O Território Marítimo Brasileiro

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  • 7/21/2019 O Territrio Martimo Brasileiro

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    O territrio martimo brasileiro abrange as zonas martimas sob soberania ou jurisdio nacional,nomeadamente, as guas interiores, o mar territorial (MT), a zona contgua (ZC), a zona econmica exclusiva(ZEE) e a plataforma continental (PC).

    A rea compreendida pela extenso do Mar Territorial brasileiro (12 milhas), somada ZEE (188 milhas) e extenso da Plataforma Continental, em decorrncia de sua evidente riqueza e vastido, essa rea chamada de "Amaznia Azul".

    O Brasil signatrio da Conveno das Naes Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM III), promulgada peloDecreto 1530/95.

    Em 4 de janeiro de 1993, foi sancionada a Lei n. 8.617/93, enquadrando a normativa interna brasileira e oslimites martimos brasileiros aos preceitos preconizados pela CNUDM III, inclusive com a revogao denormas que lhe fossem contrrias.

    Conceitualmente, mar territorial ("Territorial Sea") a faixa de mar que se estende desde a linha de base, atuma distncia de 12 milhas martimas. A jurisdio do Brasil no mar territorial soberana, exceto no quetange a jurisdio civil e penal em navio mercante estrangeiro em passagem inocente, cuja jurisdio doEstado de bandeira (princpio da jurisdio do Estado de bandeira).

    A Zona Contgua ("Contiguous Zone") consiste em uma segunda faixa de mar de 12 milhas, adjacente ao mar

    territorial. Na ZC, o Estado Costeiro destitudo de soberania, mas tem jurisdio legal especfica para os finsde fiscalizao no que tange alfndega, sade, imigrao, portos e trnsito por guas territoriais.

    A Zona Econmica Exclusiva ("Exclusive Economic Zone") consiste em uma faixa adjacente ao MarTerritorial, que se sobrepe ZC. O limite mximo da ZEE de 188 milhas martimas a contar do limiteexterior do Mar Territorial, ou 200 milhas, a contar da linha de base deste.

    Nas ZEES, qualquer Estado goza do direito de navegao e sobrevo, cabendo-lhe, ainda, a liberdade deinstalao de cabos e dutos submarinos.

    A plataforma continental ("Continental Shelf") constituda por reas submersas adjacentes zona do MarTerritorial e compreende o leito e o subsolo das reas submarinas que se estendem alm do seu marterritorial, em toda a extenso do prolongamento natural do seu territrio terrestre, at ao bordo exterior damargem continental, ou at uma distncia de 200 milhas martimas das linhas de base a partir das quais se

    mede a largura do mar territorial, nos casos em que o bordo exterior da margem continental no atinja essadistncia.

    A disciplina jurdica sobre a PC objetiva a soberania sobre o aproveitamento dos recursos situados nas suasguas, no seu solo e subsolo, notadamente recursos minerais e combustveis fsseis como o petrleo e o gsnatural. Os recursos naturais da PC compreendem os recursos minerais e outros recursos no vivos do leitodo mar e subsolo, bem como os organismos vivos pertencentes a espcies sedentrias, isto , aquelas que,no perodo de captura, esto imveis no leito do mar ou no seu subsolo ou s podem mover-se em constantecontato fsico com esse leito ou subsolo.

    Sob a gide da CNUDM III, o Estado costeiro exerce direitos de soberania sobre a PC para efeitos deexplorao e aproveitamento dos seus recursos naturais (art. 77).

    Em regra, o limite exterior da PC de 200 milhas, todavia a CNUDM III estipula que os pases interessadosem ter uma PC maior que 200 milhas martimas deveriam apresentar Comisso de Limites da PlataformaContinental da ONU sua proposio, aps 10 anos da ratificao da mesma, respaldada por informaescientficas e tcnicas, justificando tal pretenso (art. 76, 9).

    O Brasil instituiu, pelo Decreto n. 95.787/88, posteriormente atualizado pelo Decreto n. 98.145/89, o Plano deLevantamento da Plataforma Continental Brasileira (leplac), programa que tem por objetivo determinar o limiteexterior da Plataforma Continental alm das 200 milhas, consoante art. 76 da CNUDM III.

