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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES Curso de Pós Graduação “Lato Sensu” Especialização em Gestão Integrada da Comunicação Digital CIBELE PIAZZAROLO LANA O RELACIONAMENTO É ALMA DO NEGÓCIO SÃO PAULO, 2012

O RELACIONAMENTO É ALMA DO NEGÓCIO · vêm ajudando o varejo brasileiro a ganhar destaque na atuação em mídias sociais. Tornou-se importante documentar as essências deste trabalho

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES

Curso de Pós Graduação “Lato Sensu”

Especialização em Gestão Integrada da Comunicação Digital

CIBELE PIAZZAROLO LANA

O RELACIONAMENTO É ALMA DO NEGÓCIO

SÃO PAULO, 2012

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES

Curso de Pós Graduação “Lato Sensu”

Especialização em Gestão Integrada da Comunicação Digital

CIBELE PIAZZAROLO LANA

O RELACIONAMENTO É ALMA DO NEGÓCIO

Monografia apresentada ao Departamento de Relações Públicas, Propaganda e Turismo da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, em cumprimento parcial às exigências do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu para obtenção do título de especialista em Gestão Integrada da Comunicação Digital nas Empresas, sob orientação da Professora Doutora Elizabeth Saad Corrêa.

SÃO PAULO, 2012

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Autora: Cibele Piazzarolo Lana Título: O relacionamento é a alma do negócio Presidente da Banca: ____________________________________ Banca Examinadora: _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________

Aprovado em: __/__/____

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“Finalmente, passado o tempo necessário que se tem de esperar pelas coisas, ele destampa cuidadosamente a mão e olha no assoalho o fruto da experiência.”

(Clarice Lispector)

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Agradecimentos

Um sincero agradecimento à Deus, à minha família e amigos por soprarem sob as

minhas asas e me darem fôlego para ir em busca dos meus sonhos.

Aos colegas de Digicorp e de #digicopos pelo conhecimento compartilhado e pelas

boas risadas. Em especial ao Guilherme Perez que me inspirou com o seu talento na

construção deste pensamento. E ainda, à minha orientadora Beth Saad pelo apoio e

confiança.

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Resumo

Após muitas tentativas por parte das empresas em comunicação digital, algumas

estratégias começam a delinear bons caminhos na construção da marca e no sucesso

do comércio social. O relacionamento criativo, recíproco e instantâneo com o

consumidor, como o desenvolvido pelo PontoFrio.com, é uma das estratégias que

vêm ajudando o varejo brasileiro a ganhar destaque na atuação em mídias sociais.

Tornou-se importante documentar as essências deste trabalho para que sirva de base à

outras empresas menores que, por ora, ainda caminham errantes no desenvolvimento

de uma comunicação voltada para vendas em canais de mídias sociais.

Palavras-chave: mídias sociais; relacionamento; comércio social; branding; varejo;

PontoFrio.com

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Abstract After many attempts by companies on digital communication, some strategies begin

to outline some good ways to build the brand and the success of social commerce.

The creative, mutual and instantaneous relationship with the consumer, such as that

developed by PontoFrio.com, is one of the strategies that is helping the Brazilian

retail operations to gain prominence in social media acting. This work essences

documentation became important so it shall be a baseline for other smaller companies

that, for now, still go wandering in the development of a sales oriented

communication on social media channels.

Keywords: social media; relationship; social commerce; branding; retail;

PontoFrio.com

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Lista de Figuras

Figura 1 - Destinos de engajamento (ComScore Media Metrix 2012) ........................ 17  Figura 2 - evolução do faturamento (Webshoppers E-bit 2011) .................................. 18  Figura 3 - gráfico do tíquete médio (Webshoppers E-bit 2011) .................................. 19  Figura 4 - gráfico evolução do número de e-consumidores (Webshoppers E-bit 2011)...................................................................................................................................... 19  Figura 5 - gráfico quantidade de tweets por categoria principal .................................. 39  Figura 6 - exemplo de tweet não comercial ................................................................. 39  Figura 7 - imagem contida no link da figura 5 ............................................................. 39  Figura 8 - exemplo de tweet não comercial ................................................................. 39  Figura 9 - exemplo de tweet não comercial ................................................................. 39  Figura 10 - gráfico total de RTs por motivação ........................................................... 40  Figura 11 - gráfico volume de RTs x Relação Popular ................................................ 41  Figura 12 - exemplo de tweet para cobertura da novela .............................................. 42  Figura 13 - exemplo de tweet para a cobertura da novela ........................................... 42  Figura 14 - exemplo de tweet para cobertura da novela .............................................. 42  Figura 15 - exemplo de tweet para cobertura da novela .............................................. 42  Figura 16 - gráfico conteúdo x relacionamento ........................................................... 43  Figura 17 - exemplo de tweet customizado ................................................................. 44  Figura 18 - exemplo de tweet com link customizado "Aquecedores do Pinguim" ..... 44  Figura 19 - exemplo de tweet: integridade .................................................................. 44  Figura 20 - exemplo de tweet: integridade .................................................................. 45  Figura 21 - exemplo de tweet: integridade .................................................................. 45  Figura 22 - exemplo de tweet: integridade .................................................................. 45  Figura 23 - exemplo de tweet: integridade .................................................................. 45  Figura 24 - exemplo de compra realizada em minutos ................................................ 46  Figura 25 - exemplo de tweet: inovação ...................................................................... 47  Figura 26 - exemplo de tweet: inovação ...................................................................... 47  Figura 27 - exemplo de tweet: colaboração ................................................................. 48  Figura 28 - gráfico engajamento por categoria ............................................................ 48  Figura 29 - exemplo de post viral ................................................................................ 49  Figura 30 - exemplo de post viral ................................................................................ 49

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 Sumário

INTRODUÇÃO  .....................................................................................................................  9  

1.   CAPÍTULO 1: o objeto e a escolha do tema  ....................................................  10  1.1   PROBLEMAS E OBJETIVOS  ...........................................................................  10  1.2   RESUMO DOS CAPÍTULOS  .............................................................................  11  2.   O CENÁRIO DO E-COMMERCE NO BRASIL  ...........................................  13  2.1   UM DASHBOARD DO CENÁRIO ATUAL  ....................................................  16  2.2   OS DESAFIOS DO E-COMMERCE BRASILEIRO  ....................................  20  2.3   CASES: NETSHOES E DAFITI ESCOLHERAM SOMENTE O COMÉRCIO ONLINE  ....................................................................................................  23  3.   CAPÍTULO 3: reflexão teórica  ...........................................................................  26  3.1 CONCEITOS DE BRANDING  ...............................................................................  26  3.2   SOCIAL COMMERCE: CONCEITOS E TÁTICAS DO COMÉRCIO SOCIAL  ..............................................................................................................................  31  4.   CAPÍTULO 4: ESTUDO DE CASO - A ESCOLHA DO PONTO FRIO  .  36  4.1   BREVE HISTÓRIA DO PONTO FRIO  ...........................................................  36  4.2.  DESTRINCHANDO A ESTRATÉGIA DO PONTOFRIO.COM EM MÍDIAS SOCIAIS  ............................................................................................................  37  5.   CAPÍTULO 5: POR QUE UM MANUAL?  .....................................................  51  5.1 BOAS PRÁTICAS EM MÍDIAS SOCIAIS PARA O E-COMMERCE VAREJISTA BRASILEIRO  ..........................................................................................  52  5.1.1 Ser comercial e ser social  .......................................................................................  52  

5.1.2 Construindo a marca  ..............................................................................................  53  

5.1.3 Conteúdo também vende  .......................................................................................  54  5.1.4 Fique de olho no mercado  .....................................................................................  55  

REFERÊNCIAS  BIBLIOGRÁFICAS  ................................................................................  57  

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INTRODUÇÃO

Este trabalho pretende fazer uma análise dos relacionamentos digitais em

ambientes de comércio eletrônico, tratando especialmente da forma como algumas

empresas varejistas têm se posicionado estrategicamente na comunicação da

marca com o consumidor na internet.

O e-commerce no Brasil causa impressão pelo seu crescimento vertiginoso nos

últimos dez anos. Trazer ao consumidor a possibilidade de realizar as suas

compras sem sair de casa possibilitou às lojas de varejo ampliar os seus serviços e

produtos, alcançando faturamentos na casa dos milhões de reais. Além disso,

algumas ferramentas online facilitam o reconhecimento do comportamento do

consumidor, dando chances para que as compras sejam direcionadas, com

recomendações, por exemplo, a partir do produto comprado ou do perfil da

pessoa.

Especialmente nos últimos cinco anos, soma-se à esta tecnologia um componente

social importante: o crescimento e a consolidação das mídias sociais. O fluxo de

comunicação empresa-consumidor se inverte. Aos varejistas não existe mais a

oportunidade de tornar facultativa uma resposta ao consumidor. Agora é o próprio

consumidor que dita como deseja ser atendido e tem em suas mãos a capacidade

de tornar pública a sua insatisfação. E não só. As empresas começam a investir em

técnicas para engajar o consumidor, tornando a marca uma amiga, uma sócia, uma

companheira do cotidiano do público, em uma presença online que deixa de ser

empresarial para se tornar pessoal.

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1. CAPÍTULO 1: o objeto e a escolha do tema

Entre muitas tentativas e erros, um varejista ganhou destaque no mercado com

técnicas de engajamento criativas e inovadoras. O PontoFrio.com criou um

mascote, o “pinguim”, que diariamente relata a sua rotina aos seguidores no

Twitter e no Facebook. Desde o “bom dia” até a hora de “praticar a natação”, o

“pinguim” envolve o consumidor em histórias e cria oportunidades para lançar

suas ofertas e vender seus produtos de um jeito personalizado.

É em um cenário ainda novo que surgem apontamentos de boas estratégias de

engajamento no relacionamento digital em ambientes de comércio eletrônico, as

quais queremos identificar, analisar e, por fim, propor um manual de boas

práticas para o varejo neste aspecto.

O impulso para este estudo partiu do contato profissional com clientes e

especialmente de conversas com o colega de estudos, Guilherme Perez, ao relatar

casos sobre a marca PontoFrio.com. O nosso desafio será entender o que move

consumidores a enviar convites de casamento, bolos e presentes para o

“pinguim”. Certamente o PontoFrio.com possui uma estratégia diferencial no

mercado, mas o que será que ela têm a ensinar aos demais varejistas?

1.1 PROBLEMAS E OBJETIVOS

Após a delimitação do objeto, temos as seguintes perguntas para problematizar o

estudo.

1.1.1 Como categorizar a estratégia de engajamento do

PontoFrio.com em mídias sociais?

1.1.2 Como podemos estruturar uma estratégia de relacionamento em

canais sociais?

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1.1.3 É possível padronizar um manual de engajamento para

empresas do varejo em mídias digitais a partir do estudo

realizado?

