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INFORMAÇÕES AO LEITOR: ESSE É UM TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DATADA EM OUTUBRO DE 2010. PORTANTO ALGUNS LINKS E CITAÇÕES PODEM ESTAR DESATUALIZADOS. CASO TENHA INTERESSE EM ADQUIRIR NA INTEGRA AS ENTREVISTAS CONCEDIDAS PELOS TRES PROFISSIONAIS CITADOS NA OBRA, BASTA ENTRAR EM CONTATO COM OS MESMOS PELO ENDEREÇO ELETRÔNICO. ESTA OBRA FOI REGISTRADA PELA BIBLIOTECA NACIONAL

O trabalho de conclusão de curso - * PSICOLOGIA FINANCEIRA · renomados, tais como os de Eduardo Gianete, Clara Regina Rappaport, Sigmund, Freud. Elisabeth Polity, Jacob Needleman,

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INFORMAÇÕES AO LEITOR:

ESSE É UM TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DATADA EM OUTUBRO DE 2010. PORTANTO ALGUNS LINKS E CITAÇÕES

PODEM ESTAR DESATUALIZADOS.

CASO TENHA INTERESSE EM ADQUIRIR NA INTEGRA AS ENTREVISTAS CONCEDIDAS PELOS TRES PROFISSIONAIS CITADOS NA OBRA, BASTA ENTRAR EM CONTATO COM OS

MESMOS PELO ENDEREÇO ELETRÔNICO.

ESTA OBRA FOI REGISTRADA PELA BIBLIOTECA NACIONAL

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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI

PATRICIA DE REZENDE CHEDID SIMÃO

A APRENDIZAGEM EM EDUCAÇÃO FINANCEIRA: Diagnóstico Prevenção e Intervenção Psicopedagógica

São Paulo 2010

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PATRÍCIA DE REZENDE CHEDID SIMÃO

A APRENDIZAGEM EM EDUCAÇÃO FINANCEIRA: Diagnóstico, Prevenção e Intervenção Psicopedagógica

Trabalho apresentado e aprovado, como exigência parcial para a Pós Graduação da Especialização em Psicopedagogia da Universidade Anhembi Morumbi, sob a orientação da Professora Drª Maria Elisa Mattos Pires Ferreira.

São Paulo 2010

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DEDICATÓRIA

Dedico

esse trabalho a meu Sobrinho

João Vitor que inicia seus

primeiros passos em sua

Aprendizagem na Educação

Financeira e em especial a meu

Pai, Paulo Chedid Simão (in

memoriam), que sempre soube

nos passar o verdadeiro valor e

lugar do dinheiro, sem deixar

que o mesmo ocupasse a frente

de nossas Vidas.

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AGRADECIMENTOS

A meus pais, meu irmão e sua

familia que sempre acreditaram neste

projeto;

a minha orientadora Maria

Elisa, sem a qual não seria possivel a

realização deste trabalho; aos meus

colegas de curso;

às amigas e aos amigos de quem sempre

recebi incentivo; a Universidade e a todas as

professoras com quem estive caminhando

nesses dezoito meses;

a todos os profissionais da Educação e

Consultoria Financeira que me dividiram

suas experiências nesse novo campo;

a meus clientes, por me confiarem suas

histórias e sem as quais eu não chagaria onde

estou e em especial a minha querida amiga

Vera (in memoriam) por ter sempre me

incentivado na

arte de escrever.

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EDUCAÇÃO FINANCEIRA:

Diagnóstico, Prevenção e Intervenção Psicopedagógica

Patrícia de Rezende C.Simão

"A partir de um certo ponto, o dinheiro deixa de ser o objetivo. O interessante é o jogo." (Aristóteles Onassis)

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RESUMO

A presente monografia aborda a atuação do Psicopedagogo junto a Educação

Financeira dentro da realidade econômica em que vivemos. O trabalho se justifica

tendo em vista a impossibilidade dos Cursos em Educação Financeira por si só

atingirem os aspectos cognitivos, afetivos e socioculturais envolvidos nesta

aprendizagem. Por meio de entrevistas, leituras de textos, depoimentos e trabalho

junto a grupos constatou-se a necessidade de um profissional especializado no

comportamento humano, uma vez que atitudes financeiras podem sugerir uma

demonstração da psique. Isso explicaria os problemas de ordem sócio-econômica os

quais vêm tendo um aumento significativo mundialmente e, assim, o papel do

psicopedagogo seria o de orientar e conscientizar a forma como o individuo aprende

a se utilizar do dinheiro e os significados do mesmo em sua vida, possibilitando-lhe,

dessa forma, vir a se desenvolver nos aspectos nos quais ainda se encontra em

defasagem.

Palavras-Chave: Psicopedagogia. Educação Financeira. Aprendizagem.

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ABSTRACT

This project will address the psychopedagogist next to Financial Education within the

economic reality in which we live. The work is warranted in view of the impossibility of

courses in Financial Education alone achieve the cognitive aspects of human and

sociocultural involved in learning. Through interviews, readings of texts, testimonies

and work with the groups noted the need for a professional specializing in human

behavior, since financial attitudes may suggest a demonstration of the psyche. This

clarifying the socio economic problems that come with a significant increase in

worldwide and thus the role of psychopedagogist would guide and educate how

individual learns if use of money and the meanings of the same in your life, enabling

him thus likely to develop on aspects in which is still in gap.

Keywords: Psychopedagogy. Financial Education. Learning.

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SUMÁRIO:

INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................10

CAPITULO 1: EDUCAÇÃO FINANCEIRA...........................................................................................13

1.1 UM BREVE HISTÓRICO ...................................................................................................................13

1.2 O Educador Financeiro no Brasil ...................................................................................................18

1.3 Sucessos e Desafios .....................................................................................................................24

CAPITULO 2 : O DINHEIRO E SEUS PAPEIS ......................................................................................28

2.1 DAS CONCHAS AO MUNDO VIRTUAL...................................................................................................28

2.2 Significados e Valores...................................................................................................................29

CAPITULO3: A ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO.............................................................................33

3.1 A Psicopedagogia ...........................................................................................................................33

3.2: Da Psicologia para a Psicopedagogia ...........................................................................................35

3.3: A atuação do psicopedagogo........................................................................................................41

3.3.1. Bibliografia utilizada ...................................................................................................41

3.3.2 O Perfil do paciente.....................................................................................................42

3.3.3 Estudo de caso............................................................................................................45

CAPITULO IV:CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................................51

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS .....................................................................................................55

LEITURAS COMPLEMENTARES ........................................................................................................57

SITES RELACIONADOS.......................................................................................................................59

VIDEOS RELACIONADOS....................................................................................................................61

ANEXOS................................................................................................................................................62

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INTRODUÇÃO

A presente Monografia tem como tema Aprendizagem em Educação Financeira e

toma por base o estágio que, como estudante do curso de Psicopedagogia, realizei

numa Empresa situada na cidade de São Paulo cuja missão consiste em levar para

as Organizações uma Consultoria de Alto Nivel. A realização do estágio foi voltada a

um tema para o qual eu já tinha sido despertada: a dificuldade que alguns alunos

têm em aplicar o que é ensinado nos Cursos e a falta de preparo dos profissionais

para lidar com essas dificuldades; por essa razão, decidi-me por realizar a

monografia de final de curso tendo por objeto de estudo as Dificuldades de

Aprendizagem em Educação Financeira.

Normalmente, quando falamos em finanças pessoais, o primeiro pensamento que

nos vêm à mente é o Dinheiro. Baseada em trabalhos já publicados de autores

renomados, tais como os de Eduardo Gianete, Clara Regina Rappaport, Sigmund,

Freud. Elisabeth Polity, Jacob Needleman, e Jack Weatherford, que mencionarei

mais adiante, sinto-me segura para afirmar que a nossa forma de lidar com o

dinheiro reflete nossos valores, conflitos e personalidade; assim, arrisco dizer que

algumas das dificuldades mais enfrentadas hoje pelos Economistas e Educadores

Financeiros — ganho escasso, dívidas e descontrole do impulso em comprar — não

passam de sintomas, de obstáculos de outra ordem, pertinentes ao campo da

Psicopedagogia, como procurarei demonstrar. Dentre os fatores que muito

interferem nessa relação estão as questões familiares como, por exemplo, as

expectativas que os pais colocam nos filhos mesmo antes de nascerem. É muito

relevante que ao tratarmos da educação financeira nos voltemos também para os

aspectos culturais que envolvem o mesmo objeto a partir de diferentes aspectos; o

modo como percebemos as questões financeiras, sem dúvida, nos é passado

inicialmente por meio da educação que recebemos em nossa família. Portanto, neste

trabalho, meu objetivo principal é abordar as dificuldades da aprendizagem

financeira, incluindo os aspectos do ganhar, do investir e do gastar, tendo como

suporte as teorias adotadas pela Psicopedagogia. Espero, com isto, trazer

informações atuais e úteis aos que se dedicam a essa área do conhecimento, para

que possam refletir a respeito dos problemas que assolam a nossa realidade social,

econômica e educacional.

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A minha experiência de mais de dez anos como Psicóloga e Orientadora Financeira

permite-me levantar a seguinte hipótese: "As dificuldades de Aprendizagem em

Educação Financeira podem ser vistas como qualquer outra dificuldade de

aprendizagem, envolvendo os aspectos, cognitivos, afetivos e socio-culturais.”

Além disso, também me sinto autorizada a afirmar, pela experiência que adquiri

nesse campo do saber e pelos cursos que já realizei, que avançar na direção da

superação dos problemas de aprendizagem em Educação Financeira exige

mudanças de hábitos, mas, para isso ocorrer é necessária a Conscientização a

respeito das questões envolvidas com as dificuldades apresentadas. É nesse

momento, então, que entra o Profissional em Psicopedagogia, o qual, empregando

ferramentas específicas dessa área do saber, pode levar o sujeito a compreender

sua forma de apreender o mundo e, consequentemente, as finanças.

Os estudos relativos à Aprendizagem em Educação Financeira são bastante

recentes, por isso ainda é difícil de encontrarmos material específico sobre o

assunto. Diante dessa dificuldade, foi preciso que eu atuasse no estágio

experimentando e organizando os pontos dessa proposta que considero básicos e

que serão apresentados nesta monografia. Além disso, para completar esse

trabalho, realizei entrevistas com três profissionais que puderam contribuir trazendo

relato de suas experiencias profissionais e pessoais, sejam como Educadores

Financeiros, ou como Economista de Formação: Andréa Voute, José Codo Neto, e

Maurício Galhardo.

A organização do texto monográfico segue a seguinte lógica: são apresentados

quatro capítulos que buscam fazer o leitor entender a ligação que estabeleço entre

Educação Financeira – Dinheiro – Psicopedagogia:

Capitulo I: Educação Financeira;

Capitulo II: O Dinheiro e seus papeis

Capitulo III: Atuação do Psicopedagogo

Capitulo IV: Considerações Finais

Quanto à Metodologia empregada, trata-se de uma pesquisa qualitativa, cujos

instrumentos principais foram a observação realizada no estágio e em atendimentos

anteriores ao mesmo e os estudos teóricos baseados em autores das diferentes

áreas abordadas. Para a Psicopedagogia tomei como base as obras de Alícia

Fernadez e Jorge Visca, para a Psicanálise, as de Sigmound Freud e tambem me

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apoiei na Psicoterapia Cognitiva de Aron Beck. Para aqueles que se interessarem

em aprofundar seu conhecimento no tema, coloco ao final do trabalho as obras

desses autores bem como outras fontes que consultei, alem de sugestões para

leituras.

Encerrando o texto, apresento minhas considerações finais com questionamentos

para melhor pensarmos sobre o papel de todos os educadores e profissionais que

hoje se envolvem no processo de Aprendizagem Financeira. Educar

Financeiramente, será só uma questão de matemática?

Assim, espero ter conseguido passar aos leitores a proposta deste trabalho e desejo

que a mesma possa efetivamente contribuir de alguma forma para com a

Psicopedagogia.

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CAPITULO I: EDUCAÇÃO FINANCEIRA

Como a proposta desta monografia consiste em abordar a atuação do

psicopedagogo em Educação Financeira, e por ser esse um novo campo de

trabalho, acreditei ser de interesse comentar antes de qualquer coisa um pouco a

respeito dos cursos de finanças. Assim, nesse primeiro capítulo farei um breve

histórico deles, sua importância e desde quando passaram a existir no Brasil; num

segundo momento, apresentarei o perfil dos alunos e dos nossos educadores

financeiros, suas formações e preparo. Para finalizar, os resultados obtidos e as

dificuldades ainda encontradas.

1.1 EDUCAÇÃO FINANCEIRA: BREVE HISTÓRICO

A Educação Financeira no Brasil é recente, não temos data especifica de quando

surgiu, mas, a julgar pelos trabalhos publicados, arriscaria dizer que é uma

preocupação de pouco mais de uma década, no entanto vem repercutindo de tal

modo que em 2004 já existia o projeto de lei para que fosse incluída como

componente curricular obrigatório nas escolas de Ensino Fundamental e Médio em

nível nacional:

O ilustre Deputado Lobbe Neto propõe a criação da disciplina Educação financeira a ser introduzida nos currículos das últimas quatro séries do ensino fundamental e no ensino médio. Argumenta, o ilustre proponente, sobre a responsabilidade da educação básica na formação do aluno para o exercício da cidadania em consonância com as demandas da sociedade.

1

Fato esse que faz com que tenhamos muito a ganhar uma vez que uma disciplina

como esta poderá contribuir para que os consumidores se tornem mais

1 PROJETO DE LEI Nº 3.401-A, DE 2004 (Do Deputado Federal Lobbe Neto, PSDB/SP). BRASIL, DIÁRIO

DA CÂMARA DOS DEPUTADOS. ANO LXI - Nº 103 – 13. jun. 2006 - BRASILIA-DF, p. 29981.

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cientes de seus atos. É o que defendem vários estudiosos da área, inclusive

organismos internacionais como a OCDE2:

Educação financeira sempre foi importante aos consumidores, para auxiliá-los a orçar e gerir a sua renda, a poupar e investir, e a evitar que se tornem vítimas de fraudes. No entanto, sua crescente relevância nos últimos anos vem ocorrendo em decorrência do desenvolvimento dos mercados financeiros, e das mudanças demográficas, econômicas e políticas. (OCDE, 2004:223, apud SAVOIA ET alii, 2007, p. 1122)

Segundo Savoia e colegas,

Na sociedade contemporânea, os indivíduos precisam dominar um conjunto amplo de propriedades formais que proporcione uma compreensão lógica e sem falhas das forças que influenciam o ambiente e as suas relações com os demais. O domínio de parte dessas propriedades é adquirido por meio da educação financeira, entendida como um processo de transmissão de conhecimento que permite o desenvolvimento de habilidades nos indivíduos, para que eles possam tomar decisões fundamentadas e seguras, melhorando o gerenciamento de suas finanças pessoais. Quando aprimoram tais capacidades, os indivíduos tornam-se mais integrados à sociedade e mais atuantes no âmbito financeiro, ampliando o seu bem-estar. (2007, p. 1122)

A educação financeira então passa a ser importante até mesmo para integrar o

individuo a sociedade, no entanto as mudanças economicas inclusive tecnologicas

se tornam tão complexas às vezes podendo vir a dificultar no momento de decisões

financeiras.

