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26 Revista Meio Ambiente Industrial Julho/Agosto 2009 O universo das e a atuação do setor industrial emissões atmosféricas Emissões Atmosféricas

O universo das emissões atmosféricas Vale lembrar que a chamada inversão térmica se caracteriza por uma camada de ar quente que se forma sobre a cidade, aprisionando o ar e impedindo

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  • 26 Revista Meio Ambiente Industrial Julho/Agosto 2009

    O universo das

    e a atuação do setor industrialemissões atmosféricas

    Emissões Atmosféricas

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    A indústria vem buscando, nas últimas décadas, além de soluções para a mitigação das emissões atmosféricas provocadas pelas suas atividades, meios

    para prevenir tais emissões, através de iniciativas próprias envolvendo a aplicação de conceitos e tecnologias

    Por Lilian Quintanilha

    S egundo definição na Resolução Conama – Conselho Nacional de Meio Ambiente nº 03-90, poluente atmosférico é toda e qualquer forma de matéria ou energia com intensidade e em quantidade, concentração, tempo ou características em desacordo com os níveis estabelecidos em legislação, e que tornem ou possam tornar o ar impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde, inconveniente ao bem-estar público, danoso aos materiais, à fauna e à flora ou prejudicial à segurança, ao uso e gozo da propriedade e às atividades normais da comunidade.

    O nível de poluição atmosférica é medido pela quantidade de substâncias poluentes presentes no ar. A variedade das substâncias que podem ser encontradas na atmosfera é muito grande, o que torna difícil a tarefa de estabelecer uma classificação.

    A medição sistemática da qualidade do ar é restrita a um número de poluentes, definidos em função de sua importância e dos recursos disponíveis para seu acompanhamento. Os grupos de poluentes que servem como indicadores de qualidade do ar, adotados universalmente e que foram escolhidos em razão da frequência de ocorrência e de seus efeitos adversos, são:

    - MP – Material ParticuladoInclui Material Particulado, PTS – Partículas Totais em

    Suspensão, MP10 – Partículas Inaláveis e FMC – Fumaça.Sob a denominação geral de “Material Particulado” se

    encontra um conjunto de poluentes constituídos de poeiras, fumaças e todo tipo de material sólido e líquido que se mantém suspenso na atmosfera por causa de seu pequeno tamanho. As principais fontes de emissão de particulado para a atmosfera são: veículos automotores, processos industriais, queima de biomassa e ressuspensão de poeira do solo, entre

    outros. O material particulado pode também se formar na atmosfera a partir de gases como SO

    2 – dióxido de enxofre,

    NOx – óxidos de nitrogênio e COVs – compostos orgânicos

    voláteis, que são emitidos principalmente em atividades de combustão, transformando-se em partículas como resultado de reações químicas no ar.

    O tamanho das partículas está diretamente associado ao seu potencial para causar problemas à saúde, sendo que, quanto menores, maiores os efeitos provocados. Outra observação é que o particulado também pode reduzir a visibilidade na atmosfera.

    - SO2 – Dióxido de EnxofreResulta, principalmente, da queima de combustíveis que

    contêm enxofre, como óleo diesel, óleo combustível industrial e gasolina. Essa substância é uma das principais formadoras da chuva ácida. O dióxido de enxofre pode reagir com outras substâncias presentes no ar formando partículas de sulfato que também são responsáveis pela redução da visibilidade na atmosfera.

    - CO – Monóxido de CarbonoÉ um gás incolor e inodoro que resulta da queima

    incompleta de combustíveis de origem orgânica, combustíveis fósseis, biomassa, etc. Em geral, é encontrado em maiores concentrações nos grandes centros urbanos, emitido, principalmente, por veículos automotores. Altas concentrações de CO são encontradas em áreas de intensa circulação de veículos.

    - O3 – Ozônio e Oxidantes Fotoquímicos“Oxidantes fotoquímicos” é a denominação que se dá

    Foto

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    à mistura de poluentes secundários formados pelas reações entre os óxidos de nitrogênio e compostos orgânicos voláteis, na presença de luz solar, sendo esses últimos liberados na queima incompleta e evaporação de combustíveis e solventes. O principal produto desta reação é o ozônio, por isso mesmo utilizado como parâmetro indicador da presença de oxidantes fotoquímicos na atmosfera. Esses poluentes formam a chamada “névoa fotoquímica”, ou “smog fotoquímico”, cujo nome foi dado porque causa na atmosfera uma diminuição da visibilidade.

    O ozônio encontrado na faixa de ar próxima do solo, onde respiramos, é tóxico. Entretanto, na estratosfera, a cerca de 25 km de altitude, o ozônio tem a importante função de proteger a Terra, como um filtro, dos raios ultravioletas emitidos pelo Sol. Além de prejuízos à saúde, o ozônio pode causar danos à vegetação.

