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6445 O USO DE PROJETOS NOS ANOS INICIAIS PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS Andreza Olivieri Lopes CARMIGNOLLI, UNESP Eva Poliana CARLINDO, UNESP Eixo 01: Formação inicial de professores da educação básica [email protected] 1. Introdução O projeto “O uso de projetos nos anos iniciais para o ensino de Ciências” é resultado de uma pesquisa já realizada no ano de dois mil e catorze sobre a prática de ensino da disciplina de Ciências por um grupo de professores que atuam nos anos iniciais do ensino fundamental que teve como principal objetivo identificar na prática docente diferentes formas e estratégias utilizadas para o ensino da referida disciplina. “O uso de projetos nos anos iniciais para o ensino de Ciências” foi desenvolvido dentro do componente curricular de Ciências Físicas e Biológicas no período de agosto de 2014 a novembro de 2014, em uma escola pública estadual de uma cidade do interior paulista, Araraquara, que oferece Ensino Fundamental em Regime de Progressão Continuada de Ciclo I de Alfabetização – 1º ao 3º ano e Ciclo II Intermediário, do 4º ao 5º ano com aulas regulares no período matutino e à tarde. O objetivo da equipe escolar é oferecer um ensino de qualidade que leve o educando a desenvolver sua competência leitora, escritora e apropriar-se do conhecimento matemático de forma plena e consistente, permitindo a este prosseguir em seus estudos. A clientela desta escola é constituída por crianças de 05 a 10 anos, em sua maioria com bom desempenho escolar, envolvida com diferentes estratégias de ensino, como projetos, pesquisas, estudo e tarefas escolares. As famílias, em sua maior parte são constituídas por pessoas de baixa renda, formadas por comerciários, industriários, funcionários públicos, autônomos (prestadores de serviços), domésticas, etc. No que diz respeito à escolarização dos pais, é possível afirmar que a maioria possui o Ensino Médio completo. Para a realização desse projeto a escola fez a adesão em um dos programas da Secretaria Estadual de Educação de São Paulo (SEE/SP), denominado Implementação de Projetos Descentralizados nas Unidades Escolares dos Anos Iniciais, Finais e de Ensino Médio (PRODESC), o qual tem por finalidade subsidiar as ações pedagógicas por meio de projetos nas diferentes áreas de conhecimento. Na PRODESC os projetos são cadastrados em uma ferramenta digital especialmente desenvolvida para essa finalidade pela Rede do Saber plataforma digital

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O USO DE PROJETOS NOS ANOS INICIAIS PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS

Andreza Olivieri Lopes CARMIGNOLLI, UNESPEva Poliana CARLINDO, UNESP

Eixo 01: Formação inicial de professores da educação bá[email protected]

1. Introdução

O projeto “O uso de projetos nos anos iniciais para o ensino de Ciências” é

resultado de uma pesquisa já realizada no ano de dois mil e catorze sobre a prática de

ensino da disciplina de Ciências por um grupo de professores que atuam nos anos

iniciais do ensino fundamental que teve como principal objetivo identificar na prática

docente diferentes formas e estratégias utilizadas para o ensino da referida disciplina.

“O uso de projetos nos anos iniciais para o ensino de Ciências” foi desenvolvido

dentro do componente curricular de Ciências Físicas e Biológicas no período de agosto

de 2014 a novembro de 2014, em uma escola pública estadual de uma cidade do interior

paulista, Araraquara, que oferece Ensino Fundamental em Regime de Progressão

Continuada de Ciclo I de Alfabetização – 1º ao 3º ano e Ciclo II Intermediário, do 4º ao 5º

ano com aulas regulares no período matutino e à tarde. O objetivo da equipe escolar é

oferecer um ensino de qualidade que leve o educando a desenvolver sua competência

leitora, escritora e apropriar-se do conhecimento matemático de forma plena e

consistente, permitindo a este prosseguir em seus estudos.

