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O PROGRAMA LUZ PARA TODOS COMO PROMOTOR DO DESENVOLVIMENTO LOCAL E DA INCLUSÃO SOCIAL NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – UMA ANÁLISE A PARTIR DA EMPRESA AMPLA S/A
PANDO ANGELOFF PANDEFF, BRUNA FIGUEIRA DA SILVA, STHEFANI
NOGUEIRA SARAIVA, YOHANS DE OLIVEIRA ESTEVES (FACULDADE ITABORAI)
Resumo: O presente estudo buscou analisar políticas públicas de inclusão social e desenvolvimento local a partir da análise do Programa Nacional de Universalização do Acesso e Uso de Energia Elétrica (Luz para todos), desenvolvido em parceria com as Concessionárias de Energia Elétrica de todo o país, e mais especificamente a partir da empresa AMPLA S/A no Estado do Rio de Janeiro, objeto do estudo de caso proposto. Foram utilizadas bases referenciais teóricas sobre o tema de forma a fundamentar as discussões. O estudo buscou verificar as áreas de concessão da empresa, métodos utilizados na implantação do programa e resultados obtidos. A partir dos resultados, o estudo analisa o processo de desenvolvimento e inclusão social sugerido pelo programa e se de fato essa proposta foi alcançada. A base para implantação do programa foi o mapa de exclusão elétrica onde foi revelado que as famílias sem acesso à energia no país se encontram em localidades de menor índice de desenvolvimento humano e em famílias de baixa renda. Cerca de 90% destas famílias têm renda inferior a três salários-mínimos e 80% estão no meio rural. No Rio de Janeiro, ao todo são 66 municípios atendidos pela Concessionária AMPLA S/A, onde foi analisada a proposta geral do programa e confrontada com a atual situação e resultados, tendo como premissa verificar se o programa de fato está promovendo o desenvolvimento local e a inserção social, atendendo plenamente às populações inseridas no projeto. Foram verificados os índices de implantação do programa, a quantidade de famílias que tiveram acesso aos benefícios do projeto por ano e as áreas atendidas e não atendidas pelo programa dentro da área de concessão da AMPLA S/A. O resultado percebido a partir da proposta geral do programa é que este vem buscando alcançar as metas propostas e está sendo desenvolvido com maior ênfase em áreas rurais em detrimento da zona urbana, porém as prorrogações em torno do número de novos cidadãos sem energia no país tem exposto o Programa a dúvidas e incertezas, sendo a proposta de inclusão e desenvolvimento, comprometida. O estudo é fruto de trabalho monográfico do curso de Administração de Empresas da Faculdade Itaboraí, sob orientação do Prof. Ms, Pando Angeloff Pandeff e co-orientado pela Profa. Ms, Sthefani Nogueira Saraiva e pelo Prof. Esp. Yohans de Oliveira Esteves, que já desenvolvem estudos correlatos no município de Itaboraí / RJ.
Palavras-chaves: Ampla S/A; Desenvolvimento local; Exclusão Elétrica; Inclusão Social;
Programa Luz para Todos.
ISSN 1984-9354
X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 08 e 09 de agosto de 2014
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1. INTRODUÇÃO
A energia elétrica é produzida e utilizada de diversas formas e tendo os processos de geração
e distribuição se aprimorado ao longo dos anos, sendo hoje essencial à manutenção e sustentação
da sociedade moderna.
Sua essencialidade está vinculada desde os sistemas de produção até ao atendimento de
demandas domésticas, criando assim uma dependência crescente e cada vez maior das fontes
geradoras, sendo ainda sua importância vinculada diretamente às políticas de desenvolvimento que
possibilitam o surgimento e a instalação de organizações nos mais diversos segmentos produtivos
e de serviços, promovendo ainda a inserção social de populações até então não atendidas pela
malha de distribuição.
As pesquisas com eletricidade, no contexto histórico, acompanham o desenvolvimento das
sociedades, sendo baseadas em experiências a partir da curiosidade humana que remontam aos
anos 600 a.C.. A partir dos gregos, com Tales (624 a.C. – 558 a.C.), que descobriu a eletricidade
estática, sendo o primeiro filósofo a desenvolver experiências com a eletricidade.
Após séculos de pesquisas embrionárias por tentativa e erro, as bases para evolução das
pesquisas são implantadas em 1660 pelo alemão Otto Von Guericke (físico), que criou um
mecanismo através do qual ao tocar com as mãos uma bola de enxofre em movimento saltavam
centelhas, que se pareciam muito com os raios. Era a descoberta da eletricidade eletrostática. Mais
tarde, em 1670 o físico construiu a primeira máquina eletrostática.
Após as descobertas anteriores, Stephen Gray, mais um físico da história, constatou que não
existiam somente materiais que conduziam energia, mas sim também os que não conduziam. Os
não condutores foram nomeados por Gray como isolantes.
Por volta do século XVI novas pesquisas são desenvolvidas buscando o aprofundamento nas
experiências com a eletricidade, como fizeram o holandês Pieter van Musschenbroek e o
americano Benjamim Franklin.
No século XVII, iniciou-se o que foi considerado pelos físicos e pesquisadores do período,
como a época de ouro para as pesquisas com eletricidade.
Descobertas como a pilha elétrica, através dos experimentos do cientista italiano
Alessandro Volta e da confirmação das Leis que ligavam a eletricidade ao magnetismo por Hans
Cristian Oersted, André-Mari Ampére e François Arago ratificam esse período de avanço nas
pesquisas.
