O Tesouro - Contos - Detetive Fantástico

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    O Tesouro  Pseudônimo: Detetive Fantástico

    D E T E T I V E F A N T Á S T I C O

    Pseudônimo

    O Tesouro

    Contos

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    O Tesouro  Pseudônimo: Detetive Fantástico

    Sumário

    O Tesouro - Detetive Fantástico (pseudônimo)

    A melhor coisa do mundo --------------------------------------------- 03Porcada (! vers"o) ####################################################################### 0$O s%dito Alien ----------------------------------------------------------- Tocaia ########################################################################################## 3&ampiro ----------------------------------------------------------------- 'euestro ##################################################################################### *0+o,isomem -------------------------------------------------------------- *3A morte do velho amio ############################################################# *.O sil/ncio dos cala,ouos -------------------------------------------- *1O tesouro 2--------------------------------------------------------------- 3*O Pacto e o trampo do ,aulho ################################################## 3$

    Duas histrias da roa: 4olpes e O Tentado ----------------------- .Tr/s histrias de crime: desco,ertas5 espelhos e som,ras ########### .'

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    A melhor coisa do mundo

     6"o havia maior pra7er no mundo do ue retirar a li,erdade de alu8m5 desavisado pelocotidiano e envolto em a9a7eres costumeiros# Assim pensava Plnio5 um inveterado investiador;era um reo7i=o uando detinha outrem prestes aar9ar um ar,oso uitute5 isto de se impedir ue o detento tivesse uma especial re9ei"o5 tipo

     prato 9avorito# >m troca5 rece,eria uma ororo,a emplastada numa marmita 9ria e tardia5 uandoo indiente =á estivesse enclausurado# A notcia de pris"o5 ue muda a calmaria dos momentos5numa e9ervesc/ncia de sentidos e pensamentos5 era clma< do /

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    cana ,arata em companhia de uma mulher iualmente ,arata# Plnio convidou him,a aacompanhá-lo5 G 9ora dos costumes5 a entrar nauela viatura descaracteri7ada# Huando amulher7inha estu9ou o ,usto5 mostrando auele asco de decote5 soeruendo o nari75 a,rindo a

     ,oca 98tida 2 com 9alhas dentárias nos molares 2 e principiou uma 9ala irritante5 desconera um mataal so,renatural ue mareava um rio numa área conhecida por desovas de

    corpos n"o celestiais5 ue 9icava numa esp8cie de 7ona rural encrustada na cidade# him,a 9oi posto de =oelhos5 na ,eira dauela marem ue enolia cadáveres de toda esp8cie# Plnio disseue iria empalá-lo como um picol8 ent"o5 o

     papaaio vai ou n"o a,rir o ,icoJB5 disse Plnio# A essa perunta todos os atos s"o pardos5 etodos os atos conscientes tornam-se papaaios5 para ue um 9uturo voo 9osse possvel# 6"o

     precisava nem dauele carinho na ,arria e dauela massaem lom,ar para ue him,a 9alasseue nauela mesma noite o tra9icante Doca seria 9u7ilado em sua resid/ncia5 =unto ao seu uarda-costas# Plnio perdeu a paci/ncia5 pois sa,ia ue ele seria morto# >le dei

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    verdade das notcias at8 voc/?B

    Porcada (1ª ers!o" “A vaca é nobreza; a cabra é mantença; a ovelha é riqueza, mas o porco é tesouro.”

     Adáio popular portuu!s

    Porcada# >ra assim ue chamavam as tradicionais matanas de porcos reali7adas pela9amlia Os8ias Antunes5 uma das mais tradicionais no ramo da aropecuária5 no centro do pas#Para essa 9amlia era o 9im de ano a comemora"o da porcada# 6"o havia reliiosidade ousacri9cio alum5 pois o rito era desculpa para a reuni"o dos 9este=os da comilana e ,e,eraem#Familiares e amios se =untavam no preparativo ue convida a morte a cei9ar a vida dos porcos5derramando um rio escarlate5 de uase p%rpura tonalidade5 uando misturado aos pardos 9arelos

    da terra# 6ada mais natural do ue matar animais para comer carne# Desde ue o planeta 8mundo e o animal 8 homem sempre 9oi assim# Apesar das presas humanas serem discretoscaninos5 s"o auados os instintos carnvoros5 nesse eterno ciclo 9aminto da cadeia alimentar5

     pois a vida se alimenta da morte5 e tudo continua ,em# 6o 9im de ano era sempre muita aleria5 o povo se a=untava na matriarca av Naria#

    Naria Os8ias Antunes5 velha sisuda5 orda como uma rande leitoa5 a uem os tempos seesueceram de levar em,ora# Naria dava seus tra,alhos de prala 9oi uma das responsáveis pela rai7 dos costumes5di7endo a todos ue a sua av sempre recomendou ue os 9racos n"o deveriam presenciar amatana5 pois os porcos passariam piedade e encolheriam sanue# >la di7ia ue as mulheresmenstruadas n"o poderiam mera ela uem davaseuimento ao há,ito de uardar os p8s e as orelhas dos ,ichos para serem comidos no carnaval#

    A 9amlia5 contudo5 tinha orulho da velha5 por sua tradi"o e resist/ncia centenária#Ao contrário do =ovem A9onsinho5 neto da av Naria5 era um ponto parado no espao# O rapa7i7onavaB menos do ue um mandruváB# Todos sentiam pena e veronha desse idiota5 ue

     passava o dia inteiro no uintal com olhos de pei

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    talve7 para com,inar sem uerem com os rios sanuneos ue sairiam dos porcos ao a,ate# Amaioria vinha pela lutonaria5 sem contri,uir com nenhuma moedinha# O ,oca livre so,ravamanso nauele local# > a maioria dos convidados da v Naria nem seuer olhavam para ela5

    aueles ratos aproveitadores5 risonhos seres 9rauinhos5 sem austeridade5 isentos de conte%doB5assim pensava Naria Filha5 a primo/nita ue 9icou para titia5 cuidando de sua m"e# >la era aresponsável por carrear o 9ardo de cuidar da m"e Naria5 e todos os irm"os concordavamunInimes de ue ela era a %nica ue dava conta do recado#

    Em monte de ente opaca se misturava aos tra,alhadores# o,ravam supervisores palpiteiros ao preparo da pr8-uloseima# Huanto G era"o dos peuenos peraltas5 essesmudaram muito# >ram seres a,solutamente 9racos5 a7edos e intolerantes# A maioria delesdeso,edientes ao ele adorava 9alar com todos em duplo sentido5 como se sua inteli/ncia se ,astassenauelas sacadas rápidas5 com rande chance de serem treinadas em casa# Narcelino era dessesue para a=udar5 apenas auardava com a ,oca a comida 9icar pronta# Dil,erto era um pea=osoterrivelmente insuportável5 por uem alumas moas aca,avam cedendo devido a insist/ncia e achatea"o de suas uer/ncias# O velho Seca contava in%meras mentiras5 em causos velhos comtanta eu9oria5 como se todos 9ossem acreditar em suas 9icCes# >le e a esposa 9a7iam ostemperos# arminha era auela mulher diminuta em estatura5 mas aruta em captar e romper 

     provocaCes# >

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    Anastácia# At8 porue =á estavam para lá de adá5 ou de el8m do Pará# A9onsinho 9icourecluso em seus interiores5 voltando a ,o,ear seu =eito parado no meio do uintal# O Donaldovioleiro cantou mais uma uadra:

    Porco do "o o"o5 se achar pode continuar5 se me"o5se mais de me"o acanhar a ra"oB>m cheando o anto Andr85uem n"o tem porco mata a mulherB

    Naria Filha levou sua m"e Naria Os8ias Antunes5 a velha ue todos tinham orulho pelas tradiCes e 9railidade 9sica# A 9ilha levou para a m"e o ,ácoro assado5 linuia5 pururuca5toscana etc# A velha e todos os presentes estavam com a ,arria vermelha de tanta comida e

     ,e,ida# >la comeu tanto como se 9osse presenciar sua %ltima porcada5 mas a velha escapulia dotempo e5 apesar de seu corpo centenário5 estava muito ,em 9isicamente# O ue pre=udicavamesmo era a mente ue n"o suportou tantos anos liada na normalidade da vida# erto 8 ue ela

    ainda estaria 9irme na pr

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    Tocaia

    A vida seue seu curso silencioso5 pelas diversas estradas de escolha5 cada ualtropicada por es,arrCes de susto5 muitos deles dilaceradores da prpria vida5 pois a morte rondasolta5 espreitando escondida nos ,eirais de tocaia5 nos solavancos cardacos e outros 9atoresdoentios# Nuitos se oneram por a5 em o9cio de riscar um desa9eto da lista de contendas#Aca,am ,orrando peuenas retas para cada alvo certeiro e tom,ado5 talve7 resucios de

     passarinhos ravados em risco na madeira do ,odoue estilinado5 durante a in9Incia# Outros seresolvem numa mania diversa5 a 9incar ravetos como peuenas estacas no 9undo de suaresid/ncia5 e há os ue acendem uma vela de aviso encomendado a cada alma li,erta do 9sico5isto de carne e osso palpáveis#

    Pelo ue se di7 ter havido 2 e teve 25 um ca,oclo destinado a pistolaem5 ainda de pouca penuem no saco5 mas de pontaria madura5 ue atirava uma pedra no meio do lao59a7endo ladainha e roando para a9astar os intentos assom,rosos dos mortos#

    ada homem envolto em seu caminho5 merulhado em sua estrada5 sonhador oudescrente5 vai tocando a vida pela so,reviv/ncia5 uns mais a9ortunados pela ,oa sorte ou 9orteintento5 atraindo secos olhares empedrados na inve=a da co,ia# Outros v"o larados de recurso5com vento na ,arria5 envoltos na dura teia da mis8ria# A vida se corroendo no consumo rápidode um trieiro de plvora 9aiscada#

    t"o comum como carrapicho a lista de contendas ser recheada de inimi7ades por essa co,ia# om a plvora acesa5 a vida corre no aumento da idade5 e 8 9ácil ver os amontoadosde 9alsa aleria5 a=untamento de risos 9orados5 em con9raterni7aCes de espalha9u