Mudanças tecnológicas, regulatórias e econômicas elevaram a complexidade dos serviços financeiros. Mas a insuficiência de conhecimento sobre o assunto, por parte da população, compromete as decisões financeiras cotidianas dos indivíduos e das famílias, produzindo resultados inferiores ao desejado. (SAVOIA ET alii, 2007, p. 1122-23)

Posição também a ser considerada é a de Cássia D´Aquino3. Segundo essa

educadora, assim como o ensino a respeito da Educação Financeira ainda falta nas

escolas brasileiras, também não é habito nacional tratar dele no espaço familiar,

exceção feita a algumas famílias de origem estrangeira, originárias de países

desenvolvidos. De acordo em ela,

2 OCDE: sigla da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, que é uma organização

internacional e intergovernamental que agrupa os países mais industrializados da economia do mercado. Tem sua

sede em Paris, França. Na OCDE, os representantes dos países membros se reúnem para trocar informações e

definir políticas com o objetivo de maximizar o crescimento econômico e o desenvolvimento dos países

membros. [Cf. Controladoria Geral da União, CGU; informação disponível em:

http://www.cgu.gov.br/ocde/sobre/index.asp. Acesso em 10.08.2010].

3 Educadora com especialização em crianças, autora de artigos e livros sobre Educação Financeira, criadora e

coordenadora do Programa de Educação Financeira em inúmeras escolas do País e, também, representante do

Brasil no Global Financial Education Program (iniciativa voltada para o desenvolvimento da educação

financeira da população de baixa renda em todo o mundo), além de assessora de diversas instituições, dentre as

quais se destaca o Banco Central.

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A Educação Financeira nos países desenvolvidos tradicionalmente cabe às famílias. Às escolas fica reservada a função de reforçar a formação que o aluno adquire em casa. No Brasil, infelizmente, a Educação Financeira não é parte do universo educacional familiar. Tampouco escolar. (D´AQUINO, s.d., s.p.)

4

A verdade é que falar em Educação Financeira no Brasil tem tomado tal proporção

que até as Instituições Financeiras, sempre apostando na oferta de créditos, hoje

orientam o público e seus funcionários sobre a forma correta de utilização da

mesma, além dos incentivos para os investimentos do mercado (na maior parte das

vezes são cursos on-line).

Um exemplo dessas instituições é “O Dinheirama”, empresa especializada em

Educação Financeira que, por meio de ações estruturadas, busca aprimorar o grau

de informação econômica tanto de cidadãos quanto de organizações. O trabalho que

ela desenvolve visa basicamente difundir conhecimentos que possibilitem às

pessoas ampliarem suas capacidades de gerirem suas finanças pessoais. No blog

dessa empresa podemos ler:

[...] de uns tempos para cá é comum notar diversos materiais sobre educação financeira sendo criados e patrocinados por grandes bancos brasileiros. Cartilhas, campanhas publicitárias (on e off-line), material para download, palestras com consultores renomados, simuladores e planilhas são alguns exemplos facilmente encontrados em agências e sites de bancos na Internet.

5

A própria Bolsa de Valores de São Paulo, BMFBovespa, é uma das pioneiras na

matéria. Ainda a antiga BOVESPA, em 1989, criou o Educacional Bovespa6 que

oferece hoje desde cursos gratuitos sobre Finanças Pessoais, Mercado de Ações, O

Bovespa Vai Até Você e, mais recentemente, em parceria com a TV Cultura, um

programa especializado no assunto, a TV Educação Financeira7, apresentado pela

Jornalista Denise Chahestian.

Suas ações buscam, além de mostrar a importância das Bolsas de Valores para a economia do país, transmitir conceitos básicos de economia, como hábitos de poupança, formas de

4 D´AQUINO, Cássia. E o que é a Educação Financeira?. s.d. Disponivel em

http://www.educacaofinanceira.com.br/conteudo.asp?inicio=SIM&id_area=3. Acessado em: 09.ago.2010.

5 Disponivel em: http://dinheirama.com/blog/2009/03/16/os-bancos-e-suas-campanhas-de-educacao-financeira/.

Acessado em: 09.ago. 2010.

6Educacional BM&Fbovespa . Cursos Online e Presenciais

http://www.bmfbovespa.com.br/pt-br/educacional/cursos/cursos.aspx?idioma=pt-br

7 http://www.tveducacaofinanceira.com.br/

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investimento e como as empresas podem financiar seus projetos de crescimento por meio do mercado de capitais.

8

A verdade é que tem crescido consideravelmente o número de cursos em Educação

Financeira, sejam através de Instituições já de renome, de literatura auto-ajuda ou

de empresas e profissionais que se apresentam como especializados no assunto.

Os cursos são oferecidos desde o público infantil até mesmo para a chamada

Terceira Idade.

“A terceira idade tem características peculiares. Por isso, precisam procurar orientações específicas para as finanças", diz Marcos Silvestre, economista e coordenador do Centro de Estudos de Finanças Pessoais & Empreendedorismo. A principal peculiaridade de quem já vive a aposentadoria, segundo Silvestre, é a renda mensal. "Não há incremento de renda, tampouco a expectativa de haver um aumento significativo ou coisas desse tipo, afirma.

9

Assim, não encontro uma data exata de quando a Educação Financeira surgiu no

Brasil, nem mesmo quando surgiram trabalhos científicos sobre ela; não ousaria

dizer que tudo não passa de modismo, mas a verdade é que se houve em algum

momento oportunismo ou não por parte dos muitos que a oferecem, a Educação

Financeira se faz essencial para que sejamos menos lubridiados e manipulados pelo

poder que o mercado de consumo associado à ilusão que o crédito fácil exerce

ainda hoje. Por isso, se bem orientado, é possível que o público se deixe levar

menos por ações impensadas quando o assunto envolve decisões financeiras ou, se

o fizer, estará mais ciente das possíveis conseqüências das decisões que tomarem.

Junto a tudo isso, é fato que necessitamos urgentemente mudar nossa forma de

consumir, uma vez que nossas opções colocam em risco a vida no planeta. Em uma

palestra,10 Fritjof Capra baseado em seu livro As Conexões Ocultas: Ciência para

uma Vida Sustentável11, alertou sobre esses riscos mostrando a necessidade de

uma mudança radical em nossos habitos.

8 Informações obtidas no site www.Financenter.com.br, de propriedade da BML Serviços Financeiros Ltda.,

empresa independente, sem nenhum vínculo com qualquer Instituição do mercado financeiro. Disponível em:

http://www.financenter.com.br/Index.cfm/Fuseaction/Secao/Id_Secao/2150. Acessado em: 10.08.2010.

9 SCRIVANO, Roberta. Cresce interesse da 3ª idade por cursos de Educação Financeira. O Estado de São

Paulo. Caderno Economia & Negócios. Versão online. 21/06/ 2010. Disponível em:

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100621/not_imp569558,0.php. Acessado em: 10.ago.2010.

10 Palestra realizada no Fórum Ambiental promovido pela Petrobrás nos dias 06, 07 e 08 de agosto, em Aracaju.

O evento ocorreu no Hotel Parque dos Coqueiros e reuniu cerca de 1000 participantes. Fonte: Balaio de Notícias.

Webjornal - Quinzenal - Edição 36 - Aracaju, 17 e 24 de agosto de 2003. Disponível em:

http://www.sergipe.com.br/balaiodenoticias/entrevistaj36.htm. Acessado em: 16.ago.2010.

11 CAPRA, Fritjof. As conexões ocultas: ciência para uma vida sustentável. São Paulo: Cultrix. 2002.

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Nos últimos anos, o impacto social e ecológico da globalização vem sendo discutido extensivamente por acadêmicos e lideres comunitários. Suas análises demonstram que a nova economia está produzindo uma resultante de conseqüências interligadas e de conseqüências danosas — aumentando a desigualdade social e a exclusão social, um colapso da democracia, deterioração mais rápida e abrangente do ambiente natural e ascensão da pobreza e alienação. O novo capitalismo global ameaça e destrói as comunidades locais por todo o globo; e amparado em conceitos de uma biotecnologia deletéria, invadiu a santidade da vida ao tentar mudar diversidade em monocultura, ecologia em engenharia, e a própria vida numa commodity.

12

Então, ao que tudo indica, educar financeiramente passa a ser imprescindível para

uma Economia Sustentável, deixando de ser apenas de interesse do público em

geral, mas uma obrigação política-econômica e social. O autor ainda afirma:

Nós temos que repassar para os nossos filhos os fatos fundamentais da vida: que a sobra abandonada por uma espécie é alimento para outra; que a matéria circula de forma contínua através da teia da vida, que a energia que promove os ciclos ecológicos fluem do sol; que a diversidade assegura flexibilidade, que a vida desde seus primórdios, mais de três bilhões de anos atrás, não assumiu o planeta através do combate, mas através de redes de trabalho integrado. Ecoalfabetização é o primeiro passo na estrada da sustentabilidade. O segundo passo é movimentar se da ecoalfabetização para o ecoplanejamento (ecodesign). (CAPRA, 2003, p. 6)

13

(...) Concluindo, eu gostaria de enfatizar que a transição para um futuro sustentável, não mais configura um problema técnico ou conceitual. É um problema de valores e de empenho político. Conforme sempre afirmo, “um outro mundo é possível. (CAPRA, 2003, p. 9)

14

Finalizando, minha experiência profissional tem me mostrado que, quase sempre,

quando falamos em Educação Financeira, a primeira coisa que vem a nossa mente

é o dinheiro. E o que é o dinheiro? Qual a função dele em nossas vidas? As

jornalistas Heloisa Campos e Maria Fernanda Vomero, autoras do artigo O Fetiche

do Dinheiro, Matéria publicada na revista Emoção & Inteligência15, conversam com

diversos especialistas da aréa buscando razões que mostrem para o público a

seguinte afirmação de abertura da materia:

No seu relacionamento com a grana existe uma rede intricada de emoções e neuroses, na

qual as moedas assumem simbolismos que você nem imagina. Então ter consciência disso

pode levar mesmo pessoas inteligentes a fazer burradas. (CAMPOS; VOMERO, 2002, p.1)

12 CAPRA, F. AS CONEXÕES OCULTAS. São Paulo: IDESA. 11 de Agosto de 2003. p. 6. Disponível em:

http://www.slideshare.net/ecaniso/as-conexoes-ocultas. Acesso em: 16. ago.2010.

13 CAPRA, F. AS CONEXÕES OCULTAS. São Paulo: IDESA. 11 de Agosto de 2003. p. 9. Disponível em:

http://www.slideshare.net/ecaniso/as-conexoes-ocultas. Acesso em: 16. ago.2010.

14 Idem. Ibidem. p.12.

15 CAMPOS, Heloisa; VOMERO, Maria Fernanda. O Fetiche do Dinheiro. Revista Emoção & Inteligência.

São Paulo: Abril. Dezembro de 2000.

Disponível em: http://www.gestori.com.br/website/diversos/psicologia/o_fetiche_do_dinheiro.pdf. Acessado em:

16.ago.2010.

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Se isso for verdade podemos dizer então que para aprender finanças pessoais é

preciso mais do que compreensão racional. Eu diria até que é um conjunto em que

inteligência e raciocínio matemático pouco adiantam, aprender finanças é muito mais

uma questão comportamental, tem início em casa e envolve os aspectos de ordem

emocional, social e cultural.

Com tudo isso, a responsabilidade dos hoje conhecidos como Educadores

Financeiros, passa a ser maior; só interessa saber, agora, quem são eles e se estão

preparados para isso, se sabem de fato em que significados tocam. Hoje, os cursos

falam muito em hábitos a serem desenvolvidos, gastar menos do que se ganha e

poupar, mas no que isso implicaria dentro de um contexto cultural, social e psíquico

na vida de cada indivíduo? É o que apresento na continuidade desta leitura.

1.2 O EDUCADOR FINANCEIRO NO BRASIL

Quem são nossos educadores financeiros, uma vez que sabemos ser A Educação

Financeira ainda um ensino novo e informal? Quando procuramos sobre o assunto

encontramos muitos cursos, mas estariam seus instrutores preparados para realizá-

los? Teriam eles tido fundamentação suficiente nesse campo em sua formação

profissional?

Por ainda ser uma área nova no Brasil e mesmo em outros países, os instrutores

que vejo atuarem em finanças pessoais parecem surgir de dois segmentos. O

primeiro segmento diz respeito àqueles que tiveram esse ensino de maneira informal

em suas vidas, conhecimento passado pelas poucas famílias que cultivam esse

hábito ou, então, adquirido por interesse próprio pelo assunto. Especializando-se

nele, hoje atuam como consultores ou educadores financeiros. O segundo

segmento refere-se a profissionais que receberam em sua formação acadêmica

bases sobre o tema, boa parte formada em Economia ou Administração, e que

mesmo sem serem educadores financeiros strico sensu muito têm a contribuir nessa

área; isso explicaria porque são tão solicitados profissionalmente.

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Pude, durante esse trabalho, conhecer e conversar pessoalmente com alguns

desses profissionais, foi o caso do Consultor e Educador Financeiro Maurício

Galhardo, Engenheiro de Formação16. Em uma breve entrevista a mim concedida17

relata que tudo começou quando percebeu que, sempre próximo a data de receber o

salário, havia uma queda no rendimento dos operários da empresa em que

trabalhava. Investigou a questão e confirmou o que já suspeitava: “dividas e quase

sempre poderiam ser evitadas se tivesse tido uma orientação para isso”; propôs,

então, desenvolver ele mesmo um trabalho de esclarecimento e orientação em

relação ao assunto. Hoje, esse tipo de atividade tornou-se sua área de atuação.

Galhardo é um exemplo dos profissionais que surgiram da experiência de vida.

Entrevistei, também, a Consultora e Professora em Educação Financeira, Andréa

Voute, que migrou da Informática para Administração, curso de sua Pós

Graduação.18 Como ela mesma conta, recebeu influência da sua família, visto ser

filha de pai Europeu que possuía preocupação com as finanças e esposa de

Economista; portanto, planejamento financeiro sempre fez parte da sua vida. Temos

ainda nesse segmento a anteriormente citada Cássia D´Aquino, referência hoje em

Educação Financeira no Brasil. Na área há mais de sete anos, pode ser considerada

pioneira nesse campo. Ela é Bacharel em História com Pós-graduada em Ciências

Políticas; as duas formações realizadas na Universidade Federal de Minas Gerais

(UFMG). Em entrevista que concedeu a Vitor Casimiro, do Portal Educacional,19 ela

conta sobre seu interesse no assunto:

Seu interesse em educação financeira de crianças teve alguma motivação pessoal? Seus filhos tiveram dificuldades em lidar com dinheiro? Não, não é nada disso (risos). Meu caminho ao encontro da educação financeira foi bem diferente. Na universidade eu trabalhava na área de Ciência Política, com consolidação da democracia. Como é que a gente faz para ter uma democracia sólida no Brasil? É um preceito da Ciência Política que o capitalismo é o inventor da democracia moderna. Existem várias ditaduras capitalistas, mas não há democracia moderna que não tenha sido capitalista. De modo que, se a gente quiser ter algum dia uma democracia decente temos que ter um capitalismo decente também, e não essa esculhambação que a gente vê. A esse impasse acadêmico, eu somei minha experiência como professora de crianças pequenas e como mãe. Foi daí que saiu o Programa de Educação Financeira.

