na escola, transmitir informações sobre os seus educandos. Ao longo

do ano presenciei a algumas dessas receções do diretor de turma aos

encarregados de educação, sempre e quando o horário era compatível, com as

minhas aulas ou atividades da faculdade, Nessas receções, percebi a

importância de um encarregado de educação ativo na procura de informação,

pois muitas vezes a realidade que o aluno transmite em casa em nada se

compara à que se atesta na escola.

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53

Por outro lado, é importante conhecer alguns comportamentos que os

alunos têm fora do ambiente escolar que se justificam em certas atitudes que

têm dentro do ambiente escolar, ou vice-versa.

Posto isto, se como estudante estagiário, aprendi a ser Professor,

importa agora sublinhar se fui capaz de transmitir conhecimento aos meus

alunos, refletindo sobre as estratégias empregues ao longo do ano.

4.6 Estratégias utilizadas para o sucesso dos alunos

O sucesso pode ser definido à custa de várias vertentes, o que para uns

pode ser motivo de sucesso, para outros pode ser motivo de uma

aprendizagem normal ou pouco relevante. A minha própria definição deste

conceito neste contexto decorre das classificações obtidas pelos alunos, mas

também pela constante apreciação durante as aulas. É a resposta do

quotidiano dos alunos à constante exigência que fomos colocando aula após

aula, ou então no cumprimento das regras definidas no início do ano letivo. É

portanto, partindo desta perspetiva, que irei abordar este tema.

Analisando o sucesso por estas vertentes, os critérios que eu considerei

para verificar se os alunos alcançaram o sucesso à custa das suas

aprendizagens foram os seguintes:

I. A classificação, como não poderia deixar de ser, os alunos devem

ser diferenciados uns dos outros e devem ver as suas prestações

retribuídas aula após aula (a nível do desempenho motor).

II. O teste escrito, para determinar o nível de conhecimentos do

aluno, adquiridos ao longo das aulas mas, também por pequenos

dossiers que facultávamos.

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54

III. A avaliação atitudinal3, ou seja, o aluno que se empenha, cumpre

horários, coopera com o Professor e colegas na manutenção de

um clima ótimo de aprendizagem, deve ser recompensado.

IV. O cumprimento das regras básicas, onde os alunos devem

aprender a respeitar para serem respeitados sabendo estar e agir

nos mais diversos contextos quer na aula, quer na sociedade.

A definição das regras, na aula de apresentação foi uma boa aposta de

minha parte, já que as fiz cumprir, durante todo o ano, e consegui por exemplo,

que os alunos raramente se atrasassem, as faltas de material também foram

insignificantes (apenas duas). Quanto às dispensas, foram o aspeto que deixei

mais em aberto, ou seja, aceitava as dispensas desde que houvesse um

compromisso de honra por parte do aluno, na justificação que me fornecia.

De um modo geral, posso afirmar que correu bem, no entanto, sinto que

tive um aluno que por diversos momentos, não fez aula, abusando de esse

estatuto. Penso que talvez devesse ter agido de outra maneira com esse aluno,

em vez de estar a consciencializá-lo, deveria ter-lhe aplicado uma medida

coerente para que se sentisse responsabilizado. No entanto, foi penalizado na

avaliação atitudinal. De uma forma geral, penso que houve sucesso no

estabelecimento das regras uma vez que os alunos sentiram a necessidade de

cumprir as regras por forma a preservar o clima ótimo da sessão.

Com respeito à avaliação atitudinal, foram grandes as dúvidas

levantadas por nós ao Professor Cooperante. Sobre esta medida, penso que

obtivemos igualmente o sucesso. Não obstante senti que muitas vezes os

alunos diziam a nota por dizer, sem refletirem no comportamento que tiveram

ao longo da aula. Ao início ainda decidi intervir, modificando algumas notas,

mas, pouco a pouco, responsabilizei-os, afirmando que era uma tarefa que lhes

competia, visto ser uma auto e hétero avaliação. Penso que esta medida foi

excelente no sentido de eles se comprometerem com as aulas principalmente

3 Esta avaliação sugerida pelo Professor Cooperante era realizada na parte final de cada aula, onde os

alunos realizavam uma auto e hétero avaliação, numa escala de 1 até 5 valores. O resultado no final do período era aplicado a classificação final do aluno, com um peso de 30%.

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55

para o Professor se defender da habitual pergunta de um aluno que não gosta

da nota, alegando que se empenhou, à qual respondia, sim, mas isso entra na

avaliação atitudinal, aqui esta a ser avaliado o desempenho motor.

Em relação à classificação final, penso não ser só nesses momentos

que devemos olhar para o sucesso, mas sim durante todo o ano, em

pormenores que estão intimamente relacionados com a aprendizagem. Por

exemplo, por vários momentos ouvi os alunos a dizer: “- finalmente

conseguimos jogar voleibol sem a bola estar sempre no chão” ou então “- até

que enfim que aprendi a lançar”, reforçando, “- agora sei o que é o pé eixo”.

Igualmente percebemos se houve sucesso na aprendizagem dos alunos, se

estes executaram bem um elemento gímnico que parecia difícil de executar,

por retirar o medo da execução do que quer que seja ao aluno que se

“esconde” por entre os colegas para não executar. Também, no aluno que

encaminhei para um clube de atletismo por lhe ter visto potencialidades para o

salto em altura, assim como, com outro aluno, para o salto em comprimento.

Por outro lado, no início do ano letivo, alguns alunos não conseguiam

dar sequência a uma jogada, ou seja, passar de uma abordagem dos

conteúdos da componente técnica para os conteúdos táticos no jogo. Consegui

desta forma resolver os conteúdos técnicos através de problemas táticos, à

semelhança do modelo de ensino dos jogos para a compreensão (Rosado &

Mesquita, 2011).

Por muito boas que as estratégias adotadas sejam, para que surtam

efeito, dependem da relação do Professor Aluno. Neste sentido, Galvão (2002)

elucida que o Professor bem-sucedido mantém um clima respeitoso, agradável

e amigável, através do desenvolvimento de um laço afetivo forte com os

alunos, evitando um ambiente propício às denominações de Professor

permissivo.

