O PULSO DA VIDADane Rudhyar

PARTE 1

Duas Abordagens da Vida 

Há duas maneiras essenciais em que o dualismo da ordem celestial e da selva terrena pode ser interpretado em termos de significado e propósito. A primeira - a mais simples e ainda a mais popular - é a de considerar o reino do céu como aquele dos Poderes positivos, intrinsecamente ordenados, energizantes e eventualmente controladores, que exercem uma constante influência sobre o passivo, receptivo, inerte e inerentemente caótico (separativo) reino das atividades terrenas, impulsos, desejos e paixões. O reino do céu torna-se assim o "mundo das Ideias" ou como os filósofos medievais chamavam: Natura naturans, uma Natureza ativa, em contraposição à Natura naturata, a natureza terrena e passiva. A "natureza Humana" em tal concepção quase inevitavelmente adquire um sentido pejorativo. Ela é vista como que pervertida pelo pecado original, necessitando ser controlada pela vontade dos Poderes

celestiais e a razão de Inteligências Divinas, ou ser resgatada pelo sacrifício e compaixão de um ser estrelado - um "filho de Deus".        A maioria das filosofias religiosas e mesmo clássicas foram baseadas em tal interpretação, com um dualismo quase absoluto entre o bem e o mal, espírito e matéria, Deus e a natureza, razão e emoção, "superior" e "inferior". O atual estado catastrófico da humanidade ocidental é resultado de tal interpretação que por séculos dividiu a experiência humana em duas partes fundamentalmente irreconciliáveis, apesar dos esforços da vontade humana e do sacrifício do amor divino.        Um tipo diferente de interpretação é possível, e por vezes foi tentada. Pensadores modernos, de psicólogos a físicos, estão, mais do que nunca, se esforçando para construí-lo em bases sólidas; mas como uma mentalidade mais madura é necessária para compreender suas plenas implicações, ainda não é popular, mesmo entre treinados pensadores, impregnados na antiga tradição da filosofia dualista e em seus transcendentes escapes ao idealismo e ao monismo absoluto.        De acordo com esta "nova" interpretação não existe oposição entre o reino da ordem celestial e aquele do caos terrestre, porque o caos terrestre é apenas uma aparência ou uma ficção. Há ordem por toda a parte, mas o homem permanece cego para ela,

enquanto está passando de um tipo de ordem para um próximo e mais inclusivo tipo. Aquilo que ele sente como caos na superfície terrestre é o resultado de sua visão incompleta. Quando incapaz de apreender a totalidade de uma situação, o homem a vê como caótica - como um quebra-cabeça cujas peças estão agrupadas em blocos incoerentes. A imagem não pode ser vista enquanto tal condição prevalece. Pode existir apenas caos aparente, ao menos enquanto cada peça não esteja montada com todas as outras na relação em que a "Imagem do todo" determina e pela qual apenas essa Imagem dá sentido.

Primeira parte:

O Zodíaco como um Processo Dinâmico

  Um ser humano, considerado como

um organismo fisiológico, é um conjunto ordenado. O que chamamos de "ordem interna" é a ordem na esfera fechada do corpo - ou da natureza genérica; o homem, como um membro do gênero homo sapiens. Este é o "todo menor", a menor esfera de ser - e, enquanto ele não é fundamentalmente perturbado pela atração em direção a

identificação com um "todo maior" ou uma maior esfera de ser, não há ordem e integração orgânica.        No entanto, esse estado de menor integração e estreita inclusão nunca permanece completamente intacto. O "todo menor" opera constantemente dentro de um "todo maior", e há, portanto, uma incessante interação entre o menor e o maior. Essa interação aparece para o "todo menor ", como desordem e é sentida como dor. Ela é vista pelo "todo maior" como atividade cíclica criativa e é sentida como sacrifício. O que chamamos de "vida" é essa constante interação e interpenetração entre "totalidades menores" e um "todo maior." É a substância da experiência humana; e a experiência humana deve, necessariamente, ser dupla ou dualista, porque a experiência humana sempre é, parcialmente, a experiência de um indivíduo e, parcialmente, a experiência de uma coletividade.        O indivíduo sente dor; mas também na medida em que ele tenta explicá-la, a si mesmo ou a algum amigo, ele usa palavras. Seu sentimento é individual; mas suas palavras (e o pensamento que condicionou sua formação e seu uso padronizado) são coletivas. A dor é individual como uma experiência imediata; mas a tragédia é social, porque envolve uma referência aos valores coletivos. Em todas as fases da experiência,

os fatores individuais e coletivos se interpenetram. Esta "co-penetração" é a própria vida. É a realidade.        Em vez de dois reinos fundamentalmente separados da natureza - um celestial, ordenadoe bom; outro terreno, caótico, escuro e pecaminoso – agora, estamos lidando com a experiência humana como um todo, e analisando-a em duas fases. O homem experimenta aquilo que lhe parece uma selva caótica e aquilo que lhe parece uma ordem celestial. No primeiro caso, temos experiências humanas condicionadas pela dor sentida por um "todo menor" ao relacionar-se na proximidade e na imediatez com outros "todos menores", no lento processo de identificação de sua consciência com a do ser total do "todo maior" - o universo. No segundo caso, temos experiência humana quando o homem está relacionando-se de modo distante, e por meio de observações coletivas formuladas em leis, com o "todo maior" - ou com tanto quanto ele possa abarcar.        Em ambos os casos, a experiência é uma e fundamentalmente indivisível. Nós a dividimos ao estabelecer dois quadros de referência; isto é, ao agrupar todas as experiências dolorosas, auto-centradas e próximas em uma categoria - e todas aquelas experiências inspiradoras, remotas e coletivamente integradas em outra categoria. Temos, portanto, duas categorias ou classes.

Cada classe refere-se a uma direção de experiência; mas ambas lidam com a experiência humana como um todo.   

Toda experiência humana é bi-polar. Ela é arrastada pela atração do fator individual em experimentar, e também por aquela do fator coletivo. Estes dois arrastamentos são de forças relativas e variadas. Educação (um fator coletivo) dá mais força para o aspecto coletivo da experiência; assim, uma pessoa educada pode não tornar-se tão enlouquecida sob o estresse de uma perturbação emocional quanto uma outra, não-educada, que irá matar quando o ciúme a possuir. Entretanto, o artista fortemente individualizado pode perder o equilíbrio emocional mais rápido do que o homem de negócios que está mergulhado na respeitabilidade social. Para o artista romântico, o mundo, em geral, pode parecer assim como uma grandiosa tragédia; mas o cavalheiro Inglês irá beber o seu chá enquanto o Império desmorona, despreocupado até o último momento com o impacto do caos.        Do ponto de vista do que foi descrito nos parágrafos anteriores, a substância e o fundamento de tudo é a experiência humana. Cada avaliação se refere a isto. Todos os dualismos estão contidos dentro disto. O céu é um aspecto da experiência humana; a selva, outro. O Sábio cuja vida está ordenada e na paz, e cujo amor inclui todas as formas

de relações possíveis para o homem (como atualmente constituídas), é um "todo menor" que chegou a um tipo de integração sustentado e mensurado pela ordem orgânica do "todo maior." Ele está em paz consigo mesmo, porque a paz do "todo maior" está dentro dele. Ele está em paz com os outros homens, porque suas relações com eles são, em sua consciência, expressões de sua relação com o "todo maior" e estão contidas nele. Elas se encaixam em uma imagem universal. Cada pedaço do quebra-cabeça está no lugar onde pertence. A imagem do conjunto é clara. Não há mais qualquer questão da existência do caos.        O caos é o caminho para uma maior plenitude do ser e consciência: um caminho, uma transição, um processo. O Sábio é aquele que, antes de tudo, entende este processo, sente seu ritmo, percebe o significado de suas atrações e repulsões polares. Ele é o homem que vê toda a natureza como uma interação cíclica de energias entre "totalidades menores" e "totalidades maiores." Dentro dele como fora, ele testemunha a dor individual transformando-se em paz coletiva, e realização coletiva sacrificando-se em inspiração e orientação que aqueles que estão identificados com o "todo maior" podem conceder a "totalidades menores" ainda lutando com os problemas de sua atomística e de suas relações dolorosas.

       A interação cíclica de energias polares: nesta frase pode ser encontrada a chave para uma interpretação da experiência humana que não produz dualidades irreconciliáveis e a sempre presente possibilidade de esquizofrenia e guerras nacionalistas ou de classe. A vida é uma interação cíclica de energias polares. Cada fator na experiência está sempre presente, mas se manifesta em um grau sempre variado de intensidade. O declínio da energia de um polo, dentro de toda a experiência, está sempre associado com o aumento na força do outro polo. Duas forças estão sempre ativas. Cada concebível modo de atividade está sempre ativo dentro de qualquer todo orgânico, mas alguns modos dominam, enquanto outros são tão pouco ativos que parecem completamente inexistentes. No entanto, não-existência é uma ficção, do nosso ponto de vista. Deveria ser chamada ao invés de latência. Nenhum traço característico no todo do universo pode estar sempre totalmente ausente da experiência de qualquer conjunto. Ele está apenas latente. E a latência ainda é, em certo sentido, atividade de alguma espécie. É um tipo negativo, introvertido de atividade.       Tal abordagem filosófica para o problema da experiência dá a astrologia um significado e um valor que poucos pensadores contemporâneos suspeitam que ela contenha. A astrologia pode ser vista, à luz desta perspectiva filosófica de mundo, como uma

notável ferramenta para a compreensão da experiência humana considerada como um campo para um jogo cíclico de energias polares ou atitudes. A astrologia é um meio de ver a experiência humana como um todo orgânico, uma técnica de interpretação, uma "álgebra da vida." Ele usa o ordenado desfile de planetas (e, em menor medida, das estrelas), como um símbolo do que pode acontecer a um homem que vê a totalidade da vida. Cada evento na experiência daquele homem é parte de uma ordenada sequencia, assim como todas as peças do quebra-cabeça são partes de uma imagem completa e - por causa disto, ele adquire significado.  

Não é que os planetas "influenciam" diretamente qualquer pessoa em particular, ao piscar um tipo especial de raio que irá fazer a pessoa feliz ou levá-la a quebrar sua perna. Os ciclos dos planetas e suas relações representam, para o homem, a realidade em um estado ordenado e em referência ao "todo maior", que nós conhecemos como sistema solar. Os homens são "todos menores" dentro desse "todo maior." Os homens só podem encontrar a paz e integração duradoura na medida em que eles se relacionam em consciência ao "todo maior", uma vez que identificam seus próprios ciclos de experiência com ciclos de atividade do "todo maior", uma vez que refiram seus encontros com outros homens à imagem total que apenas uma

percepção do "todo maior" pode revelar. Todo homem é um todo - um indivíduo. Mas ser um indivíduo não faz sentido, exceto em referência à sociedade humana - ou, no limite, ao universo. Um homem que vive em uma ilha deserta sem qualquer possibilidade de se relacionar com outro homem não é um indivíduo, mas apenas um organismo solitário sem significado em termos de humanidade. Um indivíduo é uma expressão individualizada da natureza humana coletiva (ou genérica). O que ele recebe do coletivo que existia antes dele, ele deve retornar para o coletivo que segue depois dele. Nenhum indivíduo existe em um vácuo. Não há nenhuma entidade orgânica que não está contida dentro de um "todo maior" e que não contenha "totalidades menores." Ser um indivíduo é um status social. Todo homem é um universal em latência - ou, como disse o Chinês, um "Celestial". Transformar o latente em fato, transfigurar a esfera do homem terrestre com a luz, os ritmos e a integrada harmonia que é do "todo maior", do qual os movimentos dos corpos celestes convenientemente retratam - esta é a meta para o homem.        A astrologia nos abre um livro de imagens universais. Cada imagem nasceu da ordem e tem significado. Cada mapa de nascimento astrológico é uma assinatura do cosmos - ou de Deus. É a imagem do quebra-cabeça concluído. O homem, ao compreender tais

imagens, pode satisfazer sua experiência, porque ele pode, então, ver esta experiência objetivamente e estruturalmente como um todo orgânico. Ele pode vê-la como um todo, já integrado no processo cíclico de mudança universal que se revela claramente nas estrelas e nos planetas, e confusamente na proximidade de seus contatos terrenos. Nada é estático, e nenhuma vida é absolutamente dividida. A vida é um processo, e cada processo é cíclico - se acreditamos na nossa experiência, ao invés de impor categorias intelectuais e dualismos éticos sobre esta experiência. A astrologia é um estudo dos processos cíclicos.

A Natureza do Zodíaco

Toda astrologia é fundada sobre o Zodíaco. Cada fator utilizado na astrologia - Sol, Lua, planetas, cúspides das casas, nodos, estrelas fixas, etc – refere-se ao Zodíaco. Mas o Zodíaco não precisa ser considerado como uma coisa misteriosa, remota e oculta. Do ponto de vista acima descrito, o Zodíaco é simplesmente o produto da compreensão do homem de que a experiência é um processo cíclico; e em primeiro lugar, que toda manifestação da vida orgânica obedece à lei da alternância rítmica – em um momento impelido à atividade por um princípio diretivo, e em outro por seu oposto polar.

       O homem inicialmente adquire esta sensação de alternância rítmica ao refletir a respeito de sua experiência diária que apresenta-se a ele com uma sequência regular de tempo diurno e noturno, de luz e de escuridão. Mas a vida humana está tão próxima de tal sequência, e a consciência humana tão envolvida com ela, de modo que essa pode parecer como qualquer coisa, salvo alguma espécie de fatalidade. É assim, porque o homem normalmente não mantém a consciência através de todo ciclo do dia e da noite. Ele é confrontado por um dualismo que lhe parece absoluto porque não é só um dualismo de luz e escuridão, mas é um que, desde o ponto de vista da consciência, opõe o ser e o não-ser. Assim, o homem é levado a usar este ciclo do dia e da noite como um símbolo - para interpretar o ainda maior mistério da vida e da morte. O conceito de reencarnação não é senão uma extensão simbólica da experiência original comum a todos os homens de uma alternância regular de dias e de noites; e assim é a antiga ideia Hindu dos "Dias e Noites de Brahma", de períodos cósmicos de manifestação seguidos por períodos de não manifestação - manvantaras e pralayas.        O ciclo do ano, com particular incidência na condição sazonal da vegetação em climas temperados, oferece à consideração do homem um tipo totalmente diferente de sequencia regular. Não há mais qualquer

dúvida de que uma metade do ciclo possa estar associada com a ideia de não-existência absoluta. O homem permanece ativo, como um experimentador, através de todo o ciclo. Na verdade, o ano pode ser interpretado como um "ciclo de experiência", porque o experimentador está passando pelo seu todo – enquanto que o ciclo dia-e-noite não é normalmente susceptível de tal interpretação, porque, durante uma grande parte dele o homem deixa de ser um experimentador.        O Zodíaco é a simbolização do ciclo do ano. É assim, essencialmente, nas regiões temperadas do hemisfério Norte, onde a astrologia nasceu. O simbolismo Zodiacal é o produto da experiência de raças humanas que viveram em tais regiões: experiência das estações do ano, das atividades da natureza e do homem através do cambiante panorama da vegetação - a vegetação sendo o próprio fundamento da vida animal e humana na terra. Como essas raças, nos últimos milênios, têm sido o fator ativo na evolução da consciência humana, a experiência delas chegou a adquirir uma validade universal na determinação do sentido cósmico e finalidade humana. A civilização - como a conhecemos hoje - é, portanto, centrada em um tipo de consciência do hemisfério norte e de clima temperado. Pode ser concebível que não permaneça assim no futuro, mas por enquanto ela é; e nossa astrologia atual assim interpreta com precisão a sua evolução cíclica.

   O zodíaco, que é usado em nossa astrologia tem muito pouco, se de fato tem algo, a ver com estrelas distantes consideradas como entidades em si. É um registro antigo da série cíclica de transformações efetivamente experimentadas pelo homem ao longo do ano; um registro escrito em linguagem simbólica utilizando as estrelas meramente como um meio conveniente e gráfico de construção de imagens simbólicas, apelando para a imaginação de uma humanidade infantil o suficiente para ser mais impressionada com imagens do que por processos de pensamento abstratos e generalizados. O essencial sobre o Zodíaco não são os hieróglifos desenhados sobre mapas celestes; não são as histórias simbólicas construídas em torno de temas mitológicos gregos – significativas tanto quanto possam ser. Essencial é a experiência humana da mudança. E para uma humanidade que, certa vez, viveu muito perto da Terra, a série de "humores" da natureza ao longo do ano foi a mais forte representação desta mudança; pois as mudanças emocionais e biológicas internas da natureza do homem correspondiam, de fato, muito intimamente às alterações externas da vegetação.        A humanidade, no entanto, vem evoluindo desde os primeiros dias da Caldéia e do Egito.

Tal evolução significou basicamente uma coisa e apenas uma única coisa: a tradução, ou transferência, da capacidade do homem de experimentar a vida de forma significativa do nível biológico para o nível psico-mental. Num primeiro momento, a humanidade retirava todos os seus símbolos e a estrutura de seus significados a partir da experiência biológica. O homem, experimentando a vida e a mudança essencialmente como um organismo corporal, procurou expressar sua consciência de propósito e significado em termos de experiência corporal. Esses termos foram o único denominador comum disponível sobre o qual as civilizações puderam ser construídas. Mesmo os assim chamados ensinamentos "espirituais" (por exemplo, as primeiras formas de Yoga ou Tantra na Índia) salientavam símbolos sexuais, e, em geral, "vitalistas", - e práticas correspondentes.

Progressivamente, no entanto, os líderes entre os homens procuraram centrar as suas experiências e as experiências de seus seguidores em torno de uma nova estrutura de integração humana: o ego individual. Assim, surgiu a necessidade de traduzir todas as antigas técnicas de integração e os seus símbolos para a nova linguagem do ego - uma linguagem intelectual e psicológica. Foi devido a esta necessidade que a astrologia entrou em relativo descrédito e foi substituída pela ciência, lógica e psicologia gregas como um poder de comando na civilização ocidental. A

linguagem do ego realça análises e conexões racionalistas;ligações e análise racionalistas; e em sua ânsia de desenvolver a nova função de "pensamento rigoroso" o homem ocidental tem tentado, de todas as maneiras, repudiar ou desvalorizar todas as experiências orgânicas e todas as técnicas que tinham permitido a seus antepassados dar significado cíclico às suas vidas e lidar com as situações da vida como totalidades de experiência. O idealismo transcendental quebrou a experiência do homem em dois e criou a falaciosa oposição entre a alma e o corpo.        No entanto, uma tradição "oculta" manteve-se viva durante todo o ciclo da civilização europeia. Ela tentou voltar a interpretar o simbolismo da astrologia, e de técnicas similares de integração humana, no nível psicológico. A Alquimia e o movimento Rosa-Cruz foram exemplos notáveis de tal tentativa, que tiveram de ser velados em segredo por causa da oposição da Igreja. Uma espécie de astrologia bio-psicológica desenvolvida em formas obscuras, em que quatro funções da psique humana respondiam às quatro estações do ano e o simbolismo do Evangelho tornou-se misturado com aquele de tradição "pagã". E por todo o tempo, as velhas formas tradicionais de astrologia, como a codificada por Ptolomeu, foram mantidas em uso, mas principalmente como um meio para

satisfazer a curiosidade das pessoas e a ambição de príncipes ou reis.  Hoje, o aumento notável da atenção do público à psicologia moderna oferece aos astrólogos uma oportunidade para reformular completamente a astrologia e seus símbolos. A astrologia pode se tornar uma linguagem, não do ego individual, mas da personalidade humana total. E, em um mundo arrendado com conflitos e tornado carente de sentido pela paixão pela análise e pela diferenciação a todo custo, a astrologia pode aparecer uma vez mais como uma técnica que permite ao homem compreender o significado de sua experiência como um todo: experiência fisiológica e psicológica, corpo e psique, coletiva e individual. Sem medo de perseguição - é de se esperar - a astrologia pode usar os antigos símbolos vitalistas da astrologia antiga, as imagens derivadas das sequenciais mudanças na vegetação anual e das experiências do homem com os poderes latentes em sua natureza genérica e corporal.        Estas imagens são ricas com significados de sentimentos e sensações comuns a todos os homens desde o início da civilização na Terra. Elas estão impregnadas de sabedoria coletiva e de instinto orgânico. Elas pertencem à natureza-Raiz do homem, ao "Homem da humanidade comum", o fundamento sobre a qual as tardias conquistas individuais de uma humanidade racional e hiper-intelectualizada

são construídas. Sem o poder de sustentação deste fundamento Raiz o homem sempre deve entrar em colapso e se Desintegrar. E o próprio espetáculo de tal colapso e desintegração está diante de nossos olhos nestes dias sombrios da humanidade - dias, no entanto, grávidos com a semente de uma nova integração da experiência humana.        É o propósito deste livro integrar em um breve e sugestivo modo, ao invés de exaustivo e didático, o antigo simbolismo do Zodíaco com as imagens e conceitos básicos que tenham sido produzidos nos últimos tempos, especialmente por psicólogos progressivos. Nossa esperança ao assim fazer é que os homens possam ser ajudados a encontrar mais conscientemente, e como um todo, a experiência integral nascida de nossa civilização estressante. Eles podem assim fazê-lo, especialmente se deixarem de pensar em termos de categorias estáticas e sistemas de conjunto, em termos de entidades que são uma coisa ou outra; se eles começarem a encarar o universo de suas experiências com outros homens e com todas as coisas vivas como um "todo maior", no qual eles estão prontos para participar; se conseguirem ter a visão de um integrante e integral Propósito evolutivo em que possam ajustar as peças do quebra-cabeça de suas vidas embaralhadas pela ambição sem sentido de serem diferentes a qualquer custo.  

 O que o estudo do Zodíaco vai nos ensinar é, antes de tudo, que, embora existam sempre duas forças em operação em cada situação e em cada experiência, compreensão e decisão nunca são uma questão de "ou isto ou aquilo", mas de "mais ou menos". Há dualidade; mas é a dualidade de um processo dinâmico em que ambos os opostos constantemente se interpenetram e transformam um ao outro. Devido a isso, nenhuma entidade e nenhuma experiência é bom ou mau, construtiva ou destrutiva, clara ou escura. Tudo está em tudo. O que muda é a proporção em que a combinação ocorre.        A fim de entender o que a combinação é, e para ser capaz de dar-lhe um significado válido, os vários componentes de cada experiência deve ser medidos. Eles podem ser medidos em termos da própria colocação relativa dentro dos limites do conjunto. Eles podem ser medidos em termos da própria intensidade relativa; e a intensidade de qualquer fator depende em grande parte do momento de seu ciclo dentro do qual atua - se este momento representa a "primavera" ou "inverno" desse ciclo, se é jovem ou velho, se está em sua fase crescente ou minguante, etc.       Ao optar pelo conceito de "mais ou menos" em lugar do “ou isto ou aquilo”, o homem pode renovar completamente sua atitude perante a vida. Uma experiência que, na mente do experimentador, é boa e não é

ruim só conduz a conflitos e à escravidão. Se entendida como uma combinação de mais luz do que a escuridão, a experiência pode ser endereçada a todo o ciclo no qual as duas forças, luz e escuridão, estão em constante interação. Todo o ciclo pode assim ser visto no centro da experiência parcial; e o homem pode operar como criador de significado - pois o significado reside no todo, e não em qualquer parte individual.        Cada fase do processo zodiacal - cada Signo do Zodíaco - representa um estado da experiência humana, em que mais ou menos de duas forças básicas estão ativas. A estas forças, universais e variantes como elas são, podem ser dados qualquer número de nomes. Aqui, no entanto, por causa da nossa tentativa de reformular a astrologia em termos do mais simples denominador comum da experiência humana, nos referiremos a estas duas forças cósmicas em constante interação ao longo do ciclo do ano como "Força do Dia" e "Força da Noite." Esses nomes não só concordam com a mais antiga terminologia da astrologia, mas são expressões naturais e lógicas do fato de que, durante uma metade do ano, enquanto o comprimento dos dias aumenta a duração das noites diminui proporcionalmente; o processo inverso ocorre durante a outra metade do ano. Segue-se que, quando os dias ficam mais longos a Força do Dia, a maré positiva de energia solar, está aumentando; ao passo

que, quando os dias ficam mais curtos e as noites mais longas, a Força da Noite está se tornando mais forte, enquanto a Força do Dia diminui seu poder.        Sempre que há duas forças alternadamente crescentes e minguantes em relação de poder, quatro momentos básicos críticos devem necessariamente ser encontrados. Assim:  1- No solstício de inverno (Natal) a Força do Dia – no hemisfério norte - está no seu nível mais fraco e a Força da Noite em seu nível mais forte. Este é o primeiro dos momentos críticos. Signo Zodiacal: Capricórnio.  2- No equinócio da primavera – para o hemisfério norte - (cerca de 21 de Março) a Força do Dia que aumentou sua intensidade iguala em poder à Força da Noite que diminuiu. Signo Zodiacal: Áries.  3- No solstício de verão – para o hemisfério norte - (cerca de 21 de Junho), a Força do Dia atinge sua energia máxima e a Força da Noite seu nível mais baixo. Signo Zodiacal: Câncer.  4- No equinócio de outono – para o hemisfério norte - (cerca de 21 de Setembro) as duas forças estão novamente igualadas, a Força da Noite tendo se intensificado desde o início do verão. Signo Zodiacal: Libra.  

Ao estudar um processo cíclico, a primeira dificuldade encontrada é aquela de determinar o ponto de partida do ciclo. Numa análise filosófica conclusiva não há nenhum ponto de partida, mas para efeitos práticos, a mente deve selecionar um início, a fim de interpretar de forma significativa o processo em termos de experiência humana. Esta seleção de um ponto de partida estabelece um "quadro de referência"; e não deve ser considerada, em qualquer sentido, uma seleção aleatória. A seleção é imposta ao experimentador pelo significado que ele dá à sua experiência do processo cíclico .        Do ponto de vista da experiência física com a natureza - "humana" ou de outro tipo - e desde que o Zodíaco é considerado como um processo dinâmico de mudança, é claro que um dos quatro pontos culminantes acima definidos deve ser logicamente escolhido como o início do ciclo. Além disso, em uma filosofia que não dá nenhum pressuposto valor de superioridade a qualquer fase da experiência em detrimento da fase oposta e complementar, é igualmente evidente que é mais condizente iniciar o ciclo num momento em que as duas forças que alternadamente crescem e minguam estão com intensidades iguais; assim ocorre em um dos equinócios. O equinócio da primavera – para o hemisfério norte - foi selecionado como o início do Zodíaco porque o homem naturalmente identifica a sua experiência, em primeiro

lugar, com o reino do crescimento, das coisas e da luz solar, e só mais tarde com o mais secreto reino dos valores que a semente e a vida do inverno simbolizam. O equinócio de primavera nas regiões temperadas do hemisfério norte é o que os astrólogos chamam de "primeiro ponto de Áries" - e vimos que as raízes da nossa civilização se encontram nessas regiões, que são o berço da nossa astrologia.

A Força do Dia e a Força da Noite

Não se pode compreender significativamente o início de qualquer ciclo a menos que se saiba o significado geral de todo o ciclo. Pela própria definição do termo "ciclo", o início de um ciclo marca também o fim daquele precedente. O início é condicionado pelo fim, como a nova vegetação está condicionada pelas sementes que foram o produto do crescimento anual anterior. Conhecer o significado geral de um ciclo é conhecer a natureza das duas forças básicas que estão em jogo ao longo do seu curso. Devemos, portanto, definir, em primeiro lugar, as características da Força do Dia e da Força da Noite; e as nossas definições irão girar em torno de conceitos de natureza psicológica, porque é o propósito deste livro estabelecer fatores astrológicos no nível em que o homem moderno está agora consciente e

deliberadamente operando: o nível psíquico-mental.        A Força do Dia é uma energia personificadora. Ela faz com que ideias, entidades espirituais, abstrações se encaminhem para uma realidade concreta e particular. Ela energiza a "descida do espírito para dentro de um corpo" para utilizar uma terminologia familiar, embora perigosa. Assim, ela começa a crescer em intensidade no Natal do hemisfério norte, símbolo da Encarnação espiritual; mas só se torna claramente visível em Áries, símbolo da germinação - e no homem, da adolescência. Ela é plena em Câncer, símbolo da "maioridade" e da realização pessoal através do casamento e das responsabilidades do lar. O resultado natural da ação da Força do Dia é a enfatização daquela singularidade individual do ser humano, que hoje é conhecido como "personalidade".        A Força da Noite é uma energia re-unificadora. Ela faz com que personalidades se juntem. Em primeiro lugar, em Câncer (no lar) ela integra um homem e uma mulher; em Leão, acrescenta a criança; em Virgem, os prestadores de serviços, enfermeiros, educadores. Mas a integração torna-se apenas pública em Libra, o símbolo da atividade social, das atividades de grupo em direção à construção de uma comunidade cultural e espiritual. Em Escorpião, negócios e empreendimentos políticos florescem; em

Sagitário, filosofia, publicações, longas viagens. A Força da Noite atinge o seu ápice de poder em Capricórnio, símbolo do Estado – o todo social organizado. O resultado natural da ação da Força da Noite é enfatizar todos os valores relacionados com a "sociedade".  Personalidade e Sociedade - tais são, de fato, as duas polaridades da efetiva experiência dos seres humanos desde sempre, quando começamos a poder traçar a evolução histórica do homem. Os dois termos são as concretas manifestações, no nível psicológico do homem moderno, de dois conceitos ainda mais gerais que são: "individual" e "coletivo". Em cada experiência humana esses dois fatores estão presentes com intensidades relativamente variantes. Que isto é assim nunca deveria ser esquecido. Nenhum homem age e sente apenas como uma personalidade individualizada, ou apenas como um ser social. Nunca é uma questão de "ou isto ou aquilo", mas de "mais ou menos". É uma questão de ponto de vista.        De uma forma um pouco semelhante, podemos falar de nosso Sol como um "Sol" ou como uma "Estrela". É um "Sol", se considerado como o centro de um organismo cósmico individualizado e separado (sistema solar); mas é uma "Estrela", se considerado como participante do ser coletivo da Galáxia. No primeiro caso, ele está sozinho em seu trono; no segundo caso, ele está

constantemente relacionado às suas estrelas companheiras dentro dos limites do "todo maior", a Galáxia. O homem experimenta o Sol como doador de luz - como um "sol" - durante o dia. À noite, o homem moderno percebe que esse doador da luz, este Todo Pai, é apenas uma "Estrela" na companhia da Galáxia. Submetidos pela luz e pelo calor, nós adoramos o "sol" em devoção; no silêncio e na paz da noite comungamos com a irmandade de "estrelas". É sempre a mesma realidade, mas mudamos o nosso ângulo de abordagem em relação a ela – e a realidade única divide-se em duas fases de experiência, e novamente em muitas outras fases. O limite para a divisibilidade da nossa experiência está apenas na nossa capacidade de permanecer integrado como uma pessoa sob este processo de diferenciação - nossa capacidade de permanecer são; isto é: dar um significado essencial para a nossa experiência como uma personalidade social.        O dualismo entre personalidade e sociedade torna-se, em outro e mais estrito sentido psicológico, aquele entre "ego consciente" e "Inconsciente Coletivo". O reino da consciência individualizada é o reino do dia, o reino do "Sol". O reino do Inconsciente Coletivo é o reino da noite, o reino das "estrelas". Uma compreensão desses dois reinos é necessária, a fim de ver como o crescer e o minguar dessas duas forças cíclicas operam em uma maneira psicológica.

