99
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOLOGIA DE VERTEBRADOS O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM DA MASTOFAUNA EM DUAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NOS BIOMAS CERRADO E MATA ATLÂNTICA Valeska Buchemi de Oliveira Belo Horizonte, Junho de 2007

O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOLOGIA DE VERTEBRADOS

O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM DA

MASTOFAUNA EM DUAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NOS

BIOMAS CERRADO E MATA ATLÂNTICA

Valeska Buchemi de Oliveira

Belo Horizonte, Junho de 2007

Page 2: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOLOGIA DE VERTEBRADOS

O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM DA

MASTOFAUNA EM DUAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NOS

BIOMAS CERRADO E MATA ATLÂNTICA

Valeska Buchemi de Oliveira

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Zoologia de Vertebrados da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, como requisito à obtenção do título de Mestre em Zoologia de Vertebrados.

Área de Concentração: Métodos, Ecologia e Conservação.

Orientador: Prof. Dr. Adriano Garcia Chiarello

Belo Horizonte, Junho de 2007

Page 3: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

FICHA CATALOGRÁFICA Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Oliveira, Valeska Buchemi O48u O uso de armadilhas de pegadas na amostragem da mastofauna em duas unidades de conservação nos biomas Cerrado e Mata Atlântica / Valeska Buchemi de Oliveira. Belo Horizonte, 2007. 98 f. Orientador: Adriano Garcia Chiarello.

Dissertação (mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Programa de Pós-Graduação em Zoologia de Vertebrados.

Bibliografia. 1. Mamífero – Metodologia. 2. Armadilhas para animais – Minas Gerais.

I. Chiarello, Adriano Garcia. II. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Programa de Pós- Graduação em Zoologia de Vertebrados. III. Título.

CDU: 57.081

Bibliotecária – Valéria Mancini – CRB-1682

Page 4: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

“O uso de armadilhas de pegadas na amostragem da mastofauna em duas unidades

de conservação nos biomas Cerrado e Mata Atlântica”

Valeska Buchemi de Oliveira

Defesa da Dissertação em: 28/06/2007

Banca examinadora:

___________________________________________________

Prof. Dr. José Eugênio Cortes Figueira (Examinador - UFMG)

___________________________________________________

Prof. Dr. André Hirsch (Examinador – UFMG)

__________________________________________________

Prof. Dr. Gilmar Bastos Santos (Suplente – PUC Minas)

__________________________________________________ Prof. Dr. Adriano Garcia Chiarello (Orientador – PUC Minas)

Page 5: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

“A Terra é um dos lugares mais bonitos que já visitei.”

Antoine Saint-exupery, autor de “O Pequeno Príncipe”.

Page 6: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

AGRADECIMENTOS

Primeiramente gostaria de agradecer a Antônio Meira Linares, meu “fiel escudeiro” e

companheiro de trabalho, por toda a ajuda em campo e por me acompanhar em todas as

minhas viagens, sendo paciente e atencioso. Sua ajuda e companhia foram fundamentais.

A Guilherme Leandro Castro Corrêa, o “Capita”, pela grande ajuda no Parque Estadual

da Serra do Brigadeiro. Por estar sempre disposto, por enfrentar as chuvas e ladeiras (que

não foram poucas) e por continuar sempre alegre.

Às meninas que me ajudaram neste e em outros trabalhos, Bia, Ciça e Fafá, e que me

fizeram crescer como profissional e como pessoa. Beijo enorme meninas.

À toda a equipe do Parque Estadual do Rio Preto, que tornou meu trabalho mais

apaixonante e fascinante: Júnior, Adilson, Sam, Preto, Darci, Seu Geraldo, Odair, Lúcia,

Deco, Cleuza, Ramon, Nem, Valdir, Cézar, Zé Rocha e Paulo. Estas pessoas são

especiais e são tão importantes quanto o Cerrado que elas protegem. Um abraço especial

para as “meninas da cozinha”, Camila e Renata, e para o Deco, guardião apaixonado e

conhecedor de seu meio. Outro agradecimento especial é direcionado para o Tonhão,

diretor da reserva, que sempre se mostrou disposto a ajudar e é um exemplo de pessoa e

de conservacionista. Tudo de bom para vocês!

À toda a equipe do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro: Geni, Rosilene, Romildo,

Pabolo, Wagner, Jair e Adriano, que também são tão fascinantes quanto a reserva que

ajudam a proteger. Agradecimentos especiais a Claudinei, Abel, Fernando, Branco e ao

Chico (grande pessoa...), também conhecedores de suas moradas, que nos mostraram

tantas belezas e animais e que também nos ajudaram bastante em campo. Tudo de bom

para vocês também! Agradecimentos especiais ao Zé Roberto, diretor desta reserva, à

Ana e ao André, por facilitarem nosso trabalho e por serem tão receptivos.

Page 7: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

Ao Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais (IEF-MG), pela licença concedida,

pela hospedagem disponibilizada, pela oportunidade de realizar este trabalho e por se

mostrarem sempre disponíveis e aptos a ajudar, tornando o nosso trabalho mais simples e

prazeroso.

Ao Fundo de Incentivo à Pesquisa da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

(FIP – PUC Minas), pelo financiamento concedido e oportunidade de realizar este

trabalho.

Ao Programa de Pós-Graduação em Zoologia de Vertebrados da PUC-Minas, pela a

oportunidade de aprendizado. À toda a equipe desta instituição pelas ajudas cotidianas e

por alegrarem nosso dia-a-dia. Um grande abraço para Cledma e Rogério.

A algumas pessoas que de uma forma ou outra tornaram este trabalho, com certeza, mais

rico, sendo elas Leonardo Guimarães Lessa, Leonardo de Carvalho Oliveira, Gilmar

Basto Santos, Leandro Moreira, Gisele Lessa, Adriano Paglia, Carlos Eduardo de

Viveiros Grelle, Paula Eterovick, Fernando Lima, Leandro Scoss, Ana Maria Paschoal de

Oliveira, Rodrigo Massara e Pedro Amaral de Oliveira.

Ao Professor Adriano Garcia Chiarello, por tantas coisas. Por todas as ajudas, por todos

os conselhos e por todos os “puxões de orelha”, que ainda não se findaram. Por válidas

conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser um exemplo de

pesquisador e pela oportunidade de realizar este trabalho. Muito obrigada!

Aos professores José Eugênio Cortes Figueira e André Hirsch, pelas válidas

contribuições a este trabalho que, com certeza, também irão me engrandecer.

Agradecimentos especiais à minha mãe, Vera, por se acostumar com minha ausência, por

me esperar sempre pacientemente, por cuidar das minhas roupas de campo. Tudo que

tenho, material e espiritual, para que este trabalho pudesse acontecer, foi ela quem me

Page 8: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

deu. Serei sempre grata, por tudo! Ao meu pai e aos meus irmãos, por respeitarem minhas

escolhas e me apoiarem.

Aos amigos que torcem por mim e que sempre acompanharam minhas escolhas.

Muito obrigada a TODOS! E segue um agradecimento especial ao Parque Estadual do

Rio Preto e ao Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, aos animais que pisaram em

minhas armadilhas e aos que não pisaram, também... Aos rios e corredeiras, às nascentes

de águas refrescantes na hora do cansaço, à sombra das árvores na hora do almoço, à

Mata Atlântica e ao Cerrado, e a tudo que vi nesta bela jornada. Muito obrigada por me

fazerem sentir tudo o que senti!

Page 9: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

O uso de armadilhas de pegadas em duas Unidades de Conservação nos biomas

Cerrado e Mata Atlântica.

Resumo

A utilização de armadilhas de pegadas no estudo da mastofauna possibilita a realização

de inventários a estudos mais específicos como sobre o efeito de fragmentação, porém,

poucos estudos no Brasil usaram este método visando uma análise da eficiência e

viabilidade do mesmo. De Janeiro a Dezembro de 2006, esta técnica foi empregada em

uma área de Cerrado (Parque Estadual do Rio Preto) e outra de Mata Atlântica (Parque

Estadual da Serra do Brigadeiro), ambas reservas sendo áreas prioritárias de conservação

no Estado de Minas Gerais. Foram usadas parcelas de 0,25 m2 posicionadas a cada 50 m

ao longo de transecções de 450 m de comprimento. Especificamente, verificou-se a

riqueza de espécies e a freqüência de registros obtidos nas parcelas dispostas em trilhas

pré-existentes (TPEs) e em transectos montados para este estudo (chamados de não-

trilhas ou NTs), a intensidade de remoção de iscas por diversos grupos zoológicos e o uso

de uma proteção contra chuvas sobre as parcelas. A riqueza de espécies foi a mesma em

TPEs e NTs no PESB e ligeiramente maior nas NTs no PERP e em ambas as reservas o

sucesso de captura de espécies foi maior na estação chuvosa do que na estação seca.

Apesar da distância adotada, as parcelas dispostas em TPEs não foram consideradas

como independentes umas das outras para algumas espécies de mamíferos, notadamente

canídeos silvestres (ex. Cerdocyon thous), que parecem usar trilhas e estradas

intensamente. Por outro lado espécies de pequeno porte como Didelphis parecem evitar

as TPEs, pois foram registrados exclusivamente em NTs. Diferenças significativas no

total de registros entre TPEs e NTs variaram de acordo com as estações do ano. A

proteção de iscas diminuiu significativamente a remoção por insetos (formigas e cupins),

mas não influenciou nas remoções por aves e pequenos mamíferos. O emprego da

cobertura sobre as parcelas possibilitou o registro de rastros em noites chuvosas, mas

diferentes espécies responderam diferentemente a esta estrutura. Discussões sobre

diferentes substratos, iscas e distâncias entre as parcelas também são apresentadas.

Palavras-chave: Mamíferos; Armadilhas de Pegadas; Cerrado; Mata Atlântica; Metodologia.

Page 10: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

The use of track stations in two protected areas in Cerrado and Atlantic Forest

Biomes.

Abstract

The use of track stations in the study of mammals allows for inventories and more

specific studies such as the effects of fragmentation, however, few studies in Brazil have

used this method aiming at analyzing its efficiency and viability. From January to

December 2006, this method was used in an area of Cerrado (Parque Estadual do Rio

Preto - PERP) and in the Atlantic Forest (Parque Estadual da Serra do Brigadeiro -

PESB). Both reserves are considered areas of conservation priority in Minas Gerais.

Track stations of 0.25 m2 were positioned every 50 m along 450 m long transects. We

verify the species richness and the frequency of records obtained in track stations located

in existing trails (TPEs) and along trails build specifically for this study (NTs), the use of

bait protection against removal and the use of a protection against rain. In PESB the

species richness was the same in TPEs and NTs while in PERP it was slightly higher in

NTs. In both reserves the capture success was higher during the wet season than in dry

season. Although spaced, the track stations located in TPEs were not considered

independent one from another for some species notably wild canids such as Cerdocyon

thous, which seem to use man made trails and dirt roads regularly. On the other hand,

small bodied species such as Didelphis seem to avoid TPEs as they were solely recorded

in NTs. Significant differences in total number of records between TPEs and NTs varied

according to season. Protecting baits against removal significantly reduced removal by

ants but were not significant against birds and small mammals. Protecting track stations

against rains allowed recording mammal tracks during rainy nights but species responded

differently to the protection structure. Discussion on soil type, baits and distances

between track stations are also presented.

Keywords: Mammals; Track Stations; Cerrado; Atlantic Forest; Methods.

Page 11: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

LISTA DE FIGURAS Figura 01: Localização do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro. A região onde o estudo foi conduzido é indicada pela seta.

73

Figura 02: Localização do Parque Estadual do Rio Preto. A região onde o estudo foi conduzido é indicada pela seta.

74

Figura 03: Trilhas pré-existentes nas áreas de estudo, denominadas TPEs. A figura da esquerda apresenta uma TPE no Parque...

75

Figura 04: Ambientes onde foram abertos transectos, denominados de não-trilhas ou NTs. A figura superior apresenta uma NT no Parque...

76

Figura 05: A imagem superior apresenta uma armadilha de pegada disposta no PERP e a imagem inferior apresenta uma armadilha de pegada...

77

Figura 06: A imagem superior apresenta uma armadilha de pegada contendo uma isca desprotegida (ID) e a imagem inferior apresenta...

78

Figura 07: Cobertura plástica montada sobre as parcelas de areia de um determinado transecto no PESB.

79

Figura 08: Cobertura plástica montada sobre as parcelas de areia de um determinado transecto no PERP.

80

Figura 09: Sucesso de captura de espécies (em porcentagem) nas duas estações do ano em TPEs e NTs no PERP e no PESB.

81

Figura 10: Curvas de acúmulo de espécies de mamíferos de médio e grande porte com o aumento do esforço de amostragem, totalizando 1.200 armadilhas/noites no PERP (gráfico superior) e...

82

Figura 11: Total de registros obtidos em TPEs e NTs no PERP, nas estações seca e chuvosa. O gráfico superior apresenta os registros obtidos em parcelas/noites e o inferior, em transectos/noites.

83

Figura 12: Total de registros obtidos em TPEs e NTs no PESB, nas estações seca e chuvosa. O gráfico superior apresenta os registros obtidos em parcelas/noites e o inferior, em transectos/noites.

84

Figura 13: Frequência de remoção de iscas protegidas e desprotegidas, nas diferentes estações do ano, nas duas unidades de conservação.

85

Figura 14: Frequência observada (OBS) e frequência esperada (ESP) de remoção de iscas por diferentes grupos zoológicos nas duas estações...

86

Page 12: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

Figura 15: Frequência observada (OBS) e frequência esperada (ESP) de remoção de iscas por diferentes grupos zoológicos nas diferentes estações do ano no PESB.

87

Figura 16: Iscas protegidas atacadas por formigas.

88

Figura 17: Frequência de remoção de iscas protegidas e desprotegidas pelos diferentes grupos zoológicos nas duas estações do ano no PERP.

89

Figura 18: Frequência de remoção de iscas protegidas e desprotegidas pelos diferentes grupos zoológicos nas duas estações do ano no PESB.

90

Figura 19: Armadilhas de pegadas inutilizadas pela água da chuva.

91

Figura 20: Frequência observada e esperada de registros em parcelas cobertas e descobertas no PERP e no PESB.

92

Figura 21: Freqüência de registros em noites com e sem chuva no PERP e no PESB.

93

Figura 22: Diferença estrutural da vegetação nas duas estações do ano. A imagem da esquerda mostra uma determinada trilha na estação seca e a imagem da direita mostra esta mesma trilha, porém...

94

Figura 23: Pegadas de roedor de pequeno porte, marcadas em areia úmida no PERP.

95

Figura 24: Rastros de Chrysocyon brachyurus (lobo-guará) em estrada de terra. Na figura de cima à esquerda observa-se o rastro sem definição na areia alta e fofa. Na figura da direita...

96

Figura 25: Macho adulto de Cebus nigritus (macaco-prego) morto por cachorros-domésticos no PESB.

97

Page 13: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

LISTA DE TABELAS Tabela 01: Esforço amostral em parcelas/noites e em transectos/noites, no Parque Estadual do Rio Preto e no Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, entre Janeiro e Dezembro de 2006, em diferentes estações do ano e posicionamentos de parcelas de areia: trilhas pré-existentes (TPEs) e não-trilhas (NTs).

65

Tabela 02: Registros obtidos no Parque Estadual do Rio Preto, MG, em armadilhas/noites e transectos/noites, nos diferentes posicionamentos de trilhas pré-existentes (TPEs) e não-trilhas (NTs), entre Janeiro e Dezembro de 2006 nas diferentes estações do ano

66

Tabela 03: Registros obtidos no Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, MG, em armadilhas/noites e transectos/noites, nos diferentes posicionamentos de trilhas pré-existentes (TPEs) e não-trilhas (NTs), entre Janeiro e Dezembro de 2006 nas diferentes estações do ano.

67

Tabela 04: Esforço amostral (número de armadilhas/noites) referente a parcelas com iscas protegidas e desprotegidas, nas diferentes estações do ano e em diferentes posicionamentos (TPEs e NTs), no Parque Estadual do Rio Preto e no Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, MG, de Janeiro a Dezembro de 2006.

68

Tabela 05: Registros obtidos em parcelas com iscas protegidas e iscas desprotegidas, no Parque Estadual do Rio Preto e no Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, MG, entre Janeiro e Dezembro de 2006. O resultado do Teste do Qui-quadrado (com correção de Yates) comparando iscas protegidas e desprotegidas é mostrado para espécies com maiores tamanhos amostrais e valores em negrito representam diferenças significativas.

69

Tabela 06: Espécies registradas em parcelas cobertas (Cob) e descobertas (Des) no PERP e no PESB, na estação chuvosa de 2006. O resultado do Teste do Qui-quadrado comparando registros obtidos em parcelas cobertas e descobertas é mostrado para espécies com maiores tamanhos. Valores em negrito representam diferenças significativas.

