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UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE CIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO O Trabalho Colaborativo em Plataforma LMS (Moodle) e a Aprendizagem Matemática Rui Pedro Broco Raposo Mestrado em Educação Especialização: Tecnologias de Informação e Comunicação em Educação 2009

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UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE CIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO

O Trabalho Colaborativo em Plataforma LMS

(Moodle) e a Aprendizagem Matemática

Rui Pedro Broco Raposo

Mestrado em Educação

Especialização: Tecnologias de Informação e Comunicação em Educação

2009

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DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO DA FACULDADE DE CIÊNCIAS

UNIVERSIDADE DE LISBOA

O Trabalho Colaborativo em Plataforma LMS

(Moodle) e a Apendizagem Matemática

Rui Pedro Broco Raposo

Licenciado em Ensino da Matemática

Universidade de Lisboa

Dissertação Apresentada para Obtenção do

Grau de Mestre em Educação

Especialização em Tecnologias de Informação e Comunicação em Educação

Dissertação Orientada pelo Prof. Doutor João Filipe Matos

2009

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Resumo

Este estudo procura analisar o contributo que as ferramentas da educação à distância

podem dar ao ensino presencial, no campo da educação matemática. Procuramos também

contribuir para uma melhor compreensão da forma como o professor pode dinamizar e

envolver os alunos, tirando partido dos conhecimentos e vontade de utilizar as tecnologias de

informação e comunicação, para a aprendizagem matemática.

Na área da educação matemática, o estudo sobre as ferramentas digitais, em particular o

uso de software próprio, tem sido alvo de estudos nas últimas duas décadas. Vamos explorar

o Geogebra, enquanto software de geometria dinâmica, incorporado numa plataforma de

gestão de aprendizagem, Moodle, no apoio às aprendizagens dos conteúdos de geometria do

8º ano.

Neste sentido, o presente estudo analisa e descreve o modo como os alunos tiram

vantagem dos recursos tecnológicos que lhes são colocados à disposição. Não só em sala de

aula, como também em casa, no sentido de aprofundar as aprendizagens e partilhar, em

comunidade, as dúvidas e os esclarecimentos. A investigação seguiu uma abordagem de

estudo de caso mista, qualitativa e quantitativa, aproveitando os dados fornecidos pela

plataforma no processo de análise dos acessos, e os registos do professor enquanto

investigador.

O estudo procura explorar as potencialidades das plataformas de gestão de

aprendizagem, bem como a fácil construção de actividades, com recurso ao software de

geometria dinâmica, dentro do espaço da disciplina/turma. Foi também evidente a dinâmica,

dentro da plataforma, criada em redor das actividades construídas com o Geogebra.

Palavras-chave: aprendizagem colaborativa, plataformas, b-learning, geometria

dinâmica, ambiente de aprendizagem

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Abstract

This study seeks to examine the contribution that the tools of distance education can

provide for students in the field of mathematics education. We seek to contribute to a better

understanding of how the teacher can stimulate and engage students, taking advantage of

knowledge and willingness to use information technology and communication for learning

mathematics.

In the area of mathematics education, the study on digital tools, in particular the use of

proprietary software, has been investigated in the last two decades. Let's explore the

Geogebra as dynamic geometry software, incorporated into a management platform for

learning, Moodle, in supporting the learning of the content of geometry in the 8th grade.

In this sense, this study analyzes and describes how students take advantage of

technological resources that they are made available. Not only in the classroom, but also at

home, to deepen the learning and sharing in the community, the doubts and clarifications.

Research has adopted a case study of mixed qualitative and quantitative, using data provided

by the platform in the review process of access, and records of the teacher as researcher.

The study seeks to explore the potential of management platforms to learn and easy

construction activities, using the dynamic geometry software, within the scope of the

course/class. It was also clear the dynamics within the platform, created around the activities

built with GeoGebra.

Key-Words: collaborative learning, platforms, b-learning, dynamic geometry, learning

environment

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Agradecimentos

Ao Professor João Filipe Matos pela sua disponibilidade, e pela orientação deste

trabalho. Pelas palavras sábias que me orientaram durante este período difícil de ultrapassar.

Aos meus colegas de curso pelos momentos fantásticos de trabalho, de discussão e

convívio que nunca esquecerei.

Aos meus professores de mestrado que proporcionaram excelentes momentos de

reflexão e de partilha.

Um agradecimento muito especial ao meu filho João pelas horas, dias, que estou em

falta, e as quais não sei se alguma vez poderei recuperar. À Sónia que sempre me

acompanhou, mesmo contra ventos e marés, que nas horas mais difíceis me obrigou a

levantar a cabeça, e continuar sempre em frente.

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Índice

Abstract ..................................................................................................... iii

Agradecimentos ......................................................................................... v

Índice ....................................................................................................... viii

Índice de Figuras ....................................................................................... xi

Índice de gráficos .................................................................................... xiii

Capítulo 1 .................................................................................................. 1

Introdução ............................................................................................................. 1

Contextualização do Estudo ........................................................................... 2

Enquadramento do Estudo ............................................................................ 4

Organização da Dissertação ........................................................................... 7

Capítulo 2 .................................................................................................10

Comunidades de Aprendizagem e Trabalho Colaborativo ................................................. 10

Comunidades de Aprendizagem .................................................................. 11

Trabalho Colaborativo no Ensino da Matemática ......................................... 17

Capítulo 3 .................................................................................................22

Ambientes de Geometria Dinamica e Aprendizagem de Geometria .................................. 22

Características do Ambiente de Geometria Dinâmica .................................. 24

Características dos Diferentes Softwares de Geometria Dinâmca ................ 26

O Ambiente de Geometria Dinâmica e a Aprendizagem da Geometria ........ 27

Capítulo 4 .................................................................................................31

Plataformas de Aprendizagem e AGD ................................................................................ 31

Potencialidades da Plataforma LMS (MOODLE)............................................ 33

Apresentação e Exemplos do Geogebra ....................................................... 41

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Plataforma e o Geogebra ............................................................................. 46

Capítulo 5 .................................................................................................51

Metodologia ...................................................................................................................... 51

Opções Metodológicas ................................................................................ 52

Duração do Estudo ...................................................................................... 53

Recolha de Dados ........................................................................................ 53

O efeito do dispositivo de recolha de dados nos participantes ..................... 55

Capítulo 6 .................................................................................................57

Resultados ......................................................................................................................... 57

A Escola ....................................................................................................... 57

O Grupo de Trabalho ................................................................................... 58

Tarefa 1 ............................................................................................................................. 63

Tarefa 2 ............................................................................................................................. 70

Tarefa 3 ............................................................................................................................. 76

Capítulo 7 .................................................................................................85

Considerações Finais.......................................................................................................... 85

Limitações do Estudo ......................................................................................................... 90

Sugestão de Investigações a realizar.................................................................................. 91

Referências Bibliográficas ........................................................................94

ANEXO A .................................................................................................100

Manual de Exploração para o Software Geogebra........................................................... 101

ANEXO B .................................................................................................105

Construindo um Fórum utilizando GeoGebra .................................................................. 106

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Índice de Figuras

IMAGEM 1 - PÁGINA INICIAL EM "HTTP://MOODLE.EB23-PALMELA.RCTS.PT”............................. 34

IMAGEM 2 - ESPAÇO DESTINADO AO PROJECTO DENTRO DA PLATAFORMA MOODLE ................ 38

IMAGEM 3 - ESPAÇO DESTINADO AO PROJECTO DENTRO DA PLATAFORMA MOODLE NA

PERSPECTIVA DO ALUNO ......................................................................... 38

IMAGEM 4 - RECURSOS DISPONÍVEIS NA PLATAFORMA, VERSÃO 1.7.2 + ................................ 40

IMAGEM 5 - ACTIVIDADES DISPONÍVEIS NA PLATAFORMA, VERSÃO 1.7.2 + ............................. 40

IMAGEM 6 - CONSTRUÇÃO GEOMÉTRICA DA CIRCUNFERÊNCIA .............................................. 42

IMAGEM 7 - CONSTRUÇÃO ALGÉBRICA DA CIRCUNFERÊNCIA ................................................. 43

IMAGEM 8 - SITE OFICIAL DO GEOGEBRA EM "HTTP://WWW.GEOGEBRA.ORG/" ........................ 45

IMAGEM 9 - FILTROS ACTIVOS NA PLATAFORMA ................................................................... 47

IMAGEM 10 - CONSTRUÇÃO DE UMA TAREFA COM O GEOGEBRA PARA MANIPULAÇÃO ............. 47

IMAGEM 11 - GUARDAR A TAREFA, CONSTRUÍDA ANTERIORMENTE, PARA POSTERIOR

IMPORTAÇÃO PARA O MOODLE ................................................................ 48

IMAGEM 12 - ESPAÇO DE SELECÇÃO DA INFORMAÇÃO QUE SE PRETENDE OBTER ................... 54

IMAGEM 13 - TAREFA SOBRE "O SEGMENTO DE RECTA E A SUA ..." ....................................... 64

IMAGEM 14 - FÓRUM DE PARTILHA SOBRE A TAREFA "O SEGMENTO DE RECTA E A SUA ..." ...... 67

IMAGEM 15 - FÓRUM SOBRE A CONSTRUÇÃO DA MEDIATRIZ DE UM SEGMENTO DE RECTA ........ 70

IMAGEM 16 - A CONSTRUÇÃO DE NOVAS IDENTIDADES DENTRO DA PLATAFORMA .................... 75

IMAGEM 17 - TAREFA SOBRE A LOCALIZAÇÃO DA ANTENA DE COMUNICAÇÃO .......................... 77

IMAGEM 18 - FÓRUM DE DISCUSSÃO SOBRE A ANTENA DE COMUNICAÇÃO .............................. 77

IMAGEM 19 - IMAGEM RETIRADA DO GEOGEBRA .................................................................. 83

IMAGEM 20 - ESPAÇO DE TRABALHO .................................................................................. 83

IMAGEM 21 - UTILIZADORES ACTIVOS ................................................................................. 88

IMAGEM 22 - MENSAGEM QUESTIONANDO O UTILIZADOR "ALUNO PALMELA" .......................... 88

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Índice de gráficos

GRÁFICO 1 - GRÁFICO DO NÍVEL DE UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS DO MOODLE RETIRADO DE

SILVA, LOPES E RIBEIRO, 2003 ............................................................... 16

GRÁFICO 2 - IDADE DOS ALUNOS DO GRUPO DE TRABALHO ................................................... 59

GRÁFICO 3 - REGISTO DAS DATAS DE ACESSO AO FÓRUM .................................................... 65

GRÁFICO 4 - REGISTO DE ACESSOS POR ACTIVIDADE ........................................................... 66

GRÁFICO 5 - REGISTO DE ACESSOS, POR ACTIVIDADE, AO FÓRUM ......................................... 71

GRÁFICO 6 - REGISTO DE ACESSOS, POR DATA, AO FÓRUM .................................................. 72

GRÁFICO 7 - REGISTO DE ACESSOS AO FÓRUM "SOLUÇÕES PARA A ANTENA DE

COMUNICAÇÃO" ...................................................................................... 78

GRÁFICO 8 - REGISTO DE ACESSOS POR ACTIVIDADE RELATIVAMENTE AO FÓRUM DA

ANTENA DE COMUNICAÇÕES .................................................................... 80

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CAPÍTULO 1

"Espalhado pelo mundo, existe um apaixonado caso de amor entre

crianças e computadores"

Papert

Introdução

Educar para a Sociedade do Conhecimento já não passa pela transmissão de saberes

previamente construídos, e pronto a ser consumidos. O rápido desenvolvimento das

tecnologias de comunicação tem provocado alterações organizacionais e sociais criando

novas exigências, novas formas de trabalho, novos meios de produção. A crescente utilização

de computadores no dia-a-dia, quer no lazer quer no emprego, exige de todos novos

conhecimentos e capacidade de os conseguir adquirir.

A massificação do acesso à informação está a transformar tudo à nossa volta. A

transformação que se designou chamar Globalização está a mexer com o sistema produtivo, a

família, a ocupação dos tempos livres, férias, com o dia-a-dia de todos nós.

Existe, em simultâneo, uma outra transformação relacionada com o valor acrescentado

de cada instituição. O meio empresarial está a procurar rentabilizar, como uma mais-valia, o

saber dos seus colaboradores, numa mudança de paradigma organizacional. Há muito que a

organização do processo de produção, em linhas de montagem do início do século XX, está

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em decadência. A automatização de muito dos processos industriais, agrícolas e dos serviços

provocou abalos económicos na década de 80 do século passado.

Com o desenvolvimento das redes de comunicação e informação surgem novos

desafios. Drucker (Drucker, 2000, p. 6) apelida este desenvolvimento de “nova Revolução da

Informação”, com origem no meio empresarial que afectará, certamente, todas as

organizações sociais.

Contextualização do Estudo

O ambiente escolar está também a sofrer as transformações tecnológicas, as quais irão

implicar alterações funcionais. O desenvolvimento dos processos de comunicação mediados

por computadores está a transformar o modo como vivemos e aprendemos, crescendo os

espaços na rede e diversificando as suas formas.

Nos últimos tempos tem-se assistido a uma explosão das plataformas de aprendizagem

– Learning Managment System (LMS) – na Internet. Em Portugal, o sistema LMS designado

por MOODLE, tem crescido em número de espaços na Internet, segundo o site oficial. De

acordo com os dados de dia 21 de Junho de 2009 1, encontravam-se registados 2495 espaços

MOODLE, o que colocava Portugal em 6º lugar entre os 10 países com mais registos, num

conjunto de 215 países. Para este número contribuiu largamente o facto de, cada escola

pública, ter a possibilidade de organizar o seu próprio espaço virtual de aprendizagem,

através da Fundação para a Computação Científica Nacional (FCCN).

A utilização dos meios informáticos em sala de aula foi sempre um processo motivador.

O desafio começa com escolha de um caminho que queremos percorrer. Para um determinado

caminho existem sempre várias possibilidades. Consoante o modo que consideramos

1 Fonte: http://MOODLE.org/

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adequado, assim escolhemos o instrumento que nos ajudará a atingir os objectivos propostos,

isto é, o software que escolhemos deve ser o adequado ao percurso que desejamos percorrer.

É necessário construir as tarefas adequadas ao software que dispomos, ou que adoptamos

como instrumento de trabalho. Deve existir sempre, no fim, uma análise de todo o processo e

dos resultados obtidos, de modo a melhorar futuras actividades.

A folha de cálculo e o Ambiente de Geometria Dinâmica (AGD) são duas ferramentas

disponíveis e úteis para a Matemática. A folha de cálculo, como a conhecemos hoje, é uma

ferramenta dos finais da década de 80, mais precisamente 1987. O Cabri-Geometer, também

dos finais da década de 80, segundo Página Oficial do Cabri-Géomètre 2 a primeira versão

saiu em 1988. Foi a primeira das aplicações a recriar a geometria euclidiana através do

monitor do computador, reproduzindo objectos geométricos e explorando as relações entre

cada um desses objectos.

O software Geogebra, da autoria de Markus Hohenwarter, surgiu em 2002, como

resultado de um trabalho de investigação realizado na universidade de Salzburg

(Hohenwarter & Lavicza, 2009), e procura, num mesmo ambiente, combinar as

características do software de geometria dinâmica com o sistema de computação algébrico.

O software MOODLE é uma plataforma de gestão de aprendizagens. Surgiu em 1999

como resultado do trabalho de Martin Dougiamas. Australiano de origem, Dougiamas

trabalhou algum tempo como adminstrador da plataforma WebCT3, na universidade de Perth,

Austrália. Graduado em informática e mais tarde em educação, a construção de uma nova

plataforma procurava dar resposta a algumas dificuldades sentidas na gestão da WebCT.

Procurava assim um software mais simples e eficaz, para utilização e simulação do ambiente

educativo e colaborativo online.

2 Fonte: http://www.cabri.net/cabri2/accueil-e.php 3 WebCT significa “Web Course Tools” e foi desenvolvido por Murray Goldberg na década de 1990, sendo

considerado o primeiro sistema online de gestão de aprendizagens.

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O MOODLE, assim como o Geogebra, e ao contrário do Cabri ou do Sketchpad,

também é desenvolvido em regime de open source. Isto significa que, quer o Moodle quer o

Geogebra, podem instalados em qualquer computador, as vezes que forem necessárias.

Podem ser alteradas e redistribuídas, gratuitamente, por qualquer pessoa que concorde com os

termos da licença de utilização do software.