16Mauricio Galhardo é autor do livro Finanças Pessoais, publicado pela editora Totalidade, São Paulo, em 2008.

[Nota da autora]

17 A entrevista concedida encontra-se na íntegra no final deste trabalho, em Anexos.

18 Idem.

19 Disponivel em >: http://www.educacional.com.br/entrevistas/entrevista0056.asp. Acessado em: 16. ago.2010.

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20

Do segundo segmento também pude conhecer pessoalmente alguns profissionais

que atuam em empresas, foi o caso de Jose Codo Neto, Economista e Empresário,

Chefe da Tecninvest no Brasil por 20 anos e Presidente da Tecninvest nos Estados

Unidos desde 2007. Ele igualmente muito contribui neste trabalho com depoimentos

sobre a relação com o dinheiro e a respectiva experiência no campo profissional,

quer em investimentos, em reestruturação de empresas, em treinamento de pessoas

e em consultoria empresarial, além de administração de bens. Além dessas

atividades, mesmo sem ser Educador Financeiro, é procurado para orientações

nessa área. Ele diz já ter realizado alguns trabalhos no “ensino finanças” (palavras

próprias). Para ele, as pessoas que procuram esse tipo de orientação é porque já

chegaram num momento de emergência ou apresentam uma necessidade imediata,

é como se procurassem por uma especie de pronto –socorro.20

Continuando dentro deste segmento não poderia deixar de citar, Eduardo Gianete

da Fonseca, Economista, atualmente professor em período integral no Ibmec São

Paulo.21 Autor de vários livros sobre o assunto, entre eles O valor do Amanhã22,

alerta para a questão da necessidade de se conter hoje para ter amanhã. No

entanto, é exatamente a Psicologia que explica o necessário processo de

maturidade para que o indivíduo consiga esse “conter” de forma equilibrada ou,

melhor dizendo, controlar seus impulsos e, assim, evitar atitudes desastrosas para o

orçamento financeiro, como por exemplo, gastar mais do que se pode.

O termo impulso deve ser entendido como um estado que envolve manifestações públicas e privadas de ansiedade, vinculadas a extrema necessidade de emitir certos comportamentos. (...) Na prática clínica são usuais os impulsos de jogar (jogo patológico), arrancar fios do próprio cabelo (tricotilomania), comprar compulsivamente, furtar objetos, e comportamentos sexuais

20 A entrevista concedida encontra-se na íntegra no final deste trabalho, em Anexos.

21 Eduardo Giannetti da Fonseca é graduado em Economia e Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo

(USP) e PhD em economia por Cambridge, na Inglaterra, onde lecionou de 1984 a 1987. Nos três anos seguintes

deu aulas na FEA/USP e atualmente é professor do Ibmec São Paulo, sendo que em 2004 foi eleito economista

do ano pela Ordem dos Economistas de São Paulo. É autor, entre outros livros, dos best-sellers Auto-engano e

Felicidade (publicados pela Editora Companhia das Letras, de São Paulo), sempre dentro da linha da economia

comportamental, ramo empírico dessa ciência. [Nota da autora].

22 GIANNETTI Eduardo. O valor do amanhã - ensaio sobre a natureza dos juros. São Paulo: Companhia das

Letras, 2005.

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21

considerados como parafílicos ou excessivos (compulsões sexuais). (RANGÉ, 1995, Pag.116.) 23

Isso explicaria o fato de a psicologia também vir atuando expressivamente no campo

da Educação Financeira. Eu mesma passei a ser exemplo vivo desse tipo de

atuação quando me propus trabalhar junto a alguns clientes que portavam

dificuldades com o dinheiro; essa demanda fez com que eu pesquisasse o assunto,

encontrando sobre ele alguns trabalhos interessantes, entre os quais Tese Avareza

e Perdularismo, de Fábio Roberto Rodrigues Belo e Lúcio Roberto Marzagão,24 que

com apoio na Psicanálise, aborda a relação entre o complexo monetário e a fase

anal.

A psicanálise sempre associou o “complexo monetário” do sujeito à fase anal. No artigo Caráter e erotismo anal, Freud (1908) sugere três motivos para essa associação. O primeiro nos é dado pela cultura “nas formas arcaicas de pensamento, nos mitos, nos contos de fada, nas superstições, no pensamento inconsciente, nos sonhos e na neurose o dinheiro é intimamente relacionado com a sujeira” (ESB, IX, p. 179; GW, VII, p. 207). O segundo motivo refere-se ao contraste entre o mais precioso e o mais desprezível: a identificação entre o ouro e as fezes se deve justamente por sua justa oposição, como é comum acontecer no inconsciente, a representação de algo pelo seu contrário. Por fim, o terceiro motivo da equação entre as fezes e o dinheiro tem a ver com o período da fase anal e o interesse espontâneo pelo dinheiro. (...) Portanto, trata-se de um deslocamento de interesse das fezes para o dinheiro. Nesse artigo de Freud, pode-se ver, o adulto não aparece em nenhum momento. Por que a criança deslocaria seu interesse das fezes para o dinheiro? O que a motiva a ir nessa direção? Qual o papel da mãe no controle dos esfíncteres e na apresentação dessa novidade que é o dinheiro? (BELO; MARZAGÃO, 2006, p.109)

Em outro trabalho, Miopia Coletiva, Eduardo Giannetti,25 alerta-nos para a

impaciência da sociedade brasileira e como futuramente esse sentimento poderá

prejudicá-la. Dos vários pontos questionados, ele fala sobre o que se pode esperar

da criança em cada idade.

São muitas as variáveis. O ciclo de vida, por exemplo, afeta muito a psicologia temporal. Experimentos mostram que uma criança de 4 anos não consegue esperar vinte minutos para ganhar o dobro do confeito de que ela mais gosta. Aos 12 anos, logo antes da puberdade, 60% das crianças já agüentam esperar os vinte minutos para ganhar o dobro do confeito, ou seja,

23 RANGÉ, Bernard. Psicoterapia Comportamental e Cognitiva de Transtornos Psiquiátricos. Editorial Psy.

Campinas.1995

24. BELO, Fábio Roberto Rodrigues; MARZAGÃO, Lúcio Roberto. Avareza e perdularismo. Psyche (Sao

Paulo), São Paulo, v. 10, n. 19, dez. 2006 . p. 109-128. Disponível em

<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-11382006000300008&lng=pt&nrm=iso>.

Acesso em: 20 ago. 2010.

25 GIANNETTI, Eduardo. Miopia Coletiva. Revista Veja. São Paulo: Editora Abril. Edição 1930. 9 de novembro

de 2005. Disponível em: http://veja.abril.com.br/091105/entrevista.html. Acessado em: 20. ago. 2010.

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22

100% de juro real. Isso mostra que é dos 4 aos 12 anos que se forma, no ser humano, o equipamento cerebral e mental necessário para exercitar a arte da escolha no tempo. O modo de vida da sociedade também conta muito. Numa aldeia indígena pré-agrícola tudo conspira para que se viva intensamente o presente quase absoluto. (GIANNETTI, 2005, s.p.)

Estou convencida de que ninguém é melhor do que Jean Piaget, para corroborar a

fala de Giannetti:

Ao longo de sua vida Piaget observou que existem formas diferentes de interagir com o ambiente nas diversas faixas etárias. A estas maneiras típicas de agir e pensar, Piaget denominou estágio ou período. Assim sendo podemos dizer que a determinadas faixas etárias correspondem determinados tipos de equisições mentais e de organização destas aquisições que condicionam a atuação da criança em seu ambiente. A criança irá, pois, à medida que amadurece fisica e psicologicamente, que é estimulada pelo ambiente físico e social, construindo sua Inteligência. (RAPPAPORT; FIORI; DAVIS, 1981, p. 67)

26

Além de discorrer sobre o desenvolvimento infantil, Giannetti reforça outro aspecto

importante a respeito da Educação Financeira no Brasil, fazendo uma relação entre

o hábito de poupar e a nossa cultura de origem, a indígena.

A natureza era tão generosa que eles talvez não tenham sido estimulados a desenvolver o hábito mental da espera. Nem precisavam, pois viviam basicamente da caça e da coleta. Ao relatar a viagem que fez com índios guaranis a Paris no século XIX, o naturalista francês Saint-Hilaire informou ter explicado a eles que era desejável guardar coisas para o amanhã. E eles perguntavam “O que é o amanhã?”, como se não entendessem o significado da palavra. Algo similar ocorreu com os jesuítas que queriam acostumar os índios à disciplina do trabalho agrícola, para o qual jamais haviam sido treinados. Uma das maiores dificuldades era precisamente impedir que eles consumissem, às vezes até mesmo antes da colheita, as espigas e sementes que deveriam ser guardadas para o plantio da safra seguinte. (GIANNETTI, 2005, s.p.)

Dessa forma, quando se trata de dar suporte teórico às respostas esperadas para

comportamentos financeiros, poderíamos dizer que, nos dias atuais, não podemos

nos olvidar dos conhecimentos construídos pela Psicologia Social, pois ela nos

mostra que é preciso que levemos em conta a cultura de origem das pessoas em

todas suas condutas.

A Psicologia Social tem-me mostrado quão grande é a influência da cultura sobre

esse aspecto, infelizmente não se encontram trabalhos que falem especificamente

sobre isso. Assim nossos Educadores financeiros vão se deparar também com essa

questão, principalmente se falando de Brasil, onde encontramos povos de todas as

raças e origens. Qual teria sido a influência de cada cultura na nossa forma de agir e

lidar com o dinheiro? Essas questões fazem parte dos motivos da minha proposta de

trabalho Psicopedagógico junto à educação financeira, pois, assim como o que está

26 Rappaport, Clara Regina e outros. 1991. Psicologia do Desenvolvimento Volume 1 Teorias do

desenvolvimento Conceitos fundamentais.Sãopaulo.Editora pedagógica e Universitária.

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23

ocorrendo com o ensino formal em geral, é evidente que há um grande número de

pessoas que vem encontrando dificuldades nesta Aprendizagem.

Para alguns, aprender finanças não é simplesmente uma questão de matemática e,

mesmo se o fosse, estariam envolvidos seus aspectos cognitivos, afetivos e sociais.

Como vimos até agora, cabe ao profissional em Psicopedagogia justamente lidar

com tais aspectos. Para clarear a função desse profissional, apoiar-me-ei em Alicia

Fernández, que ressalta o papel da família em nossa formação e

concomitantemente na Epistemologia Convergente de Jorge Visca que aborda a

importância destes aspectos na aprendizagem. Completando me apoiarei nas ideias

de outros autores. Agora vejamos o que pensam Visca e Fernadez:

Pois se ocorresse uma paridade do cognitivo e afetivo em dois sujeitos de distinta cultura, também suas aprendizagens em relação a um mesmo objeto seriam diferentes, devido às influências que sofreram por seus meios sócio-culturais. (VISCA, 1991, p. 66)

27

A criança ao nascer, instala-se numa constelação de significações. Vêm preencher muitos desejos, carências, objetos dos pais. E lhe é designado um nome, seja um nome da moda, do pai, ou de um personagem famoso que signifique algo para os pais. A criança terá de inserir-se no lugar que o nome signifique (FERNANDEZ. 1990, p. 41)

28

Continuando em sua entrevista,José Codo Neto, economista e empresário, Chefe da

Tecninvest no Brasil por 20 anos e Presidente da Tecninvest nos Estados Unidos

desde 2007, é prova viva disso; eis como reforça a importância da família em sua

formação.

Para mim o primeiro ponto mais marcante de minha formação foi ter, literalmente, andado com meu pai. Eu o acompanhava em viagens de cunho profissional, participei de muitas das mais importantes reuniões de sua carreira, em casa e no escritório. Presenciei fatores decisivos nos rumos das empresas. O segundo ponto mais marcante, da mesma forma, foi ter andado com meu avô, de quem herdei o “Neto” no nome. Era o neto mais novo entre os homens e por vários fatores acabei me aproximando de meu avô. Talvez eu tenha sido o único que, tanto quando solteiro como casado, convidava meu avô para sair almoçar e o acompanhava em suas viagens. Ainda hoje aprendo, também, com os irmãos do meu pai, com os quais também trato de negócios. Se do meu pai herdei seu lado meio, imediatista; com meu avô aprendi a ser manso e paciente.

29

E finalizando este capítulo, para entendermos melhor a especificidade de atuação do

Psicopedagogo, veremos um pouco mais das dificuldades que aparecem durante os

cursos, assim como alguns sucessos já alcançados.

27 VISCA,Jorge. Clínica Psicopedagógica:Epistemologia Convergente. Porto Alegre Artes medicas.. 1987

28 FERNANDEZ, Alícia. A Inteligência Aprisionada. Porto Alegre.Artmed.1991

29 A entrevista concedida encontra-se na íntegra no final deste trabalho, em Anexos

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24

1.3 SUCESSOS E DESAFIOS:

Como foi dito, a Educação Financeira surgiu da necessidade de atender mudanças

no comportamento financeiro, no entanto ainda não existem registros sobre a

eficiência da mesma. O que se sabe, mas apenas por relatos de educadores e

alunos, é que parece ter havido uma compreensão do perigo dos juros, empréstimos

e dívidas, assim como da importância de se fazer uma reserva financeira. Tais

colocações fazem sentido se atentarmos para o fato de que a maioria dos cursos

tem seu foco nessas questões, principalmente os patrocinados por instituições

financeiras que estão visando à aquisição do hábito da economia por parte de seus

clientes. Ao que tudo indica, é grande a tendência para o consumo consciente, logo,

o que se espera é que os produtos antes oferecidos a partir do “dinheiro fácil”

percam força.

Savoia, Saito e Santana, no artigo Paradigmas da Educação Financeira no Brasil

(2007), já haviam alertado para essa tendência, citando inclusive alguns importantes

autores da literatura internacional sobre educação financeira, como é o caso de

Douglas B. Bernheim e Daniel M.Garrett:

Bernheim e Garrett (2003) apresentam evidências de que a inclusão de programas de educação financeira nas empresas norte-americanas, a partir da década de 1980, vem estimulando o aumento da adesão aos planos previdenciários, como os 401 (k)s. Além de expandir esses programas em outras organizações, esse resultado contribui para campanhas em defesa da formação de poupança previdenciária, com base no conhecimento financeiro. (SAVOIA; SAITO; SANTANA, 2007, p. 1126)

O leitor poderá confirmar essa informação consultando alguns sites que deixo como

sugestão ao final deste trabalho. Poderá, também, tomar conhecimento de alguns

cursos oferecidos; a maior parte deles aborda contenção de despesas, negociação

de dívidas e investimentos. No entanto, ainda não existe em nenhum deles

elementos que ajudem o consumidor a entender a razão de suas dificuldades

financeiras e o principal, do meu ponto de vista: Como ganhar dinheiro? Que

movimentos devem ser realizados para alcançar tal meta, qual o significado do

dinheiro em nossas vidas e o que ele representa de fato além de ser um meio de

subsistência. Não que contenção de despesas não seja importante, o é, até porque

a população mundial está consumindo descontroladamente e isso tem inclusive

prejudicado o meio ambiente.

