29

O USO DE FOTOGRAFIAS NO PROCESSO DE ENSINO … · 8 6 Marco divisório entre os estados do Paraná e Santa Catarina. Acervo e autoria: Nilva B. de Andrade. 2011. 7 FERRARI, Maristela

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1

O USO DE FOTOGRAFIAS NO PROCESSO DE ENSINO

APRENDIZAGEM DA HISTÓRIA DO MUNICÍPIO DE BARRACÃO-PR

CADERNO PEDAGÓGICO

Estrutura Organizacional

Governo do Estado do Paraná

Núcleo Regional de Francisco Beltrão

Barracão - 2011

2

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL

NILVA BECKER DE ANDRADE

O USO DE FOTOGRAFIAS NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM DA

HISTÓRIA DO MUNICÍPIO DE BARRACÃO - PR

BARRACÃO

2011

3

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ........................................................................................................ 4

UNIDADE 1............................................................................................................... 5

1. LOCALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE BARRACÃO NO BRASIL E NO

ESTADO DO PARANÁ................................................................................................

5

1.1 OCUPAÇÕES DO SUDOESTE DO PARANÁ....................................................... 7

1.2 POVOAMENTO E DISPUTA PELAS TERRAS.................................................... 10

1.3 MUNICÍPIOS DA MESORREGIÃO DO SUDOESTE DO PARANÁ................... 13

1.4 ATIVIDADES........................................................................................................... 13

UNIDADE 2................................................................................................................... 19

2. FOTOGRAFIAS COMO FONTES HISTÓRICAS............................................... 19

2.1 ATIVIDADES........................................................................................................... 20

UNIDADE 3.................................................................................................................... 20

3. O OLHAR NA FOTOGRAFIA................................................................................ 20

3.1 ATIVIDADES........................................................................................................... 21

UNIDADE 4.................................................................................................................... 22

4. TRABALHANDO COM FOTOGRAFIAS............................................................. 22

4.1 ATIVIDADES........................................................................................................... 25

REFERÊNCIAS............................................................................................................... 26

ANEXOS.......................................................................................................................... 28

4

APRESENTAÇÃO

Este caderno pedagógico é parte do Programa de Desenvolvimento Educacional, 2010,

da Secretaria do Estado da Educação do Paraná, sob a orientação do professor Dr. Marcos

Nestor Stein, docente da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE, campus de

Marechal Cândido Rondon.

O objetivo da intervenção pedagógica é coletar fotografias e por meio destas estudar a

história do município de Barracão – PR. Busca-se, com essa atividade, despertar no aluno o

interesse pela construção do conhecimento histórico sobre o município em que vive.

Iniciaremos, por meio de fragmentos de textos, com a apresentação de um breve

histórico do município de Barracão – PR, para poder entender o processo de colonização da

região onde estão inseridos, como também aspectos relacionados à cultura, economia e à

política. No segundo momento o trabalho consiste na leitura e discussão de textos que

abordam a fotografia como fonte para a pesquisa histórica.

A terceira parte desse caderno propõe aos alunos que realizem a coleta de fotografias e

as analisem tendo como indicativo as reflexões de Gregory e Ana Maria Mauad, inseridas em

um texto (em anexo 1 e 2). Propõe-se, também, que os alunos fotografem os mesmos locais

das fotos antigas coletadas e façam comparações, especialmente visando verificar as

mudanças ocorridas. Ao final será realizada uma exposição para a comunidade escolar com as

fotos trabalhadas.

5

UNIDADE I

1 LOCALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE BARRACÃO NO BRASIL E NO ESTADO

DO PARANÁ

1

1 FRANCISCHETT, Mafalda Nesi, 2009.

6

CIDADES TRIGÊMEAS: BARRACÃO – PR DIONÍSIO CERQUEIRA – SC E

BERNARDO DE IRIGOYEN – ARGENTINA

2

2 FERRARI, Maristela. Conflitos e povoamento na fronteira Brasil – Argentina. Florianópolis: UFSC, 2010, p.

55.

7

1.1 OCUPAÇÕES DO SUDOESTE DO PARANÁ

3 WACHOWICZ, Ruy Cristovam. Paraná, Sudoeste: ocupação e colonização. 2 ed. Curitiba: Vicentina, 1987,

p. 47. 4 ANDRADE, Kerla Andréia de. Barraco, Barracão. Francisco Beltrão: Berzon, 2002, p. 5.