O autor do Geogebra, Hohenwarter, acredita que, assim como a educação deve ser

gratuita, também a aplicação o deve ser (Edwards & Jones, 2006). Hohenwarter defende que,

desta forma, é mais fácil de convencer os Professores a experimentarem, mesmo aqueles que

sentem alguma renitência. Permite também que, livremente, os Professores partilhem,

experiências e ajudas, uns com os outros (www.geogebra.org/forum) bem como os materiais

produzidos (www.geogebra.at/en/wiki )

A ligação dos computadores de hoje, à Internet, permite uma diversificação muito

maior, quer de ferramentas a utilizar, quer das actividades a explorar.

Enquadramento do Estudo

Os jovens vivem, hoje, conectados em rede, quer através do serviço móvel de

comunicação, quer através de computadores ligados à Internet. O desenvolvimento das

tecnologias de comunicação passa pela possibilidade de edição e alteração de conteúdos na

rede, automaticamente disponíveis. Os jovens têm crescido neste ambiente de constante

partilha e consumo, revelando um estar socialmente partilhado. Estão bastante familiarizados

com os jogos virtuais, com a navegação na Internet, e começam a explorar o crescente

número de redes sociais disponíveis. As redes sociais constroem-se agregando “amigos”,

virtuais, que podem ou não ser amigos na vida real. A proliferação destas comunidades de

partilha é uma prova da facilidade que, os jovens de hoje, têm na utilização de computadores

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ligados ao mundo.

Os espaços escolares estão a sofrer grandes transformações tecnológicas. A invasão das

salas de aula com quadros interactivos e computadores é irreversível. Se a utilização de

computadores, no desenvolvimento cognitivo, é assunto já muito explorado, desde o Projecto

Minerva, em Portugal, a utilização de computadores em rede, em especial a Internet, cria

novas e desafiantes potencialidades, quer para alunos quer para professores.

O número de computadores nas escolas tem crescido significativamente nos últimos

anos, não mostrando sinais de abrandamento. Os países, de um modo geral, têm procurado

melhorar o rácio de computador por aluno, nas escolas públicas. É necessário explorar as

potencialidades desse equipamento, e procurar compreender a melhor forma de os alunos

aprenderem utilizando os novos meios informáticos.

Este trabalho procura explorar as potencialidades da plataforma MOODLE, em

conjunto com o Geogebra, na dinamização de comunidades de aprendizagem. Reconhecendo

as vantagens dos AGD em sala de aula, e a plataforma MOODLE como suporte à

aprendizagem na Internet enquanto gestor de aprendizagens “Learning Managment Systems”

(LMS). A combinação destas duas ferramentas poderá ajudar na partilha e comunicação entre

aluno-aluno, professor-aluno e aluno-professor.

A quantidade de equipamento disponível cresce nas escolas, e também no espaço

familiar. E se o crescimento de equipamento já foi mais significativo, a ligação à Internet

através de banda larga teve, nos últimos tempos, em crescimento acentuado (Estatística",

2008). É importante capitalizar todas estas novas ferramentas e mostrar, aos alunos, as

enormes potencialidades para novas aprendizagens, assim como para aprofundamento de

conhecimentos adquiridos.

A investigação tem mostrado as vantagens, em particular no campo da Matemática, do

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uso dos computadores (Candeias, 2005; Colette Laborde, 2000; Chris Little, 2008). A

exploração de conceitos geométricos, com recurso a software próprio como o Cabri e/ou

Sketchpad, tem-se revelado uma mais-valia. A utilização de computadores em sala de aula,

ou a utilização da sala de computadores, para procurar explorar e compreender conceitos

matemáticos, é encarado, pelos alunos, como uma forma mais divertida de aprender.

A utilização dos LMS no campo do ensino da Matemática não se tem revelado

vantajoso (Roberts, Bonk, Wisher, & Lee, 2004), ao nível da semiótica, o que tem criado

alguns problemas à utilização correcta por parte dos alunos, quando é importante a

representação simbólica. Estes problemas poderão ser um entrave à sua utilização, ao nível

do ensino superior, o que será sempre discutível. Ao nível a que nos propomos trabalhar,

Ensino Básico, em particular alunos com idades entre 12 e os 14 anos a frequentar o 8º ano de

escolaridade, poderemos inclusive tirar grandes vantagens de uma possível dificuldade na sua

representação. Começa a existir, contudo, novas ferramentas, mesmo ao nível da edição da

simbologia matemática, que tem conquistado o seu espaço com grandes vantagens para o

utilizador, além de que a utilização do Geogebra permite ganhos significativos também nesse

campo.

A questão fundamental que se coloca, perante toda esta evolução, é tentar perceber:

Quais as vantagens, e de que modo, o trabalho em comunidades de aprendizagem pode

potenciar desenvolvimento da aprendizagem da geometria em alunos do ensino básico, num

ambiente dinâmico, com uma dimensão de trabalho colaborativo?

A questão em estudo, com este trabalho, está relacionada com a exploração de um

espaço de aprendizagem on-line LMS, que no caso foi construído com o MOODLE, e que

permitiu a integração do AGD, utilizando o Geogebra. Procuramos perceber:

1 – Como colaboram, como interagem os alunos pertencentes a um grupo turma, num

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espaço virtual?

2 – Qual o papel do professor da turma nas actividades desenvolvidas na plataforma?

3 – Como é que o Moodle serve de suporte à aprendizagem dos alunos em geometria?

4 – Haverá alguma relação entre as aprendizagens em sala de aula e a participação nas

tarefas propostas em ambiente virtual?

5 – De que forma a participação na plataforma contribui para uma consolidação de

conhecimentos adquiridos em sala de aula?

Organização da Dissertação

A dissertação encontra-se organizada em 7 capítulos, que seguidamente descreveremos,

de um modo sucinto.

O primeiro capítulo apresenta uma introdução ao estudo, contextualizando o problema,

e enquadrando-o nas questões em estudo.

O segundo capítulo procura fazer uma abordagem às comunidades de aprendizagem e

ao trabalho colaborativo. A ideia de comunidade de prática, no sentido desenvolvido por

Wenger, tem subjacente a ideia de trabalho colaborativo, diferente da ideia de trabalho

cooperativo, no modo como é desenvolvido. As vantagens de implementação de uma

metodologia que privilegie o trabalho colaborativo são evidentes, embora não seja prática

corrente. Como refere Isidoro (2008), num ambiente de trabalho colaborativo existirão mais

possibilidades de os alunos se entreajudarem, ultrapassando dificuldades em conjunto.

No terceiro capítulo abordaremos os ambientes de geometria dinâmica e a auxílio que

proporcionam na aprendizagem da geometria. Faremos uma pequena perspectiva histórica

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sobre a evolução de aplicações úteis ao ensino da matemática. Discutimos também algumas

características de diferentes aplicações que proporcionam a simulação das propriedades da

geometria euclidiana.

O quarto capítulo apresenta as plataformas de gestão das aprendizagens e a integração

do Geogebra, enquanto software de geometria dinâmica, no ambiente Moodle. O objectivo é

conjugar as potencialidades do ensino à distância, proporcionado no nosso caso pela

plataforma Moodle, com as características do ambiente de geometria dinâmica, na

dinamização da aprendizagem matemática no ensino básico (8º ano). As vantagens

conseguidas, no estudo da geometria, poderiam ser também estudadas com as funções, pois o

Geogebra combina as duas áreas da matemática. Por questões de tempo ficámos pela

geometria, mas com muita vontade de um dia explorar esta vertente.

O capítulo quinto apresenta a metodologia utilizada neste estudo. Com o objectivo de

estudar as interacções entre os alunos, quer na plataforma quer no espaço da sala de aula,

optou-se por uma metodologia mista. A razão está relacionada com as fontes de dados

disponíveis. Enquanto a plataforma nos transmite apenas dados relacionados com os acessos,

com o tipo de tarefas realizadas, o registo do professor, enquanto investigador, é também uma

importante fonte de informação. Procuramos assim tirar vantagens de toda a informação de

modo a melhor interpretar a situação em estudo.

Os resultados, quer os obtidos da plataforma, quer os obtidos do diário do professor,

são apresentados no capítulo seis. São apresentadas todas as tarefas que serviram de

referência ao estudo, bem como a interacção entre os participantes do estdo.

O capítulo sete apresenta as conclusões do estudo bem como algumas reflexões sobre o

desenvolvimento do estudo, assim como limitações e sugestões.

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CAPÍTULO 2

“...teachers need to learn how to selectively use software in their

classrooms, how to increase the interactivity and flexibility of

mathematics learning, and how to improve student achievement by providing new and more effective

learning opportunities”

Mously et al

Comunidades de Aprendizagem e Trabalho Colaborativo

Comunidade é ainda um conceito limitado no tempo, mas fundamentalmente um

conceito limitado no espaço, físico e humano. Está, no entanto, a sofrer alterações. É um

conceito em transformação no seu significado. A sociedade global, ou globalização, está a

criar novas formas de criar comunidades. A distância deixou de ser um impedimento, um

obstáculo à criação de comunidades, passando a ser o conjunto de interesses que leva à

identificação com esta ou aquela comunidade, ou com um conjunto de comunidades

dispersas, também designadas de comunidades virtuais.

As comunidades são óptimos espaços de trabalho em grupo. É cada vez mais corrente a

separação do trabalho em grupo em duas vertentes – cooperativo ou colaborativo. Como

veremos adiante, existe quem não faça qualquer distinção entre os dois termos, e quem os

separe em dois pólos distintos.

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É aceite por todos que, quer o trabalho cooperativo quer o trabalho colaborativo,

implica um trabalho em grupo, uma interacção social entre os membros do grupo, um

aprender conjunto, em comunidade.

Comunidades de Aprendizagem

O conceito WEB 2.0 tem invadido a Internet e o léxico de todos os seus utilizadores. A

expressão surgiu em 2004 e desde então tem provocado várias interpretações entre apoiantes

e críticos. Seja qual fôr a interpretação que se entenda, é inegável a transformação que

ocorreu na rede dos serviços acessíveis na Internet. Se, no início, a Internet era algo apenas

acessível aos peritos em programação, hoje, facilmente um qualquer utilizador cria um site,

um blog, disponibiliza aos outros os seus trabalhos, participa em grupos de discussão, mostra

vídeos e músicas de sua autoria, … .

Existe todo um conjunto de serviços on-line, que permite que cada um utilize da forma

que melhor entender, com os objectivos próprios, com o grupo de utilizadores que entender.

A disseminação destes novos serviços tem ocorrido à velocidade da própria Internet. Serviços

que permitem a personalização de espaços como blogs, Hi5, Facebook, MySpace, …, entre

muitos outros, enquanto forma de partilha e comunicação on-line, possibilitam a agregação

de um conjunto de elementos, que partilham experiências, conhecimentos, práticas no sentido

de Wenger (Wenger, 1998).

A ideia de “comunidade de aprendizagem” surge com Wenger (1999) no livro

“Communities of Practice”. Wenger assume, como princípio teórico, que o processo de

“aprender” é motivado pelo meio envolvente, a comunidade, e que está em constante

movimento. Não se resume à acumulação de “skills” ou de informação, mas à construção de

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uma identidade que envolve um processo e um espaço. Um processo de transformação do

conhecimento e do contexto no qual é definido a identidade de participação.

Para Wenger aprender envolve a interacção entre experiência e competência. É a

tensão, resultante da proximidade, entre a experiência e a competência que produz um campo

fértil de aprendizagem. Uma comunidade de prática que consegue manter esta tensão viva

consegue ser uma comunidade de aprendizagem (Wenger, 1998). Porque aprender transforma

o que somos e o que podemos fazer.

A constante procura levou o ser humano a criar comunidades das mais diversas, a fazer

parte das mais diversificadas comunidades. Esta construção, e sentido de pertença, de

comunidades tem subjacente, é inerente, uma interacção social. Para Wenger, a interacção

social é uma forma de aprender. Quando estabelecemos objectivos no nosso dia-a-dia,

procuramos todas as formas para atingir esses objectivos, e enquanto ser social, interagimos

socialmente, sempre com determinados objectivos. Essa interacção é uma forma de aprender.

Enquanto Tu e Corry (Tu & Corry, 2002) consideram que o conceito de comunidade de

aprendizagem não se encontra bem definido, bem explorado, Cross (Cross, 1998) define

comunidade de aprendizagem como “. . . groups of people engaged in intellectual interaction

for the purpose of learning . . .”.

Rena M. Pallof e Keith Pratt (Rena & Keith, 2005), estabelecendo uma distinção

importante entre o conceito de comunidade de aprendizagem online e a simples comunidade

online, consideram que

“(...) existem duas components, contudo, que destinguem uma comunidade de

aprendizagem online de uma comunidade online, tal como lista de distribuição ou grupos

online, locais de encontro para pessoas com os mesmos interesses. O envolvimento em

aprendizagem colaborativa e a prática reflexiva involvida na aprendizagem transformativa

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diferencia a comunidade de aprendizagem online.”

Entendendo a aprendizagem, no sentido de Lave e Wenger, enquanto resultado da

interacção social, e que uma comunidade de aprendizagem partilha o conceito de Wenger de

comunidade de prática, no sentido do mútuo engajamento dos participantes, num espaço de

partilha e desafios. O seu desenvolvimento, e aprofundamento, depende da antecipação das

necessidades de discussão, por parte do mediador/professor.

Para Panitz (Panitz, 1999) , a aprendizagem colaborativa e cooperativa, tem como

premissas a epistemologia construtivista. Segundo o qual

“Johnson, Johnson & Smith (1991) resumiram esses principios, no que

consideram o novo paradigma da educação:

O conhecimento é construído, descoberto e transformado pelos alunos;

Os alunos constróem, activamente, o seu próprio conhecimento;

o esforço da faculdade é direccionada para o desenvolvimento de competências e

talentos dos alunos ;

educação é uma transação pessoal entre estudantes e entre a faculdade e

estudantes enquanto trabalham em conjunto.

Todas as situações anteriores apenas ocorrem em ambientes de aprendizagem

cooperativa.

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Ensinar é considerado uma aplicação complexa da teoria e da investigação, que

requer uma considerável formação contínua de professores, e um constante

refinamento de procedimentos e competências (skills).”

O papel do Professor, enquanto detentor do saber no espaço da sala de aula, está a

mudar. O rápido acesso à rede, por parte dos alunos, confere-lhes um grau de liberdade

enorme, quer na selecção da informação quer no tratamento dessa mesma informação.

Associado á transformação do papel do professor vem a transformação do papel do aluno, de

uma atitude passiva para uma posição mais activa, de receptor do saber pronto a consumir

para construtor do conhecimento, do seu conhecimento. A organização do trabalho, em sala

de aula, de modo mais interactivo, mais desafiador, mais construtivo, garantindo um maior

envolvimento do grupo turma, seja qual for a actividade ou conteúdo disciplinar.

Os princípios que orientam o trabalho, quer colaborativo quer cooperativo, são o de

construção do saber. Deixa de fazer sentido o processo de transmissão, tão habitual, de

professor para aluno, para ser o grupo de trabalho o responsável por construir o seu

entendimento, fazer as suas conjecturas, elaborar as suas conclusões, assumindo o professor

um papel menos expositivo e mais orientador das aprendizagens. Existe uma identificação

com as premissas da epistemologia construtivista (Panitz, 1999).

Os conceitos, colaborativo e cooperativo, têm originado algumas discussões e

reflexões. Para Pozza (Pozza, 2007), a organização colaborativa e cooperativa é um processo

de “construção do conhecimento colectivo (…) em rede”, mediado por computador, não

estabelecendo qualquer diferença entre eles. Ana Carvalho (Carvalho, 2007) defende que o

termo cooperativo surgiu primeiro, mas ambos, cooperativo e colaborativo, têm subjacente a

ideia de “trabalho com”.

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Bessa & Fontaine, citados por Germano, Damião, e Monteiro (Germano, Damião, &

Monteiro, 2004), definem a aprendizagem cooperativa como um conjunto de processo em

que as pessoas se focam na ideia do trabalho colectivo, a fim de alcançar uma determinada

meta ou objectivo, orientadas por uma pessoa centralizadora dos processos. A aprendizagem

colaborativa é uma filosofia pessoal, em que as pessoas de um grupo lidam com maneiras de

respeitar e destacar as habilidades e contribuições individuais de cada membro do grupo,

havendo um compartilhamento de autoridade e aceitação de responsabilidade entre membros

na realização das acções tomadas pelo grupo todo, a fim de atingir determinada meta ou

objectivo.