“Na relação com a natureza, estamos consumindo nosso patrimônio ambiental num ritmo

absolutamente desastroso” (GIANNETTI, 2005, s. p.)

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25

A preocupação com o consumo excessivo tem até suscitado projetos do Governo

para orientar o povo em relação a essa questão, é o caso da coleção de cartilhas

Meio Ambiente e Consumo, elaborada pelo IDEC, cuja preocupação está em

justamente contribuir para a melhoria da formação de cidadãos conscientes em

relação ao consumo.30

Contudo, para consumirmos, mesmo que de forma consciente, precisamos antes de

qualquer coisa saber ganhar dinheiro, afinal, quando falamos em Finanças, uma das

primeiras coisas que vem a nossa mente é a moeda, um recurso que nos cabe

buscar e exige de nós um esforço, não só mental como físico e emocional. Mas,

fomos preparados para essa busca? Em tese, poderíamos dizer que sim, pois vale

ressaltar que já iniciamos esse processo ao nascer; como diz Rappaport, nossa

primeira luta para sobreviver no mundo começou no momento de nosso parto:

(...) A Carência é sentida e o organismo já luta para sobreviver. A luta entre os instintos de vida e os instintos de morte já é um combate franco nesse momento. É preciso reagir, inspirar, introjetar o mundo externo. Ou se recebe o externo, ou se deixa de viver. A angústia é a perda do paraíso Bíblico e o início da conquista do pão com o suor do próprio rosto. Perdido o útero, a criança terá de enfrentar o mundo. Construirá progressivamente suas relações afetivas e intelectuais, até que ela própria se torne progenitora. (....) Respirar marca o ponto inicial da independência humana. (RAPPAPORT, 1991, p.35)

31

No entanto, eu estaria sendo injusta se dissesse que nenhum autor se preocupou

com essa questão. A educadora Cássia D´Aquino, em seu Programa para escolas

públicas, apresenta os quatro pontos principais de uma Educação Financeira , entre

eles Como Ganhar Dinheiro.

“Desenvolver o espírito empreendedor e estimular modos inovadores de raciocínio, por

exemplo, são ferramentas essenciais à preparação de nossas crianças e jovens para o futuro.32

A colocação acima reforça a importância de estimular desde cedo para o ganho

financeiro. Parece que nossa cultura não recebeu esse incentivo, talvez porque

ganhar dinheiro esteja associado apenas a cumprir obrigações financeiras, assim

30 A publicação do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) e do Ministério do Meio Ambiente

"Consumo Sustentável: Manual de Educação" foi elaborado para o desenvolvimento de atividades de

formação de professores em educação para o consumo sustentável, abordando questões como água, energia,

alimentos, transportes, florestas, publicidade e lixo, sempre do ponto de vista do consumo. O manual está

disponível para download gratuito no site http://www.idec.org.br/biblioteca.asp#mcs. [Nota da autora.

31 RAPPAPORT, Clara Regina e Outros. Teorias do Desenvolvimento: Conceitos Fundamentais. São

paulo:Editora Pedagógica e Universitária, 1991

32 Cf. http://www.cpt.com.br/materia/51/educacao-financeira-e-empreendedorismo-para-criancas.

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26

como ganhar boa nota só é valorizada para passar de ano na escola; nunca

aprendemos o prazer de estudar, sendo que este é o degrau para a vida profissional

e essa por sua vez está associada ao ganho financeiro; com isso, torna-se fácil

entender o porquê da falta de motivação para se ir à busca deste objeto.

Portanto, meu desafio está justamente em levar o indivíduo jovem ou adulto, que

apesar da idade cronológica ainda se porta como criança quando o assunto é

dinheiro, a reencontrar o prazer de ir à busca pelo ganho financeiro, a suportar

frustrações e estabelecer limites; com isso, ele será capaz de gerenciar suas

finanças. Se hoje não consegue gerenciá-la, talvez seja justamente porque em

alguma fase de sua vida a sensação de prazer foi perdida ou lhe foi tirada. Assim, eu

diria que os cursos em finanças muito têm conseguido em termos de passar

informações para o uso correto do dinheiro, contudo, para que ocorram os

comportamentos necessários a essa mudança, ainda há muito trabalho pela frente;

precisamos reaprender e isso se faz tomando consciência de como estamos nos

relacionando com o uso do dinheiro hoje. Em vista do exposto, procuro com esse

trabalho contribuir para que se abra uma nova frente de trabalho para os

Psicopedagogos que venham a se interessar em atuar nesse campo. O terceiro

capítulo será dedicado justamente à Atuação do Psicopedagogo junto a Educação

Financeira, porém farei antes uma breve passagem sobre o Dinheiro, seus

significados e valores, pois desconhecer essa questão afetaria a referida atuação da

mesma forma que se propor a ensinar matemática sem saber o que são números, o

quanto e como eles fazem parte de nossas vidas. Afinal ensinagem não se faz

apenas com o Porquê sem o Para quê.

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CAPITULO II: O DINHEIRO E SEUS PAPEIS

Não é difícil de percebermos que o dinheiro tem um enorme significado para a vida

humana. Ele exerce uma forte influência naquilo que pensamos sobre nós e no que

os outros pensam a nosso respeito. No cotidiano, para levarmos avante nossas

vidas, temos que procurar saber o custo de cada coisa da qual necessitamos. No

nível sócio-político, dele depende o grau de desenvolvimento de um povo. Em vista

disso, reservei este capítulo para abordar os papeis que o dinheiro pode ter para os

humanos e, para tanto, trarei à consideração alguns aspectos históricos do dinheiro.

2. 1 DAS CONCHAS AO MUNDO VIRTUAL

Uma coisa é certa, quando falamos em Finanças pensamos em dinheiro. Por mais

que o papel – moeda se transforme e passemos cada vez menos a ter contato direto

com o mesmo ainda será ele nosso foco.

O dolar está morrendo, e também o iene e o marco, e as demais moedas nacionais

do mundo moderno. Nosso sistema monetario global está infectado por um virus

mortal e já está seriamente enfraquecido, agora é apenas uma questão de tempo

até sucumbir.

“O dolar, o marco e o iene se unirão ao ducado, as conchas e ao guinéu no cesto de lixo da

história, como itens de interesse principalmente de antiquários excentricos” (WEATHERFORD.

1999, prefácio) 33

O Antropologo Jack Weatherford, acima mencionado, chama a atenção para o

denominado “dinheiro virtual” retratando a trajetória de nossa relação com o mesmo

desde a época em que o homem primitivo trocava conchas, ao escambo até os dias

de hoje. Explorando tambem como as diferentes formas de troca interferiram na

humanidade e todos os apspectos de nossas vidas. Vale à pena a leitura, no entanto

aqui serei breve, apenas vou ressaltar algumas curiosidades como o uso do

chocolate como dinheiro.

Os astecas usavam o chocolate como dinheiro, ou, mais precisamente, usavam sementes de

cacau, era possível comprar frutas e legumes como milho, tomates, pimentas, abóbora e

amendoins. Jóias de ouro, prata, jade e turquesa. Produtos manufaturados como sandálias,

33 WEATHERFORD,Jack. A História do Dinheiro. São Paulo: Negocio Editora, 1999.

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roupas, capas emplumadas, aramduras acolchoadas com algodão, armas, cerâmica e cestos.

Carnes como peixe, veado, pato. E produtos especiais como álcool e escravos.

(WEATHERFORD, 1999.pag.20) 34

Assim seja em conchas, sal, moeda, chocolate, ouro, papel ou mesmo virtual o que

se sabe é que o dinheiro compra, sempre comprou e que deveria ser um meio de

troca e construção. Agora o que nos resta é perguntar, para o que de fato ele tem

servido e o que pode ou não comprar. E disso que vamos tratar nesse capitulo.

2.2 SIGNIFICADOS E VALORES

Hoje é comum nos perguntarmos a que papel cabe o dinheiro, que lugar ele ocupa e

o que exatamente ele estaria comprando em nossas vidas, ou pelo menos

acreditamos poder comprar. O filósofo americano Needleman, nos leva a essa

reflexão.

(...) Usado de maneira correta, o dinheiro nos permite viver, comer, beber, proteger, ajudar nossas famílias e amigos, manter nossa saúde, alcançar determinados objetivos. Isso ele faz ao reconciliar conflitos externos, propiciando a existência de relacionamentos e trocas entre elementos díspares. Pode ser um instrumento do amor, do ódio, do desafio, da ternura – todos os sentimentos formais de um ser humano normal. Porém, se usado de maneira errada, o dinheiro impede o relacionamento, impede a troca entree certos elementos essenciais da vida. Enquanto droga o dinheiro simplesmente substitui uma reconciliação externa por uma confrontação interna de forças. Resolve problemas onde é necessário vivenciar as questões (...) (NEEDLEMAN, 2000, pag. 128 e 129)

35

Needleman defende a ideia de que o dinheiro passa a ter o mesmo papel que a

Droga. O que faz todo o sentido quando falamos em compradores compulsivos, só

que ao inves de alcool e drogas usa-se o poder da compra.

Dependência de substâncias é um estado caracterizado por um forte impulso para o consumo que algumas vezes se instala após um período variável de uso destas substâncias. Este impulso frequentemente apresenta um carater compulsivo, não sendo controlado apesar de consequencias fisicas, psicologicas ou sociais eventualmente graves. (RANGÉ,1995, pag 167)

36

34 WEATHERFORD,Jack. A História do Dinheiro. São Paulo: Negocio Editora, 1999.

35 NEEDLEMAN, Jacob. O Dinheiro e o significado da vida: Uma redefinição do do valor do dinheiro pela via

do autoconhecimento. São Pauo: Editora Best Seller, 2000.

36 RANGÉ, Bernard. Psicoterapia Comportamental e Cognitiva de Transtornos Psiquiatricos.Campinas:

Editorial Psy,1995,

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29

Isso explicaria porque os sintomas de um comprador compulsivo e as

consequencias são tão semelhantes de um viciado, pois comprar compulsivamente

nada mais é do que um vício, hoje já estudado e conhecido como a Oneomania

atingindo especialmente as mulheres.

Segundo o neuropsicólogo Daniel Fuentes, coordenador de Ensino e Pesquisa do Ambulatório do Jogo Patológico e Outros Transtornos do Impulso (AMJO)

37, do Instituto de Psiquiatria do

Hospital das Clínicas, a proporção é de quatro mulheres para cada homem com a doença.

Os especialistas ainda não sabem precisamente o porquê da oneomania ser mais comum em mulheres, mas acreditam que o motivo está diretamente relacionado a condições culturais. Os fatores que levam a doença a afetar principalmente as mulheres são objeto de estudo da equipe do AMJO.

Para Fuentes, a doença pode estar associada a transtornos do humor e de ansiedade, dependência de substâncias psicoativas (álcool, tóxicos ou medicamentos), transtornos alimentares (bulimia, anorexia) e de controles de impulsos.

38

Sendo assim da mesma forma que o dependente químico, onde o excesso causa

danos, a abstnência fará tão mal quanto. Isso explica estados de depressão e

euforia diante da presença ou falta do objeto que lhe de a sensçasão de “poder”.

A oneomania também emerge para aliviar sentimentos de grande frustração, vazio e depressão. É um desejo de possuir, de ter poder, que fica reprimido. Ao não conseguir dar vazão ao seu desejo, a pessoa sofre uma enorme pressão interna que a leva à necessidade de possuir coisas novas como única forma de prazer, explica a psicóloga Denise Gimenez Ramos,

coordenadora do Programa de Pós-graduação em Psicologia Clínica da PUC-SP.39

Se podemos então encontrar respostas do comprador compulsivo na psicologia,

onde fica então a avareza, ganâcia, luxuria e pobreza nessa questão? Bem não sou

historiadora e nem religiosa, mas tenho de reconhecer serem áreas riquissimas onde

podemos encontrar respostas e novamente casa-las com a Psicologia. Assim

voltando a Needleman.

O mesmo que acontece com o sexo acontece com relação ao dinheiro. A igreja medieval tolerava a troca, necessária de dinheiro por bens, mas considerava o comercio ou o ramo dos negocios, em si, algo moralmente perigoso. A tarefa da igreja era regular a vida economica da sociedade, de forma que as necessidades materiais dos individuos não se tornassem os

37 AMJO, Ambulatório do Jogo Patológico Amjo - do Instituto de Psiquiatria - IPq-HCFMUSP e a Associação

Nacional do Jogo e outros Transtornos do Impulso

38 GUERRA, Marcelo. Oneomania: Gastadores compulsivos uma doença cada vez mais frequente, São

Paulo, 05/09/2007. Disponivel em >: http://saudealternativa.org/2007/05/09/oneomania-gastadores-compulsivos-

uma-doenca-cada-vez-mais-frequente

39 GUERRA, Marcelo. Oneomania: Gastadores compulsivos uma doença cada vez mais frequente..São

Paulo, 05/09/2007. Disponivel em >: http://saudealternativa.org/2007/05/09/oneomania-gastadores-compulsivos-

uma-doenca-cada-vez-mais-frequente

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anseios que fazem uma pessoa se distanciar dos princípios religiosos de comportamento. Por exemplo, as leis contra a usura, ou interesse excessivo pelo infortúnio ou necessidade de outra pessoa. No mundo capitalista é dificil para nós compreender porque as tradições religiosas sempre desaprovavam com tanta veemência a cobrança de juros. Esquecemos, que antes de nossa era, em geral , o indivíduo só pedia um empréstimo de dinheiro quando em situação de miséria absoluta. A cobrança de juros de tal empréstimo era visar lucro sobre a miséria do meu

proximo – portanto uma forma de avareza.(NEEDLEMAN. 2000, pags 66-67) 40

Irônico pensar, mas quando falamos de miséria - avareza e ganância estamos

vivendo da mesma forma que a Idade Medieval, apenas que se mudam as

Instituiçoes, o que antes era papel da Igreja hoje são as grandes financeiras. Isso

falando de um País onde se empresta dinheiro por juros a mais de 7% a/m. O que

daria um total de 84% a/a.

São Paulo - Os juros cobrados por bancos no empréstimo pessoal e no cheque especial voltaram a subir em agosto, informou hoje a Fundação Procon de São Paulo. Esta foi a quarta alta seguida registrada na pesquisa mensal, após um período de estabilidade.

No empréstimo pessoal, a taxa média subiu de 5,42% ao mês em julho para 5,44% ao mês em agosto. Já a taxa média do cheque especial registrou alta de 9,06% ao mês para 9,10% ao

mês, na mesma comparação.41

Sem falar ainda nas Igrejas Evangélicas que tem sido motivo de escandalos com os

milhões que lucram de seus fieis, entre muitos os casos um dos que mais chamou

atenção da imprensa foi o do casal da Renascer em Cristo.

(...) A Igreja Apostólica Renascer em Cristo é a segunda maior denominação neopentecostal do País em número de fiéis e de templos. Movimentação financeira. Estevam e Sônia Hernandes deixaram de comparecer à audiência em que seriam confrontados com uma equipe de fiscais da Fazenda Estadual que rastreou a movimentação financeira de dez empresas abertas pelo casal e depois repassadas para outros integrantes da igreja. Ao final do levantamento, os fiscais detectaram nelas rombo de R$ 7 milhões, apenas em tributos não pagos.(...)