Sobre este aspeto, penso que a minha relação com os alunos foi

excelente. Sempre houve respeito de parte a parte, espaços para brincadeiras

e desafios recíprocos, momentos de alegria e tristeza, partilhada por todos e

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entre todos. Nem nos meus melhores sonhos, no primeiro ano deste ciclo de

ensino, pensava que iria ter uma relação como a que tive este ano. Esta

relação, não se “prendia” somente ao espaço de aula, mas sim nos corredores

e espaços externos adjacentes à escola, onde aproveitava para os conhecer

melhor, ter aquelas conversas informais onde os alunos se desinibem e onde

aproveitava para transmitir alguns conselhos. Por exemplo, foram inúmeras as

vezes que os alunos me convidaram para os seus jantares de turma, as vezes

em que me pediam cinco minutos da aula para fazerem as suas brincadeiras,

como por exemplo o “Harlem Shake”.

Após todos estes capítulos, estamos já em condições de perceber

realmente o que é Ser Professor? No capítulo um pouco mais à frente, procuro

responder a esta questão.

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5. Estudo4

Prática Desportiva, Fora do Contexto Escolar

Estudo e Intervenção numa Turma do 10º Ano e numa

Aluna com Excesso de Peso

Fernando Matos F. Fernandes, Nuno Corte-Real, Ramiro Rolim, Arnaldino Ferreira.

Faculdade de Desporto da Universidade do Porto

Escola secundária Alberto Sampaio - Braga

4 Este estudo encontra-se num formato publicável, em anexo, no presente Relatório de Estágio.

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Resumo

Atualmente, as vantagens associadas a uma prática desportiva regular

no nosso quotidiano são imensas. No entanto, inúmeros estudos comprovam o

elevado sedentarismo latente na nossa sociedade, nomeadamente entre

crianças e jovens. Este facto torna-se preocupante, tendo em vista que, é

nestas idades onde os hábitos de um adulto começam a ser desenvolvidos.

Desta forma, o nosso estudo procurou perceber quais os hábitos desportivos

de uma turma do 10º ano de escolaridade, com uma amostra de 28 alunos, 11

do sexo feminino e 17 do sexo masculino, cujas idades se situam entre os 14 e

os 16 anos de idade. Este conhecimento foi auxiliado pelo preenchimento de

um questionário sobre a prática desportiva, bem como seus motivos e/ou

barreiras à prática desportiva.

A análise dos resultados evidenciou uma turma ativa, acima da média

nacional e europeia. Os principais motivos dos alunos para a prática desportiva

são: a forma física, a saúde, o prazer entre outros. Quanto às barreiras, foi

notória a falta de motivação e de tempo, como a mais apontada pela nossa

amostra. Através da análise dos resultados do IMC detetamos a existência de

um caso com excesso de peso, sem qualquer intervenção ou aconselhamento.

Reconhecendo esta importância, intervimos, recorrendo, numa primeira

fase, ao método qualitativo, fazendo uma entrevista, por forma, a aprofundar o

nosso conhecimento e consciencializar o aluno sobre os seus hábitos de vida.

Como resultado desta intervenção, detetamos que o aluno é relativamente

ativo, motivada por questões de ordem física, nomeadamente a aparência e a

forma física, e que a sua principal barreira é a falta de tempo. Por forma a

combater a falta de tempo e incrementar os índices de prática desportiva da

atleta, elaboramos uma lista de sugestões que são passiveis de ser aplicadas

em casa, na rua, ou até mesmo em locais de custo reduzido.

Concluímos portanto, que é fundamental, o papel da escola e do

Professor, ao detetar, supervisionar, intervir e aconselhar os alunos, sobre os

seus hábitos, dentro e fora da escola.

Palavras-chave ALUNOS, PRÁTICA DESPORTIVA, PEDÓMETRO,

BARREIRAS E MOTIVOS.

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1. Introdução

É do conhecimento geral, que a atividade física e ou prática desportiva,

traz grandes benefícios para a saúde (OMS, 2011).

Entre a numerosa bibliografia que existe atualmente sobre esta temática,

destaco os dois sites que consultei de duas instituições de referência no

mundo, a Organização Mundial da Saúde (WHO) e o Centro de Controle de

Doenças dos Estados Unidos (CDC), que periodicamente publicam relatórios

que nos dizem, por um lado, o quanto é importante ser ativo fisicamente e, por

outro lado, nos alertam para a grande percentagem de jovens que não atinge

os mínimos aconselhados. Nos países industrializados, a obesidade continua a

crescer sem precedentes (OMS, 2013), alicerçada num sedentarismo mórbido,

onde os níveis de atividade física das crianças tende a decrescer na

adolescência (CDC, 2013). Uma das esperanças que podemos ter, por forma a

não agravar este pobre cenário mundial, é a prevenção através da atividade

física ou prática desportiva.

Convém portanto em primeiro lugar, definir alguns conceitos, tais como,

atividade física e prática desportiva. Por entre as inúmeras definições, a que

nos pareceu mais consensual, relativamente à atividade física, foi a que

corresponde “a qualquer movimento corporal produzido pelos músculos

esqueléticos, que resulte no aumento dos gastos energéticos relativamente á

taxa metabólica de repouso” (Bouchard et. al., 1990: Caspersen et. al.,1985).

Outro autor como Devis (2001, cit. por Corte-Real, 2006 p.66), numa dimensão

multidimensional, entende a atividade física como:

“ (…) Qualquer movimento humano corporal intencionado, realizado com os

músculos esqueléticos que resulte num gasto de energia e numa experiência

pessoal, permitindo interações com outros e o meio que o rodeia”.

Por outro lado, sobre a prática desportiva, o Conselho Europeu (1995),

define de forma abrangente como “todas as formas de atividade física que,

através de uma participação organizada ou não, têm por objetivo a expressão

ou melhoramento da condição física e psíquica, o desenvolvimento das

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relações sociais ou a obtenção de resultados na competição a todos os níveis”.