    - HC – HidrocarbonetosSão gases e vapores resultantes da queima incompleta e

    evaporação de combustíveis e de outros produtos orgânicos voláteis. Diversos hidrocarbonetos, como o benzeno, são cancerígenos e mutagênicos, não havendo uma concentração ambiente totalmente segura.

    Participam ativamente das reações de formação da névoa fotoquímica.

    - NO – Óxido de Nitrogênio e NO2 – Dióxido de Nitrogênio

    São formados durante processos de combustão. Em grandes cidades, os veículos geralmente são os principais

    responsáveis pela emissão dos óxidos de nitrogênio. O NO, sob a ação de luz solar, se transforma em NO

    2 e tem papel

    importante na formação de oxidantes fotoquímicos, como o ozônio. Dependendo das concentrações, o NO

    2 causa

    prejuízos à saúde.A concentração de poluentes está fortemente relacionada

    às condições meteorológicas. Alguns dos parâmetros que favorecem altos índices de poluição são: alta porcentagem de calmaria, ventos fracos e inversões térmicas a baixa altitude. Este fenômeno é particularmente comum no inverno paulista, quando as noites são frias e a temperatura tende a se elevar rapidamente durante o dia, provocando alteração no resfriamento natural do ar.

    Vale lembrar que a chamada inversão térmica se caracteriza por uma camada de ar quente que se forma sobre a cidade, aprisionando o ar e impedindo a dispersão dos poluentes.

    Os padrões de qualidade do ar definem legalmente o limite máximo para a concentração de um poluente na atmosfera, que garanta a proteção da saúde e do meio ambiente. Os padrões de qualidade do ar são baseados em estudos científicos dos efeitos produzidos por poluentes específicos e são fixados em níveis que possam propiciar uma margem de segurança adequada.

    No Brasil, os padrões nacionais foram estabelecidos pelo Ibama – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, e aprovados pelo Conama, por meio da Resolução Conama 03/90.

    Os poluentes são divididos em duas categorias:

    Conama 03/1990: Padrões Nacionais de Qualidade do Ar

    Conama 08/1990: Limites máximos de emissão de poluentes do ar para processos de combustão

    externa em fontes fixas

    A medição da qualidade do ar é restrita a um número de poluentes, levando em conta sua importância e os recursos disponíveis para seu acompanhamento

    Komatsu, da Cetesb: “Para a indústria paulista, o marco nesse tema foi o decreto estadual nº 52.469, de dezembro de 2007”

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    bEmissões Atmosféricas

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    O IPT trabalha no diagnóstico e recomendações de soluções para a indústria na redução de emissões de poluentes em fontes estacionárias

    Foto

    : IPT

    - Primários: são aqueles emitidos diretamente pelas fontes de emissão. São as concentrações de poluentes que, ultrapassadas, poderão afetar a saúde da população. Podem ser entendidos como níveis máximos toleráveis de concentração de poluentes atmosféricos, constituindo-se em metas de curto e médio prazo.

    - Secundários: são aqueles formados na atmosfera através da reação química entre poluentes primários e componentes naturais da atmosfera. Foram estabelecidos

    dois tipos de padrões de qualidade do ar: os primários e os secundários. São as concentrações de poluentes atmosféricos abaixo das quais se prevê o mínimo efeito adverso sobre o bem-estar da população, assim como o mínimo dano à fauna e à flora, aos materiais e ao meio ambiente em geral. Podem ser entendidos como níveis desejados de concentração de poluentes, constituindo-se em meta de longo prazo.

    O objetivo do estabelecimento de padrões secundários é criar uma base para uma política de prevenção da degradação da qualidade do ar. Devem ser aplicados às áreas de preservação. Não se aplicam, pelo menos a curto prazo, a áreas de desenvolvimento, onde devem ser aplicados os padrões primários. Como prevê a própria resolução, a aplicação diferenciada de padrões primários e secundários requer que o território nacional seja dividido em classes I, II e III conforme o uso pretendido. A mesma resolução prevê, ainda, que enquanto não for estabelecida a classificação das áreas, os padrões aplicáveis serão os primários.

    Os parâmetros regulamentados são os seguintes: partículas totais em suspensão, fumaça, partículas inaláveis, dióxido de enxofre, monóxido de carbono, ozônio e dióxido de nitrogênio. A mesma resolução estabelece, ainda, os critérios para episódios agudos de poluição do ar.

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    Os padrões nacionais de qualidade do ar são apresentados na Tabela 1.

    A declaração dos estados de “Atenção”, “Alerta” e “Emergência” requer, além dos níveis de concentração atingidos, a previsão de condições meteorológicas desfavoráveis à dispersão dos poluentes.

    Para Carlos Eduardo Komatsu, gerente do Departamento de Qualidade Ambiental da Cetesb – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental, nesse tema o maior entrave é o transporte individual. “Em uma cidade como São Paulo é inviável esse tipo de transporte, porém antes de tudo é imprescindível que haja muito investimento no transporte coletivo”, considera.

