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ARTIGO QUE ESTUDAREI PARA O MEU ARTIGO DA PUC RIO

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O USO DAS MÍDIAS NA SALA DE AULA: RESISTÊNCIAS E APRENDIZAGENS

Alice Virginia Brito de OLIVEIRA /PPGE/UFAL

RESUMO: Este artigo tem como objetivo investigar as questões inerentes às resistências dos

profissionais da educação de incluir no currículo as aprendizagens necessárias à utilização

das mídias em sala de aula bem como as aprendizagens significativas a partir da produção

do novo conhecimento tendo como referência as aulas da disciplina Didática, esta concebida

como a disciplina de formação pedagógica que subsidia o graduando em sua formação

docente. A abordagem utilizada foi a pesquisa qualitativa, tendo como método de

procedimento o estudo de caso em Escolas de Educação Básica, sendo que os dados foram

coletados a partir de questionários, bem como em aulas planejadas com o uso da internet no

laboratório de informática da Universidade Estadual de Alagoas. Os dados comprovaram a

importância do uso das mídias em sala de aula, bem como a significação da pesquisa para a

formação e construção da identidade de ser professor.

PALAVRAS-CHAVE: Internet; Formação Docente; Planejamento Didático.

1 Introdução

Na sociedade contemporânea com os avanços das tecnologias da informação e

comunicação - TICs, principalmente da internet, não se pode mais ignorar os conhecimentos

desta área ou simplesmente resistir às mudanças sociais que influenciam diretamente na

educação e gradativamente estão sendo inclusas.

As dificuldades de inserção das mídias em sala de aula ao longo da história da

educação e das práticas educativas estão sendo discutidas apesar de uma parcela da

comunidade educacional ainda não ter acesso a esses bens culturais. Infelizmente, para alguns

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teóricos e educadores estes recursos são importante em muitos aspectos, mas não “servem” ou

“dá mais trabalho” seu uso como ferramenta pedagógica em sala de aula. E outros, utilizam-

na de forma mecanizada a qual não viabiliza a verdadeira produção de novos conhecimentos

que é permitida com o trabalho pedagógico a partir das mídias, especialmente da internet.

As mídias na educação é uma temática que até os dias de hoje é estudada e

discutida com pouca ou nenhuma ênfase nos cursos de formação inicial de professores,

tornando-se uma questão recorrente nas formações continuadas dos profissionais da educação.

Daí, a urgente e necessária importância do debate, estudos e pesquisas nesta área.

Principalmente, na articulação deste conhecimento com as aprendizagens necessárias à

sociedade atual.

Assim, este trabalho intitulado “O Uso de Mídias na Sala de Aula: Resistências e

Aprendizagens” teve como objetivo investigar as questões inerentes às resistências dos

profissionais da educação de incluir no currículo as aprendizagens necessárias à utilização

destes recursos em sala de aula bem como as aprendizagens significativas a partir da produção

do novo conhecimento.

Acreditando ser a educação o canal de trazer à tona as novas linguagens

comunicacionais tão importante às novas formas de ensinar e de aprender, as quais viabilizam

aos sujeitos serem participes desta sociedade globalizada e reconheçam a função sócio-

educacional que as mídias vêm desenvolvendo na educação. A informação deve ser capaz de

enriquecer-nos, de mudar-nos, de converter-nos, simplesmente porque nos permite ver o que

era invisível para nós, saber o que ignorávamos, a sentir o que considerávamos inacreditável.

É a partir da aquisição das informações e dos conhecimentos que os indivíduos têm

uma visão de mundo diferenciado, pois na medida em que se adquirem novos conhecimentos

também se tornam diferentes.

Nesta perspectiva, as tecnologias podem tornar-se elementos integradores dos

ambientes de aprendizagem desde que sejam pensadas, discutidas e planejadas com base nos

reais contextos educacionais com seus limites e possibilidades. Não se pode ter a ilusão de

que serão a “salvação da pátria”, pois, dependendo do seu uso podem ou não contribuir para

uma aprendizagem que realmente responda aos desafios da sociedade atual.

2 Mídias e Educação Escolar

A sociedade ao longo dos anos vem se transformando em função de cada época

histórica. Com o advento das Tecnologias da Informação e da Comunicação - TIC, essa

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mudança ocorre praticamente de forma instantânea. Assim, muita coisa boa tem acontecido

como também muita coisa que não tem significado.

