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ISSN 2176-1396 O QUE É VIOLÊNCIA? COM A PALAVRA, OS ALUNOS Ellery Henrique Barros da Silva 1 -UFPI - UESPI Suyane da Silva Florindo 2 -UESPI Grupo de Trabalho - Violências nas escolas Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo O presente trabalho é resultado de pesquisas empreendidas acerca da violência no âmbito escolar no cenário piauiense. A violência tem sido algo de grande repercussão em toda a sociedade, hoje é possível observar cotidianamente que esta tem se consolidado dentro da instituição escolar, local antes visto como seguro e de transformação social. Desse modo, possui como objetivo de estudo descrever a concepção de violência por estudantes de uma escola da rede pública na cidade de Teresina/PI. A escola está localizada em um bairro considerado de alta periculosidade no município, atendendo crianças de ambos os gêneros, com faixa etária entre 8 (oito) e 14 (quatorze) anos de idade. A metodologia utilizada foi a de abordagem qualitativa de cunho descritiva. O procedimento de coleta dos dados foi através de produções textuais realizadas por alunos de uma sala de aula do programa acelera Brasil o qual tem foco crianças com distorção idade-série. Os dados foram tratados e analisados através da análise de conteúdo. Os resultados revelaram que as concepções de violência na visão dos alunos estão associadas a furtos, sequestros, agressões físicas, verbais e principalmente violência contra a mulher. Diante disso, a relevância social desse estudo é de fundamental importância para toda a sociedade em geral, principalmente a profissionais ligados ou não à educação, uma vez que é na escola que muitas atitudes de violência são refletidas devido à grande influência existentes nos meios sociais. Por isso, se tornam necessárias medidas socioeducativas que proporcionem o aprendizado e a cultura de paz no espaço escolar. Palavras-chave: Violência. Escola. Alunos. Introdução A violência tem sido algo de muita repercussão em todos os âmbitos sociais e tem atingido o ambiente escolar. Esta é corriqueiramente vista em crianças que apresentam alguma dificuldade escolar. Na verdade, as dificuldades são consequências dessa brutalidade 1 Pedagogo pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Pós-graduando em Gestão Educacional em Rede (UFPI) e em Educação Infantil (UESPI). Atua como professor da Educação Básica. E-mail: [email protected] 2 Pedagoga pela Universidade Federal do Piauí UFPI. Pós-graduanda em Linguística e Ensino (UESPI). Atua como professora da Educação Básica. E-mail: [email protected].

O QUE É VIOLÊNCIA? COM A PALAVRA, OS ALUNOSeducere.bruc.com.br/arquivo/pdf2015/20301_8935.pdf · bem verdade que outros fatores podem contribuir para um retardamento do desenvolvimento

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ISSN 2176-1396

O QUE É VIOLÊNCIA? COM A PALAVRA, OS ALUNOS

Ellery Henrique Barros da Silva1-UFPI - UESPI

Suyane da Silva Florindo2-UESPI

Grupo de Trabalho - Violências nas escolas

Agência Financiadora: não contou com financiamento

Resumo

O presente trabalho é resultado de pesquisas empreendidas acerca da violência no âmbito

escolar no cenário piauiense. A violência tem sido algo de grande repercussão em toda a

sociedade, hoje é possível observar cotidianamente que esta tem se consolidado dentro da

instituição escolar, local antes visto como seguro e de transformação social. Desse modo,

possui como objetivo de estudo descrever a concepção de violência por estudantes de uma

escola da rede pública na cidade de Teresina/PI. A escola está localizada em um bairro

considerado de alta periculosidade no município, atendendo crianças de ambos os gêneros,

com faixa etária entre 8 (oito) e 14 (quatorze) anos de idade. A metodologia utilizada foi a de

abordagem qualitativa de cunho descritiva. O procedimento de coleta dos dados foi através de

produções textuais realizadas por alunos de uma sala de aula do programa acelera Brasil o

qual tem foco crianças com distorção idade-série. Os dados foram tratados e analisados

através da análise de conteúdo. Os resultados revelaram que as concepções de violência na

visão dos alunos estão associadas a furtos, sequestros, agressões físicas, verbais e

principalmente violência contra a mulher. Diante disso, a relevância social desse estudo é de

fundamental importância para toda a sociedade em geral, principalmente a profissionais

ligados ou não à educação, uma vez que é na escola que muitas atitudes de violência são

refletidas devido à grande influência existentes nos meios sociais. Por isso, se tornam

necessárias medidas socioeducativas que proporcionem o aprendizado e a cultura de paz no

espaço escolar.