Um aspeto, comum a estas definições, são os enormes benefícios que

acarretam para a saúde. De acordo com o Special Eurobarometer 213 (2004),

a grande maioria dos cidadãos europeus (78%), reconhece a saúde como

sendo o principal benefício do desporto.

Segundo o CDC, a escola tem o potencial, através dos seus agentes,

para criar bases e elevar os padrões da atividade física das crianças e

adolescentes, não só durante a juventude, mas também no estilo de vida em

adulto. A necessidade de os jovens adotarem estilos de vida ativos, associados

à prática regular de exercício aeróbio e treino de força (Rego C, 2002), deverá

ser uma preocupação da escola e dos professores de educação física. As

escolas são o modelo mais recomendado, atualmente, para promoverem a

saúde e a educação para a saúde. (OMS, 2013a). Neste sentido, urge a

necessidade de uma intervenção a este nível, nomeadamente, através da

inserção na escola que este ano de estágio profissional nos proporciona, onde

estamos em contacto com os alunos e outros colegas docentes, por forma a

incrementar algumas práticas, recomendações, descobrir motivos e/ou

barreiras para incrementar os índices de atividade física e/ou pratica

desportiva, fora do contexto escolar. Tornar-me assim, num professor, mas

também, num promotor de saúde.

Deste modo, os objetivos deste estudo foram, numa primeira fase,

conhecer, detalhadamente, os hábitos desportivos da turma e

consequentemente colocar os nossos alunos a refletirem sobre os seus estilos

de vida. Posteriormente, perceber quais os motivos/barreiras à prática física

e/ou desportiva.

Por último, perceber, através do índice de massa corporal, se existe

algum aluno a necessitar de uma intervenção nossa, por forma a combater as

barreiras à inatividade física ou ausência de prática desportiva.

Decorrendo do exposto, este estudo, além dos resultados interessantes

obtidos, serviu para consciencializar todos os agentes envolvidos sobre a

importância de uma vida ativa.

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61

2. Material e Métodos

2.1. Amostra

A amostra foi constituída por 28 alunos (11 do sexo feminino e 17 do

sexo masculino), com idades compreendidas entre os 14 e os 16 anos,

frequentando o 10º ano de escolaridade da escola Secundária Alberto Sampaio

(ESAS).

2.2. Instrumentos e Procedimentos

Foi aplicado, num só momento, numa sala de aula, com o ambiente

controlado pelo investigador, a toda a amostra, após as devidas autorizações

dos encarregados de educação e conselho geral da ESAS, um questionário5 de

autopreenchimento que englobava questões sociodemográficas, atividade

física, hábitos de prática desportiva, motivos e barreiras percebidas, entre

outros. A análise de motivos e barreiras foi efetuado através de duas questões

abertas.

Para determinar o índice de massa corporal (IMC), utilizamos uma

balança digital, para obter os valores do peso. No que diz respeito à altura dos

alunos, foi utilizada uma fita métrica em centímetros, registando-se o valor

entre o vértex (ponto superior da cabeça no plano mediano sagital) e o plano

de referência no solo. Os valores de IMC foram recolhidos pelos

investigadores, imediatamente antes da realização do questionário, sendo

calculado através da fórmula: Peso/Altura², expresso em Kg/m².

Posteriormente, após deteção de um caso com um valor elevado de IMC

com 29,39 Kg/m², considerado pré obesidade de acordo com os valores [25.00

– 29.99] apresentados pela OMS (2013b), e tendo em conta que não tivemos

acesso às respostas da aluna ao questionário, por este ser anónimo, decidimos

realizar uma entrevista, com gravação de áudio, à aluna, baseada nesse

mesmo questionário, aplicado anteriormente à turma. A entrevista foi realizada

com o intuito de conhecer aprofundadamente, os hábitos desportivos da aluna,

5 Questionário elaborado e validado pelo gabinete de psicologia da Faculdade de Desporto da

Universidade do Porto (FADEUP) que pode ser encontrado em: https://sites.google.com/site/labpsicfadeup/home.

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bem como, as suas barreiras e os seus motivos para ser mais ativa. Após

realização da entrevista, foi aplicado à aluna em causa, um pedómetro da

marca Geonaute, modelo: OnStep 100, com 4 características de registo,

nomeadamente: nº de passos, distância percorrida, calorias e tempo total de

utilização durante 7 dias (ver anexo 1). Foi dito à aluna que apenas podia

remover o aparelho na hora de dormir e da higiene pessoal. Os dados

provenientes do pedómetro eram registados pela aluna ao final de cada um dos

dias, numa tabela elaborada por nós, onde colocamos além dos indicadores do

pedómetro, hora de acordar, hora de colocação do pedómetro, hora de

remoção do pedómetro e hora de deitar.

As análises estatísticas, foram efetuadas com recurso ao programa

estatístico S.P.S.S. (statistical package for the social sciences), para o

Windows, versão 16.0. A análise descritiva foi efetuada a partir das medidas

descritivas básicas: média, desvio padrão, mínimo e máximo. Para

comparações entre variáveis utilizamos a estatística inferencial do teste qui-

quadrado. O nível de insignificância em todos os testes estatísticos foi fixado

em p ≤ 0,05.

2.3. Resultados

2.3.1. Prática Desportiva

Em relação á prática desportiva fora do contexto escolar, criamos três

grupos: os praticantes, correspondentes a 67,9% da amostra. Os que praticam

só as vezes (menos de uma vez por semana), que são 21,4% da amostra e por

último, os que não praticam, que representam apenas, 10,7% da amostra. (ver

tabela 1).

Tabela 1. Prática desportiva fora do contexto escolar

Prática Desportiva n %

Nunca pratico 3 10,7

Pratico só as vezes 6 21,4

Pratico com regularidade 19 67,9

Total 28 100

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63

Se repararmos na frequência semanal dos praticantes, dividimos em 7

grupos: menos de uma vez por semana, 12%; uma vez por semana, 8%; duas

vezes por semana, 48%; três vezes por semana, 8%; quatro vezes por

semana, 4%; 5 vezes por semana, 8% e por último, seis vezes por semana,

12% (ver tabela 2).

