Upload
others
View
1
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
O SOM NOSSO DE CADA DIA
A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES NA FORMA URBANA
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANAANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA
A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES NA FORMA URBANA
Recife 2010Recife 2010
Rafaella Brandatildeo Estevatildeo de Souza
O SOM NOSSO DE CADA DIA ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA
A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES NA FORMA URBANA
Recife
2010
Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Desenvolvimento Urbano da Universidade Federal de Pernambuco como parte dos requisitos para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de mestre Orientador Prof Dr Joseacute de Souza Brandatildeo Neto Co-orientador Prof Dr Ruskin Marinho Freitas Co-orientador Prof Dr Paulo Henrique Trombetta Zannin
A Viacutetor meu alicerce que com seu amor
infindaacutevel e incentivo constante ensinou-me
como eacute fascinante o ato de pesquisar
Aos meus pais Alexandre e Zenaide
que antes de ensinarem-me a ouvir
ensinaram-me a amar
AGRADECIMENTOS
A Deus pelo alimento agrave minha alma
A minha famiacutelia por tudo antes agora e sempre
A Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal de Niacutevel Superior ndash CAPES por viabilizar
financeiramente esta pesquisa
A Zeca Brandatildeo e Ruskin Freitas pelos valiosos ensinamentos em nossas conversas pelo
estiacutemulo e apoio constante ao longo do percurso principalmente nos momentos de duacutevida e
pela confianccedila depositada desde o iniacutecio de minhas inquietaccedilotildees e questionamentos
A Paulo Zannin cuja dedicaccedilatildeo e entusiasmo ao estudo da acuacutestica foi condiccedilatildeo sine qua non
para a realizaccedilatildeo desta pesquisa por sua bravura apoio incentivo e confianccedila absoluta
depositada em uma tambeacutem entusiasta da acuacutestica vinda de terras tatildeo distantes
A David Queiroz por sua entrega paciecircncia e torcida ao lado do Predictor para que tudo desse
certo pelas estimadas contribuiccedilotildees nas discussotildees sobre as diversas possibilidades de estudar o
meio urbano sob o olhar da acuacutestica
A Paula Maciel a Joseacute Jeferson Roberto Rezende de Menezes e ao GTC ndash Gestatildeo e
Tecnologia da Construccedilatildeo UFPE pela ajuda imprescindiacutevel quanto ao aparelho de mediccedilatildeo
Aos professores do MDU pelos inestimaacuteveis ensinamentos e a todos os amigos do MDU
por compartilhar nossos anseios acadecircmicos em especial a Ana Carolina Lourival e Renata
pelos indefectiacuteveis e inesqueciacuteveis momentos juntos
A Fernando Bunn e Paulo Fiedler pela ajuda torcida e insigths na exploraccedilatildeo do Predictor
A Rebeca Catarina Joseacute e Jonas pelo apoio e paciecircncia em responder todas minhas
interminaacuteveis perguntas e ldquoaperreiosrdquo mas sempre correspondendo as minhas brincadeiras
Por fim mas nunca por uacuteltimo a Anna Cristina e sua carinhosa famiacutelia ndash Paulo Henrique
Carolina Viacutetor Bia Maacutercia Claacuteudia Joseacute Joatildeo e Gabriela ndash pelo amparo carinho e
amizade ndash inesqueciacuteveis a uma gringa que deixou o aconchego dos seus para desbravar novos
conhecimentos em um lugar tatildeo diferente
RESUMO
O excesso de ruiacutedos atualmente encontrados nos centros urbanos estaacute intimamente vinculado ao crescimento acelerado das cidades Este crescimento suscitou o aumento e uma maior concentraccedilatildeo da populaccedilatildeo urbana acarretando em raacutepidas transformaccedilotildees no meio de propagaccedilatildeo do ruiacutedo aleacutem do aumento e concentraccedilatildeo dos diversos tipos de fontes sonoras que o geram Ocorre que a forma urbana ndash considerada a partir de seus aspectos fiacutesicos ou materiais ndash onde este ruiacutedo eacute gerado influencia em certa medida a trajetoacuteria de propagaccedilatildeo da onda sonora a interaccedilatildeo entre os diversos elementos que compotildeem esta forma urbana contribuiraacute para a caracterizaccedilatildeo do comportamento desta trajetoacuteria Assim para cada forma urbana especiacutefica existiraacute um comportamento acuacutestico igualmente especiacutefico exclusivo e vinculado a esta forma urbana Deste modo se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento proacuteprio de propagaccedilatildeo sonora a presente pesquisa propocircs-se a analisar o comportamento da acuacutestica urbana de um mesmo espaccedilo urbano a partir de modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua forma urbana Esta anaacutelise foi realizada considerando a articulaccedilatildeo de trecircs variaacuteveis - a fonte sonora a forma urbana e a acuacutestica urbana Admitiu-se que a propagaccedilatildeo de uma mesma fonte sonora em um mesmo espaccedilo urbano que tenha sofrido ao longo de um processo cronoloacutegico modificaccedilotildees em sua forma urbana implicaria em diferentes comportamentos em sua acuacutestica urbana para as diferentes datas deste processo Adotou-se como estudo de caso o loteamento 3deg Jardim de Boa Viagem (Recife-PE) sendo estudadas as modificaccedilotildees em sua forma urbana ocorridas nos anos de 1971 1981 1997 e 2009 aleacutem da elaboraccedilatildeo de uma situaccedilatildeo hipoteacutetica futura (prediccedilatildeo acuacutestica) Foram realizadas pesquisas documentais e estudos de campo para coleta de dados referentes agraves caracteriacutesticas da forma urbana do 3deg Jardim e para coleta de seus niacuteveis de pressatildeo sonora atuais Com estes dados foram calculados e gerados mapas acuacutesticos do 3deg Jardim utilizando o software Predictor para cada uma das datas pesquisadas e para a situaccedilatildeo hipoteacutetica futura Estes mapas foram analisados comparando seus comportamentos acuacutesticos entre si buscando compreender esse comportamento diante das modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua proacutepria forma urbana Os resultados deste estudo indicaram que a modificaccedilatildeo de um mesmo meio urbano possui potencial tanto para propiciar altos niacuteveis de ruiacutedo quanto para minimizaacute-los influenciando definitivamente no comportamento acuacutestico de determinado local Estes resultados confirmaram a relevacircncia em compreender a acuacutestica urbana a partir de seu meio propagador pois uma vez consolidado raras satildeo as intervenccedilotildees possiacuteveis na forma urbana para minimizar o ruiacutedo urbano por ela delineado
Palavras-chave planejamento urbano acuacutestica ruiacutedo urbano
ABSTRACT
The excessive noise currently found in urban centers is closely linked to the fast growth of the cities This development led to increased growth and concentration of urban population resulting in fast changes in the noise propagation path and increasing the variety of sources that generate it It turns out that the urban form - considered from their physical or material aspects - where this noise is produced influences in some extent the trajectory of sound wave propagation the interaction between the various elements that make up this urban form contributes to characterize this trajectory behavior Thus for each specific urban form there will be an acoustic behavior also specific exclusive and linked to this urban form Therefore if for each urban area there is a particular sound propagation behavior this research proposed to analyze the urban acoustics behavior of the same urban space from chronological changes in its urban form This analysis was performed considering the articulation of three variables - the sound source the urban form and the urban acoustics It was assumed that the propagation from the same source in the same urban area which has experienced over a chronological process changes in its urban form would imply different urban acoustics behaviors through years It was adopted as a case study the land subdivision 3deg Jardim de Boa Viagem (Recife-PE) being studied the changes in its urban form in the years of 1971 1981 1997 and 2009 besides the elaboration of a hypothetical future situation (acoustic prediction) It was carried out documentary research and field studies to collect data on the characteristics of the urban form of the 3deg Jardim and to collect their present sound pressure levels With these datawere calculated and generated acoustics maps of the 3deg Jardim for each of the years surveyed and for the hypothetical future situation using the Predictor software These maps were analyzed by comparing their acoustic behavior to each other seeking to comprehend this behavior towards the chronological changes in its urban form The results of this research indicated that the urban environment changes have the potential to provide high levels of noise as well as to minimize them definitely influencing the acoustic behavior of a particular site These results confirmed the relevance to understand the urban noise from its way of propagation since once consolidated very few interventions are possible in the urban form to minimize the urban noise outlined by it
Keywords urban planning acoustics urban noise
LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES
Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas p23
Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na cidade portuguesa de Tavira ilustra a dimensatildeo setorial p23
Figura 23 ndash O bairro a escala urbana exemplificada por meio da cidade portuguesa de Tavira p25
Figura 24 ndash A cidadeo territoacuterioa dimensatildeo territorial exemplificada por meio da cidade portuguesa de Tavira p25
Figura 25 ndash Exemplos de diversificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios lotes quarteirotildees e vias em diferentes bairros da cidade do Recife Nesta imagem um recorte do bairro de Boa Viagem p26
Figura 26 ndash Exemplos de diversificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios lotes quarteirotildees e vias em diferentes bairros da cidade do Recife Nesta imagem um recorte do bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves origens da cidade entrecortado pela recente Avenida Dantas Barreto p 26
Figura 27 ndash Exemplos de diversificadas concretizaccedilotildees entre os edifiacutecios lotes quarteirotildees e vias em diferentes bairros da cidade do Recife Nesta imagem um recorte de um bairro constituiacutedo essencialmente por morros o Alto do Mandu p26
Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) p 28
Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores p30
Figura 210 ndash Interfaces multidisciplinares do estudo do som p 32
Figura 211 ndash Fonte sonora pontual e fonte sonora linear p32
Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia p 33
Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia p 24
Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo p 37
Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto p39
Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo p 39
Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana p39
Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos p 40
Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano p 41
Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem p 41
Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem p 41
Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor p 41
Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da onda sonora a partir de uma barreira gerando uma aacuterea de sombra acuacutestica p 42
Figura 224 ndash Agrave esquerda barreira acuacutestica curva em concreto e acriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreira acuacutestica metaacutelica na estrada entre Paacutedua e Veneza na Itaacutelia p 42
Figura 225 ndash Agrave esquerda barreira acuacutestica metaacutelica instalada proacuteximo a Zurique Agrave direita barreira acuacutestica em concreto e acriacutelico tambeacutem na Suiacuteccedila p 42
Figura 226 ndash Barreiras instaladas ao longo de via expressa elevada em aacuterea residencial de Toacutequio Japatildeo p 42
Figura 227 ndash Barreira acuacutestica da Rodovia Bandeirantes no estado de Satildeo Paulo p 42
Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo p 43
Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo p 43
Figura 31 ndash Relaccedilatildeo das variaacuteveis de pesquisa p 48
Figura 32 - Localizaccedilatildeo geograacutefica do 3deg Jardim de Boa Viagem p 50
Figura 33 - Ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim em 1971 com diversos lotes natildeo ocupados e vias ainda natildeo construiacutedas como a Av Eng Domingos ferreira p 50
Figura 34 - Delimitaccedilatildeo da aacuterea de estudo em azul o 3deg Jardim p 52
Figura 35 - Mapa acuacutestico da Universidade Estadual de Campinas com representaccedilatildeo dos niacuteveis sonoros por pontos em gradaccedilatildeo de cores p 53
Figura 36 - Mapa acuacutestico com representaccedilatildeo dos niacuteveis sonoros por linhas da cidade de Goumlteborg Sueacutecia p 53
Figura 37 - Mapa acuacutestico utilizado na reurbanizaccedilatildeo do centro de Seoul Korea p 53
Figura 38 ndash Acima localizaccedilatildeo de estaccedilotildees de monitoramento de ruiacutedo em Taiwan abaixo distribuiccedilatildeo de ruiacutedo em Taiwan no veratildeo nos turnos da manhatilde tarde e noite p 54
Figura 39 - Violaccedilotildees da legislaccedilatildeo de ruiacutedo em Taiwan nos turnos da manhatilde tarde e noite p 54
Figura 310 - Delimitaccedilatildeo da aacuterea em azul do estudo piloto no 3deg Jardim de Boa Viagem p 57
Figura 311 ndash Mapa acuacutestico de parte do 3deg Jardim de Boa Viagem da pesquisa piloto realizada em Maio de 2009 no LAAICA-UFPR p 57
Figura 312 ndash Locaccedilatildeo dos pontos de mediccedilatildeo em azul e malha guia em amarelo p 59
Figura 313 ndash Locaccedilatildeo dos grids verticais em azul seccionando edificaccedilotildees e evitando espaccedilos livres p 63
Figura 41 ndash Avenida Boa Viagem nas proximidades da Praccedila de Boa Viagem no iniacutecio de sua urbanizaccedilatildeo p 65
Figura 42 ndash Avenida Boa Viagem no iniacutecio de sua urbanizaccedilatildeo p65
Figura 43 ndash Vista aeacuterea do bairro de Boa Viagem nos anos 50 p 65
Figura 44 ndash Edifiacutecio Califoacuternia em 1959 construiacutedo no 2deg Jardim de Boa Viagem p 67
Figura 45 ndash Projeto para o loteamento do 1deg 2deg e 3deg Jardim de Boa Viagem com a localizaccedilatildeo em vermelho dos espaccedilos destinados ao uso comunitaacuterio sendo previsto uma igreja e um mercado puacuteblico e em verde os espaccedilos destinados agraves aacutereas verdes p 67
Figura 46 ndash Cartatildeo Postal Edicard do Bairro de Boa Viagem na deacutecada de 70 No alto indica-se o Hotel Boa Viagem e a Praccedila de Boa Viagem mais abaixo a Casa do Navio uma conhecida referecircncia na Avenida Boa Viagem pelos recifenses ateacute sua demoliccedilatildeo p 68
Figura 47 ndash Cartatildeo Postal Edicard da Praia e Avenida Boa Viagem na deacutecada de 70 p 68
Figura 48 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69
Figura 49 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69
Figura 410 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69
Figura 411 ndash Bairro de Boa Viagem na deacutecada de 70 Acima indica-se o bairro do Pina e o Edifiacutecio Califoacuternia localizado no 2deg Jardim de Boa Viagem No meio a Avenida Domingos Ferreira ainda em terra batida e natildeo finalizada ao encontrar-se com o mangue circundante dos braccedilos do Rio Pina Abaixo o Edifiacutecio Holiday p 70
Figura 412 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 70
Figura 413 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 70
Figura 414 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 71
Figura 415 ndash Demoliccedilatildeo do Hotel Boa Viagem e em seu lugar estaacute sendo erguido o Ed Maria Acircngela Lucena uma edificaccedilatildeo multifamiliar de gabarito alto com amplo nuacutemero de unidades habitacionais e de pavimentos mais um exemplar dos ldquoarranha ceacuteusrdquo residenciais de Boa Viagem p 71
Figura 416ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73
Figura 417 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73
Figura 418 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73
Figura 419 ndash Os pavimentos destinados agraves garagens dos edifiacutecios residenciais multifamiliares satildeo comumente chamados na construccedilatildeo civil de ldquobandejasrdquo enquanto as torres dos pavimentos tipos satildeo nomeadas de ldquolacircminasrdquo p 74
Figura 420 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 74
Figura 421 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 74
Figura 422 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 75
Figura 51 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1971 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash O mapa ilustra a propagaccedilatildeo sonora no iniacutecio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim p 83
Figura 52 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 84
Figura 53 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 - O mapa do iniacutecio da ocupaccedilatildeo urbana do 3deg Jardim apresentando um comportamento acuacutestico com caracteriacutesticas predominantes de propagaccedilatildeo sonora em campo livre sem a presenccedila significantes de obstaacuteculos que interfiram em seu percurso possibilitando um contiacutenuo decaimento sonoro em relaccedilatildeo agrave distacircncia como ilustram as setas indicativas em preto p 85
Figura 54 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 - O mapa do iniacutecio da ocupaccedilatildeo urbana do 3deg Jardim mostrando outra secccedilatildeo vertical contendo o mesmo comportamento acuacutestico com caracteriacutesticas predominantes de propagaccedilatildeo sonora em campo livre como ilustram as setas indicativas em preto p 85
Figura 55 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Por menor que seja sua presenccedila algumas edificaccedilotildees pontuais de gabarito meacutedio atuam como barreiras acuacutesticas espontacircneas constituindo obstaacuteculos que interferem na propagaccedilatildeo sonora como ilustram as setas indicativas em preto p 86
Figura 56 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash As edificaccedilotildees que atuam como barreiras acuacutesticas geram o fenocircmeno acuacutestico da difraccedilatildeo que propicia a criaccedilatildeo de aacutereas de sombra acuacutestica onde os niacuteveis de pressatildeo sonora equivalente satildeo mais baixos como ilustram as setas indicativas em preto p 86
Figura 57 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1981 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Nesta data houve o aumento no nuacutemero de ilhas de sombra e diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 p 87
Figura 58 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 88
Figura 59 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash Reduccedilatildeo da quantidade de campos acuacutesticos abertos e aumento no nuacutemero de edificaccedilotildees que atuam enquanto barreiras acuacutesticas favorecendo o aumento do nuacutemero de ilhas de sombra e da diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 como ilustram as setas indicativas em preto p 89
Figura 510 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 89
Figura 511 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Como ilustram as setas indicativas em preto o princiacutepio da verticalizaccedilatildeo no 3deg Jardim pode ter contribuiacutedo atraveacutes de uma melhor atuaccedilatildeo das novas edificaccedilotildees enquanto barreiras acuacutesticas para o aumento do nuacutemero de ilhas de sombra e da diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 p 90
Figura 512 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 90
Figura 513 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1997 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Em 1997 com um adensamento e verticalizaccedilatildeo ainda maior do que em 1981 houve o aumento tanto do nuacutemero das ilhas de sombra quanto nas sua aacutereas de abrangecircncia acarretando no melhor comportamento acuacutestico observado ateacute entatildeo entre os mapas elaborados p 95
Figura 514 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 96
Figura 515 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash A edificaccedilotildees propiciam muacuteltiplas reflexotildees a partir de suas fachadas expostas agraves fontes sonoras influenciando na propagaccedilatildeo da onda sonora de modo distinto ao que seria essa propagaccedilatildeo em campo livre conforme indicado nos mapas acuacutesticos p97
Figura 516 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 97
Figura 517 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 98
Figura 518 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 98
Figura 519 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash As edificaccedilotildees soacute geram muacuteltiplas reflexotildees a partir de suas fachadas expostas agraves fontes sonoras transpondo estas fachadas as edificaccedilotildees passam a atuar enquanto barreiras acuacutesticas para a onda sonora minimizando o ruiacutedo no interior das quadras como indica-se no mapa acuacutestico p 99
Figura 520 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 99
Figura 521 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 100
Figura 522 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 100
Figura 523 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 2009 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Em 2009 o adensamento das quadras diminuiu consideravelmente a presenccedila de ilhas de sombra acuacutestica p101
Figura 524 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 102
Figura 525 e 526 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash As ilhas de sombra em 1997 favoreciam as residecircncias unifamiliares e multifamiliares de gabarito baixo existentes que se situavam em seus interiores Em 2009 estas ilhas foram praticamente suprimidas pela presenccedila de pavimentos destinados as garagens das novas edificaccedilotildees verticais de gabarito alto como ilustram as setas em preto p103
Figura 527 e 528 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash Idem p 103
Figura 529 e 530 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash O contorno preto ilustra a modificaccedilatildeo da propagaccedilatildeo das ondas sonoras a partir da influecircncia do aumento da densidade das quadras e verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees Em 1971 a caracteriacutestica predominante assemelha-se a propagaccedilatildeo em campo livre Jaacute em 1981 percebem-se irregularidades no contorno devido a reflexotildees da onda sonora nas edificaccedilotildees p 104
Figura 531 e 532 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash 1997 apresentou o melhor comportamento acuacutestico entre os mapas elaborados Nesta data as edificaccedilotildees atuaram mais enquanto barreiras acuacutesticas do que como objetos reflexivos da onda sonora Jaacute em 2009 o aumento do adensamento e da verticalizaccedilatildeo possibilitou o excesso de muacuteltiplas reflexotildees nas fachadas das edificaccedilotildees como delineia o contorno extremamente irregular da propagaccedilatildeo sonora ilustrado na imagem abaixo p 104
Figura 533 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Apesar de proporcionar um aumento no niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em 2009 o adensamento e verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees tambeacutem trouxeram benefiacutecios pontuais na praccedila Walt Disney como ilustram as imagens as edificaccedilotildees atuaram como barreiras acuacutesticas reduzindo em relaccedilatildeo a 1997 o niacutevel de pressatildeo sonora equivalente que atinge as edificaccedilotildees de seu entorno Contudo p 105
Figura 534 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash as fachadas voltadas para esta reduccedilatildeo de niacutevel de pressatildeo sonora equivalente satildeo fachadas de serviccedilo pouco aproveitando esta reduccedilatildeo p 105
Figura 535ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim na situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash A situaccedilatildeo hipoteacutetica futura apresenta quadras muito mais adensadas do que nos anos anteriores reduzindo ainda mais a presenccedila de ilhas de sombra O pavimento representado no mapa eacute o destinado agraves garagens que ocupam praticamente todo o lote p 110
Figura 536 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem na situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 111
Figura 537 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash A transformaccedilatildeo da forma urbana tanto na situaccedilatildeo hipoteacutetica como ilustram as imagens quanto em 2009 quando esteve associada ao adensamento e a verticalizaccedilatildeo intensificou os fenocircmenos acuacutesticos ocorridos no meio urbano do 3deg Jardim de Boa Viagem p 112
Figura 538 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 112
Figura 539 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 113
Figura 540 ndash Plantas Baixas ndash A situaccedilatildeo hipoteacutetica futura seguida de perto pelo mapa de 2009 apresentou o pior comportamento acuacutestico do 3deg Jardim e o mapa de 1997 apresentou o melhor entre os mapas elaborados nesta pesquisa conforme ilustra a siacutentese abaixo p 113
Figura 541 ndash Graacutefico da performance acuacutestica considerando o ano x o niacutevel de pressatildeo sonora equivalente (Leq) ndash O Graacutefico apresenta as variaccedilotildees de niacuteveis de pressatildeo sonora de alguns pontos escolhidos aleatoriamente nos mapas acuacutesticos elaborados (Figura 541) Em 1997 as quedas das curvas de variaccedilatildeo do graacutefico corroboram a tendecircncia desta data ter apresentado o mapa acuacutestico com o melhor comportameno acuacutestico entre os mapas elaborados por esta pesquisa p 114
Figura 542 ndash Locaccedilatildeo dos pontos utilizados para elaboraccedilatildeo do graacutefico de performance acuacutestica p 114
Figura 543 ndash Graacutefico comparativo de niacuteveis de emissatildeo sonora permitidos ndash O graacutefico apresenta uma comparaccedilatildeo entre os niacuteveis de emissatildeo sonora permitidos em alguns paiacuteses entre a WHO ISO e ABNT e entre a Lei do silecircncio e o coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife O graacutefico evidencia que a cidade do Recife e o estado de Pernambuco praticam niacuteveis muito acima do recomendado por outras entidades normativas p 121
Figura 544 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde o fluxo de veiacuteculos seja o dobro do encontrado atualmente no 3deg Jardim de Boa Viagem (2009) apresentando altos niacuteveis de poluiccedilatildeo sonora p 122
Figura 545 a 548 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 122
Figura 549 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde seja implantado rodiacutezio de veiacuteculos com uma reduccedilatildeo de 30 do valor total do fluxo de veiacuteculos atualmente encontrado no 3deg Jardim de Boa Viagem (2009) p 123
Figura 550 a 553 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 123
Figura 554 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde seja implantado aleacutem do rodiacutezio de veiacuteculos com reduccedilatildeo de 30 no fluxo atual de veiacuteculos um corredor de transporte puacuteblico na Av Domingos Ferreira e restriccedilatildeo de traacutefego de veiacuteculos pesados apenas nesta via p 124
Figura 555 a 558 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 124
LISTA DE TABELAS
Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora p 35
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO
2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes____________
22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais_____________
3 CONSIDERACcedilOtildeES METODOLOacuteGICAS
31 3deg Jardim de Boa Viagem enquanto Estudo de Caso_________
32 Mapeamento Acuacutestico enquanto Instrumento de Pesquisa_
33 Procedimentos Metodoloacutegicos__________________________________
331 1deg Etapa Pesquisa Documental Primaacuteria e Secundaacuteria _____
332 2deg Etapa Pesquisa Piloto_____________________________________
333 3deg Etapa Estudo de Campo__________________________________
334 4deg Etapa mapeamento acuacutestico_____________________________
4 TRANSFORMACcedilOtildeES DO 3deg JARDIM E SUA RELACcedilAtildeO COM
O PROCESSO DE OCUPACcedilAtildeO DO BAIRRO DE BOA
VIAGEM
5 COMPORTAMENTO ACUacuteSTICO DO 3degJARDIM DE BOA
VIAGEM
51 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem a
partir das Modificaccedilotildees Cronoloacutegicas em sua Forma
Urbana______________________________________________________________
52 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem em
relaccedilatildeo ao Coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico
do Recife agrave ldquoLei do Silecircnciordquo e a outras Entidades
Normativas_________________________________________________________
53 Ausecircncia de Accedilotildees versus Presenccedila de Accedilotildees em Busca
de um Melhor Comportamento Acuacutestico para o 3deg Jardim
de Boa Viagem____________________________________________________
6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
7 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
128
134
115
107
81
80
65
60
59
56
55
55
52
49
46
31
22
22
17
CAPIacuteTULO 1
A pesquisa eacute talvez a arte de se criar dificuldades fecundas e de criaacute-las para os
outros Nos lugares onde havia coisas simples faz-se aparecer problemas
Pierre Bourdieu
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
17
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
1 INTRODUCcedilAtildeO
Um grito estridente lanccedilado em um meio urbano envolto nos ldquomais modernosrdquo e descomunais
arranha-ceacuteus desconfortavelmente ouvido nos mais remotos pavimentos de um deles foi agrave
centelha motivadora para as ideacuteias e discussotildees que permeiam esta pesquisa Este grito mal
recebido pelo receptor pode ser considerado uma das diversas formas da profusatildeo de ruiacutedos que
cada vez mais se tornam elementos onipresentes da vida contemporacircnea
Tal profusatildeo de ruiacutedos atualmente encontrados nos centros urbanos estaacute intimamente vinculada
ao crescimento acelerado das cidades que possibilitaram o aumento e uma maior concentraccedilatildeo da
populaccedilatildeo urbana acarretando em raacutepidas transformaccedilotildees no meio de propagaccedilatildeo do ruiacutedo
urbano aleacutem do aumento e uma maior concentraccedilatildeo dos diversos tipos de fontes sonoras que o
geram
Embora esteja estreitamente relacionado ao raacutepido desenvolvimento das cidades o ruiacutedo urbano
natildeo deve ser considerado como uma consequumlecircncia incidental da accedilatildeo humana em busca de
progresso e por isso inevitaacutevel tampouco toleraacutevel Ao contraacuterio deve ser entendido como uma
das consequumlecircncias prejudiciais deste desenvolvimento que pode causar diversos males fisioloacutegicos
e psicoloacutegicos ao citadino e assim sendo deve ser veementemente prevenido e mitigado
A fim de encontrar maneiras que possibilitem sua prevenccedilatildeo e mitigaccedilatildeo o ruiacutedo urbano pode
ser entendido como um sistema composto essencialmente pela fonte sonora ndash meio de propagaccedilatildeo ndash
receptor Dentre estas trecircs partes componentes do sistema o meio de propagaccedilatildeo pode ser
considerado como um dos menos investigados e onde as accedilotildees contra o ruiacutedo satildeo menos
concentradas (SINGAL 2005)
Esta inobservacircncia da importacircncia do meio urbano enquanto percurso de propagaccedilatildeo sonora
pode estar vinculada agrave dificuldade de intervir em meios de propagaccedilatildeo consolidados como satildeo
fundamentalmente os grandes centros urbanos Daiacute a relevacircncia em compreender a acuacutestica
urbana a partir de seu meio propagador pois uma vez consolidado o meio raras satildeo as
intervenccedilotildees possiacuteveis para minimizar o ruiacutedo urbano a partir desta parte componente do sistema
fonte ndash meio ndash receptor restando essencialmente accedilotildees preventivas
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
18
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Outro fator que evidencia o grande valor em compreender a acuacutestica urbana a partir de seu meio
de propagaccedilatildeo eacute o potencial que o meio urbano possui em influenciar a trajetoacuteria da propagaccedilatildeo
sonora Esta influecircncia acontece atraveacutes da forma que este meio apresenta ou seja a forma urbana
atraveacutes de seus elementos componentes e enquanto percurso de transmissatildeo delineia influencia e
determina em certa medida a trajetoacuteria de propagaccedilatildeo da onda sonora
Assim sendo a interaccedilatildeo entre os diversos elementos que compotildeem a forma urbana - o traccedilado e
perfis das vias o modo de implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as proporccedilotildees
densidade e maneira de ocupaccedilatildeo das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres ndash
contribui determinantemente para caracterizaccedilatildeo da propagaccedilatildeo sonora no meio urbano atraveacutes
de muacuteltiplas reflexotildees do espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave fonte geradora de
campos sonoros reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de aacutereas de sombra
Esta interaccedilatildeo entre os elementos da forma urbana e a propagaccedilatildeo sonora ocorre a partir da
diversidade e singularidade existente nos variados meios urbanos igualmente proporcionando os
mais particulares comportamentos acuacutesticos Isto eacute para cada meio urbano existem caracteriacutesticas
particulares inerentes agrave sua forma urbana que geram um comportamento acuacutestico igualmente
especiacutefico exclusivo e vinculado a esta forma urbana
Apesar deste atrelamento entre a acuacutestica urbana e a forma urbana esta relaccedilatildeo natildeo eacute
suficientemente pesquisada e quando eacute satildeo enfocadas prioritariamente situaccedilotildees presentes de
comportamento acuacutestico eou no maacuteximo hipoacuteteses futuras tambeacutem chamadas de prediccedilatildeo
acuacutestica Aleacutem disso natildeo foram encontradas referecircncias ateacute o presente momento de investigaccedilotildees
que priorizem a apreciaccedilatildeo da acuacutestica urbana e sua relaccedilatildeo com as modificaccedilotildees ao longo do tempo da
forma urbana
Isto posto considerando esta ausecircncia de pesquisas e considerando que para cada espaccedilo urbano
existe um comportamento de propagaccedilatildeo sonora especiacutefico o presente estudo se propocircs a
investigar o comportamento acuacutestico de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em sua forma urbana
Para isso admitiu-se que a propagaccedilatildeo de uma mesma fonte sonora em um mesmo espaccedilo urbano
que tenha sofrido ao longo de um processo cronoloacutegico modificaccedilotildees em sua forma urbana
implicaria em diferentes comportamentos em sua acuacutestica urbana para as diferentes datas deste
processo Esta suposiccedilatildeo possibilitou a anaacutelise do comportamento acuacutestico atraveacutes das
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
19
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
modificaccedilotildees cronoloacutegicas da forma urbana a partir da articulaccedilatildeo de trecircs variaacuteveis - a fonte sonora
a forma urbana e a acuacutestica urbana Estas variaacuteveis foram consideradas tendo o estudo de caso
enquanto estrateacutegia de pesquisa
O caso escolhido para esta investigaccedilatildeo foi o loteamento 3deg Jardim de Boa Viagem tanto por
representar uma parcela bem delimitada das raacutepidas e recentes transformaccedilotildees ocorridas na
forma urbana do bairro de Boa Viagem quanto por permitir ilustrar o comportamento acuacutestico
em um encadeamento evolutivo do iniacutecio de sua ocupaccedilatildeo recente ateacute os dias atuais
Para compor tal encadeamento evolutivo foram selecionados os anos de 1971 data escolhida por
caracterizar o princiacutepio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim 1981 e 1997 por representarem datas de
registro de fotografias aeacutereas do bairro de Boa Viagem existentes na base de dados da
CONDEPE-FIDEM Agecircncia Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco 2009 por
representar a realidade atualmente encontrada no 3deg Jardim e uma simulaccedilatildeo de situaccedilatildeo
hipoteacutetica futura de modificaccedilatildeo na forma urbana
Isto posto com o intuito de analisar o comportamento da acuacutestica urbana do 3deg Jardim de Boa
Viagem a partir de modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua forma urbana foram executados os
seguintes objetivos especiacuteficos (I) identificar as caracteriacutesticas configuraccedilotildees e transformaccedilotildees da
forma urbana ocorridas no 3deg Jardim de Boa Viagem nos anos de 1971 1981 1997 e 2009 a
partir de seu processo de ocupaccedilatildeo (II) elaborar mapas acuacutesticos dos niacuteveis atuais (2009) de
pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim (III) elaborar mapas acuacutesticos do 3deg Jardim nos anos de
1971 1981 1997 e de situaccedilatildeo hipoteacutetica futura a partir da consideraccedilatildeo dos niacuteveis atuais (2009)
de pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim
Em busca de expor sistematicamente seu desenvolvimento a presente investigaccedilatildeo foi
estruturada do seguinte modo
O presente capiacutetulo 1 introduz e antecipa brevemente a discussatildeo que seraacute realizada ao longo
desta pesquisa
O capiacutetulo 2 aborda dois aspectos principais O primeiro deles desenvolve o conceito de forma
urbana e seus elementos componentes a partir dos autores Joseacute Lamas (2004) Philippe Panerai
(2006) e Vicente Del Rio (1990) Busca elucidar que a apreensatildeo da forma urbana eacute complexa e
envolve diversificadas abordagens e enfoques sociais econocircmicos histoacutericos e culturais para
entatildeo indicar que a presente pesquisa lanccedilaraacute um olhar para a forma urbana essencialmente a
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
20
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
partir de seu aspecto fiacutesico e material recorte necessaacuterio para a anaacutelise do comportamento
acuacutestico urbano
O segundo aspecto abordado no capiacutetulo 2 diz respeito agrave definiccedilatildeo teoacuterica do conceito da
acuacutestica urbana e de suas diversificadas implicaccedilotildees e interfaces quando o som eacute propagado em
meio urbano Busca evidenciar os fenocircmenos que ocorrem a partir da interaccedilatildeo entre a forma
urbana e a acuacutestica urbana indicando que a influecircncia da forma urbana eacute determinante para o
comportamento da acuacutestica urbana
O capiacutetulo 3 eacute dedicado ao percurso investigativo desta pesquisa evidenciando sua metodologia e
procedimentos metodoloacutegicos apresentando o 3deg Jardim enquanto estudo de caso o
mapeamento acuacutestico enquanto instrumento de pesquisa e detalhando as etapas operacionais
deste estudo Este capiacutetulo evidencia ainda o processo de elaboraccedilatildeo dos modelos e mapas
acuacutesticos da forma urbana existente no 3deg Jardim em cada uma das datas estudadas aleacutem da
situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e discute o software Predictor utilizado para este mapeamento
O capiacutetulo 4 diz respeito ao processo de ocupaccedilatildeo do bairro de Boa Viagem e sua relaccedilatildeo com as
transformaccedilotildees urbanas ocorridas no 3deg Jardim Busca-se identificar as caracteriacutesticas
configuraccedilotildees e transformaccedilotildees ocorridas na forma urbana do 3deg Jardim que possibilitem o
entendimento cronoloacutegico destas modificaccedilotildees dando suporte a elaboraccedilatildeo e anaacutelise dos mapas
acuacutesticos
O capiacutetulo 5 analisa o comportamento da acuacutestica urbana identificado nos mapas acuacutesticos
elaborados do 3deg Jardim a partir das modificaccedilotildees ocorridas em sua forma urbana nos anos de
1971 1981 1997 e 2009 aleacutem de uma situaccedilatildeo hipoteacutetica futura (prediccedilatildeo acuacutestica) Neste capiacutetulo
discute-se ainda o comportamento do 3deg Jardim em relaccedilatildeo agrave legislaccedilatildeo municipal que regula as
emissotildees sonoras na cidade do Recife e no estado de Pernambuco e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis
recomendados por outras entidades normativas e indica-se possiacuteveis accedilotildees para melhoria no
comportamento acuacutestico do 3deg Jardim bem como as possiacuteveis consequumlecircncias acuacutesticas da
ausecircncia de tais accedilotildees
Por fim no capiacutetulo 6 satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais acerca do comportamento acuacutestico
do 3deg Jardim e satildeo indicados novos rumos de pesquisa a respeito da acuacutestica urbana
CAPIacuteTULO 2
A arquitetura eacute uma muacutesica petrificada
Arthur Schopenhauer
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
22
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
Analisar o comportamento da acuacutestica urbana ainda que a partir das modificaccedilotildees da forma
urbana faz com que esta pesquisa trate essencialmente da acuacutestica urbana No entanto este
comportamento esta sujeito aos diversificados modos de apreensatildeo da forma urbana e de seus
elementos componentes bem como ao modo como esta pesquisa os consideraraacute
Assim sendo o primeiro item deste capiacutetulo expotildee o conceito de forma urbana e de algumas de
suas relaccedilotildees discutido agrave luz de LAMAS (2004) de PANERAI (2006) e DEL RIO (1990)
indicando em seguida o que esta pesquisa consideraraacute como forma urbana
Certamente discussatildeo em torno da produccedilatildeo de outros autores poderia ser elaborada No
entanto o primeiro item deste capiacutetulo natildeo pretende representar uma revisatildeo bibliograacutefica acerca
do estudo da forma urbana e suas relaccedilotildees pretende sim construir uma discussatildeo em torno dos
trecircs autores selecionados que culmine no conceito de forma urbana que seraacute considerado por esta
pesquisa para possibilitar olhar para suas modificaccedilotildees cronoloacutegicas a fim de compreender o
comportamento da acuacutestica urbana
Apoacutes este delineamento no segundo item deste capiacutetulo discute-se a acuacutestica urbana e suas
relaccedilotildees conceituais com os diversos elementos e implicaccedilotildees da propagaccedilatildeo sonora em meio
urbano e como eles relacionam-se influenciando em seu comportamento
21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes
Segundo LAMAS (2004) estudar a forma urbana compreende examinar as configuraccedilotildees e as
estruturas exteriores de determinados objetos de suas formas interligando-as com os fenocircmenos
que lhes deram origem Assim sendo a forma urbana pode ser definida como sendo o
[] modo como se organizam os elementos morfoloacutegicos que constituem e definem o espaccedilo urbano relativamente agrave materializaccedilatildeo dos aspectos de
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
23
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas Fonte LAMAS 2004
organizaccedilatildeo funcional e quantitativa e dos aspectos qualitativos e figurativos (LAMAS 2004 p 44) 1
Dentre estes aspectos os quantitativos satildeo agravequeles da realidade urbana que podem ser
quantificaacuteveis tais como densidades superfiacutecies fluxos coeficientes volumeacutetricos entre outros
(Figura 21) os de organizaccedilatildeo funcional satildeo agravequeles que se relacionam com as atividades
humanas tais como habitar e trabalhar e agravequeles relacionados ao modo de uso especiacutefico de uma
aacuterea ndash residencial comercial industrial entre outros os qualitativos referem-se ao tratamento dos
espaccedilos ao conforto e a comodidade do utilizador tais como adaptaccedilatildeo ao clima acessibilidade
estado da pavimentaccedilatildeo entre outros por fim os aspectos figurativos dizem respeito a
essencialmente a comunicaccedilatildeo esteacutetica (LAMAS 2004)
Pode-se considerar que ao olhar para forma urbana e em especiacutefico para suas modificaccedilotildees
cronoloacutegicas com o intuito de compreender o comportamento da acuacutestica urbana esta pesquisa
relaciona-se tanto aos aspectos qualitativos a partir do conforto acuacutestico dos receptores das
ondas sonoras em meio urbano quanto aos
aspectos quantitativos uma vez que este
comportamento acuacutestico em meio urbano eacute
quantificaacutevel em decibels (dB)
Embora estes aspectos envolvam grande parte
das singularidades inerentes a forma urbana
esta definiccedilatildeo parece ainda natildeo abarcar outras
particularidades sociais econocircmicas histoacutericas
e culturais igualmente envolvidas no
entendimento da concepccedilatildeo da forma urbana
isto eacute resta ainda a consideraccedilatildeo de que esta
forma urbana natildeo acontece
independentemente dos grupos sociais que a
produzem (PANERAI 2006)
Satildeo essencialmente estas particularidades que
impulsionam ou amortecem a transformaccedilatildeo
1 Para todas as citaccedilotildees deste autor natildeo seratildeo consideradas adaptaccedilotildees na liacutengua do paiacutes de origem - Portugal - permanecendo o texto original
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
24
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
dos elementos que compotildeem a forma urbana ndash a adiccedilatildeo de novos de traccedilados a um jaacute existente
ou sua superposiccedilatildeo seus conflitos o parcelamento de parques e ocupaccedilatildeo de espaccedilos livres a
renovaccedilatildeo da massa edificada seu lento adensamento e verticalizaccedilatildeo segundo uma especulaccedilatildeo
despretensiosa ou sua substituiccedilatildeo por vastos empreendimentos sob influecircncia de uma
especulaccedilatildeo bem mais expressiva (PANERAI 2006) isto eacute faz parte da apreensatildeo da forma
urbana uma complexidade que envolve um processo de acumulaccedilatildeo de enfoques e observaccedilotildees
sociais econocircmicas histoacutericas e culturais que englobam muito mais do que apenas sua forma
fiacutesica
Estas particularidades especialmente as sociais parecem um pouco mais delineadas nas
consideraccedilotildees feitas por DEL RIO (1990) que considera o espaccedilo urbano a partir da apropriaccedilatildeo
social que se faz dele estabelecendo que em relaccedilatildeo ao estudo da forma urbana a cidade pode
ser compreendida a partir de trecircs niacuteveis organizacionais o coletivo o comunitaacuterio e o individual
O niacutevel coletivo eacute regido sob uma loacutegica estruturadora percebida inconscientemente e
coletivamente e eacute composto pelos elementos2 do tecido que possuem uma permanecircncia maior ao
longo do tempo o niacutevel comunitaacuterio diz respeito aos elementos com significados especiais apenas
para um pequeno grupo da populaccedilatildeo como o bairro por exemplo jaacute o niacutevel individual expressa
significados individuais como a residecircncia e seu espaccedilo circundante e por seu caraacuteter individual eacute
o que apresenta maior rapidez nas modificaccedilotildees (DEL RIO 1990)
Mas LAMAS (2004) ao defender sua definiccedilatildeo para forma urbana natildeo soacute possuiacutea ciecircncia destas
outras particularidades explicitadas por PANERAI (2006) e DEL RIO (1990) ndash sociais
econocircmicas histoacutericas e culturais ndash envolvidas na concepccedilatildeo de forma urbana como optou em
natildeo apreciaacute-las
[] um primeiro grau de leitura da cidade eacute eminentemente fiacutesico-espacial e morfoloacutegico portanto especiacutefico da arquitectura e o uacutenico que permite evidenciar a diferenccedila entre este e outro espaccedilo entre esta e aquela forma e explicar as caracteriacutesticas de cada parte da cidade A estes se juntam outros niacuteveis de leitura que revelam diferentes conteuacutedos (histoacutericos econoacutemicos sociais e outros) Mas este conjunto de leituras soacute eacute possiacutevel porque a cidade existe como facto fiacutesico e material Todos os instrumentos de leitura lecircem o mesmo objecto ndash o espaccedilo fiacutesico a FORMA URBANA (LAMAS 2004 p 31 grifo do autor) Eacute fundamentalmente a dimensatildeo fiacutesica e morfoloacutegica da cidade que me preocupa [] (LAMAS 2004 p 31)
2 Estes elementos seratildeo discutidos em paraacutegrafos mais adiante
____________________________________________
ANAacuteLISE D
Na verdade esta opccedilatildeo em
urbana considerando-a essen
de seu aspecto fiacutesico e m
convenientemente ao obje
presente pesquisa analisar
da acuacutestica urbana a partir
cronoloacutegicas na forma urba
esta anaacutelise do compor
implica em uma apropriaccedil
fiacutesica e material destas modif
Certamente a busca pela ap
urbana envolve muito
simplesmente sua forma
como jaacute aclarado No entan
da anaacutelise proposta por
apreensatildeo em totalid
fundamentalmente necessaacuter
apropriaccedilatildeo da forma urban
material ou uma variaacutevel fiacutes
finalidade derradeira de
comportamento acuacutestico
modificaccedilotildees nesta forma
Ao entender a observaccedilatildeo
essencialmente em seu aspec
(2004) propocircs uma classifica
dimensotildees
bull A dimensatildeo setorial
refere-se agrave menor u
do espaccedilo urbano co
uma praccedila ou uma
ponto o observador
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 24 ndash A cidadeo texemplificada por meio da cidadLAMAS 2004
Figura 23 ndash O bairro a escala ucidade portuguesa de Tavira Fonte
Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na ca dimensatildeo setorial Fonte LAMA
em observar a forma
sencialmente a partir
material responde
bjetivo primeiro da
ar o comportamento
rtir de modificaccedilotildees
rbana uma vez que
ortamento acuacutestico
riaccedilatildeo genuinamente
dificaccedilotildees
apreensatildeo da forma
o mais do que
a fiacutesica e material
tanto para realizaccedilatildeo
or este estudo tal
alidade natildeo eacute
saacuteria o que torna a
bana quase um meio
l fiacutesica para atingir a
e compreensatildeo do
a partir de
atildeo da forma urbana
pecto fiacutesico LAMAS
icaccedilatildeo em escalas ou
ndash a escala da rua
r unidade ou porccedilatildeo
como por exemplo
a rua onde de um
dor pode abarcar a
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
25
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
territoacuterioa dimensatildeo territorial dade portuguesa de Tavira Fonte
a urbana exemplificada por meio da nte LAMAS 2004
na cidade portuguesa de Tavira ilustra MAS 2004
____________________________________________
ANAacuteLISE D
unidade espacial d
(Figura 22)
bull A dimensatildeo urbana ndash
corresponde agraves pa
identificaacuteveis como
exemplo onde a
elementos da forma
atraveacutes do movime
percursos (Figura 23
bull E por fim a dimensatildeo
da cidade diz respeito
diferentes formas
articulaccedilatildeo de bai
entre si Sua forma
distribuiccedilatildeo de eleme
das cidades em con
suporte geograacutefico d
a articulaccedilatildeo de
circulaccedilatildeo entre os
entre zonas habitacio
entre outras (Figura 2
Dentre estas dimensotildees a u
bairro desperta particular
pesquisa uma vez que o e
limites de observaccedilatildeo atraveacute
de movimentos poderaacute aba
significante de modificaccedilotildee
forma urbana de determina
compreender o comport
acuacutestica urbana
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 25 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do CONDEPE-FIDEM 1981
Figura 26 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do baorigens da cidade entrecortadoBarreto Fonte CONDEPE-FIDE
Figura 27 ndash Exemplos de diveredifiacutecios lotes quarteirotildees e vias eRecife Nesta imagem um recessencialmente por morros o AltoFIDEM 1981
de seu conjunto
ndash a escala do bairro
partes homogecircneas
mo os bairros por
a observaccedilatildeo dos
a urbana eacute realizada
imento e de vaacuterios
23)
nsatildeo territorial ndash a escala
eito agrave articulaccedilatildeo de
as urbanas da
bairros interligados
ma eacute definida pela
mentos estruturantes
onformidade com o
o do siacutetio tais como
e ruas e vias de
s diferentes bairros
cionais e comerciais
a 24)
a urbana ndash escala do
lar interesse desta
o entendimento dos
veacutes de certo nuacutemero
barcar uma amostra
otildees cronoloacutegicas na
inado local a fim de
ortamento de sua
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
26
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife o bairro de Boa Viagem Fonte
rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves do pela recente Avenida Dantas DEM 1981
versificadas concretizaccedilotildees entre os em diferentes bairros da cidade do
recorte de um bairro constituiacutedo lto do Mandu Fonte CONDEPE-
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
27
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
No entanto para apreender tal dimensatildeo devem-se conhecer e estabelecer quais elementos
miacutenimos da forma urbana que se relaciona com esta a dimensatildeo urbana e quais satildeo estes
elementos LAMAS (2004) propocircs onze elementos da forma urbana necessaacuterios para esta
apreensatildeo o solo (I) o edifiacutecio (II) o lote (III) o logradouro (IV) o quarteiratildeo (V) o traccediladoa
rua(VI) a praccedila (VII) a fachada (VIII) o monumento (IX) a vegetaccedilatildeo (X) e o mobiliaacuterio
urbano (XI) Dentre estes elementos seis possuem uma estreita relaccedilatildeo com esta pesquisa e
seratildeo expostos de acordo com consideraccedilotildees observadas por LAMAS 3 (2004) (Figuras 25 a 27)
O edifiacutecio representa o elemento miacutenimo identificaacutevel na observaccedilatildeo da forma urbana eacute atraveacutes
dele que se constitui o espaccedilo urbano e se organizam diferentes elementos tais como ruas praccedilas
avenidas entre outros Os edifiacutecios agrupam-se em diferentes tipos tanto em relaccedilatildeo a suas
formas quanto a suas funccedilotildees Estes elementos podem influenciar o comportamento da acuacutestica
urbana atuando enquanto objetos reflexivos da onda sonora e como barreiras acuacutesticas4
O lote representa o princiacutepio da relaccedilatildeo do edifiacutecio com o terreno A forma do lote eacute muitas
vezes condicionante da forma do edifiacutecio tornando-os vinculados por essecircncia o logradouro diz
respeito ao espaccedilo livres e natildeo construiacutedos no interior do lote aos quintais e jardins o quarteiratildeo
ou quadra pode ser considerado como o espaccedilo resultante entre o cruzamento de trecircs ou mais
vias podendo ser demarcado em vaacuterios lotes para a construccedilatildeo de edifiacutecios Juntos estes trecircs
elementos associados aos edifiacutecios podem propiciar uma maior ou menor permeabilidade
acuacutestica eou uma maior ou menor presenccedila de aacutereas de sombra no meio urbano
O traccedilado por meio das ruas ou vias eacute facilmente identificaacutevel no meio urbano Estaacute muitas vezes
condicionado ao siacutetio geograacutefico existente regula a disposiccedilatildeo dos edifiacutecios e quarteirotildees e
interliga os vaacuterios espaccedilos componentes da cidade e a cidade ao territoacuterio Normalmente o
traccedilado resiste agraves transformaccedilotildees na forma urbana por possuir um caraacuteter de permanecircncia natildeo
totalmente modificaacutevel O traccedilado engloba trajetoacuterias e caminhos que natildeo satildeo necessariamente
percorridos atraveacutes de automoacuteveis apesar disso estaacute em grande parte vinculado a uma das
principais fontes geradoras de ruiacutedo urbano ndash o traacutefego de veiacuteculos
3 Os outros elementos tambeacutem podem relacionar-se de diferentes maneiras com a acuacutestica urbana mas nem tanto com a presente pesquisa e por isso natildeo foram considerados 4 Todas as definiccedilotildees e conceitos acuacutesticos apresentados no presente item seratildeo elucidados no item seguinte 22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
28
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) Fonte PANERAI 2006
A praccedila eacute um espaccedilo de geometria variada
intencionalmente inserido no meio urbano
cuja relaccedilatildeo com o traccedilado e os edifiacutecios
tambeacutem eacute intencional evidenciada atraveacutes do
seu desenho e natildeo acidentais como
alargamento e confluecircncias do traccedilado Aleacutem
disso a praccedila eacute um lugar de encontro de
permanecircncia e de praacuteticas sociais
Acusticamente dependendo de suas
proporccedilotildees a propagaccedilatildeo sonora que envolve
uma praccedila pode apresentar um
comportamento que se assemelha a
propagaccedilatildeo sonora em campo livre
Estes elementos constituintes da forma urbana
conceituados por LAMAS (2004) podem ser
identificados sob um diferente invoacutelucro
conceitual mas com a mesma essecircncia no que
PANERAI (2006) definiu como sendo
conjuntos do tecido urbano
Aplicado agrave cidade o termo ldquotecidordquo evoca a continuidade e a renovaccedilatildeo a permanecircncia e a variaccedilatildeo Ele explica a constituiccedilatildeo das cidades antigas e responde as questotildees levantadas pelo estudo das urbanizaccedilotildees recentes Ele pressupotildee uma atenccedilatildeo tanto ao banal quanto ao excepcional tanto agraves ruas comuns e agraves edificaccedilotildees corriqueiras quanto agraves regulamentaccedilotildees e aos monumentos Dentre as muacuteltiplas definiccedilotildees de tecido urbano e sem desprezar suas qualidades escolhemos a mais simples O tecido urbano eacute constituiacutedo pela superposiccedilatildeo ou imbricaccedilatildeo de trecircs conjuntos a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees Essa definiccedilatildeo potildee em evidecircncia os elementos que permitem que as diferentes partes da cidade evoluam ao mesmo tempo em que satildeo mantidas a coesatildeo de conjunto e a clareza de sua estrutura (PANERAI 2006 p 77-78 grifo nosso) (Figura 28)
Ao contraacuterio de LAMAS (2004) que considera a praccedila como um elemento da forma urbana por
si soacute PANERAI (2006) discute as vias ou traccedilado inseridas em uma relaccedilatildeo em rede onde
tambeacutem satildeo considerados como partes constituintes os largos passeios praccedilas esplanadas cais
pontes rios canais margens praias todos compondo o espaccedilo puacuteblico Eacute atraveacutes desta rede
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
29
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua
organizaccedilatildeo local e territorial
Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o
domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios
quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente
o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da
forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo
Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao
espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo
vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os
edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila
sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto
Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute
bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus
elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma
essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo
objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles
- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)
Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno
relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar
definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento
5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
30
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109
O adensamento ocorre a partir de dois modos
essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do
preenchimento progressivo do espaccedilo urbano
e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa
por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)
A primeira forma de adensamento ocorre sem
a expansatildeo territorial por meio do
preenchimento progressivo de todas as
reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de
determinado meio urbano Eacute um
adensamento inserido em limitesbarreiras
preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como
uma via expressa irregularidades geograacuteficas
do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual
em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas
edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)
A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do
solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de
adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem
sua expansatildeo (PANERAI 2006)
Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como
se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado
meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da
acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o
adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de
objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica
Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o
edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados
por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
31
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias
dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta
pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a
partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo
exclusivamente
1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo
de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres
2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os
lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)
3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e
principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes
geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)
Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no
decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees
cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e
relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana
22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a
forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia
multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o
som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas
do conhecimento (Figura 210)
Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano
seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes
tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental
O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por
pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu
____________________________________________
ANAacuteLISE D
complexo padratildeo de ondas s
de ruiacutedo muacutesica fala
(BERGLUND et al 1999)
Esta definiccedilatildeo do som tend
a percepccedilatildeo do ouvido
conceito psicofiacutesico Fisicame
vibraccedilatildeo mecacircnica que
progressivamente atraveacutes de
gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN
Esta vibraccedilatildeo quando tran
que o rodeia nem sempre
aparelho auditivo humano
frequumlecircncia6 audiacutevel encontra
20 a 20000 Hz para um
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984
1982) Frequumlecircncias acima de
altas para respostas fisioloacuteg
chamadas de ultrasons Jaacute as
de 20 Hz satildeo chamadas de
detectaacuteveis pelo ouvido hum
prejudiciais agrave sua sauacutede7
1982 SOUSA 2004)
Fisicamente o som e o ruiacutedo
ambos se propagam em mei
detectados pelo ouvido hu
enquanto o som eacute utilizado
6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa
Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006
as sonoras eacute rotulado
ala entre outros
ndo como referecircncia
o humano eacute um
mente o som eacute uma
que se propaga
de um meio material
(SINGAL 2005)
transmitida ao meio
re eacute detectaacutevel pelo
ano cuja faixa de
tra-se no intervalo de
um jovem saudaacutevel
4 KINSLER et al
de 20000 Hz muito
loacutegicas auditivas satildeo
as frequumlecircncias abaixo
de infrasons e natildeo satildeo
umano contudo satildeo
(KINSLER et al
iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee
eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos
humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN
do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev
iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo
as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
32
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006
ontual e fonte sonora linear Fonte
otildees de pressatildeo ambiente
bos satildeo capazes de serem
EN 1995) No entanto
daacuteveis o ruiacutedo descreve
do e eacute medida em Hertz (Hz)
amento das estruturas cardiacuteacas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
33
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)
Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e
portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece
como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro
[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)
Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo
mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees
no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse
irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos
(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM
2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)
O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais
comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual
possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as
direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)
Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de
fontes pontuais dispostas linearmente cuja
emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta
linha sendo seu decaimento em campo livre
de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)
Quando propagadas no meio urbano a
combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas
ao percurso de transmissatildeo e ao receptor
constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
34
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
chamado de ruiacutedo ambiental (environmental
noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)
(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005
SOUSA 2004)
O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do
traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de
obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos
industriais de estabelecimentos comerciais e
de serviccedilos de sistemas de propaganda
volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-
estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982
NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)
Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais
como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes
nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade
populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos
extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se
a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES
2006)
Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o
ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A
necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade
existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis
normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a
populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano
8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
35
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006
Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg
1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes
Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes
procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO
2009)
NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
Niacutevel de Pressatildeo sonora
em dB(A)
Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS
Ambiente ou atividade
0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros
aacuterea de mata selvagem
30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite
50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse
auditivo Rua agitada um restaurante barulhento
70 a 90 Estressante e bastante
excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh
conversa a gritos
90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia
Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor
110 a 130
Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez
instantacircnea
Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock
130 a 140 Acima do limiar da dor
causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia
Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias
resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a
poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir
diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho
Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores
(NAGEM 2004)
Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave
Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do
12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
36
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do
sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do
Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da
cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias
tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da
Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)
Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da
LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos
com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos
submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e
do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a
accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave
conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte
geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)
Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos
de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em
documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da
Cidade do Recife (RECIFE 2000)
Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo
Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as
posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da
poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor
o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie
de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo
exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil
militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um
importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)
Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a
poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de
13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
37
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999
pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais
(BERGLUND et al1999)
Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que
atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua
(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do
ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio
urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram
em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da
populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes
geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et
al 2002) (Figura 214)
Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o
aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais
percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al
2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)
O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a
partir do ruiacutedo veicular que proveacutem
essencialmente do sistema de propulsatildeo do
motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo
aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso
(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da
relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as
configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido
a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de
acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a
presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de
pedestres etc a intensidade do fluxo de
veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os
veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de
14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
38
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita
terra batida) etc (SINGAL 2005)
Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo
comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas
implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo
do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo
para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e
pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS
2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma
interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana
Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto
por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego
seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no
proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de
certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e
forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e
largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser
acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica
O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde
acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo
acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)
O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia
de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio
urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou
nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o
espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de
suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de
pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
39
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007
Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido
pelo receptor diminui em funccedilatildeo da
duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15
Praccedilas parques e largos com grandes
dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias
vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas
uma de suas margens ou espaccedilos livres
urbanos de grandes dimensotildees caracterizam
alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos
No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras
sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o
seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente
sendo praticamente o mesmo em vaacuterias
posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre
uma saiacuteda para campo livre caracterizando o
fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura
217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)
Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser
reverberantes quando a onda sonora tarda a
encontrar o campo livre gerando um grande
nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes
quando a onda sonora encontra o campo livre
um pouco mais rapidamente do que no
reverberante gerando um nuacutemero menor mas
ainda grande de reflexotildees
15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
40
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007
No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado
reverberante possui comumente um perfil em
ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de
canyons urbanos que podem amplificar
consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das
vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas
geradas pelas fachadas paralelas das
edificaccedilotildees que circundam estas vias
(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste
tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora
natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre
a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico
aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos
elementos que compotildeem a forma urbana e
dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que
revestem as superfiacutecies refletoras18
(NIEMEYER 2007)
Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de
traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados
tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos
de espaccedilos acuacutesticos fechados
A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda
sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem
podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo
tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo
18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
41
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007
Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992
Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se
aos percursos da onda sonora gerados no
meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005
NIEMEYER 2007) A intensidade da
permeabilidade acuacutestica - mais ou menos
permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de
certos elementos urbanos de promover ou
conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais
como o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem
como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade
e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila
ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e
221)
A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda
com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o
conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a
qualquer objeto que possa ser considerado um
obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias
entre a fonte e o receptor (Figura 222)
(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES
2000) Ao bloquear o percurso direto entre a
fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser
absorvida eou refletida pela superfiacutecie da
barreira transmitida atraveacutes da barreira ou
difratada a partir do topo da barreira
(BARRON 2003 SINGAL 2005)
A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as
ondas sonoras sejam capazes de contornar
determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de
sombra acuacutestica que possui limites espaciais
variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte
____________________________________________
ANAacuteLISE D
sonora e de sua localizaccedilatilde
receptor que por sua vez
sonora difratada pelas borda
um decaimento maior do qu
campo livre (Figura 223) (N
1968 NIEMEYER 2007 PA
O uso de barreiras acuacutestic
EUA Japatildeo Austraacutelia e
reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do
pelo traacutefego rodoviaacuterio pa
(Figuras 224 a 226) (SIN
Brasil esta praacutetica ainda eacute inc
restringindo-se a poucos exe
caso da barreira acuacutestica no
Linha Amarela na cidade do
na Rodovia Bandeirantes co
de Satildeo Paulo a Campinas
Paulo (Figura 227) (MURGE
2004)
Embora a implantaccedilatildeo de b
esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do
rodoviaacuterio outros elemen
meio urbano situados ent
receptor atuam espontan
barreiras agrave propagaccedilatildeo sono
terreno com topografia i
muros edificaccedilotildees entr
edificaccedilotildees conjugadas da R
cidade do Recife ou aind
conjugadas em alguns trec
Atlacircntica no Rio de Janei
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap
Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C
Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2
Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest
Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN
accedilatildeo em relaccedilatildeo ao
ez recebe a energia
rdas da barreira com
que se estivesse em
(NEPOMUCENO
PAZ 2004)
ticas eacute comum nos
e na Europa para
do ruiacutedo produzido
para seus arredores
INGAL 2005) No
incipiente
exemplos como eacute o
no eixo rodoviaacuterio
o Rio de Janeiro e
conectando a cidade
s no estado de Satildeo
GEL 2007 SOUSA
e barreiras acuacutesticas
do ruiacutedo de traacutefego
entos inseridos no
entre a fonte e o
taneamente como
nora tais como um
irregular taludes
ntre outros As
a Rua da Aurora na
inda as edificaccedilotildees
trechos da Avenida
neiro por exemplo
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
42
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007
rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007
da Rodovia Bandeirantes no estado 2007
da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000
barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
43
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409
Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409
aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas
espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem
conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em
ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e
229)
A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e
da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a
interaccedilatildeo entre os diversos elementos que
compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis
das vias o modo de implantaccedilatildeo das
edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as
proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo
das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de
espaccedilos livres ndash contribui determinantemente
para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano
atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do
espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave
fonte geradora de campos sonoros
reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de
aacutereas de sombra
Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado
um sistema composto essencialmente pela fonte
sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e
KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto
percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de
propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares
apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo
da onda sonora no meio urbano
19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
44
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao
ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos
reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente
todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das
edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar
dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e
insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via
Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo
facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas
reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando
sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano
desejaacutevel aos seus receptores
Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as
distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de
propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades
bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento
acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano
Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se
comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica
urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana
Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos
investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento
Rafaella Brandatildeo Estevatildeo de Souza
O SOM NOSSO DE CADA DIA ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA
A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES NA FORMA URBANA
Recife
2010
Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Desenvolvimento Urbano da Universidade Federal de Pernambuco como parte dos requisitos para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de mestre Orientador Prof Dr Joseacute de Souza Brandatildeo Neto Co-orientador Prof Dr Ruskin Marinho Freitas Co-orientador Prof Dr Paulo Henrique Trombetta Zannin
A Viacutetor meu alicerce que com seu amor
infindaacutevel e incentivo constante ensinou-me
como eacute fascinante o ato de pesquisar
Aos meus pais Alexandre e Zenaide
que antes de ensinarem-me a ouvir
ensinaram-me a amar
AGRADECIMENTOS
A Deus pelo alimento agrave minha alma
A minha famiacutelia por tudo antes agora e sempre
A Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal de Niacutevel Superior ndash CAPES por viabilizar
financeiramente esta pesquisa
A Zeca Brandatildeo e Ruskin Freitas pelos valiosos ensinamentos em nossas conversas pelo
estiacutemulo e apoio constante ao longo do percurso principalmente nos momentos de duacutevida e
pela confianccedila depositada desde o iniacutecio de minhas inquietaccedilotildees e questionamentos
A Paulo Zannin cuja dedicaccedilatildeo e entusiasmo ao estudo da acuacutestica foi condiccedilatildeo sine qua non
para a realizaccedilatildeo desta pesquisa por sua bravura apoio incentivo e confianccedila absoluta
depositada em uma tambeacutem entusiasta da acuacutestica vinda de terras tatildeo distantes
A David Queiroz por sua entrega paciecircncia e torcida ao lado do Predictor para que tudo desse
certo pelas estimadas contribuiccedilotildees nas discussotildees sobre as diversas possibilidades de estudar o
meio urbano sob o olhar da acuacutestica
A Paula Maciel a Joseacute Jeferson Roberto Rezende de Menezes e ao GTC ndash Gestatildeo e
Tecnologia da Construccedilatildeo UFPE pela ajuda imprescindiacutevel quanto ao aparelho de mediccedilatildeo
Aos professores do MDU pelos inestimaacuteveis ensinamentos e a todos os amigos do MDU
por compartilhar nossos anseios acadecircmicos em especial a Ana Carolina Lourival e Renata
pelos indefectiacuteveis e inesqueciacuteveis momentos juntos
A Fernando Bunn e Paulo Fiedler pela ajuda torcida e insigths na exploraccedilatildeo do Predictor
A Rebeca Catarina Joseacute e Jonas pelo apoio e paciecircncia em responder todas minhas
interminaacuteveis perguntas e ldquoaperreiosrdquo mas sempre correspondendo as minhas brincadeiras
Por fim mas nunca por uacuteltimo a Anna Cristina e sua carinhosa famiacutelia ndash Paulo Henrique
Carolina Viacutetor Bia Maacutercia Claacuteudia Joseacute Joatildeo e Gabriela ndash pelo amparo carinho e
amizade ndash inesqueciacuteveis a uma gringa que deixou o aconchego dos seus para desbravar novos
conhecimentos em um lugar tatildeo diferente
RESUMO
O excesso de ruiacutedos atualmente encontrados nos centros urbanos estaacute intimamente vinculado ao crescimento acelerado das cidades Este crescimento suscitou o aumento e uma maior concentraccedilatildeo da populaccedilatildeo urbana acarretando em raacutepidas transformaccedilotildees no meio de propagaccedilatildeo do ruiacutedo aleacutem do aumento e concentraccedilatildeo dos diversos tipos de fontes sonoras que o geram Ocorre que a forma urbana ndash considerada a partir de seus aspectos fiacutesicos ou materiais ndash onde este ruiacutedo eacute gerado influencia em certa medida a trajetoacuteria de propagaccedilatildeo da onda sonora a interaccedilatildeo entre os diversos elementos que compotildeem esta forma urbana contribuiraacute para a caracterizaccedilatildeo do comportamento desta trajetoacuteria Assim para cada forma urbana especiacutefica existiraacute um comportamento acuacutestico igualmente especiacutefico exclusivo e vinculado a esta forma urbana Deste modo se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento proacuteprio de propagaccedilatildeo sonora a presente pesquisa propocircs-se a analisar o comportamento da acuacutestica urbana de um mesmo espaccedilo urbano a partir de modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua forma urbana Esta anaacutelise foi realizada considerando a articulaccedilatildeo de trecircs variaacuteveis - a fonte sonora a forma urbana e a acuacutestica urbana Admitiu-se que a propagaccedilatildeo de uma mesma fonte sonora em um mesmo espaccedilo urbano que tenha sofrido ao longo de um processo cronoloacutegico modificaccedilotildees em sua forma urbana implicaria em diferentes comportamentos em sua acuacutestica urbana para as diferentes datas deste processo Adotou-se como estudo de caso o loteamento 3deg Jardim de Boa Viagem (Recife-PE) sendo estudadas as modificaccedilotildees em sua forma urbana ocorridas nos anos de 1971 1981 1997 e 2009 aleacutem da elaboraccedilatildeo de uma situaccedilatildeo hipoteacutetica futura (prediccedilatildeo acuacutestica) Foram realizadas pesquisas documentais e estudos de campo para coleta de dados referentes agraves caracteriacutesticas da forma urbana do 3deg Jardim e para coleta de seus niacuteveis de pressatildeo sonora atuais Com estes dados foram calculados e gerados mapas acuacutesticos do 3deg Jardim utilizando o software Predictor para cada uma das datas pesquisadas e para a situaccedilatildeo hipoteacutetica futura Estes mapas foram analisados comparando seus comportamentos acuacutesticos entre si buscando compreender esse comportamento diante das modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua proacutepria forma urbana Os resultados deste estudo indicaram que a modificaccedilatildeo de um mesmo meio urbano possui potencial tanto para propiciar altos niacuteveis de ruiacutedo quanto para minimizaacute-los influenciando definitivamente no comportamento acuacutestico de determinado local Estes resultados confirmaram a relevacircncia em compreender a acuacutestica urbana a partir de seu meio propagador pois uma vez consolidado raras satildeo as intervenccedilotildees possiacuteveis na forma urbana para minimizar o ruiacutedo urbano por ela delineado
Palavras-chave planejamento urbano acuacutestica ruiacutedo urbano
ABSTRACT
The excessive noise currently found in urban centers is closely linked to the fast growth of the cities This development led to increased growth and concentration of urban population resulting in fast changes in the noise propagation path and increasing the variety of sources that generate it It turns out that the urban form - considered from their physical or material aspects - where this noise is produced influences in some extent the trajectory of sound wave propagation the interaction between the various elements that make up this urban form contributes to characterize this trajectory behavior Thus for each specific urban form there will be an acoustic behavior also specific exclusive and linked to this urban form Therefore if for each urban area there is a particular sound propagation behavior this research proposed to analyze the urban acoustics behavior of the same urban space from chronological changes in its urban form This analysis was performed considering the articulation of three variables - the sound source the urban form and the urban acoustics It was assumed that the propagation from the same source in the same urban area which has experienced over a chronological process changes in its urban form would imply different urban acoustics behaviors through years It was adopted as a case study the land subdivision 3deg Jardim de Boa Viagem (Recife-PE) being studied the changes in its urban form in the years of 1971 1981 1997 and 2009 besides the elaboration of a hypothetical future situation (acoustic prediction) It was carried out documentary research and field studies to collect data on the characteristics of the urban form of the 3deg Jardim and to collect their present sound pressure levels With these datawere calculated and generated acoustics maps of the 3deg Jardim for each of the years surveyed and for the hypothetical future situation using the Predictor software These maps were analyzed by comparing their acoustic behavior to each other seeking to comprehend this behavior towards the chronological changes in its urban form The results of this research indicated that the urban environment changes have the potential to provide high levels of noise as well as to minimize them definitely influencing the acoustic behavior of a particular site These results confirmed the relevance to understand the urban noise from its way of propagation since once consolidated very few interventions are possible in the urban form to minimize the urban noise outlined by it
Keywords urban planning acoustics urban noise
LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES
Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas p23
Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na cidade portuguesa de Tavira ilustra a dimensatildeo setorial p23
Figura 23 ndash O bairro a escala urbana exemplificada por meio da cidade portuguesa de Tavira p25
Figura 24 ndash A cidadeo territoacuterioa dimensatildeo territorial exemplificada por meio da cidade portuguesa de Tavira p25
Figura 25 ndash Exemplos de diversificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios lotes quarteirotildees e vias em diferentes bairros da cidade do Recife Nesta imagem um recorte do bairro de Boa Viagem p26
Figura 26 ndash Exemplos de diversificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios lotes quarteirotildees e vias em diferentes bairros da cidade do Recife Nesta imagem um recorte do bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves origens da cidade entrecortado pela recente Avenida Dantas Barreto p 26
Figura 27 ndash Exemplos de diversificadas concretizaccedilotildees entre os edifiacutecios lotes quarteirotildees e vias em diferentes bairros da cidade do Recife Nesta imagem um recorte de um bairro constituiacutedo essencialmente por morros o Alto do Mandu p26
Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) p 28
Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores p30
Figura 210 ndash Interfaces multidisciplinares do estudo do som p 32
Figura 211 ndash Fonte sonora pontual e fonte sonora linear p32
Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia p 33
Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia p 24
Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo p 37
Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto p39
Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo p 39
Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana p39
Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos p 40
Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano p 41
Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem p 41
Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem p 41
Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor p 41
Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da onda sonora a partir de uma barreira gerando uma aacuterea de sombra acuacutestica p 42
Figura 224 ndash Agrave esquerda barreira acuacutestica curva em concreto e acriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreira acuacutestica metaacutelica na estrada entre Paacutedua e Veneza na Itaacutelia p 42
Figura 225 ndash Agrave esquerda barreira acuacutestica metaacutelica instalada proacuteximo a Zurique Agrave direita barreira acuacutestica em concreto e acriacutelico tambeacutem na Suiacuteccedila p 42
Figura 226 ndash Barreiras instaladas ao longo de via expressa elevada em aacuterea residencial de Toacutequio Japatildeo p 42
Figura 227 ndash Barreira acuacutestica da Rodovia Bandeirantes no estado de Satildeo Paulo p 42
Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo p 43
Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo p 43
Figura 31 ndash Relaccedilatildeo das variaacuteveis de pesquisa p 48
Figura 32 - Localizaccedilatildeo geograacutefica do 3deg Jardim de Boa Viagem p 50
Figura 33 - Ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim em 1971 com diversos lotes natildeo ocupados e vias ainda natildeo construiacutedas como a Av Eng Domingos ferreira p 50
Figura 34 - Delimitaccedilatildeo da aacuterea de estudo em azul o 3deg Jardim p 52
Figura 35 - Mapa acuacutestico da Universidade Estadual de Campinas com representaccedilatildeo dos niacuteveis sonoros por pontos em gradaccedilatildeo de cores p 53
Figura 36 - Mapa acuacutestico com representaccedilatildeo dos niacuteveis sonoros por linhas da cidade de Goumlteborg Sueacutecia p 53
Figura 37 - Mapa acuacutestico utilizado na reurbanizaccedilatildeo do centro de Seoul Korea p 53
Figura 38 ndash Acima localizaccedilatildeo de estaccedilotildees de monitoramento de ruiacutedo em Taiwan abaixo distribuiccedilatildeo de ruiacutedo em Taiwan no veratildeo nos turnos da manhatilde tarde e noite p 54
Figura 39 - Violaccedilotildees da legislaccedilatildeo de ruiacutedo em Taiwan nos turnos da manhatilde tarde e noite p 54
Figura 310 - Delimitaccedilatildeo da aacuterea em azul do estudo piloto no 3deg Jardim de Boa Viagem p 57
Figura 311 ndash Mapa acuacutestico de parte do 3deg Jardim de Boa Viagem da pesquisa piloto realizada em Maio de 2009 no LAAICA-UFPR p 57
Figura 312 ndash Locaccedilatildeo dos pontos de mediccedilatildeo em azul e malha guia em amarelo p 59
Figura 313 ndash Locaccedilatildeo dos grids verticais em azul seccionando edificaccedilotildees e evitando espaccedilos livres p 63
Figura 41 ndash Avenida Boa Viagem nas proximidades da Praccedila de Boa Viagem no iniacutecio de sua urbanizaccedilatildeo p 65
Figura 42 ndash Avenida Boa Viagem no iniacutecio de sua urbanizaccedilatildeo p65
Figura 43 ndash Vista aeacuterea do bairro de Boa Viagem nos anos 50 p 65
Figura 44 ndash Edifiacutecio Califoacuternia em 1959 construiacutedo no 2deg Jardim de Boa Viagem p 67
Figura 45 ndash Projeto para o loteamento do 1deg 2deg e 3deg Jardim de Boa Viagem com a localizaccedilatildeo em vermelho dos espaccedilos destinados ao uso comunitaacuterio sendo previsto uma igreja e um mercado puacuteblico e em verde os espaccedilos destinados agraves aacutereas verdes p 67
Figura 46 ndash Cartatildeo Postal Edicard do Bairro de Boa Viagem na deacutecada de 70 No alto indica-se o Hotel Boa Viagem e a Praccedila de Boa Viagem mais abaixo a Casa do Navio uma conhecida referecircncia na Avenida Boa Viagem pelos recifenses ateacute sua demoliccedilatildeo p 68
Figura 47 ndash Cartatildeo Postal Edicard da Praia e Avenida Boa Viagem na deacutecada de 70 p 68
Figura 48 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69
Figura 49 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69
Figura 410 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69
Figura 411 ndash Bairro de Boa Viagem na deacutecada de 70 Acima indica-se o bairro do Pina e o Edifiacutecio Califoacuternia localizado no 2deg Jardim de Boa Viagem No meio a Avenida Domingos Ferreira ainda em terra batida e natildeo finalizada ao encontrar-se com o mangue circundante dos braccedilos do Rio Pina Abaixo o Edifiacutecio Holiday p 70
Figura 412 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 70
Figura 413 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 70
Figura 414 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 71
Figura 415 ndash Demoliccedilatildeo do Hotel Boa Viagem e em seu lugar estaacute sendo erguido o Ed Maria Acircngela Lucena uma edificaccedilatildeo multifamiliar de gabarito alto com amplo nuacutemero de unidades habitacionais e de pavimentos mais um exemplar dos ldquoarranha ceacuteusrdquo residenciais de Boa Viagem p 71
Figura 416ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73
Figura 417 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73
Figura 418 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73
Figura 419 ndash Os pavimentos destinados agraves garagens dos edifiacutecios residenciais multifamiliares satildeo comumente chamados na construccedilatildeo civil de ldquobandejasrdquo enquanto as torres dos pavimentos tipos satildeo nomeadas de ldquolacircminasrdquo p 74
Figura 420 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 74
Figura 421 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 74
Figura 422 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 75
Figura 51 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1971 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash O mapa ilustra a propagaccedilatildeo sonora no iniacutecio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim p 83
Figura 52 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 84
Figura 53 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 - O mapa do iniacutecio da ocupaccedilatildeo urbana do 3deg Jardim apresentando um comportamento acuacutestico com caracteriacutesticas predominantes de propagaccedilatildeo sonora em campo livre sem a presenccedila significantes de obstaacuteculos que interfiram em seu percurso possibilitando um contiacutenuo decaimento sonoro em relaccedilatildeo agrave distacircncia como ilustram as setas indicativas em preto p 85
Figura 54 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 - O mapa do iniacutecio da ocupaccedilatildeo urbana do 3deg Jardim mostrando outra secccedilatildeo vertical contendo o mesmo comportamento acuacutestico com caracteriacutesticas predominantes de propagaccedilatildeo sonora em campo livre como ilustram as setas indicativas em preto p 85
Figura 55 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Por menor que seja sua presenccedila algumas edificaccedilotildees pontuais de gabarito meacutedio atuam como barreiras acuacutesticas espontacircneas constituindo obstaacuteculos que interferem na propagaccedilatildeo sonora como ilustram as setas indicativas em preto p 86
Figura 56 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash As edificaccedilotildees que atuam como barreiras acuacutesticas geram o fenocircmeno acuacutestico da difraccedilatildeo que propicia a criaccedilatildeo de aacutereas de sombra acuacutestica onde os niacuteveis de pressatildeo sonora equivalente satildeo mais baixos como ilustram as setas indicativas em preto p 86
Figura 57 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1981 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Nesta data houve o aumento no nuacutemero de ilhas de sombra e diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 p 87
Figura 58 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 88
Figura 59 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash Reduccedilatildeo da quantidade de campos acuacutesticos abertos e aumento no nuacutemero de edificaccedilotildees que atuam enquanto barreiras acuacutesticas favorecendo o aumento do nuacutemero de ilhas de sombra e da diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 como ilustram as setas indicativas em preto p 89
Figura 510 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 89
Figura 511 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Como ilustram as setas indicativas em preto o princiacutepio da verticalizaccedilatildeo no 3deg Jardim pode ter contribuiacutedo atraveacutes de uma melhor atuaccedilatildeo das novas edificaccedilotildees enquanto barreiras acuacutesticas para o aumento do nuacutemero de ilhas de sombra e da diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 p 90
Figura 512 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 90
Figura 513 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1997 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Em 1997 com um adensamento e verticalizaccedilatildeo ainda maior do que em 1981 houve o aumento tanto do nuacutemero das ilhas de sombra quanto nas sua aacutereas de abrangecircncia acarretando no melhor comportamento acuacutestico observado ateacute entatildeo entre os mapas elaborados p 95
Figura 514 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 96
Figura 515 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash A edificaccedilotildees propiciam muacuteltiplas reflexotildees a partir de suas fachadas expostas agraves fontes sonoras influenciando na propagaccedilatildeo da onda sonora de modo distinto ao que seria essa propagaccedilatildeo em campo livre conforme indicado nos mapas acuacutesticos p97
Figura 516 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 97
Figura 517 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 98
Figura 518 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 98
Figura 519 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash As edificaccedilotildees soacute geram muacuteltiplas reflexotildees a partir de suas fachadas expostas agraves fontes sonoras transpondo estas fachadas as edificaccedilotildees passam a atuar enquanto barreiras acuacutesticas para a onda sonora minimizando o ruiacutedo no interior das quadras como indica-se no mapa acuacutestico p 99
Figura 520 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 99
Figura 521 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 100
Figura 522 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 100
Figura 523 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 2009 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Em 2009 o adensamento das quadras diminuiu consideravelmente a presenccedila de ilhas de sombra acuacutestica p101
Figura 524 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 102
Figura 525 e 526 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash As ilhas de sombra em 1997 favoreciam as residecircncias unifamiliares e multifamiliares de gabarito baixo existentes que se situavam em seus interiores Em 2009 estas ilhas foram praticamente suprimidas pela presenccedila de pavimentos destinados as garagens das novas edificaccedilotildees verticais de gabarito alto como ilustram as setas em preto p103
Figura 527 e 528 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash Idem p 103
Figura 529 e 530 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash O contorno preto ilustra a modificaccedilatildeo da propagaccedilatildeo das ondas sonoras a partir da influecircncia do aumento da densidade das quadras e verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees Em 1971 a caracteriacutestica predominante assemelha-se a propagaccedilatildeo em campo livre Jaacute em 1981 percebem-se irregularidades no contorno devido a reflexotildees da onda sonora nas edificaccedilotildees p 104
Figura 531 e 532 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash 1997 apresentou o melhor comportamento acuacutestico entre os mapas elaborados Nesta data as edificaccedilotildees atuaram mais enquanto barreiras acuacutesticas do que como objetos reflexivos da onda sonora Jaacute em 2009 o aumento do adensamento e da verticalizaccedilatildeo possibilitou o excesso de muacuteltiplas reflexotildees nas fachadas das edificaccedilotildees como delineia o contorno extremamente irregular da propagaccedilatildeo sonora ilustrado na imagem abaixo p 104
Figura 533 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Apesar de proporcionar um aumento no niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em 2009 o adensamento e verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees tambeacutem trouxeram benefiacutecios pontuais na praccedila Walt Disney como ilustram as imagens as edificaccedilotildees atuaram como barreiras acuacutesticas reduzindo em relaccedilatildeo a 1997 o niacutevel de pressatildeo sonora equivalente que atinge as edificaccedilotildees de seu entorno Contudo p 105
Figura 534 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash as fachadas voltadas para esta reduccedilatildeo de niacutevel de pressatildeo sonora equivalente satildeo fachadas de serviccedilo pouco aproveitando esta reduccedilatildeo p 105
Figura 535ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim na situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash A situaccedilatildeo hipoteacutetica futura apresenta quadras muito mais adensadas do que nos anos anteriores reduzindo ainda mais a presenccedila de ilhas de sombra O pavimento representado no mapa eacute o destinado agraves garagens que ocupam praticamente todo o lote p 110
Figura 536 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem na situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 111
Figura 537 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash A transformaccedilatildeo da forma urbana tanto na situaccedilatildeo hipoteacutetica como ilustram as imagens quanto em 2009 quando esteve associada ao adensamento e a verticalizaccedilatildeo intensificou os fenocircmenos acuacutesticos ocorridos no meio urbano do 3deg Jardim de Boa Viagem p 112
Figura 538 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 112
Figura 539 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 113
Figura 540 ndash Plantas Baixas ndash A situaccedilatildeo hipoteacutetica futura seguida de perto pelo mapa de 2009 apresentou o pior comportamento acuacutestico do 3deg Jardim e o mapa de 1997 apresentou o melhor entre os mapas elaborados nesta pesquisa conforme ilustra a siacutentese abaixo p 113
Figura 541 ndash Graacutefico da performance acuacutestica considerando o ano x o niacutevel de pressatildeo sonora equivalente (Leq) ndash O Graacutefico apresenta as variaccedilotildees de niacuteveis de pressatildeo sonora de alguns pontos escolhidos aleatoriamente nos mapas acuacutesticos elaborados (Figura 541) Em 1997 as quedas das curvas de variaccedilatildeo do graacutefico corroboram a tendecircncia desta data ter apresentado o mapa acuacutestico com o melhor comportameno acuacutestico entre os mapas elaborados por esta pesquisa p 114
Figura 542 ndash Locaccedilatildeo dos pontos utilizados para elaboraccedilatildeo do graacutefico de performance acuacutestica p 114
Figura 543 ndash Graacutefico comparativo de niacuteveis de emissatildeo sonora permitidos ndash O graacutefico apresenta uma comparaccedilatildeo entre os niacuteveis de emissatildeo sonora permitidos em alguns paiacuteses entre a WHO ISO e ABNT e entre a Lei do silecircncio e o coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife O graacutefico evidencia que a cidade do Recife e o estado de Pernambuco praticam niacuteveis muito acima do recomendado por outras entidades normativas p 121
Figura 544 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde o fluxo de veiacuteculos seja o dobro do encontrado atualmente no 3deg Jardim de Boa Viagem (2009) apresentando altos niacuteveis de poluiccedilatildeo sonora p 122
Figura 545 a 548 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 122
Figura 549 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde seja implantado rodiacutezio de veiacuteculos com uma reduccedilatildeo de 30 do valor total do fluxo de veiacuteculos atualmente encontrado no 3deg Jardim de Boa Viagem (2009) p 123
Figura 550 a 553 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 123
Figura 554 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde seja implantado aleacutem do rodiacutezio de veiacuteculos com reduccedilatildeo de 30 no fluxo atual de veiacuteculos um corredor de transporte puacuteblico na Av Domingos Ferreira e restriccedilatildeo de traacutefego de veiacuteculos pesados apenas nesta via p 124
Figura 555 a 558 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 124
LISTA DE TABELAS
Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora p 35
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO
2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes____________
22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais_____________
3 CONSIDERACcedilOtildeES METODOLOacuteGICAS
31 3deg Jardim de Boa Viagem enquanto Estudo de Caso_________
32 Mapeamento Acuacutestico enquanto Instrumento de Pesquisa_
33 Procedimentos Metodoloacutegicos__________________________________
331 1deg Etapa Pesquisa Documental Primaacuteria e Secundaacuteria _____
332 2deg Etapa Pesquisa Piloto_____________________________________
333 3deg Etapa Estudo de Campo__________________________________
334 4deg Etapa mapeamento acuacutestico_____________________________
4 TRANSFORMACcedilOtildeES DO 3deg JARDIM E SUA RELACcedilAtildeO COM
O PROCESSO DE OCUPACcedilAtildeO DO BAIRRO DE BOA
VIAGEM
5 COMPORTAMENTO ACUacuteSTICO DO 3degJARDIM DE BOA
VIAGEM
51 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem a
partir das Modificaccedilotildees Cronoloacutegicas em sua Forma
Urbana______________________________________________________________
52 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem em
relaccedilatildeo ao Coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico
do Recife agrave ldquoLei do Silecircnciordquo e a outras Entidades
Normativas_________________________________________________________
53 Ausecircncia de Accedilotildees versus Presenccedila de Accedilotildees em Busca
de um Melhor Comportamento Acuacutestico para o 3deg Jardim
de Boa Viagem____________________________________________________
6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
7 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
128
134
115
107
81
80
65
60
59
56
55
55
52
49
46
31
22
22
17
CAPIacuteTULO 1
A pesquisa eacute talvez a arte de se criar dificuldades fecundas e de criaacute-las para os
outros Nos lugares onde havia coisas simples faz-se aparecer problemas
Pierre Bourdieu
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
17
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
1 INTRODUCcedilAtildeO
Um grito estridente lanccedilado em um meio urbano envolto nos ldquomais modernosrdquo e descomunais
arranha-ceacuteus desconfortavelmente ouvido nos mais remotos pavimentos de um deles foi agrave
centelha motivadora para as ideacuteias e discussotildees que permeiam esta pesquisa Este grito mal
recebido pelo receptor pode ser considerado uma das diversas formas da profusatildeo de ruiacutedos que
cada vez mais se tornam elementos onipresentes da vida contemporacircnea
Tal profusatildeo de ruiacutedos atualmente encontrados nos centros urbanos estaacute intimamente vinculada
ao crescimento acelerado das cidades que possibilitaram o aumento e uma maior concentraccedilatildeo da
populaccedilatildeo urbana acarretando em raacutepidas transformaccedilotildees no meio de propagaccedilatildeo do ruiacutedo
urbano aleacutem do aumento e uma maior concentraccedilatildeo dos diversos tipos de fontes sonoras que o
geram
Embora esteja estreitamente relacionado ao raacutepido desenvolvimento das cidades o ruiacutedo urbano
natildeo deve ser considerado como uma consequumlecircncia incidental da accedilatildeo humana em busca de
progresso e por isso inevitaacutevel tampouco toleraacutevel Ao contraacuterio deve ser entendido como uma
das consequumlecircncias prejudiciais deste desenvolvimento que pode causar diversos males fisioloacutegicos
e psicoloacutegicos ao citadino e assim sendo deve ser veementemente prevenido e mitigado
A fim de encontrar maneiras que possibilitem sua prevenccedilatildeo e mitigaccedilatildeo o ruiacutedo urbano pode
ser entendido como um sistema composto essencialmente pela fonte sonora ndash meio de propagaccedilatildeo ndash
receptor Dentre estas trecircs partes componentes do sistema o meio de propagaccedilatildeo pode ser
considerado como um dos menos investigados e onde as accedilotildees contra o ruiacutedo satildeo menos
concentradas (SINGAL 2005)
Esta inobservacircncia da importacircncia do meio urbano enquanto percurso de propagaccedilatildeo sonora
pode estar vinculada agrave dificuldade de intervir em meios de propagaccedilatildeo consolidados como satildeo
fundamentalmente os grandes centros urbanos Daiacute a relevacircncia em compreender a acuacutestica
urbana a partir de seu meio propagador pois uma vez consolidado o meio raras satildeo as
intervenccedilotildees possiacuteveis para minimizar o ruiacutedo urbano a partir desta parte componente do sistema
fonte ndash meio ndash receptor restando essencialmente accedilotildees preventivas
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
18
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Outro fator que evidencia o grande valor em compreender a acuacutestica urbana a partir de seu meio
de propagaccedilatildeo eacute o potencial que o meio urbano possui em influenciar a trajetoacuteria da propagaccedilatildeo
sonora Esta influecircncia acontece atraveacutes da forma que este meio apresenta ou seja a forma urbana
atraveacutes de seus elementos componentes e enquanto percurso de transmissatildeo delineia influencia e
determina em certa medida a trajetoacuteria de propagaccedilatildeo da onda sonora
Assim sendo a interaccedilatildeo entre os diversos elementos que compotildeem a forma urbana - o traccedilado e
perfis das vias o modo de implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as proporccedilotildees
densidade e maneira de ocupaccedilatildeo das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres ndash
contribui determinantemente para caracterizaccedilatildeo da propagaccedilatildeo sonora no meio urbano atraveacutes
de muacuteltiplas reflexotildees do espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave fonte geradora de
campos sonoros reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de aacutereas de sombra
Esta interaccedilatildeo entre os elementos da forma urbana e a propagaccedilatildeo sonora ocorre a partir da
diversidade e singularidade existente nos variados meios urbanos igualmente proporcionando os
mais particulares comportamentos acuacutesticos Isto eacute para cada meio urbano existem caracteriacutesticas
particulares inerentes agrave sua forma urbana que geram um comportamento acuacutestico igualmente
especiacutefico exclusivo e vinculado a esta forma urbana
Apesar deste atrelamento entre a acuacutestica urbana e a forma urbana esta relaccedilatildeo natildeo eacute
suficientemente pesquisada e quando eacute satildeo enfocadas prioritariamente situaccedilotildees presentes de
comportamento acuacutestico eou no maacuteximo hipoacuteteses futuras tambeacutem chamadas de prediccedilatildeo
acuacutestica Aleacutem disso natildeo foram encontradas referecircncias ateacute o presente momento de investigaccedilotildees
que priorizem a apreciaccedilatildeo da acuacutestica urbana e sua relaccedilatildeo com as modificaccedilotildees ao longo do tempo da
forma urbana
Isto posto considerando esta ausecircncia de pesquisas e considerando que para cada espaccedilo urbano
existe um comportamento de propagaccedilatildeo sonora especiacutefico o presente estudo se propocircs a
investigar o comportamento acuacutestico de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em sua forma urbana
Para isso admitiu-se que a propagaccedilatildeo de uma mesma fonte sonora em um mesmo espaccedilo urbano
que tenha sofrido ao longo de um processo cronoloacutegico modificaccedilotildees em sua forma urbana
implicaria em diferentes comportamentos em sua acuacutestica urbana para as diferentes datas deste
processo Esta suposiccedilatildeo possibilitou a anaacutelise do comportamento acuacutestico atraveacutes das
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
19
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
modificaccedilotildees cronoloacutegicas da forma urbana a partir da articulaccedilatildeo de trecircs variaacuteveis - a fonte sonora
a forma urbana e a acuacutestica urbana Estas variaacuteveis foram consideradas tendo o estudo de caso
enquanto estrateacutegia de pesquisa
O caso escolhido para esta investigaccedilatildeo foi o loteamento 3deg Jardim de Boa Viagem tanto por
representar uma parcela bem delimitada das raacutepidas e recentes transformaccedilotildees ocorridas na
forma urbana do bairro de Boa Viagem quanto por permitir ilustrar o comportamento acuacutestico
em um encadeamento evolutivo do iniacutecio de sua ocupaccedilatildeo recente ateacute os dias atuais
Para compor tal encadeamento evolutivo foram selecionados os anos de 1971 data escolhida por
caracterizar o princiacutepio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim 1981 e 1997 por representarem datas de
registro de fotografias aeacutereas do bairro de Boa Viagem existentes na base de dados da
CONDEPE-FIDEM Agecircncia Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco 2009 por
representar a realidade atualmente encontrada no 3deg Jardim e uma simulaccedilatildeo de situaccedilatildeo
hipoteacutetica futura de modificaccedilatildeo na forma urbana
Isto posto com o intuito de analisar o comportamento da acuacutestica urbana do 3deg Jardim de Boa
Viagem a partir de modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua forma urbana foram executados os
seguintes objetivos especiacuteficos (I) identificar as caracteriacutesticas configuraccedilotildees e transformaccedilotildees da
forma urbana ocorridas no 3deg Jardim de Boa Viagem nos anos de 1971 1981 1997 e 2009 a
partir de seu processo de ocupaccedilatildeo (II) elaborar mapas acuacutesticos dos niacuteveis atuais (2009) de
pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim (III) elaborar mapas acuacutesticos do 3deg Jardim nos anos de
1971 1981 1997 e de situaccedilatildeo hipoteacutetica futura a partir da consideraccedilatildeo dos niacuteveis atuais (2009)
de pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim
Em busca de expor sistematicamente seu desenvolvimento a presente investigaccedilatildeo foi
estruturada do seguinte modo
O presente capiacutetulo 1 introduz e antecipa brevemente a discussatildeo que seraacute realizada ao longo
desta pesquisa
O capiacutetulo 2 aborda dois aspectos principais O primeiro deles desenvolve o conceito de forma
urbana e seus elementos componentes a partir dos autores Joseacute Lamas (2004) Philippe Panerai
(2006) e Vicente Del Rio (1990) Busca elucidar que a apreensatildeo da forma urbana eacute complexa e
envolve diversificadas abordagens e enfoques sociais econocircmicos histoacutericos e culturais para
entatildeo indicar que a presente pesquisa lanccedilaraacute um olhar para a forma urbana essencialmente a
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
20
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
partir de seu aspecto fiacutesico e material recorte necessaacuterio para a anaacutelise do comportamento
acuacutestico urbano
O segundo aspecto abordado no capiacutetulo 2 diz respeito agrave definiccedilatildeo teoacuterica do conceito da
acuacutestica urbana e de suas diversificadas implicaccedilotildees e interfaces quando o som eacute propagado em
meio urbano Busca evidenciar os fenocircmenos que ocorrem a partir da interaccedilatildeo entre a forma
urbana e a acuacutestica urbana indicando que a influecircncia da forma urbana eacute determinante para o
comportamento da acuacutestica urbana
O capiacutetulo 3 eacute dedicado ao percurso investigativo desta pesquisa evidenciando sua metodologia e
procedimentos metodoloacutegicos apresentando o 3deg Jardim enquanto estudo de caso o
mapeamento acuacutestico enquanto instrumento de pesquisa e detalhando as etapas operacionais
deste estudo Este capiacutetulo evidencia ainda o processo de elaboraccedilatildeo dos modelos e mapas
acuacutesticos da forma urbana existente no 3deg Jardim em cada uma das datas estudadas aleacutem da
situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e discute o software Predictor utilizado para este mapeamento
O capiacutetulo 4 diz respeito ao processo de ocupaccedilatildeo do bairro de Boa Viagem e sua relaccedilatildeo com as
transformaccedilotildees urbanas ocorridas no 3deg Jardim Busca-se identificar as caracteriacutesticas
configuraccedilotildees e transformaccedilotildees ocorridas na forma urbana do 3deg Jardim que possibilitem o
entendimento cronoloacutegico destas modificaccedilotildees dando suporte a elaboraccedilatildeo e anaacutelise dos mapas
acuacutesticos
O capiacutetulo 5 analisa o comportamento da acuacutestica urbana identificado nos mapas acuacutesticos
elaborados do 3deg Jardim a partir das modificaccedilotildees ocorridas em sua forma urbana nos anos de
1971 1981 1997 e 2009 aleacutem de uma situaccedilatildeo hipoteacutetica futura (prediccedilatildeo acuacutestica) Neste capiacutetulo
discute-se ainda o comportamento do 3deg Jardim em relaccedilatildeo agrave legislaccedilatildeo municipal que regula as
emissotildees sonoras na cidade do Recife e no estado de Pernambuco e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis
recomendados por outras entidades normativas e indica-se possiacuteveis accedilotildees para melhoria no
comportamento acuacutestico do 3deg Jardim bem como as possiacuteveis consequumlecircncias acuacutesticas da
ausecircncia de tais accedilotildees
Por fim no capiacutetulo 6 satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais acerca do comportamento acuacutestico
do 3deg Jardim e satildeo indicados novos rumos de pesquisa a respeito da acuacutestica urbana
CAPIacuteTULO 2
A arquitetura eacute uma muacutesica petrificada
Arthur Schopenhauer
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
22
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
Analisar o comportamento da acuacutestica urbana ainda que a partir das modificaccedilotildees da forma
urbana faz com que esta pesquisa trate essencialmente da acuacutestica urbana No entanto este
comportamento esta sujeito aos diversificados modos de apreensatildeo da forma urbana e de seus
elementos componentes bem como ao modo como esta pesquisa os consideraraacute
Assim sendo o primeiro item deste capiacutetulo expotildee o conceito de forma urbana e de algumas de
suas relaccedilotildees discutido agrave luz de LAMAS (2004) de PANERAI (2006) e DEL RIO (1990)
indicando em seguida o que esta pesquisa consideraraacute como forma urbana
Certamente discussatildeo em torno da produccedilatildeo de outros autores poderia ser elaborada No
entanto o primeiro item deste capiacutetulo natildeo pretende representar uma revisatildeo bibliograacutefica acerca
do estudo da forma urbana e suas relaccedilotildees pretende sim construir uma discussatildeo em torno dos
trecircs autores selecionados que culmine no conceito de forma urbana que seraacute considerado por esta
pesquisa para possibilitar olhar para suas modificaccedilotildees cronoloacutegicas a fim de compreender o
comportamento da acuacutestica urbana
Apoacutes este delineamento no segundo item deste capiacutetulo discute-se a acuacutestica urbana e suas
relaccedilotildees conceituais com os diversos elementos e implicaccedilotildees da propagaccedilatildeo sonora em meio
urbano e como eles relacionam-se influenciando em seu comportamento
21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes
Segundo LAMAS (2004) estudar a forma urbana compreende examinar as configuraccedilotildees e as
estruturas exteriores de determinados objetos de suas formas interligando-as com os fenocircmenos
que lhes deram origem Assim sendo a forma urbana pode ser definida como sendo o
[] modo como se organizam os elementos morfoloacutegicos que constituem e definem o espaccedilo urbano relativamente agrave materializaccedilatildeo dos aspectos de
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
23
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas Fonte LAMAS 2004
organizaccedilatildeo funcional e quantitativa e dos aspectos qualitativos e figurativos (LAMAS 2004 p 44) 1
Dentre estes aspectos os quantitativos satildeo agravequeles da realidade urbana que podem ser
quantificaacuteveis tais como densidades superfiacutecies fluxos coeficientes volumeacutetricos entre outros
(Figura 21) os de organizaccedilatildeo funcional satildeo agravequeles que se relacionam com as atividades
humanas tais como habitar e trabalhar e agravequeles relacionados ao modo de uso especiacutefico de uma
aacuterea ndash residencial comercial industrial entre outros os qualitativos referem-se ao tratamento dos
espaccedilos ao conforto e a comodidade do utilizador tais como adaptaccedilatildeo ao clima acessibilidade
estado da pavimentaccedilatildeo entre outros por fim os aspectos figurativos dizem respeito a
essencialmente a comunicaccedilatildeo esteacutetica (LAMAS 2004)
Pode-se considerar que ao olhar para forma urbana e em especiacutefico para suas modificaccedilotildees
cronoloacutegicas com o intuito de compreender o comportamento da acuacutestica urbana esta pesquisa
relaciona-se tanto aos aspectos qualitativos a partir do conforto acuacutestico dos receptores das
ondas sonoras em meio urbano quanto aos
aspectos quantitativos uma vez que este
comportamento acuacutestico em meio urbano eacute
quantificaacutevel em decibels (dB)
Embora estes aspectos envolvam grande parte
das singularidades inerentes a forma urbana
esta definiccedilatildeo parece ainda natildeo abarcar outras
particularidades sociais econocircmicas histoacutericas
e culturais igualmente envolvidas no
entendimento da concepccedilatildeo da forma urbana
isto eacute resta ainda a consideraccedilatildeo de que esta
forma urbana natildeo acontece
independentemente dos grupos sociais que a
produzem (PANERAI 2006)
Satildeo essencialmente estas particularidades que
impulsionam ou amortecem a transformaccedilatildeo
1 Para todas as citaccedilotildees deste autor natildeo seratildeo consideradas adaptaccedilotildees na liacutengua do paiacutes de origem - Portugal - permanecendo o texto original
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
24
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
dos elementos que compotildeem a forma urbana ndash a adiccedilatildeo de novos de traccedilados a um jaacute existente
ou sua superposiccedilatildeo seus conflitos o parcelamento de parques e ocupaccedilatildeo de espaccedilos livres a
renovaccedilatildeo da massa edificada seu lento adensamento e verticalizaccedilatildeo segundo uma especulaccedilatildeo
despretensiosa ou sua substituiccedilatildeo por vastos empreendimentos sob influecircncia de uma
especulaccedilatildeo bem mais expressiva (PANERAI 2006) isto eacute faz parte da apreensatildeo da forma
urbana uma complexidade que envolve um processo de acumulaccedilatildeo de enfoques e observaccedilotildees
sociais econocircmicas histoacutericas e culturais que englobam muito mais do que apenas sua forma
fiacutesica
Estas particularidades especialmente as sociais parecem um pouco mais delineadas nas
consideraccedilotildees feitas por DEL RIO (1990) que considera o espaccedilo urbano a partir da apropriaccedilatildeo
social que se faz dele estabelecendo que em relaccedilatildeo ao estudo da forma urbana a cidade pode
ser compreendida a partir de trecircs niacuteveis organizacionais o coletivo o comunitaacuterio e o individual
O niacutevel coletivo eacute regido sob uma loacutegica estruturadora percebida inconscientemente e
coletivamente e eacute composto pelos elementos2 do tecido que possuem uma permanecircncia maior ao
longo do tempo o niacutevel comunitaacuterio diz respeito aos elementos com significados especiais apenas
para um pequeno grupo da populaccedilatildeo como o bairro por exemplo jaacute o niacutevel individual expressa
significados individuais como a residecircncia e seu espaccedilo circundante e por seu caraacuteter individual eacute
o que apresenta maior rapidez nas modificaccedilotildees (DEL RIO 1990)
Mas LAMAS (2004) ao defender sua definiccedilatildeo para forma urbana natildeo soacute possuiacutea ciecircncia destas
outras particularidades explicitadas por PANERAI (2006) e DEL RIO (1990) ndash sociais
econocircmicas histoacutericas e culturais ndash envolvidas na concepccedilatildeo de forma urbana como optou em
natildeo apreciaacute-las
[] um primeiro grau de leitura da cidade eacute eminentemente fiacutesico-espacial e morfoloacutegico portanto especiacutefico da arquitectura e o uacutenico que permite evidenciar a diferenccedila entre este e outro espaccedilo entre esta e aquela forma e explicar as caracteriacutesticas de cada parte da cidade A estes se juntam outros niacuteveis de leitura que revelam diferentes conteuacutedos (histoacutericos econoacutemicos sociais e outros) Mas este conjunto de leituras soacute eacute possiacutevel porque a cidade existe como facto fiacutesico e material Todos os instrumentos de leitura lecircem o mesmo objecto ndash o espaccedilo fiacutesico a FORMA URBANA (LAMAS 2004 p 31 grifo do autor) Eacute fundamentalmente a dimensatildeo fiacutesica e morfoloacutegica da cidade que me preocupa [] (LAMAS 2004 p 31)
2 Estes elementos seratildeo discutidos em paraacutegrafos mais adiante
____________________________________________
ANAacuteLISE D
Na verdade esta opccedilatildeo em
urbana considerando-a essen
de seu aspecto fiacutesico e m
convenientemente ao obje
presente pesquisa analisar
da acuacutestica urbana a partir
cronoloacutegicas na forma urba
esta anaacutelise do compor
implica em uma apropriaccedil
fiacutesica e material destas modif
Certamente a busca pela ap
urbana envolve muito
simplesmente sua forma
como jaacute aclarado No entan
da anaacutelise proposta por
apreensatildeo em totalid
fundamentalmente necessaacuter
apropriaccedilatildeo da forma urban
material ou uma variaacutevel fiacutes
finalidade derradeira de
comportamento acuacutestico
modificaccedilotildees nesta forma
Ao entender a observaccedilatildeo
essencialmente em seu aspec
(2004) propocircs uma classifica
dimensotildees
bull A dimensatildeo setorial
refere-se agrave menor u
do espaccedilo urbano co
uma praccedila ou uma
ponto o observador
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 24 ndash A cidadeo texemplificada por meio da cidadLAMAS 2004
Figura 23 ndash O bairro a escala ucidade portuguesa de Tavira Fonte
Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na ca dimensatildeo setorial Fonte LAMA
em observar a forma
sencialmente a partir
material responde
bjetivo primeiro da
ar o comportamento
rtir de modificaccedilotildees
rbana uma vez que
ortamento acuacutestico
riaccedilatildeo genuinamente
dificaccedilotildees
apreensatildeo da forma
o mais do que
a fiacutesica e material
tanto para realizaccedilatildeo
or este estudo tal
alidade natildeo eacute
saacuteria o que torna a
bana quase um meio
l fiacutesica para atingir a
e compreensatildeo do
a partir de
atildeo da forma urbana
pecto fiacutesico LAMAS
icaccedilatildeo em escalas ou
ndash a escala da rua
r unidade ou porccedilatildeo
como por exemplo
a rua onde de um
dor pode abarcar a
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
25
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
territoacuterioa dimensatildeo territorial dade portuguesa de Tavira Fonte
a urbana exemplificada por meio da nte LAMAS 2004
na cidade portuguesa de Tavira ilustra MAS 2004
____________________________________________
ANAacuteLISE D
unidade espacial d
(Figura 22)
bull A dimensatildeo urbana ndash
corresponde agraves pa
identificaacuteveis como
exemplo onde a
elementos da forma
atraveacutes do movime
percursos (Figura 23
bull E por fim a dimensatildeo
da cidade diz respeito
diferentes formas
articulaccedilatildeo de bai
entre si Sua forma
distribuiccedilatildeo de eleme
das cidades em con
suporte geograacutefico d
a articulaccedilatildeo de
circulaccedilatildeo entre os
entre zonas habitacio
entre outras (Figura 2
Dentre estas dimensotildees a u
bairro desperta particular
pesquisa uma vez que o e
limites de observaccedilatildeo atraveacute
de movimentos poderaacute aba
significante de modificaccedilotildee
forma urbana de determina
compreender o comport
acuacutestica urbana
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 25 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do CONDEPE-FIDEM 1981
Figura 26 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do baorigens da cidade entrecortadoBarreto Fonte CONDEPE-FIDE
Figura 27 ndash Exemplos de diveredifiacutecios lotes quarteirotildees e vias eRecife Nesta imagem um recessencialmente por morros o AltoFIDEM 1981
de seu conjunto
ndash a escala do bairro
partes homogecircneas
mo os bairros por
a observaccedilatildeo dos
a urbana eacute realizada
imento e de vaacuterios
23)
nsatildeo territorial ndash a escala
eito agrave articulaccedilatildeo de
as urbanas da
bairros interligados
ma eacute definida pela
mentos estruturantes
onformidade com o
o do siacutetio tais como
e ruas e vias de
s diferentes bairros
cionais e comerciais
a 24)
a urbana ndash escala do
lar interesse desta
o entendimento dos
veacutes de certo nuacutemero
barcar uma amostra
otildees cronoloacutegicas na
inado local a fim de
ortamento de sua
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
26
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife o bairro de Boa Viagem Fonte
rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves do pela recente Avenida Dantas DEM 1981
versificadas concretizaccedilotildees entre os em diferentes bairros da cidade do
recorte de um bairro constituiacutedo lto do Mandu Fonte CONDEPE-
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
27
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
No entanto para apreender tal dimensatildeo devem-se conhecer e estabelecer quais elementos
miacutenimos da forma urbana que se relaciona com esta a dimensatildeo urbana e quais satildeo estes
elementos LAMAS (2004) propocircs onze elementos da forma urbana necessaacuterios para esta
apreensatildeo o solo (I) o edifiacutecio (II) o lote (III) o logradouro (IV) o quarteiratildeo (V) o traccediladoa
rua(VI) a praccedila (VII) a fachada (VIII) o monumento (IX) a vegetaccedilatildeo (X) e o mobiliaacuterio
urbano (XI) Dentre estes elementos seis possuem uma estreita relaccedilatildeo com esta pesquisa e
seratildeo expostos de acordo com consideraccedilotildees observadas por LAMAS 3 (2004) (Figuras 25 a 27)
O edifiacutecio representa o elemento miacutenimo identificaacutevel na observaccedilatildeo da forma urbana eacute atraveacutes
dele que se constitui o espaccedilo urbano e se organizam diferentes elementos tais como ruas praccedilas
avenidas entre outros Os edifiacutecios agrupam-se em diferentes tipos tanto em relaccedilatildeo a suas
formas quanto a suas funccedilotildees Estes elementos podem influenciar o comportamento da acuacutestica
urbana atuando enquanto objetos reflexivos da onda sonora e como barreiras acuacutesticas4
O lote representa o princiacutepio da relaccedilatildeo do edifiacutecio com o terreno A forma do lote eacute muitas
vezes condicionante da forma do edifiacutecio tornando-os vinculados por essecircncia o logradouro diz
respeito ao espaccedilo livres e natildeo construiacutedos no interior do lote aos quintais e jardins o quarteiratildeo
ou quadra pode ser considerado como o espaccedilo resultante entre o cruzamento de trecircs ou mais
vias podendo ser demarcado em vaacuterios lotes para a construccedilatildeo de edifiacutecios Juntos estes trecircs
elementos associados aos edifiacutecios podem propiciar uma maior ou menor permeabilidade
acuacutestica eou uma maior ou menor presenccedila de aacutereas de sombra no meio urbano
O traccedilado por meio das ruas ou vias eacute facilmente identificaacutevel no meio urbano Estaacute muitas vezes
condicionado ao siacutetio geograacutefico existente regula a disposiccedilatildeo dos edifiacutecios e quarteirotildees e
interliga os vaacuterios espaccedilos componentes da cidade e a cidade ao territoacuterio Normalmente o
traccedilado resiste agraves transformaccedilotildees na forma urbana por possuir um caraacuteter de permanecircncia natildeo
totalmente modificaacutevel O traccedilado engloba trajetoacuterias e caminhos que natildeo satildeo necessariamente
percorridos atraveacutes de automoacuteveis apesar disso estaacute em grande parte vinculado a uma das
principais fontes geradoras de ruiacutedo urbano ndash o traacutefego de veiacuteculos
3 Os outros elementos tambeacutem podem relacionar-se de diferentes maneiras com a acuacutestica urbana mas nem tanto com a presente pesquisa e por isso natildeo foram considerados 4 Todas as definiccedilotildees e conceitos acuacutesticos apresentados no presente item seratildeo elucidados no item seguinte 22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
28
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) Fonte PANERAI 2006
A praccedila eacute um espaccedilo de geometria variada
intencionalmente inserido no meio urbano
cuja relaccedilatildeo com o traccedilado e os edifiacutecios
tambeacutem eacute intencional evidenciada atraveacutes do
seu desenho e natildeo acidentais como
alargamento e confluecircncias do traccedilado Aleacutem
disso a praccedila eacute um lugar de encontro de
permanecircncia e de praacuteticas sociais
Acusticamente dependendo de suas
proporccedilotildees a propagaccedilatildeo sonora que envolve
uma praccedila pode apresentar um
comportamento que se assemelha a
propagaccedilatildeo sonora em campo livre
Estes elementos constituintes da forma urbana
conceituados por LAMAS (2004) podem ser
identificados sob um diferente invoacutelucro
conceitual mas com a mesma essecircncia no que
PANERAI (2006) definiu como sendo
conjuntos do tecido urbano
Aplicado agrave cidade o termo ldquotecidordquo evoca a continuidade e a renovaccedilatildeo a permanecircncia e a variaccedilatildeo Ele explica a constituiccedilatildeo das cidades antigas e responde as questotildees levantadas pelo estudo das urbanizaccedilotildees recentes Ele pressupotildee uma atenccedilatildeo tanto ao banal quanto ao excepcional tanto agraves ruas comuns e agraves edificaccedilotildees corriqueiras quanto agraves regulamentaccedilotildees e aos monumentos Dentre as muacuteltiplas definiccedilotildees de tecido urbano e sem desprezar suas qualidades escolhemos a mais simples O tecido urbano eacute constituiacutedo pela superposiccedilatildeo ou imbricaccedilatildeo de trecircs conjuntos a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees Essa definiccedilatildeo potildee em evidecircncia os elementos que permitem que as diferentes partes da cidade evoluam ao mesmo tempo em que satildeo mantidas a coesatildeo de conjunto e a clareza de sua estrutura (PANERAI 2006 p 77-78 grifo nosso) (Figura 28)
Ao contraacuterio de LAMAS (2004) que considera a praccedila como um elemento da forma urbana por
si soacute PANERAI (2006) discute as vias ou traccedilado inseridas em uma relaccedilatildeo em rede onde
tambeacutem satildeo considerados como partes constituintes os largos passeios praccedilas esplanadas cais
pontes rios canais margens praias todos compondo o espaccedilo puacuteblico Eacute atraveacutes desta rede
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
29
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua
organizaccedilatildeo local e territorial
Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o
domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios
quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente
o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da
forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo
Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao
espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo
vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os
edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila
sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto
Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute
bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus
elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma
essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo
objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles
- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)
Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno
relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar
definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento
5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
30
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109
O adensamento ocorre a partir de dois modos
essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do
preenchimento progressivo do espaccedilo urbano
e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa
por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)
A primeira forma de adensamento ocorre sem
a expansatildeo territorial por meio do
preenchimento progressivo de todas as
reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de
determinado meio urbano Eacute um
adensamento inserido em limitesbarreiras
preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como
uma via expressa irregularidades geograacuteficas
do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual
em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas
edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)
A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do
solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de
adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem
sua expansatildeo (PANERAI 2006)
Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como
se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado
meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da
acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o
adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de
objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica
Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o
edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados
por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
31
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias
dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta
pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a
partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo
exclusivamente
1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo
de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres
2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os
lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)
3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e
principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes
geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)
Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no
decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees
cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e
relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana
22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a
forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia
multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o
som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas
do conhecimento (Figura 210)
Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano
seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes
tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental
O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por
pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu
____________________________________________
ANAacuteLISE D
complexo padratildeo de ondas s
de ruiacutedo muacutesica fala
(BERGLUND et al 1999)
Esta definiccedilatildeo do som tend
a percepccedilatildeo do ouvido
conceito psicofiacutesico Fisicame
vibraccedilatildeo mecacircnica que
progressivamente atraveacutes de
gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN
Esta vibraccedilatildeo quando tran
que o rodeia nem sempre
aparelho auditivo humano
frequumlecircncia6 audiacutevel encontra
20 a 20000 Hz para um
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984
1982) Frequumlecircncias acima de
altas para respostas fisioloacuteg
chamadas de ultrasons Jaacute as
de 20 Hz satildeo chamadas de
detectaacuteveis pelo ouvido hum
prejudiciais agrave sua sauacutede7
1982 SOUSA 2004)
Fisicamente o som e o ruiacutedo
ambos se propagam em mei
detectados pelo ouvido hu
enquanto o som eacute utilizado
6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa
Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006
as sonoras eacute rotulado
ala entre outros
ndo como referecircncia
o humano eacute um
mente o som eacute uma
que se propaga
de um meio material
(SINGAL 2005)
transmitida ao meio
re eacute detectaacutevel pelo
ano cuja faixa de
tra-se no intervalo de
um jovem saudaacutevel
4 KINSLER et al
de 20000 Hz muito
loacutegicas auditivas satildeo
as frequumlecircncias abaixo
de infrasons e natildeo satildeo
umano contudo satildeo
(KINSLER et al
iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee
eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos
humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN
do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev
iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo
as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
32
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006
ontual e fonte sonora linear Fonte
otildees de pressatildeo ambiente
bos satildeo capazes de serem
EN 1995) No entanto
daacuteveis o ruiacutedo descreve
do e eacute medida em Hertz (Hz)
amento das estruturas cardiacuteacas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
33
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)
Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e
portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece
como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro
[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)
Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo
mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees
no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse
irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos
(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM
2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)
O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais
comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual
possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as
direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)
Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de
fontes pontuais dispostas linearmente cuja
emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta
linha sendo seu decaimento em campo livre
de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)
Quando propagadas no meio urbano a
combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas
ao percurso de transmissatildeo e ao receptor
constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
34
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
chamado de ruiacutedo ambiental (environmental
noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)
(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005
SOUSA 2004)
O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do
traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de
obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos
industriais de estabelecimentos comerciais e
de serviccedilos de sistemas de propaganda
volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-
estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982
NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)
Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais
como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes
nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade
populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos
extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se
a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES
2006)
Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o
ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A
necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade
existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis
normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a
populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano
8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
35
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006
Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg
1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes
Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes
procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO
2009)
NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
Niacutevel de Pressatildeo sonora
em dB(A)
Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS
Ambiente ou atividade
0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros
aacuterea de mata selvagem
30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite
50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse
auditivo Rua agitada um restaurante barulhento
70 a 90 Estressante e bastante
excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh
conversa a gritos
90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia
Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor
110 a 130
Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez
instantacircnea
Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock
130 a 140 Acima do limiar da dor
causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia
Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias
resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a
poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir
diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho
Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores
(NAGEM 2004)
Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave
Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do
12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
36
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do
sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do
Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da
cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias
tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da
Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)
Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da
LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos
com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos
submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e
do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a
accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave
conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte
geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)
Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos
de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em
documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da
Cidade do Recife (RECIFE 2000)
Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo
Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as
posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da
poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor
o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie
de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo
exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil
militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um
importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)
Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a
poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de
13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
37
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999
pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais
(BERGLUND et al1999)
Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que
atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua
(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do
ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio
urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram
em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da
populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes
geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et
al 2002) (Figura 214)
Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o
aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais
percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al
2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)
O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a
partir do ruiacutedo veicular que proveacutem
essencialmente do sistema de propulsatildeo do
motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo
aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso
(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da
relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as
configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido
a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de
acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a
presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de
pedestres etc a intensidade do fluxo de
veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os
veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de
14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
38
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita
terra batida) etc (SINGAL 2005)
Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo
comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas
implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo
do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo
para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e
pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS
2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma
interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana
Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto
por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego
seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no
proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de
certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e
forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e
largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser
acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica
O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde
acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo
acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)
O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia
de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio
urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou
nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o
espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de
suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de
pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
39
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007
Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido
pelo receptor diminui em funccedilatildeo da
duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15
Praccedilas parques e largos com grandes
dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias
vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas
uma de suas margens ou espaccedilos livres
urbanos de grandes dimensotildees caracterizam
alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos
No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras
sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o
seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente
sendo praticamente o mesmo em vaacuterias
posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre
uma saiacuteda para campo livre caracterizando o
fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura
217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)
Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser
reverberantes quando a onda sonora tarda a
encontrar o campo livre gerando um grande
nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes
quando a onda sonora encontra o campo livre
um pouco mais rapidamente do que no
reverberante gerando um nuacutemero menor mas
ainda grande de reflexotildees
15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
40
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007
No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado
reverberante possui comumente um perfil em
ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de
canyons urbanos que podem amplificar
consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das
vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas
geradas pelas fachadas paralelas das
edificaccedilotildees que circundam estas vias
(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste
tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora
natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre
a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico
aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos
elementos que compotildeem a forma urbana e
dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que
revestem as superfiacutecies refletoras18
(NIEMEYER 2007)
Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de
traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados
tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos
de espaccedilos acuacutesticos fechados
A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda
sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem
podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo
tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo
18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
41
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007
Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992
Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se
aos percursos da onda sonora gerados no
meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005
NIEMEYER 2007) A intensidade da
permeabilidade acuacutestica - mais ou menos
permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de
certos elementos urbanos de promover ou
conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais
como o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem
como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade
e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila
ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e
221)
A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda
com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o
conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a
qualquer objeto que possa ser considerado um
obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias
entre a fonte e o receptor (Figura 222)
(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES
2000) Ao bloquear o percurso direto entre a
fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser
absorvida eou refletida pela superfiacutecie da
barreira transmitida atraveacutes da barreira ou
difratada a partir do topo da barreira
(BARRON 2003 SINGAL 2005)
A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as
ondas sonoras sejam capazes de contornar
determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de
sombra acuacutestica que possui limites espaciais
variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte
____________________________________________
ANAacuteLISE D
sonora e de sua localizaccedilatilde
receptor que por sua vez
sonora difratada pelas borda
um decaimento maior do qu
campo livre (Figura 223) (N
1968 NIEMEYER 2007 PA
O uso de barreiras acuacutestic
EUA Japatildeo Austraacutelia e
reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do
pelo traacutefego rodoviaacuterio pa
(Figuras 224 a 226) (SIN
Brasil esta praacutetica ainda eacute inc
restringindo-se a poucos exe
caso da barreira acuacutestica no
Linha Amarela na cidade do
na Rodovia Bandeirantes co
de Satildeo Paulo a Campinas
Paulo (Figura 227) (MURGE
2004)
Embora a implantaccedilatildeo de b
esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do
rodoviaacuterio outros elemen
meio urbano situados ent
receptor atuam espontan
barreiras agrave propagaccedilatildeo sono
terreno com topografia i
muros edificaccedilotildees entr
edificaccedilotildees conjugadas da R
cidade do Recife ou aind
conjugadas em alguns trec
Atlacircntica no Rio de Janei
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap
Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C
Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2
Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest
Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN
accedilatildeo em relaccedilatildeo ao
ez recebe a energia
rdas da barreira com
que se estivesse em
(NEPOMUCENO
PAZ 2004)
ticas eacute comum nos
e na Europa para
do ruiacutedo produzido
para seus arredores
INGAL 2005) No
incipiente
exemplos como eacute o
no eixo rodoviaacuterio
o Rio de Janeiro e
conectando a cidade
s no estado de Satildeo
GEL 2007 SOUSA
e barreiras acuacutesticas
do ruiacutedo de traacutefego
entos inseridos no
entre a fonte e o
taneamente como
nora tais como um
irregular taludes
ntre outros As
a Rua da Aurora na
inda as edificaccedilotildees
trechos da Avenida
neiro por exemplo
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
42
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007
rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007
da Rodovia Bandeirantes no estado 2007
da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000
barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
43
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409
Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409
aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas
espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem
conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em
ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e
229)
A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e
da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a
interaccedilatildeo entre os diversos elementos que
compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis
das vias o modo de implantaccedilatildeo das
edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as
proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo
das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de
espaccedilos livres ndash contribui determinantemente
para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano
atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do
espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave
fonte geradora de campos sonoros
reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de
aacutereas de sombra
Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado
um sistema composto essencialmente pela fonte
sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e
KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto
percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de
propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares
apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo
da onda sonora no meio urbano
19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
44
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao
ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos
reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente
todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das
edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar
dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e
insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via
Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo
facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas
reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando
sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano
desejaacutevel aos seus receptores
Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as
distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de
propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades
bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento
acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano
Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se
comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica
urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana
Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos
investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento
A Viacutetor meu alicerce que com seu amor
infindaacutevel e incentivo constante ensinou-me
como eacute fascinante o ato de pesquisar
Aos meus pais Alexandre e Zenaide
que antes de ensinarem-me a ouvir
ensinaram-me a amar
AGRADECIMENTOS
A Deus pelo alimento agrave minha alma
A minha famiacutelia por tudo antes agora e sempre
A Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal de Niacutevel Superior ndash CAPES por viabilizar
financeiramente esta pesquisa
A Zeca Brandatildeo e Ruskin Freitas pelos valiosos ensinamentos em nossas conversas pelo
estiacutemulo e apoio constante ao longo do percurso principalmente nos momentos de duacutevida e
pela confianccedila depositada desde o iniacutecio de minhas inquietaccedilotildees e questionamentos
A Paulo Zannin cuja dedicaccedilatildeo e entusiasmo ao estudo da acuacutestica foi condiccedilatildeo sine qua non
para a realizaccedilatildeo desta pesquisa por sua bravura apoio incentivo e confianccedila absoluta
depositada em uma tambeacutem entusiasta da acuacutestica vinda de terras tatildeo distantes
A David Queiroz por sua entrega paciecircncia e torcida ao lado do Predictor para que tudo desse
certo pelas estimadas contribuiccedilotildees nas discussotildees sobre as diversas possibilidades de estudar o
meio urbano sob o olhar da acuacutestica
A Paula Maciel a Joseacute Jeferson Roberto Rezende de Menezes e ao GTC ndash Gestatildeo e
Tecnologia da Construccedilatildeo UFPE pela ajuda imprescindiacutevel quanto ao aparelho de mediccedilatildeo
Aos professores do MDU pelos inestimaacuteveis ensinamentos e a todos os amigos do MDU
por compartilhar nossos anseios acadecircmicos em especial a Ana Carolina Lourival e Renata
pelos indefectiacuteveis e inesqueciacuteveis momentos juntos
A Fernando Bunn e Paulo Fiedler pela ajuda torcida e insigths na exploraccedilatildeo do Predictor
A Rebeca Catarina Joseacute e Jonas pelo apoio e paciecircncia em responder todas minhas
interminaacuteveis perguntas e ldquoaperreiosrdquo mas sempre correspondendo as minhas brincadeiras
Por fim mas nunca por uacuteltimo a Anna Cristina e sua carinhosa famiacutelia ndash Paulo Henrique
Carolina Viacutetor Bia Maacutercia Claacuteudia Joseacute Joatildeo e Gabriela ndash pelo amparo carinho e
amizade ndash inesqueciacuteveis a uma gringa que deixou o aconchego dos seus para desbravar novos
conhecimentos em um lugar tatildeo diferente
RESUMO
O excesso de ruiacutedos atualmente encontrados nos centros urbanos estaacute intimamente vinculado ao crescimento acelerado das cidades Este crescimento suscitou o aumento e uma maior concentraccedilatildeo da populaccedilatildeo urbana acarretando em raacutepidas transformaccedilotildees no meio de propagaccedilatildeo do ruiacutedo aleacutem do aumento e concentraccedilatildeo dos diversos tipos de fontes sonoras que o geram Ocorre que a forma urbana ndash considerada a partir de seus aspectos fiacutesicos ou materiais ndash onde este ruiacutedo eacute gerado influencia em certa medida a trajetoacuteria de propagaccedilatildeo da onda sonora a interaccedilatildeo entre os diversos elementos que compotildeem esta forma urbana contribuiraacute para a caracterizaccedilatildeo do comportamento desta trajetoacuteria Assim para cada forma urbana especiacutefica existiraacute um comportamento acuacutestico igualmente especiacutefico exclusivo e vinculado a esta forma urbana Deste modo se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento proacuteprio de propagaccedilatildeo sonora a presente pesquisa propocircs-se a analisar o comportamento da acuacutestica urbana de um mesmo espaccedilo urbano a partir de modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua forma urbana Esta anaacutelise foi realizada considerando a articulaccedilatildeo de trecircs variaacuteveis - a fonte sonora a forma urbana e a acuacutestica urbana Admitiu-se que a propagaccedilatildeo de uma mesma fonte sonora em um mesmo espaccedilo urbano que tenha sofrido ao longo de um processo cronoloacutegico modificaccedilotildees em sua forma urbana implicaria em diferentes comportamentos em sua acuacutestica urbana para as diferentes datas deste processo Adotou-se como estudo de caso o loteamento 3deg Jardim de Boa Viagem (Recife-PE) sendo estudadas as modificaccedilotildees em sua forma urbana ocorridas nos anos de 1971 1981 1997 e 2009 aleacutem da elaboraccedilatildeo de uma situaccedilatildeo hipoteacutetica futura (prediccedilatildeo acuacutestica) Foram realizadas pesquisas documentais e estudos de campo para coleta de dados referentes agraves caracteriacutesticas da forma urbana do 3deg Jardim e para coleta de seus niacuteveis de pressatildeo sonora atuais Com estes dados foram calculados e gerados mapas acuacutesticos do 3deg Jardim utilizando o software Predictor para cada uma das datas pesquisadas e para a situaccedilatildeo hipoteacutetica futura Estes mapas foram analisados comparando seus comportamentos acuacutesticos entre si buscando compreender esse comportamento diante das modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua proacutepria forma urbana Os resultados deste estudo indicaram que a modificaccedilatildeo de um mesmo meio urbano possui potencial tanto para propiciar altos niacuteveis de ruiacutedo quanto para minimizaacute-los influenciando definitivamente no comportamento acuacutestico de determinado local Estes resultados confirmaram a relevacircncia em compreender a acuacutestica urbana a partir de seu meio propagador pois uma vez consolidado raras satildeo as intervenccedilotildees possiacuteveis na forma urbana para minimizar o ruiacutedo urbano por ela delineado
Palavras-chave planejamento urbano acuacutestica ruiacutedo urbano
ABSTRACT
The excessive noise currently found in urban centers is closely linked to the fast growth of the cities This development led to increased growth and concentration of urban population resulting in fast changes in the noise propagation path and increasing the variety of sources that generate it It turns out that the urban form - considered from their physical or material aspects - where this noise is produced influences in some extent the trajectory of sound wave propagation the interaction between the various elements that make up this urban form contributes to characterize this trajectory behavior Thus for each specific urban form there will be an acoustic behavior also specific exclusive and linked to this urban form Therefore if for each urban area there is a particular sound propagation behavior this research proposed to analyze the urban acoustics behavior of the same urban space from chronological changes in its urban form This analysis was performed considering the articulation of three variables - the sound source the urban form and the urban acoustics It was assumed that the propagation from the same source in the same urban area which has experienced over a chronological process changes in its urban form would imply different urban acoustics behaviors through years It was adopted as a case study the land subdivision 3deg Jardim de Boa Viagem (Recife-PE) being studied the changes in its urban form in the years of 1971 1981 1997 and 2009 besides the elaboration of a hypothetical future situation (acoustic prediction) It was carried out documentary research and field studies to collect data on the characteristics of the urban form of the 3deg Jardim and to collect their present sound pressure levels With these datawere calculated and generated acoustics maps of the 3deg Jardim for each of the years surveyed and for the hypothetical future situation using the Predictor software These maps were analyzed by comparing their acoustic behavior to each other seeking to comprehend this behavior towards the chronological changes in its urban form The results of this research indicated that the urban environment changes have the potential to provide high levels of noise as well as to minimize them definitely influencing the acoustic behavior of a particular site These results confirmed the relevance to understand the urban noise from its way of propagation since once consolidated very few interventions are possible in the urban form to minimize the urban noise outlined by it
Keywords urban planning acoustics urban noise
LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES
Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas p23
Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na cidade portuguesa de Tavira ilustra a dimensatildeo setorial p23
Figura 23 ndash O bairro a escala urbana exemplificada por meio da cidade portuguesa de Tavira p25
Figura 24 ndash A cidadeo territoacuterioa dimensatildeo territorial exemplificada por meio da cidade portuguesa de Tavira p25
Figura 25 ndash Exemplos de diversificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios lotes quarteirotildees e vias em diferentes bairros da cidade do Recife Nesta imagem um recorte do bairro de Boa Viagem p26
Figura 26 ndash Exemplos de diversificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios lotes quarteirotildees e vias em diferentes bairros da cidade do Recife Nesta imagem um recorte do bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves origens da cidade entrecortado pela recente Avenida Dantas Barreto p 26
Figura 27 ndash Exemplos de diversificadas concretizaccedilotildees entre os edifiacutecios lotes quarteirotildees e vias em diferentes bairros da cidade do Recife Nesta imagem um recorte de um bairro constituiacutedo essencialmente por morros o Alto do Mandu p26
Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) p 28
Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores p30
Figura 210 ndash Interfaces multidisciplinares do estudo do som p 32
Figura 211 ndash Fonte sonora pontual e fonte sonora linear p32
Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia p 33
Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia p 24
Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo p 37
Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto p39
Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo p 39
Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana p39
Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos p 40
Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano p 41
Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem p 41
Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem p 41
Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor p 41
Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da onda sonora a partir de uma barreira gerando uma aacuterea de sombra acuacutestica p 42
Figura 224 ndash Agrave esquerda barreira acuacutestica curva em concreto e acriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreira acuacutestica metaacutelica na estrada entre Paacutedua e Veneza na Itaacutelia p 42
Figura 225 ndash Agrave esquerda barreira acuacutestica metaacutelica instalada proacuteximo a Zurique Agrave direita barreira acuacutestica em concreto e acriacutelico tambeacutem na Suiacuteccedila p 42
Figura 226 ndash Barreiras instaladas ao longo de via expressa elevada em aacuterea residencial de Toacutequio Japatildeo p 42
Figura 227 ndash Barreira acuacutestica da Rodovia Bandeirantes no estado de Satildeo Paulo p 42
Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo p 43
Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo p 43
Figura 31 ndash Relaccedilatildeo das variaacuteveis de pesquisa p 48
Figura 32 - Localizaccedilatildeo geograacutefica do 3deg Jardim de Boa Viagem p 50
Figura 33 - Ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim em 1971 com diversos lotes natildeo ocupados e vias ainda natildeo construiacutedas como a Av Eng Domingos ferreira p 50
Figura 34 - Delimitaccedilatildeo da aacuterea de estudo em azul o 3deg Jardim p 52
Figura 35 - Mapa acuacutestico da Universidade Estadual de Campinas com representaccedilatildeo dos niacuteveis sonoros por pontos em gradaccedilatildeo de cores p 53
Figura 36 - Mapa acuacutestico com representaccedilatildeo dos niacuteveis sonoros por linhas da cidade de Goumlteborg Sueacutecia p 53
Figura 37 - Mapa acuacutestico utilizado na reurbanizaccedilatildeo do centro de Seoul Korea p 53
Figura 38 ndash Acima localizaccedilatildeo de estaccedilotildees de monitoramento de ruiacutedo em Taiwan abaixo distribuiccedilatildeo de ruiacutedo em Taiwan no veratildeo nos turnos da manhatilde tarde e noite p 54
Figura 39 - Violaccedilotildees da legislaccedilatildeo de ruiacutedo em Taiwan nos turnos da manhatilde tarde e noite p 54
Figura 310 - Delimitaccedilatildeo da aacuterea em azul do estudo piloto no 3deg Jardim de Boa Viagem p 57
Figura 311 ndash Mapa acuacutestico de parte do 3deg Jardim de Boa Viagem da pesquisa piloto realizada em Maio de 2009 no LAAICA-UFPR p 57
Figura 312 ndash Locaccedilatildeo dos pontos de mediccedilatildeo em azul e malha guia em amarelo p 59
Figura 313 ndash Locaccedilatildeo dos grids verticais em azul seccionando edificaccedilotildees e evitando espaccedilos livres p 63
Figura 41 ndash Avenida Boa Viagem nas proximidades da Praccedila de Boa Viagem no iniacutecio de sua urbanizaccedilatildeo p 65
Figura 42 ndash Avenida Boa Viagem no iniacutecio de sua urbanizaccedilatildeo p65
Figura 43 ndash Vista aeacuterea do bairro de Boa Viagem nos anos 50 p 65
Figura 44 ndash Edifiacutecio Califoacuternia em 1959 construiacutedo no 2deg Jardim de Boa Viagem p 67
Figura 45 ndash Projeto para o loteamento do 1deg 2deg e 3deg Jardim de Boa Viagem com a localizaccedilatildeo em vermelho dos espaccedilos destinados ao uso comunitaacuterio sendo previsto uma igreja e um mercado puacuteblico e em verde os espaccedilos destinados agraves aacutereas verdes p 67
Figura 46 ndash Cartatildeo Postal Edicard do Bairro de Boa Viagem na deacutecada de 70 No alto indica-se o Hotel Boa Viagem e a Praccedila de Boa Viagem mais abaixo a Casa do Navio uma conhecida referecircncia na Avenida Boa Viagem pelos recifenses ateacute sua demoliccedilatildeo p 68
Figura 47 ndash Cartatildeo Postal Edicard da Praia e Avenida Boa Viagem na deacutecada de 70 p 68
Figura 48 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69
Figura 49 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69
Figura 410 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69
Figura 411 ndash Bairro de Boa Viagem na deacutecada de 70 Acima indica-se o bairro do Pina e o Edifiacutecio Califoacuternia localizado no 2deg Jardim de Boa Viagem No meio a Avenida Domingos Ferreira ainda em terra batida e natildeo finalizada ao encontrar-se com o mangue circundante dos braccedilos do Rio Pina Abaixo o Edifiacutecio Holiday p 70
Figura 412 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 70
Figura 413 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 70
Figura 414 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 71
Figura 415 ndash Demoliccedilatildeo do Hotel Boa Viagem e em seu lugar estaacute sendo erguido o Ed Maria Acircngela Lucena uma edificaccedilatildeo multifamiliar de gabarito alto com amplo nuacutemero de unidades habitacionais e de pavimentos mais um exemplar dos ldquoarranha ceacuteusrdquo residenciais de Boa Viagem p 71
Figura 416ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73
Figura 417 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73
Figura 418 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73
Figura 419 ndash Os pavimentos destinados agraves garagens dos edifiacutecios residenciais multifamiliares satildeo comumente chamados na construccedilatildeo civil de ldquobandejasrdquo enquanto as torres dos pavimentos tipos satildeo nomeadas de ldquolacircminasrdquo p 74
Figura 420 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 74
Figura 421 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 74
Figura 422 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 75
Figura 51 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1971 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash O mapa ilustra a propagaccedilatildeo sonora no iniacutecio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim p 83
Figura 52 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 84
Figura 53 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 - O mapa do iniacutecio da ocupaccedilatildeo urbana do 3deg Jardim apresentando um comportamento acuacutestico com caracteriacutesticas predominantes de propagaccedilatildeo sonora em campo livre sem a presenccedila significantes de obstaacuteculos que interfiram em seu percurso possibilitando um contiacutenuo decaimento sonoro em relaccedilatildeo agrave distacircncia como ilustram as setas indicativas em preto p 85
Figura 54 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 - O mapa do iniacutecio da ocupaccedilatildeo urbana do 3deg Jardim mostrando outra secccedilatildeo vertical contendo o mesmo comportamento acuacutestico com caracteriacutesticas predominantes de propagaccedilatildeo sonora em campo livre como ilustram as setas indicativas em preto p 85
Figura 55 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Por menor que seja sua presenccedila algumas edificaccedilotildees pontuais de gabarito meacutedio atuam como barreiras acuacutesticas espontacircneas constituindo obstaacuteculos que interferem na propagaccedilatildeo sonora como ilustram as setas indicativas em preto p 86
Figura 56 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash As edificaccedilotildees que atuam como barreiras acuacutesticas geram o fenocircmeno acuacutestico da difraccedilatildeo que propicia a criaccedilatildeo de aacutereas de sombra acuacutestica onde os niacuteveis de pressatildeo sonora equivalente satildeo mais baixos como ilustram as setas indicativas em preto p 86
Figura 57 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1981 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Nesta data houve o aumento no nuacutemero de ilhas de sombra e diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 p 87
Figura 58 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 88
Figura 59 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash Reduccedilatildeo da quantidade de campos acuacutesticos abertos e aumento no nuacutemero de edificaccedilotildees que atuam enquanto barreiras acuacutesticas favorecendo o aumento do nuacutemero de ilhas de sombra e da diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 como ilustram as setas indicativas em preto p 89
Figura 510 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 89
Figura 511 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Como ilustram as setas indicativas em preto o princiacutepio da verticalizaccedilatildeo no 3deg Jardim pode ter contribuiacutedo atraveacutes de uma melhor atuaccedilatildeo das novas edificaccedilotildees enquanto barreiras acuacutesticas para o aumento do nuacutemero de ilhas de sombra e da diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 p 90
Figura 512 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 90
Figura 513 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1997 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Em 1997 com um adensamento e verticalizaccedilatildeo ainda maior do que em 1981 houve o aumento tanto do nuacutemero das ilhas de sombra quanto nas sua aacutereas de abrangecircncia acarretando no melhor comportamento acuacutestico observado ateacute entatildeo entre os mapas elaborados p 95
Figura 514 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 96
Figura 515 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash A edificaccedilotildees propiciam muacuteltiplas reflexotildees a partir de suas fachadas expostas agraves fontes sonoras influenciando na propagaccedilatildeo da onda sonora de modo distinto ao que seria essa propagaccedilatildeo em campo livre conforme indicado nos mapas acuacutesticos p97
Figura 516 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 97
Figura 517 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 98
Figura 518 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 98
Figura 519 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash As edificaccedilotildees soacute geram muacuteltiplas reflexotildees a partir de suas fachadas expostas agraves fontes sonoras transpondo estas fachadas as edificaccedilotildees passam a atuar enquanto barreiras acuacutesticas para a onda sonora minimizando o ruiacutedo no interior das quadras como indica-se no mapa acuacutestico p 99
Figura 520 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 99
Figura 521 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 100
Figura 522 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 100
Figura 523 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 2009 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Em 2009 o adensamento das quadras diminuiu consideravelmente a presenccedila de ilhas de sombra acuacutestica p101
Figura 524 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 102
Figura 525 e 526 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash As ilhas de sombra em 1997 favoreciam as residecircncias unifamiliares e multifamiliares de gabarito baixo existentes que se situavam em seus interiores Em 2009 estas ilhas foram praticamente suprimidas pela presenccedila de pavimentos destinados as garagens das novas edificaccedilotildees verticais de gabarito alto como ilustram as setas em preto p103
Figura 527 e 528 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash Idem p 103
Figura 529 e 530 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash O contorno preto ilustra a modificaccedilatildeo da propagaccedilatildeo das ondas sonoras a partir da influecircncia do aumento da densidade das quadras e verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees Em 1971 a caracteriacutestica predominante assemelha-se a propagaccedilatildeo em campo livre Jaacute em 1981 percebem-se irregularidades no contorno devido a reflexotildees da onda sonora nas edificaccedilotildees p 104
Figura 531 e 532 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash 1997 apresentou o melhor comportamento acuacutestico entre os mapas elaborados Nesta data as edificaccedilotildees atuaram mais enquanto barreiras acuacutesticas do que como objetos reflexivos da onda sonora Jaacute em 2009 o aumento do adensamento e da verticalizaccedilatildeo possibilitou o excesso de muacuteltiplas reflexotildees nas fachadas das edificaccedilotildees como delineia o contorno extremamente irregular da propagaccedilatildeo sonora ilustrado na imagem abaixo p 104
Figura 533 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Apesar de proporcionar um aumento no niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em 2009 o adensamento e verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees tambeacutem trouxeram benefiacutecios pontuais na praccedila Walt Disney como ilustram as imagens as edificaccedilotildees atuaram como barreiras acuacutesticas reduzindo em relaccedilatildeo a 1997 o niacutevel de pressatildeo sonora equivalente que atinge as edificaccedilotildees de seu entorno Contudo p 105
Figura 534 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash as fachadas voltadas para esta reduccedilatildeo de niacutevel de pressatildeo sonora equivalente satildeo fachadas de serviccedilo pouco aproveitando esta reduccedilatildeo p 105
Figura 535ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim na situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash A situaccedilatildeo hipoteacutetica futura apresenta quadras muito mais adensadas do que nos anos anteriores reduzindo ainda mais a presenccedila de ilhas de sombra O pavimento representado no mapa eacute o destinado agraves garagens que ocupam praticamente todo o lote p 110
Figura 536 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem na situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 111
Figura 537 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash A transformaccedilatildeo da forma urbana tanto na situaccedilatildeo hipoteacutetica como ilustram as imagens quanto em 2009 quando esteve associada ao adensamento e a verticalizaccedilatildeo intensificou os fenocircmenos acuacutesticos ocorridos no meio urbano do 3deg Jardim de Boa Viagem p 112
Figura 538 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 112
Figura 539 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 113
Figura 540 ndash Plantas Baixas ndash A situaccedilatildeo hipoteacutetica futura seguida de perto pelo mapa de 2009 apresentou o pior comportamento acuacutestico do 3deg Jardim e o mapa de 1997 apresentou o melhor entre os mapas elaborados nesta pesquisa conforme ilustra a siacutentese abaixo p 113
Figura 541 ndash Graacutefico da performance acuacutestica considerando o ano x o niacutevel de pressatildeo sonora equivalente (Leq) ndash O Graacutefico apresenta as variaccedilotildees de niacuteveis de pressatildeo sonora de alguns pontos escolhidos aleatoriamente nos mapas acuacutesticos elaborados (Figura 541) Em 1997 as quedas das curvas de variaccedilatildeo do graacutefico corroboram a tendecircncia desta data ter apresentado o mapa acuacutestico com o melhor comportameno acuacutestico entre os mapas elaborados por esta pesquisa p 114
Figura 542 ndash Locaccedilatildeo dos pontos utilizados para elaboraccedilatildeo do graacutefico de performance acuacutestica p 114
Figura 543 ndash Graacutefico comparativo de niacuteveis de emissatildeo sonora permitidos ndash O graacutefico apresenta uma comparaccedilatildeo entre os niacuteveis de emissatildeo sonora permitidos em alguns paiacuteses entre a WHO ISO e ABNT e entre a Lei do silecircncio e o coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife O graacutefico evidencia que a cidade do Recife e o estado de Pernambuco praticam niacuteveis muito acima do recomendado por outras entidades normativas p 121
Figura 544 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde o fluxo de veiacuteculos seja o dobro do encontrado atualmente no 3deg Jardim de Boa Viagem (2009) apresentando altos niacuteveis de poluiccedilatildeo sonora p 122
Figura 545 a 548 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 122
Figura 549 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde seja implantado rodiacutezio de veiacuteculos com uma reduccedilatildeo de 30 do valor total do fluxo de veiacuteculos atualmente encontrado no 3deg Jardim de Boa Viagem (2009) p 123
Figura 550 a 553 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 123
Figura 554 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde seja implantado aleacutem do rodiacutezio de veiacuteculos com reduccedilatildeo de 30 no fluxo atual de veiacuteculos um corredor de transporte puacuteblico na Av Domingos Ferreira e restriccedilatildeo de traacutefego de veiacuteculos pesados apenas nesta via p 124
Figura 555 a 558 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 124
LISTA DE TABELAS
Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora p 35
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO
2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes____________
22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais_____________
3 CONSIDERACcedilOtildeES METODOLOacuteGICAS
31 3deg Jardim de Boa Viagem enquanto Estudo de Caso_________
32 Mapeamento Acuacutestico enquanto Instrumento de Pesquisa_
33 Procedimentos Metodoloacutegicos__________________________________
331 1deg Etapa Pesquisa Documental Primaacuteria e Secundaacuteria _____
332 2deg Etapa Pesquisa Piloto_____________________________________
333 3deg Etapa Estudo de Campo__________________________________
334 4deg Etapa mapeamento acuacutestico_____________________________
4 TRANSFORMACcedilOtildeES DO 3deg JARDIM E SUA RELACcedilAtildeO COM
O PROCESSO DE OCUPACcedilAtildeO DO BAIRRO DE BOA
VIAGEM
5 COMPORTAMENTO ACUacuteSTICO DO 3degJARDIM DE BOA
VIAGEM
51 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem a
partir das Modificaccedilotildees Cronoloacutegicas em sua Forma
Urbana______________________________________________________________
52 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem em
relaccedilatildeo ao Coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico
do Recife agrave ldquoLei do Silecircnciordquo e a outras Entidades
Normativas_________________________________________________________
53 Ausecircncia de Accedilotildees versus Presenccedila de Accedilotildees em Busca
de um Melhor Comportamento Acuacutestico para o 3deg Jardim
de Boa Viagem____________________________________________________
6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
7 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
128
134
115
107
81
80
65
60
59
56
55
55
52
49
46
31
22
22
17
CAPIacuteTULO 1
A pesquisa eacute talvez a arte de se criar dificuldades fecundas e de criaacute-las para os
outros Nos lugares onde havia coisas simples faz-se aparecer problemas
Pierre Bourdieu
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
17
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
1 INTRODUCcedilAtildeO
Um grito estridente lanccedilado em um meio urbano envolto nos ldquomais modernosrdquo e descomunais
arranha-ceacuteus desconfortavelmente ouvido nos mais remotos pavimentos de um deles foi agrave
centelha motivadora para as ideacuteias e discussotildees que permeiam esta pesquisa Este grito mal
recebido pelo receptor pode ser considerado uma das diversas formas da profusatildeo de ruiacutedos que
cada vez mais se tornam elementos onipresentes da vida contemporacircnea
Tal profusatildeo de ruiacutedos atualmente encontrados nos centros urbanos estaacute intimamente vinculada
ao crescimento acelerado das cidades que possibilitaram o aumento e uma maior concentraccedilatildeo da
populaccedilatildeo urbana acarretando em raacutepidas transformaccedilotildees no meio de propagaccedilatildeo do ruiacutedo
urbano aleacutem do aumento e uma maior concentraccedilatildeo dos diversos tipos de fontes sonoras que o
geram
Embora esteja estreitamente relacionado ao raacutepido desenvolvimento das cidades o ruiacutedo urbano
natildeo deve ser considerado como uma consequumlecircncia incidental da accedilatildeo humana em busca de
progresso e por isso inevitaacutevel tampouco toleraacutevel Ao contraacuterio deve ser entendido como uma
das consequumlecircncias prejudiciais deste desenvolvimento que pode causar diversos males fisioloacutegicos
e psicoloacutegicos ao citadino e assim sendo deve ser veementemente prevenido e mitigado
A fim de encontrar maneiras que possibilitem sua prevenccedilatildeo e mitigaccedilatildeo o ruiacutedo urbano pode
ser entendido como um sistema composto essencialmente pela fonte sonora ndash meio de propagaccedilatildeo ndash
receptor Dentre estas trecircs partes componentes do sistema o meio de propagaccedilatildeo pode ser
considerado como um dos menos investigados e onde as accedilotildees contra o ruiacutedo satildeo menos
concentradas (SINGAL 2005)
Esta inobservacircncia da importacircncia do meio urbano enquanto percurso de propagaccedilatildeo sonora
pode estar vinculada agrave dificuldade de intervir em meios de propagaccedilatildeo consolidados como satildeo
fundamentalmente os grandes centros urbanos Daiacute a relevacircncia em compreender a acuacutestica
urbana a partir de seu meio propagador pois uma vez consolidado o meio raras satildeo as
intervenccedilotildees possiacuteveis para minimizar o ruiacutedo urbano a partir desta parte componente do sistema
fonte ndash meio ndash receptor restando essencialmente accedilotildees preventivas
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
18
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Outro fator que evidencia o grande valor em compreender a acuacutestica urbana a partir de seu meio
de propagaccedilatildeo eacute o potencial que o meio urbano possui em influenciar a trajetoacuteria da propagaccedilatildeo
sonora Esta influecircncia acontece atraveacutes da forma que este meio apresenta ou seja a forma urbana
atraveacutes de seus elementos componentes e enquanto percurso de transmissatildeo delineia influencia e
determina em certa medida a trajetoacuteria de propagaccedilatildeo da onda sonora
Assim sendo a interaccedilatildeo entre os diversos elementos que compotildeem a forma urbana - o traccedilado e
perfis das vias o modo de implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as proporccedilotildees
densidade e maneira de ocupaccedilatildeo das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres ndash
contribui determinantemente para caracterizaccedilatildeo da propagaccedilatildeo sonora no meio urbano atraveacutes
de muacuteltiplas reflexotildees do espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave fonte geradora de
campos sonoros reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de aacutereas de sombra
Esta interaccedilatildeo entre os elementos da forma urbana e a propagaccedilatildeo sonora ocorre a partir da
diversidade e singularidade existente nos variados meios urbanos igualmente proporcionando os
mais particulares comportamentos acuacutesticos Isto eacute para cada meio urbano existem caracteriacutesticas
particulares inerentes agrave sua forma urbana que geram um comportamento acuacutestico igualmente
especiacutefico exclusivo e vinculado a esta forma urbana
Apesar deste atrelamento entre a acuacutestica urbana e a forma urbana esta relaccedilatildeo natildeo eacute
suficientemente pesquisada e quando eacute satildeo enfocadas prioritariamente situaccedilotildees presentes de
comportamento acuacutestico eou no maacuteximo hipoacuteteses futuras tambeacutem chamadas de prediccedilatildeo
acuacutestica Aleacutem disso natildeo foram encontradas referecircncias ateacute o presente momento de investigaccedilotildees
que priorizem a apreciaccedilatildeo da acuacutestica urbana e sua relaccedilatildeo com as modificaccedilotildees ao longo do tempo da
forma urbana
Isto posto considerando esta ausecircncia de pesquisas e considerando que para cada espaccedilo urbano
existe um comportamento de propagaccedilatildeo sonora especiacutefico o presente estudo se propocircs a
investigar o comportamento acuacutestico de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em sua forma urbana
Para isso admitiu-se que a propagaccedilatildeo de uma mesma fonte sonora em um mesmo espaccedilo urbano
que tenha sofrido ao longo de um processo cronoloacutegico modificaccedilotildees em sua forma urbana
implicaria em diferentes comportamentos em sua acuacutestica urbana para as diferentes datas deste
processo Esta suposiccedilatildeo possibilitou a anaacutelise do comportamento acuacutestico atraveacutes das
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
19
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
modificaccedilotildees cronoloacutegicas da forma urbana a partir da articulaccedilatildeo de trecircs variaacuteveis - a fonte sonora
a forma urbana e a acuacutestica urbana Estas variaacuteveis foram consideradas tendo o estudo de caso
enquanto estrateacutegia de pesquisa
O caso escolhido para esta investigaccedilatildeo foi o loteamento 3deg Jardim de Boa Viagem tanto por
representar uma parcela bem delimitada das raacutepidas e recentes transformaccedilotildees ocorridas na
forma urbana do bairro de Boa Viagem quanto por permitir ilustrar o comportamento acuacutestico
em um encadeamento evolutivo do iniacutecio de sua ocupaccedilatildeo recente ateacute os dias atuais
Para compor tal encadeamento evolutivo foram selecionados os anos de 1971 data escolhida por
caracterizar o princiacutepio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim 1981 e 1997 por representarem datas de
registro de fotografias aeacutereas do bairro de Boa Viagem existentes na base de dados da
CONDEPE-FIDEM Agecircncia Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco 2009 por
representar a realidade atualmente encontrada no 3deg Jardim e uma simulaccedilatildeo de situaccedilatildeo
hipoteacutetica futura de modificaccedilatildeo na forma urbana
Isto posto com o intuito de analisar o comportamento da acuacutestica urbana do 3deg Jardim de Boa
Viagem a partir de modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua forma urbana foram executados os
seguintes objetivos especiacuteficos (I) identificar as caracteriacutesticas configuraccedilotildees e transformaccedilotildees da
forma urbana ocorridas no 3deg Jardim de Boa Viagem nos anos de 1971 1981 1997 e 2009 a
partir de seu processo de ocupaccedilatildeo (II) elaborar mapas acuacutesticos dos niacuteveis atuais (2009) de
pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim (III) elaborar mapas acuacutesticos do 3deg Jardim nos anos de
1971 1981 1997 e de situaccedilatildeo hipoteacutetica futura a partir da consideraccedilatildeo dos niacuteveis atuais (2009)
de pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim
Em busca de expor sistematicamente seu desenvolvimento a presente investigaccedilatildeo foi
estruturada do seguinte modo
O presente capiacutetulo 1 introduz e antecipa brevemente a discussatildeo que seraacute realizada ao longo
desta pesquisa
O capiacutetulo 2 aborda dois aspectos principais O primeiro deles desenvolve o conceito de forma
urbana e seus elementos componentes a partir dos autores Joseacute Lamas (2004) Philippe Panerai
(2006) e Vicente Del Rio (1990) Busca elucidar que a apreensatildeo da forma urbana eacute complexa e
envolve diversificadas abordagens e enfoques sociais econocircmicos histoacutericos e culturais para
entatildeo indicar que a presente pesquisa lanccedilaraacute um olhar para a forma urbana essencialmente a
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
20
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
partir de seu aspecto fiacutesico e material recorte necessaacuterio para a anaacutelise do comportamento
acuacutestico urbano
O segundo aspecto abordado no capiacutetulo 2 diz respeito agrave definiccedilatildeo teoacuterica do conceito da
acuacutestica urbana e de suas diversificadas implicaccedilotildees e interfaces quando o som eacute propagado em
meio urbano Busca evidenciar os fenocircmenos que ocorrem a partir da interaccedilatildeo entre a forma
urbana e a acuacutestica urbana indicando que a influecircncia da forma urbana eacute determinante para o
comportamento da acuacutestica urbana
O capiacutetulo 3 eacute dedicado ao percurso investigativo desta pesquisa evidenciando sua metodologia e
procedimentos metodoloacutegicos apresentando o 3deg Jardim enquanto estudo de caso o
mapeamento acuacutestico enquanto instrumento de pesquisa e detalhando as etapas operacionais
deste estudo Este capiacutetulo evidencia ainda o processo de elaboraccedilatildeo dos modelos e mapas
acuacutesticos da forma urbana existente no 3deg Jardim em cada uma das datas estudadas aleacutem da
situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e discute o software Predictor utilizado para este mapeamento
O capiacutetulo 4 diz respeito ao processo de ocupaccedilatildeo do bairro de Boa Viagem e sua relaccedilatildeo com as
transformaccedilotildees urbanas ocorridas no 3deg Jardim Busca-se identificar as caracteriacutesticas
configuraccedilotildees e transformaccedilotildees ocorridas na forma urbana do 3deg Jardim que possibilitem o
entendimento cronoloacutegico destas modificaccedilotildees dando suporte a elaboraccedilatildeo e anaacutelise dos mapas
acuacutesticos
O capiacutetulo 5 analisa o comportamento da acuacutestica urbana identificado nos mapas acuacutesticos
elaborados do 3deg Jardim a partir das modificaccedilotildees ocorridas em sua forma urbana nos anos de
1971 1981 1997 e 2009 aleacutem de uma situaccedilatildeo hipoteacutetica futura (prediccedilatildeo acuacutestica) Neste capiacutetulo
discute-se ainda o comportamento do 3deg Jardim em relaccedilatildeo agrave legislaccedilatildeo municipal que regula as
emissotildees sonoras na cidade do Recife e no estado de Pernambuco e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis
recomendados por outras entidades normativas e indica-se possiacuteveis accedilotildees para melhoria no
comportamento acuacutestico do 3deg Jardim bem como as possiacuteveis consequumlecircncias acuacutesticas da
ausecircncia de tais accedilotildees
Por fim no capiacutetulo 6 satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais acerca do comportamento acuacutestico
do 3deg Jardim e satildeo indicados novos rumos de pesquisa a respeito da acuacutestica urbana
CAPIacuteTULO 2
A arquitetura eacute uma muacutesica petrificada
Arthur Schopenhauer
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
22
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
Analisar o comportamento da acuacutestica urbana ainda que a partir das modificaccedilotildees da forma
urbana faz com que esta pesquisa trate essencialmente da acuacutestica urbana No entanto este
comportamento esta sujeito aos diversificados modos de apreensatildeo da forma urbana e de seus
elementos componentes bem como ao modo como esta pesquisa os consideraraacute
Assim sendo o primeiro item deste capiacutetulo expotildee o conceito de forma urbana e de algumas de
suas relaccedilotildees discutido agrave luz de LAMAS (2004) de PANERAI (2006) e DEL RIO (1990)
indicando em seguida o que esta pesquisa consideraraacute como forma urbana
Certamente discussatildeo em torno da produccedilatildeo de outros autores poderia ser elaborada No
entanto o primeiro item deste capiacutetulo natildeo pretende representar uma revisatildeo bibliograacutefica acerca
do estudo da forma urbana e suas relaccedilotildees pretende sim construir uma discussatildeo em torno dos
trecircs autores selecionados que culmine no conceito de forma urbana que seraacute considerado por esta
pesquisa para possibilitar olhar para suas modificaccedilotildees cronoloacutegicas a fim de compreender o
comportamento da acuacutestica urbana
Apoacutes este delineamento no segundo item deste capiacutetulo discute-se a acuacutestica urbana e suas
relaccedilotildees conceituais com os diversos elementos e implicaccedilotildees da propagaccedilatildeo sonora em meio
urbano e como eles relacionam-se influenciando em seu comportamento
21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes
Segundo LAMAS (2004) estudar a forma urbana compreende examinar as configuraccedilotildees e as
estruturas exteriores de determinados objetos de suas formas interligando-as com os fenocircmenos
que lhes deram origem Assim sendo a forma urbana pode ser definida como sendo o
[] modo como se organizam os elementos morfoloacutegicos que constituem e definem o espaccedilo urbano relativamente agrave materializaccedilatildeo dos aspectos de
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
23
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas Fonte LAMAS 2004
organizaccedilatildeo funcional e quantitativa e dos aspectos qualitativos e figurativos (LAMAS 2004 p 44) 1
Dentre estes aspectos os quantitativos satildeo agravequeles da realidade urbana que podem ser
quantificaacuteveis tais como densidades superfiacutecies fluxos coeficientes volumeacutetricos entre outros
(Figura 21) os de organizaccedilatildeo funcional satildeo agravequeles que se relacionam com as atividades
humanas tais como habitar e trabalhar e agravequeles relacionados ao modo de uso especiacutefico de uma
aacuterea ndash residencial comercial industrial entre outros os qualitativos referem-se ao tratamento dos
espaccedilos ao conforto e a comodidade do utilizador tais como adaptaccedilatildeo ao clima acessibilidade
estado da pavimentaccedilatildeo entre outros por fim os aspectos figurativos dizem respeito a
essencialmente a comunicaccedilatildeo esteacutetica (LAMAS 2004)
Pode-se considerar que ao olhar para forma urbana e em especiacutefico para suas modificaccedilotildees
cronoloacutegicas com o intuito de compreender o comportamento da acuacutestica urbana esta pesquisa
relaciona-se tanto aos aspectos qualitativos a partir do conforto acuacutestico dos receptores das
ondas sonoras em meio urbano quanto aos
aspectos quantitativos uma vez que este
comportamento acuacutestico em meio urbano eacute
quantificaacutevel em decibels (dB)
Embora estes aspectos envolvam grande parte
das singularidades inerentes a forma urbana
esta definiccedilatildeo parece ainda natildeo abarcar outras
particularidades sociais econocircmicas histoacutericas
e culturais igualmente envolvidas no
entendimento da concepccedilatildeo da forma urbana
isto eacute resta ainda a consideraccedilatildeo de que esta
forma urbana natildeo acontece
independentemente dos grupos sociais que a
produzem (PANERAI 2006)
Satildeo essencialmente estas particularidades que
impulsionam ou amortecem a transformaccedilatildeo
1 Para todas as citaccedilotildees deste autor natildeo seratildeo consideradas adaptaccedilotildees na liacutengua do paiacutes de origem - Portugal - permanecendo o texto original
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
24
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
dos elementos que compotildeem a forma urbana ndash a adiccedilatildeo de novos de traccedilados a um jaacute existente
ou sua superposiccedilatildeo seus conflitos o parcelamento de parques e ocupaccedilatildeo de espaccedilos livres a
renovaccedilatildeo da massa edificada seu lento adensamento e verticalizaccedilatildeo segundo uma especulaccedilatildeo
despretensiosa ou sua substituiccedilatildeo por vastos empreendimentos sob influecircncia de uma
especulaccedilatildeo bem mais expressiva (PANERAI 2006) isto eacute faz parte da apreensatildeo da forma
urbana uma complexidade que envolve um processo de acumulaccedilatildeo de enfoques e observaccedilotildees
sociais econocircmicas histoacutericas e culturais que englobam muito mais do que apenas sua forma
fiacutesica
Estas particularidades especialmente as sociais parecem um pouco mais delineadas nas
consideraccedilotildees feitas por DEL RIO (1990) que considera o espaccedilo urbano a partir da apropriaccedilatildeo
social que se faz dele estabelecendo que em relaccedilatildeo ao estudo da forma urbana a cidade pode
ser compreendida a partir de trecircs niacuteveis organizacionais o coletivo o comunitaacuterio e o individual
O niacutevel coletivo eacute regido sob uma loacutegica estruturadora percebida inconscientemente e
coletivamente e eacute composto pelos elementos2 do tecido que possuem uma permanecircncia maior ao
longo do tempo o niacutevel comunitaacuterio diz respeito aos elementos com significados especiais apenas
para um pequeno grupo da populaccedilatildeo como o bairro por exemplo jaacute o niacutevel individual expressa
significados individuais como a residecircncia e seu espaccedilo circundante e por seu caraacuteter individual eacute
o que apresenta maior rapidez nas modificaccedilotildees (DEL RIO 1990)
Mas LAMAS (2004) ao defender sua definiccedilatildeo para forma urbana natildeo soacute possuiacutea ciecircncia destas
outras particularidades explicitadas por PANERAI (2006) e DEL RIO (1990) ndash sociais
econocircmicas histoacutericas e culturais ndash envolvidas na concepccedilatildeo de forma urbana como optou em
natildeo apreciaacute-las
[] um primeiro grau de leitura da cidade eacute eminentemente fiacutesico-espacial e morfoloacutegico portanto especiacutefico da arquitectura e o uacutenico que permite evidenciar a diferenccedila entre este e outro espaccedilo entre esta e aquela forma e explicar as caracteriacutesticas de cada parte da cidade A estes se juntam outros niacuteveis de leitura que revelam diferentes conteuacutedos (histoacutericos econoacutemicos sociais e outros) Mas este conjunto de leituras soacute eacute possiacutevel porque a cidade existe como facto fiacutesico e material Todos os instrumentos de leitura lecircem o mesmo objecto ndash o espaccedilo fiacutesico a FORMA URBANA (LAMAS 2004 p 31 grifo do autor) Eacute fundamentalmente a dimensatildeo fiacutesica e morfoloacutegica da cidade que me preocupa [] (LAMAS 2004 p 31)
2 Estes elementos seratildeo discutidos em paraacutegrafos mais adiante
____________________________________________
ANAacuteLISE D
Na verdade esta opccedilatildeo em
urbana considerando-a essen
de seu aspecto fiacutesico e m
convenientemente ao obje
presente pesquisa analisar
da acuacutestica urbana a partir
cronoloacutegicas na forma urba
esta anaacutelise do compor
implica em uma apropriaccedil
fiacutesica e material destas modif
Certamente a busca pela ap
urbana envolve muito
simplesmente sua forma
como jaacute aclarado No entan
da anaacutelise proposta por
apreensatildeo em totalid
fundamentalmente necessaacuter
apropriaccedilatildeo da forma urban
material ou uma variaacutevel fiacutes
finalidade derradeira de
comportamento acuacutestico
modificaccedilotildees nesta forma
Ao entender a observaccedilatildeo
essencialmente em seu aspec
(2004) propocircs uma classifica
dimensotildees
bull A dimensatildeo setorial
refere-se agrave menor u
do espaccedilo urbano co
uma praccedila ou uma
ponto o observador
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 24 ndash A cidadeo texemplificada por meio da cidadLAMAS 2004
Figura 23 ndash O bairro a escala ucidade portuguesa de Tavira Fonte
Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na ca dimensatildeo setorial Fonte LAMA
em observar a forma
sencialmente a partir
material responde
bjetivo primeiro da
ar o comportamento
rtir de modificaccedilotildees
rbana uma vez que
ortamento acuacutestico
riaccedilatildeo genuinamente
dificaccedilotildees
apreensatildeo da forma
o mais do que
a fiacutesica e material
tanto para realizaccedilatildeo
or este estudo tal
alidade natildeo eacute
saacuteria o que torna a
bana quase um meio
l fiacutesica para atingir a
e compreensatildeo do
a partir de
atildeo da forma urbana
pecto fiacutesico LAMAS
icaccedilatildeo em escalas ou
ndash a escala da rua
r unidade ou porccedilatildeo
como por exemplo
a rua onde de um
dor pode abarcar a
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
25
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
territoacuterioa dimensatildeo territorial dade portuguesa de Tavira Fonte
a urbana exemplificada por meio da nte LAMAS 2004
na cidade portuguesa de Tavira ilustra MAS 2004
____________________________________________
ANAacuteLISE D
unidade espacial d
(Figura 22)
bull A dimensatildeo urbana ndash
corresponde agraves pa
identificaacuteveis como
exemplo onde a
elementos da forma
atraveacutes do movime
percursos (Figura 23
bull E por fim a dimensatildeo
da cidade diz respeito
diferentes formas
articulaccedilatildeo de bai
entre si Sua forma
distribuiccedilatildeo de eleme
das cidades em con
suporte geograacutefico d
a articulaccedilatildeo de
circulaccedilatildeo entre os
entre zonas habitacio
entre outras (Figura 2
Dentre estas dimensotildees a u
bairro desperta particular
pesquisa uma vez que o e
limites de observaccedilatildeo atraveacute
de movimentos poderaacute aba
significante de modificaccedilotildee
forma urbana de determina
compreender o comport
acuacutestica urbana
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 25 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do CONDEPE-FIDEM 1981
Figura 26 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do baorigens da cidade entrecortadoBarreto Fonte CONDEPE-FIDE
Figura 27 ndash Exemplos de diveredifiacutecios lotes quarteirotildees e vias eRecife Nesta imagem um recessencialmente por morros o AltoFIDEM 1981
de seu conjunto
ndash a escala do bairro
partes homogecircneas
mo os bairros por
a observaccedilatildeo dos
a urbana eacute realizada
imento e de vaacuterios
23)
nsatildeo territorial ndash a escala
eito agrave articulaccedilatildeo de
as urbanas da
bairros interligados
ma eacute definida pela
mentos estruturantes
onformidade com o
o do siacutetio tais como
e ruas e vias de
s diferentes bairros
cionais e comerciais
a 24)
a urbana ndash escala do
lar interesse desta
o entendimento dos
veacutes de certo nuacutemero
barcar uma amostra
otildees cronoloacutegicas na
inado local a fim de
ortamento de sua
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
26
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife o bairro de Boa Viagem Fonte
rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves do pela recente Avenida Dantas DEM 1981
versificadas concretizaccedilotildees entre os em diferentes bairros da cidade do
recorte de um bairro constituiacutedo lto do Mandu Fonte CONDEPE-
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
27
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
No entanto para apreender tal dimensatildeo devem-se conhecer e estabelecer quais elementos
miacutenimos da forma urbana que se relaciona com esta a dimensatildeo urbana e quais satildeo estes
elementos LAMAS (2004) propocircs onze elementos da forma urbana necessaacuterios para esta
apreensatildeo o solo (I) o edifiacutecio (II) o lote (III) o logradouro (IV) o quarteiratildeo (V) o traccediladoa
rua(VI) a praccedila (VII) a fachada (VIII) o monumento (IX) a vegetaccedilatildeo (X) e o mobiliaacuterio
urbano (XI) Dentre estes elementos seis possuem uma estreita relaccedilatildeo com esta pesquisa e
seratildeo expostos de acordo com consideraccedilotildees observadas por LAMAS 3 (2004) (Figuras 25 a 27)
O edifiacutecio representa o elemento miacutenimo identificaacutevel na observaccedilatildeo da forma urbana eacute atraveacutes
dele que se constitui o espaccedilo urbano e se organizam diferentes elementos tais como ruas praccedilas
avenidas entre outros Os edifiacutecios agrupam-se em diferentes tipos tanto em relaccedilatildeo a suas
formas quanto a suas funccedilotildees Estes elementos podem influenciar o comportamento da acuacutestica
urbana atuando enquanto objetos reflexivos da onda sonora e como barreiras acuacutesticas4
O lote representa o princiacutepio da relaccedilatildeo do edifiacutecio com o terreno A forma do lote eacute muitas
vezes condicionante da forma do edifiacutecio tornando-os vinculados por essecircncia o logradouro diz
respeito ao espaccedilo livres e natildeo construiacutedos no interior do lote aos quintais e jardins o quarteiratildeo
ou quadra pode ser considerado como o espaccedilo resultante entre o cruzamento de trecircs ou mais
vias podendo ser demarcado em vaacuterios lotes para a construccedilatildeo de edifiacutecios Juntos estes trecircs
elementos associados aos edifiacutecios podem propiciar uma maior ou menor permeabilidade
acuacutestica eou uma maior ou menor presenccedila de aacutereas de sombra no meio urbano
O traccedilado por meio das ruas ou vias eacute facilmente identificaacutevel no meio urbano Estaacute muitas vezes
condicionado ao siacutetio geograacutefico existente regula a disposiccedilatildeo dos edifiacutecios e quarteirotildees e
interliga os vaacuterios espaccedilos componentes da cidade e a cidade ao territoacuterio Normalmente o
traccedilado resiste agraves transformaccedilotildees na forma urbana por possuir um caraacuteter de permanecircncia natildeo
totalmente modificaacutevel O traccedilado engloba trajetoacuterias e caminhos que natildeo satildeo necessariamente
percorridos atraveacutes de automoacuteveis apesar disso estaacute em grande parte vinculado a uma das
principais fontes geradoras de ruiacutedo urbano ndash o traacutefego de veiacuteculos
3 Os outros elementos tambeacutem podem relacionar-se de diferentes maneiras com a acuacutestica urbana mas nem tanto com a presente pesquisa e por isso natildeo foram considerados 4 Todas as definiccedilotildees e conceitos acuacutesticos apresentados no presente item seratildeo elucidados no item seguinte 22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
28
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) Fonte PANERAI 2006
A praccedila eacute um espaccedilo de geometria variada
intencionalmente inserido no meio urbano
cuja relaccedilatildeo com o traccedilado e os edifiacutecios
tambeacutem eacute intencional evidenciada atraveacutes do
seu desenho e natildeo acidentais como
alargamento e confluecircncias do traccedilado Aleacutem
disso a praccedila eacute um lugar de encontro de
permanecircncia e de praacuteticas sociais
Acusticamente dependendo de suas
proporccedilotildees a propagaccedilatildeo sonora que envolve
uma praccedila pode apresentar um
comportamento que se assemelha a
propagaccedilatildeo sonora em campo livre
Estes elementos constituintes da forma urbana
conceituados por LAMAS (2004) podem ser
identificados sob um diferente invoacutelucro
conceitual mas com a mesma essecircncia no que
PANERAI (2006) definiu como sendo
conjuntos do tecido urbano
Aplicado agrave cidade o termo ldquotecidordquo evoca a continuidade e a renovaccedilatildeo a permanecircncia e a variaccedilatildeo Ele explica a constituiccedilatildeo das cidades antigas e responde as questotildees levantadas pelo estudo das urbanizaccedilotildees recentes Ele pressupotildee uma atenccedilatildeo tanto ao banal quanto ao excepcional tanto agraves ruas comuns e agraves edificaccedilotildees corriqueiras quanto agraves regulamentaccedilotildees e aos monumentos Dentre as muacuteltiplas definiccedilotildees de tecido urbano e sem desprezar suas qualidades escolhemos a mais simples O tecido urbano eacute constituiacutedo pela superposiccedilatildeo ou imbricaccedilatildeo de trecircs conjuntos a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees Essa definiccedilatildeo potildee em evidecircncia os elementos que permitem que as diferentes partes da cidade evoluam ao mesmo tempo em que satildeo mantidas a coesatildeo de conjunto e a clareza de sua estrutura (PANERAI 2006 p 77-78 grifo nosso) (Figura 28)
Ao contraacuterio de LAMAS (2004) que considera a praccedila como um elemento da forma urbana por
si soacute PANERAI (2006) discute as vias ou traccedilado inseridas em uma relaccedilatildeo em rede onde
tambeacutem satildeo considerados como partes constituintes os largos passeios praccedilas esplanadas cais
pontes rios canais margens praias todos compondo o espaccedilo puacuteblico Eacute atraveacutes desta rede
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
29
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua
organizaccedilatildeo local e territorial
Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o
domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios
quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente
o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da
forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo
Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao
espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo
vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os
edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila
sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto
Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute
bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus
elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma
essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo
objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles
- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)
Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno
relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar
definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento
5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
30
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109
O adensamento ocorre a partir de dois modos
essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do
preenchimento progressivo do espaccedilo urbano
e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa
por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)
A primeira forma de adensamento ocorre sem
a expansatildeo territorial por meio do
preenchimento progressivo de todas as
reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de
determinado meio urbano Eacute um
adensamento inserido em limitesbarreiras
preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como
uma via expressa irregularidades geograacuteficas
do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual
em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas
edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)
A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do
solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de
adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem
sua expansatildeo (PANERAI 2006)
Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como
se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado
meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da
acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o
adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de
objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica
Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o
edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados
por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
31
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias
dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta
pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a
partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo
exclusivamente
1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo
de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres
2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os
lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)
3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e
principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes
geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)
Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no
decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees
cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e
relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana
22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a
forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia
multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o
som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas
do conhecimento (Figura 210)
Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano
seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes
tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental
O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por
pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu
____________________________________________
ANAacuteLISE D
complexo padratildeo de ondas s
de ruiacutedo muacutesica fala
(BERGLUND et al 1999)
Esta definiccedilatildeo do som tend
a percepccedilatildeo do ouvido
conceito psicofiacutesico Fisicame
vibraccedilatildeo mecacircnica que
progressivamente atraveacutes de
gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN
Esta vibraccedilatildeo quando tran
que o rodeia nem sempre
aparelho auditivo humano
frequumlecircncia6 audiacutevel encontra
20 a 20000 Hz para um
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984
1982) Frequumlecircncias acima de
altas para respostas fisioloacuteg
chamadas de ultrasons Jaacute as
de 20 Hz satildeo chamadas de
detectaacuteveis pelo ouvido hum
prejudiciais agrave sua sauacutede7
1982 SOUSA 2004)
Fisicamente o som e o ruiacutedo
ambos se propagam em mei
detectados pelo ouvido hu
enquanto o som eacute utilizado
6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa
Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006
as sonoras eacute rotulado
ala entre outros
ndo como referecircncia
o humano eacute um
mente o som eacute uma
que se propaga
de um meio material
(SINGAL 2005)
transmitida ao meio
re eacute detectaacutevel pelo
ano cuja faixa de
tra-se no intervalo de
um jovem saudaacutevel
4 KINSLER et al
de 20000 Hz muito
loacutegicas auditivas satildeo
as frequumlecircncias abaixo
de infrasons e natildeo satildeo
umano contudo satildeo
(KINSLER et al
iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee
eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos
humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN
do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev
iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo
as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
32
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006
ontual e fonte sonora linear Fonte
otildees de pressatildeo ambiente
bos satildeo capazes de serem
EN 1995) No entanto
daacuteveis o ruiacutedo descreve
do e eacute medida em Hertz (Hz)
amento das estruturas cardiacuteacas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
33
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)
Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e
portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece
como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro
[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)
Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo
mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees
no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse
irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos
(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM
2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)
O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais
comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual
possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as
direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)
Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de
fontes pontuais dispostas linearmente cuja
emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta
linha sendo seu decaimento em campo livre
de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)
Quando propagadas no meio urbano a
combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas
ao percurso de transmissatildeo e ao receptor
constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
34
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
chamado de ruiacutedo ambiental (environmental
noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)
(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005
SOUSA 2004)