5 WACHOWICZ, Ruy Cristovam. Paraná, Sudoeste: ocupação e colonização. 2 ed. Curitiba: Vicentina, 1987,

p. 62.

A área que compreende o atual

sudoeste do Paraná fora uma região de

muitos conflitos territoriais. Questões

de limites de fronteiras com a

Argentina foram decididas em 1893,

por mediação de Grover Cleveland,

então presidente dos Estados Unidos.

Fixaram-se, então como limites

entre Brasil e Argentina os rios Peperi

Guaçu e Santo Antônio.3

4

Havia também o problema de limites entre o Paraná e Santa Catarina. Na tentativa

de resolver tal disputa recorreu-se ao governo federal. Esse, por sua vez, dividiu a região

entre os dois Estados, para que ficassem iguais em extensão. Tal divisão não agradou as

autoridades do Paraná.5

8

6 Marco divisório entre os estados do Paraná e Santa Catarina. Acervo e autoria: Nilva B. de Andrade. 2011.

7 FERRARI, Maristela. Conflitos e Povoamento na Fronteira Brasil - Argentina. Florianópolis: UFSC, 2010,

p. 91. 8 Idem, p.126-217.

9 ANDRADE, Kerla Andréia de. Barraco, Barracão. Francisco Beltrão: Berzon, 2002, p. 6.

10 Marco divisório entre Brasil e Argentina. Acervo e autoria: Nilva Becker de Andrade. 2010.

6

Segundo Maristela Ferrari,7

desde o século XVII havia tentativas

de povoamento, porém só a partir do

século XIX e início do século XX que

se iniciou uma colonização efetiva, na

tríplice fronteira (Paraná, Santa

Catarina e Argentina).

Maristela Ferrari menciona

que havia uma construção rústica, um

barraco, que abrigava os viajantes.

Gradativamente alguns destes

viajantes foram se fixando e, dessa

forma, formou-se um pequeno

povoado. Em 1903, o povoado foi

elevado à categoria de vila pelo

general Dionísio Cerqueira, quando

este ocupava as funções de chefe da

comissão de demarcação dos limites

Brasil – Argentina. Em 14 de

novembro de 1951, foi criado o

município de Barracão, pela lei

estadual n.º 790, desmembrado de

Clevelândia.8

9

10

9

11

http://www.ipardes.gov.br/cadernos/Montapdf.php?Municipio=85700&btOk=ok

Acesso em: 13/05/2011.

Barracão perdeu parte do seu

território com a criação dos

municípios de Bom Jesus do Sul

(1997) e Flor da Serra do Sul (1993).

Além disso, nesse período, verifica-se

o êxodo rural, quando jovens

deixavam as propriedades dos pais

para trabalharem na cidade, bem

como o aumento de domicílios, casas

comerciais e galpões seletores de

produtos importados.

11

De maneira geral, pode-se afirmar que o meio físico sofreu grandes alterações:

desmatamento, construção de rodovias asfaltadas, muitos riachos secaram e rios foram

poluídos. Muitas dessas transformações e atividades culturais foram registradas por meio

de câmeras fotográficas.

10

1.2 POVOAMENTO E DISPUTA DAS TERRAS

12

A iniciativa oficial que marcou a colonização do sudoeste do Paraná foi a criação da

Colônia Agrícola Nacional Osório – CANGO, criada pelo então presidente da República

Getúlio Vargas, em 1943. A criação do órgão está inserida no contexto da fase de ocupação

intensiva do sudoeste. Esse processo, iniciado na década de 1940, intensifica-se na década

seguinte com os imigrantes gaúchos e catarinenses, especialmente descendentes de europeus.

13

A CANGO foi criada para demarcar as terras ocupadas por posseiros. Segundo

Lazier14

a CANGO beneficiou muita gente da região, tanto no povoamento como na infra-

estrutura. Na década de 1950 o sudoeste do Paraná era habitado principalmente por

caboclos.15

Segundo Wachowicz, caboclo no sudoeste não precisava ser necessariamente

descendente de índio, precisava viver no sertão, ter uma cor mais escura, ser pobre e viver em

ranchos.16

12

http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/300-2.pdf Acesso em: 18/07/2011. 13

WACHOWICZ, Ruy Cristovam. Paraná, Sudoeste: ocupação e colonização. 2 ed. Curitiba: Vicentina, 1987,

p.144. 14

LAZIER, Hermógenes. Análise histórica da posse da terra no sudoeste paranaense. 2º Ed., Francisco

Beltrão:Grafit, 1997. 15

Idem p.85. 16

Idem p.85.