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    dela5 no re9%io de um sono5 ainda ue tur,ulento5 daueles tremelicados em sustos# oisacomum pra uem =á tom,ou outras vidas na mira reta de uma ,ala# á ,urlou esse $Vmandamento de Deus5 o 9amoso n"o matarásB5 por setenta e cinco ve7es# @sso era a sua sina5 seu

    seundo apreo5 um cora"o homicida#A F45 uma espinarda de 9errolho5 de tiro simples5 cano lono e de rupamento preciso da chum,ada5 era sua %nica companheira em vida# ilenciosa5 uando 9alava era um sestampido5 convocando a dona morte pra se tomar conta do corpo cado# Pistoleiro ue se pre7atem precis"o cir%rica5 uma %nica ,ala ,asta ao ponteiro miolado e certo do alvo# Pistoleiro ,omtem paci/ncia de 5 de o"o5 e tudo o ue 8 nome a=untado# preciso treino e preparo para 9icar escondido no ponto de tocaia5 sempre aachado e no sil/ncio5 a sol e chuva5 com ou sem

     provis"o; mosuito e co,ra 8 detalhe# A perna deve auentar alonamento para se 9icar encurtadaali no alo=ado# E,asti"o era desses5 de arma cravada por retas5 de uma ,ala por corpo5acostumado a estudar a vida e a rota do ,aleado5 a desco,rir um melhor ponto de mira5 commenor perio de testemunha e de menor pro,a,ilidade de espera# oisas ue com o tempo se

    aprende nessa lida armada# E,asti"o a,raava a sua sina de pistoleiro5 em devo"o 9errenha5 at8mesmo nauelas novas estradas#

    Almiro era um daueles privileiados5 pisoteador nas estradas da ,oa sorte5 era alvo acandidato pre9erencial G elei"o de seu nome nas listas dos inve=osos# Tem proced/ncia de nome9amiliar# Filho de rico 9a7endeiro e detentor so,re contendas alheias# Ema esp8cie de =ui7 leio#

     6as contendas5 o rior da lei5 a dure7a de apontamentos# Romem uerido e amio5 cu=o9alecimento prometeu suceder o 9ilho Almiro em seu luar# > o menino nascera com o chap8uvirado5 como se andasse por a e o enchesse de manas cadas em m/s antes da 9lor# >ra a sorteem pessoa# O dinheiro 9e7 com ue se tornasse um lder nato# >ra o melhor partido para as moascasamenteiras# > por isso5 muitos pais peavam mais 9olado para ,olinaem# Ao ue se 9a7iavista rossa5 em ualuer travessia# e 9osse um p8 liso de racha5 de m"o cale=ada no arrocho5

     =amais poderia se enraar uma conversa al8m de duas palavras# 6o máis a ra7"o de tanta reulaem rerada#>ra sa,ido ue Almiro 9irmara apreo por moa Naria5 de tenra inenuidade5 virtuosa

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    em 9ormas corporais5 de m"os máicas a trans9ormar mat8ria insossa em deliciosos alimentos#Naria era pura em intentos5 9echada aos improp8rios e tmida de espantar alanteios5 masretornava olhares para Almiro5 demonstrando apreo e uer/ncia recproca# At8 ue certa ve7 se

    com,inaram os rumores5 e acordaram trato de namoro# Auilo 9oi a lria de Almiro# A melhor de suas sortes e5 por isto5 a mais 9este=ada# Os pensamentos dos dois n"o eram e auele osto de vitria5 no

    deleite pra7eroso de se envolver por primeiro nas entranhas dauela 9ruta tena7 imaculada5auela amance,aem pr8via transtornava em desalinho as ideias de E,asti"o# >ra preciso impor limites antes do cru7amento das alianas# Permaneceu ali o intento5 nauele alaraviado deideias5 o motim de antecipar a visita da morte para cortar o 9io de vida de Almiro#

    >ra preciso matutar o tempo e o espao5 a ocasi"o per9eita sem a9ronta de ser visto5nem perce,ido por outros olhos denunciantes# Ema ocasi"o se encaistrada sondada por som,ras5 matas5 ar,ustos5 muitosesconderi=os de campana5 desmantelada de avi7inhados# >ra melhor ue muitas errantes tocaiasue5 uase sem chance5 aca,aram por dar certo no talento da pontaria# Almiro ainda pescariaso7inho na noite de sera s assinar o

    reuerimento da morte5 chancelada no atilho da espinarda# A ,ala =á 9oi ,ei=ada5 em sua ponta9oi 9eita uma cru7 com a navalha do canivete# A vela tinha sido acesa na noite anterior5 emencomenda de ,uscar a alma de Almiro# >ra aora auardar os passos# Dava tempo 9olado de

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    descansar os olhos# E,asti"o dormiu iual ,oi5 em olho uase 9echado# &iiando chear a noite para acordar de ve7 os sentidos#

    A noite cheou árida como nas terras do norte5 e a ,risa ali do poo n"o a=udava em

    nada# At8 mesmo o volumoso rio Arauaia ue passava do outro lado do morro de nadasuspirava um tempo mais ameno5 nauele 9inal de aosto# E,asti"o n"o perdia o rumo da estradae n"o desviava olhar para nada5 nem insetos5 aves5 co,ras5 nem nada# Ouviu um asso,iolonnuo e reconheceu a melodia do Nenino da Porteira5 toada pre9erida de Almiro# Depois5 osil/ncio imperou por tempo so,rado# Almiro =á deveria ter passado por ali5 mas n"o passou# Ochamado da morte =á estava pronto# O a7ar5 onde =a7 toda sorte5 se iniciou com todo o mote# >rahora do tiro# Em vulto ,em rande cheava na estrada5 =á perto da curva5 ,em perto da mira# Odedo indicador estava ,em rente ao atilho5 auela virula de metal ue pCe o ponto 9inal na vidaalheia mirada# Ema coru=a piou ciente do mau aouro# Nuitos ,arulhos se misturavam no9ar9alhar do mato# Aora o vento resolveu dar o ar em 9rescor da raa# Peuenos rudoscheavam perto do pistoleiro E,asti"o5 mas ele n"o desviava o olhar para nada# O vulto estava

     prestes a centrali7ar no miolo da mira e PEN? Ema pancada seca de ca,o do en

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    Vam%iro

    A ra# Dornelas voltava de uma con9raterni7a"o reali7ada num desses tradicionaisrecantos mais a9astados da cidade# >la uis ir em,ora antes dos costumeiros veles 9icam com a por"o de terra cu=a topora9ia acidentada n"o s"o interessantes paraas construtoras e empreendedoras# >ssas reiCes atraem po,re7a e as pessoas maisdesmanteladas da sociedade# >las e as marens possuem em comum ,em mais do ue a

    eora9ia pr

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    hopin" e a \! in9onia (Antonn +eopold DvoráL)#A noite dauela sera mesmo um descomunadoB5 com olhos 9e,ris5 tendo horrores por temperos G ,ase de alho# Di7iam ue churrasco de ato era com ele5 mas muita ente a9irmavaue o rapa7 apreciava seus alimentos in natura# A polcia =á o havia prendido por nada alumas

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    ve7es5 sem ter provas de coisa ilcita# Por8m5 sempre era solto5 pois criava uma ala7arra euerra dentro das celas# Huando cheava a noite5 o homem se misturava com as trevas e elesumia5 al8m de desaparecer uem estivesse por perto# possvel ue ele 9osse desses máicos de

    araue e vivesse o seu prprio personaem criado# Por via das d%vidas e das certe7as5 resolveramdei

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     pelas 9rinchas5 pelas =anelas5 imainando os vultos por ,aila n"o descon9iava ue tal 9ato so,renatural era muito vivo e palpável:

     6icandro5 especialista em p8s 9elinos e coisas palpáveis#Tal 9issura o,cecada 9oi elevada ao era um resucio de chance# Nas 9oi mesmo a chance v" eevasiva# Nirna n"o estava em ,om dia5 nem para cutia# A revolta tomou conta de 6icandro comopressora intensidade#

    Em misto de revolta e depress"o tomou conta do o,cecado# >le resolveu paar  propina a um amio seu 9armac/utico e conseuir um composto de en7odia7epina5 alpra7olam

    e Flunitra7epam# "o 9ortes componentes sedativos capa7es de 9a7er hi,ernar uma pro9unda noitede sono um ele9ante ue incomodava muita ente# > assim 6icandro passou a dormir noitesinteiras ao lado de sua ,eldades# Tinha ue ter muita 9ora para re9rear seus impulsos hormonais

     para n"o ,ulinar nauelas entranhas trridas# Nas 6icandro ueria o ato consentido5 envolto por concordes de entrea# Por isso5 o 9reio 9oi mais di9cil uando removeu uma de sua casa e a levou

     para a casa da seunda# Tudo muito tra,alhoso e penoso para n"o chamar a aten"o dos olheiros5 por mais ue a madruada a=udasse a escurecer as som,ras de movimentos# > assim5 passouauela noite no meio delas a admirar suas e

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    ninu8m sa,e5 pois nunca comentaram com ninu8m# erto ue n"o eram imaculadas5 por8mtiveram a pure7a de suas vidas arrancadas por auele lampeiro aluado# >las5 coitadas5 so9rendonauele erástulo# em sa,er se ainda estavam inclumes# Arauaci seuer sondava ue o