    As emissões surgem de fontes fixas, também conhecidas como estacionárias ou pontuais, e difusas, ou móveis. Luiz Henrique de Souza Lúcio, diretor da Interação Ambiental, as define como:

    - Fontes Pontuais – Pontos de emissão contínua de um dado processo, cuja característica deste determina o perfil da

    emissão. “Por exemplo: chaminés, tubulações, desgaseificação de equipamentos e outras”, explica Lúcio.

    - Fontes difusas – Pontos eventuais de emissão cuja característica é normalmente variável e influenciada pelas condições ambientais locais. Nesse caso, Lúcio cita como exemplos os tanques de estocagem, as emissões evaporativas de processos e as emissões fugitivas, as quais ele ressalta que nem sempre são consideradas nos inventários de emissões.

    A qualidade do ar é afetada pelas emissões de fontes móveis e estacionárias, bem como pelas características atmosféricas da região considerada, principalmente a capacidade de dispersão do local. “O conceito de qualidade do ar é relativo a uma dada região, que pode ser uma bacia aérea, uma cidade, um bairro ou qualquer outra região delimitada, como uma área industrial”, acrescenta o diretor da Interação Ambiental.

    De um modo geral, a emissão de poluentes num nível local gera efeitos na saúde pública; danos aos materiais, à fauna e à flora; redução da visibilidade; e chuva ácida. “Já

    Emissões Atmosféricas

    Conama 05/1989: Institui o Pronar - Programa Nacional de Qualidade do Ar

    Lei nº 8723/1993: Dispõe sobre a redução de emissão de poluentes

    Tabela 1: Padrões nacionais de qualidade do ar (Resolução CONAMA Nº 03 de 28/06/90)

    Fonte: Cetesb

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    num nível global, os poluentes estão diretamente associados às mudanças do clima e à redução da camada de ozônio”, alerta Wai Nam Chan, presidente da AW&MA – Air Waste Management Association Seção Brasil.

    Sérgio Machado, professor adjunto da UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, revela que as condições atmosféricas do Brasil, quando comparadas às de

    países em desenvolvimento, apresentam uma situação bem melhor, com muito mais qualidade. Contudo, o nível está ainda abaixo em comparação às dos países desenvolvidos. Machado conta que a maior tendência no campo das pesquisas nesse tema é em eficiência energética, e já houve muito avanço. “Por exemplo, hoje em dia um veículo de passeio emite 95% menos poluentes do que há 20 anos, mas

    Figura 1: Emissões relativas de poluentes por tipo de fonte na RMSP – 2008

    Fonte: Cetesb

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    Emissões Atmosféricas

    houve o enorme aumento da frota, mesmo assim o resultado da qualidade do ar atualmente está melhor”, enfatiza.

    Machado explica que há dois grupos de poluentes. Os legislados e os não-legislados. São eles:

    Poluentes legislados:- Ozônio- NO

    x

    - SO2

    - CO- PTS- MP

    10

    - MP 2,5

    - HCNM

    Não-legislados:- Aldeídos- Cetonas- Ácidos Carboxílicos- Alcoóis- HC Alifáticos- HC Aromáticos- HC Policíclicos- Metais- Microbiológicos

    Para exemplificar o cenário atual das condições atmosféricas dos grandes centros urbanos, Komatsu, da Cetesb, conta o caso do Estado de São Paulo. Ele explica que o monitoramento da qualidade do ar, com a avaliação das concentrações de poluentes no Estado de São Paulo, foi iniciado na Região Metropolitana no início da década de 70, com a instalação de 14 estações para medição diária

    dos níveis de SO2 e fumaça preta. Parte das estações, denominadas manuais, continuam sendo utilizadas pela Cetesb no monitoramento da qualidade do ar.

    Já no início da década posterior, Komatsu lembra que foi dado um salto qualitativo, com o início do monitoramento automático e a instalação de novas estações para a avaliação de dióxido de enxofre, material particulado inalável, ozônio, óxidos de nitrogênio, monóxido de carbono e hidrocarbonetos não-metânicos, além dos parâmetros meteorológicos como direção e velocidade do vento, temperatura e umidade relativa do ar. Em 2000, o monitoramento automático foi ampliado para algumas cidades do interior do Estado. “Além da medição diária desses poluentes, atualmente, a Cetesb realiza estudos sobre outros poluentes, dentre os quais se destacam o chumbo, aldeídos e compostos reduzidos de enxofre, além de estudos específicos, alguns dos quais em parceria com universidades”, conta o gerente da Cetesb.

    De acordo com Komatsu, segundo um levantamento feito pela Cetesb, existem no Estado de São Paulo 211 municípios saturados ou em vias de saturação, sendo os principais deles localizados em áreas de intensa industrialização, como as regiões de Cubatão, de Paulínia, de São José dos Campos, de Ribeirão Preto e da Região Metropolitana de São Paulo, entre outras.

