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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA
DEPARTAMENTO DE RECURSOS MINERAIS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS
Renan Alex da Silva Grillaud
O SISTEMA SERRA DO CAETE-PUGA CRIOGENIANO
DA COBERTURA PLATAFORMAL DO CRATON
AMAZONICO (BORDA SUL)
Orientador
Prof. Dr. Jackson Douglas Silva da Paz
CUIABÁ
2013
i
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
REITORIA
Reitora
Profª. Drª. Maria Lucia Cavalli Neder
Vice-Reitor
Prof. Dr. Francisco José Dutra Souto
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO
Pró-Reitora
Profª. Drª. Leny Caselli Anzai
INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA
Diretor
Prof. Dr. Martinho da Costa Araújo
DEPARTAMENTO DE RECURSOS MINERAIS
Chefe
Prof. Dr. Paulo César Corrêa da Costa
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS
Coordenador
Prof. Dr. Amarildo Salina Ruiz
Vice-Coordenadora
Profª. Drª. Maria Zélia Aguiar de Sousa
ii
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
N° 43
O SISTEMA SERRA DO CAETE-PUGA CRIOGENIANO DA
COBERTURA PLATAFORMAL DO CRATON AMAZONICO
(BORDA SUL)
Renan Alex da Silva Grillaud
Orientador
Prof. Dr. Jackson Douglas Silva da Paz
CUIABÁ
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Geociências do Instituto de
Ciências Exatas e da Terra da Universidade
Federal de Mato Grosso como requisito parcial
para a obtenção do Título de Mestre em
Geociências.
iii
iv
O Sistema Serra do Caete-Puga Criogeniano da Cobertura
Plataformal do Craton Amazonico (Borda Sul)
Dissertação de mestrado aprovada em ______________________.
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________
Prof. Dr. Jackson Douglas Silva da Paz
Orientador (UFMT)
_______________________________________
Prof. Dr. Gerson Souza Saes
Examinador Interno (UFMT)
_______________________________________
Profª. Dra. Ana Maria Goes
Examinadora Externa (USP)
v
Dedico este trabalho a minha mãe,
pelo amor e valores ensinados como
honestidade, trabalho e respeito à vida.
vi
Agradecimentos
Em primeiro lugar agradeço a Deus pela minha vida e a de todos que fazem parte dela.
Agradeço minha família, em especial Raquel Maria e Fabiano Gustavo pelo apoio e paciência
nos momentos difíceis e incentivos;
A Daniela Freitas Coelho pelo carinho, amor, cumplicidade e força para seguir sempre em
frente.
Ao amigo e orientador Profº. Dr. Jackson Douglas Silva da Paz pela experiência geológica e
alegrias compartilhadas na confecção desta dissertação de mestrado;
Ao CNPq e Fapemat que financiaram este trabalho; bem como o Prof. Dr. Francisco Egídio
Pinho;
Agradeço a Bemisa S. A pelo acesso direto ao material geológico de estudo, em especial a
Geóloga Caroline Nalin pelo apoio e amizade;
Agradeço a Universidade Federal do Mato Grosso e ao Programa de pós graduação pelo
conhecimento adquiridos e oportunidade profissional;
Ao amigo Danilo Guilherme Queiroz que acompanhou o desenvolvimento profissional e de
mestrado lado a lado nestes anos de estudo e dedicação, mesmo nos momentos de provação que a vida
nos proporciona.
A Profª Drª Lena Simone que teve uma importância muito grande como amiga e também como
profissional nos auxiliando no desenvolvimento técnico, profissional e pessoal.
Aos professores que compõe o corpo docente do Programa de Pós graduação em Geociências,
bem como os técnicos e secretárias, em especial Daniele Cristina Xavier Pereira pelo auxílio e
predisposição;
Aos todos os amigos e colegas que acompanharam esta caminhada do conhecimento, em
especial: Profº. Dr. Gerson Saes, e estudantes Kéttilin Menoncello, Grabriel Luiz Zaffari e Gabriela
dos Santos.
vii
Sumário
AGRADECIMENTOS vii
LISTA DE FIGURAS ix
RESUMO xi
ABSTRACT xii
CAPITULO1 1
Introdução 1
Área de estudo 2
Contexto geológico 3
Materiais e Métodos 6
CAPITULO 2 8
Revisão Bibliográfica 8
Neoproterozóico 8
Formações Ferríferas Bandadas 9
CAPITULO 3 13
Abstract 14
Introduction 15
Study Area 16
Material and Methods 17
Results 18
Serra do Caeté Formation 18
Bituminous fine-grained facies 19
Conglomerate facies 20
Rythmites of sandstone and mudstone facies 22
Depositional Environment 23
Stratigraphic and Depositional Model 25
Acknowledgment 28
Refers 28
CAPITULO 4 31
Petrografia 31
Geoquímica 35
Elementos Maiores 35
Elementos Terras Raras 37
CONCLUSÃO 41
REFERÊNCIAS 42
viii
Lista de Figuras
Figura 1.1. Localização da área de estudo com delimitação dos municípios envolvidos 2
Figura 1.2. Geologia do entorno da área de estudo 5
Figura. 2.1 - O Sistema Neoproterozóico de Mato Grosso 9
Figura 2.2. Modelo de deposição de Fe e minerais associados ao ambiente marinho 11
Figure 3.1 - Regional geological map of Mirassold’Oeste Caeté hill 17
Figure 3.2. Stratigraphic column of the Serra do Caeté Formation from Porto
Esperidião (PE) to Mirassol d’Oeste (MO). 18
Figure 3.3. Betuminousfacies: A) scour structure (at the top) and dropstone
(at the bottom) with deformation of the bedding; B) pyrite crystals
along the bedding; C) low-angle cross lamination. 19
Figure 3.4. Conglomerate facies: A) polymictic conglomerate outcrop with
facetedclasts; B) striated clast; C) polymictic conglomerate
outcrop with well-rounded boulder; D) faceted pebbles with grooves. 20
Figure 3.5. Sandstone facies: A) normal graded sandstone with scours at the
bottom (debris flow); B) sandstone with expressive ripple marks. 21
Figure 3.6. Rhythmites of sandstone and mudstone facies. 23
Figure 3.7. The depositional model of the Serra doCaeté – Puga System. 27
Figura 4.1. Lâminas petrográfica de ritmitos de arenito e argilito 32
Figure 4.2. A,B –Ritmitos de arenito e argilito; C, D – Laminação cortada
por registro de sílica substituída (vidro). 34
Figura 4.3 - Modelo de processos de diagênese para fácies ritmito de arenito e argilito. 34
Figure 44. Gráfico de correlação dos elementos maiores Fe2O3(1), K2O(2),
CaO(3), MgO(4) , Na2O(5), SiO2(6) and P2O5(7) em relação ao Al2O3. 36
Figura 4.5 - Modelo de controle da estratificação da água marinha pela halocline. 39
ix
Lista de Tabelas
Tabela 4.1. Elementos maiores nas amostras de Ritmito de arenito e argilito 35
da Serra do Caeté.
Tabela 4.2. Teste de correlação do Al2O3 com outros elementos maiores 36
Tabela 4.3 - Amostras de Elementos Terras Raras dos Ritmito de arenito e
argilito da Serra do Caeté. (Normalizados) 40
x
Resumo
Este trabalho é fruto de pesquisa na região dos municípios de Mirassol d’ Oeste e
Porto Esperidião, sudoeste do estado de Mato Grosso. A escolha desta área para estudo se deu
em função da descoberta recente de rochas proterozóicas com teores significantes de ferro e
fosfato. Essas rochas foram classificadas como Formação Serra do Caeté devido a seu aspecto
litológico particular, especialmente relacionado ao alto teor de ferro, o qual nos permitiu
defini-la como uma formação ferrífera. Neste trabalho, este estudo busca o entendimento dos
processos relacionados a geração da formação Serra do Caeté. O método adotado para isso foi
a análise de fácies e geoquímica, que são uma ferramenta eficiente para caracterização de
processos fisicos e químicos de uma rocha.
A Formação Serra do Caeté representa uma nova unidade cronoestratigráfica, descritas
por Silva (2010) como estratigraficamente correlatas à Formação Bauxi, ambas sotopostas
pela Formação Puga (Marinoano). Aqui, estas duas unidades (Fm Serra do Caeté e Fm. Puga)
litoestratigráficas estão agrupadas e atribuídas a um único sistema. Estas sucessões de rochas
apresentam evidências claras de ação das ondas e eventos glaciais associados ao processo
deposicional. Três associações de fácies siliciclásticas distintas são observadas e agrupadas
como: o betume de grãos finos, o conglomerado e os ritmitos de arenito e argilito. A presença
de características peculiares, tais como estruturas de corte e preenchimento, pequenas marcas
de onda, laminação cruzada com lentes bidirecionais de truncamento de baixo ângulo e dobras
convolutas indicam a atividade das ondas no paleoambiente, além da presença de clastos
caídos (dropstones). Somado a essas características, as ocorrências de matéria orgânica e de
um conglomerado polimítico com clastos facetados (alguns estriados) contribuiram para
inferir que a deposição das facies ocorreu em ambiente marinho com influência glacial, como
o shoreface inferior de eventos glaciais, registrados por distintas associações de fácies como
fluxo de detritos e subglacial. Esta interpretação permitir-nos inferir que o mesmo evento
geológico glacial que ocorreu na formação Serra do Caeté foram os mesmos que ocorreram na
formação Puga e, consequentemente, a atribuição de uma mesma origem para ambas as
formações poderia ser reforçada e atribuída ao evento Marinoan (630 -600 Ma).
A petrografia mostrou que a diagênese na Formação Serra do Caeté não foi complexa
e envolveu poucas fases diagenéticas. A fim de testar o processo diagenetico do ferro, foi
utilizado o alumínio, que serviu de parâmetro para a análise Deduz-se isso do arcabouço
aberto dos arenitos finos da Formação Serra do Caeté e da cimentação restrita a hematita e
sílica. Essa análise mostrou que não houve percolação de fluidos significativa e que, portanto,
xi
o alumínio observado nestes depósitos é predominantemente detrítico. As correlações entre o
Al2O3 com Fe2O3, K2O e SiO2, respectivamente, são uma ferramenta promissora para seleção
entre a origem detrítica ou não detrítica para para os maiores óxidos na rocha total. Estes
resultados confirmam a premissa inicial de origem detrítica para o Al2O3 uma vez que quase
todo teor de alumínio em rocha sedimentar está nos argilominerais presentes da rocha.