       Dizer simplesmente que a Força do Dia começa a diminuir após o solstício de verão não dá uma imagem psicológica exata do que acontece dentro da pessoa humana. Não é apenas isto: que a Força do Dia torna-se menos intensa. Mais precisamente ainda, o declínio da Força do Dia significa que o que era uma força positiva, ativa está se tornando cada vez mais retirada do campo da objetividade. Torna-se cada vez mais subjetiva e introvertida; também mais transcendente. Ela opera a partir do ponto de vista de motivos inconscientes, e não daqueles conscientes.        A experiência humana não pode ser endereçada apenas à consciência e ao ego individual; pois, se fizermos isso, nós teremos que dar uma valoração ética a muitas das nossas experiências, o que divide o nosso ser total em duas entidades conflitantes. Assim, alguns dos nossos atos podem ter que ser explicados como provas de nossa má personalidade, outros, como manifestações de nossa individualidade heróica ou santa; a eles devem ser dadas tais interpretações se nos endereçarmos apenas ao ego consciente. Mas se percebermos que nossas ações são, em parte, os resultados de esforços conscientes e, em parte, dos produtos de motivações que emergem de um inconsciente que não é "nosso" (numa forma individualizada), mas que é um oceano de energias raciais e sociais despreocupadas com estruturas de ego, ética

e razão - então podemos explicar as ações humanas de outra maneira; e o homem pode conhecer a si mesmo de modo integral e indivisível, um centro de Vida universal em seu processo de mudança cíclica.       De tal ponto de vista o homem pode ver a consciência constantemente interpenetrando a inconsciência, a racionalidade ritmicamente jogando com a irracionalidade - e não ser perturbado, ou freneticamente lutar para ser aquilo que ele não é. A experiência humana é sempre o resultado dessa interação entre consciência e inconsciência, de individual e coletivo. A vida cíclica pulsa através de cada ação humana, sentimento ou pensamento. A realidade tem um coração rítmico. A sístole e diástole do coração que cria esses batimentos de vir a ser que são o nascimento e a morte, inverno e verão, o aumento da luz e crescentes de escuridão. Gloriosamente, a dança da experiência move-se pelos corredores do ciclo da natureza. O Sábio a olha, mas cada fase da dança pulsa através de sua consciência. Ele é espectador, ainda que seja parceiro de todos os protagonistas na dança universal; cada amante o conhece como amado e sua mente experimenta o pulsar de cada coração humano. Sua visão engloba todo nascimento e morte. Sobre a todas as coisas nascidas da pulsação e da dança cíclica da Vida, ele confere Significado. E nesta outorga de Significado, o homem, livre e total, cria a realidade.

PARTE 2 

Doze Fases da Experiência Humana    ÁRIES  Perfurando através da crosta de terra que o derretimento da neve amaciou, a semente que brota impulsiona sua vida em direção a luz do sol. O fervoroso desabrochar da Primavera traz a maravilha da germinação. A Força do Dia agora equilibra em intensidade com o declínio da Força da Noite. O ator que deixa o palco será, em breve, apenas uma memória, não obstante quão potente essa memória possa estar nos recessos da psique humana. A nova estrela afirma seu direito diante das luzes de chão do palco da consciência humana. Daqui por diante, o espetáculo será dela. No entanto, sua voz é incerta; seu rosto revela medos escondidos dentro de sua própria bravata. Em Áries a personalidade humana experimenta sua fase de adolescência.        Até que a puberdade chegue à criança em desenvolvimento, o horizonte da personalidade é mapeado por paredes de alguma matriz enclausurante. De início, o ventre da mãe; em seguida, o mais diversificado espaço da família, mantendo dentro de suas paredes seguras conflitos

crescentes. Mas, mesmo se delimitada por invólucros físicos ou psicológicos, a personalidade da criança ainda está na fase pré-natal. Ele é envolvido pela natureza coletiva. Ele se esforça para emergir. Emergência - a maravilha e o medo dela - é a adolescência. O adolescente nasce como uma pessoa separada em um mundo que parece hostil ou alienígena; que deve ser conquistado; que não deve ser temido.        Medo misturado com ansiosa expectativa, embaraço, confusão emocional - este é o adolescente. Ele apressasse no desejo; rapidamente recua à menor dor. Ele é ousado, em modo risível. Compelido por uma necessidade interna por continuar, ele afirma-se com gritante banalidade e ousadia; no entanto, se pudesse, ele desejaria retirar-se para a segurança da mãe-terra. O menor vento do destino faz encolher e sofrer esse "cordeiro" de coração apressado, impetuoso como um "carneiro".        Esta descrição psicológica da adolescência caracteriza a natureza básica do tipo de Áries; sua instabilidade emocional e seu desordenado, desejo compelido pelo destino; sua sensibilidade aguda disfarçada sob uma atitude "alegre e irresponsável"; sua pura instintividade e sua muitas vezes bombástica auto-afirmação, que na verdade não é real egocentrismo, mas sim o resultado de uma compulsão bio-psicológica profunda e fatalmente experimentada. O ser humano de

Áries é compelido de dentro a adquirir a qualquer custo uma identidade; compelido a forçar sua remota alma individual a assumir o fardo da encarnação. Ele não busca o poder a fim de satisfazer a si mesmo, mas para demonstrar-se a si mesmo - o poder necessário para ele se tornar uma personalidade. E se ele parece carente de amor e fama, por "mulheres, vinho e música" é porque ele se sente fraco ou incerto dentro de si mesmo e precisa de constantes e renovadas garantias e sustentação externa.        Porque nele a Força do Dia quase não supera a Força da Noite, a pessoa de Áries tem que atirar seu ego consciente de forma aguda, por vezes, quase desesperadamente, em sua vontade de viver - e muitas vezes ele exagera. Sua saudade é tão grande quanto a sua impaciência; seu sentimentalismo tão romântico como a sua paixão é cortante, direta - ainda que de curta duração e sujeitas a acessos de revolta. Mais do que qualquer outro tipo zodiacal ele ama a sua necessidade por amor ao invés de uma pessoa em particular. E ele precisa de amor, porque ele fundamentalmente tem medo do mundo e é solitário; entretanto ele é igualmente temeroso do cativeiro implícito em uma permanente união ou associação, porque ele deve continuar a crescer, ele precisa constantemente expandir o broto de sua personalidade, ele deve a todo custo evitar permanecer parado, o que logo significaria

cair no passado. Seu instinto pioneiro é um medo disfarçado da rotina e da força da tradição. Ele tem que continuar crescendo; e trocando de parceiros, mudando seus horizontes e esses compromissos lhe dão ao menos a sensação de seguir em frente, a ilusão de crescimento.        O tipo comum de Áries iria, é claro, negar violentamente estas fontes ocultas de suas ações. Ele não pode parar de se mover adiante e tentar entender a si mesmo. Ele não está construindo consciência, mas personalidade. Ele não é um pensador, fundamentalmente; mas sim um construtor. Ele tem que exercer seu impulso de viver. A Força do Dia está se acumulando dentro dele com intensidade fálica. Não importa o que ou onde ele constrói. Mas deve sentir-se no movimento de destino. Ele deve sentir-se influenciado por grandes energias.        Uma personalidade formada pode agir lentamente, calmamente, deliberadamente; porque ela atua a partir de uma base relativamente definida do seu eu individual. Mas o tipo de Áries está constantemente no processo de formar a si mesmo. Ele não tem nenhum senso de conjunto individual; nenhum senso de conjunto de limites. Ele está sempre aberto à irrupção da Vida universal não personificada. Ele nunca é um produto acabado, e ele pouco se importa em terminar com aquilo que tenta. Ele é tomado pelo ato de criar, não por suas criações. E, portanto,

ele precisa sentir a si próprio obrigando-o a criar cada vez mais Poder, cada vez mais Vida. Tudo que ele quer é distribuir esse Poder a outros, fecundar os campos virgens com ele - e passar adiante, ardente com a impregnação de ainda mais vastos e "novos" campos.       Nesse sentido, ele é "impessoal". Ele é um doador - mas não das coisas que são "suas próprias." Ele é um doador de pura energia, a energia da Força do Dia que está borbulhando adiante nele. É difícil para ele fazer com que qualquer coisa seja "sua própria." Ainda que, se ele assim o faz, então, ele se apega a essa coisa (por um instante ao menos) com paixão - uma paixão nascida do medo e da solidão; porque a coisa torna-se repentinamente para ele um símbolo de sua própria personalidade - a personalidade sendo realmente a única coisa que ele almeja "possuir" e ou que ele nunca está certo, pois isso nunca pode ser "acabado".        Porque em Áries a Força do Dia e a Força da Noite equilibram-se uma a outra, a pessoa de Áries está sempre em um estado de equilíbrio instável, puxado internamente por opostos; assim, inquieto, impaciente, nervoso, muitas vezes neurótico. Mas as suas neuroses são aquelas por ação, nascidas de um sentimento de fracasso por causa de obstáculos intransponíveis, de cansaços antes do esforço, ou por falta de interesse pessoal nas ações, na execução daquilo que pode

parecer que esteja o tempo todo lançando grande energia ou paixão. Essa energia não é realmente "sua própria." Ele não está nela. Ele está constantemente buscando satisfazer-se como personalidade; mas que este objetivo é sempre muito esquivo - sempre além, além. E assim ele continua agindo, desejando, emocionando, criando - mal conseguindo encobrir pela “correria” das atividades o vazio e o medo de uma adolescência eterna.        Ninguém pode saber disso entre suas companhias. Ele não está apenas sempre tomado pela ação, mas é também um ator. Ele representa papéis, e adora a sensação de estar sendo dirigido em seu roteiro por um invisível Dramaturgo; pois isto lhe dá uma sensação de segurança em seu inerente destino. Ele pode facilmente tornar-se um grande devoto; só porque ele não está tão certo de sua própria personalidade. Ele tem, simbolicamente, "paixões adolescentes" por algum "Mestre", em quem ele projeta sua paixão pela personalidade. Em vez de exibir uma fraca personalidade de sua autoria, ele absorve-se na devoção a um grande Personagem - mas preferencialmente um que seja remoto, ideal, ausente. Esta absorção é sempre uma "projeção psicológica" de seu próprio desejo pela personalidade. Se ele não pode agir por mostras exteriores de criatividade e fecundação o papel da personalidade, então, ele projeta este desejo,

transformando-o em uma intensa (mas muitas vezes intermitente) devoção por uma Figura ideal, ou por uma "grande Causa."  Em Áries, a personalidade ainda não está completamente separada do ato. Ela está contida no imediatismo direto de uma atividade causada por um poder irracional que, em um nível, é "instintivo" e em outro "Deus". A ação aqui é direta; ainda que, devido a sensação de insegurança interna, tenda a curvar ao solo o tiro adolescente fustigado por tempestades sociais, esse tipo de ação precisa muitas vezes de um adereço. A pessoa de Áries tem de, no entanto, glorificar esta necessária forma de sustentação; para torná-la impessoal, assim que sua personalidade não fique enfraquecida aos olhos dos outros - ou aos seus próprios olhos. Na verdade ele sabe, inconscientemente, se não conscientemente, o que lhe falta. Ele sabe que sua personalidade dificilmente seja, ainda, um fato concreto; que ela está apenas saindo do estado subjetivo. Mas isso também significa que ela ainda esteja enraizada nas imensidões da vida coletiva, que esteja cheio de potência - cheia de élan vital, com o surgimento e o poder formativo da evolução universal... que muitos homens têm chamado de Deus.        Em Áries, o "pulsar da vida" - da Respiração criativa - é sentida. Ele passa

através. Ele surge diante - e se vai. O poder de Áries é o poder do relâmpago, que desce do alto, que golpeia-se para fora da escuridão do Inconsciente Coletivo. É o poder da revelação; poder do Destino liberado que queima e fecunda. Tal poder, de qualquer nível opere em impetuosas descargas, dá às ações de uma pessoa de Áries um peculiar pioneirismo, impessoal, talvez com forças cósmicas e fatídicas. De fato, nas e através das expressões mais nobres do poder de Áries não é uma pessoa individual que está no trabalho, mas a humanidade - Homem. Em níveis menos elevados, um grupo social ou religioso, uma nação, uma raça pode expressar suas necessidades e indicar as soluções a essas necessidades através de tal pessoa - que não é exatamente uma personalidade consciente e ainda assim é muito mais do que um indivíduo.        Como tal pessoa percebe o significado do destino, que por meio dele está tornando-se ato, o orgulho pode rugir através de seu ego. Ele pode se tornar arrogante. Ele pode fazer exigências sobre a sociedade, como se todos os tipos de privilégios fossem seu "por direito divino." No entanto, na maioria das vezes, seu orgulho é um pouco adolescente, misturado com humildade e um peculiar sentimento de insegurança; pois ele sabe interiormente que não é dono da fonte do orgulho – o poder doador, que ele pode perder contato - e tornar-se vazio. Isso diferencia o orgulho de

Áries daquele típico de Leão; pois em Leão, o orgulho está centrado na personalidade e enraizado em uma glória que busca pelo "EU sou". A pessoa de Áries vai ressaltar o "SOU" em vez do "eu" Seu orgulho está naquilo que faz, naquilo que é feito através dele, naquela grande força que está em seu comando, na poderosa masculinidade do seu organismo. Não está, essencialmente, naquilo que ele, pessoalmente, é; pois ele nunca está bastante seguro daquilo que ele é.        Áries é o alvorecer da personalidade como um fato objetivo e consciente no ciclo do desdobramento humano. Neste alvorecer, a luz da consciência vai se espalhando gradualmente através do céu do Oriente, despertando todas as forças que pertencem ao reino do Dia. Mas ainda há escuridão no Ocidente. O poder da Noite ainda está dominando em vastas regiões da psique humana. Doravante irão controlar a memória e ganhar a posse das regiões abaixo do horizonte. Estas regiões correspondem ao Inconsciente.        Na medida em que um homem acorda, ele encontra seus sonhos - a memória crepúsculo do estado Noite da psique. A irracionalidade deles assombra seus despertares. E porque o arrastamento da Força da Noite ainda é forte e insistente, a pessoa de Áries se apega com dogmática ou devocional intensidade a "idéias", a "razão" e a "lógica". Estes são as testemunhas do

triunfo da Força do Dia sobre os fantasmas irracionais do reino da Noite. Eles são os baluartes da forma e consistência sobre o caos e os temores de pré-natal. Mas se a pessoa de Áries deixa de lado a consciência e se retira, interiormente, encontra-se quase que inundado com a fantasia prolífica de seu inconsciente.  Na medida em que o ponto de mudança do equinócio de primavera é deixado para trás, a Força da Noite, vencida pela intensidade crescente da Força do Dia, deixa a fase do consciente; mas apenas para tornar-se introvertida, subconsciente ou transcendente. Já mostramos como esta Força da Noite alcança a sua plenitude em Capricórnio, ao cumprir o ideal social-cultural de união - o Estado. Nos dois subseqüentes signos zodiacais, Aquário e Peixes, a vontade deste grupo em formação, esta vontade de construir um coletivo e permanente "todo maior" a partir de uma multidão de personalidades, torna-se espiritualizada, mais do que física, mais do que social. Assim Aquário simboliza o idealismo social, a reforma social, a transformação social, sob a influência de Urano; e em Peixes chegamos ao conceito de "Comunidade invisível", e de "Igreja triunfante" - no Céu; a "Comunhão dos Santos", simbolizada por Netuno.        A Força da Noite em Áries opera em uma maneira ainda mais transcendente. Seu

símbolo é o "Cordeiro que foi morto para a redenção do mundo" - em outras palavras, o martírio. No martírio a pessoa de Áries realiza um tipo transcendente de ação, uma ação impulsionada pela grande vontade que ele tem de viver e alcançar a imortalidade como um ser; pois, ser um mártir é tornar-se, aos olhos da sociedade, o símbolo imortal de uma Causa. Isso será satisfeito na morte como uma personalidade.        Esta é a imortalidade da semente, que morre como uma semente para que possa haver mais uma vez a vida e a vegetação. É a eterna Crucificação daquilo que foi semeado em Libra. A semente morre em uma nova vida, assim como a noite e as estrelas desaparecem no brilhante nascer do sol. E aquela morte da noite e das estrelas, aquela morte da semente, assombra o subconsciente do tipo de Áries que não está totalmente absorvido na atividade frenética e nas dispersas fecundações. Assim, a visão de Áries, para além do limiar da consciência, anseia pela semente; aquilo é para ele: a Mãe. Embora em sua natureza consciente ele atue para o futuro, inconscientemente ele sonha com o passado.        O equilíbrio entre o consciente e o inconsciente é muito sutil em Áries - e também em Libra. Estes dois signos são signos de equilíbrio, nos quais a Força do Dia e a Força da Noite são de intensidades quase idênticas. Apenas "quase" idênticas; porque

em Áries a Força do Dia tem um momentum externo que garante seu domínio - mas é um domínio que deve prestar homenagem ao passado, à Força da Noite.       Em certo sentido, pelo menos, a pessoa de Áries é convocada a sacrificar o seu passado, queimá-lo sobre o altar de sua dedicação à vida nova. Este sacrifício poderia ser um ato alegre ou sereno; mas o poder da Força da Noite no subconsciente, muitas vezes faz dele um martírio dramático. Por isso, o sentimento de auto-piedade tão freqüentemente encontrado em pessoas de Áries. Esta auto-piedade é produzida pelo refluxo Força da Noite ainda agarrado à sua hegemonia. É a característica negativa de Áries. Auto-piedade, cansaço antes do ato, uma sensação de "Qual é a utilidade," uma sensação de ser uma "vítima Sacrificial" do destino - são todos aspectos negativos desse signo. Eles apenas podem ser superados quando o ego consciente consegue "assimilar os conteúdos do Inconsciente" (na terminologia de C.G. Jung), quando todas as energias do tipo de Áries são incorporadas deliberadamente e conscientemente em uma obra e um destino, conscientemente aceito e exonerado.        Assim, Áries: sua força e a sua fraqueza, seu fardo de destino. A canção de Áries é uma canção de "exaltação" solar, porque nele e através dele o Sol - "exaltado" em Áries - sente pela primeira vez que a vitória foi

ganha. Esta vitória sobre a Noite é comemorada no grau 19 de Áries, o ponto de êxtase da força solar. É o simbólico dia da Ressurreição - a Páscoa. Mais tarde, em Leão, o ego solar consciente irá realizar-se completamente na alegria da auto-expressão criativa; mas em 19 ° de Áries a Força do Dia triunfa com a ablução do primeiro amor da adolescência. Em seguida, a Vida derrama-se exuberantemente na juventude que se sente como que dilatado no universo. É, na verdade, a canção da Páscoa de alegria - as primeiras floradas das árvores, antes de Touro - folhas verdes aparecem.

TOURO 

Depois de ter triunfado sobre a Força da Noite no equinócio, a Força do Dia que, ao longo de Áries, precipitou-se em um adolescente desejo por auto-manifestação, torna-se em Touro mais regular e persistente. Ela deixa de lutar - muitas vezes, meramente contra fantasmas e moinhos de vento - para o privilégio de exteriorizar sua energia como uma personalidade. Busca estabelecer-se de forma tangível. Exige resultados; e aprende que resultados são obtidos através da repetição, por meio de um conjunto de

movimentos, através de uma teimosa insistência e um esforço inabalável. Ela aprende, além disso, que só o um íntimo contato com a substância da terra pode trazer estes produtos concretos, a fruição da Noite é a personalidade humana. Em Touro, por conseguinte, a Força do Dia é vista agindo sobre o fundamento substancial de todos os organismos, remexendo o solo da humanidade em fecundidade.        Touro é a reação que segue a ação de Áries. Depois da peculiar insegurança interior de Áries, da qual a pessoa de Áries muitas vezes faz um desafio e uma virtude, Touro apresenta o espetáculo de uma ênfase na segurança. O instinto pioneiro dá lugar à faculdade de organização do colono. Energia se transforma em poder; isto, como pura capacidade de movimento, encontra um material resistente e no qual e contra o qual mover-se. Movimento puro em Áries torna-se, em Touro, emoção despertada por objetos. Em Áries, a vida universal derrama-se através de um adolescente ego que anseia por uma personalidade individual. Em Touro, as forças da tradição, do hábito e da inércia material misturam-se com aquele derramamento de energia altruísta, semi-consciente; um movimento rotacional é produzido, onde irá crescer um definido senso de personalidade, um limitado destino.        Áries age em uma linha reta; Touro em um movimento circular - Gêmeos irá combinar

ambos através da espiral. Uma linha reta pode ser vista sempre, em geometria, como a tangente de um círculo. Ela mostra a ação de uma força que escapa dos limites do movimento circular. Da mesma forma, a germinação quebra a encapsulada unidade globular constituída pela semente. Áries (o disparo germinal) é, então, liberto através do movimento tangencial; Depois disso, Touro curva a tangente de volta para uma órbita circular, parando o que, de outra forma, seria um constante e exaustivo fluxo de energia para o espaço: uma explosão.        Áries e Touro são complementares. Mas não no sentido em que Áries e Libra também são polaridades complementares. Áries é fundamentalmente oposto a Libra. As direções de suas atividades são opostas. Áries está se movendo em direção a um máximo da Força do Dia; Libra para uma Força da Noite cada vez mais intensa. Por outro lado, tanto Áries quanto Touro são caracterizados por uma elevação da Força do Dia. Mas em Áries que esta Força do Dia age de modo direto, pois seu principal problema é superar definitivamente a Força da Noite. Tendo sido definitivamente superada a Força da Noite, surge uma nova necessidade: a necessidade de estabilização e restrição voluntária. Este é o trabalho de Touro.        Em Áries, a atividade é procurada por causa da atividade. Há um desejo de liberdade, o medo da escravidão, uma

identificação com uma pura mobilidade e o ambiente sem sistematização das primeiras conquistas. Isto leva, obviamente, à dispersão e a um peculiar senso de futilidade da vida que flui como areia por entre os dedos abertos. Portanto, surge a necessidade de uma ação aglutinadora. Touro preenche essa necessidade; não por fundamentalmente por se opor à direção da Força do Dia de Áries, mas apenas por modificá-la através da percepção de um novo propósito.        A diferença entre a energia de Áries e aquela de Touro é uma diferença de propósito. As duas energias têm a mesma direção. Elas são de fato apenas uma energia que depois de atingir um determinado fim em Áries, procura cumprir uma nova fase de seu desenvolvimento em Touro. O propósito de Áries é dinâmico; o de Touro é orgânico.        Quando um ácido corrói um metal em algum lugar sobre a superfície da terra, tal atividade é desintegração, dinâmica. Mas quando o ácido clorídrico no estômago de um homem digere proteínas, há uma função orgânica que está em funcionamento. Em outras palavras, o ácido no estômago cumpre uma função em termos da necessidade de um todo orgânico, o corpo humano; e suas operações são mais ou menos rigidamente controladas por esta necessidade. Por outro lado, o ácido livre vai corroer tudo o que toca. Em si mesmo e de si mesmo, não tem nenhum

propósito funcional particular em qualquer todo orgânico definido.        O tipo de Áries age; e esta ação é a sua própria justificaficativa. Há uma compulsão do Destino por trás dela, mas a pessoa de Áries meramente toma isso como garantido e sua consciência fica toda satisfeita pelo simples fato da atividade. Para o tipo de Touro uma ação é essencialmente sem sentido se não tem um propósito. Deve estar relacionada com alguma coisa. Há em Touro uma compulsão de relacionamento; em Áries, uma compulsão de atividade. Em Touro a atividade deve ser funcional em termos do organismo, o fim a que ele serve.        Sexo, por exemplo, é para o tipo de Áries quase que exclusivamente um modo de liberação da ação. Ele é em si mesmo a sua própria justificativa como uma excitação de atividade, de força projetiva que está em operação. Mas para Touro, o sexo significa a condição para a produção de um determinado resultado; normalmente, uma criança.  "Produção" é uma palavra-chave com Touro. Tudo aquilo que Touro toca deve ser produtivo para de fato ser considerado como significativo. Mas a produção depende do controle das energias básicas da natureza humana ou terrena. Áries busca apenas a liberação de energia; Touro insiste em tornar esta energia produtiva. Ele coloca em uso a energia de Áries. Energia produtiva - uma

energia que é controlada e formada - é poder. Assim Touro é um Signo do Zodíaco de poder. É um dos quatro grandes momentos do ciclo do ano em que a vida funciona definitivamente e criativamente em termos de poder e propósito. O décimo quinto grau de Touro está, em relação à cruz formada pelos equinócios e solstícios, num ponto a 45 graus do círculo - os outros pontos são 15 ° de Leão, 15 ° de Escorpião e 15 ° Aquário. Estes pontos são portas através do qual o poder e o propósito são liberados e experimentados. Eles são pontos "alquímicos" e, na Bíblia, eles são simbolizados, respectivamente pelo Touro, o Leão, a Águia e o Anjo.        Touro é a "boa terra", a abundante Grande Mãe; e pode ser considerado como um Signo feminino. No entanto, por incrível que pareça, ele é representado no simbolismo astrológico pelo Touro, e não por uma fêmea. Isso nos deveria tornar atentos para não superenfatizar as características passivas ou receptivas deste Signo. Não é apenas um sinal da forte ascendência da Força do Dia e um símbolo de determinação plena de propósitos. Ele representa esse mesmo poder que surge das profundezas de uma substância incipiente e que busca constantemente atingir o nível mais alto em que uma básica consciência em qualquer organismo natural possa operar. É a "boa terra", mas aquilo que chamamos assim é uma camada muito fina na superfície terra, que é susceptível de prover uma colheita das

plantas e árvores. É essa terra rica, negra, (talvez a alguns centímetros de profundidade) sem a qual não haveria vida na Terra.        Esta camada superficial da Terra é o lugar de encontro entre as vibrações da terra e as radiações do sol. É lá que ocorre a fecundação da terra pela força solar; lá que os organismos vivos nascem - seja em águas rasas marítimas ou no húmus que forma uma fina camada de solo superior. De fato, toda a vida em nosso planeta existe apenas "à flor da pele." Da mesma forma todas as nossas experiências do mundo exterior são obtidas através da pele e especializadas porções da sua superfície: os sentidos. O reino do consciente é também uma fina camada superior do vasto Inconsciente, e as faculdades racionais e analíticas designadas pelo termo "inteligência" são, novamente, apenas um último e mais alto desenvolvimento da consciência humana. O intelecto – a nata das faculdades conscientes que, por sua vez, são a nata da mente ou da inteligência do homem - não vão revelar suas reais possibilidades até Gêmeos ser atingido; muito embora, esta colheita primaveril de Gêmeos está largamente condicionada pelo solo de Touro do qual ela tem de crescer, bem como pelo fecundante poder de Áries que torna o solo frutífero.        Touro é a fase da vida e da experiência na qual a onda de evolução que desabrocha encontra sua expressão mais sonora e concentrada. É a fecunda superfície da terra;

mas uma superfície considerada como o mais elevado nível alcançado pelo élan vital - e dessa superfície, plantas sobem adiante para encontrar o sol e efetuar a alquimia da luz. A terra se ergue através de suas árvores cuja clorofila captura as radiações solares, e, nas folhas, a energia do sol é quimicamente fixada e tornada utilizável para uma ulterior evolução sobre o planeta. Os animais comem as folhas. Troncos de árvores se decompõem e tornam-se carvão. As árvores condensam a umidade do ar e ajudam na formação das chuvas fecundantes; e as chuvas se transformam em rios e em cachoeiras - onde a energia elétrica é produzida.        Todo o poder sobre a terra tem a sua base substancial na ação química das plantas verdes e da clorofila nelas que é quase idêntica em natureza química às células vermelhas do sangue. Verde e vermelho: duas polaridades - Touro e Áries. O primeiro dá energia para os organismos vivos; este último, depois de mais um processo alquímico, produz no homem o pensamento consciente - pois não pode haver pensamento consciente na terra sem sangue vermelho. Áries é uma Visitação do divino, uma descida do poder; mas a Touro pertence a substância de cada novo progresso evolutivo, pois Touro é o símbolo do poder que sempre produz novos organismos. O tema central de Touro é a satisfação evolutiva das profundezas ao alto.  

