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Camila Sauda Sentieiro Gabriela Damilano O USO DE RECURSOS VOCAIS SOB OS OLHARES DOS PROFISSIONAIS DA VOZ: ATORES, CANTORES, DUBLADORES, LOCUTORES E TELEJORNALISTAS. TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO PUC – São Paulo 2007

O USO DE RECURSOS VOCAIS SOB OS OLHARES DOS … · A Deus que nunca me deixou faltar nada, que me protegeu e consolou durante toda a minha vida, e que me deu o maior presente de todos:

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Camila Sauda Sentieiro

Gabriela Damilano

O USO DE RECURSOS VOCAIS SOB OS OLHARES DOS

PROFISSIONAIS DA VOZ: ATORES, CANTORES,

DUBLADORES, LOCUTORES E TELEJORNALISTAS.

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

PUC – São Paulo

2007

Camila Sauda Sentieiro Gabriela Damilano

O USO DE RECURSOS VOCAIS SOB OS OLHARES DOS

PROFISSIONAIS DA VOZ: ATORES, CANTORES,

DUBLADORES, LOCUTORES E TELEJORNALISTAS.

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

PUC – São Paulo

Trabalho de conclusão de curso apresentado à Banca Examinadora como exigência parcial para obtenção do título de Bacharel em Fonoaudiologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, sob a orientação da Profª. e Msª Lucia Helena da Cunha Gayotto.

AGRADECIMENTOS

À nossa querida orientadora, Lucia Gayotto, pela orientação rigorosa que nos propiciou um grande aprendizado e amadurecimento profissional. Obrigada por nos proporcionar uma nova visão a respeito do trabalho fonoaudiológico no teatro e nos fazer ver o quanto esta área é apaixonante. Lembraremos sempre das oportunidades extracurriculares oferecidas, das conversas em sala de aula, dos eternos pedidos de lembretes em torpedos no celular, dos inúmeros pedidos de autorização para entrar no grupo de e-mail do módulo e de todos os seus momentos de “loucura”.

À Leny Kyrillos, por prontamente atender ao nosso pedido de ajuda na coleta de dados e por tão gentilmente aceitar nosso convite como parecerista.

À Paty, por fazer toda a parte “alienígena surreal” estatística desse trabalho. Estando 24 horas a postos.

A todos aqueles que tornaram possível a realização deste trabalho: Gessy Fonseca, Estúdio Álamo, Rádio CBN, as Companhias Teatrais “Livre” e “Triptal”.

À Cris Canhetti e Gabi Antelmi por compartilharem seus conhecimentos, pelas trocas de informações e pelas inúmeras orientações em conjunto.

À Gabriela Cássia pela correção ortográfica.

Ao João (DERDIC), por ter a paciência de sempre pegar os mesmos livros, nos mesmos lugares e por atender a todos os nossos desesperos em relação ao trabalho.

AGRADECIMENTOS DE CAMILA

À minha mãe, primeira responsável pelo sucesso deste trabalho. Por ter lutado com todas as forças e superando todas as dificuldades para me manter durante esses quatro anos na faculdade. Por ser tudo que eu preciso, mãe, amiga e companheira. Por sempre estar ao meu lado, por compartilhar comigo as alegrias e as tristezas e principalmente por me ensinar a ser alguém.

Ao meu pai, por todo o carinho, apoio e atenção dedicados nessa caminhada. Por me ensinar o valor da bondade e da honestidade. Por ser alguém em que posso confiar.

A minha avó Layla, eternamente viva em minha memória. Por ter me ensinado coisas sobre a vida, sobre o mundo e sobre as pessoas, por ter feito parte da minha criação e formação. Eu não seria quem sou e não estaria onde estou se não fosse por você. Te amo pra sempre.

Ao Duda, meu namorado e amigo, representação do amor eterno. Obrigada por estar sempre ao meu lado, sendo meu porto seguro, me dando força para não desistir, vivendo comigo todos os meus medos, angústias, aflições, conquistas e alegrias e compreendendo as minhas freqüentes oscilações de humor e minhas ausências. Te amo!

Ao meu irmão, simplesmente pelo fato de existir em minha vida! Por ser irmão!

Aos meus queridos cunhados, Fê e Lelo, pelo apoio dado sempre que necessário.

Aos meus sogros, D. Esme e Sr. Inácio, por me acolherem, abrindo as portas de casa para que ela se tornasse meu segundo lar.

À Gabi, minha amiga e dupla. Por me fazer acreditar que a pureza existe. Formamos a dupla perfeita, eu sou força e ela técnica!

A Cá, minha irmãzona. Por rir e chorar comigo durante todos esses anos, desde que éramos crianças. Por me mostrar outro lado de viver a vida, com mais leveza e humor. Por estar sempre disposta a ouvir minhas intermináveis histórias da vida, da faculdade... Amo-lhe gatilda!

A Jú, por estar ao meu lado no momento mais crítico da faculdade, por ser alguém que posso confiar acima de qualquer coisa, por ser alguém que sabe o que falar e sabe ouvir, sempre. Amiga, você sabe o valor dessas palavras, te amo, obrigada por tudo!

A todos aqueles que de alguma maneira contribuíram para a realização desse trabalho.

AGRADECIMENTOS DE GABRIELA

A Deus que nunca me deixou faltar nada, que me protegeu e consolou durante toda a minha vida, e que me deu o maior presente de todos: minha família.

Aos meus pais Rubens e Vera Lucia por partilharem meu ideal e ajudarem a fazer dele realidade. Por estarem sempre ao meu lado nos momentos difíceis. Pelo amor, carinho, dedicação e lições de vida que me proporcionaram. Serei eternamente grata pela bondade de vocês em dar uma vida melhor a quem foi negada a própria vida. Amo vocês.

A tia Penha, por ser minha segunda mãe, irmã, amiga, braço direito, etc.

As minhas avós Maria e Vicentina por serem um exemplo de caráter e por mostrarem que é possível envelhecer mantendo o bom humor.

Ao Fernando pela compreensão nos momentos em que lhe neguei o uso do computador, por me ajudar a aprimorar minhas técnicas de boxe e kung-fu, por sua risada contagiante e bochechas marcantes.

Ao Davi e a Priscilla pelas palavras de amor e incentivo. Ao Jhon (Jojo) pelas constantes orações. A querida Daniela e ao Janiel pelo carinho e pelas risadas.

Ao Eduardo (maçã) por existir em minha vida. A Mariana, Daniel e Carmen, família linda que está sempre de portas abertas a me receber.

A tia Helena por seus abraços carinhosos e ao tio Gilberto pela constante preocupação.

Às minhas queridas amigas do peito que participaram da minha caminhada e ajudaram a fazer dela um trajeto produtivo de crescimento e amadurecimento por meio de contínua e zelosa prontidão em compartilhar o saber e a amizade. À Kátia (Ka) pelos conselhos e ombro amigo; à Samar (Sãmãã) por sempre levantar meu humor, à Flávia (Flaví) pela companhia nas minhas cantorias desafinadas, à Liliane (Lili) pelo companheirismo e por sempre me escutar. Vocês estarão guardadas eternamente em minhas lembranças e no coração.

As minhas amigas lindas Stéfany (Fanyquita), Lea (Potro), Maristela (Mary’s Christmans) e Tágua (Taguí) pelos anos e anos de dedicação, risadas, amor e torcida. Aos primos e amigos André (Dedé Garfield), Leonardo (Léo), Daniel (Dani de Bauru, Lucas (Micuim), Ivan (Iban), Renan (Rê), Bruna (Bru), Daniel (Dani), Willian (Willy), Guto (Gutinho), Juliana (Jujú) e Ernani (meninão) por serem tudo o que eu preciso e muito mais.

As minhas cunhadinhas e cunhadinho Renata, Andréia e Paulinho pelas risadas. Ao Dr. Wagner pela ajuda nos trabalhos e provas de Neurologia.

As amigas de infância (e futuramente de velhice) Ellen (Éri), Débora (Dé), Karla (Karlota) e Verônica (Vê) que sempre estão prontas a me acolher e incentivar! Grande parte do que sou hoje devo a vocês! Por isso e por muito mais que eu as amo incondicionalmente.

A profª Lucia Arantes (Lulu) pelas risadas e ensinamentos.

Ao meu sogro Paulo pelas conversas e a minha sogra Clarice pela bondade.

A Cá (Dupla) minha metade da laranja com a qual formei uma dupla perfeita. Foi a parceira ideal, a força deste trabalho. Uma companheira dedicada, engraçada, conselheira. Descobri nela uma grande amiga. Essa música do Lulu Santos é nossa: “A gente vive junto, a gente se dá bem, não desejamos mal a QUASE ninguém...” (risos).

A minha melhor amiga Jé (D. Marly) que, com carinho, acompanhou meu percurso, auxiliando, compreendendo e permanecendo sempre presente nos diversos momentos da minha vida. Por fazer de minhas poucas horas de lazer instantes de alegria e diversão. Por me dar força e coragem. Por não permitir em hipótese alguma que eu desistisse de meus objetivos. Jé, amo entrar na festa errada com você!

Ao meu namorado Pedrinho (gordo) por me encorajar, amar e ser uma presença amiga constante, por compreender minha falta de tempo, pelo incentivo e confiança em mim depositada, por ser um exemplo de generosidade e integridade. Meu amor é seu.

RESUMO

INTRODUÇÃO: Há muitos trabalhos na área a respeito dos profissionais da voz,

estudando e mostrando o ponto de vista daqueles que os preparam, podendo ser

fonoaudiólogos, professores de canto e preparadores vocais. Esta pesquisa mostrará,

também, o ponto de vista de profissionais da voz, sobre quais são os recursos vocais

mais utilizados por eles, segundo suas percepções subjetivas. OBJETIVO: Investigar

os recursos vocais mais empregados por alguns profissionais da voz, atores, cantores,

dubladores, locutores e telejornalistas, sob suas visões, por meio de questionário.

MÉTODO: os profissionais responderam a um questionário, no qual julgaram os

recursos mais utilizados e os mais importantes em suas profissões. O questionário

aplicado como instrumento foi baseado no utilizado e criado por Scarpa e Rachid

(2006), e o método de análise é de escore. Para a escolha dos sujeitos da pesquisa,

priorizamos, de acordo com a classificação de FERREIRA (1993), as áreas da arte

(atores e cantores) e da comunicação (dubladores, locutores e telejornalistas).