    Para que uma determinada área seja considerada saturada, será determinada para os poluentes legislados a média aritmética das médias anuais dos últimos três anos, maior que o padrão nacional de qualidade do ar estabelecido

    Figura 2: MP10 – Evolução da distribuição percentual da qualidade do ar – RMSP

    Decreto 2652, de 1 de julho de 1998: Promulga a Convenção - Quadro das Nações Unidas sobre

    mudanças do clima

    Fonte: Cetesb

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    pela resolução do Conama já citada. Para as áreas em vias de saturação, essa média aritmética dos últimos três anos terá que ser maior que 90% do padrão. Segundo Komatsu, nas áreas saturadas ou em vias de saturação, a Cetesb estabelecerá um PREA – Programa de Redução de Emissões Atmosféricas para as indústrias em operação, condicionando a renovação da Licença de Operação a uma série de exigências, como a utilização de sistemas de controle baseados na melhor tecnologia disponível no mercado, a implementação de Plano de Monitoramento das Emissões Atmosféricas, segundo o Termo de Referência estabelecido pela agência ambiental, e, a partir de janeiro de 2013, o cumprimento de metas de redução de emissões. “As reduções das emissões dos poluentes que levaram à saturação gerarão créditos que poderão ser utilizados pelo próprio emissor para renovar a licença ou oferecidos no Mercado de Créditos de Poluição, uma nova modalidade está sendo estudada na BM&F – Bolsa de Mercadorias & Futuros para serem adquiridos por empresas interessadas em se instalar nos locais saturados ou em vias de saturação, promovendo uma compensação pelo impacto a ser causado”, conta Komatsu. Esses créditos, com validade de dez anos, serão aprovados pela Cetesb. Os créditos gerados por fontes móveis poderão ser efetivados mediante reduções das emissões das frotas cativas, como as frotas de veículos de uma determinada empresa, que comprovadamente circulem na região onde o crédito será utilizado.

    Komatsu explica que para os novos empreendimentos há duas opções: se instalar em uma área que ainda não esteja saturada ou assumir as compensações e se adequar. Segundo ele, são inúmeras as formas de adaptação, e isso varia de empreendimento. A empresa precisa, primeiramente, apresentar um plano de compensação de suas emissões junto ao órgão ambiental. Caso não sejam cumpridas as exigências,

    a empresa pode não obter a renovação da sua licença de operação. “Em se tratando de controle de emissão atmosférica só há duas possibilidades: não poluir ou controlar. A tendência na indústria é prevenir a emissão, outra tendência é a busca pela eficiência energética”, comenta Komatsu.

    Desafios – Segundo os entrevistados, ainda são muitos os desafios envolvendo o tema. Elisete Dutra, gerente de Gestão da Qualidade do Ar da Feam – Fundação Estadual de Meio Ambiente, órgão ambiental de Minas Gerais, avalia que hoje há a necessidade de focar nas emissões de fontes difusas, em todos os grandes centros urbanos. “Em relação à qualidade do ar, hoje se reduziu muito a concentração de enxofre, e isso se deve à redução dessa substância nos combustíveis. Sem dúvida, o maior problema que temos que enfrentar é o material particulado. Outra constatação é de que o problema das emissões atmosféricas não é, sem sombra de dúvida, por falta de informação, mas, sim, por falta de ação”, comenta Elisete.

    Outro problema sério hoje nos centros urbanos é a grande concentração de ozônio, gerado da frota de veículos e das refinarias de petróleo. Elisete acredita que o grande gargalo nesse assunto é a frota de veículos, sobretudo a movida a diesel.

    Já para Giovana Rubim Gomes, da Corplab Environmental Analytical Services, o maior desafio é a necessidade de compreender mais e melhor sobre emissões atmosféricas, isso em todos os polos de atuação do setor produtivo. “Ainda é necessário muito investimento para contribuir com a melhoria da qualidade do ar”, comenta. Ela ainda avalia que a legislação existente que trata desse assunto é aplicável, porém mal aplicada.

    Segundo Chan, da A&WMA Seção Brasil, o tema “emissões” implica em políticas públicas e mudanças de comportamento e de modos de produção.

    Para Lúcio, da Interação Ambiental, é fato que a origem da emissão atmosférica vinda das fontes fixas e móveis é o principal fator de poluição, porém é necessário ressaltar que a capacidade de dispersão atmosférica também influencia na qualidade do ar.

    Ainda de acordo com Lúcio, uma das substâncias mais emitidas pela indústria é o material particulado, mas o setor

    Resolução Conama nº 264/1999: Dispõe sobre o licenciamento de fornos rotativos de produção de

    clinquer para atividades de coprocessamento

    Vergnhanini Filho, do IPT: “Há três fatores que interferem na emissão: o tipo de combustível, o equipamento responsável pela sua queima e a forma que se opera o equipamento”

    Foto

    : IPT

  • 36 Revista Meio Ambiente Industrial Julho/Agosto 2009

    Emissões Atmosféricas

    produtivo tem condições de controlar essa emissão, já que existem, hoje, técnicas bem sedimentadas com esse intuito e ainda há muitas tecnologias sendo desenvolvidas.