70

Tabela 07: Espécies registradas no Parque Estadual do Rio Preto, MG, entre Janeiro e Dezembro de 2006, com registros obtidos através de procura ativa de rastros (PA) e armadilhas de pegadas (AP) e com as categorias de ameaça para Minas Gerais, de acordo com Machado et al. (1998), e para o Brasil, de acordo com Machado et al. (2005). Vulnerável (VU), Em Perigo (EP), Criticamente em Perigo (CP).

71

Tabela 08: Espécies registradas no Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, MG, entre Janeiro e Dezembro de 2006, com registros obtidos através de procura ativa de rastros (PA) e armadilhas de pegadas (AP), com as categorias de ameaça para Minas Gerais, de acordo com Machado et al. (1998), e para o Brasil, de acordo com Machado et al. (2005). Vulnerável (VU), Em Perigo (EP), Criticamente em Perigo (CP).

72

Page 14: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................

14

2 MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................. 20 2.1 Áreas de estudo.............................................................................................. 20 2.2 Coleta de dados.............................................................................................. 22 2.3 Análise de dados............................................................................................

25

3 RESULTADOS................................................................................................. 27 3.1 Riqueza de espécies e registros obtidos em TPEs e NTs............................... 27 3.2 Proteção de iscas e cobertura das parcelas..................................................... 31 3.3 Influência da chuva na noite anterior e registros sem identificação.............. 34 3.4 Conjunto de espécies amostradas pelas parcelas e fora das parcelas.............

35

4 DISCUSSÃO.................................................................................................... 36 4.1 Riqueza de espécies e comparações entre TPEs e NTs.................................. 36 4.2 Proteção de iscas e cobertura das parcelas..................................................... 44 4.3 Influência da chuva na noite anterior e registros sem identificação.............. 47 4.4 Outras considerações sobre o método............................................................ 48 4.5 Importância das reservas para a fauna de mamíferos.....................................

51

5 CONCLUSÕES................................................................................................

55

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................. 57

Page 15: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

14

1 – INTRODUÇÃO

Mamíferos variam amplamente em tamanho corporal, hábitos alimentares,

comportamentos e uso de hábitats e diante desta heterogeneidade, diversos são os

métodos de campo empregados no estudo destes animais (Voss & Emmons, 1996;

Pardini et al., 2004). As espécies de maior porte, que tendem naturalmente a ocupar

grandes territórios e ocorrer em baixas densidades populacionais (McNab, 1963;

Bergallo, 1990; Redford, 1992) podem ser ainda mais difíceis de serem estudadas em

campo (Wilson & Delahay, 2001).

Dentre métodos comumente empregados para o estudo de mamíferos de médio e

grande porte, pode-se destacar o uso de rádios-transmissores, armadilhas fotográficas,

amostragem visual em transectos lineares e identificação de vestígios (Beck-King et al.,

1999; Chiarello, 1999; Wilson & Delahay, 2001; Silveira et al., 2003; Srbek-Araujo &

Chiarello, 2005). Os três últimos métodos se destacam por não necessitarem de captura e

contenção de espécimes, sendo considerados métodos não-invasivos (Chame, 2003;

Cullen & Rudran, 2004; Tomas & Miranda, 2004); enquanto os dois últimos se destacam

por representarem métodos de baixo custo financeiro (Wilson & Delahay, 2001). Estas

metodologias diferem em suas aplicações práticas e resultados obtidos, sendo que a

escolha do melhor método é determinada pelo objetivo do estudo e pela biologia da

espécie enfocada (ou grupo de espécies). Aspectos relacionados a custos financeiros e

logísticos e às características da área de estudo, também são fatores determinantes na

escolha do método (Mangini & Nicola, 2004).

Page 16: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

15

A investigação de vestígios tais quais fezes, pegadas, pêlos, tocas e abrigos pode

trazer resultados tão eficazes no estudo de mamíferos de médio e grande porte quanto o

emprego de outras metodologias mais caras ou invasivas (Carter & Encarnação, 1983;

Conner et al., 1983; Quadros, 2002; Chame, 2003; Silveira et al., 2003). Trabalhos sobre

ocorrência e distribuição das espécies, uso de hábitat, dieta, reprodução, abundância

relativa e densidade, podem, por exemplo, ser conduzidos através da análise de vestígios

(Heske, 1995; Jewell et al., 2001; Chame, 2003; Oliveira, 2004; Ferreira, 2005). Dentre

os vestígios normalmente encontrados em campo, pegadas são os mais comuns e de mais

fácil identificação, sendo encontrados em locais propícios à sua marcação tais quais

bancos de areia e lama, margens de rios e lagos, estradas de terra ou em neve fofa

(Thompson et al., 1989; Becker & Dalponte, 1999).

A contagem de pegadas para estimativas de freqüência relativa das espécies de

mamíferos de médio e grande porte já é um método empregado há algum tempo (Pardini

et al., 2004). Esta freqüência pode ser transformada em índices de abundância relativa

das espécies (Thompson et al., 1989; Wilson & Delahay, 2001). Porém, estes dados

ficam restritos a locais onde estes vestígios possam ser encontrados naturalmente. Dirzo

& Miranda (1990) adaptaram o registro de rastros em florestas tropicais dispondo nestes

ambientes armadilhas de pegadas com substrato arenoso, permitindo assim o registro

destes vestígios em locais que antes não eram propícios à sua marcação. Conner et al.

(1983) já haviam empregado o método em áreas de clima temperado.

Pesquisas baseadas em armadilhas de pegadas, também denominadas de parcelas

de areia, permitem a realização de inventários, estudos de uso de hábitat, identificação de

indivíduos, estimativas de riqueza de espécies e de abundância e densidade populacionais

Page 17: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

16

(Conner et al., 1983; Smallwood & Fitzhugh, 1993; Heske, 1995; Lizcano & Cavalier,

2000; Jewell et al., 2001; Lewison et al., 2001; Pardini, 2001; Wilson & Delahay, 2001;

Scoss, 2002; Bassi, 2003; Pardini et al., 2004). Muitos destes dados podem ser obtidos

através de rastros detectados em ambientes naturais, e não somente em armadilhas de

pegadas; porém, a padronização deste método possibilita um grande incremento em

dados ecológicos a serem obtidos (Wilson & Delahay, 2001). Por exemplo, estudos sobre

efeito da fragmentação de hábitats sobre comunidade de mamíferos de médio e grande

porte já foram conduzidos através desta metodologia (Heske, 1995; Scoss, 2002; Bassi,

2003). Pardini (2001) utilizou armadilhas de pegadas em transectos utilizados para

inventariar pequenos mamíferos, com o objetivo de verificar a ocorrência de possíveis

espécies predadoras e/ou competidoras. Uresk et al. (2003) e Pardini et al. (2004)

explicitam a vantagem do uso de armadilhas de pegadas sobre o método de censos: um

maior número de espécies registradas e de número total de registros em tempo

relativamente menor.

Apesar da ampla utilização do método, deve-se atentar para seu emprego em

trabalhos de comunidade onde espécies com diferentes abundâncias e distribuições

espaciais são amostradas simultaneamente (Conner et al., 1983; Scoss, 2002). Por

exemplo, a autocorrelação espacial de registros obtidos em parcelas dispostas

sequencialmente em trilhas pode superestimar índices de abundância relativa para

determinadas espécies (Scoss & De Marco, 2000; Scoss, 2002; Bassi, 2003). Novas

abordagens sobre registros obtidos em armadilhas de pegadas, principalmente quando

estas estiverem dispostas em trilhas e estradas, devem ser elaboradas a fim de evitar erros

na interpretação de dados de abundância e de uso de hábitat (Novaro et al., 2000; Uresk

Page 18: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

17

et al., 2003). Sabe-se, por exemplo, que mamíferos de médio e grande porte podem usar

estradas e trilhas de origem antrópica (Van Dyke et al., 1986; Wilson & Delahay, 2001) e

até o momento um único trabalho verificou diferenças na freqüência de registros de

pegadas em armadilhas dispostas em trilhas pré-existentes e interior de mata (Pardini et

al., 2004).

Existem outras restrições ao método, sendo talvez uma das principais a

inviabilidade em períodos chuvosos (Pardini, 2001; Bassi, 2003; Oliveira, 2004). A alta

taxa de remoção de iscas por outros grupos zoológicos pode também representar um

problema. O estudo de Oliveira (2004), por exemplo, indicou que mais de 50% das iscas

usadas em experimento conduzido em área de Cerrado foram removidas por formigas e

pequenos roedores. Este mesmo trabalho ressaltou ainda, a alta freqüência de substrato

demasiadamente fofo e solto, o que impossibilitou em muitos casos a identificação dos

rastros. No ambiente de Cerrado, mesmo quando umedecido, o substrato utilizado, no

caso areia, rapidamente perdia água por evaporação e dificultava a marcação e

interpretação de rastros (Oliveira, 2004).

Pesquisas utilizando este método já foram conduzidas em áreas florestais (Heske,

1995; Pardini, 2001; Scoss, 2002; Bassi, 2003), áreas de estepes e gramíneas (Novaro et

al., 2000; Uresk et al., 2003) e em áreas de Cerrado (Oliveira, 2004; Pardini et al., 2004).

É provável que esta metodologia apresente resultados e praticidade diferenciados quando

usados em ambientes com características ambientais peculiares como, por exemplo, o

Cerrado e a Mata Atlântica, sendo que até o momento nenhum estudo comparativo

envolvendo estes dois biomas foi conduzido.

Page 19: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

18

O bioma Cerrado se caracteriza por apresentar um gradiente de fitofisionomias

com áreas que variam de formações vegetais mais densas e úmidas (matas ciliares,

capões de altitude, veredas e buritizais) passando por áreas com características

intermediárias (cerradão e cerrado stricto sensu) a áreas de menor cobertura vegetal

(campos rupestres, campos limpos e campos sujos) (Sick 1965; Costa et al., 1981). Este é

o segundo maior bioma brasileiro, restando atualmente apenas 34% de sua cobertura

original (Machado et al., 2004). Abriga cerca de 195 espécies de mamíferos, sendo 18

endêmicas, e devido ao seu alto grau de endemismo florístico e a grande perda de área

natural, este bioma é considerado um hotspot: área prioritária de conservação mundial

(Myers et al., 2000; Mittermeier et al., 2005; Reis et al., 2006).

A Mata Atlântica é um dos ecossistemas mais ricos em diversidade e endemismos

de espécies vegetais e animais no mundo (Fonseca, 1985; Mittermeier et al., 1992).

Aproximadamente 250 espécies de mamíferos ocorrem neste bioma, das quais 55 são

endêmicas (Reis et al., 2006). Atualmente restam cerca de 7% da sua cobertura original,

estando a área remanescente bastante fragmentada e com poucas áreas legalmente

protegidas (Fundação SOS Mata Atlântica & Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais,

2002). É uma formação florestal relativamente mais homogênea que o ambiente de

Cerrado (Rizzini, 1997). Devido ao grande número de endemismos e redução de sua

extensão original, este bioma é também considerado um hotspot (Mittermeier et al.,

2005).

Minas Gerais possui, além de boa representatividade do bioma da Caatinga,

extensas áreas de Cerrado e Mata Atlântica, mas aproximadamente 70% da área do

Estado está alterada por atividades antrópicas e apenas 2% da região mineira encontra-se

Page 20: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

19

legalmente protegida (Machado et al., 1998). O Parque Estadual da Serra do Brigadeiro

(PESB), incluído no bioma da Mata Atlântica, e o Parque Estadual do Rio Preto (PERP),

incluído no bioma Cerrado, são considerados Áreas Prioritárias de Conservação no

Estado de Minas Gerais, sendo reservas fundamentais na representatividade dos biomas

nos quais estão inseridas (Drummond et al., 2005).

No presente estudo, realizado no PESB e no PERP, objetivou-se avaliar a

eficiência do método de parcelas de areia na amostragem da mastofauna de médio e

grande porte em uma área de Cerrado e uma de Mata Atlântica, além de verificar

diferenças na freqüência de registros de pegadas em parcelas posicionadas em trilhas pré-

existentes e em transectos montados para este estudo, através da abordagem de diferentes

unidades amostrais (parcelas e transectos). Buscou-se ainda testar uma proteção de iscas

contra remoção por insetos (formigas e cupins) e o uso de coberturas sobre as parcelas

contra a incidência de chuvas. Secundariamente, este estudo contribui para um melhor

conhecimento da mastofauna destas duas importantes unidades de conservação do Estado

de Minas Gerais.

Page 21: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

20

2 – MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 – Áreas de estudo

O Parque Estadual da Serra do Brigadeiro (PESB) foi criado em 1996 e está

inserido na Serra da Mantiqueira, na Zona da Mata de Minas Gerais (Figura 01), entre os

vales dos Rios Carangola, Glória e Doce, abrangendo áreas dos municípios de Araponga,

Fervedouro, Miradouro, Ervália, Sericita, Muriaé, Pedra Bonita e Divino (20°33’e

21°00’S; 42°40’ e 40°20’W). Possui área de 13.210 hectares e é divisor das bacias

hidrográficas do Rio Doce e do Rio Paraíba do Sul (Júnior et al., 1998; Lessa et al.,

2006). O parque apresenta altitudes que variam entre 1000 e 1985 metros (Fontes et al.,

2003), sendo que durante todo o ano é freqüente a ocorrência de nevoeiros e neblina

sobre a reserva. O clima apresenta duas estações bem definidas, sendo

predominantemente do tipo mesotérmico, com temperatura média de 15°C, podendo

ocorrer temperaturas mínimas inferiores a 0°C. A precipitação média anual é de 1.500

mm, com período seco de Junho a Agosto (Carvalho et al., 2003).

Os tipos básicos de vegetação presentes são campos de altitude, floresta atlântica

de encosta (floresta estacional semidecidual submontana) e áreas de transição (Cosenza,

1994), dentro do Domínio Morfoclimático Tropical Atlântico (Ab`Saber, 1977), sendo

alta a diversidade botânica encontrada na reserva (Lessa et al., 2006). Na década de 60 a

região foi amplamente explorada pela Companhia Belgo-Mineira, que extraía madeira em

extensas áreas onde hoje se localiza a reserva. Somente 10% da área são de mata

primária, estando restritos a grotões úmidos e porções mais íngremes desta unidade de

Page 22: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

21

conservação. A maior parte da reserva apresenta vegetação constituída de florestas

secundárias em diferentes estágios de regeneração (Melo et al., 1998).

O PESB representa uma das últimas áreas de floresta atlântica de encosta no

Estado e de acordo com o Atlas de Áreas Prioritárias de Conservação no Estado de Minas

Gerais, é considerado área de “importância biológica extrema” para pesquisas e

conservação de mamíferos (Drummond et al., 2005). Ainda são poucos os estudos

realizados com a mastofauna da região (Lessa et al., 2006). Trabalhos com primatas,

especialmente com o mono-carvoeiro Brachyteles hypoxanthus, já foram e ainda são

realizados (Melo et al., 1998; Moreira et al., 2005). Existem alguns trabalhos com

pequenos mamíferos (Costa et al., 1994; Pereira et al., 1998; Gonçalves, 1999), porém

são escassas pesquisas realizadas com a mastofauna de médio e grande porte (Cosenza,

1994; Lessa et al., 2006).

O Parque Estadual do Rio Preto (PERP) foi criado em 1994 e possui área de

10.755 hectares. Está inserido na vertente oriental da Serra do Espinhaço, Minas Gerais

(Figura 02), nos municípios de São Gonçalo do Rio Preto, Felício dos Santos e Couto

Magalhães de Minas, no Alto Jequitinhonha (18º09`S e 43º23`W). A reserva abrange as

cabeceiras do Rio Preto, integrante da bacia do Rio Jequitinhonha (Plano de Manejo do

Parque Estadual do Rio Preto, 2004; Lessa, 2005).

O PERP apresenta áreas de cerrado stricto sensu, cerradões, matas de altitude

(capões de mata), matas ciliares, campos rupestres e campos de altitude. O clima da

região é do tipo tropical de altitude e apresenta temperatura média de 18°C. As estações

do ano são bem definidas, com período seco se estendendo de Maio a Setembro e período

chuvoso de Outubro a Abril. O relevo é do tipo montanhoso com altitudes que variam

Page 23: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

22

entre 800 e 1600 metros, sendo comum a presença de afloramentos rochosos (Plano de

Manejo do Parque Estadual do Rio Preto, 2004).

O parque abriga espécies ameaçadas da flora e da fauna do bioma Cerrado e

possui inúmeros atrativos de grande beleza cênica (Plano de Manejo do Parque Estadual

do Rio Preto, 2004). O PERP possui a fauna de mamíferos de pequeno porte bem

estudada (Lessa et al., 2005), enquanto os mamíferos de médio e grande porte foram

inventariados através de avaliações ecológicas rápidas (Lessa, 2005), sendo muitos dos

dados baseados apenas em entrevistas (Plano de Manejo do Parque Estadual do Rio

Preto, 2004). De acordo com o Atlas de Áreas Prioritárias de Conservação no Estado de

Minas Gerais, a área é considerada de “importância biológica muito alta” para o estudo

de mamíferos (Drummond et al., 2005).