Responderam ao questionário 20 sujeitos de cada área profissional. RESULTADOS:

Para os atores os recursos vocais mais utilizados, são: respiração, ressonância e

articulação. Em relação aos cantores, os recursos entonação e respiração apareceram

empatados em primeiro lugar, seguidos de ressonância e volume, e articulação na

terceira posição. Para os dubladores, os três recursos mais utilizados são: articulação,

entonação e pausa. Para os locutores, a entonação, a articulação e a respiração são os

mais utilizados em sua profissão. Os telejornalistas classificaram a articulação, a pausa

e a entonação como os mais utilizados. CONCLUSÃO: os resultados aqui obtidos,

juntamente com os resultados da pesquisa realizada por Scarpa e Rachid (2006), são

estruturais para orientar os fonoaudiólogos quanto aos recursos vocais que devem ser

trabalhados com os profissionais da voz. Cabe ressaltar que as demandas de cada

profissional devem ser levadas em consideração na conduta terapêutica traçada pelo

fonoaudiólogo.

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................6

2 OBJETIVO..........................................................................................................7

3 REVISÃO DE LITERATURA..............................................................................8

3.1 RECURSOS VOCAIS.........................................................................................8

3.2 TRABALHO DO FONOAUDIÓLOGO COM OS PROFISSIONAIS DA VOZ ......................11

3.3. RELAÇÕES ENTRE PROFISSIONAIS DA VOZ E RECURSOS VOCAIS .....................12

3.3.1 Ator ......................................................................................................13

3.3.2 Cantor..................................................................................................17

3.3.3 Dublador ..............................................................................................19

3.3.4 Locutor.................................................................................................20

3.3.5 Telejornalista .......................................................................................24

4 MÉTODO..........................................................................................................28

4.1 SELEÇÃO DOS PROFISSIONAIS .............................................................29

4.2 ELABORAÇÃO DO QUESTIONÁRIO ........................................................30

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................33

5.1 ATOR .........................................................................................................35

5.2 CANTOR ....................................................................................................39

5.3 DUBLADOR ...............................................................................................43

5.4 LOCUTOR..................................................................................................45

5.5 TELEJORNALISTA ....................................................................................48

6 CONCLUSÃO .............................................................................................................. 51

ANEXO I ..............................................................................................................52

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ........................................................................56

ÍNDICE DE FIGURAS

FIGURA 1 - RECURSOS VOCAIS PARA O ATOR ----------------------------------------------------------- 35

FIGURA 2 - RECURSOS VOCAIS PARA O CANTOR-------------------------------------------------------- 39

FIGURA 3 - RECURSOS VOCAIS PARA O DUBLADOR ---------------------------------------------------- 43

FIGURA 4 - RECURSOS VOCAIS PARA O LOCUTOR------------------------------------------------------ 45

FIGURA 5 - RECURSOS VOCAIS PARA OS TELEJORNALISTAS------------------------------------------ 48

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1 INTRODUÇÃO

A voz é um dos meios estruturais pelo qual expressamos nossos sentimentos,

nossas emoções, nosso estado afetivo e nossa personalidade. (KYRILLOS, 1995).

É considerado profissional da voz aquele que a utiliza como instrumento de

trabalho (FERREIRA, 2000), que extrai dela o seu sustento. (BOONE, 1992)

Existem muitos trabalhos a respeito desse assunto, estudando e mostrando o

ponto de vista daqueles que preparam esses profissionais, que podem ser

fonoaudiólogos, professores de canto e preparadores vocais. Esta pesquisa pretende

mostrar, também, a ótica dos profissionais da voz, sobre quais são os recursos vocais

mais utilizados por eles, segundo suas percepções e consciência. Desta forma, esta

investigação busca auxiliar no trabalho terapêutico daqueles que os preparam, bem

como pode encaminhar o estudo para o profissional da voz.

Priorizaremos, para este trabalho, as áreas da arte e da comunicação: atores,

cantores, dubladores, locutores e telejornalistas. Falaremos sobre cada um dos

profissionais escolhidos, definindo seu perfil e falando um pouco sobre a atuação de

cada um.

Em relação aos recursos vocais, podemos observar que o seu uso varia de

acordo com cada profissional, e o trabalho fonoaudiológico, na maioria das vezes, tem

como foco procedimentos específicos com o uso destes recursos.

Esta pesquisa complementará o trabalho de Scarpa e Rachid (2006). As autoras

buscaram verificar quais são os recursos vocais mais trabalhados com os profissionais

cantores, atores, locutores, professores e operadores de telemarketing. Esta verificação

foi possível por meio da aplicação de um questionário, elaborado pelas pesquisadoras,

e aplicados a fonoaudiólogos. Estes deveriam classificar quais são os recursos “mais

trabalhados”, “trabalhados” e “pouco trabalhados” com os profissionais da voz.

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2 OBJETIVO GERAL

Investigar quais são os recursos vocais mais utilizados por alguns profissionais

da voz, atores, cantores, dubladores, locutores e telejornalistas, sob seus pontos de

vista, por meio de questionário.

OBJETIVO ESPECÍFICO

Complementar o trabalho realizado por Scarpa e Rachid (2006) com intuito de

oferecer maiores informações e novos achados sobre os recursos vocais e seu uso na

voz profissional sob o olhar destes profissionais pesquisados.

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3 REVISÃO DE LITERATURA

A Revisão de Literatura deste trabalho está dividida nos tópicos: recursos vocais;

trabalho do fonoaudiólogo com os profissionais da voz e relações entre profissionais da

voz e recursos vocais.

3.1 Recursos Vocais

A respiração, a ressonância, a articulação, a intensidade e a freqüência são

recursos chamados primários, responsáveis por compor a voz e servir como base para

suas dinâmicas, definidas como recursos secundários. Estudaremos estes por serem

estruturais em um trabalho de preparação vocal.

Intensidade e freqüência são nomes dados às medidas, em decibéis (dB) e hertz

(Hz), respectivamente, e, portanto, são marcadores. Sendo assim, optamos por utilizar,

como um atributo de intensidade, o recurso volume; e como atributo de freqüência, o

recurso entonação.

O termo recursos vocais, de acordo com Gayotto (2000), é entendido como tudo

o que se dispõe para falar. São divididos em primários: respiração, ressonância,

articulação, intensidade e freqüência; e em resultantes (dinâmicas da voz): projeção,

volume, ritmo, velocidade, cadência, entonação, fluência, duração, pausa e ênfase.

Definiremos cada um dos recursos escolhidos para esta pesquisa: pausa,

respiração, entonação, volume, articulação e ressonância.

A pausa ocorre quando há uma quebra no fluxo de ar. Pode ser uma

necessidade interpretativa ou uma necessidade respiratória.

Boone (1996) acredita que a pausa é um momento no qual “tomamos uma nova

respiração” (p.17) para que possamos continuar falando.

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Para Gayotto (1997), a pausa é o intervalo na fala, que revela os sentidos do

texto.

Kyrillos, Cotes e Feijó (2003) acreditam que as pausas feitas durante o discurso

são importantes para que haja uma boa compreensão da mensagem.

A respiração é controlada pelo cérebro. Portanto, é um movimento involuntário e

automático e é repetida ritmicamente. O ar entra pelo nariz, que é umidificado e filtrado,

passando para faringe, laringe, onde se encontram as pregas vocais, seguindo para a

traquéia e então para os pulmões, onde ocorre as trocas gasosas da respiração. No seu

uso expressivo, a respiração é responsável por fornecer o fluxo e a pressão necessários

para a produção da voz e da fala, possibilitando diversas formas de usá-la

interpretativamente.

Mello (1995) diz que a respiração mais correta é a costodiafragmática.

De acordo com Guberfain (2005), “o controle da respiração é indispensável para

uma boa emissão vocal” (p. 133).

A entonação é o recurso vocal utilizado para expressar a melodia da fala. É dada

pela quantidade de energia aplicada em um determinado segmento de fala, seja uma

sílaba, palavra ou frase.

De acordo com Gayotto (1997), a entonação é dada pela somatória das curvas

melódicas das palavras que geram a melodia das frases.

Segundo Gonçalves (2000), a entonação é capaz de produzir diferentes curvas

melódicas no discurso.

Kyrillos, Andrade e Cotes (2002) definem entonação como “a variação da

melodia, de acordo com a intenção do discurso. A modulação é dada por meio de

ênfase, onde as palavras significativas do texto são escolhidas e marcadas com

variações”. (p.258).

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O volume de fala pode ser classificado como fraco, quando a pressão abaixo das

pregas vocais for menor, ou forte, quando essa pressão for maior. Podemos, assim,

classificar um som forte como alto e um som baixo como fraco.

Segundo Gayotto (1997), o volume se relaciona diretamente com a intensidade e

com a ressonância.

A articulação ocorre por meio do movimento dos órgãos fonoarticulatórios

(língua, boca, lábios, dentes, palato, bochechas). Deve ser feita com precisão e tônus

muscular bem definido, para que a fala seja emitida com inteligibilidade.

A articulação é feita de manobras realizadas para ajustar as configurações do

trato vocal durante a fonação, segundo Sundberg (1987).

Roubine (1987) define articulação como “uma técnica de expressão” (p.25).

De acordo com Dinville (1993), articular bem não é exagerar nos movimentos

articulatórios, mas sim fazê-los de forma precisa.

Behlau (1995) explica que articulação é o conjunto de ajustes que ocorrem nos

órgãos fonoarticulatórios com o propósito de que estes sejam modificados e formados

na fala. Ela está relacionada ao interesse que o falante tem em ser compreendido.

Behlau (1990) diz que a “articulação é essencial para a mensagem que se

pretende transmitir.” (p.38).

A articulação, de acordo com Kyrillos, Andrade e Cotes (2002), “é a dinâmica

fonoarticulatória para a produção de cada fonema”. (p.257)

Em relação à articulação, Oliveira e Guberfain (2005) dizem que as alterações

nesse recurso vocal necessitam de correção, pois podem prejudicar a inteligibilidade da

fala.

A ressonância é um sistema de caixa acústica constituída pelas estruturas: nariz,

boca, faringe, laringe e pulmão. Ela é responsável por proporcionar a projeção da fala.

11

Segundo Greene (1989), a ressonância ocorre através da passagem das ondas

sonoras nas cavidades que estão acima e abaixo das pregas vocais fazendo, assim,

com que o som seja amplificado.

Para Behlau (1995), a ressonância refere-se ao objetivo emocional do discurso.

