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Monografia de conclusao de especializacao em Design Grafico - O psicodelismo no design grafico - Senac Sao Paulo 2005 - Fabricio Grisolia Torres
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O PSICODELISMO
NO DESIGN GRAFICO
2
CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC
Fabricio Grisolia Torres
O psicodelismo no design gráfico
São Paulo
2005
FABRICIO GRISOLIA TORRES
O psicodelismo no design gráfico
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao
Centro Universitário SENAC - Campus Lapa,
como exigência parcial para obtenção do grau
de Especialista em Comunicação e Artes com
ênfase em Design Gráfico.
Orientadora: Profa. Dra. Myrna Nascimento
São Paulo
2005
4
AGRADECIMENTOS
Agradeço a minha família, meus mestres e orientadora, aos psicodélicos deste
universo, ao querido amigo Renato Georgette Frigo pela ajuda na extensa
pesquisa, e à minha amada Sra. Marta Wilk Donida.
5
CARTÃO BIBLIOGRÁFICO
Torres, Fabricio Grisolia
O Psicodelismo no Design Gráfico / Fabricio Grisolia Torres -
São Paulo, 2005.
160 f.
Trabalho de Conclusão de Curso - Comunicação e Artes com
ênfase em Design Gráfico. Faculdade Senac de Comunicação e
Artes - Campus Lapa.
Orientadora: Prof. Dr. Myrna de Arruda Nascimento
1. Psicodelismo 2. Design Gráfico 3. Psicodelia
6
Faculdades Senac de Comunicação e Artes, São Paulo, 05 de Setembro de 2005
Fabricio Grisolia Torres – Especialização em Design Gráfico.
Abstract (English)
Abstract: Psychedelism in Graphic Design
The objective of this paper is to collect elements of so considered part of
psychedelia universe, by images from different kinds of subjects, for to identifying colors,
types, graphic resources, artifacts and language, since from moving images, to
photography, artistic movements and mostly focusing ins the aspects of the graphic art
developed in poster support, as also looking for other media which can define the
psychedelic visual.
Comparison to photographs from psychedelic light moving projections, image
psychedelic posters, book cover’s and Album Art covers shall be considered to be
researched as part of the selection for analyzing common aspects from psychedelism.
The time excerpt for this proposal is set from the beginning of psychedelism in
1965 until it’s most important year in 1970, to be analyzed after 50 years since it’s
insurgence now on the contemporary era, set to latest ten years from 1995 to 2005. This
period, psychedelia appears to our sights on the publicity, general press, lightshows,
fashion, cultures, mostly identified and experienced through it’s peculiar esthetic e
symbolism configured as a language form to be analyzed by the point-of-view of graphic
design.
7
Faculdades Senac de Comunicação e Artes, São Paulo, 05 de Setembro de 2005
Fabricio Grisolia Torres – Especialização em Design Gráfico.
Resumo (Portugues)
Resumo: O Psicodelismo no Design Gráfico
Este trabalho propõe um levantamento do universo psicodélico através de imagens
pertencentes à diferentes áreas de expressão, para constatação de cores, tipos, recursos
gráficos, artifícios e a linguagem, desde as projeções de imagens em movimento, pela
fotografia, por movimentos artísticos e principalmente focando-se na arte gráfica da peça
gráfica conhecida como cartaz, ou poster, agrupando todas estas características das outras
mídias de forma que possamos definir o visual psicodélico.
Comparando-se imagem em movimento da projeção de luzes mostradas através de
fotografias destas projeções, com a imagem também fixa do poster, observam-se
características comuns ao psicodelismo. Capas de livros e de discos também serão
apresentados e levaremos em conta o mesmo tipo de análise para os posters em relação às
características gráficas do psicodelismo.
O recorte temporal desta proposta é fixada no período em que surgiu o
psicodelismo, por volta de 1965 até o seu auge em 1970, para ser analisada 40 anos de seu
surgimento na contemporaneidade, no período de 1995 até a atualidade em 2005. Neste
período a psicodelia aparece aos nossos olhos através da publicidade, impressos, na
iluminação em shows, moda, comportamento, sub-culturas, em geral sendo identificado e
experienciado através de sua estética característica e carga simbólica, configurando-se
como uma forma de linguagem a ser analisada sob o ponto-de-vista do design gráfico.
8
9
Fabricio Grisolia Torres
O PSICODELISMO NO DESIGN GRAFICO
“If the doors of perception were cleansed,
everything will appear to man as it is, infinite.”
William Blake
10
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 11
1. ANOS 60 ................................................................................................................... 15
2. DA PSICODELIA AO PSICODELISMO ............................................................. 34
2.1 O VISUAL PSICODÉLICO .......................................................................... 35
2.1.1 O Poster Psicodélico ......................................................................... 36
2.1.2 As Formas Psicodélicas .................................................................... 40
2.1.3 Cores ................................................................................................. 44
2.2 FONTE .......................................................................................................... 46
2.3 TEMAS .......................................................................................................... 47
2.3.1 Contracultra ...................................................................................... 48
2.3.2 A Tradução das Drogas .................................................................... 49
2.3.3 Índia, Misticismo, Nativos Americanos ........................................... 51
2.3.4 Natureza ............................................................................................ 53
2.3.5 Caráter Histórico ............................................................................... 54
2.3.6 Libertação Sexual ............................................................................. 55
2.3.7 Mensagem ......................................................................................... 56
3. A CRIAÇÃO E RECEPÇÃO DO NOVO CÓDIGO VISUAL ........................... 58
4. O POP E A ARTE: O POP E O OP ....................................................................... 64
5. PERCEPÇÃO E ANÁLISE .................................................................................... 73
6. PSICODELIA 40 ANOS DEPOIS ......................................................................... 84
6.1 O QUE É A PSICODELIA ATUALMENTE? ............................................. 85
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 107
8. POSSÍVEIS DESDOBRAMENTOS....................................................................... 108
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................. 109
10 LISTA DE FIGURAS.............................................................................................. 114
11
INTRODUÇÃO
Este trabalho propõe um levantamento do universo psicodélico através da análise
de peças gráficas, fotografias e reprodução de imagens pertencentes a diferentes áreas de
expressão para a constatação de cores, tipos, recursos gráficos, artifícios e a linguagem
característica entre determinadas mídias para que possamos definir o visual psicodélico.
A eleição das peças para análise abrangem cartazes/posters, capas de livros, capa de
álbuns de música, obras pertencentes a movimentos artísticos, elementos gráficos
capturados de meios digitais, desenvolvidos de acordo com o tema, fotografias históricas,
fotografia de projeções visuais, e fragmentos visuais de obras audio-visuais da mídia
cinema.
O recorte temporal desta proposta é fixado incialmente no período em que surgiu o
psicodelismo, em meados de 1965 até 1970, onde constatou-se uma maior predominância
nos meios de comunicação, para que possamos analisar 40 anos de seu surgimento na
contemporaneidade, no período de 1995 até a atualidade em 2005, onde percebe-se a
psicodelia através da publicidade, iluminação em shows, moda, comportamento e sub-
culturas, podendo ser “experienciado” pela sua estética sensorial e carga simbólica,
configurando-se como uma forma de linguagem a ser analisada sob o ponto-de-vista do
design gráfico.
Servindo de veículo condutor ao psicodelismo, o gênero musical conhecido como
rock, proporcionou como nenhum outro gênero, uma contaminação nas mais diversas áreas
de expressão. Tão amplo quanto diverso, este revolucionário estilo originado nos Estados
Unidos da América surgiu a partir das fusões da música country, blues, folk, junto a uma
eletrificação do seu instrumento símbolo, o violão acústico, para transformar-se na guitarra
elétrica. O fenômeno atingiu os jovens de todas as camadas da sociedade, em uma enorme
repercussão repleta de histórias fantásticas e estranhas, capazes de tornarem-se mitologia
popular, além de caminhar pelas artes plásticas, a cultura do pop, e no design gráfico.
12
Em meio aos muitos cenários de que o rock faz parte, um deles foi especialmente
determinante nos acontecimentos que mudaram o mundo em conflito no final da década de
60. Este cenário caracterizou-se por jovens pregando a libertação sexual e o uso de drogas
associado ao som do rock. Os hippies, o psicodelismo e a busca por novas percepções do
mundo elevaram o LSD a um dos símbolos da contracultura americana dos anos 60, sendo
este o ponto de partida deste trabalho para uma abordagem histórica, cultural, e
principalmente no design. Apesar de ter conferido à consciência desta nova geração um
símbolo de “viagens intrépidas” documentadas em músicas, posters e história das
celebridades consagradas à deuses na sua própria época, foram também as drogas que
acabaram levando as vidas dos seus maiores símbolos, ou mesmo levando a estados de
loucura irreversíveis, causados pelos abusos de uma época onde tudo foi permitido.
De lá pra cá, quase 50 anos depois, observamos esta relação da música inserida na
história mundial, como fora vista pela rebeldia punk, pelos “embalos” do disco, ou pela
estética do grunge; marcadas desde por uma moda para até mesmo uma expressão cultural
das massas, sendo observada pelo design gráfico através da expressividade na forma
gráfica.
Não havia antes um gênero que tivesse condições de confrontar a rebeldia do rock
até então senão por uma nova atitude de comportamento na música dos últimos tempos,
esta representada pelo atual universo da “música eletrônica”. O principal choque entre as
duas tendências é dado pelo diferente meio em que são originadas para uma transmissão de
mensagem.
A música produzida pelo meio analógico hoje é conduzida pelo meio digital onde
permite-se uma maior manipulação através de instrumentos eletro-eletrônicos e
computadores de forma a introduzir novas maneiras de se fazer música e transformar a
sonoridade para algo mais eletrônico, assim como é percebida no contexto da música
eletrônica.
O dj, abreviação de disc-jóquei, termo originado na era disco em 1970, caracteriza-
se como o indivíduo que faz a seleção das músicas e executa no seu toca-discos, adquiriu
uma nova contextualização nos últimos anos ao transformar-se em símbolo da cultura
eletrônica, cultura que passa a não exigir prorpiamente uma arguição musical e prática do
13
indivíduo, mas aparentemente, ser capaz de usar equipamentos e programas eletrônicos
para produção de música. Indiferente à necessidade de uma capacitação musical, muitas
vezes questionável, a música eletrônica segue invadindo e “revisitando”, isto é, como uma
re-leitura ocasional de músicas do passado, ou mesmo pela criação de um vocabulário
próprio de remixar, sendo esta a prática de editar a música em uma nova versão composta
destes fragmentos editados, fornecendo muitas vezes num contexto geral a impressão de
que uma erudição musical pode ser sintetizada a um simples apertar de botão.
A facilitação dada pelo contexto tecnológico, vista como uma ferramenta de
trabalho, é reflexo de uma aceleração da interatividade entre pessoas permitida pela rede
de comunicação mundial chamada internet, responsável pela extinção virtual de fronteiras
entre os espaços físicos e o espaço virtual.
Possibilitando cada vez mais o fluxo de informações, percebe-se a demanda de
novas informações no menor prazo de tempo possível.
A atual sintetização das relações do indivíduo neste universo tecnológico pode ser
comparada a atual forma de muitos jovens se drogarem nos dias atuais, a droga sintética
chamada ecstasy, adquire a forma de um comprimido, semelhante pela aparência de
qualquer remédio convencional.
Comunicando-se com esta sociedade marcada pela busca imediata de informações
e por que não emoções, a psicodelia aparece aos olhos do consumidor atraído pela arte
estampada nos anúncios, nos convites das festas, nos cartazes e out-doors espalhados pela
cidade, na iluminação dos shows de música ou dos home-theaters na sala da sua casa.
A percepção identifica elementos comuns com imagens do passado, próximos da
conexão para fundamentar a postura atual, embora descontextualizada, como mesmo
aspecto visual, mas com outro tipo de olhar. Afinal, o que é, ou será, psicodélico?
Este trabalho propõe um olhar do design sobre a linguagem gráfica do
psicodelismo, o que se manteve, o que mudou, quais foram as percepções da época e as
novas.
14
Não se pretende aqui tomar algum partido em relação ao uso de drogas, pelo
contrário, os problemas de saúde pública e outros discutidos pela sua ordem econômica,
requerem o acesso à informação para facilitar a compreensão de todos. Sabemos que na
história até hoje, não houve uma sociedade que vivesse sem substâncias psicotrópicas, seja
estimulada por motivos religiosos, medicinais, culturais ou econômicos. Percebe-se hoje o
fenômeno como recurso para busca do prazer, recreação e o uso como mecanismo de fuga.
A justificativa deste trabalho se dá pela constatação de uma retomada da estética
psicodélica nos tempos atuais, apresentando-se tanto como revival como também
novidade, inserida em culturas atuais na sua forma gráfica.
Vamos dar início a uma viagem da percepção através do bombardeamento dos
sentidos, assim como uma experiência psicodélica deve ser, aventura visionária pelo
fantástico que foge dos padrões convencionais, de um deslumbramento capaz de
transportar o indivíduo para uma nova órbita na dimensão planetária.
15
1. ANOS 60
Em um mundo dividido em dois blocos, capitalismo versus comunismo, resultado
da Segunda-Guerra Mundial, os Estados Unidos da América, representados por uma
sociedade politicamente correta e altamente industrializada, simbolizam a cultura máxima
do capitalismo fazendo frente ao seu maior inimigo comunista, a União Soviética,
devastada por seguidas guerras. Teve início uma guerra de disputas ideológicas e
armamentistas, não chegando a haver um confronto direto entre as duas superpotências em
campo de batalha, que se denominou “Guerra Fria”. A ameaça de terror mediante ao poder
de destruição da arma mais poderosa do mundo, a bomba nuclear, como é vista na Figura
1, era utilizada como ferramenta para instaurar um terror ideológico que dominava o
cenário mundial.
Figura 1 – Teste de arma nuclear do exército americano.
No entanto, na vizinhança de um decadente bairro chamado Haight e Ashbury em
meados de 1965, na cidade de São Francisco, no Estado da Califórnia – Estados Unidos da
América, surgiu um movimento que marcou a história como um dos principais marcos da
maior revolução cultural, social e comportamental do século XX (ARIAS, 1979). Atraindo
as mais diversas minorias pela possibilidade de se adquirir velhas mansões por preços
razoáveis, uma nova vizinhança surge composta de trabalhadores braçais, escritores,
negros, músicos beatniks e orientais, vindo a receber também certas pessoas “estranhas”
como “garotos de cabelos mais longos, meninas adolescentes de minissaia descendo com
16
suas mochilas e violões e kombis coloridos” (MARQUEZI, Dagomir), como se observa
pelo exemplo das Figuras 2(a) e (b). O estilo de vida destas pessoas viria ser chamado de
hippie, uma variação do termo hip, que significa “estar por dentro das coisas”.
(a) (b)
Figura 2 – (a) Grupo de jovens hippies na esquina das ruas Haight e Ashbury, 1968.
(b) Kombi decorada com motivos hippies, 1969.
Sob a definição da Larrouse-Cultural (1999), encontramos o hippie como “adepto
de uma moral e costumes não conformistas, baseados na não-violência e na oposição à
sociedade industrial e aos valores tradicionais, preconizando a liberdade em todos os
domínios e valorizando também a vida em comunidade.”
Nas Figuras 3(a) e (b) seguintes, observamos o estilo e comportamento hippie sobre
os jovens daquela época.
(a) (b)
Figura 3 – (a) Estilo hippie nos anos 60. (b) Convivência entre hippies.
17
As canções populares anunciavam pelas rádios do mundo para as pessoas irem até
São Francisco usando flores nos seus cabelos, tal receptividade ao chamado gerou o
símbolo e denominou a geração e o movimento “Flower Power” – “Poder da Flor”,
atraindo simpatizantes e curiosos para o ensolarado Estado da Califórnia. O fenômeno
poderia ser apenas uma vizinhança de “malucos” para a sociedade, senão não fosse pelo
aparecimento de um alucinógeno chamado LSD (Lysergic Acid Diethylamide – Ácido
Lisérgico Dietilamida). A mudança no visual do bairro feita pelos novos moradores era
percebida nas ruas, como vemos nas Figuras 4(a) e (b) respectivamente.
(a) (b)
Figura 4 – (a) The Grateful Dead na Haight Ashbury em 1969.
(b) Fachada colorida de casa na rua Haight, 1968.
O LSD foi descoberto em 1943, pelo químico suíço Albert Hoffman. Ele estava
pesquisando um fungo chamado ergot, que ataca o centeio. Acidentalmente, Hoffman
ingeriu uma quantidade mínima da substância sintética produzida a partir do fungo, que
estava retida nas pontas dos dedos dele. O químico passou horas sob o efeito da droga. Em
documentos oficiais ele conta que viu um “ininterrupto espectro de figuras fantásticas,
formas extraordinárias com cores intensas e caleidoscópicas.” (HOFFMAN, 1980)
18
Uma visão caleidoscópica é denominada a partir do caleidoscópio, um instrumento
que permite a visualização de imagens criadas por um jogo de espelhos que remetem a
uma sucessão rápida e cambiante de impressões e sensações pelo infinito número de
combinações de imagens e cores variadas. Apresentamos na Figura 5 um exemplo deste
tipo de padronagem visual.
Figura 5 – Imagem caleidoscópica.
O termo psicodélico surgiu no contexto das experimentações científicas com o uso
do LSD, tendo sido cunhado pelo químico Humphrey Osmond, a partir de uma carta
escrita para seu parceiro de pesquisa, o escritor Aldous Huxley que realizava igualmente
estas experiências com acompanhamento médico, estudando as alterações nos estados de
percepção.