42

40 NEEDLEMAN, Jacob. O Dinheiro e o significado da vida: Uma redefinição do valor do dinheiro pela via do

autoconhecimento. São Paulo: Editora Best Seller, 2000.

41 CASTRO, Fabricio. Juros bancários sobem pelo 4º mês seguido. Agência Estado.São Paulo, 12/08/2010.

Disponivel em >: http://portalexame.abril.com.br/economia/noticias/procon-sp-juros-bancarios-sobem-pelo-4o-

mes-seguido-587256.html

42 TOZZI, Antônio. Na prisão também se evangeliza, diz juiz ao casal Hernandes:

Líderes da Igreja Renascer declaram-se culpados de contrabando de divisas, mas pedem

clemência. Agência Estado. 17 de agosto de 2007 | 14h 17. Disponível em>:

http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,na-prisao-tambem-se-evangeliza-diz-juiz-ao-casal-

hernandes,36507,0.htm

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Assim estamos diante de um quadro onde um se torna escravo, totalmente

dependente do outro que exerce o poder econômico. E isso nós vivemos em todos

os tipos de relações sejam entre casais, familias e governo. É claro que aqui me

refiro à “relacionamentos doentios”, não há problema que um provenha

financeiramente se e outro que receba retribuido de outras formas, num casamento

isso é comum, o risco é justamente quando existem cobranças impossiveis de serem

pagas, sejam elas financeiras ou emocionais, fazendo assim o papel dos juros

abusivos. Na psicologia comportamental cognitiva encontramos o que se chama de

transtorno de personalidade dependente, individuos que na tentativa de manter seus

relacionamentos se colocam numa postura de total dependência se deixando

incluisive serem manipulados.

(...) O problema central destes pacientes é a dificuldade de tomar decisões independentemente. O paciente considera-se incapaz, não tem autoconfiança e elege alguem de quem dependa integralmente para que o comande. Esse alguem pode ser um dos pais ou o conjuguê. O paciente sente medo intenso de ser rejeitado e anula-se o tempo todo com o

objetivo de evitar a rejeição (RANGÉ , 1995, pag. 214)43

O que se esperar finaceiramente do individuo com esse transtorno? Isso merece um

estudo, eu mesma inicei meus primeiros atendimentos abordando esses aspectos,

mas infelizmente ainda não se encontram tantos estudos dentro de outros

comportamentos financeiros que não o de comprador compulsivo, mas não é dificil

imaginar que esses pacientes se liguem em individuos controladores,

manipuladores, provavelmente de personalidade narcisica e histriônica, que

nescessitam de se sentirem superiores e admirados, utilizando para isso do dinheiro

e sexo. Os sintomas aqui que poderiamos sugerir seriam a ganacia, luxuria e

miséria.

No entanto os cineastas já foram mais longe que estudiosos do comportamento

financeiro. Filmes: E O Vento Levou44, Wall Street45, Proposta Indecente46 e Prenda-

43 RANGÉ, Bernard. Psicoterapia Comportamental e Cognitiva de Transtornos Psiquiatricos. Campinas.

Editorial Psy, 1995.

44 FLEMING, Victor, CUKOR, George e WOOD, Sam. Produção:David O. Selznick. DVD: O Vento levou.

Estados Unidos: 1939. Sinopse do filme: Ambientado na época da Guerra Civil Americana, conta a história de

Scarlet O'Hara, sua transformação em uma mulher guerreira, após ver sua família em má situação Scarlet luta

para defender sua terra e jura a si mesma que nunca mais passará fome. Duração: 241 min. Fonte: Internet

45 STONE, Oliver. Wall Strett – Poder e Cobiça. Produção:Edward R. Pressman Estados Unidos: 1987.

Sinopse do filme: Um ambicioso e jovem corretor da bolsa sonha conhecer seu ídolo, um milionário ganancioso

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me se For Capaz47 esse baseado em fatos verídicos, retratam bem essa relação:

dinheiro - poder - sexo. Esse último me chama a atenção, é impossivel não perceber

o quanto foi psicopedagogico o papel do agente Carl Hanratty na vida de Frank

William Abagnale48, Jr, com o qual mantem relação de amizade até hoje.

Assim tanto a psicanalise ou linhas da psicologia muito podem esclarecer sobre

algumas condutas financeiras e a relação das mesmas com possiveis transtornos

e/ou desvios de personalidade. Nesse momento o educador financeiro encontra

uma barreira que vai alem de seus conhecimentos, onde cabe a interferencia destes

campos, no entanto trata-se de um processo longo, tempo esse que alguns casos

não podem esperar. Assim deposito aqui minha esperança na Psicopedagogia que

tem um papel importante em trazer a consciência a forma como o individuo

apreende o uso do dinheiro no seu mundo, podendo assim rever conceitos e valores

e se for o caso apreender de outras formas atingindo resultados num espaço de

tempo a curto e medio prazo.

Pelo que podemos ver até o momento os cursos de Educação Financeira foram

buscar bases na Economia, Administração e mais recentemente na Psicologia ou

Psicanálise.

A atuação do Psicopedagogo nesse caso seria justamente fazer a ponte entre essas

ciências.

e frio, que ignora os sentimentos quando se trata de negócios, manipulando o jovem para obter informações.

Duração: 126 min.Fonte : Internet

46 LYNE, Adrian. DVD Proposta Indecente. Produção:Sherry Lansing. Estados Unidos: 1993.Sinopse: Um

casal falido conhece um excentrico milionário que oferece ao marido a proposta de um milhão de dolares para

passar uma noite de amor com a sua mulher. Duração: 117 min. Fonte: Internet

47 SPIELBERG, Steven. DVD: Prenda-me se for capaz. Produção:Walter F. Parkes e Steven Spielberg.Estados

Unidos: 2002. Sinopse: Baseado em fatos reais, conta a história de Carl Hanratty, agente do FBI que passa anos

atrás de Frank Abagnale Jr, um falsário que aplicava golpes, chegando a descontar 2,5 milhões de dólares em

cheques falsos. Atualmente Frank trabalha para o FBI. Duração: 140 min. Fonte: Internet

48 Frank William Abagnale, Jr. (Condado de Westchester, 27 de Abril de 1948) foi um falsificador de cheques e

impostor estado-unidense por cinco anos na década de 1960. Atualmente preside a Abagnale and Associates,

uma empresa de consultoria contra fraudes financeiras. Sua história serviu de inspiração para o filme Catch Me

If You Can ("Prenda-me se for capaz" no Brasil ), baseado em sua biografia não oficial de mesmo nome. Fonte:

Internet.

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CAPÍTULO III: ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO

O psicopedagogo é um profissional que atua em diversos campos como escola,

saúde e empresas. Para iniciar esse capitulo farei um breve relato sobre o trabalho

em psicopedagogia, apresentando o nome de alguns autores e suas obras.

3.1 A PSICOPEDAGOGIA :

A Psicopedagogia chegou ao Brasil em 1970, visando atender inicialmente a

educação nos problemas de aprendizagem tendo como contribuição outras áreas,

como a médica, psicologia, psicanalise, pscopedagogia, sociologia e outras.

A Psicopedagogia se ocupa da aprendizagem humana, que adveio de uma demanda,o problema de aprendizagem, colocado num território pouco explorado, situado além dos limites da Psicologia e da própria Pedagogia e evoluiu devido à existência de recursos, ainda que embrionários, para atender essa demanda, constituindo-se, assim, numa prática.” (BOSSA. 2000)

49

A Psicopedagogia é reconhecida como uma especialização, já sendo aprovada e

implantada nos estabelecimentos de ensino.

O Projeto de lei nº 128, de 2000, do O Ilustre Deputado Claury Alves da Silva – PTB. Autoriza o Poder Executivo a implantar assistência psicológica e psicopedagógica em todos os estabelecimentos de ensino básico público, com o objetivo de diagnosticar e prevenir problemas de aprendizagem.

50

Hoje são muitos seus campos de atuação desde clínicas e instituições, como as

escolas, hospitais e empresas. Quanto a sua regulamentação acontece o Manifesto

de apoio a aprovação ao PROJETO DE LEI No 3512 DE 2008 , Autoria: Deputada

Professora Raquel Teixeira. Dispõe sobre a regulamentação do exercício da

atividade de Psicopedagogia. 51

49 BOSSA, Nadia A. A Psicopedagogia no Brasil. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.

50 PROJETO DE LEI No 128, DE 2000. Deputado Claury Alves da Silva – PTB. Disponivel em>:

http://www.abpp.com.br/leis_setembro_integra.htm.

51 PROJETO DE LEI No 3512 DE 2008. Autoria da Deputada Professora Raquel Teixeira- PSDB. Disponivel

em >: http://www.abpp.com.br/lei_3512_de_2008.pdf

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Presentemente temos dentre os profissionais muitos que se destacam e tiveram

grande contribuições, cito abaixo alguns nomes apenas para conhecimento fazendo

abaixo referencia a alguns de seus livros. Entre eles Jorge Pedro Luiz Visca,52

Criador da Epistemologia Convergente linha que propõe um trabalho clínico

utilizando-se da integração de três linhas da Psicologia: Escola de Genebra

(Psicogenética de Piaget), Escola Psicanalítica (Freud) e Psicologia Social (Enrique

Pichon Rivière) Seu Livro Clinica Psicopedagógica – Epistemologia Convergente.

Porto Alegre, 1978 Alicia Fernandez, formada pela Facultad de Psicopedagogía da

Universidade de Salvador, Buenos Aires, Argentina. Tem desempenhado

fundamental papel no desenvolvimento e formação de psicopedagogos em toda a

América Latina e em Portugal. Seus livros, entre eles Inteligência Aprisionada,53

Porto Alegre, RS. 1991, são base teórica de muitos estudos recentes nesta área. No

Brasil temos nomes como Nádia Bossa54, graduada em Pedagogia e Psicologia,

com especialização em Psicopedagogia, Mestra em Psicologia da Educação pela

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e Doutora em Psicologia e Educação

pela Universidade de São Paulo. Autora de diversas obras sobre o tema. Tornou-se

uma grande referencial na área de Educação no Brasil e Elisabeth Polity55,

psicopedagoga, psicanalista, terapeuta familiar, Mestre em educação e Doutorando

em psicologia. Ainda poderia citar muitos outros nomes, no entanto seria impossivel

num só trabalho, no entanto deixo outras referencias em sugestões para leitura caso

seja de interesse.

52 VISCA,Jorge, SANTOS. Epistemologia Convergente: Clinica Psicopedagogica. São Paulo: Artes

Medicas,1987.

53 FERNANDEZ, Alicia. A Inteligência Aprisionada: Abordagem psicopedagógica clínica da criança e sua

familia. Porto Alegre: Artmed editora, 1991.

54 BOSSA, Nadia. Dificuldades de Aprendizagem. São Paulo: Artmed, 2000.

55 POLITY, Elisabeth. Dificuldade de aprendizagem e familia: Construindo Novas narrativas. São Paulo:

Vetor editora, 2001.

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Como disse no incio, a Psicopedagogia chegou ao Brasil em 1970, com muitas

conquistas e realizações que merecem maior atenção no entanto inviável numa

breve apresentação ilustrar todos esses anos.

No entanto, a Associação Brasileira de Psicopedagogia completa 30 anos, e seu site

está disponivel para todas duvidas e informações que possam vir interessar.

Atualmente sobre a Presidência de Quézia Bombonatto. 56

Para Finalizar não poderia deixar de citar a frase do grande educador Jean Piaget

quando se refere a Educação.

A principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas, não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram. Homens que sejam criadores, inventores, descobridores. A segunda meta da educação é formar mentes que estejam em condições de criticar, verificar e não aceitar tudo que a elas se propõe. (JEAN PIAGET)

E como criar, criticar, verificar, não aceitando simplesmente o que nos é passado se

não aprendemos isso? Acredito que é esse o momento de atuação do

Psicopedagogo, trazer a luz capacidades que já existem mas que por alguma razão

nunca foram descobertas.

3.2 DA PSICOLOGIA PARA A PSICOPEDAGOGIA

Hoje em dia, Especialistas em Finanças e da Psicologia já conversam sobre a

atuação destes dois campos de conhecimento quando falamos em Finanças

Pessoais, já é possível se encontrar livros e trabalhos publicados na Internet que

apresentam essa proposta de trabalho.

Quando todo mundo está excitado com o mercado, você deve tomar muito cuidado. O preço das ações não se baseia apenas em valores econômicos, mas também em fatores psicológicos que influenciam o mercado. O economista da Yale University, Robert Shiller, um dos líderes do movimento das finanças comportamentais, enfatizou que as modas e as dinâmicas sociais têm uma função muito importante na determinação do preço das ações. Ele demonstrou que o preço das ações tem se mostrado muito volátil para ser explicado apenas por flutuações nos fatores econômicos, como dividendos e lucros. Shiller desenvolveu a hipótese de que muito da

56 Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp) http://www.abpp.com.br

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volatilidade adicional poderia ser explicado por modas e manias que têm grande impacto nas decisões dos investidores. (SHILLER, s.d., s.p)

57

A Psicanalista Vera Rita Ferreira de Mello defendeu seu doutorado sobre Psicologia

Economica, assunto tambem de seu livro: Psicologia Econômica: estudo do

comportamento economico e tomada de decisão. Trazendo o tema para o Brasil.

(...) o estudo do comportamento econômico dos indivíduos e dos grandes grupos pode representar uma possibilidade de debater fenômenos psico-econômicos de modo a contribuir para políticas econômicas mais justas e apropriadas aos nossos problemas; (FERREIRA)

58

Continuando no trabalho em consultorio, como Psicologa Clinica, busquei junto a

Profissionais de Finanças e Economia obter essa troca de experiencias pois se trata

de campos que fogem do meu conhecimento, em entrevista a Educadora Financeira

Andreá Voute já atentava para essa questão da Psicologia e das possibilidades da

atuação de um profissional mais especializado para alguns casos.

Uma confusão mental, a mesma que faz com que entrem numa dívida, faz com que não saibam o que querem. Assim, não tem metas e muitas nem sonham mais, só reagem aos estímulos de consumo e se esforçam para pagar o que já devem. Com o tempo essas pessoas podem se desorganizar e precisar de ajuda para equilibrar as finanças, ajuda profissional e das pessoas com quem elas convivem. O problema é que nem todos os clientes de serviços financeiros com dificuldades aceitam fazer terapia, acho que o psicopedagogo pode ser mais bem recebido. O lado humano das finanças é forte, mas nem sempre reconhecido, o ser humano não tem apenas o lado intelectual que faz contas. A Economia é uma matéria de humanas representada por números). (VOUTE)

59

O economista Jose Codo Neto reforça em sua entrevista.