2.2 – Coleta de dados

As campanhas foram realizadas mensalmente de Janeiro a Dezembro de 2006

alternando-se os parques, de modo que em cada reserva foram totalizadas seis excursões

realizadas bimestralmente. Nas duas unidades de conservação foram montados seis

transectos, sendo três dispostos em trilhas pré-existentes, denominadas “TPEs” (Figura

03) e três em ambientes denominados de não-trilhas ou “NTs” (Figura 04) onde as

parcelas foram dispostas linearmente, mas sem se abrir uma trilha entre as mesmas.

No PESB estes transectos foram dispostos em áreas de mata de encosta (floresta

estacional semidecidual submontana) na região central do parque próximo à sede da

reserva (20º43`S e 42º29`W). Antigamente esta região era denominada de Fazenda da

Page 24: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

23

Neblina e apresenta altitudes entre 1000 e 1700 metros, sendo um dos pontos mais altos

da reserva (Lessa et al., 2006). No PERP, as trilhas foram montadas em áreas de cerrado

stricto sensu, também próximas à sede do parque. Em ambas as reservas, estes transectos

foram distribuídos de acordo com a disponibilidade de trilhas pré-existentes e a

viabilidade de percorrê-los em um mesmo dia, havendo o cuidado de mantê-los a uma

distância mínima de 500 metros (a distância máxima foi de seis quilômetros).

Em cada transecção foram dispostas dez armadilhas de pegadas com dimensões

de 50 x 50 centímetros (Figura 05), distanciadas 50 metros entre si, totalizando 450

metros por transecção e 60 armadilhas por parque. Na primeira campanha realizada nas

reservas, o ponto de cada parcela teve sua cobertura vegetal retirada, sendo que o

substrato utilizado nas parcelas foi o substrato do próprio local: areia no PERP e terra no

PESB. Nas campanhas posteriores o substrato era remexido, peneirado e redimensionado.

Todas as parcelas foram iscadas com mistura preparada de aveia, canjiquinha,

banana, amendocrem e óleo de sardinha. Em metade das parcelas de cada reserva (n=30)

as iscas foram colocadas diretamente sobre o substrato no centro de cada parcela. Na

outra metade as iscas foram colocadas também no centro da parcela, mas dentro de uma

pequena vasilha plástica de fundo chato contendo uma fina camada de óleo comestível

(óleo de soja) no seu interior, a fim de dificultar o acesso de formigas e cupins (Figura

06). A disposição de iscas protegidas (IP) e de iscas desprotegidas (ID) foi alternada ao

longo das parcelas nas transecções, de modo que o esforço amostral foi igualmente

dividido entre as mesmas.

Adicionalmente, em ambas as reservas, foi montada uma transecção extra nos

meses de Janeiro a Março e Outubro a Dezembro para a realização de um teste de

Page 25: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

24

proteções contra chuva. Em metade das parcelas foi montada uma proteção sobre as

mesmas, constituída de uma lona plástica transparente de 2 x 2 metros (4m2), segura por

uma armação de bambu em duas de suas extremidades e por amarrações feitas à

vegetação nas outras duas extremidades, de modo que esta ficasse inclinada (Figuras 07 e

08). A outra metade das parcelas não foi protegida contra chuvas. Esta transecção foi

montada em uma trilha pré-existente em ambas as reservas, sendo que as armadilhas

foram também distanciadas 50 metros entre si. No PERP foram dispostas 20 parcelas na

transecção, totalizando 950 metros e no PESB foram montadas 16 parcelas, totalizando

750 metros. As coberturas foram dispostas alternadamente nas armadilhas e nesta

transecção todas as iscas foram protegidas.

No início de cada campanha, as parcelas foram montadas e iscadas, sendo

vistoriadas todas as manhãs nos quatro dias consecutivos. Em cada vistoria as pegadas

existentes foram fotografadas e identificadas a partir de conhecimento prévio dos

pesquisadores e da consulta de guias de identificação de rastros (Becker & Dalponte,

1999; Borges & Tomás, 2004). Uma vez tomados estes registros, as pegadas foram

apagadas e as iscas renovadas, de maneira a permitir uma amostragem homogênea nas

quatro noites.

Adicionalmente foram registradas pegadas observadas através de procura ativa

em margens de riachos e ao longo de estradas e trilhas internas, permitindo uma

comparação com os dados obtidos nas armadilhas, além de contribuir para o

inventariamento mais completo da mastofauna presente nas reservas.

Page 26: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

25

2.3 – Análise de dados

Foram considerados mamíferos de médio e grande porte as espécies que

apresentam mais de um quilo de peso corporal (exceto Sylvilagus brasiliensis) de acordo

com Fonseca et al. (1996) e que pudessem ser diagnosticadas por seus rastros ou que

usualmente não são amostradas através de armadilhas de captura viva (live traps).

Armadilhas de pegadas podem apresentar uma elevada autocorrelação espacial

quando dispostas em transectos ou linhas (Scoss & De Marco, 2000; Scoss, 2002; Bassi,

2003; Uresk et al., 2003). Em função disto, os registros foram analisados de duas

maneiras. Numa primeira abordagem, cada armadilha de pegada foi considerada uma

unidade amostral independente. Neste caso, a presença de rastros de uma determinada

espécie em uma dada parcela foi considerada um registro (caso houvesse mais de uma

pegada da mesma espécie numa dada parcela, apenas um registro por espécie era

considerado). Na segunda abordagem, as parcelas foram consideradas amostras

dependentes dentro de cada transecto e, portanto, estes foram tratados como a unidade

amostral. Neste segundo caso, a presença de pegadas de uma determinada espécie em

uma ou mais parcelas da transecção foi considerada como um único registro desta

espécie.

O sucesso de captura de espécies nos diferentes tratamentos de TPEs e NTs, nas

diferentes estações do ano (sendo considerado período seco os meses de Abril a

Setembro), em ambas as reservas, foi calculado dividindo-se o número de espécies

registradas em cada tratamento pelo esforço amostral correspondente, sendo este

resultado multiplicado por 100.

Page 27: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

26

Todas as remoções de iscas foram contabilizadas e embora o teste de proteção de

iscas tenha sido feito contra insetos (especificamente formigas e secundariamente

cupins), remoções feitas por outros grupos zoológicos, tais como aves e pequenos

mamíferos, também foram quantificadas e analisadas.

Todas as comparações foram analisadas com o Teste do Qui-quadrado, sendo que

nos casos de grau de liberdade igual a um, foi aplicada a correção de Yates (Zar, 1996).

Para testar a significância da correlação do número de registros de cada espécie entre os

diferentes tratamentos (TPEs e NTs) foi utilizada a Correlação de Spearman (Zar, 1996),

utilizando o programa SPSS (Statistical Package for the Social Sciences).

Foram geradas curvas de acúmulo de espécies baseadas no aumento das diferentes

unidades amostrais (parcelas e transectos), pelo método não-paramétrico de estimativa de

riqueza total, Jacknife, de primeira ordem (Colwell & Coddington, 1994). Estas análises

foram feitas utilizando-se o programa EstimateS, versão 7.5.2 (Colwell, 2005).

Para todas as espécies registradas verificou-se a categoria de ameaça de acordo

com o Livro Vermelho das Espécies Ameaçadas de Extinção da Fauna de Minas Gerais -

deliberação do COPAM 041/95 (Machado et al., 1998), e de acordo com a Lista da Fauna

Brasileira Ameaçada de Extinção - Instrução Normativa n° 3, de 27 de Maio de 2003

(Machado et al., 2005). A nomenclatura das espécies segue Wilson & Reeder (2005).

Page 28: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

27

3 – RESULTADOS

3.1 - Riqueza em espécies e registros obtidos em TPEs e NTs

Devido às dificuldades encontradas em campo nas diferentes estações do ano, o

esforço amostral diferiu entre o período seco e o período chuvoso em ambas as reservas.

No PERP houve um maior esforço amostral na estação chuvosa (720 armadilhas/noites

contra 480 armadilhas/noites na seca). Isto ocorreu porque esta reserva foi amostrada

quatro vezes na estação chuvosa e apenas duas vezes na estação seca. No PESB um maior

esforço amostral ocorreu no período da seca (720 armadilhas/noites contra 280

armadilhas/noites na estação chuvosa). No período chuvoso, devido à grande quantidade

de chuvas fortes, era impraticável remexer e peneirar o substrato, de modo que nesta

época o esforço amostral ficou bastante prejudicado. Entretanto, o esforço amostral entre

TPEs e NTs não diferiu dentro de cada reserva, sendo totalizadas 600 armadilhas/noites

em cada tratamento no PERP e 500 armadilhas/noites em cada tratamento no PESB;

totalizando 1.200 armadilhas/noites no PERP e 1.000 armadilhas/noites no PESB.

Considerando-se a transecção como unidade amostral, os esforços resultantes foram dez

vezes menores (Tabela 01).

As armadilhas de pegadas registraram 16 espécies de mamíferos de médio e

grande porte nas duas reservas, sendo sete no PERP e dez no PESB (Tabelas 02 e 03,

respectivamente). As espécies registradas com maior freqüência no PERP foram

Cerdocyon thous (cachorro-do-mato), Chrysocyon brachyurus (lobo-guará) e Didelphis

albiventris (gambá), enquanto no PESB apenas Canis lupus familiaris (cachorro-

Page 29: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

28

doméstico) foi registrada com freqûencia muito maior que as demais espécies. Com

exceção de Eira barbara (irara), não houve nehuma espécie em comum amostrada nas

duas unidades de conservação. O sucesso de captura de espécies foi ligeiramente maior

no PESB do que no PERP e em ambas as reservas, o sucesso foi maior na estação

chuvosa (Figura 09).

As curvas de acúmulo de espécies foram geradas apenas em armadilhas/noites,

visto que seu crescimento se mantém o mesmo quando se muda a unidade amostral para

transectos. Estas curvas diferiram bastante entre as reservas (Figura 10). No PESB, além

do número de espécies não chegar a se estabilizar, os desvios padrões associados à curva

foram maiores. No PERP, a curva mostra tendência a estabilização a partir de 400

armadilhas/noites e os desvios padrões associados são menores. A riqueza estimada pelo

programa EstimateS para o PESB foi de 14 espécies (DP=1,99 espécies), enquanto para o

PERP foi de oito espécies (DP=1 espécie), de acordo com os respectivos esforços

amostrais.

No PERP o sucesso de captura de espécies foi ligeiramente maior em NTs (Figura

09), registrando-se duas espécies a mais do que em TPEs (n=7 e n=5, respectivamente).

Nesta reserva a riqueza encontrada na estação chuvosa foi duas vezes maior do que na

estação seca (n=7 e n=3, respectivamente) (Tabela 02). No PESB, o sucesso de captura

de espécies em TPEs e NTs foi o mesmo (Figura 09), sendo registradas sete espécies em

cada tratamento. Na estação seca obteve-se o dobro do número de espécies do que na

estação chuvosa (n=8 e n=4, respectivamente) (Tabela 03), porém, devido ao menor

esforço amostral neste período, o sucesso de captura de espécies foi proporcionalmente

maior do que no período seco (Figura 09). Em ambas as reservas não houve correlação

Page 30: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

29

significativa no número de registros de cada espécie entre TPEs e NTs (PESB: rS=-0,067,

n=10, p=0,855; PERP: rS=0,267, n=7, p=0,563).

De maneira geral, as espécies que apresentaram elevado número de registros

(Cerdocyon thous, Chrysocyon brachyurus e Didelphis albiventris no PERP e Canis

lupus familiaris no PESB) tiveram muitos registros em um mesmo transecto em um

mesmo dia. Assim, quando o transecto passa a ser a unidade amostral abordada, o

número de registros destas espécies é reduzido expressivamente. Por outro lado, para as

espécies que apresentaram pequeno número de registros, a diferença de abordagem da

unidade amostral não representa uma expressiva diminuição no número total de registros

(Tabelas 02 e 03).

No PERP, apenas Cerdocyon thous, Chrysocyon brachyurus, Didelphis

albiventris e Myrmecophaga tridactyla (tamanduá-bandeira) apresentaram número

suficiente de registros para uma comparação estatística entre TPEs e NTs. Para

Cerdocyon thous, um número significativamente maior de registros foi obtido nas TPEs,

tanto na abordagem da parcela como unidade amostral (Teste do Qui-quadrado com

correção de Yates; χ2=122,69; g.l.=1; p<0,001), quanto na abordagem do transecto como

unidade amostral (χ2=12,478; g.l.=1; p<0,001). De maneira semelhante, Chrysocyon

brachyurus apresentou maior número de registros em TPEs, mas somente na abordagem

de parcelas como unidades amostrais esta diferença foi significativa (parcela: χ2=6,454;

g.l.=1; p<0,025; transecto: χ2=0,777; g.l.=1; p>0,100). Por outro lado, Didelphis

albiventris apresentou número significativamente maior de registros em NTs, nas duas

abordagens (parcela: χ2=11,833; g.l.=1; p<0,001; transecto: χ2=4,600; g.l.=1; p<0,050).

Embora Myrmecophaga tridactyla tenha apresentado um maior número de registros em

Page 31: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

30

NTs, esta diferença não foi estatisticamente significativa em nenhuma das unidades

amostrais (parcela: χ2=0,333; g.l.=1; p>0,500; transecto: χ2=0,333; g.l.=1; p>0,500).

No PESB, apenas Canis lupus familiaris apresentou tamanho amostral suficiente

para comparação estatística entre TPEs e NTs. Os registros desta espécie foram mais

abundantes em TPEs, mas esta diferença é significativa apenas quando as parcelas são

consideradas como unidades amostrais (parcelas: χ2=4,054; g.l.=1; p<0,05; transecto: χ2=

-0,066; g.l.=1; p>0,500).

No Parque Estadual do Rio Preto, considerando-se as parcelas como unidades

amostrais, o número total de registros foi significativamente maior em parcelas dispostas

em TPEs do que em parcelas dispostas em NTs, tanto na estação seca (χ2=55,857; g.l.=1;

p<0,001) quanto na estação chuvosa (χ2=33,966; g.l.=1; p<0,001). Porém, quando os

registros são considerados por transecção, esta diferença deixa de ser significativa

(estação seca: χ2=3,444; g.l.= 1; p>0,050; estação chuvosa: χ2=0,466; g.l.= 1; p>0,100)

(Figura 11).

No Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, considerando-se os registros por

parcela, o número total de registros foi significativamente maior em TPEs somente na

estação seca (χ2=6,552; g.l.=1; p<0,025) e quando se considera registros por transecções,

esta diferença significativa deixa de existir (χ2=0,071; g.l.=1; p>0,500). Na estação

chuvosa não houve diferença significativa no número de registros obtidos entre TPEs e

NTs, tanto em parcelas/noites (χ2=1,66; g.l.=1; p>0,100) quanto em transectos/noites

(χ2=1,400; g.l.=1; p>0,100) (Figura 12).

Page 32: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

31

3.2 – Proteção de iscas e cobertura das parcelas

Para a contabilização dos resultados de remoção de iscas, o esforço foi totalizado

apenas em armadilhas/noites. Como pode ser observado na Tabela 04, o esforço amostral

diferiu entre as duas estações do ano e foi ligeiramente maior no PERP do que no PESB,

por motivos já explicados no tópico anterior.

Primeiramente foi verificado se houve associação nos totais de remoções entre os

tipos de isca (protegidas ou desprotegidas) e posicionamentos das parcelas (TPEs e NTs)

através de um Teste do Qui-quadrado. Este teste se mostrou não-significativo tanto para o

PERP (estação seca; χ2=0,164; g.l.=1; p>0,500; estação chuvosa; χ2=0,019; g.l.=1;

p>0,500) quanto para o PESB (estação seca; χ2=2,472; g.l.=1; p>0,100; estação chuvosa;

χ2=0,371; g.l.=1; p>0,500). Deste modo, nas análises seguintes as comparações do total

de iscas removidas pelos diversos grupos zoológicos e entre iscas protegidas e

desprotegidas foram feitas somando-se os valores de TPEs e NTs. Além disso, as análises

foram separadas por estações, pois houve associação significativa entre a estação do ano

e as remoções pelos diferentes grupos zoológicos (PERP: χ2=155,301; g.l.=3; p<0,001;

PESB: χ2=83,963; g.l.=3; p<0,001).

No geral, 63,6% (n=1399) das iscas foram removidas nos dois parques, sendo

70,1% de remoção no PESB (n=701) e 58,2% de remoção no PERP (n=698). Do total de

iscas removidas, 67,4% (n=943) puderam ter o agente removedor identificado (insetos,

aves, pequenos mamíferos e mamíferos de médio e grande porte), enquanto que em

32,6% das iscas (n=456) o agente removedor não pôde ser identificado, seja devido a

substrato demasiadamente fofo ou devido a parcelas encharcadas pela chuva.

Page 33: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

32

Excetuando-se as remoções por mamíferos de médio e grande porte, 45,9% das iscas

(n=642) foram removidas por insetos, aves e pequenos mamíferos.