Foi numa manhã ensolarada de maio de 1953, que o escritor inglês Aldous Huxley,
então com 58 anos e morando na Califórnia, EUA, decidiu partir para um experiência rumo
ao desconhecido. O autor, consagrado por obras como “Admirável Mundo Novo” (1932) e
“Contraponto” (1928), tomou 0,4 grama de mescalina, dissolvida em meio copo d´água,
sentou-se em uma poltrona em seu escritório e esperou pelo efeito da droga.
As sensações não tardaram a aparecer: “A perspectiva se tornara bastante estranha e
as paredes da sala já não mais pareciam encontrar-se em ângulos retos”, o descreve em “As
Portas da Percepção” (1954), do qual faz alusão aos efeitos da droga simbolizando a
abertura de portas da mente, acreditando-se na expansão da mente e relatando-se sensações
a serem consideradas divinas, em um certo nível religioso e espiritual. Huxley podia não
saber, mas dava início à onda do uso de drogas alucinógenas, que iria varrer a década de
60.
19
A Figura 6 mostra a capa do livro, apresentando-se os olhos e a representação das
visões.
Figura 6 – Capa do livro “As portas da percepção”, 1954.
O LSD é aplicado em uma folha de papel absorvente, e chamada de “cartela”
devido a ser recortada em pequenos quadrados para serem destacados, sendo cada unidade
da droga denominada de “ponto”, liberando seu princípio ativo quando colocados em
contato com a saliva do indivíduo. A identificação de cada cartela de ácido se dá pela
impressão de imagens diversas que, também conhecidas como blotter-art, sendo
recorrentes a visão “alterada” figuras e personagens conhecidos para uma abordagem
psicodélica. A fábula infantil “Alice no País das Maravilhas”, escrita por Lewis Caroll em
1865, obra também adaptada em um desenho animado pela Disney em 1951, é tido como
um ícone do ideário psicodélico por caracterizar uma passagem da dimensão real para o
imaginário, por “através do espelho em que se olha”, como se observa no desenho da
Figura 7.
Figura 7 – In through the looking glass, 1966.
20
O professor de psicologia Timothy Leary foi um dos divulgadores e defensores do
LSD, onde antes já era utilizada em laboratórios de estudos neurológicos, demonstrando-se
animado com a capacidade do LSD de “expandir a consciência” ajudar a liberar pacientes
de traumas e bloqueios. A partir disso, Leary e ativistas como Ken Hensey, Abbie
Hoffman e Allen Ginsberg, passaram a promover eventos conhecidos como “Acid-Tests” –
“Teste do Ácido” (nome popular do LSD), como se vê no poster da Figura 8, a partir da
produção da droga em laboratórios caseiros e distribuindo-a gratuitamente ao público, em
troca de uma “experiência mental coletiva”.
Figura 8 – Can You Pass the Acid Test? poster, 1966.
Foi em meio a estas novas descobertas da percepção que houve uma grande
reviravolta na vizinhança de Ashbury, onde dada a concentração de músicos, poetas,
desenhistas pode se formar um cenário descentralizado de uma contra-cultura favorável a
um desregramento de valores e busca da liberdade, sendo contra os valores conservadores
e imperialistas.
21
Na Figura 9, mostra-se ícones da cena psicodélica reunidos no poster da edição do
tablóide “The Oracle”.
Figura 9 – Na capa: Leary, Ginsberg, Watts and Snyder, 1967.
No dia 24 de outubro de 1965, cada músico de uma banda chamada “Warlocks”
tomou um ponto de LSD e foi tocar num grande casarão daquela área. Estas “festas de
arromba”, como se diz popularmente, eram frequentes naquela vizinhança, atraindo
centenas de hippies e simpatizantes, que se espremiam sob a pista de dança. Sob efeito do
ácido, o guitarrista e líder dos Warlocks, chamado Jerry Garcia (os Warlorks logo
mudaram de nome ainda no seu início, para “The Grateful Dead” – “Morto Agradecido”),
começou a esticar cada uma de suas canções em longos improvisos instrumentais e ligava
uma música à outra, já que ninguém parava de dançar mesmo. Um vizinho havia inventado
uma nova forma de iluminação: a luz de um holofote atravessava um recipiente
transparente no qual eram misturadas água e nanquim colorido. Nascia assim o visual
psicodélico.
22
A partir de então, só se passou a falar em psychedelic – pronuncia-se sai-que-délic.
As Figuras 10(a) e (b) apresentam exemplos do visual psicodélico:
(a) (b)
Figura 10 – (a) Iluminador executando uma projeção psicodélica no show do Grateful Dead, 1966. (b)
Iluminação psicodélica no show da banda Jefferson Airplane, 1967.
Os light shows – “shows de luzes”, tornaram-se um grande apelo visual para os
shows de música, de forma a enriquecer o espetáculo e estimular uma nova geração de
artistas que se inspiraram nas formas distorcidas e coloridas de forte estimulação óptica,
transformando-se nos ingredientes certos com algo parecido à uma visão alucinógena. Na
Figura 11(a) observa-se o exemplo da projeção com cores, texturas e fotografia inclusive, e
na Figura 11(b), vemos o mesmo aspecto de formas e cores.
Figura 11 – (a) Iluminação em show da banda Janis Joplin and Big Brother, 1969.
Figura 11 – (b) Projeção psicodélica colorida de formas líquidas, 1967.
23
O produtor de eventos americano chamado Bill Graham é o próximo a entrar em
cena quando decide organizar grandes espetáculos em conhecidas casas de shows de São
Franscisco, contratando a nova geração de músicos. Focando a divulgação dos concertos
de rock em cartazes ou poster (em inglês), Bill Graham é considerado o responsável por
abrir caminho para um produção visual que viria então a reproduzir os “efeitos
psicodélicos” nas artes gráficas, como observa-se no poster da Figura 12. Entre alguns
nomes que iniciaram a confecção destes posters naquele cenário estão: George Hunter,
Mike Ferguson, Victor Moscoso, Wes Wilson, Alton Kelly, Bob Fried, Rick Griffin, Lee
Conklin, Bob Masse, Steve Seymour, Jim Grimshaw, Norman Hartweg. Uma leitura mais
detalhada do material produzido será feita posteriormente.
Na Figura 12, o poster criado por Stanley Mouse e Alton Kelley para um dos shows
produzidos por Bill Graham, observa-se no canto superior direito do cartaz o selo chamado
“Family Dog”, este é o logotipo da companhia ou grupo de artistas gráficos que se
dedicavam à produção de posters psicodélicos, além desse, outros grupos surgiram a
disseminando a produção de cartazes em série principalmente nos Estados Unidos e
Europa.
Figura 12 – Stanley Mouse e Alton Kelley, Bo Diddley, Sons of Adam, Little Walter at Longshoremans Hall
(San Francisco, CA), poster, 1966.
24
A banda Grateful Dead, veio a se tornar umas das mais emblemáticas bandas deste
cenário sendo provavelmente a banda de maior exposição em posters psicodélicos, como
vemos na Figura 13, a divulgação do show em uma das maiores casas de espetáculos da
época, o Fillmore, apresentando-se também em diversos locais da região que produziam
posters para divulgação, como o Red Dog Saloon, Avalom Ballroom, The Matrix e o The
Ark.
Figura 13 – Wes Wilson, Grateful Dead, James Cotton Blues Band, Lothar & the Hand People, poster, 1966.
Na Inglaterra, já consagrados como a maior banda de rock do mundo, “The
Beatles”, traduzindo-se “os besouros”, foram um marco de referência ao ingressarem nesta
nova arte visual. Após uma viagem a Índia e experimentações ao LSD como parte do ritual
místico, passaram a refletir nos seus trabalhos uma nova sonoridade com letras mais
elaboradas, abordando o psicodelismo com supostas referências ao LSD pelas iniciais da
música “Lucy in the Sky with Diamonds”, além inúmeros artifícios e experimentações
sonoras como gravações em sentido contrário à rotação dos discos (que se diz conter
mensagens subliminares), alimentando assim o imaginário e o mito em torno do ídolo. É
notada principalmente pela estética adotada em seus trabalhos, como no poster da Figura
15(a) e a capa do álbum na Figura 15(b), tornando-se um marco à psicodelia em 1967.
(a) (b)
Figura 14 – (a) George Dunning, Yellow Submarine, poster, 1966. (b) Capa do álbum Beatles – Sgt. Peppers
Lonely Hearts Club Band, 1967.
25
Os posters psicodélicos não eram produzidos por meio de algum manifesto ou
instituição, pelo contrário, davam total liberdade na área gráfica estimulando até mesmo
amadores, na sua maioria sem qualquer formação de arte acadêmica, com exceção de
Victor Moscoso, formado academicamente em artes. Por esse motivo não seriam
entitulados designers a exemplo de um profissional de produz um produto em série ou
mesmo artista criador de obras autorais, eles estariam em um lugar intermediário entre
ambos, artista pela expressão gráfica e designer pela função, sendo cabíveis da
denominação de artistas gráficos. Suas produções eram de caráter do cotidiano, na medida
em que um novo show ou evento deveria ser anunciado e devido a alta apreciação do
público, passaram a adquirir status de alto valor artístico sendo objeto principal decorativo
nas salas de suas casas.
O poster psicodélico tornou-se em pouco tempo, um item altamente colecionável
abrindo espaço a um comércio paralelo, como se observa pela variedade de posters na
Figura 15.
Figura 15 – Artistas gráficos e coleção de posters, 1968.
26
Os posters psicodélicos proporcionaram uma criativa e ousada forma de
comunicação por meio das artes gráficas onde vieram a transmitir desde a divulgação dos
shows de rock até mensagens da cultura hippie através um vasto repertório iconográfico,
em amplo uso de colagens, fotografias, e de desenhos distorcidos, giratórios, e de aspecto
gritante.
A cultura dos posters sobre diferentes temáticas manifesta-se pela diversidade de
ícones de diferentes épocas que adquirem valor de cult, isto é, um valor especial de culto,
sendo uma das principais características da cultura pop. A cultura pop, deriva do termo
popular, relativo à cultura popular, referente à produção de conhecimento do cotidiano que
seja essencialmente representativo e de identidade a um grupo ou população. A Figura 16
retrata a cultura dos posters naquela época.
Figura 16 – Posters e posters psicodélicos, 1967.
27
A proibição do uso das drogas veio em 1966, mesmo assim é observada a
divulgação de campanhas informativas que utilizam-se da psicodélia na arte de seus
folhetos, como se observa nas Figuras 17 (a) e (b).
(a) (b)
Figura 17 – (a) O que você deve saber sobre drogas e narcóticos, 1969. (b) LSD – Algumas perguntas e
respostas, 1969.
Apesar da proibição do LSD, a efervescência nas ruas fora alcançada tal era o
estado de agitação cultural proporcionada pela cena psicodélica de San Francisco e as
bandas The Charlatans, Big Brother and Holding Company, Moby Grape, 13th Floor
Elevators, como a Grateful Dead, Jefferson Airplane, Janis Joplin e de nomes que
visitavam a área como Jimi Hendrix, The Doors, Santana entre outros. A Figura 18 mostra
um concerto do Grateful Dead realizado ao ar livre na esquina da Haight e Ashbury.
Figura 18 –A efervecência nas ruas, 1969.
28
Com o crescente empreendorismo e investimento das produções, pode-se sofisticar
ainda mais os efeitos psicodélicos na sua forma visual, como observa-se na Figura 19(a)
uma projeção psicodélica em uma festa, sendo requisitados grupos de iluminação
especializados, a exemplo da Figura 19(b), com o avanço da tecnologia nos equipamentos,
como vemos no anúncio da Figura 19(c).
Figura 19 – (a) “Trips Festival” – projeção psicodélica em festa, 1969.
(b) (c)
Figura 19 – (b) Android Light Show, grupo de iluminadores psicodélicos de show e seus equipamentos,
1969. (c) Anúncio de projetor para utilizações em light shows, 1969.
29
A música psicodélica, ou o rock psicodélico, ou mesmo a pop music – fenômeno do
ínicio dos anos 60 liderados pelos Beatles, que abrangeu a nomenclatura da música naquele
momento, passou a obter grande popularidade trazendo para o público as mensagens da
cultura hippie. Através de um primeiro grande festival em 1967, originou-se o “Summer of
Love” – “Verão do Amor”, que prenunciava a uma nova era astrológica, a “Era de
Aquário”, difundindo-se em escala mundial pela tomada de uma cultura jovem que
pregava mensagens de paz e amor, libertação sexual, uso de drogas, e dos grandes festivais
de música pop, como podemos perceber na Figura 20(a) em meio ao público hippie em um
dos festivais. A época dos grandes festivais, Woodstock, em 1969, e Isle Of Wight, em
1970, foram os maiores recordes de público em eventos de música ao ar livre,
apresentando grande parte dos ídolos daquela geração em festivais que duravam dias
seguidos, e foram eternizadas filmes documentarios exibidos nas salas de cinema do
mundo. A Figura 20(b) mostra o poster do festival de Woodstock.
(a) (b)
Figura 20 – (a) Público hippie em festival de música, 1969. (b) Poster do festival Woodstock em 1969.
Apesar do símbologia de “Paz e Amor”, a rebeldia jovem e de exigências anti-
imperialistas, estabeleceram violentos choques com a polícia em manifestações. O
Movimento Hippie, apresentou-se contra à militarização da sociedade com slogans como
“Make love not war” – “Faça amor e não a guerra”, um dos mais característicos dos anos
60; utilizando-se da arma simbólica popular contra as metralhadoras da guerra do Vietnã.
30
Armada de símbolos para representação da paz, como nas Figuras 21(a), (b), e
manifestações pacíficas, por exemplo, uma greve de fome do apartamento do casal John
Lennon e sua esposa Yoko Ono na Figura 21(c), conhecido como um “bed-in” (protesto na
cama) diretamente para os olhares do público.
(a) (b) (c)
Figura 21 – (a) Símbolo do Desarmamento Nuclear, 1958. (b) Símbolo re-apropriado como representante do
símbolo da paz e amor, poster, 196?. (c) John & Yoko bed-in, 1969.
(a) (b) (c)
Figura 22 – (a) Capa do livro Woodstock Nation, de Abbie Hoffman, 1967.
(b) Capa do álbum trilha sonora do peça teatral Hair, 1968. (c) Psychedelic Art, livro, 1968.
(d) (e) (f)
(d) Guitarra sobre um tecido pintado ao estilo tie-dye, 1969. (e) Grupo psicodélico e artistas gráficos, 1967.
(f) Body Art – pintura corporal, 1967.
31
Estas constantes demonstrações atingiram a atenção do público em geral,
mobilizando a opinião pública nos Estados Unidos contra a guerra, influenciando na
retirada das tropas americanas do Vietnam em 1969. O alastramento do movimento nos
domínios culturais da música, pintura, cinema, teatro, literatura e moda, como se observa
na seleção das Figuras 22 (a, b, c, d, e, f), resultaram em uma mudança de espírito, valores
e comportamento sendo observados nos países influenciados pela cultura americana,
atingindo o status de uma grande revolução cultural, adquirindo o status de movimento
chamado de Movimentos Pop. A psicodelia é parte integrante dos Movimentos Pop,
mesmo descaracterizado de qualquer ordem centralizadora, tido essencialmente como um
propagador da contracultura, dada pela sua expressividade e destaque visual perante o
público.
No Brasil, a ditadura militar governava o país impondo um regime autoritário,
repressivo e de extrema censura contra a liberdade de expressão, seguindo a cartilha anti-
comunista aos moldes propostos pela dominação mundial capitalista americana, ao mesmo
tempo que ia se “alimentando” gradualmente da cultura americana, através da música,
quadrinhos e produtos comerciais diversos.
O povo brasileiro cada vez mais repreendido pelo governo, buscava a liberdade de
expressão sob todas as formas para tentar escapar da forte censura, tinham na classe
artística uma das principais formas de contestação através de canções de apelos libertários.
Os grandes festivais de música no Brasil foram eventos de grande repercussão nacional,
marcando os artistas daquele momento pelas suas importância na contra-cultura. Foi neste
ambiente conturbador de 1968 que um dos movimentos mais expressivos da cultura
brasileira surgiu: a “Tropicália”.
O movimento do Tropicalismo foi lançado sob uma base intelectual composta de
escritores e poetas de vanguarda e músicos através de produções artísticas representativas
aos valores de uma cultura brasileira, sendo perseguidos pelo governo da época como uma
ameaça e impondo aos artistas exílios em outros países por muitos anos.
A Tropicália, trazendo no nome a representação do clima tropical do Brasil, é tida
como a maior revolução cultural e de contra-cultura por um busca de elementos de origem
popular que pudessem ser capazes de uma identificação nacional, ou seja, autenticamente
brasileira, manifestando-se através da experimentação proposta pelo choque entre
diferentes culturas encontradas no país e até mesmo vindas do exterior, sendo
representativos aos domínios culturais da música, pintura, cinema, teatro, literatura e moda.
32
A influência do movimento hippie no Tropicalismo é notada principalmente pela
inserção da guitarra elétrica e a distorção à música brasileira, ou visto por alguns como
uma cópia do rock psicodélico, sendo visto no mundo como uma resposta brasileira ao
Movimento Pop mundial em 1967.
Nas Figuras 23(a) e (b), a tipografia é influenciada pela psicodelia na sua
organização do espaço, pelo estilo floral no tipo de letras, de caráter ornamental por
motivos característicos ao Art Nouveau, junto a vibração das cores empregadas.