Na educação são grandes as contribuições, sobretudo com a chegada das mídias

e dentre elas a internet, possibilitando um vasto conhecimento. Com isso, mudam-se também

os paradigmas de ensinar e aprender.

A realidade escolar aos poucos vem mudando e modernizando a exemplo das

possibilidades de uso das mídias como, a TV, vídeo, DVD, projetor multimídia, internet, esta

última precisando aumentar sua oferta, principalmente montando laboratórios de informática

de qualidade que atendam as atuais necessidades da comunidade acadêmica, hoje pouco sendo

explorada.

Nada disso acontece se a escola não dispuser das instalações necessárias para a

implantação de computadores e a manutenção da internet e, conseqüentemente, de pessoas

preparadas para manuseá-los. A esses equipamentos junta-se a visão crítica do professor para

discernir quais informações serão veiculadas na sala de aula. Cabe salientar, contudo, que a

intenção não é substituir o quadro e o giz por recursos tecnológicos, mas uni-los para que a

aprendizagem seja mais eficaz, uma vez que, ensinar com as novas mídias será uma revolução se

mudarmos simultaneamente os paradigmas convencionais do ensino, que mantêm distantes

professores e alunos. Caso contrário, conseguiremos dar um verniz de modernidade, sem mexer no

essencial. A internet é um novo meio de comunicação, ainda incipiente, mas que pode nos ajudar a

rever, a ampliar e a modificar muitas das formas atuais de ensinar e de aprender (MORAN, 2000, p.

63).

As escolas enfrentam grandes desafios em relação aos novos paradigmas

educacionais, as novas formas de se comunicar, as novas exigências profissionais, a

diversificação das formas de ensinar e aprender redimensiona e conduz a organização

curricular a partir da inserção das mídias na educação e das exigências da sociedade atual.

Evidencia-se também um processo de transformação constante tanto na vida social quanto na

educacional, modificando ainda os espaços de ensinar e aprender que segundo Moran (2000,

p. 36):

a educação escolar precisa compreender e incorporar mais as novas

linguagens, desvendar os seus códigos, dominar as possibilidades de

expressão e as possíveis manipulações. É importante educar para usos

democráticos, mais progressistas e participativos das tecnologias que

facilitem a educação dos indivíduos.

Como se pode notar, não se pode desconsiderar as mídias, sua importância na

educação e na formação de professores, visto que as mesmas são imprescindíveis nos novos

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processos comunicacionais e sem dúvida o professor é um profissional capaz de desenvolver

seu trabalho se utilizando da mediação das mesmas. Os novos modelos educacionais

contemplam os usos das mídias nas escolas que no dizer de Braslavsky (apud TEDESCO,

2004, p. 87):

Parte dessas idéias a que as escolas teriam acesso deveriam ser

desenvolvidas através de uma nova didática – ou seja, de uma nova ciência

e de uma nova arte – que guie as práticas intencionais de formação de

capacidades, a partir das quais os estudantes possam se transformar em

gestores de seus próprios processos de auto-aprendizagem.

Num contexto globalizado, este é o grande desafio do professor, inicialmente

quebrar as barreiras de sua formação e tentar superar as dificuldades da inserção das mídias na

sala de aula e posteriormente é considerar este processo,.

É interessante ressaltar, porém, conforme alerta Araújo (2004), que não basta

introduzir as mídias na educação apenas para acompanhar o desenvolvimento tecnológico ou

usá-las como forma de passar o tempo, mas que haja uma preparação para que os professores

tenham segurança, não só em manuseá-las, mas principalmente em saber utilizá-las de modo

seguro e satisfatório, transformando-as em aliadas para a aprendizagem de seus alunos. Esta

idéia é compartilhada por Mercado (apud ARAÚJO, 2004, p. 66) o qual assegura que, com as

novas tecnologias, novas formas de aprender e novas competências são exigidas para realizar o

trabalho pedagógico, e assim, é fundamental formar continuamente esse novo professor que vai atuar

neste ambiente telemático em que a tecnologia será um mediador do processo ensino-aprendizagem.

A citação acima evidencia as transformações trazidas pelas novas tecnologias da

informação e da comunicação, exigindo, inclusive, um novo modelo de currículo, de escola,

do docente e do educando. Dentre o uso das TIC se destaca o uso do computador, mais

precisamente da internet, tendo em vista a velocidade e a quantidade de informações que ela

disponibiliza ao indivíduo assim como as formas dinâmicas, lúdicas e interativas tão

necessárias à educação.

