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LEANDRO BERTOLDO O Sábado à Luz da Bíblia O SÁBADO À LUZ DA BÍBLIA Leandro Bertoldo

O Sábado à Luz da Bíblia

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Autor: Leandro Bertoldo. Para mais obras, acesse o blog: http://pesquisasbiblicas.blogspot.com

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LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

O SÁBADO À LUZ DA BÍBLIA

Leandro Bertoldo

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

Dedico este livro à irmã em Cristo

Cínthia Passos Assumpção Pedroso Dedicada médica pediatra.

Uma cintilante estrela na coroa de Cristo

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

“Não basta termos boas intenções; não basta fazermos o que se julga ser direito, ou

o que o ministro diz ser correto. A salvação de nossa alma está em jogo, e devemos

examinar as Escrituras por nós mesmos”.

Ellen Gould White

Escritora, conferencista, conselheira,

e educadora norte-americana.

(1827-1915)

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

“Podereis ler a Bíblia de Gênesis ao Apocalipse, e não encontrareis uma única

linha que autoriza a santificação do domingo. As Escrituras ordenam a observância

religiosa do sábado, dia que nós nunca santificamos”.

A Fé de Nossos Pais, 92ª Edição, pág. 89.

Cardeal Gibbson,

Arcebispo de Baltimore

Primaz da Igreja Católica

Estados Unidos da América

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

SUMÁRIO

NOTAS SOBRE O AUTOR

APRESENTAÇÃO

PREFÁCIO

CHAVE DE ABREVIATURAS

1. DISTINÇÃO ENTRE LEIS

1.1 Introdução

1.2 Lei moral e cerimonial

1.3 Diversidade de leis

1.4 Considerações finais

2. O DECÁLOGO

2.1 Introdução

2.2 Princípios morais do decálogo no Pentateuco

2.3 Princípios morais do decálogo no Antigo Testamento

2.4 Princípios morais do decálogo no Novo Testamento

2.5 O sábado no Novo Testamento

2.6 Considerações finais

3. O SÁBADO E OS JUDEUS

3.1 Introdução

3.2 Novo Concerto Somente para Judeus

3.3 Deus somente para Israel

3.4 Deus também dos gentios

3.5 Dízimos exclusivamente para os Levitas

3.6 Conseqüências do argumento ardiloso

3.7 Os gentios são ordenados a guardar o sábado

3.8 Exclusividade e exclusão

3.9 Considerações finais

4. A ORIGEM DO SÁBADO

4.1 Introdução

4.2 O sábado do judeu

4.3 A santidade do sábado

4.4 A suposta falta de mandamento

4.5 A transgressão da lei

4.6 A lei e o pecado

4.7 Considerações finais

5. UMA MESMA LEI PARA TODOS

5.1 Introdução

5.2 Uma mesma lei para gentio e judeu

5.3 Os gentios observavam os cerimoniais festivos

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

5.4 Os gentios observavam as leis cerimoniais

5.5 Os gentios participavam do concerto

5.6 Os gentios observavam a lei moral

5.7 Os gentios observavam as leis de saúde

5.8 Os gentios e as cidades de refúgio

5.9 Os gentios aprendiam o Livro da Lei

5.10 Os gentios podiam orar no templo

5.11 Considerações finais

6. DOIS TESTAMENTOS E VÁRIOS CONCERTOS

6.1 Introdução

6.2 Diferentes espécies de concertos

6.3 Os principais concertos

6.4 Relação entre os concertos

6.5 Contrastes entre concertos

6.6 A mudança da lei

6.7 Considerações finais

7. ABOLIÇÃO DO ANTIGO CONCERTO

7.1 Introdução

7.2 Prevista a abolição do Antigo Concerto

7.3 Abolição do Antigo Concerto

7.4 Abolição registrada no livro de Hebreus

7.5 Abolição do Antigo Concerto

7.6 Novo Concerto

7.7 Razão do Novo Concerto

7.8 Considerações finais

8. PAULO E O SUPOSTO FIM DA LEI

8.1 Introdução

8.2 Análise

8.3 Exemplos dos dois ministérios

9. CRISTÃOS LIVRES DA LEI

9.1 Introdução

9.2 Analogia do casamento

9.3 Comparações com a ilustração

9.4 Considerações finais

10. OSÉIAS E A SUPOSTA ABOLIÇÃO DO SÁBADO

10.1 Introdução

10.2 Profetizado o fim de Israel

10.3 Cumprimento da profecia

10.4 Cativeiro Israelita

10.5 O profeta Isaías

10.6 Outros profetas

10.7 Considerações finais

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

11. PAULO E A LEI CRAVADA NA CRUZ

11.1. Introdução

11.2 Uma lei cravada na cruz

11.3. Significado bíblico de ordenanças

11.4. Uma lei que consistia em ordenanças

11.5. Sombras das coisas futuras

11.6. As diferentes espécies de sábados

11.7. Os sábados cerimoniais

11.8. Abolição do ritual do santuário terrestre

11.9. Holocausto nos sábados

11.10 Considerações finais

12. A LEI DE DEUS E O LIVRO DA LEI DE DEUS

12.1 Introdução

12.2 Várias leis

12.3 Vários títulos

12.4 Os escritores bíblicos e os vários títulos do Pentateuco

12.5 Os diferentes títulos do Pentateuco

12.6 O decálogo e a lei de Deus

12.7 O decálogo e os mandamentos de Deus

12.8 Considerações finais

13. A LEI E O SÁBADO

13.1 Introdução

13.2 Santificação do sábado

13.3 Razões bíblicas para observar o sábado

13.4 Considerações finais

14. O SÁBADO NO NOVO TESTAMENTO

14.1 Introdução

14.2 Cristo guardou o sábado

14.2.1 Inauguração do Novo Concerto

14.3 As fiéis discípulas de Jesus guardaram o sábado

14.4 Paulo guardou o sábado com os gentios

14.5 A fuga de Jerusalém

14.6 Jesus não veio para revogar a lei

14.6.1 A lei e os profetas

14.7 Significado do termo “perpétuo” na Bíblia Sagrada

14.8 Considerações finais

15. O DIA DO DOMINGO

15.1 Introdução

15.2 Ressurreição do Senhor

15.2.1 Episódios bíblicos

15.2.2 Memorial da Ressurreição

15.3 Ajuntamento dos discípulos

15.4 Os cristãos de Troas

15.4.1 Os cristãos de Troas e o partir o pão

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

15.5 O testemunho de Plínio

15.6 Coleta para os santos

15.6.1 Coletas especiais

15.6.2 Considerações finais

16. O DIA DO SENHOR

16.1 Introdução

16.2 Um simples numeral

16.3 Dia do Senhor segundo a Bíblia

16.4 O silêncio do domingo

16.5 Kyriaké hémerà

16.6 Considerações finais

17. O DIA DO SOL

17.1 Introdução

17.2 O que disseram os pais da Igreja

17.3 Decreto de Constantino

17.4 O dia do Sol

17.5 Concílio de Laodicéia

17.6 Sínodo de Narbone

17.7 Considerações finais

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

NOTAS SOBRE O AUTOR

Leandro Bertoldo nasceu em São Paulo – SP., aos 03 de março de 1959. Filho de

José Bertoldo Sobrinho e de Anita Leandro Bezerra. Seu irmão Francisco Leandro Bertoldo

é um dedicado oficial de justiça na Comarca de Itaquaquecetuba. O autor é casado com a

amada Daisy Menezes Bertoldo, funcionária do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.

Sua querida filha Beatriz Maciel Bertoldo é uma exímia advogada na Comarca de Mogi das

Cruzes. Leandro é dono dos amorosos cachorros: Fofa, Pitucha, Calma e Mimo.

O autor é escritor prolífero, palestrante e professor. Seus livros são conhecidos em

todo o Brasil e fora dele. Até o presente momento possui publicado vinte livros abrangendo

as mais diversas áreas do conhecimento humano, tais como física, matemática, química,

teologia e poesia.

No início da década de oitenta, quando ainda era graduando no curso de Ciências

Exatas e Tecnológicas, na Universidade de Mogi das Cruzes – UMC, o autor desenvolveu

muitas de suas teses científicas em Física e Matemática, as quais vem publicando

paulatinamente. Posteriormente, bacharelou-se em Direito pela mesma Universidade.

Atualmente é funcionário do Poder Judiciário do Estado de São Paulo.

Através da colega de trabalho Célia Regina Xavier e dos cursos bíblicos ministrados

por seu esposo Valdir Xavier, o autor converteu-se ao cristianismo em 23 de abril de 1986.

A seguir passou a estudar com o exímio professor Pedro B’ärg no período de julho/1986 a

setembro/1987. Foi batizado em 26 de setembro de 1987 pelo distinto pastor Davi Marski.

A partir de novembro de 1987, o pastor Marski escalou-o para realizar uma série de

palestras nas igrejas de Biritiba Mirim, Brás Cubas, Jundiapeba, Mogi das Cruzes e

Sabaúna. Suas exposições versavam sobre as principais Doutrinas Bíblicas. Sua primeira

apresentação foi realizada num sábado na igreja de Brás Cubas, com o tema da justificação

pela fé.

Com o estimulo da irmã Ozilda Pereira Moreira e de sua família, o autor tornou-se

professor da Escola Sabatina. Apoiado pelo irmão Antonio Prado Júnior, que na época era

diretor da Escola Sabatina, foi nomeado professor da classe de visitas, passando a trabalhar

sob a supervisão do professor Pedro B’ärg.

Além de suas atividades como palestrante e professor, também passou a realizar –

junto com a sua namorada Daisy Menezes – durante três anos consecutivos (1988-1991),

trabalhos evangelísticos no bairro da Vila Industrial, cidade de Mogi das Cruzes – SP.,

distribuindo folhetos de casa em casa e ministrando estudos bíblicos aos interessados.

Em 1993 veio a conhecer e travar uma grande e duradoura amizade com o querido

irmão em Cristo, Paulo César Mazanti. Juntos realizaram, com grande aproveitamento,

durante vários anos, trabalhos evangelísticos nas classes bíblicas, residências, igrejas e na

Favela do Gica. Houve ocasiões em que estudavam nas tardes de sábados com 38

interessados na Palavra de Deus. Como resultado dessas atividades evangelísticas e,

especialmente, devido à força carismática do Paulo Mazanti, muitas dessas almas foram

ganhas para Cristo, e hoje se encontram congregadas nas igrejas da região de Mogi das

Cruzes.

Em 07 de fevereiro de 2004, o autor e o amigo Paulo Mazanti conceberam e

passaram a coordenar em conjunto a classe pós-batismal de sua congregação. Essa classe

encontra-se em plena atividade até aos dias de hoje, funcionando todos os sábados das

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

13h30 às 17h00. A aula inaugural dessa classe foi realizada pelo irmão Paulo Mazanti, e

contou com a presença de vários interessados, em especial, a dos amigos Donizete da Silva e

Moacir dos Passos.

A classe tem por objetivo fundamental fortalecer a fé dos novos conversos,

esclarecendo-lhes as dúvidas e preparando-os para tornarem-se discípulos de Cristo. O

método da classe pós-batismal está baseado no seguinte lema: “Veja como faço e faça como

faço. Se você errar te corrigirei”.

A duração do curso ministrado na classe pós-batismal está distribuída, por nível de

dificuldade, em sete semestres. No primeiro o interessado é um ouvinte de estudos bíblicos;

no segundo ele apresenta o estudo bíblico que ouviu; no terceiro é promovido a apresentador

improvisador de estudos bíblicos; no quarto torna-se produtor e apresentador de estudos

bíblicos. Durante todos esses quatro semestres, o interessado é constantemente interrompido

em sua apresentação e “bombardeado” com perguntas feitas pelo coordenador e demais

participantes sobre o assunto que está sendo ministrado. O objetivo dessas perguntas

consiste em conduzir o interessado a avaliar sua própria compreensão sobre o tema que está

apresentando, levando-o a raciocinar com sabedoria, discernimento, inteligência e lógica. No

quinto semestre o interessado passa a pregar sermões; no sexto ele passa a pregador e

improvisador de sermões. Nesses dois semestres o interessado não é interrompido em

nenhum momento. Todavia, ele recebe orientações e críticas construtivas de todos os

ouvintes ao final de sua palestra. No sétimo e último semestre passa a conhecer mais

precisamente as técnicas de oratória, que lhe foi apresentada esporadicamente durante todo o

curso. No decorrer do curso, o interessado é incentivado e convidado a praticar de fato o que

aprendeu nas aulas, dando estudos bíblicos e pregando sermões em pequenos grupos e

igrejas.

A classe funciona uma vez por semana e, para que todos tenham oportunidade de

fazer a sua apresentação, o tempo concedido a cada aluno dura 45 minutos, com uma

margem de tolerância de 15 minutos. Algumas vezes, dependendo da quantidade de alunos,

será necessário elaborar uma escala mensal para que todos possam participar

eqüitativamente.

Pela classe pós-batismal de Mogi das Cruzes passaram dezenas de interessados. Essa

classe conta com o apoio e a participação dos professores Maurício Epiphânio, Maurício

Shoji Kimoto, Moacir dos Passos e Nilton Satio Murakami. Atualmente, encontram-se

matriculados os alunos Anne Patrice Guimarães Leite, Helena Naomi Okada da Paixão,

Jéssica Caroline Cavalcante Falcão, Luiz Roberto Paliano Rodrigues e Willians Roberto da

Silva. A todos a imensa gratidão do autor pela dedicação e, especialmente, pela

perseverança!

Durante os seus vinte e três anos de conversão, Leandro foi secretário do Ministério

Pessoal, Tesoureiro, Professor da Escola Sabatina, Promotor de Literatura, Professor da

Classe de Visitas, Ancião e Coordenador de Classe Bíblica. Atualmente o autor vem

coordenando as classes bíblicas da igreja onde congrega, localizada na Rua Cel. Santos

Cardoso, nº 434, Jardim Santista - Mogi das Cruzes - SP.

NOTA: Paulo César Mazanti (1967-2008) nos deixou em 06 de setembro de 2008 e agora

descansa no Senhor. Suas obras testificam de sua fé em Cristo. Atualmente, a história de

muitas vidas está sendo reescrita por Deus, devido ao trabalho evangelístico do nosso amigo

Paulo Mazanti em conduzi-las aos pés da cruz. “Bem-aventurados os mortos que desde

agora morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito para que descansem dos seus trabalhos, e as

suas obras os sigam” (Apocalipse 14:13).

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

APRESENTAÇÃO

“E ao início do tempo de angústia fomos cheios do Espírito Santo ao sairmos para proclamar o sábado mais

amplamente. Isso enfureceu as igrejas e os adventistas nominais, pois não podiam refutar a verdade do sábado. E nesse

tempo os escolhidos de Deus viram todos claramente que tínhamos a verdade, e saíram e enfrentaram a perseguição

conosco”.

Ellen Gould White (PE, 33)

O livro que o leitor tem em mãos, denominado “O Sábado à Luz da Bíblia”,

encontra-se inteiramente estruturado na Palavra de Deus e na Ciência da Hermenêutica

Bíblica. Seu principal objetivo consiste em apresentar aos mais diversos interessados uma

defesa legitima sobre o verdadeiro “dia do Senhor”, razão pela qual a obra apresenta um

caráter eminentemente apologético.

A “apologética” é uma das partes da teologia que tem por objeto a defesa da “fé que

uma vez foi dada aos santos” (Judas 1:3) contra os ataques e objeções argüidas por seus

detratores. Destarte, a presente obra faz uma veemente defesa do “sábado” bíblico contra os

ataques e objeções levantadas por seus antagonistas.

Este livro, produzido no primeiro trimestre de 2008, germinou como resultado das

perguntas e questionamentos levantados por alguns dos alunos que participam das classes

bíblicas e da classe pós-batismal, onde o autor é coordenador e professor.

Depois de concluído, o livro sofreu um tremendo revés. Acidentalmente o autor

apagou o texto do computador. Foi necessário contratar um técnico para recuperar o arquivo

deletado, o que obrigou o autor a reescrever algumas partes que não foram totalmente

restauradas pelo técnico.

A obra é constituída por dezessete capítulos, e cada um deles encontra-se

fundamentado numa rigorosa interpretação lógica, gramatical e exegética sem, contudo, ser

exaustivo. Muitos dos capítulos evidenciam a tremenda falta de bom-senso dos detratores do

sábado, que empregam argumentos destituídos de base lógica suficiente para sustentar uma

interpretação gramatical e exegética.

“O tempo em que vivemos pede vigilância contínua, e os ministros de Deus devem

apresentar a luz sobre a questão do sábado. Devem advertir os habitantes do mundo quanto a

estar Cristo para vir em breve, com poder e grande glória. A última mensagem de

advertência ao mundo tem de levar homens a ver a importância que o Senhor dá à Sua lei.

Tão claramente deve a mensagem ser apresentada, que nenhum transgressor, ouvindo-a, seja

desculpável em deixar de discernir a importância de obedecer aos mandamentos de Deus”

(OE, 148).

Ao encerrar esta breve apresentação, o autor roga ao Senhor nosso Deus para que a

mente e os corações sinceros sejam iluminados, a ponto de poderem enxergar plenamente a

luz da verdade.

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

PREFÁCIO

“Os que têm oportunidade de ouvir a verdade, mas não se esforçam para ouvi-la ou compreendê-la, pensando

que, se não a ouvirem não serão responsáveis, serão considerados culpados perante Deus, como se a tivessem ouvido e

rejeitado. Não haverá desculpa para os que preferem continuar no erro, quando poderiam compreender o que é

verdade”.

Ellen Gould White (V BC, 1145)

“Amados, procurando eu escrever-vos com toda a diligência acerca da salvação

comum, tive por necessidade escrever-vos, e exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi

dada aos santos” (Judas 1:3). A razão desta necessidade reside no fato de que existem muitas

heresias encampando as verdades bíblicas. Algumas delas são gravíssimas, e vem sendo

ensinada no seio da cristandade como se tivesse o respaldo das Escrituras Sagradas, gerando

no espírito de não poucos cristãos, amargos ressentimentos.

Durante séculos as divergências doutrinárias têm sido o estopim que tem dividido os

cristãos em “ortodoxo e heterodoxo”, “fundamentalistas e liberais”, “dogmáticos e hereges”.

Os fundamentalistas procuram seguir estritamente os ensinos das Escrituras Sagradas, tal

qual Jesus e os apóstolos ensinaram e praticaram (Mateus 4:4; Atos 17:11; 24:14); enquanto

que os liberais, deixando-se influenciar pelas filosofias do mundo, pela falsa ciência, pelos

ventos das novas idéias e pelas tradições seculares dos homens, trazem para o bojo da

cristandade alguma forma de doutrina, filosofia ou teologia produzidas fora do contexto

bíblico e da boa exegese. Tal fato vem ocorrendo à revelia da advertência do apóstolo Paulo

em Colossenses 2:8. Uma dessas divergências doutrinárias tem relação direta com a

identificação do dia sagrado de repouso.

O sábado e os mandamentos de Deus têm sido objeto de veemente ataque por parte

de algumas seitas heréticas de origem protestante, que se apostataram da verdade para

abraçar uma forma de misticismo. Os adeptos desse sincretismo religioso se organizaram e

insinuaram-se oficialmente no seio da cristandade no início do século XX.

A ferocidade leonina (I Pedro 5:8) desses desatinados ataques contra a santa lei de

Deus – inclusive do sábado – é natural e esperado, posto que se trata do cumprimento das

profecias bíblicas para o tempo fim: “E o dragão irou-se contra a mulher, e foi fazer guerra

ao resto da sua semente, os que guardam os mandamentos de Deus, e têm o testemunho de

Jesus Cristo” (Apocalipse 12:17).

Evidentemente, se tal guerra – atualmente ideológica – contra os que guardam os

mandamentos de Deus não estivesse ocorrendo, poderíamos inferir que eles não preenchem

as especificações da profecia bíblica. Todavia, como tal guerra de fato ocorre, então

concluímos que aqueles que guardam os mandamentos de Deus estão em perfeita

consonância com a profecia bíblica. Logo, eles constituem o povo santo do Altíssimo, razão

pela qual são objetos de violento ataque por parte do Dragão.

“Na peleja a ser travada nos últimos dias estarão unidos, em oposição ao povo de

Deus, todos os poderes corruptos que apostataram da lealdade à lei de Jeová. Nessa peleja, o

sábado do quarto mandamento será o grande ponto em litígio, pois no mandamento do

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

sábado o grande Legislador Se identifica como o Criador dos céus e da Terra”. (III ME, 392-

393).

Muitas dessas seitas, adversárias dos sábado, se julgam inspiradas pela divindade e,

em sua altivez, supõem-se senhoras da verdade. Segundo sua perspectiva míope – exceto

elas – todos os demais grupos religiosos são seitas, todos estão errados, enganados,

equivocados e cheios de desvios doutrinários. Ao se arrogarem como juizes dos demais,

implicitamente, colocam-se como sendo os únicos que estão corretos em suas interpretações

bíblicas. “Tu, porém, quem és, que julgas a outrem?” (Tiago 4:12).

Todavia, a presunção dessas seitas, a agressividade e a falta de caridade em seus

ataques pessoais contra os seus semelhantes dão um claro e eloqüente testemunho de que

elas não possuem a verdade, muito menos a santidade ou o Espírito de Cristo. Suas obras de

intolerância religiosa falam mais alto do que suas palavras evangélicas. “Portanto, pelos seus

frutos os conhecereis” (Mateus 7:20).

Devido às divergências doutrinárias e à ausência de uma unidade administrativa

centralizada, essas seitas multiplicam-se como produto dos interesses pessoais ou da

discórdia entre seus membros e fundadores. Encontram-se fragmentadas em milhares de

facções, divididas e orientadas pelos mais diversos interesses particulares dos seus líderes ou

dirigentes.

Algumas dessas seitas são tão extremistas que chegam a ponto de produzir grande

quantidade de literatura visando unicamente abater o sábado bíblico e exaltar o domingo

pagão, o qual não tem nenhum respaldo, fundamento ou luz nas Escrituras Sagradas. Para

essas seitas a melhor defesa de suas heresias é o ataque, o qual tem sido muitas vezes

pessoais e proferidos de forma insensível e irresponsável.

Jesus identificou essas seitas – que não observam todos os mandamentos do

decálogo, mas perseguem ardilosamente aqueles que os guardam – com as seguintes

palavras condenatórias:

“Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que

faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor,

não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu

nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci:

apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade” (Mateus 7:21-23). Em outro passo diz

textualmente o seguinte: “E por que me chamais, Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu

digo?” (Lucas 6:46).

A proliferação dessas seitas entre as nações do mundo tende a aumentar

vertiginosamente. Esse crescimento foi profetizado por Jesus Cristo como sendo um dos

sinais indicadores e distintivos que antecederia a Sua segunda vinda e o fim do mundo.

Observe o que disse o Senhor: “Porque se levantarão falsos cristos, e falsos profetas, e farão

sinais e prodígios, para enganarem, se for possível, até os escolhidos” (Marcos 13:22).

Segundo Jesus Cristo, essas seitas têm por base evangelística a operação de “sinais e

prodígios” com o objetivo de enganar. Então, alguns podem perguntar: quais sãos as seitas

que se infiltraram no mundo cristão nestes fins de tempos e que se vangloriam de profetizar,

expulsar demônios ou fazer muitas outras maravilhas em nome de Jesus? Creio que todos

sabem de quem Jesus estava se referindo!

Essas seitas, além de serem um movimento religioso independente, estão infiltradas

em muitas denominações cristãs tradicionais, subvertendo centenas de igrejas às suas

heresias espiritualistas.

Diante da controvérsia teológica levantada sobre a questão do dia de repouso, a

presente obra vem a lume com o objetivo de identificar pela Bíblia Sagrada, de forma

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

precisa, qual é o dia do Senhor: “sábado ou domingo”. Para tal empreitada seguiremos

unicamente o exemplo dos bereanos que: “foram mais nobres do que os que estavam em

Tessalônica, porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras

se estas coisas eram assim” (Atos 17:11).

De antemão deve ficar bem claro ao leitor que, como cristãos bíblicos, a nossa fé está

profundamente arraigada somente no que as Escrituras Sagradas ensinam, haja vista que

conduzimo-nos pelos princípios da reforma protestante, especialmente o princípio da “sola

scriptura”. Princípio esse, nunca adotado na “prática” pelas seitas, que nos dias de hoje

querem se passar por cristãs a todo custo.

Muitas das doutrinas defendidas por essas seitas estão fundamentadas na tradição

protestante, contudo as suas manifestações espirituais, não passam de mistificações

diabólicas dos dons do Espírito Santo.

É claro que existem os verdadeiros dons do Espírito, mas as doutrinas ensinadas por

seus detentores estão em perfeita harmonia com o ensino da Palavra de Deus: “À Lei e ao

Testemunho! se eles não falarem segundo esta palavra, nunca verão a alva” (Isaías 8:20).

Enfim, a presente obra de caráter apologético, procura dar uma resposta clara e

precisa aos antagonistas do sábado, fornecendo aos amigos da verdade um fundamento

bíblico sólido que identifica o verdadeiro dia do Senhor. Tal fundamento está realçado no

princípio de que o universo do cristão gira unicamente em torno das Escrituras Sagradas, e

não nas tradições seculares da igreja, ou na filosofia dos homens ou ainda na “falsamente

chamada ciência” (I Timóteo 6:20). Portanto, o que estiver fora das Escrituras Sagradas não

faz parte da fé e do mundo dos cristãos, os quais são fiéis e guiados unicamente pelas

verdades bíblicas.

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

CHAVE DE ABREVIATURAS

AA – Atos dos Apóstolos

BC – The Seventh day Adventist Bible Commentary

(Vols. I-VII)

CS – Cristo em Seu Santuário

CSM – Conselhos Sobre Mordomia

DTN – O Desejado de Todas as Nações

EF – Eventos Finais

FEC – Fundamentos da Educação Cristã

GC – O Grande Conflito

HR – História da Redenção

ME – Mensagens Escolhidas (Vols. I-III)

MR – Manuscript Release

Ms – Ellen G. White Manuscript

OE – Obreiros Evangélicos

PE – Primeiros Escritos

PP – Patriarca e Profetas

PR – Profetas e Reis

RH – Review and Herald

RTC – Redemption: or the Teachings of Christ

S – Santificação

TM – Testemunho Para Ministros e Obreiros Evangélicos

TS – Testemunhos Seletos (Vols. I-III)

VA – A Verdade Sobre os Anjos

VJ – Vida de Jesus

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

1 DISTINÇÃO ENTRE LEIS

“Toda objeção levantada contra os mandamentos de Deus abrirá o caminho para o avanço da verdade e

habilitará os seus defensores a apresentarem seu valor perante os homens”.

Ellen Gould White (XIII MR, 71-72)

1.1 Introdução

Tanto o Antigo como o Novo Testamento declaram enfaticamente que “há só um

legislador” e que “o Senhor é o nosso Legislador”. Observe o que diz o texto da Bíblia

Sagrada:

Isaías 33:22 – “Porque o Senhor é o nosso Juiz; o Senhor é o nosso Legislador; o Senhor é

o nosso Rei: ele nos salvará”.

Tiago 4:12 – “Há só um legislador e um juiz que pode salvar e destruir. Tu, porém, quem

és, que julgas a outrem?”

É evidente que um legislador pode produzir diferentes categoria de leis, abrangendo

as mais distintas áreas do comportamento humano em sociedade. Como único legislador do

Seu Povo, o Senhor produziu várias espécies de leis e transmitiu oralmente ao seu servo

Moisés, que as escreveu num livro (Êxodo 24:4; Deuteronômio 31:9; 31:24).

Mas, para destacar a peculiaridade e a tremenda importância de uma dessas leis, o

Senhor fez questão de escrevê-la pessoalmente com o Seu próprio dedo em duas tábuas de

pedra. Deus não permitiu que tal lei fosse dada por inspiração divina a Moisés, como as

demais o foram, mas escreveu-a em tábuas de pedra e entregou-a pessoalmente nas mãos de

Moisés, para servir de norma de conduta individual para o Seu povo santo. Essa lei é

universalmente conhecida como sendo os “Dez Mandamentos”, também chamados de

“Decálogo”. Sobre o decálogo repousam todas as demais leis: civis, criminais e cerimoniais.

Para os antigos, mais precisamente para os israelitas, que viveram durante muitos

séculos como escravos no Egito – a terra das pirâmides seculares – qualquer coisa escrita em

pedra implicava na sua eternidade e imutabilidade, ainda mais escrita pelo próprio dedo de

Deus! Note o que as Escrituras Sagradas dizem a respeito dos dez mandamentos, chamado

pelo apóstolo Paulo de “Lei de Deus” (Romanos 7:22):

Deuteronômio 4:13 – “Então vos anunciou ele o seu concerto que vos prescreveu, os dez

mandamentos, e os escreveu em duas tábuas de pedra”.

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

Êxodo 31:18 – “E deu a Moisés (quando acabou de falar com ele no monte de Sinai) as

duas tábuas do testemunho, tábuas de pedra, escritas pelo dedo de Deus”.

Êxodo 32:16 – “E aquelas tábuas eram obra de Deus; também a escritura era a mesma

escritura de Deus, esculpida nas tábuas”.

Observe o que dizem os textos bíblicos mencionados. Essa lei é constituída por “dez

mandamentos” escritos em “duas tábuas de pedra”, que foram “escritas pelo dedo de Deus”,

“aquelas tábuas eram obra de Deus” e “escritura de Deus”.

Posteriormente, ao registrar em livros a história do povo israelita, Moisés, estando

divinamente inspirado, transcreveu todos os dez mandamentos (Êxodo 20:3-17) para o

chamado “livro da lei” (Deuteronômio 30:10; 31:26).

O “livro da lei”, conhecido pelo título de “Pentateuco”, é constituído por cinco

livros, a saber: “Gênesis”, “Êxodo”, “Levítico”, “Números” e “Deuteronômio”.

Um estudo sistemático do livro da lei permite constatar facilmente a existência de

várias categorias de leis, que regem diferentes áreas da relação humana em sociedade, a

saber: moral, cerimonial, civil, criminal, saúde, higiênica etc.

Mas o decálogo possui um diferencial que o destaca entre as demais leis registradas

no Pentateuco. Esse diferencial consiste no seguinte: 1) foi escrito pessoalmente pelo

próprio dedo de Deus; 2) foi escrito em duas tábuas de pedra; 3) foi transcrito por Moisés

no livro da lei; 4) foi colocado dentro da arca da aliança, preparada especialmente para ser o

receptáculo do decálogo.

Os dez mandamentos constituem a base moral de todas as leis registradas no

Pentateuco, por isso seus princípios estão esparsos por toda as Escrituras Sagradas.

Não se pode negar que os preceitos morais expressos nos dez mandamentos

representam a “constituição” divina que direciona e permeia todas as demais leis registradas

nas Escrituras Sagradas, posto que o decálogo é a lei fundamental estabelecida por Deus

para reger a santidade do homem e estabelecer regras de comportamento individual em

sociedade.

O decálogo é a materialização divina de dois grandes princípios eternos, que regem o

relacionamento entre todos os seres vivos no Universo: “amor a Deus” e “amor ao

próximo”.

1.2 Lei moral e cerimonial

A obrigatoriedade de guardar o sábado no sétimo dia da semana vem desde a época

da fundação do mundo, quando Deus consagrou o sétimo dia. Observe o que diz a Bíblia

Sagrada:

Gênesis 2:1-3 – “Assim os céus, e a terra e todo o seu exército foram acabados. E havendo

Deus acabado no dia sétimo a sua obra, que tinha feito, descansou no sétimo dia de toda a

sua obra, que tinha feito. E abençoou Deus o dia sétimo, e o santificou; porque nele

descansou de toda a sua obra, que Deus criara e fizera”.

Ao santificar o sétimo dia, Deus separou-o dos demais dias da semana para repouso e

adoração, pois a palavra “santo” significa ser separado para propósito sagrado. De nada

adiantaria Deus consagrar o sétimo dia da semana se não houvesse ninguém para observá-lo

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ou a obrigação de santificá-lo. Além do mais, todo homem necessita de um dia de repouso

para restaurar suas energias físicas, mentais e espirituais. Esse dia foi explicitamente

estabelecido pelo Senhor nosso Deus na criação do mundo.

“Depois de ter criado o mundo e o homem, contemplou a obra que fizera e declarou-

a muito boa. E ao ser posto o fundamento da Terra, foi posto também o fundamento do

sábado. Quando as estrelas da manhã juntamente cantaram e todos os filhos de Deus

rejubilaram, viu Deus que o sábado era necessário ao homem, mesmo no Paraíso. Ao dar o

sábado, Deus considerou a saúde espiritual e física do homem”. (TM, 136).

A consagração do sétimo dia da semana ocorreu bem antes da entrada do pecado no

mundo ou da existência de qualquer judeu sobre a face da Terra. Por essa razão, fica

evidente que o sábado nunca foi lei cerimonial, a qual foi estabelecida exclusivamente para

expiar o pecado através do sacrifício de animais. Vale citar que as leis cerimoniais

começaram a aparecer somente após a entrada do pecado no mundo. Posteriormente, com a

formação da nação israelita, os cerimoniais de holocausto de animais passaram a ser

realizado somente no lugar onde estava localizado o santuário (Levítico 6:25; Deuteronômio

12:14; 14:23; 16:2 e 6), mas o sábado poderia ser observado em qualquer lugar onde os

filhos de Deus estivessem.

O decálogo – onde se encontra registrado o sábado do sétimo dia da semana – é uma

lei moral que existirá para sempre. É inconcebível imaginar que no reino dos céus ou no

mundo vindouro não haja lei ou que o decálogo estará abolido. Se tal situação fosse possível

não haveria nenhuma restrição para a prática do mal. Os justos teriam irrestrita liberdade

para praticar todo tipo de pecado como, por exemplo, politeísmo, idolatria, blasfêmia,

transgressão do dia santificado por Deus, desonrar pai e mãe, matar, adulterar, furtar,

declarar falsos testemunhos e cobiçar. Todas esses pecados são terminantemente proibidos

pelo decálogo e continuarão sendo proibidos para sempre.

Uma lei moral é aquela que estabelece a obrigação e o modo como os homens devem

proceder, segundo a justiça e equidade natural, em suas relações para com Deus e para com

os seus semelhantes. Em conformidade com esse conceito, o sábado do sétimo dia da

semana é um mandamento moral pelos seguintes motivos:

a) Foi consagrado por Deus e não pelo homem (Gênesis 2:1-3).

b) Foi estabelecido na primeira semana da criação (Gênesis 2:1-3).

c) Deve ser observado no sétimo dia da semana (Êxodo 20:9-10).

d) Foi criado antes da entrada do pecado no mundo (Gênesis 2:1-3).

e) Deus o criou como um memorial da criação (Êxodo 20:11).

f) Foi escolhido para descanso do trabalho secular (Êxodo 23:12).

g) Foi estabelecido como dia de culto religioso (Levítico 23:3).

h) Está no decálogo como mandamento moral (Êxodo 20:3-17).

i) Não é cerimonial porque não expia o pecado (Hebreus 9:22).

“O sábado não é apresentado como uma nova instituição, mas como havendo sido

estabelecido na criação. Deve ser lembrado e observado como a memória da obra do

Criador. Apontando para Deus como Aquele que fez os céus e a Terra, distingue o

verdadeiro Deus de todos os falsos deuses. Todos os que guardam o sétimo dia, dão a

entender por este ato que são adoradores de Jeová. Assim, é o sábado o sinal de submissão a

Deus por parte do homem, enquanto houver alguém na Terra para O servir” (PP, 307).

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As razões expostas destacam claramente a importância, o caráter moral e universal

do sábado. Esse dia foi explicitamente consagrado por Deus como memorial da criação do

mundo (Êxodo 20:11).

Não há o que discutir. Lei é para ser cumprida e não para ser debatida. A menos que

alguém queira discutir com Deus, o único legislador.

1.3 Diversidade de leis

A própria Bíblia Sagrada estabelece de forma explicita a existência de diferentes

nomes dados para diversas espécies de leis registradas no Pentateuco. Observe o que diz

alguns versículos:

Deuteronômio 6:1 – “Estes, pois, são os mandamentos, os estatutos e os juízos que

mandou o Senhor vosso Deus para se vos ensinar, para que os fizésseis na terra a que

passais a possuir”.

Deuteronômio 6:17 – “Diligentemente guardareis os mandamentos do Senhor vosso Deus;

como também os seus testemunhos, e seus estatutos, que te tem mandado”.

I Reis 2:3 – “E guarda a observância do Senhor teu Deus, para andares nos seus caminhos,

e para guardares os seus estatutos, e os seus mandamentos, e os seus juízos, e os seus

testemunhos, como está escrito na lei de Moisés: para que prosperes em tudo quanto

fizeres, para onde quer que te voltares”.

Dentro do que as Escrituras Sagradas identificam como sendo “mandamentos”,

“estatutos”, “juízos” e “testemunhos” constata-se uma clara distinção entre várias espécies

de leis, caso contrário, o escritor bíblico estaria sendo redundante. Entre essas leis podemos

identificar leis civis, criminais, morais, cerimoniais, saúde, higiene etc.

O profeta Isaías apresenta claramente a distinção existente entre lei moral e lei

cerimonial. Note o que ele escreveu a respeito do assunto:

Isaías 56:6-7 – “E aos filhos dos estrangeiros, que se chegarem ao Senhor, para o

servirem, e para amarem o nome do Senhor, sendo deste modo servos seus, todos os que

guardarem o sábado, não o profanando, e os que abraçarem o meu concerto. Também os

levarei ao meu santo monte, e os festejarei na minha casa de oração; os seus holocaustos e

os seus sacrifícios serão aceitos no meu altar, porque a minha casa será chamada casa de

oração para todos os povos”.

Quando Isaías fala dos estrangeiros “que guardarem o sábado” e “todos que os

abraçarem o meu concerto”, ele está se referindo à lei moral representada pelo decálogo.

Mas, quando o profeta fala que “os seus holocaustos e os seus sacrifícios serão aceitos no

meu altar”, ele está se referindo à lei cerimonial de sacrifício de animais para expiação de

pecados. Se não houvesse a distinção entre lei moral e lei cerimonial, o profeta estaria sendo

redundante.

A passagem bíblica registrada no Antigo Testamento prova que os crentes gentílicos

são obrigados a guardar o sábado, posto que faz referência “aos filhos dos estrangeiros, que

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se chegarem ao Senhor”. Também prova que eles deveriam observar o concerto de expiação

de pecados pelo sacrifício de animais.

Ocorre que, com a abolição do antigo concerto de expiação de pecados pelo

holocausto de animais, os cristãos além de observarem o sábado, também observam o novo

concerto de expiação de pecados pelo sangue de Cristo.

Os dez mandamentos por serem morais e escritos pelo próprio dedo de Deus,

continuarão existindo para sempre, enquanto que a lei cerimonial, por representar a expiação

de pecados pelo sacrifício de animais, foi abolida para sempre (Daniel 9:27; Mateus 27:51)

com a morte do “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (João 1:29), o qual

“ressuscitou para nossa justificação” (Romanos 4:25).

1.4 Considerações finais

Os escritores bíblicos intitulam o Pentateuco de “Livro da Lei de Deus” ou “Livro da

Lei de Moisés”, títulos que foram simplificados para “Livro da Lei” ou “Lei de Moisés”, ou

tão somente “Lei”. É chamado de “Lei de Moisés” porque foi dada por Deus pelo ministério

de Moisés (Neemias 10:29).

O Pentateuco registra – em sentido amplo – duas espécies de leis. Essas leis foram

escritas em diferentes materiais por duas personalidades totalmente distintas. Os dez

mandamentos, constituídos por princípios morais, foram escritos pessoalmente por Deus em

duas tábuas de pedra. As demais leis – cerimoniais, civis, criminais, saúde ou extensões das

leis morais – foram escritas por Moisés, sob inspiração divina (II Timóteo 3:16; Hebreus

8:5; Êxodo 20:1 etc).

O decálogo encontra-se registrado no “Livro da Lei”, simplesmente porque Moisés

transcreveu para aquele livro os dez mandamentos que estavam originalmente registrados

nas duas tábuas de pedra.

Muitas vezes, o Novo Testamento faz referência à palavra “lei” de modo indistinto,

ora empregando-a em sentido “amplo” para designar o “Livro da Lei”, ora empregando-a em

sentido “restrito” para designar alguma lei em particular. Para distinguir qual lei o Novo

Testamento está se referindo é necessário analisar todo seu contexto.

Enquanto que os dez mandamentos é uma lei moral, a lei cerimonial, sem contrariar

nenhum preceito moral do decálogo, prescreve holocausto de animais, ofertas, rituais do

santuário, festas, luas novas, circuncisão, sábados cerimoniais etc. Todas essas leis são

sombras que visam unicamente a expiação do pecado, apontando para o Cordeiro de Deus e

Seu corpo dilacerado numa cruz.

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2 O DECÁLOGO

“O mundo protestante moderno vê no pequeno grupo de observadores do sábado um Mardoqueu à porta. Seu

caráter e conduta, exprimindo a verdadeira reverência pela lei de Deus, são uma acusação constante para os que

renunciaram o temor do Senhor, calcando a pés Seu santo sábado”.

Ellen Gould White (II TS,150)

2.1 Introdução

O decálogo é uma lei de origem divina constituída por dez mandamentos morais

(Êxodo 20:3-17), fundamentado no principio do “amor a Deus” e “amor ao próximo”. Os

dez mandamentos servem de norma de conduta para direcionar o comportamento individual

de todo ser humano diante Deus e dos homens.

Os primeiros quatro mandamentos do decálogo referem-se à nossa obrigação para

com Deus e os últimos seis referem-se à nossa obrigação pra com nossos semelhantes. Foi

por essa razão que Jesus Cristo, citando passagens do Antigo Testamento (Deuteronômio

6:5; Levítico 19:18), apresentou o espírito com que os dez mandamentos devem ser

observados. Além disso, os mandamentos do decálogo são extensões desses dois princípios

fundamentais.

Mateus 22:35-37 – “E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e

de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E

o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo”.

Esses dois grandes mandamentos, que regem a relação do homem para com o criador

e para com o seu próximo encontram-se materializados no decálogo.

Os dez mandamentos objetivam a plena santificação do homem perante Deus (João

17:17), mostrando o que é pecado e condenando a prática do pecado, haja vista que o salário

do pecado é a morte (Romanos 6:23).

“O sábado do quarto mandamento foi instituído no Éden. Depois de haver Deus feito

o mundo e criado o homem sobre a Terra, fez o sábado para o homem. Após o pecado e a

queda de Adão, coisa alguma foi tirada da lei de Deus. Os princípios dos Dez Mandamentos

existiam antes da queda e eram de caráter apropriado à condição de uma santa ordem de

seres. Depois da queda os princípios desses preceitos não foram mudados, mas foram dados

preceitos adicionais que viessem ao encontro do homem em seu estado decaído” (HR, 145).

2.2 Os dez mandamentos

LEANDRO BERTOLDO

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A seguir observe o conteúdo dos dez mandamentos na forma como foram escritos

pessoalmente pelo dedo de Deus nas duas tábuas de pedra e, posteriormente, transcritos por

Moisés nos livros sagrados:

Primeiro mandamento: “Não terás outros deuses diante de mim” (Êxodo 20:3).

Segundo mandamento: “Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança

do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas de baixo da terra. Não

te encurvarás a elas nem as servirás: porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que

visito a maldade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me

aborrecem. E faço misericórdia em milhares aos que me amam e guardam os meus

mandamentos” (Êxodo 20:4-6).

Terceiro mandamento: “Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão: porque o

Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão” (Êxodo 20:7).

Quarto mandamento: “Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias

trabalharás, e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus: não

farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva,

nem o teu animal nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas. Porque em seis

dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou:

portanto abençoou o Senhor o dia do sábado, e o santificou” (Êxodo 20:8-11).

Quinto mandamento: “Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias

na terra que o Senhor teu Deus te dá” (Êxodo 20:12).

Sexto mandamento: “Não matarás” (Êxodo 20:13).

Sétimo mandamento: “Não adulterarás” (Êxodo 20:14).

Oitavo mandamento: “Não furtarás” (Êxodo 20:15).

Nono mandamento: “Não dirás falso testemunho contra o teu próximo” (Êxodo 20:16).

Décimo mandamento: “Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do

teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem

cousa alguma do teu próximo” (Êxodo 20:17).

2.3 Princípios morais do decálogo no Pentateuco

Do decálogo emanam princípios, orientações, regras de conduta e preceitos morais,

os quais se encontram esparsos pelos diversos livros do Pentateuco. Observe os seguintes

exemplos de preceitos morais do decálogo:

Primeiro mandamento: “E em tudo o que vos tenho dito, guardai-vos: e do nome de

outros deuses nem vos lembreis, nem se ouça da vossa boca” (Êxodo 23:13).

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Segundo mandamento: “Nem levantarás estátua, a qual o Senhor teu Deus aborrece”

(Deuteronômio 16:22).