Palavras-chave: Violência. Escola. Alunos.

Introdução

A violência tem sido algo de muita repercussão em todos os âmbitos sociais e tem

atingido o ambiente escolar. Esta é corriqueiramente vista em crianças que apresentam

alguma dificuldade escolar. Na verdade, as dificuldades são consequências dessa brutalidade

1 Pedagogo pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Pós-graduando em Gestão Educacional em Rede (UFPI)

e em Educação Infantil (UESPI). Atua como professor da Educação Básica. E-mail: [email protected] 2 Pedagoga pela Universidade Federal do Piauí UFPI. Pós-graduanda em Linguística e Ensino (UESPI). Atua

como professora da Educação Básica. E-mail: [email protected].

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social, pois uma vez que o aluno se percebe imerso nessa agressão ele tende a representa-la

em seu comportamento. A indisciplina, o isolamento são alguns dos fatores advindos desse

ato que contribui nos atrasos escolares e nas dificuldades de relacionamento com os pares. É

bem verdade que outros fatores podem contribuir para um retardamento do desenvolvimento

educacional do aluno, porém entende-se que indivíduos que residem em bairros violentos

possuem maior vulnerabilidade, além de um entendimento mais prático sobre a questão da

violência.

Visando descrever o entendimento de alunos, o trabalho propõe fazer um estudo

acerca da violência no cenário piauiense, cujo objetivo é analisar a sua concepção a partir de

produções textuais feitas por crianças de uma escola localizada em um bairro de alta

periculosidade em Teresina/PI.

Segundo estatísticas obtidas em 2012 sobre a violência na cidade de Teresina: (7,98%)

referem-se à violência “contra a escola” no caso de arrombamentos; já a “violência na escola”

mostra (23,94%) são as desordens e o furto (16, 90%) (MEDEIROS, 2013). Desse modo, a

partir desses dados obtidos o tema violência merece uma maior atenção, principalmente com

medidas educativas que favoreçam o bem-estar e a segurança das pessoas.

Violência: um fenômeno histórico e social

Um dos fenômenos sociais mais sérios vivenciados no mundo atual é a denominada

violência que geralmente é manifestada a partir das disputas de poder, guerras, tiranias, dentre

outros fatores.

Os conceitos de violência são dos mais diversos, onde envolvem agressões físicas,

sociais, simbólicas, violência velada, sexual, etc. Segundo Chauí (1999, apud

ABRAMOVAY, 2002, p. 17):

[...] 1) tudo o que age usando a força para ir contra a natureza de alguém (é desnaturar); 2) todo ato de força contra a espontaneidade, a vontade e a liberdade de

alguém (é coagir, constranger, torturar, brutalizar); 3) todo ato de transgressão

contra o que alguém ou uma sociedade define como justo e como direito.

Consequentemente, violência é um ato de brutalidade, sevícia e abuso físico e/ou

psíquico contra alguém e caracteriza relações intersubjetivas e sociais definidas pela

opressão e intimidação, pelo medo e o terror [...].

No Brasil, a história da violência é referenciada ao início da ocupação das terras

brasileiras através da escravização dos indígenas e, por conseguinte dos negros africanos

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trazidos com o propósito de explorar e aumentar a mão de obra existente em terras de grandes

fazendeiros da época.

Atualmente, estes cenários da violência estão mais presentes no espaço urbano e com

isso está fazendo com que milhões de pessoas sintam receio em sair até de suas casas. Nesse

aspecto, as questões que fazem com que a violência se expanda cada vez mais é devido ao

elevado aumento da população no cenário urbano onde muitas pessoas saem da zona rural

para a cidade, o consumismo de produtos fornecidos pelo mercado, a fome e o desemprego

(CAMARGO, 2015).

Nesse mesmo segmento, é possível acompanhar através dos meios de comunicação

como a internet e os telejornais que os índices de criminalidade, tráfico, agressões físicas e

sexuais, sequestros, estão cada vez mais intensificados, além da corrupção por parte dos

governantes que corrobora para a ausência de políticas públicas eficazes aumentando ainda

mais os índices de violência.

Segundo Bonfim e Araújo (2007, p. 228) “a violência é um fenômeno social que tem

se manifestado em todos os momentos da história da humanidade, e contraditoriamente, quase

sempre tem sido utilizada para resolver conflitos”. Percebe-se que essa fenomenologia tem

sido um meio onde muitos jovens e adolescentes preferem resolver suas questões, objetivando

o simples poder ou mesmo o prazer de submeter o outro aos seus desejos e necessidades.