3 Inserção das mídias na sala de aula

Com a vertiginosa expansão das TIC na educação de forma desestrutural percebe-

se que no auge deste momento as escolas não poderiam se eximir desta realidade. Mediante

projetos governamentais foram surgindo os laboratórios de informática nas escolas, as

formações continuadas de técnicos e professores, mas em contrapartida as dificuldades

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enfrentadas com o uso das mídias na sala de aula, sobretudo, do computador como ferramenta

pedagógica continuou sendo uma resistência por parte destes profissionais.

Profissionais advindos de formações tradicionais as quais não se tinha nos

currículos nada relacionado à temática. Indubitavelmente sofreram um impacto grande

quando solicitados a participarem de algum curso ou momento que fosse utilizado as mídias,

em especial, o computador. O computador tornou-se o medo, o desafio na luta em adaptar-se

a nova realidade social, econômica e educacional que a escola vivencia.

[...] A realidade de uma instituição de ensino constitui-se de uma estrutura,

uma organização de tempo, de espaço, de grade curricular, que, muitas vezes,

dificulta o desenvolvimento de uma nova prática pedagógica. São amarras

institucionais que refletem nas amarras pessoais.Não basta o(a) professor (a)

querer mudar. É preciso alimentar a sua vontade de estar construindo algo

novo, de estar compartilhando os momentos de dúvidas, questionamentos e

incertezas, de estar encorajando o seu processo de reconstrução de uma nova

prática. Uma prática reflexiva na qual a tecnologia possa ser utilizada a fim de

reverter o processo educativo atual. [...] (SANTOS; RADTKE, 2005, p. 332).

A partir desta citação, fica explícito o quanto é relevante o contexto institucional

para a formação continuada dos profissionais que nela estão envolvidos, assim como um

redirecionamento da organização estrutural da escola. Considerado o currículo o eixo

norteador dos princípios e finalidades do trabalho escolar, deverá ser discutido, refletido e

organizado no sentido que o mesmo contemple conhecimentos acerca das TIC,

principalmente, nas formações dos profissionais, nos projetos pedagógicos, nos eventos

letivos da escola e nas aulas com os alunos.

Nesta perspectiva as mídias não mais serão vistas com receio ou medo mais sim

como recursos pedagógicos capazes de dinamizar o processo educativo e com certeza com a

colaboração dos alunos no processo ensino-aprendizagem. A partir das idéias de Mercado

(2000, p.73):

A escola, ao invés de passar informações, geralmente desatualizadas e

descontextualizadas, terá de se ocupar do aprender a aprender, de levar o

aluno a construir o seu próprio conhecimento, mantendo-se alerta para

revisões e ampliações necessárias. A pretensão da escola é fazer o aluno

pensar, estimular suas faculdades, criar oportunidades de utilizar seus

talentos, respeitando os diversos modos de aprender e de expressar. A

escola terá que ser um espaço de produção e aplicação do conhecimento.

Como afirma Mercado (2000), a escola não pode mais ficar de fora deste processo,

as TIC estão em toda parte, muitos jovens já estão inseridos no mundo das tecnologias. A

escola por sua vez precisa realizar um trabalho de qualidade com a inserção das mídias na sala

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de aula para que os alunos motivem-se para o ensino-aprendizagem com responsabilidade e

essencialmente tenham aprendizagens significativas.

Contudo, com relação à prática pedagógica, alguns educadores não

compreendem dessa forma quando trabalham com seus alunos e estes, ante

propostas de mudanças, não se interessam. Isso porque a utilização dos

computadores deve estar vinculada a fins e objetivos importantes para o

processo de ensino e aprendizagem, no qual se organize um trabalho que seja

realmente significativo para os alunos, em que ele possa vivenciar a efetiva

funcionalidade do aprender e do uso dessa ferramenta nesse processo. Se

continuarmos simplesmente introduzindo o uso do computador

aleatoriamente, sem reflexão, sem preparo e sem escolhas bem orientadas,

essa ferramenta será utilizada para informatizar o caos destrutivo da educação

(SANTOS; RADTKE, 2005, p. 333).

As referidas autoras são enfáticas ao trazer a discussão do uso do computador

coerentemente com os objetivos e finalidades da educação. De acordo com esse pensamento,

necessário se faz, a escola realizar momentos de reflexões, planejamentos e elaboração de

projetos coletivos os quais priorizem a inserção das mídias e no caso específico do

computador na prática cotidiana da comunidade escolar. Ao incorporar essa prática,

proporcionará a verdadeira construção do conhecimento de forma rica, dinâmica, produtiva,

de qualidade e humana.