    Solidamente amparado nos estudos realizados pelo LEPLAC, o Brasil apresentou, em 2004, pedido deextenso da PC Comisso para os Limites da Plataforma Continental da ONU (CLPC) em consonncia aoart. 76 da CNUDM III e seguindo os preceitos das "Scientific and Techinical Guidelines"SGT, documento daONU que regulamenta o artigo em questo.

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    O Brasil foi o segundo pas a apresentar sua proposta a ONU. O primeiro pas foi a Rssia que teve seupedido negado.

    A proposio solicitava novo limite exterior da PC na extenso de 350 milhas e a incluso em sua plataformade cinco reas: cone do Amazonas; cadeia Norte brasileiro; cadeia Vitria e Trindade, plat de So Paulo emargem continental Sul.

    Em decorrncia da nova propositura, a "Amaznia Azul" seria integrada pelo mar patrimonial de 200 milhasmartimas (370 km) e pela plataforma continental de at 350 milhas martimas (648 km) de largura, a partir delinha de base. Esta rea representaria um total de quase 4,5 milhes de km2, aumentando em mais de 50% area do territrio nacional.

    Em abril de 2007, a CLPC emitiu um Relatrio de Recomendaes, sugerindo que o Brasil apresente novaproposta com novos limites. O Relatrio recomenda certo "recuo" na propositura brasileira em cerca de 20 a35% da rea originalmente pleiteada.

    O Relatrio da CLPC est sendo analisado pelo LEPLAC que dever propor linhas de ao ao GovernoBrasileiro.

    Evidencia-se, portanto, que o aumento e incorporao da nova rea da "Amaznia Azul", mesmo quereduzida em nova proposta, dever ocorrer em breve.

    A iminncia da expanso do territrio martimo brasileiro, enseja a anlise dos efeitos de tal abrangncia soba gide de trs grandes vertentes: i) vertente econmica; ii) cientfica e iii) vertente soberania.

    Na vertente econmica, a expanso do territrio brasileiro evidentemente estratgica.

    fato inconteste a relao de dependncia da economia mundial com o mar.

    A par das riquezas estratgicas sobrevivncia das naes, 95% do comrcio internacional se realizaatravs do transporte martimo. Atente-se, ainda, para o turismo martimo, a navegao de cabotagem, osesportes nuticos e a explorao de petrleo e gs.

    No Brasil, a constatada relao de dependncia com o mar especialmente significativa. Alm da constatadadependncia do trfego martimo e do petrleo, que, per se, j bastariam para mensurar o significado dadependncia do Brasil em relao ao mar, se destacam ainda demais potencialidades econmicas como apesca, que permanece praticamente artesanal, a explorao de gs e demais recursos.

    No limiar da sua auto-suficincia, o Brasil prospecta mais de 80% de seu petrleo. Especialistas vemdefendendo que a explorao de petrleo na nova rea dever possibilitar o aumento de reservas suficientespara atender a demanda do mercado interno brasileiro e ainda possibilitar exportao de excedentes. Alguns

    estudos j iniciados destacam a probabilidade de existncia de petrleo no subsolo, alem das 200 milhas,existncia ainda no comprovada.

    Na vertente cientfica, evidncias empricas vem apontando que o aumento da rea marinha serextremamente relevante para a realizao de pesquisas, para o gerenciamento de recursos naturaisecologicamente importantes e economicamente relevantes e se evidenciam, neste contexto, a exploraosustentvel da pesca e de outros recursos, evitando-se, ademais, a pirataria cientfica..

    Na vertente soberania, em que pese a vastido da rea a explorar e inobstante a importncia indescritvel daconquista pioneira do Brasil consolidando a extenso da sua rea, algumas preocupaes, todavia, sosuscitadas.

    Na PC, o Brasil exerce direitos de soberania para efeitos de explorao e aproveitamento dos seus recursosnaturais. evidente que a extenso da rea importa no s em incorporao de riquezas e direitos de

    soberania. Proporcionalmente aos direitos, decorrem as responsabilidades, as obrigaes.

    http://jus.com.br/artigos/34245/a-constituicao-quis-que-a-advocacia-geral-da-uniao-se-organizasse-numa-unica-carreira-de-advogadoshttp://jus.com.br/artigos/34245/a-constituicao-quis-que-a-advocacia-geral-da-uniao-se-organizasse-numa-unica-carreira-de-advogadoshttp://jus.com.br/artigos/36180/consideracoes-sobre-o-onus-imposto-pelo-artigo-276-do-codigo-de-processo-civil-vigentehttp://jus.com.br/artigos/36180/consideracoes-sobre-o-onus-imposto-pelo-artigo-276-do-codigo-de-processo-civil-vigentehttp://jus.com.br/artigos/36102/o-circo-e-mais-organizado-que-a-camara-dos-deputadoshttp://jus.com.br/artigos/36102/o-circo-e-mais-organizado-que-a-camara-dos-deputadoshttp://jus.com.br/artigos/31069/uma-apreciacao-critica-a-respeito-dos-principios-da-liberdade-e-da-diferenca-na-obra-uma-teoria-da-justica-de-john-rawlshttp://jus.com.br/artigos/31069/uma-apreciacao-critica-a-respeito-dos-principios-da-liberdade-e-da-diferenca-na-obra-uma-teoria-da-justica-de-john-rawlshttp://jus.com.br/artigos/31069/uma-apreciacao-critica-a-respeito-dos-principios-da-liberdade-e-da-diferenca-na-obra-uma-teoria-da-justica-de-john-rawlshttp://jus.com.br/artigos/30923/a-revogacao-do-art-28-i-da-lei-organica-da-advocacia-geral-da-uniaohttp://jus.com.br/artigos/30923/a-revogacao-do-art-28-i-da-lei-organica-da-advocacia-geral-da-uniaohttp://jus.com.br/artigos/30923/a-revogacao-do-art-28-i-da-lei-organica-da-advocacia-geral-da-uniaohttp://jus.com.br/artigos/31069/uma-apreciacao-critica-a-respeito-dos-principios-da-liberdade-e-da-diferenca-na-obra-uma-teoria-da-justica-de-john-rawlshttp://jus.com.br/artigos/36102/o-circo-e-mais-organizado-que-a-camara-dos-deputadoshttp://jus.com.br/artigos/36180/consideracoes-sobre-o-onus-imposto-pelo-artigo-276-do-codigo-de-processo-civil-vigentehttp://jus.com.br/artigos/34245/a-constituicao-quis-que-a-advocacia-geral-da-uniao-se-organizasse-numa-unica-carreira-de-advogados
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    A grande preocupao refere-se ao fato de o Brasil estar efetivamente preparado para investir em polticas deefetivo aproveitamento dos recursos, em pesquisas, e, essencialmente, em fiscalizao.

    Os portos brasileiros so considerados obsoletos e o Brasil, h dcadas, considerado um pas"transportado" e no um pas "transportador. Lamentavelmente, so gastos com fretes martimosaproximadamente US$ 7 bilhes, dos quais apenas 3% so transportados em navios de bandeira brasileira.

    A Marinha de Guerra deve ser imediatamente dotada de navios de primeira gerao, alem de meiosflutuantes, areos e anfbios adequados, em quantidade suficiente para garantir uma presena navalpermanente na Amaznia Azul, alm de representar os interesses nacionais ou projetar o poder e a influnciado pas no exterior.

    O Brasil poder ser o primeiro pas no mundo a ter sua proposta de ampliao de limites da PC aceita pelaONU, sob a gide da CNUDM III.

    Revela-se de vital importncia a implementao de polticas no s relativas s vertentes econmicas, masessencialmente polticas pblicas que possibilitem e viabilizem a efetiva explorao sustentvel, pesquisa efiscalizao.

    Finalmente, ressalta-se e reitera-se, portanto, a importncia da incorporao de nova rea "Amaznia Azul",mas se evidencia a necessidade de que a relao de dependncia com o mar deixe de representar uma

    vulnerabilidade para o Brasil e passe a ser consagrada uma potencialidade em seu uso, explorao efiscalizao que possam ser considerados paradigmas internacionais de excelncia.

    REFERNCIAS BIBLIOGRAFICAS

    CARVALHO, R. G. A amaznia Azul. Defesa Net, 04 Maro 2004.

    MATTOS, A. M. O novo direito do mar. Rio de Janeiro, Renovar, 1996.

    OCTAVIANO MARTINS, E M. Curso de direito martimo. Barueri: Editora Manole, 2007.

    TORRES, L. C. e FERREIRA, H. S. Amaznia Azul: a fronteira brasileira no mar.Revista Passadio; Centrode adestramento Almirante Marques de LeoCAAML, 2005, p. 3-5.

    Leia mais:http://jus.com.br/artigos/13984/soberania-e-jurisdicao-maritima#ixzz3RDE3RRu7

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