A freqüência total de remoção de iscas protegidas e desprotegidas não diferiu

significativamente na estação seca, tanto no PERP (χ2=0,164; g.l.=1; p>0,500) quanto no

PESB (χ2=0,525; g.l.=1; p>0,500). Porém, na estação chuvosa a remoção de iscas

desprotegidas foi significativamente maior do que a de iscas protegidas, nos dois parques

(PERP: χ2=25,960; g.l.=1; p<0,001; PESB: χ2=16,890; g.l.=1; p<0,001) (Figura 13).

No PERP o número total de remoções de iscas diferiu significativamente entre os

grupos zoológicos nas duas estações do ano (estação seca: χ2=65,809; g.l.=3; p<0,001;

estação chuvosa: χ2=56,373; g.l.=3; p<0,001). Na estação seca, pequenos mamíferos e

mamíferos de médio e grande porte removeram mais iscas do que esperado, enquanto na

estação chuvosa insetos e mamíferos de médio e grande porte removeram mais iscas que

o esperado (Figura 14). No PESB as remoções de iscas também diferiram

significativamente entre os grupos zoológicos nas duas estações do ano (estação seca:

χ2=70,145; g.l.=3; p<0,001; estação chuvosa: χ2=34,222; g.l.=3; p<0,001). Na estação

seca, aves removeram mais iscas do que o esperado e assim como no PERP, insetos e

mamíferos de médio e grande porte removeram mais iscas que o esperado na estação

chuvosa (Figura 15).

Nas duas unidades de conservação a proteção das iscas foi efetiva apenas contra

insetos (Figuras 16, 17 e 18). O número de iscas removidas por este grupo foi

significativamente menor para iscas protegidas do que para iscas desprotegidas, tanto na

estação seca (PERP: χ2=5,222; g.l.=1; p<0,025; PESB: χ2=40,653; g.l.=1; p<0,001),

quanto na estação chuvosa (PERP: χ2=71,026; g.l.=1; p<0,001; PESB: χ2=8,818; g.l.=1;

Page 34: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

33

p<0,005). Para os demais grupos, o uso da proteção não representou diferença

significativa no total de iscas removidas (Teste do Qui-quadrado, p> 0,05 em todos os

casos; Figuras 17 e 18).

Dentre as espécies que apresentaram número suficiente de registros (n≥5) para

que fosse possível verificar diferenças significativas no número de registros entre iscas

protegidas e desprotegidas, apenas Chrysocyon brachyurus apresentou número

significativamente maior de registros em parcelas com iscas protegidas (χ2=4,454; g.l.=1;

p<0,05) (Tabela 05).

O esforço amostral de parcelas que receberam uma proteção contra chuva

(parcelas cobertas) e de parcelas que não receberam esta proteção (parcelas descobertas)

foi maior no PERP devido ao maior tamanho do transecto nesta reserva e ao fato de

algumas armadilhas terem sido levadas pela água da chuva no PESB (Figura 19). Foram

totalizadas 330 armadilhas/noites no PERP (165 cobertas e 165 descobertas), e 168

armadilhas/noites no PESB (87 cobertas e 81 descobertas).

A proteção sobre parcelas contra a chuva apresentou resultados contrastantes nos

dois parques. No PERP o número de registros foi significativamente maior nas parcelas

descobertas (χ2=12,612; g.l.=1; p<0,001), enquanto no PESB um maior número de

registros foi observado nas parcelas cobertas (χ2=8,656; g.l.=1; p<0,005) (Figura 20).

Apenas três espécies foram registradas em cada uma das reservas nos transectos abertos

para a realização deste teste, sendo Cerdocyon thous, Chrysocyon brachyurus e Didelphis

albiventris no PERP e Canis lupus familiaris, Didelphis aurita (gambá) e Galictis cuja

(furão) no PESB (Tabela 06). Em ambas as reservas as parcelas cobertas registraram

todas as espécies registradas pelas parcelas descobertas e estas, por sua vez, não

Page 35: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

34

registraram D. albiventris, D. aurita e G. cuja. Testes estatísticos foram possíveis apenas

para Cerdocyon thous e para Chrysocyon brachyurus; a primeira apresentou um número

significativamente maior de registros nas parcelas descobertas (χ2=33,34; g.l.=1;

p<0,001), enquanto a segunda apresentou mais registros associados a parcelas cobertas,

porém esta diferença não se mostrou significativa (χ2=3,10; g.l.=1; p>0,100) (Tabela 06).

3.3 – Influência da chuva na noite anterior e registros sem identificação

Durante as amostragens realizadas nas reservas, não ocorreram noites com chuva

na estação seca no PERP, ou noites sem chuva na estação chuvosa no PESB. Portanto, os

resultados a seguir são referentes à estação chuvosa no PERP e à estação seca no PESB.

No PERP, o número de registros obtidos após noites sem chuva foi significativamente

maior do que após noites com chuva (χ2=6,854; g.l.=1; p<0,01). Já no PESB estas

diferenças não foram significativas (χ2=0,372; g.l.=1; p>0,500) (Figura 21).

Independentemente de ter chovido ou não na noite anterior, em ambas as reservas

ocorreram alguns registros de mamíferos de médio e grande porte que não puderam ser

identificados. No PERP houve nove visitas que não foram identificadas, sendo uma na

estação seca e oito na estação chuvosa, enquanto no PESB, foram 26 visitas sem

identificação, sendo 23 na estação seca e três na estação chuvosa. Durante o período seco

os registros não identificados foram associados a substrato demasiadamente fofo e na

estação chuvosa foram associados à impossibilidade de identificação dos rastros devido à

incidência de chuva sobre as parcelas.

Page 36: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

35

3.4 – Conjunto de espécies amostradas pelas parcelas e fora das parcelas

No PERP, as pegadas registradas através de procura ativa foram encontradas, em

sua maioria, em beiras de rio, onde o substrato mais abundante era areia. Já no PESB, os

rastros foram obtidos na estrada que corta a reserva, na beira de um pequeno lago

artificial próximo à sede e, com menor freqüência, em alguns poucos trechos das trilhas

percorridas onde o folhiço era mais escasso ou ausente, propiciando a marcação de

rastros. Com estes registros foram totalizadas 21 espécies no PERP distribuídas em sete

ordens (Tabela 07), e 14 espécies no PESB distribuídas em cinco ordens (Tabela 08). As

armadilhas de pegadas amostraram 71,46% do total de espécies registradas por pegadas

no PESB e apenas 33,33% do total de espécies registradas por pegadas no PERP. Em

todo o estudo foram catalogadas 28 espécies, das quais nove se encontram ameaçadas de

extinção para Minas Gerais e sete se encontram ameaçadas para o Brasil (Tabelas 07 e

08).

Page 37: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

36

4 – DISCUSSÃO

4.1 – Riqueza em espécies e comparações entre TPEs e NTs

Um maior sucesso de captura nas armadilhas de pegada foi associado ao PESB,

porém foi no PERP onde se registrou maior riqueza total de espécies de mamíferos de

médio e grande porte fora das parcelas. Isso demonstra dois aspectos bastante relevantes:

a importância da amostragem fora das armadilhas de pegadas e da montagem das mesmas

em locais não ideais à marcação de rastros. No PERP, o pequeno número de espécies

registradas nas parcelas de areia pode estar relacionado ao fato das mesmas terem sido

distribuídas apenas em áreas de cerrado stricto sensu. Os registros através de procura

ativa foram obtidos em beiras de rios, onde era comum a presença de extensos bancos de

areia e de matas ciliares. Sabe-se que estes locais frequentemente apresentam maior

riqueza e abundância de espécies que outros ambientes do Cerrado, fornecendo abrigo,

alimento, temperaturas amenas e recursos hídricos, sendo diversos os estudos que já

demonstraram a importância destes ambientes para as espécies de mamíferos no mosaico

da paisagem do Cerrado (Fonseca & Redford, 1984; Redford & Fonseca, 1986; Johnson

et al., 1999; Marinho-Filho et al., 2002; Santos-Filho & Silva, 2002). É bastante provável

que se a amostragem tivesse sido conduzida em áreas de mata nesta reserva, uma maior

riqueza pudesse ser encontrada. Porém, a disposição das armadilhas em áreas de cerrado

stricto sensu foi fundamental para entender as dificuldades operacionais do método em

áreas quentes, menos úmidas e de maior incidência solar, ou seja, em forte contraste ao

que é tipicamente observado no bioma Mata Atlântica.

Page 38: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

37

Tanto no PERP quanto no PESB as curvas de acúmulo de espécies não atingiram

a estabilização, porém no PESB, a curva ainda tende a um forte crescimento, enquanto no

PERP a curva apresenta um menor crescimento. O fato de a amostragem ter sido

realizada em um ambiente de menor riqueza em espécies de mamíferos pode ter sido um

fator determinante no baixo crescimento desta curva para o PERP, ressaltando mais uma

vez a importância da amostragem fora das parcelas; caso contrário esta reserva teria

apresentado uma riqueza bem menor.

Embora a curva de acúmulo de espécies seja uma ferramenta fundamental para a

comparação de resultados entre diferentes estudos (Santos, 2004), são poucos os

trabalhos de armadilhas de pegadas que apresentam estimativas de riqueza em espécies

baseadas no aumento do esforço amostral (Scoss, 2002; Bassi, 2003; Pardini et al., 2004).

Bassi (2003) objetivou estimar a riqueza de espécies em fragmentos de Mata Atlântica na

região oeste do Estado de São Paulo, utilizando armadilhas de pegadas distantes dez

metros entre si e dispostas em trilhas pré-existentes nas áreas de estudo. Para algumas

áreas por ela amostradas, a curva de acúmulo de espécies atingiu uma assíntota com o

esforço amostral de 500 armadilhas/noites (Bassi, 2003). No presente estudo, no PESB, a

curva não tende a estabilização mesmo com o esforço de 1.000 armadilhas/noites. Isto

pode estar relacionado a características da própria comunidade presente na reserva. De

acordo com funcionários e moradores da região, estes animais não são tão abundantes na

área da reserva quanto nas áreas de baixada, onde o relevo é menos íngreme e

montanhoso e as temperaturas são mais quentes. Adicionalmente, é também bastante

provável que a comunidade de mamíferos na área de estudo seja pobre em relação a

outras áreas da reserva. A região denominada de Fazenda Brigadeiro, localizada na

Page 39: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

38

porção norte do parque, onde existem áreas de mata de maior extensão e de mata primária

é, de acordo com funcionários, uma região mais rica na composição e abundância das

espécies. Além disso, avaliações ecológicas rápidas conduzidas nestas duas áreas, com o

mesmo esforço amostral, apontam uma riqueza total de 19 espécies para a região norte e

de dez espécies para a região onde o presente estudo foi situado, a Fazenda da Neblina

(Lessa et al., 2006). Deste modo, é provável que a curva de acúmulo de espécies não

tenha se estabilizado mais pelo fato das espécies serem menos abundantes do que por

pequeno esforço amostral.

Em ambas as reservas as armadilhas de pegadas não registraram toda a

comunidade potencialmente amostrável pelo método (mamíferos de médio e grande porte

de hábitos terrícolas). De acordo com relatório para a elaboração do Plano de Manejo do

PESB (Lessa et al., 2006), ocorrem 15 espécies de mamíferos de médio e grande porte de

hábitos terrícolas na reserva, das quais nove foram amostradas pelo método de parcelas

de areia, representando 60% das espécies já registradas. Com os resultados aqui obtidos,

soma-se à esta lista, Didelphis aurita. Costa et al. (1994) já haviam registrado a espécie

para a reserva, embora a mesma não tenha sido citada no Plano de Manejo. Esta espécie

foi bastante registrada em parcelas de areia e Pardini (2001) também explicita maior

facilidade de registros desta espécie em armadilhas de pegadas do que em armadilhas de

captura viva (live traps). Mesmo amostrando boa parte da mastofauna de médio e grande

porte, a curva de acúmulo de espécies não tende à estabilização indicando que mais

espécies podem ainda ser registradas para a reserva. Ressalta-se que a riqueza estimada

(n=14 espécies; D.P.=1,99 espécies) apresentou valor igual ao da riqueza já confirmada

na reserva. De acordo com o Plano de Manejo disponível para o PERP, 27 espécies de

Page 40: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

39

mamíferos de médio e grande porte de hábitos terrícolas ocorrem na reserva (Plano de

Manejo do Parque Estadual do Rio Preto, 2004), das quais apenas 25,9% (n=7) foram

amostradas pelas parcelas, provavelmente pelo fato das mesmas serem distribuídas

apenas em áreas de cerrado stricto sensu. À lista de espécies desta reserva soma-se a

ocorrência de Dasypus septemcinctus (tatu-galinha).

Em ambas as reservas nota-se uma maior riqueza de espécies na estação chuvosa.

Embora no PESB um maior número de espécies tenha sido registrado no período da seca

(oito espécies contra quatro na estação chuvosa), o esforço amostral foi bastante

diferenciado entre estes períodos, sendo que proporcionalmente, o sucesso de captura de

espécies foi maior na estação chuvosa. No PERP, foram registradas sete espécies neste

período e três espécies na estação seca, sendo que no mês de Julho, apenas Cerdocyon

thous foi registrada nas parcelas de areia. Sabe-se que em períodos chuvosos a oferta de

alimentos tende a aumentar, pois também aumenta a abundância de insetos, frutos,

sementes e de recursos de uma maneira geral (Lemos-Espinal et al., 1997; Dalponte &

Lima, 1999; Henry, 1999). Uma maior riqueza obtida nas parcelas pode estar refletindo

este aspecto biológico das comunidades, sendo isso especialmente verdadeiro para o

PERP, onde a diferença entre as estações seca e chuvosa parece ser mais marcante

(Figura 22).

Como já explicitado anteriormente, para as espécies que apresentaram alto

número de registros (muitos deles associados a um mesmo transecto em um mesmo dia),

a análise dos transectos como unidades amostrais faz com que os registros destas espécies

diminuam expressivamente, enquanto que para algumas espécies esta diferença na

definição da unidade amostral representou apenas uma pequena diminuição e para outras

Page 41: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

40

não houve diferença. Ressalta-se também que diferenças significativas nos registros das

espécies entre TPEs e NTs deixam de existir quando se muda a unidade amostral. Por

exemplo, para Chrysocyon brachyurus há diferença significativa de registros entre TPEs

e NTs somente na abordagem de parcelas como unidades amostrais.

Para a comparação de registros entre TPEs e NTs a abordagem através dos

transectos como unidades amostrais é mais adequada, pois as parcelas em TPEs, para

algumas espécies, possivelmente apresentaram autocorrelação espacial de registros,

sendo que o mesmo não aconteceu em NTs. Porém, para uma comparação apenas da

intensidade do uso de trilhas pré-existentes entre as diferentes espécies, a abordagem feita

através das parcelas como unidades amostrais pode ser mais adequada, pois espécies que

usam trilhas pré-existentes têm maior probabilidade de marcar mais parcelas do que

espécies que apenas cruzam ou evitam estes locais. Se esta análise for feita usando-se as

transecções como unidades amostrais, espécies que usam estes ambientes de maneira

diferenciada podem ser igualadas.

No presente estudo optou-se por não inferir a abundância relativa das espécies,

embora muito provavelmente as espécies que apresentaram maior número de registros

sejam abundantes nas áreas de estudo. Caso o objetivo fosse investigar a freqüência dos

registros apresentados por cada espécie para formular índices de abundância relativa das

mesmas, as espécies que apresentassem vários registros em um mesmo transecto em um

mesmo dia teriam sua abundância superestimada, pois a chance de um mesmo indivíduo

marcar várias parcelas de um mesmo transecto é grande. Quando a abordagem é feita por

transecção, as espécies que pisaram seguidamente em várias parcelas são “igualadas” às

espécies que pisaram em uma única parcela e assim não teriam sua abundância super

Page 42: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

41

estimada e relação às outras espécies. Deste modo, seria mais recomendado usar a

transecção como unidade amostral quando o objetivo do estudo envolver comparações

interespecíficas da abundância relativa. Para uma abordagem como esta, a autocorrelação

espacial das parcelas de areia pode superestimar a abundância de algumas espécies

(Roughton & Sweeny, 1982; Scoss & De Marco, 2000; Scoss, 2002). Em trabalho

realizado no Parque Estadual do Rio Doce com enfoque sobre efeito da fragmentação,

mais especificamente sobre o feito de borda, Scoss (2002) ressaltou a dificuldade de se

trabalhar a abundância relativa das espécies através de armadilhas de pegadas localizadas

muito próximas umas das outras.

Ressalta-se que a disposição das parcelas nestes dois ambientes (TPEs e NTs) traz

resultados interessantes quando o foco da pergunta é a riqueza em espécies, pois embora

o número de espécies registradas tenha sido semelhante entre estes dois tipos de

tratamento, a composição de espécies pode ser distinta entre elas (ver Tabelas 02 e 03),

aumentando a complementaridade da amostra. De fato, a amostragem mais completa

possível da riqueza deve incluir ainda, observações não sistematizadas obtidas em todo e

qualquer tipo de ambiente existente, já que nos dois parques as parcelas em TPEs e em

NTs registraram apenas uma parcela da fauna potencialmente amostrável (Tabelas 07 e

08).