Porque todas as energias vitais sobem à superfície em Touro, puxadas pela força de vontade e o desejo do Sol, o indivíduo Taurino encontra a fonte de seu poder nas profundidades raciais de seu inconsciente; assim, ele se identifica na raiz com a raça que o sustenta, sempre ao mesmo tempo se esforçando para sintonizar seu senso de propósito consciente com a vontade superior –esta que o orienta a partir de dentro até a próxima fase de sua evolução. As manifestações dessa vontade impessoal, instintiva ou cósmica podem ser adiadas; mas elas dificilmente podem ser paradas.        Assim, portanto: a determinação, a teimosa vontade própria e a firmeza de propósito do tipo de Touro. Essas características muitas vezes levam a um sentimento de possessividade. Essa possessividade vem como resultado do profundo sentimento de uma necessidade interior que deve ser satisfeita. O que quer que satisfaça esta necessidade adquire um valor tal que parece imprescindível para o indivíduo assegurar sua posse. Essencialmente, o tipo de Touro vai pensar no uso que uma pessoa, uma situação ou um relacionamento vai ter para ele. No entanto, isso pode não significar egoísmo, mas sim o resultado da percepção vital que um fato da experiência não pode ter significado a menos que cumpre um propósito definido. Onde nada

preenche uma finalidade funcional, a esse lugar a coisa pertence e ali deve ficar.        Na fase de Touro, a personalidade ainda não está definida. Mas esse sentimento de utilidade e intencionalidade é o alicerce sobre o qual uma estrutura de personalidade será construída; pois personalidade é um conceito orgânico. A auto-suficiência, pelo menos de um tipo relativo, é o base de personalidade. Touro fornece o senso de auto-sustentação, em que a auto-suficiência pode se desenvolver. Assim, a ligação entre Câncer, signo de regência da Lua, e Touro, em que a Lua está "exaltada". A finalidade da procriação (Touro) condiciona a construção do lar (câncer). O que é necessário, no entanto, antes que o lar possa ser construído é obrigar que a energia criativa (Áries) aceite essa finalidade. Este será o trabalho de Gêmeos, o tecelão de padrões de relacionamento e ideais - aquelas redes em que a liberdade de Áries será capturada.        Em Touro, a Força da Noite também é atuante, mas de uma forma ainda mais remota do que em Áries. A fixidez de propósito da pessoa de Touro, reunindo sustentação exterior para substancializar e efetivar o edifício da personalidade ou do lar, deixa pouco espaço para a atenuada Força da Noite na consciência. Mas é ainda evidente no subconsciente ou na relação da pessoa de Touro com as grandes perspectivas do Inconsciente Coletivo. Manifesta-se como uma

peculiar intoxicação baseada no irracional ou supra-racional senso de identificação com um propósito místico; no sentimento de que se é investido com o poder de uma invisível comunidade. Assim, o sentido de ser um Profeta, um Messias, um Redentor, um Avatar; um porta-voz da Divindade.        Isto pode manifestar-se de muitas pequenas formas, ou de uma maneira muito grandiosa. Pode ser uma ilusão. Pode ser uma realidade. Apenas os frutos podem provar qual das duas hipóteses é a real. Touro é o signo em que o Pentecostes simbólico ocorre. Homens estão sendo investidos com poder transcendente, super-consciente, irracional. O "dom das línguas" é um símbolo da irracionalidade, ou melhor, super-racionalidade, deste poder - uma linguagem específica sempre sendo considerada como o símbolo perfeito da operação da faculdade racional. Segundo a tradição, sendo simbólico ou um fato literal, Gautama, o Buda, nasceu, alcançou a libertação e morreu na Lua Cheia de Maio durante a fase de Touro da experiência humana. O significado disso é que Gautama pode ser considerado - do ponto de vista da sabedoria oculta - como a "nata" da evolução humana e o primeiro exemplar do tipo mais elevado de consciência possível a um ser humano nascido desta terra. Manifestações Divinas, antes ou depois dele, podem ter sido Personagens maiores, mas se assim ocorreu, é porque eles eram

descendentes do poder divino e não, como Gautama, o Buda, o clímax da consciência humana.        Como Gautama ensinou na Índia, a constelação das Plêiades encontrava-se no final do signo zodiacal, Áries. Muitos videntes e astrólogos do passado reivindicaram que as Plêiades constituem o centro do nosso universo de experiência humana. Se assim for, daquele centro brota eternamente o Poder e o Amor que vivificam e integram todo o ciclo de nossa evolução. Na verdade, Áries é o manancial simbólico da vida manifestada; mas Touro, energizado pelas Plêiades desde os dias de Cristo, é o rio que flui constante cuja substância alimenta as multidões com "águas vivas”. Em suas margens grandes cidades são construídas; a civilização cresce e amadurece, e os homens buscam pelo Mistério que está além de qualquer mudança - que sustenta e ilumina todo o universo. GÊMEOS Com Gêmeos, chegamos à última fase da experiência de primavera. A Força do Dia que vimos correndo e borbulhando em adolescente impetuosidade como um córrego da montanha (Áries), atingiu em Touro o nível mais tranquilo das planícies frutíferas com o trabalho do homem. A energia dinâmica da natureza tornou-se potência orgânica - a

energia colocada em uso e convocada para assumir uma função na economia da vida. O adolescente encontrou seus primeiros amores. Ele aprendeu a sentir o seu caminho e a estabelecer-se como uma entidade individual entre seus parentes. Ele aprendeu a dar uma expressão de algum modo estruturada às forças ancestrais brotando de sua tradição. Sua, agora, é a tarefa de estender sua capacidade ao relacionamento humano - na verdade, para todos os tipos de relacionamentos, dentro e fora de si mesmo. Todo o seu ser anseia agora por uma vívida extensão da esfera de sua experiência. Talvez, a vida na escola lhe dê plena oportunidade de conhecer muitos novos companheiros, de mergulhar em muitos novos tipos de pensamento, de experimentar novas facetas de si mesmo ao dispersar a energia de seus sentimentos entre uma multidão de objetos e personalidades desconhecidas.        A Força da Noite, nesta fase Gêmeos, atinge o seu ponto mais baixo. Representa, então, o poder do útero da família, da tradição coletiva, de todos os laços sutis e hábitos que se apegam à juventude ansiosa para emergir de todos os tipos possíveis de ligação com o passado no qual ele, entretanto, tem suas raízes. Ele recusa-se, como regra, a reconhecer tal servidão; no entanto, seu sentimento flutuante e presunçoso de independência é mais uma reação negativa contra as coisas que ainda o atam em suas

profundezas subconscientes. Ele ganha a sua liberdade ilusória contra a coletividade ancestral; enquanto a verdadeira libertação é liberdade daquilo que foi conscientemente cumprido e, então, descartado como servidão na medida em que é mantido como substancial sustentação. O poder da Força da Noite é, portanto, quase inteiramente negativo em Gêmeos. Ele é invertido; energiza complexos psicológicos mais ou menos sutis que o jovem, sem saber da existência deles, projetará involuntariamente sobre o sensível prato de sua futura vida doméstica.        Mas o jovem não tem tempo para se preocupar com complexos ou para analisar o modo em que seu desejo ansioso irá surgir a partir do conjunto de relações de sua vida familiar em funcionamento. Tudo o que ele procura fazer é estender a novos campos todos os meios que ele tem de se associar, através de um senso de personalidade ainda tão incerto, com uma multiplicidade de novos fatores. No nível puramente biológico, as matérias-primas da atividade associativa são impressões, sensações nervosas, reações imediatas aos impactos que atingem os sentidos e a consciência. No nível da mente, memória, comparação, análise, e a formação de imagens mentais para serem expressas através das palavras, são as fases de uma atividade que desenvolve o intelecto através da utilização da linguagem. Este desenvolvimento está originalmente contido

na esfera do ambiente próximo e constantemente refere-se ao indivíduo que, por meio dele, relaciona-se com um número cada vez maior de facetas da natureza humana.        Em Gêmeos, vemos a linguagem em seu estágio incipiente, a mente que nasce com o fervor criativo da Força do Dia em sua estação primaveril. Vemos o poeta, o artista expressando em palavras seu ser pelo simples prazer de construir sua própria personalidade através da extensão e da memorização de experiências relacionais particulares - o poeta, ainda não o filósofo; palavras que estão enraizadas em imagens da vida e na experiência pessoal, em vez da busca de significados universais condicionados pela experiência social (Sagitário).        Em Sagitário, a Força da Noite opera com grande intensidade, e, como sempre, manifesta-se como uma tendência a reunir muitos e distantes fatores através da generalização. Mas, com a Força do Dia tão vitalmente ativa em Gêmeos, a tendência básica é aquela em direção à particularização e a personalização. Assim, o processo de "vívida extensão", que Gêmeos representa lida com a extensão em termos de indicações de experiência concreta; e o objetivo desta extensão é a construção de uma personalidade e de uma base para o funcionamento da personalidade: o lar (Câncer).

Em níveis mais complexos de desenvolvimento mental, encontramos a força de Gêmeos manifestando-se como um desejo pela classificação, pela enumeração ordenada, pela lógica; isto é: pelos padrões estruturais da associação. O indivíduo preenchido com a energia da Força do Dia tende a ser sobrepujado pela complexidade de sua experiência pessoal. Há muita coisa que é sentida, tocada, vagamente percebida. O mundo é tão cheio de flores, as noites tão cintilantes, o fogo do ser irrompe em tão intrincados desenhos de vida que alguma ordem definitiva deve ser desenvolvida a qualquer custo, se a personalidade em brotamento não quiser ser estilhaçada pela própria vivacidade desta "extensão do ser."        Assim Gêmeos deve classificar, deve forçar definir categorias para a multiplicidade das coisas percebidas, deve produzir palavras para ajudar a memorizar a fragrância de experiências passageiras, deve impor moldes lógicos sobre o caráter elusivo dos contatos humanos. Ele precisa encontrar linhas orientadoras de referência, uma moldura para enquadrar as suas atividades. Convenientemente ele descobre polos opostos, o bem e o mal, o certo e o errado como pontos na bússola pela qual orienta o seu curso. Ele simboliza sentimentos pessoais em entidades cósmicas. Deve exteriorizar. E eis, então! O mundo está sendo povoado por deuses e elementais, por demônios e

"Mestres". Eles são palavras; projeções de experiências devidamente classificadas às quais nomes foram dados - nomes que servem como telas para proteger a personalidade imatura do choque de experiências inesperadas e metamorfoses; nomes que são meios úteis para fazer a pessoa se sentir segura num terreno familiar; adereços para os vivos.        Esta busca por segurança pessoal e intelectual em meio ao sempre mutante fluxo de experiências deu nascimento à lógica grega, ao silogismo, à clássica ciência europeia tal como concebida por um Descartes. Na medida em que o homem começou a desenvolver formas de pensamento mais autônomas e menos instintivas, ele encontrou-se em um reino desconhecido de complexidades psicológicas e transformações mentais rápidas como um relâmpago. Quem poderia controlar os pensamentos evanescentes? Quem não fica com medo das estranhas travessuras da mente, desta mente cujas perigosas incertezas fez com que fosse chamada de a "assassina do Real"?        A lógica foi construída – assim como o "bem e o mal" foram construídos - para dar aos homens mais segurança em meio ao enorme fluxo de experiências requisitados pela Força do Dia e sua sempre mutante ânsia por novas coisas, novas sensações, novos sentimentos, novas emoções, novos sonhos.

Eles foram construídos, em primeiro lugar, para os indivíduos que foram pioneiros na recém- inaugurados reinos da experiência psicológica pessoal; reinos logo preenchidos com salvaguardas e tabus para os incautos ou para os fracos. Deuses e silogismos, Mestres e álgebras foram e ainda são as necessárias proteções para os homens que são tão inseguros em suas próprias identidades individuais, tão perto do útero racial-biológico dos instintos coletivos, tão facilmente seduzidos pelos vapores de sangue que o perigo do "colapso da personalidade" está sempre à espreita na sombria escuridão da psique.        Sistemas e conjuntos de técnicas particulares originários de tal necessidade que deram origem também a todas as mitologias. O nascimento de plena e livre Personalidade individual é um acontecimento tão importante no processo evolutivo do universo que cada fase dele deve ser preparado com cuidado. As palavras são dispositivos de segurança; reduzem o não familiar à normalidade coletiva. Sistemas éticos e limites lógicos para além dos quais a catástrofe é uma ameaça constante para aqueles muito ousados. Todas estas estruturas só são plenamente desenvolvidas como fatores sociais durante a fase do ciclo de Sagitário, mas em Gêmeos, o indivíduo deve inicialmente criá-las. Ele as cria a partir da sua necessidade pessoal vital, com

toda a vivacidade de uma imaginação agitada por novos relacionamentos que só podem ser enfrentados e relacionados a experiências passadas se a eles forem dados nomes próprios; ele os cria como um poeta. E originalmente todo poeta é um "Mago".        O homem de Gêmeos é o doador de nomes, portanto, é o mago que pode controlar as forças da natureza proferindo seus "nomes verdadeiros". Palavras de poder, encantamentos, fórmulas mágicas são as primeiras formas de poesia; e, com o tempo, toda a cultura flui a partir desta primeira tentativa de se encontrar com segurança e positiva vontade diante do desconhecido e das misteriosas entidades da noite. Em Gêmeos, o homem já se sente a chegada da onda da Força da Noite. Ele sabe que terá de enfrentá-la. Ele se prepara para construir para si uma casa para encontrar com o desconhecido - que também é o Amado. A personalidade em sua plenitude pode vir à tona apenas de tal encontro. E existem tantas possibilidades perigosas nesta confrontação que ela tem de ser circunscrita, cercada por muros de muitos nomes e tabus. Assim, o casamento, o lar, a monogamia e todas as normas ético-sociais em torno deste encontro do eu e com o outro. No entanto, a insegurança que Gêmeos sente é diferente em termos de qualidade do que aquela da fase Áries. Não é um medo vago de ser arrastado de volta para o passado, mas a concreta percepção de que conjuntos de

estruturas e formulações devem ser construídos, caso queira que aquilo que está sendo experimentado não seja completamente perdido ou que não estilhace a personalidade em uma multiplicidade de incoerentes reações a sempre novas experiências.   

Uma compreensão completa do que está implícito na atividade da pessoa humana durante a fase de Gêmeos de sua experiência deve descansar sobre o reconhecimento de dois tipos básicos de relações orgânicas. É porque, durante essa fase, há, para todo homem, a possibilidade de transferência do centro de sua consciência de um tipo para outro, que os problemas psicológicos específicos de Gêmeos surgem.        O primeiro tipo de relação pertence ao reino de Touro. É o relacionamento terra, simbolizado pelo fato de que cada planta que cresce na superfície de nosso planeta está enraizada no mesmo solo. Como há apenas uma crosta contínua de terra (contínua, mesmo sob os oceanos) todas as plantas estão relacionadas umas com as outras por suas raízes. A árvore de abeto nas Montanhas Rochosas, o pinheiro na Geórgia e o carvalho nas montanhas Europeias, todos eles emergem da mesma superfície de terra sólida e compacta. Esse tipo de conexão caracteriza praticamente todos os relacionamentos que vêm sob o signo

de Touro: relacionamento através das "raízes" do ser (contato físico, comida, sexo, etc.) - relação definida por uma dependência comum à terra, e, em geral, o fator de "substância frutífera" em qualquer nível concebível.        O outro tipo de relação unificadora é o relacionamento através do ar; o ar que todos os organismos vivos respiram - sejam eles plantas, animais ou seres humanos. Nós estamos, na verdade e como fato concreto, unidos a todos os organismos de respiram. Não importa quão separados e orgulhosos podemos estar em nosso sentimento de superioridade e decência, enquanto caminhamos ao longo de uma Avenida Urbana, inspiramos, quer queira quer não ,no profundo do nosso ser (pulmões e sangue) o mesmo ar que há pouco foi expirado por um mendigo, muito sujo, uma prostituta ou um criminoso das favelas próximas. Nós não poderia jamais pensar em estar numa mesma sala com tais pessoas, mas o ar que eles respiram está agora em nossos pulmões. Não podemos fugir do relacionamento; pois fazê-lo significaria uma morte instantânea.

O círculo estreito de nossas relações conscientes com outros seres humanos é, portanto, estendido, contra a nossa vontade, pelo ar que respiramos.        O ar, igualmente, nos une em nosso modo básico de expressão, discurso; pois o som viaja por meio de ondas de ar. Ondas de ar nos fazem relacionar, em nossa casa, com um

avião que voa a quilômetros de distância acima, na medida em que temos de suportar o som do motor. O ar transporta o pólen que nos dá a febre nascente das plantas. Não importa quão espessa sejam as paredes do fortificado castelo que construímos em torno de nosso precioso ego, não importa quão orgulhoso ou egoísta nosso "isolacionismo" – o ar ri destas nossas fantasias infantis e nos obriga a ser um com aquelas mesmas coisas das quais queremos escapar. O ar é, portanto, verdadeiramente, o elemento pelo qual o homem pode experimentar uma "extensão dos relacionamentos." E Gêmeos é conhecido como o primeiro dos "signos de ar" do zodíaco.        A vívida extensão do ser através da busca constante por relações sempre novas: esta é a essência da experiência humana em Gêmeos. Esta extensão começou no nível biológico, quando a mão humana surgiu como um novo e evolucionário fator no reino dos organismos vivos. Na verdade, a mão - "governada" por Gêmeos - é o símbolo primordial do reino humano no nível da vida orgânica. Através do uso da mão, o homem tornou-se um fabricante de ferramentas. A variedade de suas experiências aumentou enormemente na medida em que essas ferramentas lhe permitiam controlar e modificar seu ambiente. Novas associações levaram a novos padrões de relacionamento e ao progressivo refinamento das reações nervosas e

sensibilidade nervosa. Das mãos para os nervos e para o cérebro: este é um processo da personalidade em desenvolvimento que é controlado por Gêmeos. Ao longo de seu curso, o homem, a progênie pensadora de coisas – o homem como criador – nasceu.       Em Áries, o homem não experimenta o pensamento como um processo associativo baseado em matérias-primas de sua experiência pessoal. Ele experimenta "Ideias" - que atingem ele de cima, ou germinar dentro dele como sementes do passado, sementes que pertencem à fase do ciclo anterior, quando a Força da Noite era dominante. Através de Touro, essas ideias ou revelações inspiradoras de significado afundam-se na substância de sentimentos humanos e reações orgânicas. Somente em Gêmeos, o pensamento realmente ocorre como um processo consistente e funcional do comportamento orgânico sob a direção da Força do Dia.        O pensamento controlado pela energia da Força do Dia é uma coisa bastante diferente do pensamento dominado, em Sagitário, pela Força da Noite. O pensamento de Gêmeos está, por um lado, relacionado com as necessidades da personalidade, e por outro, é algo absorvido a partir do ambiente. É aprendido. Em qualquer nível que esteja o pensamento de Gêmeos é transmitido através do pensamento; pensamento que traz à concreta expressão os impulsos e inspirações

vivenciados durante o período de Áries. É o pensamento verbal condicionada pela linguagem. O pensador de Gêmeos seleciona a partir dos cofres das civilizações do passado, palavras e conceitos como meios para ele crescer como uma personalidade. Ele pensa psicologicamente; enquanto que o típico Sagitariano pensa socialmente. E é por isso que Gêmeos é um poeta em vez de um filósofo. Ele constrói com palavras, como as mãos constroem com barro, pedras e madeira. Mas ele constrói porque ele, pessoalmente, deve crescer através dessa experiência, porque naquela construção ele treina-se a funcionar como uma personalidade autônoma e consistente.        . . . Anos de escola; anos de aprendizado, de andanças a novos mundos, de atrações e repulsões por toques e sorrisos, profundamente incertos ainda que agressivamente seguros, quanto mais definição, menos o fluxo de vida parece mensurável por mãos e cérebros que projetam símbolos, imagens e palavras para tranquilizar a si próprios de que são conhecedores e mestres - tal é a fase de Gêmeos: a entrada no vasto mundo da sociedade humana, os portões da grande experiência de união com o Amado.

CÂNCER  Com o solstício de verão, um ponto culminante no ciclo do ano é atingido. O dia mais longo encontra a noite mais curta, a triunfante Força do Dia que jorra do Sol do meio-dia começa a minguar diante do poder ascendente da Força da Noite. Chegou o verão e a glória das fruições. Mas fruição e plenitude criam novas realizações e novas tarefas. Fora da "união" nasce o dever de orientar o processo de formação e crescimento dos resultados dessa união; e em primeiro lugar, a necessidade de circunscrever a expansão, a fim de trazer estas forças de formação e crescimento para o mais claro foco possível.        O signo zodiacal de Câncer representa o princípio da focalização das energias formativas com a finalidade de produzir um corte tão claro quanto permanente de uma imagem ou impressão possível. Isto, por conseguinte, proporciona uma inversão da tendência para o processo de vívida extensão do ser através de novas relações que Gêmeos iniciou. Assim como Touro repolariza a direção da Força do Dia em Áries, Câncer também

redireciona as energias de Gêmeos. Touro e Câncer são considerados Signos "femininos". A "terra" de Touro é necessária para deter e completar o "fogo" de Áries. A “água” de Câncer condensa a "arejada"extensão e a qualidade todo-penetrante de Gêmeos.        Gêmeos espalha sua busca por novos relacionamentos por sobre todo o mundo da experiência; mesmo enquanto constrói palavras, frases e sistemas intelectuais, ele assim o faz com um peculiar abandono e falta de preocupação com os resultados finais. Tudo o que a pessoa de Gêmeos busca atingir é a segurança pessoal em fazer sempre novos contatos. Ele procura controle intelectual temporário através da formulação verbal. Ele cuida para que ao estender-se a si próprio, permaneça sempre dentro de estruturas familiares. Portanto, ele nunca descarta seus próprios espetáculos, mas os carrega consigo para todo país e situação possível. Ele não se importaria se alguém usasse ou não tais espetáculos, exceto que ao ser bem conhecido como o criador de um tipo particularmente bom de espetáculo, isto tornasse mais fácil para ele estabelecer vantajosamente muitos outros novos contatos.        Por exemplo, em matéria de amor Gêmeos irá cuidar para que sua abordagem em relação ao sexo oposto esteja bem definida em sua própria mente, de modo que o choque de ser submergido pelo amor de um

poder elementar possa ser evitado. Ele vai classificar suas reações, seus tipos de mulheres, enquanto empurra sempre para adiante e para novos horizontes sua curiosidade e ânsia por amor. E se ele gosta de ser conhecido como um Don Juan é apenas porque tal reputação pode "estender de forma mais vívida" o campo de seus contatos. Gêmeos pode ficar completamente atado pelas suas formulações e categorias, por sua lógica e suas expectativas; mas ele é atado apenas pessoalmente. Ele não insiste que outras pessoas devam estar igualmente atadas aos mesmos padrões; assim, ele pode ser tolerante e ele adora um “jogo limpo”, ainda que, ao mesmo tempo, seja incapaz de realmente captar o ponto de vista de outra pessoa.        Ele tem tolerância, mas nenhuma compreensão real; enquanto Sagitário pode ter compreensão, mesmo quando ele é muito intolerante, pois Sagitário pode perceber com simpatia como uma situação social produziu em uma pessoa certa atitude, e ele pode não culpar a pessoa. Mas se ele não aprova a situação e a atitude ele provavelmente irá agir com extrema intolerância em relação às ideias implícitas - muito embora possa compreender e simpatizar com a pessoa que sustenta as ideias.

Em Câncer, testemunhamos um cancelamento repentino desta ansiosa

extensão de Gêmeos. Os limites são atingidos; a curiosidade por novas relações é absorvida por um evento que conduz a uma inversão completa de movimento. O Sol para em céus do norte, e o pôr do sol começa a dobrar-se para o sul. Há uma breve pausa e todas as coisas mudam de polaridade. A Força do Dia atingiu sua intensidade máxima. Deve deixar-se lentamente ser substituída pelo poder matriarcal da Força da Noite. Onde quer que a extensão tenha chegado, lá, limites definidos são estabelecidos. Se eles tiverem que ser de novo empurrados ainda mais longe, será sobre uma nova base de atuação; em uma base social e mental, ao invés de uma base fisiológica e pessoal.        O que realmente aconteceu para se efetuar a reversão? Apenas isso: que o ser indivídual, não sendo mais capaz de resistir à pressão da força vital universal, teve que se abrir para o universo e para a sociedade. Essa abertura poderia, teoricamente, ocorrer em um modo qualquer melhor adequado à necessidade do indivíduo. E isso ocorre livremente e a todo o momento no homem que atingiu certo nível de integração e liberdade; no homem que se tornou livre dos resultados de frustração e repressão impostas a seu crescimento por parte dos pais e antecedentes, pelo passado de sua raça - e se se acredita na reencarnação - de sua Alma; livre de memórias tanto conscientes como subconscientes.

       Mas no homem comum de hoje tais memórias, frustrações e fracassos são fortes. Medos subconscientes surgiram em Áries, inércia biológica-racial e possessividade em Touro, formulações intelectualmente cristalizadas em Gêmeos. Assim quando o indivíduo encara, em Câncer, a reversão de sua força de vida e é inundado pela vida universal ou confrontado com a necessidade de participação na sociedade humana depois que tenha atingido a "maioridade", o confronto é altamente perturbador. Forças irracionais, biológicas, emocionais, devocionais pululam do inconsciente e tendem a sobrecarregar o consciente. Por conseguinte, o indivíduo deve ser protegido; o fluxo do inconsciente deve ser canalizado, tornado mais seguro. E esta necessidade é a razão para o "Casamento" e para aquilo que os ocultistas chamam de "Iniciação". Um par e um Iniciador – ao passo que toda a vida (já) poderia ser par e Iniciador, se os homens contivessem suficiente força integradora para não serem dominados pelas sempre mutantes confrontações que vida apresentasse a ele; se o homem fosse consciente o suficiente para ser a qualquer hora e em qualquer condição um ponto focal para a vida universal - para Deus. E ele não teria necessidade de uma esposa ou de um parto que o forçasse de uma maneira particular e apenas de uma única maneira - à percepção de que o seu objetivo e sua plenitude encontram-se no desempenho

de sua responsabilidade para com a vida, em sua vontade consciente de ser um foco no qual e através do qual a vida ou Deus pudesse falar.        Deus pode falar através do indivíduo em miríades de vozes, uma para a necessidade de cada momento. Mas porque o indivíduo cresceu sob as influências mal formativas de medo, inércia e cristalização mental, a pedra do homem não é um cristal claro. Ela deve ser moída. O indivíduo deve amar e sofrer, curvar-se a tarefas caseiras e a privações, ansiar em meio a breve felicidade e "abandonar seu ser" para encontrar "a Vida eterna." Ainda assim, a plenitude, em essência e realidade, está aqui e agora. Não há nada para ser "abandonado", apenas falácias. Tudo que é necessário para tornar-se uma lente capaz de focar a divindade é tornar-se conscientemente o que se é inerentemente, e sê-lo com clareza, em beleza e em verdade.        A lente para focalizar a vida. Para o homem comum, nesta fase da evolução humana, vida, aqui, significa "humanidade"; poderia significar, e algum dia significará, "divindade". O lar e o "humano, demasiado humano" casamento estão condicionados pelo fator de "humanidade" e "sociedade", pela educação recebida quando criança, por frustrações parentais. O desenvolvimento anormal na infância e adolescência faz com que a juventude agarre-se à Força do Dia; faz com que ele queira crescer e crescer através

de uma sempre estendida fase de Gêmeos. Ele deve de bom grado e com entendimento abrir-se ao aumento da Força da Noite. Tal é a lição do solstício de verão, de Câncer. Deve haver repolarização; mas a humanidade de hoje deve ser obrigada a re-polarizar-se. Ela deve ser compelida a abrir-se para a Força da Noite, o Mistério do Espaço e a Irmandade das Estrelas; pois ela não o faria de bom grado, seja como indivíduos ou como nações. E este é o nosso problema atual no mundo.        Qual é a natureza dessa compulsão? Uma repentina excitação de forças irracionais, instintivas, biológicas enraizadas no sangue; um repentino despertar de "sentimentos", também de visões psíquicas. Chamamos isso de "se apaixonar"; hoje também, na esfera social, chamamos isso de devoção de massa a ditadores exaltando o "chamado do sangue" - ou a Profetas que trazem aos homens de uma forma particular (daí o dogmatismo) a Revelação de Deus. Estes são vários aspectos do mesmo processo no indivíduo e na humanidade: esse processo é a mudança de Gêmeos para Câncer, aquela "conversão", que inverte a direção da força da vida.        Vamos nos deixar perceber que ela não precisa ser uma "conversão” violenta, fanática, passional. O impulso biológico-emocional ou religioso não precisa sobrepujar a consciência; mas assim o fará por necessidade onde a consciência não é livre, está situada nas cristalizações do ego,

inflexível, ou mergulhada em "complexos" e glamour. Isto é - ai de mim! – quase que em todos os lugares. E assim temos organizado e definido o totalitarismo em todos os reinos – unidade imposta - talvez como salvaguarda inevitável contra a absoluta desintegração; desintegração moral no indivíduo, a anarquia na sociedade humana.