Estas duas abordagens – cooperativo e colaborativo – distinguem-se, julgamos nós, no

modo como é desenvolvido o trabalho. No trabalho cooperativo, existe um objectivo final

para o qual, os diferentes intervenientes, participam de um modo individual. Por exemplo,

quando os alunos são organizados em grupo para realizar uma determinada tarefa, é tendência

normal, eles subdividirem-se em pequenas tarefas para cada um realizar de uma forma

autónoma. Relativamente ao trabalho colaborativo, ele é realizado por todos, em constante

partilha, diálogo e negociação, representando uma grande mudança relativamente ao ensino

centrado no professor.

Para o estudo com a plataforma MOODLE, o trabalho colaborativo é entendido de

forma diferente do cooperativo. A experiência profissional confirma a ideia de Carvalho

(Carvalho, 2007) quando refere que os alunos, perante um determinado trabalho, rapidamente

o dividem em pequenas tarefas, delegando responsabilidades. Facilmente transformam a

realização do trabalho num processo cooperativo. Procura-se levar os alunos a discutir, entre

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si, os problemas e as soluções. As diversas ferramentas disponíveis na plataforma para

comunicação e partilha, permitem uma colaboração entre os participantes.

Da investigação publicada, sobre o trabalho colaborativo e as comunidades de

aprendizagem, sobressai o uso de fóruns (Cunha & Paiva, 2003; De Corte, 2000; Kreijns,

Kirschner, & Jochems, 2003; Silva, Lopes, & Ribeiro, 2008; Williamson & DeSouza, 2002),

enquanto ferramenta enquadrada numa perspectiva social construtivista e facilitadora das

aprendizagens num ambiente de aprendizagem colaborativa. Silva, Lopes e Ribeiro, num

estudo envolvendo alunos do ensino superior, mostram que os alunos revelam um bom grau

de satisfação relativamente aos fóruns, comparativamente com outros recursos.

GRÁFICO 1 - GRÁFICO DO NÍVEL DE UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS DO MOODLE RETIRADO DE SILVA, LOPES E RIBEIRO, 2003

Cunha e Paiva também utilizam, como população alvo, estudantes universitários e

professores do ensino básico e secundário. Como resultado, ambos docentes e discentes,

revelam que os fóruns são de fácil utilização e podem apresentar uma interface amigável.

Os autores, de um modo geral, apontam para a motivação que os alunos atingem com a

implementação de instrumentos para comunicaçã online, em particular os fóruns. A

possibilidade de interagir assincronamente, permitindo uma reflexão, um aprofundamento

dos conhecimentos, assim como uma interacção mais abrangente são factores apontados.

Também o processo de avaliação, quer formativa quer sumativa, é facilitada pelo uso de

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fóruns, pois fica exposto a evolução conseguida por cada um dos participantes

Trabalho Colaborativo no Ensino da Matemática

De acordo com Isidoro (Isidoro, 2008), num ambiente de aprendizagem colaborativo os

“participantes (alunos) têm a oportunidade de experienciar o conhecimento como

algo que é criado em vez de transmitido pelo facilitador (professor), algo acabado

e exterior a si, começando a encarálo como um produto de interacções sociais na

comunidade, fruto de participações diferenciadas. Para tal, é importante existir

uma partilha de autoridade entre os participantes e o facilitador (professor),

tornando-se este último membro da comunidade e empenhado como os outros

participantes na construção do conhecimento, através do incentivo de um trabalho

conjunto e coordenado e de uma partilha de saberes, bem como de uma

responsabilidade solidária pelas estratégias desenvolvidas, partilhadas e

negociadas para a obtenção de uma solução comum a um dado problema.” (Pág.

60)

O papel do Professor é propiciar situações para a descoberta de novos conhecimentos,

“...criar condições para a a invenção, em lugar de fornecer conhecimentos já consolidados...”

(Papert, 1994). A construção de situações problemáticas, numa perspectiva de trabalho

colaborativo, é a melhor forma de colocar em discussão os seus elementos. A partilha das

dúvidas e das certezas é um processo essencial à resolução de situações problemáticas, assim

como a construção de conjecturas. A construção de conjecturas, no ensino básico, deve ser

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feito, pelos alunos, de acordo com o seu próprio vocabulário como refere Bravo:

(Bravo, 2005) “As crianças devem exprimir as suas conjecturas, descrever usando as

suas próprias palavras e, com elas, o modo como pensaram. Se for necessário, devem

verbalizar as suas descobertas usando exemplos e materiais concretos” (Bravo, 2005, p. 31)

Um dos problemas à conjectura, e à partilha, em matemática, é a simbologia que

muitas vezes se torna um entrave à comunicação de acordo com Bravo, quando diz que:

“A matemática está cheia de símbolos, por isso a comunicação oral e escrita das

ideias matemáticas não é muitas vezes considerada como sendo uma parte

importante da educação matemática. Os alunos não falam naturalmente de

matemática, os professores têm que os ajudar nessa tarefa.” (Idem)

A resolução de problemas, em situação de trabalho de grupo numa perspectiva

colaborativa, pressupõe um envolvimento conjunto, um engajamento mútuo de todos os

participantes.

A discussão matemática entendida não como a demonstração matemática, mas dentro

da perspectiva de discussão de ideias, de partilha de opiniões, desenvolve-se recorrendo a

“(…) problemas e tarefas de investigação” pois “facilitam a emergência de situações

favoráveis à argumentação matemática” (Boavida, 2005). Isidoro (Isidoro, 2008) também

defende, dentro de uma perspectiva de aprendizagem colaborativa, que a proposta de trabalho

mais apropriada é

“(…) a resolução de problemas, uma vez que estes são propícios à fomentação da

discussão, da partilha e da implementação de estratégias de resolução, bem como à

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explicação de argumentos diferenciados entre os elementos do grupo, permitindo assim um

envolvimento conjunto, (…) dependendo uns dos outros como “fontes” de conhecimento

matemático, uma das características marcantes do trabalho colaborativo.”

A discussão em redor da utilização do AGD, em sala de aula, tem levantado a questão

da demonstração em matemática, enquanto actividade fundamental do “matemático”. Sem

pretender entrar em discussão sobre o assunto, concordando que se trata de uma nobre tarefa,

a discussão informal de ideias matemáticas é um primeiro e importante passo a tomar quando

se pretende uma formalização científica. A discussão informal, quer oral escrita ou as duas,

obriga os seus intervenientes a uma reflexão. Por um lado a discussão oral, em sala de aula ou

através de comunicação online síncrona, não é muito exigente ao nível simbólico, mas exige

um raciocínio imediato. A comunicação escrita, por outro lado, em particular no espaço

virtual da comunicação assíncrona, dá uma maior flexibilidade no tempo de resposta e

argumentação, exigindo mais em termos semióticos.

Os alunos mostram alguma relutância na utilização da simbologia matemática. Da

discussão em grupo, em particular a discussão escrita, cria a necessidade de negociação de

significados, como Wenger refere quando aborda as comunidades de prática. A necessidade

de argumentação e justificação, no campo da geometria, por exemplo, pode ajudar à

reificação, no sentido de Wenger, de um conjunto de regras e normas de grupo. Neste

aspecto, a utilização do AGD, em particular o Geogebra, é uma boa ajuda. Por cada ponto

construído, o Geogebra apresenta uma representação algébrica do referido ponto, bem como

uma notação geométrica. O mesmo é válido para qualquer outra construção geométrica ou

algébrica.

Sem que a demonstração matemática seja um objectivo, enquanto argumentação

fundamentada, não podemos deixar de referir as potencialidades do trabalho colaborativo

num primeiro estágio de evolução. Esse estágio de evolução tem subjacente um processo de

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maturação cognitiva. Processo indispensável à compreensão do processo de argumentação e

justificação matemáticas.

Um espaço colaborativo de aprendizagem Matemática deve contribuir para a partilha de

saberes e dúvidas. A discussão, quer síncrona quer assíncrona, permite trabalhar outras

formas de construir o saber, enquanto resultado da interacção social.

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CAPÍTULO 3

"Existe uma paixão pelo entendimento, tal como existe uma paixão pela

música. Essa paixão é comum nas crianças, mas a maioria das pessoas

perde-a posteriormente. Sem essa paixão não teria havido matemática

nem ciências naturais."

Albert Einstein

Ambientes de Geometria Dinamica e Aprendizagem de

Geometria

A integração das novas tecnologias em sala de aula é um assunto recorrente nas últimas

décadas. No ensino da matemática, em particular, a utilização de aplicações próprias tem

acompanhado essa discussão. Existem dois tipos de aplicações informáticas no apoio ao

ensino e à aprendizagem da Matemática. Sistema de Computação Algébrica (SCA) e o

Sistema de Geometria Dinâmica (SGD) também designado por Ambientes de Geometria

Dinâmica (AGD). Enquanto SCA tem o foco na manipulação de expressões simbólicas, o

AGD concentra-se na relação entre pontos, linhas, círculos, etc.. Durante a última década

SCA tem integrado capacidades gráficas de modo a permitir a visualização matemática; por

outro lado o SGD começou a incluir elementos algébricos de modo a abranger um maior

número de problemas matemáticos.

Um documento, que serve de referência à educação matemática, é a publicação da

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NCTM (National Council of Teachers of Mathematics) intitulada “Principles and Standards

for School Mathematics”, que apresenta um conjunto de orientações e propostas para o

ensino da matemática. A última publicação, data de 2000, e foi, recentemente, traduzida e

publicada em Portugal pela Associação de Professores de Matemática em 2007, uma primeira

edição, tendo saido já uma segunda edição em 2008. Um dos seis princípios para uma

matemática escolar de qualidade é a “Tecnologia”. A possibilidade de visualizar ideias

matemáticas, e de servir de apoio a investigações realizadas pelos alunos, são dois factores de

peso para a sua utilização. As tecnologias são também um factor motivador da discussão,

quer entre pares, quer entre alunos e professor. Este conceito de partilha e comunicação vai

de encontro à ideia de trabalho colaborativo, neste caso em sala de aula, que Isidoro (Isidoro,

2008, p. 67) caracterizou da seguinte forma:

“Num ambiente de trabalho colaborativo, também o papel do aluno requer uma

recaracterização, passando de um sujeito passivo atento ao discurso do professor,

ouvindo, tomando notas e observando, a um sujeito activo que contribui, discute e

desenvolve diversas estratégias na resolução de problemas”

É com o programa que entra em vigor no ano de 2009/2010 que surge, pela primeira

vez (Hendriks et al., 2008), a indicação de aplicações de geometria dinâmica, como

instrumentos a utilizar na exploração da geometria, apesar de já haver referências ao uso das

tecnologias de informação e comunicação (TIC) de modo generalista, em documentos

anteriores.

“Os programas computacionais de Geometria Dinâmica e os applets favorecem

igualmente a compreensão dos conceitos e relações geométricas, pelo que devem

ser também utilizados”

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em: ("Programa de Matemática do Ensino Básico", 2007, p. 37)

O relatório, financiado pelo programa eContentplus da Comunidade Europeia

(Hendriks et al., 2008), procura fazer um levantamento da utilização do software AGD,

relativo ao início de 2008, ao nível da União Europeia. Dos 24 países que obteve respostas,

25% referem o uso explicito, nos seus currículos nacionais, do AGD e 40% referem o uso das

TIC de um modo generalista. Kortenkamp et al. (U. Kortenkamp et al., 2009) referem o

aumento de interesse nos países europeus, de um modo geral, pelo uso de AGD ainda que

sentindo grandes dificuldades. O projecto InterGeo refere três grandes barreiras:

Apesar de existir muito material produzido, existe problemas em encontrar e ter acesso

a esse material. Mesmo que estivessem disponíveis na internet, estariam tão dispersos que

seria difícil, a qualquer motor de busca, encontrá-los;

A quantidade de aplicações informáticas existentes é tão grande, além de que cada uma

tem o seu tipo de formato de ficheiro muito próprio. Assim, encontrar um ficheiro para uma

determinada tarefa, não significa ser utilizável.

Ainda que consiga ultrapassar as barreiras anteriores, o ficheiro encontrado pode não

ser adequado ao pretendido por várias razões.

Características do Ambiente de Geometria Dinâmica

O ambiente de geometria dinamica é, para Olive (Olive, 2000), criado por:

“…any technological medium (both hand-held and desktop computing devices)

that provides the user with tools for creating the basic elements of Euclidean

geometry (points, lines, line segments, rays, and circles) through direct motion

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via a pointing device (mouse, touch pad, stylus or arrow keys), and the means to

construct geometric relations among these objects. Once constructed, the objects

are transformable simply by dragging any one of their constituent parts.” (Pág. 1)

O Ambiente de Geometria Dinâmica, como já foi referido, utiliza as potencialidades

dos computadores para simular as propriedades da geometria euclidiana. A representação dos

objectos geométricos respeita toda a axiomática de Euclides. A manipulação desses objectos

virtuais mantém inalterável todas as relações previamente estabelecidas, no processo de

construção. Para Jones (Jones, 2001) os diferentes pacotes de geometria dinâmica têm, em

comum, determinadas características que considera próprias desse tipo de software,

relativamente a aplicações de desenho:

A capacidade de especificar a relação geométrica entre os objectos construídos no ecrã

como pontos, rectas e círculos.

A capacidade de explorar, graficamente, as implicações das relações geométricas

estabelecidas durante a construção. O efeito de arrastamento mantem as propriedades da

construção, ainda que altere por completo a imagem no ecrã.

Vários autores avaliam, pela positiva, a integração dos AGD na sala de aula (Bravo,

2005; Candeias, 2005; Ferreira, 2005; C. Laborde, 1993; C. Little, 2009; Preiner, 2008) e

reconhecem uma mais-valia na sua utilização, por parte quer dos alunos quer dos professores.

A possibilidade de construir um objecto geométrico, com determinadas propriedades e

características, e poder, com o efeito de arrastamento de objectos livres, movimentar sem

perder o essencial, dá um grande grau de liberdade aos seus utilizadores. As aplicações de

geometria dinâmica libertam, quem aprende e quem ensina, de tarefas mecânicas e rotineiras,

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de construção, medição, permitindo despender mais tempo para um trabalho mais activo em

geometria (Ferreira, 2005).

Características dos Diferentes Softwares de Geometria Dinâmca

Se a manipulação visual de objectos é um traço comum a todos os AGD, a forma como

cada aplicação entende a construção de objectos matemáticos é, contudo, diferente. Ferreira

(Ferreira, 2005) apresenta o exemplo da construção de uma linha perpendicular. Enquanto o

Sketchpad disponibiliza apenas os menus possíveis de executar, de acordo com os objectos

seleccionados, o Cabri disponibiliza todos os menus, exigindo ao utilizador o conhecimento

do necessário à construção.

Relativamente ao processo de construção de objectos geométricos, no Geogebra, tudo

funciona em redor do conceito de ponto. Todos os menus, em semelhança com o Cabri, estão

disponíveis para selecção. A construção da mediatriz de um segmento de recta, por exemplo,

necessita de um segmento de recta. Um segmento de recta define-se com dois pontos. Desta

forma, ao construir, dois pontos, o Geogebra fornece de imediato a mediatriz. Na construção

de uma linha perpendicular, ou paralela, a outra não avança enquanto não fôr definida a linha,

em relação à qual se pretende a perpendicular, ou a paralela. Isto porque o Geogebra

“percebe” a distinção entre ponto e linha recta, logo é irrelevante a ordem pela qual os

seleccionamos; quando não existe qualquer selecção o menu constrói pontos, sem que

consiga definir uma linha recta, e portanto não fornece a resposta pretendida.

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O Ambiente de Geometria Dinâmica e a Aprendizagem da Geometria

Aprender, na sua acepção mais global, não é apenas uma questão cognitiva (Isidoro,

2008), mas também resultado de participação, de interacção social. A riqueza do meio

envolvente, das interacções, da comunidade a que se pertence e pela qual se cria um

sentimento de pertença, são factores a ter em consideração na aprendizagem. Tomando como

referência o trabalho de Vygotsky, enquanto fonte orientadora para o nosso projecto,

entendemos a aprendizagem como um processo continuado. Resultado do conjunto de todas

as interacções e actividades desenvolvidas pelo indivíduo.