Neste sentido faz-se necessário discutir a violência no âmbito escolar, pois é neste local que

em muitas vezes ela costuma ser (re)produzida, portanto a escola como espaço de ensino-

aprendizagem do indivíduo como um todo, deve sempre ser atenta às questões que impliquem

na integridade do discente dentro e fora de seus muros.

A violência escolar

Os percalços gerados em torno da escolarização são dos mais diversos, dentre eles, o

aluno que evade, que é reprovado, que possuem dificuldades, o que é indisciplinado e os que

possuem problemas de relacionamento social no caso a violência. Ambas são denominadas

queixas escolares, ou seja, são problemas que envolvem o meio escolar e que não devem ser

tratados como patologias. Esses fatores geram o fracasso escolar que é quando a escola não

consegue findar o seu papel enquanto instituição formal de ensino. Nesse sentido Bremberger

(2010, p. 135) aponta que:

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A escola, enquanto segmento de mediação social do privado para o público tem sido um veículo da violência de classe, da exclusão, da discriminação, da negligência, da

relação aversiva ao ato de estudar disseminado entre os estudantes, resultando no

fracasso escolar dos seus escolares favorecendo dessa forma para o adoecimento da

autonomia, cidadania, responsabilidade e protagonismo social.

Portanto, a escola é um ambiente significante na história de vida de uma criança,

porém esse local deve ser prazeroso, uma vez que ela passará uma parte do seu tempo nela,

ampliando suas relações, aprendendo e ensinando com o outro.

Nessa perspectiva percebe-se como “as violências” estão se intensificando e ganhando

destaque também dentro do âmbito educacional, ambiente na qual é denominado como

promotor de transformações sociais (SILVA e NEGREIROS, 2015).

Luft (2015, p. 20) ressalta que “o número de adolescentes fora da escola é vergonhoso;

o de jovens desempregados é pior ainda. Muitos deles, sem preparo para nenhum trabalho

regular, são fáceis vítimas dos traficantes e não temem punição”. Então, pensar em um ponto

de vista mais amplo, hoje a sua manifestação na escola pode ser um espelho do que acontece

além dos seus muros, pois tudo o que é reproduzido pode ser um reflexo daquilo que foi

vivido, presenciado, deixando a escola um local de angústia, medo, sofrimento e dor.

Escola: contextualizando a violência

A violência é uma marca registrada entorno do contexto social-político-econômico, ela

pode se apresentar através de muitas formas expressando um tipo de ação/reação. Nos jornais,

revistas, internet elas ganham espaço, e hoje principalmente as geradas na escola chamada

violência escolar.

Segundo Lopes (2005, p. 165), o “termo “violência escolar” diz respeito a todos os

comportamentos agressivos e antissociais, incluindo os conflitos interpessoais, danos ao

patrimônio, atos criminosos, etc.”. Nessa ótica, é possível constatar a interferência social que

a criança adquire no meio em que vive e principalmente no ambiente doméstico.

Partindo dessa premissa, é necessário contextualizar a “violência escolar” da

“violência na escola”. A violência escolar é aquela que é gerada dentro desse espaço de

ensino; já a violência na escola é aquela acometida dentro desse ambiente, mas isso não

significa dizer que tenha sido gerada dentro dela, mas que pode em ocorre em qualquer outro

ambiente.

Hoje nas escolas pode-se averiguar a grande presença da violência, pois é possível

constatar atos violentos contra o patrimônio público (pichações, depredações), além das

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agressões físicas, simbólicas e veladas. Nesse sentido, professores e alunos acabam sendo

vítimas, espectadores e até mesmo atores das ações impostas pela sociedade, transformando a

escola em um local que representa insegurança e medo (BONFIM e ARAÚJO, 2007).

Destarte, o Estatuto da Criança e do Adolescente em seu Art. 5º estabelece que

“nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência,

discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer

atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais”. Ou seja, a lei define um

direito, mas o que de fato acontece é que muitas vezes as autoridades, os poderes públicos

preferem fechar os olhos diante das situações cotidianas.

A família atribui um grande papel para a escola, deixando a cargo dessa instituição a

responsabilidade de educar e de muitas vezes assumir a função da família. Segundo Miranda,

Morais e Santos (2015, p. 36):

Os papéis sociais desempenhados pela família e pela a escola sofrem constantes

influências das decisões de todo um contexto histórico-social. Podemos afirmar que

as práticas educativas repassadas pelas famílias e escola, bem como as

representações sobre elas, refletem o contexto social em que estão inseridas.