Dentro deste contexto, o trabalho com as mídias na sala de aula pode trazer novas

formas comunicacionais, novas habilidades, novas competências, novas linguagens, novas

aprendizagens, novos conhecimentos, sobretudo, relacionados à nova sociedade. Pressupõe

novos conceitos e novas metodologias de ensinar e aprender onde o planejamento, a

flexibilidade, a leitura, o dialogo sejam o ponto de partida e de chegada da construção do

conhecimento.

4 A Internet como ferramenta pedagógica

A internet atualmente é um recurso preponderante em vários setores da sociedade,

dentre eles na educação. Como recurso pedagógico tem sido bastante discutido, mais ainda

pouco inserido, pois as dificuldades e resistências acabam excluindo este trabalho do

cotidiano escolar. Para Mercado (2006, p. 57):

Integrar a utilização da Internet no currículo de um modo significativo e

incorpora-la às atuais práticas de sala de aula, numa aprendizagem

colaborativa, poderá fornecer um contexto autêntico em que alunos

desenvolvem conhecimento, habilidades e valores. Nesse contexto, as

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atividades propostas permitem aos alunos analisar problemas, situações e

conhecimentos presentes nas disciplinas e na sua experiência sócio-cultural.

Quando esta proposta for concretizada, a escola estará realizando um trabalho

articulado com o social em que está inserida assim como melhor cumprindo com sua função

social que é ensinar com qualidade. Qualidade esta, hoje tão questionada, pois os dados

estatísticos apresentam uma realidade caótica da educação brasileira. Segundo Mercado

(2006), as aulas, as atividades com utilização da internet na educação têm que ser motivadoras

dos alunos para que os mesmos busquem os conhecimentos, as informações de forma

investigadora, seletiva e critica considerando as mais importantes para sua aprendizagem.

Partido do exposto foi desenvolvida a pesquisa de campo sobre a utilização da

internet como ferramenta pedagógica. A pesquisa foi desenvolvida envolvendo os alunos do

Curso de História da Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL), nas escolas de Educação

Básica. A coleta dos dados aconteceu mediante a utilização da observação, da aplicação de

questionários e realização de entrevistas com os professores. Nesse sentido, as aulas de

Didática no referido curso também foi um espaço da pesquisa, tendo como objetivos verificar

as causas pelas quais os professores resistem em utilizar as mídias em sala de aula; discutir a

importância da aquisição de competências tecnológicas, pedagógicas e inclusão de

metodologias concretas de como integrar as TIC ao Currículo; discutir conceitos e práticas

para o uso das mídias na sala de aula; disponibilizar sites de pesquisa sobre as temáticas em

estudo e proporcionar a inserção da internet nas aulas de Didática no Curso de História por

meio do Laboratório de Informática.

A pesquisa explicitou mediante observação dos graduandos e, aplicação de

questionários os quais continham questões sobre o planejamento didático e a utilização de

mídias na sala de aula que os professores têm dificuldades de utilizar os recursos tecnológicos

em seu cotidiano e poucos utilizam as mídias como ferramenta de aprendizagem por não

conhecerem. Isso pode ser explicitado na fala do Professor 2: “É mais fácil trabalhar com o

planejamento que já temos organizados do que levar os alunos para o computador”. Já o

Professor 4 afirma :“Achei muito difícil trabalhar com o computador, tenho dificuldades em

manusear assim fica complicado depender de outras pessoas”. Nessas frases fica explicito que

para o professor é muito mais simples seguir o planejamento que ele já conhece porque isso

dá uma certa estabilidade ao trabalho desenvolvido, uma vez que mergulhar na “novidade” da

tecnologia significa quebrar paradigmas, se repensar e em muitas situações “depender de

outras pessoas”, já que esses professores não necessariamente tem os saberes básicos para

trabalhar com os novos recursos tecnológicos, especialmente o computador. O Professor 5

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corrobora essa informação, apesar de destacar que aprecia trabalhar com as novas tecnologias:

“Gostei muito de começar a trabalhar com as tecnologias, mas sinto muitas dificuldades de

operacionar os equipamentos, e os técnicos exigem muito em relação a aplicação de projetos

no laboratório de informática sem a gente dominar ainda na prática”.

Assim, observa-se que na prática pedagógica o uso das mídias em sala de aula

ainda é restrito a alguns profissionais, em especial, os técnicos que não estão ministrando

aulas. Os professores acabam não sendo envolvidos ou alguns não querem ser envolvidos com

as formações continuadas (quando são oferecidas) e projetos didáticos com esta finalidade por

não conhecerem ou simplesmente achar “mais fácil seu antigo planejamento”.

