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CARINE CARLOSSO KAVECZ O TEXTO INFORMATIVO MASSIVO NA SALA DE AULA Canoas,2007.

O TEXTO INFORMATIVO MASSIVO NA SALA DE AULA · coerência, tipologia textual e, principalmente, textos informativos massivos; além de ... embora haja uma grande variedade de tipologias

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CARINE CARLOSSO KAVECZ

O TEXTO INFORMATIVO MASSIVO NA SALA DE AULA

Canoas,2007.

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CARINE CARLOSSO KAVECZ

O TEXTO INFORMATIVO MASSIVO NA SALA DE AULA

Trabalho de Conclusão apresentado para a bancaexaminadora do Curso de Letras do UNILASALLE, comoexigência parcial para a obtenção do grau de Licenciadoem Letras, habilitação em Língua Portuguesa, LínguaEspanhola e respectivas Literaturas, sob orientação daProf.ª Ms. Arlinda Maria Caetano Silva.

Canoas,2007.

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TERMO DE APROVAÇÃO

CARINE CARLOSSO KAVECZ

O TEXTO INFORMATIVO MASSIVO NA SALA DE AULA

Trabalho de Conclusão aprovado como requisito parcial para a obtenção do grau de

Licenciado em Letras pelo Centro Universitário La Salle – UNILASALLE.

Prof.ª Ms. Arlinda Maria Caetano Silva

UNILASALLE

Canoas, 2007.

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Ensinar é um exercício deimortalidade.

De alguma forma continuaremos aviver

Naqueles cujos olhos aprenderam aver

O mundo pela magia da nossapalavra.

O professor, assim, não morre jamais!

Rubem Alves

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AGRADECIMENTOS

• Agradeço a Deus pela oportunidade de estar aqui;

• Aos meus pais, João Edevan Kavecz e Marilda Carlosso Kavecz, pelo

ensinamento de vida;

• Aos meus professores, pelo incentivo nesta caminhada;

• Aos meus irmãos, colegas e amigos, pelo companheirismo em todas as

horas;

• Ao Marco, pelo incentivo, apoio, pelo seu exemplo de garra e força e,

principalmente, pela confiança, companheirismo e carinho dedicados a mim.

• Ao Colégio Luterano Concórdia que prontamente me recebeu e me acolheu

em todos os estágios curriculares e que, logo após, me tornou membro da

calorosa família concordiana;

• À amiga Marlene Kayser, pela ajuda prestada;

• A minha querida professora orientadora, Arlinda Maria Caetano Silva, que

contribuiu para minha plena formação, com os seus conhecimentos e seu

maravilhoso exemplo de humildade e competência. Por sua dedicação e

carinho, só tenho a agradecer e pedir a Deus que multiplique seres tão

iluminados quanto a senhora. Obrigada.

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RESUMO

Os textos informativos massivos devem ser trabalhados de uma maneira abrangentena sala de aula. Propõe-se que o aluno saiba as distintas tipologias textuais paraque, antes de ler o texto, já tenha uma expectativa do que irá encontrar e possa teruma melhor compreensão do conteúdo do texto e, depois, fazer a interpretação comatividades lingüísticas e gramaticais. A fundamentação teórica está ancorada emrenomados autores da área de Letras, Linguagem, que dão base e sustentação nopresente trabalho. Integram, ainda, esta pesquisa conceitos sobre texto, coesão,coerência, tipologia textual e, principalmente, textos informativos massivos; além deuma proposta pedagógica que contempla uma abordagem global com cada gênerotextual do tipo massivo, associadas à temática do Meio-Ambiente.Palavras-chave: Textos Informativos Massivos – sala de aula – aluno - gênerostextuais - jornal.

RESUMEN

Los textos informativos masivos deben ser trabajados de una forma amplia en lasala de aula. Proponerse que el alumno sepa las distintas tipologías textuales paraque antes de leer el texto ya tenga una expectativa de lo que irá a encontrar, ypueda tener una mejor comprensión del contenido del texto, y después, hacer lainterpretación con actividades lingüísticas y gramaticales. La fundamentaciónteórica está baseada en renombrados autores del área de Letras, Lenguaje, que danbase y sustentación al presente trabajo. Integran, también, esta investigaciónconceptos sobre texto, cohesión, coherencia, tipología textual y principalmente,textos informativos masivos; además de una propuesta pedagógica que contemplaun abordaje global con cada género textual del tipo masivo, asociados a la temáticadel Medio Ambiente.Palabras-clave: Textos Informativos Masivos – sala de aula – alumno – génerostextuales – periódico.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 09

2 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS 11

2.1 Texto 11

2.2 Coesão e coerência 13

2.3 Gêneros textuais 14

3 O TEXTO INFORMATIVO MASSIVO 18

3.1 As diferentes tipologias do texto jornalístico 20

3.1.1 Artigo 21

3.1.2 Carta do leitor 22

3.1.3 Charges 24

3.1.4 Crônica 25

3.1.5 Editorial 28

3.1.6 Entrevista 30

3.1.7 Notícia 33

3.1.8 Reportagem 34

3.2 Gramática utilizada em textos jornalísticos 38

4 PROPOSTA PEDAGÓGICA 40

4.1 Contextualização 40

4.2 Sugestões de abordagem global de textos jornalísticos 40

4.2.1 Artigo 41

4.2.2 Carta do leitor 48

4.2.3 Charges 52

4.2.4 Crônica 55

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8

4.2.5 Editorial 59

4.2.6 Entrevista 63

4.2.7 Notícia 69

4.2.8 reportagem 73

5 CONCLUSÃO 78

REFERÊNCIAS 79

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1 INTRODUÇÃO

Este trabalho destina-se a atender uma exigência da disciplina de Trabalho de

Conclusão de Curso de Letras e propõe-se ao estudo e à apresentação de

elementos para uma melhor compreensão na hora da leitura e na produção de

textos informativos massivos. Percebe-se que este assunto interessa

primordialmente aos professores porque demonstra que, quando o aluno conhece as

características gerais do texto e o objetivo, este cria expectativas para a leitura, o

que proporciona para o aluno um melhor entendimento na leitura e na produção de

textos informativos massivos.

Também se percebe a necessidade da habilidade leitora de cada aluno, pois

é através do seu conhecimento e das suas experiências que possuirão subsídios

para uma boa produção textual.

É por isso que este trabalho visa a demonstrar que o uso adequado de textos

informativos massivos em sala de aula prepara o aluno para identificar, assim como

produzir seus textos com maior facilidade e objetividade.

Abordar-se-á a questão em capítulos, com as seguintes subdivisões: no

primeiro capítulo, apresenta-se a parte introdutória; no capítulo dois, expõem-se os

pressupostos teóricos, com explanações sobre texto, coesão, coerência e gêneros

textuais; no terceiro, explicita-se o texto informativo massivo e mostram-se as

diferentes tipologias textuais do texto jornalístico e a gramática utilizada nesses

textos. No capítulo subseqüente, apresenta-se uma proposta pedagógica com

sugestões de aproveitamento dos gêneros informativos massivos para uma

abordagem global e produção textual em Língua Portuguesa.

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Na parte conclusiva, reflete-se sobre a utilização de textos jornalísticos em

sala de aula para o aluno entender e recriar a realidade e promover a identificação

do leitor com cada gênero textual.

Todo este estudo será amparado na leitura de textos teóricos devidamente

citados nas referências. Espera-se, pois, que este trabalho, construído com muito

empenho e dedicação, venha contribuir na utilização dos gêneros aqui abordados.

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2 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS

"Em meus textos, quero chocar o leitor, não deixar que elerepouse na bengala dos lugares-comuns, das expressõesacostumadas e domesticadas. Quero obrigá-lo a sentir uma novidadenas palavras!."

João Guimarães Rosa, escritor

2.1 Texto

Antes de verificar os conceitos para texto, deve-se lembrar que a

comunicação não deve ser feita apenas com uma sucessão de frases, mas com

textos, proferidos numa seqüência organizada de frases relacionadas num todo.

Texto é uma unidade significativa com sentido, produzido para preencher uma

função social pragmática. Tem origem em um indivíduo com seus valores histórico-

sociais, idéias e objetos (emissor) e se dirige a outro indivíduo com as mesmas

características (receptor). O texto, sozinho, não é responsável pela construção de

sentido; o leitor participa do processo de compreensão por meio de sua bagagem

cognitiva, no que se refere à construção da coerência.

Segundo Infante (2000, p. 49), “a palavra texto provém do latim “textum”, que

significa tecido, entrelaçamento”. Fica evidente, assim, que já na origem da palavra

encontra-se a idéia de que o texto resulta de um trabalho de tecer, de entrelaçar

várias partes menores, a fim de se obter um todo inter-relacionado. Daí, poder-se

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falar em textura ou tessitura de um texto: é a rede de relações que garantem sua

coesão, sua unidade.

Geraldi (1985, p.35) define texto como

uma seqüência verbal escrita coerente, formando um todo acabado,definido e publicado. Publicado não quer dizer lançado por umaeditorial, mas simplesmente dado a público, isto é, cumprida suafinalidade de ser lido, o que demanda o outro; a destinação de umtexto é sua leitura pelo outro, imaginário ou real. (GERALDI, 1985,p.35)

A extensão do texto é indeterminada. Ele pode se constituir de uma só

palavra, como “socorro!”, ou de um romance de mil páginas, de um editorial, de uma

reportagem, de uma receita de bolo, de um manual de instrução e assim por diante.

Na palavra “socorro”, por ser um texto de uma só palavra, não há seqüência

organizada de elementos lingüísticos, o enunciado está inserido num contexto

comunicacional. Há um emissor que, numa situação de perigo, emite uma

mensagem a um destinatário; é a intenção de se fazer ouvir e de ser socorrido.

Portanto, todo texto, independentemente de sua extensão, possui uma intenção

comunicativa.

Isso mostra que a compreensão de um texto vai além da simples

decodificação de termos nele impressos, como se apresenta no ensino tradicional.

Não basta o simples reconhecimento de palavras, parágrafos – a decodificação –, é

preciso levar em conta em que situação ele é produzido. Segundo Canônico, a

compreensão exige do leitor uma sintonia com os fatos situados no seu dia-a-dia,

que aparecem subliminarmente impressos na mensagem textual. Daí a importância

de se colocar o aluno em contato com material que possibilita a ele este contato com

a língua em funcionamento, como o texto jornalístico.

A unidade de sentido que chamamos texto é composta por palavras

interligadas em uma seqüência de idéias e de relações lingüísticas. Um texto é, pois,

uma unidade de sentido resultante de um mecanismo de articulação.

Ao se pensar em articulação, deve-se perceber o texto como uma estrutura

com diversos segmentos relacionados, ligados uns aos outros. Essas relações se

estabelecem em dois planos: o do conteúdo (idéias) e o da amarração (relações

lingüísticas).

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2.2 Coesão e coerência

Uma das maiores dificuldades que os alunos possuem ao produzir um texto

advém da dificuldade em correlacionar as idéias de forma coerente e

contextualizada. Por isso, devem-se estabelecer os conceitos de coesão e

coerência.

Coesão é a conexão lingüística que permite a amarração das idéias. Na

organização do texto, as palavras amontoadas ganham sentido pelas relações de

dependência que estabelecem entre si. Assim, o esqueleto gramatical sustenta o

texto como um todo significativo.

A coesão faz uso de conetivos, ou elementos de coesão, que permitem a

ligação das partes do texto. Gramaticalmente esses elementos de coesão são

classificados como pronomes, preposições, advérbios, conjunções. Eles ligam

palavras, orações, frases, parágrafos, ao longo do texto, estabelecendo diferentes

tipos de relações.

Segundo Halliday e Hassan (apud KOCH, 1993, p.17), a coesão ocorre,

“quando a interpretação de algum elemento do discurso é dependente do outro”. Ou

seja, “um pressupõe o outro, no sentido que não pode ser efetivamente codificado a

não ser por recurso do outro”.

Coerência diz respeito ao encadeamento organizado e lógico das idéias do

texto. Ela decorre da harmonia estabelecida entre as significações, evitando, assim,

as contradições.

Portanto, coerência é a possibilidade de estabelecer uma unidade de sentido,

é a visão global do texto, sendo visto como um todo significativo. Havendo

coerência, estabelece-se uma situação comunicativa entre os seus participantes,

que têm conceitos e idéias comuns ou semelhantes adquiridas em dada cultura.

Com isso, nota-se que a coerência tem a ver com a produção textual, à medida que

quem produz o texto quer se fazer entendido pelo leitor.

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2.3 Gêneros textuais

A tipologia textual apresenta-se com denominações diversas porque seus

pesquisadores ainda não possuem uma única concepção do assunto. Usam-se os

seguintes termos: classes de textos, formas e gêneros de textos, estilos, modelos de

textos, entre outros. Mas seja qual for o nome atribuído, descreve-se a tipologia

como um conjunto de características gráficas ou estruturais de um texto.

Evidencia-se, pelos livros didáticos, que, em geral, o ensino tem adotado a

nomenclatura clássica, que agrupa os textos como descritivos, narrativos e

dissertativos, embora haja uma grande variedade de tipologias. A proposta é que se

utilize, de modo combinado, essa tipologia clássica e a tipologia sugerida por Pereira

& Flores (1993), que classifica os textos como informativos, persuasivos e lúdicos,

pois essas modalidades não são excludentes. Ao contrário, utilizando-as

concomitantemente, percebem-se características semelhantes e diferentes que

podem ser demonstradas no texto.

Em seguida, apresenta-se uma breve explanação sobre a tipologia clássica e

a tipologia proposta por Pereira & Flores baseada na intencionalidade

/aceitabilidade. Dá-se ênfase para o texto informativo, que é o interesse deste

estudo.

O texto descritivo, como o próprio nome já diz, é a descrição, ou seja, é a

apresentação verbal de uma pessoa, ambiente, objeto, por meio de suas

características, seus traços predominantes. A descrição tem como resultado a

imagem física ou psicológica.

É importante salientar que, dificilmente, um texto é somente descritivo.

Geralmente usa-se essa definição apenas na redação escolar, pois o que ocorre, na

prática, são trechos descritivos inseridos em textos narrativos ou dissertativos.