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Entre os anos de 1821 e 1831, o inglês Michael Faraday descobriu a corrente elétrica,
comprovando com seu experimento que a eletricidade pode ser induzida por mudanças de um
campo magnético, lançando assim as bases para o desenvolvimento de motores, geradores e
transformadores elétricos, os quais são utilizados até hoje.
Em 1860, o escocês J.C. Maxwell revolucionou a física, por meio de suas conhecidas
equações, as leis do magnetismo, da eletricidade e da luz. A partir do trabalho de Maxwell a
ciência consegue o controle sobre a eletricidade, os campos e as ondas eletromagnéticas, abrindo
caminho para a eletrônica e avanços como o rádio, a TV, computadores, satélites, entre outros,
revolucionando a ciência e as aplicações que até hoje sustentam o desenvolvimento da sociedade
moderna.
Contudo, no campo da eletricidade que já havia avançado significativamente desde as
primeiras experiências, as novas pesquisas desenvolvidas levam a descobertas que revolucionaram
o seu uso e mudariam profundamente a história do mundo.
Após diversos experimentos, em 21 de outubro de 1879, o norte-americano Thomas Alva
Edison (1847–1931) inventou a lâmpada incandescente, dando fim então à iluminação a
querosene, a gás ou a óleo incandescente e desde então, a luz elétrica passou a ser utilizada em
todas as partes do planeta e sendo integrada a vida moderna por sua essencialidade.
Após essa descoberta Thomas Edison muda o foco para desenvolver estudos sobre como a
energia elétrica seria levada até a lâmpada, defendendo o uso de centrais de energia que deveriam
produzir corrente contínua (CC), como as que são produzidas nas baterias, mas se deparando com
o problema relacionado o pouco alcance das linhas de energia.
Por outro lado o austríaco Nikolas Tesla defendia a corrente alternada (CA), que revertida sua
direção dentro de um condutor, poderia ser levada para longas distâncias e para funcionar
precisava de uma forte carga inicial na corrente e de forma complementar, ser utilizada com
cautela, pois o uso inadequado poderia causar graves acidentes. Hoje essa carga é conhecida
como: alta tensão.
Nesse contexto, o setor elétrico avançou de forma significativa, unificando a invenção de
Thomas à descoberta de Tesla. As redes de distribuição de energia elétrica foram ampliadas e a
energia passou a ser disponibilizada de forma ampla para toda a população e para os setores
produtivos da sociedade. O desenvolvimento do setor elétrico se deu pela capacidade criativa e
inventividade de pessoas movidas pela curiosidade ou pela necessidade.
Com base em Diamond (2001) em seu livro Armas, Germes e Aço, nem sempre a necessidade
é a mãe da invenção. Por muitas vezes as invenções eram criadas com um objetivo e acabavam
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sendo úteis para outros fins não previstos, ou seja, em sua opinião, a invenção é quase sempre a
mãe da necessidade, e não o contrário.
Com base nesses pressupostos e aplicados ao contexto atual das políticas de incentivo à
produção e redução de desigualdades no Brasil, foi através de uma necessidade evidenciada que se
buscaram alternativas para acabar com a exclusão elétrica no país e seus efeitos negativos para o
desenvolvimento local e nesse contexto o Governo Federal, em parceria com as Concessionárias
de Energia Elétrica nos Estados e as Cooperativas de Eletrificação Rural, lançou o Programa Luz
para Todos.
O programa teve como principal objetivo, viabilizar o acesso à energia elétrica à totalidade da
população no meio rural brasileiro e as metas de concretização das obras definiram inicialmente a
necessidade de atender a cerca de 10 milhões de pessoas até o ano de 2008 e de 12 milhões até o
ano de 2010, tendo o programa sido prorrogado até o ano de 2015 face a identificação de novas
demandas durante a fase inicial de implantação.
Dessa forma, a concretização total das obras do programa a serem realizadas pelas
concessionárias até 2015, visa atender a aproximadamente mais 2,5 milhões de famílias brasileiras
residentes na área rural, buscando assim reduzir de forma significativa a exclusão elétrica como
pode ser observado na figura 1 a seguir.
Figura 1: Consumo de energia por tipo pelas famílias e exclusão elétrica urbana e rural
Fonte: MME (BEN, 2012)
Assim, com base no mapa de exclusão elétrica foi observado que ainda existem algumas
regiões que não foram atendidas e demandam energia elétrica para se desenvolverem. São
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localidades de menor índice de desenvolvimento humano – IDH, onde vivem famílias de baixa
renda, a maioria em áreas rurais. Cerca de 90% destas famílias têm renda inferior a três salários
mínimos e ainda não estão inseridas adequadamente na sociedade, o que ensejou a prorrogação do
programa.
Nesse contexto, com a criação do Programa Luz Para Todos, o Governo Federal busca reduzir
significativamente a exclusão elétrica no país e busca utilizar a energia elétrica como ponte para o
desenvolvimento social e econômico das comunidades ainda não assistidas, contribuindo assim
para a redução da pobreza e o incremento da renda familiar, melhorando a prestação de serviços à
população beneficiada, fortalecendo o ciclo de atendimento às áreas e reduzindo o impacto
tarifário.
De forma geral, o acesso à energia elétrica permite às famílias melhorarem sua capacidade de
produção e consequentemente gerar maior renda e consumo de bens duráveis e equipamentos
rurais elétricos, movimentando e fortalecendo as economias locais e permitindo de forma indireta
a integração aos serviços de saúde, educação, abastecimento de água e saneamento básico, bem
como programas sociais complementares.
Ao viabilizar o acesso à energia elétrica, o programa se propõe a colaborar para a
permanência das famílias no campo, melhorando a qualidade de vida, criando empregos diretos e
indiretos e intensificando o uso da mão de obra local.