Assim, poucas pessoas entenderam o mistério do símbolo de Câncer, o Caranguejo! Uma criatura aquática, cujos movimentos são regressivos ou para o lado, cuja evolução foi levada para o beco sem saída caracterizado pelo uso de uma casca dura encerrando a vida – ainda, no entanto, uma concha que é temporariamente abandonada a cada novo ciclo, deve-se não se esquecer disso! Uma criatura do mar; e o mar sempre simboliza o coletivo, ou melhor, o Inconsciente genérico, a Matriz universal da vida.        Aqui nós temos um tipo tão negativo de simbolização como encontramos em Escorpião. Um passo adiante e encontramos a ligação entre Câncer e a doença mortal de mesmo nome. Por que tal ênfase no negativo? Porque os Antigos que construíram este simbolismo zodiacal sabiam muito bem que o significado do real, positivo e libertador de Deus solstício de verão dificilmente poderia ser dado. No mundo ocidental, temos que ir às Escrituras Cristãs para encontrar referências mais completas sobre o solstício de verão

como o "Casamento do Céu e da Terra"; de Cristo e da Noiva, a humanidade: Cristo focalizado através da Encarnação mística no homem. Mas na Índia, se conseguíssemos compreender o verdadeiro significado do conceito de Avatar, de idéias que, presumivelmente, o grande Shankaracharya ensinava - ele que nasceu com o Sol em Câncer – então, nós compreenderíamos o real significado deste nascimento do verão. Isso pode nos ajudar a compreender nosso próprio país, os Estados Unidos, e nosso potencial destino mundial, já que também nós somos nascidos nacionalmente sob o signo de Câncer. Não é significativo que, na verdade, nossa mais temida doença atual também foi chamada de câncer?        O mais alto destino do tipo de câncer é construir uma particular, definida e rígida casa, ou é, ao invés, servir como um foco para uma nova manifestação de Deus? Estão os Estados Unidos satisfeitos dentro de um estreito nacionalismo, em lares tão mal cindidos por complexos cheios de individualismo e consequentes divórcios; ou é o nosso destino mundial - aquele de ser - numa época em que a maioria das nações "se apaixonou" por ditadores enraizados no sangue, exaltando o totalitarismo em seus lares - um ponto focal para uma nova força-Avatar ou força-Cristo de abrangência mundial? Câncer vem nove meses antes do futuro Áries. Câncer é o

símbolo da fecundação - mas será que vai ser uma fecundação divina ou estritamente humana? Câncer é o homem em um estado impregnado de Deus; um Lugar Santo em que Deus desceu.        Na prática habitual da astrologia, o tipo de personalidade caracterizada por Câncer é representada como sendo, muitas vezes, dominada por estados de espírito e dons psíquicos. O que não é sempre percebido é que estas manifestações psíquicas são os resultados de uma irrupção da força de vida universal na consciência individualizada, que se torna assim mais ou menos desorganizado. Tal irrupção pode significar muitas coisas; do arrebatamento peculiar do amor apaixonado, às perturbações das primeiras semanas de gravidez, de alucinações psíquicas à vidência inspirada por Deus, de mentiras glamourosas à companhia Avatares. E não podemos esquecer o ricocheteio desta irrupção da Força da Noite, o apego a uma forma particular, a uma casa particular, a um sentimento particular, os ciúmes e a possessividade que são as sombras da integração de um homem e de uma mulher - todos nascidos do medo, do medo terrível daquilo que poderia acontecer com uma "mudança de foco."        O tipo de Câncer contém tudo isso. Ele pode ser o mais impotente ou o mais determinado de um modo curioso e silencioso. Refere-se a uma época do ano em que o Sol move-se muito lentamente; para quieto. Há

uma quietude sobre ele, ao mesmo tempo em que há a possibilidade de luz intensa. É o momento dos dias mais longos; ainda que na astrologia seja regido pela Lua, esperando um Signo a mais para glorificar, em Leão, o brilho criativo do Sol.       Isso ocorre porque todos os grandes sacramentos chegam quando há uma pausa, silêncio e tremor. O homem possuído por Deus, ou pelo amado, é de início sobrepujado pela união. Tudo deve ser reconsiderado, todo o movimento e todos os motivos revertidos. E naquelas noites curtas e intensas quando a Festa de São João é comemorada, pode haver tumulto no mundo exterior, mas há silêncio no Santo Lugar onde a Noite envolve O Dia, e a vida é concebida de novo.

LEÃO  Durante toda a fase da experiência humana representada por Câncer duas básicas necessidades são impressas sobre a personalidade em evolução. Uma delas é a necessidade de um claro corte focalizador - e, portanto, limitador - das energias da Força do Dia cuja intensidade tornou-se avassaladora; a outra é a necessidade de assumir a responsabilidade para com os semelhantes e de participar de forma consciente na vida de um todo social.        Enquanto a Força do Dia pode ser definida como uma "energia de personalização", forçando padrões abstratos, idéias ou entidades espirituais a uma realidade concreta e particular, a Força da Noite é uma "energia

de re-ajuntamento", que faz juntar personalidades no processo de construção de grupos sociais. O fundamento desse processo social é - pelo menos em nossa atual fase do desenvolvimento humano - o lar e a família. Câncer é o símbolo dessa fundação, o manancial da Força da Noite que irá crescer em intensidade e influência até o solstício de inverno será atingido com Capricórnio (o símbolo da vida social completamente organizada: o Estado todo-poderoso).        O signo zodiacal de Leão representa a segunda fase desse processo social. Em Leão, o poder que obrigou o homem e a mulher individuais a limitar, estabilizar e aprofundar um ao outro dentro do padrão-raiz social de um lar, está agora os instando a criar uma progênie. Assim, eles irão ter que assumir uma nova responsabilidade social. Um novo campo da integração é aberto: a integração de pais em filhos, de gerações mais velhas em naquelas mais novas. A partir daí, as questões verdadeiramente sociais surgirão; problemas de relacionamento que não podem ser facilmente rompidos porque envolvem a responsabilidade do "presente" (que está constantemente se tornando "passado") para com o "futuro". Assim, o tempo começa a colocar seu peso sobre a consciência do indivíduo.        O tempo é um fator muito poderoso em toda atividade criativa e em todas as relações sociais. Poderíamos dizer que o tempo

significa muito pouco na adolescência normal; este é perdido no deslumbramento do amor durante a lua de mel. Mas quando a criança (e todas as atividades criativas) trazem aos pais uma nova carga de responsabilidade, então o tempo começa a ser uma realidade concreta, muitas vezes pungente. A mulher sabe disso, pela primeira vez, com o profundo de seu ser através de seus nove meses de gravidez. O homem o experimenta através da disciplina de uma "agenda de trabalho" na vida da atividade social e da responsabilidade que, em seguida, começa a confrontá-lo. Ele a experimenta como um pai em casa, e como um executivo ou gerente na esfera de seu trabalho, mesmo que ele "administre" apenas suas próprias tarefas.        Quando escrevemos "pela primeira vez" e "começa a experimentar" nós, obviamente, estamos nos referindo a condições de vida tais as que prevaleceram nas sociedades arcaicas baseadas no ritmo normal do crescimento biológico; sociedades, como, por exemplo, aquelas que prevaleceram na Índia antiga. As sociedades modernas, por outro lado, são problemas em transição, caóticas, não organizadas; e, assim, o ritmo biológico-psicológico normal do desenvolvimento do ser humano, que o Zodíaco simboliza precisamente, já não opera com clareza ou precisão. No entanto, o Zodíaco continua a ser um poderoso símbolo de um processo natural que algum dia voltará a servir como base para

a organização da sociedade e até mesmo da personalidade. Será uma espécie de organização que abrange muito mais do que as antigas civilizações incluíam, uma organização em vários níveis de atividade humana; mas do mesmo jeito será uma organização, ao longo de linhas naturais tornadas visíveis pela simbólica procissão do Sol, da Lua e das estrelas.

Leão é o reino das emoções, em contraste com o Câncer que é aquele dos "sentimentos". Estes dois termos, sentimentos e emoções, devem ser claramente distinguidos um do outro. "Sentimento" é um sentido interno e orgânico, por meio do qual a personalidade como um todo (ou num nível estritamente biológico, o corpo como um todo) passa em julgamento sobre o que é construtivo e destrutivo, bom e mal, para o ser humano total. "Sentir" é reagir como um todo orgânico a uma situação e a uma pessoa - e reagir, assim, significa simplesmente reagir a favor ou contra à situação ou à entidade que está confrontando a pessoa que se sente.        Como resultado de tal "sentimento" - ou de forma sincrônica: com - uma série de coisas acontecem. Os músculos se contraem. A pressão sanguínea é aumentada ou reduzida, o pulso se acelera ou se detém, não importando o quão imperceptível seja. As glândulas endócrinas também reagem a esse "sentimento", secretando mais ou menos de seus produtos no sangue. A química orgânica

é, portanto, mesmo que levemente alterada. Todas estas alterações orgânicas constituem, psicologicamente falando, o "afeto" ou a emoção; e a emoção ou transforma-se em uma ação (beijar ou fugir, por exemplo), ou então é impedida de manifestar-se exteriormente em uma ação muscular visível. As emoções, portanto, seguem os sentimentos: mas os dois devem ser claramente diferenciados. Os sentimentos pertencem ao reino do signo de Câncer; as emoções àquele de Leão.        Há também aquilo que pode ser chamado de "sentimentos internos." Um homem se sente bem ou se sente doente. Estas sensações são manifestações diretas da maneira pela qual o organismo como um todo opera. No momento em que uma das funções do organismo é prejudicada ou inibida, o ser humano sente que há algo errado. Num sentido localizado e agudo o sentimento de perturbação orgânica é "dor". Através de sentimentos externos e internos e, sobretudo, através da dor, o homem ganha progressivamente um sentido de ser uma unidade separada, de alguma forma diferente de outros organismos ou similares. O homem aprende a dizer "eu". Ele aprende a dizê-lo em primeiro lugar através da dor e da frustração; isto é, por não ter aquilo que seu organismo necessita ou deseja. Ele aprende a operar como um “ego pessoal”, diferente de outros egos pessoais, porque ele “sente” de uma

forma diferente. A individualização começa através da dor e do exercício dos sentimentos. Ela cresce através das tentativas do homem de auto-expressão (o reino de Leão). E torna-se definida através do exercício do poder de análise intelectual e de discriminação (o reino de Virgem).        Em Câncer o ser humano torna-se: num nível biológico, um organismo com um definido tempo de vida e ritmo de crescimento; num nível psicológico, uma pessoa - um organismo de sentimentos centrados em torno de um ego - num nível social, o proprietário de um lar que define seu status social. Em cada nível o que é construído em Câncer é a básica capacidade do indivíduo em se deparar, como um todo integrado (um organismo), com o impacto de outras entidades, e estabelecer uma base a partir da qual ele possa ser capaz de operar de criativa e socialmente. Em Leão, o homem vai além dessa base e, ainda com um pouco de insegura determinação em ser um sujeito "social", ele "vai para fora", para o mundo, empunhando seu "sim" e o seu "não" como uma espada reluzente. Em Câncer, a pessoa humana é como um quadrado ou cubo - uma base. Em Leo, ele é um ego distendendo seu - para ele glorioso - "Eu sou" como um padrão que o levará à vitória.        Leão tem sido muitas vezes interpretado como o mais individualista dos signos Zodíaco;

mas isto é assim somente se definimos o termo "individualista" em relação às relacionamentos sociais e à vida cotidiana em grupos. Em Leão, o indivíduo tendo começado a sentir uma responsabilidade em relação ao ser amado e suas crianças, é impelido a participar de algum tipo de atividade social; não mais como um adolescente na escola, mas como uma personalidade independente que tem de determinar seu curso de ação e de ser responsável por seus fracassos. O resultado de tal situação é que a personalidade, na fase de experiência de Leão, exagera tudo. Ele quer dar uma boa impressão à sociedade, muito como uma criança de sete anos de idade quer dar uma grande impressão a seus pais. Ele sente que ele é “a coisa”; que, claro, todo mundo vai ver imediatamente o quão importante ele será para a sociedade, e que, rapidamente, eles irão ajoelhar-se às suas habilidades incomuns e lhe conferirão riquezas e poder - riquezas e poder que ele precisa não só para alimentar-se, mas, ainda mais, para assenhorear-se de sua esposa e filhos.        Assim, a tônica de Leão é: dramática exteriorização da personalidade, a fim de obter o reconhecimento social e aumento da autoconfiança como uma unidade social. O tipo de Leão pode não ser necessariamente um líder nato. Mas, se assim for, ele irá, sem dúvida, tentar, mesmo que em pequenos modos, enganar ou forçar sua

maneira com grandes gestos teatrais, fogos de artifício emocional e muito jogo de risco - Leão gosta de correr riscos, tanto quanto gosta de manejar pessoas. Mas, assim como a chamada "agressividade" do tipo de Áries é o resultado de sua sensação de insegurança pessoal, assim também os lances dramáticos por liderança e a generosidade do tipo de Leão são uma compensação psicológica para uma, muitas vezes pungente - além do que não reconhecida e, provavelmente, inconsciente - insegurança social.        Mussolini, cujas jovens fotografias traem seu inicial sentido de inferioridade social e seu caráter neurótico, é um excelente exemplo do curso que um verdadeiro tipo de Leão irá ou poderá seguir. Ao ver-se no meio de pessoas confusas e desanimadas ele irá, imediatamente, sentir que é a sua chance e estar à altura da ocasião; o poder vai edificá-lo de uma forma incrível e ele irá brilhar nada mais que como um adulado "jovem prodígio" normalmente brilha - da mesma forma, pode entrar no colapso do esquecimento quando a maré do sucesso mudar e a fase de Virgem da autocrítica e da auto-mortificação começar a operar. Então, o orgulhoso Leão pode surpreender a todos com grandes gestos públicos de auto-humilhação. Ele leva toda a culpa. Não há penitente mais convincente. Mas logo pode esquecer tudo e começar outro ciclo de auto-engrandecimento social.

       Tal dependência de gestos sociais e apostas é um sinal claro de que, fundamentalmente, o homem não é seguro; muitas vezes que ele está realmente cheio de medos sociais. Ele não sabe como cooperar com as pessoas; então ele tem que guiá-los. Liderança no modo dos ditadores significa projetar-se forçadamente em cima de materiais receptivos. O artista criativo age da mesma forma. Qualquer que seja seu campo de criação, ele encontra a resistência dos materiais sobre os quais ele projeta sua visão e intensidade emocional; mas essa resistência pode ser superada por meio sem escrúpulos. O instrumento musical pode ser forçado a ressoar; o óleo pode se esparramar sobre a tela se aparece suficiente obstinação. Não é uma questão de cooperar com os materiais, mas de astuta manipulação e de conhecimento instintivo (ou adquirido) de como eles reagem ao toque. Da mesma forma, ditadores são adeptos da psicologia de massa. Eles usam propaganda e dramatizam-se. E tal é a técnica da liderança.       Verdadeira consciência social é algo completamente diferente. A pessoa típica de Leão tem muito pouco dela em sua constituição; mesmo que possa dar a impressão de que tenha. Ela fala em termos de generalidades. Ele agita multidões com palavras e sonhos. Ela hipnotiza as pessoas através da intensidade da sua auto-projeção. Mas sua esposa, muitas vezes sabe melhor;

pois gestos dramáticos precisam de luzes de palco e distância para serem realmente eficazes.  No entanto, há algo de fascinante e convincente sobre um verdadeiro tipo de Leão que derrama sobre grandes grupos sua radiação solar. Alguém pode estar esgotado, como ocorre pelo resplendor e calor de um meio dia de verão; entretanto, se é possível encontrar uma árvore, uma sombra na qual descansar, isso é um belo espetáculo. O sol, na verdade, é o grande Autocrata do sistema solar. Será assim porque ele é apenas uma pequena estrela - alguns livros de ocultismo até dizem "uma estrela perdida"? No entanto, para todos aqueles que são atraídos para dentro de sua esfera de radiação ele dá generosamente de si mesmo e da vida; embora também possa matar e produzir desperdício, a menos que nuvens e chuvas intervenham para mãe a daqueles a quem o grande Autocrata iria glorificar - a morte.        Na fase de Leão do ciclo Zodiacal a Força do Dia está diminuindo; mas, embora esteja diminuindo em termos de efetiva manifestação, no entanto, esta diminuição também significa uma retirada para dentro e uma atividade subconsciente. A Força do Dia começou a se mover para dentro do subconsciente do homem; assim como a Força da Noite tinha feito durante o inverno e a primavera. Ela ainda opera; mas de uma

maneira subjetiva e introvertida. Toma características transcendentes - e, em alguns casos, negativas.        A personalidade, que tinha sido satisfeita em seu aspecto físico e natural no solstício de verão e durante todo o Câncer, adquire em Leão, por assim dizer, uma nova dimensão. A arte nasce, muitas vezes, como um refúgio para as naturezas sensíveis e uma fuga das realidades sociais cotidianas; mas também como uma projeção transcendental e simbólica da normalmente focada e integrada personalidade. O homem que não pode ser um autocrata - ou, seguindo uma modificação desta vontade de poder, ser um professor de crianças e adultos receptivos - pode ganhar utilidade social e prestígio através da atividade artística. Num tal tipo de atividade encontramos combinados um individualismo inflexível, o desejo de estar sozinho e auto-concentrado e a necessidade de imprimir-se sobre a sociedade.        Expressão artística criativa, na medida em que usa materiais socialmente aceitos e tradicionais, e na proporção em que detém fama e, talvez, apoio financeiro, é uma atividade socialmente condicionada. Mas também é um meio de prolongamento da individualidade pessoal para dentro e para além das limitações de tempo. É um meio para alcançar a imortalidade pessoal através de uma perpetua fama de geração em geração; assim, para anular ou superar o

tempo. E é também um método para expandir a própria consciência; para ensinar a si mesmo.        O artista no seu melhor executa uma espécie de yoga durante a criação. Ele não está apenas intensamente concentrado, mas os símbolos que pinta ou as energias que desperta através de tons são, muitas vezes, mensagens reais de sua Identidade mais profunda. Na criação, o ser exterior (estando concentrado e dedicado à tarefa) torna-se uma superfície receptiva; tão receptiva e expectante como a tela ou o piano. Por tanto, pode ser moldado por aquilo que derrama de dentro; pelo Mestre interior, pelo Regulador Interno.        A principal manifestação negativa da Força do Dia operando interiormente em Leão é um extremo de sensibilidade a qualquer coisa que pareça desafiar sua dignidade pessoal e orgulho. A Força do Dia está diminuindo; portanto, não está mais construindo diretamente a personalidade. A personalidade ainda expande, mas em uma base social; isto é, em termos de aprovação social e suporte. Tudo o que tende a diminuir essa sustentação social, parece, portanto, desafiar o próprio direito da personalidade em viver, e causa um grande ressentimento ou ferida. Assim, a extrema sensibilidade dos artistas e dos ditadores a críticas ou perda do favorecimento do público. Assim, a vontade do tipo Leão de, em muitos casos, usar quaisquer

meios para manter ou recuperar esse favor; incluindo dramáticas super-afirmações, mentiras e corrupção.        Leão é o indivíduo na sua primeira tentativa de ser uma personagem social. E, tal como em qualquer primeiro esforço, muitas vezes ele falha; ou, por medo de falhar, ele exagera e super-dramatiza situações. Ele ainda não aprendeu a não querer ser um mestre de escravos, por estar absolutamente certo de que nunca poderá se tornar um escravo. Na verdade, ele está instintivamente lutando contra seus temores subconscientes de que a sociedade possa absorvê-lo e escravizá-lo. Daí, suas atitudes exageradas e a intensidade de suas projeções. E porque ele sente agudamente o poder do universo e do tempo sobre seu ego socialmente não-ajustado, ele deve criar; e ele carimba seu próprio ego sobre o mundo que ele deseja organizar à sua semelhança, de modo que ele não se perca na maré crescente.

VIRGEM  Em Virgem, a consciência do homem em evolução está ocupada principalmente em analisar, reagindo contra ou desenvolvendo ainda mais tudo aquilo que ocorreu durante o período de Leão. Em Leão, vimos um tipo de ajuste no qual a Força da Noite, ainda um tanto hesitante e insegura em seus ajustes sociais, muitas vezes obriga o indivíduo a um excesso de ênfase das suas próprias projeções emocionais. Tendo encontrado uma fundação em seu lar e "enraizado", o indivíduo é confrontado com responsabilidades sociais. Ele deve participar na sociedade com base em sua casa e em sua independência pessoal. Ele simbolicamente atingiu a maioridade no solstício de verão. Agora ele deve desempenhar o seu papel na sociedade. Ele deve produzir, gerar, criar. Ele está agudamente ciente - mesmo que não esteja claramente consciente - de que "deve". Ele força a si mesmo. Ele assume a responsabilidade pela gestão. Ele define políticas. Ele é cheio de si, radiante em sua paternidade -, mas ele ainda não está acostumado a agir em termos de responsabilidade social. Suas aventuras muitas vezes o levam ao fracasso; seu excesso de confiança, ao disparate. Ele fica machucado; seu orgulho, ferido. Ele deu tanto de si que seu corpo sente o desgaste do excesso de trabalho, hiper-sentimentalismo –

talvez, excessos de todos os tipos. E se o tipo de Leão é uma mulher, a gravidez e suas consequentes tarefas pode tê-la levado à tensão física e ao cansaço psíquico.        Assim, a quitação das responsabilidades do lar e daquelas sociais podem ter deixado marcas muito profundas. A procriação e a atividade criativa, o trabalho e o prazer excessivo podem ter promovido problemas sérios. Em suma, nem tudo está bem. O que pode ser feito a respeito? Perguntas sem fim surgem na mente confusa. Quem pode dar respostas adequadas? É preciso continuar trabalhando, produzindo, ensinando, investindo, criando. Esta é a própria essência da vida social. Mas como se pode ir em frente com força e fé desvanecendo? Quem pode ensinar a técnica da atividade em termos de facilidade, de trabalho sem esforço?        Nesta fase, a fase de Virgem do desenvolvimento da consciência começa. Ela começa com um ponto de interrogação. E pode acabar com verdadeira Iluminação no equinócio de outono, quando Libra começa. Deveria terminar com uma maior compreensão do significado do processo social, da natureza da Força da Noite. Deveria terminar em beleza e paz, ou, pelo menos, em adaptação social.        A atividade produtiva em base a estrito individualismo e auto-expressão emocional apresenta ao homem um enigma. Como é possível evitar o esgotamento físico e nervoso,

a tragédia emocional e a desilusão? Em essência, esta é a questão que o homem eternamente pergunta à Esfinge; e há uma conveniente tradição que diz que o ponto do Zodíaco em que termina o signo de Leão e começa o signo de Virgem leva o símbolo da Esfinge. Esta criatura mítica que ainda hoje encara as areias do Egito tem o corpo de um leão e a cabeça de uma virgem - este é de fato o ponto de união entre Leão e Virgem. Ele simboliza a resposta para a eterna questão que acabamos de fazer. O que é essa resposta?        A resposta é dupla; no entanto, os dois lados dela devem ser integrados e esta integração, difícil, na prática, embora simples na teoria, é o próprio segredo da Esfinge, que representa dois seres em um. Um dos lados da resposta refere-se ao desgaste e às lágrimas produzidas pelo tipo impulsivo e estressante de atividade e seus dramáticos gestos. A resposta pode ser resumida em uma palavra: Técnica. O outro lado da imagem lida com uma repolarização da própria natureza emocional. Técnica e repolarização emocional são as duas chaves para o segredo da Esfinge.        Uma técnica é um método baseado em princípios fundamentais, a aplicação dos quais capacita um homem a executar o seu trabalho sem problemas, com um mínimo de desgaste e choro, desperdício ou tensão destrutiva, e no menor tempo possível. O trabalhador que

compreende completamente a base do método e construiu seu modo de aplicação na própria estrutura de seu comportamento muscular, nervoso e mental - é um mestre da técnica.        A técnica deve ser aprendida. Salvo em casos muito incomuns, deve ser aprendida daquele que é um "mestre da técnica." Assim, aquele que quer aprender o segredo do desempenho suave, fácil e extremamente eficaz tem de se tornar um aprendiz. Ele deve tornar-se objetivo em relação a suas próprias formas de comportamento. Ele deve analisá-los e recusar-se a ser cego aos seus defeitos. Ele deve ser absolutamente honesto e não fascinado na avaliação de qualquer desempenho: seu e dos outros também. Ele deve aprender a criticar com desapego e sem preconceitos. Ele deve ser aguçado na discriminação. Ele deve ser "puro".        A pureza é um termo muito incompreendido, geralmente carregado com uma ética confusa e imagens tradicionais. Para que a água seja "água pura" significa que água esteja sem quaisquer sedimentos, sujeira ou substâncias orgânicas, tais como micróbios e similares. Não deve ser nada além daquilo que o químico descreve pela fórmula H2O. Da mesma forma, para um homem ser "puro" ele não deve ser "nada além" daquilo que ele inerentemente é e pelo direito de seu próprio destino individual.