11

Com a vinda dos gaúchos e catarinenses, os caboclos passaram a vender para estes as

terras e penetravam no interior, isto é, adentravam na mata densa.17

A ocupação das terras do sudoeste do Paraná gerou disputas, ficando no centro destas

disputas os colonos, que compravam, sem a emissão de escrituras, as terras dos caboclos que

viviam na região. Muitas vezes os colonos eram expulsos de suas terras por jagunços

contratados por determinadas empresas colonizadoras, que também usavam de extrema

violência com os posseiros.18

Para Márcia Motta19

, posseiro é aquele que se encontra na posse, sem ser dono da terra

ou ser portador de um título legal de propriedade. Até 1850, com a Lei das Terras, foi

estabelecida uma definição entre posse e propriedade, mas a legitimidade da posse da terra

deveria ser acompanhada pelo fato de ser habitada e cultivada. A exceção eram as áreas de

fronteiras, o que muitas vezes gerava conflitos.

Colono, na interpretação de Valdir Gregory,20

são os pequenos proprietários que

desenvolvem uma agricultura de subsistência e de mercado. Geralmente são descendentes de

imigrantes europeus.

A partir de 1950, se instalou nas proximidades do atual território de Barracão a

Clevelândia Indústria Territorial LTDA (CITLA). Seu objetivo era comercializar as terras no

sudoeste do Paraná, na qual dizia ser proprietária, especialmente daquelas terras já ocupadas

pelos colonos-posseiros. Esta questão seria resolvida dentro da legalidade, emitindo

documentos da terra aos colonos que eram os posseiros, desde que pagassem. Esses

documentos seriam emitidos pela CITLA juntamente com o então governo estadual Moisés

Lupion.21

Quando as empresas colonizadoras começaram a medir as terras e emitir novos

documentos, cobrando novamente dos colonos, estes procuraram advogados, juízes para pedir

esclarecimentos. É aí que iniciaram ameaças por parte dos jagunços. Os colonos começam a

lutar contra interesses das companhias e contra o governo estadual que ficava omisso em

17

FERRARI, Maristela. Conflitos e Povoamento na Fronteira Brasil - Argentina. Florianópolis: UFSC, 2010,

p.124. 18

Idem. p.166 – 188. 19 MOTTA, Márcia. Dicionário da Terra. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira 2005, p. 373-375. 20

Idem. . 21

LAZIER, Hermógenes. Análise histórica da posse da terra no sudoeste do Paraná. 2 ed., Francisco Beltrão:

Grafit, 1997, p. 14.

12

relação às atrocidades cometidas pelos jagunços que eram contratados pelas empresas,

principalmente a CITLA.22

Os colonos estabelecidos pela CANGO não se negavam em pagar23

um preço justo e

que a escritura da terra fosse legal.

Os primeiros colonos emissários das companhias, que entraram em contato

com os colonos, eram gente bem vestida. Esclareciam que parte do

pagamento poderia ser em produtos agrícolas ou em gado. Como esses

corretores não conseguiram vender ao colono procurado, recorreram aos

jagunços. Quando estes invadiram o lar do colono, desmoralizando sua

família, o colono deixou a enxada e pegou no winchester. 24

A partir daí começam as ameaças e todo tipo de violência contra os colonos, estes se

defendiam como podiam e procuravam a justiça e o governo federal. Um posseiro

descendente dos farrapos do Rio Grande do Sul, Pedro Santin, reuniu muitos colonos para

lutarem contra os jagunços.25

Em resumo, a questão é que os colonos-posseiros do sudoeste do Paraná foram morar

em áreas de terra que estavam sendo disputadas na justiça entre os governos federal e

estadual. Juridicamente, a área não tinha dono, mas estava incorporada à União.