Terceiro mandamento: “Nem jurareis falso pelo meu nome, pois profanaríeis o nome do

vosso Deus: Eu sou o Senhor” (Levítico 19:12).

Quarto mandamento: “Guarda o dia de sábado, para o santificar, como te ordenou o

Senhor teu Deus” (Deuteronômio 5:12).

Quinto mandamento: “Maldito aquele que desprezar a seu pai ou a sua mãe: E todo o

povo dirá: Amém” (Deuteronômio 27:16).

Sexto mandamento: “E quem matar a alguém certamente morrerá” (Levítico 24:17).

Sétimo mandamento: “Quando um homem for achado deitado com mulher casada com

marido, então ambos morrerão, o homem que se deitou com a mulher, e a mulher: assim

tirarás o mal de Israel” (Deuteronômio 22:22).

Oitavo mandamento: “Não furtareis, nem mentireis, nem usareis de falsidade cada um

com o seu próximo” (Levítico 19:11).

Nono mandamento: “Não admitirás falso rumor, e não porás a tua mão com o ímpio, para

seres testemunha falsa” (Êxodo 23:1).

Décimo mandamento: “As imagens de escultura de seus deuses queimarás a fogo; a prata

e o ouro que estão sobre elas não cobiçarás, nem os tomarás para ti, para que te não

enlaces neles; pois abominação é ao Senhor teu Deus” (Deuteronômio 7:25).

2.4 Princípios morais do decálogo no Antigo Testamento

Os dez mandamentos não estão relacionados somente nas duas tábuas de pedra ou

apenas no Pentateuco, mas encontram-se esparsos pelos demais livros do Antigo

Testamento. Observe alguns exemplos:

Primeiro mandamento: Êxodo 15:11; 20:3; 20:23; 22:20; 23:13; 34:14; 34:17; Levítico

19:4; Deuteronômio 4:35; 4:39; 6:14; 7:25-26; 8:19-20; 11:16; 11:26-28; 12:3; 18:20; 28:14;

30:17-18; 32:17; Josué 23:7; 24:15; 24:23; Juízes 2:12; 10:6; I Reis 8:60; 9:6-7; 18:21 e 39;

II Reis 17:35; 17:37-38; 19:18; 22:17; I Crônicas 5:25; 16:26; II Crônicas 7:19-20; 28:25;

34:25; Salmos 96:5; Isaías 37:19; 41:22-24; 44:6; 45:5; 46:9; Jeremias 1:16; 7:6-7; 7:18;

11:10; 13:10; 16:11; 19:4-5; 25:6; 35:15; 44:3; 44:5; 44:15; Daniel 3:14; 17-18.

Segundo mandamento: Êxodo 20:4-6; 23:24; 34:13; Levítico 26:1; Números 33:52;

Deuteronômio 4:15-18; 4:23; 7:5; 7:25-26; 12:3; 16:22; 27:15; I Reis 14:9; II Reis 17:12;

17:16; II Crônicas 34:7; Salmos 97:7; 115:4-7; 135:15-17; Isaías 2:8; 40:19-20; 41:29; 42:8;

42:17-18; 44:9-10; 44:13; 44:14-15; 44:16-18; 45:16; 45:20; 48:5; Jeremias 10:3-5; 10:14-

15; 50:38; 51:17; Ezequiel 14:3; 14:6; 20:16; Oséias 13:2; Miquéias 1:7; 5:13; Habacuque

2:18-19.

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Terceiro mandamento: Êxodo 20:7; Levítico 19:12; 20:3; 22:32; 24:15; 24:16; Salmos 8:1;

29:2; 72:17; 72:19; 111:9; 135:3; Malaquias 4:2.

Quarto mandamento: Gênesis 2:2-3; Êxodo 20:8-11; Levítico 23:3; Deuteronômio 5:12;

Neemias 9:13-14; Isaías 56:1-2; 56:6-7; 58:13-14; 66:23; Jeremias 17:22; Ezequiel 20:12;

20:20.

Quinto mandamento: Êxodo 20:12; 21:15; 21:17; Levítico 19:3; 20:9; Deuteronômio 5:16;

21:18-19; 27:16; Provérbios 1:8; 4:1; 6:20; 10:1; 13:1; 15:5; 15:20; 17:21; 17:25; 17:6;

19:13; 19:26; 20:20; 23:22; 23:24; 23:25; 28:7; 28:24; 29:3; 30:11; 30:17; Miquéias 7:6.

Sexto mandamento: Êxodo 20:12-13; 21:15; 23:7; Levítico 24:17; 24:21; Números 35:6;

35:11-12; 35:15-19; 35:21; 35:25-28; 35:30-31; Deuteronômio 4:42; 13:9; 19:3-4; 19:5-6;

27:24-25; Josué 20:3; 20:5-6; 21:13; 21:21; 21:27-28; 21:32; Jó 24:14; Oséias 4:2.

Sétimo mandamento: Gênesis 38:24; Êxodo 20:14; Levítico 18:20; 18:22-23; 20:10;

Deuteronômio 22:22; Provérbios 6:25-26; 6:28-29; 6:32; 7:10; 23:27; 29:3; 30:20; Jeremias

13:27; 23:14; 29:23; Oséias 4:2; 4:13-14.

Oitavo mandamento: Êxodo 20:15; 22:7; Levítico 19:11; Deuteronômio 24:7; Provérbios

6:30; 29:24; Oséias 4:2.

Nono mandamento: Êxodo 20:16; 23:1; Levítico 5:1; 6:5-7; 19:12; Números 35:30;

Deuteronômio 17:6-7; 19:15-18; Jó 27:4; Salmos 4:2; 5:6; 31:18; 52:3; 58:3; 101:7; 141:3;

119:104; Isaías 28:17; 30:9; Jeremias 9:3; 9:5; Provérbios 6:16-19; 12:5; 12:17; 12:19-20;

12:22; 13:5; 14:5; 14:8; 19:5; 19:9; 20:17; 21:6; 21:28; 23:23; 24:28; 25:18; 26:19; 26:24;

Oséias 10:13; 11:12; Amós 2:4; Miquéias 6:12; Naum 3:1; Sofonias 3:13; Zacarias 8:16-17;

Malaquias 3:5.

Décimo mandamento: Êxodo 20:17; Provérbios 1:19; 6:23-25; 15:27; 23:1-3; 23:6;

Eclesiastes 6:7; Miquéias 2:1-2.

2.5 Princípios morais do decálogo no Novo Testamento

O Novo Testamento cita mais de 150 (cento e cinqüenta) vezes todos os

mandamentos do decálogo, como norma de conduta para os cristãos. Inclusive torna a

repetir o mandamento do sábado em mais de 60 (sessenta) passagens bíblicas. Ignorar essas

verdades cristalinas e a validade da santa lei de Deus é assinar atestado ignorância. Seria a

mesma coisa que querer tapar o Sol com a peneira.

Observe alguns versículos bíblicos que foram registrados no Novo Testamento sobre

o dever do cristão observar todos os mandamentos do decálogo:

Primeiro mandamento: Mateus 4:10; 6:24; 22:37; Marcos 12:30 e 32; Lucas 4:8; 10:27;

16:13; João 4:24; Atos dos Apóstolos 14:15; Romanos 1:21; 3:30; 16:27; I Coríntios 8:4 e 6;

Gálatas 3:20; Efésios 4:5-6; I Timóteo 2:5; Hebreus 3:12; Tiago 2:19; I Pedro 2:17.

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Segundo mandamento: João 4:24; Atos dos Apóstolos 17:16 e 29; Romanos 1:23-25; 2:22-

23; I Coríntios 5:9-11; 10:7 e 14; 10:19-20; 12:2; II Coríntios 3:17; 6:10 e 16; Gálatas 5:19-

21; Efésios 5:5; Colossenses 3:5-6; I Tessalonicenses 1:9; I Pedro 4:2-4; I João 5:21;

Apocalipse 16:14; 22:15; 21:8.

Terceiro mandamento: Mateus 6:9; 12:31; 15:19; Marcos 2:7; 3:28; 7:21-22; Lucas 11:2;

João 10:36; Romanos 2:23-24; I Timóteo 6:1; Apocalipse 13:6; 16:9, 11 e 21.

Quarto mandamento: Mateus 12:10-12; 24:20; Marcos 1:21; 2:27-28; 6:2; Lucas 4:16 e

31; 13:10; 23:54-56; Atos dos Apóstolos 13:14-15; 13:42 e 44; 16:13; 17:2; 18:4 e 11.

Quinto mandamento: Mateus 15:3-4; 19:19; Marcos 7:10; 10:19; Lucas 18:20; Efésios 6:1-

3; Colossenses 3:20.

Sexto mandamento: Mateus 5:21-22; 15:19; 19:18; Marcos 7:21; 10:19; Lucas 18:20; João

8:44; Romanos 13:9; Gálatas 5:21; Efésios 4:26-27; Tiago 2:11; I João 3:15; Apocalipse

21:8; 22:14-15.

Sétimo mandamento: Mateus 5:27-28 e 32; 15:19; 19:9 e 18; Marcos 7:21; 10:11-12 e 19;

Lucas 16:18; 18:20; Romanos 2:22; 7:3; 13:9; I Coríntios 6:10; Efésios 5:3; Hebreus 13:4;

Tiago 2:11; 4:4; II Pedro 2:14.

Oitavo mandamento: Mateus 15:19; 19:18; Marcos 7:21-22; 10:19; Lucas 18:20; João

14:15; 15:14; Romanos 2:21; 13:9; I Coríntios 5:11; 6:10; Efésios 4:28; I Timóteo 6:10-11; I

Pedro 4:15.

Nono mandamento: Mateus 5:37; 15:19; 19:18; Marcos 10:19; Lucas 18:20; Romanos

13:9; Efésios 4:25; Colossenses 3:9; I Timóteo 1:9-10; Tiago 3:14; Apocalipse 21:27; 22:15;

21:8.

Décimo mandamento: Mateus 5:28; Atos dos Apóstolos 20:33; Romanos 6:12; 7:7; 13:9; I

Timóteo 3:3; 6:10; Tito 1:7; Hebreus 13:5; Tiago 4:2-3; I Pedro 1:14; I João 2:16; Judas 17-

19.

E nessa esteira seguem-se muitos outros preceitos morais, que são extensões

próximas ou remotas do decálogo e, encontram-se esparsos no Antigo e no Novo

Testamento. É claro que, por emanarem do decálogo, são preceitos morais e não

cerimoniais.

Boa parte das leis civis, criminais e cerimoniais registradas nas Escrituras Sagradas,

gira em torno da lei moral gravada nas duas tábuas de pedra pelo dedo de Deus.

Muito embora as “ramificações” morais do decálogo não estejam escritas em tábuas

de pedra, elas são claramente morais porque seus princípios encontram-se ressonância e

respaldo no decálogo.

É claro que os dez mandamentos não são preceitos cerimoniais, simplesmente porque

não emanam de nenhuma lei ou princípio relacionados com o ritual de expiação de pecados

pelo holocausto (sacrifício) de animais, que eram realizados no santuário terrestre, sob a

supervisão do ministério sacerdotal levítico.

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

2.6 O sábado no Novo Testamento

Etimologicamente a palavra “sábado” significa descanso, repouso. Trata-se do último

dia da semana, também identificado como sendo sétimo dia da semana, o qual é dedicado ao

descanso do trabalho secular e ao culto religioso.

A interpretação de que o sábado foi abolido porque não teria sido mencionado no

Novo Testamento está baseada numa inverdade descarada porque não condiz com os fatos

observados. Essa falsa interpretação não possui qualquer embasamento bíblico, a não ser o

fundamento da mentira e do engano. Alegar e não provar é a mesma coisa que nada dizer!

Contrariando essa falsa interpretação, defendida pelos antagonistas do sábado,

podemos provar – pelos versículos bíblicos a seguir relacionados – que a santificação do

sábado é largamente ensinada no Novo Testamento.

Um levantamento estatístico permite constatar que, somente no Novo Testamento, o

sábado é mencionado sessenta vezes por diversos escritores bíblicos. Observe:

Quarto mandamento: Mateus 12:1; 12:2; 12:5 (§ 1º); 12:5 (§ 2º); 12:8; 12:10; 12:11;

12:12; 24:20; 28:01; Marcos 1:21; 2:23; 2:24; 2:27 (§ 1º); 2:27 (§ 2º); 2:28; 3:02; 3:04; 6:02;

15:42; 16:01; Lucas 4:16; 4:31; 6:01; 6:02; 6:05; 6:06; 6:07; 6:09; 13:10; 13:14 (§ 1º); 13:14

(§ 2º); 13:15; 13:16; 14:01; 14:03; 14:05; 23:54; 23:56; João 5:09; 5:10; 5:16; 5:18; 7:22;

7:23 (§ 1º); 7:23 (§ 2º); 9:14; 9:16; 19:31 (§ 1º); 19:31 (§ 2º); 19:42; Atos dos Apóstolos

1:12; 13:14; 13:27; 13:42; 13:44; 15:21; 16:13; 17:02; 18:04.

Uma análise mais minuciosa permite verificar que, além das 60 (sessenta) vezes que

o sábado do sétimo dia da semana aparece no Novo Testamento, ele é ainda mencionado em

Hebreus 4:4 como “dia sétimo” e “sétimo dia” e também citado em Apocalipse 1:10, como

“dia do Senhor”. Portanto, na realidade, o sábado é lembrado no Novo Testamento em 63

(sessenta e três) passagens bíblicas.

A insistência dos santos escritores bíblicos em repetir o mandamento do sábado

contraria frontalmente a falsa alegação dos adversários dos sábado de que o Novo

Testamento não menciona em nenhum lugar o sábado bíblico.

Ora, se os adversários do sábado, visando defender suas teorias furadas, apelam de

forma descarada para uma crassa mentira, o que se dirá das aberrações que inventam ao

analisarem alguns versículos bíblicos de difícil interpretação? Essas mentiras, inspiradas

pelo “pai da mentira” (João 8:44), lhes tiram toda a autoridade de “doutrinadores” bíblicos.

Quem poderá confiar no que tais pessoas ensinam? Se mentiram com algo que é tão simples

de constatar nas Escrituras Sagradas, então com certeza estão mentido com relação aos

demais ensinos que apresentam.

2.7 Considerações finais

É claro que o Novo Testamento não repete “ipsis litteris” – com as mesmas palavras

– todos os mandamentos do decálogo, onde se encontra a guarda do dia do sábado. Por

exemplo, não repete “ipsis litteris” o primeiro mandamento, que afirma: “Não terás outros

deuses diante de mim” (Êxodo 20:3). Não repete “ipsis litteris” o segundo mandamento, que

diz: “Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos

céus, nem em baixo na terra, nem nas águas de baixo da terra” (Êxodo 20:4). Não repete

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

“ipsis litteris” o terceiro mandamento, que ensina: “Não tomarás o nome do Senhor teu Deus

em vão: porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão” (Êxodo

20:7). Também não repete “ipsis litteris” a lei do dízimo. Mas, nem por isso pressupomos a

abolição de tais mandamentos. Então por que pressupor a abolição do sábado?

“O Novo Testamento não dá novamente a lei do dízimo, como também não dá a do

sábado; pois pressupõe a validade de ambos, e explica sua profunda importância espiritual”

(CSM, 66).

A verdade é que, após a morte de Cristo, o Novo Testamento repete por preceito e

exemplo todos os mandamentos do decálogo, inclusive a lei do dízimo. Muitas vezes repete-

os de forma incidental, considerando-os como mandamentos válidos e em vigor,

consagrados pelo uso e costume. Tais ocorrências implicam em sua validez para todos os

cristãos.

E claro que os santos do Altíssimo devem seguir estritamente o que está registrado

nas páginas da Bíblia Sagrada. Todavia, quem quiser seguir os ensinos dos falsos mestres

com suas teorias mirabolantes, que fique à vontade, mas lembre-se que é por sua própria

conta e risco.

“Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras e as pratica, assemelha-lo-ei ao

homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha. E desceu a chuva, e correram rios, e

assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a

rocha” (Mateus 7:24-25).

“E aquele que ouve estas minhas palavras, e as não cumpre, compara-lo-ei ao homem

insensato, que edificou a sua casa sobre a areia. E desceu a chuva, e correram rios, e

assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda” (Mateus

7:26-27).

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

3 O SÁBADO E OS JUDEUS

“Este tempo, em que se faz tanto esforço para impor a observância do domingo, é a verdadeira oportunidade

para apresentar ao mundo o autêntico sábado em contraste com o falso”.

Ellen Gould White (II MR, 197)

3.1 Introdução

Alguns tomando por base algumas interpretações questionáveis e tendenciosas

supõem e advogam a antibíblica e absurda hipótese de que os estrangeiros (gentios) não

tinham nenhuma obrigação de guardar o santo sábado, simplesmente porque, segundo esses

falsos “doutores”, o mandamento do sábado faz referência aos “filhos de Israel”. Observe o

texto bíblico empregado por esses falsos mestres para defender o seu argumento ardiloso:

Êxodo 31:16-17 – “Guardarão pois o sábado os filhos de Israel, celebrando o sábado nas

suas gerações por concerto perpétuo. Entre mim e os filhos de Israel será um sinal para

sempre: porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, e ao sétimo dia descansou, e

restaurou-se”.

A falsa interpretação de que o sábado é um mandamento feito para o povo israelita e

a ninguém mais, contraria frontalmente os ensinos da Bíblia Sagrada.

As Escrituras afirmam explicitamente e de forma categórica que a lei era a mesma,

tanto para os israelitas como para os gentios. Observe o que diz a Bíblia: “uma mesma lei e

um mesmo direito haverá para vós e para o estrangeiro que peregrina convosco” (Números

15:16).

A Bíblia Sagrada também é muito clara e riquíssima em ensinar que os filhos dos

estrangeiros (gentios) que desejassem servir a Deus e se convertessem, também deveriam

guardar o dia do sábado (Isaías 56:6). Além disso, o próprio mandamento da lei, que

estabelece a santificação do sábado, também faz explicita referência aos gentios, que

deveriam cessar todas as suas atividades seculares nesse santo dia (Êxodo 20:10-11).

Por não levarem em consideração todo o contexto bíblico, cabe aos antagonistas do

sábado a censura lançada por Jesus Cristo: “Condutores cegos! que coais um mosquito e

engolis um camelo” (Mateus 23:24).

Esses condutores cegos coam um mosquito (considerando apenas alguns versículo

bíblico isolado do seu contexto geral), e depois se alvoroçam como intérpretes das Escrituras

Sagradas, dando a “explicação” que bem entendem, conforme o que bem lhes convém.

Todavia, engolem um enorme camelo de versículos bíblicos que contradizem frontalmente

as suas teorias e interpretações ridículas e simplórias.

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

O erro desses condutores reside no fato de que a Bíblia Sagrada não afirma em

nenhuma passagem que o sábado foi dado com exclusividade aos filhos de Israel. Também é

verdade que o Livro Sagrado não ensina em nenhum lugar que os gentios estavam

dispensados ou mesmo excluídos da obrigação de observar o santo sábado.

Que o sábado não era uma instituição feita exclusivamente para os “filhos de Israel”

é fato consumado! A própria Bíblia Sagrada esclarece no “Novo Testamento” que os gentios

convertidos à Palavra de Deus, também guardavam o sábado. Observe o testemunho

irrefutável do texto sagrado:

Atos dos Apóstolos 13:42 – “E, saídos os judeus da sinagoga, os gentios rogaram que no

sábado seguinte lhes fossem ditas as mesmas coisas”.

3.2 Novo Concerto somente para Judeus

Supondo que, se fosse verdadeira a ridícula suposição de que o sábado não deveria

ser guardado pelos gentios simplesmente porque está escrito que os “filhos de Israel”

deveriam guardar o sábado; então podemos afirmar que os gentios nada têm com o “Novo

Concerto”, porque igualmente está escrito que o Novo Concerto seria feito com a “casa de

Israel”. Observe o que diz o texto do Novo Testamento:

Hebreus 8:8 – “Porque, repreendendo-os, lhes diz: Eis que virão dias, diz o Senhor, em que

com a casa de Israel e com a casa de Judá estabelecerei um novo concerto”.

Hebreus 8:10 – “Porque este é o concerto que depois daqueles dias farei com a casa de

Israel, diz o Senhor; porei as minhas leis no seu entendimento, e em seu coração as

escreverei: e eu lhes serei por Deus, e eles me serão por povo”.

Observe também o que diz o texto do Antigo Testamento a respeito do Novo

Concerto:

Jeremias 31:31 – “Eis que dias vêm, diz o Senhor, em que farei um concerto novo com a

casa de Israel e com a casa de Judá”.

Todos esses versículos são claros, claríssimos em afirmar que o Novo Concerto seria

estabelecido com a “casa de Israel”. Portanto, supondo que o gentio não tem a obrigação de

guardar o sábado simplesmente porque está escrito “guardarão pois o sábado os filhos de

Israel”, então – aferindo com a mesma medida – podemos concluir que os gentios nada têm

com o Novo Concerto, porque igualmente, está escrito: “que com a casa de Israel e com a

casa de Judá estabelecerei um novo concerto”.

Não obstante estar escrito que o novo concerto seria feito com a “casa de Israel e

com a casa de Judá”, ele é válido tanto para judeus como para gentios. Do mesmíssimo

modo, apesar de estar escrito que o sábado deveria ser guardado pelos “filhos de Israel”, ele

é válido tanto para judeus como para gentios. Bom senso, coerência e a ciência de

hermenêutica exigem que o mesmo peso e a mesma medida sejam aplicados para ambos os

casos.

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

3.3 Deus somente para Israel

Supondo que fosse verdadeira a obtusa hipótese de que o sábado foi estabelecido

somente para os israelitas e ninguém mais, simplesmente porque foi ordenado aos “filhos de

Israel” observar o sábado; então, empregando o mesmo peso e a mesma medida, podemos

concluir que os crentes gentios nada têm com Deus, pois as Escrituras Sagradas registram

em 199 (cento, noventa e nove) passagens que o Senhor é o “Deus de Israel”. Note o que

dizem algumas dessas passagens bíblicas:

Jeremias 7:21 – “Assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel: Ajuntai os vossos

holocaustos aos vossos sacrifícios, e comei carne”.

Jeremias 11:3 – “Dize-lhes pois: Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: Maldito o homem

que não escutar as palavras deste concerto”.

Jeremias 30:2 – “Assim fala o Senhor, Deus de Israel, dizendo: Escreve num livro todas as

palavras que te tenho dito”.

Admitindo que o sábado pertence aos israelitas e que os gentios nada têm com o

sábado porque está escrito: “filhos de Israel”; então também podemos assegurar que o

Senhor é o Deus dos israelitas e que os gentios nada têm com Ele, porque igualmente está

escrito: “Deus de Israel”. Se o Senhor é o Deus de Israel, então não é de ninguém mais!

3.4 Deus também dos gentios

É de fundamental importância asseverar que as Sagradas Escrituras jamais doutrinam

que Deus ou o sábado são exclusividade dos filhos de Israel. Do mesmo modo, elas também

não ensinam que os gentios estão excluídos ou dispensados da observância do sábado ou de

prestar adoração ao Deus de Israel. Observe o que a própria Bíblia Sagrada diz a respeito do

assunto em análise:

Jeremias 32:27 – “Eis que eu sou o Senhor, o Deus de toda a carne: seria qualquer cousa

maravilhosa para mim?”.

Agora, note o que o apóstolo Paulo afirma de forma cristalina e explicita:

Romanos 3:29 – “É porventura Deus somente dos judeus? E não o é também dos gentios?

Também dos gentios, certamente”.

O mesmo argumento também se aplica ao sábado. As Escrituras Sagradas deixam

bem claro que o sábado não era para ser observado somente pelos filhos de Israel, mas

também deveria ser praticado pelos gentios. Observe o que diz a Bíblia Sagrada:

Isaías 56:6-7 – “E aos filhos dos estrangeiros, que se chegarem ao Senhor, para o

servirem, e para amarem o nome do Senhor, sendo deste modo servos seus, todos os que

guardarem o sábado, não o profanando, e os que abraçarem o meu concerto. Também os

levarei ao meu santo monte, e os festejarei na minha casa de oração; os seus holocaustos e

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

os seus sacrifícios serão aceitos no meu altar, porque a minha casa será chamada casa de

oração para todos os povos”.

.

Estariam as Escrituras Sagradas em contradição? É claro que não. O que está em

contradição são as interpretações equivocadas dos falsos “mestres”, que são inimigos

declarados da lei de Deus e do sábado. “Querendo ser doutores da lei, e não entendendo nem

o que dizem nem o que afirmam” (I Timóteo 1:7).

3.5 Dízimos exclusivamente para os Levitas

Supondo que o sábado era para ser observado somente pelo povo israelita e ninguém

mais, simplesmente porque foi ordenado aos “filhos de Israel” a guardar o sábado; então,

com a mesma regra e propriedade desse argumento, podemos afirmar que os cristãos gentios

nada têm com o dízimo porque ele foi dado aos levitas e a ninguém mais.

Números 18:21 – “E eis que aos filhos de Levi tenho dado todos os dízimos em Israel por

herança, pelo seu ministério que exerce, o ministério da tenda da congregação”.

Hebreus 7:5 – “E os que dentre os filhos de Levi recebem o sacerdócio têm ordem,

segundo a lei, de tomar o dízimo do povo, isto é, de seus irmãos, ainda que tenham saído

dos lombos de Abraão”.

Portanto, aqueles que desprezam o mandamento do sábado simplesmente porque está

escrito que os “filhos de Israel” deveriam guardar o sábado, então também deveriam

desprezar o mandamento do dízimo, porque igualmente está escrito que aos “filhos de Levi”

o Senhor têm dado todos os dízimos. Até onde se sabe, nenhum gentio é filho de Levi!

Ao intérprete não cabe oscilar entre dois pesos ou duas medidas de acordo com as

suas próprias conveniências ou interesses particulares. Na verdade as Escrituras Sagradas

condenam tal atitude: “Duas espécies de peso, e duas espécies de medida, são abominação

para o Senhor, tanto uma cousa como outra” (Provérbios 20:10).

A Hermenêutica Bíblica é uma ciência que possui caráter universal, suas regras

lógicas e adequadas às Escrituras Sagradas existem para ser seguida por todos os interpretes.

Todavia os antagonistas do sábado parecem ter criar uma falsa hermenêutica para servir aos

seus próprios interesses escusos.

3.6 Conseqüências do argumento ardiloso

Com as armas do falso argumento de que os gentios estão desobrigados de guardar o

santo sábado porque ele é judaico, podemos concluir que: 1) a idolatria é judaica e nada tem

com os gentios; 2) blasfemar de Deus é judaico e nada tem com os gentios; 3) a Bíblia é

judaica e nada tem com os gentios; 4) o Novo Testamento é judaico e nada tem com os

gentios; 5) o cristianismo é judaico e nada tem com os gentios.

Com base no mesmo raciocínio, podemos afirmar ainda mais: que nada temos com

Jesus Cristo, pois Ele era inteiramente judeu. Fazia parte do povo judeu, adorava o “Deus de

Israel”, observava e interpretava a lei judaica, orientou seus seguidores a observarem a lei

judaica, guardava o sábado dos “filhos de Israel” e chamou judeus para discípulos,

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

identificou-se como o Messias judeu e morreu pelo povo judeu. Portanto, como gentios,

nada temos com Jesus.

Notaram as conseqüências absurdas da enganosa suposição de que o sábado é uma

instituição feita somente para os judeus? Em última análise, tudo é judeu, desde a primeira

letra da Bíblia Sagrada até a última. Sua literatura, filosofia, valores morais e espirituais são

todos de origem judaica. A atitude negativa contra os valores do povo judeu, por parte de

alguns cristãos, parece expressar um sentimento anti-semita, o que é vergonhoso e

condenável, ainda mais vindo de pessoas que se passam por cristãs, que é uma religião de

origem judaica.

Portanto, podemos concluir que, de forma alguma poderá prevalecer o argumento

ardiloso e desonesto de que o sábado foi criado exclusivamente para o povo judeu e que os

gentios estavam totalmente excluídos da guarda do sábado. Tal argumento leva a

conseqüências desatinadas que contradizem totalmente os mais claros e elementares ensinos

das Escrituras Sagradas. Além disso, a própria Bíblia Sagrada, em várias referências

bastante explicitas, demonstra claramente o dever de todos os gentios em guardar o dia do

sábado.

Agora, se você é uma dessas pessoas que são sinceras e honestas às verdades

bíblicas, mas que está envolvido numa Igreja ou religião que prega a mentira de que o

sábado era coisa de judeu e que deveria ser guardado somente pelos judeus, então o Senhor

nosso Deus tem uma mensagem especial para você: “Sai dela, povo meu, para que não sejas

participante dos seus pecados, e para que não incorras nas suas pragas” (Apocalipse 18:4).

3.7 Os gentios são ordenados a guardar o sábado

Admitindo a absurda hipótese de que o sábado deveria ser guardado somente pelos

judeus, então por que a Bíblia Sagrada determina firmemente que todos os gentios dentro do

território israelita deveriam guardar o sábado? Observe o que está registrado nas páginas das

Escrituras Sagradas:

Êxodo 20:10 – “Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus: não farás nenhuma

obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu

animal nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas”.

Êxodo 23:12 – “Seis dias farás os teus negócios, mas ao sétimo dia descansarás: para que

descanse o teu boi, e o teu jumento; e para que tome alento o filho da tua escrava, e o

estrangeiro”.

Supondo que o sábado deveria ser observado somente pelos “filhos de Israel”, então

por que as Escrituras Sagradas orientam os gentios convertidos à verdade a obrigação de

guardar o sábado? Observe o que a Bíblia Sagrada tem a dizer sobre o assunto:

Isaías 56:2-3 – “Bem-aventurado o homem que fizer isto, e o filho do homem que lançar

mão disto; que se guarda de profanar o sábado, e guarda a sua mão de perpetrar algum

mal. E não fale o filho do estrangeiro, que se houver chegado ao Senhor, dizendo: De todo

me apartará o Senhor do seu povo: nem tão pouco diga o eunuco: Eis que eu sou uma

árvore seca”.

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

Isaías 56:6-7 – “E aos filhos dos estrangeiros, que se chegarem ao Senhor, para o

servirem, e para amarem o nome do Senhor, sendo deste modo servos seus, todos os que

guardarem o sábado, não o profanando, e os que abraçarem o meu concerto. Também os

levarei ao meu santo monte, e os festejarei na minha casa de oração; os seus holocaustos e

os seus sacrifícios serão aceitos no meu altar, porque a minha casa será chamada casa de

oração para todos os povos”.

Atos 13:42 e 44 – “E, saídos os judeus da sinagoga, os gentios rogaram que no sábado

seguinte lhes fossem ditas as mesmas coisas. E no sábado seguinte ajuntou-se quase toda a

cidade a ouvir a palavra de Deus”.

Diante do exposto ficou demonstrado que as Escrituras Sagradas ensinam claramente

que os judeus deveriam guardar o sábado tanto quanto os gentios convertidos à verdade, ou

quanto os gentios não convertidos, mas que estivessem dentro do território israelita.

3.8 Exclusividade e exclusão

Realmente, o Senhor ordenou aos “filhos de Israel” a observância do sábado,

asseverou que o Novo Concerto seria estabelecido com a “casa de Israel” e também foi

muito explicito em dizer que Ele era o “Deus de Israel”.

Ocorre que, em nenhum momento o Senhor declarou que Ele era exclusivamente o

“Deus de Israel”, nem afirmou que o Novo Concerto seria estabelecido exclusivamente com

a “casa de Israel” e muito menos disse que o sábado foi dado com exclusividade aos “filhos

de Israel”.

No que pese estar escrito que Deus é o “Deus de Israel”, as Escrituras Sagradas

também ensinam que Deus é também o Deus dos gentios: “É porventura Deus somente dos

judeus? E não o é também dos gentios? Também dos gentios, certamente” (Romanos 3:29).

No que pese estar escrito que os “filhos de Israel” deveriam guardar o sábado,

também está escrito que os “filhos dos estrangeiros” que “guardarem o sábado”.

Na verdade, o Senhor nem de longe insinuou que os gentios estavam excluídos da

graça do Novo Concerto ou que eles estariam excluídos da observância do sábado, ou ainda

que o Senhor não era o Seu Deus.

3.9 Considerações finais

Por que razão a Bíblia Sagrada fala que os “filhos de Israel” deveriam guardar o

sábado? Por que as Escrituras Sagradas dizem que o Senhor é o “Deus de Israel”? Por que o

Senhor diz que o Novo Concerto é com a “casa de Israel”?

A resposta é muito simples! Antes da cruz, a nação israelita constituía a verdadeira

Igreja de Deus. Era a essa Igreja que Deus se reportava através dos santos profetas. Ela era a

guardiã dos “oráculos divinos” (Romanos 3:2). Em meio a um mundo pagão, essa Igreja

deveria ser a luz do mundo gentio (I Crônicas 16:23-24; Salmos 73:28), mas ela fracassou

vergonhosamente em sua sagrada missão.

Finalmente, quando a Igreja judaica rejeitou o Messias, ela estava rejeitando a Luz

do mundo (João 8:12) e se tornou uma Igreja caída. Desse modo, os oráculos de Deus

passaram aos cuidados da Igreja fundada por Jesus Cristo.

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

4 A ORIGEM DO SÁBADO

“O sábado será a pedra de toque da lealdade, pois é o ponto da verdade especialmente controvertido. Quando

sobrevier aos homens a prova final, traçar-se-á a linha divisória entre os que servem a Deus e os que não O servem”.

Ellen Gould White (GC, 604)

4.1 Introdução

Sábado não foi criado para ser observado como dia sagrado somente pelos “filhos de

Israel”! Tal afirmação está fundamentada no fato de que Deus consagrou o sétimo dia da

semana na fundação do mundo, antes mesmo da existência de qualquer judeu sobre a face da

Terra. Observe o que diz o texto sagrado:

Gênesis 2:1-3 – “Assim os céus, e a terra e todo o seu exército foram acabados. E havendo

Deus acabado no dia sétimo a sua obra, que tinha feito, descansou no sétimo dia de toda a

sua obra, que tinha feito. E abençoou Deus o dia sétimo, e o santificou; porque nele

descansou de toda a sua obra, que Deus criara e fizera”.

“Semelhante ao sábado, a semana originou-se na criação, e foi preservada e trazida

até nós através da história bíblica. O próprio Deus mediu a primeira semana como um

modelo para as semanas sucessivas até o final do tempo. Como todas as outras, consistiu de

sete dias literais. Seis dias foram empregados na obra da criação; no sétimo dia Deus

repousou, e então o abençoou e o separou como dia de descanso para o homem” (PP, 111).

Como Deus santificou o sétimo dia da semana na criação do mundo, então fica bem

claro para quem o sábado foi destinado: para todos os homens. Não foi em vão que Jesus

disse: “O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado”

(Marcos 2:27).

Do versículo mencionado em Gênesis, deduz-se que a santificação do sétimo dia da

semana deveria ser uma benção para todos os homens, e não somente para algum povo em

particular. Além disso, podemos constatar que o sábado não é uma lei cerimonial, pois foi

estabelecido por Deus antes mesmo da entrada do pecado no mundo. Portanto, tal dia não

possui a função de expiar o pecado de ninguém.

4.2 O sábado do judeu

“Nada há no sábado que o restrinja a qualquer grupo de pessoas. Foi dado para a

humanidade”. (TM, 136).

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

Aqueles que insistem em depreciar o sábado do sétimo dia da semana chamando-o de

“sábado do judeu”, para dar-lhe um sentido torpe, estão manifestando um condenável

sentimento anti-semita.

Ademais, a expressão “sábado do judeu” não consta nas Escrituras Sagradas. Tal

expressão é totalmente contrária aos ensinos da Bíblia Sagrada, haja vista que o sábado

nunca foi chamado em nenhum lugar das Escrituras de “sábado do judeu”.

Na verdade, o sábado sempre foi chamado de “sábado do Senhor” (Êxodo 16:23;

16:25; 20:10; Levítico 23:3 e Deuteronômio 5:14), originando daí o título “dia do Senhor”

(Isaías 58:13; Apocalipse 1:10) aplicado ao sábado bíblico.

Ademais, quando Jesus Cristo afirmou que “o Filho do homem até do sábado é

Senhor” (Marcos 2:28), Ele deixou bem claro que o sábado não é propriedade do povo judeu

ou de qualquer ser humano.

Portanto, manifesta crassa ignorância das Escrituras Sagradas ou então má fé, todo

aquele que designa o sétimo dia da semana como “sábado do judeu” ou por outras

expressões semelhantes que não existem nas Escrituras Sagradas.

4.3 A santidade do sábado

“Deus fez o mundo em seis dias literais, e no sétimo dia literal descansou de toda a

Sua obra que fizera, e restaurou-Se. Assim deu ao homem seis dias em que trabalhar. Mas

santificou o dia de Seu descanso, e deu-o ao homem para ser observado, livre de todo o

trabalho secular. Ao separar assim o sábado, deu Deus ao mundo um memorial. Não separou

Ele um de qualquer dia em sete, mas um dia especial, o sétimo dia. E ao observar o sábado,

mostramos que reconhecemos a Deus como Deus vivo, o Criador do Céu e da Terra”. (TM,

136).

A ordem divina para o descanso sabático foi estabelecida por Deus na criação do

mundo e foi expressa nas seguintes palavras: “E abençoou Deus o dia sétimo, e o santificou;

porque nele descansou de toda a sua obra, que Deus criara e fizera” (Gênesis 2:3). Portanto,

está claro que os santos homens de Deus guardaram o sábado desde o princípio do mundo.

Entretanto, algumas pessoas contaminadas pelas “filosofias e vãs sutilezas, segundo

a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo”

(Colossenses 2:8) aventuram-se gratuitamente a defenderem uma espúria teoria de que não

existe nenhuma passagem bíblica em Gênesis ordenando aos homens a guardarem o sétimo

dia da semana.

Como não? A palavra “santo” na língua hebraica é qadosh e em grego é hagio que

significam “ser separado”. Compreendendo-se disso que o sétimo dia da semana foi

separado por Deus, na criação do mundo, para ser observado com um propósito sagrado.

No próprio ato do Senhor tornar “santo” o sétimo dia da semana, está implícito o

comando para o homem consagrar esse dia ao Senhor. Caso contrário, a palavra “santificar”

não teria nenhum sentido, se não houvesse ninguém para observar o sétimo dia da semana.

Destarte, torna-se evidente que Adão e Eva foram os primeiros seres humanos a observarem

o sábado no sétimo dia da semana. Deus os havia criado no sexto dia e no sétimo dia da

semana passaram a entreter uma comunhão mais plena e íntima com o Seu Criador.

Portanto, aos homens foi ordenado a guarda do sábado desde o princípio da criação

do mundo. Mesmo porque, como mostram as Escrituras Sagradas, o sábado não foi feito

exclusivamente para o judeu. Mas foi feito para todos os filhos de Deus, em todas as épocas,

quer sejam judeus ou gentios. Essa foi uma das grandes verdades que Jesus ensinou quando

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

afirmou: “O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado”

(Marcos 2:27).

“O sábado do quarto mandamento foi instituído no Éden. Depois de haver Deus feito

o mundo e criado o homem sobre a Terra, fez o sábado para o homem. Após o pecado e a

queda de Adão, coisa alguma foi tirada da lei de Deus. Os princípios dos Dez Mandamentos

existiam antes da queda e eram de caráter apropriado à condição de uma santa ordem de

seres. Depois da queda os princípios desses preceitos não foram mudados, mas foram dados

preceitos adicionais que viessem ao encontro do homem em seu estado decaído” (HR, 145).

4.4 A suposta falta de mandamento

É intrigante observar indivíduos defendendo a falácia de que não existe mandamento

bíblico ordenando a guarda do sábado desde a criação do mundo até Moisés.

Tais pessoas parecem que se esqueceram de duas coisas: Primeira, que o sétimo dia

da semana foi consagrado pelo Senhor na criação do mundo. De nada adiantaria o Senhor

santificar o sétimo dia semana se ninguém tivesse a obrigação de observá-lo (Gênesis 2:2-3).

Segunda, supondo que não existe mandamento para observar o sábado, então muito menos

existe qualquer referência aos demais mandamentos do decálogo, proibindo politeísmo,

idolatria, blasfêmia contra o nome de Deus, desonra aos pais, homicídio, adultério, furto,

falso testemunho, cobiça etc.

Ora, se os homens não tinham a obrigação de guardar o sábado porque

“supostamente” não havia qualquer mandamento entre Adão e Moisés ordenando

explicitamente a guarda do sétimo dia da semana, então temos que admitir a ridícula e

absurda hipótese de que todos os filhos de Deus, desde Adão até Moisés não tinham a

obrigação de guardar nenhum dos dez mandamentos.

Portanto, os homens santos de Deus poderiam ser politeístas, idólatras, desobedientes

a pais, assassinos, adúlteros, ladrões, mentirosos cobiçadores etc. Tudo isso, simplesmente,

porque não encontramos em nenhum lugar do livro de Gênesis onde se encontra registrado

que os homens não poderiam praticar tais atos.

4.5 A transgressão da lei

É claro que Adão, Sete, Enoque, Noé, Abraão, Moisés e tantos outros heróis da fé,

jamais realizaram tais práticas pecaminosas, simplesmente porque o decálogo estava em

vigor desde a fundação do mundo. Pelo menos é isso que o apóstolo Paulo ensina. Observe o

que diz o doutor dos gentios:

Romanos 4:15 – “Porque a lei opera a ira. Porque onde não há lei também não há

transgressão”.

O apóstolo Paulo afirma categoricamente que “onde não há lei também não há

transgressão”. Todavia, a Bíblia Sagrada registra a ocorrência de várias espécies de

transgressões entre Adão e Moisés. Tal fato nos permite concluir que a lei estava em vigor

desde a fundação do mundo, porque se não houvesse lei vigorando entre Adão e Moisés,

também não haveria qualquer espécie de transgressão nesse período.

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

Supondo que não houvesse lei entre Adão e Moisés, então o que foi Sete, Enoque,

Noé, Abraão e tantos outros santos homens de Deus obedeceram? É lógico que eles

agradaram ao Senhor porque obedeceram à lei de Deus, a qual está em vigor desde a

fundação do mundo “porque onde não há lei também não há transgressão”.

No livro do Gênesis encontramos o caso de Tamar que foi acusada de ter cometido

adultério. Observe o que diz o texto bíblico:

Gênesis 38:24 – “E aconteceu que, quase três meses depois, deram aviso a Judá, dizendo:

Tamar, tua nora, adulterou, e eis que está pejada do adultério. Então disse Judá: Tirai-a

fora para que seja queimada”.

O adultério é um dos mandamentos prescrito no decálogo (Êxodo 20:14) punido com

a morte (Levítico 20:10; Deuteronômio 22:22). Portanto, constatamos que a lei de Deus

estava em vigor “porque onde não há lei também não há transgressão”.

Também podemos verificar no livro do Gênesis que, aproximadamente, quinhentos

anos antes do decálogo, Deus afirmou que “Abraão obedeceu à minha voz, e guardou o meu

mandado, os meus preceitos, os meus estatutos, e as minhas leis” (Gênesis 26:5).

Mais uma vez fica claro que a lei de Deus estava vigorando bem antes do decálogo

ter sido escrito por Deus em duas tábuas de pedra, tanto é verdade que as Escrituras

Sagradas registram que Abraão obedeceu à voz do Senhor guardando “mandado”,

“preceitos”, “estatutos” e as “leis” de Deus.

4.6 A lei e o pecado

Agora, observe o que o apóstolo Paulo ensina sobre a relação existente entre a lei e o

pecado:

Romanos 5:13 – “Porque até à lei estava o pecado no mundo, mas o pecado não é

imputado, não havendo lei”.

As Escrituras Sagradas ensinam claramente que entre Adão e Moisés o mundo

fervilhava de pecado. Tanto é verdade que o homicida Caim, os seus descendentes, os

antediluvianos, os sodomitas foram condenados pelo Senhor porque foram grandes

pecadores.

Ora, se foram considerados pecadores é porque a lei estava em vigor desde a

fundação do mundo, haja vista que “o pecado não é imputado, não havendo lei”.

Alguns antagonistas do sábado afirmam que a lei de Deus entrou em vigor somente

por ocasião do Monte Sinai. Todavia, como foi visto, tal suposição não encontra respaldo

nos ensinos das Escrituras Sagradas.

Podemos constatar pelo livro de Gênesis que José, filho de Jacó, conhecia muito bem

o sétimo mandamento do decálogo, o qual proíbe o pecado de adultério.

Consta em Gênesis que José foi nomeado mordomo da casa de Potifar. Em certa

ocasião, tentado pela esposa de Potifar a manter relações sexuais com ela, o jovem fugiu de

sua presença. Ele sabia muito bem que o adultério é um pecado contra Deus. Observe o que

José disse à esposa de Potifar a respeito deste assunto:

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

Gênesis 39:9 – “Ninguém há maior do que eu nesta casa, e nenhuma cousa me vedou,

senão a ti, porquanto tu és sua mulher; como pois faria eu este tamanho mal, e pecaria

contra Deus?”.