A ressonância é dada pela modulação e projeção dada ao som pelas estruturas

anatômicas, pulmões, laringe, faringe, cavidades bucal e nasal e seios paranasais.

(BEHLAU et al, 1997).

De acordo com Märtz (2002), a ressonância “é algo que ocorre entre a fonte

sonora e os corpos (som ou objetos) que o som alcança. Na voz a ressonância

responde pela singularidade das qualidades vocais de cada pessoa”, (p.98) “A

movimentação coordenada da boca, língua e véu palatino, nos gestos articulatórios,

proporciona uma sucessão de ressonâncias que configurarão os sons que se emite.”

(p.101)

3.2 Trabalho do fonoaudiólogo com os profissionais da voz

Na 1ª reunião Pró - consenso Nacional sobre Voz Profissional, os profissionais

presentes definiram voz profissional como “a forma de comunicação oral utilizada por

indivíduos que dela dependem para sua atividade ocupacional.”

(http://www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/reuniao.htm).

Foi na década de 90 que os fonoaudiólogos começaram a se preocupar não só

com a saúde vocal, mas com a preparação vocal dos profissionais da voz, seja da voz

falada ou cantada, adequando os recursos vocais a cada profissional. (FERREIRA,

2004).

Ferreira (2004) observa, ainda, que é freqüente encontramos na literatura

pesquisas realizadas por fonoaudiólogos, com objetivos de delinear o perfil vocal de

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profissionais da voz e mostrar quais são os cuidados que eles têm com a voz. Porém,

em relação ao trabalho desenvolvido junto a atuação deles, são poucas as pesquisas

desenvolvidas na área.

A mesma autora relata que o fonoaudiólogo pode trabalhar a voz a partir de duas

perspectivas: uma que vê a voz como instrumento e a outra como expressividade. O

trabalho com a expressividade será mais efetivo para os profissionais da voz. O

fonoaudiólogo deve trabalhar, com os profissionais da voz, a riqueza de efeitos que

podem utilizar na interlocução, adequando-os ao contexto em que cada um está

inserido.

Nos resultados apresentados na pesquisa realizada por Scarpa e Rachid (2006)

os fonoaudiólogos classificaram, para os professores, como recursos mais utilizados o

volume e a projeção; para os atores, foram mais considerados a articulação e a ênfase;

para os cantores, a freqüência; para os operadores de telemarketing a ênfase e a

fluência; e, para os locutores, ênfase, articulação e entonação.

De acordo com as considerações das autoras, os professores, os cantores e os

atores possuem semelhanças segundo as classificações dadas nos questionários; esta

paridade foi discutida pelas autoras como parte das “exigências estéticas e artísticas”

(2006, p. 30) na produção vocal. Em outra categoria, estão juntos os locutores e

operadores de telemarketing, que trabalham em uma linha de “poder de persuasão

apenas pela voz” (2006, p. 31). Tais resultados serão eixos referenciais para a nossa

pesquisa.

3.3. Relações entre Profissionais da Voz e Recursos Vocais

Segundo Ferreira (1993), os profissionais da voz são divididos em algumas

categorias: profissionais da Arte: cantores – erudito, popular, coral e religioso –, atores

– teatro, circo e televisão – e dubladores; profissionais da Comunicação: locutores e

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repórteres – televisão e rádio – e telefonistas; profissionais de Marketing: operadores,

vendedores, leiloeiros, camelôs, políticos; profissionais de Setores da Indústria e

Comércio: diretores, gerentes, encarregados de seção, supervisores; profissionais do

Judiciário: advogados, promotores e juízes; e profissionais da Educação: professores

de diferentes áreas e graus, padres, pastores e fonoaudiólogos.

Como mencionado na introdução, priorizamos, para este trabalho, as áreas da

arte e da comunicação, escolhendo os seguintes profissionais: atores, cantores,

dubladores, locutores e telejornalistas. Falaremos sobre cada um dos profissionais

escolhidos, definindo seu perfil, um pouco sobre a atuação de cada um e sua relação

com os recursos vocais escolhidos.

3.3.1 Ator

Oliveira (2004) diz que o ator é o “artista que joga e inventa com as palavras”.

(p.2). Para isso, o ator utiliza inflexões e acentos expressivos, diferentes ritmos,

variadas velocidades de fala, uma articulação clara e uma elocução com pronúncia

teatral. Os recursos articulação e pausa são empregados para expressar a mensagem.

Segundo Brito (2004), o teatro exige maior esforço vocal em relação aos outros

meios de atuação do ator, pela necessidade de atingir grandes platéias.

Kropf (2004) diz que o fonoaudiólogo pode trabalhar com o ator como

“preparador vocal e/ou diretor de voz e fala” (p.23). O trabalho é direcionado à

harmonização das vozes nas cenas, enriquecendo o que será apresentado ao público.

Behlau et al (2005) acreditam que a atuação fonoaudiológica será enfocada na

plasticidade vocal, variações de freqüência e intensidade.

14

De acordo com Brito (2004), o trabalho do fonoaudiólogo com atores está

diretamente ligado a emissão vocal deles, auxiliando na utilização da voz em diferentes

intensidades e freqüências.

Oliveira e Guberfain (2005) acreditam que o trabalho deve abordar a

coordenação fono-respiratória, articulação e projeção vocal, entre outros.

Segundo Behlau et al (2005), as características vocais do personagem são

dadas pelos ajustes que o ator faz na voz por meio dos recursos vocais.

Gayotto (2004) diz que ação vocal é a concepção da voz como uma força cênica

capaz de alterar as situações, tanto quanto qualquer outra interferência usada

cenicamente. Pressupõe trabalhar a voz relacionando seus recursos (articulação,

ressonância, respiração, etc.) a todas as características, tais como intenção, ações

físicas, objetivos do personagem, etc.

Oliveira (2004) cita que esse profissional precisa utilizar o que sua voz tem de

melhor, e o domínio desse potencial vocal exige a aprendizagem de técnicas que

auxiliam na utilização da respiração, articulação, entonação, pontuação, voz, ritmo e

velocidade de fala.

Oliveira e Guberfain (2005) acreditam que a utilização adequada da respiração,

da fonação e da articulação “propiciam a superação das dificuldades de emissão, por

meio da prática de exercícios vocais eficientes e necessários à voz em cena.” (p.137).

Stanislavsky (2001) diz que simples mudanças nas pausas e acentuações

podem mudar todo um sentido de uma frase. O ator pode destacar uma palavra-chave

com combinações entre as pausas e as acentuações.

Segundo Oliveira (2005), “a pausa é um elemento importante para a organização

temporal das falas espontânea ou artística. Está relacionada ao tempo de acesso à

informação lexical, à estruturação de enunciado e à concatenação das idéias” (p.70).

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Para Brito (2004), o ator deve desenvolver a respiração, adquirindo

coordenação fono-respiratória, para que consiga projetar sua voz.

Beuttenmüller (1974) afirma que a postura e a respiração influenciam

mutuamente, assegurando uma boa qualidade vocal. A autora diz ainda que o aparelho

respiratório é composto pelos pulmões e pela caixa toráxica “com seus elementos

ativos musculares” (p.31).

Oliveira e Guberfain (2005) acreditam que “a eficiência da voz está atrelada ao

controle fono-respiratório” (p. 141). Um desvio neste controle faz com que o ator use a

voz de maneira incorreta, com esforço e tensão muscular.

O aprimoramento respiratório deve ser trabalhado para a articulação e para

obtenção de uma fonação de longo alcance, de acordo com Oliveira (2004).

Segundo Oliveira e Guberfain (2005), o ator utiliza uma emissão de alta

intensidade e projetada por conta do grande público ao qual o ator se apresenta. Estas

peculiaridades exigem ajustes fonatórios específicos e um com apoio respiratório.

Roubine (1987) afirma que o ator não deve forçar a entonação e as palavras

para chegar aos ouvidos da platéia. Forçar pode arruinar o timbre da voz e restringir o

alcance vocal a cinco notas, perdendo, portanto, a expressividade.

Em relação à intensidade, Stanislavsky (1964) diz que o ator deve ter a

consciência de que o volume da fala deve ser buscado nas entonações, e não no

berro. Beuttenmüller (1974) reforça que o ator deve abraçar a platéia com sua voz, e

que não é necessário gritar para ser escutado. A voz deve ser “jogada” no meio da

platéia e, “como uma pedra jogada em um lago”, se espalhará por toda sua superfície.

A articulação deve ser trabalhada com a consciência dos gestos articulatórios,

das regiões e modos de articulação dos fonemas e também com as suas variações que

podem ser alterações ou até distorções exageradas. (MÄRTZ, 2002).

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Oliveira (2004) diz que o trabalho com a articulação deve ser cuidadoso na

movimentação da boca, especialmente quando sobre articulado (articulado de modo

exagerado).

De acordo com o ator Dario Fo (1999), é fundamental que os atores aprendam a

projetar e articular suas vozes, tendo como apoio respiratório o abdome.

“O trabalho com respiração, articulação e conseqüentemente projeção da voz é o

que norteia as intervenções fonoaudiológicas nessa área”. (Andrada e Silva, 1999,

p.183).

Em relação à dicção (articulação), Stanislavsky (1964) diz que a voz deve ser

trabalhada sem esforço físico, articulando língua, lábios e maxilares. Os recursos

vocais, quando trabalhados e incorporados à ação cênica, podem dar ao ator uma

confiança vocal quando está em cena. Portanto, o conceito de ação vocal é base para

esta incorporação.

Märtz (2002) acredita que a idéia de caixas de ressonância funciona como apoio

imaginário para o ator trabalhar suas possibilidades vocais.

De acordo com Guberfain, Bittencourt e Fiche (2004) os exercícios de

ressonância nasal auxiliam em uma boa projeção, e, para Gayotto (2005), esta é uma

das condições para que uma voz seja considerada boa para o palco.

O ator deve saber modificar o seu sistema de ressonância para que consiga

modular sua voz e controlar sua colocação vocal, segundo Roubine (1990).

Para Brito (2004), o ator deve desenvolver a ressonância a fim de adquirir maior

resistência e potência vocal.

Gayotto (2005) diz que na preparação vocal do ator, os cinco recursos vocais da

voz devem ser trabalhados na seguinte ordem: respiração, ressonância, pitch,

articulação, projeção e loudness.