Os docentes em sua maioria ainda não têm claro que os recursos tecnológicos de

informação e comunicação têm se desenvolvido e se diversificado rapidamente, estando

presente na vida cotidiana de todos os cidadãos, além da existência de um mercado de

trabalho cada vez mais competitivo, exigindo dos profissionais da educação competências e

habilidades para lidar com a complexidade, a diversidade de informações, enfrentarem os

desafios que as novas tecnologias estão trazendo. Poucos utilizam a mídia impressa, a

televisão, o vídeo, o rádio, a internet, a hipermídia como ótimos recursos para mobilizar os

alunos em torno de problemáticas, quando se discute o que fazer para despertar o interesse

para os estudos temáticos, desenvolverem projetos ou trazer novos olhares para os trabalhos

em sala de aula.

A pesquisa revelou que os profissionais entrevistados infelizmente não utilizam o

planejamento didático de forma sistemática, as mídias na sala de aula nem tampouco a

internet como recurso pedagógico. Apenas utilizam o conteúdo programático como fim em si

mesmo. Como foi dito anteriormente falta formações continuadas que viabilizem esses

momentos para os profissionais que já se encontram nos sistemas de ensino.

Percebe-se, no entanto, que as tecnologias da informação de comunicação,

quando introduzidas nas escolas, são disponibilizadas de maneira inadequada

aos (às) professores (as), não levando em conta a formação necessária,

levando-os (às) a frustrações sucessivas. Também reconhecemos que nas

instituições envolvidas existe uma certa acomodação e resistência em aceitar a

introdução de mudanças de paradigmas, as quais são,percebidas como fatores

que podem vir a alterar as rotinas/tarefas conhecidas e aceitas. Essas

percepções trazem consigo sentimentos de insegurança e ameaça, pois põem

em risco hábitos de trabalho, de métodos e, inclusive, do emprego do tempo

(SANTOS; RADTKE, 2005, p. 331).

De acordo com as idéias das referidas autoras e os estudos realizados, o processo

de formação torna-se fundamental para que esses profissionais revejam seus paradigmas de

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educação, suas concepções acerca da sociedade, do ensino e aprendizagem. Muitas vezes, o

considerado “simples planejamento” estaria redirecionando esta prática. A partir deste

momento acredita-se ser possível um redirecionamento das ações escolares em prol da

aprendizagem significativa dos alunos.

A pesquisa aconteceu da seguinte maneira: inicialmente foram estudados textos

teóricos acerca do planejamento didático e sobre as tecnologias na educação como mediação

para a aprendizagem em sala de aula. Segundo, os alunos foram realizar a pesquisa de campo

nas Escolas de Educação Básica. Terceiro momento desenvolveu-se no Laboratório de

Informática da Instituição tendo como suporte a utilização do site do Ministério da Educação-

MEC, no link com o Portal do Professor. A pesquisa realizada na internet possibilitou um

estudo analítico comparativo com os referenciais teóricos estudados e os dados coletados em

campo bem como os recursos oferecidos mediante o uso dos links do Portal acima citado.

Quarto momento aconteceu em sala de aula com uma exposição dialogada da pesquisa

realizada e dos resultados obtidos e consequentemente a elaboração de um artigo com a

discussão em pauta.

Para que não houvesse dicotomia entre os conhecimentos estudados, a realização

da pesquisa e a produção do artigo a pesquisa foi direcionada para a temática do planejamento

de disciplina, no caso em estudo de história. A desvinculação entre teoria e prática sempre

posta em discussão, apresentou-se como um fator contribuidor da dicotomia presente nas

escolas de educação básica assim como nos cursos de licenciaturas entre os conhecimentos

científicos e os conhecimentos pedagógicos, o primeiro estaria relacionado a teoria e o

segundo a prática. Nesse sentido o estudo possibilitou a indissociável teoria e prática na

formação dos futuros professores de história.

A navegação no portal permitiu o conhecimento de vários instrumentos didáticos

compatíveis com a área de história. Os graduandos puderam percorrer as diversas discussões

sobre planejamento de aulas de história e o mais interessante com o uso de mídias na sala de

aula. Dentre os sites oferecidos para a pesquisa, alguns deles específicos de história

viabilizaram a análise e reflexão das inúmeras possibilidades teórico-metodologicas que o

professor dispõe que por vezes, não é utilizada.