Dessa forma, o estudo teve como principal objetivo, avaliar a efetividade do Programa Luz
para Todos e suas metas iniciais propostas, comparando com os resultados alcançados, a partir da
análise de dados e resultados da Concessionária de Energia Elétrica Ampla S/A, nos 66
municípios na área de concessão da empresa, buscando ainda verificar como o Programa está
sendo desenvolvido e se as áreas rurais que se enquadram de forma mais ampla no contexto de
exclusão elétrica estão sendo de fato atendidas.
O estudo ainda levou em conta a questão social envolvida em função da relação direta com as
políticas públicas de desenvolvimento local e a influência na vida das populações beneficiadas,
sendo ainda verificados os benefícios produzidos pelo programa e o quantitativo de pessoas
beneficiadas, analisando os resultados alcançados com a implantação do programa com base nos
objetivos propostos inicialmente para no Estado do Rio de Janeiro e avalia se ainda existem
residências que não foram contempladas com energia elétrica. Como objetivo mais amplo,
buscou-se avaliar a efetividade do programa como fator de inclusão social e desenvolvimento
local.
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Através dos dados resultantes do estudo, foi possível a identificação de falhas e a proposição
de alternativas que permitam a maior eficiência do programa através das concessionárias de
energia, podendo ser extrapolados para áreas não atendidas pelo programa.
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Analisar a efetividade do programa federal Luz para Todos, a partir das parcerias firmadas
para implantação no Estado do Rio de Janeiro como contribuinte para o desenvolvimento local e
inclusão social, a partir do incremento das atividades econômicas na área de influência do
programa e do fomento a atividades empreendedoras.
2.2 Objetivos Específicos
Analisar as propostas gerais do programa e sua implantação a partir da concessionária
Ampla S/A;
Mapear as áreas atendidas e não atendidas e analisar o processo de identificação das
demandas;
Identificar o número de beneficiados pelo Programa até o momento, comparando com as
metas iniciais;
Verificar as contribuições do Programa para o processo de fomento das atividades
empreendedoras e para o desenvolvimento local com inclusão social.
3. METODOLOGIA
O presente artigo foi baseado em trabalho monográfico desenvolvido no curso de
Administração da Faculdade Itaboraí, com base nos resultados finais obtidos.
A escolha do tema deve-se à continuidade de estudos já realizados na região pelos
orientadores, com foco no desenvolvimento local, sustentabilidade socioambiental e a geração de
emprego e renda, adequando-se seu desenvolvimento sob a ótica das atividades voltadas ao
desenvolvimento local e inclusão social propostas pelo Programa Luz para Todos do Governo
Federal e operacionalizado no Estado do Rio de Janeiro pela Concessionária AMPLA S/A.
Analisa sua efetividade a partir da realidade percebida, tomando como base a problemática
envolvida e as dificuldades na busca de alternativas que promovam o desenvolvimento local e a
inclusão social, através da implantação efetiva das propostas.
A base teórica conceitual foi extraída da literatura específica, bases legais, estudos já
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desenvolvidos e observações de campo para a produção do conteúdo necessário às análises.
O método de pesquisa adotado foi o bibliográfico, associado a um estudo de caso da
Concessionária de energia em sua atuação na implantação do Programa no Estado do Rio de
Janeiro, utilizando ainda informações coletadas das bases oficiais (IBGE, TCE-RJ, site da
Empresa, Ministério do Meio Ambiente e de Minas e Energia, Estatuto das Cidades, entre outros).
A partir de dados coletados, ênfase foi dada às questões que envolvem o desenvolvimento
local a partir da implantação do programa, abordando a eficácia dessa iniciativa no âmbito dos
municípios beneficiários e como o acesso à energia elétrica possibilitou o incremento da inclusão
social com base no estímulo aos pequenos empreendedores com a alavancagem de suas atividades
e reflexos na melhoria da qualidade de vida e do ambiente.
Para uma melhor compreensão da realidade temática foi desenvolvida uma análise do
Programa Luz para Todos a partir dos dados fornecidos pela concessionária que foram
confrontados com as propostas gerais e metas iniciais buscando identificar se os cronogramas
foram cumpridos e se o nível de atendimento correspondeu às expectativas iniciais. Dessa análise
foi possível identificar quais ações foram previstas, os resultados efetivos percebidos, os
problemas decorrentes das distorções encontradas e as propostas para ajustes.
A resultante do confronto entre as bases teóricas e legais, associada ao estudo de caso
possibilitou identificar pontos críticos do programa e permitiu ainda a elaboração de proposições
para a melhoria da proposta geral do programa.
3.1 Questões da pesquisa
Analisar as propostas do Programa Federal Luz para Todos sob a ótica do desenvolvimento
local e da inclusão social, tendo como objeto de comparação o processo de implantação do
programa, as metas previstas e sua efetividade, e ainda sua contribuição para o fomento a
atividades empreendedoras em sua área de influência, identificando processos críticos e buscando
propor alternativas que possam nortear ações e práticas dos pequenos empreendedores, a partir do
acesso a energia elétrica.
4. DESENVOLVIMENTO
4.1 Energia Elétrica – Panorama Geral
Segundo a ANEEL com base no Atlas da Energia (2013), a energia elétrica está presente em
quase 100% do país em se tratando de zonas urbanas e em parte na zona rural, tornando-se assim
um dos principais meios para a promoção do desenvolvimento econômico e de inclusão social.
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No entanto, quando associado ao aumento crescente da população, percebe-se um incremento
na demanda por energia pelo setor produtivo para atender às necessidades crescentes por
alimentos, bens e serviços, o que impacta diretamente o setor elétrico, sendo este um dos
principais promotores do desenvolvimento.