O objetivo deste estudo será especificamente construir um manual de boas

práticas a partir desta experiência, buscando categorias que diferenciem (ou não) a

atuação das marcas de varejo das demais marcas com presença online. Ainda

dentro deste objetivo queremos compreender de que forma as estratégias de venda

se tornam menos agressivas com a utilização de táticas de comércio social.

A discussão e a observação destas estratégias deve ser confrontada com uma

revisão bibliográfica sobre conceitos de engajamento e a coleta de dados deve

partir de um estudo exploratório por ser uma nova área de conhecimento,

observando-se as ações feitas pela marca em suas mídias sociais no mês de julho

de 2012, comparando com a bibliografia, e determinando uma categorização que

permita identificar alguns padrões para estes feitos. Parte-se, no entanto, de algum

conhecimento prévio adquirido ao longo de experiências acadêmicas e

profissionais.

Este estudo deseja tornar-se relevante a fim de diminuir os erros entre as tentativas

e mostrar um início de caminho para empresas, inclusive aquelas menores, que

anseiam por se “aventurar” em perfis de mídias sociais.

1.2 RESUMO DOS CAPÍTULOS

Apresentamos agora um breve roteiro dos capítulos a serem abordados após esta

abertura.

Capítulo 2: uma apresentação do cenário do e-commerce no Brasil, com dados de

pesquisas atualizadas que envolvam desde o faturamento das empresas até os

hábitos dos consumidores online.

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Capítulo 3: discutir conceitos de branding e comércio social a partir de uma

bibliografia orientada.

Capítulo 4: apresentar estratégias de presença cotidiana do PontoFrio.com em

seus canais de mídias sociais, confrontando as ações com uma bibliografia sobre

branding e comércio social.

Capítulo 5: apresentar um manual de boas práticas para varejistas brasileiros em

mídias sociais, com uma compilação da estratégia de relacionamento estudada.

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2. O CENÁRIO DO E-COMMERCE NO BRASIL

Um breve recorte da história do Brasil no início do século XX será o nosso impulso

para localizar no tempo e no espaço a trajetória das lojas de varejo dos seus

primórdios até o crescimento vertiginoso do e-commerce. Para este primeiro

momento tivemos como inspiração a obra “Varejo 2.0: um guia para aplicar redes

sociais aos negócios”, de José Claudio Terra e Renèe Almeida e nas linhas que se

seguem procuraremos expor alguns dados das pesquisas desses autores.

Podemos concordar com Terra & Almeida (2011) que o varejo no Brasil data do ano

em que os portugueses atracaram em terras brasileiras e por meio do escambo

realizavam o comércio primitivo com os índios, com a troca de pau-brasil por

pequenos instrumentos e objetos de uso pessoal. No entanto, temos o nascimento do

varejo propriamente dito, enraizado no processo de compra e venda, produção,

distribuição, estoque, etc, no ano de 1920, na cidade de São Paulo, em pleno vapor de

urbanização.

Naquela época, São Paulo já contava com 3.629 estabelecimentos comerciais e cerca

de 203.709 operários. Neste cenário surge o Mappin, a primeira grande loja de

departamentos nacional, e as Casas Pernambucanas já marcam presença no mercado

com mais de 200 lojas especializadas na venda de tecidos. Em 1953, os paulistanos já

podem contar com o primeiro supermercado, o Sirva-se, que traz os produtos em

gôndolas na altura das mãos do consumidor. Outro marco nesta trajetória foi a

inauguração do Shopping Iguatemi, no início dos anos 1970, também o primeiro na

cidade, e desde então, uma complexa rede varejista começa a “inundar” não só São

Paulo, mas outras capitais do Brasil.

Terra e Almeida (2011) compõem uma análise interessante ao categorizar a história

do varejo, em três grandes períodos: o varejo 0.0 compreendendo toda a história até

1995; o varejo 1.0 com origem no nascimento da internet e práticas de e-commerce; e

o varejo 2.0 que mistura o varejo tradicional com internet, e-commerce, redes sociais,

etc.

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No varejo 0.0, o consumidor é o telespectador, passivo e seguidor das tendências da

moda e por isso facilmente fascinado pela mídia e suas técnicas de promoção e

propaganda. Nesta fase, o poder da informação e da negociação ainda estão

totalmente nas mãos dos varejistas.

O varejo 1.0 ainda é marcado por uma comunicação horizontal, empresa-consumidor,

mas agora, com o surgimento da internet, é o e-commerce que rouba a cena. O

usuário passa a contar com plataformas que permitem interatividade e começa a

deixar comentários, avaliações e opiniões em enquetes sobre os produtos. A revolução

no processo, no entanto, ocorre efetivamente no varejo 2.0 quando o consumidor

passa a ser protagonista da experiência de compra, detendo informações sobre os

concorrentes, exigindo descontos e participando ativamente do relacionamento com

as marcas via redes sociais.

Uma análise completa destes três estágios pode ser visualizada no quadro a seguir,

elaborado pelos autores da obra citada.

Os três estágios do varejo VAREJO 0.0

Período: anterior a 1995 até

agora

VAREJO 1.0

Período: de 1995 até agora

VAREJO 2.0

Período: de 2005 até agora

Consumidor: espectador Consumidor: conectado Consumidor: autor

Conteúdo: publicado Conteúdo: gerenciado Conteúdo: colaborativo

Prioridade: preço Prioridade: conveniência Prioridade: compartilhamento

Canais de venda: canal único;

nos casos mais modernos inclui

delivery

Canais de venda: canal físico e

virtual

Canais de venda: multicanais

convergentes

Decisão de compra:

influenciada por família, amigos

e opinion-makers quando

envolvidos

Decisão de compra:

influenciada por família e

amigos (quando envolvidos) e

avaliações/comentários on-line

em poucos casos

Decisão de compra:

influenciada por amigos e

família (quando envolvidos),

por avaliações, comentários,

sites de reclamação e

principalmente pelos

participantes das redes sociais

Abrangência: o espaço é Abrangência: um pouco maior; Abrangência: global. O mundo

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restrito advento dos sites

disponibilizando espaço para

comentários e avaliações,

popularização dos chats e

consolidação do e-mail

está conectado de forma mais

intensa com o avanço das redes

sociais

Soluções Web: n/a Soluções Web: abertas, mas

centralizadas

Soluções Web: cocriação

Acessibilidade: física apenas.

Ter atendimento por telefone é

um diferencial

Acessibilidade: ter um

computador é condição mínima,

o acesso à internet de boa

qualidade é o novo luxo

Acessibilidade: é obrigatório, é

mandatório, atinge todas as

classes sociais (geração que

dorme com o celular na

cabeceira da cama e compra

notebooks em diversas

prestações, a informação está

disponível em excesso e o

desafio é selecionar o que é

relevante. Um bom pacote de

dados para dispositivos móveis

com velocidade é um luxo

Tecnologia: limitada e cara, ter

um computador é um luxo

Tecnologia: mais acessível,

porém aparelhos celulares

vivem momento de entrada e

penetração de mercado

Tecnologia: cada vez mais

veloz, ditando o

comportamento. A mobilidade é

uma realidade, via smartphones,

notebooks e tablets

Cultura: valorização dos bens

materiais

Cultura: valorização da

personalização e customização

Cultura: valorização da tribo,

da comunidade, de interesses

comuns

Comportamento: ditado pela

mídia

Comportamento: ditado pela

mídia e aprovado pela tribo

Comportamento: ditado pela

mídia e por protagonistas da

rede

Relação com o tempo: de

longo prazo

Relação com o tempo: de

médio a curto prazos, a

velocidade do consumo e a

tecnologia começam a mudar a

relação do consumidor com o

tempo

Relação com o tempo: de curto

prazo, ansiedade é um mal atual

Fonte: Quadro disponível em Terra e Almeida (2011).

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2.1 UM DASHBOARD DO CENÁRIO ATUAL

Algumas pesquisas importantes divulgadas no início de 2012 demonstram o

verdadeiro quadro do e-commerce brasileiro, tanto no que diz respeito à expansão dos

negócios, quanto ao comportamento do consumidor. Um estudo do IAB Brasil, com o

título: “Como 80 milhões de brasileiros acessam a internet no Brasil”1 entrevistou

2.075 pessoas usuárias de internet, entre 15 e 55 nos, 51% homens e 49% mulheres. A

pesquisa indica que o consumo de internet no nosso país já supera o do jornal pela

manhã e o de TV à noite, com 69% contra 14%, e 78% contra 46%, respectivamente.

O estudo não traz dados quanto ao acesso simultâneo dos diversos canais e veículos

de comunicação, mas entendemos que este é um elemento expressivo em se tratando

da longa tradição que os jornais e a TV possuem nos lares brasileiros e a novidade

que a internet ainda representa para boa parte da população.

As famílias brasileiras também já estão abrindo os olhos para o potencial de pesquisa

e consequentemente de compra de produtos pela internet. Dos entrevistados, 60% já

consideram o ambiente digital o mais conveniente (grifo nosso) para fazer compras e

os mesmos 60% também declararam que pesquisam na internet os produtos que

gostariam de comprar. Aqueles de alto valor agregado continuaram como preferência

do consumidor, como os eletrodomésticos, seguidos pelos de informática, eletrônicos,

casa e decoração, livros e revistas2.

Outra boa notícia deste estudo é que a confiança na internet também aumentou. Cerca

de 32 milhões de brasileiros passaram a fazer compras online. Um terreno fértil para

anunciantes e publicitários, já que os mesmos entrevistados afirmaram que os

anúncios na internet são os que menos incomodam, são os mais criativos e os mais

verossímeis.

1 Disponível em: http://mundodomarketing.com.br/reportagens/pesquisa/23809/como-se-comportam-80-milhoes-de-brasileiros-na-internet.html 2 Disponível em: http://www.ecommercebrasil.com.br/noticias/comercio-eletronico-brasileiro-registra-crescimento-de-32/

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Engrossando este coro, a ComScore divulgou dados da pesquisa ComScore Media

Metrix3, também no primeiro semestre de 2012, avaliando o crescimento do comércio

online no Brasil e também o engajamento dos consumidores com os sites de varejo.

Ou seja, quanto tempo eles permanecem nestes sites e quantas vezes retornam. E mais

uma vez estes números impressionam.

Os brasileiros passaram cerca de 4,1 bilhões de minutos e visualizaram mais de 8,3

bilhões de páginas em sites da categoria “comércio” no último trimestre de 2011. O

quadro abaixo mostra resumidamente quais foram os sites que obtiveram a maior

atenção dos consumidores, com destaque para o Mercado Livre e as Lojas

Americanas. A pesquisa diz também que a maior porcentagem de visitantes está na

faixa etária entre 25 e 34 anos, mas que o engajamento é maior entre as pessoas na

faixa dos 35 aos 44 anos, com uma média de 36’ e 72 page views por visitante.