Porque então se compra tanto a crédito? Aí é que entra o psicológico, por duas vias de acesso: A) Emoções individuais e coletivas com relação à aceitação, idealização, medo, insegurança além de outros; e B) A propaganda profissional. As empresas e as mensagens publicitárias lançam mão de ferramentas psicológicas para atrair o consumidor. Mas o

57 SHILLER, Robert, Escreve sobre finanças comportamentais e foi co-organizador do NBER workshops com

Richard Thaler, um dos mais conhecidos autores em Finanças comportamentais. Disponivel em>:

http://www.monitorinvestimentos.com.br/forum/?q=node/1190

58 FERREIRA, Vera Rita de Mello. Em 2005, tornou-se representante da IAREP no Brasil, e hoje é membro

também da SABE-Society for the Advancemente of Behavioral Economics, que reúne economistas

comportamentais e funciona em conjunto com a IAREP. DEFE NDE U TESE DE DO U TOR AD AO P S ICO LO G I A

ECONÔM IC A : OR IGEN S , MODE LO S , PR OPO S TAS . Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia

Social, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo, 2007. Disponivel

http://www.verarita.psc.br/portugues.php?id=psico

59 VOUTE, Andréa. Palestrante e consultora de planejamento financeiro. Tem criado e ministrado cursos e

palestras, sobre dívidas e orçamento. Atualmente trabalha com gestão focando em finanças. Idealizadora do site:

http://intfinanceira.wordpress.com. Segue em anexo a Transcrição de sua Entrevista.

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consumidor ainda não aprendeu ferramentas psicológicas para fazer prevalecer seus interesses ou se defender). (NETO, s.d.,s.p)

60

Alem disso, parecia que depoimentos de clientes, não deixavam dúvidas da ligação

existente entre finanças e psicologia; como tambem da importancia de um outro

profissional, nesse caso propus a atuação do psicopedagogo, que é meu interesse

apresentar neste trabalho.

Já com base na Psicanálise, eu podia encontrar respostas a nossos

comportamentos financeiros, no entanto o tratamento nesses casos pode ser longo

o que dificultava para atender o publico com o qual trabalhava até o momento em

questão, adultos necessitando de soluções mais rapidas, foi quando me propus

trabalhar com técnicas da Psicologia, especificamente com a linha TCC: Terapia

Comportamental - Cognitiva, pois estava lidando com quadros que apresentavam

um alto estado de depressão e ansiedade por consequencias de problemas

finaceiros , ficava claro a necessidade de obter algumas respostas mais imediatas.

Utilizando uma base empírica para a teoria da melancolia de Freud, Beck desenvolveu estudos sobre a depressão. Beck (2006) diz que, ao descobrir que sua pesquisa invalidava conceitos psicanalíticos de depressão, Aeron Beck descobriu que os sintomas da psicopatologia da depressão podiam ser melhor explicados através do exame dos pensamentos conscientes do paciente, no lugar de tentar trazer a tona (hipotéticos) desejos reprimidos e motivações inconscientes. Ele desenvolveu um tratamento para depressão baseado em auxiliar os pacientes a solucionar seus problemas atuais, mudar seus comportamentos disfuncionais e responder de forma adaptativa a seus pensamentos disfuncionais.(STRAUCH, 2009)

61

Com isso fica claro entender o que Andreá Voute percebe como confusão mental.

Assim cheguei ao trabalho o qual intitulava de Psicologia Financeira, adaptando

instrumentos da Terapia Cognitiva na tentativa de diminuir estado de ansiedade e

angustia, atraves da conscientização de como pensamos, sentimos e nos

comportamos diante de determinadas situações que envolvem dinheiro, de um modo

geral.

60 NETO, José Codo. Economista e Empresário, Chefe da Tecninvest no Brasil por 20 anos e Presidente da

Tecninvest nos Estados Unidos desde 2007. Segue em anexo a Transcrição de sua Entrevista.

61 STRAUCH, Zeo. Aron Beck e Terapia Cognitiva. 20 de Abril de 2009. Disponivel em http://

http://www.psicologado.com/site/escolas/cognitivismo/aaron-beck-e-a-terapia-cognitiva

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As descrições dos pacientes sobre si mesmos e de suas experiências evidenciavam pensamentos e visões negativas de si mesmos, de suas experiências de vida, do mundo e do seu futuro. Beck deu a esses pensamentos o nome de “pensamento automático”, visto que não precisam ser motivados pelas pessoas para vir à tona. Esses pensamentos são o resultado da forma do indivíduo interpretar as situações do dia-a-dia, ou seja, o que fica “gravado” como importante não é o que está acontecendo, mas a visão do indivíduo sobre aquele fato. Tais visões demonstram distorções cognitivas da realidade vivida. (STRAUCH, 2009)

62

No entanto com todos esses trabalhos percebo que o alcance de resultados ainda

parece ser de poucos e caminha lentamente.

O consumidor brasileiro terminou o primeiro semestre com mais dívidas e isso faz com que a segunda metade do ano comece com aumento nos níveis de inadimplência. Segundo a consultoria Serasa Experian, o calote ficou 3,9% maior em julho na comparação com o mesmo mês do ano passado. Este foi o terceiro aumento seguido. Os economistas da Serasa explicam que o brasileiro ainda está endividado com as compras realizadas no Dia das Mães e Dia dos Namorados. O resultado de pendências acumuladas é o atraso em algumas contas.

63

Fato esse explicado facilmente uma vez que vivemos numa sociedade de consumo,

assim não é apenas uma mudança de habitos que nos propomos, e sim uma

conscientização social.

Lojas de departamentos de vários andares, shopping centers que oferecem todos os tipos de serviços, boutiques finas que servem champanhe aos clientes, pequenas lojas que vendem toda sorte de produtos por menos de R$ 2,00. Há décadas consumir deixou de ser um simples ato de subsistência para ser identificado com uma forma de lazer, de libertação e até mesmo de cidadania. Homens e mulheres são levados a consumir, mesmo sem necessidade, apenas pelo simples ato de comprar. Para alguns pesquisadores, consumir é indispensável para fazer a economia girar e os países se desenvolverem. Para outros, o consumo desenfreado é uma grave doença moderna, com complicadas conseqüências para a sociedade e para o meio ambiente.

64

Assim apesar dos esforços de todos esses profissionais é fato que nem todas as

pessoas conseguem aplicar conceitos e orientações basicas passados nos cursos

de finanças. E como se existisse um espaço a ser preenchido entre a Economia e a

Psicologia, foi quando me deparei com a Psicopedagogia, afinal falar em finanças

tanto para o adulto como para a criança é mais do que simplesmente fazer calculos

ou saber investir, é tambem um aprendizado e esse por sua vez e resultado do meio

em que vivemos desde a familia ao social.

62 STRAUCH, Zeo. Aron Beck e Terapia Cognitiva. 20 de Abril de 2009 . Disponivel em http://

http://www.psicologado.com/site/escolas/cognitivismo/aaron-beck-e-a-terapia-cognitiva

63 Disponivel em>: http://noticias.r7.com/economia/noticias/brasileiro-faz-mais-dividas-e-calotes-crescem-em-

julho-20100812.html

64 A Insustentável sociedade de Consumo. Agrosoft Brasil: 16/06/2008. Disponivel em>:

http://www.agrosoft.org.br/agropag/101315.htm

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A modalidade de aprendizagem é como uma matriz, um molde, um esquema de operar que vamos utilizando nas diferentes situações de aprendizagem. Se analizarmos a modalidade de aprendizagem de uma pessoa, veremos semelhanças com sua modalidade sexual e até com sua modalidade de relação com o dinheiro. Pois a sexualidade como a aprendizagem e até a conquista do dinheiro, são maneiras diferentes que o desejo de posessão do objeto tem para apresentar-se” (FERNANDEZ)

65

Quando trabalhamos em Educação Financeira esses desejos tambem veem

aparecer, brincadeiras do tipo “esse será rico”, “esse é meu herdeiro’ ou “vai ser

pobre que nem seu pai” são tão significativos como quando um pai expressa para a

profesora que o filho é “burro” que nem ele, ou “tem de ser melhor do que eu fui na

escola”. Ora já sabemos que o ganho financeiro é resultado de um esforço que se

inicia no nascimento, chegando na vida adulta onde seu trabalho é reconhecido

financeiramente, com isso fica facil de entender essa relação.

Se por um lado, em familias com maior grau de escolaridade, desde cedo, espera-se que a criança seja bem sucedida, por outro, em familias com baixo grau de escolaridade é muitas vezes a escola, que espera que a criança não seja bem sucedida. Estas expectativas-construidas sob preconceitos-costumam gerar um quadro paralisador que afeta o desempenho escolar do sujeito. (POLITY)

66

Afetam o desempenho escolar e sem duvida o desempenho social, então o que se

esperar desse individuo agora adulto e provedor.

Com relação ao conhecimento, podemos observar esses fatores presentes quando se trata de repetir a relação com o saber, impostas pelos membros das gerações anteriores, determonando escolhas, impondo decisões sobre a carreira e mesmo levando o sujeito a seguir caminhos profissionais, que as vezes nada tem a ver com suas possibilidades ou desejos. (POLITY)

67

Numa familia onde é dificil aceitar que o filho pense diferente, isso pode gerar

conflitos, e assim na tentativa de recusar os papeis que lhe são impostos poderá vir

a se formar os sintomas, pois ou é isso ou terá que enfrentar a desaprovação dos

pais.

Além da influencia da familia, não podemos deixar de levar em conta o meio social,

quais valores e preconceitos são passados em relação ao trabalho, classes sociais e

diferentes profissões.

65 65

FERNANDEZ, Alicia. A Inteligência Aprisionada: Abordagem psicopedagógica clínica da criança e sua

familia. Porto Alegre: Artmed editora,1991, pag107.

66 POLITY, Elizabeth. Dificuldade de Aprendizagem e Familia: Construindo novas narrativas.São Paulo:

Vetor editora, 2001, pag.33.

67 POLITY, Elizabeth. Dificuldade de Aprendizagem e Familia. 2001, pag.33. Vetor editora. São Paulo.

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40

Pois se ocorresse uma paridade do cognitivo e afetivo em dois sujeitos de distinta cultura,

também suas aprendizagens em relação a um mesmo objeto seriam diferentes, devido as

influências que sofreram por seus meios sócio-culturais” (VISCA) 68

Isso faz sentido como já disse anteriormente, se fossemos analisar sobre culturas,

onde é passado de pai para filho e neto as profissões, é o caso das panificadores

quando portugueses, cantinas na cultura italiana, ou o comercio nos povos arabes.

No entanto ainda não existem estudos voltados para isso, são apenas vistos como

tradições, mas a razão destas permanecerem em tantas gerações não teriam

respostas no meio familiar e cultural? E no caso do Brasil, o que nos foi passado

sobre a cultura do dinheiro? Tudo indica que gastar é o que mais fazemos, no

entanto isso não é feito com planejamento e equilibrio. Assunto abordado no livro do

economista Eduardo Gianetti Onde cita Locke e Russell.

Agir no presente tendo em vista o futuro envolve antecipar consequências (antevisão) , delinera um caminho (estratégia) e atuar consistentemente (implementação). O problema é que cada uma destas etapas de ação intertemporal está sujeita a interferências, golpes e reviravoltas que subvertem o ideal da ação racional. No conflito entre as possibilidades e premências do momento, de um lado, e os objetivos e intenções de longo prazo, do outro, a força desgarrada e parcialmente subterrânea dos nossos desejos, afetos e pulsões resiste surdamente ao exercício sereno da liberdade (locke) e a ação pautadapela antecipação e ponderação racional das consequências (RUSSELL, apud GIANNETTI,2005, pag.173)

69

Assim diante dos fatos e estudos tudo parece gritar que soluções e mudanças de

habitos finaceiros sejam mais praticos e no que for possivel aplicados a curto e

medio prazo, a proposta para isso é de um acompanhamento onde possamos levar

o indivio aprender diferente a trabalhar com o dinheiro, repensar e se conscientizar

de suas atitudes financeiras. Esse é nosso principal aprendizado hoje.

68 Disponível em>: http://www.psicopceara.com.br/xiiencontro/visca.pdf.

69 O Valor do amanhã. GIANNETTI, Eduardo. 2005, pag. 173. Companhia das letras. São Paulo.

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3.3 A ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO

Neste item, falarei um pouco sobre a proposta do trabalho, mostrando possiveis

áreas de atuação do Psicopedagogo, o perfil do cliente, aspectos a serem

trabalhados e as sessões propriamente ditas. Para ilustração cito um caso atendido

em clinica, preservando a identidade do cliente, portanto me referindo a ele como C,

e as minhas intervenções como Pp.

Não existem ainda estudos especificos sobre o Atendimento Psicopedagogico junto

a clientes com Dificuldades em Finanças Pessoais, assim adaptei da Psicopedagia

Aplicada à Dificuldades de Aprendizagem. A atução do Psicopedagogo é possivel

em clinica e instituições, minha experiência tem sido até o momento em clinica junto

a jovens e adultos.

3.3.1 Bibliografia utilizada

Como já citei tomei por base a Epistemologia Convergente de Visca,

concomitantemente com Alicia Fernandez e Polity, por levarem em conta o papel da

familia, no entanto no decorrer como poderam ver precisei da busca de outros

autores e até mesmo de outras areas, como foi o caso da Terapia Comportamental e

Cognitiva e Economia, como tambem já mencionado. Assim utilizei de varios

instrumentos de todas essas áreas: entre eles: Jogos, Teste do Par Educativo, Caixa

de Trabalho, avaliação dos pensamentos; exercicios teatrais; planilha financeira,

outros...

Assim temos dificuldade de aprendizagem de origem orgânica, de origem intelectual/cognitiva, de origem emocional (incluindo-se aí a familiar/relacional) O que se observa, na maioria dos casos, é um entrelaçamento destes fatores, que nos faz conhecer a complexidade da situação.(POLITY. 2001. Pag.18)

70

70 POLITY, Elisabeth. Dificuldade de Aprendizagem e Família: Construindo Novas Narrativas. São Paulo:

Vetor Editora. 2001.

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3.3.2 O Perfil do Paciente

O paciente que chega ao consultório normalmente já veem ciente de que suas

dificuldades com o dinheiro podem ter sua causa também em aspectos emocionais,

isso se deve por tres fatores:

Eles tem um certo conhecimento por serem mais esclarecidos.

Pessoas com quem convivem lhe dizem isso

Já frequentou Cursos ou Consultoria Financeira e não consegue aplicar

as orientações.

Indicado por outros profissionais da área medica e hoje tambem

financeira.

Paciente que já fora atendido ou vem sendo em Psicoterapia e/ou

Psicanálise

A faixa etária é desde Jovens que ainda estão em formação profissional até adultos,

incluisive aposentados. As queixas são proprias da fase de vida. Não sabe lidar com

a mesada,o salario nunca é o suficiente, ou então no caso de aposentados hoje é

comum serem vistos como “muro de arrimo” sustentando filhos já adultos e até

mesmo netos. Assim em alguns casos o envolvimento da familia nesse processo é

de grande importância para que o paciente alcance resultados na sua também

chamada Educação Financeira.

No sistema familiar, a capacidade de proporcionar um continente seguro para o desenvolvimento intelectual está primeiramente ligada à habilidade dos mesmbros da família (em especial os pais) de separarem seus próprios conflitos relativos às realizações, das expectativas e conflitos dos filhos. Esta capacidade evidentemente, está intrinsecamente enraizada no grau de satisfação, ou pelo menos de resolução, nas questões intelectuais/profissionais que afetam os próprios pais. (POLITY. 2001.pag.44-45)

71

Essa participação pode ser facilitada com o projeto de iniciação da disciplina nas

escolas:

71 POLITY, Elisabeth. Dificuldade de Aprendizagem e Família: Construindo Novas Narrativas. São Paulo:

Vetor Editora, 2001.