(a) (b)
Figura 23 – (a) Gal e Caetano Veloso – “Domingo”, capa do álbum, 1966.
(b) Caetano Veloso em álbum homônimo, capa do álbum, 1967.
Nas Figura 24(a), a capa do disco traz o artista Gilberto Gil posando de coronel em
um cenário gráfico psicodélico de estimulação óptica e cores vivas de identificação ao
verde e amarelo da bandeira do Brasil. Na Figura 24(b) da capa do disco da cantora Gal
Costa, os desenhos distorcidos de formas estranhas e bizarras com cores vivas remetem a
um clima de alucinação com representações entre o abstrato e o surreal.
(a) (b)
Figura 24 – (a) Gilberto Gil em álbum homônimo, capa do álbum, 1968.
(b) Gal Costa em álbum homônimo, capa do álbum, 1969.
33
No cinema tropicalista, destaca-se o cartaz do filme “Deus e o Diabo na Terra do
Sol”, na Figura 25, do diretor Glauber Rocha, considerado o maior revolucionário no
cinema do Brasil.
Figura 25 – Rogério Duarte, Deus e o Diabo na Terra do Sol, cartaz, 1968.
O cartaz de autoria de Rogério Duarte, tido como designer da Tropicália, é uma das
peças gráficas mais marcantes pela força simbólica de identificação nacional, de um
indivíduo típico do sertão nordestino brasileiro, o cangaceiro, um personagem de
identificação popular, em meio a representação gráfica do sol, onde os raios solares
apresentam-se ao redor em formas semelhantes a um cata-vento, estimulando sensações de
aspecto giratório, junto a uma vibração de cores obtidas pelos tons vivos do amarelo e o
magenta.
Podemos notar a influência do psicodelismo no material produzido pelo movimento
gráfico na Tropicália pela utilização das formas orgânicas, a representação à natureza
como valores tropicalistas ligados à ecologia, além disso, o experimentalismo para com a
mistura de diferentes elementos culturais, e principalmente, pela busca da necessidade de
sensibilização do público através por meio do impacto visual dada a utilização de cores e
máxima estimulação óptica.
O maior indício da absorção, leitura e resposta brasileira ao Movimento Pop
mundial em 1967, foi dada pela transformação do olhar através do resgate cultural das
culturas nacionais, resultando em um novo significado e identificação aos valores da
cultura brasileira pela expressividade e simbologia apresentadas pela Tropicália.
34
2. DA PSICODELIA AO PSICODELISMO
O que é a psicodelia, psicodélico ou psicodelismo?
Figura 26 – Psi.
Psi é a vigésima terceira letra do alfabeto grego, e com ela se escreve a palavra
que tem como correspondente português o prefixo psic, para designar “sopro”, sopro de
vida, alma. Extensamente utilizado em termos cunhados desde o século XIX, o antepositivo
psic(o) viaja sem constrangimentos da religião à ciência, da física à metafísica, da medicina
à mágica. Mas é no fim dos anos 50 que a palavra parece surgir designando substâncias
alucinógenas e intitulando a arte feita sob o efeito de drogas, para depois batizar um
“estilo” visual, uma atitude gráfica e um padrão musical. Psicodélico é composto pelo
prefixo psic(o)+delo (delôs, delon): tornar visível, fazer ver, manifestar. (PERRONI,
2003:9)
O termo psicodelia traz a mesma definição, sendo bastante utilizado para se referir
ao “universo psicodélico” ou “universo da psicodelia”.
O psicodélico é apresentado comumente como: 1. Relativo ao estado de espírito de
quem está sob efeito de um alucinógeno. – 2. Diz-se da droga que produz tal estado. – 3.
Diz-se da produção intelectual (pintura, música, etc.) elaborada sob (ou como se estivesse
sob) o efeito de um alucinógeno. – 4. Diz-se daquele ou daquilo que sai totalmente fora dos
padrões tradicionais, em matéria de roupas, atitudes, decoração, etc. – 5. Música
psicodélica, estilo de rock do final dos anos 60, que pretendia ser a tradução musical dos
efeitos provocados dos alucinógenos, principalmente o LSD. (LARROUSE CULTURAL,
1999).
O Psicodelismo pode ser mais específico para classificar a produção intelectual ou
artística, que propõe ser a tradução das alterações psíquicas dos efeitos do uso de drogas
alucinógenas.
35
2.1 O VISUAL PSICODÉLICO
Não se sabe de proclamação, manifesto ou muito menos uma ordem “psicodelista”
(esqueçam esta última palavra) nas artes gráficas. O que sabemos é que surgiu em um
ambiente de festividade entre jovens, regado ao som de uma nova música, novas
tendências de caráter experimentalistas, partindo de um total anonimato para uma
representação de uma cultura alternativa que fosse visualmente expressiva e suscetível à
inúmeras percepções.
2.1.1 O Poster Psicodélico
O início do século XX assistiu a uma intensa produção de cartazes cujo objetivo era
divulgar os acontecimentos culturais (exposições, exibições de filmes, peças teatrais, etc.)
e também convocar indivíduos para participarem de campanhas e movimentos políticos
(construtivismo russo, cartazes de circo, etc), como é observada na Figura 27.
Figura 27 – Cartaz Construtivismo Russo, Venha, camarada, ajude-nos na fazenda coletiva! 1930.
Sendo um produto concebido nos últimos anos do século anterior, o cartaz é, depois
do jornal, o primeiro meio de comunicação para um grande público que apresenta atributos
artísticos caracterizando de forma peculiar o significado e a informação de que é portador.
As denominações cartaz ou poster referem ao mesmo objeto, sendo aplicados cada um ao
mais próximo comum ou até mesmo ambos em cada localidade, região ou país.
36
O cartaz é uma mídia que foi desenvolvida no século XIX, por meio das escolas
artísticas da Art Nouveau/Realismo, ou Secessionismo na Áustria, era produzido através da
técnica da litogravura, constatando-se principalmente a presença do ornamento e das
formas orgânicas nas suas diversas aplicações, desde a moda até a arquitetura, e meios
impressos como a revista e jornal. Vemos um exemplo no cartaz apresentado pela Figura
28.
Figura 28 – Cartaz do Secessionismo, 1899.
Na década de 30 nos Estados Unidos, o poster é um dos meios utilizados para
divulgação de diversos eventos, entre estes, a divulgação de lutas de boxe, como
observamos na Figura 29(a). Na década de 50, a divulgação de shows de música e de um
novo estilo musical chamado de rock´n´roll, utilizou-se da forma dos tradicionais posters
de boxe, pela diagramação de texto e figuras, no exemplo da Figura 29(b).
(a) (b)
Figura 29 – (a) Poster de divulgação de luta de boxe, 1926.
(b) Poster de show de música ao estilo do poster de boxe, 1963.
37
Os posters foram adquirindo uma diagramação mais livre pela inserção da
ilustração, apresentando uma maior dinâmica entre elementos gráficos, como se vê na
Figura 30.
Figura 30 – B.B.King at Pleasure Pier, poster, 1964.
Em meados de 1965, por idéia de dois integrantes da banda The Charlatans,
inspirandos em referências como os tradicionais cartazes de circo, geralmente compostos
de ilustrações realistas de animais, artistas e tipografias de estilo “velho oeste” americano,
sendo na verdade a marca do estilo vitoriano, de nome referente a Rainha Vitória como
herança da colonização inglesa nos Estados Unidos, como no exemplo na Figura 31(a),
puderam chegar à criação de um poster, como na Figura 31(b), para a divulgação do show
da sua própria banda. Sendo totalmente marcado pela técnica de ilustração, a produção em
série de posters seria obtida através da serigrafia, uma técnica que permitiu a reprodução
da imagem a partir de um exemplar único. Tal poster, devido a caracterizar a idéia que
logo viria a germinar os grafismos psicodélicos pelos posters de shows ficou
historicamente conhecido como “A Semente” – “The Seed”.
38
Figura 31(a) – Cartaz de circo Ringling Bros, 1938.
Figura 31 – (b) Hunter e Ferguson, The Amazing Charlatans, poster serigrafia (50,8 x 60,96 cm), 1965.
Observando-se na Figura 31(b) a forma caricata dos integrantes da banda, nota-se a
influência dos desenhos em quadrinhos, ou os cartoons, em meio a uma tipografia de
variadas formas e tamanhos. No entanto, algo de diferente pode ser observado na forma
“estranha” de como a palavra “amazing” (surpreendente) se comporta: a tipografia com
formas distorcidas. Tais aspectos se tornariam uma marca característica, pela apresentação
cada vez maior de tipografias e elementos gráficos comportando-se desta forma
“diferente”.
39
Esta identificação com as formas orgânicas é encontrada nas escolas Art Nouveau,
constituindo a principal fonte de influência como vemos em um dos primeiros trabalhos de
posters psicodélicos para os concertos de rock, na Figura 32(a), caracterizando-se como um
evidente como plágio do poster de anúncio de cigarros da Art Nouveau, na Figura 32(b),
diferenciados apenas pela cor e a informação.
(a) (b)
Figura 32 – (a) Stanley Mouse and Alton Kelly, Jim Kweskin Jug Band, Big Brother & the Holding
Company, Electric Train at Avalon Ballroom (San Francisco, CA), poster, 1966. (b) Alphounse Mucha, Job,
poster, 1896.
O caráter orgânico das formas, referentes as formas harmônicas encontradas na
natureza (como por exemplo uma fumaça no ar, ou formas de líquidos, ou como uma
estrutura molecular), é exacerbada neste poster da Figura 33 por uma ornamentação dos
cabelos e da tipografia de forma a querer preencher toda a superfície gráfica do poster.
Figura 33 – The Love Conspiracy Commune presents, poster, 1967.
40
Na Figura 34, nota-se o preenchimento das letras inseridas na forma de um objeto,
caracterizando a busca pela fusão entre o texto e o objeto, para a representação em uma
coisa só.
Figura 34 – Wes Wilson, Jefferson Airplane, Great Society, Heavenly Blues Band at Fillmore Auditorium
(San Francisco, CA), poster, 1966.
2.1.2 As Formas Psicodélicas
O visual psicodélico pode adquirir uma conotação de ser lisérgico ou ácido,
fazendo referência ao LSD - Ácido Lisérgico, por ser relativo às visões de derretimento e
visões intensas de alternância do espectro das cores, proveniente de uma alteração dos
estados de percepção do indivíduo em estados alucinatórios. Observamos na Figura 35(a),
observamos esta suposta sensação de derretimento, de caráter lisérgico ou ácido,
apresentada por formas aquosas obtida nesta projeção psicodélica. Na Figura 35(b), a
instalação artística mostra um ambiente biomórfico como formas viscerais humanas
ressaltada por uma interessante combinação de cores as quais proporcionam clima
psicodélico.
(a) (b)
Figura 35 – (a) Projeção psicodélica, 1969. (b) Visiona II, instalação pop, 1970.
41
No poster da Figura 35(c) e a capa do álbum na Figura 35(d), observamos a
transformação das tipografias, fotografias entre outros elementos gráficos adquirindo esta
eminência dissipatória como se fosse uma fumaça ou um líquido em movimento,
evidenciando a distorção dos elementos junto a aplicação de cores vivas para um maior
choque visual.
(c) (d)
Figura 35 – (c) Wes Wilson, Jefferson Airplane, Grateful Dead at Fillmore, poster, 1966.
(d) Odessey & Oracle, nome do álbum do grupo The Zombies, 1968.
O aumento do estímulo sensorial também foi obtido pelo uso da repetição de
formas geométricas de forma a criar-se estruturas gráficas como padronagens e texturas,
como nota-se pela influência do estilo visual de decoração nos anos 60, na Figura 36(a),
destacando como impacto uma “desconcertante” conturbação visual para o meio gráfico do
poster, como na Figura 36(b).
Figura 36 – (a) Decoração fim dos anos 60.
Figura 36 – (b) Wes Wilson, Quicksilver Messenger Service, Final Solution at Fillmore Auditorium (San
Francisco, CA), poster, 1966.
42
Os elementos gráficos observados nas Figuras 37(a, b, c, d), são percebidos por
uma estimulação óptico-cinética, capazes de causarem ilusões de movimento ou até mesmo
de hipnotizar o observador, permitindo que seja lançada ao observador a pergunta no
poster da Figura 37(a): Você consegue passar pelo teste do ácido?
(a) (b)
Figura 37 – (a) Poster Can you pass the acid test? 1965. (b) Capa de revista, 1968.
(c) (d)
Figura 37 – (c) Projeção psicodélica, 1969. (d) Projeção Psicodélica, 1969.
A organização dos elementos gráficos no visual psicodélico, pode ser constatado
com uma certa recorrência de acordo com as sucessivas associações à visão
caleidoscópica. A Figura 38(a) mostra o poster em formato circular, além de fazer
referência ao nome do local, chamada Kaleidoscope, é uma peça gráfica diferenciada que
estabelece uma leitura um “caminho circular”, ou seja, uma leitura caleidoscópica. Na
Figura 38(b) a visão caleidoscópica destaca o centro da imagem, representada pelo “olho”,
partindo-se os raios ou visões em torno de seu redor.
43
A Figura 38(c) percebe-se a referência ao olhar caleidoscópico já com uma série de
elementos gráficos ao seu redor. A Figura 38(d) faz a referência aos retratos são dispostas
por uma fragmentação desfocada, remetendo à imagens passageiras e ilusórias.
(a) (b)
Figura 38 – (a) Dahlgren, poster, 1968. (b) Imagem caleidoscópica, 1968.
(c) (d)
Figura 38 – (c) The Psychedelic Sounds of The 13th Floor Elevators, capa do álbum, 1966. (d) Pink Floyd,
capa do álbum, 1967.
44
Na Figura 39(a), observa-se um artifício visual originado pelo vestuário hippie e
incorporado ao repertório visual psicodélico, sendo observado como um tipo de mancha ou
borrão de cores em determinadas formas e texturas. Este estilo, conhecido como tie-dye, a
tradução disto seria, “tinge e seca”, é obtido por processo de tingimento de roupas e por
meio desta técnica obtém-se padronagens variadas, como vemos na Figura 39(b).
(a) (b)
Figura 39 – (a) Padrão da imagem tie-dye. (b) Camiseta com desenho em espiral.
2.1.3 Cores
No psicodelismo são aplicadas todas as cores do arco-íris, isto é, como podemos
observar na escala cromática na Figura 40(a), observando este aspecto na projeção
psicodélica da Figura 40(b), assim como no poster da Figura 40(c).
(a) (b)
Figura 40 – (a) Escala Cromática. (b) Projeção psicodélica, 1967.
45
Figura 40 – (c) Lee Conklin, poster, 1968.
Na Figura 41(a) observamos as seis cores: as cores primárias ciano, magenta e
amarelo, junto as cores secundárias vermelho, azul-violeta e verde. São as cores
complementares, geralmente escolhidas junto a sua cor oposta por obterem o maior ínidice
de contraste entre cores possível, sendo assim marcantes para a estimulação psicodélica.
No poster apresentado na Figura 41(b), a utilização das cores complementares
verde e violeta, garantem o destaque pela vibração das cores. As qualificações de tons de
cor, como sendo vivas, são dadas pelo brilho e luminosidade, além de constatarmos a
saturação máxima do verde e do violeta devido a apresentação da cor de forma pura.
(a) (b)
Figura 41 – (a) Cores Complementares Primárias. (b) Bob Masse, poster, 1967.
46
2.2 FONTE TIPOGRÁFICA
A fonte psicodélica é desenhada de forma a preencher determinados espaços a fim
de estimular uma leitura que possa percorrer determinados caminhos ou interagir com
figuras e formas dependendo da capacidade de percepção do observador. Juntando-se as
formas as tipografias, formam-se grafismos complexos, caracterizados pela não-distinção
entre o desenho e a letra, ou seja, textual e não-textual, como vemos na Figura 42(a) por
uma leitura em chamas, e na Figura 42(b) por uma composição em forma das flores.
(a) (b)
Figura 42 – (a) Wes Wilson poster, The Association, Quicksilver Messenger Service, Grass Roots, Sopwith
Camel at Fillmore, 1966.
(b) Victor Moscoso, Blue Cheer, Lee Michaels, Clifton Chenier at Avalon, poster, 1967.
Como resultado a carga perceptiva e sensória proporcionada pela tipografia
psicodélica exigem da contemplação da imagem como um todo, para que só então se possa
perceber aprofundando-se ao detalhe, em um processo de indiferenciação do que é objeto e
o que é texto, transitando entre o sensório e o significado.
47
2.3 TEMAS
O psicodelismo é composto por uma vasta cultura iconográficas sendo elegíveis ao
tratamento da linguagem psicodélica pela apropriação de fragmentos visuais e símbolos
devido a uma representação estética que estabelece conexões à cultura pop, como artistas
em geral, e temas hippies, que por sua vez misturam antigas culturas e civilizações com
religiões do oriente, valores ligados à ecologia, libertação sexual, uso de drogas, entre
outros; permitindo ao psicodelismo um vasto leque de recursos para a exploração de temas
e construção da mensagem.
2.3.1 Contracultura
Nos quadrinhos, tidos como uma mídia de expressão popular e cultural, a influência
do fanzine Zapp Comix, surgida na Haight-Ashbury nos anos 60, foi um fenômeno
“apimentado” no caldeirão da contracultura. Sob o traço e humor ácido de Robert Crumb,
Rick Griffin entre outros quadrinistas underground, repercutiria todo o idéario psicodélico
e da contracultura pela forma “chocante” para os conservadores e igualmente “chocante”
mas no bom sentido pelo gosto de seus leitores.