O nosso dia-a-dia é rodeado de formas geométricas, basta pensarmos na chávena da

primeira refeição do dia (pequeno-almoço), no veículo em que nos fazemos transportar, no

jornal do dia, nos livros que lemos ou cadernos onde escrevemos. No entanto a Matemática

escolar tem relegado para segundo plano a sua aprendizagem, como resultado das correntes

matemáticas em vigor durante o século XX. A geometria não-euclidiana veio destronar as

certezas que haviam durado séculos, ao mesmo tempo que o formalismo algébrico veio

iniciar a era da álgebra e da análise infinitesimal (Candeias, 2005). É já no fim do século XX,

década de 90, que o NCTM veio recolocar a importância da geometria euclidiana no ensino

da Matemática.

Abrantes (Abrantes, 1999) considera a geometria, dentro da Matemática escolar, a área

mais propícia à exploração matemática. Rica em problemas, é o campo ideal para propor, aos

alunos, a realização de actividades de investigação e exploração. Para Freudenthal (Abrantes,

1999; Bravo, 2005) a geometria é a compreensão do espaço em que a criança vive. É o

espaço que a criança aprende a conhecer, a explorar, a conquistar, para nele viver. Num

sentido mais abrangente, a geometria é o ponto de partida ideal para ajudar na compreensão

da matemática, no seu global, pois a geometria é a melhor oportunidade para aprender a

problematizar a realidade.

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O estudo das propriedades ou invariantes de um determinado objecto depende do modo

que surge. O primeiro processo, na construção de um triângulo rectângulo, é juntar três

segmentos de recta. Só mais tarde procuram, utilizando o arrastamento, que exista um ângulo

recto, sem que, contudo, esse facto seja uma condição preliminar. Por fim procuram

encontrar os processos que levam à construção, e não ao desenho, de um triângulo

rectângulo. É importante compreender que qualquer estudo, ao nível das propriedades

euclidianas, apenas é possível se os objectos surgirem como resultado de uma construção, e

não de um desenho. O arrastamento apenas mantem as invariâncias se arrastarmos objectos

que têm uma ou mais relações de dependência bem definidas.

Para Kortenkamp (Ulrich Kortenkamp, 1999) a chave da interactividade está no facto

de o arrastamento de um ponto mostrar imediatamente as mudanças que provoca na

construção. Para vários autores, o processo de arrastamento é um dos mais estudados. Como

referem Piteira e Matos (Piteira & Matos, 2000), os ambientes computacionais de aplicações

dinâmicas libertam os alunos de tarefas mecânicas e rotineiras de construção, medição e

cálculo, deixando espaço a tarefas de análise, compreensão e raciocínio.

A liberdade conseguida com a adopção dos AGD, em termos de tempo, deve ser

dirigida em favor do aluno. Se o AGD facilita a construção de objectos, outros factores

existem, no desenvolvimento de competências geométricas, que é necessário tempo. O

próprio processo de investigação, possível com menos construções de lápis e papel, e mais

interactiva, implica um amadurecimento intelectual do aluno que precisa de tempo. A

resolução de problemas, quer de natureza exploratório quer de natureza investigativo, requer

um tempo diferente, do possivelmente cronometrado, na resolução de exercícios de carácter

mais mecânico.

O que se verifica, com a implementação dos AGD no ensino básico, é um ganho de

tempo extraordinário, em duas vertentes:

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A motivação que os alunos adquirem nas aulas de matemática é enorme, pois utilizam

saberes já adquiridos, na manipulação de computadores, ajudando os colegas. Numa

disciplina que regularmente têm grandes dificuldades, conseguem melhorar a sua auto-

estima, e conseguem superar posteriores dificuldades;

A motivação anterior reflecte-se também ao nível da progressão das aprendizagens,

combinado com o trabalho em grupo. A partilha dos problemas, bem como das suas possíveis

soluções, ajuda todos os alunos, a atingir os objectivos pretendidos mais cedo.

Mais importante que estar escrito, neste ou naquele documento, o uso obrigatório deste

ou de outro software, é ser capaz de tirar vantagem da utilização da aplicação que se adopta.

Não só o professor, enquanto responsável pela criação de ambientes propiciadores de

aprendizagem, mas também para o aluno, enquanto elemento activo no processo. O NCTM

faz referência ao facto de a tecnologia não ser a panaceia, assim como Cuban (Cuban, 2001)

chama a atenção para a ineficácia da tecnologia, sem uma profunda alteração do paradigma

educativo em que nos encontramos. É necessário conjugar a introdução da tecnologia, dentro

da sala de aula, com uma transferência do papel do aluno, de um modo passivo para um

modo activo.

A utilização da tecnologia, dentro de uma nova abordagem metodológica, em

conjugação com as potencialidades da geometria, permite a consolidação de saberes que são

essenciais à pogressão de muitas outras apendizagens. Possibilita a organização de novos

modos de trabalho, a exploração de novos horizontes, a procura de soluções num processo de

partilha de saberes, de dúvidas e de descobertas.

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CAPÍTULO 4

“É certo que a escola é uma instituição que há cinco mil anos se baseia no

falar/editar do mestre, na escrita manuscrita do aluno e, há quatro

séculos, em um uso moderado da impressão. Uma verdadeira integração

da informática (como do audiovisual) supõe portanto o abandono de um

hábito antropológico mais que milenar, o que não pode ser feito em alguns

anos.”

Levy

Plataformas de Aprendizagem e AGD

Tem-se realizado, ao longo dos últimos anos, investigação sobre as potencialidades do

software educativo. Também no campo da matemática, e em particular na área da geometria

dinâmica, existe já muito trabalho realizado, como já foi referido.

A crescente facilidade de acesso ao espaço virtual, quer em casa quer na escola, tem

ajudado à implementação de espaços virtuais de aprendizagem. Começa a surgir alguns

estudos sobre as dinâmicas desses novos espaços. Uma, das muitas características das

plataformas de aprendizagem, é a possibilidade de combinar diversas ferramentas

pedagógicas.

Santos (Santos, 2006) apresenta, no seu estudo envolvendo a Plataforma Escola Virtual,

da Porto Editora, vantagens significativas conseguidas com a sua implementação. Uma maior

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interacção entre os alunos e professores, crescente motivação por parte dos alunos, pois

permite consolidar conhecimentos e esclarecer dúvidas. Santos refere problemas na

implementação do estudo, relacionadas com o acesso à Internet, quer na sala quer fora da

sala, que também sentimos. Outros problemas, como dificuldades ou problemas na

plataforma, não surgiram por sermos os responsáveis por todo o conteúdo e modo de

apresentação desse conteúdo. Todos os conteúdos eram estruturados e construídos pelo

professor, sem a intervenção de terceiros. Se por um lado pode ser mais trabalhoso, por outro

é menos sujeito a erros. Santos aponta também para a necessidade de sensibilizar as escolas,

para a adopção de plataformas sem encargos acrescidos, acrescentando como exemplo o

MOODLE

Plataforma MOODLE

A plataforma de gestão de aprendizagem MOODLE tem origem no trabalho de Martin

Dougiamas, como já foi referido, com os primeiros relatos a surgirem em 1999 (Dougiamas,

1999). Acrónimo inicial de Martin Object-Oriented Dynamic Learning, MOODLE é hoje a

sigla de Modular Object-Oriented Dynamic Learning, reconhecida a modularidade como

uma das suas principais características como refere (Reis, 2008) citando Trigo (2006). Aliado

ao facto de ser OpenSource, distibuída com o código fonte, o que permite adaptar e ajustar às

necessidades da organização e do curso.

O MOODLE contem um conjunto de recursos, que permite adicionar praticamente todo

o tipo de conteúdos, e um conjunto de actividades bastante diverso, desde testes construídos

com HotPotatoes até aos fóruns, glossários, wikis, diário do aluno, chat, ... . A todos estes

campos, recursos ou actividades, podem ser adicionados novas possibilidades, abrindo portas

a novas abordagens metodológicas, como refere Martins (Martins, 2006):

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“A capaciadade de acompanhamento e de avaliação implementada ao nível das

plataformas torna possível, em função dos resultados obtidos, adequar e adaptar o

processo de mediação do ensino/aprendizagem ao formando/aluno.

O enriquecimento das plataformas de aprendizagem electrónica com outros

serviços da Internet veio possibilitar a utilização de uma maior diversidade de

estratégias de ensino/aprendizagem ao formando/aluno. Estes serviços potenciam

uma maior interacção entre o formador/tutor e os formandos/alunos e destes entre

si” (p. 37)

As dinâmicas criadas num espaço MOODLE, combinado com as potencialidades de um

ambiente de geometria dinâmica, revela uma mais-valia real para a discussão e aprendizagem

matemática. O software Geogebra, além de ser construído para os alunos do ensino básico e

secundário, permite trabalhar com um grande número de actividades do MOODLE, dentro e

fora da plataforma. A integração permite também uma interacção entre os participantes num

fórum de discussão tendo como fundo o Geogebra.

Existe, e está ainda em crescente, uma diversidade de pacotes de software, que

procuram recriar um espaço virtual, propiciador à aprendizagem. Segundo o seu autor

(Dougiamas), o MOODLE é desenvolvido de acordo com uma “pedagogia social

construcionista”4, baseada em quatro conceitos chave: construtivismo, construcionismo,

social construtivismo e comportamento conectado e separado.

Potencialidades da Plataforma LMS (MOODLE)

As potencialidades da plataforma LMS MOODLE, utilizada no estudo, não se reduzem

4 Fonte: http://docs.moodle.org/pt/Filosofia_do_Moodle dia 27 de Julho de 2009

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à exploração dos fóruns. Na verdade, as potencialidades estão na diversidade de tarefas que

se podem construir no mesmo curso, ou disciplina, e na diversidade de metodologias

possível.

Imagem 1 - Página inicial em "http://moodle.eb23-palmela.rcts.pt”

Existe, contudo, uma prevalência nos estudos sobre a exploração dos fóruns, enquanto

ferramenta tecnológica de suporte ao trabalho colaborativo. Vários estudos (Roberts, Nason,

& Woodruff, 2004; Swan, 2002) mostram que a possibilidade de (Swan, 2002) interacção

entre aluno-professor e aluno-aluno, se torna um dos factores mais influentes, quer na

dinâmica da comunidade quer na manutenção dessa dinâmica ao longo do tempo.

O acesso ao espaço Moodle utilizado durante o estudo é realizado através da página

com o endereço http://moodle.eb23-palmela.rcts.pt, aqui representado através da Imagem 1.

A página inicial, assim como a posição de cada uma das caixas de informação, é

perfeitamente ajustável e distribuída de acordo com objectivos comuns do espaço.

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O acesso a toda a informação relativa às disciplinas pode ser livre ou restrita. Por

acesso livre entende-se a possibilidade de aceder a uma determinada zona, sem a necessidade

de o utilizador se encontrar registado. Todos os espaços, que sejam de acesso restrito,

poderão condicionar o acesso aos utilizadores registados através de uma chave de inscrição.

Essa chave de inscrição na disciplina é definida, durante o processo de estruturação da

disciplina ou em qualquer outra altura, pelo Administrador da disciplina ou pelo Professor.

Aqui entramos numa outra característica desta plataforma que diz respeito ao papel a

desempenhar por cada utilizador. De forma a definir, o melhor possível, o que cada utilizador

pode, ou não pode realizar, existe um conjunto de utilizadores previamente definidos assim

como as suas permissões. Os utilizadores podem ser definidos em dois patamares distintos:

Utilizadores definidos ao nível da plataforma de um modo global, assumindo o cargo

de um modo transversal a todos os cursos e disciplinas existentes.

Utilizadores definidos ao nível da disciplina ou conjunto de disciplinas ou cursos,

desempenhando um determinado papel apenas nos espaços definidos.

O papel de Administrador, ao nível da plataforma, permite o acesso a todas as

configurações e pastas, a todas as disciplinas e cursos independentemente das restrições

impostas pelo Administrador dessa disciplina ou curso. O Administrador da plataforma pode

fazer tudo em qualquer curso ou disciplina.

O cargo de Criador da Disciplina permite criar disciplinas e leccionar nessas

disciplinas. Menos privilégios que o Administrador, o Criador de Disciplina tem a

possibilidade de gerir os grupos de cursos ou disciplinas bem como lecciona-las ou delegar

essa competência em outro utilizador. O Criador da Disciplina apenas pode delegar em

“cargos inferiores”, dentro da hierarquia definida, como o de Professor, Professor não Editor,

Aluno ou Visitante.

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É possível definir o papel de Professor dentro da plataforma, contudo as suas acções

apenas são possíveis dentro de uma disciplina, onde pode fazer toda a gestão do espaço e

ajustar todas as configurações, bem como as tarefas a realizar. Assim como o Criador da

Disciplina, o Professor apenas delega em cargos hierarquicamente inferiores.

O Professor não Editor não tem permissão para alterar qualquer tarefa. Pode leccionar,

atribuir classificações, mas não pode acrescentar, retirar ou alterar qualquer tarefa no espaço

da disciplina.

O Aluno é o utilizador com menos privilégios dentro da plataforma, pois o seu papel

apenas faz sentido no âmbito de um curso ou disciplina.

O visitante é o utilizador com os privilégios mínimos, sem qualquer espaço para

escrever, apenas lhe poderá, ou não, ser permitido navegar dentro da plataforma e da

disciplina ou curso em particular. Um cibernauta anónimo que pretenda aceder a um espaço

de uma disciplina ou curso, tem que realizar a autenticação como visitante para poder aceder

a um espaço, mesmo que o espaço seja de livre acesso.

Todas estas características se replicam para as disciplinas. Um utilizador que

desempenhe o papel de aluno, de um modo global, pode desempenhar o papel de

administrador dentro de uma determinada disciplina. Assim como um aluno, de uma

determinada disciplina, pode desempenhar o papel de Administrador de uma certa tarefa

dentro dessa disciplina.

As permissões de um utilizador podem ser definidas de um modo global ou em

particular, sem que umas interfiram com as outras. Esta autonomia de cargos pode ser levada

ao ponto da responsabilização de alunos, na dinamização de tarefas, bem como na gestão da

própria disciplina. Seria uma situação a problematizar numa investigação futura envolvendo

plataformas online de gestão de aprendizagem.

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Toda esta panóplia de utilizadores e permissões não são estanques nem obrigatórias. É

possível alterar quer as permissões de cada utilizador, quer o nome do cargo, quer acrescentar

novos utilizadores, definindo as respectivas permissões.

A 'modularidade' da plataforma Moodle é (Reis, 2008) uma das suas principais

características. Um estudo nacional, realizado pelo Centro de Competência da Faculdade de

Ciências da Universidade de Lisboa (Pedro, Soares, Matos, & Santos, 2008), aponta também

como uma das razões para a adopção da plataforma Moodle por parte das escolas, a sua

'modularidade' ou “costumização” como é referido. Aliado ao facto de ser uma solução

eficiente e gratuita, distribuida com a licença da Free Software Foundation, de código aberto

permitindo o desenvolvimento de novos plugins que permitem um crescente número de

opções de enriquecimento dos espaços de aprendizagem.

Enquanto Administrador da plataforma ou Administrador da disciplina e Professor da

disciplina, existe um quadro, no lado esquerdo do monitor, exclusivamente destinado à

administração e manutenção da disciplina em causa. Assim como no canto superior direito

existe a possibilidade de mudar de papel, isto é passar ao papel de aluno para verificação e

depois retornar ao papel original; exite também a possibilidade de activar o modo de edição,

isto é, possibilita a edição de todos os quadros que estão na coluna central, que é local onde

decorre todo o trabalho, quer dos alunos quer do Professor.

A organização das colunas laterais foi pensada de modo a colocar os dados, de carácter

formativo, na coluna da esquerda e os dados, de carácter informativo, no lado direito. É

possível organizar o layout de modo a surgir apenas duas colunas, concentrando os widgets

numa coluna à esquerda ou direita, e colocando o desenrolar do curso na outra coluna; ou

mesmo apenas uma coluna, a relativa ao desenvolvimento do curso. Pensamos que a

distribuição da informação por diferentes espaços pode ajudar os alunos, chamando a atenção

para notícias ou actividades programadas e fornecendo feedback de actividades já realizadas.