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Estudantes de escolas públicas vão agora estudar orçamento doméstico, poupança, aposentadoria, seguros e financiamentos -- assuntos que interessam a todos, mas que apavoram até os pós-graduados.

A partir de hoje, 450 escolas públicas dos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Ceará, Tocantins e do Distrito Federal iniciam aulas do projeto-piloto de educação financeira, que pretende chegar a mais de 200 mil instituições de ensino oficial e erradicar o analfabetismo financeiro no país.

72

No ensino formal, é comum solicitar os pais diante de dificuldades de aprendizagem

dos filhos, acredito que o mesmo ocorrerá com Educação Financeira. Com isso

amplia-se a atuação do psicopedagogo como intermediador entre escola-aluno-

professor.

A escola, como instituição social, pode ser considerada de forma ampla e, de acordo com a teoria sistemica, como um sistema aberto que compartilha funçoes e que se inter-relaciona com outros sistemas que integram todo o contexto social. Entre esses sistemas o familiar é o que adiquire o papel mais relevante no referente à educação e assim, na atualidade, vemos a escola e a familia em inter-relação contínua, mesmo que nem sempre sejam obtidas atuações adequadas, já que, muitas vezes agem como sistemas contrapostos mais do que como sistemas complementares.

73 (BASSEDAS e Cols. 1996, pag.26)

Vejo como positivo o fato das escolas publicas terem em seu curriculo educação

financeira, por dois motivos. Primeiro a concorrência que fará junto a cursos

particulares já oferecidos obrigando com isso a especialização de profissionais e

qualidade deste ensino, com isso o oportunismo também tende a perder espaço, e

segundo é uma maneira de forçar outra postura de instituiçoes financeiras que

orientavam visando apenas seu proprio lucro ou induzindo a investimentos que

tragam retorno para as mesmas.

Por outro lado, penso também num aspecto negativo, como ficaria o fator de

conscientização desta população em relação ao valor dos Impostos pagos. Estariam

as escolas publicas autorizadas a levar o aluno questionar, refletir, repensar, criticar,

sugerir, mudanças nessa politica. Em pesquisa recente pelo Ipea74, o Brasil hoje é o

pais onde mais se paga impostos e quem sofre com isso é a classe carente.

O estudo divulgado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) sobre carga tributária e capacidade do gasto público no Brasil revela que são os trabalhadores os

72 Artigo: Escola pública inicia projeto de educação financeira. SCIARRETTA,Toni.

Folha.com.09/08/2010.Disponivel em>: http://www1.folha.uol.com.br/mercado/780001-escola-publica-inicia-

projeto-de-educacao-financeira.shtml

73 BASSEDAS, Eulália e COLS. Intervenção educativa e diagnóstico psicopedagógico. São Paulo: Artes

Médicas, 1996.

74 Ipea: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Endereço eletrônico: www.ipea.gov.br

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responsáveis pela maior parcela da arrecadação tributária no país. O percentual despendido para o pagamento de tributos é inversamente proporcional à renda dos brasileiros.

Quem recebe até dois salários mínimos de renda familiar mensal, ou seja, meio salário mínimo percapita por mês (levando-se em conta que o padrão de estrutura familiar no Brasil é composto por quatro pessoas), contribuiu no ano passado, com 53.9% desses recursos para o pagamento de tributos. Ao passo que o esforço dos que se encontram na outra ponta da tabela e recebem acima de 30 salários mínimos ficou na casa dos 29%.

75

Seria de interesse dos Governos incluir essas informações dentro desta disciplina?

Principalmente sendo sua clientela a população mais carente? Não acredito que o

façam, com isso corremos o risco da Educação Financeira nos colegios estaduais

sofrer a mesma repressão que o ensino passou no governo da ditadura militar. Afinal

conscientizar a população dos impostos abusivos tambem faz parte de educar

financeiramente, mas como faze-lo nessa situação , onde quem educa é quem

cobra?

Assim estou otimista em acreditar na Educação Financeira como novo campo de

trabalho para o Profissional em Psicopedagogia junto ao Professor, onde cabe a

esse atender a instituição. Saberá lidar com os questionamentos de seus alunos

quanto a cobrança de impostos e juros? Como enfrentar esse fato sem ir contra a

Escola enquanto Instituição ?

(...) Assim a escola não pode agir independentemente;existe um outro sistema mais abrangente, que é a administração do estado, dentro do qual ela está inserida e que é o que propoe os objetivos minimos que cada aluno deve atingir o ensino obrigatório. Podemos , assim, considerar que, no que se refere aos objetivos finais, a escola tende a homogenização. (BASSEDAS ET cols., 1996, pag. 27)

Sem dúvida essa disciplina alem de atingir nossos aspectos cognitivos e emocionais,

trará muitos questionamentos que nos farão repensar sobre atitudes, valores e

direitos.

Assim encerrando esse trabalho pretendo agora ilustrar um pouco do que nos

espera essa atuação. Escolhi para isso algumas situações viviadas em clinica e no

caso o sujeito aqui já terá participado de um Curso em educação Financeira.

75 Rodrigues, Lucia. Quem paga mais impostos no Brasil são os Pobres. Publicado em 25/05/2010.

Disponivel em>: http://www.capixabao.com/v3/noticia/2821/artigo/quem-paga-mais-impostos-no-brasil-sao-os-

pobres/

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3.3.3 Estudo de caso

Quando tratamos de Dificuldades de Aprendizagem temos o objeto de

aprendizagem, a forma como o paciente se relaciona com o mesmo e a queixa.

Vamos entender no caso da Educação Financeira quais seriam cada um desses

pontos:

Objeto de aprendizagem: Dinheiro ou meda.

Comportamentos esperados desta aprendizagem: Ganhar,

Poupar/Investir e Gastar

As dificuldades na aplicação desses habitos, podem ser considerados

como problema na aprendizagem resultando num desequilibrio financeiro,

formando assim os sintomas: PrivaçãoFinanceira, Consumismo, Avareza,

Dividas, Luxuria. Todos consequencias da forma como o sujetio apreende o

dinheiro.

Cabe então ao Psicopedagogo investigar quais seriam as causas, ou seja,

diagnosticar.

Nós, no momento do diagnóstico, pretendemos fazer um corte que nos permita observar a dinâmica da modalidade de aprendizagem, sabendo que tal modalidade tem uma estória que vai sendo construída desde o sujeito e desde o grupo familiar, de acordo com a rela experiência de aprendizagem e como foi interpretada por ele e por seus pais. No diagnóstico tratamos de observar, desnudar e começar a esclarecr os significados da modalidade de aprendizagem.

76 (FERNANDEZ. 1991, pag.108)

Veja o caso de C, jovem de 26 anos, completou o colegio, trabalhando desde os

dezesseis anos; já havia passado por quatro empregos e tentara duas vezes montar

negócio próprio. Num determinado momento, sem nenhuma explicação aparente, se

desestimulava dos seus empreendimentos. Chegara a mim a ponto de fechar sua

segunda empresa.

C- ...Eu canso, não sei o que acontece, simplesmente me canso. Chega uma hora

que não tem mais graça. Perco o “pique”. Então ou peço demissão, como fiz em

76 FERNANDEZ, Alicia. Inteligência Aprisionada. 1991.pag.108. Artmed. Porto Alegre.

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todos meus empregos, ou fecho a empresa. Estou agora querendo fazer isso. Minha

esposa reclama, fica preocupada que eu não paro em nada, e ela tm razão.

Pp – Tente ver em que momentos isso acontece, você percebe alguma semelhança

entre eles?

C- É estranho P, mas é sempre quando estou indo bem.

No ensino formal temos dificuldade de leitura, dislalia, dislexia, dificuldade de escrita,

desatenção, etc... Aqui trabalharemos com comportamentos compulsivos por

compra, apego ao dinheiro, desorganização financeira, desinteresse pelo trabalho,

tudo isso associado às ideias, sentimentos, sensações e valores com relação ao

objeto. Continuando o trabalho com C pedi que anotasse tudo o que conseguisse

relacionar aos momentos que dizia perder o “pique’’. O exercico confirmou as

impressões de C.

C – Eu fiz o exercício, olha só o que eu observei, todas as vezes que saí de um

emprego ou desisti do meu negócio, estava indo bem e ganhando muito dinheiro.

Ainda fazendo o diagnóstico, investiguei também aspectos da vida familiar de C no

que diz respsito a finanças e profissão. Veja o que ele me trouxe para as sessões:

C- Eu lembro muito do meu pai, sabe ele se separou da minha mãe. Ele nunca me

apoiara nos estudos, dizia que eu só ia gastar dinheiro com isso, que eu precisava

era trabalhar e ganhar dinheiro. Nossa! Era uma cobrança em cima disso. Acho que

nunca aceitei isso, tenho vergonha de dizer, mas nessas horas sinto raiva, muita

raiva dele, mas ao mesmo tempo sinto culpa por me sentir assim. Hoje ele não está

bem financeiramente. É um cara que não se realizou. Não acho que seja feliz. Como

posso sentir isso.

O Sintoma implica colocar em outro lado, jogar fora, atuar o que não se pode simbolizar, enquanto que a simbolização permite ressignificar e a ressignificação possibilita que a modalidade possa ir se modificando. Ao não poder estabelecer esse processo de ressignificação interna à propria modalidade de aprendizagem, esta modalidade fica enrijecida, impedidno ou dificultando a aprendizagem de determinados aspectos da realidade. A intervenção psicopedagogica não se dirige ao sintoma, mas pode mobilizar a modalidade de aprendizagem. A partir de tal mobilização, vamos relativizando os fatores que constroem o síntoma.

77 (FERNANDEZ. 1991, pag.117)

77 FERNANDEZ, Alicia. Inteligência Aprisionada. 1991. Artmed. Porto Alegre

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O trabalho passa então a ser entender a modalidade de aprendizagem do sujeito, no

caso de C, conscientizando-o do significado que aquele sintoma, desânimo, perda

de entusiasmo, representava para que ele, permitindo com isso a elaboraração dos

aspectos objetivos e subjetivos, podendo com isso apropriar-se do uso do objeto, no

caso aqui, ganhar dinheiro. Como já havia dito anteriormente Fernandez atenta para

as semelhanças da modalidade de aprendizagem, com a modalidade sexual e

modalidade de conquista do dinheiro.

Aprender é apropriar-se, apropriação que se dá a partir de uma elaboração objetivante e subjetivanmte. A elaboração objetivante permite apropriar-se do objeto ordenando-o e classificando-o, quer dizer, por exempo, reconhecer uma cadeira pondo-a na classe “cadeira”, quer dizer, trayando de usar o que a iguala a todas as cadeiras do mundo. Por outro lado, a elaboração subjetivante tratará de reconhecer, de apropriar-se dessa cadeira, à partir daquela única e intransmitível experiência que haja tido o sujeito com as cadeiras. (FERNANDEZ.1991.pag117)

78

Na outra semana, continuei com C usando na sessão uma adaptação para adultos,

da caixa de Trabalho de Visca, colocando objetos, jogos, figuras relacionadas ao

tema: trabalhoxprofissãoxdinheiro e levando em conta o diagnóstico de C. Veja sua

reação.

C – Nossa! Quantas coisas. Posso mexer em tudo? Pegou um livro: Síndrome de

Peter Pan79. Do que fala esse livro? Fiquei curioso.

Contei-lhe um pouco sobre o livro e a importância do mesmo na Psicologia. O livro

trata de homens imaturos que se recusam a crescer.

C. Trabalhou em cima da caixa, porém sempre muito reticente, perguntando sempre

se poderia mesmo mexer em tudo, se poderia recortar figuras etc...

A caixa deverá ser única porque ela representa uma importância significativa para o sujeito, já que contém objetos que foram escolhidos para ele, os quais intencionam promover “... a superação ou a minimização das dificuldades de aprendizagem” (BARBOSA, 2002, p. 36).

80

Trabalhei com C as suas dificuldades de explorar a caixa, ele verbalizou que de fato

se sentiu constrangido em mecher nas coisas que não são suas. Esclareci então que

durante as suas sessões ele poderia trabalhar a vontade com os objetos daquela

caixa. Além desses recursos utilizei jogos, desenhos e solicitei que descrevesse

78 Idem.

79 KILEY, Dan. Síndrome de Peter Pan. São Paulo: Circulo do Livro, 1983.

80 SAMPAIA, Simaia. Caixa de trabalho: um depositário do mundo interno do aprendiz. Site Psicopedagogia

Brasil. 19/12/2003. Disponivel em>:

http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/artigos_simaia_caixa_de_trabalho.htm

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suas metas, avaliamos cada uma delas passa a passo do como se sentia em

relação às mesmas. A figura de seu pai sempre aparecia nas sessões, no entanto

seus sentimentos foram se transformando. No desenho em particilar solicitei que ele

me fizesse dois desenhos um que representasse ele e seu atual ganho financeiro,

outro que representasse seu pais e seu atual ganho financeiro. Veja o que sugiu na

analise;

C – Nossa! Hoje eu ganho exatamente o que meu pai ganha, só que ele trabalhoiu

toda a vida para isso. É justo eu ganhar igual a ele, isso significa que com sua idade

provavelmente estarei ganhando mais.

Pp – Você já tinha se dado conta disso?

C- Acho que sim, mas nunca tinha parado para pensar sobre isso.

Iniciamos então um trabalho de avaliação dos sentimentos e ideias que C tinha em

relação à possibilidade de se superar ao pai profissional e financeiramente falando.

Pp – Como você se sente em relação a isso?

C – Estranho, sei que está certo, eu estudei mais do que ele, é natural e acho que

até bom os filhos conseguirem superar os pais, mas ao mesmo tempo também fica

uma sensação estranha de culpa.

Pp – E seu pai ele está ciente de seu ganho hoje?

C- Está.

Pp – O que ele diz sobre disso?

C – Não fala muito, diz que bom, mas eu sinto que no fundo é dificil para ele. E como

se ele tivesse inveja de mim, ao mesmo tempo em que fala que eu preciso ganhar

dinheiro tenho impressão de que o incomoda quando isso acontece.

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Arrisco em dizer que o crescimento dos filhos, leva a questão do tempo de vida dos

pais. Assim inconscientemente na tentativa de garantir sua juventude impedem

emocionalmente que seus filhos se desenvolvam, atitudes como brigar com a

escola, mudar de escola podem ocorrer nessa hora. No mundo adulto a luta passa a

ser contra o trabalho dos filhos, assim como com o namoro e tudo o que possa

representar essa independencia dos filhos, assim esse passa a ser eleito a ter um

sintoma, por exemplo o não aprender,ou não ter um ganho financeiro suficiente para

seu proprio sustento, mantendo com isso a fantasia dos pais em não envelhecer.

Na visão de Carter, com a chegada da adolescência, um novo Ciclo Vital se inaugura na família, trazendo possibilidade de crise evolutiva ou de um momento de paralização, que se encarregará de permitir que o sistema não evolua no tempo. (POLITY. 2001. Pag.39)

81

Pp – E como você reage a isso?