Tabela 2. Frequência semanal dos praticantes

Frequência Semanal % n

Menos de uma vez por semana 12 3

Uma vez por semana 8 2

Duas vezes por semana 48 12

Três vezes por semana 8 2

Quatro vezes por semana 4 1

Cinco vezes por semana 8 2

Seis vezes por semana 12 3

Total 100 25

Relativamente às modalidades praticadas, como seria de esperar, num

país com uma cultura futebolística muito forte, os alunos optam claramente

pelo futebol. O atletismo aparece em segundo lugar, seguido do andebol e

basquetebol. Modalidades como kickboxing, downhill, BTT, aparecem no último

lugar de preferência (ver tabela 3).

Tabela 3. Praticantes por modalidades

Modalidades n %

Futebol 10 40

Andebol 2 8

Basquetebol 2 8

Atletismo 4 16

Downhill 1 4

Kickboxing 1 4

BTT 1 4

Natação 3 12

Ciclismo 1 4

Total 25 100

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2.3.2. Atividade Física

Com respeito à Atividade Física, dividimos em duas partes, uma

dedicada ao caminhar (com seis grupos de frequência) e outra mais

abrangente, dedicada ao andar, correr e saltar (com oito grupos de frequência).

Em relação ao caminhar, a grande maioria dos alunos 37,5% da amostra

afirmam caminhar todos os dias. Do lado inverso, somente 3,6% afirma nunca

ou quase nunca caminhar (ver tabela 4).

Tabela 4. Atividade Física - Caminhar

Frequência Semanal n %

Nunca ou quase nunca 1 3,6

Três vezes por semana 5 17,9

Quatro vezes por semana 6 21,4

Cinco vezes por semana 4 14,3

Seis vezes por semana 2 7,1

Todos os dias 10 35,7

Total 28 100

Em relação ao andar, correr e saltar, constatamos que os alunos as

realizam uma, duas ou três vezes por semana, correspondendo a

sensivelmente 60% da amostra. O grupo de alunos que afirma andar, correr e

saltar todos os dias, corresponde a 21,4% da amostra (ver tabela 5).

Tabela 5. Atividade Física – Andar, Correr e Saltar

Frequência Semanal n %

Nunca ou quase nunca 1 3,6

Menos de 1 vez por semana 2 7,1

Uma vez por semana 6 21,4

Duas vezes por semana 6 21,4

Três vezes por semana 5 17,9

Quatro vezes por semana 1 3,6

Cinco vezes por semana 1 3,6

Todos os dias 6 21,4

Total 28 100

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2.3.3. Motivos e Barreiras percebidas

No que diz respeito aos motivos e barreiras percebidas, evidenciamos a

numerosa e diversificada quantidade de respostas. Houve, portanto, a

necessidade de agrupar todas as respostas em classes, com base em todos os

estudos que analisamos.

Em relação aos motivos para a prática desportiva, os alunos citaram

como principal a forma física, seguido da saúde e do prazer. (ver tabela 6).

Tabela 6. Motivos

Classes Nº de

Citações Exemplos

Saúde 17 “ Faz bem à saúde”; “ é saudável”

Bem-estar 10 “ Sentir-me melhor”; “ um melhor estado de espirito”

Stress 12 “ Relaxar”; “ Andar menos stressado”

Aparência 13 “ Ficar mais magra”; “ Perder peso”; “ Ganhar massa

muscular”

Forma

Física 20

“Manter a forma”; “Ganhar força”;

Manter-me apto fisicamente com o passar dos anos”

Prazer 16 “ Prazer”; “ Gosto”; “ Divertimento”

Companhi

a 9 “ Estar com os amigos”; “ Conhecer novas pessoas”

Outros 9 “ Ocupava o tempo”; “Quero-me divertir”;

Com respeito às barreiras à prática desportiva, os alunos citaram como

principal a falta de motivação, seguido da falta de tempo e da saúde (lesões e

dores musculares), com o mesmo grau de importância (ver tabela 7).

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Tabela 7. Barreiras

Classes Nº de

Citações Exemplos

Saúde 10 “ Causa lesões”; “ Dores musculares”

Falta de tempo 10 “ Não tenho tempo”

Não gosta 5 “ Por não gostar”; “ Não ter prazer”

Falta motivação 18 “ Preguiça”; “ Sem motivação”; “ Cansaço”

Recursos 2 “Manter a forma”; “Ganhar força”;

Manter-me apto fisicamente com o passar dos anos”

Transporte 3 “ Fica longe de casa”; “ Falta de transporte”

Desperdício de

tempo 2 “ Ia ter pouco tempo para as coisas”; “ Tira tempo”

Outros 3 “ Não ter talento”; “Zangas com os colegas”; “Estudos”

2.3.4. Índice de massa corporal

Através do cálculo e dos valores de referência (OMS 2013b),

apresentados anteriormente, dos 28 alunos que compõem o total amostra, 24

alunos apresentam uma média de 21,54 Kg/m². Um aluno está abaixo com 17,

59 Kg/m² e três estão acima da média, sendo o valor máximo obtido de 29,39

Kg/m².

Os três alunos que mereceram a nossa atenção estavam acima da

média, com excesso de peso. Conseguimos perceber que dois deles são

praticantes desportivos federados (basquetebol e atletismo), deste modo, estão

a ser acompanhados nos seus clubes. O caso alarmante foi da aluna com o

IMC mais elevado, que aparentemente não pratica qualquer tipo de desporto.

Desta forma, incidimos a nossa intervenção, a partir deste momento, só neste

caso particular.