No dia 9 de outubro de 1957, os colonos foram convocados pela rádio. Estes se

dirigiam a cidade de Francisco Beltrão para tomarem medidas contra os escritórios das

empresas. Só aí o governo estadual decidiu afastar as companhias da região.26

Esse movimento ficou conhecido como a Revolta dos Colonos de 1957. Em função

dessa pressão, as autoridades estaduais tiveram que legalizar as propriedades dos moradores

da região.27

Com relação à atividade econômica da região, até 1930 predominou a extração da

erva-mate, depois a criação de porcos e a agricultura. A partir daí intensificou-se a retirada de

22

WACHOWICZ, Ruy Cristovam. Paraná, Sudoeste: ocupação e colonização. 2 ed. Curitiba: Vicentina, 1987.

p.167 – 172. 23

Idem. p. 169. 24

Idem. p.169. 25

Idem, p.174-175. 26

Idem, p. 200. 27

FERRARI, Maristela. Conflitos e Povoamento na Fronteira Brasil - Argentina. Florianópolis: UFSC,

2010. p. 166 – 229.

13

madeira e a derrubada da mata. 28

Também na região da tríplice fronteira, fazia-se muito

contrabando.29

1.3 MUNICÍPIOS DA MESORREGIÃO DO SUDOESTE PARANAENSE

30

1.4 ATIVIDADES

1- Conforme o texto 1: Quais são as questões de limites que o texto faz referências?

2- Pesquise o significado das palavras grifadas no texto 2:

3- Após a leitura do primeiro texto: “Ocupação do sudoeste do Paraná – Barracão”

justifique o porquê do nome dado ao município de Barracão:

4- Cite os conflitos que havia na região, conforme os textos acima:

28

Idem, p. 71. 29

Idem, p.234.

30

http://200.189.113.52/mapas/mapa-8rs.jpg Acesso em: 08/06/2011.

14

5- De acordo com o seu conhecimento prévio sobre a cidade onde vive, faça uma

colagem de fotografias (fotocópias) ou desenhe nos quadrinhos abaixo. O espaço

vivido em diferentes épocas pelas pessoas (vestuário, trabalho, ferramentas de

trabalho, festas religiosas, cívicas ou outras) do município de Barracão – PR, desde o

ano de 1960 até os dias atuais.

1960 1970 1980

1990 2000

2010

8- Pelos dados da tabela abaixo percebemos que o município de

Barracão teve uma diminuição da população a partir do censo

de 1991 até o ano 2000. Leia bem os textos acima e pesquise as

causas de tal diminuição e escreva um parágrafo: :sobre isso.

15

População de Barracão – PR

Urbana Rural Total

1970 2.065 14.140 16.205

1980 2.704 15.441 18.145

1991 4.491 10.201 14.692

1996 5.531 7.564 13.009

2000 5.826 3.442 9.271

2010 ______________ _____________ 9.957

31

32

9. Conforme o gráfico acima 72% da população vive na área urbana. Procure saber quais as

causas da maioria das pessoas viverem na cidade? E quais as atividades que exercem?

31

http://www.censo2010.ibge.gov.br/dados_divulgados/inde Acesso em: 12/05/2011. 32

http://www.censo2010.ibge.gov.br/sinopse/webservice/frm_urb_rur.php?codigo=410260.Acesso em

12/07/2011.

16

10. Enumerem cronologicamente as fotografias abaixo, conforme foi sendo ocupado o espaço

do município de Barracão - PR:

(Foto 1) ( )

(Foto 2) ( )

(Foto 3) ( )

(Foto 4) ( )

Foto 1: Procissão na Rua Rio Grande do Sul

Acervo particular: Josias B. Campos.

Foto 2 – Escola

Acervo particular: Josias B. Campos

17

Foto 3: A neve

Acervo particular: Josias B. de Campos

Foto 4 Rua Rio Grande do Sul - 2011

Acervo particular de Sirlei Porfirio

18

11- Faça as seguintes atividades:

a) Pinte de amarelo a área do município de Barracão.

33

12. Observe o mapa abaixo e responda:

34

33

www.brazilchannel.com.br Acesso em: 16/04/2010. 34

FERRARI, Maristela. Conflitos e Povoamento na Fronteira Brasil - Argentina. Florianópolis: UFSC, 2010,

p.55.