    9antasma perseuidor era o ali contuma7 mo9ino5 6icandro sempre 9oi o alo7#uidou ele do a,astecimento da nutri"o e de salvar a sede das suas musas do cupido#Ameaaram ritar e 6icandro se tornou irado5 de 7elo velado a carrasco 7anado# omo setivessem despertado as a,elhas dauele casulo per9urado# Ninistrou sem complac/ncia umacoronhada no cocoruto das mulheres e elas entraram em novo apa"o das id8ias# Ao acordarem5se depararam com a mesma clausura do case,re# > 6icandro5 em terrvel cenho5 a viiar secomportariam ,em com a nova chance de inerir o alimento# A 9ome a=udou a descer5 mas omonstro esp%rio apenas disse uma 9rase: voc/s s"o minhas?B

    Ocorreu um alvoroo na cidade5 com o sumio das moas# A tia depôs na polcia ueelas talve7 marcaram ol contra nauela noite em ue sumiram do mapa# Em antio namoradode Nirna deu certe7a de ue ela era mulher demais para ouriar aranhaB# Os parentes arantiram

    ue Nirna apotira e Arauaci ocai%va =amais dariam passos sem dei#

    A polcia 9echou o cerco nauele cárcere e a tática era cansá-lo pelo 9sico ou derru,á-lo pelo estresse# As sirenes e mea9ones a=udavam muito nesse sentido# Os sentinelas a passear em volta do case,re5 co,ertos da indumentária de uerrilha dos rupos táticos tam,8m eram

     pontos ue 9avoreciam a press"o pela vitria ou tra8dia# Os atiradores de elite estavam posicionados e seus dedos coavam a espera da autori7a"o overnamental# Em neociador e numa horrvel noite 9oi seuestrada### Nas dessa ve75 todos leram nos =ornais

    a tra8dia ue culminou com a morte da don7ela e do seuestrador?

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    'oisomem

    O velho S8 Nineiro disse ue há muitos anos5 no tempo de seu pai ainda novo5 veio para 4oiás um rapa7 muito sinistro das ,andas do pantanal# O 9a7endeiro da rei"o contratou omoo ue tinha tino no trato dos animais#

    >ra um moo 9ran7ino5 en assim todos se pronti9icaram em a=udar5 construindo armadilhas para prender oscarnvoros# Nas as armadilhas eram insu9icientes5 pois os animais continuaram sendo mortos eas onas n"o pareciam ser animais normais5 =á ue conseuiam 9uir das tocaias5 ue,rar asrades5 arre,entar os laos e escalar os cala,ouos# Pelo uivo medonho5 n"o eram onas5 mas umlo,o muito 9orte para deinterraram ele e a pa7 reinou novamente nauela 9a7enda#

    Passados aluns anos5 uando havia mais ado e mais 9artura5 comearam a ouvir umuivado medonho# > as vacas comearam a virar alimento nas noites de lua cheia# O patr"o 9e7reuni"o com todos em noite da lua clara# Todos estavam presentes5 menos o 4erson#

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    A mor$e do elho ami)o

    Huando Ninervino viu seu amio Donaldo nauele sono pro9undo5 com a ca,ea sem pensamentos5 com as m"os cru7adas so,re o estômao5 como se tapasse as dores da %lcera5desa,ou em triste7a# At8 os mais contritos 9icaram sô9reos5 ruminando umidade nos olhos#Ninervino se encheu de revolta5 e desviou a 9isioloia de seu pranto para dentro# Ao ver Donaldonauele caira ela ue me acompanhava nas la,utasdiárias do enenho5 picando e moendo cana para 9a7er as rapaduras# ela me 9a7ia som,ra

    uando tirava o leite para 9a7er os uei=os ue aluns de voc/s =á comeram# Neu pai me deuestudos5 voc/s sa,em5 mas mandava ue tra,alhasse na terra# Fi7 isso com orulho5 pois tinha arecompensa do descanso nas minhas aventuras de 9ins de semana# As trava-lnuas5 asolimpadas5 as 9incas5 a ,ola 9eita de ,ucho e couro5 o ,ete de dois5 a ponta estaca5 o piueesconde5 as armadilhas de caa### o Donaldo participou dos melhores momentos da minhavida e in9Incia# Aui 9oi amio at8 de,ai

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    láteldorado latino# Por muitas d8cadas se ladiaram paulistas e em,oa,as para ver uem detinha o direito de esses %ltimos tiraram a

    vantaem pela maioria5 mas aca,avam levando suas vidas nômades at8 empo,recer por seuscostumes perdulários# Por mais ue da lavra se 9i7esse a 9aisca"o5 as retiradas das =a7idasrendiam pouco e os recursos 9icavam escassos# Passavam dos veios super9iciais aos ta,uleirosdas marens e Gs uapiaras das encostas# Aluns tra,alhadores ue conseuiram sair com vida59i7eram 9ortuna escondendo rossas pepitas em seus intestinos rossos# At8 ue comprassem as

     primeiras terras de cultivo# Depois5 cheou o tempo da pecuária: o imp8rio do ado#om esses mesmos propsitos proressistas5 vieram com seus mauinários a

    implementar dutos5 pavimentar cidades5 circundar áreas por praas5 at8 contaminarem seus ricosmananciais auáticos em esoto a c8u a,erto5 onde at8 mesmo um cascudo resistente pre9eremorrer na árida terra5 ,ron7eado pela escaldante lu7 solar ou pinado aranta adentro por um

     pássaro5 do ue putre9ar seu corpo esuio nauele lameiro pestilento em,ostado#

    Nuitos 9i7eram seu ,am,%rrio dinheiro pre9erindo o ado de corte ao leiteiro# Por 9alar em leite5 desde os primeiros lderes repu,licanos con9irmados com o ,endito voto direto5secreto5 universal e peridico5 9oi desco,erto outro 9il8 do tesouro: mamar nas tetas do overno eimiscuir em suas tretas#

    Ema rande maioria de candidatos aos postos enravatados de representantes do poder leislativo sempre 9i7eram uest"o de arran=ar ver,as secretas5 caim coro5muitos comearam a cantar5 ainda ue estivessem atônitos com auele discurso erudito demais

     para uma situa"o triste e simplria como auela# Talve7 a melodia e a letra5 causassem um

    acalento tristonho5 como se a s%plica por seurar na m"o de Deus realmente 9osse a %ltima otade esperana5 ue irá te sustentar e seuir adianteB# ertamente uem se sente 9raco5 aduirenova 9ora e auele choro para dentro aca,a arre,entando para 9ora5 numa cachoeira salina de

  • 8/15/2019 O Tesouro - Contos - Detetive Fantástico

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    O Tesouro  Pseudônimo: Detetive Fantástico

    emoCes#Huem teria interesse na morte desse homemJB (indaou o inspetor +%cio)#

    Ninervino respondeu: por acaso n"o ensinaram na sua academia ue ,asta procurar por uma

    das tr/s ,arras motivacionaisJ arra de terra5 de ouro ou de saiaJ 4aranto ue ,arra de saia n"oera# 6ossas comadres se 9oram sem tempo de arran=ar os antdotos dos venenos# 6"o tnhamosmais emo"o nem vontade de avolumar encrencas### Aui se 9oi5 meu senhor5 um homem semdinheiro5 sem empr8stimo nem dvida# 6ada de ,arra de ouro5 mas há uma coisa valiosa sim# >ledei uem sa,e omiserável n"o este=a at8 por auiJB (9alou essa %ltima 9rase ,em ,aint"o o enterro se procedeu nos con9ormes# As 9lores atiradas e a

     pá de terra =oada sim,oli7ando o %ltimo adeus5 con9irmando a mortalidade de todos5con9irmando a 9rase ao p retornaráB#

    Ema triste7a evidente tomou conta do am,iente5 mas antes ue a turma diminussedali5 +%cio euacionou seus passos para solucionar auele crime# O m8todo era ,vio: tr/s tirosno peito# O motivo sueria a ,arra de terra dita por Ninervino5 a anIncia pelos ,ens materiais5 oasueroso olpe da herana# Ao menos tudo levava a crer ue era mesmo Deraldo uem tinhainteresse5 motiva"o para praticar ato t"o ,ár,aro contra o irm"o# A curta distIncia5 de dois a tr/smetros de distIncia5 o ue 9a7 prever o autor do crime alu8m realmente conhecido# Faltavadesco,rir a oportunidade# Por isso5 +ucas convocou os parentes mais pr

  • 8/15/2019 O Tesouro - Contos - Detetive Fantástico

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    O Tesouro  Pseudônimo: Detetive Fantástico

    cana# +%cio coitou intensidade mais 9irme5 usou suas t8cnicas de interroatrio com ha,ilidadee a9irmou ue prenderia Deraldo sem d nem piedade# 6"o havia áli,i# Nuito 9ácil 9alar ue

     passou mal5 9oi em,ora mais cedo e 9icou em casa so7inho#

    6"o osto muito de rem8dios industriali7ados# ortei um ,oldo novinho no 9undo decasa# Fi7 um chá e tomei# Passou nem uma hora e dormi? Fui acordar s de madruadaB (disseDeraldo)

    onveniente? Aposto ue o caule do ,oldo cortado n"o dá para ver mais### 6"odescansarei at8 ver voc/ no

  • 8/15/2019 O Tesouro - Contos - Detetive Fantástico

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    O Tesouro  Pseudônimo: Detetive Fantástico