2.3.5. Aplicação do pedómetro

Após uma semana de utilização do pedómetro, com as devidas

recomendações, a aluna entregou-nos a tabela com os seguintes registos (ver

quadro 8). Analisando os dados, podemos constatar que a aluna fez uma

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média diária de 9042 passos, correspondentes a 5,43 km, perfazendo um total

de 63294 passos, 38,02 km. O dia que a aluna, mais passos realizou, foi a

segunda-feira (11891 passos), em contrapartida, o dia que a aluna, menos

passos realizou, foi no domingo (4368 passos). No entanto, a aluna justificou

este dia, pelo facto de ter estado a estudar. No que respeita ao tempo de uso

do aparelho, o dia que a aluna mais tempo permaneceu com o pedómetro foi

no sábado (16h14’) e sexta-feira o dia que menos tempo permaneceu (12h07’)

isto porque lhe foi entregue o aparelho 4 horas depois de acordar. O desgaste

das calorias é diretamente proporcional aos passos e km efetuados,

registando-se o maior incremento, do desgaste calórico, na segunda-feira e o

menor no domingo (ver tabela 8).

Tabela 8. Registos diários do pedómetro de uma aluna

Dia Nº

Passos Km

Tempo total de

utilização Calorias

Horas de uso do

aparelho

Sexta-feira 8931 5,49 1h24’ 376 12h07’

Sábado 9310 5,72 1h24’ 391 16h14’

Domingo 4368 2,21 39’ 154 14h05’

Segunda 11891 7,32 1h48’ 500 14h07’

Terça 8200 4,41 1h15’ 312 14h02’

Quarta 9605 5,84 1h25’ 393 14h51’

Quinta 10995 7,03 1h38’ 450 14h50’

Total 63294 38,02 8h13’ 2576 99h36’

Média diária 9042 5,43 1h16’ 368 14h19’

2.3.6. Resultados da entrevista à aluna.

Da entrevista realizada à aluna, agrupamos as suas respostas por

classes, como havíamos feito anteriormente para com a turma. Desta forma

conseguimos perceber os seus motivos, bem como as suas barreiras, à prática

desportiva.

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68

Na tabela 9, conseguimos perceber que a aluna pratica apenas desporto

uma vez por semana (futebol) e nas férias letivas costuma frequentar o ginásio

da Universidade do Minho. Nunca praticou qualquer desporto federado. Quanto

ao material e espaços, a aluna mencionou vários espaços nas proximidades

com condições para a prática de atividade física ou desportiva, bem como, ser

portadora e sentir-se confortável com o material desportivo. Quanto aos hábitos

familiares do seu agregado, referiu que, neste momento, nenhum membro

pratica desporto, quer por lazer ou federado. Como motivos para a prática

desportiva a aluna apontou motivos relacionados com o aspeto físico e

psicológico. No que diz respeito às barreiras a aluna mencionou a falta de

tempo e o seu irmão mais novo, que fica ao seu cuidado na ausência dos pais.

Por último a aluna mencionou que estava disposta a mudar os seus

comportamentos e hábitos, sabendo de antemão que seria um processo

complicado, demorado e com alguns sacrifícios. Por forma a ser mais ativa

fisicamente e consequentemente aumentar a prática de atividade física ou

desportiva, a aluna respondeu que deveriam passar mais por exercícios em

casa e aproveitar mais os tempos mortos que tem para jogar ou ir ao ginásio,

nem que seja por um curto período de tempo.

Tabela 9. Conclusões da entrevista

Hábitos desportivos

Pratica futebol, uma vez por semana; Frequenta o ginásio na Universidade do Minho, nas

férias (2horas por dia, todos os dias). Nunca praticou desporto federado.

Recursos e espaços materiais

Possuiu e sente-se confortável com o material desportivo. Nas proximidades da sua

residência, existe um ginásio (pago), um ginásio ao ar livre, um ringue de futebol.

Motivos

“ Sentir-me mais leve”, “ Sentir-me mais relaxada”; “ Prevenir as lesões”; “Sentir-me melhor

comigo mesma”; “ Era bom para a minha saúde”.

Barreiras

“ Falta de tempo”; “ Cuidar do meu irmão”

Estratégias

“Tentar arranjar algumas estratégias em casa para fazer algum exercício”; “ Ir mais vezes

ao ginásio, nem que seja uma horinha”; “ Tentar ir jogar mais vezes, nem que seja por um

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69

curto período de tempo”

2.3.7 Sugestões para combater o excesso de peso da aluna:

Estas sugestões decorrem da necessidade em ajudar à aluna,

encaminhando-a e facilitando-lhe uma série de estratégias, para que consiga

efetivamente aumentar os seus índices de prática desportiva diária. Estas

sugestões foram elaboradas decorrentes da revisão bibliográfica realizada, da

experiência que a lecionação produziu no investigador, bem como dos próprios

conhecimentos do professor/investigador e dos próprios resultados e

conclusões do presente estudo. Dividimos as sugestões da seguinte forma:

2.3.8 Sugestões para exercícios a realizar em casa

Como partiu da própria aluna, que uma das estratégias passasse por

realizar exercícios em casa, propomos aplicar, baseado nas indicações do

American College of Sports Medicine (2013), com auxílio de um vídeo, um

treino de circuito intenso, formado por 12 estações, com um tempo de

execução de 30’’ e de repouso, entre as estações, de 10’’. Este circuito,

demora cerca de 7’, podem ser realizadas 2 ou 3 séries, 2 a 3 vezes por

semana. Foi entregue à aluna, uma cópia, com todas as especificações deste

programa, bem como os benefícios do mesmo, que pode ser encontrado em:

http://journals.lww.com/acsm-

healthfitness/Fulltext/2013/05000/HIGH_INTENSITY_CIRCUIT_TRAINI

NG_USING_BODY_WEIGHT_.5.aspx

http://www.youtube.com/watch?v=RgXQ7Cqmulg

2.3.9 Sugestões para exercícios a realizar fora de casa

Uma vez mais, sugerimos à aluna, um programa de caminhada, indicado

pelo American College of Sports Medicine (2011), que nos assinala, que a

caminhada deve ser realizada todos os dias, iniciando com um aquecimento de

5’ a um ritmo lento, aumentando o ritmo entre os 10’ e os 30’, com um retorno à

calma de 5’. Numa etapa inicial, a aluna deve começar com caminhadas por

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70

curto período de tempo (10’ a 15’) e aumentar o tempo em 20% a cada duas

semanas de prática. Foi entregue à aluna, uma cópia, com todas as

especificações deste programa, bem como os benefícios do mesmo, que pode

ser encontrado em:

http://www.acsm.org/docs/brochures/selecting-and-effectively-using-a-

walking-program.pdf

2.3.10 Sugestões para exercícios que a aluna já realiza

Analisando os hábitos desportivos da aluna existentes. Sugerimos os

seguintes ajustes:

a. Aumentar a intensidade da passada, nos trajetos entre a casa e a escola

e vice-versa.

