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UNIVERSIDADE DE LISBOA INSTITUTO DE EDUCAÇÃO O TRABALHO COLABORATIVO NAS FUNÇÕES SUPERVISIVAS DO DIRETOR DE TURMA Anabela Coelho do Val APÊNDICES MESTRADO EM EDUCAÇÃO Área de Especialidade em Supervisão e Orientação da Prática Profissional Dissertação Orientada pela Professora Doutora Maria João Mogarro 2017

O TRABALHO COLABORATIVO NAS FUNÇÕES …repositorio.ul.pt/bitstream/10451/33671/2/ulfpie052953_tm... · UNIVERSIDADE DE LISBOA ... pedagógica do estabelecimento de ensino, ... Organizar

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UNIVERSIDADE DE LISBOA

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO

O TRABALHO COLABORATIVO NAS FUNÇÕES

SUPERVISIVAS DO DIRETOR DE TURMA

Anabela Coelho do Val

APÊNDICES

MESTRADO EM EDUCAÇÃO

Área de Especialidade em Supervisão e Orientação da Prática

Profissional

Dissertação Orientada pela Professora Doutora Maria João Mogarro

2017

98

APÊNDICES

99

ÍNDICE DE APÊNDICES

Apêndice A – Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma ………..………...100

Apêndice B – Guião da entrevista aos Diretores de Turma ……………………………….....……...148

Apêndice C – Protocolo de autorização para a realização das entrevistas aos diretores de turma ….149

Apêndice D – Transcrição das entrevistas …………………………………………...……….……..150

Apêndice E – Quadro de codificação para análise das entrevistas ……………………..…………..228

Apêndice F – Análise de conteúdo das entrevistas ………………….…………………….………..231

Apêndice G – Validação das entrevistas …………………………………………………….……..316

APÊNDICE A-

Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma

100

Identificaç

ão do

despacho,

decreto ou

portaria

Artigos em que aborda o DT Características Competências

Funções

Perfil/qualidades Observaçõ

es

Decreto n.º

48572 de 9

de setembro

de 1968

Art. 17.º

1. Os professores de cada turma devem reunir-

se em conselho, com o fim de estudar os

elementos respeitantes à observação e

orientação dos alunos e relações com o meio

familiar.

2. As reuniões dos conselhos de turma devem

realizar-se sempre sem prejuízo das

actividades escolares, cabendo aos professores

que nelas participam a gratificação constante

da tabela n.º 3, anexa ao Decreto-Lei n.º 48541

.

3. A presidência dos conselhos de turma

compete ao director de turma respectivo, o

qual designará o secretário.

Art. 144.º

1. Haverá para cada turma um director de

turma, a quem competirá, além de presidir aos

conselhos de turma e ao serviço de

orientação escolar a que se refere o n.º 2 do

artigo 115.º, apreciar os problemas

educativos e disciplinares relativos aos

alunos da turma e assegurar os contactos

com as famílias.

Conselho de Turma

DT – preside o CT

DT:

- preside a

orientação escolar

- analisa problemas

educativos e

disciplinares

- contacta com as

famílias

Pedagógicas

Disciplinares

Administrativas

APÊNDICE A-

Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma

101

2. Os directores de turma serão designados

pelo director da escola, preferentemente de

entre os professores das turmas respectivas,

podendo ter a seu cargo até quatro turmas.

Art. 145.º

1. Compete ao director de turma:

a) Presidir aos conselhos de turma e ao serviço

de orientação escolar, quando não estiver

presente autoridade superior, apreciar os

problemas educativos e disciplinares relativos

aos alunos da turma e assegurar os contactos

com a família, de harmonia com o disposto no

artigo anterior;

b) Assegurar a coordenação entre os grupos

de disciplinas;

c) Requisitar o material didáctico necessário

para os diferentes grupos de disciplinas e velar

pela sua utilização;

d) Propor ao director ou, por seu intermédio, à

Direcção de Serviços do Ciclo Preparatório o

que se lhe afigure de utilidade para o ensino e

acção

educativa dos alunos;

e) Desempenhar com carácter permanente, por

delegação do director, parte das funções deste,

conforme o preceituado no regulamento

interno da escola;

Promover a

coordenação entre

gupos

Pedagógicas

Disciplinares

Administrativas

APÊNDICE A-

Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma

102

f) Proceder em tudo de harmonia com as

instruções superiores, assegurando a execução

dessas instruções.

2. Este cargo é de aceitação obrigatória.

Decreto-Lei

n.º 769-A /

76 de 23 de

outubro

Art. 24.º

Ao conselho pedagógico incumbe a orientação

pedagógica do estabelecimento de ensino,

promovendo a cooperação entre todos os

membros da escola, de modo a garantir

adequado nível de ensino e conveniente

formação dos alunos.

Art. 25.º

- 1. Para o exercício das suas atribuições, o

conselho pedagógico apoiar-se-á,

nomeadamente, nos docentes organizados em

conselhos de grupo, subgrupo, disciplina ou

especialidade e, ainda, de ano e de turma.

2. Os conselhos referidos no número anterior

serão presididos por professores eleitos

anualmente de entre os docentes

profissionalizados, salvo onde os não haja,

caso em que caberá ao conselho directivo a sua

nomeação, ouvidos os respectivos conselhos.

Art. 27.º

Compete aos conselhos de docentes de ano ou

de turma dar parecer sobre todas as questões

de natureza pedagógica e disciplinar que a

esses anos ou turmas digam respeito.

Art. 28.º

Cooperação

Conselho de turma

Presidente do

conselho de turma -

profissionalizado

Pedagógicas

Disciplinares

Revogado

pelo artigo

53 do

Decreto-Lei

n.º 172/91,

de 10 de

maio

APÊNDICE A-

Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma

103

Quando os conselhos de ano ou de turma se

reunirem para tratar de questões de natureza

disciplinar, serão presididos pelo presidente

do conselho pedagógico, deles fazendo parte

dois representantes dos alunos do respectivo

ano ou turma e, ainda, um representante dos

encarregados de educação, este sem voto

deliberativo.

CT presididos pelo

presidente do CP

Portaria

674/77 de 3

de

novembro

Manda o Governo da República Portuguesa,

pelo Ministro da Educação e Investigação

Científica, nos termos do Decreto-Lei n.º

47587, de 10 de Março de 1967, o seguinte:

1 - Os orientadores de estágio deverão fazer

parte dos conselhos pedagógicos dos

estabelecimentos de ensino preparatório e

secundário, instituídos pelo artigo 22.º do

Decreto-Lei n.º 769-A/76, de 23 de Outubro.

2 - Em cada estabelecimento de ensino

constituir-se-á um conselho de directores de

turma, que elegerá dois membros, os quais

integrarão os conselhos pedagógicos dos

estabelecimentos de ensino preparatório e

secundário, instituídos pelo artigo 22.º do

Decreto-Lei n.º 769-A/76, de 23 de Outubro.

Portaria

679/77 de 8

de

novembro

2.3 - Os representantes dos directores de turma

entrarão em funções após a sua eleição.

7.3 - Conselho de turma:

7.3.1 - Nas turmas do ensino preparatório, do

ensino secundário unificado e dos cursos

Eleitos

Revogado

pela

Portaria

970/80 de

APÊNDICE A-

Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma

104

gerais diurnos em extinção haverá directores

de turma, cujas atribuições são:

a) Relativamente aos conselhos directivo e

pedagógico:

1) Servir de apoio à acção dos conselhos

directivo e pedagógico;

2) Comunicar ao presidente do conselho

directivo os casos disciplinares cuja

gravidade entenda que excedem a sua

competência;

b) Relativamente aos alunos:

1) Esclarecer os alunos antes da eleição do

delegado de turma, pelo que respeita à matéria

processual;

2) Reunir com os alunos sempre que

necessário, por sua iniciativa, a pedido do

aluno delegado de turma ou da maioria dos

alunos, a fim de resolver problemas surgidos

com a turma ou acerca dos quais interesse

ouvi-la;

3) Estabelecer contactos frequentes com o

aluno delegado de turma para se manter ao

corrente de todos os assuntos relacionados com

a turma;

c) Relativamente aos encarregados de

educação:

1) Receber individualmente os

encarregados de educação em dia e hora para

tal fim indicados, sem prejuízo de outras

Mediador

Promotor do

diálogo

Contacto regular

com o delegado de

turma

Reúne

individualmente

com os EE

Disciplinares

Trabalha diretamente

com:

- conselhos diretivo

e pedagógico;

Alunos;

EE.

12 de

novembro

APÊNDICE A-

Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma

105

diligências que junto destes se tornarem

necessárias;

2) Organizar e convocar reuniões com os

encarregados de educação para informação e

esclarecimento acerca de avaliação,

orientação, disciplina e actividades

escolares;

3) Informar, segundo as normas em vigor, os

encarregados de educação a respeito do

aproveitamento, assiduidade e

comportamento dos alunos.

7.3.2 - O conselho de turma será constituído

por todos os professores da turma e pelo

aluno delegado de turma, sob a presidência

do director de turma, quando existir, ou do

professor eleito pelos membros do conselho de

turma para presidir às reuniões.

7.3.3 - O aluno delegado de turma não assistirá

às reuniões que tratem de assuntos

relacionados com exames, nem às reuniões de

avaliação no final de cada período lectivo.

7.3.4 - As reuniões do conselho de turma serão

de três tipos:

a) Para apuramento periódico do

aproveitamento e assiduidade dos alunos;

b) Para coordenação da actividade dos

professores de turma, com vista a análise e

solução de problemas de natureza

pedagógico-didáctica referentes ao binómio

ensino-aprendizagem;

CT

Tipos de CT:

ordinários e

extraordinários

Pedagógicas

Disciplinares

Administrativas

Pedagógicas

Disciplinares

APÊNDICE A-

Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma

106

c) Para conhecimento e proposta de resolução

de questões de natureza disciplinares.

7.3.5 - O conselho de turma terá reuniões

ordinárias e extraordinárias:

a) Reunir-se-á ordinariamente, no início e no

meio de cada período lectivo, para análise dos

problemas de natureza pedagógica, e, no fim,

para avaliação, de acordo com o plano de

reuniões elaborado pelo conselho pedagógico;

b) Reunir-se-á extraordinariamente sempre

que quaisquer assuntos de natureza pedagógica

ou disciplinar o justifiquem.

7.3.6 - As reuniões ordinárias do conselho de

turma serão convocadas pelo respectivo

director ou, na falta deste, por professor eleito

pelo conselho de turma.

7.3.7 - As reuniões extraordinárias serão

convocadas pelo presidente directivo, por sua

iniciativa ou por proposta do director de turma

ou de, pelo menos, dois terços dos membros do

conselho de turma.

7.3.8 - São atribuições do conselho de turma:

a) Planear e coordenar as relações

interdisciplinares a nível de turma;

b) Debater problemas pedagógicos e

disciplinares relacionados com os alunos da

turma, nomeadamente aproveitamento,

assiduidade, disciplina, ritmo da

aprendizagem, medidas de recuperação,

casos de inadaptação escolar.

Pedagógicas

Disciplinares

Administrativas

APÊNDICE A-

Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma

107

7.3.9 - Para além das relações indicadas no

número anterior, competirá ao director de

turma:

a) Convocar as reuniões ordinárias do conselho

de turma;

b) Organizar e manter actualizado o dossier

da turma, o qual incluirá uma ficha por

aluno e poderá ser consultado pelos

professores da turma, com excepção de

documentos de carácter estritamente

confidencial;

c) Verificar semanalmente junto do elemento

do pessoal auxiliar responsável o registo das

faltas dos alunos da turma;

d) Velar por que os encarregados de educação

sejam informados por escrito, sempre que o

número de faltas dos respectivos educandos

atingir metade ou o total do limite legalmente

estabelecido, para o que lhe deverão ser

entregues, no início do ano e devidamente

endereçados, dois postais dos CTT.

Portaria

970/80 de

12 de

novembro

2) Do conselho de directores de turma

(Atribuições)

59 - São atribuições do conselho de directores

de turma:

59.1 - Promover a realização de acções que

estimulem a interdisciplinaridade.

59.2 - Dinamizar a execução das orientações

do conselho pedagógico no sentido da

formação psicopedagógica dos docentes.

Conselho de dt’s

Revoga a

Portaria

679/77 de 8

de

novembro,

com

exceção das

questões

APÊNDICE A-

Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma

108

59.3 - Analisar as propostas dos conselhos de

turma quanto à solução dos problemas de

integração de docentes e de discentes na vida

escolar.

59.4 - Preparar as recomendações e sugestões

a apresentar ao conselho pedagógico.

(Constituição)

60 - O conselho de directores de turma é

constituído pelos directores de turma

designados nas condições definidas na

presente portaria.

(Funcionamento)

61 - No início do ano lectivo, o conselho

directivo promoverá uma reunião em que os

directores de turma possam eleger entre si um

coordenador e um subcoordenador, que

serão os seus representantes no conselho

pedagógico.

62 - Nas escolas em regime de desdobramento,

o coordenador e o subcoordenador devem ter

horários diversificados, um predominante de

manhã e o outro predominante de tarde.

63 - O coordenador e o subcoordenador devem

ser, sempre que possível, professores

profissionalizados com reconhecida

experiência e, portanto, capazes de apoiar os

colegas que a eles recorram.

64 - O coordenador e o subcoordenador terão

direito, pelo exercício dessa função,

Coordenador dos

dt’s

Experiente

Capacidade de

colaboração,

comunicação e

cooperação

disciplinare

s

APÊNDICE A-

Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma

109

respectivamente, a três e duas horas

semanais de redução de serviço lectivo.

65 - O coordenador e o subcoordenador devem

apresentar ao conselho pedagógico todas as

questões e problemas que os directores de

turma achem necessário serem aí discutidos,

transmitindo-lhes posteriormente as

conclusões obtidas.

66 - O conselho de directores de turma terá

reuniões ordinárias e extraordinárias:

a) Reunir-se-á ordinariamente uma vez por

período para troca de impressões e acerto de

critérios com vista às reuniões de

apuramento do aproveitamento e

assiduidade dos alunos;

b) Reunir-se-á extraordinariamente sempre

que quaisquer assuntos de natureza pedagógica

ou disciplinar o justifiquem.

67 - As reuniões ordinárias serão convocadas

pelo presidente do conselho directivo, podendo

estar presente um elemento deste conselho.

68 - As reuniões extraordinárias serão

convocadas pelo presidente do conselho

directivo por sua iniciativa, por proposta do

coordenador ou, pelo menos, dois terços dos

directores de turma.

69 - Apenas as reuniões extraordinárias

convocadas por iniciativa do presidente do

conselho directivo serão por ele presididas.

APÊNDICE A-

Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma

110

70 - As restantes reuniões ordinárias ou

extraordinárias serão presididas pelo

coordenador ou, no seu impedimento, pelo

subcoordenador.

71 - As faltas dadas às reuniões dos conselhos

de directores de turma equivalem a dois

tempos lectivos.

3) Directores de turma

(Normas genéricas)

72 - Nas turmas do ensino preparatório, do

ensino secundário unificado e dos cursos

complementares diurnos haverá directores de

turma.

73 - A atribuição das direcções de turma é da

competência do conselho directivo, ou de

quem as suas vezes fizer, tendo em atenção

critérios propostos pelo conselho pedagógico.

74 - Os directores de turma devem ser, sempre

que possível, professores profissionalizados.

74.1 - A atribuição das direcções de turma

deverá ser feita tendo em conta, como

desejáveis, os seguintes requisitos:

74.1.1 - Capacidade de relacionação fácil com

os alunos, restantes professores, pessoal

não docente e encarregados de

educação, expressa pela sua

comunicabilidade e modo como são

aceites.

DT’s

Relacionamento

interpessoal

Dinamismo

Tolerância

Compreensão

Métodos/metódico/o

rganizado

Disponibilidade

APÊNDICE A-

Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma

111

74.1.2 - Tolerância e compreensão

associadas sempre a atitudes de

firmeza que impliquem respeito

mútuo.

74.1.3 - Bom senso e ponderação.

74.1.4 - Espírito metódico e dinamizador.

74.1.5 - Disponibilidade para apreciar as

solicitações a que têm de responder.

74.1.6 - Capacidade de prever situações e de

solucionar problemas sem os deixar

avolumar.

75 - O número máximo de direcções de turma

a atribuir a um professor é de duas.

76 - A redução do tempo de serviço lectivo

referente a cada direcção de turma é de duas

horas semanais, sendo uma delas

obrigatoriamente marcada no horário do

professor.

77 - O cargo de director de turma é de

aceitação obrigatória, salvo os casos de

escusa considerada justificada pelo conselho

directivo.

78 - Quando o director de turma estiver

impedido de exercer as suas funções, por

período dilatado, o conselho directivo

designará interinamente novo director de

turma, que entrará imediatamente em

exercício, ao qual serão concedidas as

correspondentes duas horas de redução

enquanto exercer tais funções.

Capacidade de

resolução de

problemas

Autenticidade

Bom senso – justiça

APÊNDICE A-

Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma

112

78.1 - Comunicado o facto à direcção-geral de

ensino respectiva, esta homologará a decisão

ou comunicará a sua não aceitação.

79 - Os conselhos directivos, no início do ano

lectivo, devem fornecer aos directores de

turma a respectiva legislação vigente, assim

como quaisquer outros documentos

considerados úteis para o desempenho dessa

função.

(Atribuições)

80 - São atribuições do director de turma:

80.1 - Desenvolver as acções que promovam e

facilitem uma integração correcta dos alunos

na vida escolar.

80.2 - Incentivar as condições que conduzam à

existência de um diálogo permanente com

alunos e pais ou encarregados de educação,

tendo em vista um esclarecimento e

colaboração recíproca do andamento dos

trabalhos da solução das dificuldades pessoais

e escolares.

80.3 - Criar condições de participação efectiva

dos professores na planificação dos trabalhos,

na acção disciplinar e nas acções de

informação e esclarecimento de alunos, pais e

encarregados de educação.

80.4 - Providenciar no sentido de que seja

assegurada aos professores da turma a

existência dos meios e documentos de trabalho

Conhecer a

legislação em

vigor

APÊNDICE A-

Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma

113

e de orientação necessários ao desempenho das

actividades.

4) Do conselho de turma

(Atribuições)

81 - O conselho de turma terá as seguintes

atribuições:

81.1 - Articular as suas actividades com o

conselho de grupo, subgrupo ou disciplina,

designadamente no que se refere ao

planeamento e coordenação das relações

interdisciplinares a nível de turma.

81.2 - Analisar, em colaboração com o

conselho de directores de turma, os problemas

de integração dos alunos na escola e no

trabalho escolar e as relações interpessoais de

professores e alunos, propondo as soluções que

parecerem mais adequadas.

81.3 - Colaborar nas acções que favoreçam a

inter-relação da escola com o meio.

81.4 - Dar execução às orientações do conselho

pedagógico, propondo as alterações que a

prática aconselha.

(Constituição)

82 - O conselho de turma será constituído por

todos os professores da turma e pelo aluno

delegado de turma sob a presidência do

director de turma ou do docente que as suas

vezes fizer, salvo quando tiver de reunir para

APÊNDICE A-

Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma

114

apreciar questões de ordem disciplinar, em que

terá a constituição determinada pelo artigo 28.º

do Decreto-Lei 769-A/76, de 23 de Outubro,

com a redacção dada pelo Decreto-Lei 376/80,

de 12 de Setembro.

83 - O aluno delegado de turma não assistirá às

reuniões que tratem de assuntos relacionados

com exames nem às reuniões de avaliação no

final de cada período lectivo.

(Funcionamento)

84 - O conselho de turma terá reuniões

ordinárias e extraordinárias.

84.1 - Reunir-se-á ordinariamente no início do

ano lectivo e nos períodos superiormente

fixados para a avaliação do rendimento escolar

dos alunos, de acordo com o calendário

aprovado pelo conselho directivo, podendo a

respectiva convocatória ser feita por meio de

afixação na sala de pessoal docente, com o

mínimo de setenta e duas horas de

antecedência, devendo com a mesma

antecedência ser notificado o aluno delegado

de turma.

84.2 - Reunir-se-á extraordinariamente sempre

que quaisquer assuntos de natureza pedagógica

ou disciplinar o justifiquem.

85 - As datas e horários das reuniões ordinárias

do conselho de turma serão fixadas pelo

conselho directivo.

APÊNDICE A-

Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma

115

86 - As reuniões extraordinárias serão

convocadas com, pelo menos, quarenta e oito

horas de antecedência pelo presidente do

conselho directivo, por sua iniciativa, por

proposta do director de turma, ou de, pelo

menos, dois terços dos membros do conselho

de turma.

87 - Se as reuniões referidas no número

anterior forem convocadas com antecedência

inferior a setenta e duas horas, terão de ser

informados individualmente os membros do

respectivo conselho.

88 - As faltas dadas às reuniões dos conselhos

de turma equivalem a dois tempos lectivos.

Despacho

8/SERE/89,

de 8 de

fevereiro

Revogado

pelo

Decreto

Regulament

ar 10/99, de

21 de julho

APÊNDICE A-

Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma

116

Decreto-lei

172/91, de

10 de Maio

Artigo 36.º

Estruturas de orientação educativa

1 - As estruturas de orientação educativa que

colaboram com o conselho pedagógico no

exercício da respectiva competência são as

seguintes:

a) Departamento curricular;

b) Chefe de departamento curricular;

c) Conselho de turma;

d) Coordenador de ano dos directores de

turma;

e) Director de turma;

f) Director de instalações;

g) Serviços de psicologia e orientação;

h) Departamento de formação.

2 - As estruturas previstas nas alíneas g) e h)

do número anterior são objecto de

regulamentação por portaria do Ministro da

Educação.

Artigo 39.º

Conselho de turma

1 - O conselho de turma é constituído pelo

director de turma, pelos professores de turma,

por dois representantes dos alunos, no 3.º ciclo

do ensino básico e no ensino secundário, sendo

um deles designado pela associação de

estudantes e o outro eleito pelos alunos da

turma, e por dois representantes dos pais e

encarregados de educação, a designar pela

(revoga o

Decreto-Lei

n.º 769-

A/76 de 23

de outubro

e a Portaria

nº 674/77

de 3 de

novembro)

APÊNDICE A-

Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma

117

associação de pais, sendo um deles

representante dos pais e encarregados de

educação da turma e o outro da direcção da

associação de pais.

2 - Caso não exista na escola associação de

estudantes ou de pais e encarregados de

educação, os representantes referidos no

número anterior serão eleitos de entre,

respectivamente, os alunos ou os pais e

encarregados de educação da turma.

3 - Nas reuniões do conselho de turma para

avaliação periódica dos alunos é vedada a

presença dos representantes dos alunos e dos

pais e encarregados de educação.

Artigo 40.º

Coordenadores de directores de turma

O coordenador de ano dos directores de turma

é eleito de entre os directores de turma de um

mesmo ano.

Artigo 41.º

Director de turma

O director de turma é escolhido pelo director

executivo de entre os professores da turma.

Portaria n.°

921/92 -

Competênci

9.° Diretor de Turma

1- O director de turma deverá ser,

preferencialmente, um professor

Revogado

pelo

Decreto

APÊNDICE A-

Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma

118

as do diretor

de turma

profissionalizado nomeado pelo director

executivo de entre os professores da turma,

tendo em conta a sua competência

pedagógica e capacidade de

relacionamento.

2 - Sem prejuízo do disposto no número

anterior, e sempre que possível, deverá ser

nomeado director de turma o professor que no

ano anterior tenha exercido tais funções na

turma a que pertenceram os mesmos alunos.

10.° Competências

São competências do director de turma:

a) Promover junto do conselho de turma a

realização de acções conducentes à

aplicação do projecto educativo da escola,

numa perspectiva de envolvimento dos

encarregados de educação e de abertura à

comunidade;

b) Assegurar a adopção de estratégias

coordenadas relativamente aos alunos da

turma, bem como a criação de condições para

a realização de actividades interdisciplinares,

nomeadamente no âmbito da área-escola;

c) Promover um acompanhamento

individualizado dos alunos, divulgando junto

dos professores da turma a informação

necessária à adequada orientação educativa

dos alunos e fomentando a participação dos

Continuidade

Projeto Educativo

Pedagógicas

Pedagogia

Relacionamento

Regulament

ar 10/99, de

21 de Julho

APÊNDICE A-

Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma

119

pais e encarregados de educação na

concretização de acções para orientação e

acompanhamento;

d) Promover a rentabilização dos recursos e

serviços existentes na comunidade escolar e

educativa, mantendo os alunos e encarregados

de educação informados da sua existência;

e) Elaborar e conservar o processo individual

do aluno facultando a sua consulta ao aluno,

professores da turma, pais e encarregados de

educação.

f) Apreciar ocorrências de insucesso

disciplinar, decidir da aplicação de medidas

imediatas no quadro das orientações do

conselho pedagógico em matéria disciplinar e

solicitar ao director executivo a convocação

extraordinária do conselho de turma;

g) Assegurar a participação dos alunos,

professores, pais e encarregados de educação

na aplicação de medidas educativas

decorrentes da apreciação de situações de

insucesso disciplinar;

h) Coordenar o processo de avaliação

formativa e sumativa dos alunos, garantindo o

seu carácter globalizante e integrador,

solicitando, se necessário, a participação dos

outros intervenientes na avaliação;

i) Coordenar a elaboração do plano de

recuperação do aluno decorrente da

Administrativas

Disciplinares

Pedagógicas

APÊNDICE A-

Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma

120

avaliação sumativa extraordinária e manter

informado o encarregado de educação;

j) Propor aos serviços competentes a avaliação

especializada, após solicitação do conselho de

turma;

l) Garantir o conhecimento e o acordo prévio

do encarregado de educação para a

programação individualizada do aluno e para o

correspondente itinerário de formação

recomendados no termo da avaliação

especializada;

m) Elaborar, em caso de retenção do aluno no

mesmo ano, um relatório que inclua uma

proposta de repetição de todo o plano de

estudos desse ano ou de cumprimento de um

plano de apoio específico e submetê-lo à

aprovação do conselho pedagógico, através do

coordenador de ano dos directores de turma;

n) Propor, na sequência da decisão do conselho

de turma, medidas de apoio educativo

adequadas e proceder à respectiva avaliação;

o) Apresentar ao coordenador de ano dos

directores de turma o relatório elaborado pelos

professores responsáveis pelas medidas de

apoio educativo;

p) Presidir às reuniões de conselho de turma,

realizadas, entre outras, com as seguintes

finalidades:

Avaliação de dinâmica global da turma;

APÊNDICE A-

Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma

121

Planificação e avaliação de projectos de

âmbito interdisciplinar, nomeadamente da

área-escola;

Formalização da avaliação formativa e

sumativa;

q) Apresentar ao coordenador de ano, até 20 de

Junho de cada ano, um relatório de avaliação

das actividades desenvolvidas.

11.° Coordenador de ano

O coordenador de ano é um director de turma

eleito de entre os seus pares, considerando a

sua competência na dinamização e

coordenação de projectos educativos.

Relatório crítico

anual de

autoavaliação da

atividade de DT

Decreto Lei

n.º 115-

A/98, de 4

de Maio

Artigo 34º

(Estruturas de orientação educativa)

1. Com vista ao desenvolvimento do projecto

educativo da escola, são fixadas no

regulamento interno as estruturas que

colaboram com o conselho pedagógico e com

a direcção executiva, no sentido de assegurar o

acompanhamento eficaz do percurso escolar

dos alunos na perspectiva da promoção da

qualidade educativa.

2. A constituição de estruturas de orientação

educativa visa, nomeadamente:

Docs estruturantes

PE

RI

http://www.

fenprof.pt/?

aba=27&ca

t=76&doc=

156

Revogado

pelo

decreto-lei

137-2012

APÊNDICE A-

Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma

122

a) O reforço da articulação curricular na

aplicação dos planos de estudo definidos a

nível nacional, bem como o desenvolvimento

de componentes curriculares por iniciativa da

escola;

b) A organização, o acompanhamento e a

avaliação das actividades de turma ou grupo de

alunos;

c) A coordenação pedagógica de cada ano,

ciclo ou curso.

Artigo 36º

(Organização das actividades de turma)

1. Em cada escola, a organização, o

acompanhamento e a avaliação das actividades

a desenvolver com as crianças ou com os

alunos pressupõe a elaboração de um plano de

trabalho, o qual deve integrar estratégias de

diferenciação pedagógica e de adequação

curricular para o contexto da sala de

actividades ou da turma, destinadas a

promover a melhoria das condições de

aprendizagem e a articulação escola-

família, sendo da responsabilidade:

a) Dos educadores de infância, na educação

pré-escolar;

b) Dos professores titulares das turmas, no 1º

ciclo do ensino básico;

Plano de trabalho

APÊNDICE A-

Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma

123

c) Do conselho de turma, nos 2º e 3º ciclos do

ensino básico e no ensino secundário,

constituído pelos professores da turma, por um

delegado dos alunos e por um representante

dos pais e encarregados de educação.

2. Para coordenar o desenvolvimento do plano

de trabalho referido na alínea c) do número

anterior, a direcção executiva designa um

director de turma, de entre os professores

da mesma, sempre que possível,

profissionalizado.

3. Nas reuniões do conselho de turma previstas

na alínea c) do nº 1, quando destinadas à

avaliação sumativa dos alunos, apenas

participam os membros docentes.

4. No âmbito do desenvolvimento contratual

da sua autonomia, a escola pode, ainda,

designar professores tutores que

acompanharão, de modo especial, o processo

educativo de um grupo de alunos.

Decreto

Regulament

ar n.° 10/99

de 21 de

Julho -

Competênci

as das

estruturas

de

Artigo 7.° Director de turma

1 - A coordenação das actividades do conselho

de turma é realizada pelo director de turma, o

qual é designado pela direcção executiva de

entre os professores da turma, sendo escolhido,

preferencialmente, um docente

profissionalizado.

2 - Sem prejuízo de outras competências

fixadas na lei e no regulamento interno, ao

director de turma compete:

Revogado

pelo

decreto-lei

137-2012

APÊNDICE A-

Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma

124

orientação

educativa

a) Assegurar a articulação entre os

professores da turma e com os alunos,

pais e encarregados de educação;

b) Promover a comunicação e formas de

trabalho cooperativo entre professores e

alunos;

c) Coordenar, em colaboração com os

docentes da turma, a adequação de

actividades, conteúdos, estratégias e

métodos de trabalho à situação concreta do

grupo e à especificidade de cada aluno;

d) Articular as actividades da turma com

os pais e encarregados de educação

promovendo a sua participação;

e) Coordenar o processo de avaliação dos

alunos garantindo o seu carácter

globalizante e integrador;

f) Apresentar à direcção executiva um

relatório crítico, anual, do trabalho

desenvolvido.

Comunicação

Cooperação

Colaboração

Decreto-Lei

n.º 3/2008

de 7 de

Janeiro

Artigo 10.º

Elaboração do programa educativo

individual

2 — Nos 2.º e 3.º ciclos do ensino básico e no

ensino secundário e em todas as modalidades

não sujeitas a monodocência, o programa

educativo individual é elaborado pelo

director de turma, pelo docente de educação

especial,

Elaboração do PEI

APÊNDICE A-

Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma

125

pelos encarregados de educação e sempre que

se considere necessário pelos serviços

referidos na alínea a) do n.º 1 e no n.º 2 do

artigo 6.º, sendo submetido à aprovação do

conselho pedagógico e homologado pelo

conselho executivo.

Artigo 11.º

Coordenação do programa educativo

individual

1 — O coordenador do programa educativo

individual é o educador de infância, o

professor do 1.º ciclo ou o director de turma, a

quem esteja atribuído o grupo ou a turma que

o aluno integra.

Artigo 13.º

Acompanhamento do programa educativo

individual

3 — Dos resultados obtidos por cada aluno

com a aplicação das medidas estabelecidas no

programa educativo individual, deve ser

elaborado um relatório circunstanciado no

final do ano lectivo.

4 — O relatório referido no número anterior é

elaborado, conjuntamente pelo educador de

infância, professor do 1.º ciclo ou director de

turma, pelo docente de educação especial, pelo

psicólogo e pelos docentes e técnicos que

acompanham o desenvolvimento do processo

APÊNDICE A-

Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma

126

educativo do aluno e aprovado pelo conselho

pedagógico e pelo encarregado de educação.

Artigo 18.º

Adequações curriculares individuais

1 — Entende-se por adequações curriculares

individuais aquelas que, mediante o parecer do

conselho de docentes ou conselho de turma,

conforme o nível de educação e ensino, se

considere que têm como padrão o currículo

comum, no caso da educação pré-escolar as

que respeitem as orientações curriculares, no

ensino básico as que não põem em causa a

aquisição das competências terminais de ciclo

e, no ensino secundário, as que não põem em

causa as competências essenciais das

disciplinas.

Decreto-lei

75/2008, de

22 de Abril

Alterado

pelo

137/2012

Essa autonomia exprime-se, em primeiro

lugar, na faculdade de auto-organização da

escola. Neste domínio, o presente decreto-lei

estabelece um enquadramento legal mínimo,

determinando apenas a criação de algumas

estruturas de coordenação de 1.º nível

(departamentos curriculares) com assento no

conselho pedagógico e de acompanhamento

dos alunos (conselhos e directores de turma).

No mais, é dada às escolas a faculdade de se

organizarem, de criar estruturas e de as fazer

representar no conselho pedagógico, para o

APÊNDICE A-

Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma

127

qual se estabelece, por razões de

operacionalidade, um número limitado de

membros.

Artigo 20.º

Competências

4 - Sem prejuízo das competências que lhe

sejam cometidas por lei ou regulamento

interno, no plano da gestão pedagógica,

cultural, administrativa, financeira e

patrimonial, compete ao director, em especial:

a) Definir o regime de funcionamento do

agrupamento de escolas ou escola não

agrupada;

b) Elaborar o projecto de orçamento, em

conformidade com as linhas orientadoras

definidas pelo conselho geral;

c) Superintender na constituição de turmas e na

elaboração de horários;

d) Distribuir o serviço docente e não docente;

e) Designar os coordenadores de escola ou

estabelecimento de educação pré-escolar;

f) Designar os coordenadores dos

departamentos curriculares e os directores

de turma;

Estruturas de coordenação e supervisão

Artigo 42.º - Estruturas de coordenação

educativa e supervisão pedagógica

1 - Com vista ao desenvolvimento do projecto

educativo, são fixadas no regulamento interno

Supervisão

pedagógica

APÊNDICE A-

Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma

128

as estruturas que colaboram com o conselho

pedagógico e com o director, no sentido de

assegurar a coordenação, supervisão e

acompanhamento das actividades escolares,

promover o trabalho colaborativo e realizar a

avaliação de desempenho do pessoal docente.

2 - A constituição de estruturas de coordenação

educativa e supervisão pedagógica visa,

nomeadamente:

a) A articulação e gestão curricular na

aplicação do currículo nacional e dos

programas e orientações curriculares e

programáticas definidos a nível nacional, bem

como o desenvolvimento de componentes

curriculares por iniciativa do agrupamento de

escolas ou escola não agrupada;

b) A organização, o acompanhamento e a

avaliação das actividades de turma ou grupo

de alunos;

c) A coordenação pedagógica de cada ano,

ciclo ou curso;

d) A avaliação de desempenho do pessoal

docente.

Artigo 44.º - Organização das actividades de

turma

1 - Em cada escola, a organização, o

acompanhamento e a avaliação das actividades

a desenvolver com os alunos e a articulação

entre a escola e as famílias é assegurada:

Trabalho

colaborativo

Supervisão

pedagógica ao nível

do CT

APÊNDICE A-

Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma

129

a) Pelos educadores de infância, na educação

pré-escolar;

b) Pelos professores titulares das turmas, no 1.º

ciclo do ensino básico;

c) Pelo conselho de turma, nos 2.º e 3.º ciclos

do ensino básico e no ensino secundário,

com a seguinte constituição:

i) Os professores da turma;

ii) Dois representantes dos pais e encarregados

de educação;

iii) Um representante dos alunos, no caso do

3.º ciclo do ensino básico e no ensino

secundário.

2 - Para coordenar o trabalho do conselho

de turma, o director designa um director de

turma de entre os professores da mesma,

sempre que possível pertencente ao quadro

do respectivo agrupamento de escolas ou

escola não agrupada.

3 - Nas reuniões do conselho de turma em que

seja discutida a avaliação individual dos alunos

apenas participam os membros docentes.

4 - No desenvolvimento da sua autonomia, o

agrupamento de escolas ou escola não

agrupada pode ainda designar professores

tutores para acompanhamento em particular do

processo educativo de um grupo de alunos.

Decreto-Lei

n.º

139/2012

Artigo 24.º -C

Intervenientes no processo de avaliação

APÊNDICE A-

Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma

130

de 5 de

julho

Alterado

pelo

Decreto-Lei

n.º 17/2016

de 4 de abril

1 — Na avaliação das aprendizagens intervêm

todos os professores envolvidos, assumindo

particular responsabilidade o professor titular

de turma, no 1.º ciclo, e os professores que

integram o conselho de turma, nos 2.º e 3.º

ciclos do ensino básico e no ensino secundário.

Artigo 26.º -A

Progressão e retenção

1 — Em situações em que o aluno não

desenvolva

as aprendizagens definidas para o ano de

escolaridade que frequenta, o professor titular

de turma, no 1.º ciclo, ouvido o conselho de

docentes, ou o conselho de turma, nos 2.º e 3.º

ciclos, deve propor as medidas necessárias

para superar as dificuldades detetadas no

percurso escolar do aluno.

2 — Caso o aluno não desenvolva as

aprendizagens definidas para um ano não

terminal de ciclo que, fundamentadamente,

comprometam o desenvolvimento das

aprendizagens definidas para o ano de

escolaridade subsequente, o professor titular

de turma, no 1.º ciclo, ouvido o conselho de

docentes, ou o conselho de turma, nos 2.º e 3.º

ciclos, pode, a título excecional, determinar a

retenção do aluno no mesmo ano de

escolaridade.

APÊNDICE A-

Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma

131

4 — Verificando -se a retenção, compete ao

professor titular de turma, no 1.º ciclo, e ao

conselho de turma, nos 2.º e 3.º ciclos,

identificar as aprendizagens não desenvolvidas

pelo aluno, as quais devem ser tomadas em

consideração na elaboração de um plano

individual ou do plano da turma em que o

referido aluno venha a

ser integrado no ano escolar subsequente.

Lei n.º

51/2012

de 5 de

setembro

Aprova o

Estatuto do

Aluno e

Ética

Escolar,

Artigo 8.º

Representação dos alunos

3 — O delegado e o subdelegado de turma têm

o direito de solicitar a realização de reuniões

da turma, sem prejuízo do cumprimento das

atividades letivas.

4 — Por iniciativa dos alunos ou por sua

própria iniciativa, o diretor de turma ou o

professor titular de turma pode solicitar a

participação dos representantes dos pais ou

encarregados de educação dos alunos da turma

na reunião

referida no número anterior.

Artigo 11.º

Processo individual do aluno

— Têm acesso ao processo individual do

aluno, além do próprio, os pais ou

encarregados de educação, quando aquele for

menor, o professor titular da turma ou o diretor

APÊNDICE A-

Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma

132

de turma, os titulares dos órgãos de gestão e

administração da escola e os funcionários

afetos aos serviços de gestão

de alunos e da ação social escolar.

Artigo 12.º

Outros instrumentos de registo

4 — As fichas de registo da avaliação contêm,

de forma sumária, os elementos relativos ao

desenvolvimento dos conhecimentos,

capacidades e atitudes do aluno e são entregues

no final de cada momento de avaliação,

designadamente, no final de cada período

escolar, aos pais ou ao encarregado de

educação pelo professor titular da turma,

Artigo 14.º

Faltas e sua natureza

3 — As faltas são registadas pelo professor

titular de turma, pelo professor responsável

pela aula ou atividade ou pelo diretor de turma

em suportes administrativos adequados.

Artigo 16.º

Justificação de faltas

l) Outro facto impeditivo da presença na escola

ou em qualquer atividade escolar, desde que,

comprovadamente, não seja imputável ao

APÊNDICE A-

Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma

133

aluno e considerado atendível pelo diretor,

pelo diretor de turma ou pelo professor titular;

— A justificação das faltas exige um pedido

escrito

apresentado pelos pais ou encarregados de

educação ou, quando maior de idade, pelo

próprio, ao professor titular da turma ou ao

diretor de turma, com indicação do dia e

da atividade letiva em que a falta ocorreu,

referenciando os motivos justificativos da

mesma na caderneta escolar, tratando -se de

aluno do ensino básico, ou em impresso

próprio, tratando -se de aluno do ensino

secundário.

3 — O diretor de turma, ou o professor titular

da turma, pode solicitar aos pais ou

encarregado de educação, ou ao aluno maior de

idade, os comprovativos adicionais que

entenda necessários à justificação da falta,

devendo,

igualmente, qualquer entidade que para esse

efeito for contactada, contribuir para o correto

apuramento dos factos.

Artigo 17.º

Faltas injustificadas

3 — As faltas injustificadas são comunicadas

aos pais ou

encarregados de educação, ou ao aluno maior

de idade, pelo

APÊNDICE A-

Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma

134

diretor de turma ou pelo professor titular de

turma, no prazo

máximo de três dias úteis, pelo meio mais

expedito.

3 — Quando for atingido metade dos limites

de faltas

previstos nos números anteriores, os pais ou o

encarregado

de educação ou o aluno maior de idade são

convocados à

escola, pelo meio mais expedito, pelo diretor

de turma ou

pelo professor que desempenhe funções

equiparadas ou

pelo professor titular de turma.

Artigo 19.º

Efeitos da ultrapassagem dos limites de faltas

4 — Todas as situações, atividades, medidas

ou suas

consequências previstas no presente artigo são

obrigatoriamente

comunicadas, pelo meio mais expedito, aos

pais ou ao encarregado de educação ou ao

aluno, quando

maior de idade, ao diretor de turma e ao

professor tutor

do aluno, sempre que designado, e registadas

no processo

individual do aluno.

APÊNDICE A-

Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma

135

Artigo 23.º

Participação de ocorrência

2 — O aluno que presencie comportamentos

suscetíveis de constituir infração disciplinar

deve comunicá-los imediatamente ao professor

titular de turma, ao diretor de turma ou

equivalente, o qual, no caso de os considerar

graves ou muito graves, os participa, no prazo

de um dia útil, ao diretor do agrupamento de

escolas ou escola não

agrupada.

Artigo 26.º

Medidas disciplinares corretivas

8 — A aplicação das medidas corretivas

previstas nas alíneas c), d) e e) do n.º 2 é da

competência do diretor do agrupamento de

escolas ou escola não agrupada que, para o

efeito, procede sempre à audição do diretor de

turma ou do professor titular da turma a que o

aluno pertença, bem

como do professor tutor ou da equipa

multidisciplinar, caso existam.

Artigo 27.º

Atividades de integração na escola ou na

comunidade

3— O cumprimento das medidas corretivas

realiza -se sempre sob supervisão da escola,

APÊNDICE A-

Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma

136

designadamente, através do diretor de turma,

do professor tutor e ou da equipa de

integração e apoio, quando existam.

Artigo 28.º

Medidas disciplinares sancionatórias

1 — As medidas disciplinares sancionatórias

traduzem

uma sanção disciplinar imputada ao

comportamento do

aluno, devendo a ocorrência dos factos

suscetíveis de a

configurar ser participada de imediato pelo

professor ou

funcionário que a presenciou ou dela teve

conhecimento

à direção do agrupamento de escolas ou escola

não agrupada com conhecimento ao diretor de

turma e ao professor tutor ou à equipa de

integração e apoios ao aluno, caso existam

Artigo 30.º

Medidas disciplinares sancionatórias —

Procedimento disciplinar

7 — No caso de o respetivo encarregado de

educação não comparecer, o aluno menor de

idade pode ser ouvido na presença de um

docente por si livremente escolhido e

do diretor de turma ou do professor -tutor do

aluno, quando

exista, ou, no impedimento destes, de outro

professor da turma designado pelo diretor.

APÊNDICE A-

Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma

137

Artigo 31.º

Celeridade do procedimento disciplinar

a) O diretor de turma ou o professor -tutor do

aluno,

quando exista, ou, em caso de impedimento e

em sua

substituição, um professor da turma designado

pelo diretor;

Artigo 34.º

Execução das medidas corretivas e

disciplinares sancionatórias

1 — Compete ao diretor de turma e ou ao

professor -tutor

do aluno, caso tenha sido designado, ou ao

professor titular

o acompanhamento do aluno na execução da

medida

corretiva ou disciplinar sancionatória a que foi

sujeito,

devendo aquele articular a sua atuação com os

pais ou

encarregados de educação e com os

professores da turma,

em função das necessidades educativas

identificadas e

de forma a assegurar a corresponsabilização de

todos os

intervenientes nos efeitos educativos da

medida.

APÊNDICE A-

Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma

138

Artigo 41.º

Papel especial dos professores

2 — O diretor de turma ou, tratando -se de

alunos do

1.º ciclo do ensino básico, o professor titular de

turma,

enquanto coordenador do plano de trabalho da

turma, é o

principal responsável pela adoção de medidas

tendentes

à melhoria das condições de aprendizagem e à

promoção

de um bom ambiente educativo, competindo -

lhe articular

a intervenção dos professores da turma e dos

pais ou encarregados

de educação e colaborar com estes no sentido

de prevenir e resolver problemas

comportamentais ou de

aprendizagem.