A clientela desta escola é constituída por crianças de 05 a 10 anos, em sua

maioria com bom desempenho escolar, envolvida com diferentes estratégias de ensino,

como projetos, pesquisas, estudo e tarefas escolares. As famílias, em sua maior parte

são constituídas por pessoas de baixa renda, formadas por comerciários, industriários,

funcionários públicos, autônomos (prestadores de serviços), domésticas, etc. No que diz

respeito à escolarização dos pais, é possível afirmar que a maioria possui o Ensino Médio

completo.

Para a realização desse projeto a escola fez a adesão em um dos programas da

Secretaria Estadual de Educação de São Paulo (SEE/SP), denominado Implementação

de Projetos Descentralizados nas Unidades Escolares dos Anos Iniciais, Finais e de

Ensino Médio (PRODESC), o qual tem por finalidade subsidiar as ações pedagógicas por

meio de projetos nas diferentes áreas de conhecimento.

Na PRODESC os projetos são cadastrados em uma ferramenta digital

especialmente desenvolvida para essa finalidade pela Rede do Saber – plataforma digital

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que transmite videoconferências com a finalidade de orientar e capacitar professores e

servidores da Secretaria Estadual de Educação de São Paulo.

No site <http://www.gdae.sp.gov.br/>, estão disponíveis todas as informações

necessárias e os links de acesso às diferentes etapas de cadastramento,

desenvolvimento e finalização do projeto. Para cadastro, a Unidade Escolar deverá usar

o código institucional da escola (CIE), acrescido das letras “ESC” para acessar e

preencher o formulário eletrônico, processo este feito pela instituição escolar pesquisada

de forma a empreender o projeto mencionado.

No ano passado, a Secretaria Estadual de Educação de São Paulo não

disponibilizou o recurso da PRODESC para as escolas investirem no ensino por meio de

projetos.

2. Objetivos

Para a realização deste projeto, foram elencados os seguintes objetivos:

identificar como são trabalhados os conteúdos curriculares de Ciências Físicas e

Biológicas nos anos iniciais do ensino fundamental do primeiro ao quinto ano, através da

utilização de diferentes recursos materiais como: livro didático e paradidático, jogos e

apostilas de programas de ensino disponíveis na escola.

Analisar como os professores organizam as atividades práticas com a finalidade

de levar os alunos a utilizarem seus conhecimentos prévios na construção de novos

saberes. Para tanto, o documento norteador utilizado denomina-se “Orientações

Curriculares do Estado de São Paulo de Ciências Naturais e Ciências Humanas” que

apontam que o trabalho com esse componente curricular deve auxiliar no aprendizado da

leitura e escrita por meio da utilização de textos científicos e questões ambientais

relacionadas ao cotidiano dos alunos.

Nesse sentido, os professores da rede estadual de ensino de São Paulo contam

com as expectativas de aprendizagens dos anos iniciais do ensino fundamental do 1º

(primeiro) ao 5º (quinto) ano dos diferentes componentes curriculares que têm como

finalidade nortear todo o trabalho do processo de ensino ao longo da trajetória escolar.

3. Fundamentação teórica

O ensino do componente curricular de Ciências Físicas e Biológicas tem passado

por mudanças que vão desde alterações na legislação educacional, formação de

professores, concepções sobre o processo de ensino-aprendizagem até a elaboração de

materiais didáticos.

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A partir da década de 1960, as principais alterações e aprimoramentos legais

educacionais estão pautados na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

(LDBEN) e foram marcadas pelas leis: Lei Nº 4024/61, Lei Nº 5692/71 e Lei Nº 9394/96,

numa perspectiva evolutiva.

A seguir apresentamos alguns pontos fundamentais em relação ao ensino de

Ciências e o período histórico do país.

Lei Nº 4024/61:

O conhecimento científico era neutro e inquestionável; apesar do cenário

educacional estar passando por um momento de renovação, o ensino pautava-se

na memorização de questionários e avaliações e o professor tinha o papel de

transmitir os conhecimentos acumulados pela humanidade.

Lei Nº 5692/71:

Na década de 1970 o ensino de Ciências passou a ser denominado como

Ciências e Programa de Saúde, inserido na grade curricular de todas as séries do

1º grau.

Nesse período o ensino acompanha o processo de industrialização e as propostas

de ensino tinham como finalidade acompanhar o desenvolvimento tecnológico do

período.