Assim, sob a ótica das fontes geradoras, o Brasil possui umas das matrizes energéticas
consideradas mais limpas em relação aos demais países, que além da hidráulica, outras fontes
energéticas de base renovável também são utilizadas como: biomassa, energia solar e energia
eólica entre as mais expressivas, ampliando a capacidade de oferta e beneficiando diretamente a
população e viabilizado as práticas sustentáveis no uso de recursos naturais, reduzindo as pressões
sobre o meio ambiente.
Dessa forma, e com base no Relatório do Balanço Energético Nacional (2012), a distribuição
das fontes geradoras de energia no país tem o seguinte perfil.
Figura 2: Distribuição das unidades geradoras no país e Consumo de energia geral
Fonte: MME (BEN, 2012)
De forma complementar, na análise da matriz energética brasileira, temos que 46,3% de sua
produção são provenientes de fontes renováveis, sendo a fonte hidrelétrica responsável pela
geração de mais de 75% da eletricidade do País, cabendo destacar que a matriz energética mundial
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é composta por 13% de fontes renováveis no caso de Países industrializados, caindo para 6% entre
as nações em desenvolvimento (EPE, 2013), como pode ser observado na figura 3 a seguir que
traz um detalhamento por fonte geradora.
Figura 3: Matriz Energética Nacional por Fonte
Fonte: EPE – Anuário Estatístico 2013
Dessa forma, com a necessidade de expansão do setor elétrico para atender às demandas, no
contexto das políticas públicas de desenvolvimento, levar energia às populações e regiões ainda
não assistidas torna-se uma necessidade e um desafio para que seja possível promover os
benefícios associados relacionados à oferta de públicos básicos, como: educação, saúde,
abastecimento de água e saneamento, entre outros.
Evidencia-se assim que sob essa ótica e com base nos dados analisados que a população do
meio rural é a maior beneficiada com a expansão do setor elétrico a partir do surgimento de novas
oportunidades para os pequenos produtores e comerciantes das áreas atendidas, o que contribui
diretamente para o desenvolvimento econômico e social dessas localidades.
Constata-se que o fornecimento de energia elétrica é o mais abrangente entre os serviços
domiciliares do Brasil, porém este serviço ainda não chegou para cerca de 2.749.243 habitantes do
país, ou seja, segundo o IBGE1, com base no Censo 2010, 728.672 domicílios brasileiros ainda
não possuem fornecimento de energia elétrica, o que representa 1,3%, sendo 133.237 domicílios
na zona urbana e 595.435 domicílios na área rural sem luz elétrica.
1 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE
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O IBGE também divulgou que do total de habitantes sem energia citado, 396.294 pessoas
estão nas cidades e 2.352.949 moram na zona rural, sendo importante destacar que pela primeira
vez o Instituto incluiu no Censo a averiguação do fornecimento de energia elétrica para toda a
população, permitindo a inferência de que esses dados se tornam subsídio para a verificação de
resultados do Programa Luz para Todos.
Ainda segundo o IBGE (2010), com exceção das áreas rurais da região Norte, onde apenas
61,5% dos domicílios tinham energia elétrica fornecida por companhias de distribuição locais, as
demais grandes regiões do País, tanto urbanas quanto rurais, apresentaram uma cobertura acima de
90%, variando de 90,5% nas áreas rurais da região Centro-Oeste a 99,5% nas áreas urbanas da
região Sul.
Em 2010, dos serviços prestados aos domicílios, a energia elétrica foi a que apresentou a
maior cobertura (97,8%), principalmente nas áreas urbanas (99,1%), mas também com marcante
presença na área rural (89,7%).
Face ao exposto e com a identificação de que ainda existe um grande numero de pessoas sem
acesso a energia elétrica e consequentemente sem auferir dos benefícios que esse acesso pode
trazer, levando em conta ainda que essa condição compromete o desenvolvimento local e
inviabiliza às inúmeras oportunidades, o Programa Luz para Todos pode ser percebido como uma
política pública voltada à promoção do desenvolvimento e de inclusão social.
4.2 Contextualizações sobre Políticas Públicas
Tanto a Política Pública Geral quanto a Política Social são campos multidisciplinares, ou seja,
vários campos que buscam um objetivo final, em que o principal foco é explicar a natureza da
política pública e seus processos.
A teoria geral da política pública busca condensar teorias construídas no campo da sociologia,
da ciência política e da economia. É através da economia e nas sociedades que as políticas
públicas são disseminadas, daí o porquê de qualquer teoria da política pública precisar também
explicar as inter-relações entre Estado, política, economia e sociedade.
Assim, percebe-se que o termo “Políticas Públicas” está relacionado à soma das atividades
dos governos, que agem diretamente ou através de delegação, e que influenciam a vida dos
cidadãos.
A Política Pública está diretamente ligada ao Governo, e resumidamente pode ser o que o
Governo decide ou não fazer. (DYE, 1984).
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Dessa forma, a definição mais conhecida, diz que: decisões e análises sobre Política Pública
implicam responder as seguintes questões: quem ganha o quê, por que e que diferença faz.
(LASWELL, 1936).
Dessa forma, as políticas públicas em sua essência estão ligadas fortemente ao Estado, é
este quem determina como os recursos são usados para o beneficio de seus cidadãos. É o Estado
quem define como o dinheiro, arrecadado sob a forma de impostos, deve ser acumulado e como
este deve ser investido e fazer a prestação de contas do dinheiro gasto em favor da sociedade
(SOUZA, 2006).