    O sil*ncio dos calaou+os

    @solada nos recônditos dos mataais5 entre os vales do Pitum,al5 onde estouravaestreito do au9ero um aude natural5 um casar"o secular imperava ma=estoso# A casa eraavarandada por rossas pilastras5 suas paredes de pedras 9oram assim conce,idas para n"osucum,ir aos canhCes de uma 9utura e possvel uerra# O avô Oliveira acreditava ue a loucurado mundo lá 9ora viesse atracar em solo ,rasileiro depois da rande uerra# >nt"o reuniu as9amlias locais com areados e colocou em prática seu plano 9urtivo de so,reviv/ncia# Emacasa repleta de mist8rios# o,usta como um 9orte5 cheia de porCes5 st"os5 v"os la,irnticos5masmorras5 cala,ouos e passaens secretas#

    A uerra n"o veio5 mas o velho Oliveira se deteriorou com os piarros de sua velhice5n"o sem antes 9a7er com ue seu 9ilho =urasse ue n"o o enterraria5 talve7 por no=o dos vermes da

    terra# O velho ueria deisse 9ilho Oliveira era uma retranca desmedida sem sentimentos# Ohomem era 9echado e sisudo5 e poucas ve7es revelava seus dentes em sorrisos sociais# >raessa rapa do tacho vivia preando peas nas pessoas5

    rindo alto de tudo e de todos5 incluindo a seu s8rio irm"o Oliveira5 ue passou a nutrir pro9undasmáoas pelo irm"o mais novo# >le n"o levava nada na ,rincadeira e criava um p8ssimo rancor5sempre lem,rando desses episdios 9atdicos e os alimentando como se 9ossem seus 9ilhos# >sse

  • 8/15/2019 O Tesouro - Contos - Detetive Fantástico

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    O Tesouro  Pseudônimo: Detetive Fantástico

    9ilho Oliveira era mesmo um pretensioso museu5 ue vive sempre do passado5 criando ummonstro dentro do cora"o envenenado# om p8s de caipora5 vivendo sua vida presente todaenlaada por esses ocorridos maoados# Tudo se sedimentava no seu cora"o como ti=olos de

    uma parede ,loueada# ada parte uma =ocosidade pe=orativa do irm"o7inho# > ali construiu seumundo repleto de o,stáculos como os muros e paredes dauele casar"o da 9amlia Oliveira#>is ue o 9ilho Oliveira mudou repentinamente seu comportamento# entindo-se

    in=uriado constantemente pelas lem,ranas dauelas trauinadas5 =urou vinar-se de seu irm"ocaula# Por8m5 resolveu mudar seu modo de air5 passando a mostrar os dentes em sorrisos 9áceise mais constantes# Aplicou a arte dos tapinhas nas costas e aprendeu a copiar alumas das

     ,rincadeiras do irm"o# esolveu ent"o cevá-lo para ue se sentisse con9ortável e amistoso na presena do dileto consanuneo# Nal sa,ia o rapa7 ue o sorriso do irm"o Oliveira nasciasempre da ideia constante de aca,ar com a sua vida# Nas al8m de liuidar com sua eis ue numa dessas alvoradas mansas ,adaladas por suaves sin9onias de pássaros5

    em pleno dia de 9eriado =unino5 o 9ilho Oliveira se aproveitou da solid"o do casar"o e levou seuirm"o Oliveirinha para a=udar a deci9rar um dito mist8rio de estranhas tum,as escondidasnauelas passaens secretas# O 9ilho Oliveira peruntou se o rapa7ote tinha peito para seapro9undar nauele ,reu5 e o =ovem disse ue dominava tudo por ali uando era criana# O irm"oent"o prosseuiu com seu srdido plano e cumpriu a primeira etapa na aus/ncia de testemunhas#+evou consio uma pá e aluns pedaos de pau5 pedindo ao aroto ue levasse um arra9"o deáua e ue 9osse na 9rente com a lanterna para iluminar o caminho# Passaram pelo por"o central5a,riram o armário5 irou a parede secreta e entraram nauele corredor estreito# Oliveirinha disseue a passaem aca,ava ali e n"o havia mais nada5 se recordando tam,8m ue há aluns anos ali

    era um luar limpo5 com aluns mantimentos e provisCes# De9initivamente n"o tinha restos deconstruCes nem aueles materiais para re9orma#

    &e=o ue o mano está enanado?B5 disse o mais velho (a9astando o enorme tapete domeio da sala)# A,riu o alap"o e continuou: 8 aui ue devemos descer# &á na 9rente?B OOliveirinha acatou a ordem e desceu auelas escadas escuras e espiraladas5 di7endo ue nuncaentrou auele local# erá nossa 9onte de aleria e desco,erta?B5 concluiu o sisudo# 6o meio dosderaus o odor 98tido de seus pais imprenaram as narinas# O 9ilho Oliveira disse ue era avontade do seu velho ue se cumpria# O novato tinha ue suportar auela prova de resist/ncia#+á em,aint"o passaram pelas rades e o =ovem perce,eu aluns vultos claroscomo ossos#

    A pá 9e7 p9B# Em ,arulh"o a,a9ado como se tivesse re,atido um mel"o =oado peloar# O rapa7 caiu desacordado com um aude sanuneo na ca,ea# Em 9ilete de estreito riachoescarlate desceu pela 9ronte at8 se empoar nos olhos5 e dali se despedir em otas pelas narinasat8 se espati9ar em manchas estouradas no ch"o# O 9ilho Oliveira cuidou loo de prender o irm"onaueles rilhCes pesados5 atracando-o em cadeados e correntes# >m ,reve retornaria aconsci/ncia5 mas ainda 9icaria desnorteado pela pancada# eu alo7 ,uscou os materiais deconstru"o5 carreando pedras5 ti=olos5 areia5 cimento e a áua tra7ida pelo =ovem5 dei

  • 8/15/2019 O Tesouro - Contos - Detetive Fantástico

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    O Tesouro  Pseudônimo: Detetive Fantástico

    n"o respondia# Antes disso5 9itava-o de cima em,aile 9icou irado5 cuspiu5 es,rave=ou e virou umle"o# O irm"o Oliveira 9itava auilo tudo sem piscar5 e devorava o sandu,a reado G laran=adacomo se estivesse em 9rente a uma tela de cinema# Huando aca,ou de comer5 limpou os lá,ioscom o uardanapo e as m"os# +evou a ,ande=a de volta com o tam,orete5 deint"o o irm"ochorou5 se de,ateu (se machucou?) e esoelou penosamente# eu alo7 irm"o Oliveira ritou eurrou novamente5 at8 ue Oliveirinha silenciasse# Tenha um pino de dinidade5 morra aomenos como homem?B O irm"o7inho chorou ,aicos de s%plicas5 emidos de dor5 ritos5 passos e correntes# eu pai ent"o resolveu certo diaentrar nauelas passaens secretas som,rias e encontrou a clausura intacta# esolveu5 com oau

  • 8/15/2019 O Tesouro - Contos - Detetive Fantástico

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    O Tesouro  Pseudônimo: Detetive Fantástico

    reularidade# eis meses depois5 apavorado com pesadelos som,rios de prisCes eternas5 Oliveiraneto encontrou a passaem secreta5 mas (ainda?) n"o desco,riu o alap"o ue levava aos ossos#Nesmo assim5 alo o encheu de coraem e resolveu eruer a ca,ea# >ra preciso punir sem

    dei

  • 8/15/2019 O Tesouro - Contos - Detetive Fantástico

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    O "il!ncio dos calabouços # e outros contos de mistério  Pseudônimo: Detetive Fantástico 3*

    O $esouro

     6inu8m poderia imainar ue um tesouro escondido pudesse mudar tanto a sorte deum rupo de =ovens amios# Em olhar corriueiro na ua 03 n"o causaria tanto espanto ao ver doisveculos estacionados corretamente: >l,a e elina# 6omes ue =á 9oram de muitas mulheres# Ro=e5apenas duas raridades pelas ruas# Aps duas horas do horário permitido pela área a7ul doestacionamento5 o uarda de trInsito prendeu as multas nos limpadores de para-,risas5 outro 9atocomum na cidade#

    Em dos cinco amios era o mais venal5 saa7 e adepto aos trocadilhos =ocosos# ^nelo5al8m de satrico e de ser um iconoclasta5 a curiosidade sempre 9oi seu maior ponto 9raco# Fe7 comue seus uatro amios de in9Incia parassem a conversa para tirar uma 9oto dele com os carros ao9undo# A 9oto 9oi salva no celular no mesmo instante em ue ^nelo perce,eu o porta-malas a,erto

    da >l,a# omo n"o havia alarme e ninu8m por perto5 a tentativa de a=udar o pr

  • 8/15/2019 O Tesouro - Contos - Detetive Fantástico

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    O "il!ncio dos calabouços # e outros contos de mistério  Pseudônimo: Detetive Fantástico 33

    Dilema resolvido: o tesouro encontrado 9oi levado para a casa do icardo5 na verdadeuma sute e uma co7inha ue 9icava ali mais prssa leve 9rustra"o concluiu ue se n"o 9osse a sua curiosidade5 ninu8m comemoraria# Nas:

     paci/ncia? Amios s"o verdadeiros tesouros# &amos dividir ent"o?B disse ^nelo5 num tom menoseu9rico5 por8m decidido#

    +ucas5 ue sempre 9oi o mais ,o,o da turma5 uis comemorar imediatamente? &amostomar umas ,iritas e arran=ar umas mulheres? A ente tem ue comemorar isso? 6"o 8 todo dia ueuma coisa dessa acontece com a ente?B

    icardo respondeu: meus amios5 meus ueridos amios### Hue rande aleria dividir esse momento com voc/s? +ucas5 pea .00 reais e compra um lanche descente e umas ,e,idas praente? 6os uarteirCes de ,ai deu auela risada destram,elhada ue todos conheciam#