    Lúcio informa, também, que são muitas as ferramentas e soluções aplicadas pelo setor produtivo para o controle e a redução de emissões a partir de seu processo de produção. “Porém, a indústria de ponta já vem trabalhando de forma limpa, prevenindo a geração de poluentes dos mais diversos tipos”, observa o especialista.

    A indústria

    Mesmo com o assunto explorado há muitas décadas, as ações realmente efetivas envolvendo a indústria e a problemática das emissões atmosféricas é recente – ainda assim é possível

    avaliar os benefícios das medidas tomadas em prol da qualidade do ar

    Avaliando o comportamento do setor produtivo nesse tema, a constatação a que se chega é de que a preocupação com o controle e com a prevenção da poluição é assunto diário nos empreendimentos. Segundo Chan, da A&WMA Seção Brasil, o percentual de participação da indústria nas emissões atmosféricas numa região metropolitana é de apenas 10%. Todo o restante, ou seja 90%, vem de fontes móveis. “Em se tratando de emissões da indústria, sem dúvida um marco foi o decreto estadual de bacias aéreas nº 52.469/07, que trata da compensação em áreas saturadas. Vale ressaltar que a compensação varia de empresa para empresa”, afirma Chan.

    Para Elisete, da Feam, em uma breve análise da indústria nas últimas décadas, é possível afirmar que seu comportamento melhorou muito. Hoje há pessoas nas grandes empresas muito conscientes da importância e dos

    benefícios de aplicar boas práticas ambientais. Contudo, ela acredita que os órgãos ambientais devem ser ainda mais exigentes com o setor produtivo, agindo como uma forte fiscalização. “Minas Gerais está um pouco atrasado em fiscalização, uma vez que os órgãos ambientais têm que exigir e acompanhar se o setor está em conformidade, e nisso o Estado ainda tem que avançar”, observa Elisete.

    No caso de São Paulo, Komatsu, da Cetesb, conta que atualmente a situação está bem melhor do que no passado, a concentração de poluentes está bem menor, e um dos fatores é o número menor de indústrias instaladas na Região Metropolitana de São Paulo, já que muitas se transferiram para outros municípios e até para outros estados. “Porém, as que permaneceram se atualizaram em relação às suas emissões atmosféricas por exigência do órgão ambiental, mas, especialmente, por comprometimento ambiental e busca pela eficiência energética”, explica.

    Para a indústria, ainda segundo Komatsu, o marco nesse tema foi o decreto estadual nº 52.469, de dezembro de 2007, que se refere ao novo modelo de licenciamento ambiental de fontes industriais em áreas já saturadas por poluição atmosférica. Antes do decreto, havia restrição à instalação de novos empreendimentos de qualquer porte em regiões saturadas, provocando um desestimulo para investimentos em novas tecnologias ambientais e, principalmente, limitação à atividade econômica. Já as emissões por origem veicular são bem mais representativas, mas em razão do Proconve – Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores e da renovação da frota, reduziu-se bastante a quantidade de emissão de poluentes. “Isso se deu pelas novas tecnologias nos veículos, além da melhoria na qualidade dos combustíveis, ainda que com a visível piora no trânsito na região metropolitana, a qualidade do ar está melhor”, analisa Komatsu.

    Figura 3: CO – Evolução da distribuição percentual da qualidade do ar – RMSP

    Fonte: Cetesb

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    Para Chan, A&WMA Seção Brasil, em se tratando de controle da poluição do ar é necessário criar culturas globais para redução de emissões, desde mudanças políticas até mudanças de comportamento. De acordo com ele, inventariar as emissões é um primeiro passo para identificar as prioridades de ação, e o monitoramento da qualidade do ar deve ser intensificado em regiões metropolitanas e industriais. “Sempre que possível, antes de se instalar uma indústria, deve-se avaliar a dispersão atmosférica da região. Além disso, a prevenção da contaminação é melhor do que seu controle, e no caso de emissões atmosféricas, a abordagem preventiva está intimamente relacionada com a eficiência energética, a qual deve ser bem explorada na fase de projeto dos empreendimentos. Para unidades existentes, a abordagem corretiva é aplicada através da instalação de equipamentos de controle de poluição, soluções de fim de tubo”, ressalta Chan.

    Ele ainda comenta algumas tendências mundiais nesse assunto. Segundo ele, há hoje exigências locais mais rígidas do que as federais, como no Estado da Califórnia, nos Estados Unidos. Outras tendências são: inventários regulares e metas de redução global, monitoramento contínuo de fontes de grande porte, rede de monitoramento mantida pelo Estado, novos investimentos com restrições mais rígidas, dependendo da área, e mercado de “cotas de emissão”.