APÊNDICE A-

Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma

139

Despacho

normativo

n.º 1-F/2016

de 5 de abril

de 2016

Artigo 4.º

Processo individual do aluno

3 — A atualização do processo previsto no

número anterior é da responsabilidade do

professor titular de turma, no 1.º ciclo, e do

diretor de turma, nos 2.º e 3.º ciclos.

Artigo 5.º

Intervenientes

No processo de avaliação intervêm,

designadamente:

a) Professores;

b) Aluno;

c) Conselho de docentes, no 1.º ciclo, ou o

conselho de turma, nos 2.º e 3.º ciclos;

d) Diretor;

e) Conselho pedagógico;

f) Encarregado de educação;

g) Docente de educação especial e outros

profissionais que acompanhem

o desenvolvimento do processo educativo do

aluno;

h) Serviços ou organismos do Ministério da

Educação.

Artigo 6.º

Competências

5 — Compete ao diretor, com base nos dados

da avaliação e tendo em conta outros

elementos apresentados pelo professor titular

de turma,

APÊNDICE A-

Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma

140

no 1.º ciclo, ou pelo diretor de turma, nos

restantes ciclos, mobilizar e coordenar os

recursos educativos existentes, com vista a

desencadear

respostas adequadas às necessidades dos

alunos.

Artigo 12.º

Avaliação sumativa

4 — A coordenação do processo de tomada de

decisão relativa à avaliação sumativa,

garantindo a sua natureza globalizante e o

respeito pelos critérios de avaliação referidos

no artigo 7.º, compete:

a) No 1.º ciclo, ao professor titular de turma;

b) Nos 2.º e 3.º ciclos, ao diretor de turma.

Artigo 17.º

Ficha individual do aluno

1 — Os resultados e desempenhos dos alunos

nas provas de aferição são inscritos na ficha

individual do aluno e transmitidos à escola, aos

próprios alunos e aos encarregados de

educação.

2 — A ficha referida no número anterior

contém a caracterização do desempenho do

aluno, considerando os parâmetros relevantes

de cada

uma das disciplinas e domínios avaliados.

3 — A ficha deve ser objeto de análise, em

complemento da informação decorrente da

avaliação interna, pelo professor titular de

APÊNDICE A-

Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma

141

turma no 1.º ciclo e pelo conselho de turma nos

2.º e 3.º ciclos, servindo de base à reformulação

das metodologias e estratégias com vista ao

desenvolvimento do potencial de

aprendizagem do aluno.

Artigo 21.º

Condições de transição e de aprovação

1 — A avaliação sumativa dá origem a uma

tomada de decisão sobre a progressão ou a

retenção do aluno, expressa através das

menções,

respetivamente, Transitou ou Não Transitou,

no final de cada ano, e Aprovado ou Não

Aprovado, no final de cada ciclo.

2 — A decisão de transição para o ano de

escolaridade seguinte reveste caráter

pedagógico, sendo a retenção considerada

excecional.

3 — A decisão de retenção só pode ser tomada

após um acompanhamento pedagógico do

aluno, em que foram traçadas e aplicadas

medidas

de apoio face às dificuldades detetadas.

5 — A decisão de transição e de aprovação, em

cada ano de escolaridade, é tomada sempre que

o professor titular de turma, no 1.º ciclo, ou o

conselho de turma, nos 2.º e 3.º ciclos,

considerem que o aluno demonstra ter

desenvolvido as aprendizagens essenciais para

APÊNDICE A-

Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma

142

prosseguir com sucesso os seus estudos, sem

prejuízo do número seguinte.

Artigo 23.º

Constituição e funcionamento dos conselhos

de turma dos 2.º e 3.º ciclos

1 — O conselho de turma, para efeitos de

avaliação dos alunos, é um órgão de natureza

deliberativa, sendo constituído por todos os

professores da turma e presidido pelo diretor

da turma.

2 — Compete ao conselho de turma:

a) Apreciar a proposta de classificação

apresentada por cada professor,

tendo em conta as informações que a suportam

e a situação global

do aluno;

b) Deliberar sobre a classificação final a

atribuir em cada disciplina.

3 — As deliberações do conselho de turma

devem resultar do consenso dos professores

que o integram, tendo em consideração a

referida

situação global do aluno.

4 — Quando se verificar a impossibilidade de

obtenção de consenso, admite -se o recurso ao

sistema de votação, em que todos os membros

do

APÊNDICE A-

Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma

143

conselho de turma votam nominalmente, não

havendo lugar a abstenção e sendo registado

em ata o resultado dessa votação.

5 — A deliberação é tomada por maioria

absoluta, tendo o presidente do conselho de

turma voto de qualidade, em caso de empate.

6 — Nos conselhos de turma podem intervir,

sem direito a voto, outros professores ou

técnicos que participem no processo de ensino

e aprendizagem, os serviços com competência

em matéria de apoio educativo e serviços ou

entidades cuja contribuição o conselho

pedagógico considere conveniente.

7 — Sempre que se verificar ausência de um

membro do conselho de turma, a reunião é

adiada, no máximo por 48 horas, de forma a

assegurar a presença de todos.

8 — No caso de a ausência a que se refere o

número anterior ser superior a 48 horas, o

conselho de turma reúne com os restantes

membros, devendo o respetivo diretor de

turma dispor de todos os elementos

referentes à avaliação de cada aluno,

fornecidos pelo professor ausente.

9 — Na ata da reunião de conselho de turma

devem ficar registadas todas as deliberações e

a respetiva fundamentação.

Despacho

normativo

Introdução

APÊNDICE A-

Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma

144

n.º 4-

A/2016 de

16 de junho

de 2016

Na promoção do sucesso educativo atribui-se

particular importância ao diretor de turma,

não apenas no trabalho de proximidade com

os

alunos e de ligação às famílias, mas

principalmente na assunção de uma

intervenção de gestão e orientação

curricular da turma e na dinamização de

uma regular reflexão sobre a eficácia e

adequação das metodologias de trabalho

tendo em vista a melhoria da qualidade das

aprendizagens e o sucesso educativo dos

alunos.

Artigo 10.º

Utilização

1 — O crédito horário destina -se

prioritariamente a garantir a implementação de

medidas didáticas e pedagógicas de promoção

do sucesso

educativo nos diferentes níveis de ensino.

b) Funções de direção de turma, nas quais se

incluem, entre outras:

i) Assegurar o planeamento conjunto da

lecionação dos conteúdos curriculares

das diferentes disciplinas promovendo a

interdisciplinaridade e uma eficaz

articulação curricular;

APÊNDICE A-

Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma

145

ii) Coordenar o processo de avaliação

formativa das aprendizagens,

garantindo a sua regularidade e

diversidade;

iii) Promover, orientar e monitorizar a

conceção e implementação de medidas

que garantam o sucesso escolar de todos

os alunos;

iv) Apoiar a integração dos alunos na

escola e o acesso às diferentes ofertas por

esta promovida;

v) Desenvolver iniciativas que

promovam a relação da escola com a

família, em articulação com os docentes

do conselho de turma;

vi) Promover mecanismos de devolução

de informação às famílias.

4 — Para o exercício das funções de direção

de turma cada escola gere quatro horas

semanais, a repartir entre a componente não

letiva e as horas resultantes do crédito horário,

garantindo neste um mínimo de duas horas.

Artigo 12.º

Apoio tutorial específico

h) Reunir com os docentes do conselho de

turma para analisar as dificuldades e os planos

de trabalho destes alunos.

Despacho

n.º

5907/2017

Gestão do plano curricular da turma

Nas dinâmicas de trabalho a implementar, no

âmbito do plano curricular

APÊNDICE A-

Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma

146

da turma, o professor titular de turma, em

articulação com o

conselho de docentes, e o conselho de turma,

coordenado pelo diretor

de turma e ou de curso, devem, em regra,

garantir:

a) Um trabalho de natureza interdisciplinar e

de articulação disciplinar;

b) Uma atuação preventiva, que permita

antecipar e prevenir o insucesso

e o abandono escolar;

c) A adequação, diversidade e

complementaridade das estratégias de

ensino e aprendizagem, bem como dos

instrumentos de avaliação e dos

recursos educativos a adotar na turma;

d) O envolvimento dos alunos no planeamento,

desenvolvimento e

monitorização do plano curricular da turma;

e) A regularidade da monitorização do referido

plano, avaliando, de

acordo com a sua intencionalidade, o impacto

das estratégias e medidas

adotadas;

f) A produção de informação descritiva sobre

os desempenhos dos

alunos, promovendo aprendizagens de

qualidade e a sua autorregulação.

Artigo 18.º

Práticas pedagógicas

APÊNDICE A-

Análise da legislação sobre o papel e funções do diretor de turma

147

Com vista a uma efetiva apropriação dos

conhecimentos, bem como

ao desenvolvimento de capacidades e atitudes

pelos alunos, as práticas

pedagógicas devem valorizar,

designadamente:

a) A gestão da articulação horizontal do

currículo operacionalizada

pelo professor titular, pelo diretor de turma e

ou de curso ou por outro

professor;

APÊNDICE B –

Guião da entrevista

148

GUIÃO DA ENTREVISTA AOS DIRETORES DE TURMA

Tema: O trabalho colaborativo nas funções supervisivas do Diretor de Turma

Objetivos Gerais:

✓ Analisar de que forma o papel supervisivo do Diretor de Turma contribui

para a promoção do trabalho colaborativo entre (todos) os professores do

Conselho de Turma;

✓ Perceber se os diretores de turma exercem uma ação supervisiva em

relação aos professores do Conselho de Turma;

✓ Identificar as condições de que os Diretores de Turma dispõem para

agirem como supervisores e promotores do trabalho colaborativo;

✓ Verificar de que forma a liderança praticada pelo Diretor de Turma num

Conselho de Turma, influencia o desempenho dos professores de uma

determinada turma;

✓ Verificar se o Plano de Turma (PT) contribui para práticas reflexivas e

colaborativas;

✓ Identificar dificuldades evidenciadas pelos Diretores de Turma, no

exercício das funções em estudo;

✓ Identificar medidas suscetíveis de melhorar o desempenho do Diretor de

Turma no âmbito da supervisão e das práticas colaborativas.

Entrevistador: Anabela Val

Entrevistado: _________________________________________________________

Data: ____/____/____ Hora de início: ______________ Hora de fim: ______________

Local: _______________________________________________________________

Duração: aproximadamente 30 minutos

Temas Objetivos específicos Questões Tópicos orientadores

- Legitimar a entrevista

- Motivar os

entrevistados

- Informar o entrevistado sobre a

temática e a finalidade da

entrevista;

- Sublinhar a importância da

participação do(a) entrevistado(a)

para o sucesso do trabalho;

- Proporcionar ao

entrevistado(a) um

ambiente que lhe

permita estar à vontade

e falar livremente sobre

os seus pontos de vista;

APÊNDICE B –

Guião da entrevista

149

Legitimação

da entrevista

- Salientar o carácter restrito do

uso das informações prestadas;

- Realçar a disponibilidade para

fornecer os resultados do

trabalho.

- Pedir autorização para

gravar a entrevista;-

Garantir acesso à

transcrição da entrevista

para validação pelo(a)

entrevistado(a).

Caracterização

do professor

Breve

contextualização:

- Conhecer o percurso

académico

- Conhecer o percurso

profissional

1. Seria possível fazer-nos uma

descrição sucinta do seu percurso

académico e profissional?

2. Ao longo do seu percurso tem

desempenhado o cargo de Diretor

de Turma?

- Reconhecer e

compreender as

funções que exerce

como Diretor de

Turma

3. Quando recebe o cargo de

Diretor de Turma são-lhe

explicadas as funções e

competências que terá?

4. Como caracteriza o seu

desempenho enquanto Diretor de

Turma e que importância atribui a

este cargo?

O Diretor de

Turma:

- Supervisão e

trabalho

colaborativo

- Identificar a

dimensão da

supervisão e da

colaboração no papel

do Diretor de Turma

- Identificar o trabalho

colaborativo no seio do

Conselho de Turma

5. O Diretor de Turma deve

assumir um papel preponderante

enquanto “gestor intermédio” da

organização escolar, a nível da

supervisão e da promoção do

trabalho colaborativo. Concorda

com esta afirmação ou acredita

que o Diretor de Turma não

exerce este papel?

6. Se respondeu sim na pergunta

5, explique quais são as funções

que desempenha como Diretor de

6.1. Pode dar alguns

exemplos de aspetos

que considera mais

fortes e mais fracos na

APÊNDICE B –

Guião da entrevista

150

Turma que têm uma natureza

supervisiva.

7. Como organiza, gere e atua

numa reunião de Conselho de

Turma?

8. Encara o Conselho de Turma,

como o órgão responsável pela

promoção do trabalho

colaborativo entre os docentes de

uma determinada turma?

9. De que forma o Projeto

Educativo (PE), o Plano Anual de

Atividades (PAA) e o Plano de

Turma (PT) contribuem para a

definição de estratégias conjuntas

de atuação, articulação de

procedimentos e de métodos de

trabalho no Conselho de Turma?

10. Como Diretor de Turma,

considera importante incentivar

os professores a desenvolverem

trabalho colaborativo? Quais as

vantagens para alunos,

professores ou outros

intervenientes no processo

educativo?

sua atuação como

“Supervisor(a)”?

Novo perfil do

Diretor de

Turma

- Redefinir as funções

e perfil do Diretor de

Turma

11. Pensa que existem fatores que

condicionam ou limitam o

exercício das funções dos

Diretores de Turma?

12. Considera que o Diretor de

Turma deveria ter formação

11.1. Em caso

afirmativo, quais são

esses fatores?

APÊNDICE B –

Guião da entrevista

151

específica para o desempenho do

cargo? Em que áreas ou

domínios? No seu caso concreto,

sente necessidade desse tipo de

formação?

13. Como definiria o perfil de um

Diretor de Turma?

Considerações

finais

- Consolidação da

entrevista.

14. Deseja acrescentar alguma

coisa que não tenha sida

contemplada nesta entrevista?

15. Agradecemos desde já a sua

disponibilidade.

APÊNDICE C –

Protocolo de autorização

152

PROTOCOLO DE AUTORIZAÇÃO PARA A REALIZAÇÃO DAS

ENTREVISTAS AOS DIRETORES DE TURMA

________________________________________________, na qualidade de Diretor(a)

de Turma, autorizo que a entrevista realizada por Anabela Coelho do Val, inserida no âmbito

de um trabalho de investigação, destinado à elaboração da dissertação de Mestrado em Ciências

da Educação, especialização em Supervisão e Orientação da Prática Profissional, a apresentar

ao Instituto de Educação da Universidade de Lisboa, subordinada ao tema: O trabalho

colaborativo nas funções supervisivas do Diretor de Turma, seja gravada em suporte áudio,

devidamente transcrita e que os dados possam ser utilizados no trabalho académico e na

divulgação dos resultados.

____________________, ___ de __________ de 2017

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

153

ENTREVISTA AO MATIAS

A entrevista foi gravada no dia 19/04/2017, na escola em que a mestranda leciona,

dado o colega ter participado na ação de formação e ter-se disponibilizado para participar

no estudo. Esta entrevista teve a duração de 43’02 minutos.

As perguntas são introduzidas pela palavra entrevistadora. As respostas são

introduzidas pelo nome fictício Matias e tentámos reproduzir de forma fiel as palavras do

entrevistado, incluindo as pausas que reproduzimos pelo uso das reticências. Atitudes

como rir são indicadas entre parênteses. Entre parênteses retos surgem afirmações da

entrevistadora.

Entrevistadora – O objetivo desta entrevista é verificar o trabalho colaborativo nas

funções supervisivisas do Diretor de Turma, uma vez que eu estou a fazer a investigação

sobre o papel do Diretor de Turma no âmbito da supervisão pedagógica. Em primeiro

lugar agradecer a disponibilidade, e sublinhar que é muito importante o papel de quem se

disponibiliza para responder a estas entrevistas e que (ah) vamos gravar a entrevista para

depois ser mais fácil a transcrição e se possível depois esta mesma entrevista será utilizada

na investigação e em alguns documentos de faculdade de for assim necessário. É então

possível gravarmos?

Matias – É possível gravarmos.

Entrevistadora – Então seria possível fazer-nos uma descrição sucinta do seu

percurso académico e profissional?

Matias – O meu percurso académico começou no Colégio Marista de Carcavelos,

quando entrei no pré-escolar, onde completei os meus estudos até ao 11º ano, pois na

altura o referido colégio não tinha 12º ano de escolaridade. No ano seguinte, fui para a

Escola Secundária de Carcavelos, concluir o ensino secundário, estava na área de

ciências, num ambiente totalmente diferente e acabei por não ser aprovado. Acabei por

perder um ano escolar mas amadureci e desenvolvi outras competências, foi então que os

meus pais me inscreveram, pela segunda vez no 12º ano mas voltei ao contexto do ensino

privado, desta vez, no Colégio de Portugal. Hoje depreendo que foi um choque cultural,

metodológico e social ir para o ensino público após tantos anos consecutivos de ensino

privado, os professores eram muito cuidadosos connosco no colégio e no contexto do

ensino público, era significativamente diferente. Mais tarde, no percurso académico

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

154

superior, frequentei um ano no curso de Engenharia Informática da Universidade

Lusófona. Numa aula, conheci uma atriz profissional do Teatro Experimental de Cascais

que tinha sido convidada por um professor de uma unidade curricular denominada -

Técnicas da Comunicação. Nessa sessão, de aproximadamente uma hora, foi-nos dado a

conhecer e experimentar exercícios dinâmicos de desinibição, técnicas de interação e de

improvisação com os quais me identifiquei de imediato. Foi a partir deste dia que optei

por estudar teatro. Num universo de aproximadamente oitenta alunos só eu é que me

disponibilizei a participar de forma totalmente disponível, cativado e entusiasmado. No

intervalo ganhei coragem e perguntei à referida atriz onde é que eu poderia inscrever-me

para estudar teatro, no âmbito do ensino superior. Fiz provas e ingressei na Escola

Superior de Teatro e Cinema em 1998 onde conclui a licenciatura no curso de teatro ramo

de atores e encenadores e o mestrado em artes performativas. Neste momento, estou a

preparar uma prova pública com o propósito de obter o título de especialista em

artes/teatro/interpretação. Tenho ainda o objetivo maior de concluir o doutoramento em

Artes Performativas e Audiovisuais, ministrado numa parceria entre a Universidade de

Lisboa e o Instituto Politécnico de Lisboa.

Apresentado o meu percurso académico passo agora a falar da minha experiência

profissional. No ano que se seguiu, após ter concluído o 12º ano, como não entrei nos

cursos superiores aos quais me tinha candidatado fui estudar um ano, na Escola de

Hotelaria e Turismo do Estoril. O meu pai dava aulas de Gestão Hoteleira nessa escola e

propôs-me evitar ficar parado durante um ano letivo. Desta forma, inscrevi-me num curso

de um ano, em que era atribuída uma carteira profissional de rececionista aos alunos que

o concluíssem. Quando terminei o Curso Profissional de Rececionista fiz um estágio de

três meses na receção do Hotel Estoril Éden. No ano seguinte, não voltei a candidatar-me

ao ensino superior e a partir daí enveredei por uma das minhas grandes paixões… a

música. Já tinha começado a tocar bateria aos 16 anos e nesta fase interessei-me por

estudar mais e frequentar aulas particulares em que fui estimulado a treinar

autonomamente numa média de quatro horas por dia. Foi então, com vinte anos, que

comecei a trabalhar profissionalmente como músico, percurso que durou de 1994 a 2014.

Paralelamente, quando estava a acabar o meu primeiro ano na Escola Superior de Teatro

e Cinema (1999) comecei a trabalhar como ator profissional na Comuna Teatro de

Pesquisa, no Teatro O Bando e mais tarde com duas companhias italianas e uma francesa

em produções do Centro Cultural de Belém. Em 2000 e 2001 gravei duas séries históricas

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

155

para a RTP, A Febre do Ouro Negro e o Processo dos Távora e depois fui convidado para

dirigir um grupo de Teatro de Trabalhadores da Marconi e também adquiri e desenvolvi

as minhas competências como encenador. Em 2003 comecei a trabalhar como professor

de Expressão Dramática e Teatro. Na altura fui convidado para dar para dar aulas num

programa denominado Oficinas de Teatro desenvolvido pelo Departamento da Educação

da Câmara Municipal de Lisboa tendo sido colocado como professor coadjuvante do 1º

ciclo, na Escola do Alto de Santo Amaro. Um ano depois, em 2004, fui convidado para

trabalhar na instituição onde nos encontramos e nos conhecemos, a Santa Casa da

Misericórdia de Amadora. Integrei um grupo de técnicos especializados que lecionavam

Atividades de Enriquecimento Curricular no Casal da Boba, no contexto do ensino pré-

escolar e do primeiro ciclo e convidaram-me inclusivamente para dirigir o Clube de

Teatro da Escola Luís Madureira, a nossa escola. Em 2005, comecei a lecionar a disciplina

de Teatro ao 3ºciclo até hoje. Em 2005, no contexto anteriormente citado das Oficinas de

Teatro, a Câmara Municipal de Lisboa convidou-me para coordenar uma equipa de

professores de Expressão Dramática, na freguesia de Carnide. De 2005 a 2011 coordenei

e dei aulas de Expressão Dramática em escolas de ensino básico como as da Luz, do

Bairro Padre Cruz (Considerado o maior bairro social da Europa a nível populacional.) e

do Bairro da Horta Nova. Tenho trabalhado em várias vertentes como formador e também

como professor no contexto do ensino artístico. Em 2010 fiz parte de uma equipa que

fundou uma escola de teatro musical inserida no contexto de uma escola de danças sociais,

a EDSAE - Escola de Dança e Teatro Musical. Esta escola de ensino artístico foi a

primeira em Lisboa e a segunda em Portugal, a lecionar competências de artes

performativas relacionadas com o Canto, a Dança e a Representação. Na Escola Luís

Madureira, além de lecionar a disciplina de Teatro ao 3º ciclo desde 2005, comecei a

lecionar Expressão Dramática como professor coadjuvante de 1ºCiclo, e neste momento

ministro quatro clubes de teatro com uma média de sessenta alunos inscritos por ano. No

contexto da Escola Luís Madureira do qual vamos falar nesta entrevista trabalho há 12

anos, 6 dos quais como diretor de turma.

Entrevistadora - Ao longo do seu percurso tem desempenhado o cargo de Diretor

de Turma?

Matias – Contam-se seis anos consecutivos desde o momento em que aceitei

assumir funções neste cargo. Comecei por ser diretor de uma turma que acompanhei do

7º ao 9º ano. E neste momento acompanho uma turma de 7º ano desde o 5º.

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

156

Entrevistadora - Quando recebe o cargo de Diretor de Turma são-lhe explicadas

as funções e competências que terá?

Matias – São… de forma cuidada, clara e objetiva, o que é fundamental para o bom

desempenho da especificidade do trabalho em causa. Sendo que, nesta escola, como

também fiz trabalho de secretário, antes de fazer o de direção de turma, fui percebendo,

também de forma empírica, todos os procedimentos relacionados com as competências e

responsabilidades que o cargo exige. Ainda assim, todos os anos são explicadas, de forma

minuciosa, quais as tarefas a serem desenvolvidas de acordo com as atualizações

elaboradas pelo Ministério da Educação mas há sempre questões que só percebemos

mesmo com quando as concretizamos. Por mais enquadramento e contextualização que

nos sejam facilitados só com o trabalho no terreno, junto da escola, da secretaria, dos

professores, dos pais e dos alunos é que se vem a perceber a verdadeira dimensão e as

funções reais de direção de turma.

Entrevistadora - Como caracteriza o seu desempenho enquanto Diretor de Turma

e que importância atribui a este cargo?

Matias – Creio que estamos perante um cargo que possamos considerar como um

dos mais determinantes para o bom funcionamento da tríade escola, pais e alunos. No

modelo de ensino em Portugal, o aluno e os pais vêm no papel do educador de infância,

do professor titular de turma de 1º ciclo, e do diretor de turma (professor titular de turma

de 2º e 3º Ciclo) um facilitador. O diretor de turma é um mediador, alguém que tem de

ter a capacidade de adequar cada problemática a uma solução, agindo em conformidade

com o Regulamento Interno da Escola e com as normas de educação vigentes. Sem esta

figura da direção de turma no terreno, seria certamente mais difícil atingir-se a

assertividade de procedimentos, sobretudo, no trabalho da organização da informação,

comunicação e gestão diária de problemáticas. O lado que mais me fascina é o das

relações humanas que tem a ver com o contacto direto com os encarregados de educação

e com os próprios alunos a faceta que menos me agrada é a burocrática. A função do

diretor de turma é muito exigente pela perspetiva administrativa, sobretudo no rigor que

deve ser implicado na verificação de toda a documentação, desde as atas, a registos de

avaliação, a verificação de pautas entre tantos outros. Nos dias que correm somos

constantemente incitados a distrair-nos com múltiplos focos de atenção, ou melhor de

desatenção, perante os quais temos de recriar constantemente formas de não perdermos a

concentração que, a meu ver, é basilar no trabalho do diretor de turma.

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

157

Entrevistadora - O Diretor de Turma deve assumir um papel preponderante

enquanto “gestor intermédio” da organização escolar, a nível da supervisão e da

promoção do trabalho colaborativo. Concorda com esta afirmação ou acredita que o

Diretor de Turma não exerce este papel?

Matias – Concordo com a afirmação, o Diretor de Turma, tem inequivocamente

essa função. À “gestão intermédia” da organização escolar, eu chamo-lhe sumativa e

abreviadamente “mediação”, seja ela interpessoal, entre os mais diversos elementos da

comunidade educativa e a documentação ou, por vezes, chega a ser uma questão apenas

administrativa entre documentos que chegam a repetir-se ou a representar um conflito de

conformidade. O trabalho do Diretor de Turma também passa por ser uma constante

procura de equilíbrios entre interesses que muitas vezes chegam a ser antagónicos, o que

é um trabalho continuo interpretação de perspetivas, de ponderação, de construção de

pontes, de entendimento, de consensos, de diálogo e de estabelecimento de congruências.

Este é um trabalho que podemos considerar diplomático, o de conseguir harmonizar

interesses e visões dispares favorecendo posições que muitas vezes, até se acabam por

complementar. Arriscaria afirmar que a qualidade de atenção e/ou de escuta aplicada às

questões que vão surgindo, muitas delas inesperadas, ou até mesmo inéditas, é

diretamente proporcional à quantidade e qualidade das soluções que o diretor de turma

consegue encontrar. Uma direção de turma atenta está constantemente a desenvolver a

competência fulcral de um profissional de qualidade, estou a falar de criatividade, porque

tem a ver com a vida, com o quotidiano, com o imprevisível, com questões que nem

sempre estão devidamente enquadradas. Cada caso é um caso e esse tremendo desafio

criativo é das caraterísticas mais cativantes na dimensão operacional de um diretor de

turma. O trabalho da supervisão é profundamente objetivo, é maioritariamente um

trabalho de observação, de análise e de execução de medidas orientadas por um

pensamento crítico coerente que se orienta por normas pré-estabelecidas ou recria espaços

entre essas mesmas normas. A promoção de trabalho colaborativo entre a alunos e,

inclusivamente, entre professores também é fascinante por implicar a capacidade

imaginativa de reinventarmos estratégias para fazermos convergir propósitos

diferenciados no alcance de objetivos comuns.

Entrevistadora - Então, pensando nesta questão da organização escolar, da

supervisão e da promoção trabalho colaborativo, quais são as funções que desempenha

como Diretor de Turma que têm uma natureza supervisiva?

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

158

Matias – Bom, neste trabalho de salvaguarda da organização e conformidade de

procedimentos, o lado da supervisão é maioritário no raio de ação do diretor de turma e

perpassa o preenchimento de toda a documentação afeta à turma que representamos, seja

esse preenchimento efetuado por nós, por colegas, por pais ou por alunos. São objeto de

supervisão do diretor de turma o dossier de turma, o registo individual do aluno, o livro

de ponto, a caderneta do aluno, o registo de ocorrências, a verificação das atas, o registo

de faltas presenciais, as justificações de faltas, os registos de avaliação por período, as

pautas, a ficha de dados dos encarregados de educação entre muitos outros. Muitas vezes

o diretor de turma preenche diretamente alguns destes documentos e deve criar um

distanciamento temporal ou recorrer à colaboração de um secretário ou um colega para o

auxiliar na abrangente, exigente e, por vezes, complexa tarefa da supervisão. O trabalho

da supervisão é o garante da conformidade de procedimentos e essencial para a qualidade

e credibilidade da escola seja no seu funcionamento interno ou na relação do

estabelecimento de ensino com o exterior.

Entrevistadora - Pode dar alguns exemplos de aspetos que considera mais fortes

e mais fracos na sua atuação como “Supervisor”?

Matias – Na minha prática de supervisão o ponto fraco é sempre o tempo que tenho

à disposição para o efeito, ou seja tendo nós mais tempo, conseguimos verificar com

muito mais cuidado. O que acontece na gestão do meu tempo pessoal e profissional é que

acabo por recorrer a ao cumprimento de tarefas, inclusivamente as de supervisão, por

ordem de importância. Muitas vezes em alturas de final de período ou início de

interrupções letivas, após a afixação das pautas, são os momentos ideais para ter a calma

necessária para proceder à finalização do trabalho de supervisão. O que faço é priorizar

pensando de fora para dentro da escola, o que é mais urgente é toda a documentação que

pode ser solicitada a interagir com o exterior. Numa segunda linha prioritária de

intervenção trabalho a supervisão de documentação interna e que possa ser eventualmente

usada no exterior e, por fim, supervisiono a documentação de uso interino. O ponto forte

é que tenho este lado cirúrgico no processo de observação e verificação, creio que é uma

vocação, é por isso que sempre me atraiu a área das ciências a par da dimensão artística.

Tem a ver com o gozo da observação em si, porque me é muito prazeroso observar, sou

capaz de perder (ou ganhar) horas com a supervisão de uma ata só para tentar perceber

melhor todos os pontos de vista, de os interpretar e tentar ser o mais fidedigno possível

em relação ao que foi dito. Frase a frase, gosto de verificar se o que está escrito

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

159

corresponde rigorosamente ao que foi dito, enriquecer o meu próprio vocabulário mais

uma vez usar da criatividade em prol da assertividade da construção frásica. Resumindo

ponto negativo na supervisão é gestão do tempo e o ponto positivo o rigor com que

concluo o processo de supervisão.

Entrevistadora - Como organiza, gere e atua numa reunião de Conselho de

Turma?

Matias – Organizo com a antecedência que me é possível toda a informação com a

estreita colaboração da coordenação que, em sede de conselho de diretores de turma, nos

cede todos os conteúdos a serem abordados. O mais desafiador é presidir a reunião

salvaguardando o cumprimento da ordem de trabalhos em relação ao tempo à disposição.

Há quem já o faça e parece-me ser uma metodologia favorável ao bom funcionamento

das reuniões, elaborando a ata antes da reunião, lendo no início do Conselho de Turma e

todos os intervenientes podem propor alterações após término da leitura. Pode parecer

quase impessoal mas por vezes o que acontece nas reuniões é que as questões pessoais

imiscuem-se nas cientifico-pedagógicas acrescendo ainda a variável da vontade que nós

temos de falar, de desabafar, ou de abordar assuntos que nem sempre são necessários para

os trabalhos se darem por concluídos. Esta é a grande problemática da civilização

ocidental a adequação das ações tendo em conta o tempo que temos à nossa disposição.

Acabamos algumas vezes por protelar as reuniões além do tempo previsto pois podem

surgir casos individuais que nos merecem uma atenção e adequação redobradas. A

prioridade é que todos os documentos e depoimentos sejam realizados de acordo com a

ordem de trabalhos.

Entrevistadora - Encara o Conselho de Turma, como o órgão responsável pela

promoção do trabalho colaborativo entre os docentes de uma turma?

Matias – Sim, por excelência, como não temos tempo para nos encontrarmos e

debatermos de forma a que todos se possam ouvir e participar, o Conselho de Turma

acaba por ser uma oportunidade para debatermos formas de cooperação e entreajuda em

potenciais projetos de interdisciplinaridade, adequação de estratégias comuns ou

planificação de atividades conjuntas. Só através de um diálogo dinâmico entre os docentes

é que se pode promover uma pluralidade de respostas e a consonância de procedimentos

em regime colaborativo.

Entrevistadora - De que forma o Projeto Educativo (PE), o Plano Anual de

Atividades (PAA) e o Plano de Turma (PT) contribuem para a definição de estratégias

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

160

conjuntas de atuação, articulação de procedimentos e de métodos de trabalho no Conselho

de Turma?

Matias – Nesta escola particularmente como o PE e o PAA são trabalhados em

regime colaborativo por um grupo restrito de professores, e são posteriormente dados a

conhecer de forma muito esclarecida e esclarecedora a todos os intervenientes da

comunidade educativa, estes assumem-se como ferramentas essenciais, estruturantes e

orientadoras. A relação que existe entre o PE, o PAA e o PT é hierárquica com o objetivo

de dar a perceber às educadoras e aos professores quais são as orientações, desde a

dominante à particular, de cada turma, de cada disciplina e considerando a especificidade

das necessidades individuais de cada aluno. É fundamental, para uma boa prática de

direção de turma, o conhecimento dos referidos documentos, a adequação na interligação

das orientações entre PE e PAA e a forma como estes devem/podem influenciar o PT.

Entrevistadora - Como Diretor de Turma, considera importante incentivar os

professores a desenvolverem trabalho colaborativo? Quais as vantagens para alunos,

professores ou outros intervenientes no processo educativo?

Matias – Essa questão do trabalho colaborativo, ocorre maioritariamente no sentido

dos professores incentivarem os alunos a colaborarem uns com os outros, entre docentes

acho que há muito caminho a percorrer, considero que há mesmo muito trabalho a

desenvolver. Cada docente foca-se cientifica e pedagogicamente nas suas áreas porque as

conhece como ninguém ou está habilitado para trabalhar sobre esses conteúdos de forma

nem sempre flexível. Na verdade, devem promover-se pontes interdisciplinares de

saberes específicos no sentido de dar consistência à transversalidade desses mesmos

saberes. Muitas vezes o importante é percebermos que existem planificações muito

diferentes que se complementam e que se imiscuem até espontaneamente, basta abrirmos

a perspetiva pela ótica da cooperação e vislumbrarmos o potencial da colaboração. Se na

experiência da aprendizagem os conteúdos forem dados de forma colaborativa podem

enriquecer a capacidade do aluno interpretar os conteúdos e a estimular a criatividade na

sua aplicabilidade. A escola não pode só centrar-se num saber-saber estanque, deve ser

também uma escola do saber-fazer num contexto de transversalidade de saberes. Em

Físico-Química aborda-se a luz e o som pela perspetiva das leis subjacentes aos

fenómenos físicos e na disciplina de Teatro falamos de sonoplastia e luminotecnia pela

vertente da aplicabilidade criativa com o propósito de conceber ambiências ou

determinadas atmosferas cénicas. Se estes dois conteúdos forem dados em regime de

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

161

complementaridade, os alunos alargam claramente a relação que têm tanto com o saber-

saber como com o saber-fazer. Este é apenas um exemplo, há muitos outros. O currículo

do ensino básico e secundário está repleto de possibilidades idênticas. Assim podemos

depreender que as potenciais planificações de atividades interdisciplinares são

infindáveis, têm é que se implementar, ainda que gradualmente, um espírito colaborativo

entre professores. A verdade é que muitas vezes na prática só duas ou três disciplinas

adotam processos de colaboração ao longo do ano. Creio que poderia ser muito mais rico

esse diálogo entre as disciplinas.

Entrevistadora - Pensa que existem fatores que condicionam ou limitam o

exercício das funções dos Diretores de Turma? Em caso afirmativo, quais são esses

fatores?

Matias – Existem fatores que limitam e que condicionam o raio de ação da direção

de turma. O tempo à disposição para um diálogo humanista e sobretudo humanizador.

Fascina-me poder conversar individualmente com cada um dos meus alunos e com a

turma no seu conjunto. Eu sinto que no 5º e no 6º ano chegava a dar blocos de 100

minutos, porque estava duas vezes por semana com eles, ou em Apoio ao Estudo ou em

Oferta Complementar e mesmo assim não era suficiente. Já no 7º ano só ter Oferta

Complementar, confinada a 50 minutos, com uma planificação de conteúdos que temos

de abordar, nem sempre é fácil gerir o tempo em função da qualidade do diálogo. Há

casos de alunos que precisam mesmo de uma referência, uma referência estruturante de

uma voz que é o reflexo das suas inquietações e das potenciais soluções e que lhes vai

moldando um certo caminho ou que lhes dá uma perspetiva diferente das problemáticas

emergentes. O ensino básico é, por excelência, um período de incubação de

problemáticas, talvez o maior período de incubação de problemas pessoais, que se não

forem trabalhados, muitas vezes, podem dar maus resultados. Voltamos de facto a

justificar as limitações com o tempo mas por mais organizados que sejamos o fator tempo

limita muito o meu trabalho. No contexto desta escola creio que há uma grande abertura

em algumas datas limite, não por uma questão de facilitismo mas por se reger por um

profundo sentido humanista.

Entrevistadora - Considera que o Diretor de Turma deveria ter formação

específica para o desempenho do cargo? Em que áreas ou domínios? No seu caso

concreto, sente necessidade desse tipo de formação?

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

162

Matias – Sim, o Diretor de Turma tem de ser um promotor de consensos, de

complementaridade de vontades e esse lado, é um lado que muitas vezes se pode aprender

em formações de gestão de conflitos, soluções criativas e flexibilização de perspetivas.

Num meio profissional institucionalizado como é que se pode ser criativo perante

problemas quase irresolúveis. Creio ser estruturante apostar-se em formações de cariz

informático em Excel, Word, Powerpoint conhecer outras ferramentas de software, outras

ferramentas e dispositivos tecnológicos que nos possam ajudar a organizar informação,

editar e inclusivamente apresentar conteúdos. Aprender a gerir o saber informático e

tecnológico e saber aplica-lo em sala de aula, de forma cativante, tanto quanto esta

geração assim o exige. Chamo-lhe a “geração dos três ecrãs” porque existem os tablets,

os smartphones, as televisões interativas e os computadores, depois também temos o rádio

a tocar e o amigo traz um mp3 e nos dá a ouvir, as redes sociais e … é tanta a informação

que … torna-se um duelo desigual. Não é fácil quando nós estamos na aula a trabalhar

com o pau de giz ou com o marcador e um quadro, a implicar todas as nossas

competências comunicativas, torna-se por vezes ingrato, porque ou somos a excelência

do performer-pedagogo-animador, quase o stand-up-comedian que promove o

conhecimento e que está ali com um entusiasmo ímpar e uma capacidade de cativar a

atenção todos os alunos, ou então rapidamente nos rotulam como o “professor seca” e

afirmam em coro que a aula é entediante. Portanto, acho que os professores deviam ter

acesso a estas ferramentas de como potenciar a transmissão da informação nas aulas, seja,

às vezes, com uma simples projeção de vídeo, com quadros interativos ou com estratégias

de interpretar os conteúdos. Há muitas formas de se dar a conhecer a matéria e acho que

muitas vezes o problema das aulas é o problema dos espetáculos, ou seja, quando um ator

não surpreende com aquilo que faz torna-se entediante vê-lo. No caso das aulas é similar,

se o professor é sempre igual, isto é, quando o docente repete a informação e deixa de

questionar o que diz, sem querer, ele torna-se previsível na forma como transmite o

conhecimento. É muito importante percebermos que as competências de comunicação

devem ser igualmente treinadas e também podem ser objeto de formação, como a voz, a

expressão corporal, a forma como interagimos com um grupo, a forma como estamos e

nos deslocamos no espaço, a forma como entoamos o que dizemos entre tantas outras.

Manter-se o lado surpreendente é fundamental na pedagogia, porque é da surpresa que

nasce o fascínio, é do fascínio que vai nascer o interesse em saber mais, é desse interesse

que os alunos acabam por se surpreender a si próprios.

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

163

A nível de formação apostaria ainda em formação em ensino especial e estratégias

diferenciadas em sala de aula perante grupos heterogéneos de forma a fazer com que a

escola consiga, dentro do possível dar uma resposta adequada às

capacidades/necessidades de cada aluno. Há alunos diferentes e alguns até com problemas

cognitivos difíceis de diagnosticar, difíceis de compreender, difíceis de enquadrar, há que

saber como agir para não ser massificador num contexto tão plural e sensível como o

escolar.

Entrevistadora - Como definiria o perfil de um Diretor de Turma?

Matias – A grande mais-valia do Diretor de Turma deve ser sempre a ponderação,

a capacidade de não reagir no imediato, porque a tendência quando as problemáticas são

graves, é reagir ou de forma impulsiva, limitada e retaliadora. Creio que esse sentido de

ponderação tem a ver com maturidade, com abertura de espírito, com uma sabedoria

empírica de perceber para além daquilo que está a ser dito ou para além do que se viu ou

se comprovou. Tudo se manifesta em expressões e toda a expressão tem por trás um

sentimento e/ou um pensamento, muitas vezes os sentimentos/pensamentos menos

positivos não são resolvidos na situação em que foram despoletados. Muitas vezes as

pessoas sejam elas alunos, pais, ou professores projetam as suas frustrações de forma

indireta e descontextualizada. Se julgarmos só por julgar, muitas vezes, só estamos a

agravar os sentimentos e pensamentos da pessoa em causa porque não só ela ainda não

resolveu o principal problema que a inquieta como acrescentou um novo problema para

resolver. Por isso, tento sempre analisar, ouvir, compreender e ponderar… só depois é

que tomo uma decisão. A mais valia do Diretor de Turma é “nunca se esquecer que quanto

mais sabe, mais sabe que nada sabe” no sentido que todos os dias, todas as problemáticas

exigem respostas diferenciadas, respostas adequadas e a verdadeira mais-valia do Diretor

de Turma é a adequação. E a adequação só se tem quando há predisposição para nós

próprios, muitas vezes, até quebrarmos pequenas regras porque nem sempre a regra é a

mais adequada para se assumir como orientação para ação e isso é o que eu mais sinto

que faz falta ao Diretor de Turma, que é o lado de ser flexível, o lado de ser humilde, a

humildade é fundamental, o lado de ser capaz de não personalizar questões até muitas

vezes de falhas da própria direção de turma e conseguir transformar uma problemática

em conhecimento. Muitas vezes contextos onde nós somos obrigados a responder no

imediato e não temos ninguém que nos explique como é que se faz, nesse sentido acho

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

164

que a flexibilidade, ponderação, humildade e adequação são as características-palavras-

chave para realizarmos um bom trabalho de direção de turma.

Entrevistadora - Deseja acrescentar alguma coisa que não tenha sida contemplada

nesta entrevista?

Matias – No contexto escolar há um lado essencial para que uma equipa funcione:

é o lado humano pela perspetiva da compaixão. A tendência mesmo quando nos

deparamos com um erro é de penalizarmos, chamarmos à atenção e acaba por se

transformar numa não oportunidade para construir uma solução. Creio que nesta escola,

sinto em todos os erros que aparecem sejam de que quadrante forem, mais do que a

penalização mais do que a humilhação, a frustração ampliada… há um espaço para que

as pessoas aprendam com os seus próprios erros e evitem repeti-los. Isto deve-se à

filosofia da nossa liderança, acima de tudo humanizadora e acredito que mais

responsabilizante, o que nos induz a colocar-nos no lugar do outro, porque o meu erro

hoje pode ser o do outro amanhã ou vice-versa … até nos períodos mais difíceis nós nunca

nos deixamos de sentir uma verdadeira equipa.

Entrevistadora - Muito obrigada.

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

165

ENTREVISTA À MATILDE

A entrevista foi gravada no dia 21/04/2017, na escola em que a mestranda leciona,

dado o colega ter participado na ação de formação e ter-se disponibilizado para participar

no estudo.Esta entrevista teve a duração de 13’13 minutos.

As perguntas são introduzidas pela palavra entrevistadora. As respostas são

introduzidas pelo nome fictício Matilde e tentámos reproduzir de forma fiel as palavras

da entrevistada, incluindo as pausas que reproduzimos pelo uso das reticências. Atitudes

como rir são indicadas entre parênteses. Entre parênteses retos surgem afirmações da

entrevistadora.

Entrevistadora – O tema do meu trabalho é o trabalho colaborativo nas funções

supervisivas do Diretor de Turma. Como tivemos oportunidade de conversar antes da

entrevista esta pode ser utilizada para fundamentar a tese, mas também para divulgação

dos resultados a nível académico. Podemos então gravar a entrevista?

Matilde – Sim, podemos.

Entrevistadora – Agradecer também a disponibilidade, e pedir se seria possível

fazer-nos uma descrição sucinta do seu percurso académico e profissional?

Matilde – Então, inicialmente, fiz o percurso académico normal, ou a escolaridade

obrigatória até ao 12º ano, depois fiz uma licenciatura em línguas e literaturas modernas

e depois fiz uma licenciatura em formação educacional, as antigas pré-Bolonha, que eram

seis anos, era uma licenciatura grande de seis anos, fiz um estágio de um ano numa escola

pública e em que tinha duas turmas a meu cargo, sozinha, em que ia lá de vez em quando

a orientadora de estágio e a minha colega de estágio. Essas duas turmas eram minhas e eu

é que fazia avaliação e além disso além eram minhas de português, eu era, só fiz

inicialmente formação na área do português e era uma turma de nível inicial, 7º ano,

porque eu era de 2º, de 3º ciclo e secundário, e outra de 9º ano. Depois eu era também,

além de professora de português dessas duas turmas, secretária da direção de turma de

um 9º ano, dessa turma de 9º ano, e exercia todos os cargos da secretária de direção de

turma.