Observa-se ainda, a p artir dos resultados da anomalia de Eu que os íons de Fe estudados na
bacia possam ser produto de intemperismo sobre as rochas matrizes e que é certo que a
distribuição da anomalia de Eu nos depósitos da área de estudo corroboram a hipótese de
origem detrítica da Formação Serra do Caeté. Especula-se também a partir da análise de fácies
que a idéia de Snowball Earth sugerida por Hoffman (1998) não estaria em seu clímax, sendo
mais sugestivo um evento do tipo sluggish ball Earth.
xii
Abstract
This work is the result of research in the towns of Mirassol d' Oeste and Porto
Esperidião, southwestern of Mato Grosso state. The study area was due to the recent
discovery of proterozoic rocks with significant content of iron and phosphate. These rocks
keep the geological record of the Neoproterozoic in the southern Mato Grosso and may lead
to the understanding of depositional environment. These rocks are ranked as Serra do Caeté
Formation due to their particular lithological aspects specially related to high content in iron
which allows us to define them as a kind of iron formation. In this work, this study aims for
understanding the processes linked to the generation of the Serra do Caeté Formation. The
methods adopted hereby were the facies analysis supported by geochemistry, which are
efficient tools for the characterization of their physical and chemical processes.
The Serra do Caeté Formation represents a new chronostratigraphic unit, described by
Silva (2010) as stratigraphically correlated to Bauxi formation, both placed underneath the
Puga Formation (Marinoano). Here, these two units (Fm Serra do Caeté.and Puga) are
grouped and ascribed to a single system. These successions of rocks present clear evidences
of wave action and glacial events associated to depositional process. Three distinct
siliciclastic facies associations are observed and grouped as: the bituminous fine-grained, the
conglomerate and the rhythmites of sandstone and mudstone. The presence of peculiar
features such as cut and fill structures, small wave-ripple marks, cross lamination with low-
angle truncation bidirectional lenses and convoluted folds indicate wave activity in the
paleoenvironment that also presented dropstones. Added to these features, the occurrences of
organic matter and a polymitic conglomerate with faceted clasts (some striated) contributed to
infer that the facies deposition occurred in glacial-influenced marine environment such as the
lower shoreface with glacial events well-marked by distinct facies association such as debris
flow and subglacial. This interpretation allow us to infer that the same geological-glacial
event occurred in the Serra do Caeté Formation is those of the Puga Formation and
consequently the precious attribution of a same origin to both formations could be reinforced
and the age attributed to the Marinoan event (630-600 Ma).
The petrography showed that the diagenesis process of the Serra do Caeté Formation
was not complex and involved few diagenetic phases, which could be confirmed by the open
framework of fine sandstones of the Serra do Caeté Formation and the restricted cement of
hematite and silica. In order to test the diagenetic process in the iron it was used the
aluminum, which served as a parameter to the analysis. This analysis showed that there was
xiii
no significant leaching fluid and, therefore, the aluminum observed in these deposits are
predominantly detrital. The correlation among Al2O3 with Fe2O3, K2O, and SiO2, respectively
is a promising tool to select between detrital and non detrital origin for the major oxides in the
total rock. These results confirm the initial premise of detrital Al2O3 since almost all
aluminum content in sedimentary rock is clay minerals in the rock. It has been speculated,
from the results of the Eu anomaly that the Fe ions observed in the basin may be a product of
weathering of the matrix rock and it is certain that the distribution of Eu anomaly in the
deposits of the study area support the detrital origin hypothesis for the Serra do Caeté
Formation. It has also been speculated from the facies analysis that the idea of Snowball Earth
suggested by Hoffman (1998) would not be at its climax, being more suggestive of an event
type sluggish ball Earth.
Grillaud, R.A.S. 2013. O Sistema Serra do Caete-Puga Criogeniano da Cobertura Plataformal do Craton Amazonico (Borda Sul)
1
CAPITULO 1
Introdução
Este trabalho é fruto de pesquisa na região dos municípios de Mirassol d’Oeste e Porto
Esperidião. A escolha desta área para estudo se deu por motivos acadêmicos, por se tratar de uma área
em que Silva (2010) recentemente descreveu rochas com teores significantes de ferro, depositadas na
Era Neoproterozóica. Essas rochas possuem registros que contam a história ocorrida nesta Era e podem
levar ao entendimento da origem do ambiente deposicional e, por conseguinte, dos depósitos de ferro e
como eles estão associados a estas rochas, além de somar para o conhecimento geológico do Estado de
Mato Grosso.
Estas rochas foram denominadas como Formação Serra do Caeté e representam uma nova
unidade cronoestratigráfica, descritas por Silva (2010) como estratigraficamente correlatas à Formação
Bauxi, ambas sotopostas pela Formação Puga (Marinoano). A Formação Puga é um registro geológico
de glaciações neoproterozóicas e estão associadas a ocorrências de formações ferríferas, descritas por
Boggiani et al. (2006) e Piacentini et al. (2006).
Sabe-se que as rochas sedimentares são grandes fontes de minério de ferro e seus grandes
depósitos estão confinados a um intervalo de tempo restrito da história da Terra (3.8 – 0.7 Ga). Por
apresentar teores significantes de Fe2O3 de até 62% e também de P2O5 até 6% (Silva, 2010) a Formação
Serra do Caeté é uma área propícia a estudos geológicos diversos, como este que aqui se apresenta. O
entendimento do ferro encontrado na Formação Serra do Caeté é uma questão importante a ser discutida,
uma vez que, mesmo sendo contemporâneo a outras formações ferríferas, o ferro encontrado na Serra
do Caeté não é caracterizado como uma Formação Ferrífera Bandada (BIF), pois encontra-se em
depósitos de Ritmito de argilito e siltito.
Para a realização deste trabalho foi imprescindível o auxílio do Programa de Pós Graduação em
Geociências e da empresa Bemisa S.A, a qual possibilitou acesso ao acervo de furos de sondagem. Desta
forma, foram selecionadas duas áreas prioritárias de estudo: Mirassol d’Oeste (Serra do Caeté) e Porto
Espiridião (Furos de Sondagem), onde ocorrem as rochas da Formação Serra do Caeté.
Assim, este trabalho objetiva caracterização geológica da Formação Serra do Caeté, através da
análise de fácies e geoquímica dos elementos maiores e elementos terras raras, com o intuito de entender
e também de auxiliar na reconstrução do ambiente desta formação, afim de que o modelo geológico-
estratigráfico e paleoambiental oriundo deste estudo possam contribuir com os dados geológicos
existentes no estado de Mato Grosso.
Grillaud, R.A.S. 2013. O Sistema Serra do Caete-Puga Criogeniano da Cobertura Plataformal do Craton Amazonico (Borda Sul)
2
Área de estudo
A área estudada abrange em destaque as cidades de Mirassol do Oeste e Porto Esperidião,
distantes de Cuiabá cerca de 290 km e 317 Km, respectivamente. As vias de acesso à área de estudo
estão no estado de Mato Grosso. Iniciando pela saída de Cuiabá pela BR 070 em sentido ao município
de Cáceres, seguindo pela MT 174 até o município de Mirassol d’Oeste. Os afloramentos estão
localizados próximos a Mirassol d’Oeste (15 Km – Serra do Caeté) e Porto Esperidião (60 Km de
Mirassol) (Figura 1.1).
Figura 1.1 - Localização da área de estudo com delimitação dos municípios envolvidos.
Grillaud, R.A.S. 2013. O Sistema Serra do Caete-Puga Criogeniano da Cobertura Plataformal do Craton Amazonico (Borda Sul)
3
Contexto Geológico
As rochas neoproterozóicas registram, pela primeira vez na história da Terra, todas as massas
continentais do planeta reunidas num imenso e único continente, denominado Rodínia, seu processo de
rifteamento continental generalizada ocorreu entre ca. 825 Ma e 740 Ma, com eventos episódicos em
pluma ca. 825 Ma, ca. 780 Ma e ca. 750 Ma (Li et al, 2008). Neste contexto, a área de estudo está
inserida na zona estrutural que recobre a porção sul do Cráton Amazônico. A borda sul do Cráton
Amazônico encontra-se limitada pela Faixa Paraguai (Almeida 1964, 1965) e recoberta por depósitos
sedimentares que datam do Neoproterozóico, Paleozóico e Cenozóico (Barros et al. 1982, Almeida
1984, Alvarenga & Saes 1992, Nogueira 2003, Nogueira et al. 2003, Nogueira & Riccomini, 2006)
apresentados por Silva Jr. et al.(2007).
Segundo Saes (1999), essa porção é dividida em pelo menos cinco terrenos exóticos que se
consolidaram, a partir do Paleoproterozóico até Mesoproterozóico e que formam o embasamento da
Faixa Paraguai.
A Faixa Paraguai é constituída de rochas sedimentares depositadas em margem passiva durante
o Neoproterozóico e, posteriormente, dobradas pela orogênese Brasiliana-Pan Africana no Cambriano
(Alvarenga e Trompette 1993; Trindade et al., 2003). Essas rochas foram agrupadas nas seguintes
unidades estratigráficas: Grupo Cuiabá, Formação Bauxi, Formação Serra do Caeté, Formação Puga,
Grupo Araras e Grupo Alto Paraguai (Figura 1.2).
A Formação Puga formação foi descrita por Maciel (1959) no Morro do Puga, margem direita
do Rio Paraguai, 6 km a sudoeste de Porto Esperança, município de Corumbá-MS. Oliveira (1964)
descreveu como tilitos as rochas da região do Alto Paraguai, e as designou provisoriamente de Formação
Puga, correlacionando-as às descritas por Maciel (1959) no Morro do Puga, em Porto Esperança, MS.
Almeida (1964) e Hennies (1966) denominaram de Grupo Jangada os sedimentos glaciais que ocorrem
entre a Série Cuiabá, stricto sensu, e a base do Grupo Araras. Figueiredo & Olivatti (1974) posicionam
essa formação como a unidade basal do Grupo Alto Paraguai. A espessura da Formação Puga foi
estimada em menos de 100 m por Almeida (1965) e de 55 a 330 m por Vieira (1965a). Consiste de
diamictitos associados a arenitos, siltitos e folhelhos. Os diamictitos contêm blocos e seixos de quartzito,
calcário, gnaisse, anfibolito, granito e riodacito, dispersos caoticamente na matriz síltica a arenosa fina
(Ribeiro Filho et al., 1975). O contato inferior da Formação é transicional com a Formação Bauxi
(Barros et al., 1982). O ambiente deposicional da Formação Puga é controverso e considerado como
glacial por Maciel (1959), Almeida (1964) e Dardene (1980, apud Barros et al., 1982), em virtude de
clastos estriados e facetados, ausência de estratificação e extensão e continuidade das camadas.