Figura 1 - Destinos de engajamento (ComScore Media Metrix 2012)

Dando continuidade ao ciclo de estudos sobre o segmento, a Pesquisa WebShoppers4,

do E-bit, trouxe dados mais concretos sobre o volume de faturamento, ticket médio e

3 Disponível em: http://www.comscore.com/por/Press_Events/Press_Releases/2012/3/Online_Shopping_Continues_its_Ascent_in_Brazil 4 Disponível em: http://institucional.geravd.com.br/arquivos/acontece/WebShoppers.pdf

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evolução de e-consumidores. Afirma a pesquisa que, dos 9 milhões de novos e-

consumidores, 61% pertenciam à classe C. Mais de 53,7 milhões de pedidos foram

feitos por meio da internet, um dado 34% maior do que no ano anterior (2010). E uma

constatação importante em 2011, foi a consolidação de duas novas datas de grandes

vendas: a “Black Friday”, em novembro, e o “Boxing Day”, após o Natal. A

WebShoppers declarou que estes dois novos eventos juntos movimentaram cerca de

R$ 158 milhões, quase 100 vezes mais do que no ano passado.

Com relação ao faturamento, o e-commerce continuou evoluindo, como mostra o

gráfico abaixo, e chegou a R$ 18,7 bilhões, aumento nominal de 26% em relação a

2010.

Figura 2 - evolução do faturamento (Webshoppers E-bit 2011)

Em 2011, o mercado já esperava uma queda do tíquete médio, já que em 2010 as

vendas foram aquecidas por conta da Copa do Mundo, com uma saída significativa de

televisores de tela fina. Esta queda foi de 6,5%, ficando o valor em R$ 350.

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Figura 3 - gráfico do tíquete médio (Webshoppers E-bit 2011)

O próximo gráfico demonstra a evolução de e-consumidores. Acrescentamos a este

dado, o nível de satisfação com as compras, 86,45%, comprovando que os

consumidores brasileiros declararam uma alta taxa de aprovação aos serviços

prestados pelas lojas virtuais.

Figura 4 - gráfico evolução do número de e-consumidores (Webshoppers E-bit 2011)

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A presença dos brasileiros em mídias sociais acompanha este crescimento do

comércio eletrônico. A Brazil Digital Future in Focus5, uma pesquisa também da

comScore, revelou que o Facebook ultrapassou o Orkut em dezembro de 2011, com

36,1 milhões de visitantes, um crescimento de 192% em relação ao ano anterior.

Nesta rede social, os visitantes chegam a passar em média 4,8 horas por mês, de

acordo com a pesquisa, um prato cheio para que o Facebook continue sendo o maior

publisher do país. Paralelo às redes sociais, o consumo de vídeos online também

desponta, um alavancando o outro. Em dezembro de 2011, os brasileiros viram mais

de 4,7 bilhões de vídeos online.

Sobre os resultados desta pesquisa, Alex Banks, diretor da comScore afirmou:

“As mídias digitais alcançaram um novo patamar no Brasil em 2011, impulsionadas por atividades como redes sociais, busca, vídeos e compras online, mostrando cada vez mais consumidores se voltando para a web e gastando uma parte cada vez maior de seu tempo com conteúdo digital. (...) Para marcas e publishers que buscam explorar as últimas tendências de consumo digital, é importante saber o que está por vir”.6

2.2 OS DESAFIOS DO E-COMMERCE BRASILEIRO

O comércio eletrônico no Brasil tem pouco mais de três anos, metade do tempo em

que está presente no cenário mundial7, mas com estes dados impressionantes sobre o

volume e o comportamento de consumo dos brasileiros em ambientes digitais, não

fica difícil afirmar que muitos são os desafios para aproveitar estes bons ventos, com

as estratégias certas, para não perder a maré.

5 Disponível em: http://www.comscore.com/por/layout/set/popup/Press_Events/Press_Releases/2012/3/Brazil_s_Social_Networking_Activity_Accelerates_in_the_Past_Year 6 Disponível em: < http://www.comscore.com/por/layout/set/popup/Press_Events/Press_Releases/2012/3/Brazil_s_Social_Networking_Activity_Accelerates_in_the_Past_Year> 7 Disponível em: http://www.e-commerce.org.br/artigos/ecommerce_brasil1.php

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Para o CEO do Busca Descontos, Pedro Eugênio8, “os números comprovam que o ano

de 2012 vai quebrar recordes. As lojas virtuais devem investir em estrutura para

conseguirem dar conta desse avanço de mercado”. Afinal, no Brasil, os usuários

conectados são, em sua maioria, de grande potencial consumidor. A começar pelos

jovens, que não são só consumidores, mas também influenciadores de compra.

A Boo-box e a Hello Research publicaram no início de 2012 uma pesquisa9 sobre a

geração Y10 brasileira e demonstraram que 74% desses jovens utilizam a internet de

casa e são das classes A, B e C. O tempo médio de navegação é de 31 horas por

semana. E um dado que chama a atenção: no acesso mobile, a maior porcentagem de

jovens que utilizam a internet no celular é proveniente de classes mais baixas, como D

e E, 6%, contra 2% das classes B e C. Também entre os jovens, a internet já

ultrapassou os jornais tradicionais e é a principal fonte de informação.

A pesquisa também abordou os jovens quanto ao uso das mídias sociais. Facebook e

Twitter ganham em disparada, com 79% e 74% respectivamente, de presença. E

quando perguntados sobre suas relações com as marcas, 65% disseram que interagem

com suas marcas favoritas na internet e 16% sempre usam mídias sociais para

reclamar de produtos ou serviços. Antes de realizar compras, 27% buscam sites de

marcas e conversas nas mídias sociais.

O maior desafio para o varejo, independente do seu público, sempre será a satisfação

dos clientes. Ela é o norte de todo e qualquer objetivo de lojas do segmento, físicas ou

online. Portanto, além de saber falar a língua desses jovens consumidores em

potencial, temos ainda como desafios que norteiam a meta de satisfazer o cliente em

sua compra online:11 a experiência de compra (facilidades, seleção de produtos,

informação sobre os produtos, preço e navegação); e a experiência de entrega (prazo,

qualidade dos produtos, atendimento aos clientes, política de privacidade, manuseio e

envio de produtos).

8 Disponível em: http://www.e-commerce.org.br/artigos/ecommerce_brasil1.php 9 Disponível em: http://blog.boo-box.com/br/2012/pesquisa-realizada-pela-boo-box-e-hello-research-traca-perfil-da-geracao-y/ 10 Nomeia-se assim a geração dos jovens entre 18 e 30 anos, ou geração da internet que vivenciam o grande avanço tecnológico e a prosperidade econômica. 11 De acordo com editorial publicado no portal HSM, em 16/08/2011. Acessível em: http://www.hsm.com.br/editorias/marketing/os-desafios-do-e-commerce-no-brasil

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Ter excelência de serviço nestes critérios, que nos parecem ser literalmente nada mais

do que o direito do consumidor, podem significar um investimento em boas

estratégias. A primeira dessas estratégias deve ser uma concentração de forças na área

de marketing, para consolidar a marca e ganhar espaço no mercado, e outra boa

estratégia deve ser o foco na melhoria dos serviços de logística, hoje o grande gargalo

do setor, para atender o cliente mais rápido, com mais qualidade e com algum

diferencial dos seus concorrentes. O que nos parece já estar sendo feito, já que do

início de 2011 para o começo de 2012, a redução dos atrasos das entregas foi de 19%

para 16%12.

Criador do Reclame Aqui, Maurício Vargas13, afirma que o atendimento ao cliente

atualmente se resume em resolver problemas e que as empresas têm a grande chance

de alcançar um alto nível de satisfação dos clientes se tiverem a esperteza de melhorar

seus procedimentos internos a partir dessas reclamações. O problema é que este

atendimento ainda não consegue ser simultaneamente virtual e pessoal.

Além destes dois desafios, para Pedro Waengertner, professor da ESPM,14 o e-

commerce ainda deverá saber lidar com a montanha de dados e informações gerados

pela internet, aplicando um componente social nesta equação a partir de estratégias

em mídias sociais, a fim de gerar melhores resultados de venda.

Como a única novidade nesta história toda sempre foi e sempre será as surpresas que

o comportamento do consumidor pode nos revelar, nada é mais estratégico do que

casar este crescimento vertiginoso do comércio online, anteriormente apresentado nas

pesquisas, com a inserção do consumidor nas mídias sociais, independente da

ferramenta que ele utiliza. Somente assim será possível alinhar uma comunicação que

encontre em todas as plataformas um uso complementar, que vá da TV ao site e ao

Facebook, com a finalidade de fazer o consumidor completar o ciclo procura versus

oferta. 12 Disponível em: http://www.ecommercebrasil.com.br/noticias/comercio-eletronico-brasileiro-registra-crescimento-de-32/ 13 http://www.ecommercebrasil.com.br/artigos/e-commerce-2012-sera-o-ano-do-relacionamento-com-o-novo-consumidor/ 14 Disponível em: http://www.ecommercebrasil.com.br/artigos/e-commerce-2012-sera-o-ano-do-relacionamento-com-o-novo-consumidor/

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Antony Young e Norm Johnston, diretor-presidente e chef digital da Mindshare

respectivamente, fizeram uma análise conclusiva em recente artigo do Advertising

Age (MEIO E MENSAGEM, 2012), sobre a influência dos diferentes veículos na

relação do consumidor com o mercado. Assim como a TV desde o seu nascimento

auxilia no conhecimento da marca e assim como as revistas permitem aos anunciantes

atingirem seus mercados de nicho, a internet desde os seus primórdios traz consigo

este complemento do marketing voltado ao comércio eletrônico.

2.3 CASES: NETSHOES E DAFITI ESCOLHERAM SOMENTE O COMÉRCIO

ONLINE

Com um crescimento acima da média dos 40% do mercado15, a Netshoes tem se

destacado no segmento de comércio eletrônico brasileiro como a líder em vendas de

produtos esportivos. Oferecendo um diferencial de entrega rápida e troca dos produtos

pelos clientes, a empresa se consolidou por meio de parcerias com diversos clubes

esportivos e um investimento massivo em mídia paga. Atualmente vislumbra um

potencial de crescimento de grande volume com a chegada da Copa do Mundo e das

Olímpiadas no Brasil.

A história da Netshoes começa no ano de 2000, com uma loja física na Vila Buarque,

bairro da capital paulista, sob o comando do jovem empresário de origem armênia

Márcio Kumruian. Na época, o aporte inicial de Márcio foi de R$ 70 mil para

inaugurar esta primeira loja, que comercializava sapatos masculinos e, pouco depois,

tênis, o que o levou rapidamente ao mercado esportivo. Logo, a Netshoes já possuía

oito lojas em São Paulo e em 2001 começou a comercializar artigos pelo

MercadoLivre, plataforma online de compra e venda de produtos novos ou usados. O

comércio online da Netshoes tomou forma mesmo em 2002, quando, sob o guarda-

chuva de um projeto pioneiro de shopping virtual do Banco Real, a empresa passou a

comercializar artigos esportivos para todo o Brasil.