Ao longo desse ano trabalhei colaborativamente com a minha com a minha

orientadora de estágio e com a minha colega de estágio, e quando terminámos o estágio,

eu concorri a escolas públicas sempre estive colocada a dar aulas em horários pequenos

e também dei aulas no ensino profissional, durante bastantes anos, dei aulas de ensino

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

166

para adultos, dei aulas de ensino para jovens, os chamados FJ’s, dei aulas de ensino para

jovens em risco, dei aulas de muita coisa no ensino profissional. Nesse percurso também

participei num estágio a nível europeu, o Leonardo da Vinci, estive em Sevilha e aí decidi

em apostar na formação na língua espanhola e quando cheguei a Portugal inscrevi-me no

mestrado em língua espanhola e fiz o mestrado em ensino do Espanhol. Neste momento,

estou a lecionar não só português como espanhol já a nível profissional, sendo que

anteriormente a ser profissionalizada dei aulas de espanhol durante alguns anos nas

escolas públicas, porque era permitido por lei uma vez que havia carência de professores

de espanhol. Assim esse percurso profissional na área do ensino é mais ou menos este.

Neste momento dou aulas ao 2º ciclo de português e ao terceiro ciclo de espanhol, só.

Entrevistadora - Ao longo do seu percurso tem desempenhado o cargo de diretora

de turma?

Matilde – Desempenhei sempre o cargo de secretária de diretora de turma, de

diretora de turma só desempenhei o cargo nestes dois últimos anos, nestes três últimos

anos.

Entrevistadora - Quando recebe o cargo de Diretor de Turma são-lhe explicadas

as funções e competências que terá?

Matilde – Quando recebi o cargo de diretora de turma, foi-me explicado tudo o que

teria de fazer, todas as competências e o que é que era preciso fazer, sim.

Entrevistadora - Como caracteriza o seu desempenho enquanto Diretor de Turma

e que importância atribui a este cargo?

Matilde – Este cargo é muito importante, é um cargo de que eu acho que na gestão

intermédia da escola é importantíssimo, porque faz a ponte e a ligação entre pais e a escola

e professores e alunos e entre professores e pais e entre alunos e funcionários e entre os

vários órgãos da escola, portanto é um cargo de ligação, no fundo, e é um cargo muito

importante. É um … como caracterizo o meu desempenho?, eu tento desempenhar a

função o melhor possível, nem sempre é um desempenho fácil, tem a ver com o dia a dia,

às vezes é mais fácil, às vezes não é tão fácil, tento fazer as coisas o melhor possível,

tento cumprir o que me é pedido, quer por parte dos alunos, por parte dos alunos, quer

por parte da direção da escola e quer por parte dos meus colegas, dos meus colegas

professores, e também dos funcionários e da direção da Santa Casa da Misericórdia

também faz parte da gestão de tudo isto, no fundo, portanto tento ser esse tal elo de

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

167

ligação entre todos os elementos, às vezes consegue-se outras vezes não, tentamos fazer

o melhor.

Entrevistadora - O Diretor de Turma deve assumir um papel preponderante

enquanto “gestor intermédio” da organização escolar, a nível da supervisão e da

promoção do trabalho colaborativo. Concorda com esta afirmação ou acredita que o

Diretor de Turma não exerce este papel?

Matilde – Concordo com essa afirmação, sim. É um gestor, é um nível intermédio

sim, está no meio das várias funções como eu já expliquei, que eu acho que é. Está no

meio entre pais, alunos, professores, os órgãos intermédios diretivos, portanto eu acho

que é a nível intermédio, sim.

Entrevistadora - Então, pensando nesta questão da organização escolar, da

supervisão e da promoção trabalho colaborativo, quais são as funções que desempenha

como Diretor de Turma que têm uma natureza supervisiva?

Matilde – Supervisiva tem a ver com a parte em que temos de, no fundo, ajustar,

fazer funcionar por exemplo o Plano de Turma, ou seja, fazer com que, por exemplo, os

trabalhos interdisciplinares funcionem e isso é o nosso papel é apenas supervisivo, é ver

se os colegas no fundo fizeram aquilo que se propuseram fazer. Nós não interferimos na

exequibilidade das coisas a que eles se propõem. Apenas supervisionamos isso,

supervisionamos também se os alunos cumprem com as suas obrigações e

supervisionamos se os encarregados de educação também cumprem com as suas

obrigações porque esse também é o nosso papel.

Entrevistadora - Pode dar alguns exemplos de aspetos que considera mais fortes

e mais fracos na sua atuação como “Supervisor”?

Matilde – Na minha atuação como supervisor? Mais fortes, mais fortes se calhar a

supervisão com … em relação aos alunos, mas mais fracos se calhar em relação aos

encarregados de educação, se calhar não sou suficientemente persuasiva para chegar a

eles.

Entrevistadora - Como organiza, gere e atua numa reunião de Conselho de Turma?

Matilde – Organizo, tento organizar, nem sempre se consegue, mas tento organizar

sempre tudo previamente, e tento levar tudo já previamente organizado de acordo com a

ordem de trabalhos desse conselho de turma e tento gerir as coisas para que se cumpra

primeiro o plano, a ordem de trabalhos e depois para que se cumpra o que temos

previamente estabelecido que acho que é importante que os conselhos de turma não se

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

168

alarguem muito e depois tento atuar de maneira a que todos me oiçam e que a coisa

funcione como é suposto, nem sempre consigo, não devo falar audivelmente, pronto mas

tento. A gestão anterior para mim é muito importante se eu não levar tudo organizado

previamente, eu sinto-me, acho que sinto-me perdida e tenho mesmo levar tudo

organizado, a organização anterior é fundamental para mim.

Entrevistadora - Encara o Conselho de Turma, como o órgão responsável pela

promoção do trabalho colaborativo entre os docentes de uma turma?

Matilde – Sim, fundamental e eu acho que todos devemos encará-lo assim.

Entrevistadora - De que forma o Projeto Educativo (PE), o Plano Anual de

Atividades (PAA) e o Plano de Turma (PT) contribuem para a definição de estratégias

conjuntas de atuação, articulação de procedimentos e de métodos de trabalho no Conselho

de Turma?

Se forem bem entendidos e bem articulados (seria) funcionariam de forma

fantástica e seriam perfeitos e seria a escola ideal, nem sempre isto funciona, em lado

nenhum, não é só na escola onde trabalho, é em todo lado, portanto se tudo se articulasse

de acordo, se o projeto educativo, o plano anual de atividades e o PT estiverem todos

interligados a coisa faria sentido e fazer sentido é muito importante, só que às vezes as

coisas não fazem sentido e é por isso que depois uma atividade desgarrada que não faz

sentido, depois faz com que um plano turma ou que um projeto educativo também deixem

de fazer sentido.

Entrevistadora - Como Diretor de Turma, considera importante incentivar os

professores a desenvolverem trabalho colaborativo? Quais as vantagens para alunos,

professores ou outros intervenientes no processo educativo?

Matilde – Acho que o trabalho colaborativo é importante em todos os momentos,

não só como diretora de turma, como professora, como ser humano. É importantíssimo

colaborar com os outros, partilhar experiências é importante para todos crescermos, como

diretora de turma mais ainda. Quais as vantagens? Aprende-se mais, aprende-se a

partilhar, cada um partilha a sua experiência e partilhar experiências é muito importante,

alunos aprendem com professores, professores aprendem com alunos, professores

aprendem com professores e isto é muito importante, que todos aprendamos uns com os

outros e aprender a aprender com os outros é muito importante. Eu acho que na sociedade

de hoje em dia isto é fundamental: ouvir os outros, aprender com os outros.

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

169

Entrevistadora - Pensa que existem fatores que condicionam ou limitam o

exercício das funções dos Diretores de Turma?

Matilde – Claro, existem sempre fatores condicionantes.

Quais serão esses fatores?

Matilde – O Ministério da Educação em primeiro lugar, o Ministério das Finanças

e o ministério da economia, quer dizer a economia em geral, tudo isso condiciona e,

portanto, vai condicionar a economia dos pais, vai condicionar a economia das famílias,

tudo isso vai condicionar. Não é só o ministério da educação, do ministério da educação

emanam-se todas as leis, tudo o que nós aqui aplicamos e daí veem todos os

condicionalismos, portanto.

Entrevistadora - Considera que o Diretor de Turma deveria ter formação

específica para o desempenho do cargo?

Matilde – Certo, sim.

Em que áreas ou domínios?

Matilde – Em que áreas? Na área da gestão da direção de turma, na gestão do grupo

turma, eu acho que é importante, nessas áreas específicas, especialmente estas duas são

importantes … principalmente nessas duas.

No seu caso concreto, sente necessidade desse tipo de formação?

Matilde – Sim.

Entrevistadora - Como definiria o perfil de um Diretor de Turma?

Matilde – Ui … como definiria o perfil de um Diretor de Turma? Não sei, não

consigo definir um perfil de um Diretor de Turma, às vezes penso nisso, penso nisso

porque penso em mim enquanto diretora de turma, e penso o que será um bom Diretor de

Turma, um mau Diretor de Turma. O Diretor de Turma ideal para aquela turma e eu não

sei o que é o perfil de um Diretor de Turma, é alguém que seja capaz de gerir esta coisa

toda entre pais, professores, alunos e que seja capaz de estabelecer este diálogo de uma

forma genial, não sei como é que se define um perfil de um Diretor de Turma. Já pensei

nisso muitas vezes e já li algumas coisas sobre isso, também, porque, às vezes, sinto que,

por causa dessa falta de formação, sinto que é necessário saber mais alguma coisa acerca

disso.

Então pode dizer que é uma autodidata na formação?

Matilde – Pois, não! Já li algumas coisas, não, mas ainda não li muita coisa, ainda

não sou muito autodidata.

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

170

Entrevistadora - Deseja acrescentar alguma coisa que não tenha sida contemplada

nesta entrevista?

Matilde – Não. Não.

Entrevistadora - Então agradecer a sua disponibilidade, muito obrigada.

Matilde – Pois … De nada.

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

171

ENTREVISTA AO MIGUEL

A entrevista foi gravada no dia 27 de abril de 2017, na escola em que o entrevistado

leciona. Esta entrevista teve a duração de 22’31 minutos.

As perguntas são introduzidas pela palavra entrevistadora. As respostas são

introduzidas pelo nome fictício Miguel e tentámos reproduzir de forma fiel as palavras

do entrevistado, incluindo as pausas que reproduzimos pelo uso das reticências. Atitudes

como rir são indicadas entre parênteses. Entre parênteses retos surgem afirmações da

entrevistadora.

Entrevistadora – O tema do meu trabalho é o trabalho colaborativo nas funções

supervisivas do Diretor de Turma. Como tivemos oportunidade de conversar antes da

entrevista esta pode ser utilizada para fundamentar a tese, mas também para divulgação

dos resultados a nível académico. Podemos então gravar a entrevista?

Miguel – Sim, podemos.

Entrevistadora – Seria possível fazer-nos uma descrição sucinta do seu percurso

académico e profissional?

Miguel – Posso. Sou licenciado em Matemáticas Aplicadas, depois disso estive no

ramo empresarial, tive uma empresa de informática, fui sócio, durante alguns anos, depois

aquilo deu mal, correu mal, erramos todos estudantes de Informática, do curso de

Informática, aquilo até tinha... posso dizer que fomos os pioneiros em Portugal nos cartões

que agora conhecem na escola, fomos nós que introduzimos isso para uma discoteca já

há muitos anos, depois disso aquilo deu confusão, comecei, dar muita formação na área

das informáticas, um dar aulas, experimentei, gostei e fiquei. Pronto.

Por acaso, comecei a dar aulas nesta escola, à noite, os dois primeiros anos dei aulas

à noite. Depois andei a contratos. Depois, aqui não fui Diretor de Turma, à noite. Depois

o primeiro ano que foi de dia, foi ali em Linda-a-Velha, tive logo duas direções de turma,

coisa boa, logo! Ainda era tudo à mão, coisa boa! A gente enganava-se fazia outra vez a

pauta. Pequenas direções, mas das... estilo batismo. Depois daí andei, contrato, portanto

fui sempre contratado, porque era licenciado, mas não pertencia aos quadros, depois andei

contratado seis anos mais coisa menos coisa, depois fui chamado para fazer a

profissionalização em serviço, foi na Universidade Aberta, como já tinha seis anos já não

fui obrigado a assistir às aulas, foi só à volta de dois anos na Universidade Aberta. Depois

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

172

dai consegui entrar em quadro de zona. Depois de quadro de zona ainda andei dois ou três

anos e depois consegui então ficar efetivo nesta escola.

Como Diretor de Turma, sei lá, depois da minha carreira à volta de dezassete anos,

talvez três anos ou quatro anos não fui Diretor de Turma, o resto fui sempre, tive sempre,

o pelouro, infelizmente, de Diretor de Turma. Este ano era para não ter, vieram pedir-me

o favor, já estou arrependido de ter aceite. Porque fui Diretor de Turma nesta escola,

quando entrei no primeiro não fui, depois fui, tive uma direção de turma muito

complicada, não era de alunos, eram alunos só que tinha muitos miúdos com

Necessidades Educativas Especiais, só te posso dizer que o meu conselho de turma tinha

vinte e oito professores para dezassete alunos, tinha o 7ºE, o E-1 e o E-2. A primeira

rampa que houve para esta escola foi para um caso de um aluno meu, de cadeira de rodas

e depois aquilo foi complicado, porque foram três anos desgastantes. Embora o conselho

de turma viesse a diminuir ao longo do tempo, ainda chegamos ao 9º ano com uns

dezanove professores. Estamos a falar de uma gestão um bocado complicada. Eu pedi

depois para descansar e em vez disso deram-me as Mecatrónicas. Depois fui durante seis

anos Diretor de Turma de Mecatrónicas e o ano passado, pedi, tive aí uns problemas com

uns colegas, para descansar um ano, foi aceite, depois vieram-me pedir se podia

desenrascar no PCA, agora sou Diretor de Turma num PCA de 9º ano, é uma carga de

trabalhos.

Entrevistadora - Pronto, ia perguntar se já tinha desempenhado o cargo de Diretor

de Turma, acabou já por responder.

Miguel – ... só não fui no secundário, básicos, PCA’s, já fui de tudo e mais alguma

coisa...

Entrevistadora - Portanto tem muita experiência... Quando recebe o cargo de

Diretor de Turma são-lhe explicadas as funções e competências que terá?

Miguel – Não … [O entrevistado só ri … não responde à questão, dando a entender

não lhe serem explicadas as referidas funções e competências.]

Entrevistadora - Como caracteriza o seu desempenho enquanto Diretor de Turma

e que importância atribui a este cargo?

Miguel – Acho que é um papel fundamental numa turma. Ah, quer dizer, tento

desempenhar o meu melhor, não é? Às vezes também não se consegue, porque muitas

vezes a informação dos colegas vem tardia. Costumo dizer, isto também depende também

do sistema informático, neste momento eu posso-lhe dizer que, o antigamente, o sistema

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

173

informático que a gente usava, como tínhamos computador em todas as salas, os

professores punham logo as coisas muitas vezes as faltas dos miúdos, as intercalares,

muitas vezes os miúdos no próprio dia que chegavam a casa os pais já sabiam da

informação. Agora o que é que acontece? Há colegas nossos que põem os sumários

passados oito dias, como participações, falam... a gente vai falar, o quê? Vamos dizer aos

pais “olhe teve uma participação”, “mas foi o quê?” A gente não sabe o que é que se

passa... as coisas agora não vêm muito atempadamente, por isso às vezes a gente é um

bocado complicada, a parte principal dos comportamentos e aproveitamentos e pronto a

assiduidade é um bocado complicada muitas vezes, por causa disso. Porque... E neste

momento, eu acho que os pais também se estão a desleixar da função, eu tenho casos de

pais que nunca vieram a uma reunião ainda este ano.

Entrevistadora - O Diretor de Turma deve assumir um papel preponderante

enquanto “gestor intermédio” da organização escolar, a nível da supervisão e da

promoção do trabalho colaborativo. Concorda com esta afirmação ou acredita que o

Diretor de Turma não exerce este papel?

Miguel – Entre quê colegas?

[A nível da gestão intermédia, entre os colegas, entre os pais, entre os... ]

Sim, eu acho que é um papel fundamental. É o que faz a gestão, principalmente em

caso de conflito. Há muitas vezes os pais querem vir falar com os professores, (...) há

colegas nossos que pronto!, cada um tem a sua maneira de ser, e às vezes também não

serve para nada, só vêm cá para refilar e muitas vezes os miúdos nem têm razão. Há pais

que defendem muito as dores e às vezes pergunto se não conhecem o que têm em casa.

Acho que sim!

Entrevistadora - Das funções que tem enquanto Diretor de Turma quais é que

considera que têm uma natureza supervisiva?

Miguel – Bem, neste momento é diferente, se fossem os profissionais eu falava de

outra maneira. Ah … neste momento, tem mais a ver com os comportamentos. O

aproveitamento, mais a assiduidade porque são miúdos que faltam muito, pontualidade,

principalmente as pontualidades e tento sempre andar a controlar isso e a informar os

pais. Neste momento, no básico, porque ainda por cima isto é um PCA é diferente, não é,

a gente não dá aulas, embora seja um 9º ano é diferente, isto é vertente Cozinha, a gente

faz projetos por isso é diferente. Se fosse falar como profissionais era mais,

principalmente por causa dos módulos, porque depois haver exames se as notas não forem

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

174

lançadas, apertar um bocadinho os colegas por causa que há colegas que se acham um

bocadinho, um bocadinho é grande e é favor, posso dizer que o ano passado desde que

fui nos profissionais levar tudo preparado e tinha sempre que reformular tudo porque

havia sempre módulos que ainda não tinham sido lançados. Às vezes o balanço, a gente

fazer um balanço de gestão e do aproveitamento era complicado, que conseguia, por isso

já não me preocupava muito, deixar a coisa ir e depois rolar... já não vale a pena chatear-

me.

Entrevistadora - Pode dar alguns exemplos de aspetos que considera mais fortes

e mais fracos na sua atuação como “Supervisor”?

Miguel – Eu como mais fortes, se quer que diga já estou um bocado desiludido com

isto tudo. Eu os pontos mais fortes que eu acho neste caso que tenho, será na gestão de

conflitos, principalmente entre miúdos e professores, porque há, tenho muitos,

principalmente este ano tive muitos casos... isto para o PCA a gente em geral convida

professores, alguns foram convidados, outros foram “impingidos”. O que é que acontece?

Há professores que nem todos têm perfil para isto, então tenho aí conflitos com um ou

dois professores, bastante graves, que eu tenho andado a tentar gerir, pronto, é uma parte

fundamental. Outro é tentar motivar os miúdos, que é um bocado complicado para estes

miúdos, a gente tentar motivá-los, tentamos sempre, tento com vários exemplos reais da

vida, há aqui uns que já tiveram percursos mais ou menos alguns que percebem o que

estou a falar, há outros que também não. Pronto... para mim essas partes... tudo isso... se

a gente conseguir controlar o comportamento, a assiduidade dos miúdos e a pontualidade,

o aproveitamento vem por si próprio, não é preciso a gente controlar o aproveitamento, a

gente tem que gerir um bocado... o aproveitamento na maior parte destes miúdos está

implícito outras coisas. Eu tenho aqui casos de miúdos, onde agora tive que por dois PA’s,

que é os Planos de Acompanhamento, que é por causa das faltas. Tenho aqui casos de

miúdos, pronto um bocado complicados, já vinham com problemas do ano passado, ouve

uns, tenho um que consegui, ameacei a ele e ao encarregado de educação (risos), foi

mesmo uma ameaça, tive que fazer um aperto aos pais e dizer que ia fazer queixa ao

Tribunal de Menores, o que seria uma chatice. Houve aí um caso que digamos tenho

sucesso, ouve outro que foi insucesso completo. Pronto. Reconheço que não tenho ...

Pontos fracos... eu acho que os pontos fracos é, depende um bocado às vezes, eu o

meu ponto fraco que eu apresentei aqui neste caso tem a ver com a própria escola, com a

logística, e naquilo que eu estava a explicar, a informação vem muito tarde, chega-me às

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

175

minhas mãos às vezes muito tarde, para estes miúdos a gente tem que agir logo, no mesmo

dia, o ideal, nem que seja um dia ou dois, um ou dois dias a seguir, se a gente passa isso

para eles já não, e mesmo deixa de ter o efeito desejado.

[Mas isso a qualquer um, não é?]

Mas nestes miúdos ainda mais. Estamos a falar de uma média de idades dezasseis

anos, dezassete anos no 9º ano, alguns deviam estar no 11º ano, eles nem sequer vão fazer

exames de 9º ano de Português, vão diretamente para a via profissional. Há aqui casos,

tenho aqui casos de dois miúdos que têm dezassete anos, que já lhes disse, pelo menos

façam o esforço para fazer o 9º ano, neste momento estão casos problemáticos. Depois

matriculam-se, vocês fazem anos em setembro ou o que é que é, matriculam-se e depois

vêm cá anulam a matrícula e vão à vossa vidinha, querem trabalhar tudo bem! Agora

como é ensino obrigatório, não façam andar com a vossa vida para tràs porque depois

vocês na realidade ficam com o 7º ano de escolaridade, alguns, porque alguns que até têm

é o 6º ano, ficam o 6º ano, porque isto só tem vínculo qualquer se acabar todo o 9º ano,

como os profissionais, a história é mais ou menos igual.

Entrevistadora - Como organiza, gere e atua numa reunião de conselho de turma?

Miguel – Como é que eu giro, organizo? Para já a primeira coisa é preparar o

trabalho de casa muito. Em geral levo tudo já feito até a ata, a minha secretária só tem

que fazer os acrescentos do que se fala na reunião. Sou muito autoritário, sou ditador, nos

conselhos de turma, sou ditador porquê? Por uma simples razão. Claro que deixo as

pessoas falarem, deixo isso tudo, mas é assim primeiro trata-se os pontos importantes,

porque senão as pessoas começam a falar, divagam, e quando a gente dá por ela pois é

que é uma hora e meia “Ah, desculpem lá, tenho outra que me ir embora”, isto é, falo pelo

próprio diretor que já foi do meu conselho de turma, foi a primeira pessoa que eu mandei

calar, foi ele por acaso. Quando me obrigaram a ser Diretor de Turma dos profissionais,

a primeira pessoa que mandei calar, foi o diretor que ele gosta muito de falar... Porquê?

Eu depois deixo sempre, porque as pessoas, eu acabo as reuniões sempre antes do tempo,

em geral, como eu dizia no 7º ano geria três no tempo de uma, por isso, e acabava antes

do tempo... (risos) …. Giro as reuniões e depois deixo as pessoas falar no final pergunto

sempre se querem discutir alguma coisa, e depois a história é sempre igual chegamos ao

final mesmo com meia hora antes, querem falar alguma coisa “Ah, não, não! Está tudo...

coiso” ... aquilo muitas vezes é conversa para mandar para fora … Ah … e eu nesse caso

sou rigoroso (risos) e tem que ser porque se não a gente passa uma reunião, uma hora e

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

176

meia e passado um... e é assim e depois cai tudo para cima do Diretor de Turma, e há

coisas, decisões que parte também do conselho de turma, embora o Diretor de Turma

tenha um grande peso, quer dizer, mas depois mais tarde se alguma coisa corre mal,

apontam o dedo ao outro e eu como já sou um bocado calejado, como já me caíram para

cima alguns assuntos chatos, então prefiro fazer assim.

Entrevistadora - Encara o conselho de turma, como o órgão responsável pela

promoção do trabalho colaborativo entre os docentes de uma turma?

Miguel – Acho que sim, é fundamental. Nós no caso do PCA, como nos reunimos

de quinze em quinze dias, tens essa... mesmo por causa dos projetos. O caso dos

profissionais é diferente, mas pronto .... Há uma... O que acontece nos alunos... eu acho

que falha aí, peca. Um bocado a relação interdisciplinar. Porque a gente muitas vezes

pode criar um problema .... Posso dizer uma vez trouxe para aí um projeto, que implicar

trocar as disciplinas, era um projeto de 8º ano, normal, do curso normal quer dizer

trabalhei eu, a professora de Português e mais outro. O resto tudo se... e era um projeto

muito giro, engraçado, e agora vou trabalhar um ele outra vez era o projeto do lobo, de

recuperação do lobo... e quer dizer... os professores... neste caso [PCA] eles envolvem-se

porque faz parte, vá lá do currículo da turma, na maneira de trabalhar da turma, mas no

geral, nas turmas gerais, cada um está no seu cantinho, no seu ovinho... E cada um... nós

no departamento de Matemática ainda temos uma coisa boa que partilhamos informação,

fazemos testes comuns, fazemos isso tudo. Agora sei que há aí grupos outros colegas, de

Geografia por exemplo, que até se for preciso até guardam o material para não

partilharem, porque “é meu, é meu e é meu”... o problema às vezes tem a ver com filosofia

das pessoas e as mentes das pessoas, nós na Matemática sempre partilhamos tudo, mas

isso tem a ver com o nosso espírito dos matemáticos... não tenho problemas de partilhar

informação, eu trabalho muito com colegas a meias ainda o ano passado, porque eu tenho

na minha direção de turma miúdos, tenho sempre miúdos com Necessidades Educativas

Especiais, e então havia uma professora que dava aulas e individualizadas, a gente muitas

vezes jogava, às vezes até juntava os dois grupos para trabalhar por causa de trabalhar

dinâmicas de grupo, aí havia trabalho de parceria nessa parte da Matemática, nas outras

disciplinas não posso falar... porque também não sei...

Entrevistadora - De que forma o Projeto Educativo (PE), o Plano Anual de

Atividades (PAA) e o Plano de Turma (PT) contribuem para a definição de estratégias

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

177

conjuntas de atuação, articulação de procedimentos e de métodos de trabalho no conselho

de turma?

Miguel – Isso é muito bonito no papel. Porque ... para já o PAA vai sendo

construído, não existe logo iniciativa. Posso dizer por exemplo em relação ao nosso PCA

a gente vai construindo as coisas de quinze em quinze dias, porque não há, para já, deram-

nos as coisas, a mim posso dizer, disseram-me de um dia para o outro, que tinha que ir ao

SI, que é o sistema Ministério da Educação nem sequer sabia trabalhar com aquilo, e

fechava à meia noite, era um quarto para a meia noite é que abri em minha casa. Ah, isso

é sempre a lacuna, e acho que sempre houve essa lacuna, e falo há anos que devia se criar

se uns projetos entre as disciplinas, criar se um nem que seja um ou dois, ou uma ideia de

um projeto por ano com as disciplinas e os conteúdos que dê para interligá-los. Isso já eu

falo há anos... Já se falou em criar grupos de trabalho … mas … zero. Por isso para mim

isto vai-se construindo tudo no joelho, e falo por mim.

Entrevistadora - Como Diretor de Turma, considera importante incentivar os

professores a desenvolverem trabalho colaborativo? Quais as vantagens para alunos,

professores ou outros intervenientes no processo educativo?

Miguel – Eu acho que é vantajoso em relação para transmissão de conhecimentos

mais alargados e para os próprios colegas porque existe uma cooperação, cria-se uma

cooperação entre eles.

Entrevistadora - Pensa que existem fatores que condicionam ou limitam o

exercício das funções do Diretor de Turma? Quais serão esses fatores?

Miguel – Sim. Acho que sim. Há fatores que... começo logo, um deles é o conselho

de turma (risos), é logo o primeiro, ... outro muitas vezes posso dizer que é a própria, da

direção, não tem a ver com a direção, mas com a logística da ... vá lá... muitas vezes para

fazer certas coisas sei lá para fazer certa atividadezinha é preciso uma carrada de papeis,

que só a gente pensar nos papéis e na logística daquilo, desiste. Outra coisa que agora a

escola tem, por isso é que eu posso dizer que deixei de fazer visitas de estudo e outras

coisas como Diretor de Turma por causa disso, posso dizer que antigamente fazia a volta

organizava á volta de oito a nove visitas de estudo por ano (risos), agora … zero! Vou

organizar uma ou duas agora para o meu PCA, porquê? Porque só professores, por

exemplo se for os profissionais é uma chatice, ou temos que arranjar colegas para nos

fazerem as nossas aulas e fazerem as substituições. Além de ter que dar o tempo que

perco, muitas vezes, imagine que tenho dois tempos de aulas saio daqui às oito horas e

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

178

volto às onze horas da noite, mas tenho que vir compensar esses dois tempos de aulas,

fora disso ainda tenho que dar essas aulas, principalmente nos profissionais, os planos de

aulas às vezes funcionam, outras vezes não funcionam. Criaram tantas regras aqui, de tal

maneira que a maior parte dos professores deixaram de fazer visitas de estudo, porque é

assim, a gente tem uma canseira, uma trabalheira e depois disso ainda tem que ir repor as

aulas que faltou entre aspas, porque teve em serviço, eu posso dizer que aqui há uns anos

tive aqui, fui eu e outra colega minha, que era faltas em serviço, eu nunca conheci faltas

em serviço, não existe na lei, mas aqui existia, faltas em serviço. Imagina, eu vou-te dar

um exemplo, como Diretor de Turma ia a uma visita de estudo e tinha dois tempos de

direção de turma e tinha que os compensar, se não estava em falta em serviço. De tal

maneira que eu depois comecei a vir fazer serviço e comecei a abrir uma bolsa de horas,

claro que “embuchamos” aquilo tudo. Aquilo depois foi a conselho de escola e ele mudou,

mas tem aplicações na nossa avaliação... que ele chama... agora não me lembro

parametrozinho... que agora não me lembro o que é que é implica?, os professores

deixaram de fazer muitas atividades entre outras coisas também por causa desse entrave,

quer dizer as gente já tem uma responsabilidade não sei como quantos alunos atrás, que

dá chatice por que a gente tem que estar com mil olhos em cima deles, principalmente

turmas complicadas e depois disso ainda temos que vir depois das quatro compensar aulas

para os meninos... desculpem lá isso não tem pés nem cabimento... vou arranjar parcerias

com os colegas que vai dar a minha aula, mas depois tenho que ir dar a aula dele... por

isso, os planos de aula nos profissionais não funcionam muito bem... por isso, como sou

dou profissionais e PCA’s, não tenho mais nada, falo por mim, é um dos entraves é a

parte logística, aqui no processo administrativo.

Entrevistadora - Considera que o Diretor de Turma deveria ter formação

específica para o desempenho do cargo? Em que áreas ou domínios? No seu caso

concreto, sente necessidade desse tipo de formação?

Miguel – Eu no meu caso não necessito por causa da experiência, não é? Eu acho

que deviam ter uma formação, principalmente a parte de liderança de gestão organizativa

da maneira como... E depois porquê? Porque a direção de turma também muda, como se

costuma dizer, de casa para casa, cada cabeça, a lei é toda é igual, mas cada cabeça a sua

sentença, a gente vai para uma escola trabalhar de uma maneira, eu por acaso sou efetivo

nesta, mas quando não era ia para uma escola trabalhava-se de uma maneira, ia para outra

escola trabalhava-se de outra maneira, não há um formato “X”, claro que há funções que

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

179

são sempre iguais, há aquela coisa de receber uns telefonemazinhos, aqueles processos

são sempre iguais, mas a maneira, a parte processual mas é um bocado diferente de

trabalhar de escola para escola e é aí que peca, principalmente eu vejo os meu colegas

novos, nós aqui temos o SAGEST, é um sistema informático, que é o plano curricular de

turma, que antigamente fazia-se em papel, é uma base de dados onde temos de enfiar

aquilo, aquilo dá problemas, principalmente quando está tudo em reunião e há colegas

nossos que às vezes, andam ali às aranhas... Quem não tem formação perde ali, horas e

horas. Enquanto eu chego ali em meia hora resolvo o assunto, uma hora faço tudo, tenho

ali colegas que estão aqui tardes a atualizar o sistema.

Entrevistadora - Como definiria o perfil de um Diretor de Turma?

Miguel – O perfil? .... Olhe... Honesto, primeira coisa porque a honestidade com os

alunos é muito importante em relação a este aspeto. Uma pessoa calma... que não seja

uma pessoa muito stressada, porque senão logo começa a bailar para o psicólogo, ou uma

coisa assim. Tem que ser uma pessoa firme também, estou a falar de aspetos de firmeza.

Tem que ser um bocado líder, tem que ter uma veia de líder... isto é tudo ligado muito à

área da gestão, porque eu também tenho uma MBA em gestão, por isso é que estou a

falar, ao fim de contas o Diretor de Turma é o gestor, é o gestor de uma turma, é o gestor

de recursos humanos, de professores e alunos, é um gestor administrativo, só lhe falta ser

gestor financeiro, e muitas vezes também é por causa das visitas de estudo, por isso o

perfil mesmo é de um gestor, além de professor...

Entrevistadora - Deseja acrescentar alguma coisa que não tenha sida contemplada

na entrevista?

Miguel – Não …. Acho que foi mais ou menos, não sei se falta aí alguma coisa...

Entrevistadora - Então agradecer a sua disponibilidade, muito obrigada.

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

180

ENTREVISTA AO MANUEL

A entrevista foi gravada no dia 27 de abril de 2017, na escola em que o entrevistado

leciona.

Esta entrevista teve a duração de 9’54 minutos.

As perguntas são introduzidas pela palavra entrevistadora. As respostas são

introduzidas pelo nome fictício Manuel e tentámos reproduzir de forma fiel as palavras

do entrevistado, incluindo as pausas que reproduzimos pelo uso das reticências. Atitudes

como rir são indicadas entre parênteses. Entre parênteses retos surgem afirmações da

entrevistadora.

Entrevistadora – O tema do meu trabalho é o trabalho colaborativo nas funções

supervisivas do Diretor de Turma. Como tivemos oportunidade de conversar antes da

entrevista esta pode ser utilizada para fundamentar a tese, mas também para divulgação

dos resultados a nível académico. Podemos então gravar a entrevista?

Manuel – Tudo bem. Ok.

Entrevistadora – Seria possível fazer-nos uma descrição sucinta do seu percurso

académico e profissional?

Manuel – Posso, rapidamente. É assim eu sou licenciado em Gestão, tenho uma

pós-graduação também em gestão e um mestrado. Pré-Bolonha, naquela altura, eu

terminei em 2004. E pronto. Em termos académicos basicamente esse foi o meu percurso.

Depois ainda fiz a profissionalização em serviço, estágio, que eu sou da área da

Economia, sou profissionalizado, fiz a profissionalização em serviço. Isto em termos

académicos. Depois em termos profissionais, já leciono há vinte e um anos. Já trabalho

em empresas há cerca de vinte anos, na área de Consultadoria/ Economia/ Contabilidade,

tenho conseguido conciliar, sou contabilista certificado também. E pronto estou a gostar.

Entrevistadora - Ao longo do seu percurso tem desempenhado o cargo de diretora

de turma?

Manuel – Sim, já há... ao longo destes vinte e um anos, já há mais de dez anos que

desempenho este cargo.

Entrevistadora - Quando recebe o cargo de Diretor de Turma são-lhe explicadas

as funções e competências que terá?

Manuel – Sim, sempre. Nós temos um livrinho orientador, que nos vai dizer qual é

a legislação, as funções, competências, por aí.

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

181

Entrevistadora - Como caracteriza o seu desempenho enquanto Diretor de Turma

e que importância atribui a este cargo?

Manuel – Eu acho que o meu desempenho até agora, tem sido um bom

desempenho, não é? Modéstia à parte. E trata-se de um cargo de grande responsabilidade,

no fundo é centralizar o desempenho dos alunos, dos professores … e partilhar um

bocadinho com a direção, com a secretaria da escola, é um trabalho muito exigente, muito

burocrático, podia ser um pouco menos burocrático.

Entrevistadora - O Diretor de Turma deve assumir um papel preponderante

enquanto “gestor intermédio” da organização escolar, a nível da supervisão e da

promoção do trabalho colaborativo. Concorda com esta afirmação ou acredita que o

Diretor de Turma não exerce este papel?

Manuel – Eu concordo, concordo, e até acho que em relação à parte burocrática,

podíamos ter aqui uma redução da parte burocrática e ser transferido, ter uma secretária

especifica mesmo para tratar dos cursos profissionais, porque eu sei de outras escolas em

que há secretarias especificas para tratar dos cursos profissionais, que o trabalho do

Diretor de Turma é reduzido para metade, pelo menos. É um cargo de grande exigência,

é um cargo de gestão intermédia, claramente, e de supervisão constante quer dos alunos

quer dos professores. E, nomeadamente, eu faço um controlo semanal das faltas muito

rigoroso e tento andar sempre em cima dos miúdos e, portanto, supervisiono alunos,

colegas e tenho uma relação direta, quase constante com a direção da escola.

Entrevistadora - Então, pensando nesta questão da organização escolar, da

supervisão e da promoção trabalho colaborativo, quais são as funções que desempenha

como Diretor de Turma que têm uma natureza supervisiva?

Manuel – É supervisionar basicamente os alunos, os professore e estar em contacto

permanente com as estruturas de orientação educativa da escola, basicamente é isso.

Entrevistadora - Pode dar alguns exemplos de aspetos que considera mais fortes

e mais fracos na sua atuação como “Supervisor”?

Manuel – Aspetos mais fortes e mais fracos. Mais fortes é talvez eu ter uma

supervisão constante, não é? Em relação à metodologia de trabalho que eu adoto tento

fazer isso, tento sempre ter um controlo permanente das minhas responsabilidades, das

minhas competências. Mas penso que a nível burocrático, não diria um ponto menos bom

ou fraco, mas tento sempre ter a certeza de que consigo ter tudo sob a minha supervisão,

embora, às vezes, não seja fácil.

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

182

Entrevistadora - Como organiza, gere e atua numa reunião de Conselho de Turma?

Manuel – Ou seja, sempre que há uma reunião de Conselho de Turma agendada

quer pela direção da escola, quer pelo Diretor de Curso, quer por mim que ás vezes sou

eu que também convoco essas reuniões, em função da ordem de trabalho preparo a

reunião, de uma forma muito detalhada e pormenorizada e tento sempre ser o mais

objetivo possível na reunião.

Entrevistadora - Encara o Conselho de Turma, como o órgão responsável pela

promoção do trabalho colaborativo entre os docentes de uma turma?

Manuel – Sem dúvida, tem que haver uma parcimónia entre o Diretor de Turma e

o Diretor de Curso para que as coisas possam funcionar em pleno, mas o Diretor de Turma

é o que tem a responsabilidade de conseguir juntar as peças todas do puzzle de forma a

que as coisas consigam funcionar.

Entrevistadora - De que forma o Projeto Educativo (PE), o Plano Anual de

Atividades (PAA) e o Plano de Turma (PT) contribuem para a definição de estratégias

conjuntas de atuação, articulação de procedimentos e de métodos de trabalho no Conselho

de Turma?

Manuel – Estes três instrumentos são fundamentais para que as coisas funcionem,

por outro lado o Diretor de Turma tem que respeitar estes três instrumentos, tem que os

ler, tem que os conhecer e tem que ter um respeito pelo seu cumprimento, por um lado,

por outro lado, há estratégias que o Diretor de Turma pode, de forma autónoma, mas

nunca contrariando estes três instrumentos, de forma a tentar fazer com que os seus

procedimentos e métodos de trabalho, possam no fundo nunca contrariar estes três

instrumentos, mas tentar fazer o melhor trabalho possível, dentro da forma mais simples

possível, porque isto é um trabalho muito burocrático e muito exigente e exige uma visão

de conjunto.

Entrevistadora - Como Diretor de Turma, considera importante incentivar os

professores a desenvolverem trabalho colaborativo? Quais as vantagens para alunos,

professores ou outros intervenientes no processo educativo?

Manuel – É sempre fundamental incentivar os professores a trabalhar da melhor

forma, se possível, desenvolverem novas atividades, novos projetos, para além dos que

está nos livros, do que está nos programas. Mas de preferência sempre, sempre, sempre,

em articulação com os que está nos programas, porque nós não podemos desenvolver

atividades, nem projetos que possam ir contar os programas da própria disciplina.

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

183

Portanto, acho que é um fator de enriquecimento para os alunos, para os próprios

professores, para a própria escola haver aqui uma conjugação entre programas e

atividades que vão para além da sala de aula, do normal funcionamento da sala de aula.

Entrevistadora - Pensa que existem fatores que condicionam ou limitam o

exercício das funções dos Diretores de Turma? Quais serão esses fatores?

Manuel – Para mim o fator que limita mais é a burocracia. É a burocracia. Para

mim é o único que à partida que eu estou a ver que me condiciona o meu trabalho, só isso.

Entrevistadora - Considera que o Diretor de Turma deveria ter formação

específica para o desempenho do cargo? Em que áreas ou domínios? No seu caso

concreto, sente necessidade desse tipo de formação?

Manuel – Eu diria que não há necessidade de uma formação específica. O que há

necessidade é ter perfil para o cargo e conhecer as orientações escolares e as suas funções

e competências. Não tem de ter uma formação específica. Também de tiver só tem a tirar

benefícios daí, mas acho que não há necessidade de uma necessidade específica, já que

quem tem, quem é profissional do ensino e tem uma formação pedagógica, não é?, é capaz

de ser é também importante é ter alguma formação jurídica. Pessoas que não tenham na

sua, no seu plano de estudo, da sua formação a nível superior, a parte jurídica, devem ter

essa parte minimizada, não é?, e ter formação talvez nessa parte jurídica, como na parte

pedagógica não estou a ver. No relacionamento entre os colegas, os professores e a

direção eu penso que … o que é importante é ter perfil para o cargo.

Entrevistadora - Como definiria o perfil de um Diretor de Turma?

Manuel – (risos). É uma resposta que não é fácil. Tem que ter capacidade de

planeamento, de organização, de controlo nas suas funções. Alguém que tem de ter

capacidade de liderança, de motivação que seja produtiva, que conheça, que conheça a

legislação vigente, que tenha uma grande capacidade para resolver problemas, problemas

entre os alunos e a escola, entre todos os membros da comunidade escolar, basicamente

é isso, mas tem que ser alguém com perfil e alguém com capacidade de resolver

problemas, que não fique pelas meias tintas e que tenha um controlo o mais apertado

possível da situação. Porque quando não há um controlo apertado possível da situação, as

coisas deixam de funcionar, os alunos apercebem-se disso e isto é um caos total.

Entrevistadora - Deseja acrescentar alguma coisa que não tenha sida contemplada

nesta entrevista?

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

184

Manuel – Penso que não. Acho que mais ou menos... Neste momento não me

recordo de tudo. Mais alguma coisa? Não me recordo de mais alguma coisa … Não me

lembro de mais nada.

Entrevistadora - Então agradecer a sua disponibilidade, e a forma tão clara como

nos respondeu, muito obrigada.

Manuel – Disponha, sempre.

Entrevistadora – Obrigada.

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

185

ENTREVISTA AO MÁRIO

A entrevista foi gravada no dia 27 de abril de 2017, na escola em que o entrevistado

leciona.

Esta entrevista teve a duração de 31’47 minutos.

As perguntas são introduzidas pela palavra entrevistadora. As respostas são

introduzidas pelo nome fictício Mário e tentámos reproduzir de forma fiel as palavras do

entrevistado, incluindo as pausas que reproduzimos pelo uso das reticências. Atitudes

como rir são indicadas entre parênteses. Entre parênteses retos surgem afirmações da

entrevistadora.

Entrevistadora – O tema do meu trabalho é o trabalho colaborativo nas funções

supervisivas do Diretor de Turma. Como tivemos oportunidade de conversar antes da

entrevista esta pode ser utilizada para fundamentar a tese, mas também para divulgação

dos resultados a nível académico. Podemos então gravar a entrevista?

Mário – Ok. Muito bem.

Entrevistadora – Seria possível fazer-nos uma descrição sucinta do seu percurso

académico e profissional?

Mário – Sim. Licenciei-me, portanto, em Línguas e Literaturas Clássicas pela

Universidade de Coimbra... de Lisboa... (ai de, de Lisboa... pela Universidade de Coimbra

de Lisboa não podia ser a por causa dos estudos que faço em Lisboa, mas pronto, pela

Universidade de Coimbra, peço desculpa). Em 2000, 2000?, ui, já foi á tanto tempo que

até me esqueço da data em que foi, entrei em 88 e depois acabei por concluir a formação

pedagógica em 95/96, porque entretanto ainda fui à tropa, e depois ainda estive um ano a

dar aulas antes de terminar a licenciatura, daí que que portanto tenha adiado um pouco

também o terminus do curso. Após terminus de curso, portanto, fui trabalhar para uma

escola profissional para Estremoz na qual estive até 2009/2010, portanto estive muitos

anos naquela escola, quer com cargos de professor, quer com cargos Diretor de Turma,

que se chamava orientador educativo na escola, quer com cargos também de gestão

intermédia na própria escola, para além do cargo de Diretor de Turma tive outros cargos

de gestão intermédia. Nesse ano letivo 2009/2010, eu, portanto, já antes eu tinha decidido

sair e, portanto, dei umas aulas á noite numas escolas, na zona, perto de Estremoz, para

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

186

poder ter a primeira prioridade, porque estávamos com um problema, só podíamos

concorrer ao ensino público com primeira prioridade quem não fosse do ensino público

só podia concorrer numa segunda prioridade. Penso que, entretanto, essa situação foi

resolvida, mas... Depois sai para Campo Maior, no ano de 2010, exato. E, a partir daí, dei

sempre aulas no ensino público até este momento. Ainda não entrei para quadros, mas na

outra escola particular tinha uma situação mais estável porque estava no quadro da escola,

não é?, no ensino público, não estou no quadro da escola, mas também não é por isso que

me sinto realizado, pelo contrário, se optei por sair, portanto era porque já se tinha

esgotado, por assim dizer, o meu tempo naquela escola mas, basicamente, portanto, em

termos de percurso é este, portanto tenho cerca de vinte e dois anos de ensino e sinto-me

bem.