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O espaço desenvolvido para o estudo, dentro da plataforma Moodle (Imagem 1) tem o

seguinte layout:

Imagem 2 - Espaço destinado ao projecto dentro da plataforma Moodle

Enquanto aluno, o layout da disciplina é ligeiramente diferente:

Imagem 3 - Espaço destinado ao projecto dentro da plataforma Moodle na perspectiva do aluno

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Sem a componente de administração completa, a componente central e direita mantem-

se idênticas. Apenas a coluna do lado esquerdo toma uma nova disposição, com o quadro

designado de “Administração”, a conter apenas dois tópicos: “Notas” que permite ao aluno

visualizar as notas atribuídas pelas tarefas desenvolvidas e “Anule a minha inscrição na

disciplina ...” que permite ao aluno cancelar a sua inscrição.

O quadro de “Actividades” mostra os diferentes tipos de actividades em funcionamento

dentro da disciplina. Enquanto Professor, a lista de actividades era mais extensa,

comparativamente com a presente enquanto aluno. Enquanto Professor é possível construir

actividades e mantê-las invisíveis aos alunos, é possível limitar, no tempo, certas actividades

de modo a serem visíveis apenas durante um determinado intervalo de tempo. Todos os tipos

de actividades, activas ou inactivas, no espaço da disciplina, surgem no quadro respectivo.

No espaço do aluno, apenas os tipos de actividades, activas no momento se encontram

visíveis no quadro respectivo.

A construção de um espaço virtual, através do Moodle, passa pela estruturação da

“coluna vertebral”, coluna do meio visível na Imagem 3, construindo recursos ou actividades

direccionadas para o grupo de trabalho, de acordo com os objectivos propostos e a que se

propõe. Entendemos recursos (Reis, 2008) como “... conteúdos que o professor pretende

introduzir na disciplina. Podem ser ficheiros previamente preparados e enviados para o

servidor, páginas editadas directamente no Moodle, ou páginas web externas para aparecerem

como parte da disciplina.”

A plataforma de apoio ao projecto dispunha dos seguintes recursos:

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Imagem 4 - Recursos disponíveis na plataforma, versão 1.7.2 +

As actividades disponíveis na plataforma de suporte ao estudo são as seguintes:

Imagem 5 - Actividades disponíveis na plataforma, versão 1.7.2 +

Seria impossível estudar todas as actividades na progressão das aprendizagens dos

alunos, reconhecendo a importância da diversidade de interacções propiciadas por cada uma

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delas, na perspectiva de Vygotsky. Como reconhece Reis (Reis, 2008), e outros autores já

referidos, o fórum é uma actividade por excelência para a partilha de ideias, esclarecimento

de dúvidas e discussão de opiniões.

A interacção entre a actividade “Fórum” e o Geogebra, enquanto ferramenta de trabalho

matemático, foi o campo de exploração e de estudo do projecto.

É possível construir problemas, com a grande maioria das actividades existentes, dada a

flexibilidade das duas aplicações, Moodle e Geogebra. O Moodle tem essa grande vantagem

que é funcionar com actividades construídas fora da plataforma, e actividades construídas

dentro do espaço da plataforma.

Dado que o tempo possível, para este estudo, é muito limitado, nunca seria possível

analisar a totalidade das actividades possíveis de interagir com o Geogebra. Razão pela qual

nos limitamos ao fórum e à construção de páginas html. Outras hipóteses barraram com os

níveis de segurança, estabelecidos pela FCCN, que tornavam impraticável a sua construção e

estudo.

Apresentação e Exemplos do Geogebra

O Geogebra é considerado, por vários investigadores como Sangwin (Sangwin, 2008),

Chris Little (Chris Little, 2008) e pelo seu autor Markus Hohenwarter (Hohenwarter &

Preiner, 2007), um software de matemática dinâmica. Considerando a geometria e a álgebra

os pilares da matemática (Hohenwarter & Jones, 2007), o Geogebra permite estabelecer a

ligação entre a manipulação de símbolos e a visualização dessa manipulação (característica

do software de computação algébrica como o DERIVE), e a manipulação dinâmica de

objectos geometricos (característico dos ambientes de geometria dinâmica AGD, como o

Cabri ou Sketchpad). Pensado para o ensino Básico e Secundário (Hohenwarter, 2004),

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alunos com idades entre os 10 e os 18 anos, o Geogebra apresenta uma interface muito

intuitiva, de fácil utilização, sem a necessidade de perder muito tempo com apresentações, ou

demonstrações da aplicação (Mehanovic, 2009).

Exemplificando, poderemos estudar a circunferência de dois pontos currícularmente

distintos: do ponto vista geométrico e do ponto de vista algébrico. Poderemos propor a

construção de uma circunferência através de dois pontos ou fornecer a equação e propor o seu

estudo.

Como em qualquer AGD, podemos construir uma circunferência, utilizando uma das

opções do menu, e clicando em dois pontos do plano, um como centro e outro para

estabelecer o raio. Definida a circunferência, surge no campo algébrico, a equação da

respectiva circunferência. Ao arrastarmos um qualquer objecto a equação é automaticamente

actualizada.

Imagem 6 - Construção geométrica da Circunferência

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Podemos também construir uma circunferência, através do menu disponível e de dois

pontos, ou introduzindo a equação da circunferência no campo "Entrada".

Imagem 7 - Construção algébrica da circunferência

A construção algébrica da circunferência permite, também como a construção

geométrica, o processo de arrastamento da construção. Esse arrastamento actualiza,

automaticamente, a equação visível na janela da álgebra e permite fazer estudos de

comportamento da equação, visualizando o deslocamento da circunferência.

O interface é suficientemente simples que requer pouco treino, ou grandes

conhecimentos prévios, para a sua utilização em sala de aula. Trata-se de uma aplicação

“web-based” que proporciona uma utilização imediata através do browser (Chris Little, 2008)

e responde a um conjunto de questões lançado por Cuban (Cuban, 2001) no seu estudo sobre

o pouco uso da tecnologia informática na escola.

A facilidade de utilização, quer no processo de instalação, quer no processo de

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investigação/trabalho é uma grande vantagem. Como já referimos, a utilização de software,

em sala de aula, tem percorrido, ao longo do tempo, várias aplicações. A folha de cálculo

excel, o Sketchpad, modellus, … O Geogebra foi a única aplicação que obtivemos feed-back,

dos alunos, sobre a pronta utilização em casa. Salvo algumas excepções, relacionadas

provavelmente com a ausência de computador ou de Internet no meio familiar, todos os

outros alunos, no dia seguinte ao início dos trabalhos, prontamente referiram que já

utilizavam a aplicação no computador de casa. Penso ser significativo da simplicidade de

todos os processos que envolvem a utilização este software, pois estamos a falar de alunos

com idades entre os 12 e os 14 anos, a frequentarem o 8º ano de escolaridade.

Um dos factores que contribuem para a facilidade na interacção entre o utilizador e o

programa é a estrutura dos menus, como refere Chris Little (Chris Little, 2008):

“It is important that the software is readily usable, without the requirement to dot

every „i‟ and cross every „t‟. Here, having a well-defined structure to the menus,

with succinct and easily accessed on-screen „help‟, may avoid the need for an

overinstructional style, and enable the mathematics to come to the fore. There is

also a temptation on the part of developers to add too many „buttons‟ in

attempting to enhance the curricular scope of the program.” (p. 5)

A construção do programa em Java permite uma interacção com todos os browsers, não

só no processo de instalação do programa em qualquer sistema operativo, como já referimos,

mas também na partilha de construções, de tarefas por parte de professores, e de construção

de comunidades online.

A utilização do Geogebra começa no site oficial (http://www.geogebra.org) e tem duas

hipóteses para a instalação no computador pessoal (Imagem 3): Webstart ou Download. A

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opção “Download” é a usual, de qualquer download da Internet. Permite guardar a aplicação,

de acordo com o sistema operativo do computador que se pretende utilizar, e depois instalar –

muito útil para computadores que não estão ligados à Internet. A opção “WebStart” é a mais

indicada, pois o processo de instalação é automático e invisível ao utilizador. Cada vez que a

aplicação é utilizada ela verifica a existência de actualizações e instala-as automaticamente,

sem qualquer intervenção do utilizador, mantendo o Geogebra actualizado.

Imagem 8 - Site oficial do Geogebra em "http://www.geogebra.org/"

A grande flexibilidade do Geogebra percebe-se também na facilidade de construção de

tarefas pedagógicas para uso online, quer através da incorporação em páginas “html” já

existentes, quer construindo páginas em “html” a integrar sites online. A última versão, de dia

3 de Junho de 2009 (conforme Imagem 3), encontra-se traduzido em 45 línguas diferentes, o

que mostra a dinâmica em redor do software, por parte de uma comunidade de utilizadores e

programadores. Como refere Chris Little (Chris Little, 2008), “Web-based software also

enables communities of teachers to grow organically and share ideas and experiences of

using the software.”

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Seria possível juntar toda esta dinâmica do Geogebra ao Moodle? Incorporando, nas

tarefas propostas, espaços e objectos manipuláveis para a exploração de conceitos

matemáticos, traria vantagens à aprendizagem dos alunos?

Plataforma e o Geogebra

Das diferentes tarefas, possíveis no Moodle à excepção do SCORM e LMS, funcionam

com base na plataforma. Como já foi atrás referido, a construção das actividades pode ser

feita directamente no espaço da plataforma, ou importado de outras aplicações do exterior.

O SCORM necessita de um leitor que é interno à plataforma, e a utilização ou não do

Geogebra é feito na construção do ficheiro que vai ser lido pelo dito leitor, ou que está no

servidor de IMS. Estando no interior da plataforma, em particular no espaço de uma

determinada disciplina ou curso, o seu funcionamento é relativamente autónomo. Existe

várias formas de construir uma tarefa do tipo SCORM que falaremos mais adiante.

Outras actividades, como o fórum, não funcionam sem a activar um filtro próprio do

Geogebra. Essa activação é feita pelo administrador da plataforma, no espaço de

administração, como mostra a figura. Para ficar activo é necessário que o olho fique aberto.

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Imagem 9 - Filtros activos na plataforma

A incorporação de um ficheiro, produzido pelo Geogebra (extensão .ggb), é feito de um

modo muito simples, em três passos:

1 – construir a tarefa para manipulação e discussão;

Imagem 10 - Construção de uma tarefa com o Geogebra para manipulação

2 – guardar o ficheiro, produzindo através do Geogebra, numa pasta de trabalho do

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computador pessoal, para posterior importação para a pasta de ficheiros no espaço do curso

ou turma;

Imagem 11 - Guardar a tarefa, construída anteriormente, para posterior importação para o Moodle

3 – importar o ficheiro para a pasta de trabalho da disciplina, no moodle, embutindo o

ficheiro no espaço destinado do respectivo fórum de discussão (ver Anexo B).

É reconhecida as vantagens da utilização de software de geometria dinâmica na

construção e exploração de conceitos matemáticos (Bretscher, 2008; Candeias, 2005;

Ferreira, 2005; Colette Laborde, 2000; Chris Little, 2008). A utilização, em sala de aula, é

possível graças ao parque informático existente nas escolas.

Existem várias possibilidades de exploração como o Cabri ou o Geometer's Sketchpad.

A rentabilização das aprendizagens passa pela acessibilidade das aplicações informáticas por

parte dos alunos, como refere Chris Little (Chris Little, 2008) e Cuban (Cuban, 2001). Mais

do que fechar o uso da ferramenta ao espaço escolar, é importante conceder liberdade de

exploração aos alunos.

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O Geogebra vem propiciar uma real utilização, quer em contexto de sala de aula, quer

fora da sala, seja num qualquer computador da escola ou em casa. A possibilidade de

explorar quer a geometria quer a álgebra e a ligação entre as duas áreas matemáticas,

curricularmente separadas.

O facto de o Geogebra ser curricularmente transversal carrega grandes dilemas. Obriga

a ter presente, constantemente, limites programáticos da turma em causa. A velocidade que se

consegue imprimir, juntamente com o levantar de questões e de possibilidades obriga, por

vezes, a uma “travagem”.

Segundo M. Hohenwarter, J. Hohenwarter, Kreis, & Z. Lavicza (Hohenwarter,

Hohenwarter, Kreis, & Lavicza, 2008) o Geogebra procura representar uma solução que

permite a exploração dos dois tópicos – geometria e algebra – com o mesmo recurso, com

claros ganhos quer para o professor quer para o aluno. Julgo que o Geogebra consegue mais

ainda, ao ajudar a construir uma ponte entre os dois saberes, o visual e o conceptual.

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CAPÍTULO 5

Metodologia

O principal objectivo deste estudo é compreender o modo como uma plataforma virtual

online, em conjunto com um ambiente de geometria dinâmica, pode contribuir para uma

dimensão mais colaborativa da apendizagem matemática, ao nível do ensino básico. Procura-

se promover uma aprendizagem matemática mais colaborativa, tirando partido das vantagens

da interacção virtual, quer para a discussão online, quer para a discussão presencial, em sala

de aula. Este objectivo levou à formulação das seguintes questões: (a) Como colaboram os

alunos, pertencentes a um grupo turma bem definido, num espaço virtual? (b) Haverá alguma

relação entre as aprendizagens em sala de aula e a participação nas tarefas propostas em

ambiente virtual? (c) De que forma a participação na plataforma contribui para uma

consolidação de conhecimentos aduiridos em sala de aula? (d) De que forma a integração do

ambiente de geometria dinâmica na plataforma online contibui para a aprendizagem

matemática?

A forma como o problema é formulado, assim como as questões que dele derivam,

enquadram-se num paradigma interpretativo. A metodologia de investigação está relacionada

com o problema de estudo e com o que se pretende analisar.

Procura-se analisar a interacção online entre os alunos. O uso de tarefas de exploração,

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em situação presencial, procurará estabelecer alguma relação entre o presencial e o online.

Foi solicitado aos alunos a exploração de tarefas, bem como o respectivo feedback, entre

dúvidas reflexões e conclusões

Opções Metodológicas

Atendendo às características da investigação consideramos a abordagem através de um

estudo de caso, incluído nos planos mistos por ser descritivo analisando as interações em sala

de aula e na plataforma; e quantitativo pelo facto de serem tratados, de um ponto de vista

estatístico, os dados recolhidos da plataforma. A abordagem qualitativa em forma de estudo

de caso procurará compreender as interacções estabelecidas online e as aprendizagens

conseguidas. A abordagem quantitativa resulta da possibilidade de análise de dados,

registados nos acessos à plataforma, e que permite ter uma percepção da actividade que os

alunos desenvolvem online.

Para vários investigadores o estudo de caso é aconselhável quando não existe um

controlo sobre os acontecimentos, nem se pretende condicionar os participantes. Num estudo

sobre interacções online, o controlo sobre os participantes e as interacções entre eles é muito

pequena. Torna-se assim uma referência metodológica quando se pretende estudar a

exploração de tecnologias educativas.

O estudo baseia-se no estudo de caso de uma turma do ensino básico, do 8º ano de

escolaridade, durante o ano lectivo 2008/2009.

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Duração do Estudo

A opção de estudo incidiu num grupo turma que, no ano lectivo 2008/2009, se

encontrava a fequentar o 8º ano de escolaridade. Tratava-se de um grupo que já havia

desenvolvido, em anos lectivos anteriores e com outros professores, algumas actividades

escolares envolvendo o uso de computadores. Ao nível da matemática, bem como do uso de

plataformas de gestão de aprendizagem, foi a primeira vez que o grupo se viu envolvido com

estas ferramentas.

A organização curricular referente à matemática do 8º ano foi ajustada. O objectivo foi

organizar os conteúdos de modo a abordar, durante o primeiro período, os conteúdos relativos

à geometria, em particular os lugares geométricos. Uma vez que o estudo incidia sobre

conteúdos da geometria, ainda que o período para análise se restringisse ao mês de

Novembro, aproveitámos o envolvimento com as tecnologias para dar uma sequência mais

lógica.

Esta organização revelou-se bastante útil, pois não só os conteúdos da geometria se

encaixaram, como serviram de base aos conteúdos do resto do ano, funcionando sempre,

como ponto de referência.

Recolha de Dados

Um estudo de carácter interpretativo permite a recolha de diversas fontes. Por se tratar

de uma tarefa a desenvolver em duas dimensões distintas, presencial e online, é necessário

recolher um conjunto variado de informação.

Relativamente ao presencial, a recolha de dados é feita em ambiente natural de sala de

aula, com base nos apontamentos do professor, enquanto professor investigador da sua

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própria prática. No papel de professor participante, o investigador obtém informação e

feedback, de um modo informal e em acção, sobre as reais aprendizagens e dúvidas dos

alunos. Recolhe informação, sem ser um elemento estranho à acção. Ainda que correndo o

risco de influenciar, de algum modo, a prática, não será influenciador nas actividades à

distância. Assumindo um papel de orientador/tutor, a sua influência é mais limitada.