O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do
traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de
obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos
industriais de estabelecimentos comerciais e
de serviccedilos de sistemas de propaganda
volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-
estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982
NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)
Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais
como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes
nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade
populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos
extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se
a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES
2006)
Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o
ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A
necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade
existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis
normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a
populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano
8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
35
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006
Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg
1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes
Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes
procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO
2009)
NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
Niacutevel de Pressatildeo sonora
em dB(A)
Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS
Ambiente ou atividade
0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros
aacuterea de mata selvagem
30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite
50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse
auditivo Rua agitada um restaurante barulhento
70 a 90 Estressante e bastante
excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh
conversa a gritos
90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia
Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor
110 a 130
Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez
instantacircnea
Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock
130 a 140 Acima do limiar da dor
causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia
Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias
resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a
poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir
diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho
Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores
(NAGEM 2004)
Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave
Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do
12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
36
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do
sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do
Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da
cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias
tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da
Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)
Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da
LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos
com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos
submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e
do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a
accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave
conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte
geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)
Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos
de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em
documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da
Cidade do Recife (RECIFE 2000)
Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo
Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as
posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da
poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor
o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie
de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo
exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil
militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um
importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)
Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a
poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de
13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
37
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999
pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais
(BERGLUND et al1999)
Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que
atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua
(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do
ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio
urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram
em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da
populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes
geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et
al 2002) (Figura 214)
Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o
aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais
percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al
2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)
O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a
partir do ruiacutedo veicular que proveacutem
essencialmente do sistema de propulsatildeo do
motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo
aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso
(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da
relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as
configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido
a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de
acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a
presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de
pedestres etc a intensidade do fluxo de
veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os
veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de
14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
38
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita
terra batida) etc (SINGAL 2005)
Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo
comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas
implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo
do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo
para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e
pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS
2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma
interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana
Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto
por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego
seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no
proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de
certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e
forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e
largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser
acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica
O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde
acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo
acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)
O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia
de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio
urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou
nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o
espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de
suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de
pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
39
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007
Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido
pelo receptor diminui em funccedilatildeo da
duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15
Praccedilas parques e largos com grandes
dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias
vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas
uma de suas margens ou espaccedilos livres
urbanos de grandes dimensotildees caracterizam
alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos
No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras
sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o
seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente
sendo praticamente o mesmo em vaacuterias
posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre
uma saiacuteda para campo livre caracterizando o
fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura
217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)
Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser
reverberantes quando a onda sonora tarda a
encontrar o campo livre gerando um grande
nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes
quando a onda sonora encontra o campo livre
um pouco mais rapidamente do que no
reverberante gerando um nuacutemero menor mas
ainda grande de reflexotildees
15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
40
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007
No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado
reverberante possui comumente um perfil em
ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de
canyons urbanos que podem amplificar
consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das
vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas
geradas pelas fachadas paralelas das
edificaccedilotildees que circundam estas vias
(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste
tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora
natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre
a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico
aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos
elementos que compotildeem a forma urbana e
dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que
revestem as superfiacutecies refletoras18
(NIEMEYER 2007)
Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de
traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados
tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos
de espaccedilos acuacutesticos fechados
A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda
sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem
podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo
tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo
18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
41
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007
Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992
Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se
aos percursos da onda sonora gerados no
meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005
NIEMEYER 2007) A intensidade da
permeabilidade acuacutestica - mais ou menos
permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de
certos elementos urbanos de promover ou
conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais
como o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem
como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade
e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila
ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e
221)
A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda
com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o
conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a
qualquer objeto que possa ser considerado um
obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias
entre a fonte e o receptor (Figura 222)
(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES
2000) Ao bloquear o percurso direto entre a
fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser
absorvida eou refletida pela superfiacutecie da
barreira transmitida atraveacutes da barreira ou
difratada a partir do topo da barreira
(BARRON 2003 SINGAL 2005)
A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as
ondas sonoras sejam capazes de contornar
determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de
sombra acuacutestica que possui limites espaciais
variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte
____________________________________________
ANAacuteLISE D
sonora e de sua localizaccedilatilde
receptor que por sua vez
sonora difratada pelas borda
um decaimento maior do qu
campo livre (Figura 223) (N
1968 NIEMEYER 2007 PA
O uso de barreiras acuacutestic
EUA Japatildeo Austraacutelia e
reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do
pelo traacutefego rodoviaacuterio pa
(Figuras 224 a 226) (SIN
Brasil esta praacutetica ainda eacute inc
restringindo-se a poucos exe
caso da barreira acuacutestica no
Linha Amarela na cidade do
na Rodovia Bandeirantes co
de Satildeo Paulo a Campinas
Paulo (Figura 227) (MURGE
2004)
Embora a implantaccedilatildeo de b
esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do
rodoviaacuterio outros elemen
meio urbano situados ent
receptor atuam espontan
barreiras agrave propagaccedilatildeo sono
terreno com topografia i
muros edificaccedilotildees entr
edificaccedilotildees conjugadas da R
cidade do Recife ou aind
conjugadas em alguns trec
Atlacircntica no Rio de Janei
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap
Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C
Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2
Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest
Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN
accedilatildeo em relaccedilatildeo ao
ez recebe a energia
rdas da barreira com
que se estivesse em
(NEPOMUCENO
PAZ 2004)
ticas eacute comum nos
e na Europa para
do ruiacutedo produzido
para seus arredores
INGAL 2005) No
incipiente
exemplos como eacute o
no eixo rodoviaacuterio
o Rio de Janeiro e
conectando a cidade
s no estado de Satildeo
GEL 2007 SOUSA
e barreiras acuacutesticas
do ruiacutedo de traacutefego
entos inseridos no
entre a fonte e o
taneamente como
nora tais como um
irregular taludes
ntre outros As
a Rua da Aurora na
inda as edificaccedilotildees
trechos da Avenida
neiro por exemplo
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
42
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007
rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007
da Rodovia Bandeirantes no estado 2007
da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000
barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
43
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409
Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409
aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas
espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem
conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em
ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e
229)
A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e
da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a
interaccedilatildeo entre os diversos elementos que
compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis
das vias o modo de implantaccedilatildeo das
edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as
proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo
das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de
espaccedilos livres ndash contribui determinantemente
para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano
atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do
espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave
fonte geradora de campos sonoros
reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de
aacutereas de sombra
Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado
um sistema composto essencialmente pela fonte
sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e
KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto
percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de
propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares
apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo
da onda sonora no meio urbano
19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
44
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao
ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos
reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente
todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das
edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar
dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e
insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via
Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo
facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas
reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando
sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano
desejaacutevel aos seus receptores
Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as
distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de
propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades
bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento
acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano
Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se
comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica
urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana
Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos
investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento
AGRADECIMENTOS
A Deus pelo alimento agrave minha alma
A minha famiacutelia por tudo antes agora e sempre
A Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal de Niacutevel Superior ndash CAPES por viabilizar
financeiramente esta pesquisa
A Zeca Brandatildeo e Ruskin Freitas pelos valiosos ensinamentos em nossas conversas pelo
estiacutemulo e apoio constante ao longo do percurso principalmente nos momentos de duacutevida e
pela confianccedila depositada desde o iniacutecio de minhas inquietaccedilotildees e questionamentos
A Paulo Zannin cuja dedicaccedilatildeo e entusiasmo ao estudo da acuacutestica foi condiccedilatildeo sine qua non
para a realizaccedilatildeo desta pesquisa por sua bravura apoio incentivo e confianccedila absoluta
depositada em uma tambeacutem entusiasta da acuacutestica vinda de terras tatildeo distantes
A David Queiroz por sua entrega paciecircncia e torcida ao lado do Predictor para que tudo desse
certo pelas estimadas contribuiccedilotildees nas discussotildees sobre as diversas possibilidades de estudar o
meio urbano sob o olhar da acuacutestica
A Paula Maciel a Joseacute Jeferson Roberto Rezende de Menezes e ao GTC ndash Gestatildeo e
Tecnologia da Construccedilatildeo UFPE pela ajuda imprescindiacutevel quanto ao aparelho de mediccedilatildeo
Aos professores do MDU pelos inestimaacuteveis ensinamentos e a todos os amigos do MDU
por compartilhar nossos anseios acadecircmicos em especial a Ana Carolina Lourival e Renata
pelos indefectiacuteveis e inesqueciacuteveis momentos juntos
A Fernando Bunn e Paulo Fiedler pela ajuda torcida e insigths na exploraccedilatildeo do Predictor
A Rebeca Catarina Joseacute e Jonas pelo apoio e paciecircncia em responder todas minhas
interminaacuteveis perguntas e ldquoaperreiosrdquo mas sempre correspondendo as minhas brincadeiras
Por fim mas nunca por uacuteltimo a Anna Cristina e sua carinhosa famiacutelia ndash Paulo Henrique
Carolina Viacutetor Bia Maacutercia Claacuteudia Joseacute Joatildeo e Gabriela ndash pelo amparo carinho e
amizade ndash inesqueciacuteveis a uma gringa que deixou o aconchego dos seus para desbravar novos
conhecimentos em um lugar tatildeo diferente
RESUMO
O excesso de ruiacutedos atualmente encontrados nos centros urbanos estaacute intimamente vinculado ao crescimento acelerado das cidades Este crescimento suscitou o aumento e uma maior concentraccedilatildeo da populaccedilatildeo urbana acarretando em raacutepidas transformaccedilotildees no meio de propagaccedilatildeo do ruiacutedo aleacutem do aumento e concentraccedilatildeo dos diversos tipos de fontes sonoras que o geram Ocorre que a forma urbana ndash considerada a partir de seus aspectos fiacutesicos ou materiais ndash onde este ruiacutedo eacute gerado influencia em certa medida a trajetoacuteria de propagaccedilatildeo da onda sonora a interaccedilatildeo entre os diversos elementos que compotildeem esta forma urbana contribuiraacute para a caracterizaccedilatildeo do comportamento desta trajetoacuteria Assim para cada forma urbana especiacutefica existiraacute um comportamento acuacutestico igualmente especiacutefico exclusivo e vinculado a esta forma urbana Deste modo se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento proacuteprio de propagaccedilatildeo sonora a presente pesquisa propocircs-se a analisar o comportamento da acuacutestica urbana de um mesmo espaccedilo urbano a partir de modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua forma urbana Esta anaacutelise foi realizada considerando a articulaccedilatildeo de trecircs variaacuteveis - a fonte sonora a forma urbana e a acuacutestica urbana Admitiu-se que a propagaccedilatildeo de uma mesma fonte sonora em um mesmo espaccedilo urbano que tenha sofrido ao longo de um processo cronoloacutegico modificaccedilotildees em sua forma urbana implicaria em diferentes comportamentos em sua acuacutestica urbana para as diferentes datas deste processo Adotou-se como estudo de caso o loteamento 3deg Jardim de Boa Viagem (Recife-PE) sendo estudadas as modificaccedilotildees em sua forma urbana ocorridas nos anos de 1971 1981 1997 e 2009 aleacutem da elaboraccedilatildeo de uma situaccedilatildeo hipoteacutetica futura (prediccedilatildeo acuacutestica) Foram realizadas pesquisas documentais e estudos de campo para coleta de dados referentes agraves caracteriacutesticas da forma urbana do 3deg Jardim e para coleta de seus niacuteveis de pressatildeo sonora atuais Com estes dados foram calculados e gerados mapas acuacutesticos do 3deg Jardim utilizando o software Predictor para cada uma das datas pesquisadas e para a situaccedilatildeo hipoteacutetica futura Estes mapas foram analisados comparando seus comportamentos acuacutesticos entre si buscando compreender esse comportamento diante das modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua proacutepria forma urbana Os resultados deste estudo indicaram que a modificaccedilatildeo de um mesmo meio urbano possui potencial tanto para propiciar altos niacuteveis de ruiacutedo quanto para minimizaacute-los influenciando definitivamente no comportamento acuacutestico de determinado local Estes resultados confirmaram a relevacircncia em compreender a acuacutestica urbana a partir de seu meio propagador pois uma vez consolidado raras satildeo as intervenccedilotildees possiacuteveis na forma urbana para minimizar o ruiacutedo urbano por ela delineado
Palavras-chave planejamento urbano acuacutestica ruiacutedo urbano
ABSTRACT
The excessive noise currently found in urban centers is closely linked to the fast growth of the cities This development led to increased growth and concentration of urban population resulting in fast changes in the noise propagation path and increasing the variety of sources that generate it It turns out that the urban form - considered from their physical or material aspects - where this noise is produced influences in some extent the trajectory of sound wave propagation the interaction between the various elements that make up this urban form contributes to characterize this trajectory behavior Thus for each specific urban form there will be an acoustic behavior also specific exclusive and linked to this urban form Therefore if for each urban area there is a particular sound propagation behavior this research proposed to analyze the urban acoustics behavior of the same urban space from chronological changes in its urban form This analysis was performed considering the articulation of three variables - the sound source the urban form and the urban acoustics It was assumed that the propagation from the same source in the same urban area which has experienced over a chronological process changes in its urban form would imply different urban acoustics behaviors through years It was adopted as a case study the land subdivision 3deg Jardim de Boa Viagem (Recife-PE) being studied the changes in its urban form in the years of 1971 1981 1997 and 2009 besides the elaboration of a hypothetical future situation (acoustic prediction) It was carried out documentary research and field studies to collect data on the characteristics of the urban form of the 3deg Jardim and to collect their present sound pressure levels With these datawere calculated and generated acoustics maps of the 3deg Jardim for each of the years surveyed and for the hypothetical future situation using the Predictor software These maps were analyzed by comparing their acoustic behavior to each other seeking to comprehend this behavior towards the chronological changes in its urban form The results of this research indicated that the urban environment changes have the potential to provide high levels of noise as well as to minimize them definitely influencing the acoustic behavior of a particular site These results confirmed the relevance to understand the urban noise from its way of propagation since once consolidated very few interventions are possible in the urban form to minimize the urban noise outlined by it
Keywords urban planning acoustics urban noise
LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES
Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas p23
Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na cidade portuguesa de Tavira ilustra a dimensatildeo setorial p23
Figura 23 ndash O bairro a escala urbana exemplificada por meio da cidade portuguesa de Tavira p25
Figura 24 ndash A cidadeo territoacuterioa dimensatildeo territorial exemplificada por meio da cidade portuguesa de Tavira p25
Figura 25 ndash Exemplos de diversificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios lotes quarteirotildees e vias em diferentes bairros da cidade do Recife Nesta imagem um recorte do bairro de Boa Viagem p26
Figura 26 ndash Exemplos de diversificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios lotes quarteirotildees e vias em diferentes bairros da cidade do Recife Nesta imagem um recorte do bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves origens da cidade entrecortado pela recente Avenida Dantas Barreto p 26
Figura 27 ndash Exemplos de diversificadas concretizaccedilotildees entre os edifiacutecios lotes quarteirotildees e vias em diferentes bairros da cidade do Recife Nesta imagem um recorte de um bairro constituiacutedo essencialmente por morros o Alto do Mandu p26
Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) p 28
Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores p30
Figura 210 ndash Interfaces multidisciplinares do estudo do som p 32
Figura 211 ndash Fonte sonora pontual e fonte sonora linear p32
Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia p 33
Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia p 24
Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo p 37
Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto p39
Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo p 39
Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana p39
Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos p 40
Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano p 41
Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem p 41
Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem p 41
Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor p 41
Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da onda sonora a partir de uma barreira gerando uma aacuterea de sombra acuacutestica p 42
Figura 224 ndash Agrave esquerda barreira acuacutestica curva em concreto e acriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreira acuacutestica metaacutelica na estrada entre Paacutedua e Veneza na Itaacutelia p 42
Figura 225 ndash Agrave esquerda barreira acuacutestica metaacutelica instalada proacuteximo a Zurique Agrave direita barreira acuacutestica em concreto e acriacutelico tambeacutem na Suiacuteccedila p 42
Figura 226 ndash Barreiras instaladas ao longo de via expressa elevada em aacuterea residencial de Toacutequio Japatildeo p 42
Figura 227 ndash Barreira acuacutestica da Rodovia Bandeirantes no estado de Satildeo Paulo p 42
Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo p 43
Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo p 43
Figura 31 ndash Relaccedilatildeo das variaacuteveis de pesquisa p 48
Figura 32 - Localizaccedilatildeo geograacutefica do 3deg Jardim de Boa Viagem p 50
Figura 33 - Ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim em 1971 com diversos lotes natildeo ocupados e vias ainda natildeo construiacutedas como a Av Eng Domingos ferreira p 50
Figura 34 - Delimitaccedilatildeo da aacuterea de estudo em azul o 3deg Jardim p 52
Figura 35 - Mapa acuacutestico da Universidade Estadual de Campinas com representaccedilatildeo dos niacuteveis sonoros por pontos em gradaccedilatildeo de cores p 53
Figura 36 - Mapa acuacutestico com representaccedilatildeo dos niacuteveis sonoros por linhas da cidade de Goumlteborg Sueacutecia p 53
Figura 37 - Mapa acuacutestico utilizado na reurbanizaccedilatildeo do centro de Seoul Korea p 53
Figura 38 ndash Acima localizaccedilatildeo de estaccedilotildees de monitoramento de ruiacutedo em Taiwan abaixo distribuiccedilatildeo de ruiacutedo em Taiwan no veratildeo nos turnos da manhatilde tarde e noite p 54
Figura 39 - Violaccedilotildees da legislaccedilatildeo de ruiacutedo em Taiwan nos turnos da manhatilde tarde e noite p 54
Figura 310 - Delimitaccedilatildeo da aacuterea em azul do estudo piloto no 3deg Jardim de Boa Viagem p 57
Figura 311 ndash Mapa acuacutestico de parte do 3deg Jardim de Boa Viagem da pesquisa piloto realizada em Maio de 2009 no LAAICA-UFPR p 57
Figura 312 ndash Locaccedilatildeo dos pontos de mediccedilatildeo em azul e malha guia em amarelo p 59
Figura 313 ndash Locaccedilatildeo dos grids verticais em azul seccionando edificaccedilotildees e evitando espaccedilos livres p 63
Figura 41 ndash Avenida Boa Viagem nas proximidades da Praccedila de Boa Viagem no iniacutecio de sua urbanizaccedilatildeo p 65
Figura 42 ndash Avenida Boa Viagem no iniacutecio de sua urbanizaccedilatildeo p65
Figura 43 ndash Vista aeacuterea do bairro de Boa Viagem nos anos 50 p 65
Figura 44 ndash Edifiacutecio Califoacuternia em 1959 construiacutedo no 2deg Jardim de Boa Viagem p 67
Figura 45 ndash Projeto para o loteamento do 1deg 2deg e 3deg Jardim de Boa Viagem com a localizaccedilatildeo em vermelho dos espaccedilos destinados ao uso comunitaacuterio sendo previsto uma igreja e um mercado puacuteblico e em verde os espaccedilos destinados agraves aacutereas verdes p 67
Figura 46 ndash Cartatildeo Postal Edicard do Bairro de Boa Viagem na deacutecada de 70 No alto indica-se o Hotel Boa Viagem e a Praccedila de Boa Viagem mais abaixo a Casa do Navio uma conhecida referecircncia na Avenida Boa Viagem pelos recifenses ateacute sua demoliccedilatildeo p 68
Figura 47 ndash Cartatildeo Postal Edicard da Praia e Avenida Boa Viagem na deacutecada de 70 p 68
Figura 48 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69
Figura 49 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69
Figura 410 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69
Figura 411 ndash Bairro de Boa Viagem na deacutecada de 70 Acima indica-se o bairro do Pina e o Edifiacutecio Califoacuternia localizado no 2deg Jardim de Boa Viagem No meio a Avenida Domingos Ferreira ainda em terra batida e natildeo finalizada ao encontrar-se com o mangue circundante dos braccedilos do Rio Pina Abaixo o Edifiacutecio Holiday p 70
Figura 412 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 70
Figura 413 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 70
Figura 414 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 71
Figura 415 ndash Demoliccedilatildeo do Hotel Boa Viagem e em seu lugar estaacute sendo erguido o Ed Maria Acircngela Lucena uma edificaccedilatildeo multifamiliar de gabarito alto com amplo nuacutemero de unidades habitacionais e de pavimentos mais um exemplar dos ldquoarranha ceacuteusrdquo residenciais de Boa Viagem p 71
Figura 416ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73
Figura 417 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73
Figura 418 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73
Figura 419 ndash Os pavimentos destinados agraves garagens dos edifiacutecios residenciais multifamiliares satildeo comumente chamados na construccedilatildeo civil de ldquobandejasrdquo enquanto as torres dos pavimentos tipos satildeo nomeadas de ldquolacircminasrdquo p 74
Figura 420 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 74
Figura 421 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 74
Figura 422 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 75
Figura 51 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1971 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash O mapa ilustra a propagaccedilatildeo sonora no iniacutecio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim p 83
Figura 52 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 84
Figura 53 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 - O mapa do iniacutecio da ocupaccedilatildeo urbana do 3deg Jardim apresentando um comportamento acuacutestico com caracteriacutesticas predominantes de propagaccedilatildeo sonora em campo livre sem a presenccedila significantes de obstaacuteculos que interfiram em seu percurso possibilitando um contiacutenuo decaimento sonoro em relaccedilatildeo agrave distacircncia como ilustram as setas indicativas em preto p 85
Figura 54 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 - O mapa do iniacutecio da ocupaccedilatildeo urbana do 3deg Jardim mostrando outra secccedilatildeo vertical contendo o mesmo comportamento acuacutestico com caracteriacutesticas predominantes de propagaccedilatildeo sonora em campo livre como ilustram as setas indicativas em preto p 85
Figura 55 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Por menor que seja sua presenccedila algumas edificaccedilotildees pontuais de gabarito meacutedio atuam como barreiras acuacutesticas espontacircneas constituindo obstaacuteculos que interferem na propagaccedilatildeo sonora como ilustram as setas indicativas em preto p 86
Figura 56 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash As edificaccedilotildees que atuam como barreiras acuacutesticas geram o fenocircmeno acuacutestico da difraccedilatildeo que propicia a criaccedilatildeo de aacutereas de sombra acuacutestica onde os niacuteveis de pressatildeo sonora equivalente satildeo mais baixos como ilustram as setas indicativas em preto p 86
Figura 57 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1981 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Nesta data houve o aumento no nuacutemero de ilhas de sombra e diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 p 87
Figura 58 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 88
Figura 59 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash Reduccedilatildeo da quantidade de campos acuacutesticos abertos e aumento no nuacutemero de edificaccedilotildees que atuam enquanto barreiras acuacutesticas favorecendo o aumento do nuacutemero de ilhas de sombra e da diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 como ilustram as setas indicativas em preto p 89
Figura 510 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 89
Figura 511 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Como ilustram as setas indicativas em preto o princiacutepio da verticalizaccedilatildeo no 3deg Jardim pode ter contribuiacutedo atraveacutes de uma melhor atuaccedilatildeo das novas edificaccedilotildees enquanto barreiras acuacutesticas para o aumento do nuacutemero de ilhas de sombra e da diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 p 90
Figura 512 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 90
Figura 513 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1997 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Em 1997 com um adensamento e verticalizaccedilatildeo ainda maior do que em 1981 houve o aumento tanto do nuacutemero das ilhas de sombra quanto nas sua aacutereas de abrangecircncia acarretando no melhor comportamento acuacutestico observado ateacute entatildeo entre os mapas elaborados p 95
Figura 514 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 96
Figura 515 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash A edificaccedilotildees propiciam muacuteltiplas reflexotildees a partir de suas fachadas expostas agraves fontes sonoras influenciando na propagaccedilatildeo da onda sonora de modo distinto ao que seria essa propagaccedilatildeo em campo livre conforme indicado nos mapas acuacutesticos p97
Figura 516 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 97
Figura 517 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 98
Figura 518 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 98
Figura 519 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash As edificaccedilotildees soacute geram muacuteltiplas reflexotildees a partir de suas fachadas expostas agraves fontes sonoras transpondo estas fachadas as edificaccedilotildees passam a atuar enquanto barreiras acuacutesticas para a onda sonora minimizando o ruiacutedo no interior das quadras como indica-se no mapa acuacutestico p 99
Figura 520 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 99
Figura 521 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 100
Figura 522 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 100
Figura 523 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 2009 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Em 2009 o adensamento das quadras diminuiu consideravelmente a presenccedila de ilhas de sombra acuacutestica p101
Figura 524 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 102
Figura 525 e 526 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash As ilhas de sombra em 1997 favoreciam as residecircncias unifamiliares e multifamiliares de gabarito baixo existentes que se situavam em seus interiores Em 2009 estas ilhas foram praticamente suprimidas pela presenccedila de pavimentos destinados as garagens das novas edificaccedilotildees verticais de gabarito alto como ilustram as setas em preto p103
Figura 527 e 528 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash Idem p 103
Figura 529 e 530 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash O contorno preto ilustra a modificaccedilatildeo da propagaccedilatildeo das ondas sonoras a partir da influecircncia do aumento da densidade das quadras e verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees Em 1971 a caracteriacutestica predominante assemelha-se a propagaccedilatildeo em campo livre Jaacute em 1981 percebem-se irregularidades no contorno devido a reflexotildees da onda sonora nas edificaccedilotildees p 104
Figura 531 e 532 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash 1997 apresentou o melhor comportamento acuacutestico entre os mapas elaborados Nesta data as edificaccedilotildees atuaram mais enquanto barreiras acuacutesticas do que como objetos reflexivos da onda sonora Jaacute em 2009 o aumento do adensamento e da verticalizaccedilatildeo possibilitou o excesso de muacuteltiplas reflexotildees nas fachadas das edificaccedilotildees como delineia o contorno extremamente irregular da propagaccedilatildeo sonora ilustrado na imagem abaixo p 104
Figura 533 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Apesar de proporcionar um aumento no niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em 2009 o adensamento e verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees tambeacutem trouxeram benefiacutecios pontuais na praccedila Walt Disney como ilustram as imagens as edificaccedilotildees atuaram como barreiras acuacutesticas reduzindo em relaccedilatildeo a 1997 o niacutevel de pressatildeo sonora equivalente que atinge as edificaccedilotildees de seu entorno Contudo p 105
Figura 534 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash as fachadas voltadas para esta reduccedilatildeo de niacutevel de pressatildeo sonora equivalente satildeo fachadas de serviccedilo pouco aproveitando esta reduccedilatildeo p 105
Figura 535ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim na situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash A situaccedilatildeo hipoteacutetica futura apresenta quadras muito mais adensadas do que nos anos anteriores reduzindo ainda mais a presenccedila de ilhas de sombra O pavimento representado no mapa eacute o destinado agraves garagens que ocupam praticamente todo o lote p 110
Figura 536 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem na situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 111
Figura 537 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash A transformaccedilatildeo da forma urbana tanto na situaccedilatildeo hipoteacutetica como ilustram as imagens quanto em 2009 quando esteve associada ao adensamento e a verticalizaccedilatildeo intensificou os fenocircmenos acuacutesticos ocorridos no meio urbano do 3deg Jardim de Boa Viagem p 112
Figura 538 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 112
Figura 539 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 113
Figura 540 ndash Plantas Baixas ndash A situaccedilatildeo hipoteacutetica futura seguida de perto pelo mapa de 2009 apresentou o pior comportamento acuacutestico do 3deg Jardim e o mapa de 1997 apresentou o melhor entre os mapas elaborados nesta pesquisa conforme ilustra a siacutentese abaixo p 113
Figura 541 ndash Graacutefico da performance acuacutestica considerando o ano x o niacutevel de pressatildeo sonora equivalente (Leq) ndash O Graacutefico apresenta as variaccedilotildees de niacuteveis de pressatildeo sonora de alguns pontos escolhidos aleatoriamente nos mapas acuacutesticos elaborados (Figura 541) Em 1997 as quedas das curvas de variaccedilatildeo do graacutefico corroboram a tendecircncia desta data ter apresentado o mapa acuacutestico com o melhor comportameno acuacutestico entre os mapas elaborados por esta pesquisa p 114
Figura 542 ndash Locaccedilatildeo dos pontos utilizados para elaboraccedilatildeo do graacutefico de performance acuacutestica p 114
Figura 543 ndash Graacutefico comparativo de niacuteveis de emissatildeo sonora permitidos ndash O graacutefico apresenta uma comparaccedilatildeo entre os niacuteveis de emissatildeo sonora permitidos em alguns paiacuteses entre a WHO ISO e ABNT e entre a Lei do silecircncio e o coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife O graacutefico evidencia que a cidade do Recife e o estado de Pernambuco praticam niacuteveis muito acima do recomendado por outras entidades normativas p 121
Figura 544 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde o fluxo de veiacuteculos seja o dobro do encontrado atualmente no 3deg Jardim de Boa Viagem (2009) apresentando altos niacuteveis de poluiccedilatildeo sonora p 122
Figura 545 a 548 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 122
Figura 549 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde seja implantado rodiacutezio de veiacuteculos com uma reduccedilatildeo de 30 do valor total do fluxo de veiacuteculos atualmente encontrado no 3deg Jardim de Boa Viagem (2009) p 123
Figura 550 a 553 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 123
Figura 554 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde seja implantado aleacutem do rodiacutezio de veiacuteculos com reduccedilatildeo de 30 no fluxo atual de veiacuteculos um corredor de transporte puacuteblico na Av Domingos Ferreira e restriccedilatildeo de traacutefego de veiacuteculos pesados apenas nesta via p 124
Figura 555 a 558 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 124
LISTA DE TABELAS
Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora p 35
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO
2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes____________
22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais_____________
3 CONSIDERACcedilOtildeES METODOLOacuteGICAS
31 3deg Jardim de Boa Viagem enquanto Estudo de Caso_________
32 Mapeamento Acuacutestico enquanto Instrumento de Pesquisa_
33 Procedimentos Metodoloacutegicos__________________________________
331 1deg Etapa Pesquisa Documental Primaacuteria e Secundaacuteria _____
332 2deg Etapa Pesquisa Piloto_____________________________________
333 3deg Etapa Estudo de Campo__________________________________
334 4deg Etapa mapeamento acuacutestico_____________________________
4 TRANSFORMACcedilOtildeES DO 3deg JARDIM E SUA RELACcedilAtildeO COM
O PROCESSO DE OCUPACcedilAtildeO DO BAIRRO DE BOA
VIAGEM
5 COMPORTAMENTO ACUacuteSTICO DO 3degJARDIM DE BOA
VIAGEM
51 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem a
partir das Modificaccedilotildees Cronoloacutegicas em sua Forma
Urbana______________________________________________________________
52 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem em
relaccedilatildeo ao Coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico
do Recife agrave ldquoLei do Silecircnciordquo e a outras Entidades
Normativas_________________________________________________________
53 Ausecircncia de Accedilotildees versus Presenccedila de Accedilotildees em Busca
de um Melhor Comportamento Acuacutestico para o 3deg Jardim
de Boa Viagem____________________________________________________
6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
7 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
128
134
115
107
81
80
65
60
59
56
55
55
52
49
46
31
22
22
17
CAPIacuteTULO 1
A pesquisa eacute talvez a arte de se criar dificuldades fecundas e de criaacute-las para os
outros Nos lugares onde havia coisas simples faz-se aparecer problemas
Pierre Bourdieu
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
17
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
1 INTRODUCcedilAtildeO
Um grito estridente lanccedilado em um meio urbano envolto nos ldquomais modernosrdquo e descomunais
arranha-ceacuteus desconfortavelmente ouvido nos mais remotos pavimentos de um deles foi agrave
centelha motivadora para as ideacuteias e discussotildees que permeiam esta pesquisa Este grito mal
recebido pelo receptor pode ser considerado uma das diversas formas da profusatildeo de ruiacutedos que
cada vez mais se tornam elementos onipresentes da vida contemporacircnea
Tal profusatildeo de ruiacutedos atualmente encontrados nos centros urbanos estaacute intimamente vinculada
ao crescimento acelerado das cidades que possibilitaram o aumento e uma maior concentraccedilatildeo da
populaccedilatildeo urbana acarretando em raacutepidas transformaccedilotildees no meio de propagaccedilatildeo do ruiacutedo
urbano aleacutem do aumento e uma maior concentraccedilatildeo dos diversos tipos de fontes sonoras que o
geram
Embora esteja estreitamente relacionado ao raacutepido desenvolvimento das cidades o ruiacutedo urbano
natildeo deve ser considerado como uma consequumlecircncia incidental da accedilatildeo humana em busca de
progresso e por isso inevitaacutevel tampouco toleraacutevel Ao contraacuterio deve ser entendido como uma
das consequumlecircncias prejudiciais deste desenvolvimento que pode causar diversos males fisioloacutegicos
e psicoloacutegicos ao citadino e assim sendo deve ser veementemente prevenido e mitigado
A fim de encontrar maneiras que possibilitem sua prevenccedilatildeo e mitigaccedilatildeo o ruiacutedo urbano pode
ser entendido como um sistema composto essencialmente pela fonte sonora ndash meio de propagaccedilatildeo ndash
receptor Dentre estas trecircs partes componentes do sistema o meio de propagaccedilatildeo pode ser
considerado como um dos menos investigados e onde as accedilotildees contra o ruiacutedo satildeo menos
concentradas (SINGAL 2005)
Esta inobservacircncia da importacircncia do meio urbano enquanto percurso de propagaccedilatildeo sonora
pode estar vinculada agrave dificuldade de intervir em meios de propagaccedilatildeo consolidados como satildeo
fundamentalmente os grandes centros urbanos Daiacute a relevacircncia em compreender a acuacutestica
urbana a partir de seu meio propagador pois uma vez consolidado o meio raras satildeo as
intervenccedilotildees possiacuteveis para minimizar o ruiacutedo urbano a partir desta parte componente do sistema
fonte ndash meio ndash receptor restando essencialmente accedilotildees preventivas
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
18
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Outro fator que evidencia o grande valor em compreender a acuacutestica urbana a partir de seu meio
de propagaccedilatildeo eacute o potencial que o meio urbano possui em influenciar a trajetoacuteria da propagaccedilatildeo
sonora Esta influecircncia acontece atraveacutes da forma que este meio apresenta ou seja a forma urbana
atraveacutes de seus elementos componentes e enquanto percurso de transmissatildeo delineia influencia e
determina em certa medida a trajetoacuteria de propagaccedilatildeo da onda sonora
Assim sendo a interaccedilatildeo entre os diversos elementos que compotildeem a forma urbana - o traccedilado e
perfis das vias o modo de implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as proporccedilotildees
densidade e maneira de ocupaccedilatildeo das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres ndash
contribui determinantemente para caracterizaccedilatildeo da propagaccedilatildeo sonora no meio urbano atraveacutes
de muacuteltiplas reflexotildees do espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave fonte geradora de
campos sonoros reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de aacutereas de sombra
Esta interaccedilatildeo entre os elementos da forma urbana e a propagaccedilatildeo sonora ocorre a partir da
diversidade e singularidade existente nos variados meios urbanos igualmente proporcionando os
mais particulares comportamentos acuacutesticos Isto eacute para cada meio urbano existem caracteriacutesticas
particulares inerentes agrave sua forma urbana que geram um comportamento acuacutestico igualmente
especiacutefico exclusivo e vinculado a esta forma urbana
Apesar deste atrelamento entre a acuacutestica urbana e a forma urbana esta relaccedilatildeo natildeo eacute
suficientemente pesquisada e quando eacute satildeo enfocadas prioritariamente situaccedilotildees presentes de
comportamento acuacutestico eou no maacuteximo hipoacuteteses futuras tambeacutem chamadas de prediccedilatildeo
acuacutestica Aleacutem disso natildeo foram encontradas referecircncias ateacute o presente momento de investigaccedilotildees
que priorizem a apreciaccedilatildeo da acuacutestica urbana e sua relaccedilatildeo com as modificaccedilotildees ao longo do tempo da
forma urbana
Isto posto considerando esta ausecircncia de pesquisas e considerando que para cada espaccedilo urbano
existe um comportamento de propagaccedilatildeo sonora especiacutefico o presente estudo se propocircs a
investigar o comportamento acuacutestico de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em sua forma urbana
Para isso admitiu-se que a propagaccedilatildeo de uma mesma fonte sonora em um mesmo espaccedilo urbano
que tenha sofrido ao longo de um processo cronoloacutegico modificaccedilotildees em sua forma urbana
implicaria em diferentes comportamentos em sua acuacutestica urbana para as diferentes datas deste
processo Esta suposiccedilatildeo possibilitou a anaacutelise do comportamento acuacutestico atraveacutes das
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
19
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
modificaccedilotildees cronoloacutegicas da forma urbana a partir da articulaccedilatildeo de trecircs variaacuteveis - a fonte sonora
a forma urbana e a acuacutestica urbana Estas variaacuteveis foram consideradas tendo o estudo de caso
enquanto estrateacutegia de pesquisa
O caso escolhido para esta investigaccedilatildeo foi o loteamento 3deg Jardim de Boa Viagem tanto por
representar uma parcela bem delimitada das raacutepidas e recentes transformaccedilotildees ocorridas na
forma urbana do bairro de Boa Viagem quanto por permitir ilustrar o comportamento acuacutestico
em um encadeamento evolutivo do iniacutecio de sua ocupaccedilatildeo recente ateacute os dias atuais
Para compor tal encadeamento evolutivo foram selecionados os anos de 1971 data escolhida por
caracterizar o princiacutepio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim 1981 e 1997 por representarem datas de
registro de fotografias aeacutereas do bairro de Boa Viagem existentes na base de dados da
CONDEPE-FIDEM Agecircncia Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco 2009 por
representar a realidade atualmente encontrada no 3deg Jardim e uma simulaccedilatildeo de situaccedilatildeo
hipoteacutetica futura de modificaccedilatildeo na forma urbana
Isto posto com o intuito de analisar o comportamento da acuacutestica urbana do 3deg Jardim de Boa
Viagem a partir de modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua forma urbana foram executados os
seguintes objetivos especiacuteficos (I) identificar as caracteriacutesticas configuraccedilotildees e transformaccedilotildees da
forma urbana ocorridas no 3deg Jardim de Boa Viagem nos anos de 1971 1981 1997 e 2009 a
partir de seu processo de ocupaccedilatildeo (II) elaborar mapas acuacutesticos dos niacuteveis atuais (2009) de
pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim (III) elaborar mapas acuacutesticos do 3deg Jardim nos anos de
1971 1981 1997 e de situaccedilatildeo hipoteacutetica futura a partir da consideraccedilatildeo dos niacuteveis atuais (2009)
de pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim
Em busca de expor sistematicamente seu desenvolvimento a presente investigaccedilatildeo foi
estruturada do seguinte modo
O presente capiacutetulo 1 introduz e antecipa brevemente a discussatildeo que seraacute realizada ao longo
desta pesquisa
O capiacutetulo 2 aborda dois aspectos principais O primeiro deles desenvolve o conceito de forma
urbana e seus elementos componentes a partir dos autores Joseacute Lamas (2004) Philippe Panerai
(2006) e Vicente Del Rio (1990) Busca elucidar que a apreensatildeo da forma urbana eacute complexa e
envolve diversificadas abordagens e enfoques sociais econocircmicos histoacutericos e culturais para
entatildeo indicar que a presente pesquisa lanccedilaraacute um olhar para a forma urbana essencialmente a
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
20
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
partir de seu aspecto fiacutesico e material recorte necessaacuterio para a anaacutelise do comportamento
acuacutestico urbano
O segundo aspecto abordado no capiacutetulo 2 diz respeito agrave definiccedilatildeo teoacuterica do conceito da
acuacutestica urbana e de suas diversificadas implicaccedilotildees e interfaces quando o som eacute propagado em
meio urbano Busca evidenciar os fenocircmenos que ocorrem a partir da interaccedilatildeo entre a forma
urbana e a acuacutestica urbana indicando que a influecircncia da forma urbana eacute determinante para o
comportamento da acuacutestica urbana
O capiacutetulo 3 eacute dedicado ao percurso investigativo desta pesquisa evidenciando sua metodologia e
procedimentos metodoloacutegicos apresentando o 3deg Jardim enquanto estudo de caso o
mapeamento acuacutestico enquanto instrumento de pesquisa e detalhando as etapas operacionais
deste estudo Este capiacutetulo evidencia ainda o processo de elaboraccedilatildeo dos modelos e mapas
acuacutesticos da forma urbana existente no 3deg Jardim em cada uma das datas estudadas aleacutem da
situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e discute o software Predictor utilizado para este mapeamento
O capiacutetulo 4 diz respeito ao processo de ocupaccedilatildeo do bairro de Boa Viagem e sua relaccedilatildeo com as
transformaccedilotildees urbanas ocorridas no 3deg Jardim Busca-se identificar as caracteriacutesticas
configuraccedilotildees e transformaccedilotildees ocorridas na forma urbana do 3deg Jardim que possibilitem o
entendimento cronoloacutegico destas modificaccedilotildees dando suporte a elaboraccedilatildeo e anaacutelise dos mapas
acuacutesticos
O capiacutetulo 5 analisa o comportamento da acuacutestica urbana identificado nos mapas acuacutesticos
elaborados do 3deg Jardim a partir das modificaccedilotildees ocorridas em sua forma urbana nos anos de
1971 1981 1997 e 2009 aleacutem de uma situaccedilatildeo hipoteacutetica futura (prediccedilatildeo acuacutestica) Neste capiacutetulo
discute-se ainda o comportamento do 3deg Jardim em relaccedilatildeo agrave legislaccedilatildeo municipal que regula as
emissotildees sonoras na cidade do Recife e no estado de Pernambuco e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis
recomendados por outras entidades normativas e indica-se possiacuteveis accedilotildees para melhoria no
comportamento acuacutestico do 3deg Jardim bem como as possiacuteveis consequumlecircncias acuacutesticas da
ausecircncia de tais accedilotildees
Por fim no capiacutetulo 6 satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais acerca do comportamento acuacutestico
do 3deg Jardim e satildeo indicados novos rumos de pesquisa a respeito da acuacutestica urbana
CAPIacuteTULO 2
A arquitetura eacute uma muacutesica petrificada
Arthur Schopenhauer
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
22
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
Analisar o comportamento da acuacutestica urbana ainda que a partir das modificaccedilotildees da forma
urbana faz com que esta pesquisa trate essencialmente da acuacutestica urbana No entanto este
comportamento esta sujeito aos diversificados modos de apreensatildeo da forma urbana e de seus
elementos componentes bem como ao modo como esta pesquisa os consideraraacute
Assim sendo o primeiro item deste capiacutetulo expotildee o conceito de forma urbana e de algumas de
suas relaccedilotildees discutido agrave luz de LAMAS (2004) de PANERAI (2006) e DEL RIO (1990)
indicando em seguida o que esta pesquisa consideraraacute como forma urbana
Certamente discussatildeo em torno da produccedilatildeo de outros autores poderia ser elaborada No
entanto o primeiro item deste capiacutetulo natildeo pretende representar uma revisatildeo bibliograacutefica acerca
do estudo da forma urbana e suas relaccedilotildees pretende sim construir uma discussatildeo em torno dos
trecircs autores selecionados que culmine no conceito de forma urbana que seraacute considerado por esta
pesquisa para possibilitar olhar para suas modificaccedilotildees cronoloacutegicas a fim de compreender o
comportamento da acuacutestica urbana
Apoacutes este delineamento no segundo item deste capiacutetulo discute-se a acuacutestica urbana e suas
relaccedilotildees conceituais com os diversos elementos e implicaccedilotildees da propagaccedilatildeo sonora em meio
urbano e como eles relacionam-se influenciando em seu comportamento
21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes
Segundo LAMAS (2004) estudar a forma urbana compreende examinar as configuraccedilotildees e as
estruturas exteriores de determinados objetos de suas formas interligando-as com os fenocircmenos
que lhes deram origem Assim sendo a forma urbana pode ser definida como sendo o
[] modo como se organizam os elementos morfoloacutegicos que constituem e definem o espaccedilo urbano relativamente agrave materializaccedilatildeo dos aspectos de
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
23
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas Fonte LAMAS 2004
organizaccedilatildeo funcional e quantitativa e dos aspectos qualitativos e figurativos (LAMAS 2004 p 44) 1
Dentre estes aspectos os quantitativos satildeo agravequeles da realidade urbana que podem ser
quantificaacuteveis tais como densidades superfiacutecies fluxos coeficientes volumeacutetricos entre outros
(Figura 21) os de organizaccedilatildeo funcional satildeo agravequeles que se relacionam com as atividades
humanas tais como habitar e trabalhar e agravequeles relacionados ao modo de uso especiacutefico de uma
aacuterea ndash residencial comercial industrial entre outros os qualitativos referem-se ao tratamento dos
espaccedilos ao conforto e a comodidade do utilizador tais como adaptaccedilatildeo ao clima acessibilidade
estado da pavimentaccedilatildeo entre outros por fim os aspectos figurativos dizem respeito a
essencialmente a comunicaccedilatildeo esteacutetica (LAMAS 2004)
Pode-se considerar que ao olhar para forma urbana e em especiacutefico para suas modificaccedilotildees
cronoloacutegicas com o intuito de compreender o comportamento da acuacutestica urbana esta pesquisa
relaciona-se tanto aos aspectos qualitativos a partir do conforto acuacutestico dos receptores das
ondas sonoras em meio urbano quanto aos
aspectos quantitativos uma vez que este
comportamento acuacutestico em meio urbano eacute
quantificaacutevel em decibels (dB)
Embora estes aspectos envolvam grande parte
das singularidades inerentes a forma urbana
esta definiccedilatildeo parece ainda natildeo abarcar outras
particularidades sociais econocircmicas histoacutericas
e culturais igualmente envolvidas no
entendimento da concepccedilatildeo da forma urbana
isto eacute resta ainda a consideraccedilatildeo de que esta
forma urbana natildeo acontece
independentemente dos grupos sociais que a
produzem (PANERAI 2006)
Satildeo essencialmente estas particularidades que
impulsionam ou amortecem a transformaccedilatildeo
1 Para todas as citaccedilotildees deste autor natildeo seratildeo consideradas adaptaccedilotildees na liacutengua do paiacutes de origem - Portugal - permanecendo o texto original
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
24
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
dos elementos que compotildeem a forma urbana ndash a adiccedilatildeo de novos de traccedilados a um jaacute existente
ou sua superposiccedilatildeo seus conflitos o parcelamento de parques e ocupaccedilatildeo de espaccedilos livres a
renovaccedilatildeo da massa edificada seu lento adensamento e verticalizaccedilatildeo segundo uma especulaccedilatildeo
despretensiosa ou sua substituiccedilatildeo por vastos empreendimentos sob influecircncia de uma
especulaccedilatildeo bem mais expressiva (PANERAI 2006) isto eacute faz parte da apreensatildeo da forma
urbana uma complexidade que envolve um processo de acumulaccedilatildeo de enfoques e observaccedilotildees
sociais econocircmicas histoacutericas e culturais que englobam muito mais do que apenas sua forma
fiacutesica
Estas particularidades especialmente as sociais parecem um pouco mais delineadas nas
consideraccedilotildees feitas por DEL RIO (1990) que considera o espaccedilo urbano a partir da apropriaccedilatildeo
social que se faz dele estabelecendo que em relaccedilatildeo ao estudo da forma urbana a cidade pode
ser compreendida a partir de trecircs niacuteveis organizacionais o coletivo o comunitaacuterio e o individual
O niacutevel coletivo eacute regido sob uma loacutegica estruturadora percebida inconscientemente e
coletivamente e eacute composto pelos elementos2 do tecido que possuem uma permanecircncia maior ao
longo do tempo o niacutevel comunitaacuterio diz respeito aos elementos com significados especiais apenas
para um pequeno grupo da populaccedilatildeo como o bairro por exemplo jaacute o niacutevel individual expressa
significados individuais como a residecircncia e seu espaccedilo circundante e por seu caraacuteter individual eacute
o que apresenta maior rapidez nas modificaccedilotildees (DEL RIO 1990)
Mas LAMAS (2004) ao defender sua definiccedilatildeo para forma urbana natildeo soacute possuiacutea ciecircncia destas
outras particularidades explicitadas por PANERAI (2006) e DEL RIO (1990) ndash sociais
econocircmicas histoacutericas e culturais ndash envolvidas na concepccedilatildeo de forma urbana como optou em
natildeo apreciaacute-las
[] um primeiro grau de leitura da cidade eacute eminentemente fiacutesico-espacial e morfoloacutegico portanto especiacutefico da arquitectura e o uacutenico que permite evidenciar a diferenccedila entre este e outro espaccedilo entre esta e aquela forma e explicar as caracteriacutesticas de cada parte da cidade A estes se juntam outros niacuteveis de leitura que revelam diferentes conteuacutedos (histoacutericos econoacutemicos sociais e outros) Mas este conjunto de leituras soacute eacute possiacutevel porque a cidade existe como facto fiacutesico e material Todos os instrumentos de leitura lecircem o mesmo objecto ndash o espaccedilo fiacutesico a FORMA URBANA (LAMAS 2004 p 31 grifo do autor) Eacute fundamentalmente a dimensatildeo fiacutesica e morfoloacutegica da cidade que me preocupa [] (LAMAS 2004 p 31)
2 Estes elementos seratildeo discutidos em paraacutegrafos mais adiante
____________________________________________
ANAacuteLISE D
Na verdade esta opccedilatildeo em
urbana considerando-a essen
de seu aspecto fiacutesico e m
convenientemente ao obje
presente pesquisa analisar
da acuacutestica urbana a partir
cronoloacutegicas na forma urba
esta anaacutelise do compor
implica em uma apropriaccedil
fiacutesica e material destas modif
Certamente a busca pela ap
urbana envolve muito
simplesmente sua forma
como jaacute aclarado No entan
da anaacutelise proposta por
apreensatildeo em totalid
fundamentalmente necessaacuter
apropriaccedilatildeo da forma urban
material ou uma variaacutevel fiacutes
finalidade derradeira de
comportamento acuacutestico
modificaccedilotildees nesta forma
Ao entender a observaccedilatildeo
essencialmente em seu aspec
(2004) propocircs uma classifica
dimensotildees
bull A dimensatildeo setorial
refere-se agrave menor u
do espaccedilo urbano co
uma praccedila ou uma
ponto o observador
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 24 ndash A cidadeo texemplificada por meio da cidadLAMAS 2004
Figura 23 ndash O bairro a escala ucidade portuguesa de Tavira Fonte
Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na ca dimensatildeo setorial Fonte LAMA
em observar a forma
sencialmente a partir
material responde
bjetivo primeiro da
ar o comportamento
rtir de modificaccedilotildees
rbana uma vez que
ortamento acuacutestico
riaccedilatildeo genuinamente
dificaccedilotildees
apreensatildeo da forma
o mais do que
a fiacutesica e material
tanto para realizaccedilatildeo
or este estudo tal
alidade natildeo eacute
saacuteria o que torna a
bana quase um meio
l fiacutesica para atingir a
e compreensatildeo do
a partir de
atildeo da forma urbana
pecto fiacutesico LAMAS
icaccedilatildeo em escalas ou
ndash a escala da rua
r unidade ou porccedilatildeo
como por exemplo
a rua onde de um
dor pode abarcar a
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
25
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
territoacuterioa dimensatildeo territorial dade portuguesa de Tavira Fonte
a urbana exemplificada por meio da nte LAMAS 2004
na cidade portuguesa de Tavira ilustra MAS 2004
____________________________________________
ANAacuteLISE D
unidade espacial d
(Figura 22)
bull A dimensatildeo urbana ndash
corresponde agraves pa
identificaacuteveis como
exemplo onde a
elementos da forma
atraveacutes do movime
percursos (Figura 23
bull E por fim a dimensatildeo
da cidade diz respeito
diferentes formas
articulaccedilatildeo de bai
entre si Sua forma
distribuiccedilatildeo de eleme
das cidades em con
suporte geograacutefico d
a articulaccedilatildeo de
circulaccedilatildeo entre os
entre zonas habitacio
entre outras (Figura 2
Dentre estas dimensotildees a u
bairro desperta particular
pesquisa uma vez que o e
limites de observaccedilatildeo atraveacute
de movimentos poderaacute aba
significante de modificaccedilotildee
forma urbana de determina
compreender o comport
acuacutestica urbana
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 25 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do CONDEPE-FIDEM 1981
Figura 26 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do baorigens da cidade entrecortadoBarreto Fonte CONDEPE-FIDE
Figura 27 ndash Exemplos de diveredifiacutecios lotes quarteirotildees e vias eRecife Nesta imagem um recessencialmente por morros o AltoFIDEM 1981
de seu conjunto
ndash a escala do bairro
partes homogecircneas
mo os bairros por
a observaccedilatildeo dos
a urbana eacute realizada
imento e de vaacuterios
23)
nsatildeo territorial ndash a escala
eito agrave articulaccedilatildeo de
as urbanas da
bairros interligados
ma eacute definida pela
mentos estruturantes
onformidade com o
o do siacutetio tais como
e ruas e vias de
s diferentes bairros
cionais e comerciais
a 24)
a urbana ndash escala do
lar interesse desta
o entendimento dos
veacutes de certo nuacutemero
barcar uma amostra
otildees cronoloacutegicas na
inado local a fim de
ortamento de sua
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
26
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife o bairro de Boa Viagem Fonte
rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves do pela recente Avenida Dantas DEM 1981
versificadas concretizaccedilotildees entre os em diferentes bairros da cidade do
recorte de um bairro constituiacutedo lto do Mandu Fonte CONDEPE-
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
27
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
No entanto para apreender tal dimensatildeo devem-se conhecer e estabelecer quais elementos
miacutenimos da forma urbana que se relaciona com esta a dimensatildeo urbana e quais satildeo estes
elementos LAMAS (2004) propocircs onze elementos da forma urbana necessaacuterios para esta
apreensatildeo o solo (I) o edifiacutecio (II) o lote (III) o logradouro (IV) o quarteiratildeo (V) o traccediladoa
rua(VI) a praccedila (VII) a fachada (VIII) o monumento (IX) a vegetaccedilatildeo (X) e o mobiliaacuterio
urbano (XI) Dentre estes elementos seis possuem uma estreita relaccedilatildeo com esta pesquisa e
seratildeo expostos de acordo com consideraccedilotildees observadas por LAMAS 3 (2004) (Figuras 25 a 27)
O edifiacutecio representa o elemento miacutenimo identificaacutevel na observaccedilatildeo da forma urbana eacute atraveacutes
dele que se constitui o espaccedilo urbano e se organizam diferentes elementos tais como ruas praccedilas
avenidas entre outros Os edifiacutecios agrupam-se em diferentes tipos tanto em relaccedilatildeo a suas
formas quanto a suas funccedilotildees Estes elementos podem influenciar o comportamento da acuacutestica
urbana atuando enquanto objetos reflexivos da onda sonora e como barreiras acuacutesticas4
O lote representa o princiacutepio da relaccedilatildeo do edifiacutecio com o terreno A forma do lote eacute muitas
vezes condicionante da forma do edifiacutecio tornando-os vinculados por essecircncia o logradouro diz
respeito ao espaccedilo livres e natildeo construiacutedos no interior do lote aos quintais e jardins o quarteiratildeo
ou quadra pode ser considerado como o espaccedilo resultante entre o cruzamento de trecircs ou mais
vias podendo ser demarcado em vaacuterios lotes para a construccedilatildeo de edifiacutecios Juntos estes trecircs
elementos associados aos edifiacutecios podem propiciar uma maior ou menor permeabilidade
acuacutestica eou uma maior ou menor presenccedila de aacutereas de sombra no meio urbano
O traccedilado por meio das ruas ou vias eacute facilmente identificaacutevel no meio urbano Estaacute muitas vezes
condicionado ao siacutetio geograacutefico existente regula a disposiccedilatildeo dos edifiacutecios e quarteirotildees e
interliga os vaacuterios espaccedilos componentes da cidade e a cidade ao territoacuterio Normalmente o
traccedilado resiste agraves transformaccedilotildees na forma urbana por possuir um caraacuteter de permanecircncia natildeo
totalmente modificaacutevel O traccedilado engloba trajetoacuterias e caminhos que natildeo satildeo necessariamente
percorridos atraveacutes de automoacuteveis apesar disso estaacute em grande parte vinculado a uma das
principais fontes geradoras de ruiacutedo urbano ndash o traacutefego de veiacuteculos
3 Os outros elementos tambeacutem podem relacionar-se de diferentes maneiras com a acuacutestica urbana mas nem tanto com a presente pesquisa e por isso natildeo foram considerados 4 Todas as definiccedilotildees e conceitos acuacutesticos apresentados no presente item seratildeo elucidados no item seguinte 22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
28
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) Fonte PANERAI 2006
A praccedila eacute um espaccedilo de geometria variada
intencionalmente inserido no meio urbano
cuja relaccedilatildeo com o traccedilado e os edifiacutecios
tambeacutem eacute intencional evidenciada atraveacutes do
seu desenho e natildeo acidentais como
alargamento e confluecircncias do traccedilado Aleacutem
disso a praccedila eacute um lugar de encontro de
permanecircncia e de praacuteticas sociais
Acusticamente dependendo de suas
proporccedilotildees a propagaccedilatildeo sonora que envolve
uma praccedila pode apresentar um
comportamento que se assemelha a
propagaccedilatildeo sonora em campo livre
Estes elementos constituintes da forma urbana
conceituados por LAMAS (2004) podem ser
identificados sob um diferente invoacutelucro
conceitual mas com a mesma essecircncia no que
PANERAI (2006) definiu como sendo
conjuntos do tecido urbano
Aplicado agrave cidade o termo ldquotecidordquo evoca a continuidade e a renovaccedilatildeo a permanecircncia e a variaccedilatildeo Ele explica a constituiccedilatildeo das cidades antigas e responde as questotildees levantadas pelo estudo das urbanizaccedilotildees recentes Ele pressupotildee uma atenccedilatildeo tanto ao banal quanto ao excepcional tanto agraves ruas comuns e agraves edificaccedilotildees corriqueiras quanto agraves regulamentaccedilotildees e aos monumentos Dentre as muacuteltiplas definiccedilotildees de tecido urbano e sem desprezar suas qualidades escolhemos a mais simples O tecido urbano eacute constituiacutedo pela superposiccedilatildeo ou imbricaccedilatildeo de trecircs conjuntos a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees Essa definiccedilatildeo potildee em evidecircncia os elementos que permitem que as diferentes partes da cidade evoluam ao mesmo tempo em que satildeo mantidas a coesatildeo de conjunto e a clareza de sua estrutura (PANERAI 2006 p 77-78 grifo nosso) (Figura 28)
Ao contraacuterio de LAMAS (2004) que considera a praccedila como um elemento da forma urbana por
si soacute PANERAI (2006) discute as vias ou traccedilado inseridas em uma relaccedilatildeo em rede onde
tambeacutem satildeo considerados como partes constituintes os largos passeios praccedilas esplanadas cais
pontes rios canais margens praias todos compondo o espaccedilo puacuteblico Eacute atraveacutes desta rede
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
29
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua
organizaccedilatildeo local e territorial
Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o
domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios
quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente
o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da
forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo
Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao
espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo
vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os
edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila
sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto
Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute
bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus
elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma
essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo
objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles
- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)
Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno
relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar
definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento
5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
30
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109
O adensamento ocorre a partir de dois modos
essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do
preenchimento progressivo do espaccedilo urbano
e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa
por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)
A primeira forma de adensamento ocorre sem
a expansatildeo territorial por meio do
preenchimento progressivo de todas as
reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de
determinado meio urbano Eacute um
adensamento inserido em limitesbarreiras
preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como
uma via expressa irregularidades geograacuteficas
do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual
em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas
edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)
A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do
solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de
adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem
sua expansatildeo (PANERAI 2006)
Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como
se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado
meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da
acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o
adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de
objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica
Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o
edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados
por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
31
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias
dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta
pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a
partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo
exclusivamente
1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo
de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres
2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os
lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)
3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e
principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes
geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)
Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no
decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees
cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e
relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana
22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a
forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia
multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o
som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas
do conhecimento (Figura 210)
Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano
seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes
tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental
O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por
pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu
____________________________________________
ANAacuteLISE D
complexo padratildeo de ondas s
de ruiacutedo muacutesica fala
(BERGLUND et al 1999)
Esta definiccedilatildeo do som tend
a percepccedilatildeo do ouvido
conceito psicofiacutesico Fisicame
vibraccedilatildeo mecacircnica que
progressivamente atraveacutes de
gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN
Esta vibraccedilatildeo quando tran
que o rodeia nem sempre
aparelho auditivo humano
frequumlecircncia6 audiacutevel encontra
20 a 20000 Hz para um
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984
1982) Frequumlecircncias acima de
altas para respostas fisioloacuteg
chamadas de ultrasons Jaacute as
de 20 Hz satildeo chamadas de
detectaacuteveis pelo ouvido hum
prejudiciais agrave sua sauacutede7
1982 SOUSA 2004)
Fisicamente o som e o ruiacutedo
ambos se propagam em mei
detectados pelo ouvido hu
enquanto o som eacute utilizado
6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa
Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006
as sonoras eacute rotulado
ala entre outros
ndo como referecircncia
o humano eacute um
mente o som eacute uma
que se propaga
de um meio material
(SINGAL 2005)
transmitida ao meio
re eacute detectaacutevel pelo
ano cuja faixa de
tra-se no intervalo de
um jovem saudaacutevel
4 KINSLER et al
de 20000 Hz muito
loacutegicas auditivas satildeo
as frequumlecircncias abaixo
de infrasons e natildeo satildeo
umano contudo satildeo
(KINSLER et al
iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee
eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos
humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN
do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev
iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo
as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
32
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006
ontual e fonte sonora linear Fonte
otildees de pressatildeo ambiente
bos satildeo capazes de serem
EN 1995) No entanto
daacuteveis o ruiacutedo descreve
do e eacute medida em Hertz (Hz)
amento das estruturas cardiacuteacas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
33
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)
Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e
portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece
como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro
[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)
Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo
mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees
no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse
irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos
(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM
2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)
O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais
comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual
possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as
direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)
Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de
fontes pontuais dispostas linearmente cuja
emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta
linha sendo seu decaimento em campo livre
de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)
Quando propagadas no meio urbano a
combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas
ao percurso de transmissatildeo e ao receptor
constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
34
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
chamado de ruiacutedo ambiental (environmental
noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)
(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005
SOUSA 2004)
O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do
traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de
obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos
industriais de estabelecimentos comerciais e
de serviccedilos de sistemas de propaganda
volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-
estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982
NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)
Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais
como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes
nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade
populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos
extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se
a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES
2006)
Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o
ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A
necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade
existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis
normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a
populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano
8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
35
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006
Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg
1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes
Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes
procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO
2009)
NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
Niacutevel de Pressatildeo sonora
em dB(A)
Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS
Ambiente ou atividade
0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros
aacuterea de mata selvagem
30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite
50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse
auditivo Rua agitada um restaurante barulhento
70 a 90 Estressante e bastante
excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh
conversa a gritos
90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia
Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor
110 a 130
Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez
instantacircnea
Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock
130 a 140 Acima do limiar da dor
causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia
Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias
resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a
poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir
diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho
Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores
(NAGEM 2004)
Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave
Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do
12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
36
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do
sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do
Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da
cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias
tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da
Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)
Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da
LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos
com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos
submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e
do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a
accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave
conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte
geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)
Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos
de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em
documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da
Cidade do Recife (RECIFE 2000)
Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo
Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as
posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da
poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor
o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie
de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo
exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil
militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um
importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)
Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a
poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de
13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
37
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999
pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais
(BERGLUND et al1999)
Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que
atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua
(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do
ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio
urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram
em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da
populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes
geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et
al 2002) (Figura 214)
Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o
aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais
percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al
2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)
O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a
partir do ruiacutedo veicular que proveacutem
essencialmente do sistema de propulsatildeo do
motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo
aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso
(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da
relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as
configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido
a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de
acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a
presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de
pedestres etc a intensidade do fluxo de
veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os
veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de
14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
38
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita
terra batida) etc (SINGAL 2005)
Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo
comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas
implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo
do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo
para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e
pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS
2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma
interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana
Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto
por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego
seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no
proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de
certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e
forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e
largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser
acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica
O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde
acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo
acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)
O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia
de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio
urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou
nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o
espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de
suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de
pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
39
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007
Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido
pelo receptor diminui em funccedilatildeo da
duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15
Praccedilas parques e largos com grandes
dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias
vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas
uma de suas margens ou espaccedilos livres
urbanos de grandes dimensotildees caracterizam
alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos
No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras
sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o
seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente
sendo praticamente o mesmo em vaacuterias
posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre
uma saiacuteda para campo livre caracterizando o
fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura
217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)
Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser
reverberantes quando a onda sonora tarda a
encontrar o campo livre gerando um grande
nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes
quando a onda sonora encontra o campo livre
um pouco mais rapidamente do que no
reverberante gerando um nuacutemero menor mas
ainda grande de reflexotildees
15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
40
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007
No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado
reverberante possui comumente um perfil em
ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de
canyons urbanos que podem amplificar
consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das
vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas
geradas pelas fachadas paralelas das
edificaccedilotildees que circundam estas vias
(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste
tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora
natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre
a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico
aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos
elementos que compotildeem a forma urbana e
dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que
revestem as superfiacutecies refletoras18
(NIEMEYER 2007)
Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de
traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados
tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos
de espaccedilos acuacutesticos fechados
A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda
sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem
podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo
tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo
18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
41
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007
Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992
Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se
aos percursos da onda sonora gerados no
meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005
NIEMEYER 2007) A intensidade da
permeabilidade acuacutestica - mais ou menos
permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de
certos elementos urbanos de promover ou
conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais
como o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem
como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade
e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila
ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e
221)
A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda
com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o
conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a
qualquer objeto que possa ser considerado um
obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias
entre a fonte e o receptor (Figura 222)
(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES
2000) Ao bloquear o percurso direto entre a
fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser
absorvida eou refletida pela superfiacutecie da
barreira transmitida atraveacutes da barreira ou
difratada a partir do topo da barreira
(BARRON 2003 SINGAL 2005)
A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as
ondas sonoras sejam capazes de contornar
determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de
sombra acuacutestica que possui limites espaciais
variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte
____________________________________________
ANAacuteLISE D
sonora e de sua localizaccedilatilde
receptor que por sua vez
sonora difratada pelas borda
um decaimento maior do qu
campo livre (Figura 223) (N
1968 NIEMEYER 2007 PA
O uso de barreiras acuacutestic
EUA Japatildeo Austraacutelia e
reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do
pelo traacutefego rodoviaacuterio pa
(Figuras 224 a 226) (SIN
Brasil esta praacutetica ainda eacute inc
restringindo-se a poucos exe
caso da barreira acuacutestica no
Linha Amarela na cidade do
na Rodovia Bandeirantes co
de Satildeo Paulo a Campinas
Paulo (Figura 227) (MURGE
2004)
Embora a implantaccedilatildeo de b
esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do
rodoviaacuterio outros elemen
meio urbano situados ent
receptor atuam espontan
barreiras agrave propagaccedilatildeo sono
terreno com topografia i
muros edificaccedilotildees entr
edificaccedilotildees conjugadas da R
cidade do Recife ou aind
conjugadas em alguns trec
Atlacircntica no Rio de Janei
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap
Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C
Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2
Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest
Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN
accedilatildeo em relaccedilatildeo ao
ez recebe a energia
rdas da barreira com
que se estivesse em
(NEPOMUCENO
PAZ 2004)
ticas eacute comum nos
e na Europa para
do ruiacutedo produzido
para seus arredores
INGAL 2005) No
incipiente
exemplos como eacute o
no eixo rodoviaacuterio
o Rio de Janeiro e
conectando a cidade
s no estado de Satildeo
GEL 2007 SOUSA
e barreiras acuacutesticas
do ruiacutedo de traacutefego
entos inseridos no
entre a fonte e o
taneamente como
nora tais como um
irregular taludes
ntre outros As
a Rua da Aurora na
inda as edificaccedilotildees
trechos da Avenida
neiro por exemplo
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
42
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007
rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007
da Rodovia Bandeirantes no estado 2007
da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000
barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
43
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409
Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409
aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas
espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem
conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em
ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e
229)
A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e
da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a
interaccedilatildeo entre os diversos elementos que
compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis
das vias o modo de implantaccedilatildeo das
edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as
proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo
das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de
espaccedilos livres ndash contribui determinantemente
para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano
atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do
espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave
fonte geradora de campos sonoros
reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de
aacutereas de sombra
Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado
um sistema composto essencialmente pela fonte
sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e
KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto
percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de
propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares
apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo
da onda sonora no meio urbano
19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
44
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao
ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos
reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente
todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das
edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar
dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e
insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via
Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo
facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas
reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando
sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano
desejaacutevel aos seus receptores
Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as
distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de
propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades
bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento
acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano
Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se
comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica
urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana
Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos
investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento
RESUMO
O excesso de ruiacutedos atualmente encontrados nos centros urbanos estaacute intimamente vinculado ao crescimento acelerado das cidades Este crescimento suscitou o aumento e uma maior concentraccedilatildeo da populaccedilatildeo urbana acarretando em raacutepidas transformaccedilotildees no meio de propagaccedilatildeo do ruiacutedo aleacutem do aumento e concentraccedilatildeo dos diversos tipos de fontes sonoras que o geram Ocorre que a forma urbana ndash considerada a partir de seus aspectos fiacutesicos ou materiais ndash onde este ruiacutedo eacute gerado influencia em certa medida a trajetoacuteria de propagaccedilatildeo da onda sonora a interaccedilatildeo entre os diversos elementos que compotildeem esta forma urbana contribuiraacute para a caracterizaccedilatildeo do comportamento desta trajetoacuteria Assim para cada forma urbana especiacutefica existiraacute um comportamento acuacutestico igualmente especiacutefico exclusivo e vinculado a esta forma urbana Deste modo se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento proacuteprio de propagaccedilatildeo sonora a presente pesquisa propocircs-se a analisar o comportamento da acuacutestica urbana de um mesmo espaccedilo urbano a partir de modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua forma urbana Esta anaacutelise foi realizada considerando a articulaccedilatildeo de trecircs variaacuteveis - a fonte sonora a forma urbana e a acuacutestica urbana Admitiu-se que a propagaccedilatildeo de uma mesma fonte sonora em um mesmo espaccedilo urbano que tenha sofrido ao longo de um processo cronoloacutegico modificaccedilotildees em sua forma urbana implicaria em diferentes comportamentos em sua acuacutestica urbana para as diferentes datas deste processo Adotou-se como estudo de caso o loteamento 3deg Jardim de Boa Viagem (Recife-PE) sendo estudadas as modificaccedilotildees em sua forma urbana ocorridas nos anos de 1971 1981 1997 e 2009 aleacutem da elaboraccedilatildeo de uma situaccedilatildeo hipoteacutetica futura (prediccedilatildeo acuacutestica) Foram realizadas pesquisas documentais e estudos de campo para coleta de dados referentes agraves caracteriacutesticas da forma urbana do 3deg Jardim e para coleta de seus niacuteveis de pressatildeo sonora atuais Com estes dados foram calculados e gerados mapas acuacutesticos do 3deg Jardim utilizando o software Predictor para cada uma das datas pesquisadas e para a situaccedilatildeo hipoteacutetica futura Estes mapas foram analisados comparando seus comportamentos acuacutesticos entre si buscando compreender esse comportamento diante das modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua proacutepria forma urbana Os resultados deste estudo indicaram que a modificaccedilatildeo de um mesmo meio urbano possui potencial tanto para propiciar altos niacuteveis de ruiacutedo quanto para minimizaacute-los influenciando definitivamente no comportamento acuacutestico de determinado local Estes resultados confirmaram a relevacircncia em compreender a acuacutestica urbana a partir de seu meio propagador pois uma vez consolidado raras satildeo as intervenccedilotildees possiacuteveis na forma urbana para minimizar o ruiacutedo urbano por ela delineado
Palavras-chave planejamento urbano acuacutestica ruiacutedo urbano
ABSTRACT
The excessive noise currently found in urban centers is closely linked to the fast growth of the cities This development led to increased growth and concentration of urban population resulting in fast changes in the noise propagation path and increasing the variety of sources that generate it It turns out that the urban form - considered from their physical or material aspects - where this noise is produced influences in some extent the trajectory of sound wave propagation the interaction between the various elements that make up this urban form contributes to characterize this trajectory behavior Thus for each specific urban form there will be an acoustic behavior also specific exclusive and linked to this urban form Therefore if for each urban area there is a particular sound propagation behavior this research proposed to analyze the urban acoustics behavior of the same urban space from chronological changes in its urban form This analysis was performed considering the articulation of three variables - the sound source the urban form and the urban acoustics It was assumed that the propagation from the same source in the same urban area which has experienced over a chronological process changes in its urban form would imply different urban acoustics behaviors through years It was adopted as a case study the land subdivision 3deg Jardim de Boa Viagem (Recife-PE) being studied the changes in its urban form in the years of 1971 1981 1997 and 2009 besides the elaboration of a hypothetical future situation (acoustic prediction) It was carried out documentary research and field studies to collect data on the characteristics of the urban form of the 3deg Jardim and to collect their present sound pressure levels With these datawere calculated and generated acoustics maps of the 3deg Jardim for each of the years surveyed and for the hypothetical future situation using the Predictor software These maps were analyzed by comparing their acoustic behavior to each other seeking to comprehend this behavior towards the chronological changes in its urban form The results of this research indicated that the urban environment changes have the potential to provide high levels of noise as well as to minimize them definitely influencing the acoustic behavior of a particular site These results confirmed the relevance to understand the urban noise from its way of propagation since once consolidated very few interventions are possible in the urban form to minimize the urban noise outlined by it
Keywords urban planning acoustics urban noise
LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES
Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas p23
Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na cidade portuguesa de Tavira ilustra a dimensatildeo setorial p23
Figura 23 ndash O bairro a escala urbana exemplificada por meio da cidade portuguesa de Tavira p25
Figura 24 ndash A cidadeo territoacuterioa dimensatildeo territorial exemplificada por meio da cidade portuguesa de Tavira p25
Figura 25 ndash Exemplos de diversificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios lotes quarteirotildees e vias em diferentes bairros da cidade do Recife Nesta imagem um recorte do bairro de Boa Viagem p26
Figura 26 ndash Exemplos de diversificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios lotes quarteirotildees e vias em diferentes bairros da cidade do Recife Nesta imagem um recorte do bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves origens da cidade entrecortado pela recente Avenida Dantas Barreto p 26
Figura 27 ndash Exemplos de diversificadas concretizaccedilotildees entre os edifiacutecios lotes quarteirotildees e vias em diferentes bairros da cidade do Recife Nesta imagem um recorte de um bairro constituiacutedo essencialmente por morros o Alto do Mandu p26
Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) p 28
Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores p30
Figura 210 ndash Interfaces multidisciplinares do estudo do som p 32
Figura 211 ndash Fonte sonora pontual e fonte sonora linear p32
Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia p 33
Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia p 24
Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo p 37
Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto p39
Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo p 39
Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana p39
Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos p 40
Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano p 41
Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem p 41
Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem p 41
Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor p 41
Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da onda sonora a partir de uma barreira gerando uma aacuterea de sombra acuacutestica p 42
Figura 224 ndash Agrave esquerda barreira acuacutestica curva em concreto e acriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreira acuacutestica metaacutelica na estrada entre Paacutedua e Veneza na Itaacutelia p 42
Figura 225 ndash Agrave esquerda barreira acuacutestica metaacutelica instalada proacuteximo a Zurique Agrave direita barreira acuacutestica em concreto e acriacutelico tambeacutem na Suiacuteccedila p 42
Figura 226 ndash Barreiras instaladas ao longo de via expressa elevada em aacuterea residencial de Toacutequio Japatildeo p 42
Figura 227 ndash Barreira acuacutestica da Rodovia Bandeirantes no estado de Satildeo Paulo p 42
Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo p 43
Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo p 43
Figura 31 ndash Relaccedilatildeo das variaacuteveis de pesquisa p 48
Figura 32 - Localizaccedilatildeo geograacutefica do 3deg Jardim de Boa Viagem p 50
Figura 33 - Ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim em 1971 com diversos lotes natildeo ocupados e vias ainda natildeo construiacutedas como a Av Eng Domingos ferreira p 50
Figura 34 - Delimitaccedilatildeo da aacuterea de estudo em azul o 3deg Jardim p 52
Figura 35 - Mapa acuacutestico da Universidade Estadual de Campinas com representaccedilatildeo dos niacuteveis sonoros por pontos em gradaccedilatildeo de cores p 53
Figura 36 - Mapa acuacutestico com representaccedilatildeo dos niacuteveis sonoros por linhas da cidade de Goumlteborg Sueacutecia p 53
Figura 37 - Mapa acuacutestico utilizado na reurbanizaccedilatildeo do centro de Seoul Korea p 53
Figura 38 ndash Acima localizaccedilatildeo de estaccedilotildees de monitoramento de ruiacutedo em Taiwan abaixo distribuiccedilatildeo de ruiacutedo em Taiwan no veratildeo nos turnos da manhatilde tarde e noite p 54
Figura 39 - Violaccedilotildees da legislaccedilatildeo de ruiacutedo em Taiwan nos turnos da manhatilde tarde e noite p 54
Figura 310 - Delimitaccedilatildeo da aacuterea em azul do estudo piloto no 3deg Jardim de Boa Viagem p 57
Figura 311 ndash Mapa acuacutestico de parte do 3deg Jardim de Boa Viagem da pesquisa piloto realizada em Maio de 2009 no LAAICA-UFPR p 57
Figura 312 ndash Locaccedilatildeo dos pontos de mediccedilatildeo em azul e malha guia em amarelo p 59
Figura 313 ndash Locaccedilatildeo dos grids verticais em azul seccionando edificaccedilotildees e evitando espaccedilos livres p 63
Figura 41 ndash Avenida Boa Viagem nas proximidades da Praccedila de Boa Viagem no iniacutecio de sua urbanizaccedilatildeo p 65
Figura 42 ndash Avenida Boa Viagem no iniacutecio de sua urbanizaccedilatildeo p65
Figura 43 ndash Vista aeacuterea do bairro de Boa Viagem nos anos 50 p 65
Figura 44 ndash Edifiacutecio Califoacuternia em 1959 construiacutedo no 2deg Jardim de Boa Viagem p 67
Figura 45 ndash Projeto para o loteamento do 1deg 2deg e 3deg Jardim de Boa Viagem com a localizaccedilatildeo em vermelho dos espaccedilos destinados ao uso comunitaacuterio sendo previsto uma igreja e um mercado puacuteblico e em verde os espaccedilos destinados agraves aacutereas verdes p 67
Figura 46 ndash Cartatildeo Postal Edicard do Bairro de Boa Viagem na deacutecada de 70 No alto indica-se o Hotel Boa Viagem e a Praccedila de Boa Viagem mais abaixo a Casa do Navio uma conhecida referecircncia na Avenida Boa Viagem pelos recifenses ateacute sua demoliccedilatildeo p 68
Figura 47 ndash Cartatildeo Postal Edicard da Praia e Avenida Boa Viagem na deacutecada de 70 p 68
Figura 48 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69
Figura 49 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69
Figura 410 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69
Figura 411 ndash Bairro de Boa Viagem na deacutecada de 70 Acima indica-se o bairro do Pina e o Edifiacutecio Califoacuternia localizado no 2deg Jardim de Boa Viagem No meio a Avenida Domingos Ferreira ainda em terra batida e natildeo finalizada ao encontrar-se com o mangue circundante dos braccedilos do Rio Pina Abaixo o Edifiacutecio Holiday p 70
Figura 412 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 70
Figura 413 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 70
Figura 414 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 71
Figura 415 ndash Demoliccedilatildeo do Hotel Boa Viagem e em seu lugar estaacute sendo erguido o Ed Maria Acircngela Lucena uma edificaccedilatildeo multifamiliar de gabarito alto com amplo nuacutemero de unidades habitacionais e de pavimentos mais um exemplar dos ldquoarranha ceacuteusrdquo residenciais de Boa Viagem p 71
Figura 416ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73
Figura 417 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73
Figura 418 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73
Figura 419 ndash Os pavimentos destinados agraves garagens dos edifiacutecios residenciais multifamiliares satildeo comumente chamados na construccedilatildeo civil de ldquobandejasrdquo enquanto as torres dos pavimentos tipos satildeo nomeadas de ldquolacircminasrdquo p 74
Figura 420 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 74
Figura 421 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 74
Figura 422 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 75
Figura 51 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1971 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash O mapa ilustra a propagaccedilatildeo sonora no iniacutecio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim p 83
Figura 52 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 84
Figura 53 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 - O mapa do iniacutecio da ocupaccedilatildeo urbana do 3deg Jardim apresentando um comportamento acuacutestico com caracteriacutesticas predominantes de propagaccedilatildeo sonora em campo livre sem a presenccedila significantes de obstaacuteculos que interfiram em seu percurso possibilitando um contiacutenuo decaimento sonoro em relaccedilatildeo agrave distacircncia como ilustram as setas indicativas em preto p 85
Figura 54 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 - O mapa do iniacutecio da ocupaccedilatildeo urbana do 3deg Jardim mostrando outra secccedilatildeo vertical contendo o mesmo comportamento acuacutestico com caracteriacutesticas predominantes de propagaccedilatildeo sonora em campo livre como ilustram as setas indicativas em preto p 85
Figura 55 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Por menor que seja sua presenccedila algumas edificaccedilotildees pontuais de gabarito meacutedio atuam como barreiras acuacutesticas espontacircneas constituindo obstaacuteculos que interferem na propagaccedilatildeo sonora como ilustram as setas indicativas em preto p 86
Figura 56 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash As edificaccedilotildees que atuam como barreiras acuacutesticas geram o fenocircmeno acuacutestico da difraccedilatildeo que propicia a criaccedilatildeo de aacutereas de sombra acuacutestica onde os niacuteveis de pressatildeo sonora equivalente satildeo mais baixos como ilustram as setas indicativas em preto p 86
Figura 57 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1981 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Nesta data houve o aumento no nuacutemero de ilhas de sombra e diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 p 87
Figura 58 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 88
Figura 59 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash Reduccedilatildeo da quantidade de campos acuacutesticos abertos e aumento no nuacutemero de edificaccedilotildees que atuam enquanto barreiras acuacutesticas favorecendo o aumento do nuacutemero de ilhas de sombra e da diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 como ilustram as setas indicativas em preto p 89
Figura 510 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 89
Figura 511 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Como ilustram as setas indicativas em preto o princiacutepio da verticalizaccedilatildeo no 3deg Jardim pode ter contribuiacutedo atraveacutes de uma melhor atuaccedilatildeo das novas edificaccedilotildees enquanto barreiras acuacutesticas para o aumento do nuacutemero de ilhas de sombra e da diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 p 90
Figura 512 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 90
Figura 513 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1997 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Em 1997 com um adensamento e verticalizaccedilatildeo ainda maior do que em 1981 houve o aumento tanto do nuacutemero das ilhas de sombra quanto nas sua aacutereas de abrangecircncia acarretando no melhor comportamento acuacutestico observado ateacute entatildeo entre os mapas elaborados p 95
Figura 514 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 96
Figura 515 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash A edificaccedilotildees propiciam muacuteltiplas reflexotildees a partir de suas fachadas expostas agraves fontes sonoras influenciando na propagaccedilatildeo da onda sonora de modo distinto ao que seria essa propagaccedilatildeo em campo livre conforme indicado nos mapas acuacutesticos p97
Figura 516 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 97
Figura 517 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 98
Figura 518 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 98
Figura 519 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash As edificaccedilotildees soacute geram muacuteltiplas reflexotildees a partir de suas fachadas expostas agraves fontes sonoras transpondo estas fachadas as edificaccedilotildees passam a atuar enquanto barreiras acuacutesticas para a onda sonora minimizando o ruiacutedo no interior das quadras como indica-se no mapa acuacutestico p 99
Figura 520 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 99
Figura 521 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 100
Figura 522 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 100
Figura 523 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 2009 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Em 2009 o adensamento das quadras diminuiu consideravelmente a presenccedila de ilhas de sombra acuacutestica p101
Figura 524 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 102
Figura 525 e 526 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash As ilhas de sombra em 1997 favoreciam as residecircncias unifamiliares e multifamiliares de gabarito baixo existentes que se situavam em seus interiores Em 2009 estas ilhas foram praticamente suprimidas pela presenccedila de pavimentos destinados as garagens das novas edificaccedilotildees verticais de gabarito alto como ilustram as setas em preto p103
Figura 527 e 528 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash Idem p 103
Figura 529 e 530 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash O contorno preto ilustra a modificaccedilatildeo da propagaccedilatildeo das ondas sonoras a partir da influecircncia do aumento da densidade das quadras e verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees Em 1971 a caracteriacutestica predominante assemelha-se a propagaccedilatildeo em campo livre Jaacute em 1981 percebem-se irregularidades no contorno devido a reflexotildees da onda sonora nas edificaccedilotildees p 104
Figura 531 e 532 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash 1997 apresentou o melhor comportamento acuacutestico entre os mapas elaborados Nesta data as edificaccedilotildees atuaram mais enquanto barreiras acuacutesticas do que como objetos reflexivos da onda sonora Jaacute em 2009 o aumento do adensamento e da verticalizaccedilatildeo possibilitou o excesso de muacuteltiplas reflexotildees nas fachadas das edificaccedilotildees como delineia o contorno extremamente irregular da propagaccedilatildeo sonora ilustrado na imagem abaixo p 104
Figura 533 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Apesar de proporcionar um aumento no niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em 2009 o adensamento e verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees tambeacutem trouxeram benefiacutecios pontuais na praccedila Walt Disney como ilustram as imagens as edificaccedilotildees atuaram como barreiras acuacutesticas reduzindo em relaccedilatildeo a 1997 o niacutevel de pressatildeo sonora equivalente que atinge as edificaccedilotildees de seu entorno Contudo p 105
Figura 534 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash as fachadas voltadas para esta reduccedilatildeo de niacutevel de pressatildeo sonora equivalente satildeo fachadas de serviccedilo pouco aproveitando esta reduccedilatildeo p 105
Figura 535ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim na situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash A situaccedilatildeo hipoteacutetica futura apresenta quadras muito mais adensadas do que nos anos anteriores reduzindo ainda mais a presenccedila de ilhas de sombra O pavimento representado no mapa eacute o destinado agraves garagens que ocupam praticamente todo o lote p 110
Figura 536 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem na situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 111
Figura 537 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash A transformaccedilatildeo da forma urbana tanto na situaccedilatildeo hipoteacutetica como ilustram as imagens quanto em 2009 quando esteve associada ao adensamento e a verticalizaccedilatildeo intensificou os fenocircmenos acuacutesticos ocorridos no meio urbano do 3deg Jardim de Boa Viagem p 112
Figura 538 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 112
Figura 539 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 113
Figura 540 ndash Plantas Baixas ndash A situaccedilatildeo hipoteacutetica futura seguida de perto pelo mapa de 2009 apresentou o pior comportamento acuacutestico do 3deg Jardim e o mapa de 1997 apresentou o melhor entre os mapas elaborados nesta pesquisa conforme ilustra a siacutentese abaixo p 113
Figura 541 ndash Graacutefico da performance acuacutestica considerando o ano x o niacutevel de pressatildeo sonora equivalente (Leq) ndash O Graacutefico apresenta as variaccedilotildees de niacuteveis de pressatildeo sonora de alguns pontos escolhidos aleatoriamente nos mapas acuacutesticos elaborados (Figura 541) Em 1997 as quedas das curvas de variaccedilatildeo do graacutefico corroboram a tendecircncia desta data ter apresentado o mapa acuacutestico com o melhor comportameno acuacutestico entre os mapas elaborados por esta pesquisa p 114
Figura 542 ndash Locaccedilatildeo dos pontos utilizados para elaboraccedilatildeo do graacutefico de performance acuacutestica p 114
Figura 543 ndash Graacutefico comparativo de niacuteveis de emissatildeo sonora permitidos ndash O graacutefico apresenta uma comparaccedilatildeo entre os niacuteveis de emissatildeo sonora permitidos em alguns paiacuteses entre a WHO ISO e ABNT e entre a Lei do silecircncio e o coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife O graacutefico evidencia que a cidade do Recife e o estado de Pernambuco praticam niacuteveis muito acima do recomendado por outras entidades normativas p 121
Figura 544 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde o fluxo de veiacuteculos seja o dobro do encontrado atualmente no 3deg Jardim de Boa Viagem (2009) apresentando altos niacuteveis de poluiccedilatildeo sonora p 122
Figura 545 a 548 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 122
Figura 549 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde seja implantado rodiacutezio de veiacuteculos com uma reduccedilatildeo de 30 do valor total do fluxo de veiacuteculos atualmente encontrado no 3deg Jardim de Boa Viagem (2009) p 123
Figura 550 a 553 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 123
Figura 554 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde seja implantado aleacutem do rodiacutezio de veiacuteculos com reduccedilatildeo de 30 no fluxo atual de veiacuteculos um corredor de transporte puacuteblico na Av Domingos Ferreira e restriccedilatildeo de traacutefego de veiacuteculos pesados apenas nesta via p 124
Figura 555 a 558 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 124
LISTA DE TABELAS
Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora p 35
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO
2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes____________
22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais_____________
3 CONSIDERACcedilOtildeES METODOLOacuteGICAS
31 3deg Jardim de Boa Viagem enquanto Estudo de Caso_________
32 Mapeamento Acuacutestico enquanto Instrumento de Pesquisa_
33 Procedimentos Metodoloacutegicos__________________________________
331 1deg Etapa Pesquisa Documental Primaacuteria e Secundaacuteria _____
332 2deg Etapa Pesquisa Piloto_____________________________________
333 3deg Etapa Estudo de Campo__________________________________
334 4deg Etapa mapeamento acuacutestico_____________________________
4 TRANSFORMACcedilOtildeES DO 3deg JARDIM E SUA RELACcedilAtildeO COM
O PROCESSO DE OCUPACcedilAtildeO DO BAIRRO DE BOA
VIAGEM
5 COMPORTAMENTO ACUacuteSTICO DO 3degJARDIM DE BOA
VIAGEM
51 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem a
partir das Modificaccedilotildees Cronoloacutegicas em sua Forma
Urbana______________________________________________________________
52 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem em
relaccedilatildeo ao Coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico
do Recife agrave ldquoLei do Silecircnciordquo e a outras Entidades
Normativas_________________________________________________________
53 Ausecircncia de Accedilotildees versus Presenccedila de Accedilotildees em Busca
de um Melhor Comportamento Acuacutestico para o 3deg Jardim
de Boa Viagem____________________________________________________
6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
7 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
128
134
115
107
81
80
65
60
59
56
55
55
52
49
46
31
22
22
17
CAPIacuteTULO 1
A pesquisa eacute talvez a arte de se criar dificuldades fecundas e de criaacute-las para os
outros Nos lugares onde havia coisas simples faz-se aparecer problemas
Pierre Bourdieu
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
17
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
1 INTRODUCcedilAtildeO
Um grito estridente lanccedilado em um meio urbano envolto nos ldquomais modernosrdquo e descomunais
arranha-ceacuteus desconfortavelmente ouvido nos mais remotos pavimentos de um deles foi agrave
centelha motivadora para as ideacuteias e discussotildees que permeiam esta pesquisa Este grito mal
recebido pelo receptor pode ser considerado uma das diversas formas da profusatildeo de ruiacutedos que
cada vez mais se tornam elementos onipresentes da vida contemporacircnea
Tal profusatildeo de ruiacutedos atualmente encontrados nos centros urbanos estaacute intimamente vinculada
ao crescimento acelerado das cidades que possibilitaram o aumento e uma maior concentraccedilatildeo da
populaccedilatildeo urbana acarretando em raacutepidas transformaccedilotildees no meio de propagaccedilatildeo do ruiacutedo
urbano aleacutem do aumento e uma maior concentraccedilatildeo dos diversos tipos de fontes sonoras que o
geram
Embora esteja estreitamente relacionado ao raacutepido desenvolvimento das cidades o ruiacutedo urbano
natildeo deve ser considerado como uma consequumlecircncia incidental da accedilatildeo humana em busca de
progresso e por isso inevitaacutevel tampouco toleraacutevel Ao contraacuterio deve ser entendido como uma
das consequumlecircncias prejudiciais deste desenvolvimento que pode causar diversos males fisioloacutegicos
e psicoloacutegicos ao citadino e assim sendo deve ser veementemente prevenido e mitigado
A fim de encontrar maneiras que possibilitem sua prevenccedilatildeo e mitigaccedilatildeo o ruiacutedo urbano pode
ser entendido como um sistema composto essencialmente pela fonte sonora ndash meio de propagaccedilatildeo ndash
receptor Dentre estas trecircs partes componentes do sistema o meio de propagaccedilatildeo pode ser
considerado como um dos menos investigados e onde as accedilotildees contra o ruiacutedo satildeo menos
concentradas (SINGAL 2005)
Esta inobservacircncia da importacircncia do meio urbano enquanto percurso de propagaccedilatildeo sonora
pode estar vinculada agrave dificuldade de intervir em meios de propagaccedilatildeo consolidados como satildeo
fundamentalmente os grandes centros urbanos Daiacute a relevacircncia em compreender a acuacutestica
urbana a partir de seu meio propagador pois uma vez consolidado o meio raras satildeo as
intervenccedilotildees possiacuteveis para minimizar o ruiacutedo urbano a partir desta parte componente do sistema
fonte ndash meio ndash receptor restando essencialmente accedilotildees preventivas
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
18
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Outro fator que evidencia o grande valor em compreender a acuacutestica urbana a partir de seu meio
de propagaccedilatildeo eacute o potencial que o meio urbano possui em influenciar a trajetoacuteria da propagaccedilatildeo
sonora Esta influecircncia acontece atraveacutes da forma que este meio apresenta ou seja a forma urbana
atraveacutes de seus elementos componentes e enquanto percurso de transmissatildeo delineia influencia e
determina em certa medida a trajetoacuteria de propagaccedilatildeo da onda sonora
Assim sendo a interaccedilatildeo entre os diversos elementos que compotildeem a forma urbana - o traccedilado e
perfis das vias o modo de implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as proporccedilotildees
densidade e maneira de ocupaccedilatildeo das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres ndash
contribui determinantemente para caracterizaccedilatildeo da propagaccedilatildeo sonora no meio urbano atraveacutes
de muacuteltiplas reflexotildees do espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave fonte geradora de
campos sonoros reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de aacutereas de sombra
Esta interaccedilatildeo entre os elementos da forma urbana e a propagaccedilatildeo sonora ocorre a partir da
diversidade e singularidade existente nos variados meios urbanos igualmente proporcionando os
mais particulares comportamentos acuacutesticos Isto eacute para cada meio urbano existem caracteriacutesticas
particulares inerentes agrave sua forma urbana que geram um comportamento acuacutestico igualmente
especiacutefico exclusivo e vinculado a esta forma urbana
Apesar deste atrelamento entre a acuacutestica urbana e a forma urbana esta relaccedilatildeo natildeo eacute
suficientemente pesquisada e quando eacute satildeo enfocadas prioritariamente situaccedilotildees presentes de
comportamento acuacutestico eou no maacuteximo hipoacuteteses futuras tambeacutem chamadas de prediccedilatildeo
acuacutestica Aleacutem disso natildeo foram encontradas referecircncias ateacute o presente momento de investigaccedilotildees
que priorizem a apreciaccedilatildeo da acuacutestica urbana e sua relaccedilatildeo com as modificaccedilotildees ao longo do tempo da
forma urbana
Isto posto considerando esta ausecircncia de pesquisas e considerando que para cada espaccedilo urbano
existe um comportamento de propagaccedilatildeo sonora especiacutefico o presente estudo se propocircs a
investigar o comportamento acuacutestico de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em sua forma urbana
Para isso admitiu-se que a propagaccedilatildeo de uma mesma fonte sonora em um mesmo espaccedilo urbano
que tenha sofrido ao longo de um processo cronoloacutegico modificaccedilotildees em sua forma urbana
implicaria em diferentes comportamentos em sua acuacutestica urbana para as diferentes datas deste
processo Esta suposiccedilatildeo possibilitou a anaacutelise do comportamento acuacutestico atraveacutes das
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
19
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
modificaccedilotildees cronoloacutegicas da forma urbana a partir da articulaccedilatildeo de trecircs variaacuteveis - a fonte sonora
a forma urbana e a acuacutestica urbana Estas variaacuteveis foram consideradas tendo o estudo de caso
enquanto estrateacutegia de pesquisa
O caso escolhido para esta investigaccedilatildeo foi o loteamento 3deg Jardim de Boa Viagem tanto por
representar uma parcela bem delimitada das raacutepidas e recentes transformaccedilotildees ocorridas na
forma urbana do bairro de Boa Viagem quanto por permitir ilustrar o comportamento acuacutestico
em um encadeamento evolutivo do iniacutecio de sua ocupaccedilatildeo recente ateacute os dias atuais
Para compor tal encadeamento evolutivo foram selecionados os anos de 1971 data escolhida por
caracterizar o princiacutepio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim 1981 e 1997 por representarem datas de
registro de fotografias aeacutereas do bairro de Boa Viagem existentes na base de dados da
CONDEPE-FIDEM Agecircncia Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco 2009 por
representar a realidade atualmente encontrada no 3deg Jardim e uma simulaccedilatildeo de situaccedilatildeo
hipoteacutetica futura de modificaccedilatildeo na forma urbana
Isto posto com o intuito de analisar o comportamento da acuacutestica urbana do 3deg Jardim de Boa
Viagem a partir de modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua forma urbana foram executados os
seguintes objetivos especiacuteficos (I) identificar as caracteriacutesticas configuraccedilotildees e transformaccedilotildees da
forma urbana ocorridas no 3deg Jardim de Boa Viagem nos anos de 1971 1981 1997 e 2009 a
partir de seu processo de ocupaccedilatildeo (II) elaborar mapas acuacutesticos dos niacuteveis atuais (2009) de
pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim (III) elaborar mapas acuacutesticos do 3deg Jardim nos anos de
1971 1981 1997 e de situaccedilatildeo hipoteacutetica futura a partir da consideraccedilatildeo dos niacuteveis atuais (2009)
de pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim
Em busca de expor sistematicamente seu desenvolvimento a presente investigaccedilatildeo foi
estruturada do seguinte modo
O presente capiacutetulo 1 introduz e antecipa brevemente a discussatildeo que seraacute realizada ao longo
desta pesquisa
O capiacutetulo 2 aborda dois aspectos principais O primeiro deles desenvolve o conceito de forma
urbana e seus elementos componentes a partir dos autores Joseacute Lamas (2004) Philippe Panerai
(2006) e Vicente Del Rio (1990) Busca elucidar que a apreensatildeo da forma urbana eacute complexa e
envolve diversificadas abordagens e enfoques sociais econocircmicos histoacutericos e culturais para
entatildeo indicar que a presente pesquisa lanccedilaraacute um olhar para a forma urbana essencialmente a
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
20
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
partir de seu aspecto fiacutesico e material recorte necessaacuterio para a anaacutelise do comportamento
acuacutestico urbano
O segundo aspecto abordado no capiacutetulo 2 diz respeito agrave definiccedilatildeo teoacuterica do conceito da
acuacutestica urbana e de suas diversificadas implicaccedilotildees e interfaces quando o som eacute propagado em
meio urbano Busca evidenciar os fenocircmenos que ocorrem a partir da interaccedilatildeo entre a forma
urbana e a acuacutestica urbana indicando que a influecircncia da forma urbana eacute determinante para o
comportamento da acuacutestica urbana
O capiacutetulo 3 eacute dedicado ao percurso investigativo desta pesquisa evidenciando sua metodologia e
procedimentos metodoloacutegicos apresentando o 3deg Jardim enquanto estudo de caso o
mapeamento acuacutestico enquanto instrumento de pesquisa e detalhando as etapas operacionais
deste estudo Este capiacutetulo evidencia ainda o processo de elaboraccedilatildeo dos modelos e mapas
acuacutesticos da forma urbana existente no 3deg Jardim em cada uma das datas estudadas aleacutem da
situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e discute o software Predictor utilizado para este mapeamento
O capiacutetulo 4 diz respeito ao processo de ocupaccedilatildeo do bairro de Boa Viagem e sua relaccedilatildeo com as
transformaccedilotildees urbanas ocorridas no 3deg Jardim Busca-se identificar as caracteriacutesticas
configuraccedilotildees e transformaccedilotildees ocorridas na forma urbana do 3deg Jardim que possibilitem o
entendimento cronoloacutegico destas modificaccedilotildees dando suporte a elaboraccedilatildeo e anaacutelise dos mapas
acuacutesticos
O capiacutetulo 5 analisa o comportamento da acuacutestica urbana identificado nos mapas acuacutesticos
elaborados do 3deg Jardim a partir das modificaccedilotildees ocorridas em sua forma urbana nos anos de
1971 1981 1997 e 2009 aleacutem de uma situaccedilatildeo hipoteacutetica futura (prediccedilatildeo acuacutestica) Neste capiacutetulo
discute-se ainda o comportamento do 3deg Jardim em relaccedilatildeo agrave legislaccedilatildeo municipal que regula as
emissotildees sonoras na cidade do Recife e no estado de Pernambuco e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis
recomendados por outras entidades normativas e indica-se possiacuteveis accedilotildees para melhoria no
comportamento acuacutestico do 3deg Jardim bem como as possiacuteveis consequumlecircncias acuacutesticas da
ausecircncia de tais accedilotildees
Por fim no capiacutetulo 6 satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais acerca do comportamento acuacutestico
do 3deg Jardim e satildeo indicados novos rumos de pesquisa a respeito da acuacutestica urbana
CAPIacuteTULO 2
A arquitetura eacute uma muacutesica petrificada
Arthur Schopenhauer
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
22
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
Analisar o comportamento da acuacutestica urbana ainda que a partir das modificaccedilotildees da forma
urbana faz com que esta pesquisa trate essencialmente da acuacutestica urbana No entanto este
comportamento esta sujeito aos diversificados modos de apreensatildeo da forma urbana e de seus
elementos componentes bem como ao modo como esta pesquisa os consideraraacute
Assim sendo o primeiro item deste capiacutetulo expotildee o conceito de forma urbana e de algumas de
suas relaccedilotildees discutido agrave luz de LAMAS (2004) de PANERAI (2006) e DEL RIO (1990)
indicando em seguida o que esta pesquisa consideraraacute como forma urbana
Certamente discussatildeo em torno da produccedilatildeo de outros autores poderia ser elaborada No
entanto o primeiro item deste capiacutetulo natildeo pretende representar uma revisatildeo bibliograacutefica acerca
do estudo da forma urbana e suas relaccedilotildees pretende sim construir uma discussatildeo em torno dos
trecircs autores selecionados que culmine no conceito de forma urbana que seraacute considerado por esta
pesquisa para possibilitar olhar para suas modificaccedilotildees cronoloacutegicas a fim de compreender o
comportamento da acuacutestica urbana
Apoacutes este delineamento no segundo item deste capiacutetulo discute-se a acuacutestica urbana e suas
relaccedilotildees conceituais com os diversos elementos e implicaccedilotildees da propagaccedilatildeo sonora em meio
urbano e como eles relacionam-se influenciando em seu comportamento
21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes
Segundo LAMAS (2004) estudar a forma urbana compreende examinar as configuraccedilotildees e as
estruturas exteriores de determinados objetos de suas formas interligando-as com os fenocircmenos
que lhes deram origem Assim sendo a forma urbana pode ser definida como sendo o
[] modo como se organizam os elementos morfoloacutegicos que constituem e definem o espaccedilo urbano relativamente agrave materializaccedilatildeo dos aspectos de
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
23
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas Fonte LAMAS 2004
organizaccedilatildeo funcional e quantitativa e dos aspectos qualitativos e figurativos (LAMAS 2004 p 44) 1
Dentre estes aspectos os quantitativos satildeo agravequeles da realidade urbana que podem ser
quantificaacuteveis tais como densidades superfiacutecies fluxos coeficientes volumeacutetricos entre outros
(Figura 21) os de organizaccedilatildeo funcional satildeo agravequeles que se relacionam com as atividades
humanas tais como habitar e trabalhar e agravequeles relacionados ao modo de uso especiacutefico de uma
aacuterea ndash residencial comercial industrial entre outros os qualitativos referem-se ao tratamento dos
espaccedilos ao conforto e a comodidade do utilizador tais como adaptaccedilatildeo ao clima acessibilidade
estado da pavimentaccedilatildeo entre outros por fim os aspectos figurativos dizem respeito a
essencialmente a comunicaccedilatildeo esteacutetica (LAMAS 2004)
Pode-se considerar que ao olhar para forma urbana e em especiacutefico para suas modificaccedilotildees
cronoloacutegicas com o intuito de compreender o comportamento da acuacutestica urbana esta pesquisa
relaciona-se tanto aos aspectos qualitativos a partir do conforto acuacutestico dos receptores das
ondas sonoras em meio urbano quanto aos
aspectos quantitativos uma vez que este
comportamento acuacutestico em meio urbano eacute
quantificaacutevel em decibels (dB)
Embora estes aspectos envolvam grande parte
das singularidades inerentes a forma urbana
esta definiccedilatildeo parece ainda natildeo abarcar outras
particularidades sociais econocircmicas histoacutericas
e culturais igualmente envolvidas no
entendimento da concepccedilatildeo da forma urbana
isto eacute resta ainda a consideraccedilatildeo de que esta
forma urbana natildeo acontece
independentemente dos grupos sociais que a
produzem (PANERAI 2006)
Satildeo essencialmente estas particularidades que
impulsionam ou amortecem a transformaccedilatildeo
1 Para todas as citaccedilotildees deste autor natildeo seratildeo consideradas adaptaccedilotildees na liacutengua do paiacutes de origem - Portugal - permanecendo o texto original
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
24
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
dos elementos que compotildeem a forma urbana ndash a adiccedilatildeo de novos de traccedilados a um jaacute existente
ou sua superposiccedilatildeo seus conflitos o parcelamento de parques e ocupaccedilatildeo de espaccedilos livres a
renovaccedilatildeo da massa edificada seu lento adensamento e verticalizaccedilatildeo segundo uma especulaccedilatildeo
despretensiosa ou sua substituiccedilatildeo por vastos empreendimentos sob influecircncia de uma
especulaccedilatildeo bem mais expressiva (PANERAI 2006) isto eacute faz parte da apreensatildeo da forma
urbana uma complexidade que envolve um processo de acumulaccedilatildeo de enfoques e observaccedilotildees
sociais econocircmicas histoacutericas e culturais que englobam muito mais do que apenas sua forma
fiacutesica
Estas particularidades especialmente as sociais parecem um pouco mais delineadas nas
consideraccedilotildees feitas por DEL RIO (1990) que considera o espaccedilo urbano a partir da apropriaccedilatildeo
social que se faz dele estabelecendo que em relaccedilatildeo ao estudo da forma urbana a cidade pode
ser compreendida a partir de trecircs niacuteveis organizacionais o coletivo o comunitaacuterio e o individual
O niacutevel coletivo eacute regido sob uma loacutegica estruturadora percebida inconscientemente e
coletivamente e eacute composto pelos elementos2 do tecido que possuem uma permanecircncia maior ao
longo do tempo o niacutevel comunitaacuterio diz respeito aos elementos com significados especiais apenas
para um pequeno grupo da populaccedilatildeo como o bairro por exemplo jaacute o niacutevel individual expressa
significados individuais como a residecircncia e seu espaccedilo circundante e por seu caraacuteter individual eacute
o que apresenta maior rapidez nas modificaccedilotildees (DEL RIO 1990)
Mas LAMAS (2004) ao defender sua definiccedilatildeo para forma urbana natildeo soacute possuiacutea ciecircncia destas
outras particularidades explicitadas por PANERAI (2006) e DEL RIO (1990) ndash sociais
econocircmicas histoacutericas e culturais ndash envolvidas na concepccedilatildeo de forma urbana como optou em
natildeo apreciaacute-las
[] um primeiro grau de leitura da cidade eacute eminentemente fiacutesico-espacial e morfoloacutegico portanto especiacutefico da arquitectura e o uacutenico que permite evidenciar a diferenccedila entre este e outro espaccedilo entre esta e aquela forma e explicar as caracteriacutesticas de cada parte da cidade A estes se juntam outros niacuteveis de leitura que revelam diferentes conteuacutedos (histoacutericos econoacutemicos sociais e outros) Mas este conjunto de leituras soacute eacute possiacutevel porque a cidade existe como facto fiacutesico e material Todos os instrumentos de leitura lecircem o mesmo objecto ndash o espaccedilo fiacutesico a FORMA URBANA (LAMAS 2004 p 31 grifo do autor) Eacute fundamentalmente a dimensatildeo fiacutesica e morfoloacutegica da cidade que me preocupa [] (LAMAS 2004 p 31)
2 Estes elementos seratildeo discutidos em paraacutegrafos mais adiante
____________________________________________
ANAacuteLISE D
Na verdade esta opccedilatildeo em
urbana considerando-a essen
de seu aspecto fiacutesico e m
convenientemente ao obje
presente pesquisa analisar
da acuacutestica urbana a partir
cronoloacutegicas na forma urba
esta anaacutelise do compor
implica em uma apropriaccedil
fiacutesica e material destas modif
Certamente a busca pela ap
urbana envolve muito
simplesmente sua forma
como jaacute aclarado No entan
da anaacutelise proposta por
apreensatildeo em totalid
fundamentalmente necessaacuter
apropriaccedilatildeo da forma urban
material ou uma variaacutevel fiacutes
finalidade derradeira de
comportamento acuacutestico
modificaccedilotildees nesta forma
Ao entender a observaccedilatildeo
essencialmente em seu aspec
(2004) propocircs uma classifica
dimensotildees
bull A dimensatildeo setorial
refere-se agrave menor u
do espaccedilo urbano co
uma praccedila ou uma
ponto o observador
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 24 ndash A cidadeo texemplificada por meio da cidadLAMAS 2004
Figura 23 ndash O bairro a escala ucidade portuguesa de Tavira Fonte
Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na ca dimensatildeo setorial Fonte LAMA
em observar a forma
sencialmente a partir
material responde
bjetivo primeiro da
ar o comportamento
rtir de modificaccedilotildees
rbana uma vez que
ortamento acuacutestico
riaccedilatildeo genuinamente
dificaccedilotildees
apreensatildeo da forma
o mais do que
a fiacutesica e material
tanto para realizaccedilatildeo
or este estudo tal
alidade natildeo eacute
saacuteria o que torna a
bana quase um meio
l fiacutesica para atingir a
e compreensatildeo do
a partir de
atildeo da forma urbana
pecto fiacutesico LAMAS
icaccedilatildeo em escalas ou
ndash a escala da rua
r unidade ou porccedilatildeo
como por exemplo
a rua onde de um
dor pode abarcar a
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
25
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
territoacuterioa dimensatildeo territorial dade portuguesa de Tavira Fonte
a urbana exemplificada por meio da nte LAMAS 2004
na cidade portuguesa de Tavira ilustra MAS 2004
____________________________________________
ANAacuteLISE D
unidade espacial d
(Figura 22)
bull A dimensatildeo urbana ndash
corresponde agraves pa
identificaacuteveis como
exemplo onde a
elementos da forma
atraveacutes do movime
percursos (Figura 23
bull E por fim a dimensatildeo
da cidade diz respeito
diferentes formas
articulaccedilatildeo de bai
entre si Sua forma
distribuiccedilatildeo de eleme
das cidades em con
suporte geograacutefico d
a articulaccedilatildeo de
circulaccedilatildeo entre os
entre zonas habitacio
entre outras (Figura 2
Dentre estas dimensotildees a u
bairro desperta particular
pesquisa uma vez que o e
limites de observaccedilatildeo atraveacute
de movimentos poderaacute aba
significante de modificaccedilotildee
forma urbana de determina
compreender o comport
acuacutestica urbana
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 25 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do CONDEPE-FIDEM 1981
Figura 26 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do baorigens da cidade entrecortadoBarreto Fonte CONDEPE-FIDE
Figura 27 ndash Exemplos de diveredifiacutecios lotes quarteirotildees e vias eRecife Nesta imagem um recessencialmente por morros o AltoFIDEM 1981
de seu conjunto
ndash a escala do bairro
partes homogecircneas
mo os bairros por
a observaccedilatildeo dos
a urbana eacute realizada
imento e de vaacuterios
23)
nsatildeo territorial ndash a escala
eito agrave articulaccedilatildeo de
as urbanas da
bairros interligados
ma eacute definida pela
mentos estruturantes
onformidade com o
o do siacutetio tais como
e ruas e vias de
s diferentes bairros
cionais e comerciais
a 24)
a urbana ndash escala do
lar interesse desta
o entendimento dos
veacutes de certo nuacutemero
barcar uma amostra
otildees cronoloacutegicas na
inado local a fim de
ortamento de sua
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
26
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife o bairro de Boa Viagem Fonte
rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves do pela recente Avenida Dantas DEM 1981
versificadas concretizaccedilotildees entre os em diferentes bairros da cidade do
recorte de um bairro constituiacutedo lto do Mandu Fonte CONDEPE-
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
27
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
No entanto para apreender tal dimensatildeo devem-se conhecer e estabelecer quais elementos
miacutenimos da forma urbana que se relaciona com esta a dimensatildeo urbana e quais satildeo estes
elementos LAMAS (2004) propocircs onze elementos da forma urbana necessaacuterios para esta
apreensatildeo o solo (I) o edifiacutecio (II) o lote (III) o logradouro (IV) o quarteiratildeo (V) o traccediladoa
rua(VI) a praccedila (VII) a fachada (VIII) o monumento (IX) a vegetaccedilatildeo (X) e o mobiliaacuterio
urbano (XI) Dentre estes elementos seis possuem uma estreita relaccedilatildeo com esta pesquisa e
seratildeo expostos de acordo com consideraccedilotildees observadas por LAMAS 3 (2004) (Figuras 25 a 27)
O edifiacutecio representa o elemento miacutenimo identificaacutevel na observaccedilatildeo da forma urbana eacute atraveacutes
dele que se constitui o espaccedilo urbano e se organizam diferentes elementos tais como ruas praccedilas
avenidas entre outros Os edifiacutecios agrupam-se em diferentes tipos tanto em relaccedilatildeo a suas
formas quanto a suas funccedilotildees Estes elementos podem influenciar o comportamento da acuacutestica
urbana atuando enquanto objetos reflexivos da onda sonora e como barreiras acuacutesticas4
O lote representa o princiacutepio da relaccedilatildeo do edifiacutecio com o terreno A forma do lote eacute muitas
vezes condicionante da forma do edifiacutecio tornando-os vinculados por essecircncia o logradouro diz
respeito ao espaccedilo livres e natildeo construiacutedos no interior do lote aos quintais e jardins o quarteiratildeo
ou quadra pode ser considerado como o espaccedilo resultante entre o cruzamento de trecircs ou mais
vias podendo ser demarcado em vaacuterios lotes para a construccedilatildeo de edifiacutecios Juntos estes trecircs
elementos associados aos edifiacutecios podem propiciar uma maior ou menor permeabilidade
acuacutestica eou uma maior ou menor presenccedila de aacutereas de sombra no meio urbano
O traccedilado por meio das ruas ou vias eacute facilmente identificaacutevel no meio urbano Estaacute muitas vezes
condicionado ao siacutetio geograacutefico existente regula a disposiccedilatildeo dos edifiacutecios e quarteirotildees e
interliga os vaacuterios espaccedilos componentes da cidade e a cidade ao territoacuterio Normalmente o
traccedilado resiste agraves transformaccedilotildees na forma urbana por possuir um caraacuteter de permanecircncia natildeo
totalmente modificaacutevel O traccedilado engloba trajetoacuterias e caminhos que natildeo satildeo necessariamente
percorridos atraveacutes de automoacuteveis apesar disso estaacute em grande parte vinculado a uma das
principais fontes geradoras de ruiacutedo urbano ndash o traacutefego de veiacuteculos
3 Os outros elementos tambeacutem podem relacionar-se de diferentes maneiras com a acuacutestica urbana mas nem tanto com a presente pesquisa e por isso natildeo foram considerados 4 Todas as definiccedilotildees e conceitos acuacutesticos apresentados no presente item seratildeo elucidados no item seguinte 22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
28
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) Fonte PANERAI 2006
A praccedila eacute um espaccedilo de geometria variada
intencionalmente inserido no meio urbano
cuja relaccedilatildeo com o traccedilado e os edifiacutecios
tambeacutem eacute intencional evidenciada atraveacutes do
seu desenho e natildeo acidentais como
alargamento e confluecircncias do traccedilado Aleacutem
disso a praccedila eacute um lugar de encontro de
permanecircncia e de praacuteticas sociais
Acusticamente dependendo de suas
proporccedilotildees a propagaccedilatildeo sonora que envolve
uma praccedila pode apresentar um
comportamento que se assemelha a
propagaccedilatildeo sonora em campo livre
Estes elementos constituintes da forma urbana
conceituados por LAMAS (2004) podem ser
identificados sob um diferente invoacutelucro
conceitual mas com a mesma essecircncia no que
PANERAI (2006) definiu como sendo
conjuntos do tecido urbano
Aplicado agrave cidade o termo ldquotecidordquo evoca a continuidade e a renovaccedilatildeo a permanecircncia e a variaccedilatildeo Ele explica a constituiccedilatildeo das cidades antigas e responde as questotildees levantadas pelo estudo das urbanizaccedilotildees recentes Ele pressupotildee uma atenccedilatildeo tanto ao banal quanto ao excepcional tanto agraves ruas comuns e agraves edificaccedilotildees corriqueiras quanto agraves regulamentaccedilotildees e aos monumentos Dentre as muacuteltiplas definiccedilotildees de tecido urbano e sem desprezar suas qualidades escolhemos a mais simples O tecido urbano eacute constituiacutedo pela superposiccedilatildeo ou imbricaccedilatildeo de trecircs conjuntos a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees Essa definiccedilatildeo potildee em evidecircncia os elementos que permitem que as diferentes partes da cidade evoluam ao mesmo tempo em que satildeo mantidas a coesatildeo de conjunto e a clareza de sua estrutura (PANERAI 2006 p 77-78 grifo nosso) (Figura 28)
Ao contraacuterio de LAMAS (2004) que considera a praccedila como um elemento da forma urbana por
si soacute PANERAI (2006) discute as vias ou traccedilado inseridas em uma relaccedilatildeo em rede onde
tambeacutem satildeo considerados como partes constituintes os largos passeios praccedilas esplanadas cais
pontes rios canais margens praias todos compondo o espaccedilo puacuteblico Eacute atraveacutes desta rede
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
29
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua
organizaccedilatildeo local e territorial
Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o
domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios
quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente
o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da
forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo
Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao
espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo
vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os
edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila
sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto
Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute
bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus
elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma
essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo
objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles
- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)
Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno
relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar
definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento
5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
30
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109
O adensamento ocorre a partir de dois modos
essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do
preenchimento progressivo do espaccedilo urbano
e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa
por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)
A primeira forma de adensamento ocorre sem
a expansatildeo territorial por meio do
preenchimento progressivo de todas as
reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de
determinado meio urbano Eacute um
adensamento inserido em limitesbarreiras
preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como
uma via expressa irregularidades geograacuteficas
do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual
em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas
edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)
A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do
solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de
adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem
sua expansatildeo (PANERAI 2006)
Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como
se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado
meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da
acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o
adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de
objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica
Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o
edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados
por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
31
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias
dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta
pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a
partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo
exclusivamente
1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo
de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres
2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os
lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)
3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e
principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes
geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)
Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no
decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees
cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e
relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana
22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a
forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia
multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o
som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas
do conhecimento (Figura 210)
Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano
seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes
tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental
O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por
pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu
____________________________________________
ANAacuteLISE D
complexo padratildeo de ondas s
de ruiacutedo muacutesica fala
(BERGLUND et al 1999)
Esta definiccedilatildeo do som tend
a percepccedilatildeo do ouvido
conceito psicofiacutesico Fisicame
vibraccedilatildeo mecacircnica que
progressivamente atraveacutes de
gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN
Esta vibraccedilatildeo quando tran
que o rodeia nem sempre
aparelho auditivo humano
frequumlecircncia6 audiacutevel encontra
20 a 20000 Hz para um
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984
1982) Frequumlecircncias acima de
altas para respostas fisioloacuteg
chamadas de ultrasons Jaacute as
de 20 Hz satildeo chamadas de
detectaacuteveis pelo ouvido hum
prejudiciais agrave sua sauacutede7
1982 SOUSA 2004)
Fisicamente o som e o ruiacutedo
ambos se propagam em mei
detectados pelo ouvido hu
enquanto o som eacute utilizado
6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa
Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006
as sonoras eacute rotulado
ala entre outros
ndo como referecircncia
o humano eacute um
mente o som eacute uma
que se propaga
de um meio material
(SINGAL 2005)
transmitida ao meio
re eacute detectaacutevel pelo
ano cuja faixa de
tra-se no intervalo de
um jovem saudaacutevel
4 KINSLER et al
de 20000 Hz muito
loacutegicas auditivas satildeo
as frequumlecircncias abaixo
de infrasons e natildeo satildeo
umano contudo satildeo
(KINSLER et al
iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee
eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos
humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN
do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev
iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo
as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
32
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006
ontual e fonte sonora linear Fonte
otildees de pressatildeo ambiente
bos satildeo capazes de serem
EN 1995) No entanto
daacuteveis o ruiacutedo descreve
do e eacute medida em Hertz (Hz)
amento das estruturas cardiacuteacas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
33
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)
Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e
portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece
como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro
[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)
Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo
mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees
no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse
irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos
(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM
2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)
O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais
comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual
possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as
direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)
Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de
fontes pontuais dispostas linearmente cuja
emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta
linha sendo seu decaimento em campo livre
de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)
Quando propagadas no meio urbano a
combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas
ao percurso de transmissatildeo e ao receptor
constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
34
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
chamado de ruiacutedo ambiental (environmental
noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)
(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005
SOUSA 2004)
O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do
traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de
obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos
industriais de estabelecimentos comerciais e
de serviccedilos de sistemas de propaganda
volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-
estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982
NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)
Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais
como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes
nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade
populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos
extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se
a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES
2006)
Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o
ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A
necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade
existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis
normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a
populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano
8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
35
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006
Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg
1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes
Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes
procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO
2009)
NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
Niacutevel de Pressatildeo sonora
em dB(A)
Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS
Ambiente ou atividade
0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros
aacuterea de mata selvagem
30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite
50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse
auditivo Rua agitada um restaurante barulhento
70 a 90 Estressante e bastante
excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh
conversa a gritos
90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia
Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor
110 a 130
Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez
instantacircnea
Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock
130 a 140 Acima do limiar da dor
causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia
Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias
resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a
poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir
diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho
Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores
(NAGEM 2004)
Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave
Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do
12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
36
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do
sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do
Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da
cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias
tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da
Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)
Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da
LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos
com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos
submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e
do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a
accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave
conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte
geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)
Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos
de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em
documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da
Cidade do Recife (RECIFE 2000)
Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo
Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as
posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da
poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor
o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie
de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo
exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil
militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um
importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)
Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a
poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de
13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
37
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999
pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais
(BERGLUND et al1999)
Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que
atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua
(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do
ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio
urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram
em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da
populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes
geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et
al 2002) (Figura 214)
Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o
aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais
percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al
2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)
O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a
partir do ruiacutedo veicular que proveacutem
essencialmente do sistema de propulsatildeo do
motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo
aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso
(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da
relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as
configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido
a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de
acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a
presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de
pedestres etc a intensidade do fluxo de
veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os
veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de
14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
38
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita
terra batida) etc (SINGAL 2005)
Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo
comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas
implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo
do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo
para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e
pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS
2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma
interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana
Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto
por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego
seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no
proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de
certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e
forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e
largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser
acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica
O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde
acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo
acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)
O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia
de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio
urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou
nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o
espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de
suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de
pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
39
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007
Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido
pelo receptor diminui em funccedilatildeo da
duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15
Praccedilas parques e largos com grandes
dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias
vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas
uma de suas margens ou espaccedilos livres
urbanos de grandes dimensotildees caracterizam
alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos
No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras
sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o
seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente
sendo praticamente o mesmo em vaacuterias
posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre
uma saiacuteda para campo livre caracterizando o
fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura
217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)
Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser
reverberantes quando a onda sonora tarda a
encontrar o campo livre gerando um grande
nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes
quando a onda sonora encontra o campo livre
um pouco mais rapidamente do que no
reverberante gerando um nuacutemero menor mas
ainda grande de reflexotildees
15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
40
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007
No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado
reverberante possui comumente um perfil em
ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de
canyons urbanos que podem amplificar
consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das
vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas
geradas pelas fachadas paralelas das
edificaccedilotildees que circundam estas vias
(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste
tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora
natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre
a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico
aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos
elementos que compotildeem a forma urbana e
dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que
revestem as superfiacutecies refletoras18
(NIEMEYER 2007)
Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de
traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados
tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos
de espaccedilos acuacutesticos fechados
A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda
sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem
podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo
tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo
18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
41
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007
Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992
Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se
aos percursos da onda sonora gerados no
meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005
NIEMEYER 2007) A intensidade da
permeabilidade acuacutestica - mais ou menos
permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de
certos elementos urbanos de promover ou
conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais
como o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem
como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade
e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila
ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e
221)
A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda
com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o
conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a
qualquer objeto que possa ser considerado um
obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias
entre a fonte e o receptor (Figura 222)
(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES
2000) Ao bloquear o percurso direto entre a
fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser
absorvida eou refletida pela superfiacutecie da
barreira transmitida atraveacutes da barreira ou
difratada a partir do topo da barreira
(BARRON 2003 SINGAL 2005)
A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as
ondas sonoras sejam capazes de contornar
determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de
sombra acuacutestica que possui limites espaciais
variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte
____________________________________________
ANAacuteLISE D
sonora e de sua localizaccedilatilde
receptor que por sua vez
sonora difratada pelas borda
um decaimento maior do qu
campo livre (Figura 223) (N
1968 NIEMEYER 2007 PA
O uso de barreiras acuacutestic
EUA Japatildeo Austraacutelia e
reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do
pelo traacutefego rodoviaacuterio pa
(Figuras 224 a 226) (SIN
Brasil esta praacutetica ainda eacute inc
restringindo-se a poucos exe
caso da barreira acuacutestica no
Linha Amarela na cidade do
na Rodovia Bandeirantes co
de Satildeo Paulo a Campinas
Paulo (Figura 227) (MURGE
2004)
Embora a implantaccedilatildeo de b
esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do
rodoviaacuterio outros elemen
meio urbano situados ent
receptor atuam espontan
barreiras agrave propagaccedilatildeo sono
terreno com topografia i
muros edificaccedilotildees entr
edificaccedilotildees conjugadas da R
cidade do Recife ou aind
conjugadas em alguns trec
Atlacircntica no Rio de Janei
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap
Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C
Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2
Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest
Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN
accedilatildeo em relaccedilatildeo ao
ez recebe a energia
rdas da barreira com
que se estivesse em
(NEPOMUCENO
PAZ 2004)
ticas eacute comum nos
e na Europa para
do ruiacutedo produzido
para seus arredores
INGAL 2005) No
incipiente
exemplos como eacute o
no eixo rodoviaacuterio
o Rio de Janeiro e
conectando a cidade
s no estado de Satildeo
GEL 2007 SOUSA
e barreiras acuacutesticas
do ruiacutedo de traacutefego
entos inseridos no
entre a fonte e o
taneamente como
nora tais como um
irregular taludes
ntre outros As
a Rua da Aurora na
inda as edificaccedilotildees
trechos da Avenida
neiro por exemplo
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
42
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007
rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007
da Rodovia Bandeirantes no estado 2007
da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000
barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
43
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409
Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409
aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas
espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem
conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em
ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e
229)
A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e
da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a
interaccedilatildeo entre os diversos elementos que
compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis
das vias o modo de implantaccedilatildeo das
edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as
proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo
das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de
espaccedilos livres ndash contribui determinantemente
para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano
atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do
espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave
fonte geradora de campos sonoros
reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de
aacutereas de sombra
Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado
um sistema composto essencialmente pela fonte
sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e
KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto
percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de
propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares
apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo
da onda sonora no meio urbano
19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
44
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao
ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos
reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente
todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das
edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar
dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e
insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via
Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo
facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas
reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando
sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano
desejaacutevel aos seus receptores
Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as
distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de
propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades
bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento
acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano
Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se
comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica
urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana
Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos
investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento
ABSTRACT
The excessive noise currently found in urban centers is closely linked to the fast growth of the cities This development led to increased growth and concentration of urban population resulting in fast changes in the noise propagation path and increasing the variety of sources that generate it It turns out that the urban form - considered from their physical or material aspects - where this noise is produced influences in some extent the trajectory of sound wave propagation the interaction between the various elements that make up this urban form contributes to characterize this trajectory behavior Thus for each specific urban form there will be an acoustic behavior also specific exclusive and linked to this urban form Therefore if for each urban area there is a particular sound propagation behavior this research proposed to analyze the urban acoustics behavior of the same urban space from chronological changes in its urban form This analysis was performed considering the articulation of three variables - the sound source the urban form and the urban acoustics It was assumed that the propagation from the same source in the same urban area which has experienced over a chronological process changes in its urban form would imply different urban acoustics behaviors through years It was adopted as a case study the land subdivision 3deg Jardim de Boa Viagem (Recife-PE) being studied the changes in its urban form in the years of 1971 1981 1997 and 2009 besides the elaboration of a hypothetical future situation (acoustic prediction) It was carried out documentary research and field studies to collect data on the characteristics of the urban form of the 3deg Jardim and to collect their present sound pressure levels With these datawere calculated and generated acoustics maps of the 3deg Jardim for each of the years surveyed and for the hypothetical future situation using the Predictor software These maps were analyzed by comparing their acoustic behavior to each other seeking to comprehend this behavior towards the chronological changes in its urban form The results of this research indicated that the urban environment changes have the potential to provide high levels of noise as well as to minimize them definitely influencing the acoustic behavior of a particular site These results confirmed the relevance to understand the urban noise from its way of propagation since once consolidated very few interventions are possible in the urban form to minimize the urban noise outlined by it
Keywords urban planning acoustics urban noise
LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES
Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas p23
Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na cidade portuguesa de Tavira ilustra a dimensatildeo setorial p23
Figura 23 ndash O bairro a escala urbana exemplificada por meio da cidade portuguesa de Tavira p25
Figura 24 ndash A cidadeo territoacuterioa dimensatildeo territorial exemplificada por meio da cidade portuguesa de Tavira p25
Figura 25 ndash Exemplos de diversificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios lotes quarteirotildees e vias em diferentes bairros da cidade do Recife Nesta imagem um recorte do bairro de Boa Viagem p26
Figura 26 ndash Exemplos de diversificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios lotes quarteirotildees e vias em diferentes bairros da cidade do Recife Nesta imagem um recorte do bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves origens da cidade entrecortado pela recente Avenida Dantas Barreto p 26
Figura 27 ndash Exemplos de diversificadas concretizaccedilotildees entre os edifiacutecios lotes quarteirotildees e vias em diferentes bairros da cidade do Recife Nesta imagem um recorte de um bairro constituiacutedo essencialmente por morros o Alto do Mandu p26
Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) p 28
Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores p30
Figura 210 ndash Interfaces multidisciplinares do estudo do som p 32
Figura 211 ndash Fonte sonora pontual e fonte sonora linear p32
Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia p 33
Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia p 24
Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo p 37
Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto p39
Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo p 39
Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana p39
Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos p 40
Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano p 41
Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem p 41
Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem p 41
Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor p 41
Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da onda sonora a partir de uma barreira gerando uma aacuterea de sombra acuacutestica p 42
Figura 224 ndash Agrave esquerda barreira acuacutestica curva em concreto e acriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreira acuacutestica metaacutelica na estrada entre Paacutedua e Veneza na Itaacutelia p 42
Figura 225 ndash Agrave esquerda barreira acuacutestica metaacutelica instalada proacuteximo a Zurique Agrave direita barreira acuacutestica em concreto e acriacutelico tambeacutem na Suiacuteccedila p 42
Figura 226 ndash Barreiras instaladas ao longo de via expressa elevada em aacuterea residencial de Toacutequio Japatildeo p 42
Figura 227 ndash Barreira acuacutestica da Rodovia Bandeirantes no estado de Satildeo Paulo p 42
Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo p 43
Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo p 43
Figura 31 ndash Relaccedilatildeo das variaacuteveis de pesquisa p 48
Figura 32 - Localizaccedilatildeo geograacutefica do 3deg Jardim de Boa Viagem p 50
Figura 33 - Ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim em 1971 com diversos lotes natildeo ocupados e vias ainda natildeo construiacutedas como a Av Eng Domingos ferreira p 50
Figura 34 - Delimitaccedilatildeo da aacuterea de estudo em azul o 3deg Jardim p 52
Figura 35 - Mapa acuacutestico da Universidade Estadual de Campinas com representaccedilatildeo dos niacuteveis sonoros por pontos em gradaccedilatildeo de cores p 53
Figura 36 - Mapa acuacutestico com representaccedilatildeo dos niacuteveis sonoros por linhas da cidade de Goumlteborg Sueacutecia p 53
Figura 37 - Mapa acuacutestico utilizado na reurbanizaccedilatildeo do centro de Seoul Korea p 53
Figura 38 ndash Acima localizaccedilatildeo de estaccedilotildees de monitoramento de ruiacutedo em Taiwan abaixo distribuiccedilatildeo de ruiacutedo em Taiwan no veratildeo nos turnos da manhatilde tarde e noite p 54
Figura 39 - Violaccedilotildees da legislaccedilatildeo de ruiacutedo em Taiwan nos turnos da manhatilde tarde e noite p 54
Figura 310 - Delimitaccedilatildeo da aacuterea em azul do estudo piloto no 3deg Jardim de Boa Viagem p 57
Figura 311 ndash Mapa acuacutestico de parte do 3deg Jardim de Boa Viagem da pesquisa piloto realizada em Maio de 2009 no LAAICA-UFPR p 57
Figura 312 ndash Locaccedilatildeo dos pontos de mediccedilatildeo em azul e malha guia em amarelo p 59
Figura 313 ndash Locaccedilatildeo dos grids verticais em azul seccionando edificaccedilotildees e evitando espaccedilos livres p 63
Figura 41 ndash Avenida Boa Viagem nas proximidades da Praccedila de Boa Viagem no iniacutecio de sua urbanizaccedilatildeo p 65
Figura 42 ndash Avenida Boa Viagem no iniacutecio de sua urbanizaccedilatildeo p65
Figura 43 ndash Vista aeacuterea do bairro de Boa Viagem nos anos 50 p 65
Figura 44 ndash Edifiacutecio Califoacuternia em 1959 construiacutedo no 2deg Jardim de Boa Viagem p 67
Figura 45 ndash Projeto para o loteamento do 1deg 2deg e 3deg Jardim de Boa Viagem com a localizaccedilatildeo em vermelho dos espaccedilos destinados ao uso comunitaacuterio sendo previsto uma igreja e um mercado puacuteblico e em verde os espaccedilos destinados agraves aacutereas verdes p 67
Figura 46 ndash Cartatildeo Postal Edicard do Bairro de Boa Viagem na deacutecada de 70 No alto indica-se o Hotel Boa Viagem e a Praccedila de Boa Viagem mais abaixo a Casa do Navio uma conhecida referecircncia na Avenida Boa Viagem pelos recifenses ateacute sua demoliccedilatildeo p 68
Figura 47 ndash Cartatildeo Postal Edicard da Praia e Avenida Boa Viagem na deacutecada de 70 p 68
Figura 48 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69
Figura 49 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69
Figura 410 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69
Figura 411 ndash Bairro de Boa Viagem na deacutecada de 70 Acima indica-se o bairro do Pina e o Edifiacutecio Califoacuternia localizado no 2deg Jardim de Boa Viagem No meio a Avenida Domingos Ferreira ainda em terra batida e natildeo finalizada ao encontrar-se com o mangue circundante dos braccedilos do Rio Pina Abaixo o Edifiacutecio Holiday p 70
Figura 412 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 70
Figura 413 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 70
Figura 414 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 71
Figura 415 ndash Demoliccedilatildeo do Hotel Boa Viagem e em seu lugar estaacute sendo erguido o Ed Maria Acircngela Lucena uma edificaccedilatildeo multifamiliar de gabarito alto com amplo nuacutemero de unidades habitacionais e de pavimentos mais um exemplar dos ldquoarranha ceacuteusrdquo residenciais de Boa Viagem p 71
Figura 416ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73
Figura 417 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73
Figura 418 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73
Figura 419 ndash Os pavimentos destinados agraves garagens dos edifiacutecios residenciais multifamiliares satildeo comumente chamados na construccedilatildeo civil de ldquobandejasrdquo enquanto as torres dos pavimentos tipos satildeo nomeadas de ldquolacircminasrdquo p 74
Figura 420 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 74
Figura 421 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 74
Figura 422 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 75
Figura 51 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1971 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash O mapa ilustra a propagaccedilatildeo sonora no iniacutecio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim p 83
Figura 52 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 84
Figura 53 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 - O mapa do iniacutecio da ocupaccedilatildeo urbana do 3deg Jardim apresentando um comportamento acuacutestico com caracteriacutesticas predominantes de propagaccedilatildeo sonora em campo livre sem a presenccedila significantes de obstaacuteculos que interfiram em seu percurso possibilitando um contiacutenuo decaimento sonoro em relaccedilatildeo agrave distacircncia como ilustram as setas indicativas em preto p 85
Figura 54 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 - O mapa do iniacutecio da ocupaccedilatildeo urbana do 3deg Jardim mostrando outra secccedilatildeo vertical contendo o mesmo comportamento acuacutestico com caracteriacutesticas predominantes de propagaccedilatildeo sonora em campo livre como ilustram as setas indicativas em preto p 85
Figura 55 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Por menor que seja sua presenccedila algumas edificaccedilotildees pontuais de gabarito meacutedio atuam como barreiras acuacutesticas espontacircneas constituindo obstaacuteculos que interferem na propagaccedilatildeo sonora como ilustram as setas indicativas em preto p 86
Figura 56 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash As edificaccedilotildees que atuam como barreiras acuacutesticas geram o fenocircmeno acuacutestico da difraccedilatildeo que propicia a criaccedilatildeo de aacutereas de sombra acuacutestica onde os niacuteveis de pressatildeo sonora equivalente satildeo mais baixos como ilustram as setas indicativas em preto p 86
Figura 57 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1981 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Nesta data houve o aumento no nuacutemero de ilhas de sombra e diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 p 87
Figura 58 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 88
Figura 59 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash Reduccedilatildeo da quantidade de campos acuacutesticos abertos e aumento no nuacutemero de edificaccedilotildees que atuam enquanto barreiras acuacutesticas favorecendo o aumento do nuacutemero de ilhas de sombra e da diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 como ilustram as setas indicativas em preto p 89
Figura 510 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 89
Figura 511 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Como ilustram as setas indicativas em preto o princiacutepio da verticalizaccedilatildeo no 3deg Jardim pode ter contribuiacutedo atraveacutes de uma melhor atuaccedilatildeo das novas edificaccedilotildees enquanto barreiras acuacutesticas para o aumento do nuacutemero de ilhas de sombra e da diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 p 90
Figura 512 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 90
Figura 513 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1997 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Em 1997 com um adensamento e verticalizaccedilatildeo ainda maior do que em 1981 houve o aumento tanto do nuacutemero das ilhas de sombra quanto nas sua aacutereas de abrangecircncia acarretando no melhor comportamento acuacutestico observado ateacute entatildeo entre os mapas elaborados p 95
Figura 514 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 96
Figura 515 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash A edificaccedilotildees propiciam muacuteltiplas reflexotildees a partir de suas fachadas expostas agraves fontes sonoras influenciando na propagaccedilatildeo da onda sonora de modo distinto ao que seria essa propagaccedilatildeo em campo livre conforme indicado nos mapas acuacutesticos p97
Figura 516 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 97
Figura 517 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 98
Figura 518 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 98
Figura 519 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash As edificaccedilotildees soacute geram muacuteltiplas reflexotildees a partir de suas fachadas expostas agraves fontes sonoras transpondo estas fachadas as edificaccedilotildees passam a atuar enquanto barreiras acuacutesticas para a onda sonora minimizando o ruiacutedo no interior das quadras como indica-se no mapa acuacutestico p 99
Figura 520 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 99
Figura 521 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 100
Figura 522 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 100
Figura 523 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 2009 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Em 2009 o adensamento das quadras diminuiu consideravelmente a presenccedila de ilhas de sombra acuacutestica p101
Figura 524 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 102
Figura 525 e 526 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash As ilhas de sombra em 1997 favoreciam as residecircncias unifamiliares e multifamiliares de gabarito baixo existentes que se situavam em seus interiores Em 2009 estas ilhas foram praticamente suprimidas pela presenccedila de pavimentos destinados as garagens das novas edificaccedilotildees verticais de gabarito alto como ilustram as setas em preto p103
Figura 527 e 528 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash Idem p 103
Figura 529 e 530 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash O contorno preto ilustra a modificaccedilatildeo da propagaccedilatildeo das ondas sonoras a partir da influecircncia do aumento da densidade das quadras e verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees Em 1971 a caracteriacutestica predominante assemelha-se a propagaccedilatildeo em campo livre Jaacute em 1981 percebem-se irregularidades no contorno devido a reflexotildees da onda sonora nas edificaccedilotildees p 104
Figura 531 e 532 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash 1997 apresentou o melhor comportamento acuacutestico entre os mapas elaborados Nesta data as edificaccedilotildees atuaram mais enquanto barreiras acuacutesticas do que como objetos reflexivos da onda sonora Jaacute em 2009 o aumento do adensamento e da verticalizaccedilatildeo possibilitou o excesso de muacuteltiplas reflexotildees nas fachadas das edificaccedilotildees como delineia o contorno extremamente irregular da propagaccedilatildeo sonora ilustrado na imagem abaixo p 104
Figura 533 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Apesar de proporcionar um aumento no niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em 2009 o adensamento e verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees tambeacutem trouxeram benefiacutecios pontuais na praccedila Walt Disney como ilustram as imagens as edificaccedilotildees atuaram como barreiras acuacutesticas reduzindo em relaccedilatildeo a 1997 o niacutevel de pressatildeo sonora equivalente que atinge as edificaccedilotildees de seu entorno Contudo p 105
Figura 534 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash as fachadas voltadas para esta reduccedilatildeo de niacutevel de pressatildeo sonora equivalente satildeo fachadas de serviccedilo pouco aproveitando esta reduccedilatildeo p 105
Figura 535ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim na situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash A situaccedilatildeo hipoteacutetica futura apresenta quadras muito mais adensadas do que nos anos anteriores reduzindo ainda mais a presenccedila de ilhas de sombra O pavimento representado no mapa eacute o destinado agraves garagens que ocupam praticamente todo o lote p 110
Figura 536 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem na situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 111
Figura 537 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash A transformaccedilatildeo da forma urbana tanto na situaccedilatildeo hipoteacutetica como ilustram as imagens quanto em 2009 quando esteve associada ao adensamento e a verticalizaccedilatildeo intensificou os fenocircmenos acuacutesticos ocorridos no meio urbano do 3deg Jardim de Boa Viagem p 112
Figura 538 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 112
Figura 539 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 113
Figura 540 ndash Plantas Baixas ndash A situaccedilatildeo hipoteacutetica futura seguida de perto pelo mapa de 2009 apresentou o pior comportamento acuacutestico do 3deg Jardim e o mapa de 1997 apresentou o melhor entre os mapas elaborados nesta pesquisa conforme ilustra a siacutentese abaixo p 113
Figura 541 ndash Graacutefico da performance acuacutestica considerando o ano x o niacutevel de pressatildeo sonora equivalente (Leq) ndash O Graacutefico apresenta as variaccedilotildees de niacuteveis de pressatildeo sonora de alguns pontos escolhidos aleatoriamente nos mapas acuacutesticos elaborados (Figura 541) Em 1997 as quedas das curvas de variaccedilatildeo do graacutefico corroboram a tendecircncia desta data ter apresentado o mapa acuacutestico com o melhor comportameno acuacutestico entre os mapas elaborados por esta pesquisa p 114
Figura 542 ndash Locaccedilatildeo dos pontos utilizados para elaboraccedilatildeo do graacutefico de performance acuacutestica p 114
Figura 543 ndash Graacutefico comparativo de niacuteveis de emissatildeo sonora permitidos ndash O graacutefico apresenta uma comparaccedilatildeo entre os niacuteveis de emissatildeo sonora permitidos em alguns paiacuteses entre a WHO ISO e ABNT e entre a Lei do silecircncio e o coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife O graacutefico evidencia que a cidade do Recife e o estado de Pernambuco praticam niacuteveis muito acima do recomendado por outras entidades normativas p 121
Figura 544 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde o fluxo de veiacuteculos seja o dobro do encontrado atualmente no 3deg Jardim de Boa Viagem (2009) apresentando altos niacuteveis de poluiccedilatildeo sonora p 122
Figura 545 a 548 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 122
Figura 549 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde seja implantado rodiacutezio de veiacuteculos com uma reduccedilatildeo de 30 do valor total do fluxo de veiacuteculos atualmente encontrado no 3deg Jardim de Boa Viagem (2009) p 123
Figura 550 a 553 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 123
Figura 554 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde seja implantado aleacutem do rodiacutezio de veiacuteculos com reduccedilatildeo de 30 no fluxo atual de veiacuteculos um corredor de transporte puacuteblico na Av Domingos Ferreira e restriccedilatildeo de traacutefego de veiacuteculos pesados apenas nesta via p 124
Figura 555 a 558 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 124
LISTA DE TABELAS
Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora p 35
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO
2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes____________
22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais_____________
3 CONSIDERACcedilOtildeES METODOLOacuteGICAS
31 3deg Jardim de Boa Viagem enquanto Estudo de Caso_________
32 Mapeamento Acuacutestico enquanto Instrumento de Pesquisa_
33 Procedimentos Metodoloacutegicos__________________________________
331 1deg Etapa Pesquisa Documental Primaacuteria e Secundaacuteria _____
332 2deg Etapa Pesquisa Piloto_____________________________________
333 3deg Etapa Estudo de Campo__________________________________
334 4deg Etapa mapeamento acuacutestico_____________________________
4 TRANSFORMACcedilOtildeES DO 3deg JARDIM E SUA RELACcedilAtildeO COM
O PROCESSO DE OCUPACcedilAtildeO DO BAIRRO DE BOA
VIAGEM
5 COMPORTAMENTO ACUacuteSTICO DO 3degJARDIM DE BOA
VIAGEM
51 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem a
partir das Modificaccedilotildees Cronoloacutegicas em sua Forma
Urbana______________________________________________________________
52 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem em
relaccedilatildeo ao Coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico
do Recife agrave ldquoLei do Silecircnciordquo e a outras Entidades
Normativas_________________________________________________________
53 Ausecircncia de Accedilotildees versus Presenccedila de Accedilotildees em Busca
de um Melhor Comportamento Acuacutestico para o 3deg Jardim
de Boa Viagem____________________________________________________
6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
7 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
128
134
115
107
81
80
65
60
59
56
55
55
52
49
46
31
22
22
17
CAPIacuteTULO 1
A pesquisa eacute talvez a arte de se criar dificuldades fecundas e de criaacute-las para os
outros Nos lugares onde havia coisas simples faz-se aparecer problemas
Pierre Bourdieu
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
17
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
1 INTRODUCcedilAtildeO
Um grito estridente lanccedilado em um meio urbano envolto nos ldquomais modernosrdquo e descomunais
arranha-ceacuteus desconfortavelmente ouvido nos mais remotos pavimentos de um deles foi agrave
centelha motivadora para as ideacuteias e discussotildees que permeiam esta pesquisa Este grito mal
recebido pelo receptor pode ser considerado uma das diversas formas da profusatildeo de ruiacutedos que
cada vez mais se tornam elementos onipresentes da vida contemporacircnea
Tal profusatildeo de ruiacutedos atualmente encontrados nos centros urbanos estaacute intimamente vinculada
ao crescimento acelerado das cidades que possibilitaram o aumento e uma maior concentraccedilatildeo da
populaccedilatildeo urbana acarretando em raacutepidas transformaccedilotildees no meio de propagaccedilatildeo do ruiacutedo
urbano aleacutem do aumento e uma maior concentraccedilatildeo dos diversos tipos de fontes sonoras que o
geram
Embora esteja estreitamente relacionado ao raacutepido desenvolvimento das cidades o ruiacutedo urbano
natildeo deve ser considerado como uma consequumlecircncia incidental da accedilatildeo humana em busca de
progresso e por isso inevitaacutevel tampouco toleraacutevel Ao contraacuterio deve ser entendido como uma
das consequumlecircncias prejudiciais deste desenvolvimento que pode causar diversos males fisioloacutegicos
e psicoloacutegicos ao citadino e assim sendo deve ser veementemente prevenido e mitigado
A fim de encontrar maneiras que possibilitem sua prevenccedilatildeo e mitigaccedilatildeo o ruiacutedo urbano pode
ser entendido como um sistema composto essencialmente pela fonte sonora ndash meio de propagaccedilatildeo ndash
receptor Dentre estas trecircs partes componentes do sistema o meio de propagaccedilatildeo pode ser
considerado como um dos menos investigados e onde as accedilotildees contra o ruiacutedo satildeo menos
concentradas (SINGAL 2005)
Esta inobservacircncia da importacircncia do meio urbano enquanto percurso de propagaccedilatildeo sonora
pode estar vinculada agrave dificuldade de intervir em meios de propagaccedilatildeo consolidados como satildeo
fundamentalmente os grandes centros urbanos Daiacute a relevacircncia em compreender a acuacutestica
urbana a partir de seu meio propagador pois uma vez consolidado o meio raras satildeo as
intervenccedilotildees possiacuteveis para minimizar o ruiacutedo urbano a partir desta parte componente do sistema
fonte ndash meio ndash receptor restando essencialmente accedilotildees preventivas
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
18
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Outro fator que evidencia o grande valor em compreender a acuacutestica urbana a partir de seu meio
de propagaccedilatildeo eacute o potencial que o meio urbano possui em influenciar a trajetoacuteria da propagaccedilatildeo
sonora Esta influecircncia acontece atraveacutes da forma que este meio apresenta ou seja a forma urbana
atraveacutes de seus elementos componentes e enquanto percurso de transmissatildeo delineia influencia e
determina em certa medida a trajetoacuteria de propagaccedilatildeo da onda sonora
Assim sendo a interaccedilatildeo entre os diversos elementos que compotildeem a forma urbana - o traccedilado e
perfis das vias o modo de implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as proporccedilotildees
densidade e maneira de ocupaccedilatildeo das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres ndash
contribui determinantemente para caracterizaccedilatildeo da propagaccedilatildeo sonora no meio urbano atraveacutes
de muacuteltiplas reflexotildees do espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave fonte geradora de
campos sonoros reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de aacutereas de sombra
Esta interaccedilatildeo entre os elementos da forma urbana e a propagaccedilatildeo sonora ocorre a partir da
diversidade e singularidade existente nos variados meios urbanos igualmente proporcionando os
mais particulares comportamentos acuacutesticos Isto eacute para cada meio urbano existem caracteriacutesticas
particulares inerentes agrave sua forma urbana que geram um comportamento acuacutestico igualmente
especiacutefico exclusivo e vinculado a esta forma urbana
Apesar deste atrelamento entre a acuacutestica urbana e a forma urbana esta relaccedilatildeo natildeo eacute
suficientemente pesquisada e quando eacute satildeo enfocadas prioritariamente situaccedilotildees presentes de
comportamento acuacutestico eou no maacuteximo hipoacuteteses futuras tambeacutem chamadas de prediccedilatildeo
acuacutestica Aleacutem disso natildeo foram encontradas referecircncias ateacute o presente momento de investigaccedilotildees
que priorizem a apreciaccedilatildeo da acuacutestica urbana e sua relaccedilatildeo com as modificaccedilotildees ao longo do tempo da
forma urbana
Isto posto considerando esta ausecircncia de pesquisas e considerando que para cada espaccedilo urbano
existe um comportamento de propagaccedilatildeo sonora especiacutefico o presente estudo se propocircs a
investigar o comportamento acuacutestico de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em sua forma urbana
Para isso admitiu-se que a propagaccedilatildeo de uma mesma fonte sonora em um mesmo espaccedilo urbano
que tenha sofrido ao longo de um processo cronoloacutegico modificaccedilotildees em sua forma urbana
implicaria em diferentes comportamentos em sua acuacutestica urbana para as diferentes datas deste
processo Esta suposiccedilatildeo possibilitou a anaacutelise do comportamento acuacutestico atraveacutes das
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
19
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
modificaccedilotildees cronoloacutegicas da forma urbana a partir da articulaccedilatildeo de trecircs variaacuteveis - a fonte sonora
a forma urbana e a acuacutestica urbana Estas variaacuteveis foram consideradas tendo o estudo de caso
enquanto estrateacutegia de pesquisa
O caso escolhido para esta investigaccedilatildeo foi o loteamento 3deg Jardim de Boa Viagem tanto por
representar uma parcela bem delimitada das raacutepidas e recentes transformaccedilotildees ocorridas na
forma urbana do bairro de Boa Viagem quanto por permitir ilustrar o comportamento acuacutestico
em um encadeamento evolutivo do iniacutecio de sua ocupaccedilatildeo recente ateacute os dias atuais
Para compor tal encadeamento evolutivo foram selecionados os anos de 1971 data escolhida por
caracterizar o princiacutepio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim 1981 e 1997 por representarem datas de
registro de fotografias aeacutereas do bairro de Boa Viagem existentes na base de dados da
CONDEPE-FIDEM Agecircncia Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco 2009 por
representar a realidade atualmente encontrada no 3deg Jardim e uma simulaccedilatildeo de situaccedilatildeo
hipoteacutetica futura de modificaccedilatildeo na forma urbana
Isto posto com o intuito de analisar o comportamento da acuacutestica urbana do 3deg Jardim de Boa
Viagem a partir de modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua forma urbana foram executados os
seguintes objetivos especiacuteficos (I) identificar as caracteriacutesticas configuraccedilotildees e transformaccedilotildees da
forma urbana ocorridas no 3deg Jardim de Boa Viagem nos anos de 1971 1981 1997 e 2009 a
partir de seu processo de ocupaccedilatildeo (II) elaborar mapas acuacutesticos dos niacuteveis atuais (2009) de
pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim (III) elaborar mapas acuacutesticos do 3deg Jardim nos anos de
1971 1981 1997 e de situaccedilatildeo hipoteacutetica futura a partir da consideraccedilatildeo dos niacuteveis atuais (2009)
de pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim
Em busca de expor sistematicamente seu desenvolvimento a presente investigaccedilatildeo foi
estruturada do seguinte modo
O presente capiacutetulo 1 introduz e antecipa brevemente a discussatildeo que seraacute realizada ao longo
desta pesquisa
O capiacutetulo 2 aborda dois aspectos principais O primeiro deles desenvolve o conceito de forma
urbana e seus elementos componentes a partir dos autores Joseacute Lamas (2004) Philippe Panerai
(2006) e Vicente Del Rio (1990) Busca elucidar que a apreensatildeo da forma urbana eacute complexa e
envolve diversificadas abordagens e enfoques sociais econocircmicos histoacutericos e culturais para
entatildeo indicar que a presente pesquisa lanccedilaraacute um olhar para a forma urbana essencialmente a
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
20
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
partir de seu aspecto fiacutesico e material recorte necessaacuterio para a anaacutelise do comportamento
acuacutestico urbano
O segundo aspecto abordado no capiacutetulo 2 diz respeito agrave definiccedilatildeo teoacuterica do conceito da
acuacutestica urbana e de suas diversificadas implicaccedilotildees e interfaces quando o som eacute propagado em
meio urbano Busca evidenciar os fenocircmenos que ocorrem a partir da interaccedilatildeo entre a forma
urbana e a acuacutestica urbana indicando que a influecircncia da forma urbana eacute determinante para o
comportamento da acuacutestica urbana
O capiacutetulo 3 eacute dedicado ao percurso investigativo desta pesquisa evidenciando sua metodologia e
procedimentos metodoloacutegicos apresentando o 3deg Jardim enquanto estudo de caso o
mapeamento acuacutestico enquanto instrumento de pesquisa e detalhando as etapas operacionais
deste estudo Este capiacutetulo evidencia ainda o processo de elaboraccedilatildeo dos modelos e mapas
acuacutesticos da forma urbana existente no 3deg Jardim em cada uma das datas estudadas aleacutem da
situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e discute o software Predictor utilizado para este mapeamento
O capiacutetulo 4 diz respeito ao processo de ocupaccedilatildeo do bairro de Boa Viagem e sua relaccedilatildeo com as
transformaccedilotildees urbanas ocorridas no 3deg Jardim Busca-se identificar as caracteriacutesticas
configuraccedilotildees e transformaccedilotildees ocorridas na forma urbana do 3deg Jardim que possibilitem o
entendimento cronoloacutegico destas modificaccedilotildees dando suporte a elaboraccedilatildeo e anaacutelise dos mapas
acuacutesticos
O capiacutetulo 5 analisa o comportamento da acuacutestica urbana identificado nos mapas acuacutesticos
elaborados do 3deg Jardim a partir das modificaccedilotildees ocorridas em sua forma urbana nos anos de
1971 1981 1997 e 2009 aleacutem de uma situaccedilatildeo hipoteacutetica futura (prediccedilatildeo acuacutestica) Neste capiacutetulo
discute-se ainda o comportamento do 3deg Jardim em relaccedilatildeo agrave legislaccedilatildeo municipal que regula as
emissotildees sonoras na cidade do Recife e no estado de Pernambuco e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis
recomendados por outras entidades normativas e indica-se possiacuteveis accedilotildees para melhoria no
comportamento acuacutestico do 3deg Jardim bem como as possiacuteveis consequumlecircncias acuacutesticas da
ausecircncia de tais accedilotildees
Por fim no capiacutetulo 6 satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais acerca do comportamento acuacutestico
do 3deg Jardim e satildeo indicados novos rumos de pesquisa a respeito da acuacutestica urbana
CAPIacuteTULO 2
A arquitetura eacute uma muacutesica petrificada
Arthur Schopenhauer
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
22
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
Analisar o comportamento da acuacutestica urbana ainda que a partir das modificaccedilotildees da forma
urbana faz com que esta pesquisa trate essencialmente da acuacutestica urbana No entanto este
comportamento esta sujeito aos diversificados modos de apreensatildeo da forma urbana e de seus
elementos componentes bem como ao modo como esta pesquisa os consideraraacute
Assim sendo o primeiro item deste capiacutetulo expotildee o conceito de forma urbana e de algumas de
suas relaccedilotildees discutido agrave luz de LAMAS (2004) de PANERAI (2006) e DEL RIO (1990)
indicando em seguida o que esta pesquisa consideraraacute como forma urbana
Certamente discussatildeo em torno da produccedilatildeo de outros autores poderia ser elaborada No
entanto o primeiro item deste capiacutetulo natildeo pretende representar uma revisatildeo bibliograacutefica acerca
do estudo da forma urbana e suas relaccedilotildees pretende sim construir uma discussatildeo em torno dos
trecircs autores selecionados que culmine no conceito de forma urbana que seraacute considerado por esta
pesquisa para possibilitar olhar para suas modificaccedilotildees cronoloacutegicas a fim de compreender o
comportamento da acuacutestica urbana
Apoacutes este delineamento no segundo item deste capiacutetulo discute-se a acuacutestica urbana e suas
relaccedilotildees conceituais com os diversos elementos e implicaccedilotildees da propagaccedilatildeo sonora em meio
urbano e como eles relacionam-se influenciando em seu comportamento
21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes
Segundo LAMAS (2004) estudar a forma urbana compreende examinar as configuraccedilotildees e as
estruturas exteriores de determinados objetos de suas formas interligando-as com os fenocircmenos
que lhes deram origem Assim sendo a forma urbana pode ser definida como sendo o
[] modo como se organizam os elementos morfoloacutegicos que constituem e definem o espaccedilo urbano relativamente agrave materializaccedilatildeo dos aspectos de
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
23
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas Fonte LAMAS 2004
organizaccedilatildeo funcional e quantitativa e dos aspectos qualitativos e figurativos (LAMAS 2004 p 44) 1
Dentre estes aspectos os quantitativos satildeo agravequeles da realidade urbana que podem ser
quantificaacuteveis tais como densidades superfiacutecies fluxos coeficientes volumeacutetricos entre outros
(Figura 21) os de organizaccedilatildeo funcional satildeo agravequeles que se relacionam com as atividades
humanas tais como habitar e trabalhar e agravequeles relacionados ao modo de uso especiacutefico de uma
aacuterea ndash residencial comercial industrial entre outros os qualitativos referem-se ao tratamento dos
espaccedilos ao conforto e a comodidade do utilizador tais como adaptaccedilatildeo ao clima acessibilidade
estado da pavimentaccedilatildeo entre outros por fim os aspectos figurativos dizem respeito a
essencialmente a comunicaccedilatildeo esteacutetica (LAMAS 2004)
Pode-se considerar que ao olhar para forma urbana e em especiacutefico para suas modificaccedilotildees
cronoloacutegicas com o intuito de compreender o comportamento da acuacutestica urbana esta pesquisa
relaciona-se tanto aos aspectos qualitativos a partir do conforto acuacutestico dos receptores das
ondas sonoras em meio urbano quanto aos
aspectos quantitativos uma vez que este
comportamento acuacutestico em meio urbano eacute
quantificaacutevel em decibels (dB)
Embora estes aspectos envolvam grande parte
das singularidades inerentes a forma urbana
esta definiccedilatildeo parece ainda natildeo abarcar outras
particularidades sociais econocircmicas histoacutericas
e culturais igualmente envolvidas no
entendimento da concepccedilatildeo da forma urbana
isto eacute resta ainda a consideraccedilatildeo de que esta
forma urbana natildeo acontece
independentemente dos grupos sociais que a
produzem (PANERAI 2006)
Satildeo essencialmente estas particularidades que
impulsionam ou amortecem a transformaccedilatildeo
1 Para todas as citaccedilotildees deste autor natildeo seratildeo consideradas adaptaccedilotildees na liacutengua do paiacutes de origem - Portugal - permanecendo o texto original
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
24
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
dos elementos que compotildeem a forma urbana ndash a adiccedilatildeo de novos de traccedilados a um jaacute existente
ou sua superposiccedilatildeo seus conflitos o parcelamento de parques e ocupaccedilatildeo de espaccedilos livres a
renovaccedilatildeo da massa edificada seu lento adensamento e verticalizaccedilatildeo segundo uma especulaccedilatildeo
despretensiosa ou sua substituiccedilatildeo por vastos empreendimentos sob influecircncia de uma
especulaccedilatildeo bem mais expressiva (PANERAI 2006) isto eacute faz parte da apreensatildeo da forma
urbana uma complexidade que envolve um processo de acumulaccedilatildeo de enfoques e observaccedilotildees
sociais econocircmicas histoacutericas e culturais que englobam muito mais do que apenas sua forma
fiacutesica
Estas particularidades especialmente as sociais parecem um pouco mais delineadas nas
consideraccedilotildees feitas por DEL RIO (1990) que considera o espaccedilo urbano a partir da apropriaccedilatildeo
social que se faz dele estabelecendo que em relaccedilatildeo ao estudo da forma urbana a cidade pode
ser compreendida a partir de trecircs niacuteveis organizacionais o coletivo o comunitaacuterio e o individual
O niacutevel coletivo eacute regido sob uma loacutegica estruturadora percebida inconscientemente e
coletivamente e eacute composto pelos elementos2 do tecido que possuem uma permanecircncia maior ao
longo do tempo o niacutevel comunitaacuterio diz respeito aos elementos com significados especiais apenas
para um pequeno grupo da populaccedilatildeo como o bairro por exemplo jaacute o niacutevel individual expressa
significados individuais como a residecircncia e seu espaccedilo circundante e por seu caraacuteter individual eacute
o que apresenta maior rapidez nas modificaccedilotildees (DEL RIO 1990)
Mas LAMAS (2004) ao defender sua definiccedilatildeo para forma urbana natildeo soacute possuiacutea ciecircncia destas
outras particularidades explicitadas por PANERAI (2006) e DEL RIO (1990) ndash sociais
econocircmicas histoacutericas e culturais ndash envolvidas na concepccedilatildeo de forma urbana como optou em
natildeo apreciaacute-las
[] um primeiro grau de leitura da cidade eacute eminentemente fiacutesico-espacial e morfoloacutegico portanto especiacutefico da arquitectura e o uacutenico que permite evidenciar a diferenccedila entre este e outro espaccedilo entre esta e aquela forma e explicar as caracteriacutesticas de cada parte da cidade A estes se juntam outros niacuteveis de leitura que revelam diferentes conteuacutedos (histoacutericos econoacutemicos sociais e outros) Mas este conjunto de leituras soacute eacute possiacutevel porque a cidade existe como facto fiacutesico e material Todos os instrumentos de leitura lecircem o mesmo objecto ndash o espaccedilo fiacutesico a FORMA URBANA (LAMAS 2004 p 31 grifo do autor) Eacute fundamentalmente a dimensatildeo fiacutesica e morfoloacutegica da cidade que me preocupa [] (LAMAS 2004 p 31)
2 Estes elementos seratildeo discutidos em paraacutegrafos mais adiante
____________________________________________
ANAacuteLISE D
Na verdade esta opccedilatildeo em
urbana considerando-a essen
de seu aspecto fiacutesico e m
convenientemente ao obje
presente pesquisa analisar
da acuacutestica urbana a partir
cronoloacutegicas na forma urba
esta anaacutelise do compor
implica em uma apropriaccedil
fiacutesica e material destas modif
Certamente a busca pela ap
urbana envolve muito
simplesmente sua forma
como jaacute aclarado No entan
da anaacutelise proposta por
apreensatildeo em totalid
fundamentalmente necessaacuter
apropriaccedilatildeo da forma urban
material ou uma variaacutevel fiacutes
finalidade derradeira de
comportamento acuacutestico
modificaccedilotildees nesta forma
Ao entender a observaccedilatildeo
essencialmente em seu aspec
(2004) propocircs uma classifica
dimensotildees
bull A dimensatildeo setorial
refere-se agrave menor u
do espaccedilo urbano co
uma praccedila ou uma
ponto o observador
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 24 ndash A cidadeo texemplificada por meio da cidadLAMAS 2004
Figura 23 ndash O bairro a escala ucidade portuguesa de Tavira Fonte
Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na ca dimensatildeo setorial Fonte LAMA
em observar a forma
sencialmente a partir
material responde
bjetivo primeiro da
ar o comportamento
rtir de modificaccedilotildees
rbana uma vez que
ortamento acuacutestico
riaccedilatildeo genuinamente
dificaccedilotildees
apreensatildeo da forma
o mais do que
a fiacutesica e material
tanto para realizaccedilatildeo
or este estudo tal
alidade natildeo eacute
saacuteria o que torna a
bana quase um meio
l fiacutesica para atingir a
e compreensatildeo do
a partir de
atildeo da forma urbana
pecto fiacutesico LAMAS
icaccedilatildeo em escalas ou
ndash a escala da rua
r unidade ou porccedilatildeo
como por exemplo
a rua onde de um
dor pode abarcar a
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
25
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
territoacuterioa dimensatildeo territorial dade portuguesa de Tavira Fonte
a urbana exemplificada por meio da nte LAMAS 2004
na cidade portuguesa de Tavira ilustra MAS 2004
____________________________________________
ANAacuteLISE D
unidade espacial d
(Figura 22)
bull A dimensatildeo urbana ndash
corresponde agraves pa
identificaacuteveis como
exemplo onde a
elementos da forma
atraveacutes do movime
percursos (Figura 23
bull E por fim a dimensatildeo
da cidade diz respeito
diferentes formas
articulaccedilatildeo de bai
entre si Sua forma
distribuiccedilatildeo de eleme
das cidades em con
suporte geograacutefico d
a articulaccedilatildeo de
circulaccedilatildeo entre os
entre zonas habitacio
entre outras (Figura 2
Dentre estas dimensotildees a u
bairro desperta particular
pesquisa uma vez que o e
limites de observaccedilatildeo atraveacute
de movimentos poderaacute aba
significante de modificaccedilotildee
forma urbana de determina
compreender o comport
acuacutestica urbana
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 25 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do CONDEPE-FIDEM 1981
Figura 26 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do baorigens da cidade entrecortadoBarreto Fonte CONDEPE-FIDE
Figura 27 ndash Exemplos de diveredifiacutecios lotes quarteirotildees e vias eRecife Nesta imagem um recessencialmente por morros o AltoFIDEM 1981
de seu conjunto
ndash a escala do bairro
partes homogecircneas
mo os bairros por
a observaccedilatildeo dos
a urbana eacute realizada
imento e de vaacuterios
23)
nsatildeo territorial ndash a escala
eito agrave articulaccedilatildeo de
as urbanas da
bairros interligados
ma eacute definida pela
mentos estruturantes
onformidade com o
o do siacutetio tais como
e ruas e vias de
s diferentes bairros
cionais e comerciais
a 24)
a urbana ndash escala do
lar interesse desta
o entendimento dos
veacutes de certo nuacutemero
barcar uma amostra
otildees cronoloacutegicas na
inado local a fim de
ortamento de sua
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
26
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife o bairro de Boa Viagem Fonte
rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves do pela recente Avenida Dantas DEM 1981
versificadas concretizaccedilotildees entre os em diferentes bairros da cidade do
recorte de um bairro constituiacutedo lto do Mandu Fonte CONDEPE-
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
27
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
No entanto para apreender tal dimensatildeo devem-se conhecer e estabelecer quais elementos
miacutenimos da forma urbana que se relaciona com esta a dimensatildeo urbana e quais satildeo estes
elementos LAMAS (2004) propocircs onze elementos da forma urbana necessaacuterios para esta
apreensatildeo o solo (I) o edifiacutecio (II) o lote (III) o logradouro (IV) o quarteiratildeo (V) o traccediladoa
rua(VI) a praccedila (VII) a fachada (VIII) o monumento (IX) a vegetaccedilatildeo (X) e o mobiliaacuterio
urbano (XI) Dentre estes elementos seis possuem uma estreita relaccedilatildeo com esta pesquisa e
seratildeo expostos de acordo com consideraccedilotildees observadas por LAMAS 3 (2004) (Figuras 25 a 27)
O edifiacutecio representa o elemento miacutenimo identificaacutevel na observaccedilatildeo da forma urbana eacute atraveacutes
dele que se constitui o espaccedilo urbano e se organizam diferentes elementos tais como ruas praccedilas
avenidas entre outros Os edifiacutecios agrupam-se em diferentes tipos tanto em relaccedilatildeo a suas
formas quanto a suas funccedilotildees Estes elementos podem influenciar o comportamento da acuacutestica
urbana atuando enquanto objetos reflexivos da onda sonora e como barreiras acuacutesticas4
O lote representa o princiacutepio da relaccedilatildeo do edifiacutecio com o terreno A forma do lote eacute muitas
vezes condicionante da forma do edifiacutecio tornando-os vinculados por essecircncia o logradouro diz
respeito ao espaccedilo livres e natildeo construiacutedos no interior do lote aos quintais e jardins o quarteiratildeo
ou quadra pode ser considerado como o espaccedilo resultante entre o cruzamento de trecircs ou mais
vias podendo ser demarcado em vaacuterios lotes para a construccedilatildeo de edifiacutecios Juntos estes trecircs
elementos associados aos edifiacutecios podem propiciar uma maior ou menor permeabilidade
acuacutestica eou uma maior ou menor presenccedila de aacutereas de sombra no meio urbano
O traccedilado por meio das ruas ou vias eacute facilmente identificaacutevel no meio urbano Estaacute muitas vezes
condicionado ao siacutetio geograacutefico existente regula a disposiccedilatildeo dos edifiacutecios e quarteirotildees e
interliga os vaacuterios espaccedilos componentes da cidade e a cidade ao territoacuterio Normalmente o
traccedilado resiste agraves transformaccedilotildees na forma urbana por possuir um caraacuteter de permanecircncia natildeo
totalmente modificaacutevel O traccedilado engloba trajetoacuterias e caminhos que natildeo satildeo necessariamente
percorridos atraveacutes de automoacuteveis apesar disso estaacute em grande parte vinculado a uma das
principais fontes geradoras de ruiacutedo urbano ndash o traacutefego de veiacuteculos
3 Os outros elementos tambeacutem podem relacionar-se de diferentes maneiras com a acuacutestica urbana mas nem tanto com a presente pesquisa e por isso natildeo foram considerados 4 Todas as definiccedilotildees e conceitos acuacutesticos apresentados no presente item seratildeo elucidados no item seguinte 22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
28
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) Fonte PANERAI 2006
A praccedila eacute um espaccedilo de geometria variada
intencionalmente inserido no meio urbano
cuja relaccedilatildeo com o traccedilado e os edifiacutecios
tambeacutem eacute intencional evidenciada atraveacutes do
seu desenho e natildeo acidentais como
alargamento e confluecircncias do traccedilado Aleacutem
disso a praccedila eacute um lugar de encontro de
permanecircncia e de praacuteticas sociais
Acusticamente dependendo de suas
proporccedilotildees a propagaccedilatildeo sonora que envolve
uma praccedila pode apresentar um
comportamento que se assemelha a
propagaccedilatildeo sonora em campo livre
Estes elementos constituintes da forma urbana
conceituados por LAMAS (2004) podem ser
identificados sob um diferente invoacutelucro
conceitual mas com a mesma essecircncia no que
PANERAI (2006) definiu como sendo
conjuntos do tecido urbano
Aplicado agrave cidade o termo ldquotecidordquo evoca a continuidade e a renovaccedilatildeo a permanecircncia e a variaccedilatildeo Ele explica a constituiccedilatildeo das cidades antigas e responde as questotildees levantadas pelo estudo das urbanizaccedilotildees recentes Ele pressupotildee uma atenccedilatildeo tanto ao banal quanto ao excepcional tanto agraves ruas comuns e agraves edificaccedilotildees corriqueiras quanto agraves regulamentaccedilotildees e aos monumentos Dentre as muacuteltiplas definiccedilotildees de tecido urbano e sem desprezar suas qualidades escolhemos a mais simples O tecido urbano eacute constituiacutedo pela superposiccedilatildeo ou imbricaccedilatildeo de trecircs conjuntos a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees Essa definiccedilatildeo potildee em evidecircncia os elementos que permitem que as diferentes partes da cidade evoluam ao mesmo tempo em que satildeo mantidas a coesatildeo de conjunto e a clareza de sua estrutura (PANERAI 2006 p 77-78 grifo nosso) (Figura 28)
Ao contraacuterio de LAMAS (2004) que considera a praccedila como um elemento da forma urbana por
si soacute PANERAI (2006) discute as vias ou traccedilado inseridas em uma relaccedilatildeo em rede onde
tambeacutem satildeo considerados como partes constituintes os largos passeios praccedilas esplanadas cais
pontes rios canais margens praias todos compondo o espaccedilo puacuteblico Eacute atraveacutes desta rede
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
29
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua
organizaccedilatildeo local e territorial
Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o
domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios
quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente
o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da
forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo
Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao
espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo
vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os
edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila
sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto
Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute
bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus
elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma
essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo
objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles
- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)
Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno
relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar
definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento
5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
30
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109
O adensamento ocorre a partir de dois modos
essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do
preenchimento progressivo do espaccedilo urbano
e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa
por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)
A primeira forma de adensamento ocorre sem
a expansatildeo territorial por meio do
preenchimento progressivo de todas as
reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de
determinado meio urbano Eacute um
adensamento inserido em limitesbarreiras
preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como
uma via expressa irregularidades geograacuteficas
do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual
em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas
edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)
A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do
solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de
adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem
sua expansatildeo (PANERAI 2006)
Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como
se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado
meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da
acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o
adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de
objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica
Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o
edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados
por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
31
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias
dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta
pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a
partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo
exclusivamente
1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo
de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres
2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os
lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)
3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e
principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes
geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)
Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no
decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees
cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e
relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana
22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a
forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia
multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o
som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas
do conhecimento (Figura 210)
Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano
seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes
tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental
O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por
pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu
____________________________________________
ANAacuteLISE D
complexo padratildeo de ondas s
de ruiacutedo muacutesica fala
(BERGLUND et al 1999)
Esta definiccedilatildeo do som tend
a percepccedilatildeo do ouvido
conceito psicofiacutesico Fisicame
vibraccedilatildeo mecacircnica que
progressivamente atraveacutes de
gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN
Esta vibraccedilatildeo quando tran
que o rodeia nem sempre
aparelho auditivo humano
frequumlecircncia6 audiacutevel encontra
20 a 20000 Hz para um
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984
1982) Frequumlecircncias acima de
altas para respostas fisioloacuteg
chamadas de ultrasons Jaacute as
de 20 Hz satildeo chamadas de
detectaacuteveis pelo ouvido hum
prejudiciais agrave sua sauacutede7
1982 SOUSA 2004)
Fisicamente o som e o ruiacutedo
ambos se propagam em mei
detectados pelo ouvido hu
enquanto o som eacute utilizado
6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa
Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006
as sonoras eacute rotulado
ala entre outros
ndo como referecircncia
o humano eacute um
mente o som eacute uma
que se propaga
de um meio material
(SINGAL 2005)
transmitida ao meio
re eacute detectaacutevel pelo
ano cuja faixa de
tra-se no intervalo de
um jovem saudaacutevel
4 KINSLER et al
de 20000 Hz muito
loacutegicas auditivas satildeo
as frequumlecircncias abaixo
de infrasons e natildeo satildeo
umano contudo satildeo
(KINSLER et al
iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee
eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos
humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN
do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev
iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo
as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
32
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006
ontual e fonte sonora linear Fonte
otildees de pressatildeo ambiente
bos satildeo capazes de serem
EN 1995) No entanto
daacuteveis o ruiacutedo descreve
do e eacute medida em Hertz (Hz)
amento das estruturas cardiacuteacas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
33
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)
Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e
portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece
como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro
[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)
Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo
mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees
no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse
irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos
(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM
2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)
O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais
comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual
possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as
direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)
Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de
fontes pontuais dispostas linearmente cuja
emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta
linha sendo seu decaimento em campo livre
de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)
Quando propagadas no meio urbano a
combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas
ao percurso de transmissatildeo e ao receptor
constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
34
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
chamado de ruiacutedo ambiental (environmental
noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)
(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005
SOUSA 2004)
O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do
traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de
obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos
industriais de estabelecimentos comerciais e
de serviccedilos de sistemas de propaganda
volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-
estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982
NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)
Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais
como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes
nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade
populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos
extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se
a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES
2006)
Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o
ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A
necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade
existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis
normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a
populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano
8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
35
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006
Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg
1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes
Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes
procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO
2009)
NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
Niacutevel de Pressatildeo sonora
em dB(A)
Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS
Ambiente ou atividade
0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros
aacuterea de mata selvagem
30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite
50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse
auditivo Rua agitada um restaurante barulhento
70 a 90 Estressante e bastante
excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh
conversa a gritos
90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia
Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor
110 a 130
Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez
instantacircnea
Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock
130 a 140 Acima do limiar da dor
causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia
Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias
resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a
poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir
diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho
Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores
(NAGEM 2004)
Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave
Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do
12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
36
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do
sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do
Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da
cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias
tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da
Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)
Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da
LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos
com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos
submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e
do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a
accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave
conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte
geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)
Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos
de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em
documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da
Cidade do Recife (RECIFE 2000)
Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo
Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as
posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da
poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor
o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie
de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo
exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil
militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um
importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)
Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a
poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de
13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
37
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999
pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais
(BERGLUND et al1999)
Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que
atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua
(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do
ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio
urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram
em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da
populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes
geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et
al 2002) (Figura 214)
Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o
aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais
percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al
2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)
O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a
partir do ruiacutedo veicular que proveacutem
essencialmente do sistema de propulsatildeo do
motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo
aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso
(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da
relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as
configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido
a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de
acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a
presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de
pedestres etc a intensidade do fluxo de
veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os
veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de
14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
38
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita
terra batida) etc (SINGAL 2005)
Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo
comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas
implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo
do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo
para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e
pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS
2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma
interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana
Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto
por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego
seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no
proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de
certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e
forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e
largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser
acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica
O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde
acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo
acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)
O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia
de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio
urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou
nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o
espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de
suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de
pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
39
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007
Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido
pelo receptor diminui em funccedilatildeo da
duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15
Praccedilas parques e largos com grandes
dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias
vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas
uma de suas margens ou espaccedilos livres
urbanos de grandes dimensotildees caracterizam
alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos
No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras
sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o
seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente
sendo praticamente o mesmo em vaacuterias
posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre
uma saiacuteda para campo livre caracterizando o
fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura
217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)
Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser
reverberantes quando a onda sonora tarda a
encontrar o campo livre gerando um grande
nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes
quando a onda sonora encontra o campo livre
um pouco mais rapidamente do que no
reverberante gerando um nuacutemero menor mas
ainda grande de reflexotildees
15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
40
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007
No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado
reverberante possui comumente um perfil em
ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de
canyons urbanos que podem amplificar
consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das
vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas
geradas pelas fachadas paralelas das
edificaccedilotildees que circundam estas vias
(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste
tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora
natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre
a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico
aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos
elementos que compotildeem a forma urbana e
dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que
revestem as superfiacutecies refletoras18
(NIEMEYER 2007)
Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de
traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados
tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos
de espaccedilos acuacutesticos fechados
A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda
sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem
podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo
tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo
18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
41
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007
Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992
Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se
aos percursos da onda sonora gerados no
meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005
NIEMEYER 2007) A intensidade da
permeabilidade acuacutestica - mais ou menos
permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de
certos elementos urbanos de promover ou
conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais
como o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem
como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade
e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila
ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e
221)
A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda
com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o
conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a
qualquer objeto que possa ser considerado um
obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias
entre a fonte e o receptor (Figura 222)
(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES
2000) Ao bloquear o percurso direto entre a
fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser
absorvida eou refletida pela superfiacutecie da
barreira transmitida atraveacutes da barreira ou
difratada a partir do topo da barreira
(BARRON 2003 SINGAL 2005)
A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as
ondas sonoras sejam capazes de contornar
determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de
sombra acuacutestica que possui limites espaciais
variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte
____________________________________________
ANAacuteLISE D
sonora e de sua localizaccedilatilde
receptor que por sua vez
sonora difratada pelas borda
um decaimento maior do qu
campo livre (Figura 223) (N
1968 NIEMEYER 2007 PA
O uso de barreiras acuacutestic
EUA Japatildeo Austraacutelia e
reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do
pelo traacutefego rodoviaacuterio pa
(Figuras 224 a 226) (SIN
Brasil esta praacutetica ainda eacute inc
restringindo-se a poucos exe
caso da barreira acuacutestica no
Linha Amarela na cidade do
na Rodovia Bandeirantes co
de Satildeo Paulo a Campinas
Paulo (Figura 227) (MURGE
2004)
Embora a implantaccedilatildeo de b
esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do
rodoviaacuterio outros elemen
meio urbano situados ent
receptor atuam espontan
barreiras agrave propagaccedilatildeo sono
terreno com topografia i
muros edificaccedilotildees entr
edificaccedilotildees conjugadas da R
cidade do Recife ou aind
conjugadas em alguns trec
Atlacircntica no Rio de Janei
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap
Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C
Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2
Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest
Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN
accedilatildeo em relaccedilatildeo ao
ez recebe a energia
rdas da barreira com
que se estivesse em
(NEPOMUCENO
PAZ 2004)
ticas eacute comum nos
e na Europa para
do ruiacutedo produzido
para seus arredores
INGAL 2005) No
incipiente
exemplos como eacute o
no eixo rodoviaacuterio
o Rio de Janeiro e
conectando a cidade
s no estado de Satildeo
GEL 2007 SOUSA
e barreiras acuacutesticas
do ruiacutedo de traacutefego
entos inseridos no
entre a fonte e o
taneamente como
nora tais como um
irregular taludes
ntre outros As
a Rua da Aurora na
inda as edificaccedilotildees
trechos da Avenida
neiro por exemplo
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
42
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007
rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007
da Rodovia Bandeirantes no estado 2007
da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000
barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
43
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409
Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409
aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas
espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem
conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em
ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e
229)
A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e
da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a
interaccedilatildeo entre os diversos elementos que
compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis
das vias o modo de implantaccedilatildeo das
edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as
proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo
das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de
espaccedilos livres ndash contribui determinantemente
para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano
atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do
espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave
fonte geradora de campos sonoros
reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de
aacutereas de sombra
Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado
um sistema composto essencialmente pela fonte
sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e
KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto
percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de
propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares
apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo
da onda sonora no meio urbano
19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
44
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao
ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos
reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente
todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das
edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar
dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e
insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via
Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo
facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas
reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando
sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano
desejaacutevel aos seus receptores
Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as
distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de
propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades
bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento
acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano
Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se
comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica
urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana
Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos
investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento
LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES
Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas p23
Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na cidade portuguesa de Tavira ilustra a dimensatildeo setorial p23
Figura 23 ndash O bairro a escala urbana exemplificada por meio da cidade portuguesa de Tavira p25
Figura 24 ndash A cidadeo territoacuterioa dimensatildeo territorial exemplificada por meio da cidade portuguesa de Tavira p25
Figura 25 ndash Exemplos de diversificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios lotes quarteirotildees e vias em diferentes bairros da cidade do Recife Nesta imagem um recorte do bairro de Boa Viagem p26
Figura 26 ndash Exemplos de diversificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios lotes quarteirotildees e vias em diferentes bairros da cidade do Recife Nesta imagem um recorte do bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves origens da cidade entrecortado pela recente Avenida Dantas Barreto p 26
Figura 27 ndash Exemplos de diversificadas concretizaccedilotildees entre os edifiacutecios lotes quarteirotildees e vias em diferentes bairros da cidade do Recife Nesta imagem um recorte de um bairro constituiacutedo essencialmente por morros o Alto do Mandu p26
Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) p 28
Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores p30
Figura 210 ndash Interfaces multidisciplinares do estudo do som p 32
Figura 211 ndash Fonte sonora pontual e fonte sonora linear p32
Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia p 33
Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia p 24
Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo p 37
Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto p39
Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo p 39
Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana p39
Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos p 40
Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano p 41
Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem p 41
Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem p 41
Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor p 41
Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da onda sonora a partir de uma barreira gerando uma aacuterea de sombra acuacutestica p 42
Figura 224 ndash Agrave esquerda barreira acuacutestica curva em concreto e acriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreira acuacutestica metaacutelica na estrada entre Paacutedua e Veneza na Itaacutelia p 42
Figura 225 ndash Agrave esquerda barreira acuacutestica metaacutelica instalada proacuteximo a Zurique Agrave direita barreira acuacutestica em concreto e acriacutelico tambeacutem na Suiacuteccedila p 42
Figura 226 ndash Barreiras instaladas ao longo de via expressa elevada em aacuterea residencial de Toacutequio Japatildeo p 42
Figura 227 ndash Barreira acuacutestica da Rodovia Bandeirantes no estado de Satildeo Paulo p 42
Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo p 43
Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo p 43
Figura 31 ndash Relaccedilatildeo das variaacuteveis de pesquisa p 48
Figura 32 - Localizaccedilatildeo geograacutefica do 3deg Jardim de Boa Viagem p 50
Figura 33 - Ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim em 1971 com diversos lotes natildeo ocupados e vias ainda natildeo construiacutedas como a Av Eng Domingos ferreira p 50
Figura 34 - Delimitaccedilatildeo da aacuterea de estudo em azul o 3deg Jardim p 52
Figura 35 - Mapa acuacutestico da Universidade Estadual de Campinas com representaccedilatildeo dos niacuteveis sonoros por pontos em gradaccedilatildeo de cores p 53
Figura 36 - Mapa acuacutestico com representaccedilatildeo dos niacuteveis sonoros por linhas da cidade de Goumlteborg Sueacutecia p 53
Figura 37 - Mapa acuacutestico utilizado na reurbanizaccedilatildeo do centro de Seoul Korea p 53
Figura 38 ndash Acima localizaccedilatildeo de estaccedilotildees de monitoramento de ruiacutedo em Taiwan abaixo distribuiccedilatildeo de ruiacutedo em Taiwan no veratildeo nos turnos da manhatilde tarde e noite p 54
Figura 39 - Violaccedilotildees da legislaccedilatildeo de ruiacutedo em Taiwan nos turnos da manhatilde tarde e noite p 54
Figura 310 - Delimitaccedilatildeo da aacuterea em azul do estudo piloto no 3deg Jardim de Boa Viagem p 57
Figura 311 ndash Mapa acuacutestico de parte do 3deg Jardim de Boa Viagem da pesquisa piloto realizada em Maio de 2009 no LAAICA-UFPR p 57
Figura 312 ndash Locaccedilatildeo dos pontos de mediccedilatildeo em azul e malha guia em amarelo p 59
Figura 313 ndash Locaccedilatildeo dos grids verticais em azul seccionando edificaccedilotildees e evitando espaccedilos livres p 63
Figura 41 ndash Avenida Boa Viagem nas proximidades da Praccedila de Boa Viagem no iniacutecio de sua urbanizaccedilatildeo p 65
Figura 42 ndash Avenida Boa Viagem no iniacutecio de sua urbanizaccedilatildeo p65
Figura 43 ndash Vista aeacuterea do bairro de Boa Viagem nos anos 50 p 65
Figura 44 ndash Edifiacutecio Califoacuternia em 1959 construiacutedo no 2deg Jardim de Boa Viagem p 67
Figura 45 ndash Projeto para o loteamento do 1deg 2deg e 3deg Jardim de Boa Viagem com a localizaccedilatildeo em vermelho dos espaccedilos destinados ao uso comunitaacuterio sendo previsto uma igreja e um mercado puacuteblico e em verde os espaccedilos destinados agraves aacutereas verdes p 67
Figura 46 ndash Cartatildeo Postal Edicard do Bairro de Boa Viagem na deacutecada de 70 No alto indica-se o Hotel Boa Viagem e a Praccedila de Boa Viagem mais abaixo a Casa do Navio uma conhecida referecircncia na Avenida Boa Viagem pelos recifenses ateacute sua demoliccedilatildeo p 68
Figura 47 ndash Cartatildeo Postal Edicard da Praia e Avenida Boa Viagem na deacutecada de 70 p 68
Figura 48 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69
Figura 49 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69
Figura 410 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69
Figura 411 ndash Bairro de Boa Viagem na deacutecada de 70 Acima indica-se o bairro do Pina e o Edifiacutecio Califoacuternia localizado no 2deg Jardim de Boa Viagem No meio a Avenida Domingos Ferreira ainda em terra batida e natildeo finalizada ao encontrar-se com o mangue circundante dos braccedilos do Rio Pina Abaixo o Edifiacutecio Holiday p 70
Figura 412 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 70
Figura 413 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 70
Figura 414 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 71
Figura 415 ndash Demoliccedilatildeo do Hotel Boa Viagem e em seu lugar estaacute sendo erguido o Ed Maria Acircngela Lucena uma edificaccedilatildeo multifamiliar de gabarito alto com amplo nuacutemero de unidades habitacionais e de pavimentos mais um exemplar dos ldquoarranha ceacuteusrdquo residenciais de Boa Viagem p 71
Figura 416ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73
Figura 417 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73
Figura 418 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73
Figura 419 ndash Os pavimentos destinados agraves garagens dos edifiacutecios residenciais multifamiliares satildeo comumente chamados na construccedilatildeo civil de ldquobandejasrdquo enquanto as torres dos pavimentos tipos satildeo nomeadas de ldquolacircminasrdquo p 74
Figura 420 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 74
Figura 421 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 74
Figura 422 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 75
Figura 51 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1971 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash O mapa ilustra a propagaccedilatildeo sonora no iniacutecio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim p 83
Figura 52 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 84
Figura 53 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 - O mapa do iniacutecio da ocupaccedilatildeo urbana do 3deg Jardim apresentando um comportamento acuacutestico com caracteriacutesticas predominantes de propagaccedilatildeo sonora em campo livre sem a presenccedila significantes de obstaacuteculos que interfiram em seu percurso possibilitando um contiacutenuo decaimento sonoro em relaccedilatildeo agrave distacircncia como ilustram as setas indicativas em preto p 85
Figura 54 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 - O mapa do iniacutecio da ocupaccedilatildeo urbana do 3deg Jardim mostrando outra secccedilatildeo vertical contendo o mesmo comportamento acuacutestico com caracteriacutesticas predominantes de propagaccedilatildeo sonora em campo livre como ilustram as setas indicativas em preto p 85
Figura 55 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Por menor que seja sua presenccedila algumas edificaccedilotildees pontuais de gabarito meacutedio atuam como barreiras acuacutesticas espontacircneas constituindo obstaacuteculos que interferem na propagaccedilatildeo sonora como ilustram as setas indicativas em preto p 86
Figura 56 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash As edificaccedilotildees que atuam como barreiras acuacutesticas geram o fenocircmeno acuacutestico da difraccedilatildeo que propicia a criaccedilatildeo de aacutereas de sombra acuacutestica onde os niacuteveis de pressatildeo sonora equivalente satildeo mais baixos como ilustram as setas indicativas em preto p 86
Figura 57 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1981 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Nesta data houve o aumento no nuacutemero de ilhas de sombra e diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 p 87
Figura 58 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 88
Figura 59 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash Reduccedilatildeo da quantidade de campos acuacutesticos abertos e aumento no nuacutemero de edificaccedilotildees que atuam enquanto barreiras acuacutesticas favorecendo o aumento do nuacutemero de ilhas de sombra e da diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 como ilustram as setas indicativas em preto p 89
Figura 510 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 89
Figura 511 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Como ilustram as setas indicativas em preto o princiacutepio da verticalizaccedilatildeo no 3deg Jardim pode ter contribuiacutedo atraveacutes de uma melhor atuaccedilatildeo das novas edificaccedilotildees enquanto barreiras acuacutesticas para o aumento do nuacutemero de ilhas de sombra e da diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 p 90
Figura 512 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 90
Figura 513 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1997 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Em 1997 com um adensamento e verticalizaccedilatildeo ainda maior do que em 1981 houve o aumento tanto do nuacutemero das ilhas de sombra quanto nas sua aacutereas de abrangecircncia acarretando no melhor comportamento acuacutestico observado ateacute entatildeo entre os mapas elaborados p 95
Figura 514 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 96
Figura 515 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash A edificaccedilotildees propiciam muacuteltiplas reflexotildees a partir de suas fachadas expostas agraves fontes sonoras influenciando na propagaccedilatildeo da onda sonora de modo distinto ao que seria essa propagaccedilatildeo em campo livre conforme indicado nos mapas acuacutesticos p97
Figura 516 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 97
Figura 517 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 98
Figura 518 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 98
Figura 519 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash As edificaccedilotildees soacute geram muacuteltiplas reflexotildees a partir de suas fachadas expostas agraves fontes sonoras transpondo estas fachadas as edificaccedilotildees passam a atuar enquanto barreiras acuacutesticas para a onda sonora minimizando o ruiacutedo no interior das quadras como indica-se no mapa acuacutestico p 99
Figura 520 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 99
Figura 521 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 100
Figura 522 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 100
Figura 523 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 2009 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Em 2009 o adensamento das quadras diminuiu consideravelmente a presenccedila de ilhas de sombra acuacutestica p101
Figura 524 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 102
Figura 525 e 526 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash As ilhas de sombra em 1997 favoreciam as residecircncias unifamiliares e multifamiliares de gabarito baixo existentes que se situavam em seus interiores Em 2009 estas ilhas foram praticamente suprimidas pela presenccedila de pavimentos destinados as garagens das novas edificaccedilotildees verticais de gabarito alto como ilustram as setas em preto p103
Figura 527 e 528 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash Idem p 103
Figura 529 e 530 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash O contorno preto ilustra a modificaccedilatildeo da propagaccedilatildeo das ondas sonoras a partir da influecircncia do aumento da densidade das quadras e verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees Em 1971 a caracteriacutestica predominante assemelha-se a propagaccedilatildeo em campo livre Jaacute em 1981 percebem-se irregularidades no contorno devido a reflexotildees da onda sonora nas edificaccedilotildees p 104
Figura 531 e 532 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash 1997 apresentou o melhor comportamento acuacutestico entre os mapas elaborados Nesta data as edificaccedilotildees atuaram mais enquanto barreiras acuacutesticas do que como objetos reflexivos da onda sonora Jaacute em 2009 o aumento do adensamento e da verticalizaccedilatildeo possibilitou o excesso de muacuteltiplas reflexotildees nas fachadas das edificaccedilotildees como delineia o contorno extremamente irregular da propagaccedilatildeo sonora ilustrado na imagem abaixo p 104
Figura 533 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Apesar de proporcionar um aumento no niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em 2009 o adensamento e verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees tambeacutem trouxeram benefiacutecios pontuais na praccedila Walt Disney como ilustram as imagens as edificaccedilotildees atuaram como barreiras acuacutesticas reduzindo em relaccedilatildeo a 1997 o niacutevel de pressatildeo sonora equivalente que atinge as edificaccedilotildees de seu entorno Contudo p 105
Figura 534 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash as fachadas voltadas para esta reduccedilatildeo de niacutevel de pressatildeo sonora equivalente satildeo fachadas de serviccedilo pouco aproveitando esta reduccedilatildeo p 105
Figura 535ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim na situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash A situaccedilatildeo hipoteacutetica futura apresenta quadras muito mais adensadas do que nos anos anteriores reduzindo ainda mais a presenccedila de ilhas de sombra O pavimento representado no mapa eacute o destinado agraves garagens que ocupam praticamente todo o lote p 110
Figura 536 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem na situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 111
Figura 537 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash A transformaccedilatildeo da forma urbana tanto na situaccedilatildeo hipoteacutetica como ilustram as imagens quanto em 2009 quando esteve associada ao adensamento e a verticalizaccedilatildeo intensificou os fenocircmenos acuacutesticos ocorridos no meio urbano do 3deg Jardim de Boa Viagem p 112
Figura 538 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 112
Figura 539 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 113
Figura 540 ndash Plantas Baixas ndash A situaccedilatildeo hipoteacutetica futura seguida de perto pelo mapa de 2009 apresentou o pior comportamento acuacutestico do 3deg Jardim e o mapa de 1997 apresentou o melhor entre os mapas elaborados nesta pesquisa conforme ilustra a siacutentese abaixo p 113
Figura 541 ndash Graacutefico da performance acuacutestica considerando o ano x o niacutevel de pressatildeo sonora equivalente (Leq) ndash O Graacutefico apresenta as variaccedilotildees de niacuteveis de pressatildeo sonora de alguns pontos escolhidos aleatoriamente nos mapas acuacutesticos elaborados (Figura 541) Em 1997 as quedas das curvas de variaccedilatildeo do graacutefico corroboram a tendecircncia desta data ter apresentado o mapa acuacutestico com o melhor comportameno acuacutestico entre os mapas elaborados por esta pesquisa p 114
Figura 542 ndash Locaccedilatildeo dos pontos utilizados para elaboraccedilatildeo do graacutefico de performance acuacutestica p 114
Figura 543 ndash Graacutefico comparativo de niacuteveis de emissatildeo sonora permitidos ndash O graacutefico apresenta uma comparaccedilatildeo entre os niacuteveis de emissatildeo sonora permitidos em alguns paiacuteses entre a WHO ISO e ABNT e entre a Lei do silecircncio e o coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife O graacutefico evidencia que a cidade do Recife e o estado de Pernambuco praticam niacuteveis muito acima do recomendado por outras entidades normativas p 121
Figura 544 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde o fluxo de veiacuteculos seja o dobro do encontrado atualmente no 3deg Jardim de Boa Viagem (2009) apresentando altos niacuteveis de poluiccedilatildeo sonora p 122
Figura 545 a 548 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 122
Figura 549 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde seja implantado rodiacutezio de veiacuteculos com uma reduccedilatildeo de 30 do valor total do fluxo de veiacuteculos atualmente encontrado no 3deg Jardim de Boa Viagem (2009) p 123
Figura 550 a 553 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 123
Figura 554 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde seja implantado aleacutem do rodiacutezio de veiacuteculos com reduccedilatildeo de 30 no fluxo atual de veiacuteculos um corredor de transporte puacuteblico na Av Domingos Ferreira e restriccedilatildeo de traacutefego de veiacuteculos pesados apenas nesta via p 124
Figura 555 a 558 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 124
LISTA DE TABELAS
Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora p 35
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO
2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes____________
22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais_____________
3 CONSIDERACcedilOtildeES METODOLOacuteGICAS
31 3deg Jardim de Boa Viagem enquanto Estudo de Caso_________
32 Mapeamento Acuacutestico enquanto Instrumento de Pesquisa_
33 Procedimentos Metodoloacutegicos__________________________________
331 1deg Etapa Pesquisa Documental Primaacuteria e Secundaacuteria _____
332 2deg Etapa Pesquisa Piloto_____________________________________
333 3deg Etapa Estudo de Campo__________________________________
334 4deg Etapa mapeamento acuacutestico_____________________________
4 TRANSFORMACcedilOtildeES DO 3deg JARDIM E SUA RELACcedilAtildeO COM
O PROCESSO DE OCUPACcedilAtildeO DO BAIRRO DE BOA
VIAGEM
5 COMPORTAMENTO ACUacuteSTICO DO 3degJARDIM DE BOA
VIAGEM
51 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem a
partir das Modificaccedilotildees Cronoloacutegicas em sua Forma
Urbana______________________________________________________________
52 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem em
relaccedilatildeo ao Coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico
do Recife agrave ldquoLei do Silecircnciordquo e a outras Entidades
Normativas_________________________________________________________
53 Ausecircncia de Accedilotildees versus Presenccedila de Accedilotildees em Busca
de um Melhor Comportamento Acuacutestico para o 3deg Jardim
de Boa Viagem____________________________________________________
6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
7 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
128
134
115
107
81
80
65
60
59
56
55
55
52
49
46
31
22
22
17
CAPIacuteTULO 1
A pesquisa eacute talvez a arte de se criar dificuldades fecundas e de criaacute-las para os
outros Nos lugares onde havia coisas simples faz-se aparecer problemas
Pierre Bourdieu
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
17
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
1 INTRODUCcedilAtildeO
Um grito estridente lanccedilado em um meio urbano envolto nos ldquomais modernosrdquo e descomunais
arranha-ceacuteus desconfortavelmente ouvido nos mais remotos pavimentos de um deles foi agrave
centelha motivadora para as ideacuteias e discussotildees que permeiam esta pesquisa Este grito mal
recebido pelo receptor pode ser considerado uma das diversas formas da profusatildeo de ruiacutedos que
cada vez mais se tornam elementos onipresentes da vida contemporacircnea
Tal profusatildeo de ruiacutedos atualmente encontrados nos centros urbanos estaacute intimamente vinculada
ao crescimento acelerado das cidades que possibilitaram o aumento e uma maior concentraccedilatildeo da
populaccedilatildeo urbana acarretando em raacutepidas transformaccedilotildees no meio de propagaccedilatildeo do ruiacutedo
urbano aleacutem do aumento e uma maior concentraccedilatildeo dos diversos tipos de fontes sonoras que o
geram
Embora esteja estreitamente relacionado ao raacutepido desenvolvimento das cidades o ruiacutedo urbano
natildeo deve ser considerado como uma consequumlecircncia incidental da accedilatildeo humana em busca de
progresso e por isso inevitaacutevel tampouco toleraacutevel Ao contraacuterio deve ser entendido como uma
das consequumlecircncias prejudiciais deste desenvolvimento que pode causar diversos males fisioloacutegicos
e psicoloacutegicos ao citadino e assim sendo deve ser veementemente prevenido e mitigado
A fim de encontrar maneiras que possibilitem sua prevenccedilatildeo e mitigaccedilatildeo o ruiacutedo urbano pode
ser entendido como um sistema composto essencialmente pela fonte sonora ndash meio de propagaccedilatildeo ndash
receptor Dentre estas trecircs partes componentes do sistema o meio de propagaccedilatildeo pode ser
considerado como um dos menos investigados e onde as accedilotildees contra o ruiacutedo satildeo menos
concentradas (SINGAL 2005)
Esta inobservacircncia da importacircncia do meio urbano enquanto percurso de propagaccedilatildeo sonora
pode estar vinculada agrave dificuldade de intervir em meios de propagaccedilatildeo consolidados como satildeo
fundamentalmente os grandes centros urbanos Daiacute a relevacircncia em compreender a acuacutestica
urbana a partir de seu meio propagador pois uma vez consolidado o meio raras satildeo as
intervenccedilotildees possiacuteveis para minimizar o ruiacutedo urbano a partir desta parte componente do sistema
fonte ndash meio ndash receptor restando essencialmente accedilotildees preventivas
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
18
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Outro fator que evidencia o grande valor em compreender a acuacutestica urbana a partir de seu meio
de propagaccedilatildeo eacute o potencial que o meio urbano possui em influenciar a trajetoacuteria da propagaccedilatildeo
sonora Esta influecircncia acontece atraveacutes da forma que este meio apresenta ou seja a forma urbana
atraveacutes de seus elementos componentes e enquanto percurso de transmissatildeo delineia influencia e
determina em certa medida a trajetoacuteria de propagaccedilatildeo da onda sonora
Assim sendo a interaccedilatildeo entre os diversos elementos que compotildeem a forma urbana - o traccedilado e
perfis das vias o modo de implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as proporccedilotildees
densidade e maneira de ocupaccedilatildeo das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres ndash
contribui determinantemente para caracterizaccedilatildeo da propagaccedilatildeo sonora no meio urbano atraveacutes
de muacuteltiplas reflexotildees do espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave fonte geradora de
campos sonoros reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de aacutereas de sombra
Esta interaccedilatildeo entre os elementos da forma urbana e a propagaccedilatildeo sonora ocorre a partir da
diversidade e singularidade existente nos variados meios urbanos igualmente proporcionando os
mais particulares comportamentos acuacutesticos Isto eacute para cada meio urbano existem caracteriacutesticas
particulares inerentes agrave sua forma urbana que geram um comportamento acuacutestico igualmente
especiacutefico exclusivo e vinculado a esta forma urbana
Apesar deste atrelamento entre a acuacutestica urbana e a forma urbana esta relaccedilatildeo natildeo eacute
suficientemente pesquisada e quando eacute satildeo enfocadas prioritariamente situaccedilotildees presentes de
comportamento acuacutestico eou no maacuteximo hipoacuteteses futuras tambeacutem chamadas de prediccedilatildeo
acuacutestica Aleacutem disso natildeo foram encontradas referecircncias ateacute o presente momento de investigaccedilotildees
que priorizem a apreciaccedilatildeo da acuacutestica urbana e sua relaccedilatildeo com as modificaccedilotildees ao longo do tempo da
forma urbana
Isto posto considerando esta ausecircncia de pesquisas e considerando que para cada espaccedilo urbano
existe um comportamento de propagaccedilatildeo sonora especiacutefico o presente estudo se propocircs a
investigar o comportamento acuacutestico de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em sua forma urbana
Para isso admitiu-se que a propagaccedilatildeo de uma mesma fonte sonora em um mesmo espaccedilo urbano
que tenha sofrido ao longo de um processo cronoloacutegico modificaccedilotildees em sua forma urbana
implicaria em diferentes comportamentos em sua acuacutestica urbana para as diferentes datas deste
processo Esta suposiccedilatildeo possibilitou a anaacutelise do comportamento acuacutestico atraveacutes das
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
19
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
modificaccedilotildees cronoloacutegicas da forma urbana a partir da articulaccedilatildeo de trecircs variaacuteveis - a fonte sonora
a forma urbana e a acuacutestica urbana Estas variaacuteveis foram consideradas tendo o estudo de caso
enquanto estrateacutegia de pesquisa
O caso escolhido para esta investigaccedilatildeo foi o loteamento 3deg Jardim de Boa Viagem tanto por
representar uma parcela bem delimitada das raacutepidas e recentes transformaccedilotildees ocorridas na
forma urbana do bairro de Boa Viagem quanto por permitir ilustrar o comportamento acuacutestico
em um encadeamento evolutivo do iniacutecio de sua ocupaccedilatildeo recente ateacute os dias atuais
Para compor tal encadeamento evolutivo foram selecionados os anos de 1971 data escolhida por
caracterizar o princiacutepio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim 1981 e 1997 por representarem datas de
registro de fotografias aeacutereas do bairro de Boa Viagem existentes na base de dados da
CONDEPE-FIDEM Agecircncia Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco 2009 por
representar a realidade atualmente encontrada no 3deg Jardim e uma simulaccedilatildeo de situaccedilatildeo
hipoteacutetica futura de modificaccedilatildeo na forma urbana
Isto posto com o intuito de analisar o comportamento da acuacutestica urbana do 3deg Jardim de Boa
Viagem a partir de modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua forma urbana foram executados os
seguintes objetivos especiacuteficos (I) identificar as caracteriacutesticas configuraccedilotildees e transformaccedilotildees da
forma urbana ocorridas no 3deg Jardim de Boa Viagem nos anos de 1971 1981 1997 e 2009 a
partir de seu processo de ocupaccedilatildeo (II) elaborar mapas acuacutesticos dos niacuteveis atuais (2009) de
pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim (III) elaborar mapas acuacutesticos do 3deg Jardim nos anos de
1971 1981 1997 e de situaccedilatildeo hipoteacutetica futura a partir da consideraccedilatildeo dos niacuteveis atuais (2009)
de pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim
Em busca de expor sistematicamente seu desenvolvimento a presente investigaccedilatildeo foi
estruturada do seguinte modo
O presente capiacutetulo 1 introduz e antecipa brevemente a discussatildeo que seraacute realizada ao longo
desta pesquisa
O capiacutetulo 2 aborda dois aspectos principais O primeiro deles desenvolve o conceito de forma
urbana e seus elementos componentes a partir dos autores Joseacute Lamas (2004) Philippe Panerai
(2006) e Vicente Del Rio (1990) Busca elucidar que a apreensatildeo da forma urbana eacute complexa e
envolve diversificadas abordagens e enfoques sociais econocircmicos histoacutericos e culturais para
entatildeo indicar que a presente pesquisa lanccedilaraacute um olhar para a forma urbana essencialmente a
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
20
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
partir de seu aspecto fiacutesico e material recorte necessaacuterio para a anaacutelise do comportamento
acuacutestico urbano
O segundo aspecto abordado no capiacutetulo 2 diz respeito agrave definiccedilatildeo teoacuterica do conceito da
acuacutestica urbana e de suas diversificadas implicaccedilotildees e interfaces quando o som eacute propagado em
meio urbano Busca evidenciar os fenocircmenos que ocorrem a partir da interaccedilatildeo entre a forma
urbana e a acuacutestica urbana indicando que a influecircncia da forma urbana eacute determinante para o
comportamento da acuacutestica urbana
O capiacutetulo 3 eacute dedicado ao percurso investigativo desta pesquisa evidenciando sua metodologia e
procedimentos metodoloacutegicos apresentando o 3deg Jardim enquanto estudo de caso o
mapeamento acuacutestico enquanto instrumento de pesquisa e detalhando as etapas operacionais
deste estudo Este capiacutetulo evidencia ainda o processo de elaboraccedilatildeo dos modelos e mapas
acuacutesticos da forma urbana existente no 3deg Jardim em cada uma das datas estudadas aleacutem da
situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e discute o software Predictor utilizado para este mapeamento
O capiacutetulo 4 diz respeito ao processo de ocupaccedilatildeo do bairro de Boa Viagem e sua relaccedilatildeo com as
transformaccedilotildees urbanas ocorridas no 3deg Jardim Busca-se identificar as caracteriacutesticas
configuraccedilotildees e transformaccedilotildees ocorridas na forma urbana do 3deg Jardim que possibilitem o
entendimento cronoloacutegico destas modificaccedilotildees dando suporte a elaboraccedilatildeo e anaacutelise dos mapas
acuacutesticos
O capiacutetulo 5 analisa o comportamento da acuacutestica urbana identificado nos mapas acuacutesticos
elaborados do 3deg Jardim a partir das modificaccedilotildees ocorridas em sua forma urbana nos anos de
1971 1981 1997 e 2009 aleacutem de uma situaccedilatildeo hipoteacutetica futura (prediccedilatildeo acuacutestica) Neste capiacutetulo
discute-se ainda o comportamento do 3deg Jardim em relaccedilatildeo agrave legislaccedilatildeo municipal que regula as
emissotildees sonoras na cidade do Recife e no estado de Pernambuco e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis
recomendados por outras entidades normativas e indica-se possiacuteveis accedilotildees para melhoria no
comportamento acuacutestico do 3deg Jardim bem como as possiacuteveis consequumlecircncias acuacutesticas da
ausecircncia de tais accedilotildees
Por fim no capiacutetulo 6 satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais acerca do comportamento acuacutestico
do 3deg Jardim e satildeo indicados novos rumos de pesquisa a respeito da acuacutestica urbana
CAPIacuteTULO 2
A arquitetura eacute uma muacutesica petrificada
Arthur Schopenhauer
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
22
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
Analisar o comportamento da acuacutestica urbana ainda que a partir das modificaccedilotildees da forma
urbana faz com que esta pesquisa trate essencialmente da acuacutestica urbana No entanto este
comportamento esta sujeito aos diversificados modos de apreensatildeo da forma urbana e de seus
elementos componentes bem como ao modo como esta pesquisa os consideraraacute
Assim sendo o primeiro item deste capiacutetulo expotildee o conceito de forma urbana e de algumas de
suas relaccedilotildees discutido agrave luz de LAMAS (2004) de PANERAI (2006) e DEL RIO (1990)
indicando em seguida o que esta pesquisa consideraraacute como forma urbana
Certamente discussatildeo em torno da produccedilatildeo de outros autores poderia ser elaborada No
entanto o primeiro item deste capiacutetulo natildeo pretende representar uma revisatildeo bibliograacutefica acerca
do estudo da forma urbana e suas relaccedilotildees pretende sim construir uma discussatildeo em torno dos
trecircs autores selecionados que culmine no conceito de forma urbana que seraacute considerado por esta
pesquisa para possibilitar olhar para suas modificaccedilotildees cronoloacutegicas a fim de compreender o
comportamento da acuacutestica urbana
Apoacutes este delineamento no segundo item deste capiacutetulo discute-se a acuacutestica urbana e suas
relaccedilotildees conceituais com os diversos elementos e implicaccedilotildees da propagaccedilatildeo sonora em meio
urbano e como eles relacionam-se influenciando em seu comportamento
21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes
Segundo LAMAS (2004) estudar a forma urbana compreende examinar as configuraccedilotildees e as
estruturas exteriores de determinados objetos de suas formas interligando-as com os fenocircmenos
que lhes deram origem Assim sendo a forma urbana pode ser definida como sendo o
[] modo como se organizam os elementos morfoloacutegicos que constituem e definem o espaccedilo urbano relativamente agrave materializaccedilatildeo dos aspectos de
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
23
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas Fonte LAMAS 2004
organizaccedilatildeo funcional e quantitativa e dos aspectos qualitativos e figurativos (LAMAS 2004 p 44) 1
Dentre estes aspectos os quantitativos satildeo agravequeles da realidade urbana que podem ser
quantificaacuteveis tais como densidades superfiacutecies fluxos coeficientes volumeacutetricos entre outros
(Figura 21) os de organizaccedilatildeo funcional satildeo agravequeles que se relacionam com as atividades
humanas tais como habitar e trabalhar e agravequeles relacionados ao modo de uso especiacutefico de uma
aacuterea ndash residencial comercial industrial entre outros os qualitativos referem-se ao tratamento dos
espaccedilos ao conforto e a comodidade do utilizador tais como adaptaccedilatildeo ao clima acessibilidade
estado da pavimentaccedilatildeo entre outros por fim os aspectos figurativos dizem respeito a
essencialmente a comunicaccedilatildeo esteacutetica (LAMAS 2004)
Pode-se considerar que ao olhar para forma urbana e em especiacutefico para suas modificaccedilotildees
cronoloacutegicas com o intuito de compreender o comportamento da acuacutestica urbana esta pesquisa
relaciona-se tanto aos aspectos qualitativos a partir do conforto acuacutestico dos receptores das
ondas sonoras em meio urbano quanto aos
aspectos quantitativos uma vez que este
comportamento acuacutestico em meio urbano eacute
quantificaacutevel em decibels (dB)
Embora estes aspectos envolvam grande parte
das singularidades inerentes a forma urbana
esta definiccedilatildeo parece ainda natildeo abarcar outras
particularidades sociais econocircmicas histoacutericas
e culturais igualmente envolvidas no
entendimento da concepccedilatildeo da forma urbana
isto eacute resta ainda a consideraccedilatildeo de que esta
forma urbana natildeo acontece
independentemente dos grupos sociais que a
produzem (PANERAI 2006)
Satildeo essencialmente estas particularidades que
impulsionam ou amortecem a transformaccedilatildeo
1 Para todas as citaccedilotildees deste autor natildeo seratildeo consideradas adaptaccedilotildees na liacutengua do paiacutes de origem - Portugal - permanecendo o texto original
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
24
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
dos elementos que compotildeem a forma urbana ndash a adiccedilatildeo de novos de traccedilados a um jaacute existente
ou sua superposiccedilatildeo seus conflitos o parcelamento de parques e ocupaccedilatildeo de espaccedilos livres a
renovaccedilatildeo da massa edificada seu lento adensamento e verticalizaccedilatildeo segundo uma especulaccedilatildeo
despretensiosa ou sua substituiccedilatildeo por vastos empreendimentos sob influecircncia de uma
especulaccedilatildeo bem mais expressiva (PANERAI 2006) isto eacute faz parte da apreensatildeo da forma
urbana uma complexidade que envolve um processo de acumulaccedilatildeo de enfoques e observaccedilotildees
sociais econocircmicas histoacutericas e culturais que englobam muito mais do que apenas sua forma
fiacutesica
Estas particularidades especialmente as sociais parecem um pouco mais delineadas nas
consideraccedilotildees feitas por DEL RIO (1990) que considera o espaccedilo urbano a partir da apropriaccedilatildeo
social que se faz dele estabelecendo que em relaccedilatildeo ao estudo da forma urbana a cidade pode
ser compreendida a partir de trecircs niacuteveis organizacionais o coletivo o comunitaacuterio e o individual
O niacutevel coletivo eacute regido sob uma loacutegica estruturadora percebida inconscientemente e
coletivamente e eacute composto pelos elementos2 do tecido que possuem uma permanecircncia maior ao
longo do tempo o niacutevel comunitaacuterio diz respeito aos elementos com significados especiais apenas
para um pequeno grupo da populaccedilatildeo como o bairro por exemplo jaacute o niacutevel individual expressa
significados individuais como a residecircncia e seu espaccedilo circundante e por seu caraacuteter individual eacute
o que apresenta maior rapidez nas modificaccedilotildees (DEL RIO 1990)
Mas LAMAS (2004) ao defender sua definiccedilatildeo para forma urbana natildeo soacute possuiacutea ciecircncia destas
outras particularidades explicitadas por PANERAI (2006) e DEL RIO (1990) ndash sociais
econocircmicas histoacutericas e culturais ndash envolvidas na concepccedilatildeo de forma urbana como optou em
natildeo apreciaacute-las
[] um primeiro grau de leitura da cidade eacute eminentemente fiacutesico-espacial e morfoloacutegico portanto especiacutefico da arquitectura e o uacutenico que permite evidenciar a diferenccedila entre este e outro espaccedilo entre esta e aquela forma e explicar as caracteriacutesticas de cada parte da cidade A estes se juntam outros niacuteveis de leitura que revelam diferentes conteuacutedos (histoacutericos econoacutemicos sociais e outros) Mas este conjunto de leituras soacute eacute possiacutevel porque a cidade existe como facto fiacutesico e material Todos os instrumentos de leitura lecircem o mesmo objecto ndash o espaccedilo fiacutesico a FORMA URBANA (LAMAS 2004 p 31 grifo do autor) Eacute fundamentalmente a dimensatildeo fiacutesica e morfoloacutegica da cidade que me preocupa [] (LAMAS 2004 p 31)
2 Estes elementos seratildeo discutidos em paraacutegrafos mais adiante
____________________________________________
ANAacuteLISE D
Na verdade esta opccedilatildeo em
urbana considerando-a essen
de seu aspecto fiacutesico e m
convenientemente ao obje
presente pesquisa analisar
da acuacutestica urbana a partir
cronoloacutegicas na forma urba
esta anaacutelise do compor
implica em uma apropriaccedil
fiacutesica e material destas modif
Certamente a busca pela ap
urbana envolve muito
simplesmente sua forma
como jaacute aclarado No entan
da anaacutelise proposta por
apreensatildeo em totalid
fundamentalmente necessaacuter
apropriaccedilatildeo da forma urban
material ou uma variaacutevel fiacutes
finalidade derradeira de
comportamento acuacutestico
modificaccedilotildees nesta forma
Ao entender a observaccedilatildeo
essencialmente em seu aspec
(2004) propocircs uma classifica
dimensotildees
bull A dimensatildeo setorial
refere-se agrave menor u
do espaccedilo urbano co
uma praccedila ou uma
ponto o observador
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 24 ndash A cidadeo texemplificada por meio da cidadLAMAS 2004
Figura 23 ndash O bairro a escala ucidade portuguesa de Tavira Fonte
Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na ca dimensatildeo setorial Fonte LAMA
em observar a forma
sencialmente a partir
material responde
bjetivo primeiro da
ar o comportamento
rtir de modificaccedilotildees
rbana uma vez que
ortamento acuacutestico
riaccedilatildeo genuinamente
dificaccedilotildees
apreensatildeo da forma
o mais do que
a fiacutesica e material
tanto para realizaccedilatildeo
or este estudo tal
alidade natildeo eacute
saacuteria o que torna a
bana quase um meio
l fiacutesica para atingir a
e compreensatildeo do
a partir de
atildeo da forma urbana
pecto fiacutesico LAMAS
icaccedilatildeo em escalas ou
ndash a escala da rua
r unidade ou porccedilatildeo
como por exemplo
a rua onde de um
dor pode abarcar a
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
25
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
territoacuterioa dimensatildeo territorial dade portuguesa de Tavira Fonte
a urbana exemplificada por meio da nte LAMAS 2004
na cidade portuguesa de Tavira ilustra MAS 2004
____________________________________________
ANAacuteLISE D
unidade espacial d
(Figura 22)
bull A dimensatildeo urbana ndash
corresponde agraves pa
identificaacuteveis como
exemplo onde a
elementos da forma
atraveacutes do movime
percursos (Figura 23
bull E por fim a dimensatildeo
da cidade diz respeito
diferentes formas
articulaccedilatildeo de bai
entre si Sua forma
distribuiccedilatildeo de eleme
das cidades em con
suporte geograacutefico d
a articulaccedilatildeo de
circulaccedilatildeo entre os
entre zonas habitacio
entre outras (Figura 2
Dentre estas dimensotildees a u
bairro desperta particular
pesquisa uma vez que o e
limites de observaccedilatildeo atraveacute
de movimentos poderaacute aba
significante de modificaccedilotildee
forma urbana de determina
compreender o comport
acuacutestica urbana
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 25 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do CONDEPE-FIDEM 1981
Figura 26 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do baorigens da cidade entrecortadoBarreto Fonte CONDEPE-FIDE
Figura 27 ndash Exemplos de diveredifiacutecios lotes quarteirotildees e vias eRecife Nesta imagem um recessencialmente por morros o AltoFIDEM 1981
de seu conjunto
ndash a escala do bairro
partes homogecircneas
mo os bairros por
a observaccedilatildeo dos
a urbana eacute realizada
imento e de vaacuterios
23)
nsatildeo territorial ndash a escala
eito agrave articulaccedilatildeo de
as urbanas da
bairros interligados
ma eacute definida pela
mentos estruturantes
onformidade com o
o do siacutetio tais como
e ruas e vias de
s diferentes bairros
cionais e comerciais
a 24)
a urbana ndash escala do
lar interesse desta
o entendimento dos
veacutes de certo nuacutemero
barcar uma amostra
otildees cronoloacutegicas na
inado local a fim de
ortamento de sua
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
26
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife o bairro de Boa Viagem Fonte
rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves do pela recente Avenida Dantas DEM 1981
versificadas concretizaccedilotildees entre os em diferentes bairros da cidade do
recorte de um bairro constituiacutedo lto do Mandu Fonte CONDEPE-
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
27
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
No entanto para apreender tal dimensatildeo devem-se conhecer e estabelecer quais elementos
miacutenimos da forma urbana que se relaciona com esta a dimensatildeo urbana e quais satildeo estes
elementos LAMAS (2004) propocircs onze elementos da forma urbana necessaacuterios para esta
apreensatildeo o solo (I) o edifiacutecio (II) o lote (III) o logradouro (IV) o quarteiratildeo (V) o traccediladoa
rua(VI) a praccedila (VII) a fachada (VIII) o monumento (IX) a vegetaccedilatildeo (X) e o mobiliaacuterio
urbano (XI) Dentre estes elementos seis possuem uma estreita relaccedilatildeo com esta pesquisa e
seratildeo expostos de acordo com consideraccedilotildees observadas por LAMAS 3 (2004) (Figuras 25 a 27)
O edifiacutecio representa o elemento miacutenimo identificaacutevel na observaccedilatildeo da forma urbana eacute atraveacutes
dele que se constitui o espaccedilo urbano e se organizam diferentes elementos tais como ruas praccedilas
avenidas entre outros Os edifiacutecios agrupam-se em diferentes tipos tanto em relaccedilatildeo a suas
formas quanto a suas funccedilotildees Estes elementos podem influenciar o comportamento da acuacutestica
urbana atuando enquanto objetos reflexivos da onda sonora e como barreiras acuacutesticas4
O lote representa o princiacutepio da relaccedilatildeo do edifiacutecio com o terreno A forma do lote eacute muitas
vezes condicionante da forma do edifiacutecio tornando-os vinculados por essecircncia o logradouro diz
respeito ao espaccedilo livres e natildeo construiacutedos no interior do lote aos quintais e jardins o quarteiratildeo
ou quadra pode ser considerado como o espaccedilo resultante entre o cruzamento de trecircs ou mais
vias podendo ser demarcado em vaacuterios lotes para a construccedilatildeo de edifiacutecios Juntos estes trecircs
elementos associados aos edifiacutecios podem propiciar uma maior ou menor permeabilidade
acuacutestica eou uma maior ou menor presenccedila de aacutereas de sombra no meio urbano
O traccedilado por meio das ruas ou vias eacute facilmente identificaacutevel no meio urbano Estaacute muitas vezes
condicionado ao siacutetio geograacutefico existente regula a disposiccedilatildeo dos edifiacutecios e quarteirotildees e
interliga os vaacuterios espaccedilos componentes da cidade e a cidade ao territoacuterio Normalmente o
traccedilado resiste agraves transformaccedilotildees na forma urbana por possuir um caraacuteter de permanecircncia natildeo
totalmente modificaacutevel O traccedilado engloba trajetoacuterias e caminhos que natildeo satildeo necessariamente
percorridos atraveacutes de automoacuteveis apesar disso estaacute em grande parte vinculado a uma das
principais fontes geradoras de ruiacutedo urbano ndash o traacutefego de veiacuteculos
3 Os outros elementos tambeacutem podem relacionar-se de diferentes maneiras com a acuacutestica urbana mas nem tanto com a presente pesquisa e por isso natildeo foram considerados 4 Todas as definiccedilotildees e conceitos acuacutesticos apresentados no presente item seratildeo elucidados no item seguinte 22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
28
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) Fonte PANERAI 2006
A praccedila eacute um espaccedilo de geometria variada
intencionalmente inserido no meio urbano
cuja relaccedilatildeo com o traccedilado e os edifiacutecios
tambeacutem eacute intencional evidenciada atraveacutes do
seu desenho e natildeo acidentais como
alargamento e confluecircncias do traccedilado Aleacutem
disso a praccedila eacute um lugar de encontro de
permanecircncia e de praacuteticas sociais
Acusticamente dependendo de suas
proporccedilotildees a propagaccedilatildeo sonora que envolve
uma praccedila pode apresentar um
comportamento que se assemelha a
propagaccedilatildeo sonora em campo livre
Estes elementos constituintes da forma urbana
conceituados por LAMAS (2004) podem ser
identificados sob um diferente invoacutelucro
conceitual mas com a mesma essecircncia no que
PANERAI (2006) definiu como sendo
conjuntos do tecido urbano
Aplicado agrave cidade o termo ldquotecidordquo evoca a continuidade e a renovaccedilatildeo a permanecircncia e a variaccedilatildeo Ele explica a constituiccedilatildeo das cidades antigas e responde as questotildees levantadas pelo estudo das urbanizaccedilotildees recentes Ele pressupotildee uma atenccedilatildeo tanto ao banal quanto ao excepcional tanto agraves ruas comuns e agraves edificaccedilotildees corriqueiras quanto agraves regulamentaccedilotildees e aos monumentos Dentre as muacuteltiplas definiccedilotildees de tecido urbano e sem desprezar suas qualidades escolhemos a mais simples O tecido urbano eacute constituiacutedo pela superposiccedilatildeo ou imbricaccedilatildeo de trecircs conjuntos a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees Essa definiccedilatildeo potildee em evidecircncia os elementos que permitem que as diferentes partes da cidade evoluam ao mesmo tempo em que satildeo mantidas a coesatildeo de conjunto e a clareza de sua estrutura (PANERAI 2006 p 77-78 grifo nosso) (Figura 28)
Ao contraacuterio de LAMAS (2004) que considera a praccedila como um elemento da forma urbana por
si soacute PANERAI (2006) discute as vias ou traccedilado inseridas em uma relaccedilatildeo em rede onde
tambeacutem satildeo considerados como partes constituintes os largos passeios praccedilas esplanadas cais
pontes rios canais margens praias todos compondo o espaccedilo puacuteblico Eacute atraveacutes desta rede
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
29
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua
organizaccedilatildeo local e territorial
Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o
domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios
quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente
o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da
forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo
Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao
espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo
vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os
edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila
sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto
Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute
bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus
elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma
essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo
objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles
- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)
Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno
relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar
definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento
5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
30
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109
O adensamento ocorre a partir de dois modos
essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do
preenchimento progressivo do espaccedilo urbano
e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa
por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)
A primeira forma de adensamento ocorre sem
a expansatildeo territorial por meio do
preenchimento progressivo de todas as
reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de
determinado meio urbano Eacute um
adensamento inserido em limitesbarreiras
preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como
uma via expressa irregularidades geograacuteficas
do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual
em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas
edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)
A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do
solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de
adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem
sua expansatildeo (PANERAI 2006)
Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como
se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado
meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da
acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o
adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de
objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica
Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o
edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados
por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
31
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias
dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta
pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a
partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo
exclusivamente
1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo
de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres
2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os
lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)
3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e
principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes
geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)
Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no
decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees
cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e
relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana
22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a
forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia
multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o
som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas
do conhecimento (Figura 210)
Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano
seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes
tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental
O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por
pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu
____________________________________________
ANAacuteLISE D
complexo padratildeo de ondas s
de ruiacutedo muacutesica fala
(BERGLUND et al 1999)
Esta definiccedilatildeo do som tend
a percepccedilatildeo do ouvido
conceito psicofiacutesico Fisicame
vibraccedilatildeo mecacircnica que
progressivamente atraveacutes de
gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN
Esta vibraccedilatildeo quando tran
que o rodeia nem sempre
aparelho auditivo humano
frequumlecircncia6 audiacutevel encontra
20 a 20000 Hz para um
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984
1982) Frequumlecircncias acima de
altas para respostas fisioloacuteg
chamadas de ultrasons Jaacute as
de 20 Hz satildeo chamadas de
detectaacuteveis pelo ouvido hum
prejudiciais agrave sua sauacutede7
1982 SOUSA 2004)
Fisicamente o som e o ruiacutedo
ambos se propagam em mei
detectados pelo ouvido hu
enquanto o som eacute utilizado
6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa
Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006
as sonoras eacute rotulado
ala entre outros
ndo como referecircncia
o humano eacute um
mente o som eacute uma
que se propaga
de um meio material
(SINGAL 2005)
transmitida ao meio
re eacute detectaacutevel pelo
ano cuja faixa de
tra-se no intervalo de
um jovem saudaacutevel
4 KINSLER et al
de 20000 Hz muito
loacutegicas auditivas satildeo
as frequumlecircncias abaixo
de infrasons e natildeo satildeo
umano contudo satildeo
(KINSLER et al
iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee
eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos
humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN
do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev
iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo
as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
32
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006
ontual e fonte sonora linear Fonte
otildees de pressatildeo ambiente
bos satildeo capazes de serem
EN 1995) No entanto
daacuteveis o ruiacutedo descreve
do e eacute medida em Hertz (Hz)
amento das estruturas cardiacuteacas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
33
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)
Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e
portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece
como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro
[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)
Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo
mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees
no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse
irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos
(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM
2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)
O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais
comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual
possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as
direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)
Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de
fontes pontuais dispostas linearmente cuja
emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta
linha sendo seu decaimento em campo livre
de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)
Quando propagadas no meio urbano a
combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas
ao percurso de transmissatildeo e ao receptor
constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
34
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
chamado de ruiacutedo ambiental (environmental
noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)
(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005
SOUSA 2004)
O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do
traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de
obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos
industriais de estabelecimentos comerciais e
de serviccedilos de sistemas de propaganda
volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-
estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982
NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)
Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais
como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes
nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade
populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos
extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se
a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES
2006)
Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o
ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A
necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade
existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis
normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a
populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano
8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
35
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006
Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg
1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes
Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes
procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO
2009)
NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
Niacutevel de Pressatildeo sonora
em dB(A)
Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS
Ambiente ou atividade
0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros
aacuterea de mata selvagem
30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite
50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse
auditivo Rua agitada um restaurante barulhento
70 a 90 Estressante e bastante
excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh
conversa a gritos
90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia
Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor
110 a 130
Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez
instantacircnea
Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock
130 a 140 Acima do limiar da dor
causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia
Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias
resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a
poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir
diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho
Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores
(NAGEM 2004)
Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave
Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do
12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
36
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do
sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do
Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da
cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias
tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da
Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)
Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da
LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos
com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos
submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e
do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a
accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave
conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte
geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)
Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos
de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em
documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da
Cidade do Recife (RECIFE 2000)
Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo
Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as
posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da
poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor
o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie
de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo
exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil
militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um
importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)
Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a
poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de
13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
37
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999
pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais
(BERGLUND et al1999)
Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que
atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua
(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do
ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio
urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram
em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da
populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes
geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et
al 2002) (Figura 214)
Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o
aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais
percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al
2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)
O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a
partir do ruiacutedo veicular que proveacutem
essencialmente do sistema de propulsatildeo do
motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo
aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso
(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da
relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as
configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido
a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de
acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a
presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de
pedestres etc a intensidade do fluxo de
veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os
veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de
14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
38
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita
terra batida) etc (SINGAL 2005)
Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo
comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas
implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo
do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo
para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e
pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS
2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma
interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana
Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto
por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego
seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no
proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de
certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e
forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e
largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser
acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica
O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde
acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo
acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)
O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia
de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio
urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou
nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o
espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de
suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de
pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
39
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007
Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido
pelo receptor diminui em funccedilatildeo da
duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15
Praccedilas parques e largos com grandes
dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias
vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas
uma de suas margens ou espaccedilos livres
urbanos de grandes dimensotildees caracterizam
alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos
No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras
sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o
seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente
sendo praticamente o mesmo em vaacuterias
posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre
uma saiacuteda para campo livre caracterizando o
fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura
217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)
Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser
reverberantes quando a onda sonora tarda a
encontrar o campo livre gerando um grande
nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes
quando a onda sonora encontra o campo livre
um pouco mais rapidamente do que no
reverberante gerando um nuacutemero menor mas
ainda grande de reflexotildees
15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
40
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007
No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado
reverberante possui comumente um perfil em
ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de
canyons urbanos que podem amplificar
consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das
vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas
geradas pelas fachadas paralelas das
edificaccedilotildees que circundam estas vias
(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste
tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora
natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre
a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico
aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos
elementos que compotildeem a forma urbana e
dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que
revestem as superfiacutecies refletoras18
(NIEMEYER 2007)
Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de
traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados
tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos
de espaccedilos acuacutesticos fechados
A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda
sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem
podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo
tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo
18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
41
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007
Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992
Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se
aos percursos da onda sonora gerados no
meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005
NIEMEYER 2007) A intensidade da
permeabilidade acuacutestica - mais ou menos
permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de
certos elementos urbanos de promover ou
conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais
como o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem
como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade
e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila
ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e
221)
A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda
com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o
conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a
qualquer objeto que possa ser considerado um
obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias
entre a fonte e o receptor (Figura 222)
(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES
2000) Ao bloquear o percurso direto entre a
fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser
absorvida eou refletida pela superfiacutecie da
barreira transmitida atraveacutes da barreira ou
difratada a partir do topo da barreira
(BARRON 2003 SINGAL 2005)
A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as
ondas sonoras sejam capazes de contornar
determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de
sombra acuacutestica que possui limites espaciais
variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte
____________________________________________
ANAacuteLISE D
sonora e de sua localizaccedilatilde
receptor que por sua vez
sonora difratada pelas borda
um decaimento maior do qu
campo livre (Figura 223) (N
1968 NIEMEYER 2007 PA
O uso de barreiras acuacutestic
EUA Japatildeo Austraacutelia e
reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do
pelo traacutefego rodoviaacuterio pa
(Figuras 224 a 226) (SIN
Brasil esta praacutetica ainda eacute inc
restringindo-se a poucos exe
caso da barreira acuacutestica no
Linha Amarela na cidade do
na Rodovia Bandeirantes co
de Satildeo Paulo a Campinas
Paulo (Figura 227) (MURGE
2004)
Embora a implantaccedilatildeo de b
esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do
rodoviaacuterio outros elemen
meio urbano situados ent
receptor atuam espontan
barreiras agrave propagaccedilatildeo sono
terreno com topografia i
muros edificaccedilotildees entr
edificaccedilotildees conjugadas da R
cidade do Recife ou aind
conjugadas em alguns trec
Atlacircntica no Rio de Janei
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap
Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C
Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2
Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest
Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN
accedilatildeo em relaccedilatildeo ao
ez recebe a energia
rdas da barreira com
que se estivesse em
(NEPOMUCENO
PAZ 2004)
ticas eacute comum nos
e na Europa para
do ruiacutedo produzido
para seus arredores
INGAL 2005) No
incipiente
exemplos como eacute o
no eixo rodoviaacuterio
o Rio de Janeiro e
conectando a cidade
s no estado de Satildeo
GEL 2007 SOUSA
e barreiras acuacutesticas
do ruiacutedo de traacutefego
entos inseridos no
entre a fonte e o
taneamente como
nora tais como um
irregular taludes
ntre outros As
a Rua da Aurora na
inda as edificaccedilotildees
trechos da Avenida
neiro por exemplo
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
42
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007
rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007
da Rodovia Bandeirantes no estado 2007
da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000
barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
43
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409
Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409
aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas
espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem
conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em
ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e
229)
A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e
da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a
interaccedilatildeo entre os diversos elementos que
compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis
das vias o modo de implantaccedilatildeo das
edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as
proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo
das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de
espaccedilos livres ndash contribui determinantemente
para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano
atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do
espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave
fonte geradora de campos sonoros
reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de
aacutereas de sombra
Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado
um sistema composto essencialmente pela fonte
sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e
KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto
percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de
propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares
apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo
da onda sonora no meio urbano
19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
44
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao
ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos
reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente
todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das
edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar
dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e
insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via
Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo
facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas
reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando
sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano
desejaacutevel aos seus receptores
Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as
distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de
propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades
bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento
acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano
Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se
comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica
urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana
Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos
investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento
Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo p 39
Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana p39
Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos p 40
Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano p 41
Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem p 41
Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem p 41
Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor p 41
Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da onda sonora a partir de uma barreira gerando uma aacuterea de sombra acuacutestica p 42
Figura 224 ndash Agrave esquerda barreira acuacutestica curva em concreto e acriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreira acuacutestica metaacutelica na estrada entre Paacutedua e Veneza na Itaacutelia p 42
Figura 225 ndash Agrave esquerda barreira acuacutestica metaacutelica instalada proacuteximo a Zurique Agrave direita barreira acuacutestica em concreto e acriacutelico tambeacutem na Suiacuteccedila p 42
Figura 226 ndash Barreiras instaladas ao longo de via expressa elevada em aacuterea residencial de Toacutequio Japatildeo p 42
Figura 227 ndash Barreira acuacutestica da Rodovia Bandeirantes no estado de Satildeo Paulo p 42
Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo p 43
Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo p 43
Figura 31 ndash Relaccedilatildeo das variaacuteveis de pesquisa p 48
Figura 32 - Localizaccedilatildeo geograacutefica do 3deg Jardim de Boa Viagem p 50
Figura 33 - Ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim em 1971 com diversos lotes natildeo ocupados e vias ainda natildeo construiacutedas como a Av Eng Domingos ferreira p 50
Figura 34 - Delimitaccedilatildeo da aacuterea de estudo em azul o 3deg Jardim p 52
Figura 35 - Mapa acuacutestico da Universidade Estadual de Campinas com representaccedilatildeo dos niacuteveis sonoros por pontos em gradaccedilatildeo de cores p 53
Figura 36 - Mapa acuacutestico com representaccedilatildeo dos niacuteveis sonoros por linhas da cidade de Goumlteborg Sueacutecia p 53
Figura 37 - Mapa acuacutestico utilizado na reurbanizaccedilatildeo do centro de Seoul Korea p 53
Figura 38 ndash Acima localizaccedilatildeo de estaccedilotildees de monitoramento de ruiacutedo em Taiwan abaixo distribuiccedilatildeo de ruiacutedo em Taiwan no veratildeo nos turnos da manhatilde tarde e noite p 54
Figura 39 - Violaccedilotildees da legislaccedilatildeo de ruiacutedo em Taiwan nos turnos da manhatilde tarde e noite p 54
Figura 310 - Delimitaccedilatildeo da aacuterea em azul do estudo piloto no 3deg Jardim de Boa Viagem p 57
Figura 311 ndash Mapa acuacutestico de parte do 3deg Jardim de Boa Viagem da pesquisa piloto realizada em Maio de 2009 no LAAICA-UFPR p 57
Figura 312 ndash Locaccedilatildeo dos pontos de mediccedilatildeo em azul e malha guia em amarelo p 59
Figura 313 ndash Locaccedilatildeo dos grids verticais em azul seccionando edificaccedilotildees e evitando espaccedilos livres p 63
Figura 41 ndash Avenida Boa Viagem nas proximidades da Praccedila de Boa Viagem no iniacutecio de sua urbanizaccedilatildeo p 65
Figura 42 ndash Avenida Boa Viagem no iniacutecio de sua urbanizaccedilatildeo p65
Figura 43 ndash Vista aeacuterea do bairro de Boa Viagem nos anos 50 p 65
Figura 44 ndash Edifiacutecio Califoacuternia em 1959 construiacutedo no 2deg Jardim de Boa Viagem p 67
Figura 45 ndash Projeto para o loteamento do 1deg 2deg e 3deg Jardim de Boa Viagem com a localizaccedilatildeo em vermelho dos espaccedilos destinados ao uso comunitaacuterio sendo previsto uma igreja e um mercado puacuteblico e em verde os espaccedilos destinados agraves aacutereas verdes p 67
Figura 46 ndash Cartatildeo Postal Edicard do Bairro de Boa Viagem na deacutecada de 70 No alto indica-se o Hotel Boa Viagem e a Praccedila de Boa Viagem mais abaixo a Casa do Navio uma conhecida referecircncia na Avenida Boa Viagem pelos recifenses ateacute sua demoliccedilatildeo p 68
Figura 47 ndash Cartatildeo Postal Edicard da Praia e Avenida Boa Viagem na deacutecada de 70 p 68
Figura 48 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69
Figura 49 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69
Figura 410 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69
Figura 411 ndash Bairro de Boa Viagem na deacutecada de 70 Acima indica-se o bairro do Pina e o Edifiacutecio Califoacuternia localizado no 2deg Jardim de Boa Viagem No meio a Avenida Domingos Ferreira ainda em terra batida e natildeo finalizada ao encontrar-se com o mangue circundante dos braccedilos do Rio Pina Abaixo o Edifiacutecio Holiday p 70
Figura 412 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 70
Figura 413 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 70
Figura 414 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 71
Figura 415 ndash Demoliccedilatildeo do Hotel Boa Viagem e em seu lugar estaacute sendo erguido o Ed Maria Acircngela Lucena uma edificaccedilatildeo multifamiliar de gabarito alto com amplo nuacutemero de unidades habitacionais e de pavimentos mais um exemplar dos ldquoarranha ceacuteusrdquo residenciais de Boa Viagem p 71
Figura 416ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73
Figura 417 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73
Figura 418 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73
Figura 419 ndash Os pavimentos destinados agraves garagens dos edifiacutecios residenciais multifamiliares satildeo comumente chamados na construccedilatildeo civil de ldquobandejasrdquo enquanto as torres dos pavimentos tipos satildeo nomeadas de ldquolacircminasrdquo p 74
Figura 420 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 74
Figura 421 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 74
Figura 422 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 75
Figura 51 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1971 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash O mapa ilustra a propagaccedilatildeo sonora no iniacutecio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim p 83
Figura 52 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 84
Figura 53 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 - O mapa do iniacutecio da ocupaccedilatildeo urbana do 3deg Jardim apresentando um comportamento acuacutestico com caracteriacutesticas predominantes de propagaccedilatildeo sonora em campo livre sem a presenccedila significantes de obstaacuteculos que interfiram em seu percurso possibilitando um contiacutenuo decaimento sonoro em relaccedilatildeo agrave distacircncia como ilustram as setas indicativas em preto p 85
Figura 54 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 - O mapa do iniacutecio da ocupaccedilatildeo urbana do 3deg Jardim mostrando outra secccedilatildeo vertical contendo o mesmo comportamento acuacutestico com caracteriacutesticas predominantes de propagaccedilatildeo sonora em campo livre como ilustram as setas indicativas em preto p 85
Figura 55 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Por menor que seja sua presenccedila algumas edificaccedilotildees pontuais de gabarito meacutedio atuam como barreiras acuacutesticas espontacircneas constituindo obstaacuteculos que interferem na propagaccedilatildeo sonora como ilustram as setas indicativas em preto p 86
Figura 56 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash As edificaccedilotildees que atuam como barreiras acuacutesticas geram o fenocircmeno acuacutestico da difraccedilatildeo que propicia a criaccedilatildeo de aacutereas de sombra acuacutestica onde os niacuteveis de pressatildeo sonora equivalente satildeo mais baixos como ilustram as setas indicativas em preto p 86
Figura 57 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1981 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Nesta data houve o aumento no nuacutemero de ilhas de sombra e diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 p 87
Figura 58 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 88
Figura 59 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash Reduccedilatildeo da quantidade de campos acuacutesticos abertos e aumento no nuacutemero de edificaccedilotildees que atuam enquanto barreiras acuacutesticas favorecendo o aumento do nuacutemero de ilhas de sombra e da diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 como ilustram as setas indicativas em preto p 89
Figura 510 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 89
Figura 511 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Como ilustram as setas indicativas em preto o princiacutepio da verticalizaccedilatildeo no 3deg Jardim pode ter contribuiacutedo atraveacutes de uma melhor atuaccedilatildeo das novas edificaccedilotildees enquanto barreiras acuacutesticas para o aumento do nuacutemero de ilhas de sombra e da diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 p 90
Figura 512 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 90
Figura 513 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1997 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Em 1997 com um adensamento e verticalizaccedilatildeo ainda maior do que em 1981 houve o aumento tanto do nuacutemero das ilhas de sombra quanto nas sua aacutereas de abrangecircncia acarretando no melhor comportamento acuacutestico observado ateacute entatildeo entre os mapas elaborados p 95
Figura 514 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 96
Figura 515 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash A edificaccedilotildees propiciam muacuteltiplas reflexotildees a partir de suas fachadas expostas agraves fontes sonoras influenciando na propagaccedilatildeo da onda sonora de modo distinto ao que seria essa propagaccedilatildeo em campo livre conforme indicado nos mapas acuacutesticos p97
Figura 516 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 97
Figura 517 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 98
Figura 518 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 98
Figura 519 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash As edificaccedilotildees soacute geram muacuteltiplas reflexotildees a partir de suas fachadas expostas agraves fontes sonoras transpondo estas fachadas as edificaccedilotildees passam a atuar enquanto barreiras acuacutesticas para a onda sonora minimizando o ruiacutedo no interior das quadras como indica-se no mapa acuacutestico p 99
Figura 520 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 99
Figura 521 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 100
Figura 522 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 100
Figura 523 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 2009 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Em 2009 o adensamento das quadras diminuiu consideravelmente a presenccedila de ilhas de sombra acuacutestica p101
Figura 524 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 102
Figura 525 e 526 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash As ilhas de sombra em 1997 favoreciam as residecircncias unifamiliares e multifamiliares de gabarito baixo existentes que se situavam em seus interiores Em 2009 estas ilhas foram praticamente suprimidas pela presenccedila de pavimentos destinados as garagens das novas edificaccedilotildees verticais de gabarito alto como ilustram as setas em preto p103
Figura 527 e 528 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash Idem p 103
Figura 529 e 530 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash O contorno preto ilustra a modificaccedilatildeo da propagaccedilatildeo das ondas sonoras a partir da influecircncia do aumento da densidade das quadras e verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees Em 1971 a caracteriacutestica predominante assemelha-se a propagaccedilatildeo em campo livre Jaacute em 1981 percebem-se irregularidades no contorno devido a reflexotildees da onda sonora nas edificaccedilotildees p 104
Figura 531 e 532 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash 1997 apresentou o melhor comportamento acuacutestico entre os mapas elaborados Nesta data as edificaccedilotildees atuaram mais enquanto barreiras acuacutesticas do que como objetos reflexivos da onda sonora Jaacute em 2009 o aumento do adensamento e da verticalizaccedilatildeo possibilitou o excesso de muacuteltiplas reflexotildees nas fachadas das edificaccedilotildees como delineia o contorno extremamente irregular da propagaccedilatildeo sonora ilustrado na imagem abaixo p 104
Figura 533 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Apesar de proporcionar um aumento no niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em 2009 o adensamento e verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees tambeacutem trouxeram benefiacutecios pontuais na praccedila Walt Disney como ilustram as imagens as edificaccedilotildees atuaram como barreiras acuacutesticas reduzindo em relaccedilatildeo a 1997 o niacutevel de pressatildeo sonora equivalente que atinge as edificaccedilotildees de seu entorno Contudo p 105
Figura 534 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash as fachadas voltadas para esta reduccedilatildeo de niacutevel de pressatildeo sonora equivalente satildeo fachadas de serviccedilo pouco aproveitando esta reduccedilatildeo p 105
Figura 535ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim na situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash A situaccedilatildeo hipoteacutetica futura apresenta quadras muito mais adensadas do que nos anos anteriores reduzindo ainda mais a presenccedila de ilhas de sombra O pavimento representado no mapa eacute o destinado agraves garagens que ocupam praticamente todo o lote p 110
Figura 536 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem na situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 111
Figura 537 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash A transformaccedilatildeo da forma urbana tanto na situaccedilatildeo hipoteacutetica como ilustram as imagens quanto em 2009 quando esteve associada ao adensamento e a verticalizaccedilatildeo intensificou os fenocircmenos acuacutesticos ocorridos no meio urbano do 3deg Jardim de Boa Viagem p 112
Figura 538 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 112
Figura 539 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 113
Figura 540 ndash Plantas Baixas ndash A situaccedilatildeo hipoteacutetica futura seguida de perto pelo mapa de 2009 apresentou o pior comportamento acuacutestico do 3deg Jardim e o mapa de 1997 apresentou o melhor entre os mapas elaborados nesta pesquisa conforme ilustra a siacutentese abaixo p 113
Figura 541 ndash Graacutefico da performance acuacutestica considerando o ano x o niacutevel de pressatildeo sonora equivalente (Leq) ndash O Graacutefico apresenta as variaccedilotildees de niacuteveis de pressatildeo sonora de alguns pontos escolhidos aleatoriamente nos mapas acuacutesticos elaborados (Figura 541) Em 1997 as quedas das curvas de variaccedilatildeo do graacutefico corroboram a tendecircncia desta data ter apresentado o mapa acuacutestico com o melhor comportameno acuacutestico entre os mapas elaborados por esta pesquisa p 114
Figura 542 ndash Locaccedilatildeo dos pontos utilizados para elaboraccedilatildeo do graacutefico de performance acuacutestica p 114
Figura 543 ndash Graacutefico comparativo de niacuteveis de emissatildeo sonora permitidos ndash O graacutefico apresenta uma comparaccedilatildeo entre os niacuteveis de emissatildeo sonora permitidos em alguns paiacuteses entre a WHO ISO e ABNT e entre a Lei do silecircncio e o coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife O graacutefico evidencia que a cidade do Recife e o estado de Pernambuco praticam niacuteveis muito acima do recomendado por outras entidades normativas p 121
Figura 544 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde o fluxo de veiacuteculos seja o dobro do encontrado atualmente no 3deg Jardim de Boa Viagem (2009) apresentando altos niacuteveis de poluiccedilatildeo sonora p 122
Figura 545 a 548 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 122
Figura 549 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde seja implantado rodiacutezio de veiacuteculos com uma reduccedilatildeo de 30 do valor total do fluxo de veiacuteculos atualmente encontrado no 3deg Jardim de Boa Viagem (2009) p 123
Figura 550 a 553 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 123
Figura 554 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde seja implantado aleacutem do rodiacutezio de veiacuteculos com reduccedilatildeo de 30 no fluxo atual de veiacuteculos um corredor de transporte puacuteblico na Av Domingos Ferreira e restriccedilatildeo de traacutefego de veiacuteculos pesados apenas nesta via p 124
Figura 555 a 558 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 124
LISTA DE TABELAS
Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora p 35
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO
2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes____________
22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais_____________
3 CONSIDERACcedilOtildeES METODOLOacuteGICAS
31 3deg Jardim de Boa Viagem enquanto Estudo de Caso_________
32 Mapeamento Acuacutestico enquanto Instrumento de Pesquisa_
33 Procedimentos Metodoloacutegicos__________________________________
331 1deg Etapa Pesquisa Documental Primaacuteria e Secundaacuteria _____
332 2deg Etapa Pesquisa Piloto_____________________________________
333 3deg Etapa Estudo de Campo__________________________________
334 4deg Etapa mapeamento acuacutestico_____________________________
4 TRANSFORMACcedilOtildeES DO 3deg JARDIM E SUA RELACcedilAtildeO COM
O PROCESSO DE OCUPACcedilAtildeO DO BAIRRO DE BOA
VIAGEM
5 COMPORTAMENTO ACUacuteSTICO DO 3degJARDIM DE BOA
VIAGEM
51 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem a
partir das Modificaccedilotildees Cronoloacutegicas em sua Forma
Urbana______________________________________________________________
52 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem em
relaccedilatildeo ao Coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico
do Recife agrave ldquoLei do Silecircnciordquo e a outras Entidades
Normativas_________________________________________________________
53 Ausecircncia de Accedilotildees versus Presenccedila de Accedilotildees em Busca
de um Melhor Comportamento Acuacutestico para o 3deg Jardim
de Boa Viagem____________________________________________________
6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
7 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
128
134
115
107
81
80
65
60
59
56
55
55
52
49
46
31
22
22
17
CAPIacuteTULO 1
A pesquisa eacute talvez a arte de se criar dificuldades fecundas e de criaacute-las para os
outros Nos lugares onde havia coisas simples faz-se aparecer problemas
Pierre Bourdieu
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
17
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
1 INTRODUCcedilAtildeO
Um grito estridente lanccedilado em um meio urbano envolto nos ldquomais modernosrdquo e descomunais
arranha-ceacuteus desconfortavelmente ouvido nos mais remotos pavimentos de um deles foi agrave
centelha motivadora para as ideacuteias e discussotildees que permeiam esta pesquisa Este grito mal
recebido pelo receptor pode ser considerado uma das diversas formas da profusatildeo de ruiacutedos que
cada vez mais se tornam elementos onipresentes da vida contemporacircnea
Tal profusatildeo de ruiacutedos atualmente encontrados nos centros urbanos estaacute intimamente vinculada
ao crescimento acelerado das cidades que possibilitaram o aumento e uma maior concentraccedilatildeo da
populaccedilatildeo urbana acarretando em raacutepidas transformaccedilotildees no meio de propagaccedilatildeo do ruiacutedo
urbano aleacutem do aumento e uma maior concentraccedilatildeo dos diversos tipos de fontes sonoras que o
geram
Embora esteja estreitamente relacionado ao raacutepido desenvolvimento das cidades o ruiacutedo urbano
natildeo deve ser considerado como uma consequumlecircncia incidental da accedilatildeo humana em busca de
progresso e por isso inevitaacutevel tampouco toleraacutevel Ao contraacuterio deve ser entendido como uma
das consequumlecircncias prejudiciais deste desenvolvimento que pode causar diversos males fisioloacutegicos
e psicoloacutegicos ao citadino e assim sendo deve ser veementemente prevenido e mitigado
A fim de encontrar maneiras que possibilitem sua prevenccedilatildeo e mitigaccedilatildeo o ruiacutedo urbano pode
ser entendido como um sistema composto essencialmente pela fonte sonora ndash meio de propagaccedilatildeo ndash
receptor Dentre estas trecircs partes componentes do sistema o meio de propagaccedilatildeo pode ser
considerado como um dos menos investigados e onde as accedilotildees contra o ruiacutedo satildeo menos
concentradas (SINGAL 2005)
Esta inobservacircncia da importacircncia do meio urbano enquanto percurso de propagaccedilatildeo sonora
pode estar vinculada agrave dificuldade de intervir em meios de propagaccedilatildeo consolidados como satildeo
fundamentalmente os grandes centros urbanos Daiacute a relevacircncia em compreender a acuacutestica
urbana a partir de seu meio propagador pois uma vez consolidado o meio raras satildeo as
intervenccedilotildees possiacuteveis para minimizar o ruiacutedo urbano a partir desta parte componente do sistema
fonte ndash meio ndash receptor restando essencialmente accedilotildees preventivas
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
18
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Outro fator que evidencia o grande valor em compreender a acuacutestica urbana a partir de seu meio
de propagaccedilatildeo eacute o potencial que o meio urbano possui em influenciar a trajetoacuteria da propagaccedilatildeo
sonora Esta influecircncia acontece atraveacutes da forma que este meio apresenta ou seja a forma urbana
atraveacutes de seus elementos componentes e enquanto percurso de transmissatildeo delineia influencia e
determina em certa medida a trajetoacuteria de propagaccedilatildeo da onda sonora
Assim sendo a interaccedilatildeo entre os diversos elementos que compotildeem a forma urbana - o traccedilado e
perfis das vias o modo de implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as proporccedilotildees
densidade e maneira de ocupaccedilatildeo das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres ndash
contribui determinantemente para caracterizaccedilatildeo da propagaccedilatildeo sonora no meio urbano atraveacutes
de muacuteltiplas reflexotildees do espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave fonte geradora de
campos sonoros reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de aacutereas de sombra
Esta interaccedilatildeo entre os elementos da forma urbana e a propagaccedilatildeo sonora ocorre a partir da
diversidade e singularidade existente nos variados meios urbanos igualmente proporcionando os
mais particulares comportamentos acuacutesticos Isto eacute para cada meio urbano existem caracteriacutesticas
particulares inerentes agrave sua forma urbana que geram um comportamento acuacutestico igualmente
especiacutefico exclusivo e vinculado a esta forma urbana
Apesar deste atrelamento entre a acuacutestica urbana e a forma urbana esta relaccedilatildeo natildeo eacute
suficientemente pesquisada e quando eacute satildeo enfocadas prioritariamente situaccedilotildees presentes de
comportamento acuacutestico eou no maacuteximo hipoacuteteses futuras tambeacutem chamadas de prediccedilatildeo
acuacutestica Aleacutem disso natildeo foram encontradas referecircncias ateacute o presente momento de investigaccedilotildees
que priorizem a apreciaccedilatildeo da acuacutestica urbana e sua relaccedilatildeo com as modificaccedilotildees ao longo do tempo da
forma urbana
Isto posto considerando esta ausecircncia de pesquisas e considerando que para cada espaccedilo urbano
existe um comportamento de propagaccedilatildeo sonora especiacutefico o presente estudo se propocircs a
investigar o comportamento acuacutestico de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em sua forma urbana
Para isso admitiu-se que a propagaccedilatildeo de uma mesma fonte sonora em um mesmo espaccedilo urbano
que tenha sofrido ao longo de um processo cronoloacutegico modificaccedilotildees em sua forma urbana
implicaria em diferentes comportamentos em sua acuacutestica urbana para as diferentes datas deste
processo Esta suposiccedilatildeo possibilitou a anaacutelise do comportamento acuacutestico atraveacutes das
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
19
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
modificaccedilotildees cronoloacutegicas da forma urbana a partir da articulaccedilatildeo de trecircs variaacuteveis - a fonte sonora
a forma urbana e a acuacutestica urbana Estas variaacuteveis foram consideradas tendo o estudo de caso
enquanto estrateacutegia de pesquisa
O caso escolhido para esta investigaccedilatildeo foi o loteamento 3deg Jardim de Boa Viagem tanto por
representar uma parcela bem delimitada das raacutepidas e recentes transformaccedilotildees ocorridas na
forma urbana do bairro de Boa Viagem quanto por permitir ilustrar o comportamento acuacutestico
em um encadeamento evolutivo do iniacutecio de sua ocupaccedilatildeo recente ateacute os dias atuais
Para compor tal encadeamento evolutivo foram selecionados os anos de 1971 data escolhida por
caracterizar o princiacutepio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim 1981 e 1997 por representarem datas de
registro de fotografias aeacutereas do bairro de Boa Viagem existentes na base de dados da
CONDEPE-FIDEM Agecircncia Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco 2009 por
representar a realidade atualmente encontrada no 3deg Jardim e uma simulaccedilatildeo de situaccedilatildeo
hipoteacutetica futura de modificaccedilatildeo na forma urbana
Isto posto com o intuito de analisar o comportamento da acuacutestica urbana do 3deg Jardim de Boa
Viagem a partir de modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua forma urbana foram executados os
seguintes objetivos especiacuteficos (I) identificar as caracteriacutesticas configuraccedilotildees e transformaccedilotildees da
forma urbana ocorridas no 3deg Jardim de Boa Viagem nos anos de 1971 1981 1997 e 2009 a
partir de seu processo de ocupaccedilatildeo (II) elaborar mapas acuacutesticos dos niacuteveis atuais (2009) de
pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim (III) elaborar mapas acuacutesticos do 3deg Jardim nos anos de
1971 1981 1997 e de situaccedilatildeo hipoteacutetica futura a partir da consideraccedilatildeo dos niacuteveis atuais (2009)
de pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim
Em busca de expor sistematicamente seu desenvolvimento a presente investigaccedilatildeo foi
estruturada do seguinte modo
O presente capiacutetulo 1 introduz e antecipa brevemente a discussatildeo que seraacute realizada ao longo
desta pesquisa
O capiacutetulo 2 aborda dois aspectos principais O primeiro deles desenvolve o conceito de forma
urbana e seus elementos componentes a partir dos autores Joseacute Lamas (2004) Philippe Panerai
(2006) e Vicente Del Rio (1990) Busca elucidar que a apreensatildeo da forma urbana eacute complexa e
envolve diversificadas abordagens e enfoques sociais econocircmicos histoacutericos e culturais para
entatildeo indicar que a presente pesquisa lanccedilaraacute um olhar para a forma urbana essencialmente a
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
20
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
partir de seu aspecto fiacutesico e material recorte necessaacuterio para a anaacutelise do comportamento
acuacutestico urbano
O segundo aspecto abordado no capiacutetulo 2 diz respeito agrave definiccedilatildeo teoacuterica do conceito da
acuacutestica urbana e de suas diversificadas implicaccedilotildees e interfaces quando o som eacute propagado em
meio urbano Busca evidenciar os fenocircmenos que ocorrem a partir da interaccedilatildeo entre a forma
urbana e a acuacutestica urbana indicando que a influecircncia da forma urbana eacute determinante para o
comportamento da acuacutestica urbana
O capiacutetulo 3 eacute dedicado ao percurso investigativo desta pesquisa evidenciando sua metodologia e
procedimentos metodoloacutegicos apresentando o 3deg Jardim enquanto estudo de caso o
mapeamento acuacutestico enquanto instrumento de pesquisa e detalhando as etapas operacionais
deste estudo Este capiacutetulo evidencia ainda o processo de elaboraccedilatildeo dos modelos e mapas
acuacutesticos da forma urbana existente no 3deg Jardim em cada uma das datas estudadas aleacutem da
situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e discute o software Predictor utilizado para este mapeamento
O capiacutetulo 4 diz respeito ao processo de ocupaccedilatildeo do bairro de Boa Viagem e sua relaccedilatildeo com as
transformaccedilotildees urbanas ocorridas no 3deg Jardim Busca-se identificar as caracteriacutesticas
configuraccedilotildees e transformaccedilotildees ocorridas na forma urbana do 3deg Jardim que possibilitem o
entendimento cronoloacutegico destas modificaccedilotildees dando suporte a elaboraccedilatildeo e anaacutelise dos mapas
acuacutesticos
O capiacutetulo 5 analisa o comportamento da acuacutestica urbana identificado nos mapas acuacutesticos
elaborados do 3deg Jardim a partir das modificaccedilotildees ocorridas em sua forma urbana nos anos de
1971 1981 1997 e 2009 aleacutem de uma situaccedilatildeo hipoteacutetica futura (prediccedilatildeo acuacutestica) Neste capiacutetulo
discute-se ainda o comportamento do 3deg Jardim em relaccedilatildeo agrave legislaccedilatildeo municipal que regula as
emissotildees sonoras na cidade do Recife e no estado de Pernambuco e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis
recomendados por outras entidades normativas e indica-se possiacuteveis accedilotildees para melhoria no
comportamento acuacutestico do 3deg Jardim bem como as possiacuteveis consequumlecircncias acuacutesticas da
ausecircncia de tais accedilotildees
Por fim no capiacutetulo 6 satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais acerca do comportamento acuacutestico
do 3deg Jardim e satildeo indicados novos rumos de pesquisa a respeito da acuacutestica urbana
CAPIacuteTULO 2
A arquitetura eacute uma muacutesica petrificada
Arthur Schopenhauer
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
22
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
Analisar o comportamento da acuacutestica urbana ainda que a partir das modificaccedilotildees da forma
urbana faz com que esta pesquisa trate essencialmente da acuacutestica urbana No entanto este
comportamento esta sujeito aos diversificados modos de apreensatildeo da forma urbana e de seus
elementos componentes bem como ao modo como esta pesquisa os consideraraacute
Assim sendo o primeiro item deste capiacutetulo expotildee o conceito de forma urbana e de algumas de
suas relaccedilotildees discutido agrave luz de LAMAS (2004) de PANERAI (2006) e DEL RIO (1990)
indicando em seguida o que esta pesquisa consideraraacute como forma urbana
Certamente discussatildeo em torno da produccedilatildeo de outros autores poderia ser elaborada No
entanto o primeiro item deste capiacutetulo natildeo pretende representar uma revisatildeo bibliograacutefica acerca
do estudo da forma urbana e suas relaccedilotildees pretende sim construir uma discussatildeo em torno dos
trecircs autores selecionados que culmine no conceito de forma urbana que seraacute considerado por esta
pesquisa para possibilitar olhar para suas modificaccedilotildees cronoloacutegicas a fim de compreender o
comportamento da acuacutestica urbana
Apoacutes este delineamento no segundo item deste capiacutetulo discute-se a acuacutestica urbana e suas
relaccedilotildees conceituais com os diversos elementos e implicaccedilotildees da propagaccedilatildeo sonora em meio
urbano e como eles relacionam-se influenciando em seu comportamento
21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes
Segundo LAMAS (2004) estudar a forma urbana compreende examinar as configuraccedilotildees e as
estruturas exteriores de determinados objetos de suas formas interligando-as com os fenocircmenos
que lhes deram origem Assim sendo a forma urbana pode ser definida como sendo o
[] modo como se organizam os elementos morfoloacutegicos que constituem e definem o espaccedilo urbano relativamente agrave materializaccedilatildeo dos aspectos de
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
23
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas Fonte LAMAS 2004
organizaccedilatildeo funcional e quantitativa e dos aspectos qualitativos e figurativos (LAMAS 2004 p 44) 1
Dentre estes aspectos os quantitativos satildeo agravequeles da realidade urbana que podem ser
quantificaacuteveis tais como densidades superfiacutecies fluxos coeficientes volumeacutetricos entre outros
(Figura 21) os de organizaccedilatildeo funcional satildeo agravequeles que se relacionam com as atividades
humanas tais como habitar e trabalhar e agravequeles relacionados ao modo de uso especiacutefico de uma
aacuterea ndash residencial comercial industrial entre outros os qualitativos referem-se ao tratamento dos
espaccedilos ao conforto e a comodidade do utilizador tais como adaptaccedilatildeo ao clima acessibilidade
estado da pavimentaccedilatildeo entre outros por fim os aspectos figurativos dizem respeito a
essencialmente a comunicaccedilatildeo esteacutetica (LAMAS 2004)
Pode-se considerar que ao olhar para forma urbana e em especiacutefico para suas modificaccedilotildees
cronoloacutegicas com o intuito de compreender o comportamento da acuacutestica urbana esta pesquisa
relaciona-se tanto aos aspectos qualitativos a partir do conforto acuacutestico dos receptores das
ondas sonoras em meio urbano quanto aos
aspectos quantitativos uma vez que este
comportamento acuacutestico em meio urbano eacute
quantificaacutevel em decibels (dB)
Embora estes aspectos envolvam grande parte
das singularidades inerentes a forma urbana
esta definiccedilatildeo parece ainda natildeo abarcar outras
particularidades sociais econocircmicas histoacutericas
e culturais igualmente envolvidas no
entendimento da concepccedilatildeo da forma urbana
isto eacute resta ainda a consideraccedilatildeo de que esta
forma urbana natildeo acontece
independentemente dos grupos sociais que a
produzem (PANERAI 2006)
Satildeo essencialmente estas particularidades que
impulsionam ou amortecem a transformaccedilatildeo
1 Para todas as citaccedilotildees deste autor natildeo seratildeo consideradas adaptaccedilotildees na liacutengua do paiacutes de origem - Portugal - permanecendo o texto original
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
24
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
dos elementos que compotildeem a forma urbana ndash a adiccedilatildeo de novos de traccedilados a um jaacute existente
ou sua superposiccedilatildeo seus conflitos o parcelamento de parques e ocupaccedilatildeo de espaccedilos livres a
renovaccedilatildeo da massa edificada seu lento adensamento e verticalizaccedilatildeo segundo uma especulaccedilatildeo
despretensiosa ou sua substituiccedilatildeo por vastos empreendimentos sob influecircncia de uma
especulaccedilatildeo bem mais expressiva (PANERAI 2006) isto eacute faz parte da apreensatildeo da forma
urbana uma complexidade que envolve um processo de acumulaccedilatildeo de enfoques e observaccedilotildees
sociais econocircmicas histoacutericas e culturais que englobam muito mais do que apenas sua forma
fiacutesica
Estas particularidades especialmente as sociais parecem um pouco mais delineadas nas
consideraccedilotildees feitas por DEL RIO (1990) que considera o espaccedilo urbano a partir da apropriaccedilatildeo
social que se faz dele estabelecendo que em relaccedilatildeo ao estudo da forma urbana a cidade pode
ser compreendida a partir de trecircs niacuteveis organizacionais o coletivo o comunitaacuterio e o individual
O niacutevel coletivo eacute regido sob uma loacutegica estruturadora percebida inconscientemente e
coletivamente e eacute composto pelos elementos2 do tecido que possuem uma permanecircncia maior ao
longo do tempo o niacutevel comunitaacuterio diz respeito aos elementos com significados especiais apenas
para um pequeno grupo da populaccedilatildeo como o bairro por exemplo jaacute o niacutevel individual expressa
significados individuais como a residecircncia e seu espaccedilo circundante e por seu caraacuteter individual eacute
o que apresenta maior rapidez nas modificaccedilotildees (DEL RIO 1990)
Mas LAMAS (2004) ao defender sua definiccedilatildeo para forma urbana natildeo soacute possuiacutea ciecircncia destas
outras particularidades explicitadas por PANERAI (2006) e DEL RIO (1990) ndash sociais
econocircmicas histoacutericas e culturais ndash envolvidas na concepccedilatildeo de forma urbana como optou em
natildeo apreciaacute-las
[] um primeiro grau de leitura da cidade eacute eminentemente fiacutesico-espacial e morfoloacutegico portanto especiacutefico da arquitectura e o uacutenico que permite evidenciar a diferenccedila entre este e outro espaccedilo entre esta e aquela forma e explicar as caracteriacutesticas de cada parte da cidade A estes se juntam outros niacuteveis de leitura que revelam diferentes conteuacutedos (histoacutericos econoacutemicos sociais e outros) Mas este conjunto de leituras soacute eacute possiacutevel porque a cidade existe como facto fiacutesico e material Todos os instrumentos de leitura lecircem o mesmo objecto ndash o espaccedilo fiacutesico a FORMA URBANA (LAMAS 2004 p 31 grifo do autor) Eacute fundamentalmente a dimensatildeo fiacutesica e morfoloacutegica da cidade que me preocupa [] (LAMAS 2004 p 31)
2 Estes elementos seratildeo discutidos em paraacutegrafos mais adiante
____________________________________________
ANAacuteLISE D
Na verdade esta opccedilatildeo em
urbana considerando-a essen
de seu aspecto fiacutesico e m
convenientemente ao obje
presente pesquisa analisar
da acuacutestica urbana a partir
cronoloacutegicas na forma urba
esta anaacutelise do compor
implica em uma apropriaccedil
fiacutesica e material destas modif
Certamente a busca pela ap
urbana envolve muito
simplesmente sua forma
como jaacute aclarado No entan
da anaacutelise proposta por
apreensatildeo em totalid
fundamentalmente necessaacuter
apropriaccedilatildeo da forma urban
material ou uma variaacutevel fiacutes
finalidade derradeira de
comportamento acuacutestico
modificaccedilotildees nesta forma
Ao entender a observaccedilatildeo
essencialmente em seu aspec
(2004) propocircs uma classifica
dimensotildees
bull A dimensatildeo setorial
refere-se agrave menor u
do espaccedilo urbano co
uma praccedila ou uma
ponto o observador
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 24 ndash A cidadeo texemplificada por meio da cidadLAMAS 2004
Figura 23 ndash O bairro a escala ucidade portuguesa de Tavira Fonte
Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na ca dimensatildeo setorial Fonte LAMA
em observar a forma
sencialmente a partir
material responde
bjetivo primeiro da
ar o comportamento
rtir de modificaccedilotildees
rbana uma vez que
ortamento acuacutestico
riaccedilatildeo genuinamente
dificaccedilotildees
apreensatildeo da forma
o mais do que
a fiacutesica e material
tanto para realizaccedilatildeo
or este estudo tal
alidade natildeo eacute
saacuteria o que torna a
bana quase um meio
l fiacutesica para atingir a
e compreensatildeo do
a partir de
atildeo da forma urbana
pecto fiacutesico LAMAS
icaccedilatildeo em escalas ou
ndash a escala da rua
r unidade ou porccedilatildeo
como por exemplo
a rua onde de um
dor pode abarcar a
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
25
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
territoacuterioa dimensatildeo territorial dade portuguesa de Tavira Fonte
a urbana exemplificada por meio da nte LAMAS 2004
na cidade portuguesa de Tavira ilustra MAS 2004
____________________________________________
ANAacuteLISE D
unidade espacial d
(Figura 22)
bull A dimensatildeo urbana ndash
corresponde agraves pa
identificaacuteveis como
exemplo onde a
elementos da forma
atraveacutes do movime
percursos (Figura 23
bull E por fim a dimensatildeo
da cidade diz respeito
diferentes formas
articulaccedilatildeo de bai
entre si Sua forma
distribuiccedilatildeo de eleme
das cidades em con
suporte geograacutefico d
a articulaccedilatildeo de
circulaccedilatildeo entre os
entre zonas habitacio
entre outras (Figura 2
Dentre estas dimensotildees a u
bairro desperta particular
pesquisa uma vez que o e
limites de observaccedilatildeo atraveacute
de movimentos poderaacute aba
significante de modificaccedilotildee
forma urbana de determina
compreender o comport
acuacutestica urbana
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 25 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do CONDEPE-FIDEM 1981
Figura 26 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do baorigens da cidade entrecortadoBarreto Fonte CONDEPE-FIDE
Figura 27 ndash Exemplos de diveredifiacutecios lotes quarteirotildees e vias eRecife Nesta imagem um recessencialmente por morros o AltoFIDEM 1981
de seu conjunto
ndash a escala do bairro
partes homogecircneas
mo os bairros por
a observaccedilatildeo dos
a urbana eacute realizada
imento e de vaacuterios
23)
nsatildeo territorial ndash a escala
eito agrave articulaccedilatildeo de
as urbanas da
bairros interligados
ma eacute definida pela
mentos estruturantes
onformidade com o
o do siacutetio tais como
e ruas e vias de
s diferentes bairros
cionais e comerciais
a 24)
a urbana ndash escala do
lar interesse desta
o entendimento dos
veacutes de certo nuacutemero
barcar uma amostra
otildees cronoloacutegicas na
inado local a fim de
ortamento de sua
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
26
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife o bairro de Boa Viagem Fonte
rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves do pela recente Avenida Dantas DEM 1981
versificadas concretizaccedilotildees entre os em diferentes bairros da cidade do
recorte de um bairro constituiacutedo lto do Mandu Fonte CONDEPE-
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
27
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
No entanto para apreender tal dimensatildeo devem-se conhecer e estabelecer quais elementos
miacutenimos da forma urbana que se relaciona com esta a dimensatildeo urbana e quais satildeo estes
elementos LAMAS (2004) propocircs onze elementos da forma urbana necessaacuterios para esta
apreensatildeo o solo (I) o edifiacutecio (II) o lote (III) o logradouro (IV) o quarteiratildeo (V) o traccediladoa
rua(VI) a praccedila (VII) a fachada (VIII) o monumento (IX) a vegetaccedilatildeo (X) e o mobiliaacuterio
urbano (XI) Dentre estes elementos seis possuem uma estreita relaccedilatildeo com esta pesquisa e
seratildeo expostos de acordo com consideraccedilotildees observadas por LAMAS 3 (2004) (Figuras 25 a 27)
O edifiacutecio representa o elemento miacutenimo identificaacutevel na observaccedilatildeo da forma urbana eacute atraveacutes
dele que se constitui o espaccedilo urbano e se organizam diferentes elementos tais como ruas praccedilas
avenidas entre outros Os edifiacutecios agrupam-se em diferentes tipos tanto em relaccedilatildeo a suas
formas quanto a suas funccedilotildees Estes elementos podem influenciar o comportamento da acuacutestica
urbana atuando enquanto objetos reflexivos da onda sonora e como barreiras acuacutesticas4
O lote representa o princiacutepio da relaccedilatildeo do edifiacutecio com o terreno A forma do lote eacute muitas
vezes condicionante da forma do edifiacutecio tornando-os vinculados por essecircncia o logradouro diz
respeito ao espaccedilo livres e natildeo construiacutedos no interior do lote aos quintais e jardins o quarteiratildeo
ou quadra pode ser considerado como o espaccedilo resultante entre o cruzamento de trecircs ou mais
vias podendo ser demarcado em vaacuterios lotes para a construccedilatildeo de edifiacutecios Juntos estes trecircs
elementos associados aos edifiacutecios podem propiciar uma maior ou menor permeabilidade
acuacutestica eou uma maior ou menor presenccedila de aacutereas de sombra no meio urbano
O traccedilado por meio das ruas ou vias eacute facilmente identificaacutevel no meio urbano Estaacute muitas vezes
condicionado ao siacutetio geograacutefico existente regula a disposiccedilatildeo dos edifiacutecios e quarteirotildees e
interliga os vaacuterios espaccedilos componentes da cidade e a cidade ao territoacuterio Normalmente o
traccedilado resiste agraves transformaccedilotildees na forma urbana por possuir um caraacuteter de permanecircncia natildeo
totalmente modificaacutevel O traccedilado engloba trajetoacuterias e caminhos que natildeo satildeo necessariamente
percorridos atraveacutes de automoacuteveis apesar disso estaacute em grande parte vinculado a uma das
principais fontes geradoras de ruiacutedo urbano ndash o traacutefego de veiacuteculos
3 Os outros elementos tambeacutem podem relacionar-se de diferentes maneiras com a acuacutestica urbana mas nem tanto com a presente pesquisa e por isso natildeo foram considerados 4 Todas as definiccedilotildees e conceitos acuacutesticos apresentados no presente item seratildeo elucidados no item seguinte 22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
28
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) Fonte PANERAI 2006
A praccedila eacute um espaccedilo de geometria variada
intencionalmente inserido no meio urbano
cuja relaccedilatildeo com o traccedilado e os edifiacutecios
tambeacutem eacute intencional evidenciada atraveacutes do
seu desenho e natildeo acidentais como
alargamento e confluecircncias do traccedilado Aleacutem
disso a praccedila eacute um lugar de encontro de
permanecircncia e de praacuteticas sociais
Acusticamente dependendo de suas
proporccedilotildees a propagaccedilatildeo sonora que envolve
uma praccedila pode apresentar um
comportamento que se assemelha a
propagaccedilatildeo sonora em campo livre
Estes elementos constituintes da forma urbana
conceituados por LAMAS (2004) podem ser
identificados sob um diferente invoacutelucro
conceitual mas com a mesma essecircncia no que
PANERAI (2006) definiu como sendo
conjuntos do tecido urbano
Aplicado agrave cidade o termo ldquotecidordquo evoca a continuidade e a renovaccedilatildeo a permanecircncia e a variaccedilatildeo Ele explica a constituiccedilatildeo das cidades antigas e responde as questotildees levantadas pelo estudo das urbanizaccedilotildees recentes Ele pressupotildee uma atenccedilatildeo tanto ao banal quanto ao excepcional tanto agraves ruas comuns e agraves edificaccedilotildees corriqueiras quanto agraves regulamentaccedilotildees e aos monumentos Dentre as muacuteltiplas definiccedilotildees de tecido urbano e sem desprezar suas qualidades escolhemos a mais simples O tecido urbano eacute constituiacutedo pela superposiccedilatildeo ou imbricaccedilatildeo de trecircs conjuntos a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees Essa definiccedilatildeo potildee em evidecircncia os elementos que permitem que as diferentes partes da cidade evoluam ao mesmo tempo em que satildeo mantidas a coesatildeo de conjunto e a clareza de sua estrutura (PANERAI 2006 p 77-78 grifo nosso) (Figura 28)
Ao contraacuterio de LAMAS (2004) que considera a praccedila como um elemento da forma urbana por
si soacute PANERAI (2006) discute as vias ou traccedilado inseridas em uma relaccedilatildeo em rede onde
tambeacutem satildeo considerados como partes constituintes os largos passeios praccedilas esplanadas cais
pontes rios canais margens praias todos compondo o espaccedilo puacuteblico Eacute atraveacutes desta rede
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
29
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua
organizaccedilatildeo local e territorial
Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o
domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios
quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente
o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da
forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo
Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao
espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo
vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os
edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila
sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto
Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute
bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus
elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma
essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo
objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles
- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)
Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno
relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar
definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento
5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
30
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109
O adensamento ocorre a partir de dois modos
essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do
preenchimento progressivo do espaccedilo urbano
e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa
por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)
A primeira forma de adensamento ocorre sem
a expansatildeo territorial por meio do
preenchimento progressivo de todas as
reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de
determinado meio urbano Eacute um
adensamento inserido em limitesbarreiras
preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como
uma via expressa irregularidades geograacuteficas
do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual
em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas
edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)
A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do
solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de
adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem
sua expansatildeo (PANERAI 2006)
Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como
se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado
meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da
acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o
adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de
objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica
Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o
edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados
por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
31
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias
dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta
pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a
partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo
exclusivamente
1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo
de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres
2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os
lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)
3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e
principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes
geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)
Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no
decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees
cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e
relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana
22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a
forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia
multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o
som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas
do conhecimento (Figura 210)
Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano
seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes
tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental
O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por
pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu
____________________________________________
ANAacuteLISE D
complexo padratildeo de ondas s
de ruiacutedo muacutesica fala
(BERGLUND et al 1999)
Esta definiccedilatildeo do som tend
a percepccedilatildeo do ouvido
conceito psicofiacutesico Fisicame
vibraccedilatildeo mecacircnica que
progressivamente atraveacutes de
gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN
Esta vibraccedilatildeo quando tran
que o rodeia nem sempre
aparelho auditivo humano
frequumlecircncia6 audiacutevel encontra
20 a 20000 Hz para um
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984
1982) Frequumlecircncias acima de
altas para respostas fisioloacuteg
chamadas de ultrasons Jaacute as
de 20 Hz satildeo chamadas de
detectaacuteveis pelo ouvido hum
prejudiciais agrave sua sauacutede7
1982 SOUSA 2004)
Fisicamente o som e o ruiacutedo
ambos se propagam em mei
detectados pelo ouvido hu
enquanto o som eacute utilizado
6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa
Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006
as sonoras eacute rotulado
ala entre outros
ndo como referecircncia
o humano eacute um
mente o som eacute uma
que se propaga
de um meio material
(SINGAL 2005)
transmitida ao meio
re eacute detectaacutevel pelo
ano cuja faixa de
tra-se no intervalo de
um jovem saudaacutevel
4 KINSLER et al
de 20000 Hz muito
loacutegicas auditivas satildeo
as frequumlecircncias abaixo
de infrasons e natildeo satildeo
umano contudo satildeo
(KINSLER et al
iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee
eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos
humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN
do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev
iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo
as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
32
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006
ontual e fonte sonora linear Fonte
otildees de pressatildeo ambiente
bos satildeo capazes de serem
EN 1995) No entanto
daacuteveis o ruiacutedo descreve
do e eacute medida em Hertz (Hz)
amento das estruturas cardiacuteacas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
33
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)
Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e
portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece
como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro
[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)
Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo
mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees
no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse
irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos
(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM
2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)
O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais
comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual
possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as
direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)
Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de
fontes pontuais dispostas linearmente cuja
emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta
linha sendo seu decaimento em campo livre
de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)
Quando propagadas no meio urbano a
combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas
ao percurso de transmissatildeo e ao receptor
constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
34
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
chamado de ruiacutedo ambiental (environmental
noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)
(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005
SOUSA 2004)
O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do
traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de
obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos
industriais de estabelecimentos comerciais e
de serviccedilos de sistemas de propaganda
volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-
estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982
NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)
Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais
como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes
nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade
populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos
extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se
a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES
2006)
Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o
ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A
necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade
existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis
normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a
populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano
8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
35
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006
Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg
1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes
Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes
procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO
2009)
NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
Niacutevel de Pressatildeo sonora
em dB(A)
Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS
Ambiente ou atividade
0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros
aacuterea de mata selvagem
30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite
50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse
auditivo Rua agitada um restaurante barulhento
70 a 90 Estressante e bastante
excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh
conversa a gritos
90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia
Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor
110 a 130
Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez
instantacircnea
Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock
130 a 140 Acima do limiar da dor
causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia
Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias
resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a
poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir
diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho
Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores
(NAGEM 2004)
Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave
Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do
12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
36
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do
sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do
Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da
cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias
tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da
Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)
Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da
LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos
com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos
submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e
do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a
accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave
conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte
geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)
Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos
de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em
documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da
Cidade do Recife (RECIFE 2000)
Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo
Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as
posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da
poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor
o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie
de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo
exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil
militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um
importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)
Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a
poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de
13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
37
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999
pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais
(BERGLUND et al1999)
Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que
atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua
(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do
ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio
urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram
em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da
populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes
geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et
al 2002) (Figura 214)
Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o
aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais
percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al
2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)
O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a
partir do ruiacutedo veicular que proveacutem
essencialmente do sistema de propulsatildeo do
motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo
aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso
(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da
relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as
configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido
a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de
acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a
presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de
pedestres etc a intensidade do fluxo de
veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os
veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de
14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
38
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita
terra batida) etc (SINGAL 2005)
Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo
comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas
implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo
do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo
para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e
pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS
2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma
interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana
Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto
por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego
seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no
proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de
certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e
forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e
largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser
acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica
O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde
acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo
acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)
O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia
de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio
urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou
nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o
espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de
suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de
pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
39
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007
Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido
pelo receptor diminui em funccedilatildeo da
duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15
Praccedilas parques e largos com grandes
dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias
vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas
uma de suas margens ou espaccedilos livres
urbanos de grandes dimensotildees caracterizam
alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos
No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras
sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o
seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente
sendo praticamente o mesmo em vaacuterias
posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre
uma saiacuteda para campo livre caracterizando o
fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura
217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)
Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser
reverberantes quando a onda sonora tarda a
encontrar o campo livre gerando um grande
nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes
quando a onda sonora encontra o campo livre
um pouco mais rapidamente do que no
reverberante gerando um nuacutemero menor mas
ainda grande de reflexotildees
15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
40
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007
No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado
reverberante possui comumente um perfil em
ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de
canyons urbanos que podem amplificar
consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das
vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas
geradas pelas fachadas paralelas das
edificaccedilotildees que circundam estas vias
(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste
tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora
natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre
a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico
aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos
elementos que compotildeem a forma urbana e
dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que
revestem as superfiacutecies refletoras18
(NIEMEYER 2007)
Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de
traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados
tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos
de espaccedilos acuacutesticos fechados
A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda
sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem
podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo
tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo
18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
41
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007
Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992
Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se
aos percursos da onda sonora gerados no
meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005
NIEMEYER 2007) A intensidade da
permeabilidade acuacutestica - mais ou menos
permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de
certos elementos urbanos de promover ou
conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais
como o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem
como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade
e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila
ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e
221)
A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda
com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o
conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a
qualquer objeto que possa ser considerado um
obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias
entre a fonte e o receptor (Figura 222)
(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES
2000) Ao bloquear o percurso direto entre a
fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser
absorvida eou refletida pela superfiacutecie da
barreira transmitida atraveacutes da barreira ou
difratada a partir do topo da barreira
(BARRON 2003 SINGAL 2005)
A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as
ondas sonoras sejam capazes de contornar
determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de
sombra acuacutestica que possui limites espaciais
variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte
____________________________________________
ANAacuteLISE D
sonora e de sua localizaccedilatilde
receptor que por sua vez
sonora difratada pelas borda
um decaimento maior do qu
campo livre (Figura 223) (N
1968 NIEMEYER 2007 PA
O uso de barreiras acuacutestic
EUA Japatildeo Austraacutelia e
reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do
pelo traacutefego rodoviaacuterio pa
(Figuras 224 a 226) (SIN
Brasil esta praacutetica ainda eacute inc
restringindo-se a poucos exe
caso da barreira acuacutestica no
Linha Amarela na cidade do
na Rodovia Bandeirantes co
de Satildeo Paulo a Campinas
Paulo (Figura 227) (MURGE
2004)
Embora a implantaccedilatildeo de b
esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do
rodoviaacuterio outros elemen
meio urbano situados ent
receptor atuam espontan
barreiras agrave propagaccedilatildeo sono
terreno com topografia i
muros edificaccedilotildees entr
edificaccedilotildees conjugadas da R
cidade do Recife ou aind
conjugadas em alguns trec
Atlacircntica no Rio de Janei
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap
Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C
Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2
Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest
Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN
accedilatildeo em relaccedilatildeo ao
ez recebe a energia
rdas da barreira com
que se estivesse em
(NEPOMUCENO
PAZ 2004)
ticas eacute comum nos
e na Europa para
do ruiacutedo produzido
para seus arredores
INGAL 2005) No
incipiente
exemplos como eacute o
no eixo rodoviaacuterio
o Rio de Janeiro e
conectando a cidade
s no estado de Satildeo
GEL 2007 SOUSA
e barreiras acuacutesticas
do ruiacutedo de traacutefego
entos inseridos no
entre a fonte e o
taneamente como
nora tais como um
irregular taludes
ntre outros As
a Rua da Aurora na
inda as edificaccedilotildees
trechos da Avenida
neiro por exemplo
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
42
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007
rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007
da Rodovia Bandeirantes no estado 2007
da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000
barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
43
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409
Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409
aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas
espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem
conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em
ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e
229)
A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e
da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a
interaccedilatildeo entre os diversos elementos que
compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis
das vias o modo de implantaccedilatildeo das
edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as
proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo
das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de
espaccedilos livres ndash contribui determinantemente
para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano
atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do
espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave
fonte geradora de campos sonoros
reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de
aacutereas de sombra
Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado
um sistema composto essencialmente pela fonte
sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e
KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto
percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de
propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares
apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo
da onda sonora no meio urbano
19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
44
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao
ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos
reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente
todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das
edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar
dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e
insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via
Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo
facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas
reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando
sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano
desejaacutevel aos seus receptores
Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as
distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de
propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades
bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento
acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano
Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se
comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica
urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana
Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos
investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento
Figura 34 - Delimitaccedilatildeo da aacuterea de estudo em azul o 3deg Jardim p 52
Figura 35 - Mapa acuacutestico da Universidade Estadual de Campinas com representaccedilatildeo dos niacuteveis sonoros por pontos em gradaccedilatildeo de cores p 53
Figura 36 - Mapa acuacutestico com representaccedilatildeo dos niacuteveis sonoros por linhas da cidade de Goumlteborg Sueacutecia p 53
Figura 37 - Mapa acuacutestico utilizado na reurbanizaccedilatildeo do centro de Seoul Korea p 53
Figura 38 ndash Acima localizaccedilatildeo de estaccedilotildees de monitoramento de ruiacutedo em Taiwan abaixo distribuiccedilatildeo de ruiacutedo em Taiwan no veratildeo nos turnos da manhatilde tarde e noite p 54
Figura 39 - Violaccedilotildees da legislaccedilatildeo de ruiacutedo em Taiwan nos turnos da manhatilde tarde e noite p 54
Figura 310 - Delimitaccedilatildeo da aacuterea em azul do estudo piloto no 3deg Jardim de Boa Viagem p 57
Figura 311 ndash Mapa acuacutestico de parte do 3deg Jardim de Boa Viagem da pesquisa piloto realizada em Maio de 2009 no LAAICA-UFPR p 57
Figura 312 ndash Locaccedilatildeo dos pontos de mediccedilatildeo em azul e malha guia em amarelo p 59
Figura 313 ndash Locaccedilatildeo dos grids verticais em azul seccionando edificaccedilotildees e evitando espaccedilos livres p 63
Figura 41 ndash Avenida Boa Viagem nas proximidades da Praccedila de Boa Viagem no iniacutecio de sua urbanizaccedilatildeo p 65
Figura 42 ndash Avenida Boa Viagem no iniacutecio de sua urbanizaccedilatildeo p65
Figura 43 ndash Vista aeacuterea do bairro de Boa Viagem nos anos 50 p 65
Figura 44 ndash Edifiacutecio Califoacuternia em 1959 construiacutedo no 2deg Jardim de Boa Viagem p 67
Figura 45 ndash Projeto para o loteamento do 1deg 2deg e 3deg Jardim de Boa Viagem com a localizaccedilatildeo em vermelho dos espaccedilos destinados ao uso comunitaacuterio sendo previsto uma igreja e um mercado puacuteblico e em verde os espaccedilos destinados agraves aacutereas verdes p 67
Figura 46 ndash Cartatildeo Postal Edicard do Bairro de Boa Viagem na deacutecada de 70 No alto indica-se o Hotel Boa Viagem e a Praccedila de Boa Viagem mais abaixo a Casa do Navio uma conhecida referecircncia na Avenida Boa Viagem pelos recifenses ateacute sua demoliccedilatildeo p 68
Figura 47 ndash Cartatildeo Postal Edicard da Praia e Avenida Boa Viagem na deacutecada de 70 p 68
Figura 48 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69
Figura 49 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69
Figura 410 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69
Figura 411 ndash Bairro de Boa Viagem na deacutecada de 70 Acima indica-se o bairro do Pina e o Edifiacutecio Califoacuternia localizado no 2deg Jardim de Boa Viagem No meio a Avenida Domingos Ferreira ainda em terra batida e natildeo finalizada ao encontrar-se com o mangue circundante dos braccedilos do Rio Pina Abaixo o Edifiacutecio Holiday p 70
Figura 412 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 70
Figura 413 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 70
Figura 414 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 71
Figura 415 ndash Demoliccedilatildeo do Hotel Boa Viagem e em seu lugar estaacute sendo erguido o Ed Maria Acircngela Lucena uma edificaccedilatildeo multifamiliar de gabarito alto com amplo nuacutemero de unidades habitacionais e de pavimentos mais um exemplar dos ldquoarranha ceacuteusrdquo residenciais de Boa Viagem p 71
Figura 416ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73
Figura 417 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73
Figura 418 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73
Figura 419 ndash Os pavimentos destinados agraves garagens dos edifiacutecios residenciais multifamiliares satildeo comumente chamados na construccedilatildeo civil de ldquobandejasrdquo enquanto as torres dos pavimentos tipos satildeo nomeadas de ldquolacircminasrdquo p 74
Figura 420 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 74
Figura 421 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 74
Figura 422 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 75
Figura 51 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1971 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash O mapa ilustra a propagaccedilatildeo sonora no iniacutecio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim p 83
Figura 52 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 84
Figura 53 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 - O mapa do iniacutecio da ocupaccedilatildeo urbana do 3deg Jardim apresentando um comportamento acuacutestico com caracteriacutesticas predominantes de propagaccedilatildeo sonora em campo livre sem a presenccedila significantes de obstaacuteculos que interfiram em seu percurso possibilitando um contiacutenuo decaimento sonoro em relaccedilatildeo agrave distacircncia como ilustram as setas indicativas em preto p 85
Figura 54 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 - O mapa do iniacutecio da ocupaccedilatildeo urbana do 3deg Jardim mostrando outra secccedilatildeo vertical contendo o mesmo comportamento acuacutestico com caracteriacutesticas predominantes de propagaccedilatildeo sonora em campo livre como ilustram as setas indicativas em preto p 85
Figura 55 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Por menor que seja sua presenccedila algumas edificaccedilotildees pontuais de gabarito meacutedio atuam como barreiras acuacutesticas espontacircneas constituindo obstaacuteculos que interferem na propagaccedilatildeo sonora como ilustram as setas indicativas em preto p 86
Figura 56 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash As edificaccedilotildees que atuam como barreiras acuacutesticas geram o fenocircmeno acuacutestico da difraccedilatildeo que propicia a criaccedilatildeo de aacutereas de sombra acuacutestica onde os niacuteveis de pressatildeo sonora equivalente satildeo mais baixos como ilustram as setas indicativas em preto p 86
Figura 57 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1981 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Nesta data houve o aumento no nuacutemero de ilhas de sombra e diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 p 87
Figura 58 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 88
Figura 59 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash Reduccedilatildeo da quantidade de campos acuacutesticos abertos e aumento no nuacutemero de edificaccedilotildees que atuam enquanto barreiras acuacutesticas favorecendo o aumento do nuacutemero de ilhas de sombra e da diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 como ilustram as setas indicativas em preto p 89
Figura 510 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 89
Figura 511 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Como ilustram as setas indicativas em preto o princiacutepio da verticalizaccedilatildeo no 3deg Jardim pode ter contribuiacutedo atraveacutes de uma melhor atuaccedilatildeo das novas edificaccedilotildees enquanto barreiras acuacutesticas para o aumento do nuacutemero de ilhas de sombra e da diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 p 90
Figura 512 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 90
Figura 513 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1997 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Em 1997 com um adensamento e verticalizaccedilatildeo ainda maior do que em 1981 houve o aumento tanto do nuacutemero das ilhas de sombra quanto nas sua aacutereas de abrangecircncia acarretando no melhor comportamento acuacutestico observado ateacute entatildeo entre os mapas elaborados p 95
Figura 514 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 96
Figura 515 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash A edificaccedilotildees propiciam muacuteltiplas reflexotildees a partir de suas fachadas expostas agraves fontes sonoras influenciando na propagaccedilatildeo da onda sonora de modo distinto ao que seria essa propagaccedilatildeo em campo livre conforme indicado nos mapas acuacutesticos p97
Figura 516 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 97
Figura 517 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 98
Figura 518 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 98
Figura 519 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash As edificaccedilotildees soacute geram muacuteltiplas reflexotildees a partir de suas fachadas expostas agraves fontes sonoras transpondo estas fachadas as edificaccedilotildees passam a atuar enquanto barreiras acuacutesticas para a onda sonora minimizando o ruiacutedo no interior das quadras como indica-se no mapa acuacutestico p 99
Figura 520 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 99
Figura 521 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 100
Figura 522 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 100
Figura 523 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 2009 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Em 2009 o adensamento das quadras diminuiu consideravelmente a presenccedila de ilhas de sombra acuacutestica p101
Figura 524 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 102
Figura 525 e 526 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash As ilhas de sombra em 1997 favoreciam as residecircncias unifamiliares e multifamiliares de gabarito baixo existentes que se situavam em seus interiores Em 2009 estas ilhas foram praticamente suprimidas pela presenccedila de pavimentos destinados as garagens das novas edificaccedilotildees verticais de gabarito alto como ilustram as setas em preto p103
Figura 527 e 528 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash Idem p 103
Figura 529 e 530 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash O contorno preto ilustra a modificaccedilatildeo da propagaccedilatildeo das ondas sonoras a partir da influecircncia do aumento da densidade das quadras e verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees Em 1971 a caracteriacutestica predominante assemelha-se a propagaccedilatildeo em campo livre Jaacute em 1981 percebem-se irregularidades no contorno devido a reflexotildees da onda sonora nas edificaccedilotildees p 104
Figura 531 e 532 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash 1997 apresentou o melhor comportamento acuacutestico entre os mapas elaborados Nesta data as edificaccedilotildees atuaram mais enquanto barreiras acuacutesticas do que como objetos reflexivos da onda sonora Jaacute em 2009 o aumento do adensamento e da verticalizaccedilatildeo possibilitou o excesso de muacuteltiplas reflexotildees nas fachadas das edificaccedilotildees como delineia o contorno extremamente irregular da propagaccedilatildeo sonora ilustrado na imagem abaixo p 104
Figura 533 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Apesar de proporcionar um aumento no niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em 2009 o adensamento e verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees tambeacutem trouxeram benefiacutecios pontuais na praccedila Walt Disney como ilustram as imagens as edificaccedilotildees atuaram como barreiras acuacutesticas reduzindo em relaccedilatildeo a 1997 o niacutevel de pressatildeo sonora equivalente que atinge as edificaccedilotildees de seu entorno Contudo p 105
Figura 534 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash as fachadas voltadas para esta reduccedilatildeo de niacutevel de pressatildeo sonora equivalente satildeo fachadas de serviccedilo pouco aproveitando esta reduccedilatildeo p 105
Figura 535ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim na situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash A situaccedilatildeo hipoteacutetica futura apresenta quadras muito mais adensadas do que nos anos anteriores reduzindo ainda mais a presenccedila de ilhas de sombra O pavimento representado no mapa eacute o destinado agraves garagens que ocupam praticamente todo o lote p 110
Figura 536 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem na situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 111
Figura 537 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash A transformaccedilatildeo da forma urbana tanto na situaccedilatildeo hipoteacutetica como ilustram as imagens quanto em 2009 quando esteve associada ao adensamento e a verticalizaccedilatildeo intensificou os fenocircmenos acuacutesticos ocorridos no meio urbano do 3deg Jardim de Boa Viagem p 112
Figura 538 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 112
Figura 539 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 113
Figura 540 ndash Plantas Baixas ndash A situaccedilatildeo hipoteacutetica futura seguida de perto pelo mapa de 2009 apresentou o pior comportamento acuacutestico do 3deg Jardim e o mapa de 1997 apresentou o melhor entre os mapas elaborados nesta pesquisa conforme ilustra a siacutentese abaixo p 113
Figura 541 ndash Graacutefico da performance acuacutestica considerando o ano x o niacutevel de pressatildeo sonora equivalente (Leq) ndash O Graacutefico apresenta as variaccedilotildees de niacuteveis de pressatildeo sonora de alguns pontos escolhidos aleatoriamente nos mapas acuacutesticos elaborados (Figura 541) Em 1997 as quedas das curvas de variaccedilatildeo do graacutefico corroboram a tendecircncia desta data ter apresentado o mapa acuacutestico com o melhor comportameno acuacutestico entre os mapas elaborados por esta pesquisa p 114
Figura 542 ndash Locaccedilatildeo dos pontos utilizados para elaboraccedilatildeo do graacutefico de performance acuacutestica p 114
Figura 543 ndash Graacutefico comparativo de niacuteveis de emissatildeo sonora permitidos ndash O graacutefico apresenta uma comparaccedilatildeo entre os niacuteveis de emissatildeo sonora permitidos em alguns paiacuteses entre a WHO ISO e ABNT e entre a Lei do silecircncio e o coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife O graacutefico evidencia que a cidade do Recife e o estado de Pernambuco praticam niacuteveis muito acima do recomendado por outras entidades normativas p 121
Figura 544 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde o fluxo de veiacuteculos seja o dobro do encontrado atualmente no 3deg Jardim de Boa Viagem (2009) apresentando altos niacuteveis de poluiccedilatildeo sonora p 122
Figura 545 a 548 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 122
Figura 549 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde seja implantado rodiacutezio de veiacuteculos com uma reduccedilatildeo de 30 do valor total do fluxo de veiacuteculos atualmente encontrado no 3deg Jardim de Boa Viagem (2009) p 123
Figura 550 a 553 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 123
Figura 554 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde seja implantado aleacutem do rodiacutezio de veiacuteculos com reduccedilatildeo de 30 no fluxo atual de veiacuteculos um corredor de transporte puacuteblico na Av Domingos Ferreira e restriccedilatildeo de traacutefego de veiacuteculos pesados apenas nesta via p 124
Figura 555 a 558 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 124
LISTA DE TABELAS
Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora p 35
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO
2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes____________
22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais_____________
3 CONSIDERACcedilOtildeES METODOLOacuteGICAS
31 3deg Jardim de Boa Viagem enquanto Estudo de Caso_________
32 Mapeamento Acuacutestico enquanto Instrumento de Pesquisa_
33 Procedimentos Metodoloacutegicos__________________________________
331 1deg Etapa Pesquisa Documental Primaacuteria e Secundaacuteria _____
332 2deg Etapa Pesquisa Piloto_____________________________________
333 3deg Etapa Estudo de Campo__________________________________
334 4deg Etapa mapeamento acuacutestico_____________________________
4 TRANSFORMACcedilOtildeES DO 3deg JARDIM E SUA RELACcedilAtildeO COM
O PROCESSO DE OCUPACcedilAtildeO DO BAIRRO DE BOA
VIAGEM
5 COMPORTAMENTO ACUacuteSTICO DO 3degJARDIM DE BOA
VIAGEM
51 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem a
partir das Modificaccedilotildees Cronoloacutegicas em sua Forma
Urbana______________________________________________________________
52 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem em
relaccedilatildeo ao Coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico
do Recife agrave ldquoLei do Silecircnciordquo e a outras Entidades
Normativas_________________________________________________________
53 Ausecircncia de Accedilotildees versus Presenccedila de Accedilotildees em Busca
de um Melhor Comportamento Acuacutestico para o 3deg Jardim
de Boa Viagem____________________________________________________
6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
7 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
128
134
115
107
81
80
65
60
59
56
55
55
52
49
46
31
22
22
17
CAPIacuteTULO 1
A pesquisa eacute talvez a arte de se criar dificuldades fecundas e de criaacute-las para os
outros Nos lugares onde havia coisas simples faz-se aparecer problemas
Pierre Bourdieu
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
17
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
1 INTRODUCcedilAtildeO
Um grito estridente lanccedilado em um meio urbano envolto nos ldquomais modernosrdquo e descomunais
arranha-ceacuteus desconfortavelmente ouvido nos mais remotos pavimentos de um deles foi agrave
centelha motivadora para as ideacuteias e discussotildees que permeiam esta pesquisa Este grito mal
recebido pelo receptor pode ser considerado uma das diversas formas da profusatildeo de ruiacutedos que
cada vez mais se tornam elementos onipresentes da vida contemporacircnea
Tal profusatildeo de ruiacutedos atualmente encontrados nos centros urbanos estaacute intimamente vinculada
ao crescimento acelerado das cidades que possibilitaram o aumento e uma maior concentraccedilatildeo da
populaccedilatildeo urbana acarretando em raacutepidas transformaccedilotildees no meio de propagaccedilatildeo do ruiacutedo
urbano aleacutem do aumento e uma maior concentraccedilatildeo dos diversos tipos de fontes sonoras que o
geram
Embora esteja estreitamente relacionado ao raacutepido desenvolvimento das cidades o ruiacutedo urbano
natildeo deve ser considerado como uma consequumlecircncia incidental da accedilatildeo humana em busca de
progresso e por isso inevitaacutevel tampouco toleraacutevel Ao contraacuterio deve ser entendido como uma
das consequumlecircncias prejudiciais deste desenvolvimento que pode causar diversos males fisioloacutegicos
e psicoloacutegicos ao citadino e assim sendo deve ser veementemente prevenido e mitigado
A fim de encontrar maneiras que possibilitem sua prevenccedilatildeo e mitigaccedilatildeo o ruiacutedo urbano pode
ser entendido como um sistema composto essencialmente pela fonte sonora ndash meio de propagaccedilatildeo ndash
receptor Dentre estas trecircs partes componentes do sistema o meio de propagaccedilatildeo pode ser
considerado como um dos menos investigados e onde as accedilotildees contra o ruiacutedo satildeo menos
concentradas (SINGAL 2005)
Esta inobservacircncia da importacircncia do meio urbano enquanto percurso de propagaccedilatildeo sonora
pode estar vinculada agrave dificuldade de intervir em meios de propagaccedilatildeo consolidados como satildeo
fundamentalmente os grandes centros urbanos Daiacute a relevacircncia em compreender a acuacutestica
urbana a partir de seu meio propagador pois uma vez consolidado o meio raras satildeo as
intervenccedilotildees possiacuteveis para minimizar o ruiacutedo urbano a partir desta parte componente do sistema
fonte ndash meio ndash receptor restando essencialmente accedilotildees preventivas
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
18
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Outro fator que evidencia o grande valor em compreender a acuacutestica urbana a partir de seu meio
de propagaccedilatildeo eacute o potencial que o meio urbano possui em influenciar a trajetoacuteria da propagaccedilatildeo
sonora Esta influecircncia acontece atraveacutes da forma que este meio apresenta ou seja a forma urbana
atraveacutes de seus elementos componentes e enquanto percurso de transmissatildeo delineia influencia e
determina em certa medida a trajetoacuteria de propagaccedilatildeo da onda sonora
Assim sendo a interaccedilatildeo entre os diversos elementos que compotildeem a forma urbana - o traccedilado e
perfis das vias o modo de implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as proporccedilotildees
densidade e maneira de ocupaccedilatildeo das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres ndash
contribui determinantemente para caracterizaccedilatildeo da propagaccedilatildeo sonora no meio urbano atraveacutes
de muacuteltiplas reflexotildees do espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave fonte geradora de
campos sonoros reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de aacutereas de sombra
Esta interaccedilatildeo entre os elementos da forma urbana e a propagaccedilatildeo sonora ocorre a partir da
diversidade e singularidade existente nos variados meios urbanos igualmente proporcionando os
mais particulares comportamentos acuacutesticos Isto eacute para cada meio urbano existem caracteriacutesticas
particulares inerentes agrave sua forma urbana que geram um comportamento acuacutestico igualmente
especiacutefico exclusivo e vinculado a esta forma urbana
Apesar deste atrelamento entre a acuacutestica urbana e a forma urbana esta relaccedilatildeo natildeo eacute
suficientemente pesquisada e quando eacute satildeo enfocadas prioritariamente situaccedilotildees presentes de
comportamento acuacutestico eou no maacuteximo hipoacuteteses futuras tambeacutem chamadas de prediccedilatildeo
acuacutestica Aleacutem disso natildeo foram encontradas referecircncias ateacute o presente momento de investigaccedilotildees
que priorizem a apreciaccedilatildeo da acuacutestica urbana e sua relaccedilatildeo com as modificaccedilotildees ao longo do tempo da
forma urbana
Isto posto considerando esta ausecircncia de pesquisas e considerando que para cada espaccedilo urbano
existe um comportamento de propagaccedilatildeo sonora especiacutefico o presente estudo se propocircs a
investigar o comportamento acuacutestico de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em sua forma urbana
Para isso admitiu-se que a propagaccedilatildeo de uma mesma fonte sonora em um mesmo espaccedilo urbano
que tenha sofrido ao longo de um processo cronoloacutegico modificaccedilotildees em sua forma urbana
implicaria em diferentes comportamentos em sua acuacutestica urbana para as diferentes datas deste
processo Esta suposiccedilatildeo possibilitou a anaacutelise do comportamento acuacutestico atraveacutes das
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
19
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
modificaccedilotildees cronoloacutegicas da forma urbana a partir da articulaccedilatildeo de trecircs variaacuteveis - a fonte sonora
a forma urbana e a acuacutestica urbana Estas variaacuteveis foram consideradas tendo o estudo de caso
enquanto estrateacutegia de pesquisa
O caso escolhido para esta investigaccedilatildeo foi o loteamento 3deg Jardim de Boa Viagem tanto por
representar uma parcela bem delimitada das raacutepidas e recentes transformaccedilotildees ocorridas na
forma urbana do bairro de Boa Viagem quanto por permitir ilustrar o comportamento acuacutestico
em um encadeamento evolutivo do iniacutecio de sua ocupaccedilatildeo recente ateacute os dias atuais
Para compor tal encadeamento evolutivo foram selecionados os anos de 1971 data escolhida por
caracterizar o princiacutepio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim 1981 e 1997 por representarem datas de
registro de fotografias aeacutereas do bairro de Boa Viagem existentes na base de dados da
CONDEPE-FIDEM Agecircncia Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco 2009 por
representar a realidade atualmente encontrada no 3deg Jardim e uma simulaccedilatildeo de situaccedilatildeo
hipoteacutetica futura de modificaccedilatildeo na forma urbana
Isto posto com o intuito de analisar o comportamento da acuacutestica urbana do 3deg Jardim de Boa
Viagem a partir de modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua forma urbana foram executados os
seguintes objetivos especiacuteficos (I) identificar as caracteriacutesticas configuraccedilotildees e transformaccedilotildees da
forma urbana ocorridas no 3deg Jardim de Boa Viagem nos anos de 1971 1981 1997 e 2009 a
partir de seu processo de ocupaccedilatildeo (II) elaborar mapas acuacutesticos dos niacuteveis atuais (2009) de
pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim (III) elaborar mapas acuacutesticos do 3deg Jardim nos anos de
1971 1981 1997 e de situaccedilatildeo hipoteacutetica futura a partir da consideraccedilatildeo dos niacuteveis atuais (2009)
de pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim
Em busca de expor sistematicamente seu desenvolvimento a presente investigaccedilatildeo foi
estruturada do seguinte modo
O presente capiacutetulo 1 introduz e antecipa brevemente a discussatildeo que seraacute realizada ao longo
desta pesquisa
O capiacutetulo 2 aborda dois aspectos principais O primeiro deles desenvolve o conceito de forma
urbana e seus elementos componentes a partir dos autores Joseacute Lamas (2004) Philippe Panerai
(2006) e Vicente Del Rio (1990) Busca elucidar que a apreensatildeo da forma urbana eacute complexa e
envolve diversificadas abordagens e enfoques sociais econocircmicos histoacutericos e culturais para
entatildeo indicar que a presente pesquisa lanccedilaraacute um olhar para a forma urbana essencialmente a
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
20
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
partir de seu aspecto fiacutesico e material recorte necessaacuterio para a anaacutelise do comportamento
acuacutestico urbano
O segundo aspecto abordado no capiacutetulo 2 diz respeito agrave definiccedilatildeo teoacuterica do conceito da
acuacutestica urbana e de suas diversificadas implicaccedilotildees e interfaces quando o som eacute propagado em
meio urbano Busca evidenciar os fenocircmenos que ocorrem a partir da interaccedilatildeo entre a forma
urbana e a acuacutestica urbana indicando que a influecircncia da forma urbana eacute determinante para o
comportamento da acuacutestica urbana
O capiacutetulo 3 eacute dedicado ao percurso investigativo desta pesquisa evidenciando sua metodologia e
procedimentos metodoloacutegicos apresentando o 3deg Jardim enquanto estudo de caso o
mapeamento acuacutestico enquanto instrumento de pesquisa e detalhando as etapas operacionais
deste estudo Este capiacutetulo evidencia ainda o processo de elaboraccedilatildeo dos modelos e mapas
acuacutesticos da forma urbana existente no 3deg Jardim em cada uma das datas estudadas aleacutem da
situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e discute o software Predictor utilizado para este mapeamento
O capiacutetulo 4 diz respeito ao processo de ocupaccedilatildeo do bairro de Boa Viagem e sua relaccedilatildeo com as
transformaccedilotildees urbanas ocorridas no 3deg Jardim Busca-se identificar as caracteriacutesticas
configuraccedilotildees e transformaccedilotildees ocorridas na forma urbana do 3deg Jardim que possibilitem o
entendimento cronoloacutegico destas modificaccedilotildees dando suporte a elaboraccedilatildeo e anaacutelise dos mapas
acuacutesticos
O capiacutetulo 5 analisa o comportamento da acuacutestica urbana identificado nos mapas acuacutesticos
elaborados do 3deg Jardim a partir das modificaccedilotildees ocorridas em sua forma urbana nos anos de
1971 1981 1997 e 2009 aleacutem de uma situaccedilatildeo hipoteacutetica futura (prediccedilatildeo acuacutestica) Neste capiacutetulo
discute-se ainda o comportamento do 3deg Jardim em relaccedilatildeo agrave legislaccedilatildeo municipal que regula as
emissotildees sonoras na cidade do Recife e no estado de Pernambuco e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis
recomendados por outras entidades normativas e indica-se possiacuteveis accedilotildees para melhoria no
comportamento acuacutestico do 3deg Jardim bem como as possiacuteveis consequumlecircncias acuacutesticas da
ausecircncia de tais accedilotildees
Por fim no capiacutetulo 6 satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais acerca do comportamento acuacutestico
do 3deg Jardim e satildeo indicados novos rumos de pesquisa a respeito da acuacutestica urbana
CAPIacuteTULO 2
A arquitetura eacute uma muacutesica petrificada
Arthur Schopenhauer
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
22
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
Analisar o comportamento da acuacutestica urbana ainda que a partir das modificaccedilotildees da forma
urbana faz com que esta pesquisa trate essencialmente da acuacutestica urbana No entanto este
comportamento esta sujeito aos diversificados modos de apreensatildeo da forma urbana e de seus
elementos componentes bem como ao modo como esta pesquisa os consideraraacute
Assim sendo o primeiro item deste capiacutetulo expotildee o conceito de forma urbana e de algumas de
suas relaccedilotildees discutido agrave luz de LAMAS (2004) de PANERAI (2006) e DEL RIO (1990)
indicando em seguida o que esta pesquisa consideraraacute como forma urbana
Certamente discussatildeo em torno da produccedilatildeo de outros autores poderia ser elaborada No
entanto o primeiro item deste capiacutetulo natildeo pretende representar uma revisatildeo bibliograacutefica acerca
do estudo da forma urbana e suas relaccedilotildees pretende sim construir uma discussatildeo em torno dos
trecircs autores selecionados que culmine no conceito de forma urbana que seraacute considerado por esta
pesquisa para possibilitar olhar para suas modificaccedilotildees cronoloacutegicas a fim de compreender o
comportamento da acuacutestica urbana
Apoacutes este delineamento no segundo item deste capiacutetulo discute-se a acuacutestica urbana e suas
relaccedilotildees conceituais com os diversos elementos e implicaccedilotildees da propagaccedilatildeo sonora em meio
urbano e como eles relacionam-se influenciando em seu comportamento
21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes
Segundo LAMAS (2004) estudar a forma urbana compreende examinar as configuraccedilotildees e as
estruturas exteriores de determinados objetos de suas formas interligando-as com os fenocircmenos
que lhes deram origem Assim sendo a forma urbana pode ser definida como sendo o
[] modo como se organizam os elementos morfoloacutegicos que constituem e definem o espaccedilo urbano relativamente agrave materializaccedilatildeo dos aspectos de
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
23
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas Fonte LAMAS 2004
organizaccedilatildeo funcional e quantitativa e dos aspectos qualitativos e figurativos (LAMAS 2004 p 44) 1
Dentre estes aspectos os quantitativos satildeo agravequeles da realidade urbana que podem ser
quantificaacuteveis tais como densidades superfiacutecies fluxos coeficientes volumeacutetricos entre outros
(Figura 21) os de organizaccedilatildeo funcional satildeo agravequeles que se relacionam com as atividades
humanas tais como habitar e trabalhar e agravequeles relacionados ao modo de uso especiacutefico de uma
aacuterea ndash residencial comercial industrial entre outros os qualitativos referem-se ao tratamento dos
espaccedilos ao conforto e a comodidade do utilizador tais como adaptaccedilatildeo ao clima acessibilidade
estado da pavimentaccedilatildeo entre outros por fim os aspectos figurativos dizem respeito a
essencialmente a comunicaccedilatildeo esteacutetica (LAMAS 2004)
Pode-se considerar que ao olhar para forma urbana e em especiacutefico para suas modificaccedilotildees
cronoloacutegicas com o intuito de compreender o comportamento da acuacutestica urbana esta pesquisa
relaciona-se tanto aos aspectos qualitativos a partir do conforto acuacutestico dos receptores das
ondas sonoras em meio urbano quanto aos
aspectos quantitativos uma vez que este
comportamento acuacutestico em meio urbano eacute
quantificaacutevel em decibels (dB)
Embora estes aspectos envolvam grande parte
das singularidades inerentes a forma urbana
esta definiccedilatildeo parece ainda natildeo abarcar outras
particularidades sociais econocircmicas histoacutericas
e culturais igualmente envolvidas no
entendimento da concepccedilatildeo da forma urbana
isto eacute resta ainda a consideraccedilatildeo de que esta
forma urbana natildeo acontece
independentemente dos grupos sociais que a
produzem (PANERAI 2006)
Satildeo essencialmente estas particularidades que
impulsionam ou amortecem a transformaccedilatildeo
1 Para todas as citaccedilotildees deste autor natildeo seratildeo consideradas adaptaccedilotildees na liacutengua do paiacutes de origem - Portugal - permanecendo o texto original
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
24
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
dos elementos que compotildeem a forma urbana ndash a adiccedilatildeo de novos de traccedilados a um jaacute existente
ou sua superposiccedilatildeo seus conflitos o parcelamento de parques e ocupaccedilatildeo de espaccedilos livres a
renovaccedilatildeo da massa edificada seu lento adensamento e verticalizaccedilatildeo segundo uma especulaccedilatildeo
despretensiosa ou sua substituiccedilatildeo por vastos empreendimentos sob influecircncia de uma
especulaccedilatildeo bem mais expressiva (PANERAI 2006) isto eacute faz parte da apreensatildeo da forma
urbana uma complexidade que envolve um processo de acumulaccedilatildeo de enfoques e observaccedilotildees
sociais econocircmicas histoacutericas e culturais que englobam muito mais do que apenas sua forma
fiacutesica
Estas particularidades especialmente as sociais parecem um pouco mais delineadas nas
consideraccedilotildees feitas por DEL RIO (1990) que considera o espaccedilo urbano a partir da apropriaccedilatildeo
social que se faz dele estabelecendo que em relaccedilatildeo ao estudo da forma urbana a cidade pode
ser compreendida a partir de trecircs niacuteveis organizacionais o coletivo o comunitaacuterio e o individual
O niacutevel coletivo eacute regido sob uma loacutegica estruturadora percebida inconscientemente e
coletivamente e eacute composto pelos elementos2 do tecido que possuem uma permanecircncia maior ao
longo do tempo o niacutevel comunitaacuterio diz respeito aos elementos com significados especiais apenas
para um pequeno grupo da populaccedilatildeo como o bairro por exemplo jaacute o niacutevel individual expressa
significados individuais como a residecircncia e seu espaccedilo circundante e por seu caraacuteter individual eacute
o que apresenta maior rapidez nas modificaccedilotildees (DEL RIO 1990)
Mas LAMAS (2004) ao defender sua definiccedilatildeo para forma urbana natildeo soacute possuiacutea ciecircncia destas
outras particularidades explicitadas por PANERAI (2006) e DEL RIO (1990) ndash sociais
econocircmicas histoacutericas e culturais ndash envolvidas na concepccedilatildeo de forma urbana como optou em
natildeo apreciaacute-las
[] um primeiro grau de leitura da cidade eacute eminentemente fiacutesico-espacial e morfoloacutegico portanto especiacutefico da arquitectura e o uacutenico que permite evidenciar a diferenccedila entre este e outro espaccedilo entre esta e aquela forma e explicar as caracteriacutesticas de cada parte da cidade A estes se juntam outros niacuteveis de leitura que revelam diferentes conteuacutedos (histoacutericos econoacutemicos sociais e outros) Mas este conjunto de leituras soacute eacute possiacutevel porque a cidade existe como facto fiacutesico e material Todos os instrumentos de leitura lecircem o mesmo objecto ndash o espaccedilo fiacutesico a FORMA URBANA (LAMAS 2004 p 31 grifo do autor) Eacute fundamentalmente a dimensatildeo fiacutesica e morfoloacutegica da cidade que me preocupa [] (LAMAS 2004 p 31)
2 Estes elementos seratildeo discutidos em paraacutegrafos mais adiante
____________________________________________
ANAacuteLISE D
Na verdade esta opccedilatildeo em
urbana considerando-a essen
de seu aspecto fiacutesico e m
convenientemente ao obje
presente pesquisa analisar
da acuacutestica urbana a partir
cronoloacutegicas na forma urba
esta anaacutelise do compor
implica em uma apropriaccedil
fiacutesica e material destas modif
Certamente a busca pela ap
urbana envolve muito
simplesmente sua forma
como jaacute aclarado No entan
da anaacutelise proposta por
apreensatildeo em totalid
fundamentalmente necessaacuter
apropriaccedilatildeo da forma urban
material ou uma variaacutevel fiacutes
finalidade derradeira de
comportamento acuacutestico
modificaccedilotildees nesta forma
Ao entender a observaccedilatildeo
essencialmente em seu aspec
(2004) propocircs uma classifica
dimensotildees
bull A dimensatildeo setorial
refere-se agrave menor u
do espaccedilo urbano co
uma praccedila ou uma
ponto o observador
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 24 ndash A cidadeo texemplificada por meio da cidadLAMAS 2004
Figura 23 ndash O bairro a escala ucidade portuguesa de Tavira Fonte
Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na ca dimensatildeo setorial Fonte LAMA
em observar a forma
sencialmente a partir
material responde
bjetivo primeiro da
ar o comportamento
rtir de modificaccedilotildees
rbana uma vez que
ortamento acuacutestico
riaccedilatildeo genuinamente
dificaccedilotildees
apreensatildeo da forma
o mais do que
a fiacutesica e material
tanto para realizaccedilatildeo
or este estudo tal
alidade natildeo eacute
saacuteria o que torna a
bana quase um meio
l fiacutesica para atingir a
e compreensatildeo do
a partir de
atildeo da forma urbana
pecto fiacutesico LAMAS
icaccedilatildeo em escalas ou
ndash a escala da rua
r unidade ou porccedilatildeo
como por exemplo
a rua onde de um
dor pode abarcar a
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
25
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
territoacuterioa dimensatildeo territorial dade portuguesa de Tavira Fonte
a urbana exemplificada por meio da nte LAMAS 2004
na cidade portuguesa de Tavira ilustra MAS 2004
____________________________________________
ANAacuteLISE D
unidade espacial d
(Figura 22)
bull A dimensatildeo urbana ndash
corresponde agraves pa
identificaacuteveis como
exemplo onde a
elementos da forma
atraveacutes do movime
percursos (Figura 23
bull E por fim a dimensatildeo
da cidade diz respeito
diferentes formas
articulaccedilatildeo de bai
entre si Sua forma
distribuiccedilatildeo de eleme
das cidades em con
suporte geograacutefico d
a articulaccedilatildeo de
circulaccedilatildeo entre os
entre zonas habitacio
entre outras (Figura 2
Dentre estas dimensotildees a u
bairro desperta particular
pesquisa uma vez que o e
limites de observaccedilatildeo atraveacute
de movimentos poderaacute aba
significante de modificaccedilotildee
forma urbana de determina
compreender o comport
acuacutestica urbana
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 25 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do CONDEPE-FIDEM 1981
Figura 26 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do baorigens da cidade entrecortadoBarreto Fonte CONDEPE-FIDE
Figura 27 ndash Exemplos de diveredifiacutecios lotes quarteirotildees e vias eRecife Nesta imagem um recessencialmente por morros o AltoFIDEM 1981
de seu conjunto
ndash a escala do bairro
partes homogecircneas
mo os bairros por
a observaccedilatildeo dos
a urbana eacute realizada
imento e de vaacuterios
23)
nsatildeo territorial ndash a escala
eito agrave articulaccedilatildeo de
as urbanas da
bairros interligados
ma eacute definida pela
mentos estruturantes
onformidade com o
o do siacutetio tais como
e ruas e vias de
s diferentes bairros
cionais e comerciais
a 24)
a urbana ndash escala do
lar interesse desta
o entendimento dos
veacutes de certo nuacutemero
barcar uma amostra
otildees cronoloacutegicas na
inado local a fim de
ortamento de sua
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
26
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife o bairro de Boa Viagem Fonte
rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves do pela recente Avenida Dantas DEM 1981
versificadas concretizaccedilotildees entre os em diferentes bairros da cidade do
recorte de um bairro constituiacutedo lto do Mandu Fonte CONDEPE-
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
27
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
No entanto para apreender tal dimensatildeo devem-se conhecer e estabelecer quais elementos
miacutenimos da forma urbana que se relaciona com esta a dimensatildeo urbana e quais satildeo estes
elementos LAMAS (2004) propocircs onze elementos da forma urbana necessaacuterios para esta
apreensatildeo o solo (I) o edifiacutecio (II) o lote (III) o logradouro (IV) o quarteiratildeo (V) o traccediladoa
rua(VI) a praccedila (VII) a fachada (VIII) o monumento (IX) a vegetaccedilatildeo (X) e o mobiliaacuterio
urbano (XI) Dentre estes elementos seis possuem uma estreita relaccedilatildeo com esta pesquisa e
seratildeo expostos de acordo com consideraccedilotildees observadas por LAMAS 3 (2004) (Figuras 25 a 27)
O edifiacutecio representa o elemento miacutenimo identificaacutevel na observaccedilatildeo da forma urbana eacute atraveacutes
dele que se constitui o espaccedilo urbano e se organizam diferentes elementos tais como ruas praccedilas
avenidas entre outros Os edifiacutecios agrupam-se em diferentes tipos tanto em relaccedilatildeo a suas
formas quanto a suas funccedilotildees Estes elementos podem influenciar o comportamento da acuacutestica
urbana atuando enquanto objetos reflexivos da onda sonora e como barreiras acuacutesticas4
O lote representa o princiacutepio da relaccedilatildeo do edifiacutecio com o terreno A forma do lote eacute muitas
vezes condicionante da forma do edifiacutecio tornando-os vinculados por essecircncia o logradouro diz
respeito ao espaccedilo livres e natildeo construiacutedos no interior do lote aos quintais e jardins o quarteiratildeo
ou quadra pode ser considerado como o espaccedilo resultante entre o cruzamento de trecircs ou mais
vias podendo ser demarcado em vaacuterios lotes para a construccedilatildeo de edifiacutecios Juntos estes trecircs
elementos associados aos edifiacutecios podem propiciar uma maior ou menor permeabilidade
acuacutestica eou uma maior ou menor presenccedila de aacutereas de sombra no meio urbano
O traccedilado por meio das ruas ou vias eacute facilmente identificaacutevel no meio urbano Estaacute muitas vezes
condicionado ao siacutetio geograacutefico existente regula a disposiccedilatildeo dos edifiacutecios e quarteirotildees e
interliga os vaacuterios espaccedilos componentes da cidade e a cidade ao territoacuterio Normalmente o
traccedilado resiste agraves transformaccedilotildees na forma urbana por possuir um caraacuteter de permanecircncia natildeo
totalmente modificaacutevel O traccedilado engloba trajetoacuterias e caminhos que natildeo satildeo necessariamente
percorridos atraveacutes de automoacuteveis apesar disso estaacute em grande parte vinculado a uma das
principais fontes geradoras de ruiacutedo urbano ndash o traacutefego de veiacuteculos
3 Os outros elementos tambeacutem podem relacionar-se de diferentes maneiras com a acuacutestica urbana mas nem tanto com a presente pesquisa e por isso natildeo foram considerados 4 Todas as definiccedilotildees e conceitos acuacutesticos apresentados no presente item seratildeo elucidados no item seguinte 22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
28
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) Fonte PANERAI 2006
A praccedila eacute um espaccedilo de geometria variada
intencionalmente inserido no meio urbano
cuja relaccedilatildeo com o traccedilado e os edifiacutecios
tambeacutem eacute intencional evidenciada atraveacutes do
seu desenho e natildeo acidentais como
alargamento e confluecircncias do traccedilado Aleacutem
disso a praccedila eacute um lugar de encontro de
permanecircncia e de praacuteticas sociais
Acusticamente dependendo de suas
proporccedilotildees a propagaccedilatildeo sonora que envolve
uma praccedila pode apresentar um
comportamento que se assemelha a
propagaccedilatildeo sonora em campo livre
Estes elementos constituintes da forma urbana
conceituados por LAMAS (2004) podem ser
identificados sob um diferente invoacutelucro
conceitual mas com a mesma essecircncia no que
PANERAI (2006) definiu como sendo
conjuntos do tecido urbano
Aplicado agrave cidade o termo ldquotecidordquo evoca a continuidade e a renovaccedilatildeo a permanecircncia e a variaccedilatildeo Ele explica a constituiccedilatildeo das cidades antigas e responde as questotildees levantadas pelo estudo das urbanizaccedilotildees recentes Ele pressupotildee uma atenccedilatildeo tanto ao banal quanto ao excepcional tanto agraves ruas comuns e agraves edificaccedilotildees corriqueiras quanto agraves regulamentaccedilotildees e aos monumentos Dentre as muacuteltiplas definiccedilotildees de tecido urbano e sem desprezar suas qualidades escolhemos a mais simples O tecido urbano eacute constituiacutedo pela superposiccedilatildeo ou imbricaccedilatildeo de trecircs conjuntos a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees Essa definiccedilatildeo potildee em evidecircncia os elementos que permitem que as diferentes partes da cidade evoluam ao mesmo tempo em que satildeo mantidas a coesatildeo de conjunto e a clareza de sua estrutura (PANERAI 2006 p 77-78 grifo nosso) (Figura 28)
Ao contraacuterio de LAMAS (2004) que considera a praccedila como um elemento da forma urbana por
si soacute PANERAI (2006) discute as vias ou traccedilado inseridas em uma relaccedilatildeo em rede onde
tambeacutem satildeo considerados como partes constituintes os largos passeios praccedilas esplanadas cais
pontes rios canais margens praias todos compondo o espaccedilo puacuteblico Eacute atraveacutes desta rede
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
29
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua
organizaccedilatildeo local e territorial
Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o
domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios
quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente
o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da
forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo
Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao
espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo
vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os
edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila
sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto
Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute
bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus
elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma
essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo
objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles
- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)
Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno
relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar
definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento
5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
30
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109
O adensamento ocorre a partir de dois modos
essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do
preenchimento progressivo do espaccedilo urbano
e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa
por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)
A primeira forma de adensamento ocorre sem
a expansatildeo territorial por meio do
preenchimento progressivo de todas as
reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de
determinado meio urbano Eacute um
adensamento inserido em limitesbarreiras
preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como
uma via expressa irregularidades geograacuteficas
do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual
em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas
edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)
A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do
solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de
adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem
sua expansatildeo (PANERAI 2006)
Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como
se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado
meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da
acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o
adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de
objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica
Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o
edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados
por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
31
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias
dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta
pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a
partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo
exclusivamente
1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo
de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres
2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os
lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)
3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e
principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes
geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)
Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no
decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees
cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e
relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana
22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a
forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia
multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o
som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas
do conhecimento (Figura 210)
Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano
seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes
tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental
O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por
pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu
____________________________________________
ANAacuteLISE D
complexo padratildeo de ondas s
de ruiacutedo muacutesica fala
(BERGLUND et al 1999)
Esta definiccedilatildeo do som tend
a percepccedilatildeo do ouvido
conceito psicofiacutesico Fisicame
vibraccedilatildeo mecacircnica que
progressivamente atraveacutes de
gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN
Esta vibraccedilatildeo quando tran
que o rodeia nem sempre
aparelho auditivo humano
frequumlecircncia6 audiacutevel encontra
20 a 20000 Hz para um
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984
1982) Frequumlecircncias acima de
altas para respostas fisioloacuteg
chamadas de ultrasons Jaacute as
de 20 Hz satildeo chamadas de
detectaacuteveis pelo ouvido hum
prejudiciais agrave sua sauacutede7
1982 SOUSA 2004)
Fisicamente o som e o ruiacutedo
ambos se propagam em mei
detectados pelo ouvido hu
enquanto o som eacute utilizado
6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa
Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006
as sonoras eacute rotulado
ala entre outros
ndo como referecircncia
o humano eacute um
mente o som eacute uma
que se propaga
de um meio material
(SINGAL 2005)
transmitida ao meio
re eacute detectaacutevel pelo
ano cuja faixa de
tra-se no intervalo de
um jovem saudaacutevel
4 KINSLER et al
de 20000 Hz muito
loacutegicas auditivas satildeo
as frequumlecircncias abaixo
de infrasons e natildeo satildeo
umano contudo satildeo
(KINSLER et al
iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee
eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos
humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN
do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev
iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo
as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
32
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006
ontual e fonte sonora linear Fonte
otildees de pressatildeo ambiente
bos satildeo capazes de serem
EN 1995) No entanto
daacuteveis o ruiacutedo descreve
do e eacute medida em Hertz (Hz)
amento das estruturas cardiacuteacas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
33
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)
Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e
portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece
como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro
[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)
Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo
mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees
no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse
irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos
(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM
2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)
O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais
comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual
possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as
direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)
Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de
fontes pontuais dispostas linearmente cuja
emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta
linha sendo seu decaimento em campo livre
de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)
Quando propagadas no meio urbano a
combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas
ao percurso de transmissatildeo e ao receptor
constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
34
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
chamado de ruiacutedo ambiental (environmental
noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)
(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005
SOUSA 2004)
O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do
traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de
obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos
industriais de estabelecimentos comerciais e
de serviccedilos de sistemas de propaganda
volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-
estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982
NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)
Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais
como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes
nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade
populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos
extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se
a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES
2006)
Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o
ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A
necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade
existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis
normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a
populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano
8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
35
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006
Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg
1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes
Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes
procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO
2009)
NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
Niacutevel de Pressatildeo sonora
em dB(A)
Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS
Ambiente ou atividade
0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros
aacuterea de mata selvagem
30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite
50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse
auditivo Rua agitada um restaurante barulhento
70 a 90 Estressante e bastante
excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh
conversa a gritos
90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia
Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor
110 a 130
Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez
instantacircnea
Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock
130 a 140 Acima do limiar da dor
causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia
Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias
resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a
poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir
diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho
Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores
(NAGEM 2004)
Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave
Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do
12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
36
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do
sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do
Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da
cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias
tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da
Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)
Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da
LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos
com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos
submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e
do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a
accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave
conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte
geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)
Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos
de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em
documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da
Cidade do Recife (RECIFE 2000)
Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo
Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as
posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da
poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor
o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie
de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo
exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil
militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um
importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)
Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a
poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de
13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
37
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999
pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais
(BERGLUND et al1999)
Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que
atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua
(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do
ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio
urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram
em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da
populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes
geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et
al 2002) (Figura 214)
Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o
aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais
percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al
2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)
O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a
partir do ruiacutedo veicular que proveacutem
essencialmente do sistema de propulsatildeo do
motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo
aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso
(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da
relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as
configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido
a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de
acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a
presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de
pedestres etc a intensidade do fluxo de
veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os
veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de
14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
38
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita
terra batida) etc (SINGAL 2005)
Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo
comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas
implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo
do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo
para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e
pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS
2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma
interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana
Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto
por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego
seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no
proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de
certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e
forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e
largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser
acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica
O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde
acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo
acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)
O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia
de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio
urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou
nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o
espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de
suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de
pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
39
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007
Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido
pelo receptor diminui em funccedilatildeo da
duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15
Praccedilas parques e largos com grandes
dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias
vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas
uma de suas margens ou espaccedilos livres
urbanos de grandes dimensotildees caracterizam
alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos
No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras
sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o
seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente
sendo praticamente o mesmo em vaacuterias
posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre
uma saiacuteda para campo livre caracterizando o
fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura
217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)
Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser
reverberantes quando a onda sonora tarda a
encontrar o campo livre gerando um grande
nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes
quando a onda sonora encontra o campo livre
um pouco mais rapidamente do que no
reverberante gerando um nuacutemero menor mas
ainda grande de reflexotildees
15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
40
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007
No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado
reverberante possui comumente um perfil em
ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de
canyons urbanos que podem amplificar
consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das
vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas
geradas pelas fachadas paralelas das
edificaccedilotildees que circundam estas vias
(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste
tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora
natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre
a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico
aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos
elementos que compotildeem a forma urbana e
dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que
revestem as superfiacutecies refletoras18
(NIEMEYER 2007)
Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de
traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados
tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos
de espaccedilos acuacutesticos fechados
A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda
sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem
podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo
tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo
18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
41
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007
Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992
Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se
aos percursos da onda sonora gerados no
meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005
NIEMEYER 2007) A intensidade da
permeabilidade acuacutestica - mais ou menos
permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de
certos elementos urbanos de promover ou
conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais
como o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem
como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade
e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila
ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e
221)
A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda
com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o
conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a
qualquer objeto que possa ser considerado um
obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias
entre a fonte e o receptor (Figura 222)
(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES
2000) Ao bloquear o percurso direto entre a
fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser
absorvida eou refletida pela superfiacutecie da
barreira transmitida atraveacutes da barreira ou
difratada a partir do topo da barreira
(BARRON 2003 SINGAL 2005)
A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as
ondas sonoras sejam capazes de contornar
determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de
sombra acuacutestica que possui limites espaciais
variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte
____________________________________________
ANAacuteLISE D
sonora e de sua localizaccedilatilde
receptor que por sua vez
sonora difratada pelas borda
um decaimento maior do qu
campo livre (Figura 223) (N
1968 NIEMEYER 2007 PA
O uso de barreiras acuacutestic
EUA Japatildeo Austraacutelia e
reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do
pelo traacutefego rodoviaacuterio pa
(Figuras 224 a 226) (SIN
Brasil esta praacutetica ainda eacute inc
restringindo-se a poucos exe
caso da barreira acuacutestica no
Linha Amarela na cidade do
na Rodovia Bandeirantes co
de Satildeo Paulo a Campinas
Paulo (Figura 227) (MURGE
2004)
Embora a implantaccedilatildeo de b
esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do
rodoviaacuterio outros elemen
meio urbano situados ent
receptor atuam espontan
barreiras agrave propagaccedilatildeo sono
terreno com topografia i
muros edificaccedilotildees entr
edificaccedilotildees conjugadas da R
cidade do Recife ou aind
conjugadas em alguns trec
Atlacircntica no Rio de Janei
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap
Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C
Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2
Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest
Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN
accedilatildeo em relaccedilatildeo ao
ez recebe a energia
rdas da barreira com
que se estivesse em
(NEPOMUCENO
PAZ 2004)
ticas eacute comum nos
e na Europa para
do ruiacutedo produzido
para seus arredores
INGAL 2005) No
incipiente
exemplos como eacute o
no eixo rodoviaacuterio
o Rio de Janeiro e
conectando a cidade
s no estado de Satildeo
GEL 2007 SOUSA
e barreiras acuacutesticas
do ruiacutedo de traacutefego
entos inseridos no
entre a fonte e o
taneamente como
nora tais como um
irregular taludes
ntre outros As
a Rua da Aurora na
inda as edificaccedilotildees
trechos da Avenida
neiro por exemplo
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
42
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007
rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007
da Rodovia Bandeirantes no estado 2007
da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000
barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
43
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409
Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409
aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas
espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem
conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em
ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e
229)
A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e
da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a
interaccedilatildeo entre os diversos elementos que
compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis
das vias o modo de implantaccedilatildeo das
edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as
proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo
das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de
espaccedilos livres ndash contribui determinantemente
para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano
atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do
espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave
fonte geradora de campos sonoros
reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de
aacutereas de sombra
Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado
um sistema composto essencialmente pela fonte
sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e
KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto
percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de
propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares
apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo
da onda sonora no meio urbano
19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
44
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao
ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos
reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente
todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das
edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar
dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e
insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via
Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo
facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas
reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando
sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano
desejaacutevel aos seus receptores
Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as
distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de
propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades
bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento
acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano
Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se
comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica
urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana
Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos
investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento
Figura 49 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69
Figura 410 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 p 69
Figura 411 ndash Bairro de Boa Viagem na deacutecada de 70 Acima indica-se o bairro do Pina e o Edifiacutecio Califoacuternia localizado no 2deg Jardim de Boa Viagem No meio a Avenida Domingos Ferreira ainda em terra batida e natildeo finalizada ao encontrar-se com o mangue circundante dos braccedilos do Rio Pina Abaixo o Edifiacutecio Holiday p 70
Figura 412 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 70
Figura 413 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 70
Figura 414 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 p 71
Figura 415 ndash Demoliccedilatildeo do Hotel Boa Viagem e em seu lugar estaacute sendo erguido o Ed Maria Acircngela Lucena uma edificaccedilatildeo multifamiliar de gabarito alto com amplo nuacutemero de unidades habitacionais e de pavimentos mais um exemplar dos ldquoarranha ceacuteusrdquo residenciais de Boa Viagem p 71
Figura 416ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73
Figura 417 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73
Figura 418 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 p 73
Figura 419 ndash Os pavimentos destinados agraves garagens dos edifiacutecios residenciais multifamiliares satildeo comumente chamados na construccedilatildeo civil de ldquobandejasrdquo enquanto as torres dos pavimentos tipos satildeo nomeadas de ldquolacircminasrdquo p 74
Figura 420 ndash Planta baixa do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 74
Figura 421 ndash Perspectiva esquemaacutetica do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 74
Figura 422 ndash Perspectiva esquemaacutetica a partir da praia do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 p 75
Figura 51 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1971 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash O mapa ilustra a propagaccedilatildeo sonora no iniacutecio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim p 83
Figura 52 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1971 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 84
Figura 53 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 - O mapa do iniacutecio da ocupaccedilatildeo urbana do 3deg Jardim apresentando um comportamento acuacutestico com caracteriacutesticas predominantes de propagaccedilatildeo sonora em campo livre sem a presenccedila significantes de obstaacuteculos que interfiram em seu percurso possibilitando um contiacutenuo decaimento sonoro em relaccedilatildeo agrave distacircncia como ilustram as setas indicativas em preto p 85
Figura 54 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 - O mapa do iniacutecio da ocupaccedilatildeo urbana do 3deg Jardim mostrando outra secccedilatildeo vertical contendo o mesmo comportamento acuacutestico com caracteriacutesticas predominantes de propagaccedilatildeo sonora em campo livre como ilustram as setas indicativas em preto p 85
Figura 55 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Por menor que seja sua presenccedila algumas edificaccedilotildees pontuais de gabarito meacutedio atuam como barreiras acuacutesticas espontacircneas constituindo obstaacuteculos que interferem na propagaccedilatildeo sonora como ilustram as setas indicativas em preto p 86
Figura 56 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash As edificaccedilotildees que atuam como barreiras acuacutesticas geram o fenocircmeno acuacutestico da difraccedilatildeo que propicia a criaccedilatildeo de aacutereas de sombra acuacutestica onde os niacuteveis de pressatildeo sonora equivalente satildeo mais baixos como ilustram as setas indicativas em preto p 86
Figura 57 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1981 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Nesta data houve o aumento no nuacutemero de ilhas de sombra e diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 p 87
Figura 58 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 88
Figura 59 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash Reduccedilatildeo da quantidade de campos acuacutesticos abertos e aumento no nuacutemero de edificaccedilotildees que atuam enquanto barreiras acuacutesticas favorecendo o aumento do nuacutemero de ilhas de sombra e da diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 como ilustram as setas indicativas em preto p 89
Figura 510 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 89
Figura 511 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Como ilustram as setas indicativas em preto o princiacutepio da verticalizaccedilatildeo no 3deg Jardim pode ter contribuiacutedo atraveacutes de uma melhor atuaccedilatildeo das novas edificaccedilotildees enquanto barreiras acuacutesticas para o aumento do nuacutemero de ilhas de sombra e da diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 p 90
Figura 512 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 90
Figura 513 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1997 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Em 1997 com um adensamento e verticalizaccedilatildeo ainda maior do que em 1981 houve o aumento tanto do nuacutemero das ilhas de sombra quanto nas sua aacutereas de abrangecircncia acarretando no melhor comportamento acuacutestico observado ateacute entatildeo entre os mapas elaborados p 95
Figura 514 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 96
Figura 515 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash A edificaccedilotildees propiciam muacuteltiplas reflexotildees a partir de suas fachadas expostas agraves fontes sonoras influenciando na propagaccedilatildeo da onda sonora de modo distinto ao que seria essa propagaccedilatildeo em campo livre conforme indicado nos mapas acuacutesticos p97
Figura 516 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 97
Figura 517 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 98
Figura 518 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 98
Figura 519 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash As edificaccedilotildees soacute geram muacuteltiplas reflexotildees a partir de suas fachadas expostas agraves fontes sonoras transpondo estas fachadas as edificaccedilotildees passam a atuar enquanto barreiras acuacutesticas para a onda sonora minimizando o ruiacutedo no interior das quadras como indica-se no mapa acuacutestico p 99
Figura 520 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 99
Figura 521 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 100
Figura 522 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 100
Figura 523 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 2009 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Em 2009 o adensamento das quadras diminuiu consideravelmente a presenccedila de ilhas de sombra acuacutestica p101
Figura 524 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 102
Figura 525 e 526 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash As ilhas de sombra em 1997 favoreciam as residecircncias unifamiliares e multifamiliares de gabarito baixo existentes que se situavam em seus interiores Em 2009 estas ilhas foram praticamente suprimidas pela presenccedila de pavimentos destinados as garagens das novas edificaccedilotildees verticais de gabarito alto como ilustram as setas em preto p103
Figura 527 e 528 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash Idem p 103
Figura 529 e 530 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash O contorno preto ilustra a modificaccedilatildeo da propagaccedilatildeo das ondas sonoras a partir da influecircncia do aumento da densidade das quadras e verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees Em 1971 a caracteriacutestica predominante assemelha-se a propagaccedilatildeo em campo livre Jaacute em 1981 percebem-se irregularidades no contorno devido a reflexotildees da onda sonora nas edificaccedilotildees p 104
Figura 531 e 532 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash 1997 apresentou o melhor comportamento acuacutestico entre os mapas elaborados Nesta data as edificaccedilotildees atuaram mais enquanto barreiras acuacutesticas do que como objetos reflexivos da onda sonora Jaacute em 2009 o aumento do adensamento e da verticalizaccedilatildeo possibilitou o excesso de muacuteltiplas reflexotildees nas fachadas das edificaccedilotildees como delineia o contorno extremamente irregular da propagaccedilatildeo sonora ilustrado na imagem abaixo p 104
Figura 533 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Apesar de proporcionar um aumento no niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em 2009 o adensamento e verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees tambeacutem trouxeram benefiacutecios pontuais na praccedila Walt Disney como ilustram as imagens as edificaccedilotildees atuaram como barreiras acuacutesticas reduzindo em relaccedilatildeo a 1997 o niacutevel de pressatildeo sonora equivalente que atinge as edificaccedilotildees de seu entorno Contudo p 105
Figura 534 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash as fachadas voltadas para esta reduccedilatildeo de niacutevel de pressatildeo sonora equivalente satildeo fachadas de serviccedilo pouco aproveitando esta reduccedilatildeo p 105
Figura 535ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim na situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash A situaccedilatildeo hipoteacutetica futura apresenta quadras muito mais adensadas do que nos anos anteriores reduzindo ainda mais a presenccedila de ilhas de sombra O pavimento representado no mapa eacute o destinado agraves garagens que ocupam praticamente todo o lote p 110
Figura 536 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem na situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 111
Figura 537 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash A transformaccedilatildeo da forma urbana tanto na situaccedilatildeo hipoteacutetica como ilustram as imagens quanto em 2009 quando esteve associada ao adensamento e a verticalizaccedilatildeo intensificou os fenocircmenos acuacutesticos ocorridos no meio urbano do 3deg Jardim de Boa Viagem p 112
Figura 538 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 112
Figura 539 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 113
Figura 540 ndash Plantas Baixas ndash A situaccedilatildeo hipoteacutetica futura seguida de perto pelo mapa de 2009 apresentou o pior comportamento acuacutestico do 3deg Jardim e o mapa de 1997 apresentou o melhor entre os mapas elaborados nesta pesquisa conforme ilustra a siacutentese abaixo p 113
Figura 541 ndash Graacutefico da performance acuacutestica considerando o ano x o niacutevel de pressatildeo sonora equivalente (Leq) ndash O Graacutefico apresenta as variaccedilotildees de niacuteveis de pressatildeo sonora de alguns pontos escolhidos aleatoriamente nos mapas acuacutesticos elaborados (Figura 541) Em 1997 as quedas das curvas de variaccedilatildeo do graacutefico corroboram a tendecircncia desta data ter apresentado o mapa acuacutestico com o melhor comportameno acuacutestico entre os mapas elaborados por esta pesquisa p 114
Figura 542 ndash Locaccedilatildeo dos pontos utilizados para elaboraccedilatildeo do graacutefico de performance acuacutestica p 114
Figura 543 ndash Graacutefico comparativo de niacuteveis de emissatildeo sonora permitidos ndash O graacutefico apresenta uma comparaccedilatildeo entre os niacuteveis de emissatildeo sonora permitidos em alguns paiacuteses entre a WHO ISO e ABNT e entre a Lei do silecircncio e o coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife O graacutefico evidencia que a cidade do Recife e o estado de Pernambuco praticam niacuteveis muito acima do recomendado por outras entidades normativas p 121
Figura 544 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde o fluxo de veiacuteculos seja o dobro do encontrado atualmente no 3deg Jardim de Boa Viagem (2009) apresentando altos niacuteveis de poluiccedilatildeo sonora p 122
Figura 545 a 548 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 122
Figura 549 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde seja implantado rodiacutezio de veiacuteculos com uma reduccedilatildeo de 30 do valor total do fluxo de veiacuteculos atualmente encontrado no 3deg Jardim de Boa Viagem (2009) p 123
Figura 550 a 553 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 123
Figura 554 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde seja implantado aleacutem do rodiacutezio de veiacuteculos com reduccedilatildeo de 30 no fluxo atual de veiacuteculos um corredor de transporte puacuteblico na Av Domingos Ferreira e restriccedilatildeo de traacutefego de veiacuteculos pesados apenas nesta via p 124
Figura 555 a 558 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 124
LISTA DE TABELAS
Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora p 35
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO
2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes____________
22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais_____________
3 CONSIDERACcedilOtildeES METODOLOacuteGICAS
31 3deg Jardim de Boa Viagem enquanto Estudo de Caso_________
32 Mapeamento Acuacutestico enquanto Instrumento de Pesquisa_
33 Procedimentos Metodoloacutegicos__________________________________
331 1deg Etapa Pesquisa Documental Primaacuteria e Secundaacuteria _____
332 2deg Etapa Pesquisa Piloto_____________________________________
333 3deg Etapa Estudo de Campo__________________________________
334 4deg Etapa mapeamento acuacutestico_____________________________
4 TRANSFORMACcedilOtildeES DO 3deg JARDIM E SUA RELACcedilAtildeO COM
O PROCESSO DE OCUPACcedilAtildeO DO BAIRRO DE BOA
VIAGEM
5 COMPORTAMENTO ACUacuteSTICO DO 3degJARDIM DE BOA
VIAGEM
51 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem a
partir das Modificaccedilotildees Cronoloacutegicas em sua Forma
Urbana______________________________________________________________
52 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem em
relaccedilatildeo ao Coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico
do Recife agrave ldquoLei do Silecircnciordquo e a outras Entidades
Normativas_________________________________________________________
53 Ausecircncia de Accedilotildees versus Presenccedila de Accedilotildees em Busca
de um Melhor Comportamento Acuacutestico para o 3deg Jardim
de Boa Viagem____________________________________________________
6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
7 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
128
134
115
107
81
80
65
60
59
56
55
55
52
49
46
31
22
22
17
CAPIacuteTULO 1
A pesquisa eacute talvez a arte de se criar dificuldades fecundas e de criaacute-las para os
outros Nos lugares onde havia coisas simples faz-se aparecer problemas
Pierre Bourdieu
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
17
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
1 INTRODUCcedilAtildeO
Um grito estridente lanccedilado em um meio urbano envolto nos ldquomais modernosrdquo e descomunais
arranha-ceacuteus desconfortavelmente ouvido nos mais remotos pavimentos de um deles foi agrave
centelha motivadora para as ideacuteias e discussotildees que permeiam esta pesquisa Este grito mal
recebido pelo receptor pode ser considerado uma das diversas formas da profusatildeo de ruiacutedos que
cada vez mais se tornam elementos onipresentes da vida contemporacircnea
Tal profusatildeo de ruiacutedos atualmente encontrados nos centros urbanos estaacute intimamente vinculada
ao crescimento acelerado das cidades que possibilitaram o aumento e uma maior concentraccedilatildeo da
populaccedilatildeo urbana acarretando em raacutepidas transformaccedilotildees no meio de propagaccedilatildeo do ruiacutedo
urbano aleacutem do aumento e uma maior concentraccedilatildeo dos diversos tipos de fontes sonoras que o
geram
Embora esteja estreitamente relacionado ao raacutepido desenvolvimento das cidades o ruiacutedo urbano
natildeo deve ser considerado como uma consequumlecircncia incidental da accedilatildeo humana em busca de
progresso e por isso inevitaacutevel tampouco toleraacutevel Ao contraacuterio deve ser entendido como uma
das consequumlecircncias prejudiciais deste desenvolvimento que pode causar diversos males fisioloacutegicos
e psicoloacutegicos ao citadino e assim sendo deve ser veementemente prevenido e mitigado
A fim de encontrar maneiras que possibilitem sua prevenccedilatildeo e mitigaccedilatildeo o ruiacutedo urbano pode
ser entendido como um sistema composto essencialmente pela fonte sonora ndash meio de propagaccedilatildeo ndash
receptor Dentre estas trecircs partes componentes do sistema o meio de propagaccedilatildeo pode ser
considerado como um dos menos investigados e onde as accedilotildees contra o ruiacutedo satildeo menos
concentradas (SINGAL 2005)
Esta inobservacircncia da importacircncia do meio urbano enquanto percurso de propagaccedilatildeo sonora
pode estar vinculada agrave dificuldade de intervir em meios de propagaccedilatildeo consolidados como satildeo
fundamentalmente os grandes centros urbanos Daiacute a relevacircncia em compreender a acuacutestica
urbana a partir de seu meio propagador pois uma vez consolidado o meio raras satildeo as
intervenccedilotildees possiacuteveis para minimizar o ruiacutedo urbano a partir desta parte componente do sistema
fonte ndash meio ndash receptor restando essencialmente accedilotildees preventivas
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
18
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Outro fator que evidencia o grande valor em compreender a acuacutestica urbana a partir de seu meio
de propagaccedilatildeo eacute o potencial que o meio urbano possui em influenciar a trajetoacuteria da propagaccedilatildeo
sonora Esta influecircncia acontece atraveacutes da forma que este meio apresenta ou seja a forma urbana
atraveacutes de seus elementos componentes e enquanto percurso de transmissatildeo delineia influencia e
determina em certa medida a trajetoacuteria de propagaccedilatildeo da onda sonora
Assim sendo a interaccedilatildeo entre os diversos elementos que compotildeem a forma urbana - o traccedilado e
perfis das vias o modo de implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as proporccedilotildees
densidade e maneira de ocupaccedilatildeo das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres ndash
contribui determinantemente para caracterizaccedilatildeo da propagaccedilatildeo sonora no meio urbano atraveacutes
de muacuteltiplas reflexotildees do espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave fonte geradora de
campos sonoros reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de aacutereas de sombra
Esta interaccedilatildeo entre os elementos da forma urbana e a propagaccedilatildeo sonora ocorre a partir da
diversidade e singularidade existente nos variados meios urbanos igualmente proporcionando os
mais particulares comportamentos acuacutesticos Isto eacute para cada meio urbano existem caracteriacutesticas
particulares inerentes agrave sua forma urbana que geram um comportamento acuacutestico igualmente
especiacutefico exclusivo e vinculado a esta forma urbana
Apesar deste atrelamento entre a acuacutestica urbana e a forma urbana esta relaccedilatildeo natildeo eacute
suficientemente pesquisada e quando eacute satildeo enfocadas prioritariamente situaccedilotildees presentes de
comportamento acuacutestico eou no maacuteximo hipoacuteteses futuras tambeacutem chamadas de prediccedilatildeo
acuacutestica Aleacutem disso natildeo foram encontradas referecircncias ateacute o presente momento de investigaccedilotildees
que priorizem a apreciaccedilatildeo da acuacutestica urbana e sua relaccedilatildeo com as modificaccedilotildees ao longo do tempo da
forma urbana
Isto posto considerando esta ausecircncia de pesquisas e considerando que para cada espaccedilo urbano
existe um comportamento de propagaccedilatildeo sonora especiacutefico o presente estudo se propocircs a
investigar o comportamento acuacutestico de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em sua forma urbana
Para isso admitiu-se que a propagaccedilatildeo de uma mesma fonte sonora em um mesmo espaccedilo urbano
que tenha sofrido ao longo de um processo cronoloacutegico modificaccedilotildees em sua forma urbana
implicaria em diferentes comportamentos em sua acuacutestica urbana para as diferentes datas deste
processo Esta suposiccedilatildeo possibilitou a anaacutelise do comportamento acuacutestico atraveacutes das
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
19
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
modificaccedilotildees cronoloacutegicas da forma urbana a partir da articulaccedilatildeo de trecircs variaacuteveis - a fonte sonora
a forma urbana e a acuacutestica urbana Estas variaacuteveis foram consideradas tendo o estudo de caso
enquanto estrateacutegia de pesquisa
O caso escolhido para esta investigaccedilatildeo foi o loteamento 3deg Jardim de Boa Viagem tanto por
representar uma parcela bem delimitada das raacutepidas e recentes transformaccedilotildees ocorridas na
forma urbana do bairro de Boa Viagem quanto por permitir ilustrar o comportamento acuacutestico
em um encadeamento evolutivo do iniacutecio de sua ocupaccedilatildeo recente ateacute os dias atuais
Para compor tal encadeamento evolutivo foram selecionados os anos de 1971 data escolhida por
caracterizar o princiacutepio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim 1981 e 1997 por representarem datas de
registro de fotografias aeacutereas do bairro de Boa Viagem existentes na base de dados da
CONDEPE-FIDEM Agecircncia Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco 2009 por
representar a realidade atualmente encontrada no 3deg Jardim e uma simulaccedilatildeo de situaccedilatildeo
hipoteacutetica futura de modificaccedilatildeo na forma urbana
Isto posto com o intuito de analisar o comportamento da acuacutestica urbana do 3deg Jardim de Boa
Viagem a partir de modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua forma urbana foram executados os
seguintes objetivos especiacuteficos (I) identificar as caracteriacutesticas configuraccedilotildees e transformaccedilotildees da
forma urbana ocorridas no 3deg Jardim de Boa Viagem nos anos de 1971 1981 1997 e 2009 a
partir de seu processo de ocupaccedilatildeo (II) elaborar mapas acuacutesticos dos niacuteveis atuais (2009) de
pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim (III) elaborar mapas acuacutesticos do 3deg Jardim nos anos de
1971 1981 1997 e de situaccedilatildeo hipoteacutetica futura a partir da consideraccedilatildeo dos niacuteveis atuais (2009)
de pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim
Em busca de expor sistematicamente seu desenvolvimento a presente investigaccedilatildeo foi
estruturada do seguinte modo
O presente capiacutetulo 1 introduz e antecipa brevemente a discussatildeo que seraacute realizada ao longo
desta pesquisa
O capiacutetulo 2 aborda dois aspectos principais O primeiro deles desenvolve o conceito de forma
urbana e seus elementos componentes a partir dos autores Joseacute Lamas (2004) Philippe Panerai
(2006) e Vicente Del Rio (1990) Busca elucidar que a apreensatildeo da forma urbana eacute complexa e
envolve diversificadas abordagens e enfoques sociais econocircmicos histoacutericos e culturais para
entatildeo indicar que a presente pesquisa lanccedilaraacute um olhar para a forma urbana essencialmente a
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
20
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
partir de seu aspecto fiacutesico e material recorte necessaacuterio para a anaacutelise do comportamento
acuacutestico urbano
O segundo aspecto abordado no capiacutetulo 2 diz respeito agrave definiccedilatildeo teoacuterica do conceito da
acuacutestica urbana e de suas diversificadas implicaccedilotildees e interfaces quando o som eacute propagado em
meio urbano Busca evidenciar os fenocircmenos que ocorrem a partir da interaccedilatildeo entre a forma
urbana e a acuacutestica urbana indicando que a influecircncia da forma urbana eacute determinante para o
comportamento da acuacutestica urbana
O capiacutetulo 3 eacute dedicado ao percurso investigativo desta pesquisa evidenciando sua metodologia e
procedimentos metodoloacutegicos apresentando o 3deg Jardim enquanto estudo de caso o
mapeamento acuacutestico enquanto instrumento de pesquisa e detalhando as etapas operacionais
deste estudo Este capiacutetulo evidencia ainda o processo de elaboraccedilatildeo dos modelos e mapas
acuacutesticos da forma urbana existente no 3deg Jardim em cada uma das datas estudadas aleacutem da
situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e discute o software Predictor utilizado para este mapeamento
O capiacutetulo 4 diz respeito ao processo de ocupaccedilatildeo do bairro de Boa Viagem e sua relaccedilatildeo com as
transformaccedilotildees urbanas ocorridas no 3deg Jardim Busca-se identificar as caracteriacutesticas
configuraccedilotildees e transformaccedilotildees ocorridas na forma urbana do 3deg Jardim que possibilitem o
entendimento cronoloacutegico destas modificaccedilotildees dando suporte a elaboraccedilatildeo e anaacutelise dos mapas
acuacutesticos
O capiacutetulo 5 analisa o comportamento da acuacutestica urbana identificado nos mapas acuacutesticos
elaborados do 3deg Jardim a partir das modificaccedilotildees ocorridas em sua forma urbana nos anos de
1971 1981 1997 e 2009 aleacutem de uma situaccedilatildeo hipoteacutetica futura (prediccedilatildeo acuacutestica) Neste capiacutetulo
discute-se ainda o comportamento do 3deg Jardim em relaccedilatildeo agrave legislaccedilatildeo municipal que regula as
emissotildees sonoras na cidade do Recife e no estado de Pernambuco e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis
recomendados por outras entidades normativas e indica-se possiacuteveis accedilotildees para melhoria no
comportamento acuacutestico do 3deg Jardim bem como as possiacuteveis consequumlecircncias acuacutesticas da
ausecircncia de tais accedilotildees
Por fim no capiacutetulo 6 satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais acerca do comportamento acuacutestico
do 3deg Jardim e satildeo indicados novos rumos de pesquisa a respeito da acuacutestica urbana
CAPIacuteTULO 2
A arquitetura eacute uma muacutesica petrificada
Arthur Schopenhauer
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
22
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
Analisar o comportamento da acuacutestica urbana ainda que a partir das modificaccedilotildees da forma
urbana faz com que esta pesquisa trate essencialmente da acuacutestica urbana No entanto este
comportamento esta sujeito aos diversificados modos de apreensatildeo da forma urbana e de seus
elementos componentes bem como ao modo como esta pesquisa os consideraraacute
Assim sendo o primeiro item deste capiacutetulo expotildee o conceito de forma urbana e de algumas de
suas relaccedilotildees discutido agrave luz de LAMAS (2004) de PANERAI (2006) e DEL RIO (1990)
indicando em seguida o que esta pesquisa consideraraacute como forma urbana
Certamente discussatildeo em torno da produccedilatildeo de outros autores poderia ser elaborada No
entanto o primeiro item deste capiacutetulo natildeo pretende representar uma revisatildeo bibliograacutefica acerca
do estudo da forma urbana e suas relaccedilotildees pretende sim construir uma discussatildeo em torno dos
trecircs autores selecionados que culmine no conceito de forma urbana que seraacute considerado por esta
pesquisa para possibilitar olhar para suas modificaccedilotildees cronoloacutegicas a fim de compreender o
comportamento da acuacutestica urbana
Apoacutes este delineamento no segundo item deste capiacutetulo discute-se a acuacutestica urbana e suas
relaccedilotildees conceituais com os diversos elementos e implicaccedilotildees da propagaccedilatildeo sonora em meio
urbano e como eles relacionam-se influenciando em seu comportamento
21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes
Segundo LAMAS (2004) estudar a forma urbana compreende examinar as configuraccedilotildees e as
estruturas exteriores de determinados objetos de suas formas interligando-as com os fenocircmenos
que lhes deram origem Assim sendo a forma urbana pode ser definida como sendo o
[] modo como se organizam os elementos morfoloacutegicos que constituem e definem o espaccedilo urbano relativamente agrave materializaccedilatildeo dos aspectos de
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
23
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas Fonte LAMAS 2004
organizaccedilatildeo funcional e quantitativa e dos aspectos qualitativos e figurativos (LAMAS 2004 p 44) 1
Dentre estes aspectos os quantitativos satildeo agravequeles da realidade urbana que podem ser
quantificaacuteveis tais como densidades superfiacutecies fluxos coeficientes volumeacutetricos entre outros
(Figura 21) os de organizaccedilatildeo funcional satildeo agravequeles que se relacionam com as atividades
humanas tais como habitar e trabalhar e agravequeles relacionados ao modo de uso especiacutefico de uma
aacuterea ndash residencial comercial industrial entre outros os qualitativos referem-se ao tratamento dos
espaccedilos ao conforto e a comodidade do utilizador tais como adaptaccedilatildeo ao clima acessibilidade
estado da pavimentaccedilatildeo entre outros por fim os aspectos figurativos dizem respeito a
essencialmente a comunicaccedilatildeo esteacutetica (LAMAS 2004)
Pode-se considerar que ao olhar para forma urbana e em especiacutefico para suas modificaccedilotildees
cronoloacutegicas com o intuito de compreender o comportamento da acuacutestica urbana esta pesquisa
relaciona-se tanto aos aspectos qualitativos a partir do conforto acuacutestico dos receptores das
ondas sonoras em meio urbano quanto aos
aspectos quantitativos uma vez que este
comportamento acuacutestico em meio urbano eacute
quantificaacutevel em decibels (dB)
Embora estes aspectos envolvam grande parte
das singularidades inerentes a forma urbana
esta definiccedilatildeo parece ainda natildeo abarcar outras
particularidades sociais econocircmicas histoacutericas
e culturais igualmente envolvidas no
entendimento da concepccedilatildeo da forma urbana
isto eacute resta ainda a consideraccedilatildeo de que esta
forma urbana natildeo acontece
independentemente dos grupos sociais que a
produzem (PANERAI 2006)
Satildeo essencialmente estas particularidades que
impulsionam ou amortecem a transformaccedilatildeo
1 Para todas as citaccedilotildees deste autor natildeo seratildeo consideradas adaptaccedilotildees na liacutengua do paiacutes de origem - Portugal - permanecendo o texto original
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
24
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
dos elementos que compotildeem a forma urbana ndash a adiccedilatildeo de novos de traccedilados a um jaacute existente
ou sua superposiccedilatildeo seus conflitos o parcelamento de parques e ocupaccedilatildeo de espaccedilos livres a
renovaccedilatildeo da massa edificada seu lento adensamento e verticalizaccedilatildeo segundo uma especulaccedilatildeo
despretensiosa ou sua substituiccedilatildeo por vastos empreendimentos sob influecircncia de uma
especulaccedilatildeo bem mais expressiva (PANERAI 2006) isto eacute faz parte da apreensatildeo da forma
urbana uma complexidade que envolve um processo de acumulaccedilatildeo de enfoques e observaccedilotildees
sociais econocircmicas histoacutericas e culturais que englobam muito mais do que apenas sua forma
fiacutesica
Estas particularidades especialmente as sociais parecem um pouco mais delineadas nas
consideraccedilotildees feitas por DEL RIO (1990) que considera o espaccedilo urbano a partir da apropriaccedilatildeo
social que se faz dele estabelecendo que em relaccedilatildeo ao estudo da forma urbana a cidade pode
ser compreendida a partir de trecircs niacuteveis organizacionais o coletivo o comunitaacuterio e o individual
O niacutevel coletivo eacute regido sob uma loacutegica estruturadora percebida inconscientemente e
coletivamente e eacute composto pelos elementos2 do tecido que possuem uma permanecircncia maior ao
longo do tempo o niacutevel comunitaacuterio diz respeito aos elementos com significados especiais apenas
para um pequeno grupo da populaccedilatildeo como o bairro por exemplo jaacute o niacutevel individual expressa
significados individuais como a residecircncia e seu espaccedilo circundante e por seu caraacuteter individual eacute
o que apresenta maior rapidez nas modificaccedilotildees (DEL RIO 1990)
Mas LAMAS (2004) ao defender sua definiccedilatildeo para forma urbana natildeo soacute possuiacutea ciecircncia destas
outras particularidades explicitadas por PANERAI (2006) e DEL RIO (1990) ndash sociais
econocircmicas histoacutericas e culturais ndash envolvidas na concepccedilatildeo de forma urbana como optou em
natildeo apreciaacute-las
[] um primeiro grau de leitura da cidade eacute eminentemente fiacutesico-espacial e morfoloacutegico portanto especiacutefico da arquitectura e o uacutenico que permite evidenciar a diferenccedila entre este e outro espaccedilo entre esta e aquela forma e explicar as caracteriacutesticas de cada parte da cidade A estes se juntam outros niacuteveis de leitura que revelam diferentes conteuacutedos (histoacutericos econoacutemicos sociais e outros) Mas este conjunto de leituras soacute eacute possiacutevel porque a cidade existe como facto fiacutesico e material Todos os instrumentos de leitura lecircem o mesmo objecto ndash o espaccedilo fiacutesico a FORMA URBANA (LAMAS 2004 p 31 grifo do autor) Eacute fundamentalmente a dimensatildeo fiacutesica e morfoloacutegica da cidade que me preocupa [] (LAMAS 2004 p 31)
2 Estes elementos seratildeo discutidos em paraacutegrafos mais adiante
____________________________________________
ANAacuteLISE D
Na verdade esta opccedilatildeo em
urbana considerando-a essen
de seu aspecto fiacutesico e m
convenientemente ao obje
presente pesquisa analisar
da acuacutestica urbana a partir
cronoloacutegicas na forma urba
esta anaacutelise do compor
implica em uma apropriaccedil
fiacutesica e material destas modif
Certamente a busca pela ap
urbana envolve muito
simplesmente sua forma
como jaacute aclarado No entan
da anaacutelise proposta por
apreensatildeo em totalid
fundamentalmente necessaacuter
apropriaccedilatildeo da forma urban
material ou uma variaacutevel fiacutes
finalidade derradeira de
comportamento acuacutestico
modificaccedilotildees nesta forma
Ao entender a observaccedilatildeo
essencialmente em seu aspec
(2004) propocircs uma classifica
dimensotildees
bull A dimensatildeo setorial
refere-se agrave menor u
do espaccedilo urbano co
uma praccedila ou uma
ponto o observador
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 24 ndash A cidadeo texemplificada por meio da cidadLAMAS 2004
Figura 23 ndash O bairro a escala ucidade portuguesa de Tavira Fonte
Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na ca dimensatildeo setorial Fonte LAMA
em observar a forma
sencialmente a partir
material responde
bjetivo primeiro da
ar o comportamento
rtir de modificaccedilotildees
rbana uma vez que
ortamento acuacutestico
riaccedilatildeo genuinamente
dificaccedilotildees
apreensatildeo da forma
o mais do que
a fiacutesica e material
tanto para realizaccedilatildeo
or este estudo tal
alidade natildeo eacute
saacuteria o que torna a
bana quase um meio
l fiacutesica para atingir a
e compreensatildeo do
a partir de
atildeo da forma urbana
pecto fiacutesico LAMAS
icaccedilatildeo em escalas ou
ndash a escala da rua
r unidade ou porccedilatildeo
como por exemplo
a rua onde de um
dor pode abarcar a
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
25
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
territoacuterioa dimensatildeo territorial dade portuguesa de Tavira Fonte
a urbana exemplificada por meio da nte LAMAS 2004
na cidade portuguesa de Tavira ilustra MAS 2004
____________________________________________
ANAacuteLISE D
unidade espacial d
(Figura 22)
bull A dimensatildeo urbana ndash
corresponde agraves pa
identificaacuteveis como
exemplo onde a
elementos da forma
atraveacutes do movime
percursos (Figura 23
bull E por fim a dimensatildeo
da cidade diz respeito
diferentes formas
articulaccedilatildeo de bai
entre si Sua forma
distribuiccedilatildeo de eleme
das cidades em con
suporte geograacutefico d
a articulaccedilatildeo de
circulaccedilatildeo entre os
entre zonas habitacio
entre outras (Figura 2
Dentre estas dimensotildees a u
bairro desperta particular
pesquisa uma vez que o e
limites de observaccedilatildeo atraveacute
de movimentos poderaacute aba
significante de modificaccedilotildee
forma urbana de determina
compreender o comport
acuacutestica urbana
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 25 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do CONDEPE-FIDEM 1981
Figura 26 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do baorigens da cidade entrecortadoBarreto Fonte CONDEPE-FIDE
Figura 27 ndash Exemplos de diveredifiacutecios lotes quarteirotildees e vias eRecife Nesta imagem um recessencialmente por morros o AltoFIDEM 1981
de seu conjunto
ndash a escala do bairro
partes homogecircneas
mo os bairros por
a observaccedilatildeo dos
a urbana eacute realizada
imento e de vaacuterios
23)
nsatildeo territorial ndash a escala
eito agrave articulaccedilatildeo de
as urbanas da
bairros interligados
ma eacute definida pela
mentos estruturantes
onformidade com o
o do siacutetio tais como
e ruas e vias de
s diferentes bairros
cionais e comerciais
a 24)
a urbana ndash escala do
lar interesse desta
o entendimento dos
veacutes de certo nuacutemero
barcar uma amostra
otildees cronoloacutegicas na
inado local a fim de
ortamento de sua
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
26
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife o bairro de Boa Viagem Fonte
rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves do pela recente Avenida Dantas DEM 1981
versificadas concretizaccedilotildees entre os em diferentes bairros da cidade do
recorte de um bairro constituiacutedo lto do Mandu Fonte CONDEPE-
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
27
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
No entanto para apreender tal dimensatildeo devem-se conhecer e estabelecer quais elementos
miacutenimos da forma urbana que se relaciona com esta a dimensatildeo urbana e quais satildeo estes
elementos LAMAS (2004) propocircs onze elementos da forma urbana necessaacuterios para esta
apreensatildeo o solo (I) o edifiacutecio (II) o lote (III) o logradouro (IV) o quarteiratildeo (V) o traccediladoa
rua(VI) a praccedila (VII) a fachada (VIII) o monumento (IX) a vegetaccedilatildeo (X) e o mobiliaacuterio
urbano (XI) Dentre estes elementos seis possuem uma estreita relaccedilatildeo com esta pesquisa e
seratildeo expostos de acordo com consideraccedilotildees observadas por LAMAS 3 (2004) (Figuras 25 a 27)
O edifiacutecio representa o elemento miacutenimo identificaacutevel na observaccedilatildeo da forma urbana eacute atraveacutes
dele que se constitui o espaccedilo urbano e se organizam diferentes elementos tais como ruas praccedilas
avenidas entre outros Os edifiacutecios agrupam-se em diferentes tipos tanto em relaccedilatildeo a suas
formas quanto a suas funccedilotildees Estes elementos podem influenciar o comportamento da acuacutestica
urbana atuando enquanto objetos reflexivos da onda sonora e como barreiras acuacutesticas4
O lote representa o princiacutepio da relaccedilatildeo do edifiacutecio com o terreno A forma do lote eacute muitas
vezes condicionante da forma do edifiacutecio tornando-os vinculados por essecircncia o logradouro diz
respeito ao espaccedilo livres e natildeo construiacutedos no interior do lote aos quintais e jardins o quarteiratildeo
ou quadra pode ser considerado como o espaccedilo resultante entre o cruzamento de trecircs ou mais
vias podendo ser demarcado em vaacuterios lotes para a construccedilatildeo de edifiacutecios Juntos estes trecircs
elementos associados aos edifiacutecios podem propiciar uma maior ou menor permeabilidade
acuacutestica eou uma maior ou menor presenccedila de aacutereas de sombra no meio urbano
O traccedilado por meio das ruas ou vias eacute facilmente identificaacutevel no meio urbano Estaacute muitas vezes
condicionado ao siacutetio geograacutefico existente regula a disposiccedilatildeo dos edifiacutecios e quarteirotildees e
interliga os vaacuterios espaccedilos componentes da cidade e a cidade ao territoacuterio Normalmente o
traccedilado resiste agraves transformaccedilotildees na forma urbana por possuir um caraacuteter de permanecircncia natildeo
totalmente modificaacutevel O traccedilado engloba trajetoacuterias e caminhos que natildeo satildeo necessariamente
percorridos atraveacutes de automoacuteveis apesar disso estaacute em grande parte vinculado a uma das
principais fontes geradoras de ruiacutedo urbano ndash o traacutefego de veiacuteculos
3 Os outros elementos tambeacutem podem relacionar-se de diferentes maneiras com a acuacutestica urbana mas nem tanto com a presente pesquisa e por isso natildeo foram considerados 4 Todas as definiccedilotildees e conceitos acuacutesticos apresentados no presente item seratildeo elucidados no item seguinte 22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
28
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) Fonte PANERAI 2006
A praccedila eacute um espaccedilo de geometria variada
intencionalmente inserido no meio urbano
cuja relaccedilatildeo com o traccedilado e os edifiacutecios
tambeacutem eacute intencional evidenciada atraveacutes do
seu desenho e natildeo acidentais como
alargamento e confluecircncias do traccedilado Aleacutem
disso a praccedila eacute um lugar de encontro de
permanecircncia e de praacuteticas sociais
Acusticamente dependendo de suas
proporccedilotildees a propagaccedilatildeo sonora que envolve
uma praccedila pode apresentar um
comportamento que se assemelha a
propagaccedilatildeo sonora em campo livre
Estes elementos constituintes da forma urbana
conceituados por LAMAS (2004) podem ser
identificados sob um diferente invoacutelucro
conceitual mas com a mesma essecircncia no que
PANERAI (2006) definiu como sendo
conjuntos do tecido urbano
Aplicado agrave cidade o termo ldquotecidordquo evoca a continuidade e a renovaccedilatildeo a permanecircncia e a variaccedilatildeo Ele explica a constituiccedilatildeo das cidades antigas e responde as questotildees levantadas pelo estudo das urbanizaccedilotildees recentes Ele pressupotildee uma atenccedilatildeo tanto ao banal quanto ao excepcional tanto agraves ruas comuns e agraves edificaccedilotildees corriqueiras quanto agraves regulamentaccedilotildees e aos monumentos Dentre as muacuteltiplas definiccedilotildees de tecido urbano e sem desprezar suas qualidades escolhemos a mais simples O tecido urbano eacute constituiacutedo pela superposiccedilatildeo ou imbricaccedilatildeo de trecircs conjuntos a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees Essa definiccedilatildeo potildee em evidecircncia os elementos que permitem que as diferentes partes da cidade evoluam ao mesmo tempo em que satildeo mantidas a coesatildeo de conjunto e a clareza de sua estrutura (PANERAI 2006 p 77-78 grifo nosso) (Figura 28)
Ao contraacuterio de LAMAS (2004) que considera a praccedila como um elemento da forma urbana por
si soacute PANERAI (2006) discute as vias ou traccedilado inseridas em uma relaccedilatildeo em rede onde
tambeacutem satildeo considerados como partes constituintes os largos passeios praccedilas esplanadas cais
pontes rios canais margens praias todos compondo o espaccedilo puacuteblico Eacute atraveacutes desta rede
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
29
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua
organizaccedilatildeo local e territorial
Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o
domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios
quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente
o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da
forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo
Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao
espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo
vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os
edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila
sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto
Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute
bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus
elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma
essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo
objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles
- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)
Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno
relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar
definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento
5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
30
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109
O adensamento ocorre a partir de dois modos
essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do
preenchimento progressivo do espaccedilo urbano
e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa
por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)
A primeira forma de adensamento ocorre sem
a expansatildeo territorial por meio do
preenchimento progressivo de todas as
reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de
determinado meio urbano Eacute um
adensamento inserido em limitesbarreiras
preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como
uma via expressa irregularidades geograacuteficas
do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual
em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas
edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)
A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do
solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de
adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem
sua expansatildeo (PANERAI 2006)
Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como
se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado
meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da
acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o
adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de
objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica
Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o
edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados
por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
31
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias
dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta
pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a
partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo
exclusivamente
1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo
de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres
2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os
lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)
3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e
principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes
geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)
Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no
decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees
cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e
relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana
22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a
forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia
multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o
som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas
do conhecimento (Figura 210)
Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano
seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes
tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental
O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por
pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu
____________________________________________
ANAacuteLISE D
complexo padratildeo de ondas s
de ruiacutedo muacutesica fala
(BERGLUND et al 1999)
Esta definiccedilatildeo do som tend
a percepccedilatildeo do ouvido
conceito psicofiacutesico Fisicame
vibraccedilatildeo mecacircnica que
progressivamente atraveacutes de
gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN
Esta vibraccedilatildeo quando tran
que o rodeia nem sempre
aparelho auditivo humano
frequumlecircncia6 audiacutevel encontra
20 a 20000 Hz para um
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984
1982) Frequumlecircncias acima de
altas para respostas fisioloacuteg
chamadas de ultrasons Jaacute as
de 20 Hz satildeo chamadas de
detectaacuteveis pelo ouvido hum
prejudiciais agrave sua sauacutede7
1982 SOUSA 2004)
Fisicamente o som e o ruiacutedo
ambos se propagam em mei
detectados pelo ouvido hu
enquanto o som eacute utilizado
6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa
Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006
as sonoras eacute rotulado
ala entre outros
ndo como referecircncia
o humano eacute um
mente o som eacute uma
que se propaga
de um meio material
(SINGAL 2005)
transmitida ao meio
re eacute detectaacutevel pelo
ano cuja faixa de
tra-se no intervalo de
um jovem saudaacutevel
4 KINSLER et al
de 20000 Hz muito
loacutegicas auditivas satildeo
as frequumlecircncias abaixo
de infrasons e natildeo satildeo
umano contudo satildeo
(KINSLER et al
iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee
eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos
humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN
do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev
iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo
as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
32
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006
ontual e fonte sonora linear Fonte
otildees de pressatildeo ambiente
bos satildeo capazes de serem
EN 1995) No entanto
daacuteveis o ruiacutedo descreve
do e eacute medida em Hertz (Hz)
amento das estruturas cardiacuteacas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
33
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)
Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e
portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece
como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro
[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)
Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo
mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees
no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse
irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos
(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM
2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)
O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais
comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual
possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as
direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)
Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de
fontes pontuais dispostas linearmente cuja
emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta
linha sendo seu decaimento em campo livre
de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)
Quando propagadas no meio urbano a
combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas
ao percurso de transmissatildeo e ao receptor
constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
34
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
chamado de ruiacutedo ambiental (environmental
noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)
(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005
SOUSA 2004)
O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do
traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de
obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos
industriais de estabelecimentos comerciais e
de serviccedilos de sistemas de propaganda
volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-
estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982
NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)
Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais
como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes
nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade
populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos
extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se
a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES
2006)
Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o
ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A
necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade
existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis
normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a
populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano
8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
35
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006
Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg
1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes
Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes
procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO
2009)
NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
Niacutevel de Pressatildeo sonora
em dB(A)
Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS
Ambiente ou atividade
0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros
aacuterea de mata selvagem
30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite
50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse
auditivo Rua agitada um restaurante barulhento
70 a 90 Estressante e bastante
excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh
conversa a gritos
90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia
Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor
110 a 130
Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez
instantacircnea
Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock
130 a 140 Acima do limiar da dor
causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia
Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias
resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a
poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir
diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho
Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores
(NAGEM 2004)
Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave
Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do
12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
36
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do
sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do
Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da
cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias
tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da
Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)
Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da
LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos
com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos
submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e
do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a
accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave
conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte
geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)
Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos
de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em
documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da
Cidade do Recife (RECIFE 2000)
Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo
Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as
posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da
poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor
o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie
de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo
exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil
militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um
importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)
Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a
poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de
13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
37
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999
pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais
(BERGLUND et al1999)
Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que
atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua
(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do
ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio
urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram
em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da
populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes
geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et
al 2002) (Figura 214)
Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o
aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais
percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al
2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)
O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a
partir do ruiacutedo veicular que proveacutem
essencialmente do sistema de propulsatildeo do
motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo
aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso
(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da
relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as
configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido
a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de
acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a
presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de
pedestres etc a intensidade do fluxo de
veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os
veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de
14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
38
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita
terra batida) etc (SINGAL 2005)
Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo
comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas
implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo
do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo
para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e
pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS
2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma
interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana
Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto
por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego
seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no
proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de
certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e
forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e
largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser
acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica
O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde
acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo
acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)
O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia
de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio
urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou
nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o
espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de
suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de
pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
39
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007
Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido
pelo receptor diminui em funccedilatildeo da
duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15
Praccedilas parques e largos com grandes
dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias
vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas
uma de suas margens ou espaccedilos livres
urbanos de grandes dimensotildees caracterizam
alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos
No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras
sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o
seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente
sendo praticamente o mesmo em vaacuterias
posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre
uma saiacuteda para campo livre caracterizando o
fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura
217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)
Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser
reverberantes quando a onda sonora tarda a
encontrar o campo livre gerando um grande
nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes
quando a onda sonora encontra o campo livre
um pouco mais rapidamente do que no
reverberante gerando um nuacutemero menor mas
ainda grande de reflexotildees
15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
40
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007
No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado
reverberante possui comumente um perfil em
ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de
canyons urbanos que podem amplificar
consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das
vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas
geradas pelas fachadas paralelas das
edificaccedilotildees que circundam estas vias
(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste
tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora
natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre
a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico
aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos
elementos que compotildeem a forma urbana e
dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que
revestem as superfiacutecies refletoras18
(NIEMEYER 2007)
Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de
traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados
tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos
de espaccedilos acuacutesticos fechados
A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda
sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem
podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo
tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo
18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
41
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007
Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992
Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se
aos percursos da onda sonora gerados no
meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005
NIEMEYER 2007) A intensidade da
permeabilidade acuacutestica - mais ou menos
permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de
certos elementos urbanos de promover ou
conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais
como o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem
como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade
e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila
ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e
221)
A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda
com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o
conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a
qualquer objeto que possa ser considerado um
obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias
entre a fonte e o receptor (Figura 222)
(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES
2000) Ao bloquear o percurso direto entre a
fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser
absorvida eou refletida pela superfiacutecie da
barreira transmitida atraveacutes da barreira ou
difratada a partir do topo da barreira
(BARRON 2003 SINGAL 2005)
A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as
ondas sonoras sejam capazes de contornar
determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de
sombra acuacutestica que possui limites espaciais
variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte
____________________________________________
ANAacuteLISE D
sonora e de sua localizaccedilatilde
receptor que por sua vez
sonora difratada pelas borda
um decaimento maior do qu
campo livre (Figura 223) (N
1968 NIEMEYER 2007 PA
O uso de barreiras acuacutestic
EUA Japatildeo Austraacutelia e
reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do
pelo traacutefego rodoviaacuterio pa
(Figuras 224 a 226) (SIN
Brasil esta praacutetica ainda eacute inc
restringindo-se a poucos exe
caso da barreira acuacutestica no
Linha Amarela na cidade do
na Rodovia Bandeirantes co
de Satildeo Paulo a Campinas
Paulo (Figura 227) (MURGE
2004)
Embora a implantaccedilatildeo de b
esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do
rodoviaacuterio outros elemen
meio urbano situados ent
receptor atuam espontan
barreiras agrave propagaccedilatildeo sono
terreno com topografia i
muros edificaccedilotildees entr
edificaccedilotildees conjugadas da R
cidade do Recife ou aind
conjugadas em alguns trec
Atlacircntica no Rio de Janei
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap
Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C
Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2
Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest
Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN
accedilatildeo em relaccedilatildeo ao
ez recebe a energia
rdas da barreira com
que se estivesse em
(NEPOMUCENO
PAZ 2004)
ticas eacute comum nos
e na Europa para
do ruiacutedo produzido
para seus arredores
INGAL 2005) No
incipiente
exemplos como eacute o
no eixo rodoviaacuterio
o Rio de Janeiro e
conectando a cidade
s no estado de Satildeo
GEL 2007 SOUSA
e barreiras acuacutesticas
do ruiacutedo de traacutefego
entos inseridos no
entre a fonte e o
taneamente como
nora tais como um
irregular taludes
ntre outros As
a Rua da Aurora na
inda as edificaccedilotildees
trechos da Avenida
neiro por exemplo
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
42
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007
rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007
da Rodovia Bandeirantes no estado 2007
da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000
barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
43
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409
Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409
aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas
espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem
conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em
ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e
229)
A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e
da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a
interaccedilatildeo entre os diversos elementos que
compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis
das vias o modo de implantaccedilatildeo das
edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as
proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo
das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de
espaccedilos livres ndash contribui determinantemente
para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano
atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do
espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave
fonte geradora de campos sonoros
reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de
aacutereas de sombra
Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado
um sistema composto essencialmente pela fonte
sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e
KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto
percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de
propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares
apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo
da onda sonora no meio urbano
19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
44
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao
ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos
reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente
todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das
edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar
dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e
insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via
Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo
facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas
reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando
sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano
desejaacutevel aos seus receptores
Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as
distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de
propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades
bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento
acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano
Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se
comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica
urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana
Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos
investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento
Figura 53 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 - O mapa do iniacutecio da ocupaccedilatildeo urbana do 3deg Jardim apresentando um comportamento acuacutestico com caracteriacutesticas predominantes de propagaccedilatildeo sonora em campo livre sem a presenccedila significantes de obstaacuteculos que interfiram em seu percurso possibilitando um contiacutenuo decaimento sonoro em relaccedilatildeo agrave distacircncia como ilustram as setas indicativas em preto p 85
Figura 54 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 - O mapa do iniacutecio da ocupaccedilatildeo urbana do 3deg Jardim mostrando outra secccedilatildeo vertical contendo o mesmo comportamento acuacutestico com caracteriacutesticas predominantes de propagaccedilatildeo sonora em campo livre como ilustram as setas indicativas em preto p 85
Figura 55 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Por menor que seja sua presenccedila algumas edificaccedilotildees pontuais de gabarito meacutedio atuam como barreiras acuacutesticas espontacircneas constituindo obstaacuteculos que interferem na propagaccedilatildeo sonora como ilustram as setas indicativas em preto p 86
Figura 56 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash As edificaccedilotildees que atuam como barreiras acuacutesticas geram o fenocircmeno acuacutestico da difraccedilatildeo que propicia a criaccedilatildeo de aacutereas de sombra acuacutestica onde os niacuteveis de pressatildeo sonora equivalente satildeo mais baixos como ilustram as setas indicativas em preto p 86
Figura 57 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1981 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Nesta data houve o aumento no nuacutemero de ilhas de sombra e diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 p 87
Figura 58 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1981 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 88
Figura 59 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash Reduccedilatildeo da quantidade de campos acuacutesticos abertos e aumento no nuacutemero de edificaccedilotildees que atuam enquanto barreiras acuacutesticas favorecendo o aumento do nuacutemero de ilhas de sombra e da diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 como ilustram as setas indicativas em preto p 89
Figura 510 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 89
Figura 511 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Como ilustram as setas indicativas em preto o princiacutepio da verticalizaccedilatildeo no 3deg Jardim pode ter contribuiacutedo atraveacutes de uma melhor atuaccedilatildeo das novas edificaccedilotildees enquanto barreiras acuacutesticas para o aumento do nuacutemero de ilhas de sombra e da diminuiccedilatildeo do niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em relaccedilatildeo a 1971 p 90
Figura 512 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 90
Figura 513 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 1997 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Em 1997 com um adensamento e verticalizaccedilatildeo ainda maior do que em 1981 houve o aumento tanto do nuacutemero das ilhas de sombra quanto nas sua aacutereas de abrangecircncia acarretando no melhor comportamento acuacutestico observado ateacute entatildeo entre os mapas elaborados p 95
Figura 514 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 96
Figura 515 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash A edificaccedilotildees propiciam muacuteltiplas reflexotildees a partir de suas fachadas expostas agraves fontes sonoras influenciando na propagaccedilatildeo da onda sonora de modo distinto ao que seria essa propagaccedilatildeo em campo livre conforme indicado nos mapas acuacutesticos p97
Figura 516 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 97
Figura 517 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 98
Figura 518 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 98
Figura 519 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash As edificaccedilotildees soacute geram muacuteltiplas reflexotildees a partir de suas fachadas expostas agraves fontes sonoras transpondo estas fachadas as edificaccedilotildees passam a atuar enquanto barreiras acuacutesticas para a onda sonora minimizando o ruiacutedo no interior das quadras como indica-se no mapa acuacutestico p 99
Figura 520 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 99
Figura 521 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 100
Figura 522 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 100
Figura 523 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 2009 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Em 2009 o adensamento das quadras diminuiu consideravelmente a presenccedila de ilhas de sombra acuacutestica p101
Figura 524 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 102
Figura 525 e 526 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash As ilhas de sombra em 1997 favoreciam as residecircncias unifamiliares e multifamiliares de gabarito baixo existentes que se situavam em seus interiores Em 2009 estas ilhas foram praticamente suprimidas pela presenccedila de pavimentos destinados as garagens das novas edificaccedilotildees verticais de gabarito alto como ilustram as setas em preto p103
Figura 527 e 528 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash Idem p 103
Figura 529 e 530 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash O contorno preto ilustra a modificaccedilatildeo da propagaccedilatildeo das ondas sonoras a partir da influecircncia do aumento da densidade das quadras e verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees Em 1971 a caracteriacutestica predominante assemelha-se a propagaccedilatildeo em campo livre Jaacute em 1981 percebem-se irregularidades no contorno devido a reflexotildees da onda sonora nas edificaccedilotildees p 104
Figura 531 e 532 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash 1997 apresentou o melhor comportamento acuacutestico entre os mapas elaborados Nesta data as edificaccedilotildees atuaram mais enquanto barreiras acuacutesticas do que como objetos reflexivos da onda sonora Jaacute em 2009 o aumento do adensamento e da verticalizaccedilatildeo possibilitou o excesso de muacuteltiplas reflexotildees nas fachadas das edificaccedilotildees como delineia o contorno extremamente irregular da propagaccedilatildeo sonora ilustrado na imagem abaixo p 104
Figura 533 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Apesar de proporcionar um aumento no niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em 2009 o adensamento e verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees tambeacutem trouxeram benefiacutecios pontuais na praccedila Walt Disney como ilustram as imagens as edificaccedilotildees atuaram como barreiras acuacutesticas reduzindo em relaccedilatildeo a 1997 o niacutevel de pressatildeo sonora equivalente que atinge as edificaccedilotildees de seu entorno Contudo p 105
Figura 534 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash as fachadas voltadas para esta reduccedilatildeo de niacutevel de pressatildeo sonora equivalente satildeo fachadas de serviccedilo pouco aproveitando esta reduccedilatildeo p 105
Figura 535ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim na situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash A situaccedilatildeo hipoteacutetica futura apresenta quadras muito mais adensadas do que nos anos anteriores reduzindo ainda mais a presenccedila de ilhas de sombra O pavimento representado no mapa eacute o destinado agraves garagens que ocupam praticamente todo o lote p 110
Figura 536 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem na situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 111
Figura 537 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash A transformaccedilatildeo da forma urbana tanto na situaccedilatildeo hipoteacutetica como ilustram as imagens quanto em 2009 quando esteve associada ao adensamento e a verticalizaccedilatildeo intensificou os fenocircmenos acuacutesticos ocorridos no meio urbano do 3deg Jardim de Boa Viagem p 112
Figura 538 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 112
Figura 539 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 113
Figura 540 ndash Plantas Baixas ndash A situaccedilatildeo hipoteacutetica futura seguida de perto pelo mapa de 2009 apresentou o pior comportamento acuacutestico do 3deg Jardim e o mapa de 1997 apresentou o melhor entre os mapas elaborados nesta pesquisa conforme ilustra a siacutentese abaixo p 113
Figura 541 ndash Graacutefico da performance acuacutestica considerando o ano x o niacutevel de pressatildeo sonora equivalente (Leq) ndash O Graacutefico apresenta as variaccedilotildees de niacuteveis de pressatildeo sonora de alguns pontos escolhidos aleatoriamente nos mapas acuacutesticos elaborados (Figura 541) Em 1997 as quedas das curvas de variaccedilatildeo do graacutefico corroboram a tendecircncia desta data ter apresentado o mapa acuacutestico com o melhor comportameno acuacutestico entre os mapas elaborados por esta pesquisa p 114
Figura 542 ndash Locaccedilatildeo dos pontos utilizados para elaboraccedilatildeo do graacutefico de performance acuacutestica p 114
Figura 543 ndash Graacutefico comparativo de niacuteveis de emissatildeo sonora permitidos ndash O graacutefico apresenta uma comparaccedilatildeo entre os niacuteveis de emissatildeo sonora permitidos em alguns paiacuteses entre a WHO ISO e ABNT e entre a Lei do silecircncio e o coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife O graacutefico evidencia que a cidade do Recife e o estado de Pernambuco praticam niacuteveis muito acima do recomendado por outras entidades normativas p 121
Figura 544 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde o fluxo de veiacuteculos seja o dobro do encontrado atualmente no 3deg Jardim de Boa Viagem (2009) apresentando altos niacuteveis de poluiccedilatildeo sonora p 122
Figura 545 a 548 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 122
Figura 549 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde seja implantado rodiacutezio de veiacuteculos com uma reduccedilatildeo de 30 do valor total do fluxo de veiacuteculos atualmente encontrado no 3deg Jardim de Boa Viagem (2009) p 123
Figura 550 a 553 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 123
Figura 554 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde seja implantado aleacutem do rodiacutezio de veiacuteculos com reduccedilatildeo de 30 no fluxo atual de veiacuteculos um corredor de transporte puacuteblico na Av Domingos Ferreira e restriccedilatildeo de traacutefego de veiacuteculos pesados apenas nesta via p 124
Figura 555 a 558 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 124
LISTA DE TABELAS
Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora p 35
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO
2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes____________
22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais_____________
3 CONSIDERACcedilOtildeES METODOLOacuteGICAS
31 3deg Jardim de Boa Viagem enquanto Estudo de Caso_________
32 Mapeamento Acuacutestico enquanto Instrumento de Pesquisa_
33 Procedimentos Metodoloacutegicos__________________________________
331 1deg Etapa Pesquisa Documental Primaacuteria e Secundaacuteria _____
332 2deg Etapa Pesquisa Piloto_____________________________________
333 3deg Etapa Estudo de Campo__________________________________
334 4deg Etapa mapeamento acuacutestico_____________________________
4 TRANSFORMACcedilOtildeES DO 3deg JARDIM E SUA RELACcedilAtildeO COM
O PROCESSO DE OCUPACcedilAtildeO DO BAIRRO DE BOA
VIAGEM
5 COMPORTAMENTO ACUacuteSTICO DO 3degJARDIM DE BOA
VIAGEM
51 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem a
partir das Modificaccedilotildees Cronoloacutegicas em sua Forma
Urbana______________________________________________________________
52 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem em
relaccedilatildeo ao Coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico
do Recife agrave ldquoLei do Silecircnciordquo e a outras Entidades
Normativas_________________________________________________________
53 Ausecircncia de Accedilotildees versus Presenccedila de Accedilotildees em Busca
de um Melhor Comportamento Acuacutestico para o 3deg Jardim
de Boa Viagem____________________________________________________
6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
7 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
128
134
115
107
81
80
65
60
59
56
55
55
52
49
46
31
22
22
17
CAPIacuteTULO 1
A pesquisa eacute talvez a arte de se criar dificuldades fecundas e de criaacute-las para os
outros Nos lugares onde havia coisas simples faz-se aparecer problemas
Pierre Bourdieu
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
17
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
1 INTRODUCcedilAtildeO
Um grito estridente lanccedilado em um meio urbano envolto nos ldquomais modernosrdquo e descomunais
arranha-ceacuteus desconfortavelmente ouvido nos mais remotos pavimentos de um deles foi agrave
centelha motivadora para as ideacuteias e discussotildees que permeiam esta pesquisa Este grito mal
recebido pelo receptor pode ser considerado uma das diversas formas da profusatildeo de ruiacutedos que
cada vez mais se tornam elementos onipresentes da vida contemporacircnea
Tal profusatildeo de ruiacutedos atualmente encontrados nos centros urbanos estaacute intimamente vinculada
ao crescimento acelerado das cidades que possibilitaram o aumento e uma maior concentraccedilatildeo da
populaccedilatildeo urbana acarretando em raacutepidas transformaccedilotildees no meio de propagaccedilatildeo do ruiacutedo
urbano aleacutem do aumento e uma maior concentraccedilatildeo dos diversos tipos de fontes sonoras que o
geram
Embora esteja estreitamente relacionado ao raacutepido desenvolvimento das cidades o ruiacutedo urbano
natildeo deve ser considerado como uma consequumlecircncia incidental da accedilatildeo humana em busca de
progresso e por isso inevitaacutevel tampouco toleraacutevel Ao contraacuterio deve ser entendido como uma
das consequumlecircncias prejudiciais deste desenvolvimento que pode causar diversos males fisioloacutegicos
e psicoloacutegicos ao citadino e assim sendo deve ser veementemente prevenido e mitigado
A fim de encontrar maneiras que possibilitem sua prevenccedilatildeo e mitigaccedilatildeo o ruiacutedo urbano pode
ser entendido como um sistema composto essencialmente pela fonte sonora ndash meio de propagaccedilatildeo ndash
receptor Dentre estas trecircs partes componentes do sistema o meio de propagaccedilatildeo pode ser
considerado como um dos menos investigados e onde as accedilotildees contra o ruiacutedo satildeo menos
concentradas (SINGAL 2005)
Esta inobservacircncia da importacircncia do meio urbano enquanto percurso de propagaccedilatildeo sonora
pode estar vinculada agrave dificuldade de intervir em meios de propagaccedilatildeo consolidados como satildeo
fundamentalmente os grandes centros urbanos Daiacute a relevacircncia em compreender a acuacutestica
urbana a partir de seu meio propagador pois uma vez consolidado o meio raras satildeo as
intervenccedilotildees possiacuteveis para minimizar o ruiacutedo urbano a partir desta parte componente do sistema
fonte ndash meio ndash receptor restando essencialmente accedilotildees preventivas
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
18
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Outro fator que evidencia o grande valor em compreender a acuacutestica urbana a partir de seu meio
de propagaccedilatildeo eacute o potencial que o meio urbano possui em influenciar a trajetoacuteria da propagaccedilatildeo
sonora Esta influecircncia acontece atraveacutes da forma que este meio apresenta ou seja a forma urbana
atraveacutes de seus elementos componentes e enquanto percurso de transmissatildeo delineia influencia e
determina em certa medida a trajetoacuteria de propagaccedilatildeo da onda sonora
Assim sendo a interaccedilatildeo entre os diversos elementos que compotildeem a forma urbana - o traccedilado e
perfis das vias o modo de implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as proporccedilotildees
densidade e maneira de ocupaccedilatildeo das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres ndash
contribui determinantemente para caracterizaccedilatildeo da propagaccedilatildeo sonora no meio urbano atraveacutes
de muacuteltiplas reflexotildees do espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave fonte geradora de
campos sonoros reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de aacutereas de sombra
Esta interaccedilatildeo entre os elementos da forma urbana e a propagaccedilatildeo sonora ocorre a partir da
diversidade e singularidade existente nos variados meios urbanos igualmente proporcionando os
mais particulares comportamentos acuacutesticos Isto eacute para cada meio urbano existem caracteriacutesticas
particulares inerentes agrave sua forma urbana que geram um comportamento acuacutestico igualmente
especiacutefico exclusivo e vinculado a esta forma urbana
Apesar deste atrelamento entre a acuacutestica urbana e a forma urbana esta relaccedilatildeo natildeo eacute
suficientemente pesquisada e quando eacute satildeo enfocadas prioritariamente situaccedilotildees presentes de
comportamento acuacutestico eou no maacuteximo hipoacuteteses futuras tambeacutem chamadas de prediccedilatildeo
acuacutestica Aleacutem disso natildeo foram encontradas referecircncias ateacute o presente momento de investigaccedilotildees
que priorizem a apreciaccedilatildeo da acuacutestica urbana e sua relaccedilatildeo com as modificaccedilotildees ao longo do tempo da
forma urbana
Isto posto considerando esta ausecircncia de pesquisas e considerando que para cada espaccedilo urbano
existe um comportamento de propagaccedilatildeo sonora especiacutefico o presente estudo se propocircs a
investigar o comportamento acuacutestico de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em sua forma urbana
Para isso admitiu-se que a propagaccedilatildeo de uma mesma fonte sonora em um mesmo espaccedilo urbano
que tenha sofrido ao longo de um processo cronoloacutegico modificaccedilotildees em sua forma urbana
implicaria em diferentes comportamentos em sua acuacutestica urbana para as diferentes datas deste
processo Esta suposiccedilatildeo possibilitou a anaacutelise do comportamento acuacutestico atraveacutes das
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
19
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
modificaccedilotildees cronoloacutegicas da forma urbana a partir da articulaccedilatildeo de trecircs variaacuteveis - a fonte sonora
a forma urbana e a acuacutestica urbana Estas variaacuteveis foram consideradas tendo o estudo de caso
enquanto estrateacutegia de pesquisa
O caso escolhido para esta investigaccedilatildeo foi o loteamento 3deg Jardim de Boa Viagem tanto por
representar uma parcela bem delimitada das raacutepidas e recentes transformaccedilotildees ocorridas na
forma urbana do bairro de Boa Viagem quanto por permitir ilustrar o comportamento acuacutestico
em um encadeamento evolutivo do iniacutecio de sua ocupaccedilatildeo recente ateacute os dias atuais
Para compor tal encadeamento evolutivo foram selecionados os anos de 1971 data escolhida por
caracterizar o princiacutepio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim 1981 e 1997 por representarem datas de
registro de fotografias aeacutereas do bairro de Boa Viagem existentes na base de dados da
CONDEPE-FIDEM Agecircncia Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco 2009 por
representar a realidade atualmente encontrada no 3deg Jardim e uma simulaccedilatildeo de situaccedilatildeo
hipoteacutetica futura de modificaccedilatildeo na forma urbana
Isto posto com o intuito de analisar o comportamento da acuacutestica urbana do 3deg Jardim de Boa
Viagem a partir de modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua forma urbana foram executados os
seguintes objetivos especiacuteficos (I) identificar as caracteriacutesticas configuraccedilotildees e transformaccedilotildees da
forma urbana ocorridas no 3deg Jardim de Boa Viagem nos anos de 1971 1981 1997 e 2009 a
partir de seu processo de ocupaccedilatildeo (II) elaborar mapas acuacutesticos dos niacuteveis atuais (2009) de
pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim (III) elaborar mapas acuacutesticos do 3deg Jardim nos anos de
1971 1981 1997 e de situaccedilatildeo hipoteacutetica futura a partir da consideraccedilatildeo dos niacuteveis atuais (2009)
de pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim
Em busca de expor sistematicamente seu desenvolvimento a presente investigaccedilatildeo foi
estruturada do seguinte modo
O presente capiacutetulo 1 introduz e antecipa brevemente a discussatildeo que seraacute realizada ao longo
desta pesquisa
O capiacutetulo 2 aborda dois aspectos principais O primeiro deles desenvolve o conceito de forma
urbana e seus elementos componentes a partir dos autores Joseacute Lamas (2004) Philippe Panerai
(2006) e Vicente Del Rio (1990) Busca elucidar que a apreensatildeo da forma urbana eacute complexa e
envolve diversificadas abordagens e enfoques sociais econocircmicos histoacutericos e culturais para
entatildeo indicar que a presente pesquisa lanccedilaraacute um olhar para a forma urbana essencialmente a
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
20
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
partir de seu aspecto fiacutesico e material recorte necessaacuterio para a anaacutelise do comportamento
acuacutestico urbano
O segundo aspecto abordado no capiacutetulo 2 diz respeito agrave definiccedilatildeo teoacuterica do conceito da
acuacutestica urbana e de suas diversificadas implicaccedilotildees e interfaces quando o som eacute propagado em
meio urbano Busca evidenciar os fenocircmenos que ocorrem a partir da interaccedilatildeo entre a forma
urbana e a acuacutestica urbana indicando que a influecircncia da forma urbana eacute determinante para o
comportamento da acuacutestica urbana
O capiacutetulo 3 eacute dedicado ao percurso investigativo desta pesquisa evidenciando sua metodologia e
procedimentos metodoloacutegicos apresentando o 3deg Jardim enquanto estudo de caso o
mapeamento acuacutestico enquanto instrumento de pesquisa e detalhando as etapas operacionais
deste estudo Este capiacutetulo evidencia ainda o processo de elaboraccedilatildeo dos modelos e mapas
acuacutesticos da forma urbana existente no 3deg Jardim em cada uma das datas estudadas aleacutem da
situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e discute o software Predictor utilizado para este mapeamento
O capiacutetulo 4 diz respeito ao processo de ocupaccedilatildeo do bairro de Boa Viagem e sua relaccedilatildeo com as
transformaccedilotildees urbanas ocorridas no 3deg Jardim Busca-se identificar as caracteriacutesticas
configuraccedilotildees e transformaccedilotildees ocorridas na forma urbana do 3deg Jardim que possibilitem o
entendimento cronoloacutegico destas modificaccedilotildees dando suporte a elaboraccedilatildeo e anaacutelise dos mapas
acuacutesticos
O capiacutetulo 5 analisa o comportamento da acuacutestica urbana identificado nos mapas acuacutesticos
elaborados do 3deg Jardim a partir das modificaccedilotildees ocorridas em sua forma urbana nos anos de
1971 1981 1997 e 2009 aleacutem de uma situaccedilatildeo hipoteacutetica futura (prediccedilatildeo acuacutestica) Neste capiacutetulo
discute-se ainda o comportamento do 3deg Jardim em relaccedilatildeo agrave legislaccedilatildeo municipal que regula as
emissotildees sonoras na cidade do Recife e no estado de Pernambuco e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis
recomendados por outras entidades normativas e indica-se possiacuteveis accedilotildees para melhoria no
comportamento acuacutestico do 3deg Jardim bem como as possiacuteveis consequumlecircncias acuacutesticas da
ausecircncia de tais accedilotildees
Por fim no capiacutetulo 6 satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais acerca do comportamento acuacutestico
do 3deg Jardim e satildeo indicados novos rumos de pesquisa a respeito da acuacutestica urbana
CAPIacuteTULO 2
A arquitetura eacute uma muacutesica petrificada
Arthur Schopenhauer
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
22
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
Analisar o comportamento da acuacutestica urbana ainda que a partir das modificaccedilotildees da forma
urbana faz com que esta pesquisa trate essencialmente da acuacutestica urbana No entanto este
comportamento esta sujeito aos diversificados modos de apreensatildeo da forma urbana e de seus
elementos componentes bem como ao modo como esta pesquisa os consideraraacute
Assim sendo o primeiro item deste capiacutetulo expotildee o conceito de forma urbana e de algumas de
suas relaccedilotildees discutido agrave luz de LAMAS (2004) de PANERAI (2006) e DEL RIO (1990)
indicando em seguida o que esta pesquisa consideraraacute como forma urbana
Certamente discussatildeo em torno da produccedilatildeo de outros autores poderia ser elaborada No
entanto o primeiro item deste capiacutetulo natildeo pretende representar uma revisatildeo bibliograacutefica acerca
do estudo da forma urbana e suas relaccedilotildees pretende sim construir uma discussatildeo em torno dos
trecircs autores selecionados que culmine no conceito de forma urbana que seraacute considerado por esta
pesquisa para possibilitar olhar para suas modificaccedilotildees cronoloacutegicas a fim de compreender o
comportamento da acuacutestica urbana
Apoacutes este delineamento no segundo item deste capiacutetulo discute-se a acuacutestica urbana e suas
relaccedilotildees conceituais com os diversos elementos e implicaccedilotildees da propagaccedilatildeo sonora em meio
urbano e como eles relacionam-se influenciando em seu comportamento
21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes
Segundo LAMAS (2004) estudar a forma urbana compreende examinar as configuraccedilotildees e as
estruturas exteriores de determinados objetos de suas formas interligando-as com os fenocircmenos
que lhes deram origem Assim sendo a forma urbana pode ser definida como sendo o
[] modo como se organizam os elementos morfoloacutegicos que constituem e definem o espaccedilo urbano relativamente agrave materializaccedilatildeo dos aspectos de
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
23
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas Fonte LAMAS 2004
organizaccedilatildeo funcional e quantitativa e dos aspectos qualitativos e figurativos (LAMAS 2004 p 44) 1
Dentre estes aspectos os quantitativos satildeo agravequeles da realidade urbana que podem ser
quantificaacuteveis tais como densidades superfiacutecies fluxos coeficientes volumeacutetricos entre outros
(Figura 21) os de organizaccedilatildeo funcional satildeo agravequeles que se relacionam com as atividades
humanas tais como habitar e trabalhar e agravequeles relacionados ao modo de uso especiacutefico de uma
aacuterea ndash residencial comercial industrial entre outros os qualitativos referem-se ao tratamento dos
espaccedilos ao conforto e a comodidade do utilizador tais como adaptaccedilatildeo ao clima acessibilidade
estado da pavimentaccedilatildeo entre outros por fim os aspectos figurativos dizem respeito a
essencialmente a comunicaccedilatildeo esteacutetica (LAMAS 2004)
Pode-se considerar que ao olhar para forma urbana e em especiacutefico para suas modificaccedilotildees
cronoloacutegicas com o intuito de compreender o comportamento da acuacutestica urbana esta pesquisa
relaciona-se tanto aos aspectos qualitativos a partir do conforto acuacutestico dos receptores das
ondas sonoras em meio urbano quanto aos
aspectos quantitativos uma vez que este
comportamento acuacutestico em meio urbano eacute
quantificaacutevel em decibels (dB)
Embora estes aspectos envolvam grande parte
das singularidades inerentes a forma urbana
esta definiccedilatildeo parece ainda natildeo abarcar outras
particularidades sociais econocircmicas histoacutericas
e culturais igualmente envolvidas no
entendimento da concepccedilatildeo da forma urbana
isto eacute resta ainda a consideraccedilatildeo de que esta
forma urbana natildeo acontece
independentemente dos grupos sociais que a
produzem (PANERAI 2006)
Satildeo essencialmente estas particularidades que
impulsionam ou amortecem a transformaccedilatildeo
1 Para todas as citaccedilotildees deste autor natildeo seratildeo consideradas adaptaccedilotildees na liacutengua do paiacutes de origem - Portugal - permanecendo o texto original
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
24
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
dos elementos que compotildeem a forma urbana ndash a adiccedilatildeo de novos de traccedilados a um jaacute existente
ou sua superposiccedilatildeo seus conflitos o parcelamento de parques e ocupaccedilatildeo de espaccedilos livres a
renovaccedilatildeo da massa edificada seu lento adensamento e verticalizaccedilatildeo segundo uma especulaccedilatildeo
despretensiosa ou sua substituiccedilatildeo por vastos empreendimentos sob influecircncia de uma
especulaccedilatildeo bem mais expressiva (PANERAI 2006) isto eacute faz parte da apreensatildeo da forma
urbana uma complexidade que envolve um processo de acumulaccedilatildeo de enfoques e observaccedilotildees
sociais econocircmicas histoacutericas e culturais que englobam muito mais do que apenas sua forma
fiacutesica
Estas particularidades especialmente as sociais parecem um pouco mais delineadas nas
consideraccedilotildees feitas por DEL RIO (1990) que considera o espaccedilo urbano a partir da apropriaccedilatildeo
social que se faz dele estabelecendo que em relaccedilatildeo ao estudo da forma urbana a cidade pode
ser compreendida a partir de trecircs niacuteveis organizacionais o coletivo o comunitaacuterio e o individual
O niacutevel coletivo eacute regido sob uma loacutegica estruturadora percebida inconscientemente e
coletivamente e eacute composto pelos elementos2 do tecido que possuem uma permanecircncia maior ao
longo do tempo o niacutevel comunitaacuterio diz respeito aos elementos com significados especiais apenas
para um pequeno grupo da populaccedilatildeo como o bairro por exemplo jaacute o niacutevel individual expressa
significados individuais como a residecircncia e seu espaccedilo circundante e por seu caraacuteter individual eacute
o que apresenta maior rapidez nas modificaccedilotildees (DEL RIO 1990)
Mas LAMAS (2004) ao defender sua definiccedilatildeo para forma urbana natildeo soacute possuiacutea ciecircncia destas
outras particularidades explicitadas por PANERAI (2006) e DEL RIO (1990) ndash sociais
econocircmicas histoacutericas e culturais ndash envolvidas na concepccedilatildeo de forma urbana como optou em
natildeo apreciaacute-las
[] um primeiro grau de leitura da cidade eacute eminentemente fiacutesico-espacial e morfoloacutegico portanto especiacutefico da arquitectura e o uacutenico que permite evidenciar a diferenccedila entre este e outro espaccedilo entre esta e aquela forma e explicar as caracteriacutesticas de cada parte da cidade A estes se juntam outros niacuteveis de leitura que revelam diferentes conteuacutedos (histoacutericos econoacutemicos sociais e outros) Mas este conjunto de leituras soacute eacute possiacutevel porque a cidade existe como facto fiacutesico e material Todos os instrumentos de leitura lecircem o mesmo objecto ndash o espaccedilo fiacutesico a FORMA URBANA (LAMAS 2004 p 31 grifo do autor) Eacute fundamentalmente a dimensatildeo fiacutesica e morfoloacutegica da cidade que me preocupa [] (LAMAS 2004 p 31)
2 Estes elementos seratildeo discutidos em paraacutegrafos mais adiante
____________________________________________
ANAacuteLISE D
Na verdade esta opccedilatildeo em
urbana considerando-a essen
de seu aspecto fiacutesico e m
convenientemente ao obje
presente pesquisa analisar
da acuacutestica urbana a partir
cronoloacutegicas na forma urba
esta anaacutelise do compor
implica em uma apropriaccedil
fiacutesica e material destas modif
Certamente a busca pela ap
urbana envolve muito
simplesmente sua forma
como jaacute aclarado No entan
da anaacutelise proposta por
apreensatildeo em totalid
fundamentalmente necessaacuter
apropriaccedilatildeo da forma urban
material ou uma variaacutevel fiacutes
finalidade derradeira de
comportamento acuacutestico
modificaccedilotildees nesta forma
Ao entender a observaccedilatildeo
essencialmente em seu aspec
(2004) propocircs uma classifica
dimensotildees
bull A dimensatildeo setorial
refere-se agrave menor u
do espaccedilo urbano co
uma praccedila ou uma
ponto o observador
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 24 ndash A cidadeo texemplificada por meio da cidadLAMAS 2004
Figura 23 ndash O bairro a escala ucidade portuguesa de Tavira Fonte
Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na ca dimensatildeo setorial Fonte LAMA
em observar a forma
sencialmente a partir
material responde
bjetivo primeiro da
ar o comportamento
rtir de modificaccedilotildees
rbana uma vez que
ortamento acuacutestico
riaccedilatildeo genuinamente
dificaccedilotildees
apreensatildeo da forma
o mais do que
a fiacutesica e material
tanto para realizaccedilatildeo
or este estudo tal
alidade natildeo eacute
saacuteria o que torna a
bana quase um meio
l fiacutesica para atingir a
e compreensatildeo do
a partir de
atildeo da forma urbana
pecto fiacutesico LAMAS
icaccedilatildeo em escalas ou
ndash a escala da rua
r unidade ou porccedilatildeo
como por exemplo
a rua onde de um
dor pode abarcar a
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
25
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
territoacuterioa dimensatildeo territorial dade portuguesa de Tavira Fonte
a urbana exemplificada por meio da nte LAMAS 2004
na cidade portuguesa de Tavira ilustra MAS 2004
____________________________________________
ANAacuteLISE D
unidade espacial d
(Figura 22)
bull A dimensatildeo urbana ndash
corresponde agraves pa
identificaacuteveis como
exemplo onde a
elementos da forma
atraveacutes do movime
percursos (Figura 23
bull E por fim a dimensatildeo
da cidade diz respeito
diferentes formas
articulaccedilatildeo de bai
entre si Sua forma
distribuiccedilatildeo de eleme
das cidades em con
suporte geograacutefico d
a articulaccedilatildeo de
circulaccedilatildeo entre os
entre zonas habitacio
entre outras (Figura 2
Dentre estas dimensotildees a u
bairro desperta particular
pesquisa uma vez que o e
limites de observaccedilatildeo atraveacute
de movimentos poderaacute aba
significante de modificaccedilotildee
forma urbana de determina
compreender o comport
acuacutestica urbana
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 25 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do CONDEPE-FIDEM 1981
Figura 26 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do baorigens da cidade entrecortadoBarreto Fonte CONDEPE-FIDE
Figura 27 ndash Exemplos de diveredifiacutecios lotes quarteirotildees e vias eRecife Nesta imagem um recessencialmente por morros o AltoFIDEM 1981
de seu conjunto
ndash a escala do bairro
partes homogecircneas
mo os bairros por
a observaccedilatildeo dos
a urbana eacute realizada
imento e de vaacuterios
23)
nsatildeo territorial ndash a escala
eito agrave articulaccedilatildeo de
as urbanas da
bairros interligados
ma eacute definida pela
mentos estruturantes
onformidade com o
o do siacutetio tais como
e ruas e vias de
s diferentes bairros
cionais e comerciais
a 24)
a urbana ndash escala do
lar interesse desta
o entendimento dos
veacutes de certo nuacutemero
barcar uma amostra
otildees cronoloacutegicas na
inado local a fim de
ortamento de sua
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
26
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife o bairro de Boa Viagem Fonte
rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves do pela recente Avenida Dantas DEM 1981
versificadas concretizaccedilotildees entre os em diferentes bairros da cidade do
recorte de um bairro constituiacutedo lto do Mandu Fonte CONDEPE-
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
27
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
No entanto para apreender tal dimensatildeo devem-se conhecer e estabelecer quais elementos
miacutenimos da forma urbana que se relaciona com esta a dimensatildeo urbana e quais satildeo estes
elementos LAMAS (2004) propocircs onze elementos da forma urbana necessaacuterios para esta
apreensatildeo o solo (I) o edifiacutecio (II) o lote (III) o logradouro (IV) o quarteiratildeo (V) o traccediladoa
rua(VI) a praccedila (VII) a fachada (VIII) o monumento (IX) a vegetaccedilatildeo (X) e o mobiliaacuterio
urbano (XI) Dentre estes elementos seis possuem uma estreita relaccedilatildeo com esta pesquisa e
seratildeo expostos de acordo com consideraccedilotildees observadas por LAMAS 3 (2004) (Figuras 25 a 27)
O edifiacutecio representa o elemento miacutenimo identificaacutevel na observaccedilatildeo da forma urbana eacute atraveacutes
dele que se constitui o espaccedilo urbano e se organizam diferentes elementos tais como ruas praccedilas
avenidas entre outros Os edifiacutecios agrupam-se em diferentes tipos tanto em relaccedilatildeo a suas
formas quanto a suas funccedilotildees Estes elementos podem influenciar o comportamento da acuacutestica
urbana atuando enquanto objetos reflexivos da onda sonora e como barreiras acuacutesticas4
O lote representa o princiacutepio da relaccedilatildeo do edifiacutecio com o terreno A forma do lote eacute muitas
vezes condicionante da forma do edifiacutecio tornando-os vinculados por essecircncia o logradouro diz
respeito ao espaccedilo livres e natildeo construiacutedos no interior do lote aos quintais e jardins o quarteiratildeo
ou quadra pode ser considerado como o espaccedilo resultante entre o cruzamento de trecircs ou mais
vias podendo ser demarcado em vaacuterios lotes para a construccedilatildeo de edifiacutecios Juntos estes trecircs
elementos associados aos edifiacutecios podem propiciar uma maior ou menor permeabilidade
acuacutestica eou uma maior ou menor presenccedila de aacutereas de sombra no meio urbano
O traccedilado por meio das ruas ou vias eacute facilmente identificaacutevel no meio urbano Estaacute muitas vezes
condicionado ao siacutetio geograacutefico existente regula a disposiccedilatildeo dos edifiacutecios e quarteirotildees e
interliga os vaacuterios espaccedilos componentes da cidade e a cidade ao territoacuterio Normalmente o
traccedilado resiste agraves transformaccedilotildees na forma urbana por possuir um caraacuteter de permanecircncia natildeo
totalmente modificaacutevel O traccedilado engloba trajetoacuterias e caminhos que natildeo satildeo necessariamente
percorridos atraveacutes de automoacuteveis apesar disso estaacute em grande parte vinculado a uma das
principais fontes geradoras de ruiacutedo urbano ndash o traacutefego de veiacuteculos
3 Os outros elementos tambeacutem podem relacionar-se de diferentes maneiras com a acuacutestica urbana mas nem tanto com a presente pesquisa e por isso natildeo foram considerados 4 Todas as definiccedilotildees e conceitos acuacutesticos apresentados no presente item seratildeo elucidados no item seguinte 22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
28
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) Fonte PANERAI 2006
A praccedila eacute um espaccedilo de geometria variada
intencionalmente inserido no meio urbano
cuja relaccedilatildeo com o traccedilado e os edifiacutecios
tambeacutem eacute intencional evidenciada atraveacutes do
seu desenho e natildeo acidentais como
alargamento e confluecircncias do traccedilado Aleacutem
disso a praccedila eacute um lugar de encontro de
permanecircncia e de praacuteticas sociais
Acusticamente dependendo de suas
proporccedilotildees a propagaccedilatildeo sonora que envolve
uma praccedila pode apresentar um
comportamento que se assemelha a
propagaccedilatildeo sonora em campo livre
Estes elementos constituintes da forma urbana
conceituados por LAMAS (2004) podem ser
identificados sob um diferente invoacutelucro
conceitual mas com a mesma essecircncia no que
PANERAI (2006) definiu como sendo
conjuntos do tecido urbano
Aplicado agrave cidade o termo ldquotecidordquo evoca a continuidade e a renovaccedilatildeo a permanecircncia e a variaccedilatildeo Ele explica a constituiccedilatildeo das cidades antigas e responde as questotildees levantadas pelo estudo das urbanizaccedilotildees recentes Ele pressupotildee uma atenccedilatildeo tanto ao banal quanto ao excepcional tanto agraves ruas comuns e agraves edificaccedilotildees corriqueiras quanto agraves regulamentaccedilotildees e aos monumentos Dentre as muacuteltiplas definiccedilotildees de tecido urbano e sem desprezar suas qualidades escolhemos a mais simples O tecido urbano eacute constituiacutedo pela superposiccedilatildeo ou imbricaccedilatildeo de trecircs conjuntos a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees Essa definiccedilatildeo potildee em evidecircncia os elementos que permitem que as diferentes partes da cidade evoluam ao mesmo tempo em que satildeo mantidas a coesatildeo de conjunto e a clareza de sua estrutura (PANERAI 2006 p 77-78 grifo nosso) (Figura 28)
Ao contraacuterio de LAMAS (2004) que considera a praccedila como um elemento da forma urbana por
si soacute PANERAI (2006) discute as vias ou traccedilado inseridas em uma relaccedilatildeo em rede onde
tambeacutem satildeo considerados como partes constituintes os largos passeios praccedilas esplanadas cais
pontes rios canais margens praias todos compondo o espaccedilo puacuteblico Eacute atraveacutes desta rede
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
29
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua
organizaccedilatildeo local e territorial
Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o
domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios
quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente
o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da
forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo
Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao
espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo
vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os
edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila
sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto
Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute
bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus
elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma
essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo
objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles
- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)
Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno
relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar
definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento
5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
30
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109
O adensamento ocorre a partir de dois modos
essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do
preenchimento progressivo do espaccedilo urbano
e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa
por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)
A primeira forma de adensamento ocorre sem
a expansatildeo territorial por meio do
preenchimento progressivo de todas as
reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de
determinado meio urbano Eacute um
adensamento inserido em limitesbarreiras
preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como
uma via expressa irregularidades geograacuteficas
do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual
em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas
edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)
A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do
solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de
adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem
sua expansatildeo (PANERAI 2006)
Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como
se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado
meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da
acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o
adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de
objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica
Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o
edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados
por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
31
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias
dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta
pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a
partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo
exclusivamente
1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo
de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres
2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os
lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)
3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e
principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes
geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)
Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no
decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees
cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e
relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana
22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a
forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia
multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o
som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas
do conhecimento (Figura 210)
Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano
seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes
tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental
O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por
pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu
____________________________________________
ANAacuteLISE D
complexo padratildeo de ondas s
de ruiacutedo muacutesica fala
(BERGLUND et al 1999)
Esta definiccedilatildeo do som tend
a percepccedilatildeo do ouvido
conceito psicofiacutesico Fisicame
vibraccedilatildeo mecacircnica que
progressivamente atraveacutes de
gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN
Esta vibraccedilatildeo quando tran
que o rodeia nem sempre
aparelho auditivo humano
frequumlecircncia6 audiacutevel encontra
20 a 20000 Hz para um
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984
1982) Frequumlecircncias acima de
altas para respostas fisioloacuteg
chamadas de ultrasons Jaacute as
de 20 Hz satildeo chamadas de
detectaacuteveis pelo ouvido hum
prejudiciais agrave sua sauacutede7
1982 SOUSA 2004)
Fisicamente o som e o ruiacutedo
ambos se propagam em mei
detectados pelo ouvido hu
enquanto o som eacute utilizado
6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa
Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006
as sonoras eacute rotulado
ala entre outros
ndo como referecircncia
o humano eacute um
mente o som eacute uma
que se propaga
de um meio material
(SINGAL 2005)
transmitida ao meio
re eacute detectaacutevel pelo
ano cuja faixa de
tra-se no intervalo de
um jovem saudaacutevel
4 KINSLER et al
de 20000 Hz muito
loacutegicas auditivas satildeo
as frequumlecircncias abaixo
de infrasons e natildeo satildeo
umano contudo satildeo
(KINSLER et al
iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee
eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos
humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN
do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev
iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo
as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
32
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006
ontual e fonte sonora linear Fonte
otildees de pressatildeo ambiente
bos satildeo capazes de serem
EN 1995) No entanto
daacuteveis o ruiacutedo descreve
do e eacute medida em Hertz (Hz)
amento das estruturas cardiacuteacas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
33
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)
Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e
portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece
como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro
[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)
Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo
mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees
no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse
irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos
(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM
2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)
O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais
comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual
possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as
direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)
Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de
fontes pontuais dispostas linearmente cuja
emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta
linha sendo seu decaimento em campo livre
de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)
Quando propagadas no meio urbano a
combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas
ao percurso de transmissatildeo e ao receptor
constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
34
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
chamado de ruiacutedo ambiental (environmental
noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)
(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005
SOUSA 2004)
O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do
traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de
obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos
industriais de estabelecimentos comerciais e
de serviccedilos de sistemas de propaganda
volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-
estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982
NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)
Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais
como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes
nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade
populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos
extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se
a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES
2006)
Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o
ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A
necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade
existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis
normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a
populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano
8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
35
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006
Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg
1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes
Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes
procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO
2009)
NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
Niacutevel de Pressatildeo sonora
em dB(A)
Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS
Ambiente ou atividade
0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros
aacuterea de mata selvagem
30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite
50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse
auditivo Rua agitada um restaurante barulhento
70 a 90 Estressante e bastante
excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh
conversa a gritos
90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia
Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor
110 a 130
Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez
instantacircnea
Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock
130 a 140 Acima do limiar da dor
causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia
Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias
resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a
poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir
diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho
Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores
(NAGEM 2004)
Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave
Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do
12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
36
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do
sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do
Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da
cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias
tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da
Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)
Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da
LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos
com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos
submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e
do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a
accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave
conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte
geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)
Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos
de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em
documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da
Cidade do Recife (RECIFE 2000)
Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo
Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as
posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da
poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor
o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie
de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo
exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil
militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um
importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)
Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a
poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de
13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
37
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999
pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais
(BERGLUND et al1999)
Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que
atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua
(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do
ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio
urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram
em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da
populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes
geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et
al 2002) (Figura 214)
Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o
aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais
percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al
2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)
O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a
partir do ruiacutedo veicular que proveacutem
essencialmente do sistema de propulsatildeo do
motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo
aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso
(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da
relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as
configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido
a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de
acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a
presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de
pedestres etc a intensidade do fluxo de
veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os
veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de
14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
38
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita
terra batida) etc (SINGAL 2005)
Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo
comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas
implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo
do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo
para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e
pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS
2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma
interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana
Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto
por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego
seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no
proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de
certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e
forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e
largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser
acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica
O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde
acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo
acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)
O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia
de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio
urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou
nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o
espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de
suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de
pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
39
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007
Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido
pelo receptor diminui em funccedilatildeo da
duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15
Praccedilas parques e largos com grandes
dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias
vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas
uma de suas margens ou espaccedilos livres
urbanos de grandes dimensotildees caracterizam
alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos
No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras
sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o
seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente
sendo praticamente o mesmo em vaacuterias
posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre
uma saiacuteda para campo livre caracterizando o
fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura
217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)
Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser
reverberantes quando a onda sonora tarda a
encontrar o campo livre gerando um grande
nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes
quando a onda sonora encontra o campo livre
um pouco mais rapidamente do que no
reverberante gerando um nuacutemero menor mas
ainda grande de reflexotildees
15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
40
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007
No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado
reverberante possui comumente um perfil em
ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de
canyons urbanos que podem amplificar
consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das
vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas
geradas pelas fachadas paralelas das
edificaccedilotildees que circundam estas vias
(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste
tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora
natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre
a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico
aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos
elementos que compotildeem a forma urbana e
dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que
revestem as superfiacutecies refletoras18
(NIEMEYER 2007)
Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de
traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados
tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos
de espaccedilos acuacutesticos fechados
A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda
sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem
podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo
tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo
18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
41
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007
Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992
Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se
aos percursos da onda sonora gerados no
meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005
NIEMEYER 2007) A intensidade da
permeabilidade acuacutestica - mais ou menos
permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de
certos elementos urbanos de promover ou
conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais
como o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem
como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade
e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila
ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e
221)
A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda
com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o
conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a
qualquer objeto que possa ser considerado um
obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias
entre a fonte e o receptor (Figura 222)
(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES
2000) Ao bloquear o percurso direto entre a
fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser
absorvida eou refletida pela superfiacutecie da
barreira transmitida atraveacutes da barreira ou
difratada a partir do topo da barreira
(BARRON 2003 SINGAL 2005)
A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as
ondas sonoras sejam capazes de contornar
determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de
sombra acuacutestica que possui limites espaciais
variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte
____________________________________________
ANAacuteLISE D
sonora e de sua localizaccedilatilde
receptor que por sua vez
sonora difratada pelas borda
um decaimento maior do qu
campo livre (Figura 223) (N
1968 NIEMEYER 2007 PA
O uso de barreiras acuacutestic
EUA Japatildeo Austraacutelia e
reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do
pelo traacutefego rodoviaacuterio pa
(Figuras 224 a 226) (SIN
Brasil esta praacutetica ainda eacute inc
restringindo-se a poucos exe
caso da barreira acuacutestica no
Linha Amarela na cidade do
na Rodovia Bandeirantes co
de Satildeo Paulo a Campinas
Paulo (Figura 227) (MURGE
2004)
Embora a implantaccedilatildeo de b
esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do
rodoviaacuterio outros elemen
meio urbano situados ent
receptor atuam espontan
barreiras agrave propagaccedilatildeo sono
terreno com topografia i
muros edificaccedilotildees entr
edificaccedilotildees conjugadas da R
cidade do Recife ou aind
conjugadas em alguns trec
Atlacircntica no Rio de Janei
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap
Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C
Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2
Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest
Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN
accedilatildeo em relaccedilatildeo ao
ez recebe a energia
rdas da barreira com
que se estivesse em
(NEPOMUCENO
PAZ 2004)
ticas eacute comum nos
e na Europa para
do ruiacutedo produzido
para seus arredores
INGAL 2005) No
incipiente
exemplos como eacute o
no eixo rodoviaacuterio
o Rio de Janeiro e
conectando a cidade
s no estado de Satildeo
GEL 2007 SOUSA
e barreiras acuacutesticas
do ruiacutedo de traacutefego
entos inseridos no
entre a fonte e o
taneamente como
nora tais como um
irregular taludes
ntre outros As
a Rua da Aurora na
inda as edificaccedilotildees
trechos da Avenida
neiro por exemplo
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
42
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007
rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007
da Rodovia Bandeirantes no estado 2007
da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000
barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
43
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409
Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409
aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas
espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem
conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em
ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e
229)
A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e
da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a
interaccedilatildeo entre os diversos elementos que
compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis
das vias o modo de implantaccedilatildeo das
edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as
proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo
das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de
espaccedilos livres ndash contribui determinantemente
para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano
atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do
espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave
fonte geradora de campos sonoros
reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de
aacutereas de sombra
Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado
um sistema composto essencialmente pela fonte
sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e
KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto
percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de
propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares
apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo
da onda sonora no meio urbano
19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
44
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao
ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos
reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente
todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das
edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar
dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e
insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via
Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo
facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas
reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando
sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano
desejaacutevel aos seus receptores
Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as
distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de
propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades
bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento
acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano
Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se
comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica
urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana
Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos
investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento
Figura 514 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 1997 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 96
Figura 515 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash A edificaccedilotildees propiciam muacuteltiplas reflexotildees a partir de suas fachadas expostas agraves fontes sonoras influenciando na propagaccedilatildeo da onda sonora de modo distinto ao que seria essa propagaccedilatildeo em campo livre conforme indicado nos mapas acuacutesticos p97
Figura 516 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 97
Figura 517 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 98
Figura 518 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 98
Figura 519 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash As edificaccedilotildees soacute geram muacuteltiplas reflexotildees a partir de suas fachadas expostas agraves fontes sonoras transpondo estas fachadas as edificaccedilotildees passam a atuar enquanto barreiras acuacutesticas para a onda sonora minimizando o ruiacutedo no interior das quadras como indica-se no mapa acuacutestico p 99
Figura 520 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 99
Figura 521 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 100
Figura 522 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 100
Figura 523 ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim em 2009 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Em 2009 o adensamento das quadras diminuiu consideravelmente a presenccedila de ilhas de sombra acuacutestica p101
Figura 524 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem em 2009 e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 102
Figura 525 e 526 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash As ilhas de sombra em 1997 favoreciam as residecircncias unifamiliares e multifamiliares de gabarito baixo existentes que se situavam em seus interiores Em 2009 estas ilhas foram praticamente suprimidas pela presenccedila de pavimentos destinados as garagens das novas edificaccedilotildees verticais de gabarito alto como ilustram as setas em preto p103
Figura 527 e 528 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash Idem p 103
Figura 529 e 530 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash O contorno preto ilustra a modificaccedilatildeo da propagaccedilatildeo das ondas sonoras a partir da influecircncia do aumento da densidade das quadras e verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees Em 1971 a caracteriacutestica predominante assemelha-se a propagaccedilatildeo em campo livre Jaacute em 1981 percebem-se irregularidades no contorno devido a reflexotildees da onda sonora nas edificaccedilotildees p 104
Figura 531 e 532 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash 1997 apresentou o melhor comportamento acuacutestico entre os mapas elaborados Nesta data as edificaccedilotildees atuaram mais enquanto barreiras acuacutesticas do que como objetos reflexivos da onda sonora Jaacute em 2009 o aumento do adensamento e da verticalizaccedilatildeo possibilitou o excesso de muacuteltiplas reflexotildees nas fachadas das edificaccedilotildees como delineia o contorno extremamente irregular da propagaccedilatildeo sonora ilustrado na imagem abaixo p 104
Figura 533 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Apesar de proporcionar um aumento no niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em 2009 o adensamento e verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees tambeacutem trouxeram benefiacutecios pontuais na praccedila Walt Disney como ilustram as imagens as edificaccedilotildees atuaram como barreiras acuacutesticas reduzindo em relaccedilatildeo a 1997 o niacutevel de pressatildeo sonora equivalente que atinge as edificaccedilotildees de seu entorno Contudo p 105
Figura 534 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash as fachadas voltadas para esta reduccedilatildeo de niacutevel de pressatildeo sonora equivalente satildeo fachadas de serviccedilo pouco aproveitando esta reduccedilatildeo p 105
Figura 535ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim na situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash A situaccedilatildeo hipoteacutetica futura apresenta quadras muito mais adensadas do que nos anos anteriores reduzindo ainda mais a presenccedila de ilhas de sombra O pavimento representado no mapa eacute o destinado agraves garagens que ocupam praticamente todo o lote p 110
Figura 536 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem na situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 111
Figura 537 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash A transformaccedilatildeo da forma urbana tanto na situaccedilatildeo hipoteacutetica como ilustram as imagens quanto em 2009 quando esteve associada ao adensamento e a verticalizaccedilatildeo intensificou os fenocircmenos acuacutesticos ocorridos no meio urbano do 3deg Jardim de Boa Viagem p 112
Figura 538 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 112
Figura 539 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 113
Figura 540 ndash Plantas Baixas ndash A situaccedilatildeo hipoteacutetica futura seguida de perto pelo mapa de 2009 apresentou o pior comportamento acuacutestico do 3deg Jardim e o mapa de 1997 apresentou o melhor entre os mapas elaborados nesta pesquisa conforme ilustra a siacutentese abaixo p 113
Figura 541 ndash Graacutefico da performance acuacutestica considerando o ano x o niacutevel de pressatildeo sonora equivalente (Leq) ndash O Graacutefico apresenta as variaccedilotildees de niacuteveis de pressatildeo sonora de alguns pontos escolhidos aleatoriamente nos mapas acuacutesticos elaborados (Figura 541) Em 1997 as quedas das curvas de variaccedilatildeo do graacutefico corroboram a tendecircncia desta data ter apresentado o mapa acuacutestico com o melhor comportameno acuacutestico entre os mapas elaborados por esta pesquisa p 114
Figura 542 ndash Locaccedilatildeo dos pontos utilizados para elaboraccedilatildeo do graacutefico de performance acuacutestica p 114
Figura 543 ndash Graacutefico comparativo de niacuteveis de emissatildeo sonora permitidos ndash O graacutefico apresenta uma comparaccedilatildeo entre os niacuteveis de emissatildeo sonora permitidos em alguns paiacuteses entre a WHO ISO e ABNT e entre a Lei do silecircncio e o coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife O graacutefico evidencia que a cidade do Recife e o estado de Pernambuco praticam niacuteveis muito acima do recomendado por outras entidades normativas p 121
Figura 544 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde o fluxo de veiacuteculos seja o dobro do encontrado atualmente no 3deg Jardim de Boa Viagem (2009) apresentando altos niacuteveis de poluiccedilatildeo sonora p 122
Figura 545 a 548 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 122
Figura 549 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde seja implantado rodiacutezio de veiacuteculos com uma reduccedilatildeo de 30 do valor total do fluxo de veiacuteculos atualmente encontrado no 3deg Jardim de Boa Viagem (2009) p 123
Figura 550 a 553 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 123
Figura 554 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde seja implantado aleacutem do rodiacutezio de veiacuteculos com reduccedilatildeo de 30 no fluxo atual de veiacuteculos um corredor de transporte puacuteblico na Av Domingos Ferreira e restriccedilatildeo de traacutefego de veiacuteculos pesados apenas nesta via p 124
Figura 555 a 558 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 124
LISTA DE TABELAS
Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora p 35
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO
2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes____________
22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais_____________
3 CONSIDERACcedilOtildeES METODOLOacuteGICAS
31 3deg Jardim de Boa Viagem enquanto Estudo de Caso_________
32 Mapeamento Acuacutestico enquanto Instrumento de Pesquisa_
33 Procedimentos Metodoloacutegicos__________________________________
331 1deg Etapa Pesquisa Documental Primaacuteria e Secundaacuteria _____
332 2deg Etapa Pesquisa Piloto_____________________________________
333 3deg Etapa Estudo de Campo__________________________________
334 4deg Etapa mapeamento acuacutestico_____________________________
4 TRANSFORMACcedilOtildeES DO 3deg JARDIM E SUA RELACcedilAtildeO COM
O PROCESSO DE OCUPACcedilAtildeO DO BAIRRO DE BOA
VIAGEM
5 COMPORTAMENTO ACUacuteSTICO DO 3degJARDIM DE BOA
VIAGEM
51 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem a
partir das Modificaccedilotildees Cronoloacutegicas em sua Forma
Urbana______________________________________________________________
52 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem em
relaccedilatildeo ao Coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico
do Recife agrave ldquoLei do Silecircnciordquo e a outras Entidades
Normativas_________________________________________________________
53 Ausecircncia de Accedilotildees versus Presenccedila de Accedilotildees em Busca
de um Melhor Comportamento Acuacutestico para o 3deg Jardim
de Boa Viagem____________________________________________________
6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
7 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
128
134
115
107
81
80
65
60
59
56
55
55
52
49
46
31
22
22
17
CAPIacuteTULO 1
A pesquisa eacute talvez a arte de se criar dificuldades fecundas e de criaacute-las para os
outros Nos lugares onde havia coisas simples faz-se aparecer problemas
Pierre Bourdieu
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
17
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
1 INTRODUCcedilAtildeO
Um grito estridente lanccedilado em um meio urbano envolto nos ldquomais modernosrdquo e descomunais
arranha-ceacuteus desconfortavelmente ouvido nos mais remotos pavimentos de um deles foi agrave
centelha motivadora para as ideacuteias e discussotildees que permeiam esta pesquisa Este grito mal
recebido pelo receptor pode ser considerado uma das diversas formas da profusatildeo de ruiacutedos que
cada vez mais se tornam elementos onipresentes da vida contemporacircnea
Tal profusatildeo de ruiacutedos atualmente encontrados nos centros urbanos estaacute intimamente vinculada
ao crescimento acelerado das cidades que possibilitaram o aumento e uma maior concentraccedilatildeo da
populaccedilatildeo urbana acarretando em raacutepidas transformaccedilotildees no meio de propagaccedilatildeo do ruiacutedo
urbano aleacutem do aumento e uma maior concentraccedilatildeo dos diversos tipos de fontes sonoras que o
geram
Embora esteja estreitamente relacionado ao raacutepido desenvolvimento das cidades o ruiacutedo urbano
natildeo deve ser considerado como uma consequumlecircncia incidental da accedilatildeo humana em busca de
progresso e por isso inevitaacutevel tampouco toleraacutevel Ao contraacuterio deve ser entendido como uma
das consequumlecircncias prejudiciais deste desenvolvimento que pode causar diversos males fisioloacutegicos
e psicoloacutegicos ao citadino e assim sendo deve ser veementemente prevenido e mitigado
A fim de encontrar maneiras que possibilitem sua prevenccedilatildeo e mitigaccedilatildeo o ruiacutedo urbano pode
ser entendido como um sistema composto essencialmente pela fonte sonora ndash meio de propagaccedilatildeo ndash
receptor Dentre estas trecircs partes componentes do sistema o meio de propagaccedilatildeo pode ser
considerado como um dos menos investigados e onde as accedilotildees contra o ruiacutedo satildeo menos
concentradas (SINGAL 2005)
Esta inobservacircncia da importacircncia do meio urbano enquanto percurso de propagaccedilatildeo sonora
pode estar vinculada agrave dificuldade de intervir em meios de propagaccedilatildeo consolidados como satildeo
fundamentalmente os grandes centros urbanos Daiacute a relevacircncia em compreender a acuacutestica
urbana a partir de seu meio propagador pois uma vez consolidado o meio raras satildeo as
intervenccedilotildees possiacuteveis para minimizar o ruiacutedo urbano a partir desta parte componente do sistema
fonte ndash meio ndash receptor restando essencialmente accedilotildees preventivas
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
18
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Outro fator que evidencia o grande valor em compreender a acuacutestica urbana a partir de seu meio
de propagaccedilatildeo eacute o potencial que o meio urbano possui em influenciar a trajetoacuteria da propagaccedilatildeo
sonora Esta influecircncia acontece atraveacutes da forma que este meio apresenta ou seja a forma urbana
atraveacutes de seus elementos componentes e enquanto percurso de transmissatildeo delineia influencia e
determina em certa medida a trajetoacuteria de propagaccedilatildeo da onda sonora
Assim sendo a interaccedilatildeo entre os diversos elementos que compotildeem a forma urbana - o traccedilado e
perfis das vias o modo de implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as proporccedilotildees
densidade e maneira de ocupaccedilatildeo das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres ndash
contribui determinantemente para caracterizaccedilatildeo da propagaccedilatildeo sonora no meio urbano atraveacutes
de muacuteltiplas reflexotildees do espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave fonte geradora de
campos sonoros reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de aacutereas de sombra
Esta interaccedilatildeo entre os elementos da forma urbana e a propagaccedilatildeo sonora ocorre a partir da
diversidade e singularidade existente nos variados meios urbanos igualmente proporcionando os
mais particulares comportamentos acuacutesticos Isto eacute para cada meio urbano existem caracteriacutesticas
particulares inerentes agrave sua forma urbana que geram um comportamento acuacutestico igualmente
especiacutefico exclusivo e vinculado a esta forma urbana
Apesar deste atrelamento entre a acuacutestica urbana e a forma urbana esta relaccedilatildeo natildeo eacute
suficientemente pesquisada e quando eacute satildeo enfocadas prioritariamente situaccedilotildees presentes de
comportamento acuacutestico eou no maacuteximo hipoacuteteses futuras tambeacutem chamadas de prediccedilatildeo
acuacutestica Aleacutem disso natildeo foram encontradas referecircncias ateacute o presente momento de investigaccedilotildees
que priorizem a apreciaccedilatildeo da acuacutestica urbana e sua relaccedilatildeo com as modificaccedilotildees ao longo do tempo da
forma urbana
Isto posto considerando esta ausecircncia de pesquisas e considerando que para cada espaccedilo urbano
existe um comportamento de propagaccedilatildeo sonora especiacutefico o presente estudo se propocircs a
investigar o comportamento acuacutestico de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em sua forma urbana
Para isso admitiu-se que a propagaccedilatildeo de uma mesma fonte sonora em um mesmo espaccedilo urbano
que tenha sofrido ao longo de um processo cronoloacutegico modificaccedilotildees em sua forma urbana
implicaria em diferentes comportamentos em sua acuacutestica urbana para as diferentes datas deste
processo Esta suposiccedilatildeo possibilitou a anaacutelise do comportamento acuacutestico atraveacutes das
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
19
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
modificaccedilotildees cronoloacutegicas da forma urbana a partir da articulaccedilatildeo de trecircs variaacuteveis - a fonte sonora
a forma urbana e a acuacutestica urbana Estas variaacuteveis foram consideradas tendo o estudo de caso
enquanto estrateacutegia de pesquisa
O caso escolhido para esta investigaccedilatildeo foi o loteamento 3deg Jardim de Boa Viagem tanto por
representar uma parcela bem delimitada das raacutepidas e recentes transformaccedilotildees ocorridas na
forma urbana do bairro de Boa Viagem quanto por permitir ilustrar o comportamento acuacutestico
em um encadeamento evolutivo do iniacutecio de sua ocupaccedilatildeo recente ateacute os dias atuais
Para compor tal encadeamento evolutivo foram selecionados os anos de 1971 data escolhida por
caracterizar o princiacutepio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim 1981 e 1997 por representarem datas de
registro de fotografias aeacutereas do bairro de Boa Viagem existentes na base de dados da
CONDEPE-FIDEM Agecircncia Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco 2009 por
representar a realidade atualmente encontrada no 3deg Jardim e uma simulaccedilatildeo de situaccedilatildeo
hipoteacutetica futura de modificaccedilatildeo na forma urbana
Isto posto com o intuito de analisar o comportamento da acuacutestica urbana do 3deg Jardim de Boa
Viagem a partir de modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua forma urbana foram executados os
seguintes objetivos especiacuteficos (I) identificar as caracteriacutesticas configuraccedilotildees e transformaccedilotildees da
forma urbana ocorridas no 3deg Jardim de Boa Viagem nos anos de 1971 1981 1997 e 2009 a
partir de seu processo de ocupaccedilatildeo (II) elaborar mapas acuacutesticos dos niacuteveis atuais (2009) de
pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim (III) elaborar mapas acuacutesticos do 3deg Jardim nos anos de
1971 1981 1997 e de situaccedilatildeo hipoteacutetica futura a partir da consideraccedilatildeo dos niacuteveis atuais (2009)
de pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim
Em busca de expor sistematicamente seu desenvolvimento a presente investigaccedilatildeo foi
estruturada do seguinte modo
O presente capiacutetulo 1 introduz e antecipa brevemente a discussatildeo que seraacute realizada ao longo
desta pesquisa
O capiacutetulo 2 aborda dois aspectos principais O primeiro deles desenvolve o conceito de forma
urbana e seus elementos componentes a partir dos autores Joseacute Lamas (2004) Philippe Panerai
(2006) e Vicente Del Rio (1990) Busca elucidar que a apreensatildeo da forma urbana eacute complexa e
envolve diversificadas abordagens e enfoques sociais econocircmicos histoacutericos e culturais para
entatildeo indicar que a presente pesquisa lanccedilaraacute um olhar para a forma urbana essencialmente a
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
20
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
partir de seu aspecto fiacutesico e material recorte necessaacuterio para a anaacutelise do comportamento
acuacutestico urbano
O segundo aspecto abordado no capiacutetulo 2 diz respeito agrave definiccedilatildeo teoacuterica do conceito da
acuacutestica urbana e de suas diversificadas implicaccedilotildees e interfaces quando o som eacute propagado em
meio urbano Busca evidenciar os fenocircmenos que ocorrem a partir da interaccedilatildeo entre a forma
urbana e a acuacutestica urbana indicando que a influecircncia da forma urbana eacute determinante para o
comportamento da acuacutestica urbana
O capiacutetulo 3 eacute dedicado ao percurso investigativo desta pesquisa evidenciando sua metodologia e
procedimentos metodoloacutegicos apresentando o 3deg Jardim enquanto estudo de caso o
mapeamento acuacutestico enquanto instrumento de pesquisa e detalhando as etapas operacionais
deste estudo Este capiacutetulo evidencia ainda o processo de elaboraccedilatildeo dos modelos e mapas
acuacutesticos da forma urbana existente no 3deg Jardim em cada uma das datas estudadas aleacutem da
situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e discute o software Predictor utilizado para este mapeamento
O capiacutetulo 4 diz respeito ao processo de ocupaccedilatildeo do bairro de Boa Viagem e sua relaccedilatildeo com as
transformaccedilotildees urbanas ocorridas no 3deg Jardim Busca-se identificar as caracteriacutesticas
configuraccedilotildees e transformaccedilotildees ocorridas na forma urbana do 3deg Jardim que possibilitem o
entendimento cronoloacutegico destas modificaccedilotildees dando suporte a elaboraccedilatildeo e anaacutelise dos mapas
acuacutesticos
O capiacutetulo 5 analisa o comportamento da acuacutestica urbana identificado nos mapas acuacutesticos
elaborados do 3deg Jardim a partir das modificaccedilotildees ocorridas em sua forma urbana nos anos de
1971 1981 1997 e 2009 aleacutem de uma situaccedilatildeo hipoteacutetica futura (prediccedilatildeo acuacutestica) Neste capiacutetulo
discute-se ainda o comportamento do 3deg Jardim em relaccedilatildeo agrave legislaccedilatildeo municipal que regula as
emissotildees sonoras na cidade do Recife e no estado de Pernambuco e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis
recomendados por outras entidades normativas e indica-se possiacuteveis accedilotildees para melhoria no
comportamento acuacutestico do 3deg Jardim bem como as possiacuteveis consequumlecircncias acuacutesticas da
ausecircncia de tais accedilotildees
Por fim no capiacutetulo 6 satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais acerca do comportamento acuacutestico
do 3deg Jardim e satildeo indicados novos rumos de pesquisa a respeito da acuacutestica urbana
CAPIacuteTULO 2
A arquitetura eacute uma muacutesica petrificada
Arthur Schopenhauer
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
22
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
Analisar o comportamento da acuacutestica urbana ainda que a partir das modificaccedilotildees da forma
urbana faz com que esta pesquisa trate essencialmente da acuacutestica urbana No entanto este
comportamento esta sujeito aos diversificados modos de apreensatildeo da forma urbana e de seus
elementos componentes bem como ao modo como esta pesquisa os consideraraacute
Assim sendo o primeiro item deste capiacutetulo expotildee o conceito de forma urbana e de algumas de
suas relaccedilotildees discutido agrave luz de LAMAS (2004) de PANERAI (2006) e DEL RIO (1990)
indicando em seguida o que esta pesquisa consideraraacute como forma urbana
Certamente discussatildeo em torno da produccedilatildeo de outros autores poderia ser elaborada No
entanto o primeiro item deste capiacutetulo natildeo pretende representar uma revisatildeo bibliograacutefica acerca
do estudo da forma urbana e suas relaccedilotildees pretende sim construir uma discussatildeo em torno dos
trecircs autores selecionados que culmine no conceito de forma urbana que seraacute considerado por esta
pesquisa para possibilitar olhar para suas modificaccedilotildees cronoloacutegicas a fim de compreender o
comportamento da acuacutestica urbana
Apoacutes este delineamento no segundo item deste capiacutetulo discute-se a acuacutestica urbana e suas
relaccedilotildees conceituais com os diversos elementos e implicaccedilotildees da propagaccedilatildeo sonora em meio
urbano e como eles relacionam-se influenciando em seu comportamento
21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes
Segundo LAMAS (2004) estudar a forma urbana compreende examinar as configuraccedilotildees e as
estruturas exteriores de determinados objetos de suas formas interligando-as com os fenocircmenos
que lhes deram origem Assim sendo a forma urbana pode ser definida como sendo o
[] modo como se organizam os elementos morfoloacutegicos que constituem e definem o espaccedilo urbano relativamente agrave materializaccedilatildeo dos aspectos de
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
23
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas Fonte LAMAS 2004
organizaccedilatildeo funcional e quantitativa e dos aspectos qualitativos e figurativos (LAMAS 2004 p 44) 1
Dentre estes aspectos os quantitativos satildeo agravequeles da realidade urbana que podem ser
quantificaacuteveis tais como densidades superfiacutecies fluxos coeficientes volumeacutetricos entre outros
(Figura 21) os de organizaccedilatildeo funcional satildeo agravequeles que se relacionam com as atividades
humanas tais como habitar e trabalhar e agravequeles relacionados ao modo de uso especiacutefico de uma
aacuterea ndash residencial comercial industrial entre outros os qualitativos referem-se ao tratamento dos
espaccedilos ao conforto e a comodidade do utilizador tais como adaptaccedilatildeo ao clima acessibilidade
estado da pavimentaccedilatildeo entre outros por fim os aspectos figurativos dizem respeito a
essencialmente a comunicaccedilatildeo esteacutetica (LAMAS 2004)
Pode-se considerar que ao olhar para forma urbana e em especiacutefico para suas modificaccedilotildees
cronoloacutegicas com o intuito de compreender o comportamento da acuacutestica urbana esta pesquisa
relaciona-se tanto aos aspectos qualitativos a partir do conforto acuacutestico dos receptores das
ondas sonoras em meio urbano quanto aos
aspectos quantitativos uma vez que este
comportamento acuacutestico em meio urbano eacute
quantificaacutevel em decibels (dB)
Embora estes aspectos envolvam grande parte
das singularidades inerentes a forma urbana
esta definiccedilatildeo parece ainda natildeo abarcar outras
particularidades sociais econocircmicas histoacutericas
e culturais igualmente envolvidas no
entendimento da concepccedilatildeo da forma urbana
isto eacute resta ainda a consideraccedilatildeo de que esta
forma urbana natildeo acontece
independentemente dos grupos sociais que a
produzem (PANERAI 2006)
Satildeo essencialmente estas particularidades que
impulsionam ou amortecem a transformaccedilatildeo
1 Para todas as citaccedilotildees deste autor natildeo seratildeo consideradas adaptaccedilotildees na liacutengua do paiacutes de origem - Portugal - permanecendo o texto original
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
24
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
dos elementos que compotildeem a forma urbana ndash a adiccedilatildeo de novos de traccedilados a um jaacute existente
ou sua superposiccedilatildeo seus conflitos o parcelamento de parques e ocupaccedilatildeo de espaccedilos livres a
renovaccedilatildeo da massa edificada seu lento adensamento e verticalizaccedilatildeo segundo uma especulaccedilatildeo
despretensiosa ou sua substituiccedilatildeo por vastos empreendimentos sob influecircncia de uma
especulaccedilatildeo bem mais expressiva (PANERAI 2006) isto eacute faz parte da apreensatildeo da forma
urbana uma complexidade que envolve um processo de acumulaccedilatildeo de enfoques e observaccedilotildees
sociais econocircmicas histoacutericas e culturais que englobam muito mais do que apenas sua forma
fiacutesica
Estas particularidades especialmente as sociais parecem um pouco mais delineadas nas
consideraccedilotildees feitas por DEL RIO (1990) que considera o espaccedilo urbano a partir da apropriaccedilatildeo
social que se faz dele estabelecendo que em relaccedilatildeo ao estudo da forma urbana a cidade pode
ser compreendida a partir de trecircs niacuteveis organizacionais o coletivo o comunitaacuterio e o individual
O niacutevel coletivo eacute regido sob uma loacutegica estruturadora percebida inconscientemente e
coletivamente e eacute composto pelos elementos2 do tecido que possuem uma permanecircncia maior ao
longo do tempo o niacutevel comunitaacuterio diz respeito aos elementos com significados especiais apenas
para um pequeno grupo da populaccedilatildeo como o bairro por exemplo jaacute o niacutevel individual expressa
significados individuais como a residecircncia e seu espaccedilo circundante e por seu caraacuteter individual eacute
o que apresenta maior rapidez nas modificaccedilotildees (DEL RIO 1990)
Mas LAMAS (2004) ao defender sua definiccedilatildeo para forma urbana natildeo soacute possuiacutea ciecircncia destas
outras particularidades explicitadas por PANERAI (2006) e DEL RIO (1990) ndash sociais
econocircmicas histoacutericas e culturais ndash envolvidas na concepccedilatildeo de forma urbana como optou em
natildeo apreciaacute-las
[] um primeiro grau de leitura da cidade eacute eminentemente fiacutesico-espacial e morfoloacutegico portanto especiacutefico da arquitectura e o uacutenico que permite evidenciar a diferenccedila entre este e outro espaccedilo entre esta e aquela forma e explicar as caracteriacutesticas de cada parte da cidade A estes se juntam outros niacuteveis de leitura que revelam diferentes conteuacutedos (histoacutericos econoacutemicos sociais e outros) Mas este conjunto de leituras soacute eacute possiacutevel porque a cidade existe como facto fiacutesico e material Todos os instrumentos de leitura lecircem o mesmo objecto ndash o espaccedilo fiacutesico a FORMA URBANA (LAMAS 2004 p 31 grifo do autor) Eacute fundamentalmente a dimensatildeo fiacutesica e morfoloacutegica da cidade que me preocupa [] (LAMAS 2004 p 31)
2 Estes elementos seratildeo discutidos em paraacutegrafos mais adiante
____________________________________________
ANAacuteLISE D
Na verdade esta opccedilatildeo em
urbana considerando-a essen
de seu aspecto fiacutesico e m
convenientemente ao obje
presente pesquisa analisar
da acuacutestica urbana a partir
cronoloacutegicas na forma urba
esta anaacutelise do compor
implica em uma apropriaccedil
fiacutesica e material destas modif
Certamente a busca pela ap
urbana envolve muito
simplesmente sua forma
como jaacute aclarado No entan
da anaacutelise proposta por
apreensatildeo em totalid
fundamentalmente necessaacuter
apropriaccedilatildeo da forma urban
material ou uma variaacutevel fiacutes
finalidade derradeira de
comportamento acuacutestico
modificaccedilotildees nesta forma
Ao entender a observaccedilatildeo
essencialmente em seu aspec
(2004) propocircs uma classifica
dimensotildees
bull A dimensatildeo setorial
refere-se agrave menor u
do espaccedilo urbano co
uma praccedila ou uma
ponto o observador
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 24 ndash A cidadeo texemplificada por meio da cidadLAMAS 2004
Figura 23 ndash O bairro a escala ucidade portuguesa de Tavira Fonte
Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na ca dimensatildeo setorial Fonte LAMA
em observar a forma
sencialmente a partir
material responde
bjetivo primeiro da
ar o comportamento
rtir de modificaccedilotildees
rbana uma vez que
ortamento acuacutestico
riaccedilatildeo genuinamente
dificaccedilotildees
apreensatildeo da forma
o mais do que
a fiacutesica e material
tanto para realizaccedilatildeo
or este estudo tal
alidade natildeo eacute
saacuteria o que torna a
bana quase um meio
l fiacutesica para atingir a
e compreensatildeo do
a partir de
atildeo da forma urbana
pecto fiacutesico LAMAS
icaccedilatildeo em escalas ou
ndash a escala da rua
r unidade ou porccedilatildeo
como por exemplo
a rua onde de um
dor pode abarcar a
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
25
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
territoacuterioa dimensatildeo territorial dade portuguesa de Tavira Fonte
a urbana exemplificada por meio da nte LAMAS 2004
na cidade portuguesa de Tavira ilustra MAS 2004
____________________________________________
ANAacuteLISE D
unidade espacial d
(Figura 22)
bull A dimensatildeo urbana ndash
corresponde agraves pa
identificaacuteveis como
exemplo onde a
elementos da forma
atraveacutes do movime
percursos (Figura 23
bull E por fim a dimensatildeo
da cidade diz respeito
diferentes formas
articulaccedilatildeo de bai
entre si Sua forma
distribuiccedilatildeo de eleme
das cidades em con
suporte geograacutefico d
a articulaccedilatildeo de
circulaccedilatildeo entre os
entre zonas habitacio
entre outras (Figura 2
Dentre estas dimensotildees a u
bairro desperta particular
pesquisa uma vez que o e
limites de observaccedilatildeo atraveacute
de movimentos poderaacute aba
significante de modificaccedilotildee
forma urbana de determina
compreender o comport
acuacutestica urbana
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 25 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do CONDEPE-FIDEM 1981
Figura 26 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do baorigens da cidade entrecortadoBarreto Fonte CONDEPE-FIDE
Figura 27 ndash Exemplos de diveredifiacutecios lotes quarteirotildees e vias eRecife Nesta imagem um recessencialmente por morros o AltoFIDEM 1981
de seu conjunto
ndash a escala do bairro
partes homogecircneas
mo os bairros por
a observaccedilatildeo dos
a urbana eacute realizada
imento e de vaacuterios
23)
nsatildeo territorial ndash a escala
eito agrave articulaccedilatildeo de
as urbanas da
bairros interligados
ma eacute definida pela
mentos estruturantes
onformidade com o
o do siacutetio tais como
e ruas e vias de
s diferentes bairros
cionais e comerciais
a 24)
a urbana ndash escala do
lar interesse desta
o entendimento dos
veacutes de certo nuacutemero
barcar uma amostra
otildees cronoloacutegicas na
inado local a fim de
ortamento de sua
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
26
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife o bairro de Boa Viagem Fonte
rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves do pela recente Avenida Dantas DEM 1981
versificadas concretizaccedilotildees entre os em diferentes bairros da cidade do
recorte de um bairro constituiacutedo lto do Mandu Fonte CONDEPE-
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
27
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
No entanto para apreender tal dimensatildeo devem-se conhecer e estabelecer quais elementos
miacutenimos da forma urbana que se relaciona com esta a dimensatildeo urbana e quais satildeo estes
elementos LAMAS (2004) propocircs onze elementos da forma urbana necessaacuterios para esta
apreensatildeo o solo (I) o edifiacutecio (II) o lote (III) o logradouro (IV) o quarteiratildeo (V) o traccediladoa
rua(VI) a praccedila (VII) a fachada (VIII) o monumento (IX) a vegetaccedilatildeo (X) e o mobiliaacuterio
urbano (XI) Dentre estes elementos seis possuem uma estreita relaccedilatildeo com esta pesquisa e
seratildeo expostos de acordo com consideraccedilotildees observadas por LAMAS 3 (2004) (Figuras 25 a 27)
O edifiacutecio representa o elemento miacutenimo identificaacutevel na observaccedilatildeo da forma urbana eacute atraveacutes
dele que se constitui o espaccedilo urbano e se organizam diferentes elementos tais como ruas praccedilas
avenidas entre outros Os edifiacutecios agrupam-se em diferentes tipos tanto em relaccedilatildeo a suas
formas quanto a suas funccedilotildees Estes elementos podem influenciar o comportamento da acuacutestica
urbana atuando enquanto objetos reflexivos da onda sonora e como barreiras acuacutesticas4
O lote representa o princiacutepio da relaccedilatildeo do edifiacutecio com o terreno A forma do lote eacute muitas
vezes condicionante da forma do edifiacutecio tornando-os vinculados por essecircncia o logradouro diz
respeito ao espaccedilo livres e natildeo construiacutedos no interior do lote aos quintais e jardins o quarteiratildeo
ou quadra pode ser considerado como o espaccedilo resultante entre o cruzamento de trecircs ou mais
vias podendo ser demarcado em vaacuterios lotes para a construccedilatildeo de edifiacutecios Juntos estes trecircs
elementos associados aos edifiacutecios podem propiciar uma maior ou menor permeabilidade
acuacutestica eou uma maior ou menor presenccedila de aacutereas de sombra no meio urbano
O traccedilado por meio das ruas ou vias eacute facilmente identificaacutevel no meio urbano Estaacute muitas vezes
condicionado ao siacutetio geograacutefico existente regula a disposiccedilatildeo dos edifiacutecios e quarteirotildees e
interliga os vaacuterios espaccedilos componentes da cidade e a cidade ao territoacuterio Normalmente o
traccedilado resiste agraves transformaccedilotildees na forma urbana por possuir um caraacuteter de permanecircncia natildeo
totalmente modificaacutevel O traccedilado engloba trajetoacuterias e caminhos que natildeo satildeo necessariamente
percorridos atraveacutes de automoacuteveis apesar disso estaacute em grande parte vinculado a uma das
principais fontes geradoras de ruiacutedo urbano ndash o traacutefego de veiacuteculos
3 Os outros elementos tambeacutem podem relacionar-se de diferentes maneiras com a acuacutestica urbana mas nem tanto com a presente pesquisa e por isso natildeo foram considerados 4 Todas as definiccedilotildees e conceitos acuacutesticos apresentados no presente item seratildeo elucidados no item seguinte 22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
28
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) Fonte PANERAI 2006
A praccedila eacute um espaccedilo de geometria variada
intencionalmente inserido no meio urbano
cuja relaccedilatildeo com o traccedilado e os edifiacutecios
tambeacutem eacute intencional evidenciada atraveacutes do
seu desenho e natildeo acidentais como
alargamento e confluecircncias do traccedilado Aleacutem
disso a praccedila eacute um lugar de encontro de
permanecircncia e de praacuteticas sociais
Acusticamente dependendo de suas
proporccedilotildees a propagaccedilatildeo sonora que envolve
uma praccedila pode apresentar um
comportamento que se assemelha a
propagaccedilatildeo sonora em campo livre
Estes elementos constituintes da forma urbana
conceituados por LAMAS (2004) podem ser
identificados sob um diferente invoacutelucro
conceitual mas com a mesma essecircncia no que
PANERAI (2006) definiu como sendo
conjuntos do tecido urbano
Aplicado agrave cidade o termo ldquotecidordquo evoca a continuidade e a renovaccedilatildeo a permanecircncia e a variaccedilatildeo Ele explica a constituiccedilatildeo das cidades antigas e responde as questotildees levantadas pelo estudo das urbanizaccedilotildees recentes Ele pressupotildee uma atenccedilatildeo tanto ao banal quanto ao excepcional tanto agraves ruas comuns e agraves edificaccedilotildees corriqueiras quanto agraves regulamentaccedilotildees e aos monumentos Dentre as muacuteltiplas definiccedilotildees de tecido urbano e sem desprezar suas qualidades escolhemos a mais simples O tecido urbano eacute constituiacutedo pela superposiccedilatildeo ou imbricaccedilatildeo de trecircs conjuntos a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees Essa definiccedilatildeo potildee em evidecircncia os elementos que permitem que as diferentes partes da cidade evoluam ao mesmo tempo em que satildeo mantidas a coesatildeo de conjunto e a clareza de sua estrutura (PANERAI 2006 p 77-78 grifo nosso) (Figura 28)
Ao contraacuterio de LAMAS (2004) que considera a praccedila como um elemento da forma urbana por
si soacute PANERAI (2006) discute as vias ou traccedilado inseridas em uma relaccedilatildeo em rede onde
tambeacutem satildeo considerados como partes constituintes os largos passeios praccedilas esplanadas cais
pontes rios canais margens praias todos compondo o espaccedilo puacuteblico Eacute atraveacutes desta rede
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
29
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua
organizaccedilatildeo local e territorial
Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o
domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios
quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente
o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da
forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo
Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao
espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo
vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os
edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila
sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto
Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute
bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus
elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma
essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo
objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles
- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)
Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno
relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar
definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento
5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
30
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109
O adensamento ocorre a partir de dois modos
essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do
preenchimento progressivo do espaccedilo urbano
e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa
por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)
A primeira forma de adensamento ocorre sem
a expansatildeo territorial por meio do
preenchimento progressivo de todas as
reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de
determinado meio urbano Eacute um
adensamento inserido em limitesbarreiras
preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como
uma via expressa irregularidades geograacuteficas
do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual
em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas
edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)
A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do
solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de
adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem
sua expansatildeo (PANERAI 2006)
Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como
se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado
meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da
acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o
adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de
objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica
Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o
edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados
por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
31
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias
dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta
pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a
partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo
exclusivamente
1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo
de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres
2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os
lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)
3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e
principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes
geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)
Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no
decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees
cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e
relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana
22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a
forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia
multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o
som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas
do conhecimento (Figura 210)
Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano
seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes
tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental
O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por
pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu
____________________________________________
ANAacuteLISE D
complexo padratildeo de ondas s
de ruiacutedo muacutesica fala
(BERGLUND et al 1999)
Esta definiccedilatildeo do som tend
a percepccedilatildeo do ouvido
conceito psicofiacutesico Fisicame
vibraccedilatildeo mecacircnica que
progressivamente atraveacutes de
gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN
Esta vibraccedilatildeo quando tran
que o rodeia nem sempre
aparelho auditivo humano
frequumlecircncia6 audiacutevel encontra
20 a 20000 Hz para um
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984
1982) Frequumlecircncias acima de
altas para respostas fisioloacuteg
chamadas de ultrasons Jaacute as
de 20 Hz satildeo chamadas de
detectaacuteveis pelo ouvido hum
prejudiciais agrave sua sauacutede7
1982 SOUSA 2004)
Fisicamente o som e o ruiacutedo
ambos se propagam em mei
detectados pelo ouvido hu
enquanto o som eacute utilizado
6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa
Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006
as sonoras eacute rotulado
ala entre outros
ndo como referecircncia
o humano eacute um
mente o som eacute uma
que se propaga
de um meio material
(SINGAL 2005)
transmitida ao meio
re eacute detectaacutevel pelo
ano cuja faixa de
tra-se no intervalo de
um jovem saudaacutevel
4 KINSLER et al
de 20000 Hz muito
loacutegicas auditivas satildeo
as frequumlecircncias abaixo
de infrasons e natildeo satildeo
umano contudo satildeo
(KINSLER et al
iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee
eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos
humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN
do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev
iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo
as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
32
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006
ontual e fonte sonora linear Fonte
otildees de pressatildeo ambiente
bos satildeo capazes de serem
EN 1995) No entanto
daacuteveis o ruiacutedo descreve
do e eacute medida em Hertz (Hz)
amento das estruturas cardiacuteacas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
33
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)
Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e
portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece
como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro
[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)
Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo
mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees
no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse
irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos
(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM
2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)
O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais
comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual
possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as
direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)
Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de
fontes pontuais dispostas linearmente cuja
emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta
linha sendo seu decaimento em campo livre
de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)
Quando propagadas no meio urbano a
combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas
ao percurso de transmissatildeo e ao receptor
constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
34
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
chamado de ruiacutedo ambiental (environmental
noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)
(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005
SOUSA 2004)
O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do
traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de
obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos
industriais de estabelecimentos comerciais e
de serviccedilos de sistemas de propaganda
volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-
estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982
NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)
Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais
como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes
nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade
populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos
extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se
a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES
2006)
Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o
ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A
necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade
existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis
normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a
populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano
8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
35
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006
Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg
1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes
Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes
procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO
2009)
NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
Niacutevel de Pressatildeo sonora
em dB(A)
Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS
Ambiente ou atividade
0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros
aacuterea de mata selvagem
30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite
50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse
auditivo Rua agitada um restaurante barulhento
70 a 90 Estressante e bastante
excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh
conversa a gritos
90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia
Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor
110 a 130
Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez
instantacircnea
Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock
130 a 140 Acima do limiar da dor
causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia
Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias
resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a
poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir
diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho
Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores
(NAGEM 2004)
Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave
Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do
12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
36
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do
sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do
Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da
cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias
tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da
Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)
Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da
LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos
com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos
submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e
do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a
accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave
conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte
geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)
Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos
de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em
documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da
Cidade do Recife (RECIFE 2000)
Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo
Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as
posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da
poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor
o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie
de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo
exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil
militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um
importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)
Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a
poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de
13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
37
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999
pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais
(BERGLUND et al1999)
Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que
atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua
(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do
ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio
urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram
em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da
populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes
geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et
al 2002) (Figura 214)
Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o
aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais
percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al
2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)
O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a
partir do ruiacutedo veicular que proveacutem
essencialmente do sistema de propulsatildeo do
motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo
aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso
(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da
relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as
configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido
a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de
acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a
presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de
pedestres etc a intensidade do fluxo de
veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os
veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de
14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
38
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita
terra batida) etc (SINGAL 2005)
Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo
comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas
implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo
do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo
para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e
pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS
2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma
interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana
Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto
por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego
seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no
proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de
certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e
forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e
largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser
acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica
O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde
acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo
acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)
O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia
de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio
urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou
nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o
espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de
suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de
pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
39
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007
Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido
pelo receptor diminui em funccedilatildeo da
duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15
Praccedilas parques e largos com grandes
dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias
vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas
uma de suas margens ou espaccedilos livres
urbanos de grandes dimensotildees caracterizam
alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos
No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras
sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o
seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente
sendo praticamente o mesmo em vaacuterias
posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre
uma saiacuteda para campo livre caracterizando o
fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura
217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)
Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser
reverberantes quando a onda sonora tarda a
encontrar o campo livre gerando um grande
nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes
quando a onda sonora encontra o campo livre
um pouco mais rapidamente do que no
reverberante gerando um nuacutemero menor mas
ainda grande de reflexotildees
15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
40
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007
No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado
reverberante possui comumente um perfil em
ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de
canyons urbanos que podem amplificar
consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das
vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas
geradas pelas fachadas paralelas das
edificaccedilotildees que circundam estas vias
(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste
tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora
natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre
a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico
aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos
elementos que compotildeem a forma urbana e
dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que
revestem as superfiacutecies refletoras18
(NIEMEYER 2007)
Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de
traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados
tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos
de espaccedilos acuacutesticos fechados
A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda
sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem
podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo
tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo
18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
41
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007
Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992
Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se
aos percursos da onda sonora gerados no
meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005
NIEMEYER 2007) A intensidade da
permeabilidade acuacutestica - mais ou menos
permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de
certos elementos urbanos de promover ou
conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais
como o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem
como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade
e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila
ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e
221)
A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda
com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o
conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a
qualquer objeto que possa ser considerado um
obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias
entre a fonte e o receptor (Figura 222)
(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES
2000) Ao bloquear o percurso direto entre a
fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser
absorvida eou refletida pela superfiacutecie da
barreira transmitida atraveacutes da barreira ou
difratada a partir do topo da barreira
(BARRON 2003 SINGAL 2005)
A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as
ondas sonoras sejam capazes de contornar
determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de
sombra acuacutestica que possui limites espaciais
variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte
____________________________________________
ANAacuteLISE D
sonora e de sua localizaccedilatilde
receptor que por sua vez
sonora difratada pelas borda
um decaimento maior do qu
campo livre (Figura 223) (N
1968 NIEMEYER 2007 PA
O uso de barreiras acuacutestic
EUA Japatildeo Austraacutelia e
reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do
pelo traacutefego rodoviaacuterio pa
(Figuras 224 a 226) (SIN
Brasil esta praacutetica ainda eacute inc
restringindo-se a poucos exe
caso da barreira acuacutestica no
Linha Amarela na cidade do
na Rodovia Bandeirantes co
de Satildeo Paulo a Campinas
Paulo (Figura 227) (MURGE
2004)
Embora a implantaccedilatildeo de b
esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do
rodoviaacuterio outros elemen
meio urbano situados ent
receptor atuam espontan
barreiras agrave propagaccedilatildeo sono
terreno com topografia i
muros edificaccedilotildees entr
edificaccedilotildees conjugadas da R
cidade do Recife ou aind
conjugadas em alguns trec
Atlacircntica no Rio de Janei
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap
Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C
Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2
Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest
Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN
accedilatildeo em relaccedilatildeo ao
ez recebe a energia
rdas da barreira com
que se estivesse em
(NEPOMUCENO
PAZ 2004)
ticas eacute comum nos
e na Europa para
do ruiacutedo produzido
para seus arredores
INGAL 2005) No
incipiente
exemplos como eacute o
no eixo rodoviaacuterio
o Rio de Janeiro e
conectando a cidade
s no estado de Satildeo
GEL 2007 SOUSA
e barreiras acuacutesticas
do ruiacutedo de traacutefego
entos inseridos no
entre a fonte e o
taneamente como
nora tais como um
irregular taludes
ntre outros As
a Rua da Aurora na
inda as edificaccedilotildees
trechos da Avenida
neiro por exemplo
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
42
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007
rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007
da Rodovia Bandeirantes no estado 2007
da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000
barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
43
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409
Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409
aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas
espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem
conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em
ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e
229)
A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e
da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a
interaccedilatildeo entre os diversos elementos que
compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis
das vias o modo de implantaccedilatildeo das
edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as
proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo
das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de
espaccedilos livres ndash contribui determinantemente
para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano
atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do
espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave
fonte geradora de campos sonoros
reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de
aacutereas de sombra
Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado
um sistema composto essencialmente pela fonte
sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e
KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto
percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de
propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares
apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo
da onda sonora no meio urbano
19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
44
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao
ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos
reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente
todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das
edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar
dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e
insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via
Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo
facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas
reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando
sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano
desejaacutevel aos seus receptores
Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as
distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de
propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades
bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento
acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano
Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se
comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica
urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana
Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos
investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento
Figura 531 e 532 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash 1997 apresentou o melhor comportamento acuacutestico entre os mapas elaborados Nesta data as edificaccedilotildees atuaram mais enquanto barreiras acuacutesticas do que como objetos reflexivos da onda sonora Jaacute em 2009 o aumento do adensamento e da verticalizaccedilatildeo possibilitou o excesso de muacuteltiplas reflexotildees nas fachadas das edificaccedilotildees como delineia o contorno extremamente irregular da propagaccedilatildeo sonora ilustrado na imagem abaixo p 104
Figura 533 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Apesar de proporcionar um aumento no niacutevel de pressatildeo sonora equivalente em 2009 o adensamento e verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees tambeacutem trouxeram benefiacutecios pontuais na praccedila Walt Disney como ilustram as imagens as edificaccedilotildees atuaram como barreiras acuacutesticas reduzindo em relaccedilatildeo a 1997 o niacutevel de pressatildeo sonora equivalente que atinge as edificaccedilotildees de seu entorno Contudo p 105
Figura 534 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash as fachadas voltadas para esta reduccedilatildeo de niacutevel de pressatildeo sonora equivalente satildeo fachadas de serviccedilo pouco aproveitando esta reduccedilatildeo p 105
Figura 535ndash Planta Baixa ndash Comportamento acuacutestico geral do 3deg Jardim na situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash A situaccedilatildeo hipoteacutetica futura apresenta quadras muito mais adensadas do que nos anos anteriores reduzindo ainda mais a presenccedila de ilhas de sombra O pavimento representado no mapa eacute o destinado agraves garagens que ocupam praticamente todo o lote p 110
Figura 536 ndash Mapa acuacutestico geral do 3deg Jardim de Boa Viagem na situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e a locaccedilatildeo das Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 p 111
Figura 537 ndash Secccedilatildeo Vertical 1 ndash A transformaccedilatildeo da forma urbana tanto na situaccedilatildeo hipoteacutetica como ilustram as imagens quanto em 2009 quando esteve associada ao adensamento e a verticalizaccedilatildeo intensificou os fenocircmenos acuacutesticos ocorridos no meio urbano do 3deg Jardim de Boa Viagem p 112
Figura 538 ndash Secccedilatildeo Vertical 2 ndash Idem p 112
Figura 539 ndash Secccedilatildeo Vertical 3 ndash Idem p 113
Figura 540 ndash Plantas Baixas ndash A situaccedilatildeo hipoteacutetica futura seguida de perto pelo mapa de 2009 apresentou o pior comportamento acuacutestico do 3deg Jardim e o mapa de 1997 apresentou o melhor entre os mapas elaborados nesta pesquisa conforme ilustra a siacutentese abaixo p 113
Figura 541 ndash Graacutefico da performance acuacutestica considerando o ano x o niacutevel de pressatildeo sonora equivalente (Leq) ndash O Graacutefico apresenta as variaccedilotildees de niacuteveis de pressatildeo sonora de alguns pontos escolhidos aleatoriamente nos mapas acuacutesticos elaborados (Figura 541) Em 1997 as quedas das curvas de variaccedilatildeo do graacutefico corroboram a tendecircncia desta data ter apresentado o mapa acuacutestico com o melhor comportameno acuacutestico entre os mapas elaborados por esta pesquisa p 114
Figura 542 ndash Locaccedilatildeo dos pontos utilizados para elaboraccedilatildeo do graacutefico de performance acuacutestica p 114
Figura 543 ndash Graacutefico comparativo de niacuteveis de emissatildeo sonora permitidos ndash O graacutefico apresenta uma comparaccedilatildeo entre os niacuteveis de emissatildeo sonora permitidos em alguns paiacuteses entre a WHO ISO e ABNT e entre a Lei do silecircncio e o coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife O graacutefico evidencia que a cidade do Recife e o estado de Pernambuco praticam niacuteveis muito acima do recomendado por outras entidades normativas p 121
Figura 544 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde o fluxo de veiacuteculos seja o dobro do encontrado atualmente no 3deg Jardim de Boa Viagem (2009) apresentando altos niacuteveis de poluiccedilatildeo sonora p 122
Figura 545 a 548 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 122
Figura 549 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde seja implantado rodiacutezio de veiacuteculos com uma reduccedilatildeo de 30 do valor total do fluxo de veiacuteculos atualmente encontrado no 3deg Jardim de Boa Viagem (2009) p 123
Figura 550 a 553 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 123
Figura 554 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde seja implantado aleacutem do rodiacutezio de veiacuteculos com reduccedilatildeo de 30 no fluxo atual de veiacuteculos um corredor de transporte puacuteblico na Av Domingos Ferreira e restriccedilatildeo de traacutefego de veiacuteculos pesados apenas nesta via p 124
Figura 555 a 558 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 124
LISTA DE TABELAS
Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora p 35
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO
2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes____________
22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais_____________
3 CONSIDERACcedilOtildeES METODOLOacuteGICAS
31 3deg Jardim de Boa Viagem enquanto Estudo de Caso_________
32 Mapeamento Acuacutestico enquanto Instrumento de Pesquisa_
33 Procedimentos Metodoloacutegicos__________________________________
331 1deg Etapa Pesquisa Documental Primaacuteria e Secundaacuteria _____
332 2deg Etapa Pesquisa Piloto_____________________________________
333 3deg Etapa Estudo de Campo__________________________________
334 4deg Etapa mapeamento acuacutestico_____________________________
4 TRANSFORMACcedilOtildeES DO 3deg JARDIM E SUA RELACcedilAtildeO COM
O PROCESSO DE OCUPACcedilAtildeO DO BAIRRO DE BOA
VIAGEM
5 COMPORTAMENTO ACUacuteSTICO DO 3degJARDIM DE BOA
VIAGEM
51 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem a
partir das Modificaccedilotildees Cronoloacutegicas em sua Forma
Urbana______________________________________________________________
52 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem em
relaccedilatildeo ao Coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico
do Recife agrave ldquoLei do Silecircnciordquo e a outras Entidades
Normativas_________________________________________________________
53 Ausecircncia de Accedilotildees versus Presenccedila de Accedilotildees em Busca
de um Melhor Comportamento Acuacutestico para o 3deg Jardim
de Boa Viagem____________________________________________________
6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
7 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
128
134
115
107
81
80
65
60
59
56
55
55
52
49
46
31
22
22
17
CAPIacuteTULO 1
A pesquisa eacute talvez a arte de se criar dificuldades fecundas e de criaacute-las para os
outros Nos lugares onde havia coisas simples faz-se aparecer problemas
Pierre Bourdieu
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
17
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
1 INTRODUCcedilAtildeO
Um grito estridente lanccedilado em um meio urbano envolto nos ldquomais modernosrdquo e descomunais
arranha-ceacuteus desconfortavelmente ouvido nos mais remotos pavimentos de um deles foi agrave
centelha motivadora para as ideacuteias e discussotildees que permeiam esta pesquisa Este grito mal
recebido pelo receptor pode ser considerado uma das diversas formas da profusatildeo de ruiacutedos que
cada vez mais se tornam elementos onipresentes da vida contemporacircnea
Tal profusatildeo de ruiacutedos atualmente encontrados nos centros urbanos estaacute intimamente vinculada
ao crescimento acelerado das cidades que possibilitaram o aumento e uma maior concentraccedilatildeo da
populaccedilatildeo urbana acarretando em raacutepidas transformaccedilotildees no meio de propagaccedilatildeo do ruiacutedo
urbano aleacutem do aumento e uma maior concentraccedilatildeo dos diversos tipos de fontes sonoras que o
geram
Embora esteja estreitamente relacionado ao raacutepido desenvolvimento das cidades o ruiacutedo urbano
natildeo deve ser considerado como uma consequumlecircncia incidental da accedilatildeo humana em busca de
progresso e por isso inevitaacutevel tampouco toleraacutevel Ao contraacuterio deve ser entendido como uma
das consequumlecircncias prejudiciais deste desenvolvimento que pode causar diversos males fisioloacutegicos
e psicoloacutegicos ao citadino e assim sendo deve ser veementemente prevenido e mitigado
A fim de encontrar maneiras que possibilitem sua prevenccedilatildeo e mitigaccedilatildeo o ruiacutedo urbano pode
ser entendido como um sistema composto essencialmente pela fonte sonora ndash meio de propagaccedilatildeo ndash
receptor Dentre estas trecircs partes componentes do sistema o meio de propagaccedilatildeo pode ser
considerado como um dos menos investigados e onde as accedilotildees contra o ruiacutedo satildeo menos
concentradas (SINGAL 2005)
Esta inobservacircncia da importacircncia do meio urbano enquanto percurso de propagaccedilatildeo sonora
pode estar vinculada agrave dificuldade de intervir em meios de propagaccedilatildeo consolidados como satildeo
fundamentalmente os grandes centros urbanos Daiacute a relevacircncia em compreender a acuacutestica
urbana a partir de seu meio propagador pois uma vez consolidado o meio raras satildeo as
intervenccedilotildees possiacuteveis para minimizar o ruiacutedo urbano a partir desta parte componente do sistema
fonte ndash meio ndash receptor restando essencialmente accedilotildees preventivas
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
18
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Outro fator que evidencia o grande valor em compreender a acuacutestica urbana a partir de seu meio
de propagaccedilatildeo eacute o potencial que o meio urbano possui em influenciar a trajetoacuteria da propagaccedilatildeo
sonora Esta influecircncia acontece atraveacutes da forma que este meio apresenta ou seja a forma urbana
atraveacutes de seus elementos componentes e enquanto percurso de transmissatildeo delineia influencia e
determina em certa medida a trajetoacuteria de propagaccedilatildeo da onda sonora
Assim sendo a interaccedilatildeo entre os diversos elementos que compotildeem a forma urbana - o traccedilado e
perfis das vias o modo de implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as proporccedilotildees
densidade e maneira de ocupaccedilatildeo das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres ndash
contribui determinantemente para caracterizaccedilatildeo da propagaccedilatildeo sonora no meio urbano atraveacutes
de muacuteltiplas reflexotildees do espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave fonte geradora de
campos sonoros reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de aacutereas de sombra
Esta interaccedilatildeo entre os elementos da forma urbana e a propagaccedilatildeo sonora ocorre a partir da
diversidade e singularidade existente nos variados meios urbanos igualmente proporcionando os
mais particulares comportamentos acuacutesticos Isto eacute para cada meio urbano existem caracteriacutesticas
particulares inerentes agrave sua forma urbana que geram um comportamento acuacutestico igualmente
especiacutefico exclusivo e vinculado a esta forma urbana
Apesar deste atrelamento entre a acuacutestica urbana e a forma urbana esta relaccedilatildeo natildeo eacute
suficientemente pesquisada e quando eacute satildeo enfocadas prioritariamente situaccedilotildees presentes de
comportamento acuacutestico eou no maacuteximo hipoacuteteses futuras tambeacutem chamadas de prediccedilatildeo
acuacutestica Aleacutem disso natildeo foram encontradas referecircncias ateacute o presente momento de investigaccedilotildees
que priorizem a apreciaccedilatildeo da acuacutestica urbana e sua relaccedilatildeo com as modificaccedilotildees ao longo do tempo da
forma urbana
Isto posto considerando esta ausecircncia de pesquisas e considerando que para cada espaccedilo urbano
existe um comportamento de propagaccedilatildeo sonora especiacutefico o presente estudo se propocircs a
investigar o comportamento acuacutestico de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em sua forma urbana
Para isso admitiu-se que a propagaccedilatildeo de uma mesma fonte sonora em um mesmo espaccedilo urbano
que tenha sofrido ao longo de um processo cronoloacutegico modificaccedilotildees em sua forma urbana
implicaria em diferentes comportamentos em sua acuacutestica urbana para as diferentes datas deste
processo Esta suposiccedilatildeo possibilitou a anaacutelise do comportamento acuacutestico atraveacutes das
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
19
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
modificaccedilotildees cronoloacutegicas da forma urbana a partir da articulaccedilatildeo de trecircs variaacuteveis - a fonte sonora
a forma urbana e a acuacutestica urbana Estas variaacuteveis foram consideradas tendo o estudo de caso
enquanto estrateacutegia de pesquisa
O caso escolhido para esta investigaccedilatildeo foi o loteamento 3deg Jardim de Boa Viagem tanto por
representar uma parcela bem delimitada das raacutepidas e recentes transformaccedilotildees ocorridas na
forma urbana do bairro de Boa Viagem quanto por permitir ilustrar o comportamento acuacutestico
em um encadeamento evolutivo do iniacutecio de sua ocupaccedilatildeo recente ateacute os dias atuais
Para compor tal encadeamento evolutivo foram selecionados os anos de 1971 data escolhida por
caracterizar o princiacutepio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim 1981 e 1997 por representarem datas de
registro de fotografias aeacutereas do bairro de Boa Viagem existentes na base de dados da
CONDEPE-FIDEM Agecircncia Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco 2009 por
representar a realidade atualmente encontrada no 3deg Jardim e uma simulaccedilatildeo de situaccedilatildeo
hipoteacutetica futura de modificaccedilatildeo na forma urbana
Isto posto com o intuito de analisar o comportamento da acuacutestica urbana do 3deg Jardim de Boa
Viagem a partir de modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua forma urbana foram executados os
seguintes objetivos especiacuteficos (I) identificar as caracteriacutesticas configuraccedilotildees e transformaccedilotildees da
forma urbana ocorridas no 3deg Jardim de Boa Viagem nos anos de 1971 1981 1997 e 2009 a
partir de seu processo de ocupaccedilatildeo (II) elaborar mapas acuacutesticos dos niacuteveis atuais (2009) de
pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim (III) elaborar mapas acuacutesticos do 3deg Jardim nos anos de
1971 1981 1997 e de situaccedilatildeo hipoteacutetica futura a partir da consideraccedilatildeo dos niacuteveis atuais (2009)
de pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim
Em busca de expor sistematicamente seu desenvolvimento a presente investigaccedilatildeo foi
estruturada do seguinte modo
O presente capiacutetulo 1 introduz e antecipa brevemente a discussatildeo que seraacute realizada ao longo
desta pesquisa
O capiacutetulo 2 aborda dois aspectos principais O primeiro deles desenvolve o conceito de forma
urbana e seus elementos componentes a partir dos autores Joseacute Lamas (2004) Philippe Panerai
(2006) e Vicente Del Rio (1990) Busca elucidar que a apreensatildeo da forma urbana eacute complexa e
envolve diversificadas abordagens e enfoques sociais econocircmicos histoacutericos e culturais para
entatildeo indicar que a presente pesquisa lanccedilaraacute um olhar para a forma urbana essencialmente a
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
20
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
partir de seu aspecto fiacutesico e material recorte necessaacuterio para a anaacutelise do comportamento
acuacutestico urbano
O segundo aspecto abordado no capiacutetulo 2 diz respeito agrave definiccedilatildeo teoacuterica do conceito da
acuacutestica urbana e de suas diversificadas implicaccedilotildees e interfaces quando o som eacute propagado em
meio urbano Busca evidenciar os fenocircmenos que ocorrem a partir da interaccedilatildeo entre a forma
urbana e a acuacutestica urbana indicando que a influecircncia da forma urbana eacute determinante para o
comportamento da acuacutestica urbana
O capiacutetulo 3 eacute dedicado ao percurso investigativo desta pesquisa evidenciando sua metodologia e
procedimentos metodoloacutegicos apresentando o 3deg Jardim enquanto estudo de caso o
mapeamento acuacutestico enquanto instrumento de pesquisa e detalhando as etapas operacionais
deste estudo Este capiacutetulo evidencia ainda o processo de elaboraccedilatildeo dos modelos e mapas
acuacutesticos da forma urbana existente no 3deg Jardim em cada uma das datas estudadas aleacutem da
situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e discute o software Predictor utilizado para este mapeamento
O capiacutetulo 4 diz respeito ao processo de ocupaccedilatildeo do bairro de Boa Viagem e sua relaccedilatildeo com as
transformaccedilotildees urbanas ocorridas no 3deg Jardim Busca-se identificar as caracteriacutesticas
configuraccedilotildees e transformaccedilotildees ocorridas na forma urbana do 3deg Jardim que possibilitem o
entendimento cronoloacutegico destas modificaccedilotildees dando suporte a elaboraccedilatildeo e anaacutelise dos mapas
acuacutesticos
O capiacutetulo 5 analisa o comportamento da acuacutestica urbana identificado nos mapas acuacutesticos
elaborados do 3deg Jardim a partir das modificaccedilotildees ocorridas em sua forma urbana nos anos de
1971 1981 1997 e 2009 aleacutem de uma situaccedilatildeo hipoteacutetica futura (prediccedilatildeo acuacutestica) Neste capiacutetulo
discute-se ainda o comportamento do 3deg Jardim em relaccedilatildeo agrave legislaccedilatildeo municipal que regula as
emissotildees sonoras na cidade do Recife e no estado de Pernambuco e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis
recomendados por outras entidades normativas e indica-se possiacuteveis accedilotildees para melhoria no
comportamento acuacutestico do 3deg Jardim bem como as possiacuteveis consequumlecircncias acuacutesticas da
ausecircncia de tais accedilotildees
Por fim no capiacutetulo 6 satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais acerca do comportamento acuacutestico
do 3deg Jardim e satildeo indicados novos rumos de pesquisa a respeito da acuacutestica urbana
CAPIacuteTULO 2
A arquitetura eacute uma muacutesica petrificada
Arthur Schopenhauer
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
22
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
Analisar o comportamento da acuacutestica urbana ainda que a partir das modificaccedilotildees da forma
urbana faz com que esta pesquisa trate essencialmente da acuacutestica urbana No entanto este
comportamento esta sujeito aos diversificados modos de apreensatildeo da forma urbana e de seus
elementos componentes bem como ao modo como esta pesquisa os consideraraacute
Assim sendo o primeiro item deste capiacutetulo expotildee o conceito de forma urbana e de algumas de
suas relaccedilotildees discutido agrave luz de LAMAS (2004) de PANERAI (2006) e DEL RIO (1990)
indicando em seguida o que esta pesquisa consideraraacute como forma urbana
Certamente discussatildeo em torno da produccedilatildeo de outros autores poderia ser elaborada No
entanto o primeiro item deste capiacutetulo natildeo pretende representar uma revisatildeo bibliograacutefica acerca
do estudo da forma urbana e suas relaccedilotildees pretende sim construir uma discussatildeo em torno dos
trecircs autores selecionados que culmine no conceito de forma urbana que seraacute considerado por esta
pesquisa para possibilitar olhar para suas modificaccedilotildees cronoloacutegicas a fim de compreender o
comportamento da acuacutestica urbana
Apoacutes este delineamento no segundo item deste capiacutetulo discute-se a acuacutestica urbana e suas
relaccedilotildees conceituais com os diversos elementos e implicaccedilotildees da propagaccedilatildeo sonora em meio
urbano e como eles relacionam-se influenciando em seu comportamento
21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes
Segundo LAMAS (2004) estudar a forma urbana compreende examinar as configuraccedilotildees e as
estruturas exteriores de determinados objetos de suas formas interligando-as com os fenocircmenos
que lhes deram origem Assim sendo a forma urbana pode ser definida como sendo o
[] modo como se organizam os elementos morfoloacutegicos que constituem e definem o espaccedilo urbano relativamente agrave materializaccedilatildeo dos aspectos de
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
23
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas Fonte LAMAS 2004
organizaccedilatildeo funcional e quantitativa e dos aspectos qualitativos e figurativos (LAMAS 2004 p 44) 1
Dentre estes aspectos os quantitativos satildeo agravequeles da realidade urbana que podem ser
quantificaacuteveis tais como densidades superfiacutecies fluxos coeficientes volumeacutetricos entre outros
(Figura 21) os de organizaccedilatildeo funcional satildeo agravequeles que se relacionam com as atividades
humanas tais como habitar e trabalhar e agravequeles relacionados ao modo de uso especiacutefico de uma
aacuterea ndash residencial comercial industrial entre outros os qualitativos referem-se ao tratamento dos
espaccedilos ao conforto e a comodidade do utilizador tais como adaptaccedilatildeo ao clima acessibilidade
estado da pavimentaccedilatildeo entre outros por fim os aspectos figurativos dizem respeito a
essencialmente a comunicaccedilatildeo esteacutetica (LAMAS 2004)
Pode-se considerar que ao olhar para forma urbana e em especiacutefico para suas modificaccedilotildees
cronoloacutegicas com o intuito de compreender o comportamento da acuacutestica urbana esta pesquisa
relaciona-se tanto aos aspectos qualitativos a partir do conforto acuacutestico dos receptores das
ondas sonoras em meio urbano quanto aos
aspectos quantitativos uma vez que este
comportamento acuacutestico em meio urbano eacute
quantificaacutevel em decibels (dB)
Embora estes aspectos envolvam grande parte
das singularidades inerentes a forma urbana
esta definiccedilatildeo parece ainda natildeo abarcar outras
particularidades sociais econocircmicas histoacutericas
e culturais igualmente envolvidas no
entendimento da concepccedilatildeo da forma urbana
isto eacute resta ainda a consideraccedilatildeo de que esta
forma urbana natildeo acontece
independentemente dos grupos sociais que a
produzem (PANERAI 2006)
Satildeo essencialmente estas particularidades que
impulsionam ou amortecem a transformaccedilatildeo