Se não houvesse lei, José poderia ter se deitado com a mulher de Potifar e não teria

cometido adultério ou pecado contra Deus porque “o pecado não é imputado, não havendo

lei”.

Então, como pode algumas pessoas afirmar que a lei de Deus não estava em vigor

antes do decálogo ter sido escrito em duas tábuas de pedra? Ainda mais considerando que a

Bíblia Sagrada mostra que os homens santos de Deus obedeciam aos preceitos do decálogo?

4.7 Considerações finais

Uma das razões pela qual o decálogo não foi dado na forma escrita em épocas

anteriores ao êxodo está fundamentada no fato de que foi somente em torno da época de

Moises que o “alfabeto” teve a sua origem.

Muito embora a “escrita” seja muito antiga, foi somente em torno de 1600 a.C., que

teve origem o primeiro “alfabeto”, o qual foi inventado pelos Cananeus, hebreus primitivos

e Fenícios, que viviam nas costas orientais do Mediterrâneo.

Pouco tempo depois da invenção do “alfabeto”, o Senhor apresentou a Sua lei na

forma escrita em duas tábuas de pedra.

Antes da lei de Deus ter sido apresentada na forma escrita, o decálogo era ensinado

entre os povos da Terra verbalmente pelos santos profetas e sacerdotes do Altíssimo. A

exemplo disso temos registrado o nome de Enoque (Judas 1:14-15), Jó (Jó 1:1),

Melquisedeque (Gênesis 14:18; Hebreus 7:1), Balaão (Números 22:18-20) antes deste se

corromper, e tantos outros que as Escrituras Sagradas não fazem referência.

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

5 UMA MESMA LEI PARA TODOS

“Quando a religião de Cristo for mais desprezada, quando Sua lei mais desprezada for, então deve nosso zelo

ser mais ardoroso e nosso ânimo e firmeza mais inabaláveis”.

Ellen Gould White (II TS, 31)

5.1 Introdução

Com base em alguns poucos versículos bíblicos, os antagonistas do sábado lançam

mão da irresponsável suposição de que o concerto do decálogo, que inclui a santificação do

dia do sábado, bem como as demais leis cerimoniais foram feitas somente para os “filhos de

Israel” e ninguém mais. Para fundamentar seu argumento capcioso empregam as seguintes

passagens bíblicas:

Deuteronômio 5:1-3 e 12 – “E chamou Moisés a todo o Israel, e disse-lhes: Ouve, ó Israel,

os estatutos e juízos que hoje vos falo aos ouvidos: e aprendê-los-eis, e guardá-los-eis, para

os cumprir. O Senhor nosso Deus fez conosco concerto em Horebe. Não com nossos pais fez

o Senhor este concerto, senão conosco, todos os que hoje aqui estamos vivos. Guarda o dia

de sábado, para o santificar, como te ordenou o Senhor teu Deus”.

A suposição de que o decálogo e as demais leis cerimoniais são instituições

estabelecidas exclusivamente para o povo israelita e ninguém mais, tem sido defendida por

pessoas comprometidas com a tradição humana em detrimento às verdades bíblicas. Tal

asseveração também tem sido perpetrada por indivíduos incultos e preconceituosos que,

desconhecendo a verdade bíblica, se aventuram a defender idéias alheias. Também tem sido

apresentada por uma classe de pessoas sinceras e honestas, mas que estão totalmente

equivocadas quanto aos ensinos das Escrituras Sagradas, além de desconhecerem as mais

elementares regras da Hermenêutica Bíblica.

Uma dessas regras afirma que o universo cristão gira somente em torno do que

consta nos registros das Escrituras Sagradas. Outra regra assevera que nenhum versículo

bíblico deve ser analisado isoladamente fora do seu contexto imediato e mediato. Ou seja,

nenhum versículo deve ser interpretado sem levar em consideração todo o contexto anterior

e posterior, bem como todo conteúdo sistemático da Bíblia Sagrada.

Admitindo a aberração de que a lei de Deus deveria ser observada apenas pelos

filhos de Israel, isto implica em dizer que os gentios não tinham nenhuma obrigação para

com a lei, mas também não tinham esperança de salvação e estavam irremediavelmente

perdidos.

Contrariando as suposições dos adversários da lei, o profeta Isaías fala da conversão

dos gentios ao Deus de Israel nos seguintes termos: “filhos dos estrangeiros, que se

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

chegarem ao Senhor, para o servirem, e para amarem o nome do Senhor”. Mostra os gentios

convertidos guardando o sábado: “todos os que guardarem o sábado, não o profanando”.

Fala de gentios abraçando o concerto do Senhor: “os que abraçarem o meu concerto”. Indica

que os gentios poderiam expiar os seus pecados pelo holocausto de animais: “os seus

holocaustos e os seus sacrifícios serão aceitos no meu altar”. (Isaías 56:6-7). Tudo isso

mostra que os gentios tinham a obrigação de observar todas as leis de Deus.

Ora, se os crentes gentios estivessem excluídos da observância do sábado ou

dispensados de guardar os mandamentos do decálogo, então porque Jesus, os profetas, os

santos apóstolos ou mesmo a Bíblia Sagrada deixaram de apresentar tal ensino?

A suposição de que os gentios estavam excluídos de guardar a lei de Deus poderia ter

algum fundo de verdade? Bem, considerando que as Escrituras Sagradas são a nossa única e

máxima fonte de autoridade em todas as questões de fé e doutrina, então, vejamos o que elas

têm a declarar a respeito de tal assunto.

5.2 Uma mesma lei para judeu e gentio

Deus havia estabelecido explicitamente que deveria haver uma mesma lei tanto para

os filhos de Israel como para os gentios. Portanto, os gentios estavam sujeitos às mesmas

leis que os israelitas. Observe o que diz as Escrituras Sagradas:

Êxodo 12:49 – “Uma mesma lei haja para o natural, e para o estrangeiro que peregrinar

entre vós”.

Levítico 24:22 – Uma mesma lei tereis: assim será o estrangeiro como o natural; pois eu

sou o Senhor vosso Deus.

Números 15:15 – “Um mesmo estatuto haja para vós, ó congregação, e para o estrangeiro

que entre vós peregrina, por estatuto perpétuo nas vossas gerações; como vós, assim será o

peregrino perante o Senhor”.

Números 15:16 – “Uma mesma lei e um mesmo direito haverá para vós e para o

estrangeiro que peregrina convosco”.

Deuteronômio 27:19 – “Maldito aquele que perverter o direito do estrangeiro, do órfão e

da viúva. E todo o povo dirá: Amém”.

5.3 Os gentios observavam os cerimoniais festivos

Tanto os filhos de Israel quanto os gentios participavam das festividades cerimoniais

realizadas pela nação israelita. Destarte, os gentios podiam participar dos asmos, ser

circuncidado, celebrar a páscoa, participar das festas dos tabernáculos, das festas das

primícias etc.

Êxodo 12:19 – “Por sete dias não se ache nenhum fermento nas vossas casas; porque

qualquer que comer pão levedado, aquela alma será cortada da congregação de Israel,

assim o estrangeiro como o natural da terra”.

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

Êxodo 12:48 – “Porém se algum estrangeiro se hospedar contigo, e quiser celebrar a

páscoa ao Senhor, seja-lhe circuncidado todo o macho, e então chegará a celebrá-la, e será

como o natural da terra; mas nenhum incircuncisão comerá dela”.

Números 9:14 – “E quando um estrangeiro peregrinar entre vós, e também celebrar a

páscoa ao Senhor, segundo o estatuto da páscoa e segundo o seu rito assim a celebrará: um

mesmo estatuto haverá para vós, assim para o estrangeiro como para o natural da terra”.

Deuteronômio 16:13-14 – “A festa dos tabernáculos guardarás sete dias, quando colheres

da tua eira e do teu lagar. E na tua festa te alegrarás, tu, e teu filho, e tua filha, e o teu

servo, e a tua serva, e o levita, e o estrangeiro, e o órfão, e a viúva, que estão das tuas

portas para dentro”.

Deuteronômio 26: 10-11 – “E eis que agora eu trouxe as primícias dos frutos da terra que

tu, ó Senhor, me deste. Então as porás perante o Senhor teu Deus, e te inclinarás perante o

Senhor teu Deus. E te alegrarás por todo o bem que o Senhor teu Deus te tem dado a ti e a

tua casa, tu e o levita, e o estrangeiro que está no meio de ti”.

5.4 Os gentios observavam as leis cerimoniais

Tanto os filhos de Israel quanto os gentios participavam das leis cerimoniais de

expiação de pecados pelo sangue de animais, ministrado pelo sacerdócio levítico.

Levítico 16:29-31 – “E isto vos será por estatuto perpétuo: no sétimo mês, aos dez do mês,

afligireis as vossas almas, e nenhuma obra fareis, nem o natural nem o estrangeiro que

peregrina entre vós. Porque naquele dia se fará expiação por vós, para purificar-vos: e

sereis purificados de todos os vossos pecados perante o Senhor. É um sábado de descanso

para vós, e afligireis as vossas Almas: isto é estatuto perpétuo”.

Levítico 17:8-9 – “Dize-lhes pois: Qualquer homem da casa de Israel, ou dos estrangeiros

que peregrinam entre vós, que oferecer holocausto ou sacrifício. E não o trouxer à porta da

tenda da congregação, para oferecê-lo ao Senhor, o tal homem será extirpado dos seus

povos”.

Levítico 22:18-19 – “Fala a Aarão, e a seus filhos, e a todos os filhos de Israel, e dize-lhes:

Qualquer que, da casa de Israel, ou dos estrangeiros em Israel, oferecer a sua oferta, quer

dos seus votos, quer das suas ofertas voluntárias, que oferecerem ao Senhor em holocausto.

Segundo a sua vontade, oferecerá macho sem mancha, das vacas, dos cordeiros, ou das

cabras”.

Números 15:14 – “Quando também peregrinar convosco algum estrangeiro, ou que estiver

no meio de vós nas vossas gerações, e ele oferecer uma oferta queimada de cheiro suave ao

Senhor, como vós fizerdes assim fará ele”.

Números 15:25-26 – “E o sacerdote fará propiciação por toda a congregação dos filhos de

Israel, e lhes será perdoado; porquanto foi erro, e trouxeram a sua oferta, oferta queimada

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

ao Senhor, e a sua expiação do pecado perante o Senhor, por causa do seu erro. Será pois

perdoado a toda a congregação dos filhos de Israel, e mais ao estrangeiro que peregrina no

meio deles, porquanto por erro sobreveio a todo o povo”.

Números 15:28-29 – “E o sacerdote fará expiação pela alma pecante, quando pecar por

erro, perante o Senhor, fazendo expiação por ela, e lhe será perdoado. Para o natural dos

filhos de Israel, e para o estrangeiro que no meio deles peregrina, uma mesma lei vos será,

para aquele que Isso fizer por erro”.

Números 15:30-31 – “Mas a alma que fizer alguma cousa à mão levantada, quer seja dos

naturais quer dos estrangeiros, injúria ao Senhor: e tal alma será extirpada do meio do seu

povo. Pois desprezou a palavra do Senhor, e anulou o seu mandamento: totalmente será

extirpada aquela alma, a sua iniqüidade será sobre ela”.

5.5 Os gentios participavam do concerto

Tanto os filhos de Israel quanto os gentios foram convocados para participarem do

concerto do Senhor. Tal concerto não foi feito exclusivamente com a geração que estava

presente no dia em que foi estabelecido, mas com todos, tantos gentios como israelitas que

no futuro viessem abraçar o concerto do Senhor.

Deuteronômio 29:9-12 – “Guardai pois as palavras deste concerto, e cumpri-as para que

prospereis em tudo quanto fizerdes. Vós todos estais hoje perante o Senhor vosso Deus: os

cabeças de vossas tribos, vossos anciãos, e os vossos oficiais, todo o homem de Israel. Os

vossos meninos, as vossas mulheres, e o estrangeiro que está no meio do teu arraial; desde

o rachador da tua lenha até ao tirador da tua água. Para que entres no concerto do Senhor

teu Deus, e no seu juramento que o Senhor teu Deus hoje faz contigo”.

Deuteronômio 29:14-15 – “E não somente convosco faço este concerto e este juramento.

Mas com aquele que hoje está aqui em pé conosco perante o Senhor nosso Deus, e com

aquele que hoje não está aqui conosco”.

Isaías 56:6-7 – “E aos filhos dos estrangeiros, que se chegarem ao Senhor, para o

servirem, e para amarem o nome do Senhor, sendo deste modo servos seus, todos os que

guardarem o sábado, não o profanando, e os que abraçarem o meu concerto. Também os

levarei ao meu santo monte, e os festejarei na minha casa de oração; os seus holocaustos e

os seus sacrifícios serão aceitos no meu altar, porque a minha casa será chamada casa de

oração para todos os povos”.

5.6 Os gentios observavam a lei moral

Tanto os filhos de Israel quanto os gentios tinham a obrigação de observar todos os

mandamentos do decálogo.

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Levítico 24:16 – “E aquele que blasfemar o nome do Senhor, certamente morrerá; toda a

congregação certamente o apedrejará; assim o estrangeiro como o natural, blasfemando o

nome do Senhor, será morto”.

Êxodo 20:10 – “Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus: não farás nenhuma

obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu

animal nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas”.

Êxodo 23:12 – “Seis dias farás os teus negócios, mas ao sétimo dia descansarás: para que

descanse o teu boi, e o teu jumento; e para que tome alento o filho da tua escrava, e o

estrangeiro”.

Deuteronômio 5:14 – “Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus: não farás

nenhuma obra nele, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva,

nem o teu boi, nem o teu jumento, nem animal algum teu, nem o estrangeiro que está dentro

de tuas portas: para que o teu servo e a tua serva descansem como tu”.

5.7 Os gentios observavam as leis de saúde

Tanto os filhos de Israel quanto os gentios tinham a obrigação de observar as leis de

saúde, ficando proibidos de comer algum sangue.

Levítico 17:10 – “E, qualquer homem da casa de Israel, ou dos estrangeiros que

peregrinam entre eles, que comer algum sangue, contra aquela alma que comer sangue, eu

porei a minha face, e a extirparei do seu povo”.

Levítico 17:12 – “Portanto tenho dito aos filhos de Israel: Nenhuma alma de entre vós

comerá sangue, nem o estrangeiro, que peregrine entre vós, comerá sangue”.

5.8 Os gentios e as cidades de refúgio

Tanto os filhos de Israel quanto os gentios poderiam se proteger do vingador de

sangue em qualquer uma das seis cidades de refúgio, caso viessem cometer algum homicídio

culposo.

Números 35:15 – “Serão de refúgio estas seis cidades para os filhos de Israel, e para o

estrangeiro, e para o que se hospedar no meio deles, para que ali se acolha aquele que ferir

a alguma alma por erro”.

Josué 20:9 – “Estas são as cidades que foram designadas para todos os filhos de Israel, e

para o estrangeiro que andasse entre eles; para que se acolhesse a elas todo aquele que

ferisse alguma pessoa por erro: para que não morresse às mãos do vingador do sangue, até

se pôr diante da congregação”.

5.9 Os gentios aprendiam o Livro da Lei

LEANDRO BERTOLDO

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Tanto os filhos de Israel quanto os gentios eram convocados para ouvirem e aprender

qual era a vontade do Senhor, conforme registrada no Livro da Lei.

Deuteronômio 31:12 – “Ajunta o povo, homens, e mulheres, e meninos e os teus

estrangeiros que estão dentro das tuas portas, para que ouçam, e aprendam e temam ao

Senhor vosso Deus, e tenham cuidado de fazer todas as palavras desta lei”.

Josué 8:35 – “Palavra nenhuma houve, de tudo o que Moisés ordenara, que Josué não

lesse perante toda a congregação de Israel, e das mulheres e dos meninos, e dos

estrangeiros, que andavam no meio deles”.

5.10 Os gentios podiam orar no templo

Tanto os filhos de Israel quanto os gentios poderiam freqüentar o templo sagrado

edificado por Salomão. Podiam orar naquela casa e ser atendido pelo Senhor.

II Crônicas 6:32-33 – “Assim também ao estrangeiro, que não for do teu povo Israel, mas,

vier de terras remotas por amor do teu grande nome, e da tua poderosa mão, e do teu braço

estendido: vindo eles e orando nesta casa. Então ouve tu desde os céus, do assento da tua

habitação, e faze conforme a tudo o que o estrangeiro te suplicar: a fim de que todos os

povos da terra conheçam o teu nome, e te temam, como o teu povo Israel; e a fim de

saberem que pelo teu nome é chamada está casa que edifiquei”.

Isaías 56:3 – “E não fale o filho do estrangeiro, que se houver chegado ao Senhor, dizendo:

De todo me apartará o Senhor do seu povo: nem tão pouco diga o eunuco: Eis que eu sou

uma árvore seca”.

5.11 Considerações finais

Os estrangeiros são os gentios. Portanto, todos os versículos anteriormente

mencionados evidenciam claramente que os gentios nunca foram excluídos do concerto do

Senhor. Muito pelo contrário, os gentios dentro do território israelita estavam submetidos às

mesmas leis e regras que os israelitas. Até mesmo os gentios que não residiam em Israel e

que viessem de terras remotas por amor a Deus, deveriam ser ouvidos na casa de oração que

o rei Salomão tinha edificado (II Crônicas 6:32-33).

A Bíblia Sagrada ensina claramente que os gentios podiam fazer parte do povo de

Deus (Isaías 56:3). Se algum gentio viesse a se converter ao Senhor, ele tinha os mesmos

direitos e deveres que os cidadãos naturais. Destarte, constata-se que os gentios observavam

o sábado, e se porventura viessem a abraçar concerto de Deus, então os seus sacrifícios

seriam aceitos no altar de Deus (Isaías 56:6).

Os gentios podiam participar do concerto de expiação de pecados pelo sacrifício de

animais (Números 15:14); podiam observar os sábados cerimoniais (Levítico 16:29-31); eles

podiam celebrar a páscoa (Números 9:14); podiam ser circuncidados (Êxodo 12:48);

deveriam ser protegidos nas seis cidades de refúgio (Números 35:15); tanto os gentios como

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

os israelitas podiam ser severamente punidos no caso de transgredirem algum dos dez

mandamentos (Levítico 24:16).

O Senhor foi muito explícito em prescrever que deveria haver, tanto para o natural

como para os estrangeiros, uma mesma lei, um mesmo direito e um mesmo estatuto

(Levítico 24:22; Números 15:15-16). Esse tratamento igual entre os israelitas e os gentios

incluía tanto as leis civis e criminais, como as leis cerimoniais e morais.

Enfim, a Bíblia Sagrada é explícita, muito explicita, em afirmar, que o concerto com

o Senhor não era somente com os israelitas, mas também incluía os gentios e até mesmo

todos aqueles que não estavam presentes no dia em que o concerto foi proclamado por Deus

(Deuteronômio 29:9-12 e 14-15).

Tanto os israelitas como todos os gentios eram convocados a entrar em concerto com

o Senhor (Deuteronômio 29:9-12). Então, como podem alguns falsos “mestres” afirmar que

o concerto foi feito exclusivamente com os filhos de Israel e ninguém mais, quando dezenas

de passagens registradas na Bíblia Sagrada afirmam justamente o contrário?

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

6 DOIS TESTAMENTOS

E VÁRIOS CONCERTOS

“Na peleja a ser travada nos últimos dias estarão unidos, em oposição ao povo de Deus, todos os poderes

corruptos que apostataram da lealdade à lei de Jeová”.

Ellen Gould White (III ME, 392)

6.1 Introdução

As Escrituras Sagradas fazem clara referência a dois testamentos, os quais são

identificados pelo nome de “Antigo Testamento” e “Novo Testamento”. Esses dois

testamentos também são – em alguns versículos bíblicos – chamados de “Antigo Concerto”

e “Novo Concerto” ou “Antiga Aliança” e “Nova Aliança”.

O “Antigo Testamento” foi ratificado com o sangue de animais (Êxodo 24:7-8) e

estabelecia a expiação de pecados através do sacrifício de animais. O “Novo Testamento”

foi ratificado com o sangue de Cristo (Mateus 26:28) e estabelece a expiação de pecados

através do sacrifício de Cristo.

Ocorre que a Bíblia Sagrada ensina que, além desses dois concertos, o Senhor

também fez dezenas de diferentes concertos com várias pessoas em diversas ocasiões.

Moisés fala do concerto feito em Moabe além do concerto realizado em Horebe

(Deuteronômio 29:1). O próprio apóstolo Paulo menciona em suas epístolas a pluralidade da

existência de vários concertos da “comunidade d’Israel” (Efésios 2:12). Portanto, fica

desmistificada a tese dos antagonistas da lei de que havia apenas um concerto.

6.2 Diferentes espécies de concertos

A Bíblia fala que o arco-íris é um sinal do concerto entre Deus e Noé com todos os

seus descendentes (Gênesis 9:13). O Senhor também fez concerto com Abraão (Gênesis

15:18; 17:4). A circuncisão é um sinal do concerto entre Deus e todos os descendentes de

Abraão (Gênesis 17:10-11). Deus fez concerto com Isaque (Gênesis 17:21). Fez concerto

com Abraão, Isaque e Jacó (Êxodo 2:24). As palavras do livro da lei constituem um concerto

entre Deus e o Seu povo (Êxodo 24:7-8; II Reis 23:2; 21; II Crônicas 34:30). O sábado é um

concerto (Êxodo 31:16). Deus fez concerto com Moisés e com Israel (Êxodo 34:27). O

decálogo também é um concerto (Êxodo 34:28). O sal dos manjares ofertados no santuário é

um concerto (Levítico 2:13). A arca era chamada de arca do concerto (Números 10:33;

Deuteronômio 10:8). O sacerdócio levítico era um concerto (Números 25:13). Deus fez

concerto com os levitas (Malaquias 2:4-5). O Senhor fez concerto com Davi (II Crônica

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

7:18; II Crônicas 21:7). Fez concerto para libertar os escravos hebreus (Jeremias 34:13-14).

E, nessa esteira, a Bíblia Sagrada segue relatando a existência de muitos outros concertos. É

muita ingenuidade dos “falsos doutores” supor que havia somente um concerto no Antigo

Testamento e que esse concerto era justamente o decálogo.

O Senhor estabeleceu duas espécies de concertos: o concerto incondicional e o

condicional. O concerto incondicional não dependia da vontade do ser humano, mas

envolvia tão somente a vontade do Senhor. Por exemplo, Deus cumpriria o concerto do

“arco-íris” independentemente de qualquer atitude ou ação do ser humano.

Outra forma de concerto era o condicional. Essa espécie de concerto estava

diretamente ligada com a vontade humana. Se o homem cumprisse sua parte em

conformidade com os termos do concerto, então o Senhor também cumpriria a Sua parte de

acordo com os termos do concerto. Como exemplo dessa espécie de concerto temos o

concerto da “benção e da maldição” onde foi pronunciada a “bênção sobre o monte de

Gerizim, e a maldição sobre o monte de Ebal” (Deuteronômio 11:29).

6.3 Os principais concertos

Nunca é demais destacar o fato de que as Escrituras Sagradas dão especial ênfase aos

seguintes concertos:

1º - “Antigo Concerto”, que também é conhecido como Antigo Testamento, se refere ao

ministério sacerdotal levítico para expiação de pecados pelo sangue de animais;

2º - “Novo Concerto”, que também é conhecido como “Novo Testamento”, se refere ao

ministério sacerdotal de Cristo para expiação de pecados pelo sangue de Jesus.

O contraste existente entre esses dois concertos são largamente discutido no Novo

Testamento pelo autor do livro de Hebreus.

Além desses dois concertos, as Escrituras Sagradas também fazem vasta referência a

um outro importante concerto: o “Concerto do Decálogo”.

3º - “Concerto do Decálogo” é constituído por dez mandamentos. Ele é a base tanto do

Antigo como do Novo Concerto. Sua função consiste em mostrar ao homem o que é pecado

(Romanos 3:20; 7:7) e condenar o transgressor da lei à morte (Romanos 4:15; 6:23; I

Coríntios 15:56).

O Concerto do Decálogo é uma norma de conduta pessoal e individual para todos os

filhos de Deus. Todavia, antes da cruz, a transgressão de algum de seus preceitos poderia ser

perdoada mediante os termos do Antigo Concerto. Após a cruz, a transgressão desses

mesmos preceitos podem ser perdoada mediante os termos do Novo Concerto.

Esses três concertos são fundamentais na compreensão do Plano da Salvação. A

seguir será demonstrada mais precisamente a relação existente entre o Concerto do Decálogo

com o Antigo Concerto e com o Novo Concerto.

6.4 Relação entre os concertos

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

A lei moral – representada pelo decálogo – é um concerto totalmente diferente das

leis cerimoniais do concerto sacerdotal levítico.

O decálogo mostra ao homem o pecado e condena o transgressor da lei à morte

eterna. Mas, a lei cerimonial estipula a expiação do pecado do transgressor através do

holocausto de animais. Note o seguinte exemplo, onde o transgressor da lei moral expiava a

sua culpa por meio do holocausto de animais:

Levítico 4:27-29 - “E se qualquer outra pessoa do povo da terra pecar por erro, fazendo

contra algum dos mandamentos do Senhor, aquilo que se não deve fazer, e assim for

culpada. Ou se o seu pecado, no qual pecou, lhe for notificado, [Lei Moral] então trará por

sua oferta uma cabra fêmea sem mancha, pelo seu pecado que pecou. E porá a sua mão

sobre a cabeça da expiação do pecado, e degolará a expiação do pecado no lugar do

holocausto” [Lei Cerimonial].

Nessas passagens bíblicas pode-se facilmente constatar a existência de duas espécies

de leis: uma que é transgredida gerando o pecado e outra que consiste em expiar o pecado do

transgressor.

Agora, considere outro exemplo bíblico registrado em Levítico 5:17-18:

“E, se alguma pessoa pecar, e obrar contra algum de todos os mandamentos do

Senhor o que se não deve fazer, ainda que o não soubesse, contudo será ela culpada, e

levará a sua iniqüidade” (Lei Moral).

“E trará ao sacerdote um carneiro sem mancha do rebanho, conforme à tua

estimação, para expiação da culpa, e o sacerdote por ela fará expiação do seu erro em que

errou sem saber; e lhe será perdoado” (Lei Cerimonial).

Antes da cruz, quanto alguma pessoa transgredisse qualquer um dos mandamentos da

lei de Deus ela era considerada culpada. Para ter o seu pecado perdoado, essa pessoa deveria

trazer ao sacerdote um carneiro sem mancha para que fosse sacrificado em expiação pelo seu

pecado. Somente, cumprindo esse requisito é que o pecador alcançava o perdão do Senhor.

A atitude do pecador em procurar expiar a sua culpa pelo sangue de animais representava

sua crença no evangelho.

Antes da cruz, a única solução para o transgressor da lei de Deus alcançar o perdão

dos seus pecados e escapar da morte eterna consistia em abraçar o “Antigo Concerto” para a

expiação de seu pecado por meio do sangue de animais (Levítico 4:27-29). Após a cruz, o

transgressor da lei de Deus deverá abraçar o “Novo Concerto” para expiar o seu pecado por

meio do sangue de Cristo.

Entre tantos concertos feitos por Deus, os dez mandamentos se destacam entre todos

como um concerto especial e distinto que foi escrito pessoalmente pelo próprio dedo de

Deus em duas tábuas de pedra e transcrito no Livro da Lei para ser praticado indistintamente

por todos os homens.

O decálogo é a base fundamental do Antigo Concerto e do Novo Concerto (Hebreus

8:10). Destarte, o sábado deve ser guardado no Novo Concerto tanto quanto era guardado no

Antigo. Isto porque o quarto mandamento do decálogo está coeso na lei, tanto quanto a lei

está integrada no Antigo e no Novo Concerto.

As Escrituras Sagradas ensinam que o Antigo Concerto, baseado no sacrifício de

animais, foi abolido pelo Messias em sua morte (Daniel 9:27 e Mateus 27:51) e substituído

pelo Novo Concerto, o qual foi estabelecido pelo Messias (Daniel 9:27 e Mateus 26:28).

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

Segundo os registros do Novo Testamento, podemos ainda acrescentar que, no Novo

Concerto, a lei de Deus não é somente escrita no coração do adorador – judeu ou gentio –

mas também é colocada em sua compreensão (Hebreus 8:10 e 10:16). Portanto, o cristão não

só observa a lei de Deus de todo o coração, como também a pratica com entendimento e não

simplesmente na letra da lei.

6.5 Contrastes entre concertos

A seguir observe as provas cabais que a Bíblia Sagrada apresenta para mostrar que o

Antigo Concerto é uma referência clara ao Ministério Sacerdotal Levítico e que o Novo

Concerto é uma referência clara ao Ministério Sacerdotal de Cristo.

Note também que o decálogo integra tanto o Antigo como o Novo Concerto. Tanto

integra que, todos os dez mandamentos, foram ratificados por preceito e exemplo no

ministério de Jesus Cristo e dos santos apóstolos. O decálogo continua vigorando nos dias de

hoje tanto quanto vigorava antes da cruz, porém – agora – escrito no coração do cristão.

Hebreus 7:11-12 – “De sorte que, se a perfeição fosse pelo sacerdócio levítico (porque sob

ele o povo recebeu a lei), que necessidade havia logo de que outro sacerdote se levantasse,

segundo a ordem de Melquisedeque, e não fosse chamado segundo a ordem de Aarão?

Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei”.

Hebreus 7:15-18 – “E muito mais manifesto é ainda se à semelhança de Melquisedeque se

levantar outro sacerdote. Que não foi feito segundo a lei do mandamento carnal, mas

segundo a virtude da vida incorruptível. Porque dele assim se testifica: Tu és sacerdote

eternamente, segundo a ordem de Melquisedeque. Porque o precedente mandamento é ab-

rogado por causa da sua fraqueza e inutilidade”.

Hebreus 7:22-24 – “De tanto melhor concerto Jesus foi feito fiador. E, na verdade, aqueles

foram feitos sacerdotes em grande número, porque pela morte foram impedidos de

permanecer. Mas este, porque permanece eternamente, tem um sacerdócio perpétuo”.

Hebreus 8:7-10 – “Porque, se aquele primeiro fora irrepreensível, nunca se teria buscado

lugar para o segundo. Porque, repreendendo-os, lhes diz: Eis que virão dias, diz o Senhor,

em que com a casa de Israel e com a casa de Judá estabelecerei um novo concerto. Não

segundo o concerto que fiz com seus pais no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da

terra do Egito; como não permaneceram naquele meu concerto, eu para eles não atentei,

diz o Senhor. Porque este é o concerto que depois daqueles dias farei com a casa de Israel,

diz o Senhor; porei as minhas leis no seu entendimento, e em seu coração as escreverei: e

eu lhes serei por Deus, e eles me serão por povo”.

Hebreus 8:13; 9:1 – “Dizendo Novo Concerto, envelheceu o primeiro. Ora, o que foi

tornado velho, e se envelhece, perto está de acabar. Ora também o primeiro tinha

ordenanças de culto divino, e um santuário terrestre”.

Hebreus 9:15-17 – “E por Isso é Mediador dum novo Testamento, para que, intervindo a

morte para remissão das transgressões que havia debaixo do primeiro Testamento, os

chamados recebam a promessa da herança eterna. Porque onde há Testamento necessário

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

é que intervenha a morte do testador. Porque um Testamento tem força onde houve morte;

ou terá ele algum valor enquanto o testador vive?”.

Hebreus 9:18-21 – “Pelo que também o primeiro não foi consagrado sem sangue. Porque,

havendo Moisés anunciado a todo o povo todos os mandamentos segundo a lei, tomou o

sangue dos bezerros e dos bodes, com água, lã purpúrea e ensope, e aspergiu tanto o

mesmo livro como todo o povo. Dizendo: Este é o sangue do Testamento que Deus vos tem

mandado”.

Hebreus 10:14-18 – “Porque com uma só oblação aperfeiçoou para sempre os que são

santificados. E também o Espírito Santo no-lo testifica, porque depois de haver dito. Este é

o concerto que farei com eles depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei as minhas leis em

seus corações, e as escreverei em seus entendimentos; acrescenta. E jamais me lembrarei

de seus pecados e de suas iniqüidades. Ora, onde há remissão destes, não há mais oblação

pelo pecado”.

Hebreus 12:24 – “E a Jesus, o Mediador duma Nova Aliança, e ao sangue da aspersão,

que fala melhor do que o de Abel”.

Observe que as Escrituras Sagradas demonstram claramente que, no Novo Concerto,

“mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei” (Hebreus 7:12).

Ou seja, com a morte do Cordeiro de Deus, o sacerdócio levítico mudou para o ministério

sacerdotal de Cristo. É claro que, como resultado da mudança sacerdotal, também ocorreu a

mudança da lei que regulamentava o antigo ministério sacerdotal de expiação de pecados

pelo sangue de animais.

6.6 A mudança da lei

Em contraste com a lei do sacerdócio levítico, a nova lei do sacerdócio de Jesus “não

foi feito segundo a lei do mandamento carnal, mas segundo a virtude da vida incorruptível”

(Hebreus 7:16). Tal lei encontra-se claramente relacionada nas páginas do livro de Hebreus.

Observe alguns exemplos que identificam a espécie lei que sofreu mudança:

a) A lei foi modificada para instituir um sumo sacerdote, segundo a ordem de

Melquisedeque (Hebreus 5:10);

b) A lei foi mudada para constituir um sacerdócio perpétuo (Hebreus 7:24);

c) A lei foi alterada para estabelecer a Jesus como ministro do santuário celestial (Hebreus

8:2);

d) A lei sofreu modificação para colocar Jesus como mediador duma Nova Aliança

(Hebreus 12:24);

e) A lei foi mudada para instituir o aniquilamento de pecado pelo sacrifício de Jesus

(Hebreus 9:26);

f) A lei foi alterada para manter Jesus como causa de eterna salvação (Hebreus 5:9);

g) A lei mudou para estabelecer um único sacrifício pelos pecados (Hebreus 10:12).

Conforme se pode facilmente constatar, a mudança do ministério sacerdotal levítico

para o ministério sacerdotal de Cristo provocou a mudança da lei. Mas qual lei sofreu

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

mudança? É claro que foi a lei sacerdotal que sofreu mudança. Observe: “mudando-se o

sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei” (Hebreus 7:12).

Portanto a mudança ocorreu com o sacerdócio e não com o decálogo, cujos

mandamentos foram observados por preceito e exemplo por Jesus Cristo e, após a morte de

Cristo, pelos santos apóstolos.

6.7 Considerações finais

O decálogo – por ser uma lei moral – não possui nenhuma relação direta com

qualquer ritual de purificação de pecados, mas está relacionada unicamente com a

santificação do homem.

Os dez mandamentos não prestam para realizar qualquer espécie de purificação de

pecados, simplesmente porque sua função consiste em indicar e condenar o pecado

(Romanos 3:20; Romanos 7:7; Romanos 6:23).

No Antigo Concerto, o que purificava a transgressão dos dez mandamentos era o

sacrifício de animais. No Novo Concerto, a transgressão dos dez mandamentos é purificada

pelo sacrifício de Cristo.

Conforme ensina o livro de Hebreus os preceitos do decálogo não foram revogados,

porque no Novo Concerto o Senhor colocaria as Suas leis no entendimento e no coração dos

adoradores (Hebreus 8:10; 10:16). Além do mais, todos os mandamentos do decálogo foram

apresentados pelos apóstolos por preceito e exemplo. Conforme as Sagradas Escrituras

ensinam, o que foi mudado no Antigo Concerto foi a lei relacionada ao ministério sacerdotal

de expiação de pecados pelo sangue de animais, as quais eram ministrados pelos sacerdotes

levitas.

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

7 ABOLIÇÃO

DO ANTIGO CONCERTO

“O Senhor não intervirá para proteger a propriedade daqueles que transgridem Sua lei, violam Seu concerto e

calcam aos pés o Seu sábado, aceitando em seu lugar um dia de descanso espúrio ”.

Ellen Gould White (EF, 28)

7.1 Introdução

As Escrituras Sagradas mostram claramente que, no decorrer da história da nação

israelita, o povo transgrediu o concerto que o Senhor havia estabelecido e rebelou-se contra

a Sua lei. Observe alguns exemplos registrados na Bíblia Sagrada:

Josué 7:11 – “Israel pecou, e até transgrediram o meu concerto que lhes tinha ordenado, e

até tomaram do anátema, e também furtaram, e também mentiram, e até debaixo da sua

bagagem o puseram”.

Juízes 2:20 – “Pelo que a ira do Senhor se acendeu contra Israel; e disse: Porquanto este

povo traspassou o meu concerto, que tinha ordenado a seus pais, e não deram ouvidos à

minha voz”.

I Reis 19:10 – “E ele disse: Tenho sido muito zeloso pelo Senhor Deus dos Exércitos,

porque os filhos de Israel deixaram o teu concerto, derribaram os teus altares, e mataram

os teus profetas à espada, e eu fiquei só, e buscam a minha vida para ma tirarem”.

II Reis 17:15-16 – “E rejeitaram os seus estatutos, e o seu concerto, que fizera com seus

pais, como também os seus testemunhos, com que protestara contra eles: e andaram após a

vaidade, e ficaram vãos; como também após as nações, que estavam em roda deles, das

quais o Senhor lhes tinha dito que não fizessem como elas. E deixaram todos os

mandamentos do Senhor seu Deus, e fizeram imagens de fundição, dois bezerros: e fizeram

um ídolo do bosque, e se prostraram perante todo o exército do céu, e serviram a Baal”.

II Reis 18:12 – “Porquanto não obedeceram à voz do Senhor seu Deus, antes

traspassaram o seu concerto: e tudo quanto Moisés, servo do Senhor, tinha ordenado, nem

o ouviram nem o fizeram”.

Salmos 78:10 – “Não guardaram o concerto de Deus, e recusaram andar na sua lei”.

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

Jeremias 11:10 – “Tornaram às maldades de seus primeiros pais que não quiseram ouvir

as minhas palavras; e eles andaram após deuses estranhos para os servir: a casa de Israel

e a casa de Judá quebrantaram o meu concerto, que tinha feito com seus pais”.

Oséias 8:1 – “Põe a trombeta à tua boca. Ele vem como águia contra a casa do Senhor,

porque traspassaram o meu concerto, e se rebelaram contra a minha lei”.

Os escritores bíblicos fazem uma clara distinção entre o “concerto” e a “lei” (II Reis

17:15-16; Salmos 78:10; Oséias 8:1). Caso não houvesse essa distinção os escritores

estariam sendo redundantes.

7.2 Prevista a abolição do Antigo Concerto

Com a transgressão do concerto do decálogo, o sacerdócio levítico se corrompeu e o

santuário foi profanado (Ezequiel 5:11; 8:6, 16, 22:26; 23:38-39; Oséias 4:6; 6:9; Miquéias

3:11; Sofonias 3:4). Destarte, o profeta Jeremias anunciou o fim do Antigo Concerto e

profetizou um Novo Concerto:

Jeremias 31:31-33 – “Eis que dias vêm, diz o Senhor, em que farei um concerto novo com a

casa de Israel e com a casa de Judá. Não conforme o concerto que fiz com seus pais, no dia

em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porquanto eles invalidaram o

meu concerto, apesar de eu os haver desposado, diz o Senhor. Mas este é o concerto que

farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a minha lei no seu

interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo”.

O Antigo Concerto, que seria abolido, era aquele que realizava a expiação de

pecados pelo sangue de animais. Justamente, por se tratar de holocausto de animais, o povo

israelita não tinha a devida consideração para com a lei de Deus. Porém, no Novo Concerto

a expiação de pecados seria realizada pelo sangue de Cristo, razão pela qual a lei de Deus

seria escrita no coração dos adoradores.

A profecia de Jeremias foi plenamente ratificada no Novo Testamento pelo autor do

livro de Hebreus, que falando sobre a abolição do Antigo Concerto sacerdotal levítico diz

textualmente o seguinte:

Hebreus 8:7-10 – “Porque, se aquele primeiro fora irrepreensível, nunca se teria buscado

lugar para o segundo. Porque, repreendendo-os, lhes diz: Eis que virão dias, diz o Senhor,

em que com a casa de Israel e com a casa de Judá estabelecerei um novo concerto. Não

segundo o concerto que fiz com seus pais no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da

terra do Egito; como não permaneceram naquele meu concerto, eu para eles não atentei,

diz o Senhor. Porque este é o concerto que depois daqueles dias farei com a casa de Israel,

diz o Senhor; porei as minhas leis no seu entendimento, e em seu coração as escreverei: e

eu lhes serei por Deus, e eles me serão por povo”.

7.3 Abolição do Antigo Concerto

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

A abolição do Antigo Concerto do sacerdócio levítico de expiação de pecados

através do sacrifício de animais ocorreu com a morte de Cristo. O profeta Daniel havia

profetizado que o Messias firmaria um concerto com muitos, e que na metade da última das

setenta semanas concedida ao povo Judeu o Messias faria cessar o sacrifício e a oferta de

manjares (Daniel 9:27), que eram tipos das leis cerimônias do concerto sacerdotal levítico.

Mateus 26:23 – “Porque isto é o meu sangue; o sangue do novo testamento, que é

derramado por muitos, para remissão dos pecados”.

Daniel 9:27 – “E ele firmará um concerto com muitos por uma semana: e na metade da

semana fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares; e sobre a asa das abominações virá

o assolador, e Isso até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o

assolador”.

Marcos 15:37-38 – “E Jesus, dando um grande brado, expirou. E o véu do templo se

rasgou em dois, d’alto a baixo”.

Conforme ao que foi profetizado por Daniel, exatamente na metade da última semana

– daquelas setenta que foram anunciadas por Daniel – Cristo morreu. Naquele exato

instante, de forma sobrenatural, o véu do templo que separava o lugar santo do lugar

santíssimo do santuário terrestre se rasgou de alto a baixo em duas partes (Marcos 15:37-

38), indicando a extinção do ministério sacerdotal levítico.

“Com ruído rompe-se de alto a baixo o véu interior do templo, rasgado por mão

invisível, expondo aos olhares da multidão um lugar dantes pleno da presença divina. Ali

habitara o shekinah. Ali manifestara Deus Sua glória sobre o propiciatório. Ninguém, senão

o sumo sacerdote, jamais erguera o véu que separava esse compartimento do resto do

templo. Nele penetrava uma vez por ano, para fazer expiação pelos pecados do povo. Mas

eis que esse véu é rasgado em dois. O santíssimo do santuário terrestre não mais é um lugar

sagrado”. (DTN, 727).

7.4 Abolição registrada no livro de Hebreus

A abolição do Antigo Concerto sacerdotal levítico é também declarada

explicitamente no livro de Hebreus. Observe o que dizem os seguintes versículos:

Hebreus 7:11-12 – “De sorte que, se a perfeição fosse pelo sacerdócio levítico (porque sob

ele o povo recebeu a lei), que necessidade havia logo de que outro sacerdote se levantasse,

segundo a ordem de Melquisedeque, e não fosse chamado segundo a ordem de Aarão?

Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei”.

Hebreus 8:7-8 – “Porque, se aquele primeiro fora irrepreensível, nunca se teria buscado

lugar para o segundo. Porque, repreendendo-os, lhes diz: Eis que virão dias, diz o Senhor,

em que com a casa de Israel e com a casa de Judá estabelecerei um novo concerto”.

Hebreus 8:13; 9:1 – “Dizendo Novo Concerto, envelheceu o primeiro. Ora, o que foi

tornado velho, e se envelhece, perto está de acabar. Ora também o primeiro tinha

ordenanças de culto divino, e um santuário terrestre”.

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

Hebreus 9:15-17 – “E por isso é Mediador dum novo Testamento, para que, intervindo a

morte para remissão das transgressões que havia debaixo do primeiro Testamento, os

chamados recebam a promessa da herança eterna. Porque onde há Testamento necessário é

que intervenha a morte do testador. Porque um Testamento tem força onde houve morte; ou

terá ele algum valor enquanto o testador vive?”

Hebreus 9:18-21 – “Pelo que também o primeiro não foi consagrado sem sangue. Porque,

havendo Moisés anunciado a todo o povo todos os mandamentos segundo a lei, tomou o

sangue dos bezerros e dos bodes, com água, lã purpúrea e ensope, e aspergiu tanto o

mesmo livro como todo o povo. Dizendo: Este é o sangue do Testamento que Deus vos tem

mandado. E semelhantemente aspergiu com sangue o tabernáculo e todos os vasos do

ministério”.

Com a morte do “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (João 1:29),

chegou ao fim o Antigo Concerto de expiação de pecados pelo sangue de animais. Após a

ressurreição, com o arrebatamento de Jesus ao céu, teve início o Seu ministério sacerdotal, o

qual está baseado na expiação de pecado através do Seu próprio sacrifício (Hebreus 9:26;

10:12; 10:26).