O link, planos de aulas foi o mais acessado e analisado frente ao conteúdo que

estávamos trabalhando, em especial, os recursos midiáticos que estavam sendo utilizados. E

comparados com a análise dos planos recebidos pelos alunos pesquisadores, detectou-se que a

organização da aula permanece cristalizada nos métodos pelos professores para desenvolver

suas aulas. Portanto, é interessante pensar que esta forma de entender os conteúdos e a

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aprendizagem dos alunos está acontecendo conjuntamente com as teorias que preconizam a

importância dos conhecimentos prévios dos alunos e a inclusão deste como sujeito do

conhecimento, não apenas recebendo informações, mas também construindo conhecimentos.

Um bom exemplo é o da Rede Internacional Virtual de Educação (RIVED) que é

um programa da Secretaria de Educação a Distância (SEED), que tem por objetivo a

produção de conteúdos pedagógicos digitais, na forma de objetos de aprendizagem. Estes

conteúdos primam por estimular o raciocínio e o pensamento crítico dos estudantes,

associando o potencial da informática às novas abordagens pedagógicas. Foram trabalhadas

também algumas atividades deste repositório no laboratório, os alunos puderam conhecer

analisar projetos, roteiros de aulas e essencialmente assistir algumas aulas que tinham

interatividade mediante os recursos selecionados. Nesta perspectiva o desafio que está posto

ao professor que é o estudo, a pesquisa, a construção do conhecimento fundamentado em

paradigmas sócio-educacionais mais humanos e de qualidade. Transformando as concepções

dos professores e alunos em relação ao processo ensino e aprendizagem, serão mais fáceis à

inserção das mídias em sala de aula e assim, professores e alunos terão de se tornar

colaboradores na luta contra os modelos regulatórios e classificatórios de sociedade em face

de um modelo democrático e emancipatório da ideologia vigente.

5 Conclusão

A partir dos estudos realizados e da pesquisa desenvolvida os resultados

apresentados por meio dos instrumentos utilizados em campo e nas aulas de didática em

relação aos desafios e perspectivas da utilização das mídias em sala de aula, o problema

crucial refere-se à falta de formações continuadas qualitativas associadas à ausência de

autonomia do professor por não saber pesquisar e não usar o computador por medo ou

simplesmente acomodação.

Todo e qualquer conhecimento novo realmente causa certo impacto, mas com o

estudo e aprendizado são superadas as dificuldades. Isso foi vivenciado pelos graduandos com

as aulas de didática que foram ministradas em laboratório, os que não tinham experiência com

o computador e a navegação na internet com a aprendizagem e orientações oferecidas foram

operacionalizando aos poucos e conseguiram executar as atividades propostas.

Outra questão que não se deve esquecer é a falta de laboratórios de informática e

recursos humanos capacitados para as formações e orientações didáticas do computador e da

internet como ferramenta pedagógica. Isto afeta sobremodo o interesse de professores e

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alunos, causando desmotivação, o que entendemos ser um desafio sob o qual o professor

necessita superar e conseguir implantar projetos voltados para as necessidades da comunidade

escolar em especial para aprendizagem dos alunos.

Em geral, as perspectivas da utilização das mídias em sala de aula caminham em

um patamar de descobertas, realização de cursos, conhecimentos os quais irão instigando a

participação efetiva dos professores como mediadores deste processo. A partir disso, é

possível que assumam posturas profissionais coerentes com suas funções primando pela

qualidade de seu trabalho, avançando na prática pedagógica por meio da diversidade de

atividades utilizadas em situações que necessitam a resolução de problemas. As mídias se

fazem presentes no cotidiano escolar como forma de mediatizar a prática pedagógica.

O planejamento, é outro fator de fundamental importância que está sendo aos

poucos percebido como processo necessário a organização administrativa e pedagógica do

contexto escolar. Desta forma, conclui-se que as resistências revelam a falta de conhecimento

e comodismo de práticas arraigadas no tradicionalismo. E, aprendizagem com a inserção das

mídias na sala de aula significa aprendizagens das novas linguagens comunicacionais,

interativas, dos novos conhecimentos. Revelação mediante depoimentos de quem vai se

inserindo neste contexto como sendo aprendizagens motivadoras, dinâmicas, ricas, produtivas

que proporcionam aos envolvidos em projetos e/ou aulas conhecimentos fantásticos no

mundo do conhecimento cientifico e na produção de novos conhecimentos.

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