O texto narrativo apresenta um desenvolvimento cronológico, é um relato de

fatos que ocorrem em determinado lugar e tempo. Apresenta narrador, que pode

contar em primeira ou terceira pessoa, personagens, enredo, cenário, e os verbos

aparecem no passado.

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Levando em consideração a intencionalidade do enunciador ao produzir um

texto e os efeitos de sentido causados no receptor desse texto (aceitabilidade),

Pereira (1993) propõe que se categorizem os textos como persuasivos, lúdicos e

informativos.

A intencionalidade tem a ver com o modo como quem produz um texto o usa

para perseguir e realizar suas intenções comunicativas, elaborando-o com

adequação necessária para obter os efeitos desejados, enquanto a aceitabilidade

inclui a aceitação como disposição ativa de participar de um discurso e compartilhar

um propósito comunicativo. A intencionalidade está estritamente ligada à

argumentatividade, que se manifesta nos textos por diversas marcas ou pistas que

orientarão seus enunciados na direção de determinadas conclusões. Essas marcas,

bem como as inferências e os demais fatores de coerência, serão o ponto de partida

para o receptor construir sua leitura, isto é, sua aceitação.

O texto persuasivo possui a intenção de convencer o receptor a ter um

determinado tipo de comportamento. Pode ser subdividido em autoritário, como um

texto jurídico; de sugestão, em que se destaca a publicidade comercial; o polêmico,

como, por exemplo, a defesa de tese; e, por fim, o reivindicatório, que pode ser

encontrado nos panfletos sindicais.

No texto lúdico, os efeitos de sentido são imprevisíveis, pois não há controle

sobre o receptor. É nessa modalidade que se incluem os jogos de linguagem, as

charadas, o humorismo.

O texto informativo, objeto deste trabalho, decorre da interação predominante

do enunciador em informar, de produzir alterações no nível de conhecimento do

receptor. Pode ser assim subcategorizado:

a) técnico científico, que informa o receptor a respeito do conhecimento

produzido pela ciência acadêmica (formal) e pela ciência popular (lista de simpatias);

b) instrumental-pedagógico, que informa o receptor sobre como proceder, ou

sobre como realizar operações no sentido de obter certos efeitos (bula de remédio);

c) massivo, que dá informações ao público em geral sobre fatos ocorridos na

sociedade (notícia, reportagem, entrevista);

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d) interpessoal, que põe à disposição de determinadas pessoas ou grupos

informações específicas, de interesse exclusivo dessas pessoas e desses grupos

(carta, boletim informativo).

A classificação baseia-se em Courdesses (apud PEREIRA; FLÔRES, 1993)

em referência a quatro conceitos:

(1) Distância: espaço colocado entre o enunciador e o enunciado, podendo

assumi-lo totalmente (distância mínima) ou dele descomprometer-se (distância

máxima). No texto informativo, é perceptível uma neutralidade, onde o emissor não

se insere no enunciado que produz, sendo que a informação é mais importante que

seu autor. O texto é impessoal, geralmente escrito em 3ª pessoa.

(2) Transparência ou nível de compreensão do enunciado pelo receptor: para

que sejam facilmente decodificados e aceitos, os textos caracterizam-se pela

transparência (monossemia) ou clareza da informação. Há explicação de termos

mais difíceis e até transcrição da fala dos envolvidos nos assuntos dos textos, o que

aumenta a confiabilidade da informação.

(3) Tensão ou relação emissor / receptor: não há espaço para diálogo; o

emissor possui a informação, cabendo ao receptor recebê-la.

(4) Modalização ou modo de construção dos enunciados: os textos

apresentam construções sob forma de paráfrase, predominando os períodos

compostos por subordinação, com orações adverbiais e adjetivas, que apresentam

as circunstâncias em que os fatos informados ocorreram ou caracterizando-os por

meio de restrições ou explicações. Os verbos são de ação, na voz ativa, em sua

maioria; há preferência para o tempo verbal no presente que se alterna com o

pretérito perfeito do indicativo; são raros os casos de futuros do indicativo ou

subjuntivo.

Por seu turno, Grice (apud PEREIRA; FLORES, 1993) afirma haver um

contrato de cooperação mútua entre os interlocutores, na construção do sentido

textual, constituindo-se esse contrato de quatro máximas informais.

(1) Quantidade: refere-se à dimensão quantitativa da informação, que oscila

entre dois pólos – informar tudo o que é necessário e nada além do necessário,

tratando-se de um texto conciso.

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(2) Qualidade: veicula dados e se baseia em critérios de veracidade / não

veracidade.

(3) Relação: utilidade e pertinência das informações, sendo perceptível uma

seleção quanto ao que é mais relevante.

(4) Modo: dispõe os dados de tal forma que favoreçam uma única

interpretação, evitando-se ambigüidades. Prima pela clareza. O vocábulo é usual,

segundo um modelo de língua correto, gramatical, tendendo ao coloquialismo,

colocando-se mais próximo do receptor para garantir a apreensão das informações,

organizando-as de modo pertinente aos seus propósitos.

Então, o texto informativo tende à distância e à transparência máxima, à

ausência de traços reveladores dos propósitos do enunciador. Há uma tendência

para a flexão em terceira pessoa, para o emprego do tempo presente ou passado,

estruturas sintáticas simples e em ordem direta, voz ativa, estruturas afirmativas,

empregando-se vocabulário preciso e linguagem mais direta como marcas

lingüísticas típicas – características que aumentam ou desaparecem numa ou noutra

modalidade mais específica.

No presente trabalho abordar-se-á a questão dos textos jornalísticos,

refletindo-se sobre a sua melhor utilização na prática pedagógica. Sugere-se que o

professor proponha a seus alunos abordagens globais desses textos, promovendo,

assim, a leitura e atividades de escrita, a fim de que eles se familiarizem com cada

uma dessas diferentes estruturas textuais e aprendam a construí-las.

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3 O TEXTO INFORMATIVO MASSIVO

Nada lhe posso dar que já não exista em você mesmo. Nãoposso abrir-lhe outro mundo de imagens além daquele quehá em sua própria alma. Nada lhe posso dar a não ser aoportunidade, o impulso, a chave. Eu o ajudarei a tornarvisível o seu próprio mundo, e isso é tudo.

Hermann Hesse

Pereira & Flores salientam que “classificar textos em categorias auxilia

apenas na medida em que favorece o exame das regularidades textuais”, até porque

as três grandes categorias – textos informativos, persuasivos e lúdicos – não

apresentam campos rigidamente delimitados, o que evidencia suas interpretações.

Segundo Cereja (1999, p.265-6), deve-se caracterizar o texto informativo

massivo (notícia e reportagem) como modelo narrativo. Geralmente o parágrafo

inicial responde a seis perguntas básicas: o quê? (refere-se ao fato, ao que

aconteceu); quem? (sujeito da informação); quando? (é o fator tempo, o momento

em que ocorreu o fato); onde? (lugar do acontecimento); como? (forma ou maneira

como ocorreu o fato); por quê? (a causa, o elemento fundamental que nos dá a

razão do fato). Esse conjunto é denominado lide ou cabeça e nele se encontra o que

chamamos de “Pirâmide invertida”. O importante da notícia vem em primeiro lugar e,

numa ordem decrescente, as demais informações. Embora o leitor mais apressado

suprima a leitura dos últimos parágrafos – o corpo do texto –, terá entendido o que

leu, uma vez que as informações essenciais constam no primeiro.

Para entendermos um texto massivo, além de conhecermos sua estrutura,

enfatizamos a importância do modo de elaboração do título, que anuncia o assunto a

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ser desenvolvido e deve ser redigido com objetividade, mediante palavras curtas e

de uso comum.

Para trabalhar com o texto informativo massivo em sala de aula, o professor

deve estar bem ciente de que a neutralidade é um mito e de que não existe texto

sem objetivo nem endereçamento. Além disso, deve atentar para a responsabilidade

que requer a própria seleção do material. O texto informativo-massivo pode ser

largamente utilizado em sala de aula, desde que levados em consideração critérios

básicos de seleção.

Outro fator que se torna necessário é a distinção entre um texto e outro. Por

eles serem diferentes, isso causa expectativas diferentes, tanto no produtor quanto

no leitor de textos. Acredita-se que, entendendo a tipologia textual, o leitor vá ao

texto com expectativas mais definidas que o auxiliem na leitura, bem como na sua

produção.

Segundo Lima (2001, p. 65), o jornal ainda é um veículo que faz parte da

prática pedagógica costumeira. Em um levantamento de dados efetuados pelos

pesquisadores, constatou-se que o jornal aparece nas atividades de sala de aula,

geralmente, para recortes de palavras, gravuras, notícias, reportagens, com a

finalidade de se fixarem noções gramaticais; ou, simplesmente, como ilustração de

trabalhos individuais ou em grupos. Desse modo, o professor transforma a prática

pedagógica em “atividades mecânicas”, uma vez que não pede ao aluno o

entendimento daquilo que leu, transformando o trabalho numa apresentação muda

de interpretações.

O que se percebe, diante do exposto acima, é que, apesar de existirem

diferentes estratégias para lidar com o discurso noticioso em sala de aula, esta

prática não está sendo usada. Percebe-se que trabalhar com os elementos

característicos do texto é prática valiosa tanto para o professor quanto para o aluno,

em rumo da compreensão e entendimento, não só do texto trabalhado como de

todos os outros.

O professor deve utilizar o texto jornalístico como seu aliado na prática

pedagógica. Se ele tiver habilidade para trabalhar com esse material, suas aulas

deixarão de ser mecânicas e passarão a transportar o aluno para uma situação em

que, realmente, poderá compreender e analisar o texto. O que ocorre atualmente é

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que o professor não utiliza o jornal como um meio de estudo, ou o faz muito pouco,

perdendo seu grande valor instrucional e pedagógico.

No momento em que o aluno pega o jornal, lê uma notícia ou reportagem sem

nenhum conhecimento sobre sua importância e seus objetivos, este texto torna-se

vago. Quando o aluno conhece diversos gêneros de textos, ele já o lê com um

objetivo e uma expectativa, o que torna a compreensão mais clara. Logo após, o

professor deve mediar uma série de questões para o aluno refletir e entender o

texto. Nesse entendimento, deve ser comentado o tipo de texto, o seu gênero, o

contexto em que foi escrito, a linguagem utilizada, a informação que nos transmite,

etc.

Depois que esse trabalho é feito, estuda-se a parte gramatical ligada ao texto

e não como regras isoladas que não possuem um contexto e uma noção lógica.

É desse modo que se proporciona aos educandos uma forte base lógica para

a leitura e bom entendimento dos textos. A cada nova leitura, o aluno terá uma nova

expectativa de acordo com o gênero a ser lido. A seguir mostram-se os distintos

gêneros textuais.

3.1 As diferentes tipologias do texto jornalístico

O jornal é um meio rico em textos, de fácil acesso, o que o torna um grande

aliado do professor de Língua Portuguesa. Esse deve sempre levar em conta a

importância para o aluno em conhecer distintos gêneros textuais. O grande objetivo

do jornal é transmitir a informação a seu público; o leitor deve, no entanto, perceber

que existem características distintas entre esses gêneros. Cada um terá suas

características e seus objetivos, como uma charge, que critica um assunto

importante e de interesse público; já uma crônica, irá mostrar um lado mais literário

sobre um fato cotidiano. Para um melhor entendimento, mostrar-se-ão as definições,

as características e um exemplo de cada gênero informativo massivo.

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3.1.1 Artigo

O artigo de opinião é um gênero textual que apresenta comentários,

avaliações, expectativas sobre um tema da atualidade que, por sua transcendência,

no plano nacional ou internacional, já é considerado, ou merece ser, objeto de

debate. Informa sobre os resultados de pesquisa obtidos, descreve métodos,

técnicas e processos, apresenta novas idéias, etc. Um texto pertence a esta

categoria quando contribui para ampliar consideravelmente o conhecimento ou a

compreensão de um problema. É redigido de tal maneira que um pesquisador

competente pode repetir os experimentos, observações, cálculos ou raciocínios

teóricos do autor e julgar as suas conclusões e a precisão de seu trabalho.

Assinado, é de responsabilidade de seu redator. É relevante citar algumas das

principais características deste gênero.

• Trata-se de texto que, em geral, segue uma linha argumentativa:

identificação do tema, com seus antecedentes e alcance; tomada de

posição (tese); argumentos (justificam a tese); reafirmação da posição

inicial.

• Tem intencionalidade persuasiva.

• Usa como estratégias de persuasão acusações claras a oponentes,

ironias, insinuações, digressões, apelações à sensibilidade, etc;

• Enumera, minuciosamente, as fontes de informação;

• A progressão temática, geralmente, ocorre mediante um esquema de

temas derivados;

• Cada argumento, com seus respectivos comentários, pode constituir um

tópico;

• A linguagem utilizada é bastante complexa, oferecendo, muitas vezes,

dificuldades à interpretação;

• Utiliza o padrão culto formal da língua.

Para uma melhor exemplificação será colocado um artigo como modelo.

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Lixo não existe. O que chamamos de lixo nada mais é que matériaprima misturada e fora do lugar. Uma vez esses materiais separados e –muito importante – limpos, deixam de ser chamados de lixo e voltam a serrecursos naturais, matérias primas. A idéia é boa e ecologicamentesustentável e tem funcionado bem em pequena escala. Então, por que nãofunciona direito em grande escala? Por que ainda há tanta resistência porparte dos serviços tradicionais de limpeza pública e da própria sociedade?

Por vários motivos, todos perfeitamente solucionáveis, se houvervontade política, leia-se, maior pressão da sociedade. O principal deles é omito que reciclagem dá lucro. O maior lucro da reciclagem não éfinanceiro, mas social e ambiental. Emprega mão-de-obra nãoespecializada, aumenta a vida útil dos atuais vazadouros, poupa recursosnaturais e energia, etc. Lucro mesmo, financeiro, não dá. Mas quem disseque lixo tem que dar lucro? Ninguém exige que a coleta do esgoto dêlucro, por exemplo. Mesmo assim, é possível melhorar um pouco mais,pois os preços dos materiais recicláveis, como metais, plástico, vidros epapéis estão muito baixo, desestimulando novas experiências de coletaseletiva. Conseguir isso é relativamente fácil. Basta uma legislação queobrigue, por um lado, e crie estímulos tributários por outro, para que asindústrias se responsabilizem pelas embalagens que produzem. Hoje, nãobasta que as embalagens sejam recicláveis. É preciso exigir que asindústrias se responsabilizem também pelo seu retorno ao processoprodutivo.

