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Escola Superior do Ministério Público do Estado de Goiás Semana do Meio Ambiente O projeto de Código Florestal goiano em face da lei 12.651/2012 José Antônio Tietzmann e Silva PUC Goiás Rede Gaia Consultoria Ambiental email: [email protected]

O projeto de Código Florestal goiano em face da lei 12.651 ... · Estrutura da apresentação •A proposta goiana e a lei 12.651/2012. –Especificidades e convergências. •Seguir

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Escola Superior do Ministério Público do Estado de Goiás Semana do Meio Ambiente

O projeto de Código Florestal goiano em face da lei

12.651/2012

José Antônio Tietzmann e Silva PUC Goiás

Rede Gaia Consultoria Ambiental email: [email protected]

Estrutura da apresentação

• A proposta goiana e a lei 12.651/2012.

– Especificidades e convergências.

• Seguir a norma federal é interessante?

• Algumas propostas.

Especificidades da proposta goiana

– O cerrado é patrimônio natural do Estado de Goiás, considerando bens materiais e imateriais (art. 88). • E a fitofisionomia do cerrado?

– Def. de covais ou murundus (art. 4º, XI). – Em relação às APPs:

• Veredas, covais e murundus? • APPs em altitude (art. 4º, X, lei 12.651). • Áreas de várzea não são APPs (art. 9º, § 6º).

– Em relação à RL: • Uso doméstico de madeira mais restrito (art. 27 § 6º). • Recomposição com somatório de APPs (art. 35, I).

– Possibilidade de exploração de espécies raras, endêmicas, em perigo ou ameaçadas de extinção, mediante medidas compensatórias (art. 54).

– A “implementação piloto” do CAR. – (http://www.casacivil.go.gov.br/post/ver/160721/goias-e-estado-piloto-para-

implantacao-do-car)

Convergências (1)

• a) as definições de utilidade pública e interesse social (art. 3º, VIII e IX); nascente e olho d’água (art. 3º, XIII e XIV); leito regular (art. 3º, XVI);

• b) a extensão do tratamento de pequena propriedade ou posse rural familiar às propriedades com até 4 m.f.;

• c) a definição das APPs, no entorno de reservatórios artificiais, pelo órgão licenciador (art. 9º, III);

• d) APPs no entorno de reservatórios artificiais que “não decorram de barramento ou represamento no curso d’água natural” (art. 9º, § 1º);

• e) APPs no entorno de “acumulações naturais ou artificiais de água com superfície inferior a 1 (um) hectare de lâmina d’água” (art. 9º, § 2º);

• f) autorização do plantio em áreas de vazante de rios e lagos para pequena propriedade ou posse rural familiar (art. 9º, § 3º);

• g) aquicultura em APPs para imóveis de até 15 m.f. (art. 9º, § 4º); • h) limites das APPs no entorno de reservatórios destinados à geração de

energia e ao abastecimento público de água (art. 10); • i) o uso das APPs em áreas consolidadas (art. 13 e s.);

Convergências (2)

• j) exoneração de áreas de RL para os “empreendimentos de abastecimento público de água e tratamento de esgoto” (art. 25, § 2º), áreas adquiridas “para exploração de potencial de energia hidráulica, nas quais funcionem empreendimentos de geração de energia elétrica, subestações ou sejam instaladas linhas de transmissão e de distribuição de energia elétrica (art. 25, § 3º), “áreas adquiridas ou desapropriadas com o objetivo de implantação e ampliação de capacidade de rodovias e ferrovias” (art. 25, § 4º);

• k) o somatório das APPs e das áreas de RL para o cálculo destas últimas, nos casos de regularização (art. 27, § 1º);

• l) recomposição da RL com espécies frutíferas do cerrado (art. 27, § 4º);

• m) arrendamento de áreas para fins de cômputo de RL extrapropriedade (art. 35, §3º, II);

• n) compensação da RL mediante doação de áreas em UC ou para a criação de UC (art. 35, § 3º, III);

Convergências (3)

• o) RL extrapropriedade no mesmo bioma (art. 35, § 3º, IV), ainda que fora do Estado, em áreas prioritárias (art. 35, § 3º, VI);

• p) dispensa de recomposição de áreas de vegetação nativa suprimidas antes da lei federal 7.803/1989 (art. 37);

• q) composição de RL com o remanescente de vegetação nativa, nas áreas consolidadas (art. 39);

• r) “retirada da atividade” e recomposição da área suprimida, nos casos de supressão de vegetação nativa após 22 de julho de 2008 (art. 41);

• s) impossibilidade de autuação por infrações relativas à supressão irregular de vegetação em APP, RL ou uso restrito, desde que compromissadas no PRA (art. 46, § 4º);

• t) suspensão das multas, desde a assinatura do termo de compromisso (art. 47).

Seguir a norma federal é interessante?

• Caminho “natural”: competência concorrente (art. 24 e §§ CF/1988).

– Competência suplementar (art. 24, § 2º, CF)

– ADIs 4901, 4902, 4903 e 4937.

– O retrocesso promovido pela lei federal e as possibilidades para o legislador goiano.

• As peculiaridades do bioma cerrado;

• A sustentabilidade ambiental e agrária;

• O princípio da vedação do retrocesso.

As peculiaridades do cerrado, a sustentabilidade das atividades agrárias:

• Patrimônio natural • + 10 mil espécies vegetais • Endemismo • Bacias hidrográficas • Ritmo frenético de desmate • 20% restantes • 2030: desaparecimento

• Atividades econômicas • Reserva hídrica • Ocupação populacional • Patrimônio cultural

A vedação do retrocesso em matéria ambiental (1)

• Teoria dos direitos fundamentais.

– PIDESC (1966), art. 2º, 1:

• [...] assegurar, progressivamente, [...] o pleno exercício dos direitos reconhecidos no presente Pacto [...]

– Pacto de S. José (1969), art. 26:

• […] lograr progresivamente la plena efectividad de los derechos […]

– Declaração do Rio de Janeiro (2012), § 20:

• […] es esencial que no demos marcha atrás en nuestro compromiso con los resultados de la Conferencia de las Naciones Unidas sobre el Medio Ambiente y el Desarrollo.

A vedação do retrocesso em matéria ambiental (2)

• Direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado (art. 225, CF): – Direito-dever do Estado e da coletividade.

• Estado: ator privilegiado (funções). – Políticas públicas, normas adm. e legais, apreciação judicial.

• Obrigações negativas e positivas. – Garantir o direito ao meio ambiente.

– Vedação: • Do excesso de proteção;

• Da insuficiência de proteção.

– A dignidade da pessoa humana.

A regressão da norma infraconstitucional é um ataque direto ao direito fundamental ao meio ambiente:

aquela visa à garantia desta.

É um ataque a outros direitos fundamentais, vinculados à resiliência das populações...

Algumas propostas

– Ampla discussão do projeto de Código goiano: • Sociedade em geral.

• Comunidade científica.

• Informação e democracia participativa.

• Regras mais adaptadas.

– O CAR e o PRA: • Adoção rápida, visando à eficácia.

• Efetiva recuperação de áreas degradadas. – Incentivos fiscais, técnicos, jurídicos.

– Não persistir no erro federal: • Evitar maior degradação do bioma cerrado.

• Destaque de Goiás em sustentabilidade.