No presente estudo a distância de 50 m adotada entre parcelas parece não ser

suficiente para que cada parcela localizada nas TPEs seja considerada como unidade

independente, pelo menos para as espécies de canídeos silvestres (Cerdocyon thous e

Chrysocyon brachyurus). A distância entre as parcelas é um importante aspecto da

metodologia de armadilhas de pegadas. Não há uma distância única a ser recomendada e

Page 43: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

42

a mesma depende do objetivo do estudo e da espécie ou da comunidade a serem

analisadas. Existem trabalhos onde as armadilhas foram distanciadas a dez metros (Scoss,

2002), quinze metros (Pardini, 2001), 60 metros (Oliveira, 2004), 200 metros (Loretto,

2006), até 320 metros entre si (Conner et al., 1983). Uresk et al. (2003), em um trabalho

realizado com enfoque na raposa Vulpes velox, testaram diferentes distâncias entre as

parcelas, de acordo com os dados que obtiveram em campo. As parcelas por eles

utilizadas se encontravam distanciadas 160 metros umas das outras. Através de

simulações por sistema de substituição de uma dada parcela por suas outras vizinhas,

chegaram a uma distância ideal de 500 metros para estimar tendências populacionais da

espécie, sem necessitar de montar parcelas entre estes intervalos, visto que estas não

fariam diferença nos resultados. É importante ressaltar que essa distância ideal foi

estabelecida para uma espécie e hábitat em particular, e portanto valores diversos podem

ser encontrados para outras espécies. Scoss (2002) ressalta que a independência ou não

das amostras pode tornar a metodologia inadequada para algumas espécies,

principalmente em estudos de comunidade, onde diferentes espécies apresentam

diferentes abundâncias e distribuições espaciais.

É muito provável que as espécies de mamíferos de médio e grande porte usem de

maneira diferenciada trilhas e rotas pré-existentes (Trolle & Kery, 2005). No presente

estudo as espécies silvestres de canídeos que usaram estas rotas com bastante freqüência

(Cerdocyon thous e Chrysocyon brachyurus) são espécies relativamente comuns em suas

áreas de ocorrência, possuem hábitos generalistas e oportunistas (Emmons & Feer, 1997);

são predadoras de espécies de menor porte e pode-se esperar que elas não evitem a

exposição nesses ambientes (Trolle & Kery, 2006). Em diversas ocasiões pôde-se

Page 44: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

43

perceber que estas espécies usam estas rotas rotineiramente em seus deslocamentos,

sendo freqüente obter registros em seguidas noites nestas trilhas. Didelphis albiventris foi

a única espécie a apresentar número significativamente maior de registros fora da trilha

(em NTs). Esta espécie também apresenta hábitos generalistas, porém é uma espécie de

menor porte (Emmons & Feer, 1997) e por isso pode estar evitando áreas abertas. Pardini

et al., (2004) encontraram resultado semelhante para uma outra espécie do gênero,

Didelphis aurita (gambá), em um experimento conduzido em uma área de Mata Atlântica

(os registros desta espécie foram também mais freqüentes em áreas de interior de mata) e

é bastante provável que ambas as espécies possam estar evitando áreas mais abertas.

Myrmecophaga tridactyla apresentou poucos registros (apenas seis), porém destes, quatro

foram obtidos em interior de cerrado stricto sensu e apenas dois em trilhas pré-existentes,

sendo que estes foram obtidos em apenas uma parcela da transecção em diferentes

ocasiões, o que pode estar demonstrando o uso limitado destas rotas por parte desta

espécie. No mês de Março foi possível confirmar, através dos registros obtidos em

parcelas, a presença de ao menos dois indivíduos na reserva. Foram obtidos rastros desta

espécie em uma mesma noite nos dois transectos mais distantes entre si. Somado a isto,

estava o fato do Rio Preto, que se localiza entre estas suas trilhas, estar extremamente

cheio (este fato se deu em período chuvoso) sendo praticamente impossível atravessá-lo.

Abordagens de quantificação de indivíduos de uma determinada espécie podem ser

conduzidas quando estas trilhas se encontram suficientemente distanciadas para isto

(Wilson & Delahay, 2001).

Page 45: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

44

4.2 – Proteção de iscas e cobertura das parcelas

A remoção de iscas por formigas, aves e pequenos mamíferos é um fator

preocupante já que quase metade das iscas foram removidas por estes animais no

presente estudo. A freqüência de remoção de iscas por aves foi muito maior no PESB, um

ambiente de Mata Atlântica que provavelmente deve apresentar maior diversidade e

abundância de espécies do que áreas de cerrado stricto sensu (Sick, 1997). Por outro lado,

pequenos mamíferos removeram mais iscas no PERP. Nesta reserva, um maior número

de registros de pequenos mamíferos pode estar associada ao fato do substrato utilizado no

PERP (areia) ser menos granuloso do que o utilizado no PESB (terra). O rastro destes

animais é bem pequeno e proporcionalmente rico em detalhes (Figura 23). O substrato

mais fino marca melhor estes rastros, enquanto que no substrato granuloso do PESB estes

rastros podem não ter sido bem registrados; logo, um maior número de remoção de iscas

por estes animais pode estar relacionado ao melhor substrato no PERP, e não a uma

maior diversidade e abundância destas espécies neste local.

O fato das iscas serem removidas pode ser prejudicial ao estudo que está sendo

conduzido, pois parcelas sem iscas podem ter menor poder de atração de espécies.

Pardini et al. (2004), por exemplo, testaram o sucesso de captura de três iscas: banana,

bacon e sal, e em um outro grupo de parcelas, os autores não utilizaram iscas. A maior

riqueza e o maior número de registros foram associados a parcelas iscadas com banana,

enquanto uma menor riqueza foi associada a parcelas sem isca e a parcelas com sal e o

menor número de registros foi associado a parcelas sem isca. Como mostrado neste

trabalho, a ausência de isca em uma determinada parcela pode ser um fator determinante

Page 46: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

45

no sucesso de amostragem. As altas taxas de remoção de iscas por insetos, aves e

pequenos mamíferos podem acarretar uma expressiva diferença no esforço amostral

realizado, e consequentemente, no sucesso de obtenção de rastros.

A proteção usada pode ser considerada como bem sucedida já que diminuiu

significativamente a remoção por insetos (formigas e cupins), que foram os principais

agentes removedores na estação chuvosa. Além disso, as remoções por mamíferos de

médio e grande porte não diferiram entre iscas protegidas e desprotegidas, sendo ideal

este resultado, de modo que a proteção não funcionou como repelente ou atrativo; exceto

para Chrysocyon brachyurus que teve mais registros associados a iscas protegidas. A

utilização desta proteção não deve influenciar na atração das espécies e caso ela seja

empregada em outros estudos, deve-se investigar quais espécies podem estar sendo

especialmente atraídas ou repelidas. Outra alternativa para evitar a remoção de iscas pode

ser o uso de iscas de cheiro sintéticas, que podem ser menos removidas, porém estas iscas

são frequentemente caras e de forma geral atraem um grupo específico de espécies

(Conner et al., 1983; Uresk et al., 2003).

Os resultados em relação a proteção das parcelas contra chuva se mostraram

bastante interessantes, entre as reservas e entre as espécies. No PERP o fato de um maior

número de registros serem relacionadas a parcelas descobertas está associado aos

registros de Cerdocyon thous nestas parcelas. Em certas ocasiões foi possível perceber

nitidamente que esta espécie evitava parcelas cobertas, chegando ao ponto de seus

registros serem intercalados juntamente com as parcelas descobertas. Por outro lado,

Chrysocyon brachyurus apresentou maior número de registros em parcelas cobertas, mas

esta diferença não foi significativa. Métodos usados em plantações para afastar “animais-

Page 47: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

46

problema” mostram que para algumas espécies estas estruturas de fato são repelentes, e

que para outras, depois de um determinado período, a presença desta estrutura não inibe

as visitas destes animais (Harris & Knwolton, 2001; Gilsdorf et al., 2002). Isto pode ser

aplicado aos resultados deste estudo. A lona dá um aspecto bastante artficial à armadilha

de pegada, que somado ao barulho produzido com o vento, pode ter contribuído para

repelir Cerdocyon thous. Deve-se ressaltar que diferentes indivíduos de uma mesma

espécie podem apresentar diferentes respostas e que este teste deve ser repetido em outras

áreas naturais.

No entanto, com relação à riqueza de espécies, esta foi maior nas parcelas

cobertas do que descobertas. Uma maior riqueza associada ao tratamento das parcelas

cobertas provavelmente esteve relacionada ao fato deste experimento ter sido conduzido

no período chuvoso, quando algumas informações nas parcelas descobertas foram

apagadas em noites de chuva. Portanto, embora os resultados indiquem que a proteção

tenha propiciado aumento da riqueza amostrada, estudos futuros devem examinar se a

eficiência do método é maior também fora do período chuvoso. A estrutura de bambu é

viável de ser montada e de ser mantida em campo. Gasta-se aproximadamante 30 minutos

para se montar a estrutura na primeira campanha, e nas campanhas seguintes cerca de

cinco minutos são necessários para se recolocar a lona. O bambu é um material barato, o

que não encarece demasiadamente o projeto, e a armação dura bastante em campo (um

ano inteiro ou mais).

Page 48: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

47

4.3 – Influência da chuva na noite anterior e registros sem identificação

É comum em trabalhos que usam armadilhas de pegadas os autores descartarem

os dados obtidos em dias de chuva ou não amostrarem nestes períodos (Pardini, 2001;

Scoss, 2002; Bassi, 2003). Amostragens em estações chuvosas podem ficar desfalcadas

se não forem bem conduzidas, ou ainda, toda uma equipe pode ser deslocada para o

campo sem que seja possível se trabalhar (Pardini, 2001). Neste estudo preferimos manter

as atividades normais e checarmos as armadilhas após noites com chuva, tanto no período

seco quanto no período chuvoso.

No PERP obteve-se um número significativamente maior de registros em noites

sem chuva, mas o mesmo não aconteceu no PESB, onde a diferença no número de

registros entre noites com e sem chuva não foi significativa. Este aspecto provavelmente

está relacionado ao fato da análise ter sido feita somente na estação chuvosa para o PERP

e somente na estação seca para o PESB. A intensidade das chuvas nas noites anteriores

pode ter sido o fator determinante deste resultado, visto que no período chuvoso a

intensidade das chuvas foi bem maior que no período seco. Loretto (2006) também

explicita que chuvas de pouca intensidade não atrapalham a obtenção de registros em

parcelas de areia.

Um outro problema associado ao período chuvoso é a falta de substrato adequado

para a montagem das parcelas, sendo que o mesmo fica muito compactado, difícil de ser

peneirado e remexido, sendo muitas vezes impraticável montar a parcela, e mesmo que

possa marcar rastros de espécies mais pesadas, espécies mais leves podem não ser

Page 49: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

48

registradas. Bassi (2003) também expressa a dificuldade de se montar as parcelas em

períodos chuvosos devido a falta de substrato adequado.

Um maior número de registros sem identificação foi associado ao PESB, onde o

substrato empregado foi terra, mais granulosa que a areia. Esta maior granulometria pode

ter sido um fator determinante na não-identificação de diversos registros, pois diversos

deles não tiveram seus limites bem definidos ou impressões bem feitas. Nesta reserva, o

terreno é bastante íngreme, e por isso optamos por não carregar areia e utilizar o substrato

local. Scoss (2002) explicita a escolha de áreas planas para a aplicação deste método,

porém na área de estudo não havia trilhas ou terrenos planos, como é corriqueiro na mata

atlântica de encosta de maneira geral.

4.4 – Outras considerações sobre o método

No PERP, o substrato quando umedecido, rapidamente perdia água por

evaporação, e em ocasiões de muito calor e forte incidência solar, o mesmo ficava

compactado em sua superfície. No PESB o mesmo não acontecia e as parcelas se

mantinham úmidas devido à menor incidência solar e a temperaturas mais amenas.

Em uma determinada campanha realizada no PERP no mês de Julho, as parcelas

foram umedecidas de duas maneiras: apenas jogando-se água com um regador sem

remexer o substrato e umedecendo e homogeneizando as mesmas. Das duas maneiras a

areia ficou rígida e compactada em sua superfície e fofa abaixo, porém, homogeneizando

a areia demorou-se mais em cada ponto de amostragem.

Page 50: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

49

Muitos autores explicitam que a altura das parcelas de areia deve ficar entre dois e

quatro centímetros de altura (Scoss, 2002; Bassi, 2003; Pardini et al., 2004). Essa altura

ideal deve ser analisada e empregada com cuidado em ambientes mais secos e de maior

incidência solar, como por exemplo, o Cerrado. Na areia alta e fofa, muitos rastros

perdiam a definição de seus limites, isto foi mais fortemente evidenciado em diversas

ocasiões nas quais se puderam observar trilhas de animais ao longo de estradas no PERP.

Nestas trilhas havia rastros em areia com maior altura que tinham seus limites bastante

indefinidos e havia rastros em areia batida de baixa altura, que tinham seus limites muito

mais próximos ao tamanho real da pegada do animal. A Figura 24 apresenta um desses

exemplos. Isto pode ser especialmente prejudicial para espécies que apresentem rastros

pequenos, como por exemplo, pequenos felinos. Trabalhos que diferenciam indivíduos

por suas pegadas podem ser prejudicados por essa falta de definição do limite dos rastros,

visto que este limite é fator determinante para a identificação correta dos indivíduos

(Smallwood & Fitzhugh, 1993; Lewison et al., 2001). O ideal é que primeiramente seja

verificado se o ato de umedecer as parcelas resulta no aumento da eficácia nestes

ambientes quentes, se o substrato se manterá úmido ou se o solo simplesmente será

compactado, gastando-se tempo desnecessariamente. Caso isso ocorra e o substrato

empregado nestes ambientes mais secos seja areia, é ideal que a textura da mesma seja

fina, que apresente pequena granulometria e seja montada nas parcelas com uma pequena

altura, cerca de um centímetro ou menos. Desta maneira, os limites originais dos rastros

irão se manter e rastros de mamíferos de menor porte poderão ser identificados e, caso

seja o objetivo, indivíduos poderão ser mais facilmente diferenciados.

Page 51: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

50

Além de areia, existem diferentes substratos empregados em trabalhos com

armadilhas de pegadas que poderiam substituir a mesma, que muitas vezes é impraticável

de ser transportada (Olifiers, 2001; Uresk et al., 2003). Estes substratos alternativos

podem ser mais fáceis de serem transportados, porém podem ser difíceis de serem

montados em campo ou podem ainda encarecer o projeto (Loretto, 2006). Diferentes

trabalhos já testaram diferentes substratos, dentre fuligem em placas de alumínio e

cartolinas (Conner et al., 1983; Carey & Witt, 1991; Loretto, 2006) e plásticos

fluorescentes que quando pressionados marcam rastros (Olifiers, 2001; Olifiers et al.,

2007). O plástico fluorescente é leve, porém é necessário que este seja tampado devido à

sua forte coloração (rosa) e é possível que em noites de chuva forte os rastros sejam

apagados com a pressão das gotas sobre sua superfície (Olifiers et al., 2007). Trabalhos

que utilizam fuligem impregnada em placas de alumínio ou em papéis grossos,

conseguem bons resultados, facilitando tentativas de diferenciações de indivíduos através

de seus rastros e sendo viável até mesmo para a coleta de rastros de pequenos roedores e

marsupiais (Marten, 1972; Carey & Witt, 1991; Ratz, 1997). Taylor & Raphael (1988) e

Uresk et al. (2003) explicitam uma definição morfométrica melhor e mais fidedigna das

pegadas em armadilhas impregnadas com fuligem, porém, Loretto (2006) apresenta a

dificuldade operacional do método. No presente trabalho, como explicitado

anteriormente, é provável que um maior número de registros não-identificados no PESB

e de visitas de roedores no PERP possa ter ocorrido devido à diferença de substrato

utilizado nas reservas. A escolha do substrato utilizado deve ser, portanto, considerada de

acordo com características da área de estudo (acesso aos pontos de amostragem, solo,

Page 52: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

51

umidade, temperatura e incidência solar), com o enfoque do estudo (inventários ou

estudos populacionais que visem diferenciar indivíduos) e com o custo de cada método.