Um bom exemplo de que é possível melhorar é o caso do alumínio.O Brasil tem apresentado os melhores índices do mundo de retorno deembalagens de alumínio. Não é por que o brasileiro é mais conscienteambientalmente ou limpo que o europeu, o canadense ou o norte-americano. Mas porque o preço da reciclagem do alumínio compensa!

Também tem contribuído para atrasar a reciclagem a idéia, em nossasociedade, que associa lixo à sujeira, à coisa morta, que queremos longeda gente. A reciclagem está associada à vida, devolvendo à natureza e aoprocesso produtivo materiais e recursos que estavam sendodesperdiçados. Por isso os sistemas tradicionais de coleta de lixo temconseguido dominar as políticas públicas no país. Eles simplesmente sepropõem a coletar, transportar e dar destino final ao lixo. Ou seja, tira oproblema da porta do cidadão. E pronto. Já a reciclagem exige que ocidadão, a dona de cada, o empresário participe, separe em sua casa ouna empresa os materiais secos (papel, plástico, metal e vidro) dosmolhados (restos de comida, cascas de fruta, papel usado, etc.). Dá maistrabalho. Exige que "mexa" no lixo.

Vilmar Berna

3.1.2 Carta do leitor

É a carta que defende uma posição própria do remetente, apresentando uma

intenção persuasiva. Normalmente, expressa a opinião do leitor sobre textos

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publicados em jornais ou revistas. Trata-se de um gênero de natureza

argumentativa, utilizado quando um grupo de pessoas deseja manifestar

publicamente sua opinião a respeito de um problema. Serve para conscientizar

pessoas, governantes, entidades e mobilizá-los. Eis as suas principais

características:

• sua estrutura assemelha-se à da carta pessoal: data, vocativo, assunto,

expressão cordial de despedida e assinatura;

• possui título;

• identifica o destinatário;

• apresenta denúncia e análise do problema;

• mostra reivindicação de medidas que solucionem o problema

fundamentadas por argumentos, ou, eventualmente, por uma conclusão

que seja síntese das idéias ou conjunto de sugestões;

• contém assinatura e identificação das pessoas ou entidades responsáveis

pela carta;

• apresenta local e data;

• os autores podem se colocar pessoalmente, em 1ª pessoa, ou, de forma

impessoal, em 3ª pessoa;

• a linguagem deve estar de acordo com o padrão culto formal, com o perfil

do autor e do veículo de comunicação ao qual se destina, com verbos

predominantemente no presente do indicativo, usando corretamente os

pronomes de tratamento.

A seguir, apresenta-se um modelo de carta do leitor.

Lixão – Lindo cartão-postal!

Tenho assistido na TV, lido nos jornais e as nossas emissoras derádio, freqüentemente estão divulgando a apreensão de produtosimpróprios para o consumo humano.

Na sua maioria são carnes, pescados e produtos com datas devalidade vencidas. Tais produtos são incinerados no Lixão Municipal. Seráque a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, a própria Vigilância

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Sanitária, através da Secretaria Municipal, não estão sabendo do granderisco de contaminação da nossa cadeia alimentar?

Antes de escrever esta carta, eu fui lá por água para conhecer deperto. É horrível. Aquele depósito de incalculáveis toneladas de lixo, já estápoluindo o nosso estuário, degradando a fauna e a flora da nossa tão ricaLaguna dos Patos. Vi cardumes de peixes junto à margem da laguna,alimentando-se daqueles resíduos. Vi bandos, com centenas de gaivotasque pousavam no Lixão à procura de alimentos. Em seguida, aquelas avespousavam na água. Será que essas aves se alimentado de lixocontaminado não servirão de vetores ligados a bactérias nocivas à vidados peixes? Na época, tinha chovido bastante e as valetas estavamtransportando água avermelhada que escorria da grande montanha de lixoe desaguava no estuário, onde se encontram aqueles cardumes. Édesagradável, mas estes pescados fazem parte da nossa alimentação.

Será que estas autoridades que citei estão esperando que alguém secontamine para depois tomarem providências? É assim que os senhorescuidam dos recursos renováveis? Da biodiversidade? Da nossa qualidadede vida?

Um observador preocupado

3.1.3 Charges

Segundo a enciclopédia Wikipédia, charge é um estilo de ilustração que tem

por finalidade satirizar, por meio de uma caricatura, algum acontecimento atual com

uma ou mais personagens envolvidas. A palavra é de origem francesa e significa

carga, ou seja, exagera traços do caráter de alguém ou de algo para torná-lo

burlesco. As charges são muito utilizadas em críticas políticas no Brasil. Apesar de

serem confundidas com cartoon (ou cartum), esse, que é uma palavra de origem

inglesa, é considerado algo totalmente diferente. Ao contrário da charge, que

sempre é uma crítica contundente, o cartoon retrata situações mais corriqueiras do

dia-a-dia da sociedade.

Mais do que um simples desenho, a charge é uma crítica político-social onde

o artista expressa graficamente sua visão sobre determinadas situações cotidianas

por intermédio do humor e da sátira. Para entender uma charge, a pessoa não

precisa ser necessariamente culta, basta estar informada a respeito do que

acontece. A charge tem um alcance maior do que um editorial, por exemplo; por isso

ela, como desenho crítico, é temida pelos poderosos. Não é à toa que, quando se

estabelece censura em algum país, a charge é o primeiro alvo dos censores.

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A charge apresenta as seguintes características:

• utiliza a linguagem coloquial, verbal e não-verbal;

• usa como recursos a ironia, imagens, figuras de linguagem, humor,

intertextualidade, crítica;

• os personagens podem ser pessoas, animais ou objetos;

• tem como objetivo mostrar a realidade, sendo, às vezes, satírica.

Para a exemplificação do exposto acima, segue modelo.

Figura 1Fonte: Zero Hora: 26.04.2007. Edição n.° 15221.

3.1.4 Crônica

A crônica é um gênero textual híbrido que oscila entre a literatura e o

jornalismo, pois é o resultado da visão pessoal, subjetiva, do cronista ante um fato

qualquer, colhido no noticiário do jornal ou no cotidiano. Tendo por objetivo divertir

e/ou refletir criticamente sobre a vida e os comportamentos humanos, quase sempre

explora o humor: às vezes, diz as coisas mais sérias por meio de uma aparente

conversa fiada; outras vezes, despretensiosamente, faz poesia da coisa mais banal

e insignificante. Trata-se de um texto curto e leve, com linguagem, geralmente, de

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acordo com o padrão culto formal ou culto informal da língua. Costuma ser publicada

em jornais e revistas. Suas características mais importantes são as seguintes:

• geralmente é publicada em jornais ou revistas;

• relata, de forma artística e pessoal, fatos colhidos no noticiário jornalístico

e no cotidiano;

• consiste em um texto curto e leve;

• tem por objetivo divertir e/ou refletir criticamente sobre a vida e os

comportamentos humanos;

• pode apresentar os elementos básicos da narrativa: fatos, personagens,

tempo e lugar;

• o tempo e o espaço são, normalmente, limitados;

• pode apresentar narrador-observador ou narrador-personagem;

• a linguagem, geralmente, ajusta-se ao padrão culto formal ou culto

informal da língua;

Observe-se como a crônica oscila entre a literatura e o jornalismo.

Crônica do Anel da Latinha

Tudo começa num bosque escuro, tenebroso, enfrento dragões eserpentes, luto contra selvagens, salto por cima de precipícios e nadocontra a correnteza de rios violentos. Finalmente, depois de incontáveisaventuras, chego a uma caverna, driblo aranhas gigantescas e alcanço otão sonhado e suado tesouro. Lá está ele, aquele baú enorme, daquelesde filme. Vou até lá correndo, ali dentro pode estar toda a solução paraminha vida (pelo menos financeira). Abro o baú e lá estão eles: os anéisdas latinhas! Milhares, milhões! “Estou rica! Estou rica!”

Toca o despertador, acordo com a sensação de que essa questãome persegue. Sim, amigos, um sonho. Os primeiros sintomas de paranóiaem alguém que recebe centenas de e-mails de pessoas que já juntaram“uma garrafa cheia de lacres” e querem “trocá-la” por RS 250,00. Na minhafunção de Coordenadora de Comunicação, respondo os e-mails da formamais esclarecedora possível: “Caro Fulano, os anéis são fabricados com omesmo alumínio das latas e por isso não têm valor diferenciado, etc,etc...”, já sabendo que, ao ler a mensagem, a pessoa, desconfiada,pensará: “Sei...” Mas, curiosa, começo a querer entender o “fascínio” queessa pequena peça provoca.

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Você, como bom brasileiro que é, dirá: “coisa de país do TerceiroMundo.” Errado. Numa rápida pesquisa na internet, descubro que o “mal” émundial. Em todos os lugares do planeta há pessoas pensando que oslacres valem um bom dinheiro! Mas, é claro, que em cada país há umacontextualização do mito. Na Noruega, por exemplo, dizem que os lacressão trocados por cachorro para cego. É óbvio que aqui, nessa terra “cheiade palmeiras onde canta o sabiá”, as chances de o cego não ser cego e docachorro virar churrasco são enormes! Mas voltemos aos anéis...

Continuo minha pesquisa na internet e descubro que o problema émais grave do que imagino: vejo se formando diante de meus olhos umaverdadeira rede de intrigas e acusações. Ray Parson, de Ontário, diz que aculpa é do McDonald´s, que, dizem, estaria recebendo doações de lacrespara sua instituição de caridade. Suzanne Mills , de Washington D.C., seapressa em afirmar que viu (e tocou!) na caixa onde os lacres sãocolocados. Rick Myers, de Kansas City, reclama: os alunos da escola ondetrabalha juntaram milhões de lacres que valeriam sessões de hemodiálisepara pessoas carentes e todo o esforço foi em vão. Caroline Cromer,indignada, responde: “Como, em vão?” E garante que ela, toda sua família,amigos e alguns vizinhos fizeram (sim, todos eles!) sessões dehemodiálise grátis, graças aos anéis! (Será que entendi direito? Será que aSra. Cromer sabe o que é hemodiálise?). John Baumer, canadense, quer“expandir” o assunto e diz que em seu trabalho, as pessoas estão juntandoo papel de uma certa marca de bala: “Sabemos que é para algum tipo detratamento médico, mas não exatamente qual...” (ai, ai, ai...). Bob Hiebert,intelectual (?!) de Nova York, se diz decepcionado com a humanidade.“Num momento em que todos os esforços deveriam estar voltados para arecuperação do pensamento humanista numa sociedade massacrada peloconsumo desenfreado...” Chega! Não dá mais! Paro e penso: “Devoprosseguir? Estarei me envolvendo em algo do tipo “pague para entrar ereze para sair”?

Como minha pesquisa na internet traz mais dúvidas do queesclarecimentos, decido ligar para o Galdeano. “Fera” no assunto, quemsabe ele possa me fornecer alguma informação técnica e preciosa sobre otal anelzinho. Galdeano rapidamente me envia as informaçõesnecessárias. Eis o que ele me passou:

“Quando você retira o anel da lata, está dificultando a suareciclagem porque...

1- Devido ao tamanho reduzido, muitos deles podem se perderantes de chegar ao local onde serão reciclados.

2- No processo de reciclagem da lata, elas são peneiradas e achance de anéis soltos acabarem indo junto com a areia/terra da limpeza émuito grande.

3- Aumentamos a chance de reduzir o rendimento da reciclagemnos fornos, isso porque como a liga do qual é feito o anel contém alto teorde magnésio e o magnésio tem maior potencial de oxidação que oalumínio, se ele (o anel) não estiver junto com a lata, isso torna mais fácilsua oxidação no forno.

4- Pelo fato de a liga de alumínio que reciclamos ser utilizadaapenas para fazer o corpo da lata e ter teor de magnésio menor que a dosanéis, o uso apenas do anel no processo de reciclagem pode contaminaro alumínio reciclado, pois o teor de magnésio fica acima do desejado,assim o material fica contaminado ou “fora das especificações”.

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5- Pelas razões acima, o alumínio dos anéis, quando vendidoseparado, tem menor valor comercial do que as latas inteiras, ou seja, valemenos! (Pasmem)

6- Pior ainda que as razões acima, é a frustração de ter tido otrabalho para ter a latinha na mão, arrancar o anel, guardá-lo e depoisdescobrir que ele não vale mais que a lata, ao contrário, com muito menoslatas você consegue a mesma coisa. Se a intenção é ajudar alguém a teruma cadeira de rodas, saibam que juntando as latinhas com anéis vocêprecisará de 6.020 latas, mas para conseguir a mesma cadeira de rodas sócom anéis, você vai precisar de 286.667 deles! Com 70 latas você tem1kg, para ter 1kg em anéis são necessários 3.333 anéis!!!”

Agora sim! São palavras de quem sabe! Com essa aula, meus e-mails de resposta ganharão mais credibilidade.

Depois de escrever essa “crônica”, me sinto mais leve, parece queexorcizei o anelzinho e aceito o fato de que as “lendas urbanas” fazemparte de qualquer sociedade onde as pessoas precisem acreditar em algoque de alguma forma melhorará suas vidas, nem que seja apenas parasonhar. Nosso papel é informar, esclarecer, deixar que as pessoassonhem, sim, mas com coisas que possam realizar. Assim, peço a todos(agora que temos todas as informações necessárias) que ajudem adivulgar “a verdade” sobre os anéis das latas.

Chega a noite e meu sonho se repete. Enfrento os mesmos dragõese serpentes, tudo acontece da mesma forma que no sonho anterior, masdesta vez sei que o tesouro é real, nada de anéis de latas, essa paranóiaestá resolvida. Avisto de novo o tal baú. Corro em direção a ele: feliz, leve,solta... Abro o dito cujo e... nada, apenas um bilhete lá no fundo. Pego opapelzinho e leio: “Vai trabalhar, Patricia! Giosa.”

Tá bom, chefe...