Alvarenga & Trompette (1992) atribuem à formação origem glácio-marinha, evidenciada pela
associação de diamictitos, arenitos e sedimentos finos com dropstones na área cratônica, próxima a
Grillaud, R.A.S. 2013. O Sistema Serra do Caete-Puga Criogeniano da Cobertura Plataformal do Craton Amazonico (Borda Sul)
4
Mirassol d’Oeste, com diamictitos maciços e estratificados com intercalações de sedimentos finos
interpretados como depósitos de ressedimentação de detritos glaciais em fluxos sub-aquosos.
O embasamento da Faixa Paraguai, em sua porção oeste, é recoberto por rochas constituídas por
diamictitos glaciogênicos da Formação Puga, correlatos à glaciação global do final do Criogeniano, de
635 Ma, Silva Jr. et al.(2007). Contudo, estudos recentes de Silva (2010) caracterizam esta porção como
uma nova unidade, chamada de Formação Serra do Caeté, correlata à Formação Bauxi. O embasamento
que recebeu sedimentos da Formação Serra do Caeté, é constituído pelas rochas da borda do sul do
Cáton Amazônico de ao menos cinco assembleias diferentes de rochas, conhecidos como terrenos
alóctones, denominados nesta porção do Cráton de Terreno Jauru, Santa Helena Rio Alegre, Paragua e
San Pablo (Saes, 1999), a qual está sendo recoberta localmente de forma descontinua, e com mergulhos
sub-horizontais pela Formação Serra do Caeté, sobre suas rochas gnáissicas, metasilexitos, xistos e
corpos graníticos maciços e foliados. Além disso, esta unidade encontra-se recoberta pelos diamictitos
da Formação Puga, paraconglomerados da Formação Jauru, e Formação Pantanal (Figura 1.2). A
Formação Serra do Caeté constituí uma nova unidade litoestratigráfica, que recobre uma área de
aproximadamente 127 km² de rochas sedimentares que ocorre na Serra homônima e se estende sob a
forma de corpos descontínuos para SW. Foi mapeado por Figueiredo et al. (1974), seguido por Radam
Brasil (1982), como pertencentes à Formação Bauxi. Contudo, recentemente, esta unidade tem sido
tratada como uma nova unidade. Silva (2010) propôs renomear os sedimentos atribuídos à Formação
Bauxi, na região da Serra do Caeté, para formação Serra do Caeté e correlaciona-os aos sedimentos da
Formação Santa Cruz do Grupo Jacadigo, que ocorre na parte noroeste do Estado do Mato Grosso do
Sul, em posicionamento tectônico e estratigráfico similar. O nome proposto advém da Serra homônima
que compreende uma estrutura homoclinal com escarpas acentuadas do lado NW e vergência suave para
SE, drenada pelo Ribeirão Caeté e seus tributários. Neste trabalho adota-se a denominação de Serra do
Caeté, proposta inicialmente por Silva (2010)
Grillaud, R.A.S. 2013. O Sistema Serra do Caete-Puga Criogeniano da Cobertura Plataformal do Craton Amazonico (Borda Sul)
5
Figura 1.2 - Geologia do entorno da área de estudo (modificado de Silva, 2010)
Silva (2010) descreve a sequência estratigráfica da Formação Serra do Caeté estimando sua
espessura em cerca de 100 m, constituindo-se de três fácies distintas: i) fácies conglomerado dispostos
em lajeados descontínuos, nos vales e pequenas drenagens:± 20m de espessura, com clastos variando
de grânulos a matacões, subarredondados a arredondados, boa a moderada esfericidade , composição
litológica variada (gnaisse, granito, xisto, rocha básica, quartzito, calcário), seixos de quartzo
esbranquiçados, subarredondados a arredondados, às vezes facetados. Sua matriz é composta por areia
média a grossa, cor cinza a esverdeada ou avermelhada (laterizada), às vezes com cimento calcífero e
presença de sulfetos (pirita); ii) fácies arenito: afloramento descontínuos, com até 1,5 m de exposição.
± 30m de espessura, maciço, eventualmente acamadado, com laminação plano-paralela, ondulado, com
estratos gradacionais, bege a amarelo, fino a médio (microconglomerática), micáceo, com clastos de até
10 cm de diâmetro (p.e., quartzo esbranquiçado, quartzito, granito e gnaisse), arredondados a
subarredondados, e facetados; e iii) fácies ritmitos: com espessura de ± 50m, em escarpas escalonadas,
descontínuas, de até 10 metros de altura, em lâminas de arenitos finos a médios, as vezes níveis de
arenito grosso, arenitos conglomeráticos, siltitos, argilitos, diamictitos (até 30 cm) e turbiditos (até 20
cm), bem como clastos caídos (20 cm de diâmetro) de quartzitos e granitos, arredondados. Seus ritmitos
estão cimentados por óxido de ferro (hematita/goethita), com cores variando de vermelha a amarelo e
teores de Fe2O3 de até 62% e de P2O5 até 6% (Silva, 2010).
Grillaud, R.A.S. 2013. O Sistema Serra do Caete-Puga Criogeniano da Cobertura Plataformal do Craton Amazonico (Borda Sul)
6
Materiais e Métodos
Este trabalho contou com o apoio externo da Bemisa (Brasil Exploração Mineral S.A), a qual
disponibilizou o acesso a furos de sondagem de até 110 m de profundidade. Esses furos foram descritos
quanto as suas características fundamentais, bem como fotografados. Com os dados descritivos dos furos
foi possível a confecção de seções estratigráficas detalhadas da geologia contida na área de estudo.
Todas as amostras foram descritas e / ou recolhidos na Serra do Caeté, próximo as cidades de
Mirassol d'Oeste e Porto Esperidião. O detalhamento das rochas sedimentares em afloramentos e em
furos de sondagem da Formação Serra do Caeté permitiu o desenvolvimento do modelo deposicional
para a área de estudo.
A etapa de campo fundamentou-se na análise de fácies utilizando informações coletadas a partir
do mapeamento vertical e horizontal de fácies e de superfícies estratigráficas na área de estudo. Este
mapeamento se dá pela documentação das camadas que constituem a pilha sedimentar em termos das
características fundamentais das rochas, tipos de contato e continuidade lateral. A fácies é o registro do
processo deposicional que deu origem à camada ou conjunto de camadas que a constituem (Tucker,
2003).
A fim de entender o comportamento geoquímico da Formação Serra do Caeté, foram realizadas
análises de elementos maiores e elementos menores de 26 amostras no Laboratório ACME Lab Ltda
usando análise de rocha total “4A4B” utilizando ICP-espectrometria de emissão (ICP-ES). Para obter
as abundâncias dos principais óxidos e vários elementos menores, 0,2 g da amostra foi analisada por
ICP-ES seguida de uma fusão e nítrico diluído de Lithium metaborato / tetraborato. A “Loss on ignition”
(LOI) foi realizada a 1000 ° C.
Foram realizadas análises de correlação para os elementos maiores usando o método estatístico
de correlação do coeficiente de Pearson, que é conhecido como o raio da covariância de duas variáveis
pelo produto dos desvios padrão de cada um deles. Este coeficiente pode variar entre -1 e 1 e mostra o
sentido da correlação linear entre duas variáveis.
No entanto, quando o valor de “p” é inferior a 0,05, considera-se que a correlação é
estatisticamente significativa. Em outras palavras, é provável que o conjunto de dados corresponda a
uma linha com 95% de probabilidade de não ser aleatória. Neste caso, a correlação deve ser aceita como
verdadeira.
A análise dos Elementos Terras Raras utilizou o pacote 4B02 do ACME Lab Ltda, a fim de
atuar como ferramenta adicional para apoiar o processo ambiental retratado a partir da análise dos
principais elementos apresentados anteriormente. Esta análise compreende duas partes separadas. Em
primeiro lugar, os elementos de terras raras e os refratários são determinados por espectrometria de
massa ICP (ICP-MS), seguidos de lítio metaborato/tetraborato em fusão e ácido nítrico digestivo em
uma amostra de 0,2 g. Em segundo lugar, 0,5 g de amostra foram divididas e digerido em aqua regia e
Grillaud, R.A.S. 2013. O Sistema Serra do Caete-Puga Criogeniano da Cobertura Plataformal do Craton Amazonico (Borda Sul)
7
analisados por ICP-MS. Em ambas as análises, as amostras foram trituradas, separadas e pulverizadas
com um mínimo de 250 g de a rocha a 200 mesh.
Para a análise dos elementos de terras raras foi necessária a aplicação de uma normalização dos
dados dentro de um nível aceitável para esses elementos. O elemento de terra rara na EU pode indicar
possibilidades para a compreensão do comportamento das formações ferríferas, Klein (2005). É
necessário normalizar os dados da EU, que é calculado pela seguinte: Eu / Eu * = Eun / √ [(SMN)
(GDN).] Postulado por McLennan (1985), no qual o padrão referência para rochas sedimentares de
normalização utilizada é a North American Shale Compost de Gromet et al, 1984, abordada por
Rollinson (1993).
Grillaud, R.A.S. 2013. O Sistema Serra do Caete-Puga Criogeniano da Cobertura Plataformal do Craton Amazonico (Borda Sul)
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CAPITULO 2
Revisão Bibliográfica
Neoproterozóico
O Pré-Câmbriano foi um período muito interessante, pois os continentes estavam a se colidir,
conduzindo à formação de supercontinentes, além do fato de que a Terra estava sujeita a grandes
glaciações. A cerca de 1,0 Ga, os continentes estavam agrupados num único supercontinente, o Rodínia.
Segundo Rogers (1996), entre 900 e 700 milhões de anos, o supercontinente Rodínia aparentemente
iniciou sua fase de dispersão. Ele se fragmentou ao longo de dois grandes riftes, gerando três blocos
principais: Gondwana Leste, Laurentia e Gondwana Oeste. O Laurentia é constituido de partes da
América do Norte e Europa, Groenlândia e Sibéria. O bloco Gondwana Leste, compreendendo parte da
África e Antártica (Cráton Kalahari- Grunehogna), Madagascar, Índia e Austrália permaneceram
praticamente coesas até o Mesozóico. Já o bloco Gondwana Oeste foi se aglomerando por diversas áreas
cratônicas: Amazônia, África Leste, Rio de la Plata, e vários blocos menores: Pampia, Central de Goiás,
Juiz de Fora, Luis Alves. Por causa disto, a história do Neoproterozóico é a evolução de um ciclo
supercontinental com destruição de um supercontinente e posterior reconstrução de outro
(Schobbenhaus e Brito Neves, 2003). Essa história tem seu registro preservado em algumas rochas do
embasamento das plataformas continentais.