Na prática, a Política Pública afeta profundamente a vida cotidiana de cada indivíduo na
sociedade, mas apesar de ser um campo onde uma ação implica na sociedade como um todo,
nenhum cidadão com uma iniciativa própria pode fazer uma política pública de ação e de
conscientização pessoal, pois as Políticas Públicas só acontecem mediante a intervenção do
Estado, ou seja, é o Estado quem deve, em tese, saber a necessidade de cada comunidade e avaliar
medidas de melhorias para cada indivíduo desta e investir em espaços públicos que gerem
benefícios para sociedade (THEODOULOU, 1995). Com base nesse contexto, cabe ampliar o
foco para os processos de inclusão e exclusão social.
Enquanto a inclusão social, em suas diferentes faces, é praticada por meio de políticas
públicas, que além de oficializar, devem também viabilizar a inserção dos indivíduos aos meios
sociais, a exclusão social se dá através da falta de meios econômicos, do isolamento social e de
acesso limitado aos direitos sociais e civis.
Dessa forma, os fatores que podem contribuir para a exclusão social são: problemas
laborais, padrões de educação e de vida, a saúde, a nacionalidade, a desigualdade econômica, entre
outros tantos.
A exclusão social tem base multidimensional e pode ser expressa em diversos níveis,
como: ambiental, cultural, econômico, político e social. Na maioria das vezes ela compreende
vários níveis, ou até mesmo todos.
Assim, e de forma mais abrangente, o objetivo das políticas públicas de Inclusão Social é o
de fazer com que, através das oportunidades geradas, pessoas mais necessitadas tenham a chance
de participar da distribuição de renda do País, inserindo-os em programas em que todos sejam
beneficiados e não apenas parte da sociedade. (SECCHI, 2010)
4.3 Programas sociais como política pública de Inclusão e desenvolvimento
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Analisar as políticas públicas pressupõe, apesar de todas as técnicas disponíveis atualmente
para a avaliação de programas, projetos, ações e as políticas públicas, a identificação dos fatores
causais e conteúdos considerados nesse processo, que possibilitam fundamentar as decisões e
escolhas feitas em relação às estratégias de intervenção governamental.
Assim, uma das relações consideradas fundamentais é a que se estabelece entre Estado e
políticas sociais, ou melhor, entre a concepção de Estado e as políticas que este implementará em
uma determinada sociedade e em determinado período pré-definido.
Com base em Höfling (2001), a análise e avaliação de políticas implementadas por um
governo, fatores de diferentes natureza e determinação são importantes, especialmente quando
estão associadas as políticas sociais entendidas como as de educação, saúde, previdência,
habitação, saneamento, entre outras). E onde os diversos fatores envolvidos para a aferição de seu
sucesso ou fracasso das ações implementadas são complexos, variados, e exigem grande esforço
de análise.
As políticas sociais se referem então as ações que determinam o padrão de proteção social
implementado pelo Estado, voltadas, em princípio, para a redistribuição dos benefícios sociais
visando à diminuição das desigualdades estruturais produzidas pelo desenvolvimento
socioeconômico.
Assim, em uma análise mais geral, vários são os programas sociais adotados pelo governo
federal objetivando a inclusão social, sendo destacados: Fome zero, Brasil Alfabetizado e
Educação de Jovens e Adultos, Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti), ProUni,
Brasil Carinhoso, Bolsa Família, entre outros.
Dos programas citados, um dos mais abrangentes no âmbito nacional é o Bolsa Família,
criado em 2004 e que se desenvolve a partir de transferência direta da renda para as famílias
beneficiadas.
O programa visa apoiar as famílias mais pobres e garantir direitos fundamentais, tendo ao
longo de sua implantação associado de forma complementar outros programas como o Auxílio
Gás, o Bolsa Escola, o Bolsa Alimentação e o Cartão Alimentação, buscando assim incluir
famílias que não recebiam nenhum desses benefícios até então.
Dessa forma, os programas sociais representam um conjunto de políticas públicas, que têm
como objetivo distribuir de forma abrangente e igualitária, benefícios sociais à populações em
risco, devendo os beneficiários atender a determinados critérios para serem habilitadas.
Nesse contexto foi criado Cadastro Único (Cad Único), sendo utilizado como base para
acesso aos programas sociais a partir de um sistema que identifica e caracteriza as famílias de
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baixa renda (renda mensal de até meio salário mínimo por pessoa ou renda mensal total de até três
salários mínimos), a partir de um perfil socioeconômico das famílias. Atualmente o cadastro único
conta com 21 milhões de famílias inscritas, sendo coordenado pelo Ministério do
Desenvolvimento Social e combate à Fome (MDS). Suas informações são regulamentadas pelo
Decreto nº 6.135/07, pelas Portarias nº 177, de 16 de junho de 2011, e nº 274, de 10 de outubro de
2011, e Instruções Normativas nº 1 e nº 2, de 26 de agosto de 2011, e as Instruções Normativas nº
3 e nº 4, de 14 de outubro de 2011, e podem também ser utilizadas pelos governos estaduais e
municipais para obter o diagnóstico socioeconômico das famílias cadastradas, possibilitando o
desenvolvimento de políticas sociais locais.
Para o recorte do estudo, o Cadastro Único é também utilizado pelas famílias que recebem
descontos nas contas de energia elétrica, podendo esse desconto varia entre 10 e 65% de acordo
com a faixa de consumo, no contexto de outro programa – A Tarifa Social de Energia Elétrica, de
acordo com a Lei nº 12.212/10 e regulamentada pelo Decreto nº 7.583/11.
As populações tradicionais como indígenas e quilombolas, inscritas no Cadastro Único e que
tenham renda familiar per capita menor ou igual a meio salário mínimo, também são podem ser
beneficiárias, com direito a desconto de 100% até o limite de consumo de 50 kWh/mês.