17

3.3.2 Cantor

A voz é o meio mais natural, artístico e espontâneo de se fazer música com o

corpo humano. Por isso, o canto é a expressão mais universal dentre os tipos da

música mundial. Não há sociedade que não tenha música vocal (ANDRADA E SILVA,

1998).

A mesma autora diz que para um cantor ter expressividade não é necessário que

ele tenha uma grande voz, ampla tessitura ou afinação. Para se cantar de forma

expressiva deve se cantar com o coração.

Behlau et al (2005) afirmam que assim como existem vários estilos de música,

existem de cantores. Os estilos de música e de canto são definidos, de uma forma

geral, como popular e erudito, que se dividem em música sacra e profana. Esta cantada

fora de igrejas e aquela, em rituais religiosos. Existe, no canto popular, uma grande

variedade de estilos, personalidade e técnica de cada cantor. O canto popular

brasileiro, por exemplo, pode ser dividido em MPB, bossa-nova, samba, roque,

sertanejo, pagode, rap e axé - music.

Ainda Behlau et al (2005) relatam que no estilo erudito, a qualidade vocal, a

habilidade específica de projeção vocal e a dimensão de interpretação são

características fundamentais para o sucesso do cantor lírico. Esses cantores têm de

seguir exatamente o que foi escrito, em termos rítmicos, melódicos e de dinâmica, não

podendo criar um estilo próprio.

Pires e Guberfain (2005) dizem que para cantar é preciso que o cantor/ator tenha

controle dos aspectos melódico, rítmico e expressivo da voz. Para isso, é necessário

que esse profissional conheça as “possibilidades instrumentais do sistema fonatório”

(p.93).

O trabalho fonoaudiológico com cantores varia de acordo com estilo a ser

trabalhado.

18

Oliveira (2004) diz que a técnica da voz cantada torna a voz "potente e timbrada

a partir da utilização adequada das cavidades de ressonância". (p.5)

Segundo Pires e Guberfain (2005), o fonoaudiólogo e/ou professor de canto

devem preparar o “ator/cantor para o desenvolvimento de sua voz, de acordo com os

objetivos que ele deseja atingir” (p.93).

Caldas (2002), de acordo com levantamento bibliográfico realizado em sua

pesquisa, conclui que a respiração é o recurso vocal mais importante para este grupo

profissional, segundo fonoaudiólogos e professores de canto.

De acordo com Dinville (1993), a qualidade vocal do cantor possui características

que devem e podem ser alteradas juntas ou separadamente para ocorrerem mudanças

na voz. Essas características são: altura, intensidade, timbre, homogeneidade,

afinação, vibrato e alcance da voz.

De acordo com Pires e Guberfain (2005), as pausas utilizadas no canto popular

são semelhantes àquelas utilizadas na voz falada.

Em relação à articulação, Dinville (1993) diz que “uma boa articulação

acrescenta muito à expressão e ao alcance da voz”. (p.67).

“Sabemos que respeitar as posições articulatórias é indispensável, mas

certamente não está excluído favorecer mudanças ao colorido expressivo da voz para

responder às exigências da interpretação”. (DINVILLE, 1993, p.65).

Andrada e Silva (1998) afirma que a respiração é de extrema importância para o

cantor, porque para emitir uma frase longa, ou com muita intensidade, ou com um tom

mais alto, ele necessitará de mais ar para atingir a pressão subglótica necessária na

fonação. A autora afirma ainda que este recurso é utilizado para fins fisiológicos e

interpretativos.

Scarpa e Rachid (2006) confirmam, nos resultados de sua pesquisa, que esse

recurso realmente é muito necessário para uma melhor qualidade no canto.

19

Dinville (1993) diz que com o comando da musculatura respiratória tornam-se

possíveis modificações na articulação e adaptações nas cavidades de ressonância.

Pinho (1998) atesta que “quando introduzimos ressonância para a amplificação

da voz, estamos alterando seu volume”. (p.7)

3.3.3 Dublador

Para Cabral (2005), existem dois tipos de dublagem, a cantada e a falada, que

são interpretadas, respectivamente, por cantores e atores. Para os dubladores

cantores, a afinação, interpretação, sustentação das notas, harmonia na extensão

vocal(entonação) e utilização adequada da respiração são indispensáveis.

De acordo com as considerações de Behlau et al (2005), os dubladores são

profissionais que, normalmente, possuem registro profissional como atores. É através

da voz que eles devem transmitir as características físicas e psicológicas da

personagem. A tradução do texto a ser dublado é feita em estúdio por tradutores

habilitados para tal tarefa. O diretor de dublagem é responsável por escolher o dublador

que possui a voz que mais se assemelha ao personagem a ser dublado. Para isso, eles

recorrem a um banco de vozes, escolhendo, na maioria dos casos, vozes que se

assemelhem às vozes originais.

Os mesmos autores relatam que os dubladores não conhecem a história que vão

dublar, geralmente fazem as cenas fora de ordem e sozinhos, pois os dubladores com o

qual eles contracenam gravam em outro horário.

Para Behlau et al (2005), um bom dublador deve possuir qualidade vocal flexível

e habilidades de emissões caricatas. De acordo com Kyrillos et al (1995), este

profissional também deve ser capaz de sincronizar a voz com a articulação do

personagem sem esquecer a parte interpretativa.

20

Oliveira e Pinho (2001) desenvolveram um estudo a respeito do trato vocal e

qualidade vocal de indivíduos com face longa e face curta, e aplicaram isto em uma

discussão sobre a tendência de atores e dubladores em produzir determinadas

características vocais de acordo com o tipo facial. Os indivíduos com face curta

poderiam dublar filmes infantis e vozes femininas, e os indivíduos de face longa

apresentam facilidade em representar vozes com ressonância posterior, pitch1 mais

grave, com estilo mais sóbrio, uma voz escura.

Dias et al (2001) verificaram, por meio de um estudo sobre os critérios para a

escolha da voz de personagens dublados, que ela é diretamente relacionada ao tipo

físico dos indivíduos, e a voz é elaborada de acordo com aspectos culturais e sociais.

De acordo com Morato e Ferreira (1995), a atenção do dublador deverá estar

voltada ao mesmo tempo para a imagem do filme que está dublando e para o texto.

Para o sucesso da dublagem, o dublador precisa estar atento ao movimento labial, às

pausas e à respiração do ator do filme original.

Cabral (2004) acredita que é da responsabilidade do dublador “entreter através

de suas vozes” (p.108), que é o seu único meio de trabalho, e afirma, ainda, que as

“técnicas de respiração e de aquecimento ajudam a relaxar, a sintonizar e a controlar o

ator e o cantor em sua atividade”. (p.113).

3.3.4 Locutor

"O locutor de rádio iniciou suas atividades por ter um padrão vocal mais grave e

impostado, e geralmente atuou de maneira intuitiva”. (KYRILLOS, 2004, p. 153)

1 Segundo Kyrillos, Andrade e Cotes (2002), pitch “é a sensação psico-acústica relacionada ao tom de voz

da pessoa. Pode variar do grave ao agudo”.(p.256).

21

Para Kyrillos (2004), o rádio foi um meio de comunicação que se expandiu muito,

existem os mais variados tipos de programas, voltados para cada faixa etária e grupo

de interesses específicos. Por conta disso, o locutor passou a desenvolver técnicas

específicas para atuar em cada um dos tipos de programas, passando a necessitar de

grande flexibilidade vocal.

Borrego (2005) aponta que a forma como os locutores utilizam os recursos

vocais varia de acordo com a freqüência de rádio e com o estilo da rádio em questão.

Um locutor de uma rádio FM de público jovem apresentará emissão vocal com “pitch

agudo, loudness2 aumentada, velocidade rápida de fala e uma rica modulação de voz”

(p.152). O locutor que trabalha em uma rádio FM de público mais velho apresentará

“pitch mais grave, loudness média, velocidade de fala média ou rápida e modulação

mais restrita” (p.152). Já na rádio AM notamos a presença de traços próprios do locutor,

“uso coloquial da voz, presença de regionalismo, modulação variada, loudness e pitch

médios” (p. 152).

Behlau et al (2005) dividem os locutores em três tipos: apresentador, comercial e

noticiarista. O locutor apresentador participa ou tem seu próprio programa em uma

rádio. O locutor comercial está vinculado à propaganda, ele grava comerciais em

estúdios especializados. O locutor noticiário é aquele que apresenta as notícias. Os

autores pontuam que, para o locutor, é essencial uma voz equilibrada e uma precisão

articulatória.

De acordo com as considerações de Kyrillos (2004), no sindicato dos radialistas

há seis tipos de locutores:

“Anunciador: Faz leitura de textos comerciais ou não nos intervalos.

2 Segundo Kyrillos, Andrade e Cotes (2002), loudness “é a sensação psico-acústica da intensidade, que nos

permite julgar um som considerando-o fraco ou forte”. (p.256).

22

Apresentador animador: Apresenta e anuncia programas de rádio, realizando

entrevistas e promovendo jogos, brincadeiras e perguntas peculiares ao estúdio de

rádio.

Comentarista esportivo: comenta os eventos esportivos.

Esportivo: Narra e eventualmente comenta os eventos esportivos.

Noticiarista de rádio: Lê programas noticiosos de rádio, cujos textos são

previamente preparados pelo setor de redação.

Entrevistador: Expõe e narra fatos, além de realizar entradas pertinentes aos

fatos narrados.”

Behlau et al (2005) afirmam que o trabalho fonoaudiológico deve ter como

objetivo desenvolver uma voz mais estável e resistente. Os aspectos a serem

trabalhados são ajustes laríngeos e de ressonância, articulação, freqüência e pausas,

entre outros.

Ainda em relação ao trabalho fonoaudiológico, Borrego (2005) aponta alguns

aspectos a serem trabalhados: coordenação respiratória, controle de freqüência,

controle de intensidade; velocidade de fala, articulação, projeção, equilíbrio ressonantal,

entonação, uso de ênfases e de pausas.

Para Lourenço et al (1994), a fadiga vocal é uma das maiores queixas

apresentadas pelos locutores.

Segundo Kyrillos (2004), no rádio o trabalho com a expressividade dos locutores

ainda é rara; estes procuram o trabalho fonoaudiológico quando já possuem um

problema instalado. "Trata-se agora de formar fonoaudiólogos para essa área de

atuação, oferecendo uma intervenção específica e de acordo com a expectativa das

emissoras de rádio.” (p. 152)

23

Ainda Kyrillos (2004) afirma que o profissional de rádio possui uma sobrecarga

em relação à expressividade da voz. O trabalho com os recursos vocais será bastante

intenso e importante.