19

a) Qual município que se limita com Barracão e que pertence ao estado de Santa Catarina

b) Qual o nome da cidade que se limita com o município de Barracão, e que pertence a

Província de Misiones, na Argentina?

UNIDADE 2

2. FOTOGRAFIA COMO FONTE HISTÓRICA

Fotografia como fonte histórica

Nas palavras de Maud,

a fotografia é uma fonte histórica que demanda por parte do

historiador um novo tipo de crítica. O testemunho é válido, não

importando se o registro fotográfico foi feito para documentar um

fato ou representar um estilo de vida. No entanto, parafraseando

Jacques Le Goff, há que se considerar a fotografia, simultaneamente

como imagem/documento e como imagem/monumento. No primeiro

caso, considera-se a fotografia como índice, como marca de uma

materialidade passada, na qual objetos, pessoas, lugares nos

informam sobre determinados aspectos desse passado - condições de

vida, moda, infra-estrutura urbana ou rural, condições de trabalho etc.

No segundo caso, a fotografia é um símbolo, aquilo que, no passado,

a sociedade estabeleceu como a única imagem a ser perenizada para

o futuro. Sem esquecer jamais que todo documento é monumento, se

a fotografia informa, ela também conforma uma determinada visão

de mundo. 35

Portanto a fotografia é um material que pode contribuir para a elaboração de

novos conhecimentos acerca da história de pessoas, povos e regiões. Mas devemos

também levar em conta que as fotografias retratam fragmentos da realidade e que

precisamos interpretá-las sob diversos ângulos.

35

MAUAD, Ana Maria. Através da imagem: fotografia e história interfaces. Rio de Janeiro: Tempo, 1996,

p.73-98. 36

BORGES, Maria Elisa Linhares. História & Fotografia. Belo Horizonte: Ed. Autêntica, 2008. p. 85.

20

UNIDADE 3

3 O OLHAR NA FOTOGRAFIA

Texto 1

Fotografia

Composição: Leoni, Léo Jaime

Nessas horas dorme longe a lembrança (...)

O que vai ficar na fotografia

São os laços invisíveis que havia

As cores, figuras, motivos

O sol passando sobre os amigos (...)

Quando as sombras vão ficando compridas

Enchendo a casa de silêncio e preguiça

Nessas horas é que Deus deixa pistas (...)

E quando o dia não passar de um retrato

Colorindo de saudade o meu quarto

Só aí vou ter certeza de fato

Que eu fui felizO que vai ficar na fotografia

São os laços invisíveis que havia. (...)

Atividades:

1- Defina fotografia:

2- Qual a importância da fotografia como fonte histórica?

3- Pesquise em livros, enciclopédias ou Internet sobre a história da fotografia.

4- Leia atentamente o texto que aborda a fotografia como fonte histórica e responda:

a) O que a fotografia representa para você? Justifique.

21

TEXTO 2

A fotografia tem o poder de incentivar o ato de recordar o passado, fazer reviver os

acontecimentos. Em função disso, usaremos algumas fotografias que retratam aspectos do

passado de Barracão como ponto de partida para refletir, pesquisar e escrever sobre a história

local.

Devem-se considerar, também, os interesses envolvidos na produção da fotografia:

intenção do fotógrafo em vender o seu produto e/ou objetivos do contratante (público ou

privado) dos seus serviços. 36

Dessa forma, busca-se analisar o vivido dos homens do passado. Nas palavras de

Gregory:

A realidade da fotografia não corresponde (necessariamente) a verdade

histórica, apenas o registro expressivo da aparência(...) A realidade da

fotografia reside nas múltiplas interpretações, nas diferentes leituras que

cada um faz num dado momento.37

Por isso é necessário que a fotografia seja analisada de diversos ângulos. Também é

indispensável a coleta e análise de depoimentos de pessoas (antigos moradores) que possam

colaborar para fazer a leitura das imagens.

Considerando o período da história de Barracão que iremos pesquisar (1950 – 2011),

cabe informar que há moradores que viveram nesta época e que podem contribuir com relatos.

Nesse sentido, as seguintes palavras de Gregory servem de subsídio para o nosso trabalho.

O que se pretende é relacionar fotografia e memória a fim de discutir o

processo de construção cultural e a relação dos sujeitos na história local.