b. Pedir à pessoa que a transporta de carro, que a deixe um pouco mais

longe do destino, do que o habitual.

c. Tentar ir mais vezes a pé para a escola do que o habitual.

d. Na escola, arranjar companhia e caminhar durante todos os intervalos,

ou até mesmo jogar futebol.

e. Evitar o uso de elevadores no seu quotidiano

f. Tentar cativar os amigos para jogarem futebol assiduamente durante os

tempos livres.

g. Tentar cativar os parentes mais próximos, a caminhar com ela, ao fim da

tarde, ou após o jantar.

h. Uma vez que possui protocolo com o ginásio da Universidade do Minho,

pedir ao monitor do ginásio, um plano de treino, com os objetivos que a

aluna pretende, conciliando com o programa o programa do circuito de

treino intensivo do ACSM (2013).

2.3.11 Outras Sugestões

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71

Serão facultadas à aluna, informações sobre uma nutricionista, próxima

da sua residência que realiza consultas diagnósticas gratuitas e futuras

consultas de monitorização a baixo custo (15euros). Esta será uma etapa

crucial, para que aluna atinja os seus objetivos, correspondentes à forma física

e consequentemente à aparência

2.4. Discussão dos Resultados

Um dos objetivos do estudo era conhecer os hábitos desportivos dos

alunos fora do contexto escolar. Numa sociedade contemporânea em que

estamos inseridos, verifica-se uma tendência para o decréscimo da prática

desportiva na adolescência, e que segundo Caspersen (2000, cit. por Mendes.

M, 2009 p.80),

“As idades entre os 15 e os 18 anos representam um período crítico de maior

risco para o declínio da atividade física”.

Verificamos com agrado, que a turma por nós estudada revela

percentagens de prática desportivas superiores à média nacional (27%) e à

média europeia (38%). (Marivoet, 2001; Special Eurobarometer 213, 2004).

Como seria de esperar, face à cultura do país onde estamos inseridos, a

grande maioria dos alunos pratica futebol, tal e qual se vem verificando ao

longo dos anos (Marivoet, 2001). Com respeito aos índices de atividade física,

não sendo possível comparar com rigor as percentagens obtidas com outros

estudos, podemos, no entanto, comparar as tendências dos estudos que

analisamos e percebemos que maioria da turma está dentro dos padrões

normais, tal como verificamos no estudo realizado pela OMS, (2004), em que a

média de atividade física parece mostrar que os jovens, são ativos por 1h a

cada 3.8 dias por semana. No que aos motivos diz respeito, os dados

recolhidos mostram que os alunos consideram como as mais importantes, a

saúde, a forma física e o prazer. Comprovando com o estudo de Frias (2009) e

citando o mesmo autor (p.94):

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72

“ Estes resultados foram consistentes com a bibliografia consultada que, com

amostras em idades coincidentes, também obtiveram conclusões que apontam

no mesmo sentido”.

Marivoet (2000) afirma no seu estudo que a saúde e a condição física são os

principais fatores para a prática desportiva por parte dos inquiridos. O prazer,

segundo a mesa autora, constitui o 2º principal motivo para a prática

desportiva. No que concerne às barreiras, neste estudo, os alunos apontaram

como as principais, a falta de tempo, preguiça e a saúde. Neste domínio, não

foi muita a bibliografia encontrada, sobretudo e amostras semelhantes, no

entanto, observando e analisando a bibliografia existente, percebemos que a

falta de tempo em conjunto com a falta de motivação, é uma das barreiras mais

comum à prática desportiva (Mota & Sallis, 2002; Marivoet, 2000; Special

Eurobarometer 213, 2004). Já no que diz respeito à saúde, Marivoet (2000),

afirma no seu estudo, que a saúde (lesões) e o não gostar, também foram

barreiras apontadas pelos inquiridos, embora, de forma minorada. De uma

forma global, percebemos que os motivos e barreiras mais indicadas pelos

alunos estão de acordo com a tendência verificada na bibliografia.

Em relação ao IMC, detetamos 85,71% da amostra com valores

considerados normais, em função das orientações da tabela de referência

(OMS 2013b), sendo a média de 21,54 Kg/m². Com valores abaixo do normal,

encontramos 3,57% da amostra, que apresentou um valor de magreza de 17,

59 Kg/m². Os restantes 10,7 % da amostra correspondem aos alunos que

apresentaram excesso de peso, sendo o valor ais elevado de 29,39 Kg/m².

De acordo com um estudo Europeu, que refere Portugal com uma

percentagem de jovens com excesso de peso na ordem dos 13% (Jansen et

al., 2005), podemos constatar que a turma se encontra abaixo desses mesmos

valores. No que diz respeito ao nosso país, podemos encontrar diversos

estudos, nas mais variadas escolas, em que percebemos que os valores da

nossa turma encontram-se abaixo dos valores analisados. No estudo de

Coelho et al. (2008), com 612 alunos, com idades compreendidas entre os 12 e

os 17 anos, constatou que 22% dos alunos tinham excesso de peso; outro

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73

estudo na região de Lisboa, Gouveia et al. (2007), com uma amostra de 319

alunos, com idades compreendidas entre 11 e 17 anos, concluiu que

igualmente 22% tinham excesso de peso. Ainda um outro estudo, Matos

(2006), com uma amostra representativa de adolescentes com idades

semelhantes ao nosso estudo, concluiu que 15,2% dos alunos tinham excesso

de peso. Podemos constatar que a prevalência de excesso de peso está a

aumentar nos jovens adolescentes, das nossas escolas. No nosso estudo,

através dos valores obtidos, comprovamos que estão um pouco abaixo dos

diferentes estudos analisados, no entanto, não deixam de carecer de uma

análise profunda de intervenção.