De acordo com Farghaly (2002), na comunicação radiofônica, os recursos

disponíveis para uma comunicação são restringidos, ou seja, há apenas os recursos

auditivos, ficando de lado contato visual. Por conta disso é importante que o radialista

saiba utilizar da melhor maneira os recursos vocais, garantindo assim a inteligibilidade e

a compreensão das mensagens.

Em relação à entonação, Penteado (1998) acredita que esta deve ser bastante

variada, pois é através da voz que o locutor publicitário representará o produto que está

vendendo, o perfil da emissora na qual trabalha e até mesmo o consumidor que o

escuta.

Oliveira (1997), falando sobre locutores, diz que a projeção pode ser melhorada

a partir de exercícios de ressonância.

De acordo com Farghaly (2002), os movimentos dos órgãos fonoarticulatórios

devem ser precisos para que os sons saiam bem articulados propiciando a

inteligibilidade das locuções a serem transmitidas. O trabalho articulatório é importante,

uma vez que a articulação influencia na clareza da emissão, no equilíbrio ressonantal

e na projeção vocal.

Segundo Leite e Viola (1995), o locutor precisa “de uma boa dicção, articulação e

interpretação de tudo que é falado.” (p.37).

Para Andrada e Silva (1999), problemas relacionados à articulação são algumas

das dificuldades mais encontradas nesses profissionais. (p.184).

Em relação à respiração, Farghaly (2002) acredita que essa deve ser bastante

trabalhada com os locutores, visando o aumento da capacidade pulmonar evitando a

utilização de ar residual.

24

3.3.5 Telejornalista

Kyrillos (2004), em seu capítulo do livro expressividade, diz que a partir da

década de 80 o fonoaudiólogo passou a considerar a importância da prevenção e não

mais apenas da reabilitação.

A atuação fonoaudiológica pode enfocar dois aspectos, saúde vocal e

expressividade. A saúde vocal pressupõe o uso correto da voz, a expressividade refere-

se à condição da comunicação. (KYRILLOS, 2004)

A mesma autora relata que o nível de exigência da voz dos profissionais de rádio

e de TV em relação à qualidade é muito alto; o trabalho por eles desenvolvido exige

grande demanda vocal.

O telejornalista, na visão de Behlau et al (2005), deve transmitir a notícia com

credibilidade, para que o telespectador acredite na informação. Antigamente a televisão

usava padrões vocais herdados do rádio, com o tempo esse padrão se transformou e

se tornou menos informal.

De acordo com Kyrillos, Andrade e Cotes (2002), a voz do telejornalista deve

apresentar uma qualidade neutra, ou seja, deve ocorrer sem nenhuma característica

atípica que chame atenção do telespectador.

Kyrillos (2004) relata que na TV a expressividade do telejornalista além de vocal

é corporal. O aspecto corporal é expresso pela face, pela postura corporal e gestos e é

responsável por 80% da comunicação. “O trabalho com esses dois aspectos visa

transmitir credibilidade e informar de maneira precisa.” (2002, p.263).

De acordo com Kyrillos (2004), o jornalismo televisivo foi apresentado na década

de 50. Os repórteres eram migrados do rádio e traziam consigo o padrão de fala já

utilizado por eles, com enfoque em tons graves, loudness forte e sobrearticulação. Com

o tempo o repórter de TV passou a desenvolver um novo estilo, de forma mais

25

espontânea e natural, transmitindo a mensagem com maior credibilidade e clareza. A

partir de então o fonoaudiólogo passou a desenvolver seu trabalho nessa área já que a

linguagem como um todo passou a ser fundamental para comunicação.

A autora afirma que há basicamente três formas de atuação dos telejornalistas:

a apresentação do telejornal, a reportagem e a narração esportiva. O telejornalista fala

de diversos assuntos em seqüência e deve adequar sua fala para cada um dos temas

abordados, alterando seu padrão de voz, interpretando a emoção e a intenção que está

por traz de cada tema.

Kyrillos (2004) diz que num processo de comunicação os repórteres utilizam três

tipos de recurso, os verbais, os não verbais e os vocais. Eles precisam se articular para

que haja uma expressão plena. "Os recursos vocais referem-se aos parâmetros

paralinguísticos que compõem a emissão. Fala-se aqui sobre a ênfase, a curva

melódica, o uso de pausas e as modificações da velocidade, loudness e ritmo, com

intenção comunicativa”. (p.160). A modificação do padrão vocal também será

trabalhada, enfocando a psicodinâmica vocal3.

De acordo com as considerações de Kyrillos (2004), a televisão e o rádio

compõem grande parte da mídia mundial. A voz, a imagem corporal e a linguagem

nesses veículos passaram a ser material de estudo dos fonoaudiólogos e a mídia

descobriu a necessidade de contar com profissionais capacitados para desenvolver um

trabalho com a comunicação em um sentido mais amplo.

Os profissionais destas duas mídias trabalham muito com a leitura oral. O

trabalho deve ser focado em transferir para a leitura a espontaneidade da fala, através

3 De acordo com Behlau e Pontes (1995) a psicodinâmica vocal é a relação que se faz entre a voz do sujeito

e suas características psicológicas, físicas e emocionais.

26

do uso dos recursos vocais. O repórter deve utilizar os recursos vocais de forma

consciente e gradativamente de forma mais automática. (KYRILLOS, 2004).

Segundo Kyrillos, Andrade e Cotes (2002), a pausa “é a ausência de voz

durante a narração do telejornal. Devem ser intencionais, ou seja, ter um significado

expressivo”. (p.257). As pausas devem ser usadas da maneira correta, nos lugares

certos do texto que o repórter lê, para que transmitam a mensagem correta, aumentem

a “inteligibilidade do conteúdo narrado” (p.257) e contribuam na expressividade.

Para Behlau et al (2005). a narração dos repórteres não deve apresentar

repetição de modulação (entonação).

A articulação dos repórteres e apresentadores deve ser precisa, clara e aberta

para que possam transmitir credibilidade na mensagem que passam. (KYRILLOS,

ANDRADE E COTES, 2002)

De acordo com Andrada e Silva (1999), o trabalho do fonoaudiólogo deve ser

baseado na postura corporal a na articulação desses profissionais.

Para Kyrillos, Andrade e Cotes (2002), a voz deve ser audível e clara e “quanto

mais eficazes forem os ajustes motores de laringe, caixas de ressonância e de

articuladores, melhor será a voz do jornalista”. (p.255)

Behlau et al (2005) citam que hoje a preocupação em relação à comunicação

são problemas vocais, problemas articulatórios e vícios de linguagem. A narração dos

repórteres deve apresentar variação de freqüência e intensidade não excessivas,

ênfases, precisão articulatória e pausas.

Kyrillos (2004) diz que devemos trabalhar com este profissional a adequação dos

recursos vocais, principalmente a articulação, a ressonância e a coordenação

pneumofonoarticulatória (respiração, fonte glótica e articulação).

27

Para Kyrillos (2004), existem diferenças entre a emissão espontânea e a

profissional. Na profissional observa-se que alguns itens da qualidade vocal se

aprimoram, como a articulação e a ressonância.

28

4 MÉTODO

Nesta pesquisa investigamos quais recursos vocais são mais utilizados por

alguns profissionais da voz: atores, cantores, dubladores, locutores e telejornalistas,

sob seus pontos de vista. Para isto, além de uma revisão de literatura, fizemos uma

verificação dos dados da pesquisa - a intensidade de uso de cada recurso vocal para

cada um dos profissionais da voz previamente selecionados - por meio da aplicação de

um questionário a 100 profissionais da voz (20 profissionais de cada uma das cinco

áreas escolhidas).

Os profissionais foram informados, por meio de contato direto com as

pesquisadoras, a respeito do objetivo e de como proceder com o questionário. Eles

concordaram em participar do estudo, e assinaram um Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido, que lhes garantia a possibilidade de desistir da pesquisa a qualquer

momento, bem como a manutenção de seus nomes em sigilo.

Com o intuito de alcançarmos nosso objetivo, optamos por definir como recurso

vocal mais utilizado aquele que possui o maior número de votos para “muito usado”.

Durante a discussão, apontaremos apenas os recursos vocais classificados em

primeiro, segundo e terceiro lugar, como “muito usado”. Nos gráficos estarão dispostos

todos os recursos e todas as suas classificações.

Tal opção se deu por acreditarmos na otimização dos resultados e sua

discussão.

29

4.1 SELEÇÃO DOS PROFISSIONAIS

Para a escolha dos sujeitos da pesquisa, priorizamos, de acordo com a

classificação de FERREIRA (1993), as áreas da arte (atores e cantores) e da

comunicação (dubladores, locutores e telejornalistas).

Como esta pesquisa possui, entre outros, o intuito de complementar o trabalho

realizado por Scarpa e Rachid (2006), gostaríamos de salientar que os profissionais

escolhidos neste trabalho não foram os mesmos escolhidos pelas autoras, uma vez

que, como já dito, priorizamos as áreas da arte e da comunicação. Os profissionais

escolhidos por Scarpa e Rachid foram: ator, cantor, dublador, professor e operador de

telemarketing.

No início definimos que seriam 30 sujeitos de cada profissão, mas diante da

dificuldade de retorno dos questionários por parte dos profissionais repensamos nesse

número para 20. Segundo orientações estatísticas, este número poderia ser

considerado satisfatório para elaboração de uma discussão concisa, em relação aos

objetivos pretendidos por esta pesquisa.

Na tentativa de criar uma unidade para cada categoria profissional, foram

selecionados atores de teatro, locutores de rádio, cantores populares, dubladores de

filme estrangeiro e telejornalistas.

Atores: foram escolhidos os de teatro, pois são os que utilizam os recursos

vocais com mais demanda e que, portanto devem desenvolver de forma mais

abrangente os recursos vocais. Os sujeitos escolhidos poderiam também atuar em

outras mídias.

Cantores: foram escolhidos os populares, pois são de maior número e não

apresentam técnicas especificas como os cantores líricos. Consideraremos cantores

populares brasileiros aqueles classificados por Behlau et al (2005): cantor de MPB,

bossa-nova, samba, roque, sertanejo, pagode, rap e axé-music.

30

Dubladores: devem ser de filme estrangeiro devido a um uso vocal específico

como, por exemplo, o uso de pausas e a sincronicidade, que estão presentes nesse

tipo de dublagem, diferindo dos ajustes de filmes nacionais.