15 Disponível em: http://efbr.com.br/29/02/2012/mercado/marcas/case-de-sucesso-%E2%80%93-netshoes-com-br/

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No ano de 2007, a Netshoes encerrou definitivamente suas atividades em lojas físicas

e passou a atuar exclusivamente com comércio eletrônico. Em 2010, a empresa virtual

recebeu um investimento de valor não divulgado do fundo americano Tiger Global16,

que já havia feito o mesmo com outras empresas de e-commerce.

A Netshoes recebe, aproximadamente, 1000 avaliações de produtos em seu site, o que

lhe permite, e lhe permitiu desde o início, adotar sistemas personalizados para

recomendações dos seus itens, além de criar mecanismos que facilitam a visualização

dos produtos no site, a fim de diminuir as trocas dos clientes. Atualmente a Netshoes

patrocina times do esporte brasileiro e anuncia em grandes eventos esportivos, como

nos jogos da seleção brasileira de futebol.

A Netshoes já realizou mais de 10 milhões de entregas e mantém cerca de 20 mil itens

em sua vitrine virtual, além de manter 15 lojas online de marcas como Havaianas e

Puma17. Palmeiras, Santos, Corinthians e São Paulo vendem itens oficiais pela

plataforma Netshoes e a Nokia anunciou para o Dia dos Pais (2012) uma ação em

parceria, premiando clientes que adquirirem dois modelos de seus celulares com um

voucher Netshoes no valor de R$ 15018. Nas redes sociais, a Netshoes mantém alguns

concursos culturais em datas comemorativas, mas não possui um grande diferencial

na linguagem.

Nesta mesma via está a Dafiti, a maior varejista online de moda e acessórios do país,

com quase três anos e muitos motivos para preocupar a Naetshoes. Em 2011, a Dafiti

teve um faturamento próximo dos R$ 400 milhões19, conta com 700 funcionários e já

mudou de sede três vezes para comportar o crescimento.

A Dafiti é fruto do empreendedorismo de três jovens europeus e um brasileiro

residente na Alemanha há 20 anos. Malte Horeyseck, Malte Huffmann, Thibaud

Lecuyer e Philipp Povel começaram o negócio primeiramente disparando telefonemas

16 Disponível em: http://efbr.com.br/29/02/2012/mercado/marcas/case-de-sucesso-%E2%80%93-netshoes-com-br/ 17 Disponível em: http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/65184_A+NETSHOES+ABRE+O+JOGO 18 Disponível em: http://www.tecmundo.com.br/nokia/27396-nokia-e-netshoes-anunciam-promocao-para-o-dia-dos-pais.htm 19 Disponível em: http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/1007/noticias/na-dafiti-400-milhoes-de-reais-em-um-ano

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para todos os fabricantes de calçados nacionais, de um escritório de 20 metros

quadrados na Zona Sul de São Paulo. Em maio de 2011 lançaram o site da empresa e

espalharam cerca de 500 banners pela internet. Atualmente, possuem 3,6 milhões de

visitantes únicos e 25 mil produtos à venda20, incluindo 140 marcas de calçados.

Nas mídias sociais, a empresa ultrapassou o número de fãs da Netshoes e aposta em

estratégias pouco inovadoras, mas focadas no marketing viral. Assim como a

Netshoes, a Dafiti também possui o investimento de um fundo internacional, o Rocket

Internet, já conhecido por investir em empresas de internet. Especula-se que o grupo

tenha disponibilizado R$ 50 milhões para a varejista Dafiti. Lecuyer, diretor de

operações da Dafiti, acredita no potencial de crescimento do mercado brasileiro e

afirmou em entrevista para a Revista Exame: “Cerca de 20% de nossos clientes estão

comprando pela primeira vez na web.”

No entando, a Dafiti ainda perde para a Netshoes nos contratos com algumas grandes

marcas. Por enquanto, as vendas da Nike na plataforma ainda são pouco expressivas e

a Adidas ainda não comercializa seus produtos, um movimento esperado já que a

Netshoes demorou dez anos para se consolidar no mercado e a Dafiti, mesmo com

boas apostas de crescimento, ainda está nos seus primeiros passos.

Netshoes e Dafiti, sem dúvidas, são dois cases de sucesso de varejo online no Brasil,

no entanto, mesmo se apresentam ótimos números de seguidores e fãs nas principais

mídias sociais, muitas vezes aproveitam-se de conteúdos que pouco têm a ver com as

marcas para angariar “likes” ou RTs. Especialmente nesta pesquisa queremos voltar a

nossa atenção para um varejista que tem apostado em diferenciais estratégicos em

mídias sociais, com uma mescla entre os bons ventos do mercado e o componente

social para atuar em vendas online. Vamos analisar a presença digital do

PontoFrio.com por colocar em prática projetos inovadores em linguagem e

engajamento e que ao nosso ver podem servir como base para a atuação de outras

empresas do segmento, de forma criativa e mais voltada ao engajamento do que para

o volume de audiência.

20 Disponível em: http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/1007/noticias/na-dafiti-400-milhoes-de-reais-em-um-ano

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3. CAPÍTULO 3: reflexão teórica

Com todo este cenário fervoroso de crescimento do comércio eletrônico, nenhuma

empresa quer ficar atrás na hora de capturar a atenção deste potencial consumidor

que está online, especialmente presente nas mídias sociais. Com base em

conhecimentos prévios e do contato com o mercado, temos a impressão de que

podemos estudar o marketing digital focando duas áreas estratégicas (podem

existir outras) de acordo com a atuação desses negócios em canais sociais na

internet.

A primeira área é a aplicação de táticas de branding à construção da marca digital,

de uma forma integrada à comunicação off-line. E a segunda é o social commerce

(ou comércio social), no qual o consumidor tem um forte papel na manutenção da

estratégia digital cotidiana.

3.1 CONCEITOS DE BRANDING

Povos das civilizações mais antigas da Grécia e de Roma já tinham o costume de

deixar na base de suas obras, como objetos de olaria e cerâmica, pequenos

símbolos, às vezes cruzes ou estrelas, que identificassem seus trabalhos. Mas foi na

idade média, que artesãos, artistas e comerciantes começaram a de fato assinar as

suas produções, de acordo com Strunk (apud, Rustiguel, 2012).

Parece-nos que desde aquela época, as pessoas já começavam a entender a

importância de diferenciar os seus produtos de outros, deixando uma “marca” que

lhes conferisse a qualidade da produção. Hoje, esta importância ganhou muita

relevância entre as empresas, fez nascer teorias em seu entorno e possui uma

prática bem estruturada. À ela damos o nome de branding. Não há somente uma

conceituação para branding, nem tão somente uma forma de enxergar sua evolução

dentro da comunicação. Mas demos preferência a alguns autores que explanam o

branding abordando dos valores tangíveis aos intangíveis e que identificam

mudanças de acordo com as transformações de comportamento do consumidor nos

últimos anos, com a era da internet.

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De acordo com Martins (apud Rustiguel, 2012), branding é:

O conjunto de ações ligadas à administração das marcas. São ações que, tomadas com conhecimento e competência, levam as marcas além de sua natureza econômica, passando a fazer parte da cultura, e influenciar a vida das pessoas. (MARTINS, 2006, p.8)

Mas como uma marca é capaz de fazer parte de uma cultura e influenciar a vida

das pessoas? Beatriz Rustiguel (2012, online) explica que uma empresa possui

ativos tangíveis e intangíveis. Os tangíveis são aqueles físicos, como a terra e os

recursos naturais e os intangíveis são os recursos não materiais e o capital

intelectual como o conhecimento, as informações estratégicas, os relacionamentos,

os processos e também as marcas.

Com o avanço da tecnologia, esses ativos intangíveis acabaram por superar os

tangíveis na geração de riqueza para as empresas e a construção de uma marca

forte ganhou notoriedade após a compreensão de que é justamente a marca o ativo

intangível mais lembrado por consumidores e com o maior poder de influência no

momento da compra (Rustiguel, 2012). A marca, hoje, carrega todos os benefícios

experienciais e simbólicos do relacionamento do consumidor com o

serviço/produto, como a experimentação de um produto de boa qualidade e a

relação custo benefício Rustiguel (2012).

Se estas experiências do consumidor no contato com o serviço ou com a aquisição

de um produto forem positivas, consequentemente o seu sentimento para com a

marca será positivo e o mesmo vale para uma experiência negativa. A marca passa

a ser um fenômeno cultural, pois carrega em si todo um jeito de ser da empresa no

relacionamento com o cliente. Ela é capaz de traduzir simbolicamente os

processos, a rotina, o tipo de produto e serviço que aquela companhia oferece. Por

isso, a edificação de uma marca passa também por um processo de comunicação

interna, que seja capaz de envolver funcionários e corpo diretor na manutenção dos

valores (tangíveis e intangíveis) agregados à marca, de uma ponta à outra do

processo.

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Toda esta mudança de supervalorização dos valores intangíveis, de acordo ainda

com Rustiguel (2012), veio acompanhada pela mudança de atitude do marketing

moderno, que, diante de tanta concorrência e similaridade de produtos, se viu

obrigado a focar os seus esforços não mais no produto e no serviço, mas nas

necessidades e na satisfação do cliente, o que inclui o valor que este cliente atribui

a sua experiência de compra. Tendo isto em vista, Rustiguel (2012) afirma que o

investimento no relacionamento com o público é primordial, já que será ele a dar

vida, crescimento e força para a marca.

Em recente publicação na Harvard Business Review, edição brasileira, Rômulo

Pinheiro, diretor-geral da Asia Branding, destacou algumas práticas vitoriosas de

branding adotadas por empresas que pensam justamente neste ponto-chave que é a

satisfação do consumidor. Sobre estes pontos, desejamos fazer alguns comentários

nas linhas que se seguem.

Partindo do investimento no relacionamento com o público, do qual falamos

anteriormente, Pinheiro (2012, online) incita as empresas a conhecer o seu

mercado tão bem a ponto de ser capaz de propor experiências inesperadas aos seus

consumidores. Experiências estas, verdadeiramente novas no contato do público

com os seus serviços ou produtos, não somente por meio de um trabalho de

comunicação, uma propaganda ou degustação, mas por qualquer ponto de contato

do cliente com o que a empresa tem a oferecer.

Uma marca bem estruturada é capaz de mudar o comportamento de clientes,

prospects, funcionários, investidores, governos, imprensa entre outros. Para isso

ela não deve existir somente na mente de quem a concebe, ela precisa ser

efetivamente concreta na sua relação entre a prática e o discurso.