       Quando um homem contém em seus elementos naturais e desejos aquilo que "não pertence" ao padrão de seu essencial caráter individual e destino, esses fatores atuam como "impurezas"; e causam conflitos psicológicos e colapsos. Se existem partículas de sujeira ou água na gasolina, o desempenho do motor do carro é irregular e agitado. Isso faz com que o motor se desgaste. Do mesmo modo, um homem normalmente coleta através de toda a sua infância e de seus dias de escola todos os tipos de "sujeira" ou substâncias estranhas à sua verdadeira natureza individual. A liga metálica de seu caráter contém impurezas que podem destruir a regularidade do seu desempenho de vida. Complexos, nascidos de frustrações juvenis e ressentimentos ou medos, agem como água na gasolina. Elas diminuem sua energia utilizável. Eles rompem com o delicado ajuste de seu "carburador"psicológico e mental. Ele fica "fora de sintonia" e suas forças são desperdiçadas em tensões inúteis e em gastos improdutivos de energia.        Técnica significa um método para eliminar todas as impurezas que conduzem ao desperdício de energia; fazer do trabalhador um "puro" agente de produção, sem conflitos, complexos ou temores. Um técnico mestre é absolutamente seguro de si mesmo, porque ele sabe que dentro de si não há nada para inibir, confundir ou perturbar o seu desempenho - nada nos seus mecanismos

físicos e psicológicos, nada no fluxo de sua energia desde a fonte até o ponto da eficaz distribuição. Suas mãos são seguras porque seus nervos estão firmes; e os nervos estão firmes porque o sua natureza psicológica é clara e livre de resíduos ou cristalizações nascidas originalmente do medo.        A técnica é, portanto, baseada na "pureza". Também depende de potência e habilidade. Potência significa que o executor tenha nascido com órgãos de ação livres através dos quais a força vital universal pode fluir em uma condição de potencial relativamente alto; isso significa, ainda mais, que tal potencial de vida não foi consumida. Assim, o simbolismo de "Virgem" – aquele que é "puro" e "potente", porque não poluído e não carregado com energias inúteis.        A habilidade, nascida de uma formação adequada, chega por último. Em certo sentido, o treinamento não seria tão necessário, ou pelo menos o extensão dele poderia ser consideravelmente reduzido, se o aprendiz fosse realmente puro e potente; porque a força de vida, fluindo, então, em sua máxima intensidade e sem corrupção, teria a capacidade de adaptar-se rapidamente a quaisquer novas situações. Infelizmente os homens de hoje se esquecem desse fato. Eles colocaram todo o estresse sobre a formação mecânica; ao passo que, se todos os obstáculos pessoais fossem removidos e o indivíduo tivesse sua potência real, o mais

complicado mecanismo poderia ser dominado com uma quantidade muito pequena de experiência prática. A vida é inteligência. Os homens obstruíram essa inerente inteligência por falácias sociais e pessoais; assim, eles têm de substituí-la por um treinamento entediante. Mas dê a vida uma chance real, através de duas ou mais gerações, e milagres poderão acontecer.        Isto, evidentemente, não se destina a diminuir o valor do treinamento, mas apenas mostrar que, pelo menos, metade da tarefa do aprendiz é limpar-se dos obstáculos; o resto é relativamente fácil. Assim, a auto-purificação é o meio essencial para a técnica. Em maestria. O homem deve tornar-se novamente uma "Virgem". O passado deve ser esquecido, erradicado - permanecendo apenas como uma "essência de experiência", dando profundidade à consciência, mas não afetando as estruturas da mente, das emoções e do corpo com memórias cristalizadas que sempre significam bloqueios, e, portanto, desperdício e ineficiência. Auto-revitalização vem como resultado - a re-abertura do profundo poço de onde o poder pode, mais uma vez, fluir através de renovados canais de liberação. Em seguida, a familiaridade com os novos aparelhos, cuja destreza seguirá quase que automaticamente. Verdadeira destreza, porém, não está baseada em hábitos e regras memorizadas, mas na capacidade de ajustar-se imediatamente a qualquer e todas

situações e às necessidades de todos e quaisquer mecanismos.   Todas as análises precedentes lidam com o fator da técnica; e o estudante de astrologia terá facilmente reconhecido nestas afirmações as diversas características que os livros didáticos de astrologia atribuem, com base na autoridade tradicional ao Signo zodiacal de Virgem: análise, discriminação, crítica, a rotina de trabalho, pureza, auto-integridade, cuidados com o corpo, higiene, treinamento, etc. Mas Virgem oferece, também, outra resposta para aquele que busca por auto-aperfeiçoamento; para a frustrada, magoada e amargurada alma que depois de lançar-se, em Leão, à auto-expressão emocional encontra-se vazia e de coração partido; também para os pais cuja prole tornou-se ingrata, para o artista criativo cujas criações não despertaram nenhuma resposta social, para os líderes cujas seguidores o abandonaram.        Essa resposta da Esfinge é: repolarização emocional. "O que causou a sua desilusão e amargura emocional? "- pergunta a Esfinge. E, olhando para os olhos ocos da imagem de pedra, que se transformam em espelhos refletindo a nossas profundidades mais íntimas, percebemos, finalmente, que os nossos fracassos emocionais ocorreram, principalmente, devido à nossa falta de "sentido social." Ignoramos o significado da Força da Noite, daquele poder

cósmico que reúne todas as unidades em organismos maiores e desapaixonadamente, sem emoção, estabelece padrões complexos de relacionamento em que cada coisa pode se encaixar. Insistimos que o nosso modo de projetar nossas emoções era o único; que tínhamos o direito de exigir tudo ou nada, o direito de forçar nossas condições sobre a vida. E a Força da Noite tornou-se destrutiva; ficamos perdidos na escuridão e assustados com os ecos partidos de nossos próprios desejos.        "Olhe para mim" - diz a Esfinge - "torne-se semelhante a mim. Como leão minhas paixões são fortes. Eu sou um imenso felino em cujas virilhas reside um ardente poder. Mas minha cabeça é aquela de uma virgem. Eu estou quieta, esperando por aquilo que deve vir. Contemplo as estrelas. Aguardo pelo meu tempo, que está escrito. Em mim, não há orgulho nem pressa. Em mim, poder e pureza são polarizados para o cumprimento do propósito e do destino ".        A Força da Noite é o poder do propósito mais do que individual. É o ventre da individualidade maior, das vastas organizações da vida. Ela junta pequenos seres na expectativa do Ser Superior, que virá no tempo determinado. A mensagem de Virgem aos sofredores é, portanto: "Olhe para além de si mesmo. Reorganize seus desejos, re-polarize suas emoções, re-oriente seus impulsos. Suas energias não são suas; elas

são da vida. Você as mantêm na confiança pela humanidade como um todo. Tenha certeza que elas servem a um propósito maior do que a sua pequenez, maior até do que o lar e a família. Consagre-as para o Todo Maior."       Virgem é, portanto, em um de seus aspectos, o reino da devoção e do discipulado espiritual. É o reino de subserviência do indivíduo a um propósito coletivo e a uma disciplina coletiva; o reino de serviço e auto-imolação, do querer sacrifícios – aquele da semente que torna-se pão para alimentar o faminto. É o reino do Exército, porque através da disciplina e do sacrifício de guerra, o homem aprende à força a participar de um Todo Maior: a nação. É o campo da obediência à Lei estrutural do universo, da espécie humana, da comunidade. Nela, o homem pode aprender que quem perde a sua alma encontra sua divindade. E aprendendo isso, fica pronto para bater às portas do Templo; para enfrentar a grande metamorfose que espera àquele que, tendo se tornado um com a Esfinge, entra na Pirâmide para a Iniciação.        Muito tem sido escrito nos últimos tempos sobre a "Iniciação"! No entanto, há sempre mais para dizer, porque, como em qualquer crise vital de transformação, cada um que encara seus desafios e seus problemas deve necessariamente ir ao encontro deles, com base em sua própria e relativamente única experiência de vida. Mais do que isso, a Iniciação significa coisas diferentes para as

diferentes partes da personalidade humana. Em termos de técnica, pode ser representada pela concessão de um diploma das mãos da "Universidade", à qual o "mestre da técnica" pertenceu. Em termos de repolarização emocional e da relação do indivíduo com um Todo Maior na vida do qual ele está pronto para se tornar participante, a Iniciação significa o fim de estar sozinho – ou quase isso. 

O leão é o rei do deserto, porque ele é capaz, simbolicamente, de absorver ou dominar todas as criaturas inferiores. Na medida em que assim o faz, ele se vê sozinho no deserto. O ego também está sozinho, porque ele só pode ver a si mesmo em relação aos outros, como um mestre de escravos, ou como um virtuoso ator para uma plateia receptiva. Ele está, assim, sozinho no palco, separado de tudo pelas luzes da ribalta do seu orgulho, da sua auto-imposta missão - ou pela pompa de sua posição real. A Virgem também está sozinha, por definição; mas é um tipo muito diferente de solidão. A Virgem está sozinha - e expectante. Ela espera que a execução de um Mistério que irá destruir tanto sua solidão como sua virgindade. Ela pode estar com medo do Desconhecido. Ela pode olhar, como a Esfinge, para a noite do deserto; mas em seu coração e em seu ventre ela sabe que Ele virá. Essa vinda fará do deserto um vale fecundo. Um povo vai nascer. Libra irá vir: a comunhão dos

homens, a sociedade, a promessa de civilização, a "fraternidade Mística" cuja realidade se revela como um fato concreto na câmara profunda da Pirâmide.        Quando a garota virgem é fecundada pelo amado, não é apenas que ela se acasala com um homem particular. Ela abre-se para a vida humana como um todo. A totalidade do passado da raça humana inunda-lhe a esperança, e ela se torna uma promessa da futura civilização. Da mesma forma, o Inconsciente Coletivo corre até o limite do consciente no homem que está sendo "iniciado". O HOMEM entra um homem. Libra entra Virgem. E Virgem é a expectativa deste advento, a preparação longa e árdua para ele.        Antes de tudo, no entanto, esta esperança deve ser despertada. Isso não existe em Leão. A Esfinge é a expressão simbólica da crise que deve vir em num determinado estágio de evolução se a criativa, auto-projetiva, dramática solitude do ego humano (Leão) está para se tornar a expectante, potencialmente frutífera solitude da alma humana (Virgem). Este termo "alma" é um pouco infeliz porque tem muitos significados diferentes e vagos. Com ele, queremos nos referir, aqui, à condição da psique humana - da mente e dos sentimentos do homem - quando ela começa a perceber que o todo do universo não gira em torno dela e que ela é uma participante de alguma vasta

inteireza de ser, cuja aparência infinita é deslumbrante, embora irresistível.        O Fogo criativo que jorra em movimentos giratórios do centro de uma personalidade individualizada é Leão. Lentamente, este Fogo se torna consciente de todo o Espaço ao redor. Ele enfrenta o frio do Espaço. Ele é obrigado a abrandar o sua intensidade vibratória. Átomos radiantes, em estados ionizados dentro dos Sóis, aprendem a operar como estruturas químicas mais estáveis. Energia se torna substância. O poder nos lombos do Leão torna-se a razão e a discriminação na cabeça da Virgem. Dramas-pensamento emocionais e criativos tornam-se entendimento reflexivo, analítico. Há um constante processo de esfriamento. O Espaço supera o Fogo. Os Muitos superam o Uno.

O relacionamento triunfa sobre a auto-radiação. Uma sensação do Desconhecido maior torna todas as glórias conhecidas e todas as excitações emocionais do ego, fantasmas de questionável valor. A expectativa Daquilo que iria trazer este Desconhecido à alma nasce. Não importa como este misterioso Aquilo é concebido. O Leão já se tornou a Virgem: o ponto de interrogação eterno.        Quem é o eterno Desconhecido que irá responder ao "por quê?" da Virgem? É aquele que - porque Ele não tem nome - detém o poder do Significado e é o “doador de nomes”. Ele é o iniciador que sempre responde ao

enigma da personalidade e da vida consciente; Ele que carrega em Sua mente o segredo da "Medida do Homem." Mas, para encontrá-Lo, o ego individual deve, de bom grado, tornar-se o neófito. Ele deve experimentar o treinamento e a provação, a repolarização emocional e a rendição de sua trágica, e ainda afeiçoada, solidão. Ele deve receber o passado em compreensão, a fim de que o futuro possa ser criado em sabedoria. Ele deve enfrentar o silêncio na Câmara do Rei da Pirâmide - e não ter medo. Ele deve morrer e renascer.        Quietude sempre desce sobre a alma que procura e silenciosamente olha para distantes constelações durante a glamourosa noite do deserto. A Esfinge hoje ainda está olhando adiante, embora os discípulos não sejam mais iniciados na profanada Pirâmide e bombas trazem morte sem sentido para as cidades próximas. E, no entanto, a realidade da Esfinge segue viva. A humanidade tornou-se a Esfinge. Ela está fazendo a eterna questão. Ela está buscando em meio à crise global de nossos dias, o caminho para a nova Pirâmide e para a nova Iniciação - o caminho para a "Plenitude do Homem".

LIBRA  Nossa viagem simbólica ao longo do trajeto do Zodíaco nos levou além do

incrível semblante da Esfinge e através das disciplinas que devem ser aprendidas durante o período de Virgem que se abre. Agora, vamos nos defrontar com a misteriosa estrutura conhecida por todos sob o nome de Grande Pirâmide. Dentro dessa estrutura está impresso o significado da realidade cósmica do signo zodiacal, Libra; o significado do equinócio de outono e da ascendência da Força da Noite, vitoriosa sobre a Força do Dia. Em Libra, a auto-afirmação de Leão e a autocrítica de Virgem são reconciliadas e superadas através da auto-consagração a Humanidade. Nesta consagração o ser permanece, mas não mais como um mestre, nem mesmo mais como um crítico ou um servo. O ser permanece como uma lente focada em que e através da qual a luz do Todo opera, exortando todos os homens a se tornarem participantes do organismo total da Humanidade. Um participante: um homem de ação, que trabalha conscientemente para o triunfo da Vontade universal sobre a estreita energia dos egos particulares.        Libra é o nascimento da unidade individual dentro do Todo Maior no qual ela está para operar, daí por diante, como uma célula. O equinócio de outono marca o triunfo decisivo da ação conjunta e da cooperação social sobre a auto-expressão individualista e o egocentrismo emocional. Ainda não é uma vitória final; assim como o equinócio de primavera não é a fase final da construção da

personalidade. Mas, depois de Libra, a meta à frente deve tornar-se clara. Visão e compreensão estão lá para serem tidas por todos os verdadeiros buscadores. Novas energias estão sendo despertadas, energias que são os produtos da cooperação de grupo e do intercâmbio social. Novas perspectivas são reveladas, novos objetivos mais ou menos claramente delineados. As paredes da fortaleza do ego são - ao menos teoricamente - quebradas. A vida de dentro deve ser capaz de combinar-se livremente com a vida dos companheiros que comem do mesmo pão da consagração para o bem-estar do Todo; ainda que também esteja pronta para se encaixar dentro de um padrão hierárquico de organização de grupo.        As três fases do processo que se seguem desde o equinócio de outono até o solstício de inverno equivalem-se de perto à sequência de desenvolvimento simbolizada pelos signos zodiacais de Áries, Touro e Gêmeos; mas agora já não é um processo de edificação da personalidade, mas um processo dedicado ao crescimento da sociedade. Forças socializantes estão surgindo com cada vez mais intensidade. As pessoas que ainda estão dispersas são varridas por sua maré. O pleno propósito é aquele de tornar mais válido, mais real, mais tangível a realidade do intercâmbio humano, a realidade da comunidade, a realidade da convivência dentro de uma estrutura orgânica, estável e permanente de

comportamento comunal (Libra). Surgindo dessa convivência, a energia nascida de sentimentos comunais e realizações (Escorpião) e a visão nascida do pensamento comunal (Sagitário) irão progressivamente emergir - e, finalmente, o organismo social completo virá à tona, o aperfeiçoado Estado (Capricórnio).        Libra é um signo cardinal e, portanto, nele os valores de atividade ou comportamento estão enfatizados.

O ímpeto do processo social dinamiza a consciência do tipo de Libra. Há grande ansiedade social, um sentido vital de dependência dos valores sociais. Esta não é a dependência do tipo de Leão por fama ou aplausos, que nasce de uma não confessada insegurança social que se transforma em presunção. O tipo de Libra desenvolveu, pela primeira vez na sequência zodiacal, um verdadeiro sentido de valor social; mas somente porque os valores sociais tornaram-se tão reais, tão importantes para esse tipo e porque, ao mesmo tempo, seus sentimentos e emoções ainda estão fortemente condicionados pelo individualismo da Força do Dia, é que o nativo de Libra tem uma tendência a exagerar a importância dos fatores sociais.        Assim como o tipo de Áries torna-se agressivo e arrogante em sua ânsia por estabelecer-se como uma personalidade integrada, do mesmo modo o tipo de Libra vai

sair de seu caminho para provar seu sentido social mais do que é necessário. Ele irá sacrificar-se - pelo menos irá agir como se assim o fizesse - ao invés de sentir que pode ser negligente em suas obrigações sociais ou de seu grupo. O anseio por socializar o persegue tanto quanto o desejo de personalizar assombra o tipo de Áries. E ainda assim ele não fica realmente seguro de si nas atividades sociais ou de grupo. Sempre sente que de alguma forma facilmente poderia regressar para desejos individualistas; sente que tem de precaver-se contra a possibilidade desta regressão, que deve compensar isso, que deve inventar histórias e encenar atitudes para garantir a seus companheiros - e a ele mesmo! – de que pertence ao grupo e o grupo age através dele.        É dito que o tipo de Libra é oportunista, mutável e não confiável. Mas estas são apenas características superficiais. A verdadeira - porque psicológica - razão para essas características de Libra é que a pessoa de Libra está disposta a fazer qualquer coisa para se encaixar naquilo em que um grupo ou uma coletividade espera dele, naquilo que ele acha que o grupo poderia esperar dele. Isso o torna mutável e incerto em suas decisões aparentes. Dá-lhe, por vezes, a aparência de um camaleão - o símbolo de todos os oportunistas – que mudam sua cor para se adaptar à situação e, melhor ainda, fundir-se às situações. Este "fundir-se em situações" é

realmente a essência do comportamento Libra. Mas por trás disso há um grande orgulho individual e suscetibilidade, um, às vezes, emprestado sentido de sua incapacidade de realizar adequadamente a tarefa que ele criou para si mesmo - seja na sua família ou na sua vida social. Libra e Áries são signos de equilíbrio instável. Neles, as Forças do Dia e da Noite estão quase que equilibradas. Assim, a tendência à inquietação, nervosismo e, muitas vezes, um comportamento neurótico está frequentemente presente. Em Libra, a pessoa quer conscientemente ser social, impessoal, espiritual, rica em suas relações com seus colegas de trabalho; no entanto, subconscientemente, ela parece, ao menos para si mesma, cair sempre aquém da marca que estabeleceu como sua meta ideal, e a meta sempre lhe parece esquiva. Assim, ela facilmente experimenta crises de desânimo, seguidas de excesso de zelo no trabalho social e na participação de grupo. Ela está sempre à espreita pelo grupo ideal, pela forma ideal de cooperação. Todas as relações humanas lhe parecem solenes e extremamente sérias. Mas ela derrama-se tão intensamente nelas que pode perder a realidade por forçar-se demais no ideal. Ela pode esmagar as árvores no seu apaixonado amor pela integridade da floresta.        No entanto, no seu melhor, o tipo de Libra é um excelente gestor de atividades de grupo,

um maravilhoso harmonizador e integrador - quanto mais assim, talvez, mais ele sinta-se incerto a repeito de sua própria integração. Harmonia de grupo, felicidade e idealismo nas relações humanas são questões de vida ou morte para ele. Controvérsias e conflitos internos perturbam seu equilíbrio nervoso a ponto de exaustão psíquica completa. Ele não alcançou o ponto onde pode prosperar sobre intrigas diplomáticas e esquemas políticos, como o tipo de Capricórnio faz. Em Capricórnio o sentido social está tão definido e firme quanto o sentido de personalidade está definido em Câncer. Mas em Libra e Áries respectivamente nada está ainda definido. Sociedade e Personalidade estão em formação. As coisas estão apenas tomando forma; assim dificilmente pode haver nestes pontos uma mais completa facilidade - só porque inadequação e regressão a atitudes passadas são vistas como tragédias deploráveis.        Assim, a necessidade de um forte idealismo sempre que o tipo de Libra está evoluído o suficiente para ser realmente consciente do processo social. Assim como o tipo de Áries procura um Super-homem ou Mestre sobre o qual ele pode colocar o insuperável fardo de sua personalidade, às vezes ainda tão instável, assim é que o tipo de Libra segue em sua busca por um grupo ideal ou padrão de sociedade que dê segurança aos seus empreendimentos sociais. Daí, a atração

que o conceito Teosófico de White Lodge ou “Loja Branca” - o grupo perfeito – exerceu sobre algumas ansiosas personalidades de Libra como Annie Besant, B. P. Wadia e algumas outras. Assim também o elevado idealismo social de um Gandhi, com seu Sol em Libra.        Por outro lado, o tipo menos evoluído de Librianos opera nos níveis em que as relações humanas são mais facilmente formadas – no nível da atração física. Ainda outros acham seu campo de atividade nas artes. Libra é governada pelo Planeta Vênus e produz belas características e muito charme. É um símbolo da cultura e do refinamento estético. É visto em funcionamento, sempre que o fator forma opera como um meio para juntar elementos dispersos em padrões coesos de ordem e beleza.        Este fator "forma" é muitas vezes mal compreendido. Qualquer tipo de organização social, incluindo a gestão industrial, é baseado no princípio da forma. Qualquer relação relativamente estável entre duas ou mais unidades significa que uma forma ou padrão foi constituído. A Força da Noite, no seu funcionamento através de todo o Zodíaco, depende da forma. Não pode haver nenhuma "reunião" sem forma. Toda obra de arte é uma reunião formal e organização de unidades distintas, sejam elas pigmentos, linhas, tons ou materiais físicos e assim também é um grupo social. Libra é o artista que sonha com

formas ideais. Capricórnio irá tornar essas formas ideais concretas e tangíveis entre os homens vivos. O sonho do artista, muitas vezes, inspira a política do estadista; é o que atesta a influência de Wagner sobre Hitler, este primeiro tinha Libra como Ascendente e foi mais um artista do que um homem de estado – mas que teve o poder de inspirar estadistas.

Além da "forma", outro fator figura predominantemente nas atividades e reações do tipo Libra; é o da avaliação. Isso nos leva a considerar o símbolo das Balanças associadas com Libra. Não se deve tomar o símbolo literalmente e concluir que os librianos são pessoas "equilibradas". Elas ocasionalmente podem ser assim; mas da mesma forma que podem ser vistas como extremistas nos mais importante assuntos, mesmo que aparentemente prontas para dar tudo em prol da harmonia social.        O símbolo da Balança tem, de fato, um significado diferente. Balanças são usadas para pesar as coisas. Pesar uma coisa é comparar a sua massa com aquela de um padrão de peso socialmente aceito. É, por conseguinte, medir e avaliar o caráter fundamental de uma coisa - a sua massa ou peso - em termos de valor social. A massa é fundamental, pois avalia um objeto em termos de sua relação com o planeta como um todo, em termos do fator de gravitação; e, por outro lado, porque todos os valores são calculados

com referência a certa abundância de ouro. As Balanças, portanto, simbolizam a avaliação das características mais fundamentais de qualquer objeto. O ponto que elas enfatizam certamente não é o fator de "equilíbrio" - um meio para um fim - mas aquele da avaliação, medição e (a partir dai) do julgamento.        O tipo de Libra é essencialmente uma pessoa que avalia as coisas, pessoas, acontecimentos, referindo-os a padrões sociais fixos, ou tradicionais ou ideais. Ele avalia, e muito embora possa não estar suficientemente seguro de sua posição social para fazer julgamentos "em nome da sociedade"- como o Sagitariano vai fazer sem remorsos - no entanto, ele irá ter pesado as evidências ajustando-as, muito ordenadamente, ao lugar que, em sua opinião, elas pertencem. Utilidade social e capacidade de operar de forma harmoniosa em grupo são os principais padrões que Libra utiliza para fazer suas avaliações. Eles são sociais, e também são padrões estéticos. E o tipo de Libra muitas vezes atua no campo da arte, porque é mais fácil organizar notas sobre uma partitura, ou sobre luzes e sombras em um desenho, do que conduzir personalidades humanas a padrões estáveis de organização.        Mais uma vez temos de repetir que Libra ainda não é um mestre do processo social. Emergiu da fase crítica do auto-avaliação e da auto-disciplina salientada em Virgem. Ele teve, talvez, a Visão da "Sociedade ideal", da

"Nova Jerusalém" - A Cidade ou Estado perfeitos. Mas irá demorar mais alguns estágios de evolução antes que efetivamente o poder de construir esse Estado com homens e mulheres seja desenvolvido. Assim, Libra sonha, avalia, aproxima-se e irradia o amor que deveria, eventualmente, construir o novo grupo e a nova sociedade; mas ele o faz como um artista e não como um político - ainda que possa ser um esplêndido administrador. Ele é vidente e harmonizador mais do que construtor.        Em outro sentido, Libra simboliza a semente. Fá-lo de forma lógica, porque, na semente, todas as energias vitais da planta que morre são reunidas dentro de uma forma de organização rígida. A semente é o símbolo da fraternidade mística. É também aquele do auto-sacrifício. Assim, o primeiro grau de Libra carrega o símbolo da "borboleta empalada por um alfinete de sabedoria." O estágio da crisálida foi aquele de Virgem. Virgem, em todos os sentidos, prepara o terreno para Libra. Em Libra, a "nova vida" começa; vida como um participante na vida da sociedade, de algum Todo Maior - seja a Igreja ou a White Lodge. Libra é o Iniciado na medida em que surge do sarcófago místico na câmara do Rei da Pirâmide. Ele teve a Visão. Ele reconheceu seu lugar e função em seu grupo mais próximo, assim como em todo o universo.        Agora se estende diante dele o caminho do serviço ao grupo; mas esse serviço seria de

pouco valor, de fato, se a plena realidade desse todo maior não fosse experimentada completamente por todas as partes de si mesmo. Assim, em Escorpião, esta realidade tem de impregnar e reavivar seus sentimentos e emoções, a própria substância de sua personalidade; e em Sagitário, tem de transfigurar sua mente. A visão de Libra deve ser substanciada em Escorpião; formulada mentalmente em Sagitário. E quando ocorre o solstício de inverno, o Cristo-criança nasce: Deus, ou a Humanidade, torna-se homem.

ESCORPIÃO  A fase de Escorpião do ciclo anual da força vital que se desenrola na Terra e na natureza humana tem sido estranhamente mal interpretada. Curiosamente, como resultado, a ele tem sido conferido atributos negativos. Eles tinham que ser negativos porque os intérpretes não conseguiu relacionar o Signo com o ciclo total das Forças do Dia e da Noite, salientando mais a reação do indivíduo comum a ele, nesta fase da evolução social, do que a essência positiva do próprio Signo; também porque, com Escorpião, a chegada dos dias de inverno e das longas noites torna-se evidente, e o homem primitivo se ressente desta aproximação da escuridão física. Ele se ressente porque está enraizado no solo e tem um parentesco com a vida vegetal e animal.

Escorpião traz notícias da hibernação; suas geadas selam a destruição de folhas vermelhas e douradas. Tornou-se, portanto, o símbolo de morte. Apenas para alguns poderia significar "regeneração"; e mesmo esses poucos, muitas vezes, não compreendem de forma realista o significado de tal regeneração.        Ao estudar o simbolismo de Libra ressaltamos o fato de que os três Signos Zodiacais do período de Outono eram etapas do crescimento da sociedade e da consciência social no homem. Durante este período de Outono, forças socializantes estão surgindo com ímpeto cada vez maior seguindo o aumento de Poder da Força da Noite desde o Equinócio de Outono. A realidade do intercâmbio humano, da convivência dentro da estrutura de uma comunidade orgânica, estável e permanente é prevista em Libra como uma necessidade e como um ideal de comportamento. Em Escorpião, esta realidade deve ser vitalizada, tornada pungente e dramática, inevitável. Ela deve afundar na própria carne e nas glândulas dos seres humanos; em suas próprias profundezas e em suas próprias almas; na substância da "personalidade". Ela deve transformar-se em uma força motriz. Essa força motriz é o sexo em seus aspectos sociais, o sexo como construtor da civilização.        A condenação acumulada sobre Escorpião, “o Signo maldito”, tem um paralelo

com a identificação do sexo com pecado, o que condicionou muito da nossa civilização Ocidental Cristã. O tema, portanto, foi invadido por "complexos" e atitudes definidas, não facilmente transformadas mesmo pela mais aguda das análises. No entanto, na base de um amplo entendimento do completo ciclo zodiacal da Força de Dia e da Força da Noite muito pode ser dito, o que deve trazer luz a muitos cantos obscuros.        O sexo tem dois aspectos básicos: procriativo e não-procriativo ou social. O primeiro corresponde a Touro, este último a Escorpião. Que tal distinção não tenha sido feita pelos astrólogos e filósofos Ocidentais é estranho; pois a correlação entre Escorpião e toda a atividade sexual é muito peculiar, considerando-se que Escorpião é apenas um Signo do Zodíaco tardio e está associado com o outono, o tempo em que a força de vida torna-se sonolenta na natureza. Sexo, como um fator estritamente biológico, é um função primária de todos os organismos e, obviamente, deve estar associado com o período de acasalamento animal e o crescimento das flores. É simbolizado por Touro - um hieróglifo da fertilidade e da força masculina.

Touro é o signo do acasalamento puramente fisiológico e procriativo. É uma fase do processo de construção da personalidade. Ela representa a adolescência tardia - seu instinto para a procriação

inconsciente, seu desejo não-social para a auto-desenvolvimento pessoal através de fecundar e ser fecundado, portanto, através de pura emocional experiência. Ela confirma a máxima expressão emocional da Força do Dia e da pura personalidade, sem qualquer contexto social algum. É desejo puro, sem mente ou consciência, sem distorção ou diferenciação individual-social: uma força genérica que é universal e por si mesma não tem "Significado". Ele só é; como a vida é.        O signo de Escorpião é o oposto polar de Touro. Isto significa que, na metade do ciclo da construção da sociedade pela ascendência da Força da Noite, ela ocupa o mesmo lugar ocupado por Touro na metade do ciclo da construção da personalidade pela ascendência da Força do Dia. Ao impulso de acasalamento taurino corresponde, assim, outro impulso, que é a característica essencial de Escorpião. Esse desejo é o impulso no indivíduo de se fundir em união absoluta com outros indivíduos a fim de, juntos, constituir um todo orgânico maior.        Em Libra este desejo é reconhecido como um motivo de conduta social e comportamento de grupo; mas no mais profundo dos sentimentos de Libra ainda há muito individualismo. A Força do Dia é muito forte para permitir que a personalidade se abandone completamente a qualquer união com os outros que seria irrevogável. Libra é um estado de equilíbrio instável entre um

individualismo minguante e um coletivismo crescente. Mas em Escorpião o desejo de ser um indivíduo separado está sendo submerso com intensidade dramática pela necessidade de ser mais do que si mesmo; pela vontade de fluir para outros, como pequenos riachos se fundem em grandes rios e rios se fundem no mar. Esse desejo é o aspecto transcendente e social do sexo. Ele representa, não o sexo procriativo do da adolescência tardia, que clama a construir, mas o não-procriativo, social e - sim - místico sexo da maturidade que é um anseio de autoesquecimento união através do outro com um todo maior, e mesmo com "Deus" - como o Oriente e “tradições” mais secretas bem compreenderam.