Locutores: como visto, esses são divididos em três categorias, segundo Behlau

et al (2005): apresentador, comercial e noticiarista. Foram escolhidos apenas os de

rádio por conta da necessidade de lidar com a expressividade em todos os seus

aspectos, uma vez que não há nenhum outro recurso - a não ser a voz - envolvido no

trabalho desses profissionais.

Telejornalistas: Foram selecionados os apresentadores de telejornal e

repórteres, pois sua atuação pressupõe um uso vocal dentro de ambiente fechado, não

necessitando levar em consideração a variabilidade de ruído presente nas situações

dos telejornalistas de reportagens externas.

4.2 ELABORAÇÃO DO QUESTIONÁRIO

Usamos, como instrumento de analise, um questionário baseado no utilizado e

criado por Scarpa e Rachid (2006). Este questionário foi elaborado sob a orientação de

Lucia Helena Gayotto, com base na sua classificação de recursos vocais (1997 e 2000).

Foi aplicado em fonoaudiólogos formados atuantes e com especialização em voz, e

tinha como objetivo pesquisar quais recursos vocais - respiração, freqüência e extensão

vocal, ressonância, articulação, volume e projeção, velocidade de fala e ritmo,

entonação, fluência, pausa e ênfase - estes profissionais julgavam serem mais

importantes para os profissionais da voz escolhidos pelas autoras (cantores, atores,

locutores, professores e operadores de telemarketing). Foi utilizado o formato de

escore, ou seja, seria dada uma nota de 1 a 3 para cada recurso, segundo seu grau de

importância. Exemplo:

31

Legenda

1 Pouco Utilizado

2 Utilizado

3 Muito Utilizado

Freqüência e Extensão Vocal

Professor 1 2 3

Ator 1 2 3

Cantor 1 2 3

Op. TKM 1 2 3

Locutor 1 2 3

Alguns dos recursos escolhidos pelas autoras foram definidos em pares para

facilitar a compreensão dos juizes. Exemplo: Freqüência e Extensão Vocal.

Este questionário foi escolhido como base, pois a nossa pesquisa tem o

propósito, entre outros, de complementar o trabalho de Scarpa e Rachid (2006).

Utilizamos o mesmo método de análise em nossos questionários, que foram

aplicados aos profissionais da voz e esses responderam quais são os recursos mais ou

menos utilizados, dentro de suas necessidades de atuação.

Utilizamos os cinco recursos primários, substituindo freqüência e intensidade,

que são marcadores vocais (freqüência - Hz e intensidade - dB), por entonação e

volume, respectivamente. Desdobramos o recurso respiração em respiração e pausa.

32

Para os cantores, seria necessário colocar extensão vocal no lugar do recurso

entonação. A entonação é entendida como a melodia da fala mais associada à voz

falada; para a voz cantada o mais apropriado seria nomear o recurso de extensão

vocal, ligado à flexibilidade tonal que irá determinar a tessitura de um cantor.

Certamente não se pretende definir ambos os recursos, extensão vocal e entonação,

como sinônimos. Por uma questão de padronização dos questionários, já que havia

outros profissionais respondendo, optamos por manter o recurso entonação como

referência. Porém sabemos que este fato pode influir na maneira como estes

profissionais compreenderam o questionário.

Nos resultados, colocamos a porcentagem de todos os recursos tidos como

“mais utilizados”, comentando, posteriormente, os três primeiros colocados.

Dessa maneira, os recursos escolhidos foram: pausa, respiração, entonação,

volume, articulação e ressonância. Colocamos no questionário (ANEXO I) uma

pequena explicação de cada um desses recursos.

O profissional deveria marcar com um “x” na tabela a intensidade de uso de

cada um dos recursos em três aspectos:

1- Se o recurso vocal fosse considerado essencial no uso profissional, a

marcação do “x” deveria ser feita na coluna de “muito usado”.

2- Se o recurso fosse necessário para a voz profissional, mas numa medida

intermediária, a marcação do “x” deveria ser feita na coluna de “usado”.

3- Quando o recurso não fosse estrutural na elaboração profissional da voz, a

marcação do “x” deveria ser feita na coluna de “menos usado”.

Para facilitar a coleta e o entendimento dos resultados, optamos por classificar

em primeiro lugar o recurso vocal com mais votos para “muito usado”. Durante a

discussão, destacaremos apenas os recursos vocais classificados em primeiro,

segundo e terceiro lugar, usando como critério a classificação de “muito usado”. Nos

gráficos estarão dispostos todos os recursos e todas as suas classificações.

33

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Como dito no item 4.2, substituímos freqüência e intensidade, que são

marcadores vocais por entonação e volume, respectivamente e desdobramos o recurso

respiração em respiração e pausa.

Os recursos vocais escolhidos (pausa, entonação, articulação, respiração,

volume e ressonância) foram analisados e votados por 100 profissionais da voz, que

os classificaram nas seguintes categorias: muito usado, usado e menos usado, de

acordo com suas próprias necessidades.

Nosso objetivo foi investigar os recursos vocais mais utilizados por alguns

profissionais da voz, sob seus pontos de vista, por meio de questionário e para ilustrar

estes dados de forma esclarecedora, utilizamos o “gráfico em pizza”.

Com o intuito de alcançarmos nosso objetivo, falaremos apenas dos recursos

vocais classificados em primeiro, segundo e terceiro lugar, segundo cada profissional

da voz e falaremos de cada um dos recursos, segundo apenas o “escore” julgado como

“muito usado”.

Nos gráficos estarão dispostos todos os recursos e todas as suas classificações.

Para facilitar o entendimento, colocamos a porcentagem de todos os recursos

tidos como “mais utilizados”, comentando na seqüência os três primeiros colocados. Na

seqüência faremos um paralelo com os resultados obtidos no trabalho de Scarpa e

Rachid (2006). Essa comparação será feita somente entre os profissionais em comum

nas duas pesquisas. São eles: ator, cantor e locutor.

Scarpa e Rachid definiram em pares alguns dos recursos vocais para facilitar a

compreensão dos juizes, com o mesmo propósito definimos que, no caso dos cantores,

o recurso entonação deve ser entendido como extensão vocal. Gostaríamos de

34

salientar que não se pretende definir ambos os recursos, extensão vocal e entonação,

como sinônimos.

Foram aplicados 100 questionários. Destes, 20 atores, 20 cantores, 20

dubladores, 20 locutores e 20 telejornalistas.

35

5.1 ATOR

Figura 1 - Recursos vocais para o ator

Pausa

25%

75%

Respiração

90%

5%5%

Entonação

50%50%

Volume

50% 45%5%

Articulação

60%40%

Ressonância

85%

15%

Os resultados obtidos foram: respiração com 90% dos votos para “muito usado”,

ressonância com 85%, articulação com 60%, entonação com 50%, volume com 45% e

pausa com 25%.

Os profissionais desta pesquisa classificaram, portanto, em primeiro lugar a

respiração, em segundo lugar a ressonância e em terceiro lugar a articulação

como os recursos mais utilizados por eles e suas profissões.

36

Os resultados obtidos na pesquisa realizada por Scarpa e Rachid, feita com 10

fonoaudiólogos especialistas em voz, foram: empatados em primeiro lugar a ênfase e a

articulação com 10 votos, em segundo lugar com 9 votos a ressonância, o /volume e

projeção/ e a entonação, em terceiro a /freqüência e extensão vocal/, a /velocidade de

fala e ritmo/ e a fluência.

Scarpa e Rachid 2006 Sentieiro e Damilano 2007

1ºlugar ênfase e articulação respiração

2ºlugar ressonância

volume e projeção

entonação

ressonância

3ºlugar freqüência e extenção vocal

velocidade de fala e ritmo

fluência

articulação

O resultado obtido nesta pesquisa diverge dos encontrados na pesquisa realizada

por Scarpa e Rachid (2006), na qual o recurso respiração apareceu em último lugar na

escala dos recursos mais trabalhados pelos fonoaudiólogos e a articulação foi o recurso

que apareceu em primeiro. Podemos entender essa divergência se pensarmos que, no

uso expressivo, a respiração é responsável por fornecer o fluxo e a pressão da fala, ou

seja, o que produz voz e fala é a respiração. A respiração está diretamente ligada às

caixas de ressonância, que modificam o ar que vem dos pulmões, uma dessas caixas é

a cavidade oral, onde se localizam os articuladores, responsáveis por articular o som. O

controle da respiração é indispensável para uma boa emissão. A respiração e a

articulação são essências para que haja uma boa emissão vocal. Para os profissionais

37

da voz, portanto, o recurso respiração é base para o treinamento e para a consciência

do trabalho vocal. Talvez, por esta consciência, a respiração seja o recurso mais

estrutural para disparar o controle de outros recursos da voz do ator.

Desta maneira, a respiração apareceu em primeiro lugar com 90% dos votos.

Segundo as considerações de Beuttenmüller (1974) e Quinteiro (1997) é através de um

trabalho eficiente deste recurso que esses profissionais conseguem atingir uma boa

qualidade vocal, controle de emissão, eficiência da voz e fonação de longo alcance.

Vale ressaltar a importância do apoio respiratório como base para sustentação e

energia, que nos remete a projeção e ao volume, como apontam Oliveira e Guberfain

(2005) e Oliveira (2004). A projeção e o volume são de grande importância pela

necessidade de falar para o público em relação aos locais de atuação teatral.

A ressonância apareceu em segundo lugar com 85 % dos votos. De acordo com

Oliveira (2004); Guberfain, Bittencourt e Fiche (2004) e Brito (2004) este recurso está

intimamente ligado à projeção, pois auxilia e controla a colocação vocal, além de

possibilitar ajustes vocais variados.

Segundo Gayotto (Comunicação Verbal, 2007), a modulação vocal feita por meio

dos diferentes focos de ressonância propicia a criação de novas vozes. A construção de

personagens é feita através de características físicas e psicológicas, entre elas a

variação de voz. Para criação de personagens podemos citar como exemplo a

ressonância com foco nasal, utilizada, na maioria das vezes, para caracterizar uma voz

afetada, efeminada, infantil.

No trabalho realizado por Scarpa e Rachid (2006), a ressonância também

ocupou o segundo lugar como recurso mais trabalhado pelos fonoaudiólogos com

esses profissionais. Essa convergência nos mostra que tanto os profissionais da voz

quanto os fonoaudiólogos são conscientes da importância deste recurso, que é

fundamental para a estruturação de personagens e para as necessidades da voz

cênica, possibilitando assim que a terapia fonoaudiológica seja potencializada.