Sendo assim, o ensino de Ciências tem como objetivo levar o aluno a identificar

problemas com base em observações para chegar a possíveis soluções por suas

próprias conclusões.

Lei Nº 9394/96:

A Lei Nº 9394/96 traz como obrigatoriedade a abrangência do conhecimento do

mundo físico e natural, tendo o ensino de Ciências o objetivo de levar o aluno a

compreender as mudanças do ambiente e atuar como cidadão participativo, onde

o professor tem o papel de conduzir a aprendizagem do aluno pautando-se por

concepções construtivistas.

Dessa forma, a história do ensino de Ciências mostra que o levantamento das

mudanças educacionais está relacionado com as condições sociais, políticas e

econômicas do país que contribuíram para a qualidade da educação brasileira através da

formação de professores preocupados com o ensino de Ciências no Brasil, participação

das universidades na produção de material didático e mudança dos métodos de ensino

(ZANCUL, 2004).

Atualmente podemos observar que os projetos de ensino são recursos didáticos

utilizados como ferramenta para auxiliar o processo de aprendizagem dos diferentes

componentes curriculares. São um facilitador na construção do conhecimento por

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partirem de situações concretas do cotidiano dos alunos.

O termo projetos de trabalho surgiu no século XX, significando um processo não

concluído a uma tarefa proposta.

Para Hernández (1998), os projetos de trabalho são uma estratégia utilizada pelos

professores como forma de organizar os conteúdos didáticos integralmente e têm como

objetivo levar os alunos a compreenderem a realidade e intervirem positivamente de

forma a melhorá-la. Nesse sentido, o aluno é protagonista na construção do seu

conhecimento, ficando o professor encarregado de mediar todo esse processo de ensino.

Os projetos de trabalho pressupõem uma reflexão docente sobre os

procedimentos didáticos empregados no cotidiano escolar para a aquisição do

conhecimento pelos alunos. O docente poderá utilizar o portfólio, pasta com as atividades

desenvolvidas pelo aluno, para planejar novas situações de aprendizagem a cada etapa

de ensino.

O portfólio é um instrumento de apoio ao trabalho docente que indica a maneira

que os alunos aprendem e que conceitos precisam ser retomados para que sejam

superadas as expectativas de aprendizagem defasadas.

Desta forma a avaliação é realizada em diferentes momentos e tem como objetivo

que os alunos adquiram novos conhecimentos e consigam utilizar diferentes estratégias

na resolução de problemas. Aqui o importante é o processo de aprendizagem e não as

notas obtidas, devendo prevalecer o aspecto qualitativo da situação de ensino.

No contexto escolar, os projetos têm como finalidade proporcionar a construção da

aprendizagem por meio da participação ativa dos professores e alunos num processo

mútuo de troca de informações e experiências, sendo que ambos estão inseridos no

processo de aquisição do conhecimento de maneira significativa e prazerosa (LEITE,

2007).

Solé (1999), explica que durante as situações de ensino e aprendizagem ocorrem

interações entre professores e alunos, propiciando a construção de motivações

intrínsecas, as quais são fundamentais no processo de ensino.

Segundo a autora, o processo de ensino pressupõe uma mobilização cognitiva,

desencadeada pelo interesse ou necessidade do aluno para a realização da atividade

proposta. Desta maneira a tarefa de aprendizagem deve constituir um desafio para o

aluno, algo que ainda não construiu e que, de acordo com suas possibilidades, irá

adquirir na aquisição de novos conhecimentos.

Na construção do conhecimento um dos aspectos importantes para o

desenvolvimento dos alunos é a interação. A Teoria de Vygotsky explica que os sujeitos

aprendem e desenvolvem suas funções psicológicas superiores por meio das relações

sociais.

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As funções psicológicas superiores são típicas do ser humano, e podem ser

observadas no controle do comportamento, no planejamento de ações futuras e na

possibilidade de imaginar situações nunca vividas antes.

Para Vygotsky, o desenvolvimento dos sujeitos através da cooperação/interação

só é possível pela educação.