Pensamento do dia: “Vão-se os anéis, mas ficam... as latas.”Patricia Lattavo

3.1.5 Editorial

O editorial é um gênero textual que serve para os jornais e revistas opinarem

sobre os fatos que noticiam. Trata-se de um texto com clara intenção persuasiva, o

que o situa no grupo dos textos argumentativos. Caracteriza-se pelos seguintes

aspectos:

• expressa a opinião de um jornal ou revista a respeito de um assunto da

atualidade, quase sempre polêmico;

• tem a intenção de esclarecer ou alertar os leitores, alterar seu ponto de

vista a respeito de algum assunto ou mobilizá-los para uma causa de

interesse coletivo;

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• sua estrutura é, convencionalmente, organizada em três partes:

introdução, desenvolvimento e conclusão;

• apresenta o desenvolvimento estruturado a partir de exemplificações,

comparações, depoimentos, pesquisas, dados estatísticos, citações,

retrospectivas históricas, etc;

• a linguagem utilizada é clara, objetiva e impessoal;

• predomina o padrão culto formal da língua;

• os verbos são utilizados, geralmente, no presente do indicativo.

Observe-se um editorial:

Consciência ambiental

O Brasil, com tantos desafios em múltiplas frentes, tem razõesparticularmente importantes para transformar o Dia Mundial do MeioAmbiente, lembrado hoje, num pretexto para mobilização maciça em favordo desenvolvimento com respeito à questão ambiental. Nunca, como vemocorrendo agora, a ecologia havia ganhado tanta importância em âmbitoplanetário, a ponto de até mesmo governantes pouco sensíveis ao tema,como é o caso do norte-americano, começarem a se render a pressõespara atenuar resistências. Nesse momento em que a ameaça ambientaldeixa de se restringir a uma preocupação dos chamados ecoxiitas e passaa ser decisiva até mesmo em pleitos eleitorais, é urgente que o Brasil, osEstados, os municípios, cada brasileiro individualmente e todos juntostenham consciência do que podem fazer e onde querem chegar paraconciliar desenvolvimento com preservação.

O país vem caminhando em direção à maturidade ambiental, que sóé atingida quando a maior conscientização sobre o problema leva a umpadrão de crescimento em bases realmente sustentáveis. Ou seja, ummodelo que concilie os interesses da natureza com os da população,preservando o meio ambiente para as gerações futuras - condição que opaís está longe de ter alcançado. Antes de atingir esse patamar, o Brasilprecisará superar uma cultura marcada por excessos tanto dos quesubestimam a questão ecológica quanto dos que a supervalorizam. Nessejogo, a burocracia, não raramente, se coloca contra os investimentos,contribuindo muitas vezes para desgastar a imagem dos próprios órgãosgovernamentais, o que é ruim para todos.

Mudanças concretas na forma de encarar a questão ecológicadependem de esforços individuais, como os atos de reduzir, reciclar ereutilizar, mas sobretudo de ações governamentais, que produzam efeitosde maior amplitude. Os esforços incluem desde a quantidade de água e deenergia usada nas residências até uma mudança na forma de encarar olixo, passando por transformações radicais nos projetos de novasedificações e de veículos, particularmente dos destinados a transportecoletivo. Oficialmente, o Brasil esbarra em dificuldades concretas, como a

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de conter de forma mais eficaz o desmatamento na Amazônia, preservaradequadamente seus rios e alterar a sua matriz energética, mas vemregistrando avanços importantes. Um deles, reconhecidointernacionalmente, é o relacionado ao etanol e ao biodiesel, de interessetambém do próprio mercado norte-americano como alternativa para reduziros danos do aquecimento solar.

A gravidade atingida pela questão ambiental, porém, exige mais queações isoladas de países. A ameaça ambiental tem aspectos locais, mastambém de ordem global e precisa ser afastada por meio de compromissosclaros firmados perante organizações multilaterais, para que cada paíspossa ser cobrado a fazer realmente o que lhe diz respeito em favor dodesenvolvimento sustentável.

MARKETING VERDE - Uma preocupação cada vez mais comum é ade "neutralizar" os prejuízos ambientais de eventos públicos. Algumaspromoções já se preocupam em calcular quanto uma atividade emite degás carbônico, tratando de zerar a conta com o plantio de árvores, porexemplo.

Zero hora

3.1.6 Entrevista

A entrevista tem por finalidade colher opiniões de pessoas a respeito de um

assunto ou de fatos em evidência no momento em que ela é realizada; pode

também divulgar informações sobre a vida pessoal e profissional de uma pessoa de

renome no meio artístico, cultural, científico, político ou religioso.

O dicionário Aurélio define entrevista como “colóquio ou encontro previamente

marcado entre duas ou mais pessoas para se obterem certos esclarecimentos, a fim

de divulgar ou elucidar atos, idéias, planos, etc. de um dos participantes”.

A entrevista é considerada uma prática de linguagem altamente padronizada,

que implica expectativas normativas específicas da parte dos interlocutores, como

um jogo de papéis: o entrevistador abre e fecha a entrevista, faz perguntas, suscita a

palavra do outro, incita a transmissão de informações, introduz novos assuntos,

orienta e reorienta a interação. Suas principais características são as seguintes:

• contém título e, geralmente, subtítulo e uma introdução (um pequeno texto

em que se apresenta o entrevistado e o assunto a ser tratado);

• o texto da entrevista propriamente dito é organizado em perguntas e

respostas, com a indicação do nome do entrevistado e do entrevistador

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(nome do jornalista ou do jornal ou revista que ele representa) antes da

fala de cada um;

• na transcrição costumam ser desprezadas as marcas de oralidade;

• a linguagem, geralmente, é a culta, podendo sofrer variações conforme as

características do entrevistado, do jornal ou revista e do público leitor;

• emprega verbos predominantemente no presente do indicativo;

• divide-se em jornalística, médica, científica, de emprego, etc.

Veja a entrevista com o professor da USP, geógrafo Aziz Ab'Saber, sobre a

questão hídrica.

Geógrafo, professor emérito da Faculdade de Filosofia,Letras e Ciências Humanas da USP, autor de diversasteorias e projetos inovadores na geografia brasileira, tendorecebido o Prêmio Santista e o Prêmio Almirante ÁlvaroAlberto, oferecido pelo CNPq, o prof. Aziz Ab'Saberdemonstra grande preocupação com meio ambiente.

Em abril deste ano, Ab'Saber declarou que a frasemais triste que já ouviu ao longo de sua vida foi "Mãe, nós não temos maisnada nesse mundo". A frase foi proferida por uma criança para sua mãe,cujo barraco havia desmoronado após um temporal. À época, o professorafirmou que gostaria de repetir tal frase a FHC, ACM, Covas e outrospolíticos no poder. "As autoridades têm que aprender a complexidade dometabolismo urbano para dar uma solução à cidade", disse. Ab'Saberreferia-se a conhecimentos básicos, como quantidades de lixo e esgotoproduzidas pela população.

Antes de autoridades se darem conta, Ab'Saber já afirmava quedespoluir o rio Tietê é uma grande utopia. "Não adianta querer limpar o rio,pois seus afluentes, pré-poluídos, continuarão nutrindo a insalubridade",afirmou.

Como os grandes geógrafos, Ab'Saber não consegue discorrer sobrea questão hídrica de forma isolada. Tudo no meio ambiente interage, e opapel que se joga no chão hoje, pode ser a gota d'água para inundar ascidades amanhã.

Com Ciência - O Brasil pode ser considerado um país rico emmananciais?Ab'Saber - O Brasil, por sua extensão territorial e sua posiçãopredominantemente entre os trópicos, com "pequena grande" áreasubtropical, é um dos países mais beneficiados por rios perenes domundo. Ainda assim, há uma área de cerca de 750 mil km2 - o nordesteseco -, em que as drenagens são intermitentes. Trata-se de uma regiãogrande, cerca de três vezes o estado de São Paulo. Observado em seu

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conjunto, o Brasil tem riquezas de recursos hídricos importantíssimos,atingindo seu ápice na Amazônia.

CC- A Amazônia possui reservas de água gigantescas - o suficientepara abastecer 500 milhões de pessoas durante cem anos. Que condiçõesfavorecem essa riqueza de recursos?

Ab'Saber - As precipitações dentro do território brasileiro sãosuficientes para garantir a perenidade de quase 7,5 milhões de espaçosterritoriais, sobretudo na Amazônia, onde as chuvas anuais variam entre1600 e 3500 mm por quase 4 milhões de km2. Há regiões mais chuvosas,como Baixo-Amazonas e noroeste da Amazônia, e menos chuvosas, comoa faixa transversal que vai de Roraima até as proximidades do Araguai.Mesmo assim, não houve empecilhos para se formar a floresta contínua,devido à colaboração do clima quente e úmido.

CC - Esse fenômeno não ocorre em regiões próximas à Amazônia,como nordeste seco e Brasil central. Quais as diferenças essenciais entreo cerrado (Brasil central) e a caatinga (nordeste seco)?

Ab'Saber - As variedades climáticas em regiões próximasapresentam características próprias. O nordeste seco apresentadrenagens intermitentes sazonais e abertas ao mar e o Brasil centralcaracteriza-se por clima tropical com uma estação chuvosa e outrarelativamente seca, mas rios perenes - essa é a grande diferença entre osdomínios dos cerrados e o das caatingas. As médias anuais de chuva nocerrado chegam a ser de duas a três vezes mais que as da caatinga. Paracomparar, a região que recebe menos chuva no nordeste seco possuimédia pluvial anual de 268mm, sendo 850mm o máximo registrado.

CC - Como se comportam as chuvas na região tropical atlântica?

Ab'Saber - No Brasil tropical atlântico, que começa na faixa dosclimas tropicais úmidos, na região costeira do nordeste, e vai se alargandona direção da Bahia, os rios são longos e muitas vezes nascem em climassecos e passam para o úmido. A partir do sul de Minas Gerais, essa árease interioriza muito, passando pelo Estado de São Paulo e do Paraná -viabilizando o clima subtropical e úmido deste estado e encerrando-se naporção oriental de Santa Catarina. Quando chega no planalto dasaraucárias, continua havendo chuva suficiente para manter cursos d'águaimportantes e perenes.

CC - O Sr. acha que, entre outros motivos, a riqueza hídrica daAmazônia é pólo de atração de interesses estrangeiros?

Ab'Saber - Sim. Uma das razões por que existe grande interesse emfazer o Brasil perder sua soberania sobre a Amazônia é essa. Muitospaíses não têm mais recursos hídricos disponíveis e, não sei porquê,acham que poderiam transportar para suas terras as águas da Amazônia -o que implicaria um custo imenso.

Com ciência

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3.1.7 Notícia

Gênero textual tipicamente jornalístico, a notícia pode ser veiculada em

jornais, escritos ou falados, e em revistas. É a expressão de um fato novo que

desperta o interesse do público a que o veículo se destina.

O dicionário Aurélio define notícia como “relato de acontecimento atual, de

interesse público geral, ou de determinado segmento da sociedade, veiculado em

jornal, rádio, televisão, etc.”.

A notícia visa a informar, pois sua finalidade é unicamente veicular

conteúdos, informações. “A linguagem não apresenta nenhuma combinação nova ou

inesperada de palavras.” (PLATÃO; FIORIM, 1990)

São muitos os acontecimentos diários e nem todos despertam o mesmo

interesse na maioria dos leitores. Notícia será aquela que tiver o assunto mais

atrativo para o maior número de pessoas. Uma notícia atual que ainda não tenha

sido publicada, inédita, que trata de um assunto de interesse público, sendo sempre

verdadeira, objetiva e precisa atrairá um grande número de leitores.

A notícia dificulta a identificação do autor (sujeito da enunciação), pois não é

assinada pelo repórter que a produz. A responsabilidade cabe ao editor da seção ou

do jornal. Suas principais características são:

• trata-se de texto com predomínio da narração, com a presença dos

elementos essenciais de um texto narrativo: fato, pessoas envolvidas,

tempo em que ocorreu o fato, lugar onde ele ocorreu, como e por que

ocorreu;

• possui um título a que se atribui bastante importância;

• apresenta uma estrutura padrão composta de lead e corpo (no lead,

normalmente, se encontram as respostas às seis perguntas básicas: o

quê? quem? quando? onde? como? e por quê?);

• predomina a função denotativa ou referencial da linguagem;

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• é um texto informativo, breve e condensado, constituído por uma

linguagem impessoal, clara, precisa, objetiva, direta, predominantemente

denotativa, usada de acordo com o padrão culto da língua;

• este texto é marcado pela ausência da assinatura do seu produtor (autor);

• trata-se de um texto construído com verbos conjugados, principalmente,

no pretérito perfeito, o que indica ação acabada.

Observe-se, abaixo, um exemplo de notícia.

Oceano pode estar perdendo capacidade de absorver CO2

Um aumento na intensidade dos ventos sobre o oceano meridionalevita que as águas tomem mais carbono, e até causa a liberação de partedo gás acumulado.

Os oceanos da Terra, que há séculos absorvem parte do excessode gás carbônico da atmosfera, podem estar perdendo essa capacidade,diz um novo estudo.

O acúmulo de CO2 no ar, desde o início da era industrial, levantou otemor de que o gás viria a prender energia solar na atmosfera, causandoum aquecimento global e mudanças no clima. Relatório divulgado emfevereiro por uma rede internacional de cientistas confirma esse cenário.Os oceanos ajudam a evitar o pior: acredita-se que absorvam cerca de umquarto das emissões de carbono provocadas pela atividade humana.

Mas, em artigo publicado na revista especializada Science,pesquisadores afirmam que pelo menos uma grande área - o oceano quecerca da Antártida - parece estar perdendo o poder de absorver o gás.

O estudo conclui que um aumento na intensidade dos ventos sobre ooceano meridional evita que as águas tomem mais carbono, e até causa aliberação de parte do gás acumulado no mar.

"Isto é grave. Todos os modelos climáticos prevêem que esse tipo derealimentação continuará e se intensificará ao longo do século", diz aprincipal autora do trabalho, Corinne Le Quere�

Fauna Brasil

3.1.8 Reportagem

Este gênero textual informa de modo mais aprofundado sobre fatos que

interessam ao público a que se destina o jornal, acrescentando opiniões e diferentes

versões, de preferência, comprovadas.

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O dicionário Aurélio define reportagem como “um texto publicado resultante

de atividade jornalística que, geralmente, compreende a cobertura de um

acontecimento, a análise e a preparação do texto final a ser entregue à redação”.