Entrevistadora - Ao longo do seu percurso tem desempenhado o cargo de Diretor

de Turma?

Mário – Sim, posso lhe dizer que quase todos os anos fui Diretor de Turma...

Provavelmente, houve um ano que não tivesse sido... foi … houve um ano que não fui

Diretor de Turma e foi, precisamente, no primeiro ano que eu vim para aqui para a zona

de Lisboa, foi em 2011/2012, provavelmente, nesse ano é que não fui Diretor de Turma.

Mas, de resto, eu acho que fui Diretor de Turma todos os anos.

Entrevistadora - Quando recebe o cargo de Diretor de Turma são-lhe explicadas

as funções e competências que terá?

Mário – Sim, normalmente no início do ano letivo, a não ser que por tanto nós

tenhamos entrado já após as reuniões iniciais, mas há sempre uma reunião inicial de um

coordenador de Diretores de Turma, portanto eu acho que são explicadas as funções do

Diretor de Turma, as responsabilidades, as competências que devem ter, e tentar perceber

o perfil do Diretor de Turma, também porque também é uma questão, a questão do perfil,

porque nem sempre se tem perfil para se ser Diretor de Turma porque há algumas

especialidades tidas em conta, e portanto ou se tem ou não se tem, e às vezes há alguns

que fazem por não ter que é para não terem a direção de turma (risos).

Entrevistadora - Como caracteriza o seu desempenho enquanto Diretor de Turma

e que importância atribui a este cargo?

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

187

Mário – Bom, é assim, eu enquanto Diretor de Turma e faço-o na minha vida

profissional também, tento dedicar-me ao máximo e tento dar resposta legal a todos os

problemas e cumprir de acordo com a lei. É óbvio que para se ser Diretor de Turma,

também, para além da componente legal que temos que saber cumprir temos também que

ter uma capacidade humana e nos tempos que correm cada vez maior, não é? Eu recordo-

me dos meus tempos em que era aluno, em que o Diretor de Turma basicamente não tinha

uma relação de proximidade connosco, com aquele que neste momento temos com os

alunos. Os tempos também mudaram, mas também a própria relação, se quisermos,

pedagógica e afetiva, entre o professor, neste caso o Diretor de Turma e os alunos é de

maior proximidade do que era noutros tempos, basicamente nos outros tempos um aluno

não faltava, não tinha problemas, quase não tinha uma relação com o Diretor de Turma e

passava quase como um professor normal, era o Diretor de Turma, mas, era professor

normal de determinada disciplina, neste momento não, há uma proximidade muito maior.

Em termos de responsabilidade tento fazer o trabalho sempre com a máxima

responsabilidade e pelo menos cumprir de acordo com a lei.

Entrevistadora - O Diretor de Turma deve assumir um papel preponderante

enquanto “gestor intermédio” da organização escolar, a nível da supervisão e da

promoção do trabalho colaborativo. Concorda com esta afirmação ou acredita que o

Diretor de Turma não exerce este papel?

Mário – Sim, aliás já o disse antes, porque o Diretor de Turma está num papel

intermédio, em termos da sua responsabilidade, quer para com a escola, quer para com os

pais e para com os alunos, portanto nesse sentido, tem que também colaborar em termos

da própria gestão e da própria organização porque está numa posição em que tem alguma

influência e que tem que dar resposta às orientações, portanto, da própria escola e ao

próprio professor e educativo na sua globalidade.

Entrevistadora - Tendo em conta que respondeu de forma afirmativa, quais são as

funções que desempenha como Diretor de Turma que têm uma natureza supervisiva?

Mário – Bom, nós em termos de natureza supervisiva, nós temos que ter em atenção

os cumprimentos, por exemplo, neste caso concreto que eu sou Diretor de Turma de uma

turma de ensino profissional, no ensino profissional há algumas especificidades,

nomeadamente no que toca ao cumprimento dos planos curriculares e ao cumprimento

das assistências obrigatórias que os alunos têm que ter para poderem capitalizar ou de

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

188

certa forma para poderem obter a nota, o aluno até pode ter nota positiva, mas se não tiver

um “X” de assistências, pode ter um vinte que a nota não sai. E esse controlo compete ao

Diretor de Turma, compete também aos professores, mas compete também ao Diretor de

Turma, porque o Diretor de Turma, neste caso, acaba por ser um gestor do processo e tem

que ter em atenção todos esses aspetos. Isto é, quer com os alunos quer com os

professores, porque para que a coisa funcione. Com os alunos houve certa proximidade

porque alertamo-los “olha vê lá já ultrapassaste o limite de faltas vais ter que compensar.

Vamos então à disciplina X tens que falar com o professor para compensar uma hora ou

duas horas”. É um trabalho que nós fazemos semanal, isto é, semanalmente nós temos

que ter esse trabalho feito para informar os alunos, para que possam cumprir os seus

objetivos. Não só neste aspeto, mas noutros aspetos também nomeadamente no que toca

à relação de proximidade com o diretor de curso também, que está portanto num patamar

também intermédio em termos da própria gestão escolar, em que nas reuniões

semanalmente (é neste dia, precisamente a esta hora que nós temos essa reunião

semanalmente – [quinta-feira]) e portanto aí nós discutimos estratégias, formas de atuação

no sentido de atingir os objetivos ou então colmatar alguma situações que haja

necessidade de colmatar, ou de resolver alguns problemas de caráter também às vezes

pessoal ou pedagógico dentro da própria estrutura ou grupo turma.

Entrevistadora - Pode dar alguns exemplos de aspetos que considera mais fortes e

mais fracos na sua atuação como “Supervisor”?

Mário – É assim... Em termos, pronto... em termos da minha capacidade de

organização como supervisor, como aspetos mais fortes tenho a própria empatia que eu

consigo ter junto dos alunos, e isso é uma forma de fazer com que eles possam chegar a

nós de forma mais aberta, porque muitas vezes se o Diretor de Turma for uma pessoa que

não imprima muita confiança aos alunos, ou então que também não os aceite da forma

que eles são, eles facilmente, portanto, se desviam e não o procuram. Eu neste sentido

sou muito aberto e muito leal com os alunos eles procuram me facilmente, não há

qualquer conflito nesse sentido com os alunos. Muitas vezes nesse patamar, o que me

torna mais difícil a concretização do trabalho não tem tanto a ver com a responsabilidade

dos alunos naquilo que têm que fazer ao que cumprir, mas mais na relação que passa para

outra esfera do Diretor de Turma, que tem a ver com a relação entre o Diretor de Turma

e os colegas e o Conselho de Turma em si, porque dentro desse grupo, nem só é fácil

conseguir que todos trabalhem em sintonia para atingirem o mesmo objetivo e aí eu por

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

189

norma como não gosto de ter uma atividade ditatorial, e acho que não é a mim que me

compete ter essa atitude ditatorial, posso informar superiormente que as coisas não

funcionam, e aí custa me mais, custa-me mais, custa-me na relação com os colegas, com

os pais e com os alunos nem tanto, o que me preocupa muitas das vezes é que os pais

assumem certas responsabilidades, que depois acabam por não concretizar nos próprios

alunos e muitas das vezes eles quase que se desculpabilizam “que não conseguem” e

atribuem essa função ao Diretor de Turma, isto é, o Diretor de Turma para além de tratar

de todos os processos e dos problemas inerentes à própria escola ainda têm que trabalhar

e tratar outros aspetos que estão numa esfera mais familiar, porque nós não somos pais

deles e muitas das vezes temos que atuar em conformidade com isso, mas ao mesmo

tempo também não temos autoridade moral ou sequer até legal, para o podermos fazer,

esse é o grande handicap e o grande problema que perpassa a direção de turma nestes

tempos que correm, e quando eles não querem fazer, não fazem, e, portanto, não há nada

a fazer nesse aspeto, é tentar cativá-los, tentar fazê-los perceber que é importante para

eles e que é importante também para o próprio grupo-turma, que eles não percam o grupo

turma, só que muitas das vezes é difícil conciliar este tipo de situações.

Entrevistadora - Como organiza, gere e atua numa reunião de Conselho de Turma?

Mário – Bom, em termos de reunião de Conselho de Turma, por norma faço

cumprir o que está estipulado em termos de trabalho definido para essa reunião e tento

também acautelar quando há duas reuniões anuais em que costumam estar presentes,

portanto, os encarregados de educação, pronto, e tive uma situação não nesta escola, mas

numa escola passada, mas faz parte dentro das funções do Diretor de Turma, em que a

encarregada de educação queria intrometer-se em aspetos que não eram da sua

competência, eu tive que parar a reunião e tive que pedir à senhora que não podia fazer

aquele tipo de intervenções e comentários, e portanto nesse sentido eu tento sempre

cumprir e disse-lhe “se o quiser fazer pode fazê-lo poe escrito, não diretamente para a

direção de turma mas fá-lo superiormente porque está a entrar em aspetos que ferem e

atacam condutas pedagógicas de determinados professores e isso não é para aqui

chamado. O seu papel aqui não poder intervir nesse sentido” e pronto a senhora teve de

se calar e depois no final da reunião falou comigo e achou que eu não devia tê-la mandado,

portanto, calar e deixar de ter tido aquele tipo de comportamento e disse- lhe não se for

ver a sua função aqui não é essa, portanto eu tenho que saber salvaguardar os limites

dentro da própria reunião e, isso faço, portanto, quer em termos dos colegas, quer em

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

190

termos dos encarregados de educação responsáveis quando estão nas reuniões e tento que

as coisas funcionem dentro da normalidade e que se cumpram os aspetos todos que há a

cumprir dentro da própria gestão da reunião da direção de turma.

Entrevistadora - Encara o Conselho de Turma, como o órgão responsável pela

promoção do trabalho colaborativo entre os docentes de uma turma?

Mário – Ah, sim. Isso sim sem dúvida. Aliás nós temos até feito uns trabalhos,

alguns projetos nesse sentido na escola, que tem a ver também chama-se um projeto

interdisciplinar que ocorre em todos os períodos, este ano é uma experiência nova. E já

noutras escolas sempre que há trabalhos interdisciplinares em termos de funcionamento

da escola, o Diretor de Turma tem que estar envolvido nesses projetos para que possam

funcionar, e não só para poder acompanhar os colegas como também para poder na

própria gestão do trabalho dos próprios alunos dar a sua colaboração e o seu contributo

para que as coisas funcionem e nesse sentido penso que o Conselho de Turma deve de

certamente primar por esse tipo de projetos e trabalhos que sejam interdisciplinares e que

haja uma colaboração, não de todos os colegas, mas potencialmente de grande parte dos

colegas. Sendo que este projeto que nós temos engloba basicamente todos os colegas,

porque é um projeto que ocorre durante uma semana, portanto todos os colegas têm a

turma pelo menos uma vez durante a semana portanto têm, que implicar-se

obrigatoriamente nesse processo, têm que dar um contributo, é óbvio que uns pronto dão

mais contributo outros dão menos contributo, mas tentamos que todos contribuam para

um mesmo fim.

Entrevistadora - De que forma o Projeto Educativo (PE), o Plano Anual de

Atividades (PAA) e o Plano de Turma (PT) contribuem para a definição de estratégias

conjuntas de atuação, articulação de procedimentos e de métodos de trabalho no Conselho

de Turma?

Mário – Bom, é óbvio que em termos desses três projetos maiores da escola, sendo

que o Projeto de Turma acaba por ser o menor, mas que acaba por dar resposta aos outros,

portanto, vai buscar objetivos que de certa forma, portanto, estão mais relacionados com

aquilo que a turma pretende fazer o que o Conselho de Turma define em termos de

estratégia de linha orientadora, e penso que nesse sentido, o Conselho de Turma deve dar

resposta a todos esses três projetos, quer o PE, quer o PAA com o PT que é elaborado em

termos do projeto de turma que é desenvolvido.

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

191

Entrevistadora - Como Diretor de Turma, considera importante incentivar os

professores a desenvolverem trabalho colaborativo? Quais as vantagens para alunos,

professores ou outros intervenientes no processo educativo?

Mário – Bom, eu penso que o trabalho colaborativo e até as novas medidas

superiores que vêm do ME vão nesse sentido, porquê? Porque para além de dar um

contributo maior na própria formação dos alunos, não só da sua formação em termos do

saber, mas também do saber fazer e do saber estar. E o saber estar é uma área que muitas

das vezes os alunos em termos relacionais se perdem mais, porque a tendência atual é que

os alunos se fechem, aliás também condicionadas pelas próprias tecnologias de

comunicação, porque se fecham online, e o facto de terem de deixar a esfera da sala

normal e passarem para um projeto que envolve terem que se relacionar uns com os

outros, porque é um trabalho de grupo que tem que fazer, e ao mesmo tempo não só com

o professor de disciplina “X”, mas tem que ser uma parte com esse professor, outra parte

com outro professor, outra parte com outro professor, isso cria uma dinâmica em termos

do próprio desenvolvimento de capacidade do próprio aluno, que me parece que é

extremamente importante. Nesse sentido, compete ao Diretor de Turma, enquanto gestor

do próprio grupo-turma e também de um grupo de professores que estão afetos a essa

turma, implementar e tentar desenvolver cada vez mais esse tipo de projetos em prol da

capacidade de trabalho que os próprios alunos poderão vir a desenvolver de futuro porque

vai contribuir nesse sentido. Não sei se respondi ([respondeu]), se era o que pretendi, às

vezes se fugir à questão iga-me porque às vezes é normal que isso aconteça.

Entrevistadora - Pensa que existem fatores que condicionam ou limitam o

exercício das funções dos Diretor de Turma’s? Quais serão esses fatores?

Mário – Sim, aliás muitas das vezes a função do Diretor de Turma pode

condicionar-se quer pelos próprios pais, não é?, quer os próprios alunos podem ser um

bloqueio à função do Diretor de Turma até muitas das vezes quer o próprio Conselho de

Turma não na sua globalidade mas pontualmente pode acontecer isso. Mas da experiência

que tenho, apesar de reconhecer que às vezes acontece isso, de facto, não me parece que

seja um limitador que condicione de uma forma muito objetiva ou então muito intensa.

Acontecem pontualmente situações adversas e de bloqueio a determinados projetos que

se pretendem implementar e aí verificamos que as pessoas … e eu costumo responder “se

não querem fazer, não façam, ninguém obriga ninguém, não é?, só participa quem quer”,

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

192

mas o facto de haver uma voz dissonante, ou duas vozes dissonantes, acaba por ser

prejudicial ao desenvolvimento de determinados projetos e determinadas ideias que se

podem desenvolver e há sempre alguém que está do contra, como se costuma dizer, há os

velhos do Restelo que acham que que não, que isso não faz sentido nenhum, mas também

pronto, cada um é livre de tomar as suas iniciativas e de ter as suas posições e às vezes

até acabam por vir algumas opiniões contraditórias e contrárias que acabam por ajudar

depois na resolução de determinados problemas e até de ultrapassar e de ter uma visão

diferente. Mas, de facto, há condicionantes, e os pais muitas das vezes também são

condicionantes, porque, de facto, o que acontece muitas das vezes é que os pais cada vez

mais se desresponsabilizam da sua função educativa e esse é um grande problema para o

funcionamento de uma direção de turma, porque só há imperativos legais que têm de ser

cumpridos, que os alunos muitas das vezes não cumprem, que o Diretor de Turma e a

própria escola chamam à atenção e os pais vêm sempre em defesa dos filhos, isto é, com

desconhecimento total da lei e até nem querendo saber da lei e isso cria graves problemas

dentro da própria estrutura da turma, do funcionamento normal da turma e pronto isso é

um problema que é muito grave, e cada vez mais essas situações acabam por se acentuar

e os alunos então desvalorizam completamente certas situações, para eles é tudo banal e

é tudo aceitável, para eles é tudo normal, chegou-se ao ponto “o que é que eu fiz?”, como

quem diz “ó professor só estava a ver as horas no telemóvel, sim, mas para veres as horas

no telemóvel não precisas de cinco minutos, tu nem precisas de ver as horas, porque é

que queres saber as horas, aliás, não há necessidade de estares a ver as horas”, só que o

problema é grave, é um problema muito grave, os alunos não acatam, os pais também não

nem querem saber pura e simplesmente, acham normal, ficam muito escandalizados

também, alguns deles, outros não, mas na generalidade sim. Isso são bloqueios, sem

dúvida, ao funcionamento da direção de turma.

Entrevistadora - Considera que o Diretor de Turma deveria ter formação

específica para o desempenho do cargo? Em que áreas ou domínios? No seu caso

concreto, sente necessidade desse tipo de formação?

Mário – Sim, sem dúvida, aliás como eu iniciei, o Diretor de Turma, eu acho que

não pode ser qualquer pessoa um Diretor de Turma. Há diretores de turma que são

tecnicamente excelentes, quando falo no tecnicamente, é no fazer cumprir de todos, de

toda a legislação se quisermos, está tudo em ordem sempre, só que os alunos não são

máquinas, nem são números, e esse é o grande problema que perpassa pelos tempos que

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

193

correm, é que o Diretor de Turma para além de fazer valer a lei, tem que muitas das vezes

saber contornar a lei, isto é, quando digo isto não quero dizer que não cumpra com a lei,

mas tem que ser mais compreensivo e tem que tentar perceber muitas das vezes os

problemas que se passam nas gerações com as quais trabalhamos, porque há “n” de

problemas relacionais, e familiares e pessoais dos próprios alunos que levam a que haja

incumprimentos. Agora, o Diretor de Turma de facto necessita de formação, isto é, ou a

pessoa adquire de forma natural com a experiência, que tem ao longo do tempo, e aí tem

que fazer atualizações de legislação, de outros projetos que eventualmente surjam, de

outras situações, ou então se for um Diretor de Turma que seja jovem ou que esteja no

início de carreira (o que é difícil de acontecer porque ninguém entra, quase, jovem para o

ensino, estamos com esse problema também, não é como antigamente que a gente acabava

a faculdade e metiam-nos numa turma, “olha és Diretor de Turma desta turma”,

antigamente era assim, “desenrasca-te, pronto”, e nós tínhamos de andar à procura e tentar

fazer como sabíamos, mas atualmente não, pelo menos temos esse apoio), mas eu acho

que há determinadas áreas, e noto isso, e eu também notei algumas fragilidades que tive

de ultrapassar, nomeadamente, por exemplo, no que toca à legislação com os menores,

em termos de quando há alunos que não cumprem ou que os pais não querem saber e

temos que encaminhá-los para a CPCJ e nós aí é uma fragilidade, porque muitas das vezes

não há uma transformação específica para isso, e eu penso que uma das grandes

fragilidades que ocorre com o Diretor de Turma é que devia haver uma formação

específica nesse sentido para os diretores de turma, eu sinto essa necessidade, neste

momento, pronto, nós sabemos o que é que temos de fazer e quando temos que fazer, só

que muitas das vezes, o processo vai e nós também devíamos ser conhecedores do que

acontece, por exemplo, do que está a acontecer, dos caminhos que podem ter os alunos,

muitas das vezes se nós tivéssemos um conhecimento mais profundo das consequências

que daí advêm, provavelmente o Diretor de Turma podia ser uma voz positiva no sentido

de muitas das vezes não chegar ou não deixar chegar os processos a esse patamar, porque

podia quer com o encarregado de educação ou o responsável pelo aluno ou com o próprio

aluno alertá-lo das consequências que daí podem advir. É assim, eu quando falo disto,

porque neste momento já sei, mas na altura não sabia, quando nós nos deparamos com o

primeiro problema que nos dizem “tens de reencaminhar para a CPCJ”, “ah, o que é isso?,

tenho de fazer o quê?, mas como é que isso se faz?, e o que é que acontece?”. Ora, se nós

previamente soubéssemos quais são as consequências de um aluno ser encaminhado para

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

194

a CPCJ, com certeza que poderíamos eliminar muitos problemas, mas pronto! Penso que

essa é uma das áreas que me parece mais frágil, sem dúvida. As outras penso que em

termos legais nós nesse aspeto estamos mais informados, porque nessas reuniões de inicio

de ano temos todos os aspetos, também agora a informática veio ajudar muito ao trabalho

do Diretor de Turma, porque quando nós tínhamos que fazer o levantamento das faltas,

inseri-las, ter em atenção os cumprimentos por disciplina, era muito complexo, era um

trabalho muito burocrático, nesse sentido … apesar de agora também ter muita

burocracia, mas as ferramentas acabam por dar uma grande ajuda nesse sentido, porque

nos dão logo uma leitura “disciplina X, se o aluno está próximo, se está a atingir, se já

ultrapassou, se há necessidade de colmatar”. E era na questão das próprias relações

humanas, acho que são aspetos que são muito importantes, porque vivemos numa geração

que cada vez mais não deve ser, portanto, mecanizada, nem numerada, as pessoas não são

números, os alunos catalogá-los por números é muito mau, e nós não devemos catalogá-

los como números, mas devemos tê-los como pessoas, não é mais um, não, e a pessoa

tem a sua dignidade e esse aspeto muitas das vezes, falta aos Diretor de Turma’s e alguns

colegas, alguns professores vêm à escola como se viessem debitar para alguém que lá

está, se ele sabe, sabe, se soube, soube, se aprendeu, aprendeu e veem-nos como números.

Eu, muitas das vezes, quando trabalho alguns aspetos que lhes mostro alguns excertos do

que aconteceu na II Guerra Mundial com os alemães, em que as pessoas eram numeradas,

precisamente porque deixaram de ser humanas, passaram a ser números. E eu olho para

eles e digo-lhes “não façam aos outros o que aconteceu com eles, porque, de facto,

independentemente da sua religião, do seu país, da sua cor, da sua raça, da sua orientação

sexual”, eu digo isso muitas vezes a eles, “vocês tem de saber respeitar o vosso colega do

lado como uma pessoa, não como uma orientação que ele teve ou que optou por ter”. Eles

às vezes fazem logo galhofa, no meio daquilo tudo, porque acham que é uma piada. “Não

é uma piada, isto é a realidade e vocês têm que saber respeitar-se por isso mesmo, saber

respeitar a outra pessoa, às vezes até um mendigo tem que ser respeitado, porque se ele é

mendigo vocês não sabem a história de vida dele, porque hoje ele é mendigo, amanhã

posso ser eu ou um de vocês”. Eles pensam que nunca vão chegar a esse patamar, mas de

facto eu acho que a formação nas relações humanas é muito importante, porque cada vez

mais se perdem, e são muito importantes, porque se nós muitas vezes queremos levantar

o ego a um aluno que está em queda, temos que saber lidar com ele, porque se o tratarmos

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

195

da mesma forma, como se fosse um número, ele é o primeiro a desistir e acho que a escola

não é isso que se pretende.

Entrevistadora - Como definiria o perfil de um Diretor de Turma?

Mário – Bom, o Diretor de Turma tem que ter um perfil diverso, em termos da sua

relação escolar. Eu penso que o Diretor de Turma tem que ter uma resposta tripartida, isto

é, com os órgãos de gestão da própria escola, da direção, o próprio Conselho de Turma

depois com os pais e com os alunos. Nessa visão tripartida, tem que dar resposta a todo o

processo, isto é, funciona como se fosse uma espécie de, às vezes olho para a hélice,

portanto, de um moinho, e o moinho seria a escola e a hélice seria o papel do Diretor de

Turma, em que temos os vários pares, onde se ligam as velas, não é? E aí o Diretor de

Turma tem que estar envolto, de certa forma, nesta resposta tripartida quer para a gestão

escolar, a direção, o professor responsável pelos Diretor de Turma’s e o próprio ct, mas

ao mesmo tempo tem que saber dar resposta para os encarregados de educação e também

tem que chegar aos alunos. E tem que fazer esse papel de intermediário e de gestão

pedagógica intermediária quer na relação entre os alunos e os professores, quer na relação

entre os pais, o Diretor de Turma e os próprios professores, quer depois fazer chegar aos

órgãos de gestão interna da escola todos os problemas que estão inerentes quer aos pais

quer aos alunos, em termos de conflito ou de outro tipo de situações que ocorram não

sendo conflituosas mas de incumprimento, portanto, do seu papel enquanto alunos, e

penso que esta função compete ao Diretor de Turma também, que não é fácil.

Entrevistadora - Deseja acrescentar alguma coisa que não tenha sida contemplada

nesta entrevista?

Mário – Eu penso que não. Eu acho que focamos todos os aspetos e quase todos os

aspetos têm a ver com o papel do Diretor de Turma, quer na sua própria formação pessoal,

quer na sua relação com o grupo, quer na relação com os pais, quer na relação com a

escola.

Entrevistadora - Então agradecer a sua disponibilidade, muito obrigada.

Mário – Obrigado, eu.

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

196

ENTREVISTA À MARIANA

A entrevista foi gravada no dia 27 de abril, na escola em que o entrevistado leciona.

Esta entrevista teve a duração de 20’07 minutos.

As perguntas são introduzidas pela palavra entrevistadora. As respostas são

introduzidas pelo nome fictício Mariana e tentámos reproduzir de forma fiel as palavras

do entrevistado, incluindo as pausas que reproduzimos pelo uso das reticências. Atitudes

como rir são indicadas entre parênteses. Entre parênteses retos surgem afirmações da

entrevistadora.

Entrevistadora – O tema do meu trabalho é o trabalho colaborativo nas funções

supervisivas do Diretor de Turma. Como tivemos oportunidade de conversar antes da

entrevista esta pode ser utilizada para fundamentar a tese, mas também para divulgação

dos resultados a nível académico. Podemos então gravar a entrevista?

Mariana – Sim.

Entrevistadora – Seria possível fazer-nos uma descrição sucinta do seu percurso

académico e profissional?

Mariana – Ora bom, então eu sou licenciada em Línguas Literaturas Clássicas e

Portuguesa, também, pela Universidade de Coimbra e entretanto dou aulas desde o ano

2000 incluindo com o estágio, tenho tido tempo trabalho, felizmente, embora tenha

andado com a casa às costas por vários sítios ao longo do país, este é portanto o meu

décimo sétimo ano de contrato e ao longo deste percurso, pronto, tenho sido várias vezes

Diretora de Turma, secretária, quando não sou Diretora de Turma e pronto tenho vindo a

acumular vários anos de experiência.

Entrevistadora - Ao longo do seu percurso tem desempenhado o cargo de Diretora

de Turma?

Mariana – Sim, sim, vários anos até.

Entrevistadora - Quando recebe o cargo de Diretora de Turma são-lhe explicadas

as funções e competências que terá?

Mariana – Ora bom, eu penso que, não querendo ser ingrata para ninguém, eu

penso que o único ano em que se calhar terei recebido mais orientações terá sido

precisamente no ano de estágio, não que no ano de estágio nós tivéssemos o papel

específico de Diretor de Turma, mas aqueles que foram na altura para mim os meus

orientadores e formadores faziam questão que nós passássemos, ao longo daquele ano,

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

197

pelas várias funções que um professor poderia ter e como eu fiz estágio, quer na área do

Português quer na área de Latim, tive essa possibilidade porque quer uns quer outros

tinham várias funções e nós acabávamos por acompanhar tudo. Eu julgo que, e se calhar

isto não é assim muito abonatório para a classe digamos assim, mas eu julgo que por

vezes as escolas já esperam que um professor com alguns anos de serviço, saiba o que

tem que fazer, não é? E, só que há aqui, acho eu, no meu ponto vista, uma situação que é

particularmente os contratados, por muito que gostem da sua profissão, e eu gosto, e acho

que só mesmo por muito gosto é que nos dedicamos a esta causa, porque são mais, às

vezes, os entraves do que propriamente as coisas boas, que se nos oferecem, mas a

verdade é que eles estão logo à espera que nós saibamos e só quando há um problema a

resolver é que se calhar há uma outra conversa no sentido de se cruzar as estratégias de

atuação, não é? Porque eu não me recordo, muito honestamente, de nos vários anos em

que foi Diretora de Turma de me terem explicado o que é que eu teria que fazer. É, és

Diretora de Turma da turma tal e ponto final.

Entrevistadora - Como caracteriza o seu desempenho enquanto Diretora de Turma

e que importância atribui a este cargo?

Mariana – Bom, eu acho que o cargo de Diretor de Turma é fundamental, não é?,

e considero até que é uma estrutura intermédia em várias, em várias situações é o Diretor

de Turma que é a ponte entre os alunos, a escola e os encarregados de educação. Muitas

das vezes, há situações que ocorrem, que acabam, se calhar, por nem chegar à direção,

porque o próprio Diretor de Turma acaba por filtrar e resolver essas mesmas situações e

apesar de ser também um professor de turma, acaba por ser aquele em quem os alunos se

calhar mais se sentem apoiados que sempre precisam de alguma coisa e ao mesmo tempo

aquele que se calhar mais respeitam por saberem que é o que está em contacto direto com

a família, não é?

Entrevistadora - O Diretor de Turma deve assumir um papel preponderante

enquanto “gestor intermédio” da organização escolar, a nível da supervisão e da

promoção do trabalho colaborativo. Concorda com esta afirmação ou acredita que o

Diretor de Turma não exerce este papel?

Mariana – Eu acredito que um bom Diretor de Turma deve sem dúvida exercer

esse papel, acho que faz parte até da sua função.

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

198

Entrevistadora - Então, pensando nesta questão da organização escolar, da

supervisão e da promoção trabalho colaborativo, quais são as funções que desempenha

como Diretor de Turma que têm uma natureza supervisiva?

Mariana – Bom, é assim, para já acho que como Diretor de Turma somos nós que

estamos precisamente na supervisão de tudo o que acontece com os nossos alunos e não

estamos a falar apenas daquilo que acontece nas várias aulas em termos curriculares em

termos académicos a nível do comportamento mas também alguma situação às vezes

familiar que possa ocorrer que a escola nem sempre tem conhecimento, ou pelo menos

nem sempre tem conhecimento a tempo de poder ajudar ou a tempo de poder agir, e nessa

medida eu não tenho dúvidas de que há, sem dúvida, uma natureza supervisiva no cargo

de Diretor de Turma. Por outro lado, como eu também já referi antes, há essa estrutura

intermédia, naturalmente acima de nós temos outras entidades mas somos nós que de

alguma forma damos um feedback do que se passa com a turma, com os professores, até

com os encarregados de educação para as estruturas hierarquicamente superiores portanto

não tenho dúvidas de que que há de facto na natureza supervisiva no cargo Diretor de

Turma.

Entrevistadora - Pode dar alguns exemplos de aspetos que considera mais fortes

e mais fracos na sua atuação como “Supervisor”?

Mariana – Mais fracos, mais fracos, por exemplo, nem sempre é possível

resolvermos as coisas no tempo que consideramos razoável ou porque estamos

dependentes de outras entidades ou porque, apesar de sermos diretores de turma,

naturalmente, não temos poder decisivo ou não temos a última palavra, não é? quando

muito propomos determinadas coisas, depois outro ponto fraco, mas isso não tem a ver

necessariamente com as várias escolas por onde passamos, tem a ver com o facto de nós

somos diretores de turma, sim, mas não temos tempo oficialmente para sermos diretores

de turma com os nossos alunos, é assim eu sou professora de Português deles eu roubo,

literalmente a palavra é essa, imenso tempo às minhas aulas de Português para tratar de

assuntos de direção de turma, que muitas vezes não têm que ser necessariamente maus,

mas são coisas que tem que ser informadas, são coisas que têm que ser resolvidas, são

coisas que têm ser apuradas por um motivo ou por outro e onde é que isso acontece? nas

aulas de Português, que apesar de tudo tem também um programa intenso para ser

cumprido e o tempo não estica, não é? e portanto eu isso acho que é um ponto fraco não

tem a ver com a escola, não tem a ver enfim o cargo de direção turma específico tem a

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

199

ver sim, com o não reconhecimento, e eu acho que isto é um ponto muito mau, o não

reconhecimento da necessidade de haver um tempo específico, quem diz um tempo até

diz mais, mas pronto, para trabalharmos com os nossos alunos na natureza ou no âmbito

da direção de turma, por exemplo o 3º ciclo tem, a chamada formação cívica ou outros

nomes que as escolas lhe possam dar, no secundário não há e portanto não havendo,

quando é que nós fazemos isso? nas aulas das nossas disciplinas. Como ponto forte,

basicamente eu procuro tentar passar por cima dessas limitações, porque, apesar de tudo

eu não descuro, ou procuro não descurar, o meu papel como Diretor de Turma, porque

assim se há coisas para tratar, se há coisas para resolver, eu faço, nem que tenha de ser

nas minhas aulas de Português, é assim! É simples, ou melhor não é simples, (risos), mas

lá se faz.

Entrevistadora - Como organiza, gere e atua numa reunião de Conselho de Turma?

Mariana – Ui, as reuniões de Conselho de Turma exigem muito trabalho de

preparação anterior, eu particularmente no ano passado e este ano, aqui nesta escola, sou

Diretora de Turma de um curso profissional e, portanto, sempre que há conselhos de

turma há uma preparação prévia, há um cruzamento de informações com a pessoa que é

a diretora do curso, também, que é um papel também fundamental e que a nível da direção

turma acaba por ser um braço direito e porque não deixa de ser também uma entidade

supervisiva a nível aí do curso. Depois, portanto, antes da reunião, há que preparar uma

série de documentos, há que verificar se as notas dos colegas foram todas lançadas, há

que verificar se os sumários foram todos escritos, por exemplo, há que verificar e, porque

de um curso profissional estamos a falar, se há excesso de faltas se não há e havendo se

foram compensadas ou não, que contactos foram estabelecidos com os encarregados

educação ao longo de um período, por exemplo, portanto há uma reunião e organização

de informações. Depois na reunião propriamente dita, procuro presidi-la da melhor forma

possível, procuro levar logo as coisas devidamente organizadas e sistematizadas, mas

claro que sempre que há necessidade de ouvir um colega ou para esclarecer ou para enfim

querer acrescentar alguma coisa, todos têm voz, como é evidente, procuramos ser

unanimes nas decisões a tomar e, posteriormente, é basicamente é terminar os

documentos oficiais, entregá-los à direção e dar-lhes o feedback de como é que as coisas

se passaram.

Entrevistadora - Encara o Conselho de Turma, como o órgão responsável pela

promoção do trabalho colaborativo entre os docentes de uma turma?

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

200

Mariana – Sem dúvida, até porque no que toca, sei lá, a visitas de estudo, projetos,

o Conselho de Turma deverá estar unido e integrado nesses esmos projetos.

Entrevistadora - De que forma o Projeto Educativo (PE), o Plano Anual de

Atividades (PAA) e o Plano de Turma (PT) contribuem para a definição de estratégias

conjuntas de atuação, articulação de procedimentos e de métodos de trabalho no Conselho

de Turma?

Mariana – Porque a partir do momento em que estamos numa escola a trabalhar e

esses são os documentos orientadores dessa escola, não é?, portanto, independentemente

de concordarmos com tudo ou não que lá vem escrito e que de alguma forma dirige a

nossa atuação no dia a dia, a verdade é que, quer dizer, se estamos na escola A, temos

obrigatoriamente que nos orientar pelos documentos da escola A, e uma coisa que é

curiosa no que toca a contratados é que tem a felicidade ou infelicidade de passar por

várias escolas, não é?, se for preciso é uma por ano, e que remédio têm quando chegam a

uma escola nova se não ter que se adaptar a documentos novos, a maneiras diferentes de

agir de interagir e, portanto, claro que o Conselho de Turma depende muito disso, porque

nós não podemos tomar determinadas decisões às vezes até em coisas simples se não

tivermos em linha de conta os documentos orientadores da escola.

Entrevistadora - Como Diretor de Turma, considera importante incentivar os

professores a desenvolverem trabalho colaborativo? Quais as vantagens para alunos,

professores ou outros intervenientes no processo educativo?

Mariana – Eu penso que se toda a gente contribuir de alguma maneira para um

produto final é melhor para todos, não é?, no fundo sentimos que estamos todos unidos,

que estamos todos a trabalhar. Posso dar um exemplo, este ano aqui na escola nos cursos

profissionais criou-se aquilo que designou chamar-se o projeto transdisciplinar, ora a

palavra diz tudo, não é? É uma semana por período que é dedicada a esse mesmo projeto,

onde todos os professores e alunos estão unidos a trabalhar para esse tipo de projeto, claro

que projeto é diferente para cada turma e sobretudo para cada curso, mas a verdade é que

estão todos unidos para que efetivamente esse trabalho colaborativo exista. Claro que

sabemos que nem sempre tudo é perfeito, nem sempre toda a gente gosta, nem sempre

toda a gente contribui e trabalha de igual forma, mas eu estou convencida de que o produto

final, normalmente é positivo, o balanço é positivo, se calhar à conta daqueles que, enfim,

independentemente do que possam pensar vão fazendo tudo e vão contribuindo com tudo

o que estiver ao seu alcance.

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

201

Entrevistadora - Pensa que existem fatores que condicionam ou limitam o

exercício das funções dos Diretores de Turma? Quais serão esses fatores?

Mariana – Sem dúvida, até já falei deles, por exemplo, o facto de não haver horas,

de não haver um tempo oficial, digamos assim, para que possamos de facto trabalhar na

direção de turma com a nossa direção de turma. É assim, nós temos horas para exercer o

trabalho burocrático, digamos assim, não é?, para atendimento dos encarregados de

educação, para trabalhar nas plataformas e no sistema informático, isso é verdade, há

horas, que muitas das vezes não chegam quando as turmas são complicadas, mas aí há

horas, agora o que eu digo é: não há horas para trabalharmos com os alunos, quer dizer

eles é que são a nossa direção de turma, e quando é necessário informá-los de alguma

coisa, uma iniciativa que seja, ou se houver um problema eu preciso de falar com o aluno

ou até com a turma, se houve uma ocorrência, por exemplo, em que a turma tenha estado

toda envolvida, e eu não tenho tempo para isso. Foi o que eu já referi há pouco, ou bem

que roubo tempo às minhas aulas ou então finjo que a minha direção de turma é tudo

menos a minha direção de turma!

Entrevistadora - Considera que o Diretor de Turma deveria ter formação

específica para o desempenho do cargo? Em que áreas ou domínios? No seu caso

concreto, sente necessidade desse tipo de formação?

Mariana – Por acaso acho que não seria mau, muito pelo contrário. Em que áreas

ou domínios? Esta é uma pergunta interessante e simultaneamente difícil, porque de

certeza que haverá várias áreas ou domínios com necessidade de formação, mas agora

assim … mas, sei lá … é que as turmas são cada vez mais heterogéneas, não é? há cada

vez mais problemáticas diferenciadas em sala de aula, e a verdade é que nós temos que

tentar fazer o nosso melhor com todos. E nem sempre é fácil! Mas, por exemplo, a própria

gestão emocional, eu penso que é uma necessidade, porque eles são todos diferentes uns

dos outros, com necessidades diferentes uns dos outros, por falar em necessidades, cada

vez há mais alunos com necessidades educativas especiais, se for preciso numa turma há

vários alunos com problemáticas diferenciadas, eu por exemplo, encontro-me a frequentar

um segundo momento de uma ação de formação sobre a dislexia, o ano passado foi feita

a nível do diagnóstico da dislexia, e agora sobre a intervenção na dislexia, a verdade é

que eu, aparte a minha direção de turma no conjunto todo das turmas todas que eu tenho,

eu tenho 18 alunos com Necessidades Educativas Especiais e eu não sou professora de

Educação Especial e não tenho formação … e eu estou convencida de que, como cada

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

202

vez há mais alunos nessas circunstâncias, essa formação deveria ser obrigatória e gratuita,

inclusivamente, porque eu acho vergonhoso, já agora, faço questão de aproveitar este

momento para o dizer, acho vergonhoso que a formação tenha que ser paga, cada vez

mais cara, inclusivamente, e se for preciso exigida a um contratado que nem à carreira

pertence, não é?, acho isso ridículo, um contratado que é quem mais trabalha e menos

ganha, e mais responsabilidades tem. Se calhar também seria interessante pôr isso no

vosso estudo, sem qualquer tipo de dúvida, porque é infelizmente uma realidade do nosso

país.

Entrevistadora - Como definiria o perfil de um Diretor de Turma?

Mariana – Eu não sei se vou responder diretamente a essa questão, porque eu vou

ser um bocadinho irónica, mas não posso deixar de o dizer. Há professores, e não estou a

falar apenas desta escola, porque pronto, já passei por várias, e feliz ou infelizmente,

também já dei conta dessas realidades em várias escolas por onde passei, eu acho que há

pessoas que fazem questão de dizer e demonstrar que não têm perfil para ser um Diretor

de Turma, precisamente para não ter que ser. Sim! Porque são muitas horas de trabalho,

muitas mais do que aquelas, enfim, que são fornecidas na componente letiva e não letiva,

a nível burocrático, como já disse, ou de atendimento.

Mas, eu penso que um bom Diretor de Turma deverá ser de facto uma pessoa que

seja profissional, que seja competente, que saiba de facto o que está a fazer, mas que seja

também humano e que saiba ter uma questão de bom senso, porque nem sempre as nossas

atuações podem ser iguais, não é?, em situações diferenciadas. Acho que devemos …. é

quase um bocadinho como ser pai e mãe, é dar amor, mas também dar educação, não é?,

é tentar acompanhá-los, tentar perceber o que é que está a correr bem e o que é que está

a correr menos bem, ajudá-los, apoiá-los, sem qualquer tipo de dúvida, mas também exigir

que cumpra o mínimo dos mínimos, porque os alunos hoje em dia acham que só têm

direitos e deveres nem por isso, não é?. E, portanto, acho que um Diretor de Turma tem

obrigatoriamente essa função, de explicar que eles têm direitos, sim, mas também têm

deveres e a partir do momento em que acham que as regras não são para eles, é porque

então estão na escola errada. Eu digo-lhes, muitas vezes, eu posso não gostar ou posso

não concordar com todos os documentos orientadores, com todas as regras que impõem

na escola A, B, C ou D, a partir do momento em que eu lá trabalhar, eu só tenho cumprir

e fazer cumprir aquilo que são as regras da escola, não estou contente? Escolho outra

opção de vida. Eu digo isso muitas vezes aos meus alunos, nomeadamente àqueles que,

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

203

enfim, que acham que têm regras próprias, muitas das vezes à revelia da própria família,

portanto para eles muito mais à revelia da própria escola que muitas das vezes não lhes

diz nada, não é? Pronto, e eu digo isso muitas vezes, enquanto tu não perceberes que de

facto há regras para todos, porque isto não é propriamente uma anarquia, então se calhar

estás no sitio errado, é simples. Mas é importante de facto haver o bom senso, e às vezes

saber dar a mão e acompanhar, porque cada vez mais aparecem-nos situações muito

complicadas, familiarmente muito complicadas, e muitas das vezes nós nem sabemos a

maior parte dos pormenores. Portanto não é fácil ser Diretor de Turma e muito menos é

fácil ser um bom Diretor de Turma. (risos)

Entrevistadora - Deseja acrescentar alguma coisa que não tenha sida contemplada

nesta entrevista?

Mariana – Eu julgo que não, acho que falei dos pontos essenciais, porque enfim

… tinha pensado, precisamente, na minha função como Diretora de Turma ao longo de

vários anos e de perceber quais é que tinham sido os desafios, o que é que tinha corrido

melhor, o que é que tinha corrido pior… e, portanto, já tinha feito o trabalho de casa!

Entrevistadora - Reforçar o agradecimento por ter participado no estudo. Depois

farei chegar a transcrição.

Mariana – Com certeza.

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

204

ENTREVISTA À MÓNICA

A entrevista foi gravada no dia 10 de maio de 2017, nos Olivais.

Esta entrevista teve a duração de 19’44 minutos.

As perguntas são introduzidas pela palavra entrevistadora. As respostas são

introduzidas pelo nome fictício Mónica e tentámos reproduzir de forma fiel as palavras

da entrevistada, incluindo as pausas que reproduzimos pelo uso das reticências. Atitudes

como rir são indicadas entre parênteses. Entre parênteses retos surgem afirmações da

entrevistadora.

Entrevistadora – Então, começar por agradecer o facto de ter aceite participar no

meu estudo e o facto de tão facilmente ter mostrado essa disponibilidade.

Mónica – Não tem que agradecer, como é óbvio.

Entrevistadora – Ressalvar o facto de utilizarmos esta gravação para depois fazer

a transcrição e de utilizarmos os dados para o trabalho a nível académico. Gostaria então

de pedir se nos seria possível fazer a descrição sucinta do seu percurso académico e

profissional.