A tabela 1 a seguir ilustra o detalhamento dos descontos do programa:
Índices da Tarifa Social para Consumidores enquadrados na Subclasse Baixa Renda
Consumo kWh/mês Desconto
Até 30 65%
De 31 a 100 40%
De 101 a 220 10%
Superior a 220 0%
Índices da Tarifa Social para Consumidores Quilombolas e Indígenas
Consumo kWh/mês Desconto
Até 50 100% Tabela 1: Índices de Tarifas Sociais para Programas Sociais
Fonte: MME (BEN, 2012)
Sendo objetivo dos programas sociais enquanto políticas públicas de inclusão social, garantir
o acesso a serviços públicos essenciais, hoje, apesar dos mais de 180 programas criados e dos
avanços percebidos no processo de suprir necessidades básicas, existem ainda cerca de 2,5
milhões de pessoas no Brasil que não tiveram acesso a qualquer tipo de ação assistencial e que
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vivem abaixo da linha da miséria no país, de acordo com estimativas do Ministério do
Desenvolvimento Social (2013).
Dessa forma, pode-se perceber que os programas governamentais se propõem como políticas
públicas a atuarem como vetores para a inclusão e o desenvolvimento social, facilitando assim o
acesso das populações em risco aos serviços públicos.
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Com base na proposta do estudo em analisar o Programa de Universalização do Acesso e Uso
da Energia Elétrica como vetor de desenvolvimento local e de inclusão social e sua implantação
através de concessionárias de energia nos estados, questões importantes foram levantadas e
algumas lacunas ainda necessitam ser preenchidas.
Inicialmente foi analisada a estrutura geral da concessionária, sendo percebido que esta opera
principalmente na região metropolitana do estado e no interior, sendo sua área de concessão
envolvendo 66 municípios (Figura 4), o que faz com que amplia a necessidade de investimentos
em tecnologia e infraestrutura elétrica para poder atender seus clientes, mesmo aqueles que estão
nas áreas mais isoladas, além dos processos de expansão.
Dessa forma, escolha da concessionária para implementação do Programa no Estado do Rio
de Janeiro fica evidenciada face, principalmente, pela abrangência e cobertura no interior, decisão
esta, associada ao resultado dos estudos preliminares desenvolvidos para implantação do
Programa e ratificada posteriormente pelos resultados do Censo do IBGE (2010), sobre a exclusão
elétrica no Brasil.
Municípios da Área de Concessão da Empresa Ampla Municípios da Área de Concessão da Empresa Light Municípios das Áreas de Concessão Ampla S/A e Light S/A
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Figura 4: Municípios nas áreas de Concessão das empresas Ampla S/A e Light S/A
Fonte: AMPLA (2013)
Foi identificado que grande parte da população rural não tem acesso à energia elétrica em suas
casas e propriedades por não haver rede de distribuição, sendo este o principal fator de inibição do
desenvolvimento econômico e social nessas áreas e localidades e de forma complementar a esse
processo os serviços básicos como: saúde, saneamento e educação são precários e comprometidos.
Com base nos dados fornecidos pela concessionária, percebe-se investimentos voltados a
ampliação da infraestrutura elétrica como a aquisição de: postes, transformadores e em extensões
de rede, que em 2013 foram de 33.405,87 km em linhas de média tensão e 17.539,90 km em
linhas de baixa tensão objetivando garantir o atendimento dos clientes em sua área de concessão.
Dos 66 municípios da área de concessão da empresa, 25 municípios, o que equivale a quase
1/3 do total, não estão contemplados pelo Programa Luz para Todos através da empresa por não
terem atendido às condicionantes de acesso a Programas do Governo Federal e estarem inaptos a
receber o benefício, entretanto, podendo reverter esse quadro e serem beneficiados quando do
atendimento dos requisitos para habilitação ao programa.
Dentre os 41 municípios restantes na área de concessão e aptos a receberem o Programa,
todos já foram atendidos, restando assim os 25 citados anteriormente.
Outro ponto verificado indica que podem ainda existir áreas não contempladas pelo Projeto
inicial e sendo informado pela empresa não esta poderá atender face ao atual cronograma de
investimentos e comprometimento do orçamento com as atuais demandas e com potencial entrada
dos municípios ainda não contemplados.
Estando a meta de ligações e ampliação das redes vinculada à meta geral do Programa
Federal, foi informado que já foram efetuadas 18.284 ligações em novas unidades consumidores
beneficiadas pelo Programa, sendo verificado ainda que existem 1.795 novas unidades
consumidoras a serem contempladas, sendo prevista a conclusão para 12/2014 com base no atual
contrato firmado para o período 2012-2014.
A partir da questão envolvendo os benefícios gerados pelo Programa Luz para Todos para o
desenvolvimento local e a inclusão social, foram evidenciados os pontos de destaque nas áreas
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contempladas, a partir da análise dos Relatórios Socioeconômicos dos municípios (2013)
produzidos pelo TCE-RJ2, sendo estes: a permanência das famílias no campo reduzindo assim o
fluxo campo-cidade, melhora na qualidade de vida da população face à utilização da energia para
diversos fins, melhora na oferta de serviços de saúde e educação, o aumento da renda per capita
local pelo incremento das atividades econômicas e o acesso aos canais de comunicação e
informação, entre outros.
De acordo com o MDS, o Programa Luz para Todos também vem gerando novas
oportunidades de trabalho. Estima-se que até o momento, mais de 462 mil pessoas estão
empregadas através do Programa, na cadeia direta e no efeito renda, o que pode ser verificado
quando se analisa o perfil socioeconômico dos municípios contemplados a partir dos relatórios do
TCE-RJ.