1 Para todas as citaccedilotildees deste autor natildeo seratildeo consideradas adaptaccedilotildees na liacutengua do paiacutes de origem - Portugal - permanecendo o texto original
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
24
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
dos elementos que compotildeem a forma urbana ndash a adiccedilatildeo de novos de traccedilados a um jaacute existente
ou sua superposiccedilatildeo seus conflitos o parcelamento de parques e ocupaccedilatildeo de espaccedilos livres a
renovaccedilatildeo da massa edificada seu lento adensamento e verticalizaccedilatildeo segundo uma especulaccedilatildeo
despretensiosa ou sua substituiccedilatildeo por vastos empreendimentos sob influecircncia de uma
especulaccedilatildeo bem mais expressiva (PANERAI 2006) isto eacute faz parte da apreensatildeo da forma
urbana uma complexidade que envolve um processo de acumulaccedilatildeo de enfoques e observaccedilotildees
sociais econocircmicas histoacutericas e culturais que englobam muito mais do que apenas sua forma
fiacutesica
Estas particularidades especialmente as sociais parecem um pouco mais delineadas nas
consideraccedilotildees feitas por DEL RIO (1990) que considera o espaccedilo urbano a partir da apropriaccedilatildeo
social que se faz dele estabelecendo que em relaccedilatildeo ao estudo da forma urbana a cidade pode
ser compreendida a partir de trecircs niacuteveis organizacionais o coletivo o comunitaacuterio e o individual
O niacutevel coletivo eacute regido sob uma loacutegica estruturadora percebida inconscientemente e
coletivamente e eacute composto pelos elementos2 do tecido que possuem uma permanecircncia maior ao
longo do tempo o niacutevel comunitaacuterio diz respeito aos elementos com significados especiais apenas
para um pequeno grupo da populaccedilatildeo como o bairro por exemplo jaacute o niacutevel individual expressa
significados individuais como a residecircncia e seu espaccedilo circundante e por seu caraacuteter individual eacute
o que apresenta maior rapidez nas modificaccedilotildees (DEL RIO 1990)
Mas LAMAS (2004) ao defender sua definiccedilatildeo para forma urbana natildeo soacute possuiacutea ciecircncia destas
outras particularidades explicitadas por PANERAI (2006) e DEL RIO (1990) ndash sociais
econocircmicas histoacutericas e culturais ndash envolvidas na concepccedilatildeo de forma urbana como optou em
natildeo apreciaacute-las
[] um primeiro grau de leitura da cidade eacute eminentemente fiacutesico-espacial e morfoloacutegico portanto especiacutefico da arquitectura e o uacutenico que permite evidenciar a diferenccedila entre este e outro espaccedilo entre esta e aquela forma e explicar as caracteriacutesticas de cada parte da cidade A estes se juntam outros niacuteveis de leitura que revelam diferentes conteuacutedos (histoacutericos econoacutemicos sociais e outros) Mas este conjunto de leituras soacute eacute possiacutevel porque a cidade existe como facto fiacutesico e material Todos os instrumentos de leitura lecircem o mesmo objecto ndash o espaccedilo fiacutesico a FORMA URBANA (LAMAS 2004 p 31 grifo do autor) Eacute fundamentalmente a dimensatildeo fiacutesica e morfoloacutegica da cidade que me preocupa [] (LAMAS 2004 p 31)
2 Estes elementos seratildeo discutidos em paraacutegrafos mais adiante
____________________________________________
ANAacuteLISE D
Na verdade esta opccedilatildeo em
urbana considerando-a essen
de seu aspecto fiacutesico e m
convenientemente ao obje
presente pesquisa analisar
da acuacutestica urbana a partir
cronoloacutegicas na forma urba
esta anaacutelise do compor
implica em uma apropriaccedil
fiacutesica e material destas modif
Certamente a busca pela ap
urbana envolve muito
simplesmente sua forma
como jaacute aclarado No entan
da anaacutelise proposta por
apreensatildeo em totalid
fundamentalmente necessaacuter
apropriaccedilatildeo da forma urban
material ou uma variaacutevel fiacutes
finalidade derradeira de
comportamento acuacutestico
modificaccedilotildees nesta forma
Ao entender a observaccedilatildeo
essencialmente em seu aspec
(2004) propocircs uma classifica
dimensotildees
bull A dimensatildeo setorial
refere-se agrave menor u
do espaccedilo urbano co
uma praccedila ou uma
ponto o observador
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 24 ndash A cidadeo texemplificada por meio da cidadLAMAS 2004
Figura 23 ndash O bairro a escala ucidade portuguesa de Tavira Fonte
Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na ca dimensatildeo setorial Fonte LAMA
em observar a forma
sencialmente a partir
material responde
bjetivo primeiro da
ar o comportamento
rtir de modificaccedilotildees
rbana uma vez que
ortamento acuacutestico
riaccedilatildeo genuinamente
dificaccedilotildees
apreensatildeo da forma
o mais do que
a fiacutesica e material
tanto para realizaccedilatildeo
or este estudo tal
alidade natildeo eacute
saacuteria o que torna a
bana quase um meio
l fiacutesica para atingir a
e compreensatildeo do
a partir de
atildeo da forma urbana
pecto fiacutesico LAMAS
icaccedilatildeo em escalas ou
ndash a escala da rua
r unidade ou porccedilatildeo
como por exemplo
a rua onde de um
dor pode abarcar a
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
25
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
territoacuterioa dimensatildeo territorial dade portuguesa de Tavira Fonte
a urbana exemplificada por meio da nte LAMAS 2004
na cidade portuguesa de Tavira ilustra MAS 2004
____________________________________________
ANAacuteLISE D
unidade espacial d
(Figura 22)
bull A dimensatildeo urbana ndash
corresponde agraves pa
identificaacuteveis como
exemplo onde a
elementos da forma
atraveacutes do movime
percursos (Figura 23
bull E por fim a dimensatildeo
da cidade diz respeito
diferentes formas
articulaccedilatildeo de bai
entre si Sua forma
distribuiccedilatildeo de eleme
das cidades em con
suporte geograacutefico d
a articulaccedilatildeo de
circulaccedilatildeo entre os
entre zonas habitacio
entre outras (Figura 2
Dentre estas dimensotildees a u
bairro desperta particular
pesquisa uma vez que o e
limites de observaccedilatildeo atraveacute
de movimentos poderaacute aba
significante de modificaccedilotildee
forma urbana de determina
compreender o comport
acuacutestica urbana
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 25 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do CONDEPE-FIDEM 1981
Figura 26 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do baorigens da cidade entrecortadoBarreto Fonte CONDEPE-FIDE
Figura 27 ndash Exemplos de diveredifiacutecios lotes quarteirotildees e vias eRecife Nesta imagem um recessencialmente por morros o AltoFIDEM 1981
de seu conjunto
ndash a escala do bairro
partes homogecircneas
mo os bairros por
a observaccedilatildeo dos
a urbana eacute realizada
imento e de vaacuterios
23)
nsatildeo territorial ndash a escala
eito agrave articulaccedilatildeo de
as urbanas da
bairros interligados
ma eacute definida pela
mentos estruturantes
onformidade com o
o do siacutetio tais como
e ruas e vias de
s diferentes bairros
cionais e comerciais
a 24)
a urbana ndash escala do
lar interesse desta
o entendimento dos
veacutes de certo nuacutemero
barcar uma amostra
otildees cronoloacutegicas na
inado local a fim de
ortamento de sua
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
26
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife o bairro de Boa Viagem Fonte
rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves do pela recente Avenida Dantas DEM 1981
versificadas concretizaccedilotildees entre os em diferentes bairros da cidade do
recorte de um bairro constituiacutedo lto do Mandu Fonte CONDEPE-
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
27
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
No entanto para apreender tal dimensatildeo devem-se conhecer e estabelecer quais elementos
miacutenimos da forma urbana que se relaciona com esta a dimensatildeo urbana e quais satildeo estes
elementos LAMAS (2004) propocircs onze elementos da forma urbana necessaacuterios para esta
apreensatildeo o solo (I) o edifiacutecio (II) o lote (III) o logradouro (IV) o quarteiratildeo (V) o traccediladoa
rua(VI) a praccedila (VII) a fachada (VIII) o monumento (IX) a vegetaccedilatildeo (X) e o mobiliaacuterio
urbano (XI) Dentre estes elementos seis possuem uma estreita relaccedilatildeo com esta pesquisa e
seratildeo expostos de acordo com consideraccedilotildees observadas por LAMAS 3 (2004) (Figuras 25 a 27)
O edifiacutecio representa o elemento miacutenimo identificaacutevel na observaccedilatildeo da forma urbana eacute atraveacutes
dele que se constitui o espaccedilo urbano e se organizam diferentes elementos tais como ruas praccedilas
avenidas entre outros Os edifiacutecios agrupam-se em diferentes tipos tanto em relaccedilatildeo a suas
formas quanto a suas funccedilotildees Estes elementos podem influenciar o comportamento da acuacutestica
urbana atuando enquanto objetos reflexivos da onda sonora e como barreiras acuacutesticas4
O lote representa o princiacutepio da relaccedilatildeo do edifiacutecio com o terreno A forma do lote eacute muitas
vezes condicionante da forma do edifiacutecio tornando-os vinculados por essecircncia o logradouro diz
respeito ao espaccedilo livres e natildeo construiacutedos no interior do lote aos quintais e jardins o quarteiratildeo
ou quadra pode ser considerado como o espaccedilo resultante entre o cruzamento de trecircs ou mais
vias podendo ser demarcado em vaacuterios lotes para a construccedilatildeo de edifiacutecios Juntos estes trecircs
elementos associados aos edifiacutecios podem propiciar uma maior ou menor permeabilidade
acuacutestica eou uma maior ou menor presenccedila de aacutereas de sombra no meio urbano
O traccedilado por meio das ruas ou vias eacute facilmente identificaacutevel no meio urbano Estaacute muitas vezes
condicionado ao siacutetio geograacutefico existente regula a disposiccedilatildeo dos edifiacutecios e quarteirotildees e
interliga os vaacuterios espaccedilos componentes da cidade e a cidade ao territoacuterio Normalmente o
traccedilado resiste agraves transformaccedilotildees na forma urbana por possuir um caraacuteter de permanecircncia natildeo
totalmente modificaacutevel O traccedilado engloba trajetoacuterias e caminhos que natildeo satildeo necessariamente
percorridos atraveacutes de automoacuteveis apesar disso estaacute em grande parte vinculado a uma das
principais fontes geradoras de ruiacutedo urbano ndash o traacutefego de veiacuteculos
3 Os outros elementos tambeacutem podem relacionar-se de diferentes maneiras com a acuacutestica urbana mas nem tanto com a presente pesquisa e por isso natildeo foram considerados 4 Todas as definiccedilotildees e conceitos acuacutesticos apresentados no presente item seratildeo elucidados no item seguinte 22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
28
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) Fonte PANERAI 2006
A praccedila eacute um espaccedilo de geometria variada
intencionalmente inserido no meio urbano
cuja relaccedilatildeo com o traccedilado e os edifiacutecios
tambeacutem eacute intencional evidenciada atraveacutes do
seu desenho e natildeo acidentais como
alargamento e confluecircncias do traccedilado Aleacutem
disso a praccedila eacute um lugar de encontro de
permanecircncia e de praacuteticas sociais
Acusticamente dependendo de suas
proporccedilotildees a propagaccedilatildeo sonora que envolve
uma praccedila pode apresentar um
comportamento que se assemelha a
propagaccedilatildeo sonora em campo livre
Estes elementos constituintes da forma urbana
conceituados por LAMAS (2004) podem ser
identificados sob um diferente invoacutelucro
conceitual mas com a mesma essecircncia no que
PANERAI (2006) definiu como sendo
conjuntos do tecido urbano
Aplicado agrave cidade o termo ldquotecidordquo evoca a continuidade e a renovaccedilatildeo a permanecircncia e a variaccedilatildeo Ele explica a constituiccedilatildeo das cidades antigas e responde as questotildees levantadas pelo estudo das urbanizaccedilotildees recentes Ele pressupotildee uma atenccedilatildeo tanto ao banal quanto ao excepcional tanto agraves ruas comuns e agraves edificaccedilotildees corriqueiras quanto agraves regulamentaccedilotildees e aos monumentos Dentre as muacuteltiplas definiccedilotildees de tecido urbano e sem desprezar suas qualidades escolhemos a mais simples O tecido urbano eacute constituiacutedo pela superposiccedilatildeo ou imbricaccedilatildeo de trecircs conjuntos a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees Essa definiccedilatildeo potildee em evidecircncia os elementos que permitem que as diferentes partes da cidade evoluam ao mesmo tempo em que satildeo mantidas a coesatildeo de conjunto e a clareza de sua estrutura (PANERAI 2006 p 77-78 grifo nosso) (Figura 28)
Ao contraacuterio de LAMAS (2004) que considera a praccedila como um elemento da forma urbana por
si soacute PANERAI (2006) discute as vias ou traccedilado inseridas em uma relaccedilatildeo em rede onde
tambeacutem satildeo considerados como partes constituintes os largos passeios praccedilas esplanadas cais
pontes rios canais margens praias todos compondo o espaccedilo puacuteblico Eacute atraveacutes desta rede
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
29
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua
organizaccedilatildeo local e territorial
Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o
domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios
quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente
o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da
forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo
Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao
espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo
vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os
edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila
sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto
Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute
bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus
elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma
essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo
objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles
- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)
Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno
relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar
definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento
5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
30
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109
O adensamento ocorre a partir de dois modos
essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do
preenchimento progressivo do espaccedilo urbano
e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa
por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)
A primeira forma de adensamento ocorre sem
a expansatildeo territorial por meio do
preenchimento progressivo de todas as
reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de
determinado meio urbano Eacute um
adensamento inserido em limitesbarreiras
preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como
uma via expressa irregularidades geograacuteficas
do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual
em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas
edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)
A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do
solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de
adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem
sua expansatildeo (PANERAI 2006)
Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como
se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado
meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da
acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o
adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de
objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica
Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o
edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados
por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
31
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias
dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta
pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a
partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo
exclusivamente
1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo
de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres
2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os
lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)
3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e
principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes
geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)
Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no
decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees
cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e
relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana
22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a
forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia
multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o
som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas
do conhecimento (Figura 210)
Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano
seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes
tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental
O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por
pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu
____________________________________________
ANAacuteLISE D
complexo padratildeo de ondas s
de ruiacutedo muacutesica fala
(BERGLUND et al 1999)
Esta definiccedilatildeo do som tend
a percepccedilatildeo do ouvido
conceito psicofiacutesico Fisicame
vibraccedilatildeo mecacircnica que
progressivamente atraveacutes de
gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN
Esta vibraccedilatildeo quando tran
que o rodeia nem sempre
aparelho auditivo humano
frequumlecircncia6 audiacutevel encontra
20 a 20000 Hz para um
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984
1982) Frequumlecircncias acima de
altas para respostas fisioloacuteg
chamadas de ultrasons Jaacute as
de 20 Hz satildeo chamadas de
detectaacuteveis pelo ouvido hum
prejudiciais agrave sua sauacutede7
1982 SOUSA 2004)
Fisicamente o som e o ruiacutedo
ambos se propagam em mei
detectados pelo ouvido hu
enquanto o som eacute utilizado
6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa
Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006
as sonoras eacute rotulado
ala entre outros
ndo como referecircncia
o humano eacute um
mente o som eacute uma
que se propaga
de um meio material
(SINGAL 2005)
transmitida ao meio
re eacute detectaacutevel pelo
ano cuja faixa de
tra-se no intervalo de
um jovem saudaacutevel
4 KINSLER et al
de 20000 Hz muito
loacutegicas auditivas satildeo
as frequumlecircncias abaixo
de infrasons e natildeo satildeo
umano contudo satildeo
(KINSLER et al
iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee
eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos
humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN
do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev
iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo
as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
32
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006
ontual e fonte sonora linear Fonte
otildees de pressatildeo ambiente
bos satildeo capazes de serem
EN 1995) No entanto
daacuteveis o ruiacutedo descreve
do e eacute medida em Hertz (Hz)
amento das estruturas cardiacuteacas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
33
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)
Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e
portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece
como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro
[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)
Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo
mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees
no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse
irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos
(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM
2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)
O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais
comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual
possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as
direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)
Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de
fontes pontuais dispostas linearmente cuja
emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta
linha sendo seu decaimento em campo livre
de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)
Quando propagadas no meio urbano a
combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas
ao percurso de transmissatildeo e ao receptor
constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
34
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
chamado de ruiacutedo ambiental (environmental
noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)
(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005
SOUSA 2004)
O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do
traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de
obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos
industriais de estabelecimentos comerciais e
de serviccedilos de sistemas de propaganda
volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-
estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982
NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)
Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais
como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes
nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade
populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos
extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se
a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES
2006)
Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o
ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A
necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade
existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis
normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a
populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano
8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
35
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006
Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg
1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes
Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes
procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO
2009)
NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
Niacutevel de Pressatildeo sonora
em dB(A)
Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS
Ambiente ou atividade
0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros
aacuterea de mata selvagem
30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite
50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse
auditivo Rua agitada um restaurante barulhento
70 a 90 Estressante e bastante
excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh
conversa a gritos
90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia
Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor
110 a 130
Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez
instantacircnea
Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock
130 a 140 Acima do limiar da dor
causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia
Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias
resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a
poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir
diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho
Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores
(NAGEM 2004)
Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave
Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do
12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
36
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do
sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do
Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da
cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias
tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da
Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)
Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da
LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos
com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos
submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e
do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a
accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave
conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte
geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)
Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos
de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em
documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da
Cidade do Recife (RECIFE 2000)
Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo
Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as
posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da
poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor
o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie
de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo
exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil
militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um
importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)
Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a
poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de
13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
37
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999
pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais
(BERGLUND et al1999)
Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que
atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua
(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do
ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio
urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram
em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da
populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes
geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et
al 2002) (Figura 214)
Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o
aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais
percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al
2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)
O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a
partir do ruiacutedo veicular que proveacutem
essencialmente do sistema de propulsatildeo do
motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo
aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso
(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da
relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as
configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido
a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de
acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a
presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de
pedestres etc a intensidade do fluxo de
veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os
veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de
14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
38
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita
terra batida) etc (SINGAL 2005)
Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo
comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas
implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo
do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo
para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e
pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS
2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma
interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana
Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto
por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego
seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no
proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de
certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e
forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e
largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser
acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica
O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde
acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo
acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)
O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia
de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio
urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou
nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o
espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de
suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de
pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
39
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007
Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido
pelo receptor diminui em funccedilatildeo da
duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15
Praccedilas parques e largos com grandes
dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias
vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas
uma de suas margens ou espaccedilos livres
urbanos de grandes dimensotildees caracterizam
alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos
No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras
sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o
seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente
sendo praticamente o mesmo em vaacuterias
posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre
uma saiacuteda para campo livre caracterizando o
fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura
217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)
Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser
reverberantes quando a onda sonora tarda a
encontrar o campo livre gerando um grande
nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes
quando a onda sonora encontra o campo livre
um pouco mais rapidamente do que no
reverberante gerando um nuacutemero menor mas
ainda grande de reflexotildees
15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
40
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007
No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado
reverberante possui comumente um perfil em
ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de
canyons urbanos que podem amplificar
consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das
vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas
geradas pelas fachadas paralelas das
edificaccedilotildees que circundam estas vias
(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste
tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora
natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre
a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico
aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos
elementos que compotildeem a forma urbana e
dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que
revestem as superfiacutecies refletoras18
(NIEMEYER 2007)
Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de
traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados
tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos
de espaccedilos acuacutesticos fechados
A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda
sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem
podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo
tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo
18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
41
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007
Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992
Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se
aos percursos da onda sonora gerados no
meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005
NIEMEYER 2007) A intensidade da
permeabilidade acuacutestica - mais ou menos
permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de
certos elementos urbanos de promover ou
conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais
como o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem
como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade
e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila
ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e
221)
A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda
com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o
conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a
qualquer objeto que possa ser considerado um
obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias
entre a fonte e o receptor (Figura 222)
(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES
2000) Ao bloquear o percurso direto entre a
fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser
absorvida eou refletida pela superfiacutecie da
barreira transmitida atraveacutes da barreira ou
difratada a partir do topo da barreira
(BARRON 2003 SINGAL 2005)
A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as
ondas sonoras sejam capazes de contornar
determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de
sombra acuacutestica que possui limites espaciais
variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte
____________________________________________
ANAacuteLISE D
sonora e de sua localizaccedilatilde
receptor que por sua vez
sonora difratada pelas borda
um decaimento maior do qu
campo livre (Figura 223) (N
1968 NIEMEYER 2007 PA
O uso de barreiras acuacutestic
EUA Japatildeo Austraacutelia e
reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do
pelo traacutefego rodoviaacuterio pa
(Figuras 224 a 226) (SIN
Brasil esta praacutetica ainda eacute inc
restringindo-se a poucos exe
caso da barreira acuacutestica no
Linha Amarela na cidade do
na Rodovia Bandeirantes co
de Satildeo Paulo a Campinas
Paulo (Figura 227) (MURGE
2004)
Embora a implantaccedilatildeo de b
esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do
rodoviaacuterio outros elemen
meio urbano situados ent
receptor atuam espontan
barreiras agrave propagaccedilatildeo sono
terreno com topografia i
muros edificaccedilotildees entr
edificaccedilotildees conjugadas da R
cidade do Recife ou aind
conjugadas em alguns trec
Atlacircntica no Rio de Janei
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap
Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C
Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2
Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest
Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN
accedilatildeo em relaccedilatildeo ao
ez recebe a energia
rdas da barreira com
que se estivesse em
(NEPOMUCENO
PAZ 2004)
ticas eacute comum nos
e na Europa para
do ruiacutedo produzido
para seus arredores
INGAL 2005) No
incipiente
exemplos como eacute o
no eixo rodoviaacuterio
o Rio de Janeiro e
conectando a cidade
s no estado de Satildeo
GEL 2007 SOUSA
e barreiras acuacutesticas
do ruiacutedo de traacutefego
entos inseridos no
entre a fonte e o
taneamente como
nora tais como um
irregular taludes
ntre outros As
a Rua da Aurora na
inda as edificaccedilotildees
trechos da Avenida
neiro por exemplo
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
42
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007
rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007
da Rodovia Bandeirantes no estado 2007
da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000
barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
43
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409
Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409
aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas
espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem
conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em
ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e
229)
A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e
da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a
interaccedilatildeo entre os diversos elementos que
compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis
das vias o modo de implantaccedilatildeo das
edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as
proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo
das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de
espaccedilos livres ndash contribui determinantemente
para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano
atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do
espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave
fonte geradora de campos sonoros
reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de
aacutereas de sombra
Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado
um sistema composto essencialmente pela fonte
sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e
KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto
percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de
propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares
apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo
da onda sonora no meio urbano
19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
44
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao
ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos
reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente
todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das
edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar
dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e
insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via
Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo
facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas
reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando
sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano
desejaacutevel aos seus receptores
Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as
distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de
propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades
bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento
acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano
Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se
comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica
urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana
Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos
investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento
Figura 542 ndash Locaccedilatildeo dos pontos utilizados para elaboraccedilatildeo do graacutefico de performance acuacutestica p 114
Figura 543 ndash Graacutefico comparativo de niacuteveis de emissatildeo sonora permitidos ndash O graacutefico apresenta uma comparaccedilatildeo entre os niacuteveis de emissatildeo sonora permitidos em alguns paiacuteses entre a WHO ISO e ABNT e entre a Lei do silecircncio e o coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife O graacutefico evidencia que a cidade do Recife e o estado de Pernambuco praticam niacuteveis muito acima do recomendado por outras entidades normativas p 121
Figura 544 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde o fluxo de veiacuteculos seja o dobro do encontrado atualmente no 3deg Jardim de Boa Viagem (2009) apresentando altos niacuteveis de poluiccedilatildeo sonora p 122
Figura 545 a 548 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 122
Figura 549 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde seja implantado rodiacutezio de veiacuteculos com uma reduccedilatildeo de 30 do valor total do fluxo de veiacuteculos atualmente encontrado no 3deg Jardim de Boa Viagem (2009) p 123
Figura 550 a 553 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 123
Figura 554 ndash Planta Baixa ndash Mapa acuacutestico simulando uma situaccedilatildeo onde seja implantado aleacutem do rodiacutezio de veiacuteculos com reduccedilatildeo de 30 no fluxo atual de veiacuteculos um corredor de transporte puacuteblico na Av Domingos Ferreira e restriccedilatildeo de traacutefego de veiacuteculos pesados apenas nesta via p 124
Figura 555 a 558 ndash Secccedilotildees Verticais 1 2 e 3 ndash Idem p 124
LISTA DE TABELAS
Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora p 35
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO
2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes____________
22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais_____________
3 CONSIDERACcedilOtildeES METODOLOacuteGICAS
31 3deg Jardim de Boa Viagem enquanto Estudo de Caso_________
32 Mapeamento Acuacutestico enquanto Instrumento de Pesquisa_
33 Procedimentos Metodoloacutegicos__________________________________
331 1deg Etapa Pesquisa Documental Primaacuteria e Secundaacuteria _____
332 2deg Etapa Pesquisa Piloto_____________________________________
333 3deg Etapa Estudo de Campo__________________________________
334 4deg Etapa mapeamento acuacutestico_____________________________
4 TRANSFORMACcedilOtildeES DO 3deg JARDIM E SUA RELACcedilAtildeO COM
O PROCESSO DE OCUPACcedilAtildeO DO BAIRRO DE BOA
VIAGEM
5 COMPORTAMENTO ACUacuteSTICO DO 3degJARDIM DE BOA
VIAGEM
51 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem a
partir das Modificaccedilotildees Cronoloacutegicas em sua Forma
Urbana______________________________________________________________
52 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem em
relaccedilatildeo ao Coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico
do Recife agrave ldquoLei do Silecircnciordquo e a outras Entidades
Normativas_________________________________________________________
53 Ausecircncia de Accedilotildees versus Presenccedila de Accedilotildees em Busca
de um Melhor Comportamento Acuacutestico para o 3deg Jardim
de Boa Viagem____________________________________________________
6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
7 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
128
134
115
107
81
80
65
60
59
56
55
55
52
49
46
31
22
22
17
CAPIacuteTULO 1
A pesquisa eacute talvez a arte de se criar dificuldades fecundas e de criaacute-las para os
outros Nos lugares onde havia coisas simples faz-se aparecer problemas
Pierre Bourdieu
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
17
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
1 INTRODUCcedilAtildeO
Um grito estridente lanccedilado em um meio urbano envolto nos ldquomais modernosrdquo e descomunais
arranha-ceacuteus desconfortavelmente ouvido nos mais remotos pavimentos de um deles foi agrave
centelha motivadora para as ideacuteias e discussotildees que permeiam esta pesquisa Este grito mal
recebido pelo receptor pode ser considerado uma das diversas formas da profusatildeo de ruiacutedos que
cada vez mais se tornam elementos onipresentes da vida contemporacircnea
Tal profusatildeo de ruiacutedos atualmente encontrados nos centros urbanos estaacute intimamente vinculada
ao crescimento acelerado das cidades que possibilitaram o aumento e uma maior concentraccedilatildeo da
populaccedilatildeo urbana acarretando em raacutepidas transformaccedilotildees no meio de propagaccedilatildeo do ruiacutedo
urbano aleacutem do aumento e uma maior concentraccedilatildeo dos diversos tipos de fontes sonoras que o
geram
Embora esteja estreitamente relacionado ao raacutepido desenvolvimento das cidades o ruiacutedo urbano
natildeo deve ser considerado como uma consequumlecircncia incidental da accedilatildeo humana em busca de
progresso e por isso inevitaacutevel tampouco toleraacutevel Ao contraacuterio deve ser entendido como uma
das consequumlecircncias prejudiciais deste desenvolvimento que pode causar diversos males fisioloacutegicos
e psicoloacutegicos ao citadino e assim sendo deve ser veementemente prevenido e mitigado
A fim de encontrar maneiras que possibilitem sua prevenccedilatildeo e mitigaccedilatildeo o ruiacutedo urbano pode
ser entendido como um sistema composto essencialmente pela fonte sonora ndash meio de propagaccedilatildeo ndash
receptor Dentre estas trecircs partes componentes do sistema o meio de propagaccedilatildeo pode ser
considerado como um dos menos investigados e onde as accedilotildees contra o ruiacutedo satildeo menos
concentradas (SINGAL 2005)
Esta inobservacircncia da importacircncia do meio urbano enquanto percurso de propagaccedilatildeo sonora
pode estar vinculada agrave dificuldade de intervir em meios de propagaccedilatildeo consolidados como satildeo
fundamentalmente os grandes centros urbanos Daiacute a relevacircncia em compreender a acuacutestica
urbana a partir de seu meio propagador pois uma vez consolidado o meio raras satildeo as
intervenccedilotildees possiacuteveis para minimizar o ruiacutedo urbano a partir desta parte componente do sistema
fonte ndash meio ndash receptor restando essencialmente accedilotildees preventivas
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
18
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Outro fator que evidencia o grande valor em compreender a acuacutestica urbana a partir de seu meio
de propagaccedilatildeo eacute o potencial que o meio urbano possui em influenciar a trajetoacuteria da propagaccedilatildeo
sonora Esta influecircncia acontece atraveacutes da forma que este meio apresenta ou seja a forma urbana
atraveacutes de seus elementos componentes e enquanto percurso de transmissatildeo delineia influencia e
determina em certa medida a trajetoacuteria de propagaccedilatildeo da onda sonora
Assim sendo a interaccedilatildeo entre os diversos elementos que compotildeem a forma urbana - o traccedilado e
perfis das vias o modo de implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as proporccedilotildees
densidade e maneira de ocupaccedilatildeo das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres ndash
contribui determinantemente para caracterizaccedilatildeo da propagaccedilatildeo sonora no meio urbano atraveacutes
de muacuteltiplas reflexotildees do espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave fonte geradora de
campos sonoros reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de aacutereas de sombra
Esta interaccedilatildeo entre os elementos da forma urbana e a propagaccedilatildeo sonora ocorre a partir da
diversidade e singularidade existente nos variados meios urbanos igualmente proporcionando os
mais particulares comportamentos acuacutesticos Isto eacute para cada meio urbano existem caracteriacutesticas
particulares inerentes agrave sua forma urbana que geram um comportamento acuacutestico igualmente
especiacutefico exclusivo e vinculado a esta forma urbana
Apesar deste atrelamento entre a acuacutestica urbana e a forma urbana esta relaccedilatildeo natildeo eacute
suficientemente pesquisada e quando eacute satildeo enfocadas prioritariamente situaccedilotildees presentes de
comportamento acuacutestico eou no maacuteximo hipoacuteteses futuras tambeacutem chamadas de prediccedilatildeo
acuacutestica Aleacutem disso natildeo foram encontradas referecircncias ateacute o presente momento de investigaccedilotildees
que priorizem a apreciaccedilatildeo da acuacutestica urbana e sua relaccedilatildeo com as modificaccedilotildees ao longo do tempo da
forma urbana
Isto posto considerando esta ausecircncia de pesquisas e considerando que para cada espaccedilo urbano
existe um comportamento de propagaccedilatildeo sonora especiacutefico o presente estudo se propocircs a
investigar o comportamento acuacutestico de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em sua forma urbana
Para isso admitiu-se que a propagaccedilatildeo de uma mesma fonte sonora em um mesmo espaccedilo urbano
que tenha sofrido ao longo de um processo cronoloacutegico modificaccedilotildees em sua forma urbana
implicaria em diferentes comportamentos em sua acuacutestica urbana para as diferentes datas deste
processo Esta suposiccedilatildeo possibilitou a anaacutelise do comportamento acuacutestico atraveacutes das
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
19
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
modificaccedilotildees cronoloacutegicas da forma urbana a partir da articulaccedilatildeo de trecircs variaacuteveis - a fonte sonora
a forma urbana e a acuacutestica urbana Estas variaacuteveis foram consideradas tendo o estudo de caso
enquanto estrateacutegia de pesquisa
O caso escolhido para esta investigaccedilatildeo foi o loteamento 3deg Jardim de Boa Viagem tanto por
representar uma parcela bem delimitada das raacutepidas e recentes transformaccedilotildees ocorridas na
forma urbana do bairro de Boa Viagem quanto por permitir ilustrar o comportamento acuacutestico
em um encadeamento evolutivo do iniacutecio de sua ocupaccedilatildeo recente ateacute os dias atuais
Para compor tal encadeamento evolutivo foram selecionados os anos de 1971 data escolhida por
caracterizar o princiacutepio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim 1981 e 1997 por representarem datas de
registro de fotografias aeacutereas do bairro de Boa Viagem existentes na base de dados da
CONDEPE-FIDEM Agecircncia Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco 2009 por
representar a realidade atualmente encontrada no 3deg Jardim e uma simulaccedilatildeo de situaccedilatildeo
hipoteacutetica futura de modificaccedilatildeo na forma urbana
Isto posto com o intuito de analisar o comportamento da acuacutestica urbana do 3deg Jardim de Boa
Viagem a partir de modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua forma urbana foram executados os
seguintes objetivos especiacuteficos (I) identificar as caracteriacutesticas configuraccedilotildees e transformaccedilotildees da
forma urbana ocorridas no 3deg Jardim de Boa Viagem nos anos de 1971 1981 1997 e 2009 a
partir de seu processo de ocupaccedilatildeo (II) elaborar mapas acuacutesticos dos niacuteveis atuais (2009) de
pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim (III) elaborar mapas acuacutesticos do 3deg Jardim nos anos de
1971 1981 1997 e de situaccedilatildeo hipoteacutetica futura a partir da consideraccedilatildeo dos niacuteveis atuais (2009)
de pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim
Em busca de expor sistematicamente seu desenvolvimento a presente investigaccedilatildeo foi
estruturada do seguinte modo
O presente capiacutetulo 1 introduz e antecipa brevemente a discussatildeo que seraacute realizada ao longo
desta pesquisa
O capiacutetulo 2 aborda dois aspectos principais O primeiro deles desenvolve o conceito de forma
urbana e seus elementos componentes a partir dos autores Joseacute Lamas (2004) Philippe Panerai
(2006) e Vicente Del Rio (1990) Busca elucidar que a apreensatildeo da forma urbana eacute complexa e
envolve diversificadas abordagens e enfoques sociais econocircmicos histoacutericos e culturais para
entatildeo indicar que a presente pesquisa lanccedilaraacute um olhar para a forma urbana essencialmente a
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
20
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
partir de seu aspecto fiacutesico e material recorte necessaacuterio para a anaacutelise do comportamento
acuacutestico urbano
O segundo aspecto abordado no capiacutetulo 2 diz respeito agrave definiccedilatildeo teoacuterica do conceito da
acuacutestica urbana e de suas diversificadas implicaccedilotildees e interfaces quando o som eacute propagado em
meio urbano Busca evidenciar os fenocircmenos que ocorrem a partir da interaccedilatildeo entre a forma
urbana e a acuacutestica urbana indicando que a influecircncia da forma urbana eacute determinante para o
comportamento da acuacutestica urbana
O capiacutetulo 3 eacute dedicado ao percurso investigativo desta pesquisa evidenciando sua metodologia e
procedimentos metodoloacutegicos apresentando o 3deg Jardim enquanto estudo de caso o
mapeamento acuacutestico enquanto instrumento de pesquisa e detalhando as etapas operacionais
deste estudo Este capiacutetulo evidencia ainda o processo de elaboraccedilatildeo dos modelos e mapas
acuacutesticos da forma urbana existente no 3deg Jardim em cada uma das datas estudadas aleacutem da
situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e discute o software Predictor utilizado para este mapeamento
O capiacutetulo 4 diz respeito ao processo de ocupaccedilatildeo do bairro de Boa Viagem e sua relaccedilatildeo com as
transformaccedilotildees urbanas ocorridas no 3deg Jardim Busca-se identificar as caracteriacutesticas
configuraccedilotildees e transformaccedilotildees ocorridas na forma urbana do 3deg Jardim que possibilitem o
entendimento cronoloacutegico destas modificaccedilotildees dando suporte a elaboraccedilatildeo e anaacutelise dos mapas
acuacutesticos
O capiacutetulo 5 analisa o comportamento da acuacutestica urbana identificado nos mapas acuacutesticos
elaborados do 3deg Jardim a partir das modificaccedilotildees ocorridas em sua forma urbana nos anos de
1971 1981 1997 e 2009 aleacutem de uma situaccedilatildeo hipoteacutetica futura (prediccedilatildeo acuacutestica) Neste capiacutetulo
discute-se ainda o comportamento do 3deg Jardim em relaccedilatildeo agrave legislaccedilatildeo municipal que regula as
emissotildees sonoras na cidade do Recife e no estado de Pernambuco e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis
recomendados por outras entidades normativas e indica-se possiacuteveis accedilotildees para melhoria no
comportamento acuacutestico do 3deg Jardim bem como as possiacuteveis consequumlecircncias acuacutesticas da
ausecircncia de tais accedilotildees
Por fim no capiacutetulo 6 satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais acerca do comportamento acuacutestico
do 3deg Jardim e satildeo indicados novos rumos de pesquisa a respeito da acuacutestica urbana
CAPIacuteTULO 2
A arquitetura eacute uma muacutesica petrificada
Arthur Schopenhauer
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
22
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
Analisar o comportamento da acuacutestica urbana ainda que a partir das modificaccedilotildees da forma
urbana faz com que esta pesquisa trate essencialmente da acuacutestica urbana No entanto este
comportamento esta sujeito aos diversificados modos de apreensatildeo da forma urbana e de seus
elementos componentes bem como ao modo como esta pesquisa os consideraraacute
Assim sendo o primeiro item deste capiacutetulo expotildee o conceito de forma urbana e de algumas de
suas relaccedilotildees discutido agrave luz de LAMAS (2004) de PANERAI (2006) e DEL RIO (1990)
indicando em seguida o que esta pesquisa consideraraacute como forma urbana
Certamente discussatildeo em torno da produccedilatildeo de outros autores poderia ser elaborada No
entanto o primeiro item deste capiacutetulo natildeo pretende representar uma revisatildeo bibliograacutefica acerca
do estudo da forma urbana e suas relaccedilotildees pretende sim construir uma discussatildeo em torno dos
trecircs autores selecionados que culmine no conceito de forma urbana que seraacute considerado por esta
pesquisa para possibilitar olhar para suas modificaccedilotildees cronoloacutegicas a fim de compreender o
comportamento da acuacutestica urbana
Apoacutes este delineamento no segundo item deste capiacutetulo discute-se a acuacutestica urbana e suas
relaccedilotildees conceituais com os diversos elementos e implicaccedilotildees da propagaccedilatildeo sonora em meio
urbano e como eles relacionam-se influenciando em seu comportamento
21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes
Segundo LAMAS (2004) estudar a forma urbana compreende examinar as configuraccedilotildees e as
estruturas exteriores de determinados objetos de suas formas interligando-as com os fenocircmenos
que lhes deram origem Assim sendo a forma urbana pode ser definida como sendo o
[] modo como se organizam os elementos morfoloacutegicos que constituem e definem o espaccedilo urbano relativamente agrave materializaccedilatildeo dos aspectos de
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
23
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas Fonte LAMAS 2004
organizaccedilatildeo funcional e quantitativa e dos aspectos qualitativos e figurativos (LAMAS 2004 p 44) 1
Dentre estes aspectos os quantitativos satildeo agravequeles da realidade urbana que podem ser
quantificaacuteveis tais como densidades superfiacutecies fluxos coeficientes volumeacutetricos entre outros
(Figura 21) os de organizaccedilatildeo funcional satildeo agravequeles que se relacionam com as atividades
humanas tais como habitar e trabalhar e agravequeles relacionados ao modo de uso especiacutefico de uma
aacuterea ndash residencial comercial industrial entre outros os qualitativos referem-se ao tratamento dos
espaccedilos ao conforto e a comodidade do utilizador tais como adaptaccedilatildeo ao clima acessibilidade
estado da pavimentaccedilatildeo entre outros por fim os aspectos figurativos dizem respeito a
essencialmente a comunicaccedilatildeo esteacutetica (LAMAS 2004)
Pode-se considerar que ao olhar para forma urbana e em especiacutefico para suas modificaccedilotildees
cronoloacutegicas com o intuito de compreender o comportamento da acuacutestica urbana esta pesquisa
relaciona-se tanto aos aspectos qualitativos a partir do conforto acuacutestico dos receptores das
ondas sonoras em meio urbano quanto aos
aspectos quantitativos uma vez que este
comportamento acuacutestico em meio urbano eacute
quantificaacutevel em decibels (dB)
Embora estes aspectos envolvam grande parte
das singularidades inerentes a forma urbana
esta definiccedilatildeo parece ainda natildeo abarcar outras
particularidades sociais econocircmicas histoacutericas
e culturais igualmente envolvidas no
entendimento da concepccedilatildeo da forma urbana
isto eacute resta ainda a consideraccedilatildeo de que esta
forma urbana natildeo acontece
independentemente dos grupos sociais que a
produzem (PANERAI 2006)
Satildeo essencialmente estas particularidades que
impulsionam ou amortecem a transformaccedilatildeo
1 Para todas as citaccedilotildees deste autor natildeo seratildeo consideradas adaptaccedilotildees na liacutengua do paiacutes de origem - Portugal - permanecendo o texto original
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
24
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
dos elementos que compotildeem a forma urbana ndash a adiccedilatildeo de novos de traccedilados a um jaacute existente
ou sua superposiccedilatildeo seus conflitos o parcelamento de parques e ocupaccedilatildeo de espaccedilos livres a
renovaccedilatildeo da massa edificada seu lento adensamento e verticalizaccedilatildeo segundo uma especulaccedilatildeo
despretensiosa ou sua substituiccedilatildeo por vastos empreendimentos sob influecircncia de uma
especulaccedilatildeo bem mais expressiva (PANERAI 2006) isto eacute faz parte da apreensatildeo da forma
urbana uma complexidade que envolve um processo de acumulaccedilatildeo de enfoques e observaccedilotildees
sociais econocircmicas histoacutericas e culturais que englobam muito mais do que apenas sua forma
fiacutesica
Estas particularidades especialmente as sociais parecem um pouco mais delineadas nas
consideraccedilotildees feitas por DEL RIO (1990) que considera o espaccedilo urbano a partir da apropriaccedilatildeo
social que se faz dele estabelecendo que em relaccedilatildeo ao estudo da forma urbana a cidade pode
ser compreendida a partir de trecircs niacuteveis organizacionais o coletivo o comunitaacuterio e o individual
O niacutevel coletivo eacute regido sob uma loacutegica estruturadora percebida inconscientemente e
coletivamente e eacute composto pelos elementos2 do tecido que possuem uma permanecircncia maior ao
longo do tempo o niacutevel comunitaacuterio diz respeito aos elementos com significados especiais apenas
para um pequeno grupo da populaccedilatildeo como o bairro por exemplo jaacute o niacutevel individual expressa
significados individuais como a residecircncia e seu espaccedilo circundante e por seu caraacuteter individual eacute
o que apresenta maior rapidez nas modificaccedilotildees (DEL RIO 1990)
Mas LAMAS (2004) ao defender sua definiccedilatildeo para forma urbana natildeo soacute possuiacutea ciecircncia destas
outras particularidades explicitadas por PANERAI (2006) e DEL RIO (1990) ndash sociais
econocircmicas histoacutericas e culturais ndash envolvidas na concepccedilatildeo de forma urbana como optou em
natildeo apreciaacute-las
[] um primeiro grau de leitura da cidade eacute eminentemente fiacutesico-espacial e morfoloacutegico portanto especiacutefico da arquitectura e o uacutenico que permite evidenciar a diferenccedila entre este e outro espaccedilo entre esta e aquela forma e explicar as caracteriacutesticas de cada parte da cidade A estes se juntam outros niacuteveis de leitura que revelam diferentes conteuacutedos (histoacutericos econoacutemicos sociais e outros) Mas este conjunto de leituras soacute eacute possiacutevel porque a cidade existe como facto fiacutesico e material Todos os instrumentos de leitura lecircem o mesmo objecto ndash o espaccedilo fiacutesico a FORMA URBANA (LAMAS 2004 p 31 grifo do autor) Eacute fundamentalmente a dimensatildeo fiacutesica e morfoloacutegica da cidade que me preocupa [] (LAMAS 2004 p 31)
2 Estes elementos seratildeo discutidos em paraacutegrafos mais adiante
____________________________________________
ANAacuteLISE D
Na verdade esta opccedilatildeo em
urbana considerando-a essen
de seu aspecto fiacutesico e m
convenientemente ao obje
presente pesquisa analisar
da acuacutestica urbana a partir
cronoloacutegicas na forma urba
esta anaacutelise do compor
implica em uma apropriaccedil
fiacutesica e material destas modif
Certamente a busca pela ap
urbana envolve muito
simplesmente sua forma
como jaacute aclarado No entan
da anaacutelise proposta por
apreensatildeo em totalid
fundamentalmente necessaacuter
apropriaccedilatildeo da forma urban
material ou uma variaacutevel fiacutes
finalidade derradeira de
comportamento acuacutestico
modificaccedilotildees nesta forma
Ao entender a observaccedilatildeo
essencialmente em seu aspec
(2004) propocircs uma classifica
dimensotildees
bull A dimensatildeo setorial
refere-se agrave menor u
do espaccedilo urbano co
uma praccedila ou uma
ponto o observador
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 24 ndash A cidadeo texemplificada por meio da cidadLAMAS 2004
Figura 23 ndash O bairro a escala ucidade portuguesa de Tavira Fonte
Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na ca dimensatildeo setorial Fonte LAMA
em observar a forma
sencialmente a partir
material responde
bjetivo primeiro da
ar o comportamento
rtir de modificaccedilotildees
rbana uma vez que
ortamento acuacutestico
riaccedilatildeo genuinamente
dificaccedilotildees
apreensatildeo da forma
o mais do que
a fiacutesica e material
tanto para realizaccedilatildeo
or este estudo tal
alidade natildeo eacute
saacuteria o que torna a
bana quase um meio
l fiacutesica para atingir a
e compreensatildeo do
a partir de
atildeo da forma urbana
pecto fiacutesico LAMAS
icaccedilatildeo em escalas ou
ndash a escala da rua
r unidade ou porccedilatildeo
como por exemplo
a rua onde de um
dor pode abarcar a
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
25
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
territoacuterioa dimensatildeo territorial dade portuguesa de Tavira Fonte
a urbana exemplificada por meio da nte LAMAS 2004
na cidade portuguesa de Tavira ilustra MAS 2004
____________________________________________
ANAacuteLISE D
unidade espacial d
(Figura 22)
bull A dimensatildeo urbana ndash
corresponde agraves pa
identificaacuteveis como
exemplo onde a
elementos da forma
atraveacutes do movime
percursos (Figura 23
bull E por fim a dimensatildeo
da cidade diz respeito
diferentes formas
articulaccedilatildeo de bai
entre si Sua forma
distribuiccedilatildeo de eleme
das cidades em con
suporte geograacutefico d
a articulaccedilatildeo de
circulaccedilatildeo entre os
entre zonas habitacio
entre outras (Figura 2
Dentre estas dimensotildees a u
bairro desperta particular
pesquisa uma vez que o e
limites de observaccedilatildeo atraveacute
de movimentos poderaacute aba
significante de modificaccedilotildee
forma urbana de determina
compreender o comport
acuacutestica urbana
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 25 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do CONDEPE-FIDEM 1981
Figura 26 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do baorigens da cidade entrecortadoBarreto Fonte CONDEPE-FIDE
Figura 27 ndash Exemplos de diveredifiacutecios lotes quarteirotildees e vias eRecife Nesta imagem um recessencialmente por morros o AltoFIDEM 1981
de seu conjunto
ndash a escala do bairro
partes homogecircneas
mo os bairros por
a observaccedilatildeo dos
a urbana eacute realizada
imento e de vaacuterios
23)
nsatildeo territorial ndash a escala
eito agrave articulaccedilatildeo de
as urbanas da
bairros interligados
ma eacute definida pela
mentos estruturantes
onformidade com o
o do siacutetio tais como
e ruas e vias de
s diferentes bairros
cionais e comerciais
a 24)
a urbana ndash escala do
lar interesse desta
o entendimento dos
veacutes de certo nuacutemero
barcar uma amostra
otildees cronoloacutegicas na
inado local a fim de
ortamento de sua
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
26
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife o bairro de Boa Viagem Fonte
rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves do pela recente Avenida Dantas DEM 1981
versificadas concretizaccedilotildees entre os em diferentes bairros da cidade do
recorte de um bairro constituiacutedo lto do Mandu Fonte CONDEPE-
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
27
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
No entanto para apreender tal dimensatildeo devem-se conhecer e estabelecer quais elementos
miacutenimos da forma urbana que se relaciona com esta a dimensatildeo urbana e quais satildeo estes
elementos LAMAS (2004) propocircs onze elementos da forma urbana necessaacuterios para esta
apreensatildeo o solo (I) o edifiacutecio (II) o lote (III) o logradouro (IV) o quarteiratildeo (V) o traccediladoa
rua(VI) a praccedila (VII) a fachada (VIII) o monumento (IX) a vegetaccedilatildeo (X) e o mobiliaacuterio
urbano (XI) Dentre estes elementos seis possuem uma estreita relaccedilatildeo com esta pesquisa e
seratildeo expostos de acordo com consideraccedilotildees observadas por LAMAS 3 (2004) (Figuras 25 a 27)
O edifiacutecio representa o elemento miacutenimo identificaacutevel na observaccedilatildeo da forma urbana eacute atraveacutes
dele que se constitui o espaccedilo urbano e se organizam diferentes elementos tais como ruas praccedilas
avenidas entre outros Os edifiacutecios agrupam-se em diferentes tipos tanto em relaccedilatildeo a suas
formas quanto a suas funccedilotildees Estes elementos podem influenciar o comportamento da acuacutestica
urbana atuando enquanto objetos reflexivos da onda sonora e como barreiras acuacutesticas4
O lote representa o princiacutepio da relaccedilatildeo do edifiacutecio com o terreno A forma do lote eacute muitas
vezes condicionante da forma do edifiacutecio tornando-os vinculados por essecircncia o logradouro diz
respeito ao espaccedilo livres e natildeo construiacutedos no interior do lote aos quintais e jardins o quarteiratildeo
ou quadra pode ser considerado como o espaccedilo resultante entre o cruzamento de trecircs ou mais
vias podendo ser demarcado em vaacuterios lotes para a construccedilatildeo de edifiacutecios Juntos estes trecircs
elementos associados aos edifiacutecios podem propiciar uma maior ou menor permeabilidade
acuacutestica eou uma maior ou menor presenccedila de aacutereas de sombra no meio urbano
O traccedilado por meio das ruas ou vias eacute facilmente identificaacutevel no meio urbano Estaacute muitas vezes
condicionado ao siacutetio geograacutefico existente regula a disposiccedilatildeo dos edifiacutecios e quarteirotildees e
interliga os vaacuterios espaccedilos componentes da cidade e a cidade ao territoacuterio Normalmente o
traccedilado resiste agraves transformaccedilotildees na forma urbana por possuir um caraacuteter de permanecircncia natildeo
totalmente modificaacutevel O traccedilado engloba trajetoacuterias e caminhos que natildeo satildeo necessariamente
percorridos atraveacutes de automoacuteveis apesar disso estaacute em grande parte vinculado a uma das
principais fontes geradoras de ruiacutedo urbano ndash o traacutefego de veiacuteculos
3 Os outros elementos tambeacutem podem relacionar-se de diferentes maneiras com a acuacutestica urbana mas nem tanto com a presente pesquisa e por isso natildeo foram considerados 4 Todas as definiccedilotildees e conceitos acuacutesticos apresentados no presente item seratildeo elucidados no item seguinte 22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
28
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) Fonte PANERAI 2006
A praccedila eacute um espaccedilo de geometria variada
intencionalmente inserido no meio urbano
cuja relaccedilatildeo com o traccedilado e os edifiacutecios
tambeacutem eacute intencional evidenciada atraveacutes do
seu desenho e natildeo acidentais como
alargamento e confluecircncias do traccedilado Aleacutem
disso a praccedila eacute um lugar de encontro de
permanecircncia e de praacuteticas sociais
Acusticamente dependendo de suas
proporccedilotildees a propagaccedilatildeo sonora que envolve
uma praccedila pode apresentar um
comportamento que se assemelha a
propagaccedilatildeo sonora em campo livre
Estes elementos constituintes da forma urbana
conceituados por LAMAS (2004) podem ser
identificados sob um diferente invoacutelucro
conceitual mas com a mesma essecircncia no que
PANERAI (2006) definiu como sendo
conjuntos do tecido urbano
Aplicado agrave cidade o termo ldquotecidordquo evoca a continuidade e a renovaccedilatildeo a permanecircncia e a variaccedilatildeo Ele explica a constituiccedilatildeo das cidades antigas e responde as questotildees levantadas pelo estudo das urbanizaccedilotildees recentes Ele pressupotildee uma atenccedilatildeo tanto ao banal quanto ao excepcional tanto agraves ruas comuns e agraves edificaccedilotildees corriqueiras quanto agraves regulamentaccedilotildees e aos monumentos Dentre as muacuteltiplas definiccedilotildees de tecido urbano e sem desprezar suas qualidades escolhemos a mais simples O tecido urbano eacute constituiacutedo pela superposiccedilatildeo ou imbricaccedilatildeo de trecircs conjuntos a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees Essa definiccedilatildeo potildee em evidecircncia os elementos que permitem que as diferentes partes da cidade evoluam ao mesmo tempo em que satildeo mantidas a coesatildeo de conjunto e a clareza de sua estrutura (PANERAI 2006 p 77-78 grifo nosso) (Figura 28)
Ao contraacuterio de LAMAS (2004) que considera a praccedila como um elemento da forma urbana por
si soacute PANERAI (2006) discute as vias ou traccedilado inseridas em uma relaccedilatildeo em rede onde
tambeacutem satildeo considerados como partes constituintes os largos passeios praccedilas esplanadas cais
pontes rios canais margens praias todos compondo o espaccedilo puacuteblico Eacute atraveacutes desta rede
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
29
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua
organizaccedilatildeo local e territorial
Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o
domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios
quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente
o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da
forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo
Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao
espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo
vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os
edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila
sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto
Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute
bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus
elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma
essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo
objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles
- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)
Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno
relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar
definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento
5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
30
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109
O adensamento ocorre a partir de dois modos
essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do
preenchimento progressivo do espaccedilo urbano
e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa
por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)
A primeira forma de adensamento ocorre sem
a expansatildeo territorial por meio do
preenchimento progressivo de todas as
reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de
determinado meio urbano Eacute um
adensamento inserido em limitesbarreiras
preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como
uma via expressa irregularidades geograacuteficas
do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual
em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas
edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)
A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do
solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de
adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem
sua expansatildeo (PANERAI 2006)
Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como
se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado
meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da
acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o
adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de
objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica
Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o
edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados
por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
31
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias
dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta
pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a
partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo
exclusivamente
1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo
de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres
2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os
lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)
3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e
principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes
geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)
Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no
decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees
cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e
relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana
22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a
forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia
multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o
som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas
do conhecimento (Figura 210)
Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano
seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes
tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental
O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por
pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu
____________________________________________
ANAacuteLISE D
complexo padratildeo de ondas s
de ruiacutedo muacutesica fala
(BERGLUND et al 1999)
Esta definiccedilatildeo do som tend
a percepccedilatildeo do ouvido
conceito psicofiacutesico Fisicame
vibraccedilatildeo mecacircnica que
progressivamente atraveacutes de
gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN
Esta vibraccedilatildeo quando tran
que o rodeia nem sempre
aparelho auditivo humano
frequumlecircncia6 audiacutevel encontra
20 a 20000 Hz para um
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984
1982) Frequumlecircncias acima de
altas para respostas fisioloacuteg
chamadas de ultrasons Jaacute as
de 20 Hz satildeo chamadas de
detectaacuteveis pelo ouvido hum
prejudiciais agrave sua sauacutede7
1982 SOUSA 2004)
Fisicamente o som e o ruiacutedo
ambos se propagam em mei
detectados pelo ouvido hu
enquanto o som eacute utilizado
6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa
Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006
as sonoras eacute rotulado
ala entre outros
ndo como referecircncia
o humano eacute um
mente o som eacute uma
que se propaga
de um meio material
(SINGAL 2005)
transmitida ao meio
re eacute detectaacutevel pelo
ano cuja faixa de
tra-se no intervalo de
um jovem saudaacutevel
4 KINSLER et al
de 20000 Hz muito
loacutegicas auditivas satildeo
as frequumlecircncias abaixo
de infrasons e natildeo satildeo
umano contudo satildeo
(KINSLER et al
iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee
eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos
humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN
do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev
iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo
as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
32
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006
ontual e fonte sonora linear Fonte
otildees de pressatildeo ambiente
bos satildeo capazes de serem
EN 1995) No entanto
daacuteveis o ruiacutedo descreve
do e eacute medida em Hertz (Hz)
amento das estruturas cardiacuteacas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
33
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)
Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e
portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece
como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro
[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)
Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo
mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees
no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse
irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos
(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM
2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)
O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais
comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual
possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as
direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)
Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de
fontes pontuais dispostas linearmente cuja
emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta
linha sendo seu decaimento em campo livre
de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)
Quando propagadas no meio urbano a
combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas
ao percurso de transmissatildeo e ao receptor
constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
34
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
chamado de ruiacutedo ambiental (environmental
noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)
(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005
SOUSA 2004)
O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do
traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de
obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos
industriais de estabelecimentos comerciais e
de serviccedilos de sistemas de propaganda
volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-
estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982
NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)
Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais
como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes
nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade
populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos
extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se
a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES
2006)
Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o
ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A
necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade
existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis
normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a
populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano
8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
35
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006
Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg
1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes
Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes
procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO
2009)
NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
Niacutevel de Pressatildeo sonora
em dB(A)
Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS
Ambiente ou atividade
0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros
aacuterea de mata selvagem
30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite
50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse
auditivo Rua agitada um restaurante barulhento
70 a 90 Estressante e bastante
excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh
conversa a gritos
90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia
Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor
110 a 130
Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez
instantacircnea
Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock
130 a 140 Acima do limiar da dor
causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia
Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias
resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a
poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir
diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho
Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores
(NAGEM 2004)
Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave
Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do
12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
36
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do
sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do
Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da
cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias
tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da
Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)
Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da
LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos
com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos
submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e
do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a
accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave
conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte
geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)
Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos
de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em
documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da
Cidade do Recife (RECIFE 2000)
Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo
Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as
posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da
poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor
o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie
de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo
exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil
militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um
importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)
Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a
poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de
13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
37
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999
pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais
(BERGLUND et al1999)
Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que
atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua
(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do
ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio
urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram
em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da
populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes
geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et
al 2002) (Figura 214)
Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o
aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais
percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al
2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)
O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a
partir do ruiacutedo veicular que proveacutem
essencialmente do sistema de propulsatildeo do
motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo
aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso
(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da
relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as
configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido
a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de
acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a
presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de
pedestres etc a intensidade do fluxo de
veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os
veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de
14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
38
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita
terra batida) etc (SINGAL 2005)
Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo
comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas
implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo
do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo
para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e
pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS
2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma
interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana
Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto
por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego
seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no
proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de
certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e
forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e
largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser
acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica
O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde
acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo
acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)
O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia
de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio
urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou
nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o
espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de
suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de
pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
39
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007
Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido
pelo receptor diminui em funccedilatildeo da
duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15
Praccedilas parques e largos com grandes
dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias
vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas
uma de suas margens ou espaccedilos livres
urbanos de grandes dimensotildees caracterizam
alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos
No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras
sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o
seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente
sendo praticamente o mesmo em vaacuterias
posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre
uma saiacuteda para campo livre caracterizando o
fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura
217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)
Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser
reverberantes quando a onda sonora tarda a
encontrar o campo livre gerando um grande
nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes
quando a onda sonora encontra o campo livre
um pouco mais rapidamente do que no
reverberante gerando um nuacutemero menor mas
ainda grande de reflexotildees
15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
40
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007
No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado
reverberante possui comumente um perfil em
ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de
canyons urbanos que podem amplificar
consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das
vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas
geradas pelas fachadas paralelas das
edificaccedilotildees que circundam estas vias
(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste
tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora
natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre
a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico
aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos
elementos que compotildeem a forma urbana e
dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que
revestem as superfiacutecies refletoras18
(NIEMEYER 2007)
Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de
traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados
tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos
de espaccedilos acuacutesticos fechados
A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda
sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem
podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo
tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo
18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
41
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007
Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992
Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se
aos percursos da onda sonora gerados no
meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005
NIEMEYER 2007) A intensidade da
permeabilidade acuacutestica - mais ou menos
permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de
certos elementos urbanos de promover ou
conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais
como o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem
como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade
e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila
ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e
221)
A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda
com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o
conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a
qualquer objeto que possa ser considerado um
obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias
entre a fonte e o receptor (Figura 222)
(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES
2000) Ao bloquear o percurso direto entre a
fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser
absorvida eou refletida pela superfiacutecie da
barreira transmitida atraveacutes da barreira ou
difratada a partir do topo da barreira
(BARRON 2003 SINGAL 2005)
A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as
ondas sonoras sejam capazes de contornar
determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de
sombra acuacutestica que possui limites espaciais
variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte
____________________________________________
ANAacuteLISE D
sonora e de sua localizaccedilatilde
receptor que por sua vez
sonora difratada pelas borda
um decaimento maior do qu
campo livre (Figura 223) (N
1968 NIEMEYER 2007 PA
O uso de barreiras acuacutestic
EUA Japatildeo Austraacutelia e
reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do
pelo traacutefego rodoviaacuterio pa
(Figuras 224 a 226) (SIN
Brasil esta praacutetica ainda eacute inc
restringindo-se a poucos exe
caso da barreira acuacutestica no
Linha Amarela na cidade do
na Rodovia Bandeirantes co
de Satildeo Paulo a Campinas
Paulo (Figura 227) (MURGE
2004)
Embora a implantaccedilatildeo de b
esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do
rodoviaacuterio outros elemen
meio urbano situados ent
receptor atuam espontan
barreiras agrave propagaccedilatildeo sono
terreno com topografia i
muros edificaccedilotildees entr
edificaccedilotildees conjugadas da R
cidade do Recife ou aind
conjugadas em alguns trec
Atlacircntica no Rio de Janei
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap
Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C
Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2
Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest
Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN
accedilatildeo em relaccedilatildeo ao
ez recebe a energia
rdas da barreira com
que se estivesse em
(NEPOMUCENO
PAZ 2004)
ticas eacute comum nos
e na Europa para
do ruiacutedo produzido
para seus arredores
INGAL 2005) No
incipiente
exemplos como eacute o
no eixo rodoviaacuterio
o Rio de Janeiro e
conectando a cidade
s no estado de Satildeo
GEL 2007 SOUSA
e barreiras acuacutesticas
do ruiacutedo de traacutefego
entos inseridos no
entre a fonte e o
taneamente como
nora tais como um
irregular taludes
ntre outros As
a Rua da Aurora na
inda as edificaccedilotildees
trechos da Avenida
neiro por exemplo
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
42
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007
rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007
da Rodovia Bandeirantes no estado 2007
da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000
barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
43
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409
Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409
aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas
espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem
conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em
ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e
229)
A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e
da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a
interaccedilatildeo entre os diversos elementos que
compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis
das vias o modo de implantaccedilatildeo das
edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as
proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo
das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de
espaccedilos livres ndash contribui determinantemente
para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano
atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do
espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave
fonte geradora de campos sonoros
reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de
aacutereas de sombra
Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado
um sistema composto essencialmente pela fonte
sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e
KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto
percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de
propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares
apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo
da onda sonora no meio urbano
19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
44
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao
ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos
reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente
todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das
edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar
dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e
insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via
Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo
facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas
reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando
sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano
desejaacutevel aos seus receptores
Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as
distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de
propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades
bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento
acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano
Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se
comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica
urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana
Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos
investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO
2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes____________
22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais_____________
3 CONSIDERACcedilOtildeES METODOLOacuteGICAS
31 3deg Jardim de Boa Viagem enquanto Estudo de Caso_________
32 Mapeamento Acuacutestico enquanto Instrumento de Pesquisa_
33 Procedimentos Metodoloacutegicos__________________________________
331 1deg Etapa Pesquisa Documental Primaacuteria e Secundaacuteria _____
332 2deg Etapa Pesquisa Piloto_____________________________________
333 3deg Etapa Estudo de Campo__________________________________
334 4deg Etapa mapeamento acuacutestico_____________________________
4 TRANSFORMACcedilOtildeES DO 3deg JARDIM E SUA RELACcedilAtildeO COM
O PROCESSO DE OCUPACcedilAtildeO DO BAIRRO DE BOA
VIAGEM
5 COMPORTAMENTO ACUacuteSTICO DO 3degJARDIM DE BOA
VIAGEM
51 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem a
partir das Modificaccedilotildees Cronoloacutegicas em sua Forma
Urbana______________________________________________________________
52 Comportamento Acuacutestico do 3deg Jardim de Boa Viagem em
relaccedilatildeo ao Coacutedigo do Meio Ambiente e Equiliacutebrio Ecoloacutegico
do Recife agrave ldquoLei do Silecircnciordquo e a outras Entidades
Normativas_________________________________________________________
53 Ausecircncia de Accedilotildees versus Presenccedila de Accedilotildees em Busca
de um Melhor Comportamento Acuacutestico para o 3deg Jardim
de Boa Viagem____________________________________________________
6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
7 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
128
134
115
107
81
80
65
60
59
56
55
55
52
49
46
31
22
22
17
CAPIacuteTULO 1
A pesquisa eacute talvez a arte de se criar dificuldades fecundas e de criaacute-las para os
outros Nos lugares onde havia coisas simples faz-se aparecer problemas
Pierre Bourdieu
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
17
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
1 INTRODUCcedilAtildeO
Um grito estridente lanccedilado em um meio urbano envolto nos ldquomais modernosrdquo e descomunais
arranha-ceacuteus desconfortavelmente ouvido nos mais remotos pavimentos de um deles foi agrave
centelha motivadora para as ideacuteias e discussotildees que permeiam esta pesquisa Este grito mal
recebido pelo receptor pode ser considerado uma das diversas formas da profusatildeo de ruiacutedos que
cada vez mais se tornam elementos onipresentes da vida contemporacircnea
Tal profusatildeo de ruiacutedos atualmente encontrados nos centros urbanos estaacute intimamente vinculada
ao crescimento acelerado das cidades que possibilitaram o aumento e uma maior concentraccedilatildeo da
populaccedilatildeo urbana acarretando em raacutepidas transformaccedilotildees no meio de propagaccedilatildeo do ruiacutedo
urbano aleacutem do aumento e uma maior concentraccedilatildeo dos diversos tipos de fontes sonoras que o
geram
Embora esteja estreitamente relacionado ao raacutepido desenvolvimento das cidades o ruiacutedo urbano
natildeo deve ser considerado como uma consequumlecircncia incidental da accedilatildeo humana em busca de
progresso e por isso inevitaacutevel tampouco toleraacutevel Ao contraacuterio deve ser entendido como uma
das consequumlecircncias prejudiciais deste desenvolvimento que pode causar diversos males fisioloacutegicos
e psicoloacutegicos ao citadino e assim sendo deve ser veementemente prevenido e mitigado
A fim de encontrar maneiras que possibilitem sua prevenccedilatildeo e mitigaccedilatildeo o ruiacutedo urbano pode
ser entendido como um sistema composto essencialmente pela fonte sonora ndash meio de propagaccedilatildeo ndash
receptor Dentre estas trecircs partes componentes do sistema o meio de propagaccedilatildeo pode ser
considerado como um dos menos investigados e onde as accedilotildees contra o ruiacutedo satildeo menos
concentradas (SINGAL 2005)
Esta inobservacircncia da importacircncia do meio urbano enquanto percurso de propagaccedilatildeo sonora
pode estar vinculada agrave dificuldade de intervir em meios de propagaccedilatildeo consolidados como satildeo
fundamentalmente os grandes centros urbanos Daiacute a relevacircncia em compreender a acuacutestica
urbana a partir de seu meio propagador pois uma vez consolidado o meio raras satildeo as
intervenccedilotildees possiacuteveis para minimizar o ruiacutedo urbano a partir desta parte componente do sistema
fonte ndash meio ndash receptor restando essencialmente accedilotildees preventivas
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
18
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Outro fator que evidencia o grande valor em compreender a acuacutestica urbana a partir de seu meio
de propagaccedilatildeo eacute o potencial que o meio urbano possui em influenciar a trajetoacuteria da propagaccedilatildeo
sonora Esta influecircncia acontece atraveacutes da forma que este meio apresenta ou seja a forma urbana
atraveacutes de seus elementos componentes e enquanto percurso de transmissatildeo delineia influencia e
determina em certa medida a trajetoacuteria de propagaccedilatildeo da onda sonora
Assim sendo a interaccedilatildeo entre os diversos elementos que compotildeem a forma urbana - o traccedilado e
perfis das vias o modo de implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as proporccedilotildees
densidade e maneira de ocupaccedilatildeo das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres ndash
contribui determinantemente para caracterizaccedilatildeo da propagaccedilatildeo sonora no meio urbano atraveacutes
de muacuteltiplas reflexotildees do espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave fonte geradora de
campos sonoros reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de aacutereas de sombra
Esta interaccedilatildeo entre os elementos da forma urbana e a propagaccedilatildeo sonora ocorre a partir da
diversidade e singularidade existente nos variados meios urbanos igualmente proporcionando os
mais particulares comportamentos acuacutesticos Isto eacute para cada meio urbano existem caracteriacutesticas
particulares inerentes agrave sua forma urbana que geram um comportamento acuacutestico igualmente
especiacutefico exclusivo e vinculado a esta forma urbana
Apesar deste atrelamento entre a acuacutestica urbana e a forma urbana esta relaccedilatildeo natildeo eacute
suficientemente pesquisada e quando eacute satildeo enfocadas prioritariamente situaccedilotildees presentes de
comportamento acuacutestico eou no maacuteximo hipoacuteteses futuras tambeacutem chamadas de prediccedilatildeo
acuacutestica Aleacutem disso natildeo foram encontradas referecircncias ateacute o presente momento de investigaccedilotildees
que priorizem a apreciaccedilatildeo da acuacutestica urbana e sua relaccedilatildeo com as modificaccedilotildees ao longo do tempo da
forma urbana
Isto posto considerando esta ausecircncia de pesquisas e considerando que para cada espaccedilo urbano
existe um comportamento de propagaccedilatildeo sonora especiacutefico o presente estudo se propocircs a
investigar o comportamento acuacutestico de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em sua forma urbana
Para isso admitiu-se que a propagaccedilatildeo de uma mesma fonte sonora em um mesmo espaccedilo urbano
que tenha sofrido ao longo de um processo cronoloacutegico modificaccedilotildees em sua forma urbana
implicaria em diferentes comportamentos em sua acuacutestica urbana para as diferentes datas deste
processo Esta suposiccedilatildeo possibilitou a anaacutelise do comportamento acuacutestico atraveacutes das
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
19
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
modificaccedilotildees cronoloacutegicas da forma urbana a partir da articulaccedilatildeo de trecircs variaacuteveis - a fonte sonora
a forma urbana e a acuacutestica urbana Estas variaacuteveis foram consideradas tendo o estudo de caso
enquanto estrateacutegia de pesquisa
O caso escolhido para esta investigaccedilatildeo foi o loteamento 3deg Jardim de Boa Viagem tanto por
representar uma parcela bem delimitada das raacutepidas e recentes transformaccedilotildees ocorridas na
forma urbana do bairro de Boa Viagem quanto por permitir ilustrar o comportamento acuacutestico
em um encadeamento evolutivo do iniacutecio de sua ocupaccedilatildeo recente ateacute os dias atuais
Para compor tal encadeamento evolutivo foram selecionados os anos de 1971 data escolhida por
caracterizar o princiacutepio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim 1981 e 1997 por representarem datas de
registro de fotografias aeacutereas do bairro de Boa Viagem existentes na base de dados da
CONDEPE-FIDEM Agecircncia Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco 2009 por
representar a realidade atualmente encontrada no 3deg Jardim e uma simulaccedilatildeo de situaccedilatildeo
hipoteacutetica futura de modificaccedilatildeo na forma urbana
Isto posto com o intuito de analisar o comportamento da acuacutestica urbana do 3deg Jardim de Boa
Viagem a partir de modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua forma urbana foram executados os
seguintes objetivos especiacuteficos (I) identificar as caracteriacutesticas configuraccedilotildees e transformaccedilotildees da
forma urbana ocorridas no 3deg Jardim de Boa Viagem nos anos de 1971 1981 1997 e 2009 a
partir de seu processo de ocupaccedilatildeo (II) elaborar mapas acuacutesticos dos niacuteveis atuais (2009) de
pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim (III) elaborar mapas acuacutesticos do 3deg Jardim nos anos de
1971 1981 1997 e de situaccedilatildeo hipoteacutetica futura a partir da consideraccedilatildeo dos niacuteveis atuais (2009)
de pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim
Em busca de expor sistematicamente seu desenvolvimento a presente investigaccedilatildeo foi
estruturada do seguinte modo
O presente capiacutetulo 1 introduz e antecipa brevemente a discussatildeo que seraacute realizada ao longo
desta pesquisa
O capiacutetulo 2 aborda dois aspectos principais O primeiro deles desenvolve o conceito de forma
urbana e seus elementos componentes a partir dos autores Joseacute Lamas (2004) Philippe Panerai
(2006) e Vicente Del Rio (1990) Busca elucidar que a apreensatildeo da forma urbana eacute complexa e
envolve diversificadas abordagens e enfoques sociais econocircmicos histoacutericos e culturais para
entatildeo indicar que a presente pesquisa lanccedilaraacute um olhar para a forma urbana essencialmente a
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
20
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
partir de seu aspecto fiacutesico e material recorte necessaacuterio para a anaacutelise do comportamento
acuacutestico urbano
O segundo aspecto abordado no capiacutetulo 2 diz respeito agrave definiccedilatildeo teoacuterica do conceito da
acuacutestica urbana e de suas diversificadas implicaccedilotildees e interfaces quando o som eacute propagado em
meio urbano Busca evidenciar os fenocircmenos que ocorrem a partir da interaccedilatildeo entre a forma
urbana e a acuacutestica urbana indicando que a influecircncia da forma urbana eacute determinante para o
comportamento da acuacutestica urbana
O capiacutetulo 3 eacute dedicado ao percurso investigativo desta pesquisa evidenciando sua metodologia e
procedimentos metodoloacutegicos apresentando o 3deg Jardim enquanto estudo de caso o
mapeamento acuacutestico enquanto instrumento de pesquisa e detalhando as etapas operacionais
deste estudo Este capiacutetulo evidencia ainda o processo de elaboraccedilatildeo dos modelos e mapas
acuacutesticos da forma urbana existente no 3deg Jardim em cada uma das datas estudadas aleacutem da
situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e discute o software Predictor utilizado para este mapeamento
O capiacutetulo 4 diz respeito ao processo de ocupaccedilatildeo do bairro de Boa Viagem e sua relaccedilatildeo com as
transformaccedilotildees urbanas ocorridas no 3deg Jardim Busca-se identificar as caracteriacutesticas
configuraccedilotildees e transformaccedilotildees ocorridas na forma urbana do 3deg Jardim que possibilitem o
entendimento cronoloacutegico destas modificaccedilotildees dando suporte a elaboraccedilatildeo e anaacutelise dos mapas
acuacutesticos
O capiacutetulo 5 analisa o comportamento da acuacutestica urbana identificado nos mapas acuacutesticos
elaborados do 3deg Jardim a partir das modificaccedilotildees ocorridas em sua forma urbana nos anos de
1971 1981 1997 e 2009 aleacutem de uma situaccedilatildeo hipoteacutetica futura (prediccedilatildeo acuacutestica) Neste capiacutetulo
discute-se ainda o comportamento do 3deg Jardim em relaccedilatildeo agrave legislaccedilatildeo municipal que regula as
emissotildees sonoras na cidade do Recife e no estado de Pernambuco e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis
recomendados por outras entidades normativas e indica-se possiacuteveis accedilotildees para melhoria no
comportamento acuacutestico do 3deg Jardim bem como as possiacuteveis consequumlecircncias acuacutesticas da
ausecircncia de tais accedilotildees
Por fim no capiacutetulo 6 satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais acerca do comportamento acuacutestico
do 3deg Jardim e satildeo indicados novos rumos de pesquisa a respeito da acuacutestica urbana
CAPIacuteTULO 2
A arquitetura eacute uma muacutesica petrificada
Arthur Schopenhauer
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
22
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
Analisar o comportamento da acuacutestica urbana ainda que a partir das modificaccedilotildees da forma
urbana faz com que esta pesquisa trate essencialmente da acuacutestica urbana No entanto este
comportamento esta sujeito aos diversificados modos de apreensatildeo da forma urbana e de seus
elementos componentes bem como ao modo como esta pesquisa os consideraraacute
Assim sendo o primeiro item deste capiacutetulo expotildee o conceito de forma urbana e de algumas de
suas relaccedilotildees discutido agrave luz de LAMAS (2004) de PANERAI (2006) e DEL RIO (1990)
indicando em seguida o que esta pesquisa consideraraacute como forma urbana
Certamente discussatildeo em torno da produccedilatildeo de outros autores poderia ser elaborada No
entanto o primeiro item deste capiacutetulo natildeo pretende representar uma revisatildeo bibliograacutefica acerca
do estudo da forma urbana e suas relaccedilotildees pretende sim construir uma discussatildeo em torno dos
trecircs autores selecionados que culmine no conceito de forma urbana que seraacute considerado por esta
pesquisa para possibilitar olhar para suas modificaccedilotildees cronoloacutegicas a fim de compreender o
comportamento da acuacutestica urbana
Apoacutes este delineamento no segundo item deste capiacutetulo discute-se a acuacutestica urbana e suas
relaccedilotildees conceituais com os diversos elementos e implicaccedilotildees da propagaccedilatildeo sonora em meio
urbano e como eles relacionam-se influenciando em seu comportamento
21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes
Segundo LAMAS (2004) estudar a forma urbana compreende examinar as configuraccedilotildees e as
estruturas exteriores de determinados objetos de suas formas interligando-as com os fenocircmenos
que lhes deram origem Assim sendo a forma urbana pode ser definida como sendo o
[] modo como se organizam os elementos morfoloacutegicos que constituem e definem o espaccedilo urbano relativamente agrave materializaccedilatildeo dos aspectos de
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
23
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas Fonte LAMAS 2004
organizaccedilatildeo funcional e quantitativa e dos aspectos qualitativos e figurativos (LAMAS 2004 p 44) 1
Dentre estes aspectos os quantitativos satildeo agravequeles da realidade urbana que podem ser
quantificaacuteveis tais como densidades superfiacutecies fluxos coeficientes volumeacutetricos entre outros
(Figura 21) os de organizaccedilatildeo funcional satildeo agravequeles que se relacionam com as atividades
humanas tais como habitar e trabalhar e agravequeles relacionados ao modo de uso especiacutefico de uma
aacuterea ndash residencial comercial industrial entre outros os qualitativos referem-se ao tratamento dos
espaccedilos ao conforto e a comodidade do utilizador tais como adaptaccedilatildeo ao clima acessibilidade
estado da pavimentaccedilatildeo entre outros por fim os aspectos figurativos dizem respeito a
essencialmente a comunicaccedilatildeo esteacutetica (LAMAS 2004)
Pode-se considerar que ao olhar para forma urbana e em especiacutefico para suas modificaccedilotildees
cronoloacutegicas com o intuito de compreender o comportamento da acuacutestica urbana esta pesquisa
relaciona-se tanto aos aspectos qualitativos a partir do conforto acuacutestico dos receptores das
ondas sonoras em meio urbano quanto aos
aspectos quantitativos uma vez que este
comportamento acuacutestico em meio urbano eacute
quantificaacutevel em decibels (dB)
Embora estes aspectos envolvam grande parte
das singularidades inerentes a forma urbana
esta definiccedilatildeo parece ainda natildeo abarcar outras
particularidades sociais econocircmicas histoacutericas
e culturais igualmente envolvidas no
entendimento da concepccedilatildeo da forma urbana
isto eacute resta ainda a consideraccedilatildeo de que esta
forma urbana natildeo acontece
independentemente dos grupos sociais que a
produzem (PANERAI 2006)
Satildeo essencialmente estas particularidades que
impulsionam ou amortecem a transformaccedilatildeo
1 Para todas as citaccedilotildees deste autor natildeo seratildeo consideradas adaptaccedilotildees na liacutengua do paiacutes de origem - Portugal - permanecendo o texto original
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
24
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
dos elementos que compotildeem a forma urbana ndash a adiccedilatildeo de novos de traccedilados a um jaacute existente
ou sua superposiccedilatildeo seus conflitos o parcelamento de parques e ocupaccedilatildeo de espaccedilos livres a
renovaccedilatildeo da massa edificada seu lento adensamento e verticalizaccedilatildeo segundo uma especulaccedilatildeo
despretensiosa ou sua substituiccedilatildeo por vastos empreendimentos sob influecircncia de uma
especulaccedilatildeo bem mais expressiva (PANERAI 2006) isto eacute faz parte da apreensatildeo da forma
urbana uma complexidade que envolve um processo de acumulaccedilatildeo de enfoques e observaccedilotildees
sociais econocircmicas histoacutericas e culturais que englobam muito mais do que apenas sua forma
fiacutesica
Estas particularidades especialmente as sociais parecem um pouco mais delineadas nas
consideraccedilotildees feitas por DEL RIO (1990) que considera o espaccedilo urbano a partir da apropriaccedilatildeo
social que se faz dele estabelecendo que em relaccedilatildeo ao estudo da forma urbana a cidade pode
ser compreendida a partir de trecircs niacuteveis organizacionais o coletivo o comunitaacuterio e o individual
O niacutevel coletivo eacute regido sob uma loacutegica estruturadora percebida inconscientemente e
coletivamente e eacute composto pelos elementos2 do tecido que possuem uma permanecircncia maior ao
longo do tempo o niacutevel comunitaacuterio diz respeito aos elementos com significados especiais apenas
para um pequeno grupo da populaccedilatildeo como o bairro por exemplo jaacute o niacutevel individual expressa
significados individuais como a residecircncia e seu espaccedilo circundante e por seu caraacuteter individual eacute
o que apresenta maior rapidez nas modificaccedilotildees (DEL RIO 1990)
Mas LAMAS (2004) ao defender sua definiccedilatildeo para forma urbana natildeo soacute possuiacutea ciecircncia destas
outras particularidades explicitadas por PANERAI (2006) e DEL RIO (1990) ndash sociais
econocircmicas histoacutericas e culturais ndash envolvidas na concepccedilatildeo de forma urbana como optou em
natildeo apreciaacute-las
[] um primeiro grau de leitura da cidade eacute eminentemente fiacutesico-espacial e morfoloacutegico portanto especiacutefico da arquitectura e o uacutenico que permite evidenciar a diferenccedila entre este e outro espaccedilo entre esta e aquela forma e explicar as caracteriacutesticas de cada parte da cidade A estes se juntam outros niacuteveis de leitura que revelam diferentes conteuacutedos (histoacutericos econoacutemicos sociais e outros) Mas este conjunto de leituras soacute eacute possiacutevel porque a cidade existe como facto fiacutesico e material Todos os instrumentos de leitura lecircem o mesmo objecto ndash o espaccedilo fiacutesico a FORMA URBANA (LAMAS 2004 p 31 grifo do autor) Eacute fundamentalmente a dimensatildeo fiacutesica e morfoloacutegica da cidade que me preocupa [] (LAMAS 2004 p 31)
2 Estes elementos seratildeo discutidos em paraacutegrafos mais adiante
____________________________________________
ANAacuteLISE D
Na verdade esta opccedilatildeo em
urbana considerando-a essen
de seu aspecto fiacutesico e m
convenientemente ao obje
presente pesquisa analisar
da acuacutestica urbana a partir
cronoloacutegicas na forma urba
esta anaacutelise do compor
implica em uma apropriaccedil
fiacutesica e material destas modif
Certamente a busca pela ap
urbana envolve muito
simplesmente sua forma
como jaacute aclarado No entan
da anaacutelise proposta por
apreensatildeo em totalid
fundamentalmente necessaacuter
apropriaccedilatildeo da forma urban
material ou uma variaacutevel fiacutes
finalidade derradeira de
comportamento acuacutestico
modificaccedilotildees nesta forma
Ao entender a observaccedilatildeo
essencialmente em seu aspec
(2004) propocircs uma classifica
dimensotildees
bull A dimensatildeo setorial
refere-se agrave menor u
do espaccedilo urbano co
uma praccedila ou uma
ponto o observador
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 24 ndash A cidadeo texemplificada por meio da cidadLAMAS 2004
Figura 23 ndash O bairro a escala ucidade portuguesa de Tavira Fonte
Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na ca dimensatildeo setorial Fonte LAMA
em observar a forma
sencialmente a partir
material responde
bjetivo primeiro da
ar o comportamento
rtir de modificaccedilotildees
rbana uma vez que
ortamento acuacutestico
riaccedilatildeo genuinamente
dificaccedilotildees
apreensatildeo da forma
o mais do que
a fiacutesica e material
tanto para realizaccedilatildeo
or este estudo tal
alidade natildeo eacute
saacuteria o que torna a
bana quase um meio
l fiacutesica para atingir a
e compreensatildeo do
a partir de
atildeo da forma urbana
pecto fiacutesico LAMAS
icaccedilatildeo em escalas ou
ndash a escala da rua
r unidade ou porccedilatildeo
como por exemplo
a rua onde de um
dor pode abarcar a
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
25
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
territoacuterioa dimensatildeo territorial dade portuguesa de Tavira Fonte
a urbana exemplificada por meio da nte LAMAS 2004
na cidade portuguesa de Tavira ilustra MAS 2004
____________________________________________
ANAacuteLISE D
unidade espacial d
(Figura 22)
bull A dimensatildeo urbana ndash
corresponde agraves pa
identificaacuteveis como
exemplo onde a
elementos da forma
atraveacutes do movime
percursos (Figura 23
bull E por fim a dimensatildeo
da cidade diz respeito
diferentes formas
articulaccedilatildeo de bai
entre si Sua forma
distribuiccedilatildeo de eleme
das cidades em con
suporte geograacutefico d
a articulaccedilatildeo de
circulaccedilatildeo entre os
entre zonas habitacio
entre outras (Figura 2
Dentre estas dimensotildees a u
bairro desperta particular
pesquisa uma vez que o e
limites de observaccedilatildeo atraveacute
de movimentos poderaacute aba
significante de modificaccedilotildee
forma urbana de determina
compreender o comport
acuacutestica urbana
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 25 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do CONDEPE-FIDEM 1981
Figura 26 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do baorigens da cidade entrecortadoBarreto Fonte CONDEPE-FIDE
Figura 27 ndash Exemplos de diveredifiacutecios lotes quarteirotildees e vias eRecife Nesta imagem um recessencialmente por morros o AltoFIDEM 1981
de seu conjunto
ndash a escala do bairro
partes homogecircneas
mo os bairros por
a observaccedilatildeo dos
a urbana eacute realizada
imento e de vaacuterios
23)
nsatildeo territorial ndash a escala
eito agrave articulaccedilatildeo de
as urbanas da
bairros interligados
ma eacute definida pela
mentos estruturantes
onformidade com o
o do siacutetio tais como
e ruas e vias de
s diferentes bairros
cionais e comerciais
a 24)
a urbana ndash escala do
lar interesse desta
o entendimento dos
veacutes de certo nuacutemero
barcar uma amostra
otildees cronoloacutegicas na
inado local a fim de
ortamento de sua
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
26
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife o bairro de Boa Viagem Fonte
rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves do pela recente Avenida Dantas DEM 1981
versificadas concretizaccedilotildees entre os em diferentes bairros da cidade do
recorte de um bairro constituiacutedo lto do Mandu Fonte CONDEPE-
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
27
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
No entanto para apreender tal dimensatildeo devem-se conhecer e estabelecer quais elementos
miacutenimos da forma urbana que se relaciona com esta a dimensatildeo urbana e quais satildeo estes
elementos LAMAS (2004) propocircs onze elementos da forma urbana necessaacuterios para esta
apreensatildeo o solo (I) o edifiacutecio (II) o lote (III) o logradouro (IV) o quarteiratildeo (V) o traccediladoa
rua(VI) a praccedila (VII) a fachada (VIII) o monumento (IX) a vegetaccedilatildeo (X) e o mobiliaacuterio
urbano (XI) Dentre estes elementos seis possuem uma estreita relaccedilatildeo com esta pesquisa e
seratildeo expostos de acordo com consideraccedilotildees observadas por LAMAS 3 (2004) (Figuras 25 a 27)
O edifiacutecio representa o elemento miacutenimo identificaacutevel na observaccedilatildeo da forma urbana eacute atraveacutes
dele que se constitui o espaccedilo urbano e se organizam diferentes elementos tais como ruas praccedilas
avenidas entre outros Os edifiacutecios agrupam-se em diferentes tipos tanto em relaccedilatildeo a suas
formas quanto a suas funccedilotildees Estes elementos podem influenciar o comportamento da acuacutestica
urbana atuando enquanto objetos reflexivos da onda sonora e como barreiras acuacutesticas4
O lote representa o princiacutepio da relaccedilatildeo do edifiacutecio com o terreno A forma do lote eacute muitas
vezes condicionante da forma do edifiacutecio tornando-os vinculados por essecircncia o logradouro diz
respeito ao espaccedilo livres e natildeo construiacutedos no interior do lote aos quintais e jardins o quarteiratildeo
ou quadra pode ser considerado como o espaccedilo resultante entre o cruzamento de trecircs ou mais
vias podendo ser demarcado em vaacuterios lotes para a construccedilatildeo de edifiacutecios Juntos estes trecircs
elementos associados aos edifiacutecios podem propiciar uma maior ou menor permeabilidade
acuacutestica eou uma maior ou menor presenccedila de aacutereas de sombra no meio urbano
O traccedilado por meio das ruas ou vias eacute facilmente identificaacutevel no meio urbano Estaacute muitas vezes
condicionado ao siacutetio geograacutefico existente regula a disposiccedilatildeo dos edifiacutecios e quarteirotildees e
interliga os vaacuterios espaccedilos componentes da cidade e a cidade ao territoacuterio Normalmente o
traccedilado resiste agraves transformaccedilotildees na forma urbana por possuir um caraacuteter de permanecircncia natildeo
totalmente modificaacutevel O traccedilado engloba trajetoacuterias e caminhos que natildeo satildeo necessariamente
percorridos atraveacutes de automoacuteveis apesar disso estaacute em grande parte vinculado a uma das
principais fontes geradoras de ruiacutedo urbano ndash o traacutefego de veiacuteculos
3 Os outros elementos tambeacutem podem relacionar-se de diferentes maneiras com a acuacutestica urbana mas nem tanto com a presente pesquisa e por isso natildeo foram considerados 4 Todas as definiccedilotildees e conceitos acuacutesticos apresentados no presente item seratildeo elucidados no item seguinte 22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
28
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) Fonte PANERAI 2006
A praccedila eacute um espaccedilo de geometria variada
intencionalmente inserido no meio urbano
cuja relaccedilatildeo com o traccedilado e os edifiacutecios
tambeacutem eacute intencional evidenciada atraveacutes do
seu desenho e natildeo acidentais como
alargamento e confluecircncias do traccedilado Aleacutem
disso a praccedila eacute um lugar de encontro de
permanecircncia e de praacuteticas sociais
Acusticamente dependendo de suas
proporccedilotildees a propagaccedilatildeo sonora que envolve
uma praccedila pode apresentar um
comportamento que se assemelha a
propagaccedilatildeo sonora em campo livre
Estes elementos constituintes da forma urbana
conceituados por LAMAS (2004) podem ser
identificados sob um diferente invoacutelucro
conceitual mas com a mesma essecircncia no que
PANERAI (2006) definiu como sendo
conjuntos do tecido urbano
Aplicado agrave cidade o termo ldquotecidordquo evoca a continuidade e a renovaccedilatildeo a permanecircncia e a variaccedilatildeo Ele explica a constituiccedilatildeo das cidades antigas e responde as questotildees levantadas pelo estudo das urbanizaccedilotildees recentes Ele pressupotildee uma atenccedilatildeo tanto ao banal quanto ao excepcional tanto agraves ruas comuns e agraves edificaccedilotildees corriqueiras quanto agraves regulamentaccedilotildees e aos monumentos Dentre as muacuteltiplas definiccedilotildees de tecido urbano e sem desprezar suas qualidades escolhemos a mais simples O tecido urbano eacute constituiacutedo pela superposiccedilatildeo ou imbricaccedilatildeo de trecircs conjuntos a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees Essa definiccedilatildeo potildee em evidecircncia os elementos que permitem que as diferentes partes da cidade evoluam ao mesmo tempo em que satildeo mantidas a coesatildeo de conjunto e a clareza de sua estrutura (PANERAI 2006 p 77-78 grifo nosso) (Figura 28)
Ao contraacuterio de LAMAS (2004) que considera a praccedila como um elemento da forma urbana por
si soacute PANERAI (2006) discute as vias ou traccedilado inseridas em uma relaccedilatildeo em rede onde
tambeacutem satildeo considerados como partes constituintes os largos passeios praccedilas esplanadas cais
pontes rios canais margens praias todos compondo o espaccedilo puacuteblico Eacute atraveacutes desta rede
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
29
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua
organizaccedilatildeo local e territorial
Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o
domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios
quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente
o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da
forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo
Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao
espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo
vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os
edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila
sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto
Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute
bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus
elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma
essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo
objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles
- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)
Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno
relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar
definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento
5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
30
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109
O adensamento ocorre a partir de dois modos
essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do
preenchimento progressivo do espaccedilo urbano
e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa
por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)
A primeira forma de adensamento ocorre sem
a expansatildeo territorial por meio do
preenchimento progressivo de todas as
reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de
determinado meio urbano Eacute um
adensamento inserido em limitesbarreiras
preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como
uma via expressa irregularidades geograacuteficas
do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual
em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas
edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)
A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do
solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de
adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem
sua expansatildeo (PANERAI 2006)
Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como
se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado
meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da
acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o
adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de
objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica
Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o
edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados
por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
31
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias
dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta
pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a
partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo
exclusivamente
1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo
de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres
2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os
lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)
3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e
principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes
geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)
Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no
decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees
cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e
relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana
22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a
forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia
multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o
som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas
do conhecimento (Figura 210)
Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano
seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes
tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental
O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por
pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu
____________________________________________
ANAacuteLISE D
complexo padratildeo de ondas s
de ruiacutedo muacutesica fala
(BERGLUND et al 1999)
Esta definiccedilatildeo do som tend
a percepccedilatildeo do ouvido
conceito psicofiacutesico Fisicame
vibraccedilatildeo mecacircnica que
progressivamente atraveacutes de
gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN
Esta vibraccedilatildeo quando tran
que o rodeia nem sempre
aparelho auditivo humano
frequumlecircncia6 audiacutevel encontra
20 a 20000 Hz para um
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984
1982) Frequumlecircncias acima de
altas para respostas fisioloacuteg
chamadas de ultrasons Jaacute as
de 20 Hz satildeo chamadas de
detectaacuteveis pelo ouvido hum
prejudiciais agrave sua sauacutede7
1982 SOUSA 2004)
Fisicamente o som e o ruiacutedo
ambos se propagam em mei
detectados pelo ouvido hu
enquanto o som eacute utilizado
6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa
Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006
as sonoras eacute rotulado
ala entre outros
ndo como referecircncia
o humano eacute um
mente o som eacute uma
que se propaga
de um meio material
(SINGAL 2005)
transmitida ao meio
re eacute detectaacutevel pelo
ano cuja faixa de
tra-se no intervalo de
um jovem saudaacutevel
4 KINSLER et al
de 20000 Hz muito
loacutegicas auditivas satildeo
as frequumlecircncias abaixo
de infrasons e natildeo satildeo
umano contudo satildeo
(KINSLER et al
iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee
eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos
humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN
do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev
iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo
as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
32
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006
ontual e fonte sonora linear Fonte
otildees de pressatildeo ambiente
bos satildeo capazes de serem
EN 1995) No entanto
daacuteveis o ruiacutedo descreve
do e eacute medida em Hertz (Hz)
amento das estruturas cardiacuteacas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
33
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)
Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e
portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece
como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro
[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)
Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo
mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees
no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse
irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos
(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM
2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)
O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais
comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual
possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as
direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)
Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de
fontes pontuais dispostas linearmente cuja
emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta
linha sendo seu decaimento em campo livre
de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)
Quando propagadas no meio urbano a
combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas
ao percurso de transmissatildeo e ao receptor
constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
34
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
chamado de ruiacutedo ambiental (environmental
noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)
(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005
SOUSA 2004)
O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do
traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de
obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos
industriais de estabelecimentos comerciais e
de serviccedilos de sistemas de propaganda
volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-
estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982
NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)
Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais
como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes
nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade
populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos
extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se
a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES
2006)
Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o
ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A
necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade
existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis
normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a
populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano
8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
35
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006
Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg
1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes
Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes
procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO
2009)
NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
Niacutevel de Pressatildeo sonora
em dB(A)
Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS
Ambiente ou atividade
0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros
aacuterea de mata selvagem
30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite
50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse
auditivo Rua agitada um restaurante barulhento
70 a 90 Estressante e bastante
excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh
conversa a gritos
90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia
Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor
110 a 130
Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez
instantacircnea
Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock
130 a 140 Acima do limiar da dor
causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia
Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias
resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a
poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir
diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho
Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores
(NAGEM 2004)
Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave
Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do
12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
36
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do
sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do
Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da
cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias
tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da
Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)
Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da
LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos
com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos
submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e
do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a
accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave
conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte
geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)
Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos
de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em
documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da
Cidade do Recife (RECIFE 2000)
Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo
Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as
posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da
poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor
o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie
de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo
exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil
militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um
importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)
Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a
poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de
13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
37
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999
pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais
(BERGLUND et al1999)
Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que
atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua
(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do
ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio
urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram
em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da
populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes
geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et
al 2002) (Figura 214)
Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o
aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais
percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al
2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)
O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a
partir do ruiacutedo veicular que proveacutem
essencialmente do sistema de propulsatildeo do
motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo
aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso
(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da
relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as
configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido
a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de
acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a
presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de
pedestres etc a intensidade do fluxo de
veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os
veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de
14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
38
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita
terra batida) etc (SINGAL 2005)
Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo
comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas
implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo
do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo
para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e
pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS
2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma
interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana
Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto
por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego
seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no
proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de
certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e
forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e
largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser
acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica
O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde
acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo
acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)
O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia
de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio
urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou
nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o
espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de
suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de
pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
39
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007
Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido
pelo receptor diminui em funccedilatildeo da
duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15
Praccedilas parques e largos com grandes
dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias
vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas
uma de suas margens ou espaccedilos livres
urbanos de grandes dimensotildees caracterizam
alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos
No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras
sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o
seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente
sendo praticamente o mesmo em vaacuterias
posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre
uma saiacuteda para campo livre caracterizando o
fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura
217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)
Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser
reverberantes quando a onda sonora tarda a
encontrar o campo livre gerando um grande
nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes
quando a onda sonora encontra o campo livre
um pouco mais rapidamente do que no
reverberante gerando um nuacutemero menor mas
ainda grande de reflexotildees
15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
40
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007
No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado
reverberante possui comumente um perfil em
ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de
canyons urbanos que podem amplificar
consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das
vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas
geradas pelas fachadas paralelas das
edificaccedilotildees que circundam estas vias
(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste
tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora
natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre
a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico
aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos
elementos que compotildeem a forma urbana e
dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que
revestem as superfiacutecies refletoras18
(NIEMEYER 2007)
Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de
traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados
tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos
de espaccedilos acuacutesticos fechados
A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda
sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem
podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo
tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo
18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
41
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007
Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992
Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se
aos percursos da onda sonora gerados no
meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005
NIEMEYER 2007) A intensidade da
permeabilidade acuacutestica - mais ou menos
permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de
certos elementos urbanos de promover ou
conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais
como o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem
como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade
e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila
ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e
221)
A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda
com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o
conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a
qualquer objeto que possa ser considerado um
obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias
entre a fonte e o receptor (Figura 222)
(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES
2000) Ao bloquear o percurso direto entre a
fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser
absorvida eou refletida pela superfiacutecie da
barreira transmitida atraveacutes da barreira ou
difratada a partir do topo da barreira
(BARRON 2003 SINGAL 2005)
A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as
ondas sonoras sejam capazes de contornar
determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de
sombra acuacutestica que possui limites espaciais
variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte
____________________________________________
ANAacuteLISE D
sonora e de sua localizaccedilatilde
receptor que por sua vez
sonora difratada pelas borda
um decaimento maior do qu
campo livre (Figura 223) (N
1968 NIEMEYER 2007 PA
O uso de barreiras acuacutestic
EUA Japatildeo Austraacutelia e
reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do
pelo traacutefego rodoviaacuterio pa
(Figuras 224 a 226) (SIN
Brasil esta praacutetica ainda eacute inc
restringindo-se a poucos exe
caso da barreira acuacutestica no
Linha Amarela na cidade do
na Rodovia Bandeirantes co
de Satildeo Paulo a Campinas
Paulo (Figura 227) (MURGE
2004)
Embora a implantaccedilatildeo de b
esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do
rodoviaacuterio outros elemen
meio urbano situados ent
receptor atuam espontan
barreiras agrave propagaccedilatildeo sono
terreno com topografia i
muros edificaccedilotildees entr
edificaccedilotildees conjugadas da R
cidade do Recife ou aind
conjugadas em alguns trec
Atlacircntica no Rio de Janei
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap
Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C
Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2
Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest
Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN
accedilatildeo em relaccedilatildeo ao
ez recebe a energia
rdas da barreira com
que se estivesse em
(NEPOMUCENO
PAZ 2004)
ticas eacute comum nos
e na Europa para
do ruiacutedo produzido
para seus arredores
INGAL 2005) No
incipiente
exemplos como eacute o
no eixo rodoviaacuterio
o Rio de Janeiro e
conectando a cidade
s no estado de Satildeo
GEL 2007 SOUSA
e barreiras acuacutesticas
do ruiacutedo de traacutefego
entos inseridos no
entre a fonte e o
taneamente como
nora tais como um
irregular taludes
ntre outros As
a Rua da Aurora na
inda as edificaccedilotildees
trechos da Avenida
neiro por exemplo
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
42
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007
rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007
da Rodovia Bandeirantes no estado 2007
da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000
barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
43
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409
Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409
aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas
espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem
conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em
ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e
229)
A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e
da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a
interaccedilatildeo entre os diversos elementos que
compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis
das vias o modo de implantaccedilatildeo das
edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as
proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo
das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de
espaccedilos livres ndash contribui determinantemente
para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano
atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do
espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave
fonte geradora de campos sonoros
reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de
aacutereas de sombra
Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado
um sistema composto essencialmente pela fonte
sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e
KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto
percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de
propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares
apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo
da onda sonora no meio urbano
19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
44
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao
ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos
reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente
todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das
edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar
dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e
insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via
Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo
facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas
reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando
sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano
desejaacutevel aos seus receptores
Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as
distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de
propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades
bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento
acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano
Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se
comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica
urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana
Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos
investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento
CAPIacuteTULO 1
A pesquisa eacute talvez a arte de se criar dificuldades fecundas e de criaacute-las para os
outros Nos lugares onde havia coisas simples faz-se aparecer problemas
Pierre Bourdieu
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
17
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
1 INTRODUCcedilAtildeO
Um grito estridente lanccedilado em um meio urbano envolto nos ldquomais modernosrdquo e descomunais
arranha-ceacuteus desconfortavelmente ouvido nos mais remotos pavimentos de um deles foi agrave
centelha motivadora para as ideacuteias e discussotildees que permeiam esta pesquisa Este grito mal
recebido pelo receptor pode ser considerado uma das diversas formas da profusatildeo de ruiacutedos que
cada vez mais se tornam elementos onipresentes da vida contemporacircnea
Tal profusatildeo de ruiacutedos atualmente encontrados nos centros urbanos estaacute intimamente vinculada
ao crescimento acelerado das cidades que possibilitaram o aumento e uma maior concentraccedilatildeo da
populaccedilatildeo urbana acarretando em raacutepidas transformaccedilotildees no meio de propagaccedilatildeo do ruiacutedo
urbano aleacutem do aumento e uma maior concentraccedilatildeo dos diversos tipos de fontes sonoras que o
geram
Embora esteja estreitamente relacionado ao raacutepido desenvolvimento das cidades o ruiacutedo urbano
natildeo deve ser considerado como uma consequumlecircncia incidental da accedilatildeo humana em busca de
progresso e por isso inevitaacutevel tampouco toleraacutevel Ao contraacuterio deve ser entendido como uma
das consequumlecircncias prejudiciais deste desenvolvimento que pode causar diversos males fisioloacutegicos
e psicoloacutegicos ao citadino e assim sendo deve ser veementemente prevenido e mitigado
A fim de encontrar maneiras que possibilitem sua prevenccedilatildeo e mitigaccedilatildeo o ruiacutedo urbano pode
ser entendido como um sistema composto essencialmente pela fonte sonora ndash meio de propagaccedilatildeo ndash
receptor Dentre estas trecircs partes componentes do sistema o meio de propagaccedilatildeo pode ser
considerado como um dos menos investigados e onde as accedilotildees contra o ruiacutedo satildeo menos
concentradas (SINGAL 2005)
Esta inobservacircncia da importacircncia do meio urbano enquanto percurso de propagaccedilatildeo sonora
pode estar vinculada agrave dificuldade de intervir em meios de propagaccedilatildeo consolidados como satildeo
fundamentalmente os grandes centros urbanos Daiacute a relevacircncia em compreender a acuacutestica
urbana a partir de seu meio propagador pois uma vez consolidado o meio raras satildeo as
intervenccedilotildees possiacuteveis para minimizar o ruiacutedo urbano a partir desta parte componente do sistema
fonte ndash meio ndash receptor restando essencialmente accedilotildees preventivas
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
18
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Outro fator que evidencia o grande valor em compreender a acuacutestica urbana a partir de seu meio
de propagaccedilatildeo eacute o potencial que o meio urbano possui em influenciar a trajetoacuteria da propagaccedilatildeo
sonora Esta influecircncia acontece atraveacutes da forma que este meio apresenta ou seja a forma urbana
atraveacutes de seus elementos componentes e enquanto percurso de transmissatildeo delineia influencia e
determina em certa medida a trajetoacuteria de propagaccedilatildeo da onda sonora
Assim sendo a interaccedilatildeo entre os diversos elementos que compotildeem a forma urbana - o traccedilado e
perfis das vias o modo de implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as proporccedilotildees
densidade e maneira de ocupaccedilatildeo das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres ndash
contribui determinantemente para caracterizaccedilatildeo da propagaccedilatildeo sonora no meio urbano atraveacutes
de muacuteltiplas reflexotildees do espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave fonte geradora de
campos sonoros reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de aacutereas de sombra
Esta interaccedilatildeo entre os elementos da forma urbana e a propagaccedilatildeo sonora ocorre a partir da
diversidade e singularidade existente nos variados meios urbanos igualmente proporcionando os
mais particulares comportamentos acuacutesticos Isto eacute para cada meio urbano existem caracteriacutesticas
particulares inerentes agrave sua forma urbana que geram um comportamento acuacutestico igualmente
especiacutefico exclusivo e vinculado a esta forma urbana
Apesar deste atrelamento entre a acuacutestica urbana e a forma urbana esta relaccedilatildeo natildeo eacute
suficientemente pesquisada e quando eacute satildeo enfocadas prioritariamente situaccedilotildees presentes de
comportamento acuacutestico eou no maacuteximo hipoacuteteses futuras tambeacutem chamadas de prediccedilatildeo
acuacutestica Aleacutem disso natildeo foram encontradas referecircncias ateacute o presente momento de investigaccedilotildees
que priorizem a apreciaccedilatildeo da acuacutestica urbana e sua relaccedilatildeo com as modificaccedilotildees ao longo do tempo da
forma urbana
Isto posto considerando esta ausecircncia de pesquisas e considerando que para cada espaccedilo urbano
existe um comportamento de propagaccedilatildeo sonora especiacutefico o presente estudo se propocircs a
investigar o comportamento acuacutestico de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em sua forma urbana
Para isso admitiu-se que a propagaccedilatildeo de uma mesma fonte sonora em um mesmo espaccedilo urbano
que tenha sofrido ao longo de um processo cronoloacutegico modificaccedilotildees em sua forma urbana
implicaria em diferentes comportamentos em sua acuacutestica urbana para as diferentes datas deste
processo Esta suposiccedilatildeo possibilitou a anaacutelise do comportamento acuacutestico atraveacutes das
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
19
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
modificaccedilotildees cronoloacutegicas da forma urbana a partir da articulaccedilatildeo de trecircs variaacuteveis - a fonte sonora
a forma urbana e a acuacutestica urbana Estas variaacuteveis foram consideradas tendo o estudo de caso
enquanto estrateacutegia de pesquisa
O caso escolhido para esta investigaccedilatildeo foi o loteamento 3deg Jardim de Boa Viagem tanto por
representar uma parcela bem delimitada das raacutepidas e recentes transformaccedilotildees ocorridas na
forma urbana do bairro de Boa Viagem quanto por permitir ilustrar o comportamento acuacutestico
em um encadeamento evolutivo do iniacutecio de sua ocupaccedilatildeo recente ateacute os dias atuais
Para compor tal encadeamento evolutivo foram selecionados os anos de 1971 data escolhida por
caracterizar o princiacutepio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim 1981 e 1997 por representarem datas de
registro de fotografias aeacutereas do bairro de Boa Viagem existentes na base de dados da
CONDEPE-FIDEM Agecircncia Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco 2009 por
representar a realidade atualmente encontrada no 3deg Jardim e uma simulaccedilatildeo de situaccedilatildeo
hipoteacutetica futura de modificaccedilatildeo na forma urbana
Isto posto com o intuito de analisar o comportamento da acuacutestica urbana do 3deg Jardim de Boa
Viagem a partir de modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua forma urbana foram executados os
seguintes objetivos especiacuteficos (I) identificar as caracteriacutesticas configuraccedilotildees e transformaccedilotildees da
forma urbana ocorridas no 3deg Jardim de Boa Viagem nos anos de 1971 1981 1997 e 2009 a
partir de seu processo de ocupaccedilatildeo (II) elaborar mapas acuacutesticos dos niacuteveis atuais (2009) de
pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim (III) elaborar mapas acuacutesticos do 3deg Jardim nos anos de
1971 1981 1997 e de situaccedilatildeo hipoteacutetica futura a partir da consideraccedilatildeo dos niacuteveis atuais (2009)
de pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim
Em busca de expor sistematicamente seu desenvolvimento a presente investigaccedilatildeo foi
estruturada do seguinte modo
O presente capiacutetulo 1 introduz e antecipa brevemente a discussatildeo que seraacute realizada ao longo
desta pesquisa
O capiacutetulo 2 aborda dois aspectos principais O primeiro deles desenvolve o conceito de forma
urbana e seus elementos componentes a partir dos autores Joseacute Lamas (2004) Philippe Panerai
(2006) e Vicente Del Rio (1990) Busca elucidar que a apreensatildeo da forma urbana eacute complexa e
envolve diversificadas abordagens e enfoques sociais econocircmicos histoacutericos e culturais para
entatildeo indicar que a presente pesquisa lanccedilaraacute um olhar para a forma urbana essencialmente a
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
20
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
partir de seu aspecto fiacutesico e material recorte necessaacuterio para a anaacutelise do comportamento
acuacutestico urbano
O segundo aspecto abordado no capiacutetulo 2 diz respeito agrave definiccedilatildeo teoacuterica do conceito da
acuacutestica urbana e de suas diversificadas implicaccedilotildees e interfaces quando o som eacute propagado em
meio urbano Busca evidenciar os fenocircmenos que ocorrem a partir da interaccedilatildeo entre a forma
urbana e a acuacutestica urbana indicando que a influecircncia da forma urbana eacute determinante para o
comportamento da acuacutestica urbana
O capiacutetulo 3 eacute dedicado ao percurso investigativo desta pesquisa evidenciando sua metodologia e
procedimentos metodoloacutegicos apresentando o 3deg Jardim enquanto estudo de caso o
mapeamento acuacutestico enquanto instrumento de pesquisa e detalhando as etapas operacionais
deste estudo Este capiacutetulo evidencia ainda o processo de elaboraccedilatildeo dos modelos e mapas
acuacutesticos da forma urbana existente no 3deg Jardim em cada uma das datas estudadas aleacutem da
situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e discute o software Predictor utilizado para este mapeamento
O capiacutetulo 4 diz respeito ao processo de ocupaccedilatildeo do bairro de Boa Viagem e sua relaccedilatildeo com as
transformaccedilotildees urbanas ocorridas no 3deg Jardim Busca-se identificar as caracteriacutesticas
configuraccedilotildees e transformaccedilotildees ocorridas na forma urbana do 3deg Jardim que possibilitem o
entendimento cronoloacutegico destas modificaccedilotildees dando suporte a elaboraccedilatildeo e anaacutelise dos mapas
acuacutesticos
O capiacutetulo 5 analisa o comportamento da acuacutestica urbana identificado nos mapas acuacutesticos
elaborados do 3deg Jardim a partir das modificaccedilotildees ocorridas em sua forma urbana nos anos de
1971 1981 1997 e 2009 aleacutem de uma situaccedilatildeo hipoteacutetica futura (prediccedilatildeo acuacutestica) Neste capiacutetulo
discute-se ainda o comportamento do 3deg Jardim em relaccedilatildeo agrave legislaccedilatildeo municipal que regula as
emissotildees sonoras na cidade do Recife e no estado de Pernambuco e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis
recomendados por outras entidades normativas e indica-se possiacuteveis accedilotildees para melhoria no
comportamento acuacutestico do 3deg Jardim bem como as possiacuteveis consequumlecircncias acuacutesticas da
ausecircncia de tais accedilotildees
Por fim no capiacutetulo 6 satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais acerca do comportamento acuacutestico
do 3deg Jardim e satildeo indicados novos rumos de pesquisa a respeito da acuacutestica urbana
CAPIacuteTULO 2
A arquitetura eacute uma muacutesica petrificada
Arthur Schopenhauer
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
22
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
Analisar o comportamento da acuacutestica urbana ainda que a partir das modificaccedilotildees da forma
urbana faz com que esta pesquisa trate essencialmente da acuacutestica urbana No entanto este
comportamento esta sujeito aos diversificados modos de apreensatildeo da forma urbana e de seus
elementos componentes bem como ao modo como esta pesquisa os consideraraacute
Assim sendo o primeiro item deste capiacutetulo expotildee o conceito de forma urbana e de algumas de
suas relaccedilotildees discutido agrave luz de LAMAS (2004) de PANERAI (2006) e DEL RIO (1990)
indicando em seguida o que esta pesquisa consideraraacute como forma urbana
Certamente discussatildeo em torno da produccedilatildeo de outros autores poderia ser elaborada No
entanto o primeiro item deste capiacutetulo natildeo pretende representar uma revisatildeo bibliograacutefica acerca
do estudo da forma urbana e suas relaccedilotildees pretende sim construir uma discussatildeo em torno dos
trecircs autores selecionados que culmine no conceito de forma urbana que seraacute considerado por esta
pesquisa para possibilitar olhar para suas modificaccedilotildees cronoloacutegicas a fim de compreender o
comportamento da acuacutestica urbana
Apoacutes este delineamento no segundo item deste capiacutetulo discute-se a acuacutestica urbana e suas
relaccedilotildees conceituais com os diversos elementos e implicaccedilotildees da propagaccedilatildeo sonora em meio
urbano e como eles relacionam-se influenciando em seu comportamento
21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes
Segundo LAMAS (2004) estudar a forma urbana compreende examinar as configuraccedilotildees e as
estruturas exteriores de determinados objetos de suas formas interligando-as com os fenocircmenos
que lhes deram origem Assim sendo a forma urbana pode ser definida como sendo o
[] modo como se organizam os elementos morfoloacutegicos que constituem e definem o espaccedilo urbano relativamente agrave materializaccedilatildeo dos aspectos de
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
23
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas Fonte LAMAS 2004
organizaccedilatildeo funcional e quantitativa e dos aspectos qualitativos e figurativos (LAMAS 2004 p 44) 1
Dentre estes aspectos os quantitativos satildeo agravequeles da realidade urbana que podem ser
quantificaacuteveis tais como densidades superfiacutecies fluxos coeficientes volumeacutetricos entre outros
(Figura 21) os de organizaccedilatildeo funcional satildeo agravequeles que se relacionam com as atividades
humanas tais como habitar e trabalhar e agravequeles relacionados ao modo de uso especiacutefico de uma
aacuterea ndash residencial comercial industrial entre outros os qualitativos referem-se ao tratamento dos
espaccedilos ao conforto e a comodidade do utilizador tais como adaptaccedilatildeo ao clima acessibilidade
estado da pavimentaccedilatildeo entre outros por fim os aspectos figurativos dizem respeito a
essencialmente a comunicaccedilatildeo esteacutetica (LAMAS 2004)
Pode-se considerar que ao olhar para forma urbana e em especiacutefico para suas modificaccedilotildees
cronoloacutegicas com o intuito de compreender o comportamento da acuacutestica urbana esta pesquisa
relaciona-se tanto aos aspectos qualitativos a partir do conforto acuacutestico dos receptores das
ondas sonoras em meio urbano quanto aos
aspectos quantitativos uma vez que este
comportamento acuacutestico em meio urbano eacute
quantificaacutevel em decibels (dB)
Embora estes aspectos envolvam grande parte
das singularidades inerentes a forma urbana
esta definiccedilatildeo parece ainda natildeo abarcar outras
particularidades sociais econocircmicas histoacutericas
e culturais igualmente envolvidas no
entendimento da concepccedilatildeo da forma urbana
isto eacute resta ainda a consideraccedilatildeo de que esta
forma urbana natildeo acontece
independentemente dos grupos sociais que a
produzem (PANERAI 2006)
Satildeo essencialmente estas particularidades que
impulsionam ou amortecem a transformaccedilatildeo
1 Para todas as citaccedilotildees deste autor natildeo seratildeo consideradas adaptaccedilotildees na liacutengua do paiacutes de origem - Portugal - permanecendo o texto original
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
24
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
dos elementos que compotildeem a forma urbana ndash a adiccedilatildeo de novos de traccedilados a um jaacute existente
ou sua superposiccedilatildeo seus conflitos o parcelamento de parques e ocupaccedilatildeo de espaccedilos livres a
renovaccedilatildeo da massa edificada seu lento adensamento e verticalizaccedilatildeo segundo uma especulaccedilatildeo
despretensiosa ou sua substituiccedilatildeo por vastos empreendimentos sob influecircncia de uma
especulaccedilatildeo bem mais expressiva (PANERAI 2006) isto eacute faz parte da apreensatildeo da forma
urbana uma complexidade que envolve um processo de acumulaccedilatildeo de enfoques e observaccedilotildees
sociais econocircmicas histoacutericas e culturais que englobam muito mais do que apenas sua forma
fiacutesica
Estas particularidades especialmente as sociais parecem um pouco mais delineadas nas
consideraccedilotildees feitas por DEL RIO (1990) que considera o espaccedilo urbano a partir da apropriaccedilatildeo
social que se faz dele estabelecendo que em relaccedilatildeo ao estudo da forma urbana a cidade pode
ser compreendida a partir de trecircs niacuteveis organizacionais o coletivo o comunitaacuterio e o individual
O niacutevel coletivo eacute regido sob uma loacutegica estruturadora percebida inconscientemente e
coletivamente e eacute composto pelos elementos2 do tecido que possuem uma permanecircncia maior ao
longo do tempo o niacutevel comunitaacuterio diz respeito aos elementos com significados especiais apenas
para um pequeno grupo da populaccedilatildeo como o bairro por exemplo jaacute o niacutevel individual expressa
significados individuais como a residecircncia e seu espaccedilo circundante e por seu caraacuteter individual eacute
o que apresenta maior rapidez nas modificaccedilotildees (DEL RIO 1990)
Mas LAMAS (2004) ao defender sua definiccedilatildeo para forma urbana natildeo soacute possuiacutea ciecircncia destas
outras particularidades explicitadas por PANERAI (2006) e DEL RIO (1990) ndash sociais
econocircmicas histoacutericas e culturais ndash envolvidas na concepccedilatildeo de forma urbana como optou em
natildeo apreciaacute-las
[] um primeiro grau de leitura da cidade eacute eminentemente fiacutesico-espacial e morfoloacutegico portanto especiacutefico da arquitectura e o uacutenico que permite evidenciar a diferenccedila entre este e outro espaccedilo entre esta e aquela forma e explicar as caracteriacutesticas de cada parte da cidade A estes se juntam outros niacuteveis de leitura que revelam diferentes conteuacutedos (histoacutericos econoacutemicos sociais e outros) Mas este conjunto de leituras soacute eacute possiacutevel porque a cidade existe como facto fiacutesico e material Todos os instrumentos de leitura lecircem o mesmo objecto ndash o espaccedilo fiacutesico a FORMA URBANA (LAMAS 2004 p 31 grifo do autor) Eacute fundamentalmente a dimensatildeo fiacutesica e morfoloacutegica da cidade que me preocupa [] (LAMAS 2004 p 31)
2 Estes elementos seratildeo discutidos em paraacutegrafos mais adiante
____________________________________________
ANAacuteLISE D
Na verdade esta opccedilatildeo em
urbana considerando-a essen
de seu aspecto fiacutesico e m
convenientemente ao obje
presente pesquisa analisar
da acuacutestica urbana a partir
cronoloacutegicas na forma urba
esta anaacutelise do compor
implica em uma apropriaccedil
fiacutesica e material destas modif
Certamente a busca pela ap
urbana envolve muito
simplesmente sua forma
como jaacute aclarado No entan
da anaacutelise proposta por
apreensatildeo em totalid
fundamentalmente necessaacuter
apropriaccedilatildeo da forma urban
material ou uma variaacutevel fiacutes
finalidade derradeira de
comportamento acuacutestico
modificaccedilotildees nesta forma
Ao entender a observaccedilatildeo
essencialmente em seu aspec
(2004) propocircs uma classifica
dimensotildees
bull A dimensatildeo setorial
refere-se agrave menor u
do espaccedilo urbano co
uma praccedila ou uma
ponto o observador
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 24 ndash A cidadeo texemplificada por meio da cidadLAMAS 2004
Figura 23 ndash O bairro a escala ucidade portuguesa de Tavira Fonte
Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na ca dimensatildeo setorial Fonte LAMA
em observar a forma
sencialmente a partir
material responde
bjetivo primeiro da
ar o comportamento
rtir de modificaccedilotildees
rbana uma vez que
ortamento acuacutestico
riaccedilatildeo genuinamente
dificaccedilotildees
apreensatildeo da forma
o mais do que
a fiacutesica e material
tanto para realizaccedilatildeo
or este estudo tal
alidade natildeo eacute
saacuteria o que torna a
bana quase um meio
l fiacutesica para atingir a
e compreensatildeo do
a partir de
atildeo da forma urbana
pecto fiacutesico LAMAS
icaccedilatildeo em escalas ou
ndash a escala da rua
r unidade ou porccedilatildeo
como por exemplo
a rua onde de um
dor pode abarcar a
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
25
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
territoacuterioa dimensatildeo territorial dade portuguesa de Tavira Fonte
a urbana exemplificada por meio da nte LAMAS 2004
na cidade portuguesa de Tavira ilustra MAS 2004
____________________________________________
ANAacuteLISE D
unidade espacial d
(Figura 22)
bull A dimensatildeo urbana ndash
corresponde agraves pa
identificaacuteveis como
exemplo onde a
elementos da forma
atraveacutes do movime
percursos (Figura 23
bull E por fim a dimensatildeo
da cidade diz respeito
diferentes formas
articulaccedilatildeo de bai
entre si Sua forma
distribuiccedilatildeo de eleme
das cidades em con
suporte geograacutefico d
a articulaccedilatildeo de
circulaccedilatildeo entre os
entre zonas habitacio
entre outras (Figura 2
Dentre estas dimensotildees a u
bairro desperta particular
pesquisa uma vez que o e
limites de observaccedilatildeo atraveacute
de movimentos poderaacute aba
significante de modificaccedilotildee
forma urbana de determina
compreender o comport
acuacutestica urbana
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 25 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do CONDEPE-FIDEM 1981
Figura 26 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do baorigens da cidade entrecortadoBarreto Fonte CONDEPE-FIDE
Figura 27 ndash Exemplos de diveredifiacutecios lotes quarteirotildees e vias eRecife Nesta imagem um recessencialmente por morros o AltoFIDEM 1981
de seu conjunto
ndash a escala do bairro
partes homogecircneas
mo os bairros por
a observaccedilatildeo dos
a urbana eacute realizada
imento e de vaacuterios
23)
nsatildeo territorial ndash a escala
eito agrave articulaccedilatildeo de
as urbanas da
bairros interligados
ma eacute definida pela
mentos estruturantes
onformidade com o
o do siacutetio tais como
e ruas e vias de
s diferentes bairros
cionais e comerciais
a 24)
a urbana ndash escala do
lar interesse desta
o entendimento dos
veacutes de certo nuacutemero
barcar uma amostra
otildees cronoloacutegicas na
inado local a fim de
ortamento de sua
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
26
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife o bairro de Boa Viagem Fonte
rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves do pela recente Avenida Dantas DEM 1981
versificadas concretizaccedilotildees entre os em diferentes bairros da cidade do
recorte de um bairro constituiacutedo lto do Mandu Fonte CONDEPE-
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
27
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
No entanto para apreender tal dimensatildeo devem-se conhecer e estabelecer quais elementos
miacutenimos da forma urbana que se relaciona com esta a dimensatildeo urbana e quais satildeo estes
elementos LAMAS (2004) propocircs onze elementos da forma urbana necessaacuterios para esta
apreensatildeo o solo (I) o edifiacutecio (II) o lote (III) o logradouro (IV) o quarteiratildeo (V) o traccediladoa
rua(VI) a praccedila (VII) a fachada (VIII) o monumento (IX) a vegetaccedilatildeo (X) e o mobiliaacuterio
urbano (XI) Dentre estes elementos seis possuem uma estreita relaccedilatildeo com esta pesquisa e
seratildeo expostos de acordo com consideraccedilotildees observadas por LAMAS 3 (2004) (Figuras 25 a 27)
O edifiacutecio representa o elemento miacutenimo identificaacutevel na observaccedilatildeo da forma urbana eacute atraveacutes
dele que se constitui o espaccedilo urbano e se organizam diferentes elementos tais como ruas praccedilas
avenidas entre outros Os edifiacutecios agrupam-se em diferentes tipos tanto em relaccedilatildeo a suas
formas quanto a suas funccedilotildees Estes elementos podem influenciar o comportamento da acuacutestica
urbana atuando enquanto objetos reflexivos da onda sonora e como barreiras acuacutesticas4
O lote representa o princiacutepio da relaccedilatildeo do edifiacutecio com o terreno A forma do lote eacute muitas
vezes condicionante da forma do edifiacutecio tornando-os vinculados por essecircncia o logradouro diz
respeito ao espaccedilo livres e natildeo construiacutedos no interior do lote aos quintais e jardins o quarteiratildeo
ou quadra pode ser considerado como o espaccedilo resultante entre o cruzamento de trecircs ou mais
vias podendo ser demarcado em vaacuterios lotes para a construccedilatildeo de edifiacutecios Juntos estes trecircs
elementos associados aos edifiacutecios podem propiciar uma maior ou menor permeabilidade
acuacutestica eou uma maior ou menor presenccedila de aacutereas de sombra no meio urbano
O traccedilado por meio das ruas ou vias eacute facilmente identificaacutevel no meio urbano Estaacute muitas vezes
condicionado ao siacutetio geograacutefico existente regula a disposiccedilatildeo dos edifiacutecios e quarteirotildees e
interliga os vaacuterios espaccedilos componentes da cidade e a cidade ao territoacuterio Normalmente o
traccedilado resiste agraves transformaccedilotildees na forma urbana por possuir um caraacuteter de permanecircncia natildeo
totalmente modificaacutevel O traccedilado engloba trajetoacuterias e caminhos que natildeo satildeo necessariamente
percorridos atraveacutes de automoacuteveis apesar disso estaacute em grande parte vinculado a uma das
principais fontes geradoras de ruiacutedo urbano ndash o traacutefego de veiacuteculos
3 Os outros elementos tambeacutem podem relacionar-se de diferentes maneiras com a acuacutestica urbana mas nem tanto com a presente pesquisa e por isso natildeo foram considerados 4 Todas as definiccedilotildees e conceitos acuacutesticos apresentados no presente item seratildeo elucidados no item seguinte 22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
28
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) Fonte PANERAI 2006
A praccedila eacute um espaccedilo de geometria variada
intencionalmente inserido no meio urbano
cuja relaccedilatildeo com o traccedilado e os edifiacutecios
tambeacutem eacute intencional evidenciada atraveacutes do
seu desenho e natildeo acidentais como
alargamento e confluecircncias do traccedilado Aleacutem
disso a praccedila eacute um lugar de encontro de
permanecircncia e de praacuteticas sociais
Acusticamente dependendo de suas
proporccedilotildees a propagaccedilatildeo sonora que envolve
uma praccedila pode apresentar um
comportamento que se assemelha a
propagaccedilatildeo sonora em campo livre
Estes elementos constituintes da forma urbana
conceituados por LAMAS (2004) podem ser
identificados sob um diferente invoacutelucro
conceitual mas com a mesma essecircncia no que
PANERAI (2006) definiu como sendo
conjuntos do tecido urbano
Aplicado agrave cidade o termo ldquotecidordquo evoca a continuidade e a renovaccedilatildeo a permanecircncia e a variaccedilatildeo Ele explica a constituiccedilatildeo das cidades antigas e responde as questotildees levantadas pelo estudo das urbanizaccedilotildees recentes Ele pressupotildee uma atenccedilatildeo tanto ao banal quanto ao excepcional tanto agraves ruas comuns e agraves edificaccedilotildees corriqueiras quanto agraves regulamentaccedilotildees e aos monumentos Dentre as muacuteltiplas definiccedilotildees de tecido urbano e sem desprezar suas qualidades escolhemos a mais simples O tecido urbano eacute constituiacutedo pela superposiccedilatildeo ou imbricaccedilatildeo de trecircs conjuntos a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees Essa definiccedilatildeo potildee em evidecircncia os elementos que permitem que as diferentes partes da cidade evoluam ao mesmo tempo em que satildeo mantidas a coesatildeo de conjunto e a clareza de sua estrutura (PANERAI 2006 p 77-78 grifo nosso) (Figura 28)
Ao contraacuterio de LAMAS (2004) que considera a praccedila como um elemento da forma urbana por
si soacute PANERAI (2006) discute as vias ou traccedilado inseridas em uma relaccedilatildeo em rede onde
tambeacutem satildeo considerados como partes constituintes os largos passeios praccedilas esplanadas cais
pontes rios canais margens praias todos compondo o espaccedilo puacuteblico Eacute atraveacutes desta rede
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
29
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua
organizaccedilatildeo local e territorial
Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o
domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios
quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente
o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da
forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo
Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao
espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo
vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os
edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila
sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto
Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute
bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus
elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma
essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo
objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles
- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)
Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno
relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar
definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento
5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
30
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109
O adensamento ocorre a partir de dois modos
essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do
preenchimento progressivo do espaccedilo urbano
e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa
por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)
A primeira forma de adensamento ocorre sem
a expansatildeo territorial por meio do
preenchimento progressivo de todas as
reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de
determinado meio urbano Eacute um
adensamento inserido em limitesbarreiras
preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como
uma via expressa irregularidades geograacuteficas
do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual
em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas
edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)
A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do
solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de
adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem
sua expansatildeo (PANERAI 2006)
Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como
se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado
meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da
acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o
adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de
objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica
Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o
edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados
por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
31
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias
dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta
pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a
partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo
exclusivamente
1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo
de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres
2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os
lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)
3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e
principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes
geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)
Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no
decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees
cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e
relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana
22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a
forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia
multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o
som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas
do conhecimento (Figura 210)
Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano
seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes
tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental
O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por
pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu
____________________________________________
ANAacuteLISE D
complexo padratildeo de ondas s
de ruiacutedo muacutesica fala
(BERGLUND et al 1999)
Esta definiccedilatildeo do som tend
a percepccedilatildeo do ouvido
conceito psicofiacutesico Fisicame
vibraccedilatildeo mecacircnica que
progressivamente atraveacutes de
gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN
Esta vibraccedilatildeo quando tran
que o rodeia nem sempre
aparelho auditivo humano
frequumlecircncia6 audiacutevel encontra
20 a 20000 Hz para um
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984
1982) Frequumlecircncias acima de
altas para respostas fisioloacuteg
chamadas de ultrasons Jaacute as
de 20 Hz satildeo chamadas de
detectaacuteveis pelo ouvido hum
prejudiciais agrave sua sauacutede7
1982 SOUSA 2004)
Fisicamente o som e o ruiacutedo
ambos se propagam em mei
detectados pelo ouvido hu
enquanto o som eacute utilizado
6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa
Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006
as sonoras eacute rotulado
ala entre outros
ndo como referecircncia
o humano eacute um
mente o som eacute uma
que se propaga
de um meio material
(SINGAL 2005)
transmitida ao meio
re eacute detectaacutevel pelo
ano cuja faixa de
tra-se no intervalo de
um jovem saudaacutevel
4 KINSLER et al
de 20000 Hz muito
loacutegicas auditivas satildeo
as frequumlecircncias abaixo
de infrasons e natildeo satildeo
umano contudo satildeo
(KINSLER et al
iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee
eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos
humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN
do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev
iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo
as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
32
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006
ontual e fonte sonora linear Fonte
otildees de pressatildeo ambiente
bos satildeo capazes de serem
EN 1995) No entanto
daacuteveis o ruiacutedo descreve
do e eacute medida em Hertz (Hz)
amento das estruturas cardiacuteacas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
33
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)
Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e
portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece
como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro
[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)
Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo
mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees
no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse
irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos
(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM
2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)
O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais
comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual
possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as
direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)
Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de
fontes pontuais dispostas linearmente cuja
emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta
linha sendo seu decaimento em campo livre
de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)
Quando propagadas no meio urbano a
combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas
ao percurso de transmissatildeo e ao receptor
constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
34
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
chamado de ruiacutedo ambiental (environmental
noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)
(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005
SOUSA 2004)
O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do
traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de
obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos
industriais de estabelecimentos comerciais e
de serviccedilos de sistemas de propaganda
volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-
estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982
NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)
Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais
como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes
nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade
populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos
extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se
a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES
2006)
Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o
ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A
necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade
existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis
normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a
populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano
8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
35
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006
Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg
1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes
Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes
procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO
2009)
NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
Niacutevel de Pressatildeo sonora
em dB(A)
Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS
Ambiente ou atividade
0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros
aacuterea de mata selvagem
30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite
50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse
auditivo Rua agitada um restaurante barulhento
70 a 90 Estressante e bastante
excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh
conversa a gritos
90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia
Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor
110 a 130
Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez
instantacircnea
Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock
130 a 140 Acima do limiar da dor
causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia
Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias
resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a
poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir
diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho
Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores
(NAGEM 2004)
Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave
Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do
12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
36
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do
sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do
Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da
cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias
tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da
Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)
Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da
LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos
com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos
submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e
do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a
accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave
conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte
geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)
Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos
de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em
documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da
Cidade do Recife (RECIFE 2000)
Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo
Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as
posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da
poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor
o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie
de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo
exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil
militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um
importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)
Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a
poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de
13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
37
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999
pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais
(BERGLUND et al1999)
Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que
atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua
(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do
ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio
urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram
em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da
populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes
geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et
al 2002) (Figura 214)
Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o
aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais
percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al
2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)
O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a
partir do ruiacutedo veicular que proveacutem
essencialmente do sistema de propulsatildeo do
motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo
aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso
(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da
relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as
configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido
a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de
acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a
presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de
pedestres etc a intensidade do fluxo de
veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os
veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de
14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
38
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita
terra batida) etc (SINGAL 2005)
Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo
comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas
implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo
do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo
para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e
pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS
2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma
interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana
Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto
por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego
seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no
proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de
certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e
forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e
largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser
acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica
O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde
acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo
acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)
O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia
de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio
urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou
nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o
espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de
suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de
pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
39
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007
Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido
pelo receptor diminui em funccedilatildeo da
duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15
Praccedilas parques e largos com grandes
dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias
vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas
uma de suas margens ou espaccedilos livres
urbanos de grandes dimensotildees caracterizam
alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos
No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras
sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o
seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente
sendo praticamente o mesmo em vaacuterias
posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre
uma saiacuteda para campo livre caracterizando o
fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura
217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)
Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser
reverberantes quando a onda sonora tarda a
encontrar o campo livre gerando um grande
nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes
quando a onda sonora encontra o campo livre
um pouco mais rapidamente do que no
reverberante gerando um nuacutemero menor mas
ainda grande de reflexotildees
15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
40
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007
No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado
reverberante possui comumente um perfil em
ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de
canyons urbanos que podem amplificar
consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das
vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas
geradas pelas fachadas paralelas das
edificaccedilotildees que circundam estas vias
(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste
tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora
natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre
a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico
aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos
elementos que compotildeem a forma urbana e
dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que
revestem as superfiacutecies refletoras18
(NIEMEYER 2007)
Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de
traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados
tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos
de espaccedilos acuacutesticos fechados
A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda
sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem
podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo
tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo
18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
41
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007
Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992
Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se
aos percursos da onda sonora gerados no
meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005
NIEMEYER 2007) A intensidade da
permeabilidade acuacutestica - mais ou menos
permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de
certos elementos urbanos de promover ou
conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais
como o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem
como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade
e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila
ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e
221)
A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda
com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o
conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a
qualquer objeto que possa ser considerado um
obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias
entre a fonte e o receptor (Figura 222)
(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES
2000) Ao bloquear o percurso direto entre a
fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser
absorvida eou refletida pela superfiacutecie da
barreira transmitida atraveacutes da barreira ou
difratada a partir do topo da barreira
(BARRON 2003 SINGAL 2005)
A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as
ondas sonoras sejam capazes de contornar
determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de
sombra acuacutestica que possui limites espaciais
variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte
____________________________________________
ANAacuteLISE D
sonora e de sua localizaccedilatilde
receptor que por sua vez
sonora difratada pelas borda
um decaimento maior do qu
campo livre (Figura 223) (N
1968 NIEMEYER 2007 PA
O uso de barreiras acuacutestic
EUA Japatildeo Austraacutelia e
reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do
pelo traacutefego rodoviaacuterio pa
(Figuras 224 a 226) (SIN
Brasil esta praacutetica ainda eacute inc
restringindo-se a poucos exe
caso da barreira acuacutestica no
Linha Amarela na cidade do
na Rodovia Bandeirantes co
de Satildeo Paulo a Campinas
Paulo (Figura 227) (MURGE
2004)
Embora a implantaccedilatildeo de b
esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do
rodoviaacuterio outros elemen
meio urbano situados ent
receptor atuam espontan
barreiras agrave propagaccedilatildeo sono
terreno com topografia i
muros edificaccedilotildees entr
edificaccedilotildees conjugadas da R
cidade do Recife ou aind
conjugadas em alguns trec
Atlacircntica no Rio de Janei
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap
Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C
Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2
Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest
Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN
accedilatildeo em relaccedilatildeo ao
ez recebe a energia
rdas da barreira com
que se estivesse em
(NEPOMUCENO
PAZ 2004)
ticas eacute comum nos
e na Europa para
do ruiacutedo produzido
para seus arredores
INGAL 2005) No
incipiente
exemplos como eacute o
no eixo rodoviaacuterio
o Rio de Janeiro e
conectando a cidade
s no estado de Satildeo
GEL 2007 SOUSA
e barreiras acuacutesticas
do ruiacutedo de traacutefego
entos inseridos no
entre a fonte e o
taneamente como
nora tais como um
irregular taludes
ntre outros As
a Rua da Aurora na
inda as edificaccedilotildees
trechos da Avenida
neiro por exemplo
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
42
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007
rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007
da Rodovia Bandeirantes no estado 2007
da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000
barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
43
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409
Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409
aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas
espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem
conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em
ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e
229)
A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e
da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a
interaccedilatildeo entre os diversos elementos que
compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis
das vias o modo de implantaccedilatildeo das
edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as
proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo
das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de
espaccedilos livres ndash contribui determinantemente
para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano
atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do
espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave
fonte geradora de campos sonoros
reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de
aacutereas de sombra
Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado
um sistema composto essencialmente pela fonte
sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e
KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto
percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de
propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares
apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo
da onda sonora no meio urbano
19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
44
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao
ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos
reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente
todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das
edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar
dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e
insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via
Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo
facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas
reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando
sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano
desejaacutevel aos seus receptores
Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as
distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de
propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades
bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento
acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano
Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se
comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica
urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana
Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos
investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
17
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
1 INTRODUCcedilAtildeO
Um grito estridente lanccedilado em um meio urbano envolto nos ldquomais modernosrdquo e descomunais
arranha-ceacuteus desconfortavelmente ouvido nos mais remotos pavimentos de um deles foi agrave
centelha motivadora para as ideacuteias e discussotildees que permeiam esta pesquisa Este grito mal
recebido pelo receptor pode ser considerado uma das diversas formas da profusatildeo de ruiacutedos que
cada vez mais se tornam elementos onipresentes da vida contemporacircnea
Tal profusatildeo de ruiacutedos atualmente encontrados nos centros urbanos estaacute intimamente vinculada
ao crescimento acelerado das cidades que possibilitaram o aumento e uma maior concentraccedilatildeo da
populaccedilatildeo urbana acarretando em raacutepidas transformaccedilotildees no meio de propagaccedilatildeo do ruiacutedo
urbano aleacutem do aumento e uma maior concentraccedilatildeo dos diversos tipos de fontes sonoras que o
geram
Embora esteja estreitamente relacionado ao raacutepido desenvolvimento das cidades o ruiacutedo urbano
natildeo deve ser considerado como uma consequumlecircncia incidental da accedilatildeo humana em busca de
progresso e por isso inevitaacutevel tampouco toleraacutevel Ao contraacuterio deve ser entendido como uma
das consequumlecircncias prejudiciais deste desenvolvimento que pode causar diversos males fisioloacutegicos
e psicoloacutegicos ao citadino e assim sendo deve ser veementemente prevenido e mitigado
A fim de encontrar maneiras que possibilitem sua prevenccedilatildeo e mitigaccedilatildeo o ruiacutedo urbano pode
ser entendido como um sistema composto essencialmente pela fonte sonora ndash meio de propagaccedilatildeo ndash
receptor Dentre estas trecircs partes componentes do sistema o meio de propagaccedilatildeo pode ser
considerado como um dos menos investigados e onde as accedilotildees contra o ruiacutedo satildeo menos
concentradas (SINGAL 2005)
Esta inobservacircncia da importacircncia do meio urbano enquanto percurso de propagaccedilatildeo sonora
pode estar vinculada agrave dificuldade de intervir em meios de propagaccedilatildeo consolidados como satildeo
fundamentalmente os grandes centros urbanos Daiacute a relevacircncia em compreender a acuacutestica
urbana a partir de seu meio propagador pois uma vez consolidado o meio raras satildeo as
intervenccedilotildees possiacuteveis para minimizar o ruiacutedo urbano a partir desta parte componente do sistema
fonte ndash meio ndash receptor restando essencialmente accedilotildees preventivas
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
18
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Outro fator que evidencia o grande valor em compreender a acuacutestica urbana a partir de seu meio
de propagaccedilatildeo eacute o potencial que o meio urbano possui em influenciar a trajetoacuteria da propagaccedilatildeo
sonora Esta influecircncia acontece atraveacutes da forma que este meio apresenta ou seja a forma urbana
atraveacutes de seus elementos componentes e enquanto percurso de transmissatildeo delineia influencia e
determina em certa medida a trajetoacuteria de propagaccedilatildeo da onda sonora
Assim sendo a interaccedilatildeo entre os diversos elementos que compotildeem a forma urbana - o traccedilado e
perfis das vias o modo de implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as proporccedilotildees
densidade e maneira de ocupaccedilatildeo das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres ndash
contribui determinantemente para caracterizaccedilatildeo da propagaccedilatildeo sonora no meio urbano atraveacutes
de muacuteltiplas reflexotildees do espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave fonte geradora de
campos sonoros reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de aacutereas de sombra
Esta interaccedilatildeo entre os elementos da forma urbana e a propagaccedilatildeo sonora ocorre a partir da
diversidade e singularidade existente nos variados meios urbanos igualmente proporcionando os
mais particulares comportamentos acuacutesticos Isto eacute para cada meio urbano existem caracteriacutesticas
particulares inerentes agrave sua forma urbana que geram um comportamento acuacutestico igualmente
especiacutefico exclusivo e vinculado a esta forma urbana
Apesar deste atrelamento entre a acuacutestica urbana e a forma urbana esta relaccedilatildeo natildeo eacute
suficientemente pesquisada e quando eacute satildeo enfocadas prioritariamente situaccedilotildees presentes de
comportamento acuacutestico eou no maacuteximo hipoacuteteses futuras tambeacutem chamadas de prediccedilatildeo
acuacutestica Aleacutem disso natildeo foram encontradas referecircncias ateacute o presente momento de investigaccedilotildees
que priorizem a apreciaccedilatildeo da acuacutestica urbana e sua relaccedilatildeo com as modificaccedilotildees ao longo do tempo da
forma urbana
Isto posto considerando esta ausecircncia de pesquisas e considerando que para cada espaccedilo urbano
existe um comportamento de propagaccedilatildeo sonora especiacutefico o presente estudo se propocircs a
investigar o comportamento acuacutestico de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em sua forma urbana
Para isso admitiu-se que a propagaccedilatildeo de uma mesma fonte sonora em um mesmo espaccedilo urbano
que tenha sofrido ao longo de um processo cronoloacutegico modificaccedilotildees em sua forma urbana
implicaria em diferentes comportamentos em sua acuacutestica urbana para as diferentes datas deste
processo Esta suposiccedilatildeo possibilitou a anaacutelise do comportamento acuacutestico atraveacutes das
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
19
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
modificaccedilotildees cronoloacutegicas da forma urbana a partir da articulaccedilatildeo de trecircs variaacuteveis - a fonte sonora
a forma urbana e a acuacutestica urbana Estas variaacuteveis foram consideradas tendo o estudo de caso
enquanto estrateacutegia de pesquisa
O caso escolhido para esta investigaccedilatildeo foi o loteamento 3deg Jardim de Boa Viagem tanto por
representar uma parcela bem delimitada das raacutepidas e recentes transformaccedilotildees ocorridas na
forma urbana do bairro de Boa Viagem quanto por permitir ilustrar o comportamento acuacutestico
em um encadeamento evolutivo do iniacutecio de sua ocupaccedilatildeo recente ateacute os dias atuais
Para compor tal encadeamento evolutivo foram selecionados os anos de 1971 data escolhida por
caracterizar o princiacutepio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim 1981 e 1997 por representarem datas de
registro de fotografias aeacutereas do bairro de Boa Viagem existentes na base de dados da
CONDEPE-FIDEM Agecircncia Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco 2009 por
representar a realidade atualmente encontrada no 3deg Jardim e uma simulaccedilatildeo de situaccedilatildeo
hipoteacutetica futura de modificaccedilatildeo na forma urbana
Isto posto com o intuito de analisar o comportamento da acuacutestica urbana do 3deg Jardim de Boa
Viagem a partir de modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua forma urbana foram executados os
seguintes objetivos especiacuteficos (I) identificar as caracteriacutesticas configuraccedilotildees e transformaccedilotildees da
forma urbana ocorridas no 3deg Jardim de Boa Viagem nos anos de 1971 1981 1997 e 2009 a
partir de seu processo de ocupaccedilatildeo (II) elaborar mapas acuacutesticos dos niacuteveis atuais (2009) de
pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim (III) elaborar mapas acuacutesticos do 3deg Jardim nos anos de
1971 1981 1997 e de situaccedilatildeo hipoteacutetica futura a partir da consideraccedilatildeo dos niacuteveis atuais (2009)
de pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim
Em busca de expor sistematicamente seu desenvolvimento a presente investigaccedilatildeo foi
estruturada do seguinte modo
O presente capiacutetulo 1 introduz e antecipa brevemente a discussatildeo que seraacute realizada ao longo
desta pesquisa
O capiacutetulo 2 aborda dois aspectos principais O primeiro deles desenvolve o conceito de forma
urbana e seus elementos componentes a partir dos autores Joseacute Lamas (2004) Philippe Panerai
(2006) e Vicente Del Rio (1990) Busca elucidar que a apreensatildeo da forma urbana eacute complexa e
envolve diversificadas abordagens e enfoques sociais econocircmicos histoacutericos e culturais para
entatildeo indicar que a presente pesquisa lanccedilaraacute um olhar para a forma urbana essencialmente a
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
20
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
partir de seu aspecto fiacutesico e material recorte necessaacuterio para a anaacutelise do comportamento
acuacutestico urbano
O segundo aspecto abordado no capiacutetulo 2 diz respeito agrave definiccedilatildeo teoacuterica do conceito da
acuacutestica urbana e de suas diversificadas implicaccedilotildees e interfaces quando o som eacute propagado em
meio urbano Busca evidenciar os fenocircmenos que ocorrem a partir da interaccedilatildeo entre a forma
urbana e a acuacutestica urbana indicando que a influecircncia da forma urbana eacute determinante para o
comportamento da acuacutestica urbana
O capiacutetulo 3 eacute dedicado ao percurso investigativo desta pesquisa evidenciando sua metodologia e
procedimentos metodoloacutegicos apresentando o 3deg Jardim enquanto estudo de caso o
mapeamento acuacutestico enquanto instrumento de pesquisa e detalhando as etapas operacionais
deste estudo Este capiacutetulo evidencia ainda o processo de elaboraccedilatildeo dos modelos e mapas
acuacutesticos da forma urbana existente no 3deg Jardim em cada uma das datas estudadas aleacutem da
situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e discute o software Predictor utilizado para este mapeamento
O capiacutetulo 4 diz respeito ao processo de ocupaccedilatildeo do bairro de Boa Viagem e sua relaccedilatildeo com as
transformaccedilotildees urbanas ocorridas no 3deg Jardim Busca-se identificar as caracteriacutesticas
configuraccedilotildees e transformaccedilotildees ocorridas na forma urbana do 3deg Jardim que possibilitem o
entendimento cronoloacutegico destas modificaccedilotildees dando suporte a elaboraccedilatildeo e anaacutelise dos mapas
acuacutesticos
O capiacutetulo 5 analisa o comportamento da acuacutestica urbana identificado nos mapas acuacutesticos
elaborados do 3deg Jardim a partir das modificaccedilotildees ocorridas em sua forma urbana nos anos de
1971 1981 1997 e 2009 aleacutem de uma situaccedilatildeo hipoteacutetica futura (prediccedilatildeo acuacutestica) Neste capiacutetulo
discute-se ainda o comportamento do 3deg Jardim em relaccedilatildeo agrave legislaccedilatildeo municipal que regula as
emissotildees sonoras na cidade do Recife e no estado de Pernambuco e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis
recomendados por outras entidades normativas e indica-se possiacuteveis accedilotildees para melhoria no
comportamento acuacutestico do 3deg Jardim bem como as possiacuteveis consequumlecircncias acuacutesticas da
ausecircncia de tais accedilotildees
Por fim no capiacutetulo 6 satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais acerca do comportamento acuacutestico
do 3deg Jardim e satildeo indicados novos rumos de pesquisa a respeito da acuacutestica urbana
CAPIacuteTULO 2
A arquitetura eacute uma muacutesica petrificada
Arthur Schopenhauer
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
22
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
Analisar o comportamento da acuacutestica urbana ainda que a partir das modificaccedilotildees da forma
urbana faz com que esta pesquisa trate essencialmente da acuacutestica urbana No entanto este
comportamento esta sujeito aos diversificados modos de apreensatildeo da forma urbana e de seus
elementos componentes bem como ao modo como esta pesquisa os consideraraacute
Assim sendo o primeiro item deste capiacutetulo expotildee o conceito de forma urbana e de algumas de
suas relaccedilotildees discutido agrave luz de LAMAS (2004) de PANERAI (2006) e DEL RIO (1990)
indicando em seguida o que esta pesquisa consideraraacute como forma urbana
Certamente discussatildeo em torno da produccedilatildeo de outros autores poderia ser elaborada No
entanto o primeiro item deste capiacutetulo natildeo pretende representar uma revisatildeo bibliograacutefica acerca
do estudo da forma urbana e suas relaccedilotildees pretende sim construir uma discussatildeo em torno dos
trecircs autores selecionados que culmine no conceito de forma urbana que seraacute considerado por esta
pesquisa para possibilitar olhar para suas modificaccedilotildees cronoloacutegicas a fim de compreender o
comportamento da acuacutestica urbana
Apoacutes este delineamento no segundo item deste capiacutetulo discute-se a acuacutestica urbana e suas
relaccedilotildees conceituais com os diversos elementos e implicaccedilotildees da propagaccedilatildeo sonora em meio
urbano e como eles relacionam-se influenciando em seu comportamento
21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes
Segundo LAMAS (2004) estudar a forma urbana compreende examinar as configuraccedilotildees e as
estruturas exteriores de determinados objetos de suas formas interligando-as com os fenocircmenos
que lhes deram origem Assim sendo a forma urbana pode ser definida como sendo o
[] modo como se organizam os elementos morfoloacutegicos que constituem e definem o espaccedilo urbano relativamente agrave materializaccedilatildeo dos aspectos de
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
23
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas Fonte LAMAS 2004
organizaccedilatildeo funcional e quantitativa e dos aspectos qualitativos e figurativos (LAMAS 2004 p 44) 1
Dentre estes aspectos os quantitativos satildeo agravequeles da realidade urbana que podem ser
quantificaacuteveis tais como densidades superfiacutecies fluxos coeficientes volumeacutetricos entre outros
(Figura 21) os de organizaccedilatildeo funcional satildeo agravequeles que se relacionam com as atividades
humanas tais como habitar e trabalhar e agravequeles relacionados ao modo de uso especiacutefico de uma
aacuterea ndash residencial comercial industrial entre outros os qualitativos referem-se ao tratamento dos
espaccedilos ao conforto e a comodidade do utilizador tais como adaptaccedilatildeo ao clima acessibilidade
estado da pavimentaccedilatildeo entre outros por fim os aspectos figurativos dizem respeito a
essencialmente a comunicaccedilatildeo esteacutetica (LAMAS 2004)
Pode-se considerar que ao olhar para forma urbana e em especiacutefico para suas modificaccedilotildees
cronoloacutegicas com o intuito de compreender o comportamento da acuacutestica urbana esta pesquisa
relaciona-se tanto aos aspectos qualitativos a partir do conforto acuacutestico dos receptores das
ondas sonoras em meio urbano quanto aos
aspectos quantitativos uma vez que este
comportamento acuacutestico em meio urbano eacute
quantificaacutevel em decibels (dB)
Embora estes aspectos envolvam grande parte
das singularidades inerentes a forma urbana
esta definiccedilatildeo parece ainda natildeo abarcar outras
particularidades sociais econocircmicas histoacutericas
e culturais igualmente envolvidas no
entendimento da concepccedilatildeo da forma urbana
isto eacute resta ainda a consideraccedilatildeo de que esta
forma urbana natildeo acontece
independentemente dos grupos sociais que a
produzem (PANERAI 2006)
Satildeo essencialmente estas particularidades que
impulsionam ou amortecem a transformaccedilatildeo
1 Para todas as citaccedilotildees deste autor natildeo seratildeo consideradas adaptaccedilotildees na liacutengua do paiacutes de origem - Portugal - permanecendo o texto original
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
24
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
dos elementos que compotildeem a forma urbana ndash a adiccedilatildeo de novos de traccedilados a um jaacute existente
ou sua superposiccedilatildeo seus conflitos o parcelamento de parques e ocupaccedilatildeo de espaccedilos livres a
renovaccedilatildeo da massa edificada seu lento adensamento e verticalizaccedilatildeo segundo uma especulaccedilatildeo
despretensiosa ou sua substituiccedilatildeo por vastos empreendimentos sob influecircncia de uma
especulaccedilatildeo bem mais expressiva (PANERAI 2006) isto eacute faz parte da apreensatildeo da forma
urbana uma complexidade que envolve um processo de acumulaccedilatildeo de enfoques e observaccedilotildees
sociais econocircmicas histoacutericas e culturais que englobam muito mais do que apenas sua forma
fiacutesica
Estas particularidades especialmente as sociais parecem um pouco mais delineadas nas
consideraccedilotildees feitas por DEL RIO (1990) que considera o espaccedilo urbano a partir da apropriaccedilatildeo
social que se faz dele estabelecendo que em relaccedilatildeo ao estudo da forma urbana a cidade pode
ser compreendida a partir de trecircs niacuteveis organizacionais o coletivo o comunitaacuterio e o individual
O niacutevel coletivo eacute regido sob uma loacutegica estruturadora percebida inconscientemente e
coletivamente e eacute composto pelos elementos2 do tecido que possuem uma permanecircncia maior ao
longo do tempo o niacutevel comunitaacuterio diz respeito aos elementos com significados especiais apenas
para um pequeno grupo da populaccedilatildeo como o bairro por exemplo jaacute o niacutevel individual expressa
significados individuais como a residecircncia e seu espaccedilo circundante e por seu caraacuteter individual eacute
o que apresenta maior rapidez nas modificaccedilotildees (DEL RIO 1990)
Mas LAMAS (2004) ao defender sua definiccedilatildeo para forma urbana natildeo soacute possuiacutea ciecircncia destas
outras particularidades explicitadas por PANERAI (2006) e DEL RIO (1990) ndash sociais
econocircmicas histoacutericas e culturais ndash envolvidas na concepccedilatildeo de forma urbana como optou em
natildeo apreciaacute-las
[] um primeiro grau de leitura da cidade eacute eminentemente fiacutesico-espacial e morfoloacutegico portanto especiacutefico da arquitectura e o uacutenico que permite evidenciar a diferenccedila entre este e outro espaccedilo entre esta e aquela forma e explicar as caracteriacutesticas de cada parte da cidade A estes se juntam outros niacuteveis de leitura que revelam diferentes conteuacutedos (histoacutericos econoacutemicos sociais e outros) Mas este conjunto de leituras soacute eacute possiacutevel porque a cidade existe como facto fiacutesico e material Todos os instrumentos de leitura lecircem o mesmo objecto ndash o espaccedilo fiacutesico a FORMA URBANA (LAMAS 2004 p 31 grifo do autor) Eacute fundamentalmente a dimensatildeo fiacutesica e morfoloacutegica da cidade que me preocupa [] (LAMAS 2004 p 31)
2 Estes elementos seratildeo discutidos em paraacutegrafos mais adiante
____________________________________________
ANAacuteLISE D
Na verdade esta opccedilatildeo em
urbana considerando-a essen
de seu aspecto fiacutesico e m
convenientemente ao obje
presente pesquisa analisar
da acuacutestica urbana a partir
cronoloacutegicas na forma urba
esta anaacutelise do compor
implica em uma apropriaccedil
fiacutesica e material destas modif
Certamente a busca pela ap
urbana envolve muito
simplesmente sua forma
como jaacute aclarado No entan
da anaacutelise proposta por
apreensatildeo em totalid
fundamentalmente necessaacuter
apropriaccedilatildeo da forma urban
material ou uma variaacutevel fiacutes
finalidade derradeira de
comportamento acuacutestico
modificaccedilotildees nesta forma
Ao entender a observaccedilatildeo
essencialmente em seu aspec
(2004) propocircs uma classifica
dimensotildees
bull A dimensatildeo setorial
refere-se agrave menor u
do espaccedilo urbano co
uma praccedila ou uma
ponto o observador
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 24 ndash A cidadeo texemplificada por meio da cidadLAMAS 2004
Figura 23 ndash O bairro a escala ucidade portuguesa de Tavira Fonte
Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na ca dimensatildeo setorial Fonte LAMA
em observar a forma
sencialmente a partir
material responde
bjetivo primeiro da
ar o comportamento
rtir de modificaccedilotildees
rbana uma vez que
ortamento acuacutestico
riaccedilatildeo genuinamente
dificaccedilotildees
apreensatildeo da forma
o mais do que
a fiacutesica e material
tanto para realizaccedilatildeo
or este estudo tal
alidade natildeo eacute
saacuteria o que torna a
bana quase um meio
l fiacutesica para atingir a
e compreensatildeo do
a partir de
atildeo da forma urbana
pecto fiacutesico LAMAS
icaccedilatildeo em escalas ou
ndash a escala da rua
r unidade ou porccedilatildeo
como por exemplo
a rua onde de um
dor pode abarcar a
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
25
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
territoacuterioa dimensatildeo territorial dade portuguesa de Tavira Fonte
a urbana exemplificada por meio da nte LAMAS 2004
na cidade portuguesa de Tavira ilustra MAS 2004
____________________________________________
ANAacuteLISE D
unidade espacial d
(Figura 22)
bull A dimensatildeo urbana ndash
corresponde agraves pa
identificaacuteveis como
exemplo onde a
elementos da forma
atraveacutes do movime
percursos (Figura 23
bull E por fim a dimensatildeo
da cidade diz respeito
diferentes formas
articulaccedilatildeo de bai
entre si Sua forma
distribuiccedilatildeo de eleme
das cidades em con
suporte geograacutefico d
a articulaccedilatildeo de
circulaccedilatildeo entre os
entre zonas habitacio
entre outras (Figura 2
Dentre estas dimensotildees a u
bairro desperta particular
pesquisa uma vez que o e
limites de observaccedilatildeo atraveacute
de movimentos poderaacute aba
significante de modificaccedilotildee
forma urbana de determina
compreender o comport
acuacutestica urbana
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 25 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do CONDEPE-FIDEM 1981
Figura 26 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do baorigens da cidade entrecortadoBarreto Fonte CONDEPE-FIDE
Figura 27 ndash Exemplos de diveredifiacutecios lotes quarteirotildees e vias eRecife Nesta imagem um recessencialmente por morros o AltoFIDEM 1981
de seu conjunto
ndash a escala do bairro
partes homogecircneas
mo os bairros por
a observaccedilatildeo dos
a urbana eacute realizada
imento e de vaacuterios
23)
nsatildeo territorial ndash a escala
eito agrave articulaccedilatildeo de
as urbanas da
bairros interligados
ma eacute definida pela
mentos estruturantes
onformidade com o
o do siacutetio tais como
e ruas e vias de
s diferentes bairros
cionais e comerciais
a 24)
a urbana ndash escala do
lar interesse desta
o entendimento dos
veacutes de certo nuacutemero
barcar uma amostra
otildees cronoloacutegicas na
inado local a fim de
ortamento de sua
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
26
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife o bairro de Boa Viagem Fonte
rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves do pela recente Avenida Dantas DEM 1981
versificadas concretizaccedilotildees entre os em diferentes bairros da cidade do
recorte de um bairro constituiacutedo lto do Mandu Fonte CONDEPE-
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
27
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
No entanto para apreender tal dimensatildeo devem-se conhecer e estabelecer quais elementos
miacutenimos da forma urbana que se relaciona com esta a dimensatildeo urbana e quais satildeo estes
elementos LAMAS (2004) propocircs onze elementos da forma urbana necessaacuterios para esta
apreensatildeo o solo (I) o edifiacutecio (II) o lote (III) o logradouro (IV) o quarteiratildeo (V) o traccediladoa
rua(VI) a praccedila (VII) a fachada (VIII) o monumento (IX) a vegetaccedilatildeo (X) e o mobiliaacuterio
urbano (XI) Dentre estes elementos seis possuem uma estreita relaccedilatildeo com esta pesquisa e
seratildeo expostos de acordo com consideraccedilotildees observadas por LAMAS 3 (2004) (Figuras 25 a 27)
O edifiacutecio representa o elemento miacutenimo identificaacutevel na observaccedilatildeo da forma urbana eacute atraveacutes
dele que se constitui o espaccedilo urbano e se organizam diferentes elementos tais como ruas praccedilas
avenidas entre outros Os edifiacutecios agrupam-se em diferentes tipos tanto em relaccedilatildeo a suas
formas quanto a suas funccedilotildees Estes elementos podem influenciar o comportamento da acuacutestica
urbana atuando enquanto objetos reflexivos da onda sonora e como barreiras acuacutesticas4
O lote representa o princiacutepio da relaccedilatildeo do edifiacutecio com o terreno A forma do lote eacute muitas
vezes condicionante da forma do edifiacutecio tornando-os vinculados por essecircncia o logradouro diz
respeito ao espaccedilo livres e natildeo construiacutedos no interior do lote aos quintais e jardins o quarteiratildeo
ou quadra pode ser considerado como o espaccedilo resultante entre o cruzamento de trecircs ou mais
vias podendo ser demarcado em vaacuterios lotes para a construccedilatildeo de edifiacutecios Juntos estes trecircs
elementos associados aos edifiacutecios podem propiciar uma maior ou menor permeabilidade
acuacutestica eou uma maior ou menor presenccedila de aacutereas de sombra no meio urbano
O traccedilado por meio das ruas ou vias eacute facilmente identificaacutevel no meio urbano Estaacute muitas vezes
condicionado ao siacutetio geograacutefico existente regula a disposiccedilatildeo dos edifiacutecios e quarteirotildees e
interliga os vaacuterios espaccedilos componentes da cidade e a cidade ao territoacuterio Normalmente o
traccedilado resiste agraves transformaccedilotildees na forma urbana por possuir um caraacuteter de permanecircncia natildeo
totalmente modificaacutevel O traccedilado engloba trajetoacuterias e caminhos que natildeo satildeo necessariamente
percorridos atraveacutes de automoacuteveis apesar disso estaacute em grande parte vinculado a uma das
principais fontes geradoras de ruiacutedo urbano ndash o traacutefego de veiacuteculos