Mónica – Bem, sucinta, comecei em 1991, nesse ano não tive direção de turma,

porque era um ano que se entrava em miniconcurso, normalmente eram as turmas que

sobravam que vinham para os colegas mais novinhos. Desde aí, tive sempre direção de

turma, exceto um ano ou dois, eventualmente, já passaram estes anos todos não posso

precisar. Durante dois anos seguidos, estive numa escola que é na Quinta da Piedade, a

D. Martinho Vaz de Castelo Branco, Póvoa de Santa Iria, em que tive duas direções de

turma no horário, no mesmo horário, no mesmo ano, o que nos faziam era: uma turma

complicada e depois a outra turma que já se sabia que era sossegadinha, não dava trabalho

nenhum e depois tinha era um horário muito reduzido, tinha dezasseis horas, porque na

altura a direção de turma dava redução de horário … portanto já sou muito antiga (risos).

E depois tenho tido sempre direção de turma. Isto em termos de direção de turma, quando

estive nos PIEF’s fui também diretora de turma um ano ou dois, porque o mais importante

no PIEF era o ser animador de projetos, que é quem dinamizava os projetos, e quando eu

fui encaminhada para o PIEF, quando me fizeram as entrevistas e … enfim, foi por

intermédio de professores, colegas, que sabiam que eu não me importaria de fazer esse

tipo trabalho, e que teria algum perfil, encaminharam-me logo para a animação de projeto,

portanto, só não tive direção de turma justamente por causa disso, porque no PIEF a

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

205

direção de turma tem um lado muito burocrático e eles preferiam a mais-valia de enfim,

de conseguir encadear a transversalidade dos saberes, e implementar aquelas unidades

didáticas diferentes porque eles não trabalhavam com manual, portanto, precisavam que

as pessoas tivessem outro jogo de cintura, e então davam a direção de turma, enfim, a

pessoas que conheciam menos ou que entravam logo naquele ano que pertenciam à escola

e eram quadros de zona ou eram contratados que apareciam, foi só nessas circunstâncias,

de resto tenho lecionado sempre, para além das funções letivas normais de uma escola.

É claro, quem é de Letras faz sempre outras coisas, não é? … traduções, Institutos de

Língua … o bichinho está cá sempre. (risos)

Entrevistadora - Então já disse que sim, que já desempenhou o cargo de diretora

de turma. Quando recebe o cargo de diretor de turma são-lhe explicadas as funções e

competências que terá?

Mónica – São. Obviamente que para além de assinarmos o termo de aceitação nos

serviços administrativos de cada estabelecimento de ensino, só que obviamente para mim

já é um “déjà vu”, não é?, já oiço assim muito sossegadinha, não coloco questões porque

já sei mais ou menos o que é que se pretende, a legislação vai sendo alterada obviamente

ao longo dos anos, mas são situações pontuais, à partida não são grande novidade para

nós.

Entrevistadora - Como caracteriza o seu desempenho enquanto diretora de turma

e que importância atribui a este cargo?

Mónica – Eu cada vez mais acho que o diretor de turma tem um papel que

ultrapassa as suas funções meramente burocráticas, quando eu comecei a dar aulas,

tínhamos um papel mais ou menos de secretaria, fazíamos a ponte entre a secretaria e o

Encarregado de Educação, era entregar as avaliações, não havia, ou provavelmente não

havia tantos problemas sociais ou as escolas onde eu terei estado não apresentavam essas

situações, ou as turmas que me couberam se calhar também não tinham essa problemática.

Mas noto que nos últimos anos, sobretudo nos últimos quinze anos, o diretor de turma faz

a ponte em tudo, em tudo! Tem de ser tutor, tem de substituir a figura do pai ou da mãe e

muitos pais, às vezes, pedem-nos esse apoio, é quase que um apelo inconsciente, o facto

de eles nos contactarem, eles próprios já não têm mão em determinadas situações com os

próprios educandos, e o diretor de turma tem esse papel, não é?, o diretor da escola terá

outras funções, e é o diretor de turma que faz essa transição, a transição não é a ponte

mesmo, entre a família e a escola.

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

206

Entrevistadora - O diretor de turma deve assumir um papel preponderante

enquanto “gestor intermédio” da organização escolar, a nível da supervisão e da

promoção do trabalho colaborativo. Concorda com esta afirmação ou acredita que o DT

não exerce este papel?

Mónica – Não, concordo plenamente, temos de ser isso e muito mais, como já disse

anteriormente.

Entrevistadora - Tendo em conta que respondeu afirmativamente, quais as funções

que desempenha como diretora de turma que têm natureza supervisiva?

Mónica – Tudo o que está inerente à legislação nós temos que fazer, acabamos

sempre por ter essa função, e mesmo que não quiséssemos há formas que a escola tem de

controlar esse trabalho, não é?, um diretor de turma não pode fugir a determinadas

questões funcionais, digamos, a nível de escola, não temos como não o fazer e cada vez

há mais esse pedido, ate porque as escolas já trabalham com as tecnologias todas, temos

tudo informatizado, a rede do GIAE, tudo o que se faça em termos burocráticos tem de

estar em conformidade com a turma, com o perfil da turma, com o trabalho do Diretor de

Turma porque há de haver quem confirme e já não é só o dizer que se fez porque está lá

realmente no sistema da escola.

Entrevistadora - Pode dar alguns exemplos de aspetos que considera mais fortes

e mais fracos na sua atuação enquanto “Supervisora”?

Mónica – É assim, ser juiz em causa própria é um bocado complicado, não é?, eu

sinto é que »às vezes não temos tempo para fazer tudo o que gostaríamos, sinto que

apesar de o Diretor de Turma tentar ser a ponte entre a casa e a escola haveria muitas

outras valências que fazem falta, que fariam falta, no percurso de um aluno ao longo do

ano, sobretudo nos alunos mais carenciados e mais problemáticos, e a escola precisava

dessa mais-valia, que não tem, por questões orçamentais nós não temos, em vez de haver

só o psicólogo educacional, todas as escolas deviam ter obrigatoriamente um psicólogo

clinico ou o que quer que fosse nessa área porque muitos dos problemas que os Diretores

de Turma têm de resolver passam por aí. Depois há as questões que são formais digamos

do funcionamento do ano letivo, mas isso a mim não me custa, é uma questão de se fazer,

ir cumprindo, hoje em dia já se pode até fazer tudo em casa, a minha escola implementou

agora a nova, esta nova funcionalidade, temos um código de acesso que é só nosso, as

faltas são lançadas por cada professor, cada disciplina, o Diretor de Turma tem o código

de acesso para justificar essas faltas em função do documento que o aluno traz ou da

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

207

autorização do Encarregado de Educação. Antigamente tínhamos de fazer isto no espaço

físico da escola, hoje em dia eu tenho a felicidade de chegar a casa e ir fazê-lo ou até basta

ter internet no telemóvel dá para estar a justificar faltas no telemóvel enquanto estou à

espera de qualquer coisa a caminho de casa ou noutra circunstância, nesse aspeto temos

tido muitas vantagens.

Entrevistadora - Como organiza, gere e atua numa reunião de Conselho de Turma?

Mónica – Em primeiro lugar, levo tudo feito, tudo o que possa estar nas minhas

mãos está feito, inclusivamente aquilo que não deveria estar nas minhas mãos eu levo

feito (risos) para evitar constrangimentos, porque nós às vezes se não soubermos gerir

bem o tempo deixamos que as lutas de egos se evidenciem numa reunião de conselho de

turma, então deve-se fazer logo a previsão, a antevisão desses temas e levar plano A,

plano B, plano C, porque as pessoas as vezes gostam de dizer as coisa por dizer, ou acusar

gratuitamente, então quando se entra por essa via o Diretor de Turma tem de ter a

capacidade de dizer “muito bem, não se concorda com isto, então temos isto quem é que

não concorda?” ou então também funciona muito como já se lev tudo feito, quem tem

propensão para deitar a baixo por deitar a baixo, seja o que for, não digo o trabalho do

Diretor de Turma, o geral, o que quer que seja, já pensa duas vezes antes de dizer porque

senão vão-lhe dizer “olha então está aqui feito, refazes tu?” ou “aceitamos novas

propostas” e normalmente este tipo de colegas não gosta de fazer, só gosta de fazer critica

destrutiva, então eu levo tudo feito, só preciso mesmo de assinaturas, ou então há

situações em que preciso mesmo da opinião dos colegas tento antes da reunião juntar-me

com eles noutras circunstancias, conversas de corredor, sei mais ou menos a opinião de

um e de outro que é para quando chegar a altura conseguir conciliar as coisas que são

mais complicadas, não é?.

Entrevistadora - Encara o Conselho de Turma, como o órgão responsável pela

promoção do trabalho colaborativo entre os docentes de uma turma?

Mónica – Sim, fundamental, é fundamental, ate porque se nota quando há colegas

que não se dão bem há mais anos porque já lá estão na escola e houve conflitos que não

foram superados, lá está a questão do ego, a pessoa, há muitos colegas que não entendem

que quando não se concorda com alguém não quer dizer que seja algo pessoal, podemos

não concordar porque são questões meramente profissionais, mas isto é um bocado latino,

não é?, nós misturamos um bocadinho as coisas. E então há Conselho de Turma que não

funcionam e que as direções já têm consciência que vão correr mal e já planeiam no ano

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

208

letivo seguinte, eventualmente, outro Conselho de Turma para a mesma turma, que até

poderia ter o beneficio de manter os professores, mas as vezes separam-se entre aspas

estes Conselhos de Turma para evitar alguns conflitos. Infelizmente, temos provas disso

(risos).

Entrevistadora - De que forma o Projeto Educativo (PE), o Plano Anual de

Atividades (PAA) e o Plano de Turma (PT) contribuem para a definição de estratégias

conjuntas de atuação, articulação de procedimentos e de métodos de trabalho no Conselho

de Turma?

Mónica – Todas as visitas de estudo e todas as atividades que são transversais em

termos de disciplina têm que passar por todas essas temáticas, não é?, não podemos fugir

aquilo que está planeado a nível de escola e que foi, enfim, aceite e foi concertado no

Conselho Geral e, todas, enfim, todas as instituições que trabalham com a escola têm

também a sua opinião e isso tem de ser tido em conta, ate porque hoje em dia tudo o que

se faça, por norma, é colocado no site da escola, nas plataformas moodle, claro que

salvaguardamos a imagem dos alunos, eles vem sempre de costas ou de lado, a não ser

que tenham uma autorização expressa do Encarregado de Educação para aparecer

declaradamente a cara do aluno, no entanto é impossível não ter isso em consideração,

tudo o que se faz tem de tocar nem que seja ao de leve nesse tipo de temática de planos

que estão previamente estabelecidos, normalmente é por biénio e triénio, portanto já há

sempre um trabalho de continuação, portanto é fácil não fugir.

Entrevistadora - Como DT, considera importante incentivar os professores a

desenvolverem trabalho colaborativo? Quais as vantagens para alunos, professores ou

outros intervenientes no processo educativo?

Mónica – Todas, porque quando há esta falta de comunicação ou esta ausência de,

enfim de, eu não de digo de solidariedade, mas saber ceder a um horário de um

determinado trabalho, porque há colegas que não querem porque a matéria esta encadeada

numa determinada ordem, por que não eu alterar a minha ordem na matéria para depois

coincidir com o colega de ciências ou o colega de físico-química? E há pessoas que têm

muita dificuldade em gerir isso, portanto se houver essa comunicação e esse tipo de

cuidado, obviamente que as coisas só têm de correr bem, e quem é beneficiado em

primeiro lugar são sempre os alunos, quer seja uma turma com dificuldades quer seja uma

turma muito boa, porque em ambos os casos vamos ter efeitos positivos desse tipo de

concertação, digamos, de encadeamento de ideias, e de previsão, planeamento, não custa

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

209

nada. Nós tentamos fazer isso, por exemplo, a nível do Plano de Turma, há sempre uma

alínea em cada reunião de Conselho de Turma, em que os professores no inicio de cada

período, ou no final do 2º período, por exemplo, para o 3º, dizem qual é o conjunto de

matérias que se vai trabalhar em conjunto, antevendo que se vai trabalhar a estatística ou

isto ou aquilo, a Educação Física vai trabalhar, sei lá, vai fazer um inquérito sobre o

desporto, e o colega de matemática entra com a estatística, o inglês vai sempre traduzir

qualquer coisa (risos), porque enfim somos um país de turismo, portanto são exemplos

muito simples daquilo que se vai fazendo, porque é importante, claro que também é

importante que o Conselho de Turma se dê bem, porque quando as pessoas não se dão

bem é muito difícil obrigar as pessoas a trabalhar assim, e quando as pessoas não se dão

bem, também se nota que o trabalho não foi feito com gosto, não é?.

Entrevistadora - Pensa que existem fatores que condicionam ou limitam o

exercício das funções dos Diretores de Turma?

Mónica – É assim, condicionar e limitar, condicionam sempre e limitam sempre,

porque nós temos um limite para tudo, um Diretor de Turma não pode pôr um aluno

dentro do carro, por muito maldisposto que o aluno esteja, não posso pô-lo dentro do

carro e levá-lo a casa, não devo, legalmente isso não se faz, a não ser que eu conheça a

família ou que haja um telefonema que foi feito a partir do PBX da escola e que haja

testemunhas, são coisas que são muito complicadas, nós gostamos de ajudar mas nós

temos de ter alguns limites, e depois há outros limites em termos emocionais, há colegas

que não conseguem separar as coisas, vivem de tal maneira os problemas dos meninos,

que é importante, claro!, mas nós se não tivermos um distanciamento mínimo, também

nós nos deixamos ir a baixo, e se nós também estivermos mal e desequilibrados isso vai

refletir-se no nosso trabalho e não ajudamos ninguém, e portanto tem de haver ali um

ponto de equilíbrio, o saber lidar com todas estas contrariedades ou problemas que nos

surjam, da mesma maneira como saber lidar com o que corre bem, porque às vezes há

pessoas que as coisas vão correndo bem porque a turma é muito boa, e há um certo

deslumbramento, e depois perde-se a noção da realidade, e já não se executam outras

coisas que também são importantes e então tem de haver ali uma gestão com algum

cuidado, porque senão a coisa corre mal.

Entrevistadora - Considera que o DT deveria ter formação específica para o

desempenho do cargo? Em que áreas ou domínios? No seu caso concreto, sente

necessidade desse tipo de formação?

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

210

Mónica – É assim, eu ao longo dos anos tenho tido sempre, todas as escolas têm a

preocupação de fazer reuniões de Diretores de Turma no inicio do ano letivo, antes de

sequer termos um horário à nossa frente e de conhecermos o contingente de alunos que

nos vai calhar, em termos de legislação somos obrigados a saber, portanto há informação

que nos é facultada e quem chegue de novo, se tiver algum problema, o coordenador dos

diretores de turma é incansável, inclusivamente há dois coordenadores de direção de

turma 2º ciclo e 3º ciclo que é para ajudar o maior numero de pessoas, e nesse sentido, eu

acho que o trabalho está bem feito, por exemplo minutas de ata, situações pontuais de

processos disciplinares, hoje em dia, os processos disciplinares, pelo menos na minha

escola, são trabalhados logo diretamente no âmbito da Tutoria e na direção, há problemas

graves o Diretor de Turma tem conhecimento, mas não é o Diretor de Turma que vai fazer

o conselho disciplinar, é a direção que toma conta disso que é para agilizar o processo,

no entanto em escolas onde não se fazia isso por onde passei, tínhamos tudo, tínhamos as

minutas, tínhamos, havia inclusivamente uma pen multiusos que tinha as minutas todas,

nós tínhamos minutas para tudo e mais alguma coisa, havia uma uniformização depois

daquilo que se pretendia a nível de escola, pontualmente havia reuniões extraordinárias

quando havia legislação nova sobre matéria de exames, ou enfim o que quer que seja,

legislação sobre faltas ou os planos de recuperação quando os miúdos tinham excesso de

faltas, tinham e têm, e os Diretores de Turma têm depois de gerir os processos todos para

que na disciplina em que há excesso de faltas o aluno faça uma avaliação extraordinária,

tem de juntar o professor, o Encarregado de Educação, as outras valências todas da escola,

os planos de acompanhamento individual, portanto há ali toda uma serie de estratégias

que se põem em prática para que o aluno transite e seja bem sucedido e obviamente a

coordenação dos Diretores de Turma trabalha muito bem nisso, eu acho que as escolas

todas têm isso bem controlado e em ultima instancia temos as direções, que em caso de

duvida tem de se remeter as questões para a direção e se a direção não tiver resposta é a

direção regional de educação que tem de nos dar uma, não é?, uma resposta concreta para

agirmos em conformidade.

Entrevistadora - Como definiria o perfil de um DT?

Mónica – Um Diretor de Turma sobretudo tem de gostar de ser Diretor de Turma,

inclusivamente há colegas nas escolas onde eu tenho estado que há muitos anos não são

Diretores de Turma porque dizem mesmo que não têm perfil para, um Diretor de Turma

não pode sentir-se constrangido com a presença dos pais, não pode ter medo de admitir

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

211

que há alguma falha por parte da escola, porque acontece, somos humanos as falhas

acontecem sempre, só quem não trabalha é que não comete erros, portanto um Diretor de

Turma tem de ter a sensibilidade de reconhecer um eventual erro, nestas questões em que

causam sempre muita confusão a nível de escola, saber transmitir isso aos pais, também

desmontar digamos esta raiva ou agressividade porque às vezes vêm muito aflitos porque

o filho teve falta, porque lhe bateram, portanto tem de haver aqui esta preocupação, tem

de haver tato nas situações, tem de haver conhecimento da legislação, para depois também

não se meterem em coisas que estão fora da lei, por exemplo, há chamadas que eu faço

de casa para os meus Encarregado de Educação que eu sei que legalmente não me

salvaguardam, mas eu faço-o porquê? Já os conheço! A turma está comigo desde o sexto

ano, eles estão agora no 9º ano, portanto é fácil fazer isso. E compreendo que haja colegas

que dizem que não gostam de ser Diretores de Turma e compreendo que a escola não

atribua esses cargos a quem diz diretamente que não tem perfil para, porque são coisas

muito complicadas, e há pessoas que são tímidas, ou que não tem jeito para burocracias

e para gerir pais e gerir conflitos e se são muito bons profissionais na sua área mas não

têm perfil para isso, portanto fazem outras coisas muito giras na escola e com outra

dimensão até muito mais relevante que a do papel do Diretor de Turma, portanto acho

que em primeiro lugar é o Diretor de Turma que tem que ter gosto naquilo que faz, porque

os miúdos reparam nisso, os miúdos percebem quando nós não gostamos do cargo que

temos, ou não gostamos da turma ou não gostamos do que estamos a fazer, portanto tem

que ser autentico, tem de ser genuíno, a maior parte dos professores gosta, felizmente

gosta, mas há ali uma percentagem que não se identifica de todo e está sempre à espera

que o ano letivo acabe, ou está sempre à espera que venha uma turma pouco problemática,

ou então quando há um problema faz de conta que não é um problema ou tenta minimizar

ou não dar tanta relevância à situação em si, para não ter tanto, eu não digo que seja não

ter tanto trabalho, às vezes é porque a pessoa não tem mesmo perfil para, portanto eu acho

que em primeiro lugar deve ter-se alguma inclinação para este tipo de cargos, se não é

melhor ser honesto e dizer que não aceita.

Entrevistadora - Deseja acrescentar alguma coisa que não tenha sida contemplada

na entrevista?

Mónica – Eu acho que a entrevista está perfeita, está muito completa, eu espero é

estar, ter estado à altura daquilo que se pretendia.

Entrevistadora - Então agradecer novamente a disponibilidade, muito obrigada.

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Transcrição das entrevistas

212

Mónica – Eu é que agradeço e desejo a maior sorte para o trabalho!

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Transcrição das entrevistas

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ENTREVISTA À MAFALDA

A entrevista foi gravada no dia 10 de maio de 2017, nos Olivais.

Esta entrevista teve a duração de 21’16 minutos.

As perguntas são introduzidas pela palavra entrevistadora. As respostas são

introduzidas pelo nome fictício Mafalda e tentámos reproduzir de forma fiel as palavras

da entrevistada, incluindo as pausas que reproduzimos pelo uso das reticências. Atitudes

como rir são indicadas entre parênteses. Entre parênteses retos surgem afirmações da

entrevistadora.

Entrevistadora – O tema do meu trabalho é o trabalho colaborativo nas funções

supervisivas do Diretor de Turma. Como tivemos oportunidade de conversar antes da

entrevista esta pode ser utilizada para fundamentar a tese, mas também para divulgação

dos resultados a nível académico. Podemos então gravar a entrevista?

Mafalda – Sim, podemos.

Entrevistadora – Aproveito para agradecer a disponibilidade. Seria possível fazer-

nos uma descrição sucinta do seu percurso académico e profissional?

Mafalda – Iniciei, portanto, as minhas funções de docência em 1990, um ano antes

de ter terminado a licenciatura em Antropologia Social no ISCTE, a partir daí, penso que

não é necessário entrar em questões de escolas por escolas, mas todo o meu percurso tem

sido desde o ensino oficial, não é?, iniciando mesmo com Antropologia, com a cadeira de

Antropologia do 10º ano, que era uma cadeira de opção na altura, depois foi retirada do

currículo e a partir daí comecei a dar aulas portanto só de Geografia, secundário, 3º ciclo,

portanto fundamentalmente, isto até 2008. Em 2007, e por que é que mudei depois aqui,

alterei aqui o meu percurso? Porque em 2007 sou confrontada com uma situação, que é a

de não ter possibilidade de continuar a ter a habilitação, a fazer a profissionalização em

Geografia de 3º ciclo, mas todas as pessoas formadas em Antropologia tinham que fazer,

obrigatoriamente, se quisessem continuar no ensino, a profissionalização em História e

Geografia de Portugal, portanto para segundo ciclo. Ora, em 2007 eu faço a

profissionalização, não é?, nesta área de ensino e a partir daí, portanto, passei a dar

História e Geografia, a partir de 2008, História e Geografia ao 2º ciclo. Entretanto todo o

meu percurso desde 91 também foi sempre acumulando não só o ensino oficial como o

ensino privado, portanto em 94 entro para o colégio onde ainda hoje dou aulas, não é?, e

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

214

em 94 também, começo a acumular com também com funções de formação, formação

profissional, portanto trabalhando com alunos de níveis 2 e 3 de cursos profissionais.

Entrevistadora - Ao longo do seu percurso tem desempenhado o cargo de Diretora

de Turma?

Mafalda – Tenho desempenhado várias vezes o cargo de Diretora de Turma, e pra

além de Diretora de Turma, desde 2008, e daí também aqui este meu acerto, passei a

assumir a função de assessoria de direção do Colégio, do Externato Champanhat, onde

estou.

Entrevistadora - Quando recebe o cargo de Diretor de Turma são-lhe explicadas

as funções e competências que terá?

Mafalda – Eu devo dizer que do meu inicio, daquilo que eu me lembro, quando

recuo no tempo, e me tento lembrar o que é que ... , eu devo dizer que somos lançados

um bocadinho ... aos bichos, utilizando aqui uma expressão menos ..., mas por outro lado

eu também acho que isso faz, faz depois com que tenhamos que ir nós um pouco à

descoberta e um pouco construindo esta personagem, que é uma outra personagem, não

tem nada a ver, eu poderei ser uma boa docente mas ser uma péssima Diretora de Turma

ou o contrário, não é?, portanto eu penso que nem todos nós temos o perfil, não é dizer

que eu tenho o perfil, não, não é isso, mas no fundo sentir que é um papel que eu acho

que deveria, quando as pessoas chegam a uma escola e estão no inicio de carreira, que

deveria ser mais acompanhada, sem dúvida, do que é.

Entrevistadora - Como caracteriza o seu desempenho enquanto Diretor de Turma

e que importância atribui ao cargo?

Mafalda – Eu acho que é um cargo muito importante, cada vez mais, na relação

sobretudo, e num colégio muito particularmente, de facto somos muito mediadores da

relação entre escola-família, portanto, aqui é mesmo esse papel de mediador que eu acho

que há que destacar. Depois, penso que é muito importante a ligação que se faz com os

próprios miúdos, e portanto, mesmo dentro dos Diretores de Turma, convenço-me que

hoje um Diretor de Turma de 2º ciclo, por exemplo, pode ser um péssimo Diretor de

Turma de 3º ciclo, como ... portanto eu penso que aqui o papel do Diretor de Turma nas

diferentes faixas, nos diferentes ciclos, também deve ser equacionado, porque nem todos

os Diretores de Turma têm perfil para trabalhar com alunos mais novos. Portanto, é

diferente aquilo que é pedido a um Diretor de Turma de 12º, do que aquilo que é pedido

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

215

a um Diretor de Turma de 5º, e essa carga por exemplo, mais afetiva, mais emotiva que

se requer no caso de um 5º ano ou de um 6º, eu penso que nem todos os diretores possuem.

Como é que eu caracterizo, como é que eu, não era caracterizo, como é que eu, pois

caracterizo o meu desempenho, quer dizer eu penso que sou suspeitíssima em caracterizar

o meu desempenho, mas não me tenho dado mal até ao momento e é uma função que eu

assumo, acho que com responsabilidade e com muita dedicação, eu acho que tem que ser

mesmo com muita dedicação. E depois acho que é um terreno onde nós aprendemos muito

sobre a relação entre alunos e pais e o professor, porque somos mediadores de toda a

escola, não é?, até dos próprios colegas com os outros, dos colegas com os pais, e dos

colegas com os alunos, portanto temos de ser realmente uns bons comunicadores, termos

bom senso e, às vezes, não me apetece, apetece-me não ter, não é?, como humana que

sou e com todos os defeitos, mas tento cumprir, dentro do possível, as minhas ...

Entrevistadora - O Diretor de Turma deve assumir um papel preponderante

enquanto “gestor intermédio” da organização escolar, a nível da supervisão e da

promoção do trabalho colaborativo. Concorda com esta afirmação ou acredita que o

Diretor de Turma não exerce este papel?

Mafalda – Concordo com essa afirmação, daquilo que é a minha experiência

revejo-me nessas funções e com essas responsabilidades, admito e já tenho ouvido alguns

colegas que noutros contextos de escola sentem a sua, até sua autoridade, a sua autonomia

um bocadinho ... não, não ... enfim ... não, não, como é que ..., está-me a faltar a palavra

... não aceite, não ... têm realmente essa dificuldade, não é?, de ter esse papel e ser

assumido, até mesmo em relação aos ... a determinados colegas, não é?, não estamos a

falar só de uma realidade fora da escola.

Entrevistadora - Tendo em conta que respondeu afirmativamente, quais as

funções que desempenha como Diretor de Turma que têm funções supervisivas?

Mafalda – De supervisão, ora aí está uma pergunta, agora deixa-me ver o que é, de

supervisão, o que é que nós possamos entender por essa supervisão, não é?, por exemplo,

quando estou a coordenar atividades, olha, como aquela que acabamos agora na nossa

reunião de falar (risos), enquanto Diretora de Turma também, que é, tudo o que é plano

de atividades, por exemplo, tudo o que é projetos que vêm mesmo da direção, mas que

depois o Diretor de Turma assume aqui um papel de transmissor e de executivo junto dos

colegas, portanto eu estou, e muitas vezes a ver até que ponto é que as pessoas cumprem

aquele plano, é que cumprem o projeto, eu sinto que faço isso, eu e os meus colegas

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

216

Diretores de Turma, não é?, portanto sinto que fazemos isso, noutros sítios

provavelmente não, é mais difícil, é mais difícil.

Entrevistadora - Pode dar alguns exemplos de aspetos que considera mais fortes

e mais fracos na sua atuação enquanto “Supervisora”?

Mafalda – Ah, a primeira parte e que é extremamente importante para um trabalho

de escola é a motivação, é motivar os outros, e isso nem sempre é fácil, portanto quando

estamos no papel de coordenar e de dizer qual o caminho a seguir, é preciso acima de

tudo antes de dizer qual é o caminho, colocar as pessoas, não é?, definir esse caminho,

mas colocá-las connosco para conseguirmos ir a bom porto, porque, normalmente, se

queremos também fazer as coisas de uma forma muito individual, muito à nossa maneira,

só porque somos o Diretor de Turma, e temos o poder de poder fazer uma série de coisas,

não é?, e não ouvirmos os outros, eu penso que de facto não pode ser por aí, portanto é

motivar, é difícil, mas tem de ser por aí, é um ponto que eu considero que é mais difícil,

às vezes, mas depois eu acho que é muito reconfortante e é gratificante, quando

verificamos que aquilo que nós nos propusemos, sentirmos que o grupo está connosco,

não é?, e que foi executado, portanto e que foi posto em prática, eu acho que isso, o

Diretor de Turma também tem essa, sente depois essa glória, não é?, e os nossos alunos,

muitas vezes, são eles que muitas vezes acabam por nos transmitir isso, porque quando

na festa de final de ano, por exemplo, chamam ao palco para agradecer, normalmente é a

figura do Diretor de Turma, e obviamente cabe-nos a nós, Diretor de Turma, dizer que

aquilo foi feito porque a equipa permitiu, mas de facto isso também passa a ser

gratificante porque os próprios alunos nos identificam com a pessoa que levou que

conduziu o veiculo, não é?

Entrevistadora - Como organiza, gere e atua numa reunião de Conselho de Turma?

Mafalda – Há vários passos. Primeiro que tudo eu penso que há um trabalho e tem

de haver um trabalho prévio de planificação dessa reunião e sabermos exatamente que

pontos é que queremos e que são importantes para a nossa reunião. Aprendemos um

bocadinho com o nosso curso que de facto é essencial não levar muito papel, não colocar

muitas questões, mas sabermos fundamentalmente, delinear as diretrizes de um plano de

trabalho de turma, de um plano especifico para aquela turma ou para aquele grupo, e que

os colegas entendam e percebam que não se pode trabalhar da mesma maneira com todos

os grupos e esse plano de trabalho é mesmo individual, não é por acaso que ele se chama

Plano de Trabalho da Turma, e essa é uma gralha e é tentarmos, num conselho de turma,

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

217

eu acho que é fundamental, nós percebermos o que é que não está a funcionar e

entendermos como é que podemos pôr aquele grupo a funcionar, naquilo que ele é menos

bom, naquilo que ele é menos forte. E uma reunião de conselho de turma não se pode

limitar ao lançamento de notas, ao cantar de notas, que muitas vezes mais adormece o

público que está à nossa volta, porque ainda para mais hoje em dia as notas estão lançadas

pelos professores, nem são registadas em pauta com caneta, portanto, só há uma

retificação das avaliações, e muitas vezes isso é quase que o adormecimento, não é?, e

portanto é a parte menos interessante e menos importante, eu acho que se nós tivermos a

partidas essas avaliações previamente, já conseguimos é trabalhar mesmo os casos em

que os alunos não conseguiram ter sucesso, perceber porque é que não tiveram sucesso

naquelas disciplinas, porque é que estão a ter mais sucesso noutras, como é que os

colegas, as metodologias que utilizam e partilhar essas metodologias para chegarmos a

uma linha de sucesso, porque é essa a finalidade de um conselho de turma, não é?.

Entrevistadora - Encara o Conselho de Turma, como o órgão responsável pela

promoção do trabalho colaborativo entre os docentes de uma turma?

Mafalda – Absolutamente, absolutamente.

Entrevistadora - De que forma o Projeto Educativo (PE), o Plano Anual de

Atividades (PAA) e o Plano de Turma (PT) contribuem para a definição de estratégias

conjuntas de atuação, articulação de procedimentos e de métodos de trabalho no Conselho

de Turma?

Mafalda – No fundo são documentos, são linhas orientadoras, para esse trabalho

depois mais individual, para nós também seguirmos uma linha, não temos que fazer tudo

igual, mas há uma linha de base que é comum a todos nós não é?, eu sei que estou a

trabalhar, por exemplo, sobre a sustentabilidade este ano, e à volta disso eu desenvolvo

um conjunto de atividades que já estão delineadas no plano e portanto vão ao encontro

daquilo que o meu próprio PE quer, que nós não nos limitemos ao conhecimento, às

disciplinas de Português e Matemática, e portanto é uma visão muito mais ampla e muito

mais alargada.

Entrevistadora - Como Diretor de Turma, considera importante incentivar os

professores a desenvolverem trabalho colaborativo? Quais as vantagens para alunos,

professores ou outros intervenientes no processo educativo?

Mafalda – Para mim é a melhor forma de trabalhar, eu sou muito pouco

individualista, eu pelo menos considero que sou pouco individualista, eu gosto de pensar

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

218

sobre as coisas e levar um mote qualquer, mas eu nunca vejo aquilo como meu, ou como

o ficar na minha turma ou ficar comigo, portanto, para mim, só faz sentido uma escola

quando nós temos um trabalho colaborativo, não é fácil, não é fácil , porque nem todos

nós para já somos colaborativos, muitos de nós somos de facto mais individualistas, no

fundo no fundo gostamos sempre de brilhar um bocadinho, que se saiba que no fundo no

fundo aquilo até foi feito por mim, ou que, e portanto eu penso que é às vezes muito

difícil, mas para mim é o único caminho, é o colaborar.

Vantagens para os alunos, nós vamos trabalhar e eles vão trabalhar cada vez mais

em rede, ninguém vai conseguir ... o que contraria muito aquilo que se defendeu que é

“bom, tens que ver as tuas notas, e tens que ser melhor do que o outro, porque tens que

entrar para a faculdade e tens de ter melhor nota” e portanto estamos aqui num

contrassenso, mas eu não defendo nada isso, e defendo o contrário, defendo que é

importantíssimo o trabalho, mesmo com eles, em sala, o que eu gosto é de um trabalho a

pares, um trabalho a grupo, um trabalho de turma, quando o trabalho é só individual, de

facto não aprendemos e ficamos só com aquilo que conseguimos, portanto não vamos

mais longe e outros permitem-nos ir mais longe, não é?, irmos mais longe.

Entrevistadora - Pensa que existem fatores que condicionam ou limitam o

exercício das funções dos Diretores de Turma? Quais serão esses fatores?

Mafalda – Às vezes sim, eu acho que nós todos nos confrontamos com alguns

momentos, não é?, que ... mas eu não posso dizer que tenha muita experiencia disso,

porque de facto é dada pela nossa diretora muita autonomia aos diretores de turma,

portanto não é nada de nos dizer ... a não ser que ... eu muitas vezes digo, eu venho aqui

para ouvir a sua opinião, que está de fora, e é importante ouvir, o que é que faria? Eu

estou a pensar fazer isto, faria ou não faria? Portanto eu tenho muito isto, não é?, nós

diretores de turma também partilhamos às vezes, olha são capazes muitas vezes colegas

de vir, olha, enquanto Diretor de Turma o que é tu farias neste aspeto? Portanto há aqui

um trabalho de conjunto e de partilha muito grande ali na escola que eu não sinto que se

chegue ali e bloqueie aquele trabalho, não sinto isso, não sinto isso.

Entrevistadora - Considera que o Diretor de Turma deveria ter formação

específica para o desempenho do cargo? Em que áreas ou domínios? No seu caso

concreto, sente necessidade desse tipo de formação?

Mafalda – Tanto que senti que participei e continuo a achar que precisamos sempre

de saber mais, sobretudo numa parte que eu acho que é extremamente importe que é a de

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

219

gestão de conflitos, a de gestão de tempo, enfim um conjunto aqui de diretrizes que nos

consigam ajudar a ser melhores pessoas, não é?, e sendo melhor pessoa, é-se

necessariamente uma melhor Diretora de Turma e uma melhor professora.

Entrevistadora - Como definiria o perfil de um Diretor de Turma?

Mafalda – Acho que em que ser um bom ouvinte, um bom comunicador, bom

senso, sempre muito bom senso, haver serenidade que eu confesso que nem todas as vezes

tenho, porque sou mais, sou assim mais às vezes aquilo que sinto é que poderia calar aqui

mais algumas coisas que sinto, não é?, e sou muito, ainda sou muito de (risos) impulsiva,

e perante essa impulsividade eu acho que o Diretor de Turma tem que melhorar e eu

própria tenho de melhorar. Gosto de ouvir, oiço, mas quando me pedem a minha opinião,

sou extremamente sincera, doa a quem doer, e aí eu dizer impulsividade, não é tanto

impulsividade, mas de facto aquilo que eu penso, digo, exatamente, não consigo fazer de

conta, não consigo fingir, não é?, não consigo dizer a um colega que acho uma coisa,

achando outra. E às vezes isso traz-me problemas, porque às vezes as pessoas estão à

espera que eu diga exatamente aquilo que elas querem ouvir, não é?, que é ... quer no

papel de Diretor de Turma quer no papel de assessora às vezes sinto isso. Houve

momentos em que me sentia muito mal comigo própria, porque achava que eu é que era

muitas vezes a culpada, e não conseguia, até que estou a pouco e pouco a começar a

pensar que tenho que ser mais segura, que tenho que ter mais segurança em mim, posso

falhar, obviamente, mas ser convincente quer dizer, não balançar muito, não é?, não dizer

uma coisa hoje e depois dizer o contrário amanhã, mas também se for preciso voltar atrás

por alguma situação que ... acho que nós temos que o fazer, não é? ... é a humildade que

...

Entrevistadora - Deseja acrescentar alguma coisa que não tenha sida contemplada

nesta entrevista?

Mafalda – Não. (risos)

Entrevistadora - Então agradecer a sua disponibilidade, muito obrigada.

Mafalda – Muito obrigada.

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

220

ENTREVISTA À MADALENA

A entrevista foi gravada no dia 10 de maio de 2017, nos Olivais.

Esta entrevista teve a duração de 21’25 minutos.

As perguntas são introduzidas pela palavra entrevistadora. As respostas são

introduzidas pelo nome fictício de Madalena e tentámos reproduzir de forma fiel as

palavras da entrevistada, incluindo as pausas que reproduzimos pelo uso das reticências.

Atitudes como rir são indicadas entre parênteses. Entre parênteses retos surgem

afirmações da entrevistadora.

Entrevistadora – O tema do meu trabalho é o trabalho colaborativo nas funções

supervisivas do Diretor de Turma. Como tivemos oportunidade de conversar antes da

entrevista esta pode ser utilizada para fundamentar a tese, mas também para divulgação

dos resultados a nível académico. Podemos então gravar a entrevista?

Madalena – A entrevistada acena afirmativamente.

Entrevistadora – Seria possível fazer-nos uma descrição sucinta do seu percurso

académico e profissional?

Madalena – Muito boa tarde, agradeço também esta oportunidade, é sempre bom

colaborar em trabalho académico, uma vez que é a partir dele que se pode refletir depois

em termos práticos na nossa vida quotidiana. É pena que a área da educação ainda não

esteja tão trabalhada quanto deveria, porque isso revela-se um bocadinho todos os dias na

nossa prática, em algumas lacunas graves que vão acontecendo, mas isso pronto.

Neste caso, o meu percurso começou, portanto, académico a partir da universidade,

de 93 a 97, tirei o curso de história com a opção de arqueologia e história de arte,

especializei-me em educação, portanto tirei o curso de pós-graduação em ciências da

educação, tirei também uma especialização em língua gestual e tirei também uma outra

especialização em educação e ensino especial, educação especial. Tudo isto feito no

âmbito da educação, porque trabalhei em museus numa primeira fase após a licenciatura,

o que me levou e despertou o interesse por trabalhar então com as faixas etárias em

aprendizagem mais contínua que é realmente as crianças e os jovens. Gostei da

experiência em museologia, e comecei por investigar trajetos que eu pudesse traçar para

puder aplicar então a minha prática de curso, não é?, da vertente cientifica que tinha

tirado. Para isso fiz então as pedagógicas, as chamadas didáticas, não é?, a especialização

para ser professor e desde 98 que efetivamente comecei a minha carreira de docência,

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

221

portanto faz para o ano 20 anos. Tenho trabalhado em escolas públicas, tive apenas duas

experiências em colégios particulares, uma há doze anos e outra atualmente da qual estou

a gostar bastante e no intermeio sempre também, continuamente doze anos no ensino

profissional, e adultos.

Entrevistadora - Ao longo do seu percurso tem desempenhado o cargo de Diretora

de Turma?

Madalena – Sempre, com exceção de um ano em que não tive cargo de Diretor de

Turma nem de secretária, mas até no estágio profissional, portanto, há dezanove anos

atrás fui secretária da própria ... de uma direção de turma de uma turma que eu lecionava,

portanto nunca mais fui poupada entre aspas a esse cargo que é um cargo bastante

exigente.

Entrevistadora - Quando recebe o cargo de Diretor de Turma são-lhe explicadas

as funções e competências que terá?

Madalena – É assim , isto é um bocadinho por tentativa erro, ou seja, dependendo

da escola, de se há ou não coordenador de Diretor de Turma, eu como tenho trabalhado

muito no público, essa figura existe na maior parte dos casos, não quer dizer que seja

eficaz ou que seja uma pessoa realmente, lá está, que nos transmita efetivamente alguma

informação pertinente, às vezes partem do principio que todos temos de saber já tudo, e

às vezes de escola para escola, de regulamento interno para regulamento interno, de

público para público escolar, até os próprios colegas são de públicos diferentes e portanto

às vezes deparamo-nos com alguma diversidade, que nem sempre é explicada da melhor

maneira, mas eu pessoalmente, sou uma pessoa muito, aliás tenho de o ser, muito

camaleónica, e consigo-me adaptar às várias situações, desde que as consiga primeiro

estudar um bocadinho, observar e vou de encontro a ... sempre que há dúvidas tenho sido

esclarecida, sim. Mas confesso que há um desejo em mim que era realmente, acrescentar-

se, sem dúvida nenhuma, uma disciplina nas didáticas que nos preparasse um bocadinho

mais para digamos eventualmente cargos de direção de turma, de coordenação de

departamento, de partes formais que nunca são tidas em conta, parece que somos

professores e que a escola funciona por si e que há ali uma série de coisas que funcionam

automaticamente ou que então outrora foram protagonizadas por funcionários que não

eram professores, pronto, eu acho que aí poderíamos acrescentar riqueza à nossa

formação, mas pronto, esse é o meu ponto de vista pessoal.

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

222

Entrevistadora - Como caracteriza o seu desempenho enquanto Diretora de Turma

e que importância atribui a este cargo?

Madalena – Eu acho que é realmente .... Considero que é um cargo dos mais

importantes, sem o Diretor de Turma instalar-se-ia ainda mais distância entre a escola e

os Encarregados de Educação, não que haja habitualmente, porque cada vez mais estamos

a trazer os pais para a escola, às vezes não é sinónimo de sinal positivo, mas quando é

bem feito, quando é feito em coordenação, em equilíbrio e com bastante comunicação,

isso é bom. Ou seja, eu acho que a figura do Diretor de Turma é uma figura que deve

existir porque é intermediária, é mediadora, é ela que estabelece a relação entre o

Encarregados de Educação, o aluno e também a escola, portanto é um triângulo para mim,

é digamos alguém, e a comunidade educativa, e os próprios colegas, portanto o conselho

de turma ... e isto é muito importante porquê?, porque somos muitos professores, a partir

do segundo ciclo, aliás eu ou professora de 2º, 3º e secundário acho que é importantíssimo,

somos muitos com práticas pedagógicas similares, mas com as suas particularidades, e se

não houver alguém que articule um bocadinho, que trace o perfil da turma e que articule

com os pais algumas destas diversidades também de certa forma esclareça algumas

questões, tanto do conselho de turma, como também da parte dos próprios pais, acho que

se pode instalar um ruído na comunicação o que em nada vai favorecer aqueles que nós

mais queremos favorecer, que são os nossos alunos. Pronto, basicamente é isto.

Entrevistadora - O Diretor de Turma deve assumir um papel preponderante

enquanto “gestor intermédio” da organização escolar, a nível da supervisão e da

promoção do trabalho colaborativo. Concorda com esta afirmação ou acredita que o

Diretor de Turma não exerce este papel?

Madalena – Eu concordo que ele deve fazer isso tudo, eu enquanto Diretor de

Turma faço-o, não é fácil por vezes porque encontramos pouca permeabilidade, muita

resistência de alguns colegas, especialmente às vezes colegas com mais idade ou colegas

com um perfil uma personalidade menos aberta à atividade à flexibilidade e que, às vezes,

veem em nós uma ameaça, isto é esquisito dizê-lo, mas é verdade, ou então veem nas

práticas novas mais um bocadinho de trabalho, e não está para isso, pronto isto há imensas

coisas, o que eu acho é que enquanto Diretor de Turma se temos que aceitar esse cargo

devemos fazê-lo com resiliência e portanto continuar e sermos efetivamente neste caso

mesmo sérios, e levar as coisas por diante, não estou a dizer com isto que vamos

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

223

ultrapassar alguém ou que sejamos incorretos, mas sermos insistentes e levarmos os

objetivos que temos que levar até ao fim e sermos profissionais, no fundo.

Entrevistadora - Tendo em conta que respondeu afirmativamente, quais são as

funções que desempenha como Diretor de Turma que têm uma natureza supervisiva?