A reportagem é um tipo de texto situado a meio caminho entre o jornalístico e

o literário: o repórter não só conta o que houve, mas envolve nesse ato sua própria

observação dos eventos, inquire sobre suas causas e origens e busca a ligação

entre eles, oferecendo uma explicação para a sua ocorrência. Como não há, nesse

caso, um distanciamento do enunciador em relação ao fato, a boa reportagem é

aquela marcada pelo oferecimento de, pelo menos, duas perspectivas: uma pró e

outra contra, apresentadas com eqüidistância e padrão ético. Em busca disso, o

repórter, normalmente, serve-se (muito mais do que na notícia) da intercalação do

discurso indireto com o direto para mostrar as posições dos sujeitos envolvidos no

fato. (PEREIRA; FLORES, 1993)

Segundo Menegat (p. 40, 2002), “reportagem é uma palavra polissêmica que,

além de designar um certo gênero de texto, é ainda o nome dado à seção do jornal

ou revista que produz indistintamente notícias e reportagens”. Abaixo, algumas das

características mais importantes deste gênero:

• a reportagem, por se tratar de um texto mais completo e detalhado,

costuma ser uma narração mais extensa;

• trata-se de um texto que estabelece conexões entre o fato central e fatos

paralelos por meio de citações, trechos de entrevistas, boxes informativos,

dados estatísticos, fotografias, etc.;

• pode ter um caráter opinativo, questionando as causas e os efeitos dos

fatos, interpretando-os, orientando os leitores;

• embora busque a impessoalidade, pode conter o ponto de vista dos seus

autores e de entrevistados sobre o assunto, interpretando-o, julgando-o e

orientando a opinião do leitor;

• a linguagem – em que predomina a sua função referencial – é impessoal,

objetiva, direta, de acordo com o padrão culto.

É de extrema relevância estabelecer alguns comentários acerca da notícia e

da reportagem. Esta vem assinada pelo repórter ou enviado especial que a escreve;

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ele participa do evento, o que esclarece toda a subjetividade presente no texto. A

reportagem é mais abrangente que a notícia e possui uma maior riqueza de detalhes

e abordagens, o que explica a sua extensão.

Pode-se dizer que, na reportagem, encontra-se a notícia, ou seja, os fatos

mais importantes, os quais são desenvolvidos para uma análise mais detalhada.

Também há a apresentação de novos dados e comentários secundários.

Entre os gêneros do texto correntes nos jornais, a notícia distingue-secom certo grau de sutileza da reportagem, que trata de assuntos, nãonecessariamente de fatos novos nesta, importam mais as relaçõesque reatualizam os fatos, instaurando um dado conhecimento domundo (LAGE, 1985, p.35).

Tanto a notícia quanto a reportagem procuram fornecer evidências de

qualidade das informações por meio de fatos ou da introdução de falas e opiniões de

envolvidos. Ambas distinguem-se no sentido de que a reportagem não traz

unicamente fatos novos, mas acrescenta informações que ilustram o tema; ela

pretende esgotar o acontecimento, suas causas e conseqüências, e estimular

debate sobre ele.

Enquanto a notícia é mais breve e condensada, na reportagem o redator pode

exemplificar, reafirmar e relacionar informações básicas com outras vinculadas ao

tema do texto, além de elaborar o comentário e a avaliação. A reportagem é

semelhante a uma notícia em profundidade.

Veja-se a reportagem abaixo sobre a internacionalização da Amazônia.

Internacionalização da Amazônia

Durante debate ocorrido no mês de Novembro/2000, em umaUniversidade, nos Estados Unidos, o ex-governador do Distrito Federal,Cristovam Buarque (PT)*, foi questionado sobre o que pensava dainternacionalização da Amazônia. O jovem introduziu sua pergunta dizendoque esperava a resposta de um humanista e não de um brasileiro.Segundo Cristovam, foi a primeira vez que um debatedor determinou aótica humanista como o ponto de partida para a sua resposta:

"De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazônia. Por mais que nossos governos nãotenham o devido cuidado com esse patrimônio, ele é nosso. Comohumanista, sentindo e risco da degradação ambiental que sofre aAmazônia, posso imaginar a sua internacionalização, como também detudo o mais que tem importância para a Humanidade. Se a Amazônia, sobuma ótica humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos

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também as reservas de petróleo do mundo inteiro. O petróleo é tãoimportante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazônia para onosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito deaumentar ou diminuir a extração de petróleo e subir ou não o seu preço.Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria serinternacionalizado.

Se a Amazônia é uma reserva para todos os seres humanos, ela nãopode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país. Queimar aAmazônia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisõesarbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que asreservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia daespeculação. Antes mesmo da Amazônia, eu gostaria de ver ainternacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre nãodeve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião dasmais belas peças produzidas pelo gênio humano. Não se pode deixar essepatrimônio cultural, como o patrimônio natural amazônico, seja manipuladoe destruído pelo gosto de um proprietário ou de um país.

Não faz muito, um milionário japonês, decidiu enterrar com ele umquadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sidointernacionalizado. Durante este encontro, as Nações Unidas estãorealizando o Fórum do Milênio, mas alguns presidentes de países tiveramdificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA.Por isso, eu acho que Nova York, como sede das Nações Unidas, deve serinternacionalizada. Pelo menos Manhattan deveria pertencer a toda aHumanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro,Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua história domundo, deveriam pertencer ao mundo inteiro. Se os EUA quereminternacionalizar a Amazônia, pelo risco de deixá-la nas mãos debrasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA. Atéporque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas,provocando uma destruição milhares de vezes maior do que aslamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil. Nos seus debates, osatuais candidatos à presidência dos EUA têm defendido a idéia deinternacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida.

Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança domundo tenha possibilidade de ir à escola. Internacionalizemos as criançastratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, comopatrimônio que merece cuidados do mundo inteiro. Ainda mais do quemerece a Amazônia. Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres domundo como um patrimônio da Humanidade, eles não deixarão que elastrabalhem quando deveriam estudar; que morram quando deveriam viver.Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas,enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazôniaseja nossa. Só nossa."

Cristovam Buarque*

(*) Cristovam Buarque foi governador do Distrito Federal (PT) e reitor da Universidade deBrasília (UnB), nos anos 90. É palestrante e humanista respeitado mundialmente.

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3.2 Gramática utilizada em textos jornalísticos

Segundo LAGE, com as inovações introduzidas pelas reformas do período

1950-1970, a linguagem jornalística tem, hoje, as seguintes características: quanto

ao léxico, são utilizadas, preferencialmente, palavras aceitas tanto na linguagem

formal como na coloquial. A criação de neologismos também é necessária, assim

como atualizações, formas condensadas, gírias e expressões populares que se

generalizam.

Sempre que possível se tem a eliminação de palavras estrangeiras, de gíria

local, jargão profissional e palavras técnicas. Se muito necessárias, essas palavras

devem ser usadas com uma explicação para o seu entendimento. A precisão desses

usos irá depender do contexto e da enunciação. Os adjetivos e as categorias

testemunhais, ou seja, aqueles elementos que caracterizam a partir da

subjetividade, também devem ser evitados e substituídos por um discurso impessoal

da perspectiva do consumidor.

Construções em desuso, como as mesóclises, são definitivamente

suprimidas; há forte tendência em favor da próclise em lugar da ênclise, por ser este

o uso coloquial corrente no Brasil; pela mesma razão, é mais comum a forma

analítica do que a sintética do pretérito mais-que-perfeito, etc.

Sabe-se que, de modo geral, os jornalistas estão comprometidos com a

normalização da língua, embora priorizem a necessidade de informar. Lage cita o

exemplo do verbo assistir: “quando tem regência indireta (assistir ao espetáculo),

não deveria admitir voz passiva (o espetáculo foi assistido por...), o que, no entanto,

tornou-se usual pela inexistência de qualquer outro verbo que permitisse apassivar a

construção (o espetáculo foi presenciado por... não é o mesmo que o espetáculo foi

assistido por...).”

A linguagem do jornalismo é mais dinâmica do que a linguagem formal.

Reflete, apesar da preocupação com a norma, os usos que se tornam correntes na

língua coloquial, como, por exemplo, a tendência de violar a concordância verbo-

nominal quando verbos pronominais vêm antes dos elementos descritos

tradicionalmente como sujeitos: Vende-se casas, amplia-se as possibilidades...

As sentenças são construídas, quase sempre, na terceira pessoa, com

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exceção das citações em discurso direto. Os tempos preferenciais, nas notícias, são

o passado perfeito, o futuro e o presente, o subjuntivo é de uso restrito. O texto

jornalístico utiliza um léxico simplificado, seus períodos são mais curtos do que no

uso formal, o que garante o seu objetivo principal que é a informação rápida e eficaz,

respeitando a Língua portuguesa.

Apesar de os jornalistas manterem uma relação direta com a linguagem, Lage

cita alguns erros comuns encontrados em textos jornalísticos. O que menos aparece

é o nível ortográfico, até porque são utilizados os corretores ortográficos na edição

dos textos. O problema aparece nas palavras semelhantes, mas com significados

diferentes. É o caso de esperto / experto.

Os textos, sejam narrativos ou expositivos, obedecem a normas de

organização quanto a sua estrutura. Quando essas normas não são obedecidas, os

textos passam a ser uma seqüência de idéias não compreendidas.

Os erros mais comuns relacionados à sintaxe são os de concordância verbo-

nominal, uso de vírgula diferencial entre locuções nominais próprias e situações de

aposto, períodos com sentenças sem verbo principal, omissão do sujeito em

parágrafos lógicos. O sujeito deve ser repetido (pelo próprio nome, por um nome

mais abrangente, por um pronome) a cada estrutura de parágrafo.

Comete-se abuso do pronome pessoal. O português permite, com ganhos

estilísticos, a supressão de pronomes pessoais do caso reto (eu, tu, ele, etc.) antes

de verbos em forma conjugada. Também se exagera no uso de artigos indefinidos,

que devem ser evitados em situações de dupla indefinição.

Para adequar-se a linguagem coloquial, muitas vezes, acontecem exageros

no uso de gírias, jargões e até o contrário, com uso de expressões técnicas, sem

necessidade. Essas inadequações quanto à transmissão da informação não

interferem no entendimento da notícia, mas ao se analisar o lado gramatical, notam-

se os casos citados.

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4 PROPOSTA PEDAGÓGICA

“Semeia um pensamento e colherás umdesejo; semeia um desejo e colherás a acção; semeiaa acção e colherás um hábito; semeia o hábito ecolherás o carácter”.

Tihamer Toth

4.1 Contextualização

O trabalho com textos jornalísticos na sala de aula propicia o desenvolvimento

de diversificadas atividades pedagógicas para estudantes de todos os níveis. Nesta

proposta, apresentam-se sugestões para o Ensino Médio.

Dando ênfase ao trabalho com textos jornalísticos, a língua portuguesa

desempenha um papel fundamental na busca pela compreensão e entendimento

dos textos. O texto informativo incita o leitor a usar a linguagem como meta para

explorar, decifrar e interpretar o conteúdo, as estruturas lingüísticas e as

informações. Tenta-se, aqui, apresentar uma amostragem do que é possível realizar.

4.2 Sugestões de abordagem global de textos informativos massivos

De acordo com Kaufman, os textos, enquanto unidades comunicativas,

manifestam diferentes intenções do emissor: procuram informar, persuadir, seduzir,

sugerir estados de ânimo, entreter.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais orientam a utilização de tipologias

textuais diversificadas em sala de aula. Neste trabalho, propõe-se o contato com

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diferentes gêneros, todos informativos, considerando como eixo temático o meio-

ambiente, para a realização de uma abordagem global na língua portuguesa.

Esse eixo temático foi escolhido por ser um assunto atual, o que proporciona

a circulação de uma grande diversidade de textos; útil, por se tratar de um assunto

de interesse geral; importante, pois todos devem estar bem informados para poder

ajudar no meio em que vivem.

O primeiro texto que se escolheu, “Sociedade x Meio Ambiente”, privilegia a

ampliação do conhecimento do leitor sobre um problema. É um artigo. O segundo,

uma carta de leitor, constitui-se como uma manifestação. O texto de número três

retrata uma situação atual, é uma charge. No quarto texto, “Os beija-flores não

beijam flores mortas”, pode-se perceber a oscilação entre a literatura e o jornalismo.

Fala-se da crônica. Logo após, o editorial “O preço para salvar o planeta” expressa a

opinião do periódico e propõe-se a esclarecer o seu ponto de vista a respeito de um

assunto. No sexto texto, “Risco no Cerrado”, pode-se obter a opinião, os

conhecimentos de um especialista no assunto em questão, pois trata-se de uma

entrevista. Em seguida, o texto “Aquecimento global transforma produção de vinho”

retrata um assunto de interesse público; fala-se da notícia, gênero que é encontrado

abundantemente. E, por último, propõe-se a reportagem “S.O.S. Meio Ambiente”,

que é uma abordagem mais profunda sobre o assunto.

Propondo-se trabalhos com os diversos gêneros encontrados no meio

jornalístico, elaboraram-se as análises globais que seguem.

4.2.1 Artigo

A seguir dá-se um exemplo de artigo com algumas sugestões de abordagem em

sala de aula. Convém não esquecer que o professor deve saber conceituar com

propriedade o gênero a que o texto pertence e estar seguro a respeito do

conhecimento de suas características.