    Soluções – São inúmeras as soluções disponíveis para o controle, a redução e até mesmo a prevenção da emissão de poluentes atmosféricos. Os principais equipamentos são: câmara de sedimentação, ciclone, filtros de manga, precipitadores eletrostáticos, lavador de gases, torre de lavagem de gases, filtro de carvão ativo e pós-queimador.

    No entanto, apesar da diversidade, os especialistas concordam que a forma mais racional de reduzir emissões atmosféricas é através da melhoria energética, em fontes fixas e móveis. A equação é simples: se eu consumo menos, o que vou emitir também será menor. Para isso, segundo eles, é fundamental a contribuição dos centros de pesquisa e desenvolvimento tecnológico, formando parcerias com governo e indústria. “Todavia, para a viabilização desses convênios são necessários mecanismos de incentivos fiscais e diferenciação no tratamento de impostos”, comenta Chan. Para ele, as maiores tendências nesse tema são: melhoria em eficiência energética, fontes alternativas de energia e aumento do uso de gás natural, ou, ainda, a sinergia entre esses três fatores, trabalhando em busca da sinergia dos recursos naturais.

    Chan elenca as premissas básicas para uma boa gestão de emissões em um empreendimento. São elas:

    - Elaboração de Inventário de Emissões;- Base consistente de dados, projeto e processo;- Inclusão de fontes existentes e novas;- Conhecimento das emissões atuais, de preferência através de amostragens

    de chaminés;

    Decreto nº 99280, de 6 de junho de 1990: Promulga a Convenção de Viena para a proteção da camada de ozônio e o

    Protocolo de Montreal

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    - Aplicação de protocolos de cálculo e fatores de emissão;

    - Conhecimento detalhado do termo de referência emitido pelo órgão ambiental que orienta o que deve estar contido no estudo, que pode ser um EIA-RIMA ou não;

    - Conhecimento da legislação aplicável;- Conhecimento das melhores práticas e tecnologias de

    controle, seus custos e seus impactos, de forma a buscar bons equipamentos no mercado.

    Inventário de emissões: Trata-se de um relatório contemplando os aspectos técnicos das emissões de um empreendimento, parque industrial ou localidade, cujos dados subsidiam a tomada de decisões do empreendedor ou do Poder Público. “Ao realizar o inventário de emissões atmosféricas é possível compreender melhor o comportamento do seu empreendimento”, afirma Lúcio, da Interação ambiental.

    Deve conter:- Caracterização da área;- Levantamento das fontes emissoras;- Qualificação e quantificação das emissões- Conclusões, inclusive relacionadas à legislação, quando

    aplicável.No Brasil, muitas das soluções surgem a partir do trabalho

    do IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas, cuja sede está na cidade de São Paulo, mas o trabalho é realizado em todo o país. De acordo com Renato Vergnhanini Filho, engenheiro químico

    do Laboratório de Energia Térmica, Motores, Combustíveis e Emissões do Centro de Tecnologias Ambientais e Energéticas do IPT, naquele departamento, o trabalho do Instituto está voltado para o diagnóstico e recomendações de soluções para a indústria para a redução de emissões de poluentes e fontes estacionárias. “A indústria procura o IPT para solucionar o problema de emissões ou para otimizar seus processos. Os estudos são feitos no próprio laboratório do IPT ou na própria empresa, para isso o Instituto dispõe de uma unidade móvel, e nos últimos anos está indo cada vez mais in loco”, comenta Vergnhanini Filho.

    Ele conta que, geralmente, só alterando o processo de combustão dos equipamentos já se obtém melhoria na emissão, e que a primeira coisa a ser feita é alterar as condições de operação do equipamento – essa é a principal recomendação, e que leva a menos custos. Segundo Vergnhanini Filho, há três fatores que interferem na emissão de poluentes: o tipo de combustível utilizado, o equipamento responsável pela queima desse combustível e a forma que se opera esse equipamento. “Hoje, o que está presente na emissão industrial é material particulado, NOx, SOx e CO, os quais podem ser controlados em equipamentos de combustão, e são todos controlados pela legislação. Também é importante lembrar que quanto maior for o rendimento do meu processo de queima de combustível, menos poluentes irei emitir”, acrescenta Vergnhanini Filho.

    Estudo de caso – Holcim

    Para controlar e reduzir as emissões atmosféricas, a Holcim realiza várias ações em suas três unidades fabris: Pedro Leopoldo e Barroso, em Minas Gerais, e Cantagalo, no Rio de Janeiro. Valéria Soares A. Pereira, gerente de Meio

    Figura 4: O3 – Evolução da distribuição percentual da qualidade do ar – RMSP

    Resolução Conama nº 316/2002: Dispõe sobre procedimentos e critérios para o funcionamento de sistemas de tratamento térmico de resíduos

    Emissões Atmosféricas

    Fonte: Cetesb

  • Julho/Agosto 2009 Revista Meio Ambiente Industrial 39

    Ambiente, conta que há a instalação de filtros de mangas em diversos pontos potenciais de emissão de pó, como transferências de correias transportadoras, topos de silos e pontos de descarregamento de caminhões. Além dos filtros de mangas e eletrostáticos instalados nas chaminés dos fornos, moinhos e ensacadeiras.