Desta forma, o ensino de Ciências através de projetos deixa de ser um processo

unicamente investigativo onde os alunos estão envolvidos na aquisição de novos

conhecimentos, mas que contribui para o desenvolvimento de conhecimentos científicos

gradualmente, na medida em que os significados são criados e desenvolvidos oralmente

nos diferentes meios de comunicação.

4. Material e métodos

O trabalho foi desenvolvido em seis turmas do ensino fundamental dos anos

iniciais, sendo quatro turmas de quarto ano e duas turmas de quinto ano. Tendo como

referência os documentos e matrizes curriculares do estado de São Paulo, foram

levantados quais tipos de materiais didático-pedagógicos a escola possui e como estes

são utilizados pelos professores em suas práticas cotidianas. A partir da análise dos

planos de ensino, procedimentos avaliativos e conhecimentos adquiridos pelos alunos, o

trabalho foi estruturado da seguinte maneira:

Definição do tema;

Estabelecimento do conjunto de conteúdos necessários para que o aluno

trabalhe o problema a ser investigado;

Alinhamento de objetivos a alcançar;

Seleção de atividades;

Critérios de avaliação.

As atividades práticas realizadas durante a execução do projeto foram: estados

físicos da água, movimentos de translação e rotação, confecção do terrário e elaboração

do herbário, onde foi possível acompanhar as atividades desde o planejamento pelo

professor até a prática da sala de aula, verificando o conhecimento adquirido pelo aluno

ao final de cada atividade.

Uma das atividades práticas que mais despertou o interesse da turma foi a

confecção do terrário que se iniciou após os alunos terem estudado o ciclo da água e

seus estados físicos. Tudo partiu da pergunta de um aluno: “Como é que as plantas

crescem em um aquário?” e movidos pelo instinto investigativo foram até a coordenadora

para perguntarem se a escola possuía um aquário ou qualquer outro recipiente para

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utilizarem na aula de Ciências. Com a resposta de que a escola nunca teve aquário e

também não havia sido solicitado nos materiais que seriam adquiridos com os recursos

do PRODESC decidiram, em uma roda de conversa, que essa era uma questão

interessante que gostariam de estudar.

Mas a discussão continuou, pois a professora lançou a pergunta se alguém

saberia dizer o que de fato significava a atividade que pretendiam desenvolver e o que

eles poderiam aprender? Então um dos alunos respondeu: “que já havia ouvido falar e

que o aquário com plantas chamava terrário” e que ele só sabia que dava para

“acompanhar o crescimento das plantas e as relações entre elas e as formigas que

faziam parte de um terrário”.

O passo seguinte foi fazer uma lista dos materiais necessários para a confecção

do terrário e a decisão de que lugar iria ficar, já que a escola não possui um laboratório.

Então foi decidido que o terrário iria ficar no pátio da escola para que todos os alunos

pudessem observá-lo, mas essa ideia não obteve sucesso devido à curiosidade de

alguns alunos em tocar no plástico que vedava o terrário e acabar perfurando-o, o que de

certa forma iria interromper o equilíbrio entre os seres daquele ambiente. Sendo assim, o

terrário retornou para a porta da sala de aula e os alunos que queriam observá-lo iriam

até lá.

A atividade realizada abordou conteúdos de diferentes tipos de solo, composição

do ar, importância da água, diversidade de plantas, o papel da fotossíntese e

principalmente a interação dos organismos de um ecossistema. No decorrer da atividade

foi possível perceber a importância das atividades práticas para a construção do

conhecimento científico, pois proporciona aos alunos levantar hipóteses, realizar

julgamentos por meio de uma postura crítica.

O herbário também despertou o interesse e a participação dos alunos, pois

observaram folhas com diferentes formas, cores e tamanhos e após a secagem foi

organizado um varal na sala com as folhas das diversas plantas que haviam coletado.

E o resultado de todas essas práticas realizadas além de garantir um aprendizado

prazeroso aos alunos teve o envolvimento dos pais que perceberam o quanto foi

significativo o ensino por meio de atividades práticas, o que podemos observar pelo

excerto de uma carta enviada para a professora de uma mãe: “Tudo está se

transformando em um grande aprendizado, porque as crianças são curiosas e têm um

olhar observador e aprendem de verdade”.