3 Os outros elementos tambeacutem podem relacionar-se de diferentes maneiras com a acuacutestica urbana mas nem tanto com a presente pesquisa e por isso natildeo foram considerados 4 Todas as definiccedilotildees e conceitos acuacutesticos apresentados no presente item seratildeo elucidados no item seguinte 22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
28
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) Fonte PANERAI 2006
A praccedila eacute um espaccedilo de geometria variada
intencionalmente inserido no meio urbano
cuja relaccedilatildeo com o traccedilado e os edifiacutecios
tambeacutem eacute intencional evidenciada atraveacutes do
seu desenho e natildeo acidentais como
alargamento e confluecircncias do traccedilado Aleacutem
disso a praccedila eacute um lugar de encontro de
permanecircncia e de praacuteticas sociais
Acusticamente dependendo de suas
proporccedilotildees a propagaccedilatildeo sonora que envolve
uma praccedila pode apresentar um
comportamento que se assemelha a
propagaccedilatildeo sonora em campo livre
Estes elementos constituintes da forma urbana
conceituados por LAMAS (2004) podem ser
identificados sob um diferente invoacutelucro
conceitual mas com a mesma essecircncia no que
PANERAI (2006) definiu como sendo
conjuntos do tecido urbano
Aplicado agrave cidade o termo ldquotecidordquo evoca a continuidade e a renovaccedilatildeo a permanecircncia e a variaccedilatildeo Ele explica a constituiccedilatildeo das cidades antigas e responde as questotildees levantadas pelo estudo das urbanizaccedilotildees recentes Ele pressupotildee uma atenccedilatildeo tanto ao banal quanto ao excepcional tanto agraves ruas comuns e agraves edificaccedilotildees corriqueiras quanto agraves regulamentaccedilotildees e aos monumentos Dentre as muacuteltiplas definiccedilotildees de tecido urbano e sem desprezar suas qualidades escolhemos a mais simples O tecido urbano eacute constituiacutedo pela superposiccedilatildeo ou imbricaccedilatildeo de trecircs conjuntos a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees Essa definiccedilatildeo potildee em evidecircncia os elementos que permitem que as diferentes partes da cidade evoluam ao mesmo tempo em que satildeo mantidas a coesatildeo de conjunto e a clareza de sua estrutura (PANERAI 2006 p 77-78 grifo nosso) (Figura 28)
Ao contraacuterio de LAMAS (2004) que considera a praccedila como um elemento da forma urbana por
si soacute PANERAI (2006) discute as vias ou traccedilado inseridas em uma relaccedilatildeo em rede onde
tambeacutem satildeo considerados como partes constituintes os largos passeios praccedilas esplanadas cais
pontes rios canais margens praias todos compondo o espaccedilo puacuteblico Eacute atraveacutes desta rede
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
29
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua
organizaccedilatildeo local e territorial
Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o
domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios
quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente
o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da
forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo
Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao
espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo
vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os
edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila
sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto
Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute
bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus
elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma
essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo
objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles
- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)
Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno
relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar
definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento
5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
30
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109
O adensamento ocorre a partir de dois modos
essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do
preenchimento progressivo do espaccedilo urbano
e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa
por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)
A primeira forma de adensamento ocorre sem
a expansatildeo territorial por meio do
preenchimento progressivo de todas as
reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de
determinado meio urbano Eacute um
adensamento inserido em limitesbarreiras
preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como
uma via expressa irregularidades geograacuteficas
do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual
em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas
edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)
A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do
solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de
adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem
sua expansatildeo (PANERAI 2006)
Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como
se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado
meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da
acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o
adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de
objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica
Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o
edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados
por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
31
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias
dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta
pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a
partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo
exclusivamente
1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo
de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres
2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os
lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)
3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e
principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes
geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)
Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no
decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees
cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e
relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana
22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a
forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia
multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o
som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas
do conhecimento (Figura 210)
Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano
seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes
tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental
O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por
pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu
____________________________________________
ANAacuteLISE D
complexo padratildeo de ondas s
de ruiacutedo muacutesica fala
(BERGLUND et al 1999)
Esta definiccedilatildeo do som tend
a percepccedilatildeo do ouvido
conceito psicofiacutesico Fisicame
vibraccedilatildeo mecacircnica que
progressivamente atraveacutes de
gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN
Esta vibraccedilatildeo quando tran
que o rodeia nem sempre
aparelho auditivo humano
frequumlecircncia6 audiacutevel encontra
20 a 20000 Hz para um
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984
1982) Frequumlecircncias acima de
altas para respostas fisioloacuteg
chamadas de ultrasons Jaacute as
de 20 Hz satildeo chamadas de
detectaacuteveis pelo ouvido hum
prejudiciais agrave sua sauacutede7
1982 SOUSA 2004)
Fisicamente o som e o ruiacutedo
ambos se propagam em mei
detectados pelo ouvido hu
enquanto o som eacute utilizado
6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa
Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006
as sonoras eacute rotulado
ala entre outros
ndo como referecircncia
o humano eacute um
mente o som eacute uma
que se propaga
de um meio material
(SINGAL 2005)
transmitida ao meio
re eacute detectaacutevel pelo
ano cuja faixa de
tra-se no intervalo de
um jovem saudaacutevel
4 KINSLER et al
de 20000 Hz muito
loacutegicas auditivas satildeo
as frequumlecircncias abaixo
de infrasons e natildeo satildeo
umano contudo satildeo
(KINSLER et al
iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee
eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos
humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN
do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev
iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo
as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
32
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006
ontual e fonte sonora linear Fonte
otildees de pressatildeo ambiente
bos satildeo capazes de serem
EN 1995) No entanto
daacuteveis o ruiacutedo descreve
do e eacute medida em Hertz (Hz)
amento das estruturas cardiacuteacas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
33
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)
Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e
portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece
como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro
[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)
Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo
mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees
no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse
irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos
(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM
2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)
O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais
comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual
possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as
direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)
Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de
fontes pontuais dispostas linearmente cuja
emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta
linha sendo seu decaimento em campo livre
de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)
Quando propagadas no meio urbano a
combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas
ao percurso de transmissatildeo e ao receptor
constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
34
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
chamado de ruiacutedo ambiental (environmental
noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)
(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005
SOUSA 2004)
O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do
traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de
obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos
industriais de estabelecimentos comerciais e
de serviccedilos de sistemas de propaganda
volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-
estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982
NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)
Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais
como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes
nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade
populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos
extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se
a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES
2006)
Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o
ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A
necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade
existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis
normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a
populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano
8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
35
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006
Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg
1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes
Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes
procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO
2009)
NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
Niacutevel de Pressatildeo sonora
em dB(A)
Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS
Ambiente ou atividade
0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros
aacuterea de mata selvagem
30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite
50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse
auditivo Rua agitada um restaurante barulhento
70 a 90 Estressante e bastante
excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh
conversa a gritos
90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia
Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor
110 a 130
Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez
instantacircnea
Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock
130 a 140 Acima do limiar da dor
causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia
Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias
resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a
poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir
diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho
Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores
(NAGEM 2004)
Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave
Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do
12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
36
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do
sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do
Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da
cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias
tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da
Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)
Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da
LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos
com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos
submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e
do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a
accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave
conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte
geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)
Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos
de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em
documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da
Cidade do Recife (RECIFE 2000)
Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo
Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as
posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da
poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor
o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie
de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo
exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil
militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um
importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)
Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a
poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de
13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
37
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999
pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais
(BERGLUND et al1999)
Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que
atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua
(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do
ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio
urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram
em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da
populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes
geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et
al 2002) (Figura 214)
Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o
aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais
percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al
2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)
O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a
partir do ruiacutedo veicular que proveacutem
essencialmente do sistema de propulsatildeo do
motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo
aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso
(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da
relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as
configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido
a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de
acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a
presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de
pedestres etc a intensidade do fluxo de
veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os
veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de
14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
38
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita
terra batida) etc (SINGAL 2005)
Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo
comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas
implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo
do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo
para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e
pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS
2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma
interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana
Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto
por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego
seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no
proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de
certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e
forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e
largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser
acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica
O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde
acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo
acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)
O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia
de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio
urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou
nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o
espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de
suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de
pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
39
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007
Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido
pelo receptor diminui em funccedilatildeo da
duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15
Praccedilas parques e largos com grandes
dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias
vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas
uma de suas margens ou espaccedilos livres
urbanos de grandes dimensotildees caracterizam
alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos
No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras
sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o
seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente
sendo praticamente o mesmo em vaacuterias
posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre
uma saiacuteda para campo livre caracterizando o
fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura
217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)
Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser
reverberantes quando a onda sonora tarda a
encontrar o campo livre gerando um grande
nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes
quando a onda sonora encontra o campo livre
um pouco mais rapidamente do que no
reverberante gerando um nuacutemero menor mas
ainda grande de reflexotildees
15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
40
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007
No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado
reverberante possui comumente um perfil em
ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de
canyons urbanos que podem amplificar
consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das
vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas
geradas pelas fachadas paralelas das
edificaccedilotildees que circundam estas vias
(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste
tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora
natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre
a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico
aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos
elementos que compotildeem a forma urbana e
dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que
revestem as superfiacutecies refletoras18
(NIEMEYER 2007)
Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de
traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados
tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos
de espaccedilos acuacutesticos fechados
A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda
sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem
podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo
tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo
18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
41
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007
Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992
Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se
aos percursos da onda sonora gerados no
meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005
NIEMEYER 2007) A intensidade da
permeabilidade acuacutestica - mais ou menos
permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de
certos elementos urbanos de promover ou
conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais
como o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem
como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade
e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila
ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e
221)
A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda
com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o
conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a
qualquer objeto que possa ser considerado um
obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias
entre a fonte e o receptor (Figura 222)
(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES
2000) Ao bloquear o percurso direto entre a
fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser
absorvida eou refletida pela superfiacutecie da
barreira transmitida atraveacutes da barreira ou
difratada a partir do topo da barreira
(BARRON 2003 SINGAL 2005)
A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as
ondas sonoras sejam capazes de contornar
determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de
sombra acuacutestica que possui limites espaciais
variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte
____________________________________________
ANAacuteLISE D
sonora e de sua localizaccedilatilde
receptor que por sua vez
sonora difratada pelas borda
um decaimento maior do qu
campo livre (Figura 223) (N
1968 NIEMEYER 2007 PA
O uso de barreiras acuacutestic
EUA Japatildeo Austraacutelia e
reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do
pelo traacutefego rodoviaacuterio pa
(Figuras 224 a 226) (SIN
Brasil esta praacutetica ainda eacute inc
restringindo-se a poucos exe
caso da barreira acuacutestica no
Linha Amarela na cidade do
na Rodovia Bandeirantes co
de Satildeo Paulo a Campinas
Paulo (Figura 227) (MURGE
2004)
Embora a implantaccedilatildeo de b
esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do
rodoviaacuterio outros elemen
meio urbano situados ent
receptor atuam espontan
barreiras agrave propagaccedilatildeo sono
terreno com topografia i
muros edificaccedilotildees entr
edificaccedilotildees conjugadas da R
cidade do Recife ou aind
conjugadas em alguns trec
Atlacircntica no Rio de Janei
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap
Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C
Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2
Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest
Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN
accedilatildeo em relaccedilatildeo ao
ez recebe a energia
rdas da barreira com
que se estivesse em
(NEPOMUCENO
PAZ 2004)
ticas eacute comum nos
e na Europa para
do ruiacutedo produzido
para seus arredores
INGAL 2005) No
incipiente
exemplos como eacute o
no eixo rodoviaacuterio
o Rio de Janeiro e
conectando a cidade
s no estado de Satildeo
GEL 2007 SOUSA
e barreiras acuacutesticas
do ruiacutedo de traacutefego
entos inseridos no
entre a fonte e o
taneamente como
nora tais como um
irregular taludes
ntre outros As
a Rua da Aurora na
inda as edificaccedilotildees
trechos da Avenida
neiro por exemplo
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
42
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007
rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007
da Rodovia Bandeirantes no estado 2007
da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000
barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
43
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409
Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409
aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas
espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem
conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em
ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e
229)
A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e
da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a
interaccedilatildeo entre os diversos elementos que
compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis
das vias o modo de implantaccedilatildeo das
edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as
proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo
das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de
espaccedilos livres ndash contribui determinantemente
para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano
atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do
espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave
fonte geradora de campos sonoros
reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de
aacutereas de sombra
Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado
um sistema composto essencialmente pela fonte
sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e
KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto
percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de
propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares
apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo
da onda sonora no meio urbano
19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
44
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao
ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos
reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente
todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das
edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar
dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e
insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via
Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo
facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas
reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando
sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano
desejaacutevel aos seus receptores
Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as
distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de
propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades
bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento
acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano
Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se
comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica
urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana
Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos
investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
18
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Outro fator que evidencia o grande valor em compreender a acuacutestica urbana a partir de seu meio
de propagaccedilatildeo eacute o potencial que o meio urbano possui em influenciar a trajetoacuteria da propagaccedilatildeo
sonora Esta influecircncia acontece atraveacutes da forma que este meio apresenta ou seja a forma urbana
atraveacutes de seus elementos componentes e enquanto percurso de transmissatildeo delineia influencia e
determina em certa medida a trajetoacuteria de propagaccedilatildeo da onda sonora
Assim sendo a interaccedilatildeo entre os diversos elementos que compotildeem a forma urbana - o traccedilado e
perfis das vias o modo de implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as proporccedilotildees
densidade e maneira de ocupaccedilatildeo das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres ndash
contribui determinantemente para caracterizaccedilatildeo da propagaccedilatildeo sonora no meio urbano atraveacutes
de muacuteltiplas reflexotildees do espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave fonte geradora de
campos sonoros reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de aacutereas de sombra
Esta interaccedilatildeo entre os elementos da forma urbana e a propagaccedilatildeo sonora ocorre a partir da
diversidade e singularidade existente nos variados meios urbanos igualmente proporcionando os
mais particulares comportamentos acuacutesticos Isto eacute para cada meio urbano existem caracteriacutesticas
particulares inerentes agrave sua forma urbana que geram um comportamento acuacutestico igualmente
especiacutefico exclusivo e vinculado a esta forma urbana
Apesar deste atrelamento entre a acuacutestica urbana e a forma urbana esta relaccedilatildeo natildeo eacute
suficientemente pesquisada e quando eacute satildeo enfocadas prioritariamente situaccedilotildees presentes de
comportamento acuacutestico eou no maacuteximo hipoacuteteses futuras tambeacutem chamadas de prediccedilatildeo
acuacutestica Aleacutem disso natildeo foram encontradas referecircncias ateacute o presente momento de investigaccedilotildees
que priorizem a apreciaccedilatildeo da acuacutestica urbana e sua relaccedilatildeo com as modificaccedilotildees ao longo do tempo da
forma urbana
Isto posto considerando esta ausecircncia de pesquisas e considerando que para cada espaccedilo urbano
existe um comportamento de propagaccedilatildeo sonora especiacutefico o presente estudo se propocircs a
investigar o comportamento acuacutestico de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em sua forma urbana
Para isso admitiu-se que a propagaccedilatildeo de uma mesma fonte sonora em um mesmo espaccedilo urbano
que tenha sofrido ao longo de um processo cronoloacutegico modificaccedilotildees em sua forma urbana
implicaria em diferentes comportamentos em sua acuacutestica urbana para as diferentes datas deste
processo Esta suposiccedilatildeo possibilitou a anaacutelise do comportamento acuacutestico atraveacutes das
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
19
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
modificaccedilotildees cronoloacutegicas da forma urbana a partir da articulaccedilatildeo de trecircs variaacuteveis - a fonte sonora
a forma urbana e a acuacutestica urbana Estas variaacuteveis foram consideradas tendo o estudo de caso
enquanto estrateacutegia de pesquisa
O caso escolhido para esta investigaccedilatildeo foi o loteamento 3deg Jardim de Boa Viagem tanto por
representar uma parcela bem delimitada das raacutepidas e recentes transformaccedilotildees ocorridas na
forma urbana do bairro de Boa Viagem quanto por permitir ilustrar o comportamento acuacutestico
em um encadeamento evolutivo do iniacutecio de sua ocupaccedilatildeo recente ateacute os dias atuais
Para compor tal encadeamento evolutivo foram selecionados os anos de 1971 data escolhida por
caracterizar o princiacutepio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim 1981 e 1997 por representarem datas de
registro de fotografias aeacutereas do bairro de Boa Viagem existentes na base de dados da
CONDEPE-FIDEM Agecircncia Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco 2009 por
representar a realidade atualmente encontrada no 3deg Jardim e uma simulaccedilatildeo de situaccedilatildeo
hipoteacutetica futura de modificaccedilatildeo na forma urbana
Isto posto com o intuito de analisar o comportamento da acuacutestica urbana do 3deg Jardim de Boa
Viagem a partir de modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua forma urbana foram executados os
seguintes objetivos especiacuteficos (I) identificar as caracteriacutesticas configuraccedilotildees e transformaccedilotildees da
forma urbana ocorridas no 3deg Jardim de Boa Viagem nos anos de 1971 1981 1997 e 2009 a
partir de seu processo de ocupaccedilatildeo (II) elaborar mapas acuacutesticos dos niacuteveis atuais (2009) de
pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim (III) elaborar mapas acuacutesticos do 3deg Jardim nos anos de
1971 1981 1997 e de situaccedilatildeo hipoteacutetica futura a partir da consideraccedilatildeo dos niacuteveis atuais (2009)
de pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim
Em busca de expor sistematicamente seu desenvolvimento a presente investigaccedilatildeo foi
estruturada do seguinte modo
O presente capiacutetulo 1 introduz e antecipa brevemente a discussatildeo que seraacute realizada ao longo
desta pesquisa
O capiacutetulo 2 aborda dois aspectos principais O primeiro deles desenvolve o conceito de forma
urbana e seus elementos componentes a partir dos autores Joseacute Lamas (2004) Philippe Panerai
(2006) e Vicente Del Rio (1990) Busca elucidar que a apreensatildeo da forma urbana eacute complexa e
envolve diversificadas abordagens e enfoques sociais econocircmicos histoacutericos e culturais para
entatildeo indicar que a presente pesquisa lanccedilaraacute um olhar para a forma urbana essencialmente a
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
20
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
partir de seu aspecto fiacutesico e material recorte necessaacuterio para a anaacutelise do comportamento
acuacutestico urbano
O segundo aspecto abordado no capiacutetulo 2 diz respeito agrave definiccedilatildeo teoacuterica do conceito da
acuacutestica urbana e de suas diversificadas implicaccedilotildees e interfaces quando o som eacute propagado em
meio urbano Busca evidenciar os fenocircmenos que ocorrem a partir da interaccedilatildeo entre a forma
urbana e a acuacutestica urbana indicando que a influecircncia da forma urbana eacute determinante para o
comportamento da acuacutestica urbana
O capiacutetulo 3 eacute dedicado ao percurso investigativo desta pesquisa evidenciando sua metodologia e
procedimentos metodoloacutegicos apresentando o 3deg Jardim enquanto estudo de caso o
mapeamento acuacutestico enquanto instrumento de pesquisa e detalhando as etapas operacionais
deste estudo Este capiacutetulo evidencia ainda o processo de elaboraccedilatildeo dos modelos e mapas
acuacutesticos da forma urbana existente no 3deg Jardim em cada uma das datas estudadas aleacutem da
situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e discute o software Predictor utilizado para este mapeamento
O capiacutetulo 4 diz respeito ao processo de ocupaccedilatildeo do bairro de Boa Viagem e sua relaccedilatildeo com as
transformaccedilotildees urbanas ocorridas no 3deg Jardim Busca-se identificar as caracteriacutesticas
configuraccedilotildees e transformaccedilotildees ocorridas na forma urbana do 3deg Jardim que possibilitem o
entendimento cronoloacutegico destas modificaccedilotildees dando suporte a elaboraccedilatildeo e anaacutelise dos mapas
acuacutesticos
O capiacutetulo 5 analisa o comportamento da acuacutestica urbana identificado nos mapas acuacutesticos
elaborados do 3deg Jardim a partir das modificaccedilotildees ocorridas em sua forma urbana nos anos de
1971 1981 1997 e 2009 aleacutem de uma situaccedilatildeo hipoteacutetica futura (prediccedilatildeo acuacutestica) Neste capiacutetulo
discute-se ainda o comportamento do 3deg Jardim em relaccedilatildeo agrave legislaccedilatildeo municipal que regula as
emissotildees sonoras na cidade do Recife e no estado de Pernambuco e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis
recomendados por outras entidades normativas e indica-se possiacuteveis accedilotildees para melhoria no
comportamento acuacutestico do 3deg Jardim bem como as possiacuteveis consequumlecircncias acuacutesticas da
ausecircncia de tais accedilotildees
Por fim no capiacutetulo 6 satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais acerca do comportamento acuacutestico
do 3deg Jardim e satildeo indicados novos rumos de pesquisa a respeito da acuacutestica urbana
CAPIacuteTULO 2
A arquitetura eacute uma muacutesica petrificada
Arthur Schopenhauer
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
22
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
Analisar o comportamento da acuacutestica urbana ainda que a partir das modificaccedilotildees da forma
urbana faz com que esta pesquisa trate essencialmente da acuacutestica urbana No entanto este
comportamento esta sujeito aos diversificados modos de apreensatildeo da forma urbana e de seus
elementos componentes bem como ao modo como esta pesquisa os consideraraacute
Assim sendo o primeiro item deste capiacutetulo expotildee o conceito de forma urbana e de algumas de
suas relaccedilotildees discutido agrave luz de LAMAS (2004) de PANERAI (2006) e DEL RIO (1990)
indicando em seguida o que esta pesquisa consideraraacute como forma urbana
Certamente discussatildeo em torno da produccedilatildeo de outros autores poderia ser elaborada No
entanto o primeiro item deste capiacutetulo natildeo pretende representar uma revisatildeo bibliograacutefica acerca
do estudo da forma urbana e suas relaccedilotildees pretende sim construir uma discussatildeo em torno dos
trecircs autores selecionados que culmine no conceito de forma urbana que seraacute considerado por esta
pesquisa para possibilitar olhar para suas modificaccedilotildees cronoloacutegicas a fim de compreender o
comportamento da acuacutestica urbana
Apoacutes este delineamento no segundo item deste capiacutetulo discute-se a acuacutestica urbana e suas
relaccedilotildees conceituais com os diversos elementos e implicaccedilotildees da propagaccedilatildeo sonora em meio
urbano e como eles relacionam-se influenciando em seu comportamento
21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes
Segundo LAMAS (2004) estudar a forma urbana compreende examinar as configuraccedilotildees e as
estruturas exteriores de determinados objetos de suas formas interligando-as com os fenocircmenos
que lhes deram origem Assim sendo a forma urbana pode ser definida como sendo o
[] modo como se organizam os elementos morfoloacutegicos que constituem e definem o espaccedilo urbano relativamente agrave materializaccedilatildeo dos aspectos de
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
23
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas Fonte LAMAS 2004
organizaccedilatildeo funcional e quantitativa e dos aspectos qualitativos e figurativos (LAMAS 2004 p 44) 1
Dentre estes aspectos os quantitativos satildeo agravequeles da realidade urbana que podem ser
quantificaacuteveis tais como densidades superfiacutecies fluxos coeficientes volumeacutetricos entre outros
(Figura 21) os de organizaccedilatildeo funcional satildeo agravequeles que se relacionam com as atividades
humanas tais como habitar e trabalhar e agravequeles relacionados ao modo de uso especiacutefico de uma
aacuterea ndash residencial comercial industrial entre outros os qualitativos referem-se ao tratamento dos
espaccedilos ao conforto e a comodidade do utilizador tais como adaptaccedilatildeo ao clima acessibilidade
estado da pavimentaccedilatildeo entre outros por fim os aspectos figurativos dizem respeito a
essencialmente a comunicaccedilatildeo esteacutetica (LAMAS 2004)
Pode-se considerar que ao olhar para forma urbana e em especiacutefico para suas modificaccedilotildees
cronoloacutegicas com o intuito de compreender o comportamento da acuacutestica urbana esta pesquisa
relaciona-se tanto aos aspectos qualitativos a partir do conforto acuacutestico dos receptores das
ondas sonoras em meio urbano quanto aos
aspectos quantitativos uma vez que este
comportamento acuacutestico em meio urbano eacute
quantificaacutevel em decibels (dB)
Embora estes aspectos envolvam grande parte
das singularidades inerentes a forma urbana
esta definiccedilatildeo parece ainda natildeo abarcar outras
particularidades sociais econocircmicas histoacutericas
e culturais igualmente envolvidas no
entendimento da concepccedilatildeo da forma urbana
isto eacute resta ainda a consideraccedilatildeo de que esta
forma urbana natildeo acontece
independentemente dos grupos sociais que a
produzem (PANERAI 2006)
Satildeo essencialmente estas particularidades que
impulsionam ou amortecem a transformaccedilatildeo
1 Para todas as citaccedilotildees deste autor natildeo seratildeo consideradas adaptaccedilotildees na liacutengua do paiacutes de origem - Portugal - permanecendo o texto original
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
24
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
dos elementos que compotildeem a forma urbana ndash a adiccedilatildeo de novos de traccedilados a um jaacute existente
ou sua superposiccedilatildeo seus conflitos o parcelamento de parques e ocupaccedilatildeo de espaccedilos livres a
renovaccedilatildeo da massa edificada seu lento adensamento e verticalizaccedilatildeo segundo uma especulaccedilatildeo
despretensiosa ou sua substituiccedilatildeo por vastos empreendimentos sob influecircncia de uma
especulaccedilatildeo bem mais expressiva (PANERAI 2006) isto eacute faz parte da apreensatildeo da forma
urbana uma complexidade que envolve um processo de acumulaccedilatildeo de enfoques e observaccedilotildees
sociais econocircmicas histoacutericas e culturais que englobam muito mais do que apenas sua forma
fiacutesica
Estas particularidades especialmente as sociais parecem um pouco mais delineadas nas
consideraccedilotildees feitas por DEL RIO (1990) que considera o espaccedilo urbano a partir da apropriaccedilatildeo
social que se faz dele estabelecendo que em relaccedilatildeo ao estudo da forma urbana a cidade pode
ser compreendida a partir de trecircs niacuteveis organizacionais o coletivo o comunitaacuterio e o individual
O niacutevel coletivo eacute regido sob uma loacutegica estruturadora percebida inconscientemente e
coletivamente e eacute composto pelos elementos2 do tecido que possuem uma permanecircncia maior ao
longo do tempo o niacutevel comunitaacuterio diz respeito aos elementos com significados especiais apenas
para um pequeno grupo da populaccedilatildeo como o bairro por exemplo jaacute o niacutevel individual expressa
significados individuais como a residecircncia e seu espaccedilo circundante e por seu caraacuteter individual eacute
o que apresenta maior rapidez nas modificaccedilotildees (DEL RIO 1990)
Mas LAMAS (2004) ao defender sua definiccedilatildeo para forma urbana natildeo soacute possuiacutea ciecircncia destas
outras particularidades explicitadas por PANERAI (2006) e DEL RIO (1990) ndash sociais
econocircmicas histoacutericas e culturais ndash envolvidas na concepccedilatildeo de forma urbana como optou em
natildeo apreciaacute-las
[] um primeiro grau de leitura da cidade eacute eminentemente fiacutesico-espacial e morfoloacutegico portanto especiacutefico da arquitectura e o uacutenico que permite evidenciar a diferenccedila entre este e outro espaccedilo entre esta e aquela forma e explicar as caracteriacutesticas de cada parte da cidade A estes se juntam outros niacuteveis de leitura que revelam diferentes conteuacutedos (histoacutericos econoacutemicos sociais e outros) Mas este conjunto de leituras soacute eacute possiacutevel porque a cidade existe como facto fiacutesico e material Todos os instrumentos de leitura lecircem o mesmo objecto ndash o espaccedilo fiacutesico a FORMA URBANA (LAMAS 2004 p 31 grifo do autor) Eacute fundamentalmente a dimensatildeo fiacutesica e morfoloacutegica da cidade que me preocupa [] (LAMAS 2004 p 31)
2 Estes elementos seratildeo discutidos em paraacutegrafos mais adiante
____________________________________________
ANAacuteLISE D
Na verdade esta opccedilatildeo em
urbana considerando-a essen
de seu aspecto fiacutesico e m
convenientemente ao obje
presente pesquisa analisar
da acuacutestica urbana a partir
cronoloacutegicas na forma urba
esta anaacutelise do compor
implica em uma apropriaccedil
fiacutesica e material destas modif
Certamente a busca pela ap
urbana envolve muito
simplesmente sua forma
como jaacute aclarado No entan
da anaacutelise proposta por
apreensatildeo em totalid
fundamentalmente necessaacuter
apropriaccedilatildeo da forma urban
material ou uma variaacutevel fiacutes
finalidade derradeira de
comportamento acuacutestico
modificaccedilotildees nesta forma
Ao entender a observaccedilatildeo
essencialmente em seu aspec
(2004) propocircs uma classifica
dimensotildees
bull A dimensatildeo setorial
refere-se agrave menor u
do espaccedilo urbano co
uma praccedila ou uma
ponto o observador
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 24 ndash A cidadeo texemplificada por meio da cidadLAMAS 2004
Figura 23 ndash O bairro a escala ucidade portuguesa de Tavira Fonte
Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na ca dimensatildeo setorial Fonte LAMA
em observar a forma
sencialmente a partir
material responde
bjetivo primeiro da
ar o comportamento
rtir de modificaccedilotildees
rbana uma vez que
ortamento acuacutestico
riaccedilatildeo genuinamente
dificaccedilotildees
apreensatildeo da forma
o mais do que
a fiacutesica e material
tanto para realizaccedilatildeo
or este estudo tal
alidade natildeo eacute
saacuteria o que torna a
bana quase um meio
l fiacutesica para atingir a
e compreensatildeo do
a partir de
atildeo da forma urbana
pecto fiacutesico LAMAS
icaccedilatildeo em escalas ou
ndash a escala da rua
r unidade ou porccedilatildeo
como por exemplo
a rua onde de um
dor pode abarcar a
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
25
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
territoacuterioa dimensatildeo territorial dade portuguesa de Tavira Fonte
a urbana exemplificada por meio da nte LAMAS 2004
na cidade portuguesa de Tavira ilustra MAS 2004
____________________________________________
ANAacuteLISE D
unidade espacial d
(Figura 22)
bull A dimensatildeo urbana ndash
corresponde agraves pa
identificaacuteveis como
exemplo onde a
elementos da forma
atraveacutes do movime
percursos (Figura 23
bull E por fim a dimensatildeo
da cidade diz respeito
diferentes formas
articulaccedilatildeo de bai
entre si Sua forma
distribuiccedilatildeo de eleme
das cidades em con
suporte geograacutefico d
a articulaccedilatildeo de
circulaccedilatildeo entre os
entre zonas habitacio
entre outras (Figura 2
Dentre estas dimensotildees a u
bairro desperta particular
pesquisa uma vez que o e
limites de observaccedilatildeo atraveacute
de movimentos poderaacute aba
significante de modificaccedilotildee
forma urbana de determina
compreender o comport
acuacutestica urbana
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 25 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do CONDEPE-FIDEM 1981
Figura 26 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do baorigens da cidade entrecortadoBarreto Fonte CONDEPE-FIDE
Figura 27 ndash Exemplos de diveredifiacutecios lotes quarteirotildees e vias eRecife Nesta imagem um recessencialmente por morros o AltoFIDEM 1981
de seu conjunto
ndash a escala do bairro
partes homogecircneas
mo os bairros por
a observaccedilatildeo dos
a urbana eacute realizada
imento e de vaacuterios
23)
nsatildeo territorial ndash a escala
eito agrave articulaccedilatildeo de
as urbanas da
bairros interligados
ma eacute definida pela
mentos estruturantes
onformidade com o
o do siacutetio tais como
e ruas e vias de
s diferentes bairros
cionais e comerciais
a 24)
a urbana ndash escala do
lar interesse desta
o entendimento dos
veacutes de certo nuacutemero
barcar uma amostra
otildees cronoloacutegicas na
inado local a fim de
ortamento de sua
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
26
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife o bairro de Boa Viagem Fonte
rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves do pela recente Avenida Dantas DEM 1981
versificadas concretizaccedilotildees entre os em diferentes bairros da cidade do
recorte de um bairro constituiacutedo lto do Mandu Fonte CONDEPE-
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
27
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
No entanto para apreender tal dimensatildeo devem-se conhecer e estabelecer quais elementos
miacutenimos da forma urbana que se relaciona com esta a dimensatildeo urbana e quais satildeo estes
elementos LAMAS (2004) propocircs onze elementos da forma urbana necessaacuterios para esta
apreensatildeo o solo (I) o edifiacutecio (II) o lote (III) o logradouro (IV) o quarteiratildeo (V) o traccediladoa
rua(VI) a praccedila (VII) a fachada (VIII) o monumento (IX) a vegetaccedilatildeo (X) e o mobiliaacuterio
urbano (XI) Dentre estes elementos seis possuem uma estreita relaccedilatildeo com esta pesquisa e
seratildeo expostos de acordo com consideraccedilotildees observadas por LAMAS 3 (2004) (Figuras 25 a 27)
O edifiacutecio representa o elemento miacutenimo identificaacutevel na observaccedilatildeo da forma urbana eacute atraveacutes
dele que se constitui o espaccedilo urbano e se organizam diferentes elementos tais como ruas praccedilas
avenidas entre outros Os edifiacutecios agrupam-se em diferentes tipos tanto em relaccedilatildeo a suas
formas quanto a suas funccedilotildees Estes elementos podem influenciar o comportamento da acuacutestica
urbana atuando enquanto objetos reflexivos da onda sonora e como barreiras acuacutesticas4
O lote representa o princiacutepio da relaccedilatildeo do edifiacutecio com o terreno A forma do lote eacute muitas
vezes condicionante da forma do edifiacutecio tornando-os vinculados por essecircncia o logradouro diz
respeito ao espaccedilo livres e natildeo construiacutedos no interior do lote aos quintais e jardins o quarteiratildeo
ou quadra pode ser considerado como o espaccedilo resultante entre o cruzamento de trecircs ou mais
vias podendo ser demarcado em vaacuterios lotes para a construccedilatildeo de edifiacutecios Juntos estes trecircs
elementos associados aos edifiacutecios podem propiciar uma maior ou menor permeabilidade
acuacutestica eou uma maior ou menor presenccedila de aacutereas de sombra no meio urbano
O traccedilado por meio das ruas ou vias eacute facilmente identificaacutevel no meio urbano Estaacute muitas vezes
condicionado ao siacutetio geograacutefico existente regula a disposiccedilatildeo dos edifiacutecios e quarteirotildees e
interliga os vaacuterios espaccedilos componentes da cidade e a cidade ao territoacuterio Normalmente o
traccedilado resiste agraves transformaccedilotildees na forma urbana por possuir um caraacuteter de permanecircncia natildeo
totalmente modificaacutevel O traccedilado engloba trajetoacuterias e caminhos que natildeo satildeo necessariamente
percorridos atraveacutes de automoacuteveis apesar disso estaacute em grande parte vinculado a uma das
principais fontes geradoras de ruiacutedo urbano ndash o traacutefego de veiacuteculos
3 Os outros elementos tambeacutem podem relacionar-se de diferentes maneiras com a acuacutestica urbana mas nem tanto com a presente pesquisa e por isso natildeo foram considerados 4 Todas as definiccedilotildees e conceitos acuacutesticos apresentados no presente item seratildeo elucidados no item seguinte 22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
28
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) Fonte PANERAI 2006
A praccedila eacute um espaccedilo de geometria variada
intencionalmente inserido no meio urbano
cuja relaccedilatildeo com o traccedilado e os edifiacutecios
tambeacutem eacute intencional evidenciada atraveacutes do
seu desenho e natildeo acidentais como
alargamento e confluecircncias do traccedilado Aleacutem
disso a praccedila eacute um lugar de encontro de
permanecircncia e de praacuteticas sociais
Acusticamente dependendo de suas
proporccedilotildees a propagaccedilatildeo sonora que envolve
uma praccedila pode apresentar um
comportamento que se assemelha a
propagaccedilatildeo sonora em campo livre
Estes elementos constituintes da forma urbana
conceituados por LAMAS (2004) podem ser
identificados sob um diferente invoacutelucro
conceitual mas com a mesma essecircncia no que
PANERAI (2006) definiu como sendo
conjuntos do tecido urbano
Aplicado agrave cidade o termo ldquotecidordquo evoca a continuidade e a renovaccedilatildeo a permanecircncia e a variaccedilatildeo Ele explica a constituiccedilatildeo das cidades antigas e responde as questotildees levantadas pelo estudo das urbanizaccedilotildees recentes Ele pressupotildee uma atenccedilatildeo tanto ao banal quanto ao excepcional tanto agraves ruas comuns e agraves edificaccedilotildees corriqueiras quanto agraves regulamentaccedilotildees e aos monumentos Dentre as muacuteltiplas definiccedilotildees de tecido urbano e sem desprezar suas qualidades escolhemos a mais simples O tecido urbano eacute constituiacutedo pela superposiccedilatildeo ou imbricaccedilatildeo de trecircs conjuntos a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees Essa definiccedilatildeo potildee em evidecircncia os elementos que permitem que as diferentes partes da cidade evoluam ao mesmo tempo em que satildeo mantidas a coesatildeo de conjunto e a clareza de sua estrutura (PANERAI 2006 p 77-78 grifo nosso) (Figura 28)
Ao contraacuterio de LAMAS (2004) que considera a praccedila como um elemento da forma urbana por
si soacute PANERAI (2006) discute as vias ou traccedilado inseridas em uma relaccedilatildeo em rede onde
tambeacutem satildeo considerados como partes constituintes os largos passeios praccedilas esplanadas cais
pontes rios canais margens praias todos compondo o espaccedilo puacuteblico Eacute atraveacutes desta rede
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
29
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua
organizaccedilatildeo local e territorial
Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o
domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios
quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente
o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da
forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo
Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao
espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo
vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os
edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila
sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto
Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute
bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus
elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma
essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo
objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles
- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)
Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno
relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar
definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento
5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
30
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109
O adensamento ocorre a partir de dois modos
essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do
preenchimento progressivo do espaccedilo urbano
e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa
por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)
A primeira forma de adensamento ocorre sem
a expansatildeo territorial por meio do
preenchimento progressivo de todas as
reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de
determinado meio urbano Eacute um
adensamento inserido em limitesbarreiras
preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como
uma via expressa irregularidades geograacuteficas
do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual
em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas
edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)
A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do
solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de
adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem
sua expansatildeo (PANERAI 2006)
Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como
se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado
meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da
acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o
adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de
objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica
Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o
edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados
por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
31
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias
dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta
pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a
partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo
exclusivamente
1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo
de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres
2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os
lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)
3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e
principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes
geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)
Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no
decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees
cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e
relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana
22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a
forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia
multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o
som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas
do conhecimento (Figura 210)
Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano
seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes
tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental
O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por
pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu
____________________________________________
ANAacuteLISE D
complexo padratildeo de ondas s
de ruiacutedo muacutesica fala
(BERGLUND et al 1999)
Esta definiccedilatildeo do som tend
a percepccedilatildeo do ouvido
conceito psicofiacutesico Fisicame
vibraccedilatildeo mecacircnica que
progressivamente atraveacutes de
gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN
Esta vibraccedilatildeo quando tran
que o rodeia nem sempre
aparelho auditivo humano
frequumlecircncia6 audiacutevel encontra
20 a 20000 Hz para um
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984
1982) Frequumlecircncias acima de
altas para respostas fisioloacuteg
chamadas de ultrasons Jaacute as
de 20 Hz satildeo chamadas de
detectaacuteveis pelo ouvido hum
prejudiciais agrave sua sauacutede7
1982 SOUSA 2004)
Fisicamente o som e o ruiacutedo
ambos se propagam em mei
detectados pelo ouvido hu
enquanto o som eacute utilizado
6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa
Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006
as sonoras eacute rotulado
ala entre outros
ndo como referecircncia
o humano eacute um
mente o som eacute uma
que se propaga
de um meio material
(SINGAL 2005)
transmitida ao meio
re eacute detectaacutevel pelo
ano cuja faixa de
tra-se no intervalo de
um jovem saudaacutevel
4 KINSLER et al
de 20000 Hz muito
loacutegicas auditivas satildeo
as frequumlecircncias abaixo
de infrasons e natildeo satildeo
umano contudo satildeo
(KINSLER et al
iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee
eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos
humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN
do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev
iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo
as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
32
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006
ontual e fonte sonora linear Fonte
otildees de pressatildeo ambiente
bos satildeo capazes de serem
EN 1995) No entanto
daacuteveis o ruiacutedo descreve
do e eacute medida em Hertz (Hz)
amento das estruturas cardiacuteacas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
33
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)
Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e
portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece
como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro
[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)
Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo
mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees
no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse
irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos
(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM
2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)
O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais
comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual
possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as
direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)
Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de
fontes pontuais dispostas linearmente cuja
emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta
linha sendo seu decaimento em campo livre
de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)
Quando propagadas no meio urbano a
combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas
ao percurso de transmissatildeo e ao receptor
constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
34
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
chamado de ruiacutedo ambiental (environmental
noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)
(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005
SOUSA 2004)
O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do
traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de
obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos
industriais de estabelecimentos comerciais e
de serviccedilos de sistemas de propaganda
volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-
estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982
NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)
Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais
como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes
nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade
populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos
extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se
a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES
2006)
Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o
ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A
necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade
existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis
normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a
populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano
8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
35
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006
Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg
1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes
Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes
procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO
2009)
NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
Niacutevel de Pressatildeo sonora
em dB(A)
Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS
Ambiente ou atividade
0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros
aacuterea de mata selvagem
30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite
50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse
auditivo Rua agitada um restaurante barulhento
70 a 90 Estressante e bastante
excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh
conversa a gritos
90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia
Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor
110 a 130
Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez
instantacircnea
Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock
130 a 140 Acima do limiar da dor
causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia
Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias
resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a
poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir
diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho
Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores
(NAGEM 2004)
Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave
Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do
12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
36
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do
sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do
Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da
cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias
tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da
Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)
Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da
LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos
com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos
submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e
do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a
accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave
conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte
geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)
Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos
de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em
documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da
Cidade do Recife (RECIFE 2000)
Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo
Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as
posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da
poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor
o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie
de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo
exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil
militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um
importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)
Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a
poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de
13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
37
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999
pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais
(BERGLUND et al1999)
Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que
atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua
(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do
ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio
urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram
em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da
populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes
geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et
al 2002) (Figura 214)
Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o
aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais
percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al
2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)
O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a
partir do ruiacutedo veicular que proveacutem
essencialmente do sistema de propulsatildeo do
motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo
aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso
(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da
relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as
configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido
a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de
acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a
presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de
pedestres etc a intensidade do fluxo de
veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os
veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de
14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
38
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita
terra batida) etc (SINGAL 2005)
Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo
comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas
implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo
do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo
para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e
pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS
2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma
interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana
Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto
por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego
seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no
proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de
certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e
forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e
largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser
acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica
O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde
acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo
acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)
O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia
de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio
urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou
nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o
espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de
suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de
pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
39
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007
Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido
pelo receptor diminui em funccedilatildeo da
duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15
Praccedilas parques e largos com grandes
dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias
vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas
uma de suas margens ou espaccedilos livres
urbanos de grandes dimensotildees caracterizam
alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos
No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras
sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o
seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente
sendo praticamente o mesmo em vaacuterias
posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre
uma saiacuteda para campo livre caracterizando o
fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura
217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)
Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser
reverberantes quando a onda sonora tarda a
encontrar o campo livre gerando um grande
nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes
quando a onda sonora encontra o campo livre
um pouco mais rapidamente do que no
reverberante gerando um nuacutemero menor mas
ainda grande de reflexotildees
15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
40
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007
No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado
reverberante possui comumente um perfil em
ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de
canyons urbanos que podem amplificar
consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das
vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas
geradas pelas fachadas paralelas das
edificaccedilotildees que circundam estas vias
(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste
tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora
natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre
a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico
aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos
elementos que compotildeem a forma urbana e
dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que
revestem as superfiacutecies refletoras18
(NIEMEYER 2007)
Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de
traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados
tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos
de espaccedilos acuacutesticos fechados
A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda
sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem
podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo
tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo
18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
41
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007
Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992
Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se
aos percursos da onda sonora gerados no
meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005
NIEMEYER 2007) A intensidade da
permeabilidade acuacutestica - mais ou menos
permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de
certos elementos urbanos de promover ou
conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais
como o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem
como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade
e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila
ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e
221)
A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda
com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o
conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a
qualquer objeto que possa ser considerado um
obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias
entre a fonte e o receptor (Figura 222)
(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES
2000) Ao bloquear o percurso direto entre a
fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser
absorvida eou refletida pela superfiacutecie da
barreira transmitida atraveacutes da barreira ou
difratada a partir do topo da barreira
(BARRON 2003 SINGAL 2005)
A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as
ondas sonoras sejam capazes de contornar
determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de
sombra acuacutestica que possui limites espaciais
variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte
____________________________________________
ANAacuteLISE D
sonora e de sua localizaccedilatilde
receptor que por sua vez
sonora difratada pelas borda
um decaimento maior do qu
campo livre (Figura 223) (N
1968 NIEMEYER 2007 PA
O uso de barreiras acuacutestic
EUA Japatildeo Austraacutelia e
reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do
pelo traacutefego rodoviaacuterio pa
(Figuras 224 a 226) (SIN
Brasil esta praacutetica ainda eacute inc
restringindo-se a poucos exe
caso da barreira acuacutestica no
Linha Amarela na cidade do
na Rodovia Bandeirantes co
de Satildeo Paulo a Campinas
Paulo (Figura 227) (MURGE
2004)
Embora a implantaccedilatildeo de b
esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do
rodoviaacuterio outros elemen
meio urbano situados ent
receptor atuam espontan
barreiras agrave propagaccedilatildeo sono
terreno com topografia i
muros edificaccedilotildees entr
edificaccedilotildees conjugadas da R
cidade do Recife ou aind
conjugadas em alguns trec
Atlacircntica no Rio de Janei
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap
Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C
Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2
Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest
Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN
accedilatildeo em relaccedilatildeo ao
ez recebe a energia
rdas da barreira com
que se estivesse em
(NEPOMUCENO
PAZ 2004)
ticas eacute comum nos
e na Europa para
do ruiacutedo produzido
para seus arredores
INGAL 2005) No
incipiente
exemplos como eacute o
no eixo rodoviaacuterio
o Rio de Janeiro e
conectando a cidade
s no estado de Satildeo
GEL 2007 SOUSA
e barreiras acuacutesticas
do ruiacutedo de traacutefego
entos inseridos no
entre a fonte e o
taneamente como
nora tais como um
irregular taludes
ntre outros As
a Rua da Aurora na
inda as edificaccedilotildees
trechos da Avenida
neiro por exemplo
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
42
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007
rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007
da Rodovia Bandeirantes no estado 2007
da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000
barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
43
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409
Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409
aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas
espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem
conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em
ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e
229)
A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e
da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a
interaccedilatildeo entre os diversos elementos que
compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis
das vias o modo de implantaccedilatildeo das
edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as
proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo
das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de
espaccedilos livres ndash contribui determinantemente
para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano
atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do
espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave
fonte geradora de campos sonoros
reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de
aacutereas de sombra
Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado
um sistema composto essencialmente pela fonte
sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e
KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto
percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de
propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares
apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo
da onda sonora no meio urbano
19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
44
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao
ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos
reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente
todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das
edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar
dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e
insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via
Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo
facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas
reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando
sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano
desejaacutevel aos seus receptores
Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as
distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de
propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades
bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento
acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano
Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se
comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica
urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana
Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos
investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
19
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
modificaccedilotildees cronoloacutegicas da forma urbana a partir da articulaccedilatildeo de trecircs variaacuteveis - a fonte sonora
a forma urbana e a acuacutestica urbana Estas variaacuteveis foram consideradas tendo o estudo de caso
enquanto estrateacutegia de pesquisa
O caso escolhido para esta investigaccedilatildeo foi o loteamento 3deg Jardim de Boa Viagem tanto por
representar uma parcela bem delimitada das raacutepidas e recentes transformaccedilotildees ocorridas na
forma urbana do bairro de Boa Viagem quanto por permitir ilustrar o comportamento acuacutestico
em um encadeamento evolutivo do iniacutecio de sua ocupaccedilatildeo recente ateacute os dias atuais
Para compor tal encadeamento evolutivo foram selecionados os anos de 1971 data escolhida por
caracterizar o princiacutepio da ocupaccedilatildeo do 3deg Jardim 1981 e 1997 por representarem datas de
registro de fotografias aeacutereas do bairro de Boa Viagem existentes na base de dados da
CONDEPE-FIDEM Agecircncia Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco 2009 por
representar a realidade atualmente encontrada no 3deg Jardim e uma simulaccedilatildeo de situaccedilatildeo
hipoteacutetica futura de modificaccedilatildeo na forma urbana
Isto posto com o intuito de analisar o comportamento da acuacutestica urbana do 3deg Jardim de Boa
Viagem a partir de modificaccedilotildees cronoloacutegicas em sua forma urbana foram executados os
seguintes objetivos especiacuteficos (I) identificar as caracteriacutesticas configuraccedilotildees e transformaccedilotildees da
forma urbana ocorridas no 3deg Jardim de Boa Viagem nos anos de 1971 1981 1997 e 2009 a
partir de seu processo de ocupaccedilatildeo (II) elaborar mapas acuacutesticos dos niacuteveis atuais (2009) de
pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim (III) elaborar mapas acuacutesticos do 3deg Jardim nos anos de
1971 1981 1997 e de situaccedilatildeo hipoteacutetica futura a partir da consideraccedilatildeo dos niacuteveis atuais (2009)
de pressatildeo sonora equivalente do 3deg Jardim
Em busca de expor sistematicamente seu desenvolvimento a presente investigaccedilatildeo foi
estruturada do seguinte modo
O presente capiacutetulo 1 introduz e antecipa brevemente a discussatildeo que seraacute realizada ao longo
desta pesquisa
O capiacutetulo 2 aborda dois aspectos principais O primeiro deles desenvolve o conceito de forma
urbana e seus elementos componentes a partir dos autores Joseacute Lamas (2004) Philippe Panerai
(2006) e Vicente Del Rio (1990) Busca elucidar que a apreensatildeo da forma urbana eacute complexa e
envolve diversificadas abordagens e enfoques sociais econocircmicos histoacutericos e culturais para
entatildeo indicar que a presente pesquisa lanccedilaraacute um olhar para a forma urbana essencialmente a
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
20
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
partir de seu aspecto fiacutesico e material recorte necessaacuterio para a anaacutelise do comportamento
acuacutestico urbano
O segundo aspecto abordado no capiacutetulo 2 diz respeito agrave definiccedilatildeo teoacuterica do conceito da
acuacutestica urbana e de suas diversificadas implicaccedilotildees e interfaces quando o som eacute propagado em
meio urbano Busca evidenciar os fenocircmenos que ocorrem a partir da interaccedilatildeo entre a forma
urbana e a acuacutestica urbana indicando que a influecircncia da forma urbana eacute determinante para o
comportamento da acuacutestica urbana
O capiacutetulo 3 eacute dedicado ao percurso investigativo desta pesquisa evidenciando sua metodologia e
procedimentos metodoloacutegicos apresentando o 3deg Jardim enquanto estudo de caso o
mapeamento acuacutestico enquanto instrumento de pesquisa e detalhando as etapas operacionais
deste estudo Este capiacutetulo evidencia ainda o processo de elaboraccedilatildeo dos modelos e mapas
acuacutesticos da forma urbana existente no 3deg Jardim em cada uma das datas estudadas aleacutem da
situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e discute o software Predictor utilizado para este mapeamento
O capiacutetulo 4 diz respeito ao processo de ocupaccedilatildeo do bairro de Boa Viagem e sua relaccedilatildeo com as
transformaccedilotildees urbanas ocorridas no 3deg Jardim Busca-se identificar as caracteriacutesticas
configuraccedilotildees e transformaccedilotildees ocorridas na forma urbana do 3deg Jardim que possibilitem o
entendimento cronoloacutegico destas modificaccedilotildees dando suporte a elaboraccedilatildeo e anaacutelise dos mapas
acuacutesticos
O capiacutetulo 5 analisa o comportamento da acuacutestica urbana identificado nos mapas acuacutesticos
elaborados do 3deg Jardim a partir das modificaccedilotildees ocorridas em sua forma urbana nos anos de
1971 1981 1997 e 2009 aleacutem de uma situaccedilatildeo hipoteacutetica futura (prediccedilatildeo acuacutestica) Neste capiacutetulo
discute-se ainda o comportamento do 3deg Jardim em relaccedilatildeo agrave legislaccedilatildeo municipal que regula as
emissotildees sonoras na cidade do Recife e no estado de Pernambuco e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis
recomendados por outras entidades normativas e indica-se possiacuteveis accedilotildees para melhoria no
comportamento acuacutestico do 3deg Jardim bem como as possiacuteveis consequumlecircncias acuacutesticas da
ausecircncia de tais accedilotildees
Por fim no capiacutetulo 6 satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais acerca do comportamento acuacutestico
do 3deg Jardim e satildeo indicados novos rumos de pesquisa a respeito da acuacutestica urbana
CAPIacuteTULO 2
A arquitetura eacute uma muacutesica petrificada
Arthur Schopenhauer
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
22
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
Analisar o comportamento da acuacutestica urbana ainda que a partir das modificaccedilotildees da forma
urbana faz com que esta pesquisa trate essencialmente da acuacutestica urbana No entanto este
comportamento esta sujeito aos diversificados modos de apreensatildeo da forma urbana e de seus
elementos componentes bem como ao modo como esta pesquisa os consideraraacute
Assim sendo o primeiro item deste capiacutetulo expotildee o conceito de forma urbana e de algumas de
suas relaccedilotildees discutido agrave luz de LAMAS (2004) de PANERAI (2006) e DEL RIO (1990)
indicando em seguida o que esta pesquisa consideraraacute como forma urbana
Certamente discussatildeo em torno da produccedilatildeo de outros autores poderia ser elaborada No
entanto o primeiro item deste capiacutetulo natildeo pretende representar uma revisatildeo bibliograacutefica acerca
do estudo da forma urbana e suas relaccedilotildees pretende sim construir uma discussatildeo em torno dos
trecircs autores selecionados que culmine no conceito de forma urbana que seraacute considerado por esta
pesquisa para possibilitar olhar para suas modificaccedilotildees cronoloacutegicas a fim de compreender o
comportamento da acuacutestica urbana
Apoacutes este delineamento no segundo item deste capiacutetulo discute-se a acuacutestica urbana e suas
relaccedilotildees conceituais com os diversos elementos e implicaccedilotildees da propagaccedilatildeo sonora em meio
urbano e como eles relacionam-se influenciando em seu comportamento
21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes
Segundo LAMAS (2004) estudar a forma urbana compreende examinar as configuraccedilotildees e as
estruturas exteriores de determinados objetos de suas formas interligando-as com os fenocircmenos
que lhes deram origem Assim sendo a forma urbana pode ser definida como sendo o
[] modo como se organizam os elementos morfoloacutegicos que constituem e definem o espaccedilo urbano relativamente agrave materializaccedilatildeo dos aspectos de
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
23
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas Fonte LAMAS 2004
organizaccedilatildeo funcional e quantitativa e dos aspectos qualitativos e figurativos (LAMAS 2004 p 44) 1
Dentre estes aspectos os quantitativos satildeo agravequeles da realidade urbana que podem ser
quantificaacuteveis tais como densidades superfiacutecies fluxos coeficientes volumeacutetricos entre outros
(Figura 21) os de organizaccedilatildeo funcional satildeo agravequeles que se relacionam com as atividades
humanas tais como habitar e trabalhar e agravequeles relacionados ao modo de uso especiacutefico de uma
aacuterea ndash residencial comercial industrial entre outros os qualitativos referem-se ao tratamento dos
espaccedilos ao conforto e a comodidade do utilizador tais como adaptaccedilatildeo ao clima acessibilidade
estado da pavimentaccedilatildeo entre outros por fim os aspectos figurativos dizem respeito a
essencialmente a comunicaccedilatildeo esteacutetica (LAMAS 2004)
Pode-se considerar que ao olhar para forma urbana e em especiacutefico para suas modificaccedilotildees
cronoloacutegicas com o intuito de compreender o comportamento da acuacutestica urbana esta pesquisa
relaciona-se tanto aos aspectos qualitativos a partir do conforto acuacutestico dos receptores das
ondas sonoras em meio urbano quanto aos
aspectos quantitativos uma vez que este
comportamento acuacutestico em meio urbano eacute
quantificaacutevel em decibels (dB)
Embora estes aspectos envolvam grande parte
das singularidades inerentes a forma urbana
esta definiccedilatildeo parece ainda natildeo abarcar outras
particularidades sociais econocircmicas histoacutericas
e culturais igualmente envolvidas no
entendimento da concepccedilatildeo da forma urbana
isto eacute resta ainda a consideraccedilatildeo de que esta
forma urbana natildeo acontece
independentemente dos grupos sociais que a
produzem (PANERAI 2006)
Satildeo essencialmente estas particularidades que
impulsionam ou amortecem a transformaccedilatildeo
1 Para todas as citaccedilotildees deste autor natildeo seratildeo consideradas adaptaccedilotildees na liacutengua do paiacutes de origem - Portugal - permanecendo o texto original
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
24
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
dos elementos que compotildeem a forma urbana ndash a adiccedilatildeo de novos de traccedilados a um jaacute existente
ou sua superposiccedilatildeo seus conflitos o parcelamento de parques e ocupaccedilatildeo de espaccedilos livres a
renovaccedilatildeo da massa edificada seu lento adensamento e verticalizaccedilatildeo segundo uma especulaccedilatildeo
despretensiosa ou sua substituiccedilatildeo por vastos empreendimentos sob influecircncia de uma
especulaccedilatildeo bem mais expressiva (PANERAI 2006) isto eacute faz parte da apreensatildeo da forma
urbana uma complexidade que envolve um processo de acumulaccedilatildeo de enfoques e observaccedilotildees
sociais econocircmicas histoacutericas e culturais que englobam muito mais do que apenas sua forma
fiacutesica
Estas particularidades especialmente as sociais parecem um pouco mais delineadas nas
consideraccedilotildees feitas por DEL RIO (1990) que considera o espaccedilo urbano a partir da apropriaccedilatildeo
social que se faz dele estabelecendo que em relaccedilatildeo ao estudo da forma urbana a cidade pode
ser compreendida a partir de trecircs niacuteveis organizacionais o coletivo o comunitaacuterio e o individual
O niacutevel coletivo eacute regido sob uma loacutegica estruturadora percebida inconscientemente e
coletivamente e eacute composto pelos elementos2 do tecido que possuem uma permanecircncia maior ao
longo do tempo o niacutevel comunitaacuterio diz respeito aos elementos com significados especiais apenas
para um pequeno grupo da populaccedilatildeo como o bairro por exemplo jaacute o niacutevel individual expressa
significados individuais como a residecircncia e seu espaccedilo circundante e por seu caraacuteter individual eacute
o que apresenta maior rapidez nas modificaccedilotildees (DEL RIO 1990)
Mas LAMAS (2004) ao defender sua definiccedilatildeo para forma urbana natildeo soacute possuiacutea ciecircncia destas
outras particularidades explicitadas por PANERAI (2006) e DEL RIO (1990) ndash sociais
econocircmicas histoacutericas e culturais ndash envolvidas na concepccedilatildeo de forma urbana como optou em
natildeo apreciaacute-las
[] um primeiro grau de leitura da cidade eacute eminentemente fiacutesico-espacial e morfoloacutegico portanto especiacutefico da arquitectura e o uacutenico que permite evidenciar a diferenccedila entre este e outro espaccedilo entre esta e aquela forma e explicar as caracteriacutesticas de cada parte da cidade A estes se juntam outros niacuteveis de leitura que revelam diferentes conteuacutedos (histoacutericos econoacutemicos sociais e outros) Mas este conjunto de leituras soacute eacute possiacutevel porque a cidade existe como facto fiacutesico e material Todos os instrumentos de leitura lecircem o mesmo objecto ndash o espaccedilo fiacutesico a FORMA URBANA (LAMAS 2004 p 31 grifo do autor) Eacute fundamentalmente a dimensatildeo fiacutesica e morfoloacutegica da cidade que me preocupa [] (LAMAS 2004 p 31)
2 Estes elementos seratildeo discutidos em paraacutegrafos mais adiante
____________________________________________
ANAacuteLISE D
Na verdade esta opccedilatildeo em
urbana considerando-a essen
de seu aspecto fiacutesico e m
convenientemente ao obje
presente pesquisa analisar
da acuacutestica urbana a partir
cronoloacutegicas na forma urba
esta anaacutelise do compor
implica em uma apropriaccedil
fiacutesica e material destas modif
Certamente a busca pela ap
urbana envolve muito
simplesmente sua forma
como jaacute aclarado No entan
da anaacutelise proposta por
apreensatildeo em totalid
fundamentalmente necessaacuter
apropriaccedilatildeo da forma urban
material ou uma variaacutevel fiacutes
finalidade derradeira de
comportamento acuacutestico
modificaccedilotildees nesta forma
Ao entender a observaccedilatildeo
essencialmente em seu aspec
(2004) propocircs uma classifica
dimensotildees
bull A dimensatildeo setorial
refere-se agrave menor u
do espaccedilo urbano co
uma praccedila ou uma
ponto o observador
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 24 ndash A cidadeo texemplificada por meio da cidadLAMAS 2004
Figura 23 ndash O bairro a escala ucidade portuguesa de Tavira Fonte
Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na ca dimensatildeo setorial Fonte LAMA
em observar a forma
sencialmente a partir
material responde
bjetivo primeiro da
ar o comportamento
rtir de modificaccedilotildees
rbana uma vez que
ortamento acuacutestico
riaccedilatildeo genuinamente
dificaccedilotildees
apreensatildeo da forma
o mais do que
a fiacutesica e material
tanto para realizaccedilatildeo
or este estudo tal
alidade natildeo eacute
saacuteria o que torna a
bana quase um meio
l fiacutesica para atingir a
e compreensatildeo do
a partir de
atildeo da forma urbana
pecto fiacutesico LAMAS
icaccedilatildeo em escalas ou
ndash a escala da rua
r unidade ou porccedilatildeo
como por exemplo
a rua onde de um
dor pode abarcar a
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
25
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
territoacuterioa dimensatildeo territorial dade portuguesa de Tavira Fonte
a urbana exemplificada por meio da nte LAMAS 2004
na cidade portuguesa de Tavira ilustra MAS 2004
____________________________________________
ANAacuteLISE D
unidade espacial d
(Figura 22)
bull A dimensatildeo urbana ndash
corresponde agraves pa
identificaacuteveis como
exemplo onde a
elementos da forma
atraveacutes do movime
percursos (Figura 23
bull E por fim a dimensatildeo
da cidade diz respeito
diferentes formas
articulaccedilatildeo de bai
entre si Sua forma
distribuiccedilatildeo de eleme
das cidades em con
suporte geograacutefico d
a articulaccedilatildeo de
circulaccedilatildeo entre os
entre zonas habitacio
entre outras (Figura 2
Dentre estas dimensotildees a u
bairro desperta particular
pesquisa uma vez que o e
limites de observaccedilatildeo atraveacute
de movimentos poderaacute aba
significante de modificaccedilotildee
forma urbana de determina
compreender o comport
acuacutestica urbana
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 25 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do CONDEPE-FIDEM 1981
Figura 26 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do baorigens da cidade entrecortadoBarreto Fonte CONDEPE-FIDE
Figura 27 ndash Exemplos de diveredifiacutecios lotes quarteirotildees e vias eRecife Nesta imagem um recessencialmente por morros o AltoFIDEM 1981
de seu conjunto
ndash a escala do bairro
partes homogecircneas
mo os bairros por
a observaccedilatildeo dos
a urbana eacute realizada
imento e de vaacuterios
23)
nsatildeo territorial ndash a escala
eito agrave articulaccedilatildeo de
as urbanas da
bairros interligados
ma eacute definida pela
mentos estruturantes
onformidade com o
o do siacutetio tais como
e ruas e vias de
s diferentes bairros
cionais e comerciais
a 24)
a urbana ndash escala do
lar interesse desta
o entendimento dos
veacutes de certo nuacutemero
barcar uma amostra
otildees cronoloacutegicas na
inado local a fim de
ortamento de sua
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
26
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife o bairro de Boa Viagem Fonte
rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves do pela recente Avenida Dantas DEM 1981
versificadas concretizaccedilotildees entre os em diferentes bairros da cidade do
recorte de um bairro constituiacutedo lto do Mandu Fonte CONDEPE-
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
27
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
No entanto para apreender tal dimensatildeo devem-se conhecer e estabelecer quais elementos
miacutenimos da forma urbana que se relaciona com esta a dimensatildeo urbana e quais satildeo estes
elementos LAMAS (2004) propocircs onze elementos da forma urbana necessaacuterios para esta
apreensatildeo o solo (I) o edifiacutecio (II) o lote (III) o logradouro (IV) o quarteiratildeo (V) o traccediladoa
rua(VI) a praccedila (VII) a fachada (VIII) o monumento (IX) a vegetaccedilatildeo (X) e o mobiliaacuterio
urbano (XI) Dentre estes elementos seis possuem uma estreita relaccedilatildeo com esta pesquisa e
seratildeo expostos de acordo com consideraccedilotildees observadas por LAMAS 3 (2004) (Figuras 25 a 27)
O edifiacutecio representa o elemento miacutenimo identificaacutevel na observaccedilatildeo da forma urbana eacute atraveacutes
dele que se constitui o espaccedilo urbano e se organizam diferentes elementos tais como ruas praccedilas
avenidas entre outros Os edifiacutecios agrupam-se em diferentes tipos tanto em relaccedilatildeo a suas
formas quanto a suas funccedilotildees Estes elementos podem influenciar o comportamento da acuacutestica
urbana atuando enquanto objetos reflexivos da onda sonora e como barreiras acuacutesticas4
O lote representa o princiacutepio da relaccedilatildeo do edifiacutecio com o terreno A forma do lote eacute muitas
vezes condicionante da forma do edifiacutecio tornando-os vinculados por essecircncia o logradouro diz
respeito ao espaccedilo livres e natildeo construiacutedos no interior do lote aos quintais e jardins o quarteiratildeo
ou quadra pode ser considerado como o espaccedilo resultante entre o cruzamento de trecircs ou mais
vias podendo ser demarcado em vaacuterios lotes para a construccedilatildeo de edifiacutecios Juntos estes trecircs
elementos associados aos edifiacutecios podem propiciar uma maior ou menor permeabilidade
acuacutestica eou uma maior ou menor presenccedila de aacutereas de sombra no meio urbano
O traccedilado por meio das ruas ou vias eacute facilmente identificaacutevel no meio urbano Estaacute muitas vezes
condicionado ao siacutetio geograacutefico existente regula a disposiccedilatildeo dos edifiacutecios e quarteirotildees e
interliga os vaacuterios espaccedilos componentes da cidade e a cidade ao territoacuterio Normalmente o
traccedilado resiste agraves transformaccedilotildees na forma urbana por possuir um caraacuteter de permanecircncia natildeo
totalmente modificaacutevel O traccedilado engloba trajetoacuterias e caminhos que natildeo satildeo necessariamente
percorridos atraveacutes de automoacuteveis apesar disso estaacute em grande parte vinculado a uma das
principais fontes geradoras de ruiacutedo urbano ndash o traacutefego de veiacuteculos
3 Os outros elementos tambeacutem podem relacionar-se de diferentes maneiras com a acuacutestica urbana mas nem tanto com a presente pesquisa e por isso natildeo foram considerados 4 Todas as definiccedilotildees e conceitos acuacutesticos apresentados no presente item seratildeo elucidados no item seguinte 22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
28
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) Fonte PANERAI 2006
A praccedila eacute um espaccedilo de geometria variada
intencionalmente inserido no meio urbano
cuja relaccedilatildeo com o traccedilado e os edifiacutecios
tambeacutem eacute intencional evidenciada atraveacutes do
seu desenho e natildeo acidentais como
alargamento e confluecircncias do traccedilado Aleacutem
disso a praccedila eacute um lugar de encontro de
permanecircncia e de praacuteticas sociais
Acusticamente dependendo de suas
proporccedilotildees a propagaccedilatildeo sonora que envolve
uma praccedila pode apresentar um
comportamento que se assemelha a
propagaccedilatildeo sonora em campo livre
Estes elementos constituintes da forma urbana
conceituados por LAMAS (2004) podem ser
identificados sob um diferente invoacutelucro
conceitual mas com a mesma essecircncia no que
PANERAI (2006) definiu como sendo
conjuntos do tecido urbano
Aplicado agrave cidade o termo ldquotecidordquo evoca a continuidade e a renovaccedilatildeo a permanecircncia e a variaccedilatildeo Ele explica a constituiccedilatildeo das cidades antigas e responde as questotildees levantadas pelo estudo das urbanizaccedilotildees recentes Ele pressupotildee uma atenccedilatildeo tanto ao banal quanto ao excepcional tanto agraves ruas comuns e agraves edificaccedilotildees corriqueiras quanto agraves regulamentaccedilotildees e aos monumentos Dentre as muacuteltiplas definiccedilotildees de tecido urbano e sem desprezar suas qualidades escolhemos a mais simples O tecido urbano eacute constituiacutedo pela superposiccedilatildeo ou imbricaccedilatildeo de trecircs conjuntos a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees Essa definiccedilatildeo potildee em evidecircncia os elementos que permitem que as diferentes partes da cidade evoluam ao mesmo tempo em que satildeo mantidas a coesatildeo de conjunto e a clareza de sua estrutura (PANERAI 2006 p 77-78 grifo nosso) (Figura 28)
Ao contraacuterio de LAMAS (2004) que considera a praccedila como um elemento da forma urbana por
si soacute PANERAI (2006) discute as vias ou traccedilado inseridas em uma relaccedilatildeo em rede onde
tambeacutem satildeo considerados como partes constituintes os largos passeios praccedilas esplanadas cais
pontes rios canais margens praias todos compondo o espaccedilo puacuteblico Eacute atraveacutes desta rede
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
29
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua
organizaccedilatildeo local e territorial
Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o
domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios
quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente
o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da
forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo
Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao
espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo
vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os
edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila
sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto
Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute
bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus
elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma
essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo
objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles
- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)
Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno
relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar
definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento
5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
30
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109
O adensamento ocorre a partir de dois modos
essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do
preenchimento progressivo do espaccedilo urbano
e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa
por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)
A primeira forma de adensamento ocorre sem
a expansatildeo territorial por meio do
preenchimento progressivo de todas as
reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de
determinado meio urbano Eacute um
adensamento inserido em limitesbarreiras
preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como
uma via expressa irregularidades geograacuteficas
do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual
em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas
edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)
A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do
solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de
adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem
sua expansatildeo (PANERAI 2006)
Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como
se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado
meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da
acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o
adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de
objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica
Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o
edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados
por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
31
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias
dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta
pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a
partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo
exclusivamente
1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo
de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres
2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os
lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)
3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e
principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes
geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)
Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no
decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees
cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e
relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana
22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a
forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia
multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o
som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas
do conhecimento (Figura 210)
Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano
seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes
tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental
O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por
pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu
____________________________________________
ANAacuteLISE D
complexo padratildeo de ondas s
de ruiacutedo muacutesica fala
(BERGLUND et al 1999)
Esta definiccedilatildeo do som tend
a percepccedilatildeo do ouvido
conceito psicofiacutesico Fisicame
vibraccedilatildeo mecacircnica que
progressivamente atraveacutes de
gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN
Esta vibraccedilatildeo quando tran
que o rodeia nem sempre
aparelho auditivo humano
frequumlecircncia6 audiacutevel encontra
20 a 20000 Hz para um
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984
1982) Frequumlecircncias acima de
altas para respostas fisioloacuteg
chamadas de ultrasons Jaacute as
de 20 Hz satildeo chamadas de
detectaacuteveis pelo ouvido hum
prejudiciais agrave sua sauacutede7
1982 SOUSA 2004)
Fisicamente o som e o ruiacutedo
ambos se propagam em mei
detectados pelo ouvido hu
enquanto o som eacute utilizado
6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa
Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006
as sonoras eacute rotulado
ala entre outros
ndo como referecircncia
o humano eacute um
mente o som eacute uma
que se propaga
de um meio material
(SINGAL 2005)
transmitida ao meio
re eacute detectaacutevel pelo
ano cuja faixa de
tra-se no intervalo de
um jovem saudaacutevel
4 KINSLER et al
de 20000 Hz muito
loacutegicas auditivas satildeo
as frequumlecircncias abaixo
de infrasons e natildeo satildeo
umano contudo satildeo
(KINSLER et al
iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee
eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos
humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN
do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev
iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo
as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
32
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006
ontual e fonte sonora linear Fonte
otildees de pressatildeo ambiente
bos satildeo capazes de serem
EN 1995) No entanto
daacuteveis o ruiacutedo descreve
do e eacute medida em Hertz (Hz)
amento das estruturas cardiacuteacas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
33
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)
Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e
portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece
como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro
[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)
Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo
mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees
no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse
irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos
(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM
2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)
O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais
comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual
possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as
direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)
Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de
fontes pontuais dispostas linearmente cuja
emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta
linha sendo seu decaimento em campo livre
de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)
Quando propagadas no meio urbano a
combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas
ao percurso de transmissatildeo e ao receptor
constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
34
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
chamado de ruiacutedo ambiental (environmental
noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)
(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005
SOUSA 2004)
O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do
traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de
obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos
industriais de estabelecimentos comerciais e
de serviccedilos de sistemas de propaganda
volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-
estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982
NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)
Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais
como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes
nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade
populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos
extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se
a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES
2006)
Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o
ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A
necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade
existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis
normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a
populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano
8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
35
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006
Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg
1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes
Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes
procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO
2009)
NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
Niacutevel de Pressatildeo sonora
em dB(A)
Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS
Ambiente ou atividade
0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros
aacuterea de mata selvagem
30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite
50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse
auditivo Rua agitada um restaurante barulhento
70 a 90 Estressante e bastante
excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh
conversa a gritos
90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia
Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor
110 a 130
Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez
instantacircnea
Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock
130 a 140 Acima do limiar da dor
causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia
Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias
resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a
poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir
diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho
Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores
(NAGEM 2004)
Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave
Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do
12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
36
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do
sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do
Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da
cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias
tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da
Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)
Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da
LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos
com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos
submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e
do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a
accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave
conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte
geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)
Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos
de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em
documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da
Cidade do Recife (RECIFE 2000)
Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo
Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as
posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da
poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor
o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie
de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo
exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil
militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um
importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)
Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a
poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de
13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
37
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999
pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais
(BERGLUND et al1999)
Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que
atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua
(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do
ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio
urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram
em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da
populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes
geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et
al 2002) (Figura 214)
Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o
aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais
percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al
2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)
O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a
partir do ruiacutedo veicular que proveacutem
essencialmente do sistema de propulsatildeo do
motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo
aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso
(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da
relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as
configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido
a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de
acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a
presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de
pedestres etc a intensidade do fluxo de
veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os
veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de
14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
38
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita
terra batida) etc (SINGAL 2005)
Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo
comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas
implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo
do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo
para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e
pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS
2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma
interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana
Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto
por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego
seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no
proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de
certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e
forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e
largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser
acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica
O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde
acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo
acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)
O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia
de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio
urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou
nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o
espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de
suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de
pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
39
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007
Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido
pelo receptor diminui em funccedilatildeo da
duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15
Praccedilas parques e largos com grandes
dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias
vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas
uma de suas margens ou espaccedilos livres
urbanos de grandes dimensotildees caracterizam
alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos
No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras
sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o
seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente
sendo praticamente o mesmo em vaacuterias
posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre
uma saiacuteda para campo livre caracterizando o
fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura
217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)
Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser
reverberantes quando a onda sonora tarda a
encontrar o campo livre gerando um grande
nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes
quando a onda sonora encontra o campo livre
um pouco mais rapidamente do que no
reverberante gerando um nuacutemero menor mas
ainda grande de reflexotildees
15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
40
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007
No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado
reverberante possui comumente um perfil em
ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de
canyons urbanos que podem amplificar
consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das
vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas
geradas pelas fachadas paralelas das
edificaccedilotildees que circundam estas vias
(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste
tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora
natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre
a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico
aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos
elementos que compotildeem a forma urbana e
dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que
revestem as superfiacutecies refletoras18
(NIEMEYER 2007)
Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de
traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados
tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos
de espaccedilos acuacutesticos fechados
A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda
sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem
podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo
tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo
18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
41
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007
Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992
Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se
aos percursos da onda sonora gerados no
meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005
NIEMEYER 2007) A intensidade da
permeabilidade acuacutestica - mais ou menos
permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de
certos elementos urbanos de promover ou
conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais
como o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem
como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade
e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila
ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e
221)
A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda
com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o
conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a
qualquer objeto que possa ser considerado um
obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias
entre a fonte e o receptor (Figura 222)
(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES
2000) Ao bloquear o percurso direto entre a
fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser
absorvida eou refletida pela superfiacutecie da
barreira transmitida atraveacutes da barreira ou
difratada a partir do topo da barreira
(BARRON 2003 SINGAL 2005)
A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as
ondas sonoras sejam capazes de contornar
determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de
sombra acuacutestica que possui limites espaciais
variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte
____________________________________________
ANAacuteLISE D
sonora e de sua localizaccedilatilde
receptor que por sua vez
sonora difratada pelas borda
um decaimento maior do qu
campo livre (Figura 223) (N
1968 NIEMEYER 2007 PA
O uso de barreiras acuacutestic
EUA Japatildeo Austraacutelia e
reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do
pelo traacutefego rodoviaacuterio pa
(Figuras 224 a 226) (SIN
Brasil esta praacutetica ainda eacute inc
restringindo-se a poucos exe
caso da barreira acuacutestica no
Linha Amarela na cidade do
na Rodovia Bandeirantes co
de Satildeo Paulo a Campinas
Paulo (Figura 227) (MURGE
2004)
Embora a implantaccedilatildeo de b
esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do
rodoviaacuterio outros elemen
meio urbano situados ent
receptor atuam espontan
barreiras agrave propagaccedilatildeo sono
terreno com topografia i
muros edificaccedilotildees entr
edificaccedilotildees conjugadas da R
cidade do Recife ou aind
conjugadas em alguns trec
Atlacircntica no Rio de Janei
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap
Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C
Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2
Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest
Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN
accedilatildeo em relaccedilatildeo ao
ez recebe a energia
rdas da barreira com
que se estivesse em
(NEPOMUCENO
PAZ 2004)
ticas eacute comum nos
e na Europa para
do ruiacutedo produzido
para seus arredores
INGAL 2005) No
incipiente
exemplos como eacute o
no eixo rodoviaacuterio
o Rio de Janeiro e
conectando a cidade
s no estado de Satildeo
GEL 2007 SOUSA
e barreiras acuacutesticas
do ruiacutedo de traacutefego
entos inseridos no
entre a fonte e o
taneamente como
nora tais como um
irregular taludes
ntre outros As
a Rua da Aurora na
inda as edificaccedilotildees
trechos da Avenida
neiro por exemplo
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
42
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007
rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007
da Rodovia Bandeirantes no estado 2007
da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000
barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
43
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409
Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409
aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas
espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem
conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em
ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e
229)
A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e
da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a
interaccedilatildeo entre os diversos elementos que
compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis
das vias o modo de implantaccedilatildeo das
edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as
proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo
das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de
espaccedilos livres ndash contribui determinantemente
para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano
atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do
espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave
fonte geradora de campos sonoros
reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de
aacutereas de sombra
Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado
um sistema composto essencialmente pela fonte
sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e
KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto
percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de
propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares
apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo
da onda sonora no meio urbano
19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
44
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao
ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos
reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente
todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das
edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar
dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e
insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via
Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo
facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas
reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando
sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano
desejaacutevel aos seus receptores
Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as
distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de
propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades
bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento
acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano
Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se
comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica
urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana
Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos
investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento
____________________________________________________________________________________________________________________________ 1 INTRODUCcedilAtildeO
20
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
partir de seu aspecto fiacutesico e material recorte necessaacuterio para a anaacutelise do comportamento
acuacutestico urbano
O segundo aspecto abordado no capiacutetulo 2 diz respeito agrave definiccedilatildeo teoacuterica do conceito da
acuacutestica urbana e de suas diversificadas implicaccedilotildees e interfaces quando o som eacute propagado em
meio urbano Busca evidenciar os fenocircmenos que ocorrem a partir da interaccedilatildeo entre a forma
urbana e a acuacutestica urbana indicando que a influecircncia da forma urbana eacute determinante para o
comportamento da acuacutestica urbana
O capiacutetulo 3 eacute dedicado ao percurso investigativo desta pesquisa evidenciando sua metodologia e
procedimentos metodoloacutegicos apresentando o 3deg Jardim enquanto estudo de caso o
mapeamento acuacutestico enquanto instrumento de pesquisa e detalhando as etapas operacionais
deste estudo Este capiacutetulo evidencia ainda o processo de elaboraccedilatildeo dos modelos e mapas
acuacutesticos da forma urbana existente no 3deg Jardim em cada uma das datas estudadas aleacutem da
situaccedilatildeo hipoteacutetica futura e discute o software Predictor utilizado para este mapeamento
O capiacutetulo 4 diz respeito ao processo de ocupaccedilatildeo do bairro de Boa Viagem e sua relaccedilatildeo com as
transformaccedilotildees urbanas ocorridas no 3deg Jardim Busca-se identificar as caracteriacutesticas
configuraccedilotildees e transformaccedilotildees ocorridas na forma urbana do 3deg Jardim que possibilitem o
entendimento cronoloacutegico destas modificaccedilotildees dando suporte a elaboraccedilatildeo e anaacutelise dos mapas
acuacutesticos
O capiacutetulo 5 analisa o comportamento da acuacutestica urbana identificado nos mapas acuacutesticos
elaborados do 3deg Jardim a partir das modificaccedilotildees ocorridas em sua forma urbana nos anos de
1971 1981 1997 e 2009 aleacutem de uma situaccedilatildeo hipoteacutetica futura (prediccedilatildeo acuacutestica) Neste capiacutetulo
discute-se ainda o comportamento do 3deg Jardim em relaccedilatildeo agrave legislaccedilatildeo municipal que regula as
emissotildees sonoras na cidade do Recife e no estado de Pernambuco e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis
recomendados por outras entidades normativas e indica-se possiacuteveis accedilotildees para melhoria no
comportamento acuacutestico do 3deg Jardim bem como as possiacuteveis consequumlecircncias acuacutesticas da
ausecircncia de tais accedilotildees
Por fim no capiacutetulo 6 satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais acerca do comportamento acuacutestico
do 3deg Jardim e satildeo indicados novos rumos de pesquisa a respeito da acuacutestica urbana
CAPIacuteTULO 2
A arquitetura eacute uma muacutesica petrificada
Arthur Schopenhauer
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
22
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
Analisar o comportamento da acuacutestica urbana ainda que a partir das modificaccedilotildees da forma
urbana faz com que esta pesquisa trate essencialmente da acuacutestica urbana No entanto este
comportamento esta sujeito aos diversificados modos de apreensatildeo da forma urbana e de seus
elementos componentes bem como ao modo como esta pesquisa os consideraraacute
Assim sendo o primeiro item deste capiacutetulo expotildee o conceito de forma urbana e de algumas de
suas relaccedilotildees discutido agrave luz de LAMAS (2004) de PANERAI (2006) e DEL RIO (1990)
indicando em seguida o que esta pesquisa consideraraacute como forma urbana
Certamente discussatildeo em torno da produccedilatildeo de outros autores poderia ser elaborada No
entanto o primeiro item deste capiacutetulo natildeo pretende representar uma revisatildeo bibliograacutefica acerca
do estudo da forma urbana e suas relaccedilotildees pretende sim construir uma discussatildeo em torno dos
trecircs autores selecionados que culmine no conceito de forma urbana que seraacute considerado por esta
pesquisa para possibilitar olhar para suas modificaccedilotildees cronoloacutegicas a fim de compreender o
comportamento da acuacutestica urbana
Apoacutes este delineamento no segundo item deste capiacutetulo discute-se a acuacutestica urbana e suas
relaccedilotildees conceituais com os diversos elementos e implicaccedilotildees da propagaccedilatildeo sonora em meio
urbano e como eles relacionam-se influenciando em seu comportamento
21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes
Segundo LAMAS (2004) estudar a forma urbana compreende examinar as configuraccedilotildees e as
estruturas exteriores de determinados objetos de suas formas interligando-as com os fenocircmenos
que lhes deram origem Assim sendo a forma urbana pode ser definida como sendo o
[] modo como se organizam os elementos morfoloacutegicos que constituem e definem o espaccedilo urbano relativamente agrave materializaccedilatildeo dos aspectos de
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
23
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas Fonte LAMAS 2004
organizaccedilatildeo funcional e quantitativa e dos aspectos qualitativos e figurativos (LAMAS 2004 p 44) 1
Dentre estes aspectos os quantitativos satildeo agravequeles da realidade urbana que podem ser
quantificaacuteveis tais como densidades superfiacutecies fluxos coeficientes volumeacutetricos entre outros
(Figura 21) os de organizaccedilatildeo funcional satildeo agravequeles que se relacionam com as atividades
humanas tais como habitar e trabalhar e agravequeles relacionados ao modo de uso especiacutefico de uma
aacuterea ndash residencial comercial industrial entre outros os qualitativos referem-se ao tratamento dos
espaccedilos ao conforto e a comodidade do utilizador tais como adaptaccedilatildeo ao clima acessibilidade
estado da pavimentaccedilatildeo entre outros por fim os aspectos figurativos dizem respeito a
essencialmente a comunicaccedilatildeo esteacutetica (LAMAS 2004)
Pode-se considerar que ao olhar para forma urbana e em especiacutefico para suas modificaccedilotildees
cronoloacutegicas com o intuito de compreender o comportamento da acuacutestica urbana esta pesquisa
relaciona-se tanto aos aspectos qualitativos a partir do conforto acuacutestico dos receptores das
ondas sonoras em meio urbano quanto aos
aspectos quantitativos uma vez que este
comportamento acuacutestico em meio urbano eacute
quantificaacutevel em decibels (dB)
Embora estes aspectos envolvam grande parte
das singularidades inerentes a forma urbana
esta definiccedilatildeo parece ainda natildeo abarcar outras
particularidades sociais econocircmicas histoacutericas
e culturais igualmente envolvidas no
entendimento da concepccedilatildeo da forma urbana
isto eacute resta ainda a consideraccedilatildeo de que esta
forma urbana natildeo acontece
independentemente dos grupos sociais que a
produzem (PANERAI 2006)
Satildeo essencialmente estas particularidades que
impulsionam ou amortecem a transformaccedilatildeo
1 Para todas as citaccedilotildees deste autor natildeo seratildeo consideradas adaptaccedilotildees na liacutengua do paiacutes de origem - Portugal - permanecendo o texto original
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
24
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
dos elementos que compotildeem a forma urbana ndash a adiccedilatildeo de novos de traccedilados a um jaacute existente
ou sua superposiccedilatildeo seus conflitos o parcelamento de parques e ocupaccedilatildeo de espaccedilos livres a
renovaccedilatildeo da massa edificada seu lento adensamento e verticalizaccedilatildeo segundo uma especulaccedilatildeo
despretensiosa ou sua substituiccedilatildeo por vastos empreendimentos sob influecircncia de uma
especulaccedilatildeo bem mais expressiva (PANERAI 2006) isto eacute faz parte da apreensatildeo da forma
urbana uma complexidade que envolve um processo de acumulaccedilatildeo de enfoques e observaccedilotildees
sociais econocircmicas histoacutericas e culturais que englobam muito mais do que apenas sua forma
fiacutesica
Estas particularidades especialmente as sociais parecem um pouco mais delineadas nas
consideraccedilotildees feitas por DEL RIO (1990) que considera o espaccedilo urbano a partir da apropriaccedilatildeo
social que se faz dele estabelecendo que em relaccedilatildeo ao estudo da forma urbana a cidade pode
ser compreendida a partir de trecircs niacuteveis organizacionais o coletivo o comunitaacuterio e o individual
O niacutevel coletivo eacute regido sob uma loacutegica estruturadora percebida inconscientemente e
coletivamente e eacute composto pelos elementos2 do tecido que possuem uma permanecircncia maior ao
longo do tempo o niacutevel comunitaacuterio diz respeito aos elementos com significados especiais apenas
para um pequeno grupo da populaccedilatildeo como o bairro por exemplo jaacute o niacutevel individual expressa
significados individuais como a residecircncia e seu espaccedilo circundante e por seu caraacuteter individual eacute
o que apresenta maior rapidez nas modificaccedilotildees (DEL RIO 1990)
Mas LAMAS (2004) ao defender sua definiccedilatildeo para forma urbana natildeo soacute possuiacutea ciecircncia destas
outras particularidades explicitadas por PANERAI (2006) e DEL RIO (1990) ndash sociais
econocircmicas histoacutericas e culturais ndash envolvidas na concepccedilatildeo de forma urbana como optou em
natildeo apreciaacute-las
[] um primeiro grau de leitura da cidade eacute eminentemente fiacutesico-espacial e morfoloacutegico portanto especiacutefico da arquitectura e o uacutenico que permite evidenciar a diferenccedila entre este e outro espaccedilo entre esta e aquela forma e explicar as caracteriacutesticas de cada parte da cidade A estes se juntam outros niacuteveis de leitura que revelam diferentes conteuacutedos (histoacutericos econoacutemicos sociais e outros) Mas este conjunto de leituras soacute eacute possiacutevel porque a cidade existe como facto fiacutesico e material Todos os instrumentos de leitura lecircem o mesmo objecto ndash o espaccedilo fiacutesico a FORMA URBANA (LAMAS 2004 p 31 grifo do autor) Eacute fundamentalmente a dimensatildeo fiacutesica e morfoloacutegica da cidade que me preocupa [] (LAMAS 2004 p 31)
2 Estes elementos seratildeo discutidos em paraacutegrafos mais adiante
____________________________________________
ANAacuteLISE D
Na verdade esta opccedilatildeo em
urbana considerando-a essen
de seu aspecto fiacutesico e m
convenientemente ao obje
presente pesquisa analisar
da acuacutestica urbana a partir
cronoloacutegicas na forma urba
esta anaacutelise do compor
implica em uma apropriaccedil
fiacutesica e material destas modif
Certamente a busca pela ap
urbana envolve muito
simplesmente sua forma
como jaacute aclarado No entan
da anaacutelise proposta por
apreensatildeo em totalid
fundamentalmente necessaacuter
apropriaccedilatildeo da forma urban
material ou uma variaacutevel fiacutes
finalidade derradeira de
comportamento acuacutestico
modificaccedilotildees nesta forma
Ao entender a observaccedilatildeo
essencialmente em seu aspec
(2004) propocircs uma classifica
dimensotildees
bull A dimensatildeo setorial
refere-se agrave menor u
do espaccedilo urbano co
uma praccedila ou uma
ponto o observador
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 24 ndash A cidadeo texemplificada por meio da cidadLAMAS 2004
Figura 23 ndash O bairro a escala ucidade portuguesa de Tavira Fonte
Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na ca dimensatildeo setorial Fonte LAMA
em observar a forma
sencialmente a partir
material responde
bjetivo primeiro da
ar o comportamento
rtir de modificaccedilotildees
rbana uma vez que
ortamento acuacutestico
riaccedilatildeo genuinamente
dificaccedilotildees
apreensatildeo da forma
o mais do que
a fiacutesica e material
tanto para realizaccedilatildeo
or este estudo tal
alidade natildeo eacute
saacuteria o que torna a
bana quase um meio
l fiacutesica para atingir a
e compreensatildeo do
a partir de
atildeo da forma urbana
pecto fiacutesico LAMAS
icaccedilatildeo em escalas ou
ndash a escala da rua
r unidade ou porccedilatildeo
como por exemplo
a rua onde de um
dor pode abarcar a
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
25
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
territoacuterioa dimensatildeo territorial dade portuguesa de Tavira Fonte
a urbana exemplificada por meio da nte LAMAS 2004
na cidade portuguesa de Tavira ilustra MAS 2004
____________________________________________
ANAacuteLISE D
unidade espacial d
(Figura 22)
bull A dimensatildeo urbana ndash
corresponde agraves pa
identificaacuteveis como
exemplo onde a
elementos da forma
atraveacutes do movime
percursos (Figura 23
bull E por fim a dimensatildeo
da cidade diz respeito
diferentes formas
articulaccedilatildeo de bai
entre si Sua forma
distribuiccedilatildeo de eleme
das cidades em con
suporte geograacutefico d
a articulaccedilatildeo de
circulaccedilatildeo entre os
entre zonas habitacio
entre outras (Figura 2
Dentre estas dimensotildees a u
bairro desperta particular
pesquisa uma vez que o e
limites de observaccedilatildeo atraveacute
de movimentos poderaacute aba
significante de modificaccedilotildee
forma urbana de determina
compreender o comport
acuacutestica urbana
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 25 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do CONDEPE-FIDEM 1981
Figura 26 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do baorigens da cidade entrecortadoBarreto Fonte CONDEPE-FIDE
Figura 27 ndash Exemplos de diveredifiacutecios lotes quarteirotildees e vias eRecife Nesta imagem um recessencialmente por morros o AltoFIDEM 1981
de seu conjunto
ndash a escala do bairro
partes homogecircneas
mo os bairros por
a observaccedilatildeo dos
a urbana eacute realizada
imento e de vaacuterios
23)
nsatildeo territorial ndash a escala
eito agrave articulaccedilatildeo de
as urbanas da
bairros interligados
ma eacute definida pela
mentos estruturantes
onformidade com o
o do siacutetio tais como
e ruas e vias de
s diferentes bairros
cionais e comerciais
a 24)
a urbana ndash escala do
lar interesse desta
o entendimento dos
veacutes de certo nuacutemero
barcar uma amostra
otildees cronoloacutegicas na
inado local a fim de
ortamento de sua
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
26
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife o bairro de Boa Viagem Fonte
rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves do pela recente Avenida Dantas DEM 1981
versificadas concretizaccedilotildees entre os em diferentes bairros da cidade do
recorte de um bairro constituiacutedo lto do Mandu Fonte CONDEPE-
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
27
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
No entanto para apreender tal dimensatildeo devem-se conhecer e estabelecer quais elementos
miacutenimos da forma urbana que se relaciona com esta a dimensatildeo urbana e quais satildeo estes
elementos LAMAS (2004) propocircs onze elementos da forma urbana necessaacuterios para esta
apreensatildeo o solo (I) o edifiacutecio (II) o lote (III) o logradouro (IV) o quarteiratildeo (V) o traccediladoa
rua(VI) a praccedila (VII) a fachada (VIII) o monumento (IX) a vegetaccedilatildeo (X) e o mobiliaacuterio
urbano (XI) Dentre estes elementos seis possuem uma estreita relaccedilatildeo com esta pesquisa e
seratildeo expostos de acordo com consideraccedilotildees observadas por LAMAS 3 (2004) (Figuras 25 a 27)
O edifiacutecio representa o elemento miacutenimo identificaacutevel na observaccedilatildeo da forma urbana eacute atraveacutes
dele que se constitui o espaccedilo urbano e se organizam diferentes elementos tais como ruas praccedilas
avenidas entre outros Os edifiacutecios agrupam-se em diferentes tipos tanto em relaccedilatildeo a suas
formas quanto a suas funccedilotildees Estes elementos podem influenciar o comportamento da acuacutestica
urbana atuando enquanto objetos reflexivos da onda sonora e como barreiras acuacutesticas4
O lote representa o princiacutepio da relaccedilatildeo do edifiacutecio com o terreno A forma do lote eacute muitas
vezes condicionante da forma do edifiacutecio tornando-os vinculados por essecircncia o logradouro diz
respeito ao espaccedilo livres e natildeo construiacutedos no interior do lote aos quintais e jardins o quarteiratildeo
ou quadra pode ser considerado como o espaccedilo resultante entre o cruzamento de trecircs ou mais
vias podendo ser demarcado em vaacuterios lotes para a construccedilatildeo de edifiacutecios Juntos estes trecircs
elementos associados aos edifiacutecios podem propiciar uma maior ou menor permeabilidade
acuacutestica eou uma maior ou menor presenccedila de aacutereas de sombra no meio urbano
O traccedilado por meio das ruas ou vias eacute facilmente identificaacutevel no meio urbano Estaacute muitas vezes
condicionado ao siacutetio geograacutefico existente regula a disposiccedilatildeo dos edifiacutecios e quarteirotildees e
interliga os vaacuterios espaccedilos componentes da cidade e a cidade ao territoacuterio Normalmente o
traccedilado resiste agraves transformaccedilotildees na forma urbana por possuir um caraacuteter de permanecircncia natildeo
totalmente modificaacutevel O traccedilado engloba trajetoacuterias e caminhos que natildeo satildeo necessariamente
percorridos atraveacutes de automoacuteveis apesar disso estaacute em grande parte vinculado a uma das
principais fontes geradoras de ruiacutedo urbano ndash o traacutefego de veiacuteculos
3 Os outros elementos tambeacutem podem relacionar-se de diferentes maneiras com a acuacutestica urbana mas nem tanto com a presente pesquisa e por isso natildeo foram considerados 4 Todas as definiccedilotildees e conceitos acuacutesticos apresentados no presente item seratildeo elucidados no item seguinte 22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
28
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) Fonte PANERAI 2006
A praccedila eacute um espaccedilo de geometria variada
intencionalmente inserido no meio urbano
cuja relaccedilatildeo com o traccedilado e os edifiacutecios
tambeacutem eacute intencional evidenciada atraveacutes do
seu desenho e natildeo acidentais como
alargamento e confluecircncias do traccedilado Aleacutem
disso a praccedila eacute um lugar de encontro de
permanecircncia e de praacuteticas sociais
Acusticamente dependendo de suas
proporccedilotildees a propagaccedilatildeo sonora que envolve
uma praccedila pode apresentar um
comportamento que se assemelha a
propagaccedilatildeo sonora em campo livre
Estes elementos constituintes da forma urbana
conceituados por LAMAS (2004) podem ser
identificados sob um diferente invoacutelucro
conceitual mas com a mesma essecircncia no que
PANERAI (2006) definiu como sendo
conjuntos do tecido urbano
Aplicado agrave cidade o termo ldquotecidordquo evoca a continuidade e a renovaccedilatildeo a permanecircncia e a variaccedilatildeo Ele explica a constituiccedilatildeo das cidades antigas e responde as questotildees levantadas pelo estudo das urbanizaccedilotildees recentes Ele pressupotildee uma atenccedilatildeo tanto ao banal quanto ao excepcional tanto agraves ruas comuns e agraves edificaccedilotildees corriqueiras quanto agraves regulamentaccedilotildees e aos monumentos Dentre as muacuteltiplas definiccedilotildees de tecido urbano e sem desprezar suas qualidades escolhemos a mais simples O tecido urbano eacute constituiacutedo pela superposiccedilatildeo ou imbricaccedilatildeo de trecircs conjuntos a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees Essa definiccedilatildeo potildee em evidecircncia os elementos que permitem que as diferentes partes da cidade evoluam ao mesmo tempo em que satildeo mantidas a coesatildeo de conjunto e a clareza de sua estrutura (PANERAI 2006 p 77-78 grifo nosso) (Figura 28)
Ao contraacuterio de LAMAS (2004) que considera a praccedila como um elemento da forma urbana por
si soacute PANERAI (2006) discute as vias ou traccedilado inseridas em uma relaccedilatildeo em rede onde
tambeacutem satildeo considerados como partes constituintes os largos passeios praccedilas esplanadas cais
pontes rios canais margens praias todos compondo o espaccedilo puacuteblico Eacute atraveacutes desta rede
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
29
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua
organizaccedilatildeo local e territorial
Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o
domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios
quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente
o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da
forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo
Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao
espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo
vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os
edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila
sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto
Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute
bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus
elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma
essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo
objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles
- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)
Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno
relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar
definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento
5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
30
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109
O adensamento ocorre a partir de dois modos
essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do
preenchimento progressivo do espaccedilo urbano
e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa
por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)
A primeira forma de adensamento ocorre sem
a expansatildeo territorial por meio do
preenchimento progressivo de todas as
reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de
determinado meio urbano Eacute um
adensamento inserido em limitesbarreiras
preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como
uma via expressa irregularidades geograacuteficas
do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual
em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas
edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)
A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do
solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de
adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem
sua expansatildeo (PANERAI 2006)
Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como
se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado
meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da
acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o
adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de
objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica
Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o
edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados
por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
31
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias
dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta
pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a
partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo
exclusivamente
1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo
de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres
2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os
lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)
3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e
principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes
geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)
Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no
decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees
cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e
relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana
22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a
forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia
multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o
som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas
do conhecimento (Figura 210)
Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano
seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes
tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental
O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por
pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu
____________________________________________
ANAacuteLISE D
complexo padratildeo de ondas s
de ruiacutedo muacutesica fala
(BERGLUND et al 1999)
Esta definiccedilatildeo do som tend
a percepccedilatildeo do ouvido
conceito psicofiacutesico Fisicame
vibraccedilatildeo mecacircnica que
progressivamente atraveacutes de
gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN
Esta vibraccedilatildeo quando tran
que o rodeia nem sempre
aparelho auditivo humano
frequumlecircncia6 audiacutevel encontra
20 a 20000 Hz para um
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984
1982) Frequumlecircncias acima de
altas para respostas fisioloacuteg
chamadas de ultrasons Jaacute as
de 20 Hz satildeo chamadas de
detectaacuteveis pelo ouvido hum
prejudiciais agrave sua sauacutede7
1982 SOUSA 2004)
Fisicamente o som e o ruiacutedo
ambos se propagam em mei
detectados pelo ouvido hu
enquanto o som eacute utilizado
6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa
Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006
as sonoras eacute rotulado
ala entre outros
ndo como referecircncia
o humano eacute um
mente o som eacute uma
que se propaga
de um meio material
(SINGAL 2005)
transmitida ao meio
re eacute detectaacutevel pelo
ano cuja faixa de
tra-se no intervalo de
um jovem saudaacutevel
4 KINSLER et al
de 20000 Hz muito
loacutegicas auditivas satildeo
as frequumlecircncias abaixo
de infrasons e natildeo satildeo
umano contudo satildeo
(KINSLER et al
iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee
eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos
humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN
do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev
iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo
as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
32
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006
ontual e fonte sonora linear Fonte
otildees de pressatildeo ambiente
bos satildeo capazes de serem
EN 1995) No entanto
daacuteveis o ruiacutedo descreve
do e eacute medida em Hertz (Hz)
amento das estruturas cardiacuteacas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
33
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)
Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e
portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece
como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro
[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)
Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo
mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees
no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse
irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos
(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM
2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)
O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais
comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual
possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as
direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)
Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de
fontes pontuais dispostas linearmente cuja
emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta
linha sendo seu decaimento em campo livre
de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)
Quando propagadas no meio urbano a
combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas
ao percurso de transmissatildeo e ao receptor
constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
34
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
chamado de ruiacutedo ambiental (environmental
noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)
(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005
SOUSA 2004)
O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do
traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de
obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos
industriais de estabelecimentos comerciais e
de serviccedilos de sistemas de propaganda
volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-
estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982
NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)
Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais
como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes
nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade
populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos
extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se
a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES
2006)
Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o
ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A
necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade
existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis
normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a
populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano
8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
35
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006
Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg
1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes
Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes
procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO
2009)
NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
Niacutevel de Pressatildeo sonora
em dB(A)
Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS
Ambiente ou atividade
0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros
aacuterea de mata selvagem
30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite
50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse
auditivo Rua agitada um restaurante barulhento
70 a 90 Estressante e bastante
excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh
conversa a gritos
90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia
Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor
110 a 130
Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez
instantacircnea
Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock
130 a 140 Acima do limiar da dor
causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia
Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias
resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a
poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir
diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho
Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores
(NAGEM 2004)
Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave
Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do
12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
36
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do
sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do
Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da
cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias
tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da
Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)
Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da
LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos
com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos
submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e
do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a
accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave
conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte
geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)
Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos
de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em
documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da
Cidade do Recife (RECIFE 2000)
Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo
Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as
posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da
poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor
o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie
de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo
exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil
militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um
importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)
Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a
poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de
13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
37
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999
pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais
(BERGLUND et al1999)
Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que
atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua
(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do
ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio
urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram
em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da
populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes
geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et
al 2002) (Figura 214)
Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o
aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais
percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al
2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)
O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a
partir do ruiacutedo veicular que proveacutem
essencialmente do sistema de propulsatildeo do
motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo
aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso
(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da
relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as
configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido
a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de
acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a
presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de
pedestres etc a intensidade do fluxo de
veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os
veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de
14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
38
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita
terra batida) etc (SINGAL 2005)
Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo
comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas
implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo
do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo
para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e
pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS
2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma
interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana
Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto
por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego
seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no
proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de
certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e
forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e
largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser
acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica
O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde
acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo
acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)
O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia
de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio
urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou
nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o
espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de
suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de
pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
39
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007
Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido
pelo receptor diminui em funccedilatildeo da
duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15
Praccedilas parques e largos com grandes
dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias
vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas
uma de suas margens ou espaccedilos livres
urbanos de grandes dimensotildees caracterizam
alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos
No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras
sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o
seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente
sendo praticamente o mesmo em vaacuterias
posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre
uma saiacuteda para campo livre caracterizando o
fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura
217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)
Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser
reverberantes quando a onda sonora tarda a
encontrar o campo livre gerando um grande
nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes
quando a onda sonora encontra o campo livre
um pouco mais rapidamente do que no
reverberante gerando um nuacutemero menor mas
ainda grande de reflexotildees
15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
40
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007
No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado
reverberante possui comumente um perfil em
ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de
canyons urbanos que podem amplificar
consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das
vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas
geradas pelas fachadas paralelas das
edificaccedilotildees que circundam estas vias
(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste
tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora
natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre
a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico
aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos
elementos que compotildeem a forma urbana e
dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que
revestem as superfiacutecies refletoras18
(NIEMEYER 2007)
Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de
traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados
tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos
de espaccedilos acuacutesticos fechados
A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda
sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem
podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo
tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo
18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
41
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007
Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992
Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se
aos percursos da onda sonora gerados no
meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005
NIEMEYER 2007) A intensidade da
permeabilidade acuacutestica - mais ou menos
permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de
certos elementos urbanos de promover ou
conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais
como o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem
como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade
e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila
ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e
221)
A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda
com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o
conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a
qualquer objeto que possa ser considerado um
obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias
entre a fonte e o receptor (Figura 222)
(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES
2000) Ao bloquear o percurso direto entre a
fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser
absorvida eou refletida pela superfiacutecie da
barreira transmitida atraveacutes da barreira ou
difratada a partir do topo da barreira
(BARRON 2003 SINGAL 2005)
A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as
ondas sonoras sejam capazes de contornar
determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de
sombra acuacutestica que possui limites espaciais
variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte
____________________________________________
ANAacuteLISE D
sonora e de sua localizaccedilatilde
receptor que por sua vez
sonora difratada pelas borda
um decaimento maior do qu
campo livre (Figura 223) (N
1968 NIEMEYER 2007 PA
O uso de barreiras acuacutestic
EUA Japatildeo Austraacutelia e
reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do
pelo traacutefego rodoviaacuterio pa
(Figuras 224 a 226) (SIN
Brasil esta praacutetica ainda eacute inc
restringindo-se a poucos exe
caso da barreira acuacutestica no
Linha Amarela na cidade do
na Rodovia Bandeirantes co
de Satildeo Paulo a Campinas
Paulo (Figura 227) (MURGE
2004)
Embora a implantaccedilatildeo de b
esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do
rodoviaacuterio outros elemen
meio urbano situados ent
receptor atuam espontan
barreiras agrave propagaccedilatildeo sono
terreno com topografia i
muros edificaccedilotildees entr
edificaccedilotildees conjugadas da R
cidade do Recife ou aind
conjugadas em alguns trec
Atlacircntica no Rio de Janei
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap
Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C
Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2
Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest
Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN
accedilatildeo em relaccedilatildeo ao
ez recebe a energia
rdas da barreira com
que se estivesse em
(NEPOMUCENO
PAZ 2004)
ticas eacute comum nos
e na Europa para
do ruiacutedo produzido
para seus arredores
INGAL 2005) No
incipiente
exemplos como eacute o
no eixo rodoviaacuterio
o Rio de Janeiro e
conectando a cidade
s no estado de Satildeo
GEL 2007 SOUSA
e barreiras acuacutesticas
do ruiacutedo de traacutefego
entos inseridos no
entre a fonte e o
taneamente como
nora tais como um
irregular taludes
ntre outros As
a Rua da Aurora na
inda as edificaccedilotildees
trechos da Avenida
neiro por exemplo
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
42
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007
rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007
da Rodovia Bandeirantes no estado 2007
da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000
barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
43
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409
Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409
aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas
espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem
conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em
ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e
229)
A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e
da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a
interaccedilatildeo entre os diversos elementos que
compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis
das vias o modo de implantaccedilatildeo das
edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as
proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo
das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de
espaccedilos livres ndash contribui determinantemente
para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano
atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do
espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave
fonte geradora de campos sonoros
reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de
aacutereas de sombra
Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado
um sistema composto essencialmente pela fonte
sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e
KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto
percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de
propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares
apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo
da onda sonora no meio urbano
19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
44
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao
ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos
reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente
todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das
edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar
dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e
insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via
Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo
facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas
reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando
sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano
desejaacutevel aos seus receptores
Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as
distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de
propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades
bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento
acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano
Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se
comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica
urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana
Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos
investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento
CAPIacuteTULO 2
A arquitetura eacute uma muacutesica petrificada
Arthur Schopenhauer
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
22
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
Analisar o comportamento da acuacutestica urbana ainda que a partir das modificaccedilotildees da forma
urbana faz com que esta pesquisa trate essencialmente da acuacutestica urbana No entanto este
comportamento esta sujeito aos diversificados modos de apreensatildeo da forma urbana e de seus
elementos componentes bem como ao modo como esta pesquisa os consideraraacute
Assim sendo o primeiro item deste capiacutetulo expotildee o conceito de forma urbana e de algumas de
suas relaccedilotildees discutido agrave luz de LAMAS (2004) de PANERAI (2006) e DEL RIO (1990)
indicando em seguida o que esta pesquisa consideraraacute como forma urbana
Certamente discussatildeo em torno da produccedilatildeo de outros autores poderia ser elaborada No
entanto o primeiro item deste capiacutetulo natildeo pretende representar uma revisatildeo bibliograacutefica acerca
do estudo da forma urbana e suas relaccedilotildees pretende sim construir uma discussatildeo em torno dos
trecircs autores selecionados que culmine no conceito de forma urbana que seraacute considerado por esta
pesquisa para possibilitar olhar para suas modificaccedilotildees cronoloacutegicas a fim de compreender o
comportamento da acuacutestica urbana
Apoacutes este delineamento no segundo item deste capiacutetulo discute-se a acuacutestica urbana e suas
relaccedilotildees conceituais com os diversos elementos e implicaccedilotildees da propagaccedilatildeo sonora em meio
urbano e como eles relacionam-se influenciando em seu comportamento
21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes
Segundo LAMAS (2004) estudar a forma urbana compreende examinar as configuraccedilotildees e as
estruturas exteriores de determinados objetos de suas formas interligando-as com os fenocircmenos
que lhes deram origem Assim sendo a forma urbana pode ser definida como sendo o
[] modo como se organizam os elementos morfoloacutegicos que constituem e definem o espaccedilo urbano relativamente agrave materializaccedilatildeo dos aspectos de
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
23
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas Fonte LAMAS 2004
organizaccedilatildeo funcional e quantitativa e dos aspectos qualitativos e figurativos (LAMAS 2004 p 44) 1
Dentre estes aspectos os quantitativos satildeo agravequeles da realidade urbana que podem ser
quantificaacuteveis tais como densidades superfiacutecies fluxos coeficientes volumeacutetricos entre outros
(Figura 21) os de organizaccedilatildeo funcional satildeo agravequeles que se relacionam com as atividades
humanas tais como habitar e trabalhar e agravequeles relacionados ao modo de uso especiacutefico de uma
aacuterea ndash residencial comercial industrial entre outros os qualitativos referem-se ao tratamento dos
espaccedilos ao conforto e a comodidade do utilizador tais como adaptaccedilatildeo ao clima acessibilidade
estado da pavimentaccedilatildeo entre outros por fim os aspectos figurativos dizem respeito a
essencialmente a comunicaccedilatildeo esteacutetica (LAMAS 2004)
Pode-se considerar que ao olhar para forma urbana e em especiacutefico para suas modificaccedilotildees
cronoloacutegicas com o intuito de compreender o comportamento da acuacutestica urbana esta pesquisa
relaciona-se tanto aos aspectos qualitativos a partir do conforto acuacutestico dos receptores das
ondas sonoras em meio urbano quanto aos
aspectos quantitativos uma vez que este
comportamento acuacutestico em meio urbano eacute
quantificaacutevel em decibels (dB)
Embora estes aspectos envolvam grande parte
das singularidades inerentes a forma urbana
esta definiccedilatildeo parece ainda natildeo abarcar outras
particularidades sociais econocircmicas histoacutericas
e culturais igualmente envolvidas no
entendimento da concepccedilatildeo da forma urbana
isto eacute resta ainda a consideraccedilatildeo de que esta
forma urbana natildeo acontece
independentemente dos grupos sociais que a
produzem (PANERAI 2006)
Satildeo essencialmente estas particularidades que
impulsionam ou amortecem a transformaccedilatildeo
1 Para todas as citaccedilotildees deste autor natildeo seratildeo consideradas adaptaccedilotildees na liacutengua do paiacutes de origem - Portugal - permanecendo o texto original
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
24
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
dos elementos que compotildeem a forma urbana ndash a adiccedilatildeo de novos de traccedilados a um jaacute existente
ou sua superposiccedilatildeo seus conflitos o parcelamento de parques e ocupaccedilatildeo de espaccedilos livres a
renovaccedilatildeo da massa edificada seu lento adensamento e verticalizaccedilatildeo segundo uma especulaccedilatildeo
despretensiosa ou sua substituiccedilatildeo por vastos empreendimentos sob influecircncia de uma
especulaccedilatildeo bem mais expressiva (PANERAI 2006) isto eacute faz parte da apreensatildeo da forma
urbana uma complexidade que envolve um processo de acumulaccedilatildeo de enfoques e observaccedilotildees
sociais econocircmicas histoacutericas e culturais que englobam muito mais do que apenas sua forma
fiacutesica
Estas particularidades especialmente as sociais parecem um pouco mais delineadas nas
consideraccedilotildees feitas por DEL RIO (1990) que considera o espaccedilo urbano a partir da apropriaccedilatildeo
social que se faz dele estabelecendo que em relaccedilatildeo ao estudo da forma urbana a cidade pode
ser compreendida a partir de trecircs niacuteveis organizacionais o coletivo o comunitaacuterio e o individual
O niacutevel coletivo eacute regido sob uma loacutegica estruturadora percebida inconscientemente e
coletivamente e eacute composto pelos elementos2 do tecido que possuem uma permanecircncia maior ao
longo do tempo o niacutevel comunitaacuterio diz respeito aos elementos com significados especiais apenas
para um pequeno grupo da populaccedilatildeo como o bairro por exemplo jaacute o niacutevel individual expressa
significados individuais como a residecircncia e seu espaccedilo circundante e por seu caraacuteter individual eacute
o que apresenta maior rapidez nas modificaccedilotildees (DEL RIO 1990)
Mas LAMAS (2004) ao defender sua definiccedilatildeo para forma urbana natildeo soacute possuiacutea ciecircncia destas
outras particularidades explicitadas por PANERAI (2006) e DEL RIO (1990) ndash sociais
econocircmicas histoacutericas e culturais ndash envolvidas na concepccedilatildeo de forma urbana como optou em
natildeo apreciaacute-las
[] um primeiro grau de leitura da cidade eacute eminentemente fiacutesico-espacial e morfoloacutegico portanto especiacutefico da arquitectura e o uacutenico que permite evidenciar a diferenccedila entre este e outro espaccedilo entre esta e aquela forma e explicar as caracteriacutesticas de cada parte da cidade A estes se juntam outros niacuteveis de leitura que revelam diferentes conteuacutedos (histoacutericos econoacutemicos sociais e outros) Mas este conjunto de leituras soacute eacute possiacutevel porque a cidade existe como facto fiacutesico e material Todos os instrumentos de leitura lecircem o mesmo objecto ndash o espaccedilo fiacutesico a FORMA URBANA (LAMAS 2004 p 31 grifo do autor) Eacute fundamentalmente a dimensatildeo fiacutesica e morfoloacutegica da cidade que me preocupa [] (LAMAS 2004 p 31)
2 Estes elementos seratildeo discutidos em paraacutegrafos mais adiante
____________________________________________
ANAacuteLISE D
Na verdade esta opccedilatildeo em
urbana considerando-a essen
de seu aspecto fiacutesico e m
convenientemente ao obje
presente pesquisa analisar
da acuacutestica urbana a partir
cronoloacutegicas na forma urba
esta anaacutelise do compor
implica em uma apropriaccedil
fiacutesica e material destas modif
Certamente a busca pela ap
urbana envolve muito
simplesmente sua forma
como jaacute aclarado No entan
da anaacutelise proposta por
apreensatildeo em totalid
fundamentalmente necessaacuter
apropriaccedilatildeo da forma urban
material ou uma variaacutevel fiacutes
finalidade derradeira de
comportamento acuacutestico
modificaccedilotildees nesta forma
Ao entender a observaccedilatildeo
essencialmente em seu aspec
(2004) propocircs uma classifica
dimensotildees
bull A dimensatildeo setorial
refere-se agrave menor u
do espaccedilo urbano co
uma praccedila ou uma
ponto o observador
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 24 ndash A cidadeo texemplificada por meio da cidadLAMAS 2004
Figura 23 ndash O bairro a escala ucidade portuguesa de Tavira Fonte
Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na ca dimensatildeo setorial Fonte LAMA
em observar a forma
sencialmente a partir
material responde
bjetivo primeiro da
ar o comportamento
rtir de modificaccedilotildees
rbana uma vez que
ortamento acuacutestico
riaccedilatildeo genuinamente
dificaccedilotildees
apreensatildeo da forma
o mais do que
a fiacutesica e material
tanto para realizaccedilatildeo
or este estudo tal
alidade natildeo eacute
saacuteria o que torna a
bana quase um meio
l fiacutesica para atingir a
e compreensatildeo do
a partir de
atildeo da forma urbana
pecto fiacutesico LAMAS
icaccedilatildeo em escalas ou
ndash a escala da rua
r unidade ou porccedilatildeo
como por exemplo
a rua onde de um
dor pode abarcar a
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
25
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
territoacuterioa dimensatildeo territorial dade portuguesa de Tavira Fonte
a urbana exemplificada por meio da nte LAMAS 2004
na cidade portuguesa de Tavira ilustra MAS 2004
____________________________________________
ANAacuteLISE D
unidade espacial d
(Figura 22)
bull A dimensatildeo urbana ndash
corresponde agraves pa
identificaacuteveis como
exemplo onde a
elementos da forma
atraveacutes do movime
percursos (Figura 23
bull E por fim a dimensatildeo
da cidade diz respeito
diferentes formas
articulaccedilatildeo de bai
entre si Sua forma
distribuiccedilatildeo de eleme
das cidades em con
suporte geograacutefico d
a articulaccedilatildeo de
circulaccedilatildeo entre os
entre zonas habitacio
entre outras (Figura 2
Dentre estas dimensotildees a u
bairro desperta particular
pesquisa uma vez que o e
limites de observaccedilatildeo atraveacute
de movimentos poderaacute aba
significante de modificaccedilotildee
forma urbana de determina
compreender o comport
acuacutestica urbana
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 25 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do CONDEPE-FIDEM 1981
Figura 26 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do baorigens da cidade entrecortadoBarreto Fonte CONDEPE-FIDE
Figura 27 ndash Exemplos de diveredifiacutecios lotes quarteirotildees e vias eRecife Nesta imagem um recessencialmente por morros o AltoFIDEM 1981
de seu conjunto
ndash a escala do bairro
partes homogecircneas
mo os bairros por
a observaccedilatildeo dos
a urbana eacute realizada
imento e de vaacuterios
23)
nsatildeo territorial ndash a escala
eito agrave articulaccedilatildeo de
as urbanas da
bairros interligados
ma eacute definida pela
mentos estruturantes
onformidade com o
o do siacutetio tais como
e ruas e vias de
s diferentes bairros
cionais e comerciais
a 24)
a urbana ndash escala do
lar interesse desta
o entendimento dos
veacutes de certo nuacutemero
barcar uma amostra
otildees cronoloacutegicas na
inado local a fim de
ortamento de sua
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
26
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife o bairro de Boa Viagem Fonte
rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves do pela recente Avenida Dantas DEM 1981
versificadas concretizaccedilotildees entre os em diferentes bairros da cidade do
recorte de um bairro constituiacutedo lto do Mandu Fonte CONDEPE-
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
27
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
No entanto para apreender tal dimensatildeo devem-se conhecer e estabelecer quais elementos
miacutenimos da forma urbana que se relaciona com esta a dimensatildeo urbana e quais satildeo estes
elementos LAMAS (2004) propocircs onze elementos da forma urbana necessaacuterios para esta
apreensatildeo o solo (I) o edifiacutecio (II) o lote (III) o logradouro (IV) o quarteiratildeo (V) o traccediladoa
rua(VI) a praccedila (VII) a fachada (VIII) o monumento (IX) a vegetaccedilatildeo (X) e o mobiliaacuterio
urbano (XI) Dentre estes elementos seis possuem uma estreita relaccedilatildeo com esta pesquisa e
seratildeo expostos de acordo com consideraccedilotildees observadas por LAMAS 3 (2004) (Figuras 25 a 27)
O edifiacutecio representa o elemento miacutenimo identificaacutevel na observaccedilatildeo da forma urbana eacute atraveacutes
dele que se constitui o espaccedilo urbano e se organizam diferentes elementos tais como ruas praccedilas
avenidas entre outros Os edifiacutecios agrupam-se em diferentes tipos tanto em relaccedilatildeo a suas
formas quanto a suas funccedilotildees Estes elementos podem influenciar o comportamento da acuacutestica
urbana atuando enquanto objetos reflexivos da onda sonora e como barreiras acuacutesticas4
O lote representa o princiacutepio da relaccedilatildeo do edifiacutecio com o terreno A forma do lote eacute muitas
vezes condicionante da forma do edifiacutecio tornando-os vinculados por essecircncia o logradouro diz
respeito ao espaccedilo livres e natildeo construiacutedos no interior do lote aos quintais e jardins o quarteiratildeo
ou quadra pode ser considerado como o espaccedilo resultante entre o cruzamento de trecircs ou mais
vias podendo ser demarcado em vaacuterios lotes para a construccedilatildeo de edifiacutecios Juntos estes trecircs
elementos associados aos edifiacutecios podem propiciar uma maior ou menor permeabilidade
acuacutestica eou uma maior ou menor presenccedila de aacutereas de sombra no meio urbano
O traccedilado por meio das ruas ou vias eacute facilmente identificaacutevel no meio urbano Estaacute muitas vezes
condicionado ao siacutetio geograacutefico existente regula a disposiccedilatildeo dos edifiacutecios e quarteirotildees e
interliga os vaacuterios espaccedilos componentes da cidade e a cidade ao territoacuterio Normalmente o
traccedilado resiste agraves transformaccedilotildees na forma urbana por possuir um caraacuteter de permanecircncia natildeo
totalmente modificaacutevel O traccedilado engloba trajetoacuterias e caminhos que natildeo satildeo necessariamente
percorridos atraveacutes de automoacuteveis apesar disso estaacute em grande parte vinculado a uma das
principais fontes geradoras de ruiacutedo urbano ndash o traacutefego de veiacuteculos
3 Os outros elementos tambeacutem podem relacionar-se de diferentes maneiras com a acuacutestica urbana mas nem tanto com a presente pesquisa e por isso natildeo foram considerados 4 Todas as definiccedilotildees e conceitos acuacutesticos apresentados no presente item seratildeo elucidados no item seguinte 22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
28
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) Fonte PANERAI 2006
A praccedila eacute um espaccedilo de geometria variada
intencionalmente inserido no meio urbano
cuja relaccedilatildeo com o traccedilado e os edifiacutecios
tambeacutem eacute intencional evidenciada atraveacutes do
seu desenho e natildeo acidentais como
alargamento e confluecircncias do traccedilado Aleacutem
disso a praccedila eacute um lugar de encontro de
permanecircncia e de praacuteticas sociais
Acusticamente dependendo de suas
proporccedilotildees a propagaccedilatildeo sonora que envolve
uma praccedila pode apresentar um
comportamento que se assemelha a
propagaccedilatildeo sonora em campo livre
Estes elementos constituintes da forma urbana
conceituados por LAMAS (2004) podem ser
identificados sob um diferente invoacutelucro
conceitual mas com a mesma essecircncia no que
PANERAI (2006) definiu como sendo
conjuntos do tecido urbano
Aplicado agrave cidade o termo ldquotecidordquo evoca a continuidade e a renovaccedilatildeo a permanecircncia e a variaccedilatildeo Ele explica a constituiccedilatildeo das cidades antigas e responde as questotildees levantadas pelo estudo das urbanizaccedilotildees recentes Ele pressupotildee uma atenccedilatildeo tanto ao banal quanto ao excepcional tanto agraves ruas comuns e agraves edificaccedilotildees corriqueiras quanto agraves regulamentaccedilotildees e aos monumentos Dentre as muacuteltiplas definiccedilotildees de tecido urbano e sem desprezar suas qualidades escolhemos a mais simples O tecido urbano eacute constituiacutedo pela superposiccedilatildeo ou imbricaccedilatildeo de trecircs conjuntos a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees Essa definiccedilatildeo potildee em evidecircncia os elementos que permitem que as diferentes partes da cidade evoluam ao mesmo tempo em que satildeo mantidas a coesatildeo de conjunto e a clareza de sua estrutura (PANERAI 2006 p 77-78 grifo nosso) (Figura 28)
Ao contraacuterio de LAMAS (2004) que considera a praccedila como um elemento da forma urbana por
si soacute PANERAI (2006) discute as vias ou traccedilado inseridas em uma relaccedilatildeo em rede onde
tambeacutem satildeo considerados como partes constituintes os largos passeios praccedilas esplanadas cais
pontes rios canais margens praias todos compondo o espaccedilo puacuteblico Eacute atraveacutes desta rede
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
29
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua
organizaccedilatildeo local e territorial
Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o
domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios
quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente
o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da
forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo
Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao
espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo
vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os
edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila
sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto
Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute
bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus
elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma
essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo
objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles
- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)
Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno
relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar
definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento
5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
30
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109
O adensamento ocorre a partir de dois modos
essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do
preenchimento progressivo do espaccedilo urbano
e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa
por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)
A primeira forma de adensamento ocorre sem
a expansatildeo territorial por meio do
preenchimento progressivo de todas as
reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de
determinado meio urbano Eacute um
adensamento inserido em limitesbarreiras
preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como
uma via expressa irregularidades geograacuteficas
do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual
em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas
edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)
A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do
solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de
adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem
sua expansatildeo (PANERAI 2006)
Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como
se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado
meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da
acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o
adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de
objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica
Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o
edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados
por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
31
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias
dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta
pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a
partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo
exclusivamente
1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo
de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres
2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os
lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)
3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e
principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes
geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)
Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no
decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees
cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e
relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana
22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a
forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia
multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o
som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas
do conhecimento (Figura 210)
Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano
seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes
tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental
O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por
pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu
____________________________________________
ANAacuteLISE D
complexo padratildeo de ondas s
de ruiacutedo muacutesica fala
(BERGLUND et al 1999)
Esta definiccedilatildeo do som tend
a percepccedilatildeo do ouvido
conceito psicofiacutesico Fisicame
vibraccedilatildeo mecacircnica que
progressivamente atraveacutes de
gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN
Esta vibraccedilatildeo quando tran
que o rodeia nem sempre
aparelho auditivo humano
frequumlecircncia6 audiacutevel encontra
20 a 20000 Hz para um
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984
1982) Frequumlecircncias acima de
altas para respostas fisioloacuteg
chamadas de ultrasons Jaacute as
de 20 Hz satildeo chamadas de
detectaacuteveis pelo ouvido hum
prejudiciais agrave sua sauacutede7
1982 SOUSA 2004)
Fisicamente o som e o ruiacutedo
ambos se propagam em mei
detectados pelo ouvido hu
enquanto o som eacute utilizado
6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa
Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006
as sonoras eacute rotulado
ala entre outros
ndo como referecircncia
o humano eacute um
mente o som eacute uma
que se propaga
de um meio material
(SINGAL 2005)
transmitida ao meio
re eacute detectaacutevel pelo
ano cuja faixa de
tra-se no intervalo de
um jovem saudaacutevel
4 KINSLER et al
de 20000 Hz muito
loacutegicas auditivas satildeo
as frequumlecircncias abaixo
de infrasons e natildeo satildeo
umano contudo satildeo
(KINSLER et al
iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee
eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos
humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN
do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev
iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo
as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
32
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006
ontual e fonte sonora linear Fonte
otildees de pressatildeo ambiente
bos satildeo capazes de serem
EN 1995) No entanto
daacuteveis o ruiacutedo descreve
do e eacute medida em Hertz (Hz)
amento das estruturas cardiacuteacas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
33
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)
Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e
portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece
como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro
[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)
Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo
mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees
no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse
irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos
(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM
2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)
O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais
comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual
possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as
direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)
Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de
fontes pontuais dispostas linearmente cuja
emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta
linha sendo seu decaimento em campo livre
de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)
Quando propagadas no meio urbano a
combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas
ao percurso de transmissatildeo e ao receptor
constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
34
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
chamado de ruiacutedo ambiental (environmental
noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)
(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005
SOUSA 2004)
O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do
traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de
obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos
industriais de estabelecimentos comerciais e
de serviccedilos de sistemas de propaganda
volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-
estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982
NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)
Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais
como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes
nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade
populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos
extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se
a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES
2006)
Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o
ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A
necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade
existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis
normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a
populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano
8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
35
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006
Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg
1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes
Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes
procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO
2009)
NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
Niacutevel de Pressatildeo sonora
em dB(A)
Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS
Ambiente ou atividade
0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros
aacuterea de mata selvagem
30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite
50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse
auditivo Rua agitada um restaurante barulhento
70 a 90 Estressante e bastante
excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh
conversa a gritos
90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia
Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor
110 a 130
Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez
instantacircnea
Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock
130 a 140 Acima do limiar da dor
causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia
Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias
resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a
poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir
diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho
Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores
(NAGEM 2004)
Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave
Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do
12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
36
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do
sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do
Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da
cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias
tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da
Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)
Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da
LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos
com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos
submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e
do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a
accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave
conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte
geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)
Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos
de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em
documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da
Cidade do Recife (RECIFE 2000)
Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo
Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as
posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da
poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor
o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie
de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo
exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil
militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um
importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)
Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a
poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de
13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
37
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999
pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais
(BERGLUND et al1999)
Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que
atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua
(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do
ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio
urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram
em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da
populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes
geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et
al 2002) (Figura 214)
Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o
aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais
percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al
2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)
O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a
partir do ruiacutedo veicular que proveacutem
essencialmente do sistema de propulsatildeo do
motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo
aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso
(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da
relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as
configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido
a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de
acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a
presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de
pedestres etc a intensidade do fluxo de
veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os
veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de
14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
38
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita
terra batida) etc (SINGAL 2005)
Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo
comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas
implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo
do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo
para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e
pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS
2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma
interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana
Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto
por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego
seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no
proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de
certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e
forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e
largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser
acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica
O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde
acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo
acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)
O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia
de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio
urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou
nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o
espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de
suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de
pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
39
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007
Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido
pelo receptor diminui em funccedilatildeo da
duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15
Praccedilas parques e largos com grandes
dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias
vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas
uma de suas margens ou espaccedilos livres
urbanos de grandes dimensotildees caracterizam
alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos
No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras
sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o
seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente
sendo praticamente o mesmo em vaacuterias
posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre
uma saiacuteda para campo livre caracterizando o
fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura
217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)
Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser
reverberantes quando a onda sonora tarda a
encontrar o campo livre gerando um grande
nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes
quando a onda sonora encontra o campo livre
um pouco mais rapidamente do que no
reverberante gerando um nuacutemero menor mas
ainda grande de reflexotildees
15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
40
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007
No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado
reverberante possui comumente um perfil em
ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de
canyons urbanos que podem amplificar
consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das
vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas
geradas pelas fachadas paralelas das
edificaccedilotildees que circundam estas vias
(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste
tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora
natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre
a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico
aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos
elementos que compotildeem a forma urbana e
dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que
revestem as superfiacutecies refletoras18
(NIEMEYER 2007)
Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de
traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados
tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos
de espaccedilos acuacutesticos fechados
A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda
sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem
podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo
tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo
18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
41
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007
Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992
Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se
aos percursos da onda sonora gerados no
meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005
NIEMEYER 2007) A intensidade da
permeabilidade acuacutestica - mais ou menos
permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de
certos elementos urbanos de promover ou
conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais
como o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem
como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade
e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila
ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e
221)
A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda
com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o
conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a
qualquer objeto que possa ser considerado um
obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias
entre a fonte e o receptor (Figura 222)
(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES
2000) Ao bloquear o percurso direto entre a
fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser
absorvida eou refletida pela superfiacutecie da
barreira transmitida atraveacutes da barreira ou
difratada a partir do topo da barreira
(BARRON 2003 SINGAL 2005)
A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as
ondas sonoras sejam capazes de contornar
determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de
sombra acuacutestica que possui limites espaciais
variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte
____________________________________________
ANAacuteLISE D
sonora e de sua localizaccedilatilde
receptor que por sua vez
sonora difratada pelas borda
um decaimento maior do qu
campo livre (Figura 223) (N
1968 NIEMEYER 2007 PA
O uso de barreiras acuacutestic
EUA Japatildeo Austraacutelia e
reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do
pelo traacutefego rodoviaacuterio pa
(Figuras 224 a 226) (SIN
Brasil esta praacutetica ainda eacute inc
restringindo-se a poucos exe
caso da barreira acuacutestica no
Linha Amarela na cidade do
na Rodovia Bandeirantes co
de Satildeo Paulo a Campinas
Paulo (Figura 227) (MURGE
2004)
Embora a implantaccedilatildeo de b
esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do
rodoviaacuterio outros elemen
meio urbano situados ent
receptor atuam espontan
barreiras agrave propagaccedilatildeo sono
terreno com topografia i
muros edificaccedilotildees entr
edificaccedilotildees conjugadas da R
cidade do Recife ou aind
conjugadas em alguns trec
Atlacircntica no Rio de Janei
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap
Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C
Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2
Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest
Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN
accedilatildeo em relaccedilatildeo ao
ez recebe a energia
rdas da barreira com
que se estivesse em
(NEPOMUCENO
PAZ 2004)
ticas eacute comum nos
e na Europa para
do ruiacutedo produzido
para seus arredores
INGAL 2005) No
incipiente
exemplos como eacute o
no eixo rodoviaacuterio
o Rio de Janeiro e
conectando a cidade
s no estado de Satildeo
GEL 2007 SOUSA
e barreiras acuacutesticas
do ruiacutedo de traacutefego
entos inseridos no
entre a fonte e o
taneamente como
nora tais como um
irregular taludes
ntre outros As
a Rua da Aurora na
inda as edificaccedilotildees
trechos da Avenida
neiro por exemplo
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
42
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007
rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007
da Rodovia Bandeirantes no estado 2007
da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000
barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
43
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409
Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409
aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas
espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem
conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em
ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e
229)
A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e
da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a
interaccedilatildeo entre os diversos elementos que
compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis
das vias o modo de implantaccedilatildeo das
edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as
proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo
das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de
espaccedilos livres ndash contribui determinantemente
para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano
atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do
espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave
fonte geradora de campos sonoros
reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de
aacutereas de sombra
Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado
um sistema composto essencialmente pela fonte
sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e
KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto
percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de
propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares
apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo
da onda sonora no meio urbano
19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
44
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao
ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos
reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente
todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das
edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar
dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e
insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via
Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo
facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas
reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando
sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano
desejaacutevel aos seus receptores
Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as
distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de
propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades
bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento
acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano
Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se
comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica
urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana
Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos
investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
22
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
Analisar o comportamento da acuacutestica urbana ainda que a partir das modificaccedilotildees da forma
urbana faz com que esta pesquisa trate essencialmente da acuacutestica urbana No entanto este
comportamento esta sujeito aos diversificados modos de apreensatildeo da forma urbana e de seus
elementos componentes bem como ao modo como esta pesquisa os consideraraacute
Assim sendo o primeiro item deste capiacutetulo expotildee o conceito de forma urbana e de algumas de
suas relaccedilotildees discutido agrave luz de LAMAS (2004) de PANERAI (2006) e DEL RIO (1990)
indicando em seguida o que esta pesquisa consideraraacute como forma urbana
Certamente discussatildeo em torno da produccedilatildeo de outros autores poderia ser elaborada No
entanto o primeiro item deste capiacutetulo natildeo pretende representar uma revisatildeo bibliograacutefica acerca
do estudo da forma urbana e suas relaccedilotildees pretende sim construir uma discussatildeo em torno dos
trecircs autores selecionados que culmine no conceito de forma urbana que seraacute considerado por esta
pesquisa para possibilitar olhar para suas modificaccedilotildees cronoloacutegicas a fim de compreender o
comportamento da acuacutestica urbana
Apoacutes este delineamento no segundo item deste capiacutetulo discute-se a acuacutestica urbana e suas
relaccedilotildees conceituais com os diversos elementos e implicaccedilotildees da propagaccedilatildeo sonora em meio
urbano e como eles relacionam-se influenciando em seu comportamento
21 A Forma Urbana e seus Elementos Componentes
Segundo LAMAS (2004) estudar a forma urbana compreende examinar as configuraccedilotildees e as
estruturas exteriores de determinados objetos de suas formas interligando-as com os fenocircmenos
que lhes deram origem Assim sendo a forma urbana pode ser definida como sendo o
[] modo como se organizam os elementos morfoloacutegicos que constituem e definem o espaccedilo urbano relativamente agrave materializaccedilatildeo dos aspectos de
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
23
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas Fonte LAMAS 2004
organizaccedilatildeo funcional e quantitativa e dos aspectos qualitativos e figurativos (LAMAS 2004 p 44) 1
Dentre estes aspectos os quantitativos satildeo agravequeles da realidade urbana que podem ser
quantificaacuteveis tais como densidades superfiacutecies fluxos coeficientes volumeacutetricos entre outros
(Figura 21) os de organizaccedilatildeo funcional satildeo agravequeles que se relacionam com as atividades
humanas tais como habitar e trabalhar e agravequeles relacionados ao modo de uso especiacutefico de uma
aacuterea ndash residencial comercial industrial entre outros os qualitativos referem-se ao tratamento dos
espaccedilos ao conforto e a comodidade do utilizador tais como adaptaccedilatildeo ao clima acessibilidade
estado da pavimentaccedilatildeo entre outros por fim os aspectos figurativos dizem respeito a
essencialmente a comunicaccedilatildeo esteacutetica (LAMAS 2004)
Pode-se considerar que ao olhar para forma urbana e em especiacutefico para suas modificaccedilotildees
cronoloacutegicas com o intuito de compreender o comportamento da acuacutestica urbana esta pesquisa
relaciona-se tanto aos aspectos qualitativos a partir do conforto acuacutestico dos receptores das
ondas sonoras em meio urbano quanto aos
aspectos quantitativos uma vez que este
comportamento acuacutestico em meio urbano eacute
quantificaacutevel em decibels (dB)
Embora estes aspectos envolvam grande parte
das singularidades inerentes a forma urbana
esta definiccedilatildeo parece ainda natildeo abarcar outras
particularidades sociais econocircmicas histoacutericas
e culturais igualmente envolvidas no
entendimento da concepccedilatildeo da forma urbana
isto eacute resta ainda a consideraccedilatildeo de que esta
forma urbana natildeo acontece
independentemente dos grupos sociais que a
produzem (PANERAI 2006)
Satildeo essencialmente estas particularidades que
impulsionam ou amortecem a transformaccedilatildeo
1 Para todas as citaccedilotildees deste autor natildeo seratildeo consideradas adaptaccedilotildees na liacutengua do paiacutes de origem - Portugal - permanecendo o texto original
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
24
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
dos elementos que compotildeem a forma urbana ndash a adiccedilatildeo de novos de traccedilados a um jaacute existente
ou sua superposiccedilatildeo seus conflitos o parcelamento de parques e ocupaccedilatildeo de espaccedilos livres a
renovaccedilatildeo da massa edificada seu lento adensamento e verticalizaccedilatildeo segundo uma especulaccedilatildeo
despretensiosa ou sua substituiccedilatildeo por vastos empreendimentos sob influecircncia de uma
especulaccedilatildeo bem mais expressiva (PANERAI 2006) isto eacute faz parte da apreensatildeo da forma
urbana uma complexidade que envolve um processo de acumulaccedilatildeo de enfoques e observaccedilotildees
sociais econocircmicas histoacutericas e culturais que englobam muito mais do que apenas sua forma
fiacutesica
Estas particularidades especialmente as sociais parecem um pouco mais delineadas nas
consideraccedilotildees feitas por DEL RIO (1990) que considera o espaccedilo urbano a partir da apropriaccedilatildeo
social que se faz dele estabelecendo que em relaccedilatildeo ao estudo da forma urbana a cidade pode
ser compreendida a partir de trecircs niacuteveis organizacionais o coletivo o comunitaacuterio e o individual
O niacutevel coletivo eacute regido sob uma loacutegica estruturadora percebida inconscientemente e
coletivamente e eacute composto pelos elementos2 do tecido que possuem uma permanecircncia maior ao
longo do tempo o niacutevel comunitaacuterio diz respeito aos elementos com significados especiais apenas
para um pequeno grupo da populaccedilatildeo como o bairro por exemplo jaacute o niacutevel individual expressa
significados individuais como a residecircncia e seu espaccedilo circundante e por seu caraacuteter individual eacute
o que apresenta maior rapidez nas modificaccedilotildees (DEL RIO 1990)
Mas LAMAS (2004) ao defender sua definiccedilatildeo para forma urbana natildeo soacute possuiacutea ciecircncia destas
outras particularidades explicitadas por PANERAI (2006) e DEL RIO (1990) ndash sociais
econocircmicas histoacutericas e culturais ndash envolvidas na concepccedilatildeo de forma urbana como optou em
natildeo apreciaacute-las
[] um primeiro grau de leitura da cidade eacute eminentemente fiacutesico-espacial e morfoloacutegico portanto especiacutefico da arquitectura e o uacutenico que permite evidenciar a diferenccedila entre este e outro espaccedilo entre esta e aquela forma e explicar as caracteriacutesticas de cada parte da cidade A estes se juntam outros niacuteveis de leitura que revelam diferentes conteuacutedos (histoacutericos econoacutemicos sociais e outros) Mas este conjunto de leituras soacute eacute possiacutevel porque a cidade existe como facto fiacutesico e material Todos os instrumentos de leitura lecircem o mesmo objecto ndash o espaccedilo fiacutesico a FORMA URBANA (LAMAS 2004 p 31 grifo do autor) Eacute fundamentalmente a dimensatildeo fiacutesica e morfoloacutegica da cidade que me preocupa [] (LAMAS 2004 p 31)
2 Estes elementos seratildeo discutidos em paraacutegrafos mais adiante
____________________________________________
ANAacuteLISE D
Na verdade esta opccedilatildeo em
urbana considerando-a essen
de seu aspecto fiacutesico e m
convenientemente ao obje
presente pesquisa analisar
da acuacutestica urbana a partir
cronoloacutegicas na forma urba
esta anaacutelise do compor
implica em uma apropriaccedil
fiacutesica e material destas modif
Certamente a busca pela ap
urbana envolve muito
simplesmente sua forma
como jaacute aclarado No entan
da anaacutelise proposta por
apreensatildeo em totalid
fundamentalmente necessaacuter
apropriaccedilatildeo da forma urban
material ou uma variaacutevel fiacutes
finalidade derradeira de
comportamento acuacutestico
modificaccedilotildees nesta forma
Ao entender a observaccedilatildeo
essencialmente em seu aspec
(2004) propocircs uma classifica
dimensotildees
bull A dimensatildeo setorial
refere-se agrave menor u
do espaccedilo urbano co
uma praccedila ou uma
ponto o observador
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 24 ndash A cidadeo texemplificada por meio da cidadLAMAS 2004
Figura 23 ndash O bairro a escala ucidade portuguesa de Tavira Fonte
Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na ca dimensatildeo setorial Fonte LAMA
em observar a forma
sencialmente a partir
material responde
bjetivo primeiro da
ar o comportamento
rtir de modificaccedilotildees
rbana uma vez que
ortamento acuacutestico
riaccedilatildeo genuinamente
dificaccedilotildees
apreensatildeo da forma
o mais do que
a fiacutesica e material
tanto para realizaccedilatildeo
or este estudo tal
alidade natildeo eacute
saacuteria o que torna a
bana quase um meio
l fiacutesica para atingir a
e compreensatildeo do
a partir de
atildeo da forma urbana
pecto fiacutesico LAMAS
icaccedilatildeo em escalas ou
ndash a escala da rua
r unidade ou porccedilatildeo
como por exemplo
a rua onde de um
dor pode abarcar a
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
25
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
territoacuterioa dimensatildeo territorial dade portuguesa de Tavira Fonte
a urbana exemplificada por meio da nte LAMAS 2004
na cidade portuguesa de Tavira ilustra MAS 2004
____________________________________________
ANAacuteLISE D
unidade espacial d
(Figura 22)
bull A dimensatildeo urbana ndash
corresponde agraves pa
identificaacuteveis como
exemplo onde a
elementos da forma
atraveacutes do movime
percursos (Figura 23
bull E por fim a dimensatildeo
da cidade diz respeito
diferentes formas
articulaccedilatildeo de bai
entre si Sua forma
distribuiccedilatildeo de eleme
das cidades em con
suporte geograacutefico d
a articulaccedilatildeo de
circulaccedilatildeo entre os
entre zonas habitacio
entre outras (Figura 2
Dentre estas dimensotildees a u
bairro desperta particular
pesquisa uma vez que o e
limites de observaccedilatildeo atraveacute
de movimentos poderaacute aba
significante de modificaccedilotildee
forma urbana de determina
compreender o comport
acuacutestica urbana
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 25 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do CONDEPE-FIDEM 1981
Figura 26 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do baorigens da cidade entrecortadoBarreto Fonte CONDEPE-FIDE
Figura 27 ndash Exemplos de diveredifiacutecios lotes quarteirotildees e vias eRecife Nesta imagem um recessencialmente por morros o AltoFIDEM 1981
de seu conjunto
ndash a escala do bairro
partes homogecircneas
mo os bairros por
a observaccedilatildeo dos
a urbana eacute realizada
imento e de vaacuterios
23)
nsatildeo territorial ndash a escala
eito agrave articulaccedilatildeo de
as urbanas da
bairros interligados
ma eacute definida pela
mentos estruturantes
onformidade com o
o do siacutetio tais como
e ruas e vias de
s diferentes bairros
cionais e comerciais
a 24)
a urbana ndash escala do
lar interesse desta
o entendimento dos
veacutes de certo nuacutemero
barcar uma amostra
otildees cronoloacutegicas na
inado local a fim de
ortamento de sua
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
26
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife o bairro de Boa Viagem Fonte
rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves do pela recente Avenida Dantas DEM 1981
versificadas concretizaccedilotildees entre os em diferentes bairros da cidade do
recorte de um bairro constituiacutedo lto do Mandu Fonte CONDEPE-
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
27
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
No entanto para apreender tal dimensatildeo devem-se conhecer e estabelecer quais elementos
miacutenimos da forma urbana que se relaciona com esta a dimensatildeo urbana e quais satildeo estes
elementos LAMAS (2004) propocircs onze elementos da forma urbana necessaacuterios para esta
apreensatildeo o solo (I) o edifiacutecio (II) o lote (III) o logradouro (IV) o quarteiratildeo (V) o traccediladoa
rua(VI) a praccedila (VII) a fachada (VIII) o monumento (IX) a vegetaccedilatildeo (X) e o mobiliaacuterio
urbano (XI) Dentre estes elementos seis possuem uma estreita relaccedilatildeo com esta pesquisa e
seratildeo expostos de acordo com consideraccedilotildees observadas por LAMAS 3 (2004) (Figuras 25 a 27)
O edifiacutecio representa o elemento miacutenimo identificaacutevel na observaccedilatildeo da forma urbana eacute atraveacutes
dele que se constitui o espaccedilo urbano e se organizam diferentes elementos tais como ruas praccedilas
avenidas entre outros Os edifiacutecios agrupam-se em diferentes tipos tanto em relaccedilatildeo a suas
formas quanto a suas funccedilotildees Estes elementos podem influenciar o comportamento da acuacutestica
urbana atuando enquanto objetos reflexivos da onda sonora e como barreiras acuacutesticas4
O lote representa o princiacutepio da relaccedilatildeo do edifiacutecio com o terreno A forma do lote eacute muitas
vezes condicionante da forma do edifiacutecio tornando-os vinculados por essecircncia o logradouro diz
respeito ao espaccedilo livres e natildeo construiacutedos no interior do lote aos quintais e jardins o quarteiratildeo
ou quadra pode ser considerado como o espaccedilo resultante entre o cruzamento de trecircs ou mais
vias podendo ser demarcado em vaacuterios lotes para a construccedilatildeo de edifiacutecios Juntos estes trecircs
elementos associados aos edifiacutecios podem propiciar uma maior ou menor permeabilidade
acuacutestica eou uma maior ou menor presenccedila de aacutereas de sombra no meio urbano
O traccedilado por meio das ruas ou vias eacute facilmente identificaacutevel no meio urbano Estaacute muitas vezes
condicionado ao siacutetio geograacutefico existente regula a disposiccedilatildeo dos edifiacutecios e quarteirotildees e
interliga os vaacuterios espaccedilos componentes da cidade e a cidade ao territoacuterio Normalmente o
traccedilado resiste agraves transformaccedilotildees na forma urbana por possuir um caraacuteter de permanecircncia natildeo
totalmente modificaacutevel O traccedilado engloba trajetoacuterias e caminhos que natildeo satildeo necessariamente
percorridos atraveacutes de automoacuteveis apesar disso estaacute em grande parte vinculado a uma das
principais fontes geradoras de ruiacutedo urbano ndash o traacutefego de veiacuteculos
3 Os outros elementos tambeacutem podem relacionar-se de diferentes maneiras com a acuacutestica urbana mas nem tanto com a presente pesquisa e por isso natildeo foram considerados 4 Todas as definiccedilotildees e conceitos acuacutesticos apresentados no presente item seratildeo elucidados no item seguinte 22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
28
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) Fonte PANERAI 2006
A praccedila eacute um espaccedilo de geometria variada
intencionalmente inserido no meio urbano
cuja relaccedilatildeo com o traccedilado e os edifiacutecios
tambeacutem eacute intencional evidenciada atraveacutes do
seu desenho e natildeo acidentais como
alargamento e confluecircncias do traccedilado Aleacutem
disso a praccedila eacute um lugar de encontro de
permanecircncia e de praacuteticas sociais
Acusticamente dependendo de suas
proporccedilotildees a propagaccedilatildeo sonora que envolve
uma praccedila pode apresentar um
comportamento que se assemelha a
propagaccedilatildeo sonora em campo livre
Estes elementos constituintes da forma urbana
conceituados por LAMAS (2004) podem ser
identificados sob um diferente invoacutelucro
conceitual mas com a mesma essecircncia no que
PANERAI (2006) definiu como sendo
conjuntos do tecido urbano
Aplicado agrave cidade o termo ldquotecidordquo evoca a continuidade e a renovaccedilatildeo a permanecircncia e a variaccedilatildeo Ele explica a constituiccedilatildeo das cidades antigas e responde as questotildees levantadas pelo estudo das urbanizaccedilotildees recentes Ele pressupotildee uma atenccedilatildeo tanto ao banal quanto ao excepcional tanto agraves ruas comuns e agraves edificaccedilotildees corriqueiras quanto agraves regulamentaccedilotildees e aos monumentos Dentre as muacuteltiplas definiccedilotildees de tecido urbano e sem desprezar suas qualidades escolhemos a mais simples O tecido urbano eacute constituiacutedo pela superposiccedilatildeo ou imbricaccedilatildeo de trecircs conjuntos a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees Essa definiccedilatildeo potildee em evidecircncia os elementos que permitem que as diferentes partes da cidade evoluam ao mesmo tempo em que satildeo mantidas a coesatildeo de conjunto e a clareza de sua estrutura (PANERAI 2006 p 77-78 grifo nosso) (Figura 28)