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SOCIEDADE X MEIO AMBIENTE

O crescimento desacelerado da população, aliado a um consumo1excessivo e a uma economia globalizada, tem trazido grandes2preocupações por parte de ambientalistas, sociólogos, ecologistas, dentre3outros setores. O planeta está no seu limite de suporte e seu capital4natural/humano acaba sofrendo profunda alteração, cujos impactos5socioambientais vão desde fome, miséria, desigualdade, violência e6desemprego a reações adversas da natureza que por sua vez vêm7castigando varias regiões a nível global.8

Tais fatores foram desencadeados por uma desordem econômica e9social, devido a um modelo predatório que continua ocorrendo de forma10heterogênea, tornando difícil qualificá-los.11

Entretanto, a falta de percepção por parte da humanidade, que por12sua vez cria e recria seu espaço as custas da apropriação da natureza,13impedem de visualizar a complexa relação homem x meio ambiente.14

Tendo em vista que muitas cidades já se encontram com sua15capacidade de suporte superado, configurando um quadro de degradação16transnacional, é de se imaginar que precisaríamos de um planeta 30 %17maior para acomodar o modelo social vigente.18

O capital natural da terra vem sendo ameaçado a cada dia devido19aos avanços de fronteira econômica, expansão agrícola, assentamentos20humanos desordenados, desmatamentos e especulações imobiliárias que,21por falta de projeto de prevenção, acabam remediando os danos depois de22fragmentá-los. E o custo para inverter o problema é tão alto que fica23impossível reconstruir os ecossistemas agredidos.24

Nessa abordagem, o modo como nos inserimos no ambiente resulta25em um conjunto de relações sociais que, por sua vez, constrói um tipo26específico de relacionamento com a dimensão natural. Relação essa, que27se encontra em total descompasso em virtude do padrão societário atual.28Mas, o que fazer diante da complexidade que essa relação se encontra?29

O exercício da cidadania participativa poderia ser o caminho para30uma sociedade sustentável, pois, a maioria da população jamais participou31de uma ação social que vise à promoção de uma melhor qualidade de32vida, de uma ação que busque uma relação mais transparente entre a33sociedade e o poder instituído.34

O que temos é uma sociedade que continua querendo dominar a35natureza, ao invés de interagir com ela, apresentando uma ação predatória36e potencialmente ameaçadora da vida na terra. Tem-se, ainda, a falta de37projetos que questione as desigualdades sociais e os princípios de uma38justiça ambiental que são temas importantes da busca pela39sustentabilidade.40

A natureza passa a ser objeto mercadológico engendrado num41processo de privatização do uso do meio ambiente comum,42especificamente do ar e da água, o qual a humanidade depende. E é o43

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custo econômico e social desse comércio que torna preocupante, já que44passa a ser inadequado no auxílio ao desenvolvimento.45

A sociedade em que vivemos pode e deve ser planejada com46padrões de menor porte e com produção descentralizada em bases47sólidas, em termos tecnológicos, disponíveis democraticamente e gerados48a partir das necessidades da coletividade. Porém, muitos estudiosos na49área questionam sobre o tempo disponível que se tem para uma50sensibilização e conscientização da população à nível global. As51catástrofes já ocorrem em escalas cada vez maiores. A própria52meteorologia se tornou um tanto quanto imprevisível e o homem, vitima de53si mesmo, continua insistindo em usar intensivamente - e de forma errônea54- os recursos naturais.55

Por outro lado, não é preciso ser tão pessimista quanto ao assunto56em questão. Tem-se caminhado - e muito! - em busca de soluções, mas, é57preciso estar atento a banalização feita em muitos discursos à cerca dos58termos meio ambiente, desenvolvimento sustentável, ecoturismo e59etecétera. Existe uma grande diferença entre fazer declarações60politicamente corretas e se comportar de forma não condizente com a61declaração.62

Portanto, na qualidade de membros do planeta terra é preciso,63urgentemente, perceber que a sustentabilidade deve existir tanto nos64ecossistemas quanto na sociedade humana, bem como nas formas sociais65de apropriação e uso desses recursos do ambiente.66

Andréa Karla Pereira

Sobre os textos, sugerem-se atividades que façam os estudantes abordá-los

em seus múltiplos aspectos. Assim, prevêem-se questões voltadas a seus índices

formais, à estruturação do discurso, aos índices enunciativos, à coesão referencial,

aos aspectos fono-ortográficos, morfossintáticos e semântico-pragmáticos,

culminando, sempre que possível, com uma proposta de produção textual. A seguir,

traçam-se alguns exercícios que podem ser propostos a partir da leitura deste

primeiro texto.

I) Sobre os índices formais

1) O que o título do artigo lhe informa sobre o texto?

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

2) Que outro título você daria ao texto, se fosse de sua autoria?

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

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44

3) O tema do texto é relevante? Dê sua opinião.

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

II) Sobre a estruturação do discurso

1) Marque a opção correta em relação ao que é solicitado:

a) gênero textual:

( ) crônica

( ) editorial

( ) artigo

b) padrão lingüístico empregado no texto:

( ) culto informal

( ) culto formal

( ) coloquial

2) Qual é o problema abordado no texto?

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

3) Qual teria sido a intenção do autor ao escrever este artigo?

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

4) Explicite as principais características que este gênero possui.

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

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III) Sobre os índices enunciativos

1) Leia o trecho da linha 35 a 40. Diga em que pessoa está? Justifique apresentando

exemplos.

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

2) Qual é o objetivo deste texto?

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

IV) Sobre a coesão referencial

1) Substitua os articuladores sublinhados no texto por outros de igual sentido, fazendosomente as alterações necessárias à correta estrutura das frases: entretanto (linha 12),pois (l. 31), portanto (l. 63).

________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________

2) Agora, indique a relação de sentido expressa pelos articuladores da questão acima.

________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________

3) Dê os referentes das seguintes expressões: seu (linha 4), tais fatores (l. 9), essa (l. 29),desses (l. 66).

________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________

V) Sobre aspectos semânticos e pragmáticos

1) Procure no dicionário o significado das palavras abaixo.

a) desencadeados (linha 9)- ________________________________________________b) percepção (l. 12)- ______________________________________________________c) descompasso (l. 28)- ___________________________________________________d) predatória (l. 28)- ______________________________________________________

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e) sustentabilidade (l. 40)- _________________________________________________ f) mercadológico (l. 41)- __________________________________________________g) engendrado (l. 41)- ____________________________________________________

2) Resuma o 9º parágrafo do texto (linhas 41 a 45)._________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

3) Marque a alternativa em que as palavras apresentadas servem para substituir, no texto,sem alterar o sentido, as palavras “errônea”, “miséria” e “catástrofes”.

a ( ) errada, fartura, acontecimentosb ( ) inadequada, pobreza, calamidadesc ( ) improvável, indigência, tragédias

VI) Sobre os aspectos fono-ortográficos

1) Circule no texto, duas palavras que apresentem hiato.

2) Considerando a posição da sílaba tônica, classifique as seguintes palavras em oxítonas,paroxítonas ou proparoxítonas.

miséria

constrói

auxílio

própria

tecnológicos

VII) Sobre os aspectos morfossintáticos

1) Indique a predicação (VL, VTD, VTI) do verbo em negrito na frase abaixo:

O que temos é uma sociedade que continua querendo dominar a natureza, aoinvés de interagir com ela, apresentando uma ação predatória e potencialmenteameaçadora da vida na terra.

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_______________________________________________________________________

2) Dê a Classificação morfológica das palavras:

“capital“ (linha 19)

“alto“ (l. 23)

VIII) Sobre Produção Textual

Levando em conta as definições de artigo e suas características, escreva um artigo sobreas ações do homem para preservar o meio-ambiente.

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

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4.2.2 Carta do leitor

“Lixo quer dizer detritos, material inútil. Ele é formado a partir de1coisas que foram jogadas fora pelo homem, como restos de comida e2objetos velhos. Enfim, uma série de produtos que compramos e depois3nos desfazemos das mais variadas formas; e é justamente essas formas,4que em pleno século XXI, ainda não foram assimiladas pela população:5ou por falta de interesse ou por falta de opções.6

Muitas são as alternativas para o tratamento do lixo:71) Compostagem: biológica decomposição controlada da parte8

orgânica do livro, da qual resulta um produto unificado, do solo,9recondicionador do solo melhorando as propriedades físicas, químicas e10biológicas. Tem como vantagens, a reutilização de materiais (orgânicos11principalmente), mas tem alto custo inicial de operação, manutenção e12necessita de um aterro sanitário.13

2) Incineração: processo de redução de peso e volume do lixo14através de combustão controlada, sendo que reduz quase 85% do peso,15produz energia e trata de lixos “perigosos”. Mas tem alto custo de16investimento, polui o ar e há um limite de quantidades de resíduo a tratar.17

3) Aterros sanitários: é uma forma de se dispor o lixo18adequadamente sobre o solo, compactando o com um trator, recobrindo19diariamente com camadas de terra, de modo a não causar danos ao20ambiente. Tem baixo custo de investimento inicial, não requer mão de21obra especializada na produção, aproveita-se o gás gerado no aterro e há22flexibilidade quanto ao volume a ser tratado, podendo também recuperar23áreas degradadas. Tem como desvantagens a necessidade de área24adequada, vida útil conforme o volume de lixo, deve haver controle25rigoroso de operação e manutenção e necessidade de material para26cobertura.27

E agora, onde colocar tanto lixo?28A descentralização (dentro da problemática do lixo), vem sendo29

muito discutida e há uma diversidade de soluções que poderiam ser30tomadas, onde as principais causas da deterioração ininterrupta do meio31ambiente mundial são os padrões insustentáveis de consumo e produção,32especialmente nos países industrializados, provocando o agravamento da33pobreza e dos desequilíbrios.34

(...)35Em nosso país, infelizmente, poucos municípios têm projetos de36

reciclagem, o que deveria ser ensinado já na pré-escola e até mesmo em37casa. Não existem programas de orientação e faltam informações à38população a respeito da reciclagem como:39

a) nem todos os materiais são recicláveis;40b) não há lixeiras para separação de materiais recicláveis;41c) noções de recicláveis (símbolos, etc.);42d) aumento dos descartáveis na produção e consumo.43Mesmo assim, em poucos lugares, a reciclagem é uma atividade44

recente e que só agora a população mundial está se conscientizando dos45seus benefícios. A cada ano aumenta o número de escolas e prefeituras46interessadas em adotar esses programas de reciclagem.47

(...)”

Cristiane Júlia Simas, professora da rede estadual de ensino de Santa Catarina, município de Blumenau.

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I) Sobre os índices formais

1) Qual é o assunto abordado no texto?

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

2) Porque todo o texto está entre aspas?

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

II) Sobre a estruturação do discurso

1) Aponte os elementos que caracterizam uma carta do leitor?

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

2) Qual a diferença entre carta do leitor e carta ao leitor?

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

III) Sobre os índices enunciativos

1) Diga quais conhecimentos prévios que o leitor deve ter para escrever uma carta doleitor?

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

2) Com que objetivo ele é escrito?

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

IV) Sobre a coesão referencial

1) Quem é o sujeito do verbo “foram” (linha 5)? Qual sua classificação?

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

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2) O pronome “essas” (linha 4) remete a quê?

_________________________________________________________________________

V) Sobre aspectos semânticos e pragmáticos

1) Diga o que significa a palavra “combustão” (linha 15).

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

2) Como você se posiciona diante dessas questões? Justifique-se.

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

VI) Sobre os aspectos fono-ortográficos

1) Extraia do texto todas as palavras com acento gráfico. Depois, separe-as em oxítonas,

paroxítonas e proparoxítonas.

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

2) Observe as semelhanças e tente caracterizá-las, formulando uma regra para cada grupo.

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

VII) Sobre os aspectos morfossintáticos

1) Classifique morfologicamente as seguintes palavras:

lixo inútil mas baixo

2) Substitua a palavra “mas”, linha 16, por um termo com o mesmo sentido?

_________________________________________________________________________

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51

VIII) Sobre Produção Textual

1) Depois de conhecer as características da carta do leitor, fica mais fácil escrevê-la.

Portanto, escreva uma carta do leitor, posicionando-se contra as más atitudes do homem

em relação ao meio-ambiente.

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

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52

4.2.3 Charges

Figura 2: DengueFonte: Zero Hora: 30.04.2007. Edição n.° 15226

I) Sobre os índices formais

1) Faça uma descrição da charge com o máximo de detalhamento possível.

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

2) Qual a importância das ilustrações nas charges?

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

II) Sobre a estruturação do discurso

1) Dentre as seguintes opções, marque a correta quanto à caracterização textual:

a) ( ) irônico b) ( ) ficcional c) ( ) literário

2) Qual o objetivo do texto? Ele possui uma validade? Comente.

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53

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

III) Sobre os índices enunciativos

1) Em sua opinião, a que tipo de leitor o texto é dirigido e o que se almeja com ele?

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

2) Caracterize o público-alvo que o texto pretende atingir.

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

IV) Sobre a coesão referencial

1) O pronome “essas” (linha 4) remete a quê?

_______________________________________________________________________

2) Explique o uso do “mais” no texto da charge.

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

V) Sobre aspectos semânticos e pragmáticos

1) Diga o que significa a palavra “corrupção”.

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

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54

2) Pode-se trocar as palavras “desemprego” e “insegurança” por outras, sem modificar o

sentido do texto. Que palavras seriam essas?

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

VI) Sobre os aspectos fono-ortográficos

1) Qual seria a classificação da palavra “salário”, quanto à acentuação gráfica? Pinte a

resposta correta.

VII) Sobre os aspectos morfossintáticos

1) Relacione nas colunas abaixo, as palavras e sua classificação morfológica:

(a) para ( ) pronome relativo

(b) deficiente ( ) adjetivo

(c) que ( ) preposição

(d) a ( ) artigo

VIII) Sobre Produção Textual

1) Depois dessa análise, é hora de deixar fluir toda a sua criatividade e elaborar a sua

charge.

oxítona paroxítona proparoxítona

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55

4.2.4 Crônica

Os beija-flores não beijam flores mortas.

Você se lembra meu amor como eu vivia alegre,1

feliz, enfeitando seu caminho, sua vida?2

Você se lembra meu amor quantas dificuldades3

você tinha para chegar até mim?4

Lembra dos espinhos?5

Lembra das promessas que você fazia?6

Dos meus sonhos, minhas fantasias?7

Lembra daquela refletida no lago?8

Pois é meu amor...9

Você conseguiu me aprisionar no vaso da sua vida10

Ficamos felizes. Fomos muito felizes.11

Com o tempo os brilhos das minhas pétalas embaçaram12

Aquele frescor de orvalho evaporou.13

Você se lembra das coisas que te fazia vencer14

qualquer obstáculo para me conquistar?15

Agora se transformaram em motivos de brigas16

Meu sorriso que te iluminava, passou a incomodar17

Minhas curvas generosas que te atraiam18

Passaram a ser objeto de críticas19

A água deste vaso que você me colocou20

Está ficando verde...e você não vê!!!21

As pétalas estão caindo...e você não vê!!!22

Há tempo não me beija23

Há tempo não acaricia minhas pétalas.24

Você não fala mais comigo25

Agora você vai dormir sem dizer boa noite26

Ás vezes passa direto, e nem me vê.27

Eu quero te lembrar meu amor28

Eu vou ter beija-flor à minha volta29

Novamente.30Augusto Servano Rodrigues

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I) Sobre os índices formais

1) Que outro título você daria a este texto?