5. Resultados e discussão

O projeto contou com a participação de toda comunidade escolar, conforme pode

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ser observado na Tabela 1.

Tabela 1 – Número de pessoas envolvidas

Fonte: Plano

Gestão da Escola

As atividades

realizadas tiveram o

envolvimento dos alunos, que colaboraram com materiais para o seu desenvolvimento.

Foram realizadas várias atividades práticas envolvendo diferentes conceitos: estados

físicos da água (fusão), translação, movimentação do ar, degradação do solo (erosão),

vegetais (herbário), entre outras, conforme mostram as Figuras 1 e 2.

Durante a realização do projeto foram observados alguns aspectos positivos,

entre os quais se destacam o trabalho com temas transversais por meio do levantamento

dos conhecimentos prévios dos alunos para a utilização na abordagem de diversos temas

do cotidiano, o que ocorreu pela troca de ideias e atividades práticas; melhor

compreensão dos conteúdos trabalhados; uso de diferentes recursos tecnológicos e

pedagógicos na mediação. Mas também foram observados aspectos negativos, como a

chegada tardia do Planetário (material utilizado para o trabalho de dia/noite, fases da lua,

estações do ano, movimentos de translação e rotação) solicitado no projeto e a falta da

utilização de atividades práticas para o ensino de Ciências pelos demais professores da

escola, o que provocou falta de envolvimento de toda equipe escolar. Outro ponto

importante foi o procedimento para a aquisição desses materiais, os quais precisavam

fazer parte da Bolsa Eletrônica de Compras do Estado de São Paulo (BEC) para

poderem ser adquiridos; e grande parte dos materiais disponíveis nesse meio não

atendia os anos iniciais.

Figura 1 – Herbário montado pelos alunos do 4º ano A

Pessoas envolvidas no projeto Número de

participantesDireção 01Professor coordenador 01Professor 06Alunos 180Alunas do PIBID/Unesp 07TOTAL 195

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Fonte: Material coletado pelos autores

Figura 2 – Terrário montado pelos alunos do 4º ano A

Fonte: Material coletado pelos autores

6. Conclusões

A prática pedagógica por meio de projetos envolve alunos e professores no

processo de ensino-aprendizagem, através dos recursos disponíveis e das finalidades

didáticas estabelecidas nesse contexto; cabendo à escola preparar o aluno para o

convívio atuante na sociedade por meio das relações estabelecidas dentro desse espaço.

O projeto “O uso de projetos nos anos iniciais para o ensino de Ciências”

conseguiu trabalhar com os três principais blocos do processo ensino-aprendizagem:

conceitos, procedimentos e atitudes. As experiências práticas desenvolvidas com os

alunos despertaram a curiosidade dos mesmos, enquanto orientou-se a argumentação no

confronto das hipóteses de ensino. Para a realização dessas atividades também foram

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utilizados recursos materiais disponíveis na escola, trazidos pelos alunos, professora e

doados para a escola, como o aquário que foi utilizado na montagem do terrário.

Oportunizar experiências como essas é importante para o processo de ensino-

aprendizagem no sentido de enriquecer a base de conhecimento que o educando traz de

sua realidade. Nesse processo, a troca de experiência é de extrema importância tanto

para professores quanto para alunos: parte-se daquilo que lhe é conhecido para ir além;

difundir conceitos, experimentar e comprovar, ou não, hipóteses. A partir do

desenvolvimento de projeto em instituições escolares, estamos propiciando e, ao mesmo

tempo, oportunizando o enriquecimento do arcabouço teórico que é de domínio do aluno

e aprimorando conhecimentos angariados pelo professor, tendo em vista seu

aperfeiçoamento profissional com busca de novas informações mediante o avanço

científico.

Desse modo, o uso de projeto em sala constitui-se como um importante meio ou

estratégia de possibilitar aos educandos a aprendizagem de vários e múltiplos conteúdos,

os quais de forma variada são aprendidos de modo significativos, a partir de situações

cotidianas.

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