Neste contexto é importante a ênfase ao entendimento do supercontinente Rodínia, que se
agrupou através de eventos orogênicos sincrônicos por todo o planeta entre 1.3 e 0,9 Ga, com a maioria
dos blocos continentais, existentes à época fazendo parte do processo. Segundo Li etal (2008), a
aglutinação foi por acresção ou colisão de blocos continentais em volta da margem do continente
Laurentia. Tal como o supercontinente Pangea, após sua completa aglutinação, o supercontinente
Rodínia perdurou por cerca de 150 Ma. Tal permanência permitiu-lhe uma isolação térmica do manto,
favorecendo que sob ele, se criasse, no manto, uma intumescência ou mesmo uma pluma mantélica, 40-
60 Ma após aquela aglutinação. Estes fenômenos provocaram extensos rifts entre 825 e 740 Ma com
episódios de plumas há 825 Ma e 780 Ma.
O quebramento de Rodínia sobreveio diacronicamente, o primeiro grande quebramento sucedeu
ao longo da margem de Laurentia, na sua topologia atual, talvez já precocemente a 750 Ma. Um processo
de rifteamento surgiu ao longo do Cráton Amazonico e da margem sudeste de Laurentia quase que
sincronicamente, mas este fenômeno só levou a sua separação por volta de 600 Ma. Ao redor deste
tempo os continentes ocidentais do Gondwana já estavam se agrupando, enquanto que a fusão completa
do supercontinente Gondwana só iria consumar-se ao redor de 530 Ma.
Grillaud, R.A.S. 2013. O Sistema Serra do Caete-Puga Criogeniano da Cobertura Plataformal do Craton Amazonico (Borda Sul)
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Já no final do Neoproterozóico ocorreram os grandes eventos glaciais que causaram grandes
mudanças atmosféricas e paleoceanográficas com suas evidências registradas nas rochas. Em Mato
Grosso, estas evidências podem ser encontradas nas rochas pertencentes ao “Sistema Neoproterozóico
de Mato Grosso” (Fig. 2.1). Hoffman et al. (1998) sugere que neste período a terra poderia ter calotas
de gelo até em regiões equatorias.
Figura. 2.1 - O Sistema Neoproterozóico de Mato Grosso (exclusa a região de Nova Xavantina)
Formações Ferríferas Bandadas (BIFs)
Nos dias atuais é bem aceito que as formações ferríferas bandadas (BIFs) são depósitos de
rochas sedimentares químicas e em sua maioria pré-cambriana. Mas ainda há grandes discussões em
relação a sua química deposicional, sua paleogeografia e o significado do seu paleoclima, bem como
seu material constituinte, especialmente o ferro.
O termo formação ferrífera (iron formation) é uma contração de iron bearing formation, usado
por Van Hise & Leith (1911) em sua revisão de trabalhos pioneiros na região do Lago Superior na
América do Norte, área clássica de ocorrência de formações ferríferas (Trendall, 2002).
O bandamento característico dessas rochas adjetiva a expressão “formações ferríferas”, o que
resulta na forma BIF (banded iron formation), consagrada pelo uso e tomada por Trendall (2002) como
uma subdivisão das formações ferríferas oposta a GIF (granular iron formation). GIFs constituiriam
litossomas compostos por grãos retrabalhados de material ferrífero primário.
Para James (1954), os mais comuns minerais de ferro em rochas sedimentares estão ligados a
sua deposição, diagênese ou origem metamórfica e são óxidos (hematita, magnetita, ghoetita, e limonita)
carbonatos (siderita), silicatos (bertierita, e minesotaita) e sulfetos (pirita e marcasita). Ele ainda
classifica os BIFs como sedimentos químicos, finamente bandados ou laminados, com 15% ou mais de
Grillaud, R.A.S. 2013. O Sistema Serra do Caete-Puga Criogeniano da Cobertura Plataformal do Craton Amazonico (Borda Sul)
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ferro primário e comumente, mas não necessariamente, intercalações de chert. Atualmente, esse termo
se refere a rochas sedimentares restritas ao registro estratigráfico pré-cambriano com alto teor de ferro:
aproximadamente metade do peso em óxidos de ferro e a outra metade em sílica.
Os esforços pioneiros de descrição e classificação das formações ferríferas, tomados de maneira
independente em diferentes partes do mundo levaram à proliferação de termos e acepções locais
(Trendall, 1983).
Trendall (1965) propôs uma divisão hierárquica em três escalas de bandamento micro, meso e
macrobandas, compreendendo, respectivamente, espessuras milimétricas a centimétricas, centimétricas
a decimétricas e decimétricas a métricas – que, embora criticada em trabalhos subsequentes, foi utilizada
por Beukes (1980) e reiterada pelo autor em síntese relativamente recente sobre formações ferríferas
(Trendall, 2002).
Invocando a similaridade entre as estruturas e texturas de sedimentos carbonáticos e formações
ferríferas, Dimroth (1975) interpretou os mesmos processos para a sedimentação desses dois tipos de
rocha. Dessa forma adaptou a nomenclatura de rochas carbonáticas de Folk (1962) tanto para descrições
texturais como para interpretação de processos sedimentares, o que resultou na sua proposição dos
termos femicrito, oofemicrito, biofemicrito e intrafemicrito como análogos ferríferos de seus
equivalentes carbonáticos.
Em sua proposta, Beukes (1980) também corroborou a sugestão de analogia com rochas
carbonáticas feita por Dimroth (1975), ao reconhecer como componentes físicos de formações ferríferas
elementos aloquímicos, matriz (femicrito) e cimento (chert). Beukes (1980) foi além e dividiu as
formações ferríferas em aloquímicas, ortoquímicas e autóctones, sendo as duas últimas dominadas,
respectivamente, por felutito e ferritmito (Figura 2.1). Felutito seria representante de sedimentos
ferríferos finos intraclásticos e o ferritmito de sedimentos químicos e/ou bioquímicos. No entanto o
termo ortoquímico de sua classificação parece estar fora de contexto, pois deveria corresponder ao seu
ferritmito autóctone e não ao felutito de afinidade intraclástica.
Os principais minerais de ferro encontrados atualmente e suas respectivas origens são:
Magnetita (Fe3O4) – rochas ígneas, metamórficas
Hematita (Fe2O3) – rochas sedimentares (itabiritos)
Goethita (FeO.OH) – produto do intemperismo (lateritas)
Siderita (FeCO3) – formações ferríferas
Pirita (FeS2) – ocorrência variada
Chamosita (Mg, Fe)3 Fe3 (AlSi3) O10 (OH)6 – formação ferrífera, ironstone
Para Bekker (2010), com base em análises detalhadas de variações laterais e horizontais de
fácies, as formações de ferro são depositos em que ocorrem interações de águas muito profundas basais
(muito abaixo das ondas de tempestade e da zona fótica) com as águas rasas de plataforma, (acima da
Grillaud, R.A.S. 2013. O Sistema Serra do Caete-Puga Criogeniano da Cobertura Plataformal do Craton Amazonico (Borda Sul)
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base de onda normal) (figura 2.2). A precipitação de ferro e sílica realiza-se a partir
de plumas hidrotermais, num oceano de forma dinâmica de sistema circular que não foi
permanentemente estratificado. Oxi-hidróxido férrico é o precipitado de ferro primário em
praticamente todas as fácies de formação de ferro. Esse precipitado primário é representado por
hematitas em algumas formações de ferro.
No entanto, em ambas as formações de ferro, profundas e em águas rasas a maior parte de óxi-
hidroxido do ferro original foram transformados por redução de ferro para início diagenético
de siderita e/ou magnetita na presença de carbono orgânico. A precipitação de óxi-hidroxido férrico em
águas muito profundas abaixo da zona fótica exige um fluxo baixo de derivados
fotossinteticamente livre de oxigênio da zona fótica rasas. Nestes ambientes de águas profundas, em
condições microaerobicas, bactérias ferro-oxidantes podem desempenhar um papel importante
a precipitação de óxi-hidroxido férrico e atuar como uma fonte primária de matéria orgânica, sugerido
tambem por Cloud (1968). Com a bacia cheia, mesmo áreas de plataforma rasa podem ser invadidas pela
circulação de pluma de água hidrotermal a partir do qual óxi-hidroxido férrico pode ser precipitado em
ambientes oxigenados com alta produção de carbono orgânico primário e, portanto, redução do
ferro para formar hematita-siderita pobres e ricos em formações de ferro de magnetite com textura
clástica.
Figura 2.2 – Modelo de deposição de Fe e minerais associados ao ambiente marinho (modificado de Bekker,
2010).
Outra hipótese seria desassociada a processos hidrotermais de águas profundas, mas ligadas a
biomineralizadores. Muitas evidências indicam que ambas, a redução microbial de Fe3+ para Fe2+ e
Grillaud, R.A.S. 2013. O Sistema Serra do Caete-Puga Criogeniano da Cobertura Plataformal do Craton Amazonico (Borda Sul)
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oxidação de Fe2+ para Fe3+ são comuns em condições anaeróbicas (Lovelyet al.,1987; Wilddel et al.,
1993; Brown et al.; 1997). A oxidação natural do Fe2+ para Fe3+ pode ocorrer por bactérias ou por
oxidação química, ambos envolvendo moléculas de oxigênio, ou, como sugere Wilddel et al. (1993) por
um grupo de bactérias presentes nas argilas marinhas que utiliza o processo de ausência de oxigênio
para reduzir CO2 na matéria celular, como exemplo, quando a bactéria fotossintetiza utilizando energia
da reação Fe2+ Fe3+.
As ações fototrópicas direta das bactérias são muito importantes, por que elas implicam que a
oxidação do ferro independente do oxigênio, sendo possível muito antes da evolução dos
fotossintetizantes de oxigênio.
Outra hipótese seria considerar a precipitação do ferro como consequência do isolamento das
águas marinhas devido à glaciação, tornando-as anóxicas e mais ricas em ferro dissolvido. Segundo
Trendall (2002), a rápida deglaciação levou a um aumento considerável do nível do mar, com
precipitação de quantidades expressivas de ferro em resposta à rápida oxigenação do nível do mar.
Grillaud, R.A.S. 2013. O Sistema Serra do Caete-Puga Criogeniano da Cobertura Plataformal do Craton Amazonico (Borda Sul)
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CAPITULO 3
Article
GLACIAL-MARINE FACIES OF THE PUGA SYSTEM, MID-EASTERN
BRAZIL
Renan Alex da Silva Grillaud(a)
(a) Programa de Pós-Graduação em Geociências, Universidade Federal do Mato
Grosso, Avenida Fernando Corrêa da Costa, Instituto de Ciências Exatas e da
Terra,78060-900Cuiabá, MT, Brazil.
Jackson Douglas Silva da Paz (b),
(b) Departamento de Geologia, Universidade Federal do Mato Grosso, Avenida
Fernando Corrêa da Costa, Instituto de Ciências Exatas e da Terra,78060-900Cuiabá,
MT, Brazil.