Buscou-se reunir e analisar documentos textuais sobre a história da região,

com o objetivo de contextualizar a realidade local com as situações

econômicas e políticas que envolvem o Estado do Paraná e a nação

brasileira.38

36

BORGES, Maria Elisa Linhares. História & Fotografia. Belo Horizonte: Ed. Autêntica, 2008. p. 85. 37

GREGORY, Lúcia Teresinha Macena. Retratos, Instantâneos e Lembranças. Tese de doutorado em

História. Rio de Janeiro: UFF, 2010, p.27. 38

Idem, p.27

22

UNIDADE 4

4 TRABALHANDO COM FOTOGRAFIAS

3.1 Atividades:

1) Existe alguma semelhança entre o texto 1 e o texto 2? Explique:

2) O estudo por meio de fotografias como testemunho histórico, social e

cultural de uma determinada sociedade ou lugar nos ajuda a identificar

continuidades, transformações e rupturas na nossa sociedade atual.

Justifique:

3) Quais as fotografias que mais atraem a sua atenção?

4) Organize, com os seus colegas, seis grupos na sala de aula. Cada grupo

deverá coletar fotografias e pesquisar sobre:

a) Grupo 1 sobre fotografias habitação. Sempre colocar qual a fonte.

b) Grupo 2 sobre festas ( religiosas, civis, familiares e outras)

c) Grupo 3 sobre trabalho ( a partir da década de 1950 até os dias atuais):

d) Grupo 4 o espaço físico (paisagem, visão no geral):

e) Grupo 5 vestuário:

f) Grupo 6 casamentos:

Colete fotografias produzidas a partir de 1950 até 2011 para documentar a

história do município de Barracão – PR. Após, analise esses registros. Para isto, use

as fichas de Ana Maria Maud que estão em anexo.

O questionário da ficha de Maud pode ser alterado se achar necessário, pois

o mesmo tem o propósito de auxiliar a investigação e análise das fotografias. Essas

interpretações requerem que sejam investigados aspectos históricos, sociais e

culturais da sociedade local.

Você Sabia?

Que a fotografia (photo = luz, grafia = escrita) nasceu através de um cientista

chamado Joseph Nicéphore Niépce.

23

Leia as informações levantadas sobre a foto abaixo:

Foto 5 - Procissão _ Festa religiosa

Acervo particular de Josias B. de Campos.

Década de 1950.

Na fotografia 5, observa-se uma procissão na década de 1950 organizada pela Igreja,

encabeçada pelo pároco, em seguida os coroinhas, os fiéis e as religiosas que aparecem

vestidas de preto.

A fotografia foi tirada durante o dia para registrar este momento importante, como

uma festa religiosa, segundo relatos de pessoas da época que participavam destes eventos.

As mulheres vestem vestidos abaixo dos joelhos, sapatos com meia e manto na cabeça.

Os homens vestem calças compridas e camisas de manga longa.

As crianças vêm na frente e os adultos atrás.

A procissão é formada por duas filas: uma do sexo feminino e outra, do masculino. As

casas são todas de madeira, as ruas não são pavimentadas da fotografia visualiza-se uma

madeireira.

Sobre a fotografia 5 responda:

Olhe com bastante atenção a fotografia 5 e comente sobre algo que não foi

mencionado:

24

Foto: 6 Prefeitura Municipal de Barracão.

Acervo particular de Josias B. de Campos.

Foto: 7 Prefeitura Municipal de Barracão

Acervo e autoria: Sirlei Porfílio. 2011.

Foto 8 Prefeitura Municipal de Barracão

Acervo particular e autoria: Nilva Becker de andrade

25

39

4.1 ATIVIDADES

Que atividade a fotografia 8 representa?

Como era realizada pelo trabalhador essa atividade?

Que mudanças ocorreram?

Cite aspectos que revelam a fotografia :

39

Foto 9 - década de 1950 - Moradores realizando reparos em uma estrada.

Acervo particular de Josias Brizola de Campos.

Atividades:

1- Sobre a fotografia 6, 7 e 8:

a) O que podemos observar?

b) Identifique alguns elementos (vestuário, sexo, espaço, casa e outros):

c) Descreva as casas:

d) Procure saber o que funciona nestas casas (pelos mastros das bandeiras,

podemos até deduzir que era um órgão público).

e) Cite as mudanças ocorridas num mesmo espaço entre a foto 6 e 7:

26

Culturais Econômicos Trabalho

REFERÊNCIAS

ANDRADE, Kerla Andréia de. Barraco, Barracão. Francisco Beltrão, Berzon, 2002.