No presente trabalho foi possível verificar as diferenças operacionais relativas ao

método em ambientes tão diferenciados como uma área de mata atlântica de encosta e

uma área de cerrado stricto sensu. O substrato disponível e características ambientais

como incidência solar sobre as parcelas foram aspectos determinantes nas diferentes

dificuldades percebidas. Os diferentes resultados encontrados através da análise de duas

abordagens de unidades amostrais indicam que inferências a respeito da abundância das

espécies e distribuição espacial das mesmas podem ser altamente dependentes de uma

abordagem adequada ao foco da investigação a ser conduzida. Apesar da ampla utilização

deste método por parte dos pesquisadores e da eficácia do mesmo para diversos objetivos,

é necessário que mais trabalhos como este sejam realizados, testando e comparando

diferentes ferramentas intrínsecas ao método a fim de possibilitar uma melhor aplicação

do mesmo.

4.5 – Importância das reservas para a fauna de mamíferos

Das 14 espécies amostradas no PESB, três se encontram ameaçadas de extinção

de acordo com a Lista Nacional (Machado et al., 2005) e quatro de acordo com a Lista

Estadual (Machado et al., 1998), e das 21 espécies registradas no PERP, seis se

encontram ameaçadas de acordo com a Lista Nacional e sete de acordo com a Lista

Estadual. As duas reservas somam, portanto, nove espécies ameaçadas para o Estado, o

que representa mais de 20% das espécies de mamíferos ameaçadas em Minas Gerais.

Page 53: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

52

Estes resultados demonstram a importância destas reservas como áreas legalmente

protegidas, tanto para a fauna ameaçada como para a não ameaçada. Destaca-se a

ocorrência de Priodontes maximus (tatu-canastra) e de Myrmecophaga tridactyla no

PERP; estas espécies se encontram bastante ameaçadas e estudos que verifiquem o status

das mesmas nesta unidade de conservação devem ser conduzidos.

De acordo com o relatório para a elaboração do Plano de Manejo do PESB, 15

espécies de mamíferos de médio e grande porte de hábitos terrícolas ocorrem na reserva,

dos quais 13 foram registradas (86,6%). Com os resultados aqui obtidos, soma-se à lista

das espécies de mamíferos do PESB, Leopardus wiedii, sendo necessária sua

confirmação através de captura ou registros fotográficos, e reafirma-se o registro de

Didelphis aurita, não citado no relatório, mas já citado por Costa et al. (1994). A espécie

de pequeno felino não identificada no presente estudo (Leopardus sp) pode ser Leopardus

tigrinus, que é citada no relatório. Já no PERP a riqueza total de espécies silvestres obtida

no presente estudo (20 espécies) representa 74% das espécies de mamíferos de médio e

grande porte de hábitos terrícolas já registradas no Plano de Manejo (27 espécies), e

como já citado anteriormente, soma-se à lista da reserva a ocorrência de Dasypus

septemcinctus.

A fauna de mamíferos amostrada nestas reservas pode ser considerada

representativa dos biomas estudados. Embora estas comparações não levem em

consideração as áreas de ocorrência de cada espécie, ela pode servir como base para

avaliarmos a representatividade das reservas para a fauna de determinado bioma, sendo

que comparações deste tipo já foram empregadas em outros estudos (Schneider et al.,

2000). De acordo com a Lista Anotada dos Mamíferos do Brasil (Fonseca et al., 1996)

Page 54: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

53

ocorrem 41 espécies de mamíferos de médio e grande porte (peso corporal acima de 1 kg)

de hábitos terrícolas na Mata Atlântica e 43 no Cerrado. As espécies silvestres

amostradas no PESB representam 31,7% das espécies que ocorrem no bioma Mata

Atlântica, enquanto as espécies silvestres registradas no PERP representam 46,5% deste

grupo que ocorre no bioma Cerrado. Estes resultados reforçam a importância destas

reservas para a conservação da diversidade dos biomas nos quais estão inseridas.

A presença de Canis lupus familiaris no PESB deve ser monitorada e impedida.

Esta espécie doméstica é potencial competidora, predadora e transmissora de zoonoses

(Butler & Tojt, 2002). A presença desta espécie pode estar sendo especialmente

impactante nesta reserva, visto que seus rastros foram freqüentes e isto pode estar

refletindo uma alta abundância da mesma. Em mais de uma ocasião foi nitidamente

possível registrar ao menos dois indivíduos nas parcelas devido à diferenciação

morfométrica de rastros. No mês de Agosto evidenciou-se o impacto direto desta espécie

sobre a fauna silvestre da reserva: dois funcionários do parque surpreenderam dois

indivíduos de cachorro-doméstico atacando um indivíduo de Cebus nigritus (macaco-

prego) em uma área próximo à sede. O grupo de primatas ainda estava presente,

vocalizando bastante, e o animal, um macho adulto (Figura 25), ainda estava vivo, mas

faleceu alguns minutos depois. Este fato comprova a ação impactante que esta espécie

exótica pode estar exercendo e que ações de manejo devem ser adotadas com urgência.

Embora Canis lupus familiaris também tenha sido registrado no PERP, este

registro se deu apenas uma única vez. Através de pegadas foi possível confirmar a

presença de apenas dois animais, mas de acordo com testemunhos de funcionários, havia

um grupo formado por quatro indivíduos. Nesta ocasião, a equipe de pesquisadores

Page 55: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

54

percorreu a trilha de rastros dos animais e foi constatado um grande deslocamento dentro

da reserva. No PERP a presença destes animais já é combatida há bastante tempo,

segundo informações de funcionários.

Page 56: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

55

5 – CONCLUSÕES

A riqueza em espécies amostradas nas parcelas de areia foi apenas uma fração das

espécies presentes potencialmente amostráveis pelo método, tanto no Cerrado quanto na

Mata Atlântica. Deste modo, quando rastros são utilizados para levantamento de riqueza,

observações oportunísticas também devem ser conduzidas em locais não amostrados

pelas parcelas;

No PESB, a metodologia apresentou um maior sucesso de captura de espécies e

amostrou uma maior parte da mastofauna de médio e grande porte de hábitos terrícolas

presente, demonstrando que o método foi mais eficaz nesta área;

No PERP, o método amostrou uma fração menor das espécies que ocorrem no

parque, muito provavelmente pelo fato do mesmo ter sido empregado somente em áreas

de cerrado stricto sensu;

As parcelas colocadas em trilhas pré-existentes amostram número de espécies

semelhante ao de parcelas localizadas fora das trilhas, mas a composição das espécies não

é a mesma nestes dois ambientes, indicando complementaridade;

O uso de transecções como unidades amostrais deve ser preferido quando se

pretende comparar a freqüência de registros em diferentes ambientes ou discutir

diferenças interespecíficas na abundância relativa, particularmente quando parcelas são

colocadas em trilhas pré-existentes, pois certas espécies (notadamente canídeos neste

estudo) demonstram preferência por estes ambientes;

A alta porcentagem de iscas removidas indica que experimentos que não incluam

mecanismos de proteção contra a remoção podem ter eficiência de captura

Page 57: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

56

significativamente prejudicada, já que parcelas iscadas exercem maior poder de atração

do que parcelas sem iscas;

Para insetos a proteção de iscas teve efeito significativo, tanto no Cerrado quanto

na Mata Atlântica, indicando que a proteção das mesmas deve ser adotada;

A proteção de parcelas contra a ação de chuva propiciou aumento no número de

registros de pegadas na Mata Atlântica. No Cerrado parcelas protegidas tiveram menor

número de registro do que parcelas descobertas, sendo que este resultado foi fortemente

influenciado por uma única espécie de canídeo silvestre (Cerdocyon thous), que parece

ter evitado parcelas cobertas.

As UCs amostradas são importantes para a conservação da fauna de mamíferos

visto que detêm várias espécies ameaçadas de extinção no Estado e no Brasil e são

representativas dos biomas nas quais estão inseridas.

Page 58: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

57

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AB`SABER, A.N. 1977. Posição de superfícies aplainadas no Planalto Brasileiro. Notícias Geomorfológicas 5: 52-54. BASSI, C. 2003. O efeito da fragmentação sobre a comunidade de mamíferos nas matas do Planalto Ocidental, São Paulo, Brasil. Dissertação de Mestrado, Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP. BECK-KING, H.; HELVERSEN, O. & BECK-KING, R. 1999. Home range, population density, and food resources of Agouti paca (Rodentia: Agoutidae) in Costa Rica: a study using alternative methods. Biotropica 31 (4): 675-685. BECKER, M. & DALPONTE, J.C. 1999. Rastros de mamíferos silvestres brasileiros. Editora da Universidade de Brasília. Brasília, DF, 180p. BERGALLO, H.G. 1990. Fatores determinantes do tamanho da área de vida em mamíferos. Ciência e Cultura 42 (12): 1067-1072. BORGES, P.A.L. & TOMÁS, W.M. 2004. Guia de rastros e outros vestígios de mamíferos do Pantanal. Embrapa Pantanal, Corumbá, 148p. BUTLER, J.R.A. & TOJT, J.T. 2002. Diet of free-ranging domestic dogs (Canis

familiaris) in rural Zimbabwe: implications for wild scavengers on the periphery of wildlife reserves. Animal Conservation 5: 29-37. CAREY, A.B. & WITT, J.W. 1991. Track counts as indices to abundance of arboreal rodents. Journal of Mammalogy 72 (1): 192-194. CARTER, T.S. & ENCARNAÇÃO, C.D. 1983. Characteristics and use of burrows by four species of armadillos in Brazil. Journal of Mammalogy 64 (1): 103:108. CARVALHO, A.F.; JUCKSCH, I. & VALENTE, O.F. 2003. Meio Abiótico In: Fontes, L.E.F.; Oliveira, J.C.L. Gomide, J.B.; Barbosa, W.A. & Neto, P.S.F. (eds). Contribuições para elaboração do Plano de Manejo Integrado e Participativo: Relatório do meio abiótico. Anais do Simpósio do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro e Entorno. CHAME, M. 2003. Terrestrial mammals feces: a morphometric summary and description. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz 98: 71-94. CHIARELLO, A.G. 1999. Effects of fragmentation of the Atlantic Forest on mammal communities in south-eastern Brazil. Biological Conservation 89: 71-82. COLWELL, R.K. & CODDINGTON, J.A. 1994. Estimating terrestrial biodiversity through extrapolation. Philosophical Transactions of the Royal Society 345: 101-118.

Page 59: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

58

COLWELL, R.K. 2005. EstimateS: Statistical estimation of species richness and shared species from samples. Version 7.5.2. Persistent URL <purl.oclc.org/estimates>. CONNER, M.C.; LABISKY, R.F. & PROGULSKE, D.R. 1983. Scent-stations indices as measures of population abundance for bobcats, raccoons, gray foxes and opossums. Wildlife Society Bulletin 11 (2): 146-152. COSENZA, B.A.P. 1994. Inventário de mamíferos do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro. Relatório de Atividades. Carangola, Minas Gerais, 14p. COSTA, C.C.C.; LIMA, J.P.; CARDOSO, L.D.; HENRIQUES, V.Q. 1981. Fauna do Cerrado: lista preliminar de aves, mamíferos e répteis. Série Recursos Naturais e Meio Ambiente, 5, Superintendência de Recursos Naturais e Meio Ambiente, Rio de Janeiro. COSTA, L.P.; LEITE, Y.L.R.; FONSECA, M.T. & FONSECA, G.A.B. 1994. Inventário preliminar de pequenos mamíferos não-voadores em uma área de Mata Atlântica no Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, Minas Gerais. Resumos do XX

Congresso Brasileiro de Zoologia, UFRJ, Rio de Janeiro, RJ. CULLEN, L. & RUDRAN, R. 2004. Transectos lineares na estimativa de densidade de mamíferos e aves de médio e grande porte. In: Cullen-Jr. L.; Rudran, R. & Valladares-Pádua, C. (org). Métodos de estudos em Biologia da Conservação e Manejo da Vida Silvestre. Editora da Universidade Federal do Paraná, Paraná. DALPONTE, J.C. & LIMA, E.S. 1999. Disponibilidade de frutos e a dieta de Lycalopex vetulus (Carnivora: Canidae) em um Cerrado de Mato Grosso, Brasil. Revista Brasileira de Botânica 22 (2): 325-332. DIRZO, R. & MIRANDA, A. 1990. Contemporary Neotropical defaunation and the forest structure, function, and diversity – a sequel to John Terborgh. Conservation

Biology 4: 444-447. DRUMMOND, G.M.; MARTINS, C.M.; MACHADO, A.B.M.; SEBAIO, F.A. & ANTONINI, Y. 2005. Biodiversidade em Minas Gerais: um Atlas para sua conservação. Fundação Biodiversitas, Belo Horizonte. EMMONS, L.H. & FEER, F. 1997. Neotropical rainforest mammals: a field guide. University of Chicago Press, 307 p. FERREIRA, G.B. 2005. Comparação da comunidade de mamíferos de médio e grande porte nas principais fitofisionomias do Parque Nacional Grande Sertão Veredas, Minas Gerais e Bahia, através do registro de rastros. Monografia. Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG.

Page 60: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

59

FONSECA, G.A.B. & REDFORD, K.H. 1984. The mammals of IBGE’s Ecological Reserve, Brasília, and an analysis of the role of gallery forests in increasing diversity. Revista Brasileira de Biologia, 44 (4): 517-523. FONSECA, G.A.B. 1985. The vanishing brazilian Atlantic Forest. Biological

Conservation 34 (1): 17-34. FONSECA, G.A.B.; HERRMANN, G.; LEITE, Y.L.R.; MITTERMEIER, R.A.; RYLANDS, A.B. & PATTON, J.L. 1996. Lista Anotada dos Mamíferos do Brasil. Conservation International & Fundação Biodiversitas. Occasional Papers In

Conservation Biology 4, 38p. FONTES, L.E.F.; OLIVEIRA, J.C.L. GOMIDE, J.B.; BARBOSA, W.A. & NETO, P.S.F. (Eds). 2003. Contribuições para elaboração do Plano de Manejo Integrado e Participativo: Relatório do meio abiótico. Anais do Simpósio do Parque Estadual da

Serra do Brigadeiro e Entorno 141p. FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA & INSTITUTO DE PESQUISAS ESPACIAIS. 2002. Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica Período 1995-2000 Relatório Final. Fundação SOS Mata Atlântica & Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, São Paulo. GILSDORF, J.M.; HYGNSTROM, S.E. & VERCAUTEREN, K.C. 2002. Use of frightening devices in wildlife damage management. Integrated Pest Management

Reviews 7: 29-45. GONÇALVES, P.R. 1999. Caracterização da morfologia craniana e dentária dos roedores sigmodontíneos de duas localidades da Zona da Mata, Minas Gerais. Monografia. Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais, 44p. HARRIS, C. & KNWOLTON, F.F. 2001. Differential responses of coyotes to novel stimuli in familiar and unfamiliar settings. Canadian Journal of Zoology 79: 2005-2013. HENRY, O. 1999. Frugivory and the importance of seeds in the diet of the orange-rumped agouti (Dasyprocta leporina) in French Guiana. Journal of Tropical Ecology

15: 291-300. HESKE, E.J. 1995. Mammalian abundances on forest-farm edges versus forest interiors in southern Ilinnois: is there an edge effect? Journal of Mammalogy 72 (6): 562-568. JEWELL, Z. C.; ALIBHAI, S. K. & LAW, P.R. 2001. Censusing and monitoring Black Rhino (Diceros bicornis) using an objective spoor (footprint) identification technique. Journal of Zoology 254: 1-16.

Page 61: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

60

JOHNSON, M.A.; SARAIVA, P.M. & COELHO, D. 1999. The role of gallery forests in the distribution of Cerrado mammals. Revista Brasileira de Biologia 59 (3): 421-427. JUNIOR, M.M.M.; GONÇALVES, P.R.; PEREIRA, R.F.; FEIO, R.N. & LESSA, G.M. 1998. Inventário Faunístico no Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, Minas Gerais. Relatório Final de Atividades: Pequenos Mamíferos. Viçosa, Minas Gerais. LEMOS-ESPINAL, J.A.; SMITH, G.R. & BALLINGER, R.E. 1997. Thermal ecology of the lizard Sceloroporus gadoviae in an arid tropical scrub forest. Journal of Arid

Environments 35: 311-319 LESSA, G.; MANDUCA, E.; PINTO, C.G.C. & MAGALHÃES, O. 2006. Caracterização da mastofauna do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, com vista a elaboração do Plano de Manejo. Relatório Parcial, 31p. LESSA, L.G. 2005. A mastofauna do Parque Estadual do Rio Preto, MG: riqueza e ameaças. Resumos do III Congresso Brasileiro de Mastozoologia, Aracruz, ES. LESSA, L.G.; COSTA, F.N. & VELOSO, C. 2005. Comparação de hábitos alimentares entre três espécies de marsupiais em áreas de mata ciliar no Parque Estadual do Rio Preto, MG. Resumos do III Congresso Brasileiro de Mastozoologia,

Aracruz, ES. LEWISON, R.; FITZHUGH, E.L. & GALENTINE, S.P. 2001. Validation of a rigorous track classification technique: identifying individual mountain lions. Biological

Conservation 99: 313-321. LIZCANO, D. J. & CAVALIER, J. 2000. Densidad poblacional y disponibilidad de hábitat de la Danta da Montaña (Tapirus pinchaque) en los Andes Centrales de Colômbia. Biotropica 32 (1): 165-173. LORETTO, D. 2006. Eficiência de dois tipos de estações de rastro para levantamento de mastofauna de médio e grande porte, 191-200. In: Cunha, N.L.; Oliveira, R.; Casella, J.; Araújo, A.C.; Fischer, E.A. & Raizer, J. (org.). Ecologia do Pantanal: curso de campo 2004. Campo Grande, Ed. UFMS. MACHADO, A.B.M.; FONSECA, G.A.B.; MACHADO, R.B.; AGUIAR, L.M. & LINS L.V. 1998. Livro vermelho das espécies ameaçadas de extinção da fauna de Minas Gerais. Fundação Biodiversitas, Belo Horizonte, 608 p. MACHADO, A.B.M.; MARTINS, C.S. & DRUMMOND, G.M.. 2005. Lista da fauna brasileira ameaçada de extinção: incluindo as espécies quase ameaçadas e deficientes em dados. Fundação Biodiversitas, Belo Horizonte, 160 p.