Gercino Domingos da Silva (c)
(c) Metamat – Companhia Matogrossense de Mineração, Avenida Gonçalo Antunes de
Barros, 2.970, Planalto, 78050-300Cuiabá –MT, Brazil
Grillaud, R.A.S. 2013. O Sistema Serra do Caete-Puga Criogeniano da Cobertura Plataformal do Craton Amazonico (Borda Sul)
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ABSTRACT
It is described the Neoproterozoic Serra do Caeté Formation deposited just below the
glacial rocks of the Puga Formation (Marinoan). Here, these two lithostratigraphic units
are grouped and ascribed to a single system. These successions of rocks present clear
evidences of wave action and glacial events associated to depositional process. Three
distinct siliciclastic facies associations are observed and grouped as: the bituminous
fine-grained, the conglomerate and the rhythmites of sandstone and mudstone. The
presence of peculiar features such as cut and fill structures, small wave-ripple marks,
cross lamination with low-angle truncation bidirectional lenses and convoluted folds
indicate wave activity in the paleoenvironment that also presented dropstones. Added
to these features, the occurrences of organic matter and a polymitic conglomerate with
faceted clasts (some striated) contributed to infer that the facies deposition occurred in
glacial-influenced marine environment such as the lower shoreface with glacial events
well-marked by distinct facies association such as debris flow and subglacial. This
interpretation allow us to infer that the same geological-glacial event occurred in the
Serra do Caeté Formation is those of the Puga Formation and consequently the precious
attribution of a same origin to both formations could be reinforced and the age attributed
to the Marinoan event (630-600 Ma).
Keywords: Serra do Caeté Formation, Puga Formation, Glacial-marine deposit,
Iron formation, Neoproterozoic, Snowball Earth
Grillaud, R.A.S. 2013. O Sistema Serra do Caete-Puga Criogeniano da Cobertura Plataformal do Craton Amazonico (Borda Sul)
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GLACIAL-MARINE FACIES OF THE PUGA SYSTEM, MID-EASTERN
BRAZIL
1. Introduction
The southwestern portion of the state of Mato Grosso in the mid-eastern Brazil present
glacial rocks with significant content of iron and phosphate which are
cronostratigraphically positioned at the Neoproterozoic Era (Silva, 2010). According to
LØnne (1995) ice-contact glaciomarine rocks bear crucial record of the history and
dynamics of the glaciers in marine basins. In the study area, these rocks are known as
Serra do Caeté Formation, stratigraphically correlated to Bauxi Formation, both
underlying the Neoproterozoic glacial rocks of Puga Formation. Interestingly, some
geological characteristics of the Neoproterozoic continental rocks around the world
seems to be attached to drastic climatic changes, which might be related to glaciations,
some of them in global scale (Hoffman, 1998). The rocks of this Era are described
around the world not only for the economics but also for been a topic of great geological
importance in understanding the evolution of life, as well as the oceans and the
atmosphere in the Precambrian (Trendall, 2002; Beukes & Gutzmer, 2004; Klein, 2005)
such as those one observed in the Serra do Caeté Formation. The rocks of Serra do Caeté
Formation also presents evidences of glacial events on depositional process which could
serve as important palaeogeographic indicator. In addition, higher content of iron and
phosphate preserved in the Serra do Caeté Formation define it as an important regional
economic vector to mid-eastern Brazil (Silva, 2010; Borges et al., 2011).
This study aims to characterize the Serra do Caeté Formation in terms of better
paleoenvironment approach which leads us to understand the geological evolution and
influence of the glacier or others factors on its deposition. This study can contribute to
increment the geological data existing of the Neoproterozoic glacial rocks formations
which could be correlated to others rocks around the Brazilian plataform besides others
around the world (Klein, 2005; Nogueira & Riccomini, 2006; Piacentini et al., 2007).
Grillaud, R.A.S. 2013. O Sistema Serra do Caete-Puga Criogeniano da Cobertura Plataformal do Craton Amazonico (Borda Sul)
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2. Study Area
Neoproterozoic rocks have kept record of the first time in Earth's history of all the land
masses of the planet were gathered in a huge single continent known as Rodinia. The
widespread continental rifting process of the Rodinia occurred between 825 Ma and 740
Ma and culminated with the Gondwana’s birth (Li et al., 2008). In this context, the study
area is included in the Gondwana and it is associated to the sedimentary covers on that
covers the southern portion of the Amazonian Craton which is limited by the Paraguay
Belt (Almeida, 1964; 1965) and is overlain by sedimentary deposits from
Neoproterozoic, Paleozoic and Cenozoic (Barros et al., 1982; Almeida, 1984;
Alvarenga & Saes, 1992; Nogueira, 2003; Nogueira et al., 2003; Nogueira & Riccomini,
2006).
The Paraguay Belt (Almeida, 1965) is affected by the Brasilian-panafricantectonic cycle
and is located in the western portion of the Tocantins Province. The Paraguay Belt is
exposed in two segments: the northern portion is located in the state of Mato Grosso;
and the meridional portion is outcropped along the Bodoquena plateau and in the Massif
of Urucum (Corumbá) both located in the state of Mato Grosso do Sul. In the northern
portion, the Paraguay Belt shows virtually no deformation in the sedimentary cover
toward to Amazon Craton which is the substrate on that the study area is located. The
evolution of the Brasilian-Panafrican event probably occurred at the end of the
Ediacaran and early Cambrian (Alvarenga, 1990; Alvarenga &Trompette, 1992). These
northern and southern portions of the Paraguay Belt are separated by sedimentary covers
of the Paraná and Pantanal basins.
The most common subdivision for stratigraphic units of Paraguay Belt and the
respective coverage on the southern craton comes from Alvarenga & Trompette (1992)
that presented two units which are: the lower one comprises the glacio-marine sediments
(i.e. Puga Formation) with distal turbidites, which would be covered by carbonate rocks
(probably correspondent to Corumbá and Arara groups), followed by siliciclastic unit
known as Alto Paraguay Group. The Neoproterozoic rocks of the southern state of Mato
Grosso could be grouped as the following stratigraphic units (Fig. 3.11): Cuiabá Group,
Bauxi Formation, Puga Formation, Araras Group and Alto Paraguay Group (Alvarenga
and Trompette, 1993, Trindade et al., 2003).
Silva (2010) have studied the iron- and phosphate-bearing sedimentary successions of
the Caeté hills located around the Mirassold’Oeste town and assigned it to a new
Grillaud, R.A.S. 2013. O Sistema Serra do Caete-Puga Criogeniano da Cobertura Plataformal do Craton Amazonico (Borda Sul)
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stratigraphic unit, formally known as the Serra do Caeté Formation. The proposed name
comes from hill that comprising a homocline structure with NW side slopes steep and
SE soft convergence, drained by the Caeté stream and its tributaries.
Figure3.1 - Regional geological map of Mirassol d’ Oeste – Caeté hill (Modified from Borges et al.,
2011)
3. Material and Methods
Detailed sedimentological approach of the Serra do Caeté Formation from outcrops and
cores data has led to the development of more conspicuous stratigraphic and
depositional model for the study area. All samples were described and/or collected on
Caete hill near to Mirassol d’Oeste and Porto Esperidião towns. There outcrop
description was performed by vertical profiles along the Caeté hill that allowed the
exposed stratigraphic control.
Grillaud, R.A.S. 2013. O Sistema Serra do Caete-Puga Criogeniano da Cobertura Plataformal do Craton Amazonico (Borda Sul)
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4. Results
Serra do Caeté Formation
The Serra do Caeté Formation is outcropped along the Caeté hill. There, this unit is
120m thick usually be covered by soil and vegetation that contribute to the scarcity of
good expositions. The sedimentary rock strata formation of the Caete hills presents edge
craggy (cuesta) and the relatively flat on top, oriented according to NE-SW and dip
varying from 5º to 20º SE.
The succession rocks of the study area allow us to describe three distinct siliciclastic
facies association, which are grouped as: bituminous fine-grained, conglomerate and
rhythmites of sandstone and mudstone (Fig. 3.2).
Figure3.2 - Stratigraphic column of the Serra do Caeté Formation from Porto Esperidião (PE) to
Mirassol d’Oeste (MO).
Grillaud, R.A.S. 2013. O Sistema Serra do Caete-Puga Criogeniano da Cobertura Plataformal do Craton Amazonico (Borda Sul)
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4.1. Bituminous fine-grained facies
The bituminous fine-grained facies is a siliciclastic rock only observed at the subsurface,
about 45 m depth. It is composed of layers up to two centimeters of bituminous shale
with layers of sandstones or even conglomerates and breccias. The most common
structure found was parallel bedding, but we can also find low angle cross-lamination
and deformations caused by dropstones (up to 5 cm length) (Fig.3.3). There are also
secondary structures like small calcite-filled fractures which are oblique to the bedding.
Curiously, the lenses of sandstone in the bituminous shale could be show a marked
presence of sulfides (i.e. pyrite) which are disseminated throughout the lenses. These
sandstones are fine- to medium-grained size, gray and black in color, moderately sorted.
Added to, the presence of pyrite might also be observed in the contact of the sandstone
and shale and thin beds of conglomerates. The conglomerate is matrix-supported with
no orientation of the clasts, often gray and green in color and polymictic. The clasts vary
from granules to pebbles reaching up to 10 cm length. There is a strong odor of
hydrocarbon when the bituminous shale is placed in direct contact with fire. This fact
could be suggestive of some fossil association. However, there is no trace of any
fossiliferous association observed in bituminous shale and sandstone.
Figure3.3 – Betuminous facies: A) Scour structure (at the top) and dropstone (at the bottom) with
deformation of the bedding; B) pyrite crystals along the bedding; C) low-angle cross lamination.
Py
B
C
A
Grillaud, R.A.S. 2013. O Sistema Serra do Caete-Puga Criogeniano da Cobertura Plataformal do Craton Amazonico (Borda Sul)
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4.2. Conglomerate facies
The intermediate portion of the Serra do Caeté Formation is composed by the
conglomerate and sandstone beds. The facies of this association are outcropped along
exposition up to 20 m height. The conglomerate is polymictic, gray in color, varies up
to boulder (40 cm length) into a hard sand-grained matrix (Fig. 3.4). The clasts are
supported by the matrix, which are poorly to very poorly sorted, with a subangular to
angular roundness and to a great extent faceted, but poorly striated. Their fractions are
predominantly in pebble, granule and gravel with a great lithological and erosional
diversity features such as rounding the edges of the clasts and low sphericity. When
grouped into rocks provenience, their source very likely come from igneous rocks
(granite), metamorphic rocks (gneisses) and sedimentary rocks (sandstones) amid an
open framework in which the clasts show no orientation.