BORGES, Maria Elisa Linhares. História e Fotografia. 2 ed. Belo Horizonte: Autêntica,

2008.

Diretrizes curriculares estaduais para o ensino de História. Curitiba: Secretaria

De Estado da Educação, 2008.

DONDIS, Donis A. Sintaxe da Linguagem Visual. 3 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

FERRARI, Maristela. Conflitos e Povoamento Na Fronteira Brasil-Argentina. Ed. UFSC,

2010.

GREGORY, Lúcia Teresinha Macena. Retratos, Instantâneos e Lembranças. Tese de

doutorado em História. Rio de Janeiro: UFF, 2010.

KOSSOY, Boris. A fotografia como fonte histórica: introdução à pesquisa e

interpretação das imagens do passado. São Paulo: Museu da Indústria, Comércio e

Tecnologia de São Paulo, 1999.

______.Fotografia & História. 2. ed. São Paulo: Ateliê Editorial, 2001.

FRANCISCHETT, Mafalda Nesi, 2009.

LAZIER, Hermógenes. Análise histórica da posse da terra no sudoeste paranaense. 2º Ed.,

Francisco Beltrão:Grafit, 1997.

MAUAD, Ana Maria. Sob o signo da Imagem: a produção fotográfica e o controle dos

códigos de representação social pela classe dominante no Rio de Janeiro, na primeira

metade do século XX. v 2. Tese (Doutorado em história), Rio de Janeiro, 1990.

27

MEDEIROS, Maria Beatriz de. Arte e tecnologia na cultura contemporânea. Brasília:

Dupligráfica Editora Ltda. Brasília, 2002.

MOTTA, Márcia. Dicionário da Terra. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira 2005.

Projeto Político Pedagógico. Colégio Estadual Professora Leonor Castellano. 2008.

WACHOWICZ, Ruy Christovam. Paraná, Sudoeste: ocupação e colonização, 2 ed. Ed.

Vicentina, 1987.

______ História do Paraná. 2001.

Disponível em:<http.www.bacleonorcastellano.seed.pr.gov.br>. Acesso em: 14 set. 2010.

http://letras.terra.com.br/leoni/69309/ Acesso em: 28/02/2011.

http://200.189.113.52/mapas/mapa-8rs.jpg

Acesso em 08/04/2011.

http://www.censo2010.ibge.gov.br/dados_divulgados/index.php?uf=41 Acesso em

12/05/2011.

http://www.ipardes.gov.br/cadernos/Montapdf.php?Municipio=85700&btOk=ok Acesso em:

13/05/2011.

www.brazilchannel.com.br Acesso em: 13/05/2011.

ttp://amoofotografia.blogspot.com/2010/01/quem-foi-o-primeiro-fotografo-do-brasil.html

Acesso em: 13/05/2011.

http://www.censo2010.ibge.gov.br/sinopse/webservice/frm_urb_rur.php?codigo=410260

Acesso em: 12/07/2011.

http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/300-2.pdf Acesso em:

18/07/2011.

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ANEXOS

Anexo 1- Modelo de ficha

Ficha de elementos da forma do conteúdo Agência produtora

Local retratado

Tema retratado

Pessoas retratadas

Objetos retratados

Atributo das pessoas

Atributo da paisagem

Tempo retratado (dia/noite

Número da foto

MAUD, Ana Maria. op.cit. p. 145,2005.

Anexo 2 - Ficha de elementos da forma de expressão Agência produtora

Tamanho da foto

Formato da foto e suporte (relação com o texto escrito

Enquadramento I: sentido da foto (horizontal e vertical

Enquadramento II: direção da foto(esquerda, direita

centro)

Enquadramento III: distribuição de planos

Enquadramento IV: objeto central, arranjo e equilíbrio

Nitdez I: foco

Nitidez II: Impressão visual (definição da linhas)

Nitidez III: Iluminação

Produtor: amador ou profisional

Número da foto:

MAUAD, Ana Maria. Op. Cit. P. 146, 2005.