Page 62: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

61

MACHADO, R.B.; RAMOS NETO, M.B.; PEREIRA, P.G.P.; CALDAS, E.F.; GONÇALVES, D.A.; SANTOS, N.S.; TABOR K. & STEININGER M. 2004. Estimativas de perda da área do Cerrado brasileiro. Relatório técnico não publicado. Conservação Internacional, Brasília, DF. MANGINI, P.R. & NICOLA, P.A. 2004. Captura e marcação de animais silvestres. In: Cullen-Jr. L.; Rudran, R. & Valladares-Pádua, C. (org). Métodos de estudos em Biologia da Conservação e Manejo da Vida Silvestre. Editora da Universidade Federal do Paraná, Paraná. MARINHO-FILHO, J. S.; RODRIGUES, F.H.G. & JUAREZ, K.M. 2002. The Cerrado mammals: diversity, ecology and natural history, 266-284. In: Oliveira, P.S. & Marquis, R.J. (eds). The Cerrados of Brazil: Ecology and Natural History of a Neotropical Savanna. Columbia University Press, New York, EUA. 424p. MARTEN, G.G. 1972. Censusing mouse populations by means of tracking. Ecology

53 (5): 859-867. MCNAB, B. K. 1963. Bioenergetics and the determination of home range size. The

American Naturalist 97 (894): 133-140. MELO, F.R.; SOUZA, F.E. & COSENZA, B.A.P. 1998. Inventário da Fauna de Primatas do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, Minas Gerais. Relatório Final de Atividades. Carangola, Minas Gerais. MITTERMEIER, R.A.; AYRES, J.M.; WERNER, T. & FONSECA, G.A.B. 1992. O país da megadiversidade. Ciência Hoje 14 (81): 27-27. MITTERMEIER, R. A.; GIL, P.R.; HOFFMANN, M.; PILGRIM, J.; BROOKS, T.; MITTERMEIER, C.G.; LAMOUREX, J. & FONSECA, G.A.B. 2005. Hotspots revisited. Earth’s biologically richest and most endangered terrestrial ecorregions. Eds: Agrupacion de Sierra Madre. MOREIRA, L.S.; BARBOSA, E.F.; ALVIM, T.G.; DIAS, L.G. & MELO, F.R. 2005. Utilização de Eucalipytus grandis por muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus) no Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, MG. Resumos XI Congresso Brasileiro

de Primatologia, Sociedade Brasileira de Primatologia. Porto Alegre, RS. MYERS, N.; MITTERMEIER, R.A.; MITTERMEIER, C.G.; FONSECA, G.A.B. & KENT, J. 2000. Biodiversity hotspots for conservation priorities. Nature 403: 853–858. NOVARO, A.J.; FUNES, M.C.; RAMBEAUD, C. & MONSALVO, O. 2000. Calibración del índices de estaciones odoríferas para estimar tendencias poblacionales del zorro colorado (Pseudalopex culpaeus) en Patagonia. Mastozoología Neotropical 7 (2): 81-88.

Page 63: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

62

OLIFIERS, N. 2001. Análise preliminar de uma nova metodologia para identificação de pegadas de mamíferos. Resumos I Congresso Brasileiro de Mastozoologia. Porto Alegre, RS. OLIVEIRA, V.B. 2004. Inventário das espécies de mamíferos de médio e grande porte presentes no Parque Nacional da Serra do Cipó, Minas Gerais. Monografia. Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte, Minas Gerais. OLIVEIRA, T.G. & CASSARO, K. 2005. Guia de campo dos felinos do Brasil. São Paulo: Instituto Pró-Carnívoros; Fundação Parque Zoológico de São Paulo, Sociedade de Zoológicos do Brasil. 81p. PARDINI, R. 2001. Pequenos mamíferos e a fragmentação da Mata Atlântica de Una, sul da Bahia – Processos e Conservação. Tese de Doutorado, Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo, São Paulo. PARDINI, R.; DITT, E. H.; CULLEN-JR., L.; BASSI, C. & RUDRAN, R. 2004. Levantamento rápido de mamíferos de médio e grande porte. In: Métodos de estudos em Biologia da Conservação e Manejo da Vida Silvestre. Cullen-Jr. L.; Rudran, R. & Valladares-Pádua, C. (org) pg. 181-201. Editora da Universidade Federal do Paraná, Paraná. PEREIRA, R.F.; FEIO, R.R.N.; LESSA, G. 1998. Diversidade e riqueza de pequenos mamíferos na Fazenda Neblina (PESB), MG. Resumos XXII Congresso Brasileiro de

Zoologia. Recife, PE. PLANO DE MANEJO DO PARQUE ESTADUAL DO RIO PRETO. 2004. IEF-MG (Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais). Relatório Final. Volume I. QUADROS, J. 2002. Identificação microscópica de pêlos de mamíferos brasileiros e sua aplicação na dieta de carnívoros. Tese de Doutorado. Universidade Federal do Paraná, Paraná. RATZ, H. 1997. Identification of footprints of some small mammals. Mammalia 61 (3): 431-441. REDFORD, K.H. 1992. The empty forest. BioScience (42) 6: 412-422. REDFORD, K.H. & FONSECA, G.A.B. 1986. The role of gallery forests in the zoogeography of the Cerrado’s non-volant mammalian fauna. Biotropica 18 (2): 126-135. REIS, N.R.; PERACCHI, A.L.; PEDRO, W.A. & LIMA, I.P. (Eds.). 2006. Mamíferos do Brasil. Londrina, 437p.

Page 64: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

63

RIZZINI, C.T. 1997. Tratado de Fitogeografia do Brasil: aspectos ecológicos, sociológicos e florísticos. Âmbito Cultural Edições Ltda, 748p. ROUGHTON, R.D. & SWEENY, M.W. 1982. Refinements in scent-station methodology for assessing trends in carnivore populations. Journal of Wildlife

Management 46(1): 217-229. SANTOS, A.J. 2004. Estimativas de riqueza em espécies. In: Cullen-Jr. L.; Rudran, R. & Valladares-Pádua, C. (org). Métodos de estudos em Biologia da Conservação e Manejo da Vida Silvestre. Editora da Universidade Federal do Paraná, Paraná. SANTOS-FILHO, M. & SILVA, M.N.F. 2002. Uso de hábitats por mamíferos em área de Cerrado do Brasil Central: um estudo com armadilhas fotográficas. Revista

Brasileira de Zoociências 4 (1): 57-73. SCHNEIDER, M.; MARQUES, A.A.B.; LIMA, R.S.S.; NOGUEIRA, C.P.; PRINTES, R.C.; SILVA, J.A.S. 2000. Lista atualizada dos mamíferos encontrados no Parque Nacional da Serra da Canastra (MG) e arredores, com comentários sobre as espécies. Biociências 8 (2): 3-17. SCOSS, L. M. 2002. Impacto de estradas sobre mamíferos terrestres: o caso do Parque Estadual do Rio Doce, Minas Gerais. Mestrado. Departamento de Engenharia Florestal, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, Minas Gerais. SCOSS, L.M. & DE MARCO, P. Jr. 2000. Avaliação metodológica do uso de pegadas de mamíferos em estudos de biodiversidade. In: VI Congresso e Exposição Internacional sobre Florestas – FOREST. Anais. Rio de Janeiro: Instituto Ambiental Biosfera, p. 457-459. SICK, H. 1965. A fauna do Cerrado. Arquivos de Zoologia 12: 71-93. SICK, H. 1997. Ornitologia brasileira. Ed. Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 912p. SILVEIRA, L.; JÁCOMO, A.T.; RODRIGUES, F.H.G. & DINIZ-FILHO, J.A. 2003. Camera trap, line transect census and track surveys: a comparative evaluation. Biological Conservation 114 (3): 351-355. SMALLWOOD, K.S.; FITZHUGH, E.L. 1993. A rigorous technique for identifying individual Mountain Lions Felis Concolor by their tracks. Biological Conservation 65: 51-59. SRBEK-ARAUJO, A.C. & CHIARELLO, A.G. 2005. Is camera-trapping an efficient method for surveying mammals in Neotropical forests? A case study in south-eastern Brazil. Journal of Tropical Ecology 21: 1-5.

Page 65: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

64

TAYLOR, C.A. & RAPHAEL, M.G. 1988. Identification of mammal tracks from sooted track stations in the Pacific Northwest. California Fish and Game 74 (1): 4-15. TOMAS, W.M. & MIRANDA, G.H.B. 2004. Uso de armadilhas fotográficas em levantamentos populacionais. In: Cullen-Jr. L.; Rudran, R. & Valladares-Pádua, C. (org). Métodos de estudos em Biologia da Conservação e Manejo da Vida Silvestre. Editora da Universidade Federal do Paraná, Paraná. THOMPSON, I.D.; DAVIDSON, I.J.; O`DONNEL, S. & BRAZEAU, F. 1989. Use of track transects to measure the relative occurrence of some boreal mammals in uncut forest and regeneration stands. Canadian Journal of Zoology 67: 1816-1823. TROLLE, M. & KERY, M. 2005. Camera-trap study of ocelot and other secretive mammals in the northern Pantanal. Mammalia 69 (3-4): 405-412. URESK, D.W.; SEVERSON, K.E. & JAVERSAK, J. 2003. Detecting Swift Fox: smoked-plate scent-stations versus spotlighting. USDA Forest Service RMRS-RP-39. VAN DYKE, F.G.; BROCKE, R.H. & SHAW, H.G. 1986. Use of road track counts as indices of Mountain Lion presence. Journal of Wildlife Management 50 (1): 102-109. VOSS, R.S. & EMMONS, L.H. 1996. Mammalian diversity in neotropical lowland rainforests: a preliminary assessment. Bulletin of American Museum of Natural

History 230: 1-115. ZAR, J.H. 1996. Biostatistical analysis. Prentice Hall, Englewood Cliffs, N.J., 929p. WILSON, G.J. & DELAHAY, R.J. 2001. A review of methods to estimate the abundance of terrestrial carnivores using field sings and observation. Wildlife

Research 28: 151-164. WILSON, D.E. & REEDER, D.M. (Eds). 2005. Mammal species of the world. Johns Hopkins University Press, 2.142p.

Page 66: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

65

TABELAS

Tabela 01: Esforço amostral em parcelas/noites e em transectos/noites, no Parque Estadual do Rio Preto e no Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, entre Janeiro e Dezembro de 2006, em diferentes estações do ano e posicionamentos de parcelas de areia: trilhas pré-existentes (TPEs) e não-trilhas (NTs). Parcelas/noites Transectos/noites

Local Estação TPE NT Total TPE NT Total

Chuvosa 360 360 720 36 36 72

Seca 240 240 480 24 24 48 PERP

Total 600 600 1200 60 60 120

Chuvosa 140 140 280 14 14 28

Seca 360 360 720 36 36 72 PESB

Total 500 500 1000 50 50 100

Total geral 1100 1100 2200 110 110 220

Page 67: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

66

Tabela 02: Registros obtidos no Parque Estadual do Rio Preto, MG, em armadilhas/noites e transectos/noites, nos diferentes posicionamentos de trilhas pré-existentes (TPEs) e não-trilhas (NTs), entre Janeiro e Dezembro de 2006 nas diferentes estações do ano.

Armadilhas/noites Seca Chuva Total

Espécie Nome popular TPE NT TOT TPE NT TOT TPE NT Tot Cerdocyon thous cachorro-do-mato 83 4 87 54 1 55 137 5 142 Chrysocyon brachyurus lobo-guará 3 0 3 14 5 19 17 5 22 Didelphis albiventris gambá 0 8 8 0 4 4 0 12 12 Myrmecophaga tridactyla tamanduá-bandeira 0 0 0 2 4 6 2 4 6 Conepatus semistriatus jaratataca 0 0 0 1 1 2 1 1 2 Eira barbara irara 0 0 0 1 1 2 1 1 2 Dasypus septemcinctus* tatu-galinha 0 0 0 0 1 1 0 1 1 Total de registros 86 12 98 72 17 89 158 29 187 Transectos/noites Cerdocyon thous cachorro-do-mato 12 2 14 8 1 9 20 3 23 Chrysocyon brachyurus lobo-guará 1 0 1 5 3 8 6 3 9 Didelphis albiventris gambá 0 3 3 0 2 2 0 5 5 Myrmecophaga tridactyla tamanduá-bandeira 0 0 0 2 4 6 2 4 6 Conepatus semistriatus jaratataca 0 0 0 1 1 2 1 1 2 Eira barbara irara 0 0 0 1 1 2 1 1 2 Dasypus septemcinctus* tatu-galinha 0 0 0 0 1 1 0 1 1 Total de registros 13 5 18 17 13 30 30 18 48 Total de espécies 2 2 3 5 7 7 5 7 7 *As espécies deste gênero dificilmente são diferenciadas pelos seus rastros, porém um indivíduo desta espécie foi visualizado próximo à armadilha de pegadas momentos antes da obtenção do registro, e de fato, os rastros eram menores do que de Dasypus novemcinctus.

Page 68: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

67

Tabela 03: Registros obtidos no Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, MG, em armadilhas/noites e transectos/noites, nos diferentes posicionamentos de trilhas pré-existentes (TPEs) e não-trilhas (NTs), entre Janeiro e Dezembro de 2006 nas diferentes estações do ano. Armadilhas/noites Seca Chuva Total Espécie Nome-popular TPE NT TOT TPE NT TOT TPE NT Tot Canis lupus familiaris cachorro-doméstico 35 16 51 0 4 4 35 20 55 Procyon cancrivorus mão-pelada 0 0 0 5 0 5 5 0 5 Didelphis aurita gambá 3 1 4 0 0 0 3 1 4 Dasypus novemcinctus tatu-galinha 2 0 2 2 0 2 4 0 4 Nasua nasua quati 3 1 4 0 0 0 3 1 4 Eira barbara irara 1 2 3 0 0 0 1 2 3 Leopardus pardalis jaguatirica 0 0 0 1 0 1 1 0 1 Leopardus sp gato-do-mato 0 1 1 0 0 0 0 1 1 Puma concolor onca-parda 0 1 1 0 0 0 0 1 1 Galictis sp furão 0 1 1 0 0 0 0 1 1 Total de registros 44 23 67 8 4 12 52 27 79 Transectos/noites Canis lupus familiaris cachorro-doméstico 8 6 14 0 1 1 8 7 15 Procyon cancrivorus mão-pelada 0 0 0 1 0 1 1 0 1 Didelphis aurita gambá 2 1 3 0 0 0 2 1 3 Dasypus novemcinctus tatu-galinha 2 0 2 2 0 2 4 0 4 Nasua nasua quati 2 1 3 0 0 0 2 1 3 Eira barbara irara 1 2 3 0 0 0 1 2 3 Leopardus pardalis jaguatirica 0 0 0 1 0 1 1 0 1 Leopardus sp gato-do-mato 0 1 1 0 0 0 0 1 1 Puma concolor onca-parda 0 1 1 0 0 0 0 1 1 Galictis sp furão 0 1 1 0 0 0 0 1 1 Total de registros 15 13 28 4 1 5 19 14 33 Total de espécies 5 7 8 3 1 4 7 7 10

Page 69: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

68

Tabela 04: Esforço amostral (número de armadilhas/noites) referente a parcelas com iscas protegidas e desprotegidas, nas diferentes estações do ano e em diferentes posicionamentos (TPEs e NTs), no Parque Estadual do Rio Preto e no Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, MG, de Janeiro a Dezembro de 2006. PERP PESB Isca Estação TPE NT Total TPE NT Total Protegida Seca 120 120 240 180 180 360 Desprotegida Seca 120 120 240 180 180 360 Total Seca 240 240 480 360 360 720 Protegida Chuvosa 180 180 360 70 70 140 Desprotegida Chuvosa 180 180 360 70 70 140 Total Chuvosa 360 360 720 140 140 280 Total geral 600 600 1200 500 500 1000