Figure3.4 – Conglomerate facies: A) polymictic conglomerate outcrop with faceted clasts; B)
striated clast; C) faceted pebbles with well-rounded boulder; D) faceted pebbles with grooves.
It was randomly collected 366 clasts that vary from granules to pebbles from Caeté hill
and described following the rounding, sphericity, lithology, striated features and the
presence of faces and edges. The lithologies of the clasts were grouped in metamorphic
42%, quartz 24%, granite 13%, sandstone 19 and mudstone 2%. The results shows that
92% of the clasts are faceted, but almost do not present striated features and only 4%
A B
C D
Sandstone
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showed poorly some striated features (Fig 3.4B). The rounding presented 23% angular,
46% sub-rounded, 19% rounded and 12% well rounded.
Sandstone beds could be observed along the conglomerate facies and comprises an
fining-upward character to this facies association. The sandstone is fine and presents
yellow color, sometimes whitish, moderately sorted, and micaceous. This facies is
massive in structure, but sporadically presents ripple marks and some bedding with
normal graded character or even might expose the parallel lamination (Fig. 3.5). The
gravel-grained clasts eventually occur in these beds. Very friable texture also occurs in
the sandstone when the rock is altered by surface weathering, but it is restricted to local
portions.
Figure3.5 – Sandstone facies: A) normal graded sandstone with scours at the bottom; B) sandstone
with expressive ripple marks.
The sandstone petrography shows fine- to medium-grained sand with the pore space
filled by sericite and/or silica cement. There are oriented trend quartz grains and
subordinate feldspar amid a matrix composed of clay minerals (<10% modal) and
cement. The quartz grains (90%) are monocrystalline and shows wavy extinction,
poorly sorted, range from angular to sub-round with a predominance of angular type.
The feldspar crystals are represented by anhedral to occasionally subhedral forms
(tabular).
Grillaud, R.A.S. 2013. O Sistema Serra do Caete-Puga Criogeniano da Cobertura Plataformal do Craton Amazonico (Borda Sul)
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4.3. Rhythmites of sandstone and mudstone facies
The rhythmites of sandstone and mudstone are the most representative of the Serra of
Caeté Formation and presents greatest vertical extent among the three facies
associations added to significant content in iron and phosphate which led previous
works to described them as a kind of iron formation (Fig. 3.6). This facies contains
layers of sandstones, small layers of conglomeratic sandstones, siltites, shales,
diamictites (up to 30cm). The rhythmites of sandstone and mudstone are estimated about
50 m thick in outcrop which shows laminated parallel beds to low-angle cross-laminated
set which dips toward SE. The cementation is iron oxide (hematite/goethite) that color
ranges from red to yellow.
In terms of structures, the rhythmites of sandstones and mudstone are layered and
exhibit normal graded character, cut and fill structures, ripple marks, dropstones, small
waves in parallel lamination and cross lamination with low-angle truncation, convoluted
folds, as major primary structures. Secondary structures occur as small fractures filled
by ferruginous materials, which are crossing obliquely the primary lamination.
The beds organization occurs as millimeter to submillimeter pairs of clear and another
dark layers setting the sedimentary layering. The clear pair is fine-grained sand with
bedding marked by partial orientation of grains of quartz and feldspar. Overall, the
grains are angular while the largest ones are sub-angular. The dark layer is composed of
dark clay minerals and poorly oriented grains of quartz and feldspar. Quartz grains are
monocrystalline with undulatory extinction, poorly sorted and range from angular to
subrounded with predominance of angular ones. The grains of K-feldspar are
represented by rounded grains of microcline and orthoclase. The clay minerals represent
over 10% occurring between the quartz grains in the form of cement. The accessory
minerals such as sericite and biotite (probably detrital particles) occur in both layers.
However crystals of biotite and opaque minerals are very fine and rare generally
dispersed throughout the rock.
It was not possible to identify in thin section phosphate minerals indicators such as
apatite crystals.
Grillaud, R.A.S. 2013. O Sistema Serra do Caete-Puga Criogeniano da Cobertura Plataformal do Craton Amazonico (Borda Sul)
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Figure3.6 – Rhythmites of sandstone and mudstone facies: A) general aspect of this facies
association up to 3 m thick; B) syn-depositional deformation caused by dropstone of granite; C)
structures of wave action (undulation, planar cross lamination, cut-and-fill and bidirectional lenses;
D) rare cm-scale hummocky cross-stratification in rythmites of sandstone and mudstone. A and B
show the general aspect of the higher iron content portion of this facies association.
5. Depositional Environment
Some peculiar features such as cut and fill structures, small wave-ripple marks, cross
lamination with low-angle truncation and convoluted folds on the layers of the
rhythmites of sandstones and mudstones indicate wave activity. Beside all those
structures, symmetrical and asymmetrical ripple marks in this facies indicate reworking
from current and waves and proximity to the continent. The presence of turbidity
currents and storm waves suggest gravitational process as an active and strong process
on the continental platform slopes. The presence of bituminous rock suggests a
transition zone from shallow to deep waters in the lower shoreface. The presence of
dropstones was also common in this geological unit and has been interpreted as ice-
rafted debris that floated out till dropped down on the marine silt-grained substrate as
the ice melted. The ice age interpretation is considered proven, or at least well founded,
when is added dropstones to edged clasts evidence, it is suggestive of active glacial
events on depositional process of the Serra do Caete Formation.
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The bituminous fine-grained facies represents the dominance of lower energy conditions
with significant wave action that suggests deposition at the storm wave base, in the
lower shoreface (storm wave evidences previously mentioned).
The anoxia could be a by-product of the glacier spread toward the ocean which inhibits
the entrance of water from the continent as well as induced the stratification of the water
column by a chemocline (for instance, a halocline). Glacial events have been associated
with higher salinity conditions once led to development of halocline that strength the
preservation potential of the organic matter. In this anoxic environment, bloom of
microorganisms like bacteria or algae eventually died and formed organic-enriched
sediment.
The conglomerate facies also shows clear evidences of the glacial events preserved in
the clasts. Some peculiar points as faceted clasts with several lithologies support the
idea of a glacier erosion process (Assine, 2008). The faceted feature of the clasts was
not be reworked enough to be obliterates by the rounding of the clasts and is interpreted
as resultant of subaqueous transport from gravitational depositional process and glacial
meltwater influence. This interpretation means a glacier retreating which is linked to
water abundance derived from the melting. This abundance favors hiperpicnal flux in
which debris flow is the most common. This process suggests that these clasts had two
steps of transport. First, the glaciers caused the faceted on the clast morphology. Second
one is the reworking of the clasts by current flows which barely preserved the original
morphology. Therefore, the dynamics of this system has a direct relationship with the
advances and retreats of the glacier and periodic variations of the meltwater discharge.
The sandstone beds marks the upper portion of the conglomerate beds and build a fining-
upward succession. Sandstone represents the final stage of the debris flow and also the
energy flow decrease. The massive character of the sandstone beds and occurrence of
dispersed gravel-grained clasts within the sandstone beds supports the debris flow
interpretation.
The rhythmite of sandstones and mudstones also represents deposits of lower shoreface
as the bituminous facies. This interpretation is based on evidences such as fine-grained
sediment prevalence, the rhythmic character, as well as laminated parallel beds to low-
angle cross-lamination and wave-influenced depositional processes. It is common in
shelf environment in the lower shoreface. The occurrences of slumping folds in the
rhythmite facies indicate some gradient at the shelf which favors a slope condition, not
Grillaud, R.A.S. 2013. O Sistema Serra do Caete-Puga Criogeniano da Cobertura Plataformal do Craton Amazonico (Borda Sul)
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a huge one, but enough to favor the process for generation of turbidity. The origin of
slumping bedding is caused by plastic deformation associated to gravity in the slope,
suggesting the processes that produce slumping and convolutions have occurred during
deposition. Some of them could be associated to storm wave action.
The presence of dropstones in the rhythmites was associated to the moment of maximum
retreat of the glacier that could have increased the number of iceberg migration. The
meltwater derived from the glacier retreat has increased the column of water and
generated the depositional conditions for this facies evolution.
6. Stratigraphic and Depositional Model
The glacial-influenced marine environment of the Serra do Caeté Formation was
evolved for four depositional stages (Fig. 3.7). Firstly, the glacier reaches the maximum
advance on the basin. This stage might have contributed to low rates of influx from the
continent which in turn contributed to low rates of sedimentation in the basin. In this
scenario, the wind influenced the ocean water surface which was responsible for the
wave action and generation of the few cross-stratification. In addition, the presence of a
chemocline favors the bituminous fine-grained facies generation. Secondly, there was a
glacier retreat to the continent beyond the foreshore. This retreat might have originated
the conglomerate facies by watermelt from the icesheets. This watermelt worked as
transport and deposition agent which favor meltwater streams and gravity flow
occurrences. In this moment, the conglomerate is deposited and toward upper portions
of the succession the conglomerate grades to sandstone massive beds. Thirdly, there was
an expressive glacier retreat to the continent which increased the water column by the
meltwater continuum process. This process originated the deposition of the rythmites of
sandstones and mudstones facies. Also it increased the dropstones. Finally, in the fourth
and final stage of the Serra do Caeté Formation, there was a last glacier advance toward
the basin with the dominance of subglacial deposits the tillites rocks known as the Puga
Formation which brought a lot kind of sediments from several lithologies and
mineralogies from the continent toward the basin margins. Interestingly, according to
Alvarenga & Trompette, 1992; Alvarenga et al., 2000; Alvarenga et al., 2004; and
Kendall et al., 2004 the Puga Formation is attributed to glacial events in the Marinoan
event (630-600 Ma).
Grillaud, R.A.S. 2013. O Sistema Serra do Caete-Puga Criogeniano da Cobertura Plataformal do Craton Amazonico (Borda Sul)
26
This interpretation allow us to infer that the same geological-glacial event occurred in
the Serra do Caeté Formation is those of the Puga Formation and consequently the
attribution of a same origin to both formations which could be attributed to the Marinoan
event (630-600 Ma).
Alvarenga & Trompette (1992) and Alvarenga et al., (2009) described the origin of the
Paraguay Belt events taking place in a rifting triple junction in which the branch located
in Bolivia was aborted, the aulacogen of Tucavaca. The two other evolved to generate
a discrete passive margin and an ocean opening. In this context the Serra do Caeté
Formation might be the geological record of a passive margin. This assumption is well
founded on data such organic matter preservation recorded in the bituminous fine-
grained facies which could occur on the marine realm. Added to it, the structures
previously described in the results show the massive presence of wave action. So, the
Puga and Serra do Caeté system was hardly influenced by interaction between the winds
as the geologic agent from atmosphere and the surface water of the ocean. This
interaction was only possible whether no glacier was present on ocean surface. Indeed,
this presence of ice sheet cover on marine surface would led to inhibition of the wave
primary sedimentary structures in this local system. This assumption allows us to infer
that at least in the study area the ice recovering of the ocean was not at its highest
potential.