Ao contraacuterio de LAMAS (2004) que considera a praccedila como um elemento da forma urbana por
si soacute PANERAI (2006) discute as vias ou traccedilado inseridas em uma relaccedilatildeo em rede onde
tambeacutem satildeo considerados como partes constituintes os largos passeios praccedilas esplanadas cais
pontes rios canais margens praias todos compondo o espaccedilo puacuteblico Eacute atraveacutes desta rede
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
29
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua
organizaccedilatildeo local e territorial
Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o
domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios
quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente
o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da
forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo
Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao
espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo
vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os
edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila
sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto
Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute
bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus
elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma
essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo
objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles
- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)
Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno
relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar
definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento
5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
30
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109
O adensamento ocorre a partir de dois modos
essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do
preenchimento progressivo do espaccedilo urbano
e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa
por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)
A primeira forma de adensamento ocorre sem
a expansatildeo territorial por meio do
preenchimento progressivo de todas as
reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de
determinado meio urbano Eacute um
adensamento inserido em limitesbarreiras
preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como
uma via expressa irregularidades geograacuteficas
do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual
em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas
edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)
A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do
solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de
adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem
sua expansatildeo (PANERAI 2006)
Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como
se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado
meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da
acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o
adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de
objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica
Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o
edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados
por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
31
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias
dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta
pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a
partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo
exclusivamente
1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo
de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres
2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os
lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)
3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e
principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes
geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)
Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no
decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees
cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e
relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana
22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a
forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia
multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o
som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas
do conhecimento (Figura 210)
Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano
seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes
tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental
O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por
pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu
____________________________________________
ANAacuteLISE D
complexo padratildeo de ondas s
de ruiacutedo muacutesica fala
(BERGLUND et al 1999)
Esta definiccedilatildeo do som tend
a percepccedilatildeo do ouvido
conceito psicofiacutesico Fisicame
vibraccedilatildeo mecacircnica que
progressivamente atraveacutes de
gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN
Esta vibraccedilatildeo quando tran
que o rodeia nem sempre
aparelho auditivo humano
frequumlecircncia6 audiacutevel encontra
20 a 20000 Hz para um
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984
1982) Frequumlecircncias acima de
altas para respostas fisioloacuteg
chamadas de ultrasons Jaacute as
de 20 Hz satildeo chamadas de
detectaacuteveis pelo ouvido hum
prejudiciais agrave sua sauacutede7
1982 SOUSA 2004)
Fisicamente o som e o ruiacutedo
ambos se propagam em mei
detectados pelo ouvido hu
enquanto o som eacute utilizado
6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa
Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006
as sonoras eacute rotulado
ala entre outros
ndo como referecircncia
o humano eacute um
mente o som eacute uma
que se propaga
de um meio material
(SINGAL 2005)
transmitida ao meio
re eacute detectaacutevel pelo
ano cuja faixa de
tra-se no intervalo de
um jovem saudaacutevel
4 KINSLER et al
de 20000 Hz muito
loacutegicas auditivas satildeo
as frequumlecircncias abaixo
de infrasons e natildeo satildeo
umano contudo satildeo
(KINSLER et al
iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee
eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos
humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN
do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev
iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo
as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
32
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006
ontual e fonte sonora linear Fonte
otildees de pressatildeo ambiente
bos satildeo capazes de serem
EN 1995) No entanto
daacuteveis o ruiacutedo descreve
do e eacute medida em Hertz (Hz)
amento das estruturas cardiacuteacas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
33
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)
Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e
portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece
como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro
[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)
Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo
mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees
no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse
irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos
(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM
2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)
O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais
comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual
possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as
direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)
Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de
fontes pontuais dispostas linearmente cuja
emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta
linha sendo seu decaimento em campo livre
de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)
Quando propagadas no meio urbano a
combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas
ao percurso de transmissatildeo e ao receptor
constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
34
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
chamado de ruiacutedo ambiental (environmental
noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)
(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005
SOUSA 2004)
O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do
traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de
obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos
industriais de estabelecimentos comerciais e
de serviccedilos de sistemas de propaganda
volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-
estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982
NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)
Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais
como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes
nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade
populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos
extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se
a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES
2006)
Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o
ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A
necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade
existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis
normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a
populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano
8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
35
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006
Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg
1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes
Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes
procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO
2009)
NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
Niacutevel de Pressatildeo sonora
em dB(A)
Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS
Ambiente ou atividade
0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros
aacuterea de mata selvagem
30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite
50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse
auditivo Rua agitada um restaurante barulhento
70 a 90 Estressante e bastante
excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh
conversa a gritos
90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia
Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor
110 a 130
Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez
instantacircnea
Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock
130 a 140 Acima do limiar da dor
causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia
Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias
resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a
poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir
diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho
Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores
(NAGEM 2004)
Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave
Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do
12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
36
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do
sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do
Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da
cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias
tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da
Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)
Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da
LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos
com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos
submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e
do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a
accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave
conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte
geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)
Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos
de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em
documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da
Cidade do Recife (RECIFE 2000)
Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo
Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as
posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da
poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor
o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie
de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo
exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil
militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um
importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)
Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a
poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de
13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
37
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999
pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais
(BERGLUND et al1999)
Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que
atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua
(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do
ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio
urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram
em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da
populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes
geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et
al 2002) (Figura 214)
Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o
aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais
percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al
2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)
O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a
partir do ruiacutedo veicular que proveacutem
essencialmente do sistema de propulsatildeo do
motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo
aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso
(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da
relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as
configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido
a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de
acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a
presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de
pedestres etc a intensidade do fluxo de
veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os
veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de
14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
38
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita
terra batida) etc (SINGAL 2005)
Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo
comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas
implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo
do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo
para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e
pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS
2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma
interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana
Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto
por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego
seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no
proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de
certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e
forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e
largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser
acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica
O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde
acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo
acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)
O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia
de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio
urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou
nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o
espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de
suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de
pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
39
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007
Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido
pelo receptor diminui em funccedilatildeo da
duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15
Praccedilas parques e largos com grandes
dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias
vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas
uma de suas margens ou espaccedilos livres
urbanos de grandes dimensotildees caracterizam
alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos
No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras
sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o
seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente
sendo praticamente o mesmo em vaacuterias
posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre
uma saiacuteda para campo livre caracterizando o
fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura
217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)
Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser
reverberantes quando a onda sonora tarda a
encontrar o campo livre gerando um grande
nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes
quando a onda sonora encontra o campo livre
um pouco mais rapidamente do que no
reverberante gerando um nuacutemero menor mas
ainda grande de reflexotildees
15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
40
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007
No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado
reverberante possui comumente um perfil em
ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de
canyons urbanos que podem amplificar
consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das
vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas
geradas pelas fachadas paralelas das
edificaccedilotildees que circundam estas vias
(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste
tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora
natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre
a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico
aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos
elementos que compotildeem a forma urbana e
dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que
revestem as superfiacutecies refletoras18
(NIEMEYER 2007)
Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de
traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados
tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos
de espaccedilos acuacutesticos fechados
A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda
sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem
podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo
tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo
18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
41
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007
Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992
Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se
aos percursos da onda sonora gerados no
meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005
NIEMEYER 2007) A intensidade da
permeabilidade acuacutestica - mais ou menos
permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de
certos elementos urbanos de promover ou
conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais
como o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem
como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade
e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila
ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e
221)
A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda
com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o
conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a
qualquer objeto que possa ser considerado um
obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias
entre a fonte e o receptor (Figura 222)
(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES
2000) Ao bloquear o percurso direto entre a
fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser
absorvida eou refletida pela superfiacutecie da
barreira transmitida atraveacutes da barreira ou
difratada a partir do topo da barreira
(BARRON 2003 SINGAL 2005)
A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as
ondas sonoras sejam capazes de contornar
determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de
sombra acuacutestica que possui limites espaciais
variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte
____________________________________________
ANAacuteLISE D
sonora e de sua localizaccedilatilde
receptor que por sua vez
sonora difratada pelas borda
um decaimento maior do qu
campo livre (Figura 223) (N
1968 NIEMEYER 2007 PA
O uso de barreiras acuacutestic
EUA Japatildeo Austraacutelia e
reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do
pelo traacutefego rodoviaacuterio pa
(Figuras 224 a 226) (SIN
Brasil esta praacutetica ainda eacute inc
restringindo-se a poucos exe
caso da barreira acuacutestica no
Linha Amarela na cidade do
na Rodovia Bandeirantes co
de Satildeo Paulo a Campinas
Paulo (Figura 227) (MURGE
2004)
Embora a implantaccedilatildeo de b
esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do
rodoviaacuterio outros elemen
meio urbano situados ent
receptor atuam espontan
barreiras agrave propagaccedilatildeo sono
terreno com topografia i
muros edificaccedilotildees entr
edificaccedilotildees conjugadas da R
cidade do Recife ou aind
conjugadas em alguns trec
Atlacircntica no Rio de Janei
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap
Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C
Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2
Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest
Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN
accedilatildeo em relaccedilatildeo ao
ez recebe a energia
rdas da barreira com
que se estivesse em
(NEPOMUCENO
PAZ 2004)
ticas eacute comum nos
e na Europa para
do ruiacutedo produzido
para seus arredores
INGAL 2005) No
incipiente
exemplos como eacute o
no eixo rodoviaacuterio
o Rio de Janeiro e
conectando a cidade
s no estado de Satildeo
GEL 2007 SOUSA
e barreiras acuacutesticas
do ruiacutedo de traacutefego
entos inseridos no
entre a fonte e o
taneamente como
nora tais como um
irregular taludes
ntre outros As
a Rua da Aurora na
inda as edificaccedilotildees
trechos da Avenida
neiro por exemplo
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
42
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007
rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007
da Rodovia Bandeirantes no estado 2007
da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000
barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
43
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409
Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409
aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas
espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem
conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em
ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e
229)
A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e
da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a
interaccedilatildeo entre os diversos elementos que
compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis
das vias o modo de implantaccedilatildeo das
edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as
proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo
das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de
espaccedilos livres ndash contribui determinantemente
para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano
atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do
espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave
fonte geradora de campos sonoros
reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de
aacutereas de sombra
Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado
um sistema composto essencialmente pela fonte
sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e
KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto
percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de
propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares
apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo
da onda sonora no meio urbano
19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
44
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao
ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos
reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente
todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das
edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar
dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e
insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via
Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo
facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas
reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando
sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano
desejaacutevel aos seus receptores
Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as
distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de
propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades
bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento
acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano
Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se
comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica
urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana
Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos
investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
23
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 21 ndash Diferentes aspectos quantitativos relacionados a diversificadas formas urbanas Fonte LAMAS 2004
organizaccedilatildeo funcional e quantitativa e dos aspectos qualitativos e figurativos (LAMAS 2004 p 44) 1
Dentre estes aspectos os quantitativos satildeo agravequeles da realidade urbana que podem ser
quantificaacuteveis tais como densidades superfiacutecies fluxos coeficientes volumeacutetricos entre outros
(Figura 21) os de organizaccedilatildeo funcional satildeo agravequeles que se relacionam com as atividades
humanas tais como habitar e trabalhar e agravequeles relacionados ao modo de uso especiacutefico de uma
aacuterea ndash residencial comercial industrial entre outros os qualitativos referem-se ao tratamento dos
espaccedilos ao conforto e a comodidade do utilizador tais como adaptaccedilatildeo ao clima acessibilidade
estado da pavimentaccedilatildeo entre outros por fim os aspectos figurativos dizem respeito a
essencialmente a comunicaccedilatildeo esteacutetica (LAMAS 2004)
Pode-se considerar que ao olhar para forma urbana e em especiacutefico para suas modificaccedilotildees
cronoloacutegicas com o intuito de compreender o comportamento da acuacutestica urbana esta pesquisa
relaciona-se tanto aos aspectos qualitativos a partir do conforto acuacutestico dos receptores das
ondas sonoras em meio urbano quanto aos
aspectos quantitativos uma vez que este
comportamento acuacutestico em meio urbano eacute
quantificaacutevel em decibels (dB)
Embora estes aspectos envolvam grande parte
das singularidades inerentes a forma urbana
esta definiccedilatildeo parece ainda natildeo abarcar outras
particularidades sociais econocircmicas histoacutericas
e culturais igualmente envolvidas no
entendimento da concepccedilatildeo da forma urbana
isto eacute resta ainda a consideraccedilatildeo de que esta
forma urbana natildeo acontece
independentemente dos grupos sociais que a
produzem (PANERAI 2006)
Satildeo essencialmente estas particularidades que
impulsionam ou amortecem a transformaccedilatildeo
1 Para todas as citaccedilotildees deste autor natildeo seratildeo consideradas adaptaccedilotildees na liacutengua do paiacutes de origem - Portugal - permanecendo o texto original
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
24
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
dos elementos que compotildeem a forma urbana ndash a adiccedilatildeo de novos de traccedilados a um jaacute existente
ou sua superposiccedilatildeo seus conflitos o parcelamento de parques e ocupaccedilatildeo de espaccedilos livres a
renovaccedilatildeo da massa edificada seu lento adensamento e verticalizaccedilatildeo segundo uma especulaccedilatildeo
despretensiosa ou sua substituiccedilatildeo por vastos empreendimentos sob influecircncia de uma
especulaccedilatildeo bem mais expressiva (PANERAI 2006) isto eacute faz parte da apreensatildeo da forma
urbana uma complexidade que envolve um processo de acumulaccedilatildeo de enfoques e observaccedilotildees
sociais econocircmicas histoacutericas e culturais que englobam muito mais do que apenas sua forma
fiacutesica
Estas particularidades especialmente as sociais parecem um pouco mais delineadas nas
consideraccedilotildees feitas por DEL RIO (1990) que considera o espaccedilo urbano a partir da apropriaccedilatildeo
social que se faz dele estabelecendo que em relaccedilatildeo ao estudo da forma urbana a cidade pode
ser compreendida a partir de trecircs niacuteveis organizacionais o coletivo o comunitaacuterio e o individual
O niacutevel coletivo eacute regido sob uma loacutegica estruturadora percebida inconscientemente e
coletivamente e eacute composto pelos elementos2 do tecido que possuem uma permanecircncia maior ao
longo do tempo o niacutevel comunitaacuterio diz respeito aos elementos com significados especiais apenas
para um pequeno grupo da populaccedilatildeo como o bairro por exemplo jaacute o niacutevel individual expressa
significados individuais como a residecircncia e seu espaccedilo circundante e por seu caraacuteter individual eacute
o que apresenta maior rapidez nas modificaccedilotildees (DEL RIO 1990)
Mas LAMAS (2004) ao defender sua definiccedilatildeo para forma urbana natildeo soacute possuiacutea ciecircncia destas
outras particularidades explicitadas por PANERAI (2006) e DEL RIO (1990) ndash sociais
econocircmicas histoacutericas e culturais ndash envolvidas na concepccedilatildeo de forma urbana como optou em
natildeo apreciaacute-las
[] um primeiro grau de leitura da cidade eacute eminentemente fiacutesico-espacial e morfoloacutegico portanto especiacutefico da arquitectura e o uacutenico que permite evidenciar a diferenccedila entre este e outro espaccedilo entre esta e aquela forma e explicar as caracteriacutesticas de cada parte da cidade A estes se juntam outros niacuteveis de leitura que revelam diferentes conteuacutedos (histoacutericos econoacutemicos sociais e outros) Mas este conjunto de leituras soacute eacute possiacutevel porque a cidade existe como facto fiacutesico e material Todos os instrumentos de leitura lecircem o mesmo objecto ndash o espaccedilo fiacutesico a FORMA URBANA (LAMAS 2004 p 31 grifo do autor) Eacute fundamentalmente a dimensatildeo fiacutesica e morfoloacutegica da cidade que me preocupa [] (LAMAS 2004 p 31)
2 Estes elementos seratildeo discutidos em paraacutegrafos mais adiante
____________________________________________
ANAacuteLISE D
Na verdade esta opccedilatildeo em
urbana considerando-a essen
de seu aspecto fiacutesico e m
convenientemente ao obje
presente pesquisa analisar
da acuacutestica urbana a partir
cronoloacutegicas na forma urba
esta anaacutelise do compor
implica em uma apropriaccedil
fiacutesica e material destas modif
Certamente a busca pela ap
urbana envolve muito
simplesmente sua forma
como jaacute aclarado No entan
da anaacutelise proposta por
apreensatildeo em totalid
fundamentalmente necessaacuter
apropriaccedilatildeo da forma urban
material ou uma variaacutevel fiacutes
finalidade derradeira de
comportamento acuacutestico
modificaccedilotildees nesta forma
Ao entender a observaccedilatildeo
essencialmente em seu aspec
(2004) propocircs uma classifica
dimensotildees
bull A dimensatildeo setorial
refere-se agrave menor u
do espaccedilo urbano co
uma praccedila ou uma
ponto o observador
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 24 ndash A cidadeo texemplificada por meio da cidadLAMAS 2004
Figura 23 ndash O bairro a escala ucidade portuguesa de Tavira Fonte
Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na ca dimensatildeo setorial Fonte LAMA
em observar a forma
sencialmente a partir
material responde
bjetivo primeiro da
ar o comportamento
rtir de modificaccedilotildees
rbana uma vez que
ortamento acuacutestico
riaccedilatildeo genuinamente
dificaccedilotildees
apreensatildeo da forma
o mais do que
a fiacutesica e material
tanto para realizaccedilatildeo
or este estudo tal
alidade natildeo eacute
saacuteria o que torna a
bana quase um meio
l fiacutesica para atingir a
e compreensatildeo do
a partir de
atildeo da forma urbana
pecto fiacutesico LAMAS
icaccedilatildeo em escalas ou
ndash a escala da rua
r unidade ou porccedilatildeo
como por exemplo
a rua onde de um
dor pode abarcar a
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
25
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
territoacuterioa dimensatildeo territorial dade portuguesa de Tavira Fonte
a urbana exemplificada por meio da nte LAMAS 2004
na cidade portuguesa de Tavira ilustra MAS 2004
____________________________________________
ANAacuteLISE D
unidade espacial d
(Figura 22)
bull A dimensatildeo urbana ndash
corresponde agraves pa
identificaacuteveis como
exemplo onde a
elementos da forma
atraveacutes do movime
percursos (Figura 23
bull E por fim a dimensatildeo
da cidade diz respeito
diferentes formas
articulaccedilatildeo de bai
entre si Sua forma
distribuiccedilatildeo de eleme
das cidades em con
suporte geograacutefico d
a articulaccedilatildeo de
circulaccedilatildeo entre os
entre zonas habitacio
entre outras (Figura 2
Dentre estas dimensotildees a u
bairro desperta particular
pesquisa uma vez que o e
limites de observaccedilatildeo atraveacute
de movimentos poderaacute aba
significante de modificaccedilotildee
forma urbana de determina
compreender o comport
acuacutestica urbana
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 25 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do CONDEPE-FIDEM 1981
Figura 26 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do baorigens da cidade entrecortadoBarreto Fonte CONDEPE-FIDE
Figura 27 ndash Exemplos de diveredifiacutecios lotes quarteirotildees e vias eRecife Nesta imagem um recessencialmente por morros o AltoFIDEM 1981
de seu conjunto
ndash a escala do bairro
partes homogecircneas
mo os bairros por
a observaccedilatildeo dos
a urbana eacute realizada
imento e de vaacuterios
23)
nsatildeo territorial ndash a escala
eito agrave articulaccedilatildeo de
as urbanas da
bairros interligados
ma eacute definida pela
mentos estruturantes
onformidade com o
o do siacutetio tais como
e ruas e vias de
s diferentes bairros
cionais e comerciais
a 24)
a urbana ndash escala do
lar interesse desta
o entendimento dos
veacutes de certo nuacutemero
barcar uma amostra
otildees cronoloacutegicas na
inado local a fim de
ortamento de sua
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
26
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife o bairro de Boa Viagem Fonte
rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves do pela recente Avenida Dantas DEM 1981
versificadas concretizaccedilotildees entre os em diferentes bairros da cidade do
recorte de um bairro constituiacutedo lto do Mandu Fonte CONDEPE-
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
27
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
No entanto para apreender tal dimensatildeo devem-se conhecer e estabelecer quais elementos
miacutenimos da forma urbana que se relaciona com esta a dimensatildeo urbana e quais satildeo estes
elementos LAMAS (2004) propocircs onze elementos da forma urbana necessaacuterios para esta
apreensatildeo o solo (I) o edifiacutecio (II) o lote (III) o logradouro (IV) o quarteiratildeo (V) o traccediladoa
rua(VI) a praccedila (VII) a fachada (VIII) o monumento (IX) a vegetaccedilatildeo (X) e o mobiliaacuterio
urbano (XI) Dentre estes elementos seis possuem uma estreita relaccedilatildeo com esta pesquisa e
seratildeo expostos de acordo com consideraccedilotildees observadas por LAMAS 3 (2004) (Figuras 25 a 27)
O edifiacutecio representa o elemento miacutenimo identificaacutevel na observaccedilatildeo da forma urbana eacute atraveacutes
dele que se constitui o espaccedilo urbano e se organizam diferentes elementos tais como ruas praccedilas
avenidas entre outros Os edifiacutecios agrupam-se em diferentes tipos tanto em relaccedilatildeo a suas
formas quanto a suas funccedilotildees Estes elementos podem influenciar o comportamento da acuacutestica
urbana atuando enquanto objetos reflexivos da onda sonora e como barreiras acuacutesticas4
O lote representa o princiacutepio da relaccedilatildeo do edifiacutecio com o terreno A forma do lote eacute muitas
vezes condicionante da forma do edifiacutecio tornando-os vinculados por essecircncia o logradouro diz
respeito ao espaccedilo livres e natildeo construiacutedos no interior do lote aos quintais e jardins o quarteiratildeo
ou quadra pode ser considerado como o espaccedilo resultante entre o cruzamento de trecircs ou mais
vias podendo ser demarcado em vaacuterios lotes para a construccedilatildeo de edifiacutecios Juntos estes trecircs
elementos associados aos edifiacutecios podem propiciar uma maior ou menor permeabilidade
acuacutestica eou uma maior ou menor presenccedila de aacutereas de sombra no meio urbano
O traccedilado por meio das ruas ou vias eacute facilmente identificaacutevel no meio urbano Estaacute muitas vezes
condicionado ao siacutetio geograacutefico existente regula a disposiccedilatildeo dos edifiacutecios e quarteirotildees e
interliga os vaacuterios espaccedilos componentes da cidade e a cidade ao territoacuterio Normalmente o
traccedilado resiste agraves transformaccedilotildees na forma urbana por possuir um caraacuteter de permanecircncia natildeo
totalmente modificaacutevel O traccedilado engloba trajetoacuterias e caminhos que natildeo satildeo necessariamente
percorridos atraveacutes de automoacuteveis apesar disso estaacute em grande parte vinculado a uma das
principais fontes geradoras de ruiacutedo urbano ndash o traacutefego de veiacuteculos
3 Os outros elementos tambeacutem podem relacionar-se de diferentes maneiras com a acuacutestica urbana mas nem tanto com a presente pesquisa e por isso natildeo foram considerados 4 Todas as definiccedilotildees e conceitos acuacutesticos apresentados no presente item seratildeo elucidados no item seguinte 22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
28
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) Fonte PANERAI 2006
A praccedila eacute um espaccedilo de geometria variada
intencionalmente inserido no meio urbano
cuja relaccedilatildeo com o traccedilado e os edifiacutecios
tambeacutem eacute intencional evidenciada atraveacutes do
seu desenho e natildeo acidentais como
alargamento e confluecircncias do traccedilado Aleacutem
disso a praccedila eacute um lugar de encontro de
permanecircncia e de praacuteticas sociais
Acusticamente dependendo de suas
proporccedilotildees a propagaccedilatildeo sonora que envolve
uma praccedila pode apresentar um
comportamento que se assemelha a
propagaccedilatildeo sonora em campo livre
Estes elementos constituintes da forma urbana
conceituados por LAMAS (2004) podem ser
identificados sob um diferente invoacutelucro
conceitual mas com a mesma essecircncia no que
PANERAI (2006) definiu como sendo
conjuntos do tecido urbano
Aplicado agrave cidade o termo ldquotecidordquo evoca a continuidade e a renovaccedilatildeo a permanecircncia e a variaccedilatildeo Ele explica a constituiccedilatildeo das cidades antigas e responde as questotildees levantadas pelo estudo das urbanizaccedilotildees recentes Ele pressupotildee uma atenccedilatildeo tanto ao banal quanto ao excepcional tanto agraves ruas comuns e agraves edificaccedilotildees corriqueiras quanto agraves regulamentaccedilotildees e aos monumentos Dentre as muacuteltiplas definiccedilotildees de tecido urbano e sem desprezar suas qualidades escolhemos a mais simples O tecido urbano eacute constituiacutedo pela superposiccedilatildeo ou imbricaccedilatildeo de trecircs conjuntos a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees Essa definiccedilatildeo potildee em evidecircncia os elementos que permitem que as diferentes partes da cidade evoluam ao mesmo tempo em que satildeo mantidas a coesatildeo de conjunto e a clareza de sua estrutura (PANERAI 2006 p 77-78 grifo nosso) (Figura 28)
Ao contraacuterio de LAMAS (2004) que considera a praccedila como um elemento da forma urbana por
si soacute PANERAI (2006) discute as vias ou traccedilado inseridas em uma relaccedilatildeo em rede onde
tambeacutem satildeo considerados como partes constituintes os largos passeios praccedilas esplanadas cais
pontes rios canais margens praias todos compondo o espaccedilo puacuteblico Eacute atraveacutes desta rede
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
29
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua
organizaccedilatildeo local e territorial
Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o
domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios
quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente
o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da
forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo
Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao
espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo
vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os
edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila
sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto
Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute
bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus
elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma
essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo
objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles
- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)
Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno
relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar
definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento
5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
30
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109
O adensamento ocorre a partir de dois modos
essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do
preenchimento progressivo do espaccedilo urbano
e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa
por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)
A primeira forma de adensamento ocorre sem
a expansatildeo territorial por meio do
preenchimento progressivo de todas as
reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de
determinado meio urbano Eacute um
adensamento inserido em limitesbarreiras
preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como
uma via expressa irregularidades geograacuteficas
do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual
em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas
edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)
A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do
solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de
adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem
sua expansatildeo (PANERAI 2006)
Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como
se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado
meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da
acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o
adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de
objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica
Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o
edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados
por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
31
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias
dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta
pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a
partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo
exclusivamente
1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo
de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres
2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os
lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)
3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e
principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes
geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)
Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no
decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees
cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e
relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana
22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a
forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia
multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o
som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas
do conhecimento (Figura 210)
Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano
seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes
tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental
O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por
pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu
____________________________________________
ANAacuteLISE D
complexo padratildeo de ondas s
de ruiacutedo muacutesica fala
(BERGLUND et al 1999)
Esta definiccedilatildeo do som tend
a percepccedilatildeo do ouvido
conceito psicofiacutesico Fisicame
vibraccedilatildeo mecacircnica que
progressivamente atraveacutes de
gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN
Esta vibraccedilatildeo quando tran
que o rodeia nem sempre
aparelho auditivo humano
frequumlecircncia6 audiacutevel encontra
20 a 20000 Hz para um
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984
1982) Frequumlecircncias acima de
altas para respostas fisioloacuteg
chamadas de ultrasons Jaacute as
de 20 Hz satildeo chamadas de
detectaacuteveis pelo ouvido hum
prejudiciais agrave sua sauacutede7
1982 SOUSA 2004)
Fisicamente o som e o ruiacutedo
ambos se propagam em mei
detectados pelo ouvido hu
enquanto o som eacute utilizado
6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa
Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006
as sonoras eacute rotulado
ala entre outros
ndo como referecircncia
o humano eacute um
mente o som eacute uma
que se propaga
de um meio material
(SINGAL 2005)
transmitida ao meio
re eacute detectaacutevel pelo
ano cuja faixa de
tra-se no intervalo de
um jovem saudaacutevel
4 KINSLER et al
de 20000 Hz muito
loacutegicas auditivas satildeo
as frequumlecircncias abaixo
de infrasons e natildeo satildeo
umano contudo satildeo
(KINSLER et al
iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee
eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos
humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN
do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev
iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo
as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
32
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006
ontual e fonte sonora linear Fonte
otildees de pressatildeo ambiente
bos satildeo capazes de serem
EN 1995) No entanto
daacuteveis o ruiacutedo descreve
do e eacute medida em Hertz (Hz)
amento das estruturas cardiacuteacas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
33
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)
Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e
portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece
como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro
[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)
Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo
mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees
no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse
irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos
(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM
2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)
O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais
comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual
possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as
direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)
Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de
fontes pontuais dispostas linearmente cuja
emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta
linha sendo seu decaimento em campo livre
de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)
Quando propagadas no meio urbano a
combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas
ao percurso de transmissatildeo e ao receptor
constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
34
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
chamado de ruiacutedo ambiental (environmental
noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)
(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005
SOUSA 2004)
O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do
traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de
obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos
industriais de estabelecimentos comerciais e
de serviccedilos de sistemas de propaganda
volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-
estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982
NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)
Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais
como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes
nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade
populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos
extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se
a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES
2006)
Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o
ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A
necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade
existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis
normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a
populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano
8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
35
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006
Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg
1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes
Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes
procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO
2009)
NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
Niacutevel de Pressatildeo sonora
em dB(A)
Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS
Ambiente ou atividade
0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros
aacuterea de mata selvagem
30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite
50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse
auditivo Rua agitada um restaurante barulhento
70 a 90 Estressante e bastante
excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh
conversa a gritos
90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia
Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor
110 a 130
Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez
instantacircnea
Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock
130 a 140 Acima do limiar da dor
causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia
Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias
resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a
poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir
diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho
Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores
(NAGEM 2004)
Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave
Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do
12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
36
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do
sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do
Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da
cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias
tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da
Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)
Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da
LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos
com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos
submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e
do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a
accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave
conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte
geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)
Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos
de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em
documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da
Cidade do Recife (RECIFE 2000)
Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo
Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as
posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da
poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor
o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie
de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo
exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil
militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um
importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)
Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a
poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de
13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
37
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999
pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais
(BERGLUND et al1999)
Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que
atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua
(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do
ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio
urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram
em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da
populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes
geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et
al 2002) (Figura 214)
Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o
aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais
percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al
2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)
O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a
partir do ruiacutedo veicular que proveacutem
essencialmente do sistema de propulsatildeo do
motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo
aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso
(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da
relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as
configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido
a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de
acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a
presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de
pedestres etc a intensidade do fluxo de
veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os
veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de
14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
38
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita
terra batida) etc (SINGAL 2005)
Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo
comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas
implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo
do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo
para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e
pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS
2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma
interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana
Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto
por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego
seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no
proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de
certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e
forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e
largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser
acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica
O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde
acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo
acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)
O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia
de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio
urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou
nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o
espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de
suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de
pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
39
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007
Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido
pelo receptor diminui em funccedilatildeo da
duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15
Praccedilas parques e largos com grandes
dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias
vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas
uma de suas margens ou espaccedilos livres
urbanos de grandes dimensotildees caracterizam
alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos
No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras
sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o
seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente
sendo praticamente o mesmo em vaacuterias
posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre
uma saiacuteda para campo livre caracterizando o
fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura
217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)
Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser
reverberantes quando a onda sonora tarda a
encontrar o campo livre gerando um grande
nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes
quando a onda sonora encontra o campo livre
um pouco mais rapidamente do que no
reverberante gerando um nuacutemero menor mas
ainda grande de reflexotildees
15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
40
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007
No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado
reverberante possui comumente um perfil em
ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de
canyons urbanos que podem amplificar
consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das
vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas
geradas pelas fachadas paralelas das
edificaccedilotildees que circundam estas vias
(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste
tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora
natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre
a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico
aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos
elementos que compotildeem a forma urbana e
dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que
revestem as superfiacutecies refletoras18
(NIEMEYER 2007)
Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de
traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados
tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos
de espaccedilos acuacutesticos fechados
A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda
sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem
podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo
tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo
18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
41
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007
Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992
Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se
aos percursos da onda sonora gerados no
meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005
NIEMEYER 2007) A intensidade da
permeabilidade acuacutestica - mais ou menos
permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de
certos elementos urbanos de promover ou
conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais
como o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem
como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade
e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila
ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e
221)
A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda
com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o
conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a
qualquer objeto que possa ser considerado um
obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias
entre a fonte e o receptor (Figura 222)
(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES
2000) Ao bloquear o percurso direto entre a
fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser
absorvida eou refletida pela superfiacutecie da
barreira transmitida atraveacutes da barreira ou
difratada a partir do topo da barreira
(BARRON 2003 SINGAL 2005)
A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as
ondas sonoras sejam capazes de contornar
determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de
sombra acuacutestica que possui limites espaciais
variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte
____________________________________________
ANAacuteLISE D
sonora e de sua localizaccedilatilde
receptor que por sua vez
sonora difratada pelas borda
um decaimento maior do qu
campo livre (Figura 223) (N
1968 NIEMEYER 2007 PA
O uso de barreiras acuacutestic
EUA Japatildeo Austraacutelia e
reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do
pelo traacutefego rodoviaacuterio pa
(Figuras 224 a 226) (SIN
Brasil esta praacutetica ainda eacute inc
restringindo-se a poucos exe
caso da barreira acuacutestica no
Linha Amarela na cidade do
na Rodovia Bandeirantes co
de Satildeo Paulo a Campinas
Paulo (Figura 227) (MURGE
2004)
Embora a implantaccedilatildeo de b
esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do
rodoviaacuterio outros elemen
meio urbano situados ent
receptor atuam espontan
barreiras agrave propagaccedilatildeo sono
terreno com topografia i
muros edificaccedilotildees entr
edificaccedilotildees conjugadas da R
cidade do Recife ou aind
conjugadas em alguns trec
Atlacircntica no Rio de Janei
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap
Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C
Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2
Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest
Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN
accedilatildeo em relaccedilatildeo ao
ez recebe a energia
rdas da barreira com
que se estivesse em
(NEPOMUCENO
PAZ 2004)
ticas eacute comum nos
e na Europa para
do ruiacutedo produzido
para seus arredores
INGAL 2005) No
incipiente
exemplos como eacute o
no eixo rodoviaacuterio
o Rio de Janeiro e
conectando a cidade
s no estado de Satildeo
GEL 2007 SOUSA
e barreiras acuacutesticas
do ruiacutedo de traacutefego
entos inseridos no
entre a fonte e o
taneamente como
nora tais como um
irregular taludes
ntre outros As
a Rua da Aurora na
inda as edificaccedilotildees
trechos da Avenida
neiro por exemplo
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
42
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007
rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007
da Rodovia Bandeirantes no estado 2007
da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000
barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
43
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409
Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409
aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas
espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem
conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em
ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e
229)
A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e
da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a
interaccedilatildeo entre os diversos elementos que
compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis
das vias o modo de implantaccedilatildeo das
edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as
proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo
das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de
espaccedilos livres ndash contribui determinantemente
para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano
atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do
espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave
fonte geradora de campos sonoros
reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de
aacutereas de sombra
Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado
um sistema composto essencialmente pela fonte
sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e
KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto
percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de
propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares
apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo
da onda sonora no meio urbano
19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
44
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao
ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos
reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente
todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das
edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar
dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e
insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via
Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo
facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas
reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando
sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano
desejaacutevel aos seus receptores
Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as
distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de
propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades
bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento
acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano
Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se
comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica
urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana
Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos
investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
24
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
dos elementos que compotildeem a forma urbana ndash a adiccedilatildeo de novos de traccedilados a um jaacute existente
ou sua superposiccedilatildeo seus conflitos o parcelamento de parques e ocupaccedilatildeo de espaccedilos livres a
renovaccedilatildeo da massa edificada seu lento adensamento e verticalizaccedilatildeo segundo uma especulaccedilatildeo
despretensiosa ou sua substituiccedilatildeo por vastos empreendimentos sob influecircncia de uma
especulaccedilatildeo bem mais expressiva (PANERAI 2006) isto eacute faz parte da apreensatildeo da forma
urbana uma complexidade que envolve um processo de acumulaccedilatildeo de enfoques e observaccedilotildees
sociais econocircmicas histoacutericas e culturais que englobam muito mais do que apenas sua forma
fiacutesica
Estas particularidades especialmente as sociais parecem um pouco mais delineadas nas
consideraccedilotildees feitas por DEL RIO (1990) que considera o espaccedilo urbano a partir da apropriaccedilatildeo
social que se faz dele estabelecendo que em relaccedilatildeo ao estudo da forma urbana a cidade pode
ser compreendida a partir de trecircs niacuteveis organizacionais o coletivo o comunitaacuterio e o individual
O niacutevel coletivo eacute regido sob uma loacutegica estruturadora percebida inconscientemente e
coletivamente e eacute composto pelos elementos2 do tecido que possuem uma permanecircncia maior ao
longo do tempo o niacutevel comunitaacuterio diz respeito aos elementos com significados especiais apenas
para um pequeno grupo da populaccedilatildeo como o bairro por exemplo jaacute o niacutevel individual expressa
significados individuais como a residecircncia e seu espaccedilo circundante e por seu caraacuteter individual eacute
o que apresenta maior rapidez nas modificaccedilotildees (DEL RIO 1990)
Mas LAMAS (2004) ao defender sua definiccedilatildeo para forma urbana natildeo soacute possuiacutea ciecircncia destas
outras particularidades explicitadas por PANERAI (2006) e DEL RIO (1990) ndash sociais
econocircmicas histoacutericas e culturais ndash envolvidas na concepccedilatildeo de forma urbana como optou em
natildeo apreciaacute-las
[] um primeiro grau de leitura da cidade eacute eminentemente fiacutesico-espacial e morfoloacutegico portanto especiacutefico da arquitectura e o uacutenico que permite evidenciar a diferenccedila entre este e outro espaccedilo entre esta e aquela forma e explicar as caracteriacutesticas de cada parte da cidade A estes se juntam outros niacuteveis de leitura que revelam diferentes conteuacutedos (histoacutericos econoacutemicos sociais e outros) Mas este conjunto de leituras soacute eacute possiacutevel porque a cidade existe como facto fiacutesico e material Todos os instrumentos de leitura lecircem o mesmo objecto ndash o espaccedilo fiacutesico a FORMA URBANA (LAMAS 2004 p 31 grifo do autor) Eacute fundamentalmente a dimensatildeo fiacutesica e morfoloacutegica da cidade que me preocupa [] (LAMAS 2004 p 31)
2 Estes elementos seratildeo discutidos em paraacutegrafos mais adiante
____________________________________________
ANAacuteLISE D
Na verdade esta opccedilatildeo em
urbana considerando-a essen
de seu aspecto fiacutesico e m
convenientemente ao obje
presente pesquisa analisar
da acuacutestica urbana a partir
cronoloacutegicas na forma urba
esta anaacutelise do compor
implica em uma apropriaccedil
fiacutesica e material destas modif
Certamente a busca pela ap
urbana envolve muito
simplesmente sua forma
como jaacute aclarado No entan
da anaacutelise proposta por
apreensatildeo em totalid
fundamentalmente necessaacuter
apropriaccedilatildeo da forma urban
material ou uma variaacutevel fiacutes
finalidade derradeira de
comportamento acuacutestico
modificaccedilotildees nesta forma
Ao entender a observaccedilatildeo
essencialmente em seu aspec
(2004) propocircs uma classifica
dimensotildees
bull A dimensatildeo setorial
refere-se agrave menor u
do espaccedilo urbano co
uma praccedila ou uma
ponto o observador
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 24 ndash A cidadeo texemplificada por meio da cidadLAMAS 2004
Figura 23 ndash O bairro a escala ucidade portuguesa de Tavira Fonte
Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na ca dimensatildeo setorial Fonte LAMA
em observar a forma
sencialmente a partir
material responde
bjetivo primeiro da
ar o comportamento
rtir de modificaccedilotildees
rbana uma vez que
ortamento acuacutestico
riaccedilatildeo genuinamente
dificaccedilotildees
apreensatildeo da forma
o mais do que
a fiacutesica e material
tanto para realizaccedilatildeo
or este estudo tal
alidade natildeo eacute
saacuteria o que torna a
bana quase um meio
l fiacutesica para atingir a
e compreensatildeo do
a partir de
atildeo da forma urbana
pecto fiacutesico LAMAS
icaccedilatildeo em escalas ou
ndash a escala da rua
r unidade ou porccedilatildeo
como por exemplo
a rua onde de um
dor pode abarcar a
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
25
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
territoacuterioa dimensatildeo territorial dade portuguesa de Tavira Fonte
a urbana exemplificada por meio da nte LAMAS 2004
na cidade portuguesa de Tavira ilustra MAS 2004
____________________________________________
ANAacuteLISE D
unidade espacial d
(Figura 22)
bull A dimensatildeo urbana ndash
corresponde agraves pa
identificaacuteveis como
exemplo onde a
elementos da forma
atraveacutes do movime
percursos (Figura 23
bull E por fim a dimensatildeo
da cidade diz respeito
diferentes formas
articulaccedilatildeo de bai
entre si Sua forma
distribuiccedilatildeo de eleme
das cidades em con
suporte geograacutefico d
a articulaccedilatildeo de
circulaccedilatildeo entre os
entre zonas habitacio
entre outras (Figura 2
Dentre estas dimensotildees a u
bairro desperta particular
pesquisa uma vez que o e
limites de observaccedilatildeo atraveacute
de movimentos poderaacute aba
significante de modificaccedilotildee
forma urbana de determina
compreender o comport
acuacutestica urbana
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 25 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do CONDEPE-FIDEM 1981
Figura 26 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do baorigens da cidade entrecortadoBarreto Fonte CONDEPE-FIDE
Figura 27 ndash Exemplos de diveredifiacutecios lotes quarteirotildees e vias eRecife Nesta imagem um recessencialmente por morros o AltoFIDEM 1981
de seu conjunto
ndash a escala do bairro
partes homogecircneas
mo os bairros por
a observaccedilatildeo dos
a urbana eacute realizada
imento e de vaacuterios
23)
nsatildeo territorial ndash a escala
eito agrave articulaccedilatildeo de
as urbanas da
bairros interligados
ma eacute definida pela
mentos estruturantes
onformidade com o
o do siacutetio tais como
e ruas e vias de
s diferentes bairros
cionais e comerciais
a 24)
a urbana ndash escala do
lar interesse desta
o entendimento dos
veacutes de certo nuacutemero
barcar uma amostra
otildees cronoloacutegicas na
inado local a fim de
ortamento de sua
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
26
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife o bairro de Boa Viagem Fonte
rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves do pela recente Avenida Dantas DEM 1981
versificadas concretizaccedilotildees entre os em diferentes bairros da cidade do
recorte de um bairro constituiacutedo lto do Mandu Fonte CONDEPE-
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
27
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
No entanto para apreender tal dimensatildeo devem-se conhecer e estabelecer quais elementos
miacutenimos da forma urbana que se relaciona com esta a dimensatildeo urbana e quais satildeo estes
elementos LAMAS (2004) propocircs onze elementos da forma urbana necessaacuterios para esta
apreensatildeo o solo (I) o edifiacutecio (II) o lote (III) o logradouro (IV) o quarteiratildeo (V) o traccediladoa
rua(VI) a praccedila (VII) a fachada (VIII) o monumento (IX) a vegetaccedilatildeo (X) e o mobiliaacuterio
urbano (XI) Dentre estes elementos seis possuem uma estreita relaccedilatildeo com esta pesquisa e
seratildeo expostos de acordo com consideraccedilotildees observadas por LAMAS 3 (2004) (Figuras 25 a 27)
O edifiacutecio representa o elemento miacutenimo identificaacutevel na observaccedilatildeo da forma urbana eacute atraveacutes
dele que se constitui o espaccedilo urbano e se organizam diferentes elementos tais como ruas praccedilas
avenidas entre outros Os edifiacutecios agrupam-se em diferentes tipos tanto em relaccedilatildeo a suas
formas quanto a suas funccedilotildees Estes elementos podem influenciar o comportamento da acuacutestica
urbana atuando enquanto objetos reflexivos da onda sonora e como barreiras acuacutesticas4
O lote representa o princiacutepio da relaccedilatildeo do edifiacutecio com o terreno A forma do lote eacute muitas
vezes condicionante da forma do edifiacutecio tornando-os vinculados por essecircncia o logradouro diz
respeito ao espaccedilo livres e natildeo construiacutedos no interior do lote aos quintais e jardins o quarteiratildeo
ou quadra pode ser considerado como o espaccedilo resultante entre o cruzamento de trecircs ou mais
vias podendo ser demarcado em vaacuterios lotes para a construccedilatildeo de edifiacutecios Juntos estes trecircs
elementos associados aos edifiacutecios podem propiciar uma maior ou menor permeabilidade
acuacutestica eou uma maior ou menor presenccedila de aacutereas de sombra no meio urbano
O traccedilado por meio das ruas ou vias eacute facilmente identificaacutevel no meio urbano Estaacute muitas vezes
condicionado ao siacutetio geograacutefico existente regula a disposiccedilatildeo dos edifiacutecios e quarteirotildees e
interliga os vaacuterios espaccedilos componentes da cidade e a cidade ao territoacuterio Normalmente o
traccedilado resiste agraves transformaccedilotildees na forma urbana por possuir um caraacuteter de permanecircncia natildeo
totalmente modificaacutevel O traccedilado engloba trajetoacuterias e caminhos que natildeo satildeo necessariamente
percorridos atraveacutes de automoacuteveis apesar disso estaacute em grande parte vinculado a uma das
principais fontes geradoras de ruiacutedo urbano ndash o traacutefego de veiacuteculos
3 Os outros elementos tambeacutem podem relacionar-se de diferentes maneiras com a acuacutestica urbana mas nem tanto com a presente pesquisa e por isso natildeo foram considerados 4 Todas as definiccedilotildees e conceitos acuacutesticos apresentados no presente item seratildeo elucidados no item seguinte 22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
28
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) Fonte PANERAI 2006
A praccedila eacute um espaccedilo de geometria variada
intencionalmente inserido no meio urbano
cuja relaccedilatildeo com o traccedilado e os edifiacutecios
tambeacutem eacute intencional evidenciada atraveacutes do
seu desenho e natildeo acidentais como
alargamento e confluecircncias do traccedilado Aleacutem
disso a praccedila eacute um lugar de encontro de
permanecircncia e de praacuteticas sociais
Acusticamente dependendo de suas
proporccedilotildees a propagaccedilatildeo sonora que envolve
uma praccedila pode apresentar um
comportamento que se assemelha a
propagaccedilatildeo sonora em campo livre
Estes elementos constituintes da forma urbana
conceituados por LAMAS (2004) podem ser
identificados sob um diferente invoacutelucro
conceitual mas com a mesma essecircncia no que
PANERAI (2006) definiu como sendo
conjuntos do tecido urbano
Aplicado agrave cidade o termo ldquotecidordquo evoca a continuidade e a renovaccedilatildeo a permanecircncia e a variaccedilatildeo Ele explica a constituiccedilatildeo das cidades antigas e responde as questotildees levantadas pelo estudo das urbanizaccedilotildees recentes Ele pressupotildee uma atenccedilatildeo tanto ao banal quanto ao excepcional tanto agraves ruas comuns e agraves edificaccedilotildees corriqueiras quanto agraves regulamentaccedilotildees e aos monumentos Dentre as muacuteltiplas definiccedilotildees de tecido urbano e sem desprezar suas qualidades escolhemos a mais simples O tecido urbano eacute constituiacutedo pela superposiccedilatildeo ou imbricaccedilatildeo de trecircs conjuntos a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees Essa definiccedilatildeo potildee em evidecircncia os elementos que permitem que as diferentes partes da cidade evoluam ao mesmo tempo em que satildeo mantidas a coesatildeo de conjunto e a clareza de sua estrutura (PANERAI 2006 p 77-78 grifo nosso) (Figura 28)
Ao contraacuterio de LAMAS (2004) que considera a praccedila como um elemento da forma urbana por
si soacute PANERAI (2006) discute as vias ou traccedilado inseridas em uma relaccedilatildeo em rede onde
tambeacutem satildeo considerados como partes constituintes os largos passeios praccedilas esplanadas cais
pontes rios canais margens praias todos compondo o espaccedilo puacuteblico Eacute atraveacutes desta rede
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
29
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua
organizaccedilatildeo local e territorial
Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o
domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios
quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente
o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da
forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo
Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao
espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo
vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os
edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila
sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto
Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute
bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus
elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma
essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo
objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles
- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)
Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno
relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar
definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento
5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
30
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109
O adensamento ocorre a partir de dois modos
essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do
preenchimento progressivo do espaccedilo urbano
e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa
por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)
A primeira forma de adensamento ocorre sem
a expansatildeo territorial por meio do
preenchimento progressivo de todas as
reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de
determinado meio urbano Eacute um
adensamento inserido em limitesbarreiras
preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como
uma via expressa irregularidades geograacuteficas
do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual
em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas
edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)
A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do
solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de
adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem
sua expansatildeo (PANERAI 2006)
Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como
se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado
meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da
acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o
adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de
objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica
Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o
edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados
por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
31
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias
dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta
pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a
partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo
exclusivamente
1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo
de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres
2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os
lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)
3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e
principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes
geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)
Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no
decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees
cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e
relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana
22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a
forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia
multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o
som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas
do conhecimento (Figura 210)
Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano
seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes
tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental
O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por
pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu
____________________________________________
ANAacuteLISE D
complexo padratildeo de ondas s
de ruiacutedo muacutesica fala
(BERGLUND et al 1999)
Esta definiccedilatildeo do som tend
a percepccedilatildeo do ouvido
conceito psicofiacutesico Fisicame
vibraccedilatildeo mecacircnica que
progressivamente atraveacutes de
gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN
Esta vibraccedilatildeo quando tran
que o rodeia nem sempre
aparelho auditivo humano
frequumlecircncia6 audiacutevel encontra
20 a 20000 Hz para um
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984
1982) Frequumlecircncias acima de
altas para respostas fisioloacuteg
chamadas de ultrasons Jaacute as
de 20 Hz satildeo chamadas de
detectaacuteveis pelo ouvido hum
prejudiciais agrave sua sauacutede7
1982 SOUSA 2004)
Fisicamente o som e o ruiacutedo
ambos se propagam em mei
detectados pelo ouvido hu
enquanto o som eacute utilizado
6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa
Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006
as sonoras eacute rotulado
ala entre outros
ndo como referecircncia
o humano eacute um
mente o som eacute uma
que se propaga
de um meio material
(SINGAL 2005)
transmitida ao meio
re eacute detectaacutevel pelo
ano cuja faixa de
tra-se no intervalo de
um jovem saudaacutevel
4 KINSLER et al
de 20000 Hz muito
loacutegicas auditivas satildeo
as frequumlecircncias abaixo
de infrasons e natildeo satildeo
umano contudo satildeo
(KINSLER et al
iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee
eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos
humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN
do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev
iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo
as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
32
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006
ontual e fonte sonora linear Fonte
otildees de pressatildeo ambiente
bos satildeo capazes de serem
EN 1995) No entanto
daacuteveis o ruiacutedo descreve
do e eacute medida em Hertz (Hz)
amento das estruturas cardiacuteacas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
33
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)
Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e
portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece
como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro
[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)
Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo
mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees
no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse
irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos
(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM
2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)
O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais
comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual
possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as
direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)
Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de
fontes pontuais dispostas linearmente cuja
emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta
linha sendo seu decaimento em campo livre
de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)
Quando propagadas no meio urbano a
combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas
ao percurso de transmissatildeo e ao receptor
constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
34
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
chamado de ruiacutedo ambiental (environmental
noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)
(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005
SOUSA 2004)
O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do
traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de
obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos
industriais de estabelecimentos comerciais e
de serviccedilos de sistemas de propaganda
volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-
estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982
NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)
Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais
como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes
nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade
populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos
extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se
a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES
2006)
Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o
ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A
necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade
existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis
normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a
populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano
8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
35
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006
Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg
1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes
Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes
procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO
2009)
NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
Niacutevel de Pressatildeo sonora
em dB(A)
Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS
Ambiente ou atividade
0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros
aacuterea de mata selvagem
30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite
50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse
auditivo Rua agitada um restaurante barulhento
70 a 90 Estressante e bastante
excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh
conversa a gritos
90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia
Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor
110 a 130
Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez
instantacircnea
Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock
130 a 140 Acima do limiar da dor
causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia
Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias
resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a
poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir
diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho
Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores
(NAGEM 2004)
Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave
Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do
12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
36
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do
sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do
Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da
cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias
tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da
Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)
Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da
LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos
com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos
submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e
do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a
accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave
conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte
geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)
Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos
de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em
documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da
Cidade do Recife (RECIFE 2000)
Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo
Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as
posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da
poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor
o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie
de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo
exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil
militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um
importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)
Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a
poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de
13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
37
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999
pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais
(BERGLUND et al1999)
Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que
atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua
(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do
ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio
urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram
em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da
populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes
geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et
al 2002) (Figura 214)
Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o
aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais
percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al
2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)
O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a
partir do ruiacutedo veicular que proveacutem
essencialmente do sistema de propulsatildeo do
motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo
aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso
(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da
relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as
configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido
a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de
acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a
presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de
pedestres etc a intensidade do fluxo de
veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os
veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de
14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
38
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita
terra batida) etc (SINGAL 2005)
Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo
comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas
implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo
do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo
para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e
pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS
2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma
interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana
Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto
por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego
seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no
proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de
certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e
forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e
largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser
acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica
O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde
acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo
acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)
O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia
de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio
urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou
nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o
espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de
suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de
pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
39
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007
Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido
pelo receptor diminui em funccedilatildeo da
duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15
Praccedilas parques e largos com grandes
dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias
vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas
uma de suas margens ou espaccedilos livres
urbanos de grandes dimensotildees caracterizam
alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos
No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras
sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o
seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente
sendo praticamente o mesmo em vaacuterias
posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre
uma saiacuteda para campo livre caracterizando o
fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura
217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)
Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser
reverberantes quando a onda sonora tarda a
encontrar o campo livre gerando um grande
nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes
quando a onda sonora encontra o campo livre
um pouco mais rapidamente do que no
reverberante gerando um nuacutemero menor mas
ainda grande de reflexotildees
15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
40
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007
No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado
reverberante possui comumente um perfil em
ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de
canyons urbanos que podem amplificar
consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das
vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas
geradas pelas fachadas paralelas das
edificaccedilotildees que circundam estas vias
(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste
tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora
natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre
a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico
aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos
elementos que compotildeem a forma urbana e
dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que
revestem as superfiacutecies refletoras18
(NIEMEYER 2007)
Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de
traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados
tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos
de espaccedilos acuacutesticos fechados
A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda
sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem
podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo
tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo
18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
41
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007
Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992
Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se
aos percursos da onda sonora gerados no
meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005
NIEMEYER 2007) A intensidade da
permeabilidade acuacutestica - mais ou menos
permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de
certos elementos urbanos de promover ou
conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais
como o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem
como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade
e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila
ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e
221)
A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda
com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o
conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a
qualquer objeto que possa ser considerado um
obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias
entre a fonte e o receptor (Figura 222)
(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES
2000) Ao bloquear o percurso direto entre a
fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser
absorvida eou refletida pela superfiacutecie da
barreira transmitida atraveacutes da barreira ou
difratada a partir do topo da barreira
(BARRON 2003 SINGAL 2005)
A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as
ondas sonoras sejam capazes de contornar
determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de
sombra acuacutestica que possui limites espaciais
variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte
____________________________________________
ANAacuteLISE D
sonora e de sua localizaccedilatilde
receptor que por sua vez
sonora difratada pelas borda
um decaimento maior do qu
campo livre (Figura 223) (N
1968 NIEMEYER 2007 PA
O uso de barreiras acuacutestic
EUA Japatildeo Austraacutelia e
reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do
pelo traacutefego rodoviaacuterio pa
(Figuras 224 a 226) (SIN
Brasil esta praacutetica ainda eacute inc
restringindo-se a poucos exe
caso da barreira acuacutestica no
Linha Amarela na cidade do
na Rodovia Bandeirantes co
de Satildeo Paulo a Campinas
Paulo (Figura 227) (MURGE
2004)
Embora a implantaccedilatildeo de b
esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do
rodoviaacuterio outros elemen
meio urbano situados ent
receptor atuam espontan
barreiras agrave propagaccedilatildeo sono
terreno com topografia i
muros edificaccedilotildees entr
edificaccedilotildees conjugadas da R
cidade do Recife ou aind
conjugadas em alguns trec
Atlacircntica no Rio de Janei
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap
Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C
Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2
Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest
Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN
accedilatildeo em relaccedilatildeo ao
ez recebe a energia
rdas da barreira com
que se estivesse em
(NEPOMUCENO
PAZ 2004)
ticas eacute comum nos
e na Europa para
do ruiacutedo produzido
para seus arredores
INGAL 2005) No
incipiente
exemplos como eacute o
no eixo rodoviaacuterio
o Rio de Janeiro e
conectando a cidade
s no estado de Satildeo
GEL 2007 SOUSA
e barreiras acuacutesticas
do ruiacutedo de traacutefego
entos inseridos no
entre a fonte e o
taneamente como
nora tais como um
irregular taludes
ntre outros As
a Rua da Aurora na
inda as edificaccedilotildees
trechos da Avenida
neiro por exemplo
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
42
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007
rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007
da Rodovia Bandeirantes no estado 2007
da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000
barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
43
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409
Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409
aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas
espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem
conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em
ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e
229)
A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e
da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a
interaccedilatildeo entre os diversos elementos que
compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis
das vias o modo de implantaccedilatildeo das
edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as
proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo
das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de
espaccedilos livres ndash contribui determinantemente
para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano
atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do
espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave
fonte geradora de campos sonoros
reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de
aacutereas de sombra
Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado
um sistema composto essencialmente pela fonte
sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e
KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto
percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de
propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares
apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo
da onda sonora no meio urbano
19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
44
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao
ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos
reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente
todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das
edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar
dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e
insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via
Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo
facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas
reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando
sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano
desejaacutevel aos seus receptores
Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as
distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de
propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades
bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento
acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano
Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se
comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica
urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana
Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos
investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento
____________________________________________
ANAacuteLISE D
Na verdade esta opccedilatildeo em
urbana considerando-a essen
de seu aspecto fiacutesico e m
convenientemente ao obje
presente pesquisa analisar
da acuacutestica urbana a partir
cronoloacutegicas na forma urba
esta anaacutelise do compor
implica em uma apropriaccedil
fiacutesica e material destas modif
Certamente a busca pela ap
urbana envolve muito
simplesmente sua forma
como jaacute aclarado No entan
da anaacutelise proposta por
apreensatildeo em totalid
fundamentalmente necessaacuter
apropriaccedilatildeo da forma urban
material ou uma variaacutevel fiacutes
finalidade derradeira de
comportamento acuacutestico
modificaccedilotildees nesta forma
Ao entender a observaccedilatildeo
essencialmente em seu aspec
(2004) propocircs uma classifica
dimensotildees
bull A dimensatildeo setorial
refere-se agrave menor u
do espaccedilo urbano co
uma praccedila ou uma
ponto o observador
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 24 ndash A cidadeo texemplificada por meio da cidadLAMAS 2004
Figura 23 ndash O bairro a escala ucidade portuguesa de Tavira Fonte
Figura 22 ndash Praccedila da Alagoa na ca dimensatildeo setorial Fonte LAMA
em observar a forma
sencialmente a partir
material responde
bjetivo primeiro da
ar o comportamento
rtir de modificaccedilotildees
rbana uma vez que
ortamento acuacutestico
riaccedilatildeo genuinamente
dificaccedilotildees
apreensatildeo da forma
o mais do que
a fiacutesica e material
tanto para realizaccedilatildeo
or este estudo tal
alidade natildeo eacute
saacuteria o que torna a
bana quase um meio
l fiacutesica para atingir a
e compreensatildeo do
a partir de
atildeo da forma urbana
pecto fiacutesico LAMAS
icaccedilatildeo em escalas ou
ndash a escala da rua
r unidade ou porccedilatildeo
como por exemplo
a rua onde de um
dor pode abarcar a
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
25
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
territoacuterioa dimensatildeo territorial dade portuguesa de Tavira Fonte
a urbana exemplificada por meio da nte LAMAS 2004
na cidade portuguesa de Tavira ilustra MAS 2004
____________________________________________
ANAacuteLISE D
unidade espacial d
(Figura 22)
bull A dimensatildeo urbana ndash
corresponde agraves pa
identificaacuteveis como
exemplo onde a
elementos da forma
atraveacutes do movime
percursos (Figura 23
bull E por fim a dimensatildeo
da cidade diz respeito
diferentes formas
articulaccedilatildeo de bai
entre si Sua forma
distribuiccedilatildeo de eleme
das cidades em con
suporte geograacutefico d
a articulaccedilatildeo de
circulaccedilatildeo entre os
entre zonas habitacio
entre outras (Figura 2
Dentre estas dimensotildees a u
bairro desperta particular
pesquisa uma vez que o e
limites de observaccedilatildeo atraveacute
de movimentos poderaacute aba
significante de modificaccedilotildee
forma urbana de determina
compreender o comport
acuacutestica urbana
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 25 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do CONDEPE-FIDEM 1981
Figura 26 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do baorigens da cidade entrecortadoBarreto Fonte CONDEPE-FIDE
Figura 27 ndash Exemplos de diveredifiacutecios lotes quarteirotildees e vias eRecife Nesta imagem um recessencialmente por morros o AltoFIDEM 1981
de seu conjunto
ndash a escala do bairro
partes homogecircneas
mo os bairros por
a observaccedilatildeo dos
a urbana eacute realizada
imento e de vaacuterios
23)
nsatildeo territorial ndash a escala
eito agrave articulaccedilatildeo de
as urbanas da
bairros interligados
ma eacute definida pela
mentos estruturantes
onformidade com o
o do siacutetio tais como
e ruas e vias de
s diferentes bairros
cionais e comerciais
a 24)
a urbana ndash escala do
lar interesse desta
o entendimento dos
veacutes de certo nuacutemero
barcar uma amostra
otildees cronoloacutegicas na
inado local a fim de
ortamento de sua
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
26
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife o bairro de Boa Viagem Fonte
rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves do pela recente Avenida Dantas DEM 1981
versificadas concretizaccedilotildees entre os em diferentes bairros da cidade do
recorte de um bairro constituiacutedo lto do Mandu Fonte CONDEPE-
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
27
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
No entanto para apreender tal dimensatildeo devem-se conhecer e estabelecer quais elementos
miacutenimos da forma urbana que se relaciona com esta a dimensatildeo urbana e quais satildeo estes
elementos LAMAS (2004) propocircs onze elementos da forma urbana necessaacuterios para esta
apreensatildeo o solo (I) o edifiacutecio (II) o lote (III) o logradouro (IV) o quarteiratildeo (V) o traccediladoa
rua(VI) a praccedila (VII) a fachada (VIII) o monumento (IX) a vegetaccedilatildeo (X) e o mobiliaacuterio
urbano (XI) Dentre estes elementos seis possuem uma estreita relaccedilatildeo com esta pesquisa e
seratildeo expostos de acordo com consideraccedilotildees observadas por LAMAS 3 (2004) (Figuras 25 a 27)
O edifiacutecio representa o elemento miacutenimo identificaacutevel na observaccedilatildeo da forma urbana eacute atraveacutes
dele que se constitui o espaccedilo urbano e se organizam diferentes elementos tais como ruas praccedilas
avenidas entre outros Os edifiacutecios agrupam-se em diferentes tipos tanto em relaccedilatildeo a suas
formas quanto a suas funccedilotildees Estes elementos podem influenciar o comportamento da acuacutestica
urbana atuando enquanto objetos reflexivos da onda sonora e como barreiras acuacutesticas4
O lote representa o princiacutepio da relaccedilatildeo do edifiacutecio com o terreno A forma do lote eacute muitas
vezes condicionante da forma do edifiacutecio tornando-os vinculados por essecircncia o logradouro diz
respeito ao espaccedilo livres e natildeo construiacutedos no interior do lote aos quintais e jardins o quarteiratildeo
ou quadra pode ser considerado como o espaccedilo resultante entre o cruzamento de trecircs ou mais
vias podendo ser demarcado em vaacuterios lotes para a construccedilatildeo de edifiacutecios Juntos estes trecircs
elementos associados aos edifiacutecios podem propiciar uma maior ou menor permeabilidade
acuacutestica eou uma maior ou menor presenccedila de aacutereas de sombra no meio urbano
O traccedilado por meio das ruas ou vias eacute facilmente identificaacutevel no meio urbano Estaacute muitas vezes
condicionado ao siacutetio geograacutefico existente regula a disposiccedilatildeo dos edifiacutecios e quarteirotildees e
interliga os vaacuterios espaccedilos componentes da cidade e a cidade ao territoacuterio Normalmente o
traccedilado resiste agraves transformaccedilotildees na forma urbana por possuir um caraacuteter de permanecircncia natildeo
totalmente modificaacutevel O traccedilado engloba trajetoacuterias e caminhos que natildeo satildeo necessariamente
percorridos atraveacutes de automoacuteveis apesar disso estaacute em grande parte vinculado a uma das
principais fontes geradoras de ruiacutedo urbano ndash o traacutefego de veiacuteculos
3 Os outros elementos tambeacutem podem relacionar-se de diferentes maneiras com a acuacutestica urbana mas nem tanto com a presente pesquisa e por isso natildeo foram considerados 4 Todas as definiccedilotildees e conceitos acuacutesticos apresentados no presente item seratildeo elucidados no item seguinte 22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
28
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) Fonte PANERAI 2006
A praccedila eacute um espaccedilo de geometria variada
intencionalmente inserido no meio urbano
cuja relaccedilatildeo com o traccedilado e os edifiacutecios
tambeacutem eacute intencional evidenciada atraveacutes do
seu desenho e natildeo acidentais como
alargamento e confluecircncias do traccedilado Aleacutem
disso a praccedila eacute um lugar de encontro de
permanecircncia e de praacuteticas sociais
Acusticamente dependendo de suas
proporccedilotildees a propagaccedilatildeo sonora que envolve
uma praccedila pode apresentar um
comportamento que se assemelha a
propagaccedilatildeo sonora em campo livre
Estes elementos constituintes da forma urbana
conceituados por LAMAS (2004) podem ser
identificados sob um diferente invoacutelucro
conceitual mas com a mesma essecircncia no que
PANERAI (2006) definiu como sendo
conjuntos do tecido urbano
Aplicado agrave cidade o termo ldquotecidordquo evoca a continuidade e a renovaccedilatildeo a permanecircncia e a variaccedilatildeo Ele explica a constituiccedilatildeo das cidades antigas e responde as questotildees levantadas pelo estudo das urbanizaccedilotildees recentes Ele pressupotildee uma atenccedilatildeo tanto ao banal quanto ao excepcional tanto agraves ruas comuns e agraves edificaccedilotildees corriqueiras quanto agraves regulamentaccedilotildees e aos monumentos Dentre as muacuteltiplas definiccedilotildees de tecido urbano e sem desprezar suas qualidades escolhemos a mais simples O tecido urbano eacute constituiacutedo pela superposiccedilatildeo ou imbricaccedilatildeo de trecircs conjuntos a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees Essa definiccedilatildeo potildee em evidecircncia os elementos que permitem que as diferentes partes da cidade evoluam ao mesmo tempo em que satildeo mantidas a coesatildeo de conjunto e a clareza de sua estrutura (PANERAI 2006 p 77-78 grifo nosso) (Figura 28)
Ao contraacuterio de LAMAS (2004) que considera a praccedila como um elemento da forma urbana por
si soacute PANERAI (2006) discute as vias ou traccedilado inseridas em uma relaccedilatildeo em rede onde
tambeacutem satildeo considerados como partes constituintes os largos passeios praccedilas esplanadas cais
pontes rios canais margens praias todos compondo o espaccedilo puacuteblico Eacute atraveacutes desta rede
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
29
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua
organizaccedilatildeo local e territorial
Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o
domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios
quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente
o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da
forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo
Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao
espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo
vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os
edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila
sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto
Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute
bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus
elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma
essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo
objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles
- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)
Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno
relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar
definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento
5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
30
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109
O adensamento ocorre a partir de dois modos
essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do
preenchimento progressivo do espaccedilo urbano
e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa
por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)
A primeira forma de adensamento ocorre sem
a expansatildeo territorial por meio do
preenchimento progressivo de todas as
reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de
determinado meio urbano Eacute um
adensamento inserido em limitesbarreiras
preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como
uma via expressa irregularidades geograacuteficas
do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual
em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas
edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)
A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do
solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de
adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem
sua expansatildeo (PANERAI 2006)
Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como
se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado
meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da
acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o
adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de
objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica
Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o
edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados
por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
31
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias
dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta
pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a
partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo
exclusivamente
1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo
de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres
2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os
lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)
3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e
principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes
geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)
Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no
decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees
cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e
relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana
22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a
forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia
multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o
som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas
do conhecimento (Figura 210)
Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano
seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes
tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental
O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por
pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu
____________________________________________
ANAacuteLISE D
complexo padratildeo de ondas s
de ruiacutedo muacutesica fala
(BERGLUND et al 1999)
Esta definiccedilatildeo do som tend
a percepccedilatildeo do ouvido
conceito psicofiacutesico Fisicame
vibraccedilatildeo mecacircnica que
progressivamente atraveacutes de
gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN
Esta vibraccedilatildeo quando tran
que o rodeia nem sempre
aparelho auditivo humano
frequumlecircncia6 audiacutevel encontra
20 a 20000 Hz para um
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984
1982) Frequumlecircncias acima de
altas para respostas fisioloacuteg
chamadas de ultrasons Jaacute as
de 20 Hz satildeo chamadas de
detectaacuteveis pelo ouvido hum
prejudiciais agrave sua sauacutede7
1982 SOUSA 2004)
Fisicamente o som e o ruiacutedo
ambos se propagam em mei
detectados pelo ouvido hu
enquanto o som eacute utilizado
6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa
Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006
as sonoras eacute rotulado
ala entre outros
ndo como referecircncia
o humano eacute um
mente o som eacute uma
que se propaga
de um meio material
(SINGAL 2005)
transmitida ao meio
re eacute detectaacutevel pelo
ano cuja faixa de
tra-se no intervalo de
um jovem saudaacutevel
4 KINSLER et al
de 20000 Hz muito
loacutegicas auditivas satildeo
as frequumlecircncias abaixo
de infrasons e natildeo satildeo
umano contudo satildeo
(KINSLER et al
iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee
eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos
humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN
do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev
iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo
as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
32
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006
ontual e fonte sonora linear Fonte
otildees de pressatildeo ambiente
bos satildeo capazes de serem
EN 1995) No entanto
daacuteveis o ruiacutedo descreve
do e eacute medida em Hertz (Hz)
amento das estruturas cardiacuteacas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
33
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)
Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e
portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece
como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro
[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)
Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo
mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees
no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse
irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos
(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM
2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)
O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais
comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual
possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as
direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)
Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de
fontes pontuais dispostas linearmente cuja
emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta
linha sendo seu decaimento em campo livre
de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)
Quando propagadas no meio urbano a
combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas
ao percurso de transmissatildeo e ao receptor
constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
34
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
chamado de ruiacutedo ambiental (environmental
noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)
(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005
SOUSA 2004)
O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do
traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de
obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos
industriais de estabelecimentos comerciais e
de serviccedilos de sistemas de propaganda
volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-
estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982
NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)
Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais
como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes
nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade
populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos
extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se
a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES
2006)
Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o
ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A
necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade
existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis
normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a
populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano
8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
35
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006
Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg
1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes
Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes
procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO
2009)
NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
Niacutevel de Pressatildeo sonora
em dB(A)
Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS
Ambiente ou atividade
0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros
aacuterea de mata selvagem
30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite
50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse
auditivo Rua agitada um restaurante barulhento
70 a 90 Estressante e bastante
excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh
conversa a gritos
90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia
Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor
110 a 130
Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez
instantacircnea
Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock
130 a 140 Acima do limiar da dor
causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia
Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias
resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a
poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir
diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho
Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores
(NAGEM 2004)
Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave
Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do
12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
36
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do
sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do
Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da
cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias
tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da
Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)
Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da
LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos
com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos
submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e
do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a
accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave
conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte
geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)
Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos
de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em
documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da
Cidade do Recife (RECIFE 2000)
Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo
Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as
posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da
poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor
o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie
de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo
exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil
militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um
importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)
Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a
poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de
13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
37
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999
pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais
(BERGLUND et al1999)
Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que
atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua
(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do
ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio
urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram
em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da
populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes
geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et
al 2002) (Figura 214)
Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o
aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais
percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al
2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)
O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a
partir do ruiacutedo veicular que proveacutem
essencialmente do sistema de propulsatildeo do
motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo
aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso
(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da
relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as
configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido
a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de
acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a
presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de
pedestres etc a intensidade do fluxo de
veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os
veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de
14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
38
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita
terra batida) etc (SINGAL 2005)
Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo
comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas
implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo
do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo
para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e
pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS
2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma
interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana
Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto
por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego
seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no
proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de
certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e
forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e
largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser
acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica
O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde
acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo
acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)
O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia
de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio
urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou
nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o
espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de
suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de
pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
39
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007
Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido
pelo receptor diminui em funccedilatildeo da
duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15
Praccedilas parques e largos com grandes
dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias
vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas
uma de suas margens ou espaccedilos livres
urbanos de grandes dimensotildees caracterizam
alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos
No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras
sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o
seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente
sendo praticamente o mesmo em vaacuterias
posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre
uma saiacuteda para campo livre caracterizando o
fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura
217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)
Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser
reverberantes quando a onda sonora tarda a
encontrar o campo livre gerando um grande
nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes
quando a onda sonora encontra o campo livre
um pouco mais rapidamente do que no
reverberante gerando um nuacutemero menor mas
ainda grande de reflexotildees
15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
40
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007
No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado
reverberante possui comumente um perfil em
ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de
canyons urbanos que podem amplificar
consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das
vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas
geradas pelas fachadas paralelas das
edificaccedilotildees que circundam estas vias
(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste
tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora
natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre
a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico
aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos
elementos que compotildeem a forma urbana e
dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que
revestem as superfiacutecies refletoras18
(NIEMEYER 2007)
Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de
traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados
tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos
de espaccedilos acuacutesticos fechados
A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda
sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem
podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo
tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo
18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
41
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007
Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992
Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se
aos percursos da onda sonora gerados no
meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005
NIEMEYER 2007) A intensidade da
permeabilidade acuacutestica - mais ou menos
permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de
certos elementos urbanos de promover ou
conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais
como o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem
como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade
e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila
ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e
221)
A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda
com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o
conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a
qualquer objeto que possa ser considerado um
obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias
entre a fonte e o receptor (Figura 222)
(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES
2000) Ao bloquear o percurso direto entre a
fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser
absorvida eou refletida pela superfiacutecie da
barreira transmitida atraveacutes da barreira ou
difratada a partir do topo da barreira
(BARRON 2003 SINGAL 2005)
A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as
ondas sonoras sejam capazes de contornar
determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de
sombra acuacutestica que possui limites espaciais
variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte
____________________________________________
ANAacuteLISE D
sonora e de sua localizaccedilatilde
receptor que por sua vez
sonora difratada pelas borda
um decaimento maior do qu
campo livre (Figura 223) (N
1968 NIEMEYER 2007 PA
O uso de barreiras acuacutestic
EUA Japatildeo Austraacutelia e
reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do
pelo traacutefego rodoviaacuterio pa
(Figuras 224 a 226) (SIN
Brasil esta praacutetica ainda eacute inc
restringindo-se a poucos exe
caso da barreira acuacutestica no
Linha Amarela na cidade do
na Rodovia Bandeirantes co
de Satildeo Paulo a Campinas
Paulo (Figura 227) (MURGE
2004)
Embora a implantaccedilatildeo de b
esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do
rodoviaacuterio outros elemen
meio urbano situados ent
receptor atuam espontan
barreiras agrave propagaccedilatildeo sono
terreno com topografia i
muros edificaccedilotildees entr
edificaccedilotildees conjugadas da R
cidade do Recife ou aind
conjugadas em alguns trec
Atlacircntica no Rio de Janei
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap
Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C
Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2
Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest
Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN
accedilatildeo em relaccedilatildeo ao
ez recebe a energia
rdas da barreira com
que se estivesse em
(NEPOMUCENO
PAZ 2004)
ticas eacute comum nos
e na Europa para
do ruiacutedo produzido
para seus arredores
INGAL 2005) No
incipiente
exemplos como eacute o
no eixo rodoviaacuterio
o Rio de Janeiro e
conectando a cidade
s no estado de Satildeo
GEL 2007 SOUSA
e barreiras acuacutesticas
do ruiacutedo de traacutefego
entos inseridos no
entre a fonte e o
taneamente como
nora tais como um
irregular taludes
ntre outros As
a Rua da Aurora na
inda as edificaccedilotildees
trechos da Avenida
neiro por exemplo
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
42
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007
rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007
da Rodovia Bandeirantes no estado 2007
da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000
barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
43
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409
Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409
aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas
espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem
conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em
ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e
229)
A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e
da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a
interaccedilatildeo entre os diversos elementos que
compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis
das vias o modo de implantaccedilatildeo das
edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as
proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo
das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de
espaccedilos livres ndash contribui determinantemente
para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano
atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do
espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave
fonte geradora de campos sonoros
reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de
aacutereas de sombra
Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado
um sistema composto essencialmente pela fonte
sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e
KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto
percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de
propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares
apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo
da onda sonora no meio urbano
19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
44
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao
ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos
reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente
todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das
edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar
dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e
insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via
Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo
facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas
reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando
sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano
desejaacutevel aos seus receptores
Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as
distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de
propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades
bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento
acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano
Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se
comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica
urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana
Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos
investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento
____________________________________________
ANAacuteLISE D
unidade espacial d
(Figura 22)
bull A dimensatildeo urbana ndash
corresponde agraves pa
identificaacuteveis como
exemplo onde a
elementos da forma
atraveacutes do movime
percursos (Figura 23
bull E por fim a dimensatildeo
da cidade diz respeito
diferentes formas
articulaccedilatildeo de bai
entre si Sua forma
distribuiccedilatildeo de eleme
das cidades em con
suporte geograacutefico d
a articulaccedilatildeo de
circulaccedilatildeo entre os
entre zonas habitacio
entre outras (Figura 2
Dentre estas dimensotildees a u
bairro desperta particular
pesquisa uma vez que o e
limites de observaccedilatildeo atraveacute
de movimentos poderaacute aba
significante de modificaccedilotildee
forma urbana de determina
compreender o comport
acuacutestica urbana
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 25 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do CONDEPE-FIDEM 1981
Figura 26 ndash Exemplos de diversiflotes quarteirotildees e vias em difereNesta imagem um recorte do baorigens da cidade entrecortadoBarreto Fonte CONDEPE-FIDE
Figura 27 ndash Exemplos de diveredifiacutecios lotes quarteirotildees e vias eRecife Nesta imagem um recessencialmente por morros o AltoFIDEM 1981
de seu conjunto
ndash a escala do bairro
partes homogecircneas
mo os bairros por
a observaccedilatildeo dos
a urbana eacute realizada
imento e de vaacuterios
23)
nsatildeo territorial ndash a escala
eito agrave articulaccedilatildeo de
as urbanas da
bairros interligados
ma eacute definida pela
mentos estruturantes
onformidade com o
o do siacutetio tais como
e ruas e vias de
s diferentes bairros
cionais e comerciais
a 24)
a urbana ndash escala do
lar interesse desta
o entendimento dos
veacutes de certo nuacutemero
barcar uma amostra
otildees cronoloacutegicas na
inado local a fim de
ortamento de sua
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
26
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife o bairro de Boa Viagem Fonte
rsificadas relaccedilotildees entre os edifiacutecios erentes bairros da cidade do Recife bairro de Satildeo Joseacute que remete agraves do pela recente Avenida Dantas DEM 1981
versificadas concretizaccedilotildees entre os em diferentes bairros da cidade do
recorte de um bairro constituiacutedo lto do Mandu Fonte CONDEPE-
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
27
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
No entanto para apreender tal dimensatildeo devem-se conhecer e estabelecer quais elementos
miacutenimos da forma urbana que se relaciona com esta a dimensatildeo urbana e quais satildeo estes
elementos LAMAS (2004) propocircs onze elementos da forma urbana necessaacuterios para esta
apreensatildeo o solo (I) o edifiacutecio (II) o lote (III) o logradouro (IV) o quarteiratildeo (V) o traccediladoa
rua(VI) a praccedila (VII) a fachada (VIII) o monumento (IX) a vegetaccedilatildeo (X) e o mobiliaacuterio
urbano (XI) Dentre estes elementos seis possuem uma estreita relaccedilatildeo com esta pesquisa e
seratildeo expostos de acordo com consideraccedilotildees observadas por LAMAS 3 (2004) (Figuras 25 a 27)
O edifiacutecio representa o elemento miacutenimo identificaacutevel na observaccedilatildeo da forma urbana eacute atraveacutes
dele que se constitui o espaccedilo urbano e se organizam diferentes elementos tais como ruas praccedilas
avenidas entre outros Os edifiacutecios agrupam-se em diferentes tipos tanto em relaccedilatildeo a suas
formas quanto a suas funccedilotildees Estes elementos podem influenciar o comportamento da acuacutestica
urbana atuando enquanto objetos reflexivos da onda sonora e como barreiras acuacutesticas4
O lote representa o princiacutepio da relaccedilatildeo do edifiacutecio com o terreno A forma do lote eacute muitas
vezes condicionante da forma do edifiacutecio tornando-os vinculados por essecircncia o logradouro diz
respeito ao espaccedilo livres e natildeo construiacutedos no interior do lote aos quintais e jardins o quarteiratildeo
ou quadra pode ser considerado como o espaccedilo resultante entre o cruzamento de trecircs ou mais
vias podendo ser demarcado em vaacuterios lotes para a construccedilatildeo de edifiacutecios Juntos estes trecircs
elementos associados aos edifiacutecios podem propiciar uma maior ou menor permeabilidade
acuacutestica eou uma maior ou menor presenccedila de aacutereas de sombra no meio urbano
O traccedilado por meio das ruas ou vias eacute facilmente identificaacutevel no meio urbano Estaacute muitas vezes
condicionado ao siacutetio geograacutefico existente regula a disposiccedilatildeo dos edifiacutecios e quarteirotildees e
interliga os vaacuterios espaccedilos componentes da cidade e a cidade ao territoacuterio Normalmente o
traccedilado resiste agraves transformaccedilotildees na forma urbana por possuir um caraacuteter de permanecircncia natildeo
totalmente modificaacutevel O traccedilado engloba trajetoacuterias e caminhos que natildeo satildeo necessariamente
percorridos atraveacutes de automoacuteveis apesar disso estaacute em grande parte vinculado a uma das
principais fontes geradoras de ruiacutedo urbano ndash o traacutefego de veiacuteculos
3 Os outros elementos tambeacutem podem relacionar-se de diferentes maneiras com a acuacutestica urbana mas nem tanto com a presente pesquisa e por isso natildeo foram considerados 4 Todas as definiccedilotildees e conceitos acuacutesticos apresentados no presente item seratildeo elucidados no item seguinte 22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
28
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) Fonte PANERAI 2006
A praccedila eacute um espaccedilo de geometria variada
intencionalmente inserido no meio urbano
cuja relaccedilatildeo com o traccedilado e os edifiacutecios
tambeacutem eacute intencional evidenciada atraveacutes do
seu desenho e natildeo acidentais como
alargamento e confluecircncias do traccedilado Aleacutem
disso a praccedila eacute um lugar de encontro de
permanecircncia e de praacuteticas sociais
Acusticamente dependendo de suas
proporccedilotildees a propagaccedilatildeo sonora que envolve
uma praccedila pode apresentar um
comportamento que se assemelha a
propagaccedilatildeo sonora em campo livre
Estes elementos constituintes da forma urbana
conceituados por LAMAS (2004) podem ser
identificados sob um diferente invoacutelucro
conceitual mas com a mesma essecircncia no que
PANERAI (2006) definiu como sendo
conjuntos do tecido urbano
Aplicado agrave cidade o termo ldquotecidordquo evoca a continuidade e a renovaccedilatildeo a permanecircncia e a variaccedilatildeo Ele explica a constituiccedilatildeo das cidades antigas e responde as questotildees levantadas pelo estudo das urbanizaccedilotildees recentes Ele pressupotildee uma atenccedilatildeo tanto ao banal quanto ao excepcional tanto agraves ruas comuns e agraves edificaccedilotildees corriqueiras quanto agraves regulamentaccedilotildees e aos monumentos Dentre as muacuteltiplas definiccedilotildees de tecido urbano e sem desprezar suas qualidades escolhemos a mais simples O tecido urbano eacute constituiacutedo pela superposiccedilatildeo ou imbricaccedilatildeo de trecircs conjuntos a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees Essa definiccedilatildeo potildee em evidecircncia os elementos que permitem que as diferentes partes da cidade evoluam ao mesmo tempo em que satildeo mantidas a coesatildeo de conjunto e a clareza de sua estrutura (PANERAI 2006 p 77-78 grifo nosso) (Figura 28)
Ao contraacuterio de LAMAS (2004) que considera a praccedila como um elemento da forma urbana por
si soacute PANERAI (2006) discute as vias ou traccedilado inseridas em uma relaccedilatildeo em rede onde
tambeacutem satildeo considerados como partes constituintes os largos passeios praccedilas esplanadas cais
pontes rios canais margens praias todos compondo o espaccedilo puacuteblico Eacute atraveacutes desta rede
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
29
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua
organizaccedilatildeo local e territorial
Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o
domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios
quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente
o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da
forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo
Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao
espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo
vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os
edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila
sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto
Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute
bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus
elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma
essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo
objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles
- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)
Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno
relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar
definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento
5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
30
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109
O adensamento ocorre a partir de dois modos
essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do
preenchimento progressivo do espaccedilo urbano
e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa
por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)
A primeira forma de adensamento ocorre sem
a expansatildeo territorial por meio do
preenchimento progressivo de todas as
reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de
determinado meio urbano Eacute um
adensamento inserido em limitesbarreiras
preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como
uma via expressa irregularidades geograacuteficas
do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual
em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas
edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)
A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do
solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de
adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem
sua expansatildeo (PANERAI 2006)
Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como
se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado
meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da
acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o
adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de
objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica
Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o
edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados
por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
31
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias
dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta
pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a
partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo
exclusivamente
1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo
de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres
2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os
lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)
3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e
principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes
geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)
Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no
decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees
cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e
relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana
22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a
forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia
multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o
som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas
do conhecimento (Figura 210)
Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano
seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes
tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental
O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por
pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu
____________________________________________
ANAacuteLISE D
complexo padratildeo de ondas s
de ruiacutedo muacutesica fala
(BERGLUND et al 1999)
Esta definiccedilatildeo do som tend
a percepccedilatildeo do ouvido
conceito psicofiacutesico Fisicame
vibraccedilatildeo mecacircnica que
progressivamente atraveacutes de
gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN
Esta vibraccedilatildeo quando tran
que o rodeia nem sempre
aparelho auditivo humano
frequumlecircncia6 audiacutevel encontra
20 a 20000 Hz para um
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984
1982) Frequumlecircncias acima de
altas para respostas fisioloacuteg
chamadas de ultrasons Jaacute as
de 20 Hz satildeo chamadas de
detectaacuteveis pelo ouvido hum
prejudiciais agrave sua sauacutede7
1982 SOUSA 2004)
Fisicamente o som e o ruiacutedo
ambos se propagam em mei
detectados pelo ouvido hu
enquanto o som eacute utilizado
6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa
Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006
as sonoras eacute rotulado
ala entre outros
ndo como referecircncia
o humano eacute um
mente o som eacute uma
que se propaga
de um meio material
(SINGAL 2005)
transmitida ao meio
re eacute detectaacutevel pelo
ano cuja faixa de
tra-se no intervalo de
um jovem saudaacutevel
4 KINSLER et al
de 20000 Hz muito
loacutegicas auditivas satildeo
as frequumlecircncias abaixo
de infrasons e natildeo satildeo
umano contudo satildeo
(KINSLER et al
iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee
eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos
humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN
do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev
iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo
as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
32
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006
ontual e fonte sonora linear Fonte
otildees de pressatildeo ambiente
bos satildeo capazes de serem
EN 1995) No entanto
daacuteveis o ruiacutedo descreve
do e eacute medida em Hertz (Hz)
amento das estruturas cardiacuteacas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
33
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)
Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e
portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece
como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro
[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)
Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo
mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees
no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse
irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos
(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM
2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)
O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais
comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual
possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as
direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)
Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de
fontes pontuais dispostas linearmente cuja
emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta
linha sendo seu decaimento em campo livre
de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)
Quando propagadas no meio urbano a
combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas
ao percurso de transmissatildeo e ao receptor
constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
34
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
chamado de ruiacutedo ambiental (environmental
noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)
(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005
SOUSA 2004)
O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do
traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de
obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos
industriais de estabelecimentos comerciais e
de serviccedilos de sistemas de propaganda
volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-
estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982
NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)
Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais
como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes
nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade
populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos
extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se
a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES
2006)
Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o
ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A
necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade
existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis
normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a
populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano
8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
35
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006
Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg
1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes
Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes
procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO
2009)
NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
Niacutevel de Pressatildeo sonora
em dB(A)
Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS
Ambiente ou atividade
0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros
aacuterea de mata selvagem
30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite
50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse
auditivo Rua agitada um restaurante barulhento
70 a 90 Estressante e bastante
excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh
conversa a gritos
90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia
Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor
110 a 130
Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez
instantacircnea
Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock
130 a 140 Acima do limiar da dor
causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia
Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias
resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a
poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir
diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho
Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores
(NAGEM 2004)
Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave
Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do
12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
36
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do
sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do
Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da
cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias
tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da
Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)
Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da
LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos
com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos
submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e
do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a
accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave
conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte
geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)
Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos
de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em
documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da
Cidade do Recife (RECIFE 2000)
Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo
Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as
posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da
poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor
o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie
de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo
exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil
militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um
importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)
Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a
poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de
13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
37
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999
pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais
(BERGLUND et al1999)
Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que
atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua
(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do
ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio
urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram
em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da
populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes
geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et
al 2002) (Figura 214)
Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o
aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais
percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al
2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)
O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a
partir do ruiacutedo veicular que proveacutem
essencialmente do sistema de propulsatildeo do
motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo
aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso
(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da
relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as
configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido
a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de
acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a
presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de
pedestres etc a intensidade do fluxo de
veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os
veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de
14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
38
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita
terra batida) etc (SINGAL 2005)
Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo
comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas
implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo
do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo
para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e
pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS
2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma
interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana
Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto
por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego
seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no
proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de
certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e
forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e
largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser
acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica
O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde
acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo
acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)
O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia
de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio
urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou
nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o
espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de
suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de
pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
39
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007
Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido
pelo receptor diminui em funccedilatildeo da
duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15
Praccedilas parques e largos com grandes
dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias
vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas
uma de suas margens ou espaccedilos livres
urbanos de grandes dimensotildees caracterizam
alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos
No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras
sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o
seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente
sendo praticamente o mesmo em vaacuterias
posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre
uma saiacuteda para campo livre caracterizando o
fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura
217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)
Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser
reverberantes quando a onda sonora tarda a
encontrar o campo livre gerando um grande
nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes
quando a onda sonora encontra o campo livre
um pouco mais rapidamente do que no
reverberante gerando um nuacutemero menor mas
ainda grande de reflexotildees
15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
40
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007
No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado
reverberante possui comumente um perfil em
ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de
canyons urbanos que podem amplificar
consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das
vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas
geradas pelas fachadas paralelas das
edificaccedilotildees que circundam estas vias
(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste
tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora
natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre
a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico
aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos
elementos que compotildeem a forma urbana e
dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que
revestem as superfiacutecies refletoras18
(NIEMEYER 2007)
Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de
traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados
tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos
de espaccedilos acuacutesticos fechados
A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda
sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem
podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo
tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo
18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
41
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007
Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992
Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se
aos percursos da onda sonora gerados no
meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005
NIEMEYER 2007) A intensidade da
permeabilidade acuacutestica - mais ou menos
permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de
certos elementos urbanos de promover ou
conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais
como o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem
como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade
e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila
ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e
221)
A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda
com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o
conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a
qualquer objeto que possa ser considerado um
obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias
entre a fonte e o receptor (Figura 222)
(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES
2000) Ao bloquear o percurso direto entre a
fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser
absorvida eou refletida pela superfiacutecie da
barreira transmitida atraveacutes da barreira ou
difratada a partir do topo da barreira
(BARRON 2003 SINGAL 2005)
A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as
ondas sonoras sejam capazes de contornar
determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de
sombra acuacutestica que possui limites espaciais
variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte
____________________________________________
ANAacuteLISE D
sonora e de sua localizaccedilatilde
receptor que por sua vez
sonora difratada pelas borda
um decaimento maior do qu
campo livre (Figura 223) (N
1968 NIEMEYER 2007 PA
O uso de barreiras acuacutestic
EUA Japatildeo Austraacutelia e
reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do
pelo traacutefego rodoviaacuterio pa
(Figuras 224 a 226) (SIN
Brasil esta praacutetica ainda eacute inc
restringindo-se a poucos exe
caso da barreira acuacutestica no
Linha Amarela na cidade do
na Rodovia Bandeirantes co
de Satildeo Paulo a Campinas
Paulo (Figura 227) (MURGE
2004)
Embora a implantaccedilatildeo de b
esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do
rodoviaacuterio outros elemen
meio urbano situados ent
receptor atuam espontan
barreiras agrave propagaccedilatildeo sono
terreno com topografia i
muros edificaccedilotildees entr
edificaccedilotildees conjugadas da R
cidade do Recife ou aind
conjugadas em alguns trec
Atlacircntica no Rio de Janei
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap
Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C
Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2
Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest
Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN
accedilatildeo em relaccedilatildeo ao
ez recebe a energia
rdas da barreira com
que se estivesse em
(NEPOMUCENO
PAZ 2004)
ticas eacute comum nos
e na Europa para
do ruiacutedo produzido
para seus arredores
INGAL 2005) No
incipiente
exemplos como eacute o
no eixo rodoviaacuterio
o Rio de Janeiro e
conectando a cidade
s no estado de Satildeo
GEL 2007 SOUSA
e barreiras acuacutesticas
do ruiacutedo de traacutefego
entos inseridos no
entre a fonte e o
taneamente como
nora tais como um
irregular taludes
ntre outros As
a Rua da Aurora na
inda as edificaccedilotildees
trechos da Avenida
neiro por exemplo
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
42
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007
rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007
da Rodovia Bandeirantes no estado 2007
da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000
barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
43
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409
Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409
aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas
espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem
conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em
ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e
229)
A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e
da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a
interaccedilatildeo entre os diversos elementos que
compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis
das vias o modo de implantaccedilatildeo das
edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as
proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo
das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de
espaccedilos livres ndash contribui determinantemente
para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano
atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do
espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave
fonte geradora de campos sonoros
reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de
aacutereas de sombra
Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado
um sistema composto essencialmente pela fonte
sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e
KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto
percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de
propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares
apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo
da onda sonora no meio urbano
19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
44
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao
ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos
reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente
todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das
edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar
dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e
insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via
Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo
facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas
reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando
sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano
desejaacutevel aos seus receptores
Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as
distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de
propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades
bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento
acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano
Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se
comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica
urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana
Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos
investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
27
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
No entanto para apreender tal dimensatildeo devem-se conhecer e estabelecer quais elementos
miacutenimos da forma urbana que se relaciona com esta a dimensatildeo urbana e quais satildeo estes
elementos LAMAS (2004) propocircs onze elementos da forma urbana necessaacuterios para esta
apreensatildeo o solo (I) o edifiacutecio (II) o lote (III) o logradouro (IV) o quarteiratildeo (V) o traccediladoa
rua(VI) a praccedila (VII) a fachada (VIII) o monumento (IX) a vegetaccedilatildeo (X) e o mobiliaacuterio
urbano (XI) Dentre estes elementos seis possuem uma estreita relaccedilatildeo com esta pesquisa e
seratildeo expostos de acordo com consideraccedilotildees observadas por LAMAS 3 (2004) (Figuras 25 a 27)
O edifiacutecio representa o elemento miacutenimo identificaacutevel na observaccedilatildeo da forma urbana eacute atraveacutes
dele que se constitui o espaccedilo urbano e se organizam diferentes elementos tais como ruas praccedilas
avenidas entre outros Os edifiacutecios agrupam-se em diferentes tipos tanto em relaccedilatildeo a suas
formas quanto a suas funccedilotildees Estes elementos podem influenciar o comportamento da acuacutestica
urbana atuando enquanto objetos reflexivos da onda sonora e como barreiras acuacutesticas4
O lote representa o princiacutepio da relaccedilatildeo do edifiacutecio com o terreno A forma do lote eacute muitas
vezes condicionante da forma do edifiacutecio tornando-os vinculados por essecircncia o logradouro diz
respeito ao espaccedilo livres e natildeo construiacutedos no interior do lote aos quintais e jardins o quarteiratildeo
ou quadra pode ser considerado como o espaccedilo resultante entre o cruzamento de trecircs ou mais
vias podendo ser demarcado em vaacuterios lotes para a construccedilatildeo de edifiacutecios Juntos estes trecircs
elementos associados aos edifiacutecios podem propiciar uma maior ou menor permeabilidade
acuacutestica eou uma maior ou menor presenccedila de aacutereas de sombra no meio urbano
O traccedilado por meio das ruas ou vias eacute facilmente identificaacutevel no meio urbano Estaacute muitas vezes
condicionado ao siacutetio geograacutefico existente regula a disposiccedilatildeo dos edifiacutecios e quarteirotildees e
interliga os vaacuterios espaccedilos componentes da cidade e a cidade ao territoacuterio Normalmente o
traccedilado resiste agraves transformaccedilotildees na forma urbana por possuir um caraacuteter de permanecircncia natildeo
totalmente modificaacutevel O traccedilado engloba trajetoacuterias e caminhos que natildeo satildeo necessariamente
percorridos atraveacutes de automoacuteveis apesar disso estaacute em grande parte vinculado a uma das
principais fontes geradoras de ruiacutedo urbano ndash o traacutefego de veiacuteculos
3 Os outros elementos tambeacutem podem relacionar-se de diferentes maneiras com a acuacutestica urbana mas nem tanto com a presente pesquisa e por isso natildeo foram considerados 4 Todas as definiccedilotildees e conceitos acuacutesticos apresentados no presente item seratildeo elucidados no item seguinte 22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
28
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) Fonte PANERAI 2006
A praccedila eacute um espaccedilo de geometria variada
intencionalmente inserido no meio urbano
cuja relaccedilatildeo com o traccedilado e os edifiacutecios
tambeacutem eacute intencional evidenciada atraveacutes do
seu desenho e natildeo acidentais como
alargamento e confluecircncias do traccedilado Aleacutem
disso a praccedila eacute um lugar de encontro de
permanecircncia e de praacuteticas sociais
Acusticamente dependendo de suas
proporccedilotildees a propagaccedilatildeo sonora que envolve
uma praccedila pode apresentar um
comportamento que se assemelha a
propagaccedilatildeo sonora em campo livre
Estes elementos constituintes da forma urbana
conceituados por LAMAS (2004) podem ser
identificados sob um diferente invoacutelucro
conceitual mas com a mesma essecircncia no que
PANERAI (2006) definiu como sendo
conjuntos do tecido urbano
Aplicado agrave cidade o termo ldquotecidordquo evoca a continuidade e a renovaccedilatildeo a permanecircncia e a variaccedilatildeo Ele explica a constituiccedilatildeo das cidades antigas e responde as questotildees levantadas pelo estudo das urbanizaccedilotildees recentes Ele pressupotildee uma atenccedilatildeo tanto ao banal quanto ao excepcional tanto agraves ruas comuns e agraves edificaccedilotildees corriqueiras quanto agraves regulamentaccedilotildees e aos monumentos Dentre as muacuteltiplas definiccedilotildees de tecido urbano e sem desprezar suas qualidades escolhemos a mais simples O tecido urbano eacute constituiacutedo pela superposiccedilatildeo ou imbricaccedilatildeo de trecircs conjuntos a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees Essa definiccedilatildeo potildee em evidecircncia os elementos que permitem que as diferentes partes da cidade evoluam ao mesmo tempo em que satildeo mantidas a coesatildeo de conjunto e a clareza de sua estrutura (PANERAI 2006 p 77-78 grifo nosso) (Figura 28)
Ao contraacuterio de LAMAS (2004) que considera a praccedila como um elemento da forma urbana por
si soacute PANERAI (2006) discute as vias ou traccedilado inseridas em uma relaccedilatildeo em rede onde
tambeacutem satildeo considerados como partes constituintes os largos passeios praccedilas esplanadas cais
pontes rios canais margens praias todos compondo o espaccedilo puacuteblico Eacute atraveacutes desta rede
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
29
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua
organizaccedilatildeo local e territorial
Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o
domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios
quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente
o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da
forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo
Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao
espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo
vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os
edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila
sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto
Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute
bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus
elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma
essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo
objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles
- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)
Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno
relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar
definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento
5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
30
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109
O adensamento ocorre a partir de dois modos
essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do
preenchimento progressivo do espaccedilo urbano
e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa
por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)
A primeira forma de adensamento ocorre sem
a expansatildeo territorial por meio do
preenchimento progressivo de todas as
reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de
determinado meio urbano Eacute um
adensamento inserido em limitesbarreiras
preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como
uma via expressa irregularidades geograacuteficas
do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual
em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas
edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)
A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do
solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de
adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem
sua expansatildeo (PANERAI 2006)
Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como
se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado
meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da
acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o
adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de
objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica
Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o
edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados
por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
31
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias
dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta
pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a
partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo
exclusivamente
1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo
de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres
2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os
lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)
3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e
principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes
geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)
Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no
decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees
cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e
relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana
22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a
forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia
multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o
som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas
do conhecimento (Figura 210)
Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano
seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes
tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental
O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por
pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu
____________________________________________
ANAacuteLISE D
complexo padratildeo de ondas s
de ruiacutedo muacutesica fala
(BERGLUND et al 1999)
Esta definiccedilatildeo do som tend
a percepccedilatildeo do ouvido
conceito psicofiacutesico Fisicame
vibraccedilatildeo mecacircnica que
progressivamente atraveacutes de
gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN
Esta vibraccedilatildeo quando tran
que o rodeia nem sempre
aparelho auditivo humano
frequumlecircncia6 audiacutevel encontra
20 a 20000 Hz para um
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984
1982) Frequumlecircncias acima de
altas para respostas fisioloacuteg
chamadas de ultrasons Jaacute as
de 20 Hz satildeo chamadas de
detectaacuteveis pelo ouvido hum
prejudiciais agrave sua sauacutede7
1982 SOUSA 2004)
Fisicamente o som e o ruiacutedo
ambos se propagam em mei
detectados pelo ouvido hu
enquanto o som eacute utilizado
6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa
Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006
as sonoras eacute rotulado
ala entre outros
ndo como referecircncia
o humano eacute um
mente o som eacute uma
que se propaga
de um meio material
(SINGAL 2005)
transmitida ao meio
re eacute detectaacutevel pelo
ano cuja faixa de
tra-se no intervalo de
um jovem saudaacutevel
4 KINSLER et al
de 20000 Hz muito
loacutegicas auditivas satildeo
as frequumlecircncias abaixo
de infrasons e natildeo satildeo
umano contudo satildeo
(KINSLER et al
iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee
eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos
humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN
do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev
iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo
as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
32
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006
ontual e fonte sonora linear Fonte
otildees de pressatildeo ambiente
bos satildeo capazes de serem
EN 1995) No entanto
daacuteveis o ruiacutedo descreve
do e eacute medida em Hertz (Hz)
amento das estruturas cardiacuteacas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
33
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)
Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e
portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece
como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro
[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)
Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo
mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees
no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse
irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos
(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM
2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)
O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais
comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual
possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as
direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)
Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de
fontes pontuais dispostas linearmente cuja
emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta
linha sendo seu decaimento em campo livre
de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)
Quando propagadas no meio urbano a
combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas
ao percurso de transmissatildeo e ao receptor
constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
34
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
chamado de ruiacutedo ambiental (environmental
noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)
(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005
SOUSA 2004)
O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do
traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de
obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos
industriais de estabelecimentos comerciais e
de serviccedilos de sistemas de propaganda
volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-
estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982
NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)
Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais
como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes
nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade
populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos
extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se
a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES
2006)
Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o
ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A
necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade
existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis
normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a
populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano
8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
35
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006
Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg
1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes
Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes
procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO
2009)
NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
Niacutevel de Pressatildeo sonora
em dB(A)
Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS
Ambiente ou atividade
0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros
aacuterea de mata selvagem
30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite
50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse
auditivo Rua agitada um restaurante barulhento
70 a 90 Estressante e bastante
excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh
conversa a gritos
90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia
Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor
110 a 130
Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez
instantacircnea
Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock
130 a 140 Acima do limiar da dor
causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia
Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias
resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a
poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir
diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho
Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores
(NAGEM 2004)
Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave
Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do
12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
36
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do
sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do
Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da
cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias
tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da
Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)
Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da
LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos
com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos
submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e
do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a
accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave
conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte
geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)
Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos
de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em
documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da
Cidade do Recife (RECIFE 2000)
Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo
Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as
posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da
poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor
o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie
de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo
exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil
militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um
importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)
Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a
poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de
13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
37
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999
pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais
(BERGLUND et al1999)
Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que
atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua
(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do
ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio
urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram
em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da
populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes
geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et
al 2002) (Figura 214)
Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o
aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais
percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al
2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)
O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a
partir do ruiacutedo veicular que proveacutem
essencialmente do sistema de propulsatildeo do
motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo
aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso
(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da
relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as
configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido
a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de
acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a
presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de
pedestres etc a intensidade do fluxo de
veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os
veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de
14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
38
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita
terra batida) etc (SINGAL 2005)
Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo
comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas
implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo
do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo
para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e
pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS
2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma
interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana
Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto
por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego
seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no
proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de
certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e
forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e
largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser
acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica
O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde
acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo
acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)
O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia
de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio
urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou
nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o
espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de
suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de
pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
39
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007
Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido
pelo receptor diminui em funccedilatildeo da
duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15
Praccedilas parques e largos com grandes
dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias
vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas
uma de suas margens ou espaccedilos livres
urbanos de grandes dimensotildees caracterizam
alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos
No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras
sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o
seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente
sendo praticamente o mesmo em vaacuterias
posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre
uma saiacuteda para campo livre caracterizando o
fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura
217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)
Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser
reverberantes quando a onda sonora tarda a
encontrar o campo livre gerando um grande
nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes
quando a onda sonora encontra o campo livre
um pouco mais rapidamente do que no
reverberante gerando um nuacutemero menor mas
ainda grande de reflexotildees
15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
40
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007
No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado
reverberante possui comumente um perfil em
ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de
canyons urbanos que podem amplificar
consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das
vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas
geradas pelas fachadas paralelas das
edificaccedilotildees que circundam estas vias
(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste
tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora
natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre
a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico
aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos
elementos que compotildeem a forma urbana e
dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que
revestem as superfiacutecies refletoras18
(NIEMEYER 2007)
Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de
traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados
tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos
de espaccedilos acuacutesticos fechados
A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda
sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem
podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo
tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo
18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
41
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007
Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992
Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se
aos percursos da onda sonora gerados no
meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005
NIEMEYER 2007) A intensidade da
permeabilidade acuacutestica - mais ou menos
permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de
certos elementos urbanos de promover ou
conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais
como o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem
como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade
e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila
ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e
221)
A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda
com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o
conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a
qualquer objeto que possa ser considerado um
obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias
entre a fonte e o receptor (Figura 222)
(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES
2000) Ao bloquear o percurso direto entre a
fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser
absorvida eou refletida pela superfiacutecie da
barreira transmitida atraveacutes da barreira ou
difratada a partir do topo da barreira
(BARRON 2003 SINGAL 2005)
A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as
ondas sonoras sejam capazes de contornar
determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de
sombra acuacutestica que possui limites espaciais
variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte
____________________________________________
ANAacuteLISE D
sonora e de sua localizaccedilatilde
receptor que por sua vez
sonora difratada pelas borda
um decaimento maior do qu
campo livre (Figura 223) (N
1968 NIEMEYER 2007 PA
O uso de barreiras acuacutestic
EUA Japatildeo Austraacutelia e
reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do
pelo traacutefego rodoviaacuterio pa
(Figuras 224 a 226) (SIN
Brasil esta praacutetica ainda eacute inc
restringindo-se a poucos exe
caso da barreira acuacutestica no
Linha Amarela na cidade do
na Rodovia Bandeirantes co
de Satildeo Paulo a Campinas
Paulo (Figura 227) (MURGE
2004)
Embora a implantaccedilatildeo de b
esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do
rodoviaacuterio outros elemen
meio urbano situados ent
receptor atuam espontan
barreiras agrave propagaccedilatildeo sono
terreno com topografia i
muros edificaccedilotildees entr
edificaccedilotildees conjugadas da R
cidade do Recife ou aind
conjugadas em alguns trec
Atlacircntica no Rio de Janei
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap
Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C
Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2
Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest
Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN
accedilatildeo em relaccedilatildeo ao
ez recebe a energia
rdas da barreira com
que se estivesse em
(NEPOMUCENO
PAZ 2004)
ticas eacute comum nos
e na Europa para
do ruiacutedo produzido
para seus arredores
INGAL 2005) No
incipiente
exemplos como eacute o
no eixo rodoviaacuterio
o Rio de Janeiro e
conectando a cidade
s no estado de Satildeo
GEL 2007 SOUSA
e barreiras acuacutesticas
do ruiacutedo de traacutefego
entos inseridos no
entre a fonte e o
taneamente como
nora tais como um
irregular taludes
ntre outros As
a Rua da Aurora na
inda as edificaccedilotildees
trechos da Avenida
neiro por exemplo
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
42
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007
rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007
da Rodovia Bandeirantes no estado 2007
da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000
barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
43
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409
Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409
aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas
espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem
conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em
ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e
229)
A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e
da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a
interaccedilatildeo entre os diversos elementos que
compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis
das vias o modo de implantaccedilatildeo das
edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as
proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo
das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de
espaccedilos livres ndash contribui determinantemente
para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano
atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do
espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave
fonte geradora de campos sonoros
reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de
aacutereas de sombra
Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado
um sistema composto essencialmente pela fonte
sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e
KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto
percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de
propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares
apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo
da onda sonora no meio urbano
19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
44
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao
ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos
reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente
todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das
edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar
dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e
insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via
Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo
facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas
reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando
sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano
desejaacutevel aos seus receptores
Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as
distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de
propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades
bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento
acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano
Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se
comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica
urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana
Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos
investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
28
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 28 ndash Os trecircs conjuntos formadores do tecido urbano segundo Panerai (2006) Fonte PANERAI 2006
A praccedila eacute um espaccedilo de geometria variada
intencionalmente inserido no meio urbano
cuja relaccedilatildeo com o traccedilado e os edifiacutecios
tambeacutem eacute intencional evidenciada atraveacutes do
seu desenho e natildeo acidentais como
alargamento e confluecircncias do traccedilado Aleacutem
disso a praccedila eacute um lugar de encontro de
permanecircncia e de praacuteticas sociais
Acusticamente dependendo de suas
proporccedilotildees a propagaccedilatildeo sonora que envolve
uma praccedila pode apresentar um
comportamento que se assemelha a
propagaccedilatildeo sonora em campo livre
Estes elementos constituintes da forma urbana
conceituados por LAMAS (2004) podem ser
identificados sob um diferente invoacutelucro
conceitual mas com a mesma essecircncia no que
PANERAI (2006) definiu como sendo
conjuntos do tecido urbano
Aplicado agrave cidade o termo ldquotecidordquo evoca a continuidade e a renovaccedilatildeo a permanecircncia e a variaccedilatildeo Ele explica a constituiccedilatildeo das cidades antigas e responde as questotildees levantadas pelo estudo das urbanizaccedilotildees recentes Ele pressupotildee uma atenccedilatildeo tanto ao banal quanto ao excepcional tanto agraves ruas comuns e agraves edificaccedilotildees corriqueiras quanto agraves regulamentaccedilotildees e aos monumentos Dentre as muacuteltiplas definiccedilotildees de tecido urbano e sem desprezar suas qualidades escolhemos a mais simples O tecido urbano eacute constituiacutedo pela superposiccedilatildeo ou imbricaccedilatildeo de trecircs conjuntos a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees Essa definiccedilatildeo potildee em evidecircncia os elementos que permitem que as diferentes partes da cidade evoluam ao mesmo tempo em que satildeo mantidas a coesatildeo de conjunto e a clareza de sua estrutura (PANERAI 2006 p 77-78 grifo nosso) (Figura 28)
Ao contraacuterio de LAMAS (2004) que considera a praccedila como um elemento da forma urbana por
si soacute PANERAI (2006) discute as vias ou traccedilado inseridas em uma relaccedilatildeo em rede onde
tambeacutem satildeo considerados como partes constituintes os largos passeios praccedilas esplanadas cais
pontes rios canais margens praias todos compondo o espaccedilo puacuteblico Eacute atraveacutes desta rede
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
29
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua
organizaccedilatildeo local e territorial
Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o
domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios
quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente
o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da
forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo
Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao
espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo
vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os
edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila
sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto
Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute
bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus
elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma
essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo
objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles
- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)
Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno
relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar
definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento
5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
30
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109
O adensamento ocorre a partir de dois modos
essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do
preenchimento progressivo do espaccedilo urbano
e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa
por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)
A primeira forma de adensamento ocorre sem
a expansatildeo territorial por meio do
preenchimento progressivo de todas as
reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de
determinado meio urbano Eacute um
adensamento inserido em limitesbarreiras
preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como
uma via expressa irregularidades geograacuteficas
do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual
em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas
edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)
A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do
solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de
adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem
sua expansatildeo (PANERAI 2006)
Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como
se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado
meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da
acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o
adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de
objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica
Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o
edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados
por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
31
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias
dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta
pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a
partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo
exclusivamente
1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo
de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres
2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os
lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)
3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e
principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes
geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)
Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no
decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees
cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e
relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana
22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a
forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia
multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o
som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas
do conhecimento (Figura 210)
Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano
seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes
tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental
O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por
pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu
____________________________________________
ANAacuteLISE D
complexo padratildeo de ondas s
de ruiacutedo muacutesica fala
(BERGLUND et al 1999)
Esta definiccedilatildeo do som tend
a percepccedilatildeo do ouvido
conceito psicofiacutesico Fisicame
vibraccedilatildeo mecacircnica que
progressivamente atraveacutes de
gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN
Esta vibraccedilatildeo quando tran
que o rodeia nem sempre
aparelho auditivo humano
frequumlecircncia6 audiacutevel encontra
20 a 20000 Hz para um
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984
1982) Frequumlecircncias acima de
altas para respostas fisioloacuteg
chamadas de ultrasons Jaacute as
de 20 Hz satildeo chamadas de
detectaacuteveis pelo ouvido hum
prejudiciais agrave sua sauacutede7
1982 SOUSA 2004)
Fisicamente o som e o ruiacutedo
ambos se propagam em mei
detectados pelo ouvido hu
enquanto o som eacute utilizado
6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa
Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006
as sonoras eacute rotulado
ala entre outros
ndo como referecircncia
o humano eacute um
mente o som eacute uma
que se propaga
de um meio material
(SINGAL 2005)
transmitida ao meio
re eacute detectaacutevel pelo
ano cuja faixa de
tra-se no intervalo de
um jovem saudaacutevel
4 KINSLER et al
de 20000 Hz muito
loacutegicas auditivas satildeo
as frequumlecircncias abaixo
de infrasons e natildeo satildeo
umano contudo satildeo
(KINSLER et al
iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee
eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos
humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN
do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev
iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo
as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
32
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006
ontual e fonte sonora linear Fonte
otildees de pressatildeo ambiente
bos satildeo capazes de serem
EN 1995) No entanto
daacuteveis o ruiacutedo descreve
do e eacute medida em Hertz (Hz)
amento das estruturas cardiacuteacas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
33
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)
Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e
portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece
como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro
[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)
Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo
mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees
no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse
irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos
(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM
2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)
O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais
comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual
possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as
direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)
Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de
fontes pontuais dispostas linearmente cuja
emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta
linha sendo seu decaimento em campo livre
de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)
Quando propagadas no meio urbano a
combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas
ao percurso de transmissatildeo e ao receptor
constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
34
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
chamado de ruiacutedo ambiental (environmental
noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)
(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005
SOUSA 2004)
O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do
traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de
obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos
industriais de estabelecimentos comerciais e
de serviccedilos de sistemas de propaganda
volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-
estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982
NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)
Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais
como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes
nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade
populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos
extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se
a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES
2006)
Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o
ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A
necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade
existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis
normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a
populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano
8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
35
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006
Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg
1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes
Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes
procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO
2009)
NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
Niacutevel de Pressatildeo sonora
em dB(A)
Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS
Ambiente ou atividade
0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros
aacuterea de mata selvagem
30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite
50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse
auditivo Rua agitada um restaurante barulhento
70 a 90 Estressante e bastante
excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh
conversa a gritos
90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia
Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor
110 a 130
Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez
instantacircnea
Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock
130 a 140 Acima do limiar da dor
causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia
Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias
resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a
poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir
diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho
Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores
(NAGEM 2004)
Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave
Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do
12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
36
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do
sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do
Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da
cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias
tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da
Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)
Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da
LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos
com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos
submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e
do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a
accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave
conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte
geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)
Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos
de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em
documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da
Cidade do Recife (RECIFE 2000)
Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo
Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as
posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da
poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor
o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie
de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo
exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil
militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um
importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)
Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a
poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de
13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
37
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999
pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais
(BERGLUND et al1999)
Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que
atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua
(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do
ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio
urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram
em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da
populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes
geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et
al 2002) (Figura 214)
Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o
aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais
percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al
2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)
O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a
partir do ruiacutedo veicular que proveacutem
essencialmente do sistema de propulsatildeo do
motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo
aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso
(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da
relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as
configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido
a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de
acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a
presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de
pedestres etc a intensidade do fluxo de
veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os
veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de
14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
38
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita
terra batida) etc (SINGAL 2005)
Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo
comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas
implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo
do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo
para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e
pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS
2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma
interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana
Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto
por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego
seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no
proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de
certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e
forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e
largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser
acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica
O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde
acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo
acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)
O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia
de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio
urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou
nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o
espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de
suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de
pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
39
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007
Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido
pelo receptor diminui em funccedilatildeo da
duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15
Praccedilas parques e largos com grandes
dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias
vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas
uma de suas margens ou espaccedilos livres
urbanos de grandes dimensotildees caracterizam
alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos
No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras
sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o
seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente
sendo praticamente o mesmo em vaacuterias
posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre
uma saiacuteda para campo livre caracterizando o
fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura
217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)
Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser
reverberantes quando a onda sonora tarda a
encontrar o campo livre gerando um grande
nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes
quando a onda sonora encontra o campo livre
um pouco mais rapidamente do que no
reverberante gerando um nuacutemero menor mas
ainda grande de reflexotildees
15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
40
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007
No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado
reverberante possui comumente um perfil em
ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de
canyons urbanos que podem amplificar
consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das
vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas
geradas pelas fachadas paralelas das
edificaccedilotildees que circundam estas vias
(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste
tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora
natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre
a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico
aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos
elementos que compotildeem a forma urbana e
dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que
revestem as superfiacutecies refletoras18
(NIEMEYER 2007)
Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de
traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados
tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos
de espaccedilos acuacutesticos fechados
A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda
sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem
podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo
tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo
18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
41
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007
Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992
Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se
aos percursos da onda sonora gerados no
meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005
NIEMEYER 2007) A intensidade da
permeabilidade acuacutestica - mais ou menos
permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de
certos elementos urbanos de promover ou
conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais
como o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem
como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade
e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila
ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e
221)
A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda
com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o
conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a
qualquer objeto que possa ser considerado um
obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias
entre a fonte e o receptor (Figura 222)
(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES
2000) Ao bloquear o percurso direto entre a
fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser
absorvida eou refletida pela superfiacutecie da
barreira transmitida atraveacutes da barreira ou
difratada a partir do topo da barreira
(BARRON 2003 SINGAL 2005)
A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as
ondas sonoras sejam capazes de contornar
determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de
sombra acuacutestica que possui limites espaciais
variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte
____________________________________________
ANAacuteLISE D
sonora e de sua localizaccedilatilde
receptor que por sua vez
sonora difratada pelas borda
um decaimento maior do qu
campo livre (Figura 223) (N
1968 NIEMEYER 2007 PA
O uso de barreiras acuacutestic
EUA Japatildeo Austraacutelia e
reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do
pelo traacutefego rodoviaacuterio pa
(Figuras 224 a 226) (SIN
Brasil esta praacutetica ainda eacute inc
restringindo-se a poucos exe
caso da barreira acuacutestica no
Linha Amarela na cidade do
na Rodovia Bandeirantes co
de Satildeo Paulo a Campinas
Paulo (Figura 227) (MURGE
2004)
Embora a implantaccedilatildeo de b
esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do
rodoviaacuterio outros elemen
meio urbano situados ent
receptor atuam espontan
barreiras agrave propagaccedilatildeo sono
terreno com topografia i
muros edificaccedilotildees entr
edificaccedilotildees conjugadas da R
cidade do Recife ou aind
conjugadas em alguns trec
Atlacircntica no Rio de Janei
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap
Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C
Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2
Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest
Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN
accedilatildeo em relaccedilatildeo ao
ez recebe a energia
rdas da barreira com
que se estivesse em
(NEPOMUCENO
PAZ 2004)
ticas eacute comum nos
e na Europa para
do ruiacutedo produzido
para seus arredores
INGAL 2005) No
incipiente
exemplos como eacute o
no eixo rodoviaacuterio
o Rio de Janeiro e
conectando a cidade
s no estado de Satildeo
GEL 2007 SOUSA
e barreiras acuacutesticas
do ruiacutedo de traacutefego
entos inseridos no
entre a fonte e o
taneamente como
nora tais como um
irregular taludes
ntre outros As
a Rua da Aurora na
inda as edificaccedilotildees
trechos da Avenida
neiro por exemplo
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
42
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007
rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007
da Rodovia Bandeirantes no estado 2007
da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000
barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
43
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409
Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409
aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas
espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem
conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em
ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e
229)
A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e
da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a
interaccedilatildeo entre os diversos elementos que
compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis
das vias o modo de implantaccedilatildeo das
edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as
proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo
das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de
espaccedilos livres ndash contribui determinantemente
para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano
atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do
espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave
fonte geradora de campos sonoros
reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de
aacutereas de sombra
Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado
um sistema composto essencialmente pela fonte
sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e
KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto
percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de
propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares
apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo
da onda sonora no meio urbano
19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
44
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao
ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos
reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente
todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das
edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar
dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e
insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via
Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo
facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas
reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando
sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano
desejaacutevel aos seus receptores
Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as
distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de
propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades
bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento
acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano
Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se
comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica
urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana
Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos
investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
29
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
contiacutenua e hierarquizada que acontecem as distribuiccedilotildees e circulaccedilotildees da cidade bem como sua
organizaccedilatildeo local e territorial
Jaacute os parcelamentos fundiaacuterios constituem a representaccedilatildeo negativa5 da rede de vias que evidencia o
domiacutenio construiacutedo Este domiacutenio natildeo se limita aos edifiacutecios mas tambeacutem envolve paacutetios
quintais terrenos baldios (PANERAI 2006) Embora PANERAI(2006) considere separadamente
o exame das edificaccedilotildees sugere-se que este domiacutenio construiacutedo envolve quatro dos elementos da
forma urbana elencados por LAMAS (2004) o edifiacutecio o lote o logradouro e o quarteiratildeo
Para PANERAI (2006) as edificaccedilotildees ou edifiacutecios satildeo consideradas construccedilotildees subordinadas ao
espaccedilo puacuteblico ou seja a rede de vias sendo por ele estruturada e que acrescentam a dimensatildeo
vertical ao tecido urbano Tal subordinaccedilatildeo permite que haja uma dependecircncia reciacuteproca entre os
edifiacutecios ainda que eles pertenccedilam a eacutepocas diferentes fazendo com que sua renovaccedilatildeo aconteccedila
sem que haja grandes perdas na unidade do conjunto
Ao estruturar sua concepccedilatildeo dos elementos componentes da forma urbana DEL RIO (1990) eacute
bem mais sinteacutetico e objetivo mas assim como LAMAS (2000) e PANERAI (2006) seus
elementos possuem similaridades e ateacute repeticcedilotildees que praticamente reproduzem a mesma
essecircncia conceitual dos outros dois autores Estes elementos por serem estruturados tatildeo
objetivamente seratildeo apresentados em citaccedilatildeo direta satildeo eles