Page 70: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

69

Tabela 05: Registros obtidos em parcelas com iscas protegidas e iscas desprotegidas, no Parque Estadual do Rio Preto e no Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, MG, entre Janeiro e Dezembro de 2006. O resultado do Teste do Qui-quadrado (com correção de Yates) comparando iscas protegidas e desprotegidas é mostrado para espécies com maiores tamanhos amostrais e valores em negrito representam diferenças significativas. Parque Espécies Protegidas Desprotegidas χ2 p

Cerdocyon thous 77 65 1,000 >0,100 Chrysocyon brachyurus 16 6 4,454 <0,050 Didelphis albiventris 5 7 0,166 >0,500 Myrmecophaga tridactyla 1 5 2,333 >0,100 Conepatus semistriatus 2 0 - - Eira barbara 1 1 - -

PERP

Dasypus septemcinctus 0 1 - - Total PERP 102 85

Canis lupus familiaris 27 28 -0,018 >0,500 Procyon cancrivorus 3 2 -0,200 >0,500 Didelphis aurita 3 1 - - Dasypus novemcinctus 1 3 - - Nasua nasua 3 1 - - Eira barbara 2 1 - - Leopardus pardalis 1 0 - - Leopardus sp 0 1 - - Puma concolor 0 1 - -

PESB

Galictis cuja 0 1 - - Total PESB 40 39

Page 71: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

70

Tabela 06: Espécies registradas em parcelas cobertas (Cob) e descobertas (Des) no PERP e no PESB, na estação chuvosa de 2006. O resultado do Teste do Qui-quadrado comparando registros obtidos em parcelas cobertas e descobertas é mostrado para espécies com maiores tamanhos. Valores em negrito representam diferenças significativas. PERP PESB Parcelas Qui-quadrado Parcelas Qui-quadrado Espécie Cob Des χ2 p Cob Des χ2 p Cerdocyon thous 2 39 33,34 <0,001 - - - - Chrysocyon brachyurus 14 6 3,10 >0,100 - - - - Didelphis albiventris 1 0 - - - - - - Canis lupus familiaris - - - - 7 4 - - Didelphis aurita - - - - 11 0 - - Galictis cuja - - - - 1 0 - - Total de registros 17 45 19 4 Total de espécies 3 2 3 1

Page 72: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

71

Tabela 07: Espécies registradas no Parque Estadual do Rio Preto, MG, entre Janeiro e Dezembro de 2006, com registros obtidos através de procura ativa de rastros (PA) e armadilhas de pegadas (AP) e com as categorias de ameaça para Minas Gerais, de acordo com Machado et al. (1998), e para o Brasil, de acordo com Machado et al. (2005). Vulnerável (VU), Em Perigo (EP), Criticamente em Perigo (CP).

Espécies Nome comum Registro MG BR Ordem Didelphimorphia Família Didelphidae Didelphis albiventris

gambá

PA/AP

Ordem Cingulata Família Dasypodidae Dasypus septemcinctus

tatu-galinha

PA/AP

Euphractus sexcinctus tatu-peba PA Priodontes maximus tatu-canastra PA CP VU Ordem Pilosa Família Myrmecophagidae

Myrmecophaga tridactyla

tamanduá-bandeira

PA/AP

EP

VU

Ordem Carnivora Família Canidae Cerdocyon thous

cachorro-do-mato

PA/AP

Chrysocyon brachyurus lobo-guará PA/AP VU VU Canis lupus familiaris cachorro-doméstico PA Família Felidae Leopardus pardalis

jaguatirica

PA

CP

VU

Leopardus tigrinus gato-do-mato-pequeno PA CP VU Leopardus sp gato-do-mato PA Puma concolor onça-parda PA CP VU Família Mephitidae Conepatus semistriatus

jaratataca

AP

Família Mustelidae Eira barbara

irara

PA/AP

Lontra longicaudis lontra PA VU Família Procyonidae Procyon cancrivorus

mão-pelada

PA

Ordem Artiodactyla Família Cervidae Mazama sp

veado

PA

Ordem Rodentia Família Cuniculidae Cuniculus paca

paca

PA

Família Caviidae Hydrochoerus hydrochaeris

capivara

PA

Kerodon rupestris mocó PA Ordem Lagomorpha Família Leporidae Sylvilagus brasiliensis

tapeti

PA

Page 73: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

72

Tabela 08: Espécies registradas no Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, MG, entre Janeiro e Dezembro de 2006, com registros obtidos através de procura ativa de rastros (PA) e armadilhas de pegadas (AP), com as categorias de ameaça para Minas Gerais, de acordo com Machado et al. (1998), e para o Brasil, de acordo com Machado et al. (2005). Vulnerável (VU), Em Perigo (EP), Criticamente em Perigo (CP).

Espécies Nome comum Registro MG BR Ordem Didelphimorphia Família Didelphidae

Didelphis aurita

gambá

PA/AP

Ordem Cingulata Família Dasypodidae Dasypus novemcinctus

tatu-galinha

PA/AP

Ordem Carnivora Família Canidae Cerdocyon thous

cachorro-do-mato

PA

Canis lupus familiaris cachorro-doméstico PA/AP Família Felidae Leopardus pardalis

jaguatirica

AP

CP

VU

Leopardus wiedii* gato-maracajá PA EP VU Leopardus sp gato-do-mato AP Puma concolor onça-parda PA/AP CP VU Família Mustelidae Eira barbara

irara

AP

Galictis sp furão AP Família Procyonidae Procyon cancrivorus

mão-pelada

PA/AP

Nasua nasua quati PA/AP Ordem Artiodactyla Família Tayassuidae Pecari tajacu

caititu/porco-do-mato

PA

EP

Ordem Rodentia Família Cuniculidae

Cuniculus paca

paca

PA

*Rastro identificado de acordo com conhecimento prévio da equipe e com auxílio do Guia de Campo dos Felinos do Brasil (Oliveira & Cassaro, 2005).

Page 74: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

73

740000 750000 760000 770000 780000 790000

740000 750000 760000 770000 780000 790000

Localização no Estado

48°0’0’’W 42°0’0’’W

48°0’0’’W 42°0’0’’W

18°0’0

’’S

18°0’0

’’S

76

90

00

0

7

70

00

00

771

00

00

7

72

00

00

7

73

00

00

Figura 01: Localização do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro. A região onde o estudo foi conduzido é indicada pela seta.

Pedra do Anta

São Miguel do Anta

Canaã

Ervália

Araponga

Pedra Bonita

Fervedouro

Miradouro

Page 75: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

74

664000 668000 672000 676000 680000 684000 688000

Localização no Estado

Execução: Coordenadoria de Controle e

Monitoramento Edição: Dezembro de 2004

Fontes: Limite da Unidade de Conservação –

IEF 2004Regionalização – IGA 2001

Hidrografia – ANASistema UTM / Fuso 23

Datum Horizontal: SAD 69

664000 668000 672000 676000 680000 684000 688000

798

000

0

798

4000

7

988

000

799

200

0

7996

000

80

000

00

80

040

00

48°0’0’’W 42°0’0’’W

48°0’0’’W 42°0’0’’W

18°0’0

’’S

18°0’0

’’S

Figura 02: Localização do Parque Estadual do Rio Preto. A região onde o estudo foi conduzido é indicada pela seta.

Couto de Magalhães de MinasFelício dos Santos

.

Page 76: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

75

Figura 03: Trilhas pré-existentes nas áreas de estudo, denominadas TPEs. A figura da esquerda apresenta uma TPE no Parque Estadual do Rio Preto (MG) e a figura da direita apresenta uma TPE no Parque Estadual da Serra do Brigadeiro (MG).

Page 77: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

76

Figura 04: Ambientes onde foram abertos transectos, denominados de não-trilhas ou NTs. A figura superior apresenta uma NT no Parque Estadual da Serra do Brigadeiro (MG), enquanto a figura inferior apresenta uma NT no Parque Estadual do Rio Preto (MG).

Page 78: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

77

Figura 05: A imagem superior apresenta uma armadilha de pegada disposta no PERP e a imagem inferior apresenta uma armadilha de pegada disposta no PESB.

Page 79: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

78

Figura 06: A imagem superior apresenta uma armadilha de pegada contendo uma isca desprotegida (ID) e a imagem inferior apresenta uma armadilha com isca protegida (IP).

Page 80: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

79

Figura 07: Cobertura plástica montada sobre as parcelas de areia de um determinado transecto no PESB.

Page 81: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

80

Figura 08: Cobertura plástica montada sobre as parcelas de areia de um determinado transecto no PERP.

Page 82: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

81

E s taç ão S ec a

0

0.5

1

1.5

2

2.5

P E R P P E S B

Su

ce

ss

o d

e c

ap

tura

de

es

cie

s

TPE

NT

TPE+NT

E s ta ç ã o C h u v os a

0

0.5

1

1.5

2

2.5

P E R P P E S B

Su

ce

ss

o d

e c

ap

tura

de

es

cie

s

TPE

NT

TPE+NT

E s taç ão S ec a + C hu v os a

0

0.5

1

1.5

2

2.5

P E R P P E S B

Su

ce

ss

o d

e c

ap

tura

de

es

cie

s

TPE

NT

TPE+NT

Figura 09: Sucesso de captura de espécies (em porcentagem: No. de espécies / esforço amostral de cada tratamento X 100) nas duas estações do ano em TPEs e NTs no PERP e no PESB.

Page 83: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

82

PERP

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

0 200 400 600 800 1000 1200 1400

Armadilhas/noite

Riq

ue

za

de

es

cie

s

PESB

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

0 200 400 600 800 1000 1200 1400

Armadilhas/noite

Riq

ue

za

de

es

cie

s

Figura 10: Curvas de acúmulo de espécies de mamíferos de médio e grande porte com o aumento do esforço de amostragem, totalizando 1.200 armadilhas/noites no PERP (gráfico superior) e 1.000 armadilhas/noites no PESB (gráfico inferior). Os valores foram gerados pelo programa EstimateS 7.5.2, sendo que as barras indicam os desvios padrões.

Page 84: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

83

P E R P - P arc elas

0

20

40

60

80

100

S eca C huva

Re

gis

tro

s

TP E

NT

p< 0,001

p< 0,001

P E R P - T ran s ec ç õ es

0

5

10

15

20

S eca C huva

Re

gis

tro

s TP E

NT

p> 0,05

p> 0,100

Figura 11: Total de registros obtidos em TPEs e NTs no PERP, nas estações seca e chuvosa. O gráfico superior apresenta os registros obtidos em parcelas/noites e o inferior, em transectos/noites. O valor de significância do Teste do Qui-quadrado é mostrado sobre cada par de barras. Valores significativos são destacados em negrito.

Page 85: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

84

P E S B - P arc elas

0

20

40

60

80

100

S eca C huva

Re

gis

tro

s TP E

NT

p<0,025

p> 0,100

P E S B - T rans ec ç ões

0

5

10

15

20

S eca C huva

Re

gis

tro

s

TP E

NT

p> 0,500

p>0,100

Figura 12: Total de registros obtidos em TPEs e NTs no PESB, nas estações seca e chuvosa. O gráfico superior apresenta os registros obtidos em parcelas/noites e o inferior, em transectos/noites. O valor de significância do Teste do Qui-quadrado é mostrado sobre cada par de barras. Valores significativos são destacados em negrito.

Page 86: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

85

P E R P

0

50

100

150

200

250

300

S eca C huva

Isc

as

re

mo

vid

as

Is ca proteg ida

Is ca des proteg ida

p< 0,001

P E S B

0

50

100

150

200

250

300

S eca C huva

Isc

as

re

mo

vid

as

Is ca proteg ida

Is ca desprotegida

p< 0,001

p> 0,500

Figura 13: Frequência de remoção de iscas protegidas e desprotegidas, nas diferentes estações do ano, nas duas unidades de conservação. O valor de significância do Teste do Qui-quadrado é mostrado sobre cada par de barras. Valores significativos são destacados em negrito.

p>0,500

Page 87: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

86

P E R P - E s taç ão S ec a

0

20

40

60

80

100

120

140

160

ins etos aves peq. mam. mmgp

Isc

as

re

mo

vid

as

O B S

E S P

p<0,001

P E R P - E s ta ç ão C h uv o s a

0

20

40

60

80

100

120

140

160

ins etos a ves peq. mam. mmgp

Isc

as

re

mo

vid

as

O B S

E S P

p<0,001

Figura 14: Frequência observada (OBS) e frequência esperada (ESP) de remoção de iscas por diferentes grupos zoológicos nas duas estações do ano no PERP. O valor de significância do Teste do Qui-quadrado é mostrado no gráfico.

Page 88: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

87

P E S B - E s taç ão S ec a

0

20

40

60

80

100

120

140

160

ins etos a ves peq. mam. mmgp

Isc

as

re

mo

vid

as

O B S

E S P

p<0,001

P E S B - E s ta ç ã o C h u v o s a

0

20

40

60

80

100

120

140

160

ins etos a ves peq. mam. mmg p

Isc

as

re

mo

vid

as

OB S

E S P

p<0,001

Figura 15: Frequência observada (OBS) e frequência esperada (ESP) de remoção de iscas por diferentes grupos zoológicos nas diferentes estações do ano no PESB. O valor de significância do Teste do Qui-quadrado é mostrado no gráfico.

Page 89: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

88

Figura 16: Iscas protegidas atacadas por formigas. Observa-se que a isca continua intacta.

Page 90: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

89

P E R P - E s taç ão S ec a

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

ins etos aves peq. mam. mmgp

Isc

as

re

mo

vid

as

p< 0,025

p> 0,500

p> 0,100

p> 0,500

P E R P - E s ta ç ão C h u v o s a

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

ins etos aves peq. mam. mmgp

Isc

as

re

mo

vid

as

Is ca proteg ida

Is ca desproteg ida

p< 0,001

p> 0,050

p> 0,050

p> 0,500

Figura 17: Frequência de remoção de iscas protegidas e desprotegidas pelos diferentes grupos zoológicos nas duas estações do ano no PERP. O valor de significância do Teste do Qui-quadrado é mostrado sobre cada par de barras. Valores significativos são destacados em negrito.

Page 91: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

90

P E S B - E s taç ão S ec a

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

ins etos aves peq. ma m. mmgp

Isc

as

re

mo

vid

as

p<0,001

p> 0,100

p> 0,100

p>0,500

P E S B - E s taç ão C h u v o s a

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

ins etos aves peq. mam. mmg p

Isc

as

re

mo

vid

as

Is ca proteg ida

Is ca des protegidap<0,005

p> 0,500

Figura 18: Frequência de remoção de iscas protegidas e desprotegidas pelos diferentes grupos zoológicos nas duas estações do ano no PESB. O valor de significância do Teste do Qui-quadrado é mostrado sobre cada par de barras. Valores significativos são destacados em negrito.

Page 92: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

91

Figura 19: Armadilhas de pegadas inutilizadas pela água da chuva.

Page 93: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

92

P E R P

0

10

20

30

40

50

C oberta D es coberta

Re

gis

tro

sObs ervado

E s perado

p< 0,001

P E S B

0

10

20

30

40

50

C oberta D es coberta

Re

gis

tro

s

O bs erva do

E s perado

p< 0,005

Figura 20: Frequência observada e esperada de registros em parcelas cobertas e descobertas no PERP e no PESB. O valor de significância do Teste do Qui-quadrado é mostrado no gráfico.

Page 94: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

93

P E R P - E s taç ão c huvos a

0

20

40

60

80

S / chuva noite

anterior

C / chuva noite

anterior

Re

gis

tro

sO bs ervado

E s perado

P E S B - E s taç ão s ec a

0

20

40

60

80

S / chuva noite

anterior

C / chuva noite

anterior

Re

gis

tro

s

Obs ervado

E s perado

p> 0,500

Figura 21: Freqüência de registros em noites com e sem chuva no PERP e no PESB. O valor de significância do Teste do Qui-quadrado é mostrado no gráfico. Valores significativos são destacados em negrito.

p<0,010

Page 95: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

94

Figura 22: Diferença estrutural da vegetação nas duas estações do ano. A imagem da esquerda mostra uma determinada trilha na estação seca e a imagem da direita mostra esta mesma trilha, porém em outro ponto, na estação chuvosa.

Page 96: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

95

Figura 23: Pegadas de roedor de pequeno porte, marcadas em areia úmida no PERP.

Page 97: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

96

Figura 24: Rastros de Chrysocyon brachyurus (lobo-guará) em estrada de terra. Na figura de cima à esquerda observa-se o rastro sem definição na areia alta e fofa. Na figura da direita observa-se o rastro em areia batida de menor altura, apresentando maior definição. A imagem inferior mostra a trilha do animal, onde a morfometria do rastro varia de acordo com a altura do substrato.

Page 98: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

97

Figura 25: Macho adulto de Cebus nigritus (macaco-prego) morto por cachorros-domésticos no PESB.

Page 99: O USO DE ARMADILHAS DE PEGADAS NA AMOSTRAGEM … · Defesa da Dissertação em: 28/06/2007 Banca examinadora: ... conversas que me acrescentaram pessoal e profissionalmente. Por ser

98