_______________________________________________________________________

2) Qual é o assunto abordado no texto?

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

3) Faça uma ilustração para a crônica.

II) Sobre a estruturação do discurso

1) É possível identificar personagens, tempo e espaço neste texto? Justifique.

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

2) Que tipo de ensinamento o texto nos transmite?

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

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III) Sobre os índices enunciativos

1) Quais são os tipos de assuntos que a crônica aborda?

( ) polêmicos ( ) banais e cotidianos

2) Após a leitura do texto, cite uma característica deste gênero que ele permite observar.

_______________________________________________________________________

IV) Sobre a coesão referencial

1) Qual é o tipo de pronome que mais aparece no texto? Retire alguns exemplos.

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

2) Qual a razão de o autor repetir por duas vezes a expressão “...e você não vê!!!”? O que

ele quis dizer com isso?

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

V) Sobre aspectos semânticos e pragmáticos

1) O conteúdo deste texto pode ser dividido em dois momentos. Diga quais seriam esses

momentos.

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

2) Explique o título “Os beija-flores não beijam flores mortas”.

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

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VI) Sobre os aspectos fono-ortográficos

1) Retire do texto palavras que sirvam para exemplificar os fenômenos gramaticais abaixo.

Hiato

Ditongo

Tritongo

Encontro

consonantal

2) Circule, no texto, duas palavras que apresentem hiato.

VII) Sobre os aspectos morfossintáticos

1) Encontre no texto, pelo menos, um verbo para cada caso:

VL VI VTD VTI

2) Retire dois adjetivos do texto e os substitua por outros de mesmo sentido.

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

VIII) Sobre Produção Textual

1) Faça uma crônica enfocando uma pessoa que joga uma lata de refrigerante pela janela

de seu carro.

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

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59

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

4.2.5 Editorial

O preço para salvar o planeta

Nessa sexta-feira, cientistas e ambientalistas reunidos na1Tailândia, em mais uma rodada de discussões sobre o aquecimento2global promovida pela ONU, divulgaram um relatório sobre medidas3eficazes para barrar a elevação da temperatura do planeta e os custos da4implantação desse conjunto de providências. Após cinco dias de5discussões, um consenso mínimo foi estabelecido, incluindo a conclusão6de que é preciso agir com presteza e brevidade. “Não há desculpas para7esperar”, disse Stavos Dimas, comissário europeu do Meio Ambiente.8

Entre os pontos apresentados no relatório, três merecem destaque9como metas a serem atingidas. São eles o aumento da eficiência10energética, a substituição de combustíveis fósseis por fontes alternativas11e a mudança dos hábitos de consumo por parte das populações mundiais.12Os participantes concluíram que a tecnologia necessária para barrar os13níveis de aquecimento já está disponível, o que é uma boa notícia. Mas a14melhor notícia é que essa tecnologia se encontra acessível a um custo15relativamente baixo se levados em conta os benefícios da sua aplicação.16

Os dados apontados pelos mentores do relatório indicam que17conter o aumento das temperaturas em 2°C custaria por ano o equivalente18a 0,12% do Produto Doméstico Bruto, sendo que esse conceito engloba o19valor de todas as mercadorias e os serviços produzidos no mundo. Esse é20o preço para salvar o planeta.21

No encontro, a Alemanha apresentou objetivos ainda mais22ousados. Quer que o mundo reduza as emissões de dióxido de carbono e23de gases em 80% até 2050. A China, por sua vez, apesar de não imputar24a responsabilidade do aquecimento aos países ricos, não se mostra25disposta a investir em novas fontes de energia, recusando-se a abrir mão26dos combustíveis fósseis.27

O Brasil, que tem a população mundial mais preocupada com o28aquecimento da Terra, segundo pesquisas, espera poder contribuir com o29etanol, que recebeu elogios. Resta agora que os governos ouçam a voz30dos especialistas e ajam a fim de evitar catástrofes anunciadas e previstas31com grande antecedência.32

Correio do povo

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I) Sobre os índices formais

1) Qual é a estrutura que este texto apresenta?

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

2) O título é adequado ao assunto desenvolvido no texto?

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

II) Sobre a estruturação do discurso

1) Indique a idéia principal deste texto.

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

2) Enumere as características que o texto de opinião possui.

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

III) Sobre os índices enunciativos

1) Em que pessoa verbal está escrito o texto? Comprove a sua resposta por meio da

apresentação de um fragmento dele.

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

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2) O leitor precisa de algum conhecimento prévio para compreender o texto? Explique.

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

IV) Sobre a coesão referencial

1) A quem o pronome suas (linha 18) se refere?

_______________________________________________________________________

2) Destaque, no texto, três adjuntos adverbiais de lugar.

______________________________________________________________________

V) Sobre aspectos semânticos e pragmáticos

1) Substitua as palavras sublinhadas no trecho abaixo por outras equivalentes, mantendo osentido original.

“Após cinco dias de discussões, um consenso mínimo foi estabelecido, incluindo aconclusão de que é preciso agir com presteza e brevidade”.

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

2) Explique a seguinte expressão do comissário europeu do Meio-Ambiente: “Não hádesculpas para esperar”.

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

VI) Sobre os aspectos fono-ortográficos

1) Divida em sílabas as seguintes palavras: reunidos (linha 1), comissário (l. 8), tecnologia

(l.14), ajam (l.33).

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

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2) Diga qual fenômeno gramatical as palavras abaixo apresentam: dígrafo, encontro

consonantal, ditongo, hiato, tritongo.

aquecimento ___________________________

providências ___________________________

boa __________________________________

notícia ________________________________

VII) Sobre os aspectos morfossintáticos

1) Sobre o verbo divulgaram (l. 3), responda:

a) Qual a sua transitividade? _____________________________________________________

b) Qual o sujeito da oração em que está inserido? ____________________________________

c) Qual o seu objeto direto? ______________________________________________________

2) Substitua o verbo da questão acima por outro que mantenha o mesmo sentido.

_______________________________________________________________________

VIII) Sobre Produção Textual

1) Escreva um editorial sobre um assunto importante e de seu interesse relacionado ao

Meio-Ambiente.

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

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4.2.6 Entrevista

Risco no Cerrado

Muito antes de o tema ganhar o topo da lista de1preocupações mundiais, o pesquisador Carlos Nobre, do Instituto2Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), já se dedicava a estudar os3mecanismos – causas, efeitos e conseqüências – do aquecimento global.4

5Doutor em climatologia pelo Massachussets Institute of Tecnology6

(MIT) e presidente do Programa Internacional Geosfera-Biosfera, Nobre7tem cadeira cativa entre os cientistas do IPCC desde o primeiro relatório8de avaliação, lançado no início da década de 1990.9

10No documento deste ano, ele é um dos autores principais do11

capítulo que trata dos impactos das mudanças climáticas na América12Latina – parte do relatório do Grupo de Trabalho II, "Impactos, Adaptação13e Vulnerabilidade".14

15Nesta entrevista exclusiva concedida ao Diário, Nobre explica16

como é organizado o trabalho dos cientistas do IPCC. Aponta ainda as17implicações mais críticas para o Brasil e, especialmente, para as regiões18Norte e Centro-oeste, das mudanças climáticas em curso.19

20Para o climatologista, a redução das emissões de gases de efeito21

estufa é urgente, mas pode ser obtida sem que a economia mundial fique22comprometida, "com ajustes econômicos modestos e fazendo uso23intensivo de eficiência no setor energético e na agricultura".24

25Diário – O que torna possível afirmar, de maneira inequívoca, que26

há mudanças climáticas em curso e que elas são decorrentes da ação27humana?28 Nobre - A temperatura média à superfície está inequivocamente29aumentando em quase todo o planeta, inclusive nos oceanos,30principalmente nos últimos 50 anos. O nível médio do mar se elevou 1731centímetros durante o século passado, como resultado direto do32aquecimento, provocado por degelo de geleiras continentais e expansão33térmica da água do mar. Também a área coberta por neve no Hemisfério34Norte vem gradualmente diminuindo, assim como a área de gelo marinho35que recobre o Oceano Ártico. Todos estes são indicadores inequívocos. A36melhor demonstração de que são as atividades humanas as principais37responsáveis nos é fornecida pelos modelos computacionais do sistema38climático global. Nesses modelos, somente é possível representar39fielmente o aumento das temperaturas desde meados do século XX,40quando se considera o aumento dos gases de efeito estufa na atmosfera.41Quando se busca simular somente os fatores naturais, como pequenas42variações da quantidade de radiação solar que atinge a Terra ou poeira de43origem vulcânica que reflete radiação solar após erupções de grandes44vulcões, as temperaturas calculadas não aumentam nos últimos 50 anos.45

46Diário – A questão ainda suscita controvérsia no meio científico.47

Como o IPCC consegue obter consenso?48

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Nobre - O processo é criativo e inovador. Em mais de dois anos de49trabalho, centenas de cientistas em cada grupo de trabalho se reúnem50várias vezes e analisam exaustivamente os trabalhos científicos51publicados na literatura aberta sobre todas as facetas das mudanças52climáticas desde a ultima avaliação. A partir desta análise, eles produzem53uma primeira versão do relatório, indicando pontos consensuais e áreas54de incerteza científica. Este relatório é avaliado por milhares de cientistas55independentes e por governos e os autores respondem a todas as críticas56e comentários, acatando um grande número delas, o que torna o relatório57um grande trabalho coletivo global. O processo do IPCC é, em minha58opinião, uma das atividades mais bem-sucedidas da ONU e tem guiado as59ações da maioria dos governos.60

61Diário – Como avalia o conteúdo dos relatórios?62

Nobre - Eu classifico os relatórios como bastante realistas. O aquecimento63é inequívoco e o IPCC somente confirma que, com grande probabilidade,64a responsabilidade pelo aquecimento dos últimos 50 anos se deve às65atividades humanas. Os relatórios alertam com contundência, porém de66forma científica e realista, que os impactos das mudanças climáticas67podem ser muito graves para as atividades humanas e para o planeta.68

69Diário – O mais recente relatório apresenta cenários alarmantes.70

Até que ponto é possível reverter este processo?71 Nobre - Um certo grau de mudança climática causada pelo aquecimento72global já se tornou inevitável neste século e nos próximos. Neste caso,73devemos aumentar a capacidade da sociedade e dos ecossistemas74naturais de se adaptarem a estas mudanças. Será necessário75desenvolver políticas públicas de adaptação de todos os setores e76sistemas naturais e artificiais às mudanças climáticas. Por outro lado, é77urgente que globalmente reduzamos o risco para as gerações futuras.78Isso só pode ser atingido através de um radical corte nas emissões79globais dos gases de efeito estufa. Para ficar no cenário de menor risco,80ainda que não seja mais possível haver cenários de risco climático zero,81deveremos cortar as emissões entre 60% e 70% nos próximos 40 a 5082anos.83

84Diário – Qual é o prazo -limite?85

Nobre - O ponto de inflexão das emissões não pode tardar e deveria86acontecer até 2015, o que parece ser um objetivo de difícil consecução.87De qualquer maneira, a avaliação deste grupo é de que tais reduções de88emissões podem ser obtidas sem comprometer a economia mundial, com89ajustes econômicos modestos e fazendo uso intensivo de eficiência no90setor energético e na agricultura. Até mesmo com tecnologias plenamente91disponíveis hoje.92

93Diário – O que as pessoas, no cotidiano, podem fazer?94

Nobre - O consumismo coloca um peso muito grande sobre os recursos95naturais de todo planeta. Não há como conceber um mundo sustentável96se todos os habitantes desejarem ter o padrão de consumo dos habitantes97dos países mais ricos. Assim, há que haver uma grande alteração dos98padrões globais de consumo, não esquecendo que uma grande parte99pobre da população mundial necessita aumentar seus níveis de consumo100de energia, água, alimento e materiais para atingir níveis dignos de101qualidade de vida.102

103

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Diário – Existem alternativas consistentes para a substituição das104atuais fontes de energia?105 Nobre - Cerca de 80% das emissões do principal gás de efeito estufa, o106gás carbônico, são provenientes da queima de combustíveis fósseis,107como o carvão, petróleo e gás natural, para gerar energia elétrica, nos108transportes, na indústria, nas edificações e na agricultura. Os restantes10920%, em números redondos, provêm das alterações dos usos da terra,110principalmente devido às queimadas e desaparecimento das florestas111tropicais do planeta. O IPCC destaca que aumentar a eficiência energética112com tecnologias existentes tem o poder de significativamente reduzir113emissões, no limite de até 15%. Por outro lado, também projeta que, até1142030, até 30% de toda energia poderia ter origem em formas de energia115renováveis, como eólica, solar, biomassa, hidráulica ou das marés. Os116biocombustíveis são alternativas reais e válidas aos combustíveis fósseis117e sua demanda global vem aumentando e continuará a aumentar. A118tecnologia aponta para veículos muito mais eficientes no futuro próximo,119com motores híbridos, elétrico e combustão, e motores a hidrogênio, que120não geram gases de efeito estufa.121

122Diário – Como o Brasil participa desse processo?123

Nobre - O Brasil emite cerca de 300 a 400 milhões de toneladas de124carbono (como gás carbônico) por queima de combustíveis fósseis,125indústria de cimento, queimadas e desmatamentos. Em média, cerca de12660% a 70% destas emissões são provenientes dos desmatamentos,127principalmente da floresta amazônica e dos cerrados. Para contribuir à128obrigação de todos os países signatários da Convenção sobre Mudanças129Climáticas, como o Brasil, de reduzir as emissões, nosso principal desafio130é reduzir drástica e radicalmente os desmatamentos da Amazônia e dos131Cerrados.132

133Diário – Já existem mudanças no clima do país que podem estar134

relacionadas ao aquecimento global?135 Nobre - Mesmo vivendo em país tropical, já é possível perceber as136mudanças climáticas que já chegaram. Por exemplo, o número de noites137mais frias, principalmente na partes subtropicais do país, está diminuindo.138Por outro lado, há evidências de que os eventos extremos meteorológicos139e climáticos, como chuvas intensas, estão ocorrendo com maior140freqüência.141

142Diário – Quais são os cenários para as regiões Norte e Centro-143

Oeste?144Nobre - Os diversos cenários de climas futuros para a Amazônia e Brasil145Central indicam um clima acentuadamente mais quente. Ainda há146considerável incerteza sobre as mudanças no ciclo hidrológico para as147citadas regiões. De modo geral, o nível de aquecimento projetado não é148favorável à agricultura no Brasil Central e à manutenção da rica149biodiversidade do Cerrado. Para a Amazônia, projeta-se uma tendência a150savanização de partes da floresta, principalmente no centro-leste da151região, igualmente com erosão da diversidade biológica.152

153Diário - O modelo agrícola vigente em Mato Grosso sobreviverá?154

Nobre - Aumento de temperatura em Mato Grosso devido ao aquecimento155global será, de modo geral, prejudicial ao plantio de grãos. Ainda não há156certeza científica sobre alteração nos regimes de chuvas. Porém, mesmo157com a manutenção da quantidade de chuvas, temperaturas mais altas158

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significam maior evaporação e menor disponibilidade hídrica para os159múltiplos usos da água. Até um pequeno aumento de temperatura, pode-160se pensar em pesquisas agronômicas visando adaptar as culturas161correntes para o novo clima. Para valores muito altos de aumentos de162temperatura, deve-se pensar em novos zoneamentos agrícolas, pois as163perdas de produtividade das culturas atuais podem ser muito grandes.164

Por Rodrigo Vargas

I) Sobre os índices formais

1) Manifeste-se sobre o assunto desta entrevista. É pertinente? É interessante? Por quê?