Grillaud, R.A.S. 2013. O Sistema Serra do Caete-Puga Criogeniano da Cobertura Plataformal do Craton Amazonico (Borda Sul)
27
Figure3.7 – The depositional model of the Serra do Caeté – Puga System.
1º Stage: 1º Stage: the glacier is at its
maximum range on the basin
2º Stage: there is a glacier's retreat to the
continent near “foreshore”
3º Stage: glacier retreat, which generated
increased water column from the meltwater
process.
4º Final stage: There is a new glacier’s
advance toward basin with
predominance of subglacial tillites
deposits, known as the Puga Formation
rocks.
Grillaud, R.A.S. 2013. O Sistema Serra do Caete-Puga Criogeniano da Cobertura Plataformal do Craton Amazonico (Borda Sul)
28
Acknowledgment
This study was financed by Fapemat (project number 286949/2010) and the first author
was granted by CNPq (project number 133090/2010-8). The authors would like to thank
the additional logistic support from Francisco Egídio Pinho (project number 296020/10
- Fapemat) and the Bemisa S.A. for the geological material of study. Authors are also
grateful to Carolina Nalin, Gerson Saes, Lena Simone Barata, Danilo Guilherme
Queiroz, Kéttilin Menoncelo, Grabriel Luiz Zaffari and Gabriela dos Santos.
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CAPITULO 4
Petrografia e Geoquímica
Petrografia
Na petrografia foram descritas 10 lâminas pertencentes aos afloramentos da Serra do Caeté são
das fácies ritmito de arenito e argilito e do arenito da porção superior da fácies conglomerado (Figura
4.1). A organização da fácies ritmito se dá em lâminas milimétricas a submilimétricas que formam um
par claro e outro escuro, definindo o acamamento sedimentar. Os seus principais minerais constituintes
são os grãos de granulações areia muito fina, silte e argila. As lâminas claras são de grãos orientados de
quartzo e, subordinadamente, feldspato em meio a uma matriz (>10% da moda) essencialmente de
argilomineral. As lâminas claras são finamente arenosas ou sílticas, irregulares, com o acamamento
marcado pela orientação parcial dos grãos de quartzo e feldspato. A lâmina escura é constituída de
argilomineral cimentada por ferro, e discretos grãos orientados de quartzo e feldspato. O contato entre
os grãos também é pontual, quando ocorre.
No ritmito de arenito e argilito, os grãos de quartzo grãos preferencialmente monocristalinos,
com extinção ondulante, mal selecionados e variam de angulosos até subarredondados, com predomínio
dos tipos angulosos. Os grãos de K-feldspato estão representados por grãos arredondados cujas faces
dos grãos podem ser identificadas grosseiramente, dando a entender que se tratava de grãos subédricos
(tabulares) de microclina e às vezes de ortoclásio. Os argilominerais representam mais de 10% do
volume sedimentar e ocorrem entre os grãos de quartzo sob a forma de uma matriz. Eles também
ocorrem concentrados como lâminas individualizadas na rocha. Distribuídos na matriz deposicional,
encontram-se ainda minerais acessórios como sericita e biotita (provavelmente, partículas detríticas) as
quais ocorrem em ambas as lâminas. Os principais minerais acessórios presentes nos ritmitos de arenito
e argilito podem alcançar até 3% do volume sedimentar, são: K-feldspato e plagioclásio (usualmente
tabulares), sericita, Já os cristais de biotita e minerais opacos são muito finos e raros, geralmente,
dispersos pela rocha. Além destes, não foi possível identificar em seção delgada minerais indicadores
de fosfato, como cristais de apatita, ainda que a área seja alvo de prospecção para este minério.
A petrografia do arenito mostrou que este contém grãos de areia fina a areia média (grãos de até
0,3 mm). Nas amostras analisadas, os vazios podem apresentar cimento de sericita e silica. Em sua
maioria, observam-se grãos orientados de quartzo e, subordinadamente feldspato em meio a uma matriz,
constituída de argilomineral (<10% da moda) e cimento. Os grãos de quartzo (90%) são monocristalinos,
com extinção ondulante, mal selecionados, variando de angulosos até subarredondados, com predomínio
dos tipos subangulosos. Os grãos de feldspato estão representados por cristais anédricos a
ocasionalmente subédricos (tabulares) de microclina.
Grillaud, R.A.S. 2013. O Sistema Serra do Caete-Puga Criogeniano da Cobertura Plataformal do Craton Amazonico (Borda Sul)
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Figura 4.1 – A, B - (Lente de 2x) - Ritmitos de arenito e argilito - As lâminas claras são: grãos orientados de
quartzo e, subordinadamente, feldspato em meio a uma matriz essencialmente de argilomineral (>10% da
moda), com deformação em forma de “dobra” (C, D). A lâmina escura é constituída de argilomineral com
grãos dispersos de gipsita, e discretos grãos orientados de quartzo e feldspato. O contato entre os grãos é
pontual, quando ocorre. E, F - Arenito - Os grãos de quartzo (80%) são monocristalinos, com extinção
ondulante, mal selecionado, variando de angulosos até subarredondados, com predomínio dos tipos
subangulosos. G, H (Nc) Arenito de arcabouço aberto de matriz fina.
Grillaud, R.A.S. 2013. O Sistema Serra do Caete-Puga Criogeniano da Cobertura Plataformal do Craton Amazonico (Borda Sul)
33
Algumas características peculiares como as marcas onduladas nas lâminas do ritmito indicam
que havia atuação de ondas no processo de formação dessa rocha, como também, correntes de turbidez
ou mesmo turbiditos de tempestades, caracterizada pelos grãos dispersos em um arcabouço aberto.
Contudo, este fato é mais bem caracterizado em afloramento de campo. Podemos sugerir também que a
extinção ondulante presente nos grãos de quartzo é um critério que pode ser interpretado como indicação
de proveniência associada a terrenos metamorfisados ou escudo cristalino. Ainda é plausível pensar em
metamorfismo de baixo grau devido à presença de cimento de sericita entre os grãos, mesmo que seja
anquimetamorfismo. Outro fato interessante são os testes de campo nos ritmitos de arenito e argilito
para determinação de fosfato (ataque com solução de HNO3 e molibdato de amônia), os quais em geral
demonstraram melhor reação à amostra de cor amarela. As lâminas de ritmito de argilito e siltito, bem
como as lâminas de arenito, não apresentaram grãos visíveis ao microscópio de apatita, carbonatos ou
outros minerais que pudessem estar associados ao fosfato, o que sugere uma origem autigênica para este
fosfato.
A petrografia mostra também que o ferro que se apresenta seria proveniente de um processo
secundário (diagenético) em função de se apresentar como cimento entre os grãos nas lâminas escuras
do ritmito de arenito e argilito, bem como mostrar-se cortado por registro de sílica substituída (vidro)
(Figura 4.2). Podemos ver então, dois processos geológicos distintos em função do tempo da fácies
ritmitos de arenito e argilito (Figura 4.3): Deposição do arcabouço e a diagênese.
Grillaud, R.A.S. 2013. O Sistema Serra do Caete-Puga Criogeniano da Cobertura Plataformal do Craton Amazonico (Borda Sul)
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Figura 4.2 – A, B –Ritmitos de arenito e argilito - As lâminas claras são: grãos orientados de quartzo e,
subordinadamente, feldspato cimentados por ferro. C, D – Lâminação cortada por registro de sílica
substituída (vidro).
Figura 4.3 - Modelo de processos de diagênese para fácies ritmito de arenito e argilito.
A B
C D
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Geoquímica
Elementos Maiores
A origem terrígena das rochas que constituem a Formação Serra do Caeté permite que o
alumínio atue como um parâmetro viável à análise da mobilidade geoquímica dos elementos maiores,
em função de seu controle primário (deposicional) ou secundário (diagenético ou quiçá metamórfico).
Os valores dos conteúdos de elementos maiores obtidos são mostrados na tabela 4.1.
Tabela 4.1 - Elementos maiores nas amostras de Ritmito de arenito e argilito da Serra do Caeté.
Al2O3 CaO Fe2O3 K2O MgO Na2O SiO2 P2O5
% % % % % % % %
Amostras 0,01 0,01 0,04 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 Localização
MOR-004A 2,33 5,48 43,30 0,29 0,36 0,07 34,33 5,47 Mirassol d'Oeste
MOR-004B 9,96 0,23 7,13 1,89 0,28 0,07 74,10 0,27 Mirassol d'Oeste
MOR-007A 1,77 0,05 46,48 0,05 0,15 0,03 43,58 0,92 Mirassol d'Oeste
MOR-44A 3,49 0,09 54,80 0,07 0,39 0,02 30,83 0,97 Mirassol d'Oeste
MOR-44B 5,15 1,39 26,58 0,80 0,71 0,03 57,17 1,72 Mirassol d'Oeste
P-18A 3,27 0,14 23,33 0,12 0,09 0,03 65,24 1,75 Porto Espiridião
P-18B 2,13 0,12 60,04 0,08 0,04 0,02 30,60 1,97 Porto Espiridião
P-35A 6,46 1,05 20,58 1,02 0,54 0,05 62,02 1,60 Porto Espiridião
P-35C 6,40 0,88 21,85 1,67 0,34 0,07 61,61 1,17 Porto Espiridião
P-39A 4,00 0,68 33,61 0,23 0,20 0,03 53,29 1,91 Porto Espiridião
P-39B 4,60 0,23 19,22 0,85 0,33 0,03 68,90 0,96 Porto Espiridião
Na crosta terrestre o alumínio ocorre principalmente como silicato de alumínio, mas também na
forma de óxido e de hidróxido, não ocorrendo no estado elementar. A mobilidade ambiental do alumínio
é muito pequena e é controlada principalmente pelo pH da solução, tais como solos muito ácidos. Não
é o caso da Formação Serra do Caeté, cujo ambiente deposicional tem sido atribuído a marinho raso
terrígeno. Não há registro de paleossolos no seu registro geológico.
Dada sua baixa mobilidade, o alumínio tende a ser trazido por meio de transporte mecânico
epiclástico, especialmente na forma de argilominerais gerados na área-fonte e que, uma vez depositados,
temndem a se manter “imóveis” no perfil deposicional. Esta premissa permite organizar os elementos
maiores em categotias genéticas como aquelas primárias, provavelmente associadas ao ambiente
deposicional, e aquelas secundárias, sejam elas deiagenéticas ou além como metamorfismo.