38

A articulação apareceu com 60% dos votos ficando como o terceiro recurso

mais utilizado. Esse resultado confirmou os achados da literatura, na qual Dario Fo

(1999) e Märtz (2002) apontam este recurso como muito importante para que ocorra

uma emissão adequada e para que esses profissionais consigam expressar a

mensagem, seus pensamentos e emoções. Além do que a articulação é base para a

excelência de projeção da voz cênica.

Certos personagens podem exigir, para sua constituição, pequenas distorções

em seus ajustes articulatórios que não influenciarão a inteligibilidade do discurso. O

tônus exigido para caracterização de um personagem é igualmente ou mais exigido que

na fala. Um ator interpretando um bêbado deverá ter um controle de língua muito maior

do que o do cotidiano, pois fará pequenas distorções que exigirão dele um tônus

igualmente trabalhado ao que é exigido para uma articulação clara e precisa. Ele

utilizará outra abordagem muscular que exigirá mais atenção e tônus, ainda assim

haverá precisão, mas dentro de outro esquema muscular.

O ator, segundo os resultados obtidos, apresentou uma maior demanda para o

controle da respiração, que é utilizada no âmbito fisiológico e interpretativo. Ela é a

fonte que alimenta a produção de outros dois recursos: ressonância e articulação. A

ressonância nos mostrou uma preocupação deste profissional em fazer uso deste

recurso para conseguir projetar melhor a voz no espaço teatral.

Do mesmo modo, para desenvolver a projeção, a articulação nos remete a

pensar, também, na importância da preparação articulatória do ator para que o texto

possa ser passado para o ouvinte de forma clara.

A articulação e a projeção não devem ser dissociadas, uma vez que para que o

público compreenda o texto, o ator deve falar de forma clara e atingindo todo o espaço

teatral. Por isso esse dois recursos estão diretamente ligados.

Os resultados obtidos nesta pesquisa convergem com as pontuações feitas por

Gayotto (2005) que diz ser a respiração, a ressonância, a articulação e a projeção são

os recursos vocais que ganham destaque na preparação vocal de atores.

39

5.2 CANTOR

Figura 2 - Recursos vocais para o cantor

Pausa

25%

40%

35%

Respiração

95%

5%

Entonação

95%

5%

Volume

80%

20%

Articulação

55%45%

Ressonância

80%

20%

Os resultados obtidos foram: entonação e respiração com 95% dos votos para

“muito usado”, ressonância e volume com 80%, articulação com 55% e pausa com

25%.

Os profissionais desta pesquisa classificaram, portanto, em primeiro lugar a

entonação e a respiração, em segundo lugar a ressonância e o volume e em

40

terceiro lugar a articulação como os recursos mais utilizados por eles em suas

profissões.

Os fonoaudiólogos que responderam ao questionário, na pesquisa realizada por

Scarpa e Rachid (2006), classificaram em primeiro lugar com 10 votos a /freqüência e

extensão vocal/, em segundo lugar com 9 votos a respiração e a ressonância , em

terceiro lugar com 8 votos a articulação.

Scarpa e Rachid 2006 Sentieiro e Damilano 2007

1ºlugar freqüência e extensão vocal entonação

2ºlugar respiração

ressonância

volume

ressonância

3ºlugar articulação articulação

A convergência de resultados obtidos em ambas as pesquisas nos faz crer numa

visão similar tanto dos fonoaudiólogos quanto dos profissionais da voz. Só o recurso

volume difere de uma pesquisa para a outra.

O volume não apareceu entre os três primeiros classificados, mas é um recurso

que acaba sendo trabalhado juntamente com a respiração, recurso essencial no

trabalho fonoaudiológico com cantores, que possibilita um apoio respiratório bem

colocado, aumento do tempo de fonação e maior volume para colocação da voz

cantada.

A respiração e a entonação apareceram juntas, com 95% dos votos, em

primeiro lugar. Esses dois recursos possuem uma forte ligação, pois uma respiração

bem colocada pode facilitar entonações variadas sem que haja esforço vocal, o que, no

41

caso dos cantores está associada a variações melodias no trabalho com a extensão

vocal para o canto.

Na literatura, as considerações feitas pelos autores Andrada e Silva (1998) e

Dinville (1993) estão de acordo com esse resultado. Dizem que em relação à respiração

o cantor precisa saber usar o apoio respiratório, uma vez que é através dele que se

pode emitir frases muito longas ou que tenham muita intensidade. O aspecto melódico

é de suma importância para esse profissional, pois é através das modulações que o

canto se caracteriza de forma expressiva.

Em segundo lugar, com 79% dos votos, juntos o volume e a ressonância. Este

resultado confirma os achados na literatura, na qual o volume e a ressonância

aparecem fortemente ligados, como aponta Pinho (1998).

O volume e a ressonância são características que influenciam os estilos

musicais. A bossa-nova, que é um estilo musical criado no Brasil, pelo músico João

Bosco, é caracterizado por um canto suave, destacando a inter-relação entre a batida

da música e a voz, desenhando melodias. Já para uma das ramificações do rock, o

chamado estilo heavy metal, é imprescindível um volume vocal mais forte. No estilo

sertanejo, a primeira voz normalmente é caracterizada por uma ressonância com foco

nasal.

O volume foi um recurso que só apareceu entre os três primeiros para os

cantores. Também não é um recurso que recebe destaque na literatura, quando

aparece está sempre relacionado como conseqüência do trabalho do recurso ao qual

está ligado. No caso dos cantores o volume está fortemente ligado ao estilo musical e

por isso recebeu destaque. Este recurso poderia ter aparecido entre os atores, mas o

que discutimos é que a respiração ocupou seu lugar como propulsora e controladora da

projeção.

A articulação aparece em terceiro lugar, com 58% dos votos. De acordo com as

considerações de Andrada e Silva (2005) e Dinville (1993), uma articulação bem

definida e clara, é necessária para a expressão da canção, ocorrendo assim o bom

42

entendimento do texto que está sendo cantado, a melhora da qualidade do som, além

de acrescentar muito à expressão e ao alcance da voz almejada.

Os recursos entonação, respiração, articulação e ressonância aparecem

intimamente ligados nesse grupo profissional, tanto na literatura quanto nos resultados

obtidos em ambas as pesquisas. Como pontua Dinville (1993) o controle da

musculatura respiratória fornece base para o apoio e para o controle da ressonância,

bem como alimenta a formação das vogais.

43

5.3 DUBLADOR

Figura 3 - Recursos vocais para o dublador

Pausa

65%30%

5%

Respiração

55%20%

25%

Entonação

80%

20%

Volume

40%45%

15%

Articulação

85%

15%

Ressonância

40%45%

15%

Os resultados obtidos foram: articulação com 85% dos votos para “muito usado”,

entonação com 80%, pausa com 65%, respiração com 55%, ressonância com 40% e

volume com 15%.

44

Os profissionais desta pesquisa classificaram, portanto, em primeiro lugar a

articulação, em segundo lugar a entonação e em terceiro lugar a pausa como os

recursos mais utilizados por eles e suas profissões.

Vale ressaltar que esse profissional não foi estudado na pesquisa realizada por

Scarpa e Rachid (2006).

A articulação e pausa são recursos de extrema importância para que a

dublagem seja fiel ao original, os profissionais devem ficar atentos a articulação e às

pausas dos personagens que estão dublando. Chamam a atenção para esse fato

Kyrillos et al (1995) e Morato e Ferreira (1995).

A entonação deve corresponder àquela já existente no filme original. Esse

recurso possibilita a dublagem de variados personagens, pois as diferentes curvas

melódicas auxiliam na criação de diferentes personagens e suas situações

comunicativas nos filmes. Como afirma Behlau et al (2005) essa variação de diferentes

personagens é facilitada se o dublador possuir certas habilidades interpretativas.

Os três recursos mais votados pelos dubladores devem ser utilizados de acordo

com o filme original, os dubladores devem ficar atentos à movimentação de boca e às

pausas feitas pelos atores para que esteja de acordo com o original, como aponta

Morato e Ferreira (1995), além de utilizarem as curvas melódicas para interpretar cada

personagem com suas especificidades.

Em relação a esses profissionais existe uma escassez de publicações no âmbito

vocal, o que dificultou a produção de uma discussão mais completa e esclarecedora.

45

5.4 LOCUTOR

Figura 4 - Recursos Vocais para o locutor

Pausa

20%

60%

20%

Respiração

70%30%

Entonação

80%

20%

Volume

20%

40%40%

Articulação

75%

25%

Ressonância

20%

45%35%

Os resultados obtidos foram: com 80% dos votos para “muito usado” a

entonação, com 75% a articulação, com 70% a respiração e com 20% a pausa, a

ressonância e o volume.

Os profissionais desta pesquisa classificaram, portanto, em primeiro lugar a

entonação, em segundo lugar a articulação e em terceiro lugar a respiração como

os recursos mais utilizados por eles e suas profissões.

46

Os profissionais que responderam ao questionário da pesquisa realizada por

Scarpa e Rachid (2006) classificaram em primeiro lugar com 9 votos a ênfase, a

articulação e a entonação, em segundo lugar com 8 votos a /velocidade de fala e ritmo/

e a fluência , em terceiro lugar com 7 votos a respiração.

Scarpa e Rachid 2006 Sentieiro e Damilano 2007

1ºlugar ênfase

articulação

entonação

entonação

2ºlugar velocidade de fala e ritmo

fluência

articulação

3ºlugar respiração respiração

De uma forma geral, os resultados obtidos em ambas as pesquisas são

convergentes. Em primeiro e terceiro lugar aparecem, respectivamente, entonação e

respiração, em ambas as pesquisas. Em segundo lugar aparece a articulação (nesta

pesquisa) e fluência (Scarpa e Rachid, 2006), estes recursos estão diretamente ligados

uma vez que os dois influenciam na clareza da emissão.

A entonação aparece como o recurso mais usado para este grupo profissional.

Como apontam Penteado (1998), Kyrillos (2004) e Borrego (2004) a entonação dos

locutores deve ser bastante variada e estar de acordo com o tipo de locução na qual

atua e correspondendo ao perfil da rádio em que trabalha.