Pinheiro (2012, online) ressalta que uma marca bem estruturada precisa ter uma

mensagem alinhada para todos os públicos, e lembra que um cliente pode ser

também um formador de opinião: “Não importa com quem a empresa esteja

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falando, não importa a situação: a mensagem precisa fazer sentido e ser consistente

para qualquer público” (Pinheiro, 2012, online).

A imagem de uma marca também se constrói a partir de uma estética, a partir dos

sinais visuais e de comportamento que ela emite para seus públicos. São estas

características que fazem a marca “conversar” com as pessoas, seja na hora do

atendimento ao cliente, seja na concepção de uma campanha publicitária, seja na

hora de responder uma crítica ou reclamação via redes sociais na internet.

Dentre todas estas dicas, Pinheiro (2012, online) relembra um conceito

fundamental para estabelecer e fortalecer uma marca no nosso mercado

competitivo: a relevância. Para o autor, de nada adianta fazer a marca se destacar

por um tom engraçado, ou com uma linguagem genial, ou ser aquela marca

massivamente conhecida se não houver relevância. Pois dentre todas estas, a que

for relevante é que irá prevalecer. A relevância neste sentido não possui um

conceito fechado. Ela dependerá de todos os componentes da instituição e da

comunicação e será definido de acordo com as necessidades do cliente para aquele

segmento.

De alguma forma percebemos que grande parte desta relevância se extrai hoje no

contato direto com o público nas redes sociais online. O nível de feedback é alto e

o sentimento das redes, bem como a medição de suas ações de engajamento,

constituem um estudo em ascensão na área. É uma via de mão dupla, na qual

quanto mais se conhece do consumidor, mais se deseja transformar o seu

comportamento em favor da marca. Souza (2012, online) afirma: “O interesse nas

redes sociais vem gradativamente se transformando não só mais em simples sites

de relacionamentos entre as pessoas, mas também uma forma de procurar e

transformar o comportamento do consumidor sobre as empresas que ali atuam”.

Como vimos em capítulo anterior, sobre o cenário do e-commerce no Brasil, o

grande grupo potencialmente consumidor de “marcas”, são os jovens. São eles os

mais envolvidos neste composto que mistura algumas das tradicionais estratégias

de branding com um componente social: a importância da pessoa, com suas

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opiniões e comportamentos, neste relacionamento “íntimo” com a marca por meio

das redes sociais. Indiscutivelmente, são eles os que mais se envolvem neste novo

jeito de consumir produtos, absorvendo os valores intangíveis das marcas.

Don Tapscott classifica esta geração como Net Generation e afirma que ela está

tornando obsoleta aquilo que chamamos de “Quatro Ps do Marketing”21. Para ele,

as empresas, agora, são norteadas pelas regras ABCDE do marketing: anyplace,

brand, communication, discovery e experience, ou seja, qualquer lugar, marca,

comunicação, descoberta e experiência (Tapscott, 2009).

Neste novo composto, sugerido por Tapscott, ao invés de produto, temos a

importância da marca. Por isso, consideramos importante destacar rapidamente

algumas normas pelas quais o autor nos guia para atrair estes jovens consumidores

ao relacionamento com as empresas, visando fidelização e conversão em vendas.

Em primeiro lugar está a norma da liberdade. É preciso dar escolha aos

consumidores e mais do que o melhor do que uma empresa tem a oferecer. Em

segundo lugar está a customização, ou seja, tornar o produto, um produto feito

exclusivamente para o cliente. Em terceiro lugar está a pesquisa. É bom que a

empresa faça uma minuciosa, pois certamente o consumidor irá avaliar todas as

características dos produtos antes de ir até uma loja ou fazer uma compra online.

Na quarta posição, para Tapscott, vem a integridade. As empresas precisam fazer o

consumidor sentir que elas merecem o dinheiro dele, pelos valores que a marca irá

demonstrar durante o relacionamento.

Em quinto lugar está a colaboração. As marcas precisam escutar o consumidor, e

não só. Precisam deixar com que ele interfira e ajude a tornar o serviço ou o

produto melhores a cada dia, seja com um feedback, seja com um conhecimento

prático. Em sexto, Tapscott cita o entretenimento, uma norma já bem visível entre

as marcas que mantém uma presença no Facebook, por exemplo. De um jeito ou de

outro, elas já vêm buscando tornar a linguagem leve e mais divertida na hora de se

relacionar com o consumidor. A sétima norma diz respeito à velocidade. O 21 “Quatro Ps do Marketing” é uma teoria de Jerome McCarthy que define os quatro grandes grupos de efetividade de um composto de marketing operacional: produto, preço, praça e promoção.

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consumidor deseja ser servido agora, neste instante. Não há mais espaço no

mercado para empresas que não fazem um contato imediato, mediante um desejo

de compra ou expressão de uma crítica. E por último, está a inovação. O

consumidor quer o que há de mais novo no mercado, o que os outros ainda não

têm.

Para concluir estes breves apontamentos sobre os conceitos e as práticas de

branding, talvez nada mais justo do que concordar com Dana Vetter, que em artigo

para o site de Brian Solis, afirmou: “your people are your product”, ou seja, o seu

público (pois se refere neste artigo ao “quinto P do marketing”, o P de pessoa

(people), é o seu produto.

3.2 SOCIAL COMMERCE: CONCEITOS E TÁTICAS DO COMÉRCIO SOCIAL

Primeiramente é importante fazer a ressalva de que os estudos sobre social

commerce, ou comércio social, como vamos chamá-lo aqui, ainda são incipientes.

Vamos partir de algumas referências da autora Martha Gabriel, que em uma de

suas últimas publicações dedicou um capítulo inteiro para esmiuçar conceitos e

táticas do comércio social, e depois perpassar alguns autores que abordam o

assunto por um viés mais sociológico

Veremos que em determinados princípios, o comércio social apodera-se de

práticas comuns ao branding, por também focar no relacionamento com o

consumidor, mas neste caso, a estratégia gira muito mais em torno do

aproveitamento da colaboração do consumidor do que propriamente da

construção de uma marca afetiva.

Gabriel (2010) explica que o comércio social possui duas essências formadoras: o

social e o comércio. Ser social para uma empresa significa interagir de pessoa

para pessoa e não de empresa para pessoa ou de pessoa para empresa. Por isso,

para a autora, as empresas precisam motivar esta interação “social” com a sua

rede de consumidores, a fim de gerar aproveitamentos sobre as suas experiências,

contribuindo e criando conteúdo junto com os usuários. “O ‘social’ é a motivação

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- chave que guia a geração de conteúdo pelos usuários das redes sociais”

(Gabriel, 2012, p. 320).

Outra essência do comércio social é o comércio. Este tem a ver com a prática de

compra e venda e com os resultados dessa prática. O objetivo do comércio nada

mais é do que isso: comprar e vender.

Teremos, portanto, com Martha Gabriel (2010) que:

“Dessa forma, o comércio social é a estratégia de conectar consumidores a consumidores e alavancar essas conexões com propósitos comerciais. O comércio social não está relacionado apenas a motivar as pessoas a falarem sobre sua marca nas redes sociais, mas a incentivá-las a fazerem compras por meio do canal social, ou seja, o comércio social integra ambientes de venda (B2B ou B2C) a formatos de redes sociais.” (Gabriel, 2010, p. 320)

Uma pesquisa feita pela Exact Target nos EUA (apud, Gabriel, 2010), e que

acreditamos não desviar muito das intenções do público brasileiro, mostra que

40% das pessoas dão um “like”22 em uma página para receber descontos e

promoções, e que cerca de 39% conectam-se às marcas para mostrar aos outros o

seu apoio à empresa. Gabriel (2010) vê nestes dados que o sentimento das

pessoas é um fator motivador importante para o relacionamento com as empresas

em ambientes digitais, afinal demonstrar aos outros o seu apoio a alguém ou à

alguma coisa é fruto de uma relação afetiva.

A fim de impulsionar essas relações sociais do consumidor com a empresa, a

comunicação tem desdobrado os estudos de marketing em ações on e off-page23

para alavancar as vendas online. Particularmente nos interessam as ações off-

page, pois são justamente elas que envolvem as estratégias em mídias sociais.

Elas são chamadas de Social Media Marketing (SMM) e envolvem tudo o que

gera tráfego do consumidor para sites de e-commerce.

22 Like, refere-se ao botão “curtir” adotado pela rede social Facebook, pelo qual os usuários apoiam uma página ou uma publicação de conteúdo. 23 Ações on-page: dentro do site. Ações off-page: fora do site.

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Como parte dos estudos de SMM, queremos destacar junto com Gabriel (2010) as

estratégias do Marketing Boca a Boca, ou WOMM (Word of Mouth Marketing)

que valoriza as técnicas de repasse de informação por meio da comunicação

humana, de pessoa a pessoa, o que vem a calhar com a definição de “social” em

comércio social. O WOMM apresenta algumas subcategorias, que desejamos

apresentar no quadro a seguir e que ajudarão na compreensão dos estudos de caso

do próximo capítulo.

Subcategorias do Word of Mouth Marketing

Subcategoria Conceito Buzz Marketing Utilização de eventos high-profile (que atraiam atenção

e publicidade) ou alguma notícia para fazer com que as pessoas falem de uma marca.

Marketing Viral Criação de mensagens divertidas ou informativas feitas para serem passadas de forma exponencial, por e-mail ou eletronicamente.

Community Marketing

Formação ou apoio de comunidades de nicho que possam ter interesse em compartilhar informações sobre a marca (como clubes de fãs, fórum de discussões), providenciando ferramentas, conteúdo e informação para apoiar tais comunidades.

Grassroots Marketing

Organização e motivação de voluntários a participarem de projetos pessoais ou de alcance local.

Evangelist Marketing

Cultivar evangelistas, voluntários que são incentivados a assumirem um papel de liderança ativa, espalhando mensagens interessantes sobre você.

Product Seeding Colocação do produto certo, nas mãos certas, na hora certa, fornecendo informações e amostras a pessoas influentes.

Influencer Marketing

Identificação de comunidades-chave e influenciadores de opinião que têm a probabilidade de se interessar em falar sobre uma marca e a habilidade de influenciar outras pessoas.

Cause Marketing Apoio a causas sociais para ganhar respeito e apoio daqueles que se identificam com a causa.

Conversation Creation

Criação de anúncios interessantes ou engraçados, e-mails, jingles, entretenimento ou promoções feitas para incentivar a atividade boca a boca.

Brand Blogging Criação de blogs e participação na blogosfera, no espírito de comunicação aberta e transparente, compartilhando conteúdo de valor que a comunidade de bloggers possa querer comentar.

Referral Programs Criação de ferramentas que permitam a clientes satisfeitos recomendarem-nas aos seus amigos.