Como exposto anteriormente, focamos a nossa intervenção, numa aluna

que não tinha qualquer tipo de acompanhamento, quer por parte de alguém ou

de uma entidade. Após apresentação dos resultados, constatamos que a

utilização do pedómetro foi uma ferramenta adequada, para perceber, de certa

forma, qual o tipo de vida que a aluna levava, visto que e segundo Lopes, et al

(2003), os pedómetros são aparelhos que contabilizam e fazem uma estimativa

do número de passos que um individuo realiza, através de oscilações verticais

do corpo. O mesmo autor afirma, que o número de passos, ou mesmo a

distância percorrida pelo sujeito, demonstram sobretudo a atividade física

realizada. Os pedómetros são cada vez mais usados na promoção da atividade

física (Eakin et al., 2007).

Apresentamos a classificação da atividade física, de acordo com o

número de passos por dia. Um quadro desenvolvido por Tudo – Locke e Dr.

Bassett Jr (2004) e citado em ACSM (2011). (ver tabela 10).

Tabela 10. Classificação da AF, de acordo com o número de passos por dia

Passos por Dia Nível de Atividade

<5.000 Sedentário

5.000 – 7.500 Pouco Ativo

7.500 – 9.999 Relativamente

Ativo

10.000 – 12.500 Ativo

>12.500 Muito Ativo

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74

No nosso estudo optamos por efetuar registos de uma semana tipo da

aluna, porque achamos desta forma, percebemos as suas rotinas, durante a

semana e fim de semana inclusive. Contudo, por entre a revisão bibliográfica

que efetuamos, constatamos que no mínimo, os investigadores registavam,

através do pedómetro 4 dias consecutivos (Raustorp et al. 2004; Duncan et al.

2005; Wickel et al. 2007). Portanto, analisando e comparando os dados

registados pelo pedómetro, da aluna que mereceu a nossa intervenção, com os

do quadro em cima, constatamos que a média diária da aluna (9042 passos)

coloca-a no patamar do nível relativamente ativo de atividade física. No

entanto, ao verificarmos em pormenor, percebemos que o dia mais ativo da

aluna foi uma segunda-feira, onde realizou 11042 passos, colocando-a no

patamar ativa. Pelo inverso, o dia com menos passos realizados, foi um

Domingo com 4368 passos. Atendendo à média de passos semanal, podemos

considerar a aluna relativamente ativa, desde já, este indicador do estudo,

aponta para que, talvez, o problema da aluna possa estar relacionado com a

sua dieta calórica diária.

No que aos motivos diz respeito, a aluna apontou motivos relacionados

com a saúde e forma física, desta forma, conforme análise efetuada

anteriormente, constatamos que a aluna aponta os mesmos motivos que a

maioria da amostra. Como barreiras, a aluna aponta a falta de tempo,

associada ao ter que cuidar do irmão. Mais uma vez, a falta de tempo, foi a

barreira mais representativa em toda a bibliografia existente e em toda a nossa

amostra.

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75

4. Conclusão e Sugestões

4.1. Conclusão

As principais conclusões, de acordo com os objetivos que nos propusemos,

nomeadamente, conhecer os hábitos desportivos dos alunos da turma que

leciono, os seus motivos ou barreiras à prática desportiva e ainda interpretar o

IMC, percebendo se haveria algum caso a necessitar de uma intervenção são:

Os hábitos de prática desportiva dos alunos, da turma, estão acima da

média nacional e europeia.

Os alunos apontaram a como principal, forma física, seguida da saúde,

do prazer e do bem-estar, como os principais motivos à prática

desportiva.

Como barreiras à prática desportiva, os alunos apontam como principal

os fatores motivacionais (preguiça), seguido da falta de tempo e da

saúde (lesões) como obstáculos à prática desportiva.

Com respeito ao IMC, concluímos que a grande maioria dos alunos que

compõem a turma, esta dentro só padrões considerados normais. No

entanto, 10% da amostra apresenta excesso de peso.

Atendendo à percentagem de excesso de peso, incidimos a nossa

intervenção sobre uma aluna, cujas principais conclusões foram:

A aluna, com uma média de 9042 passos diários, é esta inserida na

classe dos relativamente ativos.

Os principais motivos que aponta para a prática desportiva estão

relacionados com a forma física, a aparência e a saúde.

As principais barreiras que refere foi a falta de tempo, associada aos

cuidados do irmão, que é menor e está ao seu encargo, na ausência dos

pais.

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76

Em jeito de auto - sugestão, perguntamos que estratégias a aluna estaria

disposta a realizar para ser mais ativa fisicamente, foi-nos dito que poderia

realizar algum tipo de trabalho em casa, aumentar o tempo de caminhadas e

de jogo durante a semana, bem como, aumentar a frequência das idas ao

ginásio.

4.2. Sugestões

Estas sugestões decorrem da revisão da literatura efetuada, experiência

que a lecionação produziu no investigador e do resultado das conclusões do

presente estudo. Assim:

O Professor de Educação Física deve promover o desporto, incutir bons

hábitos desportivos nos alunos, que perdurem durante a sua

adolescência e vida adulta.

O Professor de Educação Física deve ter a preocupação de aumentar o

empenhamento motor, bem como a intensidade das suas atividades.

Também, com este ato de registo, é nosso desejo, consciencializar os

futuros docentes a adotar medidas promotoras de saúde nas suas

turmas, bem como detetarem qualquer caso a necessitar de uma

intervenção

O conteúdo deste estudo, relacionado com a aluna, será sugerido ao

Diretor de turma, o seu registo em ata, no conselho de turma, onde a

aluna esta inserida. Deste modo, o próximo Professor de Educação

Física tomará conhecimento, supervisionará, bem como

auxiliará/emancipará a aluna.

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77

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81

6. Ser Professor

Revisitando este extenso reportório por mim elaborado repleto de

experiências, penso que se podem realçar aspetos que ajudarão a definir o Ser

Professor. No entanto, a resposta vai se tornando mais simples e objetiva de

responder com o passar dos anos e da experiência acumulada.