Madalena – Por exemplo em relação a alunos com necessidades educativas

especiais, há uma, às vezes nem é bem resistência neste caso, há um desconhecimento

por parte de muitos colegas de determinadas práticas, estratégicas mesmo a nível de sala

de aula, que podem melhorar imenso, que podem ajudá-los imenso, ao próprio professor,

ao próprio grupo turma a acolher esse aluno ou até a trabalhar em conjunto. Isto foi um

dos motivos que eu, a título particular fui fazer mais um curso para poder também eu

responder a isto, uma vez que às vezes nem os próprios diretores de turma são sensíveis,

isto é muito sério, é muito sério ... é muito assim, é mesmo assim, ou seja eu já encontrei

belíssimos diretores de turma com ... interessados e recetivos a aprendizagens novas, olha

eu própria o fiz. Não devemos cristalizar e o que nós encontramos muitas vezes é pessoas

cristalizadas no seu pequeno microcosmos, não abrem mais horizontes e tratam todos por

igual, ou seja, a escola até ser integracionista funcionou de uma maneira, quando se tornou

mais inclusiva as pessoas continuam a tratar as pessoas da mesma maneira, ou seja, isto

é um problema, porque são efetivamente práticas completamente diferentes. E quando se

torna uma escola inclusiva e não se dá formação adequada às pessoas, estamos a tapar o

sol com a peneira e estamos a chutar para a frente.

Entrevistadora - Pode dar alguns exemplos de aspetos que considera mais fortes

e mais fracos na sua atuação enquanto “Supervisora”?

Madalena – Fortes? Fortes, no sentido que sou muito teimosa, e porque fiz por

isso, também considero que tenho algumas, adquiri algumas competências, ainda me

faltam muitas com certeza, mas algumas já as tenho, em ser sensível a muitos aspetos,

mesmo quando não sou Diretora de Turma, noutras turmas que tenho também o sou, mas

principalmente na minha direção de turma tento ao máximo estabelecer ali, ou elucidar

quaisquer confusões que possam existir entre os encarregados de educação e os meus

colegas, por vezes, em relação aos meus colegas tento permeabilizá-los da melhor

maneira, sensibilizá-los para certas questões, esta é a minha maior dificuldade, não é tanto

o levar os meus objetivos à frente, não é tanto a disponibilidade de tempo que é muita,

que nós temos que às vezes dispor de tempos extra para reunir com Encarregados de

Educação que nem sempre, coitados, também podem à hora de atendimento ou então

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

224

reuniões extra por causa de casos educativos especiais. Eu estou sempre pronta a isso, e

também tenho ... pronto, é mesmo assim, temos um horário, mas é sempre extra. A minha

maior dificuldade às vezes é chegar a certos colegas porque por muitas vezes, eu quero

sensibilizá-los que não sou eu que quero alguma coisa, é necessária essa coisa, ou seja,

as pessoas têm alguma resistência porque pensam que estou a comandá-las, quando não

se trata de nada disso, trata-se de orientá-las para sucesso, ou seja, todos nós queremos o

mesmo, no fundo, é o sucesso daquele aluno, seja ele académico ou pessoal, mas tem que

ser sucesso, não é insucesso. E há resistência por parte de quem nos ouve, muitas vezes

mesmo sendo colegas, principalmente sendo colega, o que é muito frustrante, a meu ver.

Entrevistadora - Como organiza, gere e atua numa reunião de Conselho de Turma?

Madalena – Bom, é, eu gosto sempre, mas isso faz parte da minha maneira de ser,

levar as coisas todas, não sou também perfecionista nem obcecada, mas tento ao máximo

levar as coisas bastante organizadas, por tópicos, por fases, tudo muito bem segmentado,

porque respeito imenso o meu tempo e o tempo dos meus colegas e até lhe digo mais,

acho que as reuniões deviam de ser de pé, porque as pessoas assim eram muito mais

pragmáticas a resolver coisas, isto já se faz em muitos países desenvolvidos, em que as

reuniões têm um máximo meia hora e resolvem-se as coisas mais incríveis, e as pessoas

assim são diretas, são objetivas, não estão por ali a discutir-se coisas que não vale a pena

ou a ir por caminhos que também não são traçados. Bom, mas isto sou eu a pensar, sou

muito pragmática, neste aspeto sou muito focada, e isto é uma qualidade, penso eu, que

já tenho há muitos anos, e já tem sido referenciada em cartas de referência de outras

profissões ... de outras profissões, de outros estabelecimentos, ou centros de

documentação, investigação onde trabalhei, mas isto sou eu. Portanto, as minhas reuniões

primam por ser objetivas, completas e curtas. Não sei se isto poderá ser sinónimo para

algumas pessoas de incompetência, porque algumas pessoas acham que a quantidade é

que gere a qualidade, mas não é nada disso, o que é facto é que tem corrido bem.

Entrevistadora - Encara o Conselho de Turma, como o órgão responsável pela

promoção do trabalho colaborativo entre os docentes de uma turma?

Madalena – Sem dúvida.

Entrevistadora - De que forma o Projeto Educativo (PE), o Plano Anual de

Atividades (PAA) e o Plano de Turma (PT) contribuem para a definição de estratégias

conjuntas de atuação, articulação de procedimentos e de métodos de trabalho no Conselho

de Turma?

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

225

Madalena – Sem um PE andamos à deriva, ou seja, sem rumo, cada um vai andar

conforme aquilo que mais acredita, e isso é tudo muito importante mas nós temos que ter

sempre em qualquer escola, e eu já estive em diversas escolas, desde as TEIP que são

escolas difíceis a escolas menos difíceis, e escolas mais urbanas, escolas mais rurais,

escolas mais profissionais, escolas mais regulares, escolas de adultos, escolas com muita

gente com Necessidades Educativas Especiais, e esses públicos todos exigem programas

educativos especifico delineados para esse público, e são delineados pela própria escola.

Quem somos nós, e no fundo somos, se somos trabalhadores e somos profissionais desse

estabelecimento de ensino e somos professores desse público temos que efetivamente

traçar tudo o que pudermos para convergir com essa meta, com esse projeto. Sem esse

projeto o que é que pode acontecer? Andarmos à deriva, perdermo-nos pelo caminho e

pior do que nós é o público que não vai chegar a um bom porto, é assim que eu vejo a

coisa.

Entrevistadora - Como Diretor de Turma, considera importante incentivar os

professores a desenvolverem trabalho colaborativo? Quais as vantagens para alunos,

professores ou outros intervenientes no processo educativo?

Madalena – É assim, essa pergunta, eu se ... ou seja, eu adoraria dizer-lhe assim

“essa pergunta não faz sentido”, porque se uma pessoa é professora, ser motivado para

ser professor não faz sentido nenhum, pronto. Mas eu entendo essa pergunta, porque hoje

em dia mais do que nunca, por variadíssimas questões a nossa classe, se isto se pode

chamar classe, da docência, está a passar grandes metamorfoses, ou seja, há uma

diversidade de posições e de situações e de seguranças e de estabilidades que poderia

estar aqui todo o dia a falar, o que leva a uma falta de articulação, de camaradagem, de

solidariedade, o que leva muitas vezes os professores a terem que ser motivados para ...

ou por uma avaliação, ou por manter um trabalho estável nem que seja por um ano, ou

enfim ... eu acho que as pessoas, neste momento mais do que vocação estão a trabalhar

por motivação, ou seja, ao contrário peço desculpa, estão a trabalhar por vocação do que

por motivação, eu acho que hoje ser professor, ao contrário do que as pessoas, a maior

parte possa pensar, não é uma profissão que a pessoa escolha de ânimo leve, cada vez

mais é difícil ser professor, porque antigamente e outrora, e isto já me foi dito, que era

uma profissão em que se tinha algumas regalias, era-se reconhecido, estava prestigiada e

era muito importante, que para qualquer profissão que qualquer criança venha a ter é

muito importante o seu percurso escolar, ele é realmente basilar, mas realmente a vocação

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

226

é que está neste momento a ser o grande instigador, agora a motivação, a motivação tem

que existir, porque se a pessoa só com vocação não vai lá, ou seja, eu por muita vocação

que tenha posso ficar sem lugar para lecionar no ano que vem e aí, lá está, a motivação

para o ano seguinte vai ter que ser vou trabalhar arduamente para além da minha vocação,

porque quero manter, mesmo que seja uma escola onde saiba que posso levar com uma

pedra quando sair porque o bairro é difícil, ou que o meu carro pode chegar ou posso

chegar ao carro e ter um pneu furado, ou porque simplesmente a GNR pode estar a fechar

a escola porque há uma rixa de bairro, está a ver a motivação? A motivação é mesmo, nós

querermos, realmente a nossa vocação é essa, mas a motivação tem de ser realmente para

além disso.

Entrevistadora - Pensa que existem fatores que condicionam ou limitam o

exercício das funções dos Diretores de Turma? Quais serão esses fatores?

Madalena – Acho, acho, por exemplo a não continuidade pedagógica de um

Diretor de Turma numa escola pública. É assim, eu dou aulas há dezoito, dezanove anos

e nunca repeti uma escola pública, enquanto que num centro de formação, sim, cheguei a

fazer ciclos de três anos, os níveis três de aprendizagem, em que fui coordenadora de

turma, que era uma figura mais ou menos parecida, mais ou menos parecida porquê?,

porque arranjamos estágios, mas não lidamos tanto com os encarregados de educação

porque é outra camada etária, outra faixa etária, mas de qualquer maneira, aí sim consegui

acabar ciclos. Nunca repeti uma escola, este ano estou no colégio Champagnat, espero

para o ano continuar, pode ser que sim, que possa conseguir essa proeza, mas isso

interrompe, interrompe e é por vezes muito ingrato, angustiante, dececionante, frustrante.

Entrevistadora - Considera que o Diretor de Turma deveria ter formação

específica para o desempenho do cargo? Em que áreas ou domínios? No seu caso

concreto, sente necessidade desse tipo de formação?

Madalena – Pois, tal como eu até há pouco já tinha dito, acho que deve ser algo

integrado na formação de professores, não se pode apenas, eu acho que sim as formações

são ótimas, mas só vai quem quer, e neste caso estamos a dar ali uma margem muito

grande para muita gente não ir. Quando se faz uma ... ou quando se torna uma parte

curricular, do currículo, acho que é uma mais-valia, eu não gosto de usar esta palavra

mais-valia mas, mas acho que é uma riqueza, a nível pedagógico, enriquecedora, digo,

que vai-nos ajudar no futuro, que nós até pensamos assim “ah isto não vai me dizer nada,

APÊNDICE D–

Transcrição das entrevistas

227

se calhar nem vou ter direções de turma”, mas até para entender o colega que é o Diretor

de Turma, e eu acho que isto, mais do que uma formação tem que ser parte de um curso.

Entrevistadora - Como definiria o perfil de um Diretor de Turma?

Madalena – Olhe, como eu já lhe disse, resiliência, muita diplomacia, muita

diplomacia, porque cada vez mais as pessoas estão tendencialmente em relações de

agressão e de resistência, acho que as pessoas muitas vezes não reagem bem à mudança,

e, portanto, acho que um Diretor de Turma tem que ser resiliente, tem que ser diplomático,

flexível, e mais que tudo lutar pelos seus alunos.

Entrevistadora - Deseja acrescentar alguma coisa que não tenha sido contemplada

nesta entrevista?

Madalena – Acho que apenas acrescentaria uma coisa que, não é a entrevista, mas

enquanto professora acho que os Diretores de Turma deveriam ser, não digo reconhecidos

porque todos os professores trabalham imenso, mas acho que um Diretor de Turma

deveria ter uma redução horária maior da carga letiva para poder ter horas a nível letivo

para poder exercer melhor o seu cargo. Não são duas horas letivas por semana que servem,

principalmente em escolas complicadas, para estabelecer contactos com os encarregados

de educação, para ouvir os alunos, para desenvolver projetos que possam envolver os

alunos, a comunidade, a escola e possam promover a escola e o ensino, enquanto nós não

tivermos tempo de agir, enquanto nos cortarem as nossas intervenções anualmente porque

não vai continuar na escola, portanto são processos inacabados, e como inacabados que

são, não vão chegar a lado nenhum, é só isso.

Entrevistadora - Agradecer uma vez mais a disponibilidade e assim que tiver a

entrevista transcrita, enviá-la-ei para ser então confirmada e validada.

Madalena – Agradeço a oportunidade também, obrigada.

APÊNDICE E –

Quadro de Codificação para análise de conteúdo das entrevistas

228

Categorias Subcategorias Indicadores Unidades de registo

1. Caracterização do

professor

1.1.Percurso

académico

1.1.1. Local de formação

1.1.2. Habilitações académicas

1.1.3. Grau académico

1.2.Percurso

profissional

1.2.1. Disciplina lecionada

1.2.2. Nível / Tipo de Ensino

1.2.3. Anos de serviço

1.2.4. Escola pública

1.2.5. Escola privada

1.2.6. Direção de turma

1.2.7.

2. Conceções

sobre o cargo de

Diretor de Turma

2.1.Reconhecimento e

compreensão das

funções do Diretor de

Turma

2.1.1. Explicitação das funções e

competências do Diretor de

Turma (pela escola)

2.1.2. Caracterização do seu papel

como Diretor de Turma

2.1.3. Importância que atribui ao

cargo de Diretor de Turma

3.1.Supervisão e

colaboração no

papel do Diretor

de Turma

3.1.1. Diretor de Turma como

“gestor intermédio” da

organização escolar

3.1.2. Funções desempenhadas de

natureza supervisiva

3.1.3. Aspetos fortes da atuação

como “supervisor”

3.1.4. Aspetos fracos da atuação

como “supervisor”

APÊNDICE E –

Quadro de Codificação para análise de conteúdo das entrevistas

229

3. O Diretor de Turma:

supervisão e trabalho

colaborativo

3.2. Trabalho

colaborativo no

Conselho de

Turma

3.2.1. Organização de um Conselho

de turma

3.2.2. Gestão de um Conselho de

turma

3.2.3. Atuação num Conselho de

Turma

3.2.4. Promoção de trabalho

colaborativo entre membros

de um Conselho de Turma

3.2.5. Contributo dos documentos

estruturantes (PE, PAA, PT)

na promoção do trabalho

colaborativo

3.2.6. Vantagens do trabalho

colaborativo para os alunos

3.2.7. Vantagens do trabalho

colaborativo para os

professores

3.2.8. Vantagens do trabalho

colaborativo para os outros

atores educativos

4. Perfil do Diretor de

Turma

4.1. (Re)definição das

funções de Diretor

de Turma

4.1.1. Fatores que condicionam o

exercício das funções de Diretor de

Turma

4.2. Formação para o

desempenho do

cargo de Diretor de

Turma

4.2.1. Formação específica para o

desempenho do cargo de Diretor de

Turma

4.2.2. Áreas ou domínios com

necessidades formativas

APÊNDICE E –

Quadro de Codificação para análise de conteúdo das entrevistas

230

4.2.3. Necessidades formativas

específicas do entrevistado

4.3. (Re)definição do

perfil do Diretor de

Turma

4.3.1. Definição do perfil de um

Diretor de Turma

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

231

Categorias Subcategorias Indicadores Unidades de registo

5.

Car

acte

riza

ção d

o p

rofe

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5.1

.Per

curs

o a

cadém

ico

5.1

.1.

Loca

l de

form

ação

“… a licenciatura em Antropologia Social no ISCTE…” (Mafalda)

“… então eu sou licenciada em Línguas Literaturas Clássicas e Portuguesa, também, pela

Universidade de Coimbra…” (Mariana)

“Universidade de Coimbra” (Mário)

“Fiz provas e ingressei na Escola Superior de Teatro e Cinema em 1998 onde conclui a

licenciatura no curso de teatro ramo de atores e encenadores e o mestrado em artes

performativas.” (Matias)

“… depois fui chamado para fazer a profissionalização em serviço, foi na Universidade

Aberta, como já tinha seis anos já não fui obrigado a assistir às aulas, foi só à volta de dois anos

na Universidade Aberta.” (Miguel)

5.1

.2.

Hab

ilit

ações

acad

émic

as

“… tirei o curso de história com a opção de arqueologia e história de arte, especializei-

me em educação, portanto tirei o curso de pós-graduação em ciências da educação, tirei também

uma especialização em língua gestual e tirei também uma outra especialização em educação e

ensino especial, educação especial.” (Madalena)

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

232

“Para isso fiz então as pedagógicas, as chamadas didáticas, não é?, a especialização para

ser professor e desde 98 que efetivamente comecei a minha carreira de docência, portanto faz

para o ano 20 anos.” (Madalena)

“… a licenciatura em Antropologia Social no ISCTE…” (Mafalda)

“… a profissionalização em História e Geografia de Portugal, portanto para segundo

ciclo.” (Mafalda)

“… eu sou licenciado em Gestão, tenho uma pós-graduação também em gestão e um

mestrado.” (Manuel)

“Depois ainda fiz a profissionalização em serviço, estágio, que eu sou da área da

Economia, sou profissionalizado, fiz a profissionalização em serviço.” (Manuel)

“… então eu sou licenciada em Línguas Literaturas Clássicas e Portuguesa, também, pela

Universidade de Coimbra …” (Mariana)

“Licenciei-me, portanto, em Línguas e Literaturas Clássicas pela Universidade de

Coimbra …” (Mário)

“frequentei um ano no curso de Engenharia Informática da Universidade Lusófona.”

(Matias)

“Fiz provas e ingressei na Escola Superior de Teatro e Cinema em 1998 onde conclui a

licenciatura no curso de teatro ramo de atores e encenadores e o mestrado em artes

performativas. Neste momento, estou a preparar uma prova pública com o propósito de obter o

título de especialista em artes/teatro/interpretação.” (Matias)

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

233

“… uma licenciatura em línguas e literaturas modernas e depois fiz uma licenciatura em

formação educacional, as antigas pré-Bolonha, que eram seis anos, era uma licenciatura grande

de seis anos…” (Matilde)

“… mestrado em língua espanhola e fiz o mestrado em ensino do Espanhol.” (Matilde)

“… licenciado em Matemáticas Aplicadas…” (Miguel)

“… depois fui chamado para fazer a profissionalização em serviço, foi na Universidade

Aberta, como já tinha seis anos já não fui obrigado a assistir às aulas, foi só à volta de dois anos

na Universidade Aberta.” (Miguel)

5.2

.Per

curs

o p

rofi

ssio

nal

5.2

.1.

Dis

cipli

na

leci

onad

a

“… passei a dar História e Geografia, a partir de 2008, História e Geografia ao 2º ciclo.”

(Mafalda)

“… eu sou professora de Português…” (Mariana)

“Na altura fui convidado para dar para dar aulas num programa denominado Oficinas de

Teatro desenvolvido pelo Departamento da Educação da Câmara Municipal de Lisboa tendo

sido colocado como professor coadjuvante do 1º ciclo, na Escola do Alto de Santo Amaro.”

(Matias)

“Na Escola em que leciono atualmente, além de lecionar a disciplina de Teatro ao 3º ciclo

desde 2005, comecei a lecionar Expressão Dramática como professor coadjuvante de 1ºCiclo

…” (Matias)

“…. Português, eu era, só fiz inicialmente formação na área do Português …” (Matilde)

“… estou a lecionar não só Português como Espanhol já a nível profissional, …” (Matilde)

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

234

“Neste momento dou aulas ao 2º ciclo de português e ao terceiro ciclo de espanhol, só.”

(Matilde)

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

235

5.2

.2.

Nív

el /

Tip

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nsi

no

“Tenho trabalhado em escolas públicas, tive apenas duas experiências em colégios

particulares, uma há doze anos e outra atualmente da qual estou a gostar bastante e no intermeio

sempre também, continuamente doze anos no ensino profissional, e adultos.” (Madalena)

“Entretanto todo o meu percurso desde 91 também foi sempre acumulando não só o ensino

oficial como o ensino privado, portanto em 94 entro para o colégio onde ainda hoje dou aulas,

não é?, e em 94 também, começo a acumular com também com funções de formação, formação

profissional, portanto trabalhando com alunos de níveis 2 e 3 de cursos profissionais.” (Mafalda)

“…fui trabalhar para uma escola profissional para Estremoz na qual estive até

2009/2010,” (Mário)

“Na altura fui convidado para dar para dar aulas num programa denominado Oficinas de

Teatro desenvolvido pelo Departamento da Educação da Câmara Municipal de Lisboa tendo

sido colocado como professor coadjuvante do 1º ciclo, na Escola do Alto de Santo Amaro.”

(Matias)

“Em 2010 fiz parte de uma equipa que fundou uma escola de teatro musical inserida no

contexto de uma escola de danças sociais, a EDSAE - Escola de Dança e Teatro Musical.”

(Matias)

“O ensino básico é, por excelência, um período de incubação de problemáticas, …”

(Matias)

“Neste momento dou aulas ao segundo ciclo de português e ao terceiro ciclo de espanhol,

só.” (Matilde)

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

236

5.2

.3.

Anos

de

serv

iço

“Para isso fiz então as pedagógicas, as chamadas didáticas, não é?, a especialização para

ser professor e desde 98 que efetivamente comecei a minha carreira de docência, portanto faz

para o ano 20 anos.” (Madalena)

“… eu dou aulas há dezoito, dezanove anos…” (Madalena)

“Iniciei, portanto, as minhas funções de docência em 1990, …” (Mafalda)

“…já leciono há vinte e um anos…” (Manuel)

“…é, portanto, o meu décimo sétimo ano de contrato” (Mariana)

“…, portanto tenho cerca de vinte e dois anos de ensino e sinto-me bem…” (Mário)

“Na altura fui convidado para dar para dar aulas num programa denominado Oficinas de

Teatro desenvolvido pelo Departamento da Educação da Câmara Municipal de Lisboa tendo

sido colocado como professor coadjuvante do 1º ciclo, na Escola do Alto de Santo Amaro.”

(Matias)

“…trabalho há 12 anos, 6 dos quais como diretor de turma.” (Matias)

“…depois da minha carreira há volta de dezassete anos…” (Miguel)

“…comecei em 1991…” (Mónica)

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

237

5.2

.4.

Esc

ola

públi

ca

“Tenho trabalhado em escolas públicas, tive apenas duas experiências em colégios

particulares, uma há doze anos e outra atualmente da qual estou a gostar bastante e no intermeio

sempre também, continuamente doze anos no ensino profissional, e adultos.” (Madalena)

“Entretanto todo o meu percurso desde 91 também foi sempre acumulando não só o ensino

oficial como o ensino privado, portanto em 94 entro para o colégio onde ainda hoje dou aulas,

não é?, e em 94 também, começo a acumular com também com funções de formação, formação

profissional, portanto trabalhando com alunos de níveis 2 e 3 de cursos profissionais.” (Mafalda)

“… fui trabalhar para uma escola profissional para Estremoz na qual estive até 2009/2010,

…” (Mário)

“Depois sai para Campo Maior, no ano de 2010, exato. E, a partir daí, dei sempre aulas

no ensino público até este momento.” (Mário)

“Na altura fui convidado para dar para dar aulas num programa denominado Oficinas de

Teatro desenvolvido pelo Departamento da Educação da Câmara Municipal de Lisboa tendo

sido colocado como professor coadjuvante do 1º ciclo, na Escola do Alto de Santo Amaro.”

(Matias)

“… fiz um estágio de um ano numa escola pública …” (Matilde)

“… quando terminámos o estágio, eu concorri a escolas públicas sempre estive colocada

a dar aulas em horários pequenos e também dei aulas no ensino profissional, durante bastantes

anos, dei aulas de ensino para adultos, dei aulas de ensino para jovens, os chamados FJ’s, dei

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

238

aulas de ensino para jovens em risco, dei aulas de muita coisa no ensino profissional …”

(Matilde)

5.2

.5.

Esc

ola

pri

vad

a

“Tenho trabalhado em escolas públicas, tive apenas duas experiências em colégios

particulares, uma há doze anos e outra atualmente da qual estou a gostar bastante e no intermeio

sempre também, continuamente doze anos no ensino profissional, e adultos.” (Madalena)

“Entretanto todo o meu percurso desde 91 também foi sempre acumulando não só o ensino

oficial como o ensino privado, portanto em 94 entro para o colégio onde ainda hoje dou aulas,

não é?, e em 94 também, começo a acumular com também com funções de formação, formação

profissional, portanto trabalhando com alunos de níveis 2 e 3 de cursos profissionais.” (Mafalda)

“… e num colégio muito particularmente, de facto somos muito mediadores da relação

entre escola-família …” (Mafalda)

“…, mas na outra escola particular tinha uma situação mais estável porque estava no

quadro da escola, não é?” (Mário)

“Um ano depois, em 2004, fui convidado para trabalhar na instituição onde nos

encontramos e nos conhecemos.” (Matias)

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

239

5.2

.6.

Dir

eção

de

turm

a

“Sempre, com exceção de um ano em que não tive cargo de Diretor de Turma nem de

secretária, mas até no estágio profissional, portanto, há dezanove anos atrás fui secretária da

própria ... de uma direção de turma de uma turma que eu lecionava, …” (Madalena)

“Tenho desempenhado várias vezes o cargo de Diretora de Turma, e p’ra além de Diretora

de Turma, desde 2008, e daí também aqui este meu acerto, passei a assumir a função de

assessoria de direção do Colégio, do Externato X, onde estou.” (Mafalda)

“… já há mais de dez anos que desempenho este cargo.” (Manuel)

“… ao longo deste percurso, pronto, tenho sido várias vezes Diretora de Turma, secretária,

quando não sou Diretora de Turma e pronto tenho vindo a acumular vários anos de experiência.”

(Mariana)

“… estive muitos anos naquela escola, quer com cargos de professor, quer com cargos

Diretor de Turma, que se chamava orientador educativo na escola, quer com cargos também de

gestão intermédia na própria escola, para além do cargo de Diretor de Turma tive outros cargos

de gestão intermédia” (Mário)

“Sim, posso lhe dizer que quase todos os anos fui Diretor de Turma... Provavelmente,

houve um ano que não tivesse sido” (Mário)

“Contam-se seis anos consecutivos desde o momento em que aceitei assumir funções

neste cargo. Comecei por ser diretor de uma turma que acompanhei do 7º ao 9º ano. E neste

momento acompanho uma turma de 7º ano desde o 5º.” (Matias)

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

240

“… secretária da direção de turma de um 9º ano, dessa turma de 9º ano, e exercia todos

os cargos da secretária de direção de turma …” (Matilde)

“Desempenhei sempre o cargo de secretária de diretora de turma, de diretora de turma só

desempenhei o cargo nestes dois últimos anos, nestes três últimos anos.” (Matilde)

“Como Diretor de Turma, sei lá, depois da minha carreira há volta de dezassete anos,

talvez três anos ou quatro anos não fui Diretor de Turma, o resto fui sempre, tive sempre, o

pelouro, infelizmente, de Diretor de Turma.” (Miguel)

“Depois fui durante seis anos Diretor de Turma de Mecatrónicas…” (Miguel)

“… agora sou Diretor de Turma num PCA de 9º ano, é uma carga de trabalhos.” (Miguel)

“… nesse ano não tive direção de turma, porque era um ano que se entrava em

miniconcurso, normalmente eram as turmas que sobravam que vinham para os colegas mais

novinhos. Desde aí, tive sempre direção de turma, exceto um ano ou dois, eventualmente, já

passaram estes anos todos não posso precisar” (Mónica)

“Durante dois anos seguidos, estive numa escola que é na Quinta da Piedade, a D.

Martinho Vaz de Castelo Branco, Póvoa de Santa Iria, em que tive duas direções de turma no

horário, no mesmo horário, no mesmo ano, o que nos faziam era: uma turma complicada e

depois a outra turma que já se sabia que era sossegadinha, não dava trabalho nenhum e depois

tinha era um horário muito reduzido, tinha dezasseis horas, porque na altura a direção de turma

dava redução de horário…” (Mónica)

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

241

6.

Conce

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sobre

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argo d

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6.1

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de

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a (p

ela

esco

la)

“É assim, isto é um bocadinho por tentativa erro, ou seja, dependendo da escola, de se há

ou não coordenador de Diretor de Turma, …” (Madalena)

“… às vezes partem do principio que todos temos de saber já tudo, e às vezes de escola

para escola, de regulamento interno para regulamento interno, de público para público escolar,

até os próprios colegas são de públicos diferentes e portanto às vezes deparamo-nos com alguma

diversidade, que nem sempre é explicada da melhor maneira, mas eu pessoalmente, sou uma

pessoa muito, aliás tenho de o ser, muito camaleónica, e consigo-me adaptar às várias situações,

desde que as consiga primeiro estudar um bocadinho, observar e vou de encontro a ... sempre

que há dúvidas tenho sido esclarecida, sim.” (Madalena)

“Eu devo dizer que do meu inicio, daquilo que eu me lembro, quando recuo no tempo, e

me tento lembrar o que é que ... , eu devo dizer que somos lançados um bocadinho ... aos bichos,

utilizando aqui uma expressão menos ..., mas por outro lado eu também acho que isso faz, faz

depois com que tenhamos que ir nós um pouco à descoberta e um pouco construindo esta

personagem, que é uma outra personagem, não tem nada a ver, eu poderei ser uma boa docente

mas ser uma péssima Diretora de Turma ou o contrário, não é?, …” (Mafalda)

“… mas no fundo sentir que é um papel que eu acho que deveria, quando as pessoas

chegam a uma escola e estão no inicio de carreira, que deveria ser mais acompanhada, sem

dúvida, do que é.” (Mafalda)

“Sim, sempre. Nós temos um livrinho orientador, que nos vai dizer qual é a legislação, as

funções, competências, por aí.” (Manuel)

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

242

“Ora bom, eu penso que, não querendo ser ingrata para ninguém, eu penso que o único

ano em que se calhar terei recebido mais orientações terá sido precisamente no ano de estágio,

…” (Mariana)

“… mas aqueles que foram na altura para mim os meus orientadores e formadores faziam

questão que nós passássemos, ao longo daquele ano, pelas várias funções que um professor

poderia ter e como eu fiz estágio, quer na área do Português quer na área de Latim, tive essa

possibilidade porque quer uns quer outros tinham várias funções e nós acabávamos por

acompanhar tudo.” (Mariana)

“… mas eu julgo que por vezes as escolas já esperam que um professor com alguns anos

de serviço, saiba o que tem que fazer, não é?” (Mariana)

“Porque eu não me recordo, muito honestamente, de nos vários anos em que foi Diretora

de Turma de me terem explicado o que é que eu teria que fazer. É, és Diretora de Turma da

turma tal e ponto final …” (Mariana)

“… nós temos horas para exercer o trabalho burocrático, digamos assim, não é?, para

atendimento dos encarregados de educação, para trabalhar nas plataformas e no sistema

informático, isso é verdade, há horas, que muitas das vezes não chegam quando as turmas são

complicadas, mas aí há horas, …” (Mariana)

“Acho que devemos …. é quase um bocadinho como ser pai e mãe, é dar amor, mas

também dar educação, não é?, é tentar acompanhá-los, tentar perceber o que é que está a correr

bem e o que é que está a correr menos bem, ajudá-los, apoiá-los, sem qualquer tipo de dúvida,

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

243

mas também exigir que cumpra o mínimo dos mínimos, porque os alunos hoje em dia acham

que só têm direitos e deveres nem por isso, não é?. E, portanto, acho que um Diretor de Turma

tem obrigatoriamente essa função, de explicar que eles têm direitos, sim, mas também têm

deveres e a partir do momento em que acham que as regras não são para eles, é porque então

estão na escola errada.” (Mariana)

“Sim, normalmente no início do ano letivo, a não ser que por tanto nós tenhamos entrado

já após as reuniões iniciais, mas há sempre uma reunião inicial de um coordenador de Diretores

de Turma,…” (Mário)

“… são explicadas as funções do Diretor de Turma, as responsabilidades, as competências

que devem ter, e tentar perceber o perfil do Diretor de Turma, …” (Mário)

“Há diretores de turma que são tecnicamente excelentes, quando falo no tecnicamente, é

no fazer cumprir de todos, de toda a legislação se quisermos, está tudo em ordem sempre, só

que os alunos não são máquinas, nem são números, e esse é o grande problema que perpassa

pelos tempos que correm, é que o Diretor de Turma para além de fazer valer a lei, tem que

muitas das vezes saber contornar a lei, isto é, quando digo isto não quero dizer que não cumpra

com a lei, mas tem que ser mais compreensivo e tem que tentar perceber muitas das vezes os

problemas que se passam nas gerações com as quais trabalhamos, porque há “n” de problemas

relacionais, e familiares e pessoais dos próprios alunos que levam a que haja incumprimentos.”

(Mário)

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

244

“São… de forma cuidada, clara e objetiva, o que é fundamental para o bom desempenho

da especificidade do trabalho em causa.” (Matias)

“… nesta escola, como também fiz trabalho de secretário, antes de fazer o de direção de

turma, fui percebendo, também de forma empírica, todos os procedimentos relacionados com

as competências e responsabilidades que o cargo exige.” (Matias)

“Ainda assim, me foram explicadas no ano em que eu assumi a minha primeira direção

de turma e houve outras questões que eu só percebi mesmo com a prática …” (Matias)

“Quando recebi o cargo de diretora de turma, foi-me explicado tudo o que teria de fazer,

todas as competências e o que é que era preciso fazer, sim …” (Matilde)

“Não …” (Miguel)

“… há funções que são sempre iguais, há aquela coisa de receber uns telefonemazinhos,

aqueles processos são sempre iguais, mas a maneira, a parte processual mas é um bocado

diferente de trabalhar de escola para escola …” (Miguel)

“São. Obviamente que para além de assinarmos o termo de aceitação nos serviços

administrativos de cada estabelecimento de ensino, só que obviamente para mim já é um “déjà

vu”, não é?, já oiço assim muito sossegadinha, não coloco questões porque já sei mais ou menos

o que é que se pretende, a legislação vai sendo alterada obviamente ao longo dos anos, mas são

situações pontuais, à partida não são grande novidade para nós.” (Mónica)

“… quando eu comecei a dar aulas, tínhamos um papel mais ou menos de secretaria,

fazíamos a ponte entre a secretaria e o Encarregado de Educação, era entregar as avaliações,

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

245

não havia, ou provavelmente não havia tantos problemas sociais ou as escolas onde eu terei

estado não apresentavam essas situações, ou as turmas que me couberam se calhar também não

tinham essa problemática.” (Mónica)

“É assim, eu ao longo dos anos tenho tido sempre, todas as escolas têm a preocupação de

fazer reuniões de Diretores de Turma no início do ano letivo, antes de sequer termos um horário

à nossa frente e de conhecermos o contingente de alunos que nos vai calhar, em termos de

legislação somos obrigados a saber, portanto há informação que nos é facultada e quem chegue

de novo, se tiver algum problema, o coordenador dos diretores de turma é incansável,

inclusivamente há dois coordenadores de direção de turma 2º ciclo e 3º ciclo que é para ajudar

o maior numero de pessoas, …” (Mónica)

“… havia inclusivamente uma pen multiusos que tinha as minutas todas, nós tínhamos

minutas para tudo e mais alguma coisa, havia uma uniformização depois daquilo que se

pretendia a nível de escola, pontualmente havia reuniões extraordinárias quando havia

legislação nova sobre matéria de exames, ou enfim o que quer que seja, legislação sobre faltas

ou os planos de recuperação quando os miúdos tinham excesso de faltas, tinham e têm, e os

Diretores de Turma têm depois de gerir os processos todos para que na disciplina em que há

excesso de faltas o aluno faça uma avaliação extraordinária, tem de juntar o professor, o

Encarregado de Educação, as outras valências todas da escola, os planos de acompanhamento

individual, portanto há ali toda uma serie de estratégias que se põem em prática para que o aluno

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

246

transite e seja bem sucedido e obviamente a coordenação dos Diretores de Turma trabalha muito

bem nisso, …” (Mónica)

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

247

6.1

.2.

Car

acte

riza

ção d

o s

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apel

com

o D

iret

or

de

Turm

a

“… é uma função que eu assumo, acho que com responsabilidade e com muita dedicação,

eu acho que tem que ser mesmo com muita dedicação. E depois acho que é um terreno onde nós

aprendemos muito sobre a relação entre alunos e pais e o professor, porque somos mediadores

de toda a escola, não é?, até dos próprios colegas com os outros, dos colegas com os pais, e dos

colegas com os alunos, portanto temos de ser realmente uns bons comunicadores, termos bom

senso e, às vezes, não me apetece, apetece-me não ter, não é?, como humana que sou e com

todos os defeitos, mas tento cumprir, dentro do possível, as minhas ...” (Mafalda)

“… porque sou mais, sou assim mais às vezes aquilo que sinto é que poderia calar aqui

mais algumas coisas que sinto, não é?, e sou muito, ainda sou muito de (risos) impulsiva, e

perante essa impulsividade eu acho que o Diretor de Turma tem que melhorar e eu própria

tenho de melhorar. Gosto de ouvir, oiço, mas quando me pedem a minha opinião, sou

extremamente sincera, doa a quem doer, e aí eu dizer impulsividade, não é tanto impulsividade,

mas de facto aquilo que eu penso, digo, exatamente, não consigo fazer de conta, não consigo

fingir, não é?, não consigo dizer a um colega que acho uma coisa, achando outra.” (Mafalda)

“Eu acho que o meu desempenho até agora, tem sido um bom desempenho, não é?

Modéstia à parte.” (Manuel)

“… eu enquanto Diretor de Turma e faço-o na minha vida profissional também, tento

dedicar-me ao máximo e tento dar resposta legal a todos os problemas e cumprir de acordo com

a lei… (Mário)

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

248

“É óbvio que para se ser Diretor de Turma, também, para além da componente legal que

temos que saber cumprir temos também que ter uma capacidade humana e nos tempos que

correm cada vez maior, não é?” (Mário)

“Em termos de responsabilidade tento fazer o trabalho sempre com a máxima

responsabilidade e pelo menos cumprir de acordo com a lei.” (Mário)

“Por mais enquadramento e contextualização que nos sejam facilitados só com o trabalho

no terreno, junto da escola, da secretaria, dos professores, dos pais e dos alunos é que se vem a

perceber a verdadeira dimensão e as funções reais de direção de turma.” (Matias)

“O lado que mais me fascina é o das relações humanas que tem a ver com o contacto

direto com os encarregados de educação e com os próprios alunos a faceta que menos me agrada

é a burocrática. A função do diretor de turma é muito exigente pela perspetiva administrativa,

sobretudo no rigor que deve ser implicado na verificação de toda a documentação, desde as atas,

a registos de avaliação, a verificação de pautas entre tantos outros.” (Matias)

“Cada caso é um caso e esse tremendo desafio criativo é das caraterísticas mais cativantes

na dimensão operacional de um diretor de turma.” (Matias)

“Por isso, tento sempre analisar, ouvir, compreender e ponderar… só depois é que tomo

uma decisão. A mais valia do Diretor de Turma é “nunca se esquecer que quanto mais sabe,

mais sabe que nada sabe” no sentido que todos os dias, todas as problemáticas exigem respostas

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

249

diferenciadas, respostas adequadas e a verdadeira mais-valia do Diretor de Turma é a

adequação.” (Matias)

“…eu tento desempenhar a função o melhor possível, nem sempre é um desempenho

fácil, tem a ver com o dia a dia, às vezes é mais fácil, às vezes não é tão fácil, tento fazer as

coisas o melhor possível, tento cumprir o que me é pedido, quer por parte dos alunos, por parte

dos alunos, quer por parte da direção da escola e quer por parte dos meus colegas, dos meus

colegas professores, e também dos funcionários e da direção da [instituição] também faz parte

da gestão de tudo isto, no fundo, portanto tento ser esse tal elo de ligação entre todos os

elementos, às vezes consegue-se outras vezes não, tentamos fazer o melhor.” (Matilde)

“… tento desempenhar o meu melhor, não é? Às vezes também não se consegue, porque

muitas vezes a informação dos colegas vem tardia.” (Miguel)

“…isto também depende também do sistema informático” (Miguel)

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

250

6.1

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“Considero que é um cargo dos mais importantes, sem o Diretor de Turma instalar-se-ia ainda

mais distância entre a escola e os Encarregados de Educação, não que haja habitualmente,

porque cada vez mais estamos a trazer os pais para a escola, …” (Madalena)

“Ou seja, eu acho que a figura do Diretor de Turma é uma figura que deve existir porque

é intermediária, é mediadora, é ela que estabelece a relação entre o Encarregados de Educação,

o aluno e também a escola, portanto é um triângulo para mim, é digamos alguém, e a

comunidade educativa, e os próprios colegas, portanto o conselho de turma ... e isto é muito

importante porquê?, porque somos muitos professores, a partir do segundo ciclo, aliás eu ou

professora de 2º, 3º e secundário acho que é importantíssimo, somos muitos com práticas

pedagógicas similares, mas com as suas particularidades, e se não houver alguém que articule

um bocadinho, que trace o perfil da turma e que articule com os pais algumas destas diversidades

também de certa forma esclareça algumas questões, tanto do conselho de turma, como também

da parte dos próprios pais, acho que se pode instalar um ruído na comunicação o que em nada

vai favorecer aqueles que nós mais queremos favorecer, que são os nossos alunos. Pronto,

basicamente é isto.” (Madalena)

“… mas no fundo sentir que é um papel que eu acho que deveria, quando as pessoas

chegam a uma escola e estão no inicio de carreira, que deveria ser mais acompanhada, sem

dúvida, do que é.” (Mafalda)

“Eu acho que é um cargo muito importante, cada vez mais, na relação sobretudo, e num

colégio muito particularmente, de facto somos muito mediadores da relação entre escola-

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

251

família, portanto, aqui é mesmo esse papel de mediador que eu acho que há que destacar.”

(Mafalda)

“Depois, penso que é muito importante a ligação que se faz com os próprios miúdos, e

portanto, mesmo dentro dos Diretores de Turma, convenço-me que hoje um Diretor de Turma

de 2º ciclo, por exemplo, pode ser um péssimo Diretor de Turma de 3º ciclo, como ... portanto

eu penso que aqui o papel do Diretor de Turma nas diferentes faixas, nos diferentes ciclos,

também deve ser equacionado, …” (Mafalda)

“E trata-se de um cargo de grande responsabilidade, no fundo é centralizar o desempenho

dos alunos, dos professores … e partilhar um bocadinho com a direção, com a secretaria da

escola, é um trabalho muito exigente, muito burocrático, podia ser um pouco menos

burocrático.” (Manuel)

“É um cargo de grande exigência, é um cargo de gestão intermédia, claramente, e de

supervisão constante quer dos alunos quer dos professores.” (Manuel)

“Bom, eu acho que o cargo de Diretor de Turma é fundamental, não é?,” (Mariana)

“Há diretores de turma que são tecnicamente excelentes, quando falo no tecnicamente, é

no fazer cumprir de todos, de toda a legislação se quisermos, está tudo em ordem sempre, só

que os alunos não são máquinas, nem são números, e esse é o grande problema que perpassa

pelos tempos que correm, é que o Diretor de Turma para além de fazer valer a lei, tem que

muitas das vezes saber contornar a lei, isto é, quando digo isto não quero dizer que não cumpra

com a lei, mas tem que ser mais compreensivo e tem que tentar perceber muitas das vezes os

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

252

problemas que se passam nas gerações com as quais trabalhamos, porque há “n” de problemas

relacionais, e familiares e pessoais dos próprios alunos que levam a que haja incumprimentos.”

(Mário)

“Creio que estamos perante um cargo que possamos considerar como um dos mais

determinantes para o bom funcionamento da tríade escola, pais e alunos.” (Matias)

“O diretor de turma é um mediador, alguém que tem de ter a capacidade de adequar cada

problemática a uma solução, agindo em conformidade com o Regulamento Interno da Escola e

com as normas de educação vigentes.” (Matias)

“Sem esta figura da direção de turma no terreno, seria certamente mais difícil atingir-se a

assertividade de procedimentos, sobretudo, no trabalho da organização da informação,

comunicação e gestão diária de problemáticas.” (Matias)

“Sim, o Diretor de Turma tem de ser um promotor de consensos, de complementaridade

de vontades e esse lado, é um lado que muitas vezes se pode aprender em formações de gestão

de conflitos, soluções criativas e flexibilização de perspetivas.” (Matias)

“Este cargo é muito importante, é um cargo de que eu acho que na gestão intermédia da

escola é importantíssimo, porque faz a ponte e a ligação entre pais e a escola e professores e

alunos e entre professores e pais e entre alunos e funcionários e entre os vários órgãos da escola,

portanto é um cargo de ligação, no fundo, e é um cargo muito importante.” (Matilde)

“Acho que é um papel fundamental numa turma.” (Miguel)

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

253

“Eu cada vez mais acho que o diretor de turma tem um papel que ultrapassa as suas

funções meramente burocráticas, …” (Mónica)

“Mas noto que nos últimos anos, sobretudo nos últimos quinze anos, o diretor de turma

faz a ponte em tudo, em tudo! Tem de ser tutor, tem de substituir a figura do pai ou da mãe e

muitos pais, às vezes, pedem-nos esse apoio, é quase que um apelo inconsciente, o facto de eles

nos contactarem, eles próprios já não têm mão em determinadas situações com os próprios

educandos, e o diretor de turma tem esse papel, não é?,” (Mónica)

“… e é o diretor de turma que faz essa transição, a transição não é a ponte mesmo, entre

a família e a escola.” (Mónica)

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“Eu concordo que ele deve fazer isso tudo, …” (Madalena)

“… porque somos mediadores de toda a escola, não é?, até dos próprios colegas com os

outros, dos colegas com os pais, e dos colegas com os alunos, portanto temos de ser realmente

uns bons comunicadores, termos bom senso …” (Mafalda)

“Concordo com essa afirmação, daquilo que é a minha experiência revejo-me nessas

funções e com essas responsabilidades, admito e já tenho ouvido alguns colegas que noutros

contextos de escola sentem a sua, até sua autoridade, a sua autonomia um bocadinho ...”