Fonte: Quadro disponível em Marketing na Era Digital. Gabriel (2010). : http://womma.org/wom101/2/

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Dan Zarella (apud, Gabriel, 2010) destaca alguns fatores motivadores para que

um indivíduo compartilhe uma mensagem por meio do WOMM. Por ordem de

maior importância para a menor, são estes os fatores: (1) relevância pessoal, (2)

humor, (3) utilidade, (4) construir relacionamentos, (5) interesses em comum, (6)

eles podem sentir falta disso, (7) conversações e (8) reciprocidade. No próximo

capítulo teremos a chance de abordar um pouco mais cada uma dessas

motivações por meio de exemplos práticos.

Mas essa estratégia é uma via de mão dupla, na qual consumidor e empresa

atuam juntos em um processo de colaboração contínua. As empresas criam

espaços para que o consumidor possa entrar, conversar, dar opiniões e os

consumidores, por sua vez, aproveitam-se dessas estratégias para interferir nas

etapas produtivas e na entrega de um serviço que possa lhes beneficiar.

Sobre esta questão, Steven Van Belleghem e Tom De Ruyck, em recente post no

blog de Brian Solis24 apresentaram um estudo de autoria própria sobre os pilares

para o sucesso de negócios colaborativos. Os autores abordaram o conceito de

uma colaboração estrutural, que envolveria todos os estágios do processo

produtivo, do brainstorm ao operacional. No entanto, algumas propostas nos

parecem genéricas para um exercício cotidiano, mesmo em empresas que ainda

não apresentam uma colaboração estrutural, de solidificação dos relacionamentos

recíprocos entre consumidores e empresas de varejo em ambientes sociais online.

Um desses pilares diz respeito ao relacionamento com pessoas intrinsecamente

motivadas com o negócio da empresa. Estes consumidores são mais propícios a

colaborar, pois já se envolveram com os produtos (gastando o próprio dinheiro

com eles), com a prestação do serviço ou simplesmente com o valor afetivo da

marca.

Para os autores, a colaboração parte do princípio de que a empresa precisa elevar

a sua mentalidade, permitindo aos consumidores ter verdadeiramente voz dentro

da companhia, até que se chegue a um ponto da relação ser praticamente 24 Acessível em: http://www.briansolis.com/2012/05/from-co-creation-to-collaboration-5-pillars-for-business-success/

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35

consumidor a consumidor, pessoa a pessoa. O ganho neste nível está na maior

confiança que o consumidor tem em outro consumidor do que na própria

empresa.

Aliás, colaboração, reciprocidade e confiança são, a nosso ver, as grandes chaves

do comércio social. A colaboração permite o conhecimento contínuo e cada vez

mais profundo do consumidor, com seus hábitos de consumo, comportamento e

opiniões sobre o mundo e sobre a própria empresa. Mas como toda ação requer

uma reação, a reciprocidade das companhias com relação à participação destes

consumidores em seu cotidiano também é capaz de alavancar as vendas. Isso

porque a reciprocidade é uma das grandes benfeitoras do acúmulo de capital

social do indivíduo. Quanto mais ele se sente digno da atenção dedicada pela

marca, maior também é o seu nível de dedicação e afetividade com a empresa. A

este respeito, Patric Fransko (apud, Arnold, 2011) alerta que o poder das mídias

sociais está justamente em mostrar aos consumidores que eles não são somente

números para as marcas.

A confiança por sua vez, está intimamente ligada à lealdade. Teresa Arnold

(2011) afirma que a lealdade e a satisfação provenientes deste relacionamento de

confiança entre empresa e consumidor, mesmo que muitas vezes difíceis de

serem medidos, são em todo caso o maior e o melhor retorno sobre o

investimento em mídias sociais, já que são estes os fatores responsáveis pelas

melhores taxas de retenção.

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36

4. CAPÍTULO 4: ESTUDO DE CASO - A ESCOLHA DO PONTO FRIO

Até agora insistimos teoricamente que o relacionamento com o consumidor pelos

canais de mídias sociais pode ser a melhor forma de branding online e o melhor

jeito de se obter retorno sobre o investimento para marcas de varejo que atuam

em sites de e-commerce. A fim de casar teoria e prática escolhemos como case de

estudo o Ponto Frio. E desejamos que o destrinchamento desta estratégia sirva de

base para a elaboração, ao final deste trabalho, de um pequeno manual de conduta

em mídias sociais para os varejistas brasileiros que desejam se aventurar na

internet, especialmente aqueles pequenos.

Não seremos os primeiros, nem os últimos, a apresentar esta estratégia diferencial

que o “pinguim”, como o PontoFrio.com é reconhecido nas redes, tem adotado

em seus canais. Queremos ressaltar, no entanto, que não é uma estratégia

soberana e a única capaz de converter em vendas. Por meio de conhecimento

prévio e do contato cotidiano com o mercado, temos a indicação de poder afirmar

que a estratégia do PontoFrio.com é uma estratégia eficiente por acreditarmos,

antes de tudo, que as mídias sociais são canais intrinsecamente de

relacionamentos. Por trás de cada like e de cada mention estão pessoas. Pessoas

que desejam sim, comprar e receber um produto em casa no prazo e em boas

condições. Mas também pessoas, com seus problemas, com as suas alegrias, que

desejam conversar e serem tratadas com respeito e educação pelos seus

interlocutores. Pessoas que também têm algo a dizer e que são capazes de

influenciar amigos e parentes no processo de compra.

4.1 BREVE HISTÓRIA DO PONTO FRIO

Com 456 lojas em diversos estados do país, o Ponto Frio é o segundo maior

varejista do Brasil no segmento, em termos de receita líquida. A fundação de sua

primeira loja física aconteceu em 1946, no Rio de Janeiro, quando o empresário

Alfredo João Monteverde apostou na importação de produtos como

refrigeradores e máquinas de costura. Dos refrigeradores da linha “Cold Spot”

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nasceu o nome fantasia, uma tradução do termo. Apresenta como missão a

comercialização, “de forma rentável, de produtos das melhores marcas e serviços

associados, fidelizando os clientes através da excelência no atendimento.”25

Foi em 1996 que a empresa resolveu lançar o seu site na internet, inicialmente

para consulta dos produtos comercializados e informações institucionais, mas

apenas um ano depois, em 1997, acabou por tornar-se um forte canal de vendas.

Em 2008, a operação virtual ganhou “pernas” próprias com a criação do

PontoFrio.com Comércio Eletrônico S.A, uma varejista online com gestão e

operação independentes do Ponto Frio, com grande parte do seu capital social

controlado pela Globex Utilidades S.A. Em outubro de 2008, o PontoFrio.com

iniciou suas atividades no Twitter e em julho de 2009, no Facebook.

4.2. DESTRINCHANDO A ESTRATÉGIA DO PONTOFRIO.COM EM

MÍDIAS SOCIAIS

Com uma abordagem simpática, recíproca e totalmente focada na identificação

com o seu consumidor, o PontoFrio.com já alavancou três prêmios de grande

reconhecimento. No evento Social Media Week São Paulo foi escolhido como o

melhor twitter26 pela sua performance diária27, ficando na frente de marcas como

Guaraná Antarctica e Nissan. O blog BJC, o maior blog de colecionadores do

Brasil, realiza uma votação anual e o “pinguim” foi destaque na categoria

comércio eletrônico como melhor magazine online e melhor twitter de loja, a

partir dos votos de 32 mil pessoas28. E ainda mais recente é o resultado da

pesquisa #MarcaÚtil, realizada pela RMA Comunicação que atribuiu ao

PontoFrio.com a excelência de marca mais útil presente na internet29, de acordo

com os entrevistados, pela rapidez no atendimento.

25 Informações disponíveis no site da empresa: http://www.pontofrio.com.br/Atendimento/ConhecaPontoFrio.aspx#Compromisso 26 Twitter Ponto Frio: http://twitter.com/pontofrio 27 O resultado do prêmio pode ser acessado em: http://socialmediaweek.org/saopaulo/2011/10/05/premio-epic-vencedores/ 28 Resultado do prêmio pode ser acessado em: <http://bjc.uol.com.br/2012/02/04/resultados-do-premio-bjc-2011/> 29 Resultado em: < http://imprensa.grupopaodeacucar.com.br/pontofrio-com-e-eleita-a-marca-mais-util-da-internet/>

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Além destes prêmios, a equipe PontoFrio.com de mídias sociais já teve boas

surpresas dos consumidores como fruto do trabalho online. Guilherme Perez,

coordenador da equipe, gentilmente nos relatou algumas histórias que

demonstram como o atendimento via redes sociais pode gerar lealdade e

satisfação dos consumidores:

Certa vez um seguidor enviou um convite de casamento contando que a relação com o “Pinguim” passou de Loja x Consumidor para Amigo x Amigo e por isso os noivos queriam a equipe de redes sociais no altar. Outros fãs do “Pinguim também já nos surpreenderam visitando a sede da empresa e levando bolo, almofada e cartinha; enviando uma cesta de cookies para a equipe; acessórios de escritório para o personagem e até mesmo um anel para ele pedir a @PinguinaS230 em casamento. (informação verbal)31

Por este relato já podemos concordar com Martha Gabriel, ao afirmar que o “ser

social”, em uma atividade de comércio social, compreende uma relação não mais de

empresa-pessoa, mas sim pessoa-pessoa. Uma análise de todos os tweets e posts no

Facebook do PontoFrio.com no mês de julho indicou que grande parte da estratégia

está focada na construção do personagem “pinguim”. Ele não está ali só para vender

os produtos, mas para dar forma a uma marca “humanizada” e que gere identificação

com o consumidor. Afinal, o “pinguim” entra na sala para trabalhar e dá bom dia,

tem o seu horário de almoço para comer sardinhas, tem aulas de natação, gosta de

games, tem uma namorada, uma professora e um jeito muito próprio de se

comunicar.

Ao todo foram categorizados 376 posts do Twitter e 179 do Facebook, todos do mês

de julho. Em uma das categorias, classificamos os tweets em “comercial” e “não

comercial”. A primeira categoria agrupou os conteúdos que continham relação com a

venda de algum produto e a segunda contemplou aqueles conteúdos que reforçavam

a humanização do personagem “pinguim”, retratando o seu cotidiano. A partir disso,

obtivemos o seguinte gráfico:

30 Personagem, também fictício, que forma um par romântico com o “pinguim” nas redes. Uma clara estratégia de storytelling. 31 Informação cedida por Guilherme Perez Simões

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Figura 5 - gráfico quantidade de tweets por categoria principal

Por este gráfico, percebemos que o objetivo principal das redes é realmente atender a

demanda objetiva do consumidor por produtos. Mas de certo, impressiona o volume de

conteúdo gerado para a edificação dos valores intangíveis da marca. Os exemplos a

seguir clarificam um pouco mais esta análise:

0  

50  

100  

150  

200  

250  

Comercial     Não  Comercial  

Tweets  por  categoria    

Figura 1 - exemplo de tweet não comercial

Figura 2 - imagem contida no link da figura 6

Figura 3 - exemplo de tweet não comercial

Figura 4 - exemplo de tweet não comercial

Figura 6 - exemplo de tweet não comercial

Figura 7 - imagem contida no link da figura 5

Figura 8 - exemplo de tweet não comercial

Figura 9 - exemplo de tweet não comercial

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Ainda com relação ao Twitter, uma segunda classificação agrupou os conteúdos de

acordo com as motivações que podiam levar o consumidor ao engajamento. E eram as

seguintes:

1) Entretenimento: contemplou tweets com linguagem leve (podemos dizer que uma

maioria esmagadora), voltados à venda com o foco na diversão do cliente neste

processo.

