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neuza-teixeira
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poema
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O Sol descia ao poente,
E florente estava o prado;
Ouviam-se auras suaves
E das aves o trinado.
Tu sentada ao pé da fonte
O horizonte contemplavas
Vias o Sol declinando
E, corando, suspiravas.
E depois... seria acaso?
Do ocaso a vista ergueste,
E, ao olhar-me, mais coraste,
Suspiraste e emudeceste.
Foi bem rápido o momento
De um alento repentino;
Porém nesse olhar de fogo
Eu li logo o meu destino.
Nesse olhar, no rubor vivo,
No furtivo respirar...
Diz, tu mesma nessas letras
Não soletras já: amar?
1860.
Nota do Autor. — Não é muito fácil esta espécie de leitura, o sentido das
letras é diferente, conforme os desejos do que as pretende decifrar e daí mil
deceções e amargos desenganos. Eu não sei se li bem ou mal; mas é certo que
depois disso, o livro parece fechado... não descubro carateres novos.
Ouve, lânguida virgem das cidades,
A paixão que me inspiraste.
Curvada, como a flor em vaso de ouro,
Tu, bela, me encantaste.
Eu vi-te assim pendida; a estrela de alva
Ao surgir do oriente
Não nos envia mais saudosos raios
Do seu leito fulgente.
A viração da tarde, mais amena
No bosque, não murmura;
A alva açucena, que o vergel enfeita,
Não tem a cor mais pura.
Surges, e magoada
Pareces ver as vagas desta vida
Na margem debruçada.
Vejo-te então ainda, e pensativa,
Os lábios entreabertos,
Murmurando em sentida linguagem
Pensamentos incertos.
Vejo-te ainda, as lágrimas ferventes
Dos olhos rebentando,
E, ao correrem nas faces, indiscretas,
Segredos revelando.
Que segredo é o teu, lânguida virgem,