7.5 Novo Concerto

A expressão, “minhas leis”, registrada em Hebreus 8:10 e 10:16 indica claramente

que são as mesmas leis mencionadas por Jeremias 31:31-33. Mesmo porque o autor de

Hebreus apenas transcreveu o que Jeremias havia profetizado. Quando Deus falou a

Jeremias sobre suas leis, o profeta sabia exatamente qual era a lei que o Senhor estava se

referido, uma vez que o povo vinha transgredindo-a.

O antigo povo judeu observava as leis de Deus na “letra da lei”. Ou seja, eles as

observavam sem entendimento porque elas não estavam escritas em seus corações. Por essa

razão o povo facilmente estava propenso a transgredir abertamente as leis divinas.

O Antigo Concerto tinha por base a expiação de pecados pelo sangue de animais.

Segundo as profecias, tal concerto cessaria definitivamente com a morte do Messias (Daniel

9:27) e em seu lugar entraria em vigor um Novo Concerto, com base na expiação de pecados

pelo sangue de Cristo (Mateus 26:28).

No Novo Concerto, as leis de Deus seria encravadas na compreensão do crente e

escrita em seu coração. A referida profecia indica claramente que, antes do Novo Concerto,

essas leis eram praticadas com uma formalidade mecânica sem a devida compreensão.

Deus anunciou ao profeta Jeremias o seguinte: “Porei a minha lei no seu interior, e a

escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo” (Jeremias 31:33).

Logicamente, Jeremias conhecia o Deus que seria o Deus daqueles que teriam a lei colocada

no seu interior. Do mesmo modo, ele também conhecia a lei que seria escrita no coração dos

adoradores. A lei é a mesma, tanto no Antigo como no Novo Concerto. A diferença era que

no Novo Concerto a lei passaria a ser escrita no coração do adorador.

Jeremias também declara enfaticamente: “Não conforme o concerto que fiz com seus

pais...” (Jeremias 31:32). Obviamente o profeta torna claro que o Novo Concerto seria

diferente do Antigo. Sabemos que a diferença consiste no fato de que o Novo Concerto foi

ratificado com o sangue de Cristo e o Antigo com o sangue de animais (Hebreus 9:19-21).

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

Um dos motivos justificados pela Bíblia Sagrada para a mudança do Antigo para o

Novo Concerto é a seguinte: "Porque, se aquela primeira [aliança] fora irrepreensível, nunca

se teria buscado lugar para a segunda" (Hebreus 8:7). O Antigo Concerto tinha defeitos

porque estava contaminado pela carne (Romanos 8:3). Se fosse irrepreensível não se teria

buscado lugar para o Novo Concerto (Mateus 26:26-28).

A título de esclarecimento, a expressão de Hebreus 8:10, que fala de um sacrifício

superior feito com base em melhores promessas (Hebreus 8:6; Hebreus 9:23), refere-se ao

sacrifício e ministério sacerdotal de Cristo, que logicamente é superior aos sacrifícios de

animais do ministério sacerdotal levítico.

7.6 Razão do Novo Concerto

O profeta Jeremias declarou explicitamente a razão pela qual Deus faria um Novo

Concerto com o Seu povo. Observe:

Jeremias 11:10 – “Tornaram às maldades de seus primeiros pais que não quiseram ouvir

as minhas palavras; e eles andaram após deuses estranhos para os servir: a casa de Israel e

a casa de Judá quebrantaram o meu concerto, que tinha feito com seus pais”.

Como a lei de Deus não estava escrita no coração do povo, eles estavam propensos a

satisfazerem os desejos carnais. Por esse motivo o Espírito Santo declarou ao profeta:

Jeremias 31:31-33 – “Eis que dias vêm, diz o Senhor, em que farei um concerto novo com a

casa de Israel e com a casa de Judá. Não conforme o concerto que fiz com seus pais, no dia

em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porquanto eles invalidaram o

meu concerto, apesar de eu os haver desposado, diz o Senhor. Mas este é o concerto que

farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a minha lei no seu

interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo”.

Diante do exposto fica claro que a lei de Deus não seria abolida ou modificada, mas

seria escrita no coração do adorador e continuaria vigorando com a mesma eficácia. Tanto é

verdade que Jesus e os santos apóstolos citaram e observaram todos os dez mandamentos

registrados no decálogo.

O que seria mudado era somente o Antigo Concerto, haja vista que a Bíblia deixa

claro que o Novo Concerto não seria como o anterior. As Escrituras ensinam enfaticamente

que no Novo Concerto, a lei de Deus seria colocada no interior do homem e escrita em seu

coração. Tal fenômeno ocorre porque “sabemos que a lei é espiritual” (Romanos 7:14).

Os israelitas invalidaram o Concerto do Senhor porque eles seguiam estritamente a

letra da lei (II Coríntios 3:6), sem nenhum entendimento ou compreensão do seu verdadeiro

sentido e amplitude. Além desse grave problema, aos olhos dos israelitas, o sacrifício

corriqueiro de animais banalizava o concerto. O que os levava a praticar a lei na carne, como

uma manifestação comportamental exterior e não uma manifestação proveniente do interior

do coração. Deste modo, seus corações estavam sempre propensos a praticar o pecado

(Jeremias 11:8; Jeremias 16:12), razão pela qual o Senhor foi levado a anunciar: “este é o

concerto que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a minha lei

no seu interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo”

(Jeremias 31:33).

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

No Novo Concerto, para que a lei de Deus possa ser colocada no interior do homem

e escrita em seu coração, é absolutamente necessário que ele venha a nascer de novo. Deste

modo, ele poderá receber um “espírito novo” e ter o seu coração de pedra substituído por um

coração de carne. Somente assim é que o homem poderá de fato observar a lei de Deus. Esse

é o ensino da Bíblia Sagrada: “E lhe darei um mesmo coração, e um espírito novo porei

dentro deles; e tirarei da sua carne o coração de pedra, e lhes darei um coração de carne.

Para que andem nos meus estatutos, e guardem os meus juízos, e os executem; e eles serão o

meu povo, e eu serei o seu Deus” (Ezequiel 11:19-20).

Nos livros do Novo Testamento, o apóstolo Paulo fala da mesma coisa com outras

palavras. Observe o que ele diz: “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus,

pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser. Portanto, os que estão na carne

não podem agradar a Deus” (Romanos 8:7-8). Assim fica claro que somente aqueles que

nascerem de novo é que podem observar a santa lei de Deus. Os que ainda estão vivendo na

carne não se sujeitam à lei de Deus.

7.7 Considerações finais

Mas como fica a situação do sábado no Novo Concerto? Observe o que diz o autor

do livro de Hebreus: “Porque este é o concerto que depois daqueles dias farei com a casa de

Israel, diz o Senhor; porei as minhas leis no seu entendimento, e em seu coração as

escreverei: e eu lhes serei por Deus, e eles me serão por povo” (Hebreus 8:10).

Diante do que foi exposto, fica claro que no Novo Concerto, a lei de Deus – que os

israelitas não tinham no coração – continuaria em pleno vigor. Porém, agora, ela seria escrita

no coração dos filhos de Deus e observada com entendimento. Como o sábado faz parte da

lei do Senhor, fica claro que ele também é escrito no coração do fiel cristão. Se a lei tivesse

sido abolida com o Antigo Concerto, Jesus Cristo e os Apóstolos não teriam se dado ao

trabalho de ensinar por preceito e exemplo todos os mandamentos do decálogo, inclusive o

sábado.

Os cristãos não estão subordinados ao “Antigo Concerto” com os seus cerimoniais de

expiação de pecados realizados por meio de holocausto de animais (Hebreus 8:13; 9:1). O

sábado não foi abolido, simplesmente porque ele nem mesmo é uma lei cerimonial de

expiação de pecado. Na verdade, o sábado é uma lei moral dada por Deus antes da entrada

do pecado no mundo (Gênesis 2:1-3). Quando Deus escreveu os dez mandamentos, Ele

colocou o sábado no coração do decálogo como lei moral (Êxodo 20:3-17) e fez alusão à

criação do mundo como sendo a razão pela qual o sábado deveria ser observado (Êxodo

20:11).

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

8 PAULO E O SUPOSTO FIM DA LEI

“Tempo virá em que, por defendermos a verdade bíblica, seremos considerados traidores”.

Ellen Gould White (III TS, 45)

8.1 Introdução

Algumas pessoas pouco escrupulosas em seus raciocínios defendem a absurda

hipótese que Paulo doutrinou o fim do decálogo na passagem de II Coríntios 3:6-11.

Os antagonistas do sábado costumam escolher propositadamente os textos do

apóstolo Paulo que são de difícil interpretação (II Pedro 3:16) e desprezar os mais fáceis,

visando defender as suas ridículas suposições.

A seguir eles dão gratuitamente a interpretação que bem entendem, sem verificar

todo o contexto das Escrituras Sagradas. Tal forma de interpretação quimérica tem

levantando mais perguntas do que respostas consistentes, o que tem levado a muitas

contradições com outros textos bíblicos.

Bem interpretada, as Escrituras Sagradas não entram em contradição. Uma regra da

Ciência da Hermenêutica estabelece que toda interpretação deve partir dos textos mais

explícitos para os mais complexos, dos mais claros para os para obscuros. Essa regra é

fundamental em toda e qualquer análise bíblica para que as interpretações não entrem em

contradição.

Mas será que Paulo está ensinando o fim do decálogo? Observe, textualmente, o que

diz o santo apóstolo:

II Coríntios 3:6-11 – “O qual nos fez também capazes de ser ministros dum novo

Testamento, não da letra, mas do espírito, porque a letra mata, (SALÁRIO DO PECADO)

e o espírito vivifica (GRAÇA). E, se o ministério da morte (SALÁRIO DO PECADO),

gravado com letras em pedras, (DECÁLOGO - LEI) veio em glória, de maneira que os

filhos de Israel não podiam fitar os olhos na face de Moisés, por causa da glória do seu

rosto (ÊXODO 34:29-35), a qual era transitória. Como não será de maior glória o

ministério do espírito? (GRAÇA). Porque, se o ministério da condenação (SALÁRIO DO

PECADO – TRANSGRESSÃO DA LEI) foi gloriosa, muito mais excederá em glória o

ministério da justiça (GRAÇA). Porque também o que foi glorificado nesta parte não foi

glorificado, por causa desta excelente glória. Porque, se o que era transitório (SALÁRIO

DO PECADO – TRANGRESSÃO DA LEI) foi para glória, muito mais é em glória o que

permanece” (GRAÇA).

8.2 Análise

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

Os parênteses indicados no texto anterior foram colocados pelo autor. Observe o

contraste que Paulo faz nessa passagem bíblica. Inicialmente, ele afirma que se tornou

ministro de um novo Testamento. Ele faz questão de frisar que não se tornou ministro da

letra, mas ministro do espírito. Paulo não é ministro de rituais exteriores realizados sem a

devida compreensão, mas ele afirma ser ministro do entendimento e do coração.

A seguir, Paulo faz um contraste entre a letra e o espírito. Ele afirma que a letra mata

e o espírito vivifica (II Coríntios 3:6). O contraste é claro, ele está falando de morte e vida,

condenação e justiça. Obediência sem entendimento conduz à morte, mas obediência com

entendimento conduz à vida.

Desenvolvendo sua idéia inicial, Paulo apresenta e contrasta os ministérios da

seguinte forma: “Ministério da Morte” fazendo contraste com o “Ministério do Espírito” e o

“Ministério da Condenação” fazendo contraste com o “Ministério da Justiça”. Esses

ministérios se reduzem a dois: o “Ministério da Morte” ou “Ministério da Condenação”

contrastando com o “Ministério do Espírito” ou “Ministério da Justiça”.

Como pecado é transgressão da lei (I João 3:4) e o salário do pecado é a morte

(Romanos 6:23), conclui-se que o ministério da morte ou da condenação é o “salário do

pecado”, o qual é resultado da transgressão da lei.

Quanto ao “Ministério do Espírito” ou da justiça, ele é o dom gratuito de Deus, o

qual é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor (Romanos 6:23).

Destarte, Paulo considera categoricamente não a lei, mas a transgressão da lei

como sendo o “Ministério da Condenação”, haja vista que a lei indica o que é pecado e

condena o transgressor à morte.

O apóstolo taxa o “Ministério da Morte” como transitório por causa da glória do

rosto de Moisés que foi transitória. A seguir, Paulo declara que o “Ministério da

Condenação” teve fim com o “Ministério da Justiça”, posto que Cristo morreu pelos pecados

de todos: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (João 1:29).

8.3 Exemplos dos dois ministérios

Era muito comum Paulo fazer contraste entre o Ministério da Condenação com o

Ministério da Justiça. Observe o que ele diz:

Romanos 5:17 – “Porque, se pela ofensa de um só, a morte reinou por esse (MINISTÉRIO

DA CONDENAÇÃO), muito mais os que recebem a abundância da graça, e do dom da

justiça, (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA) reinarão em vida por um só-Jesus Cristo”.

Romanos 5:18 – “Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens

para condenação, (MINISTÉRIO DA CONDENAÇÃO) assim também por um só ato de

justiça (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA) veio a graça sobre todos os homens para justificação

de vida”.

Romanos 5:20 – “Veio, porém, a lei para que a ofensa abundasse (MINISTÉRIO DA

CONDENAÇÃO); mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça (MINISTÉRIO

DA JUSTIÇA)”.

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

Romanos 5:21 – “Para que, assim como o pecado reinou na morte (MINISTÉRIO DA

CONDENAÇÃO), também a graça reinasse pela justiça (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA)

para a vida eterna, por Jesus Cristo nosso Senhor”.

Romanos 6:13 – “Nem tão pouco apresenteis os vossos membros ao pecado por

instrumentos de iniqüidade (MINISTÉRIO DA CONDENAÇÃO); mas apresentai-vos a

Deus, como vivos dentre mortos, e os vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça

(MINISTÉRIO DA JUSTIÇA)”.

Romanos 6:16 – “Não sabeis vós que a quem vos apresentardes por servos para lhe

obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para a morte (MINISTÉRIO

DA CONDENAÇÃO), ou da obediência para a justiça? (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA)”.

Romanos 6:18 – “E libertados do pecado (MINISTÉRIO DA CONDENAÇÃO), fostes

feitos servos da justiça” (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA).

Romanos 6:19 – “Falo como homem, pela fraqueza da vossa carne: pois que, assim como

apresentastes os vossos membros para servirem à imundícia, e à maldade, para a maldade

(MINISTÉRIO DA CONDENAÇÃO), assim apresentai agora os vossos membros para

servirem à justiça para santificação” (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA).

Romanos 6:23 – “Porque o salário do pecado é a morte (MINISTÉRIO DA

CONDENAÇÃO), mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna (MINISTÉRIO DA

JUSTIÇA), por Cristo Jesus nosso Senhor”.

Romanos 8:4 – “Para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo

a carne (MINISTÉRIO DA CONDENAÇÃO), mas segundo o espírito” (MINISTÉRIO DO

ESPÍRITO).

Romanos 8:10 – “E, se Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do

pecado (MINISTÉRIO DA CONDENAÇÃO), mas o espírito vive por causa da justiça”

(MINISTÉRIO DA JUSTIÇA).

Portanto, Paulo fala do fim do pecado pelo sangue remidor de Jesus Cristo e jamais

do fim da lei. Paulo ensina que o pecado é conseqüência da transgressão da lei e a morte é

conseqüência do pecado. Paulo prega o fim da morte pela justiça de Cristo. O “Ministério da

Morte” é efêmero e o “Ministério da Justiça” permanece para sempre.

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

9 CRISTÃOS LIVRES DA LEI

“Quando a oposição à lei de Jeová for quase universal, quando Seu povo for oprimido e afligido pelos

semelhantes, Deus intervirá”.

Ellen Gould White (RH, 15 de junho de 1897)

9.1 Introdução

Em todas as epístolas do apóstolo Paulo “há pontos difíceis de entender, que os

indoutos e inconstantes torcem e igualmente as outras Escrituras, para sua própria perdição”

(II Pedro 3:16). Um dos textos de Paulo, que é constantemente torcido pelos “indoutos”, é o

seguinte:

Romanos 7:4-6 – “Assim, meus irmãos, também vós estais mortos para a lei pelo corpo de

Cristo, para que sejais doutro, daquele que ressuscitou de entre os mortos, a fim de que

demos fruto para Deus. Porque, quando estávamos na carne, as paixões dos pecados, que

são pela lei, obravam em nossos membros para darem fruto para a morte. Mas agora

estamos livres da lei, pois morremos para aquilo em que estávamos retidos; para que

sirvamos em novidade de espírito, e não na velhice da letra”.

Sabendo que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação (II Pedro

1:20), então fica claro que a Bíblia deve ser interpretada pela própria Bíblia e não por meio

de “mandamentos de homens que se desviam da verdade” (Tito 1:14).

Portanto, tal regra implica em afirmar que os versículos mencionados anteriormente

precisam ser interpretados com base no contexto bíblico imediato e mediato, haja vista que o

doutor dos gentios acrescenta em seu texto a seguinte frase: “Assim, meus irmãos,

também...”.

As conjunções “assim” e “também”, significam: “igualmente”, “deste modo”.

Portanto, a frase de Paulo remete o leitor para o contexto dos versículos anteriormente

mencionados por ele.

9.2 Analogia do casamento

Romanos 7:2-3 – “Porque a mulher que está sujeita ao marido, enquanto ele viver, está-lhe

ligada pela lei; mas, morto o marido, está livre da lei do marido. De sorte que, vivendo o

marido, será chamada adúltera, se for doutro marido; mas, morto o marido, livre está da

lei, e assim não será adúltera, se for doutro marido”.

O raciocínio de Paulo pode ser dividido em duas partes: 1) Estando vivo o marido, a

mulher está presa à lei do marido. Se ela for de outro marido será tido como adúltera. 2)

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

Estando o marido morto, a mulher está livre da lei do marido. Neste caso, se for de outro

marido, não será considerada adúltera do primeiro marido.

Nos versículos supra mencionados, pode-se vislumbrar a existência de duas leis. A

“lei do marido” e a “lei do adultério”. A chamada lei do marido é o casamento, o qual é uma

aliança ou concerto de fidelidade e ajuda mútua. Enquanto que a lei do adultério refere-se a

um dos dez mandamentos.

Portanto, enquanto o casamento perdurar, prevalece o concerto ou aliança de

fidelidade feita pelo casal. E enquanto a aliança estiver vigorando a mulher não pode

pertencer a um outro marido, caso contrário, será tida por adúltera. Mas, morto o marido, a

aliança é abolida e a mulher está livre para constituir uma nova aliança com outro homem. É

claro que, dentro da nova aliança, a mulher não será adúltera, mesmo pertencendo ao

segundo marido, porque a antiga aliança foi abolida com a morte do primeiro marido.

No que pese a abolição da primeira aliança, a lei de adultério continua vigorando e

condenando o pecado de adultério. Portanto, se a mulher for de um terceiro marido, estando

vigorando a segunda aliança era será tida como adúltera. Portanto, o decálogo prevalece em

toda e qualquer aliança. Ele prevaleceu na primeira aliança como também prevalece na

segunda. O decálogo não é extinto com o fim da aliança (acordo entre as partes).

Assim também, pelo corpo de Cristo, os cristãos estão mortos para a lei, ou seja,

mortos para a primeira aliança ou concerto, para que agora sejam de Cristo. Agora, os

cristãos estão livres da lei, ou seja, estão livres do antigo concerto, pois quando nasceram de

novo, morreram espiritualmente para as ordenanças do antigo concerto em que estavam

retidos, e agora, debaixo da nova aliança, podem servir a Deus em novidade de espírito. É

claro que a lei moral dos dez mandamentos que condena o pecado continua vigorando no

novo concerto, tanto quanto vigorou no antigo concerto.

9.3 Comparações com a ilustração

A1) Romanos 7:2-3 – O ponto essencial na ilustração de Paulo, é que ele não está

falando da morte do pecado de adultério, mas sim da morte de um marido, cuja morte é

causa de abolição da aliança do casamento.

A2) Romanos 7:4-7 – Assim, também, Paulo de forma alguma está falando da morte

do decálogo, mas ele está falando da morte do homem para a antiga aliança ou concerto.

B1) Romanos 7:2-3 – Claro que a lei que proíbe o adultério jamais é abolida com a

morte do marido. O que é abolido com a morte do marido é a aliança do casamento.

B2) Romanos 7:4-7 – Assim também, a lei que proíbe a prática do pecado jamais foi

abolida pela morte de Cristo. O que foi abolido com a morte de Cristo foi a antiga aliança.

C1) Romanos 7:2-3 – Com a morte do marido e, agora dentro da aliança de um

segundo casamento, a mulher está livre da condenação de adultério.

C2) Romanos 7:4-7 – Assim também, com a morte de Cristo e dentro da nova

aliança ou concerto o cristão está livre da condenação da lei.

D1) Romanos 7:2-3 – Se a lei moral estivesse morta depois do primeiro marido, a

esposa jamais seria adúltera, mesmo que fosse simultaneamente de vários maridos.

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

D2) Romanos 7:4-7 – Assim também, se a lei moral estivesse morta depois do

primeiro concerto, o cristão jamais seria pecador, mesmo que cometesse todo tipo de

atrocidade.

Em Romanos 7:1-25, o apóstolo Paulo discorre sobre a lei moral e o pecado, bem

como sobre a antiga e a nova aliança e também sobre a natureza carnal e espiritual do

homem. No capítulo seguinte Paulo chega à extraordinária conclusão: “Portanto agora

nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne,

mas segundo o espírito”. (Romanos 8:1). Logo, nos versículos supra mencionados, Paulo

não está advogando a morte dos dez mandamentos, mas a morte da natureza carnal, com as

suas paixões pelo pecado.

Além disso, supondo que a lei foi abolida, então qual é a lei que liga a mulher casada

enquanto o seu marido viver? (I Coríntios 7:39).

9.4 Considerações finais

A falsa interpretação dada pelos antagonistas do sábado, que supõe a morte da lei e que

o cristão está livre da lei, não pode prosperar. Caso contrário, o apóstolo Paulo estaria se

contradizendo, já que nos versículos seguintes do mesmo capítulo ele defende a eficácia e

validade da lei no decorrer da vida do homem e nem de longe sugere ou insinua a sua

abolição. Observe o que diz o santo apóstolo:

a) Já no início do capítulo 7 (sete), Paulo defende a premissa fundamental “que a lei

tem domínio sobre o homem por todo o tempo que vive” (Romanos 7:1). Portanto, longe de

sugerir a abolição da lei, Paulo está na realidade advogando sua validade no decorrer da vida

do homem.

b) “Que diremos pois? É a lei pecado? De modo nenhum: mas eu não conheci o

pecado senão pela lei; porque eu não conheceria a concupiscência, se a lei não dissesse: Não

cobiçarás” (Romanos 7:7). Paulo afirma que de nenhum modo a lei é pecado. Porque foi

unicamente por intermédio da lei que ele identificou o pecado. Para mostrar a que lei estava

se referindo, ele citou um dos dez mandamentos: “Não cobiçarás”. Portanto, longe de

denegrir a imagem da lei, Paulo apresenta sua afeição pela lei, posto que ela não é pecado,

mas é um instrumento que serve para informar ao homem o que é pecado.

c) A seguir, Paulo em vez de falar mal da lei, ele apresenta a lei e o mandamento

como “santo, justo e bom”. (Romanos 7:12). A lei é santa porque foi separada para um

propósito sagrado. Ela é justa porque é equilibrada e razoável para com todos. Boa, porque

traz harmonia e paz na vida dos cristãos. Mas, a pergunta gritante é saber como os cristãos

podem dizer que estão livres de uma lei que lhe é santa, justa e boa?

d) Paulo também afirma que “bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal,

vendido sob o pecado” (Romanos 7:14). Nesse versículo, o apóstolo faz três afirmações

fundamentais: 1) A lei é espiritual, ou seja, ela pode ser transgredida pela simples intenção e

desejo; 2) O homem natural possui uma natureza carnal; 3) A natureza carnal está vendida

ao pecado.Portanto, a lei, por ser espiritual, é incompatível com a natureza carnal do

homem.

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

e) “E, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa” (Romanos 7:16). Paulo

está afirmando que a natureza carnal leva o ser humano a praticar aquilo que ele não deseja,

por ser contrário à natureza espiritual lei. Com essa atitude o ser humano implicitamente está

reconhecendo que a lei é boa para ser praticada.

f) “Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus” (Romanos 7:22).

O homem interior é aquela natureza espiritual que vem do novo nascimento. Essa natureza

tem prazer na lei de Deus. Então, como podem pessoas que nasceram de novo sentir prazer

numa lei abolida e sem utilidade? Na verdade, Paulo não está sugerindo a abolição da lei,

mas sua plena validade na vida daquele que nasceu de novo. Como o capítulo 7 (sete) de

Romanos se refere ao decálogo, fica claro que é licito empregar o termo “lei de Deus” para

referir-se aos dez mandamentos.

g) “Dou graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor. Assim que eu mesmo com o

entendimento sirvo à lei de Deus, mas com a carne à lei do pecado” (Romanos 7:25).

Finalmente, Paulo afirma que com a sua nova natureza espiritual ele serve a “lei de Deus”,

todavia como a natureza carnal ainda existente em sua vida, ele serve a lei do pecado. Note

que Paulo diz que, muito embora ele venha a cometer pecado, ainda assim ele serve a “lei de

Deus”. A que lei de Deus Paulo está se referido? O contexto do capítulo 7 (sete) mostra que

se trata do decálogo. Logo a lei de Deus é o nome pelo qual são conhecidos os dez

mandamentos. Longe de sugerir a morte da lei ou sentir-se liberto da lei, Paulo está na

verdade concordando com a observância da lei, posto que admite explicitamente que ele

servia a lei de Deus.

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

10 OSÉIAS E A SUPOSTA ABOLIÇÃO DO SÁBADO

“Durante a dispensação cristã, o grande inimigo da felicidade do homem fez do sábado do quarto

mandamento um objeto de ataque especial”.

Ellen Gould White (PR, 183)

10.1 Introdução

Nos dias de Oséias, o povo de Deus estava dividido em duas nações: “Judá” e

“Israel” (Oseías 1:1). A capital de Judá era Jerusalém e a de Israel era Samaria. Judá era

formada por duas tribos e Israel era constituída por dez tribos.

Em seu livro, o profeta Oséias faz a seguinte predição sobre Israel:

Oséias 2:11 – “E farei cessar todo o seu gozo, as suas festas, as suas luas novas, e os seus

sábados, e todas as suas festividades”.

Nesta passagem bíblica, Oséias está profetizando a cessação do “gozo”, “festas”,

“luas novas”, “sábados” e de todas as demais “festividades” realizadas pela nação israelita

daquela época, mas em nenhum momento afirmou ou insinuou a abolição das festividades,

luas novas e sábados.

Cessar não é a mesma coisa que abolir. “Cessar” tem o sentido de suspensão,

descontinuar, parar, acabar, desistir, deter e interromper. “Abolir” tem o sentido de anular,

suprimir, revogar e extinguir. Portanto, abolir é absoluto enquanto que cessar é relativo.

Mas, qual é a razão para o profeta Oséias anunciar a cessação das solenidades

religiosas israelitas? Na verdade, o que Oséias vaticinou foi que o sábado e as demais

solenidades cerimoniais da lei deixariam de ser observadas pelos israelitas porque eles

seriam deportados para o cativeiro Assírio. Uma vez no cativeiro os israelitas não teriam

oportunidade para observar o sábado ou praticar qualquer outro preceito da lei, pois todos

eles estariam sob o jugo da escravidão. Era dessa maneira que Deus faria cessar entre eles

“todo o seu gozo, as suas festas, as suas luas novas, e os seus sábados, e todas as suas

festividades”.

Note que Oséias emprega o termo “cessar” com a mesma acepção que o empregou

para designar que Deus faria “cessar” o reino da casa de Israel (Oséias 1:4). Portanto, o que

cessaria de existir não era o sábado, mas sim aqueles adoradores. Os israelitas haviam se

apostatado do Senhor e queimado incenso ao deus Baal (Oséias 2:13). Destarte Deus disse

que faria “cessar o reino da casa de Israel” (Oséias 1:4).

10.2 Profetizado o fim de Israel

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

Cessando o reino de Israel também cessaria para eles todas as práticas de seus

cerimoniais religiosos, inclusive a observância do sábado. Observe algumas outras

passagens bíblicas onde o profeta Oséias anuncia que os israelitas cessariam de existir como

nação:

Oséias 4:6 – “O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento”.

Oséias 8:8 – “Israel foi devorado: agora está entre as nações como um vaso em que

ninguém tem prazer”.

Oséias 9:4-5 – “Não derramarão vinho perante o Senhor, nem as suas ofertas serão para

ele suaves: os seus sacrifícios para eles serão como pão de pranteadores; todos os que dele

comessem seriam imundos, porque o seu pão será para o seu apetite; não entrará na casa

do Senhor. Que fareis vós no dia da solenidade, e no dia da festa do Senhor?”

Oséias 9:10 – “Achei a Israel como uvas no deserto, vi a vossos pais como a fruta temporã

da figueira no seu princípio; mas eles foram para Baal-Peor, e se consagraram a essa

cousa vergonhosa, e se tornaram abomináveis como aquilo que amaram”.

Oséias 9:17 – “O meu Deus os rejeitará, porque não o ouvem, e vagabundos andarão

entre as nações”.

Oséias 10:7 – “O rei de Samaria será desfeito como a espuma sobre a face da água”.

Oséias 10:8 – “E os altos de Áven, pecado de Israel, serão destruídos: espinhos e cardos

crescerão sobre os seus altares; e dirão aos montes: Cobri-nos! e aos outeiros: Caí sobre

nós!”

Oséias 13:16 – “Samaria virá a ser deserta, porque se rebelou contra o seu Deus: cairão à

espada, seus filhos serão despedaçados, e as suas mulheres grávidas serão abertas pelo

meio”.

10.3 Cumprimento da profecia

As Escrituras Sagradas anunciam claramente o momento histórico e exato em que as

dez tribos israelitas foram levadas para o cativeiro assírio. Observe o que diz o texto

sagrado:

II Reis 17:5-6 – “Porque o rei da Assíria subiu por toda a terra, e veio até Samaria, e a

cercou três anos. No ano nono de Oséias, o rei da Assíria tomou a Samaria, e levou Israel

cativo para a Assíria; e fê-los habitar em Hala e em Habor junto ao rio de Gozã, e nas

cidades dos medos”.

Portanto, a proposta imediatista e simplista de que Oséias estaria profetizando a

abolição universal do sábado após a morte de Cristo não pode prosperar. Tal proposta é

acéfala, fantasiosa, totalmente descabida de razão e fundamento. Em nenhum momento o

contexto do versículo de Oséias faz qualquer referência ao Messias ou ao Seu reino.

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

A realidade pura e cristalina do livro de Oséias é que o seu contexto imediato e

mediato indica claramente que, devido a apostasia dos israelitas, eles seriam destruídos

(Oséias 4:6), levados para o cativeiro entre as nações (Oséias 8:8). Como cessariam de

existir como nação, também cessaria para eles “todo o seu gozo, as suas festas, as suas luas

novas, e os seus sábados, e todas as suas festividades” (Oséias 2:11).

II Reis 17:23 – “Até que o Senhor tirou a Israel de diante da sua presença, como falara

pelo ministério de todos os seus servos, os profetas; assim foi Israel expulso da sua terra à

Assíria até ao dia de hoje”.

O rei da Assíria, não se contentou somente em desalojar o povo israelita de sua terra

natal, mas também fez questão que as cidades de Samaria fossem habitadas por vários povos

de origem pagã, em lugar os israelitas. Observe o que diz a Bíblia Sagrada:

II Reis 17:24 – “E o rei da Assíria trouxe gente de Babilônia, de Cuta, de Ava, de Hamate

e Sefarvaim, e a fez habitar nas cidades de Samaria, em lugar dos filhos de Israel; e eles

tomaram a Samaria em herança, e habitaram nas suas cidades”.

10.4 Cativeiro israelita

A nação israelita foi totalmente subjugada e destruída pelo Império Assírio. No

cativeiro os israelitas estavam impossibilitados de observar o dia do sábado ou de qualquer

outro preceito cerimonial registrado na lei.

É muito importante esclarecer que, apesar da tribo de Israel ter sido destruída, a tribo

de Judá não foi subjugada pela Assíria. Veja o que diz as Escrituras Sagradas:

II Reis 17:18 – “Portanto o Senhor muito se indignou contra Israel, e os tirou de diante

da sua face; nada mais ficou, senão somente a tribo de Judá”.

Portanto, Judá era uma nação livre e independente. Como tal, tinha a plena liberdade

para observar regularmente no templo sagrado – localizado em Jerusalém – as festas, as luas

novas, os sábados e todas as demais festividades e solenidades prescritas na lei.

Porém, tal fato não ocorria mais com os israelitas porque eles foram desalojados de

sua terra e deportados para o cativeiro assírio. Para eles literalmente se cumpriu a profecia

de Oséias: “E farei cessar todo o seu gozo, as suas festas, as suas luas novas, e os seus

sábados, e todas as suas festividades”. (Oséias 2:11).

Portanto, o profeta Oséias não havia profetizado a abolição do sábado, mas sim a

cessação de sua observância por parte dos israelitas, os quais seriam desterrados. Pois Deus

disse que faria “cessar o reino da casa de Israel” (Oséias 1:4). “Porque os filhos de Israel

ficarão por muitos dias sem rei, e sem príncipe, e sem sacrifício, e sem estátua, e sem éfode

ou terafim” (Oséias 3:4). “Não voltará para a terra do Egito, mas a Assíria será seu rei,

porque recusam converter-se. E cairá a espada sobre as suas cidades, e consumirá os seus

ferrolhos, e os devorará, por causa dos seus conselhos. Porque o meu povo é inclinado a

desviar-se de mim; bem que clamam ao Altíssimo, nenhum deles o exalta” Oséias 11:5-7.

Que fique bem claro, o profeta Oséias jamais profetizou ou anunciou a abolição do

sábado. O que ele profetizou foi que a celebração do sábado por parte dos israelitas cessaria

no cativeiro que se seguiria.

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

Oséias 1:4 – “E disse-lhe o Senhor: ... e farei cessar o reino da casa de Israel”.

Oséias 2:11 – “E farei cessar todo o seu gozo, as suas festas, as suas luas novas, e os seus

sábados, e todas as suas festividades”.

10.5 O profeta Isaías

Profecia semelhante à de Oséias, também foi apresentada pelo profeta Isaías. Deus

estava terrivelmente aborrecido com os pecados, maldades, crueldade e demais atividades

iníquas do Seu povo e, através do profeta, anunciou aos israelitas a seguinte mensagem de

indignação:

Isaías 1:11 – “De que me serve a mim a multidão de vossos sacrifícios, diz o Senhor? Já

estou farto dos holocaustos de carneiros, e da gordura de animais nédios; e não folgo com

o sangue de bezerros, nem de cordeiros, nem de bodes”.

Isaías 1:13 – “Não tragais mais ofertas debalde: o incenso é para mim abominação e as

luas novas, e os sábados, e a convocação das congregações; não posso suportar

iniqüidade, nem mesmo o ajuntamento solene”.

Isaías 1:14-15 – “As vossas luas novas, e as vossas solenidades as aborrece a minha alma;

já me são pesadas: já estou cansado de as sofrer”. Pelo que, quando estendeis as vossas

mãos, escondo de vós os meus olhos; sim, quando multiplicais as vossas orações, não as

ouço, porque as vossas mãos estão cheias de sangue”.

Isaías 1:16-17 – “Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos de diante dos

meus olhos: cessai de fazer mal. Aprendei a fazer bem; praticai o que é reto; ajudai o

oprimido: fazei justiça ao órfão; tratai da causa das viúvas”.

Isaías 66:3 – “O que mata um boi é como o que fere um homem; o que sacrifica um

cordeiro, como o que degola um cão; o que oferece uma oblação, como o que oferece

sangue de porco; o que queima incenso, como o que bendiz a um ídolo: também estes

escolhem os seus próprios caminhos, e a sua alma toma prazer nas suas abominações”.

Nesses versículos bíblicos, em nenhum momento o Senhor mencionou ou insinuou o

fim ou a abolição dos “holocaustos”, das “ofertas”, do “incenso”, das “luas novas”, dos

“sábados”, da “convocação das congregações”, da “solenidade”, ou das “orações”.

É claro que todas essas cerimoniais religiosas eram realizadas pelos filhos de Israel.

Ocorre que a nação israelita estava cheia de homicidas – “vossas mãos estão cheias de

sangue”. Eles eram maldosos – “tirai a maldade de vossos atos”. Praticavam o mal – “cessai

de fazer mal”. Não praticavam o bem – “aprendei a fazer bem”. Não ajudavam o oprimido e

nem faziam justiça ao órfão.

Diante de tanta perversidade e atrocidade, o Senhor foi claro em afirmar que estava

farto dos holocaustos e que não folgava com o sangue de bezerros. A dimensão da crueldade

do povo era tão imensa que o Senhor considerou abominação a oblação do incenso sagrado,

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

dos holocaustos realizados nas luas novas e nos sábados. O Senhor também abominou a

convocação das congregações e as orações feitas pelos filhos de Israel.

O nosso Deus não pode tolerar a iniqüidade de pessoas que, conhecendo a luz, não

estão convertidas à verdade ou não estão vivendo à altura da luz que possuíam.

Nos versículos supra mencionados, o Senhor afirma categoricamente que a

iniqüidade de Israel tornava todas as solenidades sagradas abomináveis à Sua vista.

Inclusive Lhe era abominável a observância do sábado por pecadores impenitentes e

irreverentes.

Portanto, para Deus é totalmente desprezível qualquer atividade religiosa realizada

sem o devido espírito de arrependimento, santidade, obediência e submissão à Sua soberana

vontade. Até mesmo as orações dos adoradores eram desprezadas por Deus (Isaías 1:15).

10.6 Outros profetas

Em diversas ocasiões, muitos outros profetas bíblicos mostraram o desagrado de

Deus com o culto religioso oferecido pelos judeus e pelos israelitas. Essas duas nações, em

algumas épocas, foram impenitentes e realizava suas práticas religiosas sem o devido

espírito de consagração e arrependimento, razão pela qual o Senhor abominava as suas

cerimônias religiosas.

O Senhor nosso Deus é Santo. Ele não aceita qualquer espécie de culto oferecido por

ímpios ou por pecadores impenitentes: “O sacrifício dos ímpios é abominável ao Senhor,

mas a oração dos retos é o seu contentamento”. “O sacrifício dos ímpios é abominação:

quanto mais oferecendo-o com intenção maligna!” (Provérbios 15:8; 21:27).

Note o que alguns profetas afirmaram a respeito da indignação de Deus com relação

à prática religiosa realizada por pecadores impenitentes, sem o devido espírito de

consagração.

Lamentações 2:6 – “E arrancou a sua cabana com violência, como se fosse a de uma

horta; destruiu a sua congregação: o Senhor em Sião pôs em esquecimento a solenidade e

o sábado, e na indignação da sua ira rejeitou com desprezo o rei e o sacerdote”.

I Samuel 15:22 – “Porém Samuel disse: Tem porventura o Senhor tanto prazer em

holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à palavra do Senhor? eis que o obedecer

é melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de carneiros”.

Amós 5:21-23 – “Aborreço, desprezo as vossas festas, e as vossas assembléias solenes não

me dão nenhum prazer. E, ainda que me ofereçais holocaustos, e ofertas de manjares, não

me agradarei delas: nem atentarei para as ofertas pacíficas de vossos animais gordos.

Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos; porque não ouvirei as melodias dos teus

instrumentos”.

Devido à maldade, à impenitência e à desobediência às mensagens divinas, o Senhor

permitiu que os judeus fossem levados para o cativeiro babilônico. Com a deportação do

povo judeu, o território da Judéia ficou assolado, razão pela qual o profeta Jeremias levantou

a seguinte lamentação: “o Senhor em Sião pôs em esquecimento a solenidade e o sábado”

(Lamentações 2:6). Ou seja, em Sião, praticamente, não havia ninguém para observar o

sábado, pois a massa do povo estava no cativeiro localizado em território babilônico.

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

Todavia, é muito importante deixar registrado em alto e bom som que, depois de

decorrido setenta anos do cativeiro babilônico, a observância do sábado foi plenamente

restaurada na Judéia, bem como todos os demais serviços realizados no templo sagrado, o

qual também foi reedificado (Neemias 13:15-22). De tudo o que foi exposto, infere-se que

nenhum profeta bíblico jamais anunciou a abolição do sábado. Quem anuncia a abolição do

sábado são os falsos interpretes das Escrituras Sagradas. A bem da verdade, os adversários

do sábado deveriam estudar melhor a Palavra de Deus para poderem interpretá-la

corretamente!

10.7 Considerações finais

Com relação aos israelitas, o Senhor foi levado a declarar: “Aborreço, desprezo as

vossas festas, e as vossas assembléias solenes não me dão nenhum prazer. E, ainda que me

ofereçais holocaustos, e ofertas de manjares, não me agradarei delas: nem atentarei para as

ofertas pacíficas de vossos animais gordos. Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos;

porque não ouvirei as melodias dos teus instrumentos” (Amós 5:21-23).

Tal mensagem mostra claramente que Deus abomina qualquer forma de culto

religioso em que não há no coração do crente o devido temor do Senhor, a espiritualidade, a

reverência, o amor, a sinceridade e a pureza de espírito. Sem estas qualidades, qualquer culto

religioso não passa de uma fria hipocrisia cheia de formalidade e pecado, o que é inaceitável

a Deus. Observe o que diz o profeta Samuel: “eis que o obedecer é melhor do que o

sacrificar” (I Samuel 15:22).

Portanto, tanto faz praticar a lei moral ou cerimonial ou qualquer outra atividade

como oração, dízimos, pregação, evangelismo, sábado etc. A verdade é que se tal atividade

não estiver sendo praticada de coração e entendimento, com o espírito de reverência e

santidade, então ela é totalmente abominável ao Senhor.

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

11 PAULO E A LEI CRAVADA NA CRUZ

“Como o sábado se tornou o ponto especial de controvérsia por toda a cristandade, e as autoridades religiosas

e seculares se combinaram para impor a observância do domingo, a recusa persistente de uma pequena minoria em

ceder à exigência popular, fará com que esta minoria seja objeto de execração universal”.

Ellen Gould White (GC, 615)

11.1 Introdução

Sem levar em consideração todo o contexto bíblico, alguns “falsos doutores”, que

são ferrenhos adversários do sábado, conjeturam, de forma superficial e extremamente

simplista, que Oséias havia profetizado a abolição do sábado.

Baseados nessa desatinada suposição, os antagonistas do sábado supõem,

inadvertidamente, que Paulo em Colossenses 2:14, 16-17 está se referindo ao cumprimento

da profecia de Oséias. Todavia, tal suposição não condiz com a verdade, posto que o profeta

Oséias jamais anunciou a abolição do sábado e muito menos o fim de qualquer outra lei, seja

ela cerimonial ou moral.

O que Oséias profetizou foi que as solenidades realizadas nos dias de festas, luas

novas, sábados e demais festividades (Oséias 2:11) iriam cessar. Mas, por que tais

solenidades cessariam? O próprio profeta responde que essas solenidades cessariam porque

os israelitas seriam destruídos (Oséias 4:6), devorados e levados entre as nações (Oséias

8:8).

Deportados para o cativeiro assírio como escravos, os israelitas estariam impedidos

de realizar em terra estrangeira as suas solenidades sagradas nos dias de festas, luas novas e

nos sábados.

11.2 Uma lei cravada na cruz

Observe atentamente a passagem bíblica escrita pelo apóstolo Paulo, a qual é

empregada pelos antagonistas do sábado para defender as suas falsas interpretações:

Colossenses 2:14, 16-17 – “Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas

ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós,

cravando-a na cruz. Portanto ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber ou por causa

dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados. Que são sombras das coisas futuras, mas

o corpo é de Cristo”.

Nesta única passagem bíblica, os antagonistas do sábado, com as suas interpretações

confusas e contraditórias, querem contradizer sessenta passagens do Novo Testamento que

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

provam claramente que o sábado continua em pleno vigor para o cristão, cuja observância

foi ensinado por preceito e exemplo por Jesus Cristo e pelos santos apóstolos.

No versículo em questão, Paulo não diz que Jesus cravou na cruz os dias de festas, o

dia de lua nova, ou o dia de sábado. O que ele diz é que ninguém – entenda-se fariseus,

saduceus e cristãos judaizantes – deveria julgar o procedimento dos cristãos não judaizantes

“pelo comer, ou pelo beber” ou ainda por causa “dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos

sábados”. Pois as “ordenanças” realizadas nesses dias – “dias de festa, ou da lua nova, ou

dos sábados” – foram cravadas na cruz. Note bem, o que foi cravado na cruz foram as

“ordenanças” realizadas nesses dias, mas não o próprio dia.