Nessa ótica, a busca da paz é o desejo de muitos pais, educadores para que a escola se

torne um ambiente favorável de convivência, harmonia e aprendizagem. “A paz é um conceito

complexo e sua viabilidade se dá por meio do estabelecimento da justiça, do respeito mútuo e

também da tolerância” (NASCIMENTO e MATOS, 2012, p. 34).

Diante dessa afirmação, a escola é um espaço multicultural, de socialização, de

desenvolvimento e de aprendizagem. Para tanto, o que deve ser feito são planos de ações que

proponham uma cultura de paz, objetivando o diálogo e o respeito ao próximo.

Metodologia

Tipo de Pesquisa

O presente estudo é caracterizado a partir de uma abordagem qualitativa de cunho

descritivo. Conforme aponta Minayo (2002, citado por Lakatos 2011, p. 271), o qual ressalta

que a pesquisa qualitativa “responde a questões particulares”. É descritiva por que descreve os

fatos sem inferências do pesquisador.

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Local de realização da pesquisa

O estudo foi realizado em uma sala de aula de uma Escola Pública da cidade de

Teresina/PI. A escola está localizada em um bairro é considerado de alta periculosidade no

município, atendendo crianças de ambos os gêneros, com faixa etária entre 8 (oito) e 14

(quatorze) anos de idade, nos turnos matutino e vespertino.

Procedimento de coleta dos dados

O procedimento de coleta dos dados foi através de produções textuais realizadas por

alunos de uma sala de aula do programa acelera Brasil o qual tem foco crianças com distorção

idade-série objetivando analisar a concepção de violência na perspectiva de cada um.

Procedimento de Análise dos dados

O procedimento de análise dos dados foi a partir da análise de conteúdo a qual

contribui ao pesquisador na análise do conteúdo e interpretação dos fenômenos de maneira

objetiva (CAMPOS, 2004).

Resultados e discussões

As produções textuais foram baseadas no seguinte questionamento: o que é violência?

Antes de iniciar a escrita, os alunos foram estimulados sobre o tema. A professora procurou

fazer uma pequena discussão onde incentivava este a falarem um pouco do que entendem

sobre a violência e a convivência com esta. No total foram produzidos 14 (quatorze) textos,

entretanto buscando apresentar um número menor sem deixar de abarcar uma variedade de

opiniões, foram selecionados 6 (seis) textos para a apresentação na análise dos dados.

Para uma melhor compreensão foram escaneados os seis textos e com base em cada

um deles foram levantas discussões.

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Texto 1

Fonte: Autores.

A partir do texto apresentado pelo aluno percebe-se que o seu conceito de violência

está associado a algo criado pelo ser humano, como bater, estuprar, matar e sequestrar.

Nesse aspecto, constata-se que nas últimas décadas, atitudes como depredações,

pichações, arrombamentos, sequestros, bem como agressões interpessoais são classificadas

como tipos de violências (ABRAMOWAY, 2002).

Segundo Ritt, Cagliari e Costa (2015, p. 2) quando se fala em violência é referenciada

a “atos de brutalidade, constrangimento, abuso, proibição, desrespeito, discriminação,

imposição, invasão, ofensa, agressão física, psíquica, moral ou patrimonial contra alguém”.

Então, percebe-se que a violência, uma vez que existem várias, pode ser classificada como um

ato dominante de poder sobre outro, sendo necessária medidas socioeducativas que assegurem

o bem estar das pessoas.

Texto 2

Fonte: Autores.

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O texto 2 apresenta que a concepção de violência está relacionada a bater, estuprar,

matar, roubar, agredir alguém inocente.

Sobre isso, “ao transitarmos a pé pelas ruas dos grandes centros urbanos, percebemos,

nas conversas dos transeuntes, que o assunto está relacionado a crimes e fatos delituosos”

(SANTOS, 2009, p. 238). Então, a crescente massificação das cidades, principalmente o

elevado consumismo têm feito com que muitas cidades deixem de serem seguras.

Destarte, Ruoti (2006, p. 27) argumenta que “além das dificuldades de definir a

violência que ocorre na escola, outra tarefa complexa é identificar, na prática, quais atos

devem ser considerados violentos e como podem ser evitados”. Nesse sentido, o diálogo, a

informação são medidas que podem auxiliar para evitar os conflitos de violência,

principalmente quando esta interfere no espaço escolar.