(Mafalda)

“Eu concordo, concordo,” (Manuel)

“É um cargo de grande exigência, é um cargo de gestão intermédia, claramente, e de

supervisão constante quer dos alunos quer dos professores.” (Manuel)

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

254

“… considero até que é uma estrutura intermédia em várias, em várias situações é o

Diretor de Turma que é a ponte entre os alunos, a escola e os encarregados de educação.”

(Mariana)

“Muitas das vezes, há situações que ocorrem, que acabam, se calhar, por nem chegar à

direção, porque o próprio Diretor de Turma acaba por filtrar e resolver essas mesmas situações

e apesar de ser também um professor de turma, acaba por ser aquele em quem os alunos se

calhar mais se sentem apoiados …” (Mariana)

“… há essa estrutura intermédia, naturalmente acima de nós temos outras entidades mas

somos nós que de alguma forma damos um feedback do que se passa com a turma, com os

professores, até com os encarregados de educação para as estruturas hierarquicamente

superiores portanto não tenho dúvidas de que que há de facto na natureza supervisiva no cargo

Diretor de Turma.” (Mariana)

“Sim, aliás já o disse antes, porque o Diretor de Turma está num papel intermédio, em

termos da sua responsabilidade, quer para com a escola, quer para com os pais e para com os

alunos, portanto nesse sentido, tem que também colaborar em termos da própria gestão e da

própria organização porque está numa posição em que tem alguma influência e que tem que dar

resposta às orientações, portanto, da própria escola e ao próprio professor e educativo na sua

globalidade.” (Mário)

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

255

“… porque o Diretor de Turma, neste caso, acaba por ser um gestor do processo e tem

que ter em atenção todos esses aspetos. Isto é, quer com os alunos quer com os professores,

porque para que a coisa funcione.” (Mário)

“É um trabalho que nós fazemos semanal, isto é, semanalmente nós temos que ter esse

trabalho feito para informar os alunos, para que possam cumprir os seus objetivos.” (Mário)

“… que está portanto num patamar também intermédio em termos da própria gestão

escolar, em que nas reuniões semanalmente (é neste dia, precisamente a esta hora que nós temos

essa reunião semanalmente – [quinta-feira]) e portanto aí nós discutimos estratégias, formas de

atuação no sentido de atingir os objetivos ou então colmatar alguma situações que haja

necessidade de colmatar, ou de resolver alguns problemas de caráter também às vezes pessoal

ou pedagógico dentro da própria estrutura ou grupo turma.” (Mário)

“Nessa visão tripartida, tem que dar resposta a todo o processo, isto é, funciona como se

fosse uma espécie de, às vezes olho para a hélice, portanto, de um moinho, e o moinho seria a

escola e a hélice seria o papel do Diretor de Turma, em que temos os vários pares, onde se ligam

as velas, não é? E aí o Diretor de Turma tem que estar envolto, de certa forma, nesta resposta

tripartida quer para a gestão escolar, a direção, o professor responsável pelos Diretor de Turma

e o próprio Conselho de Turma, mas ao mesmo tempo tem que saber dar resposta para os

encarregados de educação e também tem que chegar aos alunos. E tem que fazer esse papel de

intermediário e de gestão pedagógica intermediária quer na relação entre os alunos e os

professores, quer na relação entre os pais, o Diretor de Turma e os próprios professores, quer

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

256

depois fazer chegar aos órgãos de gestão interna da escola todos os problemas que estão

inerentes quer aos pais quer aos alunos, em termos de conflito ou de outro tipo de situações que

ocorram não sendo conflituosas mas de incumprimento, portanto, do seu papel enquanto

alunos,…” (Mário)

“O diretor de turma é um mediador, alguém que tem de ter a capacidade de adequar cada

problemática a uma solução, agindo em conformidade com o Regulamento Interno da Escola e

com as normas de educação vigentes.” (Matias)

“Concordo com a afirmação, o Diretor de Turma, tem inequivocamente essa função. À

“gestão intermédia” da organização escolar, eu chamo-lhe sumativa e abreviadamente

“mediação”, seja ela interpessoal, entre os mais diversos elementos da comunidade educativa e

a documentação ou, por vezes, chega a ser uma questão apenas administrativa entre documentos

que chegam a repetir-se ou a representar um conflito de conformidade.” (Matias)

“Sim, o Diretor de Turma tem de ser um promotor de consensos, de complementaridade

de vontades e esse lado, é um lado que muitas vezes se pode aprender em formações de gestão

de conflitos, soluções criativas e flexibilização de perspetivas.” (Matias)

“É um gestor, é um nível intermédio sim, está no meio das várias funções como eu já

expliquei, que eu acho que é. Está no meio entre pais, alunos, professores, os órgãos

intermédios diretivos, portanto eu acho que é a nível intermédio, sim.” (Matilde)

“Sim, eu acho que é um papel fundamental.” (Miguel)

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

257

“É o que faz a gestão, principalmente em caso de conflito. Há muitas vezes os pais querem vir

falar com os professores, …” (Miguel)

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Análise de conteúdo das entrevistas

258

7.1

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“Por exemplo em relação a alunos com necessidades educativas especiais, …” (Madalena)

“… por exemplo, quando estou a coordenar atividades, olha, como aquela que acabamos

agora na nossa reunião de falar (risos), enquanto Diretora de Turma também, que é, tudo o que

é plano de atividades, por exemplo, tudo o que é projetos que vêm mesmo da direção, mas que

depois o Diretor de Turma assume aqui um papel de transmissor e de executivo junto dos

colegas, portanto eu estou, e muitas vezes a ver até que ponto é que as pessoas cumprem aquele

plano, é que cumprem o projeto, eu sinto que faço isso, eu e os meus colegas Diretores de

Turma, não é?, portanto sinto que fazemos isso, noutros sítios provavelmente não, é mais difícil,

é mais difícil.” (Mafalda)

“E, nomeadamente, eu faço um controlo semanal das faltas muito rigoroso e tento andar

sempre em cima dos miúdos e, portanto, supervisiono alunos, colegas e tenho uma relação

direta, quase constante com a direção da escola.” (Manuel)

“É supervisionar basicamente os alunos, os professore e estar em contacto permanente

com as estruturas de orientação educativa da escola, basicamente é isso.” (Manuel)

“… como Diretor de Turma somos nós que estamos precisamente na supervisão de tudo

o que acontece com os nossos alunos e não estamos a falar apenas daquilo que acontece nas

várias aulas em termos curriculares em termos académicos a nível do comportamento mas

também alguma situação às vezes familiar que possa ocorrer que a escola nem sempre tem

conhecimento, ou pelo menos nem sempre tem conhecimento a tempo de poder ajudar ou a

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

259

tempo de poder agir, e nessa medida eu não tenho dúvidas de que há, sem dúvida, uma natureza

supervisiva no cargo de Diretor de Turma.” (Mariana)

“… há essa estrutura intermédia, naturalmente acima de nós temos outras entidades mas

somos nós que de alguma forma damos um feedback do que se passa com a turma, com os

professores, até com os encarregados de educação para as estruturas hierarquicamente

superiores portanto não tenho dúvidas de que que há de facto na natureza supervisiva no cargo

Diretor de Turma.” (Mariana)

“Bom, nós em termos de natureza supervisiva, nós temos que ter em atenção os

cumprimentos, por exemplo, neste caso concreto que eu sou Diretor de Turma de uma turma de

ensino profissional, no ensino profissional há algumas especificidades, nomeadamente no que

toca ao cumprimento dos planos curriculares e ao cumprimento das assistências obrigatórias

que os alunos têm que ter para poderem capitalizar ou de certa forma para poderem obter a nota,

o aluno até pode ter nota positiva, mas se não tiver um “X” de assistências, pode ter um vinte

que a nota não sai.” (Mário)

“… porque o Diretor de Turma, neste caso, acaba por ser um gestor do processo e tem

que ter em atenção todos esses aspetos. Isto é, quer com os alunos quer com os professores,

porque para que a coisa funcione.” (Mário)

“É um trabalho que nós fazemos semanal, isto é, semanalmente nós temos que ter esse

trabalho feito para informar os alunos, para que possam cumprir os seus objetivos.” (Mário)

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

260

“… que está portanto num patamar também intermédio em termos da própria gestão

escolar, em que nas reuniões semanalmente (é neste dia, precisamente a esta hora que nós temos

essa reunião semanalmente – [quinta-feira]) e portanto aí nós discutimos estratégias, formas de

atuação no sentido de atingir os objetivos ou então colmatar alguma situações que haja

necessidade de colmatar, ou de resolver alguns problemas de caráter também às vezes pessoal

ou pedagógico dentro da própria estrutura ou grupo turma.” (Mário)

“Há diretores de turma que são tecnicamente excelentes, quando falo no tecnicamente, é

no fazer cumprir de todos, de toda a legislação se quisermos, está tudo em ordem sempre, só

que os alunos não são máquinas, nem são números, e esse é o grande problema que perpassa

pelos tempos que correm, é que o Diretor de Turma para além de fazer valer a lei, tem que

muitas das vezes saber contornar a lei, isto é, quando digo isto não quero dizer que não cumpra

com a lei, mas tem que ser mais compreensivo e tem que tentar perceber muitas das vezes os

problemas que se passam nas gerações com as quais trabalhamos, porque há “n” de problemas

relacionais, e familiares e pessoais dos próprios alunos que levam a que haja incumprimentos.”

(Mário)

“O trabalho da supervisão é profundamente objetivo, é maioritariamente um trabalho de

observação, de análise e de execução de medidas orientadas por um pensamento crítico coerente

que se orienta por normas pré-estabelecidas ou recria espaços entre essas mesmas normas.”

(Matias)

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

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“… o lado da supervisão é maioritário no raio de ação do diretor de turma e perpassa o

preenchimento de toda a documentação afeta à turma que representamos, seja esse

preenchimento efetuado por nós, por colegas, por pais ou por alunos. São objeto de supervisão

do diretor de turma o dossier de turma, o registo individual do aluno, o livro de ponto, a

caderneta do aluno, o registo de ocorrências, a verificação das atas, o registo de faltas

presenciais, as justificações de faltas, os registos de avaliação por período, as pautas, a ficha de

dados dos encarregados de educação entre muitos outros.” (Matias)

“O trabalho da supervisão é o garante da conformidade de procedimentos e essencial para

a qualidade e credibilidade da escola seja no seu funcionamento interno ou na relação do

estabelecimento de ensino com o exterior.” (Matias)

“Supervisiva tem a ver com a parte em que temos de, no fundo, ajustar, fazer funcionar

por exemplo o Plano de Turma, ou seja, fazer com que, por exemplo, os trabalhos

interdisciplinares funcionem e isso é o nosso papel é apenas supervisivo, é ver se os colegas no

fundo fizeram aquilo que se propuseram fazer. Nós não interferimos na exequibilidade das

coisas a que eles se propõem. Apenas supervisionamos isso, supervisionamos também se os

alunos cumprem com as suas obrigações e supervisionamos se os encarregados de educação

também cumprem com as suas obrigações porque esse também é o nosso papel.” (Matilde)

“… tem mais a ver com os comportamentos…” (Miguel)

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

262

“O aproveitamento, mais a assiduidade porque são miúdos que faltam muito,

pontualidade, principalmente as pontualidades e tento sempre andar a controlar isso e a informar

os pais.” (Miguel)

“… se a gente conseguir controlar o comportamento, a assiduidade dos miúdos e a

pontualidade, o aproveitamento vem por si próprio, não é preciso a gente controlar o

aproveitamento, a gente tem que gerir um bocado... o aproveitamento na maior parte destes

miúdos está implícito outras coisas.” (Miguel)

“Tudo o que está inerente à legislação nós temos que fazer, acabamos sempre por ter essa

função, e mesmo que não quiséssemos há formas que a escola tem de controlar esse trabalho,

não é?” (Mónica)

“… não temos como não o fazer e cada vez há mais esse pedido, ate porque as escolas já

trabalham com as tecnologias todas, temos tudo informatizado, a rede do GIAE, tudo o que se

faça em termos burocráticos tem de estar em conformidade com a turma, com o perfil da turma,

com o trabalho do Diretor de Turma porque há de haver quem confirme e já não é só o dizer

que se fez porque está lá realmente no sistema da escola.” (Mónica)

“… o Diretor de Turma tem o código de acesso para justificar essas faltas em função do

documento que o aluno traz ou da autorização do Encarregado de Educação.” (Mónica)

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

263

7.1

.3.

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“Fortes, no sentido que sou muito teimosa, e porque fiz por isso, também considero que

tenho algumas, adquiri algumas competências, ainda me faltam muitas com certeza, mas

algumas já as tenho, em ser sensível a muitos aspetos,” (Madalena)

“… tento ao máximo estabelecer ali, ou elucidar quaisquer confusões que possam existir

entre os encarregados de educação e os meus colegas, por vezes, em relação aos meus colegas

tento permeabilizá-los da melhor maneira, sensibilizá-los para certas questões, …” (Madalena)

“… por exemplo, quando estou a coordenar atividades, olha, como aquela que acabamos

agora na nossa reunião de falar (risos), enquanto Diretora de Turma também, que é, tudo o que

é plano de atividades, por exemplo, tudo o que é projetos que vêm mesmo da direção, mas que

depois o Diretor de Turma assume aqui um papel de transmissor e de executivo junto dos

colegas, portanto eu estou, e muitas vezes a ver até que ponto é que as pessoas cumprem aquele

plano, é que cumprem o projeto, eu sinto que faço isso, eu e os meus colegas Diretores de

Turma, não é?, portanto sinto que fazemos isso, noutros sítios provavelmente não, é mais difícil,

é mais difícil.” (Mafalda)

“Mais fortes é talvez eu ter uma supervisão constante, não é? Em relação à metodologia

de trabalho que eu adoto tento fazer isso, tento sempre ter um controlo permanente das minhas

responsabilidades, das minhas competências.” (Manuel)

“Como ponto forte, basicamente eu procuro tentar passar por cima dessas limitações,

porque, apesar de tudo eu não descuro, ou procuro não descurar, o meu papel como Diretor de

Turma, porque assim se há coisas para tratar, se há coisas para resolver, eu faço, nem que tenha

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

264

de ser nas minhas aulas de Português, é assim! É simples, ou melhor não é simples, (risos), mas

lá se faz.” (Mariana)

“… em termos da minha capacidade de organização como supervisor, como aspetos mais

fortes tenho a própria empatia que eu consigo ter junto dos alunos, …” (Mário)

“Eu neste sentido sou muito aberto e muito leal com os alunos eles procuram me

facilmente, não há qualquer conflito nesse sentido com os alunos.” (Mário)

“O lado que mais me fascina é o das relações humanas que tem a ver com o contacto

direto com os encarregados de educação e com os próprios alunos …” (Matias)

“O ponto forte é que tenho este lado cirúrgico no processo de observação e verificação,

creio que é uma vocação, é por isso que sempre me atraiu a área das ciências a par da dimensão

artística. Tem a ver com o gozo da observação em si, porque me é muito prazeroso observar,

sou capaz de perder (ou ganhar) horas com a supervisão de uma ata só para tentar perceber

melhor todos os pontos de vista, de os interpretar e tentar ser o mais fidedigno possível em

relação ao que foi dito.” (Matias)

“Mais fortes, mais fortes se calhar a supervisão com … em relação aos alunos…”

(Matilde)

“Eu os pontos mais fortes que eu acho neste caso que tenho, será na gestão de conflitos,

principalmente entre miúdos e professores, porque há, tenho muitos, principalmente este ano

tive muitos casos …” (Miguel)

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

265

“… então tenho aí conflitos com um ou dois professores, bastante graves, que eu tenho

andado a tentar gerir, pronto, é uma parte fundamental.” (Miguel)

“Outro é tentar motivar os miúdos, que é um bocado complicado para estes miúdos, a

gente tentar motivá-los, tentamos sempre, tento com vários exemplos reais da vida, …”

(Miguel)

“… o Diretor de Turma tem o código de acesso para justificar essas faltas em função do

documento que o aluno traz ou da autorização do Encarregado de Educação.” (Mónica)

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Análise de conteúdo das entrevistas

266

7.1

.4.

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“A minha maior dificuldade às vezes é chegar a certos colegas porque por muitas vezes,

eu quero sensibilizá-los que não sou eu que quero alguma coisa, é necessária essa coisa, ou seja,

as pessoas têm alguma resistência porque pensam que estou a comandá-las, quando não se trata

de nada disso, trata-se de orientá-las para sucesso, ou seja, todos nós queremos o mesmo, no

fundo, é o sucesso daquele aluno, seja ele académico ou pessoal, mas tem que ser sucesso, não

é insucesso. E há resistência por parte de quem nos ouve, muitas vezes mesmo sendo colegas,

principalmente sendo colega, o que é muito frustrante, a meu ver.” (Madalena)

“… a primeira parte e que é extremamente importante para um trabalho de escola é a

motivação, é motivar os outros, e isso nem sempre é fácil, portanto quando estamos no papel de

coordenar e de dizer qual o caminho a seguir, é preciso acima de tudo antes de dizer qual é o

caminho, colocar as pessoas, não é?, definir esse caminho, mas colocá-las connosco para

conseguirmos ir a bom porto, porque, normalmente, se queremos também fazer as coisas de

uma forma muito individual, muito à nossa maneira, só porque somos o Diretor de Turma, e

temos o poder de poder fazer uma série de coisas, não é?, e não ouvirmos os outros, eu penso

que de facto não pode ser por aí, portanto é motivar, é difícil, mas tem de ser por aí, é um ponto

que eu considero que é mais difícil, …” (Mafalda)

“Mas penso que a nível burocrático, não diria um ponto menos bom ou fraco, mas tento

sempre ter a certeza de que consigo ter tudo sob a minha supervisão, embora, às vezes, não seja

fácil.” (Manuel)

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

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“Mais fracos, mais fracos, por exemplo, nem sempre é possível resolvermos as coisas no

tempo que consideramos razoável ou porque estamos dependentes de outras entidades ou

porque, apesar de sermos diretores de turma, naturalmente, não temos poder decisivo ou não

temos a última palavra, não é? quando muito propomos determinadas coisas, …” (Mariana)

“… outro ponto fraco, mas isso não tem a ver necessariamente com as várias escolas por

onde passamos, tem a ver com o facto de nós somos diretores de turma, sim, mas não temos

tempo oficialmente para sermos diretores de turma com os nossos alunos, é assim eu sou

professora de Português deles eu roubo, literalmente a palavra é essa, imenso tempo às minhas

aulas de Português para tratar de assuntos de direção de turma, …” (Mariana)

“… e portanto eu isso acho que é um ponto fraco não tem a ver com a escola, não tem a

ver enfim o cargo de direção turma específico tem a ver sim, com o não reconhecimento, e eu

acho que isto é um ponto muito mau, o não reconhecimento da necessidade de haver um tempo

específico, quem diz um tempo até diz mais, mas pronto, para trabalharmos com os nossos

alunos na natureza ou no âmbito da direção de turma, por exemplo o 3º ciclo tem, a chamada

formação cívica ou outros nomes que as escolas lhe possam dar, no secundário não há e portanto

não havendo, quando é que nós fazemos isso? nas aulas das nossas disciplinas.” (Mariana)

“Muitas vezes nesse patamar, o que me torna mais difícil a concretização do trabalho não

tem tanto a ver com a responsabilidade dos alunos naquilo que têm que fazer ao que cumprir,

mas mais na relação que passa para outra esfera do Diretor de Turma, que tem a ver com a

relação entre o Diretor de Turma e os colegas e o Conselho de Turma em si, porque dentro desse

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

268

grupo, nem só é fácil conseguir que todos trabalhem em sintonia para atingirem o mesmo

objetivo e aí eu por norma como não gosto de ter uma atividade ditatorial, e acho que não é a

mim que me compete ter essa atitude ditatorial, posso informar superiormente que as coisas não

funcionam, e aí custa me mais, custa-me mais, custa-me na relação com os colegas, com os

pais…” (Mário)

“… a faceta que menos me agrada é a burocrática.” (Matias)

“Na minha prática de supervisão o ponto fraco é sempre o tempo que tenho à disposição

para o efeito, ou seja, tendo nós mais tempo, conseguimos verificar com muito mais cuidado.”

(Matias)

“… mas mais fracos se calhar em relação aos encarregados de educação, se calhar não

sou suficientemente persuasiva para chegar a eles.” (Matilde)

“… eu acho que os pontos fracos é, depende um bocado às vezes, eu o meu ponto fraco

que eu apresentei aqui neste caso tem a ver com a própria escola, com a logística, e naquilo que

eu estava a explicar, a informação vem muito tarde, chega-me às minhas mãos às vezes muito

tarde, para estes miúdos a gente tem que agir logo, no mesmo dia, o ideal, nem que seja um dia

ou dois, um ou dois dias a seguir, se a gente passa isso para eles já não, e mesmo deixa de ter o

efeito desejado.” (Miguel)

“…eu sinto é que às vezes não temos tempo para fazer tudo o que gostaríamos, sinto que

apesar de o Diretor de Turma tentar ser a ponte entre a casa e a escola haveria muitas outras

valências que fazem falta, que fariam falta, no percurso de um aluno ao longo do ano, sobretudo

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

269

nos alunos mais carenciados e mais problemáticos, e a escola precisava dessa mais-valia, que

não tem, por questões orçamentais nós não temos, em vez de haver só o psicólogo educacional,

todas as escolas deviam ter obrigatoriamente um psicólogo clinico ou o que quer que fosse nessa

área porque muitos dos problemas que os Diretores de Turma têm de resolver passam por aí.”

(Mónica)

7.2

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“… é, eu gosto sempre, mas isso faz parte da minha maneira de ser, levar as coisas todas,

não sou também perfecionista nem obcecada, mas tento ao máximo levar as coisas bastante

organizadas, por tópicos, por fases, tudo muito bem segmentado, porque respeito imenso o meu

tempo e o tempo dos meus colegas…” (Madalena)

“Primeiro que tudo eu penso que há um trabalho e tem de haver um trabalho prévio de

planificação dessa reunião e sabermos exatamente que pontos é que queremos e que são

importantes para a nossa reunião.” (Mafalda)

“… mas sabermos fundamentalmente, delinear as diretrizes de um plano de trabalho de

turma, de um plano especifico para aquela turma ou para aquele grupo, e que os colegas

entendam e percebam que não se pode trabalhar da mesma maneira com todos os grupos e esse

plano de trabalho é mesmo individual, não é por acaso que ele se chama Plano de Trabalho da

Turma, …” (Mafalda)

“… sempre que há uma reunião de Conselho de Turma agendada quer pela direção da

escola, quer pelo Diretor de Curso, quer por mim que às vezes sou eu que também convoco

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

270

essas reuniões, em função da ordem de trabalho preparo a reunião, de uma forma muito

detalhada e pormenorizada e tento sempre ser o mais objetivo possível na reunião.” (Manuel)

“…as reuniões de Conselho de Turma exigem muito trabalho de preparação anterior, eu

particularmente no ano passado e este ano, aqui nesta escola, sou Diretora de Turma de um

curso profissional e, portanto, sempre que há conselhos de turma há uma preparação prévia …”

(Mariana)

“… antes da reunião, há que preparar uma série de documentos, há que verificar se as

notas dos colegas foram todas lançadas, há que verificar se os sumários foram todos escritos,

por exemplo, há que verificar e, porque de um curso profissional estamos a falar, se há excesso

de faltas se não há e havendo se foram compensadas ou não, que contactos foram estabelecidos

com os encarregados educação ao longo de um período, por exemplo, portanto há uma reunião

e organização de informações.” (Mariana)

“Organizo com a antecedência que me é possível toda a informação com a estreita

colaboração da coordenação que, em sede de conselho de diretores de turma, nos cede todos os

conteúdos a serem abordados.” (Matias)

“Organizo, tento organizar, nem sempre se consegue, mas tento organizar sempre tudo

previamente, e tento levar tudo já previamente organizado de acordo com a ordem de trabalhos

desse conselho de turma e tento gerir as coisas para que se cumpra primeiro o plano, a ordem

de trabalhos…” (Matilde)

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

271

“A gestão anterior para mim é muito importante se eu não levar tudo organizado

previamente, eu sinto-me, acho que sinto-me perdida e tenho mesmo levar tudo organizado, a

organização anterior é fundamental para mim.” (Matilde)

“Para já a primeira coisa é preparar o trabalho de casa muito. Em geral levo tudo já feito

até a ata, a minha secretária só tem que fazer os acrescentos do que se fala na reunião.” (Miguel)

“Em primeiro lugar, levo tudo feito, tudo o que possa estar nas minhas mãos está feito,

inclusivamente aquilo que não deveria estar nas minhas mãos eu levo feito (risos) para evitar

constrangimentos, porque nós às vezes se não soubermos gerir bem o tempo deixamos que as

lutas de egos se evidenciem numa reunião de conselho de turma,…” (Mónica)

“… então deve-se fazer logo a previsão, a antevisão desses temas e levar plano A, plano B,

plano C, porque as pessoas as vezes gostam de dizer as coisa por dizer, ou acusar gratuitamente,

então quando se entra por essa via o Diretor de Turma tem de ter a capacidade de dizer “muito

bem, não se concorda com isto, então temos isto quem é que não concorda?” ou então também

funciona muito como já se levo tudo feito, quem tem propensão para deitar a baixo por deitar a

baixo, seja o que for, não digo o trabalho do Diretor de Turma, o geral, o que quer que seja, já

pensa duas vezes antes de dizer porque senão vão-lhe dizer “olha então está aqui feito, refazes

tu?” ou “aceitamos novas propostas” e normalmente este tipo de colegas não gosta de fazer, só

gosta de fazer critica destrutiva,…” (Mónica)

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“Portanto, as minhas reuniões primam por ser objetivas, completas e curtas.” (Madalena)

“… eu acho que se nós tivermos à partida essas avaliações previamente, já conseguimos

é trabalhar mesmo os casos em que os alunos não conseguiram ter sucesso, perceber porque é

que não tiveram sucesso naquelas disciplinas, porque é que estão a ter mais sucesso noutras,

como é que os colegas, as metodologias que utilizam e partilhar essas metodologias para

chegarmos a uma linha de sucesso, porque é essa a finalidade de um conselho de turma, não

é?.” (Mafalda)

“… tento sempre ser o mais objetivo possível na reunião.” (Manuel)

“Depois na reunião propriamente dita, procuro presidi-la da melhor forma possível,

procuro levar logo as coisas devidamente organizadas e sistematizadas, mas claro que sempre

que há necessidade de ouvir um colega ou para esclarecer ou para enfim querer acrescentar

alguma coisa, todos têm voz, como é evidente, procuramos ser unanimes nas decisões a tomar

e, posteriormente, é basicamente é terminar os documentos oficiais, entregá-los à direção e dar-

lhes o feedback de como é que as coisas se passaram.” (Mariana)

“… portanto eu tenho que saber salvaguardar os limites dentro da própria reunião e, isso

faço, portanto, quer em termos dos colegas, quer em termos dos encarregados de educação

responsáveis quando estão nas reuniões e tento que as coisas funcionem dentro da normalidade

e que se cumpram os aspetos todos que há a cumprir dentro da própria gestão da reunião da

direção de turma.” (Mário)

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

273

“O mais desafiador é presidir a reunião salvaguardando o cumprimento da ordem de

trabalhos em relação ao tempo à disposição.” (Matias)

“A prioridade é que todos os documentos e depoimentos sejam realizados de acordo com

a ordem de trabalhos.” (Matias)

“… depois para que se cumpra o que temos previamente estabelecido que acho que é

importante que os conselhos de turma não se alarguem muito e depois tento atuar de maneira a

que todos me oiçam e que a coisa funcione como é suposto, nem sempre consigo, não devo falar

audivelmente, pronto mas tento …” (Matilde)

“Sou muito autoritário, sou ditador, nos conselhos de turma, …” (Miguel)

“Claro que deixo as pessoas falarem, deixo isso tudo, mas é assim primeiro trata-se os

pontos importantes, porque senão as pessoas começam a falar, divagam, e quando a gente dá

por ela pois é que é uma hora e meia “Ah, desculpem lá, tenho outra que me ir embora”,

(Miguel)

“… eu acabo as reuniões sempre antes do tempo, em geral, …” (Miguel)

“Giro as reuniões e depois deixo as pessoas falar no final pergunto sempre se querem

discutir alguma coisa,…” (Miguel)

“…eu nesse caso sou rigoroso (risos) e tem que ser porque se não a gente passa uma

reunião, uma hora e meia e passado um... e é assim e depois cai tudo para cima do Diretor de

Turma, …” (Miguel)

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Análise de conteúdo das entrevistas

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“… então deve-se fazer logo a previsão, a antevisão desses temas e levar plano A, plano

B, plano C, porque as pessoas as vezes gostam de dizer as coisa por dizer, ou acusar

gratuitamente, então quando se entra por essa via o Diretor de Turma tem de ter a capacidade

de dizer “muito bem, não se concorda com isto, então temos isto quem é que não concorda?”

ou então também funciona muito como já se levo tudo feito, quem tem propensão para deitar a

baixo por deitar a baixo, seja o que for, não digo o trabalho do Diretor de Turma, o geral, o que

quer que seja, já pensa duas vezes antes de dizer porque senão vão-lhe dizer “olha então está

aqui feito, refazes tu?” ou “aceitamos novas propostas” e normalmente este tipo de colegas não

gosta de fazer, só gosta de fazer critica destrutiva, …” (Mónica)

“… então eu levo tudo feito, só preciso mesmo de assinaturas, ou então há situações em

que preciso mesmo da opinião dos colegas tento antes da reunião juntar-me com eles noutras

circunstancias, conversas de corredor, sei mais ou menos a opinião de um e de outro que é para

quando chegar a altura conseguir conciliar as coisas que são mais complicadas, não é?.”

(Mónica)

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“Portanto, as minhas reuniões primam por ser objetivas, completas e curtas.” (Madalena)

“…eu acho que se nós tivermos à partida essas avaliações previamente, já conseguimos é

trabalhar mesmo os casos em que os alunos não conseguiram ter sucesso, perceber porque é que

não tiveram sucesso naquelas disciplinas, porque é que estão a ter mais sucesso noutras, como

é que os colegas, as metodologias que utilizam e partilhar essas metodologias para chegarmos

a uma linha de sucesso, porque é essa a finalidade de um conselho de turma, não é?.” (Mafalda)

“Depois na reunião propriamente dita, procuro presidi-la da melhor forma possível,

procuro levar logo as coisas devidamente organizadas e sistematizadas, mas claro que sempre

que há necessidade de ouvir um colega ou para esclarecer ou para enfim querer acrescentar

alguma coisa, todos têm voz, como é evidente, procuramos ser unanimes nas decisões a tomar

e, posteriormente, é basicamente é terminar os documentos oficiais, entregá-los à direção e dar-

lhes o feedback de como é que as coisas se passaram.” (Mariana)

“… em termos de reunião de Conselho de Turma, por norma faço cumprir o que está

estipulado em termos de trabalho definido para essa reunião e tento também acautelar quando

há duas reuniões anuais em que costumam estar presentes, portanto, os encarregados de

educação, …” (Mário)

“… portanto eu tenho que saber salvaguardar os limites dentro da própria reunião e, isso

faço, portanto, quer em termos dos colegas, quer em termos dos encarregados de educação

responsáveis quando estão nas reuniões e tento que as coisas funcionem dentro da normalidade

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

276

e que se cumpram os aspetos todos que há a cumprir dentro da própria gestão da reunião da

direção de turma.” (Mário)

“O mais desafiador é presidir a reunião salvaguardando o cumprimento da ordem de

trabalhos em relação ao tempo à disposição.” (Matias)

“A prioridade é que todos os documentos e depoimentos sejam realizados de acordo com

a ordem de trabalhos.” (Matias)

“… depois para que se cumpra o que temos previamente estabelecido que acho que é

importante que os conselhos de turma não se alarguem muito e depois tento atuar de maneira a

que todos me oiçam e que a coisa funcione como é suposto, nem sempre consigo, não devo falar

audivelmente, pronto mas tento.” (Matilde)

“… acho que sinto-me perdida e tenho mesmo levar tudo organizado, a organização

anterior é fundamental para mim.” (Matilde)

“… então deve-se fazer logo a previsão, a antevisão desses temas e levar plano A, plano

B, plano C, porque as pessoas as vezes gostam de dizer as coisa por dizer, ou acusar

gratuitamente, então quando se entra por essa via o Diretor de Turma tem de ter a capacidade

de dizer “muito bem, não se concorda com isto, então temos isto quem é que não concorda?”

ou então também funciona muito como já se levo tudo feito, quem tem propensão para deitar a

baixo por deitar a baixo, seja o que for, não digo o trabalho do Diretor de Turma, o geral, o que

quer que seja, já pensa duas vezes antes de dizer porque senão vão-lhe dizer “olha então está

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Análise de conteúdo das entrevistas

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aqui feito, refazes tu?” ou “aceitamos novas propostas” e normalmente este tipo de colegas não

gosta de fazer, só gosta de fazer critica destrutiva, …” (Mónica)

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“Por exemplo em relação a alunos com necessidades educativas especiais, há uma, às

vezes nem é bem resistência neste caso, há um desconhecimento por parte de muitos colegas de

determinadas práticas, estratégicas mesmo a nível de sala de aula, que podem melhorar imenso,

que podem ajudá-los imenso, ao próprio professor, ao próprio grupo turma a acolher esse aluno

ou até a trabalhar em conjunto.” (Madalena)

“Sem dúvida.” (Madalena)

“… para desenvolver projetos que possam envolver os alunos, a comunidade, a escola e

possam promover a escola e o ensino, enquanto nós não tivermos tempo de agir, enquanto nos

cortarem as nossas intervenções anualmente porque não vai continuar na escola, portanto são

processos inacabados, e como inacabados que são, não vão chegar a lado nenhum, é só isso.”

(Madalena)

“… mas depois eu acho que é muito reconfortante e é gratificante, quando verificamos

que aquilo que nós nos propusemos, sentirmos que o grupo está connosco, não é?, e que foi

executado, portanto e que foi posto em prática, eu acho que isso, o Diretor de Turma também

tem essa, sente depois essa glória, não é?,” (Mafalda)

“… dizer que aquilo foi feito porque a equipa permitiu, mas de facto isso também passa

a ser gratificante porque os próprios alunos nos identificam com a pessoa que levou que

conduziu o veiculo, não é?” (Mafalda)

“… eu acho que se nós tivermos à partida essas avaliações previamente, já conseguimos

é trabalhar mesmo os casos em que os alunos não conseguiram ter sucesso, perceber porque é

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Análise de conteúdo das entrevistas

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que não tiveram sucesso naquelas disciplinas, porque é que estão a ter mais sucesso noutras,

como é que os colegas, as metodologias que utilizam e partilhar essas metodologias para

chegarmos a uma linha de sucesso, porque é essa a finalidade de um conselho de turma, não

é?.” (Mafalda)

“Para mim é a melhor forma de trabalhar, eu sou muito pouco individualista, eu pelo

menos considero que sou pouco individualista, eu gosto de pensar sobre as coisas e levar um

mote qualquer, mas eu nunca vejo aquilo como meu, ou como o ficar na minha turma ou ficar

comigo, portanto, para mim, só faz sentido uma escola quando nós temos um trabalho

colaborativo, não é fácil, não é fácil , porque nem todos nós para já somos colaborativos, muitos

de nós somos de facto mais individualistas, no fundo no fundo gostamos sempre de brilhar um

bocadinho, que se saiba que no fundo no fundo aquilo até foi feito por mim, ou que, e portanto

eu penso que é às vezes muito difícil, mas para mim é o único caminho, é o colaborar.”

(Mafalda)

“… nós diretores de turma também partilhamos às vezes, olha são capazes muitas vezes

colegas de vir, olha, enquanto Diretor de Turma o que é tu farias neste aspeto? Portanto há aqui

um trabalho de conjunto e de partilha muito grande ali na escola que eu não sinto que se chegue

ali e bloqueie aquele trabalho, não sinto isso, não sinto isso.” (Mafalda)

“…tem que haver uma parcimónia entre o Diretor de Turma e o Diretor de Curso para

que as coisas possam funcionar em pleno, mas o Diretor de Turma é o que tem a

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Análise de conteúdo das entrevistas

280

responsabilidade de conseguir juntar as peças todas do puzzle de forma a que as coisas consigam

funcionar.” (Manuel)

“É sempre fundamental incentivar os professores a trabalhar da melhor forma, se possível,

desenvolverem novas atividades, novos projetos, para além dos que está nos livros, do que está

nos programas. Mas de preferência sempre, sempre, sempre, em articulação com os que está

nos programas, porque nós não podemos desenvolver atividades, nem projetos que possam ir

contra os programas da própria disciplina.” (Manuel)

“Eu acredito que um bom Diretor de Turma deve sem dúvida exercer esse papel, acho que

faz parte até da sua função.” (Mariana)

“…há um cruzamento de informações com a pessoa que é a diretora do curso, também,

que é um papel também fundamental e que a nível da direção turma acaba por ser um braço

direito e porque não deixa de ser também uma entidade supervisiva a nível aí do curso.”

(Mariana)

“Sem dúvida, até porque no que toca, sei lá, a visitas de estudo, projetos, o Conselho de

Turma deverá estar unido e integrado nesses esmos projetos.” (Mariana)

“Eu penso que se toda a gente contribuir de alguma maneira para um produto final é

melhor para todos, não é?, no fundo sentimos que estamos todos unidos, que estamos todos a

trabalhar.” (Mariana)

“Claro que sabemos que nem sempre tudo é perfeito, nem sempre toda a gente gosta, nem

sempre toda a gente contribui e trabalha de igual forma, mas eu estou convencida de que o

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Análise de conteúdo das entrevistas

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produto final, normalmente é positivo, o balanço é positivo, se calhar à conta daqueles que,

enfim, independentemente do que possam pensar vão fazendo tudo e vão contribuindo com tudo

o que estiver ao seu alcance.” (Mariana)

“…que está portanto num patamar também intermédio em termos da própria gestão

escolar, em que nas reuniões semanalmente (é neste dia, precisamente a esta hora que nós temos

essa reunião semanalmente – [quinta-feira]) e portanto aí nós discutimos estratégias, formas de

atuação no sentido de atingir os objetivos ou então colmatar alguma situações que haja

necessidade de colmatar, ou de resolver alguns problemas de caráter também às vezes pessoal

ou pedagógico dentro da própria estrutura ou grupo turma.” (Mário)

“Ah, sim. Isso sim sem dúvida. Aliás nós temos até feito uns trabalhos, alguns projetos

nesse sentido na escola, que tem a ver também chama-se um projeto interdisciplinar que ocorre

em todos os períodos, este ano é uma experiência nova.” (Mário)

“E já noutras escolas sempre que há trabalhos interdisciplinares em termos de

funcionamento da escola, o Diretor de Turma tem que estar envolvido nesses projetos para que

possam funcionar, e não só para poder acompanhar os colegas como também para poder na

própria gestão do trabalho dos próprios alunos dar a sua colaboração e o seu contributo para que

as coisas funcionem e nesse sentido penso que o Conselho de Turma deve de certamente primar

por esse tipo de projetos e trabalhos que sejam interdisciplinares e que haja uma colaboração,

não de todos os colegas, mas potencialmente de grande parte dos colegas.” (Mário)

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Análise de conteúdo das entrevistas

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“… eu penso que o trabalho colaborativo e até as novas medidas superiores que vêm do

ME vão nesse sentido, porquê? Porque para além de dar um contributo maior na própria

formação dos alunos, não só da sua formação em termos do saber, mas também do saber fazer

e do saber estar. E o saber estar é uma área que muitas das vezes os alunos em termos relacionais

se perdem mais, …” (Mário)

“… compete ao Diretor de Turma, enquanto gestor do próprio grupo-turma e também de

um grupo de professores que estão afetos a essa turma, implementar e tentar desenvolver cada

vez mais esse tipo de projetos em prol da capacidade de trabalho que os próprios alunos poderão

vir a desenvolver de futuro porque vai contribuir nesse sentido.” (Mário)

“Acontecem pontualmente situações adversas e de bloqueio a determinados projetos que

se pretendem implementar e aí verificamos que as pessoas … e eu costumo responder “se não

querem fazer, não façam, ninguém obriga ninguém, não é?, só participa quem quer”, mas o

facto de haver uma voz dissonante, ou duas vozes dissonantes, acaba por ser prejudicial ao

desenvolvimento de determinados projetos e determinadas ideias que se podem desenvolver e

há sempre alguém que está do contra, …”(Mário)

“A promoção de trabalho colaborativo entre a alunos e, inclusivamente, entre professores

também é fascinante por implicar a capacidade imaginativa de reinventarmos estratégias para

fazermos convergir propósitos diferenciados no alcance de objetivos comuns.” (Matias)

“… o Conselho de Turma acaba por ser uma oportunidade para debatermos formas de

cooperação e entreajuda em potenciais projetos de interdisciplinaridade, adequação de

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

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estratégias comuns ou planificação de atividades conjuntas. Só através de um diálogo dinâmico

entre os docentes é que se pode promover uma pluralidade de respostas e a consonância de

procedimentos em regime colaborativo. “(Matias)

“Na verdade, devem promover-se pontes interdisciplinares de saberes específicos no

sentido de dar consistência à transversalidade desses mesmos saberes. Muitas vezes o

importante é percebermos que existem planificações muito diferentes que se complementam e

que se imiscuem até espontaneamente, basta abrirmos a perspetiva pela ótica da cooperação e

vislumbrarmos o potencial da colaboração.” (Matias)

“Ao longo desse ano trabalhei colaborativamente com a minha com a minha orientadora

de estágio e com a minha colega de estágio, …” (Matilde)

“Sim, fundamental e eu acho que todos devemos encará-lo assim.” (Matilde)

“Acho que o trabalho colaborativo é importante em todos os momentos, não só como

diretora de turma, como professora, como ser humano.” (Matilde)

“Acho que sim, é fundamental. Nós no caso do PCA, como nos reunimos de quinze em

quinze dias, tens essa... mesmo por causa dos projetos.” (Miguel)

“… quer dizer... os professores... neste caso [PCA] eles envolvem-se porque faz parte, vá

lá do currículo da turma, na maneira de trabalhar da turma, mas no geral, nas turmas gerais,

cada um está no seu cantinho, no seu ovinho...” (Miguel)

“… não tenho problemas de partilhar informação, eu trabalho muito com colegas a meias

ainda o ano passado, porque eu tenho na minha direção de turma miúdos, tenho sempre miúdos

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Análise de conteúdo das entrevistas

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com Necessidades Educativas Especiais, e então havia uma professora que dava aulas e

individualizadas, a gente muitas vezes jogava, às vezes até juntava os dois grupos para trabalhar

por causa de trabalhar dinâmicas de grupo, aí havia trabalho de parceria nessa parte da

Matemática…” (Miguel)

“Sim, fundamental, é fundamental, até porque se nota quando há colegas que não se dão

bem há mais anos porque já lá estão na escola e houve conflitos que não foram superados, …”

(Mónica)

“Todas, porque quando há esta falta de comunicação ou esta ausência de, enfim de, eu

não de digo de solidariedade, mas saber ceder a um horário de um determinado trabalho, porque

há colegas que não querem porque a matéria esta encadeada numa determinada ordem, por que

não eu alterar a minha ordem na matéria para depois coincidir com o colega de ciências ou o

colega de físico-química?” (Mónica)

“claro que também é importante que o Conselho de Turma se dê bem, porque quando as

pessoas não se dão bem é muito difícil obrigar as pessoas a trabalhar assim, e quando as pessoas

não se dão bem, também se nota que o trabalho não foi feito com gosto, não é?.” (Mónica)

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“Sem um PE andamos à deriva, ou seja, sem rumo, cada um vai andar conforme aquilo

que mais acredita, …” (Madalena)

“Quem somos nós, e no fundo somos, se somos trabalhadores e somos profissionais desse

estabelecimento de ensino e somos professores desse público temos que efetivamente traçar

tudo o que pudermos para convergir com essa meta, com esse projeto. Sem esse projeto o que

é que pode acontecer? Andarmos à deriva, perdermo-nos pelo caminho e pior do que nós é o

público que não vai chegar a um bom porto, é assim que eu vejo a coisa.” (Madalena)

“No fundo são documentos, são linhas orientadoras, para esse trabalho depois mais

individual, para nós também seguirmos uma linha, não temos que fazer tudo igual, mas há uma

linha de base que é comum a todos nós não é?,” (Mafalda)

“Estes três instrumentos são fundamentais para que as coisas funcionem, por outro lado o

Diretor de Turma tem que respeitar estes três instrumentos, tem que os ler, tem que os conhecer

e tem que ter um respeito pelo seu cumprimento, por um lado, …” (Manuel)

“… por outro lado, há estratégias que o Diretor de Turma pode, de forma autónoma, mas

nunca contrariando estes três instrumentos, de forma a tentar fazer com que os seus

procedimentos e métodos de trabalho, possam no fundo nunca contrariar estes três instrumentos,

…” (Manuel)

“… esses são os documentos orientadores dessa escola, não é?, portanto,

independentemente de concordarmos com tudo ou não que lá vem escrito e que de alguma forma

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

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dirige a nossa atuação no dia a dia, a verdade é que, quer dizer, se estamos na escola A, temos

obrigatoriamente que nos orientar pelos documentos da escola A,” (Mariana)

“… porque nós não podemos tomar determinadas decisões às vezes até em coisas simples

se não tivermos em linha de conta os documentos orientadores da escola.” (Mariana)

“Bom, é óbvio que em termos desses três projetos maiores da escola, sendo que o Projeto

de Turma acaba por ser o menor, mas que acaba por dar resposta aos outros, portanto, vai buscar

objetivos que de certa forma, portanto, estão mais relacionados com aquilo que a turma pretende

fazer o que o Conselho de Turma define em termos de estratégia de linha orientadora, e penso

que nesse sentido, o Conselho de Turma deve dar resposta a todos esses três projetos, quer o

PE, quer o PAA com o PT que é elaborado em termos do projeto de turma que é desenvolvido.”