Foi verificado ainda que as parcerias para o desenvolvimento do Programa envolvem a União,
Estados e Municípios, e ainda parcerias entre as concessionárias estaduais e Cooperativas de
Eletrificação Rural que se adequaram ao Programa, buscando-se assim os meios para atender de
forma mais ampla possível às áreas pré-definidas pelo Programa.
A partir da revisão desses dados, o Ministério de Minas e Energia e o Governo Federal
decidiram prorrogar o programa o prazo do programa para fins de 2015. A Tabela 2 abaixo
evidencia as metas do programa, bem como o alcance destas.
Programa Luz para Todos
Meta Proposta Período Proposto Meta Alcançada em
Atender há 10 milhões de pessoas Até 2008 2009
Atender há mais 2 milhões de pessoas Até 2010 2010
Atender há mais 2.750 milhões de pessoas Até 2015 Em curso
Tabela 2: Dados Comparativos referentes à Implantação do Programa. Fonte: Os autores.
Assim, com base nas revisões necessárias que o programa sofreu outro ponto a ser destacado
e evidenciado pelas prorrogações propostas é que houve falha e imprecisão na identificação das
demandas existentes e que levaram a prorrogações do Programa de forma a beneficiar assim
outras milhares de famílias que não haviam sido consideradas no diagnóstico inicial.
2 TCE-RJ – Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro
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6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
A análise do Programa Luz para Todos e dos instrumentos operacionais utilizados pela
concessionária Ampla para sua implantação no estado do Rio de Janeiro, permitiu estabelecer a
relação entre a base proposta geral do programa federal e a prática (a implantação do programa)
nas áreas urbana e rural dos municípios beneficiários no que se refere ao fomento ao
desenvolvimento local proposto.
Através dos dados fornecidos pela concessionária, foi possível verificar a correlação entre as
metas e objetivos propostos e os resultados alcançados, levando em conta o papel da energia
elétrica no processo de desenvolvimento e inclusão social.
Sendo a inclusão social um meio para integração entre indivíduo e sociedade, esta atua como
vetor de desenvolvimento humano, leva em conta as questões sociais como um todo, sendo
sustentada essencialmente por Políticas Públicas fomentadas no âmbito federal, Estadual e
Municipal.
Percebeu-se através dos resultados do estudo que, no âmbito estadual, a partir da
concessionária e suas metas, o programa tem sido implantado satisfatoriamente, tendo sido
identificado que as metas individuais da empresa vêm sendo alcançadas. No entanto ainda existem
áreas que dependem de projetos de eletrificação, que demandam estudos de redes e verbas
específicas, de acordo com o plano de expansão da empresa, e que levam tempo para serem
efetivados, sendo estas, falhas identificadas na implantação do programa – Áreas estão
identificadas, mas existem limitações técnicas, causando assim eventuais atrasos nos cronogramas
das obras e no programa de forma geral.
Também foi visto que a concessionária tem identificado demandas fora do que havia sido
definido inicialmente e encaminha estas aos órgãos responsáveis para que decisões sejam tomadas
no sentido de contemplar essas novas demandas.
Quanto ao Programa Luz para Todos, implementado desde 2003, foi percebido que o mesmo
foi prorrogado por 3 (três) vezes face à identificação de novas demandas e continua buscando
identificar novas as áreas que ainda estão sem acesso à energia elétrica, porém, as análises
realizadas até o momento para identificar tais áreas continuam em curso, evidenciando que o
modelo de identificação de áreas necessita ser revisto para se tornar mais eficiente.
As prorrogações foram decorrentes da não identificação adequada do número de domicílios
não atendidos pelo programa, o que evidencia falha no Projeto inicial, e coloca em dúvida a
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efetividade das intenções do Governo Federal juntamente com o Ministério de Minas e Energia
em acabar com a exclusão elétrica no país, principal objetivo do Programa.
Identificou-se que as falhas encontradas ocorrem pela não utilização adequada das
ferramentas de busca, comprometendo as tomadas de decisões dos coordenadores e executores do
Programa, influenciando diretamente nos resultados esperados.
Mesmo com as dificuldades identificadas e comparando as informações disponíveis no
âmbito do Governo Federal através do Ministério de Minas e Energia e da concessionária, pode-se
inferir que o Programa vem se mantendo ativo e já atendeu há mais de 14 milhões de pessoas,
ultrapassando o esperado nas metas iniciais, mas ainda com demandas por atender.
Identificou-se ainda que o Programa está cumprindo com seu objetivo inicial de levar energia
elétrica a toda população brasileira, e mesmo necessitando de ajustes e tendo sido identificadas
novas demandas, sua implantação tem produzido bons resultados com a geração de novas
oportunidades de trabalho, melhorando o acesso à renda e bens pelas famílias beneficiadas e
gerando aquecimento na economia dos municípios atendidos e potencializando seu
desenvolvimento.
Desta forma geral, o objetivo do Programa de levar energia elétrica à população, alavancando
o desenvolvimento local e agregando benefícios como meio de inclusão social está sendo mantido
e o programa, apesar dos ajustes necessários vem cumprindo seu papel para o desenvolvimento
local.
De forma complementar, as sugestões do estudo indicam para a necessidade de envolvimento
mais significativo da área acadêmica e de pesquisas para que se promovam os ajustes necessários
no programa, em especial nos levantamentos demográficos, socioeconômicos, definição do perfil
de clientes e mapeamento de áreas rurais e urbanas com carência no acesso a eletricidade.