Para Ser Professor é necessário lecionar, “conviver” e “respirar” com os

alunos e com a comunidade escolar. Professor é ser capaz de liderar através

do seu conhecimento, ser assertivo, ser reconhecido pelos seus alunos, no

imediato, mas também no futuro, como o obreiro da aprendizagem. Ter tato

pedagógico, ser capaz de intervir sintética e assertivamente em prol da

evolução do aluno. Saber aceitar a crítica, tornando-a construtiva, através de

profundas e constantes reflexões, ao longo da sua vida de docente. É saber

encontrar no seu lado mais pessoal, um espaço para elaborar, redigir, procurar,

corrigir, todo um material de suporte, para o ensino. É ter o “dom” da

adaptação, sobre e para a sua prática de ensino aprendizagem. Professor é ter

capacidade, através das suas próprias ações e da sua forma de comunicar, de

criar laços de afinidade com os alunos, funcionando, muitas vezes, para os

alunos, como um pai ou mãe, um amigo ausente, um desabafo, um agente

capaz de os ouvir com atenção, de os compreender, dar resposta às múltiplas

inquietudes próprias do quotidiano da vida. Aqui assenta a ideia de que o

Professor deve atuar e funcionar em vários domínios, não passa de um simples

reprodutor de conhecimento, mas sim um educador, uma ponte de

comunicação da sociedade, um promotor de bons hábitos, um ser que

desempenha a sua função, sem esperar retribuição em troca, sem ter

oportunidade de um dia mais tarde, ouvir um simples obrigado de um adulto,

formado por si.

No meu estágio, vivi numa imensidade de sensações, experiências,

conversas formais e sobretudo as informais, ansiedades, estratégias com e

sem sucesso, brincadeiras e muitas alegrias partilhadas com os alunos. Ser

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Professor….só sentindo, porque as palavras são insuficientes para descrever

esta grandiosa Profissão.

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83

7. Reflexões Finais e Perspetivas para o Futuro

Quando confrontado com a palavra conclusão, revivo com saudades uma

imensidão de emoções, uma vida académica, onde consegui durante a minha

formação ter a oportunidade de escolher os meus amigos, onde comecei a

definir a minha vida profissional, onde me instruíram para ver o mundo com

outros olhos e, acima de tudo, onde me possibilitaram colocar tudo em prática,

percebendo como é a realidade que nos espera.

Este ano, percebi a cultura da escola, partindo da perspetiva de um

professor, quantas vezes pensei que injusto que fui quando era aluno e tecia

certos comentários. Ajudei ao desenvolvimento global dos alunos nos vários

domínios, moldei-me, refleti muito e cresci a vários níveis, da mesma forma que

consegui ser um Professor, promotor de saúde e da prática desportiva, valores

que na atualidade, devem ser reforçados junto dos alunos.

Refleti muito, adaptei-me, voltei a refletir, sem nunca me conformar com as

aulas lecionadas. Face às exigências dos alunos, quer a nível motivacional,

quer a nível de desempenho. Obrigando-me a pesquisar, adaptar, ser

meticuloso. Com os meus alunos, aprendi que por muito que façamos, nunca

podemos estar conformados, mas sim ambicionar sempre mais.

Outro aspeto que percebi foi, na minha atuação profissional, até onde pode

ir o meu “eu pessoal”. Há competências e códigos profissionais que, devemos

respeitar e fazem parte do “eu profissional” e, que nem sempre vai de encontro

ao que penso ou sou. Ou seja, há dimensões pessoais que tenho de distanciar

das dimensões profissionais.

Esta ponte que estabeleço da vida académica é o começo de uma outra

vida, neste momento, uma vida de indefinição.

Ainda me recordo, quando acabei de licenciar-me, os mais críticos

comentavam como é que ia para um curso sem saída, frequentar um mestrado

para o desemprego, entre outros comentários. Respondi, afirmando

simplesmente que era o que eu gostava, mas por dentro, estava num turbilhão

de indefinições. A minha decisão em avançar para o mestrado foi assente

numa esperança, que ainda hoje tenho, que me faz acreditar que o meu tempo

irá chegar como Professor. No entanto, reconheço que perante as atuais

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condições do nosso país, mergulhado numa profunda crise financeira, essa

esperança diminuiu, mas não sucumbiu.

Sem ter culpa, assim como os meus alunos, não posso responder aos seus

apelos, em que me disseram que iriam apresentar um pedido à diretora da

escola, para continuar a ser o Professor de Educação Física. Talvez por estes

incentivos, ainda acredite, que um dia poderei adquirir uma estabilidade que

me permita, envelhecer ou rejuvenescer como Professor de Educação Física.

Parto para este nova vida, com o sentimento de dever cumprido, mas ainda

com muito por cumprir. Com saudade da minha escola, da minha turma, dos

meus alunos, que carinhosamente, às escondidas, me chamavam o

“nandinho”, por eles e para eles, deixo aqui eternizado, através das palavras, a

mensagem que eles apelidaram, de despedida aos amigos, lida no final do

nosso último jantar de turma.

Até aqui viajamos juntos.

Passaram vilas e cidades, cachoeiras e rios, bosques e florestas...

Não faltaram os grandes obstáculos.

Frequentes foram as cercas, ajudando a transpor abismos...

As subidas e descidas foram realidade sempre presente.

Juntos, percorremos retas, nos apoiamos nas curvas, descobrimos cidades...

Chegou o momento de cada um seguir viagem sozinho...

Que as experiências compartilhadas no percurso até aqui sejam a alavanca

para alcançarmos a alegria de chegar ao destino projetado.

A nossa saudade e a nossa esperança de um reencontro aos que, por vários

motivos, nos deixaram, seguindo outros caminhos.

O nosso agradecimento àqueles que, mesmo de fora, mas sempre presentes,

nos quiseram bem e nos apoiaram nos bons e nos maus momentos.

Dividam connosco os méritos desta conquista, porque também vos pertence.

Uma despedida é necessária antes de podermos nos encontrar outra vez.

Que nossas despedidas sejam um eterno reencontro.

(Autor desconhecido)

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9. Anexos