Para autores como Leite e Viola (1995), Farghaly (2002), Behlau et al (2005) e

Borrego (2005), a articulação é um recurso que aparece como um dos focos do

47

trabalho fonoaudiológico com locutores. É um recurso responsável pela inteligibilidade

do discurso.

A respiração é um recurso fundamental na locução, pois a mensagem deve ser

transmitida de forma clara e continua pelo locutor. Chama a atenção para esse fato

Farghaly (2002).

Os recursos entonação, articulação e respiração são estruturais em um trabalho

de locução, no qual o profissional conta apenas com recursos não visuais e, ainda

assim, deve dar conta de transmitir a mensagem. Além disso, estes três recursos são

base para a emissão clara do discurso. A respiração é responsável por manter o fluxo

da fala, este fluxo é modificado pelas pregas vocais que modulam o som e entra em

contato com os articuladores, que garantem a inteligibilidade da fala; a partir disso, essa

fala deverá ser entoada de acordo com o discurso, com a intenção de quem fala e para

quem fala.

48

5.5 TELEJORNALISTA

Figura 5 - Recursos vocais para os telejornalistas

Pausa

70%20%

10%

Respiração

50%30%

20%

Entonação

55%40%

5%

Volume

20%

50%

30%

Articulação

80%

15%5%

Ressonância

40%50%

10%

Os resultados obtidos foram: articulação com 80% dos votos para “muito usado”,

pausa com 70%, entonação com 55%, respiração com 50%, ressonância com 40% e

volume com 20%.

Os profissionais desta pesquisa classificaram, portanto, em primeiro lugar a

articulação, em segundo lugar a pausa e em terceiro lugar a entonação como os

recursos mais utilizados por eles em suas profissões.

49

Vale ressaltar que esse profissional não foi estudado na pesquisa realizada por

Scarpa e Rachid (2006).

A articulação foi o recurso vocal mais utilizado segundo esses profissionais,

com 80% dos votos para “muito usado”. Esse resultado confirmou os achados na

literatura, nos quais este recurso foi citado como muito importante e como enfoque de

trabalho com os telejornalistas, para Andrada e Silva (1999), Behlau et al (2005) e

Kyrillos (2004).

A articulação desses profissionais deve ser clara, precisa e aberta, pois é através

de seu uso correto que a mensagem é transmitida com credibilidade aos

telespectadores segundo Kyrillos, Andrade e Cotes (2002).

Em segundo lugar apareceu o recurso pausa, com 70% dos votos. Este recurso

também foi bastante citado na literatura. Kyrillos, Andrade e Cotes (2002) chamam a

atenção para este recurso, que deve ser utilizado apenas intencionalmente - como

parte do texto que será lido -, em seu âmbito expressivo, auxiliando na inteligibilidade

do discurso.

Como podemos observar, os recursos articulação e pausa são extremamente

importantes, segundo Kyrillos, Andrade e Cotes (2002), para que a mensagem seja

transmitida com inteligibilidade, passando assim credibilidade àqueles que o estão

assistindo.

A entonação apareceu em terceiro lugar, com 55% dos votos para “muito

usado”. Kyrillos (2004) cita ser de extrema importância o uso desse recurso para que o

discurso não seja monótono e para que cada mensagem seja transmitida com uma voz,

uma melodia que esteja de acordo com seu conteúdo.

A modulação pode ser relacionada à freqüência, que aqui nesta pesquisa foi

substituída pela entonação e, portanto, estão relacionadas entre si.

A ressonância não ficou entre os três mais utilizados, aparecendo em quinto

lugar. Esse é um fato que nos chamou atenção por esse recurso aparecer com

50

freqüência na literatura, citado por Behlau (2005), Kyrillos (2004), entre outros, atribuído

à grande importância para esse grupo profissional.

A ressonância está diretamente ligada à modulação do som e a coordenação dos

articuladores; assim podemos entender que esse recurso acaba sendo trabalhado

juntamente com os recursos entonação e articulação, uma vez que entre eles há uma

relação intrínseca na constituição do timbre. Pode-se entender que a ressonância é

mais uma resultante timbrística fundamental do que, no caso dos telejornalistas, um

meio “primeiro” para se trabalhar as questões com a expressividade.

A articulação, a pausa, a entonação e a ressonância são recursos estruturais em

um trabalho onde o foco é, principalmente, a inteligibilidade do discurso.

Os resultados obtidos conferem com os achados na literatura. Os três recursos

acima (articulação, pausa, entonação) foram aqueles que aparecem como foco no

trabalho fonoaudiológico com esses profissionais, revisado em literatura, e também os

mais votados, significativamente, aqui nessa pesquisa.

51

6 CONCLUSÃO

A partir dos resultados e da discussão, concluímos que os recursos vocais mais

utilizados – primeiro, segundo e terceiro lugar - pelos profissionais segundo suas

classificações foram:

• Ator: respiração, ressonância e articulação;

• Cantor: entonação, respiração, ressonância, volume e articulação;

• Dublador: articulação, entonação e pausa;

• Locutor: entonação, articulação e respiração;

• Telejornalista: articulação, pausa e entonação.

O recurso articulação foi classificado entre os três primeiros em todos os grupos

profissionais. Este resultado confirma algumas hipóteses, uma vez que todos eles

possuem o interesse de que a mensagem, que estão transmitindo, seja passada ao

interlocutor da maneira mais clara o possível e, como ressalta Behlau (1995), este é o

recurso que está diretamente ligado ao interesse que o falante tem em ser

compreendido.

Um fato que podemos ressaltar nos profissionais cantores é que cinco dos seis

recursos que poderiam ser votados apareceram entre os três primeiros, o que traz a

idéia de que esses profissionais possuem uma maior demanda de uso profissional de

recursos variados e em grande escala, o que poderia ter sido também um resultado

entre os atores.

52

Outro dado, muito esclarecedor, é o fato de nos três profissionais, dubladores,

locutores e telejornalistas, os recursos articulação e entonação serem apontados como

essenciais. Do mesmo modo a pausa, considerada fundamental para os dubladores e

telejornalistas; a respiração aparece nos locutores o que nos faz refletir que é um

recurso interligado às pausas. Tal resultado vem ao encontro da pesquisa de Scarpa e

Rachid (2006), na qual os locutores e operadores de Telemarketing, que foram um

agrupamento diferente, também tiveram como resultado os recursos entonação, pausa

e articulação.

Podemos afirmar que os resultados aqui obtidos, juntamente com os resultados

da pesquisa realizada por Scarpa e Rachid (2006), são estruturais para orientar os

fonoaudiólogos quanto aos recursos vocais que devem ser trabalhados com os

profissionais da voz. Cabe ressaltar que as demandas de cada profissional devem ser

levadas em consideração na conduta terapêutica traçada pelo fonoaudiólogo.

Chamamos a atenção para a falta de trabalhos publicados na área a respeito dos

profissionais dubladores. Após a dificuldade em achar na literatura, trabalhos que falem

sobre dubladores no âmbito vocal, deixamos esta pesquisa como mais uma fonte e

incentivo para estudos nesta área.

53

ANEXO I

QUESTIONÁRIO (DAMILANO e SAUDA, 2007).

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC-SP

Título: “O uso de recursos vocais sob os olhares dos profissionais da voz:

atores, cantores, dubladores, locutores e telejornalistas.”

Prezado profissional,

Essa pesquisa é realizada pelas alunas Camila Sauda Sentieiro e Gabriela

Damilano, graduandas do quarto ano do curso de Fonoaudiologia, sob orientação da

Prof.ª Ms.ª Lucia Helena Gayotto.

Tem como objetivo investigar quais são os recursos vocais mais utilizados

por alguns profissionais da voz, atores, cantores, dubladores, locutores e

telejornalistas, sob seus pontos de vista. Utilizaremos os 5 recursos primários,

substituindo freqüência e intensidade, que são marcadores, por entonação e volume

respectivamente e desdobraremos a respiração no uso de pausa. Os recursos

escolhidos foram: pausa, respiração, entonação, volume, articulação e

ressonância.

Para melhor entendimento de cada um dos recursos, a seguir os definiremos

brevemente:

54

A pausa ocorre quando há uma quebra no fluxo de ar. Ela pode ser uma

necessidade interpretativa ou uma necessidade respiratória.

A respiração é controlada pelo cérebro, sendo assim um movimento involuntário

e automático e é repetida ritmicamente. O ar entra pelo nariz, onde é umidificado e

filtrado, passando para faringe, laringe, onde se encontram as pregas vocais, seguindo

para a traquéia e então para os pulmões, onde ocorre as trocas gasosas da respiração.

No seu uso expressivo a respiração é responsável por fornecer o fluxo e a pressão

necessários para a produção da voz e da fala, possibilitando diversas formas de usá-la

interpretativamente.

A entonação é o recurso vocal utilizado para expressar a melodia da fala. É dada

pela quantidade de energia aplicada em um determinado segmento de fala, seja uma

sílaba, palavra ou frase.

O volume de fala pode ser classificado como fraco quando a pressão abaixo das

pregas vocais for menor, ou forte quando essa pressão for maior. Podemos assim

classificar um som forte como alto e um som baixo como fraco.

A articulação ocorre através do movimento dos órgãos fonoarticulatórios (língua,

boca, lábios, dentes, palato, bochechas). Deve ser feita com precisão e tônus muscular

bem definidos, para que a fala seja emitida com inteligibilidade.

A ressonância é um sistema de caixa acústica constituída pelas estruturas: nariz,

boca, faringe, laringe e pulmão. Ela é responsável por proporcionar a projeção da fala.

55

Nome do profissional:

_____________________________________________________________

Profissão: ( ) ator

( ) cantor

( ) dublador

( ) locutor

( ) telejornalista

Sabe-se que todos esses recursos, pausa, respiração, entonação, volume,

articulação e ressonância, são fundamentais para o uso profissional de sua voz.

Pretende-se, neste questionário, especificar a intensidade de uso de cada um

destes recursos em três aspectos:

1- Se o recurso vocal é essencial no seu uso profissional marque com um “x” na coluna

de “muito usado”.

2- Se o recurso for necessário para sua voz profissional, mas numa medida

intermediária, marque um “x” na coluna de “usado”.

3- Quando o recurso não é estrutural na elaboração profissional da voz, marque um “x”

na coluna de “menos usado”.

MUITO

USADO

USADO MENOS

USADO

PAUSA

RESPIRAÇÃO

ENTONAÇÃO

VOLUME

ARTICULAÇÃO

RESSONÂNCIA

56

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