Ao nível do desenvolvimento das tarefas à distância, a recolha de informação é feita

com base nos posts dos alunos nos fóruns bem como nos dados da plataforma em termos de

registos. Os dados guardados pela plataforma, relativamente aos acessos, às acções

realizadas, à adição de conteúdos em actividades propostas, por parte de alunos e professor,

são registos que permitem ter uma noção da dinâmica da plataforma. Permitem uma análise

quer da plataforma, no seu global, quer por disciplina/turma, quer por utilizador, quer por

actividade.

IMAGEM 12 - ESPAÇO DE SELECÇÃO DA INFORMAÇÃO QUE SE PRETENDE OBTER

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O efeito do dispositivo de recolha de dados nos participantes

Mediante a consulta dos encarregados de educação dos alunos envolvidos, fez-se o

registo áudio e visual de algumas tarefas e situações de trabalho. Esta recolha exigiu a

presença de uma câmara de filmar em sala de aula. De modo a minimizar o efeito desta

ferramenta em sala de aula, e possíveis efeitos colaterais, utilizou-se várias vezes, antes das

datas previstas para a recolha de informação. A presença dos equipamentos de gravação

vídeo em situação de sala de aula procurará criar uma rotina de presença deste equipamento,

com o objectivo de reduzir os possíveis efeitos colaterais.

Contudo, as condições acústicas da sala, assim como o facto de as aulas serem bastante

participadas, impediu o aproveitamento dos registos áudios, ficando apenas os registos do

diário do professor como fonte.

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CAPÍTULO 6

Resultados

O espaço virtual, construído com recurso à plataforma Moodle, foi encarado numa

perspectiva de b-Learning. Entendendo o conceito de b-Learning como um processo de

aprendizagem constituída por duas componentes: uma componente presencial e uma

componente não presencial envolvendo um computador ligado à Internet. Além da

obrigatoriedade de frequência às aulas, imposto pelo sistema educativo, os alunos poderiam

participar na disciplina de um modo virtual, sendo essa participação um acto livre e da

responsabilidade do próprio aluno, e portanto não obrigatória. Havia, assim, dois momentos

distintos complementares: a sala de aula presencial e o espaço da disciplina na Internet.

A Escola

A escola situa-se em Palmela, sede de Concelho, e pertence ao distrito de Setúbal. Sede

do Agrupamento Vertical de Escolas de Palmela, a Escola Básica 2 3 ciclos Hermenegildo

Capelo, apresentou, no ano lectivo 2008/2009, uma população estudantil de 742 alunos a

frequentar os 2 e 3 ciclos. Destes apenas 264 se encontram a frequentar o 3º ciclo. Ao nível

do 1º ciclo, a população estudantil ronda os 810 alunos distribuídos por 12 Escolas.

Enquadrada numa zona de grande produção agrícola Palmela é um dos 18 municípios

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da área metropolitana de Lisboa, e o maior da Península de Setúbal, com perto de 466 Km2.

Em termos de população residente, Palmela encontra-se entre os 4 últimos do conjunto dos

municípios do distrito apresentando a segunda mais alta taxa de analfabetismo. Palmela

funciona como zona de transição entre o meio urbano das grandes cidades e o meio rural

alentejano, conciliando grandes meios urbanos como Palmela, Pinhal Novo e Quinta do Anjo,

com pequenas explorações agrícolas e grandes latifúndios.

O Grupo de Trabalho

A turma em causa frequentava o 8º ano de escolaridade. A escola situa-se numa zona

urbana, mas a maioria dos seus alunos desloca-se do meio rural. Apresentava alguns

problemas comportamentais de um modo geral e de resistência à disciplina de Matemática

em particular.

O grupo turma inicial era constituído por 28 alunos. Um dos alunos foi transferido de

escola, enquanto dois outros alunos eram acompanhados pelos serviços de acompanhamento

especializados. Das orientações recebidas ambos apresentavam dificuldades com o uso de

computadores e de visualização de figuras geométricas. Um dos alunos tinha currículo

próprio e o outro encontrava-se, em termos de maturidade, ao nível dos alunos do segundo

ano do 1º ciclo. Razões pelas quais o grupo de trabalho ficou reduzido a 25 alunos, 14

raparigas e 11 rapazes, com uma média de idades de 13 anos.

Em termos de residência, dos 25 alunos, apenas 1 se desloca a pé. Todos os outros

necessitam de utilizar transportes públicos. Apenas 2 alunos residem em locais com alguma

concentração populacional, zonas urbanas, enquanto todos os outros se deslocam de zonas

rurais.

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Gráfico 2 - Idade dos alunos do grupo de trabalho

No primeiro dia de aulas foi solicitado que preenchessem uma folha com os seus dados

pessoais, indicando o respectivo mail. Dos 25 alunos 11 não indicaram, verificando-se, mais

tarde, que apenas 4 alunos não possuíam um endereço de correio electrónico. Constatou-se

igualmente que a maioria, não a totalidade, dos alunos já tinha acesso à Internet em casa. No

entanto a maioria desses acessos são de baixa velocidade, e alguns já no sistema ADSL. As

velocidades de acesso são uma das condicionantes ao acesso a plataformas de ensino à

distância, velocidades baixas dificultam a sua utilização e participação, e por cada acção é

necessário esperar tempos infinitos que o computador faça a compilação dos nossos

“pedidos”.

Dentro do espaço escolar existe um centro de recursos educativos, equipado com

computadores ligados à Internet, mas constantemente fechado, por falta de recursos humanos

que permitam o seu uso diário por parte da comunidade educativa.

Razões que tornam o espaço de sala de aula bastante apetecível à maioria dos alunos.

Quer por existir computadores, quer por estarem ligados à Internet a uma velocidade

Idade dos Alunos

31%

33%

36%

12

13

14

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aceitável para a quantidade de equipamento, apesar de não ser suficiente. O período em

análise contempla o uso de Internet em Banda Larga no espaço escolar, não existindo ainda o

acesso em fibra óptica, nem qualquer equipamento previsto pelo plano tecnológico para a

educação.

Tais factores não impediram de um grande envolvimento nas actividades propostas, em

particular o acesso à plataforma. Para este envolvimento contribuiu o facto de se implementar

toda a comunicação, de todo o tipo, através do espaço virtual. O agendamento de actividades,

quer no espaço escolar quer no espaço virtual, era feito com recurso à plataforma. A

comunicação com os alunos, quer de informação escolar, quer de informação informal, era

muitas vezes estabelecida através da plataforma. O esclarecimento de dúvidas era muitas

vezes realizado através da plataforma.

A interacção virtual entre os participantes decorre, essencialmente, nos fóruns, de um

modo assíncrono. A capacidade de os fóruns suportarem o uso do Geogebra foi o factor de

escolha da actividade a privilegiar no estudo, como já foi referido. O fórum é igualmente o

ambiente, por excelência, para a partilha e interacção entre os elementos de uma comunidade.

Pedro e Matos (Pedro & Matos, 2009) caracterizam os fóruns de discussão como

revelando-se

“... vantajosos na sustentação e interligação de ideias, sobretudo, pela

flexibilização dos tempos de interacção que proporcionam, permitindo assim um

maior controlo do tempo de resposta, uma maior profundidade da contribuição ou

pertinência do feedback.” (p. 2)

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Para Santos e Santos (dos Santos & dos Santos, 2008, p. 4) os fóruns

“... têm a semelhança da interactividade do conhecido recurso de chat, com a

principal diferença de que as mensagens colocadas ficam permanentemente

disponíveis, não se esvaecendo quando a sala é abandonada. Isto permite a um

visitante, a qualquer tempo, a leitura dos comentários anteriores dos demais

participantes, podendo comentá-los quando lhe for oportuno. Têm a desvantagem

de não permitir discussão em tempo real: um comentário ser adicionado dias ou

meses após a mensagem que o originou. Isso faz com que o fórum necessite de

um número razoável de participantes para que a sua dinâmica os motive a

retornarem frequentemente e verificarem os comentários às suas mensagens.”

A desvantagem da comunicação assíncrona, referida por Santos e Santos permite,

segundo Rheingold (Williamson & DeSouza, 2002), tempo para reflectir e uma dissociação

do tempo e do espaço. Essa dissociação pode ser pensada como um terceiro espaço de

aprendizagem, separado do espaço familiar e do espaço escolar, possibilita a construção de

um espaço neutro, reflexivo, e alternativo

“By promoting online discussion boards as a third space, beyond the formal

constructs of the classroom, they can be dissociated from the formal learning

environment through time and space, creating the potential for reflexivity and

alternative discourse. This positions the discussion board as an extension of the

learning space based on a supposition that learning is itself a reflective process

and it is dialogue, regardless of topicality, that is central to this reflection. It

supports the learner to apply their own values and patterns of knowledge

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construction in such ways as they are appropriate to the individual learning

process (Williamson, 2001).” (Williamson & DeSouza, 2002, p. 6)

O ritmo a que decorrem as aulas deixa muitas vezes dúvidas por esclarecer, quer para

os alunos que não conseguiram acompanhar, quer para os alunos que acompanhando,

deixaram “pontas” soltas nos conhecimentos que procuraram construir. Muitas vezes é

necessário um tempo de reflexão, de introspecção, de maturação para que certos e

determinados saberes tenham sentido. Esse tempo não é igual para todos. É importante dar

oportunidade a todos os alunos, pois enquanto professores, somos responsáveis pela

organização de experiências que ofereçam as melhores condições de aprendizagem aos

alunos.

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Tarefa 1

O objectivo da tarefa era levar os alunos a discutir e o conceito de mediatriz de um

segmento de recta, que foi alcançado pelo conjunto dos alunos do grupo de trabalho.

Esta tarefa foi construída no Geogebra e posteriormente exportada na forma de página

hmtl. Os ficheiros resultantes da exportação foram guardados na pasta “Ficheiros” da turma.

Através da opção “Apontador para ficheiro ou página”, existente nos recursos, foi adicionada

a tarefa ao ambiente da turma.

Não foi possível construir um fórum com esta tarefa, que seria um espaço de construção

em ambiente de geometria dinâmica, pois os menus não ficavam disponíveis. Apenas a região

de movimentação dos objectos já construídos fica visível, o que nesta tarefa não existem, pois

são os alunos que têm de construir. Razão pela qual se optou por colocá-la fora do fórum,

mas com uma ligação ao espaço de discussão, o que permitia estruturá-la como uma única

tarefa, pois o fórum também tem um ligação para a tarefa.

O facto de exportar a tarefa para “html” permitiu dar uma disposição diferente. Por ser

bastante flexível e facilmente integrável no ambiente MOODLE, dividiu-se o espaço em três

zonas. A primeira contem o conjunto de passos a seguir na construção; a segunda zona da

tarefa contém o ambiente de geometria dinâmica disponível com o Geogebra; por fim a

terceira zona contem um conjunto de questões para reflexão. Em forma de rodapé, na

segunda zona, existe um link (Imagem 1) para o fórum de discussão, que permite uma ligação

directa sem ter que voltar ao ambiente inicial.

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Imagem 13 - Tarefa sobre "O segmento de recta e a sua ..."

A tarefa contem um conjunto de orientações, por ser das primeiras, mas procurando

levar os alunos a explorar e a conjecturar. Orientações essas que vão diminuindo nas tarefas

seguintes, atribuindo maior grau de liberdade aos alunos.

Esta tarefa iniciou-se a 6 de Novembro, como se pode ver o Gráfico 3 e prolongou-se

pela primeira metade do mês de Novembro. O facto de existirem outras tarefas a realizar não

impediu que os alunos acedessem a esta tarefa e completassem ou ajudassem outros colegas.

A permanente disponibilidade das tarefas, na Internet, permite aos alunos acompanhar a

sua realização de acordo com o seu próprio ritmo. Num processo autónomo e

individualizado, e ao mesmo tempo, em partilha com os colegas de carteira.

O registo de acessos prolonga-se além de Novembro. Os alunos, em menor quantidade,

e mais dispersos no tempo, acediam à tarefa quer para visualizar, quer para estudar para o

último teste do 1º período.

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6.

Nove

mb

ro 2

008

7.

Nove

mb

ro 2

008

9.

Nove

mb

ro 2

008

11.

Nove

mb

ro 2

008

12

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ove

mb

ro 2

008

13.

Nove

mb

ro 2

008

14.

Nove

mb

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008

15

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mb

ro 2

008

16.

Nove

mb

ro 2

008

18.

Nove

mb

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008

19.

Nove

mb

ro 2

008

20.

Nove

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ro 2

008

21.

Nove

mb

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008

22

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mb

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008

23.

Nove

mb

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24.

Nove

mb

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008

4.

De

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2008

9.

Jan

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0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Registo Conjunto de acessos

Tarefa 2

Acessos a lunos

Datas

Ac

es

so

s

Gráfico 3 - Registo das datas de acesso ao fórum

Há a salientar o facto de estes dados não conterem os registos de acesso do Professor,

pois esse não era o alvo do estudo. Recolhidos todos os registos de acessos à plataforma, os

dados relativos ao Professor foram excluídos, pois muitas das vezes os dados de Professor da

Turma misturavam-se com os de Administrador da Plataforma, o que poderia causar alguma

dificuldade de leitura.

O receio de exposição, perante os colegas da turma, inibiu alguns alunos. Ao longo do

tempo essa inibição foi-se desvanecendo, pois a cada “post” do aluno era feito um outro

“post”, pelo Professor, de modo a procurar ajudar o aluno, o que era considerado positivo

pelos alunos. Quando, por alguma razão, não havia resposta aos posts colocados, os alunos

questionavam o porquê de não terem resposta. Havia a sensação de que o Professor ainda não

tinha lido a informação, que para os alunos era importante.

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A dificuldade, ao nível do acesso à Internet, fora da escola, foi um contratempo, apesar

do crescente número de lares portugueses com acesso à Internet de banda larga, segundo

dados do Instituto Nacional de Estatística (INE, 2008) bem como a crescente utilização pelos

jovens portugueses (INE, 2009).

foru

m v

iew

foru

m

foru

m v

iew

dis

cu

ssio

n

foru

m u

pd

ate

post

foru

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post

foru

m a

dd

dis

cu

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n

020

406080

100120

140160180 166

120

1 515

Registo de Acessos por Actividade

Tarefa 2

Acessos a lunos

Actividades

Ac

es

so

s

Gráfico 4 - Registo de acessos por actividade

Ao nível das actividades realizadas, esta tarefa mostrou também a necessidade de um

grande número de visualizações. O registo de visualizações representa 93% do total de

registos. Relativamente aos 21 “posts” registados, 5 correspondem ao início de discussão, e

15 a respostas, comentários ou ajudas enquanto 1 é apenas de actualização de um post já

colocado (Gráfico 1).

A colaboração, entre colegas de turma, pode ser observado na Imagem 2. O Professor

surge também, no meio da discussão, apenas no papel de dinamizador, quer da discussão

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quer, essencialmente, na procura que a(o) aluna(o) consiga atingir o objectivo em falta. A

discussão não continuou na plataforma porque o tempo estava condicionado e, feita a

reflexão, a concretização da tarefa foi bastante fácil em sala de aula.

Imagem 14 - Fórum de partilha sobre a tarefa "O segmento de recta e a sua ..." Esta discussão terminou na sala de aula, em grupo, esclarecendo o ponto especial como sendo

a intersecção do segmento de recta com a sua mediatriz. Levantou-se a questão sobre o

porquê de o ponto ser especial, mas rapidamente foi respondido pela Jessica, afirmando

tratar-se de “um ponto no meio do A e do B”.

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Jessica - Eu consigo construir os pontos que eu quiser construir, ou seja dá para

construir infinitos pontos mantendo as distancias aos pontos A e B iguais e todos estes

pontos juntos formam um triângulo.

Esse conjunto de pontos terá o nome de mediatriz, e no conjunto desses pontos penso

que nao haverá nenhum ponto especial.

Sim, consigo! O que falta no titulo desta tarefa é: mediatriz

O segmento de recta e a sua mediatriz.

Cristiana - ola Jéssica

sim há um ponto especial.

Jessica - Oi Cristiana!

Qual é o ponto especial?

É o ponto A e o ponto B?

Professor - Olá Jessica

Ainda não descobris-te o ponto que a Cristiana diz?

Faz a construção de um segmento e da sua mediatriz.

Jessica - O ponto especial que a Cristiana diz é o ponto [AB].