O sexo como uma porta para a "consciência cósmica" foi conhecido ao longo dos tempos. Rituais foram concebidos para canalizar essa vontade transcendental e conduzi-la à sua definida meta. Os Tantras hindus e algumas formas de Yoga enfatizam tais rituais. Todos os templos da antiguidade os testemunharam e muitas sociedades ocidentais ensinaram secretamente práticas que levam a essa fusão de energias num vasto reservatório de forças. Desde o advento do Cristianismo o tema ficou envolto em mistério e este não é o lugar para discutir essa essência de qualquer "ocultismo prático". Mas a realidade do Signo zodiacal de Escorpião jamais pode ser compreendida até que um

não percebe que a força sexual em Escorpião não é para ser considerada como uma força de construção de progenitura, mas como um meio para alcançar a libertação dos estreitos limites do eu; para chegar a um êxtase em que o indivíduo se torna mais do que ele próprio.        O que esse "mais" realmente significa? O primeiro conceito que surge de tal êxtase de união é aquele de "alma gêmea": o Um e o Outro fundidos em uma união transcendente "ordenados pela Vida ou Deus desde que a Criação começou." Este é o ideal romântico da união - um ideal que não pertence ao reino de Touro da construção da progênie através do acasalamento, mas que arde através de Escorpião. Torna-se inteiramente transcendente com os místicos que se elevam para a união com "o Amado" - a Vida, Deus, o Mestre, ou qualquer outro nome que é dado a esse místico "Outro" com quem e em quem o eu perde seus limites e a consciência cósmica é atingida.        Este, porém, é apenas um aspecto desse processo de fusão com um Todo Maior. O outro é simbolizado no Cristianismo pela união do indivíduo consagrado com a Igreja, a Noiva mística. Aqui temos a fusão do indivíduo com a comunidade glorificada; uma fusão tão agudamente íntima e emocionalmente fervorosa

como a mais perfeita união de corpos e sentimentos. Saber que a comunidade existe e estar ansioso para trabalhar para ela é a realização de Libra. Mas em Escorpião deve haver identificação. Escorpião é o símbolo do sexo como identificação psíquica, sem nenhum pensamento na descendência física - de fato, muitas vezes, de tal forma a excluir a possibilidade dos resultados da procriação. Em tal identificação psíquica a Força da Noite triunfa – e a realidade espiritual da civilização nasce.        O lar (Câncer) é construído sobre sexo procriador de Touro; mas a civilização (Capricórnio) decorre da transformação social do sexo de Escorpião, via mentais generalizações e entusiasmos sociais de Sagitário. E aqui tocamos num assunto muito discutido que é aquele da cultura versus civilização. A cultura está enraizada nas energias liberadas em Touro e na Força do Dia; a civilização nas energias lançadas em Escorpião e na Força da Noite. A cultura lida com particulares; civilização, com universais. A cultura é baseada em tradições que estão condicionados pelo clima, geografia e herança de fatores biológicos transmitidos de geração em geração. A civilização é o resultado do trabalho de gênios e líderes criativos que fecundaram as mentes de incontáveis seres humanos com a sua visão e sua compreensão. Enquanto a civilização se desenvolve na fase do ciclo de vida de Sagitário, tem suas raízes

em Escorpião. Tem suas raízes na vontade, forte em todos os líderes da humanidade, de derramar de si, incessantemente, na vasta matriz da humanidade.        Esse poder civilizador é um aspecto do tipo de sexo de Escorpião, porque é nascido do anseio de identificar o eu com um Todo Maior, a humanidade; transcender a si mesmo para fecundar a sociedade. . . e por ser fecundada pela divindade. Esta transcendente atividade sexual tem uma progênie; mas é uma progênie social, uma progênie do espírito ou da mente. E nesta atividade a Força da Noite opera, como, em Touro, a Força do Dia canta através do acasalamento fecundo de corpos.

Há, contudo, um lado negativo para esta imagem de liberação de energia em Escorpião; um lado é fornecido pelo enfraquecimento da Força do Dia que, em seguida, torna-se mais introvertida e subjetiva, talvez mais inconscientemente vingativa em sua ação. É o lado escuro da civilização: ganância pelo poder social e luxúria. Essa cobiça surge no indivíduo que, em vez de juntar-se ao todo maior, atrai para si mesmo as energias produzidas pela convivência com o intercâmbio humano de valores e o comércio, que são as bases da sociedade. Comércio, que nasceu - ou, ao menos, foi estabelecido de forma permanente – no nível de Libra, gera abundantes frutos em

Escorpião. Se esses frutos são monopolizados pelo ganancioso, então há pecado social.

Todo homem que abusa dos produtos do intercâmbio social de valores comete um pecado contra a sociedade. Todos os grandes fundos de negócios que são construídos na ganância, todos os políticos que permutam autoridade pública, todos os chantagistas e bandidos, todos os líderes que manipulam em cima medo e das paixões de massa cometem o pecado de Escorpião. Eles cobiçam o poder social - em vez de fecundar a sociedade como verdadeiros civilizadores, e de identificar os seus destinos com o destino de seu povo.        O mesmo é válido para pessoas que procuram sempre os prazeres sexuais e a auto-satisfação. Nestas coisas, vemos apenas o aspecto negativo de Escorpião. A Força do Dia negativa faz voltar para o seu próprio uso as novas energias produzidas pelo poder modelador da Força da Noite. Ela sonha, onde já não pode agir. Ela cria fotos e tentações; exacerba desejo. Produz neuroses sexuais, onde o desejo de fundir-se um maior fluxo de energia através de outro ser humano - ou através de grupos - é frustrado. A luxúria nasce geralmente de um sentimento de derrota; assim como os criminosos são muitas vezes frustrados "homens de ação", que tinham-nos em si próprios para fecundar a sociedade com seu próprio gênio.        Escorpião não é um Signo amaldiçoado, e o pecado ou a miséria chegam apenas onde a

grande força criativa é desviada e pervertida por medos e complexos nascidos de um tradicionalismo sem sentido disfarçado de virtude, ou como resultado de condições sociais caóticas e viciadas. É quando o livre jogo de energias em Touro não ocorre que a personalidade incompleta, ao ser confrontada com o seu novo nascimento como participante na vida social, recua do passo representado pelo positivo Escorpião. Em vez desta exaltada união com os outros através da qual a regeneração viria, prevalece um senso de frustração que incapacita o indivíduo para essa etapa. O ressentimento contra a sociedade, ou contra o todo da vida, prevalece. E é este ressentimento, esta violência subconsciente que destruiria os próprios meios para a libertação em um estado maior, que pode ser simbolizada pelo picante e venenoso Escorpião, em cuja cauda existe a morte social e individual.        Não é que o escorpião deveria ser regenerado na águia, como simbolistas estão acostumados a dizer. O escorpião é uma degeneração. Não é um produto natural da evolução saudável. A águia, ou melhor ainda, a fênix, é um símbolo mais adequado da realidade desta fase do ciclo natural de transformação anual que segue Libra.

A fênix simboliza o nascimento da vida em um novo nível através da queima de todas as limitações no fogo. Este fogo é o símbolo real da energia que arde no homem que atingiu a

oitava fase de sua jornada ao longo do Zodíaco. É o fogo que destrói formas menores e convoca outras maiores a serem desenvolvidas durante o período do ciclo de Sagitário. Este fogo é o aspecto transcendente e oculto do sexo - que é muito diferente do desejo de procriação instintiva lançado em Touro como uma energia puramente terrena e fecunda.        Muito tem sido dito a respeito da meticulosidade, da impiedade, da ambição, ciúme e paixão das pessoas em cujo mapa astral Escorpião é um fator dominante. Mas é notável como muitos seres humanos, ao lado dos tipos de Escorpião, mostram tais características e quão frequentemente os nativos de Escorpião não as exibem! A maioria destes traços negativos em personalidades históricas ou vivas são os resultados diretos de um estado social arcaico. O tipo de Escorpião constantemente identifica-se com a sociedade, e As paixões da sociedade são suas paixões. O êxtase e a glória da sociedade também seriam seu êxtase e glória. Ele é um homem em quem a energia do processo social flui com intensidade convincente. Se essa energia está voltada para a destruição ele torna-se um soberbo destruidor; um chefe impiedoso ou um criminoso. Quando a humanidade tiver aprendido a viver como um todo orgânico, equilibrado, harmonioso e saudável, então

seus tipos de Escorpião ganharão asas e comungarão com o Sol, como águias, de fato.        Escorpião é um dos quatro Portões simbólico através do qual nascem Avatares; homens que são os porta-vozes do Pai genérico de toda a humanidade, que é chamado "Deus". Escorpião simboliza o poder de Deus como o supremo Civilizador de uma unidahumanidade; e é significativo que aquele que milhões de pessoas chamaram de "Avatar" e de "Manifestação de Deus" nasceu em Escorpião: Baha’u’llah, o grande profeta persa que, a menos de cem anos atrás, proclamou a Unidade da humanidade através de uma Nova Ordem mundial, e anunciou a grande era da humanidade orgânica, que irá alvorecer.

SAGITÁRIO  

Com o signo de Sagitário a Força da Noite que aumentou sua intensidade poder desde o solstício de verão está chegando no seu ponto mais alto. A força que poderosamente lutou através de Libra e Escorpião para expandir o horizonte e os sentimentos do homem está agora funcionando quase que incólume pela tendência oposta da Força do Dia, agora em seu ponto mais baixo. Coletivismo vence o individualismo. A sociedade domina sobre a personalidade; o distante, sobre o perto.

       É a idade das grandes aventuras nos vastos domínios inexplorados de generalizações, da religião e da filosofia, da abstração e da metafísica. É tempo das Cruzadas e peregrinações ardendo com a intensidade pela busca de Deus, a busca por valores eternos válidos em qualquer lugar e em qualquer momento, a busca por absolutos. É a idade dos movimentos sociais e do fanatismo, do martírio e da intolerância; quando os homens perdem o sentido da terra, os sentimentos estreitos de auto-preservação e segurança, a vontade de felicidade pessoal - e voam sobre as asas da abnegação para distantes ideais sociais ou místicos, pelos quais estão contentes em morrer.        A lógica do processo de desenvolvimento de consciência social que afirmou a si mesmo através do comportamento de Libra e das emoções conduz o homem, em Sagitário, a novos horizontes mentais. Considerando que no Signo zodiacal oposto, Gêmeos, o homem estava tentando avidamente construir uma teia apertada de estreitas ligações - um sistema nervoso, um sistema de lógica intelectual, uma técnica de experimentos para satisfazer sua curiosidade sobre os fenômenos ao seu redor - em Sagitário o indivíduo, completamente absorvido por fatores sociais ou místicos, procura por conexões distantes. Essas conexões servirão como o "sistema nervoso" do organismo social, à concretização do qual ele está agora dedicado. Elas serão,

por exemplo, uma rede de linhas telefônicas e de telégrafo; mais abstrata ainda, um sistema de leis, decretos, regulamentos que irá permitir que o complexo organismo da sociedade - a vida de uma cidade ou nação - opere de forma satisfatória.        Conexões, próximas ou distantes, significam inteligência e atividades mentais. Assim Gêmeos e Sagitário são Signos "mentais". O primeiro representa a mente funcionando dentro da esfera menor da personalidade; este último, a mente a funcionar dentro da esfera maior da sociedade. Em ambos os casos, as atividades mentais são diretas e construtivas. Pelo contrário, em Virgem (e veremos mais tarde, em Peixes), a mente age de uma maneira destrutiva, crítica e, se tudo correr bem, regenerativa.        A mente como fase final da elevação tanto da Força do Dia como da Força da Noite é uma construtora. Ela sintetiza, amplia e traz até sua culminação e máximo esplendor as energias das marés zodiacais do Dia e da Noite. Esta é a mente nos estágios pouco antes dos solstícios. Mas a mente nos signos zodiacais precedendo os equinócios é um tipo totalmente diferente de poder. É um poder que limpa o palco para um novo tipo de atividade, que nega e depura e que sempre diz: "Isso não! Isso não!" É a mente dizendo o que deve ser esquecido, deixado para trás, e superado e transcendido. Em Virgem, a

emotividade pessoal e dramática auto-indulgência de Leão devem ser contidas pela auto-disciplina, higiene, sacrifício de si mesmo a um Professor. Em Peixes, é a emoção social, o idealismo exagerado, as fantasias místicas e os delírios de Aquário que têm de ser analisados a distância. A ilusão da "glória" de Deus deve ser transcendida para que aquilo que os verdadeiros místicos chamam de a "pobreza" de Deus, a realidade nua e silenciosa da Presença de Deus, possa ser experimentada na personalidade e de fato.        Em Sagitário, o homem procura colocar em condições de funcionamento o que ele experimentou com grandes profundidades de sentimentos em Escorpião. Durante a última etapa de sua jornada zodiacal o indivíduo buscou fundir-se com outros em uma união íntima e agudamente real, de modo que pudesse tornar-se mais do que ele mesmo e identificar-se com a pulsante vida de algum organismo maior. Maior organismo pode ter um primeiro significado como a percepção "Dois-como-Um" produzida pelo êxtase da plenitude do sexo além de qualquer pensamento por procriação e auto-reprodução. Mas o típico "organismo maior" é o grupo social (ou a oculta Loja), com a vida do qual o tipo de Escorpião se identifica em sentimentos, e que, muitas vezes, torna-se seu porta-voz inconsciente - destrutivo ou construtivo de acordo com a natureza das energias animadoras do grupo e do propósito.

       Escorpião é um Signo de poder, e poder busca sempre um nível superior a partir do qual possa ser alimentado, de modo que ele possa fluir para um nível inferior, no qual pode funcionar como fecundador e governante. Em Sagitário, o poder já está edificado. O homem identificou-se com o grupo - com a sociedade ou qualquer outro tipo de vida orgânica mais vasta do que a sua. Ele tem poder para usar. Com esse poder, ele pode construir. Aproveitando-o ele pode viajar longe.

No simbolismo antigo, vemos Sagitário representado pelo Centauro, a criatura mítica, metade cavalo e metade homem, atirando suas flechas para o céu. Dizer que o símbolo descreve uma luta entre as naturezas humana e animal é dizer pouco - pois a luta entre energias opostas segue através de todo o Zodíaco. O verdadeiro significado do símbolo é mais profundo e mais preciso. Em toda país, o cavalo representa o poder viril; mas poder de um tipo especial, o poder com o qual o homem pode se identificar, que ele pode montar e com a ajuda do qual pode expandir o seu leque de atividades. Isso ele não pode fazer com o poder do Touro, pois este último é inconsciente, indomável, puro instinto - o poder do Desejo cósmico que o homem pode matar pela espada (nas touradas), mas nunca usar conscientemente para o seu próprio desenvolvimento. Touro é, portanto, o poder

sexual cósmico. O homem é a sua ferramenta, até que ele o mate pelo ascetismo (o símbolo de Buda da superação desta energia).        Não é assim com o tipo de sexo de Sagitário. Esse tipo de poder pode ser domado e utilizado. Torna-se então simbolizado pelo cavalo. Beber leite de égua dá grande vitalidade - e é usado para esse fim, na Rússia e na Ásia. Identificar-se com o poder do garanhão é um símbolo mundial de se tornar recarregado com energia para utilização - seja de uso destrutivo ("as hordas de Ouro” de Genghis Khan montadas em seus ferozes cavalos Mongóis) ou de uso construtivo. O tipo de Sagitário, portanto, tornou-se identificado com o poder - poder que queima nas "virilhas" e está centrado, em Yoga, na região do plexo solar; um fato que o psicanalista também reconhece quando ele interpreta sonhos de cavalos de várias cores. Metade de Sagitário é "poder"; a outra metade é "aquele que usa o poder" - isto é, a mente consciente do homem. Um terceiro atributo (arco e flecha) refere-se à direção e propósito. Os tiros do Centauro para cima num ângulo de 45°, o símbolo da mobilização máxima de energias.        Os centauros eram filhos de Gaia, a Terra. Em outras palavras, eles eram os produtos de uma identificação com as energias daquele organismo maior, o planeta. Em Sagitário, o homem tendo se identificado com a energia gerada pela sociedade e pelo intercâmbio complexo entre os seres humanos (sexo,

negócio, comércio, arte, propaganda, etc) se tornou "poderoso". Seu problema é como dirigir isso através de canais apropriados. O problema do sagitariano não se refere essencialmente a uma luta entre duas naturezas; trata-se de uma escolha de direções para o poder que foi edificado de dentro de suas "virilhas". E o simbolismo do Centauro indica qual é a direção correta, pelo ângulo em que a Centauro atira suas flechas.        O tipo de Sagitário é ocupado principalmente com a "eficiência de trabalho" e direção. Ele é o típico administrador de poder; o "o homem gerenciador" (man-agent) de poder. Pois o gerente é a pessoa que dirige e organiza a liberação de energia para a máxima eficiência e o mínimo desperdício; também para a maior velocidade e o maior alcance. Por outro lado, o "executivo" típico é desenvolvido essencialmente em Capricórnio, porque o executivo é o símbolo do trabalho, da organização como um todo, em sua relação com a sociedade como um todo. Ele é o centro e o símbolo do Estado. Sagitário é o Primeiro-Ministro; Capricórnio, o Rei ou Imperador - e Aquário, o Reformador.        A mentalidade Sagitariana é um tipo muito coerente e coeso de mentalidade - daí, a sua qualidade teimosa e inflexível. Ele vê tudo em termos de “agenda de operação” ou lei. É também, em outro nível, completamente obcecado pela ética; mas a ética como um sistema de trabalho de relacionamento

humano e não como o sonho de um idealista. O Sagitariano não é primariamente um idealista. Ele quer estender aquilo que existe; organizá-lo e fazê-lo funcionar ao encontrar todas as conexões possíveis entre todas as partes do todo e por vê-las funcionar adequadamente. Ele é intérprete, em vez de inventor de novas metas. Ele codifica. Ele encontra novos significados, novas dimensões de pensamento. Ele esclarece pontos obscuros. Ele desvela um véu após o outro. Mas ele não perde a si mesmo, como Escorpião e menos ainda como o tipo de Aquário, em identificações selvagens com energias sem limites ou realizações místicas. Ele nunca se entrega ao senso de limites, de forma, de um ritmo definido de operação. Ele não é a Águia, mas o Cavalo. Seu poder deriva da realidade do conhecido e do experimentado. Ele pode disparar setas para as estrelas, mas seus pés permanecem na terra, que ele ama, porque é a fonte de seu poder.        Ela é a fonte de seu poder; mas ele não está apegado a ela. Ele a usa. Ele gere a sua potência. Ele a trata bem, assim como um guerreiro Mongol ou um nômade trata bem os seus cavalos; simplesmente porque ele sabe que é dependente deles para a máxima eficiência, de fato para sua própria vida. Por isso, o sagitariano está interessado em exercitar o seu corpo e músculos, em sentir o solo sob seus pés; interessado também em

trabalhar com pessoas, em captar a sensação da sociedade; desanimado e impaciente se sozinho, ou (nos tipos menos mentais) se confinado num ambiente restrito. Ele precisa de espaço aberto, quartos amplos. Ele adora organizar a vida de outras pessoas - com resultados muitas vezes desagradáveis! Ele adora lidar com poder e velocidade.        Na vida moderna, o automóvel e o tanque estão tomando o lugar do cavalo. Qual é a fonte de seu poder? O óleo profundo das "entranhas da terra." E assim líderes como Churchill e o general de Gaulle que foram os primeiros a reconhecer o valor do tanque na guerra moderna são Sagitarianos; e também o mapa de nascimento dos Estados Unidos, a terra dos automóveis, dos espaços abertos e dos esportes, tem muita chance de ter Sagitário no Ascendente.

Em um nível superior, encontramos Sagitário associada com a religião; mas só com religião e rituais organizados. A religião, como uma força social organizada, nasce do desejo do indivíduo por identificação psíquica com a totalidade da vida da comunidade. É um empreendimento comunal, potencializado pelo desejo dos homens em se sentirem coletivamente unidos. Os sacerdotes e os governantes teocráticos são os gestores desta energia comunal. O Profeta dá forma a ele. Ele cria "imagens de salvação", símbolos de unificação. Ele projeta-se como tal símbolo. Ele se torna um Personagem mítico, um Herói

Solar. Ele é a alma da comunidade. Ele é a humanidade condensada em um Homem Perfeito; a projeção da própria Paternidade de Deus.        Como filósofo e metafísico - também um produto da atividade de Sagitário - tal pessoa é aquela que estabelece uma ordem viável em meio à desconcertante complexidade dos fenômenos sociais e naturais. Ele faz isso através do reconhecimento de todos os tipos de ocultas conexões e correlações entre eventos; interpretando e formulando generalizações em termos de leis. Ele viaja no "mundo das ideias". Mas ele viaja com a utilização da energia que ele libera ao identificar-se com a necessidade de seu grupo. Nada tem mais importância para o mais elevado tipo de Sagitário que a "necessidade dos tempos" a necessidade da comunidade a qual ele pertence. Perceber esta necessidade e identificar-se com ela são as próprias fontes de seu poder como pensador, vidente e formulador. Ele é aquela necessidade que toma forma e nome. Ele é intérprete, leitor de presságios e "sinais dos tempos", planejador, profeta e vidente. Mas o que ele "vê" é o que existe como uma necessidade social para ele ver. Ele é o servo da comunidade.        No lado negativo da imagem encontramos o sagitariano como um fanático e como um Puritano (e o fundo Puritano da tradição norte-americana enfatiza novamente o Ascendente

Sagitário para os Estados Unidos). Só porque a energia personalizadora da Força de Dia está no menor de sua vazante em Sagitário, o nativo desse signo dá muito pouca atenção para os indivíduos. Ele voluntariamente sacrifica qualquer coisa pessoal e individualista no altar do "bem da comunidade." A Inquisição espanhola é um produto típico sagitariano (Espanha é regida por Sagitário), pois torturou a personalidade individual para salvar a alma. Ela sacrificou o próximo pelo distante. A frustração de Escorpião também pode levar ao fanatismo Sagitariano, que então se torna mais violento e cruel através de características sádicas. A comunidade tem, por conseguinte, não só o direito de salvar-se à custa dos sofrimentos e mortes de seus indivíduos; o homem que reivindica o direito de gerir o poder religioso-social encontra uma perversa exaltação na tortura. Assim a ascese pessoal (deliberada ou forçada) leva a crueldade.        O Sagitariano tem um tão vago sentido objetivo e positivo do individualismo, e por outro lado, um sentido social esmagador, que tem, por vezes, que recorrer a subterfúgios subconscientes e à emoção de violência, a fim de restabelecer um sentimento da sua própria personalidade. Na verdade, ele faz isso com bastante frequência, como regra, especialmente quando o caos da sociedade medieval e moderno enche-o com energias destrutivas.

Assim, o Sagitariano pode parecer ser na superfície um indivíduo turbulento e uma personalidade arrogante. Isso, novamente, é devido à sua própria rendição às forças não-individualistas. A Força do Dia no seu ponto mais baixo de energia tem que se esforçar a fim de dar para si a ilusão de força. Ela precisa de “alimento sólido” para ser despertada, e quando despertada age às vezes em formas arcaicas e compulsivas que são tão desagradáveis como os traços negativos de Escorpião, talvez até mais perigosa porque mais aguçada por mecanismos intelectuais. Assim, a compaixão Jupiteriana torna-se mais ou menos sadismo inconsciente.        Sagitário é o prelúdio do Natal. Como a neve, ele absorve toda a pequenez no grande ventre de silêncio do qual o novo nascimento da Força do Dia irá surgir. A mente que une toda a vida em padrões de relações cósmicas tornou-se uma "mãe do Deus vivo." O sagitariano tem todos os heroísmos, a auto-abnegação e a amorosa tirania das mães. Ele fecha um ciclo e abre outro. Ele está prenhe de divindade.

CAPRICÓRNIO  O tempo do solstício de inverno agora chegou, abrindo os portões do Capricórnio. Os dias diminuíram em extensão como nunca. Longas noites de Inverno absorvem a natureza

em seu repouso, enquanto a neve cobre a derradeira desintegração das coisas vivas com sua vasta extensão de paz e quietude. A morte parece reinar suprema sobre o universo visível. E, no entanto, em algum lugar e para sempre, um novo Cristo nasceu. A vida surge mais uma vez com o Sol, a partir de seu declínio no sul. O Sol se move para o norte, seu arco de luz diário lentamente se torna mais tenso e radiante. A promessa da primavera se espalha como um fogo místico sobre a terra para dizer aos "homens de boa vontade" que a Vida Nova começou a ganhar sobre a morte detida. 

O que é essa nova vida que os homens simbolizaram na bela história de Cristo, cujas raízes se estendem profundamente no solo das mitologias antigas? Quem é o eterno Cristos, cujo significado permanece eternamente verdadeiro e vital, acreditem os homens ou não no Cristo histórico ou religioso? É a "Força do Dia"; esse aspecto da força de vida bi-polar que, como uma energia de personalização, tende a transformar dispersos e desintegrados os restos de um ciclo anterior em um novo todo orgânico, integral porque definido por limitações, criativo porque consciente. Esse novo todo orgânica no reino da humanidade é o que irá tornar-se, com o tempo, na plena personalidade: isto é, o indivíduo humano, consciente de sua relativa singularidade, centrado no sentido do seu "eu-sou-dade", em

um ego. O Cristos é este poder do universo que leva os homens a "individuação". É o alicerce sobre o qual todos os conceitos de igualdade e democracia, do abstrato valor do indivíduo, da dignidade e da intangibilidade da personalidade humana, se baseiam. É a base das "verdades auto-evidentes", da Declaração de Independência, o centro dos "Direitos do Homem".        O Cristos é a energia universal da Força do Dia durante o seu período de ascendência através do inverno e da primavera. Ela "nasce" no solstício de inverno, porque, daquele dia em diante, ela aumenta à custa do seu oposto polar, a Força da Noite, que a partir daí começa a declinar. A Força da Noite é uma energia de coletivização, de reunião. Ela expande a personalidade na sociedade através da magia das relações humanas. Ela começa com a construção da família, no simbólico solstício de verão, em Câncer, o signo do lar. Estende, progressivamente, a esfera desta família através das fases zodiacais de Virgem e Libra. Ela glorifica a responsabilidade do homem para com sua prole e a participação do homem em todos os grupos sociais. Ela impele o indivíduo a buscar uma identificação cada vez mais profunda com coletividades cada vez maiores. Ela traz para o homem as generalizações e as descobertas da

civilização, cujo desenvolvimento une geração a geração, grupo racial a grupo racial, realização individual a realização individual - até as personalidades descobrirem a si próprias como sendo apenas células relativamente insignificantes no vasto organismo da sociedade humana. Grupos tribais e pequenas nações finalmente desaparecem. Os dias do império chegaram. As supremas regras do Estado; e seu símbolo de poder, César, multiplica-se em efígie, através do poder onipresente e todo-corrupto do dinheiro.        César e o Cristos: ambos operam através do campo zodiacal de Capricórnio. César está no ápice de seu poder; Cristo é apenas um bebê perseguido. No entanto, o Império de César, em breve, entrará em colapso, e o poder do Cristos irá crescer cada vez mais forte através de Aquário e Peixes, até que ele surja como um desafio irresistível de vida e personalidade com a chegada da primavera e a ascensão da Força do Dia em Áries.

Em Capricórnio, o poder individual da personalidade humana está buscando o seu caminho para fora, lutando debaixo do grande peso do Estado. Os triunfos da Força da Noite. A sociedade é vista como um pináculo do vasto organismo coletivo, o Estado, que domina até mesmo seus líderes. Os grandes vôos da civilização que se elevam através de Sagitário nas asas da mente filosófica, científica e social tem chegaram agora

a um ponto de cristalização. Percebedores do além são suplantados por organizadores do império. Fronteiras, sempre mutantes e remotas, devem ser vigiadas e fortificadas por exércitos e administradores. A autoridade central deve estabelecer rígidos padrões de governo, de modo a manter sob seu domínio impessoal muitas e diversificadas raças, muitas tendências de pensamento, muitas tradições.        A Roma imperial dos Césares não é mais a original cidadela dos cidadãos Romanos, a Roma robusta e vigorosa de dias passados. É uma metrópole alastrada, uma cidade universal. Da mesma forma, quando um homem passou com sucesso através de períodos evolutivos representados por Escorpião e Sagitário, ele já não é o direto e agressivo ego escondendo suas incertezas sociais em grandes gestos dramáticos. O ego se expandiu por se estabelecer em grupos sociais, por meio de parcerias de todos os tipos, através da identificação com o estranho e maravilhoso poder que se eleva de todas as coletividades, do antigo passado delas, desse reservatório de energia insondável que foi chamado de Inconsciente Coletivo.

Este Inconsciente Coletivo, vez após vez, inundou o mero ego pessoal com poderes inebriantes libertos pelo sexo não-procriativo e pela civilização. Ou a pessoa humana se tornou o joguete de tais poderes,

submetendo-se passivamente à luxúria e ao frenético ritmo da vida da cidade; ou então ela domina esses poderes. ele tornou-se adepto em Escorpião e filósofo em Sagitário. Seu ego, então, em vez de expandir em um monstruoso poder ganancioso incessantemente ávido por mais luxúria, ou mais conhecimento, ou mais dinheiro, passou por uma fundamental metamorfose. Entregou sua energia para um centro de organização e de consciência maior, que é o Ser - o centro tanto da esfera consciente quanto do vasto Inconsciente em torno dele. 

Centrado em seu ego, a pessoa humana é apenas um limitado e restrito organismo de vida e consciência. Ela é, simbolicamente, uma pequena tribo, um pequeno Estado. Ela está separada de todas as outras personalidades. Seu orgulho de Leão é uma perpétua servidão.Seus gestos criativos estão enraizados apenas no pequeno reino de sua experiência pessoal e seus próprios ambientes geográficos. Mas quando o homem deixa de referir cada sentimento, cada avaliação, cada pensamento ao centro de seu próprio e estreito ser; quando o homem através de intercâmbios sociais e através do amor, através da educação e da compreensão do mundo, através do comércio, viagens e contatos por

todo o planeta, consegue assimilar os vastos conteúdos do mundo civilizado de seu tempo - então ele deve descobrir outro centro de referência; ele deve aceitar outra moldura de consciência para segurar tudo o que obteve. O "castelo fortificado" do seu ego é deixado para trás e ele se muda sua residência para a "metrópole" do seu Eu maior, o Ser. No entanto, também pode ocorrer que, ao fazer tal movimento para longe de seu pequeno centro de poder, ele torna-se um mero assistente na corte de algum poderoso Imperador, um passivo participante na grandeza e glória do império.        O crescimento de uma pequena tribo num vasto império, como o Império Romano, equivale muito precisamente ao desdobramento de uma personalidade que deixa seu sentido mais restrito de ego e seu orgulho individual e assume a condição em que ou o homem torna-se um mestre da vida maior, ou um participante passivo em algum vasto grupo de poder a partir do qual ele absorve conhecimento, sustento e poder por glória refletida.