Portanto, Paulo não está ensinando que Jesus cravou na cruz os “dias de festa, ou da

lua nova, ou dos sábados”. O que Paulo ensina limpidamente foi que Jesus cravou na cruz “a

cédula que era contra nós nas suas ordenanças” (Colossenses 2:14). As ordenanças que o

apóstolo tinha em mente quando escreveu esta passagem bíblica eram “os holocaustos da

manhã e da tarde, nos sábados, e nas luas novas, e nas festividades do Senhor nosso Deus: o

que é perpetuamente a obrigação de Israel” (II Crônicas 2:4). Observe que Paulo empregou

em sua referência, praticamente, os mesmos termos do versículo bíblico registrado no

Antigo Testamento.

O que os fariseus, saduceus e cristãos judaizantes não compreendiam era que a

eficácia de todas as leis cerimoniais havia cessado com a morte de Cristo. Essas leis eram

sombras que apontavam para a purificação dos pecados dos crentes, e que seria expiado pelo

corpo de Cristo. A respeito desses cristãos judaizantes, Lucas escreveu o seguinte: “Alguns,

porém, da seita dos fariseus, que tinham crido, se levantaram, dizendo que era mister

circuncidá-los e mandar-lhes que guardassem a lei de Moisés” (Atos dos Apóstolos 15:5).

O Novo Testamento ensina que o comer ou beber consistem nos dons e sacrifícios de

animais, alegorias realizadas no santuário terrestre em dias específicos. Observe o que diz o

livro de Hebreus sobre o assunto: “Que é uma alegoria para o tempo presente, em que se

oferecem dons e sacrifícios que, quanto à consciência, não podem aperfeiçoar aquele que faz

o serviço. Consistindo somente em manjares, e bebidas, e várias abluções e justificações da

carne, impostas até ao tempo da correção” (Hebreus 9:9-10).

Portanto, em Colossenses 2:14, 16-17, Paulo está falando dos sacrifícios, manjares,

bebidas e várias abluções que eram realizados por ocasião “dos dias de festa, ou da lua nova,

ou dos sábados”.

11.3 Significado bíblico de “ordenanças”

O apóstolo Paulo fala explicitamente que Cristo cravou na cruz a “cédula” que era

contra nós nas suas “ordenanças” (Colossenses 2:14). Mas qual é significado bíblico da

palavra “ordenanças”? Em que circunstância e contexto a Bíblia Sagrada faz uso da palavra

“ordenanças”? O que compreende o vocábulo “ordenanças”? O que Paulo tinha em mente

quando empregou a expressão “ordenanças”? O que a interpretação autêntica contextual diz

sobre as “ordenanças”? Bem, vejamos como as Escrituras Sagradas compreendem o

significado da palavra “ordenanças”:

Êxodo 12:43 – “Disse mais o Senhor a Moisés e a Aarão: Está é a ordenança da páscoa;

nenhum filho do estrangeiro comerá dela”.

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

Êxodo 39:37 – “O castiçal puro com suas lâmpadas, as lâmpadas da ordenança, e todos os

seus vasos, e o azeite para a luminária”.

II Reis 17:34 – “Até ao dia de hoje fazem segundo os primeiros costumes; não temem ao

Senhor, nem fazem segundo os seus estatutos, e segundo as suas ordenanças e segundo a

lei, e segundo o mandamento que o Senhor ordenou aos filhos de Jacó, a quem deu o nome

de Israel”.

II Reis 17:37 – “E os estatutos, e as ordenanças, e a lei, e o mandamento, que vos

escreveu tereis cuidado de observar todos os dias: e não temereis a outros deuses”.

I Crônicas 15:13 – “Pois que, porquanto primeiro vós assim o não fizestes, o Senhor fez

rotura em nós, porque o não buscamos segundo a ordenança”.

Ezequiel 44:8 – “E não guardastes a ordenança das minhas cousas sagradas; antes vos

constituístes, a vós mesmos guardas da minha ordenança no meu santuário”.

Ezequiel 44:14 – “Contudo, eu os constituirei guardas da ordenança da casa, em todo o

seu serviço, e em tudo o que nela se fizer”.

Ezequiel 44:15 – “Mas os sacerdotes levíticos, os filhos de Zadoque, que guardaram a

ordenança do meu santuário, quando os filhos de Israel se extraviaram de mim, se

chegarão a mim, para me servirem, e estarão diante de mim, para me oferecerem a gordura

e o sangue, diz o Senhor Jeová”.

Ezequiel 44:16 – “Eles entrarão no meu santuário, e se chegarão à minha mesa, para me

servirem, e guardarão a minha ordenança”.

Ezequiel 48:11 – “E será para os sacerdotes santificados dentre os filhos de Zadoque, que

guardaram a minha ordenança, que não andaram errados, quando os filhos de Israel se

extraviaram, como se extraviaram os outros levitas”.

Zacarias 3:7 – “Assim diz o Senhor dos Exércitos: Se andares nos meus caminhos, e se

observares as minhas ordenanças, também tu julgarás a minha casa, e também guardarás

os meus átrios, e te darei lugar entre os que estão aqui”.

Hebreus 9:1 – “Ora também o primeiro tinha ordenanças de culto divino, e um santuário

terrestre”.

Em toda a extensão das Escrituras Sagradas existem somente vinte e duas passagens

bíblicas fazendo referência ao termo “ordenança” ou “ordenanças”.

Analisando minuciosamente cada uma dessas passagens, pode-se constatar que em

nenhuma delas o decálogo é chamado de ordenanças. Também é de fundamental

importância chamar a atenção do leitor para o fato de que o sábado semanal também nunca

foi chamado de ordenança. Mas preste bastante a atenção para o seguinte fato: na Bíblia

Sagrada, somente as leis cerimoniais do sacerdócio levítico estão relacionadas com o termo

“ordenanças”.

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

Conseqüentemente, quando Paulo se referiu ao vocábulo “ordenanças” em

Colossenses 2:14, 16-17, ele tinha em mente o ensino bíblico de que as “ordenanças” são as

leis cerimoniais do sacerdócio levítico. Nunca lhe passou pela cabeça qualquer referência ao

decálogo e muito menos ao sábado semanal, os quais o santo apóstolo defende com muito

vigor em várias partes das Escrituras Sagradas, caso contrário as Escrituras estariam em

contradição.

11.4 Uma lei que consistia em ordenanças

Efésios 2:15 – “Na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que

consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a

paz”.

Paulo afirma que Cristo desfez “a lei dos mandamentos”. Ocorre que na Bíblia

Sagrada existem centenas de leis. Então, a qual delas o apóstolo estaria se referindo? Ele

mesmo responde: “a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças”. Ora “a lei dos

mandamentos, que consistia em ordenanças” é a lei cerimonial do sacerdócio levítico. Isso

porque o livro de Hebreus, cuja escritura é atribuída a Paulo, ensina explicitamente que o

primeiro concerto levítico “tinha ordenanças de culto divino, e um santuário terrestre”

(Hebreus 9:1).

Como foi visto, as Escrituras Sagradas apresentam vinte e duas referências sobre o

termo “ordenança” ou “ordenanças”. E, em nenhuma delas, a Bíblia ensina de que se trata

dos dez mandamentos ou do sábado semanal. Muito pelo contrário, as referências bíblicas

deixam bem claro que as “ordenanças” estão diretamente relacionadas e vinculadas à leis

cerimoniais que regiam as atividades do sacerdócio levítico no santuário terrestre. Assim,

por exemplo, tinha: “a ordenança da páscoa” (Êxodo 12:42); “as lâmpadas da ordenança”

(Êxodo 39:37); “ordenança do santuário” (Ezequiel 44:8); “sacerdotes levitas que

guardavam a ordenança do santuário” (Ezequiel 44:15). Além disso, a Bíblia Sagrada faz

clara distinção entre ordenanças, estatutos, lei e mandamento (II Reis 17:34), mostrando

claramente que são coisas diferentes, caso contrário o escritor estaria sendo redundante.

Destarte, conclui-se que “a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças” não

são os dez mandamentos e muito menos o sábado semanal. Na realidade trata-se de uma

referência às leis cerimoniais do sacerdócio levítico com os seus rituais de holocaustos de

animais. Além do mais, o decálogo é uma lei moral que define o pecado, e não uma lei

cerimonial que faz expiação pelo pecado. Deste modo, existe uma diferença muito

significativa entre a lei moral e a lei cerimonial. Portanto, está claro que todo cristão tem o

dever de guardar inteiramente os dez mandamentos, os quais foram apresentados por

preceito e exemplo no Novo Testamento pelos santos apóstolos. Como o sábado é um desses

mandamentos, então precisamos também guardá-lo.

11.5 Sombras das coisas futuras

Na passagem bíblica de Colossenses 2:16-17, Paulo não está se referindo

especificamente ao sábado do sétimo dia da semana, o qual foi estabelecido por Deus na

criação do mundo, antes mesmo da entrada do pecado ou da existência de qualquer judeu

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

sobre a face da Terra. Tais fatos indicam claramente que o sétimo dia da semana não tem

nada de cerimonial.

Na verdade quando Paulo menciona “sombras das coisas futuras” em Colossenses

2:17, ele está se referindo claramente aos “cerimoniais” realizados nos sábados. Ora, o livro

de Hebreus ensina claramente que as sombras de coisas futuras são as leis cerimoniais do

sacerdócio levítico. Esse sacerdócio realizava diariamente, semanalmente, mensalmente e

anualmente vários tipos de cerimoniais de holocaustos de animais, em especial nos dias de

festas, na lua nova e nos sábados. Observe como o livro de Hebreus faz a ligação entre as

mencionadas “sombras” com os “sacrifícios” de animais que eram realizados pelos

sacerdotes levitas:

Hebreus 8:5 – “Os quais servem de exemplar e sombra das coisas celestiais, como Moisés

divinamente foi avisado, Estando já para acabar o tabernáculo; porque foi dito: Olha, faze

tudo conforme o modelo que no monte se te mostrou”.

Hebreus 10:1 – “Porque, tendo a lei a sombra dos bens futuros, e não a imagem exata das

coisas, nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem cada ano, pode

aperfeiçoar os que a eles se chegam”.

Portanto, quando o apóstolo Paulo empregou a palavra “sombras”, ele estava se

referindo claramente ao cerimonial religioso de expiação de pecados, que eram realizados

por meio dos holocaustos de animais. É claro que a expiação de pecados através do

sacrifício de animais apontava para o “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (João

1:29).

Conseqüentemente, as “sombras” mencionadas por Paulo de modo algum se referem

ao decálogo ou ao sábado semanal. Como foi dito a pouco instante, o sábado semanal foi

separado por Deus na criação do mundo, antes da entrada do pecado, para ser um dia

sagrado. Logo, torna-se evidente que as leis cerimoniais são as “sombras das coisas futuras”,

as quais apontavam claramente para o corpo de Cristo, que seria dilacerado numa cruz (I

Pedro 2:24) para remissão dos pecados.

Biblicamente falando, podemos concluir que o sábado semanal não é, e nunca foi

sombra de coisas passadas ou futuras. Quem quiser fazer do sábado semanal uma sombra o

faz por risco conta própria. A verdade é que as Escrituras Sagradas ensinam de forma

cristalina e explícita que a “sombra” refere-se ao ritual religioso de holocausto de animais

realizados nos dias de festas, de lua nova e nos sábados. Esses rituais, como sombra que

eram, apontavam para o sacrifício expiatório que seria realizado pelo Cordeiro de Deus.

11.6 As diferentes espécies de sábados

Etimologicamente, a palavra sábado quer dizer “repouso”, “descanso”. Mas, segundo

as Escrituras Sagradas, além do sábado do sétimo dia da semana, também existiam outras

espécies de sábados. Observe o que diz a Santa Bíblia sobre os diferentes sábados:

a) Sábado do sétimo dia da semana

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

Gênesis 2:1-3 – “Assim os céus, e a terra e todo o seu exército foram acabados. E havendo

Deus acabado no dia sétimo a sua obra, que tinha feito, descansou no sétimo dia de toda a

sua obra, que tinha feito. E abençoou Deus o dia sétimo, e o santificou; porque nele

descansou de toda a sua obra, que Deus criara e fizera”.

Êxodo 20:8-11 – “Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e

farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus: não farás nenhuma

obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu

animal nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez o

Senhor os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou: portanto

abençoou o Senhor o dia do sábado, e o santificou”.

b) Sábado do cerimonial levítico

Levítico 16:29-31 – “E isto vos será por estatuto perpétuo: no sétimo mês, aos dez do mês,

afligireis as vossas almas, e nenhuma obra fareis, nem o natural nem o estrangeiro que

peregrina entre vós. Porque naquele dia se fará expiação por vós, para purificar-vos: e

sereis purificados de todos os vossos pecados perante o Senhor. É um sábado de descanso

para vós, e afligireis as vossas almas: isto é estatuto perpétuo”.

Levítico 23:28 e 32 – “E naquele mesmo dia nenhuma obra fareis, porque é o dia da

expiação, para fazer expiação por vós perante o Senhor vosso Deus. Sábado de descanso

vos será; então afligireis as vossas almas: aos nove do mês à tarde, duma tarde a outra

tarde, celebrareis o vosso sábado”.

c) Sábado da terra

Levítico 25:2-4 – “Fala aos filhos de Israel e dize-lhes: Quando tiverdes entrado na terra,

que eu vos dou, então a terra guardará um sábado ao Senhor. Seis anos semearás a tua

terra, e seis anos podarás a tua vinha, e colherás a sua novidade. Porém ao sétimo ano

haverá sábado de descanso para a terra, um sábado ao Senhor: não semearás o teu campo

nem podarás a tua vinha”.

Diante da existência de várias outras espécies de sábados mencionados nas Escrituras

Sagradas, não se pode falar de forma irrefletida, imediata, simplista e inconseqüente de que

Paulo em Colossenses 2:17-17, estava se referindo especificamente ao sábado semanal.

Diante do fato de que o sábado semanal, em nenhum momento encontra-se

relacionado nas Escrituras Sagradas com “ordenanças” ou com “sombras”, então é razoável

concluir que Paulo não estava se referido ao sábado semanal, mas sim aos cerimoniais

religiosos de holocaustos de animais, às comidas e bebidas que eram ritualisticamente

realizadas nesses dias, e que apontavam para expiação de pecados através do corpo de Cristo

pendurado na cruz do calvário.

11.7 Os sábados cerimoniais

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

Pode-se afirmar categoricamente que os denominados “sábados cerimoniais” não se

encontram incluídos na expressão “dias de festa” de Colossenses 2:16, simplesmente porque

as festas religiosas levítica duravam vários dias. Sendo que somente um ou dois desses dias

festivos eram especialmente consagrados ao repouso. Ou seja, somente esses dias,

verdadeiramente, constituíam os sábados cerimoniais. Razão pela qual não é possível

descartar a doutrina de que Paulo está mencionando os dias de festas, a lua nova e os

sábados relacionados com esses dias festivos. A prova encontra-se registrada em Levítico

23:5-7; 23:8; 23:34-36; 23:39.

Outra importante evidência procura identificar o sábado de Colossenses 2:16 como

dias especiais contidos dentro do período dos dias festivos. Ou seja, “sabbáton” não está

incluído na palavra “heortês”, caso contrário haveria uma repetição desnecessária de

palavras. Portanto, essas indicações demonstram claramente que a palavra “sabbáton”,

conforme usada em Colossenses 2:16, refere-se aos sábados cerimoniais, já que eram dias

distintos designados por Deus para repouso dentro do próprio período de dias festivos.

Por estar mais evidente a afirmação bíblica de que os “rituais” realizados no sábado

cerimonial do sacerdócio levítico foi abolido com base em Colossenses 2:14-15, indicamos

as seguintes passagens bíblicas:

Hebreus 7:11-12 – “De sorte que, se a perfeição fosse pelo sacerdócio levítico (porque sob

ele o povo recebeu a lei), que necessidade havia logo de que outro sacerdote se levantasse,

segundo a ordem de Melquisedeque, e não fosse chamado segundo a ordem de Aarão?

Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei”.

Hebreus 7:22-24 – “De tanto melhor concerto Jesus foi feito fiador. E, na verdade,

aqueles foram feitos sacerdotes em grande número, porque pela morte foram impedidos de

permanecer. Mas este, porque permanece eternamente, tem um sacerdócio perpétuo”.

Hebreus 8:13; 9:1 – “Dizendo Novo Concerto, envelheceu o primeiro. Ora, o que foi

tornado velho, e se envelhece, perto está de acabar. Ora também o primeiro tinha

ordenanças de culto divino, e um santuário terrestre”.

A expressão “dia de festas” empregada pelo apóstolo Paulo em Colossenses 2:16, se

relaciona com o ritual das festas cerimoniais que duravam vários dias com muitas comidas e

bebidas. Enquanto que “os sábados” eram apenas um ou dois desses dias festivos, no qual o

povo descansava e tomava uma postura reverente diante de Deus para refletirem no

significado espiritual daqueles cerimoniais festivos. Portanto, as atividades realizadas nos

sábados cerimoniais eram distintas das atividades realizadas nos demais dias festivos, razão

pela qual eram chamados na Bíblia Sagrada de “sábados” para distinguir dos demais dias

festivos.

Portanto, os sábados cerimoniais não eram todos os dias que duravam as festas, mas

apenas aquelas datas mensais especialmente designadas por Deus, para que o povo cessasse

todas as suas atividades e descansasse. A Bíblia deixa claro que existem sete festas anuais,

nas quais estão distribuídos sete sábados mensais: (1) Festa da Páscoa (Levítico 23:5-7); (2)

Festa dos Asmos (Levítico 23:8); (3) Festa de Pentecostes (Levítico 23:15-16); (4) Festa das

Trombetas (Levítico 23:23-25); (5) Festa da Expiação (Levítico 23:26-32); (6) Festa dos

Tabernáculos - primeiro dia (Levítico 23:24-36); (7) Festa dos Tabernáculos - último dia

(Levítico 23:24-36).

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

11.8 Abolição do ritual do santuário terrestre

O sábado não foi abolido. O que foi abolido foi o ritual levítico de holocaustos de

animais realizados no santuário terrestre. Tal afirmativa está em perfeita harmonia com o

ensino do livro de Hebreus. Observe o que diz a Bíblia Sagrada:

Hebreus 5:1-4 – “Porque todo o sumo sacerdote, tomado dentre os homens, é constituído a

favor dos homens nas coisas concernentes a Deus, para que ofereça dons e sacrifícios pelos

pecados. E possa compadecer-se ternamente dos ignorantes e errados; pois também ele

mesmo está rodeado de fraqueza. E por está causa deve ele, tanto pelo povo, como também

por si mesmo, fazer oferta pelos pecados. E ninguém toma para si está honra, senão o que é

chamado por Deus, como Aarão”.

Hebreus 7:19-21 – “(Pois a lei nenhuma coisa aperfeiçoou) e desta sorte é introduzida uma

melhor esperança, pela qual chegamos a Deus. E visto como não é sem prestar juramento

(porque certamente aqueles, sem juramento, foram feitos sacerdotes. Mas este com

juramento por aquele que lhe disse: Jurou o Senhor, e não se arrependerá: Tu és sacerdote

eternamente, segundo a ordem de Melquisedeque)”.

Hebreus 7:26-27 – “Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado,

separado dos pecadores, e feito mais sublime do que os céus. Que não necessitasse, como os

sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente por seus próprios

pecados, e depois pelos do povo; porque isto fez ele, uma vez, oferecendo-se a si mesmo”.

Hebreus 8:5-6 – “Os quais servem de exemplar e sombra das coisas celestiais, como

Moisés divinamente foi avisado, Estando já para acabar o tabernáculo; porque foi dito:

Olha, faze tudo conforme o modelo que no monte se te mostrou. Mas agora alcançou ele

ministério tanto mais excelente, quanto é mediador dum melhor concerto, que está

confirmado em melhores promessas”.

Hebreus 8:7-10 – “Porque, se aquele primeiro fora irrepreensível, nunca se teria buscado

lugar para o segundo. Porque, repreendendo-os, lhes diz: Eis que virão dias, diz o Senhor,

em que com a casa de Israel e com a casa de Judá estabelecerei um novo concerto. Não

segundo o concerto que fiz com seus pais no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da

terra do Egito; como não permaneceram naquele meu concerto, eu para eles não atentei,

diz o Senhor. Porque este é o concerto que depois daqueles dias farei com a casa de Israel,

diz o Senhor; porei as minhas leis no seu entendimento, e em seu coração as escreverei: e

eu lhes serei por Deus, e eles me serão por povo”.

Hebreus 9:9-10 – “Que é uma alegoria para o tempo presente, em que se oferecem dons e

sacrifícios que, quanto à consciência, não podem aperfeiçoar aquele que faz o serviço.

Consistindo somente em manjares, e bebidas, e várias abluções e justificações da carne,

impostas até ao tempo da correção”.

Hebreus 9:11-12 – “Mas, vindo Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros, por um maior e

mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação. Nem por sangue de

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo

efetuado uma eterna redenção”.

Hebreus 9:15-17 – “E por Isso é Mediador dum novo Testamento, para que, intervindo a

morte para remissão das transgressões que havia debaixo do primeiro Testamento, os

chamados recebam a promessa da herança eterna. Porque onde há Testamento necessário

é que intervenha a morte do testador. Porque um Testamento tem força onde houve morte;

ou terá ele algum valor enquanto o testador vive?”

Hebreus 9:18-21 – “Pelo que também o primeiro não foi consagrado sem sangue. Porque,

havendo Moisés anunciado a todo o povo todos os mandamentos segundo a lei, tomou o

sangue dos bezerros e dos bodes, com água, lã purpúrea e hissope, e aspergiu tanto o

mesmo livro como todo o povo. Dizendo: Este é o sangue do Testamento que Deus vos tem

mandado. E semelhantemente aspergiu com sangue o tabernáculo e todos os vasos do

ministério”.

Hebreus 9:22-23 – “E quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e

sem derramamento de sangue não há remissão. De sorte que era bem necessário que as

figuras das coisas que estão no céu assim se purificassem; mas as próprias coisas celestiais

com sacrifícios melhores do que estes”.

Hebreus 10:1-4 – “Porque, tendo a lei a sombra dos bens futuros, e não a imagem exata

das coisas, nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem cada ano, pode

aperfeiçoar os que a eles se chegam. Doutra maneira, teriam deixado de se oferecer,

porque, purificados uma vez os ministrantes, nunca mais teriam consciência de pecado.

Nesses sacrifícios, porém, cada ano se faz comemoração dos pecados. Porque é impossível

que o sangue dos touros e dos bodes tire os pecados”.

Hebreus 10:8-9 – “Como acima diz, sacrifício e oferta, e holocaustos e oblações pelo

pecado não quiseste, nem te agradaram (os quais se oferecem segundo a lei). Então disse:

Eis aqui venho, para fazer, ó Deus, a tua vontade. Tira o primeiro, para estabelecer o

segundo”.

Hebreus 10:11-12 e 14 – “E assim todo o sacerdote aparece cada dia, ministrando e

oferecendo muitas vezes os mesmos sacrifícios, que nunca podem tirar os pecados. Mas

este, havendo oferecido um único sacrifício pelos pecados, está assentado para sempre à

destra de Deus. Porque com uma só oblação aperfeiçoou para sempre os que são

santificados”.

Hebreus 10:15-18 – “E também o Espírito Santo no-lo testifica, porque depois de haver

dito. Este é o concerto que farei com eles depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei as

minhas leis em seus corações, e as escreverei em seus entendimentos; acrescenta. E jamais

me lembrarei de seus pecados e de suas iniqüidades. Ora, onde há remissão destes, não há

mais oblação pelo pecado”.

Hebreus 13:11-12 – “Porque os corpos dos animais, cujo sangue é, pelo pecado, trazido

pelo sumo sacerdote para o santuário, são queimados fora do arraial. E por isso também

Jesus, para santificar o povo pelo seu próprio sangue, padeceu fora da porta”.

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

Portanto, o que foi abolido não foi o sábado semanal, mas sim as sombras das coisas

futuras. Ocorre que o livro de Hebreus esclarece que as sombras das coisas futuras são os

rituais do sacerdócio levítico com suas expiações de pecados realizados pelo sacrifício de

animais, os quais apontavam para o corpo de Cristo que seria oferecido em holocausto pelo

pecado da humanidade.

O sábado semanal foi dado como lei moral, antes mesmo da entrada do pecado no

mundo e foi especialmente distinguido das demais leis por ter sido escrito pessoalmente pelo

Senhor em duas tábuas de pedra. E como se ainda não fosse suficiente foi transcrito para o

Livro da Lei por Moisés.

“Vi que o mandamento do sábado não fora pregado na cruz. Se tivesse sido, os

outros nove mandamentos também o teriam, e estaríamos na liberdade de transgredi-los a

todos, bem como o quarto mandamento. Vi que Deus não havia mudado o sábado, pois Ele

jamais muda. Mas Roma tinha-o mudado do sétimo para o primeiro dia da semana; pois

deveria mudar os tempos e as leis”. (PE, 33).

11.9 Holocausto nos sábados

A frase paulina “dia de festas”, “luas novas” e “sábados” é a expressão consagrada

nas Escrituras Sagradas para indicar as atividades cerimoniais realizadas nos dias festivos da

lei sacerdotal levítica que incluía o holocausto de animais. Por essa razão o apóstolo Paulo

os apresenta numa mesma relação. Havia holocaustos nos dias das festas, nos dias das luas

novas e nos sábados, dias esses especialmente designados para descanso.

“O culto cotidiano consistia no holocausto da manhã e da tarde, na oferta de incenso

suave no altar de ouro, e nas ofertas especiais pelos pecados individuais. E também havia

ofertas para os sábados, luas novas e solenidades especiais”. (CS, 32).

O que Paulo está dizendo em Colossenses 2:14, 16-17 é que as leis cerimoniais do

sacerdócio levítico, mais especificamente os sacrifícios de animais, que eram realizados nos

dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados (Colossenses 2:16), foi tirada do meio de nós, e

cravada na cruz (Colossenses 2:14) pela morte de Jesus (Daniel 9:27 e Marcos 15:37-38).

Cristo não cravou na cruz o “comer ou beber”, pois os homens continuam tendo

necessidades básicas de comer e beber. A “lua nova” também não foi cravada na cruz, pois a

natureza continua em seu ciclo mensal produzindo a lua nova. Cristo não cravou os “dias de

festas” na cruz, pois aqueles dias continuam existindo no ciclo anual da terra em torno do

Sol. Cristo também não cravou “os sábados” na cruz, uma vez que o sábado continua

existindo no sétimo dia da semana.

O que Cristo cravou na cruz foi o “cerimonial” religioso do sacerdócio levítico, que

consistia em holocaustos de animais realizados nos dias de lua nova, nos sábados e nos dias

de festas, os quais apontavam para a Sua obra redentora.

Observe os seguintes exemplos bíblicos, de onde Paulo fundamentou o seu

argumento em Colossenses. Note, especialmente, o cerimonial religioso que eram realizado

nesses dias:

I Crônicas 23:31 – “E para cada oferecimento dos holocaustos do Senhor, nos sábados,

nas luas novas, e nas solenidades, por conta, segundo o seu costume, continuamente

perante o Senhor”.

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

II Crônicas 2:4 – “Eis que estou para edificar uma casa ao nome do Senhor meu Deus,

para lhe consagrar, para queimar perante ele incenso aromático, e para o pão contínuo da

proposição, e para os holocaustos da manhã e da tarde, nos sábados, e nas luas novas, e

nas festividades do Senhor nosso Deus: o que é perpetuamente a obrigação de Israel”.

II Crônicas 31:3 – “Também estabeleceu a parte da fazenda do rei para os holocaustos,

para os holocaustos da manhã e da tarde, e para os holocaustos dos sábados, e das luas

novas, e das solenidades; como está escrito na lei do Senhor”.

Neemias 10:33 – “Para os pães da proposição, e para a contínua oferta de manjares, e

para o contínuo holocausto dos sábados, das luas novas, para as festas solenes, e para as

cousas sagradas, e para os sacrifícios pelo pecado, para reconciliar a Israel, e para toda a

obra da casa do nosso Deus”.

Ezequiel 45:17 – “E estarão a cargo do príncipe os holocaustos, e as ofertas de manjares,

e as libações, nas festas, e nas luas novas, e nos sábados, em todas as solenidades da casa

de Israel: ele fará a expiação pelo pecado, e a oferta de manjares, e o holocausto, e os

sacrifícios pacíficos, para fazer expiação pela casa de Israel”.

É uma regra de hermenêutica que, a Bíblia com a Bíblia se interpreta, “porque nada

podemos contra a verdade, senão pela verdade” (II Coríntios 13:8). Portanto, diante dos

versículos bíblicos expostos, ficou bem claro, que Cristo cravou na cruz o antigo cerimonial

do sacerdócio levítico que consistia em holocaustos de animais (Daniel 9:27), os quais eram

realizados nos “dias das festas solenes, nas luas novas e nos sábados”.

11.10 Considerações finais

Diante do exposto, tampouco importa que Paulo estivesse se referindo ao sábado

moral do sétimo dia da criação do mundo. Isso porque, como foi demonstrado, o que foi

cravado na cruz não foi o dia do sábado, mas sim o cerimonial do sacerdócio levítico com

todo o seu aparato religioso, consistente em holocaustos de animais que eram realizados em

várias ocasiões.

O sábado semanal foi dado aos homens na fundação do mundo, antes mesmo da

entrada do pecado. Portanto, não se trata de uma lei cerimonial.

Somente muitos séculos depois da entrada do pecado no mundo é que a Bíblia

Sagrada registra o sacrifício de cordeiros no sábado. Jesus nunca realizou qualquer sacrifício

de animais, muito embora tenha guardado o sábado em obediência ao preceito moral da lei

de Deus.

O sábado possui dois sentidos: um moral e um cerimonial. O sentido moral do

sábado semanal se reflete no fato desse dia ter sido estabelecido pelo próprio Senhor como

um memorial da criação do mundo (Êxodo 20:11), razão pela qual tornou-se um dia de

descanso e santa convocação (Levítico 23:3). O sentido cerimonial do sábado refere-se ao

sacrifício de animais, que ocorria nesse dia.

Números 28:9-10 – “Porém no dia de sábado dois cordeiros dum ano, sem mancha, e duas

décimas de flor de farinha misturada com azeite, em oferta de manjares, com a sua libação.

Holocausto é do sábado em cada sábado, além do holocausto contínuo, e a sua libação”.

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

Portanto, mesmo que Paulo estivesse se referido ao sábado semanal, fica claro que o

sentido moral nunca deixou de existir. O que deixou de existir foi tão-somente o sentido

cerimonial dos holocaustos de animais, que foram cravados na cruz pelo Messias (Daniel

9:27) que, em cumprindo ao tipo previsto no ritual cerimonial, morreu na cruz como “o

Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (João 1:29).

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

12 A LEI DE DEUS

E O LIVRO DA LEI DE DEUS

“Os adventistas do sétimo dia travarão a batalha pelo sábado do sétimo dia”.

Ellen Gould White (Ms, 78)

12.1 Introdução

Conforme a tradição, os cinco primeiros livros das Escrituras Sagradas foram

escritos por Moisés, que os recebeu por inspiração divina. São designados na própria Bíblia

pelo título de “Livro da Lei de Deus” ou “Livro da Lei de Moisés”, ou simplificações desses

títulos, ou ainda como “Livro do Concerto”. Eles também são conhecidos no mundo cristão

como Pentateuco ou Torá.

Esses cinco livros contêm o relato da criação do mundo, delineiam a origem da

humanidade, proclamam o concerto de Deus com Abraão, descrevem a libertação dos

israelitas da escravidão egípcia, anunciam a peregrinação do povo por quarenta anos até a

terra prometida. Os livros também incluem vários concertos feitos pelo Senhor e apregoam

as leis de Deus, as quais Moisés estava incumbido de ensinar ao povo.

12.2 Várias leis

O Pentateuco não é constituído apenas por uma única lei ou um único concerto, mas

é composto por várias leis e vários concertos. Por exemplo, esses cinco livros fazem

explicita distinção entre as diversas espécies de leis cerimoniais. Observe como o próprio

Pentateuco nomeia algumas dessas leis:

“Lei do holocausto” (Levítico 6:9); “lei da oferta de manjares” (Levítico 6:14); “lei

da expiação do pecado” (Levítico 6:25); “lei da expiação da culpa” (Levítico 7:1); “lei do

sacrifício pacífico” (Levítico 7:11); “lei dos animais” (Levítico 11:46); “lei da que der à luz”

(Levítico 12:7); “lei do leproso” (Levítico 14:2); “lei de toda a praga da lepra, e da tinha”

(Levítico 14:54); “lei da lepra” (Levítico 14:57); “lei daquele que tem o fluxo” (Levítico

15:32); “lei dos ciúmes” (Números 5:29); “lei do nazireu” (Números 6:13); “Está é a lei,

quando morrer algum homem em alguma tenda” (Números 19:14) etc.

Portanto, quem afirma que o Pentateuco é constituído por apenas uma única lei está

defendendo uma suposição absurda e contrária aos ensinos sagrados.

Nos cinco primeiros livros da Bíblia Sagrada estão registradas várias espécies de leis,

as quais, para efeitos didáticos, são classificadas de acordo com as suas funções específicas.

São elas “lei moral”, “lei cerimonial”, “lei civil”, “lei criminal”, “lei de saúde” e outras.

Devido à grande diversidade de leis e concertos que contém, esses cinco livros

receberam, por partes dos diversos escritores bíblicos, 10 (dez) títulos distintos, a saber: 1)

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

Livro do Concerto; 2) Livro da Lei de Deus; 3) Livro da Lei do Senhor; 4) Lei do

Senhor; 5) Livro da Lei de Moisés; 6) Livro de Moisés; 7) Livro da Lei; 8) Lei de Deus;

9) Lei de Moisés ou simplesmente 10) Lei.

Muitas passagens bíblicas, tanto no Antigo como no Novo Testamento, fazem

explicitas referências a esses títulos sem, contudo, fazer qualquer distinção entre leis civis,

criminais, morais, cerimoniais, saúde, higiene e outras. A tarefa de distinguir e classificar as

várias espécies de leis existentes no Pentateuco em relação à sua função específica cabe ao

hermeneuta sacro (intérprete dos textos sagrados).

12.3 Vários títulos

Um simples levantamento estatístico permite verificar que, em toda a Bíblia Sagrada,

os diversos títulos recebidos pelo Pentateuco são citados várias vezes: 1) o título “livro do

concerto” aparece quatro vezes; 2) o título “livro da lei de Deus” aparece três vezes; 3) o

título “livro da lei do Senhor” aparece três vezes; 4) o título “lei do Senhor” aparece quinze

vezes; 5) o título “livro da lei de Moisés” aparece quatro vezes; 6) o título “livro de Moisés”

aparece quatro vezes; 7) o título “livro da lei” aparece sete vezes; 8) o título “lei de Deus”

aparece duas vezes; 9) o título “lei de Moisés” aparece dezoito vezes; 10) e o título “Lei”

aparece dezenas de vezes.

Por que o Pentateuco é chamado de “Lei”? Simplesmente porque esses cinco

primeiros livros das Escrituras Sagradas são constituídos por uma enorme coleção de 613

diferentes espécies de leis, que regem todos os aspectos da vida do povo de Deus.

Observa-se que os títulos “Livro da Lei de Deus” e “Livro da Lei de Moisés” eram

básicos e completos para designar o Pentateuco. Excetuando o título “Livro do Concerto”,

os demais são simplificações daqueles dois títulos. Observe, como as diferentes correntes de

títulos foram simplificadas com o passar do tempo:

a) Livro do Concerto → Lei

b) Livro da Lei de Deus → Livro da Lei → Lei de Deus → Lei.

c) Livro da Lei do Senhor → Lei do Senhor → Lei

d) Livro da Lei de Moisés → Livro de Moisés → Lei de Moisés → Lei.

Apesar dessa enorme variedade de títulos, aquele que foi consagrado pelo uso entre

os escritores bíblicos para nomear o conjunto dos livros escritos por Moisés, foi o singelo

título “Lei”, cujo número de citações registradas no Antigo e no Novo Testamento

ultrapassam dezenas de vezes. Como foi dito, esse título é uma simplificação dos títulos

originais: “Livro da Lei de Deus”, “Livro da Lei do Senhor” e “Livro da Lei de Moisés”.

12.4 Os escritores bíblicos e os vários títulos do Pentateuco

Moisés foi o escritor bíblico que empregou pela primeira vez o título “Livro do

Concerto” para designar os primeiros livros sagrados. Mas esse título não teve aceitação

universal, caindo no esquecimento de todos os demais escritores bíblicos.

Josué foi o escritor que fez uso de três títulos: 1) “lei de Moisés” (Josué 8:32); 2)

“livro da lei de Deus” (Josué 24:26); 3) “livro da lei de Moisés” (Josué 8:31; Josué 23:6). Na

verdade, foi Josué quem criou esses três títulos para nomear os livros que Moisés escreveu

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

sob inspiração divina. Por essa razão, ora esses livros são chamados de “livro da lei de

Deus”, ora de “livro da lei de Moisés”.

Dos dez títulos empregados para designar o Pentateuco, Neemias foi o único escritor

bíblico a mencionar sozinho 50% (cinqüenta por cento) de todos os títulos atribuídos ao

Pentateuco. Observe: 1) “livro da lei de Deus” (Neemias 8:8; Neemias 8:18); 2) “lei de

Deus” (Neemias 10:28; Neemias 10:29); 3) “livro da lei do Senhor” (Neemias 9:3); 4) “livro

da lei” (Neemias 8:3) e 5) “livro da lei de Moisés” (Neemias 8:1).

Neemias, co-autor do livro de Crônicas, foi o único autor que definiu o Pentateuco

com o título de “Livro da Lei do Senhor” (II Crônicas 17:9; II Crônicas 34:14; Neemias

9:3), numa clara referência ao título “Livro da Lei de Deus”. Tal título é repetido três vezes

na Bíblia Sagrada pelo mesmo escritor, mas esse título jamais foi empregado por qualquer

outro escritor bíblico.

Neemias foi o escritor bíblico que concebeu o título “Lei de Deus” como uma

simplificação para o título “Livro da Lei de Deus”, que havia sido criado por Josué, para

referir-se ao Pentateuco. No entanto, Neemias foi o único a usar tal título e mesmo assim o

fez com grandes reservas, citando-o somente por duas vezes numa mesma e única ocasião

(Neemias 10:28-29). Depois disso, nunca mais fez qualquer referência ao título “Lei de

Deus”.

Diante do exposto, fica claro que Neemias nunca teve a intenção mudar o titulo da

obra de Moisés para o título “Lei de Deus”. Ele desejava tão-somente fazer uma rápida

referência a tal obra literária. Além do mais, o título “Lei de Deus” nunca foi adotado por

qualquer outro escritor bíblico.

Portanto, comete um crasso engano quem afirma que o Pentateuco é conhecido como

“Lei de Deus”. Na verdade, pelo número de citações que a Bíblia Sagrada faz do Pentateuco,

ele é mais conhecido por “Lei de Moisés” ou simplesmente pela designação de “Lei”.

12.5 Os diferentes títulos do Pentateuco

A seguir, observe algumas passagens bíblicas que fazem referências aos dez títulos

que diversos escritores bíblicos empregaram para designar os cinco primeiros livros das

Escrituras Sagradas, os quais são, também, conhecidos no mundo cristão pelo título de

Pentateuco:

I - LIVRO DO CONCERTO

Êxodo 24:7 – “E tomou o livro do concerto, e o leu aos ouvidos do povo, e eles disseram:

Tudo o que o Senhor tem falado faremos, e obedeceremos”.

II Reis 23:21 – “E o rei deu ordem a todo o povo, dizendo: Celebrai a páscoa ao Senhor

vosso Deus, como está escrito no livro do concerto”.

II - LIVRO DA LEI DE DEUS

Josué 24:26 – “E Josué escreveu estas palavras no livro da lei de Deus: e tomou uma

grande pedra, e a erigiu ali debaixo do carvalho que estava junto ao santuário do Senhor”.

LEANDRO BERTOLDO

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Neemias 8:8 e 18 – “E leram no livro, na lei de Deus: e declarando, e explicando o sentido,

faziam que, lendo, se entendesse. E de dia em dia ele lia o livro da lei de Deus, desde o

primeiro dia até ao derradeiro; e celebraram a Solenidade da festa sete dias, e no oitavo

dia, a festa do encerramento, segundo o rito”.

III - LIVRO DA LEI

II Crônicas 34:15 – “E Hilquias respondeu, e disse a Safã, o escrivão: Achei o livro da lei

na casa do Senhor. E Hilquias deu o livro a Safã”.

Neemias 8:3 – “E leu nela diante da praça, que está diante da porta das águas, desde a

alva até ao meio-dia, perante homens e mulheres, e entendidos: e os ouvidos de todo o povo

estavam atentos ao livro da lei”.

IV - LEI DE DEUS

Neemias 10:28 – “E o resto do povo, os sacerdotes, os levitas, os porteiros, os cantores, os

netineus e todos os que se tinham separado dos povos das terras para a lei de Deus, suas

mulheres, seus filhos, e suas filhas; todos os sábios e entendidos”.

Neemias 10:29 – “Firmemente aderiram a seus irmãos os mais nobres de entre eles, e

convieram num anátema e num juramento, de que andariam na lei de Deus, que foi dada

pelo ministério de Moisés, servo de Deus; e de que guardariam e cumpririam todos os

mandamentos do Senhor, nosso Senhor, e os seus juízos e os seus estatutos”.

V - LIVRO DA LEI DO SENHOR

II Crônicas 34:14 – “E, tirando eles o dinheiro que se tinha trazido à casa do Senhor,

Hilquias, o sacerdote, achou o livro da lei do Senhor, dada pela mão de Moisés”.

Neemias 9:3 – “E, levantando-se no seu posto, leram no livro da lei do Senhor seu Deus

uma quarta parte do dia; e na outra quarta parte fizeram confissão; e adoraram ao Senhor

seu Deus”.

VI - LEI DO SENHOR

II Crônicas 31:3 – “Também estabeleceu a parte da fazenda do rei para os holocaustos,

para os holocaustos da manhã e da tarde, e para os holocaustos dos sábados, e das luas

novas, e das solenidades; como está escrito na lei do Senhor”.

Esdras 7:10 – “Porque Esdras tinha preparado o seu coração para buscar a lei do Senhor

e para a cumprir e para ensinar em Israel os seus estatutos e os seus direitos”.

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VII - LIVRO DA LEI DE MOISÉS

Josué 23:6 – “Esforçai-vos pois muito para guardardes e para fazerdes tudo quanto está

escrito no livro da lei de Moisés: para que dele não vos aparteis, nem para a direita nem

para a esquerda”.

Neemias 8:1 – “E chegado o sétimo mês, e Estando os filhos de Israel nas suas cidades,

todo o povo se ajuntou como um só homem, na praça, diante da porta das águas; e disseram

a Esdras, o escriba, que trouxesse o livro da lei de Moisés, que o Senhor tinha ordenado a

Israel”.

V III - LIVRO DE MOISÉS

II Crônicas 25:4 – “Porém não matou a seus filhos, mas fez como na lei está escrito, no

livro de Moisés, como o Senhor ordenou, dizendo: Não morrerão os pais pelos filhos, nem

filhos morrerão pelos pais; mas cada um morrerá pelo seu pecado”.

Esdras 6:18 – “E puseram os sacerdotes nas suas turmas e os levitas nas suas divisões,

para o ministério de Deus, que está em Jerusalém; conforme ao escrito do livro de Moisés”.

IX - LEI DE MOISÉS

II Reis 23:25 – “E antes dele não houve rei semelhante, que se convertesse ao Senhor com

todo o seu coração, e com toda a sua Alma, e com todas as suas forças, conforme toda a lei

de Moisés: e depois dele nunca se levantou outro tal”.

Malaquias 4:4 – “Lembrai-vos da lei de Moisés, meu servo, a qual lhe mandei em Horebe

para todo o Israel, e que são os estatutos e juízos”.

X - LEI

Neemias 8:2 – “E Esdras, o sacerdote, trouxe a lei perante a congregação, assim de

homens como de mulheres, e de todos os entendidos para ouvirem, no primeiro dia do

sétimo mês”.

Neemias 8:14 – “E acharam escrito na lei que o Senhor ordenara, pelo ministério de

Moisés, que os filhos de Israel habitassem em cabanas, na solenidade da festa, no sétimo

mês”.

12.6 O decálogo e a lei de Deus

Como foi dito, Neemias foi o escritor bíblico que criou o título “Lei de Deus” para

fazer referência ao Pentateuco, mas também foi o único escritor a fazer uso de tal título e

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O Sábado à Luz da Bíblia

mesmo assim com certa restrição, haja vista que o empregou somente por duas vezes numa

única ocasião (Neemias 10:28-29). Nenhum outro escritor sacro fez uso de tal termo. Essa

circunstância mostra que nunca foi a intenção de Neemias nomear os livros escritos por

Moisés com o título de “Lei de Deus”.