    O assunto morte nunca soa ,em5 mesmo diante de uma ,rincadeira5 e principalmenteuando ele nem conseuiu terminar a 9aculdade pois a vida uria so,reviv/ncia e dinheiro# im5 +ucas eraum ,atalhador e5 mais do ue ninu8m5 merecia uma vida dina e melhor5 com todo aueledinheiro? Foi assim ue resolveu envenenar as ,e,idas5 deinuanto tomava auela decis"o penosa e srdida5 seus amios con9a,ularam um plano### ^nelo disse: voc/s viram isso5 meus amiosJ &e=am a capacidade da mente do +ucas###>u osto muito dele5 mas ele sempre 9oi o mais 9raco5 o mais lento e o mais ,o,o# >le5 com auelasu=eira de rau n"o vou 9omentar a prostitui"o do nossoamio### >u n"o vou contri,uir com a runa dele### &oc/s o viram 9alando ue vai matar a enteJ? Aente n"o pode dei

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    O "il!ncio dos calabouços # e outros contos de mistério  Pseudônimo: Detetive Fantástico 3.

    do assunto# Pessoal5 ele vai nos denunciar# A ente precisa aca,ar com ele antes ue o +ucascheue aui? O Nárcio 8 um cara talentoso5 sei ue a ente adora ele# Nas um dinheiro assim 9arámuito mal para ele# >le 8 o mais novo de todos ns e 9oi o %ltimo a entrar pro rupo# 6o 9im dascontas ele 8 uem vai nos aradecer por poupar tanto so9rimento?B icardo5 temendo sua vida5 disse

    ue n"o tinha coraem de 9a7er nada5 mas deim seuida5 =á cado no ch"o5 uma martelada selou o encontro de Nárcio com a morte# 6o9undo do lote5 onde havia uma 9ossa antia5 a,riram a tampa de concreto e =oaram o corpo deNárcio lá dentro# Taparam e 9oram lá dentro auardar +ucas5 tendo cuidado para limpar a poa desanue com um tapete# icardo chorou a perda do amio e sentiu-se culpado de n"o ter impedido aa"o dos demais#

    +ucas apontou na esuina =á cam,aleando5 com a arra9a de usue uase aca,ando#&e=am o estado do +ucasJ Neus amios5 vamos colocar em prática o plano# > a ente divide odinheiro5 9ica *00 mil para ns tr/s? &amos pear os mesmos o,=etos?B disse o8rio#

    +ucas entrou ,astante em,riaado5 tra7endo as ,e,idas e um ,om lanche para todos# Osdois novamente n"o tiveram muito tra,alho em se des9a7erem do +ucas e =oá-lo na mesma 9ossade Nárcio# 4ente5 acho ue passamos dos limites? O ue 9i7emos aui em casa ho=e n"o 9oi certo?Bconcluiu icardo#

    icardo vomitou e passou muito mal# >nuanto estava no ,anheiro5 ^nelo disse ao8rio: voc/ 8 meu melhor amio5 sempre 9omos da mesma sala# &oc/ 8 o irm"o ue n"o tive navida? 6essa hora precisamos ser 9ortes# O icardo está 9raco e vai nos entrear# &amos =oar oicardo lá tam,8m# >ssa coisa tene,rosa na casa dele precisa aca,ar aui e com ele# A9inal59echamos ns dois em meio a meio# &ai ser muito =usto5 300 mil para cada? icardo vai at8 nosaradecer5 pois ele viveria in9eli7 com essa culpa para o resto da vida# 6em ele nem o Nárcio n"os"o capa7es de tomar um trao para comemorar com essa mania de era"o sa%de### O icardo iria

    astar o dinheiro em 9utilidades# Aliás5 ele vai aca,ar sendo enanado ou a=udar os outros# á pensou ele doando o dinheiro para ire=as ou instituiCes de caridadeJ Nas ns somos amios5irm"os5 sa,emos das implicaCes leais disso aui# A ente tem peito para isso? &amosJB o8riorespondeu: estamos =untos5 meu velho amio?B5 e socaram as m"os num 9echamento do conluio#

    icardo aca,ou sendo surpreendido tam,8m ao sair do ,anheiro# O tapete 9oi recheio deum sanduche de sanue# Por ,aincheram os copos e ,rindaram a

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    O "il!ncio dos calabouços # e outros contos de mistério  Pseudônimo: Detetive Fantástico 3W

    eles5 e aos tr/s ausentes# Plac? (9e7 o ,arulho dos copos)# > ali mesmo ineriram o álcoolenvenenado5 ue 9e7 e9eito rápido demais# e estre,ucharam 9racos e desvalidos ao ch"o# o8rioarrealou os olhos5 cuspiu uma ,a,a violácea5 peou o martelo e n"o teve mais 9oras paraempunhá-lo# ^nelo pu

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    O Pac$o e o $ram%o do a)ulho

    onta-se duas as 9ases da vida de dois vi7inhos ue podem ser dividida em duas# A primeira5 uando o mimado aroto cresceu e reali7ou um tene,roso pacto# > a outra uando o po,rerapa7 se envolveu com o mundo das droas#

    I , O Pac$oEn coup de d8s =amais nU a,olira le hasard#B

    (Em lance de dados =amais a,olirá o acaso)Nallarm8

     ai,a voc/ ue ho=e reconheo a insanidade da minha =uventude# Apesar de n"o ter os

    con9ortos materiais e os cuidados da paternidade5 9ui compensado por eu uis tudo e mais um pouco5 at8 ultrapassar os limites das convenCes tradicionais#At8 onde voc/ chearia5 caso tivesse a real oportunidade de anhar poder e 9ortuna5 triun9o emulheres5 posse e vantaens5 sa,edoria e 9oraJ O ue voc/ 9aria se tivesse a real oportunidade deusu9ruir de toda sorte de privil8ios e pra7eres da vidaJ O meu erro 9oi =ustamente acreditar ue odemônio poderia 9acilmente me dar tudo isso em troco da minha alma# Antes ue voc/ meinterrompa5 uero ue voc/ tam,8m sai,a ue estou em pleno o7o de minhas capacidades mentais#Os loucos padecem de discernimento# &e=a como sou capa7 de contar em min%cias como 9oi toda ahistria# @sso servirá a voc/ e aos seus parentes e amios para ue n"o 9aa o mesmo5 nem perea aesperana de uma vida plena#

    empre vi minha m"e tra,alhando duramente com a9inco5 de sol a sol5 de domino a

    domino5 sem des9rutar de eu estava 9arto dauela vida po,re5 isenta de recursos# 6"o posso near ue minham"e sempre cuidou de mim e propiciou estudos5 o ue ela n"o tinha# >u investi muitos anos na9orma"o do intelecto# verdade ue há uma in9inidade de assuntos no mundo e ninu8m pode se

     =ular conhecedor o su9iciente para parar de se aper9eioar# Nas eu devorei sa,eres antropolicos5cient9icos5 9ilos9icos5 reliiosos5 doutrinários5 empricos5 literários5 meta9sicos### Aca,ei metornando um peueno mestre5 discpulo de s8culos e mil/nios do conhecimento humano#

    Huando constatei minha inenuidade anterior5 essa mesma complac/ncia manipulada emue talve7 voc/ este=a merulhada5 decidi ue n"o mais viveria t"o medocre# Aos poucos 9uidesco,rindo tam,8m a uerra real travada nos plos espirituais# e voc/ duvida do so,renatural5acompanhe minha sina ue voc/ presenciará muitos 9enômenos inacreditáveis# ei ue voc/tam,8m tem muitas d%vidas de tudo isso# 6inu8m pode provar nada uando se trata doimpalpável5 do a,strato5 das coisas de Deus5 dos an=os e dos demônios# im5 chame como uiser:espritos malinos5 antepassados5 9antasmas5 entidades5 demônios etc# ai,a ue temos cerca de\#000 reliiCes no mundo# erca de '0Q delas s"o variaCes das 0. principais: islamismo5hindusmo5 ,udismo e cristianismo (e ainda tem o =udasmo nesse conte

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    O "il!ncio dos calabouços # e outros contos de mistério  Pseudônimo: Detetive Fantástico 3'

    aparente ilus"o se revela deslum,rante e lica demais# De repente5 aluns ditames nsticos maisatestas n"o se mostram t"o estranhos5 e voc/ aca,a merulhando em sua prpria pro9unde7a# Postoue5 a maior parte do universo 8 a escurid"o# 6o princpio imperava o caosB# A realidade 8 maisdesconhecida do ue se pode imainar# O 9uturo tam,8m 8 uma incnita escura5 assim como as

    oriens das coisas# 6o 9undo5 toda mat8ria 8 escura# Huem a,raa a incerte7a5 aca,a uerendovasculhar e encontra muita sarna para coar# >stamos destinados a alo randioso ou ascircunstIncias casuais se transmutam com 9reu/nciaJ Parece ue a sorte n"o s adv8m dosseredos e dos altrusmos dos livros de autoa=uda# O acaso 8 recurso da vida e os lances de dadosnunca impedir"o de o acaso ocorrer5 salvo maior maia dos poderosos# > 9oi isso o ue ,usuei#

    Huando me dei conta5 =á tinha lido coisas srdidas# á sa,ia o ue era Naia5 aos5ituais5 Telema5 as con=uraCes e os siilos5 as catarses e os postulados5 os livros proi,idos5 so,re opop8ia osa-ru7 e _sis em &8u# >u 9ui al8m# Al8m de conhecer as chaves5 os sinos e ossm,olos5 vi as realidades dos pentaramas e he este ponto5 esta ,randa inorIncia5 ue ho=e eu uero tanto5 masn"o posso### á 8 tarde# heará minha hora5 e n"o tarda# Tenho ue me encontrar com o destino dos

    acasos e a noite se aprou n"o ueria me sentir medocre# Dese=ava imediatamente anariar poder e con9iana5 sa,edoria privileiada5 riue7a etoda sorte de pra7eres ue a vida pudesse me proporcionar# Ao me deparar com essas atividadessom,rias ue poucos conhecem5 vislum,rei a 9acilidade desse chamado caminho da m"o esuerda5e a randiosidade aparentemente 9ácil da porta lara# Foi uando meu instinto aceitou tacitamentecele,rar um pacto som,rio com o an=o cado5 talve7 por ele aparentar rande poder e mudanainstantInea5 n"o precisar de seu tempo nem passar por privaCes#