Sim, cruzam-se.

Esclarecida a questão do ponto “especial”, que mesmo antes dos procedimentos

rotineiros de entrada na sala de aula, já mexia com grande parte da turma, e utilizando o fim

do último post da Jéssica, quando escreve “o ponto [AB]”. Mesmo sem grandes potenciais de

escrita matemática, ou sem fazer grande exigência nesse campo, podemos e devemos utilizar

a escrita dos alunos para fazermos sentir a necessidade de uma harmonização na notação

comparando com a frase do Fábio:

Fábio - a conclusao aque chegámos foi que se colocarmos ospontos numa recta a

distancia entre o ponto (a) e o ponto(b) serao sempre iguais

Professor - Olá Fábio

E qual o nome dessa recta?

E que mais propriedades se podem descobrir entre essa recta e o segmento de recta

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AB?

Vamos continuar...

Fábio - O nome dessa recta é mediatriz.

A mediatriz de um segmento de recta AB é a recta perpendicular ao segmento de

recta que contém o seu ponto médio.

De um modo geral todos os alunos compreenderam o conceito, quer de mediatriz

enquanto objectivo principal, quer de linha recta como um conjunto infinito de pontos.

Inês - Consigo construir infinitos pontos, os pontos juntos formam uma recta,o

conjunto de pontos chama-se mediatriz do segmento de recta AB, no conjunto de

pontos o especial e o AB, e o titulo da tarefa é O segmento de recta e a sua mediatriz.

Cristiana - Mantendo as distâncias entre os pontos A e B consegue-se construir uma

infinidade de pontos. Estes pontos juntos formam uma recta que é a mediatriz.No

conjunto desses pontos existe um em especial que é o ponto que se encontra na recta

AB.

Sim consigo, é " o segmento de recta e a sua MEDIATRIZ"

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Tarefa 2

Esta tarefa consiste num ficheiro, produzido com o Geogebra, e previamente guardado

na pasta “Ficheiros” da turma. Incorporado na zona destinada à introdução do fórum, este

ficheiro funciona como um “applet”, ajudando à discussão sobre possíveis processos de

construção da mediatriz de um segmento de recta. Permite o efeito de arrastamento de

objectos, previamente construídos, e observar o efeito desse arrastamento.

Imagem 15 - Fórum sobre a construção da mediatriz de um segmento de recta

Na sequência da tarefa anterior sobre a Mediatriz de um segmento de recta, procurava-

se encontrar outros processos de construção. O applet representava um possível processo de

construção da mediatriz, e questionava-se sobre a existência de outros processos. A linha azul

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continha um ponto, que, ao ser arrastado, fazia surgir os elementos necessários à construção

da Mediatriz.

A discussão cresceu (Gráfico 3), comparativamente com a tarefa anterior. Os alunos

estão mais disponíveis para colocar aquilo que conseguiram descobrir. A quantidade de

acessos ao fórum, apenas para visualização, mantem-se alto, 92,5%, comparativamente com o

total de registos como se pode observar no Gráfico 2.

foru

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n0

50

100

150

200

250

197

122

5 417

Registo de Acessos de Alunos por Actividade

Tarefa 3

Acessos a lunos

Actividade

Ac

es

so

s

Gráfico 5 - Registo de acessos, por actividade, ao fórum

O início desta tarefa foi também o dia 6 de Novembro (Gráfico 2). Por depender da

tarefa anterior, o início foi mais espaçado no tempo.

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6.

Nove

mb

ro 2

008

13.

Nove

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008

14.

Nove

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23.

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4.

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40

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100

120

140

160180

Registo Acessos por Data

Tarefa 3

Acessos a lunos

Datas

Acessos

Gráfico 6 - Registo de acessos, por data, ao fórum

A integração do Geogebra na apresentação do fórum, funcionando como introdução da

tarefa, este fórum foi dos mais participados.

Sara S. - sim, consigo descrever mais 2 processos de contruçao diferentes:

que sao a mediana e a bissectriz

Professor - Olá Sara

O que se pretendia era processos de construção da Mediatriz, e só da mediatriz.

Vamos lá refazer.

Sara S - sim, ha outro processo que é com o compasso.

-faz-se assim:

abre-se o compasso á medida do segmento de recta, depois põe-se o bico de metal no

ponto A e faz-se uma semi-recta ,novamente põe-se o bico de metal mas desta vez

no ponto B e faz -se outra semi-recta. as duas semi -rectas encontram-se e aí é a

mediatriz5

5 A aluna incorporou no seu post uma imagem, certamente retirada da Internet, que exemplifica o que

acabou de explicar por escrito

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Jessica - Sim, consigo.

Desenho um segmento de recta [AB], depois no centro de A e B construo dois arcos de

circunferência de raio superior a metade de [AB].

Os pontos de intersecção dos dois arcos distam igualmente de A e de B, a mediatriz do

segmento de recta fica definida por estes dois pontos.

A mediatriz de um segmento de recta [AB] é a recta perpendicular ao segmento que

contem o seu ponto médio.

Notou-se ao longo dos fóruns melhorias, quer ao nível da escrita, quer ao nível da

notação matemática. A construção frásica registou melhorias, quer em termos de construção

de conjecturas quer ao nível da justificação de raciocínios.

O projecto curricular deste grupo de trabalho envolvia, em particular a disciplina de

português, pois os alunos revelavam problemas ao nível quer da escrita, quer da leitura. As

dificuldades de interpretação de um enunciado escrito é, também, um factor a ter em conta

quando se analisa os resultados na disciplina de Matemática. É importante colocar os alunos a

escrever, de modo que os outros compreendam e é importante que leiam, e que sejam capazes

de compreender o que lêem.

Também nos pontos referidos a plataforma torna-se uma ajuda, sem que os alunos

sintam que estão numa sala de aula, embora saibam que anda, por ali, um professor, e que

tudo o que fazem, pode ser visto por todos. Algo como um “Big Brother” (Bokhove,

Koolstra, Boon, & Heck, 2007) que os alunos não sentem qualquer renitência em participar.

Este grupo de trabalho era equilibrado ao nível etário e ao nível do masculino/feminino.

Contudo sentia-se, nas aulas, e várias vezes referido pelo director de turma, uma pressão

discriminatória por alguns alunos, inibindo a participação, de outros.

A plataforma foi, para todos, uma forte ferramenta de trabalho, pois permitiu uma

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participação sem qualquer sentimento de rejeição ou de gozo. Permitiu que alunos, menos

participativos por razões de personalidade, por serem menos expressivos, ou por serem mais

inseguros, participassem nas discussões online. Mckenna, Green, & Gleason (2002)

apresentam os resultados de três estudos sobre a formação de relações através da Internet

concluindo que

“Those who are socially anxious and lonely are somewhat more likely to feel that

they can better express their real selves with others on the Internet then they can

with those they know off-line.

(...) The socially anxious and the lonely individuals who expressed their true

selves on-line formed close on-line relationships (...), increasing their social

circles and becoming less socially anxious and lonely”

O assumir de uma nova identidade, geralmente associada a uma baixa auto-estima, é

uma mais-valia para alunos que estão sempre pouco à vontade numa situação presencial, mas

que, numa situação virtual, ganham pontos a seu favor. Tivemos o caso do Diogo, que

claramente apresentava uma muito baixa auto-estima. Aluno que atravessava uma situação

complicada em sala de aula, pois era constantemente colocado de parte pelo grupo. Além de

ser repetente, sofria bastante com facto de apresentar a cara com bastantes borbulhas,

resultado das transformações físicas do período da puberdade. Assumindo, na plataforma,

uma nova imagem, o Diogo participou com mais regularidade no espaço virtual que

propriamente no espaço de sala de aula.

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Imagem 16 - A construção de novas identidades dentro da plataforma

A sua postura, no espaço de sala de aula, foi sempre de um grande distanciamento para

com os colegas e para os professores. Foi também um dos elementos que sentiu alguma

rejeição por parte da turma. Para o Diogo essa rejeição tinha duas causas: uma seria o facto

de ser um aluno novo na turma; outro factor, e o mais importante para o aluno, era a sua

aparência física, quer a face, quer por se considerar gordo.

A plataforma permitiu uma integração virtual, no grupo turma, discutindo e

apresentando as suas conclusões, num patamar de igualdade com os seus colegas de turma.

Problemas vários com o acesso à Internet, reportado pelo aluno, e do conhecimento do

professor, inibiu uma maior frequência nas participações na plataforma.

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Tarefa 3

Esta tarefa foi construída no Geogebra e posteriormente exportado para o formato

“html”, à semelhança da primeira tarefa.

No espaço destinado à descrição da tarefa foi incluído, no texto «...fórum “Soluções

para a Antena de Telemóvel”, uma hiperligação para o espaço de discussão. Os alunos não

necessitavam, desta forma, procurar o fórum, bastava seguir a ligação que apresentava o

espaço de discussão. Procurava-se, assim, criar uma unidade de trabalho através de um

recurso e de uma tarefa.

O objectivo era encontrar a região possível para a colocação da antena de transmissão.

Dadas as condições iniciais, os alunos deveriam elaborar uma construção, envolvendo a

noção de circunferência, de acordo com a escala. Essa construção e medição requeria certos

comandos a disponibilizar juntamente com o mapa como se verifica na Imagem 4.

A possibilidade de existirem botões, agregados ao ficheiro produzido pelo Geogebra,

como mostra a Imagem 4, apenas existe quando é feito a exportação em formato “html”. O

funcionamento do Geogebra, directamente nos fóruns, é igual ao funcionamento de um

“applet” como já foi referido.

A colaboração verifica-se, neste caso, em duas situações distintas:

Em sala de aula, os alunos trabalham a construção, procurando compreender o espaço

de construção das antenas. Mais ao nível de pequeno grupo, mas em constante partilha com a

turma, quer na ajuda aos colegas, quer na partilha através do fórum.

Fora da sala de aula a colaboração é centrada no fórum, pois é lá que cada um coloca as

suas conclusões e as sua dúvidas, e através do qual recebe, por mail, tudo o que é colocado no

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fórum.

Imagem 17 - Tarefa sobre a localização da antena de comunicação

Imagem 18 - Fórum de discussão sobre a antena de comunicação

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Esta actividade teve início a 21 de Novembro. Nunca foi apresentado um prazo para a

conclusão desta tarefa, bem como para as restantes, de modo a dar flexibilidade aos alunos

de, em qualquer altura, poderem consultar e, se consideram-se pertinente, acrescentar algum

comentário. O último registo encontrado nesta tarefa foi a 12 de Janeiro, conforme se pode

verificar no Gráfico 5.

21.

Nove

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008

22

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mb

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008

23.

Nove

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24.

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26.

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3.

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10.

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2008

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10

20

30

40

50

60

70

80

Registo de Acessos

Tarefa 1

Datas

Ac

es

so

s

Gráfico 7 - Registo de acessos ao fórum "Soluções para a antena de comunicação"

O tipo de actividade desenvolvida por cada um dos alunos, bem como pelo grupo de

trabalho é também um registos da plataforma. Desta forma podemos observar, para cada

aluno em particular, ou no conjunto em geral, o tipo de actividades que desenvolveram dentro

de cada tarefa ou recurso,

O período em análise é o mês de Novembro, que corresponde ao período em estudo. No

entanto, da que a actividade teve início a 21 de Novembro, estendeu-se a observação das

actividades pelo mês de Dezembro.

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É durante os primeiros dias da tarefa que se regista um maior afluxo dos alunos. O

decréscimo no fim do mês de Novembro, princípio do mês de Dezembro, deve-se a dois

factores: primeiro e principal factor é a instabilidade da plataforma devido a vários “ataques

piratas” aos servidores que suportam as plataformas MOODLE nos serviços da FCCN, factor

esse que chegou a impedir o acesso; o segundo factor diz respeito ao período de testes de

avaliação do conjunto das disciplinas, relativas ao final do primeiro período, o que leva os

alunos a uma maior distribuição do tempo disponível, e conjugado com o primeiro factor,

levou os alunos a não acederem à plataforma com regularidade.

Para cada tarefa existe um conjunto de possíveis actividades, desde o visualizar o fórum

ao acrescentar comentários ou iniciar uma discussão. Do conjunto de actividades registadas,

sobressai o número de registo de alunos que apenas observaram o fórum seguido dos que

observaram as discussões. Estes registos representam uma média de cerca de 93%

relativamente ao total de acessos. Os restantes 7% são acessos que envolveram a participação

com comentários, dúvidas e actualizações (Gráfico 6).

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0

20

40

60

80

100

120

140 132

94

2 510

Registo de Acessos por Actividade

Tarefa 1

Acessos de alunos

Actividades

Acesso

s

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Gráfico 8 - Registo de acessos por actividade relativamente ao fórum da antena de comunicações

Não considerando a simples visualização, dos 17 registos, 10 foram inicio de

discussões e 5 comentários a discussões já existentes e duas actualizações de “posts” já

colocados. Este número de registos poderá parecer insignificativo, no entanto, considerando

tratar-se de uma situação b-Learning e não de e-Learning, o acompanhamento era não só

virtual como também presencial. Muitas das dúvidas, e respectivos esclarecimentos eram

feitos presencialmente.

O funcionamento em grupos de trabalho, em sala de aula, reflectia-se depois no virtual,

pois os grupos mantinham a sua unidade funcional, juntamente com o sentido de grupo

turma, como um todo. Cada grupo apresentava uma solução, no entanto, o registo ficava

apenas na pessoa que estava na plataforma como utilizadora.

A solução apresentada no fórum era depois replicada para todos os endereços de correio

electrónico dos alunos da turma, o que levava cada um a verificar, na plataforma, o contexto

de cada mensagem.

Verificou-se que os alunos com menor rendimento escolar, acompanhavam os alunos

com maior rendimento escolar, pois cada objectivo alcançado e cada sucesso obtido era

colocado no fórum, o que permitia que todos tomassem conhecimento.

Por se tratar de uma fase mais avançada da investigação, e como já foi referido, trata-se

de um enunciado sem questões orientadoras. Procurando deixar espaço à reflexão e à procura,

à investigação.

Jessica - Faz-se uma circunferência a partir do ponto A com um raio de 6 cm e depois

faz-se outra circunferência mas a partir do ponto B com um raio de 5 cm.

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Quando as duas circunferências estiverem feitas põe-se no interior ( onde as

circunferências se unem ) a antena.

Professor - Jéssica

Qual será a escala do mapa?

As circunferências não têm interior. Como se chama a construção que além dos

pontos da circunferência, contem todos os interiores à circunferência?

Jessica - A escala do mapa é 1cm/10cm, 1cm no mapa corresponde a 10cm na

realidade.

Professor – Jessica

Se a escola fôr 1cm/10cm temos que:

a linha no mapa entre as duas cidades mede 9 cm, o que implicaria que a distância na

realidade seria 90 cm. Será?

Notou-se, neste espaço, algumas dificuldades em definir a escala do mapa. Apesar de

estar longe dos propósitos da tarefa, tornou-se uma boa referência de algumas lacunas em

aprendizagens anteriores. Foi possível, desta forma, realizar um reforço de modo a tentar

colmatar os problemas detectados. Muito provavelmente estas dificuldades não seriam

visíveis, de um modo tão consistente, em sala de aula.

Inês - faz-se uma circunferencia a partir de coimbra com 6 de raio e de Castelo Branco

uma circunferencia com 5 de raio depois pode-se colocar a antena no interior do

ponto de intersecção das duas circunferencias, e a escala é de 1/10

Professsor - Olá Inês

A escala é 1 (?) / 10(?)

Atenção às unidades de medida.

Explica melhor o sentido da afirmação:

"...colcoar a antena no interior do ponto de intersecção..."

Qual o significado de intersecção?

Inês - 1cm/10cm, e o significado de intersecção é ponto onde as circunferencias se

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unem, a afirmação quer dizer que o poste pode ser colocado em qualquer sitio dese

que esteja dentro do ponto de intersecção(onde as circunferencias se unem)

Cristinana C. - Para resolver este problema temos que começar por fazer uma

circunferência a partir do ponto A ( Coimbra), com raio de 6 cm. Em seguida fazemos

uma outra circunferência a partir do ponto B ( Castelo Branco), com raio 5 cm, depois

coloca-se a antena no interior onde as circunferências se unem.

Mais uma vez se revelou os problemas de escrita do grupo turma. Os alunos revelaram

altos e baixos ao longo do estudo, apesar de ser período de análise muito curto. Foi no

entanto, ao longo do ano lectivo, registando-se melhorias visíveis. Um período de análise

mais extenso permitiria uma abordagem mais abrangente.