Tais informações podem contribuir para um diagnóstico mais detalhado e certamente irá se
refletir nos orçamentos e nos cronogramas de execução dos projetos pelas concessionárias e
cooperativas de eletrificação, evitando atrasos nas obras e garantindo o melhor uso dos recursos
disponibilizados pelo Governo Federal.
Essas ações irão se refletir no aumento à credibilidade dos clientes e propiciando reflexos
sobre a redução das pressões ambientais, levando as áreas beneficiadas pelo programa ao
necessário alinhamento entre economia, sociedade e ambiente.
O programa teve como objetivo principal; viabilizar o acesso à energia elétrica à total
população do meio rural brasileiro e suas metas de concretização das obras era de atender cerca de
10 milhões de pessoas até o ano de 2008 e 12 milhões até 2010 e a concretização total das obras
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realizadas pelas concessionárias até 2015, visando atender a cerca de mais 2,5 milhões de famílias
brasileiras residentes na área rural, sendo a meta inicial estabelecida pelo programa alcançada em
2009.
Diante do exposto, constatou-se que o programa vem alcançando suas metas, porém a falha se
estabelece no levantamento da população ainda sem energia elétrica. O programa já foi prorrogado
três vezes devido à não identificação direta do total de cidadãos sem energia no país.
A primeira normativa estabelecia um total de atendimento a 10 milhões de pessoas até o ano
de 2008 como identificação inicial de demanda, porém devido a uma nova análise realizada pelo
MME constatou-se que ainda existiam brasileiros sem energia em suas residências, os quais não
estavam incluídos na primeira análise.
Essa condição ensejou uma 2ª análise pelo MME que prorrogou o prazo novamente para o
ano de 2010 acreditando que desta vez estaria encerrando as obras, levando assim energia elétrica
a toda população do meio rural brasileiro e em condição de exclusão elétrica.
Durante o desenvolvimento da prorrogação, uma terceira análise foi realizada pelo Censo
2010 do IBGE indicando que novas famílias sem energia elétrica foram identificadas e localizadas
nas Regiões Norte e Nordeste, em áreas classificadas como de extrema pobreza, ensejando nova
prorrogação, agora até 2015.
As dúvidas e incertezas do Programa giram em torno do período da nova prorrogação e da
meta estabelecida para esta nova fase, no qual os criadores e coordenadores do Programa alegam
ser a última.
Quanto à implantação do programa através de Concessionárias estaduais e parcerias destas
com cooperativas de eletrificação rural, o processo vem se desenvolvendo de forma adequada e as
metas sendo cumpridas, sendo entendimento de que para as concessionárias é um negócio e como
tal, pautado em uma relação contratual que estabelece as obrigações e relações entre partes.
Algumas dificuldades operacionais também foram identificadas em relação à capacidade de
cumprimento de prazos e finalização das obras pelas concessionárias, como por exemplo: a
atuação em locais que possuem áreas montanhosas, com bastante vegetação e também em Áreas
de Preservação Permanente e Ambiental, onde a instalação se torna mais complexa e podendo
demorar mais que o previsto em decorrência da necessidade de expedição de licenças ambientais.
Em alguns casos são necessários estudos ambientais e autorizações específicas dos órgãos
responsáveis, além de levantamentos e extensões de rede, que exigem tempo e a movimentação de
várias áreas da empresa, devido a necessitarem de uma verba específica e projetos de análises
locais para serem liberados.
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Este estudo não pretende esgotar as discussões sobre o tema, sendo assim uma proposta
inicial para fundamentar novas discussões e estudos a serem realizados em futuro próximo pelos
autores.
REFERÊNCIAS
AMPLA, Portal. Ampla e a sociedade. <Disponível em:http://www.ampla.com/> Acesso em 20 nov. 2013. ANEEL – AGENCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA. <Disponível em http://www.aneel.gov.br/servicos > Acesso em 14 jan.2014. DIAMOND, Jared.. Armas, Germes e Aço - Os destinos das sociedades humanas. Rio de Janeiro, Record: 2001. EPE – Empresa de Pesquisas Energéticas – Anuário Estatístico de Energia Elétrica 2013. Disponível em: <http://www.mds.gov.br> Acesso em 10/11/2013. FERNANDES. Antonio Sergio Araujo. Políticas Públicas: Definição evolução e o caso brasileiro na política social. IN DANTAS, Humberto e JUNIOR, José Paulo M. (orgs). Introdução à política brasileira, São Paulo. Paulus. 2007. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Dados Demográficos. <Disponível em: http://www.ibge.gov.br/ibgteen/duvidas/desenvolvimentosocial.html> Acesso em 19 dez. 2012. HÖFLING, Eloisa de Mattos. Estado e Políticas (Públicas) Sociais. Cadernos Cedes, Ano: XXI, nº 55, novembro/2001. LASWELL, H.D. Politics: Who Gets What, When, How. Cleveland, Meridian Books. 1936. MDS – MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE À FOME. Disponível em: <http://www.mds.gov.br> Acesso em 10/11/2013. MME – MINISTÉRIO DAS MINAS E ENERGIA (BEN - 2012) Disponível em: <https://ben.epe.gov.br/BENRelatórioFinal2012.>Acesso em 13/10/2013. RUA, Maria das Graças. Políticas Públicas. Florianópolis: Departamento de Ciências da Administração / UFSC, 2009. SECCHI, Leonardo. Políticas Públicas: Conceitos, Esquemas de Análise, Casos Práticos. São Paulo: Cengage Learning, 2010. SILVA, Bruna Figueira da. Inclusão social e desenvolvimento local a partir do programa luz para todos no estado do rio de janeiro: O caso da empresa AMPLA S/A. Monografia (Curso de Administração). Itaboraí: Faculdade Itaboraí, 2014.
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