2) Inovação: comportou os tweets que ofereciam um serviço inovador, como o

aplicativo de desconto no Facebook – o Economizator32 - e a venda de produtos

de alta tecnologia, como tablets e smartphones.

3) Identificação: agregou todos os tweets que não tinham links diretos para venda de

produtos. Estes sugeriam uma identificação direta com a rotina do consumidor,

seus hábitos e costumes. Todos estes também foram classificados como “Não

comerciais”.

Somando o volume de RTs dados aos tweets de cada categoria, temos o seguinte

gráfico:

Figura 10 - gráfico total de RTs por motivação

32 Aplicativo no Facebook que permite ao consumidor inserir o código do produto do PontoFrio.com que ele deseja e adquirir instantaneamente uma cota de desconto, geralmente de 10%.

51%  

25%  

24%  

Total  de  RTs  por  motivação  

entretenimento  

Identi7icação  

inovação  

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Por ele vemos que 25% de todo o engajamento no twitter da marca deve-se aos

conteúdos voltados à identificação com o consumidor e, consequentemente, à

construção do mascote “pinguim”.

Durante a classificação, sentimos a necessidade ainda de avaliar o impacto do

conteúdo que se relacionava com assuntos populares, fossem eles música, novela,

datas comemorativas do calendário, programas de TV. Todos os que não tinham

relação com nenhum destes, foram classificados como “diversos”. A maior intenção

neste caso foi mostrar a perceptível repercussão da cobertura online que o “pinguim”

fez de capítulos da novela Avenida Brasil, exibida pela Rede Globo. Aproveitando-se

dos bordões das personagens e do contexto das cenas, o “pinguim” abusou da

criatividade para engajar os consumidores. Neste caso, percebemos também este novo

comportamento de múltiplas conexões midiáticas: os consumidores estão no Twitter

enquanto assistem TV.

Pelo gráfico a seguir, temos que 59% do volume de RTs, o correspondente a 2137 dos

3625 totais, foram obtidos por meio de tweets que abordavam a novela:

Figura 11 - gráfico volume de RTs x Relação Popular

8%  1%  

59%  3%  

29%  

Volume  de  RTs  x  Relação  popular  

data  comemorativa  

música  

Novela  

programa  de  TV  

Diversos  

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Pelos tweets recolhidos desta cobertura, notamos que a estratégia conseguiu provocar

uma experiência inesperada (grifo nosso) nos consumidores, ao fazê-los assistir a

novela na companhia do “pinguim”, um twitter institucional, de varejo, e que de

repente se torna um amigo de sofá para rir junto das personagens.

Figura 14 - exemplo de tweet para cobertura da novela Figura 12 - exemplo de tweet para cobertura da novela

Figura 13 - exemplo de tweet para a cobertura da novela

Figura 15 - exemplo de tweet para cobertura da novela

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Os dados do Twitter ainda nos mostram que a marca segue aquela ideia principal

trabalhada no texto de Rustiguel (2012). Para o PontoFrio.com o investimento no

relacionamento com o consumidor (grifo nosso) é realmente primordial para dar

vida, crescimento e força para a marca. Se somarmos todas as publicações do

“pinguim” nesta rede social durante o mês de julho, e isto inclui posts de conteúdo e

interações por menções com as pessoas (relacionamento), veremos que o total chega a

4.162 postagens. Destas, 3.786 são de relacionamento. Impressiona o gráfico a seguir:

Figura 16 - gráfico conteúdo x relacionamento

O “pinguim” responde absolutamente todas as menções feitas ao seu perfil, sempre de

forma educada, descontraída e utilizando de recursos para valorizar a interação. Neste

sentido vemos confirmada a reciprocidade (grifo nosso) como uma das bases da

estratégia. Dar atenção, benefícios, boas-vindas ao twitter; e receber uma gama de

interações, a maior parte com elogios ao trabalho e ao atendimento, como veremos

logo mais.

Um outro recurso que valoriza a interação é a customização (grifo nosso) dos links

encurtados, tanto para identificar os produtos de forma divertida, quanto para torná-lo

exclusivos a um consumidor. Esta customização torna o produto e o atendimento

“feito” exclusivamente para o cliente, de acordo com Don Tapscott (2009), a segunda

norma para atingir o público jovem.

Conteúdo  x  Relacionamento    

Tweets  de  conteúdo  

Número  de  mentions  

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Abrir a aba de tweets favoritados pelo “pinguim” é simplesmente encontrar a

reciprocidade como o melhor retorno sobre o investimento em relacionamento. Neste

ponto, há também uma sintonia com Tapscott (2009) no quesito da integridade (grifo

nosso). Em diversos tweets, os consumidores nos fizeram sentir que a empresa

mereceu o dinheiro e o tempo gasto com a venda. O conteúdo dos tweets demonstra

que o perfil do “pinguim” é capaz de resolver problemas com rapidez, simpatia e

vender com um toque de diversão. Alguns exemplos:

Figura 17 - exemplo de tweet customizado

Figura 18 - exemplo de tweet com link customizado "Aquecedores do Pinguim"

Figura 19 - exemplo de tweet: integridade

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A velocidade nas respostas também é um diferencial estratégico no processo de

vendas do PontoFrio.com. De acordo com Guilherme Perez, coordenador da equipe

de mídias sociais, as respostas são dadas em no máximo três minutos em horário

comercial. “Salvo quando são muitas, como por exemplo, respostas ao “bom dia”, aí

vamos respondendo aos poucos ou quando o Twitter nos bloqueia por causa da

quantidade de mensagens e desbloqueia somente após umas duas horas”, explica

Guilherme.

Figura 20 - exemplo de tweet: integridade

Figura 21 - exemplo de tweet: integridade

Figura 22 - exemplo de tweet: integridade

Figura 23 - exemplo de tweet: integridade

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A equipe do PontoFrio.com gentilmente nos cedeu este arquivo com um exemplo de

“Compra realizada em minutos”:

Figura 24 - exemplo de compra realizada em minutos

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Outro ponto de convergência da nossa reflexão teórica com a estratégia do

PontoFrio.com é a inovação (grifo nosso). Em nossa análise classificamos como

inovação todo o conteúdo voltado aos aplicativos em redes sociais, como o

Economizator, e a possibilidade de login no site via redes sociais. Além da oferta de

produtos de alta tecnologia, não tão comuns de serem encontrados neste tipo de

segmento, como tablets e smartphones. Todos os tweets de boas vindas aos novos

seguidores contém um link de redirecionamento para o Economizator. Ao todo esta

categoria foi responsável por 24% do volume de retweets no canal do PontoFrio.com,

sempre associada a um contexto de conteúdo criativo.

A colaboração, como bem mencionada por Steven Van Belleghem e Tom De Ruyck

(2012, online) apresenta-se como parte da estratégia quando dá voz aos consumidores.

Já demonstramos em outros exemplos como o relacionamento é a própria base desta

colaboração. Mas a equipe também agradece e valoriza as interações das pessoas que

desejam contribuir de uma forma mais técnica, com uma opinião subjetiva sobre os

serviços ou com sugestões de descontos, como é o caso a seguir:

Figura 25 - exemplo de tweet: inovação

Figura 26 - exemplo de tweet: inovação

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A estratégia de construção da marca e de comércio social se completa no Facebook do

PontoFrio.com. Neste canal, os destaques ficam as publicações que exploram toda

uma gama de conteúdos associados aos pinguins, e juntamente com estes, uma outra

gama de material imagético altamente viral. Foram classificados 179 posts, o total do

mês de julho. As categorias dividiram-se em:

1) Simbólica: todo o tipo de material viral ou de identificação com o consumidor,

muito focados no relacionamento e sem venda explícita de produtos.

2) Explícita: todas as postagens que apresentavam já em seu conteúdo a

descrição dos produtos e suas ofertas.

De cada postagem foram recolhidos os dados de engajamento. A fim de facilitar as

análises, foram somados os volumes de “likes”, comentários e compartilhamentos e

este número passou a representar as ações de engajamento por post.

De acordo com esta classificação, obtivemos:

Figura 28 - gráfico engajamento por categoria

14%  

86%  

Total  de  engajamento  por  categoria  

Explícita  

Simbólica  

Figura 27 - exemplo de tweet: colaboração

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Isso significa que das 84.426 ações de engajamento em todos os posts do mês de

julho, 72.271 foram em posts da categoria “simbólica”, confirmando mais uma vez a

estratégia voltada ao relacionamento.

A linha do Facebook segue exatamente a lógica do Social Media Marketing, descrita

por Martha Gabriel (2010), apostando todas as fichas no marketing viral (grifo

nosso), a partir de conteúdos divertidos e passíveis de compartilhamentos. Neste caso,

o PontoFrio.com aproveita-se muito bem dos “memes”33, para atingir altas taxas de

engajamento. Como demonstram os exemplos a seguir:

33 De acordo com Richard Dawkins, em O Gene Egoísta, meme é uma unidade de informação que se multiplica de cérebro em cérebro. O conceito foi incorporado à internet, devido às viralização de conteúdos passados de boca a boca via redes sociais.

Figura 29 - exemplo de post viral

Figura 30 - exemplo de post viral

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Se para o PontoFrio.com o relacionamento é a alma do negócio, o seu esqueleto é o

entretenimento (grifo nosso). Podemos afirmar que manter a relevância do conteúdo,

oferecendo acima de tudo ofertas e produtos desejados pelo público consumidor, e ao

mesmo tempo aliar uma estratégia com linguagem leve e atendimento personalizado

às pessoas, constituem o ponto forte do nosso estudo. Mesmo se gostaríamos de

destacar que tal estratégia de comunicação está bem distante de refletir todo o

atendimento da empresa ao consumidor. As lojas físicas são alvos de muitas queixas e

percebe-se que não há uma integração entre a mensagem distribuída online e a

comunicação que as pessoas encontram off-line.

No entanto, voltando ao online, e com base na reflexão teórica que confirma esta

atuação como uma estratégia válida, queremos propor no próximo capítulo um breve

manual de atuação em mídias sociais para os varejistas brasileiros, de uma maneira

especial, aqueles menores que não possuem o capital necessário para investir em uma

comunicação digital especializada.