(Mário)

“Nesta escola particularmente como o PE e o PAA são trabalhados em regime

colaborativo por um grupo restrito de professores, e são posteriormente dados a conhecer de

forma muito esclarecida e esclarecedora a todos os intervenientes da comunidade educativa,

estes assumem-se como ferramentas essenciais, estruturantes e orientadoras. A relação que

existe entre o PE, o PAA e o PT é hierárquica com o objetivo de dar a perceber às educadoras

e aos professores quais são as orientações, desde a dominante à particular, de cada turma, de

cada disciplina e considerando a especificidade das necessidades individuais de cada aluno.”

(Matias)

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

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“É fundamental, para uma boa prática de direção de turma, o conhecimento dos referidos

documentos, a adequação na interligação das orientações entre PE e PAA e a forma como estes

devem/podem influenciar o PT.” (Matias)

“Se forem bem entendidos e bem articulados (seria) funcionariam de forma fantástica e

seriam perfeitos e seria a escola ideal, nem sempre isto funciona, em lado nenhum, não é só na

escola onde trabalho, é em todo lado, portanto se tudo se articulasse de acordo, se o projeto

educativo, o plano anual de atividades e o PT estiverem todos interligados a coisa faria sentido

e fazer sentido é muito importante, só que às vezes as coisas não fazem sentido e é por isso que

depois uma atividade desgarrada que não faz sentido, depois faz com que um plano turma ou

que um projeto educativo também deixem de fazer sentido.” (Matilde)

“Isso é muito bonito no papel.” (Miguel)

“… para já o PAA vai sendo construído, não existe logo iniciativa” (Miguel)

“… e falo há anos que devia se criar se uns projetos entre as disciplinas, criar se um nem

que seja um ou dois, ou uma ideia de um projeto por ano com as disciplinas e os conteúdos que

dê para interligá-los.” (Miguel)

“Todas as visitas de estudo e todas as atividades que são transversais em termos de

disciplina têm que passar por todas essas temáticas, não é?, não podemos fugir aquilo que está

planeado a nível de escola e que foi, enfim, aceite e foi concertado no Conselho Geral e, todas,

enfim, todas as instituições que trabalham com a escola têm também a sua opinião e isso tem

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

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de ser tido em conta, até porque hoje em dia tudo o que se faça, por norma, é colocado no site

da escola,…” (Mónica)

“… tudo o que se faz tem de tocar nem que seja ao de leve nesse tipo de temática de planos

que estão previamente estabelecidos, normalmente é por biénio e triénio, portanto já há sempre

um trabalho de continuação, portanto é fácil não fugir.” (Mónica)

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“Por exemplo em relação a alunos com necessidades educativas especiais, há uma, às

vezes nem é bem resistência neste caso, há um desconhecimento por parte de muitos colegas de

determinadas práticas, estratégicas mesmo a nível de sala de aula, que podem melhorar imenso,

que podem ajudá-los imenso, ao próprio professor, ao próprio grupo turma a acolher esse aluno

ou até a trabalhar em conjunto.” (Madalena)

“… para desenvolver projetos que possam envolver os alunos, a comunidade, a escola e

possam promover a escola e o ensino, enquanto nós não tivermos tempo de agir, enquanto nos

cortarem as nossas intervenções anualmente porque não vai continuar na escola, portanto são

processos inacabados, e como inacabados que são, não vão chegar a lado nenhum, é só isso.”

(Madalena)

“Vantagens para os alunos, nós vamos trabalhar e eles vão trabalhar cada vez mais em

rede, …” (Mafalda)

“… defendo que é importantíssimo o trabalho, mesmo com eles, em sala, o que eu gosto

é de um trabalho a pares, um trabalho a grupo, um trabalho de turma, quando o trabalho é só

individual, de facto não aprendemos e ficamos só com aquilo que conseguimos, portanto não

vamos mais longe e outros permitem-nos ir mais longe, não é?, irmos mais longe.” (Mafalda)

“… acho que é um fator de enriquecimento para os alunos, para os próprios professores,

para a própria escola haver aqui uma conjugação entre programas e atividades que vão para

além da sala de aula, do normal funcionamento da sala de aula.” (Manuel)

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

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“Eu penso que se toda a gente contribuir de alguma maneira para um produto final é

melhor para todos, não é?, no fundo sentimos que estamos todos unidos, que estamos todos a

trabalhar.” (Mariana)

“Claro que sabemos que nem sempre tudo é perfeito, nem sempre toda a gente gosta, nem

sempre toda a gente contribui e trabalha de igual forma, mas eu estou convencida de que o

produto final, normalmente é positivo, o balanço é positivo, se calhar à conta daqueles que,

enfim, independentemente do que possam pensar vão fazendo tudo e vão contribuindo com tudo

o que estiver ao seu alcance.” (Mariana)

“… porque a tendência atual é que os alunos se fechem, aliás também condicionadas pelas

próprias tecnologias de comunicação, porque se fecham online, e o facto de terem de deixar a

esfera da sala normal e passarem para um projeto que envolve terem que se relacionar uns com

os outros, porque é um trabalho de grupo que tem que fazer, e ao mesmo tempo não só com o

professor de disciplina “X”, mas tem que ser uma parte com esse professor, outra parte com

outro professor, outra parte com outro professor, isso cria uma dinâmica em termos do próprio

desenvolvimento de capacidade do próprio aluno, que me parece que é extremamente

importante.” (Mário)

“…compete ao Diretor de Turma, enquanto gestor do próprio grupo-turma e também de

um grupo de professores que estão afetos a essa turma, implementar e tentar desenvolver cada

vez mais esse tipo de projetos em prol da capacidade de trabalho que os próprios alunos poderão

vir a desenvolver de futuro porque vai contribuir nesse sentido.” (Mário)

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

291

“A promoção de trabalho colaborativo entre a alunos e, inclusivamente, entre professores

também é fascinante por implicar a capacidade imaginativa de reinventarmos estratégias para

fazermos convergir propósitos diferenciados no alcance de objetivos comuns.” (Matias)

“Se na experiência da aprendizagem os conteúdos forem dados de forma colaborativa

podem enriquecer a capacidade do aluno interpretar os conteúdos e a estimular a criatividade

na sua aplicabilidade. A escola não pode só centrar-se num saber-saber estanque, deve ser

também uma escola do saber-fazer num contexto de transversalidade de saberes.” (Matias)

“É importantíssimo colaborar com os outros, partilhar experiências é importante para

todos crescermos, como diretora de turma mais ainda.” (Matilde)

“Aprende-se mais, aprende-se a partilhar, cada um partilha a sua experiência e partilhar

experiências é muito importante, alunos aprendem com professores, professores aprendem com

alunos, professores aprendem com professores e isto é muito importante, que todos aprendamos

uns com os outros e aprender a aprender com os outros é muito importante. Eu acho que na

sociedade de hoje em dia isto é fundamental: ouvir os outros, aprender com os outros.” (Matilde)

“Eu acho que é vantajoso em relação para transmissão de conhecimentos mais alargados

e para os próprios colegas porque existe uma cooperação, cria-se uma cooperação entre eles.”

(Miguel)

“Todas, porque quando há esta falta de comunicação ou esta ausência de, enfim de, eu

não de digo de solidariedade, mas saber ceder a um horário de um determinado trabalho, porque

há colegas que não querem porque a matéria esta encadeada numa determinada ordem, por que

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

292

não eu alterar a minha ordem na matéria para depois coincidir com o colega de ciências ou o

colega de físico-química?” (Mónica)

“… quem é beneficiado em primeiro lugar são sempre os alunos, quer seja uma turma com

dificuldades quer seja uma turma muito boa, porque em ambos os casos vamos ter efeitos

positivos desse tipo de concertação, digamos, de encadeamento de ideias, e de previsão,

planeamento, não custa nada.” (Mónica)

APÊNDICE F –

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“Por exemplo em relação a alunos com necessidades educativas especiais, há uma, às

vezes nem é bem resistência neste caso, há um desconhecimento por parte de muitos colegas de

determinadas práticas, estratégicas mesmo a nível de sala de aula, que podem melhorar imenso,

que podem ajudá-los imenso, ao próprio professor, ao próprio grupo turma a acolher esse aluno

ou até a trabalhar em conjunto.” (Madalena)

“… para desenvolver projetos que possam envolver os alunos, a comunidade, a escola e

possam promover a escola e o ensino, enquanto nós não tivermos tempo de agir, enquanto nos

cortarem as nossas intervenções anualmente porque não vai continuar na escola, portanto são

processos inacabados, e como inacabados que são, não vão chegar a lado nenhum, é só isso.”

(Madalena)

“… dizer que aquilo foi feito porque a equipa permitiu, mas de facto isso também passa

a ser gratificante porque os próprios alunos nos identificam com a pessoa que levou que

conduziu o veiculo, não é?” (Mafalda)

“… acho que é um fator de enriquecimento para os alunos, para os próprios professores,

para a própria escola haver aqui uma conjugação entre programas e atividades que vão para

além da sala de aula, do normal funcionamento da sala de aula.” (Manuel)

“Eu penso que se toda a gente contribuir de alguma maneira para um produto final é

melhor para todos, não é?, no fundo sentimos que estamos todos unidos, que estamos todos a

trabalhar.” (Mariana)

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

294

“Claro que sabemos que nem sempre tudo é perfeito, nem sempre toda a gente gosta, nem

sempre toda a gente contribui e trabalha de igual forma, mas eu estou convencida de que o

produto final, normalmente é positivo, o balanço é positivo, se calhar à conta daqueles que,

enfim, independentemente do que possam pensar vão fazendo tudo e vão contribuindo com tudo

o que estiver ao seu alcance.” (Mariana)

“…compete ao Diretor de Turma, enquanto gestor do próprio grupo-turma e também de

um grupo de professores que estão afetos a essa turma, implementar e tentar desenvolver cada

vez mais esse tipo de projetos em prol da capacidade de trabalho que os próprios alunos poderão

vir a desenvolver de futuro porque vai contribuir nesse sentido.” (Mário)

“A promoção de trabalho colaborativo entre a alunos e, inclusivamente, entre professores

também é fascinante por implicar a capacidade imaginativa de reinventarmos estratégias para

fazermos convergir propósitos diferenciados no alcance de objetivos comuns.” (Matias)

“Essa questão do trabalho colaborativo, ocorre maioritariamente no sentido dos

professores incentivarem os alunos a colaborarem uns com os outros, entre docentes acho que

há muito caminho a percorrer, considero que há mesmo muito trabalho a desenvolver.” (Matias)

“É importantíssimo colaborar com os outros, partilhar experiências é importante para

todos crescermos, como diretora de turma mais ainda.” (Matilde)

“Aprende-se mais, aprende-se a partilhar, cada um partilha a sua experiência e partilhar

experiências é muito importante, alunos aprendem com professores, professores aprendem com

alunos, professores aprendem com professores e isto é muito importante, que todos aprendamos

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

295

uns com os outros e aprender a aprender com os outros é muito importante. Eu acho que na

sociedade de hoje em dia isto é fundamental: ouvir os outros, aprender com os outros.” (Matilde)

“Eu acho que é vantajoso em relação para transmissão de conhecimentos mais alargados

e para os próprios colegas porque existe uma cooperação, cria-se uma cooperação entre eles.”

(Miguel)

“Todas, porque quando há esta falta de comunicação ou esta ausência de, enfim de, eu

não de digo de solidariedade, mas saber ceder a um horário de um determinado trabalho, porque

há colegas que não querem porque a matéria esta encadeada numa determinada ordem, por que

não eu alterar a minha ordem na matéria para depois coincidir com o colega de ciências ou o

colega de físico-química?” (Mónica)

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“… para desenvolver projetos que possam envolver os alunos, a comunidade, a escola e

possam promover a escola e o ensino, enquanto nós não tivermos tempo de agir, enquanto nos

cortarem as nossas intervenções anualmente porque não vai continuar na escola, portanto são

processos inacabados, e como inacabados que são, não vão chegar a lado nenhum, é só isso.”

(Madalena)

“… dizer que aquilo foi feito porque a equipa permitiu, mas de facto isso também passa

a ser gratificante porque os próprios alunos nos identificam com a pessoa que levou que

conduziu o veiculo, não é?” (Mafalda)

“…acho que é um fator de enriquecimento para os alunos, para os próprios professores,

para a própria escola haver aqui uma conjugação entre programas e atividades que vão para

além da sala de aula, do normal funcionamento da sala de aula.” (Manuel)

“Eu penso que se toda a gente contribuir de alguma maneira para um produto final é

melhor para todos, não é?, no fundo sentimos que estamos todos unidos, que estamos todos a

trabalhar.” (Mariana)

“Claro que sabemos que nem sempre tudo é perfeito, nem sempre toda a gente gosta, nem

sempre toda a gente contribui e trabalha de igual forma, mas eu estou convencida de que o

produto final, normalmente é positivo, o balanço é positivo, se calhar à conta daqueles que,

enfim, independentemente do que possam pensar vão fazendo tudo e vão contribuindo com tudo

o que estiver ao seu alcance.” (Mariana)

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

297

“É importantíssimo colaborar com os outros, partilhar experiências é importante para

todos crescermos, como diretora de turma mais ainda.” (Matilde)

“Aprende-se mais, aprende-se a partilhar, cada um partilha a sua experiência e partilhar

experiências é muito importante, alunos aprendem com professores, professores aprendem com

alunos, professores aprendem com professores e isto é muito importante, que todos aprendamos

uns com os outros e aprender a aprender com os outros é muito importante. Eu acho que na

sociedade de hoje em dia isto é fundamental: ouvir os outros, aprender com os outros.” (Matilde)

“Eu acho que é vantajoso em relação para transmissão de conhecimentos mais alargados

e para os próprios colegas porque existe uma cooperação, cria-se uma cooperação entre eles.”

(Miguel)

“Todas, porque quando há esta falta de comunicação ou esta ausência de, enfim de, eu

não de digo de solidariedade, mas saber ceder a um horário de um determinado trabalho, porque

há colegas que não querem porque a matéria esta encadeada numa determinada ordem, por que

não eu alterar a minha ordem na matéria para depois coincidir com o colega de ciências ou o

colega de físico-química?” (Mónica)

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“…muita resistência de alguns colegas, especialmente às vezes colegas com mais idade

ou colegas com um perfil uma personalidade menos aberta à atividade à flexibilidade e que, às

vezes, veem em nós uma ameaça, …” (Madalena)

“Acho, acho, por exemplo a não continuidade pedagógica de um Diretor de Turma numa

escola pública, mas isso interrompe, interrompe e é por vezes muito ingrato, angustiante,

dececionante, frustrante.” (Madalena)

“…mas acho que um Diretor de Turma deveria ter uma redução horária maior da carga

letiva para poder ter horas a nível letivo para poder exercer melhor o seu cargo.” (Madalena)

“Às vezes sim, eu acho que nós todos nos confrontamos com alguns momentos, não é?,”

(Mafalda)

“…porque de facto é dada pela nossa diretora muita autonomia aos diretores de turma,

…” (Mafalda)

“Para mim o fator que limita mais é a burocracia. É a burocracia. Para mim é o único que

à partida que eu estou a ver que me condiciona o meu trabalho, só isso.” (Manuel)

“… nós somos diretores de turma, sim, mas não temos tempo oficialmente para sermos

diretores de turma com os nossos alunos, é assim eu sou professora de Português deles eu roubo,

literalmente a palavra é essa, imenso tempo às minhas aulas de Português para tratar de assuntos

de direção de turma,” (Mariana)

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

299

“Sem dúvida, até já falei deles, por exemplo, o facto de não haver horas, de não haver um

tempo oficial, digamos assim, para que possamos de facto trabalhar na direção de turma com a

nossa direção de turma.” (Mariana)

“Foi o que eu já referi há pouco, ou bem que roubo tempo às minhas aulas ou então finjo

que a minha direção de turma é tudo menos a minha direção de turma!” (Mariana)

“…é que os pais assumem certas responsabilidades, que depois acabam por não

concretizar nos próprios alunos e muitas das vezes eles quase que se desculpabilizam “que não

conseguem” e atribuem essa função ao Diretor de Turma, isto é, o Diretor de Turma para além

de tratar de todos os processos e dos problemas inerentes à própria escola ainda têm que

trabalhar e tratar outros aspetos que estão numa esfera mais familiar, …” (Mário)

“Sim, aliás muitas das vezes a função do Diretor de Turma pode condicionar-se quer pelos

próprios pais, não é?, quer os próprios alunos podem ser um bloqueio à função do Diretor de

Turma até muitas das vezes quer o próprio Conselho de Turma não na sua globalidade mas

pontualmente pode acontecer isso.” (Mário)

“Acontecem pontualmente situações adversas e de bloqueio a determinados projetos que

se pretendem implementar e aí verificamos que as pessoas … e eu costumo responder “se não

querem fazer, não façam, ninguém obriga ninguém, não é?, só participa quem quer”, mas o

facto de haver uma voz dissonante, ou duas vozes dissonantes, acaba por ser prejudicial ao

desenvolvimento de determinados projetos e determinadas ideias que se podem desenvolver e

há sempre alguém que está do contra, …” (Mário)

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

300

“Mas, de facto, há condicionantes, e os pais muitas das vezes também são condicionantes,

porque, de facto, o que acontece muitas das vezes é que os pais cada vez mais se

desresponsabilizam da sua função educativa e esse é um grande problema para o funcionamento

de uma direção de turma, porque só há imperativos legais que têm de ser cumpridos, que os

alunos muitas das vezes não cumprem, que o Diretor de Turma e a própria escola chamam à

atenção e os pais vêm sempre em defesa dos filhos, isto é, com desconhecimento total da lei e

até nem querendo saber da lei e isso cria graves problemas dentro da própria estrutura da turma,

do funcionamento normal da turma e pronto isso é um problema que é muito grave, e cada vez

mais essas situações acabam por se acentuar e os alunos então desvalorizam completamente

certas situações, …” (Mário)

“Há diretores de turma que são tecnicamente excelentes, quando falo no tecnicamente, é

no fazer cumprir de todos, de toda a legislação se quisermos, está tudo em ordem sempre, só

que os alunos não são máquinas, nem são números, e esse é o grande problema que perpassa

pelos tempos que correm, é que o Diretor de Turma para além de fazer valer a lei, tem que

muitas das vezes saber contornar a lei, isto é, quando digo isto não quero dizer que não cumpra

com a lei, mas tem que ser mais compreensivo e tem que tentar perceber muitas das vezes os

problemas que se passam nas gerações com as quais trabalhamos, porque há “n” de problemas

relacionais, e familiares e pessoais dos próprios alunos que levam a que haja incumprimentos.”

(Mário)

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

301

“Existem fatores que limitam e que condicionam o raio de ação da direção de turma. O

tempo à disposição para um diálogo humanista e sobretudo humanizador. Fascina-me poder

conversar individualmente com cada um dos meus alunos e com a turma no seu conjunto.”

(Matias)

“Voltamos de facto a justificar as limitações com o tempo mas por mais organizados que

sejamos o fator tempo limita muito o meu trabalho.” (Matias)

“Ministério da Educação em primeiro lugar, o Ministério das Finanças e o ministério da

economia, quer dizer a economia em geral, tudo isso condiciona e, portanto, vai condicionar a

economia dos pais, vai condicionar a economia das famílias, tudo isso vai condicionar. Não é

só o ministério da educação, do ministério da educação emanam-se todas as leis, tudo o que nós

aqui aplicamos e daí veem todos os condicionalismos, portanto.” (Matilde)

“A gente não sabe o que é que se passa... as coisas agora não vêm muito atempadamente,

por isso às vezes a gente é um bocado complicada, a parte principal dos comportamentos e

aproveitamentos e pronto a assiduidade é um bocado complicada muitas vezes, por causa disso.”

(Miguel)

“E neste momento, eu acho que os pais também se estão a desleixar da função, eu tenho

casos de pais que nunca vieram a uma reunião ainda este ano.” (Miguel)

“Acho que sim. Há fatores que... começo logo, um deles é o conselho de turma (risos), é

logo o primeiro, ... outro muitas vezes posso dizer que é a própria, da direção, não tem a ver

com a direção, mas com a logística …” (Miguel)

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

302

“…para fazer certa atividadezinha é preciso uma carrada de papéis…” (Miguel)

“… a gente tem uma canseira, uma trabalheira e depois disso ainda tem que ir repor as

aulas que faltou entre aspas,…” (Miguel)

“É assim, condicionar e limitar, condicionam sempre e limitam sempre, porque nós temos

um limite para tudo,…” (Mónica)

“… e depois há outros limites em termos emocionais, há colegas que não conseguem

separar as coisas, vivem de tal maneira os problemas dos meninos, que é importante, claro!,

mas nós se não tivermos um distanciamento mínimo, também nós nos deixamos ir a baixo, e se

nós também estivermos mal e desequilibrados isso vai refletir-se no nosso trabalho e não

ajudamos ninguém, e portanto tem de haver ali um ponto de equilíbrio, o saber lidar com todas

estas contrariedades ou problemas que nos surjam …” (Mónica)

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“… acho que deve ser algo integrado na formação de professores, não se pode apenas, eu

acho que sim as formações são ótimas, mas só vai quem quer, e neste caso estamos a dar ali

uma margem muito grande para muita gente não ir. Quando se faz uma ... ou quando se torna

uma parte curricular, do currículo, acho que é uma mais-valia, eu não gosto de usar esta palavra

mais-valia mas, mas acho que é uma riqueza, a nível pedagógico, enriquecedora, digo, que vai-

nos ajudar no futuro, que nós até pensamos assim “ah isto não vai me dizer nada, se calhar nem

vou ter direções de turma”, mas até para entender o colega que é o Diretor de Turma, e eu acho

que isto, mais do que uma formação tem que ser parte de um curso.” (Madalena)

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

303

“… sobretudo numa parte que eu acho que é extremamente importante que é a de gestão

de conflitos, a de gestão de tempo, enfim um conjunto aqui de diretrizes que nos consigam

ajudar a ser melhores pessoas, não é?, e sendo melhor pessoa, é-se necessariamente uma melhor

Diretora de Turma e uma melhor professora.” (Mafalda)

“Eu diria que não há necessidade de uma formação específica.” (Manuel)

“O que há necessidade é ter perfil para o cargo e conhecer as orientações escolares e as

suas funções e competências.” (Manuel)

“… mas acho que não há necessidade de uma necessidade específica, já que quem tem,

quem é profissional do ensino e tem uma formação pedagógica, não é?, …” (Manuel)

“Esta é uma pergunta interessante e simultaneamente difícil, porque de certeza que haverá

várias áreas ou domínios com necessidade de formação, mas agora assim … mas, sei lá … é

que as turmas são cada vez mais heterogéneas, não é? há cada vez mais problemáticas

diferenciadas em sala de aula, e a verdade é que nós temos que tentar fazer o nosso melhor com

todos.” (Mariana)

“… e eu estou convencida de que, como cada vez há mais alunos nessas circunstâncias,

essa formação deveria ser obrigatória e gratuita, inclusivamente, …” (Mariana)

“Sim, sem dúvida, aliás como eu iniciei, o Diretor de Turma, eu acho que não pode ser

qualquer pessoa um Diretor de Turma.” (Mário)

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

304

“Diretor de Turma de facto necessita de formação, isto é, ou a pessoa adquire de forma

natural com a experiência, que tem ao longo do tempo, e aí tem que fazer atualizações de

legislação, de outros projetos que eventualmente surjam, de outras situações, …” (Mário)

“Sim, o Diretor de Turma tem de ser um promotor de consensos, de complementaridade

de vontades e esse lado, é um lado que muitas vezes se pode aprender em formações de gestão

de conflitos, soluções criativas e flexibilização de perspetivas.” (Matias)

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

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“Mas confesso que há um desejo em mim que era realmente, acrescentar-se, sem dúvida

nenhuma, uma disciplina nas didáticas que nos preparasse um bocadinho mais para digamos

eventualmente cargos de direção de turma, de coordenação de departamento, de partes formais

que nunca são tidas em conta, parece que somos professores e que a escola funciona por si e

que há ali uma série de coisas que funcionam automaticamente ou que então outrora foram

protagonizadas por funcionários que não eram professores, pronto, eu acho que aí poderíamos

acrescentar riqueza à nossa formação, mas pronto, esse é o meu ponto de vista pessoal.”

(Madalena)

“Não devemos cristalizar e o que nós encontramos muitas vezes é pessoas cristalizadas

no seu pequeno microcosmos, não abrem mais horizontes e tratam todos por igual, ou seja, a

escola até ser integracionista funcionou de uma maneira, quando se tornou mais inclusiva as

pessoas continuam a tratar as pessoas da mesma maneira, ou seja, isto é um problema, porque

são efetivamente práticas completamente diferentes. E quando se torna uma escola inclusiva e

não se dá formação adequada às pessoas, estamos a tapar o sol com a peneira e estamos a chutar

para a frente.” (Madalena)

“…sobretudo numa parte que eu acho que é extremamente importante que é a de gestão

de conflitos, a de gestão de tempo, enfim um conjunto aqui de diretrizes que nos consigam

ajudar a ser melhores pessoas, não é?, e sendo melhor pessoa, é-se necessariamente uma melhor

Diretora de Turma e uma melhor professora.” (Mafalda)

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

306

“…é capaz de ser é também importante é ter alguma formação jurídica. Pessoas que não

tenham na sua, no seu plano de estudo, da sua formação a nível superior, a parte jurídica, devem

ter essa parte minimizada, não é?, e ter formação talvez nessa parte jurídica, como na parte

pedagógica não estou a ver.” (Manuel)

“Mas, por exemplo, a própria gestão emocional, eu penso que é uma necessidade, porque

eles são todos diferentes uns dos outros, com necessidades diferentes uns dos outros, por falar

em necessidades, cada vez há mais alunos com necessidades educativas especiais, se for preciso

numa turma há vários alunos com problemáticas diferenciadas …” (Mariana)

“…temos que encaminhá-los para a CPCJ e nós aí é uma fragilidade, porque muitas das

vezes não há uma transformação específica para isso, e eu penso que uma das grandes

fragilidades que ocorre com o Diretor de Turma é que devia haver uma formação específica

nesse sentido para os diretores de turma, eu sinto essa necessidade, neste momento, pronto, nós

sabemos o que é que temos de fazer e quando temos que fazer, só que muitas das vezes, o

processo vai e nós também devíamos ser conhecedores do que acontece, por exemplo, do que

está a acontecer, dos caminhos que podem ter os alunos, muitas das vezes se nós tivéssemos um

conhecimento mais profundo das consequências que daí advêm, provavelmente o Diretor de

Turma podia ser uma voz positiva no sentido de muitas das vezes não chegar ou não deixar

chegar os processos a esse patamar…” (Mário)

“E era na questão das próprias relações humanas, acho que são aspetos que são muito

importantes, porque vivemos numa geração que cada vez mais não deve ser, portanto,

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

307

mecanizada, nem numerada, as pessoas não são números, os alunos catalogá-los por números é

muito mau, e nós não devemos catalogá-los como números, mas devemos tê-los como pessoas,

não é mais um, não, e a pessoa tem a sua dignidade e esse aspeto muitas das vezes, falta aos

Diretor de Turma e alguns colegas, alguns professores vêm à escola como se viessem debitar

para alguém que lá está, se ele sabe, sabe, se soube, soube, se aprendeu, aprendeu e veem-nos

como números.” (Mário)

“Sim, o Diretor de Turma tem de ser um promotor de consensos, de complementaridade

de vontades e esse lado, é um lado que muitas vezes se pode aprender em formações de gestão

de conflitos, soluções criativas e flexibilização de perspetivas.” (Matias)

“Num meio profissional institucionalizado como é que se pode ser criativo perante

problemas quase irresolúveis. Creio ser estruturante apostar-se em formações de cariz

informático em Excel, Word, Powerpoint conhecer outras ferramentas de software, outras

ferramentas e dispositivos tecnológicos que nos possam ajudar a organizar informação, editar e

inclusivamente apresentar conteúdos. Aprender a gerir o saber informático e tecnológico e saber

aplica-lo em sala de aula, de forma cativante, tanto quanto esta geração assim o exige.” (Matias)

“A nível de formação apostaria ainda em formação em ensino especial e estratégias

diferenciadas em sala de aula perante grupos heterogéneos de forma a fazer com que a escola

consiga, dentro do possível dar uma resposta adequada às capacidades/necessidades de cada

aluno.” (Matias)

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

308

“… a nível de formação ainda há uma pequena questão, que é tudo o que é ensino especial

nunca mais acaba, no sentido de que somos todos diferentes e o ensino está formatado no sentido

de … a forma como é transmitido o conhecimento é muito pouco surpreendente…” (Matias)

“Na área da gestão da direção de turma, na gestão do grupo turma, eu acho que é

importante, nessas áreas específicas, especialmente estas duas são importantes …

principalmente nessas duas.” (Matilde)

“Eu acho que deviam ter uma formação, principalmente a parte de liderança de gestão

organizativa…” (Miguel)

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

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“… sobretudo numa parte que eu acho que é extremamente importante que é a de gestão

de conflitos, a de gestão de tempo, enfim um conjunto aqui de diretrizes que nos consigam

ajudar a ser melhores pessoas, não é?, e sendo melhor pessoa, é-se necessariamente uma melhor

Diretora de Turma e uma melhor professora.” (Mafalda)

“Num meio profissional institucionalizado como é que se pode ser criativo perante

problemas quase irresolúveis. Creio ser estruturante apostar-se em formações de cariz

informático em Excel, Word, Powerpoint conhecer outras ferramentas de software, outras

ferramentas e dispositivos tecnológicos que nos possam ajudar a organizar informação, editar e

inclusivamente apresentar conteúdos. Aprender a gerir o saber informático e tecnológico e saber

aplica-lo em sala de aula, de forma cativante, tanto quanto esta geração assim o exige.” (Matias)

“Na área da gestão da direção de turma, na gestão do grupo turma, eu acho que é

importante, nessas áreas específicas, especialmente estas duas são importantes …

principalmente nessas duas.” (Matilde)

“… sinto que, por causa dessa falta de formação, sinto que é necessário saber mais alguma

coisa acerca disso.” (Matilde)

“Eu no meu caso não necessito por causa da experiência, não é?” (Miguel)

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

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“Ou seja, eu acho que a figura do Diretor de Turma é uma figura que deve existir porque

é intermediária, é mediadora, é ela que estabelece a relação entre o Encarregados de Educação,

o aluno e também a escola, portanto é um triângulo para mim, é digamos alguém, e a

comunidade educativa, e os próprios colegas, portanto o conselho de turma ... e isto é muito

importante porquê?, porque somos muitos professores, a partir do segundo ciclo, aliás eu ou

professora de 2º, 3º e secundário acho que é importantíssimo, somos muitos com práticas

pedagógicas similares, mas com as suas particularidades, e se não houver alguém que articule

um bocadinho, que trace o perfil da turma e que articule com os pais algumas destas diversidades

também de certa forma esclareça algumas questões, tanto do conselho de turma, como também

da parte dos próprios pais, acho que se pode instalar um ruído na comunicação o que em nada

vai favorecer aqueles que nós mais queremos favorecer, que são os nossos alunos. Pronto,

basicamente é isto.” (Madalena)

“…eu enquanto Diretor de Turma faço-o, não é fácil por vezes porque encontramos

pouca permeabilidade, muita resistência de alguns colegas, especialmente às vezes colegas com

mais idade ou colegas com um perfil uma personalidade menos aberta à atividade à flexibilidade

e que, às vezes, veem em nós uma ameaça, isto é esquisito dizê-lo, mas é verdade, ou então

veem nas práticas novas mais um bocadinho de trabalho, e não está para isso, pronto isto há

imensas coisas, o que eu acho é que enquanto Diretor de Turma se temos que aceitar esse cargo

devemos fazê-lo com resiliência e portanto continuar e sermos efetivamente neste caso mesmo

sérios, e levar as coisas por diante, não estou a dizer com isto que vamos ultrapassar alguém ou

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

311

que sejamos incorretos, mas sermos insistentes e levarmos os objetivos que temos que levar até

ao fim e sermos profissionais, no fundo.” (Madalena)

“… resiliência, muita diplomacia, muita diplomacia, porque cada vez mais as pessoas

estão tendencialmente em relações de agressão e de resistência, acho que as pessoas muitas

vezes não reagem bem à mudança, e, portanto, acho que um Diretor de Turma tem que ser

resiliente, tem que ser diplomático, flexível, e mais que tudo lutar pelos seus alunos.”

(Madalena)

“Portanto, é diferente aquilo que é pedido a um Diretor de Turma de 12º, do que aquilo

que é pedido a um Diretor de Turma de 5º, e essa carga por exemplo, mais afetiva, mais emotiva

que se requer no caso de um 5º ano ou de um 6º, eu penso que nem todos os diretores possuem.”

(Mafalda)

“Acho que tem que ser um bom ouvinte, um bom comunicador, bom senso, sempre muito

bom senso, haver serenidade…” (Mafalda)

“…não dizer uma coisa hoje e depois dizer o contrário amanhã, mas também se for preciso

voltar atrás por alguma situação que ... acho que nós temos que o fazer, não é? ... é a humildade

que …” (Mafalda)

“O que há necessidade é ter perfil para o cargo e conhecer as orientações escolares e as

suas funções e competências.” (Manuel)

“Tem que ter capacidade de planeamento, de organização, de controlo nas suas funções.

Alguém que tem de ter capacidade de liderança, de motivação que seja produtiva, que conheça,

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

312

que conheça a legislação vigente, que tenha uma grande capacidade para resolver problemas,

problemas entre os alunos e a escola, entre todos os membros da comunidade escolar,

basicamente é isso, mas tem que ser alguém com perfil e alguém com capacidade de resolver

problemas, que não fique pelas meias tintas e que tenha um controlo o mais apertado possível

da situação. Porque quando não há um controlo apertado possível da situação, as coisas deixam

de funcionar, os alunos apercebem-se disso e isto é um caos total.” (Manuel)

“Mas, eu penso que um bom Diretor de Turma deverá ser de facto uma pessoa que seja

profissional, que seja competente, que saiba de facto o que está a fazer, mas que seja também

humano e que saiba ter uma questão de bom senso, porque nem sempre as nossas atuações

podem ser iguais, não é?, em situações diferenciadas. Acho que devemos …. é quase um

bocadinho como ser pai e mãe, é dar amor, mas também dar educação, não é?, é tentar

acompanhá-los, tentar perceber o que é que está a correr bem e o que é que está a correr menos

bem, ajudá-los, apoiá-los, sem qualquer tipo de dúvida, mas também exigir que cumpra o

mínimo dos mínimos, porque os alunos hoje em dia acham que só têm direitos e deveres nem

por isso, não é?. E, portanto, acho que um Diretor de Turma tem obrigatoriamente essa função,

de explicar que eles têm direitos, sim, mas também têm deveres e a partir do momento em que

acham que as regras não são para eles, é porque então estão na escola errada.” (Mariana)

“Mas é importante de facto haver o bom senso, e às vezes saber dar a mão e acompanhar,

porque cada vez mais aparecem-nos situações muito complicadas, familiarmente muito

complicadas, e muitas das vezes nós nem sabemos a maior parte dos pormenores.” (Mariana)

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

313

“É óbvio que para se ser Diretor de Turma, também, para além da componente legal que

temos que saber cumprir temos também que ter uma capacidade humana e nos tempos que

correm cada vez maior, não é?” (Mário)

“Os tempos também mudaram, mas também a própria relação, se quisermos, pedagógica

e afetiva, entre o professor, neste caso o Diretor de Turma e os alunos é de maior proximidade

do que era noutros tempos,” (Mário)

“…o Diretor de Turma tem que ter um perfil diverso, em termos da sua relação escolar.

Eu penso que o Diretor de Turma tem que ter uma resposta tripartida, isto é, com os órgãos de

gestão da própria escola, da direção, o próprio Conselho de Turma depois com os pais e com os

alunos.” (Mário)

“O diretor de turma é um mediador, alguém que tem de ter a capacidade de adequar cada

problemática a uma solução, agindo em conformidade com o Regulamento Interno da Escola e

com as normas de educação vigentes.” (Matias)

“A grande mais-valia do Diretor de Turma deve ser sempre a ponderação, a capacidade

de não reagir no imediato, porque a tendência quando as problemáticas são graves, é reagir ou

de forma impulsiva, limitada e retaliadora. Creio que esse sentido de ponderação tem a ver com

maturidade, com abertura de espírito, com uma sabedoria empírica de perceber para além

daquilo que está a ser dito ou para além do que se viu ou se comprovou.” (Matias)

“E a adequação só se tem quando há predisposição para nós próprios, muitas vezes, até

quebrarmos pequenas regras porque nem sempre a regra é a mais adequada para se assumir

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

314

como orientação para ação e isso é o que eu mais sinto que faz falta ao Diretor de Turma, que é

o lado de ser flexível, o lado de ser humilde, a humildade é fundamental, o lado de ser capaz de

não personalizar questões até muitas vezes de falhas da própria direção de turma e conseguir

transformar uma problemática em conhecimento.” (Matias)

“…acho que a flexibilidade, ponderação, humildade e adequação são as características-

palavras-chave para realizarmos um bom trabalho de direção de turma.” (Matias)

“O Diretor de Turma ideal para aquela turma e eu não sei o que é o perfil de um Diretor

de Turma, é alguém que seja capaz de gerir esta coisa toda entre pais, professores, alunos e que

seja capaz de estabelecer este diálogo de uma forma genial, não sei como é que se define um

perfil de um Diretor de Turma.” (Matilde)

“Há professores que nem todos têm perfil para isto…” (Miguel)

“Honesto, primeira coisa porque a honestidade com os alunos é muito importante em

relação a este aspeto.” (Miguel)

“Uma pessoa calma... que não seja uma pessoa muito stressada, …” (Miguel)

“Tem que ser uma pessoa firme também, estou a falar de aspetos de firmeza. Tem que ser

um bocado líder, tem que ter uma veia de líder... isto é tudo ligado muito à área da gestão, …”

(Miguel)

“… ao fim de contas o Diretor de Turma é o gestor, é o gestor de uma turma, é o gestor

de recursos humanos, de professores e alunos, é um gestor administrativo, só lhe falta ser gestor

APÊNDICE F –

Análise de conteúdo das entrevistas

315

financeiro, e muitas vezes também é por causa das visitas de estudo, por isso o perfil mesmo é

de um gestor, além de professor...” (Miguel)

“Um Diretor de Turma sobretudo tem de gostar de ser Diretor de Turma…” (Mónica)

“… um Diretor de Turma não pode sentir-se constrangido com a presença dos pais, não

pode ter medo de admitir que há alguma falha por parte da escola, porque acontece, somos

humanos as falhas acontecem sempre, só quem não trabalha é que não comete erros, portanto

um Diretor de Turma tem de ter a sensibilidade de reconhecer um eventual erro, …” (Mónica)

“… saber transmitir isso aos pais, também desmontar digamos esta raiva ou agressividade

…” (Mónica)

“… portanto acho que em primeiro lugar é o Diretor de Turma que tem que ter gosto

naquilo que faz, porque os miúdos reparam nisso, os miúdos percebem quando nós não

gostamos do cargo que temos, ou não gostamos da turma ou não gostamos do que estamos a

fazer, portanto tem que ser autêntico, tem de ser genuíno, a maior parte dos professores gosta,

…” (Mónica)

APÊNDICE G –

Validação das entrevistas

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VALIDAÇÃO ENTREVISTA MATILDE

No dia 21 de julho de 2017 às 14:45, Anabela Val <[email protected]> escreveu:

“Marília,

quando puderes, lê a transcrição da entrevista e diz de tua justiça se está tudo ok.

Se quiseres acrescentar ou retirar algo, é só dizeres.

Preciso apenas que me respondas por mail, dizendo que a transcrição da entrevista está de

acordo com as respostas que deste e que nada foi alterado.

Obrigada.”

No dia 30 de julho de 2017 às 14:41, Marília Poeiras <[email protected]> escreveu:

Estimada Anabela,

a transcrição da entrevista está de acordo com as respostas que eu dei e nada foi alterado

relativamente ao conteúdo das mesmas.

Um beijinho,

Marília Poeiras

VALIDAÇÃO ENTREVISTA MAFALDA

No dia 24 de agosto de 2017 às 16:06, Anabela Val <[email protected]> escreveu:

Olá Maria João,

desculpa chatear outra vez, espero que esteja tudo bem e que as férias estejam a ser ótimas!

Quando puderes, lê a transcrição da entrevista e diz de tua justiça se está tudo ok.

Se quiseres acrescentar ou retirar algo, é só dizeres.

Preciso apenas que me respondas por mail, dizendo que a transcrição da entrevista está de

acordo com as respostas que deste e que nada foi alterado.

Obrigada.

Beijinhos e continuação de boas férias,

--

Anabela Val

No dia 30 de agosto de 2017 às 16:47, <[email protected]> escreveu:

Olá Anabela,

Desculpa só agora responder mas só ontem cheguei de viagem. Final de férias!!! É claro que

concordo com o que transcreveste. Está ótimo. Espero os maiores sucessos para este novo ano

letivo! Caso necessites de mais alguma coisa...avisa.

Beijocas e continuação de boas férias!

No dia 30 de agosto de 2017 às 16:49, Anabela Val <[email protected]> escreveu:

Muito obrigada!!!

Desejo um excelente regresso e um ótimo ano letivo, repleto de sucessos!!!

Beijinhos

APÊNDICE G –

Validação das entrevistas

317

VALIDAÇÃO ENTREVISTA MÓNICA

No dia 24/08/2017, às 04:50, Anabela Val <[email protected]> escreveu:

Olá Alexandra, desculpa chatear outra vez, espero que esteja tudo bem e que as férias estejam a ser ótimas!

Quando puderes, lê a transcrição da entrevista e diz de tua justiça se está tudo ok.

Se quiseres acrescentar ou retirar algo, é só dizeres.

Preciso apenas que me respondas por mail, dizendo que a transcrição da entrevista está de acordo com as respostas que

deste e que nada foi alterado.

Obrigada.

Beijinhos e continuação de boas férias,

No dia 31/08/2017, a Alexandra respondeu

Olá minha linda!

As minhas desculpas, em primeiro lugar, por só responder ao teu email agora. Estou fora e o

acesso à internet é uma trabalheira...

De qualquer modo, a transcrição está perfect, como não poderia deixar de ser...

Não tens de agradecer Se for necessário algo mais, conta comigo a partir da próxima

semana.

Um beijinho e continuação de bom trabalho

Ps Depois vai dando notícias para eu saber como tudo correu

Enviado do meu iPad

APÊNDICE G –

Validação das entrevistas

318

VALIDAÇÃO ENTREVISTA MATIAS

No dia 24 de agosto de 2017 às 12:09, Anabela Val <[email protected]> escreveu:

Olá Ricardo, desculpa chatear outra vez, espero que esteja tudo bem e que as férias estejam a ser

ótimas!

Quando puderes, lê a transcrição da entrevista e diz de tua justiça se está tudo ok.

Se quiseres acrescentar ou retirar algo, é só dizeres.

Preciso apenas que me respondas por mail, dizendo que a transcrição da entrevista está de

acordo com as respostas que deste e que nada foi alterado.

Obrigada.

Beijinhos e até para a semana,

No dia 31 de agosto de 2017 às 11:32, Ricardo Gageiro <[email protected]> escreveu:

Bom dia,

gostei muito deste trabalho.

fez-me refletir.

Dei consistência e clarifiquei o discurso.

Beijinho.

Bom trabalho,

Ricardo Gageiro

APÊNDICE G –

Validação das entrevistas

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VALIDAÇÃO ENTREVISTA MADALENA

---------- Mensagem encaminhada ----------

De: Anabela Val <[email protected]>

Data: 24 de agosto de 2017 às 16:19

Assunto: Transcrição da entrevista - Anabela

Para: Anabela Escobar <[email protected]>

Olá Anabela,

desculpa chatear outra vez, espero que esteja tudo bem e que as férias estejam a ser ótimas!

Quando puderes, lê a transcrição da entrevista e diz de tua justiça se está tudo ok.

Se quiseres acrescentar ou retirar algo, é só dizeres.

Preciso apenas que me respondas por mail, dizendo que a transcrição da entrevista está de

acordo com as respostas que deste e que nada foi alterado.

Obrigada.

Beijinhos e continuação de boas férias,

--

Anabela Val

No dia 5 de setembro de 2017 às 13:22, Anabela Escobar [email protected]

escreveu:

Cara Anabela,

a transcrição da entrevista está em conformidade.

Continuação de bom trabalho,

Anabela Escobar