A ideia por trás desta premissa é que o conteúdo de alumínio absorvido nas camadas
sedimentares terrígenas seja deposicional, como explicado antes. Posteriormente, a percolação de
Grillaud, R.A.S. 2013. O Sistema Serra do Caete-Puga Criogeniano da Cobertura Plataformal do Craton Amazonico (Borda Sul)
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fluidos diagenéticos tende a lixiviar ou a precipitar os demais íons elementos maiores mais suscetíveis
a solubilidade por processo diagenético.
A petrografia mostrou que a diagênese na Formação Serra do Caeté não foi complexa e envolveu
poucas fases diagenéticas. Deduz-se isso do arcabouço aberto dos arenitos finos da Formação Serra do
Caeté e da cimentação restrita a hematita e sílica (ver Figura 4.1 – G,H). Por meio de comunicação oral
(Jackson Paz), também é sabida a presença de minerais pesados meta-instáveis, tais como cianita e
estaurolita. Esta situação corrobora a assertiva inicial de que não houve percolação de fluidos
significativa e que, portanto, o alumínio observado nestes depósitos é predominantemente detrítico.
Deste ponto em diante, adota-se uma abordagem estatística para avaliar o comportamento
detrítico ou não dos demais elementos maiores em relação ao alumínio, levando em conta: 1) a regressão
linear para testar a correlação entre os conteúdos dos demais elementos maiores em relação ao alumínio
(Figura 4.2, Tabela 4.1); e 2) ao coeficiente de Pearson (valor p) que confirma a correlação observada a
grosso modo pela regressão linear (Tabela 4.2).
Figura 4.4 – Gráfico de correlação dos elementos maiores Fe2O3(1), K2O(2), CaO(3), MgO(4) , Na2O(5),
SiO2(6) and P2O5(7) em relação ao Al2O3.
Tabela 4.2. Teste de correlação do Al2O3 com outros elementos maiores:
CaO Fe2O3 K2O MgO Na2O P2O5 SiO2
Valor - p 0.5840 0.0024 0.0000 0.2422 0.0651 0.1500 0.0091
Correlação -0.19 -0.81 0.92 0.39 0.57 -0.46 0.74
Os coeficientes de correlação cujos módulos são maiores que 0,7 são aqui interpretados como
correlacionados entre si. No caso deste estudo, o Fe2O3 (r = -0,81) se torna empobrecida à medida que
Grillaud, R.A.S. 2013. O Sistema Serra do Caete-Puga Criogeniano da Cobertura Plataformal do Craton Amazonico (Borda Sul)
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aumenta o teor de Al2O3 na rocha. Ao contrário SiO2 (r = 0,74) e K2O (r= 0,92) são incrementados. Para
os demais elementos maiores, os coeficientes de correlação são inconclusivos.
Os resultados acima são confirmados pelo teste de Pearson (valor p < 0,05) para a correlações
de Al2O3 com Fe2O3, K2O e SiO2, respectivamente. Estes resultados corroboram a premissa inicial de
origem detrítica para o Al2O3 uma vez que quase todo teor de alumínio em rocha sedimentar está nos
argilominerais presentes da rocha ritmito de arenito e argilito. A correlação forte /e positiva com Al2O3
indica aporte de sedimentos terrígenos na bacia. O K2O pode estar tanto na forma de ilita, argilomineral
comum originado por pedogênese da área-fonte sob climas secos como o glacial, predominante na
deposição da Formação Serra do Caeté, ou como fragmento de rocha félsica de feldspato comumente
observados como detritos da Formação Serra do Caeté (ver item petrografia e capítulo 3). A SiO2
representa o aporte dos grãos de quartzo e de argila na bacia, portanto reflete o aporte sedimentar e
confirma a origem detrítica do Al2O3.
Por outro lado, a correlação negativa entre o Al2O3 e Fe2O3 indica que outro processo atuou para
a precipitação do Fe2O3 na bacia. Por meio da petrografia, foi observado que o ferro ocorre
exclusivamente como cimento. A abordagem por correlação estatística corrobora os dados da
petrografia. Contudo, neste momento não permite que atribuamos nenhum processo diagenético
específico.
Elementos Terras Raras
Os elementos terras raras (ETRs) são de grande utilidade dentre todos os elementos traços e seus
estudos têm importantes aplicações, inclusive no campo da Geologia Sedimentar, porque eles podem
sugerir proveniência da rocha e origem de fluidos hidrotermais (Klein, 2005). Os elementos terras raras
são aqueles pertencentes à série de metais com números atômicos de 57 a 71 – La, Ce, Pr, Nd, Pm, Sm,
Eu, Gd, Tb, Dy, Ho, Er, Tm, Yb e Lu. Em adição, o elemento Y com um raio iônico similar ao do ETR
holmium (Ho) é, às vezes, incluído. Tipicamente, os membros de baixo número atômico da série são
denominados ETRs leves. Aqueles com os números atômicos maiores são os ETRs pesados, e os
membros intermediários, do Sm ao Ho, são conhecidos como ETRs médios.
As análises químicas das rochas amostradas na área de estudo apresentam os elementos terras
raras com a adição dos elementos Y (Tabela 4.3).
Para Klein (2005), os ETRs podem ser de grande valia para estimar a origem do Fe e Si que as
compõe utilizando-se de valores obtidos por meio da anomalia de Eu nos ETR. Se positivas (anomalia
de Eu acima de 1,0), interpreta-se que o Fe + Si são provenientes de origem hidrotermal de águas
marinhas.
Pelos dados obtidos de anomalias do Eu, os gráficos demonstram que em sua maioria as
amostras (19 amostras) apresentam anomalias negativas (abaixo de 1,0) com variação de 0,85 a 0,99 na
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anomalia de Eu, enquanto que as outras 7 amostras apresentam anomalias positivas, com variação de
1,00 a 1,17 da anomalia de Eu. Com isso, infere-se que a origem do Fe e Si não tenha relação com
processos hidrotermais de águas marinhas para a Formação Serra do Caeté.
Especula-se a partir dos resultados da anomalia de Eu que o os íons de Fe observados na bacia
possam ser produto de intemperismo sobre as rochas matrizes. É certo que a distribuição da anomalia
de Eu nos depósitos da área de estudo corroboram a hipótese de origem detrítica da Formação Serra do
Caeté. O Európio é um elemento químico que se encontra como elemento-traço de minerais como
plagioclásio, monazita e xenotima, dentre poucos outros. Por ser um mineral formador de rocha, o
plagioclásio é o mais importante fator controlador da distribuição de Eu no ambiente geológico. A
petrografia da Formação Serra do Caeté revelou que há um percentual pequeno de grãos de plagioclásio
dispersos. Este fato sugere condições climáticas severas em que a Formação Serra do Caeté se depositou.
A aridez prevalecente tornou possível a preservação de grãos tão susceptíveis ao intemperismo da área-
fonte como é o caso de grãos de plagioclásio. Acredita-se, portanto, que inconsistência da anomalia de
Eu seja fruto da origem detrítica dos depósitos da Serra do Caeté e revele ainda alternativamente duas
áreas-fontes distintas para os grãos de plagioclásio.
A ocorrência de matéria orgânica evidenciada na fácies betumes finos e a presença de ferro dos
ritmitos de arenito e argilito nos traz uma concepção mais simples da presença desses dois elementos
(matéria orgânica e ferro) num mesmo sistema.
A matéria orgânica poderia ser um subproduto da propagação da geleira glacial para o mar, o
que inibe a entrada de água a partir do continente, bem como a induz, por estratificação da coluna de
água a formação de uma “chemocline” (por exemplo, um haloclina). A haloclina pode ser definida
como um gradiente vertical bem definido ou uma camada estratificada num corpo d’água no qual a
salinidade está no seu máximo potencial, encontrado nos mares e oceanos.
Os eventos glaciais ocorridos no ambiente deposicional da Formação Serra do Caeté foram
associados com as condições de salinidade mais elevados, uma vez que conduziram ao desenvolvimento
de uma haloclina, gerando a predominância de condições de anoxia, proporcionando o potencial de
acúmulo e preservação da matéria orgânica. Neste ambiente anóxico, propicio aos microrganismos,
como bactérias ou algas, estes eventualmente morreram dando origem ao sedimento orgânico
enriquecido. Neste processo de acúmulo de matéria orgânica o ferro, no estado Fe2+ mantem-se presente,
mas ausente de qualquer processo de oxidação.
O processo de oxidação do ferro se deu somente com a alteração na estratificação da água, ou
seja, devido a uma movimentação da haloclina em alteração as águas do mar. Uma vez que o nível da
água do mar se altera a haloclina sofre uma movimentação na sua posição em relação as águas do mar,
esse movimento proporciona uma nova estratificação dessas águas, fato que levou o oxigênio numa
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porção das águas antes anóxica. As águas anóxicas, agora enriquecidas em oxigênio causaram a
oxidação do Ferro Fe2+ para Fe3+ resultando no processo de enriquecimento de ferro na formação Serra
do Caeté.
Figura 4.5 - Modelo de controle da estratificação da água marinha pela halocline.
A
B
Haloclina
Haloclina
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Tabela 4.3 - Amostras de Elementos Terras Raras dos Ritmito de arenito e argilito da Serra do Caeté. (Normalizados).
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Conclusão
O estudo desenvolvido neste trabalho demonstrou que mesmo evento geológico-glacial que
ocorreu na Fm. Serra do Caeté é aquele da Fm. Puga e, consequentemente, uma mesma origem para
ambas as formações poderia ser atribuída ao evento Marinoano (630-600 Ma);
Neste evento geológico-glacial o ambiente deposicional para a Fm. Serra do Caeté foi atribuído
ao Shoreface inferior com subambientes de debris flow, subglacial;
Na área de estudo, a idéia de Snowball Earth não estaria em seu clímax, ou seja, a Terra não
estaria coberta por gelo como um todo. Provavelmente, mais sugestivo o evento tipo sluggish ball Earth,
no qual temos porções da Terra recoberta por camadas de gelo, podendo haver áreas expostas que
permitiram ações de ventos na lamina d’água superficial, auxiliando assim a geração de ondas
registradas nos arenitos da fácies conglomerado.
O ferro presente na fácies ritmito de arenito e argilito é atribuído a um processo secundário
(diagenético) em função de se apresentar como cimento entre os grãos nas lâminas escuras do ritmito
de arenito e argilito, bem como mostrar-se cortado por registro de sílica substituída (vidro).
A ocorrência de matéria orgânica evidenciada na fácies betumes finos e a presença de ferro dos
ritmitos de arenito e argilito foi associada a presença de uma haloclina que causou a estratificação da
coluna de água que controlou a oxidação do ferro e a preservação da matéria orgânica.
Grillaud, R.A.S. 2013. O Sistema Serra do Caete-Puga Criogeniano da Cobertura Plataformal do Craton Amazonico (Borda Sul)
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