C- Ah! Me desanimo (tristeza).

Pp – É o mesmo desânimo que relata hoje, diante de seu trabalho?

C- Com certeza. Mas é dificil reagir a isso. Parece que não vou conseguir.

Continuando as sessões, introduzi o desenho do par educativo, para que pudesse

avaliar a relação que C tinha com o aprendente e fazê-lo repensar nessa relação,

uma vez que a mesma poderia estar sofrendo influências de sua relação com a

figura paterna. Aqui no caso, o ensinante seria representado pelos Educadores

Financeiro, Clientes e Funcionários, enfim toda e qualquer relação voltada para seu

crescimento profissional e financeiro.

É pelo interesse de conhecer melhor esses modelos vinculares que começamos a incluir no

diagnóstico psicopedagógico uma tecnica projetiva grafica: o desenho do par educativo.

(MUNIZ. 1987. Pag. 47) 82

81 POLITY, Elizabeth. Dificuldade de Aprendizagem e Família: Construindo Novas Narrativas. São Paulo:

Vetor. 2001

82 MUNIZ, Ana Maria Rodrigues. O desenho do par educativo: Um recurso para o estudo dos vinculos na

aprendizagem. Boletim ABPp. (Associação Brasileira de Psicopedagogia). Ano 6, numero 13. Junho de 1987

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Continuando intervi então com Jogos. No início C algumas vezes falava em desistir,

aos poucos ia conseguindo vencer esses desfios encontrando prazer em levar até o

fim os jogos, mesmo os que pareciam mais dificeis.

Paralelamente a esses trabalhos propus a C. que fizesse uma lista com os ganhos

que teria com sua realização profissional e financeira, para ele mesmo e para sua

familia.

Com o tempo C conseguiu elaborar seus conflitos que não o deixavam ir adiante em

seu trabalho, precisando sempre começar de novo. C entendeu que um ganho

financeiro ao contrario de lhe afastar de sua familia poderia aproximá-los mais e

ainda assim proporcionar-lhes maior conforto, com isso ao inves da desmotivação C.

agora tinha motivos para cresecer profissioanl e financeiramente, aprender e

desenvolver suas aptidões não lhe causava mais medos. Atualmente C. voltou aos

estudos e retomou o trabalho em sua empresa, a qual pensava em fechar no inicio

de nossas sessões.

A sessão de C pode representar um início de um novo campo de trabalho para o

psicopedagogo.

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CAPITULO IV: CONSIDERAÇÕES FINAIS

Posso confessar como boa neta de Árabe que meu interesse pelo assunto Dinheiro

é uma curiosidade que me acompanha desde o momento que tomei noção da

existência do mesmo. Juntando a essa descoberta, situações de minha vida só

vieram reforçar minha crença no quanto nossas atitudes finaceiras são tomadas de

afeto, isso provavelmente explique o fato de ter escolhido inicialmente a psicologia

para trabalhar essa questão. Assim, só esperei minha formação para que pudesse

colocar em prática no consultório uma psicoterapia mais focada no assunto. No

início foi difícil, sem trabalhos científicos e profissionais preparados nessa questão,

eu podia contar apenas com a leitura de obras de auto-ajuda, com minha crença e

determinação, assim levei adiante meu projeto. Como toda iniciativa pioneira,

também a minha foi alvo de críticas, piadas e inveja, porém são os elogios e apoios,

do público em geral que me escreve, dos meus amigos, familiares, e finalmente

professores e colegas da Psicopedagogia que chego hoje à conclusão deste

trabalho.

Durante o processo, já com o trabalho em Psicologia Financeira em andamento, fui

me deparando com outros profissionais que vinham estudando o assunto, os livros

de auto-ajuda passaram, então, a dividir espaço com artigos e livros mais científicos;

nessa trajetória, me deparei com a Psicologia Econômica, que sem sombra de

dúvida muito virá a contribuir para o papel do psicologo/psicanalista nesse campo.

Fez-se então o casamento entre economia e psicologia. No entanto minha questão

ainda não era essa. Primeiro porque quando falamos em finanças, dinheiro, mesmo

que virtual, ainda é a palavra e, segundo, que junto com tudo isso os cursos de

educação financeira vêm crescendo desenfreadamente, bem como aqueles que se

auto-intitulam terapeutas financeiros. No entanto, constato que há um grande

despreparo desses profissionais em lidar com dificuldades surgidas por parte dos

alunos — fato simples de entender, pois a maior parte desses educadores não teve

formação adequada. Tanto a educação financeira, como a psicologia financeira ou

econômica, são áreas novas no Brasil, não existe formação acadêmica para isso, as

duas profissões surgiram para atender uma necessidade que há pouco vem

despontando e, ao mesmo tempo, pede soluções rapidas: Entender finanças.

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Do meu ponto de vista, esse entender finanças compreende três aspectos:

Conhecimento teórico dos assuntos: Psicologia e Economia

Didática de ensino.

E finalmente, olhar o aluno: quem ele é e como aprende.

Em meu primeiro Curso de Educação Financeira, bastou que eu formasse uma única

turma para perceber que precisava desse último aspecto. Eu já me apoiava na

psicologia, na pedagogia e na economia, mas não havia dúvidas, existia um espaço

a ser preenchido. Foi quando cheguei à Psicopedagogia.

No trabalho individual, principalmente clínico, pode ser mais fácil de trabalhar e

perceber todos esses aspectos em um curto a médio espaço de tempo, no entanto,

em cursos, isso é mais difícil, pois nesse caso estamos lidando com grupos

heterogêneos. Ao contrário das escolas formais, onde o fator econômico seleciona o

público, em Educação Financeira podemos numa mesma turma possuir pessoas de

diferentes culturas, valores e classes sociais, contudo são oferecidos a elas o

mesmo conteúdo, espaço, materiais e principalmente a mesma didática de ensino.

Isso ocorre primeiramente porque as queixas são as mesmas, e em segundo lugar

por serem cursos rápidos e de pagamentos “facilitados”— o indivíduo se propõe a

pagar, mesmo sendo um valor alto para seu orçamento, outras vezes terceiros

pagam por ele. Com isso já nos deparamos com uma questão que vai contra o que

se ensina em finanças: parcelar e assumir compromissos acima do que sua

realidade financeira permite. Existem profissionais que se propõem fazer valores de

acordo com as possibilidades do cliente, mas infelizmente isso não ocorre sempre e

alegando ser um curso rápido e que resolverá seus problemas o aluno assume esse

gasto. Outro agravante, há cursos que são apenas uma forma de oferecer produtos,

livros, cartilhas, apostilas que afiançam ser a solução, além do incentivo em

investimentos na própria empresa, no caso das instituições financeiras.

Assim o objetivo, que seria Administração Financeira, mantendo o equilíbrio entre o

ganhar, poupar e gastar, acaba fugindo desse propósito e o aluno esperançoso,

passado alguns dias do curso e não conseguindo manter na prática o que lhe é

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ensinado, se vê novamente fracassado, reforçando uma crença negativa com

relação a esse aprendizado — exatamente a mesma sensação do aluno que vai mal

na escola. Assim, a famosa frase “estudar não é para mim”, passa a ser “dinheiro

não é para mim”. O problema poderia ser resolvido com a disciplina adotada nas

escolas: ao se levar em conta o perfil do aluno, as chances de melhores resultados

aumentam.

Outro ponto a ser destacado é a concorrência com cursos particulares, obrigando os

profissionais do ramo a se especializarem; dessa forma, os oportunistas certamente

não sobrevieriam. Nessa questão, o público das escolas estaduais já tem a ganhar

uma vez que passa a ser disciplina obrigatória, mas ainda assim nos deparamos

com o despreparo dos professores, isso explica o fato dos mesmos se mostrarem

aterrorizados com a ideia. Mais um aspecto negativo: é como seria trabalhada a

questão dos impostos pagos ao governo, bem como os juros abusivos do setor

bancário, pois isso poderia gerar conflitos. Já as empresas de consultorias

particulares têm mais a ganhar nesse sentindo, mesmo assim podem vir a sofrer, no

futuro, certa repressão. Esse fato talvez ainda não tenha ocorrido por serem

pequenas e estarem apenas começando, não oferecendo riscos para as grandes

instituições financeiras e ao Governo, os quais têm muito a ganhar com a alta de

juros e impostos.

Com isso já antevejo uma nova possibilidade de campo para o Psicopedagogo

atuar: junto aos professores e aos alunos. E com a Instituição, é claro, seja ela do

Governo ou particular.

E como se daria essa atuação? Quando trabalhamos dificuldades de aprendizagem,

o ponto principal é entender como o aluno aprende, de onde ele vem, e a função de

seu sintoma na familia. O perigo que vejo nos cursos de educação financeira é que

eles caiam no mesmo erro das escolas tradicionais, onde o que importa é a nota

para passar de ano; aqui no caso, a nota é Poupar: comportamento socialmente

aceito. Para isso temos de aprender que dívidas são erradas e devemos gastar

menos do que ganhamos. Mas como chegar a isso se nem ao menos aprendemos a

ganhar e entender a razão de nossos sintomas? E mesmo que aprendêssemos, a

questão não é fazer, mas como fazer.

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Existe uma grande diferença em ensinar: Ganhe, Poupe e Gaste ou ensinar Como

Ganhar, Como Poupar e Como Gastar. No primeiro modo você ensina a ação, no

segundo modo você conscientiza a ação. Isso explica porque algumas pessoas

aplicam o que lhes é ensinado em finaças, apenas por um tempo depois não o

fazem mais. E como colar para a prova.

Diante destes fatos, vejo que é possivel ver quantos são os aspectos que atingimos

quando nos propomos a ensinar, sejam finanças, história, geografia, não importa, é

grande a responsabilidade. Conceitos são passados, mas como fica isso em um país

onde existe uma diferença gritante entre classes sociais e culturais? Como ensinar

a gastar menos do que se ganha para aqueles que mal recebem para se alimentar?

Como diferenciar necessidades, exessos, ou extravagâncias? Como definir até onde

devemos e podemos comprar, poupar e mesmo ganhar? Quando fazer uma divida é

necessário? E os que não conseguem gastar? Esbanjar para alguns pode de fato

ser necessidade para outro? E como atingir aos mais abonados e gananciosos que

montam suas fortunas em função da fragilidade de outros? Com tudo isso, arrisco

em dizer que caminhamos pouco, seja com economia, psicologia, estamos a passos

curtos. Ainda temos de vencer desigualdades sociais, entender fatores culturais e

saber ler os valores e papeis familiares. Assim temos muito trabalho pela frente.

Espero que com esse trabalho consiga despertar o interesse de alguns colegas em

iniciarmos nesse projeto e poder dar andamento a uma nova proposta de atuação do

psicopedagogo, assim como sensibilizar aos professores e instituições que prestam

esse serviço, afinal, como toda e quaquer educação, aqui também se faz necessário

muito estudo, muita dedicação e muito amor, aqui o aprendizado é: Fazer uso do

dinheiro de forma sensata, adulta e consciente, afinal são nossas “Ações

Financeiras” que muito definem do mundo em que vivemos.

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REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS:

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BOSSA, Nadia A. A Psicopedagogia no Brasil.Porto Alegre. Artes Médicas Sul

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MUNIZ, Ana Maria Rodrigues. O desenho do par educativo: Um recurso para o

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VISCA,Jorge, SANTOS, Ana Lucia. Epistemologia Convergente: Clinica

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LEITURAS COMPLEMENTARES:

CASTRO, Fabricio. Juros bancários sobem pelo 4º mês seguido.

Agência Estado. São Paulo, 12/08/2010.

Disponivel em >: http://portalexame.abril.com.br/economia/noticias/procon-sp-juros-

bancarios-sobem-pelo-4o-mes-seguido-587256.html

GALHARDO, Mauricio. Finanças Pessoais. São Paulo. Editora Totalidade. 2008

GUERRA, Marcelo. Oneomania: Gastadores compulsivos uma doença cada vez

mais frequente. São Paulo, 05/09/2007.

Disponivel em >: http://saudealternativa.org/2007/05/09/oneomania-gastadores-

compulsivos-uma-doenca-cada-vez-mais-frequente

HALFELD, Mauro. Investimentos: como Administrar melhor o seu dinheiro. Editora

Fundamento, São Paulo, 2001.

KILEY, Dan. Síndrome de Peter Pan. São Paulo: Circulo do Livro,.1983

NEEDLEMAN, Jacob, O dinheiro e o verdadeiro Significado da Vida, 1991, Editora

Best Seller

RODRIGUES, Lucia. Quem paga mais impostos no Brasil são os Pobres. Publicado em 25/05/2010. Disponivel em>: http://www.capixabao.com/v3/noticia/2821/artigo/quem-paga-mais-impostos-no-brasil-sao-os-pobres/

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STRAUCH, Zeo. Aron Beck e Terapia Cognitiva. 20 de Abril de 2009. Disponivel em http:// http://www.psicologado.com/site/escolas/cognitivismo/aaron-beck-e-a-terapia-cognitiva WEATHERFORD, Jack. A História do Dinheiro, Negocio Editora, 1999,

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SITES RELACIONADOS:

Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp) http://www.abpp.com.br

http://www.agrosoft.org.br/ http://www.bmfbovespa.com.br/pt-br/educacional/cursos/cursos.aspx?idioma=pt-br

http://dinheirama.com/

http://www.educacaofinanceira.com.br

http://www.educacional.com.br

www.financenter.com.br

http://www.galhardo.com.br/

http://www.idec.org.br/biblioteca.asp#mcs.

http://intfinanceira.wordpress.com/

Ipea: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. www.ipea.gov.br

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http://www.monitorinvestimentos.com.br/forum/?q=node/1190

http:// www.tecninvest.com.br

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VIDEOS RELACIONADOS:

CAPRA, F. AS CONEXÕES OCULTAS. São Paulo: IDESA. 11 de Agosto de 2003.

p. 9. Disponível em: http://www.slideshare.net/ecaniso/as-conexoes-ocultas.

FLEMING, Victor, CUKOR, George e WOOD, Sam. Produção:David O. Selznick.

DVD: O Vento levou. Estados Unidos: 1939. Duração: 241 min.

LYNE, Adrian. DVD Proposta Indecente. Produção:Sherry Lansing. Estados

Unidos: 1993.Sinopse: Duração: 117 min.

SPIELBERG, Steven. DVD: Prenda-me se for capaz. Produção:Walter F. Parkes e

Steven Spielberg.Estados Unidos: 2002. Duração: 140 min.

STONE, OLIVER. WALL STRETT – PODER E COBIÇA. PRODUÇÃO: EDWARD R. PRESSMAN ESTADOS UNIDOS: 1987. DURAÇÃO: 126 MIN.

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A N E X O S

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AUTORIZAÇÃO E ENTREVISTA REALIZADA COM ANDRÉA VOUTE

http://intfinanceira.wordpress.com/

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AUTORIZAÇÃO E ENTREVISTA REALIZADA COM JOSÉ CODO NETO

www.tecninvest.com.br

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AUTORIZAÇÃO E ENTREVISTA REALIZADA COM MAURÍCIO GALHARDO

http://www.galhardo.com.br

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