Apesar de Neemias ter feito referência ao “Livro de Moisés” chamando-o de “Lei de

Deus”, a verdade é que esse título nunca “pegou” ou serviu para intitular o Pentateuco em

qualquer outra ocasião.

É interessante observar que, no Novo Testamento, o apóstolo Paulo também emprega

o termo “Lei de Deus”, mas não para se referir ao Pentateuco. O doutor dos gentios faz uso

da expressão “Lei de Deus” para designar especificamente os dez mandamentos. Observe o

que Paulo diz a respeito do assunto:

Romanos 7:22 – “Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus”.

Romanos 7:25 – “Dou graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor. Assim que eu mesmo

com o entendimento sirvo à lei de Deus, mas com a carne à lei do pecado”.

Romanos 8:7 – “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é

sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser”.

Mas, a que “lei de Deus” o apóstolo Paulo estava fazendo referência? É claro que ele

estava se referindo ao decálogo e não ao “Livro da lei”. Note o que o apóstolo diz:

Romanos 7:7 – “Que diremos pois? É a lei pecado? De modo nenhum. Mas eu não conheci

o pecado senão pela lei; porque eu não conheceria a concupiscência, se a lei não dissesse:

Não cobiçarás”.

Portanto, é bíblico, lícito, justo, honesto e correto designar os preceitos do decálogo –

os dez mandamentos – pelo título “Lei de Deus”. Tal fato decorre de que, no Novo

Testamento, o apóstolo Paulo se referiu aos dez mandamentos como sendo “Lei de Deus”.

Ora, se o doutor dos gentios, estando divinamente inspirado pelo Espírito Santo,

chamou os dez mandamentos de “Lei de Deus”, então quem é o homem para desautorizar o

santo apóstolo?

12.7 O decálogo e os mandamentos de Deus

O decálogo também é chamado pelo apóstolo João de “mandamentos de Deus”. Isso

porque a “lei de Deus” é constituída por dez mandamentos. Portanto, nada mais correto e

bíblico do que a denominação “mandamentos de Deus”. Observe o que diz a Bíblia:

Apocalipse 11:19 – “E abriu-se no céu o templo de Deus, e a arca do seu concerto foi vista

no seu templo: e houve relâmpagos, e vozes, e trovões, e terremotos e grande saraiva”.

Apocalipse 12:17 – “E o dragão irou-se contra a mulher, e foi fazer guerra ao resto da sua

semente, os que guardam os mandamentos de Deus, e têm o testemunho de Jesus Cristo”.

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

Apocalipse 14:12 – “Aqui está a paciência dos santos: aqui estão os que guardam os

mandamentos de Deus e a fé de Jesus”.

Sabemos que o termo “mandamentos de Deus” empregado por João aplica-se

especificamente ao decálogo porque o apóstolo está contextualizando esse termo com a

descrição que acabara de fazer sobre a arca da aliança, onde se encontrava guardada as duas

tábuas de pedra contendo os dez mandamentos (Deuteronômio 10:5; II Crônicas 5:10;

Hebreus 9:4).

12.8 Considerações finais

Além das expressões “lei de Deus” e “mandamentos de Deus” empregadas,

respectivamente, empregadas por Paulo e João para referir-se ao decálogo, ainda existem

dezenas de versículos bíblicos esparsos no “Novo Testamento” fazendo referência aos dez

mandamentos. Tal fato demonstra claramente que todos os cristãos estão sob a obrigação de

guardar os dez mandamentos, conforme constam do decálogo.

Jesus, os discípulos e o apóstolo Paulo observaram os dez mandamentos por preceito

e exemplo. Todos eles orientaram os cristãos a seguir o seu exemplo. Portanto, devemos

guardar os dez mandamentos, conforme constam do decálogo, inclusive observando a

santificação do sábado do Senhor.

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

13 A LEI E O SÁBADO

“Precisamos tomar a firme posição de que não reverenciaremos o primeiro dia da semana como o sábado, pois

ele não é o dia que foi abençoado e santificado por Jeová”.

Ellen Gould White (III ME, 388)

13.1 Introdução

Está registrado no Antigo Testamento que, no princípio do mundo, Deus abençoou e

santificou o sétimo dia da semana (Gênesis 2:2-3). A Palavra “santificar” significa separar

para propósito sagrado. Portanto, ao santificar o sétimo dia, já na primeira semana da

criação, Deus o consagrou, para ser observado por toda a humanidade como um dia sagrado

de repouso.

“Antes da queda, nossos primeiros pais tinham guardado o sábado, que fora

instituído no Éden; e depois de sua expulsão do Paraíso continuaram sua observância.

Haviam provado os amargos frutos da desobediência, e aprenderam o que todos os que

pisam os mandamentos de Deus mais cedo ou mais tarde aprenderão: que os preceitos

divinos são sagrados e imutáveis e que a pena da transgressão certamente será infligida”

(PP, 80).

A santidade do sábado é inerente à sua própria natureza e existência. Ele foi criado

pelo Senhor com esse propósito. Ninguém, a não ser o Senhor nosso Deus, tem direito de

propriedade sobre o sábado. Ninguém pode consagrar o sábado ao Senhor porque o sábado

não pertence ao homem. Foi Deus quem revestiu o sábado de santidade e isto se tornou parte

intrínseca de sua natureza sagrada. Sua observância é uma prova de lealdade ao Senhor, pois

o Senhor colocou o sábado à nossa disposição, apesar desse dia não ser de nossa

propriedade.

O sábado deveria ser observado por todos os seres humanos de todas as épocas pelas

seguintes razões: 1) o sétimo dia da semana foi separado por Deus na primeira semana da

criação para ser observado com um propósito sagrado; 2) o sétimo dia da semana foi

consagrado antes mesmo da entrada do pecado no mundo; 3) o sétimo dia da semana foi

santificado pelo criador quando toda a humanidade estava representada por Adão e Eva; 4) o

sábado possui uma origem divina e bíblica, coisa que não acontece com o domingo.

Portanto, o sábado é universal e os cristãos de hoje em dia também devem descansar e

cultuar no dia do sábado, conforme determina o mandamento de Deus.

Em Êxodo 20:3-17, Deus ordenou ao Seu povo santo que guardassem os dez

mandamentos, que incluía a observância do dia do sábado (Êxodo 20:8-11), o qual o Senhor

havia santificado na criação do mundo (Gênesis 2:2-3). No Novo Testamento, podemos

notar que as leis do sacerdócio levítico, também conhecidas como leis cerimoniais,

vigoraram somente até a morte de Cristo (Daniel 9:27; Mateus 26:28; 27:51; Colossenses

2:16-17), enquanto que a lei moral – representada pelos dez mandamentos – continua em

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

pleno vigor para todos os cristãos de todas as épocas, conforme foram ministradas por Jesus

e pelos apóstolos por preceito e exemplo.

“Deus exige que Seu santo dia seja observado hoje de maneira tão sagrada como no

tempo de Israel. A ordem dada aos hebreus deve ser considerada por todos os cristãos como

um mandado de Jeová”. (PP, 296).

13.2 Santificação do sábado

O livro de Gênesis registra explicitamente que Deus descansou, abençoou e

santificou o sétimo dia da semana. Esses três atos de Deus vieram a distinguir claramente o

sétimo dia de todos os demais dias da semana.

Ao santificar o sétimo dia semana (Gênesis 2:1-3), Deus expressamente o separou

dos outros dias para ser empregado em atividades sagradas. Tal conclusão advém do fato de

que a palavra “santo” na língua hebraica é “qadosh” e em grego é “hagio” que significam

ser “separado”.

Diante do exposto fica claro que o sétimo dia da semana não foi separado para ser

empregado em atividades corriqueiras e seculares, como ocorre com os demais dias da

semana. Mas foi separado pelo Senhor, dos demais dias da semana, para ser observado com

exclusividade em propósitos sagrados.

Daí conclui-se que os homens deveriam guardar o sábado desde o princípio da

criação do mundo, posto que não teria sentido Deus tornar santo o sétimo dia da semana sem

haver ninguém para observá-lo.

De fato, posteriormente, lemos nas Escrituras Sagradas sobre homens guardando o

sábado (Êxodo 16), depois que Moisés tinha guiado os israelitas para fora do Egito. O que é

significativo saber é que a observância do sábado pelos israelitas, ocorreu bem antes do

Sinai, ou seja, ocorreu antes do Senhor declarar e posteriormente escrever os dez

mandamentos em duas tábuas de pedra.

Diante da “santificação” do sétimo dia da semana na criação do mundo, fica

evidenciado o mandamento divino para todos os homens guardarem o sábado. Este

mandamento divino vem desde a fundação do mundo e está implícito na palavra “santificar”.

Realmente, a Bíblia Sagrada ordena explicitamente, não somente aos judeus, mas

também a todos os gentios convertidos à Palavra de Deus a guardarem o dia do sábado

(Êxodo 20:8-11; Isaías 56:6-7).

13.3 Razões bíblicas para observar o sábado

“Fui instruída a dizer: Reuni das Escrituras as provas de que Deus santificou o

sétimo dia, e leiam-se essas provas perante a congregação. Mostre-se aos que não têm

ouvido a verdade, que todos quantos se desviam de um claro ‘Assim diz o Senhor’, têm de

sofrer os resultados de seu procedimento”. (OE, 148-149).

1º. Deus tornou santo o sétimo dia já na primeira semana da criação, antes mesmo da

entrada do pecado no mundo, e muito antes da existência de qualquer judeu sobre a

face da Terra. Portanto, o sábado é universal e deve ser observado por todos os filhos

de Deus, em todas as épocas.

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

Gênesis 2:1-3 – “Assim os céus, e a terra e todo o seu exército foram acabados. E havendo

Deus acabado no dia sétimo a sua obra, que tinha feito, descansou no sétimo dia de toda a

sua obra, que tinha feito. E abençoou Deus o dia sétimo, e o santificou; porque nele

descansou de toda a sua obra, que Deus criara e fizera”.

2º. No decálogo o Senhor tornou a repetir a consagração do sétimo dia da semana como

um memorial da criação do mundo, indicando que o sétimo dia da semana é o sábado e

que deve ser observado por Seu povo santo. Portanto, o sábado não é um dia em sete,

mas é o sétimo dia da semana.

Êxodo 20:8-11 – “Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e

farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus: não farás nenhuma

obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu

animal nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez o

Senhor os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou: portanto

abençoou o Senhor o dia do sábado, e o santificou”.

3º. Deus estabeleceu o sétimo dia da semana em benefício do homem, como um dia de

descanso do trabalho secular, que deveria ser observado por todos os Seus filhos. Jesus

falou a mesma coisa quando disse: “O sábado foi feito por causa do homem, e não o

homem por causa do sábado” (Marcos 2:27).

Êxodo 23:12 – “Seis dias farás os teus negócios, mas ao sétimo dia descansarás: para que

descanse o teu boi, e o teu jumento; e para que tome alento o filho da tua escrava, e o

estrangeiro”.

4º. Deus estabeleceu o sábado no sétimo dia da semana como um dia de santa

convocação (culto religioso). Portanto, o sábado é o dia de cultuar a divindade e cessar

o trabalho secular.

Levítico 23:3 – “Seis dias obra se fará, mas ao sétimo dia será o sábado do descanso, santa

convocação; nenhuma obra fareis; sábado do Senhor é em todas as vossas habitações”.

5º. O decálogo é tão importante que Deus fez questão de escrevê-lo pessoalmente com o

Seu próprio dedo em duas tábuas de pedra. Posteriormente, Moisés, estando

divinamente inspirando, transcreveu o conteúdo do decálogo para o Livro da Lei.

Êxodo 31:18 – “E deu a Moisés (quando acabou de falar com ele no monte de Sinai) as

duas tábuas do testemunho, tábuas de pedra, escritas pelo dedo de Deus”.

6º. Tanto as duas tábuas de pedra, como o conteúdo dos mandamentos escrito nelas

não eram obras de Moisés, mas eram obras personalíssimas de Deus.

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

Êxodo 32:16 – “E aquelas tábuas eram obra de Deus; também a escritura era a mesma

escritura de Deus, esculpida nas tábuas”.

7º. O decálogo é tão importante que o Senhor não confiou a sua elaboração a Moisés.

Mas fez questão de escrever com o seu próprio dedo os “dez mandamentos” em duas

tábuas de pedra. Tal circunstância fez com que o decálogo se distinguisse de todas as

demais leis.

Deuteronômio 4:13 – “Então vos anunciou ele o seu concerto que vos prescreveu, os dez

mandamentos, e os escreveu em duas tábuas de pedra”.

8º. Deus estabeleceu explicitamente que deveria haver entre o Seu povo um mesmo

estatuto, uma mesma lei e um mesmo direito, tanto para os israelitas como para os

gentios. Destarte, os gentios convertidos tinham a mesma obrigação e direito que os

filhos de Israel. Portanto, os gentios não estavam excluídos de guardar a lei.

Números 15:15-16 – “Um mesmo estatuto haja para vós, ó congregação, e para o

estrangeiro que entre vós peregrina, por estatuto perpétuo nas vossas gerações; como vós,

assim será o peregrino perante o Senhor. Uma mesma lei e um mesmo direito haverá para

vós e para o estrangeiro que peregrina convosco”.

9º. Tanto os filhos de Israel como todos os gentios que vivessem no território israelita

eram convocadas para entrarem no concerto do Senhor. Logo, os gentios não estavam

excluídos do concerto de Deus para com o Seu povo.

Deuteronômio 29:10-12 – “Vós todos estais hoje perante o Senhor vosso Deus: os cabeças

de vossas tribos, vossos anciãos, e os vossos oficiais, todo o homem de Israel. Os vossos

meninos, as vossas mulheres, e o estrangeiro que está no meio do teu arraial; desde o

rachador da tua lenha até ao tirador da tua água. Para que entres no concerto do Senhor

teu Deus, e no seu juramento que o Senhor teu Deus hoje faz contigo”.

10. Os filhos de Israel e todos os gentios eram, regularmente, convocados para ouvir,

aprender e praticar todas as palavras do Livro da Lei. Portanto, os gentios nunca

foram excluídos de observar a Lei de Deus.

Deuteronômio 31:12 – “Ajunta o povo, homens, e mulheres, e meninos e os teus

estrangeiros que estão dentro das tuas portas, para que ouçam, e aprendam e temam ao

Senhor vosso Deus, e tenham cuidado de fazer todas as palavras desta lei”.

11º. O concerto que Deus fez com o Seu povo não se limitava somente aos que ouviram

e aceitaram o concerto no dia em que foi pronunciado. Mas também abrangia todas as

gerações futuras do povo de Deus, tanto de gentios como dos filhos de Israel.

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

Deuteronômio 29:14-15 – “E não somente convosco faço este concerto e este juramento.

Mas com aquele que hoje está aqui em pé conosco perante o Senhor nosso Deus, e com

aquele que hoje não está aqui conosco”.

12º. Os gentios convertidos, além de guardarem o sábado, também abraçavam o

concerto do Senhor. Antes da cruz o concerto estava fundamentado na expiação de

pecados pelo sangue de animais. Após a cruz o concerto está fundamentado na

expiação de pecados pelo sangue de Cristo.

Isaías 56:6-7 – “E aos filhos dos estrangeiros, que se chegarem ao Senhor, para o

servirem, e para amarem o nome do Senhor, sendo deste modo servos seus, todos os que

guardarem o sábado, não o profanando, e os que abraçarem o meu concerto. Também os

levarei ao meu santo monte, e os festejarei na minha casa de oração; os seus holocaustos e

os seus sacrifícios serão aceitos no meu altar, porque a minha casa será chamada casa de

oração para todos os povos”.

13º. Na Nova Terra, o sábado será lembrado por todos os salvos como referência de

adoração a Deus, de uma semana a outra.

Isaías 66:22-23 – “Porque, como os céus novos, e a terra nova, que hei de fazer, estarão

diante da minha face, diz o Senhor, assim há de estar a vossa posteridade e o vosso nome. E

será que desde uma lua nova até à outra, e desde um sábado até ao outro, virá toda a carne

a adorar perante mim, diz o Senhor”.

14º. No Novo Testamento, Jesus citou dois mandamentos do decálogo para mostrar que

a lei de Deus é espiritual e que continua em vigor. Longe de anular a lei de Deus, Cristo

ampliou-lhes o sentido, ensinando que a lei atinge até mesmo as intenções do coração e

não apenas o comportamento exterior do ser humano.

Mateus 5:27-28 – “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. Eu porém,

vos digo que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu

adultério com ela”.

15º. Jesus afirmou ao jovem rico que para conseguir entrar na vida eterna ele deveria

guardar os mandamentos. E para mostrar a quais mandamentos estava se referindo,

Jesus citou vários preceitos do decálogo. Portanto, Jesus ensinou a guardar a lei de

Deus, mostrando que ela continua em vigor.

Mateus 19:16-19 – “E eis que, aproximando-se dele um jovem, disse-lhe: Bom Mestre, que

bem farei para conseguir a vida eterna? E ele disse-lhe: Por que me chamas bom? Não há

bom senão um só, que é Deus. Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos.

Disse-lhe ele: Quais? E Jesus disse: Não matarás, não cometerás adultério, não furtarás,

não dirás falso testemunho. Honra teu pai e tua mãe, e amarás o teu próximo como a ti

mesmo”.

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

16º. Sabendo que os cristãos estariam cultuando no sábado muitas décadas depois de

Sua ressurreição, Jesus orientou-os a orarem para que, na destruição de Jerusalém,

sua fuga não ocorresse no inverno ou no sábado. Caso a fuga ocorresse no inverno

muitos morreriam pelo rigor do frio. Caso ocorresse no sábado, muitos pereceriam

porque, estando adorando no sábado em Jerusalém, não teriam por onde fugir e

seriam massacrados pelo exército invasor.

Mateus 24:20 – “E orai para que a vossa fuga não aconteça no inverno nem no sábado”.

17º. Jesus Cristo, longe de ensinar ou insinuar a abolição do sábado, tinha o “costume”

arraigado de cultuar aos sábados, conforme determina o mandamento do decálogo.

Lucas 4:16 – “E, chegando a Nazaré, onde fora criado, entrou num dia de sábado, segundo

o seu costume, na sinagoga, e levantou-se para ler”.

18º. O Antigo Concerto de expiação de pecados pelo holocausto de animais cessou com

a morte de Jesus. Mas, o decálogo continuou vigorando. Tanto é verdade, que os

discípulos de Jesus continuaram observando o sábado, conforme determina o quarto

mandamento do decálogo.

Lucas 23:55-56 – “E as mulheres, que tinham vindo com ele da Galiléia, seguiram também

e viram o sepulcro, e como foi posto o seu corpo. E, voltando elas, prepararam especiarias

e ungüentos, e no sábado repousaram, conforme o mandamento”.

19º. Paulo reunia-se com os gentios aos sábados para ensinar a Palavra de Deus, mas

nada ensinou sobre a guarda do domingo.

Atos 13:42 e 44 – “E, saídos os judeus da sinagoga, os gentios rogaram que no sábado

seguinte lhes fossem ditas as mesmas coisas. E no sábado seguinte ajuntou-se quase toda a

cidade a ouvir a palavra de Deus”.

20º. Mesmo em locais onde não havia sinagoga ou judeus, Paulo reunia-se com sua

comitiva evangelística para cultuar no sábado, conforme determina o quarto

mandamento do decálogo.

Atos 16:12-13 – “E dali para Filipos, que é a primeira cidade desta parte da Macedônia, e

é uma colônia; e estivemos alguns dias nesta cidade. E no dia de sábado saímos fora das

portas, para a beira do rio, onde julgávamos ter lugar para oração; e, assentando-nos,

falamos às mulheres que ali se ajuntaram”.

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

21º. A lei de Deus não foi dada ao homem como método de salvação. Ela não tem

poder, virtude ou mérito para salvar uma única pessoa. Todos são justificados

unicamente pela fé em Jesus Cristo.

Gálatas 2:16 – “Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em

Jesus Cristo, temos também crido em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé de

Cristo, e não pelas obras da lei; porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será

justificada”.

22º. Conquanto a lei de Deus não tenha sido dada como “método” de salvação, a sua

função consiste em trazer à consciência do homem o conhecimento do pecado.

Romanos 3:20 – “Por Isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei,

porque pela lei vem o conhecimento do pecado”.

23º. Os preceitos da lei de Deus não são anulados pela fé. O que é anulado pela fé do

cristão é o seu pecado. Antes de sua conversão o homem vive transgredindo a lei de

Deus, mas quando ele se converte, mais do que nunca estabelece a lei de Deus em sua

vida.

Romanos 3:31 – “Anulamos, pois, a lei pela fé? De maneira nenhuma, antes estabelecemos

a lei”.

24º. Todo aquele que nasceu de novo recebe de Deus um novo coração e um novo

espírito e, em novidade de vida, passa a guardar e a andar em conformidade com os

estatutos divinos.

Ezequiel 36:26-27 – “E vos darei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo;

e tirarei o coração de pedra da vossa carne, e vos darei um coração de carne. E porei

dentro de vós o meu espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis os meus

juízos, e os observeis”.

25º. Os que conhecem a lei e não a praticam, não são tidos como justos diante de Deus.

Todavia, aqueles que praticam a lei de Deus serão justificados, mas justificados pela fé

em Cristo Jesus.

Romanos 2:13 – “Porque os que ouvem a lei não são justos diante de Deus: mas os que

praticam a lei hão de ser justificados”.

26º. A lei condena todo e qualquer transgressor à morte eterna porque o salário do

pecado é a morte. Se não houvesse lei, também não haveria nenhuma regra para ser

transgredida.

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

Romanos 4:15 – “Porque a lei opera a ira. Porque onde não há lei também não há

transgressão”.

27º. O pecado não pode ser imputado a ninguém, se não houver lei que o defina.

Todavia, a existência do pecado atesta claramente a existência e o pleno vigor da lei de

Deus.

Romanos 5:13 – “Porque até à lei estava o pecado no mundo, mas o pecado não é

imputado, não havendo lei”.

28º. O salário do pecado é a morte do pecador. Mas é somente através da lei de Deus

que o pecado pode ser imputado ao transgressor.

Romanos 6:23 – “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a

vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor”.

29º. O conhecimento do pecado vem pela lei. Ninguém poderia saber que

“concupiscência” é pecado se no decálogo não estivesse escrito o décimo mandamento:

“não cobiçarás”. Como cobiçar é pecado, então se infere que a lei de Deus está em

vigor. Para mostrar a que lei estava se referindo, Paulo fez questão de citar um dos

mandamentos do decálogo.

Romanos 7:7 – “Que diremos pois? É a lei pecado? De modo nenhum: mas eu não conheci

o pecado senão pela lei; porque eu não conheceria a concupiscência, se a lei não dissesse:

Não cobiçarás”.

30º. Aqueles que não nasceram de novo, jamais se sujeitarão às determinações contidas

na lei de Deus. Isso porque ainda estão vivendo na carne. Portanto, eles não podem

agradar a Deus.

Romanos 8:7-8 – “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é

sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser. Portanto, os que estão na carne não

podem agradar a Deus”.

31º. Aqueles que não nascerem de novo, além de não se sujeitarem às normas contidas

na lei de Deus, também não poderão ver o reino de Deus.

João 3:3 – “Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que

não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus”.

32º. Sob o Novo Concerto, todos que nascerem de novo terão a lei de Deus em seu

coração e escrita no seu entendimento.

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

Hebreus 10:16 – “Este é o concerto que farei com eles depois daqueles dias, diz o Senhor:

Porei as minhas leis em seus corações, e as escreverei em seus entendimentos; acrescenta”.

33º. A lei de Deus é constituída por dez mandamentos. A transgressão de qualquer um

dos mandamentos do decálogo – inclusive do sábado – implica na transgressão da lei.

Para mostrar a que lei estava se referindo Tiago citou dois mandamentos do decálogo.

Tiago 2:10-11 – “Porque qualquer que guardar toda a lei, e tropeçar em um só ponto,

tornou-se culpado de todos. Porque aquele que disse: Não cometerás adultério, também

disse: Não matarás. Se tu pois não cometeres adultério, mas matares, Estas feito

transgressor da lei”.

34º. O Novo Testamento define o pecado como sendo a transgressão da lei. Admitindo

a absurda suposição de que a lei foi abolida, então a que lei o evangelista estaria se

referindo?

I João 3:4 – “Todo aquele que pratica o pecado, também transgride a lei. Porque o pecado

é a transgressão da lei”.

35º. Por ter nascido de novo, o cristão não vive mais para satisfazer os desejos da

carne. Razão pela qual ele tem poder para guardar todos os dez mandamentos do

decálogo, inclusive o sábado.

Filipenses 4:13 – “Posso todas as coisas naquele que me fortalece”.

36º. Separados de Cristo nenhum ser humano tem poder para vencer o pecado e

guardar a lei de Deus, pois vivem para satisfazer os desejos da carne.

João 15:5 – “Eu sou a videira, vós as varas: quem está em mim, e eu nele, esse dá muito

fruto; porque sem mim nada podeis fazer”.

37º. Paulo orientou os cristãos receber ensino do Antigo Testamento, onde se encontra

o mandamento para santificar o sábado.

Romanos 15:4 – “Porque tudo que dantes foi escrito para nosso ensino foi escrito, para

que pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos esperança”.

38º. Os dois grandes mandamentos que Jesus extraiu do Antigo Testamento são

princípios básicos da lei de Deus. Por serem subjetivos estão consubstanciados nos

preceitos do decálogo, que nada mais são do que extensão dos dois grandes

mandamentos: Amor a Deus e amor ao próximo.

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

Mateus 22:35-37 – “E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e

de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E

o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo”.

39º. Biblicamente falando, o “sábado” é conhecido desde os tempos mais antigos como

sendo o “dia do Senhor”. Nenhuma referência a esse respeito é feita do domingo.

Isaías 58:13 – “Se desviares o teu pé do sábado, de fazer a tua vontade no meu santo dia, e

se chamares ao sábado deleitoso, e santo dia do Senhor digno de honra, e o honrares não

seguindo os teus caminhos, nem pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falar as tuas

próprias palavras”.

40º. O sábado é o “dia do Senhor” porque Moisés, divinamente inspirando, chamou o

dia do sábado de “santo sábado do Senhor”.

Êxodo 16:23 – “E ele disse-lhes: Isto é o que o Senhor tem dito: Amanhã é repouso, o santo

sábado do Senhor: o que quiserdes cozer no forno, cozei-o, e o que quiserdes cozer em

água, cozei-o em água; e tudo o que sobejar, ponde em guarda para vós até amanhã”.

41º. O sábado também é conhecido como “dia do Senhor” porque em várias ocasiões

Moisés definiu o sétimo dia da semana de “sábado do Senhor”.

Êxodo 16:25 – “Então disse Moisés: Comei-o hoje, porquanto hoje é o sábado do Senhor:

hoje não o achareis no campo”.

Êxodo 20:10 – “Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus: não farás nenhuma obra,

nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal nem

o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas”.

Levítico 23:3 – “Seis dias obra se fará, mas ao sétimo dia será o sábado do descanso, santa

convocação; nenhuma obra fareis; sábado do Senhor é em todas as vossas habitações”.

Deuteronômio 5:14 – “Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus: não farás

nenhuma obra nele, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva,

nem o teu boi, nem o teu jumento, nem animal algum teu, nem o estrangeiro que está dentro

de tuas portas: para que o teu servo e a tua serva descansem como tu”.

42º. O sábado também é tido como “dia do Senhor” porque Jesus Cristo afirmou que

até do sábado Ele é Senhor. Portanto, o sábado não pertence ao judeu, mas a Jesus

Cristo: o Senhor do sábado. Nada mais claro e lógico!

Mateus 12:8 – “Porque o Filho do homem até do sábado é Senhor”.

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

43º. Considerando somente o que as Escrituras Sagradas ensinam, então temos que

admitir que o “dia do Senhor” mencionado no Novo Testamento é uma clara

referência ao “sábado”. Não existe nenhuma outra referência bíblica indicando outro

dia que não seja o sábado.

Apocalipse 1:10 – “Eu fui arrebatado em espírito no dia do Senhor, e ouvi detrás de mim

uma grande voz, como de trombeta”.

44º. Arrebatado numa de suas visões, o apóstolo João viu a arca do concerto no

Santuário Celestial. Essa arca continha as duas tábuas de pedra, onde estavam escritos

os dez mandamentos.

Apocalipse 11:19 – “E abriu-se no céu o templo de Deus, e a arca do seu concerto foi vista

no seu templo: e houve relâmpagos, e vozes, e trovões, e terremotos e grande saraiva”.

45º. No contexto apresentado no versículo anterior, verificamos que Satanás, nas

pessoas de seus servos, está combatendo aqueles que guardam os dez

mandamentos,conforme constam do decálogo.

Apocalipse 12:17 – “E o dragão irou-se contra a mulher, e foi fazer guerra ao resto da sua

semente, os que guardam os mandamentos de Deus, e têm o testemunho de Jesus Cristo”.

46º. O livro do Apocalipse chama de “santos” todos aqueles que possuem fé de Jesus e

guardam os dez mandamentos, um dos quais é o sábado.

Apocalipse 14:12 – “Aqui está a paciência dos santos: aqui estão os que guardam os

mandamentos de Deus e a fé de Jesus”.

13.4 Considerações finais

O sábado aparece no Novo Testamento como dia de repouso e culto religioso tanto

de judeu como de cristão. Isso porque ambas as religiões estão fundamentadas nas Escrituras

Sagradas (Romanos 15:4), onde existe mandamento de Deus ordenando a santificação do

sábado (Êxodo 20:8-11).

Também é fato insofismável que em nenhum lugar do Novo Testamento a Igreja

cristã aparece observando ou santificando no domingo. Tal fato ocorre porque não existe

mandamento de Deus ordenando a santificação do domingo.

A realidade é que, nem mesmo o nome domingo aparece na Bíblia Sagrada. E nem

poderia aparecer porque a palavra domingo é de origem latina e a Bíblia Sagrada foi escrita

em hebraico, aramaico e grego.

As oito alusões mencionando o “primeiro dia da semana” e que estão registradas no

Novo Testamento fazem referência específica somente a três diferentes “primeiro dia da

semana”: 1º) aos eventos ocorridos na ressurreição do Senhor (Mateus 28:1; Marcos 16:2;

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O Sábado à Luz da Bíblia

16:9; Lucas 24:1; João 20:1; 20:19); 2º) na reunião de Troas (Atos 20:7); e, 3º) nas coletas

para os pobres de Jerusalém (I Coríntios 16:2). É certo que nenhuma dessas alusões ordena a

santificação ou a observância do “primeiro dia da semana”.

O Novo Testamento mostra explicitamente que a Igreja cristã santificava o sábado

(Lucas 23:55-56) e não o domingo. Mesmo em lugares onde não havia templo, os cristãos se

reuniam para adorar e cultuar no sábado (Atos 16:13). Eles assim procediam porque estavam

cumprindo o mandamento bíblico que ordena a santificação do sábado (Êxodo 20:8-11).

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O Sábado à Luz da Bíblia

14 O SÁBADO

NO NOVO TESTAMENTO

“Muitos existem que jamais compreenderam as reivindicações do sábado bíblico e do falso fundamento sobre

o qual repousa a instituição do domingo”.

Ellen Gould White (II TS, 318)

14.1 Introdução

Os cristãos de hoje têm o dever de seguir todos os princípios morais do Antigo e do

Novo Testamento (João 5:39; Atos 17:11; Romanos 15:4; II Timóteo 3:16). É sabido que

ambos Testamentos estabelecem o sétimo dia da semana como um dia consagrado ao

repouso e ao culto divino (Gênesis 2:2-3; Êxodo 20:8-11; Levítico 23:3; Mateus 24:20;

Lucas 4:16), inclusive mostram que o sábado é o “dia do Senhor” (Isaías 58:13; Marcos

2:28; Apocalipse 1:10), sendo que os cristãos, em obediência ao mandamento de Deus,

reuniam-se para adorar aos sábados (Lucas 23:56; Atos 13:42-44; Atos 16:12-13).

“Que diremos pois? É a lei pecado? De modo nenhum: mas eu não conheci o pecado

senão pela lei; porque eu não conheceria a concupiscência, se a lei não dissesse: Não

cobiçarás” (Romanos 7:7). Esta passagem diz claramente que, para o cristão, a lei não é

pecado, porque ele não teria como conhecer o pecado a não ser por intermédio da lei.

Para mostrar a qual lei estava se referindo nesse versículo, Paulo fez questão de citar

o décimo mandamento do decálogo (Êxodo 20:17). Deste modo, o cristão não saberia que a

“cobiça” é pecado se no decálogo não estivesse escrito: “Não cobiçarás”. Portanto, guardar a

lei de Deus não é pecado, porque o cristão não a guarda como método de salvação

(Romanos 3:20), mas sim como método de santificação (João 17:17).

“Alguns procurarão colocar obstáculos no caminho da observância do sábado,

dizendo: ‘Não sabeis que dia é o sábado’, mas parecem saber quando chega o domingo, e

têm manifestado grande zelo em fazer leis impondo sua observância” (EV, 124).

14.2 Cristo guardou o sábado

Jesus tinha por “costume” guardar o sábado (Lucas 4:16). Como criador de todas as

coisas (João 1:3), Jesus colocou-se como Senhor do sábado (Mateus 12:8). Ensinou que é

lícito fazer bem aos sábados (Mateus 12:12). Ordenou a guarda da lei moral (Mateus 19:16-

17).

“Jesus guardou o sábado e ensinou Seus discípulos a guardá-lo. Ele sabia como o dia

de repouso devia ser observado pois Ele mesmo o santificara”. (VJ, 67).

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O Sábado à Luz da Bíblia

Jesus, em nenhum momento, denegriu a imagem do sábado ou de qualquer outro

mandamento do decálogo. Em todas as querelas que teve com os fariseus, Jesus nunca

questionou a identidade ou validade do dia de repouso. Tanto Jesus como os fariseus nunca

discordaram quanto ao fato do sábado ser o sétimo dia da semana. Toda diferença entre

Jesus e os fariseus sobre o sábado residia unicamente na forma ou na maneira como esse

santo dia deveria ser observado pelo homem.

Jesus nunca transgrediu ou denegriu a imagem do sábado. O que Cristo transgrediu

foram as regras e as tradições de origem humana criadas e impostas pela seita dos fariseus.

Tais regras estavam fora das Escrituras Sagradas, e estabeleciam rigorosamente a maneira

pela qual o sábado deveria ser observado pelos judeus. Mas, Jesus nunca concordou com tais

idéias antibíblica, razão pela qual sofreu uma série de perseguições por parte dos judeus. Se

Jesus tivesse transgredido o sábado, então Ele seria um transgressor da lei e, portanto, um

pecador. Mas a Bíblia Sagrada revela que Jesus nunca cometeu qualquer espécie de pecado

(Hebreus 4:15; I João 3:5). Se Jesus tivesse transgredido o sábado, então Ele não teria

cumprido os preceitos da lei.

“Cristo, durante Seu ministério terrestre, deu ênfase aos imperiosos reclamos do

sábado; em todo o Seu ensino Ele mostrou reverência pela instituição que Ele mesmo dera.

Em Seus dias o sábado tinha-se tornado tão pervertido que sua observância refletia o caráter

de homens egoístas e arbitrários, antes que o caráter de Deus. Cristo pôs de lado o falso

ensino pelo qual os que proclamavam conhecer a Deus O tinham deformado. Embora

seguido com impiedosa hostilidade pelos rabis, Ele não pareceu sequer conformar-Se a suas

exigências, mas prosseguiu retamente, guardando o sábado de acordo com a lei de

Deus”. (Profetas e Reis, 183).

14.2.1 Inauguração do Novo Concerto

Quando Cristo morreu, Ele inaugurou o Novo Concerto (Mateus 26:28), que por ser

superior ao concerto sacerdotal levítico (Hebreus 8:6), revogou o Antigo Concerto (Daniel

9:27). O Novo Concerto foi estabelecido com base no precioso sangue de Cristo, e não com

o sangue de animais, como o Antigo Concerto tinha sido consolidado (Êxodo 24:9-8;

Mateus 26:28).

No Novo Concerto, o antigo cerimonial do sacerdócio levítico, baseado no sacrifício

de animais, cessou definitivamente na cruz (Daniel 9:27; Mateus 27:51; Colossenses 2:16-

17). Todavia, em ambos os concertos, a lei de Deus continua sendo a base fundamental de

santificação dos crentes de todas as épocas. Tal fato ocorre porque a lei é um código moral

que rege a conduta do crente para com Deus e para com seus semelhantes. É a lei de Deus

que traz ao cristão o conhecimento do pecado (Romanos 3:20; 7:7). Também é ela que

define o pecado (I João 3:4-ARA). Diferentemente do Antigo Concerto, no Novo Concerto a

lei de Deus passa a ser escrita no coração do cristão quando ele nasce de novo (Hebreus

8:10; Hebreus 10:16) constrangido unicamente pelo amor de Cristo (II Coríntios 5:14).

Êxodo 24:7-8 – “E tomou o livro do concerto, e o leu aos ouvidos do povo, e eles disseram:

Tudo o que o Senhor tem falado faremos, e obedeceremos. Então tomou Moisés aquele

sangue, e espargiu-o sobre o povo, e disse: Eis aqui o sangue do concerto que o Senhor,

tem feito convosco sobre todas Estas palavras”.

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

Hebreus 9:19-20 – “Porque, havendo Moisés anunciado a todo o povo todos os

mandamentos segundo a lei, tomou o sangue dos bezerros e dos bodes, com água, lã

purpúrea e hissope, e aspergiu tanto o mesmo livro como todo o povo. Dizendo: Este é o

sangue do Testamento que Deus vos tem mandado”.

Mateus 26:28 – “Porque isto é o meu sangue, o sangue do Novo Testamento, que é

derramado por muitos, para remissão dos pecados”.

Hebreus 8:10 – “Porque este é o concerto que depois daqueles dias farei com a casa de

Israel, diz o Senhor; porei as minhas leis no seu entendimento, e em seu coração as

escreverei: e eu lhes serei por Deus, e eles me serão por povo”.

Hebreus 10:16-17 – “Este é o concerto que farei com eles depois daqueles dias, diz o

Senhor: Porei as minhas leis em seus corações, e as escreverei em seus entendimentos;

acrescenta. E jamais me lembrarei de seus pecados e de suas iniqüidades”.

Jeremias 31:31-33 – “Eis que dias vêm, diz o Senhor, em que farei um concerto novo com

a casa de Israel e com a casa de Judá. Não conforme o concerto que fiz com seus pais, no

dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porquanto eles invalidaram o

meu concerto, apesar de eu os haver desposado, diz o Senhor. Mas este é o concerto que

farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a minha lei no seu

interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo”.

Marcos 15:37-38 – “E Jesus, dando um grande brado, expirou. E o véu do templo se

rasgou em dois, d’alto a baixo”.

Daniel 9:27 – “E ele firmará um concerto com muitos por uma semana: e na metade da

semana fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares; e sobre a asa das abominações virá

o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o

assolador”.

14.3 As fiéis discípulas de Jesus guardaram o sábado

Após a morte de Jesus Cristo, as suas fiéis discípulas guardaram o sábado, conforme

prescreve o quarto mandamento (Êxodo 20:8-11) que está registrado no decálogo (Êxodo

20:3-17). Observe o que dizem as Escrituras Sagradas:

Lucas 23:54-56; 24:1 – “E era o dia da preparação, e amanhecia o sábado. E as mulheres,

que tinham vindo com ele da Galiléia, seguiram também e viram o sepulcro, e como foi

posto o seu corpo. E, voltando elas, prepararam especiarias e ungüentos, e no sábado

repousaram, conforme o mandamento. E no primeiro dia da semana, muito de madrugada,

foram elas ao sepulcro, levando as especiarias que tinham preparado”.

As santas discípulas de Jesus O seguiram desde a Galiléia. “E também ali estavam

algumas mulheres, olhando de longe, entre as quais também Maria Madalena, e Maria, mãe

de Tiago, o menor, e de José, e Salomé” (Marcos 15:40). Elas haviam acompanhado a

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O Sábado à Luz da Bíblia

crucificação e observaram o momento em que o corpo de Jesus foi retirado da cruz e

colocado no sepulcro novo de José de Arimatéia (Mateus 27:60).

A seguir, aquelas santas mulheres voltaram para o local onde estavam hospedadas e,

conforme costume da época, prepararam as especiarias e ungüentos com a intenção de ungir

o corpo de Jesus.

Ocorre que, após o sepultamento de Jesus na tarde daquela fatídica sexta-feira, o Sol

estava declinando e o sábado estava nascendo. Diante disso, em vez de irem ungir o corpo

de Jesus, as mulheres, em obediência à lei de Deus, repousaram, conforme determina o

quarto mandamento do decálogo. Note o que diz o quarto mandamento:

Êxodo 20:8-11 – “Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e

farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus: não farás nenhuma

obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu

animal nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez o

Senhor os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou: portanto

abençoou o Senhor o dia do sábado, e o santificou”.

“As mulheres que estiveram junto à cruz de Cristo esperaram, atentas, que passassem

as horas de sábado. No primeiro dia da semana, muito cedo, fizeram o caminho para o

sepulcro, levando consigo preciosas especiarias para ungirem o corpo do Salvador”. (VA,

213).

Ao guardarem o sábado, conforme prescreve o mandamento da lei de Deus, aquelas

primeiras cristãs, com o seu nobre exemplo, deram ao mundo um testemunho eloqüente e

imorredouro de que Jesus nunca as ensinou ou insinuou que o sábado foi abolido com João

Batista ou que seria abolido com a Sua própria morte na cruz.

Na realidade, aquelas fiéis discípulas de Jesus consideraram muito mais importante

guardar o dia do sábado do que ungir, naquele santo dia, o corpo de Cristo.

Somente após o término do sábado, é que as santas mulheres foram realizar, no

“primeiro dia da semana”, aquela atividade ordinária que deixaram de fazer no santo dia do

sábado.

A atitude dessas fiéis discípulas de Jesus, ao realizarem no “primeiro dia da semana”

um trabalho que evitaram praticar no dia do sábado, novamente testemunha duas coisas:

Primeira, que o sábado é um dia sagrado de repouso e que toda espécie de trabalho secular

deve ser evitado. Segunda, que o “primeiro dia da semana” é um dia ordinário de trabalho

secular como qualquer outro, que nada tem de santidade.

14.4 Paulo guardou o sábado com os gentios

As Escrituras Sagradas, em várias passagens, são claras, claríssimas em mostrar que

Paulo observava e santificava o dia do sábado.

Como cristão dedicado e guardador do sábado, o apóstolo Paulo tinha por costume

congregar com os seus concidadãos judeus, os quais, tanto quanto Paulo, também

guardavam e santificavam o dia do sábado.

Nessas ocasiões, Paulo aproveitava as oportunidades que surgiam para ensinar aos

judeus e aos gentios, que ainda não tinham recebido o conhecimento do evangelho (Atos dos

Apóstolos 13:14-15).

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O Sábado à Luz da Bíblia

Em muitas situações, podemos observar o apóstolo Paulo, no dia do sábado,

ensinando não somente aos judeus, mas também aos prosélitos gentios. Observe o que diz a

Bíblia Sagrada:

Atos 13:42 e 44 – “E, saídos os judeus da sinagoga, os gentios rogaram que no sábado

seguinte lhes fossem ditas as mesmas coisas. E no sábado seguinte ajuntou-se quase toda a

cidade a ouvir a palavra de Deus”.

Muito embora, Paulo tenha ensinado o evangelho a gentios e a judeus, ele nunca

ensinou qualquer coisa sobre a guarda do domingo. Simplesmente porque, tanto os judeus

como os gentios convertidos ao cristianismo, deveriam continuar guardando o dia do

sábado, conforme determina o quarto mandamento da lei de Deus.

Pelas Escrituras Sagradas podemos observar que o apóstolo Paulo fazia questão de

guardar o dia do sábado entre os gentios. Mesmo estando em locais onde não havia nenhum

judeu ou sinagoga, Paulo procurava santificar o sábado com os cristãos que o acompanhava.

Observe o que diz o Novo Testamento:

Atos 16:13 – “E no dia de sábado saímos fora das portas, para a beira do rio, onde

julgávamos ter lugar para oração; e, assentando-nos, falamos às mulheres que ali se

ajuntaram”.

Pelo contexto do versículo em questão, Paulo se encontrava em missão evangelística

na cidade gentílica de Filipos, localizada na Macedônia. A cidade era constituída por

colonos gentios. Naquela localidade não havia nenhum judeu ou sinagoga. Mas, mesmo

assim, Paulo e os seus companheiros cristãos fizeram questão de guardar o sábado,

conforme determina o mandamento da lei de Deus.

Nesse santo dia, eles saíram fora das portas da cidade para procurarem um lugar

propício para santificarem o sábado. Mais uma vez, como era o seu costume, Paulo

aproveitou a oportunidade para evangelizar os gentios pagãos, que se encontravam nas

proximidades.