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5. CAPÍTULO 5: POR QUE UM MANUAL? Quem já foi a São Paulo ou trabalha com comércio provavelmente algum dia na vida

já ouviu falar da rua 25 de março. Para quem nunca ouviu, é uma rua famosa por

vender coisas de todos os tipos, de roupas a materiais para festas, por um preço muito

barato.

No ano de 2006, a família Oliveira, pai e dois filhos, resolveu apostar as cartas em um

negócio inovador. Com ajuda do Google Adwords34, fomentaram um site de vendas

de artigos para festas da rua 25 de Março. A ideia era que o consumidor pudesse ter

acesso aos produtos da rua, pelo mesmo preço, sem sair de casa e em todo o Brasil. A

empresa cresceu e transformou a família Oliveira em uma família de negócios bem

sucedida. O site possui cerca de 500 mil visitas por mês35, com 7 mil artigos

disponíveis para todos os tipos de festa: infantis, temáticas, casamento, debutante,

junina, halloween, carnaval, natal, entre outras. Claro, com toda essa explosão, o

Magazine25 também providenciou logo uma página no Facebook, que atualmente

conta com cerca de 9 mil fãs36.

A prosperidade do negócio é perceptível a “olho nu”, no entanto, com uma análise

mais especializada percebemos que a empresa ainda caminha errante pelas mídias

sociais. É certo que com o potencial de público e pelas temáticas que envolvem seus

produtos, o canal no Facebook poderia ser melhor estruturado, mas provavelmente

pela falta de recursos para a contratação de uma agência ou profissional especializado,

o Magazine25 trabalha com o básico: anúncios e imagens.

Acreditamos que como o Magazine25 existam muitas outras empresas varejistas de e-

commerce vivendo um bom momento em seus negócios e sem saber tirar muito

proveito do que as mídias sociais podem oferecer. Por isso, nos tópicos a seguir

queremos propor recomendações de atuação, resgatando os conceitos de construção

de uma marca, comércio social e também a partir da estratégia diferencial do

PontoFrio.com.

34 Serviço de publicidade do Google 35 Informações retiradas do site: http://www.magazine25.com.br/ 36 Dados de setembro de 2012

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5.1 BOAS PRÁTICAS EM MÍDIAS SOCIAIS PARA O E-COMMERCE VAREJISTA BRASILEIRO

Comprar e vender pela internet sempre é um bom negócio se existe uma plataforma

confiável e preços atraentes. Muitos empresários já encontraram o caminho do

sucesso oferecendo o conforto de entregar os seus produtos em casa aos

consumidores.

Estamos em um momento, porém, de grande vislumbramento dos canais de mídias

sociais como plataformas atrativas aos negócios de e-commerce. Porque, na verdade,

não há nada melhor do que ver alguém indicando às suas centenas de amigos a

qualidade dos seus produtos e a eficiência do seu atendimento. Definitivamente, é

uma propaganda muito mais efetiva do que qualquer investimento em outras mídias,

nas suas devidas proporções. Mas qual deve ser então o investimento em mídias

sociais para alavancar vendas de um site de e-commerce? E ainda, como captar a

atenção dos consumidores?

Em primeiro lugar, as mídias sociais podem proporcionar a grande chance de

diferenciar a sua marca em meio à concorrência e ao volume enorme de produtos

similares no mercado. E o melhor jeito de se fazer isso é dar valor à construção

positiva da sua marca através do relacionamento com os consumidores (grifo

nosso) na internet. É o relacionamento com o público que vai dar vida, crescimento,

força para a marca e é dele que se pode extrair o melhor retorno sobre o investimento.

5.1.1 Ser comercial e ser social

Ser comercial. A atuação em mídias sociais requer antes de tudo uma atenção à

essência do seu negócio: comprar e vender. É este o seu principal objetivo e a

relevância do seu conteúdo deve carregar o comércio em primeiro lugar. Afinal, o

primeiro motivo pelo qual os consumidores irão se conectar à sua marca, será para

buscar descontos, promoções, boas ideias de produtos para satisfazer suas

necessidades e ficar por dentro das novidades.

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Ser social. Para incentivar as pessoas a fazer compras pelos seus canais de mídias

sociais é primordial estabelecer um relacionamento não mais de empresa para pessoa,

mas de pessoa a pessoa. Humanize a sua marca. Aproveite a interação entre as

pessoas para gerar conteúdo.

5.1.2 Construindo a marca

Reciprocidade. Dê atenção, simpatia e eficiência e esteja certo de que receberá de

volta. Responda aos comentários, solicitações, retribua elogios e esclareça críticas.

Integridade. Demonstre bons valores para que os clientes sintam que a empresa

merece o dinheiro deles.

Customização. Ofereça o produto ou o serviço de um jeito customizado ao

consumidor. Personalizar o link com de indicação de um produto com o nome do

cliente ou marcar a pessoa na publicação de uma oferta do interesse dela podem ser

boas alternativas. Aliás, esqueça postar links enormes, aqueles com letras e números.

Jogue em um encurtador e torne a leitura do link e o clique mais amigável.

Colaboração. Ser colaborativo é dar voz aos consumidores. Valorize as interações

com sugestões técnicas ou subjetivas sobre o seu produto ou serviço. O próprio

relacionamento contínuo com os consumidores é a base da colaboração, mas saber

aproveitar o conteúdo que eles produzem para a sua marca é um grande diferencial.

Velocidade. Estabeleça metas ousadas para atender às demandas dos seus clientes. Se

eles estão navegando pela internet, o mínimo que eles podem esperar é uma

comunicação instantânea. Facilite o fluxo de comunicação digital dentro da empresa e

agregue este importante valor às suas vendas. Em horário comercial, que tal responder

em menos de cinco minutos?

Evangelize. Cultive evangelistas para a sua marca. Aquelas pessoas que já

experimentaram positivamente o relacionamento com você e fizeram indicações aos

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amigos. Passe de uma atitude passiva para uma atitude ativa com estas pessoas, dando

atenção a elas, mesmo quando elas não te procuram.

Inove. Proporcione experiências únicas em seus consumidores. Crie aplicativos com

opções de interatividade, concursos, promoções que não existam nos concorrentes.

Agregue produtos complementares aos produtos do seu segmento para proporcionar

ainda mais satisfação nas compras.

Ads. Invista em anúncios pagos dentro dos canais de mídias sociais. Eles não devem

ser o foco da estratégia, mas podem atingir um público específico e adicionar forças

ao relacionamento.

5.1.3 Conteúdo também vende

Contexto. Aproveitar o contexto cultural dos produtos ou serviços que estão à venda

e aproximá-los do cotidiano do seu consumidor. Associe a venda do colchão com as

boas horas de sono no domingão, a televisão com o jogo de futebol, o brinquedo com

uma música antiga de infância.

Datas comemorativas. Faça um planejamento de datas comemorativas que podem

render conteúdo para a sua estratégia de venda. Produza imagens ou aplicativos que

sejam fonte de diversão para os consumidores nestas datas. Se é o dia do palhaço, que

tal customizar o avatar da empresa com um nariz vermelho e abusar de postagens com

um tom engraçado?

Marketing viral. Aproveite-se das imagens e dos vídeos com mensagens divertidas

ou informativas feitas para serem passadas para frente. Pense no que é relevante,

divertido e fonte de identificação com o seu público. Neste ponto, também estão

inclusos os memes que circulam pela internet. Adapte o conteúdo para os seus

clientes, sempre que possível buscando a venda de algum produto dentro do contexto.

Identificação. Reserve ao menos 25% da sua agenda de postagens para conteúdos

leves, sem a venda explícita de algum produto. Faça deste conteúdo uma ponte que

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humanize a relação da sua marca com o cotidiano dos clientes. Se houver a chance de

criação de um mascote ou personagem, faça. Avalie os hábitos do público e incorpore

estes hábitos à sua marca.

Crossmedia. O povo brasileiro tem muita inclinação para programas de televisão,

novela, músicas e contato com personalidades. Aproveite o contexto destas indústrias

de massa para cruzar as boas mensagens com o seu conteúdo. Se a trama de dois

personagens na novela podem render postagens criativas na hora de vender produtos,

então experimente. Se puder fazer isso durante a exibição do programa ou da novela,

melhor ainda.

Humor. Já foi comprovado que um toque de humor faz bem para qualquer público na

internet. Fuja do conceito errôneo de que a sua empresa é séria e portanto a sua

atuação na internet deve seguir o mesmo princípio. Mantenha os seus valores, mas

aproveite-se do marketing viral, dos memes, do entretenimento e do cotidiano dos

seus clientes para vender. Diante da criatividade que circula na internet, se a sua

empresa for muito comportada ela não terá um diferencial.

5.1.4 Fique de olho no mercado

Pesquisa. Elenque os seus concorrentes diretos e empresas de grande porte do seu

segmento e fique de olho em suas estratégias online. Adapte, transforme, inove e

procure replicar o que dá certo e melhorar para o seu público.

Planejamento. Faça planejamentos trimestrais das ações que você deseja desenvolver

online. Estabeleça metas e meça os resultados.

Feedback. Colha o feedback da própria rede social com relação aos seus produtos,

serviços e atendimento. Escute os seus consumidores por meio de enquetes e trace

metas para melhorar tudo o que há de reclamações.

Compartilhe. Produza relatórios com os resultados e compartilhe com as outras

equipes da empresa. Quanto maior a integração e o uso das mídias para o crescimento

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de todas as áreas, melhor. Incentive os colaboradores da empresa a serem os primeiros

ativadores da sua marca.

Estas não são as regras absolutas e nem as únicas para uma boa atuação e conversão

em vendas em mídias sociais. Por meio do estudo que realizamos, ficou bem claro

que o relacionamento é a alma do negócio em se tratando de mídias sociais e e-

commerce, portanto, procuramos focar os pontos apresentados neste aspecto.

Ainda existem outras estratégias relevantes no mercado, como é o caso da plataforma

Magazine e Você do Magazine Luiza. Por ela, os consumidores criam as suas próprias

lojas no Facebook e vendem os produtos para os amigos. Em cima das vendas, eles

ganham uma comissão e algumas pessoas fazem desta atividade uma fonte de renda

para a família.

Certamente este é um tema que abre caminhos para um estudo mais profundo em se

tratando de estratégias de venda por meio do comércio social. Em um outro momento

talvez seja possível coletar outros bons exemplos criativos e inovadores no mercado

brasileiro que estão transformando os consumidores em verdadeiros amigos de uma

marca pelo estilo de atendimento e conversa em mídias sociais. Por enquanto, ficamos

com o modelo do PontoFrio.com e suas divertidas vendas com o “pinguim”.

Seguramente podemos afirmar que já é um bom começo.

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