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

2) No que este gênero mais se diferencia em relação aos demais?

( ) estrutura ( ) extensão ( ) público - alvo

II) Sobre a estruturação do discurso

1) Como é a estrutura da entrevista?

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

2) Quanto à tipologia textual, o texto é

( ) narrativo.

( ) descritivo.

( ) dissertativo.

III) Sobre os índices enunciativos

1) Em que pessoa o texto é escrito? Justifique esse uso.

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

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2) A qual público-alvo o texto se dirige? _________________________________________

_________________________________________________________________________

IV) Sobre a coesão referencial

1) Substitua os articuladores grifados por outros de igual sentido, fazendo somente asalterações necessárias à correta estrutura das frases: mas (l. 26), e (linha 27), assimcomo (l. 394), por outro lado (l. 1186).

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

2. Agora, indique a relação de sentido expressa pelos articuladores da questão acima.

mas __________________________________________________________________

e ____________________________________________________________________

assim como ___________________________________________________________

por outro lado __________________________________________________________

V) Sobre aspectos semânticos e pragmáticos

1) Pesquise no dicionário o significado de palavras desconhecidas.

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

2) Qual a posição do entrevistado em relação à climatização?

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

VI) Sobre os aspectos fono-ortográficos

1) Relacione as duas colunas e acentue, se necessário, as palavras da 2ª.( 1 ) Oxítonas ( ) climaticas( 2 ) Paroxítonas ( ) diario( 3 ) Proparoxítonas ( ) criticas ( ) apos ( ) paises

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VII) Sobre os aspectos morfossintáticos

1) Dê a classificação morfológica das palavras abaixo:

a) documento- _______________

b) América- _________________

c) de- ______________________

d) mas- ____________________

e) redução- _________________

f) 50- ______________________

g) desta- ___________________

h) por- _____________________

i) críticas-___________________

j) um- ______________________

k) eu- ______________________

l) e- _______________________

VIII) Sobre Produção Textual

1) A partir de agora, você será o entrevistador. Selecione um assunto relacionado ao Meio-

Ambiente. Procure alguém que entenda do assunto, prepare as perguntas e faça a

entrevista. Depois transponha-a para cá.

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4.2.7 Notícia

Aquecimento global transforma produção de vinho

O que sempre foi regra no mundo da produção de vinhos está sendo1alterado pelos efeitos do aquecimento global. Os melhores locais para a2produção não se limitam mais entre os paralelos 30 e 45.3

Essas linhas, que cortam o planeta horizontalmente, delimitam duas4faixas privilegiadas pelo clima, uma no Hemisfério Norte e outra no Sul,5onde ficam as grandes regiões vinícolas, como Bordeaux, na França, o6Vale do Napa, nos Estados Unidos, e o Vale do Hunter, na Austrália.7

8 No entanto, com as alterações climáticas, os produtores se vêem9obrigados a procurar áreas mais frias, apropriadas para os vinhedos. O10calor prejudica a qualidade do vinho porque acelera o amadurecimento11das uvas, que ficam mais açucaradas, menos ácidas, e após a12fermentação resultam em uma bebida com teor alcoólico mais alto,13aguada, e até amarga.14

Opinião e Notícia

I) Sobre os índices formais

1) Qual é o assunto abordado no texto?

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

2) Que informações você pode obter a partir da data de publicação da notícia?

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

II) Sobre a estruturação do discurso

1) A partir do texto, complete o lide, com as informações pertinentes:

O quê?

Quando?

Onde

Como?

Por quê?

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2) Qual seria o objetivo da publicação dessa notícia?__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

III) Sobre os índices enunciativos

1) Em que pessoa o texto é escrito? Comprove sua resposta com exemplos, indicando alinha em que se encontram.

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__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

IV) Sobre a coesão referencial

1) O pronome “essas” (linha 4) remete a quê?

__________________________________________________________________________

2) Substitua o articulador “no entanto” (linha 10) por outro de igual sentido, fazendo asalterações necessárias.

__________________________________________________________________________

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__________________________________________________________________________

V) Sobre aspectos semânticos e pragmáticos

1) Faça três substituições vocabulares no texto, cuidando para manter o mesmo sentido.

__________________________________________________________________________

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2) O aquecimento global tem alguma influência na sociedade? Comente isso, utilizandoargumentos do texto.

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VI) Sobre os aspectos fono-ortográficos

1) Extraia do texto todas as palavras com acento gráfico. Depois, separe-as em oxítonas,paroxítonas e proparoxítonas.

1 ______________________________

2 _____________________________

3 ______________________________

4 ______________________________

5 ______________________________

6 ______________________________

7 ______________________________

8 ______________________________

9 ______________________________

10 _____________________________

11 _____________________________

2) Observe a sonoridade e a grafia da palavra “aguada” e marque o que ela contém.

Ditongo tritongo hiato dígrafo

VII) Sobre os aspectos morfossintáticos

1) Indique a predicação (VL, VTD, VTI) do verbo em negrito na frase abaixo:

Essas linhas, que cortam o planeta horizontalmente, delimitam duas faixas privilegiadaspelo clima, uma no Hemisfério Norte e outra no Sul...

Cortam =

2) Classifique morfologicamente as seguintes palavras do texto:

comer ingredientes quem inexplicável

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VIII) Sobre Produção Textual

1) Agora você já sabe como é a estrutura da notícia. Pratique esse gênero, escrevendo

uma notícia sobre o desmatamento.

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4.2.8 Reportagem

S.O.S. Meio Ambiente

Mutirão de voluntáriosfazem limpeza na Ilha do Fundão, Rio de Janeiro.

Lutar por um mundo melhor é a bandeira levantada pela maioria dos1movimentos da sociedade civil organizada. Mas nenhum deles usa esta2frase com melhor propriedade que aqueles que trabalham com o meio3ambiente. O Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado dia 5 de junho,4nos lembra do trabalho realizado por milhões de voluntários no mundo5inteiro. E um trabalho que, literalmente, é para melhorar as condições de6sobrevivência num planeta cada vez mais devastado.7

A partir desse slogan, há 30 anos o jornalista e ambientalista Vilmar8Berna começou a fazer sua parte na busca por um lugar melhor para se9viver. De 1979, quando lançou o primeiro livro – O Livro do Camping: O10Prazer da Vida ao Ar Livre (Editora Tecnoprint) –, até hoje, a tentativa11sempre foi de preservar a natureza. E tudo começou com sua paixão por12camping.13

“No início, quando saía para acampar, ia a um determinado local. No14ano seguinte, para encontrar um lugar legal, tinha que ir mais longe.15Aquele já estava devastado. Assim, vi que em pouco tempo teria que16acampar no meio da Amazônia. Precisava fazer algo”, lembrou. E colocou17a mão na massa. Ou melhor, na caneta, no papel, na máquina de escrever18e no computador. Sua produção soma pelo menos 11 publicações, a19maioria sobre meio ambiente.20

“Meu trabalho é democratizar a informação para as pessoas”,21afirmou Berna. A partir de 1996, para facilitar o acesso a essas22informações, ele criou o Jornal do Meio Ambiente, do qual é editor. “Temos23mais de 130 mil acessos por mês e já conquistamos prêmios24internacionais. Prova que o trabalho é bem executado”, disse.25

O Jornal do Meio Ambiente foi reconhecido em 1998 como um dos26sites de língua portuguesa de melhor conteúdo, além dos prêmios Top,27Ecosite, Site Legal e Link Legal da Rede Ambiente.28

Olho no Feitiço29

Apesar de ser um defensor da democratização da informação sobre30meio ambiente, Vilmar Berna faz uma ressalva. “É preciso tomar cuidado31para o feitiço não virar contra o feiticeiro. Informação sem educação pode32

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ser perigosa, pois a pessoa pode ficar sabendo que algum recurso natural33está sendo depredado e pensa logo: ‘Opa, vou pegar a minha parte antes34que acabe.’” Para acabar com esse tipo de pensamento, o jornalista confia35no trabalho desenvolvido com os voluntários.36

“O voluntariado ambiental é muito importante para construir e37fortalecer valores de cidadania ambiental. Por isso temos os projetos da38Rede Brasileira de Informação Ambiental e dos Voluntários Ambientais,39que mobilizam mais de 1.600 pessoas”, disse. Além disso, há os projetos40de educação Clube Amigos do Planeta, Curso à Distância de Educação41Ambiental e O Jornal do Meio Ambiente na Escola. “A educação ambiental42é fundamental”.43

Fábio Goveia

Com base na reportagem acima, propõe-se algumas atividades que possam ser

trabalhadas em sala-de-aula para que todas as habilidades do educando sejam atendidas.

I) Sobre os índices formais

1) Qual é o tema do texto?

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

2) A leitura do título sugere-lhe alguma expectativa em relação ao conteúdo do texto? Qual?

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__________________________________________________________________________

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II) Sobre a estruturação do discurso

1) Qual foi o slogan com que o jornalista e ambientalista Vilmar Berna começou a fazer sua

parte na busca por um lugar melhor para se viver?

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2) No texto, Vilmar Berna faz uma ressalva. Comente-a, fundamentando sua opinião.

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3) O ambientalista apresenta alguma solução para o problema? Qual?

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III) Sobre os índices enunciativos

1) A que público este texto destina-se? __________________________________________

2) Marque o(s) veículo(s) de comunicação em que este gênero pode aparecer.

a) ( ) jornal b) ( ) revista c) livro d) televisão e) rádio f) Internet

IV) Sobre a coesão referencial

1) De acordo com o texto, marque V para as afirmações verdadeiras e F para as falsas.

( ) O importante é democratizar a informação.

( ) Com a informação, não precisamos nos preocupar com a educação.

( ) Só os ambientalistas podem tomar esse tipo de atitude.

( ) Qualquer pessoa preocupada com o mundo pode ser voluntário.

V) Sobre aspectos semânticos e pragmáticos

1) Podem-se trocar as palavras “devastado” e “depredado” por outras, sem modificar o

sentido do texto. Aponte as palavras mais adequadas. Consulte o dicionário.

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__________________________________________________________________________

2) Diga o que significa a palavra “democratização”.

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VI) Sobre os aspectos fono-ortográficos

1) Transcreva, em cada coluna do quadro abaixo, 04 palavras do texto que contenham os

elementos solicitados.

Dígrafo Ditongo Tritongo Hiato EncontroConsonantal

2) Circule no texto duas palavras que sejam classificadas como “paroxítonas”.

VII) Sobre os aspectos morfossintáticos

1) Leia com atenção esta passagem do texto e localize nela o que é pedido abaixo:

“No início, quando saía para acampar, ia a um determinado local. No ano seguinte,para encontrar um lugar legal, tinha que ir mais longe. Aquele já estava devastado.Assim, vi que em pouco tempo teria que acampar no meio da Amazônia. Precisavafazer algo”, lembrou. E colocou a mão na massa.

3 verbos - __________________________________________________________

2 substantivos - ______________________________________________________

1 adjetivo - __________________________________________________________

2 preposições – _____________________________________________________

1 artigo indefinido masculino - _________________________________________

1 pronome demonstrativo - ____________________________________________

VIII) Sobre Produção Textual

1) Após o estudo deste gênero, faça uma pesquisa sobre mudanças climáticas e produza

uma reportagem.

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5 CONCLUSÃO

A presente monografia proporcionou uma visão analítica sobre os textos

informativos massivos e permitiu refletir sobre a sua utilização em sala de aula. A

parte teórica abordou texto, coesão, coerência, tipologia textual, com maior ênfase

nos textos informativos massivos. Os textos fazem parte do dia-a-dia de todas as

pessoas. Por meio deles, elas se informam, estudam, refletem, riem, choram,

opinam. Por isso, desenvolveu-se aqui uma metodologia, mostrando como o

professor pode trabalhar cada gênero textual em sala de aula, de maneira que seu

aluno possa aproveitar o que lê, tendo um maior envolvimento e real entendimento

do texto como um todo.

Os PCNs orientam o trabalho com diversos gêneros textuais em sala de aula.

O professor deve utilizar material alternativo que traga textos do dia-a-dia do aluno,

e um desses materiais é o texto jornalístico. Para o melhor aproveitamento desse

material, o professor deve estar atento à metodologia utilizada e às atividades

propostas por ele, para que o aluno possa perceber a importância desse texto na

sociedade e como é possível absorver as informações que lhe são pertinentes,

estudando a linguagem dentro do contexto já estabelecido.

No momento em que aluno ler um texto no jornal, e este não possuir um

conhecimento sobre o gênero textual, o objetivo, a estrutura desse texto, a

compreensão torna-se mais dificultosa e muitas informações passam despercebidas.

Tem-se como proposta que o aluno, ao pegar um jornal e ler um texto qualquer,

tenha uma noção do que irá encontrar, pois assim, estabelece expectativas e

objetivos que irá sanear com a sua leitura, entendendo e recriando a realidade.

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