Texto 3

Fonte: Autores.

Já o texto 3 diz que violência é matar, roubar, pegar coisas escondidas e bater a

mulher.

Nesse quesito a violência possui diversificadas manifestações (aspectos psicológicos,

desordem, morte, etc) e que quando essa violência é cometida contra a mulher classifica-se

como violência doméstica, devido a concepção que agressor possui de que a mulher se

encontra em um grau de inferioridade e por isso é capaz de manipulá-la e exercer a

dominação sobre a mesma (RITT; CAGLIARI; COSTA, 2015).

Santos (2009, p. 240) diz que “os baixos salários e o desemprego, que causam o

empobrecimento da classe média e o aumento do número de miseráveis (bolsões de pobreza),

têm gerado muito dos crimes contra o patrimônio, tais como furtos, roubos e assaltos”. Desse

modo, essas questões sociais (furtos, sequestros, etc) têm elevado o grande índice de

criminalidade no país.

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Texto 4

Fonte: Autores.

O texto 4 mostra que a concepção de violência é um ato de fazer algo contra o outro,

agressão física, agressão verbal e que devem ser resolvidas com rapidez.

Segundo Lima e Sales (2007) as representações sociais existentes permitem com que

os sujeitosos interpretem o cotidiano objetivando a construção da identidade do indivíduo a

partir do seu contato com o mundo exterior.

Desse modo, “a violência é um problema social global, que atravessa a história

humana, sendo encontrada em todas as sociedades e tradições culturais” (MIRANDA, 2015,

p. 1). Então, a violência se constitui como um problema social, sendo primordial a atenção de

todos, principalmente do poder público para que possam garantir a integridade e vida das

pessoas.

Texto 5

Fonte: Autores.

O texto 5 mostra que a violência é uma prática que muitas pessoas agem para fazer

mal contra o próximo, como por exemplo: matar, espancar, estuprar, roubar e não só a

violência física, mas a verbal.

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Nesse aspecto, a lembrança familiar para o adolescente e o jovem não significa uma

referência para tomada de decisões, ao contrário, volta a casa para se suprir de bens materiais,

ocasionando furtos, roubos e, de forma extrema, até roubo seguido de morte. Por isso o

ambiente familiar precisa estar adequado, para que a criança/adolescente veja o seu ambiente

familiar como um porto seguro (MIRANDA; MORAIS; SANTOS, 2015).

Texto 6

Fonte: Autores.

O texto 6 revela que a violência é quando o outro xinga a mãe do outro, belisca, faz

inveja ou quando pega os materiais da escola sem permissão.

Diante disso, Abramoway (2002, p. 25) diz que “nos últimos anos, chama a atenção o

aumento ou registro de atos delituosos e de pequenas e grandes incivilidades nas escolas, o

que justifica o sentimento de insegurança dos que a frequentam”. Então, pode-se dizer que

muito dessas violências ocorre dentro do espaço escolar, por isso, a escola deve estar atenta

promovendo ações de conscientização que favoreçam a aprendizagem dos educandos.

Corroborando a esse segmento, “as representações sociais estão sempre vinculadas às

experiências, à cultura assimilada no decorrer de sua vida, à linguagem que utiliza nas

relações sociais, enfim à própria história pessoal e do grupo social com o qual se convive e se

relaciona” (LIMA e SALES, 2007, p. 116). Ou seja, a influência do meio é o que define

muitas vezes o caminho a qual deve ser seguido em sociedade.

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Considerações Finais

A violência é algo corriqueiro no cotidiano, seja em casa, na rua ou pela TV ela se

mostra presente e a não discussão sobre ela concretiza ainda mais sua difusão. A escola como

espaço de contemplação de conhecimentos e experiências deve priorizar para que seu aluno

participe desses tipos de questões que pleiteiam o meio social, fazendo com que este tenha um

papel decisivo para com suas ações e que estas quebrem o círculo vicioso de atos que ferem a

si mesmo e ao próximo.

Então, são nesses momentos que o aluno fala o que sente e o que sabe trazendo para a

sala de aula sua convivência com o mundo e como suas concepções orientam a sua ideologia

de viver em sociedade. Neste sentido, a escola deve procurar orientar seus discentes a

construírem uma forma de superar os estímulos à violência, mesmo sem o apoio familiar, que

apesar de muito importante, nem sempre se faz presente de forma a contribuir para a educação

do indivíduo.

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