A linguagem dos personagens fazia parte do cotidiano, o freak (vulgo maluco,
doido, extravagante), os “caretas” (relativo às pessoas que não usam drogas), os junkies
(considerados os vagabundos e drogados), as bad-trips, (isto é, uma “viagem ruim” como
uma alucinação traumática, intensificadas pelo efeito da droga), além da sátira aos próprios
hippies, em ambientes de sexo, drogas e música, fazendo desta experiência nos quadrinhos
um dos principais precursores para as publicações independentes.
48
Como exemplo na figura 43(a), uma das capas da Zapp, apresentando uma cômica
caricatura em um ambiente enriquecido de sons que expressam a sensação “ímpar” do
personagem. No exemplo da Figura 43(b), o poster contém repleto de criaturas em um
clima autenticamente “pop” e de referência aos quadrinhos.
(a) (b)
Figura 43 – (a) Robert Crumb, Zap Comix, capa No.2, 1968. (b) Rick Griffin e Victor Moscoso, Big Brother
& the Holding Company, Albert King, Pacific Gas & Electric at Shrine Exposition Hall, 1968.
Na Figura 44(a), as ilustrações revelam um estilo “alternativo” dada a
representação da natureza e a caveira, referenciando-se a um estilo “surfista”,
principalmente pelas formas “tribais” apresentadas na tipografia psicodélica. A Figura
44(b) a capa do álbum transforma-se na própria história em quadrinhos, interpretação as
canções do álbum quadro a quadro.
Figura 44 – (a) Rick Griffin para a capa do disco da banda Grateful Dead, 1970.
Figura 44 – (b) Robert Crumb para a capa do disco da banda Janis Joplin and Big Brother, 1968.
49
2.3.2 A tradução das alucinações para meio gráfico
As traduções visuais das alucinações para o meio gráfico simboliza a essência do
psicodelismo?
A alucinação consiste na visualização de figuras estranhas ao que o indivíduo
consideraria como normal, sendo em casos extremos até impossíveis de explicação
pautável. No exemplo da Figura 45(a), o poster monstra um indivíduo que assemelha-se a
uma criativa bizarra e de coloração estranha. Na Figura 45(b), a falta de indícios visuais de
consistentes tornam difícil a compreensão das figuras e forçam o observador para uma
mudança perceptiva onde provavelmente irá se expor sensorialmente diante do forte efeito
das cores, comparando-se a um estado de alucinação dada esta “perplexidade” diante do
poster em busca de uma explicação.
(a) (b)
Figura 45 – (a) Wes Wilson, poster, 1967. (b) San Andreas Fault, Siegal Schwall, Kaleidoscope, Savage
Resurrection at Avalon Ballroom, poster, 1968.
50
A psicodelia constrõe um repertório popular fazendo referências à coisas que julga
parecer psicodélico, mesmo embora não o seja propositalmente. Uma canção chamada
“White Rabbit” da banda psicodélica Jefferson Airplane, analisa o bombom ingerido por
Alice no conto de Alice no País das Maravilhas, como a uma droga que da mesma forma
faria por aumentar ou diminuir vertiginosamente o indivíduo do tamanho normal. Tal
especulação é justificada “psicodélicamente” como um indício, uma evidência, uma
metáfora, apologia, uma mensagem subliminar, ou uma interpretação alternativa.
No desenho da Figura 46, outro personagem da fabula, o Chapeleiro Maluco,
empresta seu sobrenome ao idéario psicodélico ao aparecer com olhar espiralado e
expressão “alterada” pelo efeito do LSD que porta, em uma interpretação do desenho
igualmente “alterada” visto que o personagem original nunca foi apresentado nestas
condições.
Figura 46 – Chapeleiro Maluco, blotter-art, 1970.
51
2.3.3 India, Misticismo, Nativos Americanos
A ilustração da capa do álbum mostrada pela Figura 47 (a), recria a imagem do
artista segundo do deus Krishna, proveniente da religião da Índia, vista na Figura 47(b),
transformando o músico em uma espécie de entidade especial dada a ênfase gráfica das
figuras do oriente.
(a) (b)
Figura 47 – (a) Capa do álbum Jimi Hendrix, 1967. (b) Krishna - Deus da religião Hindu.
Na Figura 48, o panfleto da loja “Apple”, de propriedade dos Beatles, vê-se a
representação do universo fantástico e surreal, habitado por seres mitológicos entre magos,
gurus, bruxos, duendes, entre outros referentes as doutrinas das ciências sobrenaturais
assim como a Astrologia, o Espiritismo, o Misticismo, o Esoterismo, a Enteogenia, a
Magia, entre outros.
52
Figura 48 – Folheto da loja chamada Apple, de propriedade do conjunto Beatles, 1967.
Na Figura 49, o poster usa o retrato de um índio nativo americano, e estabelece
relação a cultura ao universo indígena apresentando elementos decorativos característicos
aos trabalhos artesanais indígenas, chamados patchwork.
Figura 49 – John Van Hamersveld, Jefferson Airplane, Charlie Musselwhite, Clear Light at Shrine
Exposition Hall, 1968.
53
2.3.4 Natureza
A natureza encontrada no poster cubano, da Figura 50(a), inspira-se na psicodelia
pela estranheza das formas plásticas e cores que a iluminam. Na Figura 50(b) observa-se
uma maior ênfase nos elementos geométricos utilizados como ornamentos, compondo um
visual psicodélico quanto ao preenchimento da área e o contraste visual destes elementos.
Figura 50 – (a) Alfredo Raastard, poster 1968.
(b) Brighton Goodfellow, Big Brother & the Holding Company with The Human Beings for the Valley Peace
Center at The Ark (Salsalito, CA), poster, 1967.
54
2.3.5 Caráter Histórico
A re-apropriação de figuras históricas, como vemos na Figura 51, traz o ícone
chamado “Zig-Zag Man” (conhecido como o primeiro homem a enrolar o tabaco em uma
folha de papel e acendê-lo como um cigarro) alterado contextuamente ao fazer referência à
pergunta “Quem enrolou a Maryjane?”, de forma que Maryjane seria um nome feminino e
utilizado como gíria pela semelhança fonética ao nome da marijuana, em português, a
maconha.
Figura 51 – Bill Olive, Who rolled Maryjane?Zigzag man, 1969.
Na Figura 52, a referência à civilização do Egito antigo é dada pela adoção total da
estética egípcia como foram feitos e conhecidos historicamente. O grande impacto
psicodélico aos olhares do público se dá pelo choque visual perante a dissociação de
épocas e abordagem inesperada.
Figura 52 – David Byrd, poster, 1968.
55
Na Figura 53, o poster com a imagem do Cristo Redentor, situado no Rio de
Janeiro, Brasil, é desconfigurado geograficamente mas não deixa de aproveitar a
representação simbólica para uma re-apropriação de valor inserido na ambientação
lisérgica pela forte coloração de tom alaranjado.
Figura 53 – David Singer, poster, 1970.
2.3.6 Liberação Sexual
A influência do rock e a liberação sexual são percebidas na fotografia da Figura
54(a), mediante uma idéia de igualdade entre o homem e a mulher pela forma livre e
espontânea que aparecem dançando. Na Figura 54(b), observamos uma mesma referência
aos movimentos do corpo no desenho, expressando-se de uma forma livre e sensual.
(a) (b)
Figura 54 – (a) Fritzi Brusarius, 1970. (b) Wes Wilson, Jefferson Airplane, Butterfield Blues Band, Muddy
Waters at Fillmore, poster, 1966.
56
2.3.7 Mensagem
O psicodelismo nas produções gráficas torna-se quase um código mediante sua
recorrência, ampliação e diversificação no universo em que é aplicado. Ao analisar posters,
Richard Hollins (2001) aplica o olhar do design sobre psicodelismo analisando a
transmissão da mensagem:
O fundo em xadrez e as cores complementares no poster de Che Guevara (Figura 55a)
criado por Elena Serrano lembram os posteres “psicodélicos” desenhados para os concertos
de rock de meados dos anos 60, especialmente em São Francisco. As drogas eram legais na
Califórnia até 1966, e sua influência na percepção, imitada nos concertos através das luzes
estroboscópicas, era simulada no trabalho gráfico por meio de uma deslumbrante repetição
de contrastes cromáticos, seja entre preto e branco, seja entre as cores complementares
(Figura 55b). (...) O nome mais conhecido do grupo de designers psicodélicos da
Califórnia, e o único com formação em arte, era Victor Moscoso, que estudara as cores em
Yale (Faculdade do Estado da Connecticutt – EUA). Moscoso combinava efeitos de
vibração óptica obtidos por meio das cores com letras formais que ele tornava quase
ilegíveis através de uma total equivalência entre elementos positivos e negativos: o espaço
existente entre as letras e dentro delas era contrabalançado pelas próprias letras, da mesma
maneira como cores adjacentes contrastam entre si com igual intensidade (Figura 55c). (...)
O meio não se tornou toda a mensagem, mas grande parte dela.
(a) (b) (c)
Figura 55 – (a) Elena Serrano, Day of the Heroic Guerrilla, poster, 1968. (b) Lee Conklin, poster, 1968.
(c) Victor Moscoso, Quicksilver Messenger Service, Mount Rushmore, Big Brother & the Holding Company,
Horns of Plenty at Avalon Ballroom, poster, 1967.
57
A referência a MacLuhan em “O meio é a mensagem” (1967) neste momento não
caracteriza o meio como toda a mensagem pois já não concentra no objeto, o poster, toda a
mensagem a ser transmitida, porém, agora, ela dependerá da interpretação do receptor,
exigindo-lhe a pertinência da observação frente o objeto para ele possa decifrar uma
mensagem.
A Figura 56 por exemplo, é dada pela dificuldade de se reconhecer os elementos
devido a aplicação de cores em tons tão próximos que não chegam quase a não ser possível
identificar uma forma, mas que, a partir de um esforçado “franzir” do olhar parece começar
a elucidar a mensagem assim como se estivesse tentando se enxergar em um nevoeiro.
Identifica-se portanto esta atitude do poster a introduzir o observador neste “nevoeiro”,
com figuras e tipografias esfumaçadas.
Figura 56 – Lee Conklin e Herb Greene, poster, 1969.
Esta “atitude” ou qualidade, caracterizada pelo estilo confuso de interpretação de
figuras e difícil legibilidade, tem o propósito de uma abordagem “enigmática” e
extremamente sensória, contrapondo-se ao racional e clareza da comunicação. A
justificativa pelo desprezo ao bom gosto é ilustrada pelo provérbio Haiko, do antigo
oriente: “bad taste is good taste” – “mau gosto é bom gosto”.
Através disso, entende-se o que os artistas daquela época pretendiam comunicar:
“Aproveitem – deixem o efeito caminhar sobre você – através de você – use-o –
viva-o.” (BARNICOAT, 1993)
58
3. A CRIAÇÃO E RECEPÇÃO DO NOVO CÓDIGO VISUAL
Tal forma de olhar sobre o poster psicodélico ou a psicodelia em geral, como
inicialmente discutida no capítulo anterior, é trazida à vista pela teoria de Walter Benjamin
em seu texto “A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica” (1994:170), sobre
esta “transmissão” que ocorre entre um objeto de arte para com o seu espectador.
Os questionamentos da reprodução da obra de arte foram impulsionados
principalmente pelo surgimento da fotografia, num ponto em que se poderia reproduzir a
imagem mais rápido que um desenho à mão, e sobretudo, mantendo-se todas as
características da imagem original, acarretando na quebra da “aura”, definida por Benjamin
como:
(...) um “pasmo essencial” a “uma figura singular”, composta de elementos
especiais e temporais: a aparição única de uma coisa distante, por mais perto que ela esteja.
Observar, em repouso, numa tarde de verão, uma cadeia de montanhas no horizonte, ou um
galho, que projeta sua sombra sobre nós, significa respirar a aura dessas montanhas, desse
galho. (BENJAMIN, 1994)
A quebra desta contemplação sobre o objeto de arte seria dada por:
A quebra da aura é devida a uma transmissão do objeto original de culto, sendo
esta a forma mais “pura”, estando no mesmo local onde o objeto de contemplação se
encontra. Agora o poder de ser traduzida a imagem aplicada a um produto qualquer, ou
propriamente, uma cópia faria com que uma homogeinização da arte acarreta-se em uma
diluição da cultura para uma estereopatização da arte, superficial e capitalista. (ARANTES,
1998)
A multiplicidade da arte mediante as cópias, como ocorre com os filmes exibidos
nos cinemas, não afetaria somente o valor da obra de arte como objeto de culto, mas seria
observada principalmente pela participação do público, criando-se uma “aura” que liga o
prazer do espetáculo ao íntimo do espectador mediante sua experiência vivida.
Esta ligação, segundo Walter Benjamin (1994), “tem importância social à medida
que diminui a significação social de uma arte, assisti-se no público um divórcio crescente
entre o espírito crítico e a fruição da obra”. Contrapondo-se à contemplação da obra, passa-
59
se agora por uma apreensão coletiva da obra, mediante a recepção tátil, adquirida pela
“distração”, isto é, de tal modo que o espectador permanece “entretido” com o que
experiencia.
John Barnicoat (1993), em uma análise sobre os efeitos da percepção estética da
época, diz o que se segue:
O público em geral, sob influência dos materiais gráficos desta época, acabou
desenvolvendo a técnica do olhar sem ler, até mesmo escutando sem estar ouvindo, era uma
atitude mental; as mensagens chegavam através dos sentidos, geralmente. Este consistente
bombardeamento dos sentidos criou efetivamente, um público condicionado, onde seus
gostos em experiências visuais foram providos de sofisticação.
Esta sofisticação da percepção do “olhar sem ler” e “escutar sem estar ouvindo”
caracteriza-se pelo olhar já treinado e experienciado do público, por onde a recepção tátil
acontece antes mesma de uma formação de opinião.
Fazendo-se uma comparação entre as figuras a seguir, observaremos a distinção
entre a fotografia na Figura 57(a) e sua representação psicodélica na Figura 57(b), onde
podemos perceber nitidamente no desenho uma expressividade sensória relativa a uma
sonoridade intensa, vibrante e explosiva.
Figura 57 – (a) Fotografia, Hendrix. 1967
Figura 57 – (b) Martin Sharp, Exploding Hendrix, 1968.
60
Após uma interpretação visual sobre o desenho, podemos analisar sobre elementos
textuais da música psicodélica, como é percebida a linguagem da psicodelia, através da
leitura da canção “Purple Haze” – “Névoa Púrpura”, do grupo The Jimi Hendrix
Experience:
“Purple haze all in my brain
Lately things just don't seem the same
Actin' funny, but I don't know why
'Scuse me while I kiss the sky
Purple haze all around
Don't know if I'm comin' up or down
Am I happy or in misery?
Whatever it is that girl put a spell on me
Purple haze all in my eyes
Don't know if it's day or night
You got me blowin', blowin' my mind
Is it tomorrow, or just the end of time?”
“Névoa púrpura toda em meu cérebro,
Ultimamente as coisas não tem sido as mesmas
Agindo estranhamente, mas não sei porque
Com licença enquanto eu beijo o céu
Névoa púrpura toda ao redor
Não sei se estou subindo ou descendo
Estou feliz ou em sofrimento?
O quer que seja esta mulher, pôs um feitiço em mim
Névoa Púrpura toda nos meus olhos,
Não sei se é dia ou noite
Você pegou-me estourando, estourando minha mente
Será amanhã, ou apenas o fim do tempo?”
A canção envolve a névoa púrpura por todos os lugares, causadora de estranhas
sensações, como coisas que já não aparecem ser normais. Sente-se engraçado a ponto de
querer beijar o céu, pra cima, ou pra baixo, será que foi o feitiço de amor daquela mulher?
Vê-se a névoa púrpura nos olhos, será dia ou noite, sente explodir sua mente, será amanhã
ou o apenas o fim?
Tão simbólica quanto visual, a névoa púrpura esfumaçante e colorida sugere as
sensações e visões que alteram totalmente a percepção do sujeito. A interpretação
psicodélica tende a sugerir ao estado alucionatório como forte o suficiente para explodir o
seu consciente, mesmo que ainda haja inúmeras outras possibilidades, como uma paixão
intensa, ou uma ansiedade inquietante, entre outras interpretações inusitadas.
61
Já na Figura 58, neste folheto informativo sobre o LSD, a explicação gráfica e
textual para as alucinações visuais causadas por drogas alucinógenas é informativa
chegando a ser humorística.
Figura 58 – Folheto educativo sobre o LSD produzido pelo governo dos EUA, 1969.
A capa com arte psicodélica mostra a misteriosa caixa com a pergunta: “LSD -
Viagem ou Armadilha?”. A resposta dada pela cômica figura assustando-se ao se ver no
espelho, é explicada pelos dizeres:
“LSD pertence a um grupo de drogas chamadas ALUCINÓGENAS. Estas drogas
tem uma coisa em comum, elas causam qualquer um que as use a ter alucinações. A
alucinação é algo que não está ali. Nós IMAGINAMOS ver-lo. Estas drogas causam nos a
imaginar todos os tipos de distorção, imagens malucas como se nós estivéssemos realmente
as vendo.”
Na Figura 59(a), a capa do álbum é representativa ao LSD, utiliza-se do recurso
visual ao causar a ilusão pela sobreposição simultânea de fragmentos que parecem ser de
uma ou mais pessoas. Na Figura 59(b), a abordagem do poster estimula a interação pela
capacidade de estabelecer um jogo perceptivo onde observador poderá adentrar pelos
“quadros” na parede, remetendo sublinarmente às janelas ou portas da mente e da
percepção, ao abrir um caminho rumo ao infinito e sem qualquer explicação.
Figura 59 – (a) Lawrence Schiller, LSD – various, capa de álbum, 1966. (b) Hipgnosis, Ummagumma, 1968.
62
Em uma reflexão proposta para a revista Nova-iorquina “Arts Magazine”, no final
dos anos 60, o artista visual Yud Yalkut (1967), em uma reportagem define uma arte
psicodélica como uma representação do que seria algo relativo a uma “experiência
psicodélica”. Uma experiência psicodélica seria algo como uma sessão, podendo ser
“controlada” e não necessariamente sob o efeito de drogas, a fim de poder se atingir um
estado psicodélico, onde o indivíduo permanece um período de tempo em estados
alucinatórios, transe, reflexão, ou em alguns casos, acessos de descontrole e risco à saúde.
Um dos principais propagadores destas experiências, Timothy Leary, foi quem definiu uma
espécie de manual para a condução de experiências psicodélicas, baseado em um antigo
livro religioso do oriente, o “Livro Tibetano dos Mortos”, traduzindo os mesmo conceitos
para este livro que Leary chamou de “A Experiência Psicodélica”, em 1964:
Uma experiência psicodélica é uma jornada a novos reinos da consciência. A abrangência e
o conteúdo da experiência são ilimitados, mas suas características são a transcendência de
conceitos verbais, das dimensões de espaço-tempo, e do ego ou identidade. Tais
experiências de consciência expandida podem ocorrer de diversas formas: privação
sensorial, exercícios de ioga, meditação disciplinada, êxtases religiosos ou estéticos, ou
espontaneamente. Mais recentemente elas se tornaram disponíveis para qualquer um
mediante a ingestão de drogas psicodélicas como LSD, pscilocibina, mescalina, DMT, etc.
(LEARY, METZNER, ALPERT, 1964)
Com base nestes conceitos, a obra artística na Figura 60 de autoria de Jud Yalkut,
apresentando neste trabalho colagens de figuras humanas, objetos de forma a configurar
um retalho, seriam classificáveis a uma experiência psicodélica mediante uma associação
de imagens relativas a um período caso fossem comprovadamente da década de 1950? Ou
tal poluição visual simbolizaria um caos mental dada uma alucinação?
Figura 60 – Jud Yalkut, colagem, 1967.
63
O levantamento de hipóteses e a falta de evidências é inconclusivo. O que torna-se
aparentemente visível, é um trabalho de âmbito experimental mas que não o torna
sugestivo a uma abordagem psicodélica. Este julgamento se dá sem mesmo haver
conhecimento prévio sobre a intenção do autor desta obra em específico. Esta obra na
verdade, caracteriza-se pelo forte apelo pela arte pop, por misturar figuras do cotidiano
com figuras de revistas, desenhos e matérias na colagem. Uma abordagem aos movimentos
artísticos será abordada posteriormente neste trabalho.
Neste outro exemplo, podemos perceber o que a psicodelia se refere como um
bombardeio de sentidos, ao observarmos a capa da revista na Figura 61, com o título:
“Nova experiência que bombardeia os sentidos. LSD Art”, através da estranha figura de
um indivíduo com os olhos brilhantes como reflexo do “bombardeio” de luzes de cores em
tons lisérgicos.
Figura 61 – Capa da revista americana Life, com a manchete sobre LSD ART, 1966.
64
4. O POP E A ARTE: O POP E O OP
Sob a análise crítica da História da Arte, a cultura norte-americana seria incapaz de
lançar uma nova arte após a segunda guerra, em 1945, pois não tinha conteúdo histórico
pela falta de uma tradição racionalista européia, palco de todas vanguardas artísticas
mundiais até então, e com isso, o acontecimento da Pop Art e suas tendências seria
resultado de uma rebeldia secreta, sem causas definidas, inócuas na sua ameaça ao sistema.
(ARGAN, 1999)
A ausência de manifesto artístico do psicodelismo se deu por não haver alguma
centralização, o que contribui com a aparente despreocupação do historiador da arte Giulio
C. Argan (1999) quanto à falta de representatividade na sociedade, no entanto, a exceção à
regra é encontrada no local onde surgiu uma concentração cultural e artística ainda que
descentralizada, configurando-se com todos os elementos característicos para a
classificação de uma “cena psicodélica”: a Califórnia undergound do final dos anos 60.
O psicodelismo visto como qualidade artística em meio aos acontecimentos da pop
art, definiu-se como estilo pela constatação da estética reconhecível nas produções
culturais, caracterizada pelas formas orgânicas distorcidas e alternância contrastante das
cores. Seu aspecto “ameaçador” é associado pela “contaminação” do meio gráfico, dada o
aproveitamento de todo o espaço gráfico com os complexos grafismos psicodélicos.
São Francisco tornou-se símbolo da contracultura, representado pelas novas
tendências “chocantes” para com os valores tradicionais, como se observa o debochado
poster da Figura 62.
Figura 62 – Frank Zappa na “m***”, um dos principais representantes da contra-cultura, 1967.
65
A Pop Art, originada em meados de 1950 simultaneamente em Nova York, EUA e
Londres, Inglaterra, foi significativa em virtude de trazer a arte mais próxima ao gosto do
grande público pela aproximação do “popular”, diferenciando-se pela proposta de uma
nova sensibilidade estética e revolucionária, o que segundo Richard Hamilton definido
como: “popular, transitória, consumível, de baixo custo, produzida em massa, jovem,
espirituosa, sexy, chamativa, glamourosa e um grande negócio.” (MADOFF, 1997) A
representatividade do termo pop foi singular a ponto de denominar o nome desta época
caracterizada por diversos movimentos sociais e culturais como os “Movimentos Pop”.
Comparando-se as Figuras 63(a) e 63(b), respectivamente uma projeção psicodélica
com o a aparição de uma mulher e na outra a obra pop com o retrato da celebridade
Marilyn Monroe, podemos notar a semelhança de cores saturadas sobre as faces,
percebendo o mesmo padrão estético entre as duas figuras.
(a) (b)
Figura 63 – (a) Projeção psicodélica, 1968. (b) Andy Warhol, Shot Orange Marilyn, 1964.
Esta comunicação do psicodelismo com a Pop Art, é intrínseca pela exploração das
formas visuais plásticas em complexas composições de elementos junto a cores vibrantes,
como na capa do na Figura 64(a). Igualmente servindo de suporte a Pop Art, o poster
psicodélico da Figura 64(b), é marcado pelo degradê de colorido e proliferação de
elementos gráficos como as estrelas e os planetas, em uma abordagem cósmica
compartilhando com a simbologia hippie.
Figura 64 – (a) Martin Sharp, Cream – Disraeli Gears, capa do álbum, 1967.
(b) Peter Max, The Different Drummer, poster litogravura, 1967.
66
Outro movimento artístico que influencia ao psicodelismo é o Opthical Art,
conhecido pela abreviação de Op Art. A Op Art surgiu nos EUA na década de 60, fazendo
parte dos estudos científicos e matemáticos que a História da Arte classifica como “arte
visual cinética”. Este movimento classifica-se como uma arte científica que cria e estuda os
fenômenos de percepção de ilusões ópticas (ARGAN, 1999) e caracteriza-se em especial,
como uma forte influência para o psicodelismo pela capacidade de trabalhar com os
fenômenos ópticos, possíveis de causar sensações de movimentos e ilusões, provocando
maiores reações sensórias ao receptor.
A Figura 65, denominada de snake-ratles – “cobras enroladas”, é um gráfico de
estimulação óptico sensorial. A alternância das cores em formas circulares causam a ilusão
de que os círculos se movimentam.
Figura 65 – Akiyoshi Kitaoka, Rotating snakes, 2004.
67
Comparando-se o poster psicodélico da Figura 66(a) com a obra da Op art na
Figura 66(b), percebemos o mesmo estilo de “rotação” dos elementos gráficos.
(a) (b)
Figura 66 – (a) Victor Moscoso, Doors, Miller Blues Band, Haji Baba at Avalon Ballroom, poster, 1967.
(b) Franco Grignani, Estruturação centrífugo-centrípeta, 1965.
Nesta comparação entre as Figuras 67(a) e 67(b), poster e projeção psicodélica
respectivamente, notamos a mesma comunicação em diferentes mídias.
Figura 67 – (a) Hapshash and the Coloured Coat, 1967.
Figura 67 – (b) Projeção psicodélica, 1968.
68
A apresentação da espiral da secção áurea, na Figura 68, conhecido por representar
a curva de crescimento do universo, observando-se seus sinais na natureza como, por
exemplo, na curva do desenho da concha do mar ou no desenho de uma orelha humana, é,
sobretudo neste trabalho, um elemento gráfico essencial aos estímulos visuais e construção
gráfica da estética psicodélica.
A espiral da secção áurea, é uma linha traçada em curva que percorre as diagonais
de quadrados que compõem o retângulo áureo, igualmente composto pelo valor numérico
áureo para que se chegue nestas proporções.
Figura 68 – (a) Retângulo Áureo.
Baseado no desenho da espiral da secção áurea, observamos na cena do filme “O
Vampiro de Dusseldorf” (1931) na Figura 68(b), um tipo de gráfico que chamaremos de
“espiral giratória”, que é associado à psique humana nas áreas de estudo da psicologia e
hipnose. A espiral giratória ambienta um clima de tensão e suspense, simbolizando o
próximo “alvo” a ser atacado pelo assassino.
Figura 68 – (b) Cena de tensão e mistério em o Vampiro de Dusserdorf.
69
Na Figura 69(a) vemos o poster do filme Vertigo (1958), um certo tipo de espiral é
responsável pela representação da sensação de “vertigo”, o mesmo que uma vertigem. Na
cena do filme na Figura 69(b), observa-se a recorrência deste elemento gráfico em cenas
do filme, fazendo novamente a associação a estimulação do mistério e suspense.
(a) (b)
Figura 69 – (a) Saul Bass, poster, 1958. (b) Cena do filme Vertigo, o olho.
Na Figura 70, observamos a aplicação da espiral gráfica como estímulo óptico para
a divulgação do “Festival das Viagens”, um dos primeiros festivais dos testes de ácido.
Figura 70 – “Festival das Viagens”, no grafismo óptico a atração pela uma sensação hipnótica, 1966.
70
Alguns trabalhos da Op caracterizam-se pela exploração de ambiente com espelhos,
gerando inúmeros planos e pontos de observação para o espectador. Na Figura 71(a), a
instalação op, é comparada a Figura 71(b), uma composição psicodélica ao compor
reflexos como se estivessem num quarto de espelhos, estimulando a percepção pelas
diversas angulações da foto e repetições da mesma imagem.
(a) (b)
Figura 71 – (a) Davide Boriani, Aposento estroboscópico, 1963-7; quarto de espelhos com luzes.
(b) Jean Solari, Reflexo . Foto do grupo "Os Mutantes", da esquerda para a direita: Sérgio, Arnaldo e Rita,
1969.
No exemplo a seguir da Figura 72(a), vemos o mesmo recurso aplicado em uma
projeção psicodélica, a técnica do “espelhamento”, reflete na arte da capa de álbum na
Figura 72(b), caracterizando-se pelo “estranhamento” psicodélico proporcionado pela
simetria da figura.
(a) (b)
Figura 72 – (a) Projeção psicodélica, 1968. (b) Canned Heat, capa de álbum, 1969.
71
Observando as influências adquiridas por estas manifestações artísticas para o
psicodelismo, devemos ressaltar a sua inspiração em movimentos de vanguarda,
caracterizando a “personificação” do psicodelismo nas diversas formas de arte e
comunicação: como nas as colagens do movimento dadaísta; nos sonhos, fantasias e
desejos do surrealismo; a na subjetividade e imersão na pintura abstrata.
A Figura 73(a) vemos uma obra dadaísta apresentar uma colagem de imagens,
caracterizada pela estética anti-arte resgatando o cotidiano a uma representação do caos,
encarada como forma de protesto e polêmica do movimento dadaísta. A semelhança
encontrada no poster psicodélico da Figura 73(b), apresenta colagens de elementos em uma
composição caoticamente confusa e colorida, transmitindo mensagens da sociedade em
conflito através da estética psicodélica.
Figura 73 – (a) Coupe faite avec un couteau de cuisine, 1919. (b) A day in life, 1967.
No quadro surrealista da Figura 74(a), movimento pelo qual busca relações de
sentidos inexplicáveis como se acontecessem em um sonho, estabelece um caráter
visionário e subjetivos dados a estimulação da imaginação do observador, assim como é
notada no quadro psicodélico na Figura 74(b).
Figura 74 – (a) Dream Caused by the Flight of a Bumblebee around a Pomegranate a Second Before
Awakening, 1944. (b) Astral Body when Asleep, 1969.
72
Na Figura 75(a) um quadro da arte abstrata, a recepção é dada pela ação instintiva
caracterizando-se como uma “imersão” sobre as formas abstratas, não demonstrando
indício informacional, para que haja uma livre interpretação do espectador. Essa
experimentação do indivíduo é passível de que ele possa criar significados próprios dada a
falta de explicação latente da obra. A semelhança para com o poster psicodélico da Figura
75(b), consiste pela forte estimulação na coloração das formas orgânicas que fazem por
“camuflar” ao máximo o reconhecimento da imagem, proporcionando ao observador
constatar a forma contida no poster através de um processo semelhante a recepção da arte
abstrata.
(a) (b)
Figura 75 – (a) Franz Marc, Fighting forms, 1914.
(b) John McHugh, The white rabbit in wonderland, 1968.
Havendo percorrido as características que compõem o visual psicodélico pela
estética das distorções visuais e coloração lisérgica capazes da estimulação sensorial,
também consolidamos estas sensações em termos concretos como bizarro, fantástico,
enigmático, expansivo, hipnótico, visionário, vibrante.
73
5. PERCEPÇÃO E ANÁLISE
Como percebemos, sentimos e entendemos a psicodelia?
Aldous Huxley, um dos precursores das experiências psicodélicas, descreve uma
delas visualizando um vaso contendo três flores, em um trecho das “As portas da
percepção” (1954), expressando sua visão da seguinte forma:
Tomei minha pílula às 11 horas, uma hora e meia depois estava sentado no meu
estúdio, olhando intensamente para um vasinho de vidro. O vaso tinha apenas 3 flores. Uma
rosa totalmente aberta, a Bela de Portugal. Uma rosa pálida, com um toque em toda base
das pétalas, de um matiz mais quente e flamejante, uma carnação magenta e cor creme e
púrpura pálido, no final do seu galho quebrado, o botão era áldico atrevido de uma íris. O
buquezinho quebra todas as regras do bom gosto tradicional. No café da manhã fui tocado
pela viva dissonância de suas cores, mas esta não era mais a questão, não estava mais
olhando para o arranjo de flores original; estava vendo o que Adão tinha visto na manhã de
sua criação, um milagre, momento a momento, da existência nua.
Aldous Huxley “abre” as portas da sua percepção, na busca do rompimento de
barreiras para a visão da essência do objeto, oferecendo ao escritor onipresente, uma
experiência praticamente completa que faz estabelecer relações sinestésicas além da visão
do vaso e as flores, carregadas de um aumento de teor de energia que se intensifica a cada
nova sensação, criando-se, ao fim desta, um novo valor de significado para aquele vaso.
Este exemplo de descrição de forma a detalhar as percepções dadas pelas ações,
gestos e intenções captadas em impressões e sensações determinando um significado, é
praticado pela ciência da chamada Semiótica.
Charles Sanders Peirce (1839-1914), cientista, matemático, historiador, filósofo e
lógico norte-americano, é considerado o fundador da moderna Semiótica. (SANTAELLA
1983:19)
O nome semiótica vem da raiz grega semeion, que quer dizer signo.(...) Signo é
uma coisa que representa uma outra coisa: seu objeto. Ele só pode funcionar como signo se
carregar esse poder de representar, substituir uma outra coisa diferente dele.
(SANTAELLA, 1983:58)
74
A Semiótica é conhecida com “a ciência que tem por objeto de investigação todas
as linguagens possíveis, ou seja, que tem por objetivo o exame dos modos de constituição
de todo e qualquer fenômeno de produção de significação e de sentido”. (SANTAELLA,
1983:13)
Adentrar os umbrais da semiótica resulta em reeducar a percepção do mundo,
redirecionar a capacidade de captação dos signos e significações resultantes da interação
entre o seu mundo interior e o mundo que nos acerca.
Assim como a lingüística textual e a análise do discurso, o suporte semiótico vem
contribuir com uma análise mais ampla do material concreto (sistemas de códigos) e
abstrato (discurso, ideologia) por meio do que são transmitidas as mensagens. (SIMÕES,
2001:86)
A Semiótica é estruturada na relação entre o interpretante e o objeto,
partindo para uma “leitura” das impressões, do desenho, da cor, das formas, da
linguagem, para se chegar em uma representação de uma idéia e sensação, isto é, o
signo.
É da relação mantida entre o signo e seu objeto que surgiu sua explicação como
ícone, índice e símbolo. Os ícones são signos que representam seus objetos, com
características incorporadas do próprio objeto, independente de um objeto existir ou não. O
signo, neste caso, remete a um objeto por apresentar qualidades comuns a ele. Quanto ao
índice, é um signo que referencia o objeto; o signo é determinado por uma conexão física
com o objeto que representa. O índice, como seu próprio nome diz, é um signo que como
tal funciona porque indica uma outra coisa como a qual ele está factualmente ligado.
(SANTAELLA, 1990:90)
A Semiótica e seus esquemas ternários são relativos a primeiridade (percepção);
secundidade (reação) e terceiridade (representação) vai dar suporte à formulação do
raciocínio com aportes lógicos e filosóficos: por meio dos quais a satisfação da curiosidade
humana poderá atingir altos patamares, sem lesar a capacidade intelectiva do ser pensante
por meio de explicações dogmáticas ou místicas.
75
Essas categorias são explicadas por Santaella (2002:7):
A primeiridade aparece em tudo que estiver relacionado com acaso, possibilidade,
qualidade, sentimento, originalidade, liberdade, mônada. A secundidade está ligada às
idéias de dependência, determinação, dualidade, ação e reação, aqui e agora, conflito,
surpresa, dúvida. A terceiridade diz respeito à generalidade, continuidade, crescimento,
inteligência. A forma mais simples da terceiridade, segundo Peirce, manifesta-se no signo,
visto que o signo é um primeiro (algo que se apresenta à mente), ligando um segundo
(aquilo que o signo indica, se refere ou representa) a um terceiro (o efeito que o signo irá
provocar em um possível intérprete).
Para análise da Figura 76 aplicaremos o ponto-de-vista da semiótica.
Figura 76 – Bonnie MacLean, poster, 1968.
As qualidades ligadas a primeiridade são percebidas pela “luminosa” coloração
dada pelos tons vibrantes de amarelo, garantindo um destaque na visualização da figura,
em contraste com o verde e o azul, em meio a linhas sinuosas que cobrem a maior parte do
espaço gráfico.
Na secundidade observamos aspectos do desenho representados pela ilustração do
“Sol”, apresentando-o com um rosto de fisionomia humana, o que garante uma associação
entre estas duas entidades. O texto informacional compartilha do mesmo espaço dos raios
solares, aparecendo nomes, data e local de onde se realizará o evento.
76
Na terceiridade, a intensa luminosidade do “sol com rosto de homem” interagindo
com os textos sobre o evento de música por meio de um grafismo de linhas orgânicas, são
responsáveis pela estimulação sensória visual do interpretante, simbolizando um poster
psicodélico de show de música característico do final dos anos 60.
Para exemplificarmos um signo elegível a classificação de “símbolo” da psicodelia,
analisaremos o poster da Figura 77, obra símbolo representa um dos mais influentes
artistas dos anos 60, Bob Dylan.
Figura 77 – Milton Glaser, Bob Dylan, 1967.
O destaque aos cabelos pelas formas e cores psicodélicas servem de metáfora à
personalidade de Dylan em contraste com a “discrição” com que seu perfil aparece como
uma sombra. A figura como sendo ícone da personalidade psicodélica de Bob Dylan,
assume ainda a própria representação da pessoa Bob Dylan, caracterizando a figura como
um hipo-ícone por representar a própria pessoa. Além disso, a figura torna-se histórica e
representativa da psicodelia, adquirindo status de símbolo do psicodelismo perante o
público em geral.
77
Como são geradas estas associações psicodélicas sem que haja, porém, a garantia
de comprovação sobre o que se especula sobre o objeto? Como podemos encontrar o
verdadeiro “elemento” psicodélico?
Para a semiótica a melhor via para a determinar o âmbito, o objeto, a intenção e o
método, é averiguar as suas relações com a lógica. A lógica é uma forma de pensamento
que busca tentar explicar o mundo, é a própria ciência baseada em leis e julgamentos
obtidos de experimentações que servem de comprovação para o objeto estudado.
Para isso, iremos nos aprofundar para dentro de nossas “mentes” em busca de uma
comprovação psicodélica, analisando um mínimo até um máximo de estímulo através do
meio gráfico.
O ser humano utiliza-se da sua percepção captadas através de seus sentidos para
perceber quaisquer estímulos ao seu redor, adquirindo experiências que são traduzidas
como um conhecimento ao longo da vida. Classificam-se os sentidos de cada indivíduo em
5 características: a visão (olhar), o tato (sentir), o olfato (cheiro), a audição (ouvir) e o
paladar (gosto).
O processo de produção de idéias é classificado pelas fases da percepção
(compostas do percepto e do juízo perceptivo), da associação (onde ocorre a similaridade
por contigüidade) e a representação (significado).
Lúcia Santaella (1998) nos mostra que:
A percepção é determinada pelo percepto, mas o percepto só pode ser conhecido
através da mediação do signo, que é o julgamento da percepção. Para que esse
conhecimento se dê, o percepto deve, de algum modo, estar representado no signo. Aquilo
que representa o percepto, dentro do julgamento perceptivo, é o Percipuum, meio mental
de ligação entre o que está fora e o juízo perceptivo, que já é fruto de uma elaboração
mental.
Os julgamentos perceptivos são inferências lógicas, elementos generalizantes que
pertencem à terceiridade e que fazem com que o percipuum se acomode a esquemas
mentais e interpretativos mais ou menos habituais. O juízo perceptivo corresponde à
aplicação de um juízo de valor sobre o estímulo, caracterizando-se como um ato
cognoscente psíquico ao qual se dará a percepção. O juízo de valor é parte da experiência
do indivíduo, do seu conhecimento, capaz que obter na relação com o signo o lugar de
78
“coisa”, isto é, a idéia ou conceito. Uma característica observada em relação a uma
decadência de um estilo visual pela sua demasiada perpetuação nos meios, é explicada
pelo desgaste da percepção do indivíduo, onde dada pela negação do juízo perceptivo,
priva o indivíduo de obter qualquer nova concepção sobre o estímulo.
A prova lógica de que os efeitos práticos de um conceito constituem efetivamente a
soma total do conceito é abordada por Peirce pela noção do pragmatismo como a lógica da
abdução.
O que é a abdução?
A abdução é tida como um dos três tipos de raciocínio, junto a dedução e a indução.
Enquanto a dedução prova que algo deve ser (inferência necessária) e a indução prova que
algo realmente é (inferência experimental), a abdução prova que algo pode ser (inferência
hipotética).
A Figura 78 apresenta um gráfico sem qualquer representação contextual ou
histórica, será o objeto de análise para aplicação a lógica da abdução para identificação
mínima de elementos gráficos psicodélicos.
Figura 78 – Gráfico para análise.
Através da dedução sobre o objeto nos permite dizer o que parece ser, pelo caráter
orgânico da espiral é semelhante à característica estética psicodélica.
Através da indução sobre o objeto nos permite dizer o que é, induzindo a definição
da figura como uma linha gráfica em forma espiralar, não constatando suficientemente
como um traço psicodélico.
79
Através da abdução sobre o objeto nos permite dizer o que o objeto pode ser, por
meio de questionamentos hipotéticos que estabelecem possíveis relações conclusivas. A
associação levantada pelo observador de que o objeto seria, por exemplo, uma “onda do
mar”, é suficientemente aceitável pelo julgamento perceptivo por meio de uma comparação
simbólica para com uma representação pictórica da onda do mar. Portanto a abdução sobre
o objeto como um indício psicodélico se dá pela capacidade da estimulação da percepção
do interpretante resultando em uma sensação de ilusão de movimento rotacional da espiral
em torno de si mesma, a julgar-se perceptivamente como uma sensação hipnótica relativa à
representação de um estado psicodélico na mente do indivíduo.
A próxima análise da Figura 79 será baseada em um exemplo para identificação
máxima de elementos gráficos psicodélicos.
Figura 79 – Fabricio Grisolia Torres, gráfico da espiral da secção áurea, p/b, 2005.
Deduz-se a partir da observação do gráfico uma alta sensibilização do estímulo
visual, sendo esta uma característica recorrente aos estímulos psicodélicos.
Induz-se pelo alto contraste obtido pela alternância do preto e branco a evidencia as
formas espiralares de linhas orgânicas, compartilhando dos mesmos recursos gráficos
encontrados na estética psicodélica.
Abduz-se chegando ao mesmo resultado apresentado na análise anterior da Figura
78, porém sendo mais perceptível a estimulação sensória do interpretante vista a referência
máxima à forma psicodélica, neste caso da Figura 79, também constatada pela dedução e
indução.
80
A observação de um caso contrário a uma comprovação psicodélica, torna-se um
diferencial neste trabalho para podermos discernir o falível, isto é, que parece ser, mas não
o é.
Desta forma analisaremos o falível a partir da análise da Figura 80, abaixo:
Figura 80 – Ziraldo, peça publicitária, 1970.
Supondo uma interpretação psicodélica observamos as ondas coloridas percorrendo
o espaço e transpassando por dentro da cabeça e visível aos olhos do personagem, por meio
que se pode abduzir uma alteração da percepção pela visão colorida sendo comparável a
uma visão psicodélica. No entanto, a abdução é confrontada pela análise da indução e
dedução, deduz-se que a presença da marca Sharp caracteriza uma peça gráfica de
propaganda e apelo visual aplicado, induz a interpretação de que os olhos coloridos
assistem a um televisor à cores. Portanto analisando-se à primeira impressão, uma suposta
interpretação psicodélica na verdade demonstrou-se ser falível mediante a justificativa
racional encontrada pela lógica.
Apesar de comprovarmos a verdadeira intenção da peça publicitária, ainda assim, a
ótica do psicodelismo persiste pela influência estética e de sentido encontradas na análise
da figura.
81
O fato de encontrarmos elementos baseados na nossa própria experiência é dada
pela capacidade da nossa imaginação, percepção e associação simbólica, tais estímulos
serão analisados como sendo um fenômeno. O estudo dos fenômenos é praticada pela
quase-ciência chamada Fenomenologia, elaborada por Lacan.
Almeida (2003:50) informa que para a:
Fenomenologia o fenômeno é definido como tudo aquilo que se apresente à mente. Um
fenômeno pode ser qualquer visão, imagem, situação, enfim, qualquer coisa que seja
susceptível de ser conhecida por meio da mente. Nota-se que mente para Peirce tem uma
denotação mais abrangente que a mente humana. O fenômeno, nesse sentido, pode ser de
origem natural ou mental. Um fenômeno exige que essa mente possa diferenciá-lo de
outros fenômenos e até prever a ação de fenômenos futuros (...) Cabe à Fenomenologia
perscrutar sobre a constituição do fenômeno, descrevê-lo, discerni-lo, classificá-lo e
conjeturar a respeito das categorias das quais os fenômenos estão sujeitos. Assim, dentro
das teorias que se embasam na fenomenologia peirceana se encontra a Semiótica ou
doutrina geral dos signos.
A relação entre a Fenomenologia e a Semiótica é encontrada pela terceira categoria
da Fenomenologia correspondente à noção do signo, como é comparada por Santaella:
As categorias universais da fenomenologia aparecem em qualquer fenômeno de qualquer
espécie, a presença delas é particularmente evidente em um fenômeno de natureza triádica
como são os três registros lacanianos ou a tríade freudiana da dinâmica psíquica em
inconsciente, subconsciente e consciente, mais tarde redefinida como id, superego e ego. E
assim mostrar que a lógica da categoria peirciana da terceiridade, que é a lógica do signo,
pode contribuir para o entendimento das complexas interações dos três registros lacanianos
do imaginário, real e simbólico. A diferença está no fato de que os conceitos semióticos
resultam da análise lógica e, consequentemente, constituem-se em conjuntos altamente
interconectados de idéias distintivas que podem funcionar como dispositivos poderosos
para o estudo de qualquer fenômeno como signo. (SANTAELLA, 1999)
82
Apresentamos uma análise de Miller sobre o primeiro registro, o imaginário:
O imaginário é a categoria psicanalítica da demanda de amor, o real é a categoria
da pulsão e o simbólico, do desejo. Parte da constatação do “eu” (moi) no homem, mediante
à idéia de que a alienação imaginária, quer dizer, o fato de identificar-se com a imagem de
um outro, e que o desenvolvimento do ser humano está escondido por identificações ideais.
É um desenvolvimento no qual o imaginário está inscrito, e não um puro e simples
desenvolvimento fisiológico. (MILLER apud Santaella & Nöth, 1998:189)
O real é o segundo registro psíquico e não deve ser confundido com a noção
corrente de realidade. O real é aquilo que sobra como o resto do imaginário e que o
simbólico é incapaz de capturar. É o impossível, não definível, pois encontra-se apenas
numa visão de um aproximado, jamais capturado, entre a relação do objeto e sua imagem.
O registro do simbólico como a terceira categoria psicanalítica, é apresentada por
Miller (1987) como:
O outro é o grande Outro da linguagem, que está sempre já aí. É o outro do discurso universal, de
tudo o que foi dito, na medida em que é pensável. Diria também que é o Outro da biblioteca de Borges, da
biblioteca total. É também o Outro da verdade, esse Outro que é um terceiro em relação a todo diálogo,
porque no diálogo de um com outro sempre está o que funciona como referência tanto do acordo quanto do
desacordo, o Outro do pacto quanto o Outro da controvérsia. Todo mundo sabe que se deve estar de acordo
para poder realizar uma controvérsia, e isso é o que faz com que os diálogos sejam tão difíceis. Deve-se estar
de acordo em alguns pontos fundamentais para podermos escutar mutuamente. ... É o Outro da palavra que é
o alocutário fundamental, a direção do discurso mais além daquele a quem se dirige. A quem falo agora?
Falo aos que estão aqui e falo também à coerência que tento manter. (MILLER, 1987:22)
83
A análise da Figura 81 sob visão da Fenomenologia será apresentada a seguir:
Figura 81 – Martin Sharp, Mr.Tambourine Man, 1968.
O fenômeno apresenta-se pela estimulação do imaginário, captada por um impacto
borbulhante e efervescente vista a figura humana de óculos imersa em um intenso
vermelho. O real, como segundo registro psíquico, é percebido através dos inúmeros
elementos gráficos de cores contrastes que compõem o espaço gráfico, servindo de
estímulo às representações simbólicas. O simbólico, a terceira categoria, é a figura humana
psicodélica, isto é, o fenômeno que busca a representação do estado sensório da figura
humana, traduzida para uma forma gráfica, como vemos no poster na Figura 81.
Para encerrarmos este capítulo, vamos perceber e analisar a capa de álbum na
Figura 82, como exemplo da representação gráfica psicodélica em um pensamento: “Uma
explosão de sensações na sua mente”.
Figura 82 – Love Machine – Electronic Music to Blow Your Mind By, capa de álbum, 1968.
84
6. PSICODELIA 40 ANOS DEPOIS
Na contemporaneidade, depois de 40 anos de psicodelismo, voltamos o olhar sobre
a antiga badalada esquina conhecida pela agitada comunidade que se transformou em palco
para diversas manifestações culturais, observando-se o atual cruzamento já mudado com a
presença de um semáforo, na Figura 83(a), e na Figura 83(b) vemos o resgate da placa da
esquina em uma ambientação psicodélica representada em uma composição digital
encontrada na internet.
Figura 83 – (a) Haight-Ashbury nos tempos atuais, um semáforo sinaliza a mudança, 1997.
(b) Composição psicodélica relativa ao cruzamento das ruas considerada como marco da psicodelia, 2003.
Da sua história passada, resquícios de uma era ainda ativos, como pelo Beetle –
Fusca, com pintura psicodélica na Figura 84(a), visitantes em busca de um resquício da era
psicodélica, lojas que lembram o passado vendendo uma extensa memoraliblia – artigos
colecionáveis, antigos discos de vinil e posters psicodélicos. A mudança dos tempos é dada
pela atração dos jovens a uma boate, local para entretenimento ambientado com a música
eletrônica dos djs, os disc-jóqueis, como será abordada neste capítulo. O bairro ficou
tranqüilo e relativamente valorizado, como vemos na Figura 84(b) pelos restaurados
casarões ainda mantendo o estilo vitoriano, marca que permanece como identidade da
comunidade.
Figura 84 – (a) Um tradicional volks beetle, pintado com motivos psicodélicos, 2004.
(b) Os casarões reformados são habitados por famílias, mantendo-se a tranqüilidade na vizinhança, 2005.
85
Conservando também mesma aptidão pela arte e cultura dadas pelas feiras de artes
nas ruas, divulgadas como sempre foram, através de posters, como na Figura 84(c) e
panfletos psicodélicos como exemplo da Figura 84(d).
(c) (d)
Figura 84 – (c) Poster de feira de convenção de artes do bairro, elementos Art Nouveau convivem com o
desenho estilo quadrinhos da menina, 1999. (d) Folheto de feira de artes do bairro, mantendo-se a estética
psicodélica como principal referência, 1997.
A lembrança deste passado para os dias de hoje são comumente vistas como um
motivo de identificação aos valores hippies, oras observando-se como simpatizantes à
ideologia, oras sendo encontradas em festas à fantasia, como observa-se pelo mostruário da
loja de fantasias apresentadas pelas Figuras 85(a) e (b).
(a) (b)
Figura 85 – (a), (b) Fantasias e adereços hippies.
Seguindo os traços da psicodelia de antigamente até hoje, pessoas que estiveram
diretamente ligada ao surgimento da psicodelia ainda permanecem ativas são um
referencial a produção artística nestes 40 anos já passados.
86
Um dos artistas gráficos precursores do poster psicodélico, Wes Wilson, faz na
Figura 86 um breve revival em 1997 ao redesenhar a tipografia Fillmore na forma de
alphabeto, acomodando as letras nas linhas curvas assim como por todo o espaço.
Figura 86 –Tipografia estilo “Fillmore” revisitada em 1997, por Wes Wilson.
No retrato de Timothy Leary, na Figura 87, defensor do LSD até o final de sua
vida, vemos grafismos intensamente coloridos sobre a figura de Leary, simbolizando as
áreas da música, os estudos da percepção humana e a morte, das quais desenvolveu durante
sua vida.
Figura 87 – Cartela de lsd com Timothy Leary, 2000.
87
Na Figura 88, vemos a capa do álbum chamado “Technicolor” da banda de rock
psicodélico brasileiro nos anos 60 chamada “Os Mutantes”, mas que veio a lançar este
disco somente 30 anos depois à sua gravação. A relação do trabalho gráfico para com o
nome do álbum, Technicolor – denominação de um sistema à cores para os aparelhos
televisores surgido nos anos 70, é evidente pelo destaque a aplicação de cores através das
pinceladas, percebe-se além, partes levemente desfocadas, sensível a uma caracterização
esfumaçada das formas. A autoria é de Sean Lennon, filho de John Lennon e Yoko Ono,
constatando-se praticamente o caminhar da psicodelia por uma segunda geração de artistas
gráficos.
Figura 88 – Capa produzida por Sean Lennon, 2003.
O poster apresentado na Figura 89 é observado em um meio diferente como ao de
costume, isto é, impresso no papel. Esta divulgação da reunião em 2005 do grupo de rock
psicodélico surgido em 1967 é na verdade um poster psicodélico adaptado para o meio
digital, onde é possível a sua visualização através de um monitor de computador.
Figura 89 – Cream at Royal Albert Hall, Reunion Poster, 2005.
88
Havendo analisado exemplos de como se comportam os precursores da psicodelia
até os dias de hoje, como é que podemos reconhecer então uma nova leitura da psicodelia
buscando novos significados além dos já conhecidos?
6.1 QUE É A PSICODELIA ATUALMENTE?
A leitura da psicodelia nos dias de hoje passa por novos meios causando um efeito
multiplicador pela sobreposição das mídias, como exemplo da revista, outdoor, televisão,
cinema, internet, capaz de estabelecer uma conexão contínua de recepção para com o seu
público.
No cinema, a partir do filme Matrix (1999), considerado um marco pelos recursos
gráficos futuristas, podemos inferir traços de uma contextualização psicodélica ao que se
associa o uso de substâncias químicas.
A trama do filme é dada por uma guerra entre as máquina versus o homem sendo
ambientada em 2 mundos paralelos: o virtual, onde seres humanos tem vidas normais
dentro de um programa de computador chamado Matrix, mas são controlados pelas
máquinas; e o mundo real, onde seres humanos são livres e vivem em um universo pós-
apocalíptico, mas são perseguidos pelas máquina opressoras que querem escravizar a
humanidade.
O herói da história, ou melhor, “O escolhido”, que deverá libertar a humanidade é
um ser humano normal que trabalha com jogos de computador, chamado Neo, que vive
sem saber dentro da Matrix. Suas inquietações existenciais o leva até um grupo de
revolucionários. No diálogo extraído, Morpheus – o líder revolucionário oferece a “pílula
da verdade” para Neo, fazendo inclusive uma clara referência ao mundo paralelo dos
sonhos da história de Alice no País das Maravilhas.
89
“O quão fundo vai o buraco do coelho?”
Escrito por Andy Wachowski e Larry Wachowski (1999):
– Morpheus: Eu imagino que agora mesmo você esteja sentindo-se um pouco como Alice. Caindo
abaixo no buraco do coelho?
– Neo: Você pode dizer isso.
– Morpheus: Eu posso ver nos seus olhos. Você tem o olhar de um homem que aceita o que vê
porque está aguardando o acordar. Ironicamente, isso não está longe da verdade. Você acredita em
destino, Neo?
– Neo: Não
– Morpheus: Porque não?
– Neo: Porque eu não gosto da idéia de que eu não esteja com controle da minha vida.
– Morpheus: Eu sei exatamente o que quer dizer. Deixe-me dizer porque você está aqui. Você está
aqui porque você sabe algo. O que você sabe, você não consegue explicar. Mas você sente. Você
sentiu em toda sua vida. De que alguma coisa está errada no mundo. Você não sabe o que é, mas
está lá. Como um divisor na sua mente – dirigindo-o à loucura. É este sentimento que trouxe você
até mim. Você sabe do que estou falando?
– Neo: A Matrix?
– Morpheus: Você quer saber o que é?
(Neo acena com a cabeça)
– Morpheus: A Matrix está em todo lugar, está em volta de todos nós. Até agora, neste
mesmo recinto. Você pode ver-o quando olha pela sua janela, ou quando você liga a sua tv.
Você pode sentir-o quando vai ao trabalho, ou quando vai à igreja ou quando você paga
suas taxas. É este o mundo mostra-se á sua frente sobre os seus olhos para cegar você da
verdade?
– Neo: Qual verdade?
– Morpheus: De que você é um escravo, Neo. Como qualquer um, você nasceu por
obrigação, nascido dentro de uma prisão que não pode cheirar, provar ou tocar. A prisão da
sua mente. (longa pausa) Infortunadamente, ninguém pode ser avisado o que a Matrix é.
Você precisa ver por si mesmo. Esta é a sua última chance. Depois disso, não há mais
volta. (Na mão esquerda, Morpheus mostra a pílula azul – Figura 90)
Figura 90 – Cena do filme Matrix.
90
– Morpheus: Você pega a pílula azul e a história termina. Você acorda na sua cama e acredita em
qualquer coisa que quiser acreditar. (A pílula vermelha é mostrada na outra mão). Você pega a
pílula vermelha e você permanece em Wonderland (Terra da Imaginação ou País das Maravilhas) e
eu mostro o quão fundo o buraco de coelho vai. (Figura 91)
Figura 91 – Cena do filme Matrix.
(Grande pausa; Neo começa a alcançar a pílula vermelha)
– Morpheus: Lembre-se, tudo o que estou oferecendo é a verdade, nada mais.
(Neo pega a pílula vermelha e engole com um copo de água, na Figura 92).
Figura 92 – Cena do filme Matrix.
Este dialógo faz referência ao “mito da caverna” segundo o que o grande filósofo
Platão. A questão proposta no diálogo pode ser comparada ao “Mito da Caverna” descrita pelo
grande filósofo Platão, onde a aceitação de Neo para desvendar a “verdade” implica na
negação de tudo o que antes ele entendia como sendo a “verdade”.
Saindo da obra de ficção para o mundo em que vivemos, a busca de uma outra
realidade é também um dos principais motivos pelos quais as pessoas usam drogas ilegais. As
drogas sintéticas são um avanço da tecnologia, e da mesma forma, é responsável pelo
aparecimento de novas drogas. O ecstasy, como vemos na Figura 93, é apontada como a droga
mais utilizada atualmente e é considerada de grande risco para a saúde do indivíduo.
91
Figura 93 – Pílula de ecstasy, 2005.
O princípio ativo é causado pela substância MDMA, ou 3,4-
Methylenedioxymethamphetamine, conhecida incialmente como “empathy”, isto é,
empatia, associada à sensação de compreender e aceitar os outras pessoas. produz um
estado de “euforia relaxada”. Seu uso foi dado inicialmente como ferramenta terapêutica,
causa efeitos intensos de alteração de percepção, aceleração dos batimentos cardiacos e
aquecimento corporal, e característicos aos tratamentos anti-depressivos, podendo causar
sensações de alegria. As alucinações, quando observadas, são bastante parecidas com as
provocadas pela molécula da mescalina, iniciando-se com alucinações visuais em preto e
branco e logo mais se tornando coloridas, com alteração da percepção, confusão,
despersonalização e sensação de flutuação e leveza. (Psicotropicus Homepage, 2004)
Apesar das semelhanças dos efeitos para com outras drogas, o ecstasy não se revela
como responsável por uma atitude gráfica assim como o LSD foi, no entanto, sua
incidência é recorrente em uma nova cultura da modernidade. Apontada como tendência de
ruptura, a cultura da música eletrônica desponta com o que há de mais moderno e
inovador. Não é comum a composição de letras nestas músicas ou participação de músicos
com seus instrumentos. A música segue entre seqüências pré-gravadas, trechos ou
fragmentos de diálogos de filmes, intervenções sonoras de timbres “eletrônicos”, assim
como um toque de telefone celular, batidas rítmicas marcantes, sendo toda essa variedade
organizada e executada pelo o que se chama dj, o disc-jóquei. A música eletrônica traz
uma variedade de estilos próprios como o psytrance (sendo o psy relativo ao psychedelic),
techno, chill out, entre outros, mas que foi responsável também pela inserção do dj nos
estilos musicais já existentes.
92
Nas Figuras 94(a) e (b) vemos djs em ação comandando seus instrumentos, os
chamados pick-ups, o que seria ao equivalente ao toca-disco de antigamente, como se vê na
Figura 94(c).
Figura 94 – (a) Dj em performance frente ao público, 2003.
(b) Iluminação laser de cor verde atrás do dj, 2001.
(c) Pick-ups utilizados pelos Dj´s, 2003.
A cultura eletrônica é um fenômeno da atualidade que conta com a presença
principalmente de jovens, caracterizados pela diversidade de estilos em um espaço único onde
percebe-se traços hippies como pela convivência pacífica, contato com a natureza, liberdade
sexual, como observa-se nas Figuras 95(a) e (b).
Figura 95 – (a) Foto de mulher com trajes de influências hippies, 2004.
(b) Público participante do evento, 2003.
As festas que chegam a durar 3 dias, assim como os festivais da década de 60, hoje são
chamadas de raves, acontecem em clubes noturnos, ou boates, como vemos na Figura 96(a),
96(c) e também ao ar livre como Figura 96(b), 96(d).
93
(a) (b)
Figura 96 – (a) Iluminação laser e de cores diversas em casa noturna ou boate, locais característicos da
música eletrônica nos grandes centros urbanos, 1999. (b) Ao ar livre e durante a luz do dia a festa também
acontece e seu público se concentra em grupos, 2003.
(c) (d)
Figura 96 – (c) Foto do palco com dj´s tocando, tendo ao fundo a projeção psicodélica de imagens
caleidoscópicas, 2002. (d) Fotografia frontal do palco, o estilo psicodélico é percebido na decoração que
utiliza-se de cores néon florescentes em forma de espiral. A vista do espaço ao ar livre da festa em meio as
árvores, em contato com a natureza, 2005.
Este público identifica-se com a utilização de luzes fluorescentes para diversas
atividades, como vemos pelos malabares que brilham no escuro, como vemos nas Figuras
97(a) e (b) e formam interessantes formas visuais que destacam a percepção do público.
(a) (b)
Figura 97 – (a) Malabres de cor verde, 2003. (b) Mulher com malabares amarelos, 2003.
94
As projeções são também utilizadas e exercem um papel semelhante às projeções
psicodélicas dos anos 60, mas que atualmente, diferenciam-se pela maior interatividade da
pessoa que realiza estas projeções, sendo conhecido atualmente por vj, de vídeo-jóquei,
denominado assim como o dj. Os vj´s acrescentam dinamismo ao proporcionar cenários
para o dançante público interagindo projeções visuais com a música, que variam entre
figuras psicodélicas, como nos exemplos das Figuras 98 (a) e (b), e como diferencial
proporcionado pela tecnologia podem realizar performances em meio ao público captando
e incorporando imagens ao vivo do público no telão, permitindo um maior nível de
interação do público com o ambiente, como vemos nas Figuras 98(c) e (d).
(a) (b)
Figura 98 – (a) Fotografia de projeção atrás de dj, 2004.
(b) Fotografia de casa noturnas com diversos telões, 2004.
(a) (b)
Figura 98 – (c) Fotografia de performance de vj mostrando-se o próprio público, 2003.
(d) Fotografia de performance de vj mostrando-se o próprio público, 2003.
95
Analisando através de duas peças de divulgação de eventos de música eletrônica, os
meios utilizados atingem seu público geralmente através das filipetas e de e-mails (correio
eletrônico) através da internet. Na Figura 99, o flyer apresenta o símbolo referente a figura
da cabeça de um alienígena com dois grandes olhos junto à chamada P.S.Y.T.R.A.N.C.E.,
escrita em letras no estilo digital – relativo os computadores; marca a fusão de estilos da
música eletrônica, o psy – da abreviação de psychedelic, junto ao trance. No centro vê-se a
figura de um deus indiano, repleto de ornamentações que estimulam uma ambientação
transcendental junto as letras de estilo oriental, assim como é encontrado em posters
psicodélicos dos anos 60.
Figura 99 – Flyer da festa psytrance com imagem de um deus indiano, 2003.
Figura 100 – E-mail inspirado em um formato poster psicodélico, 2005.
Na Figura 100 vemos um e-mail de divulgação onde observa-se a moldura ornamentada
semelhante ao estilo Art Nouveau e uso de tipografias distorcidas, onde percebemos a forte
inspiração para com o poster psicodélico.
Saindo da música eletrônica e voltando nosso olhar de volta ao poster psicodélico,
encontramos novas tendências incorporadas que confirmam esta mídia como um espaço
como livre para as criações gráficas e associação as diferentes áreas de expressões.
96
No poster psicodélico de divulgação de um show de rock apresentado pela Figura
101, passamos pelo estilo de quadrinhos eróticos na ilustração, assim como pela
objetividade do movimento punk nos anos 80 pelo lema “faça você mesmo” dado o uso de
apenas duas cores.
Figura 101 – Justin Hampton, poster, 2005.
No poster psicodélico da peça de teatro apresentado pela Figura 102, a colagem de
fragmentos mistura formas orgânicas à seleção de figuras femininas que remete ao gênero
pop dos 60, além de ser observada uma atitude na tipografia pela exacerbação de
elementos gráficos e ornamentos sobre o texto.
Figura 102 – M/M Paris, Marion de Lome, Theater poster, 1999.
97
As Figuras 103(a) e (b) são pertencentes ao cenário das artes contemporâneas,
produzidas em suporte de tela plana por meio da técnica de pintura à óleo em tela. Os
elementos gráficos psicodélicos são percebidos pela mistura e repetição de pontos,
círculos, espirais, rosáceas, ondas, quem formam figuras orgânicas e caleidoscópicas, e uso
de cores vibrantes semelhantes às cores fluorescentes que brilham no escuro.
(a) (b)
Figura 103 - (a) Beatriz Milhazes, Tempo-de-Ver, pintura, 1999.
(b) Beatriz Milhazes, O Popular, pintura,1999.
Na Figura 104, o “Sofá Sushi” é composto por tecidos enrolados coloridos que
formam círculos multi-coloridos de aparência a uma fatia de “rocambole”, ou, mais
precisamente como denominado, um sushi, expressando-se psicodelicamente através do
impacto visual causado pela repetição inúmeros círculos coloridos sobrepostos que
ocupam toda superfície do móvel.
Figura 104 – Estúdio Campana, Sofá Sushi, 2002.
98
A comunicação entre as mídias nos dias hoje passa necessariamente sob a ótica da
tecnologia quanto a introdução de novos meios sobre a manipulação e criação de imagens para
o que conhecemos hoje pela “era do digital”. A principal diferença do digital para outros tipos
de produção consiste principalmente pela utilização da tecnologia como uma poderosa
ferramenta, que permite muitas vezes algo semelhante ao que acontece com os djs, isto é, o
aproveitamento de imagens dada a facilidade para alteração, a ausência de uma matriz dada a
facilidade da cópia, o processo de aplicação de cores, o processamento, entre outras diversas
funções que acabam por refletir em uma mudança no ritmo de produção e propicia o
aparecimento de novas tendências vista a geração de imagens hoje somente possíveis através
do computador.
O fenômeno científico sob forma gráfica conhecida como Fractal “é uma
combinação da geometria fractal misturada à arte com matemática, vindo para mostrar que
a matemática não é uma simples coleção de números” (University of Maryland, 2005). A
sua produção se dá com a utilização de supercomputadores, que processam as equações
matemáticas gerando complexas imagens que produzem um interessantíssimo aspecto
visual, como observamos nas Figuras 105(a, b, c). Estas figuras são resultados de equações
matemáticas complexas e infinitas, traduzidas pelo computador através destas imagens,
que igualmente, representam o infinito. A estimulação psicodélica é atingida mediante a
atenção do observador sobre esta fascinante variedade de formas e cores.
Figura 105 – (a) Fractal, poster, 2000.
99
Figura 105 – (b) Brian Exton, Land of Psychedelic Illuminations, 2005.
Figura 105 – (c) Fractal impresso em cartela de ácido, 2001.
Os questionamentos da atualidade chegam a discutir sob o ponto de vista que é
executada pela máquina e não o homem, não concluindo ainda a presente polêmica que
permanece em busca de experimentações por estes artistas da contemporaneidade. O
processo de criação nos dias atuais passa por constantes reformulações na maneira como a
cultura e a sociedade de consumo vem sendo pensada e produzida. O que nos mostra uma
tendência de conceber a comunicação atual como sendo resultado de várias escolas e técnicas
usadas em diferentes momentos da história. A utilização de uma estética para divulgação de
um produto é um recurso importante para estabelecimento de uma comunicação para com
o público a que se dirige, podendo-se assim transmitir uma mensagem. Além disso,
verifica-se na tecnologia um elemento fundamental nas relações dos indivíduos em favor da
imediatez da comunicação e profusão de informações.
A nova geração de ilustradores ou artistas gráficos utilizam ferramentas gráficas
digitais proporcionando a manipulação da imagem de maneira intuitiva. A Figura 106 é
uma composição sobre fotografia que indica figurativamente uma percepção psicodélica
comparada à verdadeira forma da fotografia original.
Figura 106 – Roald Blijleven, Psychedelice, 2004.
100
Veremos nas peças gráficas selecionadas da publicidade as influências do
psicodelismo presentes na atualidade. O cartão-postal publicitário apresentado nas Figuras
107(a) e (b), é inspirado pelas formas complexas e ornamentais criadas pelos fractais,
apresentando sob o título “Mind Games” o produto em uma espécie de fusão com as
formas dos fractais que gera uma estranha coloração como resultado.
Figura 107 – (a) Cartão de publicidade (frente), 2004.
Figura 107 – (b) Cartão de publicidade (verso).
O verso do cartão apresentado na Figura 107(b), explora a linguagem textual para
criação do apelo psicodélico em referência a Figura 107(a) através do texto:
[ MIND GAMES ]
*Jogos da mente
PSICODELIA, MANDALAS,
RITMOS HIPNÓTICOS. A TECNOLOGIA
SE UNE AOS RITUAIS ANCESTRAIS
NUMA EXPERIÊNCIA SENSORIAL QUE
AMPLIA OS ESTADOS DA PERCEPÇÃO.
A REALIDADE É SUBJETIVA
E TEM MÚLTIPLAS INTERPRETAÇÕES
SÃO EXPERIÊNCIAS PSÍQUICAS QUE
ACONTECEM DE FORMA INDIVIDUAL
OS JOGOS DA MENTE.
101
A seguir, iremos analisar campanhas publicitárias das Sandálias Havaianas que vem
utilizando-se sucessivamente da estética psicodélica para apresentação do produto nos
últimos anos. Na Figura 108, vemos uma peça publicitária, onde na forma de tatuagem
constata-se a tipografia distorcida e de preenchimento da superfície da perna.
Figura 108 – Peça gráfica, campanha Havaianas, 2002.
Na peça apresentada pela Figura 109 é criada a representação dos pés como se fossem
pessoas através de uma pintura sobre os pés envolto de coloridas camadas que expressam
as sensações de forma a atingir um clima psicodélico com a transição das cores.
Figura 109 – Peça gráfica, campanha Havaianas, 2003.
102
Na Figura 110(a, b, c) a peça Havaianas Flash apresenta motivos psicodélicos
através de uma padronagem criada pela repetição de elementos e vibração das cores. A
idéia ligada ao uso da sandália com a estética psicodélica está na relação de transmutação
do indivíduo ao ambiente, chamando a atenção para os pés, assim como o termo flash está
para brilhar. O flash, fazendo alusão à fotografia, caracteriza-se por uma percepção
estimulada pelo brilho, luz, percepção estimulada pelo efeito “estrobo” (estroboscópico).
Sob a ótica da moda, esta sensibilização do flash, devido a sua rapidez e efemeridade, é
captada pelo “momento”.
(a)
(b)
(c)
Figura 110 – (a, b,c) Peças gráficas, campanha Havaianas, 2004.
103
Nas Figuras 111 (a, b) as peças mostram ilustrações com traços e ambientações
psicodélicas dadas pelos temas ligados as culturas dos jovens como o surf, a beleza
feminina, a natureza, as flores, o sol, entre outros motivos.
Figura 111 – (a, b) Peça gráfica, campanha Havaianas, 2005.
Notamos a mesma influência na ilustração para esta peça apresentada na Figura
112, o público jovem e praticante de esportes radicais neste anúncio do automóvel, onde
uma onda psicodélica sai do bagageiro.
Figura 112 – Peça gráfica, campanha Chevrolet, 2005.
104
A tipografia psicodélica é marcante como principal ênfase na comunicação nas
peças seguintes. Na Figura 113, a marca de cartões de crédito Mastercard, voltado ao
público de maior status econômico, desenvolveu um logotipo psicodélico para a Promoção
Sossego Total, usando tipos distorcidos e motivos florais para uma associação sinestésica
do alegre e relaxante para o conceito de sossego total.
Figura 113 – Logotipo impresso, campanha Sossego Total MasterCard, 2004.
Na Figura 114, a peça publicitária da Escola de idiomas Cultura Inglesa, utiliza
todo o espaço gráfico para preenchimento da tipografias distorcidas psicodélicas, exigindo
um esforço maior de leitura para compreensão da mensagem.
Figura 114 – Peça gráfica, campanha Cultura Inglesa, 2005.
105
Na Figura 115(a, b), o cartão-postal publicitário das Faculdades Senac utiliza-se de
um recurso óptico-cinético com recurso 3-D, isto é, de visualização em 3 dimensões,
permitindo a visualização através de um óculos especial para mostrar o conteúdo da
mensagem, além da estética que inspira-se na Op Art pelas formas geométricas de
estimulação sensorial que atraem a visão para o centro da figura.
Figura 115 – (a) Cartão de publicidade Senac (frente), 2004.
O encaixe semântico com o texto se dá pela leitura no verso do cartão, apresentada
pela Figura 115(b):
Figura 115 (b) – Cartão de publicidade Senac (Verso).
Através das frases “Olhe para a frente” e “As coisas acontecem quando você se
mexe”, apesar de não serem caracterizadas pela mesma estética anterior, são coerentes por
estimular o observador a mexer a imagem frontal para descobrir a mensagem.
106
Observando a psicodelia presente nas peças publicitárias apresentadas como
fenômeno no apelo de consumo, verifica-se à volta de tendências através da aplicação
desta forma gráfica junto à presença de motivos gráficos relativos ao estilo Pop dos anos
60 e 70, como os visto nos temas do oriente, hippie, tipografias distorcidas e uso de cores.
O diferencial encontrado nesta psicodelia atual está para a contribuição gráfica pela cultura
da música eletrônica através do brilho fluorescente das cores e formas que assemelham-se
aos raios lasers e do aumento da complexidade na composição de elementos gráficos como
observadas no fenômeno dos fractais, gerados pela intermediação dos computadores.
Encerramos a apresentação de exemplos selecionados para identificação da
psicodelia na contemporaneidade, constatando a influência desta linguagem gráfica nas
diversas áreas de expressão culturais e da comunicação, estabelece uma conexão contínua
do indivíduo por meio da sobreposição de mídias que é exposto no seu dia-a-dia.
107
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A erupção do movimento psicodélico foi nestes 40 anos absorvida como um
código, utilizado atualmente para explorar ou estimular um jogo perceptivo já praticado,
adquirido, e consumado como "estilo" e "padrão" pela cultura contemporânea.
Vale a pena mencionar que os avanços tecnológicos tanto na produção de imagens
como de sons, simultânea e aleatóriamente, forneceram recursos adequados para manter
significativa e expressiva a experimentação em suportes distintos (foto, vídeo, músicais,
pintura, propaganda impressa, outdoor, etc) do que hoje estimula a percepção do homem
/indivíduo contemporâneo. Desta maneira, nota-se nos elementos visuais da atual
psicodelia um caracterização do brilho luminoso relativo ao raio laser, acrescida por uma
complexidade na composição visual dada pela característica do fractal.
O olhar do indivíduo está direcionado a uma "multi-percepção" pela leitura das
mídias que se sobrepõem, perpentuando-se o estímulo com a premissa de desenvolver o
receptor, e preparando-o para ser submetido a algo cada vez mais novo. O que pode ser
percebido pelo indivíduo pela estimulação do super, hiper, exacerbado capaz de elevar-lo a
um outro nível ligado à sua dimensão estética. O desgaste ligado ao uso destes instintos,
exigem da necessidade de atrair o observador para outra ‘órbita’, ou ciclo.
A intenção da psicodelia demonstra ser portanto atingir o máximo de estimulação
possível, marcada pelo excesso de elementos visuais, sonoros nas mídias que se
complementam, aumentando a incidência desta estimulação pela quantidade assim como
pela velocidade marcada por uma fração de segundo, capazes de atingir a princípio e
principalmente os sentidos, para depois ser passível de uma interpretação compreensível ao
indivíduo.
108
8. POSSÍVEIS DESDOBRAMENTOS
Baseado no resultado deste trabalho de traçar desde a origem até a atualidade do
psicodelismo no design gráfico; proponho iniciar uma inédita pesquisa sobre cartazes,
posters, panfletos, ilustrações, anúncios, entre outros; de divulgação de shows ou festivais
de música brasileira, principalmente o rock, para uma analise sobre a psicodelia brasileira
no design gráfico, no período das décadas de 1960, 70 e 80.
Agradeço a sua colaboração e contato:
Fabricio Grisolia Torres
Fone: 55 – 19 – 9113 – 7032
Contato: [email protected]
109
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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11. VÍDEO-DOCUMENTÁRIO DE CONSULTA
ALICE in Wonderland. Direção Clyde Geronimi, Wilfred Jackson, Hamilton Luske.
Estados Unidos, 1951. Produção: Walt Disney. DVD (74min), son., colorido
(Technicolor). Legendado em português.
DURVAL Discos. Direção Anna Muylaert, Brasil, 2002. Produção: Africa Filmes,
Dezenove Som e Imagem, Pic TV. DVD (96min), son., colorido. Português.
M – O Vampiro de Dusseldorf. Direção Fritz Lang. Alemanha, 1931. Produção: Seymour
Nebenzal. DVD (105min), son., preto e branco. Legendado em português.
MATRIX, The. Direção: Andy Wachowski, Larry Wachowski. Estados Unidos, 1999.
Produção: Warner Brothers. DVD (136min), son., colorido. Legendado em português.
VERTIGO. Direção Alfred Hitchcock. Estados Unidos, 1958. Produção: Paramount
Pictures. DVD (128min), son., colorido (Technicolor). Legendado em português.
114
12. LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Second Atomic Bomb Test at Bikini Lagoon, Baker Day, 24 July 1946 (Atomic
Bomb Collection, Box 8, Photo #218172-023-2). nmhm.washingtondc.museum – 1995.
Figura 2 – (a) Robert Altman, Haight e Ashbury, 1968. www.altmanphoto.com – 2005.
Figura 2 – (b) Robert Altman, Hippies on Kombi, 1969. www.altmanphoto.com – 2005.
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Figura 3 – (b) Robert Altman, GG Park, 1967. www.altmanphoto.com – 2005.
Figura 4 – (a) Baron Wolman, The Grateful Dead at 710 Ashbury Street 67, 1969.
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Figura 4 – (b) Baron Wolman, Fachada colorida de casa na rua Haight, 1968.
www.dancingbear.dk/gdfiles/Timeline.htm – 2005.
Figura 5 – Não creditdo, imagem caleidoscópica – 2005.
Figura 6 – Capa de livro, As portas da percepção. Editora Harper Collins, New York,
1954.
Figura 7 – Não creditado, In through the looking glass, cartela de LSD, 1966.
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Figura 8 – Norman Hartwerg, Can You Pass the Acid Test? Poster serigrafia (40,64 x
49,53 cm), 1966. www.wolfgangsvault.com – 2005.
Figura 9 – Mark DeVries / foto por Paul Kagan, The City of San Francisco Oracle, capa
tablóide (29,21 x 38,1 cm), Oracle Co-operative Pub, San Francisco, E.U.A., 1967.
www.wolfgangsvault.com – 2005.
Figura 10 – (a) Fotografia, Reginald executa projeção psicodélica no show do Grateful
Dead, 1966. www.pooterland.com – 1999 - 2005.
Figura 10 – (b) Robert Altman, Visual Psicodélico no show da banda Jefferson Airplane,
1967. www.altmanphoto.com – 2005.
Figura 11 – (a) Android Light Show, grupo de iluminadores psicodélicos, 1969.
Marseilles, França. www.pooterland.com – 1999-2005.
Figura 11 – (b) J. Sonderegger, Liquids, projeção, 1967. www.lightshow.cc – 2002.
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Figura 12 – Stanley Mouse e Alton Kelley, Bo Diddley, Sons of Adam, Little Walter at
Longshoremans Hall (San Francisco, CA), poster serigrafia (35,71 x 49,37 cm), 1966.
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Figura 13 – Wes Wilson, Grateful Dead, James Cotton Blues Band, Lothar & the Hand
People, poster serigrafia (34,13 x 53,81 cm), 1966. www.wolfgangsvault.com – 2005.
Figura 14 – (a) George Dunning, Yellow Submarine, poster serigrafia (70 x 100 cm), 1966.
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Figura 14 – (b) MC Productions & The Apple, The Beatles – Sgt. Peppers Lonely Hearts
Club Band, capa de álbum, Gravadora Apple, Londres, Inglaterra, 1967.
Figura 15 – Hapshash e The Coloured Coat, Hapshash e The Coloured Coat, fotografia,
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Figura 16 – Patrick Ward, fotografia para a Observer Magazine. 1967.
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Figura 17 – (a) Autoria do governo Americano, O que você deve saber sobre drogas e
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Figura 17 – (b) Autoria do governo Americano, LSD – algumas perguntas e respostas,
panfleto, 1969. www.lysergia.com/FeedYourHead – 2005.
Figura 18 – Gene Anthony, Concerto do Grateful Dead ao ar livre na esquina das ruas
Haight e Ashbury, fotografia, 1969. www.wolfgangsvault.com – 2005.
Figura 19 – (a) Gene Anthony, Trips Festival Longshoreman's Hall (San Francisco, CA),
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Figura 19 – (b) Android Light Show, grupo de iluminadores psicodélicos, fotografia, 1969.
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Figura 19 – (c) Anúncio de projetor para utilização em light shows, impresso, 1969.
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Figura 20 – (a) Autor desconhecido, Público hippie em festival de música, fotografia,
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Figura 20 – (b) Arnold Skolnicka, Woodstock – 3 Days of Peace and Music, poster
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Figura 21 – (a) Gerald Holtom, Logo CND / Campanha do Desarmamento Nuclear, 1958.
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Figura 21 – (b) Não creditado, Peace/Love poster, serigrafia (58,42 x 87,63 cm), 196?.
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Figura 21 – (c) Thomas J. Meenach III, John & Yoko bed-in, fotografia, 1969.
Figura 22 – (a) Capa de livro, Woodstock Nation: A Talk-Rock Album. Editora Random
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Figura 22 – (b) Arte gráfica não creditada, Hair – The American Tribal Love Rock Musical
(1968 Original Broadway Cast), capa de álbum, gravadora RCA, 1968. Nova York,
Figura 22 – (c) Capa de livro, Psychedelic Art. Editora Grove Press. Nova York, 1968.
Figura 22 – (d) Foto não creditada, guitarra sobre um tecido pintado ao estilo tye-dye,
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Figura 22 – (e) Hapshash e The Coloured Coat, Hapshash e The Coloured Coat, fotografia,
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Figura 22 – (f) Gene Anthony, Psychedelic Lady, fotografia, 1967.
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Figura 23 – (a) Arte gráfica não creditada, Gal e Caetano Veloso – “Domingo”, capa do
álbum, gravadora Phillips, São Paulo, Brasil, 1966.
Figura 23 – (b) Rogério Duarte, Caetano Veloso – Caetano Veloso, capa de álbum,
gravadora Phillips, São Paulo, Brasil, 1967.
Figura 24 – (a) Rogério Duarte, Gilberto Gil – Gilberto Gil, capa de álbum, gravadora
Phillips, São Paulo, Brasil, 1968.
Figura 24 – (b) Arte gráfica não creditada, Gal Costa – Gal Costa, capa de álbum,
gravadora Phillips, São Paulo, Brasil, 1969.
Figura 25 – Rogério Duarte, Deus e o Diabo na Terra do Sol, cartaz serigrafia, São Paulo,
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Figura 26 – Carlos Perrone e Amanda Oliveira, Psi, 2004.
117
Figura 27 – Vera Korableva, "Idi, tovarishch, k nam v kolkhoz!" (Venha, camarada, ajude-
nos na fazenda coletiva!), cartaz litogravura, 1930. http://ist-
socrates.berkeley.edu/~vbonnell/posters.htm – 2005.
Figura 28 – Koloman Moser, Secession V, poster litogravura (45,72 x 60,96 cm), 1899.
Figura 29 – (a) Arte gráfica não creditada, Gene Tunney's and Tom Heeney's Boxing
Poster, 1926.
Figura 29 – (b) Arte gráfica não creditada, Sam Cooke, Otis Redding at Paramount
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Figura 30 – Arte gráfica não creditada, poster, 1964. www.wolfgangsvault.com – 2005.
Figura 31 – (a) Arte gráfica não creditada, cartaz de circo. 1938.
Figura 31 – (b) George Hunter e Mike Ferguson, The Amazing Charlatans, poster
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Figura 32 – (a) Stanley Mouse, Alton Kelley, Jim Kweskin Jug Band, Big Brother & the
Holding Company, Electric Train at Avalon Ballroom, poster serigrafia (36,03 x 50,64
cm), 1966. www.wolfgangsvault.com – 2005.
Figura 32 – (b) Alphonse Mucha, Job, poster litogravura (59 x 173 cm), 1896. Coleção
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Figura 33 – The Love Conspiracy Commune presents, poster serigrafia (35,56 x 50,8 cm),
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Figura 34 – Wes Wilson, Jefferson Airplane, Great Society, Heavenly Blues Band at
Fillmore Auditorium (San Francisco, CA), poster serigrafia (35,56 x 50,8 cm), 1966.
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Figura 35 – (a) Android Light Show, grupo de iluminadores psicodélicos, 1969.
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