    Ela explica que a empresa também faz o monitoramento contínuo de material particulado, garantindo o controle da emissão de pó nas atividades industriais. A Holcim possui equipamentos de alta tecnologia para monitoramento contínuo de gases como SO

    2 e NO

    x, compostos orgânicos

    e HCl instalados nas chaminés dos fornos de clínquer, matéria-prima do cimento. “Esses equipamentos permitem um controle sistemático, com ações imediatas para garantir o atendimento aos padrões estabelecidos pela legislação ambiental”, acrescenta a gerente.

    Além do efetivo controle operacional, ela lembra que a empresa investe continuamente na modernização dos equipamentos de controle ambiental, de forma a contribuir para a melhoria continua da qualidade do ar. “Como exemplo, podemos citar a substituição de filtros eletrostáticos por filtros de mangas em pontos de significativa emissão de pó, como resfriadores, fornos e moinhos”, exemplifica Valéria.

    Ela também conta que a empresa realiza o inventário de emissões de GEE – Gases de Efeito Estufa e assumiu, junto ao WBCSD – Word Business Council for Sustainable Development, metas de redução de CO2. “Algumas ações, como a otimização do processo de fabricação do clínquer, para maior eficiência energética, o coprocessamento de combustíveis alternativos, a utilização de biomassa como combustível e a utilização de escória, possibilitam a busca continua para redução da emissão de GEE, além de reduzirem

    o consumo dos recursos naturais não-renováveis. No Brasil, até 2008 a empresa reduziu em 20,5% as emissões específicas de CO

    2, se comparadas ao ano base, 1990”, ressalta Valéria.

    Uma das soluções, em se tratando de emissões atmosféricas, é o coprocessamento, técnica adotada pela Holcim. “A disposição inadequada de resíduos sólidos gera emissões, como no caso dos aterros e incineradores, que são formas de disposição menos sustentáveis, comparadas às demais. Uma opção é o coprocessamento, já que aproveita a energia e os resíduos”, destaca Edmundo Ramos, gerente da Resotec, braço da Holcim responsável pelo coprocessamento. Ele explica que o que é emitido não é nocivo, e esse processo é um dos mais adequados para a destruição de resíduos, pela alta temperatura, podendo chegar até dois mil graus, e pelo tempo de residência – os sólidos permanecem por 30 minutos, já os resíduos gasosos ficam de quatro a seis segundo, muito acima do que é exigido pela regulamentação: acima de dois segundos.

    Mesmo assim, Ramos lembra que o coprocessamento não é capaz de eliminar totalmente as emissões, pois vapor d’água, CO2 e outros gases, controlados por lei, são emitidos, mas em um nível permitido. Ainda assim, em se tratando de GEE, ele conta que as emissões são inferiores em relação ao que é emitido em aterros e incineradores. “Desde 1999, quando a Holcim iniciou o trabalho com coprocessamento mo Brasil, até hoje, 200 mil toneladas de resíduos são coprocessadas todos os anos e o ganho em produção foi de substituição de 10 a 15% na utilização de combustíveis tradicionais”, lembra Ramos.

    Relatório de Qualidade do Ar no Estado de São Paulo – No mês de julho de 2009, a Cetesb apresentou os dados de qualidade do ar, em forma de relatório, no Estado de São Paulo durante o ano de 2008. De acordo com o documento, comparando-se especificamente o ano de 2007 com 2008, houve na Região Metropolitana de São Paulo uma ligeira diminuição das concentrações de monóxido de carbono e partículas inaláveis, apesar de o inverno do ano passado ter sido bastante desfavorável para a dispersão dos poluentes, com pouca chuva e baixa ventilação. Esses poluentes são emitidos, principalmente, pela frota de aproximadamente 9,2 milhões de veículos.

    A companhia afirma em seu estudo que, no ano de 2008,

    Resolução Conama nº 382/2006: Estabelece os limites máximos para emissão de

    poluentes em fontes fixas

    Elisete, da Feam: “Um problema sério nos centros urbanos é a grande concentração de ozônio, gerada pela frota de veículos e refinarias de petróleo”

    Foto

    : Fea

    m

  • 40 Revista Meio Ambiente Industrial Julho/Agosto 2009

    Especialistas debateramquestões envolvendo emissões atmosféricas da indústria

    No dia 29 de julho de 2009, a revista

    Meio Ambiente Industrial, em parceria com

    a Interação Ambiental, e sob a organização

    da Ambientepress, promoveu o encontro

    técnico “Emissões Atmosféricas”. O evento foi

    realizado na sede do CRQ – Conselho Regional

    de Química, em São Paulo, e contou com a

    presença de aproximadamente 50 pessoas,

    vindas dos mais variados ramos de empresas

    do país, interessadas em mais informações

    sobre o tema.