“‘E no dia de sábado’”, continua Lucas, ‘saímos fora das portas, para a beira do rio,

onde julgávamos ter lugar para oração; e, assentando-nos, falamos às mulheres que ali se

ajuntaram. E uma certa mulher, chamada Lídia, vendedora de púrpura, da cidade de Tiatira,

e que servia a Deus, nos ouvia, e o Senhor lhe abriu o coração.’ Lídia recebeu a verdade

alegremente. Ela e os de sua casa foram convertidos e batizados, e ela insistiu com os

apóstolos para que fizessem de sua casa o seu lar” (AA, 212).

Os antagonistas do sábado supõem que Paulo não guardava o dia do sábado, mas

apenas aproveitava a oportunidade para evangelizar aos judeus que se congregavam na

sinagoga. Mas tal opinião não tem nenhum respaldo bíblico, pois a própria Bíblia Sagrada

indica claramente que Paulo guardava o sábado, independentemente de haver ou não judeu

presente. Destarte, fica claro que Paulo freqüentava as sinagogas aos sábados, não somente

para evangelizar, mas também para santificar o sábado.

Considerando que existe mandamento divino ordenando a santificação do sábado e

que não existe nenhum mandamento ordenando a santificação do domingo; considerando

que o Novo Testamento repete todos os mandamentos do decálogo, inclusive o sábado;

considerando que Paulo freqüentava as sinagogas e cultuava aos sábados, mesmo em locais

onde não havia judeu ou sinagogas. Então podemos concluir que Paulo, em obediência ao

quarto mandamento da lei de Deus, guardava o sábado como um dia sagrado de culto

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O Sábado à Luz da Bíblia

religioso, do mesmo modo como o faziam os judeus, tanto os da seita dos fariseus como os

da seita dos saduceus.

Paulo, tanto guardava o sábado, que chegou a fazer a seguinte declaração a um

gentio de nome Félix, governador de Cesaréia: “Mas confesso-te isto: que, conforme aquele

caminho que chamam seita, assim sirvo ao Deus de nossos pais, crendo tudo quanto está

escrito na lei e nos profetas” (Atos 24:14).

O santo apóstolo tinha o Antigo Testamento em tão alta conta, que foi levado a dar

aos cristãos a seguinte mensagem: “Porque tudo que dantes foi escrito para nosso ensino foi

escrito, para que pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos esperança” (Romanos

15:4). Bem, o Antigo Testamento ensina sobre a guarda do sábado, o qual foi repetido no

Novo Testamento por preceito e exemplo por Jesus e pelos Apóstolos.

14.5 A fuga de Jerusalém

Jesus sabia que os cristãos estariam guardando o sábado em Jerusalém, mesmo

depois de decorrido quarenta anos de Sua ressurreição. Veja o que diz a Bíblia Sagrada:

Mateus 24:20 – “E orai para que a vossa fuga não aconteça no inverno nem no sábado”.

Discorrendo, profeticamente, sobre a destruição de Jerusalém, que ocorreria quarenta

anos após a Sua ressurreição, Jesus orientou os Seus seguidores a orarem para que a fuga de

Jerusalém não ocorresse em duas situações específicas: no inverno ou no sábado. Qualquer

fuga, nessas duas circunstâncias, seria extremamente penosa para os cristãos e resultaria na

morte de grande número de pessoas.

Portanto, o motivo pelo qual Jesus orientou os Seus seguidores a orarem para que a

fuga de Jerusalém não ocorresse no dia de sábado ou no inverno era que em ambas as

situações o número de mortos seria muito maior do que em qualquer outra circunstância.

Considerando que, se a cidade de Jerusalém fosse cercada ou conquistada no sábado,

os cristãos estariam em grande dificuldade para manter a santidade do sábado intacta, e

muitos iriam preferir ficar na cidade a transgredirem um dos mandamentos da santa lei de

Deus.

Além disso, se o cerco ou a conquista de Jerusalém ocorresse num dia de sábado, o

número de cristãos mortos seria muito maior do que em qualquer outro dia da semana

porque, como observadores do sábado, eles costumavam concentrar-se em grande número

para cultuarem em Jerusalém (Lucas 24-52-53).

Todavia, se o cerco ou a conquista da cidade de Jerusalém ocorresse em qualquer

outro dia da semana, os cristãos estariam dispersos por todo o território da Judéia e não

concentrados numa única região. Portanto, a facilidade de fuga em qualquer outro dia da

semana seria maior e menos dificultosa, caso ocorresse no sábado. De fato, no ano 70 d.C., a

cidade de Jerusalém foi totalmente cercada e devastada por Tito Vespasiano, mas nenhum

cristão pereceu no cerco e na tomada de Jerusalém, porque a sua destruição não ocorreu num

sábado.

A suposição de que os judeus trancavam as portas da cidade aos sábados nem vem ao

caso. Pois, com a chegada do exército invasor, as portas da cidade ficariam trancadas todos

os dias da semana, enquanto permanecessem sitiados, e não somente no sábado. Além disso,

não existe nenhuma evidência bíblica de que, na época de Jesus, as portas da cidade de

Jerusalém eram trancadas aos sábados.

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O Sábado à Luz da Bíblia

A verdade é que a Bíblia Sagrada ensina que na época de Neemias, provisoriamente,

as portas de Jerusalém “passaram” a ser trancada, para evitar a entrada na cidade de

vendedores ambulantes no dia do sábado (Neemias 13:16-21). Mas, com o tempo, com o

crescimento da população e o fortalecimento da administração pública, esse costume

desapareceu completamente.

Quando Jesus orientou os cristãos a orarem para que a sua fuga de Jerusalém não

ocorresse no sábado e nem no inverno, Ele estava admitindo tacitamente que, mesmo

decorridos quarenta anos de Sua ressurreição, os cristãos ainda estariam guardando o santo

sábado e adorando em Jerusalém. Nesta circunstância seria muito difícil uma fuga num dia

santo onde todos estariam reunidos cultuando. Seria tão difícil fugir da destruição de

Jerusalém no dia do sábado quanto seria fugir no inverno.

14.6 Jesus não veio para revogar a lei

Mateus 5:17-18 – “Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim ab-rogar,

mas cumprir. Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota

ou um til se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido”.

Em qualquer dicionário, a palavra “ab-rogar”, significa “anular”, “abolir”. Ocorre

que no versículo em questão, Jesus está ensinando claramente que o Seu propósito “não” era

abolir a lei.

Jesus afirmou categoricamente: “não vim ab-rogar”, ou seja anular, “mas cumprir”.

A palavra “cumprir” neste contexto não possui o significado de “abolir”, caso contrário

Jesus estaria sendo incoerente, dizendo que não veio abolir (ab-rogar), mas abolir (cumprir).

Ora, se Jesus não veio para abolir a lei, então o que ele veio fazer? Analisando o

versículo em questão, verifica-se que Jesus não veio para “extinguir”, “anular”, “abolir”,

“eliminar” ou “suprimir” qualquer profecia, tipo, princípio ou mandamento da lei. O que

Jesus está dizendo é que Ele veio para “cumprir” – realizar, concretizar, efetivar – as

especificações das profecias anunciadas na lei e nos profetas sobre a Sua pessoa.

Jesus está assegurando Ele que veio “cumprir” a lei e os profetas, no sentido de que

nenhuma profecia a Seu respeito falharia ou deixaria de concretizar-se, mas todas elas

seriam totalmente realizadas em Sua vida.

Observe como Jesus esclareceu este ponto de vista em outras passagens bíblicas

paralelas: “E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se

achava em todas as Escrituras” (Lucas 24:27). Ora, tanto o texto de Lucas quanto o de

Mateus dão conta do cumprimento das profecias bíblicas a respeito da pessoa de Jesus

Cristo.

Para maior clareza, observe o seguinte texto: “E disse-lhes: São estas as palavras que

vos disse estando ainda convosco: Que convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava

escrito na lei de Moisés, e nos profetas, e nos salmos” (Lucas 24:44).

Note que neste texto aparece a palavra “cumprir”, mas ela não possui a conotação de

abolir ou extinguir a lei e os profetas. Seu sentido consiste em mostrar que havia uma

perfeita correspondência entre a vida de Jesus e o que estava registrado na a lei e nos

profetas. Ou seja, em Cristo estava ocorrendo o cumprimento das profecias anunciadas a lei

e nos profetas. Lembre-se que aos dez mandamentos foram escritos para ser observado por

todos os homens, mas o que Jesus veio para cumprir foram as profecias específicas que

falavam a Seu respeito. “Porquanto vos digo que importa que em mim se cumpra aquilo que

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está escrito: E com os malfeitores foi contado. Porque o que está escrito de mim terá

cumprimento” (Lucas 22:37).

Observe que, no contexto bíblico em análise, a palavra “cumprir” tem a conotação de

“realização” ou “concretização” das profecias bíblicas específicas que anunciavam a

manifestação de Jesus Cristo. Isso significa que Jesus veio ao mundo como resultado das

profecias bíblicas que estavam anunciadas na lei e nos profetas. Portanto, nunca é demais

reafirmar a grande verdade: o que Jesus veio cumprir nada tem com os dez mandamentos,

que foram dados para todos os homens e não especificamente para Jesus Cristo, como é o

caso das profecias bíblicas.

Portanto, Jesus está se referido claramente aos tipos, símbolos e profecias registradas

nas Escrituras Sagradas do Antigo Testamento e não ao decálogo. Note que Jesus disse:

“Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim

testificam” (João 5:39). Destarte, Jesus não veio para extinguir qualquer parte das Escrituras,

mas Ele veio para “cumprir” –concretizar – as especificações das profecias anunciadas na lei

e nos profetas relativamente à Sua pessoa.

A lei e os profetas profetizaram – anunciaram – a vinda do Messias, a Sua morte, o

fim do Antigo Concerto de expiação do pecado por meio do sangue de animais, o

estabelecimento do Novo Concerto de expiação do pecado através do sangue do Cordeiro de

Deus. Também anunciava a ressurreição dos santos, um novo céu e uma nova terra, a vinda

do grande e terrível dia do Senhor, o abalo da terra, o juízo divino etc. Até aos dias de hoje,

muitas dessas profecias ainda não tiveram o seu pleno cumprimento. Então, como poderiam

a lei e os profetas estarem abolidos sem que tenha ocorrido o completo cumprimento das

profecias que anunciam?

14.6.1 A lei e os profetas

Em Mateus 5:17-18, Jesus ensina claramente que, enquanto houver céu e terra, nada

será alterado da lei ou dos profetas até que haja ocorrido o seu completo cumprimento.

As profecias anunciadas na lei e nos profetas somente estarão totalmente cumpridas

quanto o céu e a terra deixarem de existir, haja vista que a própria lei e os profetas anunciam

o fim do céu e da Terra. Mas, como o céu e a terra ainda existem, então a lei e os profetas

continuam vigorando, simplesmente porque o cumprimento da profecia ainda não chegou ao

fim.

Em outras palavras, enquanto tudo que anunciaram não houver sido concretizado, a

lei e os profetas permanecerão válidos para todos cristãos até que tenha o seu completo

cumprimento.

Portanto, a “lei” referida por Jesus não se trata dos dez mandamentos, que foram

escritos em duas tábuas de pedra pelo dedo de Deus, colocadas dentro da arca do concerto e,

por influência do Espírito Santo, transcrito por Moisés no Pentateuco. Portanto, o decálogo

encontra-se fora das cogitações de Jesus. Ele veio para praticar os seus preceitos, dando

exemplo a todos os seus seguidores.

A grande falácia dos adversários da lei está no fato de que em seus argumentos

ardilosos, eles supõem que a “lei” mencionada por Jesus Cristo seja o decálogo. Mas,

observe que Jesus menciona as palavras “lei” e “profetas” em conjunto. Isso resolve toda a

questão! Toda vez que a palavra lei e profetas são mencionadas em juntas, isso significa que

se trata de uma clara referência às Escrituras Sagradas do Antigo Testamento.

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

A “lei” é a designação usual que os antigos davam para os cinco primeiros livros da

Bíblia Sagrada escritos por Moisés, que em tempos remotos eram conhecidos como “Livro

da Lei”.

Os “profetas” é a designação dos livros escritos pelos demais profetas bíblicos, tais

como Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniel etc. Portanto, a “lei e os profetas” mencionados por

Jesus, compreendiam todos os livros que constituem o Antigo Testamento.

Enquanto houver céu e terra, nenhuma profecia do Antigo Testamento passará ou

será esquecida, modificada ou ainda alterada, sem que venha a ter o seu completo, exato e

perfeito cumprimento.

Nos dias de hoje, podemos observar que muitas profecias do Antigo Testamento

ainda não tiveram seu pleno cumprimento. Logo, tal fato é uma clara evidência de que o

Antigo Testamento continua válido e jamais passará, sem que tudo seja cumprido nos

mínimos detalhes, em seu devido momento.

14.7 Significado do termo “perpétuo” na Bíblia Sagrada

No Antigo Testamento é dito que o sábado é um concerto perpétuo nas suas

gerações, e que é um sinal para sempre (Êxodo 31:16-17). Estes termos e muitos outros

semelhantes, mostram que a guarda do sábado semanal nunca cessaria enquanto houvesse

adoradores e enquanto houvesse o sétimo dia da semana.

“A nós, como a Israel, o sábado é dado ‘em concerto perpétuo’. Êxodo 31:16. Para os

que reverenciam o Seu santo dia, o sábado é um sinal de que Deus os reconhece como Seu

povo eleito, o penhor de que cumprirá para com eles Seu concerto. Qualquer alma que

aceitar esse sinal do governo de Deus coloca-se a si mesma sob o concerto divino e

perpétuo. Liga-se assim à áurea cadeia da obediência, cada elo da qual representa uma

promessa” (III TS, 17).

As Escrituras Sagradas também fazem referência a uma outra expressão que lembra

“perpetuo”, o chamado “fogo eterno”. Observe o que diz a Bíblia Sagrada: “Assim como

Sodoma e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que, havendo-se corrompido como aqueles,

e ido após outra carne, foram postas, por exemplo, sofrendo a pena do fogo eterno” (Judas

1:7). Nesse contexto, trata-se de uma figura de linguagem onde o fogo é eterno, não em sua

natureza, mas em suas conseqüências, caso contrário, Sodoma e Gomorra estariam

queimando até aos dias de hoje, fato que não ocorre.

O verdadeiro significado dos termos “para sempre” e “perpétua”, nas passagens

bíblicas citadas encontram-se delimitados por “nas suas gerações”. Ou seja, enquanto houver

“gerações” do povo de Deus na face da Terra, a observância do sábado jamais cessará.

Portanto, a expressão “perpétua” e “para sempre” significam sucessão indeterminada

enquanto houver geração de pessoas convertidas à verdade bíblica para guardar o sábado.

Muitas outras leis estabelecidas no Antigo Testamento foram “para sempre”, como a

Páscoa (Êxodo 12:24). Também foi “perpétua” a circuncisão (Gênesis 17:13), a festa dos

pães asmos (Êxodo 12:17), a unção do sacerdote (Êxodo 40:15), o sacrifício anual de

expiação do santuário (Levítico 16:29) etc. Mas, essas ordenanças constituíam leis

cerimoniais do sacerdócio levítico e, diferentemente dos mandamentos do decálogo, foram

cravadas na cruz, encerrando a eficácia do sacerdócio levítico (Mateus 27:51). Destarte, as

festas, a luas novas, os sacrifícios de animais e os demais rituais do santuário perderam a sua

eficácia típica. Mas por que deixaram de ser “para sempre” ou “perpétua”? Porque a Bíblia

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

Sagrada ensina que o cerimonial do sacerdócio levítico de expiação de pecados pela morte

de animais cessou com a morte de Cristo, o Cordeiro de Deus.

14.8 Considerações finais

Algum podem estar fazendo a seguinte pergunta: porque a guarda do sábado tem que

ser continuada nos dias de hoje e os sacrifícios de animais não? A resposta é muito simples.

Como já foi dito, o sacrifício de animais foi expressamente abolido pela morte de Cristo

(Daniel 9:27; Mateus 26:28), enquanto que os dez mandamentos não o foram. Mesmo após a

morte de Cristo, os apóstolos e os discípulos praticaram por preceito e exemplo os

mandamentos do decálogo. Todavia, todos eles foram rigorosos em condenar observância

das leis cerimoniais de sacrifícios de animais, sacerdócio levítico, circuncisão etc.

Além disso, Deus tornou santo o sétimo dia da semana na criação do mundo (Gênesis

2:2-3), bem antes da entrada do pecado. Portanto, o sábado não é uma lei cerimonial de

expiação de pecados pelo sangue de animais. Milhares de anos depois, o Senhor incrustou o

sábado no coração do decálogo. O Novo Testamento mostra que Jesus e os apóstolos

observaram rigorosamente o mandamento do sábado.

Também é digno de nota observar que todos os preceitos do decálogo – inclusive o

sábado – são morais e não cerimoniais. São morais porque a Bíblia Sagrada ensina que todos

os dez mandamentos apontam para o pecado e condenam o pecador à morte eterna.

Enquanto que as leis cerimoniais não tinham a função de apontar para o pecado e nem

condenar o pecador à morte eterna. Sua função consistia em apontar para o Cristo e realizar

a expiação do pecado cometido pela transgressão do decálogo, purificando o pecador

arrependido que tivesse fé no evangelho.

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

15 O DIA DO DOMINGO

“A questão do sábado será o ponto controverso no grande final conflito em que o mundo inteiro há de ser

envolvido”.

Ellen Gould White (III TS, 19)

15.1 Introdução

Existem no Novo Testamento apenas oito passagens bíblicas que fazem referência

explicita ao “primeiro dia da semana”. Tais passagens são as seguintes: 1ª) Mateus 28:1; 2ª)

Marcos 16:2; 3ª) Marcos 16:9; 4ª) Lucas 24:1; 5ª) João 20:1; 6ª) João 20:19; 7ª) Atos 20:7 e

8ª) I Coríntios 16:2. Mas é extremamente importante observar que:

a) Nenhuma dessas passagens bíblicas determina a adoração no domingo;

b) Nenhum desses versículos bíblicos ordena a realização de cultos religiosos no domingo;

c) Nenhuma dessas oito referências bíblicas estabelece a santificação do domingo;

d) Nenhuma dessas citações bíblicas manda qualquer pessoa descansar no dia de domingo;

e) Nenhuma dessas passagens bíblicas chama o “primeiro dia da semana” de domingo;

f) Nenhum desses versículos bíblicos insinua que o “primeiro dia da semana” é o “dia do

Senhor”.

Também é importante notar que todas essas oito referências bíblicas consideram o

“primeiro dia da semana” como um dia ordinário qualquer, de atividade e trabalho secular.

Todas as passagens bíblicas referentes ao “primeiro dia da semana” mostram

claramente que a palavra “domingo” era algo totalmente desconhecido pelos profetas,

apóstolos, evangelistas, discípulos e por Paulo, tido como doutor dos gentios. Esses santos

homens de Deus nunca citaram ou empregaram a expressão “domingo” em seus escritos.

O vocábulo “domingo” tem a sua origem na língua latina “dominicu”, também

chamado de “dies dominicus” que, etimologicamente, quer dizer “dia do Senhor”. Ocorre

que a palavra “domingo” não se encontra registrada em nenhum lugar das Escrituras

Sagradas. Tal expressão nem mesmo poderia figurar no Novo Testamento, pois é uma

palavra de origem latina e o Novo Testamento foi escrito em grego. Além disso, não existe

nenhuma passagem bíblica indicando, associando ou ligando o “primeiro dia da semana” à

expressão “dia do Senhor”.

Portanto, em harmonia com o princípio geral da Hermenêutica de que a “Bíblia se

interpreta com a própria Bíblia”, pode-se afirmar com certeza absoluta de que o “dia do

Senhor” jamais poderia ser o “domingo”. Primeiro porque o nome “domingo” não é

mencionado na Bíblia Sagrada. Segundo porque as Escrituras Sagradas, em nenhum

momento, afirmam, ensinam ou insinuam que o “primeiro dia da semana” é o “dia do

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

Senhor”. Terceiro porque a Bíblia Sagrada aplica claramente a designação “dia do Senhor”

(Apocalipse 1:10) ao “sábado” (Isaías 58:13) e não ao domingo.

Das oito passagens bíblicas existentes no Novo Testamento fazendo referência

explicita ao “primeiro dia da semana”, quatro (Marcos 16:9; João 20:19; Atos 20:7 e I

Coríntios 16:1-4) são especialmente empregadas por aqueles que defendem a observância do

“domingo”, numa tentativa equivocada e inútil para provar que os apóstolos e a Igreja

guardavam o “primeiro dia da semana”.

15.2 Ressurreição do Senhor

Marcos 16:9 – “E Jesus, tendo ressuscitado na manhã do primeiro dia da semana,

apareceu primeiramente a Maria Madalena, da qual tinha expulsado sete demônios”.

Observe que no versículo em questão, o “primeiro dia da semana” não é identificado

por nenhuma espécie de nome. E, mesmo estando fazendo referência explicita à ressurreição

de Jesus, ainda assim o “primeiro dia da semana” não é designado como “dia do Senhor” e

muito menos denominado de “domingo”.

Aqueles que alegam que a santificação do sábado foi mudada para o domingo após a

ressurreição de Jesus estão totalmente destituídos de provas, uma vez que tal declaração não

existe na Bíblia Sagrada.

O texto sagrado apenas relata que Jesus ressuscitou na manhã do “primeiro dia da

semana” e apareceu primeiramente a Maria Madalena. Observe que não existe nesse texto

nenhum mandamento ordenando ou insinuando a qualquer pessoa a consagrar o “primeiro

dia da semana” como dia de repouso ou de culto religioso.

Nenhuma pessoa que seja sincera à verdade bíblica, jamais deduzirá da leitura do

texto sagrado em questão, que o sábado foi abolido e que agora todos os cristãos devem

guardar o “primeiro dia da semana”.

A afirmação de que se deve guardar o “domingo” porque Jesus ressuscitou nesse dia

não possui nenhuma base bíblica. Mas trata-se de uma conjectura subjetiva de quem emite

tal opinião. Essa espécie de suposição é totalmente destituída de autoridade lingüística e de

fundamento exegético bíblico. Qualquer um poderia dizer que devemos jejuar no “primeiro

dia da semana” porque Jesus ressuscitou nesse dia. Ou que devemos festejar no “primeiro

dia da semana” porque Jesus ressuscitou nesse dia. Ou ainda dizer que devemos visitar os

cemitérios no “primeiro dia da semana” porque Jesus ressuscitou nesse dia. Ou fazer tantas

outras afirmações semelhantes a estas quantas se desejar. Tal forma de raciocinar lhe tira

toda autoridade de doutrina bíblica, posto que não se trata de interpretação, mas de pretexto

de homens para justificar alguma doutrina extravagante que não encontra fundamento nas

Escrituras Sagradas.

Aqueles que dizem que devemos “guardar o primeiro dia da semana” porque Jesus

ressuscitou nesse dia não estão interpretando o texto bíblico, mas estão acrescentando idéias

particulares temerárias e fantasiosas que vão além do que está escrito no texto sagrado. Com

tal método – sem incorrer em ilogismo – podemos afirmar que devemos guardar a sexta-

feira porque foi nesse dia que Jesus morreu como o cordeiro de Deus (João 1:36) para expiar

os pecados do mundo e livrar os pecadores da perdição eterna. Também seria a mesma coisa

que dizer que devemos guardar a quinta-feira porque foi nesse dia que Jesus Cristo instituiu

a santa ceia e ordenou que se realizasse tal ceia em sua memória (Lucas 22:19-20; I

Coríntios 11:23-25). Seria a mesma coisa que dizer que devemos guardar o sábado porque

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

foi nesse dia que Jesus, estando morto, descansou no sepulcro de um pôr-do-sol a outro pôr-

do-sol. Mas nem por isso empregamos tais argumentos ardilosos para justificar a

observância de qualquer dia da semana. Seria desonestidade para com a verdade bíblica.

Esse tipo de “interpretação doutrinária” é imprestável para a formação de dogmas

religiosos, os quais devem estar fundamentados num claro “Assim diz o Senhor”,

alicerçados numa “interpretação autêntica contextual”. Somente havendo um claro

mandamento do Senhor ordenando explicitamente a santificação do “primeiro dia da

semana” é que verdadeiramente teria validade a observância do “domingo”, mas tal

mandamento não existe em nenhum lugar das Escrituras Sagradas, a não ser nas tradições

dos homens.

“Os protestantes hoje insistem em que a ressurreição de Cristo no domingo fê-lo o

sábado cristão. Não existe, porém, evidência escriturística para isto. Nenhum honra

semelhante foi conferida ao dia por Cristo ou Seus apóstolos” (HR, 330).

15.2.1 Episódios bíblicos

Nenhum “fato bíblico” registrado nas Escrituras Sagradas possui força suficiente

para provar que o “primeiro dia da semana” deve ser guardado como dia de repouso ou de

culto religioso pelos cristãos.

Repito, se os fatos ocorridos em determinado dia justificam a guarda desse dia, então

podemos guardar a sexta-feira. Porque foi nesse dia, a partir do pôr-do-sol da quinta-feira,

que o Senhor Jesus começou a batalhar em favor da raça humana. Nesse dia, Ele lutou e

venceu as forças das trevas (Mateus 26:38-39) para que pudéssemos ser libertos do poder do

pecado e viver na luz. Na manhã desse dia, o Senhor permitiu-se ser crucificado e à tarde

desse mesmo dia morreu pelos nossos pecados. Esse dia foi decisivo para toda a

humanidade. É um dia de vitória, dia em que tornamos mais do que vitoriosos em Cristo

Jesus. Nesse dia, a batalha secular entre o bem e o mal foi definitivamente ganha na cruz por

Cristo Jesus. Aleluia! Mas apesar de tudo isso os cristãos não consagram a sexta-feira como

dia de repouso e culto religioso. Por que domingo sim e sexta-feira não?

A realidade é que o Novo Testamento está repleto de fatos que aconteceram em

vários dias da semana, e que qualquer pessoa poderia aproveitar para justificar a guarda de

qualquer dia da semana. Todavia, esse nunca foi o critério bíblico para se estabelecer

qualquer lei ou doutrina. É absolutamente necessário que haja um claro “Assim diz o

Senhor”, um mandamento explicito de Deus ordenando tal prática, mandamento esse que

não existe nas Escrituras Sagradas que possa justificar a guarda do “domingo”.

A doutrina antibíblica do “domingo” está totalmente desmoralizada pelas Escrituras

Sagradas e deve ser rejeitada por todos os cristãos. Além de não possuir fundamento na

Bíblia Sagrada, ela também não possui base lógica para sustentar uma interpretação

gramatical e exegética. A doutrina do “domingo” está fundamentada unicamente na opinião

fictícia de quem defende a suposição de que o domingo deve ser guardado porque o Senhor

ressuscitou nesse dia.

“O primeiro dia da semana não é um dia para ser reverenciado. É um sábado espúrio,

e os membros da família do Senhor não podem ter parte com os homens que o exaltam, e

violam a lei de Deus, pisando Seu sábado. O povo de Deus não deve votar para colocar tais

homens em cargos oficiais; pois assim fazendo, são participantes nos pecados que eles

cometem enquanto investidos desses cargos”. (FEC, 475).

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

15.2.2 Memorial da Ressurreição

Não existe nas Escrituras Sagradas nenhum mandamento bíblico ordenando a

qualquer pessoa guardar o “domingo”, e muito menos existe qualquer insinuação de que tal

dia deve ser observado em memória ou homenagem à ressurreição de Jesus Cristo.

Aqueles que defendem a observância do domingo como um memorial da

ressurreição parecem que desconhecem que o próprio Senhor Jesus Cristo estabeleceu como

memorial da ressurreição a celebração da santa ceia. Veja o que disse o Senhor Jesus: “E,

tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei: isto é o meu corpo que é partido por vós;

fazei isto em memória de mim. Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice,

dizendo: Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue: fazei isto, todas as vezes que

beberdes, em memória de mim” (I Coríntios 11:24-25).

A Bíblia Sagrada também ensina que o batismo é um símbolo da morte e

ressurreição de Jesus: “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo

fomos batizados na sua morte? De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na

morte; para que, como Cristo ressuscitou dos mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós

também em novidade de vida” (Romanos 6:3-4). Porém, as Escrituras Sagradas nunca

ensinaram que o “domingo”, o “primeiro dia da semana” ou o “dia do Senhor” são alguma

espécie de memorial da ressurreição de Jesus. Quem ensina a doutrina fantasiosa de que o

domingo é o memorial da ressurreição são os homens e não as Escrituras Sagradas.

Além de tudo o que foi dito, a única menção que relaciona de forma explícita o

“primeiro dia da semana” com a ressurreição de Jesus está registrada somente no Evangelho

de Marcos. Os demais escritores do Novo Testamento nem de longe enfatizam a importância

desse dia com a ressurreição de Jesus. Eles apenas fazem referência ao evento ocorrido no

“primeiro dia da semana”, nada mais. Por isso, podemos perceber a pouca importância que

eles atribuíam ao “primeiro dia da semana”.

A ênfase que todos os escritores do Novo Testamento deram em seus escritos era

sobre a ressurreição de Jesus e não sobre o “primeiro dia da semana”, como a cristandade o

faz nos dias de hoje. Se para os apóstolos de Jesus, o “primeiro dia da semana” não era

importante, então por que deveria ser nos dias de hoje para cristãos que seguem unicamente

o que ensina a Bíblia Sagrada?

15.3 Ajuntamento dos discípulos

João 20:19 – “Chegada pois a tarde de aquele dia, o primeiro da semana, e cerradas as

portas onde os discípulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado, chegou Jesus, e pôs-se

no meio, e disse-lhes: Paz seja convosco.”

Neste versículo bíblico pode-se constatar que o “primeiro dia da semana” não é

identificado como sendo o “dia do Senhor” e muito menos é designado pelo nome de

“domingo”.

Também se verifica que não existe no versículo em questão nenhum mandamento

ordenando qualquer pessoa a observar, guardar ou santificar o “primeiro dia da semana”. Tal

versículo nem mesmo insinua de que se tratava de um dia consagrado ao descanso ou culto

religioso.

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

O que o versículo indica explicitamente é que no “primeiro dia da semana” os

discípulos de Jesus, estando enlutados, encontravam-se reunidos, mas não para prestarem

qualquer espécie de culto religioso. Na verdade, conforme o versículo bíblico, eles estavam

juntos e com as portas fechadas porque estavam “com medo dos judeus”.

E por que razão estavam “com medo dos judeus”? A resposta é muito simples! Era

porque Jesus fora preso pelos judeus e, condenado à morte, faleceu às 15h00 numa sexta-

feira do dia 15 do mês de Nisã (Levítico 23:5-7). Antes do pôr-do-sol daquele dia, Seu corpo

foi retirado da cruz e levado para o sepulcro que pertencia a José de Arimatéia (Mateus

27:59-60). Os discípulos, com medo de terem o mesmo destino do Mestre, se trancaram no

cenáculo onde Jesus havia celebrado com eles a Sua última páscoa (Lucas 22:11-16).

É certo que naquele “primeiro dia da semana”, os discípulos não estavam reunidos

comemorando a ressurreição do Senhor e muito menos santificando o “domingo”. Isso

porque eles nem mesmo acreditavam que Jesus havia ressuscitado naquele dia (Marcos

16:14).

O apóstolo João, testemunha ocular da morte e ressurreição de Jesus Cristo, mostra

que naquela tarde do “primeiro dia da semana”, era a primeira vez que Jesus se apresentou

aos discípulos após a Sua ressurreição.

Então, diante do testemunho do santo apóstolo, como pode algumas pessoas levianas

afirmar que os discípulos estavam reunidos comemorando a ressurreição de Jesus, quando

na verdade eles ainda nem mesmo acreditavam que Jesus havia ressuscitado? Afirmar que o

domingo deve ser guardado em função dessa passagem é inteiramente improcedente. Tal

afirmação é totalmente descabida e destituída de fundamento bíblico. Qual é a autoridade

lingüística ou exegética justificando a idéia de um mandamento bíblico ordenando a

observância do “domingo”?

É claro que os discípulos estavam reunidos sim, mas não comemorando a

ressurreição do Senhor ou santificando o “primeiro dia da semana” como “dia do Senhor”.

Pois o versículo bíblico em questão deixa claro que todos eles estavam juntos, com as portas

trancadas, porque estavam “com medo dos judeus”, e não que estivessem realizado algum

culto religioso em homenagem à ressurreição do Senhor.

15.4 Os cristãos de Troas

Atos 20:7 – “E no primeiro dia da semana, ajuntando-se os discípulos para partir o pão,

Paulo, que havia de partir no dia seguinte, falava com eles; e alargou a prática até à meia

noite”.

Observe que o versículo mencionado afirma claramente que era o “primeiro dia da

semana”. Note que em nenhum momento esse dia é chamado de “dia do Senhor” e muito

menos de “domingo”.

Atente também para o fato irrefutável de que, no versículo em questão, não existe

nenhum mandamento ordenando a observância, santificação ou guarda do “primeiro dia da

semana”. Muito menos existe qualquer orientação bíblica declarando que o “primeiro dia da

semana” é um dia consagrado ao culto religioso cristão.

Portanto, nesse versículo, falta um claro “Assim diz o Senhor” para que alguém

possa deduzir dele que o “primeiro dia da semana” era um dia consagrado ao descanso ou ao

culto divino.

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

As Escrituras Sagradas deixam evidente que o dia inicia-se e termina com o pôr-do-

sol (Gênesis 1:5; Levítico 23:32). Esse era também o entendimento de Lucas (Lucas 23:54-

56; 24:1), autor do livro intitulado “Atos dos Apóstolos”, onde se encontra o versículo em

análise.

Segundo a Bíblia Sagrada o dia termina com o pôr-do-sol, momento em que também

tem início um novo dia. Portanto, um dia completo é um período de vinte e quatro horas que

decorre entre um pôr-do-sol a outro pôr-do-sol. Deste modo, o dia completo possui doze

horas de parte escura e doze horas de parte clara, perfazendo o total de vinte e quatro horas.

Segundo a própria Bíblia Sagrada, a parte “escura” é chamada “noite” e a parte “clara” é

chamada “dia” (Gênesis 1:5).

Deste modo, em conformidade com a definição bíblica de dia, a reunião em Troas

ocorreu após o pôr-do-sol de sábado, quando teve início o “primeiro dia da semana”. Tanto é

verdade que Paulo prolongou seu discurso até à meia noite desse mesmo dia.

Realmente, as Escrituras Sagradas afirmam que essa reunião ocorreu no “primeiro

dia da semana” à noite. De acordo com a Bíblia Sagrada, o “primeiro dia da semana” inicia-

se com o pôr-do-sol do sábado. Logo, a reunião em Troas ocorreu na parte escura do dia que

hoje chamamos de sábado à noite, e que nos tempos dos antigos cristãos era conhecido como

a noite do “primeiro dia da semana”. Foi por essa razão que Lucas disse que a reunião

ocorreu no “primeiro dia da semana” à noite, pois era assim que ele entendia a mudança do

ciclo diário: de pôr-do-sol a pôr-do-sol (Lucas 23:54-56). Não existe razão plausível para

compreender mal o sentido dessa conclusão. Ela é extremamente simples, clara e

concludente. Não há o que se questionar.

15.4.1 Os cristãos de Troas e o partir o pão

Conforme indica o versículo bíblico de Atos 20:7, os discípulos de Troas haviam se

ajuntado, não para participarem de algum culto religioso e muito menos para guardarem o

“primeiro dia da semana”, ainda mais à noite. A Bíblia Sagrada declara textualmente que

eles tinham se reunido “para partir o pão”. Mas, o que significa “partir o pão” na visão do

autor do livro de Atos dos Apóstolos?

A frase “partir o pão”, nesse trecho de Lucas, deve ser interpretada em conformidade

com o que o próprio autor do livro de Atos entendia pelo significado de tal frase. Está

bastante claro na Bíblia Sagrada que Lucas compreendia que a designação “partir o pão”

significava simplesmente partilhar uma refeição em comum com os irmãos (Atos 2:42-46).

Quando essa refeição ocorre à noite ela é chamada de “ceia”.

Destarte, podemos afirmar que os discípulos de Troas realmente estavam realizando

uma ceia, mas não a ceia do Senhor. Como a reunião de Troas ocorreu à noite, então fica

claro que os discípulos não estavam cultuando no domingo, mas sim jantando socialmente

no início do “primeiro dia da semana”, após terem passado o dia santificando o sábado.

Em uma outra célebre passagem bíblica, Lucas deixou bem claro que a frase “partir o

pão” é uma expressão peculiar da época para indicar uma simples refeição. Observe o que

ele registra: “Portanto, exorto-vos a que comais alguma coisa, pois é para a vossa saúde;

porque nem um cabelo cairá da cabeça de qualquer de vós. E, havendo dito isto, tomando o

pão, deu graças a Deus na presença de todos; e, partindo-o, começou a comer. E, tendo

já todos bom ânimo, puseram-se também a comer” (Atos 27:34-36).

E mesmo que os discípulos de Troas estivessem realizando uma santa ceia, o fato de

ter sido realizada no “primeiro dia da semana” não prova de maneira alguma que eles

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

estavam santificando o “primeiro dia da semana” ou consagrado esse dia ao descanso e ao

culto religioso, simplesmente porque a santa ceia pode ser realizada em qualquer dia da

semana.

Destarte, santa ceia não serve de parâmetro ou critério válidos para que alguém possa

deduzir dela algum dia de repouso, mesmo porque a santa ceia pode ser realizada em

qualquer dia da semana. O próprio Senhor Jesus Cristo a instituiu numa quinta-feira, dia em

que foi traído (I Coríntios 11:23) e nem por isso os cristãos observam a quinta-feira como

dia consagrado ao repouso e ao culto religioso semanal.

Conseqüentemente, a santa ceia não serve de referencial para ninguém inferir dela

um dia de repouso, e muito menos deduzir dela que o “primeiro dia da semana” estava sendo

observado pelos discípulos de Troas como um dia especialmente consagrado ao descanso e

ao culto religioso.

Finalmente, podemos acrescentar o fato de que o apóstolo Paulo estava presente na

ceia dos discípulos de Troas. Como ele partiria no dia seguinte – na parte clara do “primeiro

dia da semana” – ele aproveitou a oportunidade para falar com os discípulos, e alargou a

prática até à meia noite.

E mesmo que os discípulos de Troas estivessem realizando algum culto religioso,

ainda assim, seria impossível deduzir que eles estavam santificando o “primeiro dia da

semana” como um dia consagrado ao repouso e ao culto religioso. Simplesmente porque o

culto religioso pode ser realizado em qualquer dia da semana. E de fato, existem várias

igrejas na atualidade que realizam cultos religiosos todos os dias da semana, e nem por isso

esses dias são consagrados ao repouso.

15.5 O testemunho de Plínio

Decorridos apenas doze anos da morte do apóstolo João, o intelectual pagão e

governador romano da província do Ponto e da Bitínia, na Ásia Menor (Turquia), Plínio

escreveu ao imperador Trajano o que havia aprendido a respeito das práticas cristãs. Em

112, ele registrou nas crônicas de Roma, que os cristãos tinham o costume de reunir-se “para

uma refeição comum e inocente” “num dia fixo”. Observe o que diz textualmente o célebre

historiador:

"Porém, afirmaram que a culpa deles, ou o erro, não passava do costume de se

reunirem num dia fixo, antes do nascer do Sol, para cantar um hino a Cristo como a um

deus... Findos estes ritos, tinham o costume de se separarem e de se reunirem novamente

para uma refeição comum e inocente, sendo que tinham renunciado a está prática após a

publicação de um edito teu onde, segundo as tuas ordens, se proibiam as associações

secretas".

Esse dia fixo não é o “primeiro dia da semana”, o qual era bem conhecido entre os

pagãos como “dia do Sol” e certamente Plínio o conhecia muito bem. Se tal dia fosse

realmente fixo, como é o dia do sábado, Plínio o teria designado pelo seu nome.

É digno de nota que o mencionado dia fixo só pode ser o sábado, que sempre foi um

dia fixo, desde a fundação do mundo, para adoração. O sábado sempre foi um dia fixo de

adoração entre os judeus e cristãos espalhados pelo mundo pagão. Plínio não citou o nome

desse dia porque o sábado, como era conhecido o sétimo dia da semana entre os cristãos e os

judeus, era um nome estranho e desconhecido entre os pagãos para quem escrevia, bastou

dizer que se tratava de um dia fixo. É claro que Plínio poderia ter citado o sábado, mas daria

a impressão que se tratava de um culto judeu, o que causaria muita confusão, também

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

poderia ter citado o nome pagão do sábado, mas daria impressão de que se tratava de alguma

seita dedicada ao deus Saturno.

Agora compare o testemunho de Plínio com o episódio registrado no livro de Atos

dos Apóstolos:

“E no primeiro dia da semana, ajuntando-se os discípulos para partir o pão, Paulo,

que havia de partir no dia seguinte, falava com eles; e alargou a prática até à meia noite”.

(Atos 20:7).

Até mesmo um historiador pagão, escrevendo ao imperador, comprova que os

cristãos tinham por costume reunirem-se pela manhã do sábado (dia fixo), “antes do nascer

do Sol, para cantar um hino a Cristo como a um deus”, e após o pôr-do-sol do sábado,

quando já era iniciado o “primeiro dia da semana”, eles se reuniam “novamente” para “partir

o pão”, que conforme Lucas (Atos 2:42-46) e também Plínio tratava-se de uma “uma

refeição comum e inocente”. Mas tal costume acabou sendo proibido pelo imperador

romano. Assim, os cristãos acabaram “renunciado a está prática após a publicação de um

edito teu onde, segundo as tuas ordens, se proibiam as associações secretas".

15.6 Coleta para os santos

I Coríntios 16:1-4 – “Ora, quanto à coleta que se faz para os santos, fazei vós também o

mesmo que ordenei às igrejas da Galácia. No primeiro dia da semana cada um de vós

ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade, para que se não façam

as coletas quando eu chegar. E, quando tiver chegado, mandarei os que por cartas

aprovardes, para levar a vossa dádiva a Jerusalém. E, se valer a pena que eu também vá,

irão comigo”.

Pelos versículos mencionados pode-se constatar que o apóstolo Paulo faz uma clara

referência ao “primeiro dia da semana”, mas em nenhum momento ele designa esse dia por

algum nome especial e nem de longe insinua tratar-se do “dia do Senhor”.

Note que nesses versículos não existe nenhum mandamento ordenando aos cristãos a

observar, descansar, repousar, guardar, santificar ou cultuar no “primeiro dia da semana”.

Observe que ninguém está sendo convocado para participar de qualquer culto religioso no

“primeiro dia da semana”.

É importante observar que Paulo, escrevendo aos cristãos coríntios, vários anos após

a morte de Cristo, em nenhum momento identifica o “primeiro dia da semana” por qualquer

designação especial. Portanto, o nome “domingo” ou “dia do Senhor” aplicado ao “primeiro

dia da semana” era algo totalmente desconhecido pelos primeiros cristãos, que não

reconheciam nesse dia qualquer caráter religioso ou sagrado.

O apóstolo Paulo, evangelizando nas sinagogas, tendo como ouvintes gentios e

judeus, nunca fez qualquer menção ao nome “domingo” e nem de longe sugeriu ou indicou

qualquer caráter sagrado ao “primeiro dia da semana”. Isto é bastante estranho, uma vez que

ele evangelizava as comunidades judaicas e elas guardavam rigorosamente o sábado bíblico

no sétimo dia da semana. Mas, curiosamente, em nenhum instante Paulo as alertou sobre a

necessidade de abandonar a observância do sábado para passar a guardar o domingo. A

razão para essa atitude de Paulo era que não houve qualquer mandamento do Senhor

ordenando a mudança do dia de descanso e culto.

Atente também para o fato de que as referidas passagens bíblicas nada dizem sobre

os cristãos estarem reunidos no “primeiro dia da semana” para levarem seus dízimos, ofertas

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

ou outras espécies de contribuições à igreja. O que Paulo está ordenando em sua epístola é

que no “primeiro dia da semana” os cristãos deveriam por “de parte” o que pudessem

ajuntar. “Por de parte” não é a mesma coisa que levar na igreja. Outras versões autorizadas

da Bíblia Sagrada dizem, textualmente, para colocar os donativos de parte, mas “em casa”.

Portanto, a coleta não deveria ser levada à igreja no “primeiro dia da semana”, durante um

suposto culto religioso que o versículo não menciona, mas deveria ser posta à parte, mas na

própria casa do doador.

15.6.1 Coletas especiais

Deve ser ressaltado o fato de que tanto as igrejas de Gálatas como as igrejas de

Corinto não tinham o costume corriqueiro de fazer essas coletas, caso contrário não haveria

necessidade de Paulo escrever-lhes solicitando tais dádivas. O apóstolo está ordenando que,

no “primeiro dia da semana”, cada um dos membros das igrejas de Corinto deveria colocar à

parte, em suas próprias casas, as suas dádivas, conforme a prosperidade financeira de cada

um dos membros da comunidade cristã.