Capricórnio simboliza, assim, qualquer típica organização de Estado que abrange imensos territórios e vários grupos raciais, e tudo aquilo que ocorre com tal organização, especialmente na política e no jogo de poder. Também simboliza essa misteriosa fase de ser e consciência no ser humano individual, do

qual o aperfeiçoado Yogi Oriental é o representante mais característico: veja-se o homem que, embora viva sozinho, fez de sua personalidade um vasto cosmos sobre a qual ele exerce um tipo especial de controle, e, apesar de ser um mendigo, é rico com a prosperidade de toda sociedade e um participante no poder e na glória das hostes transcendentes. Não obstante, Capricórnio representa também o cortesão que adora no santuário de algum potentado e recebe migalhas de poder, e do político moderno (ou burocrata), que é uma pequena roda, na engrenagem de uma grande máquina, drenando vitalidade do Estado a que se destina a servir.

Em Câncer, a personalidade encontra a consumação de sua individualidade ao se completar por um parceiro permanente e definitivamente estabelecer um lar; no entanto, esta consumação também contém a semente daquilo que acabará por sobrepor-se ao ego individual. O triunfo da sociedade sobre a personalidade se esconde no abraço conjugal que, naquele momento, parece ao homem ser apenas uma exaltação de si mesmo e dos poderes do eu.

Da mesma forma em Capricórnio, a sociedade e todas as forças de coletivização da vida parecem triunfar no estabelecimento do poderoso Estado. Ali, também o homem

individual, tendo assumido uma profissão e uma função social particular, parece ter-se consolidado para sempre nesta função. Mas tais conquistas capricornianas contêm em si mesmas o germe de sua destruição. Por trás de qualquer Estado perfeito aguarda-seuma Revolução iminente e inevitável. Nenhuma realização profissional é estável porque a sociedade não é uma entidade estática, e, a partir do fluxo constante de relacionamentos sociais e oportunidades sociais, devem surgir desafios, a qualquer ordem estabelecida, vindos das novas gerações, das novas invenções, dos novos materiais conquistados, mas não assimilados.        O Estado Capricorniano não pode ser definido; porque ele é, por definição, construído sobre fatores distantes e para sempre em expansão, no crédito e no comércio, nas especulações metafísicas que não são suscetíveis a provas concretas, e nas organizações religiosas que têm de ser destruídas por aqueles homens que de fato levam suas crenças até coração e que as incorporam em suas vidas: os místicos e santos. Um pequeno organismo tribal pode persistir por milênios porque é tão concreto; porque o valor de sua regulamentação é evidente e sua unidade de sangue é incontestável. Mas um império deve

continuar mudando seus limites; os políticos

devem fazer concessões e barganhas com aqueles que, despertados pelo gosto do poder, irão querer sempre mais e destruirão seus líderes. Os ricos, a fim de aumentar sua riqueza, devem educar as massas tanto para se tornarem técnicos que operem máquinas como consumidores que absorvem os produtos dessas máquinas. E as massas, assim educadas, irão se elevar. Civilização - o Deus Capricorniano – deve, para sempre, se auto-destruir na medida em que aumenta seu âmbito e seus poderes. Seus mais nobres filhos são os mesmos que serão os líderes nessa destruição: os reformadores e sonhadores, essas mentes a quem nenhuma conquista pode jamais satisfazer. Eles carregam em suas almas a assinatura de Aquário.

Por que, no entanto, esses reformadores Aquarianos devem se sentir tão profundamente insatisfeitos com o status quo, tão ansiosos por transformação e revolução? Porque nas suas profundezas, no próprio e ainda tão inconsciente ser de cada um deles, agita-se a Força do Dia tão recentemente despertada. E a destruição do velho, que podem engendrar, nada mais é do que a operação daquela "espada" que o Cristo nos disse que veio trazer: "Não é a paz, mas a espada." O reformador Aquariano segue a liderança do vidente capricorniano. O que ele expressa é de fato o poder de um novo tipo

humano nascido nas profundezas do inconsciente do Império, o poder de classes submersas que, após ter sido atiçado por seus mestres em consciência ou em ganância, estão fadados a se elevar.

Este novo tipo humano é o Cristos, nascido no solstício de inverno numa "manjedoura" - a embalada morte da humanidade inconsciente, pouco consciente de algo além da animalidade. É um novo tipo de personalidade, um novo tipo de lar. Ambos serão concluídos apenas durante o próximo período de Câncer, mas eles começam a tomar forma dentro da materna paz da neve que cobre a vasta semente potencial da terra. Assim como a sociedade torna-se, eventualmente, em seu Estado imperial, naquilo que já estava formado na semente daquele abraço conjugal, assim também a personalidade individual em sua glória pode ser rastreada até esta semente, semeada no ápice do outrora grande Império "entre ovelhas e os bodes": o Cristos-semente Essa semente é a fonte da Força do Dia. É o manancial das "águas vivas" - daquelas "águas vivas", que serão abundantemente derramadas da urna de Aquário, o aguadeiro.

Em Capricórnio, o Cristos-semente é quase totalmente imperceptível, tão completamente sobrepujada está a Força do Dia renascente pela grande estrutura construída pela Força da Noite. Pode ser vista apenas no coração do

Yogi Capricorniano ou Vidente; o recluso Eremita; o Andarilho solitário que cruza as alturas de picos cobertos de neve; o solitário Indivíduo, que, depois de ter assimilado, dentro do forte estrutura de sua individualidade, o conteúdo total do Inconsciente Coletivo tornou-se um "útero de totalidade humana."

Naquele "ventre", que representa a plenitude de um completo ciclo de expansão humana, aquele que se tornou um homem-semente recebe na consagração total a Nova Vida que vem do alto. Nove meses se passaram desde que a prolífica natureza se tornou impregnada pelo Sol em Touro. A natureza está, portanto, pronta para o nascimento do Novo Tipo.        Este é o mistério que habita nas profundezas inconscientes do mais nobre entre os nativos de Capricórnio. Eles trazem em si uma semente de vida; embora não saibam ainda o significado dessa semente. E no desespero da solidão e da frustração procuram esquecimento nas atividades sociais, nos pecados sociais e nas drogas. Eles anseiam por poder, mas poder não os satisfazem - e eles sabem disso. Então, eles procuram luxúria e excentricidades para aliviar seu vazio. Eles são chamados de "egoístas", porque eles usam uma máscara. E eles não se

atrevem a tirar a máscara, por temer ter que assistir a suas estaturas sociais e suas ambições desmoronarem enquanto adoram o novo bebê dentro de suas almas.

Um capricorniano típico foi Woodrow Wilson – cuja intuição o identifica com o antigo faraó Akh-na-ton, que foi o primeiro a promulgar no mundo Ocidental um monoteísmo transcendente, uma nova religião do Deus Único a qual forçou sobre o seu povo relutante e que foi destruída após a sua morte. Da mesma forma, Wilson tentou forçar sobre seu povo seu sublime idealismo internacional, sua visão de uma humanidade unida. No Egito do século XIV a.C., o monoteísmo religioso representou o Novo Tipo de consciência humana. Hoje, a Federação da Humanidade é a promessa de, e base para, um novo Homem. E um nobre Capricorniano, com todos os defeitos e a solidão de um Capricorniano, tentou trazer aos homens a realização desse novo nascimento da Realidade - e não conseguiu porque seupovo não podia ver acima da própria inércia e de seus políticos. Agora um Aquariano está assumir o ônus da Vida Nova.        No devido tempo, a Vida Nova sempre vence. O novo tipo de ser humano rompe através da crosta de matéria em decomposição daquilo que foi outrora o Estado poderoso erguido por César, assim como a Primavera

impele as sementes a germinarem depois do dilúvio de Peixes nas tempestades equinociais. O Cristos sempre vence contra César. A Federação do Homem  deve conquistar as máquinas imperiais erguidas pelos grupos de poder que usam as energias de Sagitário - máquinas e propaganda, tanques e fanatismo - para cristalizar suas ambições. O ciclo de vida não permite uma plenitude estática. Tudo se transforma no seu oposto. A roda eternamente gira e a Força do Dia representa com a Força da Noite um sempre renovado drama que é a vida ela própria.

AQUÁRIO  Com Aquário, chegamos ao último dos "Signos fixos"; os signos através dos quais o poder é liberado. Poder é energia pronta para o uso propositado através de instrumentos preparados para isso. A natureza do poder depende do caráter da energia a ser usada; assim, signos zodiacais "fixos" seguem Signos "cardinais", e como existem dois tipos básicos de signos cardinais - aqueles que começam com os equinócios (Áries e Libra) e aqueles que começam com os solstícios (Câncer e Capricórnio) - da mesma forma, existem dois tipos básicos de signos fixos posteriores.        Podemos falar, assim, do poder equinocial

(Touro e Escorpião) e do solsticial poder (Leão e Aquário). O poder equinocial é condicionado pelo dinamismo intenso dos signos equinociais, Áries e Libra - signos de velocidade máxima do movimento do Sol inclinando-se; Signos em que a Força do Dia e a Força da Noite estão mais uniformemente equilibradas. O poder solsticial é o resultado de um forte tipo concreto de atividade durante os períodos de solstício (Câncer e Capricórnio) que começam com o movimento de inclinação do sol reduzido a uma velocidade mínima e nos quais vemos, respectivamente, o triunfo da Força do Dia e da Força da Noite.

Quando o Signo cardinal exibe intenso dinamismo e instabilidade, o posterior signo fixo deve, por assim dizer, deter essa atividade dinâmica e limitá-la. Assim, Touro dispõe para utilização orgânica e força para fins concretos, a impetuosa e universalista energia de Áries; e Escorpião conduz a ansiedade social, muitas vezes difusa, de Libra a um estado inflexível identificação com um propósito particular ou uma determinada pessoa (donde o ciúme, a crueldade e afins). Pela outra faixa, quando o Signo cardeal mostra focalização sobre a personalidade (Câncer) ou sobre uma forma particular de sociedade (Capricórnio), o poder demonstrado pelo signo fixo que segue manifesta-se como uma libertação ou como uma explosão de energia.

Esta libertação ou expande e glorifica o que foi construído e focalizado no signo cardinal, ou, então, tende a destruí-lo e transcendê-lo. Assim, a libertação de energia em Leão pode tanto significar a ruptura do lar e da integridade pessoal através de casos de amor, jogos de azar e de gestos imoderados, bem como a construção de uma progênie que consolida o lar. Da mesma forma, Aquário pode ver o construtivo desenvolvimento do Estado e da civilização através de invenções, melhorias sociais e a glorificação de virtudes sociais especiais. Também pode significar revolução e uma completa convulsão do Estado e da civilização pelo poder de um novo tipo de ser humano e de novos ideais que o Estado existente recusa cegamente a tolerar, ou contra os quais deve lutar, porque possivelmente não pode assimilá-los.

Essa distinção entre as características equinociais e solsticiais é da maior importância, se queremos compreender o significado mais importante do Zodíaco. Ela também encontra a sua expressão na terminologia zodiacal tradicional que afirma que os signos cardinais do equinócio (Áries e Libra) são "masculinos" e que os signos fixos posteriores (Touro e Escorpião) são "femininos"; enquanto que os signos cardinais solsticiais (Câncer e Capricórnio) são "femininos" e os signos fixos posteriores (Leão e Aquário) "masculinos".

Signos fixos de poder feminino concentram e focalizam as atividades cardinais masculinas dos Signos; assim Touro é o poder solar impregnando a terra, e Escorpião é o poder das relações humanas e da parceria social fixadas, respectivamente, na identificação sexual e no mundo dos negócios ou em fundos. Por outro lado, os Signos fixos masculinos liberam o que se tornou concreto ou o que se tornou cristalizado nas atividades dos Signos cardinais femininos; assim, Leão simboliza o poder criativo e procriativo liberado da formada personalidade e do lar estabelecido, e Aquário representa a civilização ampliando-se ou reformando-se através de seus inventores, videntes e revolucionários.        Em Capricórnio, o homem individual é um político, um autômato social ou um eremita em trabalho de parto de uma nova visão. Em Aquário, o indivíduo pode ser um rebelde ou um verdadeiro reformador, uma manivela teimosamente tentando vender seu esquema pessoal de melhoria social ou o devoto de uma nova religião, que pode renovar vastos grupos de homens. Ele pode ir para o martírio social com a mesma apaixonada obstinação com que uma pessoa de Leão insere violento orgulho nas suas próprias criações ou se apega às suas emoções teatrais. Ele é o homem social que

apaixonadamente tenta deixar de ser uma mera criatura do Estado e derramar seu indelével sentido de servidão à tradição a um grupo social especializado consagrado a uma reforma - qualquer reforma. Ele é o homem do Partido que em nenhum outro momento torna-se mais fiel ao seu partido do que quando este é atacado por conservadores ou perseguido pelo Estado como um todo. Ele é o fanático que não tem um leme individualista que o ajude a dirigir racionalmente seu fanatismo. Mas ele também é um Thomas Edison, que cumpre uma ordem social através de seu gênio inventivo, e Libertador, que salva um povo da escravidão e renova a civilização sem destruir a sua estrutura básica. Ele pode colocar vinho novo em barris velhos, ou quebrar os barris velhos e deixar derramar todo vinho por falta de recipientes adequados.

Está na moda nos dias de hoje cantar louvores ao nobre Aquariano. Isto é compreensível, porque a humanidade está passando por um período de rápida transição e repolarização social. As estruturas feudais e burguesas da civilização européia estãosendo despedaçadas pelos ataques de despertados destruidores. As pessoas sentem a necessidade de mudar, mesmo se suas mentes conscientes resistem desesperadamente a isso. Este

conservadorismo Capricorniano está condenado, todos, em seus sentidos, sabem disso; mas a classe privilegiada e os guardiões das tradições religiosas não podem dar as chaves de uma ordem, a destruição da qual, obviamente, deve significar a destruição deles e o caos temporário. em Europa, a guerra é alcançando aquilo que a revolução começou; mas na América a questão entre reforma ou revolução parece ainda estar em aberto. A reforma nas mãos do melhor tipo aquariano significaria um retorno à amplitude de visão da América sagitariana, ao seu senso moral e à sua ânsia saudável por grandes aventuras e sonhos religiosos. Revolução significaria que os valores de Sagitário na América tornaram-se tão cristalizados nas mãos de Capricornianos negativos, que nada a não ser a destruição dessas conchas pode permitir-nos descobrir a "voz mansa e delicada" dos Cristos, da Vida Nova.

Por que os valores "Sagitarianos"? Porque é em Sagitário que princípios universais e Ideais sociais, religiosos são entrevistos pela mente que se eleva além de pessoais reinos raciais e geográficos e na esfera das mais distantes conexões e generalizações. E o que é a Democracia e o princípio de uma universal Irmandade de Homens, se não a mais extrema

generalização que o homem pode fazer sobre o relacionamento humano? Lei Tribal - mesmo em seu sentido ampliado nazista - está baseado em conexões imediatas, na experiência pessoal e emocional. Mas a Lei Democrática violenta nossos instintos arcaicos, enraizados como estão no sangue do exclusivismo e do orgulho cultural.

Não é de se admirar, então, que, na medida em que o ideal sagitariano moderno de democracia se cristalizou na política capricorniana, a maior parte do velho ódio ancestral e preconceitos de classe tendem a recuperar o terreno que ocuparam por séculos. Com a Democracia (e tudo o que ela implica fundamentalmente em termos de relacionamento humano, e não superficialmente, em termos de sistema parlamentar) a mente Sagitariana vai além do anterior e mais elevado nível de generalização registrado, representado pela Ordem católica universal. Catolicismo significa etimologicamente, o universalismo. O Cristianismo foi baseado na suprema generalização humana que todo ser humano era potencialmente um "Filho de Deus". Essa generalização, no entanto, tornou-se restrita e cristalizou-se em uma Igreja que estabeleceu limites para a salvação espiritual e previu o fogo do inferno para todos os incrédulos. Estes

limites Capricornianos ficaram simbolizados

pelo papado e pela Igreja medieval romana- e eles, eventualmente, atraíram reformadores e rebeldes para pô-los por terra.

       A democracia, no sentido mais amplo e mais profundo do termo, ainda é uma generalização das mais vastas, porque não se limita ao âmbito religioso e ético, mas assume, de forma ousada, todos os valores do comportamento humano e os repolariza até que todo o sangue das distinções, todo emocionalismo no relacionamento humano, todo o sentimento de possessividade baseado em conotações ancestrais, sejam desenraizados. Democracia, sendo um ideal, tem que tornar-se concreta como um sistema aplicado de organização político-social. Na medida em que isto acontece, valores Sagitarianos são substituídos ou dominados pela técnica Capricorniana. A Ideal democracia torna-se Federalismo aplicado. O que os Estados Unidos têm demonstrado durante seus 170 anos de existência é um senso de Democracia hesitante e pouco confiável e uma teimosa dependência pelo frequentemente distorcidos e pervertidos mecanismos do federalismo. Tomamos por garantido que parlamentarismo significa Democracia, que o respeito pelas decisões da maioria em qualquer grupo eleito de representantes prova que a Democracia funciona. Isto é, obviamente, ingênuo, já que tudo depende de

como as eleições são realizadas e se pressões financeiras, sociais e psicológicas são ou não são aplicadas para forçar uma decisão do eleitorado.        Com Capricórnio, vemos, portanto, o triunfo das máquinas políticas, da ditadura pessoal com base em técnicas especiais de controle da opinião pública. Vemos a personalidade humana, desenvolvida ao longo do ciclo de ascensão da Força do Dia, tornando-se agora o "indivíduo esquecido": o homem com uma votação que pode ser comprada ou dirigida por apelações emocionais de massa. E em Aquário vemos, por um lado, a liberação construtiva e destrutiva de todos os poderes que a vida da cidade moderna pode produzir na forma de conforto material e tecnologia, ou na forma de confusão mental, poluição moral e desintegração fisiológica - e por outro lado, as várias tentativas do homem "urbanizado" para restabelecer seu senso de valores individual e sua integridade pessoal através de pequenas ou grandes rebeliões, de excentricidades, de fanatismos emocionais unilaterais, de fidelidade a seitas e grupos especializados. Em nome de "retornar" à "lei da natureza" (vegetarianismo, alimentação cru, nudismo, etc) ou à "lei da democracia individualista" (ideologias anarquistas de um tipo ou outro), ou à "lei da Fraternidade

Universal" (espiritual, de grupos esotéricos) o homem "urbanizado" procura reavivar a visão Sagitariana que as metrópoles e os grupos de poder Capricornianos traíram. Assim, o anseio de Aquário pelo desconhecido e pelo não-familiar, pelos mais novos modismos ou pelos movimentos que deveriam revitalizar e restaurar a "verdadeira" fundaçãoda Democracia e da liberdade humana.        Em todas estas tentativas para a libertação da máquina social e da dominação do dinheiro e dos grupos de poder, o Aquariano mostra na maioria das vezes uma peculiar dependência das próprias forças sociais que ele condenaria. Isso deve ser assim, porque tudo que ele realmente sabe é sobre ação social e organização social. Seu senso de personalidade é ainda muito vago ou muito negativo. Em Aquário, a energia "personalizadora" da Força do Dia é ainda muito fraca e mal capaz de operar. Ele opera no seu melhor irregularmente e muitas vezes através de mera reação contra outras personalidades que são partes de uma situação social.

Assim como a pessoa de Leão faz grandes gestos sociais, a fim de esconder o seu profundamente oculto sentido de insegurança social ou seu "complexo de inferioridade", da mesma forma o Aquariano faz grandes gestos pessoais, a fim de

esconder o seu geralmente não reconhecido senso de insegurança pessoal e seu medo de qualquer personalidade forte. Medo, é claro, pode, sob circunstâncias favoráveis, transformar-se em devoção, mas nem um pouco de ressentimento pode espreitar pela sombra desta devoção, nenhuma mínima esperança de, de alguma forma, provar-se superior ao objeto da devoção.        O Aquariano sente em sua profundidade mais interna a presença de uma Nova Vida; mas ele fica, muitas vezes, assustado com as implicações de tal presença. Ela pode forçá-lo a dar sua confiança acima daquela que dá ao substrato social. Ela pode obrigá-lo a ser verdadeiramente um indivíduo e ter que provar isso a si mesmo por uma paz sem emoção completamente enraizada em nada exceto aquela "voz mansa e delicada", que é ainda quase nada, mas um pressentimento e uma promessa perturbadora. E, de fato, o Aquariano não quer desistir de sua confiança em meio social e ancestral - exceto para apresentações teatrais de "modernismo", que meramente somam ao seu prestígio com os amigos. Além disso, o mergulho nas profundezas de sua personalidade é um empreendimento temível, porque sua individualidade pessoal significa muito pouco para ele no caminho da segurança. Ser uma pessoa segura em sua individualidade - este

ideal evoca um assentimento intelectual apenas como regra. Fundamentalmente, o Aquariano tem tanto medo de ser ele mesmo, independentemente de todos os adereços sociais e culturais, como o líder Leonino tem medo de ser um mero "ser social", sem a posição pessoal privilegiada de liderar quem quer que com ele esteja sendo "social".        Lincoln definiu o verdadeiro democrata como alguém que "se recusa a ser um mestre de escravos." Mas o tipo de Leão quer ser o líder do seu grupo social, porque teme a função social de qualquer outro título; e, acima de tudo, como um entre muitos iguais. O típico Aquariano pode operar como um entre muitos iguais, pois ele está à vontade em sociedade; ele também pode usar livremente qualquer poder social que é seu por tradição ancestral e consentimento social. Mas ele realmente depende de um status social e legal (ou ficticiamente legal) para dar a si mesmo o sentido de que a sociedade precisa dele. Ele tem que sentir que ele é um "homem de destino" para aqueles que irá liderar; enquanto que a glória do governante Leonino é meramente ser um governante, porque ele quer governar e ao governar sente que fez sua ajuste para a sociedade. Um Aquariano pode sinceramente renunciar ao poder e, se necessário, abdicar; o tipo de Leão irá fazê-lo apenas se achar que por um gesto nobre

como este irá ganhar mais prestígio social do que por manter-se em um trono que lhe parece inseguro.        Onde a organizada coletividade de Capricórnio chega perto de ser uma sociedade ideal, o Aquariano pode emergir dela como representante de sua perfeita plenitude orgânica. Neste caso, ele se torna o plenipotenciário do grupo, ou a semente que, deixando o satisfeito organismo parental, é a encarnação de toda a sua força vital. Em Aquário, o poder do Cristo-semente é liberado na nova terra virgem; esta semente vai germinar no devido tempo e perder-se como semente para que uma nova planta possa existir.

Nesse sentido, os grandes homens que, tendo assimilado em sua personalidade toda a

a maioria das tendências progressistas da cultura européia, vieram para o "Novo Mundo" e identificaram a si mesmos com sua civilização, apresentando para a América os dons de sua sabedoria e personalidade Européia, agiram como homens-sementes e simbolicamente falando, como verdadeiros "Aquarianos". O Capricórnio ideal é a "Cidade Branca" ou a "Loja Branca", cujo "aniversário" é comemorado no início de janeiro, no pólo oposto do ano em relação a data da Declaração de Independência; um símbolo importante de fato. E os "Aquarianos" do Espírito são aqueles

personagens misteriosos que ciclicamente desta "Cidade Branca" - o Pleroma de Deus - para liberar daí as "Águas Vivas" da Nova Vida.        Daí, o simbolismo de Aquário do Aguadeiro, que carrega em seu ombro uma "urna" de onde escorre para a terra uma corrente d’água. Esta urna é um símbolo da sementeira mística, liberando a substância de uma nova humanidade. É também um símbolo

da nuvem de tempestade, carregada com chuva abundante que irá regar a colheita expectante, e soltar relâmpagos - que os antigos Arianos endeusaram como Rudra. O relâmpago não é apenas uma força destrutiva. É o meio para a precipitação, de dentro do ar, do nitrogênio necessário para os processos da vida.        A energia sempre flui de um potencial superior para outro mais baixo, de um potencial pleno para outro ainda incompleto ou o expectante. A energia em Aquário pode ser, talvez mais verdadeiramente do que em qualquer outro Signo fixo do Zodíaco, o Poder de Deus. Assim, a Divina Manifestação na "Era de Aquário" é esperada por alguns como a mais poderosa efusão do Espírito criativo. Talvez esta efusão, mesmo agora, já esteja inundando os reinos humanos. Talvez o Homem Arquetípico já esteja vestido de carne e sangue, e as mentes dos homens em breve estejam em

nome da plenitude e da glória do Apocalipse que deve ser concretizada por muitos que virão da celestial "Cidade Branca", como semente para a nova humanidade.

Esta é a promessa de Aquário, cujo "águas vivas" fluem de alturas celestes para impregnar o reino humano como uma totalidade para um novo nascimento da personalidade - para o nascimento do "Homem de Plenitude" em nossos filhos e nos filhos de nossos filhos.

PEIXES  A última etapa da jornada zodiacal do Sol é atingida em Peixes quando a Força do Dia, cada vez mais forte, prepara-se para se igualar e superar a minguante Força da Noite. O Cristo-semente, que foi ativado no solstício de inverno nas ocultas profundezas de um mundo totalmente dominado pelo comportamento social e pelo conceito de Estado, já se desdobrou ao ponto em que tem de ser reconhecida por uma sociedade quebrada sob o peso das suas cristalizações. O outrora poderoso Império é atacado por todos os lados por ondas de energia destrutiva, pela vazante das invasões Bárbaras. Sangue novo está fluindo para as velhas classes dominantes, transformando-as totalmente. Os orgulhosos "isolacionistas" são varridos quando se recusam a ligar-se até a

crista crescente da primavera que virá - como icebergs invernais são enviados a mortes líquidas pelas tempestades equinociais que enraivecem durante o período de Peixes.        Peixes é uma época de tempestades e de desintegração por atacado. Mas os ventos do destino Pisciano podem impulsionar homens de visão e coragem a descobrir muitos "novos mundos", tanto quanto destroem ou sufocam muitos que teimosamente resistem à mudança. Peixes é uma época de repolarização muitas vezes acentuada e violenta. É uma época de purificação e limpeza. A tradição fez do mês anterior ao equinócio vernal um período de jejum e arrependimento. Começando com a quarta-feira de cinzas, o devoto da Nova Vida deve aprender a identificar-se de bom grado com a morte de todas as estruturas estabelecidas. Ele deve estar disposto a enfrentar o estado de crisálida por aquele da borboleta que virá a ser. Peixes é o Dilúvio mítico e a idade da dissolução universal. O homem deve aceitar a dissolução estrutural sob o poder insidioso de Netuno, regente de Peixes. Ele não deve apegar-se a nenhuma estabilidade ou nenhuma grandeza passada. "Nenhuma segurança" é para ele a única possível segurança. Ele deve aprender a operar em termos da crescente Força do Dia e permanecer imóvel enquanto as estruturas construídas pela Força da Noite são todas quebradas ao seu redor.