    O encontro foi dividido em quatro painéis

    que contemplaram as principais questões

    em se tratando de emissões atmosféricas,

    como, por exemplo: conceito, legislação,

    gerenciamento de emissões, tecnologias

    disponíveis, estudos de caso, no geral.

    Luiz Henrique de Souza Lúcio, diretor da

    Interação Ambiental, abriu o evento com a

    palestra “Sistemas de Gestão como ferramenta

    para o gerenciamento das emissões atmosféricas

    no setor industrial”. Com uma abordagem

    conceitual, Lúcio focou sua apresentação

    em fontes fixas e inventários de emissões,

    poluentes, legislação e amostragem de fontes

    fixas. O palestrante explicou que existe poluição

    do ar quando a presença de uma substância,

    ou a variação importante na proporção de seus

    constituintes, é suscetível de provocar efeitos

    prejudiciais ou doenças, tendo em conta o estado

    dos conhecimentos científicos.

    Já a palestra “O controle da poluição do

    ar no licenciamento ambiental de indústrias”,

    sob o comando de Wai Nan Chan, presidente

    da A&WMA Seção Brasil, teve como principal

    objetivo apresentar uma visão panorâmica dos

    aspectos relacionados ao controle da poluição

    do ar no licenciamento ambiental de indústrias.

    Para Chan, é necessário criar culturas globais

    para redução de emissões. Desde mudanças

    políticas até mudanças de comportamento.

    A segunda metade do evento iniciou-se

    com a palestra “As questões relacionadas à

    poluição atmosférica no Brasil”, por Sérgio

    Machado, professor adjunto da UERJ. De

    acordo com Machado, essa era uma área

    pouco explorada até início dos anos 90, e

    acreditava-se que a atmosfera era grande o

    suficiente para dissipar todos os poluentes. “É

    possível evitar solo contaminado, é possível

    evitar água contaminada, porém é muito difícil

    evitar ar contaminado”, explicou Machado.

    A palestra de encerramento foi ministrada

    por Giovana Rubim Gomes, da Corplab, com

    o tema “Amostragem – Medições da Qualidade

    do Ar”.

    Os especialistas convidados ministraram palestras em quatro painéis que contemplaram conceito, legislação, gerenciamento

    de emissões, tecnologias e estudos de caso

    Foto

    s: R

    MAI

    o Governo do Estado de São Paulo investiu R$ 7 milhões na modernização da rede de monitoramento da qualidade do ar e instalou 11 novas estações de medição no Estado, que conta atualmente com 42 estações automáticas em 27 municípios. “Com a expansão da rede de monitoramento, a agência passou a ter um maior controle dos poluentes emitidos pelos veículos e indústrias, e mais informações meteorológicas para avaliar as condições de dispersão dos mesmos”, esclarece Komatsu, da Cetesb.

    Os dados gerais mostram que, na Região Metropolitana, as concentrações de dióxido de enxofre, monóxido de carbono e partículas inaláveis são menores do que o observado no final de década de 90, em função dos diversos programas de controle adotados. No caso dos dois últimos parâmetros, houve interrupção da tendência de queda que vinha sendo verificada, e as concentrações têm se mantido relativamente estáveis nos últimos anos, embora ainda se observe algumas ultrapassagens do padrão de qualidade do ar para esses poluentes.

    O ozônio continua sendo o poluente que mais ultrapassa o padrão de qualidade do ar, principalmente na Grande São

    Paulo, embora esse número tenha sido menor em 2008. Foram 49 dias acima do padrão de qualidade, contra 72 registrados em 2007.

    No entanto, os técnicos da Cetesb não observam uma tendência definida ao longo do tempo para esse poluente. Nos meses de janeiro a março e de setembro a dezembro, quando frequentemente se observam concentrações mais elevadas de ozônio, houve em 2008 muitos dias de precipitação pluviométrica, ou seja, dias de chuva, o que tornou as condições atmosféricas menos propícias à formação desse poluente.

    Segundo os técnicos, a RMSP apresenta um alto potencial de formação de ozônio, devido à grande emissão dos compostos precursores, principalmente de origem veicular, que, sob a ação da luz solar, geram o poluente na atmosfera. As concentrações dos poluentes atmosféricos refletem as variações na matriz de suas emissões, tais como modificações na frota de veículos, alteração no tráfego, mudanças de combustível, alterações no parque industrial e implantação de tecnologias mais limpas, além das condições meteorológicas observadas ano a ano. Para conferir o relatório na íntegra, acesse o link: http://www.cetesb.sp.gov.br/Ar/publicacoes.asp

    Emissões Atmosféricas