Também na Matemática, “Uma boa imagem vale mais do que mil palavras”, pelo que

haveria mais vantagens, se fosse possível, conjugar as potencialidades de um fórum em

paralelo com as potencialidades de AGD. Certamente que possibilidade haverá, pois em

tecnologia todos os sonhos são um bom desafio, e um dia chegará. Até lá teremos que sonhar.

Simulando uma situação desse tipo o Daniel expôs o seguinte:

Daniel - A solução que obtenho é:

que fazendo um arco de circunferência com centro em Castelo Branco e com um raio

de 5cm depois desenho arco de circunferência com cento em Coimbra com um raio de

6cm.

Depois vão ficar 2 pontos aos quais vou unir com uma linha recta defenida por 2

pontos. Depois vai dar uma linha recta que está perpendicular á linha recta que une

Coimbra e Castelo Branco. A antena deve ser colocada no sitio onde a linha recta que

une Coimbra e Castelo Branco e a recta que fiz se encontram.

A escala é de 1 cm/ 100 000cm

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Imagem 19 - Imagem retirada do Geogebra

Imagem 20 - Espaço de trabalho

A Ilustração 1 não é elucidativa e aparece sem qualquer caracterização (tratando-se de

uma circunferência de raio 6), enquanto a Ilustração 2 é a representação da explicação

descrita pelos alunos.

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85

CAPÍTULO 7

Considerações Finais

Todo este processo de investigação e de estudo avivaram memórias, de acções bem

concretas e definidas, e que muito contribuíram para o estudo. O primeiro, e o mais forte, é

ainda no período de formação, na Faculdade de Ciências de Lisboa. Quando colocado perante

a possibilidade de, um dia, numa escola, existirem computadores nas salas de aula, nos quais

os alunos poderiam explorar actividades diversas. Desde a exploração de algumas

propriedades dos números como de investigar propriedades da geometria euclidiana.

Mais tarde, quando cheguei a Palmela, havia uma sala com alguns computadores, a

qual os alunos poderiam, quer individualmente, quer em turma, utilizar. Começava a existir

algumas ligações à Internet, muito fraca, mas já era possível organizar a turma em grupo para

explorar o Geometer's Sketchpad, o Modellus e a Folha de cálculo.

Havia um Gabinete Nónio XXI, na Escola Superior de Educação do Instituto

Politécnico de Setúbal, que foi um excelente ponto de referência na dinamização de aulas

com recurso a computadores, estávamos nós em 2000/2001. Organizamos aulas com o apoio

dos colegas do Nónio que decorreram de um modo fantástico, confirmando e até superando

algumas das melhores expectativas da Faculdade6.

6 Consultar o site - http://arquivo.ese.ips.pt/abolina/rota/relatos/palmela/matematica.html

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Desde então tem sido um constante procurar de novos desafios, modos de explorar a

matemática que a torne agradável de aprender. Por várias vezes constatamos que a melhor

aprendizagem era a realizada entre pares. A possibilidade de os alunos comunicarem o seu

saber, as suas descobertas em sala de aula, era um momento não só de consolidação para

quem comunica, como um momento de reflexão para quem ouvia.

São de facto evidências de um conhecimento construído, numa partilha e comunicação

conjunta, mas onde apenas alguns alunos sentem a segurança suficiente para o fazer. Neste

mesmo sentido apontam Chang, Chen, & Li (Chang, Chen, & Li, 2008) quando afirmam que

“Students can construct knowledge by thinking, reading useful resources, and

discussing problem-solving with capable peers. However, only a few students are

generally willing to contribute knowledge actively. Students also do not know

how to share knowledge. This paper seeks to address this problem by designing a

webbased coursework system that is modeled on a journal-publishing

community. Students can learn how to share valuable knowledge by submitting

and reviewing. Teachers can assign students different roles in the situated

assignment environment. Students should fulfill different tasks and make

different contributions according to their roles. The experimental result shows

that indicators of knowledge sharing among students rose, illustrating that

students can improve their work by inspecting and learning from each other‟s

coursework results.

Most important of all, learners‟ learning performance advanced as they

experienced improvements in the situated assignment environment.”

Notou-se que os alunos mostravam alguma renitência em divulgar os seus resultados na

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87

plataforma. No entanto, com o passar do tempo, com a persistência das tarefas como refere

Abrantes, os alunos foram aumentando a sua participação. Não só em quantidade como

também na qualidade.

Relativamente à primeira questão, sobre como colaboram os alunos, pertencentes a um

grupo turma bem definido, num espaço virtual, podemos afirmar que em todos os processos

sobressaía sempre o grupo turma. Por mais grupos que organizasse, grandes ou pequenos, o

grupo turma ganhava sempre vantagem. Várias razões apontam para este sentimento de

grupo:

O facto de a maioria dos grupos turma manterem um núcleo que vem desde o primeiro

ciclo, atingindo um período de trabalho de 7, 8 e 9 anos conjuntos.

Geralmente, o grupo núcleo da turma, é formado por alunos que residem perto uns dos

outros, que mantêm a convivência na escola e fora dela, construindo regras e normas sociais

muito estreitas.

Esse sentimento de grupo turma foi também muito sentido no espaço virtual do grupo

em estudo. Como já foi referido, a plataforma organiza-se, por disciplinas ou por cursos. Esse

espaço pode ser de acesso público ou privado.

De forma a restringir o acesso ao grupo turma e a evitar acesso indesejado, que

pudessem de alguma forma inviabilizar o estudo, distorcendo os dados, o espaço era privado.

Apenas o Professor e os alunos tinham acesso ao espaço. De modo a melhor ajustar as

actividades, e enquanto administrador da plataforma, criei um utilizador, apenas com

permissões de aluno no curso, para melhor avaliar o aspecto e o acesso às tarefas construídas.

O utilizador criado tinha como nome “Aluno Palmela”.

Os alunos conheciam-se uns aos outros e sabiam sempre que estava no espaço da

turma, pois no lado esquerdo do ecrã, existe um espaço onde surge quem está, ou esteve

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88

“(nos últimos 5 minutos)”, na turma (Imagem 14).

Imagem 21 - Utilizadores activos

Apenas utilizava esse utilizador em períodos que os alunos não acediam de forma que

não fosse visível. No entanto houve quem detecta-se um desses acessos, procurando logo

saber de quem se tratava.

Imagem 22 - Mensagem questionando o utilizador "Aluno Palmela"

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Ao longo do estudo verificou-se um empenho crescente dos alunos na resolução das

tarefas, chegando ao ponto de questionar, fora do período do estudo, o porquê da diminuição

do recurso à plataforma. Esse questionamento, sentido, obrigou mesmo a um esforço

suplementar, da parte do investigador, no sentido de não deixar cair por terra a dedicação do

grupo turma, e a evolução conseguida na disciplina de Matemática. Relativamente à relação

entre as aprendizagens em sala de aula, e a participação nas tarefas da plataforma, o

envolvimento era reflexo do desempenho dos próprios alunos em sala de aula, o que

confirmou as observações de Assemany (Assemany et al., 2008):

“Observou-se uma participação activa na resolução da tarefa, principalmente

pelos alunos com bom desempenho. Além de melhorar suas notas, puderam

oferecer um auxílio aos alunos que não sabiam resolver as questões”

De que forma a participação na plataforma contribui para uma consolidação de

conhecimentos aduiridos em sala de aula? A discussão que surgia online foi sempre

continuada dentro da sala de aula, a maioria das vezes por iniciativa dos próprios alunos, pois

não ficavam satisfeitos com as respostas. Era mais fácil, deste modo, fazer a ligação entre as

aulas anteriores e as respetivas tarefas.

A dinâmica proporcionada pelo Geogebra, e em resposta à última pergunta - De que

forma a integração do ambiente de geometria dinâmica na plataforma online contibui para a

aprendizagem matemática? – foi fundamental no estudo e visualização das propriedades

geométricas em estudo. Se por um lado pemitiu que os alunos trabalhassem fora da sala de

aula, registando na plataforma as suas conclusões, também possibilitou que os alunos

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utilizassem as conclusões como revisões de matéria dada; permitiu aos alunos voltar atrás e

rever conteúdos comparando-os com os comentários dos colegas.

Limitações do Estudo

Vários constrangimentos condicionaram este estudo, de entre os quais o tempo durante

o qual se recolheria os dados da plataforma. Esse limite foi ainda mais evidente quando, por

tentativas de intrusão, os servidores de suporte à plataforma foram alvo de vários “ataques

cibernéticos”. Essas tentativas foram sobrecarregando os servidores que, em certas alturas do

dia, já não respondiam com a velocidade que era esperado. Esse arrastamento condiciona o

desempenho dos utilizadores, no caso, os alunos envolvidos no estudo. É bom de referir que

os serviços conseguiram repôr os dados das plataformas, pois não era apenas a nossa o alvo

desses ataques, mas sim as plataformas Moodle alojadas nos servidores da FCCN, e reparar a

falha de segurança.

Quando se procura implementar tarefas de natureza investigativa, na disciplina de

Matemática, o processo é moroso. Abrantes (Abrantes, 1999) chama a atenção para a

necessidade de tempo e persistência, quando se pretende mudanças em aspectos centrais e

culturais da aula de Matemática:

“Uma outra dificuldade (...), tem a ver com o facto de não se poder esperar uma

evolução significativa dos alunos em pouco tempo. O tipo de trabalho aqui delineado requer

tempo e persistência, visto que lida essencialmente com a necessidade de mudar aspectos

centrais da cultura tradicional da aula de Matemática. Actividades matemáticas de tipo

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investigativo, quando realizadas de modo isolado ou esporádico, podem ser interessantes no

momento mas não abalam, só por si, concepções e práticas muito enraizadas”

Também na implementação das novas tecnologias de informação e comunicação, assim

como nas tarefas de investigação e exploração propostas por Abrantes, é importante criar

vários momentos de apropriação.

O sistema de segurança imposto pela FCCN, já atrás referido, impôs também algumas

restrições ao manuseio de algumas necessidades do investigador. De modo a poder explorar

mais potencialidades da interacção entre o GeoGebra e as actividades disponíveis no Moodle,

era necessário o acesso às pastas de funcionamento da plataforma, de modo a colocar lá

ficheiros, a movê-los para outras pastas etc. Tal não era possível para o administrador da

plataforma.

Sugestão de Investigações a realizar

As potencialidades da rede são enormes. As implicações que essas potencialidades têm

para a escola são ainda maiores. A diversidade de actividades potenciadas pela plataforma

Moodle, cruzadas com o Geogebra, permitiem um aprofundamento das aprendizagens.

Como qualquer outro recurso disponível na Internet, também a informação que o

professor e os colegas de trabalho colocam na plataforma, fica disponível em qualquer

computador ligado à Internet. A partilha de comentários poderia ser complementado com

ficheiros do Geogebra de modo a clarificar ideias escritas. Bastaria ajustar as permissões dos

alunos de modo a, nas discussões em causa, fosse possível acrescentar o ficheiro do geogebra

ao post. Poderia levar os alunos a uma maior interação, bem como a uma maior reflexão

utilizando o software de geometria dinâmica.

A quantidade de actividades possíveis, dentro da plataforma Moodle, é muito grande, e

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em crescimento. O relevo de cada uma, no processo de aprendizagem, é diferente. Exigem

diferentes tipos de abordagem, ainda que construídos sobre o paradigma social construtivista

e social construcionista. Para uma verdadeira integração de uma plataforma, no ensino, é

importante analisar as diferentes abordagens possíveis, com as diferentes ferramentas

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ANEXO A

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Escola Básica 2 3 Ciclos Hermenegildo Capelo

Ficha de Trabalho sobre GeoGebra

Matemática Novembro de 2008

Nome: Turma: N.º

Manual de Exploração para o Software Geogebra

O Geogebra é um programa livre, desenvolvido por Markus Hohenwarter, disponível

em http://www.geogebra.org/cms/index.php?lang=pt e em português.

Este programa procura juntar a Geometria com a Álgebra e o Cálculo. Para criar esta

harmonização, existem duas janelas de visualização: a janela algébrica e a geométrica.

Cada objecto visualizado na janela geométrica tem a sua representação algébrica na

respectiva janela. Ao abrir o programa, visualizamos o seguinte

Podemos observar as duas janelas: a algébrica à esquerda e a geométrica à direita.

Existe ainda uma linha/entrada de comandos destinada à entrada dos comandos/condições

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que definem os objectos.

É possível definir se desejamos ou não ter visível algumas das janelas anteriores. No

menu “Exibir” podemos colocar/retirar o visto de modo a tornar visível/ou não as janelas de

álgebra e campo de entrada.

Como vamos trabalhar, para começar, apenas com a Geometria, retira as janelas

desnecessárias.

A barra ferramentas apresenta nove menus (como mostra a figura abaixo). Cada um

destes menus apresenta ferramentas diferentes para trabalhar.

Utiliza as ferramentas para construíres um triângulo como o da

figura.

Começa por marcar três pontos diferentes com recurso a .

Com constrói os segmentos a unir os três pontos, clicando por

cima dos pontos já definidos.

Agora, utilizando , procura movimentar os pontos. O que observas?

Consegues distinguir diferentes tipos de triângulos? Quais?

Experimenta as diferentes ferramentas disponíveis e constrói as figuras:

Como já deves ter reparado, cada um dos menus da barra de ferramentas apresenta uma

pequena seta

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Se colocares o ponteiro do rato por cima, a pequena seta mudar de cor. Se clicares no

botão esquerdo do rato surge uma lista de ferramentas que podes utilizar nas tuas

construções.

No menu “Ficheiro” podes gravar o teu trabalho, e abre uma nova janela.

Procura agora construir um triângulo rectângulo. Pensa bem nas características deste

triângulo.

Faz uma descrição dos passos que seguiste para esta construção.

Utiliza este espaço para tomares notas do que consideras importante sobre este

software.

Bom Trabalho.

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ANEXO B

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Construindo um Fórum utilizando GeoGebra

A interacção do GeoGebra com a plataforma Moodle, no caso em estudo com o fórum,

é muito simples. Depois de construir a actividade com o Geogebra e guardada como já foi

explicado,existe a parte de importação para o espaço da disciplina.

No processo de construção do fórum, a plataforma apresenta um formulário, com

campos a preencher. O espaço destinado à apresentação é a “cara” do fórum. Cada vez que é

selecionado a actividade, surge, em primeiro lugar, o estiver na caixa de texto designada de

apresentação.

De modo a melhor enquadrar a actividade é possível colocar o texto que surge antes do

ficheiro

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O processo com a criação de uma palavra, no exemplo “link” que irá funcionar como

hiperligação ao ficheiro construído no GeoGebra. Junto com a palavra poderá ser colocado,

ou não, as dimensões que se pretende que surja a imagem. Por defeito, qualquer ficheiro, será

apresentado num quadro de 400x400. O quadro do exemplo surgirá com as dimensões de 700

de comprimento por 400 de altura.

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Selecionamos a palavra “link” e clicamos no icone para construir a hiperligação, o que

fará surgir a janela da figura acima. De seguida clicamos em visualizar, o que fará surgir a

janela:

Nesta janela poderemos tomar duas acções:

primeiro – enviarmos o ficheiro que criamos com o Geogebra para a Pasta de ficheiros

destinados à turma, caso ainda lá não exista;

segundo – selecionarmos o ficheiro pretendido, clicando duas vezes no seu nome, o que

fará fechar a janela e surgir a pimeira.

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De seguida basta clicar “OK” e resta guardar a actividade, revista todas as restantes

configurações. Clicando no botão que diz “Gravar Alterações e Mostrar” surge:

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É a apresentação do fórum, a discussão poderá começar, para tal basta clicar em

“Começar um novo tema”

Os pontos A, B e C, os vértices do triângulo, podem ser arrastados como num applet.

Esse arrastamento provocará alterações, quer no tipo de triângulo, quer na posição do ponto

de intersecção da medianas.

Começar a discussão, acrescentando novos tópicos, permite ter visível a apresentação

dinâmica do fórum, isto é, a construção do Geogebra continua visível e interactiva. Isto

permite, a quem escreve, ter a possibilidade de manipular e confirmar hipóteses, conjecturas.

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Esta possibilidade apenas é válida para quem começa um novo tema. Quem responde a

temas já existentes apenas tem acesso ao tópico, ao qual responde, e não à introdução do

tema.