Quando Paulo fez tal solicitação à igreja, ele nem mesmo estava presente e nem

queria que se fizesse coletas quando chegasse de viagem. Portanto, não se tratava das ofertas

comuns ou dos dízimos que são recolhidas com regularidade nas igrejas durante os cultos

religiosos, pois na verdade não estava ocorrendo nenhum culto religioso.

Por que razão Paulo ordenou que cada um ajuntasse as suas dádivas no “primeiro dia

da semana”? A resposta é muito simples. Primeiro porque Paulo não queria que se fizessem

as coletas quando ele chegasse de viagem. Portanto, ele poderia chegar a qualquer momento,

mas com certeza não chegaria no primeiro dia da semana. Segundo porque quando Paulo

requereu tais coletas ele não estava presente, porém solicitou-as por escrito. Mas quando a

carta seria lida para a comunidade cristã dos coríntios? Ora, carta seria lida na igreja durante

o culto religioso que ocorria aos sábados. Somente após o pôr-do-sol do sábado, já no

primeiro dia da semana, os irmãos, instruídos pela carta de Paulo, colocaria de parte em suas

casas, o que pudessem ajuntar, conforme a sua prosperidade.

Essas coletas eram especiais e somente algumas poucas igrejas foram convocadas

para participar. O que ocorre, é que Paulo estava levantando fundos para ajudar os cristãos

que passavam por grandes necessidades materiais em Jerusalém. Ele disse que já havia feito

a mesma solicitação nas igrejas da Galácia. Observe: “Ora, quanto à coleta que se faz para

os santos, fazei vós também o mesmo que ordenei às igrejas da Galácia” (I Coríntios 16:1).

Além disso, as Escrituram Sagradas mostram que, em muitas outras ocasiões, Paulo

havia solicitado outras coletas especiais para os cristãos de Jerusalém. Observe: “Porque

pareceu bem à Macedônia e à Acaia fazerem uma coleta para os pobres dentre os santos

que estão em Jerusalém” (Romanos 15:26).

As mencionadas coletas “para os pobres dentre os santos que estão em Jerusalém”

nem mesmo deveriam ser levadas nas igrejas ou em qualquer outro lugar de culto religioso,

e muito menos levadas a qualquer lugar no “primeiro dia da semana”, mas elas seriam

levadas diretamente para Jerusalém (I Coríntios 16:4) quando Paulo chegasse de viagem.

15.6.2 Considerações finais

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

Ainda tratando das coletas para os santos, Paulo disse que, quando chegasse de

viagem, mandaria algumas pessoas idôneas, especialmente designadas pela igreja de

Coríntio, levar as doações para Jerusalém. Paulo ainda acrescenta que, se valesse a pena, ele

poderia ir junto com aquelas pessoas que foram escolhidas especialmente para aquela tarefa.

Observe: “E, quando tiver chegado, mandarei os que por cartas aprovardes, para levar a

vossa dádiva a Jerusalém. E, se valer a pena que eu também vá, irão comigo” (I Coríntios

16:4).

Justificar a guarda do domingo, simplesmente porque Paulo ordenou que igrejas dos

coríntios – no “primeiro dia da semana” – colocassem à parte em suas casas, as doações para

os irmãos necessitados de Jerusalém, é defender uma teologia duvidosa e tendenciosa, que

vai muito além do que diz o texto bíblico.

É evidente que recolher ofertas para os pobres de Jerusalém seja no “primeiro dia da

semana” ou em qualquer outro dia não anula o preceito sobre a observância do sábado e nem

estabelecem preceito para a observância do “domingo”.

Além do mais, o recolhimento de ofertas e dízimos nunca foi parâmetro para

ninguém inferir que o dia do seu recolhimento é um dia especialmente consagrado ao

repouso ou culto religioso. Mesmo porque as maiorias das igrejas cristãs costumam recolher

os dízimos e as ofertas em todos os dias que realizam cultos, e nem por isso tais dias são

considerados sagrados ou de repouso.

A realidade é que nos versículos em questão, não existe nenhum mandamento bíblico

ordenando a qualquer pessoa a guardar ou santificar o “domingo”. “O Novo Testamento não

mudou a lei de Deus. A santidade do sábado do quarto mandamento está tão firmemente

estabelecida como o trono de Jeová”. (S, 68).

Portanto, tendo em vista o absoluto silêncio das Escrituras Sagradas sobre a

santificação do “primeiro dia da semana”, pode-se concluir que, quem guarda o “domingo”,

o faz por força da tradição dos homens e não por força de qualquer orientação ou

mandamento bíblico.

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

16 O DIA DO SENHOR

“Quando, porém, a observância do domingo for imposta por lei, e o mundo for esclarecido relativamente à

obrigação do verdadeiro sábado, quem então transgredir o mandamento de Deus para obedecer a um preceito que não

tem maior autoridade que a de Roma, honrará desta maneira o papado mais do que a Deus”.

Ellen Gould White (GC, 449)

16.1 Introdução

Além dos oito versículos bíblicos existentes no Novo Testamento mencionando o

“primeiro dia da semana”, ainda existe no livro do Apocalipse uma referência ao “dia do

Senhor”, que alguns – sem nenhum fundamento nas Escrituras Sagradas – supõem ser o

domingo. Trata-se de mais uma inútil, descabida e despropositada tentativa de “provar” que

a Bíblia Sagrada reconhece o “primeiro dia da semana” como sendo um dia sagrado de

repouso secular. Observe o que diz o texto sagrado:

Apocalipse 1:10 – “Eu fui arrebatado em espírito no dia do Senhor, e ouvi detrás de mim

uma grande voz, como de trombeta”.

Os antagonistas do sábado supõem que a frase “dia do Senhor”, mencionada por João

em Apocalipse 1:10, seja uma alusão ao “domingo”. Aqueles que assim pensam estão

laborando num grave erro de interpretação bíblica, em total descompasso com as regras da

Hermenêutica Sacra.

O versículo em questão não diz que o “dia do Senhor” é o “primeiro dia da semana”.

Nada existe no texto ou no contexto bíblico indicando que o versículo está se referindo ao

“domingo”.

Para os adversários do sábado cabe a severa reprimenda do Senhor: “Errais, não

conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus” (Mateus 22:29). Essas pessoas estão

ludibriadas porque não seguem o nobre exemplo dos bereanos, que examinavam todos os

dias os ensinos que recebiam, conferindo nas Escrituras Sagradas se tais ensinos estavam em

conformidade com a Palavra de Deus (Atos 17:11).

Para o cristão, o que importa não é saber o que o homem presume ser a verdade, mas

sim saber o que a Bíblia Sagrada diz ser a verdade. Pelo menos é isso que as Escrituras

Sagradas ensinam: “À Lei e ao Testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra,

nunca verão a alva” (Isaías 8:20). A regra máxima sobre o fundamento de toda verdade foi

ensinada por Jesus Cristo: “E ele lhe disse: Que está escrito na lei? Como lês?” (Lucas

10:26). “Examinais as Escrituras” (João 5:39).

Primeiramente devemos considerar o fato de que, etimologicamente, a expressão

“domingo” quer dizer “dia do Senhor”. Ocorre que a palavra domingo nunca constou nos

originais da Bíblia Sagrada e nem mesmo poderia constar, porque tal palavra é de origem

latina “dominicu” e as Escrituras Sagradas foram escritas em hebraico, aramaico e grego,

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

nunca foi escrita em latim. Por conseguinte, o termo “domingo” nunca fez e nem faz parte

da Bíblia Sagrada.

Destarte, o “dia do Senhor” mencionado pelo apóstolo João jamais poderá ser

traduzido pelo vocábulo “domingo” para referir-se ao “primeiro dia da semana”. Caso

contrário estaríamos diante de uma “interpretação” e não de uma “tradução”. Ainda mais

considerando que não existe nenhuma passagem bíblica associando, ligando ou atrelando o

mencionado “dia do Senhor” ao “primeiro dia da semana”. Essa falta de associação ligando

tais conceitos desqualifica totalmente o “primeiro dia da semana” como “dia do Senhor”.

16.2 Um simples numeral

Quando João afirmou que foi arrebatado em espírito no “dia do Senhor”, ele nunca

teve em mente o “primeiro dia da semana”. Tal fato pode ser facilmente constatado quando

se examina o evangelho que, posteriormente, escreveu. Em nenhum momento o santo

apóstolo reconheceu, insinuou ou aplicou o termo “dia do Senhor” ou mesmo o título

“domingo” para identificar o “primeiro dia da semana” largamente mencionado em seu

evangelho.

Analisando criteriosamente o evangelho de João, constata-se que o apóstolo

identificou o “primeiro dia da semana” por um simples numeral ordinal designado como

“primeiro” e jamais empregou a expressão “dia do Senhor” para identificar o “primeiro dia

da semana”. Nem mesmo identificou tal dia pelo nome de “domingo”, mesmo porque estava

escrevendo em grego e o vocábulo “domingo” é de origem latina. Em resumo, o apóstolo

amado nunca fez qualquer associação ligando o termo “dia do Senhor” ao “primeiro dia da

semana”.

Também é digno de nota que não foi somente o apóstolo João quem identificou o

“primeiro dia da semana” por um simples numeral ordinal, mas todos os demais escritores

bíblicos assim o fizeram. Portanto, biblicamente falando, o “dia do Senhor” não é de forma

alguma o “primeiro dia da semana”.

Nunca é demais realçar o fato irrefutável de que nenhum dos escritores bíblicos

jamais designou o “primeiro dia da semana” de “dia do Senhor” e muito menos de

“domingo”. Todos eles identificaram tal dia por um simples numeral ordinal “primeiro” dia

da semana.

Conseqüentemente, se João em Apocalipse 1:10 estivesse se referindo ao “domingo”

ele o teria chamado de “primeiro dia da semana”, como todos os demais escritores o fizeram

e como ele mesmo o fez em seu evangelho, o qual foi escrito logo depois do Apocalipse. A

verdade é que o “domingo” em todas as oito referências do Novo Testamento é designado,

simplesmente, pelo nome de “primeiro dia da semana”, sem qualquer distinção em especial.

Biblicamente falando, tal fato descaracteriza e desmoraliza o domingo como um dia especial

e sagrado de repouso.

“Foi no sábado que o Senhor da glória apareceu ao exilado apóstolo. O sábado era

tão religiosamente observado por João em Patmos como quando estava pregando ao povo

nas cidades e vilas da Judéia. Considerava como sua propriedade as preciosas promessas

feitas em referência a este dia”. (AA, 581).

16.3 Dia do Senhor segundo a Bíblia

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

Estando demonstrado que o “dia do Senhor” mencionado por João em Apocalipse

1:10 não se trata do “domingo”, então surge a seguinte pergunta: Qual é o dia da semana que

realmente está associado ao termo “dia do Senhor”?

A resposta para essa pergunta encontra-se registrada nas páginas da própria Bíblia

Sagrada. É somente através das Escrituras Sagradas que devemos aferir todo e qualquer

ensino religioso. “À Lei e ao Testemunho! se eles não falarem segundo esta palavra, nunca

verão a alva” (Isaías 8:20).

O Livro do Apocalipse contém 505 ilustrações e citações de outras partes das

Escrituras Sagradas, sendo que 325 são citações retiradas dos livros dos profetas Isaías,

Jeremias, Ezequiel e Daniel. Destarte, quando o apóstolo João empregou a frase “dia do

Senhor” em Apocalipse 1:10, ele estava meramente citando um texto do profeta Isaías, o

qual afirma categoricamente que o “sábado” é o “dia do Senhor” (Isaías 58:13). Logo, Isaías

é o profeta bíblico que associa explicitamente o vocábulo “dia do Senhor” ao “sábado” e não

ao domingo.

Mas, com que base o profeta Isaías pôde afirmar que o sábado é o “dia do Senhor”?

Bem, em primeiro lugar foi porque o Espírito Santo revelou tal verdade ao profeta. Em

segundo lugar, o conhecimento de que o sábado é o “dia do Senhor” está claramente

registrada no Pentateuco. Observe que Moisés, estando divinamente inspirando, chamou o

dia do sábado de “santo sábado do Senhor” (Êxodo 16:23). Em muitas outras passagens

bíblicas, Moisés também chamou o sétimo dia da semana de “sábado do Senhor” (Êxodo

16:25; Êxodo 20:10; Levítico 23:3 e Deuteronômio 5:14).

“Deus declarou que o sétimo dia é o sábado do Senhor. Quando ‘os céus e a Terra

foram acabados’, Ele exaltou este dia como um memorial de Sua obra criadora. Repousando

no sétimo dia ‘de toda a Sua obra que tinha feito’, ‘abençoou Deus o sétimo dia, e o

santificou’ Gênesis 2:1-3’” (PR, 180).

Diante de tudo o que foi exposto, fica claro que o sétimo dia da semana, conhecido

entre o povo de Deus como sendo o sábado, é de fato o “dia do Senhor”. Logo, o “dia do

Senhor” não é o “primeiro dia da semana”, o qual nos dias de hoje é designado pelo nome de

“domingo”, mas que no tempo em que as Escrituras Sagradas foram escritas, tal dia nem

nome próprio tinha recebido do Espírito Santo.

16.4 O silêncio do domingo

No Novo Testamento existem sessenta referências explicitas sobre o dia do sábado.

Entretanto, a palavra domingo não aparece nenhuma vez em nenhum lugar das Escrituras

Sagradas. Excetuando-se o sexto dia da semana, que é conhecido pelo nome próprio de “dia

da preparação” e o sétimo dia da semana, que é designado pelo nome de “sábado”, todos os

demais dias da semana são, simplesmente, designados por um numeral ordinal.

Enfim, se o domingo tivesse que ser observado como dia especial de descanso e culto

religioso, então por que Jesus Cristo e os demais escritores bíblicos permaneceram no mais

absoluto e ensurdecedor silêncio sobre tal assunto? Por que eles não ensinaram alguma coisa

sobre o domingo? Por que não disseram que o sábado é coisa de judeu? Por que não

disseram que o sábado foi abolido com a morte de Cristo? Por que eles não ensinaram que o

“dia do Senhor” é o domingo?

A resposta para todas essas perguntas é muito simples: O domingo jamais substituiu

o santo sábado, e nunca deveria ser observado como dia consagrado ao descanso ou como

dia especial de culto religioso por qualquer filho de Deus. A razão para isto é que o Senhor

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

nosso Deus já tinha estabelecido explicitamente o dia do sábado como dia de repouso e culto

divino desde a mais remota antiguidade. Observe o que diz as Escrituras Sagradas: “Seis

dias obra se fará, mas ao sétimo dia será o sábado do descanso, santa convocação; nenhuma

obra fareis; sábado do Senhor é em todas as vossas habitações” (Levítico 23:3).

“De acordo com o quarto mandamento, o sábado foi dedicado ao repouso e ao culto

religioso. Toda atividade secular devia ser suspensa, mas as obras de misericórdia e

beneficência estavam em harmonia com o propósito do Senhor. Elas não deviam ser

limitadas a tempo ou lugar. Aliviar os aflitos, confortar os tristes, é um trabalho de amor que

faz honra ao dia de Deus”. (RTC, nº 4, 46).

16.5 Kyriaké hémerà

O “dia do Senhor” que foi mencionado por João em Apocalipse 1:10 encontra-se

expresso em grego no caso dativo, correspondendo a “Kyriaké hémerà”. Em termos

bíblicos, tal expressão não está fazendo alusão ao domingo, mas está se referindo ao sábado,

já que é o único dia da semana que a própria Bíblia Sagrada identifica e associa ao

mencionado “dia do Senhor”.

É bem verdade que a palavra “domingo” significa “dia do Senhor”. Mas, ocorre que

tal palavra é de origem latina e o Novo Testamento foi escrito em grego. Destarte, “Kyriaké

hémerà” não possui o mesmo sentido ou conteúdo axiológico que “domingo”, como uma

referência ao “primeiro dia da semana”. Portanto, não existe nenhum fundamento bíblico

válido para se questionar que “Kyriaké hémerà” não esteja, realmente, se referindo ao

sábado.

As Escrituras Sagradas nunca ensinaram ou insinuaram que o “dia do Senhor” é o

“primeiro dia da semana”. Não existe nada na Bíblia Sagrada ligando o “dia do Senhor” ao

“primeiro dia da semana”. Foi unicamente por força da tradição dos homens que a expressão

“dia do Senhor” passou a designar o “primeiro dia da semana”. Tal fato aconteceu porque os

homens, deliberadamente, resolveram instituir o “primeiro dia da semana” como “dia do

Senhor” por conta e risco próprio, totalmente à revelia dos ensinos da Palavra de Deus.

16.6 Considerações finais

Qualquer pessoa ao empregar o princípio máximo da reforma protestante, que

estabelece a “regra áurea” de “sola scriptura” – Somente as Escrituras – concluiria

facilmente que o “dia do Senhor” mencionado na Bíblia é o sábado e não o domingo, pois é

assim que está escrito na Palavra de Deus. Segundo os ensinos de Jesus, as Escrituras não

podem ser anuladas (João 10:35).

O argumento ardiloso – baseado na passagem de Apocalipse 1:10 – defendendo a

suposição de que o “dia do Senhor” é o “domingo” é totalmente desacreditada pelo profeta

Isaías. Observe O que diz o santo profeta do Senhor:

Isaías 58:13 – “Se desviares o teu pé do sábado, de fazer a tua vontade no meu santo dia, e

se chamares ao sábado deleitoso, e santo dia do Senhor digno de honra, e o honrares não

seguindo os teus caminhos, nem pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falar as tuas

próprias palavras”.

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

Diante do exposto, torna-se impossível a qualquer pessoa, em sua perfeita

honestidade, consciência e razão, querer sustentar dentro das Escrituras Sagradas, a falsa

doutrina do “domingo”, que é totalmente desmistificada e desmoralizada pela Bíblia Sagrada

e pela História Universal.

“O dia do Senhor mencionado por João era o sábado, o dia no qual Jeová repousara

após a grande obra da Criação, e o qual abençoara e santificara por haver repousado nele. O

sábado era tão santamente observado por João na ilha de Patmos como quando estava entre

o povo pregando a respeito desse dia. Junto das estéreis rochas que o cercavam, João se

lembrava do rochoso Horebe e de quando Deus pronunciara Sua lei ao povo, ali, e dissera:

‘Lembra-te do dia do sábado, para o santificar’ Êxodo 20:8”. (S, 74).

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

17 O DIA DO SOL

“O sábado será a pedra de toque da lealdade, pois é o ponto da verdade especialmente controvertido. Quando

sobrevier aos homens a prova final, traçar-se-á a linha divisória entre os que servem a Deus e os que não O servem”.

Ellen Gould White (GC, 604)

17.1 Introdução

Em conformidade com as explicações fornecidas pelo célebre dicionário Webster, o

domingo é conhecido como “dia do Sol” porque antigamente os pagãos prestavam culto ao

Sol nesse dia. Resquício da ligação do “primeiro dia da semana” ao dia do Sol encontra-se

no vocábulo inglês “Sunday” – dia do Sol – que até aos dias de hoje ainda é empregado para

referir-se ao “primeiro dia da semana”. Tal fato expõe, precisamente, a origem pagã da

observância do “primeiro dia da semana” pelos adoradores do Sol.

Também é verdade que o sétimo dia da semana, em inglês, é conhecido como

“Saturday” e significa “dia de Saturno”. No dia de Saturno eram realizadas as festas

dedicadas ao deus da agricultura.

Com a cristianização do mundo pagão, por força dos decretos imperiais, as festas

saturnais, com todo seu aparato religioso, desapareceram para sempre da face da terra.

Todavia, adorar no “primeiro dia da semana” ainda é um resquício do dia de adoração pagã

do Sol que, no período das grandes apostasias, entrou no seio da cristandade com o nome de

domingo.

Por influência do poderoso Império Romano, várias nações do mundo foram

compelidas a adotarem a semana com os nomes dos deuses pagãos cultuados pelos romanos,

os quais também serviam para designar os planetas do Sistema Solar. Esses dias da semana

eram os seguintes: primeiro: “dia do Sol”; segundo: “dia da Lua”; terceiro: “dia de Marte”;

quarto: “dia de Mercúrio”; quinto: “dia de Júpiter”; sexto: “dia de Vênus” e sétimo: “dia de

Saturno”. A mudança do nome dos dias da semana para a atual designação teve início com o

imperador romano Constantino (280-337 d.C.) que, supostamente, teria se convertido ao

cristianismo.

Com o decorrer do tempo, o “primeiro dia da semana”, que era conhecido no mundo

pagão como “dia do Sol” passou a ser chamado de “dies dominicus”, que quer dizer “dia do

Senhor”, de onde se originou a palavra “domingo”. E, para o sétimo dia da semana, que era

conhecido como “dia de Saturno”, foi inserido o nome “sábado” em respeito à designação

dada ao sétimo dia da semana pelas Escrituras Sagradas.

Apesar disso, a nomenclatura dos dias da semana criada e imposta por Constantino

não foi adotada universalmente por todas as nações. Por força da tradição e do costume

muitas das nações do mundo ainda mantém os nomes dos deuses pagãos em seus

calendários.

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

É fato bíblico e histórico que os primeiros cristãos guardavam o sábado. Ocorre que,

nos primeiros séculos da era cristã, a filosofia pagã platônica começou a se infiltrar no

pensamento dos pais da Igreja e o resultado foi uma apostasia generalizada. Com o Edito de

Milão no ano 313 d.C., o cristianismo foi legalizado no Império Romano, a partir de então a

apostasia foi sacramentada pelo poder dos decretos imperiais dos sucessivos imperadores.

17.2 O que disseram os pais da Igreja

“Na primeira parte do século IV, o imperador Constantino promulgou um decreto

fazendo do domingo uma festividade pública em todo o Império Romano. O dia do Sol era

venerado por seus súditos pagãos e honrado pelos cristãos; era política do imperador unir os

interesses em conflito do paganismo e cristianismo. Com ele se empenharam para fazer isto

os bispos da igreja, os quais, inspirados pela ambição e sede do poder, perceberam que, se o

mesmo dia fosse observado tanto por cristãos como pagãos, promoveria a aceitação nominal

do cristianismo pelos pagãos, e assim adiantaria o poderio e glória da igreja. Mas, conquanto

muitos cristãos tementes a Deus fossem gradualmente levados a considerar o domingo como

possuindo certo grau de santidade, ainda mantinham o verdadeiro sábado como o dia santo

do Senhor, e observavam-no em obediência ao quarto mandamento”. (GC, 53).

A seguir vamos citar algumas fontes históricas para mostrar que os primeiros cristãos

guardavam o sábado, em conformidade com o mandamento bíblico.

Didaqué (séc. II). Este documento faz explicita referência ao “dia da preparação” (Didaqué

8:1) e ao “dia do Senhor” (Didaqué 14:1). O dia da preparação é a sexta-feira, véspera do

sábado (Marcos 15:42). É chamado de “dia da preparação” porque nesse dia os cristãos

realizavam todas as suas atividades seculares para repousarem no dia seguinte, conhecido

como “dia do Senhor”, o qual a Bíblia Sagrada identifica como sendo o “sábado” (Isaías

58:13). Não teria sentido os cristão fazerem a preparação na sexta-feira e descansar somente

dois dias depois. A frase “dia do Senhor” é uma expressão grega baseada no Antigo

Testamento e que os primeiros cristãos empregavam para designar o sétimo dia da semana.

Justino Mártir (100-165). Veja como Justino Mártir, uma dos pais da Igreja, orientou os

cristãos a unirem-se aos observadores do sábado: “Devemos unir-nos a eles (observadores

do sábado), associando-nos com eles em tudo, como parentes e irmãos”. (Dialogue With

Trypho, em The Ante-Nicene Fathers, vol I, pág. 218).

Tertuliano (155-222). “Na questão de ajoelhar-se, também a oração pode ser feita de várias

maneiras, embora haja alguns que se abstenham de se ajoelharem no sábado. Uma vez que

esta divergência está sendo considerada pelas igrejas, o Senhor dará Sua graça para que os

que não concordam com isto cedam ou sigam o exemplo dos outros, sem haver ofensa

contra ninguém”.(On Prayer, cap. 23. Em The ante-Nicene Fathers, vol. III. Pág. 689).

Orígenes (185-254). Bispo de Alexandria, que escreveu o seguinte sobre o sábado: “Depois

da celebração do sacrifício contínuo (a crucifixão), vem a segunda festividade, do sábado, e

é apropriado para quem for direito entre os santos, celebrar também a festa do sábado. E

qual é, de fato, a festa do sábado, senão a de que o apóstolo disse: ‘Portanto resta ainda um

sabatismo para o povo de Deus?’ Heb. 4:9. Deixando, pois, de lado a observância judaica do

sábado, que espécie de observância se espera do cristão? No sábado nenhum ato mundano

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

deve ser realizado. Se, portanto, repousardes de todas as obras seculares, não deveis fazer

coisa alguma mundana, mas estareis livres para as obras espirituais, indo à igreja, dedicando

atenção à leitura sagrada, aos estudos de assuntos divinos, pensando nas coisas celestiais e

na vida futura, bem como no julgamento vindouro, sem atentar para as coisas atuais e

visíveis, mas para as invisíveis e futuras”.(Homily on Numbers 23, par. 4, em Migne,

Patrologia Graeca, vol. XII, cols. 749 e 750).

Orígenes ainda diz que: “Não deveis continuar guardando o sábado segundo a maneira

judaica, e regozijando-vos ociosos... Mas que cada um guarde o sábado, segundo a maneira

espiritual, achando deleite na meditação da lei” (Epistole to the Magnesians, cap. 9).

Apostolical Constitutions. (Séc. II e III). Documento conhecido como o credo da igreja dos

séculos II e III, diz o seguinte sobre as obrigações do sábado: “Ó Senhor Todo Poderoso, Tu

criastes o mundo por Cristo, e designastes o sábado como um memorial, a fim de que nesse

dia descansemos de nossas obras para meditação de Tuas leis” (Liv. 8, cap. 33).

Constantino (280-337). A mais antiga documentação impondo a observância do domingo

foi editada por Constantino. O original dessa lei encontra-se na Biblioteca de Harvard

College, com a seguinte redação: “Que os juízes e o povo das cidades, bem como os

comerciantes, repousem no venerável dia do Sol”. (Edito de 07 de março de 321, d.C.,

Corpus Júris Civilis Cord., Livro 3, Título 1, 2, 3).

Eusébio (270-338). Bispo de Cesaréia, reputado historiador eclesiástico, contemporâneo e

biógrafo de Constantino, declarou explicitamente que eles mesmos mudaram o dia de

guarda. Observe: “Tudo que era de obrigação no dia de sábado, nós o transferimos para o dia

do Senhor”. (De Vita Constantini, Liv. III, cap. 33, pág. 413).

Atanásio (298-373). Note como Atanásio descreveu o dia de culto dos antigos cristãos:

“Reunimo-nos no dia de sábado não porque estejamos infectados de judaísmo... Achegamo-

nos ao sábado para adorar a Cristo, o Senhor do sábado”. (Pseudoathan, de semente, tomo I,

pág. 885).

Johannes Cassianus, (360-435). Observe como o “primeiro dia da semana” concorria com

o sábado nos cultos dos cristãos: “Portanto, exceto os cultos vespertinos e noturnos, só há

culto de dia no sábado e no primeiro dia da semana, quando os monges se reúnem à terceira

hora (nove horas) para a santa comunhão”. (De Institutione Coenobiorum, livro III, cap. 2,

em Nicene and Post-Nicene Fathers, 2ª série, vol. XI, pág. 213).

Constituições dos Santos Apóstolos. Note como os escritores da Igreja Oriental mostram a

ordem para guardarem o domingo em contraste com o mandamento divino da guarda do

sábado: Embora também ordene a guarda do domingo, assim indica a guarda do sábado:

“Observarás o sábado por causa dAquele que repousou da obra da Criação, mas não cessou

Sua obra de providência. É repouso para meditação sobre a lei, e não para ficar com as mãos

ociosas”.(Constitutions of the Holy Apostles, livro II, séc. 5, cap. 36. The Ante-Nicene

Fathers, vol. VII, pág. 413).

Agostinho (Aurelius Augustinus, 354-430). Nas obras de Agostinho encontra-se um

testemunho que data do século IV, segundo o qual a maior parte dos cristãos cultuavam no

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

sábado, mas a igreja estava dividida com outros grupos cristãos seguindo a heresia do

domingo: “Neste dia, que é sábado, costumam reunir-se, na maior parte, os desejosos da

Palavra de Deus... Em alguns lugares, a comunhão ocorre diariamente; em outros, somente

no sábado; e em outros, somente no domingo”. (Sermão 128, tomo VII, 629, Epistola ad

Janerius, cap. 2).

Agostinho também afirma que: “Se dissermos que é errado jejuar no sétimo dia,

condenaremos não somente a igreja de Roma, mas também muitas outras igrejas, tanto da

atualidade como dos tempos mais remotos, nas quais o mesmo costume continua sendo

praticado. Se, por outro lado, dissermos que não é errado jejuar no sétimo dia, quão grande

será nossa presunção em censurar tantas igrejas do Oriente, e até a maior parte do mundo

cristão!” (Carta 82, de Agostinho a Jerônimo, parágrafo 14 – Nicene and Post-Nicene

Fathers, 1ª série, vol I, págs. 353 e 354).

Hermas Sozomeno (399-443). No século V muitos cristãos se reuniam no sábado, muito

embora pela força das leis civis e dos decretos eclesiásticos observassem também o

domingo: “O povo de Constantinopla, e de quase todas as partes, reúne-se no sábado, bem

como no primeiro dia da semana, costume que nunca se observam em Roma, nem em

Alexandria”. (Ecclesiastical History, livro 7, cap. 19, em Nicena and Post-Nicene Fathers, 2ª

série, vol. II, pág. 390).

Sócrates, o Eclesiástico (379-440). Observe como o historiador Sócrates descreveu o dia

que ocorria a celebração dos sacramentos entre os cristãos: “Conquanto quase todas as

igrejas do mundo celebrassem os sacramentos aos sábados, cada semana, os cristãos de

Alexandria e de Roma, por causa de alguma antiga tradição, deixaram de fazer isto”.

(Ecclesiastical Hirtory, Livro V, cap. 22, escrito em 439 d. C, em Nicene and Post-Nicene

Fathers, 2ª série, vol. II, pág. 132).

Gregório I (540-604). Veja como o papa Gregório I, que era um ferrenho antagonista do

sábado, censurou severamente os cristãos que observavam esse dia: “Gregório I, bispo pela

graça de Deus, a seus amados filhos, os cidadãos de Roma: Chegou ao meu conhecimento

que certos homens de índole perversa têm disseminado entre vós coisas depravadas e

contrárias à santa fé, pois proíbem que se faça qualquer trabalho no sábado. Como os

chamarei senão de pregadores do Anticristo?” (Epitles, b. 13:1, em Labbes and Cossart,

Sacrosancta Concilia, volume V. col. 1511).

É fato comprovado que, com o crescimento das heresias, muitos trechos das obras

dos chamados pais da igreja passaram a ser editado com adulterações, que defendiam entre

outras coisas a heresia do domingo.

Naqueles tempos medievais era costume as autoridades religiosas alterar muitas

obras para se adaptarem aos conceitos da Igreja Católica. Até mesmo na Idade Moderna,

livros de caráter científico, como por exemplo, o livro de Nicolau Copérnico: “Das

revoluções dos mundos celestes”, foi, em 03 de março de 1616, colocado no índice de livros

proibidos pela Igreja Católica, até que fosse totalmente corrigido (usque corrigantur) para

não contradizer os ensinos da Igreja Católica, que defendia a tese heliocêntrica. Se essas

alterações eram feitas em livro de cunho científico em tempos recentes, quanto mais se dirá

dos livros religiosos produzidos em épocas remotas e obscuras!

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

17.3 Decreto de Constantino

A História Universal mostra que o cristianismo sacramentou sua corrupção com o

paganismo a partir do Edito de Milão em 313 d.C., quando o imperador Constantino

legalizou o cristianismo dentro das fronteiras do Império Romano.

De um dia para o outro, o cristianismo deixou de ser uma religião ilegal e perseguida

para tornar-se a religião oficial do Estado. Através de hábeis manobras políticas e

legislativas, Constantino e seus sucessores, gradativamente, lograram mesclar paganismo e

cristianismo num único corpo doutrinário, o que deu origem à Igreja Católica Apostólica

Romana – A Igreja do Império Romano.

Para alcançar esse extraordinário propósito, os sucessores de Constantino e os lideres

religiosos daquela época tiveram que alterar a lei de Deus para poderem se adequar à nova

ordem reinante. Para tanto, eliminaram o segundo mandamento do decálogo, o qual proíbe o

culto a imagens, o que resultou em nove mandamentos. Todavia, para manter o número de

dez mandamentos, desdobraram o décimo mandamento do decálogo em dois. Também

alteraram o quarto mandamento, que determina a santificação do sábado e em seu lugar

ordenaram a “guardar domingos e festas de guarda”. É claro que se a lei de Deus tivesse sido

abolida para os cristãos, a Igreja reinante não teria se dado ao trabalho de falsificar o

decálogo.

O primeiro decreto formalizando e impondo a obrigatoriedade da guarda do domingo

por força de lei civil foi editado por Constantino em 07 de Março de 321 d.C., nos seguintes

termos:

“Devem os magistrados e as pessoas residentes nas cidades, repousar, e todas as

oficinas ser fechadas no venerável dia do Sol. Aos moradores dos campos, porém, conceda-

se atender livre e desembaraçadamente aos cuidados de sua lavoura, visto suceder

freqüentemente não haver dia mais adequado à semeadura e ao plantio das vinhas, pelo que

não convém deixar passar a ocasião oportuna e privar-se a gente das provisões deparadas

pelo Céu”. Códex Justiniano – livro 3, título 1, 2, 3 Un History of the Cristian Church, Vol

III, pg. 380. (Lembrando que o “dia do Sol” é hoje conhecido pelo nome de “domingo”).

Constantino decretou que, dentro das fronteiras do Império Romano, exceto os

moradores dos campos, todos os demais súditos residentes nas cidades deveriam descansar

no “dia do Sol”.

O “dia do Sol” é o nome pelo qual, naquela época, o “primeiro dia da semana” era

conhecido entre pagãos e cristãos, especialmente os cristãos de origem pagã.

Observe que nessa época longínqua, o “primeiro dia da semana” ainda não tinha sido

revestido por um nome cristão. Mas tal dia era universalmente conhecido como sendo o “dia

do Sol”. O decreto de Constantino agradava a todos pseudocrístãos pagãos que se

convertiam em massa devido à propalada conversão do imperador Constantino e ao Edito de

Milão, que decretava tolerância religiosa ao cristianismo.

“A mais antiga documentação da observância do domingo como imposição legal é o

Edito de Constantino, em 321 d.C., que decreta que as cortes de justiça, os habitantes das

cidades e o comércio em geral, devessem repousar no domingo (venerabili die Solis)

excetuando-se apenas os que se empenhavam em trabalhos agrícolas”. (Enciclopédia

Britânica, nona edição, artigo “domingo”).

17.4 O dia do Sol

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

Em inglês, o “domingo” é conhecido pelo nome de “Sunday”, que traduzido quer

dizer “dia do Sol”. Nos dias de hoje, esse resquício pagão prova que o domingo realmente

era conhecido entre os gentios como “dia do Sol” e que a guarda e observância desse dia é

uma herança que vem do paganismo e não da Bíblia Sagrada, posto que as Escrituras não

ordenam a guarda ou a santificação do domingo.

Quanto ao sábado, pouco importa se em inglês ele é chamado de “Saturday”, que

traduzido quer dizer “dia de saturno”, haja vista que a origem da santificação do sábado

entre o povo de Deus não é uma herança pagã. Mas, trata-se de uma herança bíblica que vem

desde a fundação do mundo (Gênesis 2:2-3) e que foi ratificada por Deus no decálogo

(Êxodo 20:8-11), observada por Jesus Cristo (Lucas 4:16), pelos discípulos (Lucas 23:54-

56), pelo apóstolo Paulo e pelos cristãos (Atos 16:12-13). Mas, a santificação e a guarda do

domingo jamais foi mandamento bíblico. O domingo nunca foi observado por Jesus, nem

por qualquer um dos santos apóstolos e nem mesmo pela igreja daquela época.

“Satanás, operando por meio de não consagrados dirigentes da igreja, intrometeu-se

também com o quarto mandamento e tentou pôr de lado o antigo sábado, o dia que Deus

tinha abençoado e santificado (Gênesis 2:2 e 3), exaltando em seu lugar a festa observada

pelos pagãos como ‘o venerável dia do Sol’. Esta mudança não foi a princípio tentada

abertamente. Nos primeiros séculos o verdadeiro sábado foi guardado por todos os cristãos.

Eram estes ciosos da honra de Deus, e, crendo que Sua lei é imutável, zelosamente

preservavam a santidade de seus preceitos. Mas com grande argúcia, Satanás operava

mediante seus agentes para efetuar seu objetivo. Para que a atenção do povo pudesse ser

chamada para o domingo, foi feito deste uma festividade em honra da ressurreição de Cristo.

Atos religiosos eram nele realizados; era, porém, considerado como dia de recreio, sendo o

sábado ainda observado como dia santificado”. (GC, 52).

17.5 Concílio de Laodicéia

“A fim de preparar o caminho para a obra que intentava cumprir, Satanás induzira os

judeus, antes do advento de Cristo, a sobrecarregarem o sábado com as mais rigorosas

imposições, tornando sua observância um fardo. Agora, tirando vantagem da falsa luz sob a

qual ele assim fizera com que fosse considerado, lançou o desdém sobre o sábado como

instituição judaica”. (GC, 52).

Em 364 d.C., cerca de quarenta anos após o decreto de Constantino ordenando o

repouso no “dia do Sol”, o Concílio de Laodicéia, no Cânon 29, estabeleceu o seguinte

decreto eclesiástico:

“Os cristãos não devem judaizar, ou estar ociosos no sábado, mas trabalharão nesse

dia; o dia do Senhor (domingo), entretanto, honrarão especialmente, e como cristãos não

devem, se possível, fazer qualquer trabalho nele. Se, porém, forem achados judaizando,

serão separados de Cristo”.

Analisando minuciosamente o Concílio de Laodicéia, pode-se constatar que,

naqueles tempos, os cristãos vinham guardando o sábado, conforme consta no quarto

mandamento do decálogo (Êxodo 20:8-11). Observe os termos em que foi proferido o

cânon: “Os cristãos não devem judaizar, ou estar ociosos no sábado, mas trabalharão nesse

dia”. Ora, isso significa que os cristãos não realizavam trabalhos seculares nos sábados, caso

contrário não teria sentido a proibição decretada pelo Concílio de Laodicéia.

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

Mas por que razão os cristãos não trabalhavam aos sábados? Simplesmente porque,

em obediência ao mandamento de Deus, eles santificavam o sétimo dia da semana. Veja o

que diz as Escrituras Sagradas: “mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus: não farás

nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o

teu animal nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas” (Êxodo 20:10).

É claro que, em obediência ao decreto de Constantino, os lideres daquela época, que

comandavam a Igreja Católica, observavam o “dia do Sol”. Foi por essa razão que o

Concílio Laodicéia decretou o fim da observância do sábado e firmou a observância do

domingo. Observe o que diz o cânon: “o dia do Senhor, entretanto, honrarão especialmente,

e como cristãos não devem, se possível, fazer qualquer trabalho nele”.

A animosidade desses cristãos apóstatas contra o sábado era tão grande que o

Concílio de Laodicéia chegou ao extremo de ameaçar os cristãos guardadores do sábado

com a excomunhão (expulsão da igreja). Observe o que diz o cânon: “se, porém, forem

achados judaizando, serão separados de Cristo”. O termo “judaizar” era uma expressão

empregada pelos cristãos observadores do “dia do Sol” para desdenharem das praticas que

julgavam ser coisas de judeus.

Note que, em algum momento entre o decreto de Constantino e o Concílio de

Laodicéia, o “dia do Sol” foi revestido por uma roupagem cristã, passando a ser oficialmente

designado e conhecido dentro do Império Romano pelo nome de “dia do Senhor”.

Com o cânon 29, os cristãos ficaram terminantemente proibidos de repousarem no

dia do sábado, mas deveriam realizar trabalhos seculares nesse dia. Além disso, eram

obrigados a honrar especialmente o dia do domingo, e se possível for, evitar todo e qualquer

trabalho nesse suposto “dia do Senhor”. A partir de então, a Igreja começou a regulamentar

de forma sistemática e cada vez mais rigorosamente a observância do “primeiro dia da

semana”.

17.6 Sínodo de Narbone

A severidade da imposição da observância do domingo continuou nos séculos

seguintes. Em 589 d.C., o Sínodo de Narbone decretava o seguinte:

“É proibido, tanto a livres como a servos, a godos, romanos, sírios, como a gregos e

judeus, executar qualquer espécie de trabalho no dia de domingo. Se alguém ousar

proceder em contrário, pagará, se for livre, seis solídeos aos magistrados; se for servo

receberá cem bastonadas” (Mansi, tomo IX, pág. 214).

Dentro do domínio da Igreja Católica, o Sínodo de Narbone decretou que todos os

homens livres, servos, godos, romanos, sírios, gregos e judeus estavam proibidos de realizar

qualquer trabalho secular no dia de domingo.

Observe que, dependendo da classe social – livre ou servo – qualquer trabalho

realizado no domingo passou a ser passível da aplicação da pena de multa ou de bastonadas

aos infratores.

No caso da pessoa ser livre deveria pagar aos magistrados a quantia de seis solídeos.

Todavia, em se tratando de servo, deveria ser aplicada a pena de cem bastonadas.

“Em quase todos os concílios o sábado que Deus havia instituído era rebaixado um

pouco mais, enquanto o domingo era em idêntica proporção exaltado. Assim a festividade

pagã veio finalmente a ser honrada como instituição divina, ao mesmo tempo em que se

declarava ser o sábado bíblico relíquia do judaísmo, amaldiçoando-se seus

observadores”. (HR, 330).

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

17.7 Considerações finais

Como foi visto, após o imperador Constantino ter decretado o Edito de Milão em

313, concedendo livre e irrestrita liberdade aos cristãos, a História Universal registra que,

por força dos decretos imperiais, o paganismo e o cristianismo começaram a se mesclar.

Tal fenômeno social resultou numa Igreja Imperial, que passou a ser identificada

pelo nome de “Igreja Católica”. Porém, para que esse sincretismo religioso se tornasse

aceitável a cristãos e a pagãos ambos os lados fizeram tremendas concessões. Trabalhando

intensamente nos bastidores, deram roupagens cristãs a várias doutrinas de origem pagãs.

Destarte, por exemplo, os pagãos e os cristãos tinham o “primeiro dia da semana”

como o “dia do Sol”. Em 07 de Março de 321 Constantino decretou a obrigatoriedade de

observar o “dia do Sol” como dia repouso sagrado. É claro que o decreto de Constantino

tinha validade tanto para os cristãos como para os pagãos.

Logo a seguir veio o decreto eclesiástico do Concílio de Laodicéia, onde os

religiosos revestiram o “dia do Sol” com um manto cristão: “dia do Senhor”. Além disso,

esse concílio proibiu a observância do sábado e obrigou a observância o suposto “dia do

Senhor”.

Com a apostasia e corrupção da Igreja pelo poder imperial romano, o qual tinha certa

simpatia pelo “dia do Sol”, fica patente a todos que o domingo é uma prática de origem pagã

que foi cristianizada pela Igreja Imperial de Roma, haja vista não existir em nenhum lugar

das Escrituras Sagradas qualquer mandamento ordenando o repouso no “primeiro dia da

semana”. Hoje, o domingo é guardado por tradição, a qual teve origem em Roma.

“Não tem o homem o direito nem poder para substituir o sétimo dia pelo primeiro.

Poderá pretender fazê-lo, ‘todavia, o fundamento de Deus fica firme’. II Tim. 2:19. Os

costumes e ensinos dos homens não diminuirão as exigências da lei divina. Deus santificou

o sétimo dia. Essa porção específica de tempo, separada pelo próprio Deus para culto

religioso, continua hoje tão sagrada como quando pela primeira vez foi santificada pelo

nosso Criador” (CSM, 66).

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

“Diz o grande enganador: ‘Devemos vigiar aqueles que estão chamando a atenção

do povo para o sábado de Jeová; eles levarão muitos a ver as exigências da lei de Deus; e a

mesma luz que revela o verdadeiro sábado, revela também o ministério de Cristo no

santuário celestial, e revela que a última obra para a salvação do homem está agora indo

avante. Conservai nas trevas a mente do povo até que esta obra termine, e teremos

conseguido o mundo e a igreja também’”. (CSM, 154).

Ellen Gould White

Escritora, conferencista, conselheira,

e educadora norte-americana.

(1827-1915)

LEANDRO BERTOLDO

O Sábado à Luz da Bíblia

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