     6o 9undo eu carreava uma rande culpa desde o prprio nascimento# O outro ladoresponde e o9erecendo a chance de 9irmar um contrato ue mudará para sempre minha vida5 mesmoue tudo se=a mentira# >m verdade vos dio5 assim di7 a arada >scritura: ele veio para matar5rou,ar e destruir# Nas eu =á me sentia destrudo# 6ada de osa5 Pessoa5 Assis5 Nann5 NarloKe5+essin5 ocae ou 4oethe# Tudo isso n"o 8 mera histria# Huanto ao doutor ohannes Faust5 elerealmente era um ateu perverso5 apreciador das o,ras de odoma5 um mao astrloo e charlat"o5um vaa,undo ocultista5 necromante e aluimista e um rande 9eiticeiro# emelhante pacto >va 9e7com a serpente no paraso5 em ,usca do conhecimento5 uando a 4/nesis se 9e7 nemesis5 onde ahumanidade toda padeceu inteira por isso# ,em verdade ue o mito de esus 8 um anti Fausto# Por 

    ter resistido ao demônio e suas tentaCes5 o9erecendo sempre os pra7eres5 vantaens5 =uventude eriue7as deste mundo; A saa de risto teve um aparente 9im na cruci9ica"o5 mas ao se su=eitar aisso5 Deus lavou os pecados com o sanue do seu 9ilho uni/nito5 amando demais o homem5

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    ressuscitando e dando incio a nova era# Hual porta voc/ vai entrar5 caminho di9cil e porta estreita para a lria ou caminho 9ácil e porta lara para a perdi"oJ >scute-me com aten"o# >u uis o 9ácile me arrependo por ter 9eito isso# 6"o deiu me lem,rei do livro de hampollion e o9rônio5 e recordei daueles nomes certosue se encontram nos &edas5 nas %ltimas o,ras dos ,rImanes5 dos lamastas e da a,ala# >u a,ri o

     portal e participei da Imara da &erdade# Todos esses nomes pertencem G palavra ine9ável# A palavra opera milares# 6o princpio era o ver,o e o ver,o era Deus# Nas eu n"o tinha a 98 enuna5

    a 985 como um r"o de mostarda ### nada vos será impossvelB# Tudo era possvel e conveniente para mim5 em ,usca da minha 9elicidade va7ia# Acho ue ho=e sempre sou,e ue eu sempre uis pa7e seurana5 mas n"o posso voltar atrás# omo enanar o mestre da enana"oJ Talve7 a=a umasolu"o# Por certo estive ciente da 9ora dos neoplatônicos e teuros de Alele me 9e7 escrever nauele

     peraminho no=ento: >u prometo5 Oh? 4rande Demônio? >ntrear minha alma a ti ao 9inal de seteanos como paa por todas as coisas ue 9i7erdes por mimB > assinei isso#

    Rá uase sete anos vivi =ovem e 9orte como nunca5 tendo dinheiro para astar a torto e adireita5 como di7em# Administrei 9irmas de sucesso5 tive nome e 9ama# onuistei pessoas emulheres de todas as 9ormas e ostos# >u aora perunto: valeu a penaJ 6ada disso? &enho

    de9inhando e adoecendo a,ruptamente# > aora nada me resta5 salvo a som,ra da mortalha ue mecircunda estreita# Talve7 por isso eu te peo5 como %ltimo suspiro e s%plica# implesmente me levedaui e me apresente ao seu Deus# Traa a=uda dos seus para tentar me li,ertar de t"o penoso pacto#

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    e voc/ tiver ao menos uma 98 do tamanho de um r"o de mostarda### Pois me reconheo t"oamaro e rude5 vinativo e assassino do prprio amor5 t"o pecador e in9iel# &oc/ me di7 ue o seuDeus 8 9iel# >u preciso crer5 mas temo ser tarde demais# +eve-me daui? Faa-me ao menos perecer na casa do Pai# a %ltima palavra ue dio# >u suplico? ocorra-me# +eve-me### 4r"o de mostarda###

    +eve###

    II , O $ram%o do a)ulho

    Desde molecote eu perce,i ue estava larado e lascado no mundo# 6asci num luar 9udid"o# Todo mundo tinha ue se liar na 9ita do ,airro# Ali o ,ote 8 de rocha# 6"o 8 pra ualuer ca,eudo n"o# Tem ue sa,er ,ai tanta cara de ,esta a ente 9a7 pra n"o ser t"o ,a,aca iual o povo de menor de lá# Tem ueaproveitar enuanto a ente n"o pode ser rampeado no ca9o9o da =aula# o melhor tempo de ,ulir com o trampo do ,aulho# Huem nascido ali poderia um dia ser pilotoJ Nelhor ser o prprio avi"o5man8?

     6o mais5 ,ato a real# A maioria vai pra escola para distri,uir o mercado no com8rcio dosuni9orminhos# A ente conseuia novos clientes5 e tinha sempre mais usuários pro servio nosso deutilidade# Ro=e em dia o lance dos pules s"o mesmosalsichas5 tudo nari7 empinado5 astando a ro=a pro nosso 9revo# 6essa vida 8 normal 9icar 

    cam,reiro# Pode amarelar5 ue a vida de maluco 8 curta# Por isso a ente curte?De rocha mesmo5 a turma vai reunir aora pra passar um hinel"o ue pinta de maioraldo pedao# O ca,ra n"o tem moral5 anda num carano importado5 e vive com duas minas ue s"o

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     puro suco# bpa? Firme7a total5 a turma reunida vai de 9erro pronto no moui9o do ,am,a# 6inu8maui pisca o ,o,5 pois a alera aui vai a partir de ho=e mandar no pedao# Todo mundo tá liadode truta nos outros#− e lia lá# Tá rolando uma intenda alta### ora pipocar o sapeco# Dei

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    Duas his$-rias da ro+a. /ol%es e O $en$ado

    I , /ol%es

    De primeira n"o tinha ,anco de ponhar dinheiro uardado no proteido# A coisa eratare9a de ente dos trevos5 muitos se avolumavam por con9isco# >ra assim: vinha um desavisadocom a sacola de dinheiro dos necios vendidos e uerendo 9a7er economia ou mudar de ramo praalum com8rcio5 ou uiá a compra de outra terra5 demudar de plano e tal# 6a venda da entradamesmo =á se dava notcia ue ali perto tinha um moo muito ,om5 uardador de valores5 decon9iana dos mais arantidos# A pessoa de ,oa inten"o cheava no la=otado e era rece,ido comum ca9e7inho da hora5 uma áua re9rescadora de viaem e5 mesmo uando peruntado se ali era decon9iana5 as respostas eram todas reclinadas em ca,ea a9irmativa# @h5 sunc/ tá em casa?B

    Hualuer movimentado sem rumo tinha uma risada pros concordes# Tudo ali era de 9i%7a# Ouardador parecia ter respeito5 todos na casa o tratavam por enhor Patr"o5 Doutor5 nessa linha# >ele por certo vivia disso5 por uma tam tudo há preo5 cada tra,alho comseu saldo#

    O velho preceito =á alertava# Romem de muita prosa tem duvidosa uer/ncia# Romem demuito riso tem diversa maldade# Aleria =untada num ac%mulo sem preceito 8 tampo de triste7a ouintento de pre=u7o# Nas a conversa vai envolvendo o ca,oclo at8 a sensa"o de 9amiliaridade comaluns causos pessoais5 inven"o com muita chance de acerto# om pouca palavra o dono dodinheiro entrea as notas por completo# > ali se 9a7 um arado5 com mais proseado de riso5 outroca985 tapinha nas costas5 tirada de chap8u e com tanto envolvimento se esuece de apanhar assinatura pros comprovados no 9uturo uando preciso# @h5 sunc/ tá em casa?B e 9or indaado se aualuer altura do tempo5 na precisancia dos valores5 mesmo no interal5 ali está arantido5salvauardado5 o dinheiro 8 disposto na m"o em seundo a=ustado5 ,asta a perunta ou a ordem decolocar na m"o de uem 9or mandado# O dono sempre 8 o ue trás o dinheiro# Ali 8 s a casa deuardar valores# Ou vai uerer via=ar por a no perio de uma a9ronta rou,ada# Olho rande hádissolvido em todo luar5 em toda estrada5 em todo ,eco va7io# Parece int8 ue uanto maior amare7a da alma ou da carne5 maior o olho ordo#

    Si7ilo5 esse ca,oclo do dinheiro5 9ilho de u,elino Pacortá5 9a7endeiro dos mais antiosna rei"o5 =á estava de con9iana no cai de 9ato5 passados aluns dias no olheiro5 9echou o trato numa palhoa ,em a=eitada5 um ,ar de ,alc"o e comrecurso pra pamonhada# O dinheiro dava pra comprar 9olado e com recurso pra re9orma e um

     pu

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    carrea carrapicho e carrapato5 9io5 essa ente 8 a ue mais nea o capricho no sapato?BSi7ilo voltou na casa do uardador de dinheiro e pediu todo solcito ue lhe 9osse

    entreue o dinheiro ali salvo raas a Deus# Nas tamanha maneira de pedir 9oi maior a des9eita doPatr"o# unc/ deve de tá enanado# 6unca te vi e n"o tem dinheiro o nenhum em seu 9avor por 

    aui?B O susto 9oi rosseiro5 o enaso ainda maior# Si7ilo insistiu ue 9osse ue 9osse5 alem,rou deumas histrias contadas5 o ca98 da hora ali tomado# unc/ deve de tá enanado# Tem outro caiscutou o velhodecidido e 9irmado: Amanh"5 eu vou na 9rente e oc/ espera s um uarto de hora5 n"o mais ueisso# Fa7 cera5 oia o tempo5 numa lon=ura ue n"o dá pra ver ue eu tô cUoc/# > entra pedindo seudinheiro pro Patr"o cai era um vindocalmo5 de despedida de cores5 espalhando um mesclado de 9a7er tontura no c8u# Por essas ,andas osolhos da noite 9echam os olhos dos homens# aro um andarilho5 tropeiro via=ante5 um entupido de

     pina5 transviado em vertiem5 se topa na ideia de escurar por a no ,reu# 6oite de lua ausente sedi7endo nova uando escondida na preuia da alumiadura5 sem estrela5 nuvem de violeta5 pesada e