- crescimento os modos as intensidades e direccedilotildees elementos geradores e reguladores limites e superaccedilatildeo de limites modificaccedilatildeo de estruturas pontos de cristalizaccedilatildeo etc - traccedilado e parcelamento ordenadores do espaccedilo estrutura fundiaacuteria relaccedilotildees distacircncias circulaccedilatildeo e acessibilidade etc - tipologias dos elementos urbanos inventaacuterio e categorizaccedilatildeo de tipologias ediliacutecias (residecircncias comercio etc) de lotes e sua ocupaccedilatildeo de quarteirotildees e sua ocupaccedilatildeo de praccedilas esquinas etc - articulaccedilotildees relaccedilotildees entre elementos hierarquias domiacutenios do publico e privado densidades relaccedilotildees entre cheios e vazios etc (DEL RIO 1990 p 83 grifos do autor)
Dentre todos os elementos expostos a partir dos trecircs autores existe um importante fenocircmeno
relacionando-os em distintas intensidades e que merece ser considerado por influenciar
definitivamente na modificaccedilatildeo da forma urbana ndash o adensamento
5 No sentido de uma fotografia onde os claros e os escuros satildeo representados no negativo de modo contraacuterio ao do objeto fotografado
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
30
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109
O adensamento ocorre a partir de dois modos
essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do
preenchimento progressivo do espaccedilo urbano
e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa
por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)
A primeira forma de adensamento ocorre sem
a expansatildeo territorial por meio do
preenchimento progressivo de todas as
reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de
determinado meio urbano Eacute um
adensamento inserido em limitesbarreiras
preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como
uma via expressa irregularidades geograacuteficas
do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual
em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas
edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)
A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do
solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de
adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem
sua expansatildeo (PANERAI 2006)
Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como
se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado
meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da
acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o
adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de
objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica
Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o
edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados
por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
31
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias
dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta
pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a
partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo
exclusivamente
1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo
de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres
2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os
lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)
3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e
principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes
geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)
Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no
decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees
cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e
relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana
22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a
forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia
multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o
som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas
do conhecimento (Figura 210)
Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano
seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes
tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental
O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por
pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu
____________________________________________
ANAacuteLISE D
complexo padratildeo de ondas s
de ruiacutedo muacutesica fala
(BERGLUND et al 1999)
Esta definiccedilatildeo do som tend
a percepccedilatildeo do ouvido
conceito psicofiacutesico Fisicame
vibraccedilatildeo mecacircnica que
progressivamente atraveacutes de
gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN
Esta vibraccedilatildeo quando tran
que o rodeia nem sempre
aparelho auditivo humano
frequumlecircncia6 audiacutevel encontra
20 a 20000 Hz para um
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984
1982) Frequumlecircncias acima de
altas para respostas fisioloacuteg
chamadas de ultrasons Jaacute as
de 20 Hz satildeo chamadas de
detectaacuteveis pelo ouvido hum
prejudiciais agrave sua sauacutede7
1982 SOUSA 2004)
Fisicamente o som e o ruiacutedo
ambos se propagam em mei
detectados pelo ouvido hu
enquanto o som eacute utilizado
6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa
Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006
as sonoras eacute rotulado
ala entre outros
ndo como referecircncia
o humano eacute um
mente o som eacute uma
que se propaga
de um meio material
(SINGAL 2005)
transmitida ao meio
re eacute detectaacutevel pelo
ano cuja faixa de
tra-se no intervalo de
um jovem saudaacutevel
4 KINSLER et al
de 20000 Hz muito
loacutegicas auditivas satildeo
as frequumlecircncias abaixo
de infrasons e natildeo satildeo
umano contudo satildeo
(KINSLER et al
iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee
eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos
humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN
do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev
iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo
as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
32
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006
ontual e fonte sonora linear Fonte
otildees de pressatildeo ambiente
bos satildeo capazes de serem
EN 1995) No entanto
daacuteveis o ruiacutedo descreve
do e eacute medida em Hertz (Hz)
amento das estruturas cardiacuteacas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
33
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)
Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e
portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece
como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro
[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)
Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo
mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees
no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse
irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos
(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM
2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)
O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais
comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual
possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as
direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)
Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de
fontes pontuais dispostas linearmente cuja
emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta
linha sendo seu decaimento em campo livre
de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)
Quando propagadas no meio urbano a
combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas
ao percurso de transmissatildeo e ao receptor
constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
34
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
chamado de ruiacutedo ambiental (environmental
noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)
(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005
SOUSA 2004)
O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do
traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de
obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos
industriais de estabelecimentos comerciais e
de serviccedilos de sistemas de propaganda
volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-
estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982
NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)
Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais
como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes
nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade
populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos
extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se
a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES
2006)
Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o
ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A
necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade
existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis
normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a
populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano
8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
35
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006
Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg
1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes
Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes
procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO
2009)
NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
Niacutevel de Pressatildeo sonora
em dB(A)
Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS
Ambiente ou atividade
0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros
aacuterea de mata selvagem
30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite
50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse
auditivo Rua agitada um restaurante barulhento
70 a 90 Estressante e bastante
excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh
conversa a gritos
90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia
Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor
110 a 130
Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez
instantacircnea
Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock
130 a 140 Acima do limiar da dor
causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia
Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias
resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a
poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir
diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho
Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores
(NAGEM 2004)
Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave
Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do
12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
36
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do
sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do
Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da
cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias
tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da
Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)
Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da
LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos
com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos
submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e
do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a
accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave
conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte
geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)
Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos
de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em
documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da
Cidade do Recife (RECIFE 2000)
Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo
Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as
posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da
poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor
o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie
de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo
exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil
militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um
importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)
Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a
poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de
13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
37
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999
pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais
(BERGLUND et al1999)
Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que
atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua
(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do
ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio
urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram
em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da
populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes
geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et
al 2002) (Figura 214)
Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o
aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais
percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al
2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)
O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a
partir do ruiacutedo veicular que proveacutem
essencialmente do sistema de propulsatildeo do
motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo
aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso
(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da
relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as
configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido
a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de
acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a
presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de
pedestres etc a intensidade do fluxo de
veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os
veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de
14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
38
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita
terra batida) etc (SINGAL 2005)
Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo
comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas
implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo
do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo
para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e
pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS
2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma
interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana
Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto
por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego
seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no
proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de
certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e
forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e
largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser
acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica
O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde
acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo
acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)
O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia
de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio
urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou
nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o
espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de
suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de
pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
39
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007
Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido
pelo receptor diminui em funccedilatildeo da
duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15
Praccedilas parques e largos com grandes
dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias
vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas
uma de suas margens ou espaccedilos livres
urbanos de grandes dimensotildees caracterizam
alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos
No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras
sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o
seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente
sendo praticamente o mesmo em vaacuterias
posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre
uma saiacuteda para campo livre caracterizando o
fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura
217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)
Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser
reverberantes quando a onda sonora tarda a
encontrar o campo livre gerando um grande
nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes
quando a onda sonora encontra o campo livre
um pouco mais rapidamente do que no
reverberante gerando um nuacutemero menor mas
ainda grande de reflexotildees
15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
40
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007
No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado
reverberante possui comumente um perfil em
ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de
canyons urbanos que podem amplificar
consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das
vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas
geradas pelas fachadas paralelas das
edificaccedilotildees que circundam estas vias
(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste
tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora
natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre
a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico
aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos
elementos que compotildeem a forma urbana e
dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que
revestem as superfiacutecies refletoras18
(NIEMEYER 2007)
Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de
traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados
tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos
de espaccedilos acuacutesticos fechados
A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda
sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem
podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo
tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo
18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
41
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007
Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992
Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se
aos percursos da onda sonora gerados no
meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005
NIEMEYER 2007) A intensidade da
permeabilidade acuacutestica - mais ou menos
permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de
certos elementos urbanos de promover ou
conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais
como o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem
como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade
e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila
ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e
221)
A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda
com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o
conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a
qualquer objeto que possa ser considerado um
obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias
entre a fonte e o receptor (Figura 222)
(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES
2000) Ao bloquear o percurso direto entre a
fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser
absorvida eou refletida pela superfiacutecie da
barreira transmitida atraveacutes da barreira ou
difratada a partir do topo da barreira
(BARRON 2003 SINGAL 2005)
A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as
ondas sonoras sejam capazes de contornar
determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de
sombra acuacutestica que possui limites espaciais
variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte
____________________________________________
ANAacuteLISE D
sonora e de sua localizaccedilatilde
receptor que por sua vez
sonora difratada pelas borda
um decaimento maior do qu
campo livre (Figura 223) (N
1968 NIEMEYER 2007 PA
O uso de barreiras acuacutestic
EUA Japatildeo Austraacutelia e
reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do
pelo traacutefego rodoviaacuterio pa
(Figuras 224 a 226) (SIN
Brasil esta praacutetica ainda eacute inc
restringindo-se a poucos exe
caso da barreira acuacutestica no
Linha Amarela na cidade do
na Rodovia Bandeirantes co
de Satildeo Paulo a Campinas
Paulo (Figura 227) (MURGE
2004)
Embora a implantaccedilatildeo de b
esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do
rodoviaacuterio outros elemen
meio urbano situados ent
receptor atuam espontan
barreiras agrave propagaccedilatildeo sono
terreno com topografia i
muros edificaccedilotildees entr
edificaccedilotildees conjugadas da R
cidade do Recife ou aind
conjugadas em alguns trec
Atlacircntica no Rio de Janei
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap
Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C
Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2
Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest
Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN
accedilatildeo em relaccedilatildeo ao
ez recebe a energia
rdas da barreira com
que se estivesse em
(NEPOMUCENO
PAZ 2004)
ticas eacute comum nos
e na Europa para
do ruiacutedo produzido
para seus arredores
INGAL 2005) No
incipiente
exemplos como eacute o
no eixo rodoviaacuterio
o Rio de Janeiro e
conectando a cidade
s no estado de Satildeo
GEL 2007 SOUSA
e barreiras acuacutesticas
do ruiacutedo de traacutefego
entos inseridos no
entre a fonte e o
taneamente como
nora tais como um
irregular taludes
ntre outros As
a Rua da Aurora na
inda as edificaccedilotildees
trechos da Avenida
neiro por exemplo
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
42
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007
rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007
da Rodovia Bandeirantes no estado 2007
da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000
barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
43
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409
Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409
aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas
espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem
conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em
ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e
229)
A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e
da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a
interaccedilatildeo entre os diversos elementos que
compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis
das vias o modo de implantaccedilatildeo das
edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as
proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo
das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de
espaccedilos livres ndash contribui determinantemente
para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano
atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do
espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave
fonte geradora de campos sonoros
reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de
aacutereas de sombra
Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado
um sistema composto essencialmente pela fonte
sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e
KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto
percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de
propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares
apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo
da onda sonora no meio urbano
19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
44
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao
ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos
reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente
todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das
edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar
dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e
insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via
Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo
facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas
reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando
sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano
desejaacutevel aos seus receptores
Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as
distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de
propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades
bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento
acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano
Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se
comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica
urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana
Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos
investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
30
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 29 ndash O adensamento das ilhas do Bairro do Recife e de Santo Antocircnio (imagem) ocorreu tanto pelo preenchimento progressivo desde o inicio da ocupaccedilatildeo da cidade quanto por meio da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees anteriores Fontehttppedrodealbuquerquewordpresscomcategorypernambuco Acesso em 201109
O adensamento ocorre a partir de dois modos
essenciais de ocupaccedilatildeo o primeiro a partir do
preenchimento progressivo do espaccedilo urbano
e o segundo a partir da substituiccedilatildeo completa
por meio de demoliccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriores (PANERAI 2006) (Figura 29)
A primeira forma de adensamento ocorre sem
a expansatildeo territorial por meio do
preenchimento progressivo de todas as
reservas fundiaacuterias e espaccedilos livres de
determinado meio urbano Eacute um
adensamento inserido em limitesbarreiras
preacute-estabelecidos naturais ou natildeo tais como
uma via expressa irregularidades geograacuteficas
do siacutetio ou ainda numa escala menor a proacutepria quadra pode ser um limite para saturaccedilatildeo gradual
em seu interior desmembramento ou remembramento dos lotes para construccedilatildeo de novas
edificaccedilotildees verticalizaccedilatildeo ocupaccedilatildeo de antigos quintais eou jardins (PANERAI 2006)
A segunda forma de adensamento acontece atraveacutes da demoliccedilatildeo e substituiccedilatildeo de edificaccedilotildees
anteriormente existentes por novas construccedilotildees de maior porte tanto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo do
solo por meio do remembramento de lotes quanto em relaccedilatildeo ao seu gabarito Esta forma de
adensamento permite a renovaccedilatildeo do espaccedilo urbano sem aumentar sua aacuterea de abrangecircncia sem
sua expansatildeo (PANERAI 2006)
Ambas as formas de adensamento transformam essencialmente a forma urbana e o modo como
se relacionam seus elementos componentes A identificaccedilatildeo desta transformaccedilatildeo em determinado
meio urbano gerada pelo adensamento eacute indispensaacutevel para anaacutelise do comportamento da
acuacutestica urbana a partir de modificaccedilotildees na forma urbana deste mesmo meio uma vez que o
adensamento pode influenciar na propagaccedilatildeo sonora proporcionando uma maior quantidade de
objetos reflexivos de barreiras acuacutesticas e favorecendo a diminuiccedilatildeo da permeabilidade acuacutestica
Por fim a partir exposiccedilatildeo de determinados elementos considerados por LAMAS (2004) ndash o
edifiacutecio o lote o logradouro o quarteiratildeo o traccediladoa rua e a praccedila dos conjuntos considerados
por PANERAI (2006) ndash a rede de vias os parcelamentos fundiaacuterios e as edificaccedilotildees dos
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
31
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias
dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta
pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a
partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo
exclusivamente
1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo
de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres
2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os
lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)
3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e
principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes
geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)
Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no
decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees
cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e
relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana
22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a
forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia
multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o
som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas
do conhecimento (Figura 210)
Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano
seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes
tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental
O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por
pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu
____________________________________________
ANAacuteLISE D
complexo padratildeo de ondas s
de ruiacutedo muacutesica fala
(BERGLUND et al 1999)
Esta definiccedilatildeo do som tend
a percepccedilatildeo do ouvido
conceito psicofiacutesico Fisicame
vibraccedilatildeo mecacircnica que
progressivamente atraveacutes de
gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN
Esta vibraccedilatildeo quando tran
que o rodeia nem sempre
aparelho auditivo humano
frequumlecircncia6 audiacutevel encontra
20 a 20000 Hz para um
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984
1982) Frequumlecircncias acima de
altas para respostas fisioloacuteg
chamadas de ultrasons Jaacute as
de 20 Hz satildeo chamadas de
detectaacuteveis pelo ouvido hum
prejudiciais agrave sua sauacutede7
1982 SOUSA 2004)
Fisicamente o som e o ruiacutedo
ambos se propagam em mei
detectados pelo ouvido hu
enquanto o som eacute utilizado
6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa
Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006
as sonoras eacute rotulado
ala entre outros
ndo como referecircncia
o humano eacute um
mente o som eacute uma
que se propaga
de um meio material
(SINGAL 2005)
transmitida ao meio
re eacute detectaacutevel pelo
ano cuja faixa de
tra-se no intervalo de
um jovem saudaacutevel
4 KINSLER et al
de 20000 Hz muito
loacutegicas auditivas satildeo
as frequumlecircncias abaixo
de infrasons e natildeo satildeo
umano contudo satildeo
(KINSLER et al
iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee
eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos
humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN
do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev
iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo
as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
32
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006
ontual e fonte sonora linear Fonte
otildees de pressatildeo ambiente
bos satildeo capazes de serem
EN 1995) No entanto
daacuteveis o ruiacutedo descreve
do e eacute medida em Hertz (Hz)
amento das estruturas cardiacuteacas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
33
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)
Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e
portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece
como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro
[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)
Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo
mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees
no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse
irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos
(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM
2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)
O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais
comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual
possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as
direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)
Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de
fontes pontuais dispostas linearmente cuja
emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta
linha sendo seu decaimento em campo livre
de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)
Quando propagadas no meio urbano a
combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas
ao percurso de transmissatildeo e ao receptor
constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
34
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
chamado de ruiacutedo ambiental (environmental
noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)
(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005
SOUSA 2004)
O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do
traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de
obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos
industriais de estabelecimentos comerciais e
de serviccedilos de sistemas de propaganda
volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-
estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982
NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)
Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais
como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes
nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade
populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos
extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se
a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES
2006)
Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o
ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A
necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade
existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis
normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a
populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano
8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
35
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006
Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg
1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes
Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes
procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO
2009)
NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
Niacutevel de Pressatildeo sonora
em dB(A)
Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS
Ambiente ou atividade
0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros
aacuterea de mata selvagem
30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite
50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse
auditivo Rua agitada um restaurante barulhento
70 a 90 Estressante e bastante
excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh
conversa a gritos
90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia
Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor
110 a 130
Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez
instantacircnea
Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock
130 a 140 Acima do limiar da dor
causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia
Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias
resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a
poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir
diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho
Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores
(NAGEM 2004)
Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave
Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do
12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
36
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do
sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do
Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da
cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias
tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da
Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)
Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da
LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos
com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos
submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e
do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a
accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave
conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte
geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)
Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos
de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em
documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da
Cidade do Recife (RECIFE 2000)
Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo
Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as
posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da
poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor
o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie
de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo
exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil
militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um
importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)
Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a
poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de
13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
37
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999
pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais
(BERGLUND et al1999)
Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que
atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua
(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do
ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio
urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram
em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da
populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes
geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et
al 2002) (Figura 214)
Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o
aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais
percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al
2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)
O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a
partir do ruiacutedo veicular que proveacutem
essencialmente do sistema de propulsatildeo do
motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo
aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso
(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da
relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as
configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido
a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de
acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a
presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de
pedestres etc a intensidade do fluxo de
veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os
veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de
14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
38
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita
terra batida) etc (SINGAL 2005)
Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo
comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas
implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo
do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo
para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e
pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS
2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma
interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana
Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto
por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego
seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no
proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de
certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e
forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e
largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser
acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica
O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde
acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo
acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)
O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia
de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio
urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou
nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o
espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de
suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de
pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
39
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007
Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido
pelo receptor diminui em funccedilatildeo da
duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15
Praccedilas parques e largos com grandes
dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias
vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas
uma de suas margens ou espaccedilos livres
urbanos de grandes dimensotildees caracterizam
alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos
No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras
sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o
seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente
sendo praticamente o mesmo em vaacuterias
posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre
uma saiacuteda para campo livre caracterizando o
fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura
217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)
Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser
reverberantes quando a onda sonora tarda a
encontrar o campo livre gerando um grande
nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes
quando a onda sonora encontra o campo livre
um pouco mais rapidamente do que no
reverberante gerando um nuacutemero menor mas
ainda grande de reflexotildees
15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
40
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007
No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado
reverberante possui comumente um perfil em
ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de
canyons urbanos que podem amplificar
consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das
vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas
geradas pelas fachadas paralelas das
edificaccedilotildees que circundam estas vias
(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste
tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora
natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre
a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico
aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos
elementos que compotildeem a forma urbana e
dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que
revestem as superfiacutecies refletoras18
(NIEMEYER 2007)
Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de
traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados
tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos
de espaccedilos acuacutesticos fechados
A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda
sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem
podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo
tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo
18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
41
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007
Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992
Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se
aos percursos da onda sonora gerados no
meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005
NIEMEYER 2007) A intensidade da
permeabilidade acuacutestica - mais ou menos
permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de
certos elementos urbanos de promover ou
conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais
como o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem
como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade
e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila
ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e
221)
A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda
com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o
conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a
qualquer objeto que possa ser considerado um
obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias
entre a fonte e o receptor (Figura 222)
(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES
2000) Ao bloquear o percurso direto entre a
fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser
absorvida eou refletida pela superfiacutecie da
barreira transmitida atraveacutes da barreira ou
difratada a partir do topo da barreira
(BARRON 2003 SINGAL 2005)
A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as
ondas sonoras sejam capazes de contornar
determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de
sombra acuacutestica que possui limites espaciais
variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte
____________________________________________
ANAacuteLISE D
sonora e de sua localizaccedilatilde
receptor que por sua vez
sonora difratada pelas borda
um decaimento maior do qu
campo livre (Figura 223) (N
1968 NIEMEYER 2007 PA
O uso de barreiras acuacutestic
EUA Japatildeo Austraacutelia e
reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do
pelo traacutefego rodoviaacuterio pa
(Figuras 224 a 226) (SIN
Brasil esta praacutetica ainda eacute inc
restringindo-se a poucos exe
caso da barreira acuacutestica no
Linha Amarela na cidade do
na Rodovia Bandeirantes co
de Satildeo Paulo a Campinas
Paulo (Figura 227) (MURGE
2004)
Embora a implantaccedilatildeo de b
esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do
rodoviaacuterio outros elemen
meio urbano situados ent
receptor atuam espontan
barreiras agrave propagaccedilatildeo sono
terreno com topografia i
muros edificaccedilotildees entr
edificaccedilotildees conjugadas da R
cidade do Recife ou aind
conjugadas em alguns trec
Atlacircntica no Rio de Janei
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap
Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C
Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2
Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest
Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN
accedilatildeo em relaccedilatildeo ao
ez recebe a energia
rdas da barreira com
que se estivesse em
(NEPOMUCENO
PAZ 2004)
ticas eacute comum nos
e na Europa para
do ruiacutedo produzido
para seus arredores
INGAL 2005) No
incipiente
exemplos como eacute o
no eixo rodoviaacuterio
o Rio de Janeiro e
conectando a cidade
s no estado de Satildeo
GEL 2007 SOUSA
e barreiras acuacutesticas
do ruiacutedo de traacutefego
entos inseridos no
entre a fonte e o
taneamente como
nora tais como um
irregular taludes
ntre outros As
a Rua da Aurora na
inda as edificaccedilotildees
trechos da Avenida
neiro por exemplo
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
42
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007
rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007
da Rodovia Bandeirantes no estado 2007
da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000
barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
43
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409
Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409
aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas
espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem
conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em
ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e
229)
A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e
da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a
interaccedilatildeo entre os diversos elementos que
compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis
das vias o modo de implantaccedilatildeo das
edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as
proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo
das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de
espaccedilos livres ndash contribui determinantemente
para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano
atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do
espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave
fonte geradora de campos sonoros
reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de
aacutereas de sombra
Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado
um sistema composto essencialmente pela fonte
sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e
KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto
percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de
propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares
apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo
da onda sonora no meio urbano
19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
44
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao
ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos
reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente
todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das
edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar
dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e
insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via
Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo
facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas
reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando
sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano
desejaacutevel aos seus receptores
Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as
distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de
propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades
bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento
acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano
Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se
comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica
urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana
Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos
investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
31
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
elementos considerados por DEL RIO (1990) ndash crescimento traccedilado e parcelamento tipologias
dos elementos urbanos e as articulaccedilotildees e em busca de atingir seu objetivo principal esta
pesquisa consideraraacute a forma urbana inserida em um recorte que a considera essencialmente a
partir de seu aspecto fiacutesico e material e cujos elementos componentes considerados seratildeo
exclusivamente
1 As parcelas fundiaacuterias ndash consideradas por meio das quadras e lotes incluindo sua relaccedilatildeo
de modo de ocupaccedilatildeo das edificaccedilotildees sua densidade e seus espaccedilos livres
2 As edificaccedilotildees ndash consideradas atraveacutes de sua relaccedilatildeo de modo de ocupaccedilatildeo com os
lotes e do grau de verticalizaccedilatildeo (gabarito baixo meacutedio e alto)
3 As vias ndash consideradas como reguladoras da relaccedilatildeo com as edificaccedilotildees e quarteirotildees e
principalmente apreciadas como estreitamente vinculadas a uma das principais fontes
geradoras de ruiacutedo urbano (o traacutefego de veiacuteculos)
Estes seratildeo os elementos componentes da forma urbana que esta pesquisa se apropriaraacute no
decurso do caminho a fim de analisar o comportamento acuacutestico a partir de modificaccedilotildees
cronoloacutegicas em determinada forma urbana Nos paraacutegrafos seguintes discutem-se os conceitos e
relaccedilotildees que permeiam a acuacutestica urbana
22 A Acuacutestica Urbana e suas Relaccedilotildees Conceituais
A acuacutestica eacute a ciecircncia do som incluindo sua geraccedilatildeo transmissatildeo e recepccedilatildeo de energia sob a
forma de ondas vibracionais na mateacuteria (KINSLER et al 1982) Ela eacute uma ciecircncia
multidimensional e interligada a vaacuterios domiacutenios cientiacuteficos Seu objeto de estudo fundamental o
som delineia uma seacuterie de interfaces multidisciplinares com abordagens em diversificadas aacutereas
do conhecimento (Figura 210)
Desse modo quando a geraccedilatildeo transmissatildeo e efeitos do som estatildeo inseridos no meio urbano
seu desdobramento eacute estudado pela aacuterea de conhecimento da acuacutestica urbana muitas vezes
tambeacutem nomeada de acuacutestica ambiental
O objeto de estudo fundamental da acuacutestica o som eacute a sensaccedilatildeo produzida no ouvido por
pequenas flutuaccedilotildees da pressatildeo do ar (HANSEN 2005) ou seja eacute uma percepccedilatildeo sensorial e seu
____________________________________________
ANAacuteLISE D
complexo padratildeo de ondas s
de ruiacutedo muacutesica fala
(BERGLUND et al 1999)
Esta definiccedilatildeo do som tend
a percepccedilatildeo do ouvido
conceito psicofiacutesico Fisicame
vibraccedilatildeo mecacircnica que
progressivamente atraveacutes de
gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN
Esta vibraccedilatildeo quando tran
que o rodeia nem sempre
aparelho auditivo humano
frequumlecircncia6 audiacutevel encontra
20 a 20000 Hz para um
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984
1982) Frequumlecircncias acima de
altas para respostas fisioloacuteg
chamadas de ultrasons Jaacute as
de 20 Hz satildeo chamadas de
detectaacuteveis pelo ouvido hum
prejudiciais agrave sua sauacutede7
1982 SOUSA 2004)
Fisicamente o som e o ruiacutedo
ambos se propagam em mei
detectados pelo ouvido hu
enquanto o som eacute utilizado
6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa
Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006
as sonoras eacute rotulado
ala entre outros
ndo como referecircncia
o humano eacute um
mente o som eacute uma
que se propaga
de um meio material
(SINGAL 2005)
transmitida ao meio
re eacute detectaacutevel pelo
ano cuja faixa de
tra-se no intervalo de
um jovem saudaacutevel
4 KINSLER et al
de 20000 Hz muito
loacutegicas auditivas satildeo
as frequumlecircncias abaixo
de infrasons e natildeo satildeo
umano contudo satildeo
(KINSLER et al
iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee
eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos
humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN
do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev
iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo
as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
32
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006
ontual e fonte sonora linear Fonte
otildees de pressatildeo ambiente
bos satildeo capazes de serem
EN 1995) No entanto
daacuteveis o ruiacutedo descreve
do e eacute medida em Hertz (Hz)
amento das estruturas cardiacuteacas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
33
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)
Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e
portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece
como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro
[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)
Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo
mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees
no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse
irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos
(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM
2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)
O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais
comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual
possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as
direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)
Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de
fontes pontuais dispostas linearmente cuja
emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta
linha sendo seu decaimento em campo livre
de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)
Quando propagadas no meio urbano a
combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas
ao percurso de transmissatildeo e ao receptor
constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
34
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
chamado de ruiacutedo ambiental (environmental
noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)
(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005
SOUSA 2004)
O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do
traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de
obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos
industriais de estabelecimentos comerciais e
de serviccedilos de sistemas de propaganda
volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-
estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982
NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)
Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais
como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes
nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade
populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos
extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se
a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES
2006)
Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o
ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A
necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade
existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis
normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a
populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano
8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
35
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006
Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg
1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes
Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes
procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO
2009)
NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
Niacutevel de Pressatildeo sonora
em dB(A)
Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS
Ambiente ou atividade
0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros
aacuterea de mata selvagem
30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite
50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse
auditivo Rua agitada um restaurante barulhento
70 a 90 Estressante e bastante
excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh
conversa a gritos
90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia
Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor
110 a 130
Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez
instantacircnea
Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock
130 a 140 Acima do limiar da dor
causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia
Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias
resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a
poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir
diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho
Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores
(NAGEM 2004)
Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave
Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do
12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
36
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do
sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do
Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da
cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias
tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da
Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)
Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da
LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos
com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos
submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e
do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a
accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave
conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte
geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)
Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos
de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em
documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da
Cidade do Recife (RECIFE 2000)
Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo
Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as
posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da
poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor
o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie
de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo
exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil
militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um
importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)
Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a
poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de
13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
37
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999
pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais
(BERGLUND et al1999)
Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que
atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua
(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do
ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio
urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram
em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da
populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes
geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et
al 2002) (Figura 214)
Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o
aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais
percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al
2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)
O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a
partir do ruiacutedo veicular que proveacutem
essencialmente do sistema de propulsatildeo do
motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo
aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso
(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da
relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as
configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido
a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de
acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a
presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de
pedestres etc a intensidade do fluxo de
veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os
veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de
14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
38
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita
terra batida) etc (SINGAL 2005)
Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo
comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas
implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo
do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo
para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e
pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS
2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma
interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana
Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto
por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego
seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no
proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de
certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e
forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e
largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser
acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica
O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde
acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo
acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)
O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia
de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio
urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou
nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o
espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de
suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de
pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
39
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007
Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido
pelo receptor diminui em funccedilatildeo da
duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15
Praccedilas parques e largos com grandes
dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias
vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas
uma de suas margens ou espaccedilos livres
urbanos de grandes dimensotildees caracterizam
alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos
No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras
sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o
seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente
sendo praticamente o mesmo em vaacuterias
posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre
uma saiacuteda para campo livre caracterizando o
fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura
217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)
Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser
reverberantes quando a onda sonora tarda a
encontrar o campo livre gerando um grande
nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes
quando a onda sonora encontra o campo livre
um pouco mais rapidamente do que no
reverberante gerando um nuacutemero menor mas
ainda grande de reflexotildees
15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
40
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007
No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado
reverberante possui comumente um perfil em
ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de
canyons urbanos que podem amplificar
consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das
vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas
geradas pelas fachadas paralelas das
edificaccedilotildees que circundam estas vias
(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste
tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora
natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre
a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico
aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos
elementos que compotildeem a forma urbana e
dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que
revestem as superfiacutecies refletoras18
(NIEMEYER 2007)
Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de
traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados
tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos
de espaccedilos acuacutesticos fechados
A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda
sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem
podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo
tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo
18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
41
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007
Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992
Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se
aos percursos da onda sonora gerados no
meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005
NIEMEYER 2007) A intensidade da
permeabilidade acuacutestica - mais ou menos
permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de
certos elementos urbanos de promover ou
conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais
como o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem
como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade
e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila
ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e
221)
A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda
com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o
conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a
qualquer objeto que possa ser considerado um
obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias
entre a fonte e o receptor (Figura 222)
(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES
2000) Ao bloquear o percurso direto entre a
fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser
absorvida eou refletida pela superfiacutecie da
barreira transmitida atraveacutes da barreira ou
difratada a partir do topo da barreira
(BARRON 2003 SINGAL 2005)
A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as
ondas sonoras sejam capazes de contornar
determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de
sombra acuacutestica que possui limites espaciais
variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte
____________________________________________
ANAacuteLISE D
sonora e de sua localizaccedilatilde
receptor que por sua vez
sonora difratada pelas borda
um decaimento maior do qu
campo livre (Figura 223) (N
1968 NIEMEYER 2007 PA
O uso de barreiras acuacutestic
EUA Japatildeo Austraacutelia e
reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do
pelo traacutefego rodoviaacuterio pa
(Figuras 224 a 226) (SIN
Brasil esta praacutetica ainda eacute inc
restringindo-se a poucos exe
caso da barreira acuacutestica no
Linha Amarela na cidade do
na Rodovia Bandeirantes co
de Satildeo Paulo a Campinas
Paulo (Figura 227) (MURGE
2004)
Embora a implantaccedilatildeo de b
esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do
rodoviaacuterio outros elemen
meio urbano situados ent
receptor atuam espontan
barreiras agrave propagaccedilatildeo sono
terreno com topografia i
muros edificaccedilotildees entr
edificaccedilotildees conjugadas da R
cidade do Recife ou aind
conjugadas em alguns trec
Atlacircntica no Rio de Janei
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap
Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C
Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2
Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest
Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN
accedilatildeo em relaccedilatildeo ao
ez recebe a energia
rdas da barreira com
que se estivesse em
(NEPOMUCENO
PAZ 2004)
ticas eacute comum nos
e na Europa para
do ruiacutedo produzido
para seus arredores
INGAL 2005) No
incipiente
exemplos como eacute o
no eixo rodoviaacuterio
o Rio de Janeiro e
conectando a cidade
s no estado de Satildeo
GEL 2007 SOUSA
e barreiras acuacutesticas
do ruiacutedo de traacutefego
entos inseridos no
entre a fonte e o
taneamente como
nora tais como um
irregular taludes
ntre outros As
a Rua da Aurora na
inda as edificaccedilotildees
trechos da Avenida
neiro por exemplo
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
42
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007
rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007
da Rodovia Bandeirantes no estado 2007
da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000
barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
43
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409
Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409
aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas
espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem
conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em
ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e
229)
A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e
da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a
interaccedilatildeo entre os diversos elementos que
compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis
das vias o modo de implantaccedilatildeo das
edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as
proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo
das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de
espaccedilos livres ndash contribui determinantemente
para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano
atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do
espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave
fonte geradora de campos sonoros
reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de
aacutereas de sombra
Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado
um sistema composto essencialmente pela fonte
sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e
KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto
percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de
propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares
apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo
da onda sonora no meio urbano
19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
44
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao
ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos
reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente
todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das
edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar
dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e
insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via
Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo
facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas
reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando
sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano
desejaacutevel aos seus receptores
Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as
distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de
propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades
bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento
acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano
Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se
comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica
urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana
Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos
investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento
____________________________________________
ANAacuteLISE D
complexo padratildeo de ondas s
de ruiacutedo muacutesica fala
(BERGLUND et al 1999)
Esta definiccedilatildeo do som tend
a percepccedilatildeo do ouvido
conceito psicofiacutesico Fisicame
vibraccedilatildeo mecacircnica que
progressivamente atraveacutes de
gasoso liacutequido ou soacutelido (SIN
Esta vibraccedilatildeo quando tran
que o rodeia nem sempre
aparelho auditivo humano
frequumlecircncia6 audiacutevel encontra
20 a 20000 Hz para um
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984
1982) Frequumlecircncias acima de
altas para respostas fisioloacuteg
chamadas de ultrasons Jaacute as
de 20 Hz satildeo chamadas de
detectaacuteveis pelo ouvido hum
prejudiciais agrave sua sauacutede7
1982 SOUSA 2004)
Fisicamente o som e o ruiacutedo
ambos se propagam em mei
detectados pelo ouvido hu
enquanto o som eacute utilizado
6 A frequumlecircncia eacute o nuacutemero de ciclo(HANSEN 1995) 7 A exposiccedilatildeo a baixas frequumlecircncias depressatildeo irritabilidade e perturba pro
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 210 ndash Interfaces multidFonte Elaborado pela autora a pa
Figura 211 ndash Fonte sonora ponSOUZA 2006
as sonoras eacute rotulado
ala entre outros
ndo como referecircncia
o humano eacute um
mente o som eacute uma
que se propaga
de um meio material
(SINGAL 2005)
transmitida ao meio
re eacute detectaacutevel pelo
ano cuja faixa de
tra-se no intervalo de
um jovem saudaacutevel
4 KINSLER et al
de 20000 Hz muito
loacutegicas auditivas satildeo
as frequumlecircncias abaixo
de infrasons e natildeo satildeo
umano contudo satildeo
(KINSLER et al
iacutedo constituem o mesmo fenocircmeno de variaccedilotildee
eio elaacutestico (soacutelido liacutequido ou gasoso) e ambos
humano (BERGLUND et al 1999 HANSEN
do para descrever percepccedilotildees sonoras agradaacutev
iclos que a onda sonora completa no tempo de um segundo
as pode gerar a doenccedila Vibroacuacutestica que induz o espessamprocessos cognitivos (BRANCO e PEREIRA 2004)
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
32
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
ltidisciplinares do estudo do som partir de BISTAFA 2006
ontual e fonte sonora linear Fonte
otildees de pressatildeo ambiente
bos satildeo capazes de serem
EN 1995) No entanto
daacuteveis o ruiacutedo descreve
do e eacute medida em Hertz (Hz)
amento das estruturas cardiacuteacas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
33
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)
Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e
portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece
como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro
[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)
Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo
mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees
no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse
irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos
(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM
2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)
O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais
comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual
possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as
direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)
Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de
fontes pontuais dispostas linearmente cuja
emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta
linha sendo seu decaimento em campo livre
de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)
Quando propagadas no meio urbano a
combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas
ao percurso de transmissatildeo e ao receptor
constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
34
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
chamado de ruiacutedo ambiental (environmental
noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)
(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005
SOUSA 2004)
O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do
traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de
obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos
industriais de estabelecimentos comerciais e
de serviccedilos de sistemas de propaganda
volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-
estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982
NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)
Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais
como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes
nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade
populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos
extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se
a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES
2006)
Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o
ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A
necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade
existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis
normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a
populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano
8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
35
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006
Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg
1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes
Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes
procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO
2009)
NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
Niacutevel de Pressatildeo sonora
em dB(A)
Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS
Ambiente ou atividade
0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros
aacuterea de mata selvagem
30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite
50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse
auditivo Rua agitada um restaurante barulhento
70 a 90 Estressante e bastante
excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh
conversa a gritos
90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia
Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor
110 a 130
Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez
instantacircnea
Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock
130 a 140 Acima do limiar da dor
causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia
Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias
resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a
poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir
diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho
Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores
(NAGEM 2004)
Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave
Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do
12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
36
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do
sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do
Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da
cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias
tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da
Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)
Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da
LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos
com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos
submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e
do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a
accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave
conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte
geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)
Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos
de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em
documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da
Cidade do Recife (RECIFE 2000)
Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo
Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as
posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da
poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor
o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie
de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo
exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil
militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um
importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)
Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a
poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de
13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
37
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999
pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais
(BERGLUND et al1999)
Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que
atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua
(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do
ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio
urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram
em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da
populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes
geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et
al 2002) (Figura 214)
Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o
aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais
percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al
2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)
O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a
partir do ruiacutedo veicular que proveacutem
essencialmente do sistema de propulsatildeo do
motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo
aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso
(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da
relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as
configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido
a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de
acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a
presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de
pedestres etc a intensidade do fluxo de
veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os
veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de
14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
38
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita
terra batida) etc (SINGAL 2005)
Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo
comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas
implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo
do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo
para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e
pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS
2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma
interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana
Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto
por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego
seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no
proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de
certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e
forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e
largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser
acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica
O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde
acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo
acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)
O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia
de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio
urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou
nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o
espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de
suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de
pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
39
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007
Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido
pelo receptor diminui em funccedilatildeo da
duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15
Praccedilas parques e largos com grandes
dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias
vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas
uma de suas margens ou espaccedilos livres
urbanos de grandes dimensotildees caracterizam
alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos
No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras
sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o
seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente
sendo praticamente o mesmo em vaacuterias
posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre
uma saiacuteda para campo livre caracterizando o
fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura
217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)
Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser
reverberantes quando a onda sonora tarda a
encontrar o campo livre gerando um grande
nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes
quando a onda sonora encontra o campo livre
um pouco mais rapidamente do que no
reverberante gerando um nuacutemero menor mas
ainda grande de reflexotildees
15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
40
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007
No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado
reverberante possui comumente um perfil em
ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de
canyons urbanos que podem amplificar
consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das
vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas
geradas pelas fachadas paralelas das
edificaccedilotildees que circundam estas vias
(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste
tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora
natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre
a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico
aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos
elementos que compotildeem a forma urbana e
dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que
revestem as superfiacutecies refletoras18
(NIEMEYER 2007)
Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de
traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados
tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos
de espaccedilos acuacutesticos fechados
A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda
sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem
podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo
tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo
18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
41
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007
Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992
Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se
aos percursos da onda sonora gerados no
meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005
NIEMEYER 2007) A intensidade da
permeabilidade acuacutestica - mais ou menos
permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de
certos elementos urbanos de promover ou
conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais
como o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem
como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade
e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila
ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e
221)
A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda
com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o
conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a
qualquer objeto que possa ser considerado um
obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias
entre a fonte e o receptor (Figura 222)
(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES
2000) Ao bloquear o percurso direto entre a
fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser
absorvida eou refletida pela superfiacutecie da
barreira transmitida atraveacutes da barreira ou
difratada a partir do topo da barreira
(BARRON 2003 SINGAL 2005)
A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as
ondas sonoras sejam capazes de contornar
determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de
sombra acuacutestica que possui limites espaciais
variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte
____________________________________________
ANAacuteLISE D
sonora e de sua localizaccedilatilde
receptor que por sua vez
sonora difratada pelas borda
um decaimento maior do qu
campo livre (Figura 223) (N
1968 NIEMEYER 2007 PA
O uso de barreiras acuacutestic
EUA Japatildeo Austraacutelia e
reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do
pelo traacutefego rodoviaacuterio pa
(Figuras 224 a 226) (SIN
Brasil esta praacutetica ainda eacute inc
restringindo-se a poucos exe
caso da barreira acuacutestica no
Linha Amarela na cidade do
na Rodovia Bandeirantes co
de Satildeo Paulo a Campinas
Paulo (Figura 227) (MURGE
2004)
Embora a implantaccedilatildeo de b
esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do
rodoviaacuterio outros elemen
meio urbano situados ent
receptor atuam espontan
barreiras agrave propagaccedilatildeo sono
terreno com topografia i
muros edificaccedilotildees entr
edificaccedilotildees conjugadas da R
cidade do Recife ou aind
conjugadas em alguns trec
Atlacircntica no Rio de Janei
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap
Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C
Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2
Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest
Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN
accedilatildeo em relaccedilatildeo ao
ez recebe a energia
rdas da barreira com
que se estivesse em
(NEPOMUCENO
PAZ 2004)
ticas eacute comum nos
e na Europa para
do ruiacutedo produzido
para seus arredores
INGAL 2005) No
incipiente
exemplos como eacute o
no eixo rodoviaacuterio
o Rio de Janeiro e
conectando a cidade
s no estado de Satildeo
GEL 2007 SOUSA
e barreiras acuacutesticas
do ruiacutedo de traacutefego
entos inseridos no
entre a fonte e o
taneamente como
nora tais como um
irregular taludes
ntre outros As
a Rua da Aurora na
inda as edificaccedilotildees
trechos da Avenida
neiro por exemplo
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
42
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007
rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007
da Rodovia Bandeirantes no estado 2007
da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000
barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
43
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409
Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409
aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas
espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem
conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em
ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e
229)
A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e
da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a
interaccedilatildeo entre os diversos elementos que
compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis
das vias o modo de implantaccedilatildeo das
edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as
proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo
das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de
espaccedilos livres ndash contribui determinantemente
para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano
atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do
espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave
fonte geradora de campos sonoros
reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de
aacutereas de sombra
Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado
um sistema composto essencialmente pela fonte
sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e
KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto
percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de
propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares
apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo
da onda sonora no meio urbano
19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
44
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao
ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos
reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente
todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das
edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar
dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e
insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via
Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo
facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas
reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando
sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano
desejaacutevel aos seus receptores
Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as
distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de
propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades
bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento
acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano
Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se
comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica
urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana
Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos
investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
33
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 212 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora pontual de 6 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
percepccedilotildees sonoras desagradaacuteveis incorporando um aspecto de subjetividade agrave sua definiccedilatildeo
(BRUumlEL amp KJAEligR 1984 HANSEN 2005 BRASIL 2006 SINGAL 2005)
Tal subjetividade acarreta diferentes e individuais percepccedilotildees sonoras pelo ser humano e
portanto em diferentes reaccedilotildees agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo Em outras palavras o que se estabelece
como som para um indiviacuteduo pode representar ruiacutedo para outro
[] as respostas inerentes ao ruiacutedo satildeo complexas dependendo tanto dos fatores propriamente acuacutesticos quanto dos psicossociais contextuais simboacutelicos emocionais como daqueles de valor especiacutefico Essas variaacuteveis participam da singularidade da escuta e atuam como filtros que modificam a percepccedilatildeo do sinal fiacutesico sonoro (SANTOS e MARTINS 2005 p 216)
Enquanto sua percepccedilatildeo envolve a subjetividade as respostas fisioloacutegicas agrave exposiccedilatildeo ao ruiacutedo satildeo
mais objetivas e seus danos satildeo mais facilmente identificaacuteveis O ruiacutedo pode gerar complicaccedilotildees
no sistema circulatoacuterio e hormonal perda gradativa da audiccedilatildeo distuacuterbios de sono estresse
irritabilidade neuroses desconforto e dificuldade de aprendizado entre outros danos
(BERGLUND et al1999 HANSEN 2005 KINSLER et al 1982 MURGEL 2007 NAGEM
2004 NUNES 2006 PAZ et al 2005 SINGAL 2005 ZANNIN et al 2002)
O ruiacutedo pode se originar de variadas fontes presentes em diversificados ambientes as mais
comumente encontradas satildeo as fontes sonoras pontuais e as lineares (Figura 211) A fonte pontual
possui dimensotildees finitas e emite o mesmo niacutevel de pressatildeo sonora uniformemente para todas as
direccedilotildees sendo seu decaimento em campo livre de 6 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
212) (HANSEN 2005 SOUSA 2004)
Jaacute a fonte linear eacute formada por certo nuacutemero de
fontes pontuais dispostas linearmente cuja
emissatildeo sonora eacute contiacutenua ao longo desta
linha sendo seu decaimento em campo livre
de 3 dB para cada dobro da distacircncia (Figura
213) (HANSEN 2005 PAZ 2004)
Quando propagadas no meio urbano a
combinaccedilatildeo de tais fontes sonoras associadas
ao percurso de transmissatildeo e ao receptor
constitui o ruiacutedo urbano (urban noise) tambeacutem
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
34
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
chamado de ruiacutedo ambiental (environmental
noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)
(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005
SOUSA 2004)
O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do
traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de
obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos
industriais de estabelecimentos comerciais e
de serviccedilos de sistemas de propaganda
volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-
estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982
NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)
Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais
como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes
nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade
populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos
extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se
a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES
2006)
Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o
ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A
necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade
existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis
normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a
populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano
8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
35
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006
Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg
1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes
Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes
procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO
2009)
NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
Niacutevel de Pressatildeo sonora
em dB(A)
Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS
Ambiente ou atividade
0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros
aacuterea de mata selvagem
30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite
50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse
auditivo Rua agitada um restaurante barulhento
70 a 90 Estressante e bastante
excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh
conversa a gritos
90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia
Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor
110 a 130
Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez
instantacircnea
Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock
130 a 140 Acima do limiar da dor
causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia
Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias
resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a
poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir
diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho
Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores
(NAGEM 2004)
Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave
Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do
12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
36
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do
sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do
Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da
cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias
tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da
Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)
Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da
LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos
com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos
submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e
do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a
accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave
conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte
geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)
Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos
de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em
documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da
Cidade do Recife (RECIFE 2000)
Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo
Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as
posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da
poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor
o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie
de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo
exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil
militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um
importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)
Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a
poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de
13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
37
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999
pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais
(BERGLUND et al1999)
Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que
atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua
(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do
ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio
urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram
em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da
populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes
geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et
al 2002) (Figura 214)
Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o
aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais
percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al
2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)
O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a
partir do ruiacutedo veicular que proveacutem
essencialmente do sistema de propulsatildeo do
motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo
aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso
(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da
relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as
configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido
a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de
acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a
presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de
pedestres etc a intensidade do fluxo de
veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os
veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de
14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
38
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita
terra batida) etc (SINGAL 2005)
Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo
comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas
implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo
do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo
para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e
pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS
2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma
interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana
Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto
por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego
seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no
proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de
certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e
forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e
largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser
acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica
O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde
acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo
acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)
O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia
de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio
urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou
nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o
espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de
suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de
pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
39
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007
Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido
pelo receptor diminui em funccedilatildeo da
duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15
Praccedilas parques e largos com grandes
dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias
vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas
uma de suas margens ou espaccedilos livres
urbanos de grandes dimensotildees caracterizam
alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos
No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras
sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o
seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente
sendo praticamente o mesmo em vaacuterias
posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre
uma saiacuteda para campo livre caracterizando o
fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura
217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)
Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser
reverberantes quando a onda sonora tarda a
encontrar o campo livre gerando um grande
nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes
quando a onda sonora encontra o campo livre
um pouco mais rapidamente do que no
reverberante gerando um nuacutemero menor mas
ainda grande de reflexotildees
15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
40
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007
No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado
reverberante possui comumente um perfil em
ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de
canyons urbanos que podem amplificar
consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das
vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas
geradas pelas fachadas paralelas das
edificaccedilotildees que circundam estas vias
(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste
tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora
natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre
a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico
aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos
elementos que compotildeem a forma urbana e
dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que
revestem as superfiacutecies refletoras18
(NIEMEYER 2007)
Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de
traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados
tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos
de espaccedilos acuacutesticos fechados
A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda
sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem
podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo
tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo
18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
41
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007
Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992
Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se
aos percursos da onda sonora gerados no
meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005
NIEMEYER 2007) A intensidade da
permeabilidade acuacutestica - mais ou menos
permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de
certos elementos urbanos de promover ou
conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais
como o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem
como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade
e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila
ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e
221)
A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda
com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o
conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a
qualquer objeto que possa ser considerado um
obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias
entre a fonte e o receptor (Figura 222)
(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES
2000) Ao bloquear o percurso direto entre a
fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser
absorvida eou refletida pela superfiacutecie da
barreira transmitida atraveacutes da barreira ou
difratada a partir do topo da barreira
(BARRON 2003 SINGAL 2005)
A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as
ondas sonoras sejam capazes de contornar
determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de
sombra acuacutestica que possui limites espaciais
variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte
____________________________________________
ANAacuteLISE D
sonora e de sua localizaccedilatilde
receptor que por sua vez
sonora difratada pelas borda
um decaimento maior do qu
campo livre (Figura 223) (N
1968 NIEMEYER 2007 PA
O uso de barreiras acuacutestic
EUA Japatildeo Austraacutelia e
reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do
pelo traacutefego rodoviaacuterio pa
(Figuras 224 a 226) (SIN
Brasil esta praacutetica ainda eacute inc
restringindo-se a poucos exe
caso da barreira acuacutestica no
Linha Amarela na cidade do
na Rodovia Bandeirantes co
de Satildeo Paulo a Campinas
Paulo (Figura 227) (MURGE
2004)
Embora a implantaccedilatildeo de b
esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do
rodoviaacuterio outros elemen
meio urbano situados ent
receptor atuam espontan
barreiras agrave propagaccedilatildeo sono
terreno com topografia i
muros edificaccedilotildees entr
edificaccedilotildees conjugadas da R
cidade do Recife ou aind
conjugadas em alguns trec
Atlacircntica no Rio de Janei
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap
Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C
Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2
Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest
Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN
accedilatildeo em relaccedilatildeo ao
ez recebe a energia
rdas da barreira com
que se estivesse em
(NEPOMUCENO
PAZ 2004)
ticas eacute comum nos
e na Europa para
do ruiacutedo produzido
para seus arredores
INGAL 2005) No
incipiente
exemplos como eacute o
no eixo rodoviaacuterio
o Rio de Janeiro e
conectando a cidade
s no estado de Satildeo
GEL 2007 SOUSA
e barreiras acuacutesticas
do ruiacutedo de traacutefego
entos inseridos no
entre a fonte e o
taneamente como
nora tais como um
irregular taludes
ntre outros As
a Rua da Aurora na
inda as edificaccedilotildees
trechos da Avenida
neiro por exemplo
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
42
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007
rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007
da Rodovia Bandeirantes no estado 2007
da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000
barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
43
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409
Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409
aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas
espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem
conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em
ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e
229)
A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e
da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a
interaccedilatildeo entre os diversos elementos que
compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis
das vias o modo de implantaccedilatildeo das
edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as
proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo
das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de
espaccedilos livres ndash contribui determinantemente
para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano
atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do
espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave
fonte geradora de campos sonoros
reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de
aacutereas de sombra
Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado
um sistema composto essencialmente pela fonte
sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e
KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto
percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de
propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares
apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo
da onda sonora no meio urbano
19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
44
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao
ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos
reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente
todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das
edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar
dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e
insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via
Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo
facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas
reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando
sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano
desejaacutevel aos seus receptores
Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as
distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de
propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades
bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento
acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano
Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se
comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica
urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana
Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos
investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
34
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 213 ndash Decaimento em campo livre para fonte sonora linear de 3 dB para cada dobro da distacircncia Fonte NIEMEYER 2007
chamado de ruiacutedo ambiental (environmental
noise) ou ruiacutedo comunitaacuterio (community noise)
(BERGLUND et al1999 GUEDES 2005
SOUSA 2004)
O ruiacutedo urbano pode ser gerado a partir do
traacutefego de veiacuteculos terrestres e aeacutereos de
obras de construccedilatildeo civil de estabelecimentos
industriais de estabelecimentos comerciais e
de serviccedilos de sistemas de propaganda
volante ou permanente8 e ruiacutedos de outras atividades cuja propagaccedilatildeo sonora pode afetar o bem-
estar e a sauacutede dos citadinos (BARRON 2003 BERGLUND et al1999 KINSLER et al 1982
NAGEM 2004 NUNES 2006 SINGAL 2005)
Apesar de esporaacutedica outra fonte de ruiacutedo gerada em meio urbano satildeo os eventos puacuteblicos tais
como festas shows comiacutecios carnavais fora de eacutepoca entre outros As fontes de ruiacutedo presentes
nestes eventos atingem um alto niacutevel de pressatildeo sonora9 e abrangem uma grande quantidade
populacional logo independente de ocorrer poucas vezes durante o ano satildeo eventos
extremamente danosos a sauacutede e principalmente agrave audiccedilatildeo a partir de 80 dB(A) natildeo importa se
a sensaccedilatildeo sonora eacute prazerosa ou natildeo ela eacute necessariamente prejudicial10 (Tabela 21) (NUNES
2006)
Quando a intensidade dos ruiacutedos urbanos torna-se excessivamente desagradaacutevel eou nociva o
ruiacutedo passa a ser considerado uma forma de poluiccedilatildeo ambiental11 - a poluiccedilatildeo sonora A
necessidade de regulamentaccedilatildeo da poluiccedilatildeo sonora renuncia os aspectos de subjetividade
existentes e inerentes ao conceito de ruiacutedo na tentativa de sintetizar e estabelecer limites leis
normas meacutetodos e accedilotildees que representem um universo sonoro equivalente para toda a
populaccedilatildeo na tentativa de controlar e mitigar o ruiacutedo urbano
8 Carros de som bicicletas com som raacutedios comunitaacuterias entre outros 9 O niacutevel de pressatildeo sonora eacute a medida fiacutesica preferencial para caracterizar a sensaccedilatildeo subjetiva da intensidade dos sons e de acordo com a lei de Weber e Fechner a sensaccedilatildeo sonora eacute proporcional ao logaritmo da intensidade sonora NPS=20 log (pp0) onde p eacute a pressatildeo sonora em Pascal e p0 eacute a pressatildeo sonora de referecircncia (2 10-5 Pascal) (BISTAFA 2006 NIEMEYER 2007) 10 Outros niacuteveis de ruiacutedo tambeacutem podem ser prejudiciais em maior ou menor grau dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora 11 ldquoPoluiccedilatildeo eacute a degradaccedilatildeo da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente a) prejudiquem a sauacutede a seguranccedila e o bem-estar da populaccedilatildeo b) criem condiccedilotildees adversas agraves atividades sociais e econocircmicas c) afetem desfavoravelmente a biota d) afetem as condiccedilotildees esteacuteticas ou sanitaacuterias do meio ambiente e) lancem mateacuterias ou energia em desacordo com os padrotildees ambientais estabelecidosrdquo (BRASIL 1981 p 1 e 2)
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
35
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006
Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg
1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes
Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes
procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO
2009)
NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
Niacutevel de Pressatildeo sonora
em dB(A)
Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS
Ambiente ou atividade
0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros
aacuterea de mata selvagem
30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite
50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse
auditivo Rua agitada um restaurante barulhento
70 a 90 Estressante e bastante
excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh
conversa a gritos
90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia
Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor
110 a 130
Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez
instantacircnea
Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock
130 a 140 Acima do limiar da dor
causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia
Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias
resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a
poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir
diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho
Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores
(NAGEM 2004)
Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave
Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do
12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
36
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do
sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do
Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da
cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias
tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da
Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)
Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da
LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos
com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos
submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e
do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a
accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave
conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte
geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)
Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos
de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em
documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da
Cidade do Recife (RECIFE 2000)
Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo
Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as
posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da
poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor
o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie
de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo
exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil
militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um
importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)
Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a
poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de
13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
37
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999
pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais
(BERGLUND et al1999)
Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que
atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua
(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do
ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio
urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram
em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da
populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes
geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et
al 2002) (Figura 214)
Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o
aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais
percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al
2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)
O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a
partir do ruiacutedo veicular que proveacutem
essencialmente do sistema de propulsatildeo do
motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo
aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso
(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da
relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as
configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido
a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de
acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a
presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de
pedestres etc a intensidade do fluxo de
veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os
veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de
14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
38
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita
terra batida) etc (SINGAL 2005)
Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo
comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas
implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo
do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo
para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e
pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS
2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma
interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana
Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto
por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego
seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no
proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de
certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e
forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e
largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser
acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica
O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde
acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo
acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)
O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia
de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio
urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou
nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o
espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de
suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de
pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
39
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007
Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido
pelo receptor diminui em funccedilatildeo da
duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15
Praccedilas parques e largos com grandes
dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias
vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas
uma de suas margens ou espaccedilos livres
urbanos de grandes dimensotildees caracterizam
alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos
No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras
sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o
seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente
sendo praticamente o mesmo em vaacuterias
posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre
uma saiacuteda para campo livre caracterizando o
fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura
217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)
Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser
reverberantes quando a onda sonora tarda a
encontrar o campo livre gerando um grande
nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes
quando a onda sonora encontra o campo livre
um pouco mais rapidamente do que no
reverberante gerando um nuacutemero menor mas
ainda grande de reflexotildees
15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
40
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007
No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado
reverberante possui comumente um perfil em
ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de
canyons urbanos que podem amplificar
consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das
vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas
geradas pelas fachadas paralelas das
edificaccedilotildees que circundam estas vias
(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste
tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora
natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre
a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico
aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos
elementos que compotildeem a forma urbana e
dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que
revestem as superfiacutecies refletoras18
(NIEMEYER 2007)
Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de
traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados
tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos
de espaccedilos acuacutesticos fechados
A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda
sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem
podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo
tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo
18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
41
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007
Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992
Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se
aos percursos da onda sonora gerados no
meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005
NIEMEYER 2007) A intensidade da
permeabilidade acuacutestica - mais ou menos
permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de
certos elementos urbanos de promover ou
conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais
como o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem
como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade
e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila
ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e
221)
A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda
com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o
conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a
qualquer objeto que possa ser considerado um
obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias
entre a fonte e o receptor (Figura 222)
(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES
2000) Ao bloquear o percurso direto entre a
fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser
absorvida eou refletida pela superfiacutecie da
barreira transmitida atraveacutes da barreira ou
difratada a partir do topo da barreira
(BARRON 2003 SINGAL 2005)
A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as
ondas sonoras sejam capazes de contornar
determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de
sombra acuacutestica que possui limites espaciais
variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte
____________________________________________
ANAacuteLISE D
sonora e de sua localizaccedilatilde
receptor que por sua vez
sonora difratada pelas borda
um decaimento maior do qu
campo livre (Figura 223) (N
1968 NIEMEYER 2007 PA
O uso de barreiras acuacutestic
EUA Japatildeo Austraacutelia e
reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do
pelo traacutefego rodoviaacuterio pa
(Figuras 224 a 226) (SIN
Brasil esta praacutetica ainda eacute inc
restringindo-se a poucos exe
caso da barreira acuacutestica no
Linha Amarela na cidade do
na Rodovia Bandeirantes co
de Satildeo Paulo a Campinas
Paulo (Figura 227) (MURGE
2004)
Embora a implantaccedilatildeo de b
esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do
rodoviaacuterio outros elemen
meio urbano situados ent
receptor atuam espontan
barreiras agrave propagaccedilatildeo sono
terreno com topografia i
muros edificaccedilotildees entr
edificaccedilotildees conjugadas da R
cidade do Recife ou aind
conjugadas em alguns trec
Atlacircntica no Rio de Janei
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap
Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C
Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2
Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest
Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN
accedilatildeo em relaccedilatildeo ao
ez recebe a energia
rdas da barreira com
que se estivesse em
(NEPOMUCENO
PAZ 2004)
ticas eacute comum nos
e na Europa para
do ruiacutedo produzido
para seus arredores
INGAL 2005) No
incipiente
exemplos como eacute o
no eixo rodoviaacuterio
o Rio de Janeiro e
conectando a cidade
s no estado de Satildeo
GEL 2007 SOUSA
e barreiras acuacutesticas
do ruiacutedo de traacutefego
entos inseridos no
entre a fonte e o
taneamente como
nora tais como um
irregular taludes
ntre outros As
a Rua da Aurora na
inda as edificaccedilotildees
trechos da Avenida
neiro por exemplo
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
42
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007
rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007
da Rodovia Bandeirantes no estado 2007
da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000
barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
43
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409
Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409
aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas
espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem
conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em
ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e
229)
A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e
da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a
interaccedilatildeo entre os diversos elementos que
compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis
das vias o modo de implantaccedilatildeo das
edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as
proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo
das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de
espaccedilos livres ndash contribui determinantemente
para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano
atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do
espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave
fonte geradora de campos sonoros
reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de
aacutereas de sombra
Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado
um sistema composto essencialmente pela fonte
sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e
KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto
percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de
propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares
apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo
da onda sonora no meio urbano
19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
44
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao
ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos
reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente
todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das
edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar
dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e
insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via
Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo
facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas
reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando
sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano
desejaacutevel aos seus receptores
Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as
distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de
propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades
bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento
acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano
Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se
comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica
urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana
Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos
investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
35
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Tabela 21 ndash Os niacuteveis de pressatildeo sonora e suas consequumlecircncias fisioloacutegicas no homem Em alguns casos podem a intensidade das reaccedilotildees fisioloacutegicas podem variar dependendo do tempo de exposiccedilatildeo agrave fonte sonora Fonte elaborado pela autora a partir de KINSLER et al 1992 SINGAL 2005 SOUZA 2006
Assim sendo na esfera federal a Constituiccedilatildeo Federal (Art255) o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei ndeg
1040602) a Lei das Contravenccedilotildees Penais (Decreto-lei nordm 368841) e a Lei dos Crimes
Ambientais (Lei nordm 960598) versam a partir de diferentes abordagens e diferentes
procedimentos legais sobre a poluiccedilatildeo sonora e suas respectivas perturbaccedilotildees (CARNEIRO
2009)
NIacuteVEIS DE PRESSAtildeO SONORA E SUAS CONSEQUEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
Niacutevel de Pressatildeo sonora
em dB(A)
Caracteriacutesticas FISIOLOacuteGICAS
Ambiente ou atividade
0 a 30 Nenhuma Tremular de folhas de uma aacutervore sussurros
aacuterea de mata selvagem
30 a 50 Nenhuma Cantar de paacutessaros rua calma em aacuterea residencial durante noite
50 a 70 Marca o iniacutecio do estresse
auditivo Rua agitada um restaurante barulhento
70 a 90 Estressante e bastante
excitante Chegada de um trem na estaccedilatildeo carro a 100 Kmh
conversa a gritos
90 a 110 Extremamente excitante provocando dependecircncia
Caminhatildeo pesado a 60 Kmh alarme de viatura passagem de trem numa estaccedilatildeo ou cabine de um aviatildeo monomotor
110 a 130
Desconfortavelmente alto atingindo o limiar da dor podendo causar surdez
instantacircnea
Trem passando em trilhos elevados martelo pneumaacutetico interior de uma boate show de banda de rock
130 a 140 Acima do limiar da dor
causando surdez permanente Decolagem de aviatildeo a jato a 5m de distacircncia disparos de artilharia
Ainda no domiacutenio federal o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou vaacuterias
resoluccedilotildees que estabelecem normas de preservaccedilatildeo ao meio ambiente incluindo o combate a
poluiccedilatildeo sonora12 Nestas resoluccedilotildees todas as atividades geradoras de ruiacutedo devem seguir
diretrizes vinculadas agrave Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas ndash ABNT e ao Conselho
Nacional de Tracircnsito - CONTRAN no caso de ruiacutedo produzido por veiacuteculos automotores
(NAGEM 2004)
Tais resoluccedilotildees normas e diretrizes refletidas no domiacutenio estadual e municipal deram origem agrave
Lei Estadual nordm 12789 de 28 de Abril de 2005 (PERNAMBUCO2005) conhecida como ldquoLei do
12 Satildeo elas RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 8 de marccedilo de 1990 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 1 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 2 de 11 de fevereiro de 1993 RESOLUCcedilAtildeO CONAMA nordm 272 de 14 de setembro de 2000
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
36
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do
sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do
Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da
cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias
tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da
Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)
Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da
LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos
com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos
submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e
do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a
accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave
conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte
geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)
Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos
de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em
documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da
Cidade do Recife (RECIFE 2000)
Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo
Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as
posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da
poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor
o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie
de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo
exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil
militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um
importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)
Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a
poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de
13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
37
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999
pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais
(BERGLUND et al1999)
Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que
atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua
(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do
ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio
urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram
em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da
populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes
geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et
al 2002) (Figura 214)
Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o
aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais
percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al
2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)
O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a
partir do ruiacutedo veicular que proveacutem
essencialmente do sistema de propulsatildeo do
motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo
aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso
(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da
relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as
configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido
a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de
acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a
presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de
pedestres etc a intensidade do fluxo de
veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os
veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de
14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
38
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita
terra batida) etc (SINGAL 2005)
Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo
comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas
implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo
do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo
para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e
pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS
2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma
interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana
Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto
por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego
seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no
proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de
certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e
forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e
largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser
acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica
O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde
acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo
acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)
O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia
de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio
urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou
nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o
espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de
suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de
pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
39
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007
Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido
pelo receptor diminui em funccedilatildeo da
duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15
Praccedilas parques e largos com grandes
dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias
vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas
uma de suas margens ou espaccedilos livres
urbanos de grandes dimensotildees caracterizam
alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos
No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras
sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o
seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente
sendo praticamente o mesmo em vaacuterias
posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre
uma saiacuteda para campo livre caracterizando o
fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura
217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)
Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser
reverberantes quando a onda sonora tarda a
encontrar o campo livre gerando um grande
nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes
quando a onda sonora encontra o campo livre
um pouco mais rapidamente do que no
reverberante gerando um nuacutemero menor mas
ainda grande de reflexotildees
15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
40
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007
No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado
reverberante possui comumente um perfil em
ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de
canyons urbanos que podem amplificar
consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das
vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas
geradas pelas fachadas paralelas das
edificaccedilotildees que circundam estas vias
(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste
tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora
natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre
a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico
aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos
elementos que compotildeem a forma urbana e
dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que
revestem as superfiacutecies refletoras18
(NIEMEYER 2007)
Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de
traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados
tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos
de espaccedilos acuacutesticos fechados
A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda
sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem
podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo
tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo
18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
41
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007
Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992
Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se
aos percursos da onda sonora gerados no
meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005
NIEMEYER 2007) A intensidade da
permeabilidade acuacutestica - mais ou menos
permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de
certos elementos urbanos de promover ou
conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais
como o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem
como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade
e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila
ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e
221)
A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda
com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o
conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a
qualquer objeto que possa ser considerado um
obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias
entre a fonte e o receptor (Figura 222)
(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES
2000) Ao bloquear o percurso direto entre a
fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser
absorvida eou refletida pela superfiacutecie da
barreira transmitida atraveacutes da barreira ou
difratada a partir do topo da barreira
(BARRON 2003 SINGAL 2005)
A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as
ondas sonoras sejam capazes de contornar
determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de
sombra acuacutestica que possui limites espaciais
variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte
____________________________________________
ANAacuteLISE D
sonora e de sua localizaccedilatilde
receptor que por sua vez
sonora difratada pelas borda
um decaimento maior do qu
campo livre (Figura 223) (N
1968 NIEMEYER 2007 PA
O uso de barreiras acuacutestic
EUA Japatildeo Austraacutelia e
reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do
pelo traacutefego rodoviaacuterio pa
(Figuras 224 a 226) (SIN
Brasil esta praacutetica ainda eacute inc
restringindo-se a poucos exe
caso da barreira acuacutestica no
Linha Amarela na cidade do
na Rodovia Bandeirantes co
de Satildeo Paulo a Campinas
Paulo (Figura 227) (MURGE
2004)
Embora a implantaccedilatildeo de b
esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do
rodoviaacuterio outros elemen
meio urbano situados ent
receptor atuam espontan
barreiras agrave propagaccedilatildeo sono
terreno com topografia i
muros edificaccedilotildees entr
edificaccedilotildees conjugadas da R
cidade do Recife ou aind
conjugadas em alguns trec
Atlacircntica no Rio de Janei
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap
Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C
Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2
Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest
Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN
accedilatildeo em relaccedilatildeo ao
ez recebe a energia
rdas da barreira com
que se estivesse em
(NEPOMUCENO
PAZ 2004)
ticas eacute comum nos
e na Europa para
do ruiacutedo produzido
para seus arredores
INGAL 2005) No
incipiente
exemplos como eacute o
no eixo rodoviaacuterio
o Rio de Janeiro e
conectando a cidade
s no estado de Satildeo
GEL 2007 SOUSA
e barreiras acuacutesticas
do ruiacutedo de traacutefego
entos inseridos no
entre a fonte e o
taneamente como
nora tais como um
irregular taludes
ntre outros As
a Rua da Aurora na
inda as edificaccedilotildees
trechos da Avenida
neiro por exemplo
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
42
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007
rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007
da Rodovia Bandeirantes no estado 2007
da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000
barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
43
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409
Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409
aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas
espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem
conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em
ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e
229)
A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e
da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a
interaccedilatildeo entre os diversos elementos que
compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis
das vias o modo de implantaccedilatildeo das
edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as
proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo
das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de
espaccedilos livres ndash contribui determinantemente
para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano
atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do
espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave
fonte geradora de campos sonoros
reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de
aacutereas de sombra
Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado
um sistema composto essencialmente pela fonte
sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e
KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto
percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de
propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares
apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo
da onda sonora no meio urbano
19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
44
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao
ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos
reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente
todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das
edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar
dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e
insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via
Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo
facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas
reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando
sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano
desejaacutevel aos seus receptores
Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as
distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de
propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades
bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento
acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano
Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se
comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica
urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana
Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos
investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
36
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Silecircnciordquo e que dispotildee sobre ruiacutedos urbanos poluiccedilatildeo sonora e proteccedilatildeo do bem-estar e do
sossego puacuteblico e agrave Lei nordm 16243 de 13 de setembro de 1996 ndash Coacutedigo do Meio Ambiente e do
Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife (RECIFE 1996a) que estabelece a poliacutetica do meio ambiente da
cidade do Recife incluindo regulamentaccedilatildeo de emissotildees sonoras entre outras providecircncias
tendo como suporte a Lei 1617696 de 9 de Abril de 1996 ndash Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo da
Cidade do Recife ndash LUOS (RECIFE 1996b)
Apesar da existecircncia desta grande quantidade de leis federais estaduais e municipais apesar da
LUOS legislar sobre a etapa de aprovaccedilatildeo de projetos para a construccedilatildeo de empreendimentos
com usos geradores de incocircmodo agrave vizinhanccedila incluindo usos potencialmente geradores de ruiacutedos
submetendo-os agrave anaacutelise teacutecnica eou agrave anaacutelise especial e apesar do Coacutedigo do Meio Ambiente e
do Equiliacutebrio Ecoloacutegico do Recife estabelecer limites maacuteximos permitidos de ruiacutedo na praacutetica a
accedilatildeo contra a poluiccedilatildeo sonora em Recife adquire caraacuteter corretivo pelos oacutergatildeos reguladores agrave
conduta do infrator geralmente a partir de denuacutencias da populaccedilatildeo apoacutes a consolidaccedilatildeo da fonte
geradora de ruiacutedo no meio urbano (JORNAL DO COMEacuteRCIO 2008 JC ONLINE 2005)
Outro exemplo local de desatenccedilatildeo agrave poluiccedilatildeo sonora eacute a inexistecircncia dentre vaacuterios outros tipos
de degradaccedilatildeo ambiental presentes de qualquer referecircncia a respeito da poluiccedilatildeo sonora em
documento produzido pela Prefeitura da Cidade do Recife no ano 2000 o Atlas Ambiental da
Cidade do Recife (RECIFE 2000)
Diante da aplicabilidade ineficaz da legislaccedilatildeo vigente em Novembro de 2009 foi lanccedilado pelo
Ministeacuterio Puacuteblico de Pernambuco a cartilha Poluiccedilatildeo sonora Silento e o barulho13 que versa sobre as
posturas e accedilotildees direitos e deveres dos diversos agentes envolvidos na produccedilatildeo e recepccedilatildeo da
poluiccedilatildeo sonora indicando como devem agir a viacutetima o policial o estado o construtor poluidor
o proprietaacuterio de carro de som poluidor entre outros A cartilha tambeacutem disponibiliza uma seacuterie
de formulaacuterios modelos de acordo com os diferentes tipos de poluiccedilatildeo sonora Estes formulaacuterios satildeo
exemplos para serem utilizados tanto pela viacutetima da poluiccedilatildeo sonora quanto pelo policial civil
militar promotor de justiccedila e ateacute mesmo pelo poluidor - o que poderaacute tornar esta cartilha um
importante instrumento para aplicaccedilatildeo das leis vigentes (CARNEIRO 2009)
Embora negligenciada e em oposiccedilatildeo a diversos outros problemas ambientais mundiais a
poluiccedilatildeo sonora continua a crescer e eacute acompanhada pelo aumento no nuacutemero de reclamaccedilotildees de
13 ldquoSilentordquo eacute um personagem criado para narrar alguns trechos interativos da cartilha
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
37
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999
pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais
(BERGLUND et al1999)
Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que
atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua
(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do
ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio
urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram
em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da
populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes
geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et
al 2002) (Figura 214)
Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o
aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais
percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al
2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)
O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a
partir do ruiacutedo veicular que proveacutem
essencialmente do sistema de propulsatildeo do
motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo
aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso
(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da
relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as
configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido
a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de
acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a
presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de
pedestres etc a intensidade do fluxo de
veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os
veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de
14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
38
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita
terra batida) etc (SINGAL 2005)
Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo
comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas
implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo
do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo
para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e
pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS
2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma
interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana
Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto
por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego
seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no
proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de
certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e
forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e
largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser
acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica
O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde
acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo
acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)
O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia
de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio
urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou
nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o
espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de
suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de
pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
39
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007
Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido
pelo receptor diminui em funccedilatildeo da
duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15
Praccedilas parques e largos com grandes
dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias
vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas
uma de suas margens ou espaccedilos livres
urbanos de grandes dimensotildees caracterizam
alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos
No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras
sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o
seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente
sendo praticamente o mesmo em vaacuterias
posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre
uma saiacuteda para campo livre caracterizando o
fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura
217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)
Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser
reverberantes quando a onda sonora tarda a
encontrar o campo livre gerando um grande
nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes
quando a onda sonora encontra o campo livre
um pouco mais rapidamente do que no
reverberante gerando um nuacutemero menor mas
ainda grande de reflexotildees
15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
40
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007
No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado
reverberante possui comumente um perfil em
ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de
canyons urbanos que podem amplificar
consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das
vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas
geradas pelas fachadas paralelas das
edificaccedilotildees que circundam estas vias
(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste
tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora
natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre
a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico
aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos
elementos que compotildeem a forma urbana e
dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que
revestem as superfiacutecies refletoras18
(NIEMEYER 2007)
Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de
traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados
tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos
de espaccedilos acuacutesticos fechados
A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda
sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem
podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo
tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo
18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
41
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007
Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992
Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se
aos percursos da onda sonora gerados no
meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005
NIEMEYER 2007) A intensidade da
permeabilidade acuacutestica - mais ou menos
permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de
certos elementos urbanos de promover ou
conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais
como o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem
como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade
e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila
ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e
221)
A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda
com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o
conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a
qualquer objeto que possa ser considerado um
obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias
entre a fonte e o receptor (Figura 222)
(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES
2000) Ao bloquear o percurso direto entre a
fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser
absorvida eou refletida pela superfiacutecie da
barreira transmitida atraveacutes da barreira ou
difratada a partir do topo da barreira
(BARRON 2003 SINGAL 2005)
A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as
ondas sonoras sejam capazes de contornar
determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de
sombra acuacutestica que possui limites espaciais
variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte
____________________________________________
ANAacuteLISE D
sonora e de sua localizaccedilatilde
receptor que por sua vez
sonora difratada pelas borda
um decaimento maior do qu
campo livre (Figura 223) (N
1968 NIEMEYER 2007 PA
O uso de barreiras acuacutestic
EUA Japatildeo Austraacutelia e
reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do
pelo traacutefego rodoviaacuterio pa
(Figuras 224 a 226) (SIN
Brasil esta praacutetica ainda eacute inc
restringindo-se a poucos exe
caso da barreira acuacutestica no
Linha Amarela na cidade do
na Rodovia Bandeirantes co
de Satildeo Paulo a Campinas
Paulo (Figura 227) (MURGE
2004)
Embora a implantaccedilatildeo de b
esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do
rodoviaacuterio outros elemen
meio urbano situados ent
receptor atuam espontan
barreiras agrave propagaccedilatildeo sono
terreno com topografia i
muros edificaccedilotildees entr
edificaccedilotildees conjugadas da R
cidade do Recife ou aind
conjugadas em alguns trec
Atlacircntica no Rio de Janei
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap
Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C
Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2
Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest
Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN
accedilatildeo em relaccedilatildeo ao
ez recebe a energia
rdas da barreira com
que se estivesse em
(NEPOMUCENO
PAZ 2004)
ticas eacute comum nos
e na Europa para
do ruiacutedo produzido
para seus arredores
INGAL 2005) No
incipiente
exemplos como eacute o
no eixo rodoviaacuterio
o Rio de Janeiro e
conectando a cidade
s no estado de Satildeo
GEL 2007 SOUSA
e barreiras acuacutesticas
do ruiacutedo de traacutefego
entos inseridos no
entre a fonte e o
taneamente como
nora tais como um
irregular taludes
ntre outros As
a Rua da Aurora na
inda as edificaccedilotildees
trechos da Avenida
neiro por exemplo
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
42
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007
rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007
da Rodovia Bandeirantes no estado 2007
da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000
barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
43
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409
Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409
aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas
espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem
conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em
ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e
229)
A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e
da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a
interaccedilatildeo entre os diversos elementos que
compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis
das vias o modo de implantaccedilatildeo das
edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as
proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo
das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de
espaccedilos livres ndash contribui determinantemente
para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano
atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do
espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave
fonte geradora de campos sonoros
reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de
aacutereas de sombra
Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado
um sistema composto essencialmente pela fonte
sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e
KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto
percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de
propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares
apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo
da onda sonora no meio urbano
19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
44
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao
ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos
reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente
todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das
edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar
dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e
insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via
Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo
facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas
reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando
sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano
desejaacutevel aos seus receptores
Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as
distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de
propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades
bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento
acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano
Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se
comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica
urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana
Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos
investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
37
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 214 ndash Relaccedilatildeo entre o desenvolvimento industrial da sociedade que possibilita o aumento e concentraccedilatildeo de fontes sonoras e seus impactos em relaccedilatildeo ao ruiacutedo nas comunidades apontando trecircs previsotildees futuras de acordo com diferentes accedilotildees possiacuteveis de regulamentaccedilatildeo contra do ruiacutedo Fonte elaborado pela autora a partir de BERGLUND et al 1999
pessoas expostas ao ruiacutedo a partir do aumento da consciecircncia de seus direitos legais
(BERGLUND et al1999)
Para World Health Organization (WHO)14 a poluiccedilatildeo sonora jaacute eacute um dos problemas ambientais que
atingem o maior nuacutemero de pessoas no planeta perdendo apenas para a poluiccedilatildeo do ar e da aacutegua
(KIHLMAN 2004 2005) Este crescimento contiacutenuo da poluiccedilatildeo sonora e por conseguinte do
ruiacutedo urbano possui uma estreita relaccedilatildeo com as raacutepidas transformaccedilotildees ocorridas no meio
urbano nas uacuteltimas deacutecadas O desenvolvimento acelerado e a expansatildeo das cidades implicaram
em modificaccedilotildees em elementos da forma urbana em alto iacutendice de crescimento demograacutefico da
populaccedilatildeo urbana e em consequumlente aumento e concentraccedilatildeo de diversos tipos de fontes
geradoras de poluiccedilatildeo sonora (BRASIL 1990a1990b GUEDES 2005 PAZ 2009 ZANNIN et
al 2002) (Figura 214)
Entre estas fontes urbanas geradoras de poluiccedilatildeo sonora uma das que mais contribuem com o
aumento do ruiacutedo urbano aleacutem de ser considerada uma das fontes mais intrusivas e a mais
percebida pela populaccedilatildeo das grandes cidades eacute o traacutefego de veiacuteculos (DINIZ 2003 FRITSCH et al
2007 LACERDA et al 2005 PAZ 2004 ZANNIN et al 2003)
O ruiacutedo do traacutefego de veiacuteculos eacute gerado a
partir do ruiacutedo veicular que proveacutem
essencialmente do sistema de propulsatildeo do
motor do atrito entre o veiacuteculo e o ar (ruiacutedo
aerodinacircmico) e do atrito entre o pneu e o piso
(MURGEL 2007 KINSLER et al 1982) e da
relaccedilatildeo entre o veiacuteculocondutor e as
configuraccedilotildees das vias em que ele estaacute inserido
a aceleraccedilatildeo eou desaceleraccedilatildeo do motor de
acordo com a caracterizaccedilatildeo das vias - a
presenccedila de cruzamentos semaacuteforos faixas de
pedestres etc a intensidade do fluxo de
veiacuteculos e a proporccedilatildeo entre veiacuteculos leves e os
veiacuteculos pesados a frequumlecircncia de
14 Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede ndash OMS
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
38
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita
terra batida) etc (SINGAL 2005)
Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo
comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas
implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo
do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo
para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e
pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS
2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma
interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana
Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto
por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego
seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no
proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de
certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e
forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e
largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser
acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica
O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde
acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo
acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)
O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia
de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio
urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou
nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o
espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de
suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de
pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
39
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007
Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido
pelo receptor diminui em funccedilatildeo da
duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15
Praccedilas parques e largos com grandes
dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias
vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas
uma de suas margens ou espaccedilos livres
urbanos de grandes dimensotildees caracterizam
alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos
No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras
sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o
seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente
sendo praticamente o mesmo em vaacuterias
posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre
uma saiacuteda para campo livre caracterizando o
fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura
217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)
Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser
reverberantes quando a onda sonora tarda a
encontrar o campo livre gerando um grande
nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes
quando a onda sonora encontra o campo livre
um pouco mais rapidamente do que no
reverberante gerando um nuacutemero menor mas
ainda grande de reflexotildees
15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
40
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007
No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado
reverberante possui comumente um perfil em
ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de
canyons urbanos que podem amplificar
consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das
vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas
geradas pelas fachadas paralelas das
edificaccedilotildees que circundam estas vias
(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste
tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora
natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre
a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico
aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos
elementos que compotildeem a forma urbana e
dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que
revestem as superfiacutecies refletoras18
(NIEMEYER 2007)
Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de
traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados
tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos
de espaccedilos acuacutesticos fechados
A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda
sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem
podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo
tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo
18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
41
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007
Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992
Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se
aos percursos da onda sonora gerados no
meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005
NIEMEYER 2007) A intensidade da
permeabilidade acuacutestica - mais ou menos
permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de
certos elementos urbanos de promover ou
conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais
como o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem
como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade
e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila
ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e
221)
A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda
com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o
conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a
qualquer objeto que possa ser considerado um
obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias
entre a fonte e o receptor (Figura 222)
(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES
2000) Ao bloquear o percurso direto entre a
fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser
absorvida eou refletida pela superfiacutecie da
barreira transmitida atraveacutes da barreira ou
difratada a partir do topo da barreira
(BARRON 2003 SINGAL 2005)
A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as
ondas sonoras sejam capazes de contornar
determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de
sombra acuacutestica que possui limites espaciais
variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte
____________________________________________
ANAacuteLISE D
sonora e de sua localizaccedilatilde
receptor que por sua vez
sonora difratada pelas borda
um decaimento maior do qu
campo livre (Figura 223) (N
1968 NIEMEYER 2007 PA
O uso de barreiras acuacutestic
EUA Japatildeo Austraacutelia e
reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do
pelo traacutefego rodoviaacuterio pa
(Figuras 224 a 226) (SIN
Brasil esta praacutetica ainda eacute inc
restringindo-se a poucos exe
caso da barreira acuacutestica no
Linha Amarela na cidade do
na Rodovia Bandeirantes co
de Satildeo Paulo a Campinas
Paulo (Figura 227) (MURGE
2004)
Embora a implantaccedilatildeo de b
esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do
rodoviaacuterio outros elemen
meio urbano situados ent
receptor atuam espontan
barreiras agrave propagaccedilatildeo sono
terreno com topografia i
muros edificaccedilotildees entr
edificaccedilotildees conjugadas da R
cidade do Recife ou aind
conjugadas em alguns trec
Atlacircntica no Rio de Janei
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap
Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C
Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2
Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest
Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN
accedilatildeo em relaccedilatildeo ao
ez recebe a energia
rdas da barreira com
que se estivesse em
(NEPOMUCENO
PAZ 2004)
ticas eacute comum nos
e na Europa para
do ruiacutedo produzido
para seus arredores
INGAL 2005) No
incipiente
exemplos como eacute o
no eixo rodoviaacuterio
o Rio de Janeiro e
conectando a cidade
s no estado de Satildeo
GEL 2007 SOUSA
e barreiras acuacutesticas
do ruiacutedo de traacutefego
entos inseridos no
entre a fonte e o
taneamente como
nora tais como um
irregular taludes
ntre outros As
a Rua da Aurora na
inda as edificaccedilotildees
trechos da Avenida
neiro por exemplo
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
42
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007
rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007
da Rodovia Bandeirantes no estado 2007
da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000
barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
43
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409
Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409
aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas
espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem
conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em
ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e
229)
A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e
da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a
interaccedilatildeo entre os diversos elementos que
compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis
das vias o modo de implantaccedilatildeo das
edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as
proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo
das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de
espaccedilos livres ndash contribui determinantemente
para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano
atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do
espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave
fonte geradora de campos sonoros
reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de
aacutereas de sombra
Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado
um sistema composto essencialmente pela fonte
sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e
KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto
percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de
propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares
apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo
da onda sonora no meio urbano
19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
44
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao
ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos
reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente
todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das
edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar
dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e
insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via
Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo
facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas
reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando
sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano
desejaacutevel aos seus receptores
Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as
distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de
propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades
bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento
acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano
Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se
comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica
urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana
Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos
investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
38
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
acionamentos de buzinas o tipo de acabamento da superfiacutecie das vias (concreto asfalto brita
terra batida) etc (SINGAL 2005)
Tais vias geradoras do ruiacutedo de traacutefego aleacutem de serem interceptadas por outras vias satildeo
comumente ladeadas por configuraccedilotildees bastante variaacuteveis desde edificaccedilotildees com formas
implantaccedilotildees e gabaritos diversificados a lotes ainda natildeo ocupados caracterizando a propagaccedilatildeo
do ruiacutedo de traacutefego urbano por muacuteltiplas reflexotildees responsaacuteveis pelo espalhamento do ruiacutedo
para vias adjacentes pelo surgimento de campos sonoros reverberantes pela difraccedilatildeo do ruiacutedo e
pelo surgimento de aacutereas de sombra (SINGAL 2005 RANDRIANOELINA e SALOMONS
2008) Ou seja a propagaccedilatildeo do ruiacutedo urbano gerado pelo traacutefego de veiacuteculos possui uma
interaccedilatildeo singular com elementos da forma urbana
Assim sendo tanto por sua participaccedilatildeo determinante na constituiccedilatildeo do ruiacutedo urbano quanto
por sua particular relaccedilatildeo com os elementos que compotildeem a forma urbana o ruiacutedo de traacutefego
seraacute a uacutenica fonte sonora considerada na presente pesquisa conforme seraacute melhor elucidado no
proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
A interaccedilatildeo entre o ruiacutedo urbano e a forma urbana dependeraacute diretamente das configuraccedilotildees de
certos elementos que compotildeem esta forma urbana o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade e
forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila ou ausecircncia de espaccedilos livres tais como praccedilas e
largos (GUEDES 2005 SANTOS e MARTINS 2005) Estes elementos podem ser
acusticamente caracterizados a partir do tipo de espaccedilo acuacutestico e da permeabilidade acuacutestica
O espaccedilo acuacutestico tambeacutem nomeado de campo acuacutestico eacute a porccedilatildeo de determinado espaccedilo onde
acontecem as vibraccedilotildees sonoras podendo ser caracterizado no meio urbano como espaccedilo
acuacutestico aberto ou fechado (NIEMEYER 2007)
O espaccedilo acuacutestico aberto aproxima-se da propagaccedilatildeo em campo livre que eacute caracterizado pela ausecircncia
de obstaacuteculos que modifiquem a propagaccedilatildeo sonora entre a fonte e o receptor Assim no meio
urbano o espaccedilo cuja propagaccedilatildeo sonora envolva poucas ou nenhuma reflexatildeo e poucos ou
nenhum obstaacuteculo pode ser considerado um espaccedilo acuacutestico aberto como por exemplo o
espaccedilo acuacutestico com perfil em ldquoLrdquo tais como vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas uma de
suas margens (Figuras 215 e 216) (NIEMEYER 2007) No espaccedilo acuacutestico aberto o niacutevel de
pressatildeo sonora decai 6 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (LANG
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
39
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007
Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido
pelo receptor diminui em funccedilatildeo da
duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15
Praccedilas parques e largos com grandes
dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias
vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas
uma de suas margens ou espaccedilos livres
urbanos de grandes dimensotildees caracterizam
alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos
No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras
sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o
seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente
sendo praticamente o mesmo em vaacuterias
posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre
uma saiacuteda para campo livre caracterizando o
fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura
217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)
Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser
reverberantes quando a onda sonora tarda a
encontrar o campo livre gerando um grande
nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes
quando a onda sonora encontra o campo livre
um pouco mais rapidamente do que no
reverberante gerando um nuacutemero menor mas
ainda grande de reflexotildees
15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
40
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007
No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado
reverberante possui comumente um perfil em
ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de
canyons urbanos que podem amplificar
consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das
vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas
geradas pelas fachadas paralelas das
edificaccedilotildees que circundam estas vias
(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste
tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora
natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre
a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico
aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos
elementos que compotildeem a forma urbana e
dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que
revestem as superfiacutecies refletoras18
(NIEMEYER 2007)
Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de
traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados
tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos
de espaccedilos acuacutesticos fechados
A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda
sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem
podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo
tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo
18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
41
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007
Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992
Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se
aos percursos da onda sonora gerados no
meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005
NIEMEYER 2007) A intensidade da
permeabilidade acuacutestica - mais ou menos
permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de
certos elementos urbanos de promover ou
conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais
como o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem
como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade
e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila
ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e
221)
A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda
com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o
conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a
qualquer objeto que possa ser considerado um
obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias
entre a fonte e o receptor (Figura 222)
(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES
2000) Ao bloquear o percurso direto entre a
fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser
absorvida eou refletida pela superfiacutecie da
barreira transmitida atraveacutes da barreira ou
difratada a partir do topo da barreira
(BARRON 2003 SINGAL 2005)
A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as
ondas sonoras sejam capazes de contornar
determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de
sombra acuacutestica que possui limites espaciais
variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte
____________________________________________
ANAacuteLISE D
sonora e de sua localizaccedilatilde
receptor que por sua vez
sonora difratada pelas borda
um decaimento maior do qu
campo livre (Figura 223) (N
1968 NIEMEYER 2007 PA
O uso de barreiras acuacutestic
EUA Japatildeo Austraacutelia e
reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do
pelo traacutefego rodoviaacuterio pa
(Figuras 224 a 226) (SIN
Brasil esta praacutetica ainda eacute inc
restringindo-se a poucos exe
caso da barreira acuacutestica no
Linha Amarela na cidade do
na Rodovia Bandeirantes co
de Satildeo Paulo a Campinas
Paulo (Figura 227) (MURGE
2004)
Embora a implantaccedilatildeo de b
esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do
rodoviaacuterio outros elemen
meio urbano situados ent
receptor atuam espontan
barreiras agrave propagaccedilatildeo sono
terreno com topografia i
muros edificaccedilotildees entr
edificaccedilotildees conjugadas da R
cidade do Recife ou aind
conjugadas em alguns trec
Atlacircntica no Rio de Janei
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap
Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C
Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2
Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest
Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN
accedilatildeo em relaccedilatildeo ao
ez recebe a energia
rdas da barreira com
que se estivesse em
(NEPOMUCENO
PAZ 2004)
ticas eacute comum nos
e na Europa para
do ruiacutedo produzido
para seus arredores
INGAL 2005) No
incipiente
exemplos como eacute o
no eixo rodoviaacuterio
o Rio de Janeiro e
conectando a cidade
s no estado de Satildeo
GEL 2007 SOUSA
e barreiras acuacutesticas
do ruiacutedo de traacutefego
entos inseridos no
entre a fonte e o
taneamente como
nora tais como um
irregular taludes
ntre outros As
a Rua da Aurora na
inda as edificaccedilotildees
trechos da Avenida
neiro por exemplo
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
42
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007
rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007
da Rodovia Bandeirantes no estado 2007
da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000
barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
43
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409
Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409
aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas
espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem
conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em
ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e
229)
A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e
da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a
interaccedilatildeo entre os diversos elementos que
compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis
das vias o modo de implantaccedilatildeo das
edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as
proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo
das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de
espaccedilos livres ndash contribui determinantemente
para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano
atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do
espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave
fonte geradora de campos sonoros
reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de
aacutereas de sombra
Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado
um sistema composto essencialmente pela fonte
sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e
KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto
percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de
propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares
apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo
da onda sonora no meio urbano
19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
44
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao
ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos
reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente
todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das
edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar
dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e
insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via
Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo
facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas
reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando
sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano
desejaacutevel aos seus receptores
Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as
distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de
propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades
bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento
acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano
Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se
comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica
urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana
Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos
investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
39
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 215 ndash Propagaccedilatildeo sonora em Campo acuacutestico aberto Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
Figura 216 ndash Campo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo FonteNIEMEYER 2007
Figura 217 ndash Propagaccedilatildeo sonora em campo acuacutestico fechado causando o fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana Fonte NIEMEYER e SANTOS 2001
e BERANEK 1992) isto eacute o ruiacutedo percebido
pelo receptor diminui em funccedilatildeo da
duplicaccedilatildeo da distacircncia da fonte sonora15
Praccedilas parques e largos com grandes
dimensotildees vias de traacutefego marginais a praias
vias de traacutefego com edificaccedilotildees em apenas
uma de suas margens ou espaccedilos livres
urbanos de grandes dimensotildees caracterizam
alguns exemplos de espaccedilos acuacutesticos abertos
No espaccedilo acuacutestico fechado as ondas sonoras
sofrem muacuteltiplas reflexotildees fazendo com que o
seu niacutevel sonoro decaia muito lentamente
sendo praticamente o mesmo em vaacuterias
posiccedilotildees ateacute que esta onda sonora encontre
uma saiacuteda para campo livre caracterizando o
fenocircmeno da reverberaccedilatildeo urbana16 17(Figura
217) (GUEDES 2005 NIEMEYER 2007)
Os espaccedilos acuacutesticos fechados podem ser
reverberantes quando a onda sonora tarda a
encontrar o campo livre gerando um grande
nuacutemero de reflexotildees ou semi-reverberantes
quando a onda sonora encontra o campo livre
um pouco mais rapidamente do que no
reverberante gerando um nuacutemero menor mas
ainda grande de reflexotildees
15 Este decaimento eacute para fontes pontuais para fontes lineares o decaimento eacute de 3 dB para cada dobro da distacircncia entre a fonte sonora e o receptor (GERGES 2000) 16 A reverberaccedilatildeo eacute a persistecircncia de um som depois de ter sido extinta a sua emissatildeo por uma fonte e ocorre como resultado de reflexotildees em ambientes total ou parcialmente fechados (GONZALEZ e LOPES 1993) 17 Alguns espaccedilos acuacutesticos fechados tambeacutem podem amplificar o niacutevel de pressatildeo sonora mas este fenocircmeno ocorre em determinados espaccedilos acuacutesticos fechados reverberantes
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
40
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007
No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado
reverberante possui comumente um perfil em
ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de
canyons urbanos que podem amplificar
consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das
vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas
geradas pelas fachadas paralelas das
edificaccedilotildees que circundam estas vias
(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste
tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora
natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre
a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico
aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos
elementos que compotildeem a forma urbana e
dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que
revestem as superfiacutecies refletoras18
(NIEMEYER 2007)
Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de
traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados
tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos
de espaccedilos acuacutesticos fechados
A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda
sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem
podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo
tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo
18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
41
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007
Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992
Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se
aos percursos da onda sonora gerados no
meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005
NIEMEYER 2007) A intensidade da
permeabilidade acuacutestica - mais ou menos
permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de
certos elementos urbanos de promover ou
conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais
como o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem
como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade
e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila
ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e
221)
A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda
com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o
conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a
qualquer objeto que possa ser considerado um
obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias
entre a fonte e o receptor (Figura 222)
(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES
2000) Ao bloquear o percurso direto entre a
fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser
absorvida eou refletida pela superfiacutecie da
barreira transmitida atraveacutes da barreira ou
difratada a partir do topo da barreira
(BARRON 2003 SINGAL 2005)
A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as
ondas sonoras sejam capazes de contornar
determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de
sombra acuacutestica que possui limites espaciais
variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte
____________________________________________
ANAacuteLISE D
sonora e de sua localizaccedilatilde
receptor que por sua vez
sonora difratada pelas borda
um decaimento maior do qu
campo livre (Figura 223) (N
1968 NIEMEYER 2007 PA
O uso de barreiras acuacutestic
EUA Japatildeo Austraacutelia e
reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do
pelo traacutefego rodoviaacuterio pa
(Figuras 224 a 226) (SIN
Brasil esta praacutetica ainda eacute inc
restringindo-se a poucos exe
caso da barreira acuacutestica no
Linha Amarela na cidade do
na Rodovia Bandeirantes co
de Satildeo Paulo a Campinas
Paulo (Figura 227) (MURGE
2004)
Embora a implantaccedilatildeo de b
esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do
rodoviaacuterio outros elemen
meio urbano situados ent
receptor atuam espontan
barreiras agrave propagaccedilatildeo sono
terreno com topografia i
muros edificaccedilotildees entr
edificaccedilotildees conjugadas da R
cidade do Recife ou aind
conjugadas em alguns trec
Atlacircntica no Rio de Janei
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap
Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C
Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2
Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest
Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN
accedilatildeo em relaccedilatildeo ao
ez recebe a energia
rdas da barreira com
que se estivesse em
(NEPOMUCENO
PAZ 2004)
ticas eacute comum nos
e na Europa para
do ruiacutedo produzido
para seus arredores
INGAL 2005) No
incipiente
exemplos como eacute o
no eixo rodoviaacuterio
o Rio de Janeiro e
conectando a cidade
s no estado de Satildeo
GEL 2007 SOUSA
e barreiras acuacutesticas
do ruiacutedo de traacutefego
entos inseridos no
entre a fonte e o
taneamente como
nora tais como um
irregular taludes
ntre outros As
a Rua da Aurora na
inda as edificaccedilotildees
trechos da Avenida
neiro por exemplo
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
42
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007
rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007
da Rodovia Bandeirantes no estado 2007
da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000
barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
43
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409
Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409
aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas
espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem
conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em
ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e
229)
A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e
da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a
interaccedilatildeo entre os diversos elementos que
compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis
das vias o modo de implantaccedilatildeo das
edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as
proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo
das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de
espaccedilos livres ndash contribui determinantemente
para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano
atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do
espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave
fonte geradora de campos sonoros
reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de
aacutereas de sombra
Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado
um sistema composto essencialmente pela fonte
sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e
KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto
percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de
propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares
apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo
da onda sonora no meio urbano
19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
44
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao
ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos
reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente
todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das
edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar
dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e
insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via
Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo
facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas
reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando
sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano
desejaacutevel aos seus receptores
Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as
distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de
propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades
bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento
acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano
Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se
comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica
urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana
Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos
investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
40
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 218 ndash Campo acuacutestico fechado em perfl ldquoUrdquo tambeacutem chamado de canyons urbanos Fonte NIEMEYER 2007
No meio urbano o espaccedilo acuacutestico fechado
reverberante possui comumente um perfil em
ldquoUrdquo (Figura 218) tambeacutem chamados de
canyons urbanos que podem amplificar
consideravelmente a propagaccedilatildeo sonora das
vias de traacutefego atraveacutes de reflexotildees muacuteltiplas
geradas pelas fachadas paralelas das
edificaccedilotildees que circundam estas vias
(ANDERSON e KURZE 1992) Assim neste
tipo de espaccedilo acuacutestico a propagaccedilatildeo sonora
natildeo depende exclusivamente da distacircncia entre
a fonte e o receptor como no espaccedilo acuacutestico
aberto depende ainda da configuraccedilatildeo dos
elementos que compotildeem a forma urbana e
dos coeficientes de absorccedilatildeo dos materiais que
revestem as superfiacutecies refletoras18
(NIEMEYER 2007)
Praccedilas parques e largos com pequenas dimensotildees e cercados por edificaccedilotildees conjugadas vias de
traacutefego com edificaccedilotildees (conjugadas ou com pequenos recuos entre elas) em ambos os lados
tuacuteneis passagens subterracircneas e espaccedilos livres abaixo de viadutos caracterizam alguns exemplos
de espaccedilos acuacutesticos fechados
A caracterizaccedilatildeo de um espaccedilo acuacutestico como sendo aberto ou fechado delinearaacute como a onda
sonora iraacute espalhar-se no meio urbano cujas configuraccedilotildees dos elementos que o compotildeem
podem facilitar ou dificultar a trajetoacuteria desta onda sonora para aleacutem do local de sua emissatildeo
tornando o meio urbano mais ou menos permeaacutevel a sua propagaccedilatildeo
18 No meio urbano as superfiacutecies refletoras satildeo predominantemente formadas por fachadas e muros de edificaccedilotildees que possuem certa uniformidade na utilizaccedilatildeo de materiais altamente reflexivos e com baixos coeficientes de absorccedilatildeo tais como granito maacutermore ceracircmica esmaltada vidro Assim o coeficiente de absorccedilatildeo de uma edificaccedilatildeo para outra seraacute praticamente o mesmo sofrendo miacutenimas variaccedilotildees permitindo sua natildeo consideraccedilatildeo
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
41
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007
Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992
Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se
aos percursos da onda sonora gerados no
meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005
NIEMEYER 2007) A intensidade da
permeabilidade acuacutestica - mais ou menos
permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de
certos elementos urbanos de promover ou
conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais
como o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem
como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade
e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila
ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e
221)
A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda
com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o
conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a
qualquer objeto que possa ser considerado um
obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias
entre a fonte e o receptor (Figura 222)
(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES
2000) Ao bloquear o percurso direto entre a
fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser
absorvida eou refletida pela superfiacutecie da
barreira transmitida atraveacutes da barreira ou
difratada a partir do topo da barreira
(BARRON 2003 SINGAL 2005)
A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as
ondas sonoras sejam capazes de contornar
determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de
sombra acuacutestica que possui limites espaciais
variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte
____________________________________________
ANAacuteLISE D
sonora e de sua localizaccedilatilde
receptor que por sua vez
sonora difratada pelas borda
um decaimento maior do qu
campo livre (Figura 223) (N
1968 NIEMEYER 2007 PA
O uso de barreiras acuacutestic
EUA Japatildeo Austraacutelia e
reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do
pelo traacutefego rodoviaacuterio pa
(Figuras 224 a 226) (SIN
Brasil esta praacutetica ainda eacute inc
restringindo-se a poucos exe
caso da barreira acuacutestica no
Linha Amarela na cidade do
na Rodovia Bandeirantes co
de Satildeo Paulo a Campinas
Paulo (Figura 227) (MURGE
2004)
Embora a implantaccedilatildeo de b
esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do
rodoviaacuterio outros elemen
meio urbano situados ent
receptor atuam espontan
barreiras agrave propagaccedilatildeo sono
terreno com topografia i
muros edificaccedilotildees entr
edificaccedilotildees conjugadas da R
cidade do Recife ou aind
conjugadas em alguns trec
Atlacircntica no Rio de Janei
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap
Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C
Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2
Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest
Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN
accedilatildeo em relaccedilatildeo ao
ez recebe a energia
rdas da barreira com
que se estivesse em
(NEPOMUCENO
PAZ 2004)
ticas eacute comum nos
e na Europa para
do ruiacutedo produzido
para seus arredores
INGAL 2005) No
incipiente
exemplos como eacute o
no eixo rodoviaacuterio
o Rio de Janeiro e
conectando a cidade
s no estado de Satildeo
GEL 2007 SOUSA
e barreiras acuacutesticas
do ruiacutedo de traacutefego
entos inseridos no
entre a fonte e o
taneamente como
nora tais como um
irregular taludes
ntre outros As
a Rua da Aurora na
inda as edificaccedilotildees
trechos da Avenida
neiro por exemplo
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
42
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007
rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007
da Rodovia Bandeirantes no estado 2007
da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000
barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
43
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409
Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409
aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas
espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem
conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em
ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e
229)
A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e
da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a
interaccedilatildeo entre os diversos elementos que
compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis
das vias o modo de implantaccedilatildeo das
edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as
proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo
das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de
espaccedilos livres ndash contribui determinantemente
para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano
atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do
espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave
fonte geradora de campos sonoros
reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de
aacutereas de sombra
Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado
um sistema composto essencialmente pela fonte
sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e
KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto
percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de
propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares
apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo
da onda sonora no meio urbano
19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
44
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao
ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos
reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente
todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das
edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar
dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e
insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via
Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo
facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas
reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando
sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano
desejaacutevel aos seus receptores
Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as
distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de
propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades
bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento
acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano
Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se
comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica
urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana
Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos
investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
41
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 220 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees em uma quadra permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 221 ndash Esquema de implantaccedilatildeo de edificaccedilotildees conjugadas em uma quadra pouco permeaacutevel ao ruiacutedo urbano gerado pela via de traacutefego em sua margem Fonte NIEMEYER 2007
Figura 219 ndash Permeabilidade acuacutestica - percursos da onda sonora gerados em meio urbano Fonte NIEMEYER 2007
Figura 222 ndash Barreira acuacutestica entre a fonte e o receptor FonteANDERSON e KURZE 1992
Assim sendo a permeabilidade acuacutestica refere-se
aos percursos da onda sonora gerados no
meio urbano (Figura 219) (GUEDES 2005
NIEMEYER 2007) A intensidade da
permeabilidade acuacutestica - mais ou menos
permeaacutevel - dependeraacute da capacidade de
certos elementos urbanos de promover ou
conter a propagaccedilatildeo da onda sonora tais
como o traccedilado e perfis das vias a maneira de
implantaccedilatildeo das edificaccedilotildees nos lotes bem
como seus gabaritos as proporccedilotildees densidade
e forma de ocupaccedilatildeo das quadras a presenccedila
ou ausecircncia de espaccedilos livres (Figuras 220 e
221)
A permeabilidade acuacutestica relaciona-se ainda
com as barreiras acuacutesticas Isoladamente o
conceito de barreiras acuacutesticas refere-se a
qualquer objeto que possa ser considerado um
obstaacuteculo agrave ligaccedilatildeo direta e sem interferecircncias
entre a fonte e o receptor (Figura 222)
(ANDERSON e KURZE 1992 GERGES
2000) Ao bloquear o percurso direto entre a
fonte e o receptor a onda sonora poderaacute ser
absorvida eou refletida pela superfiacutecie da
barreira transmitida atraveacutes da barreira ou
difratada a partir do topo da barreira
(BARRON 2003 SINGAL 2005)
A difraccedilatildeo eacute um fenocircmeno que permite que as
ondas sonoras sejam capazes de contornar
determinados obstaacuteculos gerando uma aacuterea de
sombra acuacutestica que possui limites espaciais
variaacuteveis de acordo com a posiccedilatildeo da fonte
____________________________________________
ANAacuteLISE D
sonora e de sua localizaccedilatilde
receptor que por sua vez
sonora difratada pelas borda
um decaimento maior do qu
campo livre (Figura 223) (N
1968 NIEMEYER 2007 PA
O uso de barreiras acuacutestic
EUA Japatildeo Austraacutelia e
reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do
pelo traacutefego rodoviaacuterio pa
(Figuras 224 a 226) (SIN
Brasil esta praacutetica ainda eacute inc
restringindo-se a poucos exe
caso da barreira acuacutestica no
Linha Amarela na cidade do
na Rodovia Bandeirantes co
de Satildeo Paulo a Campinas
Paulo (Figura 227) (MURGE
2004)
Embora a implantaccedilatildeo de b
esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do
rodoviaacuterio outros elemen
meio urbano situados ent
receptor atuam espontan
barreiras agrave propagaccedilatildeo sono
terreno com topografia i
muros edificaccedilotildees entr
edificaccedilotildees conjugadas da R
cidade do Recife ou aind
conjugadas em alguns trec
Atlacircntica no Rio de Janei
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap
Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C
Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2
Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest
Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN
accedilatildeo em relaccedilatildeo ao
ez recebe a energia
rdas da barreira com
que se estivesse em
(NEPOMUCENO
PAZ 2004)
ticas eacute comum nos
e na Europa para
do ruiacutedo produzido
para seus arredores
INGAL 2005) No
incipiente
exemplos como eacute o
no eixo rodoviaacuterio
o Rio de Janeiro e
conectando a cidade
s no estado de Satildeo
GEL 2007 SOUSA
e barreiras acuacutesticas
do ruiacutedo de traacutefego
entos inseridos no
entre a fonte e o
taneamente como
nora tais como um
irregular taludes
ntre outros As
a Rua da Aurora na
inda as edificaccedilotildees
trechos da Avenida
neiro por exemplo
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
42
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007
rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007
da Rodovia Bandeirantes no estado 2007
da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000
barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
43
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409
Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409
aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas
espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem
conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em
ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e
229)
A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e
da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a
interaccedilatildeo entre os diversos elementos que
compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis
das vias o modo de implantaccedilatildeo das
edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as
proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo
das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de
espaccedilos livres ndash contribui determinantemente
para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano
atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do
espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave
fonte geradora de campos sonoros
reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de
aacutereas de sombra
Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado
um sistema composto essencialmente pela fonte
sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e
KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto
percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de
propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares
apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo
da onda sonora no meio urbano
19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
44
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao
ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos
reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente
todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das
edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar
dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e
insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via
Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo
facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas
reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando
sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano
desejaacutevel aos seus receptores
Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as
distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de
propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades
bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento
acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano
Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se
comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica
urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana
Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos
investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento
____________________________________________
ANAacuteLISE D
sonora e de sua localizaccedilatilde
receptor que por sua vez
sonora difratada pelas borda
um decaimento maior do qu
campo livre (Figura 223) (N
1968 NIEMEYER 2007 PA
O uso de barreiras acuacutestic
EUA Japatildeo Austraacutelia e
reduccedilatildeo da propagaccedilatildeo do
pelo traacutefego rodoviaacuterio pa
(Figuras 224 a 226) (SIN
Brasil esta praacutetica ainda eacute inc
restringindo-se a poucos exe
caso da barreira acuacutestica no
Linha Amarela na cidade do
na Rodovia Bandeirantes co
de Satildeo Paulo a Campinas
Paulo (Figura 227) (MURGE
2004)
Embora a implantaccedilatildeo de b
esteja vinculada agrave reduccedilatildeo do
rodoviaacuterio outros elemen
meio urbano situados ent
receptor atuam espontan
barreiras agrave propagaccedilatildeo sono
terreno com topografia i
muros edificaccedilotildees entr
edificaccedilotildees conjugadas da R
cidade do Recife ou aind
conjugadas em alguns trec
Atlacircntica no Rio de Janei
_________________________________________________________________ 2 FORM
O S O
E DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES
Figura 226 ndash Barreiras instaladasem aacuterea residencial de Toacutequio Jap
Figura 224 ndash Agrave esquerda barreacriacutelico na Suiacuteccedila Agrave direita barreiraPaacutedua e Veneza na Itaacutelia Fonte C
Figura 227 ndash Barreira acuacutestica dade Satildeo Paulo Fonte MURGEL 2
Figura 223 ndash Difraccedilatildeo da ondagerando uma aacuterea de sombra acuacutest
Figura 225 ndash Agrave esquerda baproacuteximo a Zurique Agrave direita barretambeacutem na Suiccedila Fonte CICHIN
accedilatildeo em relaccedilatildeo ao
ez recebe a energia
rdas da barreira com
que se estivesse em
(NEPOMUCENO
PAZ 2004)
ticas eacute comum nos
e na Europa para
do ruiacutedo produzido
para seus arredores
INGAL 2005) No
incipiente
exemplos como eacute o
no eixo rodoviaacuterio
o Rio de Janeiro e
conectando a cidade
s no estado de Satildeo
GEL 2007 SOUSA
e barreiras acuacutesticas
do ruiacutedo de traacutefego
entos inseridos no
entre a fonte e o
taneamente como
nora tais como um
irregular taludes
ntre outros As
a Rua da Aurora na
inda as edificaccedilotildees
trechos da Avenida
neiro por exemplo
RMA E ACUacuteSTICA URBANAS
42
M N O S S O D E C A D A D I A
S CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
das ao longo de via expressa elevada Japatildeo Fonte CICHINELLI 2007
rreira acuacutestica curva em concreto e eira acuacutestica metaacutelica na estrada entre CICHINELLI 2007
da Rodovia Bandeirantes no estado 2007
da sonora a partir de uma barreira uacutestica Fonte GERGES 2000
barreira acuacutestica metaacutelica instalada arreira acuacutestica em concreto e acriacutelico INELLI 2007
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
43
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409
Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409
aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas
espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem
conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em
ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e
229)
A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e
da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a
interaccedilatildeo entre os diversos elementos que
compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis
das vias o modo de implantaccedilatildeo das
edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as
proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo
das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de
espaccedilos livres ndash contribui determinantemente
para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano
atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do
espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave
fonte geradora de campos sonoros
reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de
aacutereas de sombra
Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado
um sistema composto essencialmente pela fonte
sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e
KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto
percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de
propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares
apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo
da onda sonora no meio urbano
19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
44
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao
ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos
reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente
todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das
edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar
dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e
insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via
Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo
facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas
reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando
sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano
desejaacutevel aos seus receptores
Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as
distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de
propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades
bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento
acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano
Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se
comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica
urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana
Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos
investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
43
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Figura 228 ndash Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista na cidade do Recife configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fontehttpmaiovinteeseisblogspotcom2007_ 11_01_archivehtml Acesso em 080409
Figura 229 ndash Alguns trechos da Avenida Atlacircntica no Bairro de Copacabana na cidade do Rio de Janeiro tambeacutem configuram barreiras acuacutesticas espontacircneas ou natildeo intencionais aleacutem de conformarem um espaccedilo acuacutestico aberto com perfil em ldquoLrdquo Fonte httpwwwtravelpodcomtravel-photoorlanworldtrip200711 71589400avenida-atlantica-along-copacabana-beachjpgtpodhtml Acesso em 080409
aleacutem de funcionarem como barreiras acuacutesticas
espontacircneas ou natildeo intencionais tambeacutem
conformam um espaccedilo acuacutestico aberto em
ldquoLrdquo e pouco permeaacutevel ao ruiacutedo (Figura 228 e
229)
A partir da discussatildeo dos espaccedilos acuacutesticos e
da permeabilidade acuacutestica evidencia-se que a
interaccedilatildeo entre os diversos elementos que
compotildeem a forma urbana - o traccedilado e perfis
das vias o modo de implantaccedilatildeo das
edificaccedilotildees nos lotes e seus gabaritos as
proporccedilotildees densidade e maneira de ocupaccedilatildeo
das quadras e a presenccedila ou ausecircncia de
espaccedilos livres ndash contribui determinantemente
para a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano
atraveacutes de muacuteltiplas reflexotildees do
espalhamento do ruiacutedo para vias adjacentes agrave
fonte geradora de campos sonoros
reverberantes da difraccedilatildeo e da existecircncia de
aacutereas de sombra
Isto posto se o ruiacutedo urbano eacute considerado
um sistema composto essencialmente pela fonte
sonora pelo meio de propagaccedilatildeo e pelo receptor (LANG e BERANEK 1992 ANDERSON e
KURZE 1992) a forma urbana considerada a partir dos elementos que a compotildeem enquanto
percurso de transmissatildeo delineia influencia e determina em certa medida a trajetoacuteria de
propagaccedilatildeo da onda sonora19 Ou seja a forma urbana por meio das caracteriacutesticas singulares
apresentadas pelos seus elementos componentes iraacute influenciar o comportamento da propagaccedilatildeo
da onda sonora no meio urbano
19 ldquoEm certa medidardquo pois existem outros fatores que tambeacutem influenciam a propagaccedilatildeo sonora no meio urbano mas a discussatildeo sobre a consideraccedilatildeo ou natildeo destes outros fatores seraacute melhor construiacuteda no proacuteximo capiacutetulo 3 Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
44
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao
ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos
reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente
todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das
edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar
dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e
insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via
Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo
facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas
reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando
sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano
desejaacutevel aos seus receptores
Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as
distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de
propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades
bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento
acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano
Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se
comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica
urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana
Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos
investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento
__________________________________________________________________________________________________________ 2 FORMA E ACUacuteSTICA URBANAS
44
O S O M N O S S O D E C A D A D I A
ANAacuteLISE DO COMPORTAMENTO DA ACUacuteSTICA URBANA A PARTIR DE MODIFICACcedilOtildeES CRONOLOacuteGICAS NA FORMA URBANA
Uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito alto por elevada densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias estreitas por exemplo tende em tese a ser menos permeaacutevel ao
ruiacutedo dificultando a propagaccedilatildeo sonora para outras aacutereas Tende ainda a criar espaccedilos
reverberantes ou semi-reverberantes com o niacutevel de pressatildeo sonora elevado em praticamente
todos os pontos de reflexatildeo com perdas miacutenimas ateacute a onda sonora alcanccedilar o topo das
edificaccedilotildees e direcionar-se a campo livre Por conseguinte este comportamento tende a propiciar
dependendo ainda da relaccedilatildeo com a fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano indesejaacutevel e
insalubre aos receptores existentes nas edificaccedilotildees daquela via
Jaacute uma via urbana caracterizada por edificaccedilotildees de gabarito baixo por baixa densidade de
ocupaccedilatildeo das quadras e por vias largas tende teoricamente a ser mais permeaacutevel ao ruiacutedo
facilitando sua propagaccedilatildeo Por outro lado natildeo gera espaccedilos acuacutesticos propiacutecios a muacuteltiplas
reflexotildees fazendo com que a onda sonora encontre mais rapidamente o campo livre facilitando
sua dissipaccedilatildeo e propiciando dependendo ainda da fonte sonora um niacutevel de ruiacutedo urbano
desejaacutevel aos seus receptores
Deste modo a existecircncia de diferenccedilas e particularidades dos elementos que compotildeem as
distintas formas urbanas proporciona os mais diversificados comportamentos acuacutesticos de
propagaccedilatildeo sonora nos mais diferentes meios urbanos Ou seja do mesmo modo que cidades
bairros e ruas natildeo satildeo iguais entre si tampouco reproduziacuteveis em sua essecircncia o comportamento
acuacutestico tambeacutem natildeo seraacute ao contraacuterio constituiraacute um atributo exclusivo de cada espaccedilo urbano
Mas se para cada espaccedilo urbano existe um comportamento acuacutestico especiacutefico como deveraacute se
comportar a propagaccedilatildeo sonora de um mesmo espaccedilo urbano a partir do processo cronoloacutegico de
modificaccedilotildees em elementos de sua forma urbana Em outras palavras como se comportaraacute a acuacutestica
urbana de um determinado local a partir do processo cronoloacutegico de modificaccedilotildees em sua forma urbana
Nos capiacutetulo que se segue Consideraccedilotildees Metodoloacutegicas seratildeo apresentadas os percursos
investigativos que foram postos em praacutetica em busca de responder a este questionamento