       No Signo oposto, Virgem, o indivíduo, tendo orgulhosamente expresso, em Leão, as energias de sua personalidade, é confrontado com os resultados de tais expressões. Sua progênie deve ser cuidada. Suas obras criativas podem apresentar falhas e inadequações. Sua saúde pode ter sido prejudicada por excessos passionais; seu patrimônio pode ter sido desperdiçado através da especulação inútil. Em Virgem, o indivíduo enfrenta essa necessidade de repolarização da sua atitude emocional, bem como de melhorar a sua técnica de comportamento. Autocrítica, estudo, higiene e discipulado a um "mestre da técnica" são, portanto, suas necessidades. Ao satisfazê-las, começa a ter uma nova perspectiva sobre as relações humanas. Ele aprende a servir, a ter paciência, a escutar, a meditar e criticar os impulsos mais básicos de sua personalidade. Se ele não aprender por vontade própria, pode ser obrigado por doença ou servidão a abrir-se para a verdadeira vida do relacionamento humano e tornar-se, em Libra, um ser "social".        Com Peixes, encontramos os ventos do destino virados para o ponto oposto da bússola. Aqui é o homem "social" que deve aprender a desistir de sua confortável, ou mesmo trágica confiança na estrutura da sociedade. Ele deve aprender a ficar sozinho e contar apenas com sua própria Voz interior. Ele deve estar disposto a "fechar as contas" e enfrentar o desconhecido com simples fé; para

voltar a entrar no ventre da natureza, deixando para trás as belas miragens da vida civilizada de Aquário e preparando-se para a vida no deserto de algum reino maior, para longas viagens a um novo mundo. Ele deve aprender a desaprender e desistir até mesmo seu conjunto de ideais e dos seus bens. Ele deve aprender ainda, como fazem os místicos, a perfurar através da esfera maravilhosa da "glória de Deus" e procurar, destemido, em meio à escuridão da consciência humana pela "pobreza de Deus", aquele escondido estado onde há silêncio e nada, mas onde todas as coisas que tem forma e nome emanam no silêncio do supremo Mistério. Em Virgem, a personalidade orgulhosa deve aprender a ser um aprendiz e a servir a um Mestre. Mas, em Peixes, o homem social que depende de máquinas e fórmulas - acumuladas através de séculos de cultura - para realizar suas tarefas diárias, enfrenta a percepção de que sua fidelidade ao progresso social e à aprendizagem nascida de intelecto não irá salvá-lo. Pois servir a um ideal social não vai significar nada em situações de crise de vida ou morte. Servir a Deus, servir àquilo que nenhuma revolução pode perturbar, mas que é a causa e razão de ser de todas as revoluções - este é o dever do Pisciano.        Transcendência, superação, e penetrar através de ilusões e falsas seguranças, rompimento dos laços sociais, embarcando para a grande aventura com fé absoluta e em

desnudada simplicidade de ser: todas essas coisas devem ser aprendidas em Peixes. O homem está aqui face a face consigo mesmo, e com esse Ser Superior a qual ele nomeia: Deus. Ele pode recusar tal confronto. Ele pode agarrar-se a cidades opressivas e decadentes. Ele pode juntar-se a refugiados e lamentar para sempre diante dos Muros das Lamentações fornecidos pelas religiões agonizantes e por arrogantes "Salvadores" sociais. Mas, em seguida, ele será arado como estrume para as sementeiras da Primavera.        Renunciar e transcender significa crítica mental de uma espécie. A mente, nos Signos que precedem os equinócios (Virgem e Peixes), é o crítico constante, que corta fora cristalizações ou falácias do passado e que tem a intenção de limpar o palco para um novo tipo de vida e de realização. É mente dizendo aquilo que deve ser esquecido, podado fora, regenerado ou transcendido. Em Peixes, as ilusões sociais, o idealismo exagerado, as noções mal-humoradas, os fetiches revolucionários, o materialismo científico, as monstruosidades civilizadas que fervilhavam ao longo do período de Aquário devem ser cortadas fora. O homem deixa aqui os seus gestos sociais e fica nu diante de Deus dentro - ou seja, diante do Cristos, o fardo de seu futuro destino. De fato, mais do que gestos sociais devem ser postos de lado; pois estes fatores sociais, agora que a Força da Noite diminui, estão ficando não só negativos,

mas também subjetivos. O social torna-se o psíquico. Sonhos sociais são transfigurados em fantasmas psíquicos; frustrações sociais, em complexos subconscientes.

Peixe, em seu aspecto negativo ou subjetivo, representa o reino do subconsciente (Freud) ou do inconsciente pessoal (Jung). Este inconsciente pessoal é o produto final de todos os fracassos do indivíduo em adaptar-se com sucesso a seu ambiente - da família à sociedade organizada, de Câncer a Capricórnio. Os conteúdos do inconsciente pessoal são negativos, porque produzidos por um derrotismo subjetivo que leva à auto-piedade e alimenta multidões de temores que se constituem em energia psíquica invertida. Os complexos são medos cristalizados. A energia, neles, está "amarrada em nós" e deixaram de circular. A plena substância de poder da psique, através deles, se transformou lentamente em destrutiva, ou pelo menos ficou distorcida. O complexo é às vezes como um espelho côncavo ou convexo que deforma as imagens da vida. É astigmatismo psíquico. Em outros momentos, torna-se vingativo e canceroso: um crescimento que consome a substância psico-mental da consciência e produz a esquizofrenia e os vários tipos de obsessões.        Em Peixes, estes complexos devem ser enfrentados. O confronto pode ser travado através da compreensão, através de

introspecção auto-guiada (análise psicológica sob um analista treinado), através das muitas técnicas elaboradas por gurus orientais. Mas, em muitos casos, isso implica não só um esforço individual, mas também um despertar coletivo, como aquele que vem através de uma onda de fervor religioso. Isso precisa ser assim, porque as cristalizações a ser tratadas não são só causadas pelos fracassos individuais, mas muito mais pelas tradições falaciosas e atrofiadas da família, da religião e da sociedade, que impõem à criança desde o nascimento, uma coleção de obstáculos, muitas vezes absurdos, - alguns, entretanto, inevitáveis e no todo construtivos - para o fluxo espontâneo e natural de suas energias.        Assim, é dito que os "pecados dos pais" devem visitar sete gerações. Nossas neuroses modernas foram igualmente estabelecidas nas portas da era vitoriana, que por sua vez apenas revelaram as pressões e falácias forçadas sobre nossa humanidade Européia Cristã há séculos e que apenas uma moldura aristocrática de sociedade teria evitado a contaminação de todo homem, mulher e criança. Com o colapso desta moldura, a regra individualista da burguesia, exacerbada pela liberação de vastos poderes através da tecnologia, soltou todos os monstros do subconsciente. Assim, muitos dos nossos complexos e obsessões, assim como no início da Idade Média - herdeira da decadência dos Impérios Celta e Romano - tiveram seus

súcubos e íncubos, seus demônios e suas bruxas.        O homem tem de enfrentar não só o seu inconsciente pessoal, mas também o inconsciente coletivo de sua raça particular, de sua cultura particular. Nascer em Áries significa ter passado por este reino enganoso e obscuro de memórias raciais, que o ocultista nomeou de "mundo astral" ou de "luz astral inferior." Renascer em Áries significa, para a personalidade madura, ter enfrentado o "Guardião do limiar", cujos terrores são graficamente retratados no famoso romance Zanoni de Bulwer Lytton; e ter vencido no encontro. Em um sentido positivo, cada nascimento significa assimilar o sangue da mãe. O futuro sempre deve alimentar-se da substância do passado. Este passado, a mãe eterna, é Maria; que significa, etimologicamente, o "mar", donde toda a vida deve sempre saltar, seja para o nascimento seja para o renascimento.        Nada é produzido de vitalmente novo que não emirja do "mar". E o "mar" é Peixes, regido por Netuno. O tridente de Netuno tem três pontas e o hieróglifo zodiacal de Peixes também tem três linhas. Por esta razão, o simbolismo do Evangelho fala de três "Marias": Maria, a Mãe; Maria, a de Amor constante; Maria, a serva - nascimento, renascimento e todos os dias vivendo em atividade consagrada. Em Peixes, o indivíduo deve percorrer o Eterno Feminino. Esta é a

eterna Crisálida, que é como nada, ainda que contenha todas as potências de renovação. É o reino da metamorfose e aquele da fascinação psíquica; o mundo de êxtase e de eterna névoa; abertura a Deus e da mediunidade aos fantasmas de um passado decadente; o sacrifício dos mártires e as inquisições medonhas que alimentaram frustrações sádicas sob a máscara de trabalho religioso.  Peixes não deve ser considerado apenas como um Signo de abertura social ou mística, com uma sub-sentido de passividade. Em suas profundezas marítimas há violência e tempestade. A separação é realizada pela espada. O fanatismo é cruel e o retiro do monge para o deserto, onde ele pode melhor encarar, na solidão, todo o seu passado e toda a memória das raças humanas, é uma prova de coragem e força resistente. Por esta razão, muitos generais e heróis carregam a assinatura zodiacal de Peixes em sua natureza. Eles sabiam como permanecer quietos e desfraldar suas energias; como ser cruel com eles mesmos e com os outros. Peixes é despertado em profundidade; e nada pode ser mais devastador do que a onda do mar ou o furacão nascido em alto mar.        Em Peixes, há sempre algo de fim, mesmo de expectativa. Até a gentileza tem conotações de mistério. Há transições ocultas

em cada canto do ser. Muitas vezes existe distanciamento pessoal e nobreza distante, como se as questões fossem muito grandes ou muito definidas para envolver a mera personalidade. Há um sentimento de estar possuído por uma inquietação eterna, no fundo da qual todas as coisas estabelecidas parecem temporárias ou inúteis. E se este humor predomina na personalidade, um tipo fatal de introversão esvazia lentamente a consciência de conteúdos vivos. Os homens retornam ao mundo fantasmagórico do inconsciente - talvez como Estóicos Romanos vivendo em nobre indiferença enquanto o próprio mundo é destruído, talvez como sonhadores traduzindo todas as memórias em fantasias, ou, se há medo de fantasias psíquicas, construindo sistemas intelectuais rígidos e inúteis álgebras que enquadram o próprio vazio com arabescos elegantes.        Em seu aspecto mais elevado e espiritual Peixes revela-se como pura compaixão. Aqui vemos o grande Personagem cujo ser é cheio a ponto de transbordar, porque ele absorveu a totalidade da experiência de sua raça. Em sua plenitude, a sociedade é espelhada e dotada com o significado mais pleno. E porque ele não pode ir mais longe, exceto ao ascender a Nirvanas transcendentes e sem forma, a ele chega a grande escolha: felicidade solitária ou compaixão. O primeiro é o objetivo de "egoísmo espiritual", buscado sob a grande ilusão de que pode haver salvação individual.

Mas o Compassivo entende que, na realidade e na verdade, não pode haver salvação individual. Nenhum homem pode se elevar a uma Realidade que é vital e significativa, se não leva com ele o passado de onde surgiu. O indivíduo só pode ser "salvo" no dia em que toda a humanidade terá alcançado a realização. O isolamento é o único pecado que a vida não pode perdoar, porque quem esquece, convenientemente, os degraus da escada que o ajudaram a atingir o auge, deixa uma marca na vida que nada nem ninguém podem erradicar, exceto ele mesmo.        A compaixão é a Lei absoluta de um universo em que há ordem e harmonia. Compaixão é o coração da realidade, porque a realidade é baseada na experiência da totalidade orgânica, e aquele que realmente experimenta todas as coisas como todos orgânicos não pode deixar de ver a si mesmo como parte de um Todo Maior, não importando quanto ele possa ter atingido a totalidade integrante em seu próprio ser. Em Peixes, portanto, o "Mensageiro da Cidade Branca" encontra os homens a quem, é seu fardo do destino, ensinar e impregnar com as Boas-Novas da Nova Vida. Caso ele recue no desânimo diante do quadro de decadência e materialismo que uma civilização em ruínas apresenta, ele, então, fracassa no seu verdadeiro destino.        O fardo de Peixes é que não se deve recuar diante qualquer coisa, mais baixa e

horrível possam ser, com base em sua própria pureza e excelência; que a pessoa deve mover-se em direção às planícies comuns com braços e alma carregados com o significado e glória dos montes "de onde veio a salvação." O "Cedro do Líbano" deve voluntariamente deixar-se cortar, de modo que casas possam ser construídas para os desabrigados, de modo que barcos possam navegar às terras de riqueza, de modo que os "Templos de Salomão" possam tornar-se, de fato, habitáveis locais de Deus entre os homens.        Em Peixes, a "Cidade Branca", que está longe e mais além, pode ser erguida, na realidade e em significância, entre os homens. Este é o fim do ciclo, que carrega, em sua essencial profundidade, os primórdios da Nova Vida. A Força do Dia e a Força da Noite de força chegaram mais uma vez ao ponto de equilíbrio. O que deve ser "iniciado" já não é mais, como ocorreu no limiar de Libra, o indivíduo; agora é a Humanidade como um todo orgânico. E esta é a última bênção do ciclo em fechamento, a promessa eterna de toda consumação cíclica: de que o dualismo constante da vida sempre em mudança possa ser integrado em todos orgânicos incessantemente mais abrangentes, através do criativo comportamento de Personalidades cada vez mais compassivas e mais profundamente integradas; de que Dia e Noite podem ser percebidos enquanto dois pólos complementares de vida e consciência, em

momentos de percepção humana tão lúcida e tão rica de conteúdo universal que tais iluminações podem permanecer como luzes de farol para orientação e alegria para alcances cada vez mais vastos de vida. É a promessa de renascimento eterno, em que nada deixa de ser resgatado e não exclui ninguém; a promessa da eterna e intemporal Presença de Deus no homem que plenamente acolhe a total integração de todos que o trouxeram à sua atual consumação; no qual, por conseguinte, é realizada a síntese do passado e do futuro na plenitude e glória dos momentos que são o "Eterno Agora".       

PARTE 3

A Criativa Libertação do Espírito  Para lá e para cá, o coração da realidade bate. Para lá e para cá, a Força do Dia e a Força da Noite tecem seus padrões de relação

orgânica na interação rítmica. Mas o homem não é nem sístole nem diástole, nem o trabalho do dia, nem a atividade do sonho da noite. O homem é o campo no qual a batalha dos dois fluxos de energias procede incessantemente em alternância de derrotas e vitórias - ou então, o homem é o todo integrado e criativo dentro do qual as duas polaridades da experiência humana, equilibrando-se uma a outra em harmonia dinâmica, contribuem constantemente para a atividade da criativa inteireza daquele todo que as usa.        Na primeira dessas duas condições, o homem opera como um ser de natureza-condicionada e sua vida e experiência constantemente oscilam entre consciência e inconsciência, individual e coletiva, a vida e a morte, renascimento e mais uma vez morte. No segundo estado, o homem é um ser condicionado pelo Espírito, um enunciado do destino, ainda profundamente enraizado no silêncio. Ele está posicionado em uma harmonia de opostos que tanto transcende esses opostos como inclui todas as suas manifestações.        O termo ser "condicionado pela natureza" pode se referir a uma personalidade que opera no nível de instintos e em um estado de atividade inconsciente preponderante; ou ele pode descrever uma pessoa com grandes poderes intelectuais orgulhando-se de que o seu comportamento é regido por normas

racionais e éticas deliberadamente aceitas e aplicadas. Em ambos os casos, no entanto, o ser humano tem que ser considerado como ser de natureza-condicionada, porque ele é, de fato, condicionado pela alternância negativa e positiva, de mais e de menos – de seus humores e sentimentos, seus pensamentos e seus interesses crescentes e decrescentes, puxado de lá para cá pelo jogo rítmico das duas grandes forças da natureza.        Se o homem vive de acordo com seus instintos, então o seu ritmo de mudança vai acompanhar de perto o ritmo dos fenômenos da vida na Terra; ele vai agir como uma criatura sazonal. Se ele funciona predominantemente como uma pessoa civilizada e intelectualmente consciente, os ritmos básicos da natureza terrestre estarão totalmente sobrepostos com contra-ritmos produzidos por regras sociais de comportamento, pelas exigências da vida da cidade, e por sua própria consciência e reações inconscientes aos impulsos que influenciam seu organismo físico e psicológico. No entanto, opor-se ao ritmo da natureza ainda é viver sob sua influência, pois uma pessoa tanto é limitada por aquilo contra a qual se rebela como por aquilo a qual é subserviente.        Mesmo a tentativa deliberada de controlar as grandes forças cósmicas da vida e limitar deliberados padrões para suas manifestações dentro da personalidade

humana ainda é uma marca de subordinação aos poderes que a vontade tenta canalizar e domesticar. As energias que podem ser controladas em uma direção e num determinado momento sempre tendem a ricochetear com mais força em outra direção, em algum outro momento. E aquele que se torna por completa determinação consciente um poema de pura luz, libera as próprias forças que, em sentido contrário, irão se reunir em torno de uma manifestação de igual "pura" escuridão. O dualismo, assim, será intensificado; ele não será dissolvido. A intensificação pode ser uma fase necessária para a consecução global de vivência espiritual; pois é dito que o "morno" representar o menor estado de ser - no entanto, a qualidade de ser condicionado pelo Espírito não é realmente alcançada por forçar ao limite um dos pólos da vida. Não é produzido pelo triunfo das características de uma das duas forças depois de se adotar sobre tais características a qualificação de "bom".  O primeiro requisito que deve ser cumprido por uma pessoa para chegar a dirigir-se à condição da atividade condicionada pelo Espírito é que ele deve consciente e compreensivamente incluir e aceitar todas as manifestações das Forças do Dia e da Noite, das polaridades coletivas e individuais da vida. Na medida em que faz isso

de forma consistente, chega necessariamente um momento em que as duas forças, periodicamente crescente e minguante, chegarão a um ponto de equilíbrio dentro de seu ciclo de existência. Naquele momento, a pessoa que, até então, era polarizada num determinado momento, pela força, então dominante, vê-se igualmente influenciada pelas duas forças. Seus puxões se neutralizam uma ao outro. O homem, como um todo, torna-se quieto. Nesse inacreditável breve momento de calma e "silêncio", o todo pode expressar sua totalidade, sem ser controlado pela natureza de uma das forças que atuam através dele. Nesse momento, a totalidade de tudo aquilo que ocorre durante todo o ciclo é revelada em uma síntese do ser que transcende as qualidades produzidas pela constante mudança e cada vez mais contestada preponderância seja da Força do Dia seja da Força da Noite; o Espírito é revelado.        O Espírito é a totalidade da atividade cíclica; e esta totalidade é imparcial e equânime em sua qualidade de ser, uma vez que inclui as energias complementares em um estado de equilíbrio. Tal "estado de equilíbrio" ocorre nos equinócios no ciclo anual da Força do Dia e da Força da Noite. Assim, estes dois pontos no ciclo anual são os símbolos arquetípicos daqueles momentos dentro de qualquer ciclo de vida em que o Espírito pode ser revelado.

       Em qualquer ciclo de vida, não importa quão pequeno ou quão vasto seja, estes dois pontos equinociais são as "portas da Iniciação" que marcam a entrada no reino do ser condicionado pelo Espírito. Esse reino pode ser introduzido a partir do lado da particularização da Força do Dia ou desde a universalização da Força da Noite. Mas, no equinócio de primavera a experiência do Espírito não pode ser normalmente mantida na consciência, porque a estrutura da personalidade que por si só poderia mantê-la ainda não está formada. No equinócio de outono é a personalidade individual que toma o passo inicial, em auto-rendição consciente à Força da Noite; e em compensação por esta rendição pode reter uma memória estrutural do evento. Ela pode obter a imortalidade pessoal em Espírito, e doravante operar como um ser condicionado pelo Espírito.        A primeira condição necessária para tornar-se preparado para tal confronto equinocial é uma compreensão da natureza cíclica de toda a experiência. Nenhuma experiência pode ter significado espiritual a menos que se refira à totalidade do ciclo em que ela ocorre. A "referência" pode ser instintiva ou intuitiva, abaixo ou acima do nível de consciência normal; mas porque toda experiência começa no reino da mudança e, portanto, do tempo, a espiritualização da experiência implica que

todo o ciclo a que a experiência pertence, naturalmente, tem de ser visto e sentido nessa experiência particular. A totalidade do ciclo deve ser percebida pelo experimentador dentro da experiência "equinocial", que pode se tornar um ponto focal para a expressão da integridade de todo o ciclo.        Porque nos pontos "equinociais" de qualquer ciclo as duas forças, a interação das quais é a substância do ciclo, são equilibradas e neutralizadas, neste momento equinocial a totalidade de todo o ciclo pode se tornar ativa. Esta atividade é essencialmente diferente da atividade que é condicionada por uma preponderância seja da Força do Dia, seja da Força da Noite, do individual ou coletiva. É atividade condicionada pelo Espírito: a atividade criativa. O poder criativo do Espírito potencialmente irradia a partir do núcleo da equanimidade das duas forças. É um poder que torna todas as coisas novas. É pura originalidade. É o incalculável elemento que perturba previsões com base em seqüências de causa e efeito. Isso produz uma atividade que não é condicionada por nexo de causalidade ou por relação de tempo-- embora seja lançada em um determinado momento do ciclo. É atividade que cria o tempo e inicia uma nova seqüência causal, é uma Atividade que é livre.  O que está implícito no acima mencionado é nada menos do que uma técnica para tornar-

se familiarizado com o ritmo de tempo das manifestações deste Espírito criativo; também para preparar-se conscientemente para encontrar esses momentos de equilíbrio durante o qual a possibilidade da atividade condicionada pelo Espírito está presente. A possibilidade - não uma certeza. Momentos de equilíbrio instável e dinâmico chegam de acordo com a lei da mudança cíclica e polar, mas esses momentos não duram; e, a menos que o homem os encare com consciência desperta, não pode haver para ele nenhuma experiência de atividade condicionada pelo Espírito. Os "portões" se abrem, mas aquele que adormeceu enquanto passava em frente aos portões não experimenta a visão que os portões revelam; pois a experiência pressupõe a consciência de uma espécie mais ou menos individualizada de experimentador.        O Espírito pode e deve agir se há consciência ou não. Mas aonde ainda não há estruturas de personalidade formadas para experimentar a ação conscientemente, a atividade do Espírito opera na escuridão do reino das Raízes, onde a luz solar não chega. Ela opera através de instintos, através de canais de direta, mas inconsciente, expressão - e este é, simbolicamente, o equinócio da Primavera, Áries. Se, por outro lado, uma personalidade consciente e formada foi construída (pelo processo simbólico de seis meses de trabalho que vai de Áries a Virgem), a atividade criadora do Espírito opera em

termos de realizações conscientes dentro expectante organismo total do homem. Ela libera, então, o Significado. Ela opera, simbolicamente falando, como a Semente no equinócio de outono, Libra.        A maior função da astrologia, conhecida por místicos de todas as épocas e todas as raças, é revelar a personalidade em evolução, os momentos-Sementes de sua experiência cíclica: aqueles momentos equinociais durante o qual o Espírito pode agir dentro da alma humana em termos de novos Impulsos cósmicos ou de Significado criativo. Tais momentos são revelados em um número de maneiras. Em um sentido universalmente humano, são os pontos de mudança sazonais do ano, quando o Sol realmente e concretamente atravessa os limites de Áries e Libra. Nesses momentos, toda a natureza - terrestre e humana - recebe uma Visitação do Espírito criativo. Eles constituem dias de máxima potencialidade - para o nascimento ou renascimento, para liberações emocionais ou auto-ofertas sacramentais à comunidade, para a construção ou transfiguração das formas da nossa experiência humana.

E tais aberturas espirituais eram celebradas por rituais nas civilizações antigas, que eram íntimas do pulso da vida sazonal.

Há, no entanto, outros tipos de ciclos astrológicos que podem nos revelar a existência de momentos semelhantes de

libertação do Espírito; ciclos produzidos pelos movimentos periódicos de dois corpos celestes, em referência ao experimentador deste planeta Terra. Desses ciclos, o ciclo de lunação é o mais importante. É o ciclo que se refere à seqüência regular de Luas Novas e Luas Cheias. Neste ciclo, dois fatores - Sol e Lua - também são vistos em sua constante mudança e interação periódica, e quatro momentos básicos destacam-se como pontos culminantes do ciclo. Estes manifestam-se como as quatro fases da lua.        No caso de tais ciclos, o que é medido é o grau de relacionalidade dos dois corpos em movimento. Esta relacionalidade, em referência ao observador na Terra, tem um valor máximo na Lua Nova e na Lua Cheia; um valor mínimo no Primeiro e Último quartos (crescente e minguante). Dito resumidamente: Lua Nova (o ponto de conjunção) corresponde ao equinócio da Primavera; a Lua Cheia (o ponto de oposição), ao equinócio de outono - isto porque os equinócios também são os momentos do ciclo do ano, quando a Força do Dia e a Força da Noite estão mais estreitamente associadas à experiência do homem. A Lua Nova é, portanto, um ponto em que Espírito criativo é lançado como energia do instinto ou de construção de forma. Na Lua Cheia, o homem pode atingir um máximo de consciência do significado das experiências de vida. É assim o tempo consagrado à meditação de Buda.

       Sempre que os movimentos de dois planetas são considerados em relação a um observador na Terra pode ser definido um ciclo semelhante ao ciclo de lunação pode ser definido. Os quatro momentos clímax ou "cruciais" do ciclo são os momentos de conjunção, de oposição e de aspectos de quadratura. Aqui novamente a conjunção é o ponto Raiz no qual o novo impulso cíclico é liberado; e oposição, o ponto-Semente em que o significado da relação cíclica pode ser atingido pela consciência ativamente preparada para receber a iluminação do Espírito.        Esses ciclos de relacionamento planetário são particularmente significativos quando os dois planetas, assim, associados são "opostos". Pares de planetas opostos são: Marte (positivo) e Venus (negativo) - Júpiter e Mercúrio - Saturno e a Lua - e, ao menos em certo sentido, Urano e o Sol Assim, sempre que Marte e Vênus estão em oposição no céu, os homens devem procurar sondar o significado de suas naturezas emocionais pessoais. Quando a Lua se opõe a Saturno, a cada mês, o momento é propício para um esforço de consciência visando a libertação do Karma (seqüência causal) de eventos passados. Nos períodos de conjunção todo o organismo deveria estar alinhado para receber o novo impulso de atividade. Assim, uma conjunção entre Júpiter e Mercúrio é de

grande importância no estabelecimento de uma nova base para a atividade mental.        Estes ciclos têm efeito na vida de todos os homens. Ao lado deles, podem ser analisados os ciclos pessoais que lidam com as "posições progredidas" dos planetas em um mapa individual. O mesmo significado aplica-se a tais ciclos, mas de uma maneira estritamente pessoal. Por exemplo, as oposições da Lua progredida para Saturno progredido (ou radical) são indicações de tempos muito significativos na vida de um indivíduo quando ele pode sair do "círculo de necessidade." De um modo menos definido os ciclos de quaisquer dois planetas também podem ser consideradas; pois onde quer que haja oscilação periódica e ritmo, onde o pulso da vida é sentido, dentro do compasso de tal cíclica alternância de ênfases positivas e negativas, há momentos em que um equilíbrio instável entre positivo e negativo é atingido. Estes são os momentos de libertação para Aquilo que transcende a interação eterna dos opostos, o reino do tempo e da mudança.        Tal transcendência, no entanto, não é absoluta. Não postularemos aqui um reino do Espírito intemporal absolutamente distinto daquele da mudança cíclica. O Espírito é transcendente apenas no sentido de que a qualidade da totalidade é transcendente à natureza das partes do todo. Onde quer que haja mudança cíclica, apenas as partes mudam. A plenitude do todo é constante - no

que poderíamos chamar de outra dimensão de ser. É somente no reino das partes que a interação cíclica entre "individual" e "coletivo" ocorre.

A mudança ocorre dentro do todo. Há momentos em que a força de individualização ou personificação puxa cada parte para longe das outras e tende a dar-lhe o caráter de um todo - um caráter que, obviamente, nunca é absolutamente alcançado. Em seguida, há momentos em que a força de coletivização ou integração de grupo reúne todas as partes juntas, enfatizando em cada uma delas o sentido de sua comunhão de ser, e a vontade de sacrificar a sua existência por causa do todo. Mas também existem dois momentos em cada ciclo - por menor que o ciclo possa ser - quando os dois puxões tornam-se iguais.        Na maioria dos casos, nada acontece quando ocorre este equalização, porque o equilíbrio alcançado dura apenas uma fração de segundo e o momentum das duas forças as levam para além do ponto de equilíbrio. No entanto, em alguns casos, uma estrutura de consciência que foi construída de antemão pega o flash que é liberado no ponto exato de equilíbrio. Nesse flash, a plenitude do todo age sobre a parte que tinha antecipado a estrutura de consciência necessária para servir como uma base para esta ação da plenitude do todo. Esta ação é o Espírito em operação. É o fator criativo.

       O individual e o coletivo estão em constante interação cíclica no reino das partes; e esta interação produz um tipo de atividade na qual existe a inevitabilidade e o destino compulsivo que nascem da seqüência causal de ação e reação. Mas, na atividade na qual a plenitude do todo opera como Espírito criativo, há imprevisibilidade e originalidade, e dela flui uma sensação de liberdade.        Esta atividade criativa do Espírito opera em todo o homem que construiu o instrumental através do qual pode funcionar. Ele opera em e através de uma determinada pessoa; ainda que não pertença a essa pessoa. Sua fonte é a plenitude do todo no qual os organismos humanos "vivem e têm o próprio ser"; e o todo é, essencialmente, a Humanidade. Todo homem se move dentro da esfera da Humanidade; em parte, como um exemplar de traços genericamente e coletivamente humanos, em parte como um esforço para um estado de personalidade individualizada. As marés complementares de individualismo e coletivismo sempre influenciam as miríades de homens que, em suas Raízes de origem assim como em suas Sementes de união, constituem o "todo maior", a Humanidade. E a plenitude deste todo é o "Homem".        Onde quer que o pulso de vida seja sentido, deve haver desequilíbrio, conflito, tensão e a experiência do sofrimento. Mas há aqueles que se tornaram, por meio de seus

próprios esforços como "construtores da personalidade" e através da própria compreensão do ritmo cíclico, veículos para a ação criadora do "Homem". Porque eles conseguiram aproveitar momentos de equilíbrio cíclico, porque eles estavam acordados e prontos quando os portões equinociais abriram-se, eles tornaram-se identificados com o "Homem".        Como existem ciclos que levam milhões de anos para a sua conclusão, também existem ciclos que duram apenas alguns segundos de tempo ou muito menos de um segundo. Para aquele que pode sentir o ritmo daqueles infinitesimais micros ciclos, sempre e para sempre há equinócios. Em e através dele o Espírito é liberado como uma corrente elétrica alternada que é Raiz e que é Semente - que constrói universos de forma e liberta significados conscientes, de onde novamente devem nascer novas formas. Ele tanto é Raiz quanto ele é Semente, e ele é ambos tão rapidamente que o tempo não existe mais. Tornou-se de uma só vez ambos os equinócios. Ele tornou-se de uma só vez todo o Zodíaco. Ele é livre. A plenitude do Todo cria eternamente através dele em um eterno ato de Encarnação.