     ,ai

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    de hora no enrolado por ali# Fa7endo por ve7 na procura de ualuer a=eita"o do cavalo5 ue ho=eera o dia de voltar pra casa com o dinheiro# e alem,re de escuitá do uardador se n"o teverendimento pelo valor trancado?B > o velho se 9oi na 9rente5 calmo5 com seu chap8u panamá5 todo

     pardo5 em roupa social antia5 ,otina 9urada5 o chicote na m"o5 sem 9erir o cavalo# Desceu lá na

     porta do patr"o5 sem pressa5 como o dia# Si7ilo 9icou lone5 limpando o uadr%pede5 9inindo procurar alum ,erne# Pensou na di9iculdade em ver o velho 9orando so7inho o patr"o a entrear os seus ricos valores# u,elino Pacortá a=eitou os sacos alinhados na carroa e amarrou as r8deas docavalo numa árvore# >ntrou vaaroso: Dia### homis? (tirando o chap8u pro cumprimento) auiue uarda dinheiroJB O patr"o mandou ue entrasse5 se assentasse na ,anueta5 ue tomasse umaáua da ,oa5 um ca9e7inho modo na hora5 ou uem sa,e um olinho de um auardente de primeira#Nuito araciado seu moo### um ca98 pois entonce?B orveu o preto ar9ante5 saindo 9umaa#>stava 9orte5 amaroso5 uma ,ele7a# A prosa de9ronte no arma78m 8 ue aui 8 de con9iana###Ro=e n"o se 9acilita um olho ue =á tem alu8m uerendo piscar# >u vim de lone5 arrendei umasterrinha5 vendi uns adinho5 aponhei uns troco muito ,"o e despois eu 9iuei na uer/ncia de montar um com8rcio prUoutras ,andas### arantido mermoJB O caintonce 8 ,"o demais da conta? &amo proseá?B >nuanto isso5 Si7ilo entra

     =á uerendo o seu dinheiro5 se esuecendo de cumprimentar o social# @h5 sunc/ tá em casa# O&ardomiro5 entrea por compreto o valor prUesse homi?B

    Si7ilo achou demasiado estranho# O ue o pai teria 9eito com os homens# Ameaado comarmaJ 6unca teve memria em retrato de ver o velho com arma nenhuma na vida# O nunca pra trás#Romem de calmarias5 calvo e sem desa9eto# oisa rara de se ver# Tem alum lucrado nesse pra7oaui de salvo# Ou n"o teve apricativoJB peruntou Si7ilo# @h5 sunc/ n"o 9a7 veronha# Aui n"o

    tem necio rande de overno5 mas pra aradar o cliente eu passo troco a mais do maior?B5 ouardador =á mandou o &ardomiro tra7er umas notas a mais pro arado# Si7ilo levou a ,aaem nascostas e saiu sorridente5 araciando com a tirada do chap8u# Nontou no ,icho e estilinou pra casa#O caisse era o pensamento do uardador5 o caintonce5 avamos dei sumiu de vista dali5 pra se encontrar comSi7ilo em casa#

    O cai

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     paci/ncia 2 o ue prestiiava os olhos do pai da moa 2 por isso5 talve75 a anu/ncia# Ou tam,8m5em possi,ilidade5 se via a ami7ade dos pais e m"es dos moos# Ali5 tudo no amuado do ro=eloo

    tamanha 9oi a dor de ver a 9ilha corrompida em dores5 a 9utura mulher 9urada em traumas5 ue seviu so9rendo a maior la7eira# O moo noivo5 se pôs 9irme no con9orto5 em lárimas de ver t"ouerida criatura violentada em modorra# Toda ino9ensiva e lastimada# Ali deitada5 ue,radia5de9lorada# entiu o peso do ultra=e a vacalhar sua honra uando sou,e ue o 9aamicho pestilento aseuia ve7 por outra na uer/ncia de um novo intento# A a uota se es,arrou no limite dosuportado# > o rapa7 viu-se o,riado a larar do 7elo# > loo ele5 todo passivo na calmaria# Huenunca tivera desa9etos5 sempre =eitoso# +oo aora em v8spera do matrimônio5 aos temporais pr8-nupciais# Nas o moo5 auele tipo mi%do e modo pela la,uta do tempo5 de rosto ravado ecarreado de muito suor5 se viu5 em seu canto da casa5 no relem,ramento do =udiado5 passandotamanha dor da triste7a5 o,riado a sucum,ir suas lam%rias# A nova procura do sedento5 semestatutos5 a rever,erar o decoro destrudo no meio de seus interiores# Auilo era demais da conta? O

     ponderamento do moo decidiu mudar-se com a 9amlia pro vilare=o mais pr volta e meiadesviava o olhar5 mas 9irmando a dire"o na arma5 como ue atrasse com m" preuento5 e5 9itandonovamente a ,icha velha5 uase en9erru=ada5 remirou o 9ito nela5 e vislum,rou ali o despertar de umlampe=o na ideia# Despertou da hi,ernada som,ria e aprumou o cano# Deu um trato de limpe7a comleo e tudo# arreou de ,ala5 vaaroso5 no capricho5 e acariciou-a como se 9osse sua noiva =udiada#6"o há tantos no ual reto de um tiro mirado?B > se 9oi portando a cartucheira meio uedis9arado5 pisando nas estradas meio ue escondido5 como se entrasse no mato5 mas sem uerer dei somente um# O outro saiu com vida# eo-9ulô se 9oi aoch"o5 =á des9alecido5 larando a arma na m"o toda ,am,a5 aora sem vida# 6o meio do peito umrom,o ueimado5 tom,ando uma vida# O peito vermelho aora dei

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    alto# 6os vilare=os5 tanto no Pirilusco uanto no ro=elo o se e viram ue n"o 9oi nada5 um trov"o

    talve75 um estralado de madeira em 9o"o G lenha# Ou alo do tipo# O ue mais ocorreria nauelaaltura do tempo5 sem 9este=osJ >ssa terra 8 ina,itada# 6ada acontece por aui? O =usto5 o sempre: asorte5 uiáJ Talve7?

       

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    Tr*s his$-rias de crimes. Descoer$as0 es%elhos e somras

    I , O mis$rio a lesma das descoer$as

    Foi um rito ue ecoou áspero5 corroendo o ar dos espaos va7ios5 entre as casas dosvi7inhos# Aluns moradores limitaram-se a a,rir os olhos sonolentos5 resmunando mais um sustocausado pela vo7 de Dionsio5 ue sentiu os primeiros ventos do mundo real5 despertado do

     pesadelo5 mas ainda portava 9aulhas som,rias de um ausente ser5 inconsciente de sua esse costumeimpediu a perman/ncia de Dionsio num tra,alho em horário interal# om o tempo5 a escasse7 derecursos eu me sinto o,riada# 6"o 8 a vida ue mereo? DesculpeB# >nenhum adeus5 nenhum rastro de esperana5 nenhum ,rilho no olhar 2 ao menos uma crneaumedecida5 mas o n%cleo ocular era 9osco e a,solutamente opaco 25 nenhum aradecimento5 aindaue hipcrita5 para preencher as 9ormalidades do lado social-humano5 nem uma meia5 um su8ter5 ouuma calcinha esuecida na aveta# A mala =á estava 9eita e toda compai

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    era isso ue 9altava#Em ,anho de realidade o acordara# Os a9a7eres ainda n"o 9eitos estavam com muita pressa# O ar-condicionado estava sem condiCes# Os eu/nia# >ra o incentivo ue 9altava? &ou larar5 prometoB5 9alou Dionsio5 mas s por voc/B5

     pensou Dionsio# >la tra7ia um =eito meio5 tinha os ca,elos compridos5 nem pretos5 nem loiros5nem marrons e nem ruivos# >ra uma cor intermediária5 9ora isso5 a 9ace comum5 Gs ve7es5 cooperava

     para o esuecimento de sua imaem# Nesmo assim5 era a chance de conhecer o verdadeiro amor#O 9im do dia era apressado# Romens ruminantes mascavam chicletes para conter o

    nervosismo# Dionsio despedia-se das ,rancas paredes 9oscas5 a,solutamente opacas da decora"o#@ria caminhar pela estrada a9ora5 so7inho5 aproveitando para era preciso 9uir# Dionsio in9iltrou-se na 9loresta# om ele5 s o ,reu e a ne,lina# Troncos retorcidoseram tropeos# Teias eram redes aracndeas# 4alhos secos eram arranhCes e coru=as eramaralhadas de dentro dos troncos ocos# eres endia,rados su,iam no incio dos caules# >stavacompleta a estadia no puratrio do in9erno5 n"o 9osse a cheada ameaadora de aranhas enormesde veludo5 escorpiCes de alicates e al9inetes5 morceos carnvoros de vampiros5 leCes de perucasen=u,adas5 tamanduás de arras enar9adas5 lo,os de dentes de preos5 cavalos de coices martelos5co,ras de presas espadachins e outros animais peonhentos inesperados# > toda a reuni"oanimalesca de 6o85 parte dois5 9a7ia com ue a tenta"o de Ant"o tornasse uma reles ameaacanina#

    Em rito sô9reo esparramou as ondas do ar5 no e5 antes ue a dorm/ncia diminusse5 a realidademostrou ue o lenol de Dionsio mudara de cor# &ermelho 9osco e a,solutamente opaco# Por uminstante5 Dionsio esueceu-se da vontade hedonista de viver e sentiu dores nas pernas5 um9ormiamento insuportável# A lu7 acesa revelou as per9uraCes e os cortes esculpidos nas pernas# Os

    curativos 9oram 9eitos5 mas a dor ainda permanecia estancada so, as 9ai

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    um ultimato do patr"o: 8 a %ltima ota5 Dionsio# 6"o aceito mais desculpasB# Foi entrandodesa=eitado com o che9e es,rave=ando ao p8 do ouvido# Ah? Hue sorriso ,elo de Naria >u/nia?Hue olhar su,lime? Fui claroJ >ntendeu5 DionsioJB# im senhor? DesculpeB#

     6o horário em ue os 9uncionários 9a7iam a mais lona das pausas5 ,a=uladores

    entupiam os corredores de sussurros e as co7inhas de 9o9ocas 9rescas e rechonchudas# Dionsio 9oicorte=ar Naria >u/nia ,em de mansinho5 como se nada uisesse5 comeando por um assunto ,anale uma ,reve re9leu avisei# A %ltima ota# uas contas =á 9oram acertadas# eucart"o de ponto =á 9oi removido do sau"o?B Dionsio dei

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    ue nada perce,eu#Ao chear no ,airro5 notou ue há tempos n"o 9umava e isso o 9e7 dar um leve sorriso#

    noite5 mais tr/s vi7inhos 9aleceram# Foi a ota dUáuaB# Todos os vi7inhos mudaram-se Gs pressas5causando um / aora n"o havia nenhum dos dedos canoros de Naria>u/nia# Dionsio permaneceu taciturno em passos ceos e desvairados5 prevendo a lituriacorporal numa petulante decad/ncia# De uma vis"o som,ria5 suriu um leve medo dos porcos-espinhos ue se =untaram no in9erno5 tomando chopes no shoppin >nhauer# Dionsio voltou aomundo real e uma saudade e9usiva lhe =orrava a mente5 o sanue era uma lava inslita em

     propulsCes a9oitas# Os desnios s"o repletos de interroaCes viosas5 enrai7adas nos vasentos pantanosos dos mist8rios mais o,scuros# Ema coraem reticente dese=ava espantar os 9antasmases,a9oridos5 na consist/ncia viscosa de suas peles de lesmas lerdas# im5 Dionsio5 era preciso

    e

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     pressáios desse murm%rio pro9ano5 em laivos precários de um cinismo 9ua75 de um ceroto imundona imensid"o dos pesadelos; era oportuno transpor os olhos amenos e pisar 9irme no c8u arcaico5com a lucide7 do tempo e a sa,edoria das virtudes divinas; era urente trocar o enntrou a mulher5 com o pudor recuperado e o capote nero ue lhe co,ria a 9ace5 so, o escuro capu75 seurando a 9oice# A morte 8a lesma das vidas#

    Foi um rito ue ecoou áspero5 corroendo o ar dos espaos ainda mais va7ios5 entre as

    casas de todo o ,airro# Dionsio espalhou5 nas letras5 sementes de uma eu9oria irada# >m seuida5tomou a 9oice e olpeou o manto nero# Dilacerando-o em peuenas 9atias# 6"o havia um corpo9eminino5 mas um luido espesso e escuro como petrleo em piche 9oi sorvido pelo ch"o5 so, osretalhos do pano# O velho uis olpear Dionsio com o ca=ado5 mas 9oi impedido pelas a9iadaslIminas da 9oice#

     6"o Dionsio?voc/ 8 pá

    lido com todo o so,renatural?(o velho esuiva-se para todos os lados)

     6"o Dionsio?dia a

    deus ue tudo está aca,ado? 6"o Dionsio?

     6"o Dionsio?o mundo vai des

     pencar 

     6"o Dionsio?o in9erno está em cha

    mas5 vai cair chuvahuva

    uvavaa

    e a terra vai 9icaroirGrtnoc oa

     6"o Dionsio? 6"o D###(velho aca,ado5 ca=ado ue,rado)(9oi-se a 9oice)Dionsio su,iu a colina e sentou no verde# &erde5 Dionsio? > pela primeira ve7 viu o sol

    nascer e dar G lu7 ao dia5 num parto lonnuo do espesso e verde hori7onte# &erde5 Dionsio?

    Dionsio levantou e aplaudiu o espetáculo do arre,ol#>ra a sua apoteose em palavras verdes pro9eridas so, o c8u anil5 em pastaens a7uis5onde densas nuvens de ovelhas comemoraram com o coro de ,alidos#

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    Foi um rito ue ecoou ressonante e lmpido5 levado pelos ventos5 nas arestas do eco5corroendo todo o ar da cidade5 multiplicando-se nos arredores vi7inhos# > nenhuma lesma 9oisentida#

    II , A re2le3!o dos es%elhos

    >stava pálida no meio do passeio p%,lico# Tanto ue mal conseuiria atrair a aten"o dostranseuntes5 =á ue a vasta roupaem escondia suas ,elas 9ormas5 t"o ,em torneadas e sinuosas ue

     pareciam esculpidas num cuidado artstico meticuloso5 para manter a o,ra per9eita do amor ou dodese=o# Talve7 os dois# ontudo5 pelo corpo delineado5 notava-se a malha"o era muito estranho# A pinta nera solitária da ,ochecha direita5 estava no lado direito daimaem no espelho# >sse a,surdo seria inaceitável5 se n"o estivesse vendo com os prprios olhosem estado l%cido e transl%cido mental#

    >nuanto o olhar de auto-e

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    a9astar-se5 mas a imaem n"o se a9astou5 e pôs-se a encará-la com veem/ncia# A mulher do,rou os =oelhos ao ch"o5 em prontid"o# @niciou a ora"o ,uscando o perd"o e a prote"o# e houvesse tempo para a readmiss"o5 pediria ao enhor do mundo crist"o5 a misericordiosa salva"o#

    Huando a,riu os olhos5 viu as prprias costas no vidro especular e os ca,elos a enco,rir 

    toda a nuca# A mulher se levantou e5 talve7 por uma 9alta de aperto nos para9usos da re9ra"o ere9leis o rande susto ue n"o poderia ser previsto5 9a7endo comue corresse e se trancasse dentro do ,o< do ,anheiro# O ue sentiu 9oi o toue de dedos 9rios eestranhos nas nádeas# O sil/ncio 9oi ue,rado com a ueda da áua morna ensa,oou-se sem a ,ucha# O sa,onete5 ao lavar as partes ntimas da enitália5 dei

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    um medo so,erano ue deira um sil/ncio de arrepiar as costelas# O ,reu pôde ser revelado nas som,ras do

    espelho# A mulher a,eirou-se no re9letido vidro e sentiu na pele o outro ser espelhado ainda maishorripilante# A mulher arrealou os olhos e sentiu a prpria alma capturada pelos re9le

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    era ,onita em 9ace das paredes encardidas5 descascadas e do teto de esso5 ue caa aos pedaos; oteto era um ue,ra-ca,ea de placas5 apesar de incompleto# Ravia uma tradicional aposta ue

     presenteava uma uloseima diet8tica a uem acertasse o nome do idoso ue rece,esse uma placa deesso na ca,ea# 6"o muito raro havia anhadores#

    Aps a =anta5 um leve cansao dei

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    respondeu: estás com pena dos humanos ou com remorso do teu desideratoJB A morte 9icouin=uriada com tamanha a9ronta e petulIncia5 re,atendo: insolente? Ainda posso eliminar a suavida?B >nt"o5 im"o comeu o espao ue separava a áua salina da areia5 criando uma enormecratera5 ue parecia n"o ter 9im# &olte para a sua terra imunda de dores da perda? e voc/ 8 a

    morte5 como conseue viver com tanta triste7aJ Aposto ue voc/ ostaria de sentir as 9elicidades davida? &oc/ =á deve ter tentando se matar5 para aca,ar com tamanho so9rimento# 6"o 9aa mais isso5e me deivoc/J Pela minha sensi,ilidade5 ve=o um remorso pesado5 cravado no teu cora"o por ter eliminadotantas vidas# &oc/ n"o precisa viver em trevas5 n"o precisa eliminar as vidas# e Deus nos criou5deira tra,alho e< *0#3; Dt W#' eNt W#*)5 e uem matar está su=eito a =ulamento# Ora5 deiu

     posso te revelar a salva"o5 por meio do >sprito anto# &oc/ o procura5 mas n"o sa,e ao certo5 por temer as conse/ncias da mais pura reenera"oB5 9alou im"o5 a,aim seuida5 cuspiu uma 9atia de espao nero5 semelhante a um leno de cetim5co,riu o raveto com o pano e pediu ue a morte retirasse o tecido preto# Para a sua surpresa5 oraveto tornou-se um novo ramo com uma ,ela 9lor na ponta# im"o sacudiu o ramo e saiu5 da 9lor5uma linda pom,a ,ranca5 ue alcanou o 9irmamento em pouco tempo# im"o reuritou todo o

    tempo5 o espao e as som,ras ue havia enolido5 tornando-se o velho im"o novamente5 9a7endocom ue tudo voltasse ao 9lu

  • 8/15/2019 